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O Caminho de Arariboia

Hino do Caminho de Arariboia: (letra e música de Paulinho Victer)

Com chuva ou com sol Vou andar sim senhor No Caminho de Arariboia Eu ando com fervor. (bis) E com vigor, Eu vou a Cabo Frio E no caminho eu encontro Meu amor. (bis)

Autoria e Desenvolvimento Ronaldo Victer / Paulo Roberto Victer Coordenação Editorial Heraldo Victer Diagramação e Arte Luiz Fernando Motta

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Apresentação e Esclarecimento: O CAMINHO DE ARARIBÓIA: o caminho da fuga dos indios que viviam ao redor da Baía de Guanabara. Começa no monumento a Araribóia no centro de Niterói (RJ) e finda no marco da Casa de Pedra no Morro do Arpoador em Cabo Frio (RJ). Foi uma idealização, criação e execução do psicanalista Ronaldo Victer, imediatamente adotada por dezenas de entusiastas de caminhadas, como uma tentativa de reproduzir a saga dos índios que viviam ao redor da Baía da Guanabara, na metade do Século XVI, na sua fuga para Cabo Frio, através uma caminhada de 152 km, percorrendo toda extensão da orla oceânica da região leste fluminense, durante 6 dias seguidos, com 5 pernoites uma vez por ano. É uma forma positiva encontrada de reverenciar e homenagear o grande Cacique Arariboia, fundador de Niterói, herói na expulsão dos invasores franceses da Baia da Guanabara. Seria exagero afirmar que, sem o grande Cacique Cobra Feroz, o Rio de Janeiro se chamaria “Henriville” e a língua oficial não seria o português. Os caminhantes são carinhosamente cognominados de “Araris”, e se sentem orgulhosos em poder contribuir no resgate e preservação da memória da “Banda do Além”, ou da “Aldeia São Lourenço dos Ìndios”, ou da “Vila Real da Praia Grande”, ou de “Nichteroy”, fundada em 22 de novembro de 1573, cujo significado do nome na língua Tupi Guarani é: “águas escondidas”. O presente ensaio não tem qualquer pretensão de ser uma publicação de História, portanto não estando atrelado ao rigor da comprovação dos fatos, a descrição dos episódios acontecidos naquela ocasião, serve como ponto de referência das datas, das pessoas envolvidas, para melhor compreensão dos leitores. Também na elaboração do texto, houve sempre a preocupação de consultar as fontes de pesquisa, a fim de após conferência dos dados, proceder a devida correção, para não se induzir a um erro grosseiro.

É um consenso geral que o conhecimento básico da História do Brasil é compromisso obrigatório a todo cidadão escolarizado, e ao recordar os pontos marcantes do passado pode deflagrar um movimento cultural que aflora o sentimento inato dentro de cada pessoa fazendo com que o passado seja tão palpável quanto o presente. O grande objetivo deste ensaio é instigar de forma aguda a população como um todo, abrangendo os acadêmicos diplomados, universitários, professores, historiadores, homens da ciência política, os interessados pela vida dos indígenas, para terem a atenção voltada aos acontecimentos ocorridos na Baía da Guanabara, na metade do Sec XVI. Convergindo nesse foco, estariam sendo convidados integrantes desse pretenso movimento cultural, a quais sejam, Universidade Federal Fluminense (UFF), Secretaria de Cultura, FUNAI, Academia de Letras, as Sociedades de História, Instituto Histórico de Niterói, Rotary Club, Lions Club, Associação Comercial, OAB, Indígenas e demais entidades representativas das classes envolvidas, todas claro, sob os auspícios do Poder Executivo, por ser o órgão da decisão política. Há de se registrar a existência de mais dois Caminhos ligados ao Caminho de Arariboia e intimamente inseridos à História da Cidade de Niterói: 1 - Caminho de Niemeyer, que se constitui em um pequeno trecho da caminhada, reunindo um conjunto de obras arquitetônicas do Mestre Oscar Niemeyer. 2 - O Caminho de Charles Darwin, o mais longo dos três, que se inicia na praia de Itaipu indo até o Rio Macaé, realizado no Sec XIX por esse extraordinário cientista inglês.

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Capítulo I - Introdução

Os caminhos - Muitos lugares - Vários trajetos Diferentes propósitos - Caminhantes

O Homem - de nômade a sendentário

Homem ativo: saudável. Homem sedentário: obeso. O Homem foi feito para caminhar, por possuir duas pernas, por ter assumido a posição ereta, por ter seus olhos na parte superior do corpo, por conseguir avistar à sua frente, pode escolher e alcançar o ponto desejado. Biologicamente poderia ter continuado como nômade, seguindo seus instintos, atendendo às necessidades, se adaptando às condições climáticas das diferentes regiões, das estações do ano, convivendo às diversidades locais. Naturalmente, com o passar dos tempos, foi incorporando maiores conhecimentos sobre a vida, sobre a natureza, sobre o seu redor, sobre outros seres vivos, surgiu a consciência, passou utilizar ferramentas e máquinas, construiu a ciência, adquiriu os ensinamentos da vida, se qualificou nas diferentes atividades, consolidou a ciência, alcançou o avanço tecnológico, se modernizou. Dominou a situação, passou ser o senhor do mundo. Evoluiu? Com o domínio do saber, a vida se tornou melhor em qualidade. Socialmente, se fez mais integrado a si, a seus semelhantes e ao meio ambiente. Mas o preço dessa evolução, foi ter-se tornado refém das facilidades ofertadas às suas mãos, vindo sem qualquer esforço, sem maior trabalho. O esforço físico deixou de ser imprescindível às tarefas, até mesmo para se alimentar. A atividade de se movimentar se tornou enfadonho, e usar o corpo para produzir uma ação se tornou cansativo. Executar trabalho físico diário se transformou um fardo, o ócio foi um prêmio à vida, a conquista do progresso, trouxe a facilidade. Naturalmente o homem foi se modificando num ente sedentário. Os pelos protetores que cobriam o corpo, deixaram de ser imprescindíveis para suportar o frio, as roupas passaram a fazê-lo. A mandíbula não precisa mais ser tão desenvolvida, tampouco os dentes afiados, pois em substituição vieram os pratos e talheres, favorecendo 4

as refeições. Trocou os hábitos da vida ao ar livre pela casa confortável, protegida do sol e da chuva, passou a calcular o tempo e saber das horas, não mais pela posição do sol, das fases da lua, mas pela sua grande invenção, o relógio. As pernas, mesmo daquelas guerreiros mais fortes, não conseguiram competir com as rodas dos veículos motorizados. Essas mudanças sociais, a despeito das grandes conquistas da humanidade, produziram significativas mudanças biológicas no homem, estruturais e psicológicas, e os instintos primitivos foram praticamente esquecidos. O Homem se assumiu como senhor da inteligência, mas preso no seu próprio sistema da modernidade. Ficou tão dependente desse sistema, sem o qual, se mostra impotente às ações cotidianas. Uma marcante transformação foi o crescimento do seu intelecto. Mas fisicamente uma versão delicada do seu antepassado. Contudo ainda algum instinto animalesco persistiu dentro de si, em que os comportamentos registrados dentro do seu código genético, possam de repente liberar algum gesto ou reflexo, como se estivesse nos primórdios da vida inicial. As caminhadas de longa distância, pode ser considerada um possível exemplo dessas reminiscências. Especificamente não o simples ato de andar ou de caminhar, mas pela força interior recôndita que o impulsiona a fazê-lo. Andar, caminhar, correr, percorrer, subir, descer, chegar, alcançar, são ações naturais do ser humano, próprias da condição de bípede. Andar é o movimento mais natural do homem. Ao realizar longas caminhadas, ele estaria retornando à sua vida mais antiga, primitiva? Desta vez, não seria por procura de alimento, talvez por algo mais nobre, algo imaterial que possa agradar sua vonta-


de, satisfazer o interior emocional, ao desejo psicológico de conquista.(?) Caminhada é uma necessidade? Ou simplesmente uma ação biológica natural? Física? A euforia causada pelo exercício físico, pela liberação de endorfinas, de serotonina, de adrenalina, de hormônios, de substâncias bioquímicas, proporciona um bem estar geral, gerando na população em geral, uma onda progressiva pela preferência por caminhadas, se constitui num hábito saudável, de absoluto baixo custo, de comprovado benefício a qualquer idade, de grande aceitação social. A caminhada de longa distância, é considerada uma atividade completa, por associar corpo e mente. Associando-se esta atividade intuitiva a uma decisão racional, com planejamento consciente, resulta no somatório altamente positivo. Porém, há uma total diferença entre andar e caminhar. A maneira de caminhar, torna-se diferente, quando se percorre um trajeto específico, pois o objetivo não é simplesmente andar, e sim algo mais completo. O caminhante o faz com passadas largas, tranquilas, devagar, apreciando a paisagem, analisando o cenário, interagindo com a natureza. A atmosfera se faz especial, na satisfação de caminhar e alegria de alcançar cada ponto do trajeto. Cada momento é diferente, cada local é novo, mesmo já visitado anteriormente. Há uma forte razão para se percorrer cada trecho do caminho, e cada chegada tem uma história diferente e uma nova motivação. Se não for dessa maneira, qualquer lugar serviria para se caminhar, qualquer extensão seria suficiente para completar o percurso. Há de se ter um motivo, uma razão, um objetivo, para fazer o caminho, e mais ainda um estímulo para fazê-lo com alegria. Ao concluir a caminhada, uma nova experiência

de vida se adquire, que se interage com a presença dos companheiros, na troca de vivências e emoções. Mas é no plano pessoal, que ocorre específicamente uma profunda mudança, precedida por uma análise introspectiva que o caminhante faz durante a caminhada, de sua própria vida, por ter tempo disponível para tal, suficiente para pensar, recordar fatos, analisá-los e produzir uma discussão consigo próprio. Reflexões de momentos passados, permitem uma revisão sem censura, não que possam modificar o acontecido, mas darão maior percepção da vida e melhores meios para conduta futura. É uma oportunidade única de realizar uma auto-psicanálise, verdadeiramente sozinho. O comportamento do caminhante é absolutamente variável, na dependência de todo carregamento emocional que cada um já traz consigo. Esta dependência prévia define o tipo de pessoa que está a caminhar, se desejoso de aventura, de vencer barreiras geográficas como se fosse uma prova de obstáculos, ou aquele sem definição, sem maiores objetivos, outros de alta sensibilidade querendo respostas aos seus questionamentos, e até de outros vagando sem rumo não utilizando o espelho do conhecimento colocado à sua frente e portanro nada enxergando. Alguns outros procurando momentos de fuga de sua vida rotineira, outros sem propósito, enfim, múltiplos propósitos. Nesse variável espectro de comportamento psicológico dos caminhantes, há o lado interrogativo dos mistérios interiores que é trazido dentro da ”mochila” sentimental de cada um. A mochila pode se esvaziar ao longo do caminho, ou então, voltar mais pesada pelo aparecimento de algum problema antes desconhecido. O gesto de caminhar lentamente, de forma repetitiva pacientemente, proporciona a expectativa de sur5


gir algum acontecimento marcante, pois cada passo representa uma página inédita na elaboração do relatório final. As passadas envolvidas pelos pensamentos, produzem a cada instante, uma interminável sequência de imagens, cuja imaginação invade a mente do caminhante, de repente, as cenas se agrupam numa sequência harmônica, cinematograficamente, criando uma viagem, tão mágica quanto inebriante, que no imaginário daquele caminhante, passa de virtual a verdadeira. Vive-se uma dupla viagem que se desenrola paralelamente, que quando acaba, o caminhante não consegue definir qual teria verdadeiramente acontecida. Desta forma, a

caminhada não é simplesmente andar, e sim olhar, admirar, contemplar, avaliar, sentir e se sublimar. Haverá mudança? O Caminho de Arariboia foi criado com todos esses ingredientes, e certamente vem se mantendo vivo pela dedicação dos seus componentes, carinhosamente chamados de “Araris”, cuja participação ativa aumenta a cada ano, em número e em empolgação.

Outros Caminhos conhecidos:

Caminho das Missões: é um roteiro de caminhadas pelas antigas estradas missioneiras Jesuitas – Guarani, no Rio Grande do Sul, de São Borja até o rio Uruguai, divisa argentina. Caminho de Anchieta: Espirito do Santo – primeiro roteiro cristão da América. Os Passos de Anchieta, resgatam o caminho percorrido pelo santo homem, nos seus últimos dias de vida, na cidade de Anchieta – ES. Caminho do Sol: 241 km. Começa em Pirapora (MG) e termina em Águas de São Pedro (SP). Caminho da Fé: 497 km – de Águas da Prata (SP) até o Santuário de Aparecida (SP). Caminho da Luz: é uma rota de peregrinação de +/- 200 km, iniciando na cidade de Tombos (MG) e termina no Pico da Bandeira (MG). Caminho de Charles Darwin: de Itaipu (Niterói) até Macaé (?) ou Conceição de Macabu (RJ), que é um Caminho histórico, que registra a presença deste cientista nesta área. Caminho de Neimeyer: caminho cultural, com várias obras do arquiteto, na orla marítima de Niterói, Teatro Popular, Museu Roberto Silveira, Igrejas Católica/Batista, Memorial Roberto Silveira, Museu MAC, Estação Hidroviária de Charitas.

Alto comando dos Caminhos de Santiago e Arariboia. Ronaldo Victer ladeado por Inês Serpa e Lilli.

Caminho de Santiago de Compostela: é o mais famoso de todos, composto por vários trajetos, sendo o mais conhecido o Caminho Francês, com percurso de 760 km, iniciando em Saint Jean Pied de Port (França) na fronteira da Espanha, nos pés dos montes Pirineus, percorrendo horizontalmente a Espanha de Leste/ Oeste até a cidade de Santiago de Compostela (Galícia). Há uma grande atmosfera de religiosidade e emoção. Caminho de Assis: inicia nas montanhas próxima à cidade de Assis, Itália, e termina na igreja de São Francisco de Assis.

ARARIS - São carinhosamente chamados os participantes do Caminho de Arariboia. Não se sabe ao certo quem definiu esta atenciosa designação, adjetivo ou prenome, o fato é que todos se identificam como tal, e assim são conhecidos. O significado real do nome “Araris” seria outro completamente diferente do aplicado aqui, eram ou foram os índios que viviam na localidade de Conservatória no atual município de Valença- RJ, considerados índios elegantes e desembaraçados que eascolharam esse local, chamado de "Conservatório dos Índios", local dito de recuperação da saúde.

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Capítulo II O Caminho de Arariboia: sua origem e formação. CAMINHO DE ARARIBOIA é uma idealização, criação e realização do médico psicanalista Ronaldo Victer, auxiliado por um grupo de amigos desejosos de aventura e interessados na história do Rio de Janeiro e de Niterói no Século XVI. A primeira versão do Caminho aconteceu em 2005, se realizando uma vez por ano, se completando atualmente uma década. O objetivo maior é a tentativa de repetir a provável caminhada feita pelos índios da região da Baía da Guanabara para região de Cabo Frio. Com desejo de reviver episódios históricos do Rio de Janeiro, notadamente de Niterói e os índios Temiminós, surgiu o impulso cívico de criar um caminho que pudesse reproduzir tão marcante momento da vida desses bravos indígenas, que defenderam nossa terra, e por uma questão de reconhecimento, não podem ficar esquecidos. Os caminhantes utilizam como trajetória natural, as vias que margeam a orla oceânica, ao longo das intermináveis praias desde Niterói até Cabo Frio, num total de 152 km, caminhando pela restinga ou pela própria areia da praia. A beleza do litoral leste fluminense é de tal ordem impactante, tão esplendorosa, que os Araris participantes, não se preocupam em atender o rigor da verdade histórica, mas sim, levados pelo entusiasmo de completarem o trajeto com alegria e integração social. É uma caminhada dividida em cinco etapas distintas,

com paradas e pernoites em lugares previamente definidos, proporcionando a oportunidade dos participantes terem momentos de descontração e aprendizado à vida ao ar livre nas praias. Este evento, aparentemente, de caráter recreativo, de aventura, tem forte implicação cultural, por relembrar um período expressivo da História do Rio de Janeiro na metade do Século XVI, ressaltando a preocupação portuguesa com a região, em defender e preservar geograficamente o local, se mantendo intata a cultura lusitana. Levando em consideração a fundamental transcendência dos acontecimentos passados, há todo interesse de preservar a memória indígena, resgatando para os dias atuais, a importância histórica dos indígenas, em especial o grande personagem desses acontecimentos, o Cacique Arariboia, ícone maior da bravura do índio brasileiro na luta de expulsão dos franceses da Baia da Guanabara. Se o Caminho de Arariboia puder estimular as pessoas voltarem seu olhar à 450 anos atrás, terá o seu propósito satisfeito, e se a sociedade se interessar e puder transformar o Caminho de Arariboia, em patrimônio cultural, será a maior vitória do grupo idealizador, pois existe um rico acervo histórico imaterial, disponível a todos, fazendo desse evento, um movimento de grande apelo cultural / turístico.

O idealizador do Caminho de Arariboia: Certamente o caminhante idealizador, após ter percorrido os mágicos e sensitivos trajetos do “Caminho de Santiago de Compostela” na Galícia (Espanha), teve seu corpo e mente despertados para realizar aqui entre nós, uma reprodução doméstica de uma caminhada que pudesse não só resgatar o interesse das pessoas, mas como atrai-las à real participação, numa atividade física saudável, de lazer, mas ao mesmo tempo com grande desfeixo cultural. O cenário da baía de Guanabara é extremamente rico em acontecimentos históricos, e a cidade de Niterói está intimamente ligada à vida dos indígenas. Utilizando as ligações culturais, históricas, étnicas, e de lutas armadas de colonizadores e de invasores, durante a metade do século XVI, acrescentando como tema a vida dos índios que

viviam ao redor da Baia da Guanabara, se utilizou como poderoso recheio histórico à criação e a realização de uma caminhada, que se chamou “Caminho de Arariboia”. Óbvio que tem como personagem principal o bravo Cacique Temiminó Arariboia, satisfazendo uma justa homenagem ao extraordinário trabalho na expulsão dos franceses, e enaltecendo-o como fundador de Niterói. Andarilho que sempre foi, desde sua infância em São Gonçalo, quando conheceu as entranhas labirínticas das trilhas dos morros, dos estreitos, dos descampados, dos mangues, das vielas, dos riachos, das valas, dos valões, dos becos de toda aquela região de São Gonçalo, desordenadamente urbanizada, com precária infraestrutura sanitária, principalmente a área compreendida em torno 7


do Rodo de São Gonçalo, da Vila, da Estrela do Norte e arredores, que são locais íntimos de sua infância e adolescência, se fez vaguear por todos esses lugares, e talvez por isso tenha tomado gosto de percorrer as distâncias quilométricas das trilhas existentes fisicamente, quanto daquelas virtuais de sua própria vida. A trajetória é longa, mas com etapas repletas de conquistas. Mesmo agora depois de muita experiência de vida, continua procurando caminhos para percorrer, descobrindo novos atalhos. A natureza foi generosa ao lhe dar uma estatura avantajada, próxima de 2m, com pernas longas que favorecem as passadas largas, e desde de muito jovem se insinuava nos meandros do litoral do interior gonçalense, às margens da Baía da Guanabara, quase nos fundos da Baía, nas localidades de Itaúna, Itaoca com seus mangues e a tão presente Praia da Luz com seu fundo lodacento. Tudo aquilo seria maravilhoso, até porque não se conhecia outras praias de areia fina e água esverdeada, como anos mais tarde viria acontecer. Assistiu com interesse, como um aluno aplicado, a retirada dos caranguejos de dentro das tocas enlameadas do barro pegajoso de tabatinga, que serve de habitat aos crustáceos, nesse paraíso ecológico. Os caranguejos se agarram aos braços destemidos dos chamados “catadores de caranguejos” cuja atividade extrativista é muito importante na área, por ser fonte de renda e de alimentação da comunidade local. Estas cenas espetaculares da extração ou retirada do caranguejo de dentro de sua toca no terreno lamacento do mangue, ficaram registradas de forma indelével na mente do menino, que até hoje consegue descrevê-las com minúcias. Para se atingir o mangue principal de Itaoca, é necessário atravessar uma ponte sobre um pequeno rio, ou um braço da baía, chamada Ponte do Rodizio, local de referência e ponto de encontro, de todos que ali residem, militam, trabalham, andam, passeiam, vagueam, vão, voltam, etc., continuando mais a frente, se alcança a Praia da Luz, onde a garotada faz o seu lazer.

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Esses momentos se eternizaram na mente daquele garoto, expressada mais tarde pela peculiar opção gastronômica, da caranguejada. Afirmam os admiradores que o caranguejo confere um prazer degustativo que pode superar ao dos “big crab” do Alaska e das “centollas” do Ushuaia e do Chile. Do Rodo de São Gonçalo até a Praia da Luz, a distância é de 10 km, e este trajeto nunca perturbou as idas e vindas do jovem estudante, que na companhia dos amigos, caminhava sem problema, deliciando-se nos banhos nas já citadas águas da Praia da Luz. O futuro caminhante iria atingir uma altura fisicamente bem desenvolvida, cuja figura esguia, magra, com o dorso envergado, antevia no futuro, as expectantes caminhadas, em busca dos destinos promissores da vida, que sua terra até então, não os oferecia. Seria cruel dizer que no município de São Gonçalo quando alguém atinge a maior idade, pode ser incluído na listagem dos vitoriosos, e para alguns críticos mais ácidos, o nativo gonçalense ao se tornar adulto seria verdadeiramente um sobrevivente. A explicação amarga para esta assertiva, se entende que a palavra sobrevivente, não seria físico, mas sim cultural. Pois as oportunidades apresentadas à vida, não são generosas como seriam desejadas. Por esta razão, para se conquistar um crescimento cultural, a maioria dos jovens, vê-se obrigada a sair, e buscar fora os conhecimentos básicos à formação profissional qualificada. Numa análise desprovida de qualquer pieguice protetora ou lamento piedoso, o gonçalense de outrora se sentia obrigatoriamente impelido a possuir uma ação pró ativa, para sair, para buscar algo maior.Se Afim dos seus pés não ficarem presos na lama dos manguezais, e suas unhas livres de resíduo daquele barro. Por exigir um forte desprendimento pessoal, de sair do nível negativo, para atingir o patamar zero, a luta continua sendo desigual, e muitos deixam de completar a trajetória, ou pior, se quedam na mesmice do local.


Capítulo III Considerações Gerais Antes de se iniciar a presente descrição dos fatos e episódios que marcaram o período que antecedeu à fundação da cidade do Rio de Janeiro e de Niterói, na metade do século XVI que constituem capítulos importantes da história brasileira, deve ser alertado a todos com acesso a este texto, que os dados e as informações obtidas sobre os personagens citados e os fatos descritos, foram colhidos de diferentes publicações avulsas, de vários relatos verbais, de muitas estórias contadas por companheiros de viagem, diferentes revistas, publicações diversas, jornais, periódicos, por comunicações de professores, enfim uma série de fontes informativas, das mais variadas possíveis, sem seguir uma lógica bibliográfica, sem o rigor das normas cientificas exigidas, e sem estarem comprometidos a uma autenticidade absolutamente comprovada. Não houve a obrigatoriedade de verificar, certificar e assegurar se a veracidade histórica dos informes, foi respeitada. Da mesma forma, qualquer dado ou relato com um mínimo de dúvida, foi sumariamente retirado. Tudo foi uma celebração das lembranças, da admiração e da alegria da história, aquele ocorrida em data distante, ou vivida pelos caminhantes. Esses episódios fantásticos ocorridos na região da Baia da Guanabara, nos meados do século XVI, com os portugueses colonizadores, franceses invasores, índios residentes, a existência de várias tribos indígenas, amigas entre si, inimigas entre si, amigas dos europeus, inimigas dos europeus, que viviam em luta, antes e depois dos europeus, que também viviam em paz, aprendendo, ensinando, num cenário fantástico, de acontecimentos marcantes, cuja atmosfera de escaramuças e incertezas, levam a qualquer pessoa admiradora de História, se transportar especificamente para esta época, criando em sua mente, toda uma possível sequência dos fatos. E mais ainda, no seu imaginário, podendo se ver presente nos diferentes momentos, e como se fosse um personagem integrante das cenas, se deslumbrar ia com o desenrolar dos acontecimentos, registrando-os como numa sequência cinematográfica. E assim, travestido de participante histórico atuaria como um expectador privilegiado, sem interferir no curso da história, mas conhecendo os episódios verdadeiramente como teriam ocorridos. Essa viagem histórica, absolutamente onírica, permite uma livre imaginação, cuja a elaboração do

presente relatório, permitiu recordar os fatos e personagens. Portanto, o resultado pode ser considerado ficcional em cima de fatos reais, e esta leitura, servirá como estímulo à pesquisa histórica desse empolgante capítulo da História do Brasil. 0 A respeito das normas técnicas bibliográficas e aqueles interessados pela história do Sec XVI, deve se alertar que outras vias de informação deverão ser procuradas, consultando fontes seguras nas instituições especializadas, bem como proceder a metodologia da pesquisa cientifica, numa revisão bibliográfica adequada, que deve ser feita em bibliotecas reconhecidas , publicas e privadas, ou mesmo pela web ( www) acessando a internet. Seria fundamental a participação de um historiador ou professor de história, ou membro da academia de letras para proceder uma revisão de toda descrição do texto. Cabem aos homens científicos a validação dos relatos de nossa história passada, e assim sendo, fica o esclarecimento que o presente ensaio não tem qualquer caráter oficial de transcrever fatos históricos. Esta publicação, se destina ao entretenimento e à leitura dos caminhantes “Araris” e dos eventuais interessados. TRAJETO GEOGRÁFICO: Deixando para trás as restingas incomodativas, vencendo o cansativo areão, com areia fofa, ou areia dura em plano inclinado junto à água, o trajeto do Caminho de Arariboia percorre um longo trecho de praias maravilhosas existentes no privilegiado litoral leste fluminense, cuja orla parece não ter fim, como se fosse uma praia única, desde o início da caminhada nas Barcas em Niterói até o final, na praia do Forte, na Casa de Pedra, em Cabo Frio. Na verdade, é uma praia única mesmo, a orla marítima percorrida vai simplesmente mudando de nome, de forma virtual, pois não existem demarcação física. Contudo, as praias se denominam com diferentes nomes, embora não se define exatamente seus limites. A beleza deste litoral é algo tão extraordinário que falta ao relator, a devida capacidade literária e narrativa para descrevê-lo. A imensidão do mar, da praia, do areão, do céu, tudo que compõe o cenário deslumbrante, deixa o caminhante a cada instante empolgado com as diferentes mudanças da natureza, cuja nuance se faz especial, com suntuosidade da cor do céu, do mar, da paisagem 9


Lua cheia durante o trajerto

Previamente se escolhe a semana para se realizar o Caminho de Arariboia, para se ter o privilégio de observar numa noite limpa de nuvens, a bela lua cheia, conforme a foto. O Alvorecer na Praia de Massambaba

paradisíaca, o cheiro da maresia se faz presente e agradável, os sons das gaivotas, o ruído das ondas, enfim esta composição artística do todo conjunto da natureza, se faz harmônico, sem que possa existir supremacia de um fenômeno sobre o outro. O litoral leste fluminense é verdadeiramente lindo, com uma visão fascinante, inebriante, de areia clara e fina, do marzão que se perde no horizonte, da água verde que se azula à distância, o movimento das águas límpidas com ondas bravias, entremeadas pela calmaria das águas dos lagos e lagoas, que se alternam, com montanhas ao redor, com vegetação ainda com áreas teimosamente de origem primitiva. Por fim, é um cenário tão admirável, que mesmo numa imaginação fértil, não será possível descortinar ou conceber tamanha beleza, senão presente fisicamente. A Natureza oferece garbosamente esses seus pontos geográficos,

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colocando-se em harmonia entre si. Na verdade, o expectador não vê, sente. Envolvendo a todos, existe uma brisa oceânica permanente, muito apreciada pois o sol é uma companhia constante. Todo mar observado nessa costa, é o Oceano Atlântico, e as terras mais próximas a leste, são do continente africano, obviamente longe da visão. Uma curiosidade geográfica observada neste percurso de Niterói a Cabo Frio, é a inexistência de qualquer rio ou riacho, desembocando ao mar. Os rios existentes nessa área, estão todos dentro da Baía da Guanabara, e o primeiro rio a ser encontrado é o rio São João, cuja foz se faz na localidade de Barra de São João, suas águas ao se adentrarem ao mar, às vezes barrentas, podem atingir as praias de Lagoa Formosa, Rasa, Manguinhos, Tartaruga, pertencentes ao município de Armação dos Búzios.


Capítulo IV Um pouco de história - Os franceses na Guanabara França Antártica - La France Antartique. Rio de Janeiro? Ou Henriville? Objetivando a concretização do grande sonho, de fundar no hemisfério sul, a França Antártica, os franceses conseguiram se fixar e dominar quase toda costa da re-

VILLEGAGNON - o primeiro europeu não português a chegar a Guanabara, em 1555.

gião do Rio de Janeiro, durante quase uma década, graças à sua aliança com os índios Tamoios, só abandonado esse intento, após cruentas batalhas, com tropas portuguesas. Mas mesmo assim, teimaram em permanecer em terras brasileiras por um longo período, se desviando do principal objetivo, se focando principalmente no comercio do pau-brasil, na época uma atividade considerada ilegal pelos portugueses. A vinda em novembro de 1555, do Almirante Villegagnon, Nicolas Durand de Villegagnon (francês nascido em Provins 1510 e falecido em 1571 em Beauvais), Cavalheiro da Ordem de Malta, instalou-se em local chamado “rio” Guanabara, já denominado anteriormente pelos portugueses de Rio de Janeiro. O audaz comandante francês, chegou com dois grandes navios e outras embarcações, transportando mais de 600 colonos franceses que vieram dispostos a assentar como colonos, e concomitantemente, imbuídos por uma força religiosa, convictos a servirem a Deus de acordo com o evangelho reformador do líder protestante Calvino. Era um movimento social misto de aventura e religião. Embora Villegagnon fosse fiel católico, considerou e concordou com esta situação na razão da extrema dificuldade de conseguir homens dispostos a virem consolidar esse ambicioso projeto francês. Na cer-

teza do sucesso de empreitada, os homens que aceitaram vir, julgaram que poderiam ficar com segurança, pois estariam livres das fortes perseguições religiosas existentes na época na Europa. Adentraram à Baía da Guanabara, em novembro de 1555, fundaram oficialmente a chamada França Antártica, impulsionados pelo entusiasmo cívico e chama religiosa, conseguiram manter atuante este sítio francês, por um período mais de 5 anos, até 1560, quando iniciou a reação violenta dos lusitanos. Mesmo assim, se prolongou por mais alguns anos, embora sempre enfrentando lutas armadas. Os franceses se alojaram na Ilha de Serigipe, que atualmente é a Ilha de Villegagnon, onde se encontra a Escola Naval, e uma parte uma parte do continente, provavelmente parte dos bairros da Gloria e adjacências. Fundou o que seria a primeira habitação do local, a “cidade” de Henriville, nome dado em homenagem a Henri II, Rei de França, bem como fizeram erguer uma fortificação militar com o nome de Fort Coligny, em homenagem ao Almirante francês Gaspar de Coligny, principal Patrono desta expedição. O Forte Coligny foi construido em 1555, exatamente nesta pequena ilha de Serigipe, tendo sido a primeira fortificação francesa, entendida como núcleo territorial do estabelecimento colonial francês. Inicialmente os franceses tentaram fazer uma fortificação próxima da entrada da baía, à direita, mas por razões de segurança, desistiram devido as fortes ondas e correntezas marítimas permanentes. O comandante geral, Nicolas Durand de Villegaignon, era Vice Almirante da Bretanha, notar que não era Almirante da França e sim da Bretanha, Cavaleiro da Ordem de Malta, diplomata, homem culto, respeitado e admirado em sua nação, homem de princípios rígidos e hábitos sóbrios, bem falante, hábil no manejo das armas, sempre bem-vestido, mesmo entre os indígenas, respeitoso com seus superiores, e profundamente religioso. Nascido de família católica, respeitador e seguidor dos preceitos fundamentais da Igreja Católica, era muito estudioso, e desde jovem já dominava o latim e a língua franca da época. Estimulado pela mãe, foi estudar em Paris, concluindo brilhantemente o curso de Direito, tendo convivido com colegas importantes que os fizeram amigos, entre eles, o não menos estudioso, o jovem Calvino, reformador

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religioso de origem suíça. Desta forma, sua condição de militar se assestava numa sólida competência intelectual, de conhecimentos de lógica, história, política e religião. Obviamente, possuidor de estratégia que iria empregar em sua empreitada. Tudo começou quando em 1554, Villegaignon fez uma visita à região de Cabo Frio, onde já haviam muitos de seus compatriotas, se dedicando a um especial tipo de comércio, o chamado escambo, ou troca de mercadorias com os nativos indígenas. Obteve informações detalhadas sobre a região, até então pouco habitada, sem qualquer rigor de fiscalização dos governantes, e tudo seria possível realizar. Travou conhecimentos e entendimentos com os índios Tamoios e Tupinambás, que se apresentaram como inimigos declarados dos colonizadores portugueses. Esta situação lhe empolgou, e vislumbrou forte viabilidade de realizar um objetivo até então não declarado, ou seja, de construir uma base militar francesa na região, mas com funções também de comércio e expansão territorial política. Esta seria a explicação dos motivos que levaram empreender tal viagem, a ir a um local tão específico na longínqua “terra dos papagaios”, e anunciaria quando oportuno, o que fez ao retornar à França. Convenceu os governantes franceses das vantagens da criação de uma zona militar comercial na “Terra de Santa Cruz”, de uma colônia francesa para favorecer as trocas de mercadorias, promovendo e facilitando o já invejável comercio marítimo com as Ìndias, paraíso de especiarias. Um tipo de comércio, que toda a Europa dependia. O Rei de França, Henri II ordenou ao seu principal ministro, Gaspar de Coligny, ainda católico à época, para viabilizar o projeto “França Antártica”, entregando a Villegagnon o necessário para tanto, disponibilizando dinheiro, armas, ferramentas, mantimentos, contingentes de 600 homens bem treinados, guarda pessoal de proteção, navios, e demais necessidades. Villagagnon não pode selecionar os homens como gostaria, por isso aceitou colonos protestantes. Um índio tabajara serviu de interprete à expedição, pois dominava o idioma francês, era casado com uma francesa, vivia na Bretagne há muitos anos. Importante lembrar que no início do século XVI alguns índios do Brasil, foram enviados ao norte da França, daí terem surgidos muitos mamelucos naquela região. Também compondo a expedição, estava o famoso padre historiador André Thévet, autor da importante obra “Les Singularitez de la France Antarctique”, que registrou os fatos marcantes deste capítulo da história dos dois países. Embora tivesse tido alguns percalços durante a viagem, a expedição francesa chegou a Baía de Guanabara, sem qualquer dificuldade, adentrou à mesma sem qualquer resistência. Se estabelecendo tranquilamente, como se a terra lhe perten12

cesse. Um dos problemas enfrentados pelo comandante, meses após sua instalação, foi o relacionamento dos seus colonos com as indígenas, diante da escassez de mulheres brancas. Os princípios religiosos radicais do comandante, impediram o contato dos franceses com as mulheres índias, exceto se dispusessem a se casar. Isto proporcionou uma fuga em massa dos colonos franceses, pois preferiram fugir da austeridade da ilha /colônia, para ganhar uma vida ardente nas matas, com liberdade de gerir a própria vida. A maioria se dirigiu em direção ao sul da província, o que hoje seria a região de Angra dos Reis, ali se fixando. No filme: “Como era gostoso meu francês” de Nelson Pereira dos Santos, mostra o relacionamento dos franceses com as tribos indígenas tamoias comandadas pelo Cacique Cunhambebe. Villegagnon é considerado por muitos historiadores como o verdadeiro fundador do Rio de Janeiro, pois chegou à Guanabara em 10 de novembro de 1555, mas oficial e legalmente foi o comandante português Estácio de Sá, que realizou a cerimônia com pompa e circunstância da fundação da cidade em 01 de março de 1565, reconhecida pela coroa lusitana. Os navegadores franceses se entendiam muito bem com os indios Tamoios, que os apoiaram até o fim, pois esses nativos preparavam os toros de pau-brasil e acaju, aprisionavam papagaios, araras e micos, estocavam pimenta e ficavam à espera da chegada das naus francesas. Os franceses traziam tecidos de cores vivas, machados, facas, espelhos, anzóis, quinquilharias em geral, que eram trocados pelos produtos da terra brasileira realizando o escambo. O almirante cultivou a amizade dos indígenas e do seu chefe Cunhambebe, tomasndo aulas diárias de tupi, tendo completado um dicionário tupi-francês juntamente com André Thevet. Ele era muito mais compreensivo com as faltas dos indígenas selvagens do que com os erros de seus turbulentos franceses, chamados pelos índios de “papagaios amarelos”, (Jurujuba) porque falavam muito e tinham cabelos louros. Villegagnon escolheu toda aquela área que hoje seria Gloria, Catete, e adjacências, defronte à ilha, como base de operações em terra, e então fundou Henriville, em janeiro de 1556, em homenagem ao rei francês Henrique II. Esta povoação se fazia ao lado da foz do rio Carioca, que desagua na baía, local que hoje é Aterro do Flamengo. Esse pequeno rio teve importância fundamental para a França Antártica, pois fornecia água o ano inteiro para o forte Coligny e para as centenas de habitantes de Henriville (franceses e indígenas) que trabalhavam na construção da fortaleza e nas plantações vizinhas. Foi a primeira aglomeração urbana européia na baía da Guanabara, mas durou apenas


cinco anos, sendo arrasada por Mem de Sá, em março de 1560, por ocasião do ataque da grande esquadra portuguesa contra o forte Coligny. Henriville não teve continuidade como povoação, mas os franceses persistiam em permanecer na Guanabara, até que finalmente houve a expulsão definitiva em 1567, por Estácio de Sá e o Cacique Arariboia. Antagonismo Religioso: Em meados do século XVI na França, o antagonismo religioso se fazia muito forte, com guerras sangrentas entre católicos e protestantes, estes tiveram como grande líder, o ex-católico reformador Jacques Lefrève, que desde 1514 fazia suas pregações, muito antes do próprio ex-cardeal Martin Lutero. No território francês, os protestantes passaram a seguir as orientações de Jean Calvino, sendo que seus seguidores receberam a denominação de Huguenotes. Huguenot – é um membro descendente do protestantismo francês, dos séculos 16 e 17, da Igreja Reformada Protestante da França. Historicamente Huguenotes eram franceses protestantes inspirados nos ensinamentos de Jean Calvin (João Calvino) desde 1530. Calcula-se em torno de dois milhões de seguidores em 1562, concentrados principalmente nas partes sul e central da França, por conversão de católicos, e em decorrência disso, o mundo católico desenvolveu uma campanha de hostilidade e de restrição aos seus direitos, surgindo a inevitável “guerra” religiosa. Em 1557, com dois anos de plena dominação francesa na Baia da Guanabara, presença ativa e funcionante da França Antártica, o comandante Villegagnon, solicitou reforços, e como parte dessa ajuda, veio um grupo de huguenotes, com a participação direta de Coligny, que nesta oportunidade já tinha se convertido ao protestantismo. Como vimos, a França Antártica se compunha de um projeto com propósitos políticos, religiosos, militares e comerciais, com total respaldo oficial do Governo de França, através o Rei Henri II. Em 1558, chega da França o sobrinho de Villegagnon, trazendo novo contingente de colonos, mas somente cinco mulheres, que rapidamente se casaram com cinco felizardos escolhidos pelo comandante. Este aproveitando a presença do sobrinho, decidiu ir à França, com intenção de trazer muitos casais desejosos de criarem um núcleo habitacional duradouro, na Guanabara. O processo de expulsão dos franceses da baía em franco desenvolvimento pelas tropas portuguesas, foi acidentalmente ajudado por um fator externo, o distúrbio político na França, com a queda do Rei Henri II, o assassinato do Almirante Coligny, principal líder mantenedor do projeto França Antártica, e o enfraquecimento da corrente calvinista, que não mais conseguia tantos seguidores como anteriormente, uma vez que os católicos voltaram a dominar o país e o governo. Na ausência do comandante titular, o sobrinho de

Villegaignon, não conseguiu deter a indisciplina no estabelecimento francês, surgiram fortes discussões, brigas irreconciliáveis entre os colonos católicos e calvinistas. A tudo isso, seguiram-se os ataques das forças portugueses, que tinham como aliados os leais amigos indígenas temiminós. O estabelecimento francês foi destruído, em 1560 por Mem de Sá e pelo Cacique Arariboia, mas somente completada inteiramente com sucesso em 1567, por Estácio de Sá, sobrinho de Mem de Sá, que contou também com a participação do Cacique Arariboia. Muitos franceses escaparam dessas escaramuças, e vieram se refugiar na Casa de Pedra em Cabo Frio, na suposição de maior proteção, pois ali estavam os Tamoios, seus amigos. Dois anos antes, em 01/março/1565, Estácio de Sá, a mando de seu tio Governador Geral Mem de Sá, adentrou à Baía da Guanabara, e num local entre o Morro Cara de Cão e o Pão de Açúcar, onde hoje seria o Forte São João, fundou oficialmente a cidade, dando-lhe o nome de São Sebastião do Rio de Janeiro, em homenagem ao Rei de Portugal, D. Sebastião. (vide descrição adiante).

Pintura representativa da fundação da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, pelo comandante português Estácio de Sá, em 01 de março de 1565.

É importante ressaltar que sem a decisiva participação de Arariboia, não haveria a vitória completa dos portugueses, e consequentemente não haveria a fundação da cidade do Rio de Janeiro. Provavelmente por esse fato, a localidade permaneceu sendo lusitana, falando a língua portuguesa. Voltando no tempo, para melhor compreensão dos fatos e os motivos das alianças existentes entre os europeus e os índios, tanto os franceses/Tamoios/ Tupinambás, quanto os portugueses com os índios Temiminós, se sabe que nos meados do Século XVI , em torno de 1550, a tribo TAMOIO possuía mais de 70/ 80 mil índios, dispersos desde Cabo Frio, na Baía de Guanabara indo até à região onde se localiza atualmente a cidade de Bertioga (SP), passando por onde seriam hoje Angra dos Reis e 13


Paraty. Os tamoios liderados pelo Cacique Cunhambebe, se tornaram fiéis aliados dos franceses, desde 1555 ou mesmo antes, encantados pelas vantagens do escambo, e tinham mais uma razão, seus arqui-inimigos Temiminós, se aliaram aos portugueses. Evidente que esta explicação tão simplística, não seria o principal motivo dessa aliança, pois outros interesses deveriam estar envolvidos. A Confederação dos Tamoios, ocorreu em 1555, foi uma inédita reunião dos índios, se constituindo num movimento de revolta, dos chefes indígenas da região dos litorais, norte paulista e sul fluminense, e desdobramento em outras áreas litorâneas, inclusive em Cabo Frio, com adesão das tribos Goytacazes do norte do Rio de Janeiro, e dos Aimorés do Espirito Santo, envolvendo toda a nação Tupi, englobando Tamoios, Tupinambás, e outras tribos, contra os colonizadores lusitanos. A grande luta era contra as tentativas de fazerem os indígenas escravos nos engenhos de cana de açúcar, em toda Capitania de São Vicente. Os principais caciques, Pindobuçu, Koakira, Araraí, Aimberê, e outros, resolveram promover ação unificada contra os portugueses, indicando o Cacique Cunhambebe como Chefe Geral. Foi uma das grandes vitórias da nação indígena, como um todo, atuando num pensamento coletivo, com movimento de fundo sociológico. Contudo, nem todos os índios aderiram, os Guaianazes se tornaram amigos dos portugueses graças ao trabalho convincente do português Brás Cubas, Governador da Capitania de São Vicente, vindo a provocar muitas desavenças entre as tribos indígenas. Os índios Temiminós que viviam na Baía da Guanabara, por serem permanentemente perseguidos e atacados pelos seus eternos desafetos Tamoios, decidiram permanecer ao lado dos portugueses, confirmando uma amizade antiga. Nessa mesma ocasião, em 1555, como vimos, chegaram os franceses ao Rio de Ja-

Quadro de pintura que retrata a fundação da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, local entre o Morro Cara de Cão e o Pão de Açucar, em 01 de março de 1565, pelo comandante português Estácio de Sá.

Chegada de Estácio de Sá – Rio de Janeiro – 1565 – aliança com Temiminós

Diferentes Tribos Indigenas.

“O último Tamoio”- Cabo Frio - de 1883 de Rodolfo Amoedo. O atual 2º. Distrito do município de Cabo Frio, se chama Tamoios, por ter sido um dos últimos focos de resistência da Confederação dos Tamoios às tropas portuguesas. 14

neiro, que logo fizeram uma aliança com os Tupinambás e Tamoios, com claro objetivo de garantir sua permanência no local. Ofereceram aos Tamoios, armas, presentes, atenção, ajuda logística, ensinamentos de inteligência política, estratégias de guerra, reverenciaram o Cacique Cunhambebe ensinando-lhe como combater os inimigos, e outros ofícios.


Durante esse período, um episódio desagradável aconteceu, decorrente do contato com os brancos, os índios por serem desprovidos de imunidade biológica às viroses, foram acometidos de epidemia de varíola chamada de “bexiga”, dizimando centenas deles, inclusive o grande chefe Cunhambebe, tendo assumido seu posto de chefe da Confederação dos Tamoios, o cacique Aimberê.

Governadores do Rio de Janeiro na Época do Brasil Colônia:

MAPA DA BAIA DE GUANABARA – ILHAS: PARANAPUÃ (Atual Ilha do Governador) - SERIGIPE (Atual Ilha de Villegagnon - Escola Naval) – e OUTRAS ILHAS. RIO DE JANEIRO – A Baía de Guanabara -, foi descoberta pelo explorador português Gaspar de Lemos em 1° de janeiro de 1502. Quando navegadores portugueses avistaram a Baía de Guanabara, acreditaram se tratar da foz de um grande rio, e deram-lhe o nome de Rio de Janeiro. Na verdade, na época não havia qualquer distinção de nomenclatura entre rios, sacos e baías, motivo pelo qual foi o corpo d’água foi erroneamente designado como “rio”, e como foi no mês de janeiro, surgiu naturalmente o nome que permanece até hoje. Evidente, que qualquer um poderia identificar água doce da água salgada, principalmente experientes navegadores portugueses, mas não se sabe ao certo o porquê da denominação de “rio”.

Território dividido em dois governos-gerais, um ao Norte na Bahia e outro ao Sul no Rio de Janeiro (1572-1578). Após 1578, já sem a ameaça dos franceses, a Governadoria do Brasil, voltou a ficar exclusivamente como única, com sede na cidade de Salvador, Bahia.

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Capítulo V Estabelecimentos e Fortificações

Além do Forte Coligny construído em 1555 na Baía da Guanabara, muitos anos antes, já existiam a Feitoria-fortaleza de Cabo Frio e a Casa de Pedra (La Maison de Pierre), em Cabo Frio, conforme pode se verificar nas informações estampadas na faixa abaixo:

Faixa exposta em Cabo Frio pela Prefeitura Municipal.

Sítios Arqueológicos e Históricos:

Feitoria Portuguesa de Américo Vespúcio (1503 – 1512) Casa da Pedra Francesa (1556 – 1575) Fortaleza Inglesa (1615) Forte Português de Santo Inácio (1612 – 1620). - IPHAN Segundo os historiadores, esses estabelecimentos foram feitoria permaneceu ativa por mais de uma década, até 1516. construídos na Barra da Lagoa de Araruama, onde deságua o Numa anotação do diário de bordo do um navio não identifica“rio” no mar, na Praia do Forte, em Cabo Frio. Na verdade, do, consta que o cabo descrito, se chamava “Frio”, daí o nome este “rio” que se referem é o Canal de Itajuru, que liga a La- Cabo Frio, desse local, desemboca um “rio” ao mar alto, pois goa de Araruama ao mar. Foi o primeiro estabelecimento se tratava na verdade de um canal lagunar que se liga ao mar. europeu erguido em terras brasileiras, em 1503, pelo navega- No livro de bordo da Nau Bretoa há o registro no ano de dor florentino Américo Vespúcio, em sua segunda expedição 1511, da existência de uma carga composta de: 5 mil toras oficial por ordem do governo português, sob o comando do da madeira, provavelmente 100 toneladas de pau-brasil, 36 Capitão Gonçalo Coelho, para avaliação da viabilidade econô- indígenas foram a bordo, 22 papagaios, aves exóticas, colomica e política da nova terra recém descoberta. Este navega- ridas, muito apreciados na Europa, espécies de sagüis, onças, dor permaneceu por cinco meses na região, tendo iniciado a macacos, outros pássaros, etc. Em 1516, o estabelecimento construção da feitoria em dezembro de 1503, e deixou o Brasil da feitoria portuguesa ficou praticamente abandonado, por partindo em abril de 1504, quando ficou pronto o estabeleci- decisão voluntária de várias pessoas irem para outros sítios mento, sem não antes encher seus navios de pau-brasil. Cons- mais atraentes. Este abandono, levou a degradação do local, truiu uma “fortaleza-feitoria”, que na realidade se tratavam de permitindo aos franceses construissem seu próprio estabelecasas toscas, paliçadas de madeira, alguns casebres de taipa cimento, que tomou o nome de feitoria “La Maison de Pierre” cobertos de palha, quintais e terras com roçados para planta- ou seja, a Casa de Pedra, traduzido para língua portuguesa. ção de raízes, uma horta para folhas e hortaliças, mantimentos Outras feitorias se sucederam, todas com objetivo único da para subsistência dos residentes por seis meses, além de 12 exploração do pau-brasil, e esta devastação só terminou com bombardas, muitas armas, várias ferramentas, e muitos ou- o domínio total dos governantes portugueses, que passaram tros utensílios. Foram deixados 24 europeus cristãos (não há a proibir terminantemente a presença de estrangeiros na reregistro se foi espontaneamente ou não), além de gentes da gião, para este fim, quer franceses, ingleses ou neederlenses. terra (indígenas ?), constituindo desta forma um pequeno e Bem como qualquer navio de qualquer bandeira, que estirudimentar núcleo habitacional. Foi a primeira feitoria portu- vesse carregado de madeira sem a devida autorização oficial guesa construída na terra chamada à época, de “Ilha de Santa dos governantes lusitanos. A marcante presença francesa na Cruz”, depois “Terra de Santa Cruz” e finalmente, “Brasil”. Esta área foi facilitada pela inestimável ajuda dos índios Tupinam16


bás, Tamoios, habitantes da região, portanto conhecedores do local e possuidores de habilidade no corte das árvores, e transporte até aos navios. Os franceses tinham muita facilidade nesse processo de extração do pau-brasil, e seu carregamento nos navios, que faziam desde 1540 com muita frequência. Em 1556, um ano após a invasão francesa à Baía de Guanabara, alguns armadores do porto francês de Rouen, estimulados pelo comercio do pau brasil, fizeram soerguer a feitoria fortificada, dando-lhe mais estrutura a chamada “La Maison de Pierre”, “A Casa de Pedra”. Importante ressaltar que muito mais tarde, serviu de abrigo e refúgio dos franceses que tinham sido expulsos da baia da Guanabara em 1567, que se repetiu posteriormente também no ano de 1575. Mesmo com as batalhas em 1560 por Mem de Sá, depois em 1567 por Estácio de Sá, a permanência francesa continuava insistentemente, e com o inesperado falecimento do jovem comandante Estácio de Sá em 1567, a Coroa portuguesa decidiu dividir administrativamente o Brasil em duas partes, Norte e Sul, transferindo Mem de Sá Governador Geral com sede

em Salvador, para ser o Governador do Sul, com sede no Rio de Janeiro, durante o período compreendido de 1567 a 1569, quando conseguiu destruir o que restou do Forte Coligny, com expulsão dos franceses da baía da Gunabara, mas eles se refugiaram em Cabo Frio. Mas foi o Governador Antonio Salema que exterminou com os indígenas aliados e expulsou definitivamente os franceses de toda esta área, enfim do Brasil. Governadores do Rio de Janeiro, durante Brasil Colônia: 1º/março/1565 a 20/fev/1567 – Estácio de Sá – (sobrinho de Mem de Sá) (tendo falecido durante o governo, vitimado por uma flecha envenenada). 1567 a 1569 – Mem de Sá – era o 3º. Governador Geral do Brasil, mas teve este período como Governador do Sul, consequentemente do Rio de Janeiro. 1569 a 1572 – Salvador Correia de Sá – (Sobrinho de Mem de Sá). 1572 a 1574 – Cristovão de Barros. Não há qualquer informe de sua atuação. 1574 a 1577 – Antonio Salema – expulsou definitivamente os franceses. 1577 a 1599 – Salvador Correia de Sá. Governador pela 2ª vez.

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Capítulo VI Arariboia Dados históricos, biográficos, suas lutas, suas vitórias, suas glórias, suas terras e outros:

Ararygboia - Cobra da tempestade ou Cobra Feroz. Também chamado de “Cobra da Tempestade” ou “Cobra Feroz”, pertencia a tribo Temiminó, ramo da grande nação Tupi. Nasceu em 1523 na aldeia, taba, localizada na ilha de Pararapuan (atual Ilha do Governador, na Baía da Guanabara, Rio de Janeiro). Filho do Cacique Maracajá-guaçu (“Gato Bravo Grande”) e um irmão de nome Mameno-açu. Foi sem dúvida um personagem proeminente nas dramáticas lutas contra os franceses, com participação fundamental à vitória lusitana na expulsão daqueles. É verdadeiramente reconhecido como um ativo e fiel colaborador das forças portuguesas na fundação e na manutenção da cidade do Rio de Janeiro. Talvez não seja um exagero afirmar, que sua presença nas sangrentas batalhas na expulsão dos franceses, tenha sido de tal relevância que sem ele, a cidade do Rio de Janeiro, não teria permanecido como lusitana, e nem teria a língua portuguesa como nativa. Por ter sido um direto e leal colaborador de Estácio de Sá, nas batalhas travadas na Baía da Guanabara, sua atuação foi evidenciada pela bravura em defesa dos interesses lusitanos, deixando a Coroa Portuguesa sensibilizada e agradecida, a ponto que expressar o reconhecimento por tamanha dedicação, conferiu-lhe títulos de nobreza, com destacada deferência política, e mais ainda, completou como um prêmio valioso, a doação de uma sesmaria “do lado de lá da baía”, e estas terras viriam a ser a futura cidade de Niterói. Estas terras viriam a ser recebidas oficialmente em 1573, embora já ocupadas, se instalando sua aldeia com o nome de “Aldeia de São Lourenço dos Índios”, sem tornado o Patrono ou Fundador da cidade de Nictheroy. que em Tupi-guarani significa“ águas escondidas”, esse significado, explica a dificuldade de acesso a esta localidade, devido a necessidade obrigatória de se atravessar uma extenso pantanal às margens da baía, onde hoje se situam o porto e os estaleiros. A título de curiosidade e discussão da dúvida ser dissipada pelos etimólogos, existe uma outra possível versão do significado da palavra Nichteroy, que siginificaria: “rio verdadeiro frio”, formado pela junção de: y = rio, eté = verdadeiro, ro’y = frio. 18

Tamoios - eram chamados aqueles índios mais antigos, os mais velhos. Tupinambás - eram do mesmo ramo dos Tamoios, da nação Tupi-Guarani. Tupiniquins – Temininós - Foram os primeiros habitantes da região que hoje se entende como Estado do Rio de Janeiro, e falavam a lingua “Tupi-Guarani”. Principal local de habitação era a Ilha Paranapuã. Indios do Brasil: Quando da chegado dos portugueses ao Brasil, deveriam existir cerca de 3 a 5 milhões de índios, cuja população deveria ser maior que a população de Portugal. Para se ter uma idéia da quantidade de indígenas no Brasil, utilizando-se o critério “língua”, os indígenas poderiam ser classificados em: 4 grandes grupos, assim definidos: Tupi-Guarani - ocupava o litoral brasileiro. Jê ou Tapuia - ocupava o Brasil Central. Nuaruaque - ocupava a região amazônica e Mato Grosso. Caríbas: - ocupava a parte superior, à margem esquerda do rio Amazonas. Estátua de Araribóia – em frente a Estação das Barcas, no Centro de Niterói. Há o comentário crítico que está de costas para para sua cidade e de frente para o Rio. O nome indígena Araribóia significa Cobra Feroz ou Cobra das Tempestades. “Araib”, em Tupi, significa “Tempo Mau, Tempestade, Tormenta”. “Bói” significa “Cobra”. Nasceu em 1523 ou 1524, na Ilha de Paranapuã, atual Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, tendo ido para o Espírito Santo, acompanhando seus pais e toda sua gente, para ficarem distantes dos seus arqui-inimigos Tamoios, que foram expulsos por esses, e lá permanecendo de 1554 até 1564, quando retornou à Guanabara. A Ilha de Paranapuã era chamada de “mar redondo” pelos indígenas; também de Ilha Grande ou Ilha do Gato pelos portugueses; de “Ile Belle” Ilha Bela, pelos franceses. Esta ilha era o principal sítio da Aldeia dos Temiminós. Temiminós constituíam uma tribo de língua tupi que habitavam,


principalmente, o litoral da região sudeste brasileira no século XVI. Eram inimigos habituais e históricos dos tamoios e tupinambás, contudo, possuíam os mesmos traços culturais, que eram comuns entre eles, como a língua, crenças, costumes, hábitos, e canibalismo ritual. Igualmente, tinham a agricultura de subsistência baseada em queimadas, e demais atividades sociais, antropológicas, tipo de festas, organização, idênticos aos seus adversários. Eram chamados pejorativamente de maracajás, ou sejam, “gatos-do-mato”, mas “Temiminó” é oriundo do termo tupi temiminõ que significa “descendente”. Os temiminós se aliaram aos portugueses contra os franceses, e estes por sua vez, eram aliados dos inimigos tupinambás e tamoios. Colonizadores e indígenas, uniões estranhas.

Exemplo de uma Familia Temiminó – E interior de uma oca.

Como tudo começou ?

1502 - A Baía de Guanabara -, foi descoberta pelo explorador português Gaspar de Lemos em 1° de janeiro de 1502, sendo que no ano seguinte outras expedições aqui estiveram, como a do navegador florentino Américo Vespúcio. Em 1552/1553 na viagem empreendida pelo 1º. Governador Geral do Brasil, Thomé de Souza, acompanhado do Padre Manuel da Nóbrega, às capitanias do sul, em sua passagem pelo Rio de Janeiro, estiveram na Ilha do Gato, também chamada de Paranapuã. No relatório ao Rei de Portugal ressaltou seu deslumbramento perante a impactante beleza do local, e do excelente contato político e social dos índios ali presentes (provavelmente Temiminós), que se mostraram amigos desde o início. 1523 – data do nascimento de Arariboia, na Ilha Paranapuã, atual Ilha do Governador, que na língua Tupi, significa Cobra da Tempestade ou Cobra Feroz. 1554/1555 – Período que marca a ida dos índios Temiminós para a Capitania do Espirito Santo. Neste período de 1554/1555, a tribo dos Temiminós era composta de 8 mil homens, enquanto seus arqui-inimigos os Tamoios atingiam a cifra acima de vinte mil indivíduos só nesta área, mas no total, perfaziam mais de 80 mil, considerando seus domínios que se estendiam até a localidade que hoje seria Bertioga (SP). Estas tribos viviam em constantes conflitos, em guerras declaradas, e como havia uma flagrante desproporção numérica, os Temiminós sofriam seguidas derrotas, trazendo graves prejuízos, tanto na redução de seu contingente, quanto

no abatimento moral de toda tribo. Cansados e fatigados com esta situação humilhante, resolveram solicitar abrigo à Capitania do Espirito do Santo, cujo donatário, D. Vasco Fernandes Coutinho, os atendeu prontamente, recebendo-os com cordialidade e segurança. Este deslocamento dos temiminós, aconteceu provavelmente em 1554, não por doença, mas sim por problema interno descrito acima, sendo uma decisão exclusiva e espontânea, no intuito de preservar a tribo, sua cultura e seus descendentes. Contudo, há uma outra versão, talvez mais verossímel, que foram expulsos pelos tamoios. Na verdade, considere-se que houve uma verdadeira fuga dos índios que viviam ao redor da Baía da Guanabara, mas não para Cabo Frio, e sim para o Espirito Santo (apud Prof. Lessa) (*). O fato é que, qualquer que tenha sido o motivo, o então jovem Arariboia, fixou residência numa aldeia junto a Vila Vitória (ES), lá permanecendo até 1564, quando o comandante português Estácio de Sá, sobrinho do Governador Geral, o trouxe definitivamente de volta à Baía da Guanabara, para juntos poderem combater os franceses com mais eficácia. Os franceses desde de 1555, instalados na Baía da Guanabara, se fizeram amigos e fortes aliados dos índios Tamoios/Tupinambás. Souberam inteligentemente, tirar proveito desta estratégia política, quem lhe permitiu por longo tempo um tranquilo assentamento de seus homens, com a devida proteção. A França Antártica, para glória dos gauleses não só estava fundada, como estava se consolidando. Inconformado com esta situação insólita, existente há mais de 5 anos, o então 3º Governador Geral do Brasil, Mem de Sá, em 1560 decidiu vir ao Rio, com o propósito de expulsar os franceses da Ilha Sirigipe, e destruir o estabelecimento militar, o Forte Coligny. Obteve algum resultado positivo, graças as informações fornecidas por um francês que ao abandonar suas tropas, se tornou um útil informante, de nome Juan de Bolés ou Juan Cointa ou Monsieur Héctor, vindo a confirma que a História está marcada por traidores. Neste ano de 1560, a expedição de Mem de Sá, combateu direta e ferozmente as tropas francesas, promovendo violento ataque, destruindo o principal alvo, o Forte Coligny. Nesta luta, contou com a participação dos grandes índios Maracajá-guaçu e seu filho Arariboia, que tinham se deslocados do Espirito Santo, especialmente com este fim, auxiliados por mais outros Índios flecheiros, oriundos do Espirito Santo. Mesmo derrotados os franceses conseguiram escapar em grande número, refugiando-se no Continente, nas terras que constituíam até então a chamada “cidade” de Henriville, que ficavam nos arredores do atual Bairro da Glória, Catete e Flamengo. As batalhas foram travadas nas águas da baia, e foram bem relatadas em 19


cartas do padre Francês André Thevet em sua famosa obra “La Cosmographie Universelle". Mem de Sá achando que tinha resolvido o problema, retorna a Salvador, Bahia, em 3 de abril de 1560, mas os franceses e os tamoios mesmo derrotados, com o Forte Coligny completamente arrasado, se reagruparam, se restabeleceram novamente, tentando se soerguer, para manter vivo desejo de subsistência da França Antártica. Eles constroem duas novas e poderosas fortificações, achando que iriam permanecer na baia da Guanabara, sem problema, uma vez que Mem de Sá teria que retornar à Bahia, levando suas tropas, deixando um vazio novamente, pronto para ser ocupado pelos próprios franceses. Dois estabelecimentos, ou fortificações: 1- Forte Uruçumirim – no continente, cujo nome foi dado em homenagem a um chefe indígena tamoio. O local deveria ser o que hoje é o Morro da Glória. 2- Fortificação na Ile Belle, que por ironia do destino, na Ilha de Paranapuã, conforme já repetido, é atual ilha do Governador, terra natal de Arariboia. 1562 - houve um armistício de lutas, mas os franceses e os tamoios permaneceram na área, de forma ameaçadora e insolente, e nenhuma tropa portuguesa dentre das enviadas para libertar a baía da Guanabara, teve êxito em sua missão. Durante os anos de 1560 a 1564, os franceses e tamoios habitavam a Baía de Guanabara, tranquilamente como mandantes da área, sem qualquer oposição, e a situação se avistava como permanente. Diante dessa realidade, o Governador Geral do Brasil, Mem de Sá, se convenceu que seu trabalho anterior não tinha logrado êxito desejado, na expulsão dos franceses, e assim decidiu convocar seu sobrinho, Estácio de Sá, em Portugal, para assumir o comado da área, dando-lhe poder de decisão. Instruiu que além de sua atuação militar bélica, deveria atrair o apoio indígena, tornando-os aliados. A reconquista da baía da Guanabara, não era somente uma questão de honra, mas fundamental à política colonialista portuguesa, e a preservação de terras promissoras e valiosas para a nação lusitana. Em 1564, a caminho do Rio de Janeiro, Estácio de Sá sabedor das qualidades guerreiras do Cacique Arariboia, o convenceu trazê-lo de volta ao Rio de Janeiro. Se a tribo Temiminó já era amiga leal dos portugueses, e partir de então, passou ter uma ligação amistosa bem mais estreita, fruto da amizade e do bom relacionamento do cacique e o jovem capitão. 1564 – Estácio de Sá ancorou fora da barra da baía, porque os índios Tamoios e os franceses não permitiram o desembarque de naves portuguesas na baia. (?!?!!?!?) Então resolveu prosseguir até São Vicen20

te, atual cidade de Santos, pois sendo o Rio de Janeiro pertencente a Capitania de São Vicente, resolveu solicitar reforços para cumprir a tarefa que lhe fora destinada. Retornou ao Rio, com uma poderosa frota, composta de seis navios de guerra, cinco barcos, dez canoas, mais de 200 homens habilitados e preparados às armas, prontos para o combate. Mais adiante, se juntaram mais 3 embarcações, e desta forma, se sentiu absolutamente confiante para executar seu intento maior, ou seja, invadir a baía e expulsar os intrusos. No histórico dia de 01 de março de 1565, adentrou à Baía de Guanabara, e entre os morros Cara de Cão e Pão de Açúcar, fundou oficialmente a nova cidade, dando-lhe o nome oficial de “São Sebastião do Rio de Janeiro”, em homenagem a Dom Sebastião, Rei de Portugal. A estratégia dos portugueses para expulsar os franceses da baía de Guanabara consistia em aproveitar a camaradagem dos Temiminós com os índios Margaiás, que viviam também na baía de Guanabara, e estabelecer uma força bélica eficaz de atacar os inimigos compostos de Tupinambás, Tamoios, demais índios da Confederação dos Tamoios, e todos os franceses. Contudo, não foi feita uma luta de imediata, e sim preparada com antecedência, para o contingente português atingiu o número suficiente para atacar quando julgasse apropriado. Ataque Ao Forte Uruçumirim em 1567: Quando Araribóia pela segunda vez vai guerrear contra os franceses/tamoios, em 1567, já estava com 40 anos de idade, porém ainda em plena condição física, conforme afirma o historiador Prof. Luís Carlos Lessa no seu livro “Araribóia, o Cobra das Tempestades”, publicado pela Editora Francisco Alves, Rio de Janeiro, na página 8. Relata que numa batalha memorável em 1567, em parceria com Estácio de Sá, se torna o herói no combate na tomada da Fortaleza de Uruçumirim, no alto do morro, que hoje seria o bairro da Glória, atuando de forma decidida. As tropas francesas estavam aquarteladas no Forte Uruçumirim, construído em 1560 (vide descrição anterior), se julgando bem protegidas e seguras, dadas as condições físico-geográficas da localização por estar num ponto elevado, de muito difícil acesso, permitindo uma excelente visibilidade daqueles que tentassem se aproximar, seriam facilmente rechaçados. No entanto, Arariboia demonstrando arrojo e coragem, numa destemida ação, galgou os penhascos, subindo as ladeiras como se fosse um gato, carregando à mão, uma tocha acessa, foi o primeiro alcançar o forte, fazendo explodir o grande paiol de pólvora dos franceses, e assim, abriu caminho para o ataque mortal efetuado pelos soldados portugueses sob o comando de Estácio de Sá, com participação direta dos demais índios temiminós e


margaiás. A luta prosseguiu ininterrupta durante toda a noite, numa matança terrível, em que o vitorioso Cacique Arariboia amanheceu banhado de sangue, tanto sangue francês quanto tamoio. Centenas de franceses foram aprisionados, mas muitos deles fugiram, indo viver na mata no meio das tribos tamoias, ou indo para Cabo Frio onde também teriam proteção dos tamoios. Os portugueses conseguiram finalmente recuperar o controle da baía da Guanabara, sem que antes fossem até a Ilha Paranapuã onde existia uma outra fortificação francesa, (vide descrição anterior) para exterminar os restantes franceses e muitos índios tamoios que lá permaneciam, na expectativa de manter perene a ocupação, porém eles foram mortos e/ou aprisionados. 1567 - durante esta sangrenta batalha, uma flecha tamoia envenenada, raspou o rosto do comandante Estácio de Sá, que veio a falecer por grave infecção, causando um profundo baque psicológico nas comunidades lusitana e temiminó. 1568 - Conforme já dito anteriormente, a Coroa Portuguesa, deu a Araribóia honrarias, nomeando-o Capitão, e fez-lhe a doação de uma sesmaria na “Banda do Além” do outro lado da baía. Nesta mesma época, se converteu ao catolicismo, tendo sido batizado pelo Padre Manuel da Nóbrega, recebendo o mesmo nome do donatário da capitania, Martim Afonso. A sesmaria doada a Arariboia tinha as terras localizadas na “banda de lá”, que seria chamada de Nictheroy, na zona oriental, geograficamente com extensão assim compreendidas: - UMA LÉGUA pela costa. - DUAS LÉGUAS pelo sertão, indo de um lado do MARUÌ, do fundo da Baía da Guanabara, e do outro lado das BARREIRAS VERMELHAS (atual bairro do Gragoatá) passando por Caraí, Jurujuba, Piratininga, Itaipu indo até a Maricá. A sede da sesmaria, foi a Aldeia de São Lourenço dos Índios, um morro próximo onde hoje é atual rua São Lourenço em Niterói. Este local foi propositadamente escolhido pelo Cacique Arariboia por ser do ponto de vista estratégico, importante, pois era localizada no alto, permitia avistar toda a baía da Guanabara, de difícil acesso por ser uma área de pântano. A criação dessa primeira aldeia de colonização, primeiro núcleo habitacional da sesmaria, ocorreu em 1568. 1570 – foi construída uma Igreja, de início uma palhoça tosca, posteriormente completada em 1627, com nome de Igreja de São Lourenço dos Índios. Hoje considerada um monumento histórico da fundação da cidade de Niterói, localizada conforme dito, no Morro de São Lourenço. É uma edificação bem representativa da arquitetura jesuítica, com altar-mor em arte barroca do

século XVI. Embora a Aldeia tenha sido estabelecida em 1568, a posse oficial da sesmaria, com a escrituração da doação, registrada em cartório, envolvida de festa e pompa, na presença de autoridades portuguesas, aconteceu anos mais tarde, no dia 22 de novembro de 1573, data esta considerada como da fundação política e administrativa da cidade de Niterói. Ataque dos Franceses/Tamoios à Aldeia de Arariboia: 1568 – Arariboia já tinha definido que sua moradia seria na Aldeia de São Lourenço, porém o fracassado ataque dos franceses/tamoios ainda se deu quando estava em São Cristóvão no Rio de Janeiro. A insistência dos franceses e a persistência dos tamoios, faziam que o desejo incontido de permanecer na baía da Guanabara, se tornasse uma verdadeira obsessão. Por sua vez, os tamoios não conseguiam esquecer as derrotas sofridas. Psicologicamente levados por uma vindita pessoal, queriam a todo custo, se vingar, de Arariboia, fariam qualquer enfrentamento para ter sua. Vislumbraram esta possibilidade, utilizando os franceses como instrumentos de luta, e assim os convenceram a atacar os índios temininós , diante da frágil resistência existente na Aldeia de São Lourenço. 1568 - Quatro náus francesas aportaram em Cabo Frio, para proceder o carregamento de pau-brasil, negócio de grande resultado comercial e financeiro. Desde a década de 1530 era a atividade francesa mais lucrativa no hemisfério sul, operada por corsários contratados. Esses eram navegadores experientes de diferentes origens, devidamente autorizados e nomeados pelo governo de França, para prática dessas atividades. Os Tamoios que lá estavam, ainda ressentidos pela derrota imposta pelo cacique temiminó, solicitaram dos franceses a ajuda de atacar e aprisionar Arariboia, que já se encontrava em sua aldeia, com pouca defesa. O objetivo seria, aprisionar o importante cacique, agora chamada Martim Afonso e entregá-lo aos Tamoios, afim de aplacar a ira da tribo, que ao satisfazer este desejo, resgataria o orgulho ferido desses indígenas. Esta foi a explicação que os franceses deram aos portugueses, ao serem instados da razão da entrada de sua esquadra na Baía da Guanabara. Alertado a tempo pelo governador pode analisar a situação e preparou uma estratégia de defesa, que mesmo diante das ciscunstâncias desfavoráveis, criou uma desefa em sua aldeia a ponto de toda sua tribo poder contra-atacar. Não esmoreceu e se entregou completamente à luta, como sempre foi seu estilo de guerreiro. Retirou as crianças, mulheres e os padres da aldeia, fez valas em torno das casas, preparou seus homens para luta. Durante o desenrolar dos embates, eis que surpreendentemente surgiu adentrando à baía, uma 21


náu militar portuguesa vinda de São Vicente, fortemente armada, que não tardou em revidar os agressores, mudando o curso da batalha. Horas mais tarde, a natureza também contribuiu para ajudar a sorte dos temiminós, quando ocorreu o chamado fenômeno das marés. Os navios franceses se aproveitando da maré alta, puderam se aproximar o máximo das praias, para melhor manuseio dos canhões, consequentemente melhor eficácia dos ataques. Contudo não esperavam que em seguida pudesse acontecer uma rápida vazante da maré, levando as referidas naus ficarem encalhadas, o que facilitou o contra-ataque dos temiminós e portugueses. Na manhã seguinte, a maré voltou a subir, e as embarcações corsárias francesas conseguiram escapar, retornando a Cabo Frio, se reagrupando aos Tamoios/Tupinambás, porém sem levar o valioso troféu tão desejado. 1568 - 1ª. Ida de Arariboia a Cabo Frio Em 1568, o Governador Salvador Correa de Sá, convocou a todos uma missão de guerra, e encarregou Arariboia para um comando especial, ir a Cabo Frio, com seus mais aguerridos homens, juntamente com soldados portugueses, para efetuar o objetivo final da missão, expulsar os franceses, quem ainda se encontravam naquela área. Esta teria sido a primeira ida de Arariboia a Cabo Frio em 1568 (apud Lessa). Quando lá chegaram, encontraram um galeão francês, que ao resistir a investida das forças colonizadoras, seu comandante foi flechado no olho por um índio temiminó, obrigando o navio francês se render, tendo sido trazido triunfalmente para o Rio de Janeiro, como troféu de guerra. Alegres e muito eufóricos, os indígenas e lusitanos relembravam os momentos marcantes do embate, exaltando mais uma vez o prestígio e a fama de bravo guerreiro cacique Arariboia. Um fato curioso ocorreu, quase se transformaria em trágico, foi quando o Capitão Salvador Correa de Sá (8) que estava numa canoa, caiu de roupa ao mar, e como não sabia nadar, ia se afogando, quando um índio o socorreu livrando do susto. Ao relembrarem este episódio, vários índios em tom de brincadeira, disseram para o índio salvador (sem trocadilho) poderia ser promovido a morubixaba, índio destacado/cacique. O ambiente era de total descontração, pois a vitória analgesia as dores. Tão logo chegou ao Rio de Janeiro, o Cacique Arariboia foi direto à casa, encontrando sua mulher enferma, vindo a falecer semanas mais tarde, deixando-lhe profundamente abatido, deprimido. 1569 - El Rey Dom Sebastião, Rei de Portugal, ao tomar conhecimento das sucessivas e extraordinárias façanhas do cacique temiminó, principalmente de sua valentia de guerreiro e de sua lealdade à Coroa Portuguesa, conferiu-lhe o título nobre de “Cavaleiro da Or22

dem de Cristo”, enviando-lhe o “Hábito”, que é uma vestimenta toda imponente, o que produziu um largo sorriso que não se via desde a morte da esposa. 1574 - 1577 - Dr. Antonio Salema Novo Governador da Repartição Sul do Brasil: Em 1574, em substituição a Salvador Correa de Sá, foi designado Governador da Repartição Sul do Brasil, o Dr. Antonio Salema, homem culto, sabedor das leis dos homens brancos, mestre da famosa escola de Coimbra, distribuidor de justiça, pessoa de grande caráter, de elevada projeção política e de total confiança do governo português. Porém, um homem duro, inflexível. Ao se apresentar ao novo Governador, o Cacique Arariboia, ao contrário dos presentes, se sentou com as pernas cruzadas, como era sua atitude habitual. O oficial intérprete advertiu-lhe sobre sua posição, dizendo que o Governador pedira para descruzar as pernas, para não mostrarem suas intimidades. O índio franziu a testa, contrariado, respondeu que aquelas pernas estavam cansadas das guerras, sempre prontas para servir e defender El-rei. Agora diante dessa situação de advertência, ficou contrariado, dizendo que iria se retirar, indo para sua aldeia em Nichteroy, e não mais voltaria à Corte. “Minhas pernas estão cansadas de tanto lutar pelo seu Rei, por isto eu as cruzo ao sentar-me, se assim o incomodo, não mais virei aqui!”. É evidente que esta frase, é uma composição do historiador que retratou o episódio, certamente as palavras foram proferidas numa linguagem extremamente pobre, por se tratar de alguém que se expressava com dificuldade a língua portuguesa, ou então, mais provável, o fez na língua Tupi. 1575 - 2ª. Ida de Araribóia a Cabo Frio - Este fato realmente aconteceu, afirma Lessa em seu livro (6). No ano seguinte ao desagradável episódio das pernas cruzadas, Salema reuniu todos aqueles que estavam diretamente ligados ao problema francês. Convocou todos seus comandados, inclusive os indígenas. Os invasores estavam obstinados em manter a feitoria em Cabo Frio para dar prosseguimento o tráfego do pau-brasil, e esta insistência francesa, se valia da excelente mão de obra dos corsários, experientes nos ofícios da navegação, e mais ainda da cobertura logística dos índios tamoios e tupinambás, que faziam da situação um ambiente absolutamente estável aos seus negócios. Diante dessa realidade, o Governador Salema tomou a decisão radical de promover um ataque em massa afim de terminar com o problema francês, uma solução final. Todos sabiam que o projeto gaulês, era manter o envio do pau-brasil para Europa, cuja atividade comercial era altamente lucrativa, conforme já considerado. Eles já estavam acostumados a realizar esse negócio há muitos


anos, desde década de 1530, pela facilidade da extração da madeira, abundante na Mata Atlântica, à beira da costa brasileira. Aconteciam cerca de oito viagens por ano, de embarcações francesas, com prática estritamente comercial, considerada ilícita pelos portugueses, detentores das terras, portanto proprietários das matas e das madeiras. Esta atividade de carregamento de pau-brasil, trazia muitas vantagens aos capitães dos navios, cujos resultados financeiros eram distribuídos para dezenas de interessados europeus, desde a tripulação e aos financiadores das viagens. O negócio tinha assumido tamanho vulto, que em 1540, o governo português, determinou que era terminantemente proibida a extração da madeira sem autorização, e qualquer navio estrangeiro não poderia transportar pau-brasil sob qualquer pretexto, sendo portanto imediatamente arrestado.. Esta medida, reduziu a “farra” da desvastação até então observada , uma vez que a cobiçada madeira, possui uma seiva valiosíssima (o extrato) retirada da árvore, de coloração vermelha, utilizada como excepcional corante à indústria têxtil, que se encontrava em franco desenvolvimento no norte da França e regiões adjacentes. (citação do livro do jornalista Eduardo Bueno). Claro que a madeira por si só, já representaria uma matéria prima admirável, apreciada por sua beleza, permitindo a confecção de móveis requintados, de alto valor comercial, que desde esta época, passaram a embelezar as mansões e castelos europeus, dando-lhes porte de nobreza. Todas estas atividades dos invasores franceses, tanto na baía da Guanabara quanto em Cabo Frio, foram minuciosamente descritas pelo Padre Capuchinho historiador André Thévet, à época. (22). Os índios Tamoios/Tupinambás ao darem respaldo aos franceses, se apresentavam como amigos declarados, informando e orientando os gauleses sobre a posição dos portugueses e de outras tribos indígenas, permitindo um livre trânsito pelas terras sem ameaça ostensiva. Faziam algo de maior valia, a ativa participação da extração da madeira de dentro da mata virgem, que eles indígenas conheciam muito bem. Esta tarefa era essencial ao carregamento dos navios. Claro que em contrapartida, os índios recebiam conhecimentos da vida, inteligência, ensinamentos, armas, noções de guerra, objetos de uso pessoal, facas, facões, objetos vários, muito mais que simples ação de escambo, mas sim uma parceria duplamente conveniente, que se desenvolveu e se aperfeiçoou de tal intensidade que dificultou a atuação dos portugueses. 1575 – Arariboia se deslocou até Cabo Frio. ( segunda ida) – Conforme dito acima, governo português não mais suportando “o problema francês”, decidiu em 1575, tomar uma atitude drástica, o então Governador Dr. Antonio Salema empreendeu uma nova investida

devastadora aos invasores, e desta vez, além dos seus soldados, contou com a participação de centenas de indígenas. O cacique Arariboia (5), também embarcou junto com toda a expedição de guerra rumo a Cabo Frio, ele teria assedido participar da missão, por sua lealdade a Portugal, não pelo Governador, pois ainda era recente o grave desentendimento havido, o chamado episódio das pernas cruzadas. Lá chegando, comandou um contingente expressivo de 700 gentios (índios), atacou ferozmente os inimigos, cumprindo a ordem de desbaratar a todos. O Governador Salema iniciou toda sua arrancada decisiva, numa caçada aos esconderijos dos silvículas, matando todos que ia encontrando, na chamada “guerra de Cabo Frio”, cruel e sangrenta. Os tamoios teimavam em permanecer na área de Cabo Frio e adjacências(*) provavelmente, nas localidades que corresponderiam hoje: Arraial do Cabo, Saquarema, etc., contudo, já não possuíam sua força original, pois sua organização foi esfacelada na década passada, sendo que a maioria dos tamoios estava enfraquecida, mas mesmo assim, viviam em total harmonia com os renitentes franceses, construindo refúgios e abrigos capazes de se defenderem, na esperança de ainda resistirem aos ataques portugueses. O Governador Salema, ao reunir muita gente do Rio de Janeiro, do Espirito Santo, de São Vicente, com muitos portugueses, soldados e aventureiros, e muitos índios Temiminós e outros, formou uma poderosa expedição com mais de 500 brancos e 700 indígenas, e partiu em agosto de 1575 para a área de Cabo Frio. Em Saquarema, cercaram a aldeia dos Tupinambás, num lugar conhecido como campo dos Maranguás, travando cruéis lutas em toda extensão até Arraial do Cabo e Cabo Frio. O Governador Salema prosseguiu numa perseguição implacável aos índios Tamoios, até a derrota final. O cessar fogo só foi possível, quando os nativos entregaram os 3 franceses que estavam entre eles, que foram enforcados sumariamente na praia sem a menor piedade. Foi um derradeiro massacre, com mais de 500 tamoios mortos, mais de 1.500 aprisionados. Dr. Salema e seus homens continuaram sua incursão à mata adentro, queimaram dezenas .de aldeias indígenas e mataram muitos índios, e finalmente o sucesso da missão, tinha sido alcançado, para alegria geral de Portugal. 1575 - Persistiu uma controvérsia a respeito desta participação do Cacique Arariboia, que seria a 2ª. vez que foi a Cabo Frio, pois quando lhe perguntaram a respeito, ele não confirmava e nem desmentia, apenas desconversava. (Prof. Lessa). 1587 – ano provável do falecimento de Arariboia com 64 anos de idade, segundo Varnhagen, de morte natural em sua aldeia, no meio dos seus familiares. Não há comprovação oficial que tenha morrido afogado 23


próximo a ilha de Mocanguê, conforme relatam alguns historiadores, como também há um relato que teria morrido em 1589 com 66 anos, vitimado possivelmente por varíola (bexiga), que na época teria devastada a Aldeia de São Lourenço. Com a morte de Cacique Arariboia ou Cacique Martim Afonso, a Aldeia começou a declinar, ocorrendo uma natural migração dos moradores para uma “povoação maior”, no caso, a cidade do Rio de Janeiro, por razões óbvias, por ter melhores condições de vida. Também a Aldeia estava situada numa área que era preciso atravessar um pantanal para se atingir outros sítios, e por esta razão, zonas mais planas, se desenvolveram mais rapidamente, como os núcleos de São Domingos, Praia Grande, São João de Caraí (hoje Icarai), Itaipu, além de todos serem pontos acessíveis por via marítima.

Distribuição das tribos indígenas no litoral brasileiro – Século XVI

po se havia instalado no litoral brasileiro. (se confundiam com os Tupinambás). Tupi – engloba toda nação indígena habitante da costa brasileira, que falava a língua “Tupi”. "Tupinambá" é oriundo do termo tupi tubüb-abá, que significa "descendentes dos primeiros pais" , através da junção de: tuba (pai) , ypy (primeiro) e abá (homem). Temiminós = significa em Tupi, os descendentes. Tupiniquins – significam em tupi, “vizinho lateral, tupi ao lado”. Carioca, na língua Tupi, quer dizer: Cari + Oca, significa “casa do homem branco.” Capixaba, significa na língua Tupi, “plantador da roça de milho”. Pataxós - Foram os que tiveram o primeiro contato com Pedro Alvares Cabral. Apesar de terem raízes comuns, as diversas tribos que compunham a nação tupinambá lutavam constantemente entre si, movidas por um intenso desejo de vingança que resultava sempre em guerras sangrentas em que os prisioneiros eram capturados para serem devorados em rituais antropofágicos. Autores como o alemão Hans Staden -"História verdadeira e descrição de uma terra de selvagens..." e os franceses Jean de Léry -"História de uma viagem feita à terra do Brasil" e André Thevet - "As singularidades da França Antártica...", todos do século XVI, além das cartas jesuíticas da época, nos dão notícias muito precisas acerca de quem eram e de como viviam os índios tupinambás, também chamados de Tamoios. A antropofagia, era um ritual antropológico ou sociológico, muito mais simbólico festivo do que com objetivo comestível. Comia o semelhante como forma de simbolizar alguma atitude, adquirir alguma qualidade do inimigo, do que propriamente saciar a fome.

NICTHEROY - Banda do Além – terras do outro lado da Baía

Nomes das principais tribos indígenas que habitavam o litoral, nas diferentes regiões conforme pode ser observado no mapa acima, correspondendo os atuais Estados. Todos falavam TUPI (Tapuia). Tupinambá – Tremembé – Potiguara – Tabajara – Caeté – Tupinambá – Tupiniquim - Aimoré – Goitacáz – Temiminó - Tamoio – Tupiniquim – Canjó (Guarani) – Charnua - (litoral do Brasil, desde o Pará, Ilha de Marajó até Rio Grande Sul). Tamuyos (Tamoios) = significavam os mais antigos. O termo "tamoio" vem de "ta'mõi", que, em língua tupi, significa "avós", indicando que eles eram o grupo tupi que há mais tem24

1568 - Concessão da sesmaria . 22/novembro/1573 – carta de doação da sesmaria e com a posse oficial do local, estabelecendo como data de fundação, a Aldeia de São Lourenço dos Índios. Nictheroy - águas escondidas, pois o local era um pântano muito forte, de muito difícil acesso, vindo da baia da Guanabara, para atingir o morro de São Lourenço, que de certa forma, se constituía numa maneira de defesa dos indígenas. 1819 – (período de D. João VI) . Concede a Nichteroy a condição de cidade imperial, dando-lhe título, e nominando como Vila Real da Praia Grande. 1835 – Nichteroy assume a condição de Capital da Província do Rio de Janeiro, e a cidade do Rio de Janeiro, assume o nome de Guanabara, como sede do Governo Federal, posteriormente como Distrito Federal, depois Estado da Guanabara. 1889 – com a proclamação da Republica, moderniza o nome para Niterói.


Capítulo VII O trajeto e o roteiro:

CAMINHO DE ARARIBÓIA começa na estátua de Araribóia (Ararigboya) na Praça Arariboia, nas “Barcas” no Centro de Niterói, e termina na Casa de Pedra, Praia do Forte, Cabo Frio (RJ). Esta “casa de pedra” não existe há alguns séculos, tampouco há vestígios ou ruínas, mas continua no imaginário da população, como teria sido naquela época dos colonizadores, invasores, aventureiros, índios, navegadores, piratas, corsários, comerciante, aproveitadores, etc. “Feitoria de Cabo Frio” fundada por Américo Vespúcio e a “Casa de Pedra”, se constituem em marcos simbólicos como tendo sido pontos de embarques e desembarques regulares de navios durante o Século XVI, para comercialização (ou contrabando ?) do pau-brasil. Foi sem dúvida, uma tentativa concreta de colonização da região que se despontava como promissora na recém descoberta terra, chamada inicialmente de “Ilha de

Santa Cruz”, depois “Terra de Santa Cruz”, para finalmente ser chamada de Brasil. (em seguida as referências sobre esses dois estabelecimentos). A localização geográfica da Casa de Pedra, seria provavelmente onde hoje se conhece como Morro do Arpoador, na entrada (ou saída) do Canal de Itajuru, numa pequena ilhota rochosa, que não existe mais, por ter sido aterrada, ou invadida pelo mar. O percurso total é de aproximadamente 152 km de extensão, percorrido em seis dias com cinco pernoites, assim compreendidos: 1º. Dia – 1º Trecho – BARCAS A ITAIPUAÇU - 29 Km 2º. Dia – 2º Trecho – ITAIPUAÇU – GUARATIBA (BARRA DE MARICÁ) – 24 Km 3º. Dia - 3º Trecho – GUARATIBA – SAQUAREMA – 31 Km 4º. Dia – 4º Trecho – SAQUAREMA – PRAIA SECA – 23 Km 5º. Dia – 5º Trecho – PRAIA SECA – MONTE ALTO – 23 Km 6º. Dia – 6º Trecho – MONTE ALTO – CABO FRIO (ARPOADOR) - 22 Km 25


Trecho total de Niterói a Cabo Frio das Barcas ao Morro do Arpoador 152 Km

A foto abaixo registra o momento do final da caminhada, terminando com a reunião de todo grupo, num almoço de confraternização, revivendo os dias e as horas agradáveis passados e vividos pelos caminhantes, comemorando-se principalmente o fato de jamais ter ocorrido até então, qualquer desavença, incidente, acidente, rusga, problema, etc. As promessas renovadas para o próximo ano, ser melhor.

NO FINAL DA CAMINHADA, o líder do grupo, RONALDO VICTER, com missão cumprida, sucesso total, sem qualquer incidente, todos alegres, felizes pelo término do Caminho de Arariboia. O ponto final exato é o Morro do Arpoador, local original da Feitoria Portuguesa feita por Américo Vespúcio em 1503, e o mesmo sitio posteriormente da Casa de Pedra (La Maison de Pierre) feita pelos franceses, provavelmente na barra, saída do Canal de Itajuru, na Praia do Forte, em Cabo Frio (RJ).

QUERO-QUERO – eleita ave símbolo do caminho. (Vanellus chilensis) – o nome tem origem no Chile. É encontrado ao longo de todos os trechos da Caminhada, sendo uma ave muito popular no Brasil, fazendo parte do folclore de várias regiões. É a ave-símbolo do país Uruguai e do Estado do Rio Grande do Sul. Também conhecida por tetéu, téu-téu, terém ou espanta-boiada, pertence a ordem dos Charadriiformes da família Charadriidae. Mesmo sendo extremamente comum, é uma espécie ainda pouco estudada, prefere viver em zonas de baixa altitude, em campos, praias arenosas, brejos, mangues e várzeas úmidas, onde predomine a vegetação rasteira. Pode penetrar em áreas urbanas, escolhe partes abertas como aeroportos, jardins, gramados e até mesmo campos de futebol, pelo que frequentemente vira notícia atrapalhando os jogadores durante as partidas de futebol. É presente em quase todas praias. Qualquer barulho ou algum intruso próximo, é logo denunciado pela gritaria que os quero-queros fazem.

BANNER (criação PRVicter)

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Descrição do percurso - do trajeto - do roteiro - dos trechos - dos diferentes pisos enfrentados das diversas passadas realizadas - dos lugares percorridos, de tudo Roteiro descritivo do percurso Niterói-Cabo Frio, foi elaborado pelos irmãos Ronaldo Victer e Paulo Roberto (Paulinho) Victer, e descrito permenorizado com ilustrações. Eles fizeram e refizeram o trajeto por mais de três vezes, marcando todos os pontos fundamentais, anotando os nomes dos locais, das localidades, os quilômetros, pontos de referência, bares, restaurantes, quiosques, biroscas, pessoas, num trabalho minucioso informativo, que exigiu uma imensa paciência e dedicação, resultando num roteiro para orientação dos Araris. INICIO DO CAMINHO: Praça Arariboia ou Praça Martim Afonso fica na Estação das Barcas, no centro de Niterói, local da foto oficial da partida, defronte à estátua do Cacique Arariboia.

1º. Dia - 1º Trecho - BARCAS À ITAIPUAÇU - 29 Km: A linha vermelha representa o trecho percorrido do centro de Niterói até à Praia de Itaipuaçu.O trecho em Niterói, se aplica a Baía da Guanabara, passando por toda região oceânica niteroiense, se alcançando e se ultrapassando a temida e cansativa Serra da Tiririca , para se atingir a deslumbrante Praia de Itaipuaçu. Este primeiro trecho, talvez seja o mais difícil de se vencer, devido a presença de dois grandes obstáculos geográficos com elevado grau de dificuldade para caminhar, Parque da Cidade, uma subida de 270 m e depois a Serra da Tiririca uma subida ininterrupta de 152 m, com um forte grau de inclinação. Contudo, todo o restante do Caminho é somente trajeto plano. INÍCIO DO CAMINHO: praça Arariboia – Praça Martim Afonso – Estação das Barcas – Centro de Niterói. Km 0 – Estátua de Arariboia – esculpida em bronze pelo artista Dante Croce (1965).

Km 0.3 - Estátua de JK e Neimeyer sentados no banco, discutindo a planta.

Km 1.12 – Igreja de São Domingos (construída em 1819) – Gragoatá.

Km 1.18 – Clube Regatas Gragoatá – (fundado em 1895)

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Primeiro clube de regatas a ser fundado.

Km 1.60 – Forte Gragoatá – compõe o complexo de fortificações da estratégia militar portuguesa, de defesa da Baía de Guanabara. Quartel General – 2ª. Brigada Exército. Km 1.65 – Praia Vermelha – corresponde Barreiros –início da Sesmaria de Arariboia. Km 2.50 – Igreja N. S. da Boa Viagem – construída em 1650 , no alto da ilhota., em estilo colonial, tombada pelo patrimônio histórico. Há indícios de ter havido um pequeno ancoradouro construido pelos franceses, hoje algumas ruinas de pedras.

Igreja N S Boa Viagem

Km 2.95 - Museu de Arte Contemporânea – MAC – Inaugurado em Set/1996. Obra prima arrojada de Oscar Niemeyer, designada como Símbolo Oficial de Niterói.

Km 2.50 -a esquerda, se encontra monumento, homenagem a Pedro Álvares Cabral. Km 3.5 – PEDRA DE ITAPUCA ex-símbolo de Niterói.

Km 3.7 - PEDRA DO ÍNDIO – ao fundo a Fortaleza Santa Cruz. Km 4.10 – UFF – Prédio da Reitoria – (antigo Casino Icarai) 28


Km 4.70 – Praia de Icarai – Clube Central – calçadão 1.6 km de extensão. Piso desenhado em pedra portuguesa.

O relógio de sol, com as insígnias dos jesuítas.

Globo aramado com a cruz símbolo de Portugal criado por Dom Manoel o Venturoso. Está localizado na praça no final da Praia de Icaraí - Niterói

Km 8.8 – Padaria N S de Lourdes – Av. Rui Barbosa – parada para café. São Fco. Km 9.0 – Enseada de Charitas. (em latim significaria caridade). Réplica da Náu Capitânea de Pedro Álvares Cabral, fundeada na enseada de Charitas.

9.0 Km - Enseada de Jurujuba e entrada da Baía da Guanabara, a Fortaleza de Santa Cruz.

Km 5.40 – Igreja de São Judas Tadeu (final da praia) . Km 6 - Estrada Fróes – onde estão os clubes náuticos – ICB – Sailing – S.Fco. Km 7 - Calçadão da Praia de São Francisco – pedra portuguesa.

Km 8.2 – Igreja de São Francisco Xavier – Construída no alto de uma colina, entre as praias de São Francisco e Charitas, é uma notável relíquia do Brasil-colônia. Consta ter sido fundada pelo padre José de Anchieta em 1572, embora historiadores reportem sua origem entre os anos de 1662 e 1696. Seu aspecto lembra a maioria das capelas coloniais: paredes grossas, portas pesadas de reduzidas dimensões, bem como as janelas, denunciando um estilo barroco. No interior encontra-se: no altar-mor a imagem de São Francisco Xavier, belo trabalho de madeira, laminada em ouro; a pia batismal feita pelos índios, com a arte da cerâmica dos Tamoios; um armário embutido na sacristia datado de 1696; um relógio de sol voltado para o nascente, com o emblema dos jesuítas; um cruzeiro de madeira e um sino são peças do mesmo período. No sopé da colina, ainda hoje se pode ver um peão de terras de 1727, com inscrições e insígnias dos jesuítas. Fortaleza de Santa Cruz – em 1555 o Almirante francês Villegaigon, improvisou uma fortificação na entrada à direita da Baía da Guanabara, como parte de suas instalações militares na formação de sua tão desejada França Antártica. Contudo devido as fortes ondas do mar e a permanente correnteza das águas existentes na boca da baía, teve dificuldade de fazê-la expandir. Anos após, o então Governador Geral do Brasil, Mem de Sá, tomou a referida base, dando-lhe o necessário suporte, chamando-a inicialmente de Forte Nossa Senhora da Guia, e posteriormente assumiu a denominação de ”Fortaleza de Santa Cruz”. É uma edificação que orgulha a arquitetura militar portuguesa, tendo sido construída em seus moldes definitivos em 1612, em que toda sua estrutura composta de gigantescos blocos de granito, cujas pedras foram trazidas de Portugal, previamente confeccionadas, devidamente numeradas, aqui recolocadas utilizando-se óleo de baleia e um outro tipo de argamassa, se encaixando de forma perfeita, pronta para enfrentar qualquer intempérie da natureza e/ou ataque dos eventuais inimigos. Tamanha é a perfeição de sua construção, que por exemplo, o sistema de escoamento de água se faz de maneira rápida e total, em poucos minutos, pois suas ruelas, vias e corredores possuem ralos e orifícios de drenagem que nem nas piores ressacas do mar e nem nas mais violentas tempestades de chuva, a água não se acumula, demonstrando uma eficiência absoluta. Esta edificação militar é um dos pontos de destaque 29


na história do Rio de Janeiro, quer por sua posição estratégica de defesa, quanto em sua participação nos grandes acontecimentos ocorridos nessa área. Hoje se constitui numa grande atração turística e histórica. Se situa exatamente em frente ao morro do Pão de Açucar, formando com este, os dois pulares da entrada da Baía da Guanabara, a boca da baia onde existe uma forte corrente marítima.

Subida piso de blocos de cimento – Parque da Cidade.

Km 9.2 – Início do Morro da Viração, subida ao Parque da Cidade, muito íngreme, com grande grau de dificuldade. O Parque da Cidade de Niterói é uma área de proteção ambiental (APA), localizada precisamente no Morro da Viração, cuja altura é de 270 m, onde existe um ponto de salto de parapentes e asa delta. Permite ter uma visão de 180 graus, desde a Ponte Rio Niterói, toda Baía da Guanabara, a cidade do Rio de Janeiro, com sua linda silhueta de montanhas, levando o olhara até à esquerda, se avista as lagoas de Piratininga, Itaipu e o mar aberto do Oceano Atlântico.

Km 9.7 – Começa a descida do Parque da Cidade, em chão, terra batida e mata fechada, aparentemente ainda resquícios da mata atlântica.

Subida em estrada cimentada – Forte do Imbui.

Descendo Parque da Cidade, piso totalmente irregular, de barro e pedra, caminho íngreme, com a chuva fica escorregadio. Ao fundo, a Lagoa de Piratininga e o mar. Km 9.6 – Alto do Parque da Cidade, onde se avista a Baía da Guanabara e as Montanhas do Rio de Janeiro. 30


Trilha pelo morro, parque da cidade. Km 10.2 – Nova subida (201 m de elevação) na área do Parque da Cidade, em seguida uma descida muito escarpada, em direção a Fazendinha, com grande dificuldade.

Km 13.0 – Porteira da Fazendinha (saída do Parque da Cidade). Chão batido. Km 13.3 – Bairro da Fazendinha - AABB -futura saída do Tunel Charitas/Cafubá. Km 13.8 – Rótula e praça do Cafubá – Piratininga.

Km 11 – descida do morro da área do Parque da Cidade

Mata fechada, parece zona de serra. Km 12.8 – Estrada da Fazendinha – grau de grande dificuldade, subida e descida de uma elevação de 254 m, ainda dentro da área do Parque da Cidade. A descida é sempre íngreme, em direção ao bairro do Cafubá, Piratininga.

Trecho de via urbana, com asfalto. Km 14.1 - Igreja N. S. do Bonsucesso, é uma das igrejas católicas mais antigas da região. Foi construída na antiga fazenda de Piratininga por volta de 1678 e concluída em 1717. Sua arquitetura religiosa rural tem características das igrejas conventuais contemporâneas, misturando prenúncios do barroco e arcaísmos maneiristas. Se situa num pequeno elevado, às margens da atual avenida Sete ao lado da Lagoa de Piratininga. (está faltando uma foto para demonstrá-la). Km 15.2 - Avenida Sete – Piratininga . Km 15.8 - Igreja Batista Ágape – dobra a direita, pegar a orla da Lagoa de Piratininga. Km 16.3 - Acesso a chamada ciclovia em torno da lagoa – Piratininga. Km 16.8 - Ponte sobre o canal de Camboatá, liga as duas lagoas Piratininga/Itaipu. Km 17.0 – atravessa estrada de asfalto para acesso a Camboinhas. Km 17.7 - Entrada do bairro de Camboinhas. 31


Km 18 - Padaria – parada técnica – café – lado Tio Sam – Camboinhas. Km 20.4 – Canal de Itaipu – liga a lagoa ao mar. – Itaipu. O canal é raso, às vezes existe uma pequena correnteza, mas não há risco na travessia que é feita por um bote. O bote é remado pelo experiente residente da região de nome “Indio”, com telefone celular: 99845-0104, que fica no aguardo, à espera dos caminhantes. Do outro lado do Canal, está o quiosque bar restaurante, com os frutos do mar, água, refrigerantes, sanitários, servindo de ponto de encontro, aguardando os caminhantes retardatários.

Travessia do Canal de Itaipu feita através um pequeno barco, bote, com capacidade para 4 passageiros. Ao lado está um sítio arqueológico de grande importância histórica, com o Museu Arqueológico de Itaipu, com os Sambaquis, Dunas, e o Cemitério indígena. Esse museu é uma antiga construção de pedra e cal, seguindo uma técnica indígena de mistura de conchas, pedra, óleo de peixe, óleo de baleia, sambaquis, etc. O acervo do museu é composto de artefatos produzidos pelos povos que ali habitavam o litoral, antes mesmo da chegado dos portugueses, em 1500. Esses artefatos são resquícios líticos, ósseos, concreções várias, material corante, ocre, restos de ossos humanos, (daí o cemitério), remanescentes da fauna, além de blocos de sambaquis. Sambaquis correspondem a depósito dessas substâncias citadas acima, acumuladas ao longo dos anos, e como existiam muitos restos mortais humanos dos índios, era considerado local sagrado, como fosse um verdadeiro cemitério.

Km 21.9 – Igreja de São Sebastião de Itaipu – tombada pelo patrimônio Histórico. Construção iniciada em meados do Sec XVII e concluída em 1716. È um marco histórico da colonização evangelista dos jesuítas na área de Itaipu. Km 22 – Acesso ao asfalto, margeando ao lado, uma elevação numa visão bem destacada, onde se ergue a Igreja de São Sebastião de Itaipu .

É uma igreja muito antiga, cuja história começa se registrada nos meados do Séc. XVII, +/- 1680, pelos Jesuitas, para atender à catequese dos escravos, índios, e pescadores da região, tendo sido concluída em 1716. Observar que a arquitetura portuguesa é idêntica em todos os lugares onde os colonizadores estiveram, marcando com um traço característico o estilo lusitano das construções. Mais a frente, antes de se iniciar a subida da Serra da Tiririca, existe uma outra igreja católica, que é na verdade uma capela chamada de:

Km 22.9 – Capela Nossa Senhora da Conceição de Itaipu – construída em 1836.

Se situa no início da subida da Serra da Tiririca, um ponto marcante na história dos residentes da área e dos comerciantes que por aí trafegavam com seus animais, cavalos e burros, levando mercadorias para até Itaipuaçu. Serra da Tiririca tem esse nome, por uma questão óbvia, pois existia muito capim tiririca naquela área. Do lado da capela ficava o armazém, vide foto abaixo.

Museu Arqueológico de Itaipu.

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Armazém Fiel e a Capela de Nossa Senhora da Conceição

Cume da Serra da Tiririca, onde tem um marco do Rotary Club. Divisa de Niterói com Maricá. Deslumbrante o visual. Km 24 – Alto da Serra da Tiririca - 152 m de altura, se avista Itaipuaçu. Vista panorâmica da Praia de Itaipuaçu.

Situam-se ao lado da subida da Serra da Tiririca, registro de construção datado de 1836. O Armazém Fiel é uma casa centenária e em tempos antigos era o caminho de tropeiros que cruzavam Niterói vendendo bananas, aipim, legumes e matérias-primas da Serra da Tiririca. Foi a casa de Valdina Cortes dos Santos (dona Valda) e Luis Accendino dos Santos. Compõe o acervo histórico, cultural e etnografico das comunidades tradicionais que hoje habitam a região de Itaipu. O Armazém Fiel é um valioso patrimônio da memória brasileira. Km 23.1 – Subida da Serra da Tiririca – trecho de gráu máximo de dificuldade a ser vencido. A inclinação da estrada se faz em ângulo acima de 15 graus, de forma ininterrupta, sem descanso, até o ponto mais alto, onde se avista a extensa praia de Itaipuaçu, sendo uma das mais deslumbrantes vistas. Nesse ponto se constitui o limite geográfico dos municípios de Niterói e Maricá, com forte potencial turístico, dadas as belezas naturais da região. O Parque Estadual da Serra da Tiririca se localiza na região litorânea, abrangendo zonas dos municípios de Niterói e Maricá, composta por uma área marinha e uma terrestre, sendo que esta é formada por uma cadeia de montanhas que adentra o continente na direção de sudoeste para nordeste. É uma área de preservação ambiental, ou área de reserva natural (APA), que além da porção marinha e da cadeia montanhosa, outras três áreas adjacentes fazem parte da área natural protegida, que são: Morro das Andorinhas, Núcleo Restinga e Grande Duna de Itaipu (Sambaqui).

ITAIPUAÇU. O nome de origem Tupi, significa: “grande pedra na qual a água faz barulho”. Itá = pedra ‘y = água pu= barulho guassu = grande. Esta praia embora linda, apresenta características geográficas que dificultam seu uso para banho em suas águas, pois a praia é estremamanete profunda, com onda fortes. Há um relato da dificuldade dos barcos anfibios da Marinha aportarem à praia. A areia é grossa, chegando a grãos maiores como se fossem pequeninos seixos de pedra, porém o visual lindo, mar piscoso, estimula à pescaria de vara. Km 15.4 – Pousada do Holandês – The Flying Dutchman – Bangalô – pernoite optativo. Serramar de Itaipuaçu – tel: (21) 2638-6561 / (21) 99911-2420 / (21) 2719-2309. Km 25.4 – Hotel Resataurante Pedra do Elefante – outra opção – tel (21) 2639-6561 Km 26.5 – Pousada Imperial – tel (21) 99919-8135 (opção). Km 27.1 – Capela Nossa Senhora Aparecida – Recanto – Itaipuaçu Km 28.8 – Passar pela segunda pinguela depois da Capela, para ter acesso à Pousada das Estrelas. Dobrar a direita, mas esta rua poderá estar alagada devido as chuvas, e em seguida dobrar a esquerda. Ou entaõ seguir reto, e ir perguntando. 33


Pausa para refrescar.

Piso de grama com muitos cactus.

Canal de Itaipuaçu, passando por ponte de madeira em condições precárias. São diferentes tipos de piso a serem enfrentados, e vencê-los sem problema.

Barro, lama, água da chuva. chegando ao término do primeiro dia, do primeiro trecho, ITAIPUAÇU.

Pisos diferentes, Itaipuaçu. As passadas se fazem por distintos tipos de piso, areia, chão, terra batida, barro, relva rala, areia fina, fofa, areia grossa, etc. Os calçados devem ser adaptados a essas situações.

Hora desejada – Chegada à pousada.

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Km 29 – Chegada à Pousada das Estrelas – 1º. Pernoite. Itaipuaçu. Localização: rua 17 de novembro qd 2 lote 10 – São Bento da Lagoa de Itaipuaçu. Maricá. Tel: (21) 2638-0284 / (21) 99621-7755. Elena Calvo (espanhola) e Francisco Torres (baiano). Banho, jantar, conversa, causos, descontração, relato das mentiras e das aventuras. Dormir.

Almoço/jantar. POUSADA DAS ESTRELAS ITAIPUAÇU.

As botas ficam fora dos quartos.

2º. Dia - 2º Trecho - ITAIPUAÇU - GUARATIBA (BARRA DE MARICÁ) - 24 Km: Km 29 -Saída da Pousada às 08:00 h – café da manhã e foto do grupo, acesso à praia. Diferentes tipos de piso, variedades de condições a serem enfrentadas.

Saída de Itaipuaçu

Km 30 – Pousada Ed Mar – de frente ao mar. (opção para pernoite) – Itaipuaçu – tel: (21) 2638-8433 Av Beira Mar – lote 7 quadra 106 – tel: (21) 99994-1975. Km 32.6 – Pousada do Navio – frente ao mar. Outra opção. Km 36 – Praia do Francês – Pousada Terrazo – DPO da Policia Militar – 12 BPM. Km 36 – Bar da Tia Marilda – Camping e Pousada. Km 38.1 – Bar Cachaça 35


Km 38.3 - Pousada do Peixão - Praia de Itaipuaçu. Km 38.5 - Clinica Pontal das Maricás. Praia de Itaipuaçu.

Início do areão, areia fofa, dificuldade de locomoção. restinga/areão. Km 39.8 – Posto da Infraero – vermelho e branco – mera referência, nenhum apoio. Km 40.5 – Biroscas – Oásis – localidade de São José do Imbassahy. Primeira barraca – Sr. Show – tel: (21) 99503-3385. Sr. Dilsinho – (21) 99705-7470 (segunda barraca) – (tem caldinho de peixe, delícia). Ao retomar a caminhada, pegar uma derivação de rua de barro, ou seguir pelo areão, até as casuarinas avistadas desde longe, onde está o quiosque do Ricardo na areia da praia. MAS NÃO SE ESQUEÇA: SEMPRE ACOMPANHAR O GRUPO, OU ENTÃO IR PERGUNTANDO. Km 46.4 – pela rua de barro, chegar ao Bar da Esquina do Pastel, Sr. Luiz Antonio (pai) e o filho Rafael, tel (21) 26481176. Km 47.7 – Pousada da Praia – rua 5 – tel: (21) 99797-4888 Barra de Maricá.

Km 49.3 – Barracuda Bar - Bara de Maricá. Km 49.4 – DPO – 12º. BPM – ao lado da Praia – sair da areia, e pegar o asfalto que é a melhor opção, seguir entgre a Lagoa de Maricá e as casas na orla do mar. Barra de Maricá. Km 50.4 – Bar Redondo de Guaratiba - Guaratiba. Km 52 - Quiosque 56 - Guaratiba. PRAIA DE GUARATIBA - é uma praia de mar oceânico azulado de ondas constante e com um mar normalmente bravio, sua vegetação é de gramíneas e suas areias são fofas e brancas. O esporte mais praticado é a pesca de vara, mas vemos também tarrafas sendo jogadas. No seu entorno encontramos diversas casas, de moradores fixos e turistas.

Km 52.3 – FIM DO SEGUNDO TRECHO. Chegada à pousada. – SEGUNDO PERNOITE. - Parada, banho, almoço/jantar, dormir. “NOSSA POUSADA” lugar acolhedor, recebe com muita atenção – Maricá . Tel: (21) 2648-5159 / (21) 98101-0991. Guaratiba. Fica entre Guaratiba e Corderinho, entre a Estrada de asfalto onde passam os ônibus (Av Central) e a Praia, conforme vista acima.

3º. Dia - 3º Trecho – GUARATIBA – SAQUAREMA – 31 Km BARRA DE MARICÁ - é uma praia separada por uma porção de terra onde passa a estrada, da lagoa de Maricá. Praia extensa de areia branca, fina e fofa, seu mar é azulado, muito perigoso pelas correntezas e por buracos formados no raso da água, pelas ondas fortes que quebram no local. Se confunde com a praia de Guaratiba.

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Lagoa de Maricá – rodeada de montes e morros, ainda não descoberta pelo turismo. Retornando à praia, caminhando pela areia, e as pegadas marcadas ao longo da praia.

de grande movimento, Avenida Central que corta todo o trecho, com muitas residências e comércio. O caminho se faz pela praia, ou pela restinga, ou pela areia, ou por um caminho de terra ou barro que vai margeando a pr aia. Km 54.4 – Mercado, comercio em geral. Cordeirinho. Km 54.5 – Rua 90 – ponto de referência. Cordeirinho. Km 55.3 – apenas como referência – Hotel Van Malocas – fechado - Av Central lote 4 Qd 149 – Malocas - Sapé Cordeirinho. Km 55.9 – Rua 114 – Quiosque da Diana’s. Cordeirinho. Km 56.2 – Mercearia Cordeirinho. Km 56.4 – Pousada do Rei Arthur – Bar - Cordeirinho.

As pegadas ficam enquanto as ondas permitem.

Km 54.3 - Padaria - localidade de Cordeirinho. Cordeirinho, é um local agradável e tranquilo, com muitas residências ao longo da orla. Paralelamente tem a estrada

Sol a pino, areão, restinga, tem araris lá na frente. Vamos prosseguir, força.

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Km 61.0 - Canal de Ponta Negra - final da Praia.

Só tem areão.

Lagoa de Maricá.

Canal de Ponta Negra – serve aos moradores além dos barcos, para se banharem também.

Km 61.5 - Ponte sobre o Canal de Ponta Negra e a Igreja na Praça. Ponta Negra, é um distrito de Maricá, cujo nome se deve aos navegadores portugueses que ao avistarem um imenso paredão negro do alto mar, assim chamavam. Em décadas passadas, devido a endemia de provável malária, zona palustre, o então Ministro da Saúde Dr. Mario Pinotti, fez um total saneamento da área, inclusive com alargamento e enrocamento do Canal que liga a Lagoa de Maricá ao Mar, revitalizando toda região. Km 61.7 – Praça Nossa Senhora das Graças – Capela dos dois relógios. Há uma estória mal definida que um avião caiu neste local, então, um é a hora da queda e outro a hora real.

Próximo a Ponta Negra, ao lado da Lagoa de Maricá, ao fundo as montanhas que se seguem.

Km 57.0 - Atena de Telefone - Ponta Negra. Km 57.5 - Mercearia - Bar - Ponta Negra. Km 59.3 - Rua 155 - Ponta Negra. Km 60.5 - Bar - Pastel - Ponta negra. Km 60.9 - Hotel Jangada - tel: (021) 2634-4123 - Dona Lena - Ponta Negra. 38

Ponto de encontro, de referência marcante da caminhada. O Bar e Mercearia Amarelinho - Sr. Joaquim. Parada obrigatória para café, e local. Ponto de espera aos retardatários.


Assim como os cachorros param em todos os postes, os caminhantes param em todos os botecos e biroscas.

Contornando a Ponta Negra, é o único trecho que se afasta da praia, devido ao cabo.

Km 62.9 – Estrada de chão batido para Jaconé, contornando a Pedra, morro da Ponta Negra. É o único local que obrigatoriamente tem que se afastar da praia, contornando a Ponta Negra, para mais a frente retornar à orla do mar, em Jaconé, com acesso à praia. Km 63 – Vila Vital - Ponta Negra. Km 63.7 – Fazenda do Dr. Roberto Marinho – é a divisa de Ponta Negra com Jaconé. Km 65.3 – Bar do Russo (aberto) tel: (21) 2648-4123. Pode pedir para preparar o churrasco.

Jaconé: Começando em Ponta Negra, quase 10 Km de extensão, vai até Saquarema. Praia de mar aberto com ondas fortes, é boa para surfe e de pesca de arremesso.

Campo de Golf Dr. Roberto Marinho (?). Um condomínio abandonado, chegando à Jaconé.

Praia de Jaconé, alguns trechos com pedras, e ao fundo se avista Ponta Negra.

Casuarinas – comuns em Jaconé.

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Km 67 - Mercado – água, biscoitos, barra de cereal, etc. - Jaconé Km 68.3 - bar Km 68.6 – Condomínio Jaconé Cabanas Parque - Av Beira Mar 5524 - Jaconé. Km 68.8 - Bar do Lelei -Av Beira Mar - Jaconé. Km 69.0 - Clube - Pampo Club de Pesca - Av Beira Mar 5264 - Jaconé. Km 69.3 - Ponte - Divisa de Maricá com Saquarema.

A lagoa de Jaconé tem 3,3 km² de área, é completamente despoluída. O canal por sua vez que serve de ligação da Lagoa de Jaconé com a Lagoa de Saquarema que está interligada ao mar.

Água, pastel, cerveja, aipim.

Km 69.9 – PONTO DE ÔNIBUS – para o caminhante que estiver com problemas, de cansaço, dores articulares, com dificuldade de caminhar, ou está necessitando de assistência e deseja ir para a pousada em seguida, pode pegar o ônibus, perguntar qual vai para Saquarema, ou qual vai para Bacaxá, (depende da decisão do caminhante). O ponto fica em frente à rua transversal asfaltada. Km – 70.6 – Chão de barro, margeando a praia de Jaconé. Longo trecho. Km 71.2 – Pousada Pôr do Sol – tel: (22) 2652-0091 - Jaconé. Km 72.2 – Bar do Dodozinho – “ponto do amigo onde se faz amigo”. - Jaconé. Km 73.4 – Bar do Cabeludo – tel: (22) 99277-6511. Jaconé. 40

Km 73.5 – Início da Rua asfaltada – é um retão de 12 km até Saquarema. Se consegue avistar a Igreja no alto da pedra, que se apresenta deste ponto, muito pequena, distante.

Margeando a Praia de Jaconé

Vegetação comum das praias, com bromélias, cactus, e outros.

Km 73.6 Km 74.7 – Cruzamento - Ainda Jaconé. Km 75.6 – Mercearia - Mercado. comercio típico a beira das praias. É o grande refúgio para os caminhantes.


Km 76.1 – Suites Viva Mar - Jaconé Km 76.7 – Pousada. Júlia’s Pousada – opção – tel: (22) 2651-7532 e 2653-8685 - Jaconé Km 76.8 – Hotel Beira Mar – tel (21) 2655-3278 - Jaconé . Km 77.1 – Centro de Treinamento Aprendizado de Volley-ball – Federação de Voleibol do Brasil – Grande centro desportivo, de referência, doação da Prefeitura. Saquarema.

Km 80.5 – Restaurante Pizzeria Casa Rosário. Saquarema. Km 81.9 – À caminho de Saquarema, observar lá no fundo, a Igreja no alto das pedras.

Vai encarar? O sol a pino, areão sem fim, a meta está longe, mas tem Araris lé na frente!

Km 83.4 – Pousada da TIA. Km 84,2 - CHEGADA A SAQUAREMA – A Igreja de N S de Nazareth já está perto e grande. 3º. PERNOITE - POUSADA CANTO DA VILA – em frente ao mar. Saquarema. Av Salgado Filho 52 – Centro – tel (22) 2651-1563 www.pousadacantodavila.com.br Banho, almoço/jantar, descanso, repouso, descontração, relato da caminhada, conversação, histórias acontecidas no dia pelos caminhantes, e finalmente recolher para o pernoite.

ATENÇÃO: Opção gastronômica: Restaurante Sabor da Esquina (Sra. Marly) (peixe) – descer pela rua Simeão Dutra, ao lado do Centro de Voleibol, e logo encontrará. Tel: (21) 2654-9091.

Km 78,4 – Pousada Costa do Sol – tel (21) 2613-2506 (é prefixo 21 mesmo). Saquarema. Km 79.5 – Pousada Pratagy – tel (22) 2651-2088 - Saquarema. Km 80.2 – Centro de Treinamento de Voleibol. Federação Brasileira de Volley-ball.

Imensa área à margem da estrada de Jaconé a Saquarema, terreno doada pela Prefeitura, com toda infra estrutura necessária para a prática do voleibol, principalmente para treinamento e aprendizado. Além, é óbvio para uso e con-

centração da seleção brasileira de voleibol. Local aprazível, próprio para preparação da seleção brasileira de voleibol.

SAQUAREMA - Quando os portugueses chegaram à região de Saquarema, no século 16, esta estava ocupada pelos índios Tamoios, da nação tupi, também chamados de tupinambás. É uma cidade predominantemente turística, conhecida também como "a capital nacional do surfe", principalmente a praia de Itaúna. Martim Afonso de Sousa, que viria a ser o futuro donatário da Capitania de São Vicente (Santos – SP), a qual seriam pertencentes as localidades do Rio de Janeiro, Niterói, Saquarema, Cabo Frio, e demais regiões adjacentes, fizera uma viagem ao Brasil em 1537 a mando do Rei D. João III. Após contornar Cabo Frio, atracou sua embarcação em frente a um morro, o atual Morro de Saquarema, morro este onde hoje está a Igreja de Nossa Senhora de Nazaré, permitiu que alguns dos tripulantes desembarcassem e consequentemente tiveram contato com uma grande tribo de índios que obedeciam às ordens do então chefe Sapuguaçu (Índios Tamoios). Esses índios moravam em choças feitas de sapé ou tábua, com uma porta em cada extremidade e sem qualquer repartimento no seu interior, ali eles ficavam e dormiam. Os tamoios (tupinambás) eram ótimos canoeiros, remavam de pé a um compasso certíssimo; assavam peixes sobre brasa, e também assavam os peixes envolvidos em folhas, chamando de "pokeka". (hoje seria a “moqueca”?). 41


A carne e o peixe pilado, misturado com farinha, davam o nome de "paçoka". Sua bebida preferida era feita de suco de caju que eles chamavam de "caium". A farinha de mandioca era chamada de "carimã", e o bolo enroscado chamado "ubeiju" (biju). Como os tamoios desde esta época, 1537, foram aliados dos franceses, a razão desta aliança desde seu início, e permaneceu perene, nunca foi devidamente explicada.

A Igreja de Nossa Senhora de Nazareth, em Saquarema, sua primeira e original construção datada de 1662, em pedra e cal, no promontório à beira do mar, projetando-se sobre as águas oceânicas, e deste ponto privilegiado, tem-se uma visão de 180º de todo o mar, podendo descortinar o nascente e o pôr do sol, do mesmo ponto de observação. Esta condição geográfica única, permite em dia limpo sem neblina, se

avistar ao longe, a praia de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro. A festa religiosa da Santa Padroeira proporciona o 3º. Maior Círio de Nazareth do Brasil, seguida de segunda maior em Salvador da Bahia, e a maior de todas, em Belém do Pará.

Km 84 - POUSADA CANTO DA VILA – em frente ao mar. 3º. PERNOITE. Saquarema. Av Salgado Filho 52 – Centro – tel (22) 2651-1563 www.pousadacantodavila.com.br. Banho, almoço/jantar, descanso, repouso, descontração, relato da caminhada, pernoite.

Após a chegada em Saquarema, ao entardecer, se vislumbra este pôr do sol.

4º. dia - 4º Trecho - SAQUAREMA - PRAIA SECA - 23 Km Km 84.2 – Pousada Canto da Vila – Café da Manhã à 7:30 h - Saída às 8:00 h – foto e partida, km 84.5 – Igreja de Nossa Senhora de Nazareth – construção iniciada em 1630 e término em 1662. (Relato descritivo acima). Km 84. 8 – Atravessa a ponte do Canal da Lagoa de Saquarema. A reabertura do canal que liga a Lagoa de Saquarema ao mar, permitiu a esta se renovar, se revitalizar, voltando a ter uma vida biológica intensa, com muitos peixes, camarão, etc. A lagoa está totalmente despoluída e muito piscosa.

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Saída de Saquarema.


Araris – lá vão eles, nova jornada, qualquer tipo de piso, caminhando.

Deixando Saquarema, após o café da manhã, em direção à Praia de Itaúna, se contorna a Igreja atravessando o canal. Por detrás da igreja está o cemitério, local de privilegiado ponto de observação do oceano atlântico, num ângulo de 180º com uma vista deslumbrante. Toda orla oceânica desta região é de uma beleza natural estonteante.

Km 85.3 – Praia de Itaúna – famosa por sediar campeonato internacional de surf. Km 86.3 – Pousada Espuma da Praia. Km 86.7 – Baixo Itaúna – Km 86.9 – Bar Rei do Mar Km 87.3 - Pousada Sudoeste – Km 88 – Início da Restinga de Massambaba - Saquarema . Km 88.4 – Chão batido Restinga –

Deserto? Não. É o areão da Praia de Vilatur.

Km 90.6 - Junção da rua com restinga. Km 92.3 – VILATUR – ruínas do primeiro quiosque . Saquarema. Km 92.9 – VILATUR - Bar Jubarte de Kleber/Sandra – tel (22) 2655-1509

Areão sem fim.

Km 93.6 – Bar do Jájá – (casa azul) Ponto de Ônibus – para Bacaxá cada 40 min. Km 94 – Ruínas do quiosque dos Amigos de Carlinhos - Saquarema. Aqui se inicia o areão de areia fofa, com grande grau de dificuldade para caminhar. DIFICIL. Km 97.5 – Parada para descanso, no meio do praião. Saquarema.

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ESTÚDIO – local preferido para realizar os ensaios fotográficos de modelos femininos famosos. O local favorece e estimula as caminhantes que desejarem, exibir seus atributos fisicos, saudáveis, esbeltos e bonitos. Fica a sugestão aos interessados. Só falta a câmera.

final da rua, tem um terreno onde existia uma ex- salina, dobrar à esquerda passando por um pontilhão e imediatamente virando novamente a esquerda na chamada Avenida Duas Barras, indo até o final, passando por uma grande amendoeira, e daí prá frente ir perguntando aos transeuntes, SEMPRE PERGUNTAR OU NÃO SE AFASTAR DO GRUPO, até encontrar a pousada procurada, Recanto da Praia Seca. Km 107.0 – Pousada Recanto da Praia Seca – (4º. Pernoite) - PRAIA SECA (Araruama). www.pousadarecanto.V10.com.br Rua dos Trópicos 10 – Quadra 23 – 5ª. Rua a esquerda. Silvana – (22) 2661-3078 (22) 99173-7327 PRAIA SECA – distrito de Araruama - Local privilegiado por estar localizado na Restinga de Massambaba que fica entre a lagoa de Araruama e o mar. Possui praia de mar aberto e de lagoa, dando opção de escolha entre banho de lagoa e mergulho no mar.

Uma dependência do estúdio dos ensaios fotográficos, muito disputada pela sombra.

Km 98.8 – Quiosque na Praia do Dentinho – Sr. Vanderley (22) 98822-5813 (22) 2673-9507 - Há outras biroscas no areão. – Saquarema. Km 99.5 - Barracão dos Pescadores – Bar e restaurante - Massambaba. Km 101.3 - Barraco de um pescador – abandonado. Local perfeito para fotos ousadas, pela beleza do local, pela tranquilidade sem vizinhos. Outra área especial que pode ser utilizada como estudio de ensaios fotográficos de modelos araris. Massambaba Km 103.4 – Início de Chão Batido - Grau de dificuldade pequeno, fácil de caminhar. Km 105.0 – ATENÇÃO: É UM PONTO IMPORTANTE, pois devemos desviar para ter acesso a pousada programada. Na praia, existe um quiosque degradado, e um outro em alvenaria. Sair da Praia, entrar pela Rua das Amendoeiras, em frente a esses dois quiosques da praia, na esquina tem uma casa amarela, seguir até o

Do nada surge uma cobertura de palha e bambu. Como é bom se refugiar do sol !!! Tão logo se chega a Pousada Recanto da Praia Seca, tomar o banho refrescante, mudar de roupa, se preparar para o lauto almoço, geralmente um churrasco feito por Paulinho Victer. Muita cerveja, muita estória, muita “mentira”, muita vantagem, total confraternização. Praia Seca é um vilarejo com um comercio adequado, a noite permite visitá-lo para comer pizza.

5º dia - 5º Trecho - PRAIA SECA - MONTE ALTO - 23 Km Km 107 – Pousada Praia seca. Repouso absoluto,após uma boa noite de sono, a saída, não sem antes tomar café e fazer a tradicional tomada da foto com o grupo reunido. Reiniciar a caminhada, retornando à orla praiana, à areia, da extensa praia de Massambaba, que se estenderá até Arraial do Cabo. A Restinga de Massambaba é um terreno arenoso de 12 km de extensão, com praias maravilhosas, apelidada de “Cancun Brasileira”. Km 110.4 – Início do areão com areia BEM FOFA, com 44


alto grau de dificuldade de caminhar.Cansativo. . Km 111.0 – Lagoa da Pernambuca. Km 112.5 – para aliviar a caminhada, há os que preferem caminhar na parte alta sobre a relva, ou alguns preferem a parte próxima da água, na areia molhada, aparentemente mais dura, porém de nível inclinado. Km 117.0 – Primeiro Mastro – Espelho de referência da Marinha – (foto) Km 118.0 – Primeira saída estratégica, para aqueles que desejarem se afastar do areão ter acesso ao asfalto e pegar o ônibus, vai sair em frente ao Condomínio Caiçara – Bairro Sabiá. Praia Seca. Km 119.0 – Segundo Mastro de referência – Espelho da Marinha –

Esta torre da Marinha, única edificação existente nesta extensa praiona desde Praia Seca até Monte Alto, é usada como ponto de referência para os Araris, mas é uma torre de sinalização. Na verdade são duas delas, e ao longo desse longo trecho, não há qualquer escape, ou saída para o asfalto afim de se acessar a estrada de asfalto, e o ônibus. Por isso, que as observações anteriores terão que ser bem analisadas.

Serve também como sombra.

Km 120 - segunda saída estratégica para pegar o asfalto, para os querem pegar ônibus. Araruama. Km 122 - Quiosque de Cosme/Marcia. Atenção: no primeiro grupo de casas, atrás de uma casa com uma churrasqueira à mostra, se “esconde” este quiosque. É uma casa amarela na Rua Pôr do Sol – Figueira, está fora do areão. Tel; (22) 98636-3581 - (22) 988068920 - Praia de Massambaba. Observação: pode se encomendar por telefone, pasteis, água, sanduiches, etc. pois são bem apreciados. Ao retornar ao areão, seguir pela parte próxima das casas, e sempre pela parte mais alta, que a areia é menos fofa. Chegada a localidade de Figueira. Km 122.2 - Posto do Corpo de Bombeiros. (Posto de vigilância do Guarda Vidas – Salvamento). Figueira.

FIGUEIRA – é um praião sem fim, até Arraial do Cabo, na verdade é a Praia de Massambaba.

Se alguém decidir pegar ônibus, poderá fazê-lo pela praia de Figueira: quando chegar no posto de salvamento dos guarda-vidas,(bombeiros) na Praia, entrar na rua ao lado desse posto, onde há um bar na areia, 45


ir caminhando por uma rua calçada de paralelepípedo, até o asfalto, onde tem um ponto de ônibus.

AROEIRA – arbusto comum ao longo dessa área litorânea, em Figueira. Dá um fruto vermelho, muito apreciado pelos pássaros, e pelos chefs de cozinha francesa, que chamam de “poivre rouge” ou “pimenta rosa”.

Km 123 até km 125 – “colher de chá” – chão batido – onde estão os postes de luz.

Km 125 – Parque das Gaivotas. Pertencente ao município de Arraial do Cabo. Km 127- Dunas – território do município de Arraial do Cabo. Km 129 – 1º. Quiosque Azul-Amarelo - ponto de referência. - MONTE ALTO . Atenção: sempre perguntar como chegar à Pousada Ninho das Gaivotas. Quando chegar no posto de salvamento dos guarda-vidas, (bombeiros) na Praia, entrar na rua ao lado desse posto, onde há um bar na areia. A rua possui calçamento e seguir até à estrada de asfalto, onde passa o ônibus, dobrar à direita e continuar pelo asfalto por 300m, tornar a perguntar, onde é a pousada Ninho das Gaivotas. PERGUNTAR SEMPRE, ou permanecer junto do grupo, onde tem sempre alguém que sabe o caminho. Os caminhantes tem que estar antenados, e sempre perguntar. Km 130 – Pousada Ninho das Gaivotas – 5º pernoite MONTE ALTO. www.ninhodasgaivotas.com - Estrada da Figueira, 3 – Monte Alto – Sr. Zé Dias e D. Cleyde tel: (22) 2662-9544 e (22) 998816-9931. Banho, almoço/jantar, descanso, relato dos ocorridos durante a caminhada, etc.

6º. Dia - 6º Trecho - MONTE ALTO - CABO FRIO (Arpoador) - 22 Km Último trecho Km 129 – café da manhã na Pousada Ninho das Gaivotas , após a foto do grupo, retomar a caminhada pela praia de Massambaba por 12 km até o final da mesma, já chegando a Arraial do Cabo.

MONTE ALTO – Praia de Massambaba – Ao fundo está ARRAIAL DO CABO.

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Figueira e Monte Alto, são distritos pertencentes ao Município de Arraial do Cabo, com características geográficas semelhantes, por terem estreitas faixas de terra, apertadas entre a Lagoa de Araruama e o Mar. O equilíbrio ecológico da Natureza permite que não haja nem avanço do mar e nem enchente da lagoa, o que faz essas localidades permanecerem, aparentemente, sem problemas de enchentes. Um foto do alto, aérea, permite verificar quão estreita é a faixa de terra que separa a lagoa da praia. Km 138 - Usina da Cia. de Álcalis - Arraial do Cabo.


Arraial do Cabo, foi fundada possivelmente na mesma época que Cabo Frio, seus primitivos habitantes foram os índios Tamoios e Tupinambás, coexistindo com outras tribos e vertentes. Surge uma dúvida histórica quanto o local exato de onde teria sido fixada a primeira feitoria do Brasil, se em Cabo Frio, na foz do Canal de Itajuru (a mais consistente versão), ou se possivelmente em Arraial do Cabo, ou se foram feitas duas fortificações, uma vez que há registro histórico nos dois lugares. Esta fortificação foi construída em 1503 pelo navegador florentino Américo Vespúcio, a serviço da coroa portuguesa. Existe um marco histórico plantado na Praia dos Anjos, confirmando a presença portuguesa no local. Na verdade, existe uma lógica do nome Cabo Frio se referir a esse ponto, pois é um cabo e tem águas geladas. Outra notificação histórica da atuação portuguesa nesta área, e a casa de pedra existente em Arraial do Cabo, cuja construção, data provavelmente de 1600. (foto).

não acompanhou o desenvolvimento tecnológico desse tipo de indústria, ocorreu um esvaziamento da fábrica, consequentemente o declíneo e seu fechamento. Km 138.5 – Entrada do atalho da 90º da Torre da Álcalis - Arraial do Cabo. Sítio Arqueológico de Massambaba – Parque Municipal do Combro Grande – seguir até o asfalto, depois prosseguir à esquerda. Km 140.0 – Trevo da Canoa - Hotel da Canoa (22) 26221029. Pousada Gaúcha – Arraial do Cabo – (22) 26221588 – Praça Lion Club 35 Praia Grande - Arraial do Cabo. * fora do itinerário : Hostel – rua Villas Boas, 440 – Canaã – tel 22) 2622-2436 Km 140.2 - Prainha – algo de beleza deslumbrante. Arraial do Cabo.

Km 141 – Entrada para Praia dos Pontais.

Casa de Pedra – Em Arraial do Cabo -

ARRAIAL DO CABO - Geograficamente é um cabo, parte da terra que adentra ao mar, tendo próximo à sua costa, uma permanente corrente marítima originária da Antártida, cujas águas são extremamente frias, a 4º C . Esta corrente marítima era parcialmente captada pela empresa Cia. Álcalis, e utilizada no sistema de resfriamento do maquinário da fábrica. Até recentemente, Arraial do Cabo, com suas famosas salineiras, era um grande produtor de sal (cloreto de sódio) utilizando o antigo processo tradicional e artesanal dos cataventos, represando água do mar em seus tanques, com evaporação, há o recolhimento do resíduo salino que são os cristais de cloreto de sódio. Com a presença da Companhia Nacional de Álcalis, houve um grande impulso industrial da região, contudo a empresa

A Praia dos Pontais, é o início da grande Praia de Cabo Frio, Praia do Forte.

Km 142 - Praia dos Pontais – tecnicamente é a mesma Praia de Cabo Frio – como se fosse um extensão da Praia do Forte, mas geograficamente pertence ao município de Arraial do Cabo. Km 143 - Lagoinha à esquerda, caminhando pela praia, divisa dos municípios de Arraial do Cabo e Cabo Frio.

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Uma rua acima da areia, da praia, tem calçamento e está paralela à praia, evitando a areia. Km 145 – Praia do Foguete – Cabo Frio. Km145.3 - Reinício da rua em cima com calçamento. Km 147.9 – Quase no final desta rua com calçamento, tem o restaurante: Churrasco da Zilda – (casuarinas) Km 148 - DUNAS - Cabo Frio . Km 150 – AINDA PRAIA DO FORTE - CENTRO DE CABO FRIO.

tos, preservando a vida saudável dos seres biológicos habitantes dessas águas (peixes, camarão, crustáceos em geral). Cabo Frio possui várias praias, todas exuberantes, a maior delas a Praia do Forte, que no seu final está o Forte São Matheus, na saída do já citado Canal de Itajuru.

Praia do Forte de Cabo Frio – quase no ponto final.

CABO FRIO - muito antes da vinda dos europeus, aqui viviam os índios Tupinambás, do tronco dos Tamoios. As evidências arqueológicas encontradas nos SAMBAQUIS, mostram que as populações indígenas viviam da pesca, captura de crustáceos, moluscos e gastrópodes, que além da alimentação serviam como objetos de adorno. Plantavam a mandioca, para fazer farinha em processo artesanal e rudimentar. Chamavam Cabo Frio de “Gecay” que significa sal grosso. No atual Morro da Guia se encontra outro sítio arqueológico de fundamental importância histórica, o santuário da mitologia tupinambás, formado pelo complexos de pedra sagradas do Itajuru, que na língua Tupi, quer dizer : “bocas de pedras”, sagradas por guardarem a “alma” dos antepassados, como se fosse um cemitério virtual. Geograficamente possui uma grande lagoa com conexão ao mar através um importante canal de dimensões largas (Canal de Itajuru), a ligação com o mar favorece a troca constante das águas entre os dois compartimen48

Em 1503 dois navios portugueses sob o comando do famoso navegador florentino Américo Vespúcio, aportaram em Cabo Frio, possivelmente na barra do Canal da Lagoa (Canal de Itajuru). Ali o comandante mandou construir uma fortaleza-feitoria portuguesa deixando ficar como moradores, cerca de 25 portugueses católicos. Esta fortaleza-feitoria foi destruída pelos índios Tupinambás, em 1526, e posteriormente, os corsários e comerciantes franceses, ali chegaram e iniciaram o comercio ilegal de madeira, pau-brasil, fazendo troca de mercadorias com os índios. Parece que desde 1504, tendo se intensificando a partir de 1540, quando os próprios franceses construíram uma fortaleza-feitoria na mesma ilhota, utilizada antes pelos portugueses. Tudo leva a crer que esta feitoria se situava junto ao porto da barra do canal de Itajuru, que liga à Lagoa de Araruama, tendo recebido o nome de “La Maison de Pierre” (Casa de Pedra), vindo a ampliar e consolidar a então dominação francesa no leste fluminense, naquela época, após 1555. Contudo, vinte anos depois, em 1575, conforme já descrito em capítulos anteriores, os portugueses reconquistaram toda esta região.


Km 152 - FINAL DA CAMINHADA, TÉRMINO DO CAMINHO DE ARARIBOIA Final da Praia do Forte, desembocadura do Canal de Itajuru - La Maison de Pierre - Casa de Pedra – Morro do Arpoador – Cabo Frio – Latitude 22º 88’ 538’’ S Longitude 042º 00’ 600’’ W -

Mais um outro ano fim da caminhada. Em 2015 será o 10º aniversário.

Pessoas, momentos, situações, circunstâncias, companheirismo, interação, amizade, disposição, saúde, sol, ar, vento, calor, areia, mar, restinga, comida, tudo enfim. 49


Capítulo VIII - Personagens Paulo Roberto Victer - Paulinho - A alma do Caminho. Fiel escudeiro do irmão Ronaldo Victer, participa de tudo, prepara tudo, organiza toda parte operacional do caminho. Faz as camisas, desenha o lay out, idealizador do simbolo, da logomarca, sua presença é total, integral, indissociável de tudo. Durante todo o percurso, provoca a todos com suas piadas, seus comentários, bota apelidos em todos, agita o ambiente positivamente, tornando-o alegre e descontraido, é uma figura agregadora, de alegria contagiante. É tenor dramático, com voz admirável, canta árias de ópera, canções populares, napolitanas, boleros, recita poemas, faz de tudo. Possuidor de uma memória impressionante, sabe de tudo e nada esquece. É inimaginável realizar o caminho sem sua presença, sem o seu entusiasmo. Para completar seu perfil de homem de mil atividades, é um exímio cozinheiro, preparando uma refeição rapidamente, elogiada por todos. Elabora e cria com todo amor os pratos gastronômicos. Todo esse seu trabalho tem entusiasmo pela “gelada” que pensou em acabá-la, bebendo-a toda. Chico Cocum – NATIVO DA ÁREA, conhece todos os pontos da orla marítima, sabe tudo de todos, das histórias das pessoas, dos locais ao longo de todas as praias. Nasceu em Ponta Negra, à margem do Canal de Ponta Negra, conforme ilustra a foto acima. É caminhante mais antigo, pois sua vida foi sempre caminhar. Figura inspiradora e emblemática do caminho.

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Todos os personagens, preparadas para partir da Praça Arariboia.

Familia Victer – este é o núcleo duro do Caminho

Graci e Lucia, gargalhando de alegria com Ronaldo.


Jorge de Quissamã - Caminhante fundador. Amigo inseparável de Paulinho. Atualmente depois de seus problemas de coluna vertebral, produz o trabalho imprescindível de apoio às caminhadas, levando as mochilas em seu carro, vai acompanhando o grupo, dando assistência logística aos caminhantes. Junto está sua dedicada esposa prof. Cidinha. Manoel – o português. É patrício mesmo. Sobretudo é um coroa ativo, alegre, disposto a todas empreitadas, sempre disponível a caminhar, apenas com uma condição: horário certo das refeições. Anda sempre com seu inseparável amigo relógio, quando dá meio dia é o almoço. Thompson, de nome inglês mas um mineirinho tranquilo, amigo, sabedor de tudo sobre caminhos. Extremamente respeitado com reconhecimento de todos. Decano dos participantes, se fazia acompanhar de sua esposa, de igual idade. Baixinho, de olho azuis que se confundiam com o mar, tranquilo, devagar mas sempre chegou inteiro nas paradas, para surpresa e satisfação geral. Contudo, o tempo, e os anos são cruéis com as pessoas, não perdoando ninguém. Primeiro limitaram sua esposa, e nos dias atuais, provavelmente ele também.

Índia Velha – José Luis Guarino. É a incorporação do Caminho de Arariboia. Verdadeiramente um símbolo. Em quimica, seria chamado de catalizador, ou seja, o que promove, intensifica, favorece a reação. Ele é exatamente assim, agregador, motivador, sempre presente na colaboração e na elaboração dos projetos. Está sempre pronto para ajudar; “SEMPRE ALERTA”. Decio – Sempre feliz – Sempre sorrindo, nada lhe aborrece, a tudo tem um motivo positivo para alegria e congraçamento. Durante as primeiras caminhadas, conheceu uma caminhante, médica epidemiologista, sanitarista, VALÉRIA, e assim ficaram juntos, para fortalecimento da afeição e do entendimento entre dois seres. Pedro – o peregrino. Homem focado e envolvido nos propósitos dos Caminhos. Acabou de fazer em 2007 o Caminho de Santiago, de forma marcante, percorrendo os 760km de mãos dadas à sua esposa Rosana. Um entusiasta por estas atividades, sua passagem tão precoce, deixou a todos com um vazio em nossos encontros. Descanse em paz amigo, que estamos cumprindo todos os rituais que você fazia questão que se cumprissem. Nossa homenagem para sempre, Grande Pedro. 51


Passagem pelo Parque da Cidade, reunião do grupo após um caldo de cana.

Chopinho e Santa. Marlene Chopinho reside no Rio, loura, alegre, disposta a caminhar a qualquer momento, nunca recusa convite, de fácil trato, se torna amiga de imediato. Possuidora de uma extraordinária capacidade física, não se cansa nunca, mesmo quando sobe os elevados caminhos da montanha do Corcovado no Rio, tranquila ela carrega às costas uma mochila de mais de 10 kg. Sempre sorridente. Tem a capacidade de fazer amigos de todos, logo de saída, é retribuída com muito carinho. Em suas andanças, conheceu Santa, um ser maravilhoso que o nordeste nos ofertou como um raro presente. Santa (seu nome ninguém sabe) é magra, forte, valente, enfrenta o sol, calor, as distâncias com a maior naturalidade, como se estivesse na caatinga pernambucana. As duas, são amigas íntimas, brincalhonas, e ninguém conseguiu descobrir suas idades. Elas se conheceram após culto religioso, onde Santa foi procurar o Senhor e encontrou o demo (?) segundo elas próprias. Chopinho ficava do lado de fora da igreja, pacientemente esperando o dia que sua querida amiga pudesse se juntar nas caminhadas da vida. Um dia aconteceu, e hoje forma uma dupla perfeita, sem as quais, o Caminho se tornaria insípido. Mas nem assim, Santa aceita um chopinho.

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Alexandre Bon - Claudia Bon. Casal maravilhoso, tem no nome seu adjetivo. Participantes, atuantes, desejosos de serem parceiros para sempre. Fotografando as corujas da praia, as gaivotas, as pessoas, Alexandre se deixa levar por todo este encantamento. Ambos foram marcantes nos primeiros encontros, mas os cuidados aos filhos e as exigências da vida profissional lhes fizeram ausentes. Mas deverão retornar, para alegria de todos.

Casal Heraldo Tereza na saída.

Tereza Victer - presente nas primeiras versões, depois seus joelhos impediram-na de continuar nos anos seguintes. Ao lado, a médica epidemiologista Dra. Valéria que se protegia do sol, andando com guarda sol aberto, e com blusa de mangas compridas.


Pastor India Velha Manuel Portuga

Grande Hamilton – Companheiro preferido das caminhantes femininas, pois sabe escutar, acompanhar, e ser um bom acompanhante. Suas paixões são: Botafogo, Marinha do Brasil e São Pedro D’Aldeia.

Ambiente de total alegria, confraternização, muito calor e muita água.

Rodrigo Souto – famoso médico oncologista. Veterano do Caminho de Santiago de Compostela. Nas pousadas se arisca fazer um churrasco gaúcho. A direita Caramuru – disciplinado, metódico, convicto em seus princípios filosóficos e doutrinários, mantém-se fiel aos mandamentos citados (de quem ?). Percorre os quilometros destinados, dentro do plano de trabalho traçado previamente, sem mudança. Giacomo Chinelli – peregrino famoso, paisano, italiano, pioneiro das caminhadas. Possuidor de um força física invejável, caminha sem cansar, já percorreu vários Caminhos no mundo, Santiago de Compostela por duas vezes, de São Francisco de Assis na Itália, e outros. Como todo bom italiano, sabe preparar uma macarronada sensacional, bem como pizza, etc.

O grupo sempre com camisa azul do Caminho de Arariboia, boné e cajado.

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Quero-Quero, símbolo do caminho, está presente ao longo de todo trajeto.

Rio Carioca – ponto geográfico fundamental à história do Rio de Janeiro, nasce nas encostas do Corcovado e tem sua foz na Baía da Guanabara, no Aterro do Flamengo. Hoje é um pequeno riacho, mas serviu de forma decisiva à vida dos colonos franceses e portugueses durante o meado do Século XVI.

Vitor Izeketsohn (C/Chapéu) – Manoel Portuga – Caramuru – Caminhando na areia molhada em Vilatur.

Gaivotas, fazem muito barulho. se fartam com muito peixe na região.

Batatinha da Praia, com flores roxas. incrivel como podem florecer neste deserto absolutamente seco. Coruja da Praia, da areia. ave de rapina este tipo de especie faz seu ninho na areia, cavando um buraco.

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Cactus

ARMANDO/ANNELISE – Qualquer semelhança com o casal de rolinha, é mera coincidência. Só andam juntos, se beijando, com mãos dadas, rindo pela alegria de tê-los um ao outro. É mais um casal, fruto do Caminho de Ararriboia, se conheceram entre uma passada e outra, aí o olhar foi se desviando, se encontrarem e permaneceram juntos, como se ambos fossem feitos para ambos. Depois, fizeram o Caminho de Santiago, 760 km de mãos dadas, numa demonstração expressa de amor e companheirismo. Estão sempre agindo como se estivessem num filme romântico, água com açúcar. Os Araris são testemunhas desse enlace matrimonial, consagrado nas areias e restingas, no sol e na chuva, dispensando a cerimônia ritualística da união.

AROEIRA – preferido dos pássaros, é um frutinho vermelho, poivre rouge, muito encontrado nas cercanias das praias de Figueira, Monte Alto, Arraial do Cabo e Cabo Frio. Encantou os chefs franceses da culinária, quando visitaram a área, pois é um condimento muito apreciado. QUATRO MENINAS GUERREIRAS: FRANCI, LÚCIA, ROSAURA E MARINA. FRANCI: já caminhou tanto, que se somados os Km daria volta ao mundo. LÚCIA: encara tudo com a maior naturalidade, como se estivesse na sala de sua casa. ROSAURA: enfrenta a subida com facilidade, mas a descida tem problema. MARINA: já foi ao Hymalaya, Ushuaia, Antártida, mas prefere a Serra da Bocaína.

VIRGINIA POMBO. Fala pouco mas anda muito, observadora atenta, intervém com palavras quando lhe convém, ou precisa.

DOIS ÍCONES: Ronaldo e Chico Cocum, na estrada de terra batida, parece sem ter fim.

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Decio Ronaldo Rodrigo

Lili-Gustavo Edson-JKNeimeyer

O contingente feminino predomina dando um show de disposição.

Do meio do nada, surge uma birosca com tudo que se quer. Gustavo Victer – GUGU – com tio Heraldo – em plena euforia incontrolável. Parada em Saquarema, um registro de felicidade.

Local bucólico. início de Jaconé, ao fundo está a Ponta Negra.

Carlinhos/Ingrid, outro casal do Caminho Contemplar esse marzão sem fim, com céu azul, paisagem esplendorosa, ausência de poluição, total tranquilidade, vento puro, único som: ondas do mar ou das gaivotas. 56


Hamilton de S. Pedro D’Aldeia

Depois do meio dia, a sombra é a companheira inseparável.

Rubens Gama

Saída de manhã após o café, da Pousada de Cordeirinho. A antiga proprietária, uma senhora de 96 anos, saia preta e blusa rosa, era uma mulher lúcida, ativa, enfermeira, alegre, deixou muita saudade, depois de sua partida.

Vitor Izecksohn

India Velha – Guarino - Ao lado sua carinhosa Maria – 01/03/2015.

Caramuru – Entusiasta

Dom João VI– Praça Xv – Rio

57


Virginia Cristovão Maria

Manoel Portuga e Esposa

Joir Pé de Valsa e Bernadete Sorriso

Grupo na chegada no Alto do Arpoador – final da caminhada - Versão 2014 – alguns não se postaram na hora da fotografia.

Teresita grande andarilha e Siqueira.

As flores encantam o trajeto O que restou da Mata Atlântica. 58


Capítulo IX - Atividades paralelas

Cervejada animadora

Médico ou curandeiro ?

Garçon Cozinheiros

Caldo de Cana.

Churrasqueiro

Me perdi completamente

CARTAZ ENCONTRADO Sugestão poética popular: Sinta essa vista. Não deixe parecer banal !

Aproveitando a sombra, mas se demorar, “ela anda”.

Sempre alerta!!!

Relax total

O QUE É MELHOR ? Guaraná artificial em lata industrializada, ou a água de côco natural ?

A fome é braba. 59


Capítulo X - Casos e Causos Se não são verdadeiros, são próximos de terem acontecidos. Se não foram com os caminhantes conhecidos, foram criados pelo narrador. Se não são interessantes, tem situações inusitadas a serem descobertas. Por fim, só poderá saber, após leitura. 1 - Os 3 caminhantes eram afinados em suas conversas, naturalmente surgiu o companheirismo de dormirem no mesmo quarto na próxima pousada. O quarto com 4 camas, uma delas usada como porta tudo, mochilas, bolsas, roupas, material de higiene pessoal, etc. Escolheram seus lugares, e após longos papos depois do jantar, foram descansar, pois amanhã seria mais uma longa caminhada. O ronco interminável de um deles se fazia repercutir a um raio calculado acima de 5 m, cujos os decibéis eram impossíveis de serem suportados aos ouvidos comuns. Só não eram mais altos que o barulho dos gases expelidos pelos segundo caminhante, que debruçado sobre a cama, num profundo sono letárgico, produzia uma sinfonia e histriônica de puns intermináveis. O terceiro caminhante, além da sua própria dificuldade de indução ao sono, não estava mais agüentando a situação, mesmo utilizando o “tapa-ouvido” que obviamente abafa os ruídos, mas era ineficiente a neutralizar o odor persistente daquele furor gaseificado produto das flatulências do amigo. O ambiente era desprovido de mínimas condições de co-habitação normal. As tentativas de mudar o decúbito do roncador e os pedidos para tentar reduzir os apitos e ruídos da respiração profunda, foram absolutamente infrutíferas para minimizar o problema. Além de tudo, precisaria também de uma rolha para o ânus do outro. A solução encontrada pelo incomodado, foi a solução óbvia, a alternativa de se retirar do quarto, ir para o exterior do prédio, colocar o colchão na calçada, fazer um leito improvisado. O sono pesado pela cansaço da viagem, o caminhante se acomodou, e não teve a menor dificuldade de conseguir uma noite reparadora, ambiente fresco, com cantos de passarinhos ao alvorecer, e o perfume envolvente exalado pela “flor da noite” toda viçosa plantada no meio do jardim. Na verdade, foi um pernoite mais confortante que imaginara ter. 2 - A caminhante ativa, baixinha, alegre, simpática, amistosa, com todas as qualidades para uma companheira de caminhada ou de viagem, todos os dias esperava pacientemente sua amiga, uma outra caminhante, terminar seus ofícios religiosos na igreja, para se encontrar, conversar, trocar todas emoções de uma amizade pura sem qualquer interesse senão aquele da convivência afetiva. A religiosa tinha deixado definitivamente de ingerir qualquer bebida com álcool, mas o exemplo da outra, uma apaixonada amante da cerveja, fez com que houvesse uma tentação irresistível, culminando num final já conhecido, qual seja de reassumir o antigo hábito, de tomar suas cervejinhas. Decidiu também acompanhar a amiga em todas as caminhadas, formando uma dupla inseparável de mulheres adoráveis. A primeira diz que a segunda foi procurar a salvação, mas encontrou satanás. 60

Porém, isto é um jocosa brincadeira, pois ambas são do bem, amigas de todos, queridas por todos. 3 - Um dos principais caminhantes, um natural líder de grupo, acompanha todos os movimentos do “Caminho” em todos os sentidos, quer dos lugares, das situações, das pessoas, respeitando um compromisso assumido por si próprio. Atende o pedido de um, orienta a dúvida de outro, mostra os melhores lugares para as passadas, estimula quem está cansado, conforta na saudade, anima na tristeza, oferece água quando o cansaço surge, dá assistência psicológica e socorre aos problemas da saúde do pé, na existência da indesejável “bolha”, etc. Quando a inevitável dor da torção do tornozelo, ou do joelho adoecido, aparece, lá está ele sempre presente oferecendo o suporte ao necessitado, na devida proporção do problema. Mas como santo de casa nunca faz milagre, sua esposa com o referido problema no pé, apelou para ele, foi logo dizendo se tratar de coisa banal, que por ser simples, logo passaria, após breve descanso. Mas em contrapartida, esta mesma dor numa outra caminhante se apresentou de caráter diferente, obrigando a uma atenção toda especial, que foi interrompida com os protestos da primeira reclamante. 4 - Apelidos são colocados em todos, mas nem todos ficam com esta inserção. Para o apelido “pegar” há de existir uma associação lógica com o sujeito, bem como a receptividade da brincadeira. É uma atitude jocosa sem qualquer conotação preconceituosa, pois o objetivo é uma simples distração. O nome é dado pelos pais, e o apelido é o nome adquirido na rua. Esta máxima é perfeita. Esta descontraída brincadeira, promove uma convivência cuja união se constrói pela ligação das amizades, tanto antigas quanto novas, com consistência afetiva. Nunca se observou qualquer indisposição em decorrência ao surgimento dos apelidos, havendo naturalmente um respeito mútuo formado e emanado pelos veteranos aos recémchegados. Os nomes próprios verdadeiros, são às vezes, mais difíceis de serem memorizados, enquanto os apelidos são colocados espontaneamente, com total identificação dos portadores. Assim são tantos, que cada um deve investigar e descobrir, pois não serão nominados aqui nesse relato. 5 - É um casal extremamente amoroso, casados, felizes, com netos, mas ainda em idade laborativa, fazem um malabarismo danado para conseguir liberação dos seus empregos, para cumprirem todo tempo exigido pelo Caminho, e jamais deixaram de participar integralmente. Descobriu-se, não se sabe como, que são verdadeiros atletas


sexuais. O que na verdade, os tornam um casal feliz, permitindo uma agradável convivência com todos os demais participantes. O fato é que, não se sabe se é lenda, propaganda enganosa, ou se verdade, mas há noticia que eles se carimbam duas vezes ao dia, uma à noite para dormirem relaxados, e uma de manhã, rapidinha, para caminharem com disposição. Há até quem se dispunha implantar uma câmera escondida, para registrar o ato, para dirimir dúvida. As mulheres sempre curiosas, investigam a razão da caminhante está permanentemente sorrindo, como se tivesse ganho um prêmio. Resulta que despertou um vivo interesse de vários caminhantes (masculinos) no sentido de reivindicarem e obterem uma pequena transfusão de sangue, para usufruír de tão desejada energia, consequentemente da invejada potência masculina. Ufa !!!! 6 - Estava contando uma piada para um outro, quando um terceiro alertou discretamente, que o interlocutor era um homem de origem lusitana, portanto contar uma anedota para ele, teria que ter cuidado nas palavras e adjetivos. Logo tranquilizou o amigo, dizendo que sabia que o colega era português, e portanto, se precisasse fosse, contaria a piada quantas vezes fossem necessárias, até ele pudesse entender. Para agravar mais o ocorrido, o lusitano após tomar conhecimento desta pequenina estória, não a compreendeu devidamente, dizendo que estava entendendo não precisaria repetir. 7 - Um talkie-walkie foi comprado como grande novidade para acompanhar os caminhantes durante todo o trajeto, no sentido de ajudar os retardatários e manter o grupo compactado, senão fisicamente, pelo menos nas informações e no conhecimento em tempo real da localização dos mesmos. Sem dúvida, um brinquedinho adorável, e todo mundo queria usar. Era o principal personagem daquela jornada. O caminhante principal, o chefe do grupo, portador de uma leve dislalia, comandava as ações, falando com as pessoas de acordo com a necessidade, ou para integração do grupo ou para trocar informações das passadas, do tempo, das condições do local etc. Mas quando da interlocução com um outro caminhante, esse sim, com indiscutível dificuldade de linguagem, ou seja, absolutamente “gago”, a conversação ficou complicada, difícil de prosseguir, quando um falou para outro: “atenção, acho que tá tá tá com defeito, vo-vou desligar, a li-li-gação está pi-pi-pico-cotando”. 8 - Fala mais que papagaio, bota apelido em todos, conta piadas, recita versos, declara poemas, canta árias de ópera, mas na verdade seu maior hobby é contar os casos dos outros, falando sem parar. A vida alheia é o seu prato preferido nessa refeição da vida. Basta lhe ser considerado um segredo para aquela noticia ser exaustivamente divulgada. Os amigos admitem que no seu enterro haverá dois cochos, um para levar o caixão com seu corpo, e o outro, para levar sua língua. (com certeza deveria existir um terceiro carro, para levar seu enorme coração, agigantado pelo seu amor ao próximo). 9 - É chamado de “Grandão” de um forma afetiva e carinhosa, por ser um homem grande, cordato, humanístico, sensível aos sofrimentos alheios, principalmente dos jovens adolescentes do

estabelecimento de ensino em que trabalha. Principalmente pelo fato do ensino ser de caráter técnico, formando profissionais em diferentes áreas da atividade profissional na vida do dia a dia. Seu sentimento socialista faz dele um homem engajado com os problemas sociais, e se atira com todo impulso às causas trabalhistas. Sempre empolgado nas conversas, nas discussões, adora encontrar soluções para os problemas apresentados. Claro que sua convicção ideológica ou pragmática se reforça quando sua palavra fica molhada com um pouco de suco de cevada. Amante da cerveja gelada, faz dessa bebida sua viagem fantástica no mundo das justiças e das belezas. Não gosta se alguém censura ou faz bullying dessa preferência. Para não defrontar com esta incômoda situação, procura sempre um lugar recôndito para matar sua sede insaciável do suco maltoso de levedo. Foi numa noite serena, com a lua cheia bem alta, céu limpo sem nuvem, numa rua tranquila, num bar discreto, na bucólica Saquarema, estava o personagem em questão, se deliciando com sua bebidinha preferida. Seus amigos passeando sem destino pelas ruas desertas, ficaram surpresos quando de repente avistaram-no no bar, tranquilamente sozinho. Um dos presentes, seu mais íntimo amigo, de forma solitária e tranquila, irrompeu subitamente o ambiente do bar, gritando com uma voz de tenor, que finalmente tinha encontrado aquele procurado por meses para pagar as dívidas há muito contraídas. Tamanha foi a ênfase da reclamação, que alguns circundantes e fregueses do botequim, ficaram tão apavorados, pensando se tratar de alguma prisão, ou algo mais sério. Atônitos, ficaram parados, e em seguida, foram socorrer a falsa vítima, dando-lhe pelo menos, uma solidariedade barzista, quando tudo se esclareceu ser uma brincadeira, terminando todos e tudo numa grande confraternização cervejal. Uma certeza nosso personagem teve ,que ninguém consegue se esconder de ninguém. 10 - Chegou à Pousada à noitinha, já no terceiro pernoite. Chegou todo entusiasmado, trazendo uma garrafa de vodka para degustar com os amigos. Chamou dois experts em caipirinha, usuários também de cerveja, “cobras criadas” em matéria de bebida, autênticos “profissionais da cerveja”. Diariamente não rejeitam qualquer liquido oferecido que contenha qualquer concentração etílica, sendo portanto, considerados curtidos pelo etanol, com grande capacidade de resistência à ação dessa substância, e com o organismo complacente à ingestão alcóolica, mesmo em quantidade maior que a habitual. Dificilmente uma cervejada os deixariam sem controle físico ou de equilíbrio, por alta que fosse a ingestão. Portanto, este amável e querido caminhante recém chegado, se achando homem esperto, com poder de resistir as bebidinhas, fez questão de convidar exatamente esses dois, para num encontro memorável, poder relatar suas aventuras naquele dia e outras notícias que tinha para contar. Mas o final do filme todo mundo já sabe, menos por ele. Os dois amigos que ele convidou, ficaram sóbrios até o final, enquanto ele, combalido, foi carregado até à cama, teve uma noite péssima. Na manhã seguinte a ressaca foi desesperadora, a boca amarga, o estômago embrulhado, tudo girando, seu dia foi inteiramente destruido. Se a noite foi desastrosa, pelo menos trouxe um aprendizadopara o nosso caminhante: “quem anda com morcego, dorme de cabeça prá baixo”. 61


Capítulo XI

Definições, informações, referências bibliográficas e fontes de consultas: (1) Temiminós – pertencentes ao ramo tupi, também chamados de Maracajás, cujo significado de “descendentes”, viviam na baía da Guanabara. (2) Margaiás – tribo amiga dos temiminós, também viviam na Baía da Guanabara. (3) Tamoios – eram chamados os índios mais antigos, mais velhos, compunham o maior contingente indígena da região. (4) Tupinambás, pertencentes ao ramo Tamoio, viviam na região leste do RJ. Tupinambá é um nome usado pelos indígenas cujo significado expressava afinidade entre si, ou de parentesco, de tribo, de região, como se referisse “conterrâneo”. (5) Corsários – tecnicamente eram navegadores com autorização do rei de França, para servirem em navios pertencentes a nobres e/ou capitães franceses. Considerados diferentes dos Piratas, estes seriam pessoas marginais, embora com a mesma função ou finalidade, não possuíam o devido reconhecimento oficial. (6) Arariboia, grafado como Ararigboya, Cobra Feroz ou Cobra da Tempestade, foi batizado em 1563 pelo Padre Manuel da Nóbrega, em São Vicente, tornando-se cristão, recebendo o nome Martim Afonso, mesmo nome do donatário da Capitania de São Vicente. Passou também ser chamado de Cacique Martim Afonso. Nasceu em 1524 e faleceu em 1587 (ou 1589 ?). (7) Arariboia tomou posse oficial de sua Sesmaria, Aldeia São Lourenço dos Índios, em 22 de novembro de 1573, data oficial da fundação da cidade de Niterói. Aldeia de Ararigboya – se estendia desde o morro de São Lourenço, por todo lugar denominado “Praia Grande” até às áreas de Carhy (Icarahy), no Sítio de São João de Icarahy, nas bandas de lá, do outro lado da Baía. A Sesmaria doada ao Cacique Arariboia, possuía uma dimensão maior, correspondendo geograficamente a extensão de terras desde as Barreiras Vermelhas (hoje Praia da Boa Viagem, Gragoatá) até o Maruhy, além das terras para dentro de uma linha para o interior indo até provavelmente Itaipuaçu . (8) Pau-brasil: “Caesalpinia echinata”, abundante na 62

Mata Atlântica. (9) Nichteroy – em tupi significa “águas escondidas”, a aldeia se situava num pântano. Outra versão: “rio verdadeiro frio”, a junção de: y = rio, eté = verdadeiro, ro’y = frio. (10) 01 de março de 1565 - data oficial da fundação da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, pelo comandante português Estácio de Sá, local entre Morro Cara de Cão e Pão de Açucar. (10)- Salvador Correa de Sá, Governador da Repartição Sul – 1ª. vez de 1569 até 1572. Foi novamente Governador pela 2ª. vez de 1577 até 1599. Irmão de Estácio de Sá, e sobrinho do Governador Geral Mem de Sá. Recebeu a Ilha de Paranapuam como compra (doação?) daí o nome Ilha do Governador. (11) - Padre José de Anchieta, Jesuíta, educador, importante evangelizador, catequizador, personagem destacada da História do Brasil, juntamente com seu colega Padre Manoel da Nóbrega. Teria construído (com auxílio de Arariboia ?), a histórica Igreja de São Francisco Xavier, situada numa pequena colina à beira da baía da Guanabara, na localidade do Saco de São Francisco, bairro de Niterói, no ano de 1577, considerada uma das mais antiga do Brasil. “Jornal de Icarai” – em 8/14 novembro 2014 – Edição 2.064 –Niterói. (12) Depoimentos verbais dos Araris, e pesquisa livre em: “Google” e “Wikepedia”, no site: www.caminhodearariboia.com.br (13) - “ARARIBOIA – O Cobra da Tempestade” – Livro de Romance Histórico, ambientado no Brasil do Século XVI - Prof. Luiz Carlos Lessa -Historiador –Niterói/RJ- Editora José Olimpio/1998. (14) “Notas para a História de Niterói” autor: José Mattoso Maia Forte – Instituto Niteroiense de Desenvolvimento Cultural – Prefeitura Municipal de Niterói. – 1973. (15) - Livro Terceiro da Crônica da Companhia de Jesus do Estado do Brasil. Simão de Vasconcellos – vol. II – Editora Vozes – Petrópolis – 1977.


(16) Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil -Tomo XVII - Rio de Janeiro- 1954.

da França Antártica, com prefácio de Jean-Christophe Ruffin.

(17) Tradições de Niterói - José Matoso Maia Forte – Instituto Niteroiense de Desenvolvimento Cultural – Prefeitura Municipal de Niterói – 2ª. Edição – 1975.

(29) Citação da obra: “História dos Mártires” - Jean Crespin. Paris. Ano: ?

(18) “Informações” – vol. 6 – nos. 3 e 4- jul/dez 1984. Dr. Júlio Xavier de Figueiredo. Instituto Histórico de Niterói. (19 ) “Tradições de Niterói” – José Mattoso Maia Forte – Instituto Niteroiense de Desenvolvimento Cultural – Prefeitura Municipal de Niterói – 1975. (20) “Arariboia e a conquista do Rio de Janeiro”. Júlio Xavier Figueiredo. Informações, Niterói. Instituto Desenvolvimento de Niterói. Vol. 6 no. 3-4, jul/dez 1981. (21) “A Praia Grande de Arariboia” . Romeu de Seixas Mattos. Jornal do Instituto Histórico de Niterói. Vol. 1 pag. 26-27, pag. 40-43. dez 1976. (22) O livro: “La Cosmographie Universelle” –André Thevet: editada em Paris, França, em 1575, onde constam referências dos atos de bravura daqueles dois indígenas Maracajá-guaçu e de seu jovem filho, futuro grande Cacique Araribóia. (23) Citação da obra: “Les Singularites de la France Antarthique” - “As singularidades da França Antártica” – Padre André Thevet – Paris – 1570.

(30) “Villegagnon - Vice-amiral de Bretagne et Vice-roi du Brésil”. Leonce Peillard – Paris. (Edições Perrin - 1991). (31) “Era Português assim como era Tupi”. Pedro Doria. Jornal “O Globo” RJ – caderno “Rio” – pag 36 – 22/03/2015. (32) Revista do Instituto Histórico e Geográphico do Brazil. Fundado no Rio de Janeiro. (Pedro II) – Tomo XVII – 4 – da Terceira Edição. Rio de Janeiro. Tipografia Universal de Laemmert – rua dos Inválidos 61-B, 1854. (33) Citação de Excertos dos Annaes da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Volume XXIX. 1907. 34 “Carta Annual” – Padre Serafim Leite. Rio de Janeiro. 1589. História da Companhia de Jesus. Biblioteca Nacional. Obras raras. Rio de Janeiro. (35) “Capitães do Brasil: a saga dos primeiros colonizadores” – Eduardo Bueno. Pag. 43. Rio de Janeiro. Objetiva. 1999. (36) “Brasil: uma história” - Eduardo Bueno. Segunda edição revista. São Paulo. Ática. 2003.

(24) “Memória Histórica e Documentada das Aldeias de Índios da Província do Rio de Janeiro”. Joaquim Norberto de Souza e Silva – Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil. Tomo XVII- Rio de Janeiro - RJ – 1854.

(37) “Duas viagens ao Brasil: primeiros registros sobre o Brasil. Hans Staden. Tradução de Angel Bojadsen. Introdução de Eduardo Bueno. Porto Alegre, RS. L&PM. 2010. p. 56.

(25) “Histoire d’un Voyage au Brésil”. Jean de Lery . Publicado pela 1ª. em Paris em 1578. Reeditado e publicado em 1995 – Le Livre de Poche – Paris.

(38) Citações da obra: “ História do Brasil”- Pedro Calmon (várias consultas).

(26) Villegagnon e a França Antártica. Vasco Mariz & Lucien Provençal. 2ª. edição. Rio de Janeiro. Editora Nova Fronteira – 2005. (27) “Villegaignon: Herói ou Vilão ? “. Vasco Mariz – Jornalista, editor, escritor, secretário geral da Association Dialogue France-Brésil. Artigo publicado no jornal “O Globo” 15/03/2015. (28) “Villegaignon ou a utopia tropical“. Vasco Mariz – 2000 – Rio de Janeiro RJ. Descreve e retrata a epopeia

(39) Notas para a História de Niterói. José Matoso Maia Forte – Instituto de Desenvolvimento Cultural da Prefeitura Municipal de Niterói. 2ª. edição – RJ -1973. (40) Livro Terceiro da Crônica da Companhia de Jesus do Estado do Brasil. Simão de Vasconcellos. Vol. II, Vozes / INL, Petrópolis – RJ m- 1977. (41) A Guerra dos Tamoios – Ayrton Quitiliano – Editora Delume Dumará - 2ª. Edição revisada – Rio de Janeiro – 2003. 63


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