N. 19
mar | abr
um evento à escala global Entrevistas a Pepa, Álvaro Pacheco e David Simão
Por todos os portugueses vamos continuar
ligados
Nós, os portugueses. Nós, as famílias, as empresas, os mais novos e os mais velhos. Juntos, mais do que nunca, tudo faremos para que o país continue a avançar, ligando tudo e todos ao que é mais importante.
#NOS #VamosFicarLigados
É hora de resistir e preparar a retoma às bancadas que revelam bem a dimensão das adversidades que o Futebol Profissional enfrenta. Mas que, acreditamos, com resiliência, conseguirá ultrapassar. Neste momento, não haverá a nível mundial muitos clubes compradores e, por isso, o encaixe inerente às transferências de jogadores, que se cifrara em 2019 em valores a rondar os 300 milhões de euros, teve uma queda abrupta e ficou-se pelos 156 milhões de euros no último defeso – o que equivale a uma quebra de 48%. Está estimada uma perda potencial de 20% nas receitas das Sociedades Desportivas portuguesas nas provas europeias, o que se traduz em cerca de 30 milhões de euros, face aos 155 milhões que costumam arrecadar ao abrigo da participação nas competições da UEFA, que também sofre as consequências da pandemia. A isto temos juntado o silêncio ensurdecedor que enche os estádios
vazios, despidos de público. As adversidades são muitas, mas também é grande a nossa resiliência e capacidade de lhes resistir e fazer frente. Esperamos que, em breve, possamos ter adeptos no estádio. É isso que queremos! Apontamos o dia 19 de abril, data em que serão permitidos eventos exteriores com diminuição de lotação. Será um excelente momento para pensarmos em voltar a ter os nossos adeptos nos estádios. Vemos luz ao fundo do túnel e, assim que possível, voltaremos a estar juntos nas bancadas, com todas as condições de segurança e todo o seu entusiasmo, que tanta falta faz ao Futebol e ao país. Entretanto, seguimos, reinventamo-nos, não paramos. Para voltarmos mais fortes.
Pedro Proença, Presidente da Liga Portugal.
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Estamos vivos e muito! É o que nos apetece dizer, nesta altura, depois de um ano de resistência. Aliás, o Futebol Profissional, pela sua conduta e desempenho absolutamente exemplares, por todas as medidas de segurança tomadas, todos os procedimentos seguidos e testes sucessivos realizados, conquistou o legítimo direito a viver, com cautela, mas de forma menos severa as medidas restritivas que a pandemia impôs ao país. Chapeau! Prosseguimos as competições, por força do rigor, exigência e competência que sempre nos caracterizou. Mas esta é uma realidade que terá custos elevados. A quebra ao nível de receitas, envolvendo bilhética, merchandising e patrocínios está estimada, por baixo, em 276 milhões de euros. No que se refere apenas ao merchandising, as perdas previstas rondam os 70%. Associados aos 100% relativos à bilhética, são números
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FICHA TÉCNICA LIGA-TE: EDIÇÃO 19 DIRETOR: Tiago Madureira EDITORA: Vanda Cipriano SUB EDITOR: João Nave REDAÇÃO: Rita Matos, Tiago Sá Pereira, Bruna Valente, Pedro Paupério, Elsa Bicho e Tiago Nogueira FOTOGRAFIA: Gualter Fatia e Pedro Trindade DIREÇÃO COMERCIAL E PATROCÍNIOS: João Medeiros Cardoso DESIGN E PAGINAÇÃO: Adriano de Carvalho e Tiago Cunha PERIODICIDADE: Bimestral
ÍNDICE PÁG 6
Thinking Football
PÁG 10
Webinars de lançamento do Thinking Football
PÁG 16
Entrevista David Simão, Jogador Moreirense FC
PÁG 27
Entrevista Pepa, Treinador FC P. Ferreira
PÁG 32
Entrevista Álvaro Pacheco, Treinador FC Vizela
PÁG 50
Reportagem Santa Casa da Misericórdia de Lisboa
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um projeto líder no panorama europeu 6
Feira de Futebol pretende debater a indústria do Futebol Profissional e irá contar com oradores de renome internacional. Evento pretende explorar a vertente empresarial e de negócio, do Futebol naquela que é uma oportunidade única de reforçar ligações com parceiros, patrocinadores, stakeholders, convidados internacionais e, também, com as Sociedades Desportivas e principais instituições do Futebol Profissional www.ligaportugal.pt
Inovação e tecnologia ao nível dos grandes certames mundiais
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Já no que respeita aos espaços destinados às ativações de marcas, esta é uma oportunidade única para parceiros e empresas do setor aumentarem a sua pegada na indústria, através de uma zona de stands onde as ativações serão uma constante e onde não faltarão zonas de networking, à semelhança do que acontece nos grandes certames a nível mundial. Por sua vez, a Fan Zone pretende replicar o sucesso deste espaço em outros eventos como a Final Four, através da criação de um espaço que pretende atrair e entreter os apaixonados do Futebol, contando, inclusivamente, com um jogo de Embaixadores da Liga Portugal. Esta será, acima de tudo, uma área de entretenimento, que contará com música, mascotes e outras ativações. Condimentos não faltam, para um evento inovador e pioneiro destinado a promover importantes debates e reflexões para o Futebol Profissional, que pretendem ter os adeptos e os apaixonados do Futebol bem por perto!
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Aquela que será a primeira edição do Thinking Football Summit está agendada para os dias 02, 03, 04 e 05 de setembro, de 2021, com a Super Bock Arena, no Porto, a servir de casa a um evento que pretende criar uma experiência única e inovadora para todos os participantes. Isto porque, ao longo do ano, a Liga Portugal tem vários momentos e eventos que marcam discussão das principais temáticas do Futebol Profissional, tais como as Jornadas Anuais, o Encontro de Responsabilidade Social, a Cimeira de Presidentes, a Tomada de Posse dos Embaixadores ou a Conferência “Futebol Profissional e Economia”. O Thinking Football Summit perfila-se, assim, como a derradeira oportunidade de juntar todos estes momentos, naquele que será um megaevento destinado à discussão das principais temáticas do Futebol Profissional.
Através de uma aposta reforçada na tecnologia, inovação, entretenimento e networking, o Thinking Football Summit pretende agregar adeptos, estudantes, empresas e profissionais do Futebol, naquele que será um certame que irá contar com diversas conferências, espaços de ativações de marcas e, inclusivamente, uma Fan Zone. No que toca aos principais assuntos em debate, destaque para temas nucleares da indústria do Futebol Profissional, como modelos de governação, gestão de marcas, transformação digital, marketing e comunicação, aspetos técnicos do jogo e direção desportivas. Para isso, nada melhor que contar com a presença de alguns dos principais players do mercado, como é o caso da FIFA, UEFA, FPF, La Liga, Premier League, Bundesliga e Serie A. Para o efeito, a Super Bock Arena tem reservado um auditório principal, para receber as principais conferências, e duas salas de conferência para debates de outros relevantes da indústria do Futebol.
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Thinking Football
De impacto internacional
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O nosso governo em geral, em particular o Turismo de Portugal, o Ministério da Economia e muitos municípios Portugueses já compreenderam o impacto de apoiar grandes eventos internacionais e garantir que os mesmos se realizam em Portugal. A maioria deles vêm impulsionados por organizações, empresas e até por origens em termos de países, que realmente têm o know-how, a capacidade do sector, a sua inovação e grandes nomes associados, que permitem garantir à partida o seu sucesso mundial e amplificar a visibilidade de Portugal. Por isso, quem decide impulsionar estes eventos em Portugal está de parabéns! Sem sombras de dúvidas os maiores eventos de referência internacional em Portugal são o Web Summit e a Fórmula 1, o primeiro contou em 2019, com 70.469
participantes de 70 países diferentes, 1.200 palestrantes, 2.150 startups, 239 parceiros, 1.500 investidores, 2.000 voluntários e mais de 55.000 compras e o segundo representou um retorno entre 40 a 50M€, onde 13,1M€ de retorno mediático dos quais a cobertura das televisões nacionais geraram 10,9M€. No sector do Futebol temos como referências a SOCCEREX, com origem em Miami, e edições na China e Europa (Oeiras-Portugal), o World Football Summit, começou em 2016, em Madrid, e já tem edições confirmadas mas sem data ainda para a WFS Asia para se realizar em Kuala Lumpur, WFS África (Durban, Africa do Sul) e um Football Innovation Forum em Istambul. Temos ainda o Leaders em Londres. Estes eventos são vocacionados para profissionais no sector, e que contam em média com 2.000 participantes, de 100
países, com mais de 100 media, cerca de 240 clubes, ligas e federações, com mais de 600 empresas, cerca de 150 palestrantes, 45 conferencias e 20 espaços de promoção. Analisando o mercado destes eventos, o seu posicionamento e o potencial da imagem no sector – o Futebol Profissional em Portugal e no Mundo – vem a Liga Portugal reclamar um território que deve ser dela. Desta forma, vai organizar o Thinking Football Summit, entre 2 e 5 de setembro de 2021, um evento que, pela primeira vez, vai ser realizado no Porto. Ao longo de quatro dias, o Super Bock Arena vai respirar futebol, numa feira que se pretende venha a ser de referência, e uma das melhores, no Futebol Europeu. Somos os melhores do Mundo a criar talento neste sector, temos os melhores jogadores, uma das melhores seleções, alguns dos emblemas mais fortes a nível Europeu, os melhores treinadores espalhados pelo Mundo, os melhores agentes desportivos, por isso temos que reclamar um evento que seja de origem demarcada portuguesa. Vamos realizar um evento para profissionais e aficionados, que carregará a bandeira portuguesa no Mundo e que merece o apoio de todos. Vamos já começar com os webinares temáticos nos dias 24 fevereiro, 7 abril ( jornadas anuais das Sociedades Desportivas), 26 maio e 30 junho. Desta forma, convidamos a quem estiver interessado em participar neste grande evento, seja em que categoria for, a contactar a Liga Portugal. *Artigo de opinião de Susana Rodas, Diretora Executiva da Liga Portugal
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Todos contra o adversário comum
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O Webinar Thinking Football subordinado ao tema “O Impacto da Covid no Futebol Português”, realizado a 22 de janeiro, no âmbito da Final Four da Allianz CUP disputada em Leiria, contou com a intervenção de 22 especialistas nas mais variadas áreas, sob a moderação de Pedro Candeias, editor de Desporto do Expresso
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No primeiro painel, que debateu o “Regresso do Público aos Estádios – que Desafios para o Futuro?”, Sónia Carneiro, Diretora Executiva Coordenadora da Liga Portugal, revelou que, antes do confinamento, estava prevista a presença de 30% do público na prova, deixando a garantia: “Estamos prontos a ir até aos adeptos até poderem vir até nós.” Rui Cordeiro, Presidente do Santa Clara, perspetivou que “vai haver fome de bola.” “Há um dever de cidadania e civismo. O Futebol português tem sido um exemplo”,
apontou, enquanto Martha Gens, Presidente da Associação Portuguesa da Defesa do Adepto, referiu que “mais do que tristes, os adeptos sentem-se discriminados, face a outros eventos culturais.” Hugo Freitas, Administrador do SC Braga, atirou: “Vai levar dois, três anos a voltar à normalidade.” Na ronda seguinte, focada no “Impacto da Covid-19 em Portugal”, Susana Rodas, Diretora Executiva da Liga Portugal, referiu que “a quebra de transferências foi de 300 M€ para 156 M€” e que está estimada “uma perda de 20%, cerca de 30 milhões”
nas provas da UEFA para os clubes portugueses. Miguel Farinha, Partner EY, teve outra abordagem: “Nos primeiros classificados, os direitos televisivos representam cerca de 20% das receitas, a partir do sétimo, é de 40% para cima. Somos a única Liga europeia que não tem direitos centralizados: não podemos ser os únicos certos e os outros todos errados.” Óscar Gaspar, Membro da Comissão Executiva da CIP, defendeu que “o futebol esteve parado durante meses e deve ter uma palavra a dizer quanto aos apoios decorrentes da bazuca.” José Francisco Neves, Membro Comité Executivo Allianz Portugal, que vê o futebol como “o maior veículo de transmissão de marca que existe”, afiançou que vai “continuar a apostar na Allianz CUP”, deixando, porém, um aviso: “Queremos continuar associados www.ligaportugal.pt
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morte súbita”, enquanto Ricardo Antunes, do Departamento Médico do SL Benfica assumiu: “Temos tido alguns casos, mas ainda não temos muitos mais dados.” Já Hélder Dores, Cardiologista do SL Benfica, focou-se no caso de “miocardite ligeira, por Covid, do David [dos Anjos, jogador
do Benfica B]: pode ficar sem competir três meses, não queremos é casos fatais. Devemos pecar por excesso.” João Pedro Mendonça, Presidente da AMEF, referiu que “todos os departamentos médicos sabem o que fazer e estão a tentar fazê-lo.”
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ao futebol e não a dirigentes.” O terceiro painel, “reunido” para o debate sobre “A Pirataria no Futebol – como Combater?”, contou com Rui Caeiro, Diretor de Planeamento Estratégico da Liga Portugal, que defendeu que “é preciso legislar para combater este flagelo”, tal como Pedro Mota Soares, Secretário-Geral APRITEL e Hugo Freitas, Diretor de IT da Federação Portuguesa de Futebol. Hermano Rodrigues, Principal da EY, revelou que “em 2019 foram bloqueados 530 sites”. Emílio Fernández, Chefe de Proteção de Conteúdos Tecnológicos da LaLiga, sustentou que “a pirataria é um fenómeno global”. Diogo Nabais, Assessor do Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, apontou à perda de “140 M€ anuais”, resumindo: “Há necessidade absoluta de bloquear em tempo real de um sinal, atacar a transmissão em direto”. Tiago Esteves, Diretor de Marketing e Vendas da Sport TV, confirmou que “o consumo de produtos pirata aumentou na pandemia”, enquanto Pedro Bravo, Chefe de Proteção de Conteúdos da NOS, falou da dificuldade em “monitorizar um negócio ilícito e sem controle, transfronteiriço”. No quatro painel, que discutiu “A Saúde dos Atletas em Contexto de Pandemia”, Helena Pires, Diretora Executiva da Liga Portugal, foi taxativa: “O Futebol Profissional soube corresponder às exigências, com mais de 40 mil testes.” Filipe Froes, Pneumologista e Consultor da Liga Portugal apontou: “Os clubes estão a fazer testes para além dos que são solicitados. Estamos a jogar dois campeonatos. Futebol e Covid. Todos estão a lutar o adversário comum.” Nélson Puga, do Departamento Médico do FC Porto afiançou que “a primeira preocupação é despistar perigo de
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Formação e tempo útil #019
de jogo em debate
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O dia 03 de março trouxe mais um webinar inserido no ciclo de promoção do Thinking Football, desta feita destinado a debater as temáticas “Da formação ao alto rendimento” e “Tempo útil de jogo”. Com um lote de nove convidados de luxo, da esfera do desporto-rei, este evento dividiu-se em dois painéis moderados por Carlos Daniel, jornalista da RTP
O primeiro painel foi, assim, subordinado ao tema “Da formação ao alto rendimento”, composto por Nelo Vingada e Renato Paiva, treinadores de futebol; Nuno Gomes, Embaixador da Liga Portugal, Ex-jogador e antigo Diretor da Formação do SL Benfica; e Tomaz Morais, Diretor da Formação do Sporting CP. Ao longo desta sessão, Nuno Gomes falou da importância das www.ligaportugal.pt
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e completa apresentação de Tiago Madureira, que destacou duas vertentes: a dimensão competitiva e o lado do espetáculo e de que forma este é, ou não, influenciado pelo tempo útil de jogo. Através de uma amostra de 2019-20, que permite uma comparação com as ligas Big-5, é notório que “Portugal está na cauda da Europa, no que toca a tempo útil de jogo”, afirmou o Diretor Executivo da Liga Portugal. Marco Silva frisou, também, que “não pode haver uma diferença tão grande quando o Futebol português está sempre bem posicionado nos rankings gerais”. Por sua vez, Duarte Gomes lançou uma solução em jeito de desafio. “Além da cronometragem, quero lançar um desafio: menos arbitragens defensivas. No primeiro terço desta época tínhamos seis jogos no top oito dos mais faltosos. Árbitros com mais coragem e com menos medo de arriscar em lances de contacto menor. Menos simulações, menos fitas. Vemos muitos jogadores agarrados à cara por um contacto no peito”, evidenciou o Ex-Árbitro Internacional. De notar, também, que Costinha
deixou uma história icónica da sua incrível carreira em jeito de conselho. “O FC Porto ganhou na Europa porque jogava para ganhar, preocupava-se com o jogo. Na meia-final da Champions eu exaltei-me e o senhor Colina olhou para mim e disse-me: queres jogar a final? Ele sabia que eu não podia levar cartões, foi um árbitro que ajudou”, destacou o antigo médio-defensivo dos dragões. Por outro lado, Daniel Podence não fugiu às naturais comparações com o Futebol inglês, realçando que “em Inglaterra, cada vez que vou ao chão, o árbitro vem ter comigo e diz: isto não é falta, é para jogar”. Concluindo a sua ideia com um paralelismo com o desporto-rei em Portugal: “No nosso país, falta dizerem isso. Esse apoio dos árbitros ia auxiliar muito o próprio jogo em Portugal”. Importa ainda realçar que até ao início de setembro, altura em que arrancará o Thinking Football Summit 2021, vão realizar-se vários “webinar”. E, curiosamente, este aconteceu no dia em que passaram 32 anos do inesquecível título de campeões do mundo de Sub-20, conquistado em Riade, na Arábia Saudita.
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equipas B e Sub-23, referindo “serem fundamentais para o processo de crescimento e evolução dos jovens jogadores”, enquanto Nelo Vingada acrescentou que a criação das equipas B “foi um passo importantíssimo e fundamental na formação dos jogadores”. Sendo que Renato Paiva foi ainda mais longe, afirmando que “os jogos das equipas B permitem colmatar várias lacunas que os jogadores têm”. Nota também para a reformulação dos quadros competitivos e da possível redução para 16 equipas na Liga NOS – defendida por Nelo Vingada e Tomaz Morais – o que não implica eliminar provas, mas sim reajustar o calendário e, assim, “aumentar a competitividade”, destacaram. Seguiu-se o segundo painel do dia cujo tema foi o “Tempo útil de jogo”. Nesta conversa, participaram os treinadores Marco Silva e Costinha (também ele Embaixador da Liga Portugal), Daniel Podence, jogador formado no Sporting CP e que atualmente defende as cores do Wolverhampton, Duarte Gomes, ex-Árbitro Internacional, e Tiago Madureira, Diretor Executivo da Liga Portugal. O espaço de debate arrancou com uma estruturada
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Os primeiros cânticos
e aplausos de 2021
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O duelo entre Santa Clara e FC P. Ferreira, da jornada 21, foi o primeiro deste ano a receber a presença do 12.º jogador: os adeptos. Um sinal de esperança e melhorias!
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É caso para dizer: as saudades que já tínhamos do 12.º jogador! Depois de meses muito difíceis para todo o país, o encontro entre Santa Clara e FC P. Ferreira, referente à jornada 21 da Liga NOS, trouxe um sinal de esperança, ao ter o primeiro jogo de 2021 a contar com adeptos nas bancadas - que voltaram a ser adeptos a 13 de março na receção do Santa Clara ao Portimonense. O Estádio de São Miguel foi o palco contemplado com www.ligaportugal.pt
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este primeiro jogo que teve adeptos, e que contou com a presença da Diretora Executiva Coordenadora da Liga Portugal, Sónia Carneiro, na primeira fila. Em jeito de homenagem aos adeptos, afirmou sentir “um grande privilégio de estar aqui e ouvir aplausos das bancadas e ver o estádio com público.” “A Liga tinha de estar presente, só voltaríamos com o regresso do público”, frisou. Em relação a um eventual regresso dos adeptos aos estádios referiu ser necessário “aguardar a evolução dos números”, mostrandose, apesar de tudo, otimista: “temos bons indicadores e, logo que haja luz verde do Governo, avançaremos, para o tão desejado vibrar das bancadas, que todos os clubes anseiam. No dia 12 de março fez um ano que as competições pararam. Tivemos a capacidade de retomar e não parar já é um enorme passo para o futuro que perspetivamos, a curto prazo, com os adeptos a voltarem a todos os estádios”. Já Rui Cordeiro, Presidente do Santa Clara, salientou que “não só o Santa Clara deve ser encarado como um exemplo, mas, também, todo o Futebol em geral”. “Esperemos que este jogo seja um sinal de esperança para todos os clubes”, rematou o dirigente máximo do emblema açoriano. De referir que esta decisão surge em articulação com o Governo Regional dos Açores, nomeadamente a DRS, com limitação de público em competições desportivas a um terço da respetiva lotação, garantindo todas as normas de distanciamento e segurança que o atual momento exige. Todas as medidas foram acauteladas, desde a entrada no recinto, bem como a circulação, os lugares e todas as saídas. Tudo foi feito com vista nos regulamentos e tudo correu com o maior sucesso possível. Um total de 1250 adeptos do Santa Clara puderam assistir a um espetáculo há muito tempo esperado e conseguiram apoiar a sua equipa de perto. De referir que este e o jogo com Portimonense foram os terceiros e quartos jogos com público no Santa Clara em 2020-21, após os duelos caseiros com Gil Vicente FC e Sporting CP.
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“As épocas correm-me sempre melhor quando estou com a minha família” David Simão, Jogador
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do Moreirense FC
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David Simão, de 30 anos, já teve o prazer de levar o seu talento a várias cidades europeias: Sofia, Antuérpia, Atenas e Beer Sheva. Porém, esta temporada, decidiu regressar à Liga NOS, uma competição que fez questão de elogiar. Em entrevista à Liga-te, o atleta português destacou o papel fundamental da família na sua carreira, não esquecendo, também, as épocas marcantes no CD Fátima e no Boavista FC. David Simão, médio do Moreirense FC, falou-nos, também, sobre os seus planos quando terminar a carreira de futebolista www.ligaportugal.pt
No Abóboda... Exatamente. E depois foi algo natural. O meu irmão jogava no SL Benfica e eu tinha de ir com a minha mãe, uma vez que era ela que o acompanhava sempre. Como é sabido, o SL Benfica tem olheiros por toda a parte e eu comecei a ser seguido no meu clube. Mais tarde acabei mesmo por receber um convite para integrar a formação do SL Benfica. Onde acabou por jogar durante toda a formação. O que mais aprendeu de águia ao peito? Aprendi aquilo que são princípios básicos do futebol. E que ainda hoje, como sénior, noto que muitos não os têm por não terem tido essas bases. Eu tive um treinador romeno, na Bulgária, que começou a implementar alguns exercícios básicos nos treinos. Nós interrogávamos o mister e ele dizia que aquilo era básico para nós porque tivemos uma boa escola. Mas que aspetos básicos são esses a que se refere? Por exemplo, fazer um overlap, ou coisas básicas como fazer contenção e cobertura. Quando entrei no SL Benfica, das primeiras coisas que aprendi nos treinos foi precisamente contenção e cobertura. Para mim era uma seca,
porque tinha nove anos, mas sei que foi muito importante. Já que falamos de formação, qual a sua opinião relativamente ao papel dos pais no processo de crescimento de um jogador? Muitas vezes, os pais são os principais culpados por fazerem com que os filhos vivam numa bolha de proteção. Porque ser bom com 10 anos não quer dizer nada. Eu fazia 10 golos todos os jogos. Tive, por exemplo, um jogo em que marquei três golos contra o Sporting CP e o meu pai não me falou dos três golos. Ele falou-me, sim, dos passes que eu falhei e do quarto golo que podia ter marcado. Ou seja, sempre numa ótica de eu melhorar, de me transcender.
o autocarro para ir para a escola e voltava às 23H00, uma vez que tinha de apanhar o barco e o comboio para chegar a casa. Portanto, não tinha sequer vida social com 15 ou 16 anos. Ainda assim, sinto que faria tudo de novo.
E falando exatamente da parte mental, da transcendência.... Qual a importância desse aspeto para um futebolista na atualidade? Eu julgo que a parte mental é mais de 50% do jogador. E é por isso que nós vemos atletas que, no espaço de um mês, estão num clube e não rendem e depois quando vão para um novo desafio parecem outros jogadores. Eles não perderam as suas competências. É uma questão mental e de confiança.
Antes de irmos ao Moreirense FC, é um facto que o David já representou vários emblemas portugueses ao longo da carreira. Qual o balneário que mais o marcou? Posso destacar logo o primeiro enquanto sénior, no CD Fátima. Eu costumo dizer que fazia todos os dias uma hora de carro para ir e outra hora para vir, mas acordava sempre ansioso para ir treinar, porque tinha um grupo espetacular. Sentia prazer em ir treinar. E isso marcou-me muito. A equipa técnica liderada pelo mister Rui Vitória também conseguiu entrar nesse nosso espírito. Eu senti-me muito acolhido. Nomes como João Vilela, André Carvalhas, o Veríssimo que é o treinador da equipa B do SL Benfica agora, entre tantos outros. Também gostei muito do Boavista FC, sobretudo no primeiro ano. Mas destaco o CD Fátima, até por ser um ano naturalmente complicado de transição de júnior para sénior.
Considera que aquele período em que viveu no Centro de Treinos do SL Benfica, em tenra idade, o ajudou muito no seu crescimento? Ajudou-me mais enquanto homem do que como jogador. Porque como jogador os meus treinos foram os mesmos. A minha motivação era a mesma. Mas ultrapassada esta fazer, comecei a ter mais tempo para mim, para descansar. Recordo-me que saía de casa às 07H00 para apanhar
Já teve, também, várias experiências no estrangeiro. Curiosamente, jogou em duas capitais europeias: Sofia e Atenas. Onde é que foi mais feliz? Talvez Sofia. O nível é claramente mais baixo, mas em Atenas fizeram-me passar por coisas que eu acho que não deveriam ser permitidas. Acredito que não seja fácil para quem dirige tentar agradar a toda a gente. Contudo, eu acho que o futebolista tem de ser
“Acordava sempre ansioso para ir treinar, porque tinha um grupo espetacular. Sentia prazer em ir treinar. E isso marcou-me muito” www.ligaportugal.pt
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Comecemos pela base de tudo. Como é que surgiu a sua enorme paixão pelo Futebol? Dentro da nossa casa sempre existiu o mundo do futebol. O meu irmão mais velho jogava, portanto eu sempre acompanhei os treinos dele. Enquanto ele treinava eu ficava atrás da baliza a jogar sozinho. E depois comecei por jogar no clube da minha terra.
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“A proposta do treinador do Moreirense FC é uma proposta que nos agrada, porque é necessário tomar a iniciativa do jogo, ter a bola e isso valoriza-nos” sempre o mais protegido. E eu passei por coisas no AEK que não me deixam boas recordações. Já em Sofia eu vivia com a minha família, sendo que a minha filha também nasceu nesse ano. As épocas correm-me sempre melhor quando estou com a minha família.
E em Israel, no Hapoel Beer Sheva, como foi a adaptação tendo em conta que viveu o período de quarentena sem a sua família? Foi mais difícil, porque era tudo novo. A pandemia era nova para nós, mas, felizmente, tive dois colegas fantásticos: o Miguel Vítor e o Josué. Aliás, o Miguel e a Tânia [esposa], diziam que eu era o terceiro filho deles e eu senti-me exatamente assim. Mais do que as conquistas, são estas coisas que deixam uma marca na nossa vida, porque a carreira de futebolista acaba e há algo mais que ficará sempre.
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E agora Moreira de Cónegos. Até onde pensa que o Moreirense FC pode chegar esta temporada? Acho, e espero, que o Moreirense FC se mantenha com este registo. É um clube que dá condições de trabalho. É um clube que deixa os jogadores tranquilos para trabalhar. A exigência continua, até mesmo entre nós, mas não há uma pressão exagerada sobre os jogadores. E a proposta do treinador do Moreirense FC é uma proposta que nos agrada, porque é necessário tomar a iniciativa do jogo, ter a bola, e isso valoriza-nos.
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E em relação à Liga NOS, o que mais lhe agrada nesta competição? Sobretudo a qualidade. Há matéria prima para assistirmos a um bom espetáculo. Existe muita crítica gratuita porque isso, infelizmente, faz parte do desporto. Claro que quanto mais dinheiro tiveres melhores jogadores consegues atrair. Mas Portugal, com os poucos recursos que tem à sua disposição, consegue criar aqui um espetáculo muito acima da média. www.ligaportugal.pt
E aí se calhar também entra o papel do treinador português.... Sabemos que já teve grandes treinadores ao longo da sua trajetória enquanto futebolista. Houve algum que o marcou e o impressionou de forma especial? Jorge Jesus. Ele é muito falado e eu acho que ele é diferente. Mas diferente em quê? É diferente no treino. É diferente no detalhe. Não foi o que mais me marcou. Mas foi o mais diferenciador. É um inventor e os resultados falam por si.
“Portugal, com os poucos recursos que tem à sua disposição, consegue criar aqui um espetáculo muito acima da média”
Pode recordar-nos essa importante história? O meu irmão teve um acidente muito grave e, no dia em que aconteceu, eu estava num jantar de equipa. Fui logo ter com ele, chamei-o à parte e expliquei-lhe o que tinha acontecido. E ele disse: “David, tens os dias que quiseres, volta quando te sentires preparado para voltar”. Estive dois dias em Lisboa e depois voltei para jogar contra o Marítimo M. Foram talvez os meus piores 45 minutos no Boavista FC, sendo que inclusivamente falhei um penálti. E, ao intervalo, quando vou a entrar para o balneário, o mister dá-me um toque nas costas e meteme dentro do balneário dele. E diz: “Sei que tiveste uma semana difícil. Chora aqui o que não choraste até hoje”. Chorei muito mesmo, foram quatro ou cinco minutos. Pareceu uma eternidade para mim. E depois ele disse-me que, embora tivesse sido uma semana muito difícil para
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Então quem é que mais o marcou? Jorge Simão. Eu considero que ele foi quase um pai para mim. Ele acreditou muito nas minhas capacidades. Na maior parte dos clubes que representei, eu joguei sempre. Mas ele acreditou em mim como mais ninguém acreditou. Ele pedia-me coisas que eu achava que não era capaz de fazer.
Eu representava o Boavista FC, mas jogava contra os grandes e achava que era melhor do que todos os jogadores do SL Benfica, FC Porto e Sporting CP. E há uma história na altura em que o meu irmão teve um acidente muito grave, que eu já contei algumas vezes, e que jamais esquecerei.
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mim, ele não me iria tirar e eu ainda seria importante naquele jogo. Acabámos por ganhar 2-1 e eu fiz a assistência para o segundo golo.
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Foi a semana mais difícil da sua carreira? Sim, claramente. Foi a semana mais difícil. Tenho um amor muito grande pelo meu irmão. E tinha a sensação de que podia perdê-lo a qualquer altura. E, por isso, o futebol passou para segundo plano. Mas depois daquela atitude do Jorge Simão, eu senti que por ele tinha de morrer dentro do campo. Em todos os jogos e em todos os treinos. Era este o sentimento que eu tinha por ele e que ainda tenho. Gosto de quase todos os treinadores que tive, mas por ele tenho algo especial. E, acima de tudo, as pessoas. O que faz um clube são as pessoas.
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Tudo a pensar nas pessoas que o rodeiam... Tudo para as pessoas, claro. Eu sou jogador durante duas ou três horas. E depois é a minha vida real. E vai começar uma vida diferente a
partir da altura em que eu deixar de jogar Futebol. E já tem algum plano para essa fase? Só me vejo aqui no meio do Futebol. Estou a tirar o Nível II e se um dia pensar em ser treinador não vai ser a questão do curso que me vai impedir de iniciar essa vertente. Ser diretor de um clube também é uma opção, porque eu gosto da questão da organização, e, tendo em conta que sou jogador, sei o que é verdadeiramente importante. Qual o melhor conselho que alguma vez lhe deram e quem o deu? Os meus pais sempre me disseram para acreditar em mim e nas minhas qualidades. E depois o que eles me pedem sempre é que eu seja humilde e trabalhador. Se fores humilde, se quiseres sempre mais e acreditares em ti, julgo que isso te vai ajudar muito a conseguires aquilo que pretendes. As nossas bases são fundamentais. No futebol e na vida. E nesse aspeto tive muita sorte!
Perguntas de resposta rápida Se não fosse jogador de futebol, o que gostaria de ser? Construtor Qual o futebolista mais talentoso com quem já jogou? Pablo Aimar Qual o seu filme favorito? Em busca da felicidade E a série preferida? Prison Break Qual o/a artista musical da sua vida? Mariza A melhor viagem que já fez? Todas aquelas em que fui com a minha família A sua comida favorita? Bacalhau A palavra que melhor o define? Verdadeiro
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No primeiro mês de 2021, Mehdi Taremi (FC Porto) e Marcus (CD Feirense) estiveram em plano de evidência ao conquistarem os prémios de Melhor Jogador do Mês, relativos aos escalões em que alinham. Pepa (FC P. Ferreira) e Álvaro Pacheco (FC Vizela), por sua vez, foram os timoneiros em destaque, com Adán (Sporting CP), Pedro Porro (Sporting CP), Bruno Costa (FC P. Ferreira) e Hugo Gomes (Estoril Praia) a completarem o lote o de premiados.
Melhor Jogador do Mês Liga NOS Mehdi Taremi (FC Porto)
Melhor Jogador do Mês Liga Portugal SABSEG Marcus (CD Feirense)
Prémio Vítor Oliveira - Treinador do Mês Liga NOS Pepa (FC P. Ferreira)
Prémio Vítor Oliveira - Treinador do Mês Liga Portugal SABSEG Álvaro Pacheco (FC Vizela)
EuroBic Guarda-Redes do Mês Liga NOS Adán (Sporting CP)
Defesa do Mês Liga NOS Pedro Porro (Sporting CP)
Médio do Mês Liga NOS Bruno Costa (FC P. Ferreira)
Avançado do Mês Liga NOS Mehdi Taremi (FC Porto)
Bet.pt Golo do Mês Liga NOS #019
Pedro Porro (Sporting CP)
Bet.pt Golo do Mês Liga Portugal SABSEG Hugo Gomes (Estoril Praia)
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Já em fevereiro, Al Musrati (SC Braga) e Samu (FC Vizela) encheram as medidas aos treinadores principais da Liga NOS e Liga Portugal SABSEG, com ambos os jogadores a conquistarem a primeira distinção de Melhor Jogador do Mês. Rúben Amorim (Sporting CP) e Filipe Rocha (CD Feirense) venceram o Prémio Vítor Oliveira Treinador do Mês, nos respetivos escalões, enquanto Adán (Sporting CP), Mehdi Taremi (FC Porto) e Ryan Gauld (SC Farense) completaram o lote de premiados. De referir que a entrega destes prémios irá decorrer durante o mês de março!
Melhor Jogador do Mês Liga NOS Al Musrati (SC Braga)
Melhor Jogador do Mês Liga Portugal SABSEG Samu (FC Vizela)
Prémio Vítor Oliveira - Treinador do Mês Liga NOS Rúben Amorim (Sporting CP)
Prémio Vítor Oliveira - Treinador do Mês Liga Portugal SABSEG Filipe Rocha (CD Feirense)
EuroBic Guarda-Redes do Mês Liga NOS Adán (Sporting CP)
Defesa do Mês Liga NOS Coates (Sporting CP)
Médio do Mês Liga NOS Al Musrati (SC Braga)
Avançado do Mês Liga NOS Bet.pt Golo do Mês Liga NOS Ryan Gauld (SC Farense)
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Mehdi Taremi (FC Porto)
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A palavra aos Embaixadores com…
Costinha Cinquenta e três internacionalizações pela Seleção Nacional, títulos internacionais, e um golo que “gelou” Old Trafford e que irá, certamente, perdurar para sempre na memória dos adeptos do FC Porto. Estes são alguns dos destaques de uma carreira recheada de sucessos, por parte do Embaixador da Liga Portugal, Costinha. O “ministro”, como é carinhosamente conhecido no mundo do Futebol, é o primeiro convidado da rubrica “A palavra aos Embaixadores”. A “falta do público e da vibração que os adeptos, nas bancadas, transmitem aos jogadores”, bem como a necessidade de “prosseguir o caminho dos melhoramentos, nomeadamente ao nível das condições de jogo”, são alguns dos assuntos em destaque nesta conversa para a Liga-te desafio que treinadores e clubes enfrentam: a gestão dos seus plantéis, uma vez que, a qualquer momento, podem ter de proceder a alterações forçadas. Na sua opinião, qual a equipa surpresa da Liga NOS? Tendo em conta que,
habitualmente, Sporting CP, FC Porto, SL Benfica e SC Braga andam sempre pelos quatro lugares cimeiros, destacaria o FC P. Ferreira. A equipa comandada pelo Pepa já vinha a apresentar bons desempenhos na época anterior e, esta temporada, com algumas contratações cirúrgicas, conseguiu melhorar o seu comportamento em jogo. É também um clube que conheço bem e sei o quanto é organizado! O que acha que podia mudar no Futebol? O Futebol tem vindo a mudar ao longo dos anos, mas há algo que era importante mudar: a mentalidade existente (só pode ganhar um e terão sempre
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Como vê o momento atual do Futebol em tempos de pandemia? É um futebol que sente a falta do público e da vibração que os adeptos, nas bancadas, transmitem aos jogadores. Sem eles, o jogo perde magia e não é tao espetacular. Em termos financeiros, para alguns clubes, torna-se mais difícil contratarem e manterem as suas peças mais influentes. Por outro lado, assistimos a um
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Amorim. Pelo belíssimo trajeto que está a ter e pelo impacto que tem nesta fase, que o Sporting CP não vivia já há vários anos. Na Liga Portugal SABSEG destacaria o Rui Borges, da A. Académica, pois também tem feito um enorme trabalho, num clube que sonha com o regresso à Liga NOS há muito tempo.
Até ao momento, e na sua opinião, qual o treinador que esta a destacar-se nas competições profissionais (Liga NOS e Liga Portugal SABSEG)? Na Liga NOS diria o Rúben
Numa palavra como define o Futebol? Amor
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No panorama do Futebol Profissional português, qual o jogador de futebol (a atuar) com maiores semelhanças a si (enquanto jogador)? Não consigo dizer um nome, pois estamos num contexto e tempo diferentes. Haverá certamente algum, mas não gosto e não faço comparações. Cada qual tem a sua forma de ser, estar e competir. O que posso dizer é que há excelentes jogadores nas mais diversas posições!
Que conselho daria a um jovem jogador que estivesse a dar os
primeiros passos no Futebol? O primeiro conselho é que não vá exclusivamente atrás do dinheiro. O foco deve passar sempre pela paixão pelo jogo e treino. Se for determinado, ambicioso, humilde, e perseverante, o dinheiro acabará por aparecer naturalmente. Em segundo lugar, é preciso muito espírito de sacrifício para poder alcançar a carreira que tanto deseja. Pelo caminho terá de abdicar de algumas situações, mas o segredo passa por nunca desanimar, desistir, e jamais permitir que alguém lhe diga que não é capaz. Por fim, e de extrema importância, é essencial aprender a olhar para si próprio e conseguir ter a capacidade de autocriticar-se, de forma a que não aconteça como em tantos casos onde, derivado ao facto de não terem alcançado a carreira desejada, acabam sempre por deitar as culpas nos outros. A autocrítica ajuda a perceber onde é necessário melhorar e, também, a lidar, com normalidade, às críticas recebidas por parte de treinadores, colegas, publico e comunicação social. Ser jogador não é um hobby, pois esta é uma profissão que exige muita dedicação, paixão e amor.
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de descer duas ou três equipas). Para a competição ser mais atrativa, penso que seria necessário prosseguir o caminho dos melhoramentos, nomeadamente ao nível das condições de jogo, dos estádios, dos relvados, dos centros de treino e promover uma distribuição mais equitativa de receitas às equipas, para se poderem preparar melhor. Quando digo preparar, não me refiro apenas à constituição do plantel: falo do melhoramento das instalações/ departamentos, de forma a que o treinador e os jogadores possam demonstrar melhor qualidade de jogo aos adeptos. Poderia deixar mais algumas sugestões, mas vou terminar dizendo, que só melhorando o nosso produto – e tem de ser com a colaboração de todos os envolvidos -, poderemos ambicionar ter um Futebol mais forte e competitivo.
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Prémio Comunicação e Marketing
“Nenhum gverreiro fica para trás” é a campanha vencedora de dezembro
Iniciativa promovida pelo SC Braga deixou um forte agradecimento aos profissionais de saúde numa altura difícil do país
Num vídeo que retrata a véspera de Natal de uma profissional de saúde, em tempos de pandemia, a estrutura do SC Braga prestou um excelente tributo ao encher de magia o Natal da sua família. Um momento de agradecimento, que destaca a importância da “Legião” e que
deixa claro que “nenhum gverreiro fica para trás”. Para Alexandre Carvalho, Diretor de Comunicação do SC Braga, este vídeo “é uma pequena parte da estratégia de Comunicação e Marketing do SC Braga, que nos coloca como uma das
referências nacionais e até mesmo internacionais neste âmbito”. Já Tiago Madureira, Diretor Executivo da Liga Portugal, enalteceu “a excelente homenagem associada a esta iniciativa”, que reflete “o excelente trabalho que os clubes têm feito nas áreas de Marketing e Comunicação”.
“La chita… chega para reforçar o ataque”
Chegada de Allano Lima ao Santa Clara ficou marcada pela originalidade e diferenciação
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a apresentação que valeu o prémio de janeiro
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Já em janeiro, a “diferente” apresentação de Allano Lima mereceu a conquista desta distinção promovida pela Liga Portugal e Marketeer. O clube açoriano deu a conhecer aos adeptos, através de um vídeo inovador, o perfil do novo reforço, salientado as características do avançado brasileiro que se assemelham, segundo a equipa
açoriana, a um animal veloz, rápido e astuto. Para Emanuel Melo, Diretor de Comunicação do Santa Clara, este “é um justo reconhecimento da política distintiva que temos vindo a adotar, pelo que vamos continuar este caminho, sempre com o foco em todos os adeptos açorianos”. Já
João Medeiros Cardoso, Diretor Comercial da Liga Portugal, destacou este “conteúdo digital diferenciador, que foi capaz de criar um impacto positivo na comunidade de adeptos do Santa Clara”. www.ligaportugal.pt
A cumprir a segunda época ao serviço do FC P. Ferreira, Pepa está a protagonizar uma campanha notável no clube pacense. Pedro Miguel Marques da Costa Filipe, de 40 anos, começou a carreira de treinador de forma natural e com objetivos fortes, mas sempre a pensar a curto prazo. Pepa faz parte da nova geração de treinadores e tem trilhado um caminho de sucesso e qualidade, a que acrescenta um futebol positivo e unanimemente elogiado
“Adeptos fazem-nos mesmo muita falta” pepa, Treinador
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do FC P. Ferreira
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Fez uma época em Paços de Ferreira como treinador, teve propostas de clubes nacionais (inclusive esta época) e também vindas do estrangeiro, mas decidiu ficar e está a cumprir a segunda temporada no clube. Porque é que quis ficar no FC P. Ferreira? Sobretudo pelo clube e pela sua estrutura, pelos jogadores. Sinceramente, isso foi o principal. Por me darem a garantia e a certeza de que iam ser feitos todos os possíveis para que o núcleo duro da época passada continuasse connosco, porque sentíamos que tínhamos condições para continuar o bom trabalho, a valorizar jogadores, a potenciá-los, a retirar o melhor deles em termos de rendimento e de terem alegria e prazer a jogar. Acima de tudo, sentimo-nos muito bem onde estamos, é um clube que tem umas condições fantásticas, recursos humanos, não precisam de ser muitos, mas são muito bons, desde o roupeiro, à dona Teresa, ao Diogo do
pequeno-almoço, às senhoras da limpeza, ao João Vítor, o motorista, que é um faz-tudo… Ou seja, temos ali pessoas fantásticas e é como se fosse uma família. Por tudo isto, foi fácil continuar no Paços de Ferreira. É um clube muito organizado e com um ambiente familiar impressionante. Tem condições de trabalho de excelência.
“Receber o primeiro prémio Vítor Oliveira teve um significado muito especial, pelo que significava para mim”
Acredito que tenha sido uma grande honra ter sido o primeiro treinador a receber o Prémio Vítor Oliveira, ainda por cima fazendo parte de uma geração de novos treinadores. Existe algum sentimento de vontade/responsabilidade em prolongar o legado deixado pelo Vítor Oliveira? Independentemente de tudo, no futebol, na vida, os bons exemplos são sempre para serem seguidos e o Vítor tinha uma capacidade tremenda de alegrar tudo e todos à volta dele, era contagiante, iluminava uma sala escura! O primeiro prémio com o nome dele, do Vítor Oliveira, não é para o Pepa... Ter vindo para Paços de Ferreira, a mim e a todos, dissenos muito. Disse à cidade, disse aos adeptos, aos dirigentes e aos jogadores, porque muitos dele também foram treinados pelo Vítor. A mim, também me comoveu muito. Não ligo a prémios individuais em desportos coletivos, mas esse teve um significado muito especial, pela www.ligaportugal.pt
Nos dias que correm, quais são os principais desafios que um treinador de futebol enfrenta? Temos de estar preparados para a possibilidade de perdermos jogadores a 24 horas de um jogo, penso que essa é a principal dificuldade. Temos tido alguma felicidade com a responsabilidade do grupo de trabalho e também da equipa médica, que é muito “chatinha”, no bom sentido da palavra. Mas tem de ser porque temos tido muitos exemplos. Estamos sujeitos a perder quatro, cinco, seis, sete jogadores assim de repente e torcemos todos para que isso não aconteça. Acredito que essa seja a principal dificuldade. Tudo o resto é feito com muita naturalidade, é o desafio do jogo, é a estratégia, é esmiuçar o adversário ao pormenor, é corrigirmos o que temos a corrigir, isso é o quotidiano normal. Penso que aqui a grande diferença tem sido esta horrível pandemia que nos afeta há quase um ano. Como tem sido jogar sem adeptos? É muito esquisito para os jogadores não poderem festejar um golo com os adeptos e no final é habitual termos aquela comunhão adeptos-equipa, o barulho no estádio, quando há um remate e parece que é golo, mas não é golo, quando há uma grande defesa e dizem que é golo, mas não é golo. Quando festejamos duas vezes porque depois vai ao VAR e depois é golo outra vez… Fazem mesmo muita falta! Mas é mais do que compreensível, temos de estar juntos nesta luta e seguir as regras. Vamos vencer todos juntos. Que impacto tem a ausência dos adeptos nos clubes, nomeadamente no FC P. Ferreira? Sentimos muito a falta dos nossos adeptos. São exigentes e gostamos muito dessa exigência de jogar à Paços! Somos nós que www.ligaportugal.pt
“É muito esquisito para os jogadores não poderem festejar um golo com os adeptos e, no final, é habitual termos aquela comunhão adeptos-equipa” “A própria classificação e os jogos esta época refletem a competitividade e o equilíbrio desta Liga NOS” exigimos a nós próprios termos essa cumplicidade com o clube e com os adeptos. Fazem-nos mesmo muita falta. Já houve situações em que jogou contra uma equipa e, quando o desafio acabou, chegou a trocar mensagens com outro treinador? Sim, falo abertamente sobre o que se passa/passou no jogo. Não é algo muito usual, mas já aconteceu. Admito que sim… Foi jogador de futebol... A ideia de ser treinador como surgiu? Foi engraçado e acho que nunca
contei isto muitas vezes. E foi em Paços de Ferreira! Foi giro porque uma coisa é ter uma liderança natural, ser competitivo, querer ganhar e querer perceber o jogo e o treino, isso já estava em mim desde miúdo. Tive uma fase como jogador do Paços de Ferreira, na época 2004-05, em que me estreei só no último jogo. Foi um ano praticamente parado devido a lesões complicadas e graves. Ia muitas vezes para os camarotes ver os jogos e um dia cruzei-me com o professor José Neto, que me falou do I nível do curso de treinador. Foi uma forma de me motivar, pois sabia da minha paixão pelo jogo e pelo treino de futebol, e achei piada àquilo. O Pepa é visto como um treinador com personalidade, de ideias firmes e sem medo de jogar futebol. É assim que se vê também? Como se descreve? Um jogador, num grupo de trabalho, se tiver prazer e alegria naquilo que faz, o rendimento vai ser melhor. Uma das coisas mais importantes é passar a mensagem para os jogadores dentro de campo. A competência também se vê muito na forma como a mensagem é passada, como a ideia é passada. Isso é muito importante para jogarmos de olhos “fechados”, para termos uma equipa que sabe o faz dentro de campo, mas depois há pequenas coisas que também fazem toda a diferença. Às vezes fala-se muito que os jogadores são profissionais e que têm de dar 100%. E têm! Mas, para mim, 100% não chega: é preciso dar a vida dentro de campo, ser uma equipa com alma, com personalidade, com paixão. Isso é algo que se transmite e que nos cabe a nós enquanto equipa técnica fazê-lo. Temos de incutir isso no grupo de trabalho, pois chega a uma altura em que é o próprio jogador, o próprio grupo a ser competitivo, a querer mais, a ter de trabalhar, a ir com alegria para o treino, a querer evoluir, a querer crescer. Isso é gratificante. Temos um gosto enorme e estamos sempre
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pessoa e pelo que significava para mim.
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“Não é só dizer de boca que temos de saber perder e saber ganhar, temos de respeitar quem ganha. Desporto é fair play e o fair play desportivo é muito importante. Desporto é saber reconhecer quando o adversário foi melhor” ansiosos que chegue o treino de amanhã.
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Há algum sistema tático pelo qual tenha preferência? 4x3x3, 4x4x2 ou outro? Acima de tudo procuramos potenciar os jogadores que temos e não estarmos fechados num só sistema. Mas o sistema que me dá mais gosto para trabalhar e potenciar os meus jogadores é o 4x3x3, com um médio centro e dois médios interiores. Em vez de ser um 4x2x3x1, é um 4x3 com 2x1, o seja com dois alas e um ponta de lança.
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Acredita que a presente edição da Liga NOS é uma das mais competitivas dos últimos anos, até pelo exemplo que o FC P. Ferreira está a dar? A própria classificação e os jogos também refletem essa mesma competitividade e esse mesmo equilíbrio, portanto concordo que temos um campeonato em que podemos ver que a distância é muito curta. Uma equipa que consiga ganhar dois ou três jogos seguidos, dá um salto tremendo na classificação. Por isso é que
temos de ter cuidado, mais do que olharmos e estarmos preocupados com a classificação, temos de olhar para o processo e tem de ser um processo contínuo. Se acreditarmos que esse processo está sustentado e que está dentro daquilo que tínhamos projetado, os pontos vão aparecer com naturalidade. Ou mais à frente ou num curto espaço de tempo. O facto de Portugal exportar muitos talentos é representativo da qualidade que existe na Liga NOS e também da Liga Portugal SABSEG? É sinal que valorizamos os jogadores e isso é uma necessidade dos clubes. Falo do Paços de Ferreira, preciso ter a capacidade de trabalhar muito bem, de antecipar a escolha de alguns jogadores. Se formos a discutir ou disputar jogadores em termos salariais com outros clubes, se calhar não tínhamos hipótese. Agora tem de ser pela antecipação, pela apresentação de um projeto desportivo que possa ajudar a convencer o jogador de que aqui é o sítio certo.
E no balneário do FC P. Ferreira, já se falou em competições europeias? Tendo passado por aquilo que passámos no ano passado, temos mesmo os pés assentes no chão, sabemos que isto é futebol. Uma equipa de repente pode perder três, quatro jogos seguidos. Temos de ter este equilíbrio emocional. Não é só dizer de boca que temos de saber perder e saber ganhar, temos de respeitar quem ganha. Desporto é fair play e o fair play desportivo é muito importante. Desporto é saber reconhecer quando o adversário foi melhor. Temos ambições e para sonhar não se paga. Podemos sonhar, mas temos os pés bem assentes no chão. É um chavão, mas é a realidade. Vamos devagarinho, jogo a jogo… Já foi campeão pelo FC P. Ferreira em 2004-05 como jogador e viveu uma subida ao principal escalão. Qual é a sua opinião sobre a Liga Portugal SABSEG e que importância tem para o futebol português? Naquele ano eram 24 equipas, ou seja, foi muito competitiva, muito equilibrada. Costumo dizer www.ligaportugal.pt
que mais de metade das equipas têm que ter legítimas ambições e o objetivo de subir de divisão porque o equilíbrio é muito grande. É muito possível e muito natural o último classificado ir ganhar ao primeiro ou o contrário. É fundamental as estruturas, os jogadores e a equipa técnica conseguirem manter o equilíbrio e perceber que há fases boas e menos boas. Uma equipa mantendo-se próxima da carruagem da frente, é perfeitamente possível depois disparar e avançar para a luta final.
diferente. Uma pessoa não consegue agradar a tudo e todos, mas não me preocupo em agradar a ninguém. Quer deixar uma mensagem à equipa técnica e aos adeptos que gostam do seu futebol? No fundo são dois pilares muito importantes para a constante evolução de um treinador. Concorda? Costumo dizer que não divido a minha família e a minha equipa técnica em 50/50, é 100% para família e 100% para a equipa
técnica. A minha família também sabe a dedicação, a paixão e o tempo que dedico ao treino e ao futebol. A equipa técnica também sabe o valor, a importância e o tempo que dedico à minha família. Isso é inegociável. Quanto aos adeptos, quero deixar-lhes um grande abraço de paciência e de coragem e dizer que sentimos muito a falta deles. Até mesmo quando assobiam, dá sempre aquela “pica” e aquele gozo natural. Os adeptos enriquecem o futebol. Para mim, são tudo.
De que forma é que o Pepa quer deixar a sua marca? E onde é que a ambição o pode levar um dia? O meu objetivo é grande, mas, a curto prazo, o foco está no próximo jogo e no nosso próximo adversário. Este tem sido o lema e vai continuar a ser. Tenho ambições normais e sempre com muita naturalidade, sempre com o princípio de não passar por cima de ninguém, de não atropelar ninguém e de não querer pôr a carroça à frente dos bois. O que tiver de acontecer acontece e não estou obcecado com nada, porque se estiver obcecado a pensar com muita coisa à frente, não vou fazer o que tenho de fazer hoje. A marca que quero deixar, é a de ser uma pessoa íntegra, frontal. Sou o que sou, quem me conhece sabe como sou, mas às vezes até podemos passar uma imagem
“Todos os treinadores me marcaram”
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como treinador e como pessoa e, na altura, como jogador, portanto tenho de agradecer a todos. Tive treinadores fantásticos e, se estivesse aqui a enumerar, não me calava. O último marcou-me muito porque, lá está, é aquela última imagem que fica, pois foi numa fase já muito difícil da minha carreira enquanto jogador e ele acreditou muito em mim. Se não tenho tido ainda
mais lesões nesse ano, acredito que tinha voltado à Primeira Liga com o Paulo Sérgio, em Olhão. O Paulo Sérgio é um verdadeiro amigo no futebol? Não temos relação pessoal de almoço e de casa, porque o trabalho também não deixa tempo para tal, mas é e será sempre uma pessoa por quem tenho uma admiração e respeito enormes.
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Qual foi o treinador que mais o marcou? Esta é uma pergunta difícil de responder, estar a individualizar alguém… Penso que todos me marcaram, pois há sempre coisas muito positivas a retirar, como também há aquelas coisas com as quais não me identificava, mas mais tarde, se calhar, até consegui compreender o porquê. Isso tudo obrigou-me a crescer
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“Percurso ascendente reflete muito trabalho e dedicação” Álvaro Pacheco, Treinador do FC Vizela
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De regresso à Liga Portugal SABSEG, o FC Vizela é uma das sensações da edição 2020-21 desta competição. Um dos rostos desta sólida campanha é o treinador Álvaro Pacheco, que cumpre a primeira época como treinador principal em competições profissionais. Em entrevista à Liga-te, o técnico de 49 anos recorda o seu percurso ascendente no Futebol, com destaque para os seis anos em que trabalhou como adjunto de Miguel Leal, naquela que foi “uma fase de grande sacrifício, mas indispensável para aprender, evoluir e, principalmente, amadurecer”. O timoneiro do FC Vizela destaca ainda “a ambição e a estabilidade” do projeto vizelense e revela as suas ambições pessoais para o futuro: “Chegar e vencer na Liga NOS e, acima de tudo, concretizar o sonho maior: ouvir o hino da Champions!”
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Esta é a primeira época do Álvaro Pacheco como treinador principal, nas competições profissionais. Que balanço faz desta experiência, até agora, neste primeiro terço de campeonato? A nível pessoal, a experiência tem sido muito positiva. Tenho, desde o início da minha carreira como treinador principal, os meus objetivos bastante claros na minha cabeça, e o nosso percurso ascendente reflete muito trabalho e dedicação, na procura de tudo aquilo que foi projetado. Um dos objetivos era claramente competir nos campeonatos profissionais, pela dimensão, pelo
desafio, e pela oportunidade de testar as nossas ideias num campeonato marcado pela exigência e qualidade das equipas, jogadores e treinadores. A nível coletivo, estou bastante satisfeito com o desempenho dos meus jogadores e pela resposta dada, pela estrutura do clube que represento, à adaptação às competições profissionais. Não posso deixar de referir que grande parte dos meus jogadores transitaram de um campeonato não profissional e essa adaptação inicial sentiu-se logo nas primeiras jornadas, onde a nossa inexperiência trouxe alguns
percalços. Mas foi esta fase, na minha opinião, incontornável, que nos fez crescer, unir, e catapultar para o nível que demonstramos hoje. O FC Vizela é uma das equipas em melhor forma na Liga Portugal SABSEG, estando inclusivamente perto dos lugares de promoção. Qual o segredo desta boa campanha? Em primeiro lugar, o grupo de trabalho. Os meus jogadores estão 100% comprometidos com a nossa ideia de jogo. Trabalham diariamente nos limites, porque só assim acreditamos ser possível
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atingir patamares de excelência. São homens de grande caráter e coragem, e isso é fundamental para fazer parte desta família! O facto de muitos deles transitarem da época passada penso ter facilitado, também, o entrosamento e o assimilar dos conceitos de jogo e a forma de encarar os desafios. Em segundo lugar, o importante papel da estrutura do clube na estabilidade que transmite! As condições a nível de infraestruturas, a nível dos departamentos (técnico, médico, recursos humanos) e a estabilidade financeira, permitem manter o foco naquilo que é importante: o treino! Em terceiro lugar, a competência, profissionalismo, lealdade e dedicação da minha equipa técnica, que são parte importante do nosso percurso (Pedro Valdemar, Bruno Pinto, Zé Miguel, Marcelo Gonçalves, Daniel Barbosa e João Azevedo).
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Neste regresso às competições profissionais, o FC Vizela tem feito uma forte aposta no melhoramento de infraestruturas (caso das obras de remodelação no Estádio Futebol Clube de Vizela). Que importância têm estes melhoramentos para o trabalho diário do clube? Este esforço feito pela nossa Administração, na melhoria das condições que o clube oferece aos seus colaboradores e atletas, é, sem sombra de dúvida, uma consequência natural da visão que a SAD, juntamente com o investidor, tem para o futuro do clube. Obviamente que as melhorias das condições de trabalho são importantes para o desempenho do grupo, e isso reflete-se na alegria, orgulho, ambição e motivação com que todos representam este clube. Mas esta melhoria não foi só a nível das infraestruturas! A nível de recursos humanos, o FC Vizela é, também, um clube bastante estruturado e profissionalizado tendo a sua gestão diária apoiada na pessoa do nosso Tiago Dias
“Estou bastante satisfeito com o desempenho dos meus jogadores e pela resposta dada, pela estrutura do clube, à adaptação às competições profissionais” (Diretor-Geral) e na do Pedro Albergaria (Diretor-Desportivo), ambos bastante presentes e atentos a todas as nossas necessidades. Olhando agora para a carreira do Álvaro Pacheco: esta é a terceira época em que está na condição de treinador principal – a segunda consecutiva ao serviço do FC Vizela -, depois de seis anos como treinador adjunto do Miguel Leal. Que importância o Miguel Leal teve na sua carreira e na forma como encara o Futebol? Da experiência com o Miguel Leal, retiro a oportunidade de treinar como adjunto nos campeonatos profissionais (Liga NOS e Liga Portugal SABSEG), em clubes de dimensão, o que me permitiu aprender, evoluir e, principalmente, amadurecer o que hoje são os meus princípios de jogo. Tive a oportunidade de conhecer todas as vertentes do treino, desde a observação até ao trabalho de campo. Posso dizer que passei por todos os departamentos, o que, na minha opinião, nos dá uma perceção do futebol de uma forma muito abrangente e enriquecedora. Foram anos de grande trabalho, dedicação, em que muitas das vezes, acumulei várias funções e tarefas, desde observação, análise e operacionalização do treino. Em suma, foi uma fase de grande sacrifício, mas indispensável no meu percurso. Depois destes seis anos como adjunto do Miguel Leal, seguiu-se ainda uma passagem pela Lituânia, onde integrou a equipa técnica do Filipe Ribeiro, no Lietava Jonana. Quando sentiu
que estava preparado para o desafio de assumir as funções de treinador principal, e como surgiu o convite da AD Fafe, do Campeonato de Portugal? A experiência da Lituânia vem no seguimento do fim de ciclo com o Miguel Leal e o projeto foi-me lançado pelo meu amigo Filipe Ribeiro. Aceitei pelo desafio, pela confiança que depositava no Filipe e, principalmente, porque senti que iria adquirir novas competências, bem como experienciar uma nova realidade, num país sem grande tradição de futebol, mas, em termos culturais, bastante desafiante. Cresci como pessoa e treinador. Aprendi muito da troca de ideias e discussão entre duas almas, sozinhas, que passavam horas a debater futebol! O projeto do Fafe surgiu pouco tempo depois, após o regresso a Portugal, através do seu presidente, Jorge Fernandes, que acreditou em mim e me fez o convite para liderar a AD Fafe. Senti, nessa altura, estar preparado para assumir um projeto como treinador principal. Tivemos uma conversa informal onde expus, de uma forma muito simples, aquilo que eu sou como pessoa e naquilo que acredito ser a minha visão do futebol. Já tinha sido atleta da AD Fafe e penso que esta ligação também foi importante na tomada de decisão. Não posso deixar de agradecer ao presidente a oportunidade que me deu, às pessoas que trabalharam comigo diariamente, ao Pedro Valdemar (que me acompanhou e iniciou esta caminhada comigo), ao Rémulo www.ligaportugal.pt
A verdade é que fez uma excelente época ao serviço da AD Fafe, seguindo-se, na temporada seguinte, o desafio do FC Vizela – que curiosamente militava na mesma série. O que o levou a aceitar esta mudança e que projeto lhe foi apresentado pelo Presidente Diogo Godinho? Apesar da época no AD Fafe ter sido muito boa, que culminou no acesso ao play-off, por várias razões, senti que teria de abraçar um novo desafio. Só fazia sentido um projeto ambicioso e o FC Vizela surgiu através do seu Diretor-Geral, Tiago Dias, e dos administradores da SAD, Presidente Diogo Godinho e Gonçalo Moreira. Gostei logo da forma como a abordagem foi feita, de uma forma séria e apaixonada, que me levou a Identificar imediatamente com o clube e projeto. Apesar de, nesse ano, a subida www.ligaportugal.pt
não ser um objetivo obrigatório, fruto também da concorrência forte das equipas B de Vitória SC, SC Braga e Marítimo M., senti, pela dimensão e organização do clube, e acreditando no meu trabalho, na minha equipa técnica, no meu grupo de jogadores, e em todo o resto do staff, que poderíamos discutir o acesso aos campeonatos profissionais. A verdade é que o FC Vizela estava já preparado para a subida de divisão! Foram-me dadas todas as condições para ser melhor treinador e potencializar o meu grupo! Esta primeira época como timoneiro do FC Vizela fica marcada pela suspensão do Campeonato de Portugal, derivado à pandemia de
COVID-19. O FC Vizela acabou, no entanto, por ser um dos emblemas promovidos (em virtude de ser a equipa com mais pontos no total das quatro séries, no momento da interrupção). Como foi lidar com uma situação tão atípica, onde não foi possível concluir a época, mas que acabou por culminar numa subida de divisão? Foi uma época, a todos os níveis, completamente atípica! Feita de alegrias, frustrações e alguma desilusão à mistura. Alegria pela subida, sem dúvida. Frustração por mim, pelos meus jogadores e estrutura, pois entendo que merecíamos ter subido no campo. E, ainda, desilusão pelo facto de não podermos festejar com o grupo, com a cidade e adeptos, que tanto mereciam.
“Com o Miguel Leal, tive a oportunidade de conhecer todas as vertentes do treino, desde a observação até ao trabalho de campo”
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Marques, e aos sócios pela forma calorosa com que sempre me trataram!
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A nível competitivo, culminou com a nossa subida após semanas de incerteza na retoma do campeonato. Durante o período em que estivemos parados, o treino à distância foi sempre uma realidade com planos de treino, muitos deles personalizados, em função das condições dos atletas. Todos os parâmetros do treino eram medidos e quantificados e, até nesta fase, a competição mantinha-se, através de desafios de superação, que os atletas mantinham, entre eles, na busca do vencedor do exercício em questão. O mais importante era manter o foco pois achávamos, na altura, que iriamos regressar, terminar a caminhada no Jamor e festejar com os nossos sócios. Infelizmente não foi possível retomar, mas penso que, para uma equipa que esteve sempre em primeiro lugar na sua série desde o início do campeonato, e que mais pontos conseguiu e golos marcou, entre todas as 72 equipas do Campeonato de Portugal, a decisão de subir pareceu-me justa.
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O Álvaro conta com uma vida inteira dedicada ao Futebol, tendo sido jogador entre 1986 e 2008. Em todas estas épocas de Futebol, perguntava-lhe quem foi a personalidade com quem trabalhou que mais o marcou e qual o motivo? Rui Quinta. Foi quem despertou em mim a curiosidade de aprender mais sobre o treino. Foi meu treinador e meu coordenador nas camadas jovens do Paredes. E, fruto também da responsabilidade de dirigir as camadas jovens do clube, surgiu o interesse em saber mais sobre a importância de uma ideia de jogo, comum ao grupo, para que tudo fizesse sentido. O Rui transmitia tudo isso com muita paixão. Destacaria ainda o Professor Vítor Frade, pessoa pela qual nutro uma grande admiração, e, que teve, e tem, até aos dias de hoje, grande
“Rui Quinta foi quem despertou em mim a curiosidade de aprender mais sobre o treino” influência em alguns aspetos da minha abordagem ao futebol e, também, Fernando Festas (época 2000-2001 Vilanovense FC), pelo seu caráter, frontalidade e humanidade, Eurico Gomes (época 1996-1997 Tirsense), pela liderança, Artur Costa (FC Lixa), pela gestão do grupo e, por fim, António Valença (época 2003-2004 AD Fafe), pela personalidade aglutinadora e capacidade de manter um ambiente de balneário fantástico. Durante este percurso como jogador, sempre idealizou manter-se ligado ao Futebol após o término da carreira? Quais as suas metas e ambições para o futuro? Sim, sempre foi o meu sonho manter-me ligado ao Futebol. Acho que nunca tive um plano B! Quanto a metas, espero evoluir como treinador: Chegar e vencer na Liga NOS e, acima de tudo, concretizar o sonho maior: ouvir o hino da Champions!
eLiga Portugal Uber Eats
A caminho da GrandE Final
Vencedor da Temporada de Inverno, o CD Nacional Apogee é para já a única equipa apurada, o que deixa em aberto apenas três vagas e garante uma posição muito confortável para os insulares. No lançamento da nova Temporada, ainda assim, TiagoAraujo10 deixou de imediato uma garantia: “vamos encarar www.ligaportugal.pt
a Temporada de Primavera da mesma forma: ganhar”. Já RastaArtur apontou o “enorme espírito de equipa” como a maior virtude dos insulares e, questionado
sobre o maior ponto fraco da equipa, respondeu com a confiança que todos lhe reconhecem: “vou desafiar as outras equipas a encontrá-lo”.
O dobro dos dias de jogo A nova Temporada trouxe novidades, sobretudo no que ao formato de transmissão diz respeito. Todos os jogos são agora transmitidos em direto, no Twitch da eLiga Portugal Uber Eats, com as emoções da competição a dividirem-se por dois dias. Todas as terças e quartas-feiras serão sinónimo de dia de jogo até 7 de abril, data
em que será conhecido o vencedor da Temporada de Primavera, bem como o quadro definitivo da Grande Final. O evento vai reunir as quatro equipas com melhor prestação no conjunto das duas Temporadas e, em formato Final Four, determinar o novo Campeão Nacional de FIFA21. Até lá, Keep Your Game On!
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A decisão do novo Campeão Nacional de FIFA21 está cada vez mais perto. O regresso da eLiga Portugal Uber Eats, para a disputa da Temporada de Primavera, marca a última oportunidade para as equipas agarrarem um bilhete para a GrandE Final
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O “novo”
José Santos Pinto
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O Estádio José Santos Pinto voltou a ser alvo de remodelações. Desta feita, o SC Covilhã procedeu a melhorias na decoração interior do estádio, uma renovada sala de imprensa, um balneário ainda mais acolhedor para os seus atletas e, também, a colocação de novos painéis de publicidade. Tudo isto faz parte da estratégia a longo prazo do emblema serrano, alicerçada na melhoria de infraestruturas, de forma a que todos os intervenientes no jogo possam ter cada vez mais e melhores condições, conforme explica José Mendes, Presidente do SC Covilhã
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O ano de 2021 está ainda no seu início, mas a verdade é que o Estádio José Santos Pinto já conta com mais novidades. Desde alterações na decoração interior do estádio a renovações no balneário, na sala de imprensa e a nível dos painéis publicitários, o que é facto é que o mítico recinto do conjunto beirão está cada vez mais de “cara lavada”. Este é, de resto, um projeto pessoal de José Mendes, Presidente do SC Covilhã, que continua apostado em renovar aquele que é o estádio que acompanhou praticamente toda a história da equipa verde e branca. Em conversa
com a Liga-te, o dirigente máximo do conjunto covilhanense explicou todas as novas as novas alterações realizadas no Estádio José Santos Pinto: “Quisemos que o edifício principal tivesse melhores condições para todos. Depois, a parte da decoração teve o propósito de embelezar e relembrar a história e os princípios deste clube centenário, que em junho de 2023 faz 100 anos. É uma forma de homenagear quem chegou ao clube nessa altura, desde a sua nascença e por aí fora. Temos várias equipas espalhadas por todo este edifício principal e, além da decoração, é uma maneira de prestar homenagem a todos os
atletas e dirigentes, e a toda a gente que tem passado por aqui ao longo destes 100 anos”. O próprio balneário dos leões da serra foi alvo de mudanças e José Mendes explica o impacto que isso poderá ter na própria equipa na hora de vestir a camisola: “o balneário é um lugar sagrado para os jogadores. Quisemos dotar o balneário de melhores condições, de forma a que cada atleta que entre nesse balneário possa saber o que é a história do clube e de que fibra é feito. Estas fotos trazem muita energia a qualquer atleta, para que se sinta bem e feliz na nossa casa”. O Estádio José Santos Pinto é www.ligaportugal.pt
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fui edificando e pela renovação de um estádio que tem 85 anos, mas que é mítico nesta cidade”. Para José Mendes, este é um exemplo que os outros clubes da Liga Portugal SABSEG podem e devem seguir. “No SC Covilhã tiram-se muitos bons exemplos: a seriedade, o facto de sermos bons de contas e, ainda, conseguirmos que quem trabalhe dentro das nossas instalações se sinta verdadeiramente feliz. Isto não é só para as pessoas que trabalham aqui no clube, é também para quem nos visita: delegados, equipas de arbitragem, bem como todas as outras equipas. Queremos que todos
tenham condições para desenvolver o seu trabalho nas melhores condições, até porque o Futebol não é apenas praticado dentro das quatro linhas. Vai muito para além disso, passa pelas instalações, pelas pessoas e nós estamos cá para dar o exemplo nesse aspeto. Eu, como Presidente, já cá ando há 17 anos e, felizmente, recebemos bem toda a gente. O Futebol Profissional vive com uma estrutura que tem de ser bem solidificada, com cabeça, tronco e membros e nós, no SC Covilhã, fazemos um trabalho ao mais alto nível e tendo sempre em vista uma (cada vez maior) profissionalização”.
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um palco que tem crescido aos poucos e José Mendes sente-se satisfeito por ser um dos principais responsáveis pelas várias mudanças implementadas na casa dos serranos: “Tenho sorte com as pessoas que trabalham comigo e de, em conjunto, todos podermos alicerçar o clube com boas condições, com motivos para podermos dizer que fizemos algo por ele. Portanto, sinto-me muito feliz. Esta é a minha casa e eu não vou durar para sempre, até porque estará mais perto a minha saída do que a minha continuidade, mas sei que vou ficar para a história do SC Covilhã, pelo menos pela obra que
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Renovado recinto da UD Oliveirense deu mais um passo inovador em direção ao futuro. Aposta na nova tecnologia LED melhora (e de que maneira) a iluminação do Estádio Carlos Osório e permite uma fatura de eletricidade muito mais económica!
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é o primeiro com iluminação LED www.ligaportugal.pt
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de energia. Isto é um sistema que não precisa de pré-aquecimento, ou seja, o acendimento é instantâneo. Não tenho dúvidas nenhumas de que, dentro de dois, três anos, uma grande parte dos clubes irá mudar
porque, em termos de custo mensal, a poupança de energia é muito grande. Quando um jogo de futebol começa com a tecnologia LED é como ligar a luz dentro de uma casa”, finalizou Hugo Pereira.
A visão de Helena Pires, Diretora Executiva da Liga Portugal
“Valorizar infraestruturas” Ninguém melhor do que Helena Pires, Diretora Executiva da Liga Portugal, que tem a seu cargo o pelouro das Competições, para explicar qual a importância de uma obra desta natureza num clube da Liga Portugal SABSEG. No fundo, e contas feitas, tudo se resume a uma maior e crescente aposta nas infraestruturas, que permite valorizar o espetáculo do Futebol. A UD Oliveirense deu mais um passo inovador em direção ao futuro com a nova tecnologia LED a iluminar o relvado do Estádio Carlos Osório, que é o primeiro do Futebol português a ser iluminado desta forma. Qual a importância deste passo? As Sociedades Desportivas compreendem a importância cada vez maior na valorização e aposta nas respetivas infraestruturas. Percebem que a valorização da sua infraestrutura é um passo
inevitável para a potenciação dos seus ativos. As preferências por novas formas de tecnologias oferecem, a médio/longo prazo, benefícios financeiros para os clubes, razão pela qual é feita esta aposta. Este é um bom exemplo a seguir, feito por uma equipa da Liga Portugal SABSEG. Acredita que mais Sociedades Desportivas poderão seguir o exemplo da UD Oliveirense? Creio que, nesta fase, todos compreendem a importância dos investimentos em áreas tão importantes quanto as condições infraestruturais. Um bom espetáculo é feito com bons jogadores, treinadores, árbitros, mas também com bom relvado, iluminação e demais condições proporcionadas a todos aqueles que integram e participam na organização de jogos. No final do dia a valorização do nosso produto está dependente disso mesmo!
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Nasceu uma nova luz em Oliveira de Azeméis! O Estádio Carlos Osório tornou-se no primeiro recinto do Futebol português a contar com iluminação LED. Uma aposta que, para o Presidente da UD Oliveirense, Horácio Bastos, representa “um esforço muito grande, que vem dar sequência ao propósito de reconstituição do estádio. No que respeita a este tipo de iluminação, é um grande orgulho recebermos algo que é pioneiro, em Portugal, cuja tecnologia de LEDS nos permite facilmente ligar ou desligar, com 1200 lux”. Embora o Presidente da UD Oliveirense considere que este é um investimento avultado, acredita que a recuperação seja visível logo à primeira fatura da luz. “Esperamos isso. É, efetivamente, um investimento avultado, o qual agradecemos ao nosso investidor, o Sr. Akihiro Kin, que contribuiu bastante e ajudou-nos muito nesta alteração. Hoje, estamos aqui a ver um jogo de futebol com 1200 lux de LED. Penso que este é o futuro do Futebol português e do europeu e nós somos pioneiros”. Com esta iniciativa, a UD Oliveirense pretende mostrar o caminho a seguir pelas restantes Sociedades Desportivas, conforme afirma o seu Presidente: “Pretendemos ter o melhor e trabalhamos diariamente para isso. Se os outros clubes seguirem o nosso caminho é bom sinal. O que é um facto é que esta iluminação é fantástica e vamos, para além de poupar algum dinheiro na fatura de eletricidade, poupar também o meio ambiente e isso é que nos importa: proporcionar condições e aliar isso a uma poupança efetiva”. Já Hugo Pereira, um dos electro canalizadores responsáveis por esta obra, salientou o carácter ecológico deste novo sistema, que irá permitir ao clube de Oliveira de Azeméis economizar bastante energia. “Esta tecnologia, para além da questão da luminosidade, tem outras vantagens como a economia
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Jovane indicou caminho para a final Extremo leonino foi o herói da primeira meia-final, depois de apontar os dois golos da reviravolta verde e branca No Estádio Municipal de Leiria – Dr. Magalhães Pessoa, Jovane Cabral vestiu a pele de herói na primeira meia-final, entre Sporting CP e FC Porto, ao apontar os dois golos da reviravolta verde e branca. Depois do golo inaugural dos dragões, por intermédio de Moussa Marega (79´), o jovem extremo leonino saltou do banco para virar o resultado, com um “bis” (86´ e 94´), levando o Sporting CP até à quinta final da competição.
Guerreiros em defesa do título conquistado em casa
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Bracarenses triunfaram na segunda meia-final e marcaram encontro na final, frente ao Sporting CP
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Já na segunda meia-final, o SC Braga carimbou o passaporte para a final depois de vencer o SL Benfica, por 2-1. Abel Ruiz (28´) e Tormena (59´) marcaram para os bracarenses – ambos assistidos por Ricardo Horta -, com Pizzi (45´), pelo meio, a apontar o tento das águias. A equipa de Carlos Carvalhal marca, assim, presença pelo segundo ano consecutivo no jogo decisivo, depois de ter logrado vencer esta competição na época transata, na final disputada, precisamente em Braga, diante do FC Porto. www.ligaportugal.pt
Final Four da Allianz CUP bateu recorde de audiências
Leões
consagram-se na cidade do Lis Conjunto orientado por Rúben Amorim venceu o SC Braga na final, por 1-0, e alcançou o terceiro título de Campeão de Inverno Em Leiria, o Sporting CP conquistou a edição 2020-21 da Allianz CUP depois de bater o SC Braga, na final, por 1-0, sucedendo assim à formação arsenalista. No encontrou que encerrou a Semana do Futebol, o equilíbrio foi a nota dominante, com o minuto 41 a revelar-se decisivo. Numa excelente incursão pelo flanco direito, Pedro Porro, lateral-direito do Sporting CP, arrancou
e rematou cruzado, não dando qualquer hipótese ao guarda-redes Matheus. Desta forma, o Sporting CP conquistou pela terceira vez a Allianz CUP, nos últimos quatro anos, começando a pintar esta prova com alguma hegemonia verde e branca. Com este triunfo, os leões sucedem aos gverreiros do Minho na galeria de vencedores da competição mais recente do Futebol Profissional Português, criada em 2007-08.
Os três jogos estiveram entre os três programas mais vistos no arranque de 2021, com especial destaque para o SC Braga-SL Benfica, a segunda meia-final da prova, que foi o programa com maior audiência desde 2015, no que às competições nacionais diz respeito A Final Four da Allianz Cup fez o pleno de jogos com audiência televisiva, em qualquer um dos jogos, acima dos dois milhões de telespectadores. A segunda meia-final da competição, entre o SC Braga e o SL Benfica, que aconteceu no Estádio Municipal de Leiria - Dr. Magalhães Pessoa, liderou mesmo as audiências nacionais dos últimos cinco anos, no que jogos das competições nacionais diz respeito. O encontro foi transmitido em canal aberto pela SIC e foi o jogo mais visto das competições nacionais desde 8 agosto de 2015 e foi seguida por mais de 2 milhões e 200 mil telespectadores, registando uma audiência média de 23,3% e uma quota de mercado a rondar os 38,1%. Destaque também para a primeira meia-final da Allianz CUP, que ditou a passagem dos leões à final após a vitória sobre o FC Porto, e que teve uma audiência média de 21,4%, alcançando os 35,5% de share, ou seja, foi vista por um terço dos portugueses que se encontravam a ver televisão. Em média, foram 2 milhões, 23 mil e 500 os telespectadores que assistiram ao primeiro dos três jogos da Semana do Futebol. Já a final entre Sporting CP e SC Braga, transmitida em canal aberto pela SIC, foi vista por 2 milhões e 100 mil telespectadores, com uma audiência média de 22,4% e uma quota de mercado a rondar os 34,9%.
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quadro de vencedores 2007-08 Vitória FC
2008-09 SL Benfica
2009-10 SL Benfica
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2010-11 SL Benfica
2011-12 SL Benfica
2012-13 SC Braga
2013-14 2014-15 SL Benfica SL Benfica
2018-19 2016-17 2020-21 Sporting CP Moreirense FC Sporting CP 2019-20 2017-18 2015-16 SC Braga Sporting CP SL Benfica
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Bola da final só rolou Depois de emoções mil Leiria disse até para o ano à Allianz CUP envolta em ações de coração e de Responsabilidade Social onde nem faltaram adeptos. O longe fez-se perto e o impossível realizou-se
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O Sporting Clube Portugal foi o campeão de Inverno, vencendo, em Leiria, a Final Four Allianz CUP 2020-21. Mas, fora de campo, foram muitos os vencedores. A bola da final rolou com desenhos de crianças da Fundação do Gil, carenciadas de cuidados pediátricos por doenças crónicas e/ou degenerativas. Crianças que em inocentes desenhos decalcaram sonhos e ambições que ganharam montra na competição. Indefetíveis adeptos que, apesar da pandemia, estiveram com os protagonistas. De forma digital e através de um videowall, os finalistas foram brindados à chegada ao estádio com o caloroso apoio de famílias e instituições que, do outro lado do ecrã, representaram todos os adeptos cujo lugar é nas bancadas. E que dizer da senhora bola que irrompeu relvado dentro acomodada numa poltrona? Trono com um tablet e ligação a duas crianças, simpatizantes de ambas as equipas, que também ‘entraram’ em campo sendo os últimos a dirigirem-se aos capitães antes da bola ‘sentir’ a relva. Coração, competição e inovação: eis a tríade de sucesso da Allianz CUP 2020-21 que já deixa saudades.
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Semana do Futebol levou emoções a casa dos adeptos!
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Novo conceito proporcionou muitos momentos divertidos e diferentes, que chegaram a casa de todos em formato digital
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A Final Four 2021 foi diferente. O distanciamento, que o atual momento obriga, foi cumprido e, de forma a chegar o mais próximo possível dos adeptos, a Semana do Futebol ficou marcada pela reforçada aposta na vertente virtual. O que se esperava da já famosa e habitual Fan Zone, foi pensado e convertida no novo conceito: “Fan Home”. O primeiro momento deste conceito levou, Dino D’Santiago, que se fez acompanhar pela
artista leiriense, Surma, até casa de todos. Em pleno relvado do Estádio Municipal de Leiria, os artistas protagonizaram um grande concerto, que foi transmitido através dos meios digitais da Liga Portugal. Naquela que foi uma semana repleta de atividades e muita adrenalina, destaque ainda para a Final Four Sobre Rodas. Este conceito colocou três dos mais conhecidos narradores radiofónicos de Futebol (Paulo Sérgio, Antena 1; João Ricardo Pateiro, TSF; Carlos Dias, Renascença) dentro de um carro de rally, a relatarem excertos dos jogos dos quartos de final da Allianz CUP. As emoções e o divertimento davam, assim, o mote para um Final Four única. Predicados que fizeram com que Rui Unas não quisesse faltar à festa! Como tal, o seu famoso podcast, “Maluco Beleza”, foi realizado em Leiria, mais precisamente nas bancadas do Estádio Municipal de Leiria, Dr. Magalhães Pessoa, com www.ligaportugal.pt
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Final Four imortalizada em Mural
Cores da Allianz CUP dão cor à cidade de Leiria
Janeiro foi o mês que marcou a primeira edição da Final Four da Allianz CUP, em Leiria. A prova que consagra o Campeão de Inverno veio para ficar na cidade do Liz, que viu nascer um mural de arte urbana, da autoria do grafitter, Miguel Mazeda, conhecido artisticamente por Guel Do It. Para o artista, a ideia principal desta obra foi “criar uma composição que identificasse a Liga Portugal e a competição, assim como elementos históricos da cidade”. Quem também está de acordo com a mais valia deste mural é Carlos Palheira, Vereador do Desporto e Juventude da
Câmara Municipal de Leiria, que salienta o seu “significado particular Leiria”. “Para além de realçar a importância da Final Four da Allianz CUP, para a cidade, representa o que de melhor o concelho tem para oferecer, seja ao nível cultural e patrimonial, seja no aspeto desportivo”, finalizou o autarca da cidade do Liz. Da autoria de Guel Do It, uma verdadeira obra de arte nasceu e ficará pintada para sempre na nova casa da Semana do Futebol Profissional. Uma imagem que perdurará no tempo e na memória, não só dos leirienses, como de todos os que participam nesta competição.
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uma dupla de convidados muito especial: Nuno Gomes e Helton, Embaixadores da Liga Portugal. Outra das atividades promovidas contou com parceria da Domino’s. Helton e Costinha, Embaixadores da Liga Portugal, meteram a mão na massa e foram desafiados a replicarem a pizza Final Four, uma novidade no menu da Domino’s. Destaque ainda para o Quiz zerozero, que colocou à prova algumas figuras públicas exjogadores. Paulo Batista e Luís Boa Morte (Sporting CP), Chaínho e Alexandre Santos (FC Porto), Wender e Rui Xará (SC Braga) e, por fim, Jorge Corrula e José Calado (SL Benfica). Para fechar o lote de eventos da Fan Home, o comediante António Raminhos decidiu convidar os Embaixadores da Liga Portugal, Ricardo e Jorge Andrade, a “viajarem” e a colocarem a conversa em dia. De ressalvar que todas as atividades cumpriram as regras e normas impostas ao contexto atual! Numa época completamente atípica, conseguir levar a todos um pouco de diversão é algo que também faz parte do ADN da Semana do Futebol!
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Realidade virtual deu o pontapé de saída na Final da Allianz CUP Em tempos de pandemia, a Final Four da Allianz CUP contou com um reforçado espetáculo virtual, de forma a levar todas as emoções desta prova até à casa dos adeptos! A Allianz CUP voltou a marcar a diferença e a posicionar-se na vanguarda da inovação. No momento atual, altamente condicionado pela atual conjuntura pandémica, o espetáculo virtual foi totalmente pensado para os
milhões de adeptos e simpatizantes, que assistiram ao encontro decisivo a partir de casa. O vídeo contou uma história, com alusões às cidades de onde viajaram os quatro emblemas finalistas, tendo ainda exibido os momentos decisivos das partidas desta edição da prova. Destaque para o Leão e o Guerreiro do Minho, os “protagonistas” da final, e ainda a projeção ao tão desejado troféu, atribuído ao Campeão de Inverno.
Nota ainda para o momento da entrada da bola oficial, que se revestiu de especial simbolismo. A representar todos aqueles que assistiam ao derradeiro jogo, a partir de casa, surgiu uma poltrona telecomandada que levou, via Zoom, dois adeptos até ao relvado. Uma final diferente, adaptada aos tempos atuais, que não só valorizou o produto televisivo, como representou todos os adeptos do Futebol português!
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Fan Wall virtual uma novidade com sucesso garantido!
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Não podendo contar com o verdadeiro “coração” do Futebol - os adeptos -, as três partidas da Allianz CUP contaram com o regresso e presença dos apaixonados pelo desporto-rei ao estádio, através de
realidade aumentada, na transmissão televisiva. Durante a transmissão dos jogos, foi assim adicionada uma janela onde se encontravam diversos adeptos, dos quatro clubes
presentes na Final Four, a assistirem ao encontro, no topo do estádio, algo nunca feito em Portugal, e que contou com o apoio e colaboração da Sport TV, Media Partner da competição. www.ligaportugal.pt
A bola, quando rola, é para todos! Casa dos Plátanos, acolhimento Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, foi um dos 22 lares residenciais a receber bolas de futebol de Select, La Liga e Fundação do Futebol
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“Home Sweet Home.”
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O letreiro dá as boas-vindas a quem chega à charmosa Casa dos Plátanos, edifício centenário (data de 1921), tal como centenárias e majestosas são as árvores que lhe dão nome. Brinquedos no chão, bicicletas e bolas de futebol-algumas já bem gastas-, deixam transparecer que aqueles muros protegem crianças e que naquela “Casa Doce Casa” a prioridade é o bem estar de homens de palmo e meio. A Casa dos Plátanos, outrora casa de emergência, desde 2016 que se tornou lar residencial de jovens em perigo que, por momentossemanas, meses, mas, por vezes
até anos – ficam entregues aos cuidadores Santa Casa até poderem regressar para as suas famílias. O que distingue a Casa dos Plátanos das restantes instituições Santa Casa? A resposta sai célere. “Temos, presentemente, 14 jovens – o mais novo tem dois anos, o mais velho 16, ou seja, abrangemos a primeira infância, situações de deficiência e a adolescência. Todos com necessidades diferentes, com especificidades a que temos de atender”, responde Mafalda Serra, responsável da Casa que há três anos está nos Plátanos mas há 17 na Misericórdia de Lisboa. A ternura em pessoa. Basta ver como os pequenos
para ela correm pedindo colo. E esse não falta – colo, amor e dedicação. “Temos quatro meninas de cadeiras de rodas e também um jovem de 13 anos. E o que ele adora futebol! Muitas vezes fica a fazer de árbitro”, ri-se Mafalda Serra, acompanhada de Joana Rodrigues, assistente social, encetando o assunto futebol. E as bolas, oferecidas por altura dos Reis, pela Fundação do Futebol, La Liga e Select? “Foi uma alegria. Começaram logo a gritar - eu queria ter recebido no Natal! Deixamos aqui duas ou três ou pátio e guardamos as outras, para lhas darmos aos poucos. É que muitas passam o muro www.ligaportugal.pt
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anos, era preciso estar sempre a avisa-lo, a lembra-lo de como comportar-se, era preciso estar sempre a chama-lo à atenção, queixava-se de tudo…Íamos à reunião da escola e a conversa era igual. Mas, quando íamos falar com o treinador de futebol, até questionávamos se estávamos a falar do mesmo miúdo. É que, assim que se se equipava, tornava-se outra criança: responsável, atento, focado. Era feliz ao jogar. Tal como este menino, todos os outros jovens que não estão inseridos em equipas, vibram com bolas de futebol. Daí que este tipo de iniciativas, como a pequena oferta de uma bola, faça toda a diferença para eles.” “E agora então, com a pandemia, adoram que os desafiemos a jogar. Mas vamos todos- eles, os cuidadores, nós, até o nosso motorista... Somos todos convocados para as jogatanas”, ri-se Mafalda Serra, responsável, cuidadora, amiga, irmã. Aliás, a Casa dos Plátanos é uma família. Atesta-o um enorme quadro com a fotografia de todos os moradores da Casa – desde os jovens, às auxiliares, às cuidadoras …todos quantos fazem sorrisos das agruras da vida. “Eles adoram este tipo de iniciativas e ofertas. Ficam felizes de receberem pessoas, ficam felizes de serem lembrados, sentem-se especiais, como de facto são. A pandemia e o isolamento, o facto de não poderem estar com as famílias- nem sequer por visita [de março a maio de 2020], prejudica-lhes o desenvolvimento cognitivo e emocional. Mantê-los ativos ajuda a atenuar as ausências”, acrescenta Mafalda Serra, mostrando os cantos à casa. Quartos há com vista para a ponte 25 de Abril e Cristo Rei – ainda que se vejam lá bem ao fundo, numa Casa cheia de sol e alegria, no antigo Alto do Pina, hoje Areeiro, no Centro de Lisboa, onde se respira ar fresco, se acorda com o verde dos Plátanos e o chilrear de pássaros. E onde a vida também rola, como uma bola de futebol, fazendo de todos os percalços meras lembranças na circunferência da vida.
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e perdem-se na mata, outras ficam no telhado… Bolas de futebol? É sempre o presente mais pedido nos aniversários. Tivemos cá uma miúda que jogava muito bem e adorava futebol. Quando fez anos pediu um anel, uma pulseira e uma bola! Aqui organizam-se jogos, fazem-se campeonatos de toques e passamos dias a ouvi-los gabarem-se das ‘cuecas’… Como todas as crianças – e as nossas são iguais a todas as outrasmuitas vezes sentimos estar a perdê-los para as tecnologias. Só mesmo a bola de futebol consegue cativa-los a virem para o exterior”, conta Mafalda Serra, concordando que o futebol, e o desporto no geral, são fortes instrumentos para o crescimento salutar de quem passa pela Casa dos Plátanos. “Queremos sempre dar-lhes alguma normalidade. Os nossos jovens frequentam escolas da comunidade. Antes da pandemia praticavam desporto – natação, jiu-jitsu, futebol… Tentamos que tenham agenda cheia, pois, como lhes digo, eles têm responsabilidade na construção da sua história de vida. E o futebol é muito bom porque dá-lhes um propósito, fazendo-os esquecer os problemas emocionais”, garante a responsável. Joana Rodrigues lembra o exemplo. “Tivemos cá um miúdo que se transformava por completo, com o futebol. Tinha 10
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Uma corrida diferente, o mesmo sucesso A quinta edição da Corrida do Adepto contou com 711 participantes, que correram com as suas cores em mais de 70 concelhos do país. Evento registou afluência estrangeira, nomeadamente de França, Suíça e Brasil Integrada na Final Four da Allianz CUP, a quinta edição da Corrida do Adepto, conseguiu reinventar-se, mantendo viva a relação direta com as Sociedades Desportivas, com os adeptos a terem a possibilidade de correrem com a cor das suas equipas. Para além disso, parte das receitas da Corrida do Adepto reverteram para o apoio direto à Rede de Emergência Alimentar, solidificando a forte componente social em muitas das ações realizadas em Leiria, no âmbito da Allianz CUP. A verdade é que a pandemia forçou a readaptação do evento a um formato virtual. Não houve o frenesim da chegada, mas o espírito de equipa, de generosidade e de solidariedade mantiveram-se intactos e globalizados nos mais diversos pontos do país e no estrangeiro, nomeadamente, França, Suíça e Brasil. Faltaram as fotografias de grupo, mas as mais de 450 fotografias recebidas com os participantes trajados a rigor, coloriram o portfólio da corrida. A Corrida do Adepto, que tem a ESCOnline como seu main sponsor, revelou-se um sucesso, como comprovam os números e a distribuição geográfica dos participantes que puderam participar ao longo dos cinco dias da competição, de 19 a 23 de janeiro. Uma nova forma de corrida, com os mesmos valores e emoções, porque mesmo cada um correndo na sua cidade, a generosidade, a solidariedade, o respeito e a paixão pelas cores dos seus clubes, ultrapassarão sempre a barreira do virtual, sendo os reais pilares da Corrida do Adepto
Viana do Castelo Braga
Bragança
Porto
Corvo
Graciosa Terceira
Flores
Faial
Vila Real
São Jorge Pico
Viseu
Guarda
Aveiro
São Miguel Coimbra
Castelo Branco
Santa Maria Leiria Santarém
Portalegre Lisboa Évora
Setúbal
Porto Santo Madeira
Beja
Faro
concelhos com maior representatividade
62 34 27 lisboa
leiria
sintra
39 30 20 oeiras
aveiro
odivelas
41 15 20 porto
setúbal
loures
Estádio do Dragão é o primeiro do mundo inclusivo para daltónicos
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Código de cor no recinto do FC Porto é enorme mais-valia para uma experiência de jogo acessível a todos, merecendo, assim, o Prémio de Responsabilidade Social referente ao mês de janeiro
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A inclusão tem várias vertentes e o Estádio do Dragão, casa do FC Porto, é um exemplo nesse sentido. O recinto dos dragões é o primeiro do mundo inclusivo para daltónicos e, por isso, o emblema azul e branco conquistou o Prémio de Responsabilidade Social, atribuído pela Fundação do Futebol – Liga Portugal, referente ao mês de janeiro. Neste âmbito, o estádio do FC Porto foi equipado com um código de cor, que visa ajudar os que têm dificuldade em distinguir ou identificar cores, facilitando o acesso ao estádio e melhorando a experiência de jogo, através da implementação do sistema colorADD. Numa primeira fase, este sistema foi aplicado nos parques de estacionamento, organizados por cores, e nos coletes de treinos dos principais escalões. Para Susana Rodas, Diretora
Executiva da Liga Portugal, este é um merecido destaque atribuído a uma iniciativa pioneira no Futebol mundial: “Esta distinção faz história. É muito importante o que estamos aqui a fazer porque uma das lutas que a Liga Portugal tem tido, juntamente com as Sociedades Desportivas, é trazer todas as pessoas, independentemente do seu handicap, aos estádios. Este foi um passo dado em prol dos daltónicos, mas o FC Porto tem feito um trabalho notável, nesta área das acessibilidades, para qualquer tipo
de deficiência que as pessoas possam ter. Ficamos muito contentes em poder atribuir esta distinção”. Feliz com o reconhecimento ficou também Teresa Santos, responsável da área de Sustentabilidade do FC Porto: “Sendo uma marca que representa uma região, desde sempre que o FC Porto incluiu na sua estratégia a promoção e consciencialização para estes temas da inclusão, igualdade e respeito. Por isso, para nós, como é óbvio, é um orgulho receber esta distinção da Fundação do Futebol - Liga Portugal”. www.ligaportugal.pt
“Liga-te à Fundação Talks” A nova aposta da Fundação do Futebol O Futebol sempre foi, e continua a ser, um tema preferencial na sociedade. Seja pelo debate consequente das competições profissionais, seja pelos seus protagonistas, mas, sobretudo, pela sua emoção. Nesse sentido, nada melhor que utilizar este veículo como promotor da Responsabilidade Social, através do “Liga-te à Fundação Talks”. Um novo programa, num formato de 15 minutos, e que conta com transmissão na TVI24, com o objetivo de sensibilizar para temáticas como a ajuda ao próximo, a inclusão, educação e outras www.ligaportugal.pt
temáticas pertinentes. E urgentes! Este projeto surge, por isso, com o sentido de continuar a usar o Futebol como uma catapulta de emoções de Responsabilidade Social. Sobretudo, nesta fase, depois de a pandemia ter agudizado as necessidades em muitos lares que, até então, nunca tinham enfrentado dificuldades deste género. Assim, desde o dia 06 de março que a Fundação do Futebol e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa levam ao pequeno ecrãmas grande montra mediática-, o Futebol no seu lado mais humano,
impactante e transformador, através dos “Liga-te à Fundação Talks”. Programas com a duração de 15 minutos, na TVI24 e que contam com a condução da jornalista Cláudia Lopes. Em cada curto, mas introspetivo programa, prova-se o quanto o Futebol Profissional interfere com o bem-estar das suas comunidades e como a sua força mediática pode ser rentabilizada em prol dos adeptos e da sociedade. Talks que continuarão a mostrar histórias de necessidade e dificuldade, mas sempre realçando os valores de entreajuda e superação!
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Novo programa resulta de uma parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Protagonistas do Futebol chegam aos ecrãs de todos através da TVI24, com o intuito de realçar valores de entreajuda e superação!
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O Jogo com Prolongamento No primeiro “Liga-te à Fundação Talks”, CD Tondela e Estoril Praia contam como ajudam no combate à fome, em tempos excecionalmente difíceis, enquanto Isabel Jonet, Presidente da Federação dos Bancos Alimentares, resume 30 anos de ajuda que contaram com o forte contributo do Futebol!
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No primeiro “Liga-te à Fundação Talks”, exibido na TVI24 no passado dia 06 de março, o destaque vai para alguns exemplos de ajuda real, prestados especialmente nesta fase de crise originada pelo contexto pandémico. A forma como o Futebol, mesmo sem grandes orçamentos, consegue levar arroz, leite, pão, conservas e outros bens de necessidade e durabilidade à mesa dos que mais sofrem esteve em particular destaque, num episódio intitulado de “Jogo com Prolongamento”. Presente em estúdio esteve
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Isabel Jonet, Presidente da Federação dos Bancos Alimentares, que há três décadas contribui para a alimentação de cerca de 4% da sociedade. A rede está montada e vive do contributo de voluntários e amigos que dão o seu tempo, trabalho e coração em prol dos mais desfavorecidos. Um dos mais importantes contributos chega,
muitas vezes, do Futebol que se associa às campanhas dos Bancos Alimentares, promovendo e dinamizando as mesmas. Também em estúdio esteve Guilherme Muller, dirigente da SAD do Estoril Praia, naquele que foi um testemunho que prova, inequivocamente, que o auxílio é possível de ser prestado de várias maneiras. No caso da equipa da Amoreira, na última época, as camisolas oficiais davam destaque a uma marca alimentar que, derivado a quebra de rendimentos, deixou de ser patrocinador da equipa profissional. Os canarinhos não se conformaram e efetuaram-lhes uma contraproposta: em vez da verba financeira, a empresa continuaria com o nome no equipamento estorilista se, em troca, fornecesse refeições ao Centro Paroquial do Estoril, onde muitas casas se abastecem. Um desafio que recebeu anuência imediata, que decorrerá www.ligaportugal.pt
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Vidas aproveitadas pelo futebol Segundo programa do ‘Liga-te à Fundação Talks’ com apenas dois protagonistas: Paulinho e Abílio, especiais e conhecidos técnicos de equipamentos de Sporting CP e SC Farense Paulinho dispensa apresentações. O conhecido técnico de equipamentos do Sporting CP entra no concurso de protagonismo com os mais mediáticos jogadores, de há longo tempo a esta parte. Por todos acarinhado, Paulinho é dos melhores exemplos de inclusão social no Futebol. Alguém cuja vida e destino seria bem diferente se o clube
de Alvalade não lhe tivesse proporcionado uma profissão, um objetivo. História semelhante é a de Abílio Mendes: Bilinho, como é carinhosamente conhecido. Natural de Famalicão, chegou a Faro, com 13 anos, à boleia de uma claque de um clube visitante. Findo o jogo, o autocarro onde viajara regressou ao Norte, deixando-o à porta o Estádio de São Luís. Esquecido. Acolhido por um restaurante das redondezas, e mais tarde pelos responsáveis do clube algarvio, Abílio é, há 30 anos, técnico de equipamentos do SC Farense, emblema que esta época regressou ao convívio dos primodivisionários. Com vida estabelecida em Faro, voltar para o Norte é hipótese que Abílio não equaciona. E assumiu-o com toda a frontalidade: “Se não fosse o SC Farense, já cá não estava”. Dois profissionais que amam o clube que lhes deu o rumo, e que comungam da paixão pelo Futebol e a tarefa – tão importante e essencial – que lhes foi atribuída, e que desempenham com o máximo gosto e orgulho. Homens que o Futebol, em boa hora, aproveitou!
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durante toda a temporada, e que se traduz num importante contributo para a comunidade local. Guilherme Muller aproveitou ainda esta oportunidade para falar de outra ação não menos mediática: o equipamento azul e branco, que serve de homenagem a todos os profissionais de saúde que têm sacrificado o seu tempo e famílias pelo combate à impiedosa pandemia. Ainda neste episódio, destaque também para o CD Tondela, da Liga NOS. Desde a chegada da COVID-19 que o clube beirão tem colocado ao dispor da comunidade o projeto “Somos Todos Tondela”. Através do seu email e redes sociais, o emblema auriverde recebe pedidos de ajuda de muitas pessoas que passam por necessidades. Depois de receber estes contactos, a estrutura do clube contacta organizações e pessoas que possibilitem a chegada de cabazes à casa destas pessoas. É o futebol ao serviço dos adeptos! Um programa emotivo que estreou, da melhor maneira, os Talks da Fundação do Futebol e Santa Casa da Misericórdia de Lisboa que servem de alerta aos que ainda possam estar desconectados de dura realidade.
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Racismo
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Terceiro “Liga-te à Fundação Talks” aborda tema, infelizmente, sempre atual, por ocasião do Dia Internacional de Luta contra a Discriminação Racial
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No dia 21 deste mês de março, assinala-se o Dia Internacional da Luta contra a Discriminação Racial, um motivo mais que suficiente para que o racismo fosse a temática em destaque na terceira edição dos Talks. Aquela que é uma temática sempre presente na sociedade – Futebol não é exceção -, contou com uma sessão que teve como convidados Daúto Faquirá, que esta época já treinou o SC Covilhã, Abel Camará, avançado do CD Mafra, e Bruno Varela, guarda-redes do Vitória SC, sob a moderação da jornalista Cláudia Lopes. Para Daúto esta é uma temática que, infelizmente, nunca vai esgotar-se. E deixou o desafio: “Façam-se contas a quantos negros existem nos quadros, nas altas patentes ou poderes de decisão”, mostrando-se satisfeito com o crescente número de alertas para este flagelo, dentro e fora do Futebol. Já o guardião Bruno Varela é da opinião que só educação
o flagelo de sempre
e formação atenuarão este sentimento tão pouco nobre, sublinhando a ideia de que “todos são iguais e que as diferenças residem nas atitudes e não na cor da pele, etnia ou género”. Quanto a Abel Camará, o avançado do clube mafrense falou abertamente da sua
experiência pedindo para que “nunca se aceitem discriminações”. Inclusivamente, confidenciou que, quando jogava em Itália, nem bom dia lhe diziam quando entrava no balneário. Camará garantiu nunca se habituar a insultos, deixando bem expresso ser algo a que nunca, ninguém, deveria assistir passivo.
Formação é aposta ganha Jogar profissionalmente e estudar em simultâneo é desígnio comum à maioria dos jogadores de Futebol. Ainda assim, nem todos o conseguem conciliar. É uma opinião generalizada que é importante para o crescimento pessoal, e mesmo para acautelar o futuro, mas, por vezes, a calendarização do Futebol ou a vida familiar não facilitam que o propósito vá avante. Educação e formação no futebol foi, pois, tema de mais um “Liga-te à Fundação Talks”, programa que, através de videoconferência, reuniu três importantes testemunhos. Um deles foi de Rui Osório – Diretor do Colégio Marítimo-, único clube a possuir a sua própria escola. Um colégio que recebe crianças dos 4 meses aos 10 anos, apoiadas por uma vasta
equipa e vertentes educacionais. Nesta Casa, desporto e Futebol são importantes ferramentas no crescimento dos estudantes cuja estabilidade emocional é, também, prioridade. Exemplo grado de como Futebol e educação jogam na mesma equipa é Rui Patrício, guarda-redes formado no Sporting Clube Portugal, internacional que sempre dispôs de acompanhamento escolar (entrou na Academia Sporting aos 12 anos) para reforçar a ambição de chegar onde hoje está. Também Diogo Ribeiro, jogador do FC Vizela, alinhou pelo mesmo diapasão: o avançado recém-licenciado em Ciências do Desporto nunca descurou a formação superior, conseguindo, simultaneamente, ser referência no seu emblema. www.ligaportugal.pt
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