Mulher e as experiências no espaço público. E se a rua também fosse nossa?

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MULHER

e as experências no espaço público e se essa rua também fosse nossa?

Aline Araújo dos Santos de Lima Arquitetura e Urbanismo - 2020 Ilustração : Nayani real



Me levanto sobre o sacrifício de um milhão de mulheres que vieram antes e penso o que é que eu faço para tornar essa montanha mais alta para que mulheres que vieram depois de mim possam ver além

Legado Rupi Kaur



Centro Universitário Belas Artes Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

Mulher e as experiências no espaço público. E se a rua também fosse nossa?

Aline Araújo dos Santos de Lima Orientadora : Débora Sanches

São Paulo 2020



Aline Araújo dos Santos de lima

Mulher e as experiências no espaço público. E se a rua também fosse nossa?

Trabalho Final de graduação apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo ao Centro Universitário Belas Artes de São Paulo como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

Banca Examinadora

Prof. Dra. Débora Sanches

Prof. Dra. Aline Nassaralla Regino

Maria Isabel Nobre de Sousa Cabral


AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a todas as mulheres que vieram antes de mim, e que graças à suas lutas, hoje temos direitos e voz, para que uma mulher periférica conquiste e chegue aonde seus sonhos te levem. Agradeço a minha mãe, meu maior exemplo de mulher forte. Obrigada por toda sua dedicação, amor e esforço todos os dias ao longo desses anos, tudo que tenho e sou hoje é graças a você. Essa conquista é nossa, Eu te amo. Agradeço às mulheres da minha família, cresci cercada de mulheres fortes, em especial à Iva Maria , por ter feito sua casa e abraço e meu segundo lar. Natália Trezena, por me apoiar e acreditar nos meus maiores sonhos, e ser refúgio e calmaria nos dias ruins, eu te honro e Iremar e Thais Rodrigues, por sempre torcerem por mim. Agradeço a Amanda Ribeiro, pela amizade de todos esses anos, pelas conversas, desabafos e carinho. Obrigada por sempre me motivar e acreditar no melhor de mim sempre. Aos meus amigos, que me apoiaram durante essa caminhada, e fizeram meus dias mais leves. Em especial Giovanna Pacini, por me permitir te conhecer, fazer todos os planejamentos comigo e ter sempre um doce para me deixar melhor. Ao Paulo Dias, por essa amizade, apoio, cuidado e por me apresentar sua melhor versão. Júlia Nogueira, por compartilhar vivências e apoio e


Mayara, pelo suporte e disposição em ajudar. Agradeço a Victória Vicente, minha parceirinha, por compartilhar comigo esse ciclo tão importante e rico de nossas vidas. Obrigada por sempre segurar minha mão, e enfrentar tudo isso ao meu lado e por essa amizade.

Agradeço à minha Orientadora, Débora Sanches, por ser luz de esperança no final da graduação, e apresentar a luta das mulheres e da moradia, que transformaram minha vida. Obrigada por tornar o processo inspirador e mais leve.

Agradeço Arthur Duarte, por ser meu parceiro durante toda a graduação, nas crises existenciais, nas longas conversas, cafés e choros nas escadas da Belas Artes. Obrigada por me ouvir, me encorajar e por essa amizade dentro e fora da faculdade, para a vida.

Agradeço às mulheres do movimento de moradia pelo aprendizado, em especial as mulheres do Jardim Celeste, por nos receberem de braços abertos e nos ajudar durante todo esse processo. Vocês são inspiração, exemplo de luta e cidadania. Um agradecimento em especial para Graça Xavier, Maria de Fátima e Dona Olga. Seguimos juntas.

Agradeço a Nayani Real, pela linda ilustração de capa, e que soube representar a essência do trabalho. Obrigada por fazer parte desse processo, um trabalho feito por mulheres, não podia faltar sua arte. Agradeço a Professora Alzira, minha primeira inspiração dentro da faculdade, que me apresentou o urbanismo. Obrigada pelas conversas e risadas. Ao professor Sérgio Lessa, por sua gentileza, e esforço e dedicação aos alunos. Obrigada pelo carinho, abraço de conforto e conhecimento compartilhado. Agradeço a Maria Isabel, Profº Nadia Cahen e Profª Sabrina Fontenele, por comporem nossa Bancada Feminista, participando desse momento e por todo aprendizado compartilhado. Agradeço a Professora Aline Nassaralla, por sempre incentivar a pesquisa, e seus alunos. Por acreditar na educação e pelas melhores dicas de livros. Obrigada, pelo esforço e pelo papel fundamental no rumo nesse trabalho e nessa graduação, um exemplo de mulher e profissional. Obrigada!

Agradeço a todos os seres de luz do universo, que me guiam e protegem diante dessa jornada e na vida.

OBRIGADA!



RESUMO

Em uma sociedade marcada pelo patriarcado, e pela reprodução das relações de segregação espacial, aonde o padrão de organização produtivo na cidade, foi criado por homens e para homens. A mulher quando ocupa esses espaços, se depara com um território hostil, que não leva em consideração, a sua fundamental importância na cidade. Dessa forma, as mulheres enfrentam diariamente, a opressão de seus corpos serem vistos como público, descumprindo o seu direito à cidade. Esse trabalho busca analisar, sob a ótica da mulher, como a cidade se manifesta diante da opressão e exclusão, favorecendo a reprodução da cultura do machismo, na mobilidade e espaço público. Para tal, foi escolhido para estudo o Jardim Celeste, localizado na zona sudeste de São Paulo, a fim de entender a dinâmica de descolamento, e a partir de uma oficina realizada com as mulheres moradoras do territorio, foi desenvolvido um projeto urbano em diferentes escalas para melhorar o acesso da mulher ao espaço público e transporte.

Palavras-chave: Mulher; Direito à Cidade; Feminismo; Jardim Celeste; Caminhabilidade.


SUMÁRIO INTRODUÇÃO

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1.MULHER E CIDADE - SUBSTANTIVOS FEMININOS

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Direito à cidade Mulher e cidade Feminismo; Raça e classe

2.O CAMINHAR É FEMININO

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Caminhabilidade Deslocamento feminino Politicas publicas pensando em gênero

3.REFERÊNCIAS

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4. JARDIM CELESTE – TERRITÓRIO DE CONQUISTA

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Mulher e Moradia Jardim Celeste


5.METODOLOGIA

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Collect ponto 6 Portal celeste Á deriva

6.PROJETO

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Estudos 01.

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Estudo.02

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Planejamento Urbano Participativo

Percurso

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXO

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. In tro du ç ã o


E se essa rua também fosse nossa ? Onde as mulheres possam andar e ocupar a cidade sem medo, que a escolha de uma roupa, seja pelo seu gosto e não para não serem importunadas e seus corpos não fossem visto como público. Para a mulher estar no espaço público são dados comportamentos, que se devem seguir para se vivenciar a cidade. Imposições essas, ensinadas desde pequenas já nas brincadeiras, onde o menino pode brincar na rua, e você tem que brincar dentro de casa. Por que rua, não é lugar de menina! Imagine viver em um mundo onde não há dominação, em que mulheres e homens não são parecidos nem mesmo sempre iguais, mas em que a noção de mutualidade é o ethos que determina nossa interação. Imagine viver em um mundo onde todos nós podemos ser quem somos, um mundo de paz e possibilidades. (HOOKS,2005, p.15)

Esse trabalho parte do pressuposto de que a cidade é um espaço que favorece a dominação masculina. A estrutura social patriarcal, machista e a falta de planejamento com poucas iniciativas para garantir o acesso de forma igualitária das mulheres à cidade ,são fatores que controlam sua liberdade. O estudo tem como inquietação, compreender sobre como as mulheres se deslocam na cidade e em seus próprios bairros, relacionando o desenho urbano, junto como a arquitetura e urbanismo, para contribuir na construção e soluções nas necessidades das mulheres. O principal motivo da escolha do local de estudo, foi o fato da participação efetiva das mulheres pela busca de seus direitos, um território liderado por mulheres na luta por moradia. Uma comunidade organizada, facilitando o processo participativo.

Localizada na periferia da cidade, zona sudeste do município de São Paulo sofre, como todas as outras áreas do extremos , com a precariedade de infraestrutura e falta de atenção do estado, o que dificulta o cotidiano dessas mulheres. Dessa forma, o objetivo é elucidar questões da mulher do espaço público e dar voz para elas se reconhecerem como agentes que construtoras da cidade, com suas perspectiva se pensar maneiras colaborativas de criar uma analise urbana segundo gênero. No primeiro capítulo, é abordado sobre o direito à cidade,e como a mulher se relaciona ( ou não) com o espaço público, como valores patriarcais e machistas associam a mulher ao espaço privado e uma reflexão de como a mulher negra é exposta a uma maior vulnerabilidade. O segundo capítulo, busca compreender como é deslocamento da mulher. Majoritariamente responsável pelo ato de cuidar, percorre mais a cidade dos que os homens , sendo a principal usuária do transporte coletivo, para cumprir sua dupla jornada de trabalho. No terceiro se apresenta repertórios que estão alinhados com o objetivo de estudos de proposta, pensado sobre perspectiva de gênero e na periferia. O quarto capítulo é apresentado a luta dessas mulheres pela moradia, e como foi conquistado a construção do Jardim Celeste. No capítulo cinco é dedicado a apresentação da metodologia usada para analisar o território e ouvir das moradoras, por meio de uma oficina, como poderíamos contribuir no cotidiano . E por fim, no capítulo seis, é apresentado estudos urbanos em diversas escalas, com diretrizes para melhoria do bairro e do dia-a-dia das mulheres.

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1.MU LH E R E CIDADE - S UBS TA NT IVO S FE MI NIN O S


Meu recado às mulheres

contem suas histórias descubram o poder de milhões de vozes que foram caladas por séculos. Ryane Leão

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Na Constituição Federal Brasileira de 1988, no artigo 5º diz que todos são iguais, independente de gênero, raça, renda, e que homens e mulheres, são iguais em direitos e obrigações. No entanto, dados como o Mapa da Violência (2015), onde o Brasil está no 5º lugar dos países que mais matam mulheres no mundo e 81% dos casos 1 de estupros, as vítimas são mulheres , demonstram de forma clara que estamos muito longe de alcançar a igualdade de gênero e o direito democrático à cidade.

de-se que o termo como um direito humano coletivo, que desafia o sistema por transformar a cidade pela decisão das pessoas. A luta pelo direito à cidade, se vê como valor de justiça, democracia e igualdade, por parte de manifestações urbanas e de demanda social. O direito à cidade não deve ser entendido como um direito ao que já existe, mas como um direito de reconstruir e recriar a cidade como um corpo político socialista com uma imagem totalmente distinta: que erradique a pobreza e a desigualdade social e cure as feridas da desastrosa degradação ambiental (HARVEY, 2014, p. 247).

A relação de apropriação de espaço urbano, por Henri Lefebvre em 1970, que via esse direito como uso para atividades da vida cotidiana e a participação dos habitantes como gestores da produção da cidade. Essa ideia, foi questionada em seu livro “A revolução Urbana”, escrito na sequencia da revolução social na França, que se iniciou com protestos de estudantes ,que junto com outras camadas sociais, reivindicavam por democracia, defesa da liberdade e denúncias contra as guerras. O Movimento de maio de 68, como ficou conhecido, motivou movimentos em outras partes do mundo, como Estados Unidos.

O direito à cidade, vai além do acesso aos serviços e equipamentos urbanos, embora seja obrigação da gestão pública proporcionar esse direito. É pensar na cidade de uma forma democrática, onde todos tenham seus direitos garantidos e possam viver de uma forma digna, como nos é assegurado, pois a cidade hoje não é vivenciada de forma igualitária. Todas as pessoas que vivem na cidade são cidadãos? Não é bem assim. Na verdade, todos têm direito à cidade e têm direito de se assumirem como cidadãos. Mas, na prática, da maneira como as modernas cidades crescem e se desenvolvem, o que ocorre é uma urbanização desorganizada. [...] Direito à cidade quer dizer direito à vida urbana, à habitação, à dignidade. É pensar a cidade como um espaço de usufruto do cotidiano, como um lugar de encontro e não de desencontro. (JACOBI,1986, P.22).

O direito à cidade (1968) de Lefebvre, se refere-se à utilização de espaços públicos na perspectiva daqueles que criam a obra, o que pode significar pertencer a uma classe social que tem bens materiais: homem branco, heterossexual, de classe média alta. Nesta forma, a ausência de diversidade, apresenta uma visão homogênea do espaço urbano, o direito à cidade atuando na exclusão de certa parte da população. Segundo David Harvey (2004) direito à cidade é “um significante vazio. Tudo depende de quem lhe vai conferir significado” (2014, p.20). A definição de direito, tem um propósito de luta. Compreen1.Dados de Fórum Brasileiro de Segurança Pública,2019

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Mulher e cidade Conforme Gonzaga (2011), a inter-relação da cidade e da mulher, se dá pelo cotidiano da história. A história das cidades foi documenta, e a das mulheres muito pouco, e o contato foi pela visão dos homens, dentro do seu olhar calçada no patriarcado2. Perrot (2006, P.17) reflete que a história, é o que acontece, sequência de fatos, mas pode ser interpretada como o relato. “Porque são poucas vistas, pouco se fala delas”, e aborda o silêncio das fontes, para uma das razões do silenciamento das mulheres. Com acesso tardio á escrita, e com a pouca valorização da sua própria produção, não se tem muitos relatos. As histórias importam. Muitas histórias importam. As histórias foram usadas para espoliar e caluniar, mas também podem ser usadas para empoderar e humanizar. Elas podem despedaçar a dignidade de um povo, mas também pode reparar essa dignidade despedaçada. (ADICHIE,2009, P.32)

A história das mulheres começa ter um espaço, a partir do século XIX. “Escrever a história das mulheres é sair do silêncio em que elas estavam confinadas”, afirma Perrot (2006, p.16) As reivindicações das mulheres, brancas de classe média alta, iniciaram sobre o corpo e as suas atribuições da vida privada até a conquista dos seu espaço, na cidade, no trabalho e na política. A luta pelo poder está no cotidiano, espaço físico, privado ou público, e o estado tem o papel de compreender que os cidadãos têm suas diversidades culturais. Farreat diz que “Todo social realiza- se no espaço, e as relações de gênero não fogem dessa regra” (1985, p. 21) 2. Patriarcado é um sistema sociopolítico que coloca os homens em situação de poder, ou seja, o poder pertence aos homens.

A estruturação espacial está relacionada ao processo de redistribuição de riqueza, aspectos sexista e patriarcal da sociedade é o principal fator que impossibilita o acesso das mulheres, gerando dificuldade de desfrutar o espaço construído e até seus próprios corpos. Foto 01: Mulher em manisfestação

Fonte: Mídia NINJA, foto de Tuane Fernandes

A cidade nunca foi vivenciada pelas mulheres da mesma forma que os homens, Simone Beauvoir (1949), diz “a mulher determina-se e diferencia-se em relação ao homem, e não este em relação a ela; a que diz que a fêmea é o inessencial perante o essencial; também o homem é o sujeito, o Absoluto, ela é o Outro” (1970 p.10). A mulher é o outro no corpo social. Responsável pelas atividades da esfera reprodutiva no espaço privado doméstico e do ato de cuidar, onde a divisão arcaica, reforça a caracterização de gênero. E para vivenciar a cidade, é estabelicidades diversas condutas, que ela deve seguir - locais que pode ir, horarios para chegar e como devem se vestir, questões para se ocupar a cidade,é acompanha do medo de estar ali, pelo simples fato de ser mulher.“Ninguém nasce mulher: torna-se mulher” (Beauvoir,1970,

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p.09), deste trabalho gênero será considera uma construção social.

portar “Encurralando-as no espaço privado e reproduzindo o tratamento dado neste espaço nos espaços públicos, proprietários de seus corpos” (Gonzaga,2011, p.25). Essa ideologia passa por todas as organizações da sociedade, reproduzindo costumes, e construindo uma identificação feminina, entre homens e mulheres definindo papéis e imposições, teorias que tentam fundamentar a incapacidade da mulher, assim decidir sobre a vida e corpo delas.

Vera Soares (2004) acredita que se refere ao gênero à construção social do ser, masculino e feminino, e não só por sua competência natural ou biológico, esse pensamento é relacionado muitas vezes a características sociais que designa o ser. Essas diferenças são formadas em uma estrutura, onde o homem tem maior status do que a mulher. O gênero é um termo que nomeia a interação, um estudo do outro, o conceito de categorias que explica as desigualdades entre as pessoas. A raça, classe e a etnia, são outras categorias socialmente impostas, que junto com o gênero, determina a localização social das pessoas. (Soares,2004)

Na medida em que se dá ao homem um caráter racional e independente, concede se a mulher automaticamente um caráter passivo e afetivo. É necessário para destruir essa relação de dominação dos homens a alteração da posição cultural dos homens. Figura 01: Dados de violência em espaços urbanos.

Gênero, para a Sonia Calió “diz respeito à dimensão socialmente construída do feminino e masculino. Ou seja, ao conjunto de regras segunda as quais as sociedades transformam as condições biológicas da diferença em verdadeiras normas sociais.” (1997, p.1) Ao falar de mulher, não se faz referência ao ser biológico, mas sobre o entendimento da sociedade sobre o que é ser feminino. O feminismo, trouxe a tomada de consciência sobre as opressões, ações afetadas a favor da igualdade de direitos, demonstrando outras relações de poder, dando visibilidade às mulheres. A ideologia de gênero também é um conjunto de ideias, que veio para desconstruir estes papéis. E os estudos não são sobre mulher, e sim sobre mulheres, pois entre as mulheres existem diversidades segundo sua raça/etnia, cultura religiosa, classe social, orientação sexual. Para garantir a igualdade de direito. (GONZAGA, 2011, P.52)

O sistema patriarcal/ machista é alimentado por uma ideologia, onde é estabelecido formas de como as mulheres devem se com-

Fontes: ActionAid,2016 e Instituto Pólis,2020

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Quando o direito de votar só era assegurado a quem fosse homem e possuidor de propriedade. As mulheres, como não eram alfabetizadas nem possuíam propriedades, não votavam. Eram consideradas incapazes. E estas ideologias modeladoras de comportamentos têm desdobramentos na utilização do espaço construído da cidade, assim como na concepção de projetos arquitetônicos garantindo que lugar de mulher é na cozinha. A mulher não tinha nem mesmo o direito de freqüentar a sala, prática ainda vigente em alguns países.” (GONZAGA,2011, P.26)

A inserção das relações sociais de gênero, é construído em um processo histórico, demonstra que o fato de alguém ser mulher, e seu papel definido pela sociedade, afeta em sua mobilidade e utilização dos espaços públicos e privados. Gonzaga, diz que “Há menos de 80 anos, as mulheres passaram a poder andar sozinhas nas ruas e cidades.” (2011, p.26).

de. O poder das cidades, foi criada por homens e para homens, brancos da classe média alta, que os privilegia. A Falta das mulheres nos espaços políticos, é o que faz se compreender por que as cidades continuam um espaço segregado.( Vianna,2014) Calió (1997), coloca a dificuldade de ser fazer uma leitura sobre a posição da mulher na cidade, as divisões espaciais em questões políticas, demográficas, econômicas e culturais, foram por muito tempo preferencial nas análises urbanas, sem distinção de gênero. “A cidade passou a ser uma aglomeração de indivíduos assexuados, submetidos a um ponto de vista global - leia-se masculino - que não vivem outras relações sociais entre si que não sejam as de classe” (1997, p.4). Mesmo a mulher na reprodução de força na cidade, trabalho e família, transitar no território não significa que elas ocupam de fato a cidade,“misturada na multidão, a mulher vive uma falsa impressão de igualdade de uso e de mobilidade urbana.” (1997, p.5).

Vianna (2014) vê a divisão público privado, transformar a mulher na grande e única responsável pelo espaço privado, e se privando da apropriação do espaço público, local dito com atividades produtivas, notadas como “ naturalmente” masculina. A falta da mulheres no espaços é o fator para se entender a segregação.

Conforme dados da pesquisa Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (2020) com análises de pesquisa de Origem e destino (2017) do metrô, mesmo com a crescente participação das mulheres no mercado de trabalho, e aumento de o número de famílias chefiadas por mulheres, (de 25% em 1995, para 45 % em 2018 , segundo o IPEA), a mulher continua sendo majoritariamente a responsável pelo trabalho doméstico e pelo questões da vida familiar. Isso reafirma, que as mulheres acumulam responsabilidades em ambos os espaços, levando a dupla jornada de trabalho.

A desigualdade ao acesso dos espaços, não é apenas pela produção e reprodução das cidades, é um componente delas. O que dificulta a vida as mulheres, não é se trata apenas da falta de infraestrutura urbana, o principal fator é a desigualdade de gênero, relacionado as demais opressões que formam a cida-

Devido à dificuldade e tempo de conciliação de diversas tarefas, é influenciado por elementos como a qualidade e localização dessa moradia, e infraestrutura como posto de saúde, creches, proximidade de transporte, saneamento entre outros. Seguindo essa lógica, mulheres de baixa renda, moradoras da perife-

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ria, sentem mais essa precariedade da infraestrutura de mobilidade.E essa situação se agrava no caso das mulheres negras.

Figura 02: CADEIA DO CUIDADO.

O papel das mulheres na reprodução da força de trabalho e na família torna sua presença marcante e quase que obrigatória nas lutas sociais pela melhoria dos serviços urbanos e qualidade de vida. Devido às suas tarefas domésticas e participação na comunidade (sobretudo as mulheres mais pobres), são as mais afetadas pela crise dos serviços urbanos que aumenta, consideravelmente, suas responsabilidades. Isoladas no espaço privado do lar ou à sua extensão pública (o posto de saúde, a farmácia, o hospital, a loja, o supermercado, a feira, o açougue, a padaria, a escola, o parque etc.), elas travam uma luta incessante contra o relógio, tentando administrar sua vida quotidiana. (CALIÓ, 1997, P.7).

Fonte: Instituto Pólis,2020 e Ipea,2015.

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Feminismo O feminismo ainda é visto de forma negativa por algumas pessoas, até mulheres, relacionando o movimento a pensamentos como, mulheres bravas que querem ser iguais aos homens, que vão contra a natureza de Deus e a sua sexualidade. Bell Hooks(2015), defini o feminismo como “um movimento para acabar com sexismo, exploração sexista e opressão” (2015, p.13), uma forma de afirmar que o movimento não tem relação em ser Anti - homem, e sim deixar claro que a raiz do problema é sexismo3/ patriarcado, que nos é imposto desde o nosso nascimento para aceitar, levar como certo essas ações.

Uma mulher não se torna feminista, apenas por ter nascido do sexo feminimo, ela adere ás politicas feministas por escolha e conscientização. As mulheres foram formadas a acreditar nos valores e pensamentos sexistas, tanto quanto os homens. O que difere, e que os homens, são os que mais se beneficiam do patriarcado, e com isso, é menos provável que queiram renunciar aos seus privilégios. Antes que as mulheres possam mudar o patriarcado, é necessário mudar a compreensão e criar consciência, de como esses valores são institucionalizados e expressos no cotidiano, e partir disso desenvolver estratégias de transformação, que com a conscientização, adquirem força para enfrentar o poder do patriarcado.(Hooks ,2015)

Classe e Raça O Movimento feminista que mais conhecido, é o de mulheres que tem como principal engajamento na igualdade de gênero, que busca por salários iguais para as mesmas funções e homens dividindo os trabalhos domésticos. Essa percepção de injustiça e dominação masculina, impulsiona a criação do movimento de libertação das mulheres. “A sororidade não seria poderosa enquanto mulheres estivessem em guerra, competindo uma com as outras” afirma Hooks (2015, p.19). Sororidade,do latim soror, que se siginifica irmãs, e o sufixo dade, vem de pertencer a um grupo, um conceito que não tem significado no dicionário, dificulta a defininação dessa palavra e de sua origem. O termo nesse caso, esta ligado ao movimento feminista em sua segunda onda,entre 1960 e 1970,onde o conceito começa a ganhar força, mesmo sem uma defininição(Roschel,2020).Nessa pesquisa, vai ser utilizada como aliança e irmandade entre as mulheres, pelo fim das opressões. 3 Sexismo ou discriminação de gênero é o preconceito ou discriminação baseada no gênero ou sexo de uma pessoa.

Quando mulheres não brancas criticam racismo dentro da sociedade como um todo e chamar atenção para as formas com que o racismo mudou e influenciou a prática teoria feministas, várias mulheres brancas simplesmente deram as costas para a sororidade e fecharam a mente e o coração. E isso é igualmente verdadeiro para as questões de classicismo entre mulheres. (HOOKS, 2015, P.37)

O feminismo universalizado, classe média branca, urbana elitizada, não representa a luta de todas as mulheres, e tem problemas que dificultam o seu desenvolvendo. Apenas o recorte de gênero, não é suficiente para contemplar todas as violações dos direitos das mulheres, onde deve se levantar bandeiras múltiplas, que representam diversas vozes e narrativas, pois há diversas formas de ser mulher. Existem pautas importantes sobre a diferença de que um corpo negro é tratado na cidade, desde a nossa colonização. A pesquisadora, Taís

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de Sant’Anna Machado (2019), aborda as marcas do colonialismo.

trabalho doméstico, teriam enxergado o direito de ficar em casa como “liberdade”. (HOOKS, 2015, P.67)

Mulheres negras nunca estiveram no lugar da respeitabilidade. Nós sempre tivemos que tentar cobrir os nossos corpos. Porque o corpo que foi estuprado durante a colonização, o corpo que é visto como o corpo de iniciação sexual de homens brancos, durante a colonização e o século XX, é o corpo negro. Então, enquanto a mulher branca, quer poder circular nos espaços, o corpo negro tem outro olhar. Assim, pautas sobre o corpo acabam sendo muito diferentes.

Uma discussão coletiva, é imprescindível para o fortalecimento da união feminina, trazer debates reais, questões essas invisibilizadas por uma perspectiva única e hegemônica. Incluir raça e classe na pauta do movimento, abre espaço para essas questões. Dentro do sistema social de raça, classe e sexo, as mulheres negras estão na base da pirâmide econômica, e localizadas nas extremidades das cidades. Entendíamos que solidariedade política entre mulheres se expressa na sororidade vai além de reconhecimento positivo das experiências de mulheres, e também da compaixão compartilhada em caso de sofrimento comum. (HOOKS, 2015, P.36)

No Brasil, a luta das mulheres, conquistou significativas vitórias para todas mulheres, como o direito ao voto( 1932), a criação da primeira delegacia da mulher em São Paulo (1985), e as mais recentes como, Lei Maria da penha (2006), Lei do Feminicídio (2015) e o sancionamento da lei que Importunação sexual feminina passou a ser considerado crime (2018).

Silenciar essas histórias é apagar a luta de negras e indígenas escravizadas, que são “base de luta pela emancipação feminina, que, nesse caso, diz respeito à libertação de corpos escravizados.” Ferrari, 2020.

Uma das conquistas e pautas do feminismo, foi a garantia do direito ao trabalho. Onde, se fazendo o recorte de raça, para a mulher negra não era nenhuma obtenção de um novo direito, pois ao longo da história, desde a escravidão,a mulher sempre trabalhou. É necessário, que o movimento feminista, também lute para ajudar reparação dos erros históricos do racismo brasileiro. (Machado,2019)

O feminismo para não ser taxado de “feminismo branco”, deve incorporar as reivindicações das mulheres pretas. A mulher preta, não pode escolher qual opressão é mais importante, isso é indissociável. É preciso pensar também em raça e classe. A maioria da população negra mora na periferia, segundo levantamento da Secretaria Municipal de Promoção e Igualdade Racial e 5,2 milhões de mães, moram nas favelas Brasileiras4 , mulheres que percorrem longos trajetos e gastam mais tempo no transporte. As mulheres negras, de baixa renda são 64% das pessoas que utilizam transporte coletivo, segundo Rede Nossa São Paulo,2019.

Quando a questão foi apresentada como uma crise das mulheres, era de fato uma crise somente para o grupo pequeno de mulheres brancas com alto nível de educação. enquanto elas reclamavam dos perigos do confinamento do lar, a maioria das mulheres da nação era da classe trabalhadoras. E muitas dessas trabalhadoras, que se dedicavam ao longas horas de trabalho, com baixos salários, e ainda faziam todo o

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Pesquisa realizada pelo Data Favela e pelo Instituto Locomotiva, 2020.


Expostas a violências das ruas e falta de transporte público de qualidade, são fatores que colocam as mulheres negras em situação de maior vulnerabilidade e insegurança em circular pela cidade.Pensar gênero, raça e classe, é fundamental para uma cidade mais segura, inclusiva e acessível para todas as mulheres.

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2.O C A MIN H A R É FE MI NIN O


“Toda vez que dou um passo o mundo sai do lugar Eu vivo no mundo com medo, do mundo me atropelar” Trecho da música, Siba


do as diversas tarefas, a mulher percorrer por mais trechos, faz paradas em seu dia, para conseguir conciliar afazeres.

Segundo o ITDP, Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento Brasil (2006), caminhabilidade é pensar as condições do espaço urbano sob a perspectiva do pedestre, características que favorecem a utilização do deslocamento a pé ou de bicicleta, que abrange aspectos como dimensões de calçadas, cruzamento, densidade do bairro, segurança pública, presença de vegetação entre outras características que influencia o caminhar e utilizar o espaço urbano.

Figura 03: Deslocamento Feminino

Solnit em seu livro, A história do caminhar (2002), conta que desde o período Mesoassírio, entre os séculos XVII e XI a.C, as mulheres eram dívidas em dois grupos : As esposas e viúvas que saiam às ruas, e que deveriam sempre usar um véu, enquanto a lei, proibia que escravas e prostitutas, cobrissem a cabeça. As mulheres com véu, encontravam-se protegidas, significada que elas serviam sexualmente a um único homem, consideradas “decentes”. E as sem a proteção do véu, não tinham o controle sexual de nenhum homem, consideradas “mulheres públicas”. Quando a palavra esta relacionado a mulher, é associado a prostituição e mulheres da rua, e quando o termo ligado a homem público e homem do mundo, por exemplo, significado e a ideias são diferentes. (Solnit,2002)

Fonte: Col·lectiu Punt 6, 2016

Pertence às mulheres as principais tarefas domésticas, e conciliar com seu trabalho remunerado, já que o ato do cuidar é majoritariamente da mulher, “cabe principalmente à mulher levar e buscar as crianças na escola, acompanhar outros integrantes da família ao médico e realizar as compras do lar.” (SMDU,2020), que geram deslocamentos que demandam tempo e esforço de um trabalho não remunerado.

A Autora apresenta a ideia de três pré-requisitos, para se fazer uma caminhada. É preciso ter tempo livre, um lugar para ir e um corpo livre de restrições sociais. O tempo livre, tem muitas possibilidades, porém a maioria dos horários não é muito convidativo e seguro para as mulheres e as práticas sociais, escondem as ameaças do assédio sexual e o estupro, que limita a capacidade das mulheres de andares por onde e quando desejam. (Solnit,2002)

A cidade produto de cada sociedade e suas contradições, reproduz espacialmente a situação de discriminação social vivida pelas mulheres, pois nela a divisão do espaço e do tempo expressa as mesmas

As mulheres, se movimentam na cidade de uma forma diferente do padrão dos homens, casa – trabalho, devi-

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divisões existentes na sociedade. E a maneira pela qual a cidade é estruturada afeta diretamente o tempo das mulheres: o importante fator da definição dos locais de moradia, dos equipamentos, do trabalho é o que determina seus trajetos, e se eles serão desgastantes ou gerarão contatos enriquecedores com a paisagem urbana (CALIÓ ,1992, P.02) Gráfico 01: Mobilidade Feminina

MULHERES UTILIZAM O TRANSPORTE PÚBLICO COM MAIS INTENSIDADE E ANDAM MAIS A PÉ.

Gráfico 03: Mobilidade Feminina.

MULHERES COM MENOR FAIXA DE RENDA APRESENTAM MAIOR VARIAÇÃO NA MOTIVAÇÃO DE SUAS VIAGENS.

Fonte:OD, 2017- elaborado pela autora

São elas que mais andam a pé pela cidade (32,5% - OD, 2017) para seus deslocamentos, e as condições para essa caminhada é essencial para a um percurso melhor e mais seguro ruas, calçadas e escadarias com qualidade de infraestrutura, manutenções recorrente, iluminação e um espaços públicos de qualidade. Fonte:OD ,2017- elaborado pela autora

Gráfico 02: Mobilidade Feminina.

Fonte:OD ,2017- elaborado pela autora

MULHERES MAIS POBRES SÃO AS QUE MAIS UTILIZAM TRANSPORTE COLETIVO E ANDAM A PÉ.

Mobilidade por uma perspectiva de gênero, é pensar espaços e suportes para se andar a pé e de transporte coletivo. Segundo a pesquisa “ Meu ponto Seguro1”, 76 % das mulheres se sentem inseguras no ponto de ônibus, é preciso pensar no trajeto do transporte , para que alcance mais bairros e contemple mais ruas, para a mulher percorrer um trecho menor até sua casa ou destino final, ajudando a se descolar com compras /crianças. Medidas como a Lei Municipal nº 16.490/16 que permite mulheres e idosos, desçam fora do ponto após as 22h da noite, sejam efetivamente garantidas. A campanha “ Placa no Busão2” (2018) 1.Pesquisa realizada pela Think Olga,2020. 2.A iniciativa da campanha , surgiu após Amanda, integrante da Rede Feminista, ter seu pedido negado pelo motorista de descer fora do ponto .A pesquisa uma junção do Coletivo Cidadelas, Minha Sampa e a Rede Feminista de Juristas.

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O Urbanismo modernista/ funcionalista, colaborou no Brasil com processos políticos e econômicos do país, que construiu uma cidade desigual, onde o planejamento urbano foi instrumento de dominação ideológica, ajudando a esconder a “cidade real” e a fomentação do mercado imobiliário restrito,ao mesmo público que o urbanismo brasileiro se compromete, de maior aquisição monetária. (Maricato,2000)

revela que 43% das entrevistas, solicitaram o desembarque e não tiveram seu direito assegurado, e o medo de solicitar, por causa da reação do motorista e passageiros, pela pouca divulgação da lei. A implantação de leis como essas, colaboram para diminuir insegurança no período noturno, evitando estupros e assaltos. É comum ver na periferias, pais, irmão e parceiros, esperando as mulheres no ponto de ônibus, pois a cidade é vivenciada de forma diferente.

E as mulheres acumulam ainda mais essa segregação de classe social e gênero, e piora quando se faz um recorte de raça. É necessário organizar-se por segmentos e ocupar o número maior de espaços políticos em todos os âmbitos municipais, federais, judiciários entre outros, para melhor gestão da cidade, compartilhada com população.

Planejamento Urbano no ponto de vista de gênero As lutas das mulheres esta relacionadas às políticas gerais, como o combate à violência doméstica e sexual que abrangem nas políticas de econômica, saúde e educação, de forma que se garanta uma relação de igualdade.

Quando não se leva em consideração a questão de gênero, não se reconhece a importância das mulheres nos processos de formulação de políticas públicas, e excluem a maior parte da população dos direitos de cidadania. “Ser uma mulher na política, ou ainda, ser uma “mulher política”, parece a antítese da feminilidade, a negação da sedução, ou ao contrário, parece dever tudo a ela.” (Perrot,2006, p.153)

Para se planejar uma política de gênero, é necessário conhecer a história social das mulheres, é essencial fazer uma análise cuidadosa considerando os conceitos históricos reais, entrelaçados a informações alternativas,vivência e perspectivas do usuário. Onde se possa entender de forma mais completa, a necessidade e interesses do público, com o Estado reconhecendo o valor produtivo das mulheres na cidade e para a sociedade. (Gonzaga,2011)

Para ocorrer mudanças, é necessário que as mulheres cheguem em todos esses espaços, já que são as mais prejudicadas em relação ao espaço público e político. Onde a visão machista/patriarcal forma os componentes da sociedade que, compõem os partidos que direcionam as políticas públicas. Ao ressignificar esses lugares e paradigma, as alterações intra urbanas, podem ser mais alcançadas nas questões da mulher. (GONZAGA,2011)

Considerado como intra urbano as estruturas do urbano composta por partes que se Inter relacionam, deve-se pensar que uma alteração em um componente, mexe com todo o mecanismo do planejamento. O planejamento urbano Brasileiro, seguindo com uma maior responsabilidade a uma parte da cidade, reafirma a produção da desigualdade e privilégios. Onde a cidade informal, favelas e periferia, não existe ordem e compromisso, ou reconhecimento de características territoriais.

Quem planeja a cidade deve reconhecer que existem necessidades diferentes e papéis diferentes, onde a mulher tem um papel reprodutivo e de produção. Os interesses e necessidades são diversos e se manifestam na saúde, educação, lazer, in-

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fraestrutura básica, habitação e transporte. Assim, deve-se estabelecer a equidade e justiça social, com a criação de condições necessárias para a cidadania, a desigualdade deve ser tratada como o mesmo interesse que as necessidades das elites.

Fazendo um comparativo entre distritos, e suas realidades sociais, podemos perceber que as ruas de uma área mais nobre, como a Bela Vista (Figura 05) na região central de São Paulo, tem índices melhores dos passeios, comparado ao Distrito do Sacomã (Figura 06), onde está localizado, o recorde de estudo abordado neste trabalho.

COVID 19

Figura 05: Distrito Bela Vista.

Estudos valorizando a importância e a necessidade um trabalho pensado no pedestre e a vida urbana, vem sendo ainda mais visibilizadas, após a entrada no século XXI. Autores como Jane Jacobs (1961) e Jan Gehl (2010), já questionam o modelo de planejamento que prioriza o veículo motorizado há algumas décadas e agora com o surgimento da pandemia do Covid-19, é reforçado a importância das larguras das calçadas, para conseguir praticar o distanciamento social. O Largura do Passeio SP, ilustra como as larguras das calçadas influenciam para conseguir manter o distanciamento, onde diante dessa situação é recomendado evitar transporte públicos e aglomeração, que é a realidade do transporte de São Paulo.

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Fonte: Largura do Passeio SP, 2020. Figura 06: Distrito Sacomã

Figura 04: Classificação Calçadas.

A partir da base de dados de georreferenciamento, GeoSampa foi determinado a largura dos passeios pelos distritos da capital. O estudo é adaptado do projeto Sidewalk Widths de NYC, de Meli Harvey (2020)

Fonte: Largura do Passeio SP, 2020.

As classificações vão de “impossível” manter o distancia, para calçadas de até 1,70m a “muito fácil” para calçadas maiores que 6,5m. (Figura 04) Fonte: Largura do Passeio SP, 2020.

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3 .R e f e rê n c i a s


Figura 08: Diagrama .Imagem disponibilizada pela autora.

1.Corpos Privados em Existência Pública: Uma leitura feminista sobre o processo urbano Ficha técnica: Mikaella Paola Oglouyan Brandão Orientadora: Prof. Dra. Ana Gabriela Godinho Lima Universidade presbiteriana Mackenzie Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Trabalho final de graduação, 2019 O trabalho observa o assédio como uma barreira da mulher na cidade e percepções sobre violência sexual no cotidiano feminino. O projeto propõe 4 intervenções arquitetônicas em um percurso, que vai do Baixo Augusta até a Major Sertório, no centro. As intervenções ocorrem a partir de respostas a situações cotidiana relatada pelas entrevistas feitas no decorrer do processo. Figura 07: Masterplan-Imagem disponibilizada pela autora.

Fonte: Issu Figura 09: Intervenção 2 Augusta+ Roosevelt inserido-Imagem disponibilizado pela autoraFonte: Issu

Foi escolhido como estudo de caso, por abordar a cidade sobre a questão de gênero e os problemas presentes na permanência da mulher, com o mesmo objetivo de criar um percurso que viabiliza as mulheres, por meio de suas vivências no seu território e ampliar a discussão de gênero na cidade. Fonte: Issu

A intervenção 2 demostra uma proposta para passagem em desnível onde com pouca iluminação causa insegura para as entrevistadas. Fonte: Issu

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2.MULHERES E SUAS GUERRILHAS URBANAS: processos de análise urbana segundo a perspectiva de gênero

Figura12: Mapeamento intervenções- Imagem disponibilizada pela autora.

Ficha técnica: Cândida Zigoni de Oliveira Landeiro Orientadora: Adriana Sansão Fontes Universidade Federal do Rio de Janeiro Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - FAU/ UFRJ Trabalho final de graduação, 2019. Figura 10 : Proposta de intervençãoImagem disponibilizada pela autora Fonte: Issu.

O estudo traz sobre a vivência dos corpos nos espaços públicos e suas conexões, elucidar as questões das mulheres nas cidades, a fim de entender a dinâmica em seus deslocamentos. O Método aplicado é por meio das experiências das mulheres, uma investigação de narrativas urbanas por meio de registros fotográficos, que apresentassem aspectos positivo e negativos durante o trajeto cotidiano, que se pode transformar em ações projetuais, “elucidar as demandas das mulheres no campo e convergir as vivências de diferentes repertórios em um mesmo espaço e tempo”, cita a autora.

Fonte: Issu.

Figura 13: Processo Participativo.Imagem disponibilizada pela autora.

Por trazer a experiência da mulher na cidade, o processo participativo com suas vivências e narrativas, foi o que chamou atenção como repertório para a pesquisa de estudo de casos, onde também se construiu com as mulhereseseuolhar,melhoriasemseudia-a-dia.

Figura 11: Implantação - Imagem disponibilizada pela autora. Fonte: Issu.

Fonte: Issu.

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3-.Concurso - Passagens Jardim Ângela Instituto Cidade em Movimento (IVM) Autoria: Estúdio +1 Local: São Paulo – SP Ano: 2017

Figura 16: Revigoração dos espaços públicos Fonte: Estúdio+1

Figura14:Proposta de intervenção em espaço público. Fonte: Estúdio +1

A proposta do concurso, foi pensada sobre o reconhecimento, apresentando relações locais, movimentos que estruturam o bairro. “Os movimentos pendulares que constituem grande parte das viagens diárias do bairro às regiões centrais, os deslocamentos intra-bairros, que visam as centralidades desta zona considerada periférica e os passeios pessoais de vizinhança.”, explica o estúdio. Explora as passagens para além das casas, para estimular diversos níveis de território. A escolha do projeto como estudo de caso, foi dada pela localização em uma área de periferia, onde questões de infraestrutura básica para as passagens também são levadas em consideração e propostas com iniciativa de baixo custo, e por se buscar intervir nos espaços extraindo das relações cotidianas, gerando espaço de troca e passagens de encontro. “Pretende enriquecer a discussão com temáticas como o espaço da mulher e do jovem nos percursos urbanos, contribuindo para uma maior heterogeneidade dos espaços urbanos.”, diz o estúdio em sua carta de interesse ao concurso. Figura 15: : Revigoração dos espaços públicos Fonte: Estúdio+1

Figura 17: Implantação. Fonte: Cidade em Movimento

Figura 18: Proposta de intervenção. Fonte: Estúdio+1

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4. JA R DI M CELES T E –TE R R I TÓ R IO DE CON Q U IS TA


Toda casa é uma árvore, que no chão se enraíza: em sua copa habitamos antigas sombras e fadigas. Em sua seiva de cimento, a memória se entrelaça: floresce dentro da alma a arquitetura da casa. Eis seus frutos habitados no corpo, que é semente: dentro da árvore brotamos a vida com suas vertentes. Toda casa é uma árvore, que no corpo se enraíza: o universo tem começo no chão em que se habita Adriano Espínola.


MULHER E LUTA POR MORADIA

O principal pilar dos Movimentos de Moradia, é a política pública da autogestão, modelo organizacional coletivo, marcado por solidariedade, onde o conhecimento popular e a justiça social são protagonistas e, condutora dessa ação.

O processo de expansão das cidades, é marcado por desigualdade, sem o acompanhamento de políticas públicas e planejamento urbano para se dar respostas às necessidades da população de baixa renda, sendo visível a diferença da forma de uso e ocupação da cidade.

A definição de autogestão na produção habitacional refere-se a ações em que a produção de moradias, ou a urbanização de uma área, ocorra com o controle de recursos públicos e da obra pelos participantes dos movimentos populares, de associações e de cooperativas (UNMP, 2019, p.12)

Como reflexo desse descontrole e do sistema capitalista, a moradia está sendo entendida cada vez mais como mercadoria, onde apenas a elite tem acesso aos melhores espaços, localização e infraestrutura. E a classe trabalhado só consegue acesso, às áreas carentes e periféricas da cidade, acentuando o abismo social existente.

A autogestão, contesta a privatização da produção habitacional financiada pelo Estado, contrapondo-se ao modelo convencional. A comunidade à frente das decisões, a partir da luta e resistência, o sentimento de pertencimento é incentivado, passa a compreender a importância da reivindicação dos seus direitos.

Em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos se constitui, o direito à moradia já estava garantido, porém na realidade brasileira, longe de ser introduzido. Artigo 25, Parágrafo 1 “Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito a segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência do de seu controle”.(Assembléia Geral da ONU, 1948)

Segundo a Cartilha de Autogestão em Habitação (2019), elaborada pela União Nacional por Moradia Popular, foi apenas em 2002, através de uma mobilização e participação direta da UNMP, que o direito à moradia foi incluído na Constituição Brasileira de 1988, no artigo 6 º juntamente a outros direitos sociais e econômicos. Com isso, a moradia passa ser responsabilidade do poder público, a criar políticas para atender a demanda de habitação digna para toda a sociedade civil.

Com o objetivo de lutar por condições dignas de moradia a todos, a partir da década de 1980, os Movimentos Sociais passaram a lutar com propósito da luta pela moradia digna. (Gohn ,2019), em 1987, a União dos Movimentos de Moradia de São Paulo (UMM-SP), é criada com a finalidade de lutar pelo do direito à moradia digna, pelo modelo de autogestão e Reforma Urbana.

Em razão da luta e pressão da União, que se obteve conquistas significativas e importantes no setor da habitação sobre o Estado. O Estatuto da Cidade (2001), um importante instrumento urbanístico é resultado dessa luta, que trouxe uma nova perspectiva para as políticas públicas, ressaltando a função social da propriedade, ampliando o acesso à moradia, e criando instrumento que facilitam a Regularização Fundiária, per-

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mitindo maior controle estatal sobre o uso e ocupação do solo, como a instituição de Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS). A forma de gestão coletiva não diz respeito somente à construção da moradia em si, tem relação direta com o envolvimento de sujeitos coletivos no processo participativo, na tomado de decisões e na implantação de uma cidadania ativa. (UNMP, 2019, p.13)

A participação popular no processo de aquisição a uma moradia digna, excede questões econômicas, é uma forma do cidadão reivindicar e exercer a sua cidadania. Os processos autogestionários ocorrem através de associações, que dialoga com o movimento e o poder público.

Foto 02: Luta pela Reforma Urbana e Auto gestão. Fonte: UNMP

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Com o modelo de gestão, as mulheres se empoderam, e elas se veem parte de um grupo, se sentindo mais seguras e respeitadas, para reivindicar seus direitos, obtendo contato com temáticas, muitas vezes novas, como o feminismo, violência doméstica e ampliando sua formação social e política.

Deve-se reforçar a importância e a expressiva participação das mulheres, assumindo funções da base até a coordenação, na gestão. Segundo a Cartilha de Autogestão (2019) a experiência na autogestão contribui nessa formação, como a superação do papel socialmente imposto da mulher na família, a luta contra a violência doméstica, enfrentamento à cultura patriarcal e machista e ampliação da participação política.

Jardim Celeste A elaboração do projeto da casa pela perspectiva do olhar da mulher, valorizando espaços do seu cotidiano e priorizando aspectos que permitam a recolocação da vivência doméstica compatível com as conquistas recentes da luta feminista, aspectos relevantes e emancipadores que contrapõem o que é produzido pelo mercado. (CARTILHA DE AUTOGESTÃO,UNMP, 2019, p.23)

O Jardim Celeste fica localizado na região sudeste de São Paulo, no distrito do Sacomã. Local de estudo e pesquisa, é uma conquista do movimento no regime de mutirão autogestionário. As moradias construídas a partir de 1990, teve apoio de programas como o FUNAPS Comunitário, que é um programa de mutirões que destina repasse dos recursos para as associações comunitárias auto gestantes, para a compra de material para a construção das habitações de mutirão, onde ficam responsáveis pelas próprias moradias.

As mulheres são protagonistas na luta pelo direito à moradia, sendo maioria que compõe os movimentos sociais, que se mobiliza por questões da esfera pública, afirma Gohn (2007), a presença nas ocupações e atos é perceptível sua maioria. Foto 03: Mulher e Moradia. Fonte: UNMP

Foto 04: Mutirão. Jd. Celeste. Fonte: Pastoral da moradia do Ipiranga, 1990.

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No caso do Jardim Celeste, segundo o 1º Mapa Comunitário do Jardim Celeste (2007), um relatório feito pela mesma, foi possível a construção de cerca de 1076 unidades habitacionais, sendo elas 556 por mutirão com autogestão e 520 por empreiteira, beneficiando aproximadamente moradia para 5 mil pessoas, um acordo da associação com o poder público. Mesmo com esse acordo, o processo da luta por moradia é longo, e por e possui diversas etapas. O processo de regularização,por exemplo, que assegura aos moradores do domínio legal e segurança jurídica de suas residências, teve o processo de desapropriação iniciado em 1989 pelo decreto nº 27. 974 e alterado pelo decreto nº 36.655 de 26 de dezembro de 1996, e concluiu apenas em 2016, segundo relatos de moradores.

Segundo a UMMSP, o Movimento de Moradia da Região Sudeste, nasceu com as articulações da Pastoral de Favelas da Região Episcopal Ipiranga, a partir de 1980, com o objetivo de mobilizar os movimentos de moradia, lutando pelo direito à moradia, reforma urbana e autogestão. A Associação é uma entidade, lidera por mulheres, que coordena movimentos de moradia na região Sudeste, abrangendo os bairros, Jardim Clímax, Pq. Bristol, Água Funda, Vila Mariana, Vila Livieiro, Ipiranga, Jabaquara, Vila Arapuá, Jardim Maristela e Vila Moraes, defende a construção de “um movimento de base em prol da Luta da Moradia e Reforma Urbana, nos princípios da organização, democracia interna e defesa das políticas públicas com participação popular para mulheres, idosos, negro(a)s e famílias de baixa renda.” (UMMSP,2007)

Foto 05: Entrega de cestas para a comunidade.Fonte: UMM-SP

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5.ME TO DO LO GIA


“Companheira me ajuda Que eu não posso andar só, Eu sozinha ando bem Mas com você ando melhor” Ciranda Feminista


o Espaços para a vida cotidiana1, que tem três eixos, o primeiro chamado Diagnóstico Urbano Participativo, que traz ferramentas qualitativas sensíveis ao gênero, que obtém dados para a análise do espaço, com experiências compartilhadas. O segundo, Avaliação do espaço urbano, aborda um sistema de indicadores de tipos de espaços, com a análise de qualidades urbanas.E o último, Avaliação da Gestão Urbana, a construção das análises de modo transversal as camadas de gêneros na gestão urbana.

A metodologia desenvolvida para esta pesquisa teve como intenção a aproximação com o território a partir da vivência e cotidiano das mulheres do jardim celeste, utlizou-se como método a referência utilizada na cooperativa de Barcelona, Col. Lectiu Punt 6, descrita a seguir:

Urbanismo Feminista, Col.lectiu Punt 6 Col. Lectiu Punt 6 , é um cooperativa de Barcelona, formada por arquitetas, sociólogos e urbanistas, que desde 2005 trabalham com oficinas, pesquisa, consultoria urbana, entre outros eixos, para ter cidades mais inclusivas e que os moradores entendam o seu entorno, defendendo a igualdade de gênero na apropriação dos espaços públicos.

O segundo, é o guia de reconhecimento urbano pela perspectiva das mulheres, o Mulheres Trabalhando2, que o objetivo é visibilizar as mulheres, diante das diversas formas de ser mulher, como agente transformador que compõem e constroem a cidade. A ideia é esse material ser disponibilizado para que as mulheres possam com autonomia fazer as melhorias no seus bairros.

Figura 19 : Guia Espacios para la vida cotidiana.

Figura 20: Guia Mujeres Trabajando.

Fonte:Col.lectiu Punt 6

O coletivo desenvolve materiais para ajudar nessa análise, os manuais desenvolvidos foram essenciais para o embasamento da criação da oficina, estudo urbana sobre a perspectiva de gênero do território de estudo, nomeada como Portal Celeste. Foram usados dois dos manuais para estruturar o trabalho,

Fonte: Col.lectiu Punt 6 1 2

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Espacios para la vida cotidiana,2014 Mujeres Trabajando,2014


São apresentados diversas formas de se trabalhar e estudar o território, e de forma participativa e experiência e visões das usuárias do local, criando também um instrumento de empoderamento dessas mulheres, incentivadas a transformar seu dia-a-dia. Foto 06 : Mulheres na oficina de Bell-lloc d’Urgell,2009.

Fonte:Col.lectiu Punt 6 Foto 07 : Mapa elaborado em oficina Calde de Montbui, 2010.

A partir deste exemplo, do Col.lectiu Punt 6 foi construída uma oficina relatada abaixo:

PORTAL CELESTE Para se analisar o território de estudo, foi proposto uma oficina, onde o principal objetivo era conhecer as mulheres moradoras do jardim celeste e ouvirsobre ,a vivência e percepções, sobre os problemas com os espaços públicos equais reais necessidades e desejos de melhoria para o seu bairro. O propósito deste estudo, é Escutar! Nessa jornada acadêmica, a escuta dos “clientes”não é ensinada em sala de aula, neste sentido, foi necessário relializar a oficina para exercer de certa forma um processo participativo de projeto, uma vez que,toda forma de “arquitetura social” é mostrada pela acadêmia como um padrão de soluções. Escolhemos o Jardim Celeste por seu histórico e de construção da moradia digna a partir da luta com mutirão e autogestão, onde as mulheres tiveram papel essencial na participação da escolha do projeto junto a assessoria técnica, na gestão e execução da obra. A construção do método da oficina que realizamos com algumas mulheres do território foi elaborado em conjunto com a minha amiga de caminhada e de jornada no TFG Victória Vicente, onde juntas pensamos em cada etapa e detalhe para fazer esse processo acontecer.

Fonte: Col.lectiu Punt 6

O que é Urbanismo Feminista para o coletivo Punt 6.Veja o vídeo!

Estruturamos em três etapas, a primeira fase aplicamos um questionário, com informações socioeconômicos das entrevistadas. A segunda fase foi a oficina, que explicaremos na página 53, onde tivemos contato com essas mulheres para entender a principal deficiências do território e suas necessidades e a última etapa, será uma devolutiva para os moradores do território apresentaremos

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o projeto desevolvido para ter o e ter o feedback das mulheres. Fase 1 - resultados da pesquisa com as mulheres, dividos em duas partes: Na fase dos dados ,conseguimos entender um pouco mais sobre essas mulheres. Na pesquisa, anexada no final desse trabalho, página 152, a maioria das mulheres entrevistadas, têm entre 31 a 45 anos, e em quase todas tem filho e 44% se autodeclara parda.

Gráfico 06: Como se identifica.Fonte: Elaborado por Aline Araújo e Victória Vicente, com base em dados de questionário.

Gráfico 04 :Identidade de gênero. Fonte: Elaborado por Aline Araújo e Victória Vicente, com base em dados de questionário.

Gráfico 07: Escolaridade. Fonte: Elaborado por Aline Araújo e Victória Vicente, com base em dados de questionário.

As mulheres têm um papel fundamental na renda em seus lares, onde 77,8% contribui de forma integral em suas casas, onde 38,9% tem um trabalho formal, em regime CLT ou MEI, que podemos observar que mesmo sem um trabalho, as mulheres se esforçam para colaborar com os gastos de suas moradias. Gráfico 05:Faixa etária.Fonte: Elaborado por Aline Araújo e Victória Vicente, com base em dados de questionário.

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Gráfico 08: Você trabalha ?Fonte: Elaborado por Aline Araújo e Victória Vicente, com base em dados de questionário.

Gráfico 09: Contribuição financeiramente em casa.Fonte: Elaborado por Aline Araújo e Victória Vicente, com base em dados de questionário.

Gráfico 10: Filhos.Fonte: Elaborado por Aline Araújo e Victória Vicente, com base em dados de questionário.

Gráfico 11: Meios de transporte .Fonte: Elaborado por Aline Araújo e Victória Vicente, com base em dados de questionário.

Como dados de mobilidade, apresentados anteriormente, ( na página 29), as mulheres andam mais de transporte público (83,3%) e a pé (61,1%) para se deslocar diariamente, e o fato das mulheres serem as responsáveis pelo lar e o ato de cuidar, as paradas do trajeto das mulheres, são mercado, escola e creche.

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Equipamentos urbanos de qualidade e próximos dessas casas, facilita o cotidiano das mulheres, e elas relatam que sentem mais falta de equipamentos ligado a cultura e lazer, em especial para as crianças. Sendo 88,9% contam que o bairro não tem um lugar de lazer e para socializar, e os lugares mais citados para se distrair é Shopping, parques, Igreja e a própria casa.

Gráfico 12 :Paradas no trajeto Feminino.Fonte: Elaborado por Aline Araújo e Victória Vicente, com base em dados de questionário.

Gráfico 14: Lugares para se distrair. Fonte: Elaborado por Aline Araújo e Victória Vicente, com base em dados de questionário.

Gráfico 13: Tempo gasto em transporte por dia.Fonte: Elaborado por Aline Araújo e Victória Vicente, com base em dados de questionário.

Gráfico 15:Você acha que o bairro oferece lugares para lazer ?Fonte: Elaborado por Aline Araújo e Victória Vicente, com base em dados de questionário.

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As mulheres vivenciam a cidade de forma diferente dos homens, e a sensação de insegurança é o que acompanha a maioria das mulheres, na pesquisa isso se demonstra onde 61,1% das mulheres acreditam que a falta de segurança é por reconhecerem como mulher e 72,2% só se sente segura de caminhar no período do dia.

Gráfico 16: Você sente falta de algum equipamento no seu bairro.pngFonte: Elaborado por Aline Araújo e Victória Vicente, com base em dados de questionário.

Gráfico 18: Você se sente segura de caminhar no seu bairro ? Fonte: Elaborado por Aline Araújo e Victória Vicente, com base em dados de questionário.

Gráfico 17: Equipamentos podem melhorar.Fonte: Elaborado por Aline Araújo e Victória Vicente, com base em dados de questionário.

Gráfico 19: Lugares você não se sente segura para andar no bairro. Fonte: Elaborado por Aline Araújo e Victória Vicente, com base em dados de questionário.

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- Calçada: ela está em boas condições e a largura está adequada? - Acessibilidade: existem alguns obstáculos que atrapalhem a caminhada de idosos e deficientes? - Sinalização: existe faixa de pedestres e placas de trânsito que tornam mais seguro o percurso do pedestre?

Gráfico 20 : Falta de segurança está relacionada reconhecer como mulher.Fonte: Elaborado por Aline Araújo e Victória Vicente, com base em dados de questionário.

1.1- Avaliação Sensorial Na segunda parte do questionário, a avaliação sensorial, é apresentado algumas imagens de trechos do bairro, cul-de-sac, passagens/ escadarias , ponto de ônibus , praça e rua, para verificar o nível de qualidade daqueles espaços, sendo atribuído uma nota de 1 a 5 para cada categoria. Figura 21: Cul- de- sac do bairro.Fonte: Google eart

- Iluminação: a quantidade de postes são o suficiente para contribuir com a sensação de segurança? - Segurança: é um local em que você se sente segura independente do horário? - Manutenção/uso: o local ou mobiliário urbano apresenta condições eficientes de permanência e uso? - Potencial: esse lugar está sendo aproveitado da melhor forma, ou poderia ser usado de forma diferente?

Gráfico 21: Cul-de-sac.Fonte: Elaborado por Aline Araújo e Victória Vicente, com base em dados de questionário.

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Figura 22: Escadaria do bairro.Fonte: Google eart

Figura 23: Ponto de Ônibus.Fonte: Google eart

Gráfico 22: Passagens e Escadarias.Fonte: Elaborado por Aline Araújo e Victória Vicente, com base em dados de questionário.

Gráfico 23: Ponto de Ônibus.Fonte: Elaborado por Aline Araújo e Victória Vicente, com base em dados de questionário.

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Figura 24: Praça, localizada na Memorial de Aires.Fonte: Google eart

Figura 25 : Rua Memorial de Aires.Fonte: Google eart

Gráfico 24: Espaços Públicos. Fonte: Elaborado por Aline Araújo e Victória Vicente, com base em dados de questionário.

Gráfico 25: Rua.Fonte: Elaborado por Aline Araújo e Victória Vicente, com base em dados de questionário.

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1.2- Sugestões

Fase 2 – Oficina presencial ( 1º visita ) Figura 26: Convite para Oficina.

Na última parte do questionário, é aberto para sugestões para a melhoria do bairro, e como retorno dessas mulheres, o assunto mais sugerido, é sobre a realocação das moradores da praça. O único espaço do bairro tinha de lazer e esporte, a praça localizada na Rua memorial aires, figura 25, e que foi ocupada por moradias irregulares. A perda do local de lazer dos moradores é um assunto significativo para elas, as demais sugestões são de segurança, Iluminação, nas ruas e vielas, e o lixo e entulhos.

Fonte: Elaborado por Aline Araújo e Victória Vicente.

Gráfico 26: Sugestões.Fonte: Elaborado por Aline Araújo e Victória Vicente, com base em dados de questionário.

A oficina foi realizada, na Associação do Movimento de Moradia da Região Sudeste, lugar aberto, arejado e todos os cuidados necessários em função da pandemia do COVID19 foram tomados, também, é espaço acolhedor e seguro para seguir os protocolos de segurança para as mulheres foi essencial, dessa forma foram convidadas um número menor de mulheres, que o desejado.

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Foto 10: Apresentação. Foto : Débora Sanches

Foto 08: ORGANIZAÇÃO DA DINÂMICA.Fonte:Foto Aline Araújo.

Foto 09: Entrada. Fonte:Foto Aline Araújo

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Foto 11: Dona Olga, 84 anos. Fonte: Foto Débora Sanches


A primeira parte da oficina, foi entregue uma ficha (figura 27) para preencher com o objetivo de entender o descolamento e o cotidiano das mulheres, e solicitado colocar sua rotina semanal antes da pandemia, seu cotidiano antes do isolamento social, sendo perguntado sobre tarefas, horários, locais, meio de transporte e espaço públicos que frequentam.

Maria José - Aprox. 12,54km.

Figura 28: Mulher 01_percurso.Fonte: Elaborado pela autora, com base no Google My Maps

Maria dos Juízo dos Santos Matos - Aprox. 7,33km.

Figura 27: Ficha Cotidiano. Fonte: Elaborado por Aline Araújo e Victória Vicente.

Com essa etapa, conseguimos coletar os trajetos das mulheres, e como elas se deslocam na cidade. Cada mulher com sua rotina, algumas têm suas tarefas mais localizadas no bairro e proximidades e outras percorrem durante a semana quase todas as regiões na cidade de São Paulo.

Figura 29: Mulher 02 percursos.Fonte: Elaborado pela autora, com base no Google My Maps

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Luana M. Cardoso dos Santos - Aprox. 15,2km.

Zilvania Maria Moreira de Alencar - Aprox. 3,89km.

Figura 30: Mulher 03 percursos.Fonte: Elaborado pela autora, com base no Google My Maps

Figura 32: Mulher 05 percursos.Fonte: Elaborado pela autora, com base no Google My Maps

Josefa Menezes do Espírito Santo - Aprox. 12,8km

Marcela Pecim - Aprox. 11,21km.

Figura 31: Mulher 04 percursos.Fonte: Elaborado pela autora, com base no Google My Maps

Figura 33: Mulher 06 percursos.Fonte: Elaborado pela autora, com base no Google My Maps

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Antônia Ferreira de Souza - Aprox. 26,62km.

Maria Aparecida Valença - Aprox. 6,9km.

Figura 34: Mulher 07 percursos.Fonte: Elaborado pela autora, com base no Google My Maps

Figura 36: Mulher 09 percursos.Fonte: Elaborado pela autora, com base no Google My Maps

Olga Luísa Reor de Quiroga - Aprox. 46,1km.

Maeurânia Nunes de Menezes - Aprox. 4,02km.

Figura 35: Mulher 08 percursos.Fonte: Elaborado pela autora, com base no Google My Maps

Figura 37: Mulher 10 percursos.Fonte: Elaborado pela autora, com base no Google My Maps

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Ângela Aparecida de Moraes - Aprox. 3,23km.

Maria Aparecida da Silva - Aprox. 8,46km.

Figura 38: Mulher 11 percursos.Fonte: Elaborado pela autora, com base no Google My Maps

Figura 40: Mulher 13 percursos.Fonte: Elaborado pela autora, com base no Google My Maps

Ângela Maria Avelina dos Santos - Aprox. 9,36km.

Maria das Graças - Aprox. 15,6km.

Figura 39: Mulher 12 percursos.Fonte: Elaborado pela autora, com base no Google My Maps

Figura 41: Mulher 14 percursos.Fonte: Elaborado pela autora, com base no Google My Maps

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Maria de Fatima dos Santos - Aprox. 17,1km.

Maria Lucia P. dos anjos - Aprox.550m

Figura 42: Mulher 15 percursos.Fonte: Elaborado pela autora, com base no Google My Maps

Figura 44: Mulher 17 percursos.Fonte: Elaborado pela autora, com base no Google My Maps

Dilza dos Santos - Aprox. 9,7km.

Cleussa Maria Profeta - Aprox. 3,19km

Figura 43: Mulher 16 percursos.Fonte: Elaborado pela autora, com base no Google My Maps

Figura 45: Mulher 18 percursos.Fonte: Elaborado pela autora, com base no Google My Maps

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Na segunda etapa, foi de conversa e escuta das mulheres, os pontos negativos e positivos do Jardim Celeste, que foram todos anotados, formando um painel com os levantamentos ( figura 12). Levamos um painel com algumas temáticas para fomentar a discussão (figura 13).

Figura 46: Pontos negativos. Fonte: Elaborado por Aline Araújo e Victória Vicente.

Pontos Negativos

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Foto12 :Painel Oficina. Fonte:Foto Victória Vicente.

Figura 13:Painel temáticas. Fonte: Foto Aline Araújo

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Calçada estreita com buraco Iluminação insuficiente Ponto de ônibus quebrado Falta de áreas verdes Lixo nas ruas Falta de espaço de convivência Muros Empena cega Falta de sinalização Infraestrutura urbana aberta (ex: córrego, fio de poste) Quadras urbanas longas Vielas estreitas e escuras Escadaria mal cuidadas Vegetação descuidada Falta de equipamentos para crianças Violência Meios de transporte


Figura 47: Pontos Positivo.Fonte: Elaborado por Aline Araújo e Victória Vicente.

Pontos Positivos

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Ruas movimentadas Calçadas largas Calçadas com acessibilidade Mobiliário urbano de qualidade Espaços de convivência Praças, áreas e muros verdes Iluminação adequada Piso com grafismo Arte urbana Quadras urbanas bem desenhadas Vielas convidativas Bairros com uso misto Mobiliário infantil Parquinho Horta comunitária Equipamentos urbanos (creche, biblioteca, saúde)

Alguns dos problemas, foi apontado no mapa, como ruas com má iluminação, onde fica a concentração de lixo e piores calçadas. No Bairro, não tem ruas desertas , ao contrário sempre tem gente na rua, e um dos problemas é o baile funk na rua Menino do Engenho, o fluxo e barulho.

Figura 48: Mapas com principais problemas.Fonte: Elaborado por Aline Araújo e Victória Vicente.

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Soluções

E depois o que viam como sugestão e solução de alguns problemas informados, completando o outro pedaço do painel. Sugestões

Figura 49: Sugestões.Fonte: Elaborado por Aline Araújo e Victória Vicente.

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Figura 50: Soluções. Fonte: Elaborado por Aline Araújo e Victória Vicente.

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Lotérica Farmácia Mercado Creche CEU Padaria Centro Esportivo Supletivo no período noturno Inclusão do Jardim Celeste no percurso do ônibus Sacomã Horta Comunitária inclusiva, sugestão de altura para os idosos h=90cm

Passagens claras (iluminação) Escadarias com cores (mas sem poluição visual) e com corrimão Hortas comunitárias Ciclofaixa Em pinturas no asfalto-cor única ou variações de uma mesma cor Espaço tranquilo para crianças brincarem Soluções do Programa Centro Aberto agradam Espaços limpos e bem cuidados

Figura 1

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Figura 16: Repertório.Fonte: Foto Aline Araújo

Para elucidar, o que elas gostam ou não, foi apresentado uma sequência de imagens com repertórios, divididos em 5 grupos, Verde, Caminhar, Mobiliário Urbano, Socializar e Passagens. Cada mulher colocava uma bolinha vermelha, na imagem que ela não gostava e Uma bolinha Verde, na imagem que ela gostava. Foi escolhido projetos de lugares com proximidade com a realidade do local.

14: Repertório.Fonte:FotoDébora Sanches

Figura 15: Repertório. Fonte: Foto Aline Araújo

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A oficina foi um momento enriquecedor e de aprendizado, as mulheres foram muito receptivas e como forma de agradecimento, foi dado um kit no final (figura 18) como uma forma de agradecimento, e para as mulheres com filhos ou neto, foi feito um kit para as criança (figura 19), com materiais de desenho,para ela desenhar seu parquinho dos sonhos. Como a mulher é majoritariamente responsável por cuidar das crianças e levar na escola, pensar uma cidade ideal para as mulheres, é um cidade segura para também para as crianças.

O grupo Verde que continha hortas e plantas foi amplamente aceito, e elas reforçaram a falta que sentem desses tipos de espaço no bairro.O Caminhar, com ruas pintadas com muitas cores, causou incomodo, o uso de cor é indicado de forma monocromática, tons aproximados.

Foto 18: Kit mulheres.Fonte: Foto Aline Araújo

No Mobiliário Urbano, espaços com bancos e verde, são bem aceitos e o ponto de ônibus de vidro ( como são muitos na cidade), é ineficiente pois no calor esquenta muito.Espaços que gerem encontros, para sentar e conversar são positivos, pequenos desenhos na rua, e ocupa-la para o brincar é positivo. Muitas cores, ou lugares não definidos,não agradou.

Foto 17: Painel com repertórios. Fonte :Foto Victória Vicente

Foto19: Kit crianças. Fonte: Foto Aline Araújo.

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Os desenhos em sua maioria traz a representação do brincar em espaços aberto, com verde e ligados ao esporte. A quadra que as crianças brincavam está cercada pela ocupação e causa insegurança.

Foto 23 : Desenho das crianças.Fonte: Desenho do Miguel. Foto 21 : Desenho das criança. Fonte: Desenho de Sabrina

Foto 24: Desenho das Crianças.Fonte: Foto Débora Sanches Foto 22: Desenho das criança. Fonte : Desenho de Gabrielly Silva dos Santos.

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À Deriva

Guy Debord, situacionista da Teoria da Deriva (1958), estudo do ambiente urbano nas condições psíquicas e emocionais, reconhecimento de efeitos da natureza psicogeográfica, que define como comportamento “ lúdico-construtivo”, ligado à percepção do espaço a se decifrar. Partindo de um lugar, a pessoa ou grupo que está à deriva seguirá um percurso sem definição, levado pelo meio urbano ao acaso. O estudo desenvolvido, considera que o meio urbano em que vivemos, influência à deriva. A deriva pensa que determinadas zonas psicológicas nos conduzem e trazem sensações, boas ou não em determinados lugares.

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[...] Os caras se esconde aí, tá escuro e a gente pede luz , os caras não coloca uma luz pra gente enxergar. Vixe, aqui é um perigo! Os caras tomam os celulares e as bolsas das mulheres. Eu já pedi para a prefeitura. Iluminação nessa parte aqui é tudo escuro, perto daquela escadinha também. Aquela escada, eu também queria uma modificação, porque os idoso cai, criança cai. E as outras ali fizeram, porque um caiu e quebrou o braço [...] os caras não vem arrumar pra gente.” Domingos

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Foto 25: Deriva.Foto: Aline Araújo

Foto 27: Deriva.Foto: Aline Araújo

Foto 26: Deriva.Foto: Aline Araújo

01.

01.

02.



“O que é Arquitetura?” Maria Regina

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74 Foto 29: Deriva.Foto: Aline Araújo

Foto 28: Deriva.Foto: Aline Araújo

03.



03.

04.

Fotos 30/31/32: Deriva. Fotos: Aline Araújo

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05.

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“Vocês vão derrubar ? porque se for, me avisa que eu tiro minhas coisas!” Virgulino.

“Se pudesse a gente construía, fazia alguma coisa melhor, já ficava pronta a barraca. Mas ninguém sabe, você gasta eles vêm lá e derruba tudo. [...] Tem quase 10 anos que eu tenho isso aí, que eu tô aí!” Luciano.

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Foto 33: Deriva.Foto: Aline Araújo

06.

Foto 34: Deriva.Foto: Aline Araújo

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07.

Foto 35: Deriva.Foto: Aline Araújo

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Foto 36: Deriva.Foto: Aline Araújo

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“Eu tô louca pra mudar daqui. Só eu que moro aqui, é Deus viu fia [...]Vamos ver se Deus ajuda a gente.” Maria Regina

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Foto 39: Deriva.Foto: Aline Araújo

Foto 38: Deriva.Foto: Aline Araújo

Foto 37: Deriva.Foto: Aline Araújo

08.

08.

09.



igura 51: Mapa de localização – fonte: Elaborado pela autora a partir de base do Google Earth

Análise Urbana

88


89



Figura 52: Mapa de localização – fonte: Elaborado pela autora a partir de base do Google Earth

Localizada na subprefeitura do Ipiranga, o recorte fica ao lado do zoológico, divisa com os Municípios de Diadema e São Bernardo do Campo. Área de aprox. 761 mil km2



Figura 53: Mapa de zoneamento – fonte: Elaborado pela autora a partir de base do GeoSampa

Mapa de zoneamento Segundo o zoneamento vigente1 a área predominância de ZEIS, são porções territoriais destinada à moradia digna para a população de baixa renda, por meio de produção de novas habitações de interesse social (HIS), melhorias urbanísticas, regularização fundiária de assentamentos precários e irregulares. No recorte a maior parte se refere a ZEIS 1, áreas caracterizadas pela presença de favelas e loteamentos irregulares, habitadas predominantemente por população de baixa renda.

1

Lei 16.402/16, Plano Diretor

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Figura 54: Mapa de uso do solo – fonte: Elaborado pela autora a partir de base do GeoSampa

Mapa de uso do solo A parte central do recorte, demarcada em pontilhada, não consta o uso no site de dados, devido a falta de atualização da regularização da área . Com visita e analises se estabeleceu o uso como residencial horizontal e vertical de baixão padrão, como consta na legenda.

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Figura 55: Mapa de vulnerabilidade e área de risco – fonte: Elaborado pela autora a partir de base do GeoSampa

Mapa de vulnerabilidade + área de risco No recorte existe a presença do córrego Ourives, a céu aberto, e entorno em área avaliada como de risco, e que é apropriada por habitações irregulares. A área conta com vulnerabilidade muito alta e alta nas proximidades da favelas e corrego e reforça essa desigualdade.

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Figura 56: Mapa detopografia – fonte: Elaborado pela autora a partir de base do GeoSampa

Mapa de topografia A área tem pontos com grande declividade, onde gera muros que podem causar insegurança, barreiras físicas e visuais, dificultando o acesso aos percursos.

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Figura 57: Mapa detopografia – fonte: Elaborado pela autora a partir de base do GeoSampa

Mapa de linha de ônibus + equipamentos Demarcado em vermelho, identifica em que vias circulam linhas de ônibus, onde observarmos que a área central do recorte não tem alcance ao transporte, assim as mulheres devem percorrer um percurso e tempo maior para acesso e a carência de um modal de alto fluxo em suas proximidades, como o metrô. No local encontra-se escolas e creches durante toda a área , e saúde , existem dois postos de saúde, sendo um deles AMA para atendimento emergial, porém segundo as moradores, só um atende a região. Como já abordado pelas mulheres, não existe equipamentos de cultura na área, espaços de igreja e amigos são usados como forma de lazer.

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6.PR O J E TO


Estudo 01

Nessa etapa do projeto são apresentadas propostas em fases/escala diferentes dentro do território Jardim Celeste, traduzindo as necessidades exibidas na dinâmica. A primeira se refere a uma proposta estratégica para o bairro, com base nas informações indicadas na oficina e pesquisas, onde é apresentado um estudo de planejamento urbano participativo, com as necessidades reais das mulheres que moram no bairro.

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Figura 58: Mapa de planejamento – fonte: Elaborado pela autora a partir de base do GeoSampa e Habitasampa

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Planejamento Urbano - Diretrizes MOBILIDADE

EMPREENDER

• Melhoria da mobilidade interna ao perímetro, através de estudo de um novo trajeto de ônibus; • Melhoramento do passeio públicos, com calçadas adequadas, iluminação pública, melhorando o desempenho das vias existentes, possibilitar acessibilidade para o pedestre e criação de ciclovias; • Realizar estudo para adequação de fluxo e sentido das vias;

• Promover ações indutoras do desenvolvimento econômico local, com incentivos para estruturar comércios locais irregulares, financiando comércios; • Efetivar a criação de uma cooperativa de reciclagem, que auxiliará promovendo economia local e trabalho;

MEIO AMBIENTE

REIVINDICAR

• Promover a recuperação e conservação ambiental dos cursos d´água. • Verificar Córregos aberto, como o Ourives, e realizar estudos de implantação de caminhos verdes; • Promover a coleta e destinação de resíduos sólidos, através de implantação de ecoponto; • Preservar as áreas verdes existentes;

HABITAÇÃO • Atender a necessidade de habitação e promover regularização fundiária; • Atender a população em situação de vulnerabilidade social, especialmente a população em situação de ocupação em espaço público e a população em área de risco.

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• Atender a demanda por equipamentos e serviços públicos sociais, especialmente de saúde e de educação; • Implantação de áreas verdes públicas, atender a demanda por espaços livres públicos de lazer e esporte; • Realizar estudo de revitalização das escolas estaduais do perímetro, E.E. Dr. Álvaro De Souza Lima; • Efetivar Implantação de projeto para a praça do Mutirão de acordo com aprovação e liberação de verba, DECRETO Nº 55.195, DE 6 DE JUNHO DE 2014. (53.10.15.451.3022.1091 E3224 - Revitalização da Praça e Espaços Comunitários no Conjunto Habitacional Jardim Celeste localizado na Rua Memorial de Ayres, N° 480, no Jardim São Saverio)


Dentro do planejamento apresentando, é colocado uma lente para estudos de proposta no item de habitação, a realocação de pessoas em situações de extrema vulnerabilidade, localizadas na praça e entorno do córrego Ourives. No Plano Municipal de Habitação (2016), que ainda está para ser aprovado na camara de vereadores, prevê no programa Provisão de Moradia para Aquisição, quatro modalidades, vistas para diversificar os agentes envolvidos, as fontes de recursos mobilizados, bem como a forma de viabilização dos imóveis Modalidade 1- Promoção Pública de Moradia: é o programa de provisão de unidades novas, em que o principal agente promotor é o município, com possíveis repasses de recursos de outros agentes federativos, desenvolvendo ou contratando projetos e obras, organizando a demanda e administrando os recursos financeiros, visando atender de forma definitiva à demanda pela casa própria. Modalidade 2- Promoção Pública de Moradia em Assentamentos Precários: trata-se da mesma ação anterior, porém com a especificidade de ocorrer em assentamentos precários definidos, quando houver necessidade de substituição de casas, como parte específica do projeto de intervenção para essas áreas. Nem todas as ações em assentamentos precários resultam na necessidade de produzir moradias novas, mas muitas vezes isso ocorre, em razão da necessidade de retirada de famílias em áreas não edificáveis (por risco, fragilidade ambiental etc.).Que é modalidade que utilizada nesse estudo. Modalidade 3- Promoção de Moradia por Autogestão: dá continuidade às experiências autogeridas de produção de moradia, tradicionais em São Paulo desde os programas de mutirões autogeridos

do final da década de 1980. esta ação visa fixar na política habitacional a promoção de moradia por autogestão, com o objetivo de incentivar e apoiar a oferta de unidades habitacionais em que o principal agente promotor são entidades sem fins lucrativos (associações, movimentos organizados, cooperativas habitacionais, entre outros). Modalidade 4- Promoção Privada de Moradia: diz respeito à produção de HIS feita pela iniciativa privada, que será responsável pelo desenvolvimento e contratação de projetos e obras e pela administração dos recursos financeiros. À Prefeitura caberá a indicação da demanda e o acompanhamento dos projetos. O Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), que se enquadra nesta modalidade, oferece financiamento a juros subsidiados aos promotores privados, com subsídios variáveis. Modalidade 5 Aquisição de Moradia Pronta: opera por meio da oferta de carta de crédito assistido para aquisição, em loteamentos e assentamentos recém regularizados, que após esse processo passam por forte dinamismo nas transações imobiliárias, criando-se a oportunidade para que inquilinos de imóveis regularizados possam adquirir sua moradia. (PMH-SP,2016) Segundo dados do HabitaSampa (2020), a favela Vila Cristina tem 460 domicílios, ocupada desde 1974, e aproximadamente 50 domicílios da favela Jardim Celeste, que tem como total de 500 domicílios castrados desde 1997, que se encontram na área de risco demarcada. Os domicílios localizados na praça, não tem um número oficial cadastrado, em visita in loco foi observado por volta de 80 moradias, com um total de 590 casas propostas para realocação, que se enquadra na modalidade 2, informada anteriormente.

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107 Figura 59: Mapa de favelas – fonte: Elaborado pela autora a partir de base do GeoSampa e Habitasampa


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Figura 60: Mapa de favelas – fonte: Elaborado pela autora a partir de base do GeoSampa e Habitasampa


Essas realocações são planejadas para lotes dentro do perímetro, em áreas com zoneamento previsto em ZEIS (zona especial de interesse social) no zoneamento – Lei 16.402/16,e que não cumpri sua função social. Localizados próximos das atuais residências, para manter o pertencimento ao local e afetividade ao bairro, vivências de suas conquistas.

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Figura 61: Inserção de área verde – fonte: Elaborado pela autora a partir de base do Google eart

Para não acontecer novas ocupações na área de risco, é proposto após realocação das famílias a implantação de uma área de lazer, viabilizando a recuperação e conservação ambiental dos cursos d’água e revitalização da área.

schefflera morototoni (P , C)

Stryphnodendron pulcherrimum (P , C)

Lithraea molleoides (S , B)

Duguetia lanceolata (X, C)

A =áreas encharcadas permanentemente B = áreas com inundação temporária C = áreas bem drenadas, não alagáveis

Cecropia Pachystachya (P , B)

Tapirira guianensis (S , A/B)

Astronium graveolens (X , C)

P = pioneira - Crescem na fase jovem da Mata. (Fase 01 – 3 anos | Fase 02 - 5 anos ) S = secundária - Fase intermediária da Mata - até 15 anos X = clímax - Crescem e se reproduzem tardiamente - pode demorar até 60 anos. (Árvores Brasileira,2009)


Foi analisado os demais lotes vazios do perímetro especificados com ZEIS, e pode-se perceber que está sendo adquirido por construtoras, e o bairro vem sentindo essa pressão imobiliária, com a construção de 3 empreendimentos de grande porte nesses locais. Analisando as informações fornecidas das construtoras, esses novos edifícios fornecem condições de financiamento pela iniciativa do Governo Federal, porém apenas um empreendimento, tem como valor que se aproxima do faixa 1 (famílias com renda de até 1.8000,00) do programa Minha casa, Minha vida (PMCMV), que tem como valor máximo de cada imóvel de R$ 96.000/UH.

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A questão habitacional no Brasil é complexa e se atenta a fatores como o sistema capitalista e a desigualdade social, , pois a moradia é mercadoria .A consequência de um processo histórico, e o déficit habitacional sempre presente no cenário brasileiro. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a Associação Brasileiras de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), em 2017, o déficit habitacional atingiu um marco de 7,78 milhões de unidades, crescendo 7% em apenas 10 anos, sendo 942,6 mil de habitações precárias, onde o estado de São Paulo tem o maior déficit absoluto, de 1,61 milhões de moradia. A falta de habitação atinge mais as famílias de baixa renda (91%), com até três salários mínimos (FGV,2015), em que poucas famílias são atendidas por programas habitacionais, como PMCMV. E as mulheres são ainda mais atingidas por esses dados, segundo pesquisa SEADE (2020), sobre mulheres e arranjos familiares, 39% das famílias são chefiadas por mulheres, com rendimento cerca de 30% inferior aos lares chefiados por homens. Nesse modo, percebemos como o processo de moradia vem sendo tratado cada vez mais como mercadoria, e não como um direito teoricamente assegurado. É necessário a efetivação, investimento e valorização de recursos que garanta o acesso à moradia digna, promovendo e desenvolvendo a capacidade econômica, social e políticas dos setores populares, como a produção de habitação em autogestão, ferramenta igualitária e fundamental para a construção e luta das mulheres do Jardim Celeste, como já dito na página 39.

Figura 62: Mapa de empreendimentos – fonte: Elaborado pela autora a partir de base do GeoSampa

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Estudo 02

Com base nos dados da oficina e trajetos cotidianos, foi criado um percurso que percorre as ruas em que as mulheres mais usam ou apontaram uma problemática.

Figura 63: Mapa de diagnóstico – fonte: Elaborado pela autora a partir de base do GeoSampa

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Calçada Índice de caminhabilidade Antes de pensar o percurso, e pensar soluções, é proposto uma metodologia para avaliar as condições desses espaço urbano, na ótica do pedestre, dentro do território. E para embasar, foi utilizado o Índice de caminhabilidade do ITDP ( Instituto de políticas de transporte & desenvolvimento) . O Índice, teve sua primeira versão em 2016, foi resultado de parceria entre Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), órgão da Prefeitura do Rio de Janeiro, e a Pública Arquitetos. E teve sua aplicação na região central do Rio de Janeiro. Composta por 6 categorias diferentes, cada um incorpora a experiência do caminhar. As categorias são como lentes, para a avaliação de caminhabilidade , utilizando parâmetros centrais de avaliação, definindo a distribuição de pontuação. A Fim de abordar as necessidades das mulheres, esse trabalho adaptou pensando no planejamento sensível ao gênero. Dessa forma foi utilizado 4 categorias, pensando sobre o território de estudo, são elas : Calçada ( indicador largura ), Segurança Pública ( Iluminação ), Segurança Viária ( Travessias) e Mobilidade ( Distância a Pé ao Transporte). É importante reforçar, que devido a pandemia, a analise foi adaptada e analisada por imagens e Google street view, dessa forma pode haver inconsistencia com o atual.

Figura 64: Mapa de índice de calçada– fonte: Elaborado pela autora a partir de base do GeoSampa

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Largura da calçada A maior parte do trajeto, é classificado como insuficiente ou bom, e as as calçadas mais largas estão localizada em sua maioria, na via arterial, Av. Cursino, onde é usada mas como estacionamento para os comercios do que efetivamente para o pedestre.

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Segurança Pública

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Iluminação Para a avaliação dessa categoria, foi analisado se ela tinha 3 indicadores, poste de rua, poste de pedestre e poste nas travessias. A presença é apenas de iluminação para rua, com apenas um indicador e pontos como a praça, tracejado vermelho, não existe iluminação.

Figura 65: Mapa de índice de iluminação– fonte: Elaborado pela autora a partir de base do GeoSampa

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Segurança Viária

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Travessias Para analise das travesia, foi verificado se havia, Faixa de pedestre, Rampa de acessibilidade e Piso podotátil. A maior parte não tem nenhum indicador, e a presença de piso tátil, esta associado a presença de ponto de ônibus e rampa de acessivel, concentrada na via principal, Av. Cursino.

Figura 66: Mapa de índice de travessia– fonte: Elaborado pela autora a partir de base do GeoSampa

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Mobilidade

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Distância a Pé ao Transporte Para avaliação dessa categoria, foi usado o metodo alternativo indicado no ITDP, pois o bairro esta em um raio de aproximadamente 4km de uma estação de transporte de alta ou média capacidade (metrô), sendo assim já considerado insuficiente. Dessa forma, foi analisado da moradia ate um ponto de embarque/desembarque de linhas de ônibus, onde boa parte esta dentro do aceitavel, até 300m, porém partes superiores tem mais dificuldade de acesso ao transporte, percoreem mais até chegar a um ponto. Diante dessas informações, se percebe que a avenida principal, Av. do cursino, atende de uma forma melhor o pedestre, mesmo sendo mais utilizada automoveis e transporte coletivo, já que grande parte do trecho é cercado pelo parque estadual , zoologico, e é uma barreira fisica e visual que pode não ser convidativa em certos horários, principalmente mulheres. E a maior parte do percurso,dentro do bairro não tem infraestrutura para acolher o pedestre, com pontos importantes como a praça, que também é ponto final de ônibus, esta claramente prejudicada, sendo necessária maior atenção e cuidado.

Figura 66: Mapa de índice transporte– fonte: Elaborado pela autora a partir de base do GeoSampa

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Trajet

O primeiro estudo proposto do percuso é a alteração do trajeto dos ônibus. Na forma atual, as duas linhas disponiveis dentro do recorde, passam pela mesma rua, marcando um fluxo dos transporte( figura 67). Dessa forma, é proposto a alteração o percuso da linhaTerm. Pq. Dom Pedro II, para continuar pela Memorial Aires, adicinando dois pontos , e assim alcançar mais moradores, e dimininuindo o tempo de acesso a uma parada.(figura 68) Figura 67: Mapa transporte hoje– fonte: Elaborado pela autora a partir de base do GeoSampa

Trajeto atual dos ônibus

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Figura 68: Mapa transportep proposto– fonte: Elaborado pela autora a partir de base do GeoSampa

to proposto dos ônibus

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Viário

Foram selecionados 5 trechos dentro do percurso para estudo de melhoria viária, com a instalação de iluminação, lixeira, canteiro verde, acessibilidade e sinalização em todas as vias de acordo com seu porte, destacamos a seguir os principais pontos e problemáticas de cada uma. São proposta soluções que podem ser reproduzidas em todas as vias, com implantação de Iluminação, acessibilidade, sinalização horizontal, alargamento de calçada, ciclofaixa e melhoria de fluxos. Figura 69: Diagrama viário_calçada.

Figura 70: Diagrama viário_fluxo. Fonte:Elaborada pela autora

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Fonte:Elaborada pela autora


Figura 70: Implantação com identificação de corte. Fonte: Elaborada pela autora com base Geosampa

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01. Praça A praça localizada na Memorial de Aires, tem o mesmo problema de tráfego, dificultando ainda mais por ser local de ponto final dos ônibus, e via de mão dupla. Dessa forma, é proposto, o alargamento das calçadas, tornar a via de mão única (sentido horário), ser proibido estacionar 10 m antes e depois, da presença do ponto de ônibus e iluminação pública, para rua e para pedestre.

Figura

Figura 71: Implantação com identificação de corte. Fonte: Elaborada pela autora com base Geosampa

Figura 72: Detal rada pela autora

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lhe da planta.Fonte: Elaboa com base Geosampa

Figura 74: Cortes Viários propostos.Fonte: Elaborada pela autora

a 73: Corte Viário atual.Fonte: Elaborada pela autora

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02. RUA MEMORIAL DE AIRES

Figura 75: Implantação com identificação de corte. Fonte: Elaborada pela autora com base Geosampa

Via coletora importante para o transporte público, que dá acesso às principais avenidas do bairro. Sua maior problemática, são os carros estacionados em ambos os lados da rua, dificultando o tráfego dos ônibus e manobras. É proposto alargamento de calçada, com iluminação para o pedestre, canteiros verdes, com árvores e instalação de faixa de pedestre na área da escola.

Figura 76: Detalhe da planta.Fonte: Elaborada pela autora com base Geosampa

130

Figura 78: Corte Viário atual.Fonte: Elaborada pela autora


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Figura 79: Cortes Viários propostos.Fonte: Elaborada pela autora

Figura 77: Colagem. Fonte: Elaborada pela autora


03.Rua Menino do Engenho Conhecida pelo baile funk, a engenho é uma rua pequena, calçadas estreitas, com o fluxo do trânsito intenso, nos horários de pico e problema de carros estacionados de ambos os lados, em uma rua de mão dupla. Com isso, sugerimos o alargamento da calçada e ser proibido estacionar de um lado da rua, para melhor fruição dos carros.

Figura 80: Implantação com identificação de corte. Fonte: Elaborada pela autora com base Geosampa

Figura 81: Detalhe da planta rada pela autora com base G

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Figura 83: Cortes Viários atual e proposto.Fonte: Elaborada pela autora

a.Fonte: ElaboGeosampa

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Figura 82: Colagem. Fonte: Elaborada pela autora.


04.Av. do Ourives Avenida importante que se conecta com a Via arterial, possui um fluxo intenso de carros e transporte coletivo, sofre com congestionamentos próximos aos empreendimentos, pois os empreendimentos não têm garagem para todos os moradores. Diante disso, é proposto a ampliação da calçada, implantação de ciclofaixa, com infraestrutura verde e sendo permitido estacionar apenas nos trechos com largura superior de 12m de via.

Figura 84: Implantação com identificação de corte. Fonte: Elaborada pela autora com base Geosampa

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Figura 86: Detalhe da pela autora com base

Figura 85: Detal rada pela autora


Figura 87: Cortes Viários atual e proposto.Fonte: Elaborada pela autora

via.Fonte: Elaborada Geosampa

lhe da planta.Fonte: Elaboa com base Geosampa

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05.Av. Cursino Avenida principal, que conecta o bairro com o entorno e de intenso tráfego de automóveis e ônibus. Dessa forma, é sugerido a implantação de ciclofaixa, para incentivo à bicicleta como meio de transporte. A calçada já tem uma largura boa, sendo acrescentado canteiro verde e árvores. Como a via, segue o perímetro do parque estadual, zoológico, tem uma grande parte do seu percurso murada, sendo proposta a troca para um gradil e aumentando a iluminação, principalmente de pedestre, já que também é usado para caminhadas e corridas no fim da tarde.

Figura 90: Cola

Figura 88: Implantação com identificação de corte. Fonte: Elaborada pela autora com base Geosampa

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Figura 89: De rada pela aut


Figura 91: Cortes Viários atual e proposto.Fonte: Elaborada pela autora

agem. Fonte: Elaborada pela autora.

etalhe da planta.Fonte: Elabotora com base Geosampa

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CONEXÕES O território possui quadras extensas e grande desnível em parte do bairro, com isso foi observado a presença de diversas conexões, que são vielas, passagens e escadarias, usados para facilitar o acesso, cortando caminho e diminuindo a distância do trajeto. Para as conexões, foi elaborado também propostas simples, que podem ser reproduzidas, com o “ kit requalificação”, que deve conter : Iluminação, acessibilidade, mobiliário, incetivo a novas aberturas (olhos da rua), horta, vegetação e arte urbana (cores). Figura 92: Diagrama Travessa

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Fonte:Elaborada pela autora


Figura 94: Diagrama viela.

Fonte:Elaborada pela autora Fonte:Elaborada pela autora

139

Figura 95: Implantação com identificação de conexões. Fonte: Elaborada pela autora com base Geosampa

Figura 93: Diagrama escadas.


BOCA DA ONÇA Nome popular dado pelos moradores. Escadaria com desnível de 21m, e o trajeto mais rápido, desse ponto para AV. do Cursino. Proposto a instalação de acessibilidade, corrimão, iluminação, lixeiras, arte urbana e novas aberturas para a escadaria, para incentivo de mais pessoas observando, os “olhos da rua” de Jane Jacobs. Com mais pessoas passando por essas conexões, o fluxo aumenta, por ter uma boa manutenção e iluminação e com mais gente observando a rua, risco de assalto e violência diminui.

Figura 96: Implantação com identificação de conexão. Fonte: Elaborada pela autora com base Geosampa

Figura 101: Detalhe da escada, corr Fonte: Elaborada pela autora.

Figura 97: Detalhe da planta.Fonte: Elaborada pela autora com base Geosampa

140


Figura 100: Corte com propostas.Fonte: Elaborada pela autora

Figura 99: Colagem. Fonte: Elaborada pela autora.

rimão.

Figura 98: Detalhe da escada, acessibilidade .Fonte: Elaborada pela autora.

141


Viela Menino do engenho Acesso rápido ao ponto de ônibus mais próximo, na Memorial de Aires, sofre com a falta de iluminação em todo trecho. Dessa forma, é sugerido a implantação de poste de luz para o pedestre, instalação de bancos e hortas, para criar e incentivar conexões no bairro entre os moradores e arte urbana nos muros grandes de divisa de lote.

Figura 102: Implantação com identificação de conexão. Fonte: Elaborada pela autora com base Geosampa

142

Figura 103: Detalhe da planta.Fon orada pela autora com base Geos


Figura 104: Colagem. Fonte: Elaborada pela autora.

Figura 105: Corte com propostas.Fonte: Elaborada pela autora

nte: Elabsampa

143


Travessa Ruth Cabral Troncarelli

Figura 106: Implantação com identificação de conexão. Fonte: Elaborada pela autora com base Geosampa

Viela que dá acesso a Av. dos Ourives, e conecta com o CEI São Savério, trajeto que mães e crianças passam para a ida. Nesse ponto também foi relatado, pelo morador Senhor Domingos, recorrentes assaltos contra as mulheres e a falta de iluminação. Com isso, é proposto a instalação de corrimão, acessibilidade, iluminação e pintura urbana, nos muros próximos.

Figura 107: Detalhe da planta.Fonte: Elaborada pela autora com base Geosampa

Figura 109: Colagem. Fonte: Elaborada pela autora.

Figura 108: Colagem. Fonte: Elaborada pela autora.

144


Figura 110: Corte com propostas.Fonte: Elaborada pela autora

145


Co n s ide ra ç õ e s Finai s


Compreender a experiência das mulheres foi extremamente importante, desafiador e apaixonante. Reforçar o olhar sobre a perspectiva da mulher na cidade, é um estudo urgente e necessário, reconhecer a mulher enquanto cidadã e usuária do espaço, que tem uma perspectivas diferentes e precisar ser incluída no processo de pensar a cidade, para essa tardia reparação. O processo teórico elucida as origens dessas imposições machistas / patriarcais dadas às mulheres,e que vários fatores colaboram para essa violência contra a mulher no espaço público. Além de segurança pública, o planejamento e a mobilidade urbana, precisa atender a dinâmica das mulheres, entender como é comportamento e experiência delas, precisasse escutar para criar estratégias, que a mulher apenas não passe pela cidade, e que sim efetivamente a ocupe. Os dados e estatísticas, demonstram a desvalorização das mulheres e a sensação de medo de estar e transitar no espaço público, pelo simples fato de ser mulher. E a importanca de se entender a mulher, não de uma forma homogênea, pois existem várias forma de ser mulher. Compreender a importância de se observar os recortes de raça e classe, onde mulheres negras têm suas lutas muitas vezes invisibilizadas pelo “feminismo branco”. Não é possivel dessasociar as lutas. Enquanto a mulher branca questionava o direito ao trabalho, a mulher negra tem sua história marcada pela escravidão e trabalha desde colonização, e isso não pode ser desconsiderado.

de cidadania e reconhecimento seus direitos, é tão forte que não consigo mensurar em palavras para descrever. Toda descoberta e ida ao Jardim Celeste, faz refletir sobre quem e para quem a arquitetura vem trabalhando. Arquitetura e Urbanismo não se pode limitar as discussões técnicas e normas. Arquitetura também é política, e deve-se posicionar sobre aspectos sociais, principalmente em governos excludentes. Gênero no meio urbano é o começo para a construção de uma cidade mais justa, e pensar uma cidade sobre a perspectiva mulher é pensar um urbanismo que favorece as pessoas. As diretrizes traçadas e cenários sugeridos neste estudo, requalificando os espaços com pequenas intervenções, como alargamento de calçada, iluminação, acessibilidades e até estudos macros, são caminhos para se pensar a cidade a partir da ótica da mulher, planos que visam promover uma cidade igualitária. Um cidade segura para a mulher e crianças, é uma cidade segura para todos.

Ser mulher na cidade é uma batalha diária, e estudar o Jardim Celeste, é uma fração do que acontece na cidade, de problemas e de esperança. A dinâmica e o processo de conhecer o cotidiano dessas moradoras, foi de extremo aprendizado, que faculdade nenhuma ensina, o da vida real. Um território de luta , exemplo

147


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151


Questionário (Etapa 01)

ANEXO

Identidade de gênero -mulher cis -homem cis -não binário

-mulher trans

Faixa etária -16-21 anos -21-30 anos -31-45 anos mais

-homem trans

-45-60 anos

-60 ou

Como se identifica -branca -negra -amarela - parda -indígena Escolaridade -Não alfabetizada -fundamental completo -superior completo -pós graduada Se trabalha -Sim -> formal ou informal?

-médio completo

-Não

Contribuição financeiramente em casa? -Sim, integralmente -Parcialmente - Não contribuo Tem filhos? Se im,quantos e idade. MOBILIDADE Quais meios de transporte você usa para se locomover no seu dia-a-dia? -a pé -bicicleta -carro -ônibus -metrô/trem -carro aplicativo

152


No seu trajeto diário você faz “paradas” antes de chegar no seu destino? Exemplos: Antes de ir trabalhar você “para” na creche para deixar o seu filho, ou, antes de voltar do trabalho você passa no mercado. -Não -Se, sim -> Quais são as paradas?

LAZER (ÓCIO/ DESCANSO E SOCIABILIDADE)

Quanto tempo você gasta em transporte por dia? -30/45 min -1:00/1:30 -2:00/3:00 -4:00/5:00 -mais de 5:00

Em quais lugares você costuma ir para se distrair?

Você acha que o bairro oferece lugares para lazer, descanso/ pausa, socializar? - Sim - Não

Você se sente segura de caminhar no seu bairro? - Sim, todos os horários -Parcialmente, somente durante o dia -Não, em nenhum horário Quais lugares você não se sente segura para andar no bairro? Se possível indicar um endereço. Você acredita que essa falta de segurança está relacionada ao fato de você se reconhecer como mulher? -Sim -Não EQUIPAMENTOS (UBS, ESCOLA, CULTURAL...ETC) Você sente falta de algum equipamento no seu bairro? (Equipamentos: creche, escola, UBS, hospital, assistência social, biblioteca, centro cultural, entre outros?) -Sim -> Quais faltam ? Quais equipamentos você acha que pode melhorar? E o que?

153



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