N. 16
Out | nov
O Futebol é de todos! Liga NOS e LigaPro voltaram e já houve público nas bancadas
Beto regressou para ajudar o Leixões SC Objetivos da SABSEG pela voz de Rui Romeiro
Caminho faz-se em frente e obviamente estará ligada à atual fase epidemiológica do país, não desistiremos. A frase, o “Futebol sem vocês não faz sentido” é muito mais do que apenas um slogan. É uma realidade. O impacto que o Futebol Profissional sem público pode ter, no final de uma época, é absolutamente devastador e causará danos irreversíveis nas nossas Sociedades Desportivas. Contas feitas falamos de 115,5 milhões de euros nos rendimentos dos Clubes se as bancadas continuarem despidas. E deixamos, para já, de parte o impacto global, catastrófico em caso de paragem total das competições, na ordem dos 300 milhões de euros. Acreditamos que não vai acontecer! O Futebol, é hora de o recordar, não teve qualquer ajuda do Governo na hora do confinamento e reinventou-se na Retoma, através
de união, mas, acima de tudo, de uma capacidade de luta capaz de impulsionar uma indústria que ficou imensamente frágil, mas que soube continuar, com treinos e preparação num difícil momento de teletrabalho. O objetivo, já todos o sabem, é voltarmos a ter 30% de público nos estádios. É o mínimo que podemos oferecer às nossas Sociedades Desportivas, que se sujeitaram a mais de 10 mil testes, só esta época e aceitaram-no em nome da segurança e da saúde pública. A mesma que queremos defender, numa festa contida, mas com alguma vida nas bancadas. As palmas precisam-se e o Futebol merece!
Pedro Proença, Presidente da Liga Portugal.
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Quando esta revista chegar às mãos dos responsáveis pelas nossas Sociedades Desportivas, parceiros e stakeholders, já será conhecido o resultado da reunião de 19 de outubro, com representantes da secretaria de estado da Saúde, da DGS e da Liga Portugal. Independentemente do resultado – e acredito veemente que possa ser positivo de tão boa resposta que os adeptos têm dado – a Liga Portugal compromete-se a não parar. Mantendo, aliás, o caminho feito até ao momento. Esse, dizem os entendidos, faz-se caminhando e por aqui é isso que temos feito, com maior ou menor sucesso imediato, mas conseguimos, de forma clara e limpa, entrar no lote de cinco testes-piloto autorizados pela DGS. Reitero, que seja qualquer for a decisão da reunião de dia 19,
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FICHA TÉCNICA LIGA-TE: EDIÇÃO 16 DIRETOR: Tiago Madureira EDITORA: Vanda Cipriano SUB EDITOR: João Nave REDAÇÃO: Rita Matos, Tiago Sá Pereira, Bruna Valente, Pedro Paupério e Elsa Bicho FOTOGRAFIA: Gualter Fatia e Pedro Trindade FOTOGRAFIA capa: Lusa DIREÇÃO COMERCIAL E PATROCÍNIOS: João Medeiros Cardoso DESIGN E PAGINAÇÃO: Adriano de Carvalho e Tiago Cunha PERIOCIDADE: Bimestral
ÍNDICE PÁG 05
Um dia para a história do Futebol Profissional!
PÁG 10
O Talento está de volta!
PÁG 14
Seis meses depois a LigaPro está de regresso!
PÁG 18
Entrevista Beto, guarda-redes do Leixões SC
PÁG 21
Entrevista Rui Romeiro, SABSEG
PÁG 24
Futebol Profissional joga pelos direitos humanos
209 dias depois do último jogo com cor e emoção nas bancadas, o Estádio de São Miguel foi o primeiro a receber o “coração” do Futebol.
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O Estádio de São Miguel, em Ponta Delgada, preparou-se a rigor - e com todas as medidas de segurança e diretrizes da DireçãoGeral de Saúde-, para abrir portas e receber os mil adeptos que ficam na história do Futebol português por terem sido os primeiros a regressar às bancadas após o Leixões SC-SC Farense, da jornada 24 da LigaPro, último jogo da época 2019-20 que teve adeptos nas bancadas. Passaram-se 209 dias desde o último jogo do Futebol
Profissional que teve cor, emoção e aquele que entendemos ser o verdadeiro “coração” pela paixão que transmitem. Falamos, claro, dos adeptos nas bancadas. Este foi um jogo preparado com todo o cuidado e exigência que se impunha perante o momento atual. Uma equipa da Liga Portugal deslocou-se aos Açores, dias antes do encontro, para assegurar que tudo seria feito dentro das normas e regras impostas pelas autoridades de saúde.
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Um dia para a história do Futebol Profissional!
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Além do uso obrigatório de máscaras e higienização das mãos num estádio repleto de dispensadores de álcool-gel (em todas as entradas), a todos os adeptos presentes foi pedido o cumprimento do distanciamento obrigatório (cinco cadeiras), mesmo que acompanhados do agregado familiar, e foram informados que
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não podiam usar outro lugar a não ser aquele que lhes estava destinado. Além destes cuidados e do uso obrigatório de máscara, estes adeptos autorizaram a cedência de dados por forma a serem monitorizados em caso de sintomas de COVID-19. Os adeptos presentes estiveram espalhados pelo recinto, de
acordo com diferentes circuitos assinalados, estando ainda bem visíveis vários cartazes com indicações de segurança, além de um QR Code disponível no bilhete relembrando todos os cuidados de etiqueta respiratória e segurança. As indicações dadas pelos responsáveis presentes- das autoridades de segurança, da organização de jogo e as próprias indicações do speaker - foram escrupulosamente cumpridas e dignas de excelente referência para o futuro. O Estádio de São Miguel, em Ponta Delgada, ficará para sempre na história do Futebol português, depois de ter recebido o primeiro teste-piloto com adeptos na bancada, após a suspensão dos campeonatos decretada a 12 de março, pela Liga Portugal. Correu lindamente e espera-se que seja o primeiro de muitos jogos do Futebol Profissional com público nas bancadas. www.ligaportugal.pt
Mais um jogo com público e sucesso! O Estádio Municipal do Fontelo, em Viseu, foi palco do segundo encontro com tudo o que o Futebol Profissional merece! Com as três equipas alinhadas e com o que, realmente, aviva e dá cor ao desportorei os adeptos. Este foi o terceiro de cinco testes-piloto aprovados pela DGS, e ao qual se juntou também o CD Feirense- GD Chaves, os jogos da Seleção Nacional, no Estádio José Alvalade diante da Espanha e Suécia, bem como o primeiro, que decorreu no dia 3 de outubro, na ilha de São Miguel. Este foi mais um jogo no qual tudo foi preparado ao pormenor, com toda a segurança e de acordo com as diretrizes da Direção-Geral de Saúde. Uso obrigatório de máscara, higienização das mãos, distanciamento nos lugares marcados e autorização da cedência de dados para monotorização à COVID-19 são apenas algumas das regras aplicadas para o sucesso de um jogo com público nas bancadas. Todos quantos estiveram no recinto seguiram as indicações prestadas, tanto das autoridades de segurança como da organização de jogo. Um momento histórico, mais um, para o Futebol Profissional, para a sociedade e para o Desporto! Um sucesso e um exemplo para todos os que, de forma exigente, fazem deste momento único algo especial e necessário para os amantes do Futebol! www.ligaportugal.pt
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Ac. Viseu - A. Académica foi o segundo jogo teste-piloto com adeptos
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O objetivo da Liga
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12.º jogador
entrou em campo! Sem adeptos… o Futebol não existe! Esta é uma máxima que nos dias que correm faz cada vez mais sentido, em virtude da impossibilidade de os adeptos marcarem presença no seu lugar: as bancadas.
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Nesse sentido, a Liga Portugal lançou a campanha “Camisola 12”, que decorreu na jornada inaugural de Liga NOS e LigaPro. Este foi um momento simbólico que pretendeu levar o “coração do futebol” de volta aos estádios, com um adepto de cada equipa a entrar em campo junto dos seus ídolos, envergando aquela que é a sua camisola: o número 12! O momento do transporte de bola até ao alinhamento
das equipas esteve a cargo do adepto da equipa visitada, enquanto que, posteriormente, foi o adepto da equipa visitante a transportar a bola até ao centro do terreno, no momento que antecedeu o pontapé de saída nas respetivas partidas. De referir que a seleção destes adeptos esteve a cargo dos respetivos clubes, sendo que os elementos escolhidos testaram com resultado negativo à COVID-19. O resultado foi extremamente positivo e conferiu um colorido especial a todos os 18 encontros da jornada inaugural das competições profissionais, com uma certeza: já todos temos saudades de ver o 12.º jogador em campo!
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O talento está de volta! Este foi o primeiro de 25 golos apontados na ronda inaugural, que consagrou o regresso de CD Nacional e SC Farense “ao convívio dos grandes”. Os insulares empataram a três numa emocionante receção ao Boavista FC e, ao cabo de três jornadas, ainda não conheceram o sabor da derrota. Já os algarvios
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Rola a bola em mais uma edição da Liga NOS! O pontapé de saída foi dado no dia 18 de setembro, no Estádio Municipal de Famalicão, com a receção do FC Famalicão ao SL Benfica. Um encontro que terminou com triunfo expressivo das “águias”, por 1-5, e que viu o primeiro golo da competição ser apontado por um estreante. Falamos do alemão Luca Waldschmidt, que à passagem do minuto 19´ “picou” a bola sobre o guardião famalicense, Zlobin.
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saíram derrotados da deslocação a Moreira de Cónegos (2-0), depois de 18 anos de ausência desta prova, e ainda não somaram qualquer ponto, uma vez que se seguiram derrotas frente a CD Nacional e SL Benfica. Uma competição que, de resto, viu o FC Porto sagrar-se campeão na última edição. Os “dragões” partem assim com o claro objetivo de revalidar o título, e mantêm uma percentagem significativa dos protagonistas da conquista alcançada na temporada transata. Destaque ainda para o excelente arranque do Santa Clara, atual segundo classificado, que tem beneficiado da veia goleadora de Thiago Santana – três golos em três jogos -, e da segurança do seu setor defensivo, que ainda não consentiu qualquer golo. Na liderança segue o SL Benfica, que venceu todas as três partidas realizadas até ao momento, frente a FC Famalicão, Moreirense FC e SC Farense. Nota final para Rodrigo Pinho, avançado do Marítimo M., atual melhor marcador da competição com quatro golos, que tem desempenhado um papel essencial no bom arranque dos Madeirenses.
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A tua cara não me é estranha… o regresso de velhos conhecidos da Liga NOS
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Lançada mais uma edição da Liga NOS, é tempo de olhar também para os novos protagonistas que prometem continuar a fazer do talento a principal imagem de marca desta competição. E a verdade é que a época 2020-21 assinala o regresso de vários rostos bem conhecidos de todos os amantes do Futebol Profissional, como são os casos de Ricardo Quaresma, Nicolás Gaitán, Javi Garcia, Nicolás Otamendi e João Mário. No que toca ao internacional português de 37 anos, o regresso ao Futebol português ocorre pela porta do Vitória SC, depois de várias épocas no futebol turco, após a saída do FC Porto em 2014-15. Já Nico Gaitán, que representou o SL Benfica entre 2010-11 e 2015-16, é agora uma das novas
figuras do SC Braga, depois de passagens por Atlético Madrid (Espanha), Dalilan Pro (China), Chicago Fire (Estados Unidos) e LOSC Lille (França). Ainda a Norte do país, destaque para Javi Garcia, que esta época irá defender as cores do Boavista FC. O médio de características defensivas regressa a Portugal, onde alinhou, também, ao serviço do SL Benfica (2009-10 / 2012-13). Ao serviço do SL Benfica estará, de resto, Nicolás Otamendi, que chega aos “encarnados” após cinco épocas no Manchester City FC, depois de em Portugal ter representado o FC Porto entre 2010-11 e 2013-14. Por fim, destaque para João Mário que regressou ao Sporting CP, no último dia do mercado de transferências, por empréstimo do Inter de Milão (Itália). O médio regressa assim ao emblema onde cumpriu toda a sua formação e grande parte da carreira enquanto profissional. www.ligaportugal.pt
Seis meses depois a LigaPro está de regresso… e com novidades! Foi longa a espera, mas a emoção voltou finalmente aos relvados da LigaPro! Foram seis longos meses de espera, depois de a competição ter sido interrompida no passado mês de março, em função da propagação da COVID-19. final, e que acabou por valer ao jovem avançado a primeira distinção “Homem do Jogo LigaPro” da competição, naquela que é uma das novidades para esta época, com o claro intuito de aumentar a competitividade e valorização da prova. Mas esta não foi a única estreia da noite… O jogo entre
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Com cautelas e muitos cuidados, a nova época da LigaPro arrancou assim no passado dia 10 de setembro, no Estádio António Coimbra da Mota, com o embate entre Estoril Praia e FC Arouca. Para quem já tinha saudades de gritar golo, a verdade é que não foi preciso esperar muito, uma vez que, com apenas um minuto de jogo decorrido, André Vidigal fez balancear as redes adversárias, colocando o Estoril Praia na frente do marcador. Este foi um resultado que, de resto, se manteve até ao apito
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Estoril Praia e FC Arouca ficará também recordado como o primeiro encontro da história do Futebol Profissional a contar com a presença de um elemento feminino na equipa d e arbitragem. A autora da proeza foi Vanessa Gomes, que desempenhou as funções de assistente na equipa liderada por João Malheiro Pinto, tendo inclusivamente recebido uma bola autografada pelos plantéis das respetivas equipas que participaram neste embate. Este foi o mote para uma jornada histórica, uma vez que mais duas árbitras foram nomeadas para esta ronda: Cátia Tavares integrou a equipa de arbitragem do FC Vizela – UD Oliveirense - tendo sido premiada com camisolas autografadas por cada um dos plantéis dos dois emblemas envolvidos neste encontro -, enquanto que Olga Almeida se estreou nas competições profissionais no duelo entre CD C. Piedade e CD Mafra.
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Experiência, juventude e revelações abrilhantaram primeiras jornadas fundamental que a LigaPro tem desempenhado na formação e desenvolvimento do jovem jogador português, ao longo das últimas épocas. Um desenvolvimento que, de resto, é altamente potenciado através do contacto com alguns jogadores mais experientes, que já passaram por alguns dos maiores palcos do futebol nacional. Ricardo, guardião do Varzim SC, é um desses exemplos, e tem sido uma das figuras dos poveiros neste arranque de campeonato: o guarda-redes natural da Póvoa de Varzim revelouse verdadeiramente decisivo para manter as redes poveiras a zero, nas primeiras três jornadas da prova, tendo recebido duas distinções “Homem do Jogo LigaPro”.
No que toca a este último feito, importa dizer que apenas mais um jogador logrou receber duas distinções “Homem do Jogo LigaPro” ao cabo das três jornadas iniciais da competição. Falamos de uma das revelações da prova: Okitokandjo, do CD Mafra. O avançado holandês, que na época passada alinhou no Campeonato de Portugal ao serviço do SC Olhanense, marcou em todos os jogos das quatro jornadas inaugurais da prova, e assumiu-se como um verdadeiro talismã para o emblema mafrense, uma vez que a formação orientada por Filipe Cândido venceu todas as partidas em questão. O que é certo é que este arranque da LigaPro tem sido pródigo em golos e muita emoção, e com uma forte certeza… a LigaPro regressou, e veio para ficar!
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Lançados os dados para mais uma edição da LigaPro, a verdade é que esta competição se mantém fiel à sua imagem de competitividade e imprevisibilidade. Como sempre, muitas são as equipas que se perfilam com o sonho de lutar pelos lugares de acesso à Liga NOS, à boleia de uma mescla de experiência e juventude que sobressaí em todos os 18 relvados desta competição. Em especial destaque tem estado o jovem Gonçalo Ramos, do SL Benfica B, autor de sete golos… nas primeiras três jornadas da competição, feito que valeu a atribuição de três prémios “Homem do Jogo LigaPro”! O jovem de 19 anos tem sido absolutamente letal na hora de visar as redes contrárias, e é mais uma prova do papel
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Beto é um homem de trabalho, de espírito livre, que sabe escutar o coração. Foi a ouvi-lo que tomou a decisão de voltar a Matosinhos, para junto da família. Para o guardião, há decisões que têm de fazer sentido na vida e, neste momento, o Leixões SC é uma delas. Em entrevista à Liga-te, o guarda-redes que retorna a uma casa onde esteve entre as épocas 2006-07 e 2008-09, destaca a “dívida de gratidão” que tem para com o emblema matosinhense, e com o treinador Vítor Oliveira, os grandes responsáveis por ter recuperado “a esperança e o brilho nos olhos pelo Futebol”, numa fase prematura da carreira. para já, as metas são simples:
“Quero ser importante no reerguer do Leixões SC”
Beto, Guarda-redes
Aos 38 anos, o Beto está de regresso a Matosinhos. O que o levou a optar pelo Leixões SC? Na minha cabeça, e depois de ter consultado a minha família, fazia todo o sentido voltar. Primeiro a Portugal, depois a Matosinhos. Este é um clube que foi muito especial para mim, que foi muito importante no meu crescimento, e acho que esta era uma dívida de gratidão que eu tinha para com o Leixões SC. Acabei por conseguir
unir esse fator nostálgico e de gratidão pelo Leixões SC à já mencionada componente familiar, e tudo se conjugou para o concretizar deste regresso a Matosinhos. O Leixões SC foi sempre a primeira opção neste regresso a Portugal? A possibilidade de vir para o Leixões SC surgiu já nesta última fase do mercado. As opções que eu tinha, ao início, não correspondiam aquilo que eu pretendia para a minha vida www.ligaportugal.pt
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“O Leixões SC nunca viveu de estrelas e vedetas, mas sim de gente de trabalho…” equipas com bons plantéis, e que praticam um bom futebol, mas a verdade é que esta competição é uma autêntica maratona, onde todos podem ganhar a todos, e essa imprevisibilidade é bastante positiva. Sem dúvida que esta é uma liga para a qual se deve olhar com bons olhos! Entrando agora num âmbito mais pessoal, o Beto foi colecionando títulos e troféus por todos os clubes que representou… há algum que tenha representado um significado especial? Eles acabam todos por ser especiais, quer pelos momentos em que foram alcançados, pela grandeza e dimensão do título, ou pelos clubes nos quais consegui alcançar estas conquistas. Lembro-me perfeitamente quando ganhámos aqui, no Leixões SC, o título de campeão da LigaPro (2006-07), naquela que foi uma conquista que nos permitiu colocar o Leixões SC na Liga NOS quase 20 anos depois da última presença. Se isso não é especial, o que é que será? Obviamente que também ganhei Ligas Europas, campeonatos em Portugal, campeonatos na Roménia, Taças da Liga, Supertaças, Taças de Portugal, e todos eles são
muito especiais para mim, tendo em conta que a soma de todos estes troféus acaba por enriquecer e engrandecer o palmarés de qualquer jogador. Dou muito valor às vitórias, aos títulos, e a tudo o que um jogador vai conseguindo durante a sua carreira, sem especificar e sem valorizar demasiado um ou outro título. O que guarda das experiências no Sevilha FC e no Goztepe? Não só no futebol como na vida essa é a palavra-chave… experiência. A nossa vida vai sendo feita de experiências, e elas vão-nos moldando. Tudo aquilo que adquiri, em todos os clubes pelos quais passei, foi isso mesmo: experiências. Umas muito boas, outras não tão boas, mas isso acaba por nos fazer crescer e dar uma grande bagagem não só para o futebol, mas também para a vida. Relativamente a Sevilha, foi realmente uma das páginas mais bonitas da minha carreira, principalmente os primeiros dois anos e meio, antes das lesões. Tive a possibilidade de jogar num dos melhores campeonatos do mundo, numa equipa fantástica, e numa cidade verdadeiramente incrível, que eu amo… foi realmente uma experiência indescritível. Já na Turquia, foi uma aventura completamente diferente, apesar de Esmirna ser uma cidade bonita, com mar, e com lindas paisagens. No entanto, a cultura era completamente diferente daquilo a que estava habituado,
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neste ano. Mais uma vez teria de emigrar, algo que para mim já não faz qualquer sentido nesta fase. Assim que surgiu o Leixões SC não foi preciso pensar muito, uma vez que alcançámos um acordo em cerca de dois/ três dias, apesar de ter também outras possibilidades, nomeadamente na Liga NOS. O que foi pedido ao Beto neste “regresso a casa”? Basicamente que transmitisse toda a minha experiência, conhecimento, e a mística do que é ser jogador do Leixões SC. Este é um bom projeto, de primeira, com a criação de um centro de estágios, melhoramento de infraestruturas, e com uma boa aposta na formação. No entanto, no imediato, a prioridade é estabilizar o clube financeiramente e foi, também, nessa base que eu aceitei, uma vez que quero ser um elemento importante neste “reerguer” do Leixões SC. A equipa tem muitos jogadores novos. A experiência que acrescenta ao grupo torna-se ainda mais importante por causa desse fator? Creio que sim. A experiência que eu tenho, que resulta de uma bagagem de muitos anos de futebol, com muitos clubes e balneários diferentes, pode ser importante para estes jovens jogadores, sempre que eles tiverem uma mente aberta e humildade para ouvirem e aprenderem. Obviamente que sou o elemento mais velho do plantel, mas, também é verdade, sou mais um amigo, um companheiro, que está aqui para tudo o que eles quiserem. É nesse sentido que eu quero ser apenas mais um elemento no Leixões SC, que, de resto, nunca viveu de estrelas e vedetas, mas sim de gente de trabalho, e é precisamente isso que eu quero que eles percebam e aprendam. Como olha para o grau de competitividade da LigaPro? Penso que há muito talento e muita qualidade, que conferem um grau de competitividade elevado à LigaPro. Existem bastantes
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“Penso que há muito talento e muita qualidade, que conferem um grau de competitividade elevado à LigaPro”
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resultado de hábitos distintos a nível de organização e gastronomia, o que foi muito complicado para mim. Desportivamente acabaram por ser anos muito bons, tendo em conta que joguei sempre, valorizei-me, e competi, que era exatamente aquilo que eu pretendia. Foi mais uma experiência que me enriqueceu a nível pessoal e a nível profissional, e a verdade é que tento sempre extrair as coisas positivas de tudo aquilo por que eu passo na vida. Qual o companheiro de equipa mais marcante ao longo de tantos anos de Futebol? Tenho vários. Não vou dizer que tenho muitos amigos no Futebol, porque não tenho, mas tenho muita gente com quem me dou muito bem, também um pouco pela minha maneira de ser. No que toca a amigos, destacaria o Nuno Diogo, um dos atuais adjuntos do Boavista FC, Bruno Alves, Raúl Meireles, Vieirinha, Paulo Machado, André Castro, Hugo Moutinho e o Ricardo Santa Maria - que se calhar pouca gente conhece mas foi dos jogadores mais jovens a jogar pelo Sporting CP -, que são alguns dos nomes pelos quais sinto realmente uma amizade.
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Depois tenho alguns jogadores com os quais realmente me dou muito bem, e que sabem que estarei sempre pronto para ajudar, para dar uma palavra ou um abraço, caso necessitem da minha ajuda. Essa é outra das minhas características: gosto de ajudar, ser um bom companheiro, um bom colega, e, portanto, são alguns os jogadores que realmente me marcaram. Posso estar a esquecerme de alguém e, se estiver, que me desculpe, mas estes são os jogadores que me marcaram e que me vão marcar, não só no Futebol, mas também no pós-futebol, no resto da vida. Reencontrou o Paulo Machado agora no Leixões SC… Sim, é verdade (risos). O Paulinho é uma figura, é uma personagem incrível, com um coração enorme, super espontâneo, um belíssimo jogador e é uma pessoa pela qual sinto imenso carinho. Falando agora de guarda-redes: têm sido vários os nomes que saem do país e abraçam projetos no exterior. Há um carimbo de qualidade evidente no guardião português? O guarda-redes português só quando passa a fronteira é que recebe o carimbo e o selo de qualidade, infelizmente. Acho que é algo que poderíamos ou deveríamos tentar inverter, porque efetivamente há muita qualidade no guardião português, e sinto que é notória a falta de uma maior aposta na formação das camadas jovens, uma vez que a qualidade e o talento estão todos lá. O grande problema é que depois há uma barreira que impede essa evolução e esse crescimento do guarda-redes português. O mais flagrante, para mim, é o guarda-redes português acabar ultrapassado por outros guarda-redes que, até podem ter qualidade, mas não têm qualquer conhecimento do Futebol nacional, e assim acabamos por www.ligaportugal.pt
desvalorizar aquilo que é nosso, desnecessariamente. Nós não somos um país de com 70 milhões, temos apenas 11 milhões, e já demos provas de que tanto no Futebol, como nos mais diversos setores, somos um país repleto de talento e qualidade. Agora, é evidente que esse talento necessita de ser retido e valorizado, e tenho a convicção de que, neste caso em concreto, podemos trabalhar melhor esse aspeto. Há algum guarda-redes que tenha servido de inspiração para a carreira do Beto? Tenho vários guarda-redes que me marcaram, e com os quais partilhei balneários, campo, treino, experiências, e ainda outros com quem não tive essa possibilidade, mas que acompanhei e segui durante a minha infância. No que toca a referências, é incontornável mencionar o Vítor Baía, que sempre foi um modelo para mim dentro do campo. Depois, tenho também um guarda-redes que foi muito importante para mim: o Andrés Palop, com quem partilhei os meus primeiros seis meses no Sevilha FC. Não foi fácil para mim chegar a Sevilha e jogar logo, pelo que ter uma referência tão grande como o Andrés Palop a ajudar-me foi muito positivo. Neste tipo de casos, é www.ligaportugal.pt
inegável que existe sempre uma competitividade entre guarda-redes – e é bom que exista -, desde que seja sempre saudável, como foi com o Andrés Palop. Com ele eu aprendi a gerir melhor essa parte emocional, e essa constante necessidade de que tenho de estar melhor do que o concorrente, em todos os treinos e em todos os jogos que fizer, para poder jogar. E no que toca a treinadores… quais os nomes mais importantes ao longo da carreira do Beto? Não me canso de dizer: o treinador mais importante na minha carreira foi o Vítor Oliveira. O Vítor Oliveira deu-me a oportunidade de entrar no projeto do Leixões SC, na altura, e foi daí que surgiu este meu regresso, bem como essa dívida de gratidão que referi anteriormente. O Leixões SC do Vítor Oliveira deu-me a oportunidade de me reerguer e reaparecer no Futebol. O Vítor acreditou em mim e eu nunca mais me vou esquecer das suas palavras: “Tu vens para aqui, vens comigo, e vamos subir de divisão. Vamos subir o Leixões SC e vais poder voltar a ser aquilo que tu és, e ainda melhor”. Aquilo que ele me disse tornouse real, e permitiu-me readquirir a paixão pelo Futebol, que havia
perdido, e que me alimentou durante tantos anos. Foi graças ao Leixões SC e ao mister Vítor Oliveira que recuperei a esperança e o brilho nos olhos pelo Futebol! Posso enumerar aqui imensos treinadores como Unai Emery, André Villas-Boas e Fernando Santos, mas o Vítor para mim foi... o treinador! Olhando para o futuro, já imaginou o momento do adeus aos relvados? Pretende continuar ligado ao Futebol, quando esse dia chegar? Não posso dizer que não me imaginei a pendurar as luvas. Obviamente que esse dia chega para todos os jogadores, mas eu não quero pensar nisso, até porque me sinto perfeitamente bem e motivado: adoro futebol, adoro treinar e adoro jogar. No dia em que perder essa motivação, arrumo e penduro as luvas e as botas, sem nenhum problema. Nesse momento, gostaria de continuar ligado ao Futebol, numa perspetiva de poder contribuir em prol do mesmo. Jogo desde os oito anos, e estou há 30 anos no Futebol, pelo que tudo o que tenho é graças ao meu trabalho, é verdade, mas é sobretudo devido ao Futebol. Se no amanhã trabalhar no Futebol, será sempre para ajudar o Futebol… Não quero ser apenas mais um no Futebol!
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“Foi graças ao Leixões SC e ao mister Vítor Oliveira que recuperei a esperança e o brilho nos olhos pelo Futebol”
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É um dos parceiros institucionais da Liga Portugal, e viu o seu contributo prestado em prol do Futebol Profissional ser reconhecido com a atribuição do prémio “Parceiro Oficial do Ano”. Falamos da SABSEG, Corretora de seguros, que, através do seu Diretor de Marketing e Comunicação, Rui Romeiro, não esconde que “o Futebol esteve sempre presente no ADN”. Uma indústria que, de resto, “tem contribuído decisivamente para o aumento da notoriedade e reconhecimento da empresa”, pelo que esta relação se tem revestido de enorme sucesso!
Rui Romeiro, Diretor de Marketing e Comunicação
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“Somos uma das marcas que mais contribui para o desenvolvimento do Futebol português”
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A SABSEG recebeu o prémio “Parceiro Oficial do Ano” da Liga Portugal, distinção entregue na última gala do Kick-Off. Esta foi uma forma do Futebol Profissional reconhecer o apoio dado pela Corretora a uma atividade que passou por reconhecidas dificuldades, durante o confinamento. Uma questão de posicionamento ou de bom-senso? Desde já, mais uma vez, quero agradecer à Liga Portugal a atribuição deste prémio, que tanto nos honra e nos prestigia. Na SABSEG valorizamos muito os nossos parceiros e sabemos que é nos momentos mais difíceis que precisam de nós e que não lhes podemos faltar. A nossa prioridade é, e será sempre, construir relações seguras e isso só se consegue com confiança, colaboração e cooperação entre as partes. O apoio que demos à Liga durante esse período difícil não foi mais do que a nossa obrigação. Somos parceiros, por isso, poderão contar sempre connosco. Para a SABSEG, uma parceria vai
muito além da sua contratualização. Queremos, sem dúvida, construir relações seguras, e isso não se consegue se não ouvirmos o parceiro e não conhecermos as suas necessidades. Como Corretora presente em várias áreas da Sociedade Portuguesa, e não apenas no Futebol Profissional, pode afirmar-se que esta atividade, até pela notoriedade que tem junto da sociedade civil, é uma das vossas maiores apostas? Sim, o Futebol é uma das nossas maiores apostas. Contudo, a nossa visão e compromisso é bem mais ampla e vai no sentido de desenvolver relações de proximidade e confiança com os nossos mais de 170 000 clientes
particulares e empresariais, que sejam relevantes para a sociedade. Temos feito este caminho de proximidade através de uma estratégia de parcerias diversas. A título de exemplo, ao nível da Responsabilidade Social, apoiamos diversos projetos de caráter social e humanitário. No que respeita à cultura, somos parceiros principais do “novo” Palácio de Cristal, desde a sua inauguração, um recinto com uma agenda eclética com atividades de âmbito cultural, musical e artísticas. Mas voltando ao Futebol, é inegável que esta indústria tem contribuído decisivamente para o aumento da notoriedade e reconhecimento da nossa marca. Mas não procuramos só isso,
“O apoio que demos à Liga durante esse período difícil não foi mais do que a nossa obrigação. Somos parceiros, por isso, poderão contar sempre connosco.” www.ligaportugal.pt
e queremos estar próximos de todos os adeptos deste desporto. O Futebol, na verdade, esteve sempre presente no nosso ADN, tendo esta relação sido materializada em 2010, com a parceria com a Liga, e reforçada na época desportiva 2016/17, através de patrocínios a clubes de diferentes escalões, e de estreitas relações com várias Associações de Futebol Amador. Atualmente, e mesmo com a situação pandémica que vivemos, mantemos a nossa aposta nesta área, através, não só do reforço da parceria com a Liga Portugal, mas também dos patrocínios a vários clubes da Liga NOS. Com tudo isto, somos, certamente, uma das marcas que mais contribui para o desenvolvimento do Futebol português, apoiando várias entidades que nele atuam. E é este o nosso posicionamento. Num período complicado para o país e mundo, em termos transversais, como está a SABSEG a encarar esta fase, sobretudo na ligação ao Futebol Profissional? www.ligaportugal.pt
Toda a situação pandémica que envolve a nossa sociedade, e mais especificamente o Futebol, trouxe-nos muitos desafios e, nesse sentido, tivemos de nos reinventar e inovar. Essas têm sido as palavraschave nesta fase. A nossa prioridade e estratégia sempre teve como base o reforço dos relacionamentos e dos valores emocionais da SABSEG, com o objetivo de assegurar uma maior proximidade aos nossos clientes e potenciais clientes e, nesse sentido, vimo-nos obrigados a recriar este conceito. Direcionamos a nossa estratégia para o online, começando por adaptar as nossas ativações de marca que, até então, eram feitas nos estádios de Futebol. Uma destas ativações era a Roleta SABSEG, que, para ver a sua continuidade assegurada, tivemos de replicar todo o conceito para o ambiente digital, devido à ausência de público nos estádios. Com isto, tentamos reproduzir a emoção e o entusiasmo que os adeptos sentiam, continuando a oferecer-lhes prémios do seu clube
e, consequentemente, mantendo a proximidade com eles. Estivemos sempre presentes! Para a nova época, e uma vez que ainda se perspetivam jogos à porta fechada, a nossa estratégia mantém-se muito neste sentido... apostar no digital. E, por isso, investimos na reformulação do nosso website dedicado ao Futebol: https://celebramosfutebol.sabseg. com/ E porque este é um website direcionado para os que vibram com a paixão e a emoção deste desporto, não só renovamos a imagem de todo o website, como melhorámos e acrescentámos funcionalidades: criámos uma área com conteúdos exclusivos dos vários clubes que patrocinamos, e vários passatempos com oferta de prémios únicos que os adeptos, certamente, não vão querer perder. Tudo isto porque queremos que todos os adeptos encontrem, neste website, o habitual ambiente de paixão e emoção que o Futebol lhes costuma proporcionar porque, apesar de tudo, o Futebol continua a ser a paixão que nos une!
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“Toda a situação pandémica que envolve a nossa sociedade, e mais especificamente o Futebol, trouxe-nos muitos desafios e, nesse sentido, tivemos de nos reinventar e inovar”
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Um só objetivo, várias instituições e entidades unidas por esta causa nobre
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Futebol profissional joga pelos Direitos Humanos
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A Liga Portugal, a Fundação do Futebol e a Amnistia Internacional Portugal, celebraram, no passado dia 17 de setembro, uma parceria num projeto de consciencialização para os Direitos Humanos através do desporto, com especial incidência no futebol, numa cerimónia protocolar que contou com a presença de Pedro Proença, Presidente da Liga Portugal e Fundação do Futebol. Para acabar com o clima de racismo, xenofobia, violência e intolerância, bem como com o discurso de ódio infelizmente ainda sentido por vários agentes
desportivos, a Amnistia Internacional lançou o apelo e a hashtag #EuJogoPelosDireitosHumanos. Também a Federação Portuguesa de Futebol, Associação Nacional de Treinadores de Futebol, Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol e o Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol rapidamente se associaram a este grito em defesa dos mais elementares direitos. De referir que, ao longo da presente temporada, jogadores da Liga NOS e LigaPro, vários internacionais portugueses,
internacionais A de futebol feminino, internacionais de futsal feminino e masculino, árbitros, selecionadores nacionais e outras personalidades do mundo do desporto irão personificar a campanha que apela a uma séria reflexão. Previsto, ao longo da época, está ainda conjunto de ações de sensibilização para os Direitos Humanos. Desde uma petição online, a ativações nos jogos profissionais, debates /conferências, serão muitas as formas de chamada de atenção para temáticas sempre prementes, no futebol e na sociedade. www.ligaportugal.pt
6 Perguntas a
A campanha #EuJogopelosDireitosHumanos está ‘na rua’, qual a recetividade inicial? Tem sido excecional da parte de todos os envolvidos. Parceiros, instituições e empresas. Estamos todos a gostar de trabalhar juntos, focados no objetivo de passarmos a mensagem tanto aos agentes desportivos como aos adeptos e à sociedade em geral. O futebol é um fenómeno social fantástico, que chega a milhões, sendo o veículo ideal para falarmos de respeito, inclusão, em suma, de Direitos Humanos. A defesa dos Direitos Humanos entra em campo com o futebol numa parceria inovadora. Como ‘casam’ estas duas esferas em prol de uma causa comum? É um casamento feliz. O futebol é um fenómeno agregador e congregador que espelha a sociedade no melhor e no menos bom que ela tem. Como desporto coletivo é a metáfora perfeita da vida em sociedade. No jogo cada elemento tem as suas tarefas e competências para que a equipa alcance os melhores resultados. E assim deve ser em sociedade. Ao intervirmos no futebol vamos conseguir afetar e influenciar positivamente a sociedade, aproveitando todo o seu mediatismo. O futebol também espelha, como antes referi, o menos bom, como foi o caso de Marega, em janeiro último, ou a situação de jogadores e do antigo treinador do SL Benfica, vítimas de ofensas em suas casas. Queremos erradicar estes casos de intolerância, propagando a mensagem oposta. Das várias iniciativas planeadas www.ligaportugal.pt
para o decorrer da época, de qual espera maior mediatismo/retorno? Não vou destacar nenhuma ação em particular pois também esta campanha é um jogo de equipa, em que todas as iniciativas têm a sua relevância. Refiro, porém, a continuidade da presença da mensagem da campanha que estará presente em todos os jogos do campeonato através da parceria com a Liga Portugal, sendo visionada através da televisão dada a inexistência de público nos estádios. Quando as assistências forem de novo realidade, as pessoas terão contacto ainda mais direto com a nossa campanha. Nota ainda para as formações que daremos nos campeonatos, inclusive, nos escalões de formação. Acrescento ainda o estudo e o levantamento estatístico que vamos realizar junto dos agentes desportivos para termos real perceção de como percebem e sentem os Direitos Humanos. Relevante também a duração da campanha. O nosso apelo será constante durante toda a época com várias intervenções, para que o futebol seja, cada vez mais, espaço de diálogo e encontro. Se daqui a uns anos olhássemos para esta campanha, como gostaria que fosse recordada? Gostaria que recordassem que foi uma campanha que, efetivamente, contribuiu para o aumento da igualdade, respeito, inclusão e tolerância no futebol; que a campanha fosse um tampão às ofensas e discriminação no futebol e na sociedade. Considera que a defesa dos Direitos Humanos está cada vez mais presente no quotidiano dos povos?
Com algum otimismo, considero que sim. Com otimismo realista lamento que tal ainda não aconteça em plenitude. É verdade que já evoluímos muito desde que a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi assinada e adotada há mais de 70 anos, mas também é verdade que nos últimos anos têm surgido líderes mundiais populistas e instigadores de ódio. Também no futebol há situações de extremismo. Parece-nos incompreensível termos ainda de lidar com este tipo de problemas, mas é verdade que, nos dias de hoje, ainda há quem não perceba que somos todos iguais em dignidade e humanidade! Ainda precisamos falar de respeito e ética, de bater insistentemente na mesma tecla para que, de uma vez por todas, racismo, xenofobia e intolerância sejam conceitos do passado. Se fizéssemos comparação entre esta campanha e um golo, como seria esse golo? Um golo lindo e ideal: começaria no guarda-redes que jogava curto para um dos laterais ou um dos centrais. Depois a bola passava por todos os jogadores da equipa, sem exceção, todos participavam, a dois, três toques, até a bola entrar na baliza do guarda-redes adversário que seria cumprimentado por todos os elementos de ambas as equipas. Uma materialização do nosso discurso que diz não ao racismo e sim aos Direitos Humanos.
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Pedro Neto Diretor Executivo Amnistia Portugal
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Marcar a diferença!
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Prémio Responsabilidade Social irá distinguir, mensalmente, a Sociedade Desportiva cujas ações e iniciativas promovam o futebol inclusivo, positivo e solidário
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Novembro será um mês de mudanças! A Fundação do Futebol Liga Portugal irá passar a distinguir, todos os meses, as Sociedades Desportivas da Liga NOS e LigaPro que demonstrem, e, coloquem em campo, preocupação social e ambiental. Se a pandemia forçou a paragem da competição, também mostrou o quanto o futebol é poderoso se for usado como veículo de ajuda e solidariedade para com o próximo, ao aproveitar toda a sua notoriedade e mediatismo para alertar para causas solidárias. E a verdade é que há já um vasto lote de iniciativas dos vários emblemas dos campeonatos profissionais que “encheram corações”. Desde recolha de alimentos para famílias carenciadas, passando por entrega de máscaras e desinfetantes a unidades de saúde, sem descurar homenagens aos heróis do sector da saúde, o Futebol tem tido uma noção perfeita do seu papel como veículo promotor de ações de Responsabilidade Social. Esta é a razão do novo Prémio Responsabilidade Social da Liga Portugal: aplaudir as campanhas e iniciativas das Sociedades Desportivas em prol do ambiente,
em prol de causas nobres e de ajuda ao próximo. Este é um reconhecimento de inteira justiça para os profissionais de Futebol, que sabem na perfeição como mostrar o lado solidário de quem trata a bola por tu, dentro de campo ou no frenesim dos gabinetes. «Premiar as Sociedades Desportivas pelo muito que já fazem em prol do bem-estar alheio é uma atitude de que a Liga Portugal muito se orgulha. Sabemos que quando o futebol se une alcança milhões, mexe com estruturas, e influencia de forma positiva. Contribui para conquistar metas, para apoiar causas e movimentos, e marcar golos no jogo da solidariedade. Além de premiarmos o excecional trabalho das nossas 34 Sociedades Desportivas estamos, simultaneamente, a encorajá-las a fazerem sempre mais e melhor: a darem o exemplo e a marcarem a diferença. Estaremos sempre atentos e ávidos de aplaudir quem mais mereça», promete Pedro Proença, Presidente da Liga Portugal e da Fundação do Futebol. Fundação que, de resto, nasceu há pouco mais de dois anos, com o intuito de ajudar a colocar o futebol ao serviço da sociedade, deixando
transparecer o que ela tem de melhor através do jogo que nos apaixona. «Queremos ser mais uma montra das boas práticas já adotadas e promovidas pelos emblemas do Futebol Profissional que, mesmo sem qualquer prémio, já nos faziam chegar as suas campanhas solidárias e os seus projetos de melhoria ambiental e educacional. Queremos, por isso, premiar todos aqueles que por terem nome mediático conseguem sensibilizar em larga escala, mas, também, as Sociedades Desportivas que possuam menor dimensão em termos estruturais e em número de adeptos, mas que mexem e contribuem positivamente na sua comunidade local. A Responsabilidade Social é de todos mas começa em cada um», destaca Luís Estrela, Coordenador da Fundação do Futebol, organismo que se deslocará a todos os palcos onde haja prémios a entregar. Onde o futebol se ‘pinte’ de laranja, cor da Fundação do Futebol e do prémio de notoriedade que certifica o seu detentor como Sociedade Desportiva exemplo no jogo da Responsabilidade Social. Um jogo sem tempo para acabar! www.ligaportugal.pt
Da mão do pai ao carinho pelo Varzim SC: Pedro Azevedo tornou-se numa figura incontornável do jornalismo e do Futebol português. São 33 épocas – 32 de Rádio Renascença -, mais de dois mil relatos de Futebol e uma vida inteira a amar o que faz. Em entrevista à Liga-te, o atual chefe de redação da RR recorda os primeiros relatos que fez, em casa, - com apenas oito anos! -, onde simulava jogos, campeonatos e jornadas. Este foi o mote para uma longa carreira que não tem, para já, metas à vista a não ser um desejo que todo o Futebol Profissional exclama em uníssono: “ter o mais rápido possível os estádios cheios outra vez”, até porque “estar a fazer um jogo de futebol sem público no estádio é a mesma coisa que estar a olhar para um jardim sem flores.”
“Jogos sem público são o mesmo que um jardim sem flores”
pedro azevedo, Chefe de redação da RR
adquirido e eu penso que, no que toca à parte do inato, eu nasci para relatar futebol. Fazia relatos de futebol em 1976, em casa, com as caricaturas de Portugal, que foi a primeira coleção de cromos de futebol que fiz. Eu fazia a simulação dos jogos, de campeonatos, de jornadas, com classificações, mas com todos os itens de um relato! Desde a introdução, à constituição das equipas, o jogo propriamente dito, eu fazia aquilo com apenas oito anos de idade. E porquê esta paixão? A verdade é que 1975-76 foi a
minha primeira época a ver futebol, todos os fins de semana. Sou da Póvoa de Varzim e acompanhei o campeonato do Varzim SC, nessa mesma época, em que os “lobos do mar” se sagraram campeões da Segunda Liga e subiram à Primeira Divisão. No ano seguinte, em 1976-77, o Varzim SC estava na Primeira Liga, e eu assisti a todos os jogos… era muito difícil os grandes passarem na Póvoa,
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São já 33 épocas em que o Pedro Azevedo se dedica a relatos de Futebol. É caso para perguntar, como surgiu esta paixão de uma vida? O ser humano tem o inato e o
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encontrar nas dificuldades uma oportunidade de colocar de pé, em campo, as equipas para terminar um campeonato. Portanto, a Liga fez um trabalho notável e é importante sublinhar esse trabalho mesmo a nível de imprensa, chamando os jornalistas para os estádios (com as distâncias impostas pela DGS). Este processo foi um grande exemplo para toda a Europa e para os países que não adotaram esta resolução de um problema, que foi a pandemia. Portugal deu um grande sinal, para o mundo também, de que é
Mencionou a necessidade de a indústria do Futebol obter maior visibilidade no exterior. De que modo acredita que será possível concretizar esse cenário? Os clubes estão muito fechados para a imprensa. Limitam-se a uma conferência de imprensa de antevisão e um pós-match, o que me parece muito curto para quem, diariamente, deveria promover o Futebol de outra forma. Só conseguimos levar público ao Futebol, promover o Futebol e divulgá-lo se, durante a semana, falarmos dele. Se durante
capaz de resolver os problemas mais difíceis, também no Futebol. E eu acho que o Futebol português precisa de ser exportado, e de obter maior visibilidade lá fora. Penso que este pode ter sido um sinal importante para o exterior, pela forma como Portugal se comportou, até porque não houve um único problema durante esta fase, resultado de uma excelente estruturação. Naturalmente que este trabalho da Liga Portugal foi um trabalho de equipa, com a Federação Portuguesa de Futebol, com as entidades de saúde e com o próprio Governo.
a semana não o promovermos, é muito difícil termos a adesão do público que gostaríamos de ter. Precisamos de ter os jogadores a falar durante a semana, como se verifica noutros países… Basta ir aqui ao lado, a Espanha, e ouvir as rádios espanholas ou ler os jornais. Todos os dias há jogadores e treinadores a falar sobre o jogo, sobre o Futebol, sobre o espetáculo, e sobre as rivalidades, as opções… tudo isto é importante para alimentarmos a indústria do futebol e, em Portugal, como nós sabemos, o Futebol é uma grande indústria!
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com assistências numerosas. O estádio estava quase sempre cheio e havia uma grande paixão pelo futebol e tudo aquilo começou a apaixonar-me muito. Para além disso, eu ia para a tribuna de imprensa, porque o meu pai era correspondente do Jornal de Notícias e fazia as crónicas dos jogos na Póvoa de Varzim. Ou seja, comecei a conviver muito cedo com o relato radiofónico e também com a crónica para jornais. A fala é um ato de imitação e comecei a imitar, nos trajetos que fazia, do estádio para casa, aqueles profissionais de rádio que estavam ali ao meu lado, a transmitir os jogos do Varzim SC na Primeira Liga. Recordo-me perfeitamente dessa equipa do Varzim SC, de 1976: Fonseca, Cacheira, Albino, Washington, Leopoldo, Eliseu, João, Montóia, Horácio, Ibrahim e Marco Aurélio. Este era o 11 do Varzim SC, com os meus ídolos naquela altura. Foi o Varzim SC que despertou aquela que é a minha vocação! Enquanto jornalista, quais foram as principais condicionantes resultantes da pandemia de COVID-19? Estar a fazer um jogo de futebol sem público no estádio é a mesma coisa que estar a olhar para um jardim sem flores, ou o mesmo que estar a olhar para uma seara sem cereais. Falta ali quase tudo, pelo que é importante ter o mais rápido possível os estádios cheios outra vez! O futebol não é o mesmo, mesmo em termos da dinâmica de jogo. Aqueles momentos finais em que é o público que incita a equipa para chegar ao golo da igualdade, ou para dar a volta ao marcador, simplesmente deixaram de existir. Os próprios jogadores, acredito eu, também sentem a falta do público. É uma nova realidade e, em Portugal, acho que as coisas quando são bem feitas, têm de ser elogiadas: acho que a Liga Portugal fez um trabalho extraordinário, ao
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Relatório e Contas e ratificação do novo edifício sede da Liga aprovados em AG A Liga Portugal reuniu em duas Assembleias-Gerais, no passado dia 30 de setembro, no Auditório João Aranha. Uma sessão em dose dupla, onde, numa primeira fase, em Assembleia-Geral ordinária, foi aprovado por unanimidade o Relatório e Contas referente à época 2019-20, com um resultado líquido de um milhão e 260 mil euros. Importa referir que este foi o quinto ano consecutivo com resultados líquidos positivos, havendo ainda a previsão de um sexto ano com números positivos, conforme anunciado no Orçamento para 2020-21. Também aprovada foi a ratificação do novo edifício sede
da Liga Portugal, num projeto apresentado pelo Presidente da Liga Portugal, Pedro Proença. Esta obra, que não mereceu qualquer voto contra, nascerá de uma estreita colaboração com a Câmara Municipal do Porto, com a sua conclusão prevista para 2023. Já na segunda fase desta sessão, em Assembleia-Geral extraordinária, ficou estabelecido, com efeitos imediatos, que na época 2020-21 os clubes poderão inscrever, excecionalmente, até 30 jogadores na categoria sénior, até sete jogadores na categoria de sénior de primeiro ano que tenham sido juniores A da Sociedade
Desportiva ou clube fundador, até 22 jogadores inscritos na categoria de clube satélite ou fundador como juniores ou juniores B a participarem no campeonato de sub-23 e, por fim, 31 jogadores com idade até aos 23 anos. Adicionalmente, foi ainda subscrita uma declaração conjunta entre Liga Portugal e Sociedades Desportivas, com o objetivo de cessar imediatamente a discriminação do Futebol face às restantes atividades económicas, solicitando que o regresso do público a todos os Estádios do Futebol Profissional aconteça de imediato.
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Soccerex Connected contou com nova participação da Liga Portugal
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Pelo segundo ano consecutivo, a Liga Portugal voltou a estar presente enquanto parceira institucional na Soccerex, numa edição que decorreu exclusivamente em formato online, entre os dias 21 e 25 de setembro, em vicissitude do atual contexto de pandemia. Naquele que é um evento líder a nível global, no sector do Futebol, e que juntou alguns nomes fortes desta indústria, destaque para
a participação da Liga Portugal através do Presidente, Pedro Proença, que deixou uma mensagem de esperança e positivismo, face ao atual contexto, em nome de todo o Futebol Profissional. Outra das temáticas em foco neste ciclo de conferências foi o combate à violência, racismo e xenofobia, com a Liga Portugal a estar representada pelo Diretor
Jurídico, Paulo Mariz Rozeira, que integrou o painel “Este jogo é de todos: 2020, um ano fundamental para remover o racismo do futebol”. Por fim, destaque para participação do Responsável Clínico do Departamento Médico do Sporting Clube de Portugal, João Pedro Araújo, que participou no painel “Manutenção do foco e da condição física durante calendários irregulares”. www.ligaportugal.pt
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