Curitiba, segunda-feira, 21 de maio de 2012
O
ún
ico
D
jo
@jornallona
r do IÁ nalBr R lab as IO or il at
redacaolona@gmail.com
ór
Curitiba, segunda-feira, 21 de maio de 2012
lona.redeteia.com
io
Ano XIII - Número 719 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo
Número de empregados aumenta no Paraná
CIDADE Linha de Turismo de Curitiba é um atrativo extra para a cidade
Págs. 4 e 5
CINEMA Os filmes do cinema nacional que fizeram sucesso
ECONOMIA Curitiba está entre as quatro maiores inflações, segundo IPCA Pág. 7
Valdecir Galor/PMC
Pág. 6
Pesquisa afirma que o Paraná é o terceiro estado com maior número de criação de empregos no Brasil, e o primeiro na Região Sul Pág. 3
2
Curitiba, segunda-feira, 21 de maio de 2012
Opinião
Cansamos de fotografar a vida como ela é ? Sofia Ricciardi Jorge
Em 1861, um físico conseguiu criar a primeira fotografia colorida após usar diversos filtros de cores diferentes. Somente 40 anos depois foi disponibilizado no mercado um filme (com uma técnica baseada em extrato de batata), que permitia tirar fotos coloridas. Até então, o objetivo era encontrar uma tecnologia que fizesse as fotos terem as mesmas cores que na vida real. A imagem perfeita foi finalmente alcançada quando as atuais máquinas digitais chegaram e conseguiram registrar até mesmo as imperfeições que a gente preferia não enxergar. A chegada do aplicativo Instagram aos celulares mudou esse quadro. Ao invés de fotos perfeitas, as imagens com filtros coloridos, formatos diferentes e cores reforçadas, viraram febre. No entanto, a moda que o Instagram lançou já era anunciada por máquinas como a Lomo e a Holga, e não demorou muito parar virar tendência voltar ao passado e usar filtros de uma cor só, que nos dão uma impressão “vintage” às fotografias. Enquanto alguns permaneceram usando o recurso digital, outros foram mais a fundo, retornaram aos tempos das máquinas analógicas e aderiram às maquininhas pequenas, coloridas, “retrô” e de efeito semelhante ao do Instagram. A mudança não demorou muito, já que as analógicas tiveram que abaixar o preço e inovar o design para ficarem mais atrativas perto das máquinas digitais. O resultado disso é a atual moda da “lomografia”, ato de tirar fotos com as tais maquininhas. Até parece que enjoamos das imagens como elas são na vida real. Queremos o diferente, queremos dar uma nova versão imagética daquilo que vemos todos os dias. Cansamos da realidade e tudo isso pode ter uma boa explicação: o registo fotográfico hoje é tão grande, que as fotos já não servem mais para eternizar, mas para divulgar um momento. A fotografia digital se tornou algo banal, não é a toa que mal conseguimos dar conta de guardar todas para nossos filhos verem. Se selecionar já não é preciso, então por que não fotografar tudo?! Por que não abusar de efeitos para chamar a atenção de uma foto qualquer?! É para isso que, às vezes, os filtros parecem existir. Para dar uma cara mais “interessante” ao que é banal, ao que podemos ver todos os dias e que, por ter um ângulo, uma cor, um efeito diferente, nos chamam a atenção. Talvez o físico que conseguiu pela primeira vez registrar a vida como ela é tenha se revirado no túmulo com a invenção do Instagram, da Lomo e da Holga (muito mais do que nós mesmos).
Editorial
Cadê a palavra ? Professores federais de várias instituições do Brasil pedem para que o governo cumpra o prometido. No ano passado, foi firmado um acordo entre governo e professores de algumas entidades federais. O contrato previa três itens: a incorporação da Gratificação Específica do Magistério (Gemas) ao vencimento básico dos professores, um aumento salarial de 4% sobre toda a remuneração partir de março de 2012 e a implantação de um Grupo de Trabalho (GT) de representantes do governo e dos docentes federais para negociar a reestruturação da carreira. O fato é que estamos na metade de maio e nada do que havia sido combinado foi realmente colocado em prática. Dessa forma, várias instituições federais de todo o Brasil devem entrar em greve. Só aqui no Paraná cerca de 40 mil alunos ficarão sem aula devido a paralisação da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Como que o governo promete algo e não cumpre? Tudo bem que isso é normal! Mas quando se trata de educação, a situação poderia ser diferente. Milhares de alunos terão suas aulas interrompidas por tempo indeterminado, o que prejudicará o seu rendimento e o ano letivo mais tarde. Segundo o Sindicato Nacional, o que os professores querem é uma valorização e uma melhoria nas suas condições de trabalho, além do que foi tratado no ano passado. Cada universidade e instituição federal fez uma reivindicação específica de acordo com as necessidades locais. É um absurdo pensar em época de eleições, se nem o que havia sido tratado no ano passado foi cumprido. Cabe às autoridades atuais honrar a sua palavra e promover aos seus funcionários excelentes qualidades de trabalho. Pois só assim a educação irá para frente.
Expediente Reitor: José Pio Martins | Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração: Arno Gnoatto | Pró-Reitora Acadêmica: Marcia Sebastiani | Coordenação dos Cursos de Comunicação Social: André Tezza Consentino | Coordenadora do Curso de Jornalismo: Maria Zaclis Veiga Ferreira | Professores-orientadores: Ana Paula Mira, Elza Aparecida de Oliveira Filha e Marcelo Lima | Editora-chefe: Suelen Lorianny |Repórter: Vitória Peluso | Pauteira: Renata Pinto| Editorial: Rayssa Baú O LONA é o jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo. Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300 - Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba - PR. CEP: 81280-30 - Fone: (41) 3317-3044.
Curitiba, segunda-feira, 21 de maio de 2012
Paraná tem melhor desempenho na geração de empregos da Região Sul Giuliana Nogara Joana Castro Maria Luíza de Paula
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) divulgados na última quinta-feira (17),
colocam o Paraná em terceiro lugar entre os estados que mais geraram empregos formais no mês de abril, depois de São Paulo (85.346) e Minas Gerais (28.886). O Estado teve o melhor desempenho na região Sul como gerador de empregos, com 20.923 novos postos de trabalho com carteira assinada, um crescimento de
0,82% em relação ao estoque de assalariados no mês anterior. A indústria de transformação foi o setor que mais contratou em abril, registrando um saldo de 6.147 postos de trabalho. Segundo o economista Carlos Magno, o setor da indústria cresceu 15% no Paraná, o que impulsionou o aumento na geração de empregos. “Enquanto a média nacional caiu 1,2%, o Paraná teve um aumento de 3,2%”, afirma Magno. Na indústria paranaense, as maiores influências positivas para o aumento nos empregos vieram dos setores de alimentos e bebidas (8,8%) e de máquinas, aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (37,4%), segundo a Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário. Outros setores, que também contribuíram bastante para o resultado
3
Cesar Brustolin/PMC
Geração de empregos por estado em abril deste ano
Dados: CAGED
Empregos formais tiveram crescimento de 0,575
Pela primeira vez no ano foi verificado crescimento em todos os oito setores da economia. Nos últimos doze meses, o crescimento foi de 4,64%, equivalente à criação de BRASIL 1.713.410 postos de trabalho. No período de janeiro Em todo o País, o Caged de 2011 a abril de 2012, registrou 216.974 empre- foi registrado um saldo de gos formais, o que corres- 2.706.201 novos postos de ponde a um aumento 0,57% trabalho, o que significa em relação ao mês anterior. um aumento de 7,54%. obtido no Estado do Paraná, foram agropecuária, com saldo de 3.969 postos de trabalho, comércio com 3.207 e construção civil com 1.794.
4
Curitiba, segunda-feira, 21 de maio de 2012
A linha turismo proporciona uma rápida e divertida visão da cidade Rayssa Baú
Quem vem a Curitiba e deseja conhecer os principais pontos turísticos da cidade pode embarcar em uma aventura de 45 quilômetros. O ônibus da Linha Turismo foi criado pela prefeitura em 1990 e tem facilitado a vida de quem busca ter uma visão rápida e geral da capital paranaense. São 24 atrações para serem conhecidas, entre parques, bosques e locais históricos. De acordo com a assessoria de imprensa da URBS - empresa responsável pela operação da linha - os pontos turísticos sempre foram selecionados de acordo com o interesse do público. “No passeio estão incluídos os lugares da cidade com paisagem natural e construções históricas que merecem ser visitadas”. Quem vive em Curitiba ou desembarca aqui pela primeira vez se encanta com o que vê – e não são apenas as atrações do circuito que chamam a atenção. Há quem garante que só de ver o ônibus de turismo pela cidade se impressiona com a sua beleza. A advogada Lucielene Romano mora em Curitiba há mais de 40 anos e conta como gosta de encontrar o ônibus nas ruas. “É algo que encanta só de olhar. O ônibus é muito bonito e a sua estética lembra os países europeus. Acho que é por isso que eu nunca o vi vazio, sempre tem gente no andar de cima tirando fotos e admirando a cidade. Pra quem vive em Curitiba é muito gratificante ver o sorriso no rosto dos turistas.” Segundo a assessoria de comunicação da prefeitura de Curitiba, a Linha Turismo virou um atrativo extra para a cidade. “A Linha funciona como um grande
facilitador para o visitante. É o ponto de partida para que ele tenha uma visão geral da cidade e, depois, possa dedicar mais tempo para explorar os locais que mais o interesse.” Não são somente os turistas que embarcam nesse ônibus. Muitos curitibanos aproveitam o seu dia de lazer para passear pela cidade. Leonidas Camilo é motorista de um dos quatorze ônibus da Linha Turismo e conta como é o seu dia de trabalho. “Gosto muito de dirigir a Linha Turismo. Conheço pessoas do mundo todo e me divirto muito com elas. Encontro gente conhecida e muitos curitibanos que vão passear com a família. Mesmo assim, a maioria dos passageiros ainda é turista.”
centro da cidade, na Praça Tiradentes, mas é possível começar o passeio em qualquer um dos 24 pontos visitados. Para explicar aos passageiros o que tem em cada ponto e qual a sua importância histórica, há uma gravação dentro do ônibus com tradução em português, inglês e espanhol. A Linha Turismo opera de terça a domingo 9h às 17h30. Os ônibus saem a cada 30 minutos da Praça Tiradentes e fazem sempre o mesmo itinerário. O primeiro ponto turístico é a Praça Tiradentes, local onde também se dá o término do passeio. Nos dias de maior movimento o mesmo trajeto é operado por dois ônibus em conjunto.
PASSO A PASSO
PONTOS TURÍSTICOS VISITADOS
Cada passageiro precisa comprar uma cartela que custa R$ 25,00 e dá direito ao primeiro embarque e a mais quatro r e e m b a rques em qualquer um dos pontos por onde a linha passa. Dessa forma a pessoa pode descer nos pontos de interesse e pegar qualquer um dos próximos ônibus que passam a cada 30 minutos. O início do trajeto é no
O passeio turístico passa por vários bairros e locais da cidade, o que possibilita aos passageiros terem uma visão do mo-
vimento e do funcionamento de Curitiba. Todos os 24 pontos possuem um motivo especial para se tornarem um local de importante conhecimento e visitação. A prefeitura afirma que o itinerário da Linha Turismo tem recebido muitos elogios e a cada ano aumenta o número de pessoas que optam em fazer o passeio. “O roteiro é um sucesso, o número de embarques cresce a cada ano e hoje a maioria dos visitantes pode conhecer a cidade sem ter dificuldades de acesso”, informa a assessoria de imprensa.
produzidas pela Ciferal do Rio de Janeiro, tinham bancos de madeiras parecidos com os de parques e praças, e ainda, janelas panorâmicas arredondadas, permitindo ampla visibilidade de todo o trajeto.” Nessa época existiam somente três opções de trajetos, todos com destino aos parques da cidade. Dois deles saiam da Rua Presidente Faria, ao lado do Passeio Público, e seguiam para os parques São Lourenço e Barreirinha ou então para o Bosque Reinhard Maack e para o Zoológico. A outra opção era pegar o ProParque na praça Rui Barbosa e seguir para o parques COMO TUDO COMEÇOU Barigui e Passaúna.
A história da Linha Turismo começou em dezembro de 1990, quando a cidade ganhou da uma linha de ônibus chamada ProParque. Segundo a URBS, a linha utilizava veículos que pareciam uma espécie de carroceria que imitavam as antigas jardineiras. “As carrocerias, então
EVOLUÇÃO DA LINHA Com o aumento da cidade e o surgimento de novas atrações, apenas os três trajetos e os ônibus ProParque não eram suficientes. Em 1994 surgiu a Linha Turismo, como é chamada até hoje. Os ônibus foram trocados por outros quatro mais confortáveis que pudessem atender um roteiro maior, como descreve a URBS. “Eles mantiveram o charme das jardineiras estilizadas, mas passaram a atender um roteiro de pouco mais de 20 km, percorridos em duas horas”. Nessa época, os ônibus partiam de hora em hora da Praça Tiradentes. O roteiro era composto por 18 pontos turísticos: prédio central da Universidade Federal do Paraná; Teatro Guaíra; Rua 24 Horas; Teatro Paiol; campus da Pontifícia Universidade Católica do Paraná; Jardim Botânico; Passeio Público; Bosque do Papa; Parque São Lourenço; Parque das Pedreiras e Ópera de Arame; Universidade Livre do Meio Ambiente; Bosque Gutierrez e Memorial Chico Mendes; Torre das Mercês; Ruínas de São Francisco;
5
Curitiba, segunda-feira, 21 de maio de 2012
Setor Histórico e Praça Tiradentes. Em dezembro de 2008, a Linha Turismo ganhou novidades, com uso dos veículos “double decker”, ou seja, ônibus de dois andares com o segundo andar aberto para permitir a visão panorâmica dos pontos da cidade. Além do novo estilo, a Linha Turismo passou a ter capacidade para transportar um número maior de passageiros. CARACTERÍSTICAS ATUAIS A������������������������� tualmente, segundo a Prefeitura de Curitiba, 14 ônibus compõem a frota da Linha Turismo, quatro de dois andares com cobertura, cinco de dois andares sem cobertura e cinco tipo jardineira. O roteiro atual é bem parecido com o de 2008, só que com mais pontos turísticos. Dessa forma, o itinerário foi aprimorado, misturando os atrativos que já eram atendidos pelo ProParque com os que foram criados durante esses anos todos. Segundo a prefeitura, houve um estudo do trajeto antes de de-
finir a rota. “Por razões de segurança, foi preciso estudar como fazer para seguir por todos os pontos turísticos da cidade. Levando em consideração todos os obstáculos ao longo do trajeto da linha, como fiação de energia e telefonia, árvores, semáforos e placas de trânsito. Tudo isso precisou ser analisado”. Como mostra o gráfico, com o passar dos anos o número de embarques foi crescendo. Isso porque a Linha Turismo foi ficando popular e a prefeitura passou a investir mais nela. O interessante é perceber que no ano de 2008 foi quando surgiu o ônibus de dois andares e foi também o momento em que o número de embarques começou a aumentar sensivelmente. Enquanto no ano de 2006 o número de embarques foi de pouco mais de 305 mil pessoas, em 2010 passou a quase 538 mil. Segundo relato da prefeitura de Curitiba, com o investimento em novos ônibus, o número de embarques aumentou. “Com os ônibus de dois andares, a procura pelo passeio ficou ainda maior. E tende aumentar ainda mais, pois a frota ganhou, recentemente, toldo retrátil para o ônibus de dois andares. Tudo
isso para garantir o conforto dos passageiros em dias de tempo instável.” O ano de 2011 bateu o novo recorde com quase 605 mil passageiros, um aumento de 12,41% se comparado a 2010. Em julho do mesmo ano, o número total de embarques chegou a cinco milhões. Para comemorar, o prefeito de Curitiba Luciano Ducci foi até o Jardim Botânico e entregou miniaturas dos ônibus de dois andares aos turistas que faziam o passeio naquela data. Nessa celebração, o prefeito afirmou em entrevista para a Agência de Notícias da Prefeitura que estuda aumentar o número de ônibus turísticos. “Já temos a maior frota. Com mais ônibus, evitaremos filas e traremos mais conforto para os turistas, que movimentam a economia na cidade”.
O QUE ELES DIZEM A funcionária pública Suzana Furtado mora em João Pessoa e veio pela primeira vez a Curitiba. Como ainda não conhecia a cidade, optou em embarcar na Linha Turismo. “Assim que cheguei no aeroporto me informei se existia algum tipo de passeio que poderia fazer para conhecer a cidade, então me indicaram a Linha Turismo.” Logo no dia seguinte, Suzana foi até a Praça Tiradentes e pegou o ônibus. Ela conta que adorou o passeio e a cidade. “Em todo o trajeto fiquei no segundo andar, onde dá pra ver a cidade de vários ângulos. Gostei muito do ônibus em si, é confortável e bem organizado. Mas o que mais me encantou foi o Jardim Botânico e a Ópera de Arame.” Suzana ressalta ainda o único ponto negativo: “Os motoristas são muito atenciosos, mas dirigem rápido demais. Mal dá tempo de você subir no ônibus e que eles já arrancam. Acho que eles fazem isso pra cumprir horário, mas não é certo, né? Tem que cuidar com a segurança dos passageiros.” Benedito da Costa é aposentado e veio pela segunda vez a Curitiba. Ele diz que a primeira vez não deu tempo de conhecer os pontos turísticos, mas agora
veio só pra isso. “Quando vim pela primeira vez fiquei admirado pela iluminação e limpeza da cidade. Agora quis conhecer os lugares históricos e turísticos.” Como ele ainda não tinha passeado pelos locais históricos, não conhecia a Linha Turismo. Benedito conta que ficou sabendo por amigos que já haviam passeado com o ônibus. “Me falaram muito bem desse passeio e resolvi conhecer. Gostei do estilo do ônibus que lembra a Europa e do roteiro que ele faz. Os parques e a arquitetura do centro da cidade são lindíssimos, vale a pena conhecer.” A estudante Luara Vianna, veio passar as férias em Curitiba. Ela ainda não conhecia a cidade, mas já tinha ouvido falar muito bem. Como tinha pouco tempo aqui, resolveu passear com a Linha Turismo e ter uma visão geral de Curitiba. Luara conta que gostou muito de tudo o que viu. “A cidade é limpa e o povo é muito bonito. Quando estava no ônibus fiquei lá na parte de cima e deu pra ver a dinâmica de Curitiba. O ônibus é muito legal. Como fui em um dia de sol consegui ficar lá em cima, onde dava pra ver tudo. Me diverti muito e fiquei impressionada com a beleza e a estrutura do Jardim Botânico. Espero poder voltar um dia.”
6
Curitiba, segunda-feira, 21 de maio de 2012
Cinema
Filmes Nacionais É inegável dizer que Central do Brasil (1998) foi o filme que realmente revigorou o cinema nacional. O longa-metragem teve uma visibilidade internacional tão grande que chegou a receber duas indicações para o Oscar (Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Atriz – Fernanda Montenegro). Esse episódio é um dos que mais revolta os cinéfilos do mundo todo, Fernanda Montenegro perdeu o Oscar de Melhor Atriz para Gwyneth Paltrow em Shakespeare Apaixonado (Inacreditável, porém compreensível, afinal estamos falando da premiação mais comercial do mundo). O filme também foi responsável por trazer o Urso de Ouro (Prêmio Alemão) de melhor filme para cá. Olhando para os lançamentos nacionais de antigamente, e os do período pós-
central do Brasil, chegamos à conclusão de que os verdadeiros sucessos estão depois de 1998. Em 2000, temos o divertido O Auto da Compadecida, mostrando a dupla (Nachtergale e Mello) mais divertida do cinema nacional. Em 2007 um filme polêmico que mostra a realidade do Brasil, Tropa de Elite. Logo em seguida, em 2008, Selton Mello vem mais uma vez dar um show de interpretação com Meu Nome não é Jhonny. Três ótimas produções que mostram como a retomada do cinema nacional funcionou. Essa renovação no nosso modo de fazer cinema trouxe um saldo positivo muito bom. Mas os filmes bons não são somente os mais recentes. Ao contrário do que muita gente pensa, em 1950, o filme Orfeu Negro, levou o Oscar de Melhor
Filme Estrangeiro. Filmado no Brasil e com atores brasileiros o filme foi dirigido pelo francês Marcel Camus, e por isso fala-se muito de que não é um mérito nosso. Dez anos depois, Willian Hurt levou o Oscar de Melhor Ator pelo filme O beijo da Mulher Aranha, dirigido por um argentino, produzido por um americano, filmado no Brasil e estrelado por muita gente. Outra confusão que levou o Oscar. Mesmo com a falta de crença de muitas pessoas, o nosso cinema prova que tem muita coisa de qualidade por aí. Com um mercado mínimo, comparado a Hollywood, ainda temos muito para crescer e aprender nesse meio artístico. Aos poucos novos diretores vão dando a cara a bater, e com isso tentando mudar um pouco a cara do cinema nacional, seja com comédias românticas bobas, ou
Matheus Klocker
mpklocker@gmail.com
com filmes de ação com altos orçamentos e explosões escandalosas. Aos poucos nós vamos ganhando um destaque maior pelo mundo afora.
Cultura
Dança aí, Nego Nagô! Essa semana tive o prazer de assistir o filme “Historias Cruzadas” (The Help, 2011). A cômica atuação de Octavia Spencer (merecedora do Oscar e do Globo de Ouro) me fez rir e chorar durante aqueles minutos de uma história tão intensa. A obra retrata a vida de uma pequena cidade do Mississipi na década de 60, com famílias brancas de classe média e suas ajudantes negras. Embalado pelo ritmo da revolução liderada por Martin Luther King, o filme transcorre sobre a amizade entre duas negras e uma jovem jornalista da cidade que, juntas, escrevem um livro com os relatos das empregadas domésticas negras e o racismo sofrido durante a árdua jornada de trabalho, que incluía a criação dos filhos das madames. A minha vó preta, como ela mesma se denomina, perdeu o pai quando ainda era uma criança e, após a “falência” da família ,foi servir de cunhã. Aos 12 anos lavava, passava, cozinhava, fazia feira e dormia num quarto escuro na casa de desconhecidos. Até hoje a
mãe de meu pai chora quando me conta que, uma vez, por deixar derramar o leite da patroa, foi colocada em seu quarto e castigada a ficar sem comida o dia todo. Também tem a história da Tonha, que hoje tem 75 anos e cuja única família que conhece é da sua empregadora, minha outra avó. Tonha tinha 40 anos quando chegou, vinda da Paraíba, na casa dos meus avós maternos no Rio de Janeiro, e, mesmo recebendo salário e todos os direitos trabalhistas, não tinha condições para ter casa própria e, por isso, morava com eles. Só depois da morte de meu avô, em 2009, que finalmente ela passou a se sentar à mesa para comer conosco. A mesa que até hoje é ela, com 75 anos, que serve. Aqui em Curitiba, que se autodenomina uma cidade europeia , os conhecidos irmãos e engenheiros Rebouças (que construíram boa parte da cidade) eram negros. A Sociedade Beneficente 13 de Maio, por exemplo, foi criada por escravos recém libertos, com o
intuito de ajudar a comunidade negra curitibana a conquistar o espaço que não tinha. Hoje, possui uma das mais repletas agendas culturais do Paraná, cheia de atividades relacionadas à cultura negra brasileira. Curitiba também é negra, e que o Maracatu de domingo na rua XV não nos deixe esquecer. No entanto, o preconceito e a desigualdade ainda persistem. Recém discutida no Supremo Tribunal Federal, a política de discriminacão afirmativa de cotas raciais foi declarada, por unanimidade, constitucional. E por bons motivos: segundo a ministra Rosa Weber, “se os negros não chegam à universidade por óbvio não compartilham com igualdade de condições das mesmas chances dos brancos. Se a quantidade de brancos e negros fosse equilibrada poderia se dizer que o fator cor não é relevante. Não parece razoável reduzir a desigualdade social brasileira ao critério econômico”. Enquanto isso, a Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas informa que a maioria das empregadas domésticas possuem baixa escolaridade e são negras. A cultura brasileira tem grande e importante parte de sua orgiem na cul-
Beatriz Moreira
bea.smoreira@gmail.com
tura negra. São os mesmos trabalhadores que ora sambam e cantam, e ora erguem edifícios e atendem as portas dos condomínios. “Favorecimento”, como alguns insistem sobre as cotas raciais, não é argumento quando, por centenas de anos, a sociedade branca se favorece do trabalhador negro para benefício próprio. Temos sim uma dívida grande com a comunidade negra. Se ainda duvida disso, basta notar os “quartinhos de empregada” que permanecem em nossas casas.
Economia
Curitiba, segunda-feira, 21 de maio de 2012
7
Inflação de Curitiba é a quarta entre as capitais Preços de alimentos e de habitação puxaram o aumento Giuliana Nogara Joana Castro Maria Luíza de Paula
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril é três vezes superior ao mês de março, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no dia 9 de maio. Alimentação e habitação foram as duas áreas que tiveram a maior taxa em Curitiba. A cidade teve a quarta maior inflação dentre as capitais estudadas. Os grandes causadores do aumento (0,55%) no mês de abril em relação a março foram os eixos de alimentação e habitação. Produtos alimentícios como o feijão tiveram alta de 3,96% durante o mês. No caso da habitação, a taxa da capital subiu em 1,92%, acima da média nacional, de 0,80%. Segundo o coordenador de Pesquisa Data Centro da Associação Comercial do Paraná (ACP), Claudio Shimoyama, mesmo com esse aumento o comércio não sofreu tanto. As vendas na Páscoa e no Dia das Mães superaram as expectativas. “Vendedores de calçados, móveis, eletrodomésticos e vestuário em geral não vêm sendo atingidos pelo aumento dos índices inflacionários. As vendas têm mos-
trado um crescimento neste ano”, alega Shimoyama. O coordenador ainda afirma que a expectativa é de que em junho a produção para o Dia dos Namorados ajude as vendas a terem um crescimento em torno de 7% com relação ao mesmo período do ano passado. No geral, entre as regiões, juntando-se os remédios (0,05%) com os empregados domésticos (0,07%) mais os cigarros (0,12%), a soma dos impactos resulta em 0,24%, o que significa que estes três itens foram responsáveis por
38% do IPCA de abril. A educação, porém, teve queda na inflação de março (0,54%) para abril (0,04%). Para a estudante Marília Alberti, 21 anos, o aumento no preço do cigarro acabou ajudando a acabar com seu vício. “Parei de fumar desde que aumentou o preço do cigarro”, afirma Marília. O IPCA abrange as famílias com rendimentos mensais compreendidos entre um e 40 (quarenta) salários-mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos, e residentes nas áreas urbanas das regiões. A
Divulgação
pesquisa é feita mensalmente e abrange diferentes regiões: Regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Sal-
vador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, Brasília e município de Goiânia. Fonte: IBGE
8
Curitiba, segunda-feira, 21 de maio de 2012
Amor que não se vê Laura Beal Bordin
O esqueceram na rodoviária. Quanta incompetência numa empresa só. Afinal, havia chegado do Rio de Janeiro já fazia algumas horas. Fez o ônibus parar. Não esperaria até o final daquela noite para que pudesse embarcar para ver a pessoa que quem sabe, o faça desistir de tudo que uma capital como o Rio de Janeiro tem a oferecer por uma vida no oeste de Santa Catarina. Em uma cidade tão pequena, que se quer possui uma agência bancária. Parece loucura, mas quem sabe aquilo lhe faria feliz. Finalmente conseguiu chegar ao ônibus. Pouco mais de 8 horas (!) e estariam perto outra vez. Sentou-se em seu lugar com ajuda do motorista, que tinha no olhar uma boa dose de paciência e bom humor. Mas o que te traz até aqui, tão longe da sua cidade? Você tem família aqui no oeste? – perguntou a senhora que sentava ao seu lado. Tenho minha sogra e não posso dizer que ela não é família! Riu. Minha namorada vive aqui, completou. Mas como você conheceu sua namorada? A distância é tão grande, disse a senhora. Nos conhecemos na internet, disse o garoto, que aparenta ter mais ou menos vinte anos. Ah, mas hoje tudo se faz por essa tal de internet, até namoro!
Mas vocês já se viram? Já, claro, respondeu com um sorriso, mas um pouco constrangido. E sua mãe? Deixou você vir? Não Ficou preocupada? Disse a senhora, ainda abismada com a distância percorrida pelo garoto para encontrar a amada. Ah, ficou preocupada. Mas a senhora sabe, os filhos tem que viver suas vidas, senão, não dá certo! Mas eu sou mãe, sou avó e nunca deixei de me preocupar com os meus filhos. Mãe é mãe, não é verdade? Disse a senhora, preocupada com o que a mãe do rapaz diria se soubesse que seu filho tinha sido esquecido da rodoviária. Nem conte para ela, disse. Só diga que foi tudo bem e que o tempo de viagem foi um pouco maior que o esperado. Senão aposto que ela nem vai dormir! Acho que farei isso mesmo, não vou a preocupar por nada, afinal já estamos quase chegando, não é verdade? Disse o garoto. Já sim, finalmente, disse a senhora em um tom aliviado de alguém que já estava mais de 9 horas dentro de um ônibus retornando à sua casa depois de uma boa dose de consultas médicas. A ansiedade em chegar era tanta que o rapaz não conseguia mais ficar sentado. Ficou em pé até que o ônibus chegasse à pequena rodoviária no interior. Mas você sabe que até chegar a cidade da sua namorada são mais alguns quilômetros né? Mas agora a viagem será diferente, disse o menino, que, embora não enxergasse nada, tinha lágrimas nos olhos. Foi o primeiro a desembarcar, e logo tocou a namorada, que também tinha deficiência visual. Tudo o que tinha passado para chegar até ali parecia não ter importado, ou se importou, tinha valido a pena. A emoção dos dois era perceptível no sorriso e na maneira em que ele lhe tocada os cabelos e o rosto, percebendo que finalmente estava do lado da pessoa que esperou tanto tempo para estar junto. Ela sorriu o sorriso mais sincero que já vi. Estava acompanhada de uma mulher, de devia ser sua mãe. Ela não conseguia segurar a emoção de ver os dois jovens juntos e registrava o momento com uma câmera fotográfica. Logo os dois deram as mãos, e, auxiliados pelos familiares da garota, deixaram a rodoviária rumo à cidadezinha onde vivem. Nunca vi nada tão puro. Na verdade, não vi. Senti. Esse sim é o amor que não se vê, é o fogo que se sente, como escreveu Camões. Sem interferências.