a
“feira franca em monforte - 15 de maio de 1922�
1
INTRODUÇÃO
1.1
OBJETO DE ESTUDO
7
1.2
OBJETIVOS E MÉTODO
7
1.3
ESTRUTURA
7
2
DESENHOS
2.1
TRABALHO DE CAMPO - MÉTODO DE LEVANTAMENTO
9
2.2
LEVANTAMENTO GRÁFICO
9
2.2.1
PLANTA
2.2.2
CORTE
9 11
2.3
LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO INTERIOR
11
2.4
SEGUNDA VISITA
11
2.5
GEOMETRIZAÇÃO DO LEVANTAMENTO - AUTOCAD
13
3
TERRITÓRIO
17
4
ESTRUTURA URBANA
21
5
ESPAÇO PÚBLICO
5.1
ROSSIO
27
5.2
FEIRAS
31
6 7 8
CAPELA DO CALVÁRIO DO ROSSIO DE MONFORTE
33
CONSIDERAÇÕES FINAIS
38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
39
b
Capela do Calvรกrio do Rossio de Monforte
INTRODUÇÃO
1
OBJETO DE ESTUDO
1.1
A Capela do Calvário do Rossio de Monforte, situada na vila portuguesa do distrito de Portalegre, consiste no nosso objeto de trabalho para a cadeira de História de Arquitetura Portuguesa. Este trabalho desenvolvido durante o ano letivo 2017/18, compreende visitas ao lugar para recolha de dados, levantamento de dimensões, assim como fotográfico; que junto com a recolha de informação referente ao nosso objeto de estudo, ajudaram no desenvolvimento deste trabalho.
OBJETIVOS E MÉTODO
1.2
Durante a recolha de informação sobre o nosso objeto de estudo, deparámo-nos com a contradição entre a documentação escrita e fotografias existentes do séc. XX, assim como uma descrição (presente nas Memórias Paroquiais), levantando assim a hipótese da pré-existência de um elemento de planta circular localizado, aparentemente, no mesmo sítio do objeto em estudo, a Capela do Calvário do Rossio de Monforte. Perante uma situação de incerteza, decidimos não descartar a possibilidade da existência deste elemento cilíndrico e, assim, demonstrar que toda a documentação existente sobre Capela do Calvário de Monforte, e o próprio rossio, poderia não estar completa.
ESTRUTURA
1.3
Para cumprir os nossos objetivos, e para que a compreensão deste trabalho seja o mais simples possível, optamos por seguir uma linha de análise espacial, partindo da escala da vila até ao ponto central onde está localizado o objeto de estudo. Paralelamente, considerámos os momentos na linha temporal desse mesmo elemento, sendo o elemento de planta circular o objeto mote para este trabalho e a capela de cruz grega.
7
c
DESENHOS
2
TRABALHO DE CAMPO - MÉTODO DE LEVANTAMENTO
2.1
Após a chegada a Monforte, por volta do meio dia, dirigimo-nos ao posto de turismo de Monforte, onde adquirimos algumas informações referentes ao nosso caso de estudo, a Capela do Calvário do Rossio de Monforte. Posteriormente, e após um pequeno primeiro percurso pela vila de Monforte, chegámos ao local onde se implantava o edifício em questão. Começámos por realizar um registo fotográfico à distância e a uma cota superior, o que nos permitiu analisar a localização no território e na paisagem da Capela do Calvário de Monforte, bem como dos restantes edificados religiosos. Este primeiro levantamento fotográfico foi bastante útil para o trabalho, uma vez que, numa fase já posterior do trabalho, nos ajudou a determinar o passado arquitetónico da capela. Seguidamente, e já a uma escala mais próxima à da capela em estudo, iniciámos um levantamento fotográfico da mesma que foi realizado em paralelo com o levantamento gráfico. Assim que entrámos e percorremos o interior da Capela, fomos confrontados com o seu estado extremamente deteriorado. Deste modo, o primeiro passo consistiu numa limpeza que possibilitasse e facilitasse o nosso trabalho de levantamento. (A deterioração foi consequência dos constantes assaltos da população cigana que vive num acampamento de comunidade cigana que se instalava bastante perto da Capela do Calvário de Monforte.)
LEVANTAMENTO GRÁFICO
2.2
PLANTA
2.2.1
Uma vez que o espaço interior foi limpo por nós e liberto de obstáculos, analisámos o espaço visualmente e elaborámos um plano para o processo do levantamento. Iniciámos, assim, o processo de levantamento, começando por selecionar um ponto central “0” situado no centro da projecção da cúpula no quadrado central, que lhe corresponde em planta. Neste ponto são seccionados uma multiplicidade de segmentos principais e secundários. Segmentos principais, como por exemplo, os que unem os vértices das paredes portantes que suportam a cúpula. E secundários, como os que relacionam os extremos dos braços laterais, o que nos possibilitava que as medições posteriores ao redor do quadrado central estejam relacionadas. Em seguida, completámos as medidas dos espaços adjacentes, os quadrados
9
d
planta levantamento 1:200
menores dos braços laterais, a entrada e a sacristia. Posteriormente, continuámos o processo de levantamento, no compartimento , adicionado posteriormente, e localizado na parte de trás da Capela em estudo, com entrada pela fachada lateral da sacristia. Por último, obtivemos o encontro destas paredes portantes com a planta, medindo todos os pontos em cada um dos quatro apoios, confirmando que as medidas são iguais e comprovando também que estas medidas estavam de acordo com a proporção humana do palmo de 22. Por fim, concluímos a medição do perímetro interior de toda a capela.
CORTE
2.2.2
Partindo do quadrado central previamente dimensionado, levantámos os arcos com o método de determinação de altura com recurso a vários pontos em planta com uma espaçamento entre eles de 10 cm. Por sua vez, para a cúpula utilizámos dois arcos que se intervencionavam na sua projeção em planta no ponto central “0”.
LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO INTERIOR
2.3
Realizámos, também, um levantamento gráfico interior que partiu do geral para o particular. Fotografámos os frisos e a cúpula, uma vez que, de outra forma não nos será possível realizar a medição dos mesmos elementos arquitectónicos e, deste modo, foi um meio e um método que nos possibilitou a conclusão em detalhe do levantamento gráfico. Por fim, fotografámos ainda cada um dos elementos em detalhe para registar a materialidade e método de revestimento.
SEGUNDA VISITA
2.4
Depois da primeira visita, voltámos ao terreno para resolver algumas questões mal resolvidas no primeiro levantamento. Iniciámos o levantamento pelo estabelecimento de três pontos “0” atualizados e triangulados: dois na entrada do muro externo que envolve a capela e o terceiro no interior da capela bem no centro do corpo principal. Começámos, portanto, com a medição do perímetro exterior da planta, a qual contrastámos com as medições do perímetro interior que medimos durante a primeira visita. Com esses dados foi possível o desenho dos alçados. Além disso, resolvemos repetir o levantamento interior, dessa vez com maior precisão, para procurar erros nas medições dos cortes e finalizar o desenho da planta da capela.
11
D'
B'
A'
A"
C'
C"
D'' e
B''
No interior da capela, o levantamento foi organizado de modo a que a capela fosse dividida em 5 partes: o corpo central, os quatro braços e a sacristia. Primeiramente, foram coletados os pontos no corpo central, a partir do ponto de referência no centro que permitia a triangulação e a amarração entre os pontos da capela. Posteriormente, foram feitas as medições de cada braço, separadamente, de modo a otimizar o ritmo de trabalho. Foram feitas medições de perímetro e triangulações em cada braço, separadamente, e triangulações entre os braços, de modo a amarrar todo o desenho. A sacristia foi feita por último, triangulada com o último braço da capela (altar) e com as medições externas possibilitadas pela porta lateral. Por fim, realizámos a medição da pendente, estabelecendo dois eixos na capela e vários pontos em cada eixo, a partir do qual, com um suporte de madeira fixo, marcámos a altura em cada ponto estabelecido.
GEOMETRIZAÇÃO DO LEVANTAMENTO - AUTOCAD
2.5
No computador todos os pontos coletados foram triangulados a partir dos pontos zero estabelecidos. Os alçados foram feitos a partir do corte realizado na primeira visita, das fotografias tiradas nas duas visitas e nas medições exteriores realizadas na segunda visita. A planta foi praticamente refeita a partir das novas medições e os cortes foram atualizados com algumas poucas precisões e com a adição da pendente. Apesar das medidas estarem bastante próximas, os novos dados da segunda visita se mostraram ligeiramente diferentes e mais precisos, indicando que o processo de levantamento e a habilidade na recolha dos dados foi melhorando com o tempo.
13
239.7 m
239.5 m
f
ALÇADO A'A'' - 1:200
239.5 m 239.55 m
239.7 m
g
CORTE C'C'' - 1:200
14
238.8 m 239.1 m 238.95 m
240.22 m
239 m
ALÇADO B'B'' - 1:200
h
238.8 m
239.1 m
239.6 m 240.22 m
i
CORTE D'D'' - 1:200
15
j
Rossio de Monforte | 1902
3
TERRITÓRIO
À medida que nos aproximamos da vila de Monforte, deparamo-nos com a forte presença da Capela do Calvário do Rossio de Monforte. As brancas igrejas são alinhadas por um eixo ascendente à muralha, que se encontra no topo de uma colina. De facto e apesar da implantação da ermida em estudo ser numa cota inferior à implantação da vila, a sua imponente presença no território é ordenadora da paisagem. Começamos por constatar a presença de um percurso de entrada delimitado e pontuado, em momentos estratégicos, por elementos arquitectónicos, nomeadamente e por ordem de proximidade à entrada no território, uma ponte romana, a Capela do Calvário, a Capela de Nossa Senhora da Conceição, e por fim a muralha, que surgem no seguimento de um eixo geométrico estruturante do território. A designação de Capela do Calvário deu origem a uma série de interrogações e questões no decorrer do trabalho de investigação uma vez que a posição topográfica e a posição da Capela em relação à estrutura urbana não estavam de acordo com as que a designação de Capela pressupõe. Isto colocounos um problema não só de designação como também a nível de implantação urbana, levantando a seguinte questão: Qual o significado, a nível urbano, de uma capela?; Será que o objeto religioso se aproxima mais de uma ermida? Uma capela em relação à estrutura urbana está, normalmente, situada dentro das muralhas da cidade relacionandose fortemente com a envolvente e localizada, preferencialmente, em local elevado, assumindo um papel de destaque na estrutura urbana e marcando a sua presença a partir de todos os pontos de vista, enquanto que uma ermida se trata de uma pequena igreja ou capela, que é caracterizada por estar situada em local ermo, tal como a própria designação indica, normalmente localizada fora das povoações e/ou em lugares isolados. É; ainda, pertinente acrescentar que a designação de capela e ermida não está unicamente relacionada com a posição no espaço mas também com as dinâmicas litúrgicas. Deste modo, a Capela do Calvário de Monforte que estudámos, aproxima-se mais da definição de “ermida” por respeitar as condições anteriormente enunciadas. Localiza-se fora da antiga muralha da cidade de Monforte, num local isolado marcado pela vegetação natural e com cota inferior à da cidade, bastante próxima da linha de água da Ribeira Grande. Pensamos que, talvez, tenha adquirido a designação de Capela por pretender ser uma inspiração na arquitetura de outras capelas que lhe são próximas, tal como a Capela do Calvário em Portalegre.
17
Nesta última, podemos observar que a sua relação com a estrutura urbana e, como tal, a sua posição face à muralha é bastante semelhante à da Capela do Calvário de Monforte. A sua implantação no cimo de uma colina proporciona-lhe um plano de destaque no horizonte de Portalegre, consequentemente, uma grande presença sobre qualquer ponto de vista. Já refletindo em relação à posição da capela seiscentista do Calvário de Monforte, podemos comparar com a posição de outras capelas semelhantes no território vizinho. Observando, por exemplo, a Ermida de Nossa Senhora da Nazaré em Barbacena, concluímos que de facto havia um certo padrão no que tocava à implantação dos elementos religiosos, isto é, na entrada/saída da cidade. Pensamos que a colocação destes elementos fosse estratégico, servindo de conforto aos caminhantes que percorriam uma via sacra ou vinham somente visitar a cidade, servindo de espaço de repouso, de fresco e ao mesmo tempo servindo a palavra de Deus voltando-se para o espaço público.
19
4
ESTRUTURA URBANA
A vila de Monforte localiza-se na região do Alto-Alentejo, distrito de Portalegre. É acedida pela N369 a nascente, pela E802 sentido Norte/Sul e pela N243 a poente. Geograficamente, a vila de Monforte encontra-se em região elevada, no topo de um monte, entre as cotas 275 e 299. O acesso a Oeste, devido à presença do curso de água, apresenta maior diferença de cotas (cerca de 45 metros); enquanto a Este a diferença é menor (cerca de 15 metros). A poente, o acesso à vila está relacionado ao curso da Ribeira de Monforte, principal curso de água que abastece a vila, sendo que a N369 cruza a ribeira, enquanto a E802 segue as suas margens. Logo sobre a ribeira de Monforte, suposta entrada da cidade, é possível encontrar uma ponte com possível pré-construção romana, em granito, composta por cinco arcos plenos e quatro talhamares curtos. Fazia parte do antigo sistema viário romano que ligava Olisipo (Lisboa) a Emerita (atual Mérida, em Espanha)1. Antes da construção da E802, a ponte ligava diretamente à Capela do Calvário e ao rossio, sendo uma possível entrada à vila De Monforte. Esta ligação ramificava-se em duas vias, uma que atravessava o rossio ligando diretamente a Capela do Calvário e a Capela de Nossa Sra. da Conceição e a outra que a tangenciava, conectando provavelmente a Igreja de São João Baptista e delimitando a área do rossio. É possível aferir que essas seriam as principais vias de acesso à vila de Monforte por Oeste. Também é possível interpretar que estes caminhos se distinguiam entre si, na medida em que um procurava a menor distância entre a ponte e a possível localização do antigo Castelo de Monforte e o outro procurava estabelecer-se sobre uma menor pendente, mais adequada ao transporte de mercadorias para o interior da muralha. Também é possível verificar no desenho urbano a presença de um eixo que explica a implantação da antiga ermida de planta circular, que se alinha à ponte e que contém a via que corta o rossio e conecta diretamente as ruínas do castelo de Monforte à entrada da vila, pela maior pendente. Esse eixo estabelece a ligação, tanto física como visual, entre a ponte de entrada da vila e o castelo e pode ter sido determinante na escolha do sítio de implantação dos edifícios religiosos. A malha urbana da vila de Monforte é determinada principalmente pela estrutura muralhada medieval, tal como em Portalegre, e ambas as capelas encontram-se extra-muros, apesar da Capela do Calvário de Portalegre se encontrar no meio da malha urbana e aparentar estar no miolo da cidade. Esta muralha construída sobre
21
1 Fonte: http://www. m o n u m e n t o s . g o v. p t / Site/APP_PagesUser/ S I PA . a s px ? i d = 3 2 0 5
k
planta topogrรกfica | 1:5000
as ruínas de uma antiga ocupação castrense, entre os séculos 14 e 17. O castelo possuía quatro torres, incluindo a de menagem, torre do relógio, quatro baluartes, cisterna, fossos e cerca de muralhas, com quatro portas, da qual restam apenas ruínas e vestígios, inclusive da própria muralha, que aparece em partes da vila 2. A muralha defendia uma grande parte da povoação que, entretanto, foi crescendo dentro e fora dos seus limites. As características topográficas do terreno faziam com que a muralha desenhasse o feitio de uma nau com a torre mais alta na proa, onde está hoje, inserido o relógio da vila. Localizada no lado nascente, contém, ao longo do seu traçado, três minaretes, um deles transformado em torre de dos pisos. Existem edifícios com relativa sumptuosidade encostados dentro e fora da fortaleza , como por exemplo, a casa dos quartéis. No interior da muralha, as vias distribuem-se a partir da Praça da República, na região central da vila. O seu traçado medieval possibilita uma leitura do que seriam as antigas entradas da muralha. Iniciaremos o estudo da estrutura urbana começando pelo ponto mais elevado da vila, o património defensivo e militar. É no ponto mais alto que subsistem dois muros que apresentavam uma certa altura e uma torre que fazia canto com ameias . Tudo isto, segundo António Maria Cunha, deve ter sido restaurado num passado não muito distante. A partir da praça central, nota-se a presença de um eixo Este/Oeste (atual R. Mariano Moreira Costa Pinto à Este e R. João Maria da Silva Sardinha à oeste); uma via importante a Sul (R. Dr. José Frederico Laranjo); e uma via a Nordeste (R. Eng. António José Sardinha de Oliveira). Estas seriam as localizações das quatro portas de entrada da antiga muralha, que ao longo dos séculos se transformaram em vias principais de acesso ao centro da vila. As portas possuíam denominações, essas referentes ao antigo nome das vias ou largos em que a porta se situava. A nordeste, vinculada à igreja Matriz e ao largo de mesmo nome, a Porta do Mártir de S. Sebastião; a oeste, a Porta de Santa Ana relacionada com a à antiga estrada para Elvas e a rua de mesmo nome; ao sul, a porta de Évora, também relacionada à estrada para Évora e a este, a porta de Menino Jesus, a que se refere a entrada da cidade pela via que tangencia o rossio. Seria essa porta importante para a compreensão da implantação da Capela do Calvário e do seu papel na estrutura urbana da vila.
23
2 Fonte:,http://www. m o n u m e n t o s . g o v. p t / Site/APP_PagesUser/ S I PA . a s p x ? i d = 1 4 2 4 0
Num passado não muito distante, a vila tinha estradas directas com todas vilas mais importantes à sua volta À saída de Monforte ainda é possível observar, nos dias de hoje, vestígios dos traçados de origem destas estradas. Com base na leitura da Monografia de Monforte de António Maria Cunha tentaremos enumerá-los: 1. Estrada de Vila Viçosa, que supomos ter sido a de maior importância nos tempos áureos desta terra, ligada como estava com a Casa de Bragança; 2. Estrada da Vila de Borba que, apesar de se situar tão perto de Vila Viçosa, justificava uma estrada, havendo uma para cada povoação; 3. Estradas de Veiros, Évora, Sousel e Fronteira, que se ligavam entre si a outra que circundava o Outeiro de Monforte; 4. Estrada de Circunvalação, que presumimos que esteja localizada na parte poente, para quem se dirigia a Vaiamonte, Alter do Chão, Crato ou Portalegre, sem ter de entrar na vila evitando, assim, a sua subida.
Deste modo, era na área do rossio que se realizavam os cruzamentos destes caminhos, que eram motivados também pela existência da ponte da romana da Ribeira Grande e da Adua.
25
CUNHA, António Maria, Monografia Geral Sobre o Concelho de Monforte: C.E., 1985
l
m
n l. Vista Rossio de Monforte | m. Igreja de São João Baptista | n .Capela do Calvário de Portalegre no espaço público
ESPAÇO PÚBLICO
5
ROSSIO
5.1
A Capela do Calvário de Monforte está situada num rossio definido também por outros dois edifícios, nomeadamente, a Igreja de São João Baptista (imagem m) , cuja data da sua fundação é por nós desconhecida, e a Capela de Nossa Senhora da Conceição que pertence ao século XVII. Estas duas capelas não apresentam qualquer tipo de semelhança arquitetónica com o nosso caso de estudo. A Capela de Portalegre (imagem n) , por sua vez, apresenta bastante semelhanças com a Capela do Calvário do Rossio de Monforte quer a nível de discurso arquitectónico, bem como no que diz respeito à sua relação com a paisagem e consequente posição no território. A Capela do Calvário de Portalegre, também em forma de cruz grega, de volumes articulados, dispostos horizontalmente, possui um enquadramento urbano isolado, destacada da envolvente tanto pela posição como pela sua altura em relação à vizinhança. É ainda importante referir que no exterior desta capela existiam nichos e um altar no exterior e um cruzeiro que se viravam para cidade, relacionando-se fortemente com aquele que percorria o espaço. A relação da Capela do Calvário de Monforte com o espaço público não passa só por uma relação entre a fachada principal e o rossio, mas também por uma relação do objeto em si com a chegada à cidade. Isto é, apesar de haver uma relação entre ambas as fachadas da entrada das Capelas do Calvário de Monforte e a da Nossa Senhora da Conceição, ao a Capela do Calvário estar de costas para quem chega ao território da vila, os sinos recebem-nos com o som que se propaga como um chamamento para a cidade. Tal como este elemento sonoro que se vira para o exterior da vila, também existem elementos que indicam a existência de uma via sacra, tais como as três cruzes que existem por cima porta de entrada da Capela do Calvário - que também estão presentes nas ermidas dos territórios vizinhos, tais como a Ermida de Nossa Senhora da Nazaré em Barbacena, por cima da cobertura, e na Igreja de Nossa Senhora da Nazaré em Elvas, também por cima da porta de entrada - que significam fim de via sacra, e outros elementos perto do rossio que indicam que o caminho continua até à entrada na muralha como capelinhas com um altar apenas chamadas Senhor da Boa Morte e Senhor dos Passos. Já a Capela do Calvário de Nisa, data do final do século XVI, e apesar de não formar uma cruzgrega, tem uma planta centralizada formando um meio octógono no exterior devido ao que parecem ser uns braços curtos,apesar de falsos, que seccionam o tambor central.
27
No seu exterior, apesar de estar ornamentado de forma muito parecida às Capelas do Calvário de Portalegre e Monforte, também tem a presença de um nicho e um altar exterior que possuíam uma linguagem simbólica, de aproximação da palavra de deus à comunidade. Em termos de implantação, o edifício em questão situa-se num gaveto de um lote urbano, fundindo-se com a envolvente, ao contrário das restantes que se destacam da cidade. Aqui, tal como na Capela do Calvário de Portalegre existia também um cruzeiro que mantinha a mesma relação com a cidade e o percorrente. Para compreendermos melhor a situação do espaço público onde se encontra a Capela do Calvário do Rossio de Monforte, sentimos a necessidade de compreender o conceito de Rossio. A história do termo de “rossio” em Portugal mostra que a palavra significou sucessivamente “baldio“, isto é, o que resta por cultivar, o que fica para trás ou que está para fora da povoação ou da casa onde se habita 4. O rossio é um nome próprio atribuído a vários campos ou largos citadinos, é um espaço aberto que serve de mediação entre a aglomeração urbana e o campo circundante,
4 NASCENTES, Antemor, Dicionário Etinológico da Língua Portuguesa, Rio de Janeiro, 1ª edição, 1955
ou seja, a definição de rossio é distinta da definição de centro da estrutura urbana. Normalmente a definição de rossio é aplicada a campos circundantes à estrutura urbana. Contudo, geralmente, localizam-se fora da cerca da mesma. «O significado natural de rossio deriva do seu valor de posição. Este valor de posição nasce da sua condição de espaço fronteiriço e de mediação, enquanto interseção de caminhos»5. Estas três capelas estabelecem uma forte relação de diálogo entre ambas, também evidenciada pela diferença topográfica do terreno onde estão implantadas. Contudo, é visível um eixo fortemente marcado entre a antiga ponte, a Capela do Calvário do Rossio de Monforte e, por fim, a Capela da Nossa Senhora da Conceição que se desenvolve em direcção a uma das possíveis entradas da muralha na cidade de Monforte. Tal facto, possivelmente sugere uma relação de diálogo mais evidenciada entre a Capela do caso de estudo e a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, também marcada pela igual direção das fachadas dos dois edificados religiosos, ou seja, as fachadas principais destes dois edificados estão viradas uma para a outra. Parece existir um motivo subjacente à implantação desta três capelas, contudo a razão para tal não foi descoberta. Em conversa com habitantes de Monforte, existe a possibilidade de a implantação das três capelas estar justificada por uma competição existente entre os fundadores dos três edificados religiosos, o que eventualmente confere uma relação de confronto entre as três capelas .
29
5 PEREZ CANO, Maria Teresa, MOSQUERA ADELL, Eduardo, ABOZA LOBATON, Jose Manuel ROBUSTILLA YAGUE, Francisco Javier; Plan Especial del Santuario y Aldea del Rocío (Huelv). Almonte. Emals. 2005
o
“feira franca em monforte - 15 de maio de 1922”
p
cartaz feira de Sto. Izidro | monforte | 15 e 16 Maio (sem indicação ano)
É ainda importante referir a proximidade da Capela em estudo a uma rede viária de elevada importância uma vez que permite a ligação entre a vila de Monforte e a cidade de Portalegre. Tal facto parece sugerir que a nível programático a Capela poderia, também, representar um outro momento de entrada na cidade para além das portas de entrada nas muralhas, uma espécie de pontuação do momento de entrada, espaço de refúgio, fresco, que desejava as boas vindas a quem chegava e as boas partidas a quem abandonava Monforte.
FEIRAS
5.2
Estes espaços de rossio possuíam vivências próprias e eram, neste caso particular, utilizados para a realização de feiras. «As feiras são um dos aspectos mais importantes da organização económica da Idade Média.” Os eventos de feira nascidas da necessidade de promover a troca de produtos entre o homem do campo e o homem da cidade, estas últimas representam o ponto de contacto entre o consumidor, “o ponto onde se concentrou a vida mercantil de uma época em que a circulação das pessoas e das mercadorias era dificultada pela falta de comunicações, pela pouca segurança das jornadas e pelo excesso de portagens.» 6 Geralmente, as capelas faziam parte do programa dos espaços de feira, eram equipamentos de apoio às feiras, eram dispositivos arquitectónicos de ordenamento e qualificação do espaço. A vila de Monforte possui várias atividades religiosas, tais como feiras e romarias. A 15 de Agosto, celebram-se as festas em honra de Nª S.ª do Parto que se prolongavam por três dias. Estes festejos são organizados pela Santa Casa da Misericórdia a favor da qual o seu produto reverte. É ainda importante, acrescentar, que constavam de eventos eminentemente religiosos e das inevitáveis touradas à vara larga, dos arraias e outros passatempos. No dia 8 de Dezembro, celebravase a festa em louvor da Nª S.ª da Conceição. Não menos relevante, era também a romaria à Senhora de Algalé, na segunda-feira de páscoa, contudo, deixou de se realizar esta romaria à alguns anos atrás. Pela Quaresma a Santa Casa da Misericórdia organiza a procissão do Senhor Jesus dos Passos. Contudo, a feira mais relevante para o nosso caso de estudo, visto que se realizava na área do rossio, era realizada anualmente no dia 15 de Maio.Esta feira, denominada por feira de Sto. Izidro, consistia num pequeno mercado, uma famosa feira de gado que se prolongava por três dias. Esta grande Feira Franca era uma das mais concorridas do Alto Alentejo e apresentava os melhores produtos dos principaiscriadores de Gado. Desta importante feira de gado possuímos registo fotográfico. 31
6 RAU, Virgínia, Feira Mediavais Portuguesas, Lisboa: Editorial Presença, 1983
q
rossio monforte 1902 r
rossio monforte 2017
≈8,2m 16,4m
s
sobreposição fotográfica 1902 | 2017
6
CAPELA DO CALVÁRIO DO ROSSIO DE MONFORTE
A partir de uma fotografia de 1902
(imagem q) ,
confirmámos que o objeto de
estudo se tratava de uma pequena ermida de planta circular sem data confirmada, mas referida nas Memórias Paroquiais de 1758.7 Ao sobrepormos a fotografia de 1902 e uma atual da nossa autoria (imagem r) , tirada praticamente do mesmo ponto de vista, verificámos que a ermida pré-existente estava implantada exatamente no mesmo lugar, com a dimensão do tambor da capela atual. Julgamos que o objeto pré-existente seja seiscentista, após estudarmos edifícios semelhantes nos arredores de Monforte que datam dessa época, tal como a Igreja de Nossa Senhora da Nazaré à entrada de Elvas ou a Ermida de Nossa Senhora da Nazaré em Barbacena. A ermida pré-existente tratava-se de um pequeno edifício circular, cuja entrada se fazia por uma porta de arco de volta perfeita, que parecia acompanhar a curvatura da parede. Sobre a porta existia uma pequena janela que também parecia acompanhar a mesma curvatura. A cobertura era composta em cone. Decidimos viajar pelo território vizinho à procura de edifícios religiosos semelhantes ao nosso objeto de estudo, na esperança de podermos perceber melhor a capela primitiva tendo em conta a falta de recursos literários e plantas onde pudéssemos justificar e estudar o edifício em causa. Em Elvas, visitámos a Igreja de Nossa Senhora da Nazaré localizada logo fora da muralha, junto a uma entrada da vila. Composta por uma planta circular de nave única, capela-mor e sacristia retangulares e anexo. Tal como o edifício que podemos ver na fotografia do rossio de Monforte de 1902, o corpo desta igreja é maioritariamente branco com embasamento pintado de amarelo. Entrada faz-se por porta em arco de volta perfeita de mármore aparelhado e moldura pintada de amarelo, rematada por cornija. Verticalmente, a entrada da ermida está rematada por uma cornija e sineira de alvenaria com arco de volta de perfeita e sino. A Igreja de Nossa Senhora da Nazaré localiza-se num local ermo, peri-urbano e isolado, tal como a localização da Capela do Calvário de Monforte. A ermida está cercada por um muro fechado por um portão de ferro, voltado para a estrada principal, antecedido por dois cruzeiros. A Capela de Nossa Senhora da Nazaré de Barbacena
(imagem t)
é, também,
bastante semelhante ao edifício seiscentista da Capela de Monforte, sendo que se trata também de um edifício composto por uma nave única de planta circular e capela-mor semi-circular, branco de embasamento azul gasto, com cúpula de cobertura cónica com três cruzes no topo.
33
7 “ Em distância de tiro de espingarda para a parte do Norte de fronte da porta principal da hermida da conceyção, fica a meio do rocio ou deveza da villa, a Igreja do Calvário Igreja redonda e de abobeda com seo arco e fora do circulo fica a capella em que esta no altar o Senhor Crucificado, imagem de vulto perfeyta e no mesmo altar se achão as Imagens do Senhor ao pé da cruz que é de vestidos, e a de S. João Evangelista que he de prata; para a dita capella se sobe por hum degrao o portado que fica para o Nascente, inclinado a Sul (portanto a SE) he grande, redondo de pedra parda de cantaria com suas cannas. As portas são de ferro muito bem lavradas, os baluartes que se abrem do circulo para bayxo, porque do principio da volta he obra permanente e vistosa .” DGLAB/TT, “Rellação da Villa de Monforte e seu Termo, pertencente ao Bispado de Elvas”, In, Dicionario Geographico de Portugal, 1758, Tomo XXIV, Memória nº 179, fls. 1204 – 1205
t
Capela de Nossa Senhora da NazarĂŠ de Barbacena
u
v
x
z
z. 2
Por cima da porta em arco de volta perfeita em «mármore brancoe preto encimada cornija de mármore com pilastras e volutas laterais que suportam volutas e três cruzes(…) remate em cornija e sineira de alvenaria de pedra com arco de volta de perfeita e sino.»8 Esta capela é também cercada por um muro com árvores no seu interior e está localizada na saída ou entrada da cidade, ao pé da estrada que liga Portalegre a Monforte. A entrada está, por sua vez, virada para a cidade, como se desejasse uma boa partida a quem a visita. Ao sobrepormos a fotografia da nossa autoria da capela atual e a fotografia de 1902, não podemos deixar de lançar 3 possibilidades em relação à implantação da capela atual, nomeadamente: 1. que a capela primitiva fora demolida e não tenha havido preocupação com a coincidência das duas e a capela atual tenha sido construída ligeiramente ao lado da anterior; 2. que a capela atual pode ter sido construída a partir do tambor atual que circunda o corpo da capela primitiva, apesar de esta hipótese ser a menos provável, visto que ao associarmos as fotografias atual e de 1902 conseguimos tirar uma medida aproximada do diâmetro do tambor primitivo de 8,2m enquanto que o atual tem um diâmetro de 7,7m; (imagem u) 3. que a capela atual foi construída coincidindo o desenho dos tambores, sendo que as medidas distam aproximadamente 50cm (aprox. 2 palmos). (imagem v)
Já a Capela do Calvário de Monforte atual foi reconstruída a mando de António Maria Chichorro em homenagem a seus pais e avós que estavam sepultados na zona da Capela Mor. O objeto de estudo consiste numa capela em cruz grega com um acrescento de uma sacristia quadrangular ao corpo poente. A entrada da capela faz-se a nascente por uma porta de madeira. Existem mais duas entradas a norte e sul nos braços correspondentes e o altar encontra-se no corpo poente da Igreja. Quanto ao interior da capela, dado ao seu estado atual, verificámos que foi totalmente estucada e pintada à mão numa tentativa de imitar mármore (imagem x) , remetendo para um motivo mais popular do ornamento da capela. Existem quatro nichos nas pilastras do cruzamento entre a nave e o transepto, onde se encontram, atualmente, apenas duas estátuas de Santos em terracota
(imagem z) .
No entanto,
seriam quatro imagens representando os apóstolos evangelistas, nomeadamente S. João, S. Mateus, S. Marcos e S. Lucas. Os frisos são bastantes mas simples e no tecto existem vários rendilhados vegetalistas no encontro das abóbadas com a cúpula de pendentivos, decorada com motivos em estuque pintados, também (imagem z.2) .
35
8 | F o n t e : h t t p : / / w w w. monumentos. gov.pt/Site/ A P P _ P a g e s U s e r / S I PA . aspx?id=23889
I
II
III
V
IV
VI
No tambor central existem quatro janelas perpendiculares aos braços da cruz grega que também acompanham a curvatura do círculo integral, emoldurados pelo que parece ser granito. (imagem III) O que nos intrigou, foi o facto de a igreja ser totalmente estucada e pintada a imitar mármore. Tal acontece mantendo-se então também fiel à Capela do Calvário de Portalegre que, apesar de barroca e construída numa época de muita riqueza em Portugal, também se optou pelos desenhos à mão em vez do pedra mármore, sendo esta uma opção de projeto recorrente na altura. Exteriormente, os alçados são bastante tradicionais. As portas de madeira de duas folhas são emolduradas em granito aparelhado e estão sob um frontão mais pequeno de granito também.
(imagem I)
Em cada braço existe mais um frontão
frisado que acompanha as águas do telhado. A igreja é tipicamente Alentejana, na medida em que está totalmente pintada de branco e os embasamento, cunhais, frontão e cornijas a amarelo. O corpo da capela é maioritariamente construído em alvenaria de pedra. Esta igreja encontra-se cercada por um muro de alvenaria com três entradas, que se situam no prolongamento de três dos braços da cruz grega que caracteriza a Igreja. Apenas na sequência do braço direito desta cruz não existe nenhuma porta, pois o muro se desvanece no corpo da sacristia. Na mesma viagem feita em grupo pelos arredores de Monforte e a partir de um estudo prévio, fomos visitar a Capela do Calvário de Portalegre
(imagem IV ) -
entre outras - bastante similar à Capela do Calvário do Rossio de Monforte atual. Pensamos, portanto, que o objeto em questão neste trabalho tenha sido inspirado na Capela do Calvário de Portalegre, sendo que se repetem vários elementos, tais como a ideia da planta de cruz grega com um tambor elevado ao centro sob uma cúpula e cobertura cónica, o ornamento interior e a estatuária
(imagens V, VI) .
A Capela do Calvário de Portalegre data algures no séc. XVIII, apesar de também não haver grande certeza quanto à data da sua construção. No entanto, sabese que foi construída numa época de transição do maneirismo para o barroco, sendo que apesar de popular, a Capela do Calvário de Portalegre respeita algumas características da época, tal como o desornamento exterior e o ornamento rico no interior. Apesar de não termos tido a oportunidade de visitar, estudámos, também, a Ermida de Santo Ildefonso, localizada em Nisa no Solar dos Peixinhos e a composta por nave de planta circular, capela-mor e sacristia retangulares e sala de arrumos. A capela consiste num edifício de planta de cruz grega, cujos braços são mais curtos «com topos arredondados, envolvida por antiga divisória de muros “rompentes”».9 A cobertura consiste em «telhados de duas e quatro águas e coruchéu na torre». As fachadas são rebocadas e pintadas de branco, ostentando embasamento e friso pintados de ocre.
37
9 | F o n t e : h t t p : / / w w w. monumentos. gov.pt/Site/ A P P _ P a g e s U s e r / S I PA . aspx?id=1156
7
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O processo de recolha de informação pré e pós visita à Capela do Calvário do Rossio de Monforte possibilitou-nos a descoberta de um dado até então desconhecido: A pré-existência de uma arquitetura religiosa de planta circular sobreposta com a capela em estudo. Tendo como ponto de partida esta problemática, iniciámos o trabalho não só com a premissa de analisar temporal e espacialmente os dois modelos arquitetónicos seguindo uma lógica comparativa com elementos do mesmo estilo arquitetónico, como também de descobrir os possíveis cruzamentos que estiveram na origem da transformação do desenho de planta circular para o de cruz grega. Para tal, iniciámos o estudo partindo do levantamento fotográfico e métrico do lugar, assim como do caso de estudo em si. Consequente, da interseção destes dois elementos conseguimos aprofundar o conhecimento e construir uma lógica de pensamento que nos permitisse obter algumas conclusões sobre a Capela do Calvário do Rossio de Monforte, bem como da sua relação com a paisagem, o território, o espaço público e o percorrente do espaço. A falta de informação disponível mostrou-se como uma barreira ao processo de trabalho. Ainda assim apesar deste impedimento e com recurso a um intenso trabalho de pesquisa, de leitura, de desenho e de manipulação fotográfica foi nos possível elaborar o discurso aqui apresentado que pretende expor a problemática de estudo.
39
8
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Memórias Paroquiais de 1778: “Em distância de tiro de espingarda para a parte do Norte de fronte da porta principal da hermida da conceyção, fica a meio do rocio ou deveza da villa, a Igreja do Calvário Igreja redonda e de abobeda com seo arco e fora do circulo fica a capella em que esta no altar o Senhor Crucificado, imagem de vulto perfeyta e no mesmo altar se achão as Imagens do Senhor ao pé da cruz que é de vestidos, e a de S. João Evangelista que he de prata; para a dita capella se sobe por hum degrao o portado que fica para o Nascente, inclinado a Sul (portanto a SE) he grande, redondo de pedra parda de cantaria com suas cannas. As portas são de ferro muito bem lavradas, os baluartes que se abrem do circulo para bayxo, porque do principio da volta he obra permanente e vistosa (…)” - DGLAB/TT, “Rellação da Villa de Monforte e seu Termo, pertencente ao Bispado de Elvas”, In, Dicionário Geographico de Portugal, 1758, Tomo XXIV, Memória nº 179, fls. 1204 – 1205 QUINTÃO, José César Vasconcelos, Fachadas de Igrejas Portuguesas de Referente Clássico - Uma Sistematização Classificativa GOMES, Paulo Varela, Arquitectura, Religião e Política em Portugal no Século XVII A Planta Centralizada - pág. 29-66 PÉREZ CANO, Maria Teresa, MOSQUERA ADELL, Eduardo, ABOZA LOBATON, Jose Manuel, Robustillo Yagüe, Francisco Javier: Plan Especial del Santuario y Aldea del Rocío (Huelva). Almonte. Emals. 2005 RAU, Virgínia, Feiras Medievais Portuguesas, Lisboa: Editorial Presença, 1983 CUNHA, António Maria, Monografia Geral Sobre o Concelho de Monforte: C.M., 1985 NASCENTES, Antemor, Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, Rio de Janeiro, 1ª ed., 1955
40
9
BIBLIOTECA DE IMAGENS
AUTORIA DO GRUPO imagem b
imagem s
imagem c
imagem t
imagem e
imagem u
imagem f
imagem v
imagem g
imagem x
imagem h
imagem z
imagem i
imagem z. 2
imagem k
imagem I
imagem l
imagem II
imagem m
imagem III
imagem n
imagem IV
imagem r
imagem VI
imagem s
CEDIDAS PELO POSTO DE TURISMO CÂMARA MUNICIPAL DE MONFORTE imagem a imagem j imagem o imagem p imagem q
41