LONA 743 - 13/09/2012

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Curitiba, quinta-feira, 13 de setembro de 2012

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Curitiba, quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Ano XIII - Número 743 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo

Diego Henrique da Silva

Ingredientes e calorias podem fazer parte de cardápio

A voz de Monteiro Lobato

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OPINIÃO Ratinho Jr. ganha destaque e assusta

Projetos de leis em trâmite na Câmara Municipal de Curitiba e na Assembleia Legislativa do Paraná preveem fornecimento de informações nutricionais nos cardápios de bares, restaurantes e lanchonetes

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concorrentes pág. 3

EDITORIAL

Obra de Monteiro Lobato está em discussão no STF

A internet como

O Supremo Tribunal Federal ainda não chegou a uma conclusão sobre as acusações ao livro “Caçadas de Pedrinho”. Citações sobre a personagem Tia Anastácia foram consideradas racistas por pesquisadores.

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mobilizadora social


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Curitiba, quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Editorial

Internet e mudança Pesquisas revelaram que o número de pessoas que praticam ou já praticaram trabalhos voluntários tem crescido, não só no Brasil, mas no mundo: um em cada quatro brasileiros já se envolveu com ações voluntárias; mais de 60 milhões de americanos dedicam parte do seu tempo a alguma causa; a União Europeia tem diversos programas de incentivo ao voluntariado. Desde empresas responsáveis, até iniciativas independentes, cada vez mais, organizações que visam ajudar o planeta, tanto no que diz respeito a causas ambientais quanto sociais, têm surgido. O problema é que ainda existe um abismo entre quem precisa de ajuda e quem quer ajudar. Uma ferramenta amplamente utilizada na busca por verdadeiras revoluções é a internet, onde podemos encontrar, através de sites ou redes sociais, muitas formas de ajudar pessoas de diferentes idades e gêneros, animais de diversas espécies, ou o próprio planeta. Mesmo que a internet seja questionada com relação à credibilidade de suas informações, é indiscutível seu poder de mobilização e transformação. A rápida propagação e repercussão dos fatos no mundo virtual permitem que, com apenas um clique, nós possamos colaborar na busca por um mundo melhor. Até mesmo o Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos e ativista ecológico, declarou que as novas formas de mobilização são inspiradoras e têm realmente feito a diferença. Recentemente, uma campanha foi lançada para ajudar Rimsha Masih, uma paquistanesa de 14 anos, com distúrbio mental, acusada de blasfêmia, crime sujeito à pena de morte. Diversas pessoas, de diferentes lugares do mundo reagiram diante do fato: em menos de duas semanas, mais de um milhão de pessoas assinaram a petição, protestos em defesa de Rimsha foram realizados. O movimento teve um resultado positivo, a menina foi solta sob fiança. Mais um caso de sucesso que revela a força de movimento e mudança da internet. No último ano, assistimos à queda de regimes totalitários de países como Tunísia, Egito e Líbia, sendo a internet via de propagação de ideias opositoras ao governo e impulsionadora de vários atos de manifestação. Se tal ferramenta teve o poder de influenciar a derrubada de estruturas tão consolidadas, o que ela não pode fazer pelo mundo?

Expediente Reitor: José Pio Martins | Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração: Arno Gnoatto | Pró-Reitora Acadêmica: Marcia Sebastiani | Coordenadora do Curso de Jornalismo: Maria Zaclis Veiga Ferreira | Professores-orientadores: Emerson Castro e Marcelo Lima | Editoreschefes: Gustavo Panacioni, Vitória Peluso e Renata Silva Pinto| Editorial: Ana Carolina Toledo O LONA é o jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo. Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300 - Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba PR. CEP: 81280-30 - Fone: (41) 3317-3044.

Opinião

O rato está roendo a roupa do rei de Curitiba Larissa Mayra de Lima

A disputa pela prefeitura de Curitiba está concorrida. Quatro candidatos possuem uma quantidade grande de votos. Ratinho Junior (PSC) é a grande surpresa da campanha. Ele chegou de mansinho, foi conquistando votos e na pesquisa do dia 28/08, realizada pelo Datafolha, obteve uma porcentagem de votos 28% contra 23% do atual prefeito Luciano Ducci, liderando a campanha. O desespero dos adversários do Ratinho Junior é grande. Para tentar derrubar a campanha do candidato do PSC, muitas acusações estão sendo protocoladas contra a sua candidatura na Justiça Eleitoral, colocando-o na liderança de acusações. Luciano Ducci é o que mais está acusando e isso não é uma coincidência. Parece que o “rei” de Curitiba está com medo de ter suas vestes roídas. As críticas à campanha de Ratinho Junior são muitas, principalmente por ele ser filho do apresentador de TV, o Ratinho. Porém, não acredito que é apenas o ‘’JUNIOR’’ o responsável por manter o candidato na liderança. Visualmente falando, a campanha de Ratinho tem uma proposta diferente, com desenhos coloridos, passando a ideia de algo novo. Imagino que muitos compreenderam isso como algo positivo. Que ele é POP, isso não há dúvidas. Sua campanha está baseada no povão, coisa que muitos candidatos não conseguem fazer com naturalidade. Nem sempre pegar a criança fofinha no colo é o suficiente para conquistar o eleitorado. Para piorar a situação de Luciano Dutti, a antipatia do eleitor curitibano com a sua pessoa. Pelo fato de ele assumir o cargo que antes pertencia ao Beto Richa, os eleitores o veem como um estranho. As pessoas desconfiam da sua capacidade, pois Ducci sempre esteve estruturado na figura de Beto Richa. A tentativa de conseguir eleitores através da imagem do governador não vem se mostrando uma escolha eficiente. Nessa corrida eleitoral, o fato é que o Ratinho Júnior está à solta, causando espanto e querendo roer tudo o que há pela frente.

A ascensão de Ratinho Júnior João Lemos

No início das campanhas eleitorais para a prefeitura de Curitiba, os candidatos Luciano Ducci (PSB) e Gustavo Fruet (PDT), rivais que vinham se atacando desde muito tempo, eram tidos como os únicos possíveis vencedores. Entretanto, um nome inesperado vem avançando gradativamente nas pesquisas, roubando espaço e representando uma forte ameaça aos adversários: Ratinho Júnior. Apesar de pertencer a um partido de pouquíssima importância, o PSC, o herdeiro da Rede Massa conquistou a confiança dos curitibanos (ou, pelo menos, de quase 30% deles, como mostram as pesquisas) e deixou Ducci e Fruet em desvantagem. Qual será a razão de tamanha popularidade? A coligação à qual Ratinho pertence certamente não é. Alguns afirmam que o fato de ele ser filho que um grande ícone da televisão brasileira tem sido o maior responsável pelo seu sucesso. Entretanto, embora isso possa ter algum fundamento, é bem provável que o Sr. Massa não tenha tantos adeptos em Curitiba, que sejam capazes de fazer de seu filho o novo prefeito da capital. Desse modo, é bem mais fácil atribuir os resultados das pesquisas à bela campanha que Ratinho Junior vem fazendo. Dentre suas inovadoras propostas, ele pretende aprimorar o sistema de transporte curitibano por meio do uso de tecnologias nunca antes pensadas, como equipamentos de GPS nos ônibus para monitorar a frota. É por esse tipo de política que a população espera, especialmente a curitibana, que está cansada do governo atual e que, por isso, sonha com grandes mudanças. Apesar de os três principais candidatos à prefeitura permanecerem tecnicamente empatados, o atual deputado federal promete conquistar ainda mais votos, a exemplo da sua notável evolução verificada nas últimas pesquisas. Restará aos agora rivais Luciano Ducci e Gustavo Fruet darem continuidade à luta, em busca de uma vaga para o segundo turno.


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Curitiba, quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Projetos de leis propõem mudanças a estabelecimentos Restaurantes, bares e todos os locais que comercializam alimentos devem informar calorias e todos os ingredientes Vitoria Peluso

A especificação dos ingredientes presentes nos alimentos pode ser tornar obrigatório para estabelecimentos comerciais que preparam os produtos nos locais. O projeto de lei foi sugerido e ainda está tramitando na Câmara Municipal de Curitiba. De acordo com o projeto, a intenção é que as informações sejam apresentadas aos consumidores nos cardápios ou nos sites dos bares, restaurantes, lanchonetes, confeitarias e padarias. Os produtos devem ser identificados com nome e as informações sobre os ingredientes usados no alimento, tanto os industrializados quanto os naturais, os complementos e os temperos. Os itens que podem causar algum problema à saúde do consumidor também devem estar identificados como, por exemplo, a presença de glúten, gordura lactose, açúcar, carnes e demais ingredientes de origem animal. Para o diretor executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abra-

sel-PR), Luciano Ferreira Bartolomeu, ter que especificar todos os alimentos que compõem um prato vai atrapalhar o trabalho dos estabelecimentos na elaboração dos cardápios e na execução das receitas. “Se faltar um ingrediente do prato, o local vai ter alternar o cardápio naquele dia o que é um problema”, exemplifica o diretor. No caso de não-cumprimento dessas exigências, caso a lei seja aprovada, primeiramente o estabelecimento será advertido e caso volte a descumprir haverá uma multa de R$ 500. Calorias dos alimentos Além do projeto da Câmara Municipal, outra lei relacionada aos alimentos deve entrar em vigor em todo o Paraná. Aprovado pela Assembleia Legislativa na última segunda-feira, o projeto propõe a divulgação das calorias dos alimentos. Para o deputado autor do projeto, Pastor Edson Praczyk (PRB) o objetivo é promover a conscientização das pessoas sobre seus hábitos de alimentação. Entretanto,

a Abrasel-PR não concorda com a aplicação da lei. Segundo a Abrasel, a medida não traria benefícios à população. “Os consumidores já se conscientizaram sobre o que consomem e cada um se preocupa de forma individual na hora de escolher seu prato”, acredita o diretor executivo da Abrep Luciano Ferreira Bartolomeu. De acordo com Bartolomeu, o valor calórico varia em função do produto usado e o modo de preparar o alimento, por isso dificilmente o cálculo apresentado no cardápio ou no buffet seria cor-

reto, podendo causar problemas à saúde do consumidor. “Um pessoa que está de dieta ou tem algum problema de saúde pode ser prejudicado, pois a informação não será exata”, afirma. Bartolomeu diz que quando se trata de ingredientes industrializados fica mais fácil de informar suas calorias ao consumidor, por que os dados estão na embalagem, mas quando o produto é feito no estabelecimento isso não é possível. “Mesmo as informações que vem nas embalagens nós devemos desconfiar, imagina um cálculo feito

em um restaurante ou bar”, defende. Segundo Bartolomeu, a Abrasel acredita que esse projeto é importante, mas desnecessário devido os problemas apresentados para a realização dos cálculos calóricos. Além disso, o diretor aponta que como o projeto irá afetar mais de 50 mil empresas no Paraná deve haver uma fiscalização compatível dos estabelecimentos. “A fiscalização do cumprimento da lei deve ser feita igualmente em todos os locais para que a lei seja cumprida”, afirma o diretor executivo. Diego Henrique da Silva


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Curitiba, quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Livro de Monteiro Lobato provoca discussões Supremo Tribunal Federal não decidiu se a obra “Caçadas de Pedrinho” é ou não racista. A audiência foi adiada para o próximo dia 25 Gustavo Panacioni

Na última terça-feira (11), o Supremo Tribunal Federal (STF) realizou a audiência para decidir sobre a adoção do livro “Caçadas de Pedrinho”, de Monteiro Lobato, em escolas públicas. O Ministério da Educação não acha que o conteúdo do livro seja racista, mas o Instituto de Advocacia Racial recorreu. A audiência terminou sem acordo e, caso o impasse continue, a decisão deverá ser feita pelos ministros. A polêmica começou em 2010 quando um pesquisador pediu uma avaliação da obra e apontou trechos em que Tia Anastácia, personagem do livro, é citada de maneira que pode incentivar o preconceito racial. Em um dos casos, a cozinheira do Sítio do Picapau Amarelo é chamada de “macaca de carvão”. A preocupação de manter um livro com essas citações é provocar discriminação nas escolas brasileiras que adotam a lista de livros do Ministério da Educação. Rene Wagner Ramos, coordenador de pesquisas educacionais da Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED-PR), explica que pedir a exclusão de um livro da lista

do Ministério da Educação é uma decisão que precisa ser tomada com cautela. “Retirar o livro da prateleira é muito delicado. A não ser em casos graves de erros gramaticais e conceituais”, explica Ramos. No caso do livro “Caçadas de Pedrinho”, o coordenador defende que os professores expliquem e contextualizem a obra aos alunos. “Qualquer obra que você ensine, se você descontextualizar, vai causar problemas”, afirma Rene. Antonio Navarro, professor e mestre em educação também da SEED, entende que as situações descritas no livro de Monteiro Lobato podem servir para uma discussão aprofundada sobre o racismo, por exemplo. “Não é o caso de censurar, mas sim aproveitar a ocasião para discutir o que é o racismo e a discriminação étnica”, afirma Navarro. “Se você censura, você está negando o tema”, complementa o professor. Obra de arte “Os livros de Monteiro Lobato são uma obra de arte”, defende a gerente de Bibliotecas e Faróis do Saber da Secretaria Municipal de Educação da cidade de Curitiba (SME), Margareth Caldas Fuchs. De acordo com a ge-

rente, as crianças dificilmente vão perceber as declarações da Emília, personagem do livro, como racistas. “Lemos os livros de Lobato na biblioteca e não deixamos de ler determinados trechos por causa disso”, afirma Margareth. O que pode ocorrer é de os alunos mais velhos estimularem essa discussão, e aí é dever dos professores conduzir as explicações necessárias. “O importante é termos professores capacitados para poder esclarecer”, complementa Fuchs. A voz de Lobato Nas aventuras do Sítio do Picapau Amarelo, duas personagens se destacam diante da polêmica do STF. Emília e Tia Anastácia. No livro “Caçadas de Pedrinho”, as citações polêmicas contra Tia Anastácia são de autoria da boneca de pano. De acordo com Margareth Fuchs, Monteiro Lobato sempre foi uma figura que não tinha medo de declarar suas opiniões. Emília, nas histórias do Sítio, era a voz de Monteiro Lobato. “Ele criou essa boneca para dizer tudo o que tinha para dizer”, explica Margareth. A proposta de Lobato atualmente pode parecer ra-

cista para quem ainda não teve oportunidade de entender a contextualização da obra, mas a mensagem é outra. Além de dar espaço para Emília, Monteiro Lobato também descatava a posição de Tia Anastácia e contradizia os costumes da época em que o livro foi escrito, por volta da década de 20. “Enquanto os negros estavam na cozinha, Tia Anastácia estava na sala. Ela é muito importante”, defende a gerente. Os livros de Lobato são ricos justamente por possibilitarem a percepção de visões e percepções contrastantes. “Tia Anastácia era uma personagem importante numa época em que os negros não tinham voz”, finaliza a gerente de Bibliotecas e Faróis do Saber de Curitiba. De ponto de vista constitucional há um compromisso de construir um material didático que não reforce discriminações, como explica Marcilene Garcia de Souza, doutora em sociologia e Presidente do Instituto de Pesquisa da Afrodescendência (Ipad). “Temos que ter um olhar atento sobre a diversidade e, assim, uma educação que valorize a adversidade”. Para a socióloga, a discussão em torno do livro de Monteiro Lobato é essencial para um debate abrangente de

educação. “O interessante é a discussão do debate de educação no Brasil e a avaliação da adversidade étnico-racial”, afirma Marcilene. Além do debate em torno do impacto que isso provoca nos estudantes, deve-se pensar também em como a polêmica pode contribuir para uma renovação da produção dos livros atuais. “Imagina o impacto disso para qualquer autor que está produzindo um livro hoje?”, indaga a ativista. Monteiro Lobato é um dos precursores e expoentes da literatura infanto-juvenil. “Falar sobre a importância das obras de Monteiro Lobato é tornar-se repetitivo”, afirma o mestre em educação Antonio Navarro. Na Biblioteca Pública de Curitiba as obras do escritor estão entre as mais lidas. Para Margareth Fuchs, “não há como mexer nessas obras. Ela existe justamente para estimular discussões importantes”. Uma nova reunião está marcada para o dia 25 de setembro e caso nada seja decidido, os ministros do Supremo podem decidir o destino do livro de Monteiro Lobato. O livro Caçadas de Pedrinho foi publicado em 1933 e é leitura obrigatória de acordo com o Ministério da Educação.


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