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O DESAFIO DE CRESCER NA ADVERSIDADE
Ninguém é feliz o tempo todo é uma afirmação aceita por quase todo mundo (e olha que isso é muita gente!), incluindo alguns grandes pesquisadores e até gurus da área. Contudo, eu discordo. Eu, Sandra, sou feliz o tempo todo, afinal, gente feliz até triste, fica!
Embora possa parecer um duelo semântico, alegria e felicidade não são o mesmo. E como comumente são colocados no mesmo patamar, interpreta-se como algo utópico. Entenda, a alegria é uma emoção, logo ela é efêmera e caracterizada por um conjunto de fatores que nos levam a transbordar num ápice de sorrisos, gargalhadas ou simplesmente num estado emocional de extrema positividade. E, não, ninguém se sente assim o tempo todo e isso nem seria saudável.
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Somos também esse requinte de ingredientes que deixa nossa alquimia apta a enfrentar as circunstâncias da vida. Dias tristes são proveitosos, emoções consideradas negativas, como a raivacostumam nos levar a ação, ou até o medo pode ser um protetor importante. Não vivenciar nossas dores é tão prejudicial quanto mergulhar nelas indefinidamente. Então completando o fim do primeiro paragrafo, gente feliz fica triste, só não fica lá.
Ser feliz têm mais a ver com autoconhecimento e a prática de uma vida pautada pela fidelidade a quem você é, a ser conscientemente grato, a dar sentido à própria vida, do que ter um belo sorriso permanentemente estampado no rosto.
Conheço felizes de carteirinha, que nunca foram muito risonhos, mas são donos de uma infinita paz de espírito, que se comprazem com o lado bom da vida, e lidam bem com o que está fora de seus controles. Mas já anote aí, provocar o que te deixa alegre é curativo, sorrir remedia e há pesquisas sugerindo que uma boa risada é tão rica para nosso bem-estar, que na falta de motivos para sorrir, deve-se colocar uma “caneta na boca”.
Seguindo o estudo, o simples fato de contrair os músculos numa tentativa semelhante ao dar um bom e velho sorriso, já ajuda nosso cérebro a interpretar de forma positiva os acontecimentos, liberando neurotransmissores como a serotonina promovendo bem-estar.
Hábitos e atitudes praticadas diariamente, associados a recursos técnicos profissionais nos ajudam a aumentar nosso humor e bem-estar e isso está diretamente correlacionado ao aumento de produtividade na vida pessoal, como na profissional, afinal somos pessoas vivenciando nossas percepções,nas mais diversas plataformas da vida.
A afirmação a seguir está na matéria de capa da Revista TIME comemorativa de 100 anos, em janeiro de 2023, “O segredo dos especialistas em felicidade”.“O significado de felicidade alterna para os especialistas, mas todos enfatizaram o mesmo coquetel de ingredientes :uma sensação de autonomia sobre a vida, sendo guiado pelo significado e propósito, e se conectando com os outros.”.
A felicidade é uma habilidade e pode, portanto, ser treinada. Não é um conjunto de circunstânciasperfeitas, mas um conjunto de atitudes para lidar com elas. E, num mundo cada vez mais rápido e volátil, ser capaz de se regenerar - ser resiliente, e até mesmo ser antifrágil.
O conceito de antifragilidade do economista do mercado financeiro Nassim Taleb desponta nessa seara de possibilidades, propondo exatamente o crescimento na adversidade. Não é sobre sermos robustos, mas capazes de aceitar a mudança, não resignados perante o desafio, mas buscando contextualizar o imprevisto, para aprender com ele.
Numa analogia ao boxe, imagine o pugilista estudando o golpe que leva do adversário, usando-o para referenciar o que fará adiante e tirando proveito disso para entender as ações do oponente, evitando um novo golpe e podendo até vence-lo, uma vez que aprendeu com os golpes que levou.
Não se trata de ser mais robusto, ou mais forte, mas de usar a experiência vivenciada nesse evento improvável e aceitar a sua condição para, a partir daí, aprender com seus erros e evoluir.
Aceitando que a vida apresenta fatos novos e inesperados todo o tempo, a despeito de planejamento. Incerte- zas são tão dolorosas para nós, seres humanos, que preferimos a certeza de tomarmos choques elétricos, à mínima hipótese de podermos vir a tomá-los, onde caberia o incerto. Não se espante, também essa afirmação é corroborada por estudos. O conceito de antifragilidade na área da ciência da felicidade nos leva aos exemplos de crescimento pós-traumático; quando nos deparamos com alguém que ao vivenciar algum fator traumático, como a perda de membros, transformou-se em sua melhor versão.
Entre as inúmeras possibilidades opto por deixar algumas lições indispensáveis sobre quais condições podemos colocar em prática para aumentar a probabilidade de não só não sucumbirmos as adversidades, mas florescer através delas.
6 LIÇÕES PARA COMEÇAR A PRATICAR JÁ:
1)NÃO TORNE NADA MAIS DIFÍCIL DO
QUE JÁ É. “Se alguém lhe pede para soletrar seu nome, você grita cada letra? E se a pessoa fica brava, você retorna a raiva? ”*
Você só controla suas ações. A vida já é desafiadora sem que você a torne deliberadamente pior. Não faça de cada ato uma” batalha emocional”. Aprenda a separar reações de respostas. De instinto para atitudes conscientes.
2)NÃO SEJA ESCRAVO DOS SEUS SENTIMENTOS. “Deixe de ser uma marionete de cada impulso que tem e você cessará de reclamar do seu presente ou temer seu futuro.” *
Será que somos realmente independentes, se fatores externos controlam como nos sentimos? Como seres racionais, embora tenhamos que enfrentar nossos instintos e emoções até sermos capazes de acessar nossa racionalidade, quanto mais cedo iniciarmos a prática de entender como nos sentimos diante de uma determinada situação, mais assertivos seremos.
3.) PROTEJA SUA SAÚDE MENTAL.
“Mantenha guarda constante sobre suas percepções, pois você está protegendo seu respeito, confiança, equilíbrio, paz de espírito; em suma, sua liberdade. Que valor essas coisas têm para você?” *
Aquela amiga sempre disposta a mostrar com visão de raio-x seu ganho de peso, o emprego que você odeia, um relacionamento toxico, familiares que o diminuem, conhecidos críticos. Coloque esses fatores em perspectiva: Por que você se sujeita a tais coisas? Por que somos escravos do nosso instinto e do limbo do nosso subconsciente, se somos seres capazes de racionalizar e aprender com conscientemente? Porque não nos educamos emocionalmente se 75% dos resultados na vida vão depender da minha percepção dos fatos, e de quão inteligente emocionalmente somos?
4.) DESCOMPLIQUE. “A todo momento, mantenha sua mente focada na tarefa à sua frente, executando-a com dignidade, afeição, liberdade e justiça — isentando-se de outras considerações. Você pode fazê-lo se abordar cada tarefa sem distrações, drama, vaidade e reclamações. Você verá que agir assim lhe possibilitará viver uma vida abundante e plena.” *
Temos a tendência a sofrer por antecipação o que torna qualquer atividade um problema. “Sofremos”pela percepção que temos dos fatos e não pelos fatos em si. Uso inteligente de energia. Está com saudade? ligue. Triste? Chore! Ama? Se declare. Se sente mal continuamente com alguém, finalize essa relação.
5.) MUDANÇA DE HÁBITOS E AS ZONAS DE FRICÇÃO.
“Na maioria das vezes, não tratamos determinadas situações da forma correta, mas apenas seguindo os nossos velhos hábitos. Devemos parar de buscar prazeres e evitar dores a qualquer custo.” *
Para mudarmos qualquer hábito, precisamos substitui-lo por outros. Não existe uma alternativa.
Para que possamos criar um novo hábito, precisamos promover pequenas mudanças de comportamento, eliminando três fatores sorrateiros, as chamadas fricções: Tempo, esforço, distância. Lembrando que também nos habituamos à química negativa do nosso corpo, nós nos “acostumamos” a sofrer. Não podemos eliminar todas as dores de nossas vidas, mas podemos escolher o quanto sofreremos por elas, e,embora não seja uma escolha fácil, é uma escolha possível.
*1-5 base Estoicos, Marco Aurelio, Meditações e Epicteto Discursos, 4.3.6b–8* . 6- Professor Martin Seligman.
6.) NÃO SEJA CATASTRÓFICO. “Quando algo muito ruim acontece com você, como você pensa sobre o seu futuro? Os catastróficos pensam: Tudo agora será desvendado e minha vida será arruinada.”
Essa mentalidade é um enorme impedimento para a felicidade e, pior ainda, é um importante fator de risco para o transtorno de estresse pós-traumático. A descoberta feita pelo Professor Martin Seligman, rastreou quase 80 000 soldados americanos, enviadospara o Iraque ou Afeganistão de 2009 a 2013. Em seu primeiro dia no Exército, eles responderam a uma avaliação psicológica sobre como se sentiam relativo a declarações pessimistas e sua forma mais extrema, a catastrofização. Por exemplo:
• “Quando coisas ruins acontecerem comigo, espere que mais coisas ruins aconteçam.”
• “Eu não tenho controle sobre as coIsas que acontecem comigo.”
• “Quando tenho alguma dor, logo imagino que é algo bem grave”
O resultado desse estudo mostrou que aqueles “catastróficos” declarados na primeira avaliação, queenfrentaram estresse de combate severo tinham quase quatro vezes mais chances, do que os não catastróficos de contrair transtorno de estresse pós-traumático mesmo aqueles que viveram um risco mínimo, estavam mais suscetíveis a ter um transtorno, do que outros diretamente em combate.
A lição é clara: Se você catastrofizar, provavelmente sofrerá mais com eventos ruins, e se tiver a mentalidade oposta e otimista, provavelmente será mais resiliente. E, se vc for um catastrófico, não se entregue, combata!
Um exercício proposto por Seligman é “colocar o problema em perspectiva: você começa imaginando um evento extremamente preocupante. Para os soldados, o exemplo era um homem desaparecido à noite. Eles começam com a pior explicação possível: “Ele está morto, e é tudo minha culpa.” Então, o melhor possível: “A bateria do rádio dele acabou, e ele vai aparecer em alguns minutos.” Finalmente, o mais provável, juntamente com os planos para lidar com isso: “Ele provavelmente está ferido, então precisamos refazer nossos passos, encontrá-lo e trazê-lo de volta”. Seguir esse padrão construiu resiliência nos soldados. será que é possível interromper ou até mesmo reverter o envelhecimento? quais são os novos tratamentos estéticos mais eficazes?
Aprenda Ciência da Felicidade e transforme a si mesmo, evolua nas relações familiares, nas conexões interpessoais, aprenda a ser um felicitador no seu trabalho. A percepção dos nossos problemas são os fatores estressores que consomem silenciosamente nossa qualidade de vida. A escolha é sua.
Sandra Teschner é especialista em Ciência da Felicidade, Adm. de empresas pós graduada em neuropsicologia, Chief Happiness Officer pela FIU Miami, associada da MUST University Florida , no programa de capacitação “Happiness Management” (Formação de Felicitadores), fundadora do Instituto Happiness do Brasil, empreendedora social, feliz. Contato: sandra@institutohappinessdobrasil.com.br.