ESTUFAS - Uma extensão do Parque d'Água Branca em resposta a crise climática

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E S TU FAS


Universidade Presbiteriana Mackenzie FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO II

ESTUFAS – Uma extensão do parque d’água branca em resposta a crise climática

Orientador de Monografia: Silvio Stefanini Sant’Anna Orientador de Projeto: Antonio Cláudio Pinto Fonseca

Aluna: Lívia Barongeno Mancini São Paulo – Novembro de 2020


Agradecimentos

Primeiramente a minha família, sem eles não poderia realizar esse sonho. Obrigada ao meu pai e minha mãe, a quem devo mais essa conquista. Obrigada ao meu irmão por estar ao meu lado sempre me apoiando. Aos meus amigos da faculdade que me deram motivações para suportar todos esses anos de estudos puxados, enfrentando juntos o desafio de completar nosso ensino com sucesso. Aos amigos que sempre perguntavam como estava o andamento do meu TFG, agradeço pela preocupação e força. Por todo amor, apoio, paciência e momentos compartilhados de ansiedade, um agradecimento especial ao meu namorado. Agradecimento a meus orientadores, Antonio Cláudio Pinto Fonseca e Silvio Stefanini Sant’Anna, pela disponibilidade, atenção e estímulo, acreditando no meu potencial ao longo do desenvolvimento deste trabalho. Finalmente, agradeço à Universidade Presbiteriana Mackenzie e aos meus colegas de turma de Arquitetura e Urbanismo que estiveram presentes por essa etapa tão especial da minha vida.


Abstract

The objective of this work is to investigate the relationship of the individual, the city and nature. Bring up a possible discussion of how the creation of an architecture relates to society and still serves as a response to sustainable development. Done through bibliographic, documentary analysis and field visits, to propose a design hypothesis that responds to the needs and potential of the place. The work was organized in four chapters, presenting a logical sequence of understanding the theme to be investigated. The intention is to bring a new architecture with great plastic freedom, combined with the expansion of quality public spaces in the city of São Paulo, seeking to resume the issues discussed throughout this paper.

Keywords: greenhouse, architecture, sustainability, city

Resumo

O objetivo deste trabalho é investigar a relação do indivíduo, a cidade e a natureza. Trazer à tona uma possível discussão de como a criação de uma arquitetura se relaciona com a sociedade e ainda sirva como resposta ao um desenvolvimento sustentável. Feito através de análise bibliográfica, documental e visita a campo, para assim propor uma hipótese projetual que responda as necessidades e potencialidades do lugar. O trabalho foi organizado em quatro capítulos, apresentando uma sequência lógica de compreensão do tema a ser investigado. A intenção é trazer uma nova arquitetura com grande liberdade plástica, aliada a ampliação de espaços públicos de qualidade na cidade de São Paulo, buscando retomar as questões discutidas ao longo do trabalho.

Palavras chave: estufa, arquitetura, sustentabilidade, cidade


O ano de 2020 foi um ano atípico, em meio a pandemia mundial do Covid-19, sendo isso um desafio a mais no decorrer dos semestres em que se concluiu este Trabalho Final de Graduação. Realizando atendimentos a distância, frente a novos obstáculos, graças aos esforços dos alunos e professores, essa etapa de conclusão de graduação foi possível. Momento mais que oportuno para reflexões que evidenciem a importância de ações individuais para o bem coletivo.


Lista de Imagens

Figura 14: Croqui Fundação Louis Vuitton l Fonte: Frank Ghery

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Figura 15: Espelho d’água externo l Fonte: próprio autor

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Figura 16: Terraços na cobertura l Fonte: Próprio autor

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Figura 17: Estufa Bioma Tropical l Fonte: Hufton + Crow Photography

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Figura 18: Foto interna da estufa Bioma Tropical l Fonte: Hufton + Crow Photography

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Figura 19: Painéis de ETFE na cobertura l Fonte: Hufton + Crow Photography

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Figura 20: Mapa Barra Funda 1930 l Fonte: SARA

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Figura 21: Barra Funda 1954 l Fonte: VASP

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Figura 22: Barra Funda 2017 l Fonte: Geosampa

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Figura 1: Foto de protestos em Londres, 2019 l Fonte: Matt Dunham

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Figura 2: Foto protestos na Escócia, 2019 l Fonte: Jeff J Mitchell 10

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Figura 3: Gráfico de emissões e aquecimento esperados até 2021 l Fonte: Climate Action Tracker

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Figura 4: Foto das queimadas no Pantanal, 2020 l Fonte: A. Pérobelli

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Figura 5: Foto do contraste de indústrias e natureza l Fonte: Shutterstock

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Figura 23: Vista aérea do terreno de projeto l Fonte: Própria autora, base do Google Earth

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Figura 6: Foto crise humanitária no Sudão, 2015 l Fonte: Jon Warren

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Figura 24: Plano urbanístico Operação Urbana Consorciada Água Branca l Fonte: Prefeitura de SP

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Figura 7: Objetivos de desenvolvimento sustentável para 2030 l Fonte: ONU

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Figura 25: Foto da Rua Deputado Salvador Juanelli l Fonte: Própria autora

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Figura 8: Quadro Operários de Tarsila do Amaral, 1933

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Figura 27: ENSA Paris Val-de-Seine l Fonte: Frédéric Borel

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Figura 9: Flooded Streets de James Casebere, 2019

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Figura 10: Foto da Marina Bay, a esquerda Cloud Forest e a direita Flower Dome l Fonte: Wilkinson Eyre Architects

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Figura 26: Foto da Rua Deputado Salvador Juanelli l Fonte: Própria autora

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Figura 11: Sistema de sombreamento da estufa l Fonte: Wilkinson Eyre Architects

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Figura 28: Foto da Rua Deputado Salvador Juanelli l Fonte: Própria autora

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Figura 12: Sistema estrutural em aço e fechamento em vidro l Fonte: Wilkinson Eyre Architects

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Figura 29: Foto da Rua Deputado Salvador Juanelli l Fonte: Própria autora

Figura 13: Foto interna estufa Cloud Forest l Fonte: Wilkinson Eyre Architects

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Sumário 15

Introdução

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2. Investigação

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Relato

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Gardens by the Bay, Singapura

50

Fundação Louis Vuitton, França

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Eden Project, Inglaterra

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4. Arquitetura

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Projeto

130 Considerações Finais

1. Reflexão

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Crise climática

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Arquitetura e Sustentabilidade

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Cidade

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3. Território

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Barra Funda

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Parque

65

Caminho

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Errâncias

79

Referencias Bibliográficas

132


Introdução


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Esse Trabalho Final de Graduação tem a intenção, mesmo que breve, de explorar algumas inquietações que surgiram ao longo de toda a minha trajetória na formação acadêmica, tanto a respeito do ato projetual, quanto nas dinâmicas impostas ou não na nossa relação com a cidade. Com novas perguntas, a ideia principal é de reconhecer o verdadeiro significado do lugar, capaz de desenvolver uma hipótese arquitetônica que sirva como resposta. Primeiramente, reconhecendo um problema emergencial e crítico do nosso planeta. Apoiado nos dados apresentados por Al Gore (2006), o ser humano está usando (e abusando) dos recursos finitos que a Terra oferece, e como nós mesmos estamos destruindo o futuro da nossa espécie. Para isso, as estratégias de Richard Rogers (2001), em relação ao futuro dos grandes centros urbanos, principalmente sobre o impacto potencialmente negativo que podemos supor sobre as cidades e o meio ambiente e como através de um planejamento sustentável podemos proteger o equilíbrio ecológico do planeta, são os primeiros questionamentos apresentados nesse trabalho. O estudo de outras referências arquitetônicas será também abordado, como boas soluções em relação aos materiais utilizados, tecnologias sustentáveis ou equipamentos que estão sendo construídos como resposta a um novo

Introdução

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planejamento urbano pensando sua relação com o meio ambiente. Contudo, todas as inquietações seguem com métodos de análise sensível, segundo conceito de errâncias de Paola Berenstein (2012), e propondo possíveis alternativas como apresentadas por Jane Jacobs (2007) e Jean Gehl (2013). Após essas análises, sendo mais fácil compreensão do território e a sua influência em meio a uma cidade tão complexa como São Paulo, surge a necessidade de investigar uma série de indagações que ocorrem ao longo do exercício. A tentativa não será propor um retorno ingênuo a uma vida na natureza, mas sim, como o uso de novas tecnologias aliados a vida humana contemporânea podem criar arquiteturas e espaços inusitados na cidade, apoiadas sob a ótica de Tadao Ando (2006). Finalmente, chegando na hipótese arquitetônica que é apresentada de forma a reunir todas as questões apresentadas e discutidas ao longo desse trabalho. A proposta é a criação de um equipamento inovador que complemente o Parque d’Água Branca, sem perder seu protagonismo e o viés sustentável, criando espaços públicos de qualidade aliados a natureza, o usuário e a cidade.



We are the first generation to feel the impact of climate change, and the last generation that can actually do something about it” (1) Governador do Estado de Washington Jay Inslee

(1) Somos a primeira geração a sentir o impacto da mudança climática e a última geração que pode realmente fazer algo a respeito. – Tradução da autora

1. Reflexão


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Crise Climática

A Terra já passou por várias alterações climática ao longo dos anos. Agora, se o clima está mudando, por que nós não? A época Eocena, por exemplo, alterou o clima do planeta para 10ºC mais quente do que conhecemos hoje. O clima do nosso planeta é extremamente dinâmico, se altera constantemente e o efeito estufa auxilia a regular as mudanças climáticas. Zangalli Junior (2020, p. 303-304) pontuam que as alterações climáticas recentes podem ser entendidas como fenômenos climáticos alterados por uma complexa cadeia de ações sociais e naturais iniciados a partir da revolução industrial e intensificadas no bojo da sociedade capitalista fossilista.

Ao contrário do que muitas pessoas acham, o efeito estufa é essencial para manter a vida na Terra, sem ele o calor que vem do Sol não seria absorvido e sim refletido ao espaço, ou seja, a palavra-chave é equilíbrio. As estufas funcionam da mesma forma que atmosfera terrestre. O vidro que serve para cobrir a estufa serve tanto para controlar as temperaturas internas, quanto para bloquear eventuais raios solares que tentam entrar. Por isso, dentro

Colocar um homem na Lua foi um dos maiores desafios conquistados pela humanidade no século XX. Agora o desafio talvez seja maior: o combate às mudanças climáticas requer a participação de bilhões de pessoas que habitam um planeta com recursos finitos e hábitos que urgem ser revistos. As cidades são território onde a diferença é possível. (LEITE, 2012, p. 19)


Reflexão

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de forma natural, a de agora está sendo causada por atitudes humanas.

Figura 1: Foto de protestos em Londres, 2019 l Fonte: Matt Dunham

Figura 2: Foto protestos na Escócia, 2019 l Fonte: Jeff J Mitchell

dela sempre está mais quente que fora. O que vemos agora é um total desequilíbrio, temos os níveis dos oceanos aumentando devido aos rompimentos das geleiras, tempestades muito fortes. Tudo isso porque o efeito estufa está aumentando. Tiveram sim outras alterações climáticas ao longo de todos os milhões de anos da Terra, mas a diferença é que essas aconteceram

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David Puttnam comenta em sua palestra Reality of Climate Change, apresentada no TEDx Dublin, em 2014, que “todos nós sabemos que os humanos vivem de recursos finitos oferecidos pela Terra. Não precisamos nos preocupar com o planeta, nós somos o problema. Ele continuará perfeitamente bem por bilhões de anos, sem nós. Somos nós de quem o planeta provavelmente está farto”.

Figura 2: Foto protestos na Escócia, 2019 l Fonte: Jeff J Mitchell


Reflexão

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A melhor forma de se resolver um problema, é reconhecer que há um. Sendo assim, o maior fator que causa o aumento de temperatura são os altos níveis de CO2 presentes na nossa atmosfera. Esse processo teve início na Revolução Industrial, onde as primeiras grandes industrias começaram a emitir altos índices de dióxido de carbono. Esse era o principal subproduto desperdiçado pelas indústrias, e se intensificou mais ainda com uso de produtos poluentes, como petróleo, carvão etc.

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incluindo o Brasil, se comprometeram com a diminuição da emissão de gases poluentes. O gráfico abaixo projeta de três maneiras distintas a emissão de gás carbônico e de aquecimento esperado até 2021. Embora esses acordos sendo amplamente firmados por nações de todo o mundo com promessas de sucesso, sabemos que muitas já estão sendo em fase de retrocesso ou desrespeitadas. No ano de 2017, por exemplo, os EUA decidiram sair do Acordo de Paris, reflexo de políticas que desvalorizam o meio ambiente e que afetam diretamente as políticas públicas no nosso país.

O que foi feito até agora pelo homem é irreversível. Agora, como garantir que as temperaturas não sofram grandes alterações e prejudiquem ainda mais o planeta? Para isso, a humanidade vem juntando esforços para que a temperatura da Terra não aumente mais que 2ºC até 2050. Em 1992, ocorreu no Rio de Janeiro a ECO-92, esse evento conhecido como “cúpula da Terra” teve como objetivo a criação do quadro das Nações Unidas sobre a mudança do clima. Isso só se intensificou mais em 2015, com o Acordo de Paris, onde quase 200 países,

Foto Figura 4: Foto das queimadas no Pantanal, 2020 l Fonte: A. Pérobelli

Figura 3: Gráfico de emissões e aquecimento esperados até 2021 l Fonte: Climate Action Tracker

É importante lembrar que a própria Terra tem formas de lidar com o excesso de gás carbônico presente na sua atmosfera. A primeira são os oceanos que absorvem esse gás, a outra são todas as florestas do mundo que absorvem o CO2 no processo de fotossíntese. Mas ainda seguimos no desequilíbrio, sendo o IPCC (Painel Intergovernamental


Reflexão

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sobre Mudanças Climáticas), o ser humano jogou cerca de 550 bilhões de toneladas de carbono na atmosfera, enquanto a Terra somente “limpou” 350 bilhões de toneladas, ou seja, 240 bilhões de toneladas estão aí alterando o clima do planeta.

Arquitetura e Sustentabilidade

Os desmatamentos e queimadas fazem com que esse desequilíbrio fique ainda mais acentuado. De acordo com o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) no Brasil, a floresta amazônica perde área igual 35 mil Estádios do Maracanã por ano. Isso precisa mudar urgentemente, já que quanto menos árvores, menos CO2 são absorvidos diariamente. Temos muitas pessoas espalhando que o aquecimento global é uma mentira, até líderes de nações que acreditam cegamente que isso é uma invenção, mas ele é bem real. E não é só a ciência que está mostrando isso para nós, mas sim o próprio planeta. Não é só a Terra que corre risco, mas a preservação da nossa espécie. O futuro de toda a humanidade está em jogo. Temos que criar consciência que esse planeta é nosso lar e entender, de uma vez por todas, que se não for a gente, ninguém vai cuidar dele por nós.

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Em meio a realidade contemporânea que vivemos, a discussão da arquitetura e meio ambiente está sendo amplamente discutida.

Figura 5: Foto do contraste de indústrias e natureza l Fonte: Shutterstock

A crescente conscientização de viver num mundo extremamente afetado pelas ações humanas nos faz recorrer a uma interação mais pacífica e harmoniosa com a natureza. Atualmente presenciamos a busca de construções cada vez mais sustentáveis, mas segue a seguinte questão: até que ponto elas são realmente eficientes ou não?


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Segundo Walsh (2020) para todos nós arquitetos, urbanistas e também cidadãos - que estamos envolvidos com a construção de edifícios e cidades, deve prevalecer um profundo sentimento de responsabilidade, de estar ciente dos impactos que nossos projetos possam causar em relação ao agravamento das mudanças climáticas, não apenas em sua construção mas principalmente na manutenção de tais edifícios. Existem novos materiais que podem gerar energia, que podem alternar grandes níveis de isolamento a níveis bem baixos e também, opacidades a transparências, matérias que podem reagir organicamente ao ambiente e

Figura 6: Foto crise humanitária no Sudão, 2015 l Fonte: Jon Warren

A realidade contemporânea se baseia cada vez mais no predomínio do ambiente construído e no crescimento descontrolado das metrópoles, no uso de materiais e técnicas com elevado custo energético e alto grau de desperdício em seu funcionamento e manutenção. É preciso buscar parâmetros relacionados com a capacidade da arquitetura contemporânea de responder a essas demandas. (HICKEL, 2005)


Reflexão

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e como compartilha espaços com a natureza, Fernandez comenta sobre os novos desafios em relação a arquitetura. Deve-se analisar e discutir o modo em que arquitetura se acomoda a essa situação de finitude, de escassez, de modalidades que obriguem a práticas muito mais cuidadosas no uso da energia, na regulação da produção de resíduos, entre outros fenômenos que fazem com que comecemos a pensar que estamos em um mundo de ciclos interativos. Tudo convive conosco: estamos na cultura da sustentabilidade portanto não temos margem para nos abstrairmos do futuro (2004, apud HICKEL, 2005). Em 2015, governantes de todo o mundo se reuniram na sede das Nações Unidas, em Nova York, e acordaram um novo conjunto de objetivos sustentáveis para o desenvolvimento do planeta em 2030. A imagem traduz as metas globais que a humanidade quer seguir. Mas será que essa visão de um mundo melhor pode realmente ser alcançada? transformar-se em reposta as necessidades diárias e ciclos sazonais. (...) O futuro está aqui, mas seu impacto na arquitetura está apenas começando. O fato de desenvolver os projetos de acordo com o ciclo da natureza de volta as próprias raízes. (ROGERS, 2001, p. 101)

Permanecendo a reflexão da forma como a arquitetura está lidando com os novos desafios da sustentabilidade

Figura 7:Objetivos de desenvolvimento sustentável para 2030 l Fonte: ONU

Michael Green explica na palestra How we can make the world a better place in 2030 realizada em Londres, no Ted Talks, que “talvez seja possível melhorar o mundo, certamente não sem fazermos diferente. Nem mesmo uma onda de crescimento econômico nos fará chegar lá. Para isso, temos que priorizar o investimento das nações usando sua riqueza em prol no bem-estar humano”. Finalizo com a argumentação de Hickel (2005), as diversas áreas do saber devem estar preparadas, para propor alternativas em resposta aos problemas de seu tempo e assim, garantir a qualidade da própria existência


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humana – por mais utópico que isso possa parecer – e a arquitetura não pode se furtar a esse compromisso. Ao mesmo tempo, nem uma delas tem o poder de responder de maneira isolada a todas essas complexas demandas. É necessário, portanto estabelecer um diálogo amplo entre as partes – a multidisciplinaridade, para usar um termo atual. Dessa reflexão depende toda a questão da qualidade ambiental, social e cultural.

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As cidades nunca abrigaram tantas pessoas, nem tão grande proporção da raça humana. Entre 1950 e 1990, a população das cidades no mundo decuplicou, indo de 200 milhões para mais de dois bilhões. O futuro da civilização será determinado pelas cidades e dentro das cidades. Hoje, elas consomem três quartos da energia do mundo e causam pelo menos três quartos da poluição global. As cidades são o centro da produção e do consumo da maior parte dos bens industriais e acabaram se transformando em parasitas da paisagem, em enormes organismos drenando o mundo para seu sustento e energia: inexoráveis consumidores e causadores de poluição. (ROGERS, 2001, p. 27)


Reflexão

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Cidade

As cidades estão ficando cada vez mais saturadas e se não se adaptarem as novas dinâmicas criadas pelos seus próprios moradores vão chegar no seu limite. São Paulo é um bom exemplo dessa saturação. Sendo a cidade mais populosa do Hemisfério Sul, apresenta uma dinâmica urbana extremamente particular, já que vários espaços dentro dela foram crescendo de forma desenfreada e sem planejamento prévio. Segundo Jacobs (2007, p. 288), a teoria do planejamento aplicou persistentemente nas grandes cidades esse sistema de pensamento e análise de duas variáveis; e até hoje os planejadores urbanos e os construtores acreditam deter a preciosa verdade sobre o tipo de problema que enfrentam ao tentar configurar e reconfigurar os bairros das cidades grandes como versões de sistemas de duas variáveis, com o índice de determinada coisa (como área livre) dependendo direta e simplesmente do índice de outra coisa (como população). Ações devem corresponder a palavras e boas estruturas físicas devem ser implantadas. E o mais importante, deve-se trabalhar sinceramente para convidar o cidadão a caminhar e pedalar nas cidades como parte de sua rotina diária. “Convite” é a palavra-chave e a qualidade urbana

na pequena escala – ao nível dos olhos – é crucial (GEHL, 2013, p. 115). Figura 8: Quadro Operários de Tarsila do Amaral, 1933

Deixando de lado a sustentabilidade nos grandes centros urbanos, e retomando toda a discussão feita sobre a crise climática emergente, assim como a relação permanente


Reflexão

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que a arquitetura e sustentabilidade devem ter no cenário atual, é necessário a mudança no comportamento da população assim como políticas públicas eficientes que revertam a situação.

e o aquecimento global também é expressado em arte. James Casebere é um artista contemporâneo que na série de fotografias atualmente expostas na Galerie Templon, faz uma homenagem ao nosso relacionamento dual com a natureza: somos vulneráveis e dependentes de seu poder.

As metrópoles são o grande desafio estratégico do planeta neste momento. Se elas adoecem, o

planeta

torna-se

insustentável.

(...)

O

desenvolvimento sustentável é o maior desafio do século 21. A pauta da cidade é, no planeta urbano, da maior importância para todos os países, pois: (A) dois terços do consumo mundial de energia advém das cidades, (B) 75% dos resíduos são gerados nas cidades e (C) vive-se um processo dramático de esgotamentos dos recursos hídricos e de consumo exagerado de agua potável. (LEITE, 2014, p. 8). Não haverá cidade sustentável, do ponto de vista ambiental, até que a ecologia urbana e a sociologia sejam fatores presentes no planejamento urbano. O êxito desse objetivo depende de cidadãos motivados. Lidar com a crise ambiental global, do ponto de vista de cada cidade, é uma tarefa ao alcance do cidadão (...) as soluções ecológicas e sociais se reforçam mutuamente e garantem cidades mais saudáveis, cheias de vida e multifuncionais. Acima de tudo, uma cidade auto-sustentável é sinônimo de qualidade e vida para as próximas gerações. (ROGERS, 2001, p. 32).

A relação da arquitetura, com a crescente das metrópoles

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Figura 9: Flooded Streets de James Casebere, 2019


You are either part of the solution, or you are going to be part of the problem.” (2) Eldridge Cleaver, 1968.

(2) Ou você é parte da solução ou vai ser parte do problema. – Tradução da autora

2. Investigação


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Relato

Será analisado obras que tem o intuito de abrigar biomas inteiros em ambientes fechados através do controle artificial do clima, como as estufas refrigeradas de Gardens by the Bay e Eden Project, ou de obras que se destacam pela uso inovador das formas e estrutura, mas não deixam de levar em consideração o uso da tecnologia para atingir padrões de sustentabilidade do edifício, como a Fundação Louis Vuitton. Como pontua Richard Rogers (2001, p. 69) sobre a harmonia necessária no espaço urbano e sua relação com equipamentos públicos de qualidade: Os elementos utilizados que integram todos os projetos para trazer aos usuários uma experiência agradável e impactante, como: iluminação e ventilação naturais, integração com a natureza, conforto térmico e ambiental, são formas de criar espaços de maneira acolhedora sem ausentar a arquitetura como protagonista. Todos os projetos são inseridos em meio a natureza, a Fundação Louis Vuitton no Jardin d’Acclimatation de Paris; as estufas refrigeradas de Gardens by the Bay no maior jardim botânico de Singapura ou as estufas de Eden Project que transformou uma escavação de argila desativada em um dos maiores complexos de estufas do mundo. Observa-se que as arquiteturas complementam

Os edifícios podem enriquecer o espaço público de nossas cidades, atender às diversas necessidades dos usuários e explorar tecnologias sustentáveis em lugar dos poluentes. Os edifícios deveriam inspirar e compor cidades que celebrassem a sociedade e respeitassem a natureza. Nossa necessidade atual de edifícios sustentáveis oferece oportunidade para repensar a ambição e para desenvolver novas ordens estéticas.


Investigação

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a natureza, criando uma relação harmoniosa e respeitosa.

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Gardens by the Bay, Singapura

Como discorre Tadao Ando (2006, p. 496), a vida humana não tem a pretensão de se opor à natureza e não se empenha em controlá-la, mas antes busca uma associação íntima com a natureza a fim de unir-se com ela.

Figura 10:Foto da Marina Bay, a esquerda Cloud Forest e a direita Flower Dome l Fonte: Wilkinson Eyre Architects

As estufas estão inseridas no maior jardim botânico de Singapura, Gardens by the Bay, ocupando 101 hectares, a intenção do projeto é elevar o perfil da cidade para o mundo, assim como mostrar o melhor da horticultura e da arte de jardinagem. Inaugurado em 2012, a estratégia é desenvolver uma “cidade dentro de um jardim”, trazendo mais qualidade de vida e espaços de cultura e lazer para a população. Além das plantas, a água e a própria paisagem na imensidão dos jardins, há várias estruturas que abrigam as ‘superávores’ ecológicas e as estufas.


Investigação

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Como Singapura está na zona tropical, a ideia do escritório de arquitetura Wilkinson Eyre, foi trazer biomas totalmente às avessas para as duas estufas climatizadas do grande parque localizado perto do novo centro da cidade, a Marina Bay, que também faz parte da reurbanização da região. Chamadas de Flower Dome e Cloud Forest, a primeira replica um clima frio e seco característico do Mediterrâneo e das regiões semi-áridas da zona sub-tropical, enquanto a segunda apresenta um clima frio e úmido característico de regiões elevadas (1500-3500 metros de altitude) da zona Inter-Tropical. As estruturas curvilíneas feitas de aço e vidro foram concebidas tendo a sustentabilidade como um ponto de partida, considerando também as técnicas de controle passivo de clima. Possuem tecnologias que aportam energia renovável via painéis solares, material reciclável e sistema de captação da água da chuva para que seja possível o desenvolvimento das espécies de diferentes lugares do mundo, sem prejudicar o meio ambiente. Pra controle de temperatura interno dos conservatórios, foi aplicado a estratégia de estratificação térmica, reduzindo assim consideravelmente o volume de ar a ser resfriado. Isto é conseguido através do resfriamento do solo e piso por tubos de água gelada instalados no chão que permitem com que o ar frio (mais denso) ocupe as regiões mais baixas enquanto o ar quente (menos denso) suba e seja expelido para fora em níveis mais elevados, uma solução simples que acaba fazendo toda diferença. Além disso, um sistema de sombreamento controlado por computador e tecnologias de refrigeração neutras

Figura 11: Sistema de sombreamento da estufa l Fonte: Wilkinson Eyre Architects

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em carbono foram integradas a estrutura do edifício de forma eficiente para manter o clima interno. Visando conter o calor da radiação solar, a cobertura está equipada com um sensor que opera um conjunto retrátil de “velas” monitoradas por computador que se abre automaticamente para fornecer sombra para as plantas quando fica muito quente. Destaca-se o uso de um tipo de vidro especial, o qual permite que a luz ótima (em todos os comprimentos de onda necessários para as plantas) entre, mas que ao mesmo tempo reflita uma quantidade substancial de calor.


Investigação

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A maior das duas estufas, Flower Dome, com 12800 m², possui jardins específicos de cada região do mundo, como: Jardim da Califórnia, Jardim dos Baobás, Jardim Mediterrâneo e Campo de Flores. Esta é transformada e redecorada com flores sazonais a cada estação do ano e abrigam algumas obras arte expostas, como as esculturas do artista francês Bruno Catalano.

Figura 12: Sistema estrutural em aço e fechamento em vidro l Fonte: Wilkinson Eyre Architects

A outra estufa, Cloud Forest, é menor, com 8000 m², no entanto é mais alta com 58 metros de altura. Contém a maior cachoeira em ambiente fechado do mundo, com 35 metros de altura e vários pavimentos; o passeio turístico começa embaixo e sobe através de um elevador até o último pavimento, dando acesso a caminhos por passarelas em cada nível, possibilitando a visualização de plantas que se desenvolvem em diversas altitudes. (PIAZZA, MATTOS, 2017).

Figura 13: Foto interna estufa Cloud Forest l Fonte: Wilkinson Eyre Architects


Investigação

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Fundação Louis Vuitton, França O projeto de autoria de Frank Gehry está em meio ao Jardin d’Acclimatation, inserido dentro do Bois de Bologne, em Paris - França. Evocando a tradição dos edifícios de vidro das estufas do século XIX, é construído à beira de um grande espelho d’água, criado especialmente para ele. O papel dos jardins na memória cultural francesa e o desejo de criar um museu de arte contemporânea atraente e acolhedor para crianças e famílias que frequentam o parque, foram precursores no desenvolvimento de uma fundação financiada pela grife Louis Vuitton. O edifício compreende um conjunto de blocos brancos, criando ilusão de um gigantesco iceberg, revestidos de painéis cimentícios translúcidos reforçado com fibras, cercado por doze imensas “velas” de vidro, apoiadas por Figura 14: Croqui Fundação Louis Vuitton l Fonte: Frank Ghery

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vigas de madeira laminada colada. As velas dão ao projeto a sua transparência e sentido de movimento, mudando continuamente com a luz. No interior da Fundação Louis Vuitton existem onze galerias de arte, num total de quase 4 mil m² de espaço expositivo. Há ainda uma livraria e um restaurante no térreo, além de quatro terraços com vista para a Torre Eiffel. Para quem se desloca de galeria em galeria dentro do edifício, os vidros da fachada proporcionam vistas com diferentes enquadramentos do jardim. A construção tem uma abordagem ambiental exemplar, cujo funcionamento prevê preservar os recursos naturais, onde as águas pluviais são usadas para a limpeza e irrigação das plantas, assim como para abastecer o espelho d’água que recebe a estrutura envidraçada, enquanto a água dos lençóis freáticos servirá para a climatização do conjunto. A estrutura do telhado de vidro permite que o edifício recolha e reuse a água da chuva e melhore a sua energia renovável. Além disso, a FLV tem alcançado a certificação HQE (Haute Qualité Environmentale) como Très Performant, que significa um edifício altamente ecológico. As medidas tomadas para atingir esse nível de certificação poderiam ser consideradas equivalentes ao LEED Gold, uma certificação para construções sustentáveis. Além do exemplo de museu que foi comentado, o projeto proposto foi fortemente influenciado pela vivência pessoal em outros edifícios visitados ao longo da experiência acadêmica no exterior, em Paris, como Centro Pompidou de Renzo Piano e Richard Rogers, ou a Fundação Cartier de Jean Nouvel.


Investigação

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Figura 15: Espelho d’água externo l Fonte: próprio autor

Figura 16: Terraços na cobertura l Fonte: Próprio autor

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Investigação

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se adaptam de forma natural sobre a topografia irregular.

Eden Project, Inglaterra

Localizado em Corwall - Inglaterra, o projeto de Nicholas Grimshaw Partners, compreende uma sequência de oito cúpulas geodésicas interligadas, cobrindo 2,2 hectares, e encapsulando biomas de regiões tropicais úmidas e temperadas quentes. O complexo conta com duas grandes estufas, nomeadas de Mediterranean Biome e Rainforest Biome, uma arena com palco de apresentações, jardins abertos, centro educacional, além de outras atividades para crianças e adultos. Com início em 1996, o local foi escolhido para recuperar uma foça de argila que estava no fim da sua vida econômica. Em parceria com a Universidade de Reading, foi pesquisado novas formas que poderiam eficientemente regenerar o solo existente, através de compostagem e minérios locais, permitindo que plantas de várias espécies fossem incorporadas na estufa. A missão do Eden Project é criar um elo entre as pessoas e a natureza, mostrando a importância da sustentabilidade, trazendo as plantas como parte dessa ressignificação, estreitando a relação entre nós e a flora, possibilitando um futuro mais sustentável. O interessante do projeto é como as estufas foram construídas em meio ao terreno instável contra falésias em ruínas, onde as “bolhas” parecem estar afundadas e

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As estruturas enormes, porém leves, alcançando até 100m de altura, foram parcialmente inspiradas no conceito de Biosfera de Buckminster Fuller. Formadas através de pequenos hexágonos, são feitas de tubos e juntas de aço, que permitiram fácil transporte e montagem. Figura 17: Estufa Bioma Tropical l Fonte: Hufton + Crow Photography


Investigação

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Figura 18: Foto interna da estufa Bioma Tropical l Fonte: Hufton + Crow Photography

Os painéis de revestimento dos biomas são almofadas de três camadas de folha de ETFE, que possui capacidade de regular com segurança as condições ambientais no prédio através da transparência UV - o polímero plástico pode ser impresso com padrões específicos e em camadas para controlar as condições solares - essencial para uma estrutura cuja função é abrigar a flora específica do clima. Além disso, os arquitetos notaram o baixo coeficiente de atrito do ETFE, que evita que poeira ou sujeira grudem em sua superfície, reduzindo a manutenção.

Figura 19: Painéis de ETFE na cobertura l Fonte: Hufton + Crow Photography

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Novas fontes sustentáveis também foram implantadas em todo o complexo, promovendo autossuficiência e energia limpa. Após sofrer com inundações o complexo adotou um sistema de drenagem especial que capta a água da chuva para depois ser reutilizada. Há projeto, previsto para 2021, para criação de uma usina de energia geotérmica, usando o calor das rochas do subsolo.


It ain’t what you don’t know that gets you into trouble. It’s what you know for sure that just ain’t so”(3) Mark Twain

(3) Não é o que você não sabe que o coloca em apuros. É o que você sabe com certeza que não é assim. – Tradução da autora.

3. Território


Território

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Barra Funda

Diante desse exercício projetual, é necessário compreender o local que será feita a intervenção, tanto em aproximação do micro ao macroespaço: o entendimento do terreno, bairro e cidade. O desafio se torna maior quando parte desse processo é focado em aspectos que se relacionam a sociedade e como nos apropriamos do espaço. Como discorre Gel (2013, p. 22) sobre o assunto, atividades sociais exigem a presença de outros indivíduos e incluem todas as formas de comunicação entre as pessoas no espaço público. Se há vida e atividade no espaço urbano, então também existem muitas trocas sociais. Se o espaço da cidade for desolado e vazio, nada acontece. Recentemente São Paulo colhe frutos de decisões que não privilegiaram o melhor da cidade no passado e vem tentando retardar algum dos efeitos negativos no seu presente. Infelizmente a forma que nos relacionamos com os lugares e pessoas ainda deixam marcas, mas motiva o poder público a rever e propor diretrizes que recuperem nossa relação com o espaço urbano. Quando reconhecida essa importância pela população, incentivas vindas da própria ganham mais força e criam situações inusitadas. Quando nos aproximamos ao bairro da Barra Funda, marcado pela passagem do eixo ferroviário que atraiu nas décadas de 1930 muitos operários de indústrias ali


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Figura 20: Mapa Barra Funda 1930 l Fonte: SARA

Figura 21: Barra Funda 1954 l Fonte: VASP

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Figura 22: Barra Funda 2017 l Fonte: Geosampa

implantadas, teve seu crescimento rápido e desordenado. Atualmente, mesmo contando com novos equipamentos de cultura, educação e transporte, a área em foco de intervenção parece distante.

uma malha o mais contínua possível por todo um distrito que possua o tamanho e o poder necessário para constituir uma subcidade em potencial.

Se as únicas formas de bairro que demonstram ter funcionalidade proveitosa para a autogestão na vida real são a cidade como um todo, as ruas e os distritos, então o planejamento físico de bairros eficientes deve almejar as seguintes metas:

3. Fazer com que parques, praças e edifícios públicos integrem esse tecido de ruas; utilizálos para intensificar e alinhavar a complexidade e a multiplicidade de usos desse tecido. Eles não devem ser usados para isolar usos diferentes ou isolar subdistritos.

1. Fomentar ruas vivas e atraentes. 2. Fazer com que o tecido dessas ruas forme

4. Enfatizar a identidade funcional de áreas suficientemente extensas para funcionar como


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distritos. (JACOBS, 2007, p. 94).

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Parque

A imagem acima traduz essa gritante diferença do bairro para o terreno em foco. A Universidade traz alto fluxo de pedestres durante a semana enquanto o Parque d’Água Branca e o Memorial de América Latina chamam o público aos finais de semana. A Rua Deputado Salvador Juanelli tem traçado presente, mas dificilmente é descoberta pelos que passam por lá. Observa-se que a viela existente, em meio a muros, cercada de galpões desativados e estacionamentos, não atende ao seu real propósito, de atalho.

Parques, jardins, árvores e outros elementos nos dão vegetação, que fornecem sombra e refrescam ruas, quintais e edifícios no verão. Em geral, as cidades são desde 1°C a 2°C mais quentes do que a zona rural. O efeito global de um sério tratamento paisagístico Figura 23: Vista aérea do terreno de projeto l Fonte: Própria autora, base do Google Earth

urbano é reduzir a onda de calor das cidades, reduzindo concretamente a necessidade de arcondicionado. As plantas minimizam os níveis de ruído e filtram a poluição, absorvem dióxido de carbono e produzem oxigênio – fatores adicionais que reduzem a necessidade de condicionamento de ar em áreas urbanas que, de outra forma, seriam quentes e poluídas. O tratamento paisagístico urbano absorve a água da chuva e reduz o escoamento de enxurradas de grandes tempestades. A paisagem natural tem um importante papel psicológico na cidade e pode sustentar uma grande variedade de vida silvestre urbana. (ROGERS, 2001, p. 50).

Início essa parte da análise do território com trecho do livro de Richard Rogers, que evidencia a importância de áreas verdes nos grandes centros urbanos. Em convergência, discorre também Benedito Abbud (2010, p. 27) sobre o mesma tema onde, nas cidades brasileiras, a vegetação


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poderia ser bem mais utilizada para corrigir e melhorar as proporções e escalas – frequentemente desumanas – dos espaços urbanos, em geral formados por massas de construção descontinuas, enorme quantidade de postes, muros, semáforos, fiações, outdoors e tanta poluição visual (...) É comum ver muitas intervenções urbanas que não utilizam a vegetação nem se preocupam com o que deveria ser seu objetivo primeiro: atender e melhorar a vida das pessoas. A área de estudo fica ao lado do Parque d’Água Branca, criado em 1929 e tombado anos depois como patrimônio cultural, histórico, arquitetônico, turístico e paisagístico de São Paulo. A importância do parque para a cidade e para a população vai além de uma grande área verde, cria o contato inesperado do cidadão com o ambiente natural, assim como promove papel fundamental nos encontros sociais por meio da cultura, lazer ou descanso. Jane Jacobs (2007, pág. 72) discorre sobre a importância de parques de qualquer escala, e comenta sobre a dinâmica que eles criam com seu entorno. Por que é tão frequente não haver ninguém onde há parques e nenhum parque onde há gente? Os parques impopulares preocupam não só pelo desperdício e pelas oportunidades perdidas que implicam, mas também pelos efeitos negativos constantes. Eles sofrem do mesmo problema das ruas sem olhos, e seus riscos espalham-se pela vizinhança, de modo que as ruas que os margeiam ganham fama de perigosas e são evitadas. Além do mais, os parques de pouco uso e seus equipamentos são alvo de vandalismo, o que é bem diferente do desgaste por uso.

A sustentabilidade social também tem uma importante dimensão democrática que prioriza acessos iguais para que encontremos “outras pessoas” no espaço público. Um pré-requisito geral é um espaço público bem acessível, convidativo, que sirva como cenário atraente para encontros organizados ou informais (GELH, 2013, p. 109).


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Sendo de suma importância espaços como estes numa metrópole, como São Paulo, fica mais fácil compreender a relação que o ser humano cria com o meio ambiente, pois áreas verdes são indispensáveis para planejar e desenvolver uma cidade mais saudável, convidativa e harmoniosa. Fato importante de ser mencionado é que a área de estudo está em meio ao perímetro da Operação Urbana Consorciada Água Branca, determinado pela prefeitura, que tem como objetivo principal requalificar a região. O plano urbanístico prevê criação de novas áreas de moradia, promovendo adensamento, assim como equipamentos urbanos e ciclofaixa. Para o terreno de implantação de projeto, pouco sentiria diferença efetiva com tal investimento, destacando somente implantação de nova via paralela a viela existente. A imagem ilustra o projeto da O.P., destaque em amarelo para o terreno em questão. Com

propósitos

válidos,

esperamos

que

sejam também efetivos, como pontua Carlos Leite (2012, p. 11) infelizmente, ainda não foi implementado no Brasil nenhum projeto urbano de grande porte para a necessária regeneração das metrópoles.

Figura 24: Plano urbanístico Operação Urbana Consorciada Água Branca l Fonte: Prefeitura de SP

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Caminho

Nas cidades, há muito mais em caminhar do que simplesmente andar! Há um contato direto entre as pessoas e a comunidade do entorno, o ar fresco, o estar ao ar livre, os prazeres gratuitos da vida, experiencias e informação. Em essência, caminhar é uma forma especial de comunhão entre pessoas que compartilham o espaço público como uma plataforma e estrutura. (GEHL, 2013, p. 19)

Caminhar, além de primordialidade natural humana, é prática que nos acompanha desde cedo. Comemoramos os primeiros passos e nos esforçamos até ficar completamente em pé desde bebês. Mover-se é uma função necessária para nosso cotidiano. Uma vez satisfeitas as exigências primárias, o caminhar transformou-se numa fórmula simbólica que tem permitido que o homem habite o mundo. (...) A partir dessa simples ação foram desenvolvidas as mais importantes relações que o homem travou com o território (CARERI, 2013, p. 27) Como pontua Gehl (2013, p. 20), a urgência de bons espaços públicos de qualidade implantados na cidade promoveria a melhor caminhabilidade das pessoas. Aleatoriamente e sem planejamento, ações espontâneas


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consistem parte daquilo que toma a movimentação e a permanência no espaço da cidade tão fascinantes. Enquanto caminhamos para nosso destino, observamos pessoas e acontecimentos, somos inspirados a parar e olhar mais detidamente ou menos a parar e participar.

Na América do Sul, caminhar significa enfrentar muitos medos: medo da cidade, medo do espaço público, medo de infringir regras, medo de apropriar-se do espaço, medo de ultrapassar barreiras muitas vezes inexistentes e medo dos outros cidadãos, quase sempre percebidos como inimigos potenciais. Simplesmente, o caminhar dá medo e, por isso, não se caminha mais; quem caminha é um sem-teto, um mendigo, um marginal. (CARERI, 2013, p. 170)

Figura 25: Foto da Rua Deputado Salvador Juanelli l Fonte: Própria autora

Enfatizando as dinâmicas urbanas vistas em São Paulo, podemos pensar que a cidade se organizou de forma em que a população tenha que fazer grandes viagens para chegar a determinado local, perpetuando a segregação


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social, enfatizando o fechamento entre muros e deixando de lado os espaços públicos de qualidade. Talvez isso tudo seja resultado do medo que temos de caminhar livremente pela cidade. Focando na área de estudo, principalmente no percurso do Terminal Palmeiras-Barra Funda até o Parque d’Água Branca, surgem as primeiras impressões de que a escala do lugar é gritante ao do pedestre. Como um lugar com tráfego tão intenso de pessoas ainda parece vazio? Ao se aproximar da viela existente Rua Deputado Salvador Juanelli, o medo inerente do habitante de uma cidade tão confusa como São Paulo, nos petrifica e nos impede de simplesmente passar cortando caminho devido aos muros impostos sem qualquer escapatória, a falta de iluminação adequada, ou de mais pessoas que transitem por lá conosco. Experienciar a vida na cidade é também um entretenimento estimulante e divertido. As cenas mudam a cada minuto. Há muito a se ver: comportamentos, rostos, cores e sentimentos. E essas experiências estão relacionadas a um dos mais importantes temas da vida humana: as pessoas. (GEHL, 2013, p. 23)

Assim, começa os primeiros pensamentos de intervenção arquitetônica, enxergando a potencialidade incrível que o local possui. Acredito que a vida na cidade quando reforçada a pé, na escala do pedestre, fortalece a criação de condições de todas as formas para melhor atividade social em meio ao espaço urbano.

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Volto a mencionar a experiência acadêmica que tive no exterior. A universidade que estudei em Paris, ENSA Paris Val-de-Seine, localizada no arrondissement 13eme, bairro historicamente industrial, assim como a Barra Funda, fez uma adaptação a uma fábrica desativada para implementação do edifício. Logo vi grandes semelhanças com o terreno de projeto. Comparando as duas imagens podemos observar que a chaminé existente na viela é completamente mal aproveitada. Hoje, está perdida em meio a um estacionamento, um desrespeito a história do bairro e da cidade. Por outro lado, a universidade de Paris usou de uma chaminé para criar uma escada de incêndio localizada entre os dois edifícios principais. Aqui vemos como a adaptação de uma pré-existência em meio a implementação de novos equipamentos pode ser bem sucedida.


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Figura 26: Foto da Rua Deputado Salvador Juanelli l Fonte: Própria autora

Figura 27: ENSA Paris Val-de-Seine l Fonte: Frédéric Borel

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Errâncias O espaço em que vivemos, que nos tira de nós mesmos, em que a erosão de nossas vidas, de nosso tempo e de nossa história ocorre, o espaço que nos roe e nos arranha, é também, um espaço heterogêneo. Em outras palavras, nós não vivemos em uma espécie de vazio, dentro do qual nós podemos colocar indivíduos e coisas. Nós não vivemos dentro de um vazio que pode ser colorido com diversos tons de luzes, nós vivemos dentro de um conjunto de relações que delineiam lugares que são irredutíveis a um outro e absolutamente não superponíveis sobre um outro. (FOUCAULT, 1998, p. 239)

Arrisco-me agora em uma análise mais sensível e lúdica do local. As imagens ilustram o meio urbano que se forma por meio de cheios (volumes construídos), vazios e os pedestres que por entre eles transitam. Entre muros, sem nenhuma conectividade, aqueles que passam pelo estreito caminho que para eles é delimitado quase se ausentam. Paola Berenstein Jacques (2012, p. 192) em seu livro também faz uma leitura do território visando principalmente o protagonismo no individuo em meio a cidade, e aponta o conceito de errâncias: as errâncias são um tipo de experiência não planejada ou desviatória dos espaços públicos, são usos conflituosos e dissensuais que contrariam ou profanam os usos que foram planejados. A experiencia errática, assim pensada como ferramenta, é um exercício de afastamento voluntário do lugar mais familiar e cotidiano, em busca de uma condição de estranhamento, em busca de uma alteridade radical. Errar, ou seja, a pratica da errância, pode ser um instrumento da experiência da alteridade na cidade, uma ferramenta subjetiva e singular – ao contrário do método tradicional (...) O errante não vê a cidade somente de cima, em uma apresentação do tipo mapa aéreo, mas a experimenta de dentro. (JACQUES, 2012, p. 197)


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Figura 28: Foto da Rua Deputado Salvador Juanelli l Fonte: Própria autora

Figura 27: ENSA Paris Val-de-Seine l Fonte: Frédéric Borel

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Uma vez entendida a importância dos vazios em meio as permanências inusitadas criadas pela cidade, no decorrer da sua transformação e expansão, vemos que, usando o conceito apresentado por Berenstein, o errante (pedestre) tem que se perder em meio aos vazios urbanos, mesmo que brevemente, para aguçar seus sentidos possibilitando percepção sensorial espontânea. Através das narrativas errantes seria possível apreender o espaço urbano de outra forma, pois o simples ato de errar pela cidade cria um espaço outro, uma possibilidade para a experiência, em particular para a experiência da alteridade (JACQUES, 2012, p. 23).

Figura 29: Foto da Rua Deputado Salvador Juanelli l Fonte: Própria autora

Sendo assim, o projeto de interferência proposto tenta realizar uma releitura do espaço em questão, principalmente em relação a viela existente e com o entorno. Muitas vezes escondidas ou invisíveis, a experiência urbana não pode causar resistência, deve ser agradável a todos os indivíduos. Há vida sensível entre os meios cheios e vazios, entre as pessoas e os edifícios, entre a rua e os muros,


A sustentabilidade consiste em construir pensando no futuro (...) os usos do futuro e as resistências do próprio planeta e de seus recursos energéticos”. Renzo Piano

4. Arquitetura


Arquitetura

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Projeto

O estudo, feito ao longo do ano letivo, visou a importância das áreas verdes em meio ao cenário atual de uma grande metrópole como São Paulo, assim como o impacto permanente das ações humanas no cotidiano. O resultado foi o desejo de projetar um equipamento inovador que permitisse novas relações entre a cidade e a população, frisando principalmente uma melhor conscientização frente a crise climática, tendo como ponto de partida a sustentabilidade. Sendo assim, uma materialização do trabalho apresentado se traduziu em objeto de projeto como estufas. Considerados os aspectos teóricos e práticos sobre o tema, uma nova proposta para a quadra existente, majoritariamente composta de terrenos de estacionamento, tem a intenção de requalificar a área, de forma a criar um novo equipamento inovador e de qualidade, que traga para seus usuários uma experiência de cidade mais agradável e conectada. O projeto principal desenvolvido são duas estufas, cada uma com um bioma distinto. A maior delas com bioma tropical montanhoso e a menor com bioma mediterrâneo. Ambas construídas com perfis retangulares metálicos, onde foi possível imaginar formas orgânicas que se destacassem em meio a paisagem. Para seus fechamentos, o material escolhido é o ETFE translúcido, um polímero plástico


Arquitetura

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a base de flúor, que serve como uma “membrana de vedação”, permitindo controle de transparência UV, além de manter o microclima interno adequado.

áreas verdes que reforçassem a ideia de extensão do parque d’Água Branca, junto a caminhos pré-estabelecidos que conectam a quadra como um todo. A arquitetura inclui em toda a extensão da quadra, o tratamento de piso que guia o pedestre aos equipamentos criados, implantação de novas massas arbóreas e mobiliário urbano. Nesse jogo de espaços públicos e privados, áreas livres bem definidas e indefinidas, a intenção é propor novos espaços públicos que promovam convivência.

Um edifício de apoio as estufas, que se encaixa em meio a topografia do terreno, busca manter as estufas como protagonista se camuflando sobre a paisagem existente. A intenção é explorar, em diferentes escalas, a relação que pode ser criada entre o usuário e o espaço construído. Nele, o indivíduo é convidado a entrar por diferentes cotas

usuário

conscientização _ permanência _ reflexão _ cidadão

ser humano

questão globalização _ sustentabilidade _ tecnologia _ natureza

crise climática

objeto

estufa

equipamento _ resposta _ inovação _ conhecimento

e percorrer a arquitetura de forma a cada um estabelecer o melhor caminho a ser feito. A Rua Deputado Salvador Julianelli é apropriada se tornando espaço público, fortalece a passagem de pedestre e fluxos existentes e cria novos respiros urbanos agradáveis. Em cidades vivas, seguras e saudáveis, o prérequisito para a existência da vida urbana é oferecer boas oportunidades de caminhar. Contudo, a perspectiva mais ampla é que uma infinidade de valiosas oportunidades sociais e recreativas apareça quando se reforça a vida a pé (GEHL, 2013, p.19). Na parte mais ampla do projeto, foi estabelecido grandes

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A partir disso, a ideia principal se resume em criar um elo entre pessoas e natureza, com plantas como parte dessa manifestação, de forma a abordar o papel do arquiteto como agente transformador do cenário drástico de um futuro próximo, viabilizando práticas sustentáveis relevantes para o bem comum da população.



Considerações Finais

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Considerações Finais

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Considerações Finais

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Considerações Finais

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Considerações Finais

O presente trabalho expos uma análise aprofundada das ações humanas relacionadas ao melhor (ou não) desenvolvimento sustentável do planeta. Estabelecendo a relação do ser humano e o clima, destacando um ponto crítico e irreversível das nossas atitudes ao longo dos últimos séculos, o discurso que fica é de conscientização, quase um pedido de ajuda que a Terra silenciosamente faz por nós. Como resposta aos conceitos levantados, a proposta de projeto é resultante de um equipamento público cultural que responda diretamente a uma reflexão, promovendo o debate sobre as mudanças climáticas, um melhor pensamento da urbanização das nossas cidades e a influência das ações humanas sobre o meio ambiente. A cidade de São Paulo infelizmente grita por novos espaços públicos que promovam o melhor convívio e diversidade para todos seus moradores. Ao aproximar o estudo na área de interesse, a Barra Funda, focando principalmente na relação do bairro com o Parque d’Água Branca, observamos um grande potencial de inovação arquitetônica. Sendo assim, o objeto de projeto tem a intenção de provocar a curiosidade do pedestre, além de repensar as ruas préexistentes da cidade, criando uma nova área pública se

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inserindo em meio aos equipamentos já existentes, como o parque, o memorial e a estação de metrô. A ideia matriz do projeto, sendo uma extensão do Parque d’Água Branca, é a criação de estufas que constituam biomas que oferecem ao visitante o universo de floras e conjuntos vegetais desconhecidos, sendo essa uma tendência mundial hoje. Como pontua Tadao Ando (2006, p. 497) a respeito da relação do homem e a natureza: Infelizmente, hoje a natureza perdeu muito de sua antiga abundância e a nossa capacidade de percebê-la também se enfraqueceu. Por isso, a arquitetura contemporânea tem um papel a cumprir no sentido de proporcionar às pessoas lugares arquitetônicos que as façam sentir a presença da natureza. Quando isso acontece, a arquitetura transforma a natureza por meio da abstração e modifica o seu significado. Quando a água, o vento, a luz, a chuva e outros elementos naturais são abstraídos na arquitetura, esta se transforma em um lugar no qual as pessoas e a natureza se defrontam em permanente estado de tensão. Creio ser esse sentimento de tensão que poderá despertar as sensibilidades espirituais latentes no homem contemporâneo.

Quase todas as maiores cidades do mundo estão construindo equipamentos semelhantes como resposta à crise climática mundial e procura de novos recursos essenciais a vida. Globalização é fundamentalmente, globalizar as experiências e informações, sendo este o intuito principal dessa hipótese arquitetônica.


Considerações Finais

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