15 de maio de 2015

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SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 15 DE MAIO DE 2015

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Próximo governo herdará impacto maior com mudança na Previdência Fonte Jornal folha de São Paulo CLAUDIA ROLLI e PAULO MUZZOLONDE SÃO PAULO15/05/2015 às 02h00 Se a regra criada para novos aposentados aprovada na Câmara na quarta (13) se confirmar no Senado e for sancionada pela presidente Dilma Rousseff, haverá aumento de custo para a Previdência, mas o maior impacto disso recairá nas contas do próximo governo. A análise é do economista Fabio Giambiagi, especialista em contas públicas. Ele estima que o gasto adicional com a nova regra seja equivalente a 0,6% do PIB num período de 25 a 30 anos. Esse é o tempo previsto para que uma nova geração de aposentados substitua a atual. Segundo ele, a despesa do INSS correspondia a 2,5% do PIB em 1988. Neste ano, deve ficar ao redor de 7,5%. A nova regra aprovada pelos deputados, chamada de fórmula 85/95, permite a aposentadoria integral, sem o corte do fator previdenciário, sempre que a soma da idade com o tempo de contribuição do segurado der 85, para mulheres, ou 95, para homens. Para uma mulher se aposentar, é necessário ter, no mínimo, 30 anos de contribuição. No caso do homem, 35. O fator, criado na gestão Fernando Henrique Cardoso, tem como objetivo retardar aposentadorias. É calculado conforme a idade do trabalhador, tempo de contribuição e expectativa de sobrevida. Para o economista, a oposição pode ter dado um "tiro no pé" ao aprovar a mudança. "Quem tem a possibilidade de retardar um, dois até três anos o pedido de aposentadoria certamente vai optar [pela fórmula 85/95] e esperar para se aposentar ganhando mais", diz Giambiagi. "Se a oposição estava querendo prejudicar o governo [ao aprovar a fórmula], essa bomba vai estourar no colo dela, se ela virar governo daqui a 3 ou 4 anos", completou. O que pode ocorrer, avalia, é o inverso: "As pessoas que retardarem a aposentadoria vão reduzir a despesa no governo Dilma e aumentar, e muito, a despesa para o próximo governo, seja do Aécio Neves, do Geraldo Alckmin ou seja lá de quem for". Giambiagi cita outro aspecto que pode abrir espaço para ainda mais custos. Quem já está aposentado e sofreu redução da aposentadoria pelo fator previdenciário pode pressionar o Congresso a aprovar outros projetos que permitiriam rever –e elevar– o valor de seus benefícios. "No passado, as pessoas se aposentavam sem fator [previdenciário]. A partir de agora vão se aposentar de novo sem fator. Há, no intervalo, uma geração 'sanduíche', que se aposentou com fator previdenciário e que vai pressionar para ganhar uma aposentadoria maior. Este será certamente o próximo cavalo de batalha", diz Giambiagi. A tendência é que a nova regra previdenciária seja aprovada no Senado, avalia. Autor da fórmula 85/95, o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) acredita que Dilma vai aprová-la para não perder popularidade. Pelos cálculos do governo, se os trabalhadores passarem a não optar pelo fator na hora de se aposentar a partir deste ano, os gastos da Previdência com aposentadoria vão aumentar em R$ 40 bilhões em dez anos; e em R$ 300 bilhões nos próximos 20. 2


Falência é a realidade para várias empresas visando recuperação Fonte Jornal folha de São Paulo 15/05/2015RENATA AGOSTINI DE BRASÍLIA A demora dos empresários em buscar o auxílio da Justiça para reestruturar a dívida das companhias é um erro comum no Brasil e muitas vezes fatal, diz o advogado Eduardo Munhoz, um dos maiores especialistas em recuperação judicial do país. Para ele, a lei deveria ser aperfeiçoada para permitir que os próprios credores solicitem a recuperação. Responsável por casos como a reestruturação do grupo EBX (de Eike Batista) e da empreiteira OAS, Munhoz defende que o governo possa dar descontos nas dívidas tributárias em vez de só parcelar os débitos. Segundo ele, essa amarra impede a sobrevivência de certas empresas e prejudica o próprio fisco. Folha - Muitas empresas estão pedindo ou considerando a recuperação judicial. É possível separar o que é efeito da Operação Lava Jato e o que é consequência da crise? Eduardo Munhoz - Há uma combinação das duas coisas e, por isso, será um grande teste para a lei. A Lava Jato traz uma discussão importante sobre a diferença entre empresário e empresa. No Brasil, há muita confusão. O dono pode errar, mas isso não significa que a empresa tenha de ser destruída. O argumento de que a empresa precisa ser preservada tem sido muito usado. Na prática, o que isso significa? Significa que os empresários comprovadamente culpados sejam presos e punidos e a empresa sofra sanção. Não é um salvo-conduto para as companhias. Mas a sanção tem de ser modulada para não prejudicar a atividade. Essa empresa pode ser vendida, e os controladores que fizeram atos irregulares, afastados. E aí ela se regenera. Os empresários costumam relutar em pedir a recuperação judicial. Por quê? A recuperação judicial é um processo custoso, não é uma decisão fácil mesmo. O problema é que, no Brasil, as empresas demoram tempo demais para entrar no processo. O empresário vai atrasando a decisão e pagando as obrigações financeiras até o limite. É como o maratonista que usa toda sua energia, mas ainda faltam 20 quilômetros. Nesse ponto, a lei podia melhorar. No Brasil, o credor não pode pedir a recuperação judicial do devedor. Pode solicitar somente a falência. Em outros países, isso é possível. O histórico da lei ainda é ruim: boa parte das empresas não consegue sair da recuperação judicial. Por quê? Primeiro, porque a empresa entra com o pedido muito tarde, quando a situação já é muito crítica. Boa parte não seria mais caso de recuperação judicial. Muitas empresas não deveriam ter sido recuperadas, deveriam ter sido falidas. E falidas mais rápido. Há ainda a dificuldade em conseguir financiamento. A lei não dá proteção suficiente a quem empresta recursos à companhia em recuperação. O que se faz hoje é dar ativos em garantia. Mas há empresas que não podem fazer isso. Seis empreiteiras envolvidas na Lava Jato já pediram recuperação judicial. Elas devem ser bem-sucedidas? A maioria dos casos deve ser de insucesso, porque é a média geral da lei. Não é uma análise individual. Insucesso no sentido de a empresa descumprir o plano, entrar em deterioração e, no final, ter apenas adiado a falência. Na recuperação judicial, a empresa tem de negociar a dívida. Quem ficará com a maior parte da fatura neste ano? Depende da estrutura de dívida e de capital de cada empresa. Mas é verdade que no Brasil o acionista tem poder maior que nos Estados 3


Unidos, por exemplo. Lá, quando a dívida é maior do que o valor da empresa, é comum que o acionista fique com zero. Já no Brasil é comum que os acionistas mantenham a posição. O próprio credor prefere. Ele não quer assumir o negócio. Muitas das empresas que pediram recuperação têm credores no exterior. Com tantos casos de insucesso, esse mercado irá se fechar para as companhias brasileiras? A forma como essas recuperações terminarem terá influência significativa. Não é incomum que as empresas entrem em crise e ocorram processos de reorganização. Esses investidores estrangeiros sabem disso. Para eles, o problema não está tanto no insucesso, mas, sim, se houve crime, desvio, fraude e se o sistema de recuperação funcionou. Temos a chance de que nos vejam como um país sério, no qual soluções de mercado lícitas são adotadas. O Congresso discute permitir que empresas em recuperação judicial paguem as dívidas tributárias em até 120 vezes. A medida é importante? Não resolve. A lei precisaria ser modificada para permitir acordos de reestruturação tributária dentro da recuperação judicial. Não pode ser uma regra rígida e fixa como o parcelamento em 120 vezes. Tem de dar alguma dose de tomada de decisão à autoridade tributária para avaliar caso a caso. Uma empresa pode ter condição de pagar se for em 240 vezes ou se houver desconto de 50%. Caso contrário, vai à falência. Com essa amarra, o próprio fisco pode ser prejudicado. Quando a empresa vai à falência, o governo recebe somente após os trabalhadores e os credores com garantia real. Ou seja, pode ser que o fisco não receba. Então negociar pode ser uma solução superior. As empresas envolvidas na Lava Jato conseguirão se reestruturar sem um cálculo sobre eventuais multas e penas? Esse cálculo não é imprescindível, mas é importante para os credores. O cálculo só poderá ser feito após fechados os acordos entre as empreiteiras e a CGU? Ou após as decisões da Justiça. O ideal é que ocorra logo uma coisa ou outra. Nos casos em que houver punição, as empresas poderão se defender, os investidores poderão avaliar o valor em disputa e a chance de sucesso das empresas. A pior situação é a quando não há acordo nem punição. Os credores não vão deixar de perguntar.

Vitória do espírito de porco Fonte Jornal folha de São Paulo 15/05/2015VINICIUS TORRES FREIRE vinit@uol.com.br A MUDANÇA das regras da aposentadoria foi, claro, uma derrota do governo. Mais importante, foi uma vitória do populismo, da ignorância, da pequenez e, francamente, do espírito de porco político. Tal como aprovada na Câmara, a nova regra para o cálculo de idade e benefícios da aposentadoria pelo INSS não terá impacto relevante nas contas públicas antes de cinco anos. Ou seja, lá pelo segundo ano do mandato do próximo presidente da República. No entanto, há e haverá perdas e danos para o país. A derrota de anteontem do governo é sintoma de que a chapa da crise pode voltar a ferver. Primeiro, nota-se que a porteira de malefícios do Congresso está aberta, sem mata-burros. Por ali ainda podem passar manadas de ideias doidivanas ou coisa pior. O ajuste fiscal, o mínimo para evitar desastres econômicos adicionais, foi aprovado, diminuído, apenas na Câmara. Imaginava-se que não haveria reveses extras no Senado. Só que não. Segundo, a desordem política continua. A instabilidade política e a incerteza genérica que provoca sobre o futuro imediato do país por si só tendem a solapar a confiança econômica. Terceiro, ficou outra vez evidente que não há compromisso no Congresso com a viabilidade não apenas do governo mas com a do Estado brasileiro, com as perspectivas econômicas de qualquer prazo. Pode-se defender o que quiser para o INSS, mas é preciso encontrar fundos

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para financiá-lo sem que se solape o crescimento econômico que vai sustentar os brasileiros, da ativa ou na aposentadoria. Não é o que está em discussão no Congresso. Quarto, é agora inegável o espírito de porco da oposição, em especial do partido que quase chegou ao poder federal em 2014. O PSDB votou em massa pela mudança nas aposentadorias, legislação proposta pelo governo FHC. Mais que isso: leis votadas a fim de atenuar os problemas da Previdência, que, no entanto, continuaram a aumentar. O PSDB votara contra o ajuste fiscal sem exposição de motivos. Poderia ter apresentado um plano alternativo ou maior a fim de justificar seu voto contrário. Não o fez, apesar de seus economistas terem ideias muito boas a respeito. Não o fez por espírito de porco, ignorância e populismo, agindo tal como o PT em relação aos governos tucanos. Os pardaizinhos raivosos e direitistas que ora compõem a base do tucanato podem argumentar que votaram na linha do que Aécio Neves propunha vagamente na campanha de 2014, uma "rediscussão" do fator previdenciário, na verdade uma conversa mole para manter a Força Sindical a seu lado, para desgosto de seus economistas. No entanto, o PSDB não rediscutiu nada, nem antes nem agora; não faz governo paralelo, não apresenta programa, coisa que o governo Dilma 2 não tem além de Joaquim Levy. O PSDB no Congresso faz apenas chacrinha, avacalha de modo oportunista e aproveitou para dar mais um tiro no avariado governo Dilma 2. O tiro, porém, pode sair pela culatra, e seria ridículo se não fosse de mesquinharia revoltante e daninha: caso o PSDB vença o direito de administrar o que terá sobrado do país, a partir de 2019, serão os tucanos os responsáveis por administrar a lambança que aprovaram agora. E a coisa pode ficar pior no Senado.

Como navegar nos dias de hoje Fonte Jornal folha de São Paulo 15/05/2015 Volto a um tema que tem sido recorrente nas minhas colunas na Folha: como olhar para o futuro em dias de grande turbulência e incertezas como os de hoje? Uma das alternativas é centrar a atenção nos chamados dados de alta frequência. São informações que aparecem na mídia, quase que diariamente, sobre inflação, resultados fiscais e uma série de outros indicadores econômicos. Quem escolhe essa forma de acompanhar a economia equipa- ra-se a alguém perdido em uma floresta de eucaliptos, tentando encontrar o caminho de volta, olhando apenas para as árvores. Corre o risco de andar em círculo e, depois de muito esforço, voltar ao início de sua procura. Outra alternativa é fugir do dia a dia dos canais de informação e procurar identificar as tendências de mais longo prazo que se escondem nos dados de alta frequência. Para tal, o analista precisa desenvolver talentos de outra ordem, que incorporam o conhecimento cientifico e a experiência de momentos passados. Essa é a forma que tenho procurado exercitar neste confuso período do início do segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff. Desde o começo do trabalho do ministro Joaquim Levy, sabíamos que a brusca freada dos gastos do governo e do crédito dos bancos públicos nos levaria a uma recessão econômica. Também estava claro, para os que compreenderam seus objetivos, que haveria uma inflação corretiva no segmento dos preços do setor público e que a desvalorização do real impactaria os preços de uma grande cesta de preços do setor privado. Respondendo a esse choque inflacionário, o Banco Central tornaria sua política de juros mais altos ainda mais agressiva. Afinal a redução da inflação é uma busca evidente no planejamento do governo para recuperar seus índices de apoio popular. Como resposta a esse conjunto de medidas, o mercado de trabalho passaria a funcionar com taxas de desemprego bem mais elevadas e com os salários sofrendo perdas reais importantes. Taxas de desemprego muito baixas estavam no centro da aceleração inflacionária dos últimos anos, aliás como ensina a teoria econômica.

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Ou seja, um cenário difícil, com as empresas e as instituições financeiras pisando nos breques e reforçando a queda da atividade econômica e dos investimentos. Dois fatores adicionais tornaram o quadro ainda mais perverso: a falta de confiança na perenidade da nova política econômica e o escândalo da Operação Lava Jato. Vivemos hoje um período em que a credibilidade no novo caminho trilhado pelo governo cresceu bastante. Esse fator faz com que a eficiência das medidas adotadas aumente e a possibilidade do sucesso do ajuste mude de patamar. O observador mais atento já pode sentir essas mudanças ao acompanhar as cotações das ações na Bovespa e a interrupção na histeria em relação à taxa de câmbio. Mantida a disciplina do governo na implementação do receituário prescrito pelo ministro Levy, acredito que essa melhora nas expectativas deva se manter nos próximos meses e que as previsões para o ano novo, que serão feitas no fim de 2015, serão bem mais positivas ao nível macro.

Governo prepara pacote habitacional, mas inflação e ajuste limitam alcance FONTE MURILO RODRIGUES ALVES - O ESTADO DE S. PAULO15 Maio 2015 às 05h 00 BRASÍLIA - O governo prepara um pacote de medidas para resolver a questão da falta de recursos para os financiamentos imobiliários. Falta determinar qual o tamanho exato dos mecanismos para não comprometer dois pontos cruciais para a equipe econômica de Dilma Rousseff: o combate à inflação e o ajuste fiscal. O mais provável é que sejam adotadas ações propostas tanto pelo Banco Central como pela Caixa, a principal prejudicada com os saques recordes da poupança. A Caixa ficou praticamente sem recursos para financiar a compra de imóveis avaliados em até R$ 750 mil. “Esse conjunto de medidas - porque não basta apenas uma - é importante para mantermos o crédito imobiliário no País. Isso vai ser muito proximamente resolvido”, disse a presidente da Caixa, Miriam Belchior. Liberação de recursos. O Estado apurou que o BC sugeriu liberar uma parte dos 20% dos recursos da poupança que os bancos são obrigados a deixar na instituição (chamados de depósitos compulsórios), desde que os bancos usem esse dinheiro para conceder financiamentos a casas populares. Essa prerrogativa, que já foi adotada para o setor automobilístico, é importante para não aquecer a economia como um todo e dificultar o combate à inflação. Mas não há hipótese, segundo fontes ouvidas pela reportagem, de o BC liberar os R$ 44,3 bilhões de compulsórios como as construtoras pediram. Ao mesmo tempo, o BC deve apertar a fiscalização para que os bancos apliquem realmente os 65% dos depósitos das cadernetas nos financiamentos de casas próprias. Isso porque as instituições conseguem burlar essa regra com o uso de títulos e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI). Na prática, o dinheiro da poupança, que era para ser usado na construção de casas, também financia imóveis comerciais. Se os bancos privados, que ainda têm “gordura” para queimar, não quiserem seguir a nova flexibilização, eles podem ceder esses recursos mais “baratos” para os bancos menores, que assumiriam os riscos dos empréstimos.

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Já a Caixa trabalha para que o conselho curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) libere uma parte maior do orçamento para esses financiamentos. Isso faria com que se pudesse ampliar o valor dos imóveis que podem ser financiados pelo fundo e cobrar taxas menores. Hoje, o limite é de R$ 190 mil para imóveis nas regiões metropolitanas de São Paulo e Rio e no Distrito Federal. A ideia é ampliar para financiamentos de até R$ 300 mil a R$ 400 mil. A preocupação é que esse dinheiro não pode ser usado para financiar imóveis muito caros, o que seria uma distorção na função de distribuição de renda do FGTS. Em meio à contenção dos gastos e sem poder fazer novos aportes no banco estatal, não restou outra alternativa ao governo do que recorrer ao FGTS. Dessa forma também se evita o “patrimonialismo” de subsidiar um setor com dinheiro público, recorrentemente criticado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Catástrofe. O governo acredita que as construtoras e imobiliárias estão aproveitando a falta de recursos com o saque da poupança para pintar um cenário catastrófico. “Mesmo que não houvesse esse problema de fonte de recursos, haveria um desaquecimento do mercado que o governo considera saudável, porque estava muito acelerado”, disse uma fonte, sob condição de anonimato. “O setor quer amenizar um impacto comercial que já estava previsto”. “Uma coisa é pousar o Boeing. Outra é desligar as turbinas quando o avião está nas alturas”, rebateu Ronaldo Cury de Capua, vice-presidente de habitação popular do Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo (Sinduscon-SP). Para ele, as medidas aliviam no curto e médio prazo porque o grosso da falta de recursos é para financiamento de imóveis de R$ 300 mil a R$ 400 mil. “Liberando um pouco do compulsório e deixando o FGTS financiando essa faixa de imóveis, resolveria o problema. Isso é suficiente para agora, mas não podemos desistir de criar uma nova fonte de recursos para longo prazo”. Os integrantes do governo que discutem o problema da falta de recursos para esses financiamentos defendem que a Caixa adote medidas para diversificar as fontes de recursos para o crédito imobiliário. Como esse é o carro-chefe da Caixa, a captação de recursos com custo maior - como a letra de crédito imobiliária (LCI) - vai comprometer a rentabilidade do banco, o que preocupa o governo, uma vez que a União é a única acionista da instituição.

BNDES desembolsa R$ 33,3 bilhões no primeiro trimestre, queda de 24% FONTE VINICIUS NEDER - O ESTADO DE S. PAULO 14 Maio 2015 às 14h 16 RIO - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) desembolsou R$ 33,264 bilhões no primeiro trimestre, queda de 24% na comparação com igual período do ano passado. As aprovações de novos empréstimos somaram R$ 21 bilhões, queda de 46%. Já as consultas, termômetro do ânimo das empresas em buscar crédito para projetos de longo prazo, somaram R$ 25 bilhões, recuo de 47% na comparação com os três primeiros meses de 2014. Os dados divulgados pelo BNDES são nominais. Se fosse descontada a inflação, o recuo nos valores seria ainda maior. Segundo a nota distribuída à imprensa, a queda é em parte explicada pela nova orientação do BNDES.

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"O Banco vem reduzindo os níveis de participação máxima em TJLP nos seus financiamentos, abrindo mais espaço para a presença do mercado de capitais no financiamento de longo prazo. O último ajuste neste sentido foi feito em dezembro de 2014", diz o texto. A equipe econômica liderada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tem implementado mudanças no papel do banco, para reduzir o volume de crédito e, assim, cessar os aportes do Tesouro, que se tornaram a principal fonte de recursos da instituição. Com a redução do crédito, a nova orientação do BNDES procura privilegiar projetos considerados prioritários. Com isso, os valores liberados para projetos de investimento no setor de comércio e serviços tiveram o maior tombo no primeiro trimestre: queda de 34%, para R$ 7,660 bilhões. O setor de infraestrutura, fortemente atingido pelos desdobramentos da operação Lava Jato, recebeu R$ 11,670 bi, queda de 25% ante o primeiro trimestre de 2014. Já a indústria recebeu R$ 10,379 bi no primeiro trimestre deste ano, queda de 17%. Os desembolsos para a agropecuária somaram R$ 3,555 bilhões, recuo de 13% em relação ao primeiro trimestre de 2014. O BNDES também apontou a revisão das condições de crédito do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) como responsável pelo tombo nos desembolsos. O PSI, que financia bens de capital com taxa fixa, foi criado em 2009 como estratégia de reação à crise internacional, oferecendo às empresas crédito fortemente subsidiado, por vários períodos com juros negativos (abaixo da inflação). Com a reorientação no papel do BNDES, o PSI foi renovado em 2015 com taxas mais elevadas e menos recursos. "Embora permaneçam bastante competitivas, o aumento das taxas e a diminuição do nível máximo de participação do BNDES nos financiamentos afetou o desempenho do programa, conforme esperado. Com isso, o resultado do primeiro trimestre de 2015 ficou dentro das expectativas do BNDES", resume o banco de fomento em nota.

Raspando o fundo do tacho FONTE O ESTADO DE S.PAULO 14 Maio 2015 às 02h 05 A Grécia corre o sério risco de ficar sem dinheiro. Até seu ministro de Finanças, Yanis Varoufakis, precisou deixar de lado o otimismo impertinente que é sua marca registrada e reconhecer a situação desesperadora das finanças públicas do país, dizendo a repórteres, após uma reunião dos ministros de Finanças europeus, na segunda-feira: "A questão da liquidez é urgentíssima... do ponto de vista (de prazo), nosso horizonte não vai além das próximas semanas". No mesmo dia, Varoufakis recorreu à conta de depósito que a Grécia mantém no Fundo Monetário Internacional (FMI) para quitar uma parcela de 750 milhões da dívida que o país tem com o próprio FMI. Embora incomum, a medida é permitida pelas regras do Fundo em caráter emergencial. Autoridades gregas dizem que pretendem repor o dinheiro no futuro, embora não tenham especificado uma data. Dadas as circunstâncias atuais, é provável que seja um futuro distante. Desde fevereiro, Varoufakis tenta obter recursos para que o governo possa pagar aposentados e salários do setor público e, ao mesmo tempo, consiga cumprir o apertado cronograma de desembolsos referentes ao empréstimo de emergência concedido à Grécia. Autoridades do ministério admitem que sem os 750 milhões sacados da conta de depósito, os funcionários públicos não receberiam a parte dos salários paga na quarta-feira. Agora os gregos vão atrás

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de outros 650 milhões para garantir que as aposentadorias e a outra parte dos salários possam ser pagas no fim do mês. No entanto, as conversas com os credores sobre a concessão de um novo empréstimo de emergência não parecem ter avançado muito. O clima desanuviou depois que Euclid Tsakalotos, vice-ministro de Assuntos Econômicos, assumiu o comando das negociações, substituindo o combativo Varoufakis. Mas os dois lados ainda estão longe de um entendimento no tocante a temas delicados, como os cortes nas aposentadorias e o aumento do imposto sobre o valor agregado, embora tenham progredido no que diz respeito às privatizações e às metas fiscais deste ano. Varoufakis esperava que a reunião de segunda-feira resultasse numa clara manifestação de confiança no avanço das negociações. Um pronunciamento favorável dos ministros de Finanças da zona do euro, calculava ele, levaria o Banco Central Europeu (BCE) a autorizar que a Grécia emitisse mais títulos de curto prazo, aliviando a pressão sobre os pagamentos. Para sua decepção, o pronunciamento divulgado após a reunião incluiu a advertência de que "são necessários mais tempo e esforço para superar as divergências". Wolfgang Schaeuble, o ministro de Finanças alemão, pôs os pingos nos is ao dizer que "uma coisa é as conversas transcorrerem num clima mais ameno, outra coisa é avançar nas negociações". Dúvida. Parece cada vez mais improvável que a Grécia consiga cumprir as exigências para destravar os 7,2 bilhões de ajuda até o fim de maio. Não se trata apenas de chegar a um acordo: a União Europeia (UE) só liberará o dinheiro depois que as reformas forem aprovadas pelo Parlamento grego e implementadas pelo governo. O impasse com a UE e o FMI sobre as novas reformas a serem adotadas já dura tanto tempo que Atenas está sem acesso a recursos de emergência há quase um ano. Outra razão para as dificuldades de caixa da Grécia é a queda drástica na arrecadação tributária. O esquerdistas radicais do Syriza, partido que assumiu o comando do país em janeiro, aprovaram leis permitindo aos contribuintes inadimplentes com o Fisco saldarem seus débitos em até 100 parcelas e, ao mesmo tempo, reduzindo o valor das multas para todos os que se comprometam a pagar o total devido. A desaceleração da economia também não ajudou: o Produto Interno Bruto (PIB) da Grécia encolheu 0,2% no primeiro trimestre deste ano. Hospitais, universidades e autoridades locais foram obrigados a transferir recursos das suas reservas de caixa para o "fundo comum" do Banco Central, gerido pelo Departamento de Administração da Dívida Pública. Valores não utilizados dos fundos estruturais da UE que cabem à Grécia, além de transferências voluntárias dos fundos de pensão estatais, também ajudaram. O Ministério de Finanças tem atrasado o pagamento de fornecedores do governo. O esforço para raspar o fundo do tacho talvez funcione de novo este mês, diz uma autoridade do Banco Central que monitora o processo, mas está longe de ser algo líquido e certo. Como também não é a aposta de que a Grécia conseguirá permanecer na zona do euro.

Fraqueza geral Fonte Jornal O Estado S. Paulo Celso Ming 14 Maio 2015 às 21h 00 Quem tem dúvidas sobre a extensão e a intensidade da retração da economia no primeiro trimestre deste ano, deve olhar para os números divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE sobre o desempenho do comércio varejista (veja o gráfico abaixo).

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As estatísticas dividem essa área em dois campos: varejo restrito e varejo ampliado. Este último acrescenta ao primeiro o comércio de veículos e de materiais de construção. Em março, as vendas do varejo restrito caíram 0,9% em relação a fevereiro. Comparado o primeiro trimestre com igual período de 2014, a queda foi de 0,8%. O número ainda mais expressivo é o que aponta para a abrangência da retração, que, por analogia com o que acontece com a inflação, pode ser chamado também de índice de difusão. O IBGE examina dez ramos do comércio restrito. Sete apontaram queda no trimestre. Vista a mesma coisa de outro jeito, as vendas no varejo restrito, em março, foram mais fracas em 16 dos 26 Estados (e Distrito Federal) da União. O estrago é ainda maior quando se consideram os dois ramos que completam o extrato do varejo ampliado, queda de 5,3% no trimestre. Ninguém esperava que o ajuste da economia fizesse efeito tão rapidamente nem que fosse tão intenso. Pelo menos três fatores vêm contribuindo para essa retração. O primeiro deles é a perda de poder aquisitivo provocada pela inflação e pelos tarifaços que comeram uma fatia maior do orçamento. O segundo é o excessivo endividamento. O consumidor foi induzido pelo governo a não ter medo de ser feliz e sair comprando casa própria, veículo e aparelhos domésticos. O financiamento parecia atraente porque apontava prestações que cabiam com folga no salário. Mas, muito depressa, tudo ficou mais caro, o dinheiro encolheu e ficou complicado honrar os carnês no banco no fim do mês. O terceiro fator que segurou as vendas do varejo foram as más notícias, digamos assim. Ameaças de desemprego e de salário mais curto, o preço do ajuste, o juro mais alto e tanta coisa mais pediram comportamento mais retrancado do consumidor. Ele já não saca seu cartão de crédito com a facilidade de antes, reduziu suas idas a restaurantes e a esticada à praia nos fins de semana. Pode-se ponderar que o relatório do IBGE ficou para trás porque termina em março e já estamos em meados de maio. Só que desta vez não dá para insistir em que é preciso olhar pelo vidro do para-brisas e não pelo retrovisor, porque as estatísticas mais recentes são ainda mais negativas, especialmente nas faixas de bens de consumo duráveis (veículos e aparelhos domésticos). Em abril, as vendas de veículos despencaram 6,6% em relação a março e os comerciantes se queixaram de que o movimento do Dia das Mães foi o mais fraco em anos. Não é apenas o semestre que está comprometido. Todo o ano de 2015 tende a ser de quebra da atividade econômica - e não só do comércio. A título de contraponto ao quadro ruim, resta o consolo de esperar por certa recuperação da economia provavelmente antes do fim do ano, dentro do princípio de sabedoria popular de que no fundo do poço sempre tem alguma mola.

Brasil deve cair para 8ª posição em ranking de maiores PIBs, mostra FMI Fonte G1, em São Paulo 15/05/2015 às 06h 44 O Brasil deve perder mais uma posição no ranking das maiores economias do mundo este ano, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), e cair para o 8ª lugar. Depois de ser ultrapassado pelo Reino Unido em 2011, o país deve ser superado também pela Índia em 2015.

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O ranking leva em conta o tamanho do Produto Interno Bruto (PIB) de cada país – que mede a riqueza que foi produzida em determinado período. Esse valor é convertido em dólares, a partir das moedas locais. A queda é resultado da contração esperada pelo fundo de 1% no PIB brasileiro em 2015, para US$ 1,9 trilhão – em 2014, esse valor foi estimado em US$ 2,3 trilhões. Enquanto isso, o crescimento esperado para a Índia este ano é de 7,5%, chegando a US$ 2,3 trilhões. E o país não deve voltar a subir no ranking tão cedo: as previsões do FMI vão até 2020 e, até essa data, o Brasil deve seguir na 8ª posição. Nas primeiras posições em 2015, aparecem os Estados Unidos – que pelo menos até 2020 não devem perder a liderança para a China–, com US$ 18,1 trilhões; China (US$ 11,2 trilhões); Japão (US$ 4,2 trilhões); Alemanha (US$ 2,8 trilhões); Reino Unido (US$ 2,8 trilhões); e França (US$ 2,4 trilhões). Se confirmada a queda, o Brasil volta à posição que ocupava em 2009. Naquele ano, no entanto, era a Itália, e não a Índia, quem fazia companhia aos outros seis países à frente do Brasil. De 2008 a 2011, o Brasil subiu uma posição por ano no ranking. A melhor posição no ranking do FMI obtida pelo Brasil foi em 2011, quando o país chegou a ser a sexta maior economia mundial, ultrapassando o Reino Unido. À época, o Brasil superou o PIB inglês em cerca de US$ 37 bilhões – atrás apenas dos EUA, China, Japão, Alemanha e França. Mas os ingleses voltaram a superar o Brasil no ano seguinte. O país voltou à 7ª posição, mais por causa do câmbio do que pelo crescimento econômico. O PIB brasileiro cresceu 0,9%, mas o britânico avançou ainda menos: 0,2%. A diferença veio na conversão das moedas dos países para o dólar que subiu mais de 9% frente ao real naquele ano. O FMI chegou a prever que o Brasil voltaria à 6ª posição do ranking em 2013 – após ter caído para o 7º lugar em 2012, perdendo para o Reino Unido. Mas a previsão não se concretizou, e o país voltou ficou naquele patamar, onde está até o momento. No ano passado, a Fundo estimava que o Brasil só chegaria à 8a posição em 2018, superado pela Índia, em franca expansão. Antecipou para 2015, portanto, o cenário que previa para apenas quatro anos depois.

Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, visita Santa Catarina Fonte Portal Economia SC 15 de maio de 2015 às 11h 14 O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, estará em Santa Catarina neste sábado, dia 16, para proferir uma palestra aberta ao público no Teatro Pedro Ivo, no Centro Administrativo do Governo, e visitar empresas no Norte do Estado. Ele será recebido pelo governador do estado, Raimundo Colombo, e pelo secretário da Fazenda, Antonio Gavazzoni, no início da manhã de sábado para um café da manhã na Casa d’Agronômica. Em seguida, participa de entrevista coletiva e da palestra. Pouco antes do meio-dia, o ministro deve seguir para Joinville, onde participa de um almoço com empresários (programação abaixo). Na cidade, o ministro deve ainda visitar empresas e participar da missa de sétimo dia do senador Luiz Henrique da Silveira, às 19h, na Catedral de Joinville.

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Defensor do ajuste fiscal e da simplificação da carga tributária, Joaquim Levy tem buscado o apoio da sociedade para implantar uma nova política econômica. A vinda do ministro a Santa Catarina é pautada pelos indicadores positivos que o Estado tem mantido mesmo diante da crise econômica nacional. Em 2014, SC foi o maior gerador de empregos no país, batendo inclusive o estado de São Paulo. O feito foi repetido no primeiro trimestre de 2015. Santa Catarina também liderou o ranking de crescimento da arrecadação de ICMS em 2014 entre os estados que mais arrecadam, aumento de 12,2%. O Estado ainda tem um dos menores níveis de endividamento do país. Confira a programação do ministro em SC: 8h - Café da manhã com Governador na residência oficial 9h30 – Entrevista coletiva no gabinete da Secretaria de Estado da Fazenda, no Centro Administrativo 10h - Palestra no Teatro Pedro Ivo Campos, no Centro Administrativo 11h30 - Deslocamento aéreo para Joinville. Em Joinville: almoço na ACIJ; visita a Whirlpool e outras empresas a definir; e missa de sétimo dia do senador Luiz Henrique da Silveira na Catedral.

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