UNIVERSIDADE PAULISTA
LIVIA MARIA TENTOR BARBOSA
PRAÇA PÚBLICA SENSORIAL: UMA REINTEGRAÇÃO DE VAZIO URBANO NA CIDADE DE BAURU/SP
BAURU 2019
LIVIA MARIA TENTOR BARBOSA
PRAÇA PÚBLICA SENSORIAL: UMA REINTEGRAÇÃO DE VAZIO URBANO NA CIDADE DE BAURU/SP
Trabalho de conclusão de curso para obtenção do título de graduação em Arquitetura e Urbanismo apresentado à Universidade Paulista – UNIP.
Orientador: Profº Drº. André Luiz Oliveira Chaves
BAURU 2019
LIVIA MARIA TENTOR BARBOSA
PRAÇA PÚBLICA SENSORIAL: UMA REINTEGRAÇÃO DE VAZIO URBANO NA CIDADE DE BAURU/SP
Trabalho de conclusão de curso para obtenção do título de graduação em Arquitetura e Urbanismo apresentado à Universidade Paulista – UNIP.
APROVADO EM: __/__/2019
BANCA EXAMINADORA:
______________________________/__/2019 Prof. Dr. André Luiz Oliveira Chaves Universidade Paulista – UNIP
______________________________/__/2019 Prof. ________________________ Universidade Paulista - UNIP
______________________________/__/2019 Prof. ________________________ Convidado
A memรณria de minha avรณ Ivanice de Souza Tentor.
AGRADECIMENTOS
Sou grata à Deus por ter se feito sempre tão presente em minha vida. Eu tenho certeza que tudo o que vivo foi pensado por Ele. Os sonhos d’Ele são maiores que os meus, valeu e continuará sempre valendo a pena acreditar e esperar no tempo dEle. A toda minha família, especialmente aos meus pais, Adriana e Marcelo, que lutam por mim desde tão novos e não mediram esforços para que esse sonho se tornasse realidade, obrigada pelo exemplo de fé e amor e por todo cuidado comigo nessa trajetória. Ao meu namorado, Yudi, que acima de tudo é meu melhor amigo, cuida de mim com tanto amor e carinho e me inspira ser cada vez melhor, obrigada por ser tão parceiro e compreensivo por todos esses anos. A todo corpo docente, que nestes 5 anos fizeram com que eu me apaixonasse cada vez mais pela área. Especialmente ao meu orientador, André Chaves, obrigada por todo auxilio e dedicação. As minhas amigas, Marcela Felício e Mariana Marqueti, vencedoras desse trajeto, que vivenciaram momentos felizes e tristes comigo nesses anos. A minha melhor amiga, Ana Júlia, por ser paciente e sempre cuidadosa, obrigada amiga por tudo! E a todos os outros amigos que estes anos trouxeram para minha vida, desejo muito sucesso a todos nós e acima de tudo que sejamos sempre felizes! Enfim, agradeço a todos que de alguma forma contribuíram para meu crescimento acadêmico, profissional e pessoal.
Muito obrigada!
“A arquitetura ĂŠ a arte que determina a identidade de nosso tempo e melhora a vida das pessoasâ€? (Santiago Calatrava)
RESUMO
ABSTRACT
Após a revolução industrial, as cidades cresceram e ainda crescem absurdamente e em sua
After an industrial revolution, cities grew and still grow absurdly and especially without any urban
maioria, sem nenhum planejamento urbano. Em decorrência dessa falta de planejamento, os
planning. As a result of this lack of planning, public spaces became increasingly idle or even
espaços públicos têm se tornado cada vez mais ociosos ou até mesmo inexistentes. Sendo
nonexistent. Thus, the population ends up moving away from urban life, giving preference to
assim, a população acaba se afastando da vida urbana, dando preferência para ambientes
closed and immediate environments. In addition, as a result of unplanned growth, urban gaps
fechados e imediatistas. Além disto, por consequência do crescimento sem planejamento,
appear in the city's layout, causing disruptions in its midst. In response to these problems, this
surgem vazios urbanos no traçado da cidade, causando interrupções em seu meio. Como
project proposed the design of a public square in the city of Bauru, with the presence of sensory
resposta a estes problemas, foi proposto neste trabalho o projeto de uma praça pública na
attractions that detect stimuli of five senses of the human body, making people who frequent live
cidade de Bauru, com a presença de atrativos sensoriais que tendem a estimular os cinco
and feel the proposed place, as if it were the same in an urban refuge. This is also a way to
sentidos do corpo humano, fazendo com que as pessoas que o frequentem vivam e sintam
reduce idle areas of the city and provide quality public spaces for the population.
intensamente o lugar proposto, como se o mesmo fosse um refúgio urbano. De modo que isto também seja uma forma de reduzir as áreas ociosas na cidade e de oferecer espaços públicos de qualidade para a população.
Palavras chave: Espaços públicos. Praça. Sensorial. Refúgio urbano. Vazios Urbanos.
Keywords: Public spaces. Square. Sensory. Urban refuge. Urban Voids.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1- Ilustração de faixa de pedestres, canteiro central e ciclovia
17
Figura 2- Parque ecológico de Indaiatuba/SP no período noturno
17
Figura 3- Parque ecológico de Indaiatuba/SP durante o dia
17
Figura 4- Parque Villa Lobos, São Paulo/SP
18
Figura 5- Praça Nove de Julho, Catanduva/SP
18
Figura 6- Praça Fonte Nova, Lisboa – Portugal
19
Figura 7- Plaza Espanyola, Barcelona – Espanha
19
Figura 8- Praça com quadra esportiva, Angra dos Reis/RJ
20
Figura 9- Praça dos três poderes em Brasília/DF
20
Figura 10- Diagrama de atributos ao espaço público
21
Figura 11- Exemplo de Ágora na Grécia
21
Figura 12- Exemplo de Fórum na Roma
22
Figura 13- Adro da igreja de São Pedro, Recife-PE
22
Figura 14- Praça Euclides da Cunha, Recife-PE
23
Figura 15- Praça do lago, Pinhalzinho/SC
23
Figura 16- Largo do Pelourinho, Salvador/BA
24
Figura 17- Localização do parque na cidade de Birmingham no Reino Unido
27
Figura 18- Implantação Eastside
27
Figura 19- Planta Baixa Eastside
28
Figura 20- Espaço no canal, com jatos d’água e espaço de descanso com piso tátil
28
Figura 21- Espelho d’água
28
Figura 22- Jardins, praça com fonte, pérgolas e bicicletário
29
Figura 23- Detalhe programa de necessidades
29
Figura 24- Parque e edifícios em seu entorno
30
Figura 25- Vegetação em escalas diferentes
30
Figura 26- Localização do parque no Rio de Janeiro
30
Figura 27- Implantação Parque Madureira
31
Figura 28- Planta Baixa Parque Madureira
31
Figura 29- Setor 1 – Parque Madureira
31
Figura 30- Perspectiva do setor 1
32
Figura 31- Praça do Samba
32
Figura 32- Setor 2 – Parque Madureira
32
Figura 33- Parque com presença de ciclo faixa
33
Figura 34- Nave do conhecimento
33
Figura 35- Jardim sensorial
33
Figura 36- Academia ao ar livre
33
Figura 37- Tênis de mesa e ao fundo mesas de jogos
34
Figura 38- Mirante e cascata
34
Figura 39- Mirante e cascata
34
Figura 40- Setor 3 – Parque Madureira
35
Figura 41- Pista de skate
35
Figura 42- Pista de skate
35
Figura 43- Lago com esguichos d’água
36
Figura 44- Setor 4 - Parque Madureira
36
Figura 45- Cascatas na praia
37
Figura 46- Vista aérea da praia
37
Figura 47- Cachoeira urbana
37
Figura 48- Teatro Zaquia Jorge
37
Figura 72- Mapa do gabarito de alturas na área de intervenção
48
Figura 49- Baixo bebê
38
Figura 73- Mapa sistema viário da área de intervenção
49
Figura 50- Localização do Jardim Botânico Municipal em Bauru
38
Figura 74- Setorização da praça
52
Figura 51- Mapa ilustrativo de setorização do Jardim Botânico Municipal de Bauru
39
Figura 52- Mapa ilustrativo de setorização do Jardim Botânico Municipal de Bauru
39
Figura 53- Planta da praça com especificação das espécies
39
Figura 54- Planta do Jardim após reforma
40
Figura 55- Acesso principal ao Jardim
41
Figura 56- Vista do jardim e seus canteiros
41
Figura 57- Banco com trepadeira
41
Figura 58- Estado de São Paulo e perímetro de Bauru
42
Figura 59- Expansão Urbana de Bauru
43
Figura 60- Cheios e vazios – Bauru
43
Figura 61- Diagrama com de vazios em Bauru
43
Figura 62- Mapa com terreno e entorno no bairro Presidente Geisel
44
Figura 63- Terreno com linhão de energia
44
Figura 64- Mapa com terreno, praças em amarelo e entorno no Jardim Redentor
45
Figura 65- Mapa com terreno e entorno na Vila Monlevade
45
Figura 66- Exemplo de praça encontrada no entorno do terreno
45
Figura 67- Exemplo de praça encontrada no entorno do terreno
46
Figura 68- Mapa de cheios e vazios da área de intervenção
46
Figura 69- Mapa do uso do solo da área de intervenção
47
Figura 70- Mapa de maciços arbóreos na área de intervenção
47
Figura 71- Mapa das curvas de nível na área de intervenção
48
LISTA DE TABELAS Tabela 1- Conceituação de vazios urbanos Tabela 2- Funções sociais das praças
SUMÁRIO 1
INTRODUÇÃO................................................................................. 11
1.1
Objetivos.......................................................................................... 12
15 23 1.1.1 Geral................................................................................................ 12
Tabela 3- Espécies numeradas de acordo com a planta da Praça de P. Medicinais
40
1.1.2 Especifico........................................................................................ 12 1.2
Metodologia..................................................................................... 12
2
A TRANSFORMAÇÃO: DE ESPAÇO PARA LUGAR................... 14
2.1
Vazios urbanos................................................................................ 14
2.2
Espaços públicos............................................................................. 15
2.3
A praça e sua inserção no meio urbano.......................................... 21
3
A SENSORIALIDADE NA ARQUITETURA................................... 25
3.1
Os sentidos..................................................................................... 25
3.2
A sensorialidade no espaço público............................................... 26
4.
ESTUDOS REFERENCIAIS..........................................................
4.1
Eastside City Park........................................................................... 27
4.2
Parque Madureira..........................................................................
30
4.3
Jardim Botânico Municipal de Bauru.............................................
38
5.
A CIDADE DE BAURU: ENTRE TRILHOS E FLUMES...............
42
5.1
Identificando vazios em Bauru.......................................................
43
5.2
Em busca de extinguir áreas ociosas no município.......................
44
5.3
Diagnóstico urbano........................................................................
46
6.
MEMORIAL JUSTIFICATIVO........................................................ 50
6.1
Partido arquitetônico........................................................................ 51
7.
CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................
8.
REFERENCIAS.............................................................................. 54
27
53
1.
INTRODUÇÃO
população a sair de suas “caixas de concreto”. Essa rotulação que espaços públicos são
Nos últimos anos as cidades brasileiras têm passado por um processo obsoleto e muito
denegridos e esquecidos tem que acabar e o poder público precisa urgentemente olhar com
rápido de urbanização, que provém desde a época industrial, porém a maioria delas não teve
mais atenção esse fator alarmante.
um planejamento urbano qualificado para atingir o objetivo tão almejado: cidades para pessoas.
A questão de trocar um ambiente fechado por outro também fechado, acaba gerando
Segundo o IBGE, 85% da população do Brasil vive nas cidades enquanto 15% vivem em
vários distúrbios psíquicos e físicos, dos quais, segundo a Organização Mundial da Saúde
zonas rurais.
(OMS), 90% da população sofre de estresse. Tal distúrbio normalmente é causado por excesso
Apesar desta porcentagem indicando que a maioria das pessoas vive em centros
de trabalho, trânsito, alguns afazeres, entre outras coisas. A quem diga que esse fator pode ser
urbanos, as cidades não são projetadas para garantir conforto e qualidade de vida. Devido a
resolvido a partir de um contato maior com ar livre, natureza, ambientes que proporcionem paz
era moderna e a industrialização, as cidades passaram a ser pensadas e projetadas de um
e tranquilidade longe da loucura diária.
modo individualista e imediatista, com setorização dos usos no meio urbano fazendo com que
A partir dessa contextualização chega-se à conclusão que os espaços públicos estão
tudo fique muito distante. A partir do século 20, com a vinda dos automóveis, surgiu a
cada vez mais ociosos nas cidades, o que colabora para que as pessoas só passem tempo em
possibilidade de deslocamento em menos tempo, o que acabou tornando possível morar cada
ambientes fechados.
vez mais distante dos centros urbanos. De acordo com Karssenberg, Laven, Glaser e Hoff (2015) as distâncias foram sendo incentivadas pelos zoneamentos, fazendo com que a dependência de automóveis crescesse, o que acabou beneficiando o fluxo de veículos quando
“A falta de humanismo da arquitetura e das cidades contemporâneas pode ser entendida como consequência da negligência com o corpo e os sentidos e um desequilíbrio de nosso sistema sensorial. O aumento da alienação, do isolamento e da solidão no mundo
na verdade a atenção e privilégios deviam ser para os pedestres. De acordo com Gehl (2010), as vias urbanas são um convite aos veículos, logo quanto
tecnológico de hoje, por exemplo, pode estar relacionado a certa patologia dos sentidos. (PALLASMAA, 2011, p.17).
mais vias uma cidade tiver, mais automóveis terá circulando, deixando então as áreas públicas de lado, fazendo com que a população seja carente de espaços de convivência e de viver em
Em decorrência de todas essas problemáticas, o presente trabalho busca minimizá-las
uma cidade com vida. Para Pallasmaa (2011, p.19) “a arquitetura modernista em geral tem
na cidade de Bauru, Estado de São Paulo, com a implantação de uma praça sensorial em meio
abrigado o intelecto e os olhos, mas tem deixado desabrigados nossos corpos e demais
ao caos, a fim de que a mesma se torne um refúgio urbano, oferecendo melhorias na qualidade
sentidos, bem como nossa memória, imaginação e sonhos.”.
de vida da população e fazendo com que a cidade se torne mais viva. Foram abordadas
Alguns dos espaços públicos existentes na maioria das cidades, acabam não tendo o
questões, voltadas tanto à existência de um espaço público com uma infraestrutura destinada
cuidado e atenção necessários para que sejam eficazes, tornando-se espaços esquecidos e
e pensada para pessoas, quanto à utilização dos sentidos, fazendo com que a população viva
denegridos que se desvalorizam diante o olhar da população, fazendo com que as pessoas os
aquele espaço de um modo diferente, deixando de lado o uso e estímulo apenas da visão,
frequentem pouco ou até mesmo nunca esse tipo de ambiente.
passando utilizar os demais sentidos que o corpo humano nos oferece e que podem
Atualmente shoppings centers são considerados locais muito atrativos e edifícios
proporcionar sensações inimagináveis. Conforme afirma Pallasmaa (2011, p.11), “A arquitetura
autossuficientes. Quando se trata de lazer, as pessoas preferem sair de casa e ir para outro
significativa faz com que nos sintamos como seres corpóreos e espiritualizados. Na verdade,
lugar fechado com ar condicionado e luz artificial, do que frequentar um espaço público ao ar
essa é a grande missão de qualquer arte significativa.”.
livre, sentir as sensações de textura, sons, visuais, cheiros e até mesmo gostos que esses espaços tendem a oferecer. As cidades precisam de espaços que ofereçam à população desde uma opção para relaxar de um dia estressante ou até mesmo praticar um exercício físico, estimulando a 11
1.1 Objetivos
alguma deficiência, para que assim possa existir uma inclusão social e uma quantidade maior de pessoas possa ter acesso a esse espaço.
1.1.1 Geral Implantar uma praça sensorial na cidade de Bauru, a fim de minimizar a falta de espaços
•
Oferecer melhoria na qualidade de vida e de saúde pública através do espaço verde proposto.
públicos, que é um ponto a ser melhorado no município e junto disto propõe-se estimular os sentidos humanos quando vivenciados no espaço verde em meio ao caos urbano e assim oferecer uma alternativa para as pessoas se refugiarem neste espaço que oferecerá além de
1.2 Metodologia
infraestrutura, tranquilidade e sossego. •
Revisão Bibliográfica
1.1.2 Específicos Antes de tudo foi retratada a história da cidade de Bauru e como desencadeou seu •
Contextualizar o quão é importante a inserção de espaços públicos no meio urbano e a
crescimento, sendo que tal pesquisa foi embasada em dados oferecidos pela prefeitura
história e evolução desses espaços.
municipal. Este método usado para formação de fundamentação teórica do presente trabalho final
•
Analisar a importância da sensorialidade na arquitetura e em espaços públicos através
de graduação foi embasado na busca em teses, dissertações e artigos relacionados ao tema
de estudos de caso relacionados ao tema.
em questão. Em meio à revisão bibliográfica realizada investigaram-se publicações do arquiteto e urbanista dinamarquês Jan Gehl, que aborda sobre espaços públicos e sua relação com a
•
Projetar um espaço a fim de que o mesmo se torne um lugar que faça parte da vida da
cidade e quais são os impactos que um espaço como esse causa na vida de uma cidade e sua
população.
população, e do arquiteto finlandês Juhani Pallasmaa, que contêm dados que possibilitam concretizar o quão importante são os sentidos humanos presentes na arquitetura,
•
Propor uma praça pública que seja inserida na malha urbana perante ao caos vivenciado
principalmente em espaços verdes.
diariamente em Bauru/SP. Através dessa iniciativa, a cidade contará com infraestrutura
Neste método também foram realizadas análises entre “espaço” e “lugar” a fim de
que inclui áreas verdes e esportivas, espaços sensoriais e de estar, já que o município
exemplificar a importância disto na vida de um arquiteto que tem a responsabilidade de
é tão carente de espaços como este.
inúmeros projetos destinados a uma diversidade de pessoas e existe a importância de se projetar um espaço que todos se identifiquem; estudos referenciais – internacionais e nacionais
•
Criar um ambiente com atrativos que estimulem os cinco sentidos: visão, tato, olfato,
- a fim de analisar casos relacionados ao tema do presente trabalho, buscando uma evolução
paladar e audição. Espera-se que através da sensitividade no espaço, as pessoas
tanto do pensamento quanto projetual.
passem a ter uma qualidade de vida melhor, tanto física quanto psíquica, já que o espaço será considerado um refúgio em meio à urbe.
As pesquisas foram sendo realizadas nos acervos disponibilizados pela UNIP – Universidade Paulista, USC – Universidade do Sagrado Coração e UNESP – Universidade Estadual Paulista, todas localizadas em Bauru/SP.
•
Proporcionar acessibilidade para todos num meio urbano destinado a vivência e lazer. É de extrema importância o espaço estar acessível a todos, principalmente a pessoas com
12
•
Análise documental Este método consistiu na consulta de leis municipais, tais como, plano diretor e lei de
zoneamento além da lei federal “Estatuto das Cidades” para que a escolha final de implantação da presente proposta fosse totalmente coerente com as necessidades da cidade. Após essa etapa, os documentos digitais cedidos pela prefeitura, como mapas, foram utilizados para delimitação do local e seu entorno para que futuramente seja realizado um estudo de impacto de vizinhança referente à implantação da praça. Além disso, foi feita uma consulta na norma brasileira ABNT 9050, que trata sobre “Acessibilidade a edificações, mobiliários, espaços e equipamentos urbanos”, sendo que todo o projeto seguiu tal norma a fim de atingir o objetivo almejado. •
Pesquisa de Campo Após a escolha da área de implantação do projeto, foram realizadas visitas no local, além
de uma visita ao Jardim Botânico Municipal de Bauru, a fim de analisar o Jardim Terapêutico existente no local. A visita foi registrada com fotos e pôde ser utilizada também nos estudos de caso.
13
2.
A TRANSFORMAÇÃO: DE ESPAÇO PARA LUGAR
2.1
Vazios urbanos
Para Cunha (1982) e Ferreira (2001), a palavra espaço deriva do latim spătĭum, e nada mais
Os vazios urbanos são tidos como problemas contemporâneos oriundos de espaços
é que a distância entre dois pontos ou área e volume entre limites pré-estabelecidos, enquanto
residuais e remanescentes urbanos ou até mesmo áreas ociosas, em outras palavras, são
o termo lugar que deriva do latim locālis, de locus, é tido como espaço ocupado, localidade,
interrupções que acabam comprometendo sua atividade e qualidade espacial no tecido urbano,
posição. Ou mesmo, segundo Tuan, espaço e lugar estão intimamente ligados e para que o
possuem infraestrutura, porém não colaboram urbanisticamente em nenhum quesito de função
espaço se torne lugar, é necessária a compreensão de ambos para que exista essa
social.
transformação.
Apesar de tudo, não são tidos apenas como um problema, já que existem possibilidades
“O espaço transforma-se em lugar à medida que adquire definição e significado” (TUAN,
de serem explorados e pensados a fim de trazer melhorias urbanas para a cidade. Segundo
1993 p.151). É possível entender que um espaço só se torna um lugar a partir do momento em
Zevi (1996), espaço e vazio podem ser considerados como sinônimos e para ele a arquitetura
que passa a agregar valor sentimental, ou seja, é perceptível que existe um cuidado maior ao
provém de um vazio.
planejar um espaço, em busca de torná-lo agradável e memorável para as pessoas que o utilizam, com isso o mesmo se torna um lugar. Essa transição de espaço para lugar, ou vice-versa, depende exclusivamente das pessoas que vivenciam esses ambientes, pode ser que para uma pessoa “ali” seja um lugar, mas para outra seja apenas um espaço, sem sentimento algum.
Considera-se como tal, espaços que estão inseridos na malha urbana que estejam abandonados, livre de ocupações ou até mesmo que não tenham um uso definido. Pode-se caracterizar como vazios urbanos, terrenos vagos sem atividade nenhuma, áreas industriais e ferroviárias sem uso atual e fundos de vale, por vezes destinados a parques e áreas verdes. Piano (2011) alerta que as cidades não devem mais expandir seu território, mas sim
O antropólogo Augé (1994), é adepto a ideia de que a supermodernidade é a responsável
preencher os vazios urbanos presentes em seu traçado colaborando para uma cidade
por atualmente existir a produção de “não-lugares” e que eles acabam sendo o oposto do que
sustentável e viva, sem interrupções que geram inúmeros problemas sociais e urbanos. Ainda
se pode considerar um lar. São representados por espaços de não permanência, ou seja, rápida
segundo o autor, “[...] hoje as cidades devem encontrar um sentido de urbanidade, diria que até
circulação, como rodoviárias, aeroportos, estações de metrô, etc.
precisam implodir em vez de explodir, para dar de novo uma alma àqueles fragmentos urbanos esquecidos.”. Logo entende-se que os esvaziamentos de áreas urbanas são consequências de uma expansão desregrada que acaba refletindo na paisagem da cidade como um todo. Segundo Mendonça (2001), os vazios recebem também nomenclaturas francesas como "friches industrielles", que nada mais são que espaços abandonados pelo setor industrial, seja por mudança ou por desativação de indústrias e "friches urbaines" refere-se as áreas livres, abandonadas no meio urbano ou periférico por não terem um uso. Em sua dissertação, Dittmar faz toda uma estruturação dos conceitos de vazios urbanos, dividindo-os em três tópicos: “residual urbano”, “área ociosa” e “remanescente urbano”, conforme mostra a tabela 1.
14
Tabela 1: Conceituação de vazios urbanos.
zonas não parceladas e ocupadas, normalmente em decorrência da especulação imobiliária e, por fim, há os espaços residuais que são considerados as sobras inseridas na malha urbana, e que normalmente são frações não utilizadas, margeando ferrovias, portos, linhões de tensão, viadutos, etc.
2.2
Espaços públicos Por natureza, espaços públicos nada mais são que espaços livres, abertos a todos sem
que haja diferenciação de classes ou raças, geralmente administrados pelo poder público, mas pertencentes à população. Acabam assumindo diversas formas inseridas em meio a urbe, seja formal e com limites como parques e praças, ou informais e criados naturalmente como as ruas. De acordo com Nygaard (2010), esses espaços representam a vida ou monotonia do contexto urbano. Existe a possibilidade de aliar usos econômicos e sociais por meio de práticas socioespaciais. Rogers (2001) alega que um espaço público para ser considerado seguro e não excludente, seja grandioso ou pequeno, é indispensável para uma harmonia social, já que é um verdadeiro cenário para que expressões democráticas ocorram. São nesses espaços que a população tem a possibilidade e liberdade de debater sobre diversos assuntos. A vida comunitária em espaços públicos, segundo Gatti (2013), é sinal de qualidade de vida que uma cidade possui, já que esses espaços contam com lazer, descanso, conversa, circulação e encontro de pessoas. A autora ainda indaga que tais espaços devem ser projetados de acordo com as necessidades de seus usuários, compreendendo a dinâmica urbana. Os espaços públicos podem ser inseridos em diferentes pontos dentro do contexto urbano, segundo Gatti (2013), uma dessas áreas é chamada de sobras de planejamento sem uso, conhecidos como frações residuais subutilizadas resultantes de obras viárias, como em baixo de viadutos, canteiros e rotatórias. A autora defende que tais espaços residuais podem Fonte: DITTMAR, 2006, p.69.
se tornar grandes espaços públicos que agirão de forma positiva na vida da cidade e das pessoas, contribuindo para a circulação e segurança pública.
Com base nessa sistematização, entende-se por remanescente urbano áreas resultantes de um processo antigo industrial, que com o passar do tempo acabou tornando esses espaços defasados resultando na desorganização do tecido urbano. Segundo Dittmar (2006, p.70), “São áreas que as cidades tentam revalorizar ou recuperar, por meio de políticas urbanas ditas de renovação”. Quanto às áreas ociosas nada mais são que consequências de
Segundo SERT (1955 apud ABRAHÃO, 2008), qualquer que seja um espaço aberto pode se transformar em um ponto de encontro e propriedade cultural. Nessa mesma esfera de pensamento, Abrahão (2008) completa que, para tal lugar ser considerado especial, não basta apenas ser um espaço aberto, é de extrema importância ser um espaço que revele a escala humana. 15
Brandão (2002) pondera que existem princípios considerados essenciais para que
Deve ser multifuncional, oferecendo atividades variadas para atrair a população,
espaços públicos contemplem e assegurem a experiência vivida dos cidadãos, são eles:
propiciando a cada usuário percepções e significados diferentes. Além de ter multifunções, deve
identidade; continuidade e permeabilidade; segurança, conforto e aprazibilidade; mobilidade e
também ser flexível, de modo que possa sofrer qualquer tipo de adaptação que a evolução pode
acessibilidade; inclusão e coesão social; legibilidade; diversidade e adaptabilidade; resistência
trazer.
e durabilidade e sustentabilidade.
É imprescindível para longevidade e conservação do espaço que os materiais e
Cada lugar dispõe de sua própria identidade, variantes de acordo com suas
equipamentos empregados tenham resistência e durabilidade. Precisa-se ter em mente quem
características dominantes. Tudo depende da forma como os usuários lidam e se apropriam
os utilizaram, qual será a intensidade do uso e quais funções esses equipamentos
desse espaço. Locais que se tem uma fácil recordação, considera-se que possuem identidade
desempenharam. Ainda existe a necessidade de regras para uso afim de prolongar a
própria, além de existir um equilíbrio entre homem e o espaço em si. Para que essa identidade
durabilidade de tais equipamentos e materiais.
esteja completa faz-se necessário elementos biológicos e físicos como fauna, flora, água e
A sustentabilidade só se é alcançada quando as dimensões sociais, ambientais e
clima além dos elementos considerados humanos: culturais, históricos, socioculturais,
econômicas estiverem reunidas num mesmo conjunto. Dimensão social nada mais é que o
ambientais, urbanos, iluminação, escala, cores, texturas, tradições e costumes.
equilíbrio de distribuição de recursos entre as gerações atuais e futuras. A ambiental
O conceito de continuidade é extremamente importante para que seja evitada a formação
prognostica uma visão conservacionista de proteger o meio ambiente. E a econômica mira um
de espaços desconectados entre si. Essa continuação deve estar presente na mobilidade,
desenvolvimento que seja possivelmente equilibrado, dentro de seus limites, a todas as classes
serviços públicos de transporte, água, saneamento, energia e na sustentabilidade. Já a
sociais que utilizarão do espaço.
permeabilidade favorece a conexão entre as várias estruturas que um espaço possui. Para que seja considerado seguro, confortável e aprazível, o espaço deve contar com
Nessa mesma linha, Gehl e Gemzøe (2002) designaram 12 critérios que definem um bom espaço público, são eles:
um conjunto de aspectos estruturais. A acessibilidade, o mobiliário urbano, a manutenção e iluminação são fatores que devem ter pontualmente uma preocupação e atenção maior.
1.
Proteção contra o tráfego (figura 1): Considera-se se os pedestres estão
É essencial que os espaços públicos trabalhem em cima dos seguintes fatores para
seguros contra o tráfego de automóveis. Calçadas amplas, faixas de pedestres e
atingir o conforto almejado: clima, qualidade acústica, qualidade visual, qualidade do ar,
sinalizações são essenciais no espaço. E se possível, faixas delimitadas para o uso das
qualidade ergonômica, segurança, conservação e limpeza, vegetação, água e bons materiais
ciclovias e ciclo faixas.
de construção. Devem ser providos de acessibilidade, de forma física e social à todas as pessoas. Carecem de estrutura capaz de permitir que todo tipo de pessoa possa frequentá-lo, seja idoso, criança, deficiente físico, visual e até mesmo auditivo, possibilitando uma vivência semelhante perante todos os usuários. São espaços destinados ao encontro de pessoas, portanto devem otimizar as relações humanas. Todo tipo de pessoa poderá acessá-lo, independentemente de sua raça, sexo, crença religiosa, convicção política e idade. Um espaço legível possui uma estrutura coerente, onde seus elementos são claros e concretos, logo transpassa uma imagem fácil de ser identificado e reconhecido.
16
Figura 1: Ilustração de faixa de pedestres, canteiro central e ciclovia.
Figura 2: Parque ecológico de Indaiatuba/SP no período noturno.
Fonte: Jornal Zona Sul, 2014.
Fonte: TripAdvisor, 2017 Figura 3: Parque ecológico de Indaiatuba/SP durante o dia.
2.
Segurança nos espaços públicos (figura 2 e 3): Jacobs (2011) alertava que para
uma cidade ser considerada segura é necessário que as próprias pessoas observem o movimento urbano. Para que isso aconteça, faz-se primordial incentivar a permanência delas nos espaços públicos evitando que se tornem apenas um ambiente de passagem. Espaços que funcionem de dia e de noite, isso ocorre quando a pessoa se reconhece no lugar onde habita e consegue criar laços afetivos. Tudo aquilo que se considera próprio tende a ser mais bem cuidado, com o espaço urbano não é diferente, mesmo que seja uma propriedade com uso comum entre a população.
Fonte: TripAdvisor, 2016.
17
3.
Proteção contra experiências sensoriais desagradáveis (figura 4): Para que
4.
Espaços para caminhar (figura 5): Espaços destinados a circulação que sejam
exista uma permanência maior nos espaços, é essencial que não exista a possibilidade
acessíveis e agradáveis. Contam com superfícies regulares e sem obstáculos. Devem
de uma experiência sensorial ruim em tal ambiente. Massas arbóreas podem ser
proporcionar um caminhar sem qualquer tipo de estresse.
utilizadas para evitar uma série de fatores inconvenientes, seja ruído ou sol muito forte. Figura 5: Praça Nove de Julho, Catanduva/SP.
Segundo Gehl (2010), se o estado para permanência estiver bom, as pessoas participam e permanecem no espaço, são conquistadas e tentadas a parar e apreciar o tempo, os lugares e a vida na cidade. Figura 4: Parque Villa Lobos, São Paulo/SP.
Fonte: Archdaily, 2017.
5.
Espaços de permanência (figura 6): Os espaços de permanecia, interligados
com outros fatores de alta relevância ao espaço público, como a segurança, por exemplo, Fonte: Portal do Governo, 2015.
devem ser prazerosos para que seu público se sinta atraído a ficar por mais tempo em suas dependências, apreciando a paisagem urbana que a cidade oferece.
18
Figura 6: Praça Fonte Nova, Lisboa – Portugal.
Figura 7: Plaza Espanyola, Barcelona – Espanha.
Fonte: Archdaily, 2014.
8.
Oportunidade de conversar: É necessário que o espaço conte com a menor
quantidade possível de ruídos, já que isso atrapalha a conversa e o conforto entre seus usuários. Além de contar com mobiliários convidativos e confortáveis. Reforçando a ideia de que um lugar onde as pessoas estejam, se torna um lugar bem visto e seguro.
Fonte: Archdaily, 2018.
9.
Locais para se exercitar (figura 8): Para garantir qualidade de vida para as
pessoas, pode-se implantar equipamentos para a pratica de esportes, o que acaba se 6.
Ter onde se sentar: Outro fator importante para que se torne um espaço de
tornando mais um incentivo para as pessoas frequentarem o espaço.
permanência, é necessário que se tenha mobiliários urbanos apropriados para que os usuários possam se sentar e descansar. É interessante que esses pontos sejam próximos a paisagens, circulação de pessoas e onde houver apresentações e atrações.
7.
Possibilidades de observar (figura 7): As paisagens que a cidade oferece não
devem ser excluídas desses espaços, pelo contrário, deve-se garantir a viabilidade de contemplar as paisagens urbanas.
19
10.
Figura 8: Praça com quadra esportiva, Angra dos Reis/RJ.
Figura 9: Praça dos três poderes em Brasília/DF, exemplo de espaço projetado sem pensar na escala humana.
Fonte: Prefeitura Municipal de Angra dos Reis/RJ, 2017.
Fonte: WBrasília, 2013.
Possibilidade de aproveitar o clima: Os espaços devem ser pensados para
Para Santiago e Marchesano (2016), autores da 2º Guia do Espaço Público no estado
atender a todos os climas existentes, para que não corra risco de sofrer com a falta da
de São Paulo, quando os espaços públicos têm um bom planejamento, geram igualdade social.
permanência de seus usuários em determinadas épocas do ano com as intempéries e
No entanto, a falta deles resulta em uma cidade dividida. A existência desses espaços acaba
experiências desagradáveis.
diminuindo o índice de criminalidade local, já que possibilitam atividades que atraem maior quantidade de pessoas e em decorrência disto acaba se tornando um lugar seguro.
11.
Boa experiência sensorial: Deve interagir com a natureza, sendo pela fauna,
Gehl (2010) defende que é urgente e um desejo de todos haver uma cidade viva,
flora e pontos d’água, além de mobiliários urbanos, como já dito, que sejam convidativos
sustentável, segura e saudável. E para que isso aconteça, é preciso que a população se sinta
e de qualidade. Todo esse conjunto proporciona uma boa experiência sensorial.
convidada a fazer parte da cidade, como por exemplo, permanecer nos espaços ofertados pela urbe. A função social desses espaços deve ser alertada urgentemente, já que eles contribuem
Escala humana (figura 9): A construção desses espaços deve levar em conta as
positivamente para uma sociedade democrática e aberta e impactam diretamente no quesito
perspectivas do olhar das pessoas, ou seja, deve-se projetar e construir um ambiente
sustentabilidade. Para o autor, quanto mais uma cidade ofertar espaços para a população, mais
que respeite a escala humana, para que não supere o que está ao alcance dos usuários.
vida ela terá.
12.
Um espaço público considerado bem-sucedido possui quatro qualidades fundamentais, sendo: acessibilidade, conforto, sociabilidade e funcionalidade. Acessível por conceder a circulação de todos, seja com ou sem dificuldades motoras; confortável por proporcionar ambientes agradáveis de permanência e contemplação; sociável por possibilitar encontros e ativo por possuir uma variedade de atividades. (SANTIAGO; MARCHESANO, 2016). 20
O Guia do Espaço público traz consigo um diagrama ilustrativo que funciona de certa
2.3
A praça e sua inserção no meio urbano
forma para avaliar espaços públicos (figura 10). O círculo do centro, tido como lugar, é um espaço público específico e o anel roxo representa os critérios de avaliação, considerados tributos chaves. Já no anel verde escuro, estão pontos qualitativos e intuitivos do lugar, e no anel
verde
claro,
pontos
quantitativos
referenciados
em
estatísticas
(SANTIAGO;
Quando se fala em espaço público é comum referir-se às praças, que nada mais são que um tipo de espaço ofertado nas cidades. De acordo com Macedo (2002) a praça acaba tendo uma definição ampla, identificada como qualquer espaço público urbano que seja livre de edificações e que proporcione vivencia
MARCHESANO, 2016).
e recreação para a população. Figura 10: Diagrama de atributos ao espaço público.
Primordialmente, os primeiros espaços públicos urbanos considerados livres, surgiram ao entorno de igrejas e/ou templos. À sua volta, eram construídos edifícios públicos, fazendo com que o ambiente passasse a ser um ponto de encontro e convivência das pessoas. Na Grécia antiga, a Ágora (figura 11) era o principal espaço tido como público e tinha seu uso como uma praça. Era nas ágoras que a população se reunia, já que ali existia um grande fluxo de comercialização, discussões políticas, questões religiosas e culturais.
Figura 11: Exemplo de Ágora na Grécia.
Fonte: Santiago e Marchesano, 2016, adaptado pela autora. Fonte: Arch Plan Baltimore, 2018, adaptada pela autora.
Já na antiguidade greco-romana, a praça era o espaço público mais importante da época e segundo Sennett (2013), o funcionamento desse espaço chamados de Fórum (figura 12) se diferenciava das Ágoras pelo fato de ter edifícios públicos construídos à sua volta. Edifícios 21
administrativos, religiosos, comerciais e sociais de grande importância eram inseridos nesse
Segundo Macedo e Robba (2002), os adros das igrejas coloniais (figura 13), foram os
espaço, fazendo com que a população ali se reunisse. As discussões eram tidas no interior das
primeiros espaços urbanos livres e públicos do Brasil. Sua configuração era tida como aberta
construções.
em frente as igrejas e sucessivamente se tornavam praças. Conforme o crescimento desse espaço, passava a ser ponto de encontro da população, e assim como os Fóruns, edifícios de Figura 12: Exemplo de Fórum na Roma.
grande importância circundavam esse espaço. Figura 13: Adro da igreja de São Pedro, Recife-PE.
Fonte: Desacato, 2016.
As praças medievais, de acordo com Sousa (2010), permitiam que as pessoas agissem com liberdade de falar assuntos que lhes convinham, sem que houvesse pressão política ou
Fonte: Lopes Valadares, 2009.
religiosa. É no período do renascimento que as praças receberam um destaque especial quando comparadas as praças da antiguidade. Segundo Sousa (2010) nesse período, com o surgimento de novas ideias para cidades ideais, surgem as praças ideais. A praça já não é mais apenas um vazio que permite encontros da população. Passa a ser destacada no traçado urbano e projetada por grandes arquitetos e são embasadas em simetria e regularidade que eram características do movimento.
Com o surgimento de novas referências, as praças brasileiras foram se transformando gradativamente com o passar do tempo, o que originou o Ecletismo. Em cima desse novo modelo de praça, as práticas comuns antes exercidas no espaço, passaram a acontecer no interior de edifícios e o espaço da praça em si tornou-se espaço de contemplação e recreação. A tabela 2, conceitua as características que as praças brasileiras tiveram, de acordo com suas diferentes funções, desde o colonialismo até hoje.
22
Tabela 2: Funções sociais das praças.
COLONIAL
ECLÉTICO
MODERNO
Praça azul (figura 15) recebe esse nome por possuir pontos de água em sua estruturação CONTEMPORÂNEO Contemplação
Convívio social Uso religioso Uso militar Comércio e feiras Circulação Recreação
Contemplação
Contemplação
Passeio
Recreação
Convívio social
Lazer esportivo
Cenário
Convívio social
que de certa forma são a atração do espaço, desde lagos, chafariz ou espelhos d’água. Figura 15: Praça do lago, Pinhalzinho/SC.
Recreação Lazer esportivo Convívio social
Cenário
Cenário Comércio Serviços Circulação
Fonte – Macedo e Robba, 2010 – Adaptado pela autora.
Para Macedo e Robba (2002), as praças se subdividem e possuem três tipos de estruturação interna, sendo elas: Praça jardim, praça azul, praça seca e praça amarela. Praça jardim ou ajardinada (figura 14), é destinada à contemplação de espécies vegetais, contato com a natureza e a circulação são prioridades desse tipo de espaço. Elementos como: canteiros ajardinados, fontes, coretos e quiosques são vistos com mais frequência. Esse é o modelo de praça mais comum para os brasileiros, já que é o modelo que prevalece no País. Figura 14: Praça Euclides da Cunha, Recife-PE.
Fonte: Prefeitura de Pinhalzinho/SC, [201-].
Praça seca (figura 16) refere-se a modelos com ausência de vegetação. O que ganha importância nesse tipo de praça é o espaço gerado pela arquitetura e a relação existente entre o volume dos edifícios e do espaço vazio, proporcionando um espaço agradável perante a escala humana. Largos históricos são considerados praças secas.
Fonte: CAU/PE, 2016.
23
Figura 16: Largo do Pelourinho, Salvador/BA.
Valores ambientais correspondem aos benefícios que o espaço livre ocupado por uma praça oferece: melhorias na ventilação urbana e na insolação de áreas mais densas, as árvores propiciam sombreamento das ruas e seus canteiros ajardinados não irradiam calor como asfalto ou piso impermeável oferecendo então um controle maior na temperatura, a permeabilidade permite melhoria na drenagem de águas pluviais e proteção do solo contra possíveis erosões. Por fim os valores estéticos/simbólicos são representados pela funcionalidade das praças quando tidas como ‘objetos’ referenciais e cênicos identificados na paisagem urbana, além de representar um papel importante quando se trata da identidade de um município, bairro ou rua e habitualmente pode ser relacionada a uma carga histórico-cultural, contribuindo através das qualidades plásticas como - cor, forma, textura- de cada uma das partes visíveis que as compõe. Considera-se que as praças em geral perpetram a mesma funcionalidade desde os primórdios até os dias de hoje. São responsáveis por intermediar a inclusão da sociedade com o espaço público por meio de atos cívicos, uso comum e lazer, sendo consideradas essenciais.
Fonte: Itapemirim, 2018.
Por fim, segundo os autores, praças consideradas amarelas, nada mais são que as praias em geral. De acordo com Macedo e Robba (2002), as praças públicas quando inseridas na malha urbana trazem inúmeros benefícios tanto para a cidade quanto para a população. Esses espaços são agentes positivos quando se trata da psique humana, uma vez que espaços verdes proporcionam bem-estar por estar em contato com a natureza. Além de interferir positivamente no clima local e proporcionar um conforto ambiental ainda maior. Quando se fala em arborização, algumas vantagens foram pontuadas pelos autores: redução da velocidade dos ventos, barreira acústica quando a vegetação for densa, melhoras microclimáticas e ação contra poluição pela retenção de partículas consideradas poluidoras. Ainda de acordo com os autores, as praças podem ser classificadas em três categorias de valores: funcionais, ambientais e estéticos/simbólicos. Valores funcionais tratam diretamente sobre a importância das praças, como sendo principais ou até mesmo únicas opções de lazer urbano. Servem como ponto de encontro, área para contemplação, além de oferecer outros atrativos como: coretos que oferecem apresentações culturais, playgrounds, academias ao ar livre, ciclovias, quiosques destinados ao comércio. 24
3.
A SENSORIALIDADE NA ARQUITETURA
diferentemente de espaços urbanos que possuem uma distância exagerada de seu entorno, que são muito grandiosos e mal projetados.
Os seres humanos são providos de cinco sentidos e possuem nervos sensoriais que
Segundo Gehl (2010), o conceito de uma boa escala humana deve fazer parte
designam a posição e o movimento do corpo em relação a determinado espaço. Somente com
naturalmente da malha urbana de modo que os espaços se tornem convidativos. Ainda para o
a interação de todos os sentidos humanos é que se pode realmente começar a ver e
autor (2010, p.38) “Enquanto a rua sinaliza movimento - ‘por favor, siga em frente’,
experimentar algo. Essa capacidade sensorial proporciona sensações de prazer, rememoram
psicologicamente a praça sinaliza a permanência. Enquanto o espaço de movimento diz ‘vá,
lembranças e funcionam até mesmo como mecanismos de aprendizado, uma vez que o nosso
vá, vá’, a praça diz ‘pare e veja o que acontece aqui’”.
conhecimento cultural e emocional ganha magnitude a partir das experiências sensoriais. De
A arquitetura sensorial logo se torna um método que deve desempenhar novamente
acordo com o filósofo Merleau-Ponty (2011) a conexão entre a mente e o mundo é obtida
qualidades que atualmente estão esquecidas. Para Thomazelli (2017), o mundo deve ser visto
através do corpo, ou seja, o conhecimento adquirido vem da vivência com o mundo mediante
e projetado como um todo, com a presença de tudo aquilo que nos proporcione qualidade de
dos sentidos.
vida, não apenas uma parcela daquilo que ofereça somente atrativo visual, mas sim com a
A percepção sensorial vai sendo lapidada proporcionalmente à medida que se ganha
intensidade de todas as percepções que nosso corpo ofereça.
experiências, fazendo-se possível ter discernimento entre situações compares, entre o que é aprazível e desprezível e é a partir dessa bagagem de conhecimento, que segundo Thomazelli
“Toda experiência comovente com a arquitetura é multissensorial; as características de
(2017) pode-se viver e descobrir a arquitetura e a arte. Para Pallasmaa (2008, p.16), “A
espaço, matéria e escala são medidas igualmente por nossos olhos, ouvidos, nariz, pele, língua, esqueleto e músculos. A arquitetura reforça a experiência existencial, nossa
arquitetura, como todas as artes, está intrinsecamente envolvida com questões da existência
sensação de pertencer ao mundo, e essa é essencialmente uma experiência de reforço
humana no espaço e no tempo; ela expressa e relaciona a condição humana no mundo.”
da identidade pessoal.” (PALLASMAA, 2011, p.39).
De acordo com Pallasmaa (2011), a arquitetura modernista deposita toda sua atenção no intelecto dos olhos e têm deixado muito a desejar quando se trata dos demais sentidos, de
Portanto, entende-se por arquitetura multissensorial tudo o que envolva experiências
nossos corpos, memórias, imaginação e sonhos. Inquestionavelmente a percepção da visão
sentimentais, que envolvam os cinco sentidos: visão, tato, olfato, paladar e audição. Esse tipo
traz a possibilidade de apreciar edificações majestosas e inspiradoras, porém são projetos que
de arquitetura tem o poder de robustecer a identidade e existência humana no mundo, além de
não promovem uma conexão humana para com o mundo. Por isto, para o autor, a cidade
tornar edifícios e espaços compatíveis de acordo com a interpretação e vivência de cada
contemporânea tem esquecido da dimensão humana ao longo de seu planejamento e tem se
pessoa.
tornado cada vez mais a ‘cidade dos olhos’. Para Gehl (2010), mobilidade e os sentidos humanos são o ponto de partida quando se
3.1
Os sentidos
pensa em uma cidade para pessoas. Ele considera que em distancias maiores absorvemos grande quantidade de informações, porém quando essa distância é mais curta, absorve-se
Os cinco sentidos: visão, tato, paladar, audição e olfato, exercem um papel crucial para
vislumbres sensoriais mais intensos e emocionantes. Logo entende-se que com uma
a percepção do espaço, já que são encarregados de fazer a interligação do meio externo com
proximidade maior não apenas a visão é aguçada, mas também os outros sentidos.
o sistema cognitivo do ser humano (Guedes, 2012).
Espaços menores e bem projetados oferecem a seus usuários a possibilidade de que os
Para Abbud (2006), a visão é um dos sentidos mais substanciais do ser humano.
edifícios, detalhes e as pessoas que estejam no entorno e a uma curta distância sejam vistas,
Funciona como um mecanismo que capta uma sucessão de planos e à medida que a visão se
com isso torna-se possível que o ambiente transmita uma sensação de afeto e seja convidativa,
afasta de tais planos, a imagem vai perdendo a nitidez. Já para Pallasmaa (2011), a visão isola e é direcional. Os olhos acabam originando experiências visuais. 25
Abbud (2006) relata que o tato trabalha de uma forma diferente da visão. Para que o sentido seja aguçado, precisa ter um contato direto com os elementos para distinguir se sua
prevenção de doenças físicas e mentais, faz-se necessário incorporar esse tipo de atividade na vida das pessoas, como forma de tratamento preventivo.
temperatura é quente ou fria, se tem rugosidade, ou é lisa e se é macia ou dura. Através do tato
Pesquisadores da universidade de China, no Japão, realizaram uma pesquisa onde 168
é possível perceber desde o calor do sol, até o frescor das sombras que as árvores
voluntários fizeram parte. Metade dessas pessoas foram vivenciar um tempo em florestas
proporcionam, entre outras ações. A pele encaminha estímulos sensoriais por meio do sistema
enquanto a outra metade ficou em centros urbanos. O resultado disso foi a observação de que
nervoso para o cérebro. Nessa mesma linha, para Pallasmaa (2011, p. 10), “nós realmente
as pessoas que ficaram em contato com a natureza tiveram uma redução de 16% no cortisol
vemos com a nossa pele” e “[..] todos os sentidos, incluindo a visão, são extensões do tato; os
(hormônio do estresse), 4% na frequência cardíaca e 2% na pressão arterial.
sentidos são especializações do tecido cutâneo, e todas as experiências sensoriais são variantes do tato e, portanto, relacionadas à tatilidade.” (PALLASMAA, 2011, p.10). Ao falar sobre o paladar, o autor Abbud (2006) informa que é um sentido que permite conhecer jardins de uma forma diferenciada, já que se tem a possibilidade de experimentar desde frutas, flores comestíveis, até especiarias e temperos.
Em Amsterdã, na Holanda, pesquisadores do Centro médico universitário alegam que pessoas que tem contato com natureza com mais frequência reduzem cerca de 21% as chances de desenvolver depressão Segundo Thomazelli (2017), a prática de atividades físicas faz com que o organismo libere um hormônio chamado endorfina, oferecendo então bem-estar e fortalecendo o sistema
Biologicamente, o ouvido permite uma compreensão do que se passa em volta. Além de
imunológico. Ou seja, quem libera esse tipo de hormônio, comparado a quem não faz prática
captar os sons, também fornecem noções sobre a posição do corpo, sendo praticamente
de exercícios, tem chances pequenas de desenvolver qualquer distúrbio que seja, físico ou
responsáveis pelo equilíbrio humano. Para Abbud (2006), tudo é som nos jardins, é a audição
mental. Quando se trata de doenças mentais, o tratamento normalmente costuma ser
que permite-nos ouvir o ciciar das folhas, o murmúrio das águas, os pedriscos de chocarem
desagradável e longo, podendo até existir a possibilidade de internações psiquiátricas.
conforme forem sendo pisados e o canto tranquilo dos pássaros.
Com esse cenário, espaços públicos inseridos na malha urbana podem servir de refúgio,
Abbud (2006) considera que tudo em um espaço ajardinado atrai o olfato, seja pelo
auxiliando e amenizando a vida agitada que a sociedade possui nas últimas décadas. Envolver
aroma que as flores oferecem no frescor da manhã, no cair da tarde ou até mesmo em dias
tranquilidade, lazer, cultura, conforto ambiental, beleza em um só espaço o torna multifuncional
chuvosos. Pallasmaa (2011) relata que um cheiro especifico é capaz de retratar memórias de
e auxilia em cuidados urbanos necessários, tanto para a cidade, quanto na saúde das pessoas.
um ambiente esquecido.
Espaços multifuncionais públicos se tornam um cenário certeiro para a união com arquitetura sensorial. Com espaços sensoriais inseridos no meio urbano, existe a possibilidade
3.2
A sensorialidade no espaço público
de interação e estimulo dos sentidos humanos, fazendo com que seus usuários despertem inúmeras sensações estando em um ambiente público e de todos, mas que ele considere como
Atualmente, a sociedade vive de forma iminente, em busca sempre de potencializar o
seu lugar, um refúgio em meio ao caos urbano.
tempo que lhes é dado, priorizando atividades que ofereçam em longo prazo, uma qualidade de vida melhor do que a que se encontram hoje. Com isso muitas coisas consideradas a curto prazo, que poderiam oferecer melhor qualidade de vida são deixadas de lado, como cuidar da saúde, as vivencias sociais e o conforto. O uso exacerbado das tecnologias que são oferecidas e que facilitam a vida acaba sendo um fator agravante quando se trata de isolamento social e transtornos psicológicos. A ciência mostra que o convívio social através de esportes e contato com a natureza são indicados para
26
4.
ESTUDOS REFERENCIAIS
Figura 17: Localização do parque na cidade de Birmingham no Reino Unido.
Os estudos de caso descritos a seguir, foram realizados em busca de referências de espaços públicos que possuam atrativos sensoriais, a fim de comprovar que o uso da sensorialidade nesses espaços é extremamente positiva e que existe um aumento da qualidade de vida das pessoas que os utilizam. Os projetos selecionados para estudo foram: Eastside City Park, no Reino Unido; Jardim multissensorial Zighizaghi na Itália; Parque Madureira no Rio de Janeiro – RJ e o Jardim Sensorial do Jardim Botânico de Bauru- SP. Para as ponderações realizadas foram utilizadas imagens, para que seja possível identificar técnicas utilizadas, materiais, tipos de atrativos, vegetação e entre outras coisas. Os textos foram elaborados de acordo com as análises que foram sendo feitas ao decorrer dos estudos, descrevendo e pontuando questões importantes a serem observadas.
4.1
Eastside City Park
O Eastside foi o primeiro parque em 130 anos na cidade de Birmingham no Reino Unido.
Fonte: Google Maps – Archdaily, 2016.
Figura 18: Implantação Eastside.
Se encontra no centro da cidade e por isso acabou conectando e trazendo vida de certa forma para esta área que estava se tornando esquecida para a população. Em sua concepção está presente principalmente áreas verdes com espaço de descanso e lazer para a população, cumprindo verdadeiramente o papel de espaço público que é o que toda cidade precisa. Localizado na Curzon St, Birmingham, West Midlands, no Reino Unido (figura 17), com aproximadamente 3,4 hectares, teve seu projeto realizado pelos arquitetos Patel Taylor e Allain Provost e suas obras iniciadas em 2011 e concluídas em 2012. A implantação (figura 18) refere-se ao parque em estudo, no qual pode-se notar que é um parque linear que está inserido em meio a malha urbana e de acordo com fontes de pesquisa, está localizado no centro da cidade.
Fonte: Archdaily, 2016 - Adaptado pela autora.
27
O projeto pode ser considerado sustentável: já que faz uso do antigo terreno baldio que
Figura 20: Espaço no canal, com jatos d’água e espaço de descanso com piso tátil.
tinha atividade industrial e de comércio e agora é transformado em um parque público. O parque seguiu um raciocínio de projeto do arquiteto Patel Taylor, onde se buscou criar uma série de espaços que foram definidos de uma forma lógica, mas que proporcionasse prazer entre eles. Estes espaços se diferenciam com suas características únicas de dimensionamento e direção. Figura 19: Planta Baixa Eastside.
Fonte: Archdaily, 2016. Figura 21: Espelho d’água.
Fonte: Eastside Park ORG, [201-] – Adaptado pela autora.
O local possui um canal de 188 metros de extensão em seu comprimento indicado pela seta azul (figura 19). Esse canal, considerado um espelho d’água no parque, também conta com 21 jatos e fontes d’água que são considerados atrativos, além também das áreas verdes e caminhos entre o percurso. Nota-se que os bancos nas figuras 20 e 21, são em madeira com a presença de estrutura em aço e a pavimentação dos caminhos são em concreto. A área indicada pela seta vermelha (figura 19), conta com uma área mais verde, formada por gramados e praças públicas que tem a presença de aço corten. Além de ter uma estrutura que oferece bicicletários à população.
Fonte: Archdaily, 2016.
28
Um ponto importante observado neste projeto, é que o parque é totalmente acessível,
Figura 23: Detalhe programa de necessidades.
conta com rampas de acesso e piso tátil para que seja acessível a toda população, inclusive aqueles que possuem algum tipo de deficiência. O parque conta com áreas permeáveis e impermeáveis, ambas são muito utilizadas como ponto de encontro entre as pessoas que tem acesso ao espaço público, além também de servir como um espaço de permanência. Tem seu projeto focado em resistir ao tempo, contando com materiais de alta qualidade e bastante resistentes. Com isso a infraestrutura proporciona uma referência de qualidade e tem os custos voltados para manutenção e substituição minimizados. Figura 22: Jardins, praça com fonte, pérgolas e bicicletário.
Fonte: Archdaily, 2016 - Adaptado pela autora.
A ideia inicial, era que o parque se estendesse até um canal que já existe na cidade, porém a extensão foi barrada, pela Birmingham City University, já que a mesma ocupará a área que teria que ser utilizada para o parque se estender até o canal. O arquiteto ainda ousa dizer que os edifícios que já existiam ali estavam sendo esquecidos em uma parte vazia da cidade, sem nenhum meio de ligação e com a inserção do parque isso mudou totalmente, já que liga o existente com o novo e que já aumentou o valor dos terrenos do seu entorno. Grandes árvores diferenciam os espaços que foram citados, direcionam vistas, e oferecem abrigo e sombra. Sua estrutura também é reforçada por vegetação em menor escala, a fim de proporcionar experiências ao longo do parque criando sensação de descoberta. Fonte: Archdaily, 2016.
29
Figura 24: Parque e edifícios em seu entorno.
4.2
Parque Madureira
O Parque Madureira é considerado o coração verde da área em que está implantado. Se encontra no bairro Madureira no Rio de Janeiro/RJ. e por isso acabou conectando e trazendo vida de certa forma para esta área. Localizado no bairro Madureira no município do Rio de Janeiro/RJ (figura 26), com aproximadamente 109.000m², teve seu projeto realizado pelo escritório Ruy Rezende Arquitetos e suas obras iniciadas em 2011, concluídas em 2012 e passou por uma ampliação em 2016. Figura 26: Localização do parque no Rio de Janeiro.
Fonte: ID Verde, [201-].
Figura 25: Vegetação em escalas diferentes.
Fonte: Google Maps – Archdaily, 2016
A implantação (figura 27) se refere ao parque em estudo, pode-se notar que é um parque linear que está inserido em meio a malha urbana do Rio de Janeiro, situado no bairro Madureira, um dos mais antigos da zona norte da cidade.
Fonte: Archdaily, 2016.
30
Figura 27: Implantação Parque Madureira.
O projeto tinha a finalidade de ocupar a área que foi disponibilizada como um todo, com isso nota-se a diversidade de atividades encontradas em toda sua extensão, fazendo com que o espaço se torne convidativo para diferentes faixas etárias e interesses diversificados. A sustentabilidade foi um dos pontos mais primordiais do parque, o que acabou proporcionando a conquista do certificado de qualidade ambiental AQUA, que é um selo de qualidade atribuído a espaços públicos. Em seu desenvolvimento projetual, o parque foi dividido em 4 setores (figura 28). Figura 28: Planta Baixa Parque Madureira.
Fonte: BONELLI, p.36, 2013.
O setor 1 (figura 29), que também é chamado como “Praça do Samba”, tem aproximadamente 22.460m² e é destinado a eventos musicais e culturais. Esse setor é uma Fonte: BONELLI, p. 35, 2013.
A região em que está inserido, apresenta grande adensamento populacional, em média
homenagem às duas escolas de samba tradicionais nessa região (Portela e Império Serrano). Figura 29: Setor 1 – Parque Madureira.
97% de ocupação, resultando em menos de 1m² de área verde por habitante desse entorno, perante essas problemáticas, a implantação do Parque Madureira alterou drasticamente esse cenário urbano, proporcionando qualidade de vida principalmente para as pessoas que vivem na área envoltória do parque. O projeto tem o objetivo de promover áreas verdes, de lazer e contemplação, motivando a pratica de exercícios físicos e o cuidado com a saúde. Buscou-se projetar embasando-se em um programa de educação socioambiental da prefeitura municipal que contou com a participação da comunidade, o que acabou resultando em um equipamento público sustentável, unindo requalificação urbana, valorização da comunidade, recuperação ambiental e gestão de recursos. A apropriação da população por esse espaço público foi grande e rápida, o que acaba refletindo no sucesso que foi a implantação do parque. O terreno em que foi inserido, era propriedade da empresa Light, concessionária de energia do Rio, que através de negociações com a prefeitura, compactou seu sistema de energia e cedeu uma faixa para implantação do parque. Fonte: BONELLI, p. 36, 2013.
31
Figura 30: Perspectiva do setor 1.
Figura 31: Praça do Samba.
FonTe: Archdaily, 2016.
O setor 2 do parque (figura 32), foi pensado a fim de se tornar um espaço que proporcione relaxamento e contemplação. Fonte: Archdaily, 2016. Figura 32: Setor 2 – Parque Madureira.
O ponto 14 (figura 31), que é a praça em si, possui uma cobertura em forma de concha acústica em concreto, uma arquibancada com 306 assentos e uma área de 1500m² para dar suporte a até 3.000 pessoas em pé. Esse setor possui dois acessos, representados pelas setas vermelhas e por ser uma área que pode ter a presença de atrações especificas de grande porte, tem a capacidade de se isolar dos demais setores do parque.
Fonte: BONELLI, p. 39, 2013.
O quiosque da bicicleta é um espaço que oferece venda de equipamentos relacionados a bikes, além de serviços como manutenção. Junto dele, existe um bicicletário, que foi pensado 32
para incentivar o pedal no parque, já que o mesmo possui em torno de 1.450km destinados à ciclovia.
O Jardim sensorial (figura 35) tem a presença dos 5 sentidos humanos: O tato representado pela textura das plantas e flores; a audição pelo farfalhar das árvores presentes
Figura 33: Parque com presença de ciclo faixa.
e pelo som dos pontos de água espalhados pelo parque; a visão pelas cores e beleza das plantas e flores; o olfato pelos aromas que o jardim promove e o paladar, considerando especiarias como temperos. Figura 35: Jardim sensorial.
Fonte: Archdaily, 2016.
A nave do conhecimento (figura 34) é um espaço que promove criatividade e inovação através de equipamentos com alta tecnologia. Figura 34: Nave do conhecimento.
Fonte: Veja Rio, 2016.
A academia da terceira idade e o espaço de atividades físicas ao ar livre (figura 36) foram pensados para atender todas as faixas etárias apesar de sua nomenclatura. Figura 36: Academia ao ar livre.
Fonte: Arcoweb, 2016.
Fonte: BONELLI, p. 43, 2013.
33
Jogo de bocha, tênis de mesa, e mesa de jogos (figura 37) são atrativos implantados no
Figura 38: Mirante e cascata.
parque e atendem a todo tipo de usuário. É possível até a realização de competições nessas áreas. Figura 37: Tênis de mesa e ao fundo mesas de jogos.
Fonte: Archdaily, 2016.
Figura 39: Mirante e cascata. Fonte: Archdaily, 2016.
O mirante (figura 38 e 39), estruturado de forma elevada para contemplar o parque do alto e a escadaria hidráulica, que nada mais é que uma cascata d’água são atrações muito procuradas no parque. A presença de canteiros de areia também é um elemento presente no parque, que acaba proporcionando diversas sensações quando se entra em contato com diferentes texturas que o parque oferece. Percebe-se que o piso do parque é intertravado de concreto.
Fonte: Archdaily, 2016.
34
O setor 3 (figura 40) é totalmente contínuo em relação ao setor 2, diferente do setor 1
Figura 41: Pista de skate.
que tem uma via separando-o do 2. Figura 40: Setor 3 – Parque Madureira.
Fonte: Archdaily, 2016.
Fonte: BONELLI, p. 48, 2013.
Figura 42: Pista de skate.
Esse setor se volta mais para a área de esportes. Em sua formação existe uma pista de skate (figura 41 e 42) com aproximadamente 3.850m², considerada a segunda maior pista do Brasil. O parque também conta com uma quadra de grama sintética e se localiza ao lado da pista, a fim de ser um espaço de apoio em casos de eventos.
Fonte: Archdaily, 2016.
35
Figura 44: Setor 4 - Parque Madureira.
Além disso, esse setor também conta com quadra poliesportiva, vôlei de areia, uma área com equipamentos para ginástica e um lago (figura 43). Figura 43: Lago com esguichos d’água.
Fonte: BONELLI, p. 53, 2013.
Fonte: Archdaily, 2016.
No setor 4 (figura 44) está instalada a Arena Carioca, com espaços para shows e teatro
O parque continua passando por ampliações e com isso ganhou novos atrativos, um
com capacidade para 330 pessoas sentadas na área interna e mais 1.500 pessoas em pé na
deles é um balneário artificial (figuras 45 e 46) com certa de 500m², possui uma faixa de areia
área externa. É uma área separada do setor 3 por uma via, e acaba se desmembrando do
onde é permitido cadeiras e guarda-sóis e tem aproximadamente 120 metros de quedas d’água
parque como um todo já que seu acesso é cobrado. A Guarda Civil Municipal também está
em suas cascatas.
inserida nesse setor e está separada das outras atrações por um muro. E por fim, mas não menos importante, a Estação de Tratamento de Esgoto que é responsável pelos dejetos do parque, já que o bairro em que está inserido não possui rede de esgoto.
36
Figura 45: Cascatas na praia.
Fonte: Archdaily, 2016.
Figura 47: Cachoeira urbana.
Fonte: O globo, [201-].
Figura 46: Vista aérea da praia.
O parque também conta com um novo teatro a céu aberto (figura 48), o Zaquia Jorge tem capacidade para receber 391 pessoas sentadas e 1.000 em pé. Possui um palco com cerca de 170m² e conta com estrutura para camarins, banheiros e coxias. Figura 48: Teatro Zaquia Jorge.
Fonte: RRA, 2016.
Uma escadaria com queda d’água (figura 47) também foi implantada como atrativo no parque e recebeu nome de cachoeira urbana. Fonte: Agência Brasil, 2016.
37
E por fim, a expansão do parque propiciou um novo atrativo, o “Baixo Bebê”, um parque
4.3
Jardim Botânico Municipal de Bauru.
com piso emborrachado e totalmente acessível, a fim de incluir crianças com maiores dificuldades.
Segundo relatos da Prefeitura do município de Bauru, a história do Jardim Botânico se inicia desde os primórdios, quando os desbravadores do sertão paulista no fim do século XIX Figura 49: Baixo Bebê.
estavam em busca de terras férteis que possibilitassem oportunidades para implantação de fazendas e vilarejos. O local que hoje se encontra o JBMB (Jardim Botânico Municipal de Bauru), naquela época eram terras da fazenda Vargem Limpa pertencentes a Felicíssimo Antônio Pereira. Figura 50: Localização do Jardim Botânico Municipal em Bauru.
Fonte: Google Maps, adaptado pela autora, 2019.
Em 1918, com a necessidade de ampliar e melhorar o sistema de abastecimento de água, a Câmara Municipal tomou posse de uma parte da fazenda, a fim de captar água do córrego Vargem Limpa para abastecer a cidade. Em decorrência do crescimento urbano, a Fonte: Prefeitura Rio de Janeiro, 2015.
De modo geral, o parque é formado basicamente por caminhos intertravados de concreto e canteiros ajardinados que colaboram para a permeabilidade do espaço. Além de também ter a forte presença de coberturas e paredes verdes. Seu sistema de irrigação é controlado por sensores meteorológicos, conta com a recuperação da fauna e flora com mais de 800 árvores e 400 palmeiras plantadas em sua extensão. O parque também possui um sistema de energia solar, controle de resíduos sólidos, um sistema de reuso d’água e o uso de lâmpadas de LED.
captação de água foi transferida para o Rio Batalha, fazendo com que essa grande área deixasse de ser apenas um centro de captação de água. Com isso o município passa a ter uma grande área com espécies de vegetação nativa. Entre 1970 e 1980, no Brasil acontecia o movimento ambientalista que vinha ganhando forças. Por conta disto, Bauru delimitou algumas áreas naturais para conservação e visitação. Em 1988, surge uma lei que determina que a mesma área em estudo passaria a ser Parque Ecológico Tenri Cidade-Irmã. A escolha do nome foi influenciada pela imigração japonesa presente em Bauru e em homenagem a cidade japonesa Tenri. Anos mais tarde, em 1992 houve uma lei que determinou a ampliação do Parque para 321.71 hectares, com isso iniciou uma nova estruturação dessa área com abertura de trilhas, criação de um viveiro destinado a mudas nativas, projetos para recomposição de áreas 38
degradadas e a implantação de uma sede administrativa para atender os visitantes. Nessa
Figura 52: Mapa ilustrativo de setorização do Jardim Botânico Municipal de Bauru.
mesma época a área iniciou-se o plantio de novas árvores. Foi em 1994 que o Parque passa a ser o Jardim Botânico Municipal e desde então vem se estruturando com novas coleções de plantas, espaços para piquenique, estruturas para eventos e entre outras atrações, a fim de garantir as atividades de visitação, educação, lazer, pesquisa e conservação. Figura 51: Mapa ilustrativo de setorização do Jardim Botânico Municipal de Bauru.
Fonte: Fonte: Jardim Botânico Municipal de Bauru, 2001.
Figura 53: Planta da praça com especificação das espécies.
Fonte: Fonte: Jardim Botânico Municipal de Bauru, {20--}.
Diante de tantas atrações e espaços verdes, o JBMB conta com um Jardim Medicinal Sensorial. A coleção de espécies medicinais iniciou-se por volta da década de 90, e segundo JBMB, um espaço destinado a essas espécies foi implantado em sua área em meados de 2001 (figura 52), espaço este nomeado como Praça de Plantas Medicinais.
Fonte: CARDOSO, p. 26, 2007.
39
Tabela 3: Espécies numeradas de acordo com a planta da Praça de Plantas Medicinais.
1
Levante
10
Sete sangrias
19
Falsa menta
28
Jatobá
2
Melissa
11
Chá de bugre
20
Aspargo
29
Guaco
3
Mil folhas
12
Hortelã
4
Manjerona
13
Cana do brejo
22
Mandacaru
31
Citronela
5
Arruda
14
Cavalinha
23
Babosa
32
Folha da fortuna
6
Poejo
15
Tanchagem
24
Centeia asiática
33
Catinga de mulata
7
Confrei
16
Chapéu de couro
25
Alecrim
34
Caraguatá
8
Menta
17
Menta japonesa
26
Dente de leão
35
Algodão do cerrado
9
Losna
18
Cânfora
27
Sabugueiro
36
Cipó de são João
21 Bálsamo de jardim 30
Figura 54: Planta do Jardim após reforma.
Cipó-insulina
Fonte: CARDOSO, 2007, adaptado pela autora.
Em 2012, de acordo com o Jardim Botânico, a praça passou por uma adaptação e se tornou um Jardim Medicinal Sensorial, se tornando acessível a todos com canteiros elevados, pisos táteis e placas em braile. Essa reforma só foi concretizada graças à parceria do JBMB com a UNIMED Bauru e a Prata Construtora.
Fonte: Jardim Botânico Municipal de Bauru, 2012.
40
De acordo com a equipe de administração do JBMB, o Jardim Sensorial não sofreu
Figura 56: Vista do jardim e seus canteiros.
nenhuma alteração quanto às espécies das plantas especificadas na tabela 3. Em visita realizada para o presente estudo, foi possível notar um ambiente tranquilo e convidativo. O Jardim é acessado por uma rampa e logo se vê os canteiros elevados com as espécies. Figura 55: Acesso principal ao Jardim.
Fonte: Autora, 2019.
Figura 57: Banco com trepadeira.
Fonte: Autora, 2019.
Os canteiros contam com 37 espécies de plantas medicinais e além deles, o jardim também conta com 4 bancos protegidos por trepadeiras que se tornam convidativos para se sentar e apreciar a paisagem oferecida.
Fonte: Autora, 2019.
41
5.
A CIDADE DE BAURU: ENTRE TRILHOS E FLUMES
Atualmente, considerada o município mais populoso do centro oeste paulista do Estado de São Paulo, Bauru teve sua população estimada em 343.937 pessoas pelo IBGE no censo
Só foi possível tratar Bauru como município em 1896 (RAIA 2008), que é quando a vila Bauru foi emancipada do extinto município de Espírito Santo de Fortaleza, que ficava próximo a cidade de Agudos. Porém antes de tudo, a região da cidade passou por inúmeras disputas por território entre colonos e indígenas e em seguida entre os moradores da vila bauruense e
de 2010 e em 2018 sua população foi estimada em 374.272, um aumento médio de 30.330 pessoas em sua área territorial de 667.684km². Com predominância vegetativa de cerrado e mata atlântica, a cidade tem seu abastecimento de água pelos rios Batalha, aquífero e seus afluentes.
do Espirito Santo de Fortaleza (SOUZA, 2014). Seu crescimento ganhou vida em 1905, já que era um período onde o interesse era colonizar novas terras, expandir território e interligar o país com a implantação de ferrovias. Então, foi neste ano então que Bauru tem os trilhos da Estrada de Ferro Sorocabana inseridos em sua malha urbana, colaborando significativamente para seu crescimento urbano e fazendo a interligação com a cidade de Santos e São Paulo. A partir de estudos e projetos, segundo Raia (2008), o território Bauruense foi apontado como um local propicio para a criação de uma nova Companhia ferroviária que traria a possibilidade de interligar o Estado de São Paulo com o Mato Grosso do Sul; com isto foi em julho de 1906 que a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil se instalou no município. Por fim, para completar este entroncamento ferroviário, em 1915, a Companhia Paulista de Estrada de Ferro inaugurou seus trilhos na cidade. Figura 58: Estado de São Paulo e perímetro de Bauru.
Fonte: Autora, 2019.
42
5.1
Identificando vazios em Bauru
Segundo Carvalho (2016), possui em média 93 quilômetros de metros quadrados de
Bauru sofreu e continua sofrendo um crescimento colossal de seu território urbano, não
áreas ocupadas, enquanto 16,8 quilômetros são totalizados da soma dos principais vazios
é à toa que foi intitulada como “cidade sem limites”. Carrega consigo um histórico de
urbanos encontrados na cidade. Ou seja, os vazios urbanos representam em torno de um quinto
urbanização não estruturada e não planejada, o que resulta em uma cidade nada sustentável
da área ocupada.
e que tem uma carga gigantesca de vazios urbanos. Com base nos conceitos citados no capitulo 2, em uma comparação com os vazios
Figura 60: Cheios e vazios – Bauru.
encontrados na cidade de Bauru, pode-se dizer que os três tipos foram identificados: áreas ociosas, remanescentes urbanos e espaços residuais. De forma nítida, abaixo segue uma sequência de quatro mapas (figura 59) que ilustram o processo de expansão territorial da cidade. Em vermelho destaca-se uma ocupação territorial mais definida e em azul são as áreas que foram sendo expandidas. Com os mapas fica bem esclarecida a questão de desconexão entre as áreas que foram se expandindo, tanto entre elas como entre as áreas consolidadas. Figura 59: Expansão Urbana de Bauru.
Fonte: CARVALHO, 2016, p.29. Figura 61: Diagrama com de vazios em Bauru.
Fonte: Plano Diretor de Bauru, 1996.
Fonte: CARVALHO, 2016, p.29.
43
5.2
Em busca de extinguir áreas ociosas no município
inteiramente residencial. Apesar de ter uma metragem quadrada apropriada para a implantação de uma praça, o terreno margeia uma das avenidas mais movimentadas da cidade, a Avenida
Esse capítulo tem como objetivo analisar de forma breve, três vazios urbanos na cidade
Nações Unidas considerada uma via arterial que possui grande fluxo de veículos durante todo
de Bauru, identificados como áreas ociosas, que são interrupções na malha urbana,
o dia. Além disto, existe um linhão de energia instalado nas dependências do terreno, o que
consideradas consequências de zonas ocupadas e não parceladas como retratado no capítulo
dificulta o projeto, já que não poderá existir espaços de permanência abaixo desse linhão.
2. O primeiro terreno está localizado na Avenida Nações Unidas, na altura do Hospital
Figura 63: Terreno com linhão de energia.
Estadual de Bauru no bairro Núcleo Presidente Geisel. Possui 16.121m² aproximadamente e pertence a Zona Consolidada segundo o plano diretor de Bauru. Art.26 - A Zona Consolidada é caracterizada por área razoavelmente servida de infraestrutura e equipamentos sociais, de uso misto com comércio local diversificado, acessibilidade dificultada pelas barreiras dos córregos, ferrovias e rodovias e carência de áreas públicas para recreação e lazer, com poucos vazios urbanos. (LEI 5631/2008, PLANO DIRETOR DE BAURU, p.10, 2008).
Figura 62: Mapa com terreno e entorno no bairro Presidente Geisel.
Fonte: Google Earth, 2019 – Adaptado pela autora.
O segundo terreno analisado, localiza-se na Rua São Patrício com as ruas Nossa Senhora das Dores e Carlos Giaxa no Jardim Redentor em Bauru. Possui cerca de 18.867m² e segundo o plano diretor municipal, pertence a Zona de Indústria, Comércio e Serviço. Art.34- A Zona de Indústria, Comércio e Serviço é caracterizada por faixas localizadas ao longo das rodovias e ferrovias, incluindo os distritos industriais, destinadas à instalação de indústrias, comércio, serviço e uso institucional, infraestrutura deficitária, falta de acessibilidade. (LEI 5631/2008, PLANO DIRETOR DE BAURU, p.14, 2008).
O terreno fica bem próximo a escola estadual Ana Rosa Zuicker Dannunziata e de algumas empresas situadas à sua direita para quem olha a figura 64. Porém, o Jardim Redentor, Fonte: Google Earth, 2019 – Adaptado pela autora.
primeiro empreendimento implantado pela COHAB segundo Kaimoti (2009), tem a
Além do Hospital Estadual de Bauru em seu entorno, também existe o Centro
predominância de residências. Apesar de também apresentar uma metragem quadrada atrativa
Especializado em Reabilitação SORRI e uma clínica oncológica, porém sua predominância é
para implantação de uma praça, o bairro conta com um sistema de praças desde sua 44
concepção, totalizando cerca de 10 praças implantadas no seu traçado na malha urbana, logo
Figura 65: Mapa com terreno e entorno na Vila Monlevade.
é uma área bem-dotada de espaços públicos para garantir qualidade de vida de seus moradores. Figura 64: Mapa com terreno, praças em amarelo e entorno no Jardim Redentor.
Fonte: Google Earth, 2019 – Adaptado pela autora.
Figura 66: Exemplo de praça encontrada no entorno do terreno.
Fonte: Google Earth, 2019 – Adaptado pela autora.
E por fim o terceiro terreno se situa na Vila Monlevade na Av. Amapá com a rua Dr. José Raniere. Em seu entorno encontra-se a escola SESI, o Horto Florestal e uma das principais avenidas da cidade, a Av. Rodrigues Alves. Sua metragem quadrada atinge 21.370m² e o mesmo também pertence a Zona Consolidada, segundo o plano diretor da cidade (2008). Apesar de estar próximo ao Horto Florestal, considerado um espaço público urbano, o terreno se encontra em uma área carente de espaços verdes públicos. As poucas praças não possuem infraestrutura suficiente para oferecer qualidade de vida e fazer com que a cidade se torne viva.
Fonte: Google Earth, 2019 – Adaptado pela autora.
45
Figura 67: Exemplo de praça encontrada no entorno do terreno.
em estudo. Já na parte inferior, é nitida a ocupação pelas construções, em sua maioria residências. Figura 68: Mapa de cheios e vazios da área de intervenção.
Fonte: Google Earth, 2019 – Adaptado pela autora.
Fundamentando-se nisto, este foi o terreno selecionado para a implantação do projeto, visando a inserção de uma praça sensorial para atender a população envoltória oferecendo qualidade de vida, já que é uma área dominada por residências, com isso essas pessoas terão acesso à um espaço público de qualidade.
5.3
Diagnóstico urbano
Fonte: Autora, 2019.
A partir da escolha da área final, como citado no subcapítulo anterior, iniciou-se um diagnóstico da área e seu entorno, com um raio de abrangência de 500 metros a partir do terreno. Buscou-se investigar os cheios e vazios, uso do solo, maciços arbóreos, curvas de nível, gabaritos de altura e o sistema viário da área em questão. A área em estudo, principalmente no raio de abrangencia aplicado, apresenta uma significativa densidade. Nota-se na figura 68 que a ocupação na parte superior é menos intensa, já que são edificios nos quais funcionam distribuidoras de combustíveis e uma escola existentes nos respectivos terrenos, tendo praticamente mais da metade de sua metragem quadrada sem construções e com maior área livre. No centro nota-se um vazio maior, que se trata do terreno
Já quando foi realizado o levantamento do uso do solo (figura 69) na área de abrangência, ficou nítido, assim como prevê o plano diretor da cidade, citado também no subcapítulo anterior, uma área com predominância de residências considerada uma zona consolidada. Também existe a presença de serviços, que é o segundo uso mais notado. O terceiro uso mais notado é o uso misto. Após esse levantamento, percebe-se que uso misto, de serviço e de comércio são mais presentes na Av. Rodrigues Alves, que é onde o fluxo de pessoas é maior. 46
utilizado na implantação do projeto também existe certos maciços arbóreos, que muito Figura 69: Mapa do uso do solo da área de intervenção.
provavelmente permanecerão em seu estado original. Figura 70: Mapa de maciços arbóreos na área de intervenção.
Fonte: Autora, 2019. Fonte: Autora, 2019.
Como a proposta projetual se enquadra em quesitos de intervenção urbana, houve a necessidade de levantar os maciços arbóreos (figura 70) da região em questão. Com isso foi possível identificar as ruas com mais vegetação, com menos ou até mesmo com nenhuma vegetação. A maior presença de massa vegetativa, foi no canto inferior esquerdo, que é onde se localiza o DETRAN (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo), o DER (Departamento de Estradas e Rodagem), um Posto Policial Militar e uma creche da rede pública. Também no canto superior direito, observa-se a presença marcante de massa vegetativa que é onde está localizado o Horto Florestal da cidade. Já no terreno que será
Ao analisar a topografia (figura 71) do raio de abrangência aplicado na área, foi possível observar uma topografia menos acentuada, com distanciamentos entre as curvas de nível. No terreno em si, existe um desnível de 11 metros, porém a distância entre as curvas de nível é acima de 12 metros, fazendo com que se tenha um desnível suave, seguindo a inclinação permitida para que todos possam acessar a praça. Logo a questão topográfica no projeto será mais simples de ser solucionada.
47
Figura 71: Mapa das curvas de nível na área de intervenção.
Figura 72: Mapa do gabarito de alturas na área de intervenção.
Fonte: Autora, 2019.
Fonte: Autora, 2019.
Como o projeto se trata de um espaço público inserido em um vazio urbano, também se
E por fim, e um ponto muito importante, analisou-se o sistema viário envoltório (figura
houve a necessidade de levantar a questão dos gabaritos de altura (figura 72) das edificações
73). O raio abrange duas importantes avenidas para a cidade, a Av. Rodrigues Alves e a Av.
na área em que o raio abrangeu. A maior parte dos edifícios são apenas de 1 pavimento, o que
Cruzeiro do Sul que podem ser consideradas vias arteriais, já que interligam uma região à outra.
gera uma paisagem urbana sem muita grandiosidade, algo mais modesto e tranquilo. No
Também foram identidades paradas ou pontos de ônibus, principalmente em ambas as
entorno do terreno de escolha, existem algumas edificações com 2 pavimentos, mas nada que
avenidas. O fato de ter oferta de transporte público na área do projeto é extremamente
modifique a paisagem nessa área. Logo um espaço público inserido em tal área, afetará
importante, já que se tratará de um espaço público, ou seja, para todos, e a questão de o
positivamente essa região, já que é uma área normalmente de edifícios térreos, o que favorece
transporte público estar presente facilita muito o acesso da população para que frequentem os
a visão como um todo.
espaços ofertados pela cidade.
48
Figura 73: Mapa sistema viário da área de intervenção.
Fonte: Autora, 2019.
49
6.
MEMORIAL JUSTIFICATIVO
O terceiro setor é de esporte e lazer, foi proposto uma quadra poliesportiva com arquibancada sem cobertura propositalmente, já que a mesma conta com canteiros ao seu
O projeto foi idealizado a partir do momento em que o local e o terreno foram
redor para que a presença de grandes árvores atue na questão do conforto térmico neste
determinados. A escolha se concretizou após observar e levantar dados que mostram que a
espaço. Para aproveitar a altura da arquibancada, o setor também conta com uma parede de
Vila Monlevade não possui equipamento público de qualidade destinado ao lazer e bem-estar
escalada para lazer de seus usuários. Ainda em atividades voltadas para o lazer, este setor
de seus moradores. Como foi contextualizado ao longo dos capítulos anteriores, a inserção de
conta com uma área molhada, estão presentes jatos d’agua no piso, formando um espaço
uma praça nessa área amenizará a falta de espaços de qualidade e destinados à população na
lúdico e oferecendo possibilidades de se refrescar em dias quentes. Pensando nas crianças,
região, além de reintegrar um vazio urbano e oferecer um espaço com atrativos sensoriais a
foi implantado um playground com uma variedade de mobiliários voltados para o divertimento
fim de trabalhar com todos os sentidos do corpo humano, que é algo pouco visto atualmente na
das mesmas. O setor também contará com a instalação do banheiro da praça, foram projetados
arquitetura como um todo.
dois banheiros sendo feminino e masculino, ambos possuem banheiro acessível, obedecendo
A partir disto, a praça foi dividida em 5 setores e estacionamento. O acesso à praça se dá por duas vias, a Rua Dr. Orlando José Ranieri e a Avenida Amapá, representadas pelas
as especificações da norma ABNT NBR 9050 e contam também com espaço de trocador para que seja possível atender as necessidades de todos.
setas vermelhas. Após análise dos mapas do diagnóstico, o estacionamento proposto, será
O quarto é o setor cultura, que conta com a implantação de um anfiteatro a céu aberto
melhor implantado na Rua Dr. Orlando José Ranieri, que possui mão dupla e não é tão
para que seja possível vivenciar apresentações, shows, entre outras atrações em um espaço
movimentada como a Avenida Amapá e contará com vagas para deficientes físicos e idosos.
público ofertado na cidade. Este setor também conta com expositores voltados a arte, como
O primeiro setor é o refúgio, que apresenta uma metragem quadrada maior que os outros, foi posicionado na parte mais alta da praça, nesse setor pensou-se minimamente em se
quadros, banners, pinturas entre outras coisas, além das paredes do anfiteatro serem voltadas para a prática do grafite.
projetar espaços para que as pessoas literalmente pudessem se refugiar “ali”, num espaço em
O quinto e último setor nada mais é que um espaço destinado à food trucks e feiras livres.
meio ao caos urbano que a cidade oferece dia após dia. Em meio a espécies vegetativas
Este setor conta com mobiliários urbanos e é bastante arborizado, já que se trata de um espaço
selecionadas especialmente para o projeto, se encontra um deck sob um canal artificial e uma
de permanência das pessoas, além de contar com pontos de hidratação para pets.
cascata paisagística com mobiliários desenvolvidos para propiciar um momento de
É importante dizer que todos os setores contam com caminhos largos destinados a
tranquilidade em seus usuários. Também neste setor, foi projetado um redário que conta com
caminhada, permanência ou até mesmo andar de bicicleta. Os canteiros seguiram o desenho
um espaço bem arborizado e próximo a cascata. Estes espaços podem ser considerados como
hexagonal do piso, foi possível criar canteiros dinâmicos que se encaixam com o piso proposto,
os “mais sensoriais” de toda a praça, pois é neste setor que será possível sentir o aroma da
além de usar cores diferentes, como cor clara para área de circulação e um tom mais escuro
natureza, ouvir os sons de pássaros e água, farfalhar de folha das árvores e ter sensações ao
nos pisos que se aproximam de uma mudança de nível ou textura. As vegetações foram
pisar na grama, nos seixos ou no deck, ou seja, a maioria dos 5 sentidos estão presentes nele.
selecionadas para que no fim, a composição entre canteiros, piso e vegetação seja harmônica
O segundo é o setor cultivo, que também ocupa um espaço significativo na praça.
para seus usuários.
Localizado próximo ao setor refúgio, conta com uma horta comunitária para cultivo de
O principal conceito da praça é que, os espaços nela projetados possam estimular a
hortaliças, legumes e verduras. Neste mesmo espaço foram propostos canteiros voltados para
sensorialidade nas pessoas. São espaços em um mesmo ambiente, que se diferenciam entre
o cultivo de flores, para que a comunidade tenha um certo contato com jardinagem. Além da
si, alterando a percepção de espaço versus lugar, com a presença de vegetações que
horta, o setor também conta com uma área destinada a um pomar comunitário, onde propôs-
colaboram para a umidade e sombra alterando o microclima e trazendo sensação de conforto,
se espécies de árvores frutíferas. Por estar ao lado do setor refúgio, este setor também conta
que junto dos outros componentes do projeto estimulam os sentidos com cores, texturas,
com os 5 sentidos, mas principalmente o sentido do paladar. 50
cheiros, sons e sabores. A praça foi pensada para que as pessoas a sintam e vivam-na intensamente e principalmente que se apropriem deste equipamento público.
6.1
Partido arquitetônico
O projeto teve como base em sua elaboração os cinco sentidos humanos, que é algo pouco visto na arquitetura. Percebeu-se a necessidade de aplicar a sensorialidade em espaços públicos, utilizando a escala humana na elaboração destes espaços. Com isso, a praça teve como premissa a utilização de uma composição de elementos que estimulem os sentidos das pessoas que vão se apropriar do espaço. A criação de espaços de multiuso foi um grande desafio, já que a praça tem como objetivo ser um “refúgio urbano”, pensou-se em ambientes para tranquilidade, lazer, cultura e até mesmo para pratica de esportes, porém todos com elementos que estimulem a sentidos humanos dos usuários da praça. Inicialmente e de um modo geral, foi decidido trabalhar com vegetação, sejam árvores, flores e forração, para estimular a maior parte dos sentidos. O desenho do piso também foi algo elaborado pontualmente, para que o mesmo colabore com a sensorialidade que toda a praça transmite às pessoas. Outros elementos foram determinados especialmente para atender essa ideia de trabalhar com os sentidos das pessoas, como um espelho d’água com a presença de cascata, que junto da vegetação acaba estimulando vários sentidos, principalmente o olfato, audição e visão. O uso de diferentes texturas foi aplicado no projeto para trabalhar a questão do tato. E ainda nas espécies vegetativas, optou-se por usar algumas árvores frutíferas, além de hortaliças na horta comunitária, para estimular o paladar. Portanto pode-se dizer que a praça possui um conjunto de elementos, que juntos ou separados são capazes de despertar a sensorialidade as pessoas.
51
Figura 74: Setorização da praça
Fonte: Autora, 2019.
52
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A motivação para realização do presente trabalho surgiu em decorrência de estudos realizados na cidade de Bauru ao longo dos anos da graduação. Observou-se o grande déficit de espaços públicos de qualidade projetados para atender a escala humana e visto que este não é um problema só no município em questão, mas sim na maioria das cidades brasileiras e em paralelo a isto, é emergencial a importância de recuperação dos vazios urbanos encontrados na cidade. Além dessa carência, a arquitetura como um todo sofre muito com a falta estímulo sensorial dos cinco sentidos humanos, uma vez que a maior parte dos projetos se baseiam apenas em aguçar a visão das pessoas. Outro fator também abordado foram algumas problemáticas identificadas na sociedade que acabam causando distúrbios psicológicos que são: a questão de viver apenas em ambientes fechados e o estresse diário por questões do dia a dia. A partir de todo este estudo referencial realizado, pode-se concluir que a implantação de uma praça com estímulos sensoriais na cidade de Bauru colaborará de forma significativa para amenizar tais questões. A presença de um espaço público de qualidade implantado num vazio urbano influenciará positivamente as questões urbanas da cidade e da vida de seus usuários e a implementação de atrativos sensoriais será algo diferencial e inovador. A praça pública sensorial foi projetada, pensando-se que a mesma possa ser um equipamento a ser inserido em meio ao caos urbano, servirá de refúgio para a população bauruense, ofertando lazer, cultura, esporte e principalmente paz e tranquilidade.
53
8.
REFERENCIAS
GUEDES, Renata Mendes de Carvalho. Os Cinco sentidos e a arquitetura. Projeto de livraria. 2012.
74
f.
ABBUD, Benedito. Criando Paisagens: Guia de Trabalho em Arquitetura. 4. ed. São Paulo:
Trabalho de conclusão de curso (Bacharel em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade de São
Editora SENAC, 2006.
Paulo, São Paulo, 2012.
ABRAHÃO, Sérgio Luís. Espaço público: do urbano ao político. 1. ed. [S. l.]: Annablume,
JACOBS, Jane. Morte e vida nas grandes cidades. 3. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes,
2008.
2011.
AUGÉ, Marc. Não-lugares. Introdução a uma antropologia da supermodernidade. 3. ed.
KAIMOTI, Naiara Luchini de Assis. Paisagens vivenciadas. Apropriações públicas dos fundos
Campinas: Papirus, 1994.
de vale e sistema de espaços livres. Estudo de caso no município de Bauru SP. 2009. 170 f.
BAURU. Lei nº 2339, de 15 de fevereiro de 1982. Estabelece normas para parcelamento, uso e ocupação do solo no município. Bauru, 1982. BAURU. Lei nº 5631, de 22 de agosto de 2008. Institui o Plano Diretor Participativo do Município de Bauru. Bauru, 2008. BRANDÃO, Pedro; CARRELO, Miguel; ÁGUAS, Sofia. O chão da cidade. Guia de avaliação
CARVALHO, Bárbara Zaneti de. Vazios Urbanos. A construção de um novo espaço público Bauru.
2016.
128
2009. KARSSENBERG, Hans; LAVEN, Jeroen; GLASER, Meredith; HOFF, Mattijs. A cidade ao nível dos olhos: lições para os plinths. 1. ed. Porto Alegre: EdiPUCRS, 2015. MACEDO, Silvio Soares; ROBBA, Fabio. Praças Brasileiras. 1. ed. São Paulo: IMESP, 2002. MERLEAU, Maurice Ponty. Fenomenologia da Percepção. 4. ed. Brasil: WMF Martins Fontes,
do design no espaço público. 1. ed. Lisboa: Centro Português Design, 2002.
para
Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade de São Paulo, São Paulo,
f.
2011. NYGAARD, Paul Dieter. Espaço da cidade: segurança urbana e participação popular. 1. ed.
Trabalho de conclusão de curso (Bacharel em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade Estadual
Porto Alegre: Livraria do Arquiteto, 2010.
Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Bauru, 2016.
PAIVA, Carlos Fernandes de. Narrativas sintéticas dos fatos que motivaram a fundação de
CUNHA, Antônio Geraldo. Dicionário etimológico nova fronteira da língua portuguesa. 4.
Bauru. 1. ed. Bauru: Conselho Municipal de Educação, 1975.
ed Rio de Janeiro: Lexikon, 1982.
PALLASMAA, Juhani. Os Olhos da Pele: A Arquitetura e os Sentidos. 1.ed. São Paulo:
DITTMAR, Adriana Cristina Corsico. Paisagem e morfologia de vazios urbanos. Análise das
Bookman Companhia, 2011.
transformações dos espaços residuais e remanescentes urbanos e ferroviários em Curitiba-
PIANO, Renzo. A Responsabilidade Do Arquiteto. 1. ed. [S. l.]: BEI, 2001.
Paraná.
2006.
251
f.
Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Pontifícia Universidade Católica do
ROGERS, Richard. Cidades para um Pequeno Planeta. 1. ed. [S. l.]: GG Brasil, 2001.
Paraná, Curitiba, 2006.
SANTIAGO, Paola Caiuby; MARCHESANO, Tiago. Guia do Espaço Público. 2. ed. São Paulo:
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini-Aurélio século XXI escolar: O minidicionário
Conexão Cultural, 2016.
da língua portuguesa. 4. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
SENNET, Richard; REIS, Marcos Aarao. Carne e Pedra. 3. ed. São Paulo: Record, 2003
GEHL, Jan. Cidades para pessoas. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 2010.
THOMAZELLI, Candida Marques Devilla. O sensorial no espaço público. Um parque urbano
GEHL, Jan; GEMZOE, Lars. Novos espaços urbanos. 1. ed. Espanha: GG, 2002.
para
a
cidade
de
Bauru-SP.
2017.
70
f. 54
Trabalho de conclusão de curso (Bacharel em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade Paulista,
SOUSA, Rafael Oliveira de. A praça como lugar da diversidade cultural. Tangará da Serra,
Bauru, 2017.
2010. Disponível em: <https://docplayer.com.br/15054343-A-praca-como-lugar-da-diversidade-
TUAN, Yi-fu. Espaço e lugar: a perspectiva da experiência. 1. ed. São Paulo: Difel, 1983.
cultural.html>. Acesso em: 5 abr. 2019.
ZEVI, Bruno. Saber ver a arquitetura. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
REFERENCIAS ELETRÔNICAS GATTI, Simone. Espaços Públicos: Diagnóstico e metodologia de projeto. São Paulo, 2013. Disponível
em:
<https://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=3&cad=rja&uact=8&ved =2ahUKEwiMyp64ZPiAhWZJbkGHUkiB5IQFjACegQIABAB&url=https%3A%2F%2Fwww.passeidireto.com%2Fa rquivo%2F6728521%2Fmanual-de-espacos-publicos&usg=AOvVaw2R10ecZUsZ1L01uQg5xvz>. Acesso em: 16 abr. 2019. JARDIM BOTÂNICO MUNICIPAL DE BAURU. Jardim sensorial. Bauru, [201-]. Disponível em: <http://jardimbotanicobauru.com.br/monitoria-jd-sensorial/>. Acesso em: 30 abr. 2019. JARDIM BOTÂNICO MUNICIPAL DE BAURU. Nossa história. Bauru, [201-]. Disponível em: <http://jardimbotanicobauru.com.br/nossa-historia/>. Acesso em: 30 abr. 2019. MENDONÇA, Adalton da Motta. Vazios e ruínas industriais: Ensaio sobre friches urbaines. São
Paulo,
2001.
Disponível
em:
<http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/02.014/869>. Acesso em: 26 mar. 2019. NEWSLAB; Pesquisas mostram que contato com a natureza tem efeito positivo para a saúde. [S. l.], [201-]. Disponível em: <https://newslab.com.br/pesquisas-mostram-que-contatocom-a-natureza-tem-efeito-positivo-para-a-saude/>. Acesso em: 19 abr. 2019. RAIA, Archimedes. Bauru e o ocaso de uma era ferroviária. Bauru, 2008. Disponível em: <http://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/08.090/1906>. Acesso em: 25 abr. 2019 REDAÇÃO CICLOVIVO. Contato com a natureza previne ansiedade, depressão e estresse. [S. l.], 2019. Disponível em: <https://ciclovivo.com.br/vida-sustentavel/bem-estar/contatonatureza-ansiedade-depressao-estresse/>. Acesso em: 19 abr. 2019.
55
56
57
58
59
60