Caminhos da Sedução Evan
Diana Palmer
BD 547.2 Anna estava disposta a conquistar esse machão de qualquer maneira! Bela e inexperiente, Anna Davis não era correspondida em sua paixão por Evan Tremayne, para quem as virgens deveriam ficar protegidas de homens do seu tipo, um vaqueiro rude, que não saberia lidar com a delicadeza de uma jovem mulher. Mas Anna estava disposta a tudo para conquistar o amor desse solteirão encantador, e Evan sentiu-se encurralado. O que pretendia defender, afinal: a pureza de Anna ou sua vida de solteirão? Digitalizadora: NINA Revisora: REGINA CELI
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER
Querida leitora Que bom poder conversar com você outra vez! Assim posso falar dos novos livros sensuais dos ROMANCES NOVA CULTURAL... Preparamos duas séries modernas, com tórridas cenas de amor e momentos de fortíssima sensualidade: DESEJO e TENTAÇÃO. Sinta as delícias do amor total, deixe seu corpo se emocionar com as descrições incrivelmente reais dos encontros amorosos entre um homem e uma mulher loucamente apaixonados, lendo as novas séries DESEJO e TENTAÇÃO! Veja nas últimas páginas deste livro mais novidades que irão encantar seu coração de mulher sensível e romântica... A EDITORA DIANA PALMER Dispensa apresentações. Escritora desde a mais tenra idade dedica a maior parte de seus dias a escrever romances de amor. Sua maior realização é criar uma família imaginária e depois escrever sobre os amores da vida de cada um. Como sempre viveu no Texas, sente um imenso prazer de escrever sobre a terra que a viu crescer e desabrochar profissionalmente. Copyright © 1990 by Diana Palmer Originalmente publicado em 1990 pela Silhouette Books, divisão da Harlequin Enterprises Limited. Título original: Evan Tradução: Rosinei Maria Baptista de Oliveira Todos os direitos reservados, inclusive o direito de reprodução total ou parelal, sob qualquer forma. Esta edição é publicada através de contrato com a Harlequin Enterprises Limited, Toronto, Canadá. Silhouette, Silhouette Desire e coleção são marcas registradas da Harlequin Enterprises B.V. Todos os personagens destas obras são fictícios. •Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas terá sido mera coincidência. Copyright para a língua portuguesa: 1993 EDITORA NOVA CULTURAL LTDA. Alameda Ministro Rocha de Azevedo, 346 – 9º andar CEP: 01410-901 - São Paulo - Brasil SERVIÇO DE ATENDIMENTO AO ASSINANTE Telefone: (011) 851-3111 Alameda Ministro Rocha Azevedo. 346 – 4º andar CEP: 01410-901 - São Paulo - SP Esta obra foi composta na Editora Nova Cultural Ltda. Impresso e distribuído: Gráfica Círculo
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER
CAPÍTULO I
Evan Tremayne remexeu-se na cadeira, inquieto. Sentado à frente de Anna Davis, começava a se incomodar com o insistente brilho daqueles olhos azuis. Aos dezenove anos de idade, Anna era capaz de perturbar o mais indiferente dos homens. Deslumbrante e cheia de vida, não escondia seus atributos naturais, deixando sempre à mostra o belo par de pernas bronzeadas pelo sol. Fingindo ignorá-la, Evan procurou fixar a atenção na mesa de jantar. Relembrou quantas vezes já fizera a mesma coisa; quantas vezes tentara ignorar a beleza e a sensualidade daquela mulher, já que se encontravam com frequencia. A presença de Anna enchia a casa de luz e vida, enquanto sempre tinha inúmeros negócios a tratar com a mãe dela, que era corretora de imóveis. O mais velho de quatro irmãos, Evan assumira toda a responsabilidade dos negócios da família e, aos trinta e quatro anos, administrava seu imenso patrimônio, constituído principalmente por fazendas de gado. A vida agitada, resultante do envolvimento com os problemas familiares e suas propriedades, deixava-o sem tempo para coisas que não dissessem respeito aos negócios. Anna, porém, começava a impor sua presença, mesmo porque era impossível ignorar a mágica visão daqueles seios morenos que no momento o ousado bustiê amparava. "Polly devia proibi-la de usar roupas desse tipo", pensou Evan, desviando o olhar para não correr o risco de pousá-lo outra vez sobre o colo da mulher que o encarava. Levou o copo aos lábios, sorveu um gole do suco de uva e deixou que os pensamentos mergulhassem na leveza do líquido. Gostaria de saber o que se passava pela cabeça de Polly, que parecia não ter percebido que a filha se transformara em mulher. Atarefada com os negócios, Polly não tinha nem nunca tivera tempo para a filha. Quase nunca ficava em casa e sempre deixara claro que nascera para os negócios e não para ser dona-de-casa. O pai de Anna era piloto de uma grande companhia aérea, mas ele e Polly haviam se separado anos antes. Ele morava em Atlanta, na Geórgia, e raramente visitava a filha no Texas. Na verdade, Anna fora educada por Lori, governanta de confiança da família. Ninguém, a não ser Lori, tivera tempo para ela. A voz de Polly, que atendia ao telefone, chegava à sala de jantar, onde Evan encontrava-se sentado à frente de Anna. — Por que você está desviando os olhos, Evan? — Anna indagou com suavidade, recostando-se com indolência contra o espaldar da cadeira. Trazia os cabelos presos no alto da cabeça, o que lhe dava ar de sofisticação. - Parece nervoso...
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER — Porque sua roupa é um tanto ousada - respondeu Evan sem vacilar, pousando os olhos negros sobre a pele aveludada dos seios dela. — Polly não devia ter comprado essa roupa para você. — Ela não comprou. - Anna sorriu com ar maroto. — Este modelo é da mamãe, eu o apanhei quando ela se distraiu e até agora não fui descoberta. — Polly não a viu depois que se vestiu? — Viu, mas mamãe é desligada demais para perceber esse tipo de coisa. Anna fez pequena pausa e sorriu outra vez. — A única preocupação de Polly Davis são os negócios, esqueceu-se Evan? — As roupas de sua mãe são muito ousadas para uma garota de sua idade replicou ele em tom suave, apesar de que gostaria de ser mais severo com ela. — Precisa usar algo que seja apropriado à sua condição de menina. — Você realmente me vê como a uma menina, não, Evan? - Ela suspirou e apanhou o copo com a mão delicada. — Eu tenho trinta e quatro anos, pequena - informou ele com um sorriso nos lábios. — Sim, para mim você é uma menina. Anna ergueu o copo contra a luz e fixou os olhos no brilho do cristal. — Mamãe vai dar uma festa na próxima quinta-feira à noite. Sabia? — Ah, é? - Evan não demonstrou interesse. — Quer comemorar a venda da propriedade de Jacobsville. - Olhou para o homem que a observava. — Você vem à festa? — Harden e Miranda virão, eu estarei ocupado. — Poderíamos dançar - sugeriu ela, como se não tivesse ouvido as palavras dele. — Uma dança não iria tomar todo o seu precioso tempo! — Será que não? - gracejou Evan, levando o guardanapo aos lábios carnudos e sensuais. Levantou-se e se preparou para sair. — Com licença. Agora preciso ir. — Ainda não... - pediu ela, levantando-se também. — Tenho mil coisas por fazer. — Espere Evan! - A voz feminina soou autoritária. — Você não sai daqui antes de me dizer por que evita minha companhia. — Eu... — Por que não quer ficar a sós comigo, Evan? Tem medo de que eu o seduza? — Estou sem tempo para entrevistas, minha pequena. — Evan, você não me leva a sério! - desabafou Anna com um suspiro. — É claro que levo você a sério! - retrucou ele depois de um sorriso largo. — Diga a Polly que preciso falar com ela amanhã. Estarei no escritório. — Eu poderia morrer de amor por você - reclamou Anna, com voz chorosa.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER — E não se importaria. — Não se morre de amor, pequena. Na sua idade, as paixões são momentâneas e somem com a mesma rapidez com que aparecem. — Insensível! - Anna exclamou, aproximando-se do homem que tanto a atraía. — Poderia me dar um beijo de despedida, então... — Peça um beijo a Randall - sugeriu ele, fugindo da proximidade de Anna. — Ele também está na idade de começar a se envolver com garotas. — O quê? — Anna arregalou os olhos. — Poderiam fazer experiências juntos... Anna deu um sorrisinho maroto. — Evan Tremayne não precisa de experiências, eu suponho... - ironizou. — Confesso que, às vezes, novas experiências me excitam... - Ele riu. — Boa noite, pequena. Durma bem. — Pare de me tratar como se eu fosse uma criança! - Ela corou ligeiramente, o que lhe realçou ainda mais o azul dos olhos. Evan apanhou a bolsa e as chaves sobre um móvel e não voltou a olhar para ela. — Pois, para mim, é o que você é. Peça desculpas a sua mãe por mim, por sair sem me despedir. Obrigado pelo jantar. Antes que Anna pudesse pensar Evan saía pela porta da sala. Caminhou com firmeza, sem olhar para trás. Não queira ceder à tentação e se envolver com a filha de Polly. Sentia-se atraído por aquela garota. Algumas vezes pensara amála, mas sufocara o sentimento porque a considerava muito criança. Na idade de Anna, refletira, as paixões eram tão frequentes quanto passageiras. Decidira, então, controlar-se enquanto era tempo. Seria perigoso um romance com alguém tão jovem e atraente; estaria correndo o risco de perder o juízo e o equilíbrio, como acontecera com Louisa, anos antes. Evan jamais se esqueceria do caso de amor que vivera com Louisa. Tão jovem e inocente quanto Anna, ela fugira dele quando as carícias se tornaram mais intensas, o corpo inexperiente trêmulo pela insegurança. Forte, alto e musculoso, Evan fazia estremecer os corpos femininos mais experientes, mas assustava aqueles que não haviam despertado para o amor e o prazer. Agora, temia que o mesmo acontecesse com Anna, a doce criança que o deixava excitado com sua simples presença. Desolada, Anna ficou remoendo as palavras de Evan. Irritava-a ser tratada como uma adolescente, quando era adulta o suficiente para amar e ser amada. — Onde está Evan? - indagou Polly, retornando à sala. Alta, magra, morena, não aparentava os cinquenta anos de idade. — Foi embora. Ficou com medo que eu o seduzisse sobre a mesa, por entre batatas, ervilhas e tomates. — O quê? - Polly não conteve o riso.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER — Evan tem medo de ficar a sós comigo - desabafou Anna. — Pensa que ficarei grávida se me tocar. — Querida! Modere sua linguagem - Polly recomendou com paciência. — Não incomode Evan; é melhor se relacionar com garotos da sua idade. — Como Randall - Anna completou com ar de enfado. — Já sei. Eu gosto de Randall, mas ele paquera todas as mulheres que encontra pela rua. — Não seja exagerada, meu bem! — É verdade, mamãe! Não acredito que ele queira ter um relacionamento mais sério comigo. — Anna, você é jovem demais para um relacionamento sério, querida! -Polly abraçou-a com carinho. — Randall tem vinte anos. ÉE o par perfeito para você. Esqueça essa idéia fixa de conquistar Evan! Com ele, seu casamento não seria feliz! — Seu casamento não foi feliz, mamãe, mas isso não quer dizer que o meu também não será. Polly se afastou um pouco, com uma sombra no olhar. Acendeu um cigarro e só respondeu depois de uma tragada. — Seu pai e eu fomos felizes, a princípio. Então ele foi promovido e começou a voar para longe, sobre o oceano, para outros continentes. — Polly chegou perto da janela em busca do ar fresco da noite. — Eu me envolvi no trabalho e nunca mais fomos os mesmos. — Você ainda o ama? — O amor é um mito, minha querida - murmurou a mãe, erguendo a sobrancelha espessa. — Ora, mamãe... — Continue sonhando, Anna. - Polly sorriu como se falasse a uma criança. — Sonhar faz bem. Aliás, onde você arrumou essa roupa? — É sua. — Quantas vezes já lhe disse para ficar longe do meu guarda-roupa? - A mãe fingiu irritação, mas terminou dando uma risada. — Vinte. Vinte vezes. Mas não compra roupas como esta pra mim. — Imagino que usou esse modelo para chamar a atenção de Evan desconfiou Polly. — Bem, acho que deve desistir, Anna. Evan é maduro demais para você e ele sabe disso. — Mas mamãe... — Vá trocar de roupa - Polly a interrompeu com suavidade. — Prometi que iríamos ao cinema, não foi? — Está bem. Anna saiu da sala em direção ao quarto. Era bom quando Polly se mostrava
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER mãe e amiga, apesar de não levar a sério aquela paixão por Evan. Ninguém levava, nem o próprio Evan. Algumas vezes, Anna desejara arranjar uma ocupação, um trabalho qualquer que a mantivesse em contato diário com o atraente texano, mas nada entendia de terras e de gado, e contabilidade e finanças nunca foram seu forte na escola. Decidira, então, aprender o ofício de secretária e trabalhar com a mãe. Aquilo a manteria em constante contato com o indiferente Evan. Os outros irmãos dele viajavam muito em busca de novos negócios e investimentos. Evan era o único que permanecia na sede da fazenda e mantinha frequentes conversações com Polly. Como secretária da corretora, ela estaria sempre por perto e acabaria por vencê-lo pelo cansaço. Era, sem dúvida, uma forma de abordagem. Precisava fazer algo mais do que se sentar e esperar que Evan a notasse. Convivendo juntos, poderia convidá-lo para o almoço, para o lanche. Ao final do expediente, tropeçaria e cairia nos braços dele em um dos corredores desertos do escritório. Talvez as pessoas desconfiassem daquelas situações, mas, se a meta fosse alcançada, Evan acabaria por notá-la e as opiniões alheias não teriam importância. Anna foi para o escritório da mãe, no dia seguinte, levando duas garrafas de uísque. Os amigos mais íntimos de Evan sabiam que ele detestava bebidas alcoólicas. Abria raras exceções para o vinho durante o jantar, mas sempre com moderação. Assim que ele foi anunciado, Anna se apressou em colocar as duas garrafas sobre a mesa que ocupava. — O que significa isso? - esbravejou ele, gesticulando em direção à bebida. — São para fins medicinais - Anna comentou distraída, sem tirar os olhos dos papéis que fingia examinar. Estava atraente naquela manhã. O blazer de linho branco contrastava com o tom forte da blusa azul. Os cabelos, presos no alto da cabeça, sustentavam o ar de mulher de negócios. — Não me convenceu - protestou Evan, indagador. — São para tratar mordida de cobra - justificou Anna, depois de olhar ao redor e certificar-se de que estavam sozinhos. — E desde quando as cobras começaram a frequentar este escritório? Evan indagou em voz baixa, fingindo preocupação. — Ainda não vi nenhuma - completou ela —, mas precisamos estar preparados. — Tem certeza de que está passando bem? - gracejou ele tocando os ombros dela com as mãos. — Tão bem que estou falando com você, meu caro! Evan suspirou fundo e deu um sorriso. Balançando a cabeça, não disse nada. Anna olhava para ele com insistentes olhos azuis, admirando-lhe o corpo
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER másculo e proporcional. Impressionava-lhe aquele homem de formas abundantes e perfeitas. As longas pernas se mostravam roliças sob a calça grossa e lembravam o feitio dos bravos peões de rodeio. Dono de imensas mãos, Evan assustava a maioria das mulheres do escritório, intimidando-as. Ela, porem, não se intimidava, apesar de sentir um arrepio cada vez que ele se aproximava. Quando Evan deixou o escritório de Polly, Anna não se encontrava na sala. Ele a avistou do lado de fora do prédio, recostada ao carro que a mãe lhe dera de presente, um Porsche último tipo, estacionado ao lado do seu. Ele sorriu, compreendendo a situação. As garrafas de uísque haviam sido usadas para chamar sua atenção e o plano funcionara, ele admitia. Precisava ficar mais atento às investidas daquela garota. Era difícil ignorar Anna. E, logo, seria praticamente impossível fugir dos pequenos planos de aproximação que ela costumava arquitetar. — Está esperando por alguém? - indagou assim que chegou ao lado dela. — Estou esperando por você, Evan - Anna disse em tom teatral. — Estou morrendo por você, meu amor! - continuou dramática, esticando-se contra a capota baixa do carro esportivo. — Vamos, Evan! Acabe comigo de uma vez! Não me mate aos poucos, que o sofrimento é maior! — E realmente isso o que deseja? - Ele indagou, chegando mais perto. — Me ame, por favor! - ela insistiu fechando os olhos. — Em que lugar prefere? - a voz dele soou mais perto. — O lugar não importa meu amor! Pode ser dentro do carro, no porta malas, na capota... - ela continuou, recostada ao carro, de olhos cerrados. — Bem, acho que seu carro não suportaria meu peso, querida. E o portamalas é pequeno demais para nós dois. — No chão? - Ela abriu os olhos e o encarou. — Duro demais. — Na grama? - insistiu. — Há formigas e orvalho... - Evan a olhou com sensualidade, sem a indiferença de outras vezes, e Anna se sentiu como se estivesse nua diante dele. Devagar, ele a abordou como se quisesse abraçá-la. — Não faça isso - pediu ela, sem pensar, espalmando as mãos no peito do homem que a assediava. — Você começou tudo, querida - lembrou ele e pressionou o corpo dela contra o carro. Anna tentou fugir, nervosa diante da reação dele. Alguns jogos de sedução podiam ser perigosos e Evan estava decidido a fazê-la entender que homens adultos eram diferentes dos meninos com quem estava acostumada a brincar. — Evan... - ela murmurou ao sentir a pressão do peito dele contra os seios arfantes.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER O estacionamento, deserto àquela hora da manhã, tornou-se grande demais para os aflitos olhos de Anna. Flertar era bom, mas ela não estava preparada para uma situação de maior intimidade com Evan. Sempre conseguira dominar os ímpetos de Randall, mas com Evan era tudo diferente. Experiência e determinação eram constantes na personalidade forte do mais velho entre os irmãos Tremayne. Connal, Harden e Donald o admiravam e respeitavam, pelo muito que haviam aprendido com ele. — O que foi? - Evan indagou com um sorriso maroto. — Não era isso o que você queria? Anna já não sabia mais o que quisera; não conseguia sequer pensar. O perfume que exalava do corpo dele a atordoava e o a intimidava o peso daqueles músculos. — É dia claro! - ela lembrou de repente. — Eu sei - Evan concordou depois de um largo sorriso. A expressão do rosto dele era diferente naquele instante. Havia sensualidade, desejo e arrogância, como se sentisse prazer por mantê-la ali, presa, num misto de surpresa e excitação. — Preciso ir, Evan. Eu realmente preciso ir - Anna repetiu com franqueza. Evan fitou o rosto assustado a sua mercê. A vulnerabilidade dos olhos azuis o atraíam mais do que aquelas constantes investidas. Não conseguia deixar de fitar a exuberância daqueles seios rijos sob a blusa. Anna era linda e, de perto, o hipnotizava. — Não queria que eu a amasse? - indagou com suavidade. — Quer fugir antes de começarmos? Corada, Anna sentiu-se imatura e sorriu um riso nervoso. Os braços fortes a deixavam livre e ela deu alguns passos para manter-se a distância. — Acho que preciso me preparar melhor - comentou e entrou no carro sem olhá-lo. — Faça isso - recomendou ele com gentileza. Se ela fosse um pouco mais velha nada daquilo teria acontecido. — Da próxima vez, esteja preparada. Os homens não costumam desperdiçar uma oportunidade como essa garota! — Por que desperdiçou? Porque é um homem experiente demais pra mim? — Talvez. Não se esqueça de que você ainda faz parte das adolescentes que acham que os homens se contentam com meia dúzia de beijos ingênuos. - Depois de um breve silêncio, concluiu: — O que você me oferece não satisfaz meu apetite, querida. — Eu não lhe ofereci nada! — Não? - Ele se debruçou na janela do carro no instante em que Anna girava a chave na ignição. — Não! Eu estava apenas brincando!
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER — Brincadeiras assim costumam acabar mal, sabia? Pratique com Randall, ele deve gostar de beijos suaves. — Pelo menos ele me deseja - Anna o desafiou e engatou a marcha do carro, que mais parecia um brinquedo. — Bom para vocês! E não corra nesse carro de criança! — Eu nunca corro - mentiu. — Já encerrou o expediente por hoje? — Não, estou saindo para encontrar minha melhor amiga. Almoçaremos juntas. — Eu não sabia que tinha uma melhor amiga. Anna não respondeu. Arrancou e saiu pelo portão do estacionamento com os olhos brilhando por causa da teimosia de duas lágrimas imprudentes que Evan não chegara a ver. Parou em uma lanchonete depois de várias voltas pela cidade. Pediu um hambúrguer e um suco. Almoçou sozinha. Não tinha amigos. Sua única companhia eventual era a de Randall, médico-residente no hospital da cidade e filho do médico mais conhecido da região. Ele era um rapaz atraente, sempre a tratara com atenção e carinho, ainda que jamais o deixasse se aproximar muito. Suspirou. Não. Não poderia pertencer a outro. Era apaixonada por Evan, apesar de ser vista como criança pelo homem que amava. Ao final da tarde, retornou ao escritório, mas não conseguiu se concentrar no trabalho. Polly nada percebeu e Anna desejou que a mãe prestasse mais atenção no que acontecia ao redor. A festa de Polly foi uma boa desculpa para Anna usar seu vestido mais novo. Não que quisesse se mostrar a Evan, uma vez que ele não estaria lá, mas seria uma oportunidade de agradar a Randall. Vestiu a roupa e se admirou no espelho do quarto. O tecido pesado e brilhante acompanhava cada curva e cada saliência do corpo, ajustando-se bem nas pernas até o tornozelo, para terminar numa longa e insinuante abertura. Deixou os cabelos soltos sobre os ombros e calçou um par de sapatos altos do mesmo tom perolado do vestido. Escolheu um batom vermelho e completou a maquilagem feita com moderação. Sabia que chamaria a atenção pela beleza e sensualidade da roupa, mas a expressão do rosto era de desânimo total. Sem Evan a festa seria um tédio. Randall a esperava ao pé da escada, vestido com a elegância de sempre. Os óculos emprestavam-lhe um ar de intelectual e os cabelos, sem um fio fora do lugar, denunciavam o cuidado que ele tinha com a aparência. Não era do tipo que chamasse a atenção, mas as mulheres o adoravam porque era gentil, carinhoso, extremamente fino e agradável. Anna gostava do rapaz e o sentimento era recíproco. — Você está linda! - comentou ele, guiando-a por entre os convidados. —
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER Polly conhece todas essas pessoas? — Mamãe conhece todas as pessoas que a interessam — respondeu Anna, ligeiramente incomodada com a pergunta. Randall, como Polly, dava excessivo valor ao status e à riqueza. — Estou faminto - disse o rapaz. — Não pude sair para jantar antes de vir para cá. Anna o levou até a mesa onde Lori dispusera uma variedade de patês, croquetes, queijos e outras iguarias. — Temos coquetel de frutas, se para não quiser tomar vinho. — Obrigado. - Ele sorriu, enquanto enchia o prato de canapés e croquetes. Alguns casais começaram a dançar ao som da música suave executada por um conjunto. Anna adorava dançar, mas Randall não sabia e nunca mostrara vontade de aprender, apesar da insistência dela. — Vamos tentar dançar outra vez? - ela arriscou quando Randall terminou de comer. — Sinto muito, Anna. Estou muito cansado. Hoje meu dia foi cheio e estou ansioso por uma poltrona confortável. Anna fingiu que não se importou. Apanhou um coquetel e olhou ao redor em busca de pessoas conhecidas. Quando localizou Harden e Miranda, não pôde conter o ímpeto de olhar atrás do casal, na esperança de deparar com a figura de Evan. Mas ele não estava lá. Sorriu para o casal, que se aproximava, e caminhou na direção deles. Miranda usava um vestido negro que deixava em evidência a barriga da futura mãe e Harden parecia radiante ao lado dela: em nada se parecia com o Harden de outros tempos, solitário e sem objetivos. Ao contrário, ele sorria muito e a frieza havia deixado para sempre o belo par de olhos com que, naquele momento, vigiava a esposa com ternura. — Que recepção! - Harden comentou quando chegaram mais perto. — Sua mãe caprichou! — Ela gosta de exagerar. Posso me apresentar à Miranda? Sempre a vejo, mas ainda não fomos apresentadas. — Miranda, esta é Anna Davis, filha de Polly. Polly você já conhece, é a anfitriã e está festejando mais uma venda milionária. — Prazer em conhecê-la. - Miranda sorriu com simpatia, os olhos tão claros e brilhantes quanto o vestido de Anna. — Já ouvi falar de você! — Falaram de minha insistência com Evan, suponho. É um caso de amor antigo, mas que estou superando. Quando ele se casar com outra eu vou me convencer de que perdi a batalha! — Evan, se casar? - Harden sorriu com vontade. — Meu irmão vai morrer
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER solteiro. — Por incrível que pareça - Miranda comentou divertida —, Evan se convenceu de que é velho demais para se apaixonar. — Trinta e quatro anos e já se considera velho! Salve-o, Anna! — Estou tentando - ela respondeu entre risos. — Mas ele não me deixa atuar! Pensa que sou criança. — Deixaria de pensar se a visse vestida assim - Miranda comentou em tom de conspiração. — Está muito elegante! — Randall está comigo. Quer conhecê-lo? — Claro! Anna procurou o rapaz com o olhar e fez sinal para que ele se aproximasse. — Este é Randall Wayne, estudante de medicina. — Sou residente - Randall corrigiu. — Estou terminando minha residênela este ano. Lembrem-se de mim quando precisarem de um médico. — Fique tranquilo - prometeu Harden. — Vieram sozinhos? - Anna indagou fingindo naturalidade. — Evan veio conosco - Harden respondeu, relutante. — Está estacionando o carro. — Vai passar a noite toda procurando vaga - Randall brincou. — É provável - concordou Harden, sem tirar os olhos de Anna. — O que foi, Harden? - ela indagou, certa de que ele tinha algo a dizer. — Nina está com Evan.
CAPÍTULO II
Anna procurou agir com naturalidade diante do comentário de Harden. Deu um sorriso sem graça e desviou o olhar para que nada notassem. Evan deixara claro que não a queria; era normal, então, que ele se apresentasse em público na companhia de Nina. Todos conheciam Nina Ray pelo sucesso que fazia como modelo. Morava em Houston, mas visitava a cidade com frequencia. Não era segredo para ninguém que Evan fora a antiga paixão da famosa modelo e o fato de saírem juntos sugeria reconciliação. Anna serviu-se de outro ponche, enquanto Randall falava com alguém que ela não conhecê-la. Evitava olhar para a porta, temerosa de encarar o casal que estava por chegar. Não daria a Evan a satisfação de vê-la sofrer diante da felicidade dele. — Finalmente algo para beber! - a voz de Nina soou atrás dela.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER — Como vai, Anna? Estou ansiosa por um copo de bebida depois da caminhada. Meus pés estão acabando comigo. — Modelos não costumam caminhar para manter a forma? - Evan indagou, num gracejo. Anna sobressaltou-se ao ouvir a voz dele. Evitou olhar-lhe o rosto, mas observou-lhe o corpo sedutor. Vestidos com elegância, Evan e Nina formavam o mais bonito casal da festa. Ele, usando um terno impecável, e ela, como não poderia deixar de ser, exibindo um modelo exclusivo em branco e preto, que lhe caía como uma luva. — Você está linda, Nina - Anna observou com sinceridade. — Tenho visto suas fotos nas revistas. Para alguém que veio de uma cidade pequena, seu sucesso foi rápido. — Tive muita ajuda, querida - Nina comentou, ao mesmo tempo que lançava um olhar significante para Evan. Anna, fingindo não ter percebido nada, desviou a atenção para o burburinho da festa. Sem dúvida Nina era sexy de uma maneira como ela jamais conseguiria ser. — Onde está Polly? - Evan indagou ao apanhar dois coquetéis. — Circulando. É a dona da festa, afinal! — Ela merece - afirmou ele. — Poucas pessoas têm tanta aptidão para os negócios. — Foi esplêndida a idéia de construir aquele conjunto de imóveis comerciais ao longo da avenida. - Randall comentou ao juntar-se a eles. — Os comerciantes até providenciaram um ponto de táxi, sabiam? — Pensem nos impostos que serão pagos! - Nina ironizou, sorridente. — Você está maravilhosa! - Randall apressou-se a dizer, entusiasmado. Anna percebeu que ele não fora tão enfático quando a elogiara no início da noite. — Obrigada. Nós nos conhecemos? Era nítido que os olhos negros de Nina Ray flertavam com Randall naquele instante. — Randall Wayne - ele se apresentou, prendendo entre as dele as mãos delicadas da modelo. — Prazer em conhecê-la, Srta. Ray. — Você sabe quem sou? — Todos sabem. Seu rosto é inconfundível e vive nas capas das principais revistas de moda! — Graças a Evan, que me indicou para a Agenda de Modelos de Houston. — Você fez sucesso porque tem talento - Evan comentou sem conseguir tirar os olhos de Anna, exuberante naquele vestido de noite. O bronzeado do rosto destacava o brilho dos olhos azuis, impedindo que ele a ignorasse. — Obrigada, Evan. Vamos dançar? O conjunto é maravilhoso! Sem mais uma
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER palavra, Nina segurou Evan pela mão e levou-o ao centro da pista de dança. Randall, servindo mais dois copos de ponche, voltou-se para Anna. — Prove o ponche com frutas tropicais, Anna. Está divino! Entregou-lhe o copo decorado com pedaços de abacaxi e ela experimentou o líquido rosado. O gosto do álcool percorreu-lhe a língua numa estranha sensação de calor. Parecia que o álcool da mistura não havia se diluído totalmente no suco gelado das frutas e Anna não estava acostumada a beber. — Está muito forte - comentou, depois de saborear a bebida com algum prazer. — Nem tanto, a não ser que você seja como Evan. — Não gosto de beber - ela fingiu ignorar a comparação. — Estou vendo... Anna não percebeu a ironia das palavras de Randall porque seus pensamentos estavam em Evan. Ele era mais alto que a maioria das pessoas que estavam na sala, logo, não havia como deixar de localizá-lo entre os convidados. Dançava com intimidade, envolvendo Nina nos braços fortes e decididos. Os braços dela rodeavam o pescoço dele como se lhe pertencesse e as mãos de Evan a mantinham muito próxima, como nunca fizera com Anna. A visão daquele homem a deixava incomodada, quase sempre sentindo um frio no estômago e um leve torpor nos ouvidos. Queria que ele a enxergasse. E a amasse. Evan sentiu que era observado e, sem querer, encontrou os doces olhos de Anna. "Anna, outra vez", pensou ao tentar fugir do magnetismo que aqueles olhos tinham. "Ela tem dezenove anos e pensa que já é uma mulher." — Ela é uma criança não é? - Nina indagou, sobressaltando-o. — São namorados? — Quem? - ele fingiu não compreender. — Anna e o jovem médico é claro! — Como posso saber? Evan pareceu irritar-se. Ele sabia que Anna e Randall estavam saindo juntos, mas sentia-se incomodado com o fato de estarem namorando. — Será que ele a ama? — Isso não é problema de Anna? — Querido, ela é uma adolescente. O que sabe a respeito dos homens? Aposto que ainda é virgem! A idéia torturava Evan. Não queria discutir o assunto. — Anna e Randall se entendem. Não viemos aqui para dançar? Dancemos, então! — Com prazer... - sussurrou ela com voz quente. Pouco adiante um casal os observava. — Gostaria que você soubesse dançar, Randall - Anna desabafou, já se
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER sentindo leve pelo efeito da bebida. — Quer tentar? - Ele pôs o copo sobre a mesa. — Estou mais animado agora. — Que bom! Na pista de dança, ele a puxou para perto e começaram a ensaiar os passos com lentidão. — Isto é bom! - Randall comentou, apertando-a contra o peito. Anna deixouse envolver pelo clima harmonioso da música e ignorou Evan, que dançava próximo. — Está se divertindo, Anna? - uma das amigas de Polly indagou ao começar dançar perto deles. — Muito, e vocês? — A festa está ótima. Vejo que Evan não veio sozinho - gracejou com um sorriso. — Pediu sua permissão? Aborrecida, Anna tentou sorrir. Todos sabiam do amor que sentia por aquele homem. — Nina é uma velha amiga dele. — Mas ele não costumava trazer velhas amigas às festas de Polly. Seria um meio de desencorajar você? Anna se soltou dos braços de Randall e caminhou na direção da mesa, deixando a mulher de boca aberta. — O que há? - Randall indagou, juntando-se a ela. — Todos sabem que você persegue Evan, mas isso não é motivo para aceitar brincadeiras de mau gosto! - Ele a enlaçou pela cintura. — Você está comigo, não se esqueça. Estaria realmente em companhia de Randall? Todas as vezes em que uma mulher entrava na sala e passava por eles os olhos dele deslizavam de encontro ao corpo feminino. Sempre fora um conquistador, não havia como negar. — Acho que exagerei em minhas brincadeiras. — Eu sei disso, mas agora já não pode fazer nada. Apenas não se preocupe com os comentários. — Comentários? — Sim, eu tenho ignorado o que comentam a esse respeito. — Pode me dizer o que as pessoas falam? — Anna indagou, envergonhada. — Que você persegue Evan por todos os lugares. Encontros ocasionais que não são ocasionais; olhares exagerados nas festas e jantares; pequenas armações para chamar a atenção dele... — O que mais? — Que Evan não consegue ir a qualquer ponto de Jacobsville sem que você apareça por lá. Eu acho tudo isso divertido. — Evan não acha - afirmou Anna. desolada. — Sei que fui inconveniente várias vezes e gostaria de ter percebido isso antes.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER — Aquela mulher estava certa ao dizer que ele trouxe Nina para manter você afastada? — Estava - concordou com voz chorosa. — Meu Deus! Como fui idiota! — Não tenho tanta certeza assim. Por que ele evitaria você a tal ponto? — Fiz um papel ridículo, não vê? Como pude deixar que as coisas chegassem onde chegaram? Como não percebi a situação difícil em que coloquei Evan? — Calma, Anna. — Passei o tempo todo forçando encontros, elaborando planos para ser notada e só consegui que ele me evitasse ainda mais. Como fui tola! E, como se chegar àquela conclusão não fosse suficiente, Anna se sentia humilhada diante da descoberta. Evan trouxera Nina para evitar as investidas da filha de Polly. Todos deviam estar comentando aquilo. Era triste ser rejeitada daquela maneira, na frente de tantas pessoas. Lutou contra as lágrimas que insistiam em molhar-lhe o rosto. Não deixaria que os convidados sentissem mais piedade do que já sentiam. Polly se aproximou dos dois e apresentou alguns dos comerciantes que adquiriram imóvel no conjunto comercial. A alegria das pessoas acabaram por fazê-la se esquecer da dor. Apesar da atenção de Randall, Anna sentia-se enfadada. Começou a fingir contentamento, andando e conversando com todos os convidados. Depois de horas, quando as pessoas já começavam a deixar a festa Polly pôde sentar-se ao lado da filha. — Graças a Deus tudo correu bem. Como você está meu bem? — Muito bem, obrigada - Anna forçou o sorriso. — Estamos nos divertindo muito não é, Randall? Randall a olhou sem sorrir. — Quantos copos de ponche você bebeu, Anna? — Acho que apenas três, por quê? — Alguém despejou uísque no ponche - Polly afirmou. — Como você sabe? — Evan descobriu pelo cheiro da bebida. Provou, despejou o conteúdo do copo na pia e me avisou em seguida. — Ele devia ter percebido isso antes - Randall observou com bom humor depois de consultar o relógio. — Preciso ir, agora. Tenho de estar amanhã bem cedo no hospital. Boa noite. Com um afago nos cabelos de Anna ele se foi e ela nem sequer levantou a cabeça para responder à despedida. Polly segurou-a pelos ombros. — Está sofrendo, não é? — indagou com rara ternura. — Você vai sobreviver, querida. Todos sobrevivemos aos males do amor. Evan não serve para você e sei que entende o que isto quer dizer. — Era tudo brincadeira, nada sério. Pensei que ele soubesse disso. Polly
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER ficou em silêncio por alguns instantes; sabia que não era brincadeira. — Vamos ouvir a música do conjunto - sugeriu. — Amanhã Randall vai telefonar e talvez leve você para um passeio. Acho que tem ficado muito dentro de casa. — Talvez. Randall é uma companhia agradável. — Você é jovem, Anna. Um dia vai aprender que é melhor aceitar o que a vida oferece do que lutar por coisas impossíveis. — Sim - Anna concordou com um sorriso doce, mas, no íntimo, imaginava que aquilo não seria fácil. Evan e Nina se aproximavam delas e Anna teve de lutar contra o impulso de sair correndo. — Foi uma festa adorável - Nina comentou, dirigindo-se a Polly. — Obrigada, querida. Foi um prazer tê-la conosco. Evan, fiquei feliz com sua presença. Confesso que não o esperava. — Prometo que vou tirar Evan do escritório com mais frequencia - prometeu Nina. Em momento algum Anna olhou para Evan. Foi ele quem se dirigiu a ela com voz autoritária: — Quantos ponches você bebeu? — Poucos - respondeu sem encará-lo. — Soube que despejaram uísque na poncheira. — Você devia ter substituído a bebida - dirigiu-se a Polly. — Anna não está acostumada com bebida forte, está? — Evan, ela tem quase vinte anos! Não está acostumada a beber, é claro, mas tem idade suficiente para se cuidar, não acha? — Álcool mata - ele insistiu. — Especialmente quando se bebe com frequencia ou se dirige embriagado. — Não vou dirigir - Anna resmungou. — E, se álcool o incomoda tanto, por que não vai embora? Com olhos desafiantes, Anna apanhou outro copo de bebida, o quarto da noite, c sorveu o líquido rapidamente. — Não vai impedir que ela continue bebendo? - Evan indagou a Polly, os olhos negros faiscando de indignação. — Minha mãe não vai mais me dizer o que fazer. Evan ergueu a sobrancelha, pensativo. Aquela garota não era Anna. Não se parecia com ela. — Não está acostumada a beber uísque. — E não me acostumarei, se não começar - ironizou, na tentativa de machucá-lo por tudo o que ela havia passado naquela noite. — Você mesmo disse que não se importa comigo, lembra-se? Depois de um giro, Anna caminhou na direção da escada. O uísque pesava-lhe
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER no estômago e sentia náuseas mas, pela primeira vez em dezenove anos de vida, ela se sentia bem. Estava livre porque se declarara independente. Independente de Evan, do doentio amor que a mantinha presa aos passos daquele homem que a tratava com tanta indiferença. Preocupado, Evan quis segui-la. Aquela fora a primeira vez que Anna o desafiara e não sabia como se comportar. — Não se preocupe com ela, Evan. Não dê importância ao que diz - Polly sugeriu, segurando-o pelo braço. — Mudando de assunto, tenho bons negócios para você. — E mesmo? — Passe no escritório ainda esta semana e falaremos a respeito. — Está bem, Polly. — Vamos? - Nina se manifestou. — Estou cansada e tenho trabalho marcado para amanhã. — Vamos. Boa noite, Polly. Polly sorriu para o casal e observou que os olhos de Evan não abandonaram a escada por onde Anna deixara a sala. A atitude dele a impressionara; mostravase possessivo e protetor. Anna não passou bem durante o resto da noite e não foi o álcool o único motivo da indisposição. Era grande o sofrimento de recordar o que acontecera na festa, o envolvimento de Evan com Nina, a beleza da modelo chamando a atenção das pessoas e o ar de intimidade que notara entre ambos. Durante os últimos dois anos, por mais que estivesse presente na vida de Evan, em momento algum ele usara outra mulher para mantê-la afastada. Temeu que aquilo voltasse a acontecer, já que havia funcionado. "Evan não precisará se jogar nos braços de outra apenas para evitar minha companhia", pensou ela. "'Vou deixá-lo em paz. Aliás, eu devia ter percebido o quanto fui inconveniente há mais tempo." Na manhã seguinte, Anna tomou um banho demorado, penteou os cabelos, vestiu um conjunto de short e miniblusa e desceu para o jardim. No caminho, apanhou o equipamento de pintura e espalhou-o pelo gramado. A tela, o cavalete, pincéis e tintas eram suas grandes paixões. Adorava pintar. Esquecia-se do mundo e dos problemas quando se envolvia nas cores e formas da tela. Polly tinha ido muito cedo para o escritório. A mãe costumava trabalhar todos os dias da semana, inclusive aos sábados e domingo.s Para Anna o final de semana era sagrado, ficava em casa e dedicava-se inteiramente à pintura. Mais de uma vez, pensara em deixar o escritório e passar os dias pintando, assim teria chance de entrar no mundo das artes e comercializar os quadros que produzia. Poderia conversar com o dono da galeria existente na cidade, que era amigo da família, e combinar com ele alguma exposição. Com o tempo, se inteiraria das rotinas diárias e o ajudaria na gerência dos negócios. Fugiria,
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER então, do contato com Evan, já que ele não a queria por perto. Espalhou a tinta sobre a tela enquanto os pensamentos fluíam livremente. Analisou inúmeras opções para mudar de vida e uma delas foi a de deixar a casa da mãe. Não pensara, antes daquela noite, na possibilidade de sair de casa, mas podia fazê-lo sem medo, uma vez que já estava com quase vinte anos de idade. Seria bom levar a vida sozinha, sem o amparo constante da mãe. Que futuro a esperava, afinal? Casar-se com Randall não era a melhor opção, apesar de que, para ele, a idéia não seria má. Polly o ajudaria a abrir o próprio consultório para dar uma vida decente à filha e ao genro. Com um sorriso sem graça, Anna intensificou as pinceladas sobre o verde da tela. Reproduzia em óleo, um dos mais belos cantos do jardim, onde as petúnias e azaléias brotavam da folhagem esverdeada dos canteiros. Era dia claro de verão e a brisa suave agitava as árvores mais altas, liberando um ruído agradável. Passou horas entregue à magia daquela manhã, sem perceber o tempo correr. Era quase hora do almoço quando ouviu o barulho de um carro que entrava na propriedade. Não parou de pintar para ver quem chegava porque acreditou que fosse Polly. — Estou aqui, mamãe - gritou. — Pode almoçar, se quiser. Prefiro terminar estes retoques antes de entrar. Ouviu passos que vinham em sua direção, mas não pareciam passos de mulher, pelo ruído que produziam. Ergueu a cabeça e deparou com a imponente figura de Evan, que surgia a um canto da casa. Vestia roupas de trabalho, jeans, camisa de mangas curtas e botas de couro. Depois da surpresa inicial, Anna conseguiu conter a emoção e voltou a atenção ao quadro. — Onde está Polly? - ele indagou sem outro comentário. Por um instante, Anna desejara que Evan tivesse aparecido para pedir-lhe desculpas pela noite anterior, mas não era essa a intenção dele. Assim, não o olhou para que ele não visse desapontamento em seus olhos. — Se não está no escritório, deve estar a caminho daqui - respondeu ela. — Disse que vem almoçar em casa. Evan olhou para ela com indecifrável interesse. — Polly disse que tinha um negócio interessante para mim. Sabe algo a respeito? — Sinto muito - ela respondeu, sem tirar os olhos da pintura que já tomava formas. — Se quiser esperar, entre. Peça um refresco a Lori. — O quê? - brincou ele. — Não vai querer que eu a ame sobre os canteiros floridos do jardim? — Eu decidi crescer, Evan - a voz dela soou grave. — A partir de agora só me aproximarei de homens que me queiram por
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER perto. — Randall, por exemplo? — Por que não? - Anna o desafiou. A atitude dela deixou Evan perturbado. Recostou-se contra o cercado de madeira de lei e procurou mudar de assunto. — Eu não sabia que você pintava. — Você não sabe muitas coisas a meu respeito, Evan. Mas não se preocupe: deixei de ser a garota inconveniente de antes. — Anna, eu... — Sinto muito pelos constrangimentos que causei. Não vou incomodá-lo outra vez, prometo. Evan se sentiu vazio. Observou, em silêncio, a garota que retomava os pincéis e se concentrava no trabalho. Não parecia a menina que conhecera e que nunca levara a sério. — Você e Polly vão ao churrasco de Ballenger no final da semana? - ele indagou, desviando o olhar das formas do corpo dela. — Não sei. A única coisa que sei é que não irei aonde você for. Não quero forçá-lo a suportar minha presença. Decididamente aquelas palavras não pareciam vindas de Anna. Evan ia responder algo, mas o barulho do carro de Polly quebrou o silêncio do jardim. Minutos depois ela se juntava a eles. — Aí está você, sumido! As propostas já estão comigo. — Ótimo! — Anna - Polly dirigiu-se à filha —, o almoço está pronto? — Lori preparou tudo. Vou entrar num instante, quero terminar algo neste trabalho enquanto o sol está alto. — Artistas... - A mãe sorriu. — Quem os compreende vive bem com eles! Está bem, querida. Evan fique para almoçar comigo. — Preciso voltar logo - ele comunicou depois de olhar para Anna. — Estamos recebendo uma boiada hoje e estão esperando por mim. Sabe como é nada fazem sem minha ajuda. — Por que não os deixa sozinhos desta vez? Seria bom que adquirissem confiança no trabalho de equipe... — É verdade. - Evan apanhou os papéis das mãos dela. — Vou dar uma olhada nisso e falar com Harden e os outros. Ligo quando tiver uma decisão. — Está bem. Não quer mesmo almoçar com a gente? Evan esperou que Anna dissesse algo que o encorajasse a ficar, mas ela continuou calada, envolvida nas formas delicadas da tela. Minutos mais tarde ele se despedia e deixava a casa.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER — Vocês discutiram? - Polly indagou, olhando a filha com curiosidade. — É claro que não. - Anna sorriu para a mãe. — Apenas resolvi deixar Evan em paz. — Estou certa de que ainda serão bons amigos, querida. Evan não é um homem mau; é mais velho que você, só isso. Homens, na idade dele, fogem de jovens virgens como você! — Tem razão - Anna se divertiu com as palavras da mãe. Polly retribuiu o sorriso da filha e beijou-lhe a face. A garota havia crescido, afinal. Afastou-se em direção à casa ligeiramente preocupada. Não tinha dúvida de que Evan saíra abalado. Anna, com a mudança de comportamento, impressionara o indiferente Evan Tremayne.
CAPÍTULO III
Evan dirigiu de volta ao campo quase mecanicamente. Não dormira bem por causa dos episódios da festa de Polly. Sentia remorsos pelo sofrimento de Anna e fora à casa da corretora com a desculpa de buscar a proposta de venda. Precisava ver como Anna estava, se os acontecimentos da noite anterior não a estavam abalando. O que encontrara acabara por surpreendê-lo. Anna estava muito bem, mais indiferente do que ansiosa pela companhia dele. Depois de dois anos sendo perseguido e adorado por ela, sofria por ter sido tratado como um estranho. Chegando em casa, entrou, pensativo. — Há algo errado? - Harden indagou, saindo do escritório. Evan fechou a porta atrás de si. Harden era o irmão com quem mais conversava, o único com quem podia se abrir. — Anna. — Outra vez? - o irmão mal pôde conter o riso. — Ela me deixou irritado. — Isso não é novidade, mano! Você reclama daquela garota há muito tempo. — Você não está entendendo. - Evan chegou mais perto, agitando as mãos. — Ela está me ignorando. — Uma nova forma de abordagem? — Ela não é a mesma desde a noite passada. - Evan se sentou na borda da mesa. — Decidiu que não quer saber de mim. — Como assim? — Ora, Harden! Ela desistiu do meu amor! — Melhor para ela, então! — A maneira de ela agir está me atormentando - comentou Evan com ar
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER preocupado. — É muita calma para alguém como Anna. — Não sabe como ela ficou quando viu você chegando com Nina - o irmão respondeu. — Senti pena dela. — Pensei que estava fazendo a coisa certa, não queria machucá-la. — Tem certeza? — Harden sentou-se na frente do irmão. — Queria que ela desistisse de mim. — Pois ela desistiu. Então, qual é o problema? — Eu não sabia o quanto isso ia me incomodar - admitiu Evan, depois de profundo suspiro. — Agora ela está me ignorando completamente... — Arrependido? — Não sei, Harden. Mas ainda acho que fiz o que deveria fazer. Ela é muito jovem para um homem como eu. — Sempre ouço você dizendo isso, Evan. Parece que agora Anna também conseguiu ouvir. — Parece que sim - Evan concordou com ar de desânimo. — E quanto a Nina? Estão namorando? — Não quero Nina - ele foi taxativo. — É uma velha amiga para quem emprestei algum dinheiro anos atrás. — Ah, é? - Harden fez ar de desconfiança. — Consegui que ela fosse aceita por uma grande agenda de publicidade de Houston e ela está me pagando como pode o valor que emprestei. — Estou vendo... - murmurou em tom de gozação. — Nina está ajudando a afugentar Anna Davis. — Foi coincidência - defendeu-se —, eu poderia ter levado qualquer outra garota à festa. Qualquer coisa teria sido motivo para Anna me descartar, pois acho que para ela tudo não passava de um jogo excitante. — Talvez você esteja levando isso tudo muito a sério - Harden comentou com gentileza. — Anna brincava com você e, com isso, acariciava seu ego, meu irmão. Houve vezes em que você parecia gostar dos ataques daquela garota mas, em outras ocasiões, se enfurecia com as criancices dela. Aquilo tudo era verdade e Evan não podia negar. Muitas vezes se sentira atraído pela beleza juvenil da filha de Polly, muitas vezes a desejara possuir. Desde que a conhecera, começara a sentir algo por ela mas tentara abafar os sentimentos. Com o passar dos meses, porém, ignorar Anna Davis era tarefa impossível, por causa de sua beleza e sensualidade. Nina fora a última e desesperada tentativa de não sucumbir aos encantos da garota. — Anna é virgem - disse subitamente.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER — Não tenho dúvidas quanto a isso e você sabe que tive uma experiência traumática com alguém tão inocente e pura quanto ela. — Sim, eu sei, mas aquela mulher não era Anna. E se ela amasse você, se realmente amasse, nada daquilo teria acontecido. — Se Anna fosse madura o suficiente para conhecer os homens... — E não é? — Claro que não! Ela não sabe o que é amar de verdade! — Espero que tenha razão - afirmou Harden, em tom grave. — Porque, se ela realmente sentia amor por você, sua atitude sufocou esse sentimento... Sinto muito, meu irmão, mas talvez esteja jogando fora uma chance de ser feliz! — Já lhe disse! Anna quer brincar comigo, com minha resistência. — Se pensa assim... - Harden não discutiu. — Apenas acho que o brilho dos olhos dela é de quem está apaixonada e, o que é pior, a dor que percebi na face de Anna quando você chegou com Nina não era fingimento. — Estou indo para o estábulo - Evan mudou de assunto. — Você vem comigo? — Dentro de meia hora. Vou levar Miranda ao medico. — Estou rodeado de mulheres grávidas - brincou Evan. — Primeiro foi Shelby, agora Miranda e Jo Anne. — Isso não é bom, tio Evan? - gracejou o irmão. — E ótimo! Adoro crianças e você sabe disso. Estou ansioso para que nasçam logo e comecem a correr pelos campos da fazenda! — Pode ter quantos filhos quiser! — Acho que filhos não estão escritos em meu destino! - Evan suspirou e ficou triste de repente. — As mulheres parecem ter medo de mim. — Evan, por favor! - Harden se impacientou. — Anna não tem medo de você! — Não quero saber de Anna! — Pior para você. Ela se casará com o médico e terá muitos filhos. — Que se case se quiser. - Evan corou diante da possibilidade de Anna dar filhos a Randall. Exaltado, saiu do escritório sem mais uma palavra. Harden o acompanhou com o olhar. O irmão mais velho estava sofrendo e não podia ajudá-lo. Evan não poderia viver daquele jeito, fugindo do amor e da felicidade. Nos dias que se seguiram, Evan notou a diferença na rotina. Foi à cidade e Anna não estava lá para persegui-lo. Foi aos bares e lanchonetes e ela não apareceu para olhá-lo com especial interesse. Tomou a precaução de levar Nina, para o caso de Anna aparecer repente, mas foi em vão: Anna havia sumido de circulação. Deveria estar satisfeito com aquela ausência, já que sempre quisera ver
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER livre do assédio da filha de Polly, mas um imenso vazio assolava-lhe a alma. Duas semanas depois da testa, Anna estava comprando um vestido numa butique local, quando Nina apareceu, cheirando a perfume caro e desfilando a roupa da moda. — Como vai Anna? Você realmente deixou de perseguir Evan não é? Quando saímos juntos, ele fica ansioso, temendo que você apareça a qualquer momento. Nina sorriu e abaixou o tom de voz. — Você deixou o rapaz complexado sabia? Anna desviou o olhar, envergonhada pela forma com que Nina comentava o assunto. — Tenho dedicado mais tempo a Randall. — Ao médico de olhos bonitos? - Nina ergueu a sobrancelha, interessada, enquanto apanhava um dos vestidos mais caros da vitrina. — Não deve ser fácil segurar um homem como aquele. — Realmente - Anna respondeu, sem intenção de continuar a conversa. — Talvez você não saiba, mas ele foi à casa dos Ford na festa que deram ao redor da piscina. - Nina pôs o vestido à frente do que usava e olhou-se no espelho. — Foi ele quem levou Cindy Grayson para casa, aliás, ficaram a tarde toda juntos. Anna encarou a mulher que se admirava no espelho. — Por que tanta maldade. Nina? Você tem Evan. O que mais quer? — Engana-se. - Nina ficou séria. — Eu não tenho Evan. Ele apenas me pediu que o ajudasse a se ver livre de você. — Bem, ele está livre de mim agora. Anna estava chocada. Deixou o vestido que olhava sobre o balcão e saiu da butique como se o rosto estivesse em chamas. Nina a olhou por alguns instantes e então voltou a analisar a roupa que trazia nas mãos. Tinha sido fácil, afinal. A modelo não gostava da forma como Evan se preocupava com Anna. Quando saíam juntos, ele ficava à procura dela e quase nunca viviam momentos de maior intimidade. Dormir com Evan era um sonho que Nina alimentava havia anos. Horas mais tarde. Anna saía da Taylor Gallery, onde acabara de aceitar uma proposta de emprego. Brand Taylor era um homem de idade, acostumado a manusear obras de arte e sabia reconhecer um talento. Conhecia-a desde pequena e admirava sua aptidão para a pintura. Ele a convidara para ajudá-lo a avaliar quadros e ela aceitara depois de refletir um pouco. Melhor assim, concluíra, pois não precisaria mais ir ao escritório de sua mãe, onde não era tão necessária, e encontrar-se com Evan. — Não pensei que você quisesse sair do escritório - Polly comentou, surpresa, quando ela lhe comunicou naquela mesma tarde.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER — É que o Evan está sempre lá - Anna comentou. — Este é o verdadeiro motivo da minha saída. Mas você sabe, mãe, que há muito tempo desejo levar a sério minha vocação para as artes. — Quero que faça o que achar melhor - Polly arriscou terna. — Me preocupo com você, apesar de viver sempre muito ocupada com os negócios. Anne abraçou-a. — Vamos comemorar meu novo emprego jantando fora esta noite? — Seria divino! - a mãe concordou, satisfeita. — Que tal irmos ao Beef Palace? Dizem que, depois das reformas, está entre os melhores da cidade. O sorriso sumiu dos lábios carnudos de Anna. O Beef Palace sempre fora o restaurante preferido de Evan. — Por que não vamos a um restaurante chinês, para variar? Eu sugiro o Hong Kong, que tem a melhor comida do gênero. — Combinado, então. Horas mais tarde, as duas chegavam ao restaurante conversando animadamente. Evan passou de carro por elas no exato momento em que entravam no prédio decorado com motivos chineses. A seu lado, Nina percebeu o olhar e comentou: — Estou enganada ou aquelas são Anna e Polly? Espero que Anna não apareça no Beef Palace esta noite, já me disseram que ela costuma abordar você todas as vezes em que vai jantar lá. — As pessoas falam demais - ele retrucou secamente. — Não há motivo para ridicularizarem a garota. — Como não? Ela é a primeira a se fazer ridícula quando cria situações para chamar sua atenção! - Nina falava exaltada. — Anna sabe o quanto se expôs, não sou eu a primeira a falar. — Como tem tanta certeza? - Evan arregalou os olhos, fitando o rosto bonito de Nina. — Falou com ela a esse respeito? Nina cruzou as pernas bem torneadas com extrema elegância. — Apenas disse à garota que fez bem ao deixar que você respirasse, pois toda a cidade sabia que ela vivia se oferecendo a um homem que não a queria! Evan suspirou, encolerizado. Conhecia Nina e imaginava o quanto ela tinha sido cruel. — Por favor, Nina. Fique longe dessa historia. — Pior que ela não está se saindo muito bem com o namorado - prosseguiu, indiferente ao pedido dele. — O doutor não perde uma oportunidade de fazer galanteios a quem quer que seja. Parece que não pode ver um belo par de pernas que já se entusiasma.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER Evan preferiu não dar continuidade à conversa. Não queria falar de Anna, não queria sequer pensar nela. Na semana seguinte, quando ele foi devolver a proposta a Polly e não deparou com a figura de Anna atrás da mesa da secretária, surpreendeu-se. Polly o recebeu e ofereceu-lhe uma das confortáveis cadeiras do escritório. — O que decidiram? - indagou ao se acomodar também. — Onde está Anna? Não está doente, está? - Evan quis saber sem conseguir esconder a ansiedade. — Não - ela o tranquilizou. — Anna está trabalhando com Brand Taylor, Evan. — Na galeria de arte? - Evan ficou surpreso e um tanto indignado. — E você permitiu, Polly? Não é de minha conta, mas essa garota sempre faz o que quer, não é? Polly fingiu não perceber o nervosismo dele e apanhou os papéis que Evan trouxera. Irritado ele ficaria se soubesse que Anna pretendia morar sozinha e que ela, como mãe, aceitaria a decisão da filha. — A oportunidade de emprego surgiu de repente - comentou ao examinar a proposta. — Anna comentou com você uma conversa que teve com Nina nos últimos dias? — Não - Polly franziu a testa, indagadora. — Por quê? — Segundo me consta, Nina foi grosseira com ela - explicou com voz grave. — Estou com medo de que Anna pense que tenho participação. — Que importância haveria se ela pensasse, Evan? Você e eu sabemos que não há futuro para o sentimento que minha filha tem em relação a você. É melhor que ela se case com Randall o quanto antes. — Randall é um playboy - Evan comentou em tom seco. — Se ela amar o rapaz isso não fará com que desista dele. - Polly encarou o homem à frente dela como se não entendesse onde que queria chegar. — Se Randall amar minha filha, Evan, estou certa ele que deixará de ser o maior conquistador de Jacobsville. — Homens como Randall jamais deixam de ser conquistadores. E você sabe disso, Polly. — Ele não é um exemplo de rapaz - Polly sorriu depois de um suspiro — mas é a vida de Anna que está em jogo. Cabe a ela decidir com quem vai conviver e ter filhos! — Eu... — Evan quis dizer algo mas se calou com expressão preocupada. — E então, o que decidiram? - a corretora mudou o rumo da conversa. — Analisaram as propostas? — Decidimos investir - Evan respondeu automaticamente. Tinha ido tratar de negócios com Polly, mas continuava preocupado com o
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER futuro de Anna. Ao deixar o escritório, dirigiu-se à galeria de Taylor. Ali, Anna estava ocupadíssima, desde que Taylor viajara para Houston e a deixara à frente dos trabalhos. Cheia de idéias e planos, andava de um lado ao outro em busca da melhor posição para quadros e objetos de arte. Procurava fazer tudo da melhor maneira possível e, com o consentimento do patrão, redecorava a galeria e reformulava todo o seu funcionamento. "Está linda", Evan pensou, olhando-a, absorta no trabalho, através da imensa porta de vidro. Mais graciosa do que nunca, Anna usava um conjunto de saia pregueada e casaco. Sob o casaco, uma leve blusa bordada a mão adornava o colo exuberante. A roupa seria sóbria, se não fosse pelo comprimento da saia que, maliciosamente, surgia de sob o casaco e deixava à mostra o belo par de pernas envolvidas pela meia fina. O tom pastel do tecido cor-de-pêssego era o mesmo dos sapatos altos e dos assessórios que ela usava. Evan abriu a porta, atraindo-lhe a atenção, e Anna olhou na direção do ruído. Ao deparar com a figura de Evan, a expressão de seu rosto se modificou. Ele sentiu que os olhos dela se tornaram gelados, ao contrário do que sempre acontecia quando se encontravam com os dele. Não havia mais o brilho e o calor com que costumava recepcioná-lo: indiferença era tudo o que se via no azul daqueles olhos. — Em que posso ajudá-lo, Evan? - indagou com cortesia formal. Um tanto confuso e sem palavras, Evan parou à frente de um quadro que adornava a parede ao lado do balcão, onde havia um arranjo de flores naturais. Pôs as mãos nos bolsos e girou nos calcanhares, encarando a bela mulher. — Era necessário tudo isso? — Do que está falando? — Precisava abandonar sua mãe, deixá-la sem secretária, apenas para me evitar? _— Eu não era importante no escritório. Se fosse, teria esperado até que mamãe contratasse alguém — Estou vindo de lá. Não ha ninguém em seu lugar. — Veio aqui para isso? - Anna indagou recomeçando a trabalhar. — Não acredita que eu me interesse pela arte? Ela recolocou um quadro no lugar. — Não sei quais são seus interesses fora dos negócios lucrativos, - Evan respondeu sem olhá-lo. — Quer alguma coisa? — Queria ter certeza de que Nina não a magoou. — Esqueça isso. — Não fui eu quem levou Nina a fazer aquilo - ele esclareceu. — Se a tivesse usado para me atingir, eu não censuraria você, Evan. Afinal, eu já fui inconveniente várias vezes.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER O tom de voz dela o deixou incomodado. Chegou mais perto, tão perto que quase se encostou no corpo delicado de Anna. Com lentidão tirou as mãos que enfiara nos bolsos, tocando o queixo dela e, com gentileza, forçando um encontro de olhares. Estava linda como nunca, ele pensou, relutante. Olhos azuis e claros como o céu de verão; lábios carnudos c corados; face rosada e sedosa. A insistência do olhar de Evan fez com que ela corasse um pouco mais. Entreabriu os lábios, confusa. — Anna - sussurrou ele, visivelmente alterado. Naquele momento, Evan já não era capaz de conter o impulso de abraçá-la. Enlaçou-a com força e colou o corpo ao dela, sentindo-lhe o arfar dos seios. Ele era forte e o abraço era envolvente. Anna sentiu que cada parte dela respondia ao ardor daquele contato inesperado. Deixou-se aproximar ainda mais, sentindo cada centímetro do corpo do homem que amava. Ergueu os braços e tocou-lhe as costas largas sob a jaqueta. Era quente, tão quente que ela temeu desfalecer diante de tanta excitação e desejo. Procurou concentrar o pensamento na decisão que tomara de evitar novas declarações de amor e, por um momento, desviou o olhar. — Anna, chegue mais perto de mim - pediu ele com voz rouca. A voz de Evan atraiu-lhe, outra vez, o olhar. Soou doce, quente e autoritária como nunca. As mãos dele apertaram-lhe a cintura delicada e acariciaram-lhe as costas. Em êxtase, Anna sentiu que ele se aproximava e que estava tão ofegante quanto ela. Trêmula, deixou-se envolver num abraço quase desesperado contra os músculos retesados do corpo de Evan. O perfume que a pele dele exalava a deixava inebriada e o contato do corpo dele a enlouquecia, apesar das roupas. Sem receio, procurou o calor da pele sob a camisa que ele usava A jaqueta estava aberta e a camisa de algodão facilitou a invasão dos dedos finos e ansiosos. Cheia de volúpia, tocou as costas retesadas de Evan, fazendo com que ele tremesse de ansiedade. Os lábios dele quase invadiam a rósea boca quando ela ainda pôde ouvir: — Sabe beijar, Anna? — Evan... - ela murmurou, confusa. — Mostre-me como é... As palavras morreram nos lábios de ambos, sufocadas pela pressão ardente do beijo. — Anna - Evan sussurrou outra vez, afastando-se um pouco. — Você me beijou - Anna murmurou, os pensamentos em confusão. — Você correspondeu ao meu beijo - ele afirmou com sensualidade na voz. Hesitante, tocou de leve o tecido da blusa que ela usava sob o casaco de linho. Moveu uma das mãos e, de repente, envolvia os seios dela em carícias doces e sutis. Anna não protestou quando as mãos imensas de Evan abriram-lhe o pequeno botão e revelaram a rigidez do busto excitado pelas carícias sobre o tecido. Era
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER bom sentir prazer nas mãos dele. — Precisa confirmar meu desejo? - ela indagou, dengosa. — Não vê que todo meu corpo responde às suas carícias? — Posso sentir isso - Evan afirmou com voz quase inaudível. — Você tem apenas dezenove anos, Anna! — E você tem trinta e quatro - ela completou se esforçando para controlar os impulsos. — Não precisa dizer mais nada, Evan. Sei como se sente. É um homem, me deseja, mas não quer se arriscar. — Anna... - Evan mudou a expressão do olhar, tornando-se sombrio. — Nina é a mulher ideal para você. Experiente. Sofisticada. Deve saber tudo sobre o amor, talvez até mais do que você. Evan suspirou. — E você, já foi amada alguma vez? - indagou sem rodeios. — Quero dizer, você já esteve com um homem antes? Surpresa com a pergunta, Anna quis desviar os olhos. Mas a mão dele foi ágil o suficiente para segurar-lhe o rosto. — Você não consegue adivinhar? - ela sustentou os olhos dele e notou o quanto brilhavam. Trêmula e ansiosa, arrepiou-se quando os dedos dele escorregaram-lhe pelo pescoço e, novamente, acariciaram-lhe o seio exposto. — Não, você nunca esteve com um homem - ele afirmou com certeza e admirou a beleza do seio que tocava. Dobrou os dedos e com as costas da mão, acariciou o mamilo ereto e palpitante. — Eu odeio você, Evan! — Diga meu nome - pediu se aproximando em busca de outro beijo. Seus lábios selaram os de Anna e os toques tornaram-se mais íntimos sob o tecido fino da blusa, tirando-lhe o fôlego e a razão, intenso e com gestos ardentes, Anna sentiu a intensidade de desejo de Evan mas, de repente, ele se afastou. Lutava para livrar-se do abraço dela, arrependido por tê-la procurado. — Anna, por favor, não deixe que... — Lembrou-se de que está comigo, Evan? - ela indagou com ironia. — Por favor, Anna, me desculpe. — Nina tem lhe dado afrodisíacos? Ou o que aconteceu aqui faz parte de alguma fantasia? Evan apenas suspirou. Aquela garota o perseguira como jamais pudera imaginar que alguém o fizesse e, inesperadamente, se sentia atraído por ela. Mas Anna era jovem demais e não podia ter deixado o beijo acontecer. — O que pensa de tudo isso? - indagou, fingindo insolência. — Penso que pode ir embora. — Está bem. Boa sorte em seu novo trabalho.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER Sem esperar pela resposta, Evan saiu, deixando Anna trêmula c inquieta. Se ele queria fugir, por que a teria procurado? Tocou os lábios, ainda úmidos, com as pontas dos dedos. Relembrou o doce contato de momentos antes e cerrou os olhos num suspiro. Sempre sonhara em ser beijada por Evan ao pôr-dosol, no campo silencioso e calmo dos arredores de Jacobsville. Mas tudo acontecera com o sol a pino, no centro da cidade. O mito se materializara e a beijara! Ainda podia sentir a potência do amor que aquele homem poderia lhe proporcionar, se o quisesse. Mas Evan era irreal. Era homem demais para ela, tão inexperiente em seus dezenove anos de idade. Com um suspiro de frustração, Anna dirigiu-se ao banheiro e refez a maquilagem. Estava convencida de que, a partir daquele momento, seria mais difícil fugir ao encanto de Evan Tremayne. Seria impossível ignorá-lo depois de saber como ele era ardente e másculo. O corpo de Evan a desejava, mas ele fugia do desejo. Evan estaria fraquejando, afinal?
CAPÍTULO IV
No caminho de volta à fazenda, Evan não conseguia controlar o turbilhão de pensamentos. Jamais se sentira tão excitado, tão fora de si como naquela tarde. E tudo acontecera por causa de Anna! Procurou se concentrar nos motivos que sempre o afastaram da bela filha de Polly. Anna era quase uma adolescente e, com certeza, era virgem. Nenhum homem a tocara como ele fizera momentos antes. Retesou os dedos no volante a fim de controlar os instintos. Era necessário anular o desejo que crescia e tomava conta de todo o corpo. Era impossível ceder à tentação de dar o seu amor a Anna, uma criança inexperiente e sedutora ao mesmo tempo. Arrependia-se de tê-la procurado na galeria e de tê-la beijado. Haveria de encontrar um meio de fazê-la acreditar que tudo fora um engano, que tudo não passara de uma atração física passageira e inconsequente. Ao chegar em casa preparou algumas trocas de roupa e colocou-as na valise. Dentro de dois dias iria a uma conferência em Denver, onde seriam discutidos novos e revolucionários métodos de inseminação artificial. Deixaria os irmãos, Harden e Donald, tomando conta da fazenda. Outros ares lhe fariam bem, além de que, em Denver, poderia encontrar alguém que lhe tirasse Anna do pensamento. Na galeria, Anna cerrou os olhos, sonhadora. Era bom relembrar como o corpo de Evan respondera ao contato. Gostaria de saber o motivo da mudan ça do
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER comportamento de Evan. Talvez o feito de ter-se sentido ignorado tivesse desencadeado aquela reação. Por outro lado, pensava ela, Evan fora tão impetuoso! Nenhum homem agiria daquela forma se não desejasse a mulher que trazia nos braços. Uma sombra mudou-lhe a expressão do rosto. Evan não a respeitara. Chegara como quem nada queria e se aproximara tanto que não lhe dera chance de fuga. Segurara seu corpo com força, o suficiente para mantê-la colada à virilidade dele. E os seios, os seios ele massageara como se lhe pertencessem e se existissem para lhe saciarem o desejo. Um homem que amasse uma mulher não agiria daquela forma. Anna concluiu, contrafeita. — Você está muito calada, minha filha - Polly comentou, dias depois, quando jantavam juntas. — Quer falar sobre isso? — É impressão sua mamãe. Não há nada de errado comigo. - Anna forçou um sorriso. — Tenho trabalhado muito para pôr a galeria em ordem, e só isso. — Está gostando do trabalho? — Muito. O Sr. Taylor disse que, se eu fizer dois painéis, vai colocá-los na entrada da galeria. Ele pensa que tenho talento para isso! — Concordo com o Sr. Taylor, Anna. Sempre soube que você é talentosa. — Você é suspeita para dizer isso, mamãe. — Aquele quadro das flores, por exemplo. Apesar de Randall não ter se entusiasmado com sua obra, acredito que seja um dos mais belos que já vi. — Por que diz isso? — Querida, não quero interferir, mas acho que você tem se encontrado demais com esse rapaz. Quantas vezes ele esteve aqui em casa para saírem juntos na última semana? — Três vezes. — Isso não lhe é próprio, Anna, eu conheço você. Tem saído com Randall para esquecer Evan? — Como assim? - Anna corou, fingindo não entender a pergunta da mãe. — Evan magoou você naquela festa. Não tente negar, meu bem - Polly afirmou com carinho maternal. — Mas não deixe que aquilo sirva de desculpa para um relacionamento sem amor. — Mas mamãe... — Não se jogue nos braços do primeiro que aparece em sua vida. - Polly interrompeu. — Randall é um rapaz atraente, mas você é adulta para perceber que ele é um típico playboy.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER — Talvez - Anna concordou sem tirar os olhos do prato de sopa — mas, Evan não é muito diferente dele. — Evan não é um conquistador de jovens adolescentes, pelo que conheço dele. Só se envolve com mulheres maduras e independentes, que sabem o que estão fazendo. Anna manteve os olhos no prato. A mãe fazia uma bela imagem de Evan e ela não teve coragem de lhe contar o que acontecera na galeria de arte. — Evan é passado - afirmou com fingida convicção. — Não o persegui mais e ele deve estar aliviado, afinal. Não me encontro com ele há dias. — Ele está em Denver, para uma conferência. Harden me ligou dizendo que, inicialmente, Donald era quem iria para Denver, mas Evan preparou as malas na última quinta-feira e viajou antes que os irmãos pudessem argumentar. Foi uma viagem de última hora. Anna sentiu o sangue abandonar-lhe o rosto e temeu que a mãe percebesse. A última quinta-feira fora o dia em que Evan a beijara tão impetuosamente que quase lhe tirara o fôlego. Teria ele fugido, temeroso de que ela o procurasse para outros beijos e carícias mais ardentes? Engoliu em seco. Evan não precisava sair da cidade por aquele motivo. Ela jamais o procuraria. — Está me ouvindo, querida? - Polly insistiu, chamando-lhe a atenção. — Claro, mamãe, claro. — Você está me deixando intrigada, minha filha. Nos últimos dias, algo mudou em seu comportamento. — Engano seu, mamãe. Sou a mesma mulher, realizada com meu trabalho. Estou crescendo, só isso. — Isso você não precisa me dizer, querida. Está estampado em seus olhos e na roupa que você veste. — Obrigada - agradeceu Anna com um sorriso. — Mudou para melhor - afirmou a mãe. — Está crescendo sob meus olhos, filha. — Faço vinte anos muito breve - lembrou Anna. — Sim. E começa a fazer com que eu me sinta velha - Polly gracejou. — Enviei uma foto para seu pai no mês passado, para mostrar a ele como está bonita e elegante. — Teve notícias dele? - indagou, percebendo a sombra de tristeza que tomara conta do rosto da mãe. — Está em Atlanta, agora. Disse que pretendem transferi-lo para Houston e que se isso acontecer, virá visitar você. — Papai não nos esqueceu. E você também não se esquece dele, mas nenhum dos dois dá o primeiro passo para a reaproximação. Não sente falta dele?
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER — Mais do que você imagina - afirmou Polly, deixando a mesa rumo ao escritório que montara em casa e no qual se recolhia, todas as noites, a fim de concluir os trabalhos iniciados na empresa. - Mas a vida continua, meu bem. E o trabalho me espera. Anna acompanhou a mãe com olhos tristes. Polly não se esquecera do marido e nunca se esqueceria. Sonhava, em silencio, com o dia em que estariam juntos novamente. No dia seguinte, Anna deixou o trabalho no horário de sempre. Sentia-se, entretanto, desanimada porque Randall cancelara o passeio que haviam combinado para a noite. Alegara qualquer coisa relacionada com plantão no hospital, mas ela, em momento algum, chegara a cobrar um posicionamento dele. Ligou o carro e, para sua surpresa, o motor não respondeu. Desceu do automóvel e, indignada, distribuiu tapas sobre a capota bem polida. Caía uma garoa fina e insistente, o céu estava todo coberto por nuvens espessas que prometiam chuva para a noite toda e ela seria obrigada a caminhar de volta à galeria para telefonar para a mãe. O barulho de um motor possante chamou-lhe a atenção e ela se virou a tempo de ver a conhecida figura de Evan descer de uma das caminhonetes da companhia Tremayne. — Problemas? - ele indagou, já ao lado dela. Usava roupas de trabalho, camisa branca de tecido fino, calça jeans e botas de couro. — Não - Anna mentiu, evitando os olhos dele. — Esqueci algo na galeria e preciso voltar para apanhar. Os olhos negros de Evan tornaram-se indagadores. Sabia que ela estava mentindo com o objetivo de evitar a presença dele. — Seu carro não quer dar partida - afirmou. — Não minta porque vi quando você o atacou a tapas. — Estava voltando para telefonar. O mecânico deve saber como resolver o problema - respondeu ela ainda sem olhar para ele, a face corada. — Venha comigo. Deixo você lá. — Eu não quero. Num impulso incontrolável Evan segurou-a pelo braço e puxou-a para si. Chegaram tão perto um do outro que Anna sentiu o calor de cada músculo do corpo dele. — Você me deseja - ele afirmou com voz rouca, roçando as pernas dela com o jeans da calça. — Eu sei disso e você também sabe. Não é me evitando que vai conseguir mudar isso. — É mentira!
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER — Tanto é verdade que posso sentir quando toco seu corpo. — Evan, por favor, deixe-me sozinha - pediu com calma. — Eu sei que você não me quer, não precisa me fazer lembrar disso todas as vezes em que nos encontramos. O tom de voz dela o deixou comovido. Nem mesmo ele entendia as reações quando estava perto de Anna. A última coisa que Evan queria era machucá-la ou humilhá-la, mas Denver não arrancara do corpo dele o desejo de amá-la. Não fora capaz de possuir a mulher com quem saíra para se esquecer de Anna. Ele tentara, mas nada dera certo. Levara a garota para o hotel, e pusera música suave no toca-fitas do quarto. Mas, quando a abraçara e começara a beijá-la, nada acontecera. Pela primeira vez não conseguira se excitar na hora do amor. Só conseguira pensar no gosto da boca de Anna. O sabor daquele beijo estava enraizado nos lábios dele e mal pudera esperar o término da conferência para deixar a cidade de volta a Jacobsville. Fixou os olhos negros no rosto de Anna. Apertou os braços dela com os dedos retesados e trêmulos, quase deixando marcas na pele. — Você precisa ceder - ele murmurou com voz rouca e hesitante. — Pensa que não sei o quanto é vulnerável? Anna arregalou os olhos muito claros. Aquele não era o Evan que ela conhecia. Aquele era um estranho, um homem sensual, dominador, ardente c selvagem. — Isto não é um caso de amor, Evan. — E o que você tem feito para me seduzir, o que é? — Tudo o que tenho feito é evitar você. Pensei que era esse o seu desejo concluiu desolada. Evan moveu uma das mãos até atingir a cintura bem delineada e então puxou-a para perto, pressionando-lhe o corpo delicado contra os músculos possantes do corpo dele. Anna não conseguiu conter o desejo de tocá-lo e, mesmo sem querer, espalmou as mãos no peito arfante contra o qual estava aprisionada. — É isso o que eu quero - ele sussurrou com voz pausada e rouca, enquanto as mãos deslizavam pela espinha de Anna e os lábios sedentos procuravam os dela. Os músculos tensos de Evan vibravam em espasmos de prazer. Ele fechou os olhos para melhor sentir o corpo feminino contra o dele, acelerando a respiração louco de desejo, como já não sentia desde os primeiros anos da adolescência. Com os olhos fechados, ele libertou os lábios dela e sorriu. Ria da situação irônica em que se encontrava. Desde que provara do mel daqueles lábios, não pudera sentir prazer com outras mulheres, por mais experientes e sensuais que fossem.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER — Isso não é engraçado - Anna protestou, encarando-o. — Evan, pare! As cadeias ao longo da espinha cessaram, mas ele a manteve presa nos braços. — Não é engraçado? É a piada do século, minha cara. Uma virgem está causando em mim o efeito que nenhuma outra mulher causou até hoje. As palavras morreram nos lábios de Anna e o silêncio dela pareceu acordar o homem ponderado que Evan sempre mostrara ser, mas a excitação dele era tão nítida que ela começou a entrar em pânico. O pânico natural do contato com o desconhecido, o inesperado. — Preciso ir - Anna conseguiu balbuciar. — Continua saindo com o médico? — Se está se referindo a Randall, sim - respondeu sem olhar para ele. — Por que não se casa com ele? Sairia de minha vida definitivamente. As lágrimas aumentaram o brilho dos olhos dela. — Saí de sua vida há muito tempo, Evan. Só você não percebeu isso - Anna notou que uma sombra de desalento passou pelos olhos dele, mas não acreditou que fosse por causa das palavras dela. — Há semanas não piso o mesmo chão que você e, se nos encontramos, não foi culpa minha! — Foi por acaso, querida. - Os olhos dele faiscavam na direção dela. — O que achou de nossos últimos encontros? — Eu detestei! — Não minta meu bem. Mas eu entendo. Depois que Nina entrou em minha vida você percebeu que quando um homem deseja uma mulher ele a procura, não a evita. Anna fechou os olhos para conter as lágrimas. — Tire suas próprias conclusões, Evan. Posso ir, agora? Evan sentiu o peito dolorido quando olhou o rosto dela. Não deveria ter sido tão cruel com aquela criança. Não era por culpa de Anna que ele não conseguia se relacionar com outras mulheres. Era uma criança, apenas. Dona de curvas exuberantes, mas apenas uma doce criança. E ele estava se portando como um selvagem apaixonado e inconsequente. — Anna... — Sinto muito! As últimas palavras dela soaram distantes, quando já corria em direção ao outro lado da rua, rumo à galeria de arte. Evan tentou alcançá-la, mas desistiu assim que ela pisou a calçada oposta. Ficou parado, no meio do asfalto molhado pela garoa fina e insistente, o rosto marcado pelo remorso. Depois de chamar o mecânico para verificar o defeito do carro, Anna foi
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER para casa. Polly havia saído e Anna, aliviada por não ser vista correu para o quarto em busca de banho e descanso. Percebera, naquele encontro, que Evan a detestara; descobrira o que ele realmente pensava a respeito dela. O sono acabou por vence-la e, quando Polly chegou, a encontrou dormindo tranquila. Nas semanas seguintes, Evan fez o possível para aparecer nos lugares onde Anna se encontrava. Levou Nina à galeria para escolher um quadro e estava tão carinhoso com a modelo que Anna quis gritar de raiva. Muitas vezes se encontraram pelos bares e ruas da cidade, como se estivessem seguindo-lhe os passos. Um mês se passara desde o encontro perto da galeria. Anna e Randall combinaram ir a um concerto e mais uma vez encontraram o casal. Naquela noite pareciam ainda mais apaixonados. Durante o intervalo da apresentação. Randall se afastou para comprar bebidas para os dois e Anna aproveitou para retocar a maquilagem. Mal havia saído do salão quando ouviu uma voz masculina conhecida. — Está se divertindo, querida? — Sim. Randall é uma companhia agradável. — É? - Evan duvidou. — Ele parece gostar mais da música que de você. Ou você prefere assim? — Preferimos não dar espetáculos a parte, Evan. — Nina pensa de forma diferente - desafiou com um sorriso cínico nos lábios. — Ela gosta de ser tocada, acariciada. Recebe com prazer meus beijos e abraços... — Ora, Evan! Esqueça que eu existo! - Anna pediu com os olhos cheios de lágrimas. — Eu odeio você! Entendeu? Odeio! — Não é o que seus olhos e seu corpo me dizem. Ela se calou, trêmula diante daquela verdade, e desistiu de retocar a maquilagem. Retornou à poltrona onde Randall a esperava e tentou esquece-ser de que, atrás deles, um belo par de olhos negros os observava. Evan quase não prestou atenção ao concerto, preocupado em estudar cada movimento de Anna e Randall. O desejo que sentia, a vontade de abraçá-la e amála com loucura cresciam a cada momento e o transformavam num homem contraditório. Estava consciente de que lutava em vão, de que a batalha já não poderia ser vencida. Ser cruel com Anna não resolveria o problema e ele sabia disso. Deveria encontrar um meio de livrar-se daquela adoração. Não conseguiria, nem com a ajuda de Nina e de todas as mulheres do mundo, esquecer a sinuosidade das curvas do corpo de Anna. Estava decidido: na manhã seguinte, iria ao trabalho de Anna e a levaria para almoçar. Ela não recusaria o convite, ele estava certo. Afinal, aquela mulher
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER lutara, durante quase dois anos, por migalhas da atenção dele. Em silêncio, Evan virou o rosto e deparou com Nina estudando-lhe a expressão. Não conseguiu relaxar um músculo sequer, mas fingiu olhar para o palco. A beleza do espetáculo não reteve a atenção de Anna, que permaneceu calada todo o tempo. Não olhou na direção de Evan, apesar de sentir que ele não tirava os olhos dela. Ao término do concerto, agarrou-se ao braço de Randall e forçou uma saída rápida, a fim de evitar um encontro com Evan e Nina. Caminharam de volta para casa já que a sala de espetáculos ficava a poucos metros da casa de Polly. — No próximo ano eu começo a trabalhar sozinho - Randall contou com olhos brilhantes de euforia. — Vou abrir meu consultório em Houston, junto com um médico de clientela feita. — Que bom Randall. — Estou me preparando para comprar parte do equipamento, já que abriremos uma clínica em sociedade. Se nos casarmos em dezembro poderemos mudar para lá em janeiro. Anna parou de andar e olhou para o homem que a acompanhava. — E se mamãe nos der um generoso presente de casamento tudo ficará mais fácil e rápido - Anna afirmou sem intenção de magoá-lo. O que Randall sugeria era, afinal, uma saída para a situação em que ela se encontrava. O casamento acabaria, de vez, com a influência de Evan. — Anna... - Randall, estupefato, não sabia o que dizer. — Eu sei que você não morre de amores por mim, Randall. Sei também que há outras mulheres em sua vida, isso não importa. Se um casamento seria bom para nós dois, por que não tentar? Randall notou, pela primeira vez, como os olhos dela estavam tristes. Ele não a amava mas, ao longo do tempo em que conviveram, aprendera a respeitá-la e a admirá-la como mulher. — Você fala como se estivéssemos tratando de negócios. — E estamos. Minha mãe nos ajudará, tenho certeza - ela prosseguiu, falando com naturalidade. — Você é ambicioso e trabalha bem. Em pouco tempo terá sua clientela formada. Quanto a mim, encontrarei algo com que me ocupar; talvez me dedique mais à pintura - finalizou com os olhos perdidos no vazio da noite escura e silenciosa. Estava decidida a abrir mão dos sonhos de adolescente. Anna prestou atenção no ruído dos passos que ecoavam na noite. Precisava ser prática e desistir de um casamento com amor e uma casa cheia de crianças alegres e saudáveis.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER — Anna, você se casará comigo? - ele indagou sem muita esperança. — Estou dizendo que sim! O jovem médico a apertou nos braços, beijando-lhe a testa com carinho. — Você merece mais do que uma mão assim, por conveniência. — Randall, esta mão fará bem para nós dois, além de que você é um homem muito agradável. — Nem sempre. Sou cheio de limitações, você sabe. Gosto de estar com mais de uma mulher e, por alguma razão, elas apreciam minha companhia. - Ele acariciou os cabelos dela. — Com você posso ser eu mesmo, coisa que não acontece com nenhuma outra mulher. — Ora, Randall... — Prometo cuidar de você, Anna. E vou tentar ser fiel. — Isso não importa. - Anna não mentia. Não estava apaixonada por ele e fidelidade era em que menos pensava naquele momento. — Falaremos com mamãe quando chegarmos em casa. Randall concordou em silencio. Segurou-a pela mão e sorriu para ela. Anna retribuiu o sorriso, mas uma dor imensa oprimia-lhe o peito. — Vocês vão se casar? - Polly se surpreendeu. — Sim - Randall afirmou sem esconder a satisfação. — Espero que esteja de acordo, Sra. Polly. Prometo que saberei cuidar de Anna. Polly teria ficado mais tranquila se ele tivesse dito que amava Anna. Olhou para a filha com algum temor estampado no rosto. Ela estava se casando com Randall para fugir de Evan, Polly tinha certeza. Mas nada faria para impedir que o casamento acontecesse, porque não eram duas crianças e sim um homem e uma mulher. — É claro que estou de acordo, Randall. Espero que sejam muito felizes. — Obrigado, Sra. Polly. — Quando pretendem se casar? — No Natal - Anna informou em voz baixa. — Pegarei uns dois dias de folga para a lua-de-mel — Randall completou. — Randall quer comprar parte de uma clínica em Houston - Anna se adiantou. De qualquer maneira, Houston poderia ser um bom lugar para viver. Lá não existiria a ameaçadora sombra de Evan. — Vou ajudá-lo com os negócios - Polly anunciou e notou alívio nos olhos do futuro genro. Mulher vivida, Polly sabia que Randall estava mais interessado no consultório do que no casamento, mas o que ela poderia fazer a não ser ajudar a filha? Anna queria fugir de Evan, deixar de vê-lo circulando pela cidade, de braços dados com Nina.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER Mais de uma vez estivera no escritório dela com a namorada do lado e Polly tinha certeza de que ele queria ser visto por todos os funcionários, a fim de que alguém contasse a Anna o quanto estavam felizes. Conhecia o texano havia muito tempo e não acreditava que ele fosse cruel, mas a filha estava sofrendo por causa do amor não correspondido. Se Anna queria um homem carinhoso e decidido, Evan não seria a melhor opção. Polly mordeu os lábios. Aquele casamento não era má idéia, afinal. — Sairemos amanhã para comprar um anel de noivado - Randall quebrou o silêncio de alguns instantes. — Tem alguma preferência, querida? Anna sorriu para ele. Era um bom amigo. Talvez, algum dia, chegasse a amálo. — Gostaria de um solitário de esmeralda. — Esmeralda? - estranhou ele. — Não gosto de pedras tradicionais - justificou. — Prefiro que seja um anel simples, com uma pedra pequena. Quando for um médico consagrado poderá me presentear com ofuscantes anéis de diamantes, está bem? — Anna, eu compraria para você o maior diamante do mundo, se pudesse. Ninguém o merece tanto quanto você. Polly, que ouvia a conversa, sorriu com simpatia. Aquilo soava melhor que promessa. Se Anna o amasse. Randall seria um bom genro. — Obrigada, Randall. — Bem, vou para casa agora. Na próxima semana estarei envolvido com os exames finais e não teremos muitas oportunidades de encontro. — Tudo bem - Anna concordou. — Mas precisamos conseguir um dia para irmos juntos ao zoológico na exposição de anfíbios tropicais, o que acha? — Fantástico! - entusiasmou-se. Randall sempre gostara de biologia e tinha fascinação por animais exóticos. Era algo que tinham em comum. Ele detestava arte e música, apesar de acompanhá-la a exposições e concertos, mas adorava passeios ao ar livre, especialmente ao zoo. Anna, como ele, apreciava passeios ecológicos. Começavam a se entender, afinal. Construiriam, então, um casamento harmônico. Com Evan tudo seria diferente e apaixonante, mas ele machucara-lhe o coração. Ele não a amava e Anna não suportaria amar sozinha. Optava, assim, por uma união conveniente. Mas, dentro dela, sonhos morriam.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER CAPÍTULO V
O dia parecia sem sentido para Anna. Apenas a esperança da companhia de Randall fez suportável o passar das horas. Se ela tivesse de encontrar Evan e Nina seria uma das últimas vezes. Ao saber do casamento dela, ele perceberia que não tinha mais com que se preocupar. A porta da galeria revelou a figura de Evan, sozinho daquela vez. Anna apertou os dedos, nervosa. Confirmou com alívio, que o Sr. Taylor estava na entrada, perto do balcão principal. Evan entrou pela porta transparente e ela agradeceu ao céu por não estar só. — Como vai, Evan? - Brand Taylor cumprimentou,solícito. — Prazer em vê-lo! Deseja algum objeto em particular ou prefere dar uma olhada geral? A resposta não veio de imediato. Evan não esperava encontrar Taylor, pois ele passava todos os dias em frente à galeria e notava que Anna sempre estava sozinha. — Não, eu... - gaguejou. — Estou apenas dando uma olhada. — Anna pode ajudá-lo quanto aos preços, se encontrar algo que lhe agrade. Anna fingiu não ouvir a sugestão de Taylor. Continuou olhando na direção da porta de vidro, os olhos, muito francos, fixos na claridade do dia. Com passos hesitantes, Evan caminhou na direção dela e teve a nítida impressão de tê-la visto dando um passo como se quisesse fugir. Por que teve que machucá-la tão profundamente? — Deseja algo? - ela indagou, esforçando-se para ser natural. — Sim - respondeu com voz cheia de hesitação. Os olhos dele pousaram nos lábios dela e retornaram, confusos. — Anna, eu... O barulho da porta de vidro se abrindo chamou a atenção dos dois. Randall entrou, cumprimentou Brand Taylor e caminhou em direção a Anna. Acercou-se com exagerada intimidade, enlaçou-a nos braços e beijou-a nos lábios. Um lampejo de surpresa passou pelos negros olhos de Evan. — Olá, querida. - Randall continuou abraçado a ela. — Podemos ir? — Sim. Vou apanhar minha bolsa. — Vamos comprar o anel de noivado - Randall informou, dirigindo-se a Evan. — Estamos de casamento marcado para o Natal. Encomendei as alianças hoje. Casamento. Aquela palavra soou como um tormento aos ouvidos de Evan. Anna ia se casar com Randall. Iam comprar o anel e as alianças já estavam encomendadas. E ele tinha ido à galeria para desculpar-se, ajoelhar-se, caso fosse
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER necessário. Queria recomeçar tudo com Anna, mas Randall tivera mais sorte. Fizera com que ela sofresse demais, o médico a consolara e ganhara o reconhecimento do frágil coração de Anna. Pelo resto da vida, ele viveria com a certeza de que perdera o amor da mulher que mais queria. Ela não amava Randall, mas se casaria com ele. — Não vai cumprimentar a gente? — Randall o trouxe de volta à dura realidade. — Vou fazê-la feliz, acredite! "Como vai fazer Anna feliz se é a mim que ela ama?", Evan questionou em silencio. Mas ele não podia gritar aquilo para toda a cidade ouvir. Enfiou as mãos nos bolsos e olhou para o rosto pálido da mulher a quem amava. — Estou pronta, Randall - Anna anunciou ao apanhar a bolsa que estava sobre uma pequena banqueta. Evan precisou firmar o pensamento para reconhecer, naquela mulher, a pequena Anna de semanas antes. Mais decidida, ela não parecia a criança de quem fugira tantas vezes. — Ate breve, Evan. - O jovem médico sorriu ao segurar a mão de Anna. Com olhos alarmados. Evan a viu sair ao lado de Randall. Ele precisava impedi-la. Mas, ao deixar a galeria com a intenção de alcançar a mulher amada, foi abordado por Nina, que chegava apressada. — Até que enfim eu o encontrei! Procurei por você no escritório e em casa... Anna ouviu as palavras da modelo, mas não deixou de caminhar nem olhou para trás. Randall passara na galeria em ótima hora. Evan e Nina encenaram aquilo tudo, estava claro. Combinaram mais aquela cena para fazê-la acreditar que nada podia esperar de Evan. Apertou a mão do noivo e caminharam em silêncio até o outro lado da rua. Durante os dias que se seguiram, Evan mergulhou no trabalho da fazenda como se quisesse fugir da realidade. Os vaqueiros que o acompanhavam na lida com o gado já não aguentavam tantas horas de exaustivo trabalho. , — Nunca vi tantos peões na missa de domingo - Theodora, a mãe de Evan, comentou certa noite, após o jantar, com um sorriso malicioso. — Pedem a Deus que os salve de Evan. — Eles têm trabalhado como sempre - Evan comentou sem sorrir. O sorriso dele se tornara coisa do passado. — Por falar nisso, Evan - Harden comentou —, precisamos contratar novos homens. Evan não respondeu. Harden desconfiou que ele nem o ouvira, porque tratou de levantar-se logo depois do café. — Vejo vocês mais tarde. — Vai sair com Nina outra vez? — Com quem mais poderia ser? - Evan respondeu, sem olhar para o irmão.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER Miranda suspirou sacudindo a cabeça. Evan estava especialmente nervoso naquele dia e ela sabia o motivo. No dia anterior, Evan levara Nina a Houston para um jogo de basquete. Ficara surpreso e furioso ao encontrar Randall na companhia de uma mulher que não era Anna. Discutira com o médico sobre Anna e ainda se indispusera com Nina por causa disso. Saindo de casa, Evan passou no escritório de Polly com a desculpa de tratar de negócios. Mas assim que a porta se fechou ele se sentou à frente dela, tirou o chapéu e denunciou: — Randall estava em Houston na noite passada. — Sim? - Polly olhou para ele. — E não estava sozinho! Uma mulher o acompanhava, Polly! E lembre-se de que ele e Anna ainda não estão casados... Polly estava chocada. Não com a informação, mas com a ira estampada no rosto de Evan. — Que tipo de casamento será esse, Polly? - Ele prosseguiu. — Randall não merece sua filha! — Evan, eu agradeço sua preocupação, mas a vida é de Anna. — Meu Deus! Anna está cega! - Evan falava alto. — Você vai tingir cegueira também? — Não era você o homem que a aconselhava a sair com Randall? — Pensei que fosse o melhor para ela - admitiu. — Randall é trabalhador e fará uma bela carreira. Sempre pensei que ele mudaria o comportamento, em relação aos casos amorosos, assim que firmassem o namoro. — Ele mudou - Polly argumentou. — Houston fica distante de Jacobsville. — Se eu o encontrei, outras pessoas poderiam tê-lo encontrado. Polly esticou-se na cadeira confortável e estudou o rosto do amigo de muito tempo. — Você conhece a garota? — Randall mentiu. Disse que são primos. — Tem certeza de que ela não é prima dele? — Como eu poderia ter certeza? - ele se impacientou, agitando as mãos no ar. — Mas eu conheço Randall. — Sim. Anna também o conhece. Optou por viver com ele em Houston e é isso o que fará. Evan sentiu-se esmorecer. Anna queria acabar com ele. Levantou-se, pôs o chapéu e fixou os olhos no rosto da amiga. — Anna pensa que você a detesta - Polly prosseguiu. — Deixe que ela continue pensando assim para que sofra menos. — E por que eu desmentiria? - ele retirou o chapéu, incomodado.
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trás.
— A verdade é essa, não é? — Não sei, Evan. Só você pode afirmar se odeia ou se ama minha filha. Ele nada respondeu. Girou nos calcanhares e saiu da sala sem olhar para
Polly o acompanhou com o olhar e teve pena dos dois. Evan amava Anna. Se tivera dúvida em algumas ocasiões, naquele momento não as tinha mais. Era um amor diferente, passional, que ele não aceitava que sentia. Fazia Anna sofrer para não cair aos pés dela, vulnerável e apaixonado. Também ela o amava, mas nenhum dos dois romperia as barreiras que haviam construído. Polly pensou em relatar à filha aquela visita de Evan, mas estaria acendendo novas esperanças no sofrido coração de Anna. E tinha certeza de que, se a pequena tentasse uma aproximação, Evan a faria sofrer outra vez. Melhor deixar que Anna se decidisse sozinha. Um dia ela acabaria por esquecer Evan Tremayne. com ou sem a ajuda de Randall. Randall contou para Anna o episódio da noite do jogo. Seria melhor que ela soubesse por ele e não por Evan. — Não acho que esteja errado - comentou ela. — Por que está se justificando tanto? — Porque Evan quase me agrediu ao me encontrar com uma mulher. O coração de Anna bateu acelerado. O nome de Evan ainda a deixava abalada. Apesar de não admitir, sentiu prazer ao saber que ele se preocupava com ela. — Evan é um homem à moda antiga - justificou. — Assim como toda a família Tremayne, creio eu. — Talvez. — Eu jamais serei como eles, Anna. Sinto muito, mas meu temperamento é outro. — Sei disso - Anna comentou sem expressão. Randall apanhou o café que ela lhe oferecia e sentiu alívio por não amá-la. Se a amasse, estaria sofrendo pela indiferença com que era tratado. Sabia que Anna amava Evan Tremayne e que ele não soubera dar valor àquele sentimento tão puro e tão intenso. Anna ficou surpresa quando, na manhã seguinte, deparou com Evan na frente da galeria. O Sr. Taylor viajara a negócios e deixara o estabelecimento sob a responsabilidade dela. — Você começa a trabalhar cedo! - Evan comentou, atrás dela. O frágil coração de Anna quis saltar para fora do peito, mas ela procurou disfarçar para não mostrar que estava nervosa. Com o sofrimento dos dias anteriores, ela aprendera a conter as emoções, por mais fortes que fossem. — O que deseja? Evan a seguiu ao interior da galeria, irresistível em traje esporte. Os óculos
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER escuros davam certo ar de mistério ao rosto bronzeado e de traços marcantes. — Você sabe o que desejo. Vai deixar que Randall engane você o tempo todo? - explodiu. — Não se importa quando fica sabendo que o jovem médico tem desfilado ao lado de outra mulher? Anna acendeu a luz do interior da galeria e Evan notou-lhe a elegância. O tailler cinza, bem ajustado ao corpo, dava-lhe ar de sofisticação aliado ao par de sapatos altos. Os cabelos caíam-lhe naturalmente sobre os ombros e quase escondiam os brincos de pérolas. — Randall é bastante crescido, Evan. Não me importo que saia com outra mulher quando não estou disponível. — E por que não estava disponível? - insistiu. — Estão noivos, não estão? — Tive dor de cabeça - ela inventou. — Já? - Evan indagou com um sorriso maroto nos lábios. — Pensei que a dor de cabeça só aparecesse depois do casamento... — Saia daqui, Evan - ela se exasperou. — Deixe-me sozinha, por favor! Evan chegou mais perto, a despeito do que pedira. Moveu-se para junto dela com passos vagarosos e calculados como num erótico ritual. — Não é isso o que você quer - prosseguiu com voz suave. Anna deu pequenos passos na direção oposta, mas acabou por recostar-se contra o balcão. Já não podia evitar a invasão dos olhos dele. As mãos decididas de Evan a tocaram com doçura, atraindo-a, fazendo com que ela cerrasse os olhos. — Não consegue olhar para mim? - ele indagou ao mergulhar no azul dos olhos que ela acabara de abrir e viu o quanto eram vulneráveis. Sem uma palavra, Anna desviou a atenção para os lábios e queixo do homem que a fazia tremer de desejo. Confusa, deixou que os olhos pousassem na floresta negra que a camisa ocultava sobre o peito dele. Inesperadamente, e sem tirar os olhos dela, Evan desabotoou a camisa. O peito bronzeado, coberto de pêlos negros e brilhantes, revelou-se aos sedentos olhos de Anna. — Toque minha pele - suplicou com voz rouca e ela não acreditou que aquilo estivesse acontecendo. Em plena luz do dia, no ambiente de trabalho, estava diante da mágica visão. — Está tudo bem - ele sussurrou e apanhou as mãos dela, enfiando-as entre a camisa e o peito num gesto cheio de sensualidade. — Evan! - protestou Anna sem forças. Mas ele não a ouvia. Estava extasiado com a pressão das mãos dela sobre os músculos do peito, retesados pelo desejo. — Anna... - gemeu, louco de ansiedade, ao mesmo tempo em que pressionava o corpo contra o dela, deixando clara a excitação.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER — Sinta, Anna, sinta como você me deixa! O calor daquele homem a envolveu de vez e, sem perceber, Anna entreabriu os lábios para receber a língua que invadia-lhe a boca. Anna arfava diante do contato quente e novo para ela. Sem pudor, deslizou as mãos pela superfície morena da pele dele, acariciando-lhe os pêlos. De repente, tocou o tecido da calça e, em êxtase, apalpou a virilidade do homem que a seduzia. Imaginou, então, o quanto seria feliz se ele a amasse, se pudesse senti-lo inteiro dentro do corpo. Em poucos instantes estavam dentro do pequeno escritório da galeria e Evan desabotoava-lhe o último botão da blusa que usava sob o casaco. Anna delirou de satisfação quando ele sugou os mamilos eretos, róseos como os lábios que trazia entreabertos pelo desejo. Com delicadeza, a boca sensual de Evan umedeceu-lhe a pele dos seios com pequenos e doces beijos, levando-a à loucura quando passeou a língua morna, em movimentos ritmados, do cós da saia ao colo, num sobe e desce interminável. — Evan, não! - Anna gemeu diante das sensações que aquela boca despertava. Mas quanto mais ela protestava, mais apertava a cabeça que explorava-lhe os flancos c seios. Jogou a cabeça para trás, numa louca tentativa de sentir prazer e Evan sentou-a sobre a cadeira estofada. A saia justa havia subido aos quadris e as mãos experientes de Evan invadiam-lhe o interior das coxas, sobre a meia fina. — Você é minha... - suspirou ele. — Você me pertence, não vê? Não vou deixar que Randall leve você para longe de mim. Com um sorriso nos lábios, Evan afastou os lábios dos seios dela. A respiração estava ofegante, trazia os lábios corados e os olhos cheios de triunfo. — Randall já deixou você assim alguma vez? - Tocou os mamilos eretos com as pontas dos dedos. — Você deixa que ele a toque como eu a estou tocando?... Anna mal podia respirar. Evan, à frente dela, os cabelos despenteados, a camisa aberta, a boca exibindo dentes muito alvos e as mãos exercendo pressão na cintura dela a deixavam zonza. As palavras dele, porém, soaram-lhe aos ouvidos e a fizeram corar. Ela permitira que Evan a tocasse com exagerada intimidade e ele estava se orgulhando daquilo. — Sei que ele nunca a acariciou assim - Evan falou, antes que ela pudesse se manifestar, os olhos mergulhados nos dela. — Não. Anna, ninguém faria com você o que eu faço... Trêmula, Anna tentou organizar as idéias. Evan estava afirmando que ela lhe pertencia e aquilo não era verdade. Não deixaria que ele a humilhasse outra vez.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER Antes que pudesse argumentar, Evan a deixava livre dos fortes braços. Bcijou-a com ternura antes de abotoar a camisa. — Rompa com Randall - sugeriu com ar de vitória. Sem olhar para Evan ela ajeitou a blusa e o casaco. Podia sentir, ainda, a umidade dos beijos dele. Evan devia estar pensando que a possuiria quando quisesse e aquilo a incomodava profundamente. — Não - respondeu ela, firme. — O quê? - ele indagou, interrompendo por alguns instantes o que fazia. Anna ajeitou a saia, caminhou até a porta e abriu-a de uma vez. — Você quer mostrar que me seduz, que não consigo resistir aos seus encantos. Pois bem, Evan, conseguiu provar isso. — Mas, Anna... — Agora você pode ir e sair por aí, em companhia de Nina. Riam de mim se quiserem, mas esteja certo de que me casarei com Randall. — Pelo amor de Deus, Anna! Por quê? - ele indagou com energia, apertando os óculos escuros em uma das mãos. — Você não gosta dele! — Esse é o motivo pelo qual vou me casar com ele, Evan. Sei que não se sofre quando não se ama. Randall não me machucará como você faz. Satisfiz sua curiosidade? — Anna, não vim aqui para isso... - Evan suspirou fundo. — Vá embora, por favor. — Você não me entendeu! - ele se exasperou, parando na frente dela com olhos faiscantes. — Eu vim aqui porque precisava dizer-lhe algo. Os olhos dela se fecharam para conterem as lágrimas que insistiam em aparecer. — Por favor, Evan! Por que não me deixa em paz? Por que insiste em me machucar assim? Vou me casar e sair de Jacobsville por sua causa. Já não é suficiente? — Por minha causa? — ele se espantou. — Não posso conter o que sinto... - Ela soluçou e olhou para ele com ar atormentado. — Por que insiste em me punir por isso? — Não querida, não... - negou preocupado. — Eu não vim aqui para fazê-la sofrer. — Não quero vê-lo outra vez, Evan. Se a amizade que tem por mim e por mamãe significar algo para você, por favor, vá embora. — E deixar que cometa o maior erro de sua vida, se casando com aquele rapaz? — Aquele rapaz, Evan, nunca me tratou sem respeito! - gritou ela
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER descontrolada. — Nem eu! Nunca trataria você assim... — O que me diz da maneira com que me tratou há pouco? Evan suspirou outra vez. Ficou pensando no quanto ela era inocente e pura. — Anna, o que fizemos há pouco não foi falta de respeito... - ele explicou com paciência. — Foi parte de um ritual, querida. Ritual que culmina em amor. Nada fizemos de errado... Anna corou ainda mais, cheia de vergonha. — Se você não for embora eu vou gritar - protestou, sem conseguir conter as lágrimas que já rolavam pelo rosto. — Está bem. Mas ainda não pusemos um fim na história. — Pusemos. Vá embora! Sem mais uma palavra, ele se foi. Anna fechou a porta do pequeno escritório e deixou que as lágrimas caíssem livremente. Sabia que Evan a deixaria em paz depois daquilo. Nunca mais a trataria como se fosse um objeto de prazer. O pior de tudo era que ela adorara ser acariciada com tanta volúpia; desejara que ele tivesse ido mais longe. Como encarar-se no espelho outra vez?
CAPÍTULO VI
Polly percebeu que Anna estava triste durante o jantar. Não queria perguntar o motivo, mas ficava preocupada porque a filha não parava de perder peso e se mostrava abatida. — Posso ajudar, minha filha? — Não, mamãe, obrigada. — Algo errado? Randall fez algo que te desagradou? — Não foi Randall. — Evan? Anna não respondeu. — Eu deveria ter desconfiado! Ele procurou você, não é? E aborreceu-a porque se encontrou com Randall em companhia de uma mulher. — Como você sabe disso? — Ele veio falar comigo também. Está se empenhando nesse assunto, pelo que vejo. Para quem não está interessado em você, Evan é muito possessivo... Polly olhou para a filha e notou-lhe o rosto rubro. — Ele fez mais do que conversar, não fez? Depois de um gole de café, Anna
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER criou coragem. — Agiu como se eu fosse uma qualquer com quem desejasse passar a noite. Polly ergueu a sobrancelha, curiosa. — Beijou você? — Sim, e então ele me... me... - calou-se, incapaz de traduzir em palavras o que houvera. — Querida, não se iniba. - Polly tocou a mão gelada da filha. — Acho que deveríamos ter falado nisso há mais tempo, Anna. Nada pode ser vergonhoso ou tabu no relacionamento entre homem e mulher, desde que ambos o desejem, é claro. — Mas, mamãe... — Se um homem tocar seu corpo ou beijá-la de um jeito especial, fora do que está acostumada a ver, isso não quer dizer que ele não a respeita. — Bem, você nunca me disse isso... —_ Eu sei, mas acho que foi porque nunca precisou me ouvir. Polly estudou o rosto atormentado da jovem. — Você gostou do que ele fez, meu bem? Confusa, Anna fechou os olhos por um instante. — Muito. — Suspirou. — Mas eu não deveria ter deixado que ele me acariciasse daquela maneira! Estou noiva! — Noiva de um homem que não a deseja - Polly completou. — Eu preferiria que você tivesse um caso de amor com Evan ao invés de casar-se com um homem que não ama. — Mamãe! — Eu preferiria - insistiu. — Evan a deseja, afinal. Ele não sairia com outra mulher se estivesse comprometido com você. — Ele é diferente de Randall. — Tem razão. Evan é mais ardente do que Randall; é o homem com quem a maioria das mulheres sonha. - Polly se calou por alguns segundos e fitou os olhos assustados da filha. — Ele é um homem robusto, Anna: um dos maiores e mais fortes rapazes que conheci em toda minha vida. — Eu sei... — Já ouvi comentários de que ele machucou alguém numa noite de amor. — Deliberadamente? - Anna arregalou ainda mais os olhos. — É claro que não! — Como isso aconteceu? — Anna indagou, confusa. — Não sei com certeza, mas parece-me que a garota com quem saiu era pequena e frágil, além de ser jovem demais. — Ela era virgem? — Talvez. Não sei. Acho que a atitude de Evan para com você tem relação com o episódio que acabei de lhe contar.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER — Não sou frágil e nem pequena para o tamanho dele - lembrou Anna. — Mas é inocente. Virgindade costuma assustar alguns homens, por mais experientes que sejam. Lembre-se de que Evan teve uma experiência desagradável nesse sentido. Evan não me pareceu assustado esta manhã - comentou Anna com alguma mágoa. — Beijos e carícias são apenas o começo, querida. Sexo é mais do que isso... — Eu não seria capaz de ter um caso com Evan, mamãe. — Não pensei que fosse - Polly respondeu calmamente. — Mas se ele está interessado em você não é melhor reconsiderar a decisão de se casar com Randall? Evan é muito mais homem do que aquele rapaz, minha filha! — Pode ser mas me odeia. + Anna afirmou com voz seca. — Evan a deseja, é diferente. E o desejo pode ser violento, quando fica contido por muito tempo. — Não é desejo, mamãe. E ódio. — A forma com que ele a olha não deixa dúvidas, Anna, Evan a deseja e já não consegue esconder isso. — Ele não é casado, que eu saiba. Então por que não assume que me quer? Anna indagou, desolada. — Para me possuir Evan deverá se casar comigo. Se pensa em outro tipo de relação, não poderá ser comigo... — Prefere se casar com alguém que não ama? Anna não respondeu de imediato. Suspirou profundamente e depositou a xícara de café sobre a mesa. — Randall e eu viajaremos para Houston amanhã - mudou de assunto. — Os pais dele estarão dando uma festa e aproveitaremos para contar-lhes do noivado. — Você é quem sabe de sua vida, Anna. Tenho aconselhado bastante, mas a decisão final será sua. Pense muito antes de assumir esse compromisso perante a família dele. — Adoro você mamãe! - Anna abraçou a mãe. — Já lhe disse isso antes? — Inúmeras vezes, mas eu não me canso de ouvir... — Bem, acho que vou me deitar mais cedo esta noite. Não tenho dormido bem ultimamente. — Faça isso, minha filha. Tenha bons sonhos. — Você também, mamãe. Mas Anna não conseguiu dormir. Ficou acordada, os olhos fixos no teto e no corpo a sensação dos beijos mais ousados de Evan. Tocou os pontos que ele tocara com as mãos, com os lábios, com a língua, e sentiu de novo o calor daquele homem. Relaxou os músculos e fechou os olhos por alguns instantes. Pôde ouvir a voz dele, rouca, sedutora, maliciosa, dizendo que ela lhe pertencia e o quanto estava excitado...
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER Relembrou a loucura que lhe tomara conta dos sentidos e admitiu que em momento algum, se sentira tão mulher e tão feminina. Todo o corpo, cada músculo, cada pêlo vibrara de desejo com as carícias dele mas tudo fora novo e confuso. Jamais fora tocada com tanta intimidade por outro homem e aquilo a assustava como tudo o que desconhecia. Evan fora embora, como ela pedira. Não telefonara nem voltara para desculpar-se e Anna preferia que fosse daquele modo. Qualquer que fosse o futuro dela com Randall, seria melhor do que em companhia de Evan. Com Randall ela pisava em terreno conhecido, ao passo que, com Evan, estaria à mercê do amor e do desejo que tiravam-lhe a razão. Evan também não conseguiu dormir naquela noite. Rolou de um lado ao outro da cama, sentindo a suavidade do corpo dela arrepiado com o calor dos beijos dele. Estava arrependido por tê-la atacado daquela forma, sem antes ter conversado e preparado o jovem coração para beijos tão ardentes e possessivos. Não sabia que Anna era inocente a ponto de se sentir ofendida com o assédio dele. Se soubesse, a teria preparado para beijos e carícias tão intensas que ela jamais acreditaria que fosse capaz de aceitar como naturais entre um homem e uma mulher. Mas escolhera o momento errado para procurá-la, escolhera o pior lugar. Da próxima vez escolheria melhor a hora e o local. Não tinha tempo a perder. Anna se casaria com Randall e então tudo estaria perdido. Como fugir das reminiscências do passado que o atormentava para poder abordá-la definitivamente? Errara, procurando-a na galeria. Vira medo nos olhos doces de Anna, como vira nos olhos assustados de Louisa. E se ele também a machucasse? E se ela fugisse, na hora do amor? Como ele suportaria perdê-la? Fechou os olhos cheios de indagações. Anna sofrerá demais por culpa dele e precisava voltar atrás. Se pudesse... Os pais de Randall moravam num bairro de classe média, em Houston. Uma casa modesta, mas confortável e bem-cuidada. Eram pessoas extremamente agradáveis. O pai dele era professor e a mãe, nutricionista. Anna foi tratada como se estivesse entre amigos e, no meio da reunião, Randall precisou sair para comprar mais bebida. Ela quis acompanhá-lo, apesar dos protestos dos pais dele. O depósito que atendia a noite inteira ficava no subúrbio da cidade, num bairro considerado perigoso. Como não havia estacionamento, Randall teve que deixá-la esperando no carro. Trancou as portas do veículo, relutante. Anna usava roupas e jóias caras, inclusive um colar de diamantes que Polly lhe dera ao completar dezoito anos. Chamaria a atenção das pessoas, Randall não tinha dúvidas, mas preferiu deixá-la no carro do que fazê-la caminhar quase meia quadra até o depósito, num beco escuro e mal frequentado.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER Depois das últimas recomendações para que ficasse no carro, Randall a deixou sozinha. Anna teria obedecido se não tivesse ouvido o miado de um gatinho na calçada. Olhou dos lados e, na rua bem iluminada, não havia ninguém. Tomou coragem e desceu do carro, em busca do bichano. Assustado, o animal se escondeu atrás de um dos veículos ali estacionados e Anna começou a chamá-lo. A voz doce ecoando na noite chamou a atenção de alguém, do outro lado da rua. O homem viu como ela estava bem vestida e os olhos treinados reconheceram o brilho das jóias que usava. O gatuno agarrou-a antes que ela pudesse perceber o que acontecia. Anna lutou como uma tigresa, mais pela surpresa do que pela valentia, o que foi pior do que se ela tivesse entregue o colar, os brincos e o anel de esmeralda. Agredido, o homem a esbofeteou com vontade, mas não conseguiu evitar que ela gritasse. Ela ficou aterrorizada com a visão do rosto dele, sob a luz do poste. Era um homem enorme, cheirando a bebida e a fumo e só deixou de atacá-la quando ouviu os passos de Randall, que se aproximava do carro, carregando a sacola de garrafas. Randall olhou para dentro do carro e ficou em pânico. Não ouvira nada, mas suspeitou que algo tivesse acontecido à noiva. Jogou as bebidas no assoalho do carro e correu pela rua, atordoado, gritando o nome de Anna. Uma sombra se moveu e ele correu na direção dela, hesitante, em tempo de ver um homem sumir na escuridão da noite. Havia um corpo no chão e Randall teve medo do que poderia ter acontecido. Correu até Anna e examinou-lhe os pulsos. Constatou, aliviado, que ela apenas desmaiara. O homem a agredira sem pena e Randall sentiu um calafrio ao imaginar o que poderia ter acontecido se ele não tivesse chegado naquele momento. — Anna, está me ouvindo? Ela não respondeu. Estava inconsciente e sangrava por um ferimento na cabeça. Com cuidado, Randall ergueu-a nos braços e colocou-a no banco traseiro do carro. Então dirigiu ate o hospital mais próximo. Harden estava sozinho em casa quando o telefone tocou. Atendeu prontamente, imaginando que fosse uma das costumeiras chamadas de negócios, mas era Polly Davis do outro lado da linha e parecia estar em pânico. — Calma, Polly. Fale devagar. O que houve? — Anna! Oh, meu Deus! Eu preciso ir para Houston. Eu não consigo nem pensar, Harden! Como vou dirigir até lá? - Polly soluçava. — Evan está em casa?
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER — Não, foi para Dallas hoje de manhã. Uma reunião de negócios. — Harden não comentou que Evan viajara contrariado porque tinha assuntos pessoais por resolver em Jacobsville. — O que aconteceu com Anna? — Ela foi assaltada. Está no hospital e, pelo que me disseram, bastante ferida. — Vou apanhar Miranda e, em alguns minutos, estaremos aí. Você está em sua casa? — Sim, Harden. Obrigada! — Não me agradeça. Devemos muito a você, Polly. Harden desligou o telefone e saiu à procura da esposa. Minutos depois apanhavam Polly e dirigiam rumo a Houston. — Ela ficará boa, Polly - Miranda procurava acalmá-la. — É uma garota saudável. — Tomara, Miranda, tomara! Anna estava na unidade de terapia intensiva quando chegaram ao hospital. Rodeada por aparelhos, trazia o rosto pálido e os olhos fechados. A pele da face e dos braços mostrava a violência a que fora submetida. Um dos olhos exibia imenso hematoma de cor escura. Randall deixou a unidade e chamou os visitantes para o hall. — Ela passou por maus momentos - Randall comentou pesaroso. — O ferimento da cabeça é preocupante, mas os hematomas sumirão com o tempo. — Minha filha foi estuprada? - Polly indagou entre lágrimas. — Graças a Deus, não. Cheguei a tempo de evitar isso, mas posso afirmar que foi por pouco... - Randall passou as mãos pelos cabelos penteados. — Meu Deus! Como eu me arrependo! A culpa foi minha. Saímos para comprar mais bebida e pedi a ela que ficasse trancada no carro. Não sei por que Anna saiu do automóvel e se expôs tanto! — Porque levou minha filha com você? - Polly indagou, indignada. — Ela insistiu. "Se a história tivesse sido com Evan, ela teria ficado em casa", Polly pensou, revoltada. Mas nada disse ao rapaz. Randall estava tão assustado quanto ela e de nada adiantaria magoá-lo. Amanhecia quando Harden e Miranda voltaram para casa. Polly quis ficar no hospital e o casal prometeu voltar com algumas coisas que ela precisaria, antes do anoitecer. Harden deu as ordens na fazenda depois de um sono de algumas horas, foi à casa de Polly, apanhou o que ela pedira e dirigiu de volta a Houston. Passava de meia-noite quando ele retornou à fazenda. Estava cansado e abatido. Evan chegou quase junto com ele e não havia falado com ninguém ainda. — Sinto muito pelo que houve com Anna - Harden disse ao irmão, imaginando
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER que ele soubesse de tudo. — Ela quis assim - Evan retrucou, pensando que Harden falava do futuro casamento com o médico. Harden não pôde acreditar na falta de sensibilidade de Evan, mas não conseguiu protestar porque o irmão saiu da sala sem mais uma palavra. Theodora ainda estava acordada. Preparou um chá e os três se reuniram à mesa. Evan falou do encontro em Dallas e da viagem bem sucedida. Minutos depois Miranda desceu as escadas, o robe cobria a camisola que deixava a barriga em evidência. — Não consegui esperar por você, meu bem - desculpou-se. — Ouvi conversa e não resisti ao aroma do chá de dona Theodora. — Como está, querida? - Harden beijou-lhe a face e puxou a cadeira. — Muito bem. E ela, como está? — Nenhum fato novo - admitiu, pesaroso. — Prometi a Polly que voltarei amanhã para que ela não se sinta muito só. Está tentando falar com Duke, mas ele está fora do país. — Não têm idéia de quando ele retorna? — Esperam que volte amanhã, mas ninguém tem certeza. — Sabem quem fez aquilo com ela? - Theodora indagou ao trazer uma xícara para Miranda. — Ainda não - esclareceu Harden. — E nem descobrirão quem foi, a não ser que ele tente vender as jóias. — O que o bandido faria com um anel de esmeraldas a não ser vendê-lo? E com o colar, que é de grande valor? — Tem razão - Harden concordou. — O difícil é localizar os pontos de venda porque costuma haver gente importante envolvida nisso. — Do que vocês estão falando, afinal? - Evan indagou, entrando na conversa. — Anna tem um solitário de esmeralda. — Ela teve - Harden corrigiu. — Foi roubado. — Como? Todos olharam com indignação para Evan, que nada entendeu. Ele esperou que alguém dissesse algo. — Ninguém contou para Evan o que aconteceu? — Não houve tempo - Theodora esclareceu. — E eu não sabia como... — Não me contaram o quê? - Evan engrossou a voz. — Anna está hospitalizada em Houston - Harden começou em voz baixa e pausada. — Foi atacada durante um assalto e sofreu ferimentos sérios na cabeça. — O quê? - Evan não queria entender. — O estado dela não é muito grave. Mas está desacordada no hospital de
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER Houston. Harden detestou dizer aquilo. Principalmente por não estar a sós com Evan. Sabia o que se passava com o irmão, o que ele sentia por Anna e o que aquela notícia representava. Evan empalidecera.. — Vamos - disse a Harden. Harden sabia que não tinha como fugir do irmão. Beijou a esposa com carinho. — Não se preocupe. Voltarei assim que puder. — Dirija com cuidado. — Dê-me um cigarro - pediu Evan quando já estavam na estrada, rumo a Houston. — Você não fuma! — Vou começar agora. Harden ofereceu-lhe o maço de cigarros e o isqueiro. — Não gosto disso - reclamou. — Parece que estou lhe corrompendo. Não me peça bebida, por favor! — Já bebi - afirmou. — Conte-me como tudo aconteceu. — Melhor não. — Por quê? — Porque, se você bebeu, pode tornar-se perigoso. Álcool faz efeito instantâneo em pessoas que não costumam beber. — Foi culpa do doutor, não foi? Ele a deixou sozinha? — Em primeira análise, sim. Mas ele pediu que não saísse do carro. Ela saiu não se sabe o motivo, e foi atacada por causa das jóias. — Meu Deus! — Aparentemente, ela tentou lutar. E, a julgar pelos ferimentos, o ladrão era forte e desumano. Evan cerrou os dentes, furioso. Randall que o aguardasse e que Harden não tentasse impedi-lo. — Quais são as chances de Anna sobreviver? - indagou, finalmente, depois de apagar o cigarro pela metade. — Tudo depende da resposta do organismo dela, Evan. Os médicos dizem que há uma boa chance de ela superar tudo isso sem sequelas, mas o melhor é esperar e confiar em Deus. — Você acha que ela está lutando para viver? - Evan indagou com voz embargada pela emoção. — Eu a machuquei demais, Harden. Você entende? — Tudo o que você fez foi afastar Anna de sua vida - lembrou Harden. — Não pode sentir-se culpado se não a amava. — Mas eu não a queria longe de mim - suspirou Evan. — Eu tinha medo de
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER fazer com ela o mesmo que fiz com Louisa. — Falamos disso outras vezes, Evan. Anna não é Louisa. Deveria ter-lhe dado uma chance... — Sim, eu sei. E estava tentando me aproximar dela, pensei que ainda seria possível tirá-la dos braços de Randall, se eu agisse logo. — Até que enfim me diz algo animador, me irmão! Teve um lampejo de lucidez? — Não. Fiquei desesperado. - Evan mordeu o lábio, procurando na memória a lembrança de Anna. — Eu a beijei, na galeria, dois dias atrás. Depois disso não consegui sequer dormir tranquilo. Não posso mais viver sem ela, Harden, não posso... — Posso imaginar como você se sente, meu irmão. Estou torcendo para que tudo dê certo para vocês. — Espero que ela sobreviva - Evan comentou com voz sofrida. — Isso é tudo o que desejo neste momento. Depois eu vou me entender com o homem que a colocou naquela cama de hospital. Harden não disse uma palavra sequer. Compreendeu que, naquele instante, o silencio seria o melhor consolo. Uma hora mais tarde Evan entrava na unidade de terapia intensiva. Vestido com roupas e calçados esterilizados, pousou os olhos no rosto pálido de Anna e duas lágrimas umedeceram-lhe a face. Não deveria tê-la feito sofrer; por causa da intransigência dele Anna se jogara nos braços de Randall e chegara àquela situação desesperadora. Morreria se ela não retornasse à vida. Evan chegou mais perto do leito e sentou-se na cadeira branca e fria. Segurou as mãos dela entre as dele como se quisesse doar-lhe energia e calor. — Anna... — sussurrou. Ela não respondeu, mas Evan juraria que os olhos inertes se mexeram levemente. — Anna, sou eu, Evan. Pode me ouvir, querida? Mais uma vez os músculos da face pálida se moveram e os dedos frios se esticaram dentro das mãos quentes de Evan. — Sim. você está me ouvindo, pequena - afirmou com suavidade. — Lembra-se do que fizemos na galeria, Anna? - Chegou tão perto que tocou-lhe orelha com os lábios. — Nossos beijos, querida, como foram nossos beijos? Um leve suspiro seguiu o rápido piscar de olhos. Os lábios macios de Evan capturaram o lóbulo da orelha de Anna e gentilmente, os dentes mordiscaram-lhe a pele. — Não me esqueço dos seus seios arfantes sob minha boca, pequena. Quero tudo outra vez...
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER Ela suspirou outra vez. Levou a cabeça de um lado ao outro e pressionou as mãos dele. Os olhos de Evan brilharam com aquela reação. Ela estava acordando, afinal. — Isso, meu bem, volte. Volte para mim... Mais um segundo e os olhos dela se abriram de vez, pousando nos dele. Quis dizer algo, mas o sussurro morreu nos lábios dela e os olhos voltaram a se fechar. Evan pressionou o botão ao lado da cama e a enfermeira atendeu de imediato. — Ela está consciente - afirmou, agitado. Mal pronunciou as palavras e a equipe médica acercava-se da paciente. — Tudo bem, Polly. Anna retornou à vida. — Mas, como? - Polly indagou ao abraçá-lo. — O que disse a ela? — Apenas falei com ela. — Graças a Deus! — Onde está Randall? - Evan olhou ao redor. — Foi para a casa dos pais. Estava cansado e precisava dormir um pouco. — Dormir e deixar Anna no estado em que ela se encontrava? Harden se aproximou e puxou Evan, pelo braço até o corredor claro do hospital. Um dos médicos começava a falar com Polly. — Você está sendo inconveniente - censurou Harden. — Não pude evitar, meu irmão! Como ele pôde deixá-la sozinha aqui? — Não é o momento para esse tipo de comentário, Evan. — Ela acordou, Harden! - Evan comentou com alegria estampada no rosto. — Isso é o que importa! — Assim é que se fala! — Mas, se Anna ainda não me odiava, passou a faze-lo agora. — Por quê? - Harden indagou sem compreender o irmão. — Ela me olhou de um jeito estranho; havia ódio naqueles olhos... — Anna está desorientada e sob o efeito de medicamentos. Dê ela o tempo de que precisa para se recuperar. Tempo - repetiu, sombrio. — Tem razão. — O que disse a ela? Evan fingiu não compreender a indagação. Afastou-se rapidamente e se aproximou de Polly para ouvir o que o médico dizia. — Anna ficará bem - repetiu o médico. — Mas ainda precisa vencer o trauma emocional que quase sempre sucede episódios como o que ela viveu. Foi espancada de modo desumano por alguém sem escrúpulos. Segundo a testemunha, o próprio dr. Randall, era um homem muito grande e forte. O médico olhou para Evan como se reconhecesse nele o porte físico do ladrão.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER — Talvez ela tenha visto em você o homem que a espancou. Daí ter acordado com sua presença. Evan ouviu as suposições do médico, mas não saiu da sala. Se Randall não assumia a responsabilidade de tomar conta de Anna, ele o faria. Não sairia do hospital, estava decidido. O médico apenas sorriu. Polly agradeceu a companhia e a dedicação de Evan nos dias que se seguiram. Randall retornou a Jacobsville porque o trabalho esperava por ele. A felicidade de Anna estava nas mãos de Evan e Randall decidiu que a deixaria livre para correr ao encontro dele. Evan não sabia da silenciosa decisão de Randall. Detestava aquele rapaz. E passou a gostar menos dele quando Anna se recusou a ver outra pessoa que não fosse o noivo. Não pôde aceitar aquilo. Esperou que Polly fosse à cantina do hospital para um café e, sem ser percebido, entrou no quarto de Anna. Ela estremeceu com a aproximação e arregalou os olhos cheios de pavor. Ele sabia que, na cabeça dela, quem se aproximava era o marginal que a espancara. — Não tenha medo de mim - sussurrou, fixando os olhos nos dela. — Não vou machucar você, querida. Nunca. Ela pareceu relaxar um pouco, mas os músculos do corpo permaneciam tensos. — Onde está Randall? — indagou com voz pausada pelo efeito dos medicamentos. — Esqueça Randall - pediu com doçura. — Esqueça porque não vai mais se casar com ele.
CAPÍTULO VII
O quê? — Anna estranhou, convencida de que não ouvira direito. — Eu disse que você não vai se casar com Randall - repetiu com voz pausada e olhou para o almoço que ela não havia tocado. — Não vai comer? Prefere que lhe dêem soro? — Não estou com fome. — Está perdendo peso. — Eu estava gorda, mesmo! — Hum... - gracejou ele, fixando os olhos nos seios que a roupa do hospital deixava expostos. — Nem tanto! Anna sentiu o rosto corar e a respiração acelerar. Evan ergueu a sobrancelha.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER — Chocada? Você se lembra como eu te trouxe de volta à vida, pequena? Como consegui te acordar? Um estranho nervosismo tomou conta de Anna. Sentiu-se encurralada e envergonhada. Desviou o olhar. Mas ele não se intimidou e tocou-lhe o queixo com gentileza. Forçou o encontro dos olhos negros com o azul dos olhos dela, em absoluto silêncio. Pela mente dele passaram as doces cenas da galeria, cenas que ele narrara quando ela estivera desacordada. — Anna, o que fizemos na galeria é normal entre um homem e uma mulher. Não precisa se envergonhar daquilo. — Eu... Agora eu sei - ela respondeu, hesitante. — Fiquei assustada. — Sim, e eu sei o motivo - sussurrou, os olhos fixos nos lábios suaves. — O desejo nos assusta quando rouba nossa razão. — Evan roçou com a boca os lábios dela. — Eu te desejo como nunca imaginei que seria capaz. Agora, mais do que nunca. Um leve tremor tomou conta do frágil corpo de Anna quando os lábios a tocaram daquele jeito. A mão dela alcançou o braço forte de Evan com os dedos apertaram os músculos retesados. — Oh, Evan, por favor... - murmurou ao contato quente dos lábios dele. — Sou uma mulher comprometida... A boca úmida e sedenta de Evan pressionou a dela, acabando com qualquer sentimento de culpa. Mas havia fúria naquele beijo. A língua dele forçava a dela, mantendo-lhe os lábios entreabertos. Ofegante, Anna gemeu com aquela invasão, trazendo-o de volta à sanidade. Ela estava doente e machucada. Não tinha direito de forçá-la. Evan ergueu a cabeça devagar. Abriu os olhos e encontrou os dela. — Sinto muito, mas eu precisava disso. - Beijou-a com ternura na testa. — Agora, pare de tremer, querida. Se continuar tremendo assim vão pensar que estou a torturando! — E não está? - argumentou com voz débil. Uma sombra de tristeza passou pela face de Evan. Exibiu ar de preocupação. — Pareceu que estava torturando você? Pois eu quero muito mais do que aquilo, Anna. - Os olhos dele outra vez pousaram nos seios ofegantes, levemente cobertos pelo fino tecido da camisola. Eram visíveis as saliências dos mamilos retesados. — Não vê que seu busto deseja meus carinhos? Anna desviou o olhar sem saber o que dizer. Apesar de fraca, aquilo tudo a excitava. — Meu Deus, o que estou dizendo? - arrependeu-se ele. — Perdoe-me, Anna. Acho que vou enlouquecer!
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER Os olhos dela retornaram para Evan e ele se levantou. Anna não pôde evitar. Deparou com a palpável excitação dele sob o jeans rústico da calça. Era evidente que estava louco de paixão, de desejo. — Sim, eu te desejo, pequena - assumiu ao perceber que o olhos dela haviam percebido o quanto estava excitado. — Não posso esconder isso, posso? Sem encontrar palavras, Anna mordeu o lábio inferior. Não conseguiu, porém, tirar os olhos da saliência que Evan não pôde controlar. — Não se preocupe com isso - declarou com bom humor. — Voltará ao normal com o passar do tempo... Momentos depois estava lidando com os pratos, preparando almoço dela. — Não fica embaraçado? - Anna indagou com ar inocente. — Não, agora. - Ele sorriu e olhou para ela. — Afinal, é uma mudança bemvinda. — Como assim? Não entendi. — Não entendeu? - Evan pôs a bandeja no colo dela. — Isso não tem acontecido com outra mulher, ultimamente. Em outras palavras, não consigo ter ereção com outra pessoa, apenas com você. Confusa, Anna o interrogava com o olhar. — Acredite. Eu tentei. Fui para Denver, a negócios, depois do dia em que a beijei na galeria. Queria esquecer você e levei uma garota para meu quarto, no hotel. Não consegui fazer amor com ela, apesar de ser bonita, atraente c sexy. — Você... você... — Não há como traduzir em palavras o que passei - ele a interrompeu. — E irônico, eu sei. E basta olhar para você para que eu fique assim, do jeito que está me vendo agora. Intenso brilho tomou conta dos olhos de Anna enquanto ele cortava o pedaço de frango em pequenos cubos. Detestava imaginá-lo na cama com outra mulher. — Abra a boca - ele ordenou, aproximando o garfo com que espetara a carne. — Você não precisa fazer isso - protestou, mas abriu a boca para que lhe desse comida. — Preciso, sim. Tenho judiado demais de você e ninguém me afastará daqui. Quero me redimir. Pena. Anna pensou que ele fazia aquilo porque estava com dó dela. — E Randall? — Não me importo com o doutor - ironizou. — Ele jamais deveria ter deixado você sozinha naquele lugar. E você não podia ter saído de dentro do carro. — Saí por causa de um gato - justificou. — O pobrezinho estava miando, perdido na noite.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER As batidas do coração de Evan se aceleraram. Ele a amou naquele momento. Ele descobriu que a amava com todas as forças do ser. Desejou poder abraçá-la e amá-la ali mesmo, pelo resto do dia... Anna olhou para ele e estranhou-lhe a expressão do rosto. Ficou pálida de repente. — O que há? - ela conseguiu indagar. — Seu olhar. Você me olhava de um jeito estranho. — É que mal consigo controlar meus impulsos. Anna. Meu desejo parece ser violento, mas não tenha medo querida. Quero apenas lhe dar prazer e sentir prazer por isso. — Não estou com medo. — Não está? Que bom! O médico disse que você poderia ficar com trauma depois do que ocorreu. — Como? — Parece que o ladrão tinha o meu tamanho. — Realmente. Mas ele era um estranho, um selvagem que desejava minhas jóias. — Cretino! - Evan cerrou os pulsos, mas suavizou a expressão em seguida. Continuou dando de comer à mulher que, naquele momento, tratava como se fosse uma criança desamparada. — Meus olhos doem - reclamou ela, quando Evan já lhe dava a última porção da comida. — Não duvido. Levou um soco, se esqueceu? Ela tentou sorrir. — Parece que fui atropelada por um caminhão. — Mas sei que não entregou os pontos ao vagabundo. Deve tê-lo arranhado bastante... — Tanto quanto pude. Mas ele poderia ter levado as jóias sem me atacar, não acha? Evan cerrou os dentes, cheio de revolta, mas sabia que aquele momento não era propício para uma cena de raiva. — Anna, mudando de assunto, sua mãe falou com seu pai esta manhã. Ele recebeu o recado que ela deixou e ligou ao amanhecer, — Papai? - Os olhos dela brilharam. — Não nos vemos há anos. — Sei disso. Polly também está ansiosa. — Gostaria que eles se entendessem. Nenhum dos dois encontrou outra pessoa, mas não conseguem viver juntos. — Um dia seu pai se cansará de sobrevoar o mundo - comentou Evan. — Então, nesse dia, voltará para o amor de Polly. — Você anda diferente, Evan - Anna comentou sem tirar os olhos dele. — Diferente? — É, mudou seu jeito de ser.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER — E como eu era? — Alegre - recordou. — Era brincalhão e avesso a compromissos. Hoje você c um homem diferente. Nina é a responsável pela mudança? — O que quer dizer com isso, pequena? Está mesmo preocupada com minha mudança? Ou é sobre Nina que quer falar? Anna suspirou fundo: — Não. Olhou para as mãos machucadas. A experiência tinha sido horrível e pesadelos povoavam-lhe o sono, mas, quando Evan estava presente, nada daquilo a incomodava. — E então? - Ele começou a ficar impaciente. — Não sei se conseguirei falar. Ele se aproximou da cama e sentou-se na cadeira de acompanhante. — Pode perguntar o que quiser Anna. — Evan, a respeito da garota que disse ter sido machucada por você... Evan sentiu um frio na espinha e empalideceu. O rosto não conseguiu esconder o tormento. — Sinto muito, Evan! Esqueça minha pergunta, por favor! — Foi há muito tempo. — E você não quer falar nisso. Eu deveria ter ficado calada. — O que quer saber a esse respeito? Como tudo aconteceu? Anna ficou rubra por um instante. Teve medo do que poderia ouvir. — Quer saber como eu consegui machucar a garota, não é? - Ele se calou por um momento e prosseguiu. — É isso o que pensa de mim, pequena? Que tenho fantasias sexuais perigosas? — Não! — O que pensa, então? - insistiu, magoado por ela desconfiar dele. Mas no fundo Evan sabia que tinha dado motivos para que Anna pensasse daquele modo. Mais de uma vez fora agressivo com ela quando estavam a sós e trocavam cadeias. — Sei que você não é sádico. — Tem certeza? - Ele se aproximou tanto que ela sentiu o ar quente da respiração dele. — Eu mordi você, não se lembra? Não ficaram marcas nos seios? Estranha sensação tomou conta do corpo dela ao som daquelas palavras. Os mamilos se retesaram outra vez e o coração bateu acelerado. — Mas eu não senti dor... - ela murmurou, confusa. — Nem sempre há dor. Você nunca foi amada, não é? Randall jamais a fez sentir-se mulher? — Não passamos de beijos e abraços - confessou. — Algumas carícias mais profundas eram quase que desagradáveis. — E comigo? Os lábios dela se entreabriram ao pousar os olhos na boca sensual de Evan. E então se lembrou de
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER como foi bom ser beijada por ele com fúria, com desejo, com urgência... — Nada poderia ser desagradável com você. As mãos dele pressionaram-lhe o ventre com ternura e os lábios procuraram os dela. — Louisa era uma jovem franzina - ele começou a falar, o hálito quente roçando-lhe a pele da face. — E era tão inexperiente quanto você. Estávamos praticamente noivos e eu a adorava. Fomos para meu apartamento e eu a despi. Quanto tirei minhas roupas e cheguei perto dela, Louisa empalideceu. Anna olhou para ele, perplexa. — Ela era jovem demais. Nada deveria saber sobre sexo, além do que lera em romances de amor - Evan prosseguiu. — Eu era louco por ela e não percebi o quanto estava amedrontada. Pensei que poderia apertá-la em meus braços e explodir de desejo. Pensei que ela me pertencia. Perdi o controle, entende? E ela não conseguiu fugir de mim. Só se livrou dos meus braços quando começou a gritar e se agitar sob o peso do meu corpo. Percebi o que estava acontecendo ao vê-la cair da cama e machucar algumas costelas. - Evan se levantou. Trazia o rosto pálido. — Ela me disse muita coisa... E, desde então, virgens não são páreo para mim. — Se vocês tivessem se casado a experiência teria sido mais dolorosa ainda - Anna comentou, compreendendo o motivo de Evan tê-la evitado durante tanto tempo. — É verdade. Louisa nunca tinha visto um homem nu antes. E deparou comigo, excitado como eu estava... - Ele desviou o olhar porque notou o embaraço de Anna. — Você nunca esteve com um homem, não é, Anna? — Não - ela confessou sem encará-lo. — Louisa deixou a cidade logo depois. A última notícia que tive foi de que ela se casou e teve dois filhos. - Um leve ar de riso iluminou o rosto dele. — Talvez o marido dela tenha tido o bom senso de servir-lhe um drinque e apagar as luzes... — Você não tinha apagado as luzes? - Anna indagou, surpresa. Evan não conteve o riso. Ela estava horrorizada. — Anna, você acredita realmente que as pessoas só se amam à noite, no escuro? — E não é assim? — Anna tentou imaginar como seria constrangedor tirar a roupa, ao lado de um homem, em plena luz do dia. — Você tem muito o que aprender, pequena. — Evan! — Está bem, está bem. Ainda vou ensinar-lhe como é bom amar à luz do dia, na escadaria, no corredor, no jardim... — Não deveria falar assim comigo!
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER — Por quê? Por causa do seu noivo? — Porque... não é decente. — Querida, sua mãe nunca lhe disse o que é o amor? Acho que Polly a reprimiu demais. — Não faça piada, Evan! Sei que é mais complicado do que dividir a cama. — Eu não afirmei que é simples! — Disse que sou reprimida. — Reprimida? Talvez. Mas é tão ardente quanto uma brasa. Depois de algumas lições estará no ponto. — Randall me ensinará o que preciso saber. — Nem pense nisso. Seu compromisso com ele acabou. De hoje em diante seu professor sou eu. — Você não me quer! — Como pode dizer isso depois de presenciar o que acontece comigo quando estou a seu lado? — Não pode construir uma relação baseada na atração física! - protestou, furiosa. — Concordo com você. Construiremos nossa relação com amor. Muito amor. — Eu amo Randall. Ele sorriu. — Não, não ama. E a mim que você ama. — Você não me quer - repetiu angustiada e recostou-se contra o travesseiro. — Quero dormir, Evan. — Descanse que é o melhor remédio para você. Vou procurar Polly. Ajeitou o travesseiro e arrumou o lençol sobre o corpo delicado. Roçou o colo dela com as pontas dos dedos e segurou-lhe a mão. — Quando você sair daqui passaremos mais tempo juntos. — Você não precisa prometer isso. — Sei disso. Não estou prometendo; estou dizendo que quero passar mais tempo em sua companhia. - Abaixou-se e beijou-lhe os cabelos. — Minha pobre criança! Ele a machucou muito, não é? Anna estremeceu com aquele beijo. — Nina não vai gostar da idéia. Nem Randall. — Eles não importam. Durma. Estarei aqui quando acordar. — Mas você nunca me desejou por perto, Evan! Quantas vezes carregou Nina como se fosse uma arma contra mim? O rosto dele se tornou rígido c expressivo: — As pessoas cometem erros, Anna. Eu também errei. — Nina é linda - insistiu. — Durma. E ela dormiu com a sensação de que ele estava angustiado com alguma coisa. Quando acordou, um homem alto ocupava a cadeira. Um homem de cabelos louros,
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER que começavam a pratear, e de olhos tão claros quanto os dela. — Papai! - exclamou e esticou os braços. — Querida! Quanto medo eu tive de que você não me tratasse assim! — Esqueça papai. Eu te amo! — Perdoe-me por não ter chegado antes. Estava fora do país e só fui avisado ontem à noite. Como você está? Disseram-me que o bandido foi cruel. — Agora estou bem, apenas um pouco fraca. — Estou vendo, mas isso passa logo. E o homem que te assaltou, o que foi feito dele? — A polícia não tem pistas do paradeiro dele, mas certamente vão pegá-lo quando tentar vender as jóias que roubo. — Só se for muito estúpido - Duke afirmou em tom grave. — A organização desse tipo de marginal é surpreendente, minha filha! Têm os receptadores certos para os objetos de valor que roubam. — Não me importo com o destino dele; estou bem, não estou? — Seu noivo foi inconsequente; como pôde deixar você sozinha num beco? o pai indagou segurando-lhe a mão. — E Evan Tremayne? Pensei que estivesse apaixonada por ele! — E está - Evan respondeu por ela, ao entrar no quarto. Trazia duas xícaras de café. — Como vai, Duke? Duke Davis caminhou na direção de Evan e apanhou uma das xícaras. — Bem, e você? — Cansado. - Sorriu para Anna, que aparentava melhora. — Todos estamos. Os últimos dias têm sido difíceis. — Imagino. Sinto muito por não ter dividido as preocupações com vocês. — Não se preocupe. Não teria mudado o rumo dos acontecimentos. — Sim, teria - Duke afirmou agitado, e começou a andar pelo quarto. — Nunca estou por perto quando minha família precisa de mim. Polly tem razão. Anna. Sempre deixei vocês em segundo plano. — Não é bem assim, papai. Você simplesmente não pode ficar aqui e eu compreendo isso. Tem o direito de gozar de sua liberdade. — Liberdade custa caro, às vezes. — Concordo com você - Evan comentou com o pai de Anna. Naquele momento, Polly chegou à porta do quarto. Ficou estática diante do homem que não esquecera, apesar da distância. — Duke... — Polly! — Você está... — Se disser que estou mais gordo acabará me ofendendo! — Ora, Duke!
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER — Venha, querida. Dê-me um beijo... Polly correu para os braços dele, que a receberam abertos. Duke beijou-lhe a face corada, fazendo com que Anna e Evan se sentissem como intrusos no quarto. — Estou feliz por rever você, Polly. E linda. Mais linda do que nunca. — Não minta! - Polly sorriu. — Você, sim, é que não perde o charme com o passar dos anos. — Papai não está lindo? - Anna indagou com orgulho, dirigindo-se à mãe. — Sem dúvida - admitiu. Polly olhou para o homem por quem esperara tantos anos. Ele estava bronzeado, a pele colorida pelo sol de todas as partes do mundo, sem excesso de peso ou rugas exageradas. — Parem com isso ou vou me convencer de que, de uma hora para outra, consegui me transformar num galã de cinema! — Como está se sentindo, minha filha? - Polly acercou-se da cama. — Melhor. Quando iremos para casa? — O medico disse que amanhã avaliará seu estado. Se estiver se sentindo bem, poderemos voltar para Jacobsville e continuar o tratamento em casa. — Que bom! — Eles nos aconselharam a procurar um psicólogo. Temem que você fique traumatizada com o ocorrido. — Depois falaremos disso - Anna decidiu. — Não creio que haja necessidade disso. — Você diz isso porque está acordada - comentou Evan, preocupado. — Precisa fazer análise para livrar-se dos pesadelos que tem tido ultimamente. Seu sono anda muito agitado. — Evan está certo - Polly concordou. — Talvez o trauma esteja no subconsciente. — Se eu tivesse ficado no carro como Randall me pediu... - Anna fez o comentário mostrando arrependimento. — Por falar em Randall, ele vem para cá hoje? — Ele telefonou - Polly esclareceu. — Não virá porque tem exames marcados. Perguntou se estava precisando de alguma coisa. — Que noivo dedicado! - Evan ironizou sem tirar os olhos dela. — Pare com isso, Evan! - censurou ela. — Aqueles exames são muito importantes para ele. — Mais importantes do que você, suponho. — Minha vida pessoal e principalmente meu relacionamento com Randall não lhe dizem respeito! — Está enganada, pequena. Eu estarei me intrometendo em sua vida todas as vezes em que cometer um erro. Seu noivado é um erro grave.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER — Crianças, parem com essa discussão - Polly interferiu. — Anna precisa descansar. E você também, Evan. Não dorme direito desde que veio para Houston. — Boa idéia - Duke concordou e pôs a mão no ombro de Evan. — Obrigado pelo café. Evan relutou em sair do quarto. Olhou para Anna e finalmente deixou-se levar por Duke até o corredor principal. Polly chegou mais perto da cama. — Evan não suporta ouvir falar em Randall. E tem coragem de dizer-lhe coisas que, com sinceridade, eu não teria. — Ele não deveria se intrometer em minha vida. — Como poderia? Evan é um homem muito possessivo, meu bem. Não deixou você sozinha um minuto sequer. Anna sabia daquilo. Durante todo o tempo Evan estivera sentado ao lado da cama, comendo mal e dormindo mal. E sentir-se protegida por ele era consolador, mesmo porque Randall não voltara ao hospital uma vez sequer. Não conseguia entender a atitude do noivo. Compreendia que a profissão o mantinha sempre ocupado, mas, se tivesse se esforçado, teria conseguido algumas horas para visitá-la. — Estou confusa com as atitudes de Evan - comentou com a mãe. — É como se estivesse jogando um jogo perigoso, tentando me afastar de Randall. — Não está me parecendo um jogo. — Tem pena de mim, mamãe. É isso. Você verá qual vai ser a atitude dele quando voltarmos para casa. — Deixe que as coisas aconteçam naturalmente, Anna. Agora, deve pensar em ficar boa. Só isso. — Está bem, mamãe. Não é bom ter papai conosco? — Muito. Muito bom. - Os olhos de Polly brilharam. Anna não fez outro comentário, mas sorriu. Fechou os olhos e evitou pensar na fúria com que Evan a beijara. Talvez ele gostasse de mostrar a força que tinha o poder de tirar-lhe a razão quando se aproximava. Ele não dissera que a amava. Pelas últimas atitudes dele em relação a Nina tudo ia bem entre os dois. Nada o impedia de casar-se com uma das mulheres mais bonitas da cidade. Por outro lado, ele mudara desde que Anna decidira se casar com Randall. Passara a tratá-la como mulher, o que nunca fizera antes. E deixara claro que desejava possuí-la por inteiro... Seria apenas desejo o que ele sentia? Ela sabia que os homens em geral não conseguiam controlar a excitação quando os sentidos lhes eram despertados. Talvez o que Evan sentia por ela fosse atração física, ou mesmo pena pelo
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER estado em que se encontrava. Pena ou desejo, ela não correria o risco de sofrer outra vez.
CAPÍTULO VIII
Randall chegou uma hora mais tarde ao hospital. Estava sisudo e calado. — É bom ver você assim - comentou e sentou-se ao lado da cama. — Tenho pensado muito no que aconteceu. — Não fique se martirizando, Randall. Não foi culpa sua se eu saí do carro depois de ter insistido em ir com você! — Por que saiu do carro? Em poucas palavras ela relatou como saíra do carro, o gato, a rua, o marginal. Randall apenas olhou. — Como foram os exames? - indagou Anna, mudando de assunto. — Bem, estou aguardando os resultados. Não consegui me concentrar nas provas, preocupado com você. — Mas estou bem! Ele cruzou as pernas e recostou-se contra a cadeira. — Evan tem ficado o tempo todo com você - afirmou. — Sim. - Ela desviou o olhar c ele sorriu com brandura. — Não fique embaraçada. Eu sempre soube o que sente por ele. - Randall comentou com ar compreensivo. — Nosso noivado não daria certo, Anna. Não podemos nos casar se você está apaixonada por outro homem. — O que está dizendo? - Os olhos dela encontraram calma no rosto de Randall. — Somos amigos, afinal. Sempre fomos - lembrou ele. — Gosto do seu jeito de ser: impulsiva, alegre, extrovertida e capaz de fazer piada nas situações mais constrangedoras. Depois do nosso noivado você mudou. — Não foi culpa sua! - protestou. Com delicadeza, Randall levou a mão aos lábios dela, sugerindo que se calasse. — Talvez Evan seja o real motivo da mudança - afirmou sem rancor. — Quero ver você feliz outra vez, Anna; quero ser apenas seu amigo e confidente. Não adianta levarmos adiante um compromisso que não nos satisfaz...
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER Anna não pôde argumentar porque ele estava com razão. — Sim... — Evan sempre disse que você não me pertencia... — Ele não estava certo! — Estava, sim! A presença dele aqui deixou tudo muito claro. — Teve pena de mim, só isso. Quando eu estiver recuperada tudo voltará a ser como antes. Randall negou com um movimento de cabeça, mas nada argumentou. — Sinto muito pelo anel de noivado - ela prosseguiu. — Esqueça isso - Randall sugeriu com suavidade. — Vou aprender defesa pessoal - Anna balbuciou. — Quero ver quem terá coragem de me enfrentar! — É uma boa idéia - concordou ele. Muitas mulheres aprendem artes marciais. Conversaram durante um longo tempo e, quando Randall saiu do quarto, ela estava certa de que ele era um bom amigo. O noivado tinha sido um erro, mas devia muito àquele rapaz que sempre a tratara tão bem. Evan voltava para casa a fim de apanhar outras trocas de roupa. Não se esquecia, um minuto sequer, de que Randall ficara ao lado dela no hospital. Ele o vira quando saía do prédio pelo corredor principal. Aquele rapaz deveria perceber que Anna não o amava e deixá-la livre do compromisso que assumira num momento difícil. Ela seria capaz de casar-se com Randall por não ter coragem de romper o noivado. Com os olhos fixos num ponto qualquer do horizonte, Evan cerrou os punhos. Precisava impedi-la, mas como? Poderia, era óbvio, casar-se com Anna. O rosto dele empalideceu quando pensou naquela possibilidade pela primeira vez. Casamento não era o primeiro objetivo da vida dele, mas estava apaixonado por ela e nenhuma outra mulher lhe interessava. Teriam filhos e o sonho de ser rodeado por garotos alegres o fez sorrir. Anna, filhos, uma casa confortável e só deles. Noites de amor, momentos de carícias e intimidade sem fim... Sem que ele percebesse, a idéia de casar-se tomou proporções inesperadas. Não era tão ruim como sempre imaginara. Mas havia um obstáculo a ser superado: o medo de machucá-la. Pensaria naquilo depois. O importante era tirá-la dos braços de Randall o mais rápido que pudesse. A lembrança de que Anna se aproximara do médico porque fora rejeitada o desesperou. Que estupidez cometera ao levar Nina naquela festa! Seria difícil ganhar a confiança dela, depois de tê-la feito sofrer tanto. Anna se sentira exposta e envergonhada, impossível apagar aquilo da mente feminina. Evan dirigiu durante algum tempo, os pensamentos oscilando entre o passado
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER e o presente, numa velocidade estonteante. Só percebeu quando, como um autômato, estacionou o carro no jardim da imensa casa dos Tremayne. — Como ela está? - Harden foi o primeiro a perguntar. — Melhor - esclareceu enquanto jogava o chapéu sobre uma poltrona. — O noivo chegou no momento em que eu saí do hospital. — E isso não é bom? - Harden ergueu a sobrancelha. — Pensei que aprovasse a idéia de Anna se casar! — Eu aprovava. Harden parou na frente do irmão e estudou-lhe a expressão do rosto. — Sua aparência está péssima! — Por isso quis vir para casa. Preciso de um banho relaxante. Ultimamente meus banhos têm sido rápidos e em banheiros de hotéis. Conhece algo pior que isso? — Tem razão! — Como vão as coisas por aqui? — Bem. Temos decidido tudo por você. Pretende voltar para Houston? — O mais rápido que puder. - Evan anunciou com rosto cansado. — Não posso deixar que Anna caia na conversa de Randall. — Evan, ele não é um mau rapaz! — Não se estiver longe dela! Um leve sorriso iluminou o rosto de Harden. Encarou, com olhos indagadores, o irmão mais velho: — Continua achando que Anna é muito jovem? - Ele se calou por um momento e pôs a mão no ombro de Evan. — Sinceramente, meu irmão, você tem sido outra pessoa desde que Anna saiu do seu caminho. Está irreconhecível. — Anna já me disse isso. Ela está mais frágil e mais sensível depois de tudo o que houve e eu não sei muito bem como lidar com isso. Mas de uma coisa tenho certeza: não vou deixar que se entregue a alguém como Randall. Eu não sou perfeito, mas não a deixaria sozinha num beco de Houston! — Pensei que tivesse medo de fazer amor com ela. - Harden não pôde conter o riso. — E tinha. Tenho, ainda. Não sei como agir a esse respeito. Ela faz com que eu tenha reações inesperadas de um adolescente, mas não consigo fugir. — Anna ama você - lembrou Harden. — Tudo vai ficar bem. — Ela me ama - Evan repetiu. — Vejo nos olhos dela que me ama, mas pensa que estou no hospital porque sinto pena. — Disse a ela o que sente? Evan não ouviu a pergunta. Caminhou na direção do quarto da mãe. Queria vê-la antes de voltar para Houston.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER Escurecera quando retornou ao hospital. Anna ficou surpresa ao vê-lo, já não imaginava que ele voltaria. Sorriu ao receber, das enormes mãos do texano, um doce e suave urso de pelúcia. — Evan! — Este é Juberi. — É lindo! - abraçou o mimo. — Obrigada. — O que Randall queria aqui? — Veio me visitar, é claro! — Você terminou o noivado? — Não. — Olhou para ele. Não contaria para Evan que Randall a deixara livre do compromisso. Evan se aproximou devagar. Chegou tão perto que ele sentiu o ar quente da respiração dele. A proximidade fez com que Anna sentisse um frio na espinha. Ele estava ainda mais atraente, trajando a costumeira roupa esporte. A camiseta contornava cada músculo do peito, exibindo a virilidade daquele homem. Cheirava a colônia cara e a barba havia sido feita. Ele estava tão sensual e sexy que Anna entreabriu os lábios, sonhando com um beijo. — Meu noivado não lhe diz respeito, já disse - desafiou, como forma de defesa. Mas Evan estava perto demais para ignorá-lo. Ergueu o urso de pelúcia, colocando-o entre os dois, mas era tarde demais. Impossível esconder o quanto Evan a afetava. — E se eu disser que tenho ciúmes? Que morro só de pensar que outro homem pode tocar você como eu? — Estou machucada e você se sente na obrigação de me fazer companhia afirmou, o coração descompassado. Não precisa jurar amor eterno só porque estou neste hospital, Evan. — Isso não é pena! - exasperou-se. — O que mais poderia sentir? Evan suspirou fundo e se afastou, enfiou as mãos nos bolsos e começou a andar pelo quarto. Anna não acreditava nele. Decidira que não acreditaria nas palavras dele. Não haveria como convencê-la de que mudara de opinião a respeito dos dois. — O que há com você? - ele indagou. — Estou sendo sincera. E coerente. Talvez eu tenha crescido Evan. Deixei de acreditar em príncipe encantado... — Então era tudo um conto de fadas? — Tenho dezenove anos, lembra-se? - ela ironizou. — Jovem demais para amar, não era isso o que você pensava? — O problema não era somente sua idade. - O rosto dele ficou cheio de pesar. — Era...
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER — O que era? — Louisa. Anna suavizou a expressão do rosto. Ele lhe contara a respeito de Louisa. Aquela experiência devia ter sido traumática para alguém como Evan. Apertou o ursinho contra o peito. — Se ela realmente o amasse, Evan, nada daquilo teria acontecido. — Acha mesmo? - A voz dele soou carregada de cinismo. Evan estava cansado. — Eu poderia ter provado isso para você, se tivesse deixado. — O que disse? - indagou com olhos assustados no rosto duro como pedra. — Você não sabe o que está dizendo, Anna! Tenho certeza de que Randall nunca fez você sentir prazer! — Ninguém me fez sentir desejo - corrigiu —, até aquele dia, na galeria. — Fiquei sem dormir, aquela noite. Suas mãos queimaram minha pele e eu queria mais... Anna poderia dizer o mesmo para ele, mas se calou. Ainda havia algo entre os dois. — Minhas mãos ou as de Nina? Outra vez ele chegou perto da cama. Apoiou-se no travesseiro e aproximou o rosto do dela. — Não tenho um caso com Nina. — Nunca teve? Os olhos dele percorreram-lhe o corpo de formas perfeitas e suaves. — Não quero falar disso com você, Anna - disse, finalmente. — O que houve no passado não importa. — Nina não é passado - afirmou, lutando para esconder a perturbação que a proximidade dele provocava. — Tem desfilado ao lado dela por todos os lugares da cidade... — Tentei fugir - assumiu. — Quis sair da sua vida para não ferir você. — Por que não está fugindo agora? — Porque está indefesa nesta cama! — Ah, sim... Entendo... — O que você entende, Anna? - desafiou. — Entendo que me deseja. Que não consegue esconder a excitação quando se aproxima de mim. Mas eu quero mais do que cinco minutos na cama com você, Evan! — Cinco minutos! - indagou com voz alterada. — Pensa que as pessoas levam cinco minutos para se amarem? As informações que Anna coletara sobre sexo, ao longo da adolescência, não eram muitas. Na verdade, nunca procurara saber de quanto tempo as pessoas necessitavam para se amarem.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER — Não sei. Nunca pensei nisso! Ele segurou-lhe o queixo e pousou nos dela os olhos negros e cheios de promessas. — Talvez eu pudesse me satisfazer em cinco minutos - ele disse com suavidade —, mas preciso de outros vinte para satisfazer você... Anna sentiu o rosto corar. Evan era ousado demais! — Gostaria que soubesse mais a respeito dos homens, querida - ele suspirou. — Tudo seria mais fácil... — Pensa que tenho medo de você? Evan, toda mulher tem medo da primeira vez. É como pisar em solo desconhecido e não há nada no mundo que mude isso! E você ainda tem um agravante: Louisa. — Você não sabe o que ouvi naquela noite... O rosto sofrido de Evan fez com que ela se emocionasse. Apanhou a mão dele e colocou-a, gentilmente, entre os seios rijos. Ele tentou fugir, mas ela segurou-lhe a mão com energia. — O que está fazendo? — Deixando você sentir como estou - murmurou enquanto ele percebia-lheo arfar dos seios e o bater do coração. Evan entreabriu os lábios, num suspiro. Olhou a mão e, instintivamente, começou a movê-la de um seio ao outro. Os mamilos se enrijeceram em resposta à carícia. — Você é uma mulher, Anna. Uma mulher perfeita... — sussurrou com sensualidade. — Repita... — Sinta minhas mãos - pediu ao segurar o outro seio com a mão livre. Gostaria de sentir minha boca? Diga Anna, diga que gostaria de sentir minha boca... — Sim, Evan! - os dedos dela apertaram os ombros fortes. Evan sentiu o corpo responder aos apelos dela e a respiração tornou-se acelerada. Pressionou os lábios contra a boca sensual de Anna ao mesmo tempo em que as mãos passeavam pelos seios e pelo colo macio. Uma das mãos subiu ao pescoço delicado e os lábios dela se abriram, sedentos de amor. Foi um beijo longo e apaixonado. Quando, finalmente, afastou-se um pouco, viu nos olhos dela a frustração do desejo insaciado. Não viu dor. Não viu sofrimento. Viu desejo, apenas desejo. — Sou louca por você, Evan! - ela suspirou, ofegante. — Olhe como eu estou! Meus seios querem seus lábios, não vê? Evan precisou suspirar antes de dizer qualquer coisa. A face dele estava rígida quando olhou para o corpo dela. — Fazer amor é mais do que isso, pequena! — Eu sei. E só poderei ser mulher quando você perder o medo de me amar.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER Ele sorriu e se afastou mais. Chegou perto da janela e olhou as luzes da cidade. Estava trêmulo. — Este não é o melhor lugar - brincou. — Randall quer se casar comigo - mentiu. — Ele não tem medo de mim! Com os olhos faiscando, Evan se voltou para ela. — Não é isso o que quer? - ela insistiu. — Que eu me case com ele? — Eu queria isso. — Então não se importaria se eu tivesse filhos com ele. — Randall é a pior coisa que aconteceu em sua vida! - Ele cerrou os dentes, visivelmente irritado. — Ele não fará você feliz porque não terá tempo para isso. Sabe que ele sai com todas as mulheres do mundo? — Se não me aborrecer... — É a mim que você ama. — Não percebe que isso está ficando repetitivo? — Talvez, mas é a verdade - ele insistiu sem perturbação. — Eu não sei como, Anna, mas vou impedir esse casamento ridículo! — Qualquer casamento é ridículo sob seu ponto de vista - Anna se exaltou. — Você não gosta de compromisso, não quer ter filhos... — Por que diz isso? — Porque você afirmou mil vezes! Se não o fez com palavras, foi com atos. A voz dela continuava exaltada. — Nina é mulher para você, Evan. Sem compromisso mais sério, uma boa companhia e nada de corações apaixonados! — Tem razão. Ela não me ama. Tudo o que sente por mim é atração física. — Para um casal que não quer constituir família, é suficiente. — Você também se sente atraída por mim. Tanto quanto eu me sinto em relação a você! Anna olhou para ele, mas não negou. — A cada dia que passa eu me convenço mais de que você não é frágil, Anna ele falou, pensando alto. — E isso me deixa mais à vontade para lidar com meus bloqueios. Eu a desejo tanto! Tenho idade suficiente para me estabilizar! O coração de Anna começou a saltar dentro do peito. Evan parecia estar falando sério! — E Nina? — O que tem ela? Acabou tudo. Aliás, acho que nem começou. Só falta Randall - retomou o assunto —, mas vai se casar com ele. — Decidiu por mim? — E por que não? - Ele chegou perto da cama. — Diga que não me quer Anna. Ela tentou. Tentou mais de uma vez e nada. As palavras morriam-lhe nos
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER lábios. Enfrentou o olhar dele. Evan abaixou-se e beijou-lhe os cabelos louros. — Eu a levarei para casa amanhã. Polly falou com o médico e ele lhe dará alta logo cedo. — Evan... — O quê? - Ele ajeitou, com as pontas dos dedos, os anéis alourados do cabelo dela. — Por favor, não brinque comigo - suplicou com os olhos cheios de dúvidas e medo. — Não diga nada que não sinta... — Não estou brincando, pequena. Isso não é um jogo, nem uma brincadeira. Confie em mim. — Está bem. — Fique tranquila. Venho apanhar você amanhã. Minutos depois Evan saía do hospital. Relembrou, como num filme, os dias e as noites que estivera ali, desde que soubera do estado de Anna. Foram horas difíceis e tudo acontecera tão depressa que não tivera condições de avaliar os riscos que ela correra. Estava aliviado por ter uma segunda chance. Ela estava viva, afinal! Na manhã seguinte, após a liberação pelo médico, um enfermeiro levou a cadeira de rodas ao quarto. Seria melhor que ela não se esforçasse caminhando até o carro. Evan levou-a até o estacionamento e, gentilmente, ergueu-a nos braços. Pela primeira vez a pegava no colo e a sensação foi maravilhosa. Colocou-a no banco de passageiro com cuidado para não machucá-la. — Você é o homem mais forte que eu já vi! - cochichou Anna. — Eu sei. — E eu gosto disso, Evan - sussurrou-lhe ao ouvido quando ele ajeitava o encosto do banco. O rosto dele mudou. Parecia desconcertado. Prendeu o cinto de segurança dela, pôs as flores que lhe trouxera e o pequeno Hubert no banco de trás e despediu-se do enfermeiro que os acompanhara. Sem mais uma palavra, sentou-se no carro e dirigiu rumo a Jacobsville. Já passavam pela periferia de Houston quando ele abriu o porta-luvas do carro e apanhou o maço de cigarros. — Você não fuma - ela comentou. — Ando nervoso - justificou sem olhá-la. — Quando você estiver bem, eu deixarei de fumar. — Desculpe-me se estou lhe causando problemas. — Não são problemas, Anna. - Ele sorriu. — Sua proximidade tem despertado algumas reações inesperadas em mim. Entende?
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER Ela entendia. Mas preferiu não responder. Ficou todo o tempo olhando para aquele monumento à beleza masculina do Texas. — Você não teve curiosidade de saber por que eu evitava você? Por que eu cheguei ao cúmulo de andar com Nina do meu lado o tempo todo? — Pensei que queria evitar minha aproximação. Achava que eu era uma criança inconveniente. — Não era tão simples assim. - Ele pôs o cigarro no cinzeiro do carro. — Você estava chegando perto demais. — Sua estratégia funcionou. Fiquei noiva de outro homem. — E eu quis morrer por isso - confessou ao olhar para ela. — Enlouquecia cada vez que imaginava as mãos dele sobre seu corpo, tocando você como eu! Odiei Randall, principalmente depois que ele deixou você sozinha no beco! — Ele não teve culpa. — Se eu estivesse com você, não teria ficado no carro. Aliás, não teria saído àquela hora da noite, em busca de bebida! — A culpa foi minha. — Randall não conhece você. Eu saberia que não ficaria trancada no carro nem um segundo! Anna ficou quieta. Ele tinha razão ao dizer que a conhecia como ninguém. Desviou o olhar e procurou se concentrar na vegetação que, ao primeiro sol da manhã, ganhava brilho prateado. — Fale sobre o ladrão. — Não há muito o que falar. Ele era alto e muito forte. Lutei porque tive a sensação de que era a mim que ele queria e não às jóias. — Tenho certeza disso - Evan afirmou. — Mas Randall se aproximou e o marginal não teve tempo. Graças a Deus! — Sim. — Pensei que fosse ficar com medo de mim. Pela descrição de Randall, eu tenho o mesmo tipo físico do gatuno. — Como se alguma coisa me fizesse ter medo de você... Evan suspirou, aliviado. — Quanto a Randall... — Rompemos o noivado ontem, Evan. Ele disse que mudei desde o dia em que ficamos noivos e que deseja me ver feliz outra vez. Randall sabia que nosso casamento não daria certo. — Decisão inteligente! - Havia entusiasmo nos olhos dele. — Não pensei que ele notaria mudança em seu comportamento. Eu notei, e acreditava que, ao tentar separar você dele, queria a sua felicidade. Então, depois de saber do assalto, percebi o quanto minha vida ficou vazia sem você. — Oh, Evan!
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER — Harden abriu meus olhos, dizendo que eu havia mudado também. Não sentia prazer em fazê-la sofrer, Anna, acredite. — Persegui você por muito tempo! — E eu adorava aquilo! Nunca aceitei, mas adorava seus ataques. Quando deixou de me procurar, deixei de viver. — Como é bom ouvir isso, Evan! — Mas ainda não superamos o maior obstáculo, pequena. — Louisa? - ela indagou de imediato. — Não Louisa. mas o que ela me disse. Uma das coisas que não saem da minha mente é que uma mulher preferiria morrer a fazer amor comigo. Anna encarou a face rígida de Evan. — Mas você possuiu outras mulheres depois disso! — Mulheres vividas. Experientes e conhecedoras do meu tamanho... — Acha que eu morreria se me levasse para a cama? — Digamos que eu tenha medo de tentar... - Ele a olhou e os músculos do rosto relaxaram. — Você é jovem, Anna. Conhece muito pouco de sexo. — É verdade. - Ela sorriu. — Mas, quando você me toca, isso faz diferença? Evan apertou o volante. Daria tudo para possuí-la. — Não faz, não é, Evan? Eu sei que não o incentivei na galeria, quando você abriu a camisa e mostrou como sabe acariciar... — Por favor, Anna! - Ele apertou ainda mais o volante, o coração aos pulos. — O fato de eu ser virgem não quer dizer nada - concluiu, cruzando os braços. Ele não a amava, mas a desejava e não conseguia esconder aquilo. Fechou os olhos por um momento e imaginou como seria bom ser seduzida por Evan. Em qualquer lugar, a qualquer hora, de qualquer maneira. Morreria nos braços dele, mas morreria de prazer. Houston ficara para trás e, gradativamente, começava a cair uma garoa fina.
CAPÍTULO IX
Lori, a dedicada governanta, esperava por eles na soleira da porta. Evan ficou mais tranquilo ao certificar-se de que não estaria a sós com Anna. Ao contrário do que ela pensava, não fora movido por remorso ou piedade até aquele momento. O desejo que nutria por aquela mulher era incontrolável. Com extrema gentileza ele a apanhou nos braços e levou para o quarto,
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER seguido de perto por Lori. — Como é bom vê-la de novo! - a governanta comentou, entusiasmada. — Estávamos tão preocupados! — Estou bem, Lori. E feliz, por voltar para casa! Anna evitava olhar para Evan. Os braços dele, mantendo-a suspensa no ar a despertavam para a fortaleza que eram. Podia sentir o bater do coração dele porque os seios tocavam o peito dele e, embaraçada, percebeu que os mamilos se mantiveram eretos desde que ele a pegara no colo. Mentalmente, Anna agradeceu a presença da fiel governanta. Seria impossível resistir ao apelo do corpo, se ficassem sozinhos. — Nossa! - Lori arregalou os olhos, como se lembrasse de algo. — Preciso comprar umas coisas que dona Polly pediu! — Não! - duas vozes ecoaram, quase ao mesmo tempo. — Meu Deus! Como pude me esquecer? - Lori prosseguiu. — Se puder ficar com ela alguns minutos, Sr. Evan... Volto o mais rápido que puder. — Está bem, Lori - ele concordou, resignado. — Volto logo. Quer alguma coisa especial, Anna? — Peixe, se encontrar. E traga bolachas e frutas para fazermos suco. Mais alguns minutos e ouviram o acionar do motor do carro de Polly, que Lori dirigia quando ia às compras. Evan deitou Anna sobre a cama e examinou-lhe a face com carinho. Estava mais bela do que nunca: os cabelos exibiam intenso brilho e emolduravam a face que já começava a retornar à cor natural. Os olhos, suaves e tranquilos estavam claros como o dia. Anna, ao sentir-se observada com tanta intensidade, corou levemente. Ele percorria cada detalhe do corpo dela com o olhar cheio de promessas de prazer. Olhava devagar para as pernas e os seios eretos, reconhecendo-lhes a pele macia. E Evan eram tão bonito! Os ombros, as pernas longas e firmes, os braços tentadores, o rosto moreno e, finalmente, os olhos negros e brilhantes. — Você está excitada... — Você também - ela balbuciou. — Não tenho feito outra coisa desde que você cresceu pequena. Perdi a conta de quantas vezes deixou-me assim. — Só percebia que você me evitava. Evan sorriu para ela. Não queria lembrar-se de que quase a perdera. — E agora? - Anna indagou, sem saber o que fazer. — Rezemos para que Lori volte logo - gracejou ele. — Ela precisa chegar antes de começarmos a fazer o que desejamos... Um sorriso sem graça aflorou aos lábios dela. Esticou-se sobre a colcha
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER macia e ergueu os braços acima da cabeça. Todo o corpo tremia levemente. Também Evan estava trêmulo, cheio de agonia dentro da roupa que se tornara apertada para tanta excitação. Mas ele tinha medo de tocá-la. Sabia onde chegariam e os dois estavam sedentos demais. Não conseguiriam parar. — Evan - ela murmurou com voz tão suave quanto os olhos azuis e indagadores. Ergueu a saia, sem tirar os olhos dele, num excitante ritual. Expôs a longa, bronzeada perna de textura aveludada. — Pare com isso - avisou ele, com a respiração mais acelerada. — Você me quer... — Sim. Muito mais do que imagina, mas não podemos. Não assim, desse jeito! — Por quê? - ela indagou quando ele caminhou para perto da janela, recostando-se contra a parede. — Porque estou louco por você! É a sua primeira vez e... — Evan, eu não me importo - suplicou, ansiosa por sentir a pujança daquele homem. — Eu sei que sim. A primeira vez de uma mulher deve ser especial e ainda não estamos preparados para isso! - Acendeu um cigarro. — Feche os olhos e tente relaxar. Ela cerrou os olhos por alguns instantes. Todo o corpo estava tenso, desejoso de novas sensações. Evan a olhou demoradamente. Era bom vê-la tão excitada quanto ele. mas o fantasma de Louisa o deixara marcado. Temia machucá-la e perdê-la para sempre. — E então? Sente-se melhor? — Sim. - Ela apanhou o travesseiro e colocou-o sob a cabeça. — Acontece sempre assim? — Eu nunca havia experimentado sensações como estas - admitiu. — É tudo muito intenso, Anna! O rosto dela se iluminou. Era um ponto a favor, afinal! Sorriu para ele e Evan retribuiu. Naquele momento, a porta do quarto se abriu e Polly entrou no quarto. — Evan! Ainda está aqui? Não me ouviram chegar? Anna suspirou aliviada. Se tivessem cedido aos apelos dos sentidos, Polly os teria flagrado... Teria sido no mínimo, embaraçoso. — Não ouvi, mamãe. Acho que é porque estou meio sonolenta. Evan ficou comigo porque Lori precisou sair para comprar algumas coisas. — Obrigada mais uma vez, Evan - Polly agradeceu. — Não me agradeça. Se você fizer companhia a Anna, eu irei para casa. Tenho deixado muita coisa sob a responsabilidade de Harden ultimamente. — Fique à vontade. Não sei o que teria feito sem sua ajuda. — Exagero seu. - Evan olhou para Anna, tentando esconder o desejo de
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER ficar. — Prometo trazer algumas fitas de vídeo para você. Voltarei amanhã. — Está bem, Evan. — Que bom! - Polly interferiu. Duke e eu combinamos sair amanhã e ficarei mais tranquila se você estiver com minha filha. — Algum passeio romântico? - gracejou Anna. — Vamos pescar, caminhar, conversar. Escolhemos o campo porque é mais tranquilo: temos muito o que dizer um ao outro. — Entendo... — Não se iluda, querida. Mas torça para que a gente se entenda! — É tudo o que tenho feito desde que papai voltou! — Eu serei a babá - Evan fez piada. — Crianças não podem ficar sozinhas... Caminhou ate a porta e Anna quis pedir que ficasse. Estava perdendo os escrúpulos por amar aquele homem. Mas, quando ele viesse no dia seguinte, ficariam sozinhos em casa. Seria dia da folga de Lori e tudo poderia acontecer. Anna sabia que não conseguiria resistir se ele a beijasse e a tocasse. Mas já conhecia Evan o suficiente para acreditar que ele não a seduziria sem antes firmar um compromisso com ela. Minutos depois ele deixava a casa. À noite, Duke chegou para o jantar. A família estava reunida pela primeira vez. Polly se mostrava radiante e, depois do café, Anna se retirou para o quarto. Queria deixá-los a sós e, mais de uma hora depois, quando ela adormecia e sonhava com o dia em companhia de Evan, os pais ainda conversavam na varanda. No meio da manhã, Evan chegou com duas fitas de vídeo. — Eu me atrasei, Polly, desculpe-me. Fiquei até tarde organizando alguns papéis e perdi a hora. Na verdade, dormira mal a noite toda. Preocupava-se com o dia em companhia de Anna. Os dois a sós em casa de Polly. Temia perder o controle. Evan sabia que aqueles temores começavam a transformar-se em obsessão, mas não se livraria deles de um dia para o outro. Duke passara a noite com Polly e já estavam prontos para o passeio no campo. Lori servira o café e saíra em visita a alguns parentes do outro lado da cidade. — Como está minha garota? - Duke perguntou ao entrar com Evan no quarto de Anna. Ela já estava vestida, sentada na poltrona do quarto. Usava saia confortável e blusa sem manga ou gola, ambas de cores claras. Fazia sol e a manhã estava quente. — Bem, papai. Espero que tragam muito peixe para o jantar.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER — Pode esperar! — Divirtam-se, queridos. — Não se preocupem com Anna - Evan interferiu. — Cuidarei dela com carinho. Polly e Duke sabiam o que poderia acontecer. Queriam que Anna fosse feliz. Evan os acompanhou até o jardim e, depois que se foram, retornou ao quarto de Anna. Parou na soleira da porta. Ela era divina! O coração dele dava saltos dentro do peito. — Quer ver um filme agora? — Sim - ela respondeu sem convicção, imaginando como seria delicioso deitar ao lado dele, na cama, e fazer amor. O rosto demonstrou o desejo. Evan desviou o olhar. Não estavam sozinhos, afinal. Lori devia estar na copa envolvida com o trabalho do dia. — Lori está em casa, não é? - Pôs a fita no vídeo e ligou a televisão do quarto. — Não. Está de folga. Confuso, ele empalideceu. — Estarei ajudando se disser que não pretendo seduzi-lo? - Anna comentou, aparentemente calma. Mas Evan já sentia, no corpo, o efeito da presença dela. Os olhos não conseguiam fugir da mágica visão dos seios sob a blusa fina. — Você não pode me tocar Anna! Para me seduzir, basta que me toque... A respiração dela se descompassou. Havia loucura nos olhos dele e nos sonhos dela. Ergueu os braços na direção dele, queimando de desejo. Evan murmurou algo, mas não se conteve. Correu para ela e sentiu que os doces braços de Anna o enlaçavam pelo pescoço, ao mesmo tempo em que o levava para a cama. Não podia. Era arriscado demais, mas os sentidos guiavam-lhe na direção da suavidade e do perfume do corpo dela. Louco de desejo, sentiu a excitação crescer ao colar os lábios sedentos nos dela, entreabertos para receber-lhe a umidade da boca. O corpo dele sobre a delicadeza dela, a boca sugando o calor dos lábios dela. Devagar. Sem pressa. Era o paraíso. Anna retribuía o beijo com paixão e, ao ser acariciada nos flancos, ainda sobre o tecido da blusa, gemeu baixinho. — Eu machuquei você? - ele quis saber, assustado. — Meu Deus! Às vezes eu me odeio por ser tão grande. — Não, não me machucou. É que não consigo me conter quando você me beija assim... Ele relaxou. Acariciou o rosto dela com ternura. — Faça o que quiser comigo, Evan! Sou toda sua. Os olhos dele brilharam na claridade da manhã. Ainda deitados, enlaçou-a e
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER apertou-a contra o peito ao mesmo tempo em que sugava-lhe a boca ardente c receptiva. Anna apertou-se contra a virilidade dele, sugestiva, sensual. Queria acabar com o trauma que Louisa deixara na mente de Evan. — O que você quer? - ele murmurou com voz rouca, ao ouvido dela. — Beije-me mais! Mais! Com carinho, ele mordiscou os lábios dela. — Não é o que estou fazendo, minha pequena? — Mais Evan! Quero tudo o que sabe... Agora! Ele obedeceu. E enquanto a beijava com paixão, movimentava-se sobre o corpo dela, do ventre às coxas, das coxas ao ventre, levando-a à loucura com tanta intimidade. O doce vaivém parou por um instante e Evan olhou nos olhos dela. Não havia dor, nem medo. Recomeçou o movimento com suavidade e ela jogou a cabeça para trás, num gemido de prazer. Evan percebeu que não sofria. Ela gostava de estar com ele, de sentir-lhe o peso e o gosto... Com um terno beijo, deixou-a livre e deitou-se ao lado dela. Anna retribuiu o beijo e corou de leve quando Evan jogou uma perna sobre o ventre delicado e acariciou o interior das coxas dela. — Isso é parte do amor, pequena. Mas eu quero lhe mostrar algo antes de continuarmos. Quero que me conheça todo... Ela corou um pouco mais, envergonhada, mas deixou que ele se deitasse sobre ela e se movimentasse outra vez. — Não tenha medo - pediu com voz sensual. — Você está me conhecendo. Só isso... Relaxada com o som quente da voz dele, Anna entreabriu as pernas e o contato se fez. Delirou com a dureza que a tocava sobre o tecido da roupa. Ele sabia que Anna não tivera experiências anteriores e aquilo deixou-o mais à vontade. Com o tempo ela aprenderia tudo, o importante era que não tivesse medo. Deslizou as pontas dos dedos pelos seios dela e, num toque de mestre, desabotoou o sutiã que os aprisionava. Os mamilos, eretos, pediam carinho, mas ele não os acariciou de imediato. Olhou para o rosto dela, ouviu-lhe a respiração e o apelo. De repente, Anna murmurou algo e ergueu levemente o tronco, suplicando que tocasse-lhe os seios. Tentou fazê-lo prosseguir, não podia esperar mais. — Pequena, temos tempo... - ele murmurou. — Vou fazer o que você quer mas deixe-me prepará-la para isso... Anna fechou os olhos. Relaxou o corpo sobre a cama esperando tremendo, suplicando a virilidade do homem que a levava ao êxtase.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER As mãos de Evan a apertaram outra vez, trazendo-a para mais perto. — Isso é ruim? — murmurou os olhos cheios de desejo. — Oh. Evan! Não! Por mais que quisesse, Anna não coordenava as idéias. As carícias dele eram maravilhosas, despertavam nela uma fera ansiosa por prazer. Numa reação instintiva, cravou as unhas nos ombros dele. Naquele momento, então, Evan esfregou o nariz no dela, com extrema suavidade. Deslizou a mão forte até os mamilos suplicantes e tocou-os, provocando gemidos. O ventre queimava de desejo, mas ele não parou. Ergueu a blusa para melhor sugar a perfeição daqueles seios, tão virgens quanto suaves. Espasmos de prazer sacudiram o frágil corpo de Anna e Evan a olhou com ternura de professor e amante: — Eu poderia satisfazer você apenas com minha boca, não é, pequena? Não houve resposta traduzida em palavras, mas as reações dela diziam tudo. E não protestou quando ele tirou-lhe a blusa e jogou-a sobre o tapete do quarto. — Quero olhá-la - suspirou. — Você me dá prazer, Anna. Deixa-me excitado como nenhuma outra mulher conseguiu ou conseguirá. - Alisou-lhe os braços. — Você é deliciosa, pequena... É impossível não morder você! A boca ardente de Evan sorveu o néctar dos seios dela. Abocanhou cada mamilo, mordendo-o, sugando-o num misto de suavidade e fúria. O prazer que ela experimentou foi tão intenso que os olhos ficaram úmidos. Agarrou a cabeça dele e pressionou contra o tórax. Queria tudo de novo. Mais! Sem demora, o poder da mão de Evan chegava-lhe às pernas. Anna sentiu, enlouquecida, que ele alisava-lhe as coxas, num estonteante movimento de sobedesce. — Tudo... tudo o que você quiser, Evan! - sussurrou ao sentir a pressão dos dedos dele sobre o ventre. As mãos dele se cravaram na firmeza dos quadris dela, revelando o desejo que o consumia. Então ele sugou, e mordeu, e lambeu cada detalhe do tórax bronzeado, tirando-lhe a razão. Aquela força a levava ao delírio, o ardor dele a deixava prestes a gritar. — Anna, sinto... sinto muito. Estou machucando você! — Evan... - Havia uma expressão desconhecida no rosto dele. Uma rigidez que a assustava. — Eu não posso machucar você! Preciso conter meus impulsos! — Não me machucou, Evan. Eu gosto do que me faz... — Cuidado, pequena! Não me diga isso! — Não sou feita de porcelana, Evan. Não vou me quebrar porque você foi um pouco ousado...
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER — O que você quer de mim, agora? - A pergunta soou sugestiva. — Posso tocar você? - Anna balbuciou. Evan hesitou um pouco. Sentiu um calafrio ao imaginar as mãos dela vasculhando-lhe o corpo, mas abriu a camisa e jogou-a do lado. Com naturalidade, ela descansou a cabeça sobre o peito musculoso e coberto de pêlos. Acariciou, então, aquela mata negra e macia. Devagar. Com sensualidade. — Assim, Evan... - sussurrou ao ouvido dele. — Gosta que eu o alise assim, como estou fazendo agora? — Sim... - afirmou com voz inaudível. As mãos dele atoladas nos cabelos dela, as narinas se abrindo em busca de ar... — Aqui, Anna. Beije-me do jeito que a beijei - pediu, guiando os lábios dela para os mamilos. Anna prendeu a respiração. Jamais lhe ocorrera que os homens tinham mamilos e que se excitavam quando eram tocados. Gostou da idéia. Procurou a marca arredondada no meio da vasta quantidade de pêlos e, ao encontrá-la, passou longo tempo excitando-a com o nariz, os lábios, os dentes. O másculo corpo de Evan se moveu como se tivesse recebido uma descarga elétrica. O frenesi fez com que ele fechasse os olhos para sentir cada toque das mãos e dos lábios dela. Era bom fazê-lo sentir prazer, Anna pensou ao deslizar a boca ate o umbigo, perto do cinto que prendia o jeans. Sons incompreensíveis nasceram da garganta dele, assustando-a. Olhou para o rosto rígido de Evan e não o reconheceu. Parecia sofrer. — Desculpe-me, Evan! Eu o machuquei? — Não pare, Anna, por favor! - suplicou ao mesmo tempo em que a abraçava, puxando para mais perto. Alisou os fartos seios dela. Eram grandes e firmes, adornados por mamilos muito róseos. Instintivamente, ela se cobriu com os braços. Mas ele fez com que se sentasse na cama. — Não. Não fuja. Você me pertence. Adoro olhar você! — Sou sua... — Só minha - reafirmou com a voz tremula e olhos delirantes. — Como você é linda, Anna! Incrivelmente linda! Parecendo ter sido tocada por aquelas palavras, Anna sentiu um longo arrepio. — Evan! Vou morrer se não me amar agora! Ele a abraçou e, como uma criança, pousou o rosto entre os seios dela, roçando-os com a barba que começava a nascer. Anna não imaginava que poderia se excitar tanto com aquela sensação. — Faça isso... - suplicava. — Com força. Nada mais importava para Evan. Nada que não fossem os apelos da mulher
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER que tinha nos braços. Chegava ao êxtase com os pedidos que ouvia e não deixava de atender. Uma das possantes mãos dele pressionaram as costas dela, deitando-a na cama já desarrumada. Poderia fazer o que quisesse Anna não se oporia. Quando afastou o queixo dos seios dela, percebeu-a lânguida, em completo abandono. Sabia o que aquilo significava. Anna lhe pertencia e, naquele instante, esperava por ele. A submissão o deixou confuso. Quis olhar para um ponto qualquer do quarto, mas ela não permitiu. — Não. - Segurou-lhe o rosto. — Anna, você está me enlouquecendo... — Eu sei. Quero ser sua, Evan. Agora. — Não! — Não me deseja? — Loucamente. Mas não podemos nos amar aqui, à luz do dia! Alguém pode chegar. — Basta fechar a porta. — Já lhe disse como pode ser... Mas você é uma grande mulher. O tamanho ideal para mim... — Então me faça feliz, Evan! Sem demora ele retomou os seios entre as mãos ávidas. — Assim? - indagou maroto, ao massageá-los com alguma sofreguidão. — Não sabe? - sugeriu ela, de olhos fechados. Com extrema gentileza, ele recomeçou a morder cada centímetro dos seios desnudos. Ela entrava em êxtase com o contato da língua morna sobre a pele arrepiada e, quando Evan ia afastar-se, ouviu palavras entrecortadas pela emoção: — Mais, Evan, um pouco mais, por favor... - ela suplicou. — Quero que deixe marcas, meu amor! E então ele, que temia machucá-la, jogou-se contra a mulher que implorava amor. Sentiu prazer com os gemidos que ela não conseguia evitar. Marcou, como ela pedira, a pele suave dos seios. E tudo o que ouviu foram breves gritos de satisfação. Nenhum dos dois podia esperar mais. Evan procurou-lhe os lábios vermelhos e beijou-os sem pensar em nada. Deslizou o corpo sobre o dela e alojou-se entre as coxas roliças e receptivas. Prendendo a respiração por um instante, Anna olhou para ele. — Tenho medo de machucar você - lembrou ele. — Você é virgem, meu amor! — Quero você, Evan! Eu te amo...
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER Ele fechou os olhos e suspirou fundo. Ele acabara com os temores e ressentimentos. Ela o amava. E tudo ficou claro na mente de Evan. Louisa não o amara, por isso não quisera intimidade com ele. — Não vou conseguir parar, Anna. Se começar, não vou ter forças para parar. Acho ate que já deixei seu corpo marcado! — Quando olhar seus ombros vai ver que também lhe deixei marcas. — Sim. Você me mordeu, não é? — Com força. Delirei quando esfregou sua barba em mim. Acho que naquele momento eu mordi você. — Ficou excitada com aquela carícia pouco ortodoxa... — Continuo excitada - corrigiu. — Quero fazer amor com você. — Também quero, mas não podemos, deste jeito. — É só você tirar a roupa - lembrou ela. — Você não me entendeu. - Ele se deitou do lado dela. — Sexo faz parte do casamento. Pelo menos para mim, que sou um homem à moda antiga. E se você engravidar? — E você não quer se casar - concluiu ela. — Quero! Quero me casar com você, Anna. Diga que me aceita, por favor. — Sim, Evan... - As palavras soaram como música aos ouvidos dele. — O mais rápido possível, pequena! Vamos nos casar hoje, se for possível. — Tão cedo! — Não posso esperar mais. Preciso de você ao meu lado, dia e noite, o tempo todo... Ela colou os lábios aos dele, calando-lhe a voz. Depois do beijo, Evan saiu da cama de um salto. Apanhou a blusa e o suti ã e entregou-os a Anna. Sentada na borda da cama, meio frustrada com a interrupção, ela olhava para ele. — Eu olharia para você o resto dos meus dias, Anna. Mas, no momento, prefiro que vista sua blusa. Meio envergonhada, apanhou a roupa das mãos dele. Evan segurou-lhe a mão e ela se vestiu. — Você ainda não sabe o que está por vir... Hoje eu consegui me controlar, pequena. Mas, quando eu não puder me conter, você pode não gostar mais de mim. — Que bobagem, Evan! Não consigo compreender sua insistência nesse assunto! — Sou maior do que os outros - esclareceu. — Desde garoto, sempre fui o mais avantajado da turma. Louisa se assustou e tenho medo de que o mesmo aconteça com. Você. Aquilo, Anna pensou, só seria superado com calma e muita paciência. — Não sou frágil. Eu desejo você como me deseja. E eu te amo como Louisa
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER não te amava! — Suas palavras fazem com que eu me sinta ridículo. — E é ridículo — retrucou ela. — Vai mesmo passar o dia comigo? — Como poderia deixá-la? Mas vamos para a sala de televisão. Não posso correr o risco de voltar para a cama... — Um dia, voltaremos. — Um dia - concordou ele, depois de um beijo cheio de promessas, apanhou a fita e levou para o vídeo da sala.
CAPÍTULO X
Evan não levou muito tempo para dar andamento nos papéis. Na manhã seguinte, passou pela casa de Anna a fim de apanhá-la para as assinaturas preliminares. Anunciaram a novidade com entusiasmo, fazendo com que Polly e Duke participassem da alegria. Os pais de Anna não ficaram surpresos com a notícia, pelo contrário, já esperavam que o casal se entendesse. Anna não escondia a felicidade. Aquele era o melhor momento da vida dela. Evan estava muito carinhoso, beijando-a na testa ao chegar e ao sair, apertandoa contra o peito nos momentos de maior intimidade, segurando-lhe a mão quando caminhavam pelas ruas da pequena Jacobsville. Depois de irem ao cartório e à igreja, passaram pelo médico da família de Anna, a fim de providenciarem os exames pré-nupciais. Saíram do laboratório na hora do almoço e Evan sugeriu que fizessem a refeição em um dos poucos restaurantes da cidade. — Você não está se alimentando direito - ele observou. — Estou ansiosa demais para comer - confessou. — Mal posso acreditar que estamos juntos! — Nunca pensei em me casar. - Evan olhou para ela com misteriosos olhos negros. — Não seriamente. A idéia de constituir família sempre me pareceu distante. — Como aconteceu com Harden? — Mais ou menos. Harden odiava a idéia de se casar, até conhecer Miranda. — Todos pensavam que ele não se casaria, mas, para felicidade dos dois, Miranda apareceu. Evan segurou-lhe a mão com ternura, acariciando-lhe os dedos delicados. — Ainda não lhe dei um anel de noivado - comentou. Os papéis e os exames médicos eram reais. Ela estava se casando com Evan.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER Mas ouvi-lo falar de um anel de noivado fez com que as batidas do coração se acelerassem. — Evan... - ela não conseguiu concluir o pensamento. — Quer um anel de diamante, Anna? — Não sei... — Por favor, Anna! Diga que não quer uma esmeralda - ele pediu em tom solene. — Eu não lhe daria outro anel de esmeralda! — Não, eu não quero. - Anna sorriu diante da observação. — Evan, não creio que anel seja um bom investimento. — Mas não estou querendo investir, pequena. Não estamos falando de negócios, estamos? — Sinto muito, Evan. Acho que ainda não me convenci de que vamos nos casar. Por mais que tentasse, Anna ainda não se sentia segura a respeito daquela relação. Atormentava-a uma sombra de dúvida. Evan decidira procurá-la tão de repente! Sabia que uma intensa atração os mantinha juntos, mas não tinha certeza de que ele a amava tanto quanto ela o amava. Desde o assalto, Evan se mostrara atencioso e dedicado, mas ela não estava convencida de que o sentimento que os uni era amor. Evan, então, não se livrara dos temores que carregava desde o envolvimento com Louisa. Decidira se casar com Anna sem vencer o medo de amá-la. Temia que ela voltasse para os braços de Randall. Os olhos dele não escondiam a insegurança que he atormentava a mente e Anna não podia ignorar aquilo. E não podia esquecer-se de que Nina apareceria a qualquer momento. Aquele antigo caso de amor tomara forças quando Evan decidira usar a modelo para manter-se afastado de Anna. Como que em resposta aos mudos pressentimentos dela, Nina entrou no restaurante. Estava sozinha e mais linda do que nunca. Anna sorveu um gole do café que fumegava na xícara de porcelana. Evitou olhar para Evan, que se levantou ao perceber que Nina se aproximava. — Como vai, Evan? - Beijou-o de leve, nos lábios, apesar de não ter sido bem recebida. — Não o vejo há dias! Por onde andou? — Assumindo compromissos - afirmou secamente. — Anna e eu vamos nos casar. Nina ficou pálida de repente. — Você vai se casar com Anna? - indagou depois de um longo silêncio. — Depois de ter feito o que fez para afastá-la? O que houve, Evan? Ela está grávida? — Sem comentários, Nina, por favor! - Evan pediu com voz baixa. Nina olhou para Anna. Havia ódio estampado no belo rosto da modelo.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER — Acredita que ele ama você? - indagou, trêmula e pálida, chamando a atenção das pessoas que almoçavam nas outras mesas. — Evan não é homem de prender-se a alguém como você, Anna! — Nina, pare com isso! - Evan interferiu. — Está sendo inconveniente, não vê? Mais uma vez os olhos de Nina pousaram em Evan. Anna sentiu pena, apesar do espetáculo que Nina proporcionara aos demais clientes do restaurante. Sentiu pena porque também Nina estava apaixonada por Evan. — Então todos estavam errados a seu respeito, Evan? Você não gosta de mulheres experientes, muito pelo contrário... Nina não pôde concluir a frase. Saiu do restaurante em desabalada carreira, sem esconder o choro convulsivo. — Sinto muito, Anna - comentou Evan ao sentar-se outra vez. — Ela o ama. — Talvez. Mas Nina não representa nada para mim. O amor acontece naturalmente, não há como forçar os sentimentos. Anna sabia que ele estava certo e as palavras de Evan despertaram-lhe novas ansiedades. Estava se casando com ele e não sabia se era amada. Existia, sim, uma grande atração física entre ambos, mas amor só ela sentia. Evan pediu a conta e, em poucos minutos, saíam do restaurante. Nina destruíra o humor dos dois, mas, em grande parte, a culpa fora dele. Pensara que ela consideraria acabado o romance a partir do momento em que ele não mais a procurara ou telefonara. Não gostava de assumir, mas usara Nina para manter Anna afastada. Não pensara nela como ser humano, nem sequer tivera uma conversa para romper o relacionamento. Chegaram ao carro sem que nenhum dos dois se arriscasse a falar. — Sairemos amanhã cedo para comprar o anel de noivado e as alianças prometeu ao deixá-la em casa. — Está bem - concordou ela, sem se aborrecer. — Sinto muito... - comentou ao desligar o motor do carro. — Você não tem culpa se Nina está apaixonada e quer lutar pela felicidade. Sorriu com alguma amargura. — Eu já fiz coisas piores, não fiz? — Não. Você é diferente. Vai se casar comigo, Anna, não vai apenas me fazer companhia por uma noite! — E isso será bom, para nós? - Anna o encarou com os olhos cheios de lágrimas. — Que tipo de vida teremos? Poderemos sair para jantar sem que suas antigas namoradas façam cenas de ciúmes? — Mas Anna... — Evan, eu não quero viver assim! Não podemos nos casar! Ele tirou as mãos do volante e abraçou-a com força.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER — Você não vai voltar atrás, Anna! - desesperou-se. — Vou, Evan! Não podemos... As palavras foram abafadas por um beijo. Um longo e desesperado beijo que acabou com a resistência dela. Os lábios se abriram para receber a doce umidade da boca que a beijava com sofreguidão e os braços apressaram-se em rodear o pescoço de Evan. — Não me convença usando argumentos como este, Evan! — Não foi um argumento - retrucou ele, ainda ofegante, os olhos fixos nos dela. — Nina sabia que eu não a amava. Sempre deixei claro que não queria me envolver! — Ela foi usada... — É verdade - concordou ele —, eu a usei. Pensei que estivesse protegendo você ao usar Nina daquela forma. — Nina é um ser humano e tem sentimentos! — Ela tem razão de estar revoltada comigo, mas não pode me cobrar nada, Anna. Desde o início ela soube que eu não estava apaixonado. — Você fez amor com ela! — Anos atrás - consentiu. — Não agora. Já lhe disse que nenhuma outra mulher desperta meu desejo... Anna recostou o queixo no ombro dele. Do lado de fora do carro fazia um sol tímido e passageiro. E tudo o que ela queria era ter certeza de que a felicidade de estar ao lado de Evan não seria inconstante como o sol daquela tarde. — Por que quer se casar comigo, Evan? - indagou, finalmente. — O que disse? — Por que quer se casar comigo? - repetiu. — Por pena, culpa, desejo? — Anna, você ainda não confia em mim, não é? Eu sei que é difícil, mas tem que acreditar que ainda não posso te fazer minha. Preciso de mais algum tempo, pequena... — Eu te amo, Evan! — Então confie em mim! — É difícil acreditar em alguém cujos sentimentos não conheço! — Não sabe o que sinto? - Os olhos dele pousaram nos suaves lábios dela. — Não. Não sei. Você mudou muito desde o acidente. Antes, queria que eu me afastasse. Depois, me pediu em casamento. Como posso entender isso? — Você faz com que eu me sinta volúvel, Anna - comentou ele, incapaz de negar as insinuações dela. — Volúvel não é a palavra certa. Inseguro, talvez. Não podemos nos amar porque você tem medo. Como lidaremos com isso? Evan não respondeu. Ele não sabia o que dizer. Ainda havia muito a superar. — Palavras não convenceriam - comentou, desolado. — E eu não saberia que palavras usar para te convencer de que não estou ao seu lado porque sinto
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER remorsos. Anna, nada vai mudar a idéia que você tem de mim! — Não é verdade! - retrucou com olhos cheios de angústia. Com ternura, Evan acariciou-lhe os cabelos sedosos. — Vamos nos casar, pequena. E vamos ter uma lua-de-mel diferente. - Sorriu sem vontade. — Isso, se eu conseguir amar você! — Está com medo de fazer amor comigo? - Ela se afastou um pouco para olhá-lo nos olhos. — Não é óbvio? Tenho lutado com este medo dia e noite! Quase desisti de você por causa dele... — Evan, não pode ser tão ruim como você diz... Não serei a primeira a perder a virgindade, serei? — Não é esse o problema. — O que é, então? Lentamente, ele deslizou a mão pelo colo dela e, sorrateiro, alojou-a sob a blusa. Alisou-lhE o frescor da pele e suspirou. — Anna, posso machucar você. E isso lhe deixará traumas para o resto da vida. Passará a me odiar! — Não acredito nisso - protestou. — Depois de um ponto, pequena, um homem não consegue parar. Em silêncio, ergueu-lhe a blusa de seda E mordiscou-lhe o mamilo sobre a renda do sutiã. — Quer me enlouquecer, Evan? - murmurou ela, excitada. — Como fez comigo outras vezes, mostrando-mc a porta do paraíso, mas proibindo que eu entrasse? Os lábios dele se aproximaram dos dela E Anna chegou mais perto, pressionando com os dedos a mão que acariciava-lhe os seios fartos e eretos. Evan suspirou alto e puxou-a para perto do peito, esfregando-lhe os seios com paixão. — Sim, Evan - ela murmurou quase dentro da boca que a beijava, deixandose recostar contra o banco que ele abaixara. Delirou ao senti-lo pesar sobre o corpo. Um peso excitante e tentador. As mãos dele voltaram a acariciar-lhe os cabelos enquanto a língua explorava a suavidade dos lábios dela. Movimentos ritmados agitavam o corpo feminino numa louca busca de prazer. A excitação dele era palpável e ela ansiava por satisfazêlo. A submissão dela fez com que ele fosse adiante. Desabotoou-lhe a blusa sem tirar os lábios dos dela. Nenhum ruído se ouvia. O jardim estava deserto e o carro de Polly não estava na garagem. Apenas o som dos suspiros ecoavam no silêncio da tarde. — Sim... - ela balbuciou quando ele tirou-lhe o sutiã e jogou sobre o banco do motorista. — Deixe que eu tire sua camisa, Evan! Por favor! — Anna... - ele murmurou, tentando pensar.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER — Quero sentir seu corpo contra o meu - pediu, oferecendo os seios desnudos à avidez dos lábios dele. — Pequena... - Ele mergulhou entre os seios macios, sedento de amor, e ela suspirou ao sentir que cada músculo do corpo dele se retesava. — Não é bom? - murmurou com voz rouca. — Mostre-me como se ama, Evan! Ensina-me a lhe dar prazer! — Minha pequena! - Ele deslizava a língua nos róseos mamilos. — Você não precisa de lições! — Continue... Não! Não pare! Ele não conseguia raciocinar diante daquele apelo. Apenas obedecê-la, friccionando a barba c a boca na pele dos seios dela. Todo o corpo feminino se arrepiava e contorcia- se prazer com aquele contato. — Isso é tão bom, meu amor... - sussurrava ao apertar a cabeça dele contra o colo. — É tão bom... — Você é doce, Anna... - Ergueu a cabeça e olhou-a, perto do delírio. Alisou as marcas vermelhas que a barba crescida provocara na pele dela. — Eu te quero! — Eu também quero você... Não podemos sair daqui? — Não podemos correr esse risco! — É claro que sim! Quero te olhar, Evan. E quero que me olhe também. Ele queria gritar. Pensar. Amar aquela mulher, mas também protegê-la do desejo que o estava consumindo. — Está bem - ele murmurou com ternura. Depois de ajudá-la a vestir a blusa, Evan ligou o carro sem dizer uma palavra e, em silêncio, chegaram à margem de um lago que havia na propriedade dos Trenuyne. O isolamento era total. Ninguém ia àquela parte da fazenda a não ser Evan, quando queria ficar sozinho. — Isso é uma loucura... - observou ele, erguendo-a nos braços e deitando-a sobre a grama verde e macia. -- Estamos indo longe demais... — Não diga nada, Evan — ela pediu quando ele também se deitou à margem da água cristalina. No instante seguinte, Anna tirava a blusa outra vez, sem medo ou inibição. Iam se casar, afinal. Eles se amavam. Precisava convencê-lo de que não tinha medo de conhecê-lo por inteiro. Evan mal podia respirar diante da mágica visão daquele colo. — Você é virgem... — Preferiria que Randall me amasse a fazer de mim sua mulher? Os olhos dele se arregalaram. — Não, é claro que não! - Evan tirou a camisa e o cinto com movimentos rápidos. — Eu seria capaz de matar aquele médico! Com extrema sensualidade, os olhos negros de Evan exploraram a beleza dos seios dela antes de se fixarem no rosto feminino. Ele segurou-a pelos ombros e,
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER em silêncio, começou a roçar-lhe a pele sedosa e arrepiada. Deixou que os pêlos do peito acariciassem os mamilos com alguma sofreguidão, o que provocou gemidos suaves e ligeiros tremores. — Isto é apenas o começo, Anna - prometeu. — Ainda há muito o que sentir... Um beijo enlouquecedor selou a promessa. Anna jamais fora beijada daquele jeito, com tanto desejo e volúpia. Ele torturou-lhe a boca e atormentou-lhe os sentidos com movimentos sensuais e delirantes. Outros gemidos ecoaram no silencio da tarde. Anna chegou às fronteiras da loucura quando sentiu o doce penetrar da língua dele, com calma e suavidade. A excitação era tão grande que ela poderia chorar. Gritar. Segurou-se à fortaleza do corpo de Evan, ansiosa por senti-lo rígido e próximo. Atendendo ao mudo apelo, Evan separou-lhe as pernas e acomodou-se, afoito, naquele ninho aconchegante. Olhou para ela. Estava rubro e ofegante. Descansou o peso sobre a delicadeza do corpo dela, excitando-a ainda mais. Anna sentiu-o à vontade. Adorou o contato morno da intimidade dele e pediu baixinho que continuasse a roçar-lhe os pontos mais virgens do corpo. Os sentidos de Evan o confundiam cada vez mais. Anna ia fugir. Fugir como Louisa fugira ao vê-lo nu. Mas as longas pernas de Anna enlaçaram as dele, ensaiando um movimento ritmado e estonteante. Os lábios rosados se abriram, gentilmente, num murmúrio imperceptível. — Cuidado... - avisou ele. — Eu posso não conseguir me controlar! — Eu não me importo. — Você não entende. Pode engravidar! Ela sorriu. — Você não entende. Quero um filho seu! Sem argumentos, Evan segurou-lhe a cintura fina e mergulhou os olhos nos dela, forçando-a a abrir ainda mais as pernas para sentir o calor que a posição prometia. Anna fechou os olhos para melhor sentir-lhe a pujança. — Não vê como estou? - ele indagou à beira do desespero. — Posso machucar você se tirar a roupa! Apenas um suspiro saiu dos lábios dela. Anna compreendeu os temores de Evan e apertou o corpo contra o dele. — Evan... — Anna, eu... Ela o olhou nos olhos compreendendo o quanto ele era vulnerável. Estava surpresa com tudo aquilo. Sexo sempre fora um mistério, mas estava se tornando um jogo. Um delicioso jogo de sedução. Respiração acelerada, Evan cerrou os olhos. Ela acariciou-lhe os cabelos negros e relaxou o corpo sob o dele.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER — Então é isso... - murmurou. — Não sabia como um homem fica quando está excitado? — Bem, na verdade, não - confessou, enlaçando-lhe o pescoço. — Estou pesado demais? — Não, eu gosto de sentir você assim, bem perto. — Por que não damos um mergulho? - Evan sugeriu ao acariciar-lhe o pescoço. — Ficaremos molhados! A não ser, é claro, que você tenha trazido roupa de banho! - gracejou. — Nem uma coisa, nem outra - ele disse sem sorrir. — Anna, quero que me conheça por inteiro, antes de nos casarmos. A idéia de vê-lo nu a deixava ansiosa, mas não a amedrontava. Ela sabia o quanto aquilo era importante para Evan. Ele precisava ter certeza de que não despertava medo e sim desejo. — Então vamos... — Tem certeza? - ele indagou, ansioso. — Sim. Eu te amo, Evan! As palavras soaram claras, mas Evan precisava de provas daquele amor. Se ela não fugisse depois de vê-lo nu, todos os temores cairiam por terra. Anna relutou ao começar a se despir e Evan se afastou um pouco para deixála à vontade. Estava na água quando Evan retornou, mas não olhou para o corpo dele. Esperou que se aproximasse. — Não foi tão difícil, não é? — A primeira vez é sempre a mais difícil - confessou ela. — E a mais importante, pequena! De repente ele começou a nadar em volta dela e ambos brincaram e riram por longo tempo. Era bom o contato da água sobre a pele e a amplitude do lugar dava inigualável sensação de liberdade. Evan chegou mais perto e roçou-lhe o corpo devagar. Ela fugiu e, entre risos, boiou sobre a água prateada pelo sol da tarde quente. — Não faça isso, pequena! - pediu ele, ao sentir que não suportaria vê-la tão provocante. — Venha, Evan... Não havia como resistir. Ele alcançou-a e apertou-a contra o peito, louco de desejo. Ela permaneceu dócil e lânguida, saboreando, pela primeira vez, aquele contato. A rigidez do corpo de Evan pressionou o dela, provocando um tremor. — Está com medo? — Não, não é medo - tranquilizou-o, olhando nos olhos. — É que nunca fiquei nua diante de um homem... — Não vou machucar você - repetiu. — Tente se lembrar disso... Com
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER movimentos suaves ele a carregou até a margem do lago, deitando-a sobre a grama macia. Beijou-a com imensa ternura, ajoelhou-se entre as pernas dela e esperou que abrisse os olhos. Anna olhou para ele, ficou corada c sorriu. — Não está com vontade de fugir? — Por quê? — Louisa fugiu ao me ver nu. Confusa, Anna fixou os olhos no corpo dele. Era, sem dúvida, um belo corpo. E tão avantajado que poderia assustar. Sorriu outra vez. Evan seria o marido dela: precisava crescer depressa! Involuntariamente, os lábios dela se abriram e o coração se acelerou. Estava fascinada com o que via e o que sentia não era medo, tinha certeza Evan também a olhava com atenção. Conhecera muitas mulheres mas Anna era especial. As curvas suaves e perfeitas o enlouqueciam. O ventre, os pêlos, as pernas longas e bem-feitas... Tudo nela o excitava e Evan não fugiu. Deixou que Anna o visse pronto para o amor. — Evan... — Sim? — Não queria que eu o visse assim? — Tinha medo de que fugisse de mim... — Sinto desapontá-lo... - Ela sorriu com malícia. — Porque não me beija? — Porque, se eu beijar você, não vou conseguir parar nos beijos, pequena... — Faça isso - pediu. — E nós teremos nossa lua-de-mel aqui, Evan... — Vamos nos casar depois de amanhã. — E daí? — Teremos uma noite de núpcias convencional, Anna. Minutos depois ele a ajudava a levantar-se. Caminharam até o pequeno chalé à margem do lago e Evan abriu a porta. — Vou apanhar toalhas para nós. Com um sorriso que não conseguia disfarçar a frustração, Anna apanhou a toalha que ele ofereceu. Enquanto ela se vestia, Evan, já envolvido pelas roupas, deixava o pensamento voar. Anna tinha certeza de que ele pensava no que passara com Louisa. Mas ela não agiria como Louisa. Sempre vira em Evan um cavalheiro. Um enorme e possante cavalheiro que não seria capaz de machucar um inseto sequer. — Você não precisa ter medo de me amar, Evan, já que não tenho medo de você. — Tem certeza? — Se Louisa tivesse amado você ela não teria fugido. — Ela me amava. — Não acredito - concluiu e entregou-lhe a toalha úmida. Caminharam em silêncio até o carro. Anna estava certa. Louisa não o amara e ele não percebera aquilo em tempo de evitar a situação constrangedora porque passaram.
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CAPÍTULO XI
Na tarde de quinta-feira, o casamento aconteceu. Foi uma cerimônia breve, mas tão bonita quanto a tarde que caía lentamente sobre a cidade. A pedido de Anna, tudo aconteceu na fazenda dos Tremayne, ao ar livre, com a presença dos familiares, apenas. Ela estava radiante e ainda mais bela vestida de noiva. Mal podia acreditar que, a partir daquele dia, era a mulher de Evan. Olhou para o anel de diamante e a aliança que trazia nos dedos. Era verdade. Estava casada com o homem com quem sempre sonhara. Mas Evan estava preocupado. Durante a singela recepção, na casa da fazenda, ele não conseguiu esconder a apreensão e Anna sabia o motivo daquela angústia. Não havia mais como fugir; a noite de núpcias era uma realidade próxima demais para ser ignorada e temia que Anna fugisse dos carinhos dele, temendo ser machucada. — Foi uma cerimônia adorável, Anna - Polly comentou quando já se aproximava o momento de partirem para a viagem de lua-de-mel. — Espero que se divirtam em Nova Orleans e, acima disso, desejo que sejam felizes. — Seremos, mamãe. Você ainda não me disse o que resolveu com papai. — Ele viaja para Atlanta esta noite. — Tão cedo? — indagou Anna, decepcionada. — Vou com ele - Polly continuou, sorridente. — Duke vai pedir transferência para Houston e ficará morando aqui, em Jacobsville. — Que notícia boa, mamãe! — Todas as noites ele virá para casa, a não ser, é claro, que esteja escalado para vôos noturnos. Voltaremos a ser uma família, Anna. — É bom demais para ser verdade, mamãe! — Espero diminuir minha carga de trabalho. - Polly esclareceu, satisfeita como uma colegial apaixonada. — Assim poderei voar com Duke para fora do país. — Vocês merecem a felicidade, afinal, ainda, se amam! — Também vocês merecem ser felizes, querida. Vá e tenha uma doce lua-demel. Quando voltarem conversaremos mais. — Obrigada... - Anna agradeceu com os olhos cheios de lágrimas. Minutos mais tarde, estavam num táxi rumo ao aeroporto. — Feliz? - Evan indagou, os olhos fixos no rosto dela. — Muito. E você?
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER — Não há como traduzir em palavras o que estou sentindo, Anna. Sou o homem mais feliz do mundo por ser teu marido, mas tenho medo do que está para acontecer. — Oh, Evan, por favor! Será que vou precisar te servir alguns drinques antes de te levar para a cama? Ele não sorriu. Estava tenso demais para achar graça da situação. — Não tenho medo de fazer amor com você - ela prosseguiu. — Tomara que esteja dizendo a verdade, pequena. Porque esta noite terá que me dar provas disso! Anna não respondeu. Observou o pôr-do-sol pela janela do carro e segurou entre as dela as mãos de Evan. Pertenciam um ao outro e tudo faria para ajudá-lo a superar o trauma. Nova Orleans era uma bela cidade, à margem do rio Mississipi. Anna e Evan foram diretamente para o hotel, onde tomaram banho e desceram para jantar. Durante a refeição, ela tentou abordar vários assuntos, mas Evan estava tenso demais para conversar. O garçom serviu o prato pedido e ele quase não tocou na comida. Quando, de volta ao quarto, ela tentou beijá-lo, Evan entrou em pânico. — Anna, agora não... — Estamos casados, Evan. Está tudo bem! — Não posso, Anna - ele respondeu, aflito, enquanto se dirigia à porta do quarto. — Preciso pensar um pouco me desculpe. Estarei de volta assim que tiver coragem. Evan saiu e fechou a porta, deixando-a no interior do aposento. Anna se sentou na cama macia e relaxou os braços ao longo do corpo. Como poderia consumar o casamento se o marido tinha medo de tocá-la? E tudo por causa de Louisa, uma jovem inconsequente que o magoara no mais profundo do ser. As primeiras horas da manhã ela conseguiu conciliar o sono, os olhos vermelhos de chorar à espera de Evan. No bar do hotel, ele bebia uma das muitas doses de uísque que pedira. Tentava criar coragem, convencer-se de que não era grande demais para a delicadeza de Anna. Ela não era Louisa, afinal! Mas a idéia de que a esposa era tão inexperiente quanto Louisa o atormentava. Tinha medo de, no auge do desejo, não conseguir controlar os impulsos e machucá-la. Como um autômato, Evan pagou a conta e subiu para o quarto, ansioso por vê-la. Na manhã seguinte, o sol já esquentava as ruas e refletia matizes coloridos nas águas do rio Mississipi. Anna acordou e viu que não estava sozinha na cama. Com um sorriso cheio de ternura ela olhou para ele, adormecido e relaxado. "Pobrezinho...", pensou compreensiva. "Eu entendo seu medo, meu amor. Sei também que ela não tem idéia do mal que te fez..."
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER Sem acordá-lo, ela tirou a camisola que usava e jogou sobre o tapete macio do quarto que permanecia na penumbra graças às cortinas espessas. Com alguma sorte, ele acreditaria que estava apenas sonhando... Com cuidado, ela jogou ao chão os lençóis com que se cobriam e observou o corpo do homem amado, ansiosa por tocá-lo. Curvou-se devagar, tocando-lhe a pele com os lábios. Deslizou as mãos pelos músculos dele, sentindo-lhes a rigidez. Mordiscou os mamilos que haviam se retesado com o primeiro toque e percebeu que a respiração de Evan se acelerava. As mãos não paravam de acariciá-lo enquanto a boca umedecia-lhe a superfície da pele com beijos incontroláveis e sensuais. Ela beijou-lhe o umbigo e Evan respondeu com um movimento sensual e um rouco gemido de prazer. Então os cabelos dela roçaram-lhe os quadris e ele murmurou o nome da mulher que o seduzia. — Anna... Extasiada com aquela reação, começou a acariciá-lo com maior pressão, das coxas ao estômago, do peito aos pés... Segundos depois ela sentiu o calor dos lábios dele nos seios eretos e excitados. Ele a tocava como jamais fizera e Anna sussurrava palavras incompreensíveis a cada cadeia mais ousada. Fechou os olhos quando ligeiros estremecimentos sacudiram-lhe o corpo; agitou os quadris ante o efeito daqueles toques excitantes e carregados de sensualidade, como se procurasse alçar no ar. Os lábios de Evan chegaram aos dela depois de uma longa e demorada viagem pelos pontos mais secretos do corpo feminino, provocando pequenos gritos de prazer que não seriam ouvidos além da intimidade do quarto. Devagar, ele alojou-se entre as pernas que o receberam, ansiosas. — Olhe para mim... — pediu ele com voz ofegante,. Ela obedeceu. Obedeceu porque já podia sentir a força daquele homem na intimidade e queria sentir tudo, tudo o que ele poderia provocar. — Segure-se em mim... - Evan orientou-a num suave murmúrio. — Pode arranhar minhas costas, se quiser... Outro gemido nasceu dos lábios corados e entreabertos de Anna quando se viu despida da minúscula calcinha que usava. Com cuidado, ele novamente acercou-se dos quadris que o esperavam. — Anna... - suspirou com os olhos cheios de ternura. — Isso pode ser difícil, pequena, mas faça de mim o seu homem. Tente relaxar... Tente deixar que seu corpo envolva o meu. — Oh, Evan, por favor... - ela suplicou. — Pense numa pedra caindo num lago azul, Anna - ele murmurou enquanto se movia em busca do abrigo quente do corpo da mulher amada. — Deixe que eu lhe faça mulher, Anna... Não tenha medo... Os olhos dela mergulharam nos dele e não havia medo naquele olhar. Havia
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER desejo, muito desejo. — Eu vi, Evan! Eu vi o azul do lago se abrindo para receber a pedra, meu amor... Num movimento mais rápido ela absorveu o amor de Evan, tomada de indescritível sensação. Um misto de dor e prazer sacudiu-lhe o ventre delicado e ela gritou, mas não deixou de movimentar os quadris, que já iam e vinham com a suavidade do caminho aberto. Sorriu para Evan, aliviada, sentindo a força do marido nas entranhas. — Evan... — Sim? - ele sussurrou-lhe ao ouvido enquanto se movia devagar, enlouquecendo-a. — Não pare, Evan... - suplicou e começou a girar os quadris sob o peso do corpo do amado, num ritmo estonteante. — Anna, pare... - ele aumentou a velocidade dos movimentos. — Pare ou vai fazer com que eu perca o controle e... — Eu quero que perca... - Anna respondeu com um sorriso malicioso procurando os lábios dele. — Faça o que quiser, Evan! Sinta prazer dentro de mim... Todo o prazer que conseguir... — Anna! — ele quase gritou. O nome dela soou no quarto do hotel e Evan não mais conseguiu parar. Perdeu o medo de machucar o frágil corpo que tinha nas mãos e invadiu-lhe a caverna úmida e sensual, cheio de violento desejo. Sentiu prazer diante da satisfação que Anna experimentou com a invasão sem rodeios e mergulhou no mundo secreto do êxtase. Anna abriu os olhos por um instante e viu agonia no rosto dele quando um jato, morno e abundante lubrificou-lhe os pontos mais íntimos do corpo. Então ele relaxou e caiu pesadamente sobre as formas femininas e Anna protestou, insatisfeita ainda: — Não, por favor! — Calma, pequena - ele sussurrou, ao começar tudo de novo dê-me tua boca, que vou te satisfazer agora... Segundos depois Evan se mexia devagar, tocava com cuidado e ternura o corpo dela, despertando gemidos quase dolorosos de prazer. Não demorou muito para que ela chegasse ao clímax e, dos olhos de Anna, rolaram duas pequenas lágrimas. Evan beijou-lhe a face, secando as lágrimas, mas ela não deixou que ele fugisse. — Está bem... - Ele deixou que a amada saboreasse os últimos espasmos de intenso desejo e sorriu. Beijou-a com doçura quando os corpos se separaram, saciados. — Abrace-me — pediu ela.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER — Não está sentindo dor? - ele indagou ao acariciar-lhe o rosto. — Sei que foi difícil para você. — Eu te amo! Não foi ruim, Evan, foi o paraíso. — Para mim também, meu amor. Não te machuquei? — Não. Vai parar de fugir de mim? — Tenho outra escolha? - Ele a olhou com ternura. — Você não teve medo de mim. — Sempre afirmei que não tinha! — Não tomamos precaução alguma! — Pode engravidar? - Os olhos dela brilharam — Pode. - Evan acariciou-lhe os cabelos longos e louros. — Você é muito jovem... — Nem tanto — Anna discordou e deitou-se sobre o corpo dele, tentadora. — Espere um pouco... - pediu ele. — Você precisa se recuperar do que fizemos. Anna sorriu e, a julgar pelo brilho dos olhos, não precisava de tempo para se recuperar. — Venha cá. - Evan abraçou-a e puxou o lençol, ocultando os corpos nus. — Vamos dormir um pouco. — E depois? — Só depois... Ele sorriu. Ela fechou os olhos e, em poucos instantes, adormeceu. Ao acordar, deparou com a figura de Evan como se ainda sonhasse. — Está com fome? - indagou, apertando-a contra o peito. Parecia mais jovem naquele momento. Estava nu e não se mostrava constrangido como antes. — Faminta! - confessou ela, ao se sentar. Num salto, Evan jogou o lençol ao chão, olhando para ela. — Anna, você é tão linda! Um sorriso foi a resposta e ele sentou-se ao lado dela, acariciando-lhe o corpo sem reservas e, mais uma vez, tirou-lhe o fôlego. Evan não resistiu à tentação de beijá-la nos seios convidativos, mas quando Anna tentou segurou-lhe a cabeça contra o colo, ele se afastou um pouco. — Vamos esperar - sugeriu, os olhos cheios de emoção. — Temos o resto da vida para nos entregarmos um ao outro, pequena. — Eu começaria tudo outra vez... — Também eu, mas seu corpo precisa se recompor, entende? Eu te amo tanto, minha pequena! Não quero que sinta dor... — Você me ama, Evan? - Havia ansiedade nos olhos dela. — Se não te amasse, por que teria me casado com você? Só consegui enxergar a verdade através dos seus olhos, Anna. - Ele sorriu ao lembrar. — Louisa nunca me amou e eu nunca soube disso. Até que você me fez ver o que é o
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER amor. Anna prendeu a respiração, emocionada. Evan acariciou-lhe o colo com mãos gentis e cheias de ternura. — Eu estava sacrificando nossa felicidade - prosseguiu. — Tinha medo de fazer com você o que fiz com ela, mas quando soube que se casaria com Randall pensei que fosse enlouquecer. — Esqueça, Evan... — Não posso - ele insistiu. — Você esteve à beira da morte e eu não pude fazer nada: tinha o peito arrebentado pelo remorso de ter te afastado de mim, de ter feito o que fiz naquele dia, no seu trabalho. Duas lágrimas rolaram dos olhos dela. O que Evan sentia estava claro no rosto dele, na voz embargada com que falava. — Você... Você me ama! - exclamou. — Eu te amo, pequena. Sou louco por você! — Ele segurou-lhe o rosto entre as mãos grandes e firmes, mas repletas de ternura. — Oh, Anna! Você é um novo sopro de vida para meu corpo... Sem mais uma palavra ele a deitou sobre a cama macia e cobriu-a de beijos apaixonados e ousados. Ela relaxou para melhor sentir a intensidade do amor de Evan. — Eu te amo, Evan! Eu... - ela quis murmurar quando, finalmente, chegaram juntos ao clímax, mas as palavras morreram-lhe na garganta, dando lugar a um gemido de prazer. — Eu morreria te amando, pequena! — Eternamente... Evan, eu te amarei eternamente... Mais uma vez ele procurou-lhe a boca com adoração e conheceu-lhe as reações do corpo delicado, num lento e longo ritual de amor. — Precisamos comer algo - lembrou ele, depois de relaxados. — Não posso deixar que você enfraqueça - brincou. — Eu é que não posso deixar que você perca as forças! - ela murmurou, risonha. — Espero muito de nós dois! Os dois sorriram e ele a levou até a mesa do café, posta com fartura e requinte. Pela primeira vez os fantasmas se dissiparam totalmente e Evan se sentiu possuidor de tudo o que sempre sonhara. Sentou-se com Anna sobre uma das coxas dele e ela segurou-lhe o pescoço. Queriam estar muito perto um do outro. Daquele momento em diante seriam inseparáveis e cada dia nasceria com promessa de intensa felicidade. Anna não teria outros pesadelos provocados pelo acidente que sofrera, o assalto que não passaria de um sonho ruim. Semanas mais tarde, um marginal morreria nas ruas de Houston, vítima de overdose. Seria o suspeito de uma série de roubos e estupros violentos. Um fim trágico para um homem desumano e cruel.
BIANCA – 547 – CAMINHOS DA SEDUÇÃO – DIANA PALMER Evan e Anna passariam a morar no chalé da fazenda dos Tremayne. Depois da reforma, um dos cômodos seria transformado em estúdio, onde Anna ficaria a maior parte do tempo, quando o marido não estivesse em casa. A insegurança e o medo de rejeição de Evan seriam coisas do passado, coisas de que se lembrariam divertidos, nos doces momentos de intimidade à margem do lago que circundava a casa.