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Nos Portões da Noite

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Tempo errado

Tempo errado

Nos Portões da Noite Rafael Vespasiano

Trilhos, trens, seres solitários...

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O ferroviário põe a roda do mundo para girar, As suas locomotivas sonham, passageiros devaneando, Nos portões da noite, sem luar, poucos transeuntes em seu vai-e-vem melancólico, Pensam nas esposas que ficaram em suas casas, Imaginam as amantes a encontrar na próxima estação, E a roda do mundo a girar promove uma desordem nos Destinos de cada um...

Soturno, um caminhante a girar ao Acaso sua própria roda, Ao redor de uma estação qualquer, Vai ao encontro do que deseja... Apitos ensandecidos... Fatalidade. Mas as rodas das locomotivas continuam a girar, o mudo tem de continuar...

Nos portões da noite, ainda sem luar, um corpo espatifado nos trilhos da ferrovia, Com seus sonhos estúpidos já dilacerados há tanto tempo pela engrenagem [do mundo, O trem passou por cima de todas as quimeras já frustradas a incontáveis anos, Daquele que outrora caminhava com os seus...

Nos portões da noite, sem lua alguma por companheira, Peregrinava tão acabrunhado, tão pária de tudo e de todos, O Acaso, o fortuito marcou seu Destino...

E o ferroviário continua a pôr a roda do mundo para girar...

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