O
ún
ico
D
Curitiba, sexta-feira, 30 de março de 2012
jo
@jornallona
r do IÁ nalBr R lab as IO or il at
redacaolona@gmail.com
ór
Ano XIII - Número 687 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo
Curitiba, 30 de março de 2012
lona.up.com.br
Show de Toquinho na comemoração dos 319 anos na Boca Maldita
Stephany Guebur
O show contou com aproximadamente dez mil pessoas. Em 45 minutos, o músico trouxe clássicos de sua carreira e uma série de homenagens a outros músicos. Programação continua hoje e vai até domingo.
ARTE
VIOLÊNCIA
MEIO AMBIENTE
Museu do Holocausto no Brasil abre para visitas de escolas a partir de abril
Nos EUA lei pretende rotular jogos de violência
Pelo quarto ano consecutivo Câmara dos Deputados e o Senado participam da campanha Hora do Planeta
Pág. 4
Pág. 2
Pág. 3
io
2
Curitiba, sexta-feira, 30 de março de 2012
Opinião
Editorial
O que não é esporte Daniel Zanella
O MMA, artes marciais mistas, não é esporte. Um jogo que objetiva tirar os sentidos do oponente não pode ser esporte. Boxe também não, embora tenha maior plasticidade do que as arenas de contornos medievais de eventos como o UFC. Em recente entrevista, Eder Jofre, dos maiores boxeadores brasileiros da história, criticou severamente o MMA. Para ele, o jogo se assemelha mais a uma rinha de galo. “Se dentro das regras do boxe, esses lutadores não durariam um minuto. São muito fracos tecnicamente”. Não é difícil entender o sucesso do MMA. Apesar de não ser exatamente um Vale-Tudo, não permitindo dedo no olho e chute no saco, o espetáculo entrega ao espectador os instintos mais baixos e primitivos que um ser humano pode desenvolver: violência, ódio, ira, catalisação das frustrações. Os defensores dizem que o octógono é um ambiente esportivo natural, como em uma partida de basquete ou futebol: a disputa pela vitória. Entretanto, quem já teve a paciência de acompanhar as pré-lutas, viu o espírito de revanchismo e desrespeito ao adversário – estratégias estimuladas pelos promotores do evento e bem aceitas pelo público, num mise-en-scène peculiar. Em dias de insônia, assistindo uma e outra luta, vejo em mim sentimentos contraditórios. Nas lutas de maior nível técnico até percebo e-lementos de inteligência, mas quando há nocautes de extrema violência, o sentimento que mais me contorna é o do absurdo: viver uma realidade em que a agressão final é também a catarse e o orgasmo de nosso tempo.
Violência: do virtual ao real Maximilian Rox
Alguns temem pela notícia tornar-se rotineira: adolescente revoltado rouba carro e atropela x de pessoas, ou mata y pessoas em determinado local com uma arma. A mídia prontamente investiga o histórico do infrator, e basta encontrar qualquer relação com algum videogame minimamente violento para acusar o jogo pela expressão violenta daquele adolescente. Ignoremos qualquer fator psicológico ou social, culpemos o jogo! Não importa se o infrator teve maus-tratos desde sua infância, foi abusado ou ignorado, foi aquele jogo que o estimulou a realizar essa ação! Essa é a revolta da comunidade que cansou de ser o alvo de acusações genéricas. Semana passada, deputados americanos discutiram a possibilidade de colocar avisos similares aos de cigarro em games violentos. Se aprovada, a lei exigirá rótulos nesses jogos informando “os pais e as crianças sobre a crescente prova científica demonstrando a relação entre videogames violentos e comportamento violento”. Esse rótulo é redundante: já existe a classificação indicativa da ESBR alertando sobre o conteúdo. Se os pais se preocupam a que os seus filhos estão expostos, eles não precisam de “provas científicas” que os convençam – os pais já controlam o que seus filhos veem. Os extremos já deveriam ser tratados na esfera da psicologia, pois a dualidade real x virtual não é vivenciada ou medida pelo jogador, que não calcula suas consequências ou usa o jogo para desculpar suas ações. Mas me deem licença, causarei algumas fatalidades agora. No Mortal Kombat.
Aos 319 anos, Curitiba é palco de violência crescente Ontem, a cidade de Curitiba comemorou seu 319º aniversário. Parte das festividades aconteceu na Rua 24 horas, que foi sede de eventos comemorativos ao longo do dia. A cidade, fundada no ano de 1693, teve grande crescimento urbano no século XIX com a chegada de imigrantes de diversos países europeus, tais como Alemanha, Itália, Ucrânia e Polônia. Esse fato trouxe à capital do Paraná grande diversidade cultural, que hoje pode ser vista, por exemplo, em bairros tipicamente italianos e poloneses, como Santa Felicidade e Orleans, respectivamente. Realmente, a diversidade cultural da capital merece ser celebrada. Porém, a cidade vem sofrendo com a violência que está atingindo números assustadores, colocando Curitiba como uma das capitais mais violentas do país. Seria um ponto muito positivo para a cidade poder comemorar junto com o aniversário do próximo ano uma mudança nesse quadro. Aparentemente, providências já estão sendo tomadas. Baseando-se nas UPPs cariocas, o governo de Curitiba deu ínicio à Unidade Paraná Seguro, que visa pacificar bairros violentos de Curitiba e combater o tráfico de drogas. A primeira medida da UPS foi a ocupação do bairro Uberaba, considerado um dos mais violentos da cidade. Apesar da boa recepção da ocupação pelos curitibanos, há relatos de que a polícia fez uso de violência gratuita durante a operação. A violência da cidade não se restringe aos bairros já considerados violentos, ontem mesmo um empresário foi assassinado na linha verde. Os reforços da polícia não devem ser exclusivos dos bairros perigosos e, sim, estarem presentes em toda a capital. Vale lembrar que estamos em ano de eleição e uma boa escolha dos curitibanos pode gerar ainda mais motivos para se comemorar no 320º aniversário da cidade. Expediente Reitor: José Pio Martins | Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração: Arno Gnoatto | Pró-Reitora Acadêmica: Marcia Sebastiani | Coordenação dos Cursos de Comunicação Social: André Tezza Consentino | Coordenadora do Curso de Jornalismo: Maria Zaclis Veiga Ferreira | Professores-orientadores: Ana Paula Mira, Elza Aparecida de Oliveira Filha e Marcelo Lima | Editoras-chefes: Renata Silva Pinto, Suelen Lorianny e Vitória Peluso | Editorial: Julio Rocha. O LONA é o jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo. Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300 - Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba - PR. CEP: 81280-30 - Fone: (41) 33173044.
3
Curitiba, sexta-feira, 30 de março de 2012
Apresentação ocorreu na Boca Maldita e contou com aproximadamente dez mil pessoas Camila Tebet Stephany Guebur
Aproximadamente 10 mil pessoas estiveram presentes ontem no show de comemoração dos 319 anos da cidade, de acordo com a Fundação Cultural de Curitiba. O evento aconteceu na Boca Maldita e teve como atração principal o cantor Toquinho. O show, que estava marcado para 12h30, começou com apenas 10 minutos de atraso. Muitos fãs estiveram presentes para ver o cantor e também prestigiar o aniversário da cidade. Até mesmo aqueles que estavam passando por perto
pararam para ouvir. Santina dos Santos, fã de Toquinho, disse que chegou bem no horário do show e que este superou as expectativas. “O Toquinho é bem carismático, simpático e responsável”, diz. Para ela, um dos principais pontos positivos da programação foi ela ser gratuita: “Nós, curitibanos, também não precisamos desembolsar nada, então valeu muito a pena”, completou. Terezinha Mageski também esteve presente e disse que o show foi maravilhoso: “Sou apaixonada por Toquinho”. Ela afirmou que a programação do
Stephany Guebur
Curitiba comemora 319 anos com show de Toquinho Show de Toquinho homanegeou diversos músicos no aniversário da capital
aniversário da cidade está boa, já que oferece eventos em todos os cantos da cidade. Renato Moreira foi ao show com os filhos comemorar o aniversário, apesar de ser natural de São Paulo. “Moro aqui há 15 anos e a programação deste ano, a organização e a segurança estão bem melhores do que ano passado”, afirma. Além de Toquinho, que tocou seus maiores sucessos, finalizando com “Aquarela” e uma interpretação de “Trem das Onze”, do compositor Adoniran Barbosa, o evento contou com a presença de músicos curitibanos, que se reuniram para
interpretar a canção “Ai, ai, ai”, do compositor Mauro Barbosa, em homenagem à cidade. De acordo com a Fundação Cultural de Curitiba, Toquinho foi escolhido porque há 40 anos, na inauguração do Teatro Paiol, estiveram presentes ele, Vinicius de Moraes e Marilia Medalha; então para o show não poderiam escolher outra pessoa. A programação deste ano conta com eventos específicos nos bairros da cidade, principalmente atrações musicais. A comemoração do aniversário da cidade continua e termina no domingo à tarde.
Hoje e amanhã os eventos devem acontecer na Praça da Espanha, contando com shows gratuitos. Nestes dois dias em especial, 32 restaurantes e bares da região Batel Soho – arredores da praça da Espanha – venderão porções a preço único. No dia 31, sábado, acontece o “Aniversário nas Ruínas”, com apresentações musicais que vão das 22h às 4h. Domingo à tarde, 1º de abril, a comemoração ocorre no Parque São Lourenço, às 15h30, contando com o projeto “Música nos Parques” e atividades recreativas para crianças e famílias.
Congresso participa da Hora do Planeta Evento será realizado no sábado e contará com a participação de cidades do mundo inteiro Camila Tebet Stephany Guebur
No dia 31 de março, das 20h30 às 21h30, o Congresso
Nacional, juntamente com entidades e cidadãos, participará da Hora do Planeta, campanha promovida pela
ONG WWF (World Wide Fund for Nature). É o quarto ano consecutivo em que a Câmara dos Deputados e o Senado irão participar da campanha. Janice de Oliveira, coordenadora-geral do Núcleo de Gestão Sócio Ambiental da Câmara dos Deputados, disse que a participação da Câmara é importante para mostrar o grau de comprometimento da instituição com o uso racional de recursos naturais. A Câmara já desenvolve várias iniciativas para racionalizar energia elétrica e água em seus prédios. E se tratando de segurança, apenas algumas dependências
não terão as luzes apagadas. Além do Congresso Nacional, algumas cidades também confirmaram a presença como: Campo Grande (MS), Natal (RN), Curitiba (PR), Rio De Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Florianópolis (SC), São Paulo (SP), Salvador (BA), São Luís (MA), Aracaju (SE), Porto Alegre (RS), Vitória (ES) e Macapá (AP). Estas cidades devem apagar as luzes de monumentos famosos. Hora do Planeta A Hora do Planeta é um movimento anti-aquecimento global realizado pela WWF em todos os países, que tenta mobilizar a sociedade. Foi
realizada pela primeira em 2007, somente na cidade de Sydney, Austrália. Em 2008 o movimento ganhou a força mundial, contando com mais de 500 milhões de pessoas lutando pela causa. A estudante Débora Ribeiro acredita que a ação irá ajudar o planeta mesmo que seja pouco. “É uma ideia muito interessante, mesmo sabendo que não são todas as pessoas que vão participar”, diz. A estudante também conta que está disposta a ajudar para fazer a diferença, porque às vezes o mínimo que as pessoas contribuem pode ser definitivo.
4
Cultura
Curitiba, sexta-feira, 30 de março de 2012
Museu conta a história do Holocausto Instituição foi inaugurada em novembro, abriu suas portas para os visitantes em fevereiro e em abril oferecerá visitas a escolas Camila Tebet Stephany Guebur
uma questão mais pedagógica, que serve para mostrar até que ponto o ódio pode chegar. “O museu serve também como um espaço de luta contra qualquer tipo de ódio, qualquer tipo de intolerância, perseguições e discriminação”, completa. É nítida a presença da tecnologia no percurso do museu. Painéis interativos que contam histórias, botões de áudio presentes ao lado de objetos, bancadas que rodam depoimentos de sobreviventes e até mesmo telefones onde o visitante pode ouvir histórias estão espalhados no trajeto. De acordo com o coordenador, essa questão tecnológica é um dos grandes diferenciais do museu brasileiro em relação aos outros: “Os recursos que o museu usa são diferentes de museus que foram criados nas décadas de 60, 70, 80. Nós temos desde aplicativos touchscreen até sons, cheiros, imagens, edições de vídeos. Tudo isso sendo usado com o único objetivo de contar a história”. Embora entre 60% e 70% do acervo não esteja exposto no museu, não há a pretensão de
Rafael Danieleviz
Com uma área de 400 metros quadrados em Curitiba, foi inaugurado o primeiro museu do Holocausto do Brasil. A inauguração ocorreu em novembro e teve a presença de autoridades. Porém, só foi aberto aos visitantes em 12 de fevereiro deste ano. O museu conta com objetos, vídeos e fotos que buscam contar para o visitante um pouco mais sobre o Holocausto. O museu possui objetos como passaportes, estrelas de Davi, cartões postais e até mesmo radiografias. Há também duas grandes réplicas de artefatos que são associados a histórias curiosas de pessoas diferentes: uma boneca e um violino. De acordo com Carlos Reiss, coordenador do museu e descendente de sobreviventes do Holocausto, a ideia surgiu há muitos anos com Miguel Krigsner, presidente de O Boticário, mas só pôde ser colocada em prática no momento em que
surgiu a possibilidade da construção de uma nova sinagoga. Assim, em meados de 2009, ela passou a ser concretizada: “A execução foi rápida, toda a parte de execução levou em torno de sete meses para ficar pronta; mas a parte de pesquisa histórica durou pelo menos uns dois anos”. O recolhimento de dados e depoimentos foi feito por todos os lados, conta Reiss. Foi feito um levantamento de sobreviventes que chegaram ao Paraná, no qual se chegou a um número aproximado de 85 pessoas. O contato com esses sobreviventes ou com a família foi e continua grande, muitos ainda mandam objetos para colaborar com o acervo. Além disso, outros museus do Holocausto espalhados pelo mundo contribuíram com materiais, como o museu de Jerusalém, Yad Vashem. Segundo Reiss, o museu possui dois grandes objetivos. O primeiro deles é prestar homenagem às vítimas do Holocausto e não deixar que as pessoas esqueçam essa história. O outro objetivo possui
ampliar o espaço físico. Serão feitas exposições temporárias dentro do espaço e até mesmo fora para que todos esses objetos sejam expostos. O museu pretende, porém, ampliar o trabalho. A partir de 17 de abril, grupos escolares poderão fazer visitas. Além de alunos, o museu pretende oferecer também cursos, palestras e eventos para capacitação de educadores sobre o tema Holocausto. “O museu é muito mais do que o espaço físico”, diz Reiss. Maria Luiza Barreira, 20 anos, visitou o museu e disse que achou que ele conseguiu retratar muito bem a dramaticidade da guerra. Para ela, um dos pontos mais interessantes foi ouvir a explicação do coordenador, que também guia as visitas, e descobrir que seus avós foram vítimas do Holocausto. “Outro fator que achei bem interessante e realmente impactante foi poder ter visto o capacete de guerra que foi usado na época”, conta.
Outros museus Ao redor do mundo existem vários museus dedicados
às vitimas do Holocausto. Um dos mais famosos é a Casa de Anne Frank, que foi fundada em 1960, em Amsterdã. O espaço é a casa onde Anne Frank e sua família e mais quatro pessoas judias ficaram escondidas durante a ocupação nazista. O livro “O Diário de Anne Frank” contém várias passagens que se passam nesta casa. Já o Yad Vashem é um memorial situado em Jerusalém, que também possui o objetivo de relembrar as vitimas do Holocausto. Este memorial foi aberto em 2005, com dez salas de exposições, cada uma delas conta um capítulo da história do Holocausto. Na Polônia existe o campo de concentração de Auschwitz-Birkenau. Não é um museu, mas é um dos lugares mais lembrados pela história do Nazismo e Holocausto. Os Estados Unidos também abrigam um museu dedicado às vitimas do Holocausto, que fica situado em Washington D.C e foi inaugurado em 1993, contendo uma exposição fixa e uma parte dedicada a exposições temporárias.
SERVIÇO As visitas devem ser agendadas pelo site www.museudoholocausto.org.br ou pelos telefones (41) 3093-7462 e (41) 30937461. Há a possibilidade de visitas guiadas ou não guiadas. Visitas de menores de 12 anos devem ser evitadas. Os horários de visitação são: Terças: 14h30 às 17h30 Quartas: 08h30 às 11h30 e 14h30 às 17h30 Sextas: 08h30 às 11h30 Domingos: 09h às 12h
O museu foi inaugurado em novembro, na rua Coronel Agostinho de Macedo
O museu funciona na Rua Coronel Agostinho Macedo, 248, Bom Retiro.
Curitiba, sexta-feira, 30 de marรงo de 2012