Identidade Xavante - O livro oficial do centenário do Grêmio Esportivo Brasil

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LIVRO OFICIAL DO CENTENÁRIO DO GRÊMIO ESPORTIVO BRASIL

1911 . 2011


Claudio Milton Cassal de Andrea Organizador

Colaboradores Izan Müller da Silva, Marcelo Gomes Barboza, Antonio Luiz Munhoso, Juliano Baldez de Freitas, Thiago Perceu Gauterio, Carlos Insaurriaga, Everton Luis Souza Lautenschlager, Adriano de León Soares

Participações especiais Aldyr Garcia Schlee, André Macedo, Cássio Luíz Ferrari, Clayton Rocha, Douglas Ceconello, Fernando Duval, João Garcia, Joaquim Luís Duval, Paulo Sant’Ana, Renato Canini, Renato Marsiglia, Rogério Moreira, Ruy Carlos Ostermann, Wagner Villela Marroni

EDITORA TEXTOS Pelotas, 2011



Identidade Xavante Livro Oficial do Centenário Claudio Milton Cassal de Andrea Organizador do livro e presidente do G. E. Brasil em 1977

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m suas mãos, o livro oficial do Centenário do Grêmio Esportivo Brasil. Ao ser convidado para organizá-lo senti-me imensamente feliz e, confesso, aceitei o convite sem hesitar. Minha passagem por todos os departamentos do Xavante, desde a década de 1950, foi, sem dúvida, o passaporte para realizar esta honrosa tarefa. Um projeto idealizado, há tempos, pela Editora Textos de Pelotas-RS, que se colocou, inteiramente, disponível para elaborar um livro que mostrasse a trajetória perseverante (por vezes, irreverente) de paixão, que sempre caracterizou o Clube e a torcida Xavante. Sua contribuição está aqui, espontânea, desprovida de custos, responsável pelo projeto gráfico, diagramação, editoração e revisão textual. Perdi a conta das vezes em que esta Editora me cobrou a organização da história do G. E. Brasil. Culturalmente, vive-se numa sociedade em que muitas coisas são deixadas para a última hora, onde se costuma trabalhar no limite e, agora, não foi diferente. Formada uma comissão de torcedores fanáticos pela história do Clube, o projeto foi traçado, as redes foram lançadas e uma equipe extraordinária entrou em campo, atrás de documentos e imagens que testemunhassem esta trajetória centenária. Democraticamente, a equipe decidiu que o conteúdo do livro deveria conter mais ilustrações de acontecimentos significativos que marcaram estes cem anos do que artigos ou relatos, nem sempre elucidativos dos fatos, senão na memória dos autores. O Grêmio Esportivo Brasil, desde sua origem, foi um clube popular. É quase inimaginável que, em 7 de setembro de 1911, seus fundadores destinaram ao

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povo pelotense um clube que, anos após, se transformou num fenômeno de paixão e fidelidade por este país afora. Jogadores e torcedores do G. E. Brasil já foram conhecidos como os Negrinhos da Estação, na época em que o estádio localizava-se nas imediações da Viação Férrea, mais tarde passaram a ser chamados de Negrinhos da Baixada e, depois, Xavantes. Sediado em um bairro pobre de Pelotas, este Clube serpenteou o estado do Rio Grande do Sul, outros estados do país, ultrapassou fronteiras e, como uma águia, alçou voo sobre os Andes, em sua memorável excursão às Américas, no ano de 1956. Em 1985, ao se colocar como a terceira força do Campeonato Brasileiro, o Brasil de Pelotas, assim reconhecido, deixou altivamente registrado na história do país do futebol o nome de nossa cidade. Parafraseando parte do refrão do Hino Rio-Grandense: sirvam nossas façanhas de modelo a toda a Terra! Ao desejar-lhes uma boa leitura, manifesto o meu reconhecimento ao empenho dos incansáveis colaboradores: Etiene Villela Marroni (Editora Textos), Izan Müller da Silva, Marcelo Gomes Barboza, Antonio Luiz Munhoso, Juliano Baldez de Freitas, Thiago Perceu Gauterio, Carlos Inssauriaga, Everton Luis Souza Lautenschlager e Adriano de León Soares, membros da comissão e companheiros de toda a hora, que não mediram esforços para que este livro correspondesse à grandeza de um dos Clubes mais queridos do Brasil e que, sem falsa modéstia, ostenta o seu nome, pois nasceu sob o rufar dos tambores, sob a cadência das marchas, sob os aplausos do povo, que relembrava, na data, uma conquista bastante significativa para todos nós: a liberdade política da Nação Brasileira.

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E assim surgiu o MANTO RUBRO-NEGRO Origem do

Grêmio Esportivo Brasil e de suas cores

1911

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Grêmio Esportivo Brasil surgiu graças à instalação, em Pelotas, da Cervejaria Sul-Rio-Grandense, de propriedade de Leopoldo Haertel, estabelecimento popular mente conhecido como Cervejaria Haertel, fato ocorrido no ano de 1889.

Nesta época, os funcionários das fábricas de Pelotas costumavam formar grupos para jogar bola nas folgas ou em finais de semana, ou foot-ball, como falavam, já tentando imitar uma prática desportiva originária da Inglaterra. Esta prática, a cada ano, ganhava mais adeptos e a primeira exibição pública de um time oficial, em nossa cidade, ocorreu em 6 de outubro de 1901, quando aqui se apresentou o Sport Club Rio Grande. Segundo registros históricos, os funcionários da Cervejaria Haertel mantinham uma agremiação denominada Sport Club Cruzeiro do Sul, cuja sede social e campo localizavam-se em amplo terreno ao lado da fábrica, provavelmente na rua Conde de Porto Alegre, número 44. Esta agremiação era independente da Liga Pelotense de Amadores de Desportos (LPAD), criada em 1907, que posteriormente, no ano de 1923, passou a chamar-se Liga Pelotense de Futebol (LPF). Por motivo de divergências surgidas entre integrantes do Sport Club Cruzeiro do Sul, Breno Corrêa da Silva e Salustiano Louzada de Britto decidiram fundar um novo clube de futebol em Pelotas. Um grupo reuniu-se, então, na residência de José Moreira Britto, pai de Salustiano, para tratar dessa ideia. A casa situavase à rua Santa Cruz, número 56 ou 58 (há dúvidas quanto ao número exato). [ Salustiano Louzada de Britto, um dos fundadores do Grêmio Sportivo Brasil. ]

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Em alguma das reuniões que se sucederam formou-se a primeira diretoria, assim constituída: presidente – Dario Feijó; vicepresidente – Sílvio Corrêa da Silva; secretário – Walter da Rocha Pereira; tesoureiro Raymundo Pinto do Rego; adjunto – Breno Corrêa da Silva; diretores: Manoel Joaquim Machado, Ulysses Dias Carneiro, Manoel Ribeiro de Souza, Nicolau Nunes, Paulino Dias de Castro e Mário Reis. Conselho Fiscal: Miguel Fontes, Luis Cyntrão e Antônio Freitas; capitão geral: Manoel Ayres Júnior; vice-capitão geral: Gregório Moreira Mattos; guarda esporte: Salustiano Britto; vice-guarda esporte: Francisco Louzada. Fundado no dia 7 de setembro de 1911, data cívica comemorativa da Independência do Brasil, o novo clube recebeu o nome de Brasil e, consequentemente, adotou as principais cores da Bandeira Brasileira para representá-lo: o verde e o amarelo. Mais tarde, ocasião em que novos dirigentes saíram às ruas com o livro de ouro, tendo por finalidade arrecadar fundos para a compra dos uniformes, foram, logo, ao encontro de um companheiro, comerciante português chamado Manoel Ayres Júnior. Conhecido por Maneca, este senhor, em 1911, havia integrado a primeira diretoria do Grêmio Sportivo Brasil, exercendo a função de capitão geral e, no ano seguinte, em 1912, foi eleito seu presidente.

“... o Grêmio Sportivo Brasil alterou os rumos de sua história, dando origem ao Manto Rubro-Negro que, como bem expressa a letra do Hino, são cores representativas do nosso sangue e da nossa raça.”

Manoel Ayres Júnior, segundo consta, mantinha, também, estreito vínculo com um clube social de Pelotas, o Clube Carnavalesco Diamantinos e, por isso, estabeleceu uma condição para arcar com o custo total do fardamento: as cores representativas da agremiação desportiva deveriam ser trocadas para vermelho e preto, tal como as cores diamantinas. Ora, o verde e o amarelo eram cores que simbolizavam um outro clube social da cidade, o Clube Carnavalesco Brilhante, dissidente e rival do Diamantinos, o que desgostava Maneca. Atingido o principal objetivo do grupo, que era o de conseguir recursos para uniformizar o time, foi firmado um acordo entre as partes e as cores oficiais do Grêmio Sportivo Brasil passaram a ser rubro-negras. Desta forma, de um capricho de Manoel Ayres Júnior e da necessidade de respaldo financeiro para prosseguir seu destino, o Grêmio Sportivo Brasil alterou os rumos de sua história, dando origem ao Manto Rubro-Negro que, como bem expressa a letra do Hino, são cores representativas do nosso sangue e da nossa raça. Vida longa e muitas glórias ao centenário e apaixonante Grêmio Esportivo Brasil!

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[ Dario Feijó, primeiro presidente do Grêmio Sportivo Brasil. ]

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[ Desenho do índio “Xavante”, mascote oficial do Clube, eleito pelos internautas em campanha promovida pelo G. E. Brasil, 2011. Criador: Leonardo Azevedo. ]

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Origem do apelido Xavante

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apelido “Xavante”, dado ao Grêmio Esportivo Brasil, teve uma origem curiosa, tal como a história deste clube, tão amado por sua fiel torcida. Tudo começou num Domingo, dia 28 de julho de 1946, na disputa de um clássico Bra-Pel, jogo válido pelo 2º Turno do Campeonato Citadino Pelotense. A disputa realizou-se no campo do adversário, que buscava, ferrenhamente, o tricampeonato, título que não possuía. No segundo tempo desta partida decisiva, quando o cronômetro marcava 6 minutos da fase complementar, o árbitro argentino, Carlos Sacco, expulsou o capitão e jogador do G. E. Brasil Chico Fuleiro. Fuleiro era considerado um dos mais importantes jogadores da época, reconhecido pela sua irreverência, de tal forma que, na ocasião, discordou e reclamou da falta marcada, além de questionar a decisão tomada pelo árbitro. Em decorrência de sua atitude, houve interrupção da partida por vários minutos, tempo suficiente para que o campo fosse invadido pela diretoria do G. E. Brasil, presidida por João José Bainy, e pelo técnico do Clube, major José Francisco Duarte Júnior, conhecido como “Teté”. Todos discordavam da decisão do juiz em expulsar Chico Fuleiro. Neste momento, o Esporte Clube Pelotas vencia o clássico pelo placar de 3 x 1. Acalmados os ânimos, houve condições de reiniciar o jogo, tendo Juvenal

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Por coincidência, na época, um cinema local exibia o filme intitulado “Invasão dos Xavantes”. Ora, estabelecendo uma comparação com os “selvagens” protagonizados no filme, os torcedores áureocerúleos começaram a chamar os rubro-negros de “Xavantes”. Tratando-se de rivalidade, os novos “Xavantes” nem se importaram com isso. Ao contrário, acataram o apelido porque o povo Xavante é guerreiro e jamais esmorece em combate. E foram além: para consolidar este “reconhecimento”, passaram a adotar a simpática e querida imagem de um índio Xavante como símbolo do Grêmio Esportivo Brasil.

assumido a condição de líder de campo, posto, até então, exercido por Chico Fuleiro. Juvenal foi um dos mais valorosos atletas do elenco rubro-negro que, inclusive, participou da Copa do Mundo, em 1950. Com um número inferior de jogadores, o Grêmio Esportivo Brasil conseguiu reverter o escore da partida, passando de “dominado a dominador”. No momento do apito final, o resultado do jogo era de 5 x 3 para o G. E. Brasil. Os rubro-negros, mesmo desfalcados, conseguiram a façanha de marcar 4 gols num período de 28 minutos e venceram, sem sombra de dúvidas, este inesquecível clássico Bra-Pel. Ao término do jogo, a torcida do Clube da Baixada, num ato de vandalismo incontido, derrubou o parapeito de proteção ao campo e invadiu o gramado. Tal atitude parecia justificar-se pela penalidade sofrida e, naquele momento, pela oportunidade de extravasar o que havia sido reprimido: a sensação de impotência frente à arbitrariedade, a inacreditável vitória, a alegria exacerbada e a paixão “cega” pelo clube. O Presidente do Esporte Clube Pelotas, na ocasião, inconformado com a derrota que representava a perda do Campeonato Citadino e, mais ainda, com a atitude irreverente dos torcedores rubro-negros, exclamou: “Eles foram uns bárbaros!”. 53


O Grêmio Esportivo Somente as águias Brasil pelas Américas galgaram os Andes

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etomando o ciclo das conquistas de 1952, 1953, 1954, e 1955, cujos presidentes foram, respectivamente, José Francisco Dias da Costa, Rafael Iório Brandi, Clóvis Gotuzzo Russomano e Frederico Zambrano Siqueira, novamente o G. E. Brasil chegou ao terceiro tricampeonato, tornando-se, desta for ma, “Tetracampeão Citadino de Futebol”. Sem qualquer dúvida, foi esta longa jornada de vitórias que despertou a atenção de um empresário chamado Cesar Mantilla Fernandini, ao ponto de se propor a mostrar o futebol jogado no GEB em outros lugares, para além das fronteiras do país. Realmente, foi uma proposta sedutora para um Clube do interior do Brasil, pois se descortinava a possibilidade de exibir seu futebol em vários países das Américas, numa longa excursão. De imediato, foram iniciadas as providências para a viagem, como demoradas tratativas e intermináveis reuniões, sempre realizadas com a presença do corpo jurídico do Clube, representado pelo ilustre advogado Ápio Cláudio de Lima Antunes. Planejar com cautela e pensar sobre todos os aspectos que envolveriam esta excursão era preciso, pois a proposta previa uma viagem de três meses pelas Américas, o que aumentava, em muito, a responsabilidade dos dirigentes do Clube. Finalmente, em 12 de julho de 1956, o Grêmio Esportivo Brasil deixou a cidade de Pelotas rumo

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às Américas, com uma extensa agenda a ser cumprida. Por ocasião do jantar oficial comemorativo ao Cinquentenário do G. E. Brasil (1961), num dado momento de seu discurso, o presidente Rubro-Negro, Antônio Carapeto Fernandes, retomou alguns detalhes marcantes desta vitoriosa excursão da seguinte forma: O Grêmio Esportivo Brasil leva uma bagagem repleta de esperanças e deixa a certeza de que tudo fará para bem cumprir o seu dever. Vai ao Paraguai, a terra das guarânias e do lago azul de Ypacaray. Sobe a Cordilheira e, na Bolívia, vai conhecer os Cholos e o Hillimani, a montanha de cartão postal e plano de fundo da cidade de La Paz. Atravessa o lago Titicaca e vai ao Santuário de Copacabana ver a Santa famosa e de beleza indescritível, esculpida pelo índio Iupanco. Vai ao Peru. À Porta do Sol conta os albores do Império Inca. Atravessa o território peruano de sul a norte e, no Equador, ao fundo do Golfo belíssimo de Guayaquil, vai ver no colosso de bronze, imortalizado, o encontro famoso: Bolívar e San Martin num aperto de mãos. Na Colômbia, presta ajuda aos danificados da catástrofe de Cali. Vê o Vale do Cauca, conhece Antioquia e a porta de ouro das Antilhas. No Panamá, posa para a posteridade, junto ao canal famoso no mundo inteiro. Vai à Costa Rica, a joia encravada na América Central, a Capital do CentroAmérica. Em Honduras, o belo parque Municipal de Tegucigalpa. Chega a El Salvador, a terra das

marimbas, a terra de Cuscatlan, um departamento de El Salvador, Atecozol, o Parque Nacional e o Izalco: o vulcão mais original do mundo que, há séculos, cospe fogo a cada 12 minutos, ininterruptamente. Na volta, conhece Letícia e o Solimões banhando três países. Atravessa a selva indevassável da Amazônia. Volta coberto de glórias, com a bagagem carregada de vitórias. Vitórias esportivas. Vitórias de bravura. Vitórias da disciplina. “Xavantes saúdam seus heróis”. “As Américas sentiram o nosso valor.” “Saiu grande e voltou maior”. Em toda a parte passeou o seu bom futebol. Em toda a parte, escreveu com letras de ouro a sua passagem. Dizia a que vinha e como ele era. Como é o G. E. Brasil. 28 jogos – 16 vitórias – 6 empates e 6 derrotas; 75 gols contra 50 dos adversários, somando um apreciável saldo de 25 gols pró. Os integrantes da lendária Missão Xavante foram os seguintes: o médico Antônio Carapeto Fernandes, presidente do G. E. Brasil; Manoel Tavares, chefe da delegação; Gastão Leal, diretortécnico; Francisco Caldeira, massagista; Jaime Ribeiro, roupeiro; mais Ubirajara Timm, e um empresário responsável pela contratação e agendamento dos jogos, transporte e estadia da delegação. Formavam o plantel Rubro-Negro: Sully Cabral Machado (Sully), Rovani Fernandes (Rovani), Osvaldo Barbosa (Osvaldo), Jorge Spilmann (Spilmann), Antônio Vizeu Candiota (Candiota),

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Izidro Osório (Cascudo), Alcibíades Brizolara (Tibirica), Cláudio Hugo Oliveira (Gago), Álvaro Seara (Seara), Odi Figueiró (Odi), João da Silva Borges, Orlando Rodrigues Chanças (Negrito), Manoel P. Nunes (Gitinha), Zilmar Conceição (Caizé), Joaquim Gilberto Silva (Joaquinzinho), José Casanova (Paquito), Ari Valente (Galeguinho), José Francisco Oliveira (Zé Francisco) e Darcy Lopes da Cunha (Mortosa). O jornal pelotense denominado “A Opinião Pública”, em sua edição de 25 de julho de 1956, assim registrou o retorno da delegação do G. E. Brasil: Torcedores, familiares e desportistas estiveram aguardando, ansiosos, até as 17 horas e 30 minutos, o retorno de seus parentes, amigos e ídolos, depois de 104 dias de ausência. Milhares de pessoas aplaudiram, gritaram e choraram de emoção diante dos craques que regressavam – Impressionante manifestação de carinho popular. Como bem expressa o texto, a população pelotense saiu às ruas para demonstrar o seu orgulho e admiração pela “ousadia” dos Rubro-Negros, pois “somente as águias galgaram os Andes”.

[ Da esquerda para a direita, no interior do do ônibus: Gitinha, Candiota, Paquito e Caizé. Na frente: Osvaldo, João Borges, Antônio Carapeto Fernandes (presidente), Léo Tavares (chefe da delegação), Mortosa e Rovani. ]

[ Fotografias da delegação Rubro-Negra em excursão pelas Américas. ]

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Vou com o Brasil a Tóquio Atenção diretoria da RBS: prepare a minha passagem, eu quero voltar a Tóquio com o Brasil de Pelotas. Fiz uma namoradinha em Tóquio – e vocês sabem como é fiel e piedosa a japonesa. Está me esperando. O Brasil vai me levar a Tóquio. Porque, a partir de ontem, aquilo que joguei como uma piada no Jornal do Almoço está tomando contornos de realidade: o Brasil jogar o Gauchão com time misto contra Grêmio e Internacional com titulares – o Xavante disputando a Libertadores neste meio tempo. Fora de brincadeira, a façanha do Brasil, guardadas as proporções, é igual à conquista de uma Libertadores da América. Se o Brasil passar à finalíssima, ainda em termos proporcionais que guardam a distância entre um clube da capital e do interior, terá como que vencido em Tóquio. O desfecho de ontem, para os dois gaúchos, significou uma assombração: quando é que se pensou, por aqui, na hipótese de Grêmio e Internacional fora das semifinais, e o Brasil vivo, como um vulcão despejando lava? Quando? Nunca alguém pensou nisso. Talvez só tenha passado na mente do mais apaixonado e tresloucado torcedor rubro-negro de qualquer bairro, em Pelotas. Estamos diante de um milagre, que nos põem, todos, tontos. O responsável se chama Brasil, de Pelotas – e é proprietário eterno da torcida mais fiel e explosiva do país. Paulo Sant’Ana Escritor e Jornalista

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15 de janeiro de

2009 O PRIMEIRO ACIDENTE DO G. E. BRASIL O traumático acidente de 2009 não foi o primeiro que ocorreu, envolvendo pessoas estreitamente vinculadas ao G. E. Brasil. Em 1962, na cidade de Bagé, realizou-se um jogo pelo Campeonato Estadual – Divisão Especial, quando o GEB enfrentou o Guarany Futebol Clube, no Estádio Estrela D’alva. Infelizmente, no retorno à cidade de Pelotas, a delegação rubronegra sofreu seu primeiro acidente rodoviário. Após trinta minutos de viagem, na volta para casa, o ônibus que conduzia os Xavantes capotou e vários atletas ficaram feridos, como Valdoma, Edi, Osvaldo, Pintinho e Luizinho. No entanto, os casos mais graves atingiram o técnico Jorge Thomaz, que perdeu os dentes da sua arcada inferior, os de Canário e Toquinho, levados às pressas à Beneficência Portuguesa, onde foram atendidos e internados, devido às lesões sofridas.

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ano de 2009 chegou trazendo muitas esperanças à torcida Xavante, pois no ano anterior o clube Rubro-Negro fizera uma campanha irregular no Campeonato Gaúcho, superando-se no segundo semestre, quando da disputa do Campeonato Brasileiro Série C. Naquela ocasião, por um empate, o G. E Brasil ficou fora da Série B do Campeonato Nacional, em jogo realizado no Estado do Acre contra o Rio Branco Football Club. Embora não tenha conseguido o acesso em 2008, a boa campanha garantiu-lhe participação na Série C de 2009, colocando-o entre os 60 melhores times do país. Sob a liderança do presidente Hélder Lopes, algumas contratações para o Campeonato Gaúcho de 2009 deixaram os torcedores rubro-negros muito esperançosos. O atacante e ídolo da torcida, Claudio Milar, havia renovado seu contrato com o GEB, recusando convites de clubes do exterior, como o do Peñarol, Uruguai, decidido a permanecer junto aos Xavantes. O Clube contratou, também, o ex-goleiro e ídolo do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, Danrlei de Deus, considerado, à época, um grande reforço para o time. A torcida vibrava, aguardando, confiante, o início da competição. Em 15 de janeiro de 2009, uma quinta-feira, o Grêmio Esportivo Brasil viajou a Santa Cruz do Sul para jogar com o Futebol Clube Santa Cruz o penúltimo amistoso, tendo em vista o Gauchão 2009. O jogo foi disputado em Vale do Sol, próximo à cidade sede, no centro do estado, com início às 17 horas. Ao final da partida, o placar foi positivo para o time Xavante: 2 x 1. Os gols do G. E. Brasil foram marcados por Claudio Milar, em cobrança de pênalti aos 39 minutos do primeiro tempo e, no segundo tempo, por Kelson, aos 23 minutos. Aos 31 minutos, Eraldo descontou para o F. C. Santa Cruz. Liderado pelo técnico Armando Severo Desessards, o Rubro-Negro jogou com Danrlei (Luciano); Adriano Sella, Carlão, Régis, Alex Martins e Alemão; Edu (Xuxa), Edenilson e Cléber; Claudio Milar e Kélson (Uendel).

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[ Homenagem aos nossos trĂŞs grandes guerreiros: Giovani, Milar e RĂŠgis. ]


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