Revista Think

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CENSURA

LIBERDADE DE IMPRENSA EM RISCO



CAPA

ÍNDICE

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04. EDITORIAL

A censura ainda assombra a vida dos jornalistas e ameça a liberdade āĈ ĭŋŴŸĈōžÝɕ ûŕōƼŸÝ Ý ŸĈŴŕžƇÝġĈŋ ûŕŋ Ý ŴÝŸƇĭûĭŴÝþöŕ āĈ ŕāŸĭġŕ iŕŴĈžɚ

05. PELADA NA NET

PELADA NA NET

08. JOGUE POR TODAS 10. CAPA

ÉĭƇŕŸ GÝġńĭŕōĭ ŕžžĭ ōŕž ûŕōƇÝ ƍŋ pouco sobre como é a produção de ƍŋ ŴŕāûÝžƇɚ 1ōƇĈōāÝ ŋÝĭž žŕùŸĈ ĈžžÝ mídia em ascensão

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15. ASSESSORIA DE IMPRENSA 18. ARTIGO DE OPINIÃO

ASSESORIA DE IMPRENSA

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Conheça um pouco sobre a rotina do ŴŸŕƼžžĭŕōÝń āĈ ÝžžĈžžŕŸĭÝ āĈ ĭŋŴŸĈōžÝ ûŕŋ ¤ŕńÝōġĈ IƍĭŋÝŸöĈž

EXPEDIENTE

Flávio Augusto Priori RA: 3018200701

Gustavo Leocadio RA: 3018201078

Laís Arnai RA: 3019104841

Campus: Vila Prudente

Período: Noturno

Joice Rocha RA: 3019114331

Larissa Maestrelo RA: 3019113968

Juliane Satiro RA: 3018200914

Steffani Silva RA: 3019102548

Todos os integrantes se encontram matrículados no curso de Jornalismo

Esta revista faz parte do projeto integrado do curso de Jornalismo da uninove sob a orientação dos professores: Cintia Regina Dal Bello De Araujo Comunicação Gráfica E Design

Giuliano Tosin Fotografia

Claudio Henrique Sales Andrade Comunicação E Expressão Foto: Larissa Maestrelo

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EDITORIAL

Pensamento livre e informação sem amarras Seja muito bem-vindo à primeira edição da Think!

Essa revista que o leitor tem em mãos, faz parte de um projeto integrado do curso de Jornalismo da Uninove, que tem como tema os vários aspectos e caminhos possíveis da profissão em comunicação. Além disso, é o resultado da união do esforço conjunto de todos os envolvidos para produzi-la e trazer nesta edição de estreia conteúdos variados e de excelente qualidade. Com uma visão focada sobre a profissão de jornalismo, algumas vertentes de atuação e ainda o problema que afeta grandemente a vida e o trabalho do profissional desta área de comunicação: a censura. Repressão e censura ainda assombram os jornalistas. Hoje em dia de forma muito mais sutil do que no passado, dentro de governos que não se considerarem autoritários, mas que na prática afrontam os princípios democráticos. Na editoria “Capa” você confere uma reportagem aprofundada sobre o assunto com a participação de Rodrigo Lopes, jornalista brasileiro preso durante a cobertura da crise na Venezuela e que nos contou um pouco sobre como foi essa experiência e seu parecer sobre esse assunto. Também pode conferir a coluna de opinião abordando alguns pontos extras desta questão

que infelizmente ainda é uma pauta existente e em relevância. E para romper com a ideia erroneamente estabelecida na mente do grande público e demonstrar que não apenas de ancoragem se faz jornalismo, buscamos dar holofote para áreas de atuação menos disseminadas. Pois, quando se trata dessa linha de comunicação as mensagens e as formas de transmiti-las são muitas, um verdadeiro leque de opções. Assim, nesta edição contamos com duas entrevistas muito bacanas; Um bate-papo com Vitor Faglioni, criador e responsável pela Pelada na Net, um podcast sobre notícias do mundo do Futebol. E uma conversa mostrando como é a rotina e os desafios de quem trabalha com assessoria de imprensa com Solange Guimarães, superintendente de assessoria de imprensa da empresa Sul América Seguros. Confira! Esperamos que os assuntos abordados pela Think sejam informativos para o leitor, o levem compreender os fatos, questionar motivos e pensar além. Boa leitura. Larissa Maestrelo

Não censure sua fome, peça pelo melhor delivery da comida


ENTREVISTA

Foto: Larissa Maestrelo

PELADA NA NET: SUCESSO COM HUMOR E SIMPATIA Conversamos com Vitor Faglioni, o Vidane, sobre sua trajetória na produção de um dos melhores podcasts esportivos da rede Por Flávio Augusto Priori

O

podcast é um tipo de mídia muito interessante por características únicas dele. Geralmente trata de temas especí ficos, o que o faz ser um conteúdo mais voltado para nichos. Apesar de serem bem segmentados nesse sentido, possuem um público fiel e comprometido — são pessoas que se dispõe a ouvir você por uma ou duas horas toda semana e adoram isso. Para falar um pouco sobre como é trabalhar com essa mídia, conversamos com Vitor Faglioni Rossi, responsável pelo podcast Pelada na Net já a sete anos. Falando sobre futebol, mas sempre com bom humor e sabendo não se levar a sério demais. Mesmo sendo formado em Ciência da Computação pela USP, Vidane como é chamado, tem um longo histórico como comunicador na internet: rádios, dublagens, animações e claro, podcasts. Confira como foi o papo.

Think: Quando foi que você começou a mexer com a parte de comunicação? Sei que você tem um pequeno histórico em rádios, canais no Youtube, mas o que te motivou a focar no podcast em si? R: Produzo podcasts desde 2010 quando comecei com o Mesa Quadrada Futebol Combate. Entrei para o Radiofobia como integrante em 2011, criei o Pelada na Net em 2012 e me juntei ao Pauta Livre News em 2014, onde me tornei editor além de participante. Antes disso, comecei fazendo programas de rádio online em 2006, e co-criei uma série animada no YouTube chamada Rebosteio, na qual fui o dublador. Fora o canal de Youtube que criei, o Versão Brasihueira, no qual produzi coisas que me orgulho muito como o “Cobra Comedor”.

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Think: Qual foi o momento que você decidiu "vou ter o MEU podcast"? Conte um pouco da criação do Pelada na Net R: Curioso pensar nisso. Na época que o Mesa Quadrada estava acabando, eu já jogava muito FIFA com o Alexandre Velloso (Xande) e falávamos direto de futebol. Quando o Mesa acabou, no começo de 2011, senti falta de um espaço para falar de futebol com meus amigos. Eu já consumia podcasts como ouvinte a muito tempo, não tive dúvidas. Chamei o Du e o Pepe ((Eduardo Renan Araujo e Rafael Clerici, ambos do canal Futirinhas), o Xande e o BeGOD (outro amigo nosso) e começamos a gravar. Eu já editava alguma coisa antes, então eu que assumi essa bucha para o novo projeto. No Pelada eu assumi 100% da produção, além da gravação.

R: Então, é uma rotina pesada. Geralmente fecho a pauta cerca de meia hora antes da gravação - e não revelo ela aos participantes. Só falo por cima o assunto para a galera ver os lances dos jogos que não viu, se forem importantes. Mas gosto de puxar os assuntos de forma desprevenida. Junto os participantes através de grupo no WhatsApp, pergunto quem pode gravar no horário que eu marco e quem puder grava. Quando ninguém pode, procuro convidados. Tem dado certo desta forma maluca, por incrível que pareça. Para tratar o áudio eu uso o Adobe Audition, e pra edição utilizo um outro programa que é bem mequetrefe, mas é justamente o mesmo que eu usava pra editar minhas esquetes do programa de rádio: Acoustica MP3 Audio Mixer.

Em momento nenhum virei uma grande celebridade. Mas trabalho porque me dá tesão, me motiva a produzir.

Think: Por ser temático de futebol, o Pelada acaba tendo pautas quentes quase toda semana. Por um lado nunca falta assunto, mas por outro as vezes pode se perder algo importante. Como você se organiza em relação a isso, o que entra ou não em uma pauta semanal? R: Procuro colocar os assuntos mais comentados da semana, do futebol nacional e internacional. Tem semanas que é complicado, porque acontece muita coisa junta e infelizmente muita coisa boa fica de fora. Por outro lado tem semana que falta de assunto. Mas, no geral, procuro pegar o que dá mais comentários. Como eu e a maior parte dos integrantes somos do sudeste, as vezes focamos mais nos times da região, pois é onde estão os clubes que torcemos. Mas tento me policiar, dando atenção aos times mais tradicionais do Brasil e tentando acompanhá-los (mesmo que de longe). Além disso se houver uma polêmica tento focar nela, porque sei que é algo que todo mundo quer comentar e ouvir. Futebol é momento, é rápido. Por isso mesmo que a produção do Pelada é toda feita no mesmo dia. Gravação, edição e publicação levam cerca de 5h pra finalizar. Think: Outra característica interessante é que via de regra o cast é gravado, editado e lançado no mesmo dia. Como é essa rotina? Nos conte um pouco do processo de "produção" de um Pelada na Net rotineiro - juntar participantes, ajustes técnicos, programas usados, etc?

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Think: Acho que podemos dizer que o Pelada atingiu um status de sucesso no meio, e um dos motivos é sua campanha de apoiadores. Como foi iniciar esse processo e definir as metas apropriada, tanto na parte financeira como na de recompensas? Como é trabalhar com seu público ativamente financiando o projeto?

R: Quando lancei o financiamento coletivo eu imaginava que não ia bater nem a primeira meta de R$100, estava bem apreensivo. Tive a ideia numa manhã de 2015, no meu trabalho, e fiz tudo de lá mesmo. Pensei em metas que fossem possíveis de cumprir, além de recompensas que eu pudesse entregar. Tentei não fazer loucura. Pode ver que não tem nenhuma recompensa que envolva material físico, por exemplo, porque eu sei que daria mais trabalho do que eu posso cumprir. Cara, trabalhar com o público financiando é um prazer e uma responsabilidade. Eu nunca furei com meta ou recompensa, morro de vergonha se isso acontecer um dia, mas é barra. Tem dia que tô cansado e sei que tenho que produzir. Mas ao mesmo tempo, me motiva: pensar que tanta gente tira dinheiro do próprio bolso porque acredita em mim e no meu projeto é legal demais. Eu realmente rezo e agradeço por todas essas pessoas, não só pelo dinheiro, mas pela confiança que depositam em mim e no Peladinha. É lindo demais.

Criação de conteúdo envolve o feeling do autor, e você só descobre o seu com a mão na massa.


Foto: Flávio Augusto Priori

Think: E daqui para frente, quais os planos que você tem para o Pelada na Net? E quanto a outros projetos nessa parte de comunicação, algo que você ainda queira fazer? R: Com o Pelada na Net eu quero gravar com muita gente ainda. Com jogadores, árbitros, treinadores, pessoas envolvidas no esporte, como já fizemos com o Wallace (então jogador do Flamengo). Gravar com outras pessoas que gostam do futebol mas não são conhecidas por isso — como fizemos com o Wendel Bezerra (dublador do Goku e do Bob Esponja) também me agrada muito. Eu amo gravar, amo editar e amo produzir o Peladinha. Só quero poder seguir produzindo coisa legal, e fazendo mais eventos de encontros com os ouvintes, seja em São Paulo ou fora! Adoraria fazer um encontro no Rio de Janeiro, por exemplo. Sei que temos ouvintes por lá. Tenho idéias pra fazer outros projetos, outros podcasts e vídeos. Aos poucos viabilizo. Tem um em particular que não gostaria de contar ainda, mas em breve deve sair alguma coisa. É algo totalmente fora do tom que costumo fazer até hoje, mas me empolga muito. Think: Para aqueles que tem curiosidade com a mídia ou que desejam começar a fazer um podcast, alguma dica específica do que fazer (ou não fazer)? Pode ser na parte técnica, de planejamento, divulgação, etc.

R: A dica principal é: faça. Experimente. Não fique na prancheta, ponha a mão na massa e erre. Grave pilotos, edite e jogue fora se não gostar. Mas tente. Uma hora vai gostar do que produz, e quando gostar, publique. Busque apoio de outros produtores, faça collabs, ajude alguém e peça ajuda. Não acredito mais em podosfera unida, mas acredito que podcasters específicos possam se unir e se motivar. Se coloquem engajados pela mídia e mostrem vontade de aprender. Criação de conteúdo envolve o feeling do autor, e você só descobre o seu com a mão na massa. Think: Por fim, deixe uma mensagem final para os leitores, fique a vontade para convidar a todos para ouvir o podcast. R: Opa! Já são mais de sete anos produzindo o Peladinha, quase nove no meio dos podcasts e mais de 13 produzindo conteúdo. Em momento nenhum eu estourei, virei uma grande celebridade ou enchi o cofrinho de dinheiro. Mas trabalho porque me dá tesão, me motiva a produzir. E se eu levo alegria para algumas pessoas, isso me faz feliz, realizado. Me sinto cumprindo meu chamado nesta vida. Se você gostar de futebol e curtir um jeito irreverente de lidar com a vida - ou se simplesmente está disposto a nos dar uma chance -, acesse o Pelada Na Net e nos escute. Temos programas chamados Intervalo que não são sobre futebol, mas gerais e qualquer um pode ouvir pra se divertir. Te espero lá! Um abraço!

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PUBLIEDITORIAL



CAPA

CE NSURA LIBERDADE DE IMPRENSA EM RISCO

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Ao longo da história, a imprensa já foi calada muitas vezes. Isso torna a luta do jornalismo ainda mais dura. Reportagem por Flávio A. Priori, Joice Rocha e Larissa Maestrelo

Vivemos em tempos nos quais o jornalis-

mo se torna cada vez mais fundamental na sociedade. Em um mundo onde qualquer boato ou história falsa pode se espalhar com uma velocidade absurda, o jornalista deve ser o primeiro a lutar pela verdade, denunciando injustiças e mostrando a realidade para as pessoas. Infelizmente esse serviço sempre incomodou alguns, não é de hoje. Ao longo da história, a imprensa já foi calada muitas vezes. Isso torna a luta do jornalismo ainda mais dura. A Organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) divulgou em abril de 2019 o Ranking de Liberdade de Imprensa. O Brasil caiu do 102º lugar para o 105º e entra em uma região preocupante — em 2018 quatro jornalistas foram mortos durante o exercício da profissão. Já a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) também apresentou dados preocupantes. Os casos de agressões a jornalistas cresceram 36,36% em 2018 a 2017. Foram 135 ocorrências de violência registradas. O relatório da RSF ainda enfatiza que os prospectos para o futuro não são muito animadores. Eles citam especificamente a turbulenta campanha eleitoral de 2018, que elegeu Jair Bolsonaro como presidente. “Marcada por discursos de ódio, desinformação, ataques à imprensa e desprezo pelos direitos humanos, é um prenúncio de um período sombrio para a democracia e a liberdade de expressão no país”, afirma a entidade.

Foto: Larissa Maestrelo

Sobre liberdade de imprensa e os perigos da repressão, falamos com Rodrigo Lopes, 42, repórter a mais de duas décadas do Jornal Zero Hora. Lopes se especializou em áreas de conflitos como jornalista multimídia, tendo trabalhado na TV e no rádio. Ao longo de seus 18 anos de carreira

passou por diversas zonas de catástrofes, como Líbia, Líbano, Iraque, Síria e o Haiti. Esteve em mais de 50 países e fez mais de 30 coberturas internacionais. No início deste ano protagonizou um episódio que teve grande repercussão no mundo da comunicação. Lopes, desembarcou em Caracas na Venezuela no dia 25 de janeiro, para cobrir os desdobramentos da crise e o primeiro pronunciamento de Juan Guaidó após se autoproclamar presidente da República. Estendeu os trabalhos em frente ao palácio Miraflores, sede da presidência, onde estava acontecendo uma manifestação a favor de Nicolás Maduro. E Pouco tempo depois foi abordado agressivamente por um militar, que arrancou-lhe o celular da mão, onde encontrou as fotos registradas por ele horas antes. O homem então o julgou como ‘militante da oposição’. Quando descobriram que era brasileiro, sua situação ficou ainda pior. “Vamos te prender para saberes o que é bom, a imprensa brasileira chama o nosso presidente de ditador”. Lopes relata que ser brasileiro o colocava numa situação ainda mais complexa, pelo fato da nossa soberania não reconhecer o governo de Maduro. “Durante duas horas, tive o meu passaporte e celular retirados, sem poder me comunicar com a embaixada brasileira, nem com os meu editores. Isso acabou expondo o que estava acontecendo na Venezuela com relação ao trabalho dos jornalistas e ai para mim se escancarou uma ditadura, por não poder realizar o meu trabalho livremente como jornalista. Fui fichado e depois ameaçado. Se caso eu voltasse a ser preso responderia à leis venezuelanas”. Relatou o jornalista, que afirma não ter sido agredido ou algemado, mas que apesar disso sofreu forte pressão psicológica.

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O correspondente internacional Rodrigo Lopes, repórter do Jornal Zero Hora. Ao longo de 18 anos de carreira passou por diversas zonas de catástrofes, como Líbia, Líbano, Iraque, Síria e o Haiti. Foto: Arquivo Pessoal -Rodrigo Lopes

“Esse episódio na Venezuela foi de fato o pior momento da minha carreira, um momento em que tu ficas, completamente sob um regime autoritário de forças que tu não tens controle,” Complementa o repórter que após ser libertado teve de antecipar o retorno ao Brasil temendo por sua segurança. Lopes lamenta por não concluir o trabalho como gostaria mas afirma que cumpriu o seu papel como jornalista. O caso serviu não apenas para mostrar a movimentação e as consequências da disputa pelo poder entre Maduro e Guaidó, mas também para registrar como os jornalistas estão sendo tratados na Venezuela. Segundo Lopes, condições desse tipo impostas por governos autoritários, tanto de extrema direita quanto de extrema esquerda, com diferentes tendências ideológicas, são consideradas ‘comuns’ e tem como objetivo censurar a voz da verdade. Afastar qualquer força que tente ameaçar a sua legitimidade, concentrando poder dentro de suas fronteiras e inibindo o mundo de saber a realidade. O que acontece na Venezuela, nessa guerra de diálogos, é o mesmo que vemos na Síria, em que praticamente nenhum jornalista pode trabalhar. “Infelizmente já é comum, governos autoritários tentarem matar, silenciar ou censurar os mensageiros que somos nós, os jornalistas. Na guerra a primeira vítima é a verdade”. conclui o jornalista. Questionado sobre a hostilidade que a imprensa sofre do público Lopes fala que virou tendência, especialmente entre os governantes e políticos, se colocarem como vítimas de fake news, para deslegitimar o profissionalismo dos veículos de comunicação. “Então basta não concordar com uma informação e os políticos em geral no Brasil e e em outros lugares, taxam-na de fake news.” Lopes afirma que a imprensa peca justamente por não

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deixar claro seus critérios jornalísticos perante ao público “Nossos métodos tem que ser claros e publicados, devemos deixar de estar na torre de marfim, dos jornais, das redações e estarmos mais próximos do público”. Em abril deste ano, tivemos o episódio de censura aos sites das revistas ‘Crusoé’ e ‘O Antagonista”. O caso envolveu o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, o qual revogou as publicações baseado na delação de Marcelo Odebrecht, que citou o nome do presidente da Suprema Corte, Dias Toffoli. A decisão foi anulada três dias depois. Sobre isso falamos com Lucas Teixeira Ragassi, pós graduando em direito internacional e Auxiliar Jurídico na Procuradoria Patrimonial de Santo André. Ele explica que tecnicamente a corte não agiu de maneira ilegal, mas não significa que tenha procedido da melhor maneira. “Abuso do poder não é configurado pois é premissa do STF ter e usar artifícios para proteger a constituição e a corte. Contudo, o que se discute é a extensão com que esse poder foi usado. A motivação elencada pela corte foi que o teor da matéria féria a honra do tribunal e de seus ministros.Porém, honra, na acepção jurídica da palavra, é subjetiva. Isso significa que cada pessoa tem um conceito de honra que deve ser observado em juízo, considerando seus princípios e ideais que a mesma tem perante o mundo.” “Todavia, os conceitos de honra e princípios do STF estão abertamente expostos na forma da própria Constituição Federal. E como é mais do que claro que não havia exposição danosa a qualquer princípio constitucional, o que o STF fez foi meramente impedir um artigo pois feria a honra pessoal de um de seus ministros, não a honra da corte ou sequer uma desavença constitucional.”


ZONA DE PERIGO Segundo levantamento feito neste ano de 2019 pela Organização Repórteres sem Fronteiras (RSF) o Brasil vem decaindo em posições no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa (passando da 102º para 105º posição) preocupantemente se aproximando da zona vermelha que tem sua realidade categorizada como “difícil” e onde figuram países tais como Rússia e Venezuela O relatório do RSF ainda enfatiza que “apenas em 2018 no Brasil foram registrados assassinatos de quatro jornalistas e um cenário agravante de ódio e violência contra repórteres, principalmente aqueles que cobriam temas como corrupção, políticas públicas e crime organizado.”

Fonte: Reporteres sem Frontreira/ RSF.org

O gráfico acima demonstra a porcentagem de países presentes em cada uma das diferentes zonas de liberdade de imprensa e a categorização da realidade de cada uma delas.

Foto: Larissa Maestrelo

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Lopes ressalta que essa foi a primeira vez que o Brasil fez parte do conflito e diz que foi difícil se identificar como jornalista brasileiro. Ambos os lados da disputa entre Zelaya e Micheletti, novo presidente da república, acusou-os de estarem pró ou contra Zelaya. Esse episódio, também precisou ser calado, por motivos de segurança. “Queria contar [o que ocorreu ali] mas senti que se eu dissesse algo lá de dentro, por meio das minhas matérias para TV, rádio e jornal, poderia ser expulso da embaixada ou sofrer algum tipo de agressão. Aí acabamos sofrendo essa censura. Só divulguei todos os absurdos que aconteciam lá dentro no momento em que saí do país”. Essas e outras histórias Lopes, narra no livro “Guerras e Tormentas”, lançado em 2011. Contando não apenas detalhes sobre as consequências que a ira da natureza e das autoridades doentias pela ganância causam a uma nação, mas o dia-dia corajoso de um correspondente internacional. Um profissional que tem que se adequar às expectativas do público e da profissão que lhe exige, bem como a luta constante pela própria sobrevivência. A obra foi finalista do Prêmio Jabuti em 2012, na categoria melhor reportagem. Existe uma solução fácil para tudo isso? Provavelmente não. Essa é uma batalha constante para que a liberdade de imprensa não seja ameaçada por poderes externos. A imprensa é o poder que existe para se opor a injustiças, para contestar motivos e expor os fatos. Inevitavelmente incomodar aqueles que se valem da omissão e da manipulação de informações faz parte do trabalho. Independente de posições diferentes, a imprensa é a voz uníssona, a ponte que liga o povo ao Estado, e cabe aos jornalistas se unirem e lutarem juntos pela liberdade de expressão.

Rodrigo Lopes também concorda que a vida de jornalista não é algo fácil mas é uma profissão necessária, que tem a austeridade de poder mudar o mundo e denunciar os males da sociedade. “Para quem está começando na profissão, acredito que deva estar um pouco apavorado porque o jornalismo está passando por muitas transformações. A tecnologia tem facilitado essa desintermediação, hoje qualquer pessoa produz uma foto, um vídeo. Mas ninguém faz jornalismo com qualidade, com conteúdo responsável, ético, apuração profissional, ‘checagem, checagem, checagem’. Isso vai nos diferenciar do amador, das fake news, das redes sociais.” O jornalista continua: “Eu acho que não estamos nessa profissão por dinheiro, trabalhamos por paixão, por compromisso, por levantar todos os dias e saber que, se não mudarmos alguma coisa, ao menos umas estocadas nesse mundo nós damos, o jornalismo só tem razão se for em prol da sociedade e só esse ofício nos coloca um dia conversando com um rei no outro com uma pessoa extremamente humilde.” E conclui citando a frase do escritor colombiano Gabriel Garcia Max “ A melhor profissão do mundo”. A causa que defendemos requer muita ousadia e coragem nos dias de hoje, atuar mais próximo da realidade humana, com uma linguagem intimista e clara, construir um pilar ético e profissional em cima do rigor da veracidade, ser intermédio dos diálogos entre a sociedade. O que nos faz mais ricos certamente não é o dinheiro que se ganha no exercício da comunicação, mas o ofício de defender os mais desfavorecidos, sendo os fiscais da pátria, encorajados a não abrir mão de carregar valores e virtudes do jornalismo na bagagem da vida em qualquer lugar do mundo.

Foto: Arquivo pessoal Rodrigo Lopes

Outro momento de repressão sofrido por Lopes ocorreu em 2009, quando ele e um colega do jornal Folha de São Paulo, ficaram hospedados no prédio da embaixada brasileira em Tegucigalpa, capital de Honduras, mesmo local que o ex- presidente Manuel Zelaya, refugiou-se após ser deposto do país, por alterar as leis da constituição.

Ragassi enfatiza que quando um povo não sabe sobre seu governo, mais alienado ele fica e dá o exemplo da Coréia do Norte, onde a mídia jornalística sofre duras repressões, cenário similar ao da Venezuela atual ou do Brasil dos anos 60. “Quando você castra as capacidades do jornalismo de ir e noticiar de forma livre, quando impede veículos jornalístico de terem opiniões diversas, você impede que a população saiba e entenda e questione, ficando escrava de um governo que controla tudo o que é dito, como se vê em ditaduras”.

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Primeiro pronunciamento de Juan Guaidó após se autoproclamar presidente da República.


ENTREVISTA Qual as maiores dificuldades que você encontrou quando começou na assessoria de imprensa? R: Eu sou repórter a muito tempo, tenho quase 30 anos de profissão e tenho 12 anos na Sul América, então eu passei a maior parte da minha vida trabalhando em redação. O que mudou na transição da redação para o mundo corporativo, foi muito mais o comportamental do que o conteúdo em si, acho que eu trouxe uma vantagem de já conhecer como as coisas funcionam, o que é uma notícia e como ela surge. Tem que saber o que tem potencial, para colocar o jornalista certo com a pauta certa. Ter passado uma boa parte da minha vida na redação, me trouxe muita facilidade de realizar o meu trabalho. O que dificultou no primeiro momento foram as regras de horário para entrar, horário para sair, a sensação de estar presa dentro de um ambiente corporativo o tempo todo, eu saía muito na redação, boa parte do meu dia de trabalho era na rua.

ASSESSORIA DE IMPRENSA E OS DESAFIOS DA PROFISSÃO Conversamos com Solange Guimarães Superintendente do setor de Assessoria de Imprensa da empresa Sul América Seguros. Por Steffani Silva - Fotos: Steffani Silva

Assessoria

de Imprensa é uma das atividades de comunicação corporativa, sendo uma ferramenta responsável pela relação com a mídia. A assessoria de imprensa é muita vezes feita por uma agência ou um departamento de Relações Públicas. Um assessor de imprensa faz com que sejam publicadas notícias válidas sobre a sua empresa nos meios de comunicação. No entanto, ele enfrenta o desafio de conciliar os interesses da mídia com os da sua empresa, tentando fazer seu trabalho sem desacordos ou rupturas. Entrevistamos Solange Guimarães, Superintendente do setor de Assessoria de Imprensa da empresa Sul América Seguros, que nos contou um pouco melhor como é a rotina e os desafios do profissional que trabalha na área de assessoria.

O que me marcou bastante logo que eu entrei aqui, foi esse horário mais rígido e o ambiente muito mais formal que uma redação, que ainda hoje é um desafio diário. No ambiente de redação todo mundo era jornalista, todo mundo tinha mesmo gosto pela leitura, o mesmo gosto pelo cinema, tinha posições políticas muito próximas e muito críticas, era aquela coisa de você chegar e contar uma piada jornalística e todo mundo entender. Quando você vem para o ambiente corporativo que é formado por médicos, advogados, pessoal da contabilidade, pessoal de administração e economia, a forma de conversar e a formação deles é muito diferente da nossa. E você acha que o mercado de comunicação está muito difícil? R: Eu acho que a crise do setor de comunicação como um todo, também nos afeta, essa coisa de perder veículos importantes da notícia ultimamente, não afeta só a empresa que trabalha em assessoria, mas as grandes corporações também. O que eu acho que interfere bastante é que com as redes sociais as pessoas pararam de querer expandir o seu horizonte de informação e só ver o que a sua bolha quer que você veja. Você não consegue ver o resto, acha que aquilo ali é o suficiente para sua formação. Isso vai fazer com que toda uma geração perca a capacidade de ouvir e também de mudar de opinião, porque a gente muda a todo instante. Eu acho que essa questão de ficar preso na bolha é um grande problema para a gente da comunicação.

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O influenciador digital, ele não fez quatro anos de faculdade de jornalismo, ele não tem a formação português que nós temos, ele não tem princípios profissionais que nós temos, então as pessoas só recebem a informação pela sua bolha. Esse novo espaço de comunicação é importante aqui na companhia, nós trabalhamos tanto com jornalistas tradicionais como com os jornalistas do mundo online, influenciadores digitais, ou quem tem um público de influência interessante. E como você mede o sucesso e o valor que você traz para sua Sul América?

temos sido conhecidos por vários lugares como uma das empresas mais inovadoras do Brasil. E pra falar de inovação, a gente não compete só com o mercado de seguros, a gente compete com todas as outras, então é um grande desafio ser uma empresa inovadora, então temos essa métrica que somos avaliados mensalmente. Quais os maiores desafios que você tem trabalhando em uma empresa grande como essa?

R: Além de grande, é muito diversificada, aqui a gente vende seguro de automóvel, seguro de vida, seguro R: Nós temos diversos indicadores, tanto qualitativo saúde, seguro de acidente, seguro para condomínios, como quantitativo. Temos uma empresa para pequenas empresas, para médias empresas, terceirizada que faz a clipagem do nosso grandes corporações, a gente vende título de material, e nesse processo eles entrecapitalização, planos de previdência e gam dois materiais pra gente, um é fundos de investimentos, então é uma o clip que os executivos recebem empresa muito diversa, que ainda toda manhã e o outro é a analise existem papéis na bolsa de valores. de cada uma das matérias. Além disso tem o peso de ser uma Então tem alguns critérios pra das empresas mais tradicionais do saber se a matéria foi positiva, país com 123 anos, tem também uma negativa ou neutra, se aquilo ali pulverização grande porque nós dá uma visibilidade grande pra temos 90 escritórios espalhados pelo companhia ou não, para cada um país, então tem Sul América em qualdesses tem um peso. quer cantinho do Brasil. Se observamos que a Sul América foi Com uma empresa desse tamanho, o nosso citada na primeira página isso maior desafio é conseguir atender a tem um peso grande, se foi todos que querem exposição positiva. citada num título também tem A gente tem uma área cultural que “Pensamento crítico um peso grande, se tem uma patrocina grandes espetáculos, incenfoto de um executivo da Sul para mim é muito importante, tiva, estimula e adota muitos jovens América ou da fachada, uma artistas, tanto no balé quanto na porque você precisa saber coisa que as pessoas vão olhar e música clássica a se tornarem granidentificar rapidamente a nossa des no futuro, então a diversidade de selecionar as coisas, marca, pra tudo isso tem uma que sai de uma empresa do precisa fazer a ligação do que assuntos fórmula matemática que dá tamanho da Sul América é um grande acontece dentro da empresa uma nota. desafio e também um grande motivaNo final do ano nós fazemos dor. Porque para mim que vinha de com o cenário uma métrica pra saber em quais uma geração que fazia cada dia uma econômico e político (...)” veículos a gente sai mais, em coisa diferente, eu não consegui quais veículos a gente sai nesses 12 anos de Sul América dizer melhor e qual engajamento que que eu tenho uma rotina, porque a cada veículo traz [para a empresa]. variedade é muito grande. Conseguimos saber por exemplo, quantas matérias saíram naquela revista, quantas foram comentadas nas Para começar na área de assessoria de imprensa redes sociais, então são esses critérios dentro do que é quais competências a uma pessoa deve ter? bom para o nosso negócio. A Sul América me fala: “Eu quero ser conhecida como Português perfeito, o que é difícil. Eu tenho feito a uma empresa inovadora” nós fazemos um projeto de seleção para estagiários, e fico muito chateada porque comunicação para mostrar cada vez mais as inovações no final eu não tenho muitas opções de escolha, eu faço da companhia, e cada vez que matéria fala de inovação uma seleção que aparece muitos candidatos e no final e engajamento, é ponto para o nosso trabalho. Nós tem duas pessoas para decidir.

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(...) Não consegui nesses 12 anos dizer que eu tenho uma rotina, porque a variedade é muito grande. O pessoal vem muito ruim da faculdade, muito fraco de português. Pensamento crítico para mim [também] é muito importante porque você precisa saber selecionar as coisas, precisa fazer a ligação do que acontece dentro da empresa com o cenário econômico e político. As pessoas têm vindo com uma grande falha em relação a isso. Algumas coisas que são geracionais, precisam também ser avaliadas e pensadas antes de escolher uma pessoa. Ela precisa ser educada, saber que não está em primeiro lugar, precisa tratar bem as outras pessoas, ser solicita, oferecer ajuda, saber trabalhar em equipe e colaborar. E por mais que a gente acha que essa geração nova é a geração da colaboração, o que vemos na prática é que eles esperam que tudo venha pronto nas mãos deles, e isso para mim tem sido uma grande dificuldade. Porque você treina um funcionário e vê que depois de treinado ele continua dependente. Quando a gente vai contratar um jovem falta maturidade pra ouvir um não, para o jornalista a coisa mais comum que existe é levar um não, ser maltratado, levar porta na cara, é muito comum, isso que é o jornalismo. Você vai procurar aquilo que a pessoa não quer falar, se ela quiser falar é marketing. Você vai ter que correr atrás. Eu tenho que brigar, batalhar, e o que eu percebo é que essa nova geração na sua grande maioria, não tem tolerância para o “não” e não sabe o que fazer quando recebe um. Temos que aceitar, concordar ou contornar. Esse é o segredo do jornalista, ele vai contornar esse “não” até chegar onde quer. Think: Podemos concluir que a rotina de um setor de assessoria de imprensa é bem agitada e diferente das outras áreas da comunicação. Para quem deseja iniciar nessa área é importante ter interesse pela área corporativa, ter pensamento crítico e principalmente um excelente português. Um mercado muito interessante e promissor para seguir na área de comunicação, onde você poderá aprender muitas formas diferentes do jornalismo em um ambiente corporativo.

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ARTIGO

Imprensa: pilar da democracia A

censura ao jornalista é um fato recorrente na história, desde o Brasil Império informações e notícias são censuradas pelo governo. Num Estado democrático de direito como o Brasil, está estabelecido por lei que a liberdade de imprensa é uma lei pétrea, como prevê o art. 5º da Constituição Federal de 1988. Durante toda ditadura militar (1964 – 1985) jornalistas foram assassinados, torturados e censurados por conta de duras críticas aos homens que usurpavam nosso país. Famílias estavam sendo destruídas, cidadãos estavam desaparecendo. O papel da imprensa naquele momento era retratar a violência que estava sendo cometida no país, a censura não permitia. Textos eram revistos, músicas passavam pelo crivo dos censores antes de serem aprovadas e autorizadas a tocar, qualquer tipo de informação transmitida tinha o dedo dos militares. Fato que marcou a época mais sombria do país, foi a morte de Vladimir Herzog, jornalista que denunciava as truculências dos golpistas, e investigava a fundo cada história mal contada dos autoritário. Na tarde de 25 de outubro de 1975, o jornalista foi preso, torturado e encontrado morto, os militares alegaram que ele tinha se enforcado com o cinto do macacão que os presos usavam, ocorre é que no macacão do DOI CODI (local onde estava preso) não havia cinto. Anos depois, em 2012 a Comissão Nacional da Verdade esclareceu sua morte. A censura ao jornalista nem sempre é cometida na forma de violência física ou psicológica, ações judiciais são abertas mesmo quando fatos verídicos são expostos ao público. O jornalista Juca Kfouri é um exemplo concreto. Juca sempre foi crítico contundente da CBF e daqueles que à roubam como José Maria Marin, Marco Polo Del Nero e Ricardo Teixeira. Durante toda sua carreira o jornalista foi processado pelos cartolas, não bastou muito tempo para a história mostrar o papel fundamental do bom jornalismo: aquele que investiga a fundo e não perde seus princípios. Os cartolas foram pegos por corrupção e lavagem de dinheiro, Marin está preso nos EUA, os outros dois julgados internacionalmente e impedidos de sair do país. O STF por sua vez, aquele que deveria proteger a democracia, a liberdade de imprensa, e barrar a censura do âmbito social, faz-se recentemente o papel de censor. O bloqueio à reportagem da revista Crusoé, é uma afronta aos princípios democráticos conquistados ao longo dos anos. O texto menciona parte dos esclarecimentos dado por Marcelo Odebrecht à Polícia Feder-

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al no caso da Lava Jato, nesse depoimento o empresário cita o nome de Dias Toffoli ao dizer que o codinome “amigo do amigo do meu pai” encontrado nos e-mails interceptados eram do até então advogado-geral da União, as citações até o momento não revelam nada, mas requer no mínimo explicações. Alexandre de Moraes ordenou a retirada da reportagem da página da revista com a prerrogativa de combate a fake news. Vivemos dias complexos, à medida que o governo atual propaga o ódio e reprimi ideias contrárias, com dizeres que ofendem a democracia e a liberdade de imprensa, com atitudes racistas, xenofóbicas, homofóbicas e machistas. Poderia citar diversas atuações ridículas de Bolsonaro, mas uma que chama a atenção é a maneira como ele trata os jornalistas que criticam e investigam ele e seus filhos. No dia 10 de março, o ex-militar reformado, twettou que a jornalista do jornal Estado de São Paulo, Constança Rezende, queria arruinar a vida de seu filho Flávio Bolsonaro, simplesmente pelo fato da jornalista ter feito um belíssimo trabalho no caso “Queiroz”. Millôr Fernandes tem uma frase a qual descreve muito bem como deve ser o comportamento do jornalista e que provavelmente Bolsonaro não deve conhecer pelo intelecto que lhe falta: “Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados. ” Conquistamos e lutamos pela liberdade de imprensa, e hoje nosso papel enquanto jornalista e cidadão democrático é defender princípios básicos da sociedade, como o direito a crítica, a indagação e a apuração concreta e verídica dos fatos. Não existe sociedade livre e democrática sem uma imprensa forte, qualificada e respaldada.

Gustavo Leocadio




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