Abacate: aspectos técnicos da produção

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Programa de Apoio à Produção de Material Didático

Sarita Leonel Aloísio Costa Sampaio

ABACATE: ASPECTOS TÉCNICOS DA PRODUÇÃO


L583a

Leonel, Sarita Abacate : aspectos técnicos da produção / Sarita Leonel, Aloísio Costa Sampaio. – São Paulo : Universidade Estadual Paulista : Cultura Acadêmica Editora, 2008 239 p. ISBN 978-85-98605-44-9 1. Abacate – produção. I. Sampaio, Aloísio Costa. II. Título. CDD 634.653

Ficha catalográfica elaborada pela Coordenadoria Geral de Bibliotecas da Unesp


Universidade Estadual Paulista Reitor

Marcos Macari

Vice-Reitor

Herman Jacobus Cornelis Voorwald

Chefe de Gabinete Kléber Tomás Resende

Pró-Reitora de Graduação Sheila Zambello de Pinho

Pró-Reitora de Pós-Graduação Marilza Vieira Cunha Rudge

Pró-Reitor de Pesquisa José Arana Varela

Pró-Reitoria de Extensão Universitária Pró-Reitora Maria Amélia Máximo de Araújo

Pró-Reitoria de Administração Pró-Reitor Julio Cezar Durigan

Secretaria Geral

Secretária Geral Maria Dalva Silva Pagotto

Cultura Acadêmica Editora Praça da Sé, 108 - Centro CEP: 01001-900 - São Paulo-SP Telefone: (11) 3242-7171


APOIO: FUNDAÇÃO EDITORA DA UNESP FUNDAÇÃO PARA O VESTIBULAR DA UNESP - VUNESP CGB - COORDENADORIA GERAL DE BIBLIOTECAS COMISSÃO EXECUTIVA Elizabeth Berwerth Stucchi José Roberto Corrêa Saglietti Klaus Schlünzen Junior Leonor Maria Tanuri

APOIO TÉCNICO Cecilia Specian Ivonette de Mattos José Welington Gonçalves Vieira

PROJETO GRÁFICO


SUMÁRIO Mercado nacional para o abacate.................................... 7 Botânica e biologia reprodutiva do abacateiro.................... 17 Ecofisiologia do abacateiro............................................. 25 Principais variedades de abacateiro................................. 37 Propagação do abacateiro.............................................. 65 Planejamento e instalação de pomares de abacateiro........... 75 Viabilidade econômica da irrigação no abacateiro.............. 81 Nutrição e adubação do abacateiro.................................. 113 Adubação orgânica do abacateiro.................................... 125 Manejo de culturas intercalares no pomar de abacateiro...... 137 Sistema de podas e reguladores vegetais no manejo da copa do abacateiro............................................................... 153 Doenças do abacateiro................................................... 167 Principais pragas do abacateiro....................................... 175 Colheita do abacate....................................................... 185 Pós-colheita do abacate.................................................. 199 Abacate como fonte terapêutica...................................... 215


SOBRE OS ORGANIZADORES

Sarita Leonel, Engenheira Agrônoma, Mestre e Doutora em Agronomia/Horticultura pela Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP, câmpus de Botucatu/SP. Professor Adjunto do Departamento de Produção Vegetal, setor Horticultura da FCA/UNESP/Botucatu. Vice-coordenadora do Programa de pós-graduação em Horticultura. Atua em nível de graduação e pós-graduação na área de fruticultura.

Aloísio Costa Sampaio, Agrônomo, Mestre em Produção Vegetal pela FCAV/Unesp/Jaboticabal, Doutor em Horticultura pela FCA/ Unesp/Botucatu. Docente do Departamento de Ciências Biológicas da Unesp/FC/Bauru e do Curso de Pós-graduação em Horticultura da FCA/Unesp/Botucatu. Coordena o grupo de pesquisa e extensão: Biologia aplicada à agricultura.


MERCADO NACIONAL E MUNDIAL PARA O ABACATE Angela Vacaro de Souza1 Dentre as atividades agropecuárias, a fruticultura é uma das maiores demandadoras de mão-de-obra. Num país que apresenta grande carência de emprego e de melhores condições de vida no meio rural, esse seu potencial empregador pode contribuir para minimizar problemas como o êxodo rural, o desemprego permanente ou sazonal e a baixa geração de renda pelo segmento produtivo. Apesar do desenvolvimento, inclusive com a adoção de programas de qualidade e rastreabilidade das frutas (PIF - Produção Integrada de Frutas), que atendem a mercados mais exigentes, é fato que a oferta de informações, para embasar a tomada de decisão dos empresários nos vários segmentos da cadeia produtiva ainda é bastante escassa no país. Foram poucos instrumentos disponibilizados nos últimos anos para uma avaliação mais precisa dos mercados, suas oportunidades e riscos, frente às várias opções de fruteiras cultiváveis no país. Nesse ambiente, podemos esperar que momentos de dificuldade possam surgir em um futuro próximo para algumas espécies ou variedades de frutas, já que o crescimento observado na atividade não foi planejado de acordo com a evolução dos mercados. Outro fator de risco, que deve ser considerado, é a concentração da produção de algumas fruteiras em poucas variedades, já que podem haver riscos sanitários, caso surjam pragas que afetem fortemente essas variedades, ou de mercado, com a queda na aceitação da variedade, pelo surgimento de outra com características melhores, ou pela simples substituição, pelo consumidor, por outras frutas. Recente estudo realizado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, 2004) indica uma excelente perspectiva para a demanda de frutas tropicais nos principais mercados, prevendo uma taxa anual média de 8% para o crescimento das importações mundiais até 2010. O mesmo estudo, no entanto, alerta para a necessidade de investimentos no controle de qualidade, ao mesmo Eng. Agrônoma, Mestranda pelo Departamento de Produção Vegetal – Horticultura, Faculdade de Ciências Agronômicas/FCA/UNESP – C.P. 237 – CEP 18.610-307- Botucatu, SP – angelavacaro@hotmail.com.

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tempo que crescem as barreiras não tarifárias nos principais países importadores. Os produtores brasileiros vêm investindo pesadamente, com o apoio do governo federal, na produção e pós-colheita, para adequar nossas frutas às exigências dos principais mercados e têm buscado ampliar os mercados compradores, através de ações de promoção. Originário da américa tropical, de regiões colonizadas pelos espanhóis, o abacate se espalhou até a América do Sul chegando a Amazônia, podendo ser encontrado em todas as regiões do globo que possuem solos férteis e onde haja calor que lhe seja suficiente. Considerado uma das frutas tropicais mais valiosas, o abacateiro é cultivado na maioria das regiões tropicais e subtropicais, principalmente no México, América Central, partes das América do Sul, nas Índias Ocidentais, África do Sul, Israel e no Havaí; e em menor expressão, na Índia, República Malgache, Reunião, Madeira, Samoa, Taiti, Argélia, Austrália, EUA (Flórida e Califórnia), entre ou-tros (TEIXEIRA, 1991). Certamente, o primeiro fator a ser considerado, durante a escolha do local é o mercado final para o cultivar que se pretende plantar. O abacateiro somente inicia sua produção a partir de 3-4 anos de idade, atingindo o pico aos 15 anos, requerendo-se desse modo, uma escolha cuidadosa. O mercado deve ser analisado a nível local, estadual, nacional e internacional. É necessário estudar a evolução dos preços nos últimos anos, e realizar projeções com relação às tendências ou comportamentos futuros. O padrão de fruta exigido pelo mercado a que se pretende atingir deve ser levado em conta. Nos países europeus e América do Norte, a preferência é por frutos pequenos com alto teor de óleo. O consumidor brasileiro, ao contrário, prefere frutos grandes e com baixo teor de óleo. Cultivares precoces ou tardias, comercializadas no início ou final da safra são preferidas por alcançarem melhores preços para a produção. Além disso, a precocidade pode ser acentuada se o plantio for realizado em regiões com altas temperaturas, e a colheita dos cultivares tardios pode ser retardada pelo plantio em regiões mais frias. Todavia, estes cultivares podem ser menos produtivos (KOLLER, 1984). O agronegócio frutícola no Brasil apresentou grande dinamismo nos últimos 15 anos, o que permitiu ao país atender boa parte da de-


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manda interna de frutas in natura e derivados e, ainda assim, ampliar sua participação no mercado mundial desses produtos, principalmente de frutas tropicais. A safra brasileira de frutas alcançou o volume recorde de 41,4 milhões de toneladas em 2004. O Brasil destina 52,5% da sua produção de frutas para o consumo in natura (interno e externo) e 47,5% para o processamento industrial (LIMA, 1999). As frutas destinadas ao consumo in natura são voltadas, em sua quase totalidade, para o mercado interno, com exceção do melão que tem 24% da produção voltada à exportação. Especialistas do setor em todo o mundo desenham um cenário bastante positivo para o comércio internacional de frutas e os principais indicadores comprovam, destacando-se as frutas tropicais, cuja demanda nos países desenvolvidos é crescente. Segundo o Agrianual (2007), a produção mundial de abacate foi de 3,2 milhões de toneladas no ano de 2005. Do ano de 1998 até 2005 a produção mundial da fruta apresentou um aumento substancial de cerca de 30% enquanto que a área colhida mundial no mesmo ano teve um aumento de cerca de 20% O abacate é consumido como alimento sob diversas formas no Norte da América do Sul, América Central e México, tais como, purê, saladas, temperado com sal, pimenta, vinagre e outros condimentos, além de outros pratos, nas diversas refeições do dia (KOLLER, 1984). Além do seu valor na alimentação, o abacate tem sido aproveitado para várias outras aplicações: da polpa obtêm-se óleos comerciais; da semente produz-se uma tinta castanho-arroxeada; as flores odoríferas fazem do abacateiro uma planta melífera, e outras partes da planta, tais como: folhas, caroços, casca dos frutos e casca do tronco, têm sido utilizadas pela medicina popular (Teixeira, 1991). Segundo Donadio (1995), apesar do grande volume produzido por países americanos como o Brasil e o México (maior produtor mundial), apenas os EUA, entre os países americanos, tem sua produção voltada para a exportação, sendo o principal fornecedor do Japão. O mercado externo é bastante exigente no tocante a padrões de qualidade e variedades específicas. Destacam-se na produção destinada à exportação, Israel, Espanha e África do Sul. A importação européia, que ao final da década de 60 era apenas de 10 mil toneladas, conforme Donadio (1995), chegou a mais de 120 mil toneladas no final da dé-


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cada de 80, projetando um volume de 275 mil toneladas anuais para o final da década de 90. Segundo uma análise de mercado feita pelos espanhóis, os preços caíram e persistem com tendência de queda, mas ainda assim, são atraentes. Ainda de acordo com este autor, o mercado europeu é considerado pequeno em termos de consumo per capita por ano, que está em torno de 100g. Donadio (1995) lembra que o abacate não é consumido na Europa como fruta, mas sim, como hortaliça, em entradas, saladas e outros pratos. O mercado externo do abacate tem mostrado crescimento devido, principalmente, a fatores que incluem avanços nas tecnologias de pós-colheita e no sistema de transporte marítimo; reduções contínuas de barreiras comerciais; forte demanda pelo consumo de abacate baseado, entre outros motivos, pela divulgação dos benefícios do consumo da fruta na saúde, além do aumento de áreas e incentivos nos maiores países produtores, particularmente México e Chile, que devem continuar na liderança dos países exportadores (Evans e Nalampang, 2006). Vilela et al. (2005) ao avaliarem as tendências de mercado, desenvolveram uma tabela de risco, alertando para as culturas e condições econômicas que poderiam significar maior ou menor grau de risco futuro aos produtores e definiraram três grupos de fruteiras, distinguidos pelo grau de risco futuro projetado de mercado. No primeiro, onde foram listadas as culturas com menor risco de mercado estão o abacate e a banana. Estes produtos apresentaram taxa negativa de crescimento da produção entre 1990 e 2003 e, em qualquer cenário econômico futuro, a demanda supera a produção. No segundo grupo, o das culturas com risco futuro aumentado em condições de baixo crescimento econômico, estão goiaba, limão e uva; são produtos com baixo consumo per capita e/ou alto valor agregado, exigindo maior capacidade de compra para incorporação na dieta dos consumidores. Em cenários de menor crescimento econômico poderá haver excesso de oferta no mercado interno entre 2010 e 2015. O terceiro grupo de culturas que, mesmo com elevadas taxas de crescimento da economia, apresentam maior risco de excesso de oferta no mercado interno são o abacaxi, coco, mamão, manga, maracujá, pêssego e tangerina. Em relação ao aproveitamento industrial, apesar das qualidades para o aproveitamento desta fruta, não há grande demanda no mercado mundial para este fim (DONADIO, 1995). O maior produtor mundial é o México ficando o Brasil em quarto


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lugar no ranking, com uma produção, em 2006, de 169.335 toneladas em área de 11.548 ha, para uma produção mundial de aproximadamente 3,3 milhões de toneladas e área de 346 mil ha (FAO, 2007). No Brasil, a abacaticultura teve grande desenvolvimento na década de 1970 devido aos incentivos fiscais concedidos pelo Governo Federal, dentro do programa de reflorestamento do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), que financiou pomares com características comerciais a partir de mudas enxertadas (Campos, 1984). Segundo dados do Agrianual (2007), para o ano de 2005, a situação econômica da cultura nos principais países produtores da cultura em produção (ton) e área (ha) estão descritos na Tabela 1. Tabela 1: Situação econômica mundial da cultura do abacate. SITUAÇÃO ECONÔMICA DA CULTURA País Área (ha) Produção (ton) México 100.000 987.000 Indonésia 41.232 263.575 Estados Unidos 28.000 247.000 Brasil 12.000 185.811 Africa do Sul 12.500 182.000 Mundo 389.247 3.229.121 Fonte: Agrianual 2007.

Embora o Brasil esteja bem posicionado na classificação dos maiores produtores, exportou em 2003 apenas cerca de US$ 302 mil (SECEX, 2003). Com certeza grande parte deste volume exportado, deve-se ao trabalho da Fazenda Jaguacy, localizada no Município de Bauru (SP), que cultiva o cv. Hass desde 1980. Atualmente, a Jaguacy Brasil através de um sistema de parceria conta com 20 produtores associados distribuídos pelo Estado de São Paulo, sendo apenas um produtor no Estado de Minas Gerais. As áreas produtivas dos parceiros da Jaguacy Brasil variam de 05 a 170 hectares em produção. A safra de 2006 do cv. Hass produzido pelos parceiros e comercializado pela Jaguacy Brasil foi de mil toneladas da fruta, sendo 86% destinada à exportação e 14% ao mercado doméstico (Informação pessoal de Vitor Carvalho, 2007).


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O México é o maior exportador e a França, o maior importador. Assim, a produção brasileira é praticamente destinada ao mercado nacional. No Estado de São Paulo, na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP), o comércio de abacate encontra-se concentrado em poucos atacadistas. Nos últimos cinco anos os cultivares mais comercializados foram: Geada e Fortuna. A produção brasileira está distribuída principalmente pela Região Sudeste, seguida pelo Nordeste e Sul, sendo o Estado de São Paulo o maior produtor, com produção em 2005, de 79 mil toneladas (46% do total nacional). O segundo Estado produtor, Minas Gerais, apresenta participação ao redor de 20%, seguido pelo Paraná com 12%, Espírito Santo com 5% e o Rio Grande do Sul com 4,7% (Agrianual, 2007). O Mercado interno é o maior consumidor da fruta. A tabela 2 mostra a produção brasileira (ton) da fruta dividida por região de cultivo. Tabela 2: Produção brasileira de abacate (ha) e área colhida.

PRODUÇÃO BRASILEIRA E ÁREA COLHIDA – 2005 Região Produção (ton) Área colhida (ha) Norte 4.599 700 Nordeste 9.074 946 Sudeste 123.467 7.918 Sul 30.350 2.218 Cento-oeste 3.044 151 Brasil 17.534 11.933 Fonte: Agrianual 2007.

Diferenças nos rendimentos agrícolas entre os Estados devem-se, principalmente, às formas de cultivo, de tratos culturais além da diversidade de cultivares em função das preferências dos consumidores das várias regiões. No Estado de São Paulo, 16% da área com abacate é colhida no mês de abril, seguida por 13% em março e 11% em fevereiro, porém a colheita de abacate no Brasil é feita o ano todo. Isto é possível através do plantio de diferentes variedades. Levando em consideração os estados maiores produtores da fruta, segue a tabela 3 mostrando a situação econômica da cultura em área


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colhida (ha) e produção (ton). Tabela 3: Situação econômica da cultura em 2005. SITUAÇÃO ECONÔMICA DA CULTURA Estado Área (ha) Produção (ton) São Paulo 4.458 79.864 Minas Gerais 2.705 34.361 Paraná 1.567 22.034 Espírito Santo 715 8.555 Brasil 11.933 17.534 Fonte: Agrianual 2007.

A cultura do abacate pode ser encontrada em praticamente todo o Estado de São Paulo, porém 75% da área total cultivada encontra-se em 39 municípios, sendo os principais, Mogi-Mirim e Jardinópolis. O plantio de novas áreas nos primeiros anos da década de 1990 justificou o aumento dos rendimentos a partir de 2001. O Brasil é um país que tem a sua produção voltada principalmente para o mercado interno. Por isso, a lista de variedades tende a aumentar muito devido à seleção local. As variedades locais são importantes por sua adaptação às condições climáticas, hábitos de consumo, resistência a doenças, qualidade, aparência e conservação pós-colheita. No Brasil, destacam-se as variedades Quintal e Fortuna. A definição das zonas climáticas de maturação de abacate no Estado de São Paulo é de grande importância prática, pois permite a escolha das variedades que produzam, em uma determinada região, exatamente na época em que os preços de mercado sejam mais compensadores. A época de maturação das variedades de abacate no Estado de São Paulo é bastante diferenciada em suas diversas regiões ecológicas. Isso se deve basicamente ao efeito da temperatura do ar sobre o desenvolvimento da planta, principalmente no período entre o florescimento e a maturação (LUCCHESI & MONTENEGRO, 1975). Montenegro (1956), em levantamentos do número de abacateiros do Estado de São Paulo, verificou que uma mesma variedade amadurecia em épocas diferentes nas distintas regiões do Estado. Baseado


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nessas observações, regionalizou o Estado de São Paulo em cinco zonas de maturação: 1) Zona de Ribeirão Preto; 2) Zona de Limeira; 3) Zona de Valinhos; 4) Zona de Buri e 5) Zona de São Sebastião. Trabalho semelhante foi realizado por Platt (1975) para abacateiros na Califórnia (EUA). O zoneamento feito por Montenegro (1956), que representou importante contribuição na implantação e desenvolvimento da abacaticultura paulista, sendo até hoje bastante utilizado por extensionistas e produtores, é pouco detalhado, pois coloca em uma mesma zona de maturação regiões climáticas bastante distintas. Este é o caso das regiões de Franca e de Votuporanga, situadas na Zona de Ribeirão Preto, porém com características climáticas diferentes. Esses equívocos provavelmente se devem à pequena disponibilidade de informações sobre o desenvolvimento da planta nas diferentes regiões do Estado na época em que o estudo foi realizado. Atualmente, técnicas como a estimativa da temperatura média em função de variáveis geográficas (PEDRO JR. et al, 1991) e o conceito dos Graus-dia (HOLMES & ROBERTSON, 1959) permitem a obtenção de resultados mais precisos e detalhados do desenvolvimento das plantas nas diferentes regiões ecológicas. Os cultivares mais utilizados no mercado interno são: Simmonds, Barbieri, Collinson, Quintal, Fortuna, Breda, Reis, Solano, Imperador, Ouro Verde e Campinas. No mercado externo e para a industrialização são mais empregados os cultivares: Tatuí, Hass e Wagner. As variedades Hass e Fuerte vêm sendo comercializadas no mercado nacional sob a denominação “Avocado” e por serem cultivares diferenciados têm sido mais valorizados. As variedades: Ouro Verde, Geada e Fortuna são mais comerciáveis no exterior, devido ao seu formato. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGRIANUAL. Anuário da Agricultura Brasileira. 10. ed. São Paulo: FNP Consultoria & Agroinformativos, 2007. p. 142-144. CAMPOS, J. S. Abacaticultura paulista. Campinas: CATI, 1984. 92p. (Boletim Técnico, 181).


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DONADIO, L. C. Abacate para exportação: aspectos técnicos da produção. 2a. ed. rev aum. Publicações técnicas FRUPEX, n º 2. Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária, Secretaria de Desenvolvimento Rural, Programa de Apoio à Produção e Exportação de Frutas, Hortaliças, Flores e Plantas Ornamentais. Brasília. EMBRAPA – SPI, 1995. 53p. EVANS, E.; NALAMPANG, S. World, U.S. and Florida Avocado Situation and Outlook. World Trade Organization, 2006. 10p. FOOD AGRICULTURAL ORGANIZATION – FAO (2007). Statistical database. Disponível em: www.apps.fao.org. Acesso em: 26 nov. 2007. HOLMES, R.M., ROBERTSON, G.W. Heat units and crop growth. Ottawa, Canada Department of Agriculture. Publication n. 1042, 1959. 35 p. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICO – IBGE. Produção Agrícola Municipal. Rio de Janeiro, 2004. Disponível em: www.sidra.ibge.gov.br. Acesso em: 10 abr. 2007. KOLLER, O.C. ABACATICULTURA. Porto Alegre. Ed. Da Universidade/UFGRS, 1984. 138p. LIMA, J. P. R.; MIRANDA, E. A. Novo ciclo de investimentos e inovação tecnológica no Nordeste. Segmento: Fruticultura. Contrato de Consultoria para o Banco do Nordeste, Relatório 1, Recife, abr,1999. LUCCHESI, A.A., MONTENEGRO, H.W.S. Influência ecológica no desenvolvimento do fruto e no teor de óleo na polpa do abacate (Persea americana, Miller). Anais da ESALQ, Piracicaba, v. 32, n. 1, p. 419- 447. 1975. MONTENEGRO, H.W.S. Contribuição para o estudo pomológico do abacateiro. Piracicaba: USP,1956 92 p. Tese (Livre Docência) Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, 1956.


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PEDRO JR., M. J.; MELLO, M. H. A.; ORTOLANI, A. et al. Estimativa das temperaturas médias mensais das máximas e das mínimas para o Estado de São Paulo. Campinas. Instituto Agronômico, 11 p., 1991 (Boletim Técnico n. 142). SECRETARIA DE COMÉRCIO EXTERIOR – SECEX. 2003. Disponível em: Acesso em: 10 abr. 2007. TEIXEIRA, C. G. Cultura [do abacate]. In: TEIXEIRA, C. G. et al. ABACATE: cultura, matéria prima, processamento e aspectos econômicos. 2a. ed. Série Frutas Tropicais n º 8, ITAL, Campinas, 1991. 250p. VILELA, P.S.; CASTRO, C.W. de; AVELAR, S.O. de C. Análise da oferta e da demanda de frutas selecionadas no Brasil para o decênio 2006/2015, 2005.


BOTÂNICA E BIOLOGIA REPRODUTIVA DO ABACATEIRO Márcia Regina Antunes Maciel1 Características botânicas do abacateiro O abacate (Persea Americana Mill.) teve origem na América Central e possui ampla distribuição, desde regiões tropicais e subtropicais do planeta. Pertence a família Lauraceae, que é considerada uma das famílias mais primitivas dentro da divisão Magnoliophyta. Tal fato se deve às suas características morfológicas e anatômicas que as aproxima de outras famílias como Calycanthaceae, Idiospermaceae e Hernandiaceae. As Lauraceae apresentam-se amplamente distribuídas através das regiões tropicais e subtropicais do planeta, sendo formadas por 49 gêneros e 2.500 - 3.000 espécies, sendo que no Brasil ocorrem cerca de 400 espécies. É considerada uma das mais complexas famílias do ponto de vista taxonômico devido ao grande número de espécies e por serem utilizados caracteres crípticos na distinção de gêneros e espécies (Cronquist, 1988; Werff e Richter, 1996; Castro e Lorenzi, 2005). Atualmente, o abacate é inserido no gênero Persea e é considerado nativo do Brasil (Castro e Lorenzi, 2005). Os primeiros registros relativos à utilização das espécies desta família datam de 2.800 A.C, sendo originários da Grécia antiga. Isso influenciou o nome de muitos gêneros que fazem uma alusão àquela época. Laurus L., por exemplo, vem do celta “lauer” que significa verde ou ainda “laus” que significa louvor e o gênero Phoebe, tem o seu nome relacionado ao Deus Apolo. Outras espécies utilizadas desde a Grécia antiga são as pertencentes ao gênero Cinnamomum Schaeffer, que significa “caneleira” em grego (Barroso et al., 1978; CO-TEIXEIRA, 1980, in Marques, 2001), e os nativos do Peru já usavam-na há mais de três mil anos. Marques (2001) estudou a importância econômica da família Lauraceae; comentando que há um número expressivo de espécies, com uma grande diversidade de usos, com destaque para as que posDoutoranda Horticultura/Dept.° Produção Vegetal/Faculdade de Ciências Agronômicas/ UNESP/Botucatu, SP. macieletno@fca.unesp.br

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suem utilização medicinal e na indústria. Ainda ressalta que o alto valor econômico das espécies com uso madeireiro, tem levado a uma exploração crescente ao longo dos anos, fazendo com que estas se tornem “vulneráveis” ou mesmo “em perigo de extinção”, segundo classificação da União Internacional para Conservação da Natureza e Recursos Naturais (I.U.C.N) (Vieira et al., 1997). Concordando com o referido autores é necessário e urgente estudos direcionados para as espécies nativas desta família, que podem ser fonte de vários usos como alimentício e medicinal, entre outros. Para as espécies comerciais, o abacateiro, já é consagrado, no entanto é interessante pesquisar o uso múltiplo dos produtos, como o óleo de abacate, que é comestível e pode ter outras aplicações, como por exemplo, a medicinal. O abacateiro é uma árvore com copa aberta, e ramos bifurcados e o crescimento decorre da gema apical. A casca dos ramos e tronco é suberosa, recortada, grossa, com espessura de até 3 cm e cor variável entre cinza claro e escuro, podendo atingir 20 metros de altura. As folhas mostram variações de comprimento de 14 a 19 cm, largura de 7 a 9 cm, com pecíolos de 3 a 4,5 cm. O ápice da folha é geralmente afilado, com a base foliar de ângulo maior, com 90 a 100 graus. A face superior é glabra e a inferior pubescente. São perenes podendo haver renovação total na época da florada. São simples e inteiras, com pecíolo curto, sua forma é elíptica e a nervação penada. O limbo é de cor creme claro, quebradiço e com vasos grandes. Os ramos novos possuem pêlos e podem variar de cor, dependendo da raça. As flores possuem sépalas com 5 mm, e pétalas um pouco maiores e os estames são quadriloculares, fornecem pólen (mantem-se viáveis 5-6 dias, a uma temperatura de 20 a 32ºC). Três estaminódios secretam néctar e são hermafroditas, simétricas, verde-amareladas, com aproximadamente 1 cm de diâmetro. As panículas podem possuir até 200 flores, originárias de gemas florais terminais (apenas 1% irá originar frutos), além disso, esta planta apresenta dicogamia. O fruto é do tipo drupa, com casca (pericarpo) delgada, grossa ou quebradiça, de coloração verde-oliva e brilhante, tem polpa (mesocarpo) carnosa, espessa e cremosa, de coloração creme-amarelada, rica em óleos vegetais. As sementes são cobertas pelo endocarpo (envoltório coriáceo) recobrindo os cotilédones. O pedúnculo é de tamanho médio a longo, inserido no centro ou lateralmente no fruto por uma parte mais


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grossa chamada pedicelo. As grandes variações de cor, formato, tamanho, casca, polpa e semente podem ocorrer nos frutos do abacateiro, dependendo das raças e variedades. Seu peso pode variar de 50 g a 2,5 kg, e tem grande valor alimentício. O fruto quando maduro tem a seguinte composição bromatológica: água, 71,51%; proteína, 2,15%; matérias graxas, 19,31%; carboidratos, 5,63%; cinza 1,36%. O abacate é um fruto que tem grande apreciação popular, e é comumente encontrado nos quintais, em especial nas áreas mais afastadas do centro urbano. As pessoas que mantém esta árvore em seus quintais, além de saborear a fruta, faz uso medicinal das folhas, casca. O potencial industrial desta planta é pouco estudado e explorado no Brasil. Portanto maiores pesquisas, voltadas para o aproveitamento múltiplo e industrialização do óleo, por exemplo, pode ser interessante para os produtores e para a economia do país. Abacateiro comercial Segundo Maranca (1993), deve-se a Willians (1976), a classificação das variedades de abacateiro existentes em três raças, como ele as chamou e continuam sendo assim conhecidas. O abacateiro apresenta três raças comerciais: a Mexicana (Persea americana var. drymifolia), Antilhana (P. americana var. Americana) e Guatemalteca (P. nubigena var. Guatemalensis). Essa classificação é atualmente bem aceita, embora todos também podem se referir ao abacateiro apenas como P. americana Mill. Cultivares de abacate são em geral, híbridos entre as espécies ou raças mexicana, antilhana ou guatemalense (Quadro 1). Maranca (1993), salienta que a chave para diferenciar as três raças leva em consideração o aroma emitido pelas folhas e outros caracteres do abacateiro, como época de maturação dessas três raças. A) As folhas, quando esfregadas, exalam cheiro de anis. 1. Árvore relativamente resistente ao frio; maturação dos frutos em 6 a 8 meses depois do florescimento, dependendo do clima. Fruto pequeno com casca fina, suave, lisa. Semente relativamente grande.................................................. Raça Mexicana. AA) As folhas, quando esfregadas, não exalam cheiro de anis. 2. Árvore menos resistente ao frio; maturação dos frutos em 10 a 15 meses depois do florescimento. Fruto de tamanho médio a grande. Casca grossa e dura, superfície geralmente áspera.


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.................................................................................................. Raça guatemalteca. 3. Árvores ainda menos resistente ao frio; maturação dos frutos em 6 a 8 meses depois do florescimento. Fruto de tamanho médio a grande. Casca grossa, mas suave e com superfície lisa............................................................................................... Raça antilhana. QUADRO 01 – Outras características utilizadas para diferenciar as três raças de abacateiro: Antilhana GuateMexicana malense Folhas

Sem aroma 20 cm

Época de floresciAgo-Set mento Estação de Dez-Mar amadurecimento Tempo entre a for- 5-8 meses mação do fruto e a maturação Tamanho dos frutos 400-2000 g Textura da casca Coriácea Teor de óleo Origem (altitude) Suscetibilidade à geada (planta adulta) Vida pós-colheita Tolerância à alcalinidade Tolerância à salinidade

Baixo 0-1000 m Alta (-2,5 ºC)

Sem aroma de 15-18 cm Set-Out

Cheira igual erva-doce (anis) de 8-10 cm Jul-Ago

Mar-Set

Dez-Abr

10-13 meses

6-8 meses

200-2000 g 50-400 g Grossa e Macia e fina quebradiça Médio a alto Médio a alto 1000-1800 m 1800-2600 m Média (-4 ºC) Baixa (-5,5 ºC)

Baixa Alta

Alta Média

Média Baixa

Alta

Média

Baixa


BOTÂNICA E BIOLOGIA •

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Fonte: MARANCA (1993)

Biologia reprodutiva do abacateiro O abacateiro inicia a produção, por volta dos três anos de idade em plantas enxertadas, e até os oito anos, nas oriundas de pé-franco. A polinização e fecundação são necessárias para a produção de frutos. O pólen pode ser levado até 2 Km. A fecundação ocorre em 28 horas e é possível a partenocarpia, que originará frutos pequenos. A frutificação pode ser afetada por uma série de fatores, como o clima, tipo de raças, cultivares, porta-enxertos, tratos culturais, polinização cruzada e os insetos. A germinação ocorre a partir de 25ºC. Temperaturas de 28-33ºC ocasionam queda das flores. A participação de insetos é essencial para a reprodução do abacateiro, em especial as abelhas. É uma planta que apresenta dicogamia protogínica das flores, ou seja, o órgão feminino está sempre pronto para funcionar antes dos órgãos masculinos e dependendo do período desse comportamento, convencionou-se classificar as variedades de abacateiro nos tipos A ou B (quadro 2). QUADRO 2 – Dicogamia das flores do abacateiro Tipo A Tipo B Manhã

1º dia

2º dia

Tarde

Flores abertas com estigmas receptivos Flores fechadas

Noite Manhã

Flores fechadas Flores fechadas

Tarde

As flores abrem novamente com estames deiscentes

----------

Flores abertas com estigmas receptivos Flores fechadas Flores abertas novamente com estames deiscentes

Fonte: Portal Toda Fruta (2007).


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• ABACATE

Assim o interplantio de variedades dos tipos A e B, atende à necessidade de polinização cruzada, aumentando assim as possibilidades de fecundação e formação de frutos. As flores hermafroditas apresentam dicogamia. A época da maturidade do pistilo não corresponde à da deiscência das anteras e isto é um fato que precisa ser considerado na escolha das variedades. Nunca se planta uma só variedade. Num pomar bem organizado e fecundo, 25% das plantas serão do grupo A, outros 25% do grupo B e os 50% restante poderão ser de outras variedades. A classificação se refere ao modo de floração do abacateiro. Para obter uma boa polinização é preciso que no mesmo pomar existam variedades de abacateiro A e B. Nos abacateiros de variedades A, a primeira abertura da flor ocorre de manhã, quando o estigma (parte que recebe o pólen) está aberto, pronto para ser polinizado. Mas as anteras, que contêm os grãos de pólen, só vão abrir-se na tarde do dia seguinte, quando o estigma não tem mais condições de receber o seu pólen. Nos abacateiros do grupo B, a abertura do estigma e da antera tem alternâncias diferentes, complementando as aberturas das flores dos abacateiros do grupo A. Assim, o pólen saído das anteras das flores de um grupo de abacateiros vai para os estigmas das flores do outro grupo e ocorre o que se chama de polinização cruzada. O pólen é levado de uma planta para outra por insetos, principalmente abelhas. Por isso é aconselhável que as plantas polinizadoras não estejam a mais de 15 m de distância das que devem ser polinizadas e que haja duas colméias por hectare. Caso o agricultor queira colher abacates de uma só variedade, é preciso que haja no mínimo 10% de plantas polinizadoras do outro grupo. Sabendo-se escolher as variedades, é possível ter abacate durante o ano inteiro, pois cada uma delas terá a sua própria época de frutificação (Pimentel, 2007; todafruta, 2007). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRUCKNER, C., H. Melhoramento de fruteiras tropicais. Ed. UFV, 2002. PIMENTEL, G. R. Fruticultura Brasileira. São Paulo: Nobel. 2007.


BOTÂNICA E BIOLOGIA •

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MARANCA, G. Fruticultura comercial: manga e abacate. São Paulo: Nobel. 1993. MARQUES, C. A.,. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DA FAMÍLIA LAURACEAE Lindl. Floresta e Ambiente. Universidade Federal de Viçosa. V. 8, n.1, p.195 - 206, jan./dez. 2001. SOUZA, V. C.; LORENZI, H. Botânica Sistemática: Guia ilustrado para identificação das famílias de angiospermas da flora brasileira, baseado na APG II. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2005. http://www.todafruta.com.br/todafruta/noticias_su.asp?menu=257 acesso em 15/03/2007.



ECOFISIOLOGIA DO ABACATEIRO Jaime Duarte Filho1 Sarita Leonel2 Csaignon Mariano Caproni1 Ronaldo Simões Grossi3 1 – INTRODUÇÃO O abacateiro pertence à família Lauraceae, que compreende cerca de 50 gêneros, sendo Persea o subgênero do abacate, com várias espécies se aproximando do abacateiro comercial, este pertencente a três espécies e variedades hortícolas que caracterizam as três raças: a) Mexicana – Persea americana var. drymifolia; b) Antilhana – Persea americana var. americana e c) Guatemalense ou Guatemalteca – Persea nubigena var. guatemalensis. As variedades comerciais são em geral híbridas dessas três espécies. Essa diversidade genética confere ao abacateiro condições de adaptação às mais variadas situações de clima e solo que superam as de muitas outras frutíferas. Sob este aspecto, segundo Donadio (1992), vale destacar a grande resistência ao frio que tem a raça mexicana, enquanto a antilhana é considerada de boa adaptação à região tropical, e a guatemalense é tida como intermediária. Quanto ao solo destaca-se a maior adaptação da raça antilhana aos solos salinos, o que tem possibilitado o seu plantio comercial em áreas com estas características, mediante o uso de porta-enxertos da raça ou de seus híbridos. 2 – EXIGÊNCIAS EDAFOCLIMÁTICAS DO ABACATEIRO Para que possa crescer e produzir bem, o abacateiro necessita de condições climáticas e de solos favoráveis. 2.1 – Solo O solo, através de suas características físicas, químicas e biológicas, deve fornecer suporte adequado ao abacateiro, influindo diretaEngenheiros Agrônomos. Pesquisadores da EPAMIG-CTSM. duartefilho@epamig.br UNESP. Faculdade de Ciências Agronômicas. Departamento de Produção Vegetal. Setor Horticultura. sarinel@fca.unesp.br 3 Engenheiro Agrônomo. SAA/CATI. Casa da Agricultura de São Manuel. ca.saomanuel@cati.sp.gov.br 1 2


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mente sobre o seu crescimento e produtividade. São importantes no solo: a disponibilidade de água, de ar e de nutrientes. A água e o ar dependem das condições físicas, e os nutrientes, das condições químicas e biológicas. Na seleção dos solos, devem ser observadas com prioridade as condições físicas, que são difíceis de serem mudadas. As melhorias químicas podem ser obtidas mais facilmente, através de calagem e adubações. Do ponto de vista das condições físicas, segundo Donadio (1992) o abacateiro é uma das frutíferas mais exigentes em matéria de solo, devendo estes terem boa drenagem e profundidade. Desta forma, solos mistos, areno-argilosos e profundos são os mais indicados, devido à sensibilidade desta espécie à asfixia, de maior ocorrência em solos argilosos ou rasos com camada impermeável. Afora essas considerações, são características importantes do solo a acidez (pH) e o nível de umidade e salinidade, em relação aos quais o abacateiro é muito sensível e exigente. O índice de salinidade, medido pela condutividade elétrica, de até 2 mm hos/cm é considerado normal para a cultura, enquanto que aqueles acima de 3 mm hos/cm pode causar problemas à planta, tais como queima da ponta e bordos das folhas e queda da produção (Donadio, 1992). Em muitas partes do mundo, o crescimento e a produtividade do abacateiro são bastante prejudicados em solos com deficiência de oxigênio resultantes da má drenagem dos solos, da compactação ou de inundações na zona radicular (Schaffer, 2006). A privação total (anoxia) ou parcial (hipoxia) do oxigênio no solo provoca no abacateiro: redução do desenvolvimento tanto do sistema radicular quanto da parte aérea, murcha moderada a severa do caule e das folhas, abscisão de folha e necroses nas raízes (Schaffer, Whiley, 2002). O desenvolvimento vegetativo e reprodutivo do abacateiro e de muitas outras plantas é diretamente proporcional à disponibilidade de água no solo. Segundo Larcher (2000) a primeira e mais sensível resposta ao déficit hídrico é a diminuição da turgescência e, associada a esse evento, a diminuição do processo de crescimento (particularmente o crescimento em extensão). Essa resposta e muitas outras foram observadas no abacateiro por Chartzoulakis et al. (2002), que avaliando


ECOFISIOLOGIA DO ABACATEIRO •

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o efeito do estresse hídrico sobre dois cultivares de abacateiro ‘Fuerte’ e ‘Hass’, observaram que o diâmetro do tronco de ‘Fuerte’ e ‘Hass’ foi reduzido em 34 e 39%, respectivamente, após seis meses sob condições de estresse. Além disso, esses mesmos cultivares apresentaram uma redução significativa de 57 e 69% na área foliar total e de 63 e 80% na massa seca total das plantas, respectivamente. Foi observado, também, que plantas sob condições de estresse apresentaram folhas de tamanho inferior e com menor peso específico e uma redução da biomassa das raízes fibrosas em ambos cultivares, entretanto, com maior expressão em ‘Hass’. A faixa de pH ideal está entre 5 e 7. Solos com pH mais baixo devem ser corrigidos via calagem, já solos com pH mais alto podem provocar deficiência de microelementos, especialmente de ferro, bastante demandado pelo abacateiro (Donadio, 1992; Maranca, 1980). De acordo com o relato de koller et al. (2002), deve ser tomado um cuidado especial com o uso de solos compactados, com teor de argila superior a 70%, mal drenados, ou em locais planos, onde na época das chuvas o lençol freático aflora a menos de 2 m de profundidade, porque essas condições de mau arejamento são propícias ao aparecimento da doença gomose (Phytophthora cinnamomi). A doença se manifesta no sistema radicular, causando o apodrecimento das radicelas, da casca de raízes grossas e do tronco das árvores da região do colo, sendo o controle difícil e caro. O mais aconselhável é o plantio em solos profundos, porosos e bem drenados. 2.2 – Clima O abacateiro possui ampla capacidade de adaptação às condições mais variadas de clima. Em que pese à variabilidade genética e sua interação com o ambiente, os principais parâmetros climáticos que exercem influência sobre o abacateiro são: Temperatura A temperatura do ar atua no processo de evapotranspiração, devido ao fato de que a radiação solar absorvida pela atmosfera e o calor emitido pela superfície cultivada elevam a temperatura do ar. O ar aquecido próximo às plantas transfere energia para a cultura na forma de fluxo de calor sensível, aumentando as taxas evapotranspiratórias.


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Além disso, a temperatura interfere na atividade fotossintética das plantas, por que este fenômeno envolve reações bioquímicas, cujos catalisadores, as enzimas, são dependentes da temperatura para expressar sua atividade máxima (Larcher, 2000). A temperatura, juntamente com a luminosidade, exerce forte influência no desenvolvimento reprodutivo do abacateiro, afetando principalmente o florescimento em todas as suas fases, desde o processo de dicogamia, verificada nesta espécie, até o processo da polinização e da germinação do grão de pólen (Davenport, 1986, Sedgley e Annells, 1981; Donadio 1992). Segundo Davenport (1986) temperaturas durante o dia de 20ºC e a noite entre 5-15ºC promovem a indução floral do abacateiro. Entretanto, essa resposta é variável conforme o cultivar, em função da sua descendência, segundo Wolfe et al. (1942), que observou que abacateiros da raça antilhana não suportam temperaturas inferiores a -4,4ºC e são injuriadas consideravelmente a -2,8ºC, enquanto a maioria dos cultivares guatemalenses não suportam temperaturas abaixo de 6,1ºC, e alguns cultivares mexicanos, muito resistentes, suportam temperaturas inferiores a -7,7ºC. A temperatura do solo exerce, também, influência sobre o desenvolvimento do abacateiro e, da mesma forma, é variável conforme a raça. Yusof et al. (1969) observaram que abacateiros jovens da raça mexicana submetidos a três temperaturas de solo (21, 27 e 32ºC), apresentaram diferenças significativas nos seguintes parâmetros: massa fresca do sistema radicular, massa seca do caule e total e na altura e circunferência do caule. Foi observado também que as diferentes temperaturas influenciaram no status nutricional das folhas, pela maior ou menor absorção de macro e microelementos. De acordo com o relato de Bergh & Lahav (1996) um dos objetivos do melhoramento genético do abacateiro é a seleção de cultivares tolerantes ao frio, visando à exploração econômica em regiões sujeitas a geadas. Estudos já comprovaram que existe uma grande variabilidade genética em relação à tolerância ao frio entre as raças e entre cultivares dentro das raças. Platt (1975) estabeleceu os limites de tolerância ao frio sob condições da Califórnia/EUA para o cultivar Fuerte que foi de -2,8ºC. Toohill & Alexander (1979) ponderaram que a fixação de limites exa-


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tos de tolerância ao frio é de difícil demarcação, visto que os danos causados a um cultivar são influenciados pelo grau e duração do frio e pelas condições fisiológicas da planta no momento da ocorrência das baixas temperaturas. Em trabalho de pesquisa realizado por Soares et al. (2002), em Capão Bonito/SP, avaliando a tolerância ao frio de diferentes cultivares de abacateiro foi concluído que os cultivares Fuerte, Jumbo, Ermor e Solano mostraram menor grau de injúria na copa. O cultivar Ermor foi o mais afetado pelas baixas temperaturas em relação à queda de frutos. Os autores indicaram os cultivares Fuerte e Solano para a região, devido ao baixo nível combinado de danos apresentados (injúrias e queda de frutos). Radiação solar A radiação solar absorvida pela cultura do abacateiro interfere no ciclo vegetativo e no período de desenvolvimento do fruto, sendo de grande importância para o crescimento, floração e frutificação, daí a importância do manejo cultural, principalmente, em plantios muito adensados. Em decorrência do hábito de crescimento vigoroso da árvore, existe, geralmente, uma porcentagem relativamente alta de folhas sombreadas, em comparação com folhas ensolaradas. Dessa forma, grande parte das folhas localizadas no interior da copa recebe baixos níveis de luz, diminuindo a disponibilidade de carboidratos provocando, consequentemente, reduções no crescimento e produção. Uma maior penetração da luz na copa, como resultado da realização da poda, pode provocar um aumento significativo na produção, aumento no calibre dos frutos e melhora a execução das outras práticas no pomar (Mena, 2005). Umidade Relativa do Ar A umidade do ar durante o ciclo do abacateiro é muito importante, por favorecer o surgimento de doenças fúngicas. Quando altos valores de umidade relativa estão associados a temperaturas elevadas, ocorre uma maior incidência dessas doenças, tais como oídio e antracnose, provocando danos econômicos, podendo, inclusive, inviabilizar a produção comercial de frutos. Segundo Donadio (1992) as variedades antilhanas são mais adaptadas a locais com alta umidade, ou seja, acima de 70%.


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Altitude A altitude está geralmente associada à temperatura, exercendo, desta forma, bastante influência sobre o ciclo produtivo do abacateiro pela alteração da época de maturação das diferentes variedades de abacateiro. No Estado de São Paulo, por exemplo, uma variedade pode ser colhida com até três meses de diferença, se for plantada no norte ou sul do estado, devido tanto ás variações de temperatura quanto a esse parâmetro e a latitude. Sentelhas et al. (1995), com base neste parâmetro e na latitude, temperatura média do ar e a necessidade de graus-dia de cada variedade (maturação precoce, meia-estação e tardia) determinaram as zonas climáticas de maturação para os três grupos de variedades de abacateiro no estado de São Paulo (Tabelas 1, 2 e 3). A determinação das zonas de maturação é um parâmetro técnico de relevância para os produtores de abacate, pois com base nele, poderão ser determinadas às épocas de colheita, bem como poderá melhorar a sazonalidade da oferta do produto no mercado, o que muito provavelmente acarretará em melhores preços de venda para o produto.


ECOFISIOLOGIA DO ABACATEIRO •

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Tabela 1 - Duração média estimada do subperíodo “florescimento – maturação” (DFM), em dias, para variedades de abacateiro de maturação precoce, em função da latitude e da altitude, no Estado de São Paulo. Latitude (graus) Alt. (m) 20,0 20,5 21,0 21,5 22,0 22,5 23,0 23,5 24,0 24,5 25,0 50 97 102 106 110 114 119 123 127 132 136 140 100 106 111 115 119 123 128 132 136 141 145 149 150 115 120 124 128 133 137 141 145 150 154 158 200 124 129 133 137 142 146 150 154 159 163 167 250 133 138 142 146 151 155 159 163 168 172 176 300 142 147 151 155 160 164 168 172 177 181 185 350 151 156 160 164 169 173 177 181 186 190 194 400 160 165 169 173 178 182 186 190 195 199 203 450 169 174 178 182 187 191 195 199 204 208 212 500 178 183 187 191 196 200 204 208 213 217 221 550 187 192 196 200 205 209 213 217 222 226 230 600 96 201 205 209 214 218 222 226 231 235 239 650 205 210 214 218 323 227 231 235 240 244 248 700 214 219 223 227 232 236 240 244 249 253 257 750 223 228 232 236 241 245 249 253 258 262 266 800 232 237 241 245 250 254 258 262 267 271 275 850 241 246 250 254 259 263 267 271 276 280 284 900 250 255 259 263 268 272 276 280 285 289 293 950 259 264 268 272 277 281 285 289 294 298 302 1000 268 273 277 281 286 290 294 298 303 307 311 1050 277 282 286 290 295 299 303 307 312 316 320 1100 286 291 295 299 304 308 312 316 321 325 329 Fonte: Sentelhas et al. (1995)

Ventos A presença de ventos constantes e fortes é prejudicial ao abacateiro tanto do ponto de vista fitossanitário quanto fisiológico. O vento em velocidade superior a 10 Km h-1 é prejudicial, favorecendo o surgi-


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mento de doenças e ácaros. Na fisiologia, a presença de ventos acelera a evaportranspiração das plantas, aumentando o consumo de água e em muitos casos, limitando a produção. Tabela 2 - Duração média estimada do subperíodo “florescimento – maturação” (DFM), em dias, para variedades de abacateiro de maturação de meia-estação, em função da latitude e da altitude, no Estado de São Paulo. Alt. (m) 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850 900 950 1000 1050 1100

20,0 101 115 129 143 157 171 185 199 213 227 241 255 269 283 297 311 325 339 353 367 381 395

20,5 109 123 137 151 165 179 193 207 221 235 249 263 277 291 305 319 333 347 361 375 389 403

21,0 117 131 145 159 173 187 201 215 229 243 257 271 285 299 313 327 341 355 369 383 397 411

Latitude (graus) 21,5 22,0 22,5 23,0 124 132 140 148 138 146 154 162 152 160 168 176 166 174 182 190 180 188 196 204 194 202 210 218 208 216 224 232 222 230 238 246 236 244 252 260 250 258 266 274 264 272 280 288 278 286 294 302 292 300 308 316 306 314 322 330 320 328 336 344 334 342 350 358 348 356 364 372 362 370 378 386 376 384 392 400 390 398 406 414 404 412 420 428 418 426 434 442

23,5 156 170 184 198 212 226 240 254 268 282 296 310 324 338 352 366 380 394 408 422 436 450

24,0 163 177 191 205 219 233 247 261 275 289 303 317 331 345 359 373 387 401 415 429 443 457

24,5 171 185 199 213 227 241 255 269 283 297 311 325 339 353 367 381 395 409 423 437 451 465

25,0 179 193 207 221 235 249 263 277 291 305 319 333 347 361 375 389 403 417 431 445 459 473

Fonte: Sentelhas et al. (1995)


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O fruticultor deve ter muito cuidado com a escolha da área de plantio. Além disso, o plantio de quebra-ventos é sempre aconselhável, para amortecer a velocidade dos ventos. Koller (2002) recomenda o plantio de quebra-ventos a uma distância de 8 metros dos abacateiros, mencionando as seguintes espécies que podem ser utilizadas para esta finalidade: pinus, grevíleas, eucaliptos e o próprio abacateiro de péfranco.


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Tabela 3 - Duração média estimada do subperíodo “florescimento – maturação” (DFM), em dias, para variedades de abacateiro de maturação tardia, em função da latitude e da altitude, no Estado de São Paulo. Latitude (graus) Alt. (m) 20,0 20,5 21,0 21,5 22,0 22,5 23,0 23,5 24,0 24,5 25,0 50 146 156 165 175 185 195 205 214 224 234 244 100 161 171 181 191 201 210 220 230 240 249 259 150 177 187 196 206 216 226 236 245 255 265 275 200 192 202 212 222 232 241 251 261 271 280 290 250 208 218 227 237 247 257 267 276 286 296 306 300 223 233 243 253 263 272 282 292 302 311 321 350 239 249 258 268 278 288 298 307 317 327 337 400 254 264 274 284 294 303 313 323 333 342 352 450 270 280 289 299 309 319 329 338 348 358 368 500 285 295 305 315 325 334 344 354 364 373 383 550 301 311 320 330 340 350 360 369 379 389 399 600 316 326 336 346 356 365 375 385 395 404 414 650 332 342 351 361 371 381 391 400 410 420 430 700 347 357 367 377 387 396 406 416 426 435 445 750 363 373 382 392 402 412 422 431 441 451 461 800 378 388 398 408 418 427 437 447 457 466 476 850 394 404 413 423 433 443 453 462 472 482 492 900 409 419 429 439 449 458 468 478 488 497 507 950 425 435 444 454 464 474 484 493 503 513 523 1000 440 450 460 470 480 489 499 509 519 528 538 1050 456 466 475 485 495 505 515 524 534 544 554 1100 471 481 491 501 511 520 530 540 550 559 569 Fonte: Sentelhas et al. (1995)


ECOFISIOLOGIA DO ABACATEIRO •

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PRINCIPAIS VARIEDADES DE ABACATEIRO Dayana Portes Ramos1 Aloísio Costa Sampaio2 I – INTRODUÇÃO O abacateiro, Persea americana, é uma fruta tradicional do continente americano, que em milhares de anos se foi multiplicando em milhares de diferentes linhas genéticas, sendo impossível hoje tentar uma lista completa de variedades. As principais características das variedades mais cultivadas indicam que o mercado brasileiro é amplamente abastecido em meados do ano, enquanto no início e no final da safra (janeiro-fevereiro e outubrodezembro em São Paulo, respectivamente) há pouca oferta, a preços geralmente mais altos. Os produtores têm preferido selecionar variedades que produzem nos períodos de menor oferta, tornando menores as diferenças de preços entre as épocas (Donadio, 1995). As variedades locais são importantes por sua adaptação tanto às condições climáticas existentes, quanto à forma de utilização do fruto e outros hábitos de consumo, bem como por sua resistência às doenças e sua aparência, qualidade e conservação pós-colheita (Donadio, 1987). Escolher a variedade certa para determinado local, não é fácil, pois há várias exigências climáticas, problemas de polinização, demora na maturação, exigências na qualidade do fruto e o mercado a ser abastecido. Sabendo da importância da escolha de uma variedade, este capítulo objetivou mostrar algumas variedades conhecidas, descrevendo as mais importantes, bem como apresentar características almejadas para estas. Procurou-se ainda mostrar os fatores que interferem no desenvolvimento das variedades, a fim de facilitar a escolha em relação ao mercado e qualidades da fruta. Eng. Agrônoma, Mestranda pelo Departamento de Produção Vegetal-Horticultura, Faculdade de Ciências Agronômicas/FCA/UNESP – Cx. P. 237 – CEP 18610-307 - Botucatu, SP – pitchagro@yahoo.com.br. 2 Docente do Departamento de Ciências Biológicas, FC/UNESP – Cx. P. 473 – CEP 17033-360 - Bauru, SP e do Curso de Pós-graduação em Horticultura/FCA/UNESP – Botucatu, SP - aloísio@fc.unesp.br 1


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II – CARACTERÍSTICAS ALMEJADAS NAS VARIEDADES Escolher a variedade certa para determinadas regiões não é fácil, pois as exigências são muitas: polpa uniforme, de gosto agradável, sem fibra, que se descolora lentamente quando cortada, casca fina ou média de fácil remoção, cor atrativa, falta de manchas ou defeitos, forma ovalada regular, semente aderente à polpa, peso não excessivo, alto conteúdo de óleo. Bergh (1975), relata que a maioria dos mercados classificam como ideal, frutos com peso em torno de 300 g. Segundo Ceagesp (2007) os abacates são classificados como de alto teor de óleo quando possuem 20-25%, médio (12-15%) e baixo (5-10%). O rendimento de polpa é classificado, segundo Donadio (1987), em alto (+68%), médio (64-68%) e baixo (menos de 64%). Segundo Tango et al. (2004) a média geral que um abacate pode ter de casca e semente para não se tornar inviável para comercialização é de 31,4% e os teores de óleo acima de 18% são viáveis para a extração. Têm-se ainda as exigências de alto valor nutritivo, de capacidade de longa conservação e de resistência ao frio, além do vigor da planta, produtividade, resistência às pragas e doenças, fácil propagação, tolerância aos ventos, à cal e à salinidade, continuidade da produção sem alternância anual, produção precoce ou tardia e adaptabilidade ao porta-enxerto. São tantos, pois, os requisitos da técnica, do ambiente e do mercado, que fica difícil encontrar em somente uma variedade todas essas características (Maranca, 1980). Segundo Gustafson (1976), citado por Maranca (1980) seriam necessárias de 4 a 10 variedades para produzir e vender bem no mercado o ano todo. Tal proeza, segundo o autor, foi conseguida, na Califórnia, com híbridos mexicanosguatemalenses, sendo apenas 5 as variedades recomendadas: Hass, cultivar que cobre 50% daquele estado norte-americano, Fuerte, com outros 26% da área, Bacon, com outros 11% da área, e outras cultivares menores que cobrem o restante 13% da área do estado. Isso só foi possível porque, naquelas condições, a fruta dos cultivares citados se conservam na árvore por vários meses, sem amadurecer e perderse. Já isso não acontece no Brasil e na Flórida, nos quais os frutos se conservam por pouco tempo na árvore (Maranca, 1980). No entanto, no Brasil deveria haver abacate o ano inteiro, em maior ou menor quantidade; mas de fato, a produção é limitada. No


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estado de São Paulo, o abacateiro floresce de maio a dezembro, dependendo da região e especialmente da altitude, sendo mais intensamente de julho a outubro. A maior produção vai de fevereiro a julho, com maior escassez de outubro a janeiro. É difícil dizer quais os cultivares escolher em condições tão diferenciadas como as que apresentam o Brasil. Por outro lado são tão grandes as possibilidades no país, que muita coisa poderia ser feita, por enquanto aproveitando os cultivares já introduzidos, experimentados e mais comuns (Maranca, 1980). III – DESCRIÇÃO DAS VARIEDADES A espécie Persea americana pode ser dividida em três raças de origens diferentes, na qual cada raça possui características específicas. A Raça Antilhana reúne os abacateiros conhecidos como “comum” ou “manteiga”, onde são procedentes das regiões baixas das Américas Central e do Sul. É a menos resistente ao frio, danificando-se com temperaturas inferiores a -2ºC. Os frutos possuem pedúnculos curtos, casca lisa, coriácea, com cerca de 1,5 mm de espessura e polpa com baixo teor de óleo. As sementes são de tamanho relativamente grande e normalmente, encontram-se soltas na cavidade. Os cultivares desta raça amadurecem os frutos geralmente no verão, sendo portanto, os mais precoces (Campos, 1984). A Raça Guatemalense é originária das regiões altas da América Central, seus representantes são mais resistentes ao frio que os da Antilhana. Os frutos são grandes, com pedúnculos compridos, casca grossa, com 1,5 a 3,0 mm de espessura, geralmente rugosa. A maturação se completa, conforme a variedade, de maio a novembro. O caroço ocupa toda a cavidade que o contém. O teor de óleo na polpa é médio, em torno de 12%. Possui folhas mais verde intenso do que as Antilhanas (Campos, 1984). A Raça Mexicana é originária das regiões altas do México e da cordilheira. È a mais resistente ao frio, suportando temperaturas próximas a -6ºC. Tem como característica o cheiro de anis nas folhas e flores, quando esmagados. Os frutos são geralmente pequenos, com pedúnculo curto, possuem alto teor de óleo. Os frutos amadurecem nos meses quentes do ano, geralmente de dezembro a fevereiro (Campos, 1984).


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Além dessas raças, têm-se as variedades híbridas resultantes de cruzamentos entre as diferentes raças. No Brasil, é grande o número dessas variedades exploradas com sucesso comercial. Bertanha, Ermor, Herculano, Paulista, Solano e Vitória são variedades híbridas guatemalense-antilhano pouco conhecidas, mas que se mostram bastante promissoras, principalmente a Ermor, considerada a maior produtora de todas as variedades conhecidas (Campos, 1984). Maranca (1980) classifica as variedades de abacate basicamente em duas categorias principais: as de clima tropical (como Lula, Collinson, Taylor, Pollock, Booth-8, Waldin) e as de clima subtropical (como Fuerte, Hass, Bacon, Zutano, Reed, Ettinger). As primeiras são geralmente variedades da raça antilhana, da raça guatemalense, e/ou híbridos das duas; as variedades de clima subtropical são das raças mexicana ou guatemalense, ou híbridos das duas, podendo citar a Hass e a Fuerte. Para Donadio (1995) as variedades do abacateiro agrupamse em variedades para exportação e para consumo interno. No Brasil, entretanto, as variedades de exportação são pouco aceitas no mercado interno, o que reduz as possibilidades de cultivo. As variedades destinadas ao consumo interno baseiam-se em seleções locais, geralmente de frutos grandes com baixo teor de óleo, na sua maioria das raças antilhana, ou híbridos destas. A maioria dos países vem utilizando a seleção de híbridos locais como meio de obtenção de novos cultivares. Assim, foram obtidas diversas variedades tardias no Brasil (Gonçalves, 1999, citado por Bruckner 2002), que tem sido plantadas em escala comercial em alguns locais, tais como Geada, Quintal, Fortuna, Ouro Verde, Solano, Tatuí, Dourado, Margarida, Reis e Campinas. Segundo a Ceagesp (2007), as variedades que estão sendo comercializadas em São Paulo são Fucks, Geada, Margarida, Ouro Verde, Breda, Fortuna, Quintal e Hass. 1 – Variedades com destino ao mercado interno Fortuna É um híbrido antilhano, do grupo floral A, muito comum no Estado de São Paulo, especialmente na região de Mogi-Mirim, aconselhado pelo IAC (1972). Possui fruto grande e bonito, de formato piriforme, pesando de 600 a 800 g (Donadio, 1987). O período de colheita varia


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de maio a agosto, no entanto a Ceagesp (2007) cita que essa variação é de fevereiro a junho e que a polpa do fruto é amarela sem fibras e a casca é verde lisa, com espessura média. Como inconvenientes possui sabor aguado, baixo conteúdo de óleo, que faz a fruta menos conservável, pouca resistência à podridão do pé (Phytophtora spp) e rápido envelhecimento. Apesar disso tem uma boa comerciabilidade, alto rendimento (25 caixas/planta) e boa resistência à ferrugem (Maranca, 1980). Sabendo da dificuldade de se conservar o fruto desse híbrido, Germano et al. (1996) estudaram o uso de dose de radiações gama do Cobalto-60 e observaram que houve um prolongamento dos dias de vida de prateleira quando os frutos foram irradiados com 75 e 100 Gy e depois mantidos em condição ambientes. Segundo Campos (1984) esse híbrido tem ótima aceitação no mercado interno e boa produtividade, boa resistência às doenças e ao transporte e alto rendimento de polpa. Tango et al. (2004) caracterizaram frutos de variedades de abacateiro e observaram para esse híbrido um alto rendimento de polpa (75,7%); 12,5% de caroço; 11,8% de casca e 24,3% de caroço e casca. Em relação à porcentagem de óleo apresentou um valor baixo (5,9%) e um alto valor de umidade (87,2), não sendo viável para extração de óleo.

Figura 1 – Abacate do cultivar Fortuna (Pratânea-SP). (Foto: Dayana Portes Ramos)


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Quintal É um híbrido antilhano-guatemalense, do grupo floral B, menos popular que o anteriormente citado, também aconselhado pelo IAC (1972). A árvore é menos produtiva (8 caixas/planta), mas a madeira resiste bem à carga dos frutos, dispensando o custoso escoramento. A fruta possui casca fina, com poucas manchas pretas (Maranca, 1980). Seu período de colheita varia de abril a junho, possui alto rendimento de polpa (68%), sendo a polpa amarela sem fibras (Ceagesp, 2007), baixa porcentagem de óleo, frutos oblonga, com pescoço, pesando 400-600 g (Donadio, 1987). Tango et al. (2004) observaram para esse híbrido o mais alto rendimento de polpa (81,3%) e as menores proporções de caroço e casca, respectivamente: 10,1 e 8,6%, quando comparado a outras variedades. Em relação à porcentagem de óleo apresentou um valor médio (14,7%) e valor de umidade de 77,4%. A composição em ácidos graxos foi de: palmítico - 19,0%, palmitoléico – 7,6%, esteárico: 0,5%, oléico – 65,2% e linoléico – 9,3%. Segundo Campos (1984) esse híbrido tem boa aceitação no mercado interno, ótima produtividade, boa resistência às doenças e regular resistência ao transporte. Germano et al. (1996) objetivando aumentar a vida de prateleira, devido a sua pouca resistência ao transporte, estudou doses de irradiação e observou que ‘Quintal’ não respondeu às radiações, porém se conservou significativamente melhor quando mantido em local refrigerado (12-13,5ºC; UR: 45-55%).

Figura 2 – Abacate do cultivar Quintal (Pratânea-SP). (Foto: Dayana Portes Ramos)


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Solano É um híbrido antilhano-guatemalense, de maturação tardia, onde a colheita ocorre de agosto a novembro. Apresenta mais resistência ao frio que outras, devido à descendência da raça guatemalense ou mexicana. O cultivar se desenvolveu, bem ao sul-oeste do Estado de São Paulo, na divisa com o Paraná, na zona de Itararé (Donadio, 1987). O fruto é verde escuro, com formato piriforme (Donadio, 1987), com casca dura pontilhada, comprimento de até 11-12 cm e peso de 700 g a 1 kg ou mais, ou seja, grande demais para as normas de exigências e possibilidades do mercado. Não obstante o inconveniente do tamanho, a casca é dura e a resistência da fruta a embalagem e ao transporte é baixa. Apresenta polpa amarela, abundante e aromática, com pouco óleo. As sementes não são muito grandes e nem se destacam facilmente, o que constitui uma qualidade comercial positiva (Maranca, 1980). No conjunto, o fruto não é muito bem aceito, possuindo características da raça antilhana, como polpa muito aguada, pouco óleo, doce, pouco conservável; mas com a vantagem da resistência ao frio e da maturação tardia, quando o consumidor está apto a pagar melhores preços pela fruta (Maranca, 1980). Ouro verde É um híbrido antilhano-guatemalense, do grupo floral A, que tem ótima aceitação no mercado interno e boa resistência ao transporte (Campos, 1984). O seu período de colheita varia de julho a setembro (Donadio, 1987). Possui fruto elíptico, pesando 500-700 g, alto rendimento de polpa e média porcentagem de óleo (Donadio, 1987). Tango et al. (2004) citam um alto rendimento de polpa (73,7%); 12,7% de caroço; 13,6% de casca e 26,3% de caroço e casca. Em relação à porcentagem de óleo apresentou alto valor (19,9%) e uma umidade de 70,4%, sendo estas características viáveis para extração de óleo. A composição em ácidos graxos foi de: palmítico - 18,3%, palmitoléico – 6,8%, esteárico: 0,5%, oléico – 60,6% e linoléico – 13,2%. Soares et al. (2002) estudando tolerância de cultivares a baixa temperatura (-2,8ºC), em Capão Bonito, observaram que essa variedade apresentou 65% de injúrias na copa.


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Dourado É um híbrido antilhano-guatemalense, do grupo floral A, originário de Arapongas-PR, que apresenta fruto orbicular, pesando 580 g, com médio rendimento de polpa e média porcentagem de óleo. O período de colheita ocorre de outubro a dezembro (Donadio, 1987). Segundo Carvalho et al. (1983) as características mais marcantes desse híbrido são a polpa de coloração amarelo forte, a relativa tolerância às baixas temperaturas e a produção concentrada nos meses de outubro-novembro, no norte do Paraná. Carvalho et al. (1983) estudando algumas características físicas e químicas dos frutos do abacateiro ‘Margarida’ e ‘Dourado’, no Norte do Paraná observaram para o híbrido Dourado que o peso médio do fruto foi de 580,34 g, no qual a polpa pesou 420,75 g (72,5%), o caroço 97,04 g (16,7%) e a casca 62,55 g (10,8%), ou seja, observou-se um alto rendimento de polpa, diferente do que foi relatado por Donadio (1987). A composição química da planta constituiu-se de 77,7% de umidade; 1,70% de cinzas totais; 1,40% de proteína bruta e 16,10% de extrato etéreo. Margarida É um híbrido antilhano guatemalense, do grupo floral B, originário de Arapongas-PR. Segundo Carvalho et al. (1983) esse híbrido tem se destacado pela tolerância às baixas temperaturas e pela época de maturação tardia que, nas condições do Norte Paranaense, ocorre nos meses de novembro e de dezembro. Soares et al. (2002) estudando tolerância de cultivares às baixas temperaturas, observaram que essa variedade apresentou 40% de injúrias na copa e 30% de queda dos frutos. Possui fruto obvocado, pesando 750 g, com médio rendimento de polpa e baixa porcentagem de óleo (Donadio, 1987). A casca é verde rugosa, espessa e a polpa amarela sem fibras (Ceagesp, 2007). Carvalho et al. (1983) observaram que o peso médio do fruto foi de 750,2 g, na qual a polpa pesou 572,36 g (76,3%), o caroço 119,46 g(15,9%) e a casca 58,36 g (7,8%). A composição química da planta constituiu-se de 76,3% de umidade, 1,30% de cinzas totais, 1,20% de proteína bruta e 12,60% de extrato etéreo.


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Figura 3 – Abacate do cultivar Margarida (Pratânea-SP). (Foto: Dayana Portes Ramos)

Reis É um híbrido antilhano-guatemalense, do grupo floral B, cujo período de colheita varia de agosto a setembro. Possui fruto piriforme, com pescoço, pesando 700-800 g, com alto rendimento de polpa e baixa porcentagem de óleo (Donadio, 1987). Soares et al. (2002) estudando tolerância de cultivares à baixa temperatura, observaram que essa variedade apresentou 40% de injúrias na copa e 20% de queda dos frutos. Campinas É um híbrido antilhano-guatemalense, do grupo floral B, que possui fruto elíptico, pesando 600-700 g, alto rendimento de polpa e média porcentagem de óleo. O período de colheita pode variar de setembro a outubro (Donadio, 1987). Soares et al. (2002), estudando tolerância de cultivares à baixa temperatura, observaram que essa variedade apresentou 25% de injúrias na copa, porém elevada taxa de queda de frutos (80%). Geada É uma variedade da raça antilhana, do grupo floral B, cujos frutos


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são piriforme-elípticos, pesando 600-750 g, com alto rendimento de polpa e baixa porcentagem de óleo. O período de colheita ocorre de janeiro a fevereiro (Donadio, 1987), porém a Ceagesp (2007), cita esse período como sendo de novembro a abril e comenta que o fruto tem a polpa amarela com poucas fibras e a casca verde lisa, com espessura fina. Soares et al. (2002) estudando tolerância de cultivares às baixas temperaturas, observaram que essa variedade apresentou quase 100% de injúria na copa, devido ser da raça antilhana, ou seja, não suportar baixas temperaturas. Ryan É um híbrido mexicano-guatemalense, pertencente ao grupo floral B, de produção tardia. Apresenta má aceitação no mercado interno, estando voltado mais para o mercado externo. Tem ótima produtividade; boa resistência às doenças e ao transporte; médio rendimento de polpa e alta porcentagem de óleo (Campos, 1984). Gómez Lopes (2002), caracterizando frutos de variedades de abacate, na Venezuela, observou para o fruto peso de 146,46 g, altura de 8,48 cm e diâmetro de 5,92 cm. Apresentou 64,85% de polpa, 22,41% de caroço e 12,74% de casca. Breda É um híbrido antilhano-guatemalense, do grupo floral A, que possui fruto de tamanho médio (400-600 g), elíptico, com casca lisa fina e polpa amarela sem fibras. A época de produção é tardia, variando de junho a dezembro. Apresenta um alto valor comercial, porém a produção é alternante (Ceagesp, 2007). Soares et al. (2002) observaram que essa variedade apresentou 100% de injúrias na copa, mostrando que esse híbrido apresenta mais características da raça antilhana, do que guatemalense.


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Figura 4 – Abacate do cultivar Breda (Pratânea-SP). (Foto: Dayana Portes Ramos)

Pollock Originou-se da Flórida/EUA e começou a propagar-se comercialmente no início do século, sendo ainda hoje uma das melhores variedades antilhanas. O fruto é alongado, piriforme, grande, pesando de 0,5 a mais de 1 kg; é verde brilhante, com superfície lisa, polpa amarela, semente grande, algumas vezes solta na cavidade. O conteúdo de óleo na polpa é baixo, tendo cerca de 5% (Maranca, 1980). Bleinroth (1978), Fersini (1975), Montenegro (1956) e Tango et al. (1969/70) estudaram a caracterização de frutos e observaram que os frutos pesaram 530,70 g, 890-1000 g, 775,2 g e 719,7 g, respectivamente. Os mesmos autores também encontraram baixa porcentagem de óleo, porém os valores variaram um pouco, na qual Fersini (1975) observou 6,10%, Medina et al. (1978): 7,54%, Lucchesi e Montenegro (1975): 7,90 e Tango et al. (1969/70): 13,40%. Os últimos autores em 2004 encontraram para essa variedade um valor mais baixo, quando comparado às outras variedades (5,3%) e o valor mais alto de umidade (87,9%), tornando-se inviável para extração de óleo. A composição em ácidos graxos foi de: palmítico - 22%, palmitoléico – 8,6%, esteárico: 0,4%, oléico – 57,7% e linoléico – 13,1%. Na Flórida é a variedade de maior precocidade de maturação


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(metade de julho a fins de setembro). No estado de São Paulo é uma das cultivares mais importantes, pois amadurece em janeiro e fevereiro, com produções constantes. A fruta resiste à refrigeração discretamente a 5,5ºC. Soares et al. (2002) estudando tolerância de cultivares à baixa temperatura, observaram que essa variedade apresentou 100% de injúrias na copa, sendo pouco resistente. Esta variedade confirmou sua elevada produtividade em pesquisas realizadas na Venezuela (Maranca, 1980). Campos (1984), discorda, citando que essa variedade tem pequena produtividade, ótima aceitação no mercado interno, ótima resistência às doenças, regular resistência ao transporte e alto rendimento de polpa. Bleinroth (1978), Montenegro (1956) e Tango et al. (1969/70) obtiveram alto rendimento de polpa, respectivamente: 80,4%, 80,9% e 78,7%. Tango et al. (2004) também encontraram um alto rendimento de polpa, porém um pouco mais baixo que os outros autores (73,1%); 12,8% de caroço; 14,1% de casca e 26,9% de caroço e casca. Waldin É uma variedade antilhana, originária da Flórida, do grupo floral A, que se pode alternar no plantio com a Pollock, coincidindo aproximadamente o período de floração. No estado de São Paulo amadurece em fevereiro-março e até em abril, com produtividade elevada e constante, sendo necessário às vezes fazer o raleamento para que os frutos não fiquem pequenos demais e com defeitos. A fruta não resiste bem à refrigeração (Maranca, 1980). Tem fruto ovalado, mais curto e arredondado que ‘Pollock’, caracteristicamente achatado de um lado na parte terminal, de tamanho médio a grande, pesando 400 a 800 g; com casca suave, verde clara a cinzenta amarelada, polpa amarela de bom aroma, semente média a grande, quase presa à cavidade, conteúdo de óleo de 5 a 10% (Maranca, 1980). Gómez Lopes (2000), caracterizando frutos de variedades de abacate, na Venezuela, observou para o fruto peso de 176,28 g, altura de 8,56 cm e diâmetro de 6,30 cm. Apresentou 63,63% de polpa, 25,93% de caroço e 10,44% de casca. Em relação ao teor de óleo, Medina et al. (1978) observaram um valor de 10,05%; Lucchesi e Montenegro (1975): 10,0% e Tango et al. (1969/70): 6,9%. Tango et


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al. (2004) também encontraram valor nesse intervalo (9,6%) e 81,7% de umidade. A composição em ácidos graxos foi de: palmítico - 29%, palmitoléico – 8,2%, esteárico: 0,4%, oléico – 47,0% e linoléico – 14,3%. Em relação à porcentagem de polpa, apresentou médio rendimento (61,4%); 25,1% de caroço; 13,5% de semente e 38,6% de casca e semente. Simmonds É uma velha variedade antilhana, do grupo floral A, originada da Flórida. Possui o fruto grande, com formato elíptico e com casca verde amarelada, lisa, atrativa, com polpa de excelente qualidade e produção abundante, sem alternância anual (Maranca, 1980). Segundo Campos (1984) tem boa aceitação no mercado interno, boa produtividade, boa resistência às doenças, regular resistência ao transporte, alto rendimento de polpa e baixa porcentagem de óleo. Outros autores também encontraram baixa porcentagem de óleo, porém os valores variaram um pouco, no qual Medina et al. (1978) observaram 3,86%, Lucchesi e Montenegro (1975): 6,60%, e Tango et al. (1969/70): 10,20%. Bleinroth (1978) observou que os frutos dessa variedade apresentaram peso médio de 400,40 g; 66,30% de polpa e 24,48% de caroço; no entanto Tango et al. (1969/70) encontrou 551 g, 69,30% e 15%, respectivamente. Em 2004, Tango et al. encontraram valores semelhantes, nos quais observaram 71,8% de polpa; 14,7% de caroço; 13,5% de casca e 28,2% de casca e semente. Em relação à porcentagem de óleo, apresentou um valor baixo (7,2%) e um alto valor de umidade (84,0%), não sendo está característica viável para extração de óleo. A composição em ácidos graxos foi de: palmítico – 26,3%, palmitoléico – 10,3%, esteárico: 0,5%, oléico – 47,1% e linoléico – 14,0%. Soares et al. (2002) estudando tolerância de cultivares à baixa temperatura, observaram que essa variedade apresentou 100% de injúrias na copa, mostrando a baixa resistência às baixas temperaturas. Linda É uma variedade guatemalense do grupo floral B, comum na zona entre Limeira e Ribeirão Preto, assim com na de Valinhos, no estado de São Paulo, amadurecendo de julho a agosto, com elevada produ-


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tividade. A fruta é de qualidade boa a excelente, com casca purpúrea quando madura, de tamanho grande, com peso de 700-800 g, semente pequena; a forma elíptica, a casca dura e lenhosa, a polpa sem fibra (Maranca, 1980). Alguns autores, estudando o peso dos frutos, encontraram valores bem próximos ao intervalo acima, onde Bleinroth (1978) verificou frutos pesando 853,50 g, Fersini (1975): 890-1000 g, Montenegro (1956) e Tango et al. (1969/70): 641 g. Segundo Campos (1984), essa variedade tem boa aceitação no mercado interno, regular resistência às doenças, ótima resistência ao transporte, alto rendimento de polpa e porcentagem de óleo. Bleinroth (1978) e Montenegro (1956) observaram 73,3% de polpa, e Tango et al. (1969/70): 65%. Em relação à proporção de caroço, Bleinroth (1978) e Montenegro (1956) observaram valor de 13% e Tango et al. (1969/70): 25%. Tango et al. (2004) relataram que frutos apresentaram 69,6% de polpa; 15,7% de caroço; 14,7% de casca e 30,4% de casca e semente. Fersini (1975), observou frutos com 12,20% de óleo, Medina et al. (1978): 7,54%, Lucchesi e Montenegro (1975): 12,30 e Tango et al. (1969/70): 15,20%. Em 2004, Tango et al. (2004) encontraram 7,7% de lipídeos e 86,2% de umidade, ou seja, inviável para extração de óleo. A composição em ácidos graxos foi de: palmítico – 18,9%, palmitoléico – 7,1%, esteárico: 0,4%, oléico – 58,8% e linoléico – 12,9%. Wagner É uma variedade guatemalense do grupo floral A, comum nas zonas de maior altitude do estado de São Paulo, onde frutifica de agosto a setembro. Apresenta porte alto, boa produtividade, fruto pequeno arredondado, de polpa amarela, com bom aroma, casca corrugada de cor verde, peso de 450 g, que permanece na árvore por muito tempo (Maranca, 1980). Bleinroth (1978) encontrou frutos pesando 312,2 g; Fersini (1975): 220-340 g, Montenegro (1956): 400,3 g e Tango et al. (1969/70): 344 g. Segundo Campos (1984) essa variedade tem má aceitação no mercado interno, má resistência às doenças, ótima resistência ao transporte, baixo rendimento de polpa e alta porcentagem de óleo. Bleinroth (1978) observou frutos com rendimento de polpa de 59,55%, Montenegro (1956): 67,44% e Tango et al. (1969/70): 62,70. Tango et al. (2004) observaram 65,2% de polpa, 24,5% de caroço, 10,3% de


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casca e 34,8% de caroço e casca. Em relação ao teor de óleo Fersini (1975) observou 16,0%, Medina et al. (1978): 20,80%, Lucchesi e Montenegro (1975): 18,70 e Tango et al. (1969/70): 24,80%. Tango et al. (2004) encontraram nos frutos 20,6% de óleo e 71,6% de umidade, sendo viáveis para a extração de óleo. A composição em ácidos graxos foi de: palmítico - 23,2%, palmitoléico – 7,8%, oléico – 58,9% e linoléico – 10,1%. Prince É uma variedade guatemalense, do grupo floral B, com fruto médio de boa qualidade. A árvore é vigorosa, de boa e constante produtividade e apresenta a maior precocidade entre as variedades desta raça, começando a amadurecer em julho. Prospera bem na região entre Ribeirão Preto e Limeira, no estado de São Paulo, em zonas frescas e ventiladas, relativamente mais altas, sendo uma das mais importantes no estado (Maranca, 1980). Segundo Campos (1984), essa variedade tem boa aceitação no mercado interno, regular resistência às doenças, ótima resistência ao transporte, alto rendimento de polpa e porcentagem de óleo. Bleinroth (1978) e Montenegro (1956) encontraram 74% de rendimento de polpa e Tango et al. (1969/70): 69,30. Bleinroth (1978) encontrou como peso dos frutos 825,9 g, Montenegro (1956): 669,16 g e Tango et al. (1969/70): 551 g. Collinson É um híbrido guatemalense-antilhano do grupo floral A, aconselhado pelo IAC (1972) e seguramente uma das melhores variedades (Maranca, 1980). Amadurece no estado de São Paulo, em maio e junho. O fruto é grande, com 600 g, ovalado, de casca lisa e coriácea, verde brilhante (Maranca, 1980). Bleinroth (1978) observou frutos pesando 612,10 g, Fersini (1975): 560 g, Medina et al. (1978): 600 g, Montenegro (1956): 628,50 g e Tango et al. (1969/70): 458,3 g. È a única variedade conhecida que não produz pólen, devendo ser plantada com árvores dos grupos A e B. A produtividade é boa e constante, com polpa de ótima qualidade, mas de difícil conservação (Maranca, 1980). Em relação ao rendimento da polpa os autores encontraram elevado rendimento, na qual Bleinroth (1978) encontrou 71,8%, Medina et


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al. (1978): 78%, Montenegro (1956): 78,5% e Tango et al. (1969/70): 66,3%. Tango et al. (2004) obtiveram 73,0% de polpa, 16,8% de caroço, 10,2% de casca e 27% de casca e semente. Com relação ao teor de óleo, os autores encontraram média porcentagem de óleo, no qual Lucchesi e Montenegro (1975) encontraram 13,00% e Tango et al. (1969/70): 11,50%. Tango et al. (2004) encontraram alta porcentagem de óleo (21,2%) e 67,9% de umidade, sendo viável para a extração de óleo. A composição em ácidos graxos foram: palmítico - 20,6%, palmitoléico – 2,9%, esteárico: 0,7%, oléico – 63,1% e linoléico – 11,8%. Fuchs É também conhecida como Fuchsia, sendo difundida em São Paulo. Pertence ao grupo floral A e tem fruto grande de 500 g ou 1 kg, em formato de pêra, com casca coriácea, fina, lisa, verde brilhante (Maranca, 1980) e polpa amarela, com fibras. O período de colheita varia de janeiro a março (Ceagesp, 2007). Lula É uma variedade criada na Flórida/EUA cerca de meio século atrás, de uma semente de variedade guatemalense fertilizada por pólen desconhecido. No estado de São Paulo proporciona alta produtividade, com maturação de maio a junho. É variedade do grupo floral A. O freqüente odor de anis nas folhas, faz pensar que se trate de uma variedade mexicana. O fruto é piriforme, geralmente com pescoço, de médio tamanho, pesando de 400 a 700 g, casca lisa ou levemente granulada, de cor verde clara, bonita. Polpa excelente, semente grande, presa à cavidade; conteúdo de óleo de 6 a 15% (Maranca, 1980). Outros autores também encontraram esse intervalo, entre os quais Hulme (1971) observou 13,6% de óleo e Medina et al. (1978) 16,6%. A fruta se presta bem para refrigeração. O inconveniente desta variedade é a susceptibilidade à verrugose das folhas e frutos (Maranca, 1980). Gómez Lopes (2002) caracterizou frutos de variedades de abacate, na Venezuela e observou que o peso dos frutos foi de 336,84 g, com altura de 13,16 cm e diâmetro de 7,88 cm. Apresentou um rendimento de polpa de 55,68%, 31,77% de caroço e 12,54% de casca.


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Puebla É uma variedade mexicana, do grupo floral A, que amadure em janeiro-fevereiro, com fruto médio de boa qualidade, ovalado, pesando 150 a 350 g, polpa amarela de bom aroma. Pode desenvolver-se em zonas mais frescas dos estados sulinos (Maranca, 1980). Fersini (1975) observou alta porcentagem de óleo (19,5%) e Medina et al. (1978) média (10,8-11,9%). Gómez Lopes (2000), caracterizando frutos de variedades de abacate, na Venezuela, observou que o fruto pesou 106,96 g, com altura de 7,90 cm e diâmetro de 4,72 cm. Apresentou 63,23% de polpa, 26,00% de caroço e 10,78% de casca. Gottfried É outra variedade mexicana, do grupo floral A, cujo amadurecimento vai de dezembro a fevereiro. Possui fruto de casca purpúrea, polpa amarela, fruto grande, com peso variando de 250 a 500 g (Maranca, 1980). Booth 8 É uma variedade originária da Flórida/EUA em 1920, difundida em muitos países latino-americanos com sucesso. Apresenta árvore vigorosa de porte aberto, com enorme produtividade. A alternância da produção é freqüente, como conseqüência da excessiva carga. Os frutos aparecem em grupos; são oblongo-ovalados, pequenos a médios, pesando desde 250 até 800 g; casca mais ou menos verde, um pouco áspera, espessa e de consistência lenhosa; polpa creme claro, semente de médio tamanho, presa a cavidade; teor em óleo de 6 a 12%. A fruta resiste moderadamente à refrigeração. Nascida de uma semente de variedade guatemalense, provavelmente polinizada por variedade antilhana, é do grupo floral B (Maranca, 1980). Itzamna É uma variedade guatemalense, do grupo floral B, hoje pouco difundida no Brasil, ao contrário de muitos outros países do continente. No estado de São Paulo, amadurece em agosto-outubro, isto é, mais tarde que as outras variedades guatemalenses, sendo considerada como uma das variedades mais tardias, com fruto de excelente qualidade. Tais características poderiam fazê-la merecedora de maior difusão,


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futuramente no país; porém deve-se observar seu comportamento em relação às doenças, fator que limitou sua extensão em países onde foi cultivada em condições ecológicas não ideais (Maranca, 1980). Segundo Tango et al. (2004) encontraram baixo rendimento de polpa (58,3%), 19,7% de caroço, 22,0% de casca e 41,7% de caroço e casca. Apesar disso apresentou alta porcentagem de óleo (20,7%) e 69,2% de umidade, sendo viável para a extração de óleo. A composição em ácidos graxos foi de: palmítico – 24,2%, palmitoléico – 5,8%, esteárico: 0,4%, oléico – 47,3% e linoléico – 21,2%. Tango et al. (1969/70) e Medina et al. (1978) encontraram valores menores, 14,5% e 7,4%, respectivamente. Princesa É uma variedade antilhana, do grupo floral A, difundida na zona de Limeira, juntamente com ‘Linda’ e ‘Simmonds’, amadurecendo em março, com produtividade constante (Maranca, 1980). Taylor É considerada uma das melhores variedades guatemalenses, do grupo A, de boa produtividade, com fruto pequeno. Amadurece em agosto. Seu comportamento deve ser estudado em cada região, para polinização da variedade Linda, que começa sua floração um pouco mais tarde, prolongando-se quinze dias ou mais depois de terminada a das outras variedades do grupo A. O fruto é piriforme, um pouco ovalado, pesando de 350 a 500 g, com casca verde escura granulada, polpa amarela, semente média, presa à cavidade, médio conteúdo de óleo, de 12 a 17%. Hulme (1971) e Lucchesi e Montenegro (1975) observaram o mesmo (12%). O sabor e o aroma são excelentes (Maranca, 1980). Fersini (1975) observou frutos pesando 350-500 g, Medina et al. (1978): 370 g, Montenegro (1956): 370,3 g. Em relação ao rendimento da polpa, observou valor médio, na qual, Medina et al. (1978) e Montenegro (1956) encontraram 66,2% de polpa. A árvore produz já nos primeiros anos de plantio, mas a carga não é sempre constante. A preferência desta variedade é para clima mais ameno, cujo fruto resiste bem à conservação refrigerada. Sua difusão ficou um pouco limitada devido a se adaptar em ambientes mais frios (Maranca, 1980).


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2 – Variedades para exportação Quanto às variedades destinadas à exportação, em que pese à seleção ou mesmo a obtenção de novas variedades mediante hibridação, principalmente na Califórnia/EUA, as duas variedades mais importantes na maioria dos países exportadores ainda são a Fuerte e a Hass, originadas de polinização aberta, não controlada.

Fuerte É um híbrido guatemalense-mexicano, exigente em clima mais ameno e localização com altitude elevada. É aconselhado oficialmente no estado de São Paulo, com fruto de polpa manteigosa excelente e aromática. O inconveniente, que está limitando sua área de difusão é a produção alternada, com anos de carga reduzida. Apesar de ser do grupo floral B, a plantação alternada com outras variedades pode ser freqüentemente dispensada, em condições climáticas normais, pois esta variedade consegue freqüentemente autopolinizar-se. É também a variedade mais difundida em Israel (Maranca, 1980). A casca é flexível, elástica, de cor verde, sem brilho. A polpa não possui fibras, mas é firme. A semente tem tamanho pequeno a médio, cônica e aderente à polpa. O fruto é facilmente descascável e resistente ao transporte. Registra-se nesta variedade a tendência à produção de frutos sem sementes, pequenos, de pouco ou nenhum valor comercial (Donadio, 1995).

Figura 5 - Abacate do cultivar Fuerte (Bauru - SP). (Foto: Vítor Carvalho)


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Young (1965), na Califórnia, objetivando aumento na vida de prateleira do fruto, irradiou frutos no estágio pré-climatérico com doses de 50 a 100 Gy e verificou que amadureceram normalmente, ainda que alguns dias mais tarde que as testemunhas. Kahan et al. (1968) irradiaram abacates uniformemente maduros em intervalos maiores entre colheita e irradiação, na qual retardaram mais o amadurecimento. Observaram ainda que a dose de 150 Gy causou ligeiro escurecimento na superfície da polpa quando cortada. Segundo Campos (1984) esta variedade tem má aceitação no mercado interno, estando voltada para o mercado externo, além de baixa resistência às doenças e baixo rendimento de polpa. Tango et al. (1969/70) encontraram para essa variedade médio rendimento de polpa (66,30%). O mesmo ocorreu em 2004, onde encontraram 65,8% de polpa, 22,3% de caroço, 11,9% de casca e 34,2% de caroço e casca. A polpa alcança o teor de óleo de 22% em média (até 26%), com o fruto piriforme e de tamanho médio a pequeno e peso de 150 a 350 g (Donadio, 1995). Os autores observaram o mesmo intervalo de peso em seus experimentos, na qual Fersini (1975) encontrou o valor variando de 240 a 450 g, Medina et al. (1978): 225-450 g e Tango et al. (1969/70): 159 g. Gómez Lopes (2002) estudando frutos de variedades de abacate, na Venezuela, observou para esta variedade peso de 192,86 g, com altura de 12,04 cm e diâmetro de 5,86 cm. A polpa apresentou um rendimento de 70,90%, 17,04% de caroço e 12,06% de casca. Com relação ao teor de óleo, os valores disponíveis na literatura variaram bastante, no qual Fersini (1975) encontrou valores de 25 a 29%, Medina et al. (1978): 10,37%, Lucchesi e Montenegro (1975): 35,0%, Tango et al. (1969/70): 25,50% e Tango et al. (2004): 30,3%, sendo considerada viável para extração de óleo. A composição em ácidos graxos foi de: palmítico – 20,2%, palmitoléico – 7,9%, esteárico: 0,4%, oléico – 61,4% e linoléico – 10,1% (Tango et al., 2004). Essa variedade é exigente no tocante à temperatura-ambiente, principalmente na época de floração e no começo da frutificação, quando fica mais sensível às baixas temperaturas, embora a planta resista bem às geadas. Soares et al. (2002) concordam com esse relato, pois observaram que essa variedade apresentou maior tolerância às baixas temperaturas, não verificando injúria na copa e nem queda de frutos, quando comparada a outras variedades. Esse resultado é concordante


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com a literatura (Krezdorn, 1974; Campbell e Malo, 1976), que relaciona o grau de tolerância ao frio com a raça do cultivar. Exige polinizadores específicos para melhorar sua produção. Guill e Gazit (1991) demonstraram que as variedades Topa-Topa e Tova são ótimos polinizadores para Fuerte. A colheita dessa variedade inclui-se na categoria de precoce a média, sendo de cinco a sete meses o espaço de tempo da floração à maturação. No Brasil, há poucas plantações comerciais da variedade. A maior delas, localizada em Bauru/SP, produz frutos para exportação de março a junho, época que em parte coincide com a produção da África do Sul e da Austrália (Donadio, 1995). Hass É um híbrido guatemalense-mexicano, com acentuada predominância da primeira. Surgiu na Califórnia/EUA na década de 20. É mais suscetível ao frio que a Fuerte, principalmente na época de floração. É sensível a baixa umidade, sobretudo onde há ventos quentes e secos, que dessecam as flores e folhas jovens, fazendo-as cair. Produz flores em grande quantidade, tendendo muitas vezes à excessiva frutificação, com reflexo negativo no seu tamanho médio. É em geral, muito produtiva e apresenta a interessante característica de reter fruto na planta mesmo depois de atingida a maturação comercial, por isso pode ser colhida durante longo tempo (Donadio, 1995). O fruto é oval-piriforme, de casca grossa e rugosa, resiste bem ao transporte. Tem cor verde, que escurece na maturação, chegando ao violáceo-escuro. É facilmente descascável, pesa de 180 a 300 g e tem uma polpa de excelente qualidade, sem fibras. O teor de óleo é de 20% em média, indo de 18 a 22%, embora seja colhido com o mínimo de 8 a 10%, para fins de exportação, na África do Sul e nos Estados Unidos (Donadio, 1995). Tango et al. (2004) verificaram em seu experimento alta porcentagem de óleo (31,1%) e 57,2% de umidade, podendo ser feita à extração de óleo. A composição em ácidos graxos foi de: palmítico – 24,5%, palmitoléico – 13,3%, esteárico: 0,3%, oléico – 47,7% e linoléico – 14,2%. A semente é pequena, esférica e aderente à polpa. Em Bauru/SP esta variedade é colhida para exportação de junho a setembro. Mais tarde, portanto, que a Fuerte. Guill e Gazit (1991) indicam como polinizador mais eficiente, nas condições de Israel, a variedade Ettinger


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plantada até 18 m de distância, que resultou na produção de 17 a 20 t/ ha. Esta caiu para 8-10 t/ha com o plantio do polinizador a 50 m, e a menos de 5 t/ha com outros polinizadores. Segundo Campos (1984) essa variedade tem má aceitação no mercado interno, ótima produtividade, boa resistência às doenças, ótima resistência ao transporte e alto rendimento de polpa. Tango et al. (2004) também observaram alto rendimento de polpa (67,5%), 19% de caroço, 13,5% de casca e 32,5% de caroço e casca.

Figura 6: Abacate do cultivar Hass (Bauru-SP). (Foto: Dayana Portes Ramos)

Figura 7: Abacate do cultivar Hass colhido para exportação (Bauru-SP) (Foto: Aloísio Costa Sampaio)


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Outras variedades de abacateiro são plantadas em pequena escala em outros países e são descritas abaixo, segundo Calabrese (1989) e Suppo (1982). Bacon e Zutano são híbridos mexicano-guatemalense, originários da Califórnia, do grupo floral B, que produzem precocemente frutos de 250-300 g. Reed é uma variedade guatemalense, originária da Califórnia, do grupo A, que produz tardiamente frutos de 300-400 g. Ettinger é um híbrido mexicano-guatemalense originário de Israel, do grupo floral B, que produz precocemente frutos de 200-300 g. Edanol é uma variedade guatemalense originária da África do Sul, do grupo floral B, que têm produção precoce ou média e apresenta frutos de 250-300 g. Horshim é um híbrido mexicano-guatemalense, originário de Israel, do grupo floral B, que produz medianamente frutos de 250-300 g. Gwen é uma variedade guatemalense originária, da Califórnia, do grupo floral A, que produz precocemente frutos de 200-350 g. É resultante de um trabalho de melhoramento por cruzamento realizado na Califórnia. É a mais promissora dentre os vários híbridos selecionados, na qual pode chegar a 70 t/ha. Rincon é um híbrido mexicano-guatemalense, originário do México, do grupo floral A, que tem produção precoce ou média e apresenta frutos de 150-300 g. Tova é uma variedade mexicana, originária de Israel, do grupo A, que produz precocemente frutos de 250 g. Nabal é um híbrido guatemalense, originário de Israel, do grupo floral B, que produz precocemente frutos de 300-400 g. As variedades acima citadas foram obtidas da Fuerte e Hass, por isso lembram suas características. Estas não chegaram a adquirir grande importância comercial, porque ou têm os mesmos defeitos ou não têm qualidades superiores às das duas variedades. Algumas são empregadas como polinizadoras de outras variedades (Suppo, 1982). Conforme o relato de Martins et al. (2006), nos últimos anos os produtores de abacate têm procurado outras variedades que possam ser alternativas às atuais disponíveis. Para disponibilizar material que possa atender a demanda foram realizados trabalhos de melhoramento de plantas, disponíveis no campo e no Banco Ativo de Germoplasma


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da FCAV/UNESP/Campus de Jaboticabal, originadas por cruzamentos ou mutações, que permitiram a seleção de variedade com frutos de tamanho pequeno e ausência de semente. A planta matriz, denominada ‘Inêz’, tem características típicas da raça antilhana, com maturação precoce (fevereiro/março), para as condições de Jaboticabal/SP. O fruto de formato alongado tem, em média, 15,6 cm de comprimento e 5,6 cm de largura, pesando 230 g, dos quais 96% corresponde a polpa, que é de coloração creme-esverdeado, com palatabilidade muito boa e ºBrix de 7,6, sendo a casca verde e lisa. Os trabalhos, ainda na fase inicial, já indicam resultados bastante promissores para o desenvolvimento de novos cultivares com características desejáveis. IV – FATORES QUE INTERFEREM NA ESCOLHA DAS VARIEDADES Escolher variedades, entre as citadas e as demais existentes, no País e fora dele, não é tarefa fácil, quando se pensa nas numerosas exigências climáticas ou florais de cada uma delas, ao problema da polinização, à demora na maturação, ao tamanho, cor e outras qualidades da fruta, já discutidas. (Maranca, 1980). Também é importante a associação entre espécies e condições climáticas capazes de mudar a época de produção, antecipar a das variedades precoces, ou retardar a das tardias, um fator de grande interesse prático na escolha das variedades a serem plantadas em determinada região (Donadio, 1995). Um fator importante na escolha da variedade baseia-se na necessidade de polinização cruzada, com vistas ao aumento de produção, pois já se viu que há combinações de variedades que levam à melhoria da produção (Gazit, 1976). No caso da variedade Fuerte, foi demonstrado que a Tova é a melhor polinizadora. Na Ettinger, por sua vez, a variedade Tova induz um aumento de produção de 200 a 300%, comparando-se com outras polinizadoras (Donadio, 1995). Para facilitar a escolha da variedade a ser plantada é necessário observar o comportamento das variedades em cada região, para saber melhor as características apresentadas, como por exemplo, se a variedade tem a possibilidade de extração de óleo, se possui alto rendimento de polpa, ou ainda, se necessita de polinizadores.


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IV – CONSIDERAÇÕES FINAIS Existe a necessidade de mais estudos com a cultura do abacateiro no Brasil, visando solucionar problemas, dentre os quais destaca-se a necessidade de oferta do produto no mercado o ano todo. É possível verificar que as variedades apresentam características diferentes em determinadas regiões, destacando-se com isso a necessidade da pesquisa local, com o objetivo de indicar as variedades mais adaptadas ao clima, além do conhecimento prévio das exigências do mercado consumidor.

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PROPAGAÇÃO DO ABACATEIRO Tatiana Rezende Pires de Almeida1 Aloísio Costa Sampaio2 1. Introdução O abacateiro é propagado basicamente através de sementes ou pelo método de enxertia. Para fins comerciais recomenda-se a enxertia, já que se trata de uma planta de porte alto e bastante passível de variações genéticas, visto ser uma planta alógama. A enxertia também visa antecipar o período produtivo das plantas e garantir uma maior uniformidade fenotípica no pomar (Cyro, 1991 citado por Moraes et al., 2002). Em razão do abacateiro ter sido propagado durante muitos anos exclusivamente por meio de sementes, obteve-se um grande número de híbridos, visto que a semente do abacate é monoembriônica gerando apenas plantas híbridas, normalmente diferentes entre si, algumas vezes, porém, os fenótipos são similares dificultando o processo de melhoramento (Grecco et al., 2006). Geralmente a semente do abacate quando germina apresenta vários caules, que podem ser confundidos com a poliembrionia, mas neste caso trata-se de policaulia, ou seja, a formação de vários caules provenientes de apenas um embrião gamético (Zaccaro, 2003). Por outro lado, os pomares que foram formados com mudas propagadas através de sementes apresentavam grande variabilidade na forma e dimensão das copas das árvores e os frutos colhidos também eram muito diferentes em relação à forma, tamanho, qualidade da polpa e época de maturação (Zaccaro, 2003). Desta forma a utilização de sementes restringe-se à formação de porta enxertos para serem enxertados com cultivares melhoradas. A utilização da clonagem através da formação de plantas obtidas através da estaquia, alporquia e cultura de tecidos tem apresentado resultados animadores (Zaccaro, 2003).

Engenheira Agrônoma. Mestranda em Horticultura pela UNESP/FCA/Botucatu Docente do Departamento de Ciências Biológicas, FC/UNESP – Cx. P. 473 – CEP 17033-360 - Bauru, SP e do Curso de Pós-graduação em Horticultura/FCA/UNESP – Botucatu, SP - aloísio@fc.unesp.br

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2. Propagação do Abacateiro por Enxertia A propagação do abacateiro por enxertia é o método empregado comercialmente pelos viveiristas. Este método consiste basicamente na obtenção dos porta-enxertos através de sementes e na posterior enxertia dos cultivares copa. A seguir, são descritas as etapas para a obtenção da muda de abacateiro por enxertia. 2.1. Preparo da semente para obtenção dos porta-enxertos As sementes de abacate para formação dos porta-enxertos devem ser retiradas de plantas adultas, sadias e produtivas, colhendo-se os frutos quando maduros ou “de vez”, com o maior cuidado possível para que não caiam no chão e danifiquem a semente (Zaccaro, 2003). As sementes devem ser lavadas retirando-se a película que as envolve. Utiliza-se um banho com água quente a 49 – 50ºC por 30 minutos e após devem ser lavadas com água fria, colocando-as para secarem a sombra. Se não for utilizado o banho com água quente, recomenda-se utilizar um fungicida específico para proteção das sementes. A semeadura deve ser realizada o mais rápido possível, pois o poder germinativo decresce rapidamente (Zaccaro, 2003). Recomenda-se a utilização de sementes da raça mexicana (Gottfried), raça guatemalense (Nimlioh) que amadurecem entre fevereiro e abril e da raça antilhana (grupo manteiga) e seus híbridos que amadurecem normalmente entre dezembro e fevereiro. Geralmente os viveiristas retiram as sementes de plantas vigorosas e produtivas e que amadurecem até março – abril. Normalmente são híbridos da raça antilhana que se adaptam melhor às condições tropicais (Zaccaro, 2003). 2.2. Semeadura O método da semeadura consiste na utilização de sacos plásticos medindo 20 cm de diâmetro por 40 cm de altura ou também, pode ser realizada no campo plantando os porta enxertos no espaçamento de 1,00 x 0,30 m. Neste caso, as sementes devem ser semeadas em canteiros de areia em condições semelhantes às utilizadas para formação de mudas em sacos plásticos e, após a germinação das sementes, as plantas são transplantadas para o viveiro. Este tipo de plantio não é aconselhável por ser difícil de retirar a planta do chão para posterior-


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mente colocá-las em jacazinhos ou embalagens semelhantes, necessitando de um maior tempo de aclimatação, pois o corte das raízes realizado durante o arranquio da muda causa um traumatismo muito grande e, pode existir contaminação das raízes com o fungo causador da podridão das raízes (Zaccaro, 2003).

Figura 1. Semeadura direta de sementes de abacate comum visando obtenção de Porta-enxerto. (Foto: Aloísio Costa Sampaio)

Figura 2. Porta-enxertos em desenvolvimento para futura enxertia por fenda cheia, na Fazenda Jaguacy, Bauru (SP). (Foto: Aloísio Costa Sampaio)


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2.3. Enxertia Utiliza-se a garfagem em fenda cheia e a borbulhia. A enxertia por borbulhia é empregada apenas no caso de porta-enxertos formados no campo, pois necessita de maior diâmetro destes para a enxertia da borbulha que deverá ser mais lenhosa (Zaccarro, 2003). Devido às inúmeras vantagens da garfagem em fenda cheia, como o uso de sacos plásticos para formação dos porta-enxertos, melhor pegamento da enxertia, maior rapidez de aclimatação da muda e melhor pegamento das mudas no campo, atualmente a borbulhia tornou-se obsoleta para a produção de mudas de abacateiro (Zaccaro, 2003). Os porta enxertos estarão em condições propícias para a enxertia quando atingirem a altura de 0,20 – 0,30 m de altura, com o caule de coloração bronzeada e diâmetro de um lápis. Os garfos deverão ser retirados de plantas matrizes de cultivares selecionados, registrads e de alta produtividade. Os ponteiros deverão ser cortados com 5 – 8 cm de comprimento retirando-se os pecíolos das folhas (Zaccaro, 2003). Os porta enxertos devem ser aparados a 4 cm acima do ápice da semente, efetuando-se um corte longitudinal de 3 cm de comprimento ao longo do caule. No garfo efetuam-se dois cortes longitudinais convergentes de 3 cm de comprimento formando uma cunha. A seguir, introduz-se o garfo dentro da fenda do porta-enxerto, fixando-o com um fitilho de plástico, envolvendo-se toda a área do corte para a proteção local da enxertia. Após protege-se o enxerto com um saco plástico transparente que é envolvido e fixado sobre o enxerto para evitar o ressecamento e queimaduras do sol (Zaccaro, 2003). Depois de 30 a 40 dias, o enxerto inicia a brotação, quando deve ser retirado o saco plástico e o fitilho. De 40 a 90 dias após a enxertia, deve-se realizar a desbrota do porta enxerto, condução da muda e aclimatação gradativa da muda ao sol. A muda de abacateiro estará pronta para o plantio no local definitivo quando atingir 0,40 – 0,50 m de altura, que ocorrerá com 10 a 12 meses após a semeadura do portaenxerto (Zaccaro, 2003). O sucesso da enxertia depende do conhecimento da técnica, da habilidade do enxertador, das condições da planta, do ambiente e de outros fatores. Um cuidado especial é quanto à proteção do enxerto contra a desidratação após a operação, principalmente quando se trata de enxertia por garfagem (Hartmann et al., 1990 citados por Jacomino


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et al., 2000). Além da sacola de polietileno pode ser utilizado o parafilme que é um material a prova d’água, bastante flexível e maleável, que é aplicado sobre o local a ser protegido, de forma a proporcionar cobertura adequada e ajustar-se às formas do enxerto (Jacomino et al., 2000). O parafilme constitui-se num plástico especial, bastante flexível, maleável e biodegradável, não necessitando ser retirado (Jacomino et al., 2000). O mesmo autor, estudando seis tipos de materiais para a proteção, como o saco de polietileno, parafina, parafina + vaselina, cera de abelha, parafilme e filme de PVC, obtiveram que parafilme e filme de PVC foram os melhores materiais para a proteção do enxerto em abacateiro ‘Fortuna’. Segundo Koller (1984), o saco de polietileno utilizado para cobrir o enxerto tem a finalidade de conservar a umidade do ar, evitando a desidratação do garfo, sem impedir as trocas gasosas de O2 e CO2, importantes para o pegamento do enxerto. Mindêllo Neto et al. (2004) também estudando materiais para a proteção do enxerto, obtiveram que o parafilme promoveu um aumento percentual no pegamento quando comparado ao saco de polietileno.

Figura 3. Porta-enxerto de abacate comum enxertada com a cv. Hass na Fazenda Jaguacy, Bauru (SP). (Foto: Aloísio Costa Sampaio)


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3. Propagação do abacateiro por estaquia O abacateiro possui problemas para propagação por estaquia, devido ao difícil enraizamento das estacas. Para solucionar este problema pode utilizar-se fitorreguladores, especialmente o ácido indolbutírico (AIB), que aumenta a concentração endógena de auxinas nos tecidos e induz a formação de raízes (Gaspar & Hoffinger, 1988 citados por Silveira et al., 2004). O anelamento, associado à utilização de fitorreguladores, é outra solução já que este é utilizado com o objetivo de seccionar os vasos do floema, situados no córtex do ramo, impedindo a translocação descendente de carboidratos, fitormônios e co-fatores benéficos ao enraizamento, como o ácido isoclorogênico e terpenóides oxigenados (Hartmann & Kester, 1997). O estiolamento (crescimento na ausência de luz) dos ramos, também é outra técnica para auxiliar, pois aumenta a concentração interna de auxinas no ramo, diminui a lignificação dos tecidos, aumenta o acúmulo de amido na região estiolada e diminui o conteúdo de cofatores negativos ao enraizamento, especialmente AIA – oxidase (Bassuk & Maynard, 1987; Hartmann & Kester, 1997 citados por Silveira et al., 2004). Estudando o efeito do estiolamento nos cultivares Ouro Verde (raça guatemalense x antilhana) e Baronesa (raça antilhana), Silveira et al. (2004) observaram que a técnica proporcionou uma maior porcentagem de sobrevivência, brotação e enraizamento nas estacas da cultivar Ouro Verde, porém o mesmo não pôde ser observado para a cultivar Baronesa, indicando que o estiolamento não é uma prática recomendada para todas as cultivares de abacateiro. Reuveni & Raviv (1976) e Koller (1992), citados por Silveira et al. (2004) afirmam que os clones mexicanos apresentam maior facilidade para enraizar, os guatemalenses e os híbridos são intermediários e os antilhanos são de difícil enraizamento. Entre os reguladores de crescimento, o mais utilizado é o AIB (ácido indolbutírico), cujo efeito estimulante do enraizamento já foi comprovado para diversas espécies frutíferas (Mindêllo Neto et al., 2006). Segundo o mesmo autor, outro fator que pode influenciar no enraizamento de estacas de abacateiro é o tempo de imersão das estacas na solução hidroalcoólica, ocorrendo divergências na literatura, onde


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alguns autores citam 10 segundos (Silveira et al., 2004), 20 segundos (Bourdeaut,1970) e 24 horas (La Pena, 1975). Mindêllo Neto et al. (2006) empregando AIB em estacas do cv. Fuerte nas concentrações de 0, 500, 1000, 2000, 4000 mg L-1 durante 5 segundos (imersão rápida) e 24 horas (imersão lenta) obtiveram que as concentrações maiores que 500 mg L-1 ocorreu uma diminuição na porcentagem de estacas enraizadas, principalmente nas concentrações de 2000 e 4000 mg L-1. Isso provavelmente devem-se à concentração de AIB acima da necessária para estímulos ao enraizamento ocasionado desbalanço hormonal nas estacas e desequilíbrio entre promotores e inibidores (Tabela 1). Tabela 1 - Porcentagem de estacas herbáceas enraizadas de abacateiro cv. Fuerte, em função do tempo de imersão e diferentes concentrações de AIB (mg L-1) diluídas em solução hidroalcoólica (1:1), com testemunha (1) somente água. Canoinhas, SC, 2004. Fonte: Mindêllo Neto et al., 2006. Tempo de imersão

Concentração AIB (mg L-1) 0 500 1000 2000 4000 5 segundos 22,5 A d 47,5 A a 37,5 A b 32,5 A c 30,0 A c 24 horas 27,5 A a 0,0 B b 0,0 B b 0,0 B b 0,0 B b C.V. (%) 17,24 (1) Médias seguidas de mesma letra maiúscula, na coluna,e minúscula, na linha, não diferem significativamente entre si, ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Scott-Knott. 4. Micropropagação do Abacateiro A micropropagação através da proliferação de ápices caulinares e gemas axilares são os processos mais utilizados para multiplicação “in vitro” de plantas, por ser um método de propagação vegetativa que apresenta grande estabilidade genética (Amato, 1977; Krikorian, 1991 citados por Biasi et al., 1994). Em abacateiro este método foi utilizado visando a propagação vegetativa de porta enxertos necessária para a manutenção de caracterís-


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ticas importantes como a resistência à salinidade e à podridão de raiz. No entanto, os resultados apesar de promissores, ainda não permitem a utilização do processo em escala comercial (Biasi, et al., 1994). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BIASI, L.A.; KOLLER, O.C.; KÂMPF, A.N. Micropropagação do abacateiro ‘Ouro Verde’ a partir de segmentos nodais. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 29, n. 7, p. 1051-1058, 1994. GRECCO, C.S.; SAWAZAKI, H.E.; BARBOSA, W.; SOARES, N.B. Caracterização de híbridos de abacateiro e pereira através de RAF. Disponível em: www.iac.sp.gov.br, Maio, 2006. Acesso em: 18 março 2007. JACOMINO, A.P.; MINAMI, K.; KLUGE, R.A.; KISHINO, A.Y. Métodos de proteção de enxerto da produção de mudas de mangueira, abacateiro e nogueira macadâmia. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 35, n. 10, p. 1985-1990, 2000. HARTMANN, H.T.; KESTER, D.E.; DAVIES JR., F.T. Propagacion de plantas: principios y praticas. 5 ed. México: Continental, 1997. 760p. KOLLER, O.C. Abacaticultura. Porto Alegre: Ed. Da Universidade/ UFRGS, 138p., 1984. MINDÊLLO NETO, U.R.; TORRES, A.N.L.; HIRANO, E. et al. Influência da proteção do enxerto na produção de mudas de abacate. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 26, n 1, p. 189-190, 2004. MINDÊLLO Neto, U.R.; HIRANO, E.; TELLES, C.A.; BIASI, L.A. Propagação de abacateiro cv. Fuertes por estacas herbáceas. Scientia Agrária, v.7, n. 1-2, p. 101-104, 2006. MORAES, A.V.; MACHADO FILHO, J.A.; FAGUNDES, G.R. et al. Avaliação da influência do tamanho da semente de abacate na germi-


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PLANEJAMENTO E INSTALAÇÃO DE POMARES DE ABACATEIRO Sarita Leonel1 Jaime Duarte Filho2 Ronaldo Simões Grossi3 1 – Planejamento do pomar Para a instalação e condução de pomares de abacateiro, vários aspectos devem ser considerados visando o sucesso do empreendimento, uma vez que a cultura, de caráter perene, uma vez instalada, deverá permanecer na área por vários anos. Os abacateiros começam a produzir comercialmente aos 4 anos de idade e a produção comercial com retorno econômico começa a partir do 8º – 10º ano. Além disso, é importante salientar que quanto mais favoráveis forem as condições para o crescimento e desenvolvimento das plantas, melhor e mais rápido será o retorno financeiro do empreendimento. Somado a isso, um estudo e posterior planejamento econômico do capital a ser investido, que envolve os custos para a instalação e manutenção da cultura são muito importantes e devem ser feitos inicialmente. O mercado consumidor do produto deve ser identificado e caracterizado no tocante às suas principais necessidades e demandas. A definição do mercado consumidor do abacate é de fundamental importância, uma vez que os principais cultivares aceitos no mercado internacional de exportação, não são bem aceitos no mercado interno. A preferência de consumo dos brasileiros é para um abacate como fruta de sobremesa e utilizado no preparo de sucos e vitaminas com casca verde, tamanho grande, com peso médio dos frutos entre 400 – 700 g. Internacionalmente, o abacate é mais consumido como um legume, no preparo de saladas ou pratos salgados como o guacamole. Na Europa e Estados Unidos principalmente, a preferência é por frutos pequenos, com peso entre 200 – 400 g, alto teor de óleo e casca roxa, características encontradas nos cultivares Fuerte e Hass.

UNESP. Faculdade de Ciências Agronômicas. Departamento de Produção Vegetal. Setor Horticultura. sarinel@fca.unesp.br 2 Engo Agro. Pesquisador EPAMIG-CTSM. duartefilho@epamig.br 3 Engenheiro Agrônomo. SAA/CATI. Casa da Agricultura de São Manuel. ca.saomanuel@cati.sp.gov.br 1


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2 - Escolha do local de plantio O local de plantio deve ser escolhido cuidadosamente. Inicialmente o local escolhido deve ter clima e solo favoráveis para a cultura. Outro aspecto a ser considerado é a topografia do terreno, que preferencialmente deve ser plana, com declividades entre 3 a 10%. A facilidade de boas estradas de acesso à propriedade, visando não só o manejo da cultura, mas principalmente o escoamento da produção, são itens importantes no planejamento do pomar. Se o destino final for à exportação dos frutos, a proximidade de portos ou aeroportos, que permita a rápida remessa do produto, é muito desejável. 3 – Escolha dos cultivares Conforme o que já foi abordado anteriormente, a escolha dos cultivares a serem plantados deve inicialmente considerar o destino da comercialização do produto final. Para a promoção de algumas facilidades no manejo da cultura e também visando a sazonalidade da produção, o abacate dispõe de cultivares com época de maturação precoces, de meia-estação e tardios. De acordo com o relato de Koller (2002), cultivares precoces ou tardias, cujos frutos amadurecem, respectivamente no início ou no final da safra, geralmente alcançam melhores preços no mercado. Entretanto, o autor salienta que os cultivares tardios podem estar sujeitos a alternância de produção, o que acarreta num menor rendimento, quando comparados com os cultivares de meia-estação. A antecipação da colheita pode ser obtida com o plantio de cultivares precoces em regiões quentes. O retardamento da colheita também pode ser conseguido, através do plantio de cultivares tardias em regiões mais frias. 4 – Preparo do solo para o plantio O solo destinado ao cultivo deve ser profundo, bem drenado e conter água e nutrientes em quantidades adequadas para que a planta atinja um bom desenvolvimento. O preparo do solo deve ser realizado numa profundidade de 40 a 50 cm, para a incorporação dos fertilizantes e corretivos que promoverão a correção do solo. Esta é a melhor ocasião para a incorporação dos mesmos em profundidade, tendo em vista as dificuldades para a colocação após o pomar instalado.


planejamento e instalaÇÃo •

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4.1 – Preparo do solo com subsolagem e aração profunda A subsolagem é uma prática realizada a uma profundidade de 40 a 50 cm no solo, seguida de aração e gradagem. Conforme Fachinello et al. (1996), este sistema permite colocar os nutrientes em maiores profundidades e à distância das raízes do abacateiro. Melhora a aeração do solo e a infiltração de água, além de romper camadas adensadas existentes, facilitando a penetração e o desenvolvimento do sistema radicular das plantas. Os inconvenientes desse sistema são de que não pode ser utilizado em solos rasos, pedregosos ou com horizonte adensado, exige máquinas apropriadas e apresenta um custo inicial mais elevado. O calcário e o fósforo devem ser aplicados em duas etapas: metade antes da subsolagem e metade antes da aração. 4.2 – Preparo convencional do solo Neste sistema, o solo é preparado e corrigido numa profundidade menor, que varia de 20 a 25 cm. Realiza-se normalmente de 1 a 2 arações, seguidas de gradagem superficial. Este sistema é utilizado em locais onde possa haver impedimentos à mecanização, tais como pedras e declive acentuado. Apresenta menor custo operacional. A adubação fosfatada e o calcário também são aplicados em duas etapas, metade antes da aração e metade antes da gradagem. 5 – Sistemas de plantio 5.1 – Plantio em covas As covas são abertas através de broca acoplada ao trator, em profundidades que podem variar de 50 x 50 x 50 a 70 x 70 x 70 cm de profundidade, largura e espessura, dependendo do tipo de solo onde será instalado o pomar. O plantio em covas prevê somente a marcação inicial do terreno e facilita o plantio. Contudo, pode apresentar alguns inconvenientes como a compactação das paredes da cova em solos argilosos, que dificultam a penetração das raízes das plantas e em casos graves, forma uma verdadeira barreira de impedimento (Fachinello et al, 1996).


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5.2 – Plantio em sulcos É o sistema mais adotado para a implantação de grandes pomares. Os sulcos são abertos nas linhas de plantio, normalmente com sulcadores empregados para o plantio de cana-de-açúcar, a uma profundidade de 40 cm. Posteriormente, são demarcados os locais para o plantio das mudas e em seguida, procede-se o fechamento dos sulcos. Neste sistema, as plantas podem desenvolver raízes mais uniformes e o gasto operacional costuma ser menor. 6 – Época de plantio O plantio deve preferencialmente ser realizado na primavera, nos meses de outubro e novembro no estado de São Paulo, porém sempre condicionado à disponibilidade de água. As mudas de abacateiro normalmente são comercializadas na forma de torrão, pois as de raízes nuas normalmente não sobrevivem, pois o sistema radicular é delicado e sujeito à dessecação. A muda deve ser colocada um pouco acima do nível do terreno para compensar o acamamento da terra na cova, antes de chegar terra no torrão. A bacia de irrigação feita ao redor da muda, aliada a colocação de palha de capim seco é importante para a conservação da umidade. 7 – Espaçamento O espaçamento a ser adotado deve levar em consideração vários fatores, dentre eles: o sistema de crescimento lateral ou vertical dos cultivares escolhidos, a profundidade e a fertilidade do solo, a topografia da área, o trânsito de máquinas e equipamentos, o tamanho do pomar e principalmente, os objetivos comerciais que condicionarão a longevidade dos pomares. Em pomares pequenos, onde não serão utilizados máquinas e implementos grandes, os espaçamentos podem ser menores. Atualmente existe uma tendência para o adensamento dos cultivos, mesmo em grandes áreas, com o manejo da copa através da poda, visando maiores produtividades. O plantio em quadrado é sempre o mais preferido para o abacateiro, pela facilidade nos tratos culturais e colheita (Ramos, 1982). Nesse sistema, os espaçamentos podem variar de 7,5 x 7,5; 8,0 x 8,0 a até 10,0 x 10,0 m entre linhas e entre plantas, respectivamente, para pomares onde não será realizado o adensamento de plantio. Quando


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a área necessitar da instalação de curvas de nível, o plantio retangular promove normalmente uma melhor distribuição dos talhões. No sistema de plantio adensado, com a utilização da poda, é possível utilizar espaçamentos menores de 5 x 8 m até 7 x 9 m (Koller, 2002). Em propriedades comerciais na região de Botucatu/SP os produtores cultivam abacate para mesa, dos cultivares Breda, Margarida, Fortuna e Quintal, no espaçamento de 5 x 6 m. Os produtores preconizam o adensamento para aproveitamento do espaço e o crescimento das plantas é controlado através das podas. 8 – Necessidade do plantio de cultivares polinizadores Pelo fato de apresentar o processo de dicogamia protogínica, que regula a polinização e fecundação das flores do abacateiro, os cultivares foram divididos, conforme o horário de abertura das flores em dois grupos florais denominados de A e B. A dicogamia protogínica favorece a polinização e fecundação cruzada entre cultivares pertencentes aos dois grupos (Koller, 2002). Devido a este fato, existe concordância entre os especialistas de que, no plantio de pomares de abacateiro é recomendável o plantio intercalar de cultivares dos dois grupos florais, para assegurar a produção comercial dos frutos. As recomendações convergem para o plantio de 1 árvore polinizadora para 8-10 do cultivar mais importante. Existem plantios de linhas inteiras de plantas de um grupo floral intercaladas com linhas de plantas de outro grupo, com a finalidade de facilitar a colheita e os tratos culturais. Não é raro, entretanto a constatação de que, em certas circunstâncias, árvores isoladas frutificam satisfatoriamente. Tal fato encontra explicação nos estudos realizados por Isham e Elisikowitch (1991) os quais mostraram que a temperatura, durante o florescimento, afeta as fases feminina e masculina de abertura das flores. Para cada aumento ou diminuição de 1ºC da temperatura acontece, respectivamente, uma antecipação ou um atraso de 15 a 50 minutos no início da abertura da flor, bem como uma igual diminuição ou aumento na duração da abertura até o fechamento da flor. Essa falta de sincronia, causada por variações da temperatura no florescimento faz com que, em régios de temperaturas baixas, na mesma árvore, possa haver flores abertas, algumas com os estigmas receptivos e outras liberando o pólen, pos-


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sibilitando a autofecundação. Segundo Koller (2002), a autofecundação é verificada, com maior freqüência, nos cultivares do grupo floral A, porque, quando acontece o retardamento da fase pistilada, o estigma pode permanecer receptivo desde a amanhã até a tarde, favorecendo a polinização por insetos. Nos cultivares do grupo B, quando corre o retardamento da abertura e fechamento da flor, a fase pistilada se estende para a noite, dificultando a polinização entomófila. REFERÊNCIAS BIBILIOGRÁFICAS FACHINELLO, J.C., NATCHIGAL, J.C., KERSTEN, E. Fruticultura: fundamentos e práticas. Pelotas: Editora Universitária, Universidade Federal de Pelotas, 1996. 311p. ISHAM, G., EISIKOWITCH, D. New insight in to avocado flowering in relation to its pollination. In: California Avocado Society Yearboock, Saticoy, v. 75, p. 125-137, 1991. KOLLER, O.C. Abacate – produção de mudas, instalação e manejo de pomares, colheita e pós-colheita. Porto Alegre: Cinco Continentes. 2002. 154 p. RAMOS, V.H.V. Propagação e implantação de pomar de abacateiro. Informe agropecuário, Belo Horizonte, v. 8, n. 86, 1982.


VIABILIDADE ECONÔMICA DA IRRIGAÇÃO NO ABACATEIRO Adilson Pacheco de Souza1 José Antônio Frizzone2 Considerações iniciais A técnica da irrigação pode ser definida como sendo a aplicação artificial de água ao solo, em quantidades adequadas, visando proporcionar a umidade necessária ao desenvolvimento normal das plantas nele cultivadas, a fim de suprir a falta ou a má distribuição das chuvas. Dessa forma, o objetivo que se pretende com a irrigação é satisfazer as necessidades hídricas das culturas, aplicando a água uniformemente e de forma eficiente, ou seja, que a maior quantidade de água aplicada seja armazenada na zona radicular à disposição da cultura. Este objetivo deve ser alcançado sem alterar a fertilidade do solo e com mínima interferência sobre os demais fatores necessários à produção cultural. Os fatores necessários para prover as culturas de água necessária para máxima produtividade são principalmente: energia, água, mãode-obra e as estruturas de transporte da água, devendo existir uma completa inter-relação entre eles de tal forma que se um deles não se encontrar bem ajustado, o conjunto ficará comprometido, prejudicando o objetivo a ser alcançado que é a máxima eficiência de utilização do sistema, juntamente com a máxima produtividade. A irrigação no Brasil depende de fatores climáticos. No semi-árido do Nordeste é uma técnica absolutamente necessária para a realização de uma agricultura racional, pois os níveis de chuva são insuficientes para suprir a demanda hídrica das culturas. Nas regiões sul, sudeste e centro-oeste, pode ser considerada como técnica complementar de compensação da irregularidade das chuvas. O insumo água é tão importante quanto qualquer outro, mas pouco se tem feito quanto ao seu uso racional. A partir daí, nos deparamos com as técnicas de manejo da irrigação. Conhecendo-se as caracterísEngenheiro Agrícola, Mestrando em Irrigação e Drenagem, DA / FCA / UNESP, Botucatu - SP, pacheco@ fca.unesp.br 2 ESALQ/USP. Departamento de Engenharia Rural/Irrigação; frizzone@carpa.ciagri.usp.br 1


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ticas físico-hídricas do solo, o clima, a cultura e os princípios de funcionamento dos equipamentos de irrigação, pode-se propor um uso racional da água e conseqüentemente, sem danos ao meio ambiente. Exigências da cultura do Abacateiro Antes de iniciar um projeto de irrigação para a cultura do abacateiro é preciso descrever bem a fenologia (fases de desenvolvimento e crescimento) da planta. Irrigar implica em conhecer as necessidades das plantas, as características do solo e fornecer água em quantidade adequada no momento requerido. Dos fatores climáticos que afetam o abacateiro, os principais são a temperatura, luminosidade, precipitação pluviométrica, os ventos e a umidade relativa do ar (KOLLER, 1984), destacando-se dentre estes, a temperatura e a precipitação (TEIXEIRA et al, 1991). Neste capítulo serão abordados apenas os efeitos da precipitação. Segundo Teixeira (1991), precipitações da ordem de 1200 mm anuais são suficientes para a cultura, desde que haja uma distribuição razoável ao longo do ano. A distribuição das chuvas durante os meses do ano nos diferentes períodos de crescimento do abacateiro é fundamental, sendo comprovado que essa distribuição resulta na existência de umidade no solo durante o período de crescimento ativo (crescimento de novas brotações, florescimento e desenvolvimento dos frutos). Minimizando assim a queda intensa de flores ou frutos pequenos, que podem influenciar tanto no tamanho como na qualidade dos frutos colhidos, resultando em uma grande redução da produtividade por planta e por hectare. As estiagens prolongadas causam a queda de folhas e, por conseguinte, da produção. Já o excesso de precipitação no período de florescimento e frutificação provoca queda na produção e prejudica a qualidade dos frutos (TEIXEIRA, 1991). Koller (1984), alerta para o fato de que as folhas do abacateiro não apresentam murchamento nítido por ocasião do déficit hídrico, permanecendo praticamente normais, até o momento em que as folhas apresentam manchas necróticas, secam e caem, comprometendo a produção. Por isso é necessário bastante atenção na prevenção de déficit de água, especialmente em plantas jovens cujo sistema radicular não é muito profundo. A observação de outras plantas mais sensíveis ao murchamento como fonte de indícios seguros sobre a necessidade de irrigação é fundamental. É uma


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planta muito sensível ao encharcamento, devendo por isso, tomar-se muito cuidado com o excesso de água que favorece o aparecimento de podridões nas raízes. Naturalmente não é verificada a ocorrência das chuvas de maneira distribuída ao longo do ciclo da cultura do abacateiro, assim utilizase da técnica da irrigação, como uma maneira de suprir esse déficit hídrico que a cultura possa ter nos seus estádios de maior exigência de água. A necessidade, freqüência e quantidade de água de irrigação a ser aplicada dependem fundamentalmente da capacidade de armazenamento do solo em forma disponível para o abacateiro. No verão, as plantas necessitam de muito mais água do que no inverno, devido ao aumento da temperatura e do tamanho do dia. A Tabela 01 apresenta a necessidade hídrica anual de algumas fruteiras e a sua distribuição espacial e temporal na adoção de um sistema de irrigação por gotejamento, sendo que a vazão total necessária é dependente do número de plantas a serem irrigadas. O abacateiro prospera nos mais diversos tipos de solos, desde que eles sejam bem drenados, apresentando o nível do lençol freático abaixo de 1,50 metros. Tabela 01 – Necessidade hídrica da algumas fruteiras. Necessidade Anual de Necessidade diária por m² Cultura água (mm) para gotejamento Abacate 1300 1,51 litro por m² Abacaxi 1200 1,39 litro por m² Acerola 1400 1,33 litro por m² Caju 1200 1,39 litro por m² Caqui 900 1,03 litro por m² Goiaba 1500 1,58 litro por m² kiwi 1200 1,39 litro por m² Maçã 1000 1,14 litro por m² Manga 1400 1,33 litro por m² Pera 1100 1,28 litro por m² Fonte: Adaptado de AGROJET, (2006).


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Quando atendidas todas as necessidades da cultura do abacateiro com relação às demais variáveis que possam interferir na produção, não existindo restrição de umidade para a cultura, tanto no déficit como no excesso, a planta não apresenta desequilíbrio energético, permitindo expressar todo o seu desenvolvimento vegetativo e/ou produtivo, conforme o seu estádio de desenvolvimento. Porém, sabe-se que o sistema solo-planta está sob influencia direta dos fatores climáticos atuantes na região, ocasionando a transferência de água deste sistema para a atmosfera, pelos processos de evaporação de água do solo e transpiração da planta que ocorrem simultaneamente na natureza gerando o fenômeno da evapotranspiração. A ocorrência da evapotranspiração máxima da cultura do abacateiro depende dos elementos climáticos envolvidos, do solo, dos fatores fisiológicos e da restrição hídrica. Donadio (1995) enfatiza que o abacateiro é uma das fruteiras mais sensíveis ao fator solo, principalmente no que diz respeito à drenagem e profundidade. Segundo Simão (1971), solos profundos, férteis, bem drenados, leves e pouco ácidos são os desejáveis. Solos argilosos, com alto poder de retenção de água e de difícil drenagem podem causar a morte das raízes do abacateiro, que são muito exigentes em aeração (SETTER & BELFORD, 1990). Além disso, o excesso de umidade no solo predispõe as plantas do abacateiro ao ataque do fungo Phyhtophtora cinnamomi Rands. Somado a isso, o abacateiro se desenvolve mais lentamente em solos pesados, retardando o início da frutificação. Donadio (1995) afirma que solos rasos, porém com boa drenagem, também podem ser utilizados, pois a planta apresenta sistema radicular superficial. Segundo Plessis (1991), cerca de 21% das raízes do abacateiro se concentram em 30 cm de profundidade, porém quando o solo apresenta sinais de compactação esse valor pode chegar a 50%, sendo a profundidade considerada para fins de irrigação de 60 cm. De acordo com Bower (1984), a tensão de água no solo influenciará adversamente a maturação e qualidade dos frutos, sendo recomendado que a irrigação seja realizada quando a tensão da água no solo estiver próxima à 55 KPa ou 0,55 atm. Um outro fator relacionado ao solo, muito importante a ser considerado para a cultura do abacateiro, no momento de implantação do pomar, é a salinidade. De acordo com Donadio (1995), o abacateiro é muito sensível à salinidade. Medida pela condutividade elétrica, pode


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causar danos à planta quando excede 3mm hos/cm. Os principais problemas associados com salinidade do solo e toxicidade alta por cloreto incluem reduções no rendimento dos frutos e tamanho das plantas, baixo conteúdo de clorofila nas folhas, diminuição da fotossíntese e do crescimento das raízes (CROWLEY, 1999). Os sintomas são, queima da ponta e borda das folhas e queda da produção. A salinidade pode ser provocada por altas concentrações de sulfatos, cloretos, carbonetos e nitratos no solo, ou água de irrigação com concentração acima de 0,2g/l de cloreto. De acordo com Bernardo et al., (2006), o abacateiro apresenta tolerância a concentração de cloro (Cl-) na água de irrigação ou no solo de 4,0 e 6,0 me/L, respectivamente. Sendo ainda considerada uma cultura sensível à concentração de sódio trocável no solo e à concentração de boro na solução do solo, segundo Ayres e Westcot (1985). A Tabela 2 mostra os níveis de tolerância de algumas fruteiras à salinidade do solo, relacionado com diversas concentrações de sais solúveis na solução do solo e na água de irrigação com o potencial de produção das culturas, desde produção com 100% do potencial da cultura até condições em que não haverá mais produção. O controle da salinidade pode ser feito mediante a aplicação de uma quantidade de água além daquela requerida para repor a quantidade de água evapotranspirada para promover a lixiviação do excesso de sais para camadas mais profundas do solo, longe do sistema radicular das plantas (FOLEGATTI et al., 2005). Uma alternativa interessante é a utilização de porta-enxertos da raça antilhana, que são resistentes à salinidade. Outra prática também recomendável é a aplicação de nitrato na água, que aumenta a tolerância da planta à salinidade. Em relação ao pH, a faixa adequada ao abacateiro está entre 5,0 e 6,5. Fora desses limites, a planta é muito prejudicada, principalmente em pH alcalino, que também é mais difícil de ser corrigido.


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Tabela 02 – Tolerância e produção potencial de algumas fruteiras em função da salinidade da água de irrigação (CEi) ou do solo (CEs), em dS/m, a 25ºC, segundo Ayers e Westcot. Produção Potencial 100% 90% 75% 50% "Zero" % Culturas CEs CEi CEs CEi CEs CEi CEs CEi CEs CEi Abacate (Persea americana) 1,3 0,9 1,8 1,2 2,5 1,7 3,7 2,4 6,5 4,4 Laranja (Citrus sinensis) 1,7 1,1 2,3 1,6 3,3 2,1 4,8 3,2 8,0 5,3 Limão (Citrus limon) 1,7 1,1 2,3 1,6 3,3 2,2 4,8 3,2 8,0 5,3 Uva (Vitis vinifera) 1,5 1,0 2,5 1,7 4,1 2,7 6,7 4,5 12,0 7,9 Grapefuit (Citrus paradisi) 1,8 1,2 2,4 1,6 3,4 2,2 4,9 3,3 8,0 5,4 Fonte: Adaptado de Bernardo et al., (2006).

Custo do sistema de irrigação versus incremento da produtividade O preço de aquisição do equipamento de irrigação está diretamente relacionado à qualidade do material empregado e às características específicas de cada projeto, influenciando de maneira significativa no incremento de produtividade, necessário para viabilizar a irrigação. MONTEIRO et al., (2005) estudando a implicação do preço de aquisição e vida útil do sistema de irrigação sobre a viabilidade econômica em mamoeiro, verificou que a implementação de um sistema de irrigação nesta cultura demanda alto investimento, concluindo que a vida útil do equipamento exigiu um incremento de produtividade variando de 13 a 88,0%, enquanto que o preço de aquisição exigiu de 9 a 79,0% de incremento, para viabilizar a implantação do sistema de irrigação. Já para a cultura da goiabeira, SANTOS et al., (2005) analisando o incremento de produtividade necessário para se viabilizar a irrigação na cultura, observou que o preço de aquisição do equipamento de irrigação influenciou a um incremento de produtividade necessário para viabilizar a irrigação, que chegou a ultrapassar 150%, em pomares de


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plantas jovens, ao redor de 2 anos, porém à medida que a produção tende a se estabilizar devido à idade do pomar, este incremento reduz substancialmente, mesmo optando-se pelo equipamento de maior custo de aquisição. Enquanto que nos pomares de goiabeiras em idade adulta e em condições ideais de clima e solo exigiram um incremento de produtividade para se viabilizar a irrigação é menor do que 20%. Em um trabalho objetivando estudar os efeitos do custo de aquisição e vida útil do sistema de irrigação sobre a viabilidade econômica dos pomares de manga, FERRAZ et al., (2005) concluiu-se que a vida útil do equipamento de irrigação exigiu um incremento de produtividade de até 25,0%, enquanto que o preço de aquisição exigiu até 23,0% de incremento de produtividade. Para a cultura do abacateiro não se encontra na literatura nenhuma referência quanto à existência de um incremento na produtividade para viabilização da implantação de um sistema de irrigação, cabendo ao produtor fazer essa análise seguindo as equações apresentadas posteriormente, pois dessa maneira, estará verificando essa necessidade de aumento da produtividade para as suas condições locais. Custo da água No processo de toda de decisão sobre a forma de manejo do recurso hídrico, é importante considerar o custo da água. Quando a água é um recurso escasso e caro (em termos de outros recursos que devem ser sacrificados para aumentar a sua disponibilidade), é justificável fazer investimento no seu uso. O custo da água é definido em termos de outros recursos que devem ser sacrificados para aumentar sua disponibilidade. Este custo é definido pelos economistas como preço de sombra ou custo de oportunidade, o qual nem sempre é expresso em termos de valor monetário (preço), mas em espécie. Por exemplo, se numa região árida é necessário a retirada de uma fonte de abastecimento 2,5 milhões de metros cúbicos de água para produzir 5 toneladas de abacate, o custo de 1 milhão de metros cúbicos de água é igual a 500 kg de abacate, porque no caso em que a água não estivesse disponível, sacrificaria a produção de 500 kg de abacate por m³ de água deficiente (FRIZZONE, 1993).


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Eficiência econômica da irrigação na cultura do abacateiro Uma produção eficiente e rentável deve constituir o principal objetivo econômico da empresa agrícola. Para isto, os recursos disponíveis devem ser utilizados racionalmente no processo de produção, de forma a se obterem os mais altos níveis de produtividade econômica. Na atividade de irrigação, a água é o recurso natural sobre o qual se tem maior interesse em exercer controle, no sentido de alterar seu padrão de disponibilidade espacial e temporal, adequando-o à demanda da cultura do abacateiro. A eficiência do uso da água pode ser avaliada em função da produção e/ou receitas obtidas pela quantidade de água aplicada, conforme exemplificado pela Tabela 03. A produção da cultura do abacateiro em reposta à água aplicada depende de muitos fatores, tais como quantidade e freqüência de irrigação, método de aplicação de água, estádio de desenvolvimento da cultura, variabilidade do solo, condições climáticas, etc. Neste item serão utilizadas como base as considerações apresentadas por Frizzone, (1993) sobre funções de respostas de culturas à irrigação, por ser uma das maiores referências quanto à avaliação do desempenho das culturas quanto à lâmina irrigada e, por conseguinte, à eficiência econômica da irrigação.


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Tabela 03 – Eficiência do uso da água para as principais espécies de frutas irrigadas. Produtividade Física Eficiência Física Eficiência EconôCultura (t/ha/ano) (kg/m³) mica (US$/m³) Abacate 10,00 1,79 0,54 Abacaxi 30,00 7,49 1,50 Acerola 15,00 3,25 0,97 Banana 40,00 3,40 1,06 Goiaba 20,00 4,34 2,71 Graviola 10,00 2,17 2,06 Limão 20,00 4,34 2,93 Manga 20,00 5,00 3,00 Tangerina 20,00 4,34 1,30 Uva 40,00 8,13 6,10 Fonte: Adaptado de FRUPEX, (1994) e Banco de Dados do Laboratório de Hidráulica e Irrigação da Universidade Federal do Ceará apud Salzburg, (1998).

Um enfoque conceitual de função de resposta ou de produção da cultura do abacate pode ser considerado como uma relação física entre a quantidade de água aplicada e as quantidades físicas máximas que podem ser obtidas do produto, para dado sistema de irrigação utilizado (FRIZZONE, 1993). Segundo o mesmo autor, muitas funções de produção foram obtidas pelos pesquisadores para as mais variadas culturas, em que estas apresentam em sua maioria relações lineares, onde o valor ótimo (máximo lucro) será sempre limitado por uma restrição, neste caso, a disponibilidade de água. Entretanto, na maioria dos problemas práticos, haverá um valor ótimo (que resulta na máxima renda líquida) que ocorre dentro de uma região factível, antes da efetiva limitação da água, conforme pode ser observado na Figura 01.


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Figura 01 – Esquema de uma função de receita líquida para a cultura do abacate. Fonte: Frizzone, (1993).

Na Figura 02 ilustra-se um modelo da função de resposta de uma cultura à quantidade total de água aplicada, dada pela relação evapotranspiração-produção, que pode ser facilmente adaptada para a cultura do abacateiro, deve-se considerar que o método de irrigação pode afetar significativamente a produção, independente da quantidade de água a ser aplicada. Quando uma pequena quantidade de água é aplicada, ela é quase totalmente utilizada pela cultura, mas as curvas de evapotranspiração e água aplicada, apesar de próximas, não são coincidentes. A relação produção-água aplicada pode ser considerada linear até aproximadamente 50% da quantidade que resulta na produção máxima. Para maiores quantidades de água aplicada, os acréscimos na produção são progressivamente menores, refletindo as várias perdas de água que se desenvolvem próximo da condição de máxima produção (irrigação sem déficit). A perda de água por percolação profunda aumenta com o aumento da quantidade de água aplicada; se o aumento da lâmina de irrigação é associado com altas freqüências de irrigação, maior perda por evaporação poderá ocorrer, especialmente em irrigação por aspersão, com relativamente pequeno aumento na produção (FRIZZONE, 1993).


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Figura 02 – Função de resposta de uma cultura à irrigação. Fonte: Frizzone, (1993).

Segundo Frizzone (1993), a irrigação é tão menos eficiente quanto mais a quantidade de água aplicada se aproxima da irrigação sem déficit. Este declínio da eficiência está associado com a variabilidade na quantidade de água aplicada, com as características da cultura e características do solo. A curva de produção-água aplicada está próxima da reta produção evapotranspiração para baixos níveis de irrigação, mas se afasta progressivamente para maiores níveis de irrigação. A forma da curva na zona II é governada por outros fatores. Após o ponto de produção máxima, a curva se declina em conseqüência da redução na aeração do solo devido ao excesso de água, lixiviação dos nutrientes e doenças associadas com solo úmido. Uma vez que os fatores que afetam a produção na zona II são diferentes daqueles da zona I, é necessário uma formulação matemática diferente para a zona II. A natureza dessa relação depende do tempo de duração do excesso de água, da temperatura durante o período de excesso de água e de outros fatores de solo e clima. Quando a quantidade de água aplicada excede a necessidade de água da cultura, o lucro diminui linearmente com o aumento do nível de irrigação. Na Figura 03, observa-se um esquema de funções de receita bruta, custos e receita líquida. Desde que a receita bruta é igual à produção da cultura multiplicada por uma constante (o preço do produto), a relação entre o uso da água de irrigação e a receita bruta tem a mesma forma geral da curva produção-água aplicada. A função de custo tem


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três importantes características. A primeira é seu limite inferior (custo/ ha), o qual está associado com os custos fixos anuais (do equipamento de irrigação, da maquinaria agrícola e das operações de campo para preparo de solo) e com os custos variáveis de produção da cultura, independentes da irrigação (sementes, fertilizantes, defensivos, cultivo e colheita). A segunda característica da função de custo é a declividade, a qual representa os custos marginais da produção, nos quais incluem os custos variáveis da irrigação, tais como custos de bombeamento, custos da água, da mão-de-obra e de manutenção, ou seja, correspondente à diferença entre os custos variáveis de produção da cultura irrigada e da cultura não irrigada, dividido pelo total de água aplicado. A terceira característica é o limite superior que está relacionado à capacidade de operação do sistema. Assumindo que é razoável adotar uma função de custo linear, têm-se:

C A B = C0 + ( C W x W ) (01) em que: CAB – custo de produção da cultura do abacate, por unidade de área; C0 – custo de produção da cultura do abacate, por unidade de área, incluindo todos os custos não diretamente relacionados à aplicação de água e os custos de irrigação que não são função da lâmina de água aplicada, como a depreciação do sistema de irrigação; CW – custo do volume unitário de água aplicado; W – volume de água aplicado por unidade de área. Se não existirem outros custos envolvidos na produção, tais como custos de drenagem, a função de receita líquida por unidade de área pode ser dada por: IL ( W ) = P x Y ( W ) - C AB (02) em que: IL(W) – receita líquida por unidade de área; P – preço de venda produto; Y(W) – quantidade produzida; CAB – custo de produção da cultura do abacate, por unidade de área. A equação (02) tem um máximo em Wm = W*, conforme observado na Figura 02. O valor de W* é considerado a necessidade ótima de irrigação durante o ciclo produtivo da cultura. Em outras palavras, se toda área for uniformemente irrigada, W* corresponde à quantidade


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de água que deve ser infiltrada no solo para se obter o máximo desempenho produtivo e econômico. Sob a hipótese de que nos projetos de irrigação implantados nas lavouras de abacateiro é essencialmente comercial e não de subsistência, o agricultor tem (ou pelo menos age como se tivesse) o objetivo de maximizar a receita líquida. O emprego da irrigação em pomares de abacate somente será economicamente viável se o incremento de produção for suficiente para gerar uma receita líquida maior que o incremento de custo anual do projeto. Por conseguinte, FERRAZ et al., (2005) apresentam uma metodologia para determinação do incremento de produtividade que pode ser adaptado para todas as fruteiras, em especial para o abacate que apresenta poucas informações técnicas sobre a viabilidade da utilização de sistemas de irrigação.

IP =

( PP cc si

x 100

)

- 100

(03)

em que: IP é o incremento de produtividade necessário para viabilizar o emprego da irrigação; %, Pci é a produtividade da cultura irrigada (kg.ha-1.ano-1); Pcs é a produtividade da cultura de sequeiro (kg.ha-1.ano-1). Para a viabilidade econômica do projeto, a receita líquida do pomar irrigado deveria ser, no mínimo, igual à receita líquida do pomar de sequeiro:

P c i = [( Pc s x Pp ) = C TA ] x Pp

-1

(04)

em que: Pp é o preço de venda do produto (US$.kg-1); CTA é o custo total anual do projeto de irrigação (US$.ha-1.ano-1); CTA é calculado por C TA = C FA + C VA (05) em que: CVA é o custo variável anual (US$.ha-1.ano-1); CFA é o custo fixo anual (US$.ha-1.ano-1).

C FA = ( F R C

X

C si ) (06)


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em que: Csi é o preço de aquisição do sistema de irrigação (US$. ha-1); FRC é o fator de recuperação do capital obtido por: -1 VU -1 VU -1 -1 x ( ( jx1 0 0 ) + 1 ) - 1 F R C = ( j x 1 0 0 ) x (( j x 1 0 0 ) + 1 )

[

][

]

(07) em que: j é a taxa anual de juros (%); VU é a vida útil do projeto (anos); O custo CVA foi dado por: C VA = C e + C m + M o (08) em que: MO é o custo da mão-de-obra para a operação do sistema de irrigação (US$.ha-1.ano-1); Cm é o custo da manutenção do equipamento (US$.ha-1.ano-1); Ce é o custo total anual da energia (US$.ha-1. ano-1), obtido por: C e = F D A + F C A (09) em que: FCA é o faturamento de consumo anual (US$.ha-1.ano-1); FDA é o faturamento de demanda anual (US$.ha-1.ano-1); dado por: -1 F D A = (12 x C ei x P i) x (1,36) (10)

em que: Cei é o custo da energia instalada (US$.ha-1.ano-1); Pi é a potência instalada (cv.ha-1) e FCA : (11) em que: Tr é o tempo de funcionamento da irrigação no período de tarifa de energia reduzida (h.dia-1); Rt é a redução na tarifa de energia (%); Cec é o custo da energia consumida (US$.kW-1). Pode observar-se em publicações de empresas de assistência técnica, consultoria e comércio, como por exemplo, a FNP Consultoria & Comércio, que publicou o Agrianual 2005, que no estudo da viabilidade da implantação de um sistema de irrigação na cultura do abacateiro, independente do sistema a ser implantado, devem ser observadas algumas características importantes como: a) potência do sistema de irrigação (cv.ha-1); b) preço de aquisição do sistema de irrigação com motor elétrico ou a diesel (US$.ha-1); c) vida útil do sistema de


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irrigação (anos); d) tempo de operação do sistema de irrigação (h.dia-1); e) tempo de irrigação no período com tarifas reduzidas ou políticas especiais dos fornecedores locais de energia (h.dia-1); f) período de operação do sistema de irrigação (meses.ano-1); g) custo de energia instalada (US$.kW-1); h) custo da energia consumida (US$.kW-1.h-1); i) custo de aquisição da rede elétrica (US$.km-1); j) comprimento da rede elétrica (km); k) redução na tarifação da energia (%); l) espaçamento entre linhas e plantas (m); m) área a ser irrigada (ha); n) produtividade do abacateiro (kg.ha-1.ano-1); o) preço de venda do produto ((US$.kg-1); p) lâmina projetada a ser irrigada (mm.dia-1). Vale ressaltar que, de acordo com a observação destas variáveis citadas acima, é possível observar que nem sempre é economicamente viável optar por equipamentos de menor custo de aquisição e vida útil. Além disso, deve-se considerar que um equipamento com preço muito baixo pode possuir partes de baixa qualidade, que exigem manutenções ou substituições freqüentes, apresentando baixa eficiência e uniformidade de distribuição de água, assim como tubulações de menor diâmetro, que provocam maior perda de carga e consumo de energia. Manejo racional da irrigação O manejo racional da irrigação consiste na aplicação da quantidade necessária de água às plantas no momento correto. Por não adotar um método de controle da irrigação, o produtor rural usualmente irriga em excesso, temendo que a cultura sofra um estresse hídrico, o que pode comprometer a produção A adoção de técnicas racionais de manejo conservacionistas do solo e da água é de fundamental importância para a sustentabilidade, de tal forma que se possa, economicamente, manter ao longo do tempo esses recursos com quantidade e qualidade suficientes para a manutenção de níveis satisfatórios de produtividade. Segundo TENÓRIO et al., (2005) a necessidade de utilizar um sistema de irrigação de maneira eficiente, torna-se uma das mais importantes tarefas do nosso tempo, sendo necessário aprofundar os conhecimentos relativos às propriedades e ao comportamento do binômio solo-água, devido a sua relação direta com o desenvolvimento das culturas. Se as relações mostradas nas Figuras 01 e 02 fossem conhecidas com precisão para a cultura do abacate, seria possível escolher com


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rigor o nível ótimo de água para uma situação particular. Contudo, enquanto a função de custo pode ser razoavelmente estimada, a função de resposta do abacateiro é muito variável e difícil de ser prevista. Devido a variação do clima, dos atributos físicos e hídricos do solo, da uniformidade de distribuição de água pelo sistema de irrigação, do tempo necessário para obter tais resultados em experimentações e de muitos outros fatores, torna-se difícil prever quanto de água é armazenada e disponibilizada na zona do sistema radicular da planta. Quando estas incertezas são combinadas com a variabilidade da resposta da cultura ao uso de fertilizantes, condições fitossanitárias e de manejo do solo, a produção real obtida para um determinado nível de água aplicada é praticamente imprevisível. Incerteza na produção significa risco econômico, através de estratégias de irrigação (manejo racional), o risco poderá ser abrandado, mas um substancial grau de incerteza ainda permanecerá, podendo confundir qualquer tentativa no sentido de determinar um plano ótimo de irrigação. Este é o problema essencial encontrando na irrigação do abacateiro, uma vez que não se pode conhecer com precisão a forma da curva de produção em função da água aplicada e, portanto, não se determinará com certeza o nível de água que maximizará a receita líquida. Também, a quantidade de água ótima representa apenas um ponto sobre a curva de produção, tendo pouco significado prático. Entretanto, é possível definir um intervalo dentro do qual a receita líquida é maior que aquela obtida quando se utiliza a quantidade de água que maximiza a produção (Figura 03), onde no intervalo entre Wm e We, a irrigação com déficit deverá ser mais rentável que a irrigação sem déficit (irrigação para máxima produção).


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Figura 03 – Definição do intervalo para manejo racional da irrigação em função das receitas. Fonte: Frizzone, (1993).

Em uma análise, a extensão deste intervalo pode ser interpretada como uma indicação do grau de segurança no manejo racional da irrigação com déficit. Se o intervalo é relativamente amplo, o risco associado à decisão pode ser pequeno. Um intervalo pequeno implica em maior risco e na necessidade de um cuidadoso manejo da irrigação. Desta forma, conhecido este intervalo e a incerteza da estimativa da quantidade ótima de água, a decisão de quanto irrigar pode ser tomada com mais segurança. Em projetos de irrigação, muitas variáveis influenciam nas metodologias empregadas para se obter o uso racional da água. Porém, a estimativa de consumo de água pelas culturas assume grande destaque, na medida em que se busca maximizar a produção e minimizar custos (MEDEIROS, 2002). Existem diversas formas de quantificar a necessidade diária de reposição de água através da irrigação, sendo que as mais utilizadas são através da utilização de dados climáticos e mo-


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delos matemáticos estabelecidos pela FAO ou através de um balanço hídrico do solo, que permite observar a quantidade de água que ainda está armazenada na região do sistema radicular, quantificando apenas a reposição até a condição da capacidade de campo do solo. Para realização do manejo da água via clima é necessário se conhecer o consumo de água pelas culturas (ETc), que representa a lâmina que deve ser aplicada ao solo para manter o crescimento e a produtividade em condições ideais (PEREIRA et al., 1997). Segundo DOORENBOS & KASSAM (1979), a ETc é o resultado do produto da evapotranspiração de referência (ETo) e o coeficiente da cultura (Kc). Portanto, a determinação do consumo de água por uma cultura é dependente do conhecimento da evapotranspiração de referência, que diz respeito às condições climáticas do local da sua implantação e também das características fisiológicas e morfológicas que lhe são peculiares, representadas através do coeficiente de cultivo. A evapotranspiração é uma variável muito estudada devido a sua importância na estimativa do consumo de água pelas plantas. THORNTHWAITE (1948) definiu a evapotranspiração potencial de uma cultura (ETpc) como a quantidade de água utilizada por uma extensa área vegetada, em crescimento ativo, sob condições ótimas de umidade do solo. A evapotranspiração pode ser determinada ou estimada de diferentes maneiras. De acordo com Miranda et al. (2001), ela pode ser mensurada utilizando métodos diretos ou estimada por meio de informações climáticas. No primeiro grupo, entre outros, estão incluídos os diferentes tipos de lisímetros e o balanço de água no solo; enquanto no segundo, estão enquadrados os métodos teóricos e empíricos, como os de Penman (1948), Thornthwaite (1948), Blaney & Criddle (1950), Jensen & Haise (1963), Priestley & Taylor (1972), Hargreaves (1977), Penamn Monteith (Allen et al, 1998) e evaporímetros como o tanque “Classe A” (SENTELHAS, 2003), dentre outros métodos apresentados no Boletim 56 da FAO. Dentre esses métodos destaca-se o do tanque “Classe A”, em função da sua facilidade de operação, custo relativamente baixo e principalmente, a possibilidade de instalação próxima à cultura a ser irrigada. O tanque classe A apresenta área de aproximadamente 1,15 m2 e deve ser instalado sobre uma superfície gramada em um estrado de madeira. Segundo Sentelhas (2001), sua simplicidade de manu-


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seio é contraposta a algumas desvantagens como a superexposição às condições ambientais, a facilidade de acesso de animais e ao fato da evaporação ocorrer também no período noturno, fato que dificulta sua correlação com métodos tradicionais de estimativa de ETo. O método do tanque é baseado na evaporação de água livre e num coeficiente do tanque (kp), relacionando às condições do meio onde se determinam ETo (MEDEIROS, 2002). Doorenbos & Pruitt (1977) apresentam uma tabela com valores de kp que depende de fatores como velocidade do vento, umidade relativa e tamanho da bordadura, relacionados à grama irrigada. Os autores lembram da necessidade de ajustes locais no valor de kp, dependendo da altura da cultura de referência e das condições climáticas existentes. Valores de kp também podem ser obtidos por meio de equações utilizadas em função da disponibilidade de dados climáticos (Doorenbos & Pruitt (1977), Cuenca (1989), Snyder (1992), Pereira et al. (1995), Raghuwanshi & Wallender (1998), Allen et al., 1998). Exemplo de uma seqüência para manejo da irrigação pelo método do Tanque Classe A, vale ressaltar que este modelo apresenta suas limitações, porém pode ser utilizado por possibilitar sua instalação próximo à lavoura: O cálculo da lâmina de água a ser aplicada pode ser realizado diariamente após leitura da evaporação (Ev) do tanque classe A. Assim, as leituras diárias de Ev são transformadas em evapotranspiração de referência (ETo), conforme equação 12:

E to ( ta n q u e ) = kp x E v (12) em que: kp - coeficiente do tanque, cuja estimativa pode ser efetuada conforme equação proposta por Allen et al. (1998), dentre vários outros modelos matemáticos existentes:

(13) em que: U = velocidade do vento medida a 2 m de altura, em m.s-1; H = umidade relativa média (%) e F = bordadura, em m, (espaço entre o tanque e o final da área de contorno).


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A evapotranspiração da cultura (ETc) pode ser determinada utilizando a equação: E T = K c x E to (14)

em que: kc - coeficiente de cultivo do abacate. A Tabela 03 apresenta os coeficientes de cultivo para algumas fruteiras. Tabela 03 – Valores médios do coeficiente (kc) para algumas fruteiras. Cultura Coeficiente de cultivo Altura da Kc inicial Kc médio Kc final cultura (m) Abacate (solo não coberto) 0,60 0,85 0,75 3,00 Banana (1º ano) 0,50 1,10 1,00 3,00 Banana (a partir do 2º ano) 1,00 1,20 1,10 4,00 Cacau 1,00 1,05 1,05 3,00 Abacaxi (solo não coberto) 0,50 0,30 0,30 0,60 – 1,20 Abacaxi (solo coberto com grama) 0,50 0,50 0,50 0,60 – 1,20 Kiwi 0,40 1,05 1,05 3,00 Fonte: Adaptado de ALLEN et al., Boletim FAO 56, (1998).

Para melhor representar as condições climáticas locais, diariamente os coeficientes de cultivo eram corrigidos, conforme metodologia apresentada por Allen et al., (1998):

(15)

(16)

(17) em que: Kcini = coeficiente de cultura do abacate para fase 1; Kcmed = coeficiente de cultura do abacate para fase 2; Kcfim = coeficiente


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de cultura do abacate para fase 3; IE = intervalo entre eventos de umedecimento do solo, em dias; h = altura máxima da planta na fase correspondente, em m. O balanço hídrico do solo é o somatório das quantidades de água que entram e saem de um volume de solo, em determinado intervalo de tempo, durante o ciclo de uma cultura. Torna-se necessário avaliar a umidade pelo menos na profundidade, ocupada por 95% do sistema radicular ativo (REICHARDT & TIMM, 2004). O balanço hídrico apresenta componentes que contribuem positivamente, aumentando a umidade do solo no volume de controle, ou negativo, reduzindo a disponibilidade de água no solo, sobretudo na profundidade do sistema radicular efetivo. Uma equação simplificada do balanço hídrico no solo é apresentada por REICHARDT E TIMM (2004): P + I +- D S - E T +- Q Z +-

A z = 0 (18)

em que: P = precipitação pluviométrica (mm); I = irrigação (mm); DS = deflúvio superficial (mm); ET = evapotranspiração (mm); QZ = fluxo vertical (ascensão capilar ou drenagem profunda) (mm); ∆Az = variação no armazenamento da água no solo (mm). Lopes et al. (2005), avaliando o manejo da irrigação por tensiometria e o balanço hídrico climatológico, baseado no Tanque Classe A, para a cultura do feijoeiro em sistemas de plantio convencional e direto, concluíram que ambos os métodos são possíveis de serem adotados, sendo que o manejo por meio da tensiometria proporcionou economia de 15% na água de irrigação aplicada, sem afetar a produtividade em grãos. Para ser útil no controle da irrigação, o balanço hídrico precisa ser de fácil execução e entendimento. Com esse objetivo, CAMARGO & PEREIRA (1990) simplificaram o balanço hidrico climatológico considerando apenas a água disponível (AD) diretamente ao invés do armazenamento total como é apresentado acima. Esse controle pode ser feito em qualquer escala de tempo (período), devendo ser adotada aquela que for mais conveniente para as operações de campo, ou seja, o turno de rega utilizado no próprio projeto. PEREIRA et al., (1997), propõe uma planilha específica para o controle da irrigação, a qual teria a seguinte configuração:


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Período ETo ND= ... dias mm

Kc

ETc

P mm

I mm

ADi mm

Adf mm

Em que as colunas ADi e Adf representam a água disponível no início e no fim do período considerado, sendo a ADi de um período igual à ADf do período anterior. A irrigação quando necessária, deve ser feita no início do período para garantir suprimento adequado no intervalo pré-estabelecido. Quanto ao turno de rega a ser adotado, Lahav & Kalmar (1997) estudaram nas condições climáticas de Israel, o efeito de quatro intervalos de irrigação diferentes, 7, 14, 21 e 28 dias, na com aplicações de água anual média respectiva eram 8890, 7450, 6680 e 5940 m³ ha-1. A redução de intervalos de irrigação aumentou a taxa de crescimento e tamanho de frutos individuais, podendo ser de importância econômica, pois a superprodução resultou em frutos pequenos inadequado para exportação. Porém as reduções dos turnos de rega tendem a aumentar a porcentagem de óleo da fruta, que retardam a data de colheita. Devido aos rendimentos iguais obtidos e a predominância de frutos com tamanhos comerciais, recomenda-se que o intervalo de 21 dias era a freqüência de irrigação ótima (LAHAV & KALMAR, 1997). Vale ressaltar que, é importante à adequação do turno de rega conforme as condições de solo, clima e sistema de irrigação adotado para cada caso. Métodos de irrigação Vários são os fatores que afetam o desenvolvimento das plantas, onde se ressalta a água, que em excesso ou escassez, contribui para a diminuição dos rendimentos das culturas, sendo assim, o seu manejo racional, um imperativo na maximização da produção agrícola. A seleção do método de irrigação tem a finalidade de estabelecer a viabilidade técnica e econômica, maximizando a eficiência e minimizando os custos de investimento e operação, e ao mesmo tempo, mantendo as condições favoráveis ao desenvolvimento das culturas. Entre os


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critérios mais utilizados, destacam-se: a topografia, características do solo, quantidade e qualidade da água, clima, cultura e considerações econômicas. DONADIO (1995) salienta que todos os sistemas de irrigação possuem vantagens e desvantagens, incluindo-se os tradicionais sistemas de irrigação por sulco, até a aspersão e gotejamento e requerem aplicação criteriosa e acompanhamento rigoroso. Destaca-se o uso de aspersão na Califórnia, aspersão subcopa em Israel e o gotejamento que é muito utilizado e indicado para a cultura, sendo bastante difundido em Israel, Califórnia e África do Sul. O gotejamento tem como grande vantagem, a economia de água, além de permitir o uso de águas salinas e permitir a fertirrigação. No dimensionamento de um projeto de irrigação, é imprescindível dispor de informações relacionadas com as variáveis climáticas, com o solo e com a cultura. Relacionada com o solo, uma das principais características é a velocidade de infiltração, pois reflete a capacidade do solo em conduzir a água. Neste texto, não será detalhado os princípios básicos de funcionamento de cada sistema de irrigação utilizado na cultura do abacateiro, portanto, serão apresentadas apenas as vantagens e limitações dos sistemas de irrigação por aspersão e localizada, que são mais empregados na cultura do abacateiro. A adoção de um sistema ou outro depende das características locais da propriedade, principalmente com relação ao tipo de solo (velocidade de infiltração), da disponibilidade hídrica e dos recursos financeiros disponíveis. O sistema de irrigação por aspersão, apresenta suas vantagens derivadas principalmente de dois aspectos fundamentais: 1) o controle da irrigação só está limitado pelas condições atmosféricas e 2) a uniformidade de aplicação da água é independente das características hidrofísicas do solo. Dessa forma, as principais vantagens do sistema são: a) uma vez que a dose de rega é dependente do tempo de aplicação, o sistema pode se adaptar tanto a pequenas quanto a grandes doses; b) não há necessidade de sistematização do terreno, adaptando-se a topografias onduladas, permitindo preservar a fertilidade natural do solo; c) adapta-se perfeitamente à rotação de culturas e cultivos consorciados entre abacate e outra culturas. Neste caso, o dimensionamento deve ser feito para o cultivo mais exigente em termos de necessidade de água; para cultivos de menor exigência hídrica, o manejo é feito unicamente com o controle do tempo de aplicação; d) permite a apli-


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cação de fertilizantes e tratamentos fitossanitários como também é muito eficiente contra o efeito de geadas nos cultivos; e) é o método mais eficiente para a lixiviação de sais por originar um movimento de água no solo em subsaturação, obrigando-a a circular pelos poros menores e, portanto, mais em contato com a solução do solo. As principais limitações de uso do sistema são as seguintes: a) é possível a aspersão propiciar a queda de flores da planta, caso atinja a copa; b) pode causar problemas de sanidade na parte aérea da planta quando se utiliza água salina ou residual para a irrigação; c) é fortemente afetada pela ação dos ventos; d) maior custo de implantação e manutenção ao ser comparado com os sistemas de irrigação por superfície. A irrigação localizada desponta como uma das contribuições mais promissoras para o desenvolvimento da fruticultura irrigada no Brasil. Mais especificamente no Nordeste, onde a competição futura por água e energia elétrica, principalmente no vale do São Francisco, tenderá a priorizar o emprego de sistemas de irrigação mais eficientes, criando, assim, possibilidades de aumento das áreas irrigadas nessa região (NASCIMENTO et al.,1999). São sistemas com elevado grau de automação, capazes de aplicar produtos químicos dissolvidos na água de irrigação (fertirrigação). Ao mesmo tempo são exigentes de água com boa qualidade e um eficiente sistema de filtragem para reduzir a possibilidade de obstrução dos emissores. De uma maneira geral, o sistema de irrigação localizada apresenta como vantagens: a) maior eficiência no uso da água; b) maior produtividade, pois como a irrigação é diária, há maior uniformidade da umidade do solo e com isso, maior desenvolvimento da cultura; c) maior eficiência de adubação; d) maior eficiência de controle fitossanitário; e) não interfere nos tratos culturais; f) pode ser adotado para qualquer tipo de solo e qualquer topografia; g) pode ser usado com água salina ou em solos salinos; h) maior economia de mão-de-obra. Porém este sistema apresenta como limitações principais o entupimento dos emissores e a distribuição do sistema radicular da planta é mais concentrado. De acordo com KELLER & KARMELLI (1975), torna-se necessária a realização periódica de avaliações do sistema de irrigação, pois apesar das inúmeras vantagens apresentadas, existem problemas na irrigação localizada, dentre os quais destaca-se a obstrução dos emissores. Esta obstrução é causada por material orgânico em suspensão, por


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deposição química e por partículas minerais, características hidráulicas, topografia do terreno, pressão de operação, tamanho dos tubos, espaçamento entre emissores, variabilidade de vazão dos emissores e filtragem da água não adequada. A irrigação localizada aplica-se a água apenas em parte da área ocupada pela cultura do abacate, atingindo principalmente o volume de solo explorado pelas raízes. Os sistemas mais utilizados são os de gotejamento e de microaspersão, ambos constituindo-se de sistemas fixos de irrigação. A irrigação por microaspersão, tem sido intensamente utilizada nas plantações de abacate, onde a área superficial molhada por um emissor é maior do que por gotejamento. A água aplicada é aspergida em círculos completos ou na forma de setores circulares irrigados, com um raio de alcance, que varia de 0,80 a 3,50 m. Como o sistema radicular do abacate é do tipo axial, com ramificações secundárias, onde aproximadamente 80% do volume radicular se concentra a 1,0 m de profundidade (KOLLER, 1984), aconselha-se que as plantas adultas sejam molhadas em 50% da sua área total ou, no mínimo, na área de projeção da copa. Procurar, também aplicar a água numa faixa molhada na direção da linha das plantas; no caso do espaçamento de 5,0 m entre plantas na linha (por exemplo) de um microaspersor por planta, deve o raio de molhamento ficar em torno de 2,5 metros. A irrigação por gotejamento consiste na aplicação freqüente de pequenas quantidades de água, procurando-se umedecer somente a região explorada pelas raízes da planta. Com isso, ocorre uma diminuição da evaporação da água da superfície do solo, uma menor infestação de plantas daninhas permitindo-se a redução do gasto de água, por não irrigar áreas não cultivadas, principalmente quando a planta ainda tem um porte pequeno. Por outro lado, o periódico fornecimento de água garante a manutenção de seu elevado potencial no solo, reduzindo os efeitos negativos da concentração de sais na área de absorção do sistema radicular, fator muito importante em regiões onde pode ocorrer uma elevada concentração de sais na água disponível. O sistema de irrigação por gotejamento pode alcançar cerca de 95% do aproveitamento da água em zonas tropicais, mas não é recomendado para os solos arenosos, pois nestes o bulbo molhado não é suficiente para um bom suprimento de água para as plantas. Então, para a irrigação em solos arenosos, tem sido recomendado utilizar o sistema


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de microaspersão em substituição ao sistema de gotejamento. Eficiência dos sistemas de irrigação KELLER & BLIESNER (1990) comentam que é recomendável, após a instalação de um sistema de irrigação, proceder-se a testes de campo, com o objetivo de se verificar a adequação da irrigação recomendando, quando necessário, ajustes na operação e principalmente, no manejo. Esses procedimentos visam maximizar a eficiência do sistema. Para auxiliar na avaliação de um sistema no campo, torna-se preciso conhecer alguns valores, como eficiência de aplicação (Ea), coeficiente de uniformidade (CU) e eficiência de armazenamento (Ks). Para se conhecer o nível de eficiência de um sistema de irrigação é necessário que se façam avaliações sistemáticas. Uma avaliação completa requer a análise de fatores como superfície molhada e a avaliação do funcionamento de acessórios como emissores, filtros, reguladores de pressão e válvulas volumétricas. Com o resultado, caso seja necessário, devem ser feitos ajustes na operação e principalmente no manejo de irrigação (SOUSA, 2003). A obstrução dos emissores afeta a uniformidade de aplicação da água, a qual é avaliada através do coeficiente de uniformidade de distribuição e uniformidade absoluta que dependem completamente das vazões dos emissores do sistema. À medida que se prolonga o tempo de uso do equipamento no decorrer do ciclo da cultura, aumenta a possibilidade de obstrução dos orifícios, afetando o rendimento da cultura, necessitando, assim, da avaliação da uniformidade de distribuição da água (SOUSA, 2003). A falta de uniformidade poderá ser causada por diversos fatores, entre eles as diferentes características dos emissores, devido a um insuficiente controle de qualidade, falhas ou incompetência no cálculo do sistema, ou sua operação, outras pressões de serviço, além daquelas projetadas para os tipos de emissores usados, e variações físicas no sistema, que aparecem com o tempo (SALES et al., 2001). A partir desses resultados obtidos em uma avaliação do sistema de irrigação, será possível avaliar a adequação do equipamento, relativamente aos requerimentos de água dos cultivos utilizados, bem como a eficiência de aplicação de água do sistema de irrigação. Esses procedimentos visam maximizar a eficiência do sistema. A uniformidade é um indicador da igualdade (ou desigualdade) das taxas de aplicação


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dentro do diâmetro padrão de um emissor. É importante destacar dentro de um sistema de irrigação, independente do qual está sendo utilizado na lavoura de abacate, que a eficiência de irrigação é função da quantidade de água mobilizada para a irrigação e a realmente incorporada ao solo. Esse valor varia em função do método de irrigação empregado. A eficiência total de irrigação é função das eficiências de condução, de distribuição e a de aplicação. A eficiência de condução (Ec) representa todas as perdas que ocorrem desde a tomada d’água até os limites da área a ser irrigada. É variável em função do tipo de conduto utilizado para o transporte da água, que pode ser um canal em terra ou revestido, ou mesmo uma tubulação. A eficiência de distribuição (Ed) representa todas as perdas que ocorrem na distribuição de água por toda a área. Por fim, a eficiência de aplicação (Ea) representa todas as perdas que ocorrem durante a aplicação de água por toda a área. Varia de 65 a 90%, dependendo do método de irrigação empregado. A eficiência total de irrigação (Ei), será então determinada pelo somatório das eficiências de condução da água, distribuição e aplicação. Normalmente, os valores de Ei são os seguintes: - para métodos de irrigação por superfície: 40 a 60%; para métodos de irrigação por aspersão: até 85%; - para métodos de irrigação localizados: até 95%. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO DO ABACATEIRO Felipe Rodrigues da Silva1 1. INTRODUÇÃO A fertilização dos pomares necessita ser orientada devidamente, pois representa uma prática cultural muito importante. Sua racionalidade, com base, principalmente, na disponibilidade mineral do solo e na exportação de nutrientes através das colheitas, é procedimento essencial na obtenção de safras compensadoras (Campos, 1985). As reais exigências das plantas, o desempenho dos diferentes cultivares em face da reação e da riqueza do solo, a diagnose foliar, são outros tantos pontos importantes a considerar na condução da nutrição do abacateiro. Infelizmente, nossa literatura mostra poucas informações seguras a respeito. Através das raízes, as plantas absorvem muitos elementos minerais existentes no solo, os quais após metabolizados entram na composição dos tecidos. Dentre os elementos absorvidos, apenas 13 são indispensáveis, porque na ausência deles a planta não completa o ciclo de vida, desde a germinação da semente, crescimento e reprodução. Os 13 nutrientes indispensáveis são conhecidos como essenciais, porque exercem funções vitais (Koller, 2002). Os nutrientes essenciais são divididos em duas categorias, os macro e micronutrientes, respectivamente, em função das quantidades, maiores ou menores, que as plantas deles necessitam. Segundo Epstein (1975), são considerados como macronutrientes o N (nitrogênio), P (fósforo), K (potássio), Ca (cálcio), Mg (magnésio) e S (enxofre). São considerados micronutrientes o B (boro), Cl (cloro), Cu (cobre), Fe (ferro), Mn (manganês), Mo (molibdênio) e Zn (zinco). O carbono (C), oxigênio (O) e o hidrogênio (H) também são elementos essenciais às plantas, porem é muito abundante no ar e/ou na água, de onde as plantas os obtém em quantidades suficientes. Em geral, os solos considerados férteis, com boas propriedades físicas e químicas, contêm os nutrientes essenciais em quantidades e proporções adequadas, principalmente quando o teor de matéria Engenheiro Agrônomo, mestrando em Horticultura pela Faculdade de Ciências Agronômica, UNESP, Botucatu-SP. e-mail: frsilva@fca.unesp.br.

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orgânica for superior a 2%. Contudo, solos que foram cultivados durante vários anos, ou mal utilizados e erodidos, frequentemente se apresentam deficientes de um ou de vários nutrientes essenciais. Alguns solos, mesmo sendo virgens, também podem apresentar deficiências de nutrientes minerais, devido ao processo de sua origem e formação. Nesses casos, as raízes dos abacateiros encontrarão dificuldades em absorver um ou vários nutrientes em quantidades e proporções adequadas para um satisfatório crescimento e frutificação, sendo conveniente para o fruticultor corrigir as deficiências do solo através de adubações e/ou calagens. Para fazer adubações racionais é necessário antes saber se, nas condições de solo e clima onde está localizado o pomar, os abacateiros conseguem absorver nutrientes minerais em quantidades e proporções adequadas às suas necessidades (Koller, 2002). Existem vários métodos de avaliar necessidades de adubação, tais como: analise do solo, analise foliar, exportação de nutrientes pelas colheitas, sintomas visuais de deficiência de nutrientes e experimentos de adubação. 2. NUTRIÇÃO A planta do abacateiro absorve do ar, água e solo os elementos que necessita para crescer e frutificar. São eles o carbono, o oxigênio e o hidrogênio, considerados nutrientes elementares retirados essencialmente da água e do ar; eles representam cerca de 90% de seu peso. O nitrogênio, fósforo, potássio, enxofre, magnésio e cálcio, considerados macronutrientes, e ferro, boro, zinco, cobre, manganês e molibdênio, considerados micronutrientes, são retirados do solo (Campos, 1985). De acordo com Marchal e Bertin (1980) o abacateiro é considerado a fruteira que mais exporta, através da colheita. Segundo Montenegro (1973), Hiroce et al. (1977), Avilan et al. (1978), Silva et al. (1980) e Marchael e Bertin (1980), a importância dos macronutrientes exportados resulta na seguinte ordem de grandeza: K>N>P>S>Mg>Ca. Quanto aos micronutrientes, a ordem de importância é: Fe>B>Zn>Cu>Mn>Mo.


nutrição e adubação •

115

3. ADUBAÇÃO 3.1 Análise de Solo A análise de solo é o método de avaliação da fertilidade mais conhecido e utilizado na agricultura. Ela é muito importante antes da instalação do pomar para avaliação, principalmente da necessidade de correção da acidez e adubação corretiva com fósforo. Porque tanto o calcário como os adubos fosfatados se movem muito lentamente no solo, devendo por isso, serem incorporados desde a superfície até 30 a 50 cm de profundidade, bem misturados a toda essa camada de solo, onde mais tarde se concentrará o maior volume de raízes (Cruz, 1979). Essa questão é importante porque, mais tarde, quando os abacateiros estiverem crescidos e o sistema radicular estiver ocupando toda a superfície do solo, não se recomenda incorporar corretivos nem adubos através de gradagens profundas, porque podem cortar ou danificar raízes e essas lesões podem servir de entrada de patogenos, principalmente da gomose causada por Phytophthora cinnamoni (Koller, 2002). Posteriormente ao plantio, a cada 2 a 4 anos é recomendável realizar análises de solo, para avaliar os reflexos de aplicações de adubos e corretivos sobre a acidez e disponibilidade de nutrientes minerais no solo e verificações de eventuais correções e modificações necessárias nas doses que estão sendo utilizadas. 3.2 Análise Foliar O teor de nutrientes contidos na matéria seca das folhas é um dos métodos mais adequados para avaliar a necessidade de adubação de plantas frutíferas. Conhecendo-se a concentração ótima de nutrientes para um crescimento e produção satisfatória da planta, analisando-se as folhas do abacateiro, é possível verificar se as raízes estão conseguindo absorvê-los em quantidades e proporções adequadas (Koller, 2002). Contudo, os teores de nutrientes variam com a idade das folhas e época de coleta (Wutscher e Maxwel, 1975, Koo e Young, 1977 e Koen e Du Plessis, 1991). Por isso deve-se tomar cuidado ao coletar folhas para analise. Como exemplo, Tabela 1 a seguir, refere-se a folhas com 5 a 7 meses de idade. Folhas mais nova ou mais velha podem


116

• ABACATE

conter quantidades menores ou maiores de determinados nutrientes, fornecendo dados enganosos. TABELA 1. Padrões de teores foliares de nutrientes, para comparação do estado nutricional de abacateiros através da análise de folhas com 5 a 7 meses de idade. Nutrientes

Baixo

Adequado

Excessivo

% (m/m) N

< 1,6

1,6 a 2,5

> 3,0

P

< 0,17

0,17 a 0,3

> 0,4

K

< 0,8

1,0 a 2,0

> 3,0

Ca

< 1,0

1,0 a 3,0

> 5,0

Mg

< 0,3

0,3 a 0,6

> 1,0

S

< 0,2

0,2 a 0,5

> 0,8

mg/kg (ppm) B

< 35

40 a 100

> 150

Cu

< 4,0

5 a 15

> 20

< 40

50 a 120

> 200

Mn

< 25

30 a 80

> 100

Mo

< 0,1

0,1 a 1,0

> 0,2

Zn

< 25

30 a 80

> 100

Fonte: Koen & Du Plessis (1991)

Para interpretar a analise foliar, basta comparar o resultado com valores tabelados para a cultura, como por exemplo, na Tabela 1, cujos teores adequados são fundamentados em plantas sadias e muito produtivas. Se todos os nutrientes da analise foliar estiverem na faixa adequada, será um bom indicio de que o pomar está bem nutrido, devendo-se continuar com as adubações que estão sendo realizadas. Devem-se fazer adubações com nutrientes, cujos teores estão abaixo do adequado, ou aumentar as doses desses nutrientes que estão sendo aplicados no pomar. Quando alguns nutrientes se encontram na faixa excessiva, então não devem mais ser aplicados ou suas doses devem ser diminuídas nas adubações subseqüentes (Koller,2002).


nutrição e adubação •

117

3.3 Exportação de Nutrientes A exportação de nutrientes é um instrumento valioso na avaliação da necessidade de adubação em pomares que se encontra em franca produção, mas esse critério não é suficiente por si só. Em geral, ela não leva em consideração o potencial do solo fornecer nutrientes para as plantas; também não considera as quantidades de nutrientes que são imobilizados, fazendo parte dos demais órgãos da planta como um todo e, por outro lado, alguns nutrientes aplicados nas adubações são fixados, de forma indisponível para as plantas e outros são perdidos pela erosão, sendo lixiviados para camadas muito profundas do solo, onde eles não são mais alcançados pelas raízes (Koller, 2002). TABELA 2: Exportação de nutrientes em kg/tonelada de abacates de diversos cultivares Autores Cultivares N P K Ca Mg S Hiroce (1977) Collinson 2,85 0,30 2,03 0,08 0,18 0,17 Marschal & Bertin (1980) Lula 2,80 0,35 4,53 0,13 0,20 Pollok 2,91 0,63 2,99 0,55 0,31 Waldin 3,01 0,81 3,49 0,67 0,29 Sta. Ana 3,69 0,65 3,37 0,54 0,87 Avilán (1980) Sta. Clara 3,00 0,85 4,27 0,43 0,43 Fonte: Koller (2002).

3.4 Sintomas de Deficiência Quando as plantas estão mal nutridas, evidenciam alguns sinais, que são chamados sintomas de deficiências, tais como cloroses e modificações no tamanho ou forma das folhas, atraso ou retardamento do crescimento, diminuição ou ausência de floração ou frutificação e anomalias nas características dos frutos. Conhecendo-se os sintomas característicos de deficiência de todos os nutrientes, especialistas na questão podem identificar, através deles, qual ou quais nutrientes estão em deficiência, através da diagnose visual. Segundo Koller (2002), uma regra quase geral nas plantas frutíferas é que os sintomas foliares de nutrientes pouco móveis no interior da planta, como o B, Cu, Fe, Mn, Zn e Ca, manisfestam-se primeiramente


118

• ABACATE

nas folhas novas, ao passo que os dos nutrientes que se translocam facilmente de uma parte da planta para outra, como N, P, K e Mg, aparecem inicialmente nas folhas velhas, porque, quando há carência no solo, eles se deslocam das folhas velhas para as novas, onde a presença deles é mais importante. Para a identificação de sintomas de deficiência é necessário recorrer à diagnose visual ou consultar as respectivas descrições e/ou fotografias em bibliografias especializadas, sendo o mais recomendável à análise foliar. 3.5 Recomendações de Adubação Na bibliografia existem muitas recomendações de adubação, porém, com base naquilo que foi abordado nos critérios de avaliação das necessidades de adubação é fácil concluir que não se pode recomendar uma formula que possa ser utilizada indiscriminadamente em todos os pomares. As melhores recomendações de adubação, que geralmente são elaboradas com base em diversos métodos de avaliação das necessidades de adubação, são importantes para orientar o abacaticultor, mas na situação de cada pomar em particular, o uso de determinados nutrientes pode não ser necessário, enquanto outros podem ser requeridos em quantidades maiores do que as recomendadas. Tais fatos alem de significarem gastos desnecessários, podem causar grandes desequilíbrios nutricionais, desde carências agudas de alguns nutrientes até efeitos fitotóxicos pelo uso excessivo de outros, principalmente com fertilizantes químicos, diminuindo a produtividade do pomar. Por isso as doses de adubos, de recomendações de adubação, devem ser sempre adaptadas às condições de cada pomar, através de consulta a especialistas, realização de análises de solo, análises foliares, observação de sintomas de deficiência, produtividade do pomar e qualidade físico-química dos frutos (Koller, 2002). Então, a titulo de orientação, a seguir será apresentada uma recomendação de adubação baseada em Soares e Quaggio (1997). As recomendações foram realizadas para pomares plantados com espaçamento de 10 x 8 m ou 10 x 6 m. Recomenda-se que antes de começar qualquer tipo de aplicação, deve-se ter em mão uma análise


nutrição e adubação •

119

de solo da área. Com relação à calagem, recomenda-se aplicar calcário para elevar a saturação por bases a 60% e o teor de magnésio a um mínimo de 9 mmolc.dm-3. Para a adubação de plantio, recomenda-se aplicar de 15 a 20 litros de esterco de curral, ou 4 litros de esterco de galinha por cova, em mistura com 250 g de P2O5, no mínimo 30 dias antes do plantio do pomar. Utilizar também 3 vezes 20 g de N por planta, aos 30, 90 e 150 dias após o pegamento das mudas. Na adubação de formação, aplicar os adubos de acordo com a análise de solo, dividindo as doses em três períodos, no inicio, meio e final da estação das chuvas, ao redor da planta e na projeção das copas (Figura 1). As doses recomendadas estão na tabela 3.

Projeção da Copa

Figura 1. Planta de abacateiro, com o local onde deve ser aplicada a adubação. Foto: Silva, F. R. (2007)


• ABACATE

120

TABELA 3. Quantidade de nutrientes de acordo com análise de solo para realização da adubação de formação em abacateiro. K+ trocável, mmolc/ 3 P resina, mg/dm dm3 Idade

N

0-12 13-30 >30 0-1,5 1,6-3,0 >3,0

Anos N, g/planta

P2O5, g/planta

K2O, g/planta

1-2

100

100

80

40

50

20

0

2-3

100

200

160 80

100

50

0

3-4

300

300

240 120

200

100

0

Fonte: Raij et al. (1997).

Em pomares com mais de 4 anos, deve-se realizar a adubação de frutificação, onde se deve aplicar, de acordo com análise de solo e produtividade esperada, as seguintes quantidades de nutrientes por ano, Tabela 4. TABELA 4. Quantidade de nutrientes de acordo com análise de solo para realização de adubação de frutificação em abacateiro. K+ trocável, Produtivi- N nas folhas, g/kg P resina, mg/dm3 mmolc/dm3 dade Esperada <16 16-20 >20 0-12 13-30 >30 0-1,5 1,6-3,0 >3,0 t/ha

N, kg/ha

P2O5, Kg/ha

K2O, kg/ha

<6

80

60

30

60

40

0

60

40

20

6-10

100

80

40

80

50

20

90

60

30

11-20

120 100

50

100

60

40

120

90

50

>20

140 120

60

120

70

60

150

120

70

Fonte: Raij et al. (1997).

É recomendado dividir as doses anuais dos adubos em três parcelas, aplicando no inicio, meio e final do período chuvoso, em faixas, nos dois lados das plantas.


nutrição e adubação •

121

Também se recomenda pulverizar, durante o fluxo de vegetação da primavera e do verão, com solução contendo, por litro: uréia, 5g; sulfato de zinco, 5 g; sulfato de manganês, 2,5 g; e ácido bórico, 1g. Não se pode esquecer de realizar análises de solo e foliar pelo menos a cada dois anos e com os resultados em mãos, aumentar ou reduzir as quantidades dos adubos aplicados no pomar. Importante frisar que o manejo da adubação varia para cada pomar, sendo necessário o produtor adequá-lo para as suas necessidades, sempre consultando especialistas, realizando análises de solo e foliares, observando sintomas de deficiências, produtividade do pomar e qualidade dos frutos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AVILAN, R. L.; et al. Extracción de nutrients por una cosecha en algunos frutales de importancia econômica em Venezuela (Aguacate, mango, níspero y guanábana) Fruits, Paris, v.35, n.7-8, p.479-484, 1980. CAMPOS, J. S. Cultura racional do abacateiro. São Paulo: Ícone Editora, 1985. 150p. CRUZ, A. D. Adubação de plantas frutíferas: princípios e critérios para recomendação. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 5, 1979, Pelotas. Anais. Pelotas: Sociedade Brasileira de Fruticultura, 1979. p.1010-1015. EPTEIN, E. Nutrição mineral de plantas – princípios e perspectivas. Trad. e notas de Eurípedes Mallavolta. São Paulo: Livros Técnicos e Científico Editora, 1975. 341p. GENO, P. J. C.; AZEVEDO, J. A.; CAMPELO JR., J. H.; AQUINO, A. R.; VIEIRA, A. Nutrição mineral e adubação do abacateiro. In: HAAG, H. P. (Coord.). Nutrição mineral e adubação de frutíferas tropicais no Brasil. Campinas: Fundação Cargill, 1986. p.1-29. HIROCE, R. et al. Composição mineral de frutos tropicais na colheita. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, IV,


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1977, Salvador. Anais. Salvador: Sociedade Brasileira de Fruticultura, 1977, p.357-364. KOEN, T. J.; DU PLESSIS, S. F. Optimal leaf analysis norms for avocado (cv. Fuerte). In: WOLRD AVOCADO CONGRESS, 2º, 1991, Orange. Proceedings. Orange: University of Califórnia, Riverside and Califórnia Avocado Society, Saticoy, 1991, v.1, p.289-299. KOLLER, O. C. Abacate: Produção de mudas, instalação e manejo do pomar, colheita e pós-colheita. Porto Alegre: Cinco Continentes, 2002. 285 p. KOO, R. C. J.; YOUNG, T. W. Effects of age, position and fruiting status on mineral composition of ´Tonnage´ avocado leaves. Journal American Society Horticultural Science, Alexandria, v.102, n.3, p.311-313, 1977. MALAVOLTA, E. ABC da adubação. 4. ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 1979. 255p. MARCHAL, J.; BERTIN, Y. Contenu em élements ninéraux des organes de l’avocatier ´Lula´ e relations avec da fumure. Fruts, Paris, v.35, n.3, p.139-149, 1980. MONTENEGRO, H. W. S. Abacateiro – esse desconhecido. Correio Agrícola. v.13, 1973, 225p. SILVA, A. Q.; SILVA, H.; MALAVOLTA, E. Composição mineral de frutos de abacateiro (Persea americana Mill) na colheita. Agropecuária técnica. Areia, v.1, p.1-6, 1980. SOARES, N. B.; QUAGGIO, J. A. Abacate. In: RAIJ, B. von et al. Boletim Técnico 100. Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. 2. ed. Campinas: Instituto Agronômico/Fundação IAC, 1997. p.126-127. WUTSCHER, H. K.; MAXWEL, N. P. Seasonal changes in 12 leaf


nutrição e adubação •

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nutrients of ´Lula` avocado with drip and flood irrigation. Hortscience, Mount Vernon, v.10, n.5, p.512-514, 1975.



ADUBAÇÃO ORGÂNICA DO ABACATEIRO Erval Rafael Damatto Junior1 Sarita Leonel2 O interesse pelo cultivo orgânico de fruteiras tem apresentado um crescente aumento devido ao anseio mundial por frutos oriundos de modelos agrícolas mais sustentáveis e nesse contexto, está inserida a adubação orgânica, que é um importante pilar da produção orgânica (Damatto Junior, 2005). O abacateiro, bem como a maioria das frutíferas, possui grande exigência nutricional, portanto faz-se necessária a reposição ao solo dos nutrientes exportados pela colheita dos frutos. Nesse sentido as adubações desempenham um papel fundamental na reconstituição química do solo. As adubações convencionais restituem ao solo os elementos minerais exportados pelas plantas ou mesmo perdidos por processos de lixiviação, volatilização ou erosão. Em muitos casos, esses adubos químicos podem prejudicar a microfauna do solo devido a sua acidificação, enquanto que a adubação orgânica mostra-se muito eficiente, repondo ao solo não apenas os nutrientes dele extraídos, como também favorece a diversidade biológica e melhora a estrutura física. Essa matéria orgânica adicionada ao solo também é responsável por algumas reações químicas, como complexação de elementos tóxicos e micronutrientes, influência na capacidade de troca catiônica e pH. Com relação às exigências nutricionais do abacateiro, segundo Malo, citado por Donadio (1995), o nitrogênio e o potássio são os elementos mais requeridos pela planta, seguidos pelo cálcio e magnésio. Em relação aos micronutrientes, o principal é o zinco, e em solos alcalinos, o ferro assume maior importância. Segundo Donadio (1995), a adubação deve basear-se no conhecimento das exigências nutricionais da cultura e deve ser avaliada mediante análises foliares periódicas, bem como análises de solo. As doses e a época de aplicação dos adubos devem adequar-se às características da variedade plantada, dos porta-enxertos e da idade da planta, às 1 2

Engenheiro Agrônomo. Mestre em energia na Agricultura pela FCA/UNESP/Botucatu UNESP. Faculdade de Ciências Agronômicas. Departamento de Produção Vegetal.sarinel@fca.unesp.br


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• ABACATE

características do solo e aos tratos culturais executados. Jacob, citado por Teixeira (1991) relata que o sistema radicular do abacateiro não é muito extenso, mas de penetração profunda, o que somado ao seu rápido crescimento, requer no solo, grande quantidade de nutrientes de fácil disponibilidade. Os adubos e condicionadores de solo a serem utilizados para as adubações orgânicas podem ser produzidos ou não na propriedade, contudo antes de se realizar uma adubação, a análise química do solo é necessária para indicar a quantidade do nutriente a ser aplicada. A calagem, se necessária, é a primeira prática a ser realizada, objetivando fornecer Ca e Mg, elevar o pH do solo e neutralizar o alumínio tóxico. Na cova de plantio, recomenda-se aplicar composto orgânico ou vemicomposto ou esterco e fosfato natural ou termofosfato (fonte de fósforo), estes se forem constatadas as necessidades pela análise química do solo. Os adubos orgânicos contêm todos os nutrientes necessários às plantas, como nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre e micronutrientes (Kiehl, 1985), sendo que para as plantas, os estercos de animais devidamente compostados são considerados um excelente adubo, fornecedor de nutrientes, e no solo, esses compostos orgânicos melhoram as características físicas, ajudam na manutenção da umidade, além de aumentarem a diversidade biológica. Segundo Mielniczuk (1999), o teor de matéria orgânica do solo é provavelmente o atributo que melhor representa sua qualidade. De acordo com o relato de Kiehl (1985), a relação C/N e os teores de umidade, N, P e K presentes nos compostos orgânicos varia conforme a Tabela 01:


adubaÇÃO ORGÂNICA •

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Tabela 01 – Relação C/N e teores de N, P e K de alguns adubos orgânicos. N (dog Umidade -1 -1 -1 Fonte C/N kg )* P2O5 (dog kg ) K2O (dog kg ) média (%) Esterco de bovinos 18/1 1,92 1,01 1,62 65,3 Esterco de galinha 10/1 3,04 4,70 1,89 55,3 Esterco de suínos 10/1 2,54 4,93 2,35 78,0 Esterco de eqüinos 1,80 1,00 1,40 70,5 Esterco de ovinos 2,80 1,70 2,0 65,4 Fonte: Kiehl (1985) adaptado. *dog kg-1 equivale a 1% no Sistema Internacional de Unidades.

Campo Dall’Orto et al. (1996) salientam que o principal efeito da adubação orgânica é na melhoria das propriedades físicas e químicas do solo. No entanto, conforme os mesmos autores, a liberação dos nutrientes dos adubos orgânicos é mais lenta que a dos adubos minerais, pois é dependente da mineralização da matéria orgânica. De acordo com a Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais (1989), a conversão do nitrogênio da forma orgânica para a mineral ocorre 50% no primeiro ano, 20% no segundo ano e 30% após o segundo ano. Bartz et al. (1995) citou que 50% do nitrogênio aplicado mineraliza no primeiro cultivo e 20% no segundo, enquanto que o fósforo, mineraliza 60% no primeiro cultivo e 20% no segundo. Ribeiro et al. (1999) acrescentam ainda que a porcentagem de conversão dos nutrientes aplicados via adubos orgânicos, para a forma mineral é de: a) Nitrogênio (N): 50% no primeiro ano, 20% no segundo ano e 30% no terceiro ano; b) Fósforo (P2O5): 60% no primeiro ano, 20% no segundo ano e 20% no terceiro ano; c) Potássio (K2O): 100% no primeiro ano.


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• ABACATE

Contudo, deve ser lembrado que os compostos orgânicos apresentam quantidades variadas de nutrientes, dependendo de sua procedência, além disso, a mineralização dos nutrientes ocorre em períodos diferentes após sua aplicação ao solo e em função dessas diferenças, ocorre dificuldade de se determinar o quanto e quando aplicar. Quando se conhece o comportamento da decomposição de certos resíduos orgânicos, práticas culturais, especialmente as adubações podem ser otimizadas para desempenharem funções benéficas em estágios críticos do ciclo das culturas (Budelman, 1988). Para Lynch (1986) a decomposição desempenha importante função na parte nutricional, na contribuição da ciclagem de nutrientes e formação da matéria orgânica. Alguns fatores como a composição dos organismos decompositores, o ambiente, o microclima do solo e a qualidade dos resíduos acumulados afetam essa decomposição. Todos esses fatores reunidos irão determinar o tempo de permanência dos resíduos adicionados ao solo, bem como a taxa de liberação de nutrientes. A velocidade de decomposição do material orgânico depende da facilidade com que esse material pode ser decomposto, de suas características químicas e do pH do meio onde este se encontra. O material baseado em celulose é decomposto três vezes mais rápido em relação às partes lenhosas ricas em taninos (Larcher, 2000). Essa diferença no tempo de decomposição dos estercos assegura um fluxo contínuo de nutrientes no solo. O nitrogênio orgânico aplicado ao solo é liberado aos poucos, à medida que o material se mineraliza, garantindo o suprimento mais uniforme e prolongado de nutrientes às plantas (Kiehl, 1985). Efeitos da adubação orgânica nas características químicas, físicas e biológicas do solo. A matéria orgânica incorporada ao solo através das adubações orgânicas pode apresentar um efeito semelhante ao da calagem, em termos de correção da acidez. Segundo Hunter et al., (1995) e Wong et al., (1995) a matéria orgânica no solo tem a capacidade de neutralizar o alumínio no solo. O aumento do pH do solo devido à adição de resíduos orgânicos tem sido atribuído à própria adsorção de hidrogênio e alumínio na


adubaÇÃO ORGÂNICA •

129

superfície do material orgânico (Hoyt & Turner, 1975). Contudo, segundo Bloom et al. (1979), os resíduos orgânicos não podem ser considerados substitutos satisfatórios do calcário em virtude dos efeitos serem temporários, a não ser que sejam incorporados anualmente ao solo em grandes quantidades. Tem sido recomendada a aplicação de matéria orgânica humificada ao solo como uma maneira de controlar a toxidez causada por certos elementos encontrados em quantidades acima do normal, como o alumínio, ferro e manganês, uma vez que o húmus tem a propriedade de fixar, complexar ou quelatar esses elementos (Kiehl, 1985). De acordo com Miysaka & Okamoto (1992) o emprego de adubos orgânicos nos cultivos agrícolas proporciona mudanças em algumas características físico-químicas do solo como densidade, retenção de água, textura, estrutura, porosidade, condutibilidade térmica e atua aumentando a capacidade de troca catiônica (CTC), a soma de bases, além de promover uma ação quelante, evitando que alguns nutrientes necessários às plantas se insolubiblizem. Santos & Camargo (1999) relataram que a matéria orgânica do solo atua na agregação do mesmo, o que indiretamente influencia as demais características físicas, como por exemplo, densidade, porosidade, aeração, capacidade de retenção e a infiltração de água. Em solos argilosos a aplicação de matéria orgânica é importante, pois estimula a agregação, tornando os solos mais arejados e facilitando o desenvolvimento das raízes. Seu efeito em solos arenosos também tem importância fundamental, uma vez que em sua ausência foi observado que as raízes ficam curtas, finas, desprovidas de radicelas e a coifa, que normalmente é branca, fica com aspecto enegrecido, dando a impressão de ter sido queimada (Moreira, 1987). Os efeitos da matéria orgânica sobre os microrganismos do solo podem ser avaliados a partir da biomassa e atividade microbiana, parâmetros que representam uma integração de efeitos sobre as condições biológicas do solo (Cattelan & Vidor, 1990). Assim sendo, a matéria orgânica serve como fonte de carbono, energia e nutrientes para os organismos que participam de seu ciclo biológico, mantendo o solo em estado de constante dinamismo. A matéria orgânica no solo é tida como uma excelente forma de armazenamento de nitrogênio, pois as formas minerais, amoniacal e


130

• ABACATE

nítrica, estão sujeitas a perdas por volatilização ou por lavagem, respectivamente (Kiehl, 1985). Todos esses benefícios gerados pela aplicação de adubos orgânicos ao solo vem de encontro com as reais necessidades de nossos solos, uma vez que os solos tropicais apresentam limitações de ordem química, com baixos teores de nutrientes e pouca matéria orgânica, o que dificulta o bom desenvolvimento das plantas. Recomendações de adubação orgânica para o abacateiro Baseado na premissa de que toda a forma de adubação orgânica deve estar fundamentada na sustentabilidade da propriedade rural, ou seja, de que devem ser utilizados, no máximo possível, os compostos e materiais disponíveis nos próprios locais de cultivo. Considerando ainda que a composição dos materiais orgânicos à disposição é bastante variável, as recomendações generalizadas de adubos orgânicos para o abacateiro são difíceis de serem elaboradas. Existem sugestões de recomendações baseadas no teor de nitrogênio necessário para a cultura, sendo as dosagens calculadas tomando como base a porcentagem do elemento presente nos adubos orgânicos. Porém, muitas vezes, esse método acarreta na necessidade do emprego de dosagens elevadas dos adubos orgânicos, o que pode inviabilizar a economia da fertilização da cultura. Nesse contexto, alguns autores recomendam apenas a adubação orgânica complementar à adubação química convencional, para a cultura do abacateiro. Assim é que Maranca et al. (1980) salientam que nos abacateiros jovens seria muito importante o fornecimento de grande parte do nitrogênio na forma orgânica, critério que aumentaria a longevidade das plantas. Campos et al. (1984) também enfatizam a necessidade e os benefícios da adubação orgânica para o abacateiro, recomendando as seguintes dosagens e fontes:


adubaÇÃO ORGÂNICA •

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Tabela 02 – Dosagens recomendadas de compostos orgânicos para o abacateiro em formação e em produção. Pomar em Formação Pomar em Produção Fonte (kg planta-1) (kg planta-1) Esterco de galinha 5,0 10,0 Torta de mamona 2,0 5,0 Esterco de curral 12,0 26,0 Fonte: Campos et al. (1984) adaptado

Os autores ainda recomendam a mistura de superfosfato simples aos estercos de galinha e de curral, na proporção em peso de 1:30, para redução das perdas de nitrogênio dos estercos. Koller (2002) também sugere, a título de orientação, o uso de dosagens próximas das apresentadas na Tabela 03 para o abacateiro em formação. Após o período de formação, do quinto ano em diante, o autor recomenda usar a mesma dose do quarto ano, acrescentando anualmente 25% para cada aumento real ou esperado de 10 toneladas de frutos por hectare. Para o estado de São Paulo, Raij et al. (1997) recomendam na adubação de plantio a aplicação de 15 a 20 litros de esterco de curral ou 4 litros de esterco de galinha por cova, em mistura com 250 g de P2O5, 30 dias antes do plantio. Na adubação de formação, que vai do primeiro até o quarto ano, a aplicação de adubos é baseada na analise de solo inicial, sendo aplicados de 100 até 300 g planta-1 de nitrogênio, 100 a 300 g planta-1 de P2O5 e 50 a 200 g planta-1 de K2O. Enquanto que para a adubação de frutificação (a partir do 5º ano), a adubação é recomendada baseada na análise de solo e na produtividade esperada, sendo que as quantidades aplicadas variam de 30 a 140 kg ha-1 de nitrogênio, 0 a 120 kg ha-1 de P2O5 e 20 a 150 kg ha-1 de K2O.


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Tabela 03 – Recomendação de doses para a adubação orgânica do abacateiro em formação. 1º ano 2º ano 3º ano 4º ano -1 -1 -1 Adubos orgânicos (t ha ) (t ha ) (t ha ) (t ha-1) Cama de aviário 0,75 1,5 2,5 6,0 Composto orgânico 2,0 4,0 6,0 15,0 Esterco de suínos semi-curtido 1,5 3,0 5,0 12,0 Estrume de bovinos semi-curtido 2,0 4,0 6,0 15,0 Fonte: Koller (2002) adaptado.

Em propriedades comerciais de abacate para mesa, localizadas na região de Botucatu/SP, os produtores adotam a associação da adubação orgânica com a adubação química em cobertura. Alguns produtores utilizam o esterco bovino curtido, na quantidade de 20 litros por planta, nos meses de dezembro a janeiro, sem incorporação do mesmo, para não danificar o sistema radicular da planta. Considerações Finais Sistema de produção agrícola que vem crescendo a cada ano, necessitando ainda de maiores estudos, que possam esclarecer dúvidas de produtores e consumidores, a produção orgânica não constitui tarefa fácil e simples. Do ponto de vista técnico e científico, os desafios que a agricultura orgânica impõe são imensos. Neste sentido, é necessária muita pesquisa para o desenvolvimento de tecnologias adequadas e operacionais para aumentar a produtividade das culturas em manejo orgânico. Devido aos estudos e pesquisas com adubação orgânica levarem alguns anos para serem executados, somado ao fato de que a aplicação dos resultados obtidos possam ter uma aplicação limitada às condições edáficas locais, com possibilidades de utilização em regiões seme-lhantes, praticamente não existem resultados de pesquisa com adubação orgânica na cultura do abacateiro. Contudo, à medida que crescem as necessidades e exigências dos mercados mundiais, para o consumo e aquisição de produtos oriun-


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dos de sistemas de produção que utilizem, cada vez menos, produtos que possam causar prejuízos à saúde e ao meio-ambiente, tais estudos tornam-se necessários e viáveis. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARTZ, H.R. (Cood.) et al. Recomendações de adubação e calagem para os estados de Rio Grande do Sul e Santa Catarina. 3ed. Passo Fundo: SBCS-núcleo Regional Sul, 1995. 224p. BLOOM, P.R.; McBRIDE, M.B.; WEAVER, R.M. Aluminium organic matter in acid soils, buffering and solution aluminum activity. Soil Sc. Soc. Am. J., n.43, p.488-93, 1979. BUDELMAN, A. The decompositon of the leaf mulches of Leucaena leucocephala, Gliricia sepium and Flemingia macrophylla under humid tropical conditions. Agroforest Systems, v.7, p.33-45, 1988. CAMPO DALL’ORTO, F.A. et al. Frutas de clima temperado II: Figo, maçã, marmelo, pêra e pêssego em pomar compacto. In: RAIJ, B. van. et al. (Ed.). Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. 2 ed. Campinas: Fundação Instituto Agronômico (IAC), 1996, p.139-140. CATTELAN, A.; VIDOR, C. Flutuações na biomassa, atividade e população microbiana do solo, em função da variações ambientais. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.14, p.125-132, 1990. COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais, 4. aproximação. Lavras, 1989. 176p. DAMATTO JUNIOR, E.R. Efeitos da adubação com composto orgânico na fertilidade do solo, desenvolvimento, produção e qualidade de frutos de bananeira ‘Prata-anã’ (Musa AAB). 2005. 70f. Dissertação (Mestrado em Agronomia / Energia na Agricultura). Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista,


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problemas e soluções. Faculdade de Ciências Agronômicas/UNESP, Botucatu, 1992. p 01. MOREIRA, R.S. Banana: teoria e prática de cultivo. Campinas: Fundação Cargil, 1987. 335p. RAIJ, B. van; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A.; FURLANI, A.M.C. (Ed). Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. 2.ed. rev. e atual. Campinas: Instituto Agronômico/ Fundação IAC, 1997. 285p. (Boletim Técnico 100). RIBEIRO, A.C., GUIMARÃES, P.T.G., ALVAREZ, V.V.H. Recomendações para o uso de fertilizantes e corretivos para o estado de Minas Gerais. 5ª aproximação, Viçosa, MG: Comissão de fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais. 1999. 359 p. SANTOS, G.A.; CAMARGO F.A.O. Fundamentos da matéria orgânica do solo. Porto Alegre: Genesis, 1999. 491p. TEIXEIRA, C. G. Cultura [do abacate]. In: TEIXEIRA, C. G. et al. ABACATE: cultura, matéria prima, processamento e aspectos econômicos. 2a. ed. Série Frutas Tropicais n º 8, ITAL, Campinas, 1991. 250p. WONG, M.T.F.; AKEAMPONG, E.; NORTCLIFF, S.; RAO, M.R.; SWIFE, R.S. Initial responses of maize and beans to decreased concentrations of monomeric inorganic aluminium with application of manure or tree prunings to an oxisol in Burundi. Plant Soil, v.171, p.275-82, 1995.



MANEJO DE CULTURAS INTERCALARES NO POMAR DE ABACATEIRO Sarita Leonel1 Carlos Renato Alves Ragoso2 Jaime Duarte Filho3 Introdução O abacateiro, originário do México e América Central, foi introduzido no Brasil no século XVI no Rio de Janeiro, com mudas e sementes oriundas da Guiana Francesa, de onde se expandiu para todo o país, devido ao sucesso de sua aclimatização, sendo a maioria das plantas Guatemalenses ou híbridos Guatemalenses. O abacate é uma fruta tropical rica em proteínas e vitaminas lipossolúveis A, D e B, com quantidade variável de óleo na polpa, utilizado na indústria farmacêutica e de cosméticos e na obtenção de óleos comerciais substituindo o óleo de oliva. A realização de tratos culturais necessários para uma boa produção é medida indispensável na condução da cultura do abacateiro. Um dos tratos culturais importantes é o manejo das plantas invasoras. O pomar de abacateiro, no tocante a este manejo, pode ser conduzido de diferentes maneiras. Segundo Wildner (2004), nas propriedades de produção frutícola, o período de adoção de novas tecnologias passou por várias adaptações: a) inicialmente o solo era mantido no limpo apenas na projeção da copa e ou na linha de plantio, através de capinas ou herbicidas; b) solo mantido coberto através do manejo mecânico (ceifa) ou químico da vegetação espontânea das entrelinhas e c) solo das entrelinhas mantido coberto pelo cultivo de adubos verdes. A adoção de cada uma dessas tecnologias dependerá de fatores técnicos e econômicos a serem definidos pelo próprio produtor e também, pela assistência técnica disponível ou contratada.

UNESP. Faculdade de Ciências Agronômicas. Departamento de Produção Vegetal. Setor Horticultura. sarinel@fca.unesp.br 2 Engenheiro Agrônomo. Doutor em Horticultura. UNESP. FCA/Botucatu. JR RAGOSO LTDA. jrragoso@ uol.com.br 3 Engo Agro. Pesquisador EPAMIG-CTSM. duartefilho@epamig.br 1


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Pomar permanentemente limpo Neste sistema toda área do pomar é mantida livre da vegetação nativa ou invasora, por meio de controle mecânico ou químico através de herbicidas. Este sistema tem como vantagens: • Evitar a competição das plantas daninhas; • Facilitar os tratos culturais; • Facilitar a adubação. Como desvantagens podem ser mencionadas: • Exposição do solo a erosão; • Possibilidade de provocar a compactação do solo e de diminuir o teor de matéria orgânica do mesmo; • Deixar o solo mais sujeito as variações de temperatura diurna e noturna; • Possibilidade de provocar riscos ao meio-ambiente e ao aplicador. De acordo com Ramos (1982) nos dois primeiros anos de cultivo do pomar, especial atenção deve ser dada ao controle das plantas daninhas, pois as mesmas concorrem com o abacateiro em água, luz e nutrientes. Conforme o autor, o sistema de cultivo mais adotado pelos produtores da frutífera consiste em controle com roçadeira nas entrelinhas e herbicida ou capina manual com enxada nas linhas de plantio (Figura 01). Normalmente são necessárias de 4 a 5 ceifas por ano. Os produtos químicos a serem utilizados devem ser os recomendados com registro para a cultura.


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Figura 01 – Manejo do pomar com roçada nas entrelinhas e controle químico nas linhas de plantio. (Foto: Carlos Renato Alves Ragoso em pomar cítrico).

Pomar com cultivo intercalar O pomar pode ser cultivado com culturas intercalares de interesse econômico, consorciadas com a cultura principal. Esse consórcio deve levar em conta objetivos definidos do fruticultor, a fim de que não haja competição com a cultura principal. Podem ser utilizadas espécies como grãos, olerícolas e outras frutíferas, respeitando a concorrência por água, luz e nutrientes, além da facilidade no manejo. Outras espécies intercalares são as leguminosas, consideradas como adubos verdes, pois têm a capacidade de fixar nitrogênio e carbono atmosférico e quando incorporadas ao solo, fornecê-lo à cultura principal. As leguminosas são reconhecidas por melhorarem as propriedades físicas e químicas do solo (Figura 02).


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Figura 02 – Plantio direto dos adubos verdes nas entrelinhas do pomar. (Foto: Carlos Renato Alves Ragoso em pomar cítrico).

Adubação verde A adubação verde consiste na prática de se incorporar ao solo massa vegetal não decomposta de plantas cultivadas no local ou importadas, com a finalidade de preservar e/ou restaurar a produtividade das terras agricultáveis (Von Osterrhot., 2002). Segundo estudos científicos e evidências práticas, os adubos verdes desempenham ações em diferentes aspectos da fertilidade do solo, tais como: proteção do solo contra os impactos das chuvas e também da incidência direta dos raios solares; rompimento de camadas adensadas e compactadas ao longo do tempo; aumento do teor de matéria orgânica do solo; incremento da capacidade de infiltração e retenção de água no solo; arrasto de bases a camadas mais profundas do solo; diminuição da toxicidade do Al e Mn devido ao aumento de complexificação e elevação do pH; promoção do resgate e da reciclagem de nutrientes de fácil lixiviação; extração e mobilização de nutrientes das camadas mais profundas do solo e subsolo, tais como Ca, Mg, K, P e micronutrientes; extração do fósforo fixado; fixação do N atmosférico de maneira simbiótica pelas leguminosas; inibição da germinação e do crescimento de plantas invasoras seja por efeitos alelopáticos ou pela


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simples competição por luz (Von Osterrhot, 2002). Segundo Igue (1984), com a prática da adubação verde é possível recuperar a fertilidade do solo proporcionando aumento do teor de matéria orgânica, da capacidade de troca de cátions e da disponibilidade de macro e micronutrientes; formação e estabilização de agregados; melhoria da infiltração de água e aeração; diminuição diuturna da amplitude de variação térmica; controle dos nematóides e, no caso das leguminosas, incorporação ao solo do nitrogênio (N), efetuada através da fixação biológica. Weber e Passos (1991), afirmam que as leguminosas são particularmente importantes pela capacidade de estabelecer associação com bactérias fixadoras de nitrogênio do ar. As bactérias dos gêneros Rhizobium e Bradyrhizobium formam nódulos nas raízes, fornecendo produtos nitrogenados à leguminosa e recebendo em troca, fotossintatos. Essa simbiose resulta em economia da adubação nitrogenada. Segundo Ambrosano et al. (2000), as leguminosas normalmente empregadas em adubação verde, fixam em média 188 Kg de N/ha/ano, sendo estes adicionados ao solo, podendo assim racionalizar o uso de N. Com esta prática, se pode recuperar a fertilidade do solo, perdida devido ao manejo inadequado e à adoção de monocultivo, obter N para a cultura seguinte e evitar assim, adubos altamente solúveis que podem poluir o ambiente. As quantidades fixadas de nitrogênio variam entre as espécies leguminosas e dentro de uma mesma espécie. Condições de solo, clima e genéticos determinam o potencial de fixação biológica do nitrogênio, conforme pode ser observado pela Tabela 01 (Lima et al., 2002). Tabela 01 – Estimativa de fixação de nitrogênio em leguminosas. Leguminosa N2 fixado (kg ha-1ano-1 ou ciclo) Amendoim forrageiro (Arachis pintoi) 30-196 Lab-lab (Dolichus lablab) 180 Mucuna anã (Mucuna spp) 210-220 Feijão-de-porco (Canavalia ensiformis) 49-190 Trevo (Trifolium sp) 100-150 Fonte: Lima et al. (2002) adaptado.


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Lima et al. (2002) salientam que o emprego das leguminosas como adubos verdes não contribui apenas com o fornecimento de nitrogênio. A princípio, todos os nutrientes essenciais são fornecidos por esta adubação, que também precisa ser considerada, visando o complemento com outras fontes. Algumas quantidades extraídas do solo pelas leguminosas foram obtidas por Tanaka (1981) e são apresentadas na Tabela 02. Tabela 02 – Produção de massa seca e nutrientes extraídos pelas leguminosas. Nutrientes extraídos (kg ha-1) Produção K20 Leguminosas (t ha-1) N P2O5 Guandu 11,6 324 35 199 Mucuna Preta 7,0 195 23 144 Feijão-de-porco 8,0 279 30 202 Crotalaria juncea 16,4 290 41 217 Fonte: Lima et al. (2002) adaptado.

Para a escolha de um adubo verde, também denominado de planta de cobertura do solo, é necessário levar em consideração as características individuais de cada espécie, tais como: • Facilidade de implantação (sementes ou mudas) e condução a campo; • Rapidez no crescimento inicial; • Rapidez na cobertura do solo; • Boa produção de fitomassa; • Sistema radicular profundo e robusto; • Capacidade de reciclagem de nutrientes; • Floração intensa e prolongada; • Facilidade no manejo da fitomassa; • Hábito de crescimento que não cause competição com o cultivo principal; • Persistência dos resíduos sobre o solo; • Tolerância às condições de baixa fertilidade; • Tolerância às secas e ou geadas; • Não ser hospedeiro de pragas ou doenças;


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Tolerância ao sombreamento; Não se comportar como invasora, causando problemas à cultura principal; Produzir sementes nas condições edafoclimáticas do local; Boa capacidade de rebrote após o manejo, caso seja uma cultura perene; Ter potencial para outros usos dentro da propriedade.

Dificilmente uma única espécie apresentará todas as características descritas acima, por isso, em função das condições edafoclimáticas de cada região, das características de cada propriedade e da cultura principal (espécie frutícola), apenas algumas delas serão importantes, devendo então, ser utilizadas como critérios de seleção das espécies a serem semeadas como adubos verdes. Após a seleção inicial, os conhecimentos práticos sobre o comportamento de qual a melhor espécie para ser utilizada, dependerá fundamentalmente das observações práticas do fruticultor (Wildner, 2004). Conforme o autor supracitado, os adubos verdes conhecidos e que possuem potencial para o cultivo intercalar na fruticultura podem ser classificados quanto ao: 1 – Clima: de inverno (clima frio) e de verão (clima quente); 2 – Ciclo: anuais e perenes; 3 – Família botânica: leguminosas, poáceas; crucíferas, cariofiláceas, poligonáceas e outras; 4 – Hábito de crescimento: ereto, trepador e rasteiro. As espécies mais conhecidas de inverno são: ervilha (Pisum arvense), nabo forrageiro (Raphanus sativus), aveia preta (Avena strigosa), centeio (Secale cereale), tremoços (Lupinus sp) e trevos (Trifolium sp). As mais conhecidas de verão são: guandu-anão (Cajanus cajan), feijão-de-porco (Canavalia ensiformis), mucuna-anã (Mucuna deeringiana), crotalárias (Crotalaria spectabilis, C. breviflora, C. grantiana), soja perene (Neotonia sp), amendoim forrageiro (Arachis pintoi), calopogônio (Calopogonium mucunoides), feijão mungo (Vigna radiata) e outras. Dentre as várias espécies que podem ser utilizadas como adubos verdes, Silva et al. (1999) apresentaram algumas espécies que podem ser utilizadas em pomares cítricos. Os autores relataram que as espé-


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cies utilizadas como adubo verde se dividem em plantas de verão, normalmente leguminosas plantadas no início das chuvas e manejadas até o final do período das águas, e as de inverno (leguminosas e gramíneas), plantadas no final das chuvas e manejadas quando em pleno florescimento. Dentre as espécies de verão mais utilizadas em citros podem destacar-se a Crotalária breviflora (Crotalaria breviflora), Crotalária juncea (Crotalaria juncea L.), Crotalária spectabilis (Crotalaria spectabilis Roth.), Guandu (Cajanus cajan L. Millsp), Guandu-Anão (Cajanus cajan L. Millsp), Mucuna-Preta (Stizolobium aterrimum = Mucuna aterrima), Mucuna-Anã (Mucuna deeringiana ou Stizolobium deeringianum, Steph e Bart = Mucuna pruriens), LabeLabe (Dolichos lablab L. ou Lablab vulgaris Savi), Feijão-de-porco (Canavalia ensiformis (L.) DC.) e Milheto (Pennisetum glaucum) e dentre as de inverno as mais recomendadas são a Aveia-Preta (Avena strigosa Schreb) e o Nabo-Forrageiro (Raphanus sativus L.). Como espécies perenes recomendadas para a cultura dos citros tem-se o Amendoim-Rasteiro (Arachis sp). Ragoso et al (2006) avaliaram e recomendaram para pomares cítricos as seguintes espécies, cujas características serão descritas resumidamente a seguir: Feijão-de-porco (Canavalia ensiformis DC) Planta arbustiva, anual, formando dossel ao redor de 0,8 a 1,0 m de altura, recomendada para adubação verde. Suas sementes, brancas e graúdas, não são indicadas para consumo humano, pois contêm fatores antinutricionais, embora apresentem altos teores de proteína de excelente qualidade segundo Braga et al citado por Ambrosano et al. (2000). Cultivar: Comum Época de semeadura: ideal em outubro/novembro sendo também possível em setembro/março. Espaçamento entre as linhas: 50 cm para adubação verde. Densidade linear na semeadura: 3 sementes por metro linear. Sementes necessárias: 80 Kg/ha. Adubação verde: no surgimento das primeiras vagens, cerca de 120 dias após a semeadura, efetuar o corte da parte aérea das plantas por meio de roçadeira ou grade de discos, seguindo-se ou não sua


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incorporação ao solo. Colheita de sementes: aproximadamente aos 180 dias depois da semeadura, as plantas poderão ser arrancadas manualmente ou ceifadas para posterior operação de batedura ou trilhagem após seca das vagens e sementes. Produtividade normal: fitomassa seca de 5 a 8 t/ha e 1,2 a 1,8 t/ ha de sementes segundo Ambrosano et al. (2000). Labe-labe (Dolichus lablab L.) Planta anual ou bianual rasteira, de hábito indeterminado e de ampla adaptação, recomendada principalmente para adubação verde. Suas vagens e sementes podem ser processadas para arraçoamento animal ou consumo humano. Apesar de menos digestível, sua forragem e feno são comparáveis aos da alfafa. Sua massa pode ser utilizada para enriquecimento de silagem ou palha de milho, situação em que se efetua o cultivo consorciado (Figura 03).

Figura 03: Plantio de Labe-labe nas entrelinhas do pomar. (Foto: Carlos Renato Alves Ragoso em pomar cítrico).

Cultivar: IAC-697. Época de semeadura: adubação verde: outubro a fevereiro; sementes: outubro a março. Espaçamento e densidade de semeadura: 50 cm entre as linhas


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com 10 sementes por metro linear. Sementes necessárias: 50 Kg/ha. Adubação verde: no surgimento das vagens, 150 a 180 dias após a semeadura, realizar o corte da parte aérea das plantas por meio de roçadeira ou grade de discos, para aproveitamento como cobertura morta ou posterior incorporação ao solo. Colheita de sementes: decorridos 240 dias da semeadura, os legumes maduros poderão ser colhidos, parceladamente, por via manual. Para prevenir ocorrência de carunchos, efetuar a colheita sem atraso, seguida de expurgo. Produtividade normal: fitomassa (matéria seca): 5 a 7 t/ha; sementes: 1 a 1,5 t/ha de acordo com Braga et al citado por Ambrosano et al. (2000). Feijão guandu-anão (Cajanus cajan L. Millsp) Leguminosa anual, de ciclo curto (90-120 dias), porte baixo (0,8-1,2 m), crescimento rápido e arbustivo. Pode ser utilizada em rotação, consorciada e como forrageira. No caso do citros é mais usada no sistema intercalar, devido ao baixo porte, permitindo o trânsito dos equipamentos para operações de adubação e pulverização (Figura 04). Cultivar: IAPAR 43. Época de semeadura: de setembro a dezembro. Espaçamento e densidade de semeadura: 50 cm entre as linhas com 20 sementes por metro linear. Sementes necessárias: aproximadamente 25 Kg/ha. Adubação verde: 90 a 120 dias após a semeadura realizar o corte da parte aérea das plantas por meio de roçadeira ou grade de discos, para aproveitamento como cobertura morta ou posterior incorporação ao solo.


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Figura 04 – Feijão guandu-anão em pleno florescimento. (Foto: Carlos Renato Alves Ragoso em pomar cítrico).

Produtividade normal: 4 a 7 t/ha de fitomassa de acordo com Piraí Sementes (2002). Especificamente para o abacateiro, a literatura nacional não dispõe de resultados de pesquisa que possam indicar as espécies a serem utilizadas. A recomendação de espécies de adubos verdes está na dependência do estágio de formação do pomar, as quais seriam empregadas para promover a formação de uma boa cobertura do solo. Outras espécies são empregadas para o pomar já instalado, para promover a reciclagem de nutrientes e estimular a formação da maior biodiversidade possível. Para promover um sinergismo positivo dos efeitos da adubação verde, é recomendável, sempre que possível, cultivar mais de uma espécie ao mesmo tempo. Normalmente, na adubação verde não se utiliza adubação química no plantio e em cobertura, nem mesmo cultivos pós-plantio (Figura 02). Após o pleno florescimento, estes devem ser roçados ou triturados, ficando a massa verde sobre a superfície do solo. Nunca devem ser utilizados equipamentos que revolvam o solo, para evitar a desestruturação e rompimento dos canais formados pelo sistema radicular dos


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adubos verdes, por onde ocorrerá translocação de ar e água. Após esta etapa, procede-se ao sulcamento das linhas e plantio das mudas cítricas (SILVA et al., 1999). O autor supracitado reporta que em situações nas quais o pomar se encontrar implantado, antes da semeadura, deve-se proceder a inspeção do mesmo com relação a pragas e doenças, e se necessário, recorrer à aplicação de produtos fitossanitários, aplicando uma das parcelas da adubação e ao controle das plantas daninhas nas linhas da frutífera instalada. Na escolha da espécie a ser plantada, deve-se levar em conta o porte e o hábito de crescimento, evitando que esta provoque sombreamento e competição com as plantas de citros. Pode optar-se por plantio rua sim, rua não; intercalando uma rua com espécie de porte alto e outra de porte baixo e plantio somente na metade de cada rua. Essas opções de plantio possibilitam o trânsito no pomar e em todos os casos, no ano seguinte as posições são invertidas. A primeira linha de plantio deve ficar a pelo menos 50 cm da projeção da copa dos citros, evitando sombreamento e competição. A semeadura deve ser efetuada evitando movimentação do solo em excesso e o corte de raízes da cultura, dando preferência aos sistemas de cultivo mínimo e plantio direto. Não é necessária a utilização de adubação de cobertura e cultivadores. Após a germinação e o desenvolvimento, caso seja necessário entrar no pomar com máquinas, devem-se alinhar as rodas nas entrelinhas dos adubos verdes, e, mesmo que haja tombamento, os danos serão mínimos sobre os adubos verdes. A fitomassa dos adubos verdes deve ser manejada de tal forma que a palhada permaneça sobre o solo. Por isso, o manejo deve visar sempre que possível, o acamamento dos adubos sobre o solo (Figura 05). O corte com roçadeiras, pode ser feito direcionando os adubos verdes para a linha de cultivo e para baixo da projeção da copa das árvores (Wildner, 2004).


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Figura 05 – Ceifa do adubo verde com roçadeira no pleno florescimento. (Foto: Carlos Renato Alves Ragoso em pomar cítrico).

Pomar com cobertura morta Neste sistema o solo é mantido com uma cobertura de restos vegetais, cortados de espécies forrageiras como palha de arroz, bagacinho de cana, serragem, casca de pinus, entre outros. A espessura da cobertura varia de 10 a 20 cm, conforme o material a ser utilizado (Figura 06). No caso de cobertura com capim cortado, experimento relatado por Fachinello et al. (1996) demonstrou que é necessário cortar 3 m2 de capim para cobrir 1 m2 do pomar. Trata-se de um sistema oneroso e limitado a pequenas áreas, mas que tem como vantagens: • Manutenção da umidade do solo, evitando as perdas por evaporação direta; • Controle da erosão pela diminuição do impacto das partículas de chuva; • Possibilidade de aumento nos teores de N. S, B e P no solo; • Contribui para o controle de plantas daninhas. As desvantagens do sistema são: • Em solos mal drenados aumenta o problema de aeração;


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• ABACATE Se houver abandono do sistema, as raízes das plantas tendem a ser superficiais, o que acarreta problemas; A cobertura morta aumenta o risco de geadas por impedir a irradiação do calor do solo para o ar; Favorece o risco de incêndio e o ataque de roedores; O custo é alto, pois tem que adicionar matéria seca anualmente; Não deve ser estabelecido antes de três anos de vida da planta, pois estimula o desenvolvimento de raízes superficiais; Altera a relação C/N, com isso necessita-se de uma adubação suplementar de nitrogênio, na base de 50 kg N/t de cobertura morta (Fachinello et al., 1996).

Figura 06 – Uso de cobertura morta com capim seco (Foto: Márcia Regina Antunes Maciel).

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ASPECTOS TÉCNICOS DA PRODUÇÃO •

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SISTEMA DE PODAS E REGULADORES VEGETAIS NO MANEJO DA COPA DO ABACATEIRO Maria Aparecida do Carmo Mouco1 Elizabeth Orika Ono2 1. CARACTERÍSTICAS FISIOLÓGICAS DA CULTURA O crescimento do abacateiro ocorre a partir do desenvolvimento de gemas apicais que se alongam, formando os primórdios foliares e os novos ramos, em vários ciclos vegetativos por ano, durante a primavera e o verão. No inverno acontece o período de repouso, seguindo-se a floração, que é mais definida e intensa quanto maior for o período de repouso. O desenvolvimento da inflorescência do abacateiro ocorre em ramos com um ano de idade e do mesmo ano. A floração é principalmente lateral, com gemas apicais latentes ou vegetativas, conforme a variedade. (Donadio, 1992). A temperatura é o principal fator responsável pela diferenciação da fase vegetativa para a reprodutiva na cultura do abacateiro. Cultivares de abacateiro originários de raça subtropical podem produzir flores somente quando estão submetidas às condições de baixa temperatura. O cv. Hass não floresce sob condições de temperatura de 30/25°C, 25/20°C ou 24/19°C (dia/noite), porém floresce por 3 a 4 meses em condições de 15/10°C, 18/15°C e 23/18°C; sob esta última combinação de temperatura, a floração diminuiu consideravelmente, o que pode provavelmente ser associado a um limite crítico para a floração do cultivar Hass a condição de 23/18°C (Gazit e Degani, 2002). A indução floral do abacateiro também pode ser favorecida pela relação carbono/nitrogênio, quantidade de reservas, condições nutricionais e outras ambientais como a umidade, e os reguladores vegetais. Na faixa de temperatura entre 13°C e 40°C pode ocorrer o florescimento, mas fora deste limite, independente da cultivar, a temperatura pode ser limitante, como também na ocorrência de ventos fortes e secos (Donadio, 1992). O processo de abertura de flores, nos dois períodos ou fases, femiEmbrapa Semi-Árido, BR 428, km 152, Zona Rural, C.P. 23, CEP 56302-970, Petrolina, PE. UNESP, Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências, Departamento de Botânica, C.P. 510, CEP 18618-000, Botucatu, SP.

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nina e masculina, também pode ser alterado em temperaturas abaixo de 25°C (dia) e 15°C (noite). A superposição das fases foi observada em temperaturas elevadas ou menor luminosidade, como também a ocorrência de autofecundação (Whiley e Winston, 1987). O período total de florescimento de cada variedade varia de um a dois meses. Na Austrália foi demonstrado que abacateiros das variedades Fuerte e Hass se comportam melhor, no tocante ao florescimento e frutificação, com temperaturas 25°C (dia) e 20ºC (noite). Em temperaturas de 33°C (dia) e 23°C (noite), as variedades Hass e Fuerte produziram um menor número de flores e tiveram período de floração mais curto (Sedgley, 1987). A porcentagem de flores polinizadas no abacateiro é alta, mas a frutificação é baixa. Wolstenholme (1990) reporta que uma planta adulta pode chegar a produzir entre meio milhão a um milhão de flores, entretanto, a frutificação pode variar desde um em 500 até um em 5000 flores. No primeiro mês após a frutificação foi observado que apenas 10% dos frutos apresentavam desenvolvimento normal, o que explicaria a queda de grande parte deles. Muitos dos que caem não possuem embrião, endosperma ou ambos (Gazit, 1976). Schaffer e Whiley (2002) encontraram efeito da concentração de CO2 (150 to 2000 µmol CO2 mol-1) na fotossíntese do abacateiro. Witjaksono et al. (1999) também reportam maior crescimento dos ramos vegetativos e acumulação de biomassa em ambiente enriquecido com CO2. A quantidade acumulada de matéria seca no abacateiro ‘Hass’ aumentou com a concentração de CO2 de 350 a 600 µmol mol-1 (Schaffer e Whiley, 2002); os autores ainda mencionaram que 45 dias depois da floração, as plantas que se desenvolveram em condições de 600 µmol CO2 mol-1 seguraram mais frutos que sob 350 µmol CO2 mol-1. Assim, já que existe uma relação direta entre a fixação de frutos aos 40-50 dias depois da floração e o rendimento final, o incremento das concentrações de CO2 atmosférico poderá beneficiar a produção de abacate (Howden et al., 2005). A frutificação é afetada por vários fatores, entre eles o clima, as raças, os cultivares, os porta-enxertos, os tratos culturais, o anelamento, a polinização cruzada e os insetos (Bergh, 1976). O tempo entre a florada e a maturação do fruto está entre 8 a 10 meses (Donadio, 1992). O bom desenvolvimento do fruto depende da existência de


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condições adequadas, principalmente com as relacionadas à disponibilidade de água, nutrientes, superfície foliar e clima. A relação de 30 a 50 folhas adultas para cada fruto é indicada como necessária ao abacateiro (Suppo, 1982). 2. SISTEMA DE PODAS O abacateiro, pela origem na América Central e México, tem o hábito de planta de floresta úmida, o que influencia a tendência ao crescimento vegetativo vigoroso. Este vigor vegetativo resulta nos dois maiores problemas para os produtores: o primeiro está relacionado ao porte das plantas que acaba fechando o pomar depois de quatro a cinco anos de plantio (condução), dificultando os tratos culturais, com as pulverizações e a colheita mais difíceis e caras. O segundo problema está relacionado à competição do crescimento vegetativo com os frutos pelos fotoassimilados, nutrientes e água. O fluxo vegetativo que ocorre logo após a floração origina uma grande demanda de carboidratos nos quarenta dias seguintes (Whiley e Schaffer, 1994, citado por Penter e Stassen, 1998). Esta demanda reduz as fontes e compromete a frutificação efetiva (principalmente nos cultivares mais vigorosos). Esta situação fica mais evidente com a emissão de um outro fluxo vegetativo (verão), que ocorre quando o fruto tem de 10 a 40% do seu peso final; a competição promovida por esta brotação pode causar de 45-60% de queda dos frutos (Wolstenholme et al., 1990). O clima e as condições de solo, incluindo a nutrição, tendem a estimular o crescimento vigoroso do abacateiro e a copa do abacateiro pode aumentar de 50 a 100% por ano (Köhne, 1988); o autor ainda reporta que o nível de N nas folhas do abacateiro deve ser inferior a 1,8%, como meio prático de controlar o crescimento vegetativo excessivo da planta. Assim, pelos fatores mencionados, o rendimento do abacate em áreas mais quentes, como é o caso da região nordeste, está abaixo de 10 t ha-1, porque esta condição climática estimula a brotação vegetativa mais vigorosa. A necessidade de poda de um cultivo está relacionada não só à fenologia como a ecofisiologia do cultivo. Segundo Wolstenholme (2002), o hábito natural do abacateiro é de formar uma copa frondosa que permite a captação de um máximo de luz disponível. Na busca de luz, a planta vai produzir ramos longos, de crescimento vigoroso. Este


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comportamento pode ser explicado também pelo local de origem do abacateiro, onde a planta competia com árvores muito altas e a única forma de sobreviver era através da capacidade de crescer para a captação de luz. Esta característica de crescimento vigoroso do abacateiro é o que acaba favorecendo a formação de plantas com copa mais alta, afastada do tronco, que acaba sombreando os ramos da base, que tendem a perder folhas e a capacidade de produção. Segundo Mena (2005), a poda apresenta como vantagens os melhores calibres de fruto, a facilidade na execução de outras práticas no pomar e adequação ao espaçamento. Como desvantagens, a perda inicial da produção, quando a poda é mais severa, além do aumento dos custos no manejo do pomar. Em pomares implantados com maiores densidades, a poda tem como objetivo um maior aproveitamento da luz e eficiência produtiva (kg m-2). O manejo da luz em pomares de abacate é um dos principais fatores para a obtenção de pomares sustentáveis (Wolstenholme, 2002). As podas podem ser feitas de forma mecânica ou manual. A mecânica é mais rápida, mas não discrimina os ramos e pode eliminar os produtivos, podar além do adequado, como também deixar ramos que terão que ser eliminados numa poda manual, durante um repasse, normalmente necessário. A poda manual é mais seletiva e eficiente, e facilitada pela maciez da madeira do abacateiro. No entanto, o custo e o tempo da prática é maior que na mecânica e a dificuldade é maior em pomares muito densos e com árvores com copa mais alta. A poda, em pomares mais antigos e plantados em maiores espaçamentos, têm sido considerada como um manejo adequado, já que o fechamento do pomar (entre as copas) determina a perda da capacidade produtiva, determinada, inicialmente, pelo tamanho e depois pelo número de frutos por planta, principalmente, pela perda na produtividade no interior da copa (Stassen et al., 1999). Assim, a produção tende a se concentrar na parte alta da planta, mais afastada do tronco, já que a luz no interior da copa é insuficiente, comprometendo a fotossíntese líquida e reduzindo a produção de matéria seca por unidade de superfície. A eliminação de plantas nem sempre é eficiente porque as copas das plantas mantidas, com o tempo, acabam ocupando o espaço


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das plantas eliminadas. Mena (2005) propõe duas formas de recuperar a folhagem no interior da copa e, assim, a capacidade produtiva do pomar. A primeira opção é podar os ramos principais, para logo voltar a formar a copa das brotações oriundas deles. Este tipo de poda deve ser realizado cedo, depois da colheita, para que seja possível o manejo da copa dentro do mesmo ciclo (ano). No entanto, na maioria das vezes, a brotação depois da poda é muito vigorosa, o que acaba comprometendo o início da produção, que pode acontecer só depois de dois anos e, também, é necessário que esta poda continue sendo feita para que as plantas não recuperem logo o tamanho excessivo da copa e, associado a este, o problema da produção (Hofshi, 1999). A pintura com cal, nas partes podadas e naquelas expostas ao sol, é necessária para evitar danos aos ramos, que acabam servindo de ponto de entrada de patógenos ou que comprometam novas brotações. A poda realizada apenas para reduzir os ramos principais a uma altura entre 4 a 5 metros também pode ser usada para recuperar a produção no interior da copa. Nesta prática, o objetivo é deixar uma quantidade de folhagem que permita controlar o vigor da brotação vegetativa oriunda da poda. Com o objetivo de evitar uma brotação excessiva no extremo dos ramos, formando os “pés de galinha”, pode ser feita a pintura dos últimos 20 a 30 cm do ramo com uma solução de tinta látex e ácido naftalenacético - NAA (1% i.a.), que deve eliminar a dominância apical e permitir a brotação mais uniforme nos ramos (Mena, 2005). Nos tipos de poda mencionados anteriormente, a forma de colheita deve ser considerada na definição da altura da planta. Nestas práticas de condução, as plantas são manejadas individualmente ou em setores de produção; o manejo como árvores individuais deve ser feito considerando a necessidade de deixar áreas abertas para a iluminação dos ramos centrais da planta (Partida, 1997). O manejo como setores de produção, pode ser feito com o objetivo de formar copas de formato piramidal, com a poda sendo realizada em duas etapas, ou seja, uma face (parte) da copa em cada ano, para evitar que o produtor fique sem produção durante o período do manejo (um ano), como também reduz em parte o vigor na parte podada. Neste caso, também é recomendada a pintura dos ramos expostos com a tinta látex e a utilização do ácido naftalenacético.


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3. REGULADORES VEGETAIS NO MANEJO DA COPA O fechamento da copa do abacateiro tende a ocorrer quatro a cinco anos depois do plantio, quando são utilizados espaçamentos menores, como de 5 x 5 metros. As práticas de manejo para controlar o crescimento das plantas são necessárias, já que plantas menos vigorosas apresentam vantagens nos custos da manutenção e produção do pomar. Os rendimentos podem ser incrementados pela redução do vigor no fluxo vegetativo da primavera. Além disso, plantas menores oferecem a oportunidade de incrementar a produção pelo plantio de altas densidades e, também, antecipar o máximo de produção (estabelecimento do pomar), segundo Köhne (1998). A poda do abacateiro, apesar de importante, reduz o número de gemas/ ramo reprodutivo, já que a inflorescência do abacateiro ocorre na parte terminal dos ramos produzidos no verão. O manejo com podas severas, para manter a copa em tamanho desejável, também pode comprometer a produção (Toerien e Basson, 1979). Na África do Sul, a busca de estratégias para otimizar a penetração de luz, maximizar e manter a qualidade e rendimento dos frutos, reduzir os custos de produção e aumentar a eficiência de colheita e operações no pomar (pulverizações), indica que a poda mecânica pode ser implementada sem afetar os rendimentos durante a fase de estabelecimento do pomar (Stassen et al., 1999). Entretanto, em pomares muito densos, podas imediatamente após a colheita comprometem os rendimentos no ano seguinte. Stassen e Davie (1996) mostraram que a melhor forma para interceptação de luz pelas plantas é o sistema de plantio em que se utiliza espaçamento pequeno nas ruas, resultando em uma “cerca”, como também a forma piramidal da copa, tendo como altura máxima da planta, 80% da largura da linha (ou copa). A prática da poda durante o cultivo do abacateiro em países como a África do Sul, devido ao crescimento vigoroso, demonstram eficiência no manejo do tamanho da copa. Entretanto, enquanto a poda elimina a brotação vegetativa indesejada e também ajuda na manutenção da forma da copa adequada, ela também estimula uma nova rebrota. Neste caso é que os reguladores vegetais têm um papel importante e essencial na condução da cultura. Assim, inibidores da síntese de giberelina além de reduzir o comprimento dos ramos vegetativos, incrementam a floração e o rendimento de frutos (Penter e Stassen, 1999).


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Os três diferentes tipos de reguladores vegetais que interferem na síntese da giberelinas podem ser relacionados como: compostos quaternários, como o cloreto de mepiquat e o cloreto de chlormequat, que inibem a conversão de geranil geranil pirofostato para o caureno; os compostos cíclicos contendo um nitrogênio, como o ancimidol, flurprimidol, paclobutrazol e uniconazole, que inibem a passagem do caureno a GA12-aldeído, que é catalisado por monoxigenases e os acilciclohexanodionas como o trinexapac-etil e o prohexadione-Ca, que podem bloquear as reações finais do metabolismo de GA (conversão do GA12-aldeído nos diferentes GAs), relativas à ação de dioxigenases (Rademacher, 1993). Os triazóis, como o paclobutrazol e o uniconazole, formam um grupo de reguladores vegetais que inibem a síntese das giberelinas (Singh, 2001), tem registro como redutores do crescimento vegetativo, como também incrementam o tamanho do fruto de abacate (Köhne e Kremer-Köhne, 1987; Adato, 1990; Wolstenhome et al., 1990; KremerKöhne et al,1991; Whiley et al,1991; Eramus e Brooks, 1998; Penter et al., 2000). As aplicações foliares e injeção de paclobutrazol na fase da floração reduziram o entrenó e aumentaram a retenção de frutos no abacateiro ‘Fuerte’ (Köhne e Kremer-Köhne, 1987). Em trabalho conduzido por Köhne (1988), o paclobutrazol foi aplicado no solo, ao redor do colo da planta em abacateiro com seis anos, na primavera. No início do experimento, o tamanho da copa media 12 m2. No experimento, foram testadas duas doses de paclobutrazol, 0,4 e 0,8 g i.a. m-2 de área de copa, mas nenhum efeito foi observado nos primeiros 12 meses depois da aplicação. No ano seguinte, depois da colheita, o paclobutrazol foi novamente aplicado na metade da dose utilizada no primeiro ano e, 18 meses da primeira aplicação, o comprimento dos ramos foi reduzido em 50% quando comparado com o controle. Os tratamentos com as duas doses de paclobutrazol testadas não apresentaram diferença no crescimento dos ramos, como também não houve diferença significativa entre os tratamentos com relação ao rendimento de frutos. Assim, aplicações foliares de paclobutrazol visando à redução do vigor do fluxo de primavera podem ser efetivas no incremento da produção da cv. Fuerte, como também, aplicações de paclobutrazol no solo em plantas jovens podem reduzir o porte de plantas, auxiliando no manejo da copa.


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O trabalho de Leonardi (2005) para identificar o efeito da poda e de reguladores vegetais no crescimento dos ramos, floração, rendimento e qualidade dos frutos de ‘Hass’, mostrou que a poda depois da colheita reduz o rendimento no primeiro ano, mas este efeito negativo diminui nos anos subseqüentes. A poda pode estimular o crescimento vegetativo e o momento da poda depois da colheita irá influenciar na quantidade de rebrota durante a floração e pegamento de frutos. Esta rebrota vai competir com o desenvolvimento de frutos e interferir na qualidade dos mesmos. O momento da poda de verão também pode afetar a quantidade de rebrota e floração na primavera seguinte. Aplicação de reguladores vegetais, como o uniconazole na floração, aumenta o tamanho de frutos e pode reduzir o comprimento dos ramos e incrementar a floração, quando aplicado na rebrota, resultante da poda de verão. A poda, segundo o autor, altera a distribuição de frutos, que tendem a se concentrar na parte inferior da copa, até os dois metros da planta. A poda pode reduzir a concentração de cálcio nos frutos e pode ser responsável pelo incremento de distúrbios fisiológicos. Experimento conduzido em abacateiro, por Penter e Stassen (1999), mostrou que a aplicação de reguladores vegetais no fluxo de crescimento da primavera apresentou melhor efeito no rendimento que aplicações na floração. Os resultados também mostraram que o cloreto de chlormequat foi mais eficiente no incremento do rendimento e tamanho de fruto que o paclobutrazol e o uniconazole. O primeiro fluxo vegetativo emitido logo após a frutificação do abacateiro funciona como um dreno de água, minerais e fotoassimilados, durante aproximadamente 40 dias (Whiley e Schaffer, 1994 citado por Penter e Stassen, 1998). Durante este período, o desenvolvimento do fruto do abacateiro é privado dos nutrientes e é a principal causa da grande perda de frutos. Um segundo fluxo vegetativo no verão tem um efeito similar, induzindo uma perda de frutos da ordem de 60% daqueles que ficaram na planta depois da primeira queda (Wolstenholme et al., 1990). Esta competição, entre o fluxo vegetativo e o crescimento de frutos, pode também contribuir para o pequeno tamanho dos frutos em alguns cultivares de abacateiro; neste caso, visando minimizar o problema, é que os reguladores vegetais também poderiam ser eficientes no manejo do abacateiro. Assim, pela redução do crescimento vegetativo, seria possível reduzir o efeito de dreno dos fluxos vegetativos


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e, então, reduzir a competição com o crescimento reprodutivo, como também incrementar a fixação (retenção) e tamanho dos frutos. A principal causa dos baixos rendimentos do cv. Fuerte é o baixo pegamento de frutos, associado ao vigor vegetativo. Adato (1990) reporta incremento de 90% no rendimento do abacateiro ‘Fuerte’ utilizando paclobutrazol. As pulverizações de paclobutrazol não alteraram a emissão de novos fluxos vegetativos, mas afetaram o comprimento dos fluxos, reduzidos em 30% utilizando a concentração de 2%. O tempo entre a frutificação e o início da brotação vegetativa foi maior em quatro a cinco dias nas inflorescências tratadas. As aplicações de paclobutrazol na fase de alongamento das inflorescências dobraram e triplicaram os rendimentos do abacateiro desta cultivar, em quatro anos de avaliação, e pode ser uma alternativa para plantas com rendimentos baixos, como é o caso do cv. Fuerte, ou no ano seguinte a uma alta da produção. Segundo Penter e Snider (2001), o efeito do paclobutrazol no rendimento no abacateiro ‘Fuerte’ parece ser resultado da inibição do crescimento, que ocorre concomitantemente no processo de frutificação. Efeito semelhante foi observado na videira pela eliminação da brotação nova (Coombe, 1972), que estimula a frutificação e o desenvolvimento de frutos, sem a competição de assimilados essenciais (Wolstenholme, 1988). As giberelinas são essenciais no crescimento e retenção de frutos e parece que o paclobutrazol tem efeito favorável no rendimento quando o método, concentração e momento de aplicação assegurem um efeito limitado, de forma que o crescimento vegetativo seja retardado, mas que a redução nos níveis de giberelina sejam mínimos. Por conseguinte, o efeito que se busca do paclobutrazol é no vigor da planta e as concentrações recomendadas ficam em 2% para plantas muito vigorosas e 1% para as de vigor moderado; as aplicações devem ser feitas no momento antes da antese (abertura das flores), quando se têm condições apropriadas para a frutificação (Adato, 1990). Os resultados descritos sugerem que os efeitos do paclobutrazol e compostos similares no incremento do rendimento são devidos à retenção de frutos e é função da inibição ou atraso no crescimento vegetativo, que acontece concomitante ao processo de frutificação. No entanto, é possível que o paclobutrazol não tenha efeito quando o


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crescimento vegetativo não ocorre na mesma época que a frutificação, como acontece em outros cultivares. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADATO, I. Effects of paclobutrazol on avocado (Persea americana Mill) cv Fuerte. Scientia Horticulturae, v.45, p.105-115, 1990. BERGH, B.O. Factors affecting avocado fruitfulness. Proceddings First International Tropical Fruits Short Course: The avocado. Florida, 1976, p.83-87 COOMBE, B.G. The effect of removing leaves, flowers and shorts tips on fruit set in Vitis vinifera L. Journal Horticulturae Science, v.37, p.1-15, 1972. DONADIO, L.C. Abacate para exportação: aspectos técnicos da produção. Brasília: Denacoop/ IICA Série Publicações Técnicas DENACOOP/ FRUPEX. 1992. 109 p. ERAMUS, H.D.; BROOKS, W.H. Foliar application of uniconazole (Sunny) to avocado trees to improve fruit size and yield and to chance fruit shape. South African Growers’ Association Yearbook, v.21, p.52-53, 1998 GAZIT, S. Pollination and fruit set of avocado. Procedings First International Tropical Fruit Short Course: The avocado. Florida, 1976. p.92-95. GAZIT, S.; DEGANI, C. Reproductive Biology. In: WHILEY, A.W.; SCHAFFER, B.; WOLSTENHOLME, B.N. The Avocado: Botany, Production and Uses. CABI Publishing. 2002. p.101-134. HOFSHI, R. 1999. High-Density Avocado Planting - An Argument for Replanting Trees. http://www.avocadosource.com. Acesso em 20 janeiro 2007.


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DOENÇAS DO ABACATEIRO Ariane da Cunha Salata1 Aloísio Costa Sampaio2 Introdução Muitas doenças podem atacar o abacateiro, destacando-se as causadas por fungos, porém existe uma virose que é relativamente importante, outras doenças como as causadas por microplasma e vírus que tem sido relatadas, mas ainda com disseminação pequena. As principais doenças que ocorrem são: gomose, antracnose, oídio, verrugose, cercospora, podridão dos frutos, murcha, podridão radicular, cancro do tronco, fumagina e mancha das folhas. Estas doenças podem ocorrer com maior ou menor intensidade, dependendo das condições ambientais. Gomose Essa doença tem como agente causador o fungo Phytophtora cinnamomi Rand, que destrói as raízes e causa a morte da árvore. A planta atacada exibe uma exsudação branca cristalina na casca do tronco, próximo as fendas enegrecidas. O ataque do fungo à raiz produz necrose progressiva em plantas de todas as idades, pode eliminar boa parte das raízes e causar lesão no tronco, ao nível do solo e acima deste. Os sintomas externos da doença podem ser assim descritos: depauperamento progressivo da planta; perda de cor das folhas; produção de folhas menores e de frutos pouco desenvolvidos; ramos secos e desfolhação; queda de produção, morte da planta. Esse fungo se desenvolve em solos úmidos e mal drenados, por mudas de viveiros infectados e por sementes e não se conhece porta enxerto resistente. A única medida passível de resultado é evitar os solos pesados e mal drenados e o plantio acima do nível do solo, além da aquisição de mudas de qualidade, remoção de restos culturais, cuidado com balanço nutricional, evitando-se níveis elevados de N, pH alcalino e deficiência Mestre em Agronomia. Aluna de doutorado do PPGA/Horticultura/UNESP/Botucatu. ariane_salata@yahoo. com.br 2 Docente do Depto de Ciências Biológicas da UNESP/FC/Bauru e do Curso de Pós-graduação em Horticultura/FCA/UNESP/Botucatu. – aloísio@fc.unesp.br 1


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de Ca e P. Como medida curativa, devem remover-se os tecidos afetados e proteger as regiões com pasta à base de fungicida cúprico. Tem sido recomendado o uso de fosetyl e metalaxyl como tratamento foliar e do tronco. Recentemente, foi desenvolvido um tipo de controle com aplicação de ácido fosfórico injetável (Figura 1), cujo custo, entretanto é muito alto, porém é um método muito eficiente.

Figura 1. Detalhe da aplicação de ácido fosfórico no tronco de abacateiro na Fazenda Jaguacy, Bauru (SP). (FOTO: Aloísio Costa Sampaio)

Em junho de 2006, implantou-se projeto de pesquisa na Fazenda Jaguacy utilizando mudas enxertadas de Hass sobre Dusa, porta-enxerto importado da África do Sul, cujo contrato de cessão do material foi realizado entre a Fazenda Jaguacy e a Westfalia. Nos países que empregam o Dusa como porta-enxerto, há um aumento de produtividade ao redor de 25% em relação à porta-enxertos comuns utilizados no Brasil, possivelmente em função da maior tolerância desde portaenxerto ao fungo de solo Phytophtora cinnamomi Rand. As mudas (Figura 2) antes de serem plantadas juntamente com material de Hass enxertado com porta-enxerto comum (tratamentos), foram analisadas


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pelo Complexo Quarentenário do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento do Jardim Botânico do IAC.

Figura 2. Vista geral das mudas enxertadas de Hass sobre Dusa, na Fazenda Jaguacy, Bauru (SP), provenientes da África do Sul. (FOTO: Aloísio Costa Sampaio)

Antracnose O agente causal é o Colletrotrichum gloeosporioides Penz. Essa doença causa danos aos frutos, sendo também atacados os ramos e as folhas. Os sintomas mais evidentes são manchas escuras circulares na casca, além de manchas claras irregulares e purulentas nas folhas que depois adquirem um tom marron. Nos ramos as manchas são esbranquiçadas, nos frutos são arredondadas e de cor escura. Em condições favoráveis ao patógeno, pode ser observada, sobre as lesões do fruto, a formação de uma massa gelatinosa, que contém os conídios do agente. Esta massa constitui fonte de inóculo podendo ser dispersa para outras partes da planta ou outras plantas nas proximidades. O controle é feito com calda bordalesa ou fungicidas à base de


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cobre, e também por essa doença ser favorecida por altos níveis de umidade, a aeração na copa pode ajudar no seu controle. Também o uso de aspersores foliares utilizando iodo ou extratos de cebola deram bons resultados no controle dessa doença em frutos de abacate. Após a colheita, deve ser feita imersão em solução com fungicida registrado para a cultura durante dois minutos, pois essa doença ataca desde a frutificação até a pós-colheita. Oídio O agente causal é o fungo Oidium perseae, que ataca de preferência as flores e folhas. Quando o ataque se dá nas flores reduz a polinização e provoca queda dos frutos. Os sintomas nas folhas são reconhecidos pelas manchas arredondadas, cloróticas, com pequenas áreas pardas na face superior e manchas escuras mal definidas na inferior. Em folhas novas, verifica-se na superfície inferior mancha com leve massa branca, constituindo as frutificações do fungo. As condições que favorecem essa doença são a umidade elevada (70-80%) e a temperatura de 20ºC, sendo seu desenvolvimento afetado por chuvas constantes. O controle é feito com enxofre pó molhável, calda sulfocálcica ou fungicida recomendado para a cultura. Verrugose É uma das principais doenças do abacateiro, atacando folhas e frutos. As variedades pertencentes à raça antilhana são mais resistentes. O agente causal é o fungo Sphaceloma persea, Jenkins, que ataca de preferência folhas e frutos quando novos. Os sintomas surgem no limbo ou na nervura. As manchas são de cor parda e quando em grande número, deformam e causam rompimento do limbo foliar, daí constituir doença importante nos viveiros, por afetar o desenvolvimento inicial da planta. Os frutos são atacados quando novos e as lesões que se formam durante o desenvolvimento resultam em cicatrizes de cor parda que se distribuem no sentido longitudinal. A disseminação do patógeno é realizada pela água das chuvas e pelo vento. Temperatura baixa e a umidade elevada favorecem a espo-


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rulação do fungo que infecta os tecidos novos e suculentos das folhas, ramos e frutos do abacateiro. As folhas jovens sofrem o ataque do fungo até atingirem um mês de idade, enquanto os frutos novos estão sujeitos à ação do patógeno por um período aproximado de dois meses de idade, desde que ocorram condições favoráveis ao seu desenvolvimento, sendo os frutos extremamente susceptíveis ao patógeno, logo após a queda das pétalas. Em condições desfavoráveis, o fungo sobrevive nas folhas infectadas. Quando há aumento de umidade e baixa temperatura, o fungo esporula e infecta os tecidos novos e suculentos das folhas, ramos e frutos, formando, então, características da doença, nas quais produz as formas de reprodução. O controle é feito eliminando-se os ramos secos e com calda bordalesa ou fungicidas à base de cobre e oxicloreto de Cu a 2%. A primeira aplicação deve ser feita no início do período de vegetação, devendo-se seguir duas ou três vezes durante o ano, num intervalo de 20 a 30 dias dependendo das condições. Cercosporiose Tem como agente causal o Cercospora purpurea CKE, cujo fungo causa danos aos frutos, às folhas e aos ramos. Os frutos atacados caem, principalmente quando a infecção atinge a região do pedúnculo. As lesões são circulares, pequenas, ligeiramente deprimidas. Nas folhas, são como pontos marrons, com 2 mm de diâmetro, que quando aglutinados apresentam aspectos típicos. A doença incide nas variedades mais tardias, e o cultivar Wagner parece ser o mais suscetível. Condições favoráveis, iniciam-se gradativamente na primeira metade do período chuvoso, com pico em junho e julho, que é quando inicia a queda das folhas. Permanece na cultura por infecções foliares. Sua disseminação se dá pelo vento. Controle é o mesmo da verrugose e além do uso de cultivares resistentes. Podridão dos frutos Os agentes causais são: Diplodia natalensis Pol Evans , Hendersonia sp., Rhizopus nigricans, causadores de podridões pretas, verdes


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e vermelhas dos frutos. A infecção normalmente ocorre quando os frutos ainda se encontram em desenvolvimento na árvore. Localiza-se no tecido do pedúnculo, em estado latente e se desenvolve após a colheita. O controle é feito com pulverização com produtos cúpricos. O tratamento é feito após a colheita com fungicidas recomendados para a cultura. Murcha Tem como agente causal o Verticillium alboatrum, que causa a murcha de ramos e folhas. Estas se escurecem e caem facilmente das folhas. A doença ocorre quando há ferimentos nas raízes, solo úmido, mas não encharcado e em solos nos quais anteriormente se cultivaram plantas hospedeiras. As variedades guatemalenses são mais sensíveis ao fungo. O controle é feito pela poda dos ramos afetados, a aeração do solo e a aplicação de fungicidas cúpricos. Se tiver muito afetada, a árvore deve ser erradicada e o local desinfetado para o replantio. Podridão do tronco Tem como agente causal Nectaria galligena que é favorecida pela alta umidade. Os sintomas são: manchas negras e oleosas que aparecem no tronco eliminando um exsudado branco de cheiro característico. É possível controlar essa doença no seu início com o pincelamento do tronco com cal e sulfato de cobre, após a limpeza e a raspagem da área que também pode ser pintada com tinta de vinil. Podridão das raízes Agente causal Rosellinia necatrix. Não tem grande importância econômica, sendo problema apenas em áreas isoladas, principalmente em áreas recém desbravadas. Sintomas iniciais são murcha e lesões que lembram deficiências nutricionais, caracterizadas por amarelecimento foliar. É uma doença que se manifesta lentamente, demorando meses ou anos para matar a planta. Caracteriza-se por murcha ou seca das folhas novas, gerando


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seca dos ponteiros que pode ser em toda a planta ou em alguns dos lados, correspondendo ao lado do sistema radicular afetado. Nas raízes aparece podridão e coloração branca logo abaixo da casca. Facilmente encontrado em restos de troncos, raízes mortas ou matéria orgânica devido a sua capacidade saprofítica. Com alta umidade pode observar-se cordões miceliais negros sobre as raízes ou sobre a matéria orgânica próxima a planta afetada. O controle recomendado é evitar o plantio em áreas recém desbravados ou em regiões muito ricas em matéria orgânica, amontoar e queimar restos de cultura e raízes presentes no solo, eliminar plantas doentes e seus sistemas radiculares, evitar o plantio em solos úmidos, evitar ferimentos nas plantas principalmente nas raízes e utilizar porta-enxertos resistentes. Fumagina Agente causal Capnodium sp, pode ocorrer em ramos, folhas e frutos, mas não é uma doença muito comum no abacateiro. Controle com cúpricos. Outras doenças Das doenças causadas por outros microorganismo que não os fungos, o sum blotch é a principal, ocorrendo em vários países. É causada por um vírus que se transmite até pela semente. Os sintomas típicos são: manchas cloróticas nas folhas, frutos e ramos que debilitam a planta. A sun blotch pode ser transmitida pelo pólen, embora em pequena proporção, de 1 a 3%. Novas doenças foram estudadas, como um cancro bacteriano, uma doença de stem pitting, o black streak, de causa ignorada, e outras viroses de etiologia desconhecida, porém potencialmente perigosas para a cultura do abacateiro. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BORGES, M. H. C.; MELO, B. Cultura do abacateiro. Disponível em: < www.fruticultura.iciag.ufu.br>, acesso em 16 de março de2007. El cultivo del aguacate. Disponível em: <www. infoagro.com.>, aces-


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PRINCIPAIS PRAGAS DO ABACATEIRO Luiza Maria de Souza Fernandes1 1- Introdução A cultura do abacateiro é uma atividade agrícola de grande potencial de exploração em climas subtropicais, tropicais, semi-árido, e com excelente adaptação ao solo de cerrado. Entretanto um dos fatores determinantes da produção do abacateiro esta relacionado à pragas e doenças, que constituem componentes importantes do manejo desta cultura Praga, segundo Houaiss (2001) é qualquer forma de vida animal que possa destruir aquilo que o ser humano considera um bem seu. O conceito agronômico para pragas, é baseado em danos causados por insetos a uma cultura com perdas econômicas. O ataque de pragas assim como surgimento de doenças no cultivo de abacateiro é favorecido por fatores ambientais tais como: clima (temperatura e precipitações pluviométricas) e características físicas do solo. A forma de manejo do solo e os tratos culturais do abacateiro podem exercer influência no controle de pragas e doenças. As principais pragas na cultura do abacate no Brasil são: lagarta do fruto ou chamada de broca do fruto, lagarta das folhas, coleobrocas e cochonilhas. Em outros países há registro de ataques de ácaros e tripes em abacateiro. 1.1 - Ácaros A literatura brasileira não cita ataque de ácaros em abacateiro, mas em outros paises, como no México, existem referencias aos danos provocados por espécies de ácaros vermelhos. Koller (2002) cita as espécies Olioninchus punicae e Paratetraninchus yorthersi. Estas espécies atacam as folhas raspando as aberturas estomatais, afetando a transpiração e fotossíntese, sendo que em ataques severos as folhas podem apresentar coloração marrom roxo, levando a um grande desfolhamento da planta.

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Bióloga /SEDUC/MT, MSc em Agricultura Tropical, Doutoranda em Horticultura-FCA - UNESP


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Tabela 1 - Principais pragas do abacateiro e ataque. Pragas Espécies Parte atacadas - Oligoninchus punicae Folhas ( raspando Ácaros - Paratetranichus as aberturas estoyorthersi matais) - Sternocolaspis Besouros quatuordecimcostata - Costalimaita ferruginea vulgata

Cochonilhas

Coleobrocas

Lagartas

- Aspidiotus destructor - Protopulvinária longivalvata

- Apate terebrans - Acanthoderes jaspidea - Heillipus cratagraphus - Stenoma catenifer Wals - Papilo scamander e Saurita cassandra

conseqüências do

Conseqüências Afeta a transpiração e diminui a fotossíntese - Frutos caem ou - folhas novas e amadurecem precofrutos cemente -folhas novas - diminuição da área foliar - grande quantidade de seiva sugada -Folhas - inoculação de (pagina inferior ) substâncias tóxicas e frutos - excremento açucarado- atração de formigas e fungos. Ramos e galhos -Tronco, ramos atacados secam e e especialmente morrem frutos Os galhos semicerrados secam e caem - Frutos novos - Frutos novo e caem e desenvolvidesenvolvidos dos são comercial- Folhas mente inutilizados - Sem causar danos expressivos Fonte: Adaptação de Donadio (1995)


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1.2- Besouros Sternocolaspis quatuordecimcostata Descrição: É um besouro de coloração geralmente verde – azulada brilhante, apresenta carenas longitudinais nos élitros; as antenas são negras azuladas, com 11 segmentos. Os machos medem cerca de 7 mm de comprimento e as fêmeas ,10 mm. Após o acasalamento, ela efetua a postura no solo, a pouca profundidade, sendo os ovo postos em grande número e aglomerados. As larvas vivem no solo e os adultos, após sua emergência, atacam a parte aérea das plantas. A época de ocorrência é de outubro a fevereiro, com maior intensidade de janeiro a fevereiro. Prejuízos: Atacam a parte aérea das plantas, o limbo das folhas novas fica perfurado ou totalmente destruído. O ataque mais importante é nos frutos verdes que caem ou provocam amadurecimento precoce. Costalimaita ferruginea vulgata Segundo Campos (1984), o adulto tem forma quase elíptica, mede 5 a 6,5 mm de comprimento e apresenta cor creme amarelada. O besourinho ataca, de preferência, as folhas e frutos relativamente novos, danificando-os e causando sérios prejuízos. 1.3- Cochonilhas Donadio (1995) descreve varias espécies como pragas do abacateiro as quais são: Aspidiotus destructor, Protopulvinaria longivalvata, Protopulvinaria pyriformis, Saissetia hmisphaeria. Chysonphalus dictyospermi, Aspidiotus spp. e Dysmicoccus alazan. Tanto Gallo eti al. (2002) e koller (2002), destacam somente as duas primeiras espécies que merecem atenção. Referenciam como pragas que atacam as folhas, sendo que a primeira pode atacar também os frutos. Descrição: São insetos desprovidos de carapaça, de forma achatada, piriforme, estriada. Coloração vermelho-acastanhada, medindo aproximadamente 3 mm de comprimento. Vivem na página inferior da folha, em colônias. Danos: Constante sucção da seiva e inoculação de substâncias tóxicas. Devido a eliminação de excrementos açucarados, atraem as


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formigas e fungos causador de fumagina. Controle: Segundo Gallo et al. (2002), o controle pode ser feito com pulverizações de óleo mineral ou vegetal a 1%, juntamente com fosforados sistêmicos ou não. Fazer duas aplicações espaçadas de 20 dias quando se empregar somente óleo. Koller (2002) acrescenta que no período de inverno é conveniente fazer aplicação a 2%. Alerta para evitar queimaduras em frutos e folhas novas, devem-se evitar aplicações nas horas de maior incidência de luz e quentes do dia. Alerta ainda que, antes de iniciar o controle, é importante a observação da atuação dos inimigos naturais que existem no meio ambiente dos quais se pode relacionar micro himenópteros joaninhas e diversas espécies de fungo. 1.4- Coleobrocas São besouros que geralmente atacam ramos e troncos do abacateiro, além dos frutos. Segundo Donadio (2002), os besouros podem apresentar coloração preta, castanha ou cinza. Entre as espécies pragas de importância econômica no Brasil destacam-se Apate terebrans, Acanthoderes jaspidea e Heeillipus cratagraphus. A espécie Apate terebrans apresenta coloração preta, com élitros finamente pontuados. Medem aproximadamente 25 mm de comprimento e têm antenas pequenas. Suas larvas são esbranquiçadas, do tipo escarabeiforme. Abrem galerias nos ramos e troncos do abacateiro, dentro das quais vivem os adultos. Acanthoderes jaspidea São besouros de coloração cinza-escura com pontos e manchas marrons sobre o élitro. Medem aproximadamente 25 mm de comprimento, com antenas longas. A fêmea deposita um ovo no ramo e em seguida, faz uma incisão anelar logo abaixo em direção ao tronco, cortando totalmente a casca e boa parte do lenho. Após alguns dias, o galho serrilhado seca, condições indispensáveis às larvas que só se desenvolvem em madeiras secas, que caem facilmente ao solo. Nele as larvas se desenvolvem ate chegar ao adulto. As larvas são esbranquiçadas, ápodas.


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Heillipus cratagraphus É um curculionídeo, no estágio adulto mede 17 mm de comprimento, de coloração castanho-escura. Com habito de fazer perfurações nas cascas dos galhos e tronco, coloca seus ovos, um em cada orifício. As larvas se desenvolvem abaixo da casca denunciando sua presença pela serragem expelida e por um liquido branco que escorre dos orifícios. Suas larvas são de coloração creme e cabeça escura, não têm patas, podendo atingir 16 mm de comprimento. Controle: A população A. jaspidea pode ser controlada pelo recolhimento sistemático e queima dos ramos serrados à medida que caem no chão. As outras duas espécies também podem ser controladas através da poda (bem abaixo da região atacada)dos ramos secos e queima do material podado. Segundo Simão (1998) e Koller (2002), o controle pode ser feito através de pulverização de inseticida fosforado e fosfina em pasta nos orifícios feitos pela broca. O segundo autor alerta que o uso freqüente e indiscriminado de inseticidas além de ser caro pode provocar o desequilíbrio biológico, favorecendo o aparecimento de outras pragas, não condenando o uso, mas o indicando apenas em casos em casos especiais e no momento propício em que ocorre a postura, ocasião em que as coleobrocas são vulneráveis. 1.5- Lagartas ou broca dos frutos Este inseto tem sido relatado como uma das pragas mais importantes na cultura do abacateiro, trazendo sérios prejuízos tanto a nível internacional como nacional. Em diversas regiões de São Paulo e Paraná nos últimos anos, a cultura do abacate vem sofrendo crescentes e severos ataques da broca, Stenoma catenifer (Wals.) causando sérios prejuízos ( Medina, 1978; Hohmann & Meneguim,1993). Stenoma catenifer é a principal praga do abacateiro (Persea americana Mill.) na região Neotropical, sendo registrada desde o México até o norte da Argentina. No Brasil, ocorre nas principais regiões produtoras, incluindo o Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo (Medina 1978). O ataque desta praga ocorre desde o estagio inicial de desenvolvi-


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mento dos frutos, acarretando queda prematura e depreciando o valor comercial dos mesmos. O adulto é uma mariposa, cujas asas são de coloração branca palha a esverdeada, classificada como Stenoma catenifer. O adulto faz uma pequena ranhura na casca onde deposita seus ovos, dando origem a lagartas, as quais logo penetram no fruto brocando a polpa em direção a semente, da qual se alimenta. Na fase mais adiantada de crescimento a broca expele para fora seus excrementos pela galeria aberta na polpa. Quando bem desenvolvida, mede aproximadamente 15 mm de comprimento, cor cinza esverdeada com estrias transversais cor de rosa sobre o dorso. Os ovos de S. catenifer são colocados isoladamente, próximos ao pedicelo do abacate (Hohmann et al. 2000). Após a eclosão, as lagartas penetram nos frutos, alimentando-se inicialmente da polpa e posteriormente podem atingir a semente (Hohmann et al. 2000). O ataque pode ocorrer também em galhos novos e pedúnculos de frutos pequenos, por meio de galerias próximas à casca (Wille 1952). Os danos provocados pela broca-do-abacateiro variam em função da cultivar, do ano, do local e do manejo da cultura, podendo haver perdas totais (Hohmann & Meneguim 1993). Ventura et al. (1999) observaram que a cultivar Beatriz é mais suscetível ao ataque da broca em relação à 'Margarida', embora ambas possam apresentar, no final do ciclo, perdas próximas de 97 e 81%, respectivamente. A distribuição vertical de S. catenifer em abacateiro ainda existem poucos estudos, embora sejam essenciais para a compreensão do comportamento relacionado ao ataque e estabelecimento de estratégias de controle desta praga. Características da planta tais como altura e arquitetura, podem ser limitantes para a eficácia dos inseticidas utilizados, desde que os pulverizadores disponíveis não propiciam boa cobertura dos frutos, especialmente daqueles encontrados na parte superior (Hohmann et al. 2003). Por outro lado, o controle cultural tem sido citado como complementar ao químico, e se baseia na coleta dos frutos infestados localizados nas plantas de abacate e no chão, e posterior destruição dos mesmos (Gallo et al. 2002). Nava et al. (2006), estudando a distribuição vertical, os danos e verificando o efeito do ensacamento dos frutos infestados na sobrevivência de S. catenifer, em um pomar comercial de abacate, obser-


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varam que ao longo da safra 2002/2003 a queda de frutos, devido ao ataque da broca, ocorreu em três épocas. A primeira no final de março e início de abril, a segunda no mês de julho e a terceira no final da safra agrícola, no mês de agosto. Essas perdas, apesar de variáveis, foram crescentes ao longo da safra, sendo registradas quedas de até 6% nos frutos em uma única quinzena. Assim, de março a agosto, a perda acumulada foi de 27%, correspondendo a 1/4 da produção. Quanto ao ataque em relação a altura, o número de frutos infestados por S. catenifer, nas alturas inferior, média e superior foi de 2,7; 4,1 e 0,7; correspondendo a 35,6; 54,5 e 9,8%, do total coletado. Controle: O controle é dificultado pela falta de técnicas eficientes de monitoramento e pela inexistência de inseticidas registrados para combater a praga. Nos últimos anos vem sendo conduzidos trabalhos de medidas alternativas de controle como a catação e destruição de frutos caídos. Isso impede que a praga complete seu ciclo no solo, reduzindo as populações das gerações seguintes. Uma outra medida alternativa é presença de outra cultura mesmo que seja erva daninha, aumentando a diversidade de plantas e insetos hospedeiros, permitindo assim o estabelecimento de vários grupos de inimigos naturais que podem contribuir na redução da população de S. catenifer. Os inimigos naturais mais freqüentes são citados os parasitóides de lagartas pertencentes às famílias Ichneumonidae (Eudeldeboea costa neto) e Braconidae (Apanteles desantisi), segundo Hohmann & Meneguim (2006), estes parasitóides apresentam níveis de parasitismo próximo de 10% e que a presença de nematóides entomopatogênicos em cerca de 18% dos espécimes coletados. Estudos conduzidos no Norte do Paraná para avaliar a tendência de ataque da broca por cultivares de abacate, como também a eficiência de inseticidas piretroides no controle de S. catenifer. Foi observado por Hohmann et al. (2000), que todos os piretróides utilizados foram eficientes no controle apresentando alta redução de danos ocasionados pela praga em estudo, esta eficiência de controle foi acima de 93%, em comparação com a testemunha, mesmo quando reduziu a dose de um dos piretroides (deltametrina) em cerca de 30%.


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Tabela 2 - Avaliação da eficiência de piretróides no controle de Stenoma catenifer em abacateiro variedade Margarida. Porcentagem Ingredientes Dose Eficiência de media cumulativa ativo (g i.a./100l água) controle (%) 1,2 de frutos atacados Cipermetrina (200 CE) 6,00 94 2,28 Deltametrina (25 CE) 1,75 99 0,32 Fenvalerato ( 750 CE) 37,50 98 0,88 Permetrina ( 384 CE) 19,20 97 1,16 Testemunha 39,07 Fonte- Hohmann et al.(2000) 1 Habbot (1925) 2 Nove pulverizações (dezembro-91 a junho-92

Esta praga tem provocado o uso abusivo de inseticida ou abandono da cultura. Falta pesquisa para determinar uma maneira de controle desta praga que se torne viável ao produtor, pesquisas de controle integrado, utilizando controle biológico e técnicas de manejo para permanência de inimigos naturais, uso de feromônio e outras práticas para que venha diminuir a incidência e reinfestaçao da praga.

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COLHEITA DO ABACATE Gláucia Cristina Moreira1 Douglas Seijum Kohatsu2 A colheita apresenta como principais objetivos à retirada dos produtos do campo em níveis adequados de maturidade, com um mínimo de dano ou perda, com a maior rapidez possível e com um custo mínimo (CHITARRA e CHITARRA, 2005). Ponto de colheita, ou de “maturação fisiológica” é o momento ou época em que o desenvolvimento fisiológico do fruto atingiu um estágio tal, que a polpa do fruto, após colhido, amolece apropriadamente e adquire um sabor mínimo aceitável (KOLLER, 2002). Segundo Chitarra e Chitarra (2005), maturidade fisiológica referese ao estádio de desenvolvimento da fruta, no qual ocorrem o crescimento máximo e a maturação adequada, para que a ontogenia continue após a colheita. A identificação do ponto de colheita é difícil porque, em geral, a polpa dos abacates não amolece, enquanto os frutos permanecem na árvore. A maturação completa, tornando os frutos aptos para o consumo, só ocorre alguns dias após a colheita (KOLLER, 2002). Nas variedades das raças antilhana e mexicana, os frutos caem um a dois meses, após atingida a maturação fisiológica e então, a polpa amolece rapidamente, dentro de um a três dias, restando pouco tempo para a comercialização, até chegarem às mãos do consumidor. Por outro lado, em cultivares guatemalenses ou híbridos, como Hass e Ouro Verde, os frutos podem permanecer nas árvores, aptos para a colheita, durante um período de até 6 meses (KOLLER, 2002). Para que o produtor não venha a ter prejuízos econômicos, o ideal é não deixar que os frutos amadureçam completamente nas árvores. Se os frutos amadurecerem nas árvores, ao caírem no chão, sofrem injúrias, não permitindo seu manuseio, transporte e por conseqüência, sua comercialização. Segundo Chitarra e Chitarra (2005), todas as frutas, com algumas exceções como o abacate e a banana, atingem sua melhor qualidade comestível quando amadurecem na planta. Eng. Agrônoma, Doutoranda pelo Departamento de Produção Vegetal-Horticultura, Faculdade de Ciências Agronômicas/FCA/UNESP – Cx. P. 237 – CEP 18610-307 - Botucatu, SP – gcmoreira@fca.unesp.br 2 Eng. Agrônomo, Doutorando pelo Departamento de Produção Vegetal-Horticultura, Faculdade de Ciências Agronômicas/FCA/UNESP – Cx. P. 237 – CEP 18610-307 - Botucatu, SP – kohatsu@fca.unesp.br 1


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Os frutos de certas cultivares, entretanto, mesmo após o completo desenvolvimento fisiológico, podem permanecer na árvore durante algum tempo (dias ou semanas), sem que a sua qualidade interna e externa se altere. Isso ocorre, em geral, na época em que a temperatura da região do pomar está sob controle. Essa característica é observada principalmente nos cultivares Hass, Prince e Wagner (BLEINROTH, 1995).

Figura 1 – Abacate em ponto de colheita (“maturação fisiológica”). (Foto: Gláucia Cristina Moreira)

Segundo Bleinroth (1995), para a determinação do ponto de colheita do abacate, tem-se recorrido a vários parâmetros, tais como: 1. Aderência do pedúnculo: é considerada em parte, como um índice de maturação. A aderência do pedúnculo é tanto maior quanto mais verde for o fruto. Quando este amadurece, o pedúnculo se desprende facilmente. 2. Coloração da casca: em geral, a cor da casca do abacate apresenta–se brilhante enquanto o fruto está verde. À medida, porém, que este vai amadurecendo, ela vai tornando-se opaca. Neste estádio a maturação se completa em menos de sete dias. Poucas variedades de abacate apresentam casca de cor púrpura na maturação. A maioria sofre pouquíssimas mudanças na cor da casca, o que dificulta o reconheci-


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mento do ponto ideal de colheita. Há cultivares que, quando maduros, apresentam casca verde, mas têm em sua superfície pequenas manchas ou pontos de cor marrom ou amarela. 3. Característica da polpa: para verificá-la, deve tomar-se alguns frutos bem desenvolvidos, localizados no lado da copa que não é atingida pelos raios solares. A polpa desses frutos deve ter uma cor verde-clara uniforme. A coloração desuniforme ou esbranquiçada indica que o fruto está muito verde. Este, quando colhido, não amadurece em boas condições para o consumo. 4. Revestimento do caroço: o caroço do abacate, quando o fruto ainda está verde, encontra-se recoberto por um tegumento carnoso, espesso, de cor branca. Com o início do processo de maturação, esse tegumento diminui de espessura e adquire uma coloração marrom. Este índice, entretanto, não deve ser tomado com absoluta segurança, uma vez que nas análises realizadas nos frutos verdes de diversas variedades foi constatada a presença dessa película marrom em distintas épocas. Frutos que se desenvolveram sob condições de insolação excessiva e em conseqüência sofreram danos pelo calor, ou frutos armazenados sob condições impróprias, também apresentam a película do caroço com coloração marrom. 5. Peso e volume: conhecido o peso do fruto de cada cultivar pode-se pela calibração do seu diâmetro, obter uma medida indicativa para a colheita. 6. Densidade do fruto: este método de determinação da maturação é simples, rápido e não causa danos aos frutos. Consiste na determinação do seu peso específico real, cujos valores decrescem com a maturação. Em geral, nos frutos verdes, esses valores situam-se entre 1,02 e 0,95 g/cm3, e nos maduros, entre 0,90 e 0,85 g/cm3. Variações muito grandes podem ocorrer nessa determinação, que não dependem apenas da composição do fruto, mas também das diferenças de tamanho do caroço e da sua cavidade. Frutos com caroço solto têm baixa densidade. Já se demonstrou que o pericarpo varia menos de densidade do que o fruto inteiro. 7. Resistência da polpa: a aferição da resistência ou da textura da polpa é feita com a ajuda do penetrômetro, que é introduzido na polpa do fruto, através da sua punção, após a remoção da casca. São feitas de duas a três medidas por fruto. Como durante o desenvolvimento


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fisiológico o abacate tende a perder umidade, há o endurecimento gradativo da polpa, cuja resistência à penetração aumenta, provocando a elevação desse índice. Completado o desenvolvimento inicia-se a fase seguinte que é o amadurecimento do fruto, quando então a sua consistência começa a diminuir. 8. Teor de óleo: o conteúdo de óleo do abacate é, de um modo geral, o critério mais utilizado para se determinar a maturação do fruto, principalmente nos países exportadores. Alguns países admitem como índice de maturação do abacate um mínimo de 4 a 10% a menos do teor de óleo do fruto completamente maduro, segundo cultivar e o usam como indicativo para a colheita. De acordo com a California Avocado Standard Bill, para que o abacate seja colhido, seu teor de óleo deve ser, no mínimo, de 8% do seu peso. Esse regulamento, entretanto, não foi estabelecido só para determinados tipos de abacate; abrange todos as cultivares existentes, alguns dos quais possuem um teor muito baixo de óleo, mesmo quando completamente maduros. Este fator, portanto, não é considerado como um índice satisfatório de referência para que se proceda à colheita dos frutos. Segundo Chitarra e Chitarra (2005), a maturidade do abacate pode ser testada pelo teor de óleo ou colhendo-se algumas frutas para testar o amadurecimento. As frutas imaturas não amaciam e nem amadurecem adequadamente, já as frutas maturas, amadurecem entre 3 e 5 dias a 27ºC e em 30 a 40 dias a 4ºC. Há uma boa correlação entre o teor de óleo e o peso seco, podendose utilizar esse último como índice de maturidade mínima (CHITARRA e CHITARRA, 2005). O caroço começa a diminuir com o avanço da maturação, até a maturidade completa, quando ele se torna solto, sendo percebido por agitação da fruta. Essa prática não é aconselhável por provocar danos internos ao produto (CHITARRA e CHITARRA, 2005). Segundo Blumenfeld et al. (1991), existem vários indicadores do ponto de colheita, porém nenhum deles, por si só, é perfeito, tais como: - o tempo necessário para o amolecimento da polpa diminui com o avanço da maturação fisiológica do fruto, podendo-se então, colher frutos testes, para verificar se o tempo de amadurecimento é adequado; - a determinação dos teores de óleo e de matéria seca da polpa


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aumenta com o avanço da maturação fisiológica, podendo ser usados como indicadores do ponto de colheita, mas eles variam de uma cultivar para outra; - a época em que normalmente ocorre a colheita, em determinada região, também é um indicador, mas para a mesma cultivar ela pode variar mais de 3 semanas de um ano para outro; - o tamanho e o peso característico dos frutos de cada cultivar é outro critério que pode ser usado, porém ele pode variar com a carga de frutos e com as condições climáticas. Chitarra e Chitarra (2005) citam que, na Califórnia/EUA, durante muitos anos, utilizou-se um teor mínimo de óleo no abacate como padrão de maturidade, mas esse índice mostrou-se insatisfatório, uma vez que alguns cultivares, mesmo apresentando teor de óleo acima do mínimo requerido, tinham qualidade organoléptica insatisfatória. Por meio de um painel de avaliação sensorial para determinar a qualidade da fruta, constatou-se que o padrão de crescimento do abacate pode ser usado não apenas para determinar a época na qual a maturidade mínima aceitável é atingida, como também, permite estabelecer a data da colheita. Os teores mínimos de óleo para o início da colheita, foram determinados na Califórnia/EUA, por Ranney et al. (1991), como sendo os seguintes: Bacon, 18,5%, Fuerte, 19,9%, Gwen, 25,9%, Hass, 21,6%, Pinkerton, 23,0%, Reed, 19,8% e Zutano, 18,8%. Outro fator que pode ser utilizado para indicar o ponto de colheita é a força de retenção do fruto ao pedúnculo (FRF). A força necessária para destacar o fruto do pedúnculo diminui conforme o decorrer da maturação fisiológica. Koller (2002), cita que em poucas cultivares, como Hass e Gwen, ao atingirem o ponto de colheita, os frutos começam a apresentar coloração roxa na casca. Segundo Chitarra e Chitarra (2005), uma série de fatores deve ser levada em consideração, durante e após a colheita. Por exemplo, o estabelecimento do período em que será realizada. Colheitas após chuvas pesadas devem ser evitadas, devendo ser realizadas nos períodos mais frios do dia, usualmente no período da manhã. Os frutos não devem ser colocados diretamente no solo, nem ficarem expostos às condições climáticas ambientais. Os frutos que permanecem descobertos no cam-


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po podem adquirir temperatura interna muito elevada, adversa à sua conservação. O sucesso de uma boa colheita está relacionado com uma coordenação eficiente das operações, da disponibilidade de mãode-obra treinada, transporte, operações nas centrais de embalagem e demanda de mercado. Ao realizar a colheita deve-se tomar o máximo de cuidado para evitar que os frutos sofram qualquer tipo de injúrias. Se a colheita não for bem feita e ocorrer um ferimento na casca, por exemplo, o fruto se torna vulnerável à entrada de fungos e consequentemente, ocorre a podridão dos mesmos, tornando-os impróprios para a comercialização. Essas injúrias também são responsáveis pela aceleração no amadurecimento dos frutos, diminuindo, portanto, sua vida útil. A supervisão das operações de colheita e do manuseio no campo deve ser cuidadosa visando proteger os produtos dos danos mecânicos, os quais podem resultar de quedas do produto nas cestas ou sacos de colheita, batidas dos contêineres contra as superfícies, transferência do produto das caixas de campo para os contêineres e superenchimento desses últimos. Cada pequena queda ou impacto é cumulativo e contribui para a redução da qualidade final do produto (CHITARRA e CHITARRA, 2005). Segundo Sanches et al. (2007), as lesões mecânicas, durante o manejo na colheita e pós-colheita, são responsáveis por perdas significativas durante a distribuição e comercialização. Elas afetam diretamente a aparência externa, que é um dos mais importantes atributos de qualidade das frutas e é o principal fator de rejeição pelo consumidor. As injúrias mecânicas são definidas como deformações plásticas, rupturas superficiais e destruição dos tecidos vegetais, provocadas por forças externas. Adicionalmente, levam a modificações físicas (danos físicos) e/ou alterações fisiológicas, químicas e bioquímicas que modificam a cor, o aroma, o sabor e a textura dos vegetais (MOHSENIN, 1986). A suscetibilidade ao dano mecânico é influenciada por vários fatores, como espécie, cultivar, grau de hidratação celular, estádio de maturação, tamanho, peso, características epidérmicas e condições ambientais (WADE e BAIN, 1980; KAYS, 1991). As injúrias mecânicas em frutas são geralmente acompanhadas


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por elevado número de respostas fisiológicas. Quando tecidos vegetais são lesionados, ocorre elevação na atividade respiratória e na produção de etileno, algumas vezes dentro de poucos minutos, mas usualmente dentro de uma hora (ABELES et al., 1992; BRECHT, 1995). O etileno acelera a deterioração e a senescência dos tecidos vegetais e promove o amadurecimento de frutos climatéricos, levando as diferenças na idade fisiológica entre os tecidos intactos e os feridos (WATADA et al., 1990). Injúrias mecânicas podem causar alterações na síntese de pigmentos de alguns frutos, tornando-os inviáveis à comercialização (SANCHES et al., 2007). No caso do abacate, os danos externos não levam ao efeito imediato e somente quando a fruta amadurece, a polpa se apresenta, parcial ou totalmente, escura. A queda durante a colheita, a colocação das frutas nas embalagens e o modo como são transportadas são algumas das operações que lhes têm causado danos mecânicos, comprometendo sua qualidade (BLEINROTH e CASTRO, 1992).

Figura 2 – Abacate apresentando injúria mecânica. (Foto: Gláucia Cristina Moreira).


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A colheita de abacates requer muitos cuidados na manipulação, acondicionamento e transporte dos frutos até o local de beneficiamento e embalagem. Isso, aliado ao grande tamanho e peso dos frutos, bem como os galhos quebradiços e a grande altura das árvores, as vezes superior a 6 ou 7m, torna a colheita como uma das atividades mais custosas da abacaticultura (KOLLER, 2002). Os abacates jamais devem ser colhidos sem o pedúnculo. Pelo contrário, parte deste deve acompanhar o fruto na colheita. É importante deixar o pedúnculo para evitar a entrada de fungos nos frutos. Posteriormente apara-se o excesso do pedúnculo com uma tesoura de poda ou uma faca afiada, para facilitar o acondicionamento na embalagem. Constatou-se que em pomares comerciais, o índice de ferimentos causados nos frutos pelo contato com o pedúnculo de outros frutos chega a ser relativamente alto, por não se tomarem os devidos cuidados na hora da colocação dos frutos nas caixas e não se aparar o excesso do pedúnculo (BLEINROTH, 1995). Durante as operações de colheita deve-se manter um padrão de higiene no campo. Os produtos não desejáveis para o mercado devem ser removidos. A colheita deve ser realizada na época certa e com seleção imediata do produto para possibilitar as operações subseqüentes. Pode-se ainda deixar o produto descartável na planta durante a primeira operação e em seguida, fazer a operação de limpeza (CHITARRA e CHITARRA, 2005).

Figura 3 - Detalhe da classificação e corte de parte do pedúnculo dos frutos de abacate cv. Hass na Fazenda Jaguacy, Bauru (SP).(Foto: Vítor Carvalho)


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Figura 4. Embalamento dos frutos em caixas de papelão ondulado para exportação na Fazenda Jaguacy, Bauru (SP). (Foto: Vítor Carvalho)

Em nenhuma circunstância o produto rejeitado deverá permanecer no solo por períodos longos de tempo, por ser tornar uma fonte de infecção aos produtos sadios. Preferivelmente, o material que poderá ocasionar alguma infecção deverá ser destruído. A limpeza adequada dos instrumentos e equipamentos utilizados na colheita e manuseio é também de importância fundamental (CHITARRA e CHITARRA, 2005). Primeiro, são colhidos os frutos mais baixos, ao alcance das mãos, pelo corte do pedúnculo, rente à casca do fruto. De imediato, operários habilidosos sobem na árvore e colhem os frutos que estão mais próximos de galhos grossos e resistentes no interior da copa. Para colher os frutos da periferia da copa (entre 2 a 4 m de altura) é possível utilizar escadas com tripé, que não necessitam ser apoiadas nos galhos, desde que elas sejam apropriadamente fixadas sobre o solo. Finalmente, os frutos mais altos podem ser colhidos, subindo-se em escadas de apoio, feitas de metal ou madeira leve e resistente, cuja base é larga, e a extremidade superior deve ser apoiada firmemente em galhos suficientemente resistentes para não quebrarem (KOLLER, 2002). A colheita que emprega varas ou ganchos com os quais se bate nos


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frutos para derrubá-los da árvore deve ser totalmente abolida. Utilizando-se, em seu lugar, escadas e tesouras apropriadas, ou “apanhadores de saco” (BLEINROTH, 1995). Os frutos mais altos também podem ser colhidos com o auxílio de varas longas e leves, na ponta das quais se fixa uma sacola de lona, com a boca presa a um pequeno arco metálico. O fruto é ensacado através de um movimento adequado: um dispositivo existente na borda do saco corta ou quebra o pedúnculo; a seguir a ponta da vara é baixada até o solo, recolhendo-se o fruto (KOLLER, 2002). Esse processo de colheita com vara é demorado. Talvez ele possa ser agilizado, substituindo a sacola por um tubo de lona ou de pano, com diâmetro superior ao do fruto, o qual, após destacado da árvore, escoa suavemente pelo tubo, até ele ser aparado e recolhido por um operário que o apanha. Assim, vários frutos podem ser colhidos, um após outro, sem necessidade de baixar a ponta superior até o nível do solo (KOLLER, 2002). Para retirar os frutos que se encontram nas partes mais altas das árvores são utilizados “apanhadores de saco”, que consistem em longas varas de bambu (aproximadamente quatro metros de comprimento) providas na extremidade de uma sacola de tecido resistente presa a um aro de ferro de ¼”, com cerca de 20 cm de diâmetro e que tem no extremo oposto à vara uma lâmina de metal cortante de aproximadamente cinco centímetros. Este colhedor é o mais recomendado. O outro tipo consiste em um aro de chapa de ferro de 1/16” dotado de saliências na sua borda em forma de dentes, as quais permitem encaixar o pedúnculo e, com um puxão, destacar o fruto do galho. Este tipo de colhedor, entretanto, causa danos mecânicos aos frutos. No sistema recomendado, o operário introduz na sacola o fruto a ser colhido e com um puxão dado à vara secciona o pedúnculo com lâmina cortante do apanhador. Convém sempre que o pedúnculo seja cortado com o máximo de comprimento possível. Um colhedor prático é capas de colher, por dia, cerca de 900 Kg de abacate ou o correspondente a 30 caixas de colheita ou 45 caixas de mercado (caixa M) (BLEINROTH, 1995). Após serem colhidos da planta, os frutos são depositados numa cesta, ou num saco de colheita de fundo falso, da qual eles podem ser escoados suavemente para o interior de um “bin” ou caixa de colheita, de forma semelhante à colheita de frutas cítricas (KOLLER, 2002).


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Na Califórnia/EUA, onde o custo da mão-de-obra é alto, já estão sendo usadas máquinas acopladas a reboques, que se deslocam entre as linhas de árvores e que são providas de um pequeno guindaste, extremamente móvel, em todas as direções, na extremidade superior do qual se acomoda um operário dentro de um recipiente, onde ele deposita os frutos que colhe, até transferi-los mais tarde para um “bin”. Essa máquina é provida de 4 sapatas hidráulicas, duas de cada lado, que permitem fixá-la firmemente ao solo, inclusive em terrenos bastante íngremes. Evidentemente que, com apenas uma pessoa fazendo a colheita manualmente, o custo operacional de uma máquina desse tipo é muito alto em países, onde os salários pagos a operários são tão baixos como no Brasil (KOLLER, 2002). Após a colheita as frutas devem ser imediatamente levadas para o packing house, onde serão submetidas a tratamento fitossanitário, seleção, classificação, embalagem e armazenamento, para em seguida serem transportadas e comercializadas.

Figura 5 – Frutos com aparência externa ideal para comercialização. (Foto: Gláucia Cristina Moreira).


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PÓS-COLHEITA DO ABACATE Douglas Seijum Kohatsu1 Gláucia Cristina Moreira2 INTRODUÇÃO O abacate (Persea americana) é um fruto climatérico caracterizado por alta taxa de produção de etileno (JEONG et al., 2002) proporcionando um rápido amadurecimento, aproximadamente 5 a 7 dias após a colheita (SEYMOUR e TUCKER, 1993). Contudo, o etileno não é o único hormônio vegetal responsável por este processo, o ácido abscísico (ABA) parece desempenhar um papel chave no amadurecimento. Lieberman et al. (1977) mostraram aumento no etileno após aplicação de ABA antes do pico climatérico. A auxina parece atuar de diversas maneiras, estimulando a síntese de etileno em figos (MAXIE e CRANE, 1967) e atrasando o amadurecimento em peras (FRENKEL e DYCK, 1973). Segundo Tingwa e Young (1975) a ação da auxina, em abacate, dependendo da concentração, pode induzir a respiração e produção pré-climatérico de etileno em altas concentrações e atrasar o amadurecimento em baixas concentrações. Os mesmos autores não encontraram influência da giberelina e citocinina nestes processos. O acelerado amadurecimento do abacate proporciona alterações indesejáveis para o setor de comércio, restringindo muito o tempo de comercialização. Segundo Kluge et al. (2002) o principal fator que limita o transporte e o tempo de comercialização, e que deprecia a qualidade pós-colheita de fruta é o amolecimento excessivo decorrente do amadurecimento. Sakurai e Nevins (1997) relatam que se ocorrer à degradação da celulose e de outros polissacarídeos da parede celular em abacates, por enzimas responsáveis pela hidrólise da parede, durante o amadurecimento, poderia resultar em mudança da estrutura dos substratos (polissacarídeos), associando-se com mudanças na firmeza. A importância de enzimas neste processo de amolecimento tem Eng. Agrônoma, Doutoranda pelo Departamento de Produção Vegetal-Horticultura, Faculdade de Ciências Agronômicas/FCA/UNESP – Cx. P. 237 – CEP 18610-307 - Botucatu, SP – gcmoreira@fca.unesp.br 2 Eng. Agrônomo, Doutorando pelo Departamento de Produção Vegetal-Horticultura, Faculdade de Ciências Agronômicas/FCA/UNESP – Cx. P. 237 – CEP 18610-307 - Botucatu, SP – kohatsu@fca.unesp.br 1


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sido reportada por vários autores. Awad e Young (1979) observaram que parcial desmetilação da pectina é necessária antes que a poligalacturonase (PG) possa trazer significante hidrólise em abacate. Então, a pectinametilesterase (PME) pode ter a função de preparar o substrato para ser hidrolisado pela PG. Os autores observaram que, quando houve diminuição abrupta da PME, iniciou-se o aumento da PG e celulase, salientando a estreita correlação entre o amolecimento e a atividade da enzima celulase. Enquanto, Pesis et al. (1978) correlacionam o aumento desta enzima com o aumento da produção de etileno em abacate, Ronen et al. (1991) observaram aumento da atividade da celulase, xilanase e xilosidase após o aumento deste hormônio vegetal e sugerem que enzimas que hidrolisam xilano podem estar envolvidas no amolecimento do abacate. O escurecimento da polpa do abacate durante o amadurecimento ou sob condições de estresse é outro fator de extrema importância na qualidade do mesmo durante o armazenamento e este processo fisiológico/bioquímico é atribuído a enzima polifenoloxidase (PPO). Cutting e Bower (1986) reportaram que estresse ou atraso na colheita causou aumento no ácido abscísico resultando em efeito negativo na qualidade do fruto, como mensurado pela polifenoloxidase. Os mesmos autores observaram que o ABA é um agente causador da senescência e o tratamento com este ácido poderia ter causado degradação da membrana com subseqüente aumento de PPO. Segundo Cutting e Bower (1987) a irrigação pode influenciar a atividade desta enzima quando aplicada em baixa quantidade ou em excesso, assim como, observado em frutos submetidos a três tratamentos de estresse hídrico e análises de ABA e PPO durante o amolecimento. O nível de ABA quando os frutos estavam com 50% de amolecimento (pico de etileno) teve um eventual efeito na qualidade do fruto, determinado através do conteúdo de PPO (potencial de escurecimento) em frutos completamente amolecidos. Devido a estas características do abacate, o controle do amadurecimento é fundamental para o aumento da vida útil após a colheita, visando à exportação que demanda de um maior período de comercialização e ao mercado interno que ainda é carente de uma boa logística para este setor.


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FATORES QUE AFETAM O ARMAZENAMENTO DO ABACATE Temperatura A utilização da temperatura ideal de armazenamento para cada produto é indiscutível, porém mo Brasil a refrigeração é restrita a poucas culturas, principalmente para frutíferas “in natura” ou produtos processados. A baixa temperatura associada à alta umidade é o principal método de conservação pós-colheita empregado no abacate, cuja temperatura ideal e o tempo de armazenamento é dependente do cultivar, como observado na Tabela 1 descrita por Gayet et al. (1995). Perda de umidade excessiva pode ocasionar maior incidência de distúrbios fisiológicos, assim como maior conteúdo de PPO solúvel (CUTTING e BOWER, 1987). Tabela 1. Conservação dos principais cultivares de abacate em frigoríficos convencionais. Tempo de Cultivares Temperatura Umidade Conserva- Tempo de comer(°C) Relativa (%) ção (dias) cialização (dias) Collinson 7 85-90 20 3-5 Fortuna 7 85-90 22 4-6 Fuerte 7 85-90 14 2-3 Quintal 7 85-90 14 3-4 Linda 5-7 85-90 20 3-4 Mc Donald 7 85-90 16 2-3 Pollock 7 85-90 14 2-3 Prince 5-7 85-90 25 2-3 Simmonds 7 85-90 12 2-3 Wagner 7 85-90 20 3-5 Waldin 7 85-90 18 2-3 Fonte: Gayet (1995)


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Há uma convicção geral que cultivares de abacate das raças indianas são mais sensíveis às baixas temperaturas do que àquelas provenientes das raças guatemalenses e mexicanas (ZAUBERMAN et al., 1973). Zauberman et al. (1973) analisando três cultivares de abacate mostraram que o ‘Nabal’, um guatemalense, tem maior tolerância a baixa temperatura do que os guatemalense-mexicanos ‘Fuerte’ e ‘Ettinger’. Todos os cultivares não apresentaram chilling (injúria por frio) quando armazenados por 6 semanas a temperatura de 6ºC. Ainda observaram que, o estádio de amadurecimento do fruto influencia na susceptibilidade do mesmo, quanto mais avançado este estádio menos suscetível às baixas temperaturas. Zauberman et al. (1977) observaram que a resposta de frutos de abacates de três cultivares para várias temperaturas diferiram na faixa de 0 a 25ºC e estas faixas foram divididas em 3 grupos: entre 10 e 25ºC, no qual o amolecimento do fruto aumentou com o acréscimo da temperatura; entre 5 e 8ºC, no qual o amolecimento foi inibido e o fruto amoleceu apenas quando transferido para temperaturas mais altas; e entre 0 e 4ºC, no qual o tempo de armazenamento sem a ocorrência de chilling foi limitado. Hopkirk et al. (1994) observaram a importância da temperatura de prateleira após o armazenamento e concluíram que o aumento da temperatura a partir dos 15ºC até 30ºC, a cada 5ºC, diminui a vida de prateleira, aumentam os distúrbios fisiológicos, o escurecimento vascular e o amadurecimento desuniforme. Segundo Fuchs e Zauberman (1995) os sintomas de chilling podem aparecer de diferentes formas: escurecimento da casca e polpa, problemas na respiração, aumento da susceptibilidade a ataques de microrganismos, pulp spot, bem como, manchas cloróticas na casca. Embora, estes sintomas não possam ser somente uma resposta à baixa temperatura (BOWER e CUTTING, 1988). Tratamentos com calor estão recebendo aumento de atenção como meio de reduzir a injúria por frio em alguns frutos (WOOLF et al., 1995). Este tratamento pode também ser utilizado como técnica de desinfestação (PAULL, 1990). Woolf et al. (1995) concluíram que o ótimo tratamento de calor (38ºC para 3 a 10 horas e 40ºC por 30 minutos) reduziu os níveis de danos externos de frutos armazenados a 2ºC e dos frutos armazenados a 6ºC sem redução da qualidade interna


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após o amadurecimento em 20ºC. Contudo, Woolf (1997) observou que o tempo de 60 minutos de imersão em água a 38ºC foi suficiente para reduzir o índice de frutos desuniformes, escurecimento vascular e “tissue breakdown”. Atmosfera modificada e controlada Para Spagnol et al. (1994), embora a refrigeração se apresente como prática eficiente na redução das perdas pós-colheita, a suplementação com atmosfera modificada ou controlada, poderá trazer melhores benefícios, quando empregada adequadamente. Gayet et al. (1995) mostraram a eficiência da associação destes métodos de conservação pós-colheita (Tabela 2). Spalding e Reeder (1972) relataram que o tempo de armazenamento pode ser dobrado sob condições de atmosfera controlada (AC). O etileno é um hormônio vegetal diretamente relacionado com o amadurecimento do fruto, sendo assim, contribuí para um dos principais aspectos que interessam na pós-colheita, pois a diminuição do período de comercialização é uma característica indesejável, não somente atribuída ao abacate. Fuchs e Zauberman (1995) citam a ventilação, permanganato de potássio e outras tecnologias como a atmosfera modificada como removedores de etileno.


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Tabela 2. Conservação dos principais cultivares de abacate em frigoríficos convencionais. Tempo de Tempo de Umidade comerTemperatura Relativa CO2 O2 Conservação cialização Cultivares (°C) (dias) (%) (%) (%) (dias) Collinson 7 85-90 10 2 35 2-4 Fortuna 7 85-90 10 2 37 3-4 Fuerte 7 85-90 10 2 32 3-5 Quintal 7 85-90 10 2 27 2-4 Linda 5-7 85-90 10 2 35 3-5 Mc Donald 7 85-90 10 2 34 2-4 Pollock 7 85-90 10 2 27 2-4 Prince 5-7 85-90 10 2 33 3-5 Simmonds 7 85-90 10 2 25 2-4 Wagner 7 85-90 10 2 37 3-5 Waldin 7 85-90 10 2 33 2-3 Fonte: Gayet et al. (1995)

Pesis et al. (1994) observaram que baixos níveis de oxigênio diminuem o nível de etileno, reduzem a produção de dióxido de carbono, ou seja, a respiração do abacate, e ainda, relataram que houve correlação inversa entre o conteúdo de clorofila da casca e o nível de severidade do chilling. Os mesmo autores relataram aumento nos grupos SH (radicais que participam de aminoácidos como cisteína e glutationa) na casca e polpa do abacate. Segundo Foster e Hess (1980) a glutationa colabora na proteção de tecidos de plantas contra a ação de peróxidos que são gerados durante o estresse oxidativo. As espécies de oxigênio reativo (ROS) são produzidas durante o curso do metabolismo normal e reagem com as estruturas orgânicas estáveis (lipídeos e proteínas das membranas celulares, aminoácidos, etc.), retirando delas um elétron. Dessa forma tem início a peroxidação de lipídeos e a agregação de proteínas com os seguintes efeitos: danos às membranas, vazamento de eletrólitos, distúrbios metabólitos, perda de funções celulares e morte das células e tecidos (CHITARRA


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e CHITARRA, 2005). Outro aspecto de importância para a qualidade do fruto de abacate é a manutenção da firmeza, o qual proporciona maior resistência ao transporte e aumenta a vida de prateleira. Pesis et al. (1994) transportaram frutos de 2ºC para 17ºC e observaram melhor manutenção da firmeza no tratamento com baixos níveis de O2. Dori et al. (1995) trabalhando com anaerobiose nos aspectos do amadurecimento do abacate observaram que a aplicação de nitrogênio (97%) retardou o amolecimento do fruto e diminui a atividade de poligalacturonase em 30%, além de reduzir levemente a atividade de endoglucanase. Awad e Young (1979) relataram a importância desta enzima responsável pela degradação da parede celular de frutos de abacate durante o amadurecimento. Enquanto, Rose et al. (1998) sugeriram que o rompimento de associações não covalente entre xiloglucano e microfibrilas de celulose poderia também resultar em mudança na firmeza, bem como, aumento na acessibilidade do substrato, para o ataque enzimático, pelas hidrolases da parede celular. Truter e Eksteen (1987) observaram que o tratamento no dia seguinte após a colheita, com 25% de CO2, por três dias, não apresentou antracnose, diminuiu a injúria por frio em 25%, escurecimento da polpa em 15% e o escurecimento vascular em 2%. Truter et al. (1991) observaram diminuição ao redor de 10% a descoloração de polpa do abacate e 60% de anomalias vasculares nos frutos tratados com atmosfera modificada e “choque” de CO2. O potencial de escurecimento da polpa de abacate é principalmente em função da enzima polifenoloxidase (KAHN, 1975). Bower et al. (1990) estudaram o efeito do armazenamento em atmosfera controlada, “choque” com CO2 e condição ambiente na atividade de polifenoloxidase em abacates ‘Fuerte’ e observaram menor atividade no tratamento com “choque” com CO2. Truter et al. (1991) observaram menor atividade de polifenoloxidase e conteúdo de ABA em frutos amadurecidos com “choque” com CO2, no qual sugerem que estes frutos podem ter sido sujeitos a menos estresse pós-colheita que outros frutos não tratados.


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Cálcio Tem sido relatado em muitos estudos que este nutriente está envolvido em numerosas desordens fisiológicas e outros resultados sugerem que o cálcio tem importante papel na susceptibilidade, de frutos armazenados, ao chilling. Chaplin e Scott (1980) observaram que quanto mais se aproxima ao pedúnculo do fruto, menor a presença de injúria por frio. Subseqüentes investigações revelaram que a concentração de cálcio no mesocarpo não é uniforme, mas é invariavelmente menor na base do fruto do que próximo ao pedúnculo. Ainda relataram que a aplicação de cálcio na maior concentração apresentou pontuação no índice de chilling de 0,94 contra 4,69 em escala que variava de 0-5 pontos. Rensburg e Engelbrecht (1985) trabalhando com o efeito de diversas fontes de cálcio nos componentes de escurecimento do abacate observaram que a aplicação de produtos a base deste nutriente suprimiu a respiração e a polifenoloxidação. Eaks (1985) observou que a concentração acima de 0,1 M foi o suficiente para reduzir a taxa respiratória e a produção de etileno em frutos de abacate dos cultivares ‘Hass’ e ‘Fuerte’. Tratamentos pré-colheita com variadas fontes de cálcio em abacate ‘Fuerte’ reduziram a perda de peso em aproximadamente 4%, diminuíram a porcentagem de danos por frio em 65%, e aumentaram a firmeza do fruto e a vida de prateleira em dois dias (LÓPEZ e BONTEMPS, 1996). OUTROS MÉTODOS DE CONSERVAÇÃO Irradiação O emprego da irradiação no Brasil mostra-se muito promissor e de suma importância, através de sua contribuição na conservação, reduzindo as perdas pós-colheita e a possibilidade de melhorar a oferta de alimentos (LIMA et al., 2001). A irradiação associada aos procedimentos pós-colheita normalmente empregados, em baixas doses, têm mostrado ser um excelente método para prolongar a vida comercial de frutas, retardando os processos de amadurecimento e a senescêcia, bem como, reduzindo significativamente o apodrecimento causado por fungos e bactérias


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patogênicas (KÄFERSTEIN e MOY, 1993). A irradiação tem que ser melhor estudada para aplicação em frutos de abacate, já que assim como a temperatura ideal varia de cultivar para cultivar, a dose ideal de irradiação apresenta o mesmo comportamento. Segundo Germano (1996), os resultados já obtidos para incremento da vida comercial de abacate, indicam que não há dose ou faixa de doses uniformes que poderia ser preconizada para todos os cultivares. O abacate mostrou-se como sendo uma das frutas mais sensíveis as radiações ionizantes, sendo que para a maioria dos cultivares, doses acima de 100 ou 200 Gy causam severas descolorações e escurecimento da polpa. Contudo, segundo López et al. (1996) doses entre 60 e 100 Gy provocaram maior perda de peso. A aparência externa do fruto, especialmente a da casca, apresentou os maiores danos, com mancha e certa desidratação, podendo ser considerada oelas características dos danos, como um efeito indesejável para a variedade estudada ‘Colin v33’. Além disso, todas as doses receberam nota ‘aceitável’ em relação ao sabor, enquanto o controle recebeu nota de ‘bom sabor’. A irradiação para o abacate ‘Fortuna’ induziu prolongamento na vida de prateleira quando comparado com o controle que era de 7 dias, para 11 dias quando irradiados com 75 Gy e para 15 dias se irradiados com 100 Gy, portanto, comprovando a necessidade de estudos específicos para cada cultivar. 1-MCP (1-metilciclopropeno) Segundo Kluge et al. (2002), no Brasil, a comercialização do abacate, a varejo, ocorre sem refrigeração, o que torna a aplicação de tecnologias de conservação em temperatura ambiente bastante desejável, pois, a ampliação do período entre a colheita e o amadurecimento pode proporcionar o transporte a longas distâncias e aumento no período de comercialização. Embora, o 1-MCP seja um gás, ele tem sido formulado em pó, o qual libera o ingrediente ativo quando misturado a uma solução básica ou água. O 1-MCP se liga fortemente ao sítio de ligação do etileno, evitando que sua ligação e ação procedam (KLUGE et al., 2002). Segundo Sisler e Serek (1997) este material não é tóxico, não apresenta cheiro e é efetivo quando as plantas são tratadas em baixas


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concentrações. Jeong et al. (2002) observaram que frutos de abacate do tratamento controle amoleceram e completaram o amolecimento rapidamente quando comparados com os tratados com 1-MCP e observaram que quanto maior o tempo de exposição ao produto, melhor era a manutenção da firmeza, conseqüentemente, diminuindo a perda de massa. Este produto dobrou de 6 para 12 dias o início do pico climatérico e a máxima produção de etileno foi menos da metade da apresentada pelos frutos controle, além de menor taxa respiratória. O mesmo tratamento auxiliou na manutenção da coloração verde da casca quando comparadas com o controle, quando os frutos estavam completamente amadurecidos. Os mesmo autores observaram que não houve aumento na atividade da poligalacturonase durante o amadurecimento do fruto, enquanto que a testemunha apresentou acentuado aumento na atividade. A celulase também teve sua atividade reduzida após a aplicação de 1-metilciclopropeno. Segundo Awad e Young (1979) estas duas enzimas poderiam ser as principais responsáveis pelo amolecimento dos frutos. Kluge et al. (2002) observaram os mesmos resultados, retendo a coloração da casca e polpa e proporcionando maior firmeza da polpa e menor incidência de podridão dos frutos. Frutos não tratados iniciaram o amadurecimento após quatro dias a 24ºC, enquanto nos frutos tratados o amadurecimento iniciou-se após sete dias. A resposta ideal dos dois autores foi encontrada em dosagens diferentes, portanto, assim como para os outros métodos, há necessidade de experimentos com diferentes cultivares para obter resultados mais precisos. Além disso, a viabilidade da aplicação deste produto em larga escala ainda é pouco relatada. Cera A utilização desta técnica é comum na comercialização de diversas frutíferas, sendo principalmente para exportação. A aplicação de ceras é um método que começou a ser estudado na década de 80, apesar de se mostrar eficiente, tem como principal limitação o custo e o possível efeito residual nos frutos. As ceras aumentam o período de conservação de frutas e hortaliças, através da diminuição


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da taxa respiratória e da atividade metabólica (OLIVEIRA, 1996).

Figura 1. Vista de aplicador de cera natural visando reduzir a transpiração e melhorar a aparência dos frutos de abacate para exportação. (Foto: Vítor Carvalho)

Figura 2. Vista Geral do Packing-house da Fazenda Jaguacy, Bauru (SP). (Foto: Vítor Carvalho)


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Segundo Gayet et al. (1995) frutos encerados podem estender a vida de prateleira por um tempo maior, o que depende diretamente da concentração aplicada, podendo aumentar de 10 para 17 dias se a concentração aumentar de 20 para 25%, respectivamente. Oliveira et al. (2000) observaram que a perda de peso em frutos encerados foi muito menor em relação aos frutos não tratados, além disso, auxiliou na manutenção da firmeza dos frutos.

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ABACATE COMO FONTE TERAPÊUTICA

Andréa Carvalho da Silva1 1. As Propriedades Medicinais das Frutas De acordo com o Jornal Folha de São Paulo (2003), com o decorrer do tempo, o homem veio a descobrir que as frutas possuem não só um grande valor nutritivo, mas também efeito medicinal. As frutas hoje estão entre os maiores agentes terapêuticos dados pela natureza. Todas as frutas são dotadas de propriedades medicinais. Umas são adstringentes, outras emolientes, etc. Umas excitam as funções gástricas, outras ativam as funções intestinais, etc. Umas desintoxicam o organismo, dissolvendo e expelindo os venenos; outras suprem ao organismo as vitaminas necessárias e os sais indispensáveis. Quando ingerimos frutas frescas e hortaliças, nossos corpos retiram das suas fibras os líquidos de que precisam; em seguida essas fibras passam para o trato digestivo inferior. Tomando sucos, eliminamos uma etapa do processo digestivo - extraímos o líquido das fibras - e oferecemos ao nosso corpo, com mais eficiência, os nutrientes de que ele necessita. O suco feito em casa é muito diferente dos sucos em garrafas, latas, caixas. Primeiro é absolutamente fresco, o que é importante, porque os nutrientes perdem muito de seu valor depois de algum tempo que o suco foi feito. Segundo, não é pasteurizado, "cozido", e suas células vivas, recebidas de maneira direta pelo organismo, garantem a boa saúde. Terceiro e último, o suco fresco é absolutamente puro, livre de aditivos e conservantes. De acordo com BemStar (2007), as evidências epidemiológicas estão continuamente providenciando recomendações para que as pessoas aumentem o consumo de frutas e verduras como medida preventiva para reduzir os riscos de diversas doenças degenerativas. Existem altíssimas correlações de efeitos benéficos de nutrientes essenciais, ou não, que podem modificar processos celulares, com efeitos fisiológicos protetores, muitos compostos encontrados nos alimentos são responsáveis por efeitos benéficos observados em indivíduos que os consomem, como, por exemplo, compostos importantes como os Engenheira Agronôma; Mestranda em Agronomia – Horticultura, FCA/UNESP, Botucatu – SP. andcar@ fca.unesp.br

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carotenóides, encontrados em frutas e verduras. Este novo conceito de alimentos promotores de boa saúde está emergindo como uma nova fronteira no desafio de diversos profissionais tanto das áreas agrárias como biomédicas. Nutrientes são necessários para o desenvolvimento e crescimento normais dos indivíduos. Mas não é somente para todas essas necessidades, é preciso também, proteger os indivíduos contra os riscos por agressões genéticas e do meio ambiente, incluindo os hábitos alimentares, reduzindo riscos que poderiam ser minimizados ou, protelados, através de uma nutrição preventiva, iniciada logo após o desmame e continuada ao longo de toda a vida. Obviamente, que não se proíbe o consumo de alimentos menos recomendados, mas é necessária moderação. 2. Desmistificando o abacate (Persea sp.) Enaltecendo a variedade de frutas brasileiras e seu beneficio à saúde humana, este trabalho tem como objetivo apresentar o abacate (Persea sp), como fonte terapêutica. O abacate é um fruto originário do continente americano, é notadamente rico em gordura sendo fonte de ácido oléico e de calorias. Até pouco tempo atrás, seu consumo era vetado para portadores de obesidade, hipertensão arterial, diabetes, dislipidemias, doenças cardiovasculares e outras patologias que estão associadas ao acúmulo de gordura no organismo, devido à inter-relação entre a alimentação e a origem destas doenças. Alguns estudos populacionais chamam a atenção para uma maior suscetibilidade às doenças crônicas em grupos submetidos à modernização do seu estilo de vida. Mudanças na dieta, estresse psicológico, sedentarismo, obesidade, hereditariedade e mudanças sócio-econômicas têm sido considerados fatores de risco para essa situação (CARDOSO et al., 2001). Quanto maior a intensidade e o tempo de exposição ao fator de risco, maior a possibilidade de desenvolver a doença. A hipercolesterolemia é um importante fator de risco para doenças cardiovasculares. De acordo com os dados da American Hearth Association (2001), citados por Godim et al. (2005), mais de 30% da população brasileira e 51% da população americana, apresentam altos níveis de colesterol (maior que 200 mg/ dl), um dado preocupante, já que estudos mostram que taxas acima de 240 mg/dl de colesterol total, duplicam o risco de sofrer um ataque cardíaco. Aproximadamente 70% do peso do abacate se referem à


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polpa do fruto. De acordo com Gondim et al., (2005), a Ingestão Diária Recomendada (IDR) é a quantidade de vitaminas, minerais e proteínas que deve ser consumida diariamente para atender às necessidades nutricionais da maior parte dos indivíduos e grupos de uma população sadia. Para a população consumir equilibradamente os nutrientes de acordo com a IDR, são necessários dados sobre composições de alimentos. Essas composições são importantes para inúmeras atividades, como para avaliar o suprimento e o consumo alimentar de um país, verificar a adequação nutricional da dieta de indivíduos e de populações, avaliar o estado nutricional, desenvolver pesquisas sobre as relações entre dieta e doença, em planejamento agropecuário, na industria de alimentos, além de outras. Frutas e verduras são exemplos de importantes fontes de elementos essenciais. Os minerais desempenham uma função vital no desenvolvimento e saúde do corpo humano e as frutas são consideradas as principais fontes de minerais necessários na dieta humana. Tabela -1. Composição centesimal do teor de nutrientes das cascas de frutas analisadas. 100g de amostra in natura das cascas das frutas Parâmetro Abacate Abacaxi BananaMamão Maracujá Melão Tangerina

76,95 Cinzas (g) 0,75 Lipídeos (g) 11,04 Proteínas(g) 1,51 Fibras (g) 6,85 Carboidratos(g) 2,90 Calorias (Kcal) 117,02 Cálcio (mg) 123,94 Ferro (mg) 2,018 Sódio (mg) 76,75 Magnésio (mg) 26,24 Zinco (Mg) 1,24 Cobre (mg) 0,18 Potássio (mg) 236,70 Umidade (g)

78,13 89,47 90,63 1,03 0,95 0,82 0,55 0,99 0,08 1,45 1,69 1,56 3,89 1,99 1,20 14,95 4,91 5,71 70,55 35,30 29,80 76,44 66,71 55,41 0,71 1,26 1,10 62,63 54,27 53,24 26,79 29,96 24,52 0,45 1,00 0,56 0,11 0,10 0,11 285,87 300,92263,52

87,64 0,57 0,01 0,67 4,33 6,78 29,91 44,51 0,89 43,77 27,82 0,32 0,04 178,40

93,23 0,96 0,10 1,24 1,42 3,05 18,05 14,69 0,40 8,54 13,27 0,23 0,07 110,39

49,10 1,75 0,64 2,49 10,38 35,64 158,30 478,98 4,77 77,76 159,59 2,83 0,58 598,36

Fonte: Godim et al, (2005).


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Tabela – 2. Percentual da ingestão diária recomendada (IDR) para um adulto. % IDR em relação a 100g de amostra in natura das cascas das frutas Parâmetro AbacateAbacaxiBanana Mamão Maracujá Melão Tangerina Lipídeos (g) Proteínas(g) Fibras (g) Carboidratos(g) Calorias (Kcal) Cálcio (mg) Ferro (mg) Sódio (mg) Magnésio (mg) Zinco (Mg) Cobre (mg) Potássio (mg)

14 3 23 1 5 15 14 3 9 8 6 12

1 3 13 4 3 9 5 3 9 3 4 14

1 3 7 1 1 8 8 2 10 7 6 15

0 3 4 1 1 7 7 2 8 4 4 13

0 1 14 1 1 5 6 2 9 2 1 9

0 2 5 1 1 2 3 0 4 1 2 5

1 5 35 6 6 60 32 4 53 19 19 30

Fonte:BemStar, (2007).


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Tabela – 3. Teor de nutrientes das partes comestíveis dos frutos. 100g de amostra in natura das cascas das frutas Parâmetro Abacate Abacaxi Banana Mamão Maracujá Melão Tangerina

84 Cinzas (g) 0,5 Lipídeos (g) 8 Proteínas(g) 1 Fibras (g) 6,3 Carboidratos(g) 6 Calorias (Kcal) 96 Cálcio (mg) 8 Ferro (mg) 0,2 Sódio (mg) <0,4 Magnésio (mg) 15 Zinco (Mg) 0,2 Cobre (mg) 0,15 Potássio (mg) 206 Umidade (g)

86 0,4 0 1 1 12 48 22 0,3 <0,4 18 0,3 0,11 131

64 0,8 0 1 1,5 34 128 0 0,3 <0,4 24 0,3 0,05 328

87 0,6 0 1 1,8 12 45 25 0,2 3 17 0,2 1,36 222

83 0,8 2 2 1,1 12 68 5 0,6 2 28 0,6 0,19 338

91 0,5 0 1 0,3 8 29 0 0,2 11 6 0,2 0,04 216

89 0,6 0 1 0,9 10 38 13 0,1 <0,4 8 0,1 0,03 131

Fonte: Godin et al., (2005).

Pela observação das Tabelas 2 e 3 que relatam a composição de frutos cultivados no Estado do Rio Grande do Norte, verifica-se que a amostra da casca do abacate teve o maior teor de lipídeos, 11,04 g havendo uma enorme diferença em relação às amostras das demais frutas, as quais não ultrapassaram valores de 1,0 g, sendo assim considerado uma boa fonte de lipídeos, pois fornece 14% do IDR. Com relação às fibras, podemos considerar as cascas de tangerina, abacate (Persea Amercicana), maracujá e abacaxi como boas fontes, regularizando as funções intestinais. É recomendado o consumo diário de 20-25 g de fibra dietética de ambas as fontes (solúveis e insolúveis) e de uma ampla variedade de origens alimentares (verduras, legumes, frutas, alimentos integrais). Não há razão para não recomendar o consumo de frutose, encontrada naturalmente nas frutas e vegetais, bem como a ingestão de fibras contidas no abacate. Comparando as Tabela 1 e 3, verificamos que as cascas das respectivas frutas apresentam quantidades de nutrientes maiores que as partes normalmente comestíveis,


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indicando o potencial de aproveitamento das mesmas sob a forma de farinha usada como complemento alimentar de baixo custo. Fica evidente a diferença de composição nutricional da fruta de uma região produtora para outra região como o especificado nas Tabelas 3 e 4, onde a mesma fruta (abacate), produzida no Estado do Rio Grande do Norte possui valores distintos dos frutos produzidos no Estado de São Paulo nos seguintes parâmetros: proteínas, fibras, calorias, cálcio e ferro. Tabela – 4. Teor de nutrientes das partes comestíveis dos frutos do Estado de São Paulo. Composição Nutricional em 100g de polpa Calorias 167 Kcal Proteínas 2,1 g Gorduras 16,4 g Carboidrato 6,3 g Água 73,8% Fibra 1,6 g Sódio 4,0 mg Vitamina A 87 mcg Cálcio 10 mg Fósforo 42 mg Ferro 0,6 mg Vitamina B1 0,11 mg Vitamina B2 0,20 mg Vitamina B3 1,6 mg Vitamina C 14 mg

Fonte: BemStar (2007)

Segundo Klack (2006), As vitaminas são substâncias orgânicas presentes em pequena quantidade nos alimentos, tendo por finalidade a participação em variadas reações metabólicas controladas por enzimas e coenzimas. São indispensáveis ao funcionamento do organismo na forma de co-fatores. Abbey (1991), diz que em algumas enzimas o cofator é um participante direto do processo catalítico, em outras serve como um transportador transitório de algum grupo funcional específico


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derivado do substrato. Esses co-fatores enzimáticos são essenciais para a ação de muitas enzimas, desempenhando um papel vital no metabolismo celular. O organismo humano promove a síntese de algumas vitaminas, necessitando, no entanto, do suprimento alimentar. Dentre as vitaminas lipossolúveis encontra-se a vitamina K, esta vitamina é conhecida como vitamina da coagulação. Pode ser encontrada em alimentos animais e vegetais, como o abacate com a maior concentração em folhas verde escura. As formas da vitamina K são: - Filoquinona (vitamina K1) que é a forma predominante, presente nos vegetais, sendo os óleos vegetais e as hortaliças suas fontes mais significativas. - Dihidrofiloquinona (dK), formada durante a hidrogenação comercial de óleos vegetais. - Menaquinona (vitamina K2), sintetizada por bactérias, podendo variar de MK4 a MK13 (série de vitaminas designadas MK-n, sendo n o número de resíduos isoprenóides). Presente em produtos animais e alimentos fermentados. - Menadiona (vitamina K3) que é um composto sintético a ser convertido em K2 no intestino. A biodisponibilidade é definida como a proporção da vitamina ingerida que sofre a absorção intestinal e conseqüente aproveitamento pelo corpo. A absorção da filoquinona presente nos vegetais é um processo lento, sendo influenciado por fatores digestivos. Já a presença de gorduras na dieta possibilita um aumento na absorção (podendo conter de 30-60 µg de dK em 100 g do alimento), O fato de a filoquinona estar associada a tecidos que realizam a fotossíntese faz com que os vegetais contenham os maiores teores dessa substância. As frutas cítricas contêm baixos teores, tendo como exceção o kiwi, abacate, ameixa seca, figo, amora silvestre e as uvas, que contêm de 15,6 a 59,5 µgK1/100 g. Segundo Protasio (2005), a Vitamina B1 foi a primeira do complexo B a ser descoberta. Doses diárias recomendadas são de 1,5 mg. Para mães que amamentam e para idosos é 3,0 mg. Como principais funções, atua principalmente no metabolismo energético dos açúcares. A sua função como neurotransmissor é discutida. A doença carencial clássica é o Beribéri que se manifesta principalmente em alcoólatras desnutridos e nas pessoas mal-alimentadas dos países pobres. A


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manifestação neurológica da carência de vitamina B1 é também denominada de Beribéri seco, caracterizando-se por neurites periféricas, distúrbios da sensibilidade com zonas de anestesia ou de hiperestesia, perda de forças até a paralisia de membros, podendo haver depressão, perda de energia, falta de memória até síndromes de demência como a psicose de Korsakoff e a encefalopatia de Wernicke. Enquanto que nas manifestações cardíacas, são denominadas de Beribéri úmido, que se manifesta por falta de ar, aumento do coração, palpitações, taquicardia, alterações do eletrocardiograma, inclusive insuficiência cardíaca do tipo débito elevado. As Vitaminas B2 são compostos amarelados isolados de alimentos que foram denominados de flavinas. Ficou sendo chamada de Riboflavina. As doses diárias recomendadas são 1,7 mg para homens e 1,6 mg/dia para mulheres. Desempenha um papel importante no metabolismo energético e como protetor das bainhas dos nervos. É um fator importante no metabolismo de enzimas. As primeiras manifestações de carência são inflamações da língua, rachaduras nos cantos da boca, lábios avermelhados, dermatite, seborréia da face, tronco e extremidades, anemia e neuropatias. Nos olhos, pode surgir a neoformação de vasos nas conjuntivas, além de catarata. As carências de vitamina B2 costumam acompanhar a falta de outras vitaminas. Vitamina E (alfatocoferol) substância lipossolúvel é considerada aquela que possui determinada participação na prevenção da aterosclerose por meio da inibição do processo oxidativo do LDL-colesterol, encontrada na natureza sob quatro formas diferentes (ß,γ,δ e α), sendo α-tocoferol a forma antioxidante mais ativa e amplamente distribuída nos tecidos e no plasma. De acordo com Cordeiro (1996), alguns estudos epidemiológicos têm revelado associação entre elevada ingestão na dieta de rotina ou alta concentração plasmática de alfatocoferol e baixa incidência de cardiopatia isquêmica. Esta vitamina também é muito importante em casos de sintomas da menopausa, displasia mamária, TPM, dismenorréia, alergias, diabetes, prevenção da catarata, nevralgia pós-herpética e na preparação de atletas.


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3. Colesterol - “O vilão” Segundo os Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia (1999), os Lipídios são um grupo heterogêneo de compostos relacionados direta ou indiretamente com ácidos graxos, que possuem a propriedade de ser relativamente insolúveis em água e solúveis em solventes apolares. Os seguintes lípidios são importantes para o ser humano: ácidos graxos, triglicérides (TG) e fosfolípides. O colesterol (lipídeo) é um álcool monoídrico não saturado da classe dos esteróides. Os ácidos graxos são constituídos por cadeias de carbono hidrocarboxiladas, podendo apresentar-se como saturados e insaturados, como exemplos de ácidos graxos saturados temos, os ácidos láurico, palmítico, mirístico e esteárico e, de insaturados, os ácidos oléico, linoléico e os do grupo ômega-3. Grob (1989) relata que os mesmos têm função energética e participam da síntese de lipoproteínas e prostaglandinas. Os TG são formados pela esterificação do glicerol por três moléculas de ácidos graxos, sendo usado de imediato ou armazenado para posterior utilização. Naveh (2002), diz que os fosfolípidios são formados por glicerol, ácido graxo, base nitrogenada e fósforo. O colesterol pode se apresentar sob a forma livre ou esterificada (ésteres de colesterol), não sendo encontrado nos vegetais. Juntamente com os fosfolipídios, possui função estrutural, formando a dupla camada que constitui as membranas celulares e a camada única que reveste as lipoproteínas, sendo precursor de ácidos biliares, hormônios esteróides e vitamina D. Os lipídeos são transportados no organismo sob a forma de partículas denominadas lipoproteínas, formadas por uma capa hidrofílica constituída por fosfolipídios, colesterol livre e proteínas, envolvendo um núcleo hidrofóbico que contém TG e colesterol esterificado. As proteínas são denominadas apolipoproteínas ou apoproteínas, que além da sua função estrutural, interagem com receptores da membrana celular e/ou atuam como co-fatores enzimáticos (Kuust, 1989). De acordo com Costa et al (1997), o colesterol é encontrado somente em alimentos de origem animal, portanto, para reduzir a ingestão, deve-se restringir o consumo de leite integral e seus derivados (queijos amarelos, manteiga, creme de leite), biscoitos amanteigados, “croissants”, folhados e sorvetes cremosos, além de carnes vermelhas gordurosas, carne de porco, “bacon”, embutidos em geral (lingüiça, salsicha, frios), vísceras (como fígado, coração, língua) e alguns ani-


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mais marinhos. Dos ácidos graxos monoinsaturados, pertencentes à série ômega-9, cujo precursor é o ácido oléico, as principais fontes dietéticas são o óleo de oliva, óleo de canola, azeitona, abacate e as oleaginosas (castanha, nozes, amêndoas). Segundo Jialal (1992), entre os principais efeitos dos ácidos graxos monoinsaturados, incluem-se o de diminuir o colesterol total e o LDL-colesterol, ser antitrombótico e inibir a agregação plaquetária. O ácido oléico é o mais comum dos ácidos graxos monoinsaturados e se encontra na maioria das gorduras animais, bem como em azeitonas, sementes e nozes. O ácido linoléico é o expoente mais importante da série (ω-6) e está presente de forma abundante nos óleos vegetais como girassol, cártamo, milho etc. O ácido α-linoléico, representante da família ω-3, é encontrado em quantidades apreciáveis em sementes oleaginosas como canola, soja e linhaça (DOLORES, 2003). No óleo de oliva, predomina o ácido oléico (ω-9), além do alto teor de α-tocoferol, isômero ativo da vitamina E. O fato de a estrutura molecular do ac. oléico ter somente uma dupla ligação, justamente na presença da vitamina E, confere ao óleo de oliva maior proteção contra a peroxidação lipídica. Essa é uma das vantagens do óleo de oliva que estimula sua utilização na terapia nutricional (WAITZBERG, 2002). O óleo de abacate é constituído de 60 a 84% de ácidos graxos insaturados e se destaca pelo alto teor de ácido oléico (TANGO, 2004). O teor de óleo na polpa varia segundo os diferentes cultivares e dentro de uma mesma variedade pode sofrer variações com a altitude, insolação, queda pluviométrica e umidade relativa do ar (LUCCHESI, 1975). Assim como Tijero (1974) cita que o conteúdo de óleo no abacate varia com o grau de maturação do fruto, o teor de óleo na polpa do abacate eleva-se progressivamente, desde o inicio da formação do fruto até sua maturação. O significado nutricional da presença de ácidos graxos trans assume importante papel, uma vez que interferem no metabolismo dos ácidos graxos essenciais, possuem propriedades físicas, químicas e metabólicas comparáveis à dos ácidos graxos saturados e muitas questões relacionadas à absorção, catabolismo e incorporação nas membranas celulares ainda não foram completamente elucidadas. Ainda segundo Matvienko (2002), na natureza, os ácidos graxos apresentam-se pre-


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dominantemente na forma cis, sendo os isômeros trans praticamente presentes em quantidades muito pequenas em óleos e gorduras vegetais naturais não refinados. Já em produtos de origem animal, especialmente leite e derivados, o teor de ácidos graxos trans pode chegar até 5% do total de ácidos graxos presentes na gordura total. Tabela – 5. Composição em ácidos graxos do óleo de abacate da variedade Margarida, comparado as especificações do Mercado Internacional de óleo bruto, bem como composição de diferentes variedades. % Ácidos Graxos Mirístico Olamítico Palmitoléico Esteárico Oléico Linoléico Linolênico

Óleo da Óleo da cultivar Padrão Inter- cultivar Margarida nacional Wagner

0,13 27,74 3,92 1,07 55,81 15,30 1,03

Max 1,0 Max 13,0 Max 3,5 Max 1,0 Max 78,0 Max 12,0 Max 1,0

0,02 20,53 4,64 0,50 66,47 7,09 0,79

Óleo da cultivar Quintal

Óleo da cultivar Fuerte

19,86 4,20 0,86 66,20 8,85 -

0,04 20,84 5,63 0,69 62,99 9,35 0,37

Fonte: Daniele (2006).

Em um estudo realizado por Danieli (2006), verificou-se que o óleo contém uma quantidade menor de ácido oléico quando comparado aos óleos extraídos das variedades Wagner, Fuerte e Quintal, mas encontra-se dentro dos limites do padrão internacional. 4. O uso do abacate na medicina Popular Em pesquisa feita por Annichino et al (1986), nos municípios de Dois Córregos, Bocaina, Piratininga, Duartina, Presidente Alves, Boracéia e Potunduva (distrito de Jaú), pertencentes à região de Bauru (7ª Região Administrativa). Duartina, Piratininga e Presidente Alves pertencem à microrregião de Bauru, Bocaina, Boracéia e Dois Córregos, além do distrito de Potunduva, se incluem na microrregião de Jaú, contatou-se o uso freqüente pelos moradores do abacate como ferramenta medicinal. Da seguinte forma: das folhas do abacateiro se


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faz um chá que possui a fama de ser diurético e carminativo, ou seja, que elimina gases intestinais. O caroço tostado e moído bem fino combate à diarréia e a disenteria. É conhecido, também por seus poderes afrodisíacos. Segundo a crença popular, a polpa do abacate é um ótimo estimulante sexual, assim como seus botões florais. Quem sofre de dor reumática e dor da gota possui no azeite de abacate um bom remédio. Segundo Ravagnani(1981) e Lainetti (1979), é aconselhado a pessoas que sofram de obstipação, problemas digestivos, flatulência, problemas de pele, reumatismo entre outras indicações. As cascas são benéficas para combater problemas de hemorragias. O abacate também é muito utilizado pela indústria de cosméticos, em forma de cremes nutritivos e hidratantes, xampus, emulsão protetora hidratante, creme de limpeza, máscara refinadora, creme de mãos e unhas, sabão cremoso, leite de limpeza, entre outros. Segundo Balbach (2004), as utilidades medicinais do abacate seriam: • Aftas- mastigar as folhas tenras (brotos novos) da planta, tendo o cuidado de se fazer a higiene dessas folhas. • Amidalite- Deve fazer-se um gargarejo com o chá das folhas, combinado com um chá de tanchagem conseguindo uma maximização do efeito; • Bronquite- Para esta enfermidade as folhas do abacateiro devem ser fervidas e tomadas como chá morno, seu efeito melhor é melhor quando se mistura a esse chá de própolis e guaco, tomando-se de duas a quatro xícaras por dia. • Cansaço- Afirma-se que a folha do abacateiro contém propriedades revitalizantes. Recomenda-se tomar esporadicamente o chá juntamente com limão e mel; • Diarréia - Caroço tostado e moído bem fino. Dissolver duas colherinhas deste pó em uma xícara de água morna. O efeito é mais potente se, em lugar de água, for utilizado o decocto dos brotos da goiabeira. • Distúrbios da digestão- Recomenda-se o chá das folhas do abacateiro para a dispepsia atônica; • Dor-de-cabeça- devem ser feitas compressas com o chá morno das folhas e colocadas sobre à cabeça. Convém também bebêlo;


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Tosse - Chá das folhas do abacateiro, morno, com mel, tomado aos goles; Verminoses - Lavar e moer bem a casca de abacate e misturar em partes iguais com casca de limão ralado, acrescentar mel e tomar em jejum uma colher de sopa.

5. O abacate como fonte terapêutica Graeff (1993) relata que várias são as causas que podem provocar irritabilidade e descontrole emocional. Antenas de TV, torres de celular e altos níveis de poluição eletromagnética na atmosfera estão provocando aumento no potencial bioelétrico, o que causa inúmeros males, inclusive confusão nas ligações neuronais e conseqüente baixa de serotonina, substância sedativa e calmante que eleva o humor e produz sensação de bem-estar. Segundo Banki (1991) pessoas sob estresse profundo e desvitalização bioenergética acabam por perder o controle dos impulsos, e a baixa da serotonina cria quebras na formação de outros neurotransmissores controladores do comportamento explosivo. Os níveis cerebrais de serotonina também são dependentes da ingestão de alimentos fontes do aminoácido triptofano e de carboidratos. Uma alimentação pobre em carboidratos, assim como uma alimentação com excesso de proteínas, por vários dias, pode levar as alterações de humor e depressão. Rohlfs (2005) diz que a serotonina talvez seja um dos mais importantes neutransmissores do cérebro. Seus níveis determinam se a pessoa está deprimida, propensa à violência, irritada, impulsiva ou gulosa. E as principais fontes de triptofano são o leite e iogurte desnatados, queijos brancos e magros, carnes magras, peixes, nozes, banana, arroz, batata, feijão, lentilha, castanhas, abacate, soja e derivados. O Diabetes mellitus é uma doença endócrina que altera o metabolismo de carboidratos, lipídios, proteínas e de outras substâncias. Emerge de forma global como um importante problema de saúde pública, atingindo cerca de 142.5 milhões de pessoas em todo mundo, sendo o Diabetes mellitus tipo 2 responsável por 90% do total de casos existentes da síndrome (RODRIGUES, 2003). Os fatores de risco são a obesidade, a idade e os fatores genéticos, surgindo em geral, em indivíduos acima de 40 anos. A síndrome cursa com diversos graus de deficiência na produção e na ação da insulina, tendo seu início freqüente-


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mente insidioso, podendo levar anos até chegar ao diagnóstico. Cerca de 80% dos pacientes são obesos. A ingestão excessiva de calorias é um fator importante, sendo que a obesidade, em particular a obesidade intra-abdominal, é provavelmente o mais poderoso fator de risco e mesmo pequena perdas de peso estão relacionadas a uma alteração nos níveis de glicose em direção ao normal em indivíduos com este tipo de diabetes. Segundo Santiago (1994), um importante objetivo do tratamento é prover o indivíduo com as ferramentas necessárias para atingir o melhor controle glicêmico possível para prevenir, retardar ou interromper as complicações micro e macrovasculares do paciente enquanto minimiza a hipoglicemia e o excesso de ganho de peso, incluindo terapia nutricional, medicações, exercícios, monitorização da glicose sangüínea e autotratamento. As pessoas com Diabetes Mellitus tipo 2 têm um aumento de 2 a 4 vezes na prevalência da dislipidemia devendo limitar o consumo de gorduras a < 30% das calorias totais diárias. A ingestão de gorduras polinsaturadas (óleo vegetais) deve ser < 10% de calorias, com gordura monoinsaturada (azeite de oliva, abacate) na faixa de 10-15% de calorias e colesterol < 300 mg diários. É recomendado o consumo diário de 20-25 g de fibra dietética de ambas as fontes (solúveis e insolúveis) e de uma ampla variedade de origens alimentares (verduras, legumes, frutas, alimentos integrais). Mesmo não considerado como fonte protéica, o abacate contém quantidades muito superiores deste nutriente quando comparado às outras frutas (SALGADO, 2005), sendo que tanto a variedade como o clima de cultivo podem interferir no teor dos nutrientes do fruto. Segundo Credidio (2004), dada à relevância do consumo de abacate em dietas de determinados países, incluindo o Brasil, estudos foram feitos, especialmente no México, relatando o papel protetor que os componentes do abacate possuem tanto na prevenção como no tratamento de cardiopatias. Ainda segundo o mesmo autor em 1992 foi publicada a primeira evidência científica sobre a eficácia do abacate como fonte de ácidos graxos monoinsaturados em pessoas saudáveis, reduzindo o colesterol total, o colesterol de baixa densidade (LDL) e os triacilgliceróis. Em 1997, foi constatado em pacientes com hipercolesterolemia que, além do consumo do fruto induzir redução nas taxas de colesterol total, LDL e TAG, ele favorece o aumento desejável nos níveis do colesterol de alta densidade (HDL). Conforme a American Diabetes


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Association (2000), os resultados do consumo de dietas compostas por abacate aparecem logo após o período de uma semana, onde já ocorre alterações sensíveis nos indicadores lipídicos do sangue. Além disso, já foi identificado que o consumo do abacate influencia também na glicemia. Após quatro semanas consumindo dieta contendo abacate, mulheres diabéticas insulino dependentes, compensadas e sem complicações graves decorrentes da patologia, tiveram redução tanto no colesterol sérico total como na glicemia. De acordo com Salgado (2005), o consumo de abacate auxilia no tratamento de doenças crônicas, especialmente nas cardiopatias, diabetes e dislipidemias, isso devido ao fato de que parte da sua gordura é monoinsaturada. Sua composição é nutricionalmente interessante dada às quantidades significativas de ácido oléico, vitamina C, fibras, esteróis e mesmo calorias. Estudos comprovando os benefícios do consumo do fruto em longo prazo ainda são requeridos no sentido de reforçar seu papel terapêutico. Em pesquisa realizada pelo mesmo autor, onde foi avaliada a influência do consumo de abacate da variedade Hass, durante sessenta dias, nos níveis séricos de colesterol total, HDL e LDL colesterol, triglicérides, colesterol hepático e excretrado de ratos hipercolesterolêmicos. Ao final de 30 dias, a dieta com 15% de abacate, mostrou ser mais efetiva para reduzir os níveis de colesterol total, HDL e LDL em comparação ao controle. Independente do tempo de estudo, foi percebido que para o teor de colesterol excretado a melhor dieta foi a de 5% de abacate, pois quanto maior a concentração de abacate, menor a excreção de colesterol. A dieta com 5% também foi a que influenciou nos níveis de triglicérides e colesterol hepático independente do tempo de análise. Além disso, a grande quantidade de gordura é um importante fator para a biodisponibilidade dos carotenóides. Unlu et al. (2005) verificaram que a adição de abacate e óleo de abacate na salada, como únicas fontes lipídicas, aumentaram signicativamente a absorção de leuteína e a ß-carotenos. Salgado (2005), nos remete que a imagem do abacate, vilão das frutas por conter alta taxa de gordura, está com seus dias contados. Pesquisas recentes indicam que a fruta pode trazer benefícios à nossa saúde se incluída com freqüência na dieta. Os abacates, assim como outras frutas e vegetais, contém vitaminas A e do complexo B e alguns sais minerais como ferro, cálcio e fósforo. São ricos em vitaminas E e


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C, potentes antioxidantes que ajudam a promover a saúde dos dentes e gengivas, e protegem os tecidos do corpo de danos oxidativos. Além disso, a presença de folatos (vitamina do complexo B) no abacate, promove o desenvolvimento saudável das células e tecidos. Recentemente, pesquisas têm mostrado que o abacate é rico em fitonutrientes, substâncias naturais da planta que funcionam como nutrientes agem como antioxidantes neutralizando a ação de radicais livres e auxiliam na redução do risco de doenças, tais como as cardiovasculares e o câncer. Esses fitonutrientes recentemente descobertos no abacate são o beta sitosterol e a glutatoína. O beta sitosterol auxilia na redução dos níveis de colesterol enquanto que a glutatoína, age como um antioxidante. Os antioxidantes ajudam o corpo a neutralizar a ação dos radicais livres, os quais têm sido apontados como um dos fatores responsáveis no desenvolvimento de doenças cardiovasculares e câncer. Segundo Jansen (2006), o abacate, é uma das melhores fontes de glutatoína, podendo oferecer certa proteção contra o câncer oral, de garganta e outros tipos de câncer, segundo investigações recentes. Vários estudos têm mostrado que o abacate regula os níveis de colesterol no sangue. Mercatelli (2007), relata que numa das pesquisas, cardiologistas australianos estudaram o efeito do tipo de dieta sobre o nível do colesterol sangüíneo em 15 mulheres, submetidas a dois tipos de dietas alternadas, durante três semanas, elas consumiram uma refeição com 37% das calorias provenientes da gordura do abacate, usado cru em saladas. Após esse tempo, passaram a ingerir refeições à base de um cardápio pobre em qualquer espécie de gordura. Os resultados dessa pesquisa mostraram que nas duas dietas houve diminuição dos níveis do colesterol sangüíneo, mas na dieta com abacate o resultado foi muito mais significativo, ou seja, os níveis de colesterol sangüíneo diminuíram cerca de 8,2%, comparado com 4,9% na dieta sem abacate. No Japão, na Universidade de Shizuoka, outras pesquisas têm sido desenvolvidas para comprovar os poderes do abacate em proteger o corpo contra toxinas que prejudicam o fígado. Entre 22 frutas pesquisadas, o abacate mostrou-se o mais capaz em diminuir os danos provocados no órgão por fatores semelhantes aos causados por hepatites virais. Assim como o controle das doenças cardiovasculares pode ser feito


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com o auxílio de medicamentos ou através de dietas, que geralmente são indicadas como prevenção pelos cardiologistas. Recomendações recentes sugerem que o consumo de grãos, frutas e vegetais deve ser aumentado para se prevenir ou tratar essas doenças (COMMITTEE ON DIET AND HEALT,1989). Dentre os possíveis componentes destes alimentos, que teriam ações hipocolesterolêmicas destacamse as proteínas vegetais, as fibras e alguns compostos fitoquímicos como esteróis/estanóis, ácido fítico, taninos inibidores de enzimas, saponinas, entre outros. Entre os alimentos fontes destas substâncias, o óleo de abacate se destaca pela excelente qualidade nutricional. Alguns estudos dizem que o óleo é rico em ß-sitosterol e ácido oléico, uma gordura insaturada utilizada como coadjuvante no tratamento de hiperlipidemias. Além disso, assemelha-se muito com o óleo de oliva (importado e altamente consumido no País), por ser extraído da polpa dos frutos e pela similaridade de suas propriedades físico-químicas, principalmente pela composição de seus ácidos graxos, predominando em ambos o ácido oléico (TANGO, et al., 2004). Além da possibilidade de introduzir o óleo de abacate puro para uso comestível como substituto do óleo de oliva, uma das alternativas para oferecer ao consumidor brasileiro um produto de qualidade superior seria a produção de óleo de oliva e abacate mesclado, em substituição às misturas de óleo de oliva com óleos vegetais (óleo de soja), normalmente oferecidas pelo mercado interno com a finalidade de diminuir os custos de importação do azeite de oliva no Brasil (SOARES et al. 1992). Danieli (2006), verificou que, embora as quantidades de campesterol e estigmasterol presentes no óleo de abacate da variedade Margarida inferiores às quantidades presentes no óleo de oliva, a quantidade de ß-sitpsterol presente em ambos era muito semelhante. Fator muito importante, pois este componente é o esterol presente em maior quantidade no azeite de oliva responsável pela redução dos níveis séricos de LDL- colesterol.


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Tabela – 6. Comparação da composição de esteróis de abacate da variedade Margarida com a composição de esteróis do azeite de oliva. Esteróis Óleo de abacate Azeite de oliva Campesterol 6,6 14,35 Estgmasterol 1,5 16,61 B-sitosterol 71,8 69,04

Fonte: Daniele (2006).

Portanto, a imagem do abacate como uma fruta que mais trazia malefícios do que benefícios estão com os dias contados, pois é uma fruta com excelentes qualidades nutricionais e terapêuticas, podendo sim ser incorpora com o titulo de fruta fonte de saúde. 6. Substâncias insaponificáveis no abacate e a redução do colesterol Segundo Danieli (2006), o óleo de abacate apresenta um elevado teor de insaponificáveis (1 a 4%), quando comparado aos óleos comestíveis comuns, como, por exemplo, o de soja ou o de girassol. Definem-se insaponificáveis como sendo substâncias presentes comumente nos óleos de origem vegetal e animal, insolúveis em água e não susceptíveis de modificações por reações de saponificação. O valor comercial da fração insaponificável do óleo de abacate é muito elevado, em decorrência de suas conhecidas propriedades medicinais e cosmetológicas. Sua utilização é devido às propriedades funcionais, onde geralmente se usa o óleo enriquecido com alta concentração de insaponificáveis. Os componentes geralmente encontrados na fração insaponificável dos óleos e gorduras são os esteróis, álcoois, alifáticos e terpênicos, hidrocarbonetos terpênicos, tocoferóis, dentre outros compostos, alguns ainda não elucidados. O componente predominante nos insaponificáveis do abacate é o grupo dos esteróis e o responsável por 80% dessa fração é o beta-sisosterol. Outros esteróis presentes são o campesterol, stigmasterol e colesterol. Os fitoesteróis ou esteróis vegetais são os componentes chaves das membranas celulares vegetais, assim como o colesterol é um compo-


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nente chave das membranas celulares animais. Existem mais de 40 tipos de esteróis vegetais, mas, relativamente poucos são encontrados em quantidades significantes em alimentos. Os fitoesteróis mais abundantes são os já citados beta-sitosterol, campesterol e o estigmasterol, que apresentam uma estrutura química semelhante ao colesterol, diferindo somente em seus comprimentos de cadeia lateral. Esta similaridade na estrutura explica a capacidade dos fitoesteróis em reduzir o colesterol. De acordo com Moreno et al (2001), o β-sitosterol é um dos componentes do azeite de oliva responsável pela redução de doenças cardiovasculares e desenvolvimento de câncer no Mediterrâneo. Em estudos realizados anteriormente conclui-se que o β-sitosterol inibe a produção de O2 (-) e H2O2 (peróxidos), compostos estes que contribuem para o aumento das doenças cardiovasculares e placas de aterona. Matvienko et al (2002), mostrou em seu estudo radomizado, que o consumo de 1,3 β-sitosterol ao dia, durante 30 dias reduziu em até 14,6% o LDL-colesterol no plasma de estudantes do sexo masculino moderadamente hipercolesterolêmicos. Esta redução está associada ao papel preventivo dos fitoesteróis na redução do colesterol plasmático, que vem se confirmando cada vez mais. Foi investigado por Werman (1991) o efeito da ingestão de vários tipos de óleo de abacate no metabolismo hepático de ratas fêmeas. Os animais foram alimentados com dietas contendo 10% de óleo de abacate durante 4 semanas e ratos alimentados com óleo refinado obtido através da centrifugação da polpa úmida foram comparados com ratos alimentados com óleo bruto extraído por solvente orgânico. Os resultados mostraram que os ratos alimentados com o óleo extraído do caroço exibiram um aumento da incorporação de acetato (1-14C) nos lipídeos totais do fígado. Além disso, foi observada uma redução significativa nos níveis de triglicerídios e colesterol total dos ratos alimentados com óleo extraído do caroço. Estudos clínicos também demonstraram que adição a de fitoesteróis na dieta reduz os níveis plasmáticos de colesterol total e LDL-colesterol. Em humanos, há necessidade de no mínimo 3 g/dia de fitoesteróis para a redução da colesterolemia, embora as concentrações de HDLcolesterol não se alterem. Esses resultados levaram ao enriquecimento


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de margarinas comercialmente disponíveis, com ésteres de fitosteróis ou fitostanóis, que são os fitoesteróis reduzidos (LAW, 2000). O valor comercial da fração insaponificável do óleo de abacate é muito elevado, em decorrência de suas propriedades medicinais e cosmetológicas. Sua utilização decorre das propriedades funcionais, e em geral utiliza-se o óleo enriquecido com altas concentrações de insaponificáveis (MEDINA, 1978). Em estudo com diferentes variedades analisando o teor de óleo, Danieli (2006), constatou que o óleo da variedade Margarida destacouse em relação às demais, pelo seu alto teor de beta-sitosterol e campesterol, com a vantagem de possuir menor quantidade de colesterol, como pode ser visto na tabela 07. Tabela 07. Compostos presentes na fração esterólica de abacate, em g/100g de esteróis totais. Variedades de abacate Esteróis Margarida Fuerte Waldin Colesterol 0,3 1,8 2,3 Campesterol 6,6 6,3 4,9 Stigmasterol 1,5 0,8 1,1 Beta-sitosterol 71,8 8,7 83,7 Delta-5-avenasterol 7,0 1,8 5,8 Sitostanol 6,0 Clerolterol 13,4 Campestanol 0,7 Outros 2,7 Fonte: Daniele (2006).

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