Curitiba, terça-feira, 29 de maio de 2012
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Curitiba, terça-feira, 29 de maio de 2012
Crescimento social do Brasil não reflete na leitura de livros Págs. 4 e 5
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Ano XIII - Número 725 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo
ESPORTE
Diego Henrique da Silva
Paraná tem sete times de futebol americano reconhecidos pela Federação Paranaense de Futebol Americano Pág. 6
COLUNA História também é tema de várias séries de TV Pág. 7
PERFIL Não é apenas uma loja, mas um ponto de encontro Pág. 8
Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba começa hoje A primeira edição do festival, que ocorre durante sete dias, contará com a exibição de mais de 70 filmes de várias partes do mundo, ofertados gratuitamente. Além disso, seminários, oficinas e premiações também irão acontecer. As oficinas serão realizadas no Sesc da Esquina e os filmes no Espaço Itaú, Cinemateca de Curitiba, Museu Oscar Niemeyer, Sesc Paço da Liberdade, Sesc da Esquina e Teatro Guairinha Pág. 3
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Editorial
Desobediência civil EEm 1849, o norte-americano Henry Thoreau publicou um dos maiores manifestos contra a política e a opressão do Estado. A Desobediência Civil, que inicialmente se chamava Resistência ao governo civil, levou o autor a ter sérios problemas com a Justiça local – foi preso algumas vezes por se recusar a pagar impostos – e influenciou diversos personagens públicos, de Mahatma Gandhi a Lech Walesa. O mote da obra é a acusação de que o Estado é incapaz de gerenciar o bem-estar de seus cidadãos, é incompetente, relapso e corrupto. “O governo, que é apenas a maneira escolhida pelo povo para executar sua vontade, está igualmente sujeito ao abuso e à perversão antes que o povo possa agir por meio dele. Os governantes não merecem respeito maior do que um espantalho ou um monte de lama”. O tratado termina com Thoreau discorrendo sobre direitos adquiridos à revelia. “Ao invés de privilegiados, tenhamos nobres aldeias de homens. Se for necessário, deixemos de lado aquela ponte sobre o rio, façamos uma pequena volta e lancemos ao menos um arco sobre o abismo escuro da ignorância que nos cerca”. O caráter das críticas de Thoreau nunca esteve em baixa, até porque a civilidade sempre foi desrespeitada quando se trata de dinheiro e abusos daqueles que são sustentados com o trabalho dos comuns. O escândalo recente envolvendo má utilização de dinheiro público é o caso dos policiais civis de Curitiba que usam as viaturas fora do horário de expediente, para fins particulares. O caldeirão de corrupção assombra do delegado ao escrivão, com exemplos surreais de viaturas com cadeirinha de bebê no banco traseiro. Se a própria dificuldade de separar o público do privado já é, em si, aviltante, é ainda mais preocupante quando os desvios de conduta envolvem aqueles que são responsáveis pela segurança da sociedade. Quando quem deveria proteger e zelar pelo bem-estar social é o primeiro a trilhar a via torta é natural que questionemos a validade de pagar nossos impostos, revertidos em benesses pessoais.
Opinião
A Europa não tem esse problema Marcos Monteiro
As 83 mil pessoas que forem ao Estádio Olímpico de Kiev no dia 1º de julho para acompanhar a final da Eurocopa 2012 – que pelo bem do futebol deve ser entre Espanha e Alemanha (seleção que mais vem empolgando no pós-copa) – têm somente duas certezas: uma, que entrarão para a história por ver um grande jogo de futebol, e outra, a de que não irão beber uma só gota de álcool. A decisão de não permitir a entrada de bebidas alcoólicas não é uma mera jogada política. A medida é uma determinação do órgão máximo do futebol europeu, a UEFA, e tem total apoio da União Europeia. Não podemos esquecer que a Eurocopa e a Liga dos Campeões tem como patrocinadores máximos duas indústrias cervejeiras: Carlsberg e Heineken, respectivamente. A primeira, inclusive, passou a produzir cervejas sem álcool para que pudesse faturar nos dias de jogo. Inglaterra e Itália, que historicamente sempre sofreram por conta da violência de seus torcedores, resolveram banir a bebida dos estádios. A Itália aderiu inteiramente à proposta. Já a Inglaterra mantém restrições quanto ao consumo: é somente 15 minutos antes dos jogos, 15 minutos antes do fim do primeiro tempo, durante o intervalo e 15 minutos após o início da segunda etapa de jogo. Após a medida, dados da BBC mostram que os resultados são satisfatórios: o número de ocorrências oriundas de briga entre torcidas inglesas caiu pela metade. Se tem uma boa coisa pela qual o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, deve ser lembrado é por ter assinado no final de 2007 uma lei que altera o Estatuto de Defesa do Torcedor e proíbe a venda e o consumo de bebidas alcoólicas nos estádios e arredores. Desde então, de acordo com estudo realizado pela Federação Mineira de Futebol, as ocorrências policiais em dias de jogo reduziram incríveis 70%. Aqueles que defendem o consumo de álcool dentro dos campos dirão que, mesmo com a proibição, episódios trágicos e mortes em brigas de torcidas organizadas continuam a acontecer – basta lembrar a morte do torcedor palmeirense após o clássico contra o Corinthians pelo campeonato paulista. Porém, proibir a venda dentro dos estádios não impede os torcedores de irem aos jogos depois daquele churrasquinho com a galera, arranjar briga na saída e bater o carro na volta para casa. O álcool é responsável por 61% de todos os acidentes de trânsito e por 96% de suas vítimas fatais. Proibir o consumo da droga dentro dos estádios é um método preventivo que vem funcionando. Se aquela pesquisa mineira quiser ver uma redução total nas ocorrências policiais o Brasil, terá que trabalhar com um método educativo e não preventivo. E por fim, toda essa polêmica em torno da Copa de 2014 se resume em dois nomes: Brahma e Budweiser.
Expediente Reitor: José Pio Martins | Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração: Arno Gnoatto | Pró-Reitora Acadêmica: Marcia Sebastiani | Coordenação dos Cursos de Comunicação Social: André Tezza Consentino | Coordenadora do Curso de Jornalismo: Maria Zaclis Veiga Ferreira | Professores-orientadores: Ana Paula Mira, Elza Aparecida de Oliveira Filha e Marcelo Lima | Editora-chefe: Suelen Lorianny |Repórter: Vitória Peluso | Pauteira: Renata Pinto| Editorial: Daniel Zanella O LONA é o jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo. Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300 - Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba - PR. CEP: 81280-30 - Fone: (41) 3317-3044.
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Festival Olhar de Cinema começa hoje A primeira edição do festival vai até dia 4 de junho e contará com exibição de filmes nacionais e internacionais, gratuitamente Camila Tebet Stephany
A primeira edição do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba começa hoje e vai até 4 quatro de junho. Com sete dias de duração, o festival pretende mostrar uma seleção ampla e de qualidade de filmes independentes de todo o mundo. O evento surgiu para ajudar o cenário cinematográfico paranaense e brasileiro e seu principal objetivo é promover reflexões sobre o cinema e desenvolver novos olhares. Além da exibição de filmes, o festival contará também com debates, oficinas e um seminário. A ideia do festival surgiu com Antônio Junior, Aly Muritiba e Marisa Merlo em 2010, quando o “Festival do Paraná”, o “Festival de Cinema de Curitiba” e o “Putz” não aconteceram. Assim, os três resolveram agir para mudar a situação e encontraram no Olhar de Cinema a saída. “Em 2011 viajamos para diversos festivais nacionais e internacionais pesquisando, analisando e tentando pegar o que havia de mais interessante em cada um deles”, afirmou Antônio Junior, que ainda dis-
se que foi dessa mistura que surgiu o formato da primeira edição do festival. Mais de 70 filmes serão exibidos durante estes sete dias. Segundo Antônio Junior, os filmes passaram por uma seleção feita por ele e os outros dois curadores. “Buscamos filmes que fugissem dos padrões que têm nas salas de cinema de Curitiba, filmes que tentassem se arriscar na forma e conteúdo”, contou. Para assistir aos filmes, basta retirar os ingressos uma hora antes da sessão na bilheteria do local de exibição, sendo que todos terão entradas gratuitas. Porém deve-se ficar atento ao horário das exibições, já que não serão permitidas entradas com atraso. Além da exibição dos filmes será realizado o I Seminário de Cinema Contemporâneo de Curitiba, que terá como tema a Realização Criativa. O Seminário contará com quatro mesas e um workshop, em que profissionais e pensadores do cinema irão discorrer sobre produção, distribuição, venda, entre outros. O Seminário acontece durante cinco dias e terá entrada franca com vagas limitadas a lotação das salas. Três oficinas também serão ofertadas gratuitamente, contendo uma carga horária de 12h e sendo ministradas por profissionais da área. São
elas: de documentário, de linguagem cinematográfica e de roteiro. As três acontecerão no Sesc da Esquina, porém já estão com as inscrições encerradas. Os locais que sediarão a programação são: Espaço Itaú de Cinema, Cinemateca de Curitiba, Museu Oscar Niemeyer, Sesc Paço da Liberdade, Sesc da Esquina e Teatro Guairinha.
Confira alguns filmes que podem ser vistos Filmes do John Cassavetes: Noite de estreia, EUA, 1978, 144’, ficção: Myrtle Gordon, uma atriz da Broadway, ensaia para sua última apresentação, que fala sobre uma mulher incapaz de admitir que está envelhecendo. 29/05 às 14h na Cinemateca e 31/05 às 20h na Cinemateca. Sombras, EUA, P&B, 87’, ficção: Sombras gira em torno do romance inter racial entre Lelia, uma mulher branca descendente de negros, que vive em Nova Iorque com seus dois irmãos e Tony, um homem branco. 29/05 às 16h45 na Cinemateca e 01/06 às 14h no Itaú 2. Uma mulher sob influência, EUA, 1974, 155’, ficção:
Um casal é profundamente apaixonado ainda que incapazes de expressar esse amor de uma maneira que o outro consiga entender. 01/06 às 19h45 na Cinemateca e 04/06 às 21h30 no Itaú 1. Faces, EUA, 1968, 130’, ficção: O filme segue as tentativas em vão de Richard e sua esposa, Maria, de escapar da angústia de um casamento vazio recorrendo à romances extra conjugais. 02/06 às 20h15 na Cinemateca e 04/06 às 17h no Itaú 2.
ficção: Quando Hannes se aposenta de seu emprego de zelador um vazio se inicia em sua vida. Ele está afastado de sua família, praticamente não tem amigos e a paixão pela esposa desapareceu. 30/05 às 21h45 no Itaú 1 e 31/05 às 14h30 no Itaú 1.
Karen Cries in a Bus, de Gabriel Rojas Vera, Colômbia, 2011, 98’, ficção: Após dez anos de completa dedicação ao seu abastado marido, Karen percebe o quanto abdicou de sua própria vida. Cansada de tudo isso, ela decide ir A morte de um bookmaker embora. chinês, EUA, 1976, 108’, fic31/05 às 18h no Itaú 2 e ção: Cosmo Vitelli é um ho- 03/06 às 15h30 no Itaú 2. mem focado em fingir compostura e autodomínio. Mas Iván – de volta para o pasquando entra em conflito com sado, de Guto Pasko, Brasil, um grupo de gangsters é for- 2011, 109’, documentário: çado a cometer um crime hor- Em 1942 Iván foi arrancado rível. de sua aldeia natal na Ucrânia 30/05 às 20h30 na Cinema- pelos nazistas. Em 1948 ele teca e 04/06 às 21h15 no Itaú imigrou para o Brasil e nun2. ca mais conseguiu voltar para a Ucrânia. 68 anos depois, o Mr. Sganzerla – Os signos filme documenta o retorno de da luz, de Joel Pizzini, Brasil, Iván a sua terra natal. 2011, 90’, documentário: Filme-ensaio que recria o ideário do cineasta Rogério Sganzerla por meio dos signos recorrentes em sua obra. Serviço 29/05 às 19h no Guairinha. Volcano, de Rúnar Rúnarsson, Islândia, 2011, 95’,
Para consultar a programação completa, acesse o site www.olhardecinema.com.br
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ESPECIAL
Crescimento econômico brasileiro não se reflete na leitura O Brasil tem cerca de 180 milhões de habitantes, e é a sexta economia mundial. O PIB brasileiro cresceu em média 6% nos últimos seis anos. Mas um fato intriga os pesquisadores: o brasileiro é um povo que não tem a cultura da leitura Ágatha Dea Mariana Delamuta
Um levantamento do Instituto Pró-Livro confirma que o brasileiro lê pouco. Quase metade da população brasileira é de não leitores, dos quais cerca de 21 milhões são analfabetos. Já os leitores, que somam 88 milhões, leem quatro livros por ano, em média. Os dados estão na pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, feita com 5.012 pessoas em 315 municípios de todos os estados do país, em 2011. Entre todos os entrevistados a média de livros lidos é de 1,84 por pessoa, nos últimos três meses, contando anteriormente a data da pesquisa, que foi entre 11 de junho a 3 de julho de 2011. Esse número diminuiu em relação à pesquisa anterior, que é de 2007, quando eram lidos 2,4 livros nos últimos três meses. A pesquisa aponta a Bíblia como o livro mais lido, fato que pode ser justificado porque 64% dos entrevistados se declararam católicos. Em segundo lugar, como mais lido está Ágape, livro do Padre Marcelo Rossi. Os livros didáticos estão em terceiro lugar no ranking geral, 47% dos entrevistados leitores leem títulos indicados pela escola. Porém, livros de leitu-
ra não obrigatória estão em quarto lugar no ranking dos mais procurados, em primeiro estão as revistas, em segundo, os jornais e em terceiro os livros indicados pela escola ou instituição de ensino. O bibliotecário da Universidade Positivo Kleverson Ambrósio confirma que os livros que mais saem são os didáticos. “Durante a semana, as prateleiras didáticas do curso de Medicina, por exemplo, estão vazias. Os livros de literatura são os menos procurados”. O índice de penetração dos leitores oscilou negativamente dos estudos de 2007 para o de 2011, passando de 55% para 50% da população. Na região sul esse número é ainda pior, caiu de 53% para 43%. A população sulista é a que menos lê em todo o país, perdendo até mesmo para os estados do Nordeste, onde 51% dos habitantes são leitores. Por que o brasileiro lê cada vez menos? Para Marcelo Almeida, idealizador do Conversa Entre Amigos, um projeto de leitura, o exemplo vem de dentro de casa. “Há uma falsa impressão de que as pessoas não leem porque não têm dinheiro. As pessoas não leem porque não foram educadas para ler, desde pequenas”, destaca. Ele ressalta também que as mães e pais brincam, massa-
geiam e embalam seus bebês muito mais do que contam histórias ou leem com as suas crianças. Almeida diz que ler com uma criança exige dedicação de tempo e de energia. É mais fácil dar um videogame, um brinquedo para distrair ou ligar a televisão. Nos Estados Unidos, por exemplo, a população lê, em média, 11 livros por ano. Já os franceses leem sete livros anualmente, enquanto na Colômbia, a média é de 2,4 livros por ano. Os dados, de 2005, são da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Sindi-
cato Nacional dos Editores de Livros (Snel) que integram o Instituto Pró-Livro. No Brasil, não há políticas públicas de incentivo à leitura. Ainda segundo a pesquisa, 75% da população não utilizam bibliotecas. Na cidade de Curitiba, existe pelo menos uma biblioteca por bairro, mas quem procura esses lugares quase nunca é motivado pelo prazer da leitura, e sim para pesquisas escolares. Muitas pessoas afirmam que não leem por sentir uma série de dificuldades. Entre as principais fatores estão o fato
de lerem muito devagar, não terem paciência, terem problemas de visão, não saberem ler, ou não compreenderem o que estão lendo. Esses motivos que explicam a falta de leitura alertam para o fraco ensino brasileiro e a falta de cultura literária, conforme explica Marcelo Almeida. “Leitura, para a maioria dos brasileiros, ainda é obrigação. Mudar essa cultura exigirá o esforço de muitas gerações e de todas as pessoas. Isso tem que começar a mudar dentro da minha e da sua casa”.
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Leitores universitários Para o professor e coordenador de cursos técnicos da Ensitec, Rodney Edilson, em geral os alunos não leem. “Independente de sexo, idade ou nível escolar, os alunos não leem por vontade própria. Atividades que envolvam leitura, interpretação e análise são rejeitadas pela grande maioria. Existe uma preguiça coletiva quando falamos em leitura. A maioria alega não ter paciência para ler textos longos”, afirma. De uma forma geral, a maioria dos universitários brasileiros lê, em média, de um a quatro livros por ano. É o que mostra a pesquisa feita pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), em 2011. O primeiro lugar do ranking negativo ficou com a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro: metade dos universitários não frequenta a biblioteca. Já a Universidade Federal do Rio Grande do Sul enfrenta uma realidade oposta: 22,98% dos estudantes leem geralmente mais de dez livros por ano. Para Rodney Edilson, o Brasil nunca teve índices de leitura comparáveis com o resto do mundo. “O triste é que o diagnóstico da leitura só tem piorado com o passar das gerações. A grande maioria dos pais não tem o hábito da leitura e nas escolas de ensino básico e fundamental ainda temos professores que obrigam as crianças a ler. Não fazemos com que as crianças gostem e curtam a leitura. A preocupação de muitos professores é apenas cumprir o planejamento.” Ele cita que outros meios de comunicação substituíram o costume da leitura para os jovens, mas o que realmente o preocupa é qualidade dos textos publicados. “A Internet e os filmes substituíram várias outras formas de lazer e não é diferente com a leitura. Talvez não devamos mais discutir a quantidade de livros que se lê, e sim a qualidade daquilo que lemos. Hoje é muito fácil publicar um livro, seja ele impresso ou digital e, portanto, temos muita coisa ruim circulando”, afirma. Apesar de os cursos técnicos serem compactos e a maior preocupação do uso do tempo em sala são o desenvolvimento de habilidades específicas, Rodney Edilson diz que a leitura é incentivada como complemento ao aprendizado. “A leitura só é realizada pelos alunos mediante incentivos, sejam eles de punição ou premiação. Quem lê sem vontade absorve muito pouco. Neste contexto, pouquíssimos alunos acabam desenvolvendo o hábito da leitura. A biblioteca da escola oferece uma vasta gama de títulos, bem como revistas e jornais. Temos livros quem desde sua aquisição, nunca foram retirados pelos alunos”, lamenta.
Opinião dos estudantes O poder aquisitivo do brasileiro aumentou, o preço dos livros diminuiu e o acesso à tecnologia está mais fácil. De acordo com a pesquisa do Instituto Pró-Livro, assistir televisão ainda é o hobby preferido dos brasileiros, 84% não dispensa a companhia da telinha. A estudante de Relações Públicas, Nicole Medeiros Garcia, lamenta ao saber dos dados. “Apesar de estar estudando para ser uma comunicadora, acho lamentável a televisão ser a preferida da população. Esse dado mostra que as pessoas preferem a informação fácil de ser entendida. Ao assistir a TV, você tem tudo na mão, não precisa procurar o conteúdo.” Para a estudante de Economia Rosana Lins, na medida em que a economia cresce as pessoas começam a ter acesso à tecnologia. “Smartphones, computadores, tablets, TVs de alta definição, tudo isso é deslumbrante. Como fazer com que um simples livro seja mais atraente que tudo isso? O governo só se preocupa com indicadores sociais e índice de leitura de livros não é um deles”, afirma.
Você é leitor? Você sabia que somente 35% das pessoas compra um livro pelo gosto da leitura? Os dados do Instituto Pró-Livro mostram que 50% das pessoas só compram livros quando a escola / universidade ou o trabalho exigem, ou quando é para dar de presente. Você se considera um leitor? Faça o teste e descubra. ( ) Eu li um ou mais de um livro nos últimos três meses. ( ) Eu não cheguei a terminar uma leitura nos últimos três meses. ( ) Eu não li nenhum livro nos últimos três meses.
Se você marcou a primeira alternativa, você é um leitor, e faz parte da população leitora do país, que corresponde a 50% dos habitantes. Leitor é aquele que leu inteiro ou em partes pelo menos um livro nos últimos três meses e o não leitor é aquele que não leu nenhum livro nos últimos três meses. Tendo esse fato como base, percebe-se que o brasileiro é um povo que praticamente não lê, já que, conforme pesquisado, das pessoas que leem, somente 0,82% dos livros foram lidos inteiros, 1,3% foram lidos em partes nos últimos três meses. Pensando assim, o papel do educador é de suma importância. A pesquisa indica que os professores passaram do segundo para o primeiro lugar na indicação de leitura, papel que antes era ocupado pelas mães. Agora, faça sua parte e incentive outras pessoas a lerem mais. A leitura não faz bem só para mente. Ler abre portas, gera conteúdo e faz com que a pessoa saiba comunicar-se melhor.
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Economia
Crescer é necessário e não previsível Continuamos crescendo, vagarosamente, mas ainda não estamos parados. O último trimestre registrou crescimento de 0,8%, segundo uma pesquisa da Serasa Experian. Inevitável não relacionar a crise econômica pela qual o mundo passa a esses resultados. O reflexo mostra que o Brasil não registrou nem 1% de crescimento nas atividades econômicas, bem abaixo do esperado. A desaceleração europeia impacta, principalmente, com a redução de investimentos no país e a diminuição das exportações de bem e serviços. Embora desde o ano passado isso venha ocorrendo, os 0,8% representaram saldo po-
sitivo em relação ao ano passado. O que permitiu ainda que mantivéssemos um permanente desenvolvimento econômico foram os gastos governamentais e o consumo familiar. As decisões tomadas no âmbito federal buscam intervir (positivamente) no gasto dos cidadãos. Com a taxa Selic reduzida o crédito é facilitado e as pessoas vão às compras. A recente medida de baixar o Imposto sobre Produto Industrializado resultou em filas nas concessionárias de carros, que não perderam a oportunidade para organizar um feirão. A todo custo o consumo é incentivado para
que continuemos crescendo. Apesar das intervenções quase semanais do governo no setor econômico, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) não demonstra que irá ser superior a 3% em 2012. Os 2,7% continuarão assombrando Mantega e Dilma. O Banco Central já divulgou projeções de 2,99% a 3,09% para o PIB do próximo ano. Possivelmente será mais um ano de baixas econômicas, acompanharemos o ritmo ditado pelo mundo globalizado. Os reflexos de pacotes e incentivos continuam a demorar em surtir efeito, a paciência é necessária, porém todos es-
Giórgia Gschwendtner
gi_1510@hotmail.com
peram os resultados em curto prazo. Não há milagre, o mercado é volátil e ainda não aprendemos a lidar com ele.
Séries de TV
Aula de história Nem só de ficção são feitas as séries de TV. Pelo menos, não inteiramente de ficção. Séries que têm como pano de fundo temas históricos podem surpreender os amantes de seriados e até mesmo aqueles que não estão acostumados a acompanhar os lançamentos da TV americana. Como não amar uma série baseada na vida do rei inglês Henrique VIII? Henrique, segundo monarca da dinastia
Tudor, ficou famoso por se casar seis vezes, além romper com a Igreja Católica justamente por causa da segunda esposa, Ana Bolena, a qual ele acabou condenando à morte mais tarde. Em “The Tudors”, Henrique VIII é vivido por Jonathan Rhys Meyers, conhecido por filmes como “Match Point” e “Missão: Impossível 3”. Feitas algumas concessões históricas, a série é umas das melhores já produzidas com esse tema. O sucesso de “The Tudors” inspirou a criação de outra série baseada na história de uma família famosa. “The Borgias” mostra a trajetória de Rodrigo Borgia, elei-
to Papa em 1492, e de sua família, uma das mais famosas e corruptas da história. Voltando alguns séculos na história, temos “Spartacus: Blood and Sand”, que vai contar de forma um tanto quanto sangrenta a trajetória de Spartacus, gladiador de origem trácia que liderou a maior revolta de escravos que o Império Romano enfrentou. Avançando no tempo até meados da Primeira Guerra Mundial, temos “Downton Abbey”, premiada série inglesa que retrata a vida da fictícia família Crawley e de seus empregados. Já durante a Segunda Guerra Mundial, “Band of Brothers” e “The Pacific” vão trazer as histórias reais de soldados americanos que lutaram nessas guerras, ambas com produção executiva de Steven Spielberg e Tom Hanks. A história fictícia de “The Pillars of the Earth” se passa no século XII e gira em torno das crises políticas e religiosas que surgiram durante a construção da primeira igreja gótica do Reino Unido. Já “Boardwalk Empire” vai retratar os tempos da Lei Seca nos EUA. A polêmica “The Kennedys” traz um retrato
Luciana Cristina dos Santos
lucianacristinasantos67@hotmail.com
de mais uma família, dessa vez, uma das mais poderosas dos Estados Unidos. “Alcatraz” traz um pouco da história da prisão mais famosa dos EUA, mas tem desaparecimentos bizarros, viagem no tempo e muito provavelmente aliens, considerando-se que é uma produção de J. J. Abrams. Não faltam opções para quem procura uma série histórica. É só escolher o período e se deliciar com as produções mais bem feitas da TV.
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Esporte
Futebol americano conquista espaço no Brasil Esporte vem ganhando cada vez mais visibilidade no país; Paraná conta com sete times federados Camila Tebet Stephany Guebur
O futebol americano surgiu depois de uma série de três jogos entre Harvard e Yale, em 1867. O esporte é uma variação do rúgbi, que consegue unir velocidade, agilidade, capacidade tática e a força bruta dos jogadores. O futebol americano consiste em uma série de jogadas de curta duração, nas quais a bola não está em jogo e o principal objetivo é somar a maior quantidade de pontos. O jogo funciona com 22 jogadores dentro do campo, 11 em cada time. A principal jogada é a endzone, que consiste em entrar na área ao fundo do campo do adversário com a posse da bola e marcar um touchdown, na qual se conquista o maior número de pontos. As primeiras transmissões de futebol americano no Brasil, que não eram ao vivo, aconteceram em 1969, pela TV Tupi. Porém, o esporte só começou a ganhar visibilidade no país quando a Band transmitia o Campeonato de Futebol Americano dos Estados Unidos, entre 1994 e 1998. Atualmente, o canal pago ESPN transmite várias partidas de futebol americano. Antes, o canal BandSports também fazia transmissões,
mas perdeu em agosto de 2011 o direito de transmitir, o que garantiu ao ESPN total exclusividade de transmissão do esporte no Brasil. Em 2000, foi fundada a Associação de Futebol Americano do Brasil, que é a entidade máxima do futebol americano no país. A associação possui filiais em 12 estados brasileiros; no Paraná, a federação foi fundada no ano de 2009. A Federação Paranaense de Futebol Americano é que organiza e estrutura os eventos relacionados ao esporte no Paraná. As equipes paranaenses de futebol americano, reconhecidas pela Federação, são as seguintes: Coritiba Crocodiles (atual campeã), Black Sharks, Brown Spiders, Hurricanes, Phantoms, Predadores e UFPR Legends. Segundo o atleta da UFPR Legends Leonardo Siqueira, é interessante ver cada vez mais brasileiros se interessando pelo esporte, já que é algo diferente do que estão acostumados. “As pessoas que procuram se informar e entender, descobrem que é um esporte de muita estratégia, não apenas ‘porrada’ como muitos dizem por aí”, afirma. Siqueira ainda disse que um dos pontos mais positivos no futebol americano é que ele é um esporte de força e mais ainda de disciplina. Segundo o
atleta, esta disciplina que vem do esporte pode ser aplicada também no dia a dia, em diversas situações. “Você nunca vai vencer se não der o seu melhor em todo o treino”, alega. Já para o ex-jogador do Coritiba Crocodiles Henrique Nicco, o que o futebol americano tem de mais positivo é o respeito entre as torcidas, já que não há divisão nos estádios.
Cheerleaders Junto com o surgimento do
futebol americano no Brasil surgiram as cheerleaders, as animadoras de torcida. A atividade consiste no uso de música, dança e elementos de ginástica para fazer com que os torcedores animem seus times em partidas de futebol americano. A integrante e criadora do time Cheerleaders da UFPR Legends, Hallynne de Souza, conta que fazer parte do time é algo muito bacana, já que além de proporcionar novas amizades, proporciona também um maior convívio com o esporte. “Meu namorado começou a
jogar futebol americano e eu o acompanhava em todos os treinos, assim fui conhecendo o esporte e vi que as cheerleaders eram uma característica dos times para animar a torcida”, explica. Hallynne conta que resolveu convidar namoradas de outros integrantes para participar do Cheeerleaders Legends. “Hoje somos dez cheerleaders e estamos nos programando para um novo teste seletivo em junho, queremos aumentar nosso grupo para o Campeonato Brasileiro de Futebol Americano”, conta. Lorena Laska
Ufpr legends contra curitiba predadores
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Curitiba, terça-feira, 29 de maio de 2012
Não tive sucesso logo na primeira vez que tentei encontrar Marco. Era uma terçafeira pela manhã quando cheguei à Vinyl Club, sua loja de discos, e o que encontrei foi a porta de vidro fechada e as luzes apagadas. Decidi esperar por algum tempo, imaginando que o dono poderia chegar perto da hora do almoço. Durante a minha espera, um senhor de idade avançada vestido numa jaqueta de couro transitava de um lado para o outro do corredor da galeria, localizada na esquina da Ébano Pereira com a Cruz Machado. Ia até a beira da rua, fumava um cigarro, olhava as vitrines. Fazia o tipo de um roqueiro antigo, como se fosse um integrante de alguma banda de rock local, como o Blindagem. Quando eu já deixava o local conformado por ter que voltar novamente no dia seguinte, o velho me abordou. - Também está esperando o Marco? Respondi afirmativamente, explicando que, segundo a dona da loja da frente – também especializada em discos – Marco estava doente e não viria abrir a loja naquele dia. O velho soltou um suspiro de frustração. Me contou que era compositor e amigo de Marco, e que tinha ido apenas fazer uma visita. Até então, eu só havia entrado em contato com Marco pelo telefone, e o encontro com o compositor serviu apenas para reforçar uma ideia que eu fazia a respeito dele: um velho roqueiro colecionador de discos. Alguns dias depois, desci próximo à Biblioteca Pública e caminhei duas quadras até a galeria. De longe percebi as luzes da loja acesas, mesmo que isso não mudasse muito os tons bege e cinza das paredes e piso do estabelecimento, respectivamente. O ambiente só ganha colorido pelas capas e mais capas de discos espalhadas por toda a parte. Atrás do balcão, porém, o sujeito que me esperava não tinha tantas rugas assim e também não fazia o tipo “integrante do Blindagem”. Perto dos 4o anos, Marcos Antônio Cunha é esguio e tem os braços parcialmente tatuados. Quando fala, se expressa em alto volume, pausada e claramente, sem esconder o sotaque carioca de Niterói, sua cidade natal. Fisicamente, a Vinyl Club não passa de uma sala retangular de, no máximo, 40 metros quadrados. Nas duas paredes mais longas do retângulo estão encostadas as prateleiras, negras como vinil, mas coloridas pelas capas de discos. No fundo da loja, apertada entre o balcão e a parede, uma misteriosa escada em espiral que sobe até um estoque, possivelmente.
Algumas camisetas de bandas e uma geladeira antiga preenchem o resto do ambiente. Quase todos os elementos que compõem a sala parecem estar juntos, ao máximo, das paredes. Obviamente, pelo bem da circulação dos visitantes. Mas olhando bem, parece mesmo que tudo se afasta para dar espaço ao objeto principal. Como o Sol de um sistema solar, cercado por objetos que certamente não sobreviveriam sem a sua existência, no meio da sala fica a vitrola. Ao invés de luz e calor, o som, acompanhado pelo chiado discreto e charmoso da agulha que toca o vinil. As personalidades de Marco Antônio Cunha e da Vinyl Club se confundem num certo desleixo. Se o lojista me surpreendeu por ser relativamente jovem, a loja, apesar de parecer um ponto tradicional e antigo de encontro entre colecionadores, tem apenas oito anos de funcionamento. O local não costuma abrir cedo, e nem tem horários de funcionamento bem definidos. O dono não gosta de acordar cedo e também não está sempre em Curitiba. Participa, eventualmente, de alguns encontros de colecionadores de discos pelo Brasil afora. Às vezes viaja apenas para buscar novos vinis, sejam eles para o acervo da loja ou para a coleção própria. Inevitavelmente a Vinyl Club se tornou referência em Curitiba quando o assunto é elepês. Não tem o maior acervo e talvez nem o mais caro. Têm, sim, discos valiosos, como o do grupo argentino Aeroblus, avaliado em 800 reais. Mas o diferencial se faz justamente na comunicabilidade de Marco. Quando adquiriu o ponto, em 2003, mobilizou-se para que aquela galeria fosse ocupada em suas quatro lojas por comerciantes de discos. Teve resposta negativa da maioria dos comerciantes, todos julgando prejudicial à concorrência. - Veja só que pensamento pequeno. Todos esses caras estavam enganados, se essa galeria fosse só de lojas de discos a gente teria um movimento bem maior. Você vê aí a Rua Teffé, que tem várias lojas de sapatos e nenhuma quebra a outra. Tem a Riachuelo, que no meu tempo era rua de prostituição, agora tem uma série de lojas de móveis. Tem umas coisas que eu não consigo entender no curitibano. Marco vive em Curitiba desde 1986, ano em que seu time, o Botafogo, voltava a ganhar um título no Rio. O último havia sido um ano antes dele nascer, no Carioca de 68. Com mais de 20 anos em Curitiba, ele criou certa identificação com a cidade. Indigna-o saber que seu amigo pessoal Waltel Branco, maestro nascido em Paranaguá, dono de brilhante carreira musical no Brasil, seja pouco reconhecido na capital. Guarda com carinho um disco de Waltel autografado, exposto num lugar privilegiado da parede à direita de quem entra. Na parede atrás do balcão, há alguns CDs. À primeira vista estranhei, pois colecionadores costumam ser até certo ponto xiitas, resistentes às tecnologias que substituíram os LPs. Mas quando me aproximei, percebi que todos eles pertenciam a bandas ou artistas curitibanos. - É a maneira que encontro de fazer o que os próprios curitibanos não fazem: valorizar o que é próprio daqui.
Na vitrola Matheus Chequim
Enquanto Marco falava, entrou na loja um sujeito de pouca altura, pele quase parda e dentes tortos. Cumprimentou o dono com um aperto de mão e um leve abraço. Ele era Jotapê, cineasta curitibano pouco conhecido, mas que, conforme me apresentou Marco, ganhou alguma notoriedade no underground por ter dirigido um documentário chamado “O Argentino que Derreteu a Jules Rimet”. O nome me soou familiar, então Marco me mostrou que uma cópia em DVD do filme estava exposto na pequena vitrine abaixo do balcão, junto a uma camisa do New York Cosmos, um rádio antigo, algumas flâmulas, uma câmera Super-8 entre outros objetos relacionados a futebol, como um filme da Copa de 70. Perguntei se todas aquelas coisas também estavam à venda. Marco riu. - Isso aqui é o seguinte, todo mundo que vem aqui quer comprar flâmula, quer comprar camisa, o rádio, a câmera, mas ninguém compra a porra do filme! É a única coisa que quero vender. O resto é só pra fazer o cenário. Jotapê e Marco começaram a conversar sobre um assunto qualquer, enquanto eu observava com mais atenção os cartazes de bandas curitibanas que estampavam a porta de vidro da loja. Parecia que era um bom momento para sair de fininho, deixar a conversa dos dois ir longe. Em certo momento, Marco notou minha postura de observador e fez questão de interromper, dizendo tudo que eu tentava traduzir daquele momento. - Cara, sabe por que as pessoas vêm comprar aqui? Primeiro porque nas megastores ainda não tem vinil. Segundo, por causa dessa relação com as pessoas. Numa megastore você não tem uma intimidade maior com o lojista como numa loja pequena. Aqui na verdade eu fiz amigos, não fiz clientes. Então tem gente que tá estressada no dia-a-dia e dá uma passadinha aqui, vem com uma caixinha de cerveja, joga nessa geladeira, e fica batendo papo. Depois vai pra casa. Aqui é mais um ponto de encontro do que uma loja mesmo. Eu acho que bato mais papo do que vendo disco. Marco falou aquilo com uma sinceridade tão grande que, mesmo vendo de fora, pude compreender a essência de tudo aquilo. Os discos, os encartes, o chiado do vinil, as coleções, as fotos. Tudo podia ser apenas um “cenário” de preferência dos aficcionados por música. A Vinyl Club é, sim, um ponto de encontro de colecionadores, mas antes disso, um ponto de encontro de pessoas. Já estava escuro lá fora, então me despedi de Marco e Jotapê e segui a direção do vento encanado na rua Ébano Pereira. Passei por dois ou três cafés, mas ainda pensava na cerveja e num disco dos Mutantes.