Quartos e Closets

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ANO XI | Abril, 2010 R$ 12,90

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A criatividade nos dormitórios infantis

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Marina Linhares é nosso Perfil ISSN 1519-1087

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Cobrimos a Gift, Revestir, Kitchen & Bath e Movelsul


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Mundo

de sonhos

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Por: Evelyn Carvalho Imagens: Caetano Ribas, J. Vilhora, Klaus Vogel, Renato Villela e Tiana Chinelli

Fantasia e realidade se encontram nos projetos para quartos infantis. Crianças são clientes decididos. Quando estão sob a influência de algum personagem ou universo de fantasia (sejam eles fugazes ou perenes), buscam para seus dormitórios este clima, com todos os detalhes a que têm direito. Assim podem dormir, sonhar, acordar e brincar neste espaço que para elas é tão especial. “Dentro de seus quartos, elas possuem um mundo particular e encantado, e nós, adultos, temos que compreendê-las”, afirma a arquiteta

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de interiores Marli Assis. A designer de interiores Valéria Mazeto concorda: “as crianças sonham e o especificador tem que sonhar junto, viver o faz de conta. As crianças querem e precisam de um ambiente lúdico e sensorial no qual vão vivenciar a realidade e a fantasia”. “Elas não têm a noção de um tema, mas expressam as várias coisas de que gostam. É o profissional quem deve dar ao projeto uma identidade”, observa a arquiteta Paula Gambier. “As crianças, desde pequeninhas, querem a privacidade delas. Mesmo que o apartamento comporte home theater, salas maiores e espaços diferenciados, o seu cantinho tem que ser especial – e, na maior parte dos casos, ter a cara delas”, avalia a arquiteta de interiores Flora Cukierkorn. É importante estimular a imaginação e criatividade


das crianças desenvolvendo espaços nos quais elas possam fazer várias atividades, como brincar, desenhar e ver filmes. Isso, sem esquecer a capacidade que têm de assimilar rapidamente a tecnologia. “Hoje elas são alfabetizadas muito cedo e têm TV, computador, games e brinquedos eletrônicos”, exemplifica Marli Assis. Adotar um mobiliário flexível a mudanças permite transformações futuras, acompanhando as várias fases da infância. Um exemplo são os colchões dobráveis, que se assemelham a futons. Eles fazem as vezes de bicama quando um coleguinha vem dormir, mas também servem para trazer conforto e segurança na hora em que os pequenos querem brincar no chão. Dobrados e colocados debaixo da cama, ocupam pouco espaço. Outra opção são as camas com aberturas verticais, nas quais é possível levantar o estrado para acomodar colchões, edredons ou até brinquedos. A marcenaria é uma ferramenta muito utilizada para adequar o mobiliário ao espaço e setorizar

01. Para aumentar a área dos armários e criar um espaço livre central, Teresa Simões investiu no uso de nichos, executados pela Marcenaria Daff. Na parede da cabeceira, pintura especial em tons de lilás com tintas Sherwin-Williams. 02. Paula Gambier definiu dois elementos do universo esportivo – as bicicletas e as motos – para criar um ambiente limpo e funcional para o garoto de nove anos. Destaque para a cama executada pela marcenaria Mielnik, que é ligeiramente rebaixada e conta com uma borda de madeira, como um deck. Na parede, o revestimento telado plástico cinza é da Regatta Tecidos.

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03 e 04. Apoiando-se na marcenaria (Todeschini) e nas cores escolhidas pela criança em parceria com a sua mãe, Marli Assis transferiu para o ambiente a meiguice e a personalidade da menina de cinco anos. A roupa de cama é da Alamanda. 05. Valéria Mazeto unificou dois quartos ao banheiro para criar uma ampla suíte com closet e área de estudos com computador para um menino de 11 anos. Na área de dormir, que recebe os amigos, há videogame e TV de LCD giratória, o que permite assisti-la tanto da cama quanto do futon (Haus Objetos e Mobiliário). O toque final fica por conta da coleção de brinquedos e miniaturas. Trabalho de marcenaria da Benestare. 06. Na penteadeira desenhada por Flora Cukierkorn, à direita, a menina de quatro anos organiza em casulos seus elásticos, colares, presilhas e anéis. Como alternativa aos bichinhos, a escolha da profissional foi por tecidos em tons de lilás e rosa. A bancada para o computador é uma solução cada vez mais frequente nos quartos infantis.

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o ambiente em, por exemplo, área de dormir, de estudar e brincar. “Acho fundamental esta divisão, e as crianças adoram. Sempre é preciso ter a estante de livros, a mesinha de pintura, a TV, o computador, o espelho e os brinquedos”, explica Valéria Mazeto. “As famílias pedem espaço, tanto nos armários quanto de circulação”, declara a arquiteta Teresa Simões. “Hoje o mercado é muito versátil quando falamos em mobiliário. Tudo pode ser feito, bastam

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boas ideias e uma marcenaria qualificada para executá-las”, avalia a arquiteta Erika Linardi. Para aproveitar bem o espaço, a arquiteta e designer de interiores Nelia Chinelli Fay faz um rigoroso estudo do espaço. “Ao colocar a cama acima da altura normal, aproveita-se o espaço embaixo dela com armários, nichos ou até mesmo um local de estudo ou para brinquedos especiais”, observa. “Uso muito nichos nos cantos, aproveito os vãos


embaixo das mesas, compacto espaços usando aparelhos menores. Enfim, várias são as formas de utilizar todo cantinho e até mesmo fazer nele um detalhe diferencial”, assinala Flora Cukierkorn. Neste espírito, adesivos com personagens, bichinhos e brinquedos podem ser assimilados de forma que, na medida em que as crianças crescem, esses elementos sejam apenas substituídos sem interferências no projeto. Segundo Flora Cukierkorn, “hoje os pais querem que o espaço dure por mais tempo, pois precisam garantir o custo-benefício”.

quarto infantil visa possibilitar um espaço multiúso com toda tecnologia disponível no mercado – e sempre ter uma cama extra para os amiguinhos”. É necessário atender ainda a expectativa – vinda, sobretudo, dos pais – de que os quartos devem estimular o desenvolvimento e a criatividade das crianças. “Deve-se respeitar os sonhos da criança, suas aptidões e preferências. Assim será mais fácil descobrir em que áreas elas terão mais desenvoltura ou necessidade de incentivos”, afirma Marli Assis. “Outro fator importante para o desenvolvimento infantil é que a criança perceba aquele espaço como seu, onde ela pode fazer o que quiser”, completa Valéria Mazeto. Flora Cukierkorn afirma que, atualmente, as famílias demandam espaço para o computador desde cedo – e, na maior parte dos casos, laptop. “Os pequenos hoje usam o computador como

Ambientes estimulantes Valéria Mazeto observa que, ao longo dos anos, as solicitações dos pais se modificam: “as famílias hoje buscam ficar mais em casa devido à violência urbana. Por consequência, as residências ficam mais abertas às reuniões familiares e com amigos. Atualmente o

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07. Executada em MDF e com 07 revestimento em laminado colorido da marca Fórmica, a cama alta recebeu um toque de cor azul e um armário para brinquedos. O projeto é de Nelia Chinelli Fay. A persiana (Divano Decorações), a parede (tinta Lukscolor) e a roupa de cama (Cinerama) seguem os tons vibrantes. 08. Erika Linardi e Luiz Marcon criaram o ambiente que procura facilitar uma futura alteração. A base tem acabamento em laca branca fosca – o que viabiliza qualquer outra composição. O criado mudo foi substituído por prateleiras que formam uma estante para objetos, coleções, fotos e acessórios. A marcenaria é da SCA. O papel de parede estilizado com caricaturas (Alamanda Decorações, mesma marca das almofadas coloridas) tem como tema a cidade de Nova York. 08

se fosse um brinquedo qualquer e o manipulam com mais naturalidade do que os adultos. As escolas passam trabalhos e atividades que são feitas nele, então, este não pode faltar”. Erika Linardi destaca também a atenção à iluminação: “os ambientes devem possuir, além da luz natural, uma ótima iluminação para a bancada de estudos, onde a criança ou adolescente deve sentir-se o mais confortável possível”.

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Segundo os profissionais, a demanda das crianças por personagens e produtos licenciados deve ser atendida com parcimônia. “Quando vem uma nova onda, a criança é afetada de tal forma que fica muito difícil fazer um controle sem criar frustrações. Cabe aos pais direcionar e avaliar os limites”, assinala Marli Assis. “Lido com isso utilizando o bom senso. O mercado disponibiliza muitos produtos e tenho que adequá-los ao projeto”, finaliza Valéria Mazeto.


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