Ser feliz é possível

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Ser feliz ĂŠ possĂ­vel


©2012, Lidiane Franqui Email: lidianefranqui@hotmail.com http://www.lidianefranqui.com

Ser Feliz é Possível – 1ª Edição FRANQUI, Lidiane.

Belo Horizonte – MG Novembro de 2012

Edição, diagramação e revisão: Lidiane Franqui Capa e Arte: Maria Rogado

Impressão e Acabamento: Clube de Autores

Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução deste livro sem prévia autorização do autor.


LIDIANE FRANQUI

Ser feliz é possível Textos de Lidiane Franqui 1ª Edição

Belo Horizonte 20/11/2012


ÍNDICE

PREFÁCIO ........................................................... 7 APRESENTAÇÃO.................................................. 9 UMA BUSCA PELO TESOURO INTERIOR ............... 11 PARE DE BUSCAR A FELICIDADE. DEIXE QUE ELA TE ENCONTRE ...................................... 14 FELICIDADE É INTERIOR OU EXTERIOR? .............. 17 POR QUE TEMOS TANTO MEDO DO SOFRIMENTO? ............................................. 21 O CAMINHO ÚNICO ........................................... 23 TODO MUNDO TEM UMA ARESTA PRA APARAR ..................................................... 25 O SEGREDO DA FELICIDADE ............................... 27 SABER CUIDAR É UM ATO DE AMOR .......................................................... 32 FELICIDADE É ESTADO DE ESPÍRITO .................... 36 FALAR É FÁCIL, DIFÍCIL É PRATICAR .................... 39 O PODE ALÉM DA VIDA ..................................... 41 VOCÊ PRECISA ASSUMIR A POSIÇÃO DE QUEM PRODUZ ............................................ 45 A LIÇÃO NOSSA DE CADA DIA ............................ 48 OBSERVE SUAS PALAVRAS, ELAS TÊM PODER .............................................. 51 QUEM SE DIZ HUMILDE, JÁ DEIXOU DE SER ............................................. 54 CONHECER-SE NO CONVÍVIO COM O PRÓXIMO .............................................. 57 O QUE AFOGA NÃO É O MERGULHO, MAS PERMANECER DEBAIXO D’ÁGUA................ 60


ENFRENTAR A DOR OU NÃO ENFRENTAR. EIS A QUESTÃO ............................. 62 CULTIVAR A SEMENTE DO BEM-ESTAR VAI TE AJUDAR ................................................. 64 A QUE VELOCIDADE VOCÊ VIVE? ....................... 68 O NECESSÁRIO MOMENTO DA RETIRADA .................................................... 71 VOCÊ RECEBE NA MEDIDA EM QUE DÁ? ..................................................... 74 DAR A OUTRA FACE. VOCÊ CONSEGUE? .............. 77 ABRA AS PORTAS PARA A MUDANÇA ................. 80 A CRÔNICA DO TEMPO ...................................... 83 CRÔNICA DA SOLIDÃO ....................................... 85 VALORIZAR O OUTRO É IMPORTANTE. EXPERIMENTE! .................................................. 87 O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO COM SEU AMOR EXCEDENTE? .................................... 90 O MEDO ACORRENTA. LIBERTE-SE! ..................... 93 DESACOSTUME-SE ............................................. 96


Dedico ao amor que Ê o maior sentido da minha vida. Ao único capaz de ultrapassar as barreiras do tempo e do espaço.



PREFÁCIO

Na correria do dia-a-dia, ler textos cativantes, envolventes e inspiradores é uma verdadeira lufada de ar fresco. Ainda mais quando a autora se expressa de uma maneira tão íntima, tão familiar, tão amiga, que ao lê-la, temos a sensação de que estamos conversando, sentadas no sofá de casa, com café quente e bolo de fubá. Pois bem, Lidiane Franqui tem esse dom. Ela realmente consegue falar de perto com o leitor, aconselhar, motivar e inspirar, sem ser piegas e sem recorrer a clichês. Ela nos faz pensar, refletir e fazer uma revisão profunda de nossas atitudes, para que, se necessário, corrijamos a rota. Aponta-nos caminhos, como uma verdadeira amiga faria. O problema é que a internet ficou pequena para essa amizade. E agora, chegou a hora de trazer essa amizade para outro nível; transformá-la em algo real, algo palpável. Então surgiu o livro “Ser feliz é possível”. Assim, eu posso levar a inspiração para outros lugares; posso ler embaixo de uma árvore, sentada numa praça, na quietude de uma igreja, 7


ter o prazer de folhear lentamente suas páginas, colocar na estante junto com meus livros prediletos e em ocasiões especiais, compartilhar com os melhores amigos, como o presente que é. E como leitora e admiradora de seu trabalho, devo dizer: Lidiane, pela dedicação, pelo altruísmo e pela generosidade em usar seu talento na escrita com o intuito de ajudar, inspirar e motivar os outros, muito obrigada! E desejo, sinceramente - desejo esse que fará eco na mente de muitos leitores - que este seja apenas o primeiro de muitos outros livros seus. Você ainda tem muita lenha pra queimar, menina! Maria Rogado

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APRESENTAÇÃO

Desenvolver-se para crescer. Conhecer-se para transformar. Essa é a proposta que o livro “Ser feliz é possível” traz. Ele nasceu com a ideia de reunir alguns artigos do Blog Lidiane Franqui e, juntamente com artigos inéditos, servir de reflexão para quem deseja conhecer a si mesmo e transformar-se conscientemente. Durante muito tempo a humanidade viveu na ilusão das coisas exteriores, buscando fora tesouros que estão apenas dentro de si mesmos. Percorreram (e ainda percorrem) caminhos inversos. Ainda hoje isso acontece. A humanidade orgulha-se de sua tecnologia, dos grandes feitos arquitetônicos, mas continua perdida nos labirintos de si mesma, buscando algo que a complete, que a faça finalmente sentir paz. Hoje já se percebe um tímido despertar. Vivemos em um século onde as pessoas buscam algo mais profundo, embora não saibam ao certo do que se trata. Na verdade, elas perceberam que os desejos apenas materiais não preenchem as lacunas da alma. É preciso ir mais fundo, é preciso fazer o caminho de volta. Retomar o caminho do amor, ou 9


melhor, do autoamor. Começam, então, a entender que a frase “conhece-te a ti mesmo”, imortalizada por Sócrates, é o roteiro para uma vida de plenitude. Este livro está longe de ser um manual de transformação. Ele não pretende mudar sua vida, mas sim, fazê-lo refletir sobre a necessidade de rever as próprias ideais sobre felicidade, amor, busca interior, enfim, é uma tentativa de juntos, descobrirmos novos e melhores horizontes. De assumirmos nossos erros sem medo e retomarmos o caminho com uma nova perspectiva. Necessidade, principalmente, de aceitarmos a ideia de iniciar uma viagem para dentro de nós mesmos. Portanto, fique à vontade. O livro é nosso e espero realmente que possamos compartilhar juntos cada aprendizado. Lidiane Franqui

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UMA BUSCA PELO TESOURO INTERIOR

O caminho é árduo. No começo é tudo muito bonito e aparentemente fácil. Mas se conhecer é tarefa cheia de detalhes e precisamos estar preparados para tudo. Eu costumo dizer que é uma guerra pessoal. Só que o inimigo não está lá fora. É uma guerra solitária, intensa, perturbadora de “você com você mesmo”. Quando decidimos iniciar essa jornada, precisamos estar munidos primeiramente de coragem. No meio do caminho você pode até desistir, mas ainda assim, não será mais o mesmo. Mergulhar no universo íntimo é algo inovador e é aí que está a chave da grande conquista da sua vida: a felicidade. Quando atravessamos a porta do mundo íntimo encontramos tudo como realmente é. Ali não existe ilusão, não há espaço para os enganos do mundo lá fora. Por onde você andar estará de frente dos espelhos do seu “eu”. E é aí a parte mais difícil, mais dolorosa da busca interior: você vê em si o que mais abomina nos outros. Isso 11


mesmo. E dói. Por um tempo experimenta as angústias da decepção por si mesmo. Mas tudo isso faz parte do processo. Afinal, é preciso conhecer para mudar. Toda reforma requer conhecimento. Toda reforma também requer perdão. Se você adentra o mundo interior e se culpa, acabando seguindo por um caminho de angústias e por muito tempo se perde de si mesmo. O perdão é ferramenta indispensável. Conhecendo o que precisa ser mudado, somos capazes de começar o trabalho de reforma. O tempo que isso leva é muito relativo e depende de diversos fatores. Cada pessoa é um mundo. Cada reforma é uma batalha. No final dessa guerra, estaremos libertos dos fantasmas e das dúvidas. O sofrimento não terá mais poder sobre nós. As lutas do mundo terão outra roupagem. Na verdade, o que muda não são os problemas, mas a nossa forma de vêlos. Quem se conhece sabe como agir, quando agir e se é preciso. Quem se conhece experimenta a verdadeira liberdade, a felicidade tão falada por Jesus. O primeiro passo da jornada para a felicidade é sem dúvida se conhecer. Comecemos hoje, sem tempo determinado para terminar. Importante é dar o ponto de partida. 12


Inevitavelmente todos nĂłs precisaremos passar por isso. Cedo ou tarde, pelo amor ou pela dor. NinguĂŠm ficarĂĄ pelo caminho.

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PARE DE BUSCAR A FELICIDADE. DEIXE QUE ELA TE ENCONTRE!

Felicidade é o que todo mundo quer. Mesmo sem saber ao certo o que ela é, todos estão correndo e desesperados em busca dela. O mundo se enche de fórmulas, segredos, dicas e manuais para a felicidade. Mas eu fico a pensar: o que será de fato eficaz para essa conquista? Talvez a maior das nossas vidas? Ou não? E surgem muitas perguntas em minha mente: será que ela é realmente o grande objetivo das nossas vidas? Será que ela é única ou existem diversas facetas dela por aí? Será que quando eu for finalmente feliz eu estarei satisfeita? Tudo isso é um grande mistério. Mas observando, encontrei uma opinião. Descobri que, pelo menos pra mim, a felicidade não é o objetivo final da minha vida. Isso porque, na verdade, eu não sei o que ela realmente é. E também porque eu sinto que felicidade não é uma coisa única. Sendo assim, preferi me desfazer do peso de buscar algo envolvido em tanto mistério.

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A sensação que dá é que estamos tateando no escuro a vida toda. Encontra-se algo e depois se decepciona porque não, não era essa a felicidade que buscávamos. Tudo isso é desgastante. Tudo isso cansa! A vida não é pra ser desperdiçada em uma busca. A vida é pra ser vivida. Desconfio que quem vive de verdade nem se preocupa em encontrar a felicidade. Essa pessoa simplesmente vive e aproveita a jornada. No mundo de hoje estamos procurando tudo, já perceberam? Busca-se o amor ideal, o trabalho perfeito, a casa dos sonhos, a família feliz, a felicidade eterna; é tanta busca! Que tal viver mais livremente? Desatar os nós da expectativa e simplesmente ser você mesmo? Felicidade talvez seja simplesmente estar em paz... Acredito que ser feliz é possível, mas não acho que a felicidade tenha que ser perseguida. Deve-se, claro, querer ser uma pessoa feliz e construir uma vida pautada nessa construção. Mas que isso seja feito de forma natural, sem desperdiçar as maravilhas que a vida nos mostra todos os dias na natureza, no próximo, nas expressões de amor. A partir do momento que a busca pela felicidade deixe de ser agradável, 15


esqueça ela e viva sua vida. Garanto que, com o tempo, ela que irá de encontro a você!

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FELICIDADE É INTERIOR OU EXTERIOR?

A ilusão de viver conforme nós gostaríamos, suplantando a realidade é viciante. O medo do sofrimento e da desilusão é forte no imo de todo ser humano que ainda se rebate no escuro da inferioridade moral. Criamos o mundo perfeito, a pessoa ideal, a completude e tudo quanto for necessário para alimentar nossa fome por felicidade. Depois de criar o roteiro perfeito saímos em busca. Esse processo se inicia conforme vamos conhecendo nossa personalidade no mundo. Não sou psicóloga, mas observando com racionalidade a raiz de alguns dos motivos que nos levam muitas vezes à desesperação, enxergo isso. Homens e mulheres e até mesmo crianças buscando, correndo freneticamente atrás de ilusões. Jesus Cristo disse que deveríamos nos conhecer. Em uma época onde o materialismo e a ambição eram o reino do mundo. Onde o amor clareava como novidade no coração dos que viviam o império do medo e da imposição, o Mestre Nazareno nos orientou a buscar o conhecimento de si mesmo. 17


“Se quiseres, pois salvar o mundo, te salva primeiro.” A raiz do amor vive na esfera íntima de cada um de nós. É essa a ilusão do mundo moderno: acreditar que lá fora encontraremos a chama que há de alimentar essa ânsia pelo perfeito. Conhecemos os parceiros e depositamos neles a responsabilidade pela nossa felicidade. Culpamos Deus, nossos pais e filhos, amigos e inimigos pela nossa desventura. Sentimo-nos a vítima. Todos os que de alguma forma deixaram seu nome marcado na história, são caracterizados por uma forte autenticidade. Seres vazios e altamente influenciados não são lembrados e muito menos seguidos. Aquele que dirige sua vida sob o estigma da perfeição precisa, antes de tudo, acreditar que o perfeito vem de Deus. Que esse Pai nos fez para sermos como ele, à sua imagem e semelhança, ou seja, que somos criaturas perfectíveis. Mas não nos deu o poder de buscar a perfeição do outro. Apenas a nossa. Afinal, já é trabalho para uma vida toda construir a nossa, para quê preocupar-se com a do outro? Você pode dizer que o amor motiva a querer a mudança do outro. Mas o amor verdadeiro, proveniente do Divino e não da paixão 18


humana e dominadora, deixa livre o ser amado para buscar sua felicidade. Liberdade e amor são dois substantivos que se completam. Um causa o outro. Ninguém que diz amar pode ser escravo. E de onde vem esse amor? De dentro do ser divino que Deus criou e que habita em todos nós. Todos os vícios e dependências vêm da falta de amor por si mesmo. As fraquezas e os medos existenciais vêm de uma falta de segurança em si. Deus nos completa e promete o reino dos Céus. Que seria esse reino senão a felicidade e a plenitude de poder passar por qualquer situação e sair vitorioso? É muito fácil viver na ilusão. Mas é doloroso, porque a desilusão, que uma hora vai chegar, derruba o nosso mundo pré-criado. O que acreditávamos ser nosso porto seguro desaparece e fica a dor e o vazio. Nessa hora achamos que o mundo não tem sentido e voltamos, muitas das vezes, a criar uma nova ilusão e a buscá-la novamente preenchendo-nos momentaneamente, até que mais uma vez vem a desilusão e acaba com tudo. Isso porque o que não é verdadeiro sempre vai passar. Somente o amor original e divino é forte o suficiente para nos manter consciente e nos livrar da ilusão. Nascemos e crescemos acreditando que 19


devemos ser algo ou alguma coisa. Muitas das vezes nem perguntamos a nós mesmos se isso nos faz bem. Enchemos nossa bagagem pessoal de conceitos e preconceitos dos outros e consequentemente nossos também, até que em determinado ponto do caminho não aguentamos o peso que carregamos. São tantas ilusões, buscas, perguntas sem resposta, que não conseguimos mais identificar o que é nosso e o que não é. A bagagem pesa e às vezes nos derruba. Tudo porque a raiz está na procura errônea do que é interior no exterior.

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MAS PORQUE TEMOS TANTO MEDO DO SOFRIMENTO?

Porque crescemos condicionados a acreditar que ele é ruim. Que dele só podemos colher amarguras. Porque desde nosso nascimento nos ensinaram que devemos buscar a felicidade e afastar o sofrimento. Claro que não vamos ensinar às nossas crianças que sofrer é bom! Mas orientálas, na medida de seu entendimento, que ele faz parte do processo de amadurecimento e que inevitavelmente nos veremos diante dele. Você sofre porque é um ser em fase de evolução. Queremos adiantar o tempo e fazer o sofrimento passar logo. Não queremos suportar a dor que ele nos traz. Mas o que fizemos para evitálo? Ou para atraí-lo? Onde está nossa responsabilidade na construção da situação que causa determinada dor? É muito fácil se queixar e colocar a culpa em alguém na hora da dificuldade, mas assumir as rédeas da situação requer coragem. Quando você cria a consciência do seu papel real, da posição de dono e dona da sua existência como ser de construção, não consegue 21


mais assumir outro papel senão o que Deus te deu: de criador da vida, da sua vida! Portanto, não adianta declarar ao mundo o sofredor que você é. O mundo não irá mudar isso. O mundo não muda nada, nem ninguém. Nós mudamos. Nós crescemos. Nós amadurecemos. E acima de tudo nós criamos. Nós somos os responsáveis pela nossa felicidade, com ou sem sofrimento. Na construção dessa felicidade, mesmo que efêmera, devemos deixar de lado o medo de sofrer e partir para a prática. Se o sofrimento se apresentar viva-o da mesma forma, ele também é efêmero.

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O CAMINHO ÚNICO Tenho me deparado quase diariamente com pessoas queixosas com suas vidas. É problema em casa, com os relacionamentos afetivos, no trabalho. Reclamam que não sabem como sair de determinadas situações e me perguntam: O que eu faço? Muitas das vezes o medo está visível nas suas expressões e percebo o quanto nós nos prendemos a situações e pessoas por comodismo. Temos muito medo de cortar laços, mudar de cena, encerrar ciclos, fazer diferente. Essas pessoas sabem o que deve ser feito, mas não fazem. Estão conscientes do que as atormenta, mas não dão um basta. Criam em torno de si correntes invisíveis, porém poderosas de apego e comodismo; deixam passar o melhor que a vida pode oferecer; desperdiçam oportunidades de conhecer outros rumos e novas pessoas; tornam-se escravas de seu próprio medo. E me perguntam como sair disso. Eu, compadecida de nós, respondo: não sei o que funciona para você, ou seja, qual o caminho que vai seguir. A única coisa que eu sei é que só você pode iniciar esse processo. É duro? Sim. 23


Porque nós procuramos no outro a salvação. Seja no amigo, nos pais, nos psicólogos. Eles ajudam, mas só você resolve. E assim, me compadeço. E me assusta como isso cresce e como as pessoas são famintas dessa liberdade que só quem se conhece tem. E fica a célebre frase de Jesus, que há dois mil anos nos ensinava: Conhece-te a ti mesmo.

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TODO MUNDO TEM UMA ARESTA PARA APARAR

Nos momentos de dor sempre me lembro das tempestades. Um dia alguém disse que ela limpa a atmosfera e que, ao passar, faz com que tudo renasça com mais esplendor. É assim na nossa vida. A dor sempre ensina. Não há ninguém que não aprenda o mínimo com ela. E porque precisamos da dor para isso? Por que não ter a felicidade como lição? Porque ainda não estamos preparados. Ainda somos imaturos e nem sempre entendemos a lei da vida, que é a lei do amor que Deus nos trouxe. A dor vai passar quando aceitarmos nossa necessidade de mudar. Sim, meus amigos, nós precisamos nos modificar. Ninguém pode ser orgulhoso a ponto de achar que não há em si uma só aresta que precise ser aparada. Todos nós precisamos aprender a amar, seja o próximo, seja a nós mesmos... Precisamos aprender a valorizar os dons que Deus nos deu. Observe sua própria vida. Volte seu olhar para seu mundo interior. Vai encontrar muita coisa boa, com certeza; mas também encontrará medos, 25


inseguranças, defeitos e até mesmo maldade. O que você acha que deve ser feito: fingir que eles não estão ali ou aceitá-los? Por muito tempo nós fingimos que eles não existem e eles acabam sendo a causa das nossas dores. Adianta aliviar a dor e não acabar com a causa? Se você destruir a causa, a dor não voltará. Por outro lado, aceitar essas sombras é o primeiro passo para a autocura. Afinal, todos nós somos falíveis, todos temos sombras. Para mudar é preciso conhecer e reconhecer o que precisa ser modificado. Portanto, volte-se para dentro de si. Não chame ninguém para acompanhá-lo nessa jornada. É uma viagem individual. É trabalho pra vida toda, mas garanto que vale a pena. Apare suas arestas e faça valer a tempestade.

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O SEGREDO DA FELICIDADE

Não existe segredo da felicidade. Nem segredo da riqueza, nem da realização, nem do sucesso. Não há segredos! O que existe é o conhecimento. A falta e a presença dele classificam as pessoas e as situações. Todos estão vivendo ao mesmo tempo num mundo que se apresenta de uma mesma forma, mas que também é a junção de vários, ou seja, o mundo de cada um. Não sou mais bem preparada que você ou aquele. Apenas estou num momento diferente do seu e no meu mundo eu crio da forma que meu conhecimento permite. Portanto, se queres alcançar felicidade conheça o seu espaço, suas limitações, sua capacidade de seguir até determinado lugar. Não se apresse em chegar aonde seu vizinho chegou. É o lugar dele, os sonhos dele, a vida dele. Você é um ser distinto, com um caminho também distinto. Permita-se conhecer seu mais profundo desejo. É nessas horas que recuamos e deixamos fora qualquer interferência externa. Acho que os budistas adotavam essa técnica. Funcionava para eles. Funciona para você, se 27


quiser! Aliás, sou muito a favor desse paradigma do “o que funciona para você”. Funciona orar? Ore. Funciona meditar? Medite. Funciona sair e observar as pessoas e os acontecimentos ao redor? Faça isso. Funciona gritar? Grite! Faça o que for necessário, mas que seja possível sentir a ligação entre você e a força superior que rege nossas vidas. Apenas faça algo que libere uma sensação de bem-estar na sua corrente sanguínea e sem preconceitos permita que ela se espalhe por suas veias e tome conta de você. Isso é felicidade. Já sentiu? Eu sinto toda vez que tenho vontade! É verdade, sinto quando bem quero! Se eu lesse isso há algum tempo acharia no mínimo muita petulância alguém dizer que tem controle sobre a felicidade. Mas eu tenho sim. Você também tem, mas não sabe disso. O fato de você não saber de algo ou como se conectar com ele, não quer dizer que não exista. Então, continuo afirmando que todos temos completo domínio sobre essa emoção. Mas nós somos mimados. Queremos tudo ao mesmo tempo e quando algo não ocorre na hora que achamos justo, desistimos de acreditar. Não entendemos que existe um processo. Ninguém nasce pronto, então não adianta dizer que mudou da noite para o dia. 28


A mudança vem singela, requer tempo para amadurecer. Uma pessoa que muda, por mais que aos olhos dos outros seja repentino, passou por uma preparação; às vezes até inconsciente, mas existiu um processo sim. Eu levei anos para entender um simples sentimento. Levarei mais uma dezena, centenas talvez para absorvê-lo. Eu faço parte do processo. Mas puxando para o dia-adia, quero dizer que, se quer mudar, faça-o agora. Não de forma louca. Comece permitindo sentir. Não trave o sentimento... Permita-se! O sentimento de permissão é único e natural. Quando forçamos qualquer situação estamos criando bloqueios E dificultando o processo. Já ouviram falar que é fácil e somos nós que complicamos as coisas? Ouvimos muito a frase “É bom demais para ser verdade”. Principalmente no que concerne ao espiritual. A promessa de Deus, por exemplo, é tão boa que ninguém acredita que possa vir dele. Pois vejamos: Deus não teria interesse algum em fazer das nossas vidas um jogo de vídeo game. Simplesmente ele nos fez à sua imagem e semelhança em tudo, inclusive no poder de criar o que quisermos, para sermos como Ele é, para basicamente aprendermos a ser Deuses também. 29


Deus não criou o coitadinho que precisa se humilhar e menosprezar seus próprios talentos. Seria muito pouco para um Deus tão grandioso. Mas essa é uma opinião pessoal, baseada na minha experiência de vida, como tudo que está exposto neste livro. Quanto a você, observe sua vida e veja o que ela mostra. Está satisfeito com os resultados que ela te apresenta? O modelo pelo o qual está regido sua vida é satisfatório? Se a resposta for afirmativa, prossiga. Ele funciona para você. Caso contrário, reveja seus métodos. Dê uma pausa para o mundo e encontre-se em si mesmo. Descubra seus objetivos, suas metas e o que faz com que sua vida esteja da forma que está. Elimine o lixo e faça a faxina que for necessária. Mas lembre-se, esse é um ato individual, não envolva ninguém nessa sua análise interior, pois a presença de alguém irá gerar interferências de pensamento e logo você não conseguirá identificar o que é um desejo seu ou fruto da opinião alheia. O que os outros pensam ao nosso respeito é umas das armas mais eficazes para destruir nossos sonhos. Deixamos muitas vezes essa influência moldar nossas vidas. Portanto, faça uma entrevista pessoal com você mesmo. Seja corajoso e olhe para seus medos, sua covardia e encare-a. Olhe seu problema nos olhos e resolva a situação. 30


Enquanto você negar que ele está ali, está afirmando sua existência. Acabe logo com isso, você pode!

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SABER CUIDAR É UM ATO DE AMOR

Somos responsáveis por aquilo que conquistamos, como dizia a memorável frase do livro “O Pequeno Príncipe”. Somos ainda mais responsáveis por aquilo que criamos. Assim como Deus, na sua nobre posição de criador da Vida. Agora eu questiono: será que somos cuidadosos com o que cativamos? Com o que criamos? Somos cuidadosos com nós mesmos? Com a construção da nossa felicidade? Reflita e saiba que o cuidado é o fermento das relações, de qualquer espécie. Cuidar do outro, de si, da vida é tarefa nobre que qualquer ser humano deveria se ocupar. Quanto mais avançamos no progresso espiritual, mas nos conscientizamos da necessidade de cuidar do ser, seja ele material ou espiritual, animal, vegetal, animado ou inanimado. A vida, como um todo, é regida pelo amor e cuidar disso é cultivar nosso bem-estar como seres de um universo vivo. Quando cuidamos da nossa saúde estamos cultivando um bem pessoal e coletivo, pois o que está em nós se reflete no outro diretamente, por isso a importância de cuidar das relações, sejam 32


elas afetivas ou não. O cuidado intelectual, social, amoroso, familiar, fazem parte de algo que chamamos de instinto de preservação da vida, como um todo. Um ser humano saudável é aquele que está bem em todas essas esferas e busca uma sintonia com a vida para construção da própria felicidade. Ninguém é feliz sem cuidado. Por isso eu defendo o ponto de vista de que felicidade é uma junção de observações e atitudes que temos na vida. A infelicidade talvez seja a ausência dessas coisas, ou o descuido de si mesmo perante o mundo.

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CONTROLE DAS EMOÇÕES

Definitivamente nós precisamos controlar nossas emoções para experimentar felicidade. Principalmente porque ela é por muitas vezes efêmera e mesmo que seja coisa de um momento, é felicidade e é aconselhável que seja aproveitada. Pois é pelo preconceito de achar pouco que perdemos. Como digo, é a individualidade contribuindo com a coletividade. Nós sabemos o caminho, mas ao perceber uma estrada de dificuldades, desanimamos. Sim, porque ninguém nunca trilhou um caminho fácil quando se trata de ser feliz. É como se fosse uma junção de muitas emoções, pré-requisitos que devemos ter para identificar um momento feliz. Existe realmente uma preparação. Todos fomos criados com as sementes em estado latente em nós, e a germinação depende da forma como adubamos. É um processo mesmo. Que não passa por isso não percebe. Ela existe, mas a pessoa não consegue sentir. E o pior, não sente nada mais, apenas frustração. Estive com várias pessoas ultimamente que se sentem infelizes, e o que observo é simplesmente a ausência de 34


responsabilidade pela própria vida. São na maioria pessoas que se denominam vítimas do sistema, pessoas altamente dependentes das outras. Muitos casos em que elas se denominam pessoas que tem tudo para ser feliz, mas não conseguem sentir nada além de desânimo. Vemos, então, uma pessoa despreparada. Alguém que não tem o controle das próprias emoções.

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FELICIDADE É ESTADO DE ESPÍRITO

Felicidade é estado de espírito, coisa de momento, do aqui e agora. Se você escuta uma música e se sente bem, está feliz. Se você come algo gostoso e sente prazer, está feliz. O que gera complexidade em torno da felicidade é a idéia de que estar feliz significa estar eternamente feliz. Enquanto você busca, perde a oportunidade de experimentar sensações de bemestar que só as pessoas felizes experimentam. É como se preocupar em saber o que é Deus. Passamos pela vida buscando respostas quando ela está dentro de nós. Mas felicidade requer prática também, afinal, nascemos treinados a pensar que felicidade é utopia. Estamos viciados, é preciso se desintoxicar. Passo a passo, tranquilamente, é possível condicionar sua mente a aceitar uma nova idéia acerca deste sentimento que faz parte da nossa natureza divina. Com o tempo e a prática, você vai perceber que não tem mais aborrecimentos que tinha antes, que sabe lidar com situações novas e isso é felicidade. Comparar felicidade a bem-estar

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não é um erro. É a maior verdade. Existe coisa melhor que se sentir bem? Acredito que não! Mas e os problemas da vida? Eles geram infelicidade. Não são os problemas da vida que geram infelicidade, mas você mesmo que cria uma situação em torno do problema. O que explicaria então duas reações diferentes, de duas pessoas a um mesmo problema? Saber lidar com a situação determina o grau de felicidade ou infelicidade. Um mundo sem problemas seria muito tedioso. A dualidade é necessária para a evolução humana e espiritual. Deus criou a relatividade e muito sabiamente, porque é através dela que podemos experimentar todos os ângulos, de todas as maneiras. Portanto, culpar os problemas que surgem para denominar o grau de infelicidade da sua vida é engano. Olhe pra dentro de si e veja onde está a sua responsabilidade. Sua vida é resultado das atitudes que toma. Ninguém é feliz ou infeliz por causa de alguém ou alguma coisa. Traga a responsabilidade para si, assuma as rédeas e observe suas escolhas. Escolha o melhor! Mas eu sempre escolho o melhor, mesmo assim não sou feliz. 37


O melhor nem sempre é o que parece. Antes de ver o que é melhor pra você, feche os ouvidos para a avalanche de ideias e opiniões que existem e olhe pra dentro de si. Veja como se sente em relação à determinada situação e só depois faça sua escolha. Mas tenha coragem, nem sempre a nossa verdade é bem aceita. Porém, acredite, é Deus falando com você. E Ele sabe do que você precisa. Então, relaxe! Pare de buscar ansiosamente. Aproveite o momento e as boas sensações que as experiências trazem, inclusive as mais simples e comece a perceber que a felicidade nada mais é do que se sentir bem!

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FALAR É FÁCIL, DIFÍCIL É PRATICAR

Vivemos em um mundo onde as opiniões correm soltam por aí. Estamos sempre recebendo e dando conselhos, sugestões e dicas, mas até onde estamos colocando nossa verdade nisso tudo? Conversando com uma pessoa certo dia, fiquei a refletir nas questões que ela me colocou sobre “como nós quase sempre falamos de algo e não aplicamos em nossa própria vida.” Quantas vezes nós nos pegamos aconselhando alguém e ao olhar para nós vemos uma realidade totalmente contrária àquilo que pregamos. Será certo fazer isso ou o ditado “Faça o que eu digo, mas não faça o que faço” justifica? Dizem que, para julgar ou simplesmente aconselhar alguém, precisamos ter moral para isso. Ou seja, não posso dizer para você acreditar em si mesmo se eu não acredito em mim. Mas que fazer então? Não entrando na esfera do julgamento e sim dos conselhos, essa atitude não deve ser prejudicial, afinal, estamos querendo ajudar outra pessoa. Mas fica uma reflexão: até quando vamos querer ajudar apenas as outras 39


pessoas e deixar a nossa própria realidade desajustada? Vamos continuar incentivando a nossa verdade aos outros e vivendo uma mentira nas nossas relações? Até que ponto isso é justo com nós e com as pessoas que nos amam? É preciso se amar e lembrar que tudo parte do próximo e o “próximo mais próximo”, advinha quem é?

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O PODER ALÉM DA VIDA

Tudo pulsa e o movimento é visível em todas as formas de vida. Até mesmo o que é aparentemente inerte, só o é se for visto pela nossa visão limitada. Não sei em que ponto a humanidade foi perdendo o manejo. Corre-se demais e se olha de menos. O movimento a que me refiro é o movimento da vida e não o da corrida. Olhando mais a fundo enxergamos detalhadamente. Experimente olhar fixamente para qualquer ponto e sinta o “mover-se” de tudo. Você mesmo se move! Nada permanece imutável. Em todos os minutos algo se modifica e uma nova realidade se mostra. O Filme “Poder Além da Vida1” conta a história de um jovem ginasta que, no auge de seu preparo físico, conhece um homem estranho que lhe questiona a felicidade. A partir daí o jovem inicia um processo de autotransformação que requer muito mais do que vontade, requer sensibilidade e humildade. “Tem gente que passa a vida toda dormindo”.

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Eu vejo as pessoas correndo, mas estão dormindo. Não percebem o que acontece à sua volta. São pequenos mundos mergulhados numa mente turbulenta, perguntas, respostas, vozes. Essa é a mente das pessoas de hoje. O filme traz uma sugestão muito interessante quando propõe a limpeza da mente para que possamos perceber o que acontece no mundo à nossa volta. E fica muito claro que só percebemos esse movimento da vida quando eliminamos a bagagem tóxica que a mente vai acumulando com o decorrer do tempo. Trocando em miúdos: é o lixo. O que não serve e vamos guardando nem sei pra quê. Chegará um dia que, se não o eliminarmos, ficaremos intoxicados e essa doença se dará através de processos depressivos, distúrbios mentais, fugas conscientes e inconscientes, enfim, o EU vai perdendo espaço para o lixo. O personagem do filme é vitorioso na sua modalidade, bonito, tem todas as mulheres que deseja, mas não é feliz. Assim, vemos muitas pessoas escondidas atrás de uma máscara. Mas sabe o que é mais triste? Muitas delas já estão assim há tanto tempo que nem lembram mais como é ser diferente. “Ninguém quer que você encontre as suas próprias respostas, querem que acredite nas deles” 42


Saborear o movimento harmônico da vida é uma das propostas que o filme nos traz. Parar o ritmo da busca e sentir mais aguçadamente o que a natureza nos oferece, seja em nós ou no mundo lá fora. “Sempre tem alguma coisa acontecendo”, a todo instante, e nós muitas vezes nem percebemos. O que será que tem nos condicionado a viver nessa pressa que anestesia? Muitos de nós temos acordado sem perceber a vida que circula tão próximo. Na verdade temos o sentido da visão adormecido e como o jovem do filme, temos tudo que a sociedade julga como poder, mas não somos felizes. Isso acontece porque sempre buscamos alguma coisa lá fora, não usamos o que é nosso e é só disso que precisamos. Quem tiver oportunidade de assistir ao filme, faça! É uma excelente oportunidade de aprender e poder ir além, afinal, o artigo só dá uma pincelada com o intuito de provocar uma reflexão. É um exercício para não nos deixarmos estagnar no cotidiano engessado das buscas superficiais pelo poder. Precisamos e podemos ir mais adiante e não perder o contato com nosso EU verdadeiro. Aquele que sente, ouve e enxerga a verdadeira 43


realidade. E lembre-se: tem sempre alguma coisa acontecendo.

(1) Filme: Poder Além da Vida País/Ano de produção: EUA/Alemanha, 2006 Gênero: Drama Direção: Victor Salva / Roteiro: Kevin Bernhardt e Dan Millman

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VOCÊ PRECISA ASSUMIR A POSIÇÃO DE QUEM PRODUZ

Nos últimos tempos tem se falado muito em força do pensamento e o poder que a mente tem nas nossas vidas. São livros, palestras, filmes e tantos outros meios usados para nos chamar atenção para a força que parte de nós mesmos. Há uns 10 anos a “lei da atração” tem sido divulgada como fórmula eficaz para quem quer mudar a vida. Usam-na para as relações pessoais, para as conquistas financeiras, relacionamentos amorosos, sucesso profissional, enfim, a lei de atrair através do pensamento tornou-se a salvação, a luz no fim do túnel para muitas pessoas no mundo de hoje. O que não se percebe é que talvez não seja a lei de atração que nos faça mudar. Não existe segredo, lei, mudança, seja o que for que tenha força suficiente para te mudar. Eles talvez sejam ferramentas muitos úteis, nada mais do que isso. É como uma pessoa ter nas mãos os materiais para construir uma casa e não saber ou não querer fazer. A mudança parte da ação da vontade. E quando se trata de transformação de si mesmo, é ainda mais sério, porque depende da sua vontade. 45


Quando você decide sair da posição que está e passa a ser quem produz, detecta as ferramentas existentes e passa a usá-las de acordo com o seu objetivo. Quando você decide ser o agente transformador, a lei de atração deixa de ser apenas uma fórmula mágica para ser um caminho coerente, ou melhor, passa a ser consequência. Nós criamos tudo que acontece à nossa volta, independente de raça, classe social, conhecimento. Somos energia capaz de criar apenas acionando o pensamento. E isso dá a cada um de nós uma coisa chamada “responsabilidade pessoal” por tudo que está ao nosso redor. Se eu acordo de mau humor e já decreto que “hoje não é o meu dia”, está decretado. A culpa por isso não é de mais ninguém a não ser minha. Existe muita gente por aí criando coisas maravilhosas através dos bons pensamentos acompanhados da ação. São pessoas que produzem a própria realidade utilizando a consciência, não apenas positiva, mas realizadora. Somos nós que fazemos a nossa vida. E acreditar nisso é muito fácil, porque no fundo todos sabem que isso é verdade. Mas até que ponto nossa vontade é forte o suficiente para nos fazer mudar? Não adianta colocar nos outros ou em uma lei a responsabilidade pela mudança interior que nós buscamos. 46


E Esse negócio de pensamento é tão sério que até assusta. Quanto mais eu leio sobre, mais me preocupo, pois percebo que não é o outro que está me fazendo mal, não é a sociedade, nem os políticos... Eu estou dirigindo minha vida para um lugar que não é bom. Sou eu que tem o poder de fazer qualquer coisa. E é somente quando nós tomamos essa consciência que poderemos buscar a forma e as ferramentas necessárias para reorganizar nosso caminho. Por isso, de nada adianta ler, ouvir, escrever, frequentar reuniões e assistir palestras sobre a força do pensamento, se você não acionar em si a vontade restauradora de se modificar. Nós somos fruto de uma cultura de dependência onde as crenças e o modelo político sempre diz que “alguém fará alguma coisa por você”. Por isso muitos passam a vida esperando soluções que vem de fora. Porém, estou muito certa de que as respostas partem de você e mais ainda, essas respostas são apenas suas e não se aplicam a mais ninguém. Sendo assim, as de outras pessoas não se aplicam a você. Para estar plenos, precisamos estar cientes de quem somos. Precisamos nos definir, nem que para isso seja preciso nos reinventar.

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A LIÇÃO NOSSA DE CADA DIA

O dia-a-dia é a prova de fogo para o que a vida nos ensina. Muitas vezes lemos, ouvimos e falamos sobre a necessidade de se melhorar, mas é na vida diária que encontramos as oportunidades de vivenciar as mudanças a que nos propomos. Quer escola maior que o lar? Conviver com outros seres humanos, sendo cada um uma individualidade que pensa, age, erra, e o mais importante, que está buscando aprender. Saindo da esfera doméstica, que já é suficiente para aprendizados por toda uma vida, penetramos no ambiente profissional, no social e assim, temos à nossa volta e o tempo todo outro ser humano proporcionando situações de aprendizado. Conviver com as pessoas requer muito amor. Tolerar as diferenças é exercício dos mais necessários e difíceis que nós vivenciamos no diaa-dia. É muito fácil dizer que é amoroso, paciente e “uma boa pessoa”. De palavras bonitas o mundo está cheio. É voltando do trabalho e em hora de pico que sinto as provações da vida no que diz respeito 48


a conviver com os outros. Todo mundo quer chegar ao seu destino. Todos estão cansados e cheios de motivos para, muitas vezes, estarem de mau humor (inclusive eu). E no ônibus todos se esbarram, xingam, querem passar na frente um do outro, reclamam. É na hora do “aperto” que muitas vezes esquecemos os livros e as pregações na igreja. É quando se olha para o outro e não se vê um irmão, mas alguém que está apenas tomando o seu lugar. É quando se pensa: “Se não fosse ele eu estaria mais confortável”. Estamos ainda na condição da disputa, mas já sentimos despertar a necessidade do auxilio. E quando, no ônibus, vejo tanta falta de amor e fraternidade, também vejo que ser provado é um bom sinal. Mostra-nos que estamos caminhando. A estagnação sim é uma tristeza. Deus nunca desiste de nós e esse já é um motivo para não desistirmos de nós mesmos. Se o nosso semelhante ainda não alcançou o momento do despertar, sejamos solidários e pensemos que ainda estamos longe de ser como tantos outros que nos toleram. Quanto mais o ser humano evolui moral e espiritualmente, mais ele olha para baixo com amor. Mais ele estende as mãos e auxilia, sempre. 49


E ainda no Ă´nibus, onde tantos destinos se cruzam, fico a pensar que ĂŠ na hora da dificuldade que somos realmente provados e que muitas vezes ainda caĂ­mos por pequenas coisas.

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OBSERVE SUAS PALAVRAS, ELAS TÊM PODER!

Já observaram como a forma de se expressar através das palavras pode dizer muito sobre uma pessoa? As palavras que escolhemos nas mais diversas situações, seja de forma escrita ou falada, reflete muito do que somos, a criação que tivemos, nossos hábitos e também o meio em que interagimos. Talvez não saibamos, mas é através delas que nossos pensamentos podem ser conhecidos e parte daí a concretização da maioria desses pensamentos. É muito importante observar se nossa palavra é boa, se o seu fruto pode ser lançado ao mundo sem causar danos. Através dela podemos ferir, destruir vidas, ceifar sonhos. Uma simples forma de expressar um sentimento pode ser a gota d’água e desencadear desavenças e sofrimentos que muitas vezes poderiam ser evitados. Expor uma opinião, principalmente uma crítica, pode ser feita de uma forma saudável e as palavras escolhidas para isso assumem papel importante, seja no entendimento e no estabelecimento da comunicação harmoniosa. 51


Atualmente, a internet é o veículo de comunicação de maior alcance e como é comum (não natural) encontrarmos palavras de baixa energia sendo propagadas! Muita gente diz que se trata de uma linguagem informal, mas em minha opinião, informal é diferente de esdrúxula. Ser informal não significa ser desagradável. Escolher as melhores palavras e o modo de pronunciá-las independe de classe social e até mesmo de estudo. Muitas pessoas há que tem nível superior e faz uso de um linguajar inadequado e ofensivo. Se a palavra é a expressão dos nossos pensamentos e sentimentos, mudar o falar requer uma mudança também na forma de pensar e sentir. Ou seja, a palavra, sendo consequência, agiria de forma positiva no meio e nas pessoas que nos rodeiam a partir do momento que nossa forma de sentir passasse por uma modificação. Além da escolha das palavras, existe o momento certo e a forma de expressá-las. Muitas vezes, diante de situações onde nossas emoções vêm à tona, não conseguimos conter o impulso e colocamos, através do verbo, nossas raivas, medos e inseguranças. Existem métodos práticos que podemos utilizar para, aos poucos, exercitar o autocontrole diante desses eventos. 52


Em muitas situações é melhor não fazer o uso de palavra alguma, pois nem todos têm condições ainda de usar o filtro do amor e do bom senso. Seria pedir muito; seria ir além das condições que aquela pessoa pode oferecer no momento. Por isso, se não tem condições de falar para o bem, cale-se e trabalhe o pensamento. Trata-se de um processo de melhoramento pessoal que desencadearia, com o tempo e a prática, num falar construtivo, amoroso, enfim, na exteriorização do sentimento através do poder que a palavra tem.

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QUEM SE DIZ HUMILDE, JÁ DEIXOU DE SER. Assunto complexo de abordar e que mexe com muita gente. Lembro-me, não faz muito tempo, que estive em uma discussão sobre esse tema e saí de lá extremamente incomodada. Muitas vezes nos colocamos em uma posição de superioridade diante das pessoas e nem percebemos. Acreditamos ser melhores, pessoas boas e com isso ocultamos nossas sombras. Samanta Sammy2, no artigo “Enfrentando nosso lado sombrio, encontraremos a luz”, abordou de forma muito interessante a necessidade que temos de conhecer nossas más tendências para que possamos superá-las e seguir adiante. A falta de humildade é uma das sombras mais ocultadas por todos nós. Todo mundo é humilde, mas será que na realidade é isso mesmo? E o que é humildade afinal? Humildade é a total ausência do orgulho. Baseado nisso, podemos supor que uma pessoa orgulhosa não é humilde. Na verdade quem se diz humilde, já deixou de ser. Quem é, é e ponto! Uma pessoa orgulhosa é exatamente aquela que se coloca numa posição superior, acima dos demais. Os humildes 54


entendem que todos são iguais, cada um com suas capacidades e não se coloca como diferente e melhor. Uma pessoa humilde jamais anuncia que sabe tudo, ela entende que sempre pode aprender. Reconhecer os defeitos também é característica da humildade, afinal, o humilde também é uma pessoa que erra. Outro equívoco, em minha opinião, é relacionar humildade com pobreza. Conheço muitas pessoas pobres que não são humildes. Pobreza material é uma condição de vida vivenciada por uma pessoa por causa de determinantes externos. Pobreza moral é característica de qualquer ser (pobre ou rico) invigilante e que se compraz em algo que não é bom para si e para os outros. Não é fácil reconhecer que nos falta humildade. Nem é feio. Somos ainda falíveis e estamos aprendendo a melhorar através das lições que Deus nos dá. Livrar-se de nossas más tendências é tarefa que exige tempo e determinação, mas que todos haveremos de passar. Uns já começaram outros ainda não, mas ninguém é melhor ou pior por se reconhecer possuidor de defeitos. Se te falta humildade não tenha vergonha disso. As qualidades e os defeitos estão alocados 55


em nosso íntimo, todos, como sementes. Alguns estão mais desenvolvidos e à medida de alimentamos um, vamos eliminando outros. Portanto, vai trabalhando teu orgulho para que esse seja naturalmente substituído pela humildade. E como dizia Clarice Lispector: “Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso – nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.” O assunto é polêmico porque sei que abala as estruturas de muitas pessoas, inclusive as minhas; mas também acredito que será proveitoso, pois estamos aqui para aprender juntos.

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Samanta Sammy – do Blog Vida Real da Sam (http://www.vidarealdasam.com.br)

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CONHECER-SE NO CONVÍVIO COM O PRÓXIMO. Muitas vezes questionamos o porquê de certos “relacionamentos”. Seja qual for o campo das relações, estamos sempre vivenciando situações de aprendizado com o próximo. Porque precisamos, então, conviver com certas pessoas? Porque, muitas das vezes, dentro do nosso próprio ciclo familiar as relações são tão conturbadas? Porque não podemos viver isolados dos outros seres humanos? A resposta é simples: porque é através do outro que poderemos nos aprimorar, nos conhecer e colocar em prática aquilo que aprendemos no dia-a-dia. Desde a infância estamos estabelecendo relações que passam pela adolescência e depois se firmam na vida adulta. É a dinâmica da vida! Mas como e de que forma o convívio com o próximo faz com que nos conheçamos? Inúmeros aspectos desconhecidos da nossa personalidade abrem-se para a nossa consciência exatamente quando conseguimos identificar, nos

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entrechoques sociais, aquilo que nos atinge emocionalmente.” (Ney Prieto Peres). O Que Isso Quer Dizer? O próprio Ney Prieto responde que as reações observadas nos outros que mais nos incomodam são as que estão mais profundamente marcadas dentro de nós. Mas isso, meus amigos, é muito difícil de admitir. E é sempre mais fácil julgar e condenar as deficiências dos outros do que a nossa. Mas reflita... O conhecer-se através do convívio com o próximo acontece porque é através dele que exteriorizamos o que realmente somos. E quando aprendemos algo é com ele, o outro, que compartilhamos. Isolar-se numa ilha pode até ser valioso por um tempo, mas chegará o momento de por à prova o aprendizado e o conhecimento adquirido. Portanto, valorize o mundo ao seu redor e, principalmente, comece a observar o quanto você deixa de si nos outros através dos relacionamentos de toda ordem. Veja com mais atenção como você se comporta nas suas relações e saiba (com toda certeza) que você é o resultado desse

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comportamento. N贸s n茫o somos o que falamos e sim o que fazemos e como nos comportamos.

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O QUE AFOGA NÃO É O MERGULHO, MAS PERMANECER DEBAIXO D’ÁGUA

Eu poderia escrever um texto inteiro somente com as belas lições que o livro “O Manual do Guerreiro da Luz” (Paulo Coelho) apresenta. Mas como resenha não é o objetivo deste artigo detenho-me nesta maravilhosa frase que nos diz: “O que afoga alguém não é o mergulho, mas o fato de permanecer debaixo d’água.” Ela, por si, já nos faz refletir sobre os diversos aspectos da nossa batalha diária. Muitas pessoas se lamentam por cair nos abismos da vida. Choram e esperneiam, maldizem Deus e o mundo inteiro. Mas será que elas (será que nós) fazem o que tem que ser feito para sair do abismo? Quem está nesse mundo aceitou correr os riscos e conhecer os abismos que o aprendizado põe à frente. Quem aceitou vir, aceitou lutar! Sim, pode parecer muito fácil falar, mas a verdade é que não há nada de errado com os abismos (problemas, doenças, decepções, etc.), o diferencial está na nossa atitude diante deles. Quando Paulo Coelho nos diz que “permanecer debaixo d’água afoga”, ele usa o 60


verbo permanecer para imprimir uma ação que irá causar o afogamento. E essa ação é praticada por nós quando desistimos de lutar, quando não queremos mais buscar ajuda, quando ficamos “inertes” e entregues à tristeza e ao desolamento. Portanto, a culpa não é do mergulho, pois há pessoas que constantemente mergulham em abismos e retornam deles fortalecidas. Nós mesmos já passamos por isso! Fomos e voltamos de tantas decepções, de tantas perdas e lágrimas, mas voltamos e recomeçamos tudo de novo. Lembre-se: mergulhar em abismos é natural na condição de ser humano e falível em que nos encontramos. Ninguém é perfeito! Ninguém está isento dos erros (de hoje e do passado), mas cada um (e somente cada um) é responsável pelas próprias ações. Não há vítimas nem culpados. Se você está neste momento no abismo ou debaixo d'água, não permaneça. Saí dele antes que se afogue.

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ENFRENTAR A DOR OU NÃO ENFRENTAR?! EIS A QUESTÃO!

Tem muitos dias que o tema fervilha na minha cabeça. E até mesmo por questões pessoais. Há dias o coração pede que seja exteriorizado este pensamento, afim de que seja aproveitado para outras vidas. Não que as minhas experiências sejam modelos de vida, mas de tudo se tira algo de bom. E eu me sinto impelida a falar dos momentos em que a dor nos visita e nos faz experimentar um vazio desagradável. Sinto-me desejosa de falar do quanto esse vazio machuca e também de como ele pode nos fazer alçar voos inimagináveis. Como isso pode acontecer? De que forma a dor é motivadora de crescimento? Difícil explicar, realmente. Mas o entendimento é simples e as nossas experiências passadas atestam isso. Acontece que é na dor que despertamos para a realidade. Muita gente passa a vida toda fantasiando uma situação que não existe. Mascaram tudo para não sentir dor. Mas um dia o castelo de areia cai e elas se deparam com a 62


realidade nua e crua que estava ali o tempo todo. São nesses momentos que somos chamados a despertar. E a escolha é somente nossa. Podemos iniciar um processo de autoeducação e autoconhecimento (que é doloroso) ou criar outra fantasia e seguir. O livre arbítrio é uma concessão divina, temos o direito de permanecer desacordados, afinal. Mas chega uma hora que a casa cai, meus amigos; e desse momento não há quem escape. É você e você! Chega uma hora que as fantasias não mais se sustentam e a dor vem tal qual professora rigorosa, mas bem intencionada. Não quero fazer apologia à dor, mas incentivá-los a enfrentar seus problemas com coragem, não os postergando. Tenha coragem! Não deixe sua dor para amanhã, supere-a hoje mesmo! E lembre-se que o tempo de permanência dela é você quem determina. Tudo é uma questão de como você a enxerga. Você enfrenta suas dores? Tenta superálas ou foge delas?

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CULTIVAR A SEMENTE DO BEM ESTAR VAI TE AJUDAR!

Diversas vezes a vida me chamou para o combate e eu acreditei que não era suficientemente forte para enfrentar, caindo no engano do vitimismo. E me questionava o porquê das situações. De tanto ver a história se repetir, aprendi que certos acontecimentos são apenas acontecimentos e o que os diferencia dos outros é a forma como olhamos para eles. Nosso momento diz muito sobre isso, o estado emocional regula o nível de emoção ao encarar as adversidades. Por isso é de extrema importância cultivar a semente do bem-estar no dia-a-dia. Pois assim, quando formos surpreendidos por batalhas difíceis estaremos preparados e bem condicionados para enfrentá-las. Mas como cultivar a semente do bemestar? Escolhendo. Tudo é uma questão de escolha. Mas espera aí, eu escolho o sofrimento? Não. Você planta o sofrimento e colhe as consequências dele. Vivenciar essas consequências de forma menos dolorosa é a questão. Costumo dizer que o conhecimento é a mola propulsora 64


para tudo na vida. Se você conhece sabe como fazer. O que quero dizer é que não adianta se revoltar com a vida por causa dos problemas. Enquanto você se desgasta revoltado a vida segue e nada se resolve. Olhe para o problema, dialogue com ele. Procure entender os motivos dele. Sim, porque até eles têm seus motivos; ou você acha que só você merece ser compreendido? Até porque o problema é seu, faz parte de você. Conheça-o e conversando vocês se entendem! Para resolver as coisas é necessário sentar e ver como pode ser resolvido. A semente do bem-estar atua aí. Se você plantou, cultivou e cuidou dela, é nesses momentos que ela atua. Ela te dá serenidade. As pessoas te olham e dizem: “Nossa, como ela é forte, como ela é tranquila O mundo está caindo e ela não está nem aí!” E não entendem como você consegue. Eu não consigo nada, isso é apenas uma consequência... Tudo é um processo, às vezes de anos, mas que faz parte de um esquema de aprimoramento do ser. Do seu aprimoramento. Porque não existe vítima no universo! Nós não podemos ficar despreparados porque as correntezas e as tempestades fazem 65


parte de um processo natural. É a Lei da Vida! Deus criou tudo, até aquela dorzinha de cabeça chata. Mas Deus criaria a dor de cabeça por quê? Deus não faria isso! Ele fez! Pra te mostrar que algo estava errado em seu organismo! Usou a dualidade pra te fazer entender os sinais! Escolha o que te faz bem, seja inteligente! Pra que se preocupar com algo que ainda nem aconteceu? Isso inibe o crescimento da sua semente, ao invés de germinar ela para e você perde com isso. Alimentar raiva, cultivar pessimismo, orgulho, não estar aberto ao entendimento; tudo isso bloqueia o crescimento da sua semente e o que você esperava sentir, que é bem-estar, se torna algo cada vez mais raro. Semear o bem-estar como uma prática natural pode não apresentar benefícios em curto prazo, até porque inicialmente você vacila muito e não sabe reconhecer certas mudanças. Mas um dia você percebe através das suas atitudes que muita coisa mudou. Que sua reação às adversidades é outra e isso diz muito a seu respeito. Você experimenta maturidade e observa que não precisa mais recorrer a atitudes desesperadas diante de alguns eventos. Procure trazer para si hábitos diferentes, que cultivem a harmonia interior, “escolher” ações 66


melhores, pensamentos construtivos, esperança, e faça tudo isso pensando apenas em você. Seja egoísta nesse ponto. Egoísta? Mas isso não é ruim? Depende da finalidade, pois todos os sentimentos são bons ou ruins dependendo da utilidade que damos a ele. Pense na sua felicidade e verá que ela será motivo de alegria para todos que te rodeiam. No inicio pode não parecer, mas com o tempo você entenderá isso. Mas e vocês? Acham que é importante cultivar o bem-estar? De que forma vocês estão fazendo isso?

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A QUE VELOCIDADE VOCÊ VIVE?

O tempo está passando tão rápido que muitas vezes nos assustamos. E me pergunto o porquê disso. Lembro-me dos tempos de criança quando os dias eram longos, reclamava-se da demora e quando o amanhã trazia algo bom contam-se os minutos para que chegasse. A que se dá essa passagem tão rápida dos dias, das horas, dos anos? Certa vez li alguma coisa a esse respeito que nos dizia que o cérebro assimila mais rapidamente aquilo que já conhece; enquanto o novo leva mais tempo para ser assimilado. Por isso, há essa sensação de demora. Por isso, quando somos criança o tempo passa mais devagar. Parece bem lógico. Mas acredito também que, junto a isso, existe outra explicação. O mundo moderno nos trouxe junto com ele a idéia de “multi”. Hoje em dia as pessoas andam depressa demais, fazem muitas atividades, elas correm contra o tempo. Se você observar na rua, estamos todos sempre com muita pressa. A minha vida tem estado assim! Arrisco a dizer que a da maioria de vocês também! 68


Desde que a indústria acelerou seus modelos de produção e a tecnologia começou a investir em praticidade, começamos a adotar essa ideia. Quanto mais prático melhor. Quanto mais rápido, mais produtivo. Por isso essa sensação de que o tempo está voando, seria o resultado de uma aceleração das nossas atividades. Corremos o dia todo e quando finalmente paramos para descansar (geralmente só na hora de dormir) nos assustamos com a rapidez com que o dia passou. Tudo isso nos traz um alerta: cuidado com a correria em detrimento do bem-estar. Pra quê correr tanto? Que pressa é essa e para chegar onde? O ser humano é insatisfeito por natureza e seja onde for que você deseje chegar, ao chegar não será o fim. Esse alvo não dará a sensação de término. Portanto, é bom começarmos a repensar nossa “correria” e descobrir até que ponto ela vale a pena. Nós devemos correr atrás dos nossos objetivos sim! Mas se nós fazemos isso visando apenas o alvo, o melhor (que é o caminho) não será vivido. É no caminho que nós erramos, caímos, levantamos. É nele que sorrimos e choramos, enfim, é nele que aprendemos. O final da caminhada é apenas a consequência do caminho. 69


Então meus amigos, vamos parar um pouco pelo menos pra pensar. Observe-se e responda a si mesmo:

1. Até que ponto eu estou deixando de fazer coisas simples e vivenciar momentos em família? 2. O que eu estou fazendo pela minha saúde? Alguma atividade física? Leitura? Cinema? 3. Será que existe uma forma mais tranquila, ou “menos corrida” de batalhar pelos meus objetivos? 4. Estou correndo tanto, com tantas atividades. Estou feliz com isso? Essas perguntas são para que possamos refletir no modelo de vida que estamos levando. Claro que elas devem ser respondidas por aqueles que estão dentro do contexto do artigo. E lembrem-se: se a gente não para pra observar o que está a nossa volta, além de passar despercebido, perde o valor. E nós sabemos que tem muita coisa maravilhosa acontecendo o tempo todo ali, bem pertinho de nós!

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O NECESSÁRIO MOMENTO DA RETIRADA

A vida está aí fora cheia de desafios, lições, obstáculos a serem ultrapassados e descobertas. E nós estamos aqui, na posição de quem iniciará a trajetória, a busca e/ou simplesmente seguir adiante. Mas essa é uma realidade apenas das pessoas que não desistem e que, apesar dos apesares, continuam a caminhada. Viver não é apenas buscar felicidade. Desde que nos enxergamos na condição de pessoas capazes de criar, abre-se uma nova realidade: a de donos da própria vida e catalisador dos próprios sonhos. O que eu quero dizer com isso? Que se você se reconhece na posição de “criador” a vida deixa de ser apenas uma linha reta, onde você é levado pela correnteza e passa a ser uma grande montanha russa. Os altos e os baixos são parte da vivência. Essa percepção também nos dá condições de entender que nossas atitudes de hoje se refletirão amanhã de forma muito evidente. Por isso, importa que saibamos enxergar o hoje com vistas para o futuro. Que reconheçamos no ontem as 71


falhas que se mostram hoje. Ninguém pode e nem deve viver de qualquer jeito. Deus nos colocou no comando de algo muito complexo e valioso. Por algumas vezes nos cansamos e o abatimento cerceiam nossas forças. Nestes momentos talvez seja necessário parar, ficar mais quieto e refletir. O que está causando este cansaço? Porque a vida tem sido tão difícil para mim? O que estou fazendo ou deixando de fazer? Será necessário mudar de caminho? São muitas as perguntas e mesmo que nem todas tenham respostas, a reflexão precisa ser feita. E assim você deixa um pouco de lado a batalha para criar mais forças. Você vai se fortalecer para continuar, porque desistir não é o melhor caminho. Hoje me encontro em um desses momentos de recolhimento. A mente cheia de questionamentos e a certeza de que atitudes impensadas irão atrapalhar mais que ajudar. É a hora do descanso da batalha, de comparar os prós e os contras. O momento de abastecer as energias com a oração e de revisar as metas, os sonhos e principalmente, de tentar entender as derrotas. Espero que o mundo lá fora entenda minha retirada. Pode ser de dias ou apenas horas. A única certeza que tenho é que ela é necessária para 72


continuar a caminhada. A força que vem de dentro Ê sempre a mais indicada nesses momentos e estou em busca dela. Não estou parando minha vida, apenas me preparando para estar apta para receber mais dela.

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VOCÊ RECEBE NA MEDIDA EM QUE DÁ

"Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti?" (Mateus, 18-33) Nós somos exímios pedintes. Nas orações que aprendemos desde criança (independente da religião) os pedidos configuram a maior parte do texto oracional. Em regra, com algumas poucas exceções. Mesmo aqueles que agradecem, ainda assim tiram o tempinho (ou tempão) do “pedido”. Temos hoje mais um texto de temática religiosa, mas que eu garanto ser de aplicabilidade para a vida de qualquer um, até mesmo os ateus. Falaremos e aprenderemos (uns com os outros) sobre “a postura do pedinte nada misericordioso”. Mas o que é isso? Vou tentar explicar! Tem uma parábola, no livro de Mateus, 18, 23-35, que se chama: o empregador mal. Não vou colocar ela toda aqui, mas devo citar algumas partes para dar embasamento ao meu raciocínio. Lembre-se que, independente de ser religioso, o tema merece reflexão e uma comparação com as 74


nossas próprias atitudes, inclusive na ora de pedir alguma coisa, seja para Deus ou não. Na oração mais conhecida dentre os cristãos, o “Pai Nosso”, tem uma passagem que fala o seguinte: “perdoa as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tenha ofendido”. Ao propormos isso, estamos dizendo para Deus que ele nos perdoe na proporção que perdoamos, não é? É uma proposta muito clara! Agora eu pergunto: quanto você tem perdoado? Na parábola citada3, o servo pede misericórdia ao seu Senhor, mas não usa da mesma misericórdia. Ou seja, ele pede ajuda (o perdão da dívida), no que é concedido e lá fora, na mesma circunstância, não é capaz de agir da mesma forma que o Senhor. Nós temos pedido muito do mundo, das pessoas, das nossas relações. Mas o que nós temos dado? O empregado mal, da parábola, ao implorar misericórdia, iguala-se a muitos querem ser servidos, atendidos; mas que não servem a ninguém. Exigem consideração e não consideram. Pedem paciência, mas são escravos da impaciência. Quantas vezes eu, você e tantos outros incorreram nesse erro! Não falo aqui de retribuir no sentindo de fazer tudo com interesse. Mas de agir com os outros conforme os outros 75


agem conosco, claro, com propósitos no bem. Do contrário eu estaria me contradizendo no artigo anterior, onde falávamos sobre dar a outra face. Pagar o mal com o bem. Hoje a temática é outra. Fazermos aos outros, darmos aos outros, da mesma forma que eles nos têm dado. Principalmente no que se refere aos nossos “pedidos”. Todos querem ser compreendidos, perdoados, amados, servidos, encorajados, reconhecidos, dentre tantas outras coisas. Pedir não é pecado, mas ao pedir, lembrese que você receberá na medida em que dá. Deus te perdoa, mas na medida em que você perdoa. A vida te dará o que pedir, mas nada senão aquilo que tem oferecido a ela. É uma troca. E muito justa, por sinal. (3) "Então aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, sê generoso para comigo, e tudo te pagarei. Então o senhor daquele servo, movido de íntima compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida.Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos, que lhe devia cem dinheiros, e, lançando mão dele, sufocava-o, dizendo: Pagame o que me deves. Então o seu companheiro, prostrando-se a seus pés, rogavalhe, dizendo: Sê generoso para comigo, e tudo te pagarei. Ele, porém, não quis, antes foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida.”

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DAR A OUTRA FACE. VOCÊ CONSEGUE?

Parece loucura nos imaginar levando uma tapa e dando o outro lado da face para o agressor. Muitos pensam: isso é muito bonito na teoria, mas na prática ninguém consegue. Quando Jesus nos orientou a “dar a outra face” quis dizer que toda atitude má e agressiva que sofrermos, precisamos devolver com o bem. Isso é, na verdade, dar a outra face. Hoje me senti tentada a desenvolver o assunto. Acordei com o pensamento, que foi se desenvolvendo no decorrer do dia e permanece vivo em minha mente. Como costumo seguir minhas intuições, cá estou para lhes falar sobre “pagar o mal com o bem”. Apesar de a referência ser religiosa (e isso é bom), a temática é largamente aplicada a todos os setores da vida social e individual do ser humano. Pois vejamos: • Você está no ambiente familiar e aquele parente insiste em manter uma atitude de disputa. Ou visivelmente demonstra inveja. Você sente 77


vontade de esganar, de fazê-lo desaparecer da sua vida. Não consegue mais conviver com ele; • Desta vez você está no seu ambiente de trabalho e identifica o colega invejoso, que puxa seu tapete, que tenta prejudicá-lo em toda oportunidade que encontra; • E por fim, nas suas relações sociais, onde, entre os amigos, descobre uma traição. Ou mais comum ainda, nas suas relações amorosas descobre que foi traído (a). Como “pagar o mal com o bem” nesses casos? Será que temos “sangue de barata” suficiente? Quando a teoria se aplica ao outro é muito fácil. Mas e quando é com a gente? A que ponto de elevação moral estamos para lidar com situações desse tipo e ter a serenidade de não reagir no mesmo teor vibratório do agressor? "Dar a outra face é um símbolo de maturidade e força interior. Não se refere à face física, mas à psíquica. Dar a outra face é procurar fazer o bem para quem nos decepciona, é ter elegância para elogiar quem nos difama, altruísmo para ser gentil com quem nos aborrece. É sair silenciosamente e sem estardalhaço da linha de fogo dos que nos agridem. Dar a outra face previne homicídios, traumas, cicatrizes impagáveis. Os fracos se vingam, os fortes se protegem." Livro: O vendedor de sonhos. Augusto Cury

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A verdade é que a maioria de nós vive no piloto automático e raramente para e pensa nessas coisas. Você reage? Vinga-se? Desconta na mesma moeda? Impulsionado por quê? Tem gente que se orgulha de dizer que não deixa nada barato. Você concorda com isso? Acha que para defender a honra é necessário agir da mesma forma que o outro para sobrepor-se a ele? Quantas perguntas, não é?! Elas estão aqui propositalmente para que possamos refletir sobre a questão. Eu também preciso olhar cada uma e reflexionar antes de responder. Para isso fica a última e não menos importante pergunta: Por que é tão difícil mostrar a outra face, ou seja, pagar o mal com o bem?

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ABRA AS PORTAS PARA A MUDANÇA

Mudar. Tem muita gente que estremece só de pensar. Porque a mudança, lei natural da vida, causa tanto temor entre as pessoas? Lendo Augusto Cury, em seu livro 12 semanas para mudar uma vida, vi a seguinte frase: “cada escolha implica perdas e não apenas ganhos.” Achei essa frase uma boa inspiração para o tema que desejo discutir com vocês neste artigo: Mudança. Seja no aspecto material ou emocional, mudar requer uma série de pré-requisitos: desapego, paciência, coragem, planejamento, permissão, dentre outros. A mudança é benéfica na vida de todos, uma vez que seja usada como resultando do livre-arbítrio, que seja entendida como fluxo natural das coisas e seja de alguma forma planejada e aceita conscientemente. Tudo precisa de movimento para ser saudável. O que fica parado, estagnado e sem mobilidade, acaba por acumular sujeiras trazendo assim doenças das mais variadas formas. Num sentido bem amplo, entendemos que mudar é lei imprescindível para se ter saúde. 80


Na frase de Cury temos uma informação preciosa. Ele nos alerta para as “perdas” e “ganhos” da mudança. Mas é claro! Quando você abandona algo, o perde; mas logo ganha pois está dizendo “olá” para o que chega. Muitas das vezes o que nos causa temor é não apenas o medo do desconhecido e a insegurança, mas o apego pelo que se está perdendo, mesmo que isso seja algo que nos prejudique. Analise bem se o que te congela vale a pena. Tem casos de pessoas que passa a vida inteira estagnada por causa do costume e da comodidade. Acreditam elas que estão seguras e rejeitam qualquer sinal de mudança. Mal sabem que agindo assim estão impossibilitando o fluir da vida que sempre traz renovações, novos horizontes e dias melhores. Mas atenção para a mudança desmedida. Mudar só e vantajoso se for feito com consciência. Eu acredito que, quando a vida nos chama para novos modelos e vivências, isso nos persegue até que sentimos que é necessário. Tudo acaba por nos chamar para o novo, para a quebra da corrente. Mudar apenas por capricho pode trazer danos difíceis de serem reparados. Pessoas impulsivas vivem modificando, fazem tanto isso que a verdadeira utilidade de renovar perde o 81


sentido. Acabam deixando tudo inacabado, solto pelos caminhos, atrapalhando quem passa e inclusive a si mesmo que, muitas das vezes precisa retornar para fazer tudo de novo. Mudança é uma atitude que vem acompanhada de dor, é verdade. Mas é tal qual a tempestade necessária para a purificação da atmosfera. Para algumas pessoas é imprescindível para que a vida continue. Pode parecer exagero, mas há quem morra por falta de movimento. Há quem atrofie as fibras do coração vivendo em modelos e situações acomodadas e completamente envolvidas pelo mofo do desânimo. Infelizmente há! Espero que, quando a mudança te bata as portas da vida, esteja aberto para que ela se mostre. Espero que o seu dia seja sempre novo, porque afinal, mudanças são sempre mudanças, sejam pequenas ou grandes. Espero realmente que você não permite que a sua existência seja triste e mofada e que novos dias te mostrem a felicidade depois da dor, a recompensa depois do sacrifício e o amor depois do desapego.

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A CRÔNICA DO TEMPO

O passado é inerte e por que a gente não consegue aceitar isso? Ficamos o tempo todo nos remetendo a ele, como a esperar uma atitude de socorro, uma mudança mesmo que mínima, numa vírgula sequer, para que o presente se faça totalmente novo, outro. De repente mais feliz, ou do jeito que a gente quer. Uma vírgula lá e tudo novo agora. Um ponto final lá e talvez nada aqui. Mas o passado não tem nada de “editável”, é como um arquivo de leitura, apenas para isso. E se a gente o consulta é para apenas sofrer ou sorrir. Mudar não é possível. O presente sim é totalmente editável. Dá pra mudar, criar, aumentar, apagar, fazer o que bem entender. Mas ninguém liga pra isso e faz do presente a boneca velha e sem graça que está sempre ali do lado. Olham para o futuro como a única chance e colocam nele todas as possibilidades da vida. Ah futuro, se soubessem que tu não garante nada! Se o passado é arquivo morto, quanto mais o futuro que nem mesmo existe. Nem nasceu! Ele é o fruto do presente. É o

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abacate do abacateiro. A uva da videira. A consequência do hoje. O hoje, às vezes sem graça, é o único que é real. Mas o ser humano adora mesmo é uma ilusão. Tão criativo que ele é que ultrapassa a realidade. O hoje é essa palavra que escrevo agora, porque até a primeira letra desse texto é passado; talvez seja até possível editar, mas aí não será o mesmo texto.

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CRÔNICA DA SOLIDÃO

Lendo Rubem Alves, na sua crônica “A solidão amiga” entendi que a solidão não é má. Não precisa ter medo dela, porque não é ela que nos faz sofrer, mas a comparação. E nesse mesmo raciocínio, pergunta-me Rubem o que estou fazendo com a minha solidão. Se a vejo como inimiga ou minha amiga e todas essas coisas me fizeram muito pensar. Descobri que odeio barulho e adoro o silêncio. Por isso a solidão não me parece coisa terrível. E nem é. Morar sozinha é minha maior conquista. E o barulho acaba sendo algo que só experimento quando quero. E quando canso volto para o meu silencioso momento. E nada disso se trata de felicidade ou infelicidade. É tão somente uma paz que não troco pelos tantos movimentos lá de fora, onde a loucura dá o gosto e a amargura o conforto. Prefiro minha paz com gosto, a solidão sem ferrolho e a alegria tranquila. Como diz o maravilhoso Rubem Alves: “As grandes comunhões não acontecem em meio aos risos da festa. Elas acontecem, paradoxalmente, na 85


ausência do outro. Quem ama sabe disso. É precisamente na ausência que a proximidade é maior.”

Olha que maravilha! Na verdade é na solidão que ficamos despidos e haja coragem de estar! Confrontar-se com si mesmo, de frente do espelho, das arestas sem conserto. Por isso eu adoro o silêncio, escutar a chuva no telhado lá fora, entregar-me ao abraço da cama e por debaixo do cobertor me perder. Adoro o barulho de nada, a liberdade de entrar e sair, quando eu bem entender, acompanhada da minha amiga solidão. Sempre digo que, quando a gente aprende a conviver com o silêncio, ele se torna nosso amigo.

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VALORIZAR O OUTRO É IMPORTANTE. EXPERIMENTE!

Ninguém vive sozinho. Por mais solitário que seja, está rodeado de pessoas. No trabalho, na escola, em casa; vivemos em sociedade e não há como fugir disso. Como manter uma vida socialmente saudável diante de pessoas tão diferentes? São muitos os conflitos, todos sabem que não é fácil, que é até mesmo um desafio. Se olharmos com mais atenção para o outros, nos desarmarmos completamente e enxerga-lo com mais cuidado, veremos que ele tem potencialidades e qualidades, como todo ser humano. Muitas vezes não nos atentamos para isso por descuido e até mesmo cegueira, mas se nos habituarmos a fazer isso, iremos construir uma relação bem melhor com as pessoas a nossa volta. Reconhecer e valorizar o potencial do outro é bom para todos. Você ganha, ele ganha e quem convive com você também. Não há uma pessoa sequer que não tenha algo de valor. Já ouvi falar muito que elogiar massageia o ego e concordo com isso. Mas deve ser um elogio verdadeiro, sem falsidade e jogo de interesses. Quando você se 87


dispõe a se doar dessa forma, está criando laços de amizade fortíssimos. Muitas vezes a vida passa e nos percebemos frios e distantes das pessoas. Portanto, acredito realmente que um dos passos para se ter uma vida mais tranquila é estar bem com quem convivemos. E valorizá-los é o passo inicial, é a nossa iniciativa. Nada de orgulho, seja sincero e saiba reconhecer que os outros também são maravilhosos, educados, inteligentes, carismáticos. Quem compartilha, brilha. Essa é uma postura que pode ser adotada em qualquer situação. Seja no trabalho, na internet, na vida afetiva, enfim, ser generoso e gentil é encantador. Ninguém gosta de pessoas mesquinhas que manipulam meio mundo para ser o centro das atenções. Quando você olha o outro e o promove, os holofotes acabam voltando naturalmente para você, por que no fundo, é isso que todo mundo admira. Por mais que a sociedade esteja em um momento onde as vaidades e as futilidades predominem, todo mundo quer, na verdade, ser aceito, ser amado. Faça o seguinte exercício: pense no que você está precisando e doe. Precisa ser encorajado a respeito de algo? Encoraje alguém. Gostaria de ser elogiado (a)? Elogie. Sente necessidade de valorização? Valorize. 88


Dizem que tudo que damos, recebemos em dobro. Isso acontece porque há uma força agindo o tempo todo entre nós: a atração. Atraímos o que pensamos e fazemos. Sem contar nos famosos dizeres: “É dando que se recebe” e “Tudo que vai, volta”. Comece hoje. Olhe para o lado, focalize nas coisas boas que vê. Expresse sua opinião, perceba o brilho que irradia no sorriso de uma pessoa que é elogiada. Doe amor, mesmo que em pequenas gotas. Isso pode salvar o dia de alguém e o seu também!

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O QUE VOCÊ VAI FAZER COM SEU AMOR EXCEDENTE?

Vivemos em um mundo cheio de amor. Basta olhar em volta e a natureza nos mostra os espetáculos de amor, todos os dias. É um amor desinteressado, solidário, de uma natureza que existe para nos servir, por amor. Apesar da violência provocada por homens que ainda se deixam dominar por seu egoísmo e pelo orgulho desmedido, somos uma humanidade criada para amar e por amor. Passamos a vida toda nos questionando sobre onde encontrar o amor, como conquistar o amor, o que fazer para não perder o amor... Enfim, a verdade é que nos desgastamos com uma visão limitada do amor, que é aquela visão apaixonada e de posse. Mas amor é muito mais do que isso! Quando analisei o que seria feito com meu “amor excedente” consegui senti-lo de forma muito mais ampla. Deus nos fez para amar e muitas vezes nos pegamos reclamando de falta de amor quando existe aí fora um mundo sedento exatamente de amor. Mas o homem, na sua redoma de egoísmo, 90


nem sempre admite amar sem ser amado. Ele se fecha nos círculos familiares e de convivência e não se permite enxergar os necessitados de amor que Deus permitiu que viessem ao mundo para que “nós” exercêssemos o nosso amor. E porque Deus permite isso? Porque ele sabe que se nós não aprendermos a amar, jamais seremos felizes. Ele “une o útil ao vital”. Amar, meus amigos, é vital. Mas por favor, saia da perspectiva do amor egoísta. Mude seu olhar do amor e veja mais abertamente, ao seu redor, quanto amor pode ser dado, quanta gente precisa de você, do seu olhar, da sua mansuetude, da sua companhia, das suas orações, do seu carinho, enfim, tem gente precisando de tudo e acredite: o que elas menos precisam é do seu dinheiro. Não tem como não falar de amor excedente sem falar na caridade. E para ser caridoso não precisa ter dinheiro. Muitas das vezes, saber ouvir já é caridade e Deus a coloca no nosso coração e dentro das possibilidades de cada um. Reflitamos... Saiamos um pouco do nosso “mundinho” e reflitamos em nosso potencial de amar a todos quanto precisem. Não é tarefa fácil, mas que pode ser iniciada hoje. Portanto, se seu coração reclama amor, se está decepcionado e machucado, ame. Mas faça isso 91


desinteressadamente. Pois uma coisa é certa: sempre haverá amor dentro de nós, porque Deus nos fez de amor, para que pudéssemos distribuir amor por onde formos. Cada um saberá como usar o amor que lhe sobra. Basta olhar em volta e deixar o coração, orientado por Deus, mostrar.

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O MEDO ACORRENTA. LIBERTE-SE!

A realidade é uma coisa que assusta muita gente. E é por isso que algumas pessoas preferem viver na ilusão, mesmo que isso custe um preço alto chamado estagnação. O medo de sofrer transforma o ser humano em um projeto falido, onde suas potencialidades atrofiam. Arriscar faz parte da vida e já diziam que “quem não arrisca, não petisca”, não é mesmo? Mas o que pode ser ou de onde vem esse medo todo? Uma vez ouvi falar que o medo é o oposto do amor e ele traz em si várias más tendências do ser humano. Ou seja, quando uma pessoa é invejosa ela, no fundo, tem medo de ficar para trás. Quando outra é orgulhosa, tem mesmo é medo de ser rebaixada. Realmente este sentimento é terrível e se não soubermos neutralizá-lo, ele fará com que nossas vidas percam o sentido. Quem tem medo de tudo não enxerga as possibilidades e as cores da vida. E saibam: cautela é diferente de medo. Não adianta se enganar e dizer que não vive porque é uma pessoa cautelosa. Você pode até enganar o mundo inteiro, mas saberá em si identificar o 93


amargo sabor da covardia. Este artigo não quer te convencer a viver loucamente, sem preocupações e cuidados. A intenção é fazer pensar mesmo! Pense nas suas atitudes em relação aos seus projetos de vida, às novas possibilidades, à convivência em ambientes novos e com outras pessoas. Você tem se permitido vivenciar isso? Não existe idade para ser feliz e nem para construir novos caminhos. É tudo uma questão atitude. Mas calma, eu sei que não é fácil enfrentar os próprios medos. Cada um é que sabe onde a dor é mais intensa. Cada um sabe a hora que o medo sufoca. Mas também só cada de nós é capaz de se libertar das correntes deste sentimento sombrio. Sempre digo que medo não é coisa de Deus e por isso não acredito em teorias que têm por finalidade amedrontar as pessoas. Enfim, espero que possamos refletir nas coisas mais simples e verificar se estamos nos tornando reféns de algum medo. Ninguém nasceu para viver algemado. Somos livres, herdamos um mundo maravilhoso, cheio de coisas belas. Seu medo pode ser a única barreira que está, neste momento, impedindo seu sucesso ou a realização dos seus sonhos. Esse medo talvez seja o que está te impedindo de viver um grande amor. Pense. Só 94


você saberá se alguma coisa precisa ser feita! Se não houver nada a ser feito, ótimo! Passe a reflexão adiante.

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DESACOSTUME-SE

O sofrimento existe na vida de todos. Não há uma pessoa que não tenha problemas e enfrente desafios. O mundo se mostra para cada pessoa com seus obstáculos, com os aprendizados necessários para cada um. É uma ilusão acreditar que alguém esteja totalmente livre de problemas. Portanto, é importante termos consciência de que nós não somos vítimas e que ninguém, muito menos Deus, nos persegue. O que acontece em muitos casos é que as pessoas estão acostumadas a sofrer. Adotaram uma atitude mental de vítima, de desafortunados. Se esse é o seu caso, desacostume-se urgentemente. Agindo assim você está atraindo mais negatividade, problemas e sofrimento para sua vida. Sua atitude mental é o que regula os acontecimentos da sua vida. Antes de tudo entenda que todo mundo sofre. Compreenda que para tudo há uma saída e depois aceite sua responsabilidade diante de tudo que te acontece. Outra atitude fundamental é a ação. Faça o que tem que ser feito e jamais fique numa posição

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acomodada, esperando que outros resolvam seu problema. Desacostume-se a sofrer. Perca o costume de culpar os outros. Assuma o controle da sua vida, antes que os outros tomem conta dela. Ser feliz é possível, mas você precisa permitir que essa felicidade faça parte dos seus atos, do seu dia-adia. O sofrimento não é um castigo e privilégio de ninguém. Ele é a consequência a nossa não aceitação. É o resultado da nossa falta de resignação e de uma ideia ilusória: achar que nós não merecemos! Nunca merecemos nada! Mas a vida, queridos leitores, não é uma distribuição de castigos, ela é uma colheita. Se hoje nós sofremos, de certo plantamos no passado esse mesmo sofrimento. Portanto, perca esse costume de se fazer de vítima. Aceite suas lições através do sofrimento e plante melhor, para que no futuro não seja necessário vivenciar esse sofrimento novamente.

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