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Yomamis Projeto Colaborativo

12 mĂŁes e muitos segredos Relatos de amor e partos



12 mรฃes e muitos segredos Relatos de amor e partos

Ana Luzia Pimentel | Bruna Bergheme Passos | Catarina Alves de A. Barreto Jordana Brock Carneiro | Laura Fischer Queiroz | Liziane Rosental Netto Lorena Assis de Carvalho | Mariana Freitas Pinheiro | Natรกlia Rosatti Rafaele Costal | Rita de Cรกssia Souza Ribeiro Torres | Tatiana Alvisi

2016


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Índice Prefácio ................................................................... 03 Família Yomamis ....................................................... 06 Ágatha .................................................................... 07 Pietra ...................................................................... 10 Giovanna ................................................................. 13 Akin ........................................................................ 20 Cecília ..................................................................... 22 Martina ................................................................... 24 Maria Julia ............................................................... 27 Lola ........................................................................ 29 Maria ...................................................................... 32 Noah ...................................................................... 34 Sophia .................................................................... 37 Gustavo .................................................................. 42 Fala Papai ................................................................ 43 01 ano de Yomamis .................................................. 46


Prefácio Os primeiros grupos de alunas (não grávidas) começaram a surgir em 2008, com o intuito de trocarmos informações sobre cursos, yoga, viagens, família, culinária e tantos outros assuntos que eram debatidos apenas por email ou facebook. Depois vieram os grupos de gestantes. Alunas que tinham tanto assunto que só o momento das aulas não dava conta. Com tanta demanda e necessidade de maior contato, criei grupos no whatsapp e assim podiam conversar sempre que quisessem e precisassem. O pensamento era que pudessem se apoiar. Sempre que eu podia, influenciava a discussão sobre o quanto o momento que estavam vivenciando e como a chegada de um bebê poderia ser diferente do que a sociedade está acostumada. Aquele espaço era delas e o respeito deveria existir independente da escolha de cada uma. Mas debater e se informar era o passo mais importante e foi o que aconteceu e acontece até hoje. Respeito e crescimento e eu em aprendizado constante... Os assuntos eram diversos, desde a dificuldade de pegar um objeto no chão por conta do tamanho da barriga, até um pedido de oração para aquela que estivesse sentindo as primeiras contrações. Um espaço em que podiam gritar, chorar e ter crises de riso ao mesmo tempo. E munidas de informação iam passando a mensagem adiante para mulheres de fora do grupo, de que o parto pode e deve ser com total respeito, que informações que chegam para as mulheres como a que só existe uma maneira para um bebê chegar ao mundo deveria ser questionada, que não necessariamente existe uma melhor maneira para todas. Sempre quis que entendessem que poderia ser diferente e inesquecível e para isso era necessário conhecer bons profissionais, frequentar palestras, rodas, conhecer pessoas que acreditassem no potencial e força da mulher. O que eu não imaginava era que esse apoio seria por tanto tempo, pela manhã, tarde, 4

noite e finais de semana (risos). Era todo tipo de assunto: medos, questionamentos, dúvidas sobre obstetras, hospitais, tipos de parto, posições para parir, busca pelo apoio do marido, chateações com o trabalho (algumas queriam abandonar e outras abandonaram), reclamações desde a dificuldade para encontrar uma posição pra dormir até a quantidade de exames pra fazer, reforma no apartamento e queixas de amigos e familiares que não apoiavam suas escolhas. Depois vieram as comemorações para cada bebê que nascia, para cada mulher que se tornava mãe e para cada homem que se tornava pai. Vieram também as madrugadas regadas a bastante leite, cólicas e fotos (muitas fotos) de seios, mamilos, modelos de sutiã, bumbum de bebê, coco de bebê (todas as cores e formatos rs) posição que o bebê dorme, fraldas que mais usam, sling e wrap (todas as amarrações, formatos e vídeos ensinando), depois o carrinho do bebê, a difícil tarefa de se identificar com um pediatra e de encontrar um que apoie de verdade a amamentação, noites sem dormir por passarem horas olhando um ser que estava há pouco tempo dentro da barriga protegido e agora estava do lado de fora. Um ser que tem tanta coisa nova pra ensinar a essa mãe e tanta coisa pra aprender nesse novo mundo, que não tem mais o mesmo silêncio de dentro da barriga. O silêncio que também era vivenciado pelas mães no relaxamento na aula de Yoga (onde eu me enchia de vida com cada sorriso discreto que elas davam em cada chute do bebê). O momento agora era de dois seres se conhecerem e de tentarem entender esse


coisa que elas quiserem, inclusive em um livro. Foi o que me ensinaram. Se o pensamento principal era que elas se fortalecessem como mães e mulheres, então deu certo. O tanto de coisa que aconteceu nesse tempo e ainda acontece até hoje, me fascina. Uma mulher pode ter um coração batendo dentro dela, além do seu. Gerar uma vida no seu ventre. Não sei o que pode ser mais mágico do que isso. "A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original." (Albert Einstein) amor louco e avassalador que todas estavam conhecendo. Os primeiros encontros foram surgindo, os abraços e olhares cheios de respeito, carinho e de muita saudade por aquelas mulheres que se apoiaram em uma das fases mais desafiadoras de suas vidas, cuidar de outra vida. Logo os bebês estavam interagindo, vieram os mensários, os maridos se conhecendo, algumas voltando ao trabalho, outras ainda sem data e outras mudando de profissão, debates sobre o futuro, creche, babás, família, introdução alimentar e mais fotos de cocô de bebê (muitas fotos rs), fotos dos bebês comendo, conversas sobre hormônios, sexo, novos projetos de trabalho, mestrado, doutorado (sim doutorado rs), praia, cinema, teatro, pediatras encrencando com peso e crescimento dos bebês, polêmicas sobre vacinas, bebês engatinhando, rasgando rolo de papel higiênico, explorando, dando os primeiros passos e muitas, muitas lágrimas com risos e gargalhadas. As comemorações não eram mais as mesmas, passaram a ter muitos bebês (era uma das coisas que eu pensava, como seria bom comemorar e ter bebês muitos bebês, já que algumas festas infantis só vemos adultos). Os maridos (pais incríveis que passei a admirar muito) passaram a ter companhia pra falar dos mesmos assuntos e elas, as mães, essas se ajudam desde o empréstimo de roupa, até o bolo, os arranjos de flores de papel, os salgados, os doces, entre tantas outras coisas. Um grupo que começa para mulheres se apoiarem pode se transformar em qualquer

Namaste!

Beta Roberta Andrade Ramalho Professora de Yoga desde 2007, especializada em Yoga para Mulheres e Gestantes, estudante de Fisioterapia e Administradora.

Fotos: Nti Uirá (https://www.facebook.com/uirafotografia)

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Família Yomamis O poeta uma vez disse que “é impossível ser feliz sozinho”. E realmente sempre nos relacionamos com outras pessoas, às vezes por escolha, por conta do trabalho/estudos, pela família... O fato é que quem nos rodeia tem algum tipo de afinidade com a gente, seja na personalidade ou nas crenças e tê-las com a gente deixa a vida mais leve. Pois bem, acho que posso falar por todas nós quando digo que nunca imaginei as proporções que esse grupo de 12 mamães ia tomar. Mas também acho que não poderia ser diferente. O que nos uniu, e nos mantém unidas, é o amor por nossos filhos. Se no início buscamos uma aula de yoga pra prepararmos corpo, mente e alma pra esses pequenos seres que agora são o centro do nosso universo, a vontade de fazer o melhor por cada um deles nos mantém juntas. Todas ouvimos que a maternidade é um dom, uma delicia, uma coisa natural e que nos c o m p l e t a . To d o m u n d o c o n h e c e u a maternidade através dos olhos do romantismo. A maternidade é sim sublime e maravilhosa, mas também é cheia de obstáculos, dúvidas, lágrimas e medo. O puerpério, para a esmagadora maioria de nós, é um período obscuro, enlouquecedor. E passar por isso de mãos dadas fez toda a diferença. Olhando para esse 01 ano juntas, fico

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Nós passamos por muitas coisas. Muitas ruins, e outras tantas maravilhosas. Mas o importante é que passamos juntas.

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imaginando as mães que passam por isso sozinhas. Isso não devia acontecer. Se todas pudessem ter a cumplicidade, o ombro, a tela do whatsapp (rsrs) de outras mães na mesma situação, como temos graças a Beta, iriam descobrir que não é a única que não consegue amamentar, que seu bebê não é o único que acorda de hora em hora na madrugada. Não se sentiria a pior mãe do mundo por não saber o que aquele choro agudo significa, ou ao se deparar com aquele momento em que tudo que se quer é sair correndo de casa e deixar pai, bebê, sogra, mãe, tia pra trás. Nós passamos por muitas coisas. Muitas ruins, e outras tantas maravilhosas. Mas o importante é que passamos juntas. Nos apoiamos, nos demos suporte, respeitamos as decisões e escolhas de cada uma e nos amamos. Amamos o que esse grupo se tornou. Perceba que no início foi um estranhamento ser “agrupadas” com outras tantas “conhecidas”, e algumas desconhecidas também, mas no fim das contas esse grupo foi fundamental pra nos aceitarmos como mães, mulheres, seres que não precisam saber tudo e aguentar tudo por conta da maternidade. Esse grupo nos mostrou o lado humano da maternidade. Aquela que tem medo, que erra tentando acertar e que não é dona da verdade. E se ver pelos olhos umas das outras é o que tem tornado a experiência da maternidade maravilhosa, divina, natural e deliciosa.


Catarina, Anderson

e Ágatha Chorei e repetia: Bem vinda Ágatha! Bem vinda minha princesa! Seja bem vinda! Sentia a alegria e vibração de Anderson nos acolhendo, ele cortou o cordão, ficamos admirando.

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Comecei a escrever esse relato um dia depois de ter entrado no grupo mamães do yoga criado porBeta em 26 de Março de 2015, Ágatha tinha um mês de vida, terminei no dia 30.03.2015 O parto foi lindo! É uma emoção indescritível!Tive certeza que estava tendo uma contração às 19h do dia 25 de fevereiro de 2015. Comeceia marcar o tempo para ver quando estaria tendo 3 em 10 minutos. Lembrei de Beta, professora deyoga, falando pra dormir e descansar, mas não conseguia nem cochilar que já vinha outra. Jápassava de 1:00 e as contrações estavam acontecendo em intervalos de 3, 4 min e ficando maisintensas como uma cólica bem forte. Acordei Anderson (pai) e Leilane (tia), arrumamos tudo efomos para o Centro de Parto Normal–CPN, da Mansão do Caminho. No caminho acelerou bastantee cheguei lá +/- às 2:30 do dia 26, tendo uma contração atrás da outra. Fui avaliada e estavasomente com 2,5 cm de dilatação. Então me acolheram, mas não internaram. Ficamos no quarto 1tomei um banho quente, relaxei um pouco e... Chegou

outra gestante com 6 cm de dilatação já emTrabalho de Parto. Tive que ceder o quarto para internarem ela e fiquei na recepção. Meus paistambém foram para lá, uma das auxiliares não gostou, pois eu não estava internada e não era horáriode visita, com isso ficamos todos na recepção. A doula da outra gestante chegou com uma aprendizque se ofereceu para me ajudar. Ensinou umas massagens para minha mãe e irmã, emprestou umabola, me ofereceu rapadura, foi atenciosa e legal. Ficamos na recepção até umas 8:30h +/- quandofui encaminhada à sala das vacinas para esperar vagar um quarto. Já estava bem cansada e o arcondicionado dessa sala não estava me ajudando, não demoroumuito chegou ajuda, um anjo chamado Flor, doula voluntária do CPN, se apresentou disse que iriame ajudar (e ajudou). Percebeu que eu estava pálida e abatida tentou me aquecer, fez massagem eajudou-me a rebolar durante as contrações. Finalmente um dos quartos foi liberado, fui internada noquarto 4. Fui para o chuveiro, tomei suco, comi mais rapadura, melhorei. As contrações foramficando mais fortes. Passei a maior parte do tempo com os olhos fechados, suportando a dor,concentrada na respiração e no que me orientavam. Já estava bem cansada e procurava ter forçaspra chegar ao final. Me avaliaram pela 3ª vez, já estava com 8 cm de dilatação! (Ufa! E agora? O“bicho” vai pegar ainda mais? - Fiquei surpresa, feliz e um pouco apreensiva). Ouvia Flor dizer quea bebê estava fazendo o movimento certo, estava achando o caminho. Pensava meu(tem um pontono m e outro antes do Daí)Deus, que ela ache logo! Daí o “bicho” pegou, as dores já estavam quaseinsuportáveis, minhas pernas já não sentia, fui tomar outra chuveirada quente. Quando voltei, oquarto tinha um cheiro 3 estranho, ruim. Questionei que fedor era 7


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(...) não demorou muito chegou ajuda, um anjo chamado Flor, doula voluntária do CPN. Se apresentou e disse que iria me ajudar (e ajudou).

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aquele... foi um rebuliço mas estava me incomodando, atrapalhando minha concentração, não conseguia respirar fundo aquele cheiro.(Depois, soube que os meus familiares tinham comprado subway e o cheiro de um dos molhos e da cebola me incomodou, rsrs). (tá concordando com cheiro)A enfermeira Gertrudes providenciou um difusor que exalava lavanda e mudava de cor, ela colocou vermelho e pediu para fechar as cortinas. O ambiente voltou a ficar agradável e ficou mais aconchegante. Já estava no período expulsivo, tentava fazer força quando pediam mas já não tinha tanta força e as contrações eram bastante curtas. Lembrei de pedir para passarem óleo a fim de evitar laceração, acharam graça. Mantinha os olhos fechados, concentrada, mas captava algumas coisas que estavam acontecendo ao meu redor. Sentia o carinho e conforto do meu marido sentado atrás de mim no cavalinho falando palavras confortantes e de encorajamento ao meu ouvido. O apoio incondicional da minha mãe. A alegria, surpresa, admiração e expectativa da minha irmã. E todo cuidado e profissionalismo da equipe me acolhendo e sendo acolhida por meus familiares. O ambiente exalava harmonia, cooperação e energia familiar. As dores das contratações já não incomodavam tanto, sentia um ardor horrível, a pele queimava, queria gelo. Perguntei se

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podiam colocar gelo, acho que pensaram que tava delirando... Conseguiram vê o cabelo! Vibraram! Gertrudes fez um moicano, pedi para tocar e senti a cabecinha cabeluda. Queria colaborar mas só conseguia fazer força durante as contrações que não eram longas. Queria que acabasse logo, pedia pra minha filha vir logo. Apoiava os pés nos joelhos de Gertrudes, ela segurava meus pés e me incentivava a fazer força. Eu gritava e tentava expelir ao máximo, mas passava a contração a força ia, até que consegui fazer força e a cabeça saiu. Dra. Marilena estava presente, elas a puxaram e finalmente Ágatha nasceu!!! Às 12:28 do dia 26 de fevereiro Ágatha nasceu! Chorou, veio pros meus braços. Chorei e repetia: Bem vinda Ágatha! Bem vinda minha princesa! Seja bem vinda! Sentia a alegria e vibração de Anderson nos acolhendo, ele cortou o cordão, ficamos admirando. Fui para cama, limparam-naum pouco e me devolveram. Ela sorriu, ofereci o peito e ela mamou. Enquanto isso Gertrudes me costurava e explicava que havia um pouco de mecônio, por algum sofrimento, que só Deus pra dizer porquê. Elas não me falaram nada para não me preocupar mas assim que a cabeça saiu, puxaram para evitar que ela ingerisse o mecônio e o ombro dela acabou provocando uma laceração em mim. Bem, dos males o menor. Tive um parto domiciliar, na casa que escolhi, com participação dos meus pais, irmã e marido. Meu pai ficou na varanda escondido atrás da cortina, saiu quando fui para cama, dizendo que não fosse ele segurando o vento tinha aberto a cortina, rsrs. Agora depois de um ano e um mês do nascimento dela, ainda sinto a magia


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Agora depois de um ano e um mês do nascimento dela, ainda sinto a magia daquele momento, eu chorava de emoção, já não sentia nenhum incômodo só a olhava agradecendo a Deus, feliz!

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daquele momento, eu chorava de emoção, já não sentia nenhum incômodo só a olhava agradecendo a Deus, feliz! Feliz, pelo fim do sofrimento, por tê-la em meus braços, por ter conseguido parir. Esperava o turbilhão se acalmar em meu peito e minha mente, tive a certeza que era real, eu virei mãe e mais uma forma de amar nasceu. Eu a sentia penetrando e se expandindo em meu ser. Sou extremamente grata a Deus pela dádiva de me tornar mãe e por ter aceitado as aulas de yoga, presente de minha irmã, que com muito carinho deixou clara sua opção pela professora mais atenciosa e que demonstrou valores mais parecidos com os nossos. Graças a essa escolha, percebi quão leiga sobre parto eu era e fui atrás de informação. Tive certeza que não queria um parto hospitalar, conheci o CPN. Confiava em Deus e rezava para que tudo se resolvesse e pudesse parir lá. A obstetra do plano fez uma manobra na última consulta, que acelerou o nascimento dela. Fiquei chateada! Mas Deus sabe o que faz, sei que não acontecem acasos e isso foi necessário para termos o parto que tivemos, um pouco fora das regras da casa e absolutamente lindo! Acho que todos os participantes sentiam a energia boa, instalada. Havia essência de lavanda no ar, música calma, instrumental, alegre e infantil nos ouvidos, a luminosidade do sol forte do dia e o aconchego da penumbra criada do coroamento ao nascimento. Foi lindo!

Ágatha Ágatha Alves de Argôlo Barreto Pai: Anderson Soousa Barreto Mãe: Catarina Alves de Argôlo Barreto

Nascimento: 26/02/2015 Horário: 12:28 Local: CPN Medidas: 48cm / 2,680kg Obstetra: Marilena Enfermeira: Gertrudes Doula: Flor

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Lore, Renê e Pietra « Como aquele pedacinho de gente, menor que um grão de arroz, já podia fazer nossos corações transbordarem de coisa boa?

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Ouvi uma vez que quando duas pessoas se amam muito, mas muito mesmo, e esse amor não cabe mais dentro dessas duas pessoas, um novo ser é gerado, pra guardar mais desse amor que só faz crescer. E assim, filha, você foi gerada. Papai e mamãe se amaram (e se amam) tanto que precisavam de mais um corpo pra preencher com todo esse amor. Foram muitos anos sonhando com sua chegada. Sonhando em como você seria. Teria olhinhos puxados? Cabelos lisos ou cacheados? Seria bochechuda? Não tínhamos certeza de nada, apenas certeza absoluta que você seria a concretização da nossa felicidade. A personificação do nosso amor. Assim, 9 anos cultivando o amor em nossos corpos, descobrimos que você estava a caminho. Como aquele pedacinho de gente, menor que um grão de arroz, já podia fazer nossos corações transbordarem de coisa boa? Todos ao nosso redor ficaram radiantes com a notícia de que um 'bebê bigus' já já chegaria em nossas vidas. Mamãe preparou corpo e alma para receber você. Queria que você chegasse nesse mundo da melhor forma possível e que se sentisse acolhida e amada, acima de tudo. Fiz yoga, estudei sobre parto, sobre amamentação, sobre cuidados com bebês. Fiz dieta no último trimestre de gestação. Consultei tia Sasá, peguei várias dicas e brincamos que ela viria fazer seu parto aqui em Salvador. Vovó Lu sempre diz que a palavra tem poder, e não é que é verdade? Então, 38 semanas e 6 dias crescendo na barriga da mamãe, você decidiu estrear nesse mundo. Era 21 de março de 2015. Papai faria aniversário dali a 02 dias. Tia Sasá estava

hospedada em nossa casa. Na noite anterior estávamos fazendo um caruru pra ela. Os primos do papai iriam almoçar lá em casa no dia seguinte. Depois de cortar bastante cebola e coentro, fui tomar um banho, pois estava me sentindo cansada. Deitei e tia Sasá veio me ver. Disse que eu descansasse porque aquele barrigão realmente pesava. Obedeci. Lá pelas 3 da madrugada comecei a sentir uma colicazinha. Será que era você querendo nascer? Fui para o sofá, liguei a TV e comecei a monitorar as dores. Eram fracas, irregulares, não eram contrações ainda. Às 5hs fui fazer xixi e vi um pouquinho de sangue. Chamei o papai e falei que estava com um pouquinho de dor e que saiu um pouquinho de sangue. Acho que ele estava dormindo e não ouviu direito (rsrsrs) disse que provavelmente era fome. “Vamos esperar Samira acordar e perguntar a ela. Você aguenta esperar?” “Acho que sim!”. Papai voltou a dormir, eu tomei um banho e voltei para a TV. Tomei um café da manhã bem reforçado e continuei a monitorar a cólica. Lá pelas 10hs as dores aumentaram. Bem nessa hora papai e tia Sasá acordaram. Perguntei a ela se já estava na hora. Ela disse que eu estava em falso trabalho de parto e essa dorzinha podia durar semanas... (O QUE?? COMO ASSIM??) Vamos descansar!!! Vovó Lu, que chegaria de Aracaju dali dois dias para esperar a sua chegada, foi avisada de que estávamos quase prontas. “É pra ir praí agora??” “Espera mais um pouco mãe. Samira disse que talvez não nasça hoje”. Os primos de papai começaram a chegar pra comer o caruru e as dores foram aumentando!


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Desativei o disjuntor umas 3 vezes. Gritava pra papai religar a água quente!! E lá no chuveiro meu tampão saiu.

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Às 14hs tia Sasá voltou (da sala rsrs) pra nos ver. As dores estavam mais fortes e regulares e eu só queria ficar deitada e agarrada ao travesseiro. Estávamos tendo contrações ritmadas! Tia Sasá explicou que se quiséssemos ter um parto normal (como eu tinha me preparado a gestação inteira pra ter, e isso merece um relato à parte) deveríamos chegar ao hospital com pelo menos 5 cm de dilatação. Menos que isso seríamos mandados de volta pra casa ou encaminhados para um cesárea. Esperaremos, então! Assim tia Sasá foi nos monitorando, mamãe mordia o travesseiro e papai fazia sala para os primos (lembra que a casa estava cheia?). Fui pro chuveiro e lá fiquei com água quente caindo nas costas pra aliviar as dores. Desativei o disjuntor umas 3 vezes. Gritava pra papai religar a água quente!! E lá no chuveiro meu tampão saiu. “Sá! Meu tampão saiu!!!!!!!!!!!!!!!” “Vamos fazer um exame de toque e ver como está sua dilatação. 6cm de dilatação. Está evoluindo rápido. Vamos pro hospital! Renê, as malas estão prontas?” “Estão sim” “A sua também?” “A minha? A minha não.” “Corre, faz sua mala. Você vai ficar lá com ela! Almoça correndo também.” Às 16:30 saímos. Tive uma contração na porta do elevador e todos que estavam em casa acharam que vocês nasceria ali mesmo! Do carro ligamos para Vovó Lu e Vovô César: “Mãe, pode vir! Pietra vai nascer!” Chegamos à emergência do Hospital Santo Amaro (onde sua prima Anna Luiza nasceu também) por volta das 17hs e fomos direto

para a triagem. Tia Sasá entrou comigo enquanto papai dava entrada na documentação da recepção. Novo exame de toque. 8cm de dilação. “Cadê o obstetra de plantão?” “Fazendo um parto. Já já ele desce” “Ela não pode esperar. Precisa subir pra sala de parto ou vocês arrumam tudo aqui que eu mesma faço.” Tia Sasá estava botando ordem naquele hospital! rsrs. Lá mesmo na sala de triagem a bolsa estourou. O obstetra de plantão, Dr. Rodrigo (não me lembro o sobrenome dele) chegou e tia Sasá passou todas as informações para ele. “Subam para a sala de parto”. Tiraram minha roupa e subimos. Chegando na sala, pedi anestesia. Não sabia se aguentaria mais dor. Papai estava lá embaixo ainda e tia Sasá se preparava pra entrar na sala. Fui anestesiada, um pouco mais do que deveria (eu acho), e não conseguia mais sentir as pernas nem as contrações. “Como vou fazer força pra esse neném sair?” Aqui começa tudo a ficar confuso. Lembro das minhas pernas escorregarem da cama. Lembro do papai aparecer numa janelinha do lado de fora da sala e eu pedindo que ele entrasse. “Só vou parir quando ele entrar na sala!” Já estava com 10 cm de dilatação. “Olha só, quando a contração vier você precisa fazer força. Segura aqui do lado da cama e puxa.

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Finge que vai fazer cocô.” “Certo. Mas não to sentindo as contrações” “A gente avisa quando vier e você faz força.” Papai se preparou todo pra entrar, mas ninguém levou ele dentro da sala, então tia Sasá foi buscar ele e finalmente ele chegou. Comecei a fazer força quando mandavam. Depois de um tempo, talvez umas 5 empurradas (?), senti você coroando. Senti sua cabecinha saindo de mim. Mais uma empurrada e você sairia completamente. Papai já estava chorando. Eu, completamente grogue. E às 18:54 você nasceu. Pesando 2.980 kg e medindo 46cm. Uma circular de cordão. Não chorou logo de cara. Apgar de 1 minuto 6 e de 5 minutos 8. Linda. Inchada. Cabeluda. Azul. Olhinhos puxadinhos. De repente o mundo mudou de cor. Você estava nos nossos braços. Aquele nosso amor, do qual falei lá no começo, tinha se expandido no mundo. Tinha tomado forma. Tinha se tornado num ser cheio de luz, que é você. Nossa Pips. Nossa Pietra Luiza.

Pietra Pietra Luiza Assis de Carvalho Pai: Carlos Renê Barreto de Carvalho Mãe: Lorena Luiza Teixeira Assis de Carvalho

Nascimento: 21/03/2015 Horário: 18:54 Local: Hospital Santo Amaro Medidas: 46cm / 2.980kg Doula: Samira Barreto Obstetra: Plantonista

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De repente o mundo mudou de cor. Você estava nos nossos braços. Aquele nosso amor, do qual falei lá no começo, tinha se expandido no mundo.

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Tati, Xande e Giovanna

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Foi ali que eu tive a certeza de que Giovanna nasceria de acordo com tudo o que sonhamos para ela (...)

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Tudo começou na madrugada de sábado para domingo... Quer dizer... Ou seria de domingo para segunda? Bom, talvez o trabalho de parto mesmo só de segunda para terça.... E agora? Fato é que até hoje ainda não sei dizer quando exatamente começou de verdade: a estreia de Giovanna! Às 04:02 da manhã de domingo, 21/03, fui acordada com uma contração um pouco diferente das de treinamento que eu já vinha tendo... Junto às contrações vinha uma cólica leve e eu resolvi experimentar meu recém baixado aplicativo para monitorar contrações. Durante 1 hora tive cerca de dez contrações. Nada de muco ainda. Seriam os pródromos? Não sei... Só sei que vou largar esse aplicativo para lá porque ele já me mandou ir para o hospital umas 20 vezes!!! Rsrs... Eram contrações super irregulares e com durações variadas, mas já um sinal de que algo estava começando... De toda forma, fui me acostumando com aquela dorzinha e tentando relaxar e ficar quietinha até que consegui dormir de novo, certa de que mais tarde estaria melhor. Às 05:05 acordei de novo... Elas estavam lá... Mesma intensidade, irregulares, mas incomodavam e eu não conseguia dormir direito... Será que já eram pródromos? Trabalho de parto? Não, não pode ser... Bom, ainda é madrugada, mas já sei quem poderá me ajudar!!! Minha amiga Andrea, ginecologista e que acompanhou toda minha gravidez... Somos amigas há mais de 20 anos!

Mandei a mensagem e esperei. Afinal ainda era de madrugada... Vou esperar amanhecer para falar com as meninas... Acordei às 07:55 e enviei mensagens para Dra. Camila (minha obstetra), Lorena (minha enfermeira) e para Roberta (minha doula). Precisava ir à praia, já tinha combinado com meu marido Alexandre e com minha sogra e minha tia-mãe que iríamos à praia no domingo! Então perguntei às três se eu poderia ir à praia para relaxar um pouco e Dra. Camila me autorizou! Oba! Praia! E assim fomos para a praia... Parece que eu já estava sentindo que depois daquele banho de sol e de sal tudo iria mudar... Depois da praia ainda passamos rapidinho na feirinha da cidade para ver minhas amigas que há tempos eu não via. Mas acabou que nos desencontramos e eu fui embora porque o cansaço e as cólicas já estavam incomodando mais... Em casa, depois do banho, voltei a monitorar as contrações. Estavam sendo mais ou menos duas a cada 10 minutos, mas ainda irregulares, dores ora mais leves, ora um pouco mais fortes... Fui dormir, lembrando-me da dica, quase um mantra, que todas as meninas me falavam sempre: durma, durma, durma! Por volta das 21:30 percebi que tinha acabado de sair duas gotinhas de uma borrinha marrom... Ai meu Deus! Seria o muco? Não... Não é gelatinoso... Então o que é isso? Já é sinal de alguma coisa??? Vamos consultar a amiga! Rsrs E então Dea me disse que não era o muco ainda, mas que provavelmente eu estaria começando a dilatar. Estranho... Dilatar sem muco? Isso pode? Pode! Contrações de cerca de 1 minuto, dores mais intensas, porém agora ainda mais espaçadas (1 em cada 10 minutos)... 13


- "São os pródromos ainda. Leva uns 2-3 dias." Explicação de Dea. Minha barriga ficava toda estranha nos momentos de contração. Ela ficava com um aspecto quadrado, chapada na parte de baixo e subia toda! Toda empinada! E chegou a noite... A madrugada de domingo para segunda eu me abstrai do que era dormir. Já não dava mais... A cada 10 minutos uma contração, saíram mais duas gotinhas daquela borrinha marrom, colostro pingando determinada hora das duas mamas, intervalos que ainda permitiam me movimentar e fazer as coisas, mas quando as contrações vinham era inevitável aquela carinha de dor que agora já não dava mais para disfarçar... E chegamos na segunda feira... E minha reunião pela manhã com o cliente? O que fazer? Na minha cabeça é claro que eu não poderia deixar de ir, mas no meu coração algo me dizia não vá... E aí veio o coro do marido, da doula, e da amiga: não vá! E eu não fui... Não tinha condições... Por volta das 09:00 horas minha doula chegou para me ver! Ela me deu várias orientações para fazer a contagem e monitorar as contrações até porque aquele aplicativo já estava me deixando doida, tirou foto da minha barriga "chapada" pelas contrações, tomamos

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um cafezinho e disse a ela que eu iria dormir um pouco... Ao longo da manhã e da tarde, as dores foram incomodando mais... Claro que não consegui dormir! Eu sabia que o que estava acontecendo ainda não era nada comparado ao que viria, mas no fundo no fundo estava com medo, já cansada daquela dor que não aliviava com nada! As coisas são realmente muito longas e mesmo sem nem começar direito eu já estava repensando se aquela ideia toda teria sido mesmo a melhor escolha! Que loucura... Dor é realmente algo que só quem sente para entender... Minha doula queria que eu fosse para a aula de yoga... Eu também queria... Mas como com toda aquela dor? Liguei para ela... - "Pela sua voz eu sei que não está sendo fácil, mas reforce que foi e ainda é o que você quer. Ela está cansando também junto com você. Mas estão bem e é isso que importa." Beta me incentivando... Mas tem que ter muita coragem mesmo... - "Anestesia é uma opção que certamente vou considerar, Beta... Não estou conseguindo muito tirar o foco da dor agora. Imagina na hora!" Respondi. - "Coragem, desapego de controle, equilíbrio emocional... Não pense em anestesia agora... É difícil falar porque a dor não está em mim, mas ela vai vir e isso não tem jeito, entenda essa dor, aceite-a mesmo que seja difícil e ela vai ter que ir embora... Quando chegar aí vamos ver se alguma coisa te alivia, tá... Posso ir? Ou quer descansar?" - "Por favor, venha!!!" Gente o que seria de mim sem esse anjo em minha vida? Preciso dizer que nunca duvidei da importância do papel da doula no parto, mas depois de ter passado por tudo eu digo e reafirmo que sem Roberta eu não teria conseguido viver tudo isso com tamanha integridade de corpo, alma, e de coração... Beta é minha professora de yoga e já vínhamos nos conhecendo desde o iniciozinho da gravidez... Não poderia ser outra pessoa! Não poderia ser um anjo melhor... Deus sempre me presenteia com pessoas especiais, e eu sou muito agradecida por Ele ter colocado Beta em meu caminho! Às 14:00 minha enfermeira-anjo chegou para me ver! Que alívio! Segundo ela, estava tudo correndo normalmente... Testamos algumas posições com a bola, tomei um banho quente... Todas as minhas angústias não passavam de angústias e Lore com toda sua


leveza e tranquilidade me deixou segura e certa de que estávamos no caminho certo... Mas poxa... Até quando??? Pródromos ainda, certo??? E quando é mesmo que começa esse trabalho de parto??? Meu Deus, não quero nem pensar! Se já está assim agora imagina no trabalho de parto! Será que eu aguento??? Eu sei que ainda não estou nem perto do que vem por aí... "Em breve você vai evoluir para trabalho de parto efetivo..." Mas quando, meu Deus??? Até quando... Vamos recorrer ao zapzap da tia-mãe que estava com passagem comparada para o dia 26, mas algo em nossos corações nos fez mudar para o dia 24 à noite. Tia, tá doendo... Tá muito no começo ainda... Dói mas tá irregular, então significa que ainda estou longe do trabalho de parto... Já se foram 37 horas nessa de sentir contração, desde as 04:00 da manhã de domingo. E ainda pode levar facilmente mais 2 ou 3 dias só nessa! Não trabalhei hoje... Não tinha condições. Quando vem a contração eu vou até a lua e volto! É mas ainda tá longe, tia, para ela nascer... Tenho chão ainda até lá... Não quero ser fraca. Mas tá doendo, viu... - "Tente não ficar nervosa, tente. Vamos pedir a Nossa Senhora por vocês. Fique tranquila. Amo vocês. Tudo concorre para o seu bem.

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Ela não tá descendo... “Tá sim meu amor... Eu já vi! Ela está aqui! Vamos, força! Você consegue!”

Vamos dividir esta dor. Assim você sentirá um pouquinho menos. Vamos lá... Deus derrame bênçãos sobre vocês. Estou em oração desde as quatro. Para que você consiga manter a tranquilidade. Imagino que as dores estão crescendo..." a tia me consolando e de verdade dividindo comigo aquele momento... E chegou a madrugada de segunda para terça... Por volta de 1h da manhã começou a sair o tampão, um muco com um pouco de sangue... E as contrações muito fortes! O que eu faço? Continuo aqui? Mudei de aplicativo. Mas confesso que não estou conseguindo "ler" esse gráfico aqui... Isso quer dizer o que mesmo? Pródromos? Trabalho de parto? Muito confuso isso tudo... Acabei de ter três contrações quase seguidas, isso pode? Qual aplicativo você usa, Lore? Acabei de ter outra... Tá bem mais dolorido. Estou ficando em pé porque estou sem posição... Acabei de sentar na bola. Tem algum analgésico? Outra, agora bem forte! Buscopan não está fazendo efeito nenhum! Parei de tomar... Lá vem mais uma! Às 2h mais tampão! E mais dor e mais agonia... Acho que aí eu já estava entrando na tão falada partolândia... Já não raciocinava mais direito, tudo o que eu queria era que aquela agonia de não ter um refresco para que a dor passasse... Para mim a questão não era a dor somente, e nem só a ansiedade por finalmente conhecer nossa Giovanna, mas o fato de não ter descanso... Não ter intervalo e nada que fizesse ficar mais suportável... Banhos, bola, massagem, tudo ajuda muito a dar conforto, mas a agonia... afeeee! A essa hora da madrugada eu já deveria estar em trabalho de parto, mas não tinha a menor noção disso! Na minha cabeça era o começo dos pródromos ainda e na minha cabeça eu poderia ainda ficar mais uns dias até o TP efetivo... Só na minha cabeça... Rsrsrs... Resolvi não ligar para ninguém para não incomodar com um alarme falso ou com mais sintomas somente de pródromos ainda e esperar a madrugada passar. Afinal eu sabia que tinha que ficar em casa e aguentar até dar a dilatação de 4-5 cm para irmos para o hospital... A noite foi uma loucura! Não conseguia pregar o olho... Uma contração em média a cada 3 minutos a noite inteirinha! Só aguentei esperar até as 6h da manhã de terça, contando os segundos para acordar meu marido e dizer que chamasse a doula porque eu já não estava aguentando mais... 15

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E ele chamou, e ela chegou, e daí para frente os detalhes se misturam na minha cabeça.... Sei que teve banho quente na bola, escalda pés, um pãozinho com manteiga delicioso feito por minha sogra que eu "biquei" dois pedacinhos e alguns iogurtes e chocolate... As meninas só me falavam que estava tudo evoluindo bem e normal, monitoravam as contrações e tentavam de toda forma aliviar o incômodo da dor... E assim fomos e as contrações cada vez mais fortes, intensas e regulares... Mas para mim, de verdade, já não fazia mais tanta diferença... É como se eu tivesse perdido a noção de tempo e de espaço... Até que eu resolvi perguntar... Afinal, no pior das hipóteses a resposta à minha pergunta seria “não”. Perguntei a Lore se eu poderia ir pro hospital. Eu estava sentindo uma pressão diferente e muita, muita dor... Na minha cabeça eu tinha a certeza de que ainda devia estar longe, muito longe da hora certa de ir para o hospital, mas estava doendo tanto, tanto... Foi aí que Lore me falou que iria me examinar para ver minha dilatação... Ela me pediu permissão para fazer isso e eu disse que, por favor, fizesse o exame, pois eu também queria saber o quão perto (ou melhor, na minha cabeça, o quão longe) eu estava do nascimento da minha filha... E Lore fez o exame de toque... E me falou, com todo cuidado e atenção, que já era hora sim de ir para o hospital... Aí eu pensei, ufa! Graças a Deus! Devo estar com uns 4-5 centímetros... Foi quando ela falou: “- Você está com 8 centímetros de dilatação...” Vocês nem imaginam a onda de emoção que me cercou naquele momento! Ouvir aquilo para mim foi como uma libertação! Uma libertação tão esperada, tão sonhada, tão sofrida, tão desejada!!! 8 centímetros!!! E eu 16

não pude mais segurar as lágrimas em meu rosto... E eu chorei lágrimas de dor, de alegria, de alívio e de fôlego!!! Força que eu precisava para levantar da cama e seguir para o hospital! Finalmente! Gio estava perto! Pertinho de chegar... Depois as meninas me contaram que desde cedo a Dra. Camila já tinha ligado no hospital e eles não tinham vaga... Então a estratégia delas foi me manter em casa o maior tempo possível para que eu pudesse ficar mais confortável e só fazer a transição para o hospital o mais próximo da hora do nascimento possível. Arrumamos tudo! Quer dizer, arrumaram tudo né?! Tati, quer trocar o vestido? – Não! Tati, os exames estão na mala? – Sim! Tati, quer mais um escalda-pés? – Não! Tudo o que eu queria era ir para o hospital rapidamente... Mas nem em meus sonhos eu poderia imaginar o que estava para acontecer! O quão “rápida” seria essa viagem de casa até o hospital... Lembro-me de descer no elevador e ficar preocupada com as câmeras de segurança, com os porteiros me vendo sentindo dor... Escondi o rosto e fiquei no cantinho... Quietinha... Pedi a Beta para ir deitada no banco de trás... Ela sentou numa ponta e ficou fazendo massagens em minha lombar e eu fui deitada com a mão atrás do banco do motorista, tentando acalmar meu marido que logo começou a ficar nervoso... Lembro de ter falado com ele para darmos uma voltinha e encontrar com Lore que tinha estacionado na rua do outro lado do prédio... E fomos! Dessa parte para frente confesso que me recordo de flashes... Mas todo mundo me ajudou depois a juntar as pecinhas... Tudo bem... Até que chegamos às proximidades do Salvador Shopping... A polícia tinha fechado o trânsito para dar passagem a carros fortes que traziam grandes quantias de dinheiro. Uma operação que mais parecia cena de filme! Armas de fogo apontadas para o chão, um monte de homens e o trânsito simplesmente parado! PÂNICO! E agora? Nossa sorte é que nosso carro era o primeiro da fila. Xande falou com o policial que eu estava em trabalho de parto e que ele precisava passar, seguido do carro de trás que trazia Lore e meus sogros. E o policial deixou nosso carro furar o bloqueio e seguir... Mas... Lore ficou... Ficaram com todo material de parto e tentando convencer o policial de que precisariam nos seguir! O policial logicamente não entendeu nada e apontou a arma para o pneu de Lore, fazendo


sinal para que ficasse parada... Uma agonia só, até que o policial saiu, e Lore mesmo sem entender se devia ir ou não, viu que a operação terminou, engatou a primeira e foi!!! E nós seguimos em frente... Contrações atrás de contrações, quando chegamos nas proximidades do Iguatemi, adivinhem? Trânsito! Mais trânsito! Tudo parado... PÂNICO! E agora? E como Deus opera seus milagres nas horas mais difíceis, provando que não nos abandona um só segundo, ele colocou uma viatura da polícia com dois anjos da guarda ao nosso lado... Meu marido abriu a janela e já engasgado e chorando, sem conseguir organizar duas palavras em uma frase que fizesse sentido balbuciou algo assim: “Trabalho de parto! Minha esposa! Trabalho! Parto!” E nada dos policiais entenderem... Até que Beta abriu a janela de trás do carro para que eles me vissem e foi quando eles entenderam e perguntaram “Qual hospital?”, “ – Português!”. E aí com um suspiro de alívio eu ouvi a sirene ligar e o carro acelerar... Fomos escoltados até o hospital português!!! Giovanna abrindo os caminhos por Salvador... Chegando à porta do hospital, mais uma contração forte e Beta precisou me segurar para que eu pudesse sair do carro e atravessar a rua. Como em um filme, os policiais tinham parado o trânsito de um lado e do outro da rua para que eu pudesse atravessar... Chegando na recepção do prédio da Maternidade Santa Maria, do Hospital Português, dei entrada na emergência. Como Dra. Camila não tinha chegado ainda, disseram-me que eu teria que passar pela avaliação do médico plantonista. PÂNICO! Só eu, Beta, Nossa Senhora e Deus! Xande tinha ido estacionar o carro, nada de Lore chegar, e Dra. Camila também ainda não tinha chegado... Fui levada para uma salinha onde tinha o aparelho de monitorar as contrações e o neném... Pensem em um aparelho desconfortável, umas tiras apertadas que incomodavam muito! 20 minutos! É o tempo que você precisa ficar aqui sendo monitorada... Perguntas e mais perguntas... E para o desespero de Beta para todas eu só tinha uma resposta: “Sim!”. Perdeu líquido?, “Sim!”, “NÃO! Já se antecipou Beta, “Ela não perdeu líquido ainda não!”. Eu estava já na Partolândia há algum tempo e confesso que não racionava direito mais... O instinto aflorando em todos os sentidos! Mas como Nossa Senhora e meu bom Deus não me abandonaram nem um segundo

sequer... As contrações estavam ótimas de acordo com o tal aparelho e Giovanna também! E finalmente Lore conseguiu chegar... E o melhor é que ela conhecia o médico de plantão e passou todas as informações para ele. E ele pediu para as enfermeiras me tirarem daquele aparelho medonho me apertando... Ainda assim ele fez o exame de toque de novo e constatou: 9 centímetros de dilatação! Já estavam me arrumando direto para a sala de parto! Chegando na sala, mais contrações... Dra. Camila chegou! Está trocando de roupa... Ufa! Alívio... Foi aí que fiquei totalmente tranquila, quando vi aquele sorriso segurando meu rosto e me dando um beijo... Foi ali que eu tive a certeza de que Giovanna nasceria de acordo com tudo o que sonhamos para ela... Com todo carinho, respeito e amor desse mundo! Tudo o que eu sonhei estava acontecendo... E veio a bola... Estava murcha, eu queria mais alta... Mas Dra. Camila disse que era melhor assim... Então tudo bem... Levantei da bola, não estava legal... E para minha surpresa veio um calor entre as pernas, um líquido quente escorreu de vez e se espalhou pelo chão! “Isso Tati!!!, era isso que a gente estava esperando!!! Sua bolsa estourou!!!”, Dra. Camila anunciou para mim... Eu sabia que isso era bom e que dali para frente tudo seria mais rápido... Estava chegando... Estava perto, muito perto... Ai que bom!!! Ai que alívio!!! E lá vinha outra contração... “Banheira, Tati?”, eu já não escutava mais as frases direito... “Sim!”, eu só falava sim! Rsrsrs... E fomos para a banheira... Hummm, que delícia!!! Bem que Lore falou que quando eu entrasse não iria mais querer sair!!! Comecei a sentir muita pressão na região pélvica... Comecei a sentir vontade de fazer força, involuntariamente fazer força... Será que minha filha vai nascer aqui, na banheira? Mas eu sou muito grande, a banheira muito 17


hora, eu já não sentia mais a dor aguda no abdômen... Comecei a sentir mais a pressão na região pélvica e aquela vontade incontrolável de fazer coc*! E pensei: “Puxa... Que alívio!” Acreditem! Por alguns segundos minha consciência foi toda para a região pélvica e eu percebi que já não sentia mais tanto a dor abdominal, aquela cólica forte e incontrolável de antes... E as meninas me ajudando a me posicionar melhor... De cócoras, com a perna levantada, como na posição que fazíamos na yoga, depois de joelhos... E Beta pediu para levantar mais o apoio da cama, e eu consegui me apoiar melhor... E mais força, e eu tirava aquele grito de dentro de mim, e rezava e pedia: Filha, vem filha... Vem, por favor... Vem para mamãe...

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Meu Deus, me ajude! “Tati, não faça força o tempo todo, espere a contração!” Era a voz da Dra. Camila... Ah, tá bom... Entendi! Ok então... Mas que horas a contração vai vir? Como eu vou saber a hora de fazer força? “Você vai saber, Tati, você vai saber!”, e eu confiei... E realmente eu sabia! Eu sabia direitinho quando era hora de fazer força... Mas onde está a cabecinha dela? Por duas vezes eu levei minha mão lá embaixo na tentativa de tocá-la, pois sabia que isso me daria mais força e mais esperança! Mas eu não conseguia senti-la... Ai meu Deus, será que ela vai ficar agarrada? Eu não consigo sentir a cabecinha dela! Ela não tá descendo... “Tá sim meu amor... Eu já vi! Ela está aqui! Vamos, força! Você consegue!”, ouvi a voz do Xande... Xande, parceiro essencial nessa trajetória... Sem você, meu amor, não teria conseguido... Você foi meu mantra, meu espelho, minha força, meu guia... Você foi, é e será sempre a minha referência, o meu mundo inteirinho em um olhar, em um sussurro ao pé do ouvido, essencial, dizendo: “Vamos meu amor, força... Mais forte... Vem princesa, vem...!” E os gritos... Ah... Os gritos... Som penetrante, voluntário ou espontâneo, articulado ou não, e emitido com força pela voz humana; berro, brado! Uma forma de extravasar todo aquele turbilhão de cores e dores e emoções... Toda aquela onda de sentimentos e angústias e... Tudo enfim... Gritar foi a minha forma de dizer para mim mesma: Sim, eu nasci para isso! Sim, eu fiz a escolha certa! Sim, eu vou conseguir! Sim!!! E força! Força! Força! E assim fomos indo... E Deus me ajudou... E Gio me ajudou, e devagarzinho ela veio baixando... E veio saindo... Devargazinho... E mais força, mais força, mais força... E uma pausa... Esperar a outra contração... Ajustar a posição... E lá vem a vontade de fazer força de novo! Vamos lá! Força, força, força! E ela coroou! E veio vindo... Linda, delicada, devagarzinho... E às 13:30 daquele 24 de março de 2015 Giovanna estreou nesse mundão de Deus!!! E veio para os meus braços direto, passando por debaixo das minhas pernas... E eu a abracei, e a encostei em meu peito, e beijei, e ouvi o chorinho, e vi o cabelinho... Cabeluda!

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Sim, eu nasci para isso! Sim, eu fiz a escolha certa! Sim, eu vou conseguir! Sim!!!

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pequena e aquela barriga enorme... Não deu muito certo... Beta, com sua sensibilidade à flor da pele entendeu que ali não daria certo, Dra. Camila não estava conseguindo enxergar direito, eu não estava assim tão confortável também... E então Beta sugeriu que eu voltasse para a cama... E como se dissesse as palavras mágicas em meu ouvido, ela pediu para eu me lembrar da posição de quatro que ela demonstrava nas aulas de yoga... Pronto! Eu já havia treinado aquela posição muitas vezes, sabia exatamente o que fazer, quase que por instinto! Subi na cama e me posicionei... Alívio geral! Posição excelente! Para elas, para mim, para Gio! As contrações não paravam... Mas aquela


Giovanna Giovanna Pinto Alvisi Pai: Alexandre Alvisi Costa Mãe: Tatiana Carmem Pinto Alvisi

Nascimento: 24/03/2015 Horário: 13:30 Local:Hospital Português Medidas: 49,5cm / 3.685kg Obstetra: Camila Rabello Enfermeira: Lorena Santana Doula: Roberta Ramalho

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Acabou a dor, acabou o desconforto, acabou a angústia, acabou... Acabou tudo!!! Eu era só amor...

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E cheirei, e acarinhei, e conversei, e... Eu era só amor... Nossa princesa Giovanna nasceu com 3,685 kg, 49,5 cm e uma delicadeza e tranquilidade que nos impressionou! Um amor de menina... Nossa princesa! Acabou a dor, acabou o desconforto, acabou a angústia, acabou... Acabou tudo!!! Eu era só amor... Papai Xande cortou o cordão umbilical depois que parou de pulsar, ela ficou em meu colo o tempo todo, só saiu para ser pesada e mesmo assim dentro do quarto, com o papai do lado! Pedi para quando forem aplicar a Vitamina K aplicassem em meu colo, de preferência momento em que ela tivesse mamando e assim foi feito! O colírio... Ah esse eu até agora não sei dizer se foi aplicado ou não... Eu acho que não... Acabou que na emoção de tudo acontecendo ela não recebeu aquelas gotinhas nem da equipe que estava lá no nascimento e nem da equipe que chegou depois... Ainda esperamos a placenta vir... Contrações tão levinhas, mas tão levinhas que eu tinha que parar para prestar atenção, pois eu quase não sentia quando vinham... Um pouquinho mais de força e lá veio ela! Depois de uma meia hora mais ou menos... Períneo intacto! Alguns pontinhos superficiais e pronto! Estava pronta para descer pro quarto! E com minha pequena no bercinho ao lado... Não deixei que ela ficasse longe de mim um só segundo! Mas não precisei pedir muito... Fiquei muito feliz com o trabalho das equipes do Hospital Português... Eles respeitaram tudo o que pedimos, tudo o que conversamos e se esforçaram para nos dar carinho e conforto... Quindaluz com Lorena e Dra. Camila e minha doula Roberta: com essa combinação muito mais que perfeita eu fico até sem palavras para

expressar o quanto TUDO foi especial, desde o início até o dia da estreia da Giovanna, o nosso parto! Agradeço muito a essas mulheres lindas e cujo trabalho se eu já admirava antes, hoje sou a prova viva de que é o melhor, muito mais do que eu poderia esperar! Respeito às minhas escolhas, um carinho comigo que vocês nem imaginam... Além de muito, muito profissionalismo, tranquilidade, e de um c o n t r o l e a b s o l u t o s o b r e t u d o, s i m controle!!!... Eu me senti acolhida, e isso bastou para uma mãe de primeira viagem superar o medo (porque eu tive muito, muito medo!), as angústias da dor que não passava, e a ansiedade de conhecer esse rostinho lindo, e pudesse confiar em mim mesma, no meu corpo, na Giovanna e na natureza que Deus criou!!! Perfeita natureza!!! OBRIGADA meninas!!! E foi assim que Giovanna estreou! E foi assim que nossa vida renasceu...

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Nati, Felipe

e Akin

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Môooooo, ele tá saindo! E ele saiu, as 16h57min do dia 30 de março de 2015. E veio para o meu peito. Felipe cortou o cordão umbilical. E ficamos nós três abraçados, nos contemplando....

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Fo ra m t a n t a s s e n s a ç õ e s , e m o ç õ e s , sentimentos nesse primeiro ano de Akin, que apenas agora compreendo um pouco o que vivemos naquele dia. Agora estou pronta para escrever o que aconteceu no dia 30 de março de 2015. A maternidade nos transforma integralmente, e a principal transformação é a compreensão de que estamos todos os dias aprendendo. A primeira coisa que aprendi foi a confiar no meu corpo, na minha natureza. Assistimos a filmes, lemos vários e vários relatos de parto, participamos de rodas de conversa, fiz yoga, busquei uma rede de apoio. O resultado de tanto empenho foi uma descoberta incrível, de que sim, podia parir de forma natural. E era isso que eu queria. Tudo estava certo na minha cabeça, teria nosso menino em uma casa de parto normal (CPN) aqui de Salvador, em um ambiente confortável, com cuidados médicos, sem intervenções desnecessárias e com meu bebê mamando no primeiro momento. Minha gravidez corria tranquila, meu corpo se transformava suavemente e meu menino na

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barriga parecia estar em festa; tudo isso fortalecia minha confiança em meu corpo e no parto ideal. O dia 29 de março era um típico domingo ensolarado da Bahia e queríamos nos refrescar na praia. Fomos para o Porto da Barra. Era cedinho, a praia estava vazia. Eu, Fê e vovó (mãe do Fê), entramos no mar, conversamos, rimos e relaxamos. As ondas de água salgada batendo naquela barriga de 39 semanas e cinco dias anunciou ao nosso bebê de que sua hora de vir ao mundo havia chegado. Ao sair do mar, já senti uma sensação diferente, sentia um peso na bacia que dificultava o meu andar. Já em casa, as contrações começaram tímidas, o tampão mucoso saiu; nesse momento eu já sabia que o trabalho de parto estava começando. Fiquei deitada em nossa cama, com as mãos na barriga, concentrada nas sensações e mentalizando coisas boas para o que estava por vir. Fê foi para cozinha e preparou, com muito carinho, o lanche do trabalho de parto: bolo de cenoura com cobertura de chocolate, que amo. E assim terminamos o domingo, com contrações leves e bolo de cenoura. Seguindo as dicas da obstetra, da nossa doula Beta, das leituras e rodas, procurei descansar bastante e acabei dormindo. Durante a madrugada do dia 30 de março, as contrações começaram a ficar intensas, não era possível mais dormir. Começamos a cronometrar os intervalos entre as contrações, ora espaçadas sem ritmo, ora ritmadas. As seis da manhã, as contrações estavam fortes, porém irregulares, mesmo assim nossa obstetra nos recomendou que fossemos logo para a CPN para garantir nossa vaguinha. Assim que Beta chegou em casa, seguimos para lá. No trajeto, que era tanto longo e engarrafado, fui recebendo muito carinho e aconchego dela.


Na CPN as coisas não ocorreram conforme o planejado. Depois de uma manhã inteira lá e alguns exames de toque, a médica de plantão nos informou de maneira ríspida e hostil que não poderíamos parir ali. Disse que havia mecônio no líquido amniótico, o que seria um risco para o nosso pequeno. Com os conhecimentos adquiridos das leituras que fizemos, tentamos argumentar que de tão claro não devia ser mecônio, e sim resíduo do tampão mucoso, e que mesmo que fosse, era tão clarinho que não devia fazer mal. Ela respondeu: Vocês querem colocar a vida do filho de vocês em risco? É claro que não! Que mãe e pai colocaria a vida do filho em risco? Neste momento, a minha confiança no meu poder de parir se desfaleceu, e, naquele momento de contrações intensas, eu estava com medo. Aliás, todos nós estávamos, Felipe e Beta. E agora, o que fazer? Em nossa ingenuidade, ou excesso de confiança, não prevíamos o imprevisível. Nossa obstetra nos recomendou irmos para o hospital Climério de Oliveira. E para lá s e g u i m o s . C h e g u e i c o m c o n t ra ç õ e s fortíssimas. Entrei sozinha em uma sala fria para o diagnóstico inicial e nunca me senti tão sozinha. Neste diagnóstico, eu estava com 4 centímetros de dilatação e, rapidamente foi constatado pela médica que minha bolsa estava íntegra e que, portanto, não havia mecônio algum. Respirei aliviada, e pude, em um último suspiro, recuperar minha confiança em parir. Nós vamos conseguir, eu repetia mentalmente. Fui encaminhada para a sala de parto normal. Em meio as fortes dores das contrações, Felipe apareceu. Ahhh, graças a todos os santos ele chegou! Abraçamos-nos e eu chorando desejei que ele nunca mais saísse de perto de mim. E ele foi um doulo maravilhoso, me acalentou, me massageou, me segurou nos momentos da mais inimaginável dor. Seguimos a risca as recomendações de Beta, o que me trouxe muito alívio. Quando eu parecia estar no limite, finalmente a fase de expulsão começou. Eu sentia que a força daquele momento vinha do que havia de mais profundo em mim. E quando eu achava que não mais aguentaria, ouvi de Felipe: Môooooo, ele tá saindo! E ele saiu, as 16h57min do dia 30 de março de 2015. E veio para o meu peito. Felipe cortou o cordão umbilical. E ficamos nós três abraçados, nos contemplando, deixando transbordar todo aquele mar de sentimentos. Nesse momento

decidimos o nome do nosso pequeno: Akin, menino guerreiro. Durante um bom tempo, fiquei pensando como seria se o parto fosse como eu havia planejado. Muitas vezes me culpei por não ter tido coragem de ter programado o parto em casa. Mas quando olho para meu filho, quando olho para mim, e para nossa família, entendo que essa foi nossa história, a história que nos fez fortes, unidos, e que nos trouxe outro olhar para a vida. O que queremos e temos hoje é amor, paz, saúde e harmonia. Embora tenha isso sinceramente em meu coração, não deixo de ter também a indignação de uma mulher que sofreu violência obstétrica no momento de grande fragilidade e maior importância de sua vida. Eu gostaria de viver em um mundo onde todas nós fossemos respeitadas em nosso poder de parir e a magia do nascimento de um ser vivo fosse festejada com sorrisos, lágrimas e pele. O parto não deve ser mais um procedimento médico. Que nós não precisemos mais nos resignar em aceitar que cada parto é um parto. Sim, cada parto é um parto, mas todos devem ser respeitados e verdadeiros em suas vias.

Akin Akin Rosatti Santos Pai: Felipe Imidio Santos Mãe: Natália Bianca Rosatti

Nascimento: 30/03/2015 Horário: 16:57 Local: Hospital Climério de Oliveira Medidas: 45cm / 2.844Kg Doula: Roberta Ramalho

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Jô, Pedro

e Cecília

Filha, enfim sentei para escrever o relato do nosso parto, do nosso nascimento. São 12:35, do dia 21/06/2015. Você está com pouco mais de 2 meses. Eu e seu pai acabamos de almoçar e ele está na varanda com você adormecida no sling, você sempre adormece quando a colocamos no sling. Eu aqui sentada, escrevendo sobre a mesa de jantar me permito voltar ao dia que você deu os primeiros sinais de que estava pronta para chegar a este mundo. Era dia 08 de abril de 2015, quarta-feira. Eu acordei por volta de 07 horas da manhã com um desconforto abdominal, não era dor, não era cólica, era algo “diferente”. Quando seu pai acordou eu logo contei a ele “acho que ela está dando sinais, vamos esperar para ver se não é alarme falso”. Seu pai foi trabalhar e eu fiquei em casa com sua avó Marilu. Durante a manhã tive a certeza que era você chegando, os desconfortos se transformaram em sensações semelhantes a cólicas, liguei para minha doula para alertá-la que possivelmente faltava pouco para você chegar. Ela me tranquilizou, orientou a descansar enquanto as dores eram leves e foi o que fiz, dormi muito nesse dia. Por volta das 17 horas fui dar uma caminhada com a vovó até uma praça aqui perto, combinamos de encontrar com seu pai, que estava saindo do trabalho. O percurso que leva uns 15 minutos foi feito em mais de uma hora, pois as contrações começaram a se intensificar e, de tempos em tempos tínhamos que parar e aguardar elas passarem. Por enquanto tudo estava correndo muitíssimo bem. Fomos dormir cedo essa noite, mas por volta de 01 hora da manhã deixei seu pai dormindo no quarto e fui para a sala com sua avó, tentei ficar deitada e dormir no sofá, mas a dor já estava forte e dormir não era uma possibilidade. Às 04 horas da manhã fui para o chuveiro, bendito seja o banho quente... como 22

Assim que Jordana pariu e Cecília estava em meus braços, em minhas mãos, a ficha caiu, finalmente. É, agora, sou pai, pensei. E terei ainda mais responsabilidades. Isso me emocionou no momento, chorei." (Pedro)

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relaxa... mas não inibem a dor, e foi essa a hora de pedir para seu pai chamar nossa doula. Eu estava com muita dor, mas estava tão feliz, feliz porque em breve você estaria aqui com nós, feliz por estar acontecendo tudo como havíamos planejado. Às 05 horas da manhã Tarsila (doula) chegou, como me senti feliz ao ver ela chegando, lembro de me sentir segura com a presença dela. Saí do chuveiro e fomos em busca de lugares e posições para eu me sentir “confortável” se é que isso é possível, durante a dilatação. Para azar da vizinha gostei de ficar encostada em um banco que fica na parede que divide nossos apartamentos. Ela se mudou daqui um mês após o parto, e eu espero que as minhas vocalizações não tenham contribuído para isso. Tarsila me ajudou muito com palavras, olhares, massagens e corrigindo minha respiração... não imagino meu parto sem ela aqui conosco. Esqueci de mencionar, mas dia 09/04/2015 amanheceu chovendo muito, a maior chuva


do ano, com direito a carros flutuando na rua em frente ao nosso condomínio. Por volta de 09 horas da manhã chegou Lorena, nossa Enfermeira, ela enfrentou a chuvarada e conseguiu chegar. Auscultou seus batimentos e verificou minha Pressão Arterial: tudo bem com nós! Por volta de 11 horas da manhã chegou Carol, nossa fotógrafa, ela enfrentou um congestionamento de quase 05 horas, teve que subir 7 andares de escadas com a mochila cheia de equipamentos (elevador tinha parado por conta da chuva), mas enfim chegou, lembro de estar tomando ducha nessa hora, olhei para ela e falei que eu estava horrível, que as fotos iriam ficar horríveis! O resto da manhã e início da tarde foram assim: rebolei, agachei, caminhei.... O último puxo que tive foi na cozinha, seu pai me segurou fiquei agachada e as meninas viram “alguma coisa” olharam melhor na contração seguinte e decretaram “tudo dilatado, se quiser que nasça na piscina é a hora de entrar na água” As 14 horas entrei na piscina, filha, algo aconteceu, perdi completamente a noção de mim, estava tudo tão bom, seu pai estava na água comigo, Marilena (obstetra) acabara de chegar, eu estava tão relaxada que quando parava a vontade de fazer força a dor ia embora, zero de dor nessa hora, só relaxamento, tinha a sensação de estar drogada, anestesiada, sei lá, o tempo passou e eu nem vi! Lembro do meu marido na água comigo, lembro das mulheres ao redor da piscina, todas me dando apoio, falando que eu ia conseguir, que estava quase, lembro de me

Sua chegada foi repleta de carinho, amor, intimidade e respeito. (...)Você nasceu rosinha ... linda pelas mãos de teu pai, que gestou e pariu junto comigo!

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tocar e sentir você cada vez mais perto e por último lembro de uma queimação forte e de me falarem para não ter medo da dor... depois disso você já estava nos braços do seu pai, chorando forte e eu fui tomada por uma paz imensa, uma sensação de alívio. Respirei fundo e recebi você dos braços de seu pai. Você era vermelhinha, linda, perfeita. Você agora estava conosco. Só posso agradecer a todas essas mulheres guerreiras que me ajudaram a trazer você para esse mundo da forma mais respeitosa possível (Marilu Brock, Marilena Pereira, Lorena Santana, Tarsila Leão e Carolina Lube). Tenho que agradecer e parabenizar seu pai, Pedro Henrique, que foi um homem maravilhoso, companheiro e sempre esteve ao meu lado. E é claro filha, agradeço a você (minha pequena guerreira) por ter participado dessa aventura comigo. E quando me perguntam da “ dor do parto” costumo dizer que não lembro muito bem dela, porque foram tantas emoções e sensações que a dor com certeza não é o sentimento que ficou registrado e sim o amor!

Cecília Cecília Brock Carneiro Pai: Pedro Henrique Carneiro Mãe: Jordana Brock Carneiro

Nascimento: 09/04/2015 Horário: 19:05 Local: Domiciliar Medidas: 52cm / 3.540kg Obstetra: Marilena Pereira Enfermeira: Lorena Santana Doula: Tarsila Leão 23


Nana, Nath

e Martina

« No dia 30/07/2014, você entrou nas nossa vidas. Foi a primeira vez que te recebi, não em meus braços, mas no meu ventre. Eu me arrumei naquele dia, vesti minha saia florida favorita porque era um dia de muita alegria. Eu estava leve e com uma certeza sem igual no meu coração. Havia passado muito tempo desde que começamos a te esperar e todas as tentativas haviam sido falhas, mas essa, eu sentia, seria diferente. Estávamos eu, seu pai e vovó presentes. Nós tiramos fotos, rimos, comemos, rezamos. E saímos felizes e com você plantada no coração. Muitas comemorações, felicidade, planos e sonhos se concretizaram e cresceram ao longo dos 9 meses seguintes até o dia do seu nascimento. Era uma segunda-feira, 13/04, quando comecei a sentir algumas cólicas na madrugada, bem espaçadas e leves. Eu desconfiei que seria você dando sinais da hora porque eu não havia sentido nada disso ao longo da gestação. De manhã comentei com seu pai e ele sorriu e pediu para eu ligar e dar notícias. Sentei para trabalhar e enviar os últimos emails e fechar algumas pendências. As Godas nos meus pés nos fazendo companhia. Por volta das 11 da manhã já não estava muito confortável ficar no computador sentada e mandei uma mensagem para nossa Doula, Beta, informando o ritmo: 1 contração a cada 10 minutos. Ela me aconselhou descansar e informou que viria me ver após o almoço. Fechei o computador e fui ao banheiro. Havia saído o tampão! Avisei ao papai, a nossa enfermeira Su e a 24

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Filha,

Eu soube porque eu estava ali. Porque eu precisava te encontrar como da primeira vez que te recebi: feliz, forte, pronta para você. Aquela dor era de alegria, de vida, de conquista.

nossa obstetra Marilena. Papai saiu do trabalho e me perguntou se eu queria algo. "Sim, que você corte o cabelo e traga sorvete de coco, mangaba e amendoim da Cubana". Assim ele o fez :) Su me pediu para acompanhar o intervalo das contrações e manter ela informada pois passaria aqui em casa no fim do dia para nos ver. Eu e seu pai comemoramos a chegada desse dia, almoçamos juntos e logo Beta chegou. As contrações estavam se intensificando e eu não aguentava as massagens de Beta, mas suas palavras, cuidados, compressas quentes e os exercícios ajudavam a aliviar a dor. Sentei na bola de pilates, tomei banho quente, dormi, comi, andei, alonguei. Por volta das 16 horas Su chegou. Nada de só uma passadinha, você não deixou ela ir embora. Eram contrações cada vez mais longas (de quase 2 minutos) e elas passaram a vir 3 a cada 10 minutos. Estávamos em trabalho de parto ativo! Su assistia calmamente, tricotava sua toalha e monitorava nossos batimentos esporadicamente. Fui ao banheiro por volta das 17hrs e a bolsa havia furado! Seu pai fotografava tudo e cuidava de mim, trazia lanches, fazia carinhos, compressas, dava beijinhos e irradiava alegria e tranquilidade. Era como se já tivéssemos feito isso antes tamanha paz que nos acompanhava. As Godas lá embaixo aguardavam com desconfiança o que estava por vir. Por volta das 21 horas a dor estava quase insuportável e fizemos o primeiro e último toque: 6cms de dilatação. Vamos tomar banho e ir para o hospital.


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Seu pai fotografava tudo e cuidava de mim, trazia lanches, fazia carinhos, compressas, dava beijinhos e irradiava alegria e tranquilidade. Era como se já tivéssemos feito isso antes tamanha paz que nos acompanhava.

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Nesse momento eu já estava com muita dor, mas ao mesmo tempo ainda com muita força. Ligamos para família no caminho e em poucos minutos estávamos no quarto do hospital rodeados de amor e força de cada um deles. Lá, Marilena nos esperava também. Até quase 02:00 da manhã aproximadamente a dor só crescia e junto com ela o cansaço. Eu não encontrava mais uma posição confortável. Tentei bola, em pé, banquinho. Nada. Estava esgotada fisicamente, dolorida, cansada. Cansada de ficar de pé, de gritar, de fazer força. Foi quando me lembro de ter me arrependido. De ter me perguntado porque eu havia feito aquela escolha. De ter decidido que nunca mais eu faria aquilo novamente. Olhava para seu pai e sua vó que me transmitiam amor e força para continuar. Olhava para Marilena e perguntava quanto tempo faltava e repetia que já não aguentava mais. Era um pedido oculto por alívio, um pedido que eu sabia que não externaria. Ela entendia, mas se mantinha firme e ao mesmo tempo doce com aquele olhar que me dizia que ia chegar, que eu podia. Foi quando ela me sugeriu trocar para uma nova posição. Foi quase instantâneo, eu virei e você coroou! Estávamos no quarto do hospital e você não podia nascer ali. Lembro da correria, de um monte de gente entrando, de me colocarem correndo na maca em direção à sala de parto enquanto eu anunciava em alto e bom tom para todo o hospital "vai nascer!!!!". Toda a equipe entrou na sala e também papai e tio Rafa. Eu sentia você chegando e meus gritos já eram de felicidade. Não havia mais dor pura, mas uma onda de emoção muito grande! Da cama eu via na porta da sala aberta a vovó, vovô, tia Bel e tio Cris. Ao meu lado estavam papai e tio Rafa. Quanto amor nos cercava naquele momento, filha! Foi quando saiu a sua cabecinha e vi você que

eu entendi porque eu havia feito essa escolha, foi quando me lembrei de cada etapa, das lágrimas de tristeza a cada tentativa falha, dos planos adiados . Eu soube porque eu estava ali. Porque eu precisava te encontrar como da primeira vez que te recebi: feliz, forte, pronta para você. Aquela dor era de alegria, de vida, de conquista. Marilena pediu para eu parar de fazer força para que você nascesse no seu tempo. Você veio escorregando lentamente, girando, dançando para mim. Foi tão devagar que tio Rafa anunciou: é um bicho preguiça! E a sala toda riu. Você veio diretamente para seu pai e eu. Nós te recebemos novamente, agora com uma dimensão infinitamente maior. Te recebemos para sempre. Você mamou imediatamente ao nascer, ficamos ali os 3 grudadinhos enquanto o cordão pulsava. Eram 2:15 da manhã do dia 14/04/2015, um dia antes do meu aniversário, você cumpriu nosso acordo. Depois que o cordão parou de pulsar seu pai cortou e abraçados nós cantamos "João e Maria" para você, como havíamos feito durante toda a gravidez, como seu vovô havia feito comigo a vida toda. A sala toda estava emocionada, sua chegada foi tão bonita, filha. No meu seio deitada, eu sentia o seu cheiro de paz. Um cheiro que nunca sairá da minha memória, um cheiro que me dava vontade de não te largar nunca mais! E agradeci a Deus por aquele momento, e desejei tudo aquilo novamente.

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Meu agradecimento especial a Deus por ter vivido tudo isso cercada de uma família amorosa e dedicada que me apoiou e incentivou desde o início até o final. Agradecida também por Ele ter colocado nas nossas vidas profissionais tão especiais e competentes. Àqueles que nos permitiram gerar: vocês são como fadas madrinhas que fazem sonhos virarem realidade. À Marilena: pela forma tranqüila, humanizada, natural e simples que ela me fez ver e viver a gravidez. São olhos e mãos mágicos. Sua firmeza, segurança e carinho nunca serão esquecidos. À Beta: me doulou por toda gravidez, seus ensinamentos foram muito além do dia do parto. Obrigada por seu carinho e dedicação. À Su: uma doçura e competência enorme. Obrigada pelo carinho e cuidado.

Martina Martina Freitas Pinheiro Pai: Nathanael de Freitas Pinheiro Junior Mãe: Mariana Araújo Freitas Pinheiro

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No meu seio deitada, eu sentia o seu cheiro de paz. Um cheiro que nunca sairá da minha memória, um cheiro que me dava vontade de não te largar nunca mais!

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Nascimento: 14/04/2015 Horário: 02:15 Local: Hospital Aliança Medidas:48,5cm / 3.010kg Obstetra: Marilena Pereira Enfermeira: Suzana Montenegro Doula: Roberta Ramalho


Laura, Edson Maria Júlia

Me sentia com medo de escolher! Embora tivesse descoberto durante a gravidez o mundo do parto humanizado, do parto normal, não conhecia ninguém da minha geração que tivesse passado por esta experiência antes.

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348 dias se passaram desde aquele 16/4/15. Este foi o dia que vi seu rostinho pela primeira vez, filha! Muitos detalhes já não estão frescos em minha memória, mas uma coisa é certa, jamais esquecerei a emoção que senti neste dia! Nunca vou esquecer a aventura que foi o seu nascer para este mundo. Eu havia passado um dia 15/4 tranquila. Já não estava mais trabalhando. Apenas senti um desconforto o dia todo, como se fossem gases. Recebi a visita de uma amiga querida, Margarete, à noite. Conversamos e falamos muito de como seria seu parto. Me sentia com medo de escolher! Embora tivesse descoberto durante a gravidez o mundo do parto humanizado, do parto normal, não conhecia ninguém da minha geração que tivesse passado por esta experiência antes. Tinha vontade de fazer o que fosse melhor para vc. Esperar o seu momento de nascer, queria sentir que você escolheria de que forma sairia de dentro de mim! Assim teria mais segurança pra fazer a minha escolha! Às 5h da manha do dia 16, fui acordada por um líquido escorrendo pela minha perna. Inicialmente, pensei que estava fazendo xixi! Fui ao banheiro e não tive duvidas: sinal de parto! A bolsa rompeu!!! Chegou a hora! Vc deu o primeiro sinal: chegou a hora mãe. Vamos? Mandei uma mensagem para Dra. Katarina e fui me arrumar esperando as orientações do que fazer. Estava calma, nada de dor. Seu pai

estava mais nervoso que eu! Tomei banho, avisei ao grupo da família no whatsapp, fiz um café da manha para seu pai, esperei ele comer e as primeiras dores começaram a chegar. Bem fracas e espaçadas. Saímos de casa por volta das 7h. Chegando ao hospital, as contrações vinham fracas a cada 20 min. Já instalados no quarto, a médica chegou. Verificou os batimentos e fez o exame de toque. Este momento seria decisivo para mim. Queria ver os sinais de qual caminho escolheria. Pedi que você me mostrasse e assim foi: 8 cm de dilatação!!! Fiquei eufórica! Meu maior medo era dor e falta de dilatação. Até então a dor era muito fraca e boa parte do processo já havia passado. Agora vamos, filha! Embarquei na montanha russa! Agora é só sentir emoção! E as dores! Elas foram ficando cada vez mais fortes. Seu pai começou a contar. A cada 10min. Sua vó chegou. Tia Odete e Marcela chegaram. Elas foram minhas doulas! Contavam os intervalos. Me estimulavam a aguentar, que valeria a pena. 5 min de intervalo e já estava ficando difícil suportar. Lembro de não achar posição para ficar. Andava pelo quarto, tentava deitar, nada adiantava. 3 min de intervalo. Não sei que horas eram, perdi a noção do tempo. Pedi anestesia. Tinha medo de desistir. Tinha medo da dor aumentar muito. Já era muito forte!

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Queria ver os sinais de qual caminho escolheria. Pedi que você me mostrasse e assim foi: 8 cm de dilatação!!!

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E foi assim que você chegou. Já trazendo tantas transformações em mim. Me fazendo forte, poderosa, completa e absolutamente feliz!

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Fomos para a sala de parto seu pai e eu. A anestesia foi aplicada. Não sentia mais nada! Ai que eu descobri a importância das dores. Elas me avisavam a hora que deveria fazer força. Como eu vou ajudar? Agora vai demorar muito mais! Depois comecei a sentir uma pressão na barriga e entendi que era naquele momento em que tinha que ajudar. Daí em diante eu lembro pouco. Lembro da pressão que sentia entre as pernas, lembro de sentir sua passagem, perguntava a toda hora se já dava para ver seu cabelo! Papai ajudando, dando apoio moral do meu lado. Firme e forte! E você veio! Nossa, não sei descrever o que senti naquele momento! Um turbilhão de emoções. Um looping! Pensei: então esse é o rostinho da minha filha? Olhei para um relógio que tinha na sala. 13:10h foi o momento de maior emoção em toda minha vida! O momento em que me senti mãe! O momento em que senti minha força! O instante em que me vi capaz de tudo por você, para você! Pedi que tirassem a roupa cirúrgica que cobria meu peito. Só queria sentir você junto de mim. E foi assim que você chegou. Já trazendo tantas transformações em mim. Me fazendo forte, poderosa, completa e absolutamente feliz! 28

Maria Júlia Maria Júlia Fischer Queiroz Pai: Edson Roque Queiroz Filho Mãe: Laura Fischer Queiroz

Nascimento: 16/04/2015 Horário: 13:10 Local: Hospital Aliança Medidas: 49cm / 3.150Kg Obstetra: Katarina Moreira


Lizi, Math e Lola «

O parto é, talvez, o único momento em que o ser humano consegue, e deve, voltar a ser bicho vivendo a natureza como ela é! (Matheus)

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40 semanas e 6 dias......era uma quinta-feira e me deu um sooono depois do almoço que pensei em dormir apenas 20 minutinhos.... mas o sono foi tão pesado que me levou a tarde inteira. Mal sabia eu que era meu corpo se preparando para o que viria mais tarde.... hi hi Quando acordei senti uma colicazinha e pensei que aquilo poderia ser um sinal de Lola, já que tinha passado a gravidez toda sem sentir aquilo. Faltava uns minutinhos pras seis da tarde, então achei melhor esperar Math chegar, pra contar pessoalmente o que estava acontecendo....e assim foi. Math chegou 19:00 hs e eu comentei que talvez Lola estivesse dando os primeiros sinais....ele me olhou com cara de interrogação e eu contei da cólica que tive....e prestando atenção percebi que continuava tendo umas pontadas. Decidimos comunicar a equipe médica, mas antes liguei pra minha doula....ou melhor, pra backup da minha doula, porque um dia antes minha doula tinha ido pra São Paulo fazer um curso . Então ela me pediu que eu medisse as contrações antes de comunicar o restante das pessoas. Math usou um aplicativo pra isso e constatamos que e eu estava com contração meeeesmo..... hauuahhuahuauha e eu achando que era colicazinha.... kkkk Elas estavam bem ritmadas, vinham de 5 em 5 minutos e duravam uma média de 52 segundos. E foi com essa informação que liguei e passei pra enfermeira, pra médica e pra fotógrafa. A médica pediu preu observar...que se as dores intensificassem eu estaria entrando em

trabalho de parto, mas que elas poderiam desaparecer e então não seria a hora ainda. Também pediu pra medir as contrações novamente, depois de umas 2 horas. No fundo Math grita: " fala que sua mãe pariu rapidamente" e a médica: " Lizi concentra em você, que sua mãe é sua mãe e você é você". Até entendi o q ela quis dizer.....e é isso mesmo, sem expectativa de que vai ser igual minha mãe. Mas confesso que tudo que eu imaginava era um parto rápido, calmo e sem muita dor. A fotógrafa me alertou....disse preu não deixar pra ligar de volta quando já estivesse em trabalho de parto que poderia ser muito rápido e não dar tempo de nada. O que eu não sabia é que não retornaria a ligação pra nenhuma delas....kkkk Todas me pediram pra descansar e comer. Eu juro que tentei, mas não conseguia nem ficar sentada....quanto mais deitada...kkkk comer então nem se fala, nenhuma possibilidade disso acontecer. Já eram nove da noite, quando Math mede novamente as contrações......eram 3 contrações em 10 minutos e eu já estava alucinando....já não conversava, não ouvia....não nada.....era o trabalho de parto instalado. Nesse momento sim eu senti dor....e que malvada ela era.... vinha com força.... judiava..... fez eu dançar na boquinha da garrafa.... kkk juro que era a posição mais confortável....rebolar até o chão... ha ha ha Vomitei, xinguei, chorei....bati no chão e na parede de dor....até que minha doula chegou. 29


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não sei porquê, mas eu me imaginava nua, parindo numa festa de gala...

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Eu não consegui recebê-la com sorriso... mostrar a casa....nada.....por sorte meu plano de parto estava em cima da mesa e ela pode saber um pouquinho sobre mim e o que eu esperava para aquele momento. Coisas estranhas do meu parto: não suportava ouvir o sapato da minha doula fazendo toc toc no chão....não sei porquê, mas eu me imaginava nua, parindo numa festa de gala.....kkkkk Mas isso não durou muito, sem saber explicar, pedi pra ela tirar o sapato e ela gentilmente o fez...hi hi Coisa estranha 2: senti muuuuita sede e bebi liiitros de água durante todo o trabalho de parto. Com a doula em casa, descobri o que me aliviava.....amei massagem na lombar e odiei a bola de pilates. Também virei amiga da minha dor....parece estranho, mas quando ouvi isso da doula, minha vontade era de esfregar a cara dela na parede...como assim conversar com minha dor e ser amiga dela....bem ela q me judiava tanto? Mas eu decidi entrar nessa loucura e viramos melhores amigas....afinal era ela q estava trazendo minha filha eu precisava dela e comecei a gostar dela...um amor quase que imediato...kkk Mas por um instante eu pirei.....não tinha saído tampão, nada da bolsa estourar....quem me garantia que eu estava em trabalho de parto? E dai eu pensei.....ficar 3 dias assim, sentindo essa dor? Num guento. Math sentado na cama comendo um rabanete, eu sentada no chão do quarto, comento com a doula que minha bolsa não tinha estourado....foi uma leve discussão de que de todo mundo estoura e a minha nada

x a possibilidade de nascer empelicado... quando a gente escuta PLOFT e era água pra todo lado.... uma poça d'agua e eu feliz da vida.....era verdade....eu estava parindo.... kkkk Achei q um banho seria bem vindo.....não queria ficar toda molhada, melecada.... e entrei no banheiro. Foi uma ducha e escuto a doula me perguntando porque eu estava fazendo força e eu com cara de interrogação.....quem disse que eu tava fazendo força? Fiquei de observar e quando veio a contração não é q eu tava fazendo força mesmo? Pense numa pessoa verde....branca.... foi a cara da minha doula de "essa menina vai parir e eu to aqui sozinha" Só que aquela dor horrorosa passou....agora era suave e eu achei que tivesse parado meu trabalho de parto....mas perguntando pra doula, ela confirmou que a dor diminuía mesmo....hi hi que parte boa essa e que eu não sabia. Eu estava no expulsivo e não sabia.... enquanto isso Math assistia a doula q desesperadamente tentava convencer a equipe de que elas já deveriam ter chegado, mas foram apenas duas palavras gravados pelo whatsapp....."bolsa rota com puxo".


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Eu só pensava em manter a calma e respirar pra ela continuar recebendo oxigênio....sabia q ela sairia no seu tempo...

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(médica), Carol (fotógrafa), Lorena (enfermeira) e Tarsila (doula), por todo cuidado, carinho, atenção, paciência, amor e amizade....porque sem vocês isso não teria sido possível. E ao papai que foi incrível....sem palavras pra você Math.

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Respeito e apoio fazem parte da natureza humana....se revelam no corpo e na alma de quem presencia, e vivencia, este momento lindo que é o parto! (Matheus)

Lola

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Eu confesso que tava tudo tão bom....que não ter ninguém ali nem me preocupava.....as coisas estavam acontecendo e pra mim era como se não precisasse de mais ninguém pra Lola vir ao mundo....tudo daria certo Geralmente a equipe leva uma piscina inflável prum parto na água e banqueta própria pra parir.... Eu não vi nem a cor da banqueta kkkk nada chegou a subir pro meu apê....veio só a médica mesmo faltando 20 pra meia-noite....e a primeira coisa q escuto: preciso ver o q está acontecendo....já vi a cabeça. Logo depois vi a fotógrafa e a enfermeira.....foi o tempo deu dar um oi e então já sentia Lola bem embaixo.... Olhei e vi tudo grande e depois de algumas contrações veio a cabeça e ela não saiu rapidinho não....só na próxima contração que vieram os ombros e na próxima finalmente ela toda. Eu só pensava em manter a calma e respirar pra ela continuar recebendo oxigênio....sabia q ela sairia no seu tempo. Ainda no canal ela chorou....antes esboçou um sorriso, que segundo a doula reza a lenda que é sorte ou dinheiro....kkkk Às 00:13 Lola já estava no meu colo. Eu fiquei assustada....meio que tentando entender tudo aquilo que estava acontecendo e ao mesmo tempo muuuuuito feliz em ter conseguido....foi liiindo, fácil, com dor e amor....protegidas no nosso cantinho...um sonho realizado. Lola chorando muuuito....minhas pernas tremendo muuuito e eu escuto :" concentra que você ainda tem q parir a placenta" Como assim? Eu não queria concentrar em porra nenhuma de placenta....e como fazer isso com Lola no colo? Então entreguei ela pro papai que foi todo feliz mostrar a casinha.....e eu decidi levantar....quando levantei, no mesmo instante a placenta saiu lindamente....se eu soubesse que era tão grande e pesada teria colocado as duas mãos.....mas com uma mão não consegui segurá-la e ela foi direto pro chão Pronto...tudo feito, podia tomar uma ducha e ir curtir minha pequena. Foi uma noite intensa....não dormi tamanha excitação..... muuuita adrenalina. A equipe me deu uma comidinha, ajudou amamentar Lola e partiu..... ficamos só nós 3....no que parecia um paraíso. O pesadelo fica pro próximo conto. Aqui eu termino agradecendo à Camila

Lola Rosental Demetrescu Pai: Matheus Demetrescu Mãe: Liziane Rosental Netto

Nascimento: 24/04/2015 Horário: 00:13 Local: Domiciliar Medidas: 53cm / 3.460kg Obstetra: Camila Rabelo Enfermeira: Lorena Santana Doula: Tarsila Leão 31


Bruna, Pedro

e Maria

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Foi demorado e muitas vezes doloroso. Mainha precisou até passar por um pequeno procedimento cirúrgico, mas o dia mágico chegou!

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Filha, Há alguns dias estou me organizando para te contar a história do seu nascimento. O turbilhão de sentimentos que nos rodeiam não foram organizados até hoje, então resolvi te contar desde o início, de como lutamos para engravidar de você! Mainha e Painho já estavam a oito anos juntos, entre namoro e casamento quando decidimos que a vida seria mais completa com você. foram muitos os dias em que imaginei seu rosto e como iria acomoda la em meus braços… mas os dias passavam e sua chegada não estava próxima! Muitos amigos da Mainha e Painho passaram pela mesma situação (dificuldade para engravidar dos filhotinhos)… foi quando sua Tia Lu (Luciana Bruni), mãe do José e da Gabi, indicou Tia Vera (Dra Vera Lobo – meu carinho e respeito). Tia Lu disse a Mainha que com a ajuda da TiaVera, mulher de muita fé, nós teriamos você em nossos braços. Foi demorado e muitas vezes doloroso. Mainha precisou até passar por um pequeno procedimento cirúrgico, mas o dia mágico chegou! Dia 19 de setembro de 2014, um

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sábado, Painho estava ajudando Tia Saroca (Sara Passos – tia paterna) com a mudança para a casa nova e eu estava sozinha. A menstruação da Mainha deveria ter chegado um dia antes, então resolvi fazer um teste de farmácia e para minha surpresa o resultado foi POSITIVO! Corri ligar para Painho mas ele estava segurando o sofá da Tia Saroca, pendurado na varanda. Como estava chorando, para não preocupar sua Tia, contei em segredo para ela: Estou Grávida! Sempre imaginei que conseguiria guardar segredo, comprar um sapatinho e colocar em uma caixa para dar a noticia a seu Painho… mas não foi o que aconteceu. Foi pelo telefone mesmo, e ele nem acreditou. Suas avós Regis (Tania Regina – materna) e Querida (Maria Tereza – paterna) quando souberam gritaram a mesma coisa: CONSEGUIMOS! A Luta para ter você foi de todos nós! Você estava presente nas orações das suas avós. 1.000 Ave Marias foram rezadas pedindo pela sua chegada! Na noite em que descobri que você crescia dentro de mim tive um sangramento, o que me forçou a buscar atendimento médico no dia seguinte. Depois de alguns exames, descobrimos um hematoma que fez Mainha ficar 30 dias acamada, tudo por você, para a sua segurança. 9 meses se passaram sem que soubéssemos o dia da sua chegada. Neste período Mainha e Painho juntos com Tia Vera, nos preparamos para que você viesse de forma natural e no momento da sua preferência. Você veio como deveria e foi lindo! Você nasceu em uma quarta feira que após o dia das mães. No domingo, dia das mães, reunimos a família em casa, seus avós, tios, e primo (Joka, Teteu ainda estava na barriga da Tia Camila como você estava na barriga da mamãe).


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Suas avós Regis (Tania Regina – materna) e Querida (Maria Tereza – paterna) quando souberam gritaram a mesma coisa: CONSEGUIMOS! A Luta para ter você foi de todos nós! Você estava presente nas orações das suas avós. 1.000 Ave Marias foram rezadas pedindo pela sua chegada!

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Estávamos todos apostando que Mainha entraria em trabalho de parto na quarta feira 13 de maio de 2015. Além de ser dia de Nossa Senhora de Fátima (somos devotos) era aniversário da vovó Regis. Você é a quarta geração Bergheme de mulheres que nascem no dia 13 de maio. Na terça feira, antes do seu nascimento, Mainha e Painho receberam muitas visitas: vovô Gagá (José Oldegar – paterno), vovô Bigode (Amauri – materno), tivó Zeza (tia avó paterna), Dinda Giovana (tia materna), primo Joka. Estávamos todos sentindo sua presença. Seu avô Gagá ao se despedir me disse: Você esta com cara de mulher parida – e isso me marcou muito! Mainha estava muito ansiosa com a sua chegada! Quando completei 36 semanas achava que a qualquer momento você chegaria – a louca parideira!!! Na manhã do dia 13 não me senti bem. Liguei para Tia Vera e ela pediu que fosse até o consultório para me examinar. Eram 11 horas quando ela me examinou. Já estavamos com 39 semanas, no dia de Nossa Senhora de Fátima, aniversário da vovó, bisavó e tataravó, e faltavam poucos dias para o vovô bigode se mudar para Recife (a qualquer dia). Sai do consultório de fui ao shopping, havia encomendado um pingente de Nossa Senhora de Fátima para me acompanhar no parto, quando recebo uma ligação da Tia Vera dizendo que eu já podia ir para o Hospital, que teríamos você naquela tarde!

Ás 13 horas eu e sua Dinda Giovana demos entrada no Hospital Aliança. A previsão da sua chegada seria as 16 horas. Arrumamos o quarto do Hospital com lembranças, doces, roupa de cama, suas roupinhas, esperando pela sua chegada! Mainha estava séria, até mal humorada, mas no fundo era a angústia de não saber como seria a partir do momento do seu nascimento. Painho muito nervoso com sua chegada se afastou do quarto por alguns momentos junto com Vovó Querida para orar pela sua chegada. Neste momento, Tia Vera chegou no quarto e nos disse: chegou a hora! Durante os nove meses em que estivemos juntas, Mainha havia decidido que você nasceria da forma que achasse melhor, no melhor momento para você e quando se sentisse segura e pronta para enfrentar uma nova vida, sempre juntas. Mas, o previsto não ocorreu. Mainha precisou de intercorrencia médica e você nasceu do parto cesária. Nos despedimos de todos na entrada do centro cirúrgico e seguimos para recebe lá, com tanto amor. Todos os profissionais envolvidos em seu nascimento estavam felizes. Mainha foi anestesiada e em pouco tempo já estávamos todos prontos para auxiliar o seu nascimento. Neste momento Painho pode se juntar a nós no centro cirúrgico e ainda dentro da minha barriga pudemos ouvir você chorar! Você nasceu as 17:40 horas…. Tia Vera até tentou esperar para as 18 horas… pesava 3,330 kg com 47 cm! Antes de iniciarem a cirurgia pedi a todos: CUIDEM BEM DA MINHA MENINA! Pedimos ao Neo que nos acompanhou no parto para iniciarmos a amamentação ainda no centro cirúrgico, e isso foi possível! Quando Mainha e Painho a viram pela primeira vez falamos juntos: ELA PARECE COMIGO…. ELA PARECE COM VOCÊ NINA (Nina é a forma que seu Painho me chama)! Geraria você 1.000 vezes e viveria seu nascimento mais 1.000!

Maria Maria Bergheme Passos Pai: Pedro Timoteo Passos Mãe: Bruna Bergheme Passos

Nascimento: 13/05/2015 Horário: 17:40 Local: Hospital Aliança Medidas: 47cm / 3.300kg Obstetra: Vera Lobo 33


Rafa, Gu e Noah

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(...) entre respiração, concentração e força, Noah ia nascendo de forma forte, mágica e encantadora (...)

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Era dia 11/05, tinha chegado as 40 semanas e nem sinal de Noah, estava muito preocupada e ansiosa de passar do prazo e não conseguir ter o parto normal como sempre sonhei...Quando lembrei que tinham me indicado um Acupunturista e Biomedico chamado Dimitri, o qual ajudava as gestantes no desbloqueio da circulação de energia para o trabalho de parto. Na 40ª semana e 1 dia fui ao consultório de Dimitri, lá tive uma conversa muito esclarecedora e contagiante com ele, o mesmo me informou que meu corpo já estava preparado para iniciar o trabalho de parto e que a acupuntura só iria ajudar o processo fluir melhor. Fiz a 1° sessão, a 2°, e na manhã antes da 3° sessão o meu tampão mucoso saiu. Que felicidade em saber que estava perto do grande momento. Liguei correndo para minha Doula Viviane e ela falou: calma, as vezes o tampão sai, mas o trabalho de parto pode demorar dias para iniciar. Fiquei tensa com a noticia ainda mais porque não sentia absolutamente nada. Fui então fazer a 3° sessão e quando estava saindo de lá as 16:00, Dimitri me falou: hoje vc entra em trabalho de parto e no maximo amanhã Noah estará em seus braços. Lembro que sai de lá radiante e pensando, se isso acontecer, Dimitri se tornará meu Guru rsrsrs. Cheguei em casa por volta das 17:00 e nem sinal de nada, pensei: vou deitar e dormir! Sonho meu, nem imaginava que tão cedo não saberia o que é sono rsrsrs. Às 17:20 senti a primeira pontada, mas ainda achava que não seria nada, veio outra pontada mais forte, falei com Gu anota porque o negocio esta ficando tenso. Ele começou a anotar e as contrações começaram a ficar ritmadas, a velocidade era tão grande que as 19:00 já não conseguia mais conversar tranquilamente. Pedi para ele 34

chamar minha Doula, as 20:00 ela chegou e se assustou com a intensidade das minhas contrações, então começou o ritual de banho, massagem, bolas, exercícios e eu já pensando: meu Deus, dói mais q isso??? Ela ligou para enfermeira Suzana e pediu que a mesma viesse logo para me examinar, pois não sabia se as contrações estavam proporcionais a dilatação. Suzana chegou por volta das 22:00, me examinou e disse que a dilatação ainda estava pequena mesmo com tantas contrações. Essa hora eu já pedia para ligarem para Dra Sonia e me levarem para o hospital, pois a dor era surreal. Às 23:00 vomitei de tanta dor, Suzana falou com Gu que a dilatação estava indo devagar,mas as contrações estavam muito forte, que iriam ligar para Dra Sonia para ver se aguardávamos ou se íamos para o Hospital. Lembro que olhava para o relógio e o tempo não passava. Chamei Gu e falei pelo amor de Deus me levem para o Hospital, ele saia e entrava no quarto tentando me acalmar e ao mesmo tempo tentando estar consciente das recomendações medica. Às 02:00 da manhã foi decidido que iríamos para o hospital mesmo a dilatação não estando no nível desejado. Nessa hora nem tinha mais forças para ficar em pé. A Doula e a Enfermeira foram num carro e Gu comigo em outro, fiquei no banco de trás deitada, durante o percurso minha bolsa estourou, senti uma água morna me molhar. Eu já estava fora de mim, pensei: ele vai nascer aqui no carro e comecei a gritar ele ta nascendo!!!! Gu me falava com a voz tremula: calma, já tá chegando, calma, vai ficar tudo bem. Lembro que eu olhava pela janela do carro e via tudo em câmera lenta e eu gritava: v c n ã o e s t a c o r r e n d o, c o r r e e e e e e , aceleraaaa...Enfim chegamos no hospital


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Às 15:10h nasceu Noah, nosso amor maior: lindo, saudável e iluminado pra completar e encher nossas vidas do amor mais puro que um ser humano possa vivenciar.

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Aliança e Dra Sonia já estava nos esperando, Gu foi resolver a parte burocrática do hospital e eu fui junto com Suzana e a doula para o quarto. Lembro de sentir um alivio ao ver Dra Sonia no quarto, ela me examinou, Noah estava ótimo e nos disse que eu ainda não estava dilatava o suficiente e em lagrimas pedi que ela me desse anestesia para diminuir a dor pois não agüentava mais, então ela falou de forma suave e confiante: eu sei meu anjo, eu sei que esta doendo muito, mas lembre de tudo que nós conversamos antes, ainda não é o momento, tente mais um pouco e se de fato estiver impossível, faremos o que você pedir. Nessa hora me veio à lucidez e lembrei de tudo que havíamos conversado antes e de todos meus desejos, sabia que tinha que tirar de mim toda a força que ainda me restava. Fomos para o chuveiro com a bola do pilates, sentei na bola e minha doula ficou me massageando enquanto a água caia nas minhas costas, após um tempo, Gu abre a porta do banheiro, chama a doula e fala: o quarto esta alagado!!! A bola tapou o ralo transbordou o Box, passou para o banheiro e foi para o quarto, nessa hora consegui sorrir ao ver a situação desastrosa na qual estávamos rsrsrs. Ficamos nós no quarto mais o cara da limpeza passando o rodo rsrsr. Às 05:00 da manhã vomitei de dor pela terceira vez, nesse momento a Dra Sonia chamou Gu no canto e falou: ela já não tem mais forças, esta fraca mesmo que venha a dilatação esperada, ela não terá força para colocar Noah para fora, ela precisa descansar! Nesse momento foi decidido que me dariam anestesia. Lembro que tive uma crise de choro achando que não iria conseguir ter Noah como sempre sonhei. Lembro de Gu nesse momento desabar em lagrimas me dizendo que tinha muito orgulho de mim, que eu era uma guerreira, que não ficasse triste que no final tudo daria certo. As horas não passavam, Dra Sonia entrava e saia da sala, me dizendo que o anestesista estava trocando de turno e ela estava

esperando o outro para conversar e explicar exatamente a quantidade de anestesia que iria me dar, pois seria mínima, somente para eu descansar um pouco, para não ter risco de inibir as contrações e eu acabar sendo levada para fazer uma cesárea desnecessária. Às 08:00 da manhã entrei na sala de parto humanizada do hospital para tomar anestesia, lembro de estar vendo tudo em câmera lenta novamente e pedia para a Doula e Gu estarem o tempo todo segurando as minhas mãos. Tomei anestesia, comi um pedaço de rapa dura, a dor foi diminuindo e eu ao mesmo tempo fui caindo no sono. Dormi. Despertei e olhei para o relógio da sala e eram 09:30 e eu só sentia uma cólica leve..pensei, só vou sentir isso? Tranqüilo, tô de boa rsrsrsr, em frações de minutos a dor voltou pior que antes,dei um berro!! Dra Sonia, o que é isso??? Vou sentir dor de novo? Ela falou: vai, mas calma sua dilatação já esta quase lá, falta pouco agora. Minha doula no mesmo momento me falou: Rafa faça as pazes com a dor das contrações, ela é necessária, ela é sua amiga, sem elas Noah não irá nascer. Foi então que sentei na bola respirei fundo e pensei: ok dor, ok contração, pode ficar aqui comigo,estou preparada para ser sua amiga! As lagrimas escorriam e ao mesmo tempo que me concentrava na respiração e nos movimentos na bola, senti um peso enorme nos meus quadris, Noah já dava sinal que iria nascer em breve. Começou então a maratona de caminhadas pelo corredor do hospital para que Noah descesse mais e mais. Todos médicos e enfermeiros que passavam me olhavam, acredito que pelo meu traje elegante rs estava usando as meias de Gu, um avental mega moderno que deixava minha linda fralda geriátrica a mostra rsrsrs, e para finalizar o look, caminhava que nem os zumbis da minha serie predileta: The walking Dead rsrsrs mas eu não estava sozinha, pagando esse mico 35


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Grata a Deus e ao universo por me permitir passar por essa experiência mágica e transformadora que levarei dentro de mim por toda eternidade.

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comigo estava minha Doula, Gu e Dra Sonia rs. Depois da maratona entrei na sala do parto e comentei com Dra Sonia que estava sentindo contrações fortes, porém mais espaçadas e um peso enorme na vagina, e ela falou: vc já esta inicando o expulsivo, Noah vai nascer!!! Vamos agora encontrar uma posição mais confortável para vc colocar seu filhote no mundo!!! Sentei então em um banquinho apoiando as minhas costas em Gu e lá ficamos, olhei no relógio eram 14:00, pela janela do quarto ouvi o b a r u l h o f o r t e d a c h u va e i s s o m e acalmou..Chovia muito em Salvador naquele dia.. Finalmente expulsivo começou de forma continua, entre respiração, concentração e força, Noah ia nascendo de forma forte, mágica e encantadora como o trecho de uma bela canção que sempre imaginei que seria o meu parto...E então: “Nascendo, rompendo, rasgando e tomando o meu corpo e então eu chorando, sofrendo, gostando, adorando e gritando..Feito louca, alucinada e criança...Sentindo meu amor se derramando, não dá mais para segurar..EXPLODE CORAÇÃO.” Às 15:10 nasceu Noah, nosso amor maior: lindo, saudável e iluminado pra completar e encher nossas vidas do amor mais puro que um ser humano pode vivenciar. Grata a Deus e ao universo por me permitir passar por essa experiência mágica e transformadora que levarei dentro de mim por toda eternidade.

Noah Noah Costal Moreira Pai: Gustavo Moreira Mãe: Rafaele Costal

Nascimento: 15/05/2015 Horário: 15:10 Local: Hospital Aliança Medidas:50,5cm / 3.540kg Obstetras: Sonia Sallanave e Marilena Pereira Enfermeira: Suzana Montenegro Doula: Viviane Lafane

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Cássia, Victor

e Sophia

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Consegui compreender minhas limitações, consegui entender que não é possível planejar tudo e percebi que tenho muito mais forças do que imaginava.

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Sempre quis ter um parto normal porque tinha a convicção que era o melhor para a mãe e para o bebê. Ficamos muito felizes ao encontramos um médico que além de fazer o parto da forma que eu queria também era muito atencioso e atendia pelo plano de saúde. Foi com minha professora de Yoga, Roberta Ramalho, que comecei a entender que as coisas não eram tão simples. Logo nas primeiras aulas ela falou sobre episiotomia, ocitocina, tempo de trabalho de parto que muitos médicos consideram como limite e outros temas que na hora me deixaram desnorteadas. Como assim precisa saber de tantos detalhes? Foi ai que despertei e comecei a estudar, a ler relatos de parto e a buscar informações sobre o meu médico, que descobri ser cesarista. O assunto parto passou a fazer parte dos meus estudos diários, que também despertou o interesse de Victor. Depois de estar muito mais informada decidi que não queria simplesmente um parto normal, eu desejava um parto humanizado, que respeitasse as minhas vontades e prezasse pelo bem de minha filha e meu. E assim, quando já estava com 29 semanas mudamos de médico, sem nem dar adeus ao antigo. Buscamos o acompanhamento de uma médica que faz parte de uma equipe humanizada. Por “sorte”, a médica Camila Rabello ainda tinha vaga para junho. Após mais e mais leituras, decidimos por um parto domiciliar. A nossa casa é o nosso canto, o nosso ninho e não poderia existir lugar melhor para recebermos a nossa filha. Se parto normal já assusta, quem dirá domiciliar. Então decidimos não divulgar nem para familiares nem para amigos, a não ser para minha cunhada Samantha que seria a nossa fotógrafa. Estávamos seguros da nossa

decisão e naquele momento bastava. Minha gravidez foi bem tranquila. Não tive enjoos e consegui manter a rotina dos dois empregos até a 39º semana, mas a essa altura o cansaço já estava presente em meus dias e por isso pedi um atestado a minha médica. Ainda faltava preparar algumas coisas para o parto, como escolha de músicas, comida para a equipe, etc. e achei que iria aproveitar esses dias também para isso. Sempre achei que minha gravidez fosse passar da DPP e se aproximar da 42º e isso me deixava mais tranquila. Em uma segunda feira, dia 22 de junho, meu primeiro dia de descanso, acordei muito enjoada e vomitando e assim continuei por toda a manhã. Achei muito estranho e comentei com minha doula Tarsila. Ela me falou que poderia estar relacionado ao trabalho de parto. Recomendou que eu relaxasse. Mas eu estava relaxada. Continuei em casa e a tarde já estava sem sentir nada. No outro dia relacionei todas as pendências para resolver.Fiquei escolhendo as músicas, separando as toalhas, revendo o plano de parto, explicando a Victor onde encontrar as coisas. Só parei a noite, quando resolvi tomar um banho e assistir a um filme. Umas 22:30h comecei a sentir umas cólicas e começamos a contar. Cheguei a pensar que estávamos contando errado porque elas já estavam muito ritmadas. Avisamos a Tarsila e a enfermeira Suzana sobre os acontecimentos apenas para deixa-las de sobre aviso. Tentei voltar a assistir ao filme, mas já não conseguia me concentrar. Quando fui ao banheiro por volta das 23:30h percebi que o tampão tinha 37


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Esperava a bolsa romper, me preocupava se as pessoas estavam comendo e nada da tal partolândia chegar.

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saído. Nesse momento pensei que tudo estava indo rápido demais e que meu trabalho de parto seria curto. Pedimos a Tarsila, a Suzana e a minha cunhada que fossem para a nossa casa. A partir desse momento perdi a noção do tempo. Acredito que tenham chegado próximo à 1:00h e eu já estava embaixo do chuveiro rebolando sobre a bola. As dores já eram fortes... Sem perceber todo o movimento que estava acontecendo em casa, a piscina foi montada no meio da sala e já estava com água quente. Foi um alívio mudar de posição e ambiente, mas por pouco tempo. Por mais que Victor ficasse jogando água em minhas costas e Tarsila, com suas mãos mágicas, massageasse minha lombar, a dor era cada vez mais intensa. Suzana monitorava Sophia periodicamente, analisando os batimentos e verificando se ela estava descendo. Victor tentou colocar as músicas que eu tinha selecionado, mas nem a senha do meu micro eu conseguia dizer. Então ele improvisou com outras músicas e sinceramente, nem lembro quais foram. E foi assim durante toda a madrugada. Logo pela manhã Dra. Camila chegou e ali permaneceu revezando com a enfermeira no acompanhamento de Sophia e meu. Quando a vi disse que não aguentava mais de dor e queria ir para o hospital, mas esse apelo foi desconsiderado até mesmo porque eu tinha pedido isso no plano de parto e todos sabiam que não tinha chegado no meu limite. As horas passavam e eu não conseguia me desligar... Esperava a bolsa romper, me preocupava se as pessoas estavam comendo e nada da tal partolândia chegar. Achei que eu fosse ficar em transe e isso não acontecia. As dores ficaram tão fortes que meus gritos eram estridentes e esse foi o primeiro momento que consegui me desligar. Não importava se os vizinhos iam se incomodar ou não, eu precisava gritar, eu precisava me conectar com

aquela sensação. Ficava andando por toda a casa revezando entre piscina, banheiro e cama. O quarto estava sem televisão e o suporte ficava aparente e foi ali que comecei a segurar e colocar cada vez mais força. Quando as mãos já estavam bastante doloridas, Tarsila colocou um lençol para que eu puxasse. Eu me pendurava e soltava todo o corpo, como se quisesse transformar em balanço. Às vezes nem sentia meus pés no chão. Já não conseguia receber nenhum toque, por mais que fosse uma massagem. Também não conseguia comer (não tinha nenhuma vontade nem fome), mas recebia frutas na boca para ter mais energia... Iria precisar para continuar todo o trabalho de parto. Não conseguia dormir, mas lembro de cochilar entre uma contração e outra. No meio de tudo isso minha mãe ligou (ela disse que estava pressentindo que as coisas não estavam “normais”) e eu não consegui atender porque estava no meio de uma contração. Aguardei o melhor momento para retornar a ligação falando bem baixinho e rápido que estava no cinema. Ela não poderia sonhar com o que estava acontecendo. Iria ficar muito ansiosa e eu muito mais. Por volta das 15h (Victor lembra dos principais horários), quando mais uma vez me pendurei no suporte da televisão, escutei um “ploc”. A bolsa finalmente tinha estourado e todos correram para o quarto por causa da zuada que a água fez ao escorrer. Aquele líquido marrom esverdeado não parava de descer pela minha perna (não imaginei que fosse tanto). Por mais que tivesse lido muito sobre o assunto, saber que já tinha mecônio me deixou apreensiva. Comentei com Dra. Camila e ela tranquilamente me respondeu que aquilo não fazia diferença, que a partir daquele momento o monitoramento dos batimentos cardíacos de Sophia seria maior e saber que os mesmos estavam normais me deixava mais tranquila. Naquele momento também cheguei a comentar alto que estava feliz com a bolsa ter rompido porque acreditava que tudo seria melhor. . Escutei alguém falando (não lembro quem) que as dores seriam maiores (como assim dores maiores? Não tinha como ser).


E foi exatamente dessa forma. As dores aumentaram e eram direcionadas no assoalho pélvico. Tinha chegado a etapa do puxo. Sentia uma vontade imensa de fazer coco, mas ao mesmo tempo tinha medo de tentar. Não precisava fazer força porque ela era involuntária. Tentei ficar na banqueta, mas doía demais. Tentei a bola e não conseguia nem sentar. Fiquei revezando entre a piscina e o suporte da TV. Em um desses momentos que estava na piscina meu irmão ligou (tinha certeza que foi minha mãe que pediu) e eu consegui atender e falar rapidamente que estava no cinema e que ligaria depois. Não tinha percebido que entre a ligação de minha mãe e a de meu irmão já tinham passado muitas horas e eu permanecia no cinema (realmente me perdia nas horas facilmente). Ainda bem que eles não fizeram essa associação. Enquanto as horas iam passando, o trabalho de parto não evoluía. Eu deveria empurrar Sophia. Eu deveria expulsá-la. E eu simplesmente fazia o contrário. Eu puxava ela para dentro e não percebia o que estava fazendo. Eu não tinha medo, mas não conseguia fazer a força de forma correta. Tarsila, Dra Camila e Suzana falavam que eu tinha que me conectar com minha filha, que eu deveria deixar a natureza agir, que eu tinha que me desligar do mundo. Nesse momento meu corpo demonstrou como eu sou. Uma pessoa que tem muita dificuldade de expressar os sentimentos, que não consegue dizer tudo o que pensa, que guarda muita coisa para si mesma, que não deixa sair.... Nunca imaginei que a incapacidade de deixar minha filha sair me deixasse mais nua do que eu estava. E ai eu percebi que não era uma questão física e sim psicológica. Seria muito difícil resolver esses conflitos durante um trabalho de parto. Me senti impotente e incapaz de parir. Victor tentava me convencer da minha capacidade, afinal, só faltava a última etapa, o expulsivo. Dra Camila me pediu permissão para fazer o primeiro exame de toque, o que permiti. Não lembro quanto de dilatação eu estava, mas ela já conseguia tocar na cabeça de Sophia e ainda me disse que era cabeluda. Aquilo deu um ânimo e ainda fiquei um tempo (não sei quanto) resistindo insistentemente a dor. Ficava andando por toda a casa e vendo cada cômodo ocupado por uma pessoa. Todos já estavam muito cansados. O dia 25 de junho já estava começando e eu desisti. Não aguentava mais as dores, não acreditava mais em mim. Precisava de algum anestésico, que só era possível no hospital. Dra

Camila fez mais um exame de toque e disse que eu já estava com 9 de dilatação. Pedi para ela ser bem sincera quanto à evolução do trabalho de parto e escutei que eu poderia parir no carro indo para o hospital ou poderia levar muitas horas em casa ainda e deixou claro que estava tudo bem comigo e com minha filha. Seria uma decisão minha. Suzana e Tarsila ainda fizeram alguns movimentos comigo para facilitar a descida de Sophia, mas sem sucesso. Até que realmente decidi ir para o hospital. Fomos de comboio: o nosso carro, o de Dra. Camila, o de Suzana e o de Tarsila. Apenas Samantha não foi para o hospital. Fui de olhos fechados do Imbui (casa) até a Barra (Hospital Português) e não sei como Victor não ficou desnorteado com tantos gritos que eu dava. Chegamos aproximadamente 3:00h no hospital e já entrei gritando sozinha. Todos ainda estavam estacionando. Enquanto a recepção verificava meus documentos, Tarsila e Suzana chegaram e fomos para a triagem, que não tinha ninguém aguardando. Mediram os meus batimentos e os de Sophia e chamaram o médico de plantão. Coincidentemente o médico era o mesmo que eu tinha abandonado no meio da gravidez. Victor já estava ao meu lado e quando escutamos o nome ficamos muito sem graça com a situação. Quando ele chegou nos reconheceu e quando viu que estávamos com Dra Camila ficou mais sem jeito do que a gente. Acho que ficou claro porque tínhamos mudado de médico. Nem me avaliou e logo liberou a entrada para o centro cirúrgico. 39


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cesárea. A sala de parto foi liberada, mas diante da situação continuamos no centro cirúrgico. Ela pediu que me dessem O2 e eu estava tão desorientada que questionei o que era aquilo que iam colocar em mim. Suzana, pacientemente e entendendo a minha situação, explicou que eu precisava de oxigênio, pois Sophia poderia estar com os batimentos reduzidos porque eu não estava respirando direito. Não fui a melhor das estudantes de química, mas sei muito bem o que significa H2O e O2, mas não tive discernimento de relacionar as coisas. E colocaram mais uma coisa grudada em meu corpo. Em poucos minutos os batimentos de Sophia aumentaram e todos ficaram mais tranquilos. Começamos novamente a etapa do expulsivo, agora sem dores e com o cuidado de fazer força na hora certa, o que é bem complicado sem as contrações, mas necessário para não causar lacerações. Iniciamos na posição tradicional ginecológica (detesto essa posição) e em pouco tempo desistimos. Desci da maca com muita ajuda e sentei na escadinha. Com a perspectiva de ver meu sonho não ser realizado, recarreguei minha energia e resgatei minhas forças. Ai tudo começou a mudar e isso demonstra outra parte que representa quem eu sou. Não sou de desistir de algo em que acredito, mesmo o mundo dizendo o contrário.

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Colocaram-na no meu colo e eu fiquei ali anestesiada, beijando e admirando aquele ser, que a partir daquele momento seria o mais importante de minha vida Depois que o cordão parou de pulsar, Victor o cortou. Naquele momento, deixamos de ser apenas uma.

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Dra Camila queria que fossemos para o sala de parto, mas estava ocupado. Ficamos numa sala do centro cirúrgico (sem equipamentos para o parto normal humanizado) na expectativa de mudarmos após o procedimento de anestesia. Ali eu experimentei um dos piores momentos desde o início do trabalho de parto. Foram colocados fios para monitorar meus batimentos, cateter para tomar soro e ainda equipamento para monitorar a pressão. A sensação de estar com os movimentos limitados me deixou angustiada. Quando o anestesista chegou, Dra Camila deixou muito claro que era apenas para reduzir as dores, pois eu precisava sentir as contrações para dar continuidade ao parto. Ver todos aqueles medicamentos serem introduzidos em minha coluna aumentaram ainda mais minha angustia e eu não parava de repetir para o anestesista que eu precisava sentir, que eu queria pouca anestesia e ele só olhava para mim e dizia que sim com a cabeça. Momentos após o procedimento eu não sentia mais dor e o anestesista fez alguns testes com minhas pernas para saber como estavam as sensações. Considerando tudo normal, liberou a minha saída da maca, pois Dra Camila queria que eu tentasse fazer movimentos na banqueta, bola, etc. Me posicionei na escada lateral da maca e fiquei em pé para descer e nesse momento eu não tive forças para segurar o meu corpo e despenquei. Suzana estava no meu lado e conseguiu me segurar. Fui colocada novamente na maca e fiquei desesperada. Se eu não sentia minhas pernas, também não conseguiria colocar forças para expulsar minha filha. Senti que todos ficaram muito tensos. O anestesista não estava mais, tinha acabado o seu plantão e outro profissional já estava no quarto e tinha presenciado tudo. Fiquei sobre a maca lamentando e dizendo que o seu colega tinha feito besteira, que eu precisava sentir minhas pernas, que eu queria muito ter um parto normal. Senti que ele ficou sensibilizado com a situação e sugeriu que eu dormisse um pouco para a anestesia diminuir o efeito e para eu ficar mais tranquila. Sem nenhuma dificuldade eu apaguei e só acordei com o anestesista me chamando para testar meus movimentos. Já sentia minhas pernas, mas ainda não era capaz de andar. Dra Camila mediu os batimentos de Sophia e percebeu que estavam reduzindo. Não poderíamos demorar muito tempo, caso contrário seria necessário encaminhamento para uma


Fiquei posicionada no primeiro degrau da escadinha, Victor no segundo, sentado atrás de mim e apoiando minhas costas, Dra Camila e Suzana sentadas no chão que estava forrado para a chegada de Sophia, Tarsila tirando fotos e me mostrando para que eu percebesse a evolução e ficasse cada vez mais entusiasmada e mais um monte de gente (pediatra, anestesista do plantão, anestesista do próximo plantão e sei lá mais quem) acompanhando ou só por curiosidade. Foi em uma dessas imagens que vi a cabeça de minha filha bem cabeludinha. Coloquei a mão dentro de minhas pernas e senti o seu cabelo. Senti minha filha saindo de mim, querendo pular em meus braços. Coloquei a mão em minha barriga e em cada contração fazia a força para expulsá-la e assim conseguimos nos conectar. Ambas com desejo de se ver, de se tocar, de viver o momento que esperamos muito mais que nove meses. Senti um ardor imenso e logo percebi que a cabeça de Sophia tinha saído. Ainda tinha todo o restante do corpo, mas a dor não estava mais presente. Outros sentimentos já tinham dominado o meu corpo. Quando vi Sophia no chão do quarto, toda coberta de vernix e com aquele líquido verde, minhas lágrimas escorreram. Posso dizer que entendi o verdadeiro significado de palavras como felicidade e amor. Todos pediam para que voltasse a respirar porque minha filha ainda estava conectada a mim. Colocaram-na no meu colo e eu fiquei ali anestesiada, beijando e admirando aquele ser, que a partir daquele momento seria o mais importante de minha vida. Com olhos fechados eu agradeci à Deus e aos bons espíritos que estiveram presentes em todo o momento. Quando percebi, Dra Camila e Suzana estavam em minha frente, ainda no chão, se abraçando e emocionadas. Depois que o cordão parou de pulsar, Victor o cortou. Naquele momento, deixamos de ser apenas uma. Pegaram Sophia e foram fazer os exames iniciais sob a supervisão de Victor, enquanto Dra Camila me examinava. Não conseguimos eliminar o colírio dos procedimentos, mesmo informando que meus exames deram negativo, mas agradeço muito pela pediatra que foi colocada em meu quarto, porque, mesmo sem apresentar o plano de parto previamente, conseguimos que a vitamina K fosse administrada com Sophia em meu peito, além de alojamento conjunto. A partir daquele momento eu não iria ficar distante de minha filha. Sophia nasceu no Hospital Português às 8:40h

do dia 25/06, pontualmente na data provável do parto, com 3.190g e 47 cm, após 33 horas de trabalho de parto. Meu períneo ficou intacto e não precisei tomar nenhum ponto, o que considero muita sorte, devido a toda situação. Essa foi a maior e melhor experiência de minha vida. Consegui compreender minhas limitações, consegui entender que não é possível planejar tudo, percebi que tenho muito mais forças do que imaginava. Talvez não consiga demonstrar em palavras tudo o que esse momento representou, mas posso garantir que a Cássia de hoje é bem diferente da que existia antes do dia 25/06. Agradeço imensamente às pessoas que me acompanharam durante todo o processo. Sem elas ao meu lado nada disso seria possível. Dra Camila e Suzana me deixaram tranquila com o profissionalismo e segurança que transmitiam; Tarsila se fazia presente em todos os momentos com palavras de conforto, com suas mãos mágicas ou apenas olhando de longe e mostrando que estava ali para o que precisasse; Samantha, minha cunhada, com toda a sua discrição, registrou esse momento que me emociona todas as vezes que vejo e Victor, meu marido, companheiro e pai de Sophia por apoiar e confiar em todas as minhas escolhas, por fazer com que eu acreditasse em mim mesma e por estar sempre ao meu lado. Peço desculpas à minha mãe e meu irmão por não ter permitido que participassem desse momento. Agradeço imensamente a Deus por ter permitido que eu vivesse tudo isso.

Sophia Sophia Ribeiro Torres Pai: Victor Coellho Torres Mãe: Rita de Cássia Souza Ribeiro Torres

Nascimento: 25/06/2015 Horário: 08:40 Local: Em casa com transferência para o Hospital Português Medidas: 47cm / 3.190kg Obstetra:Camila Rabello Enfermeira: Suzana Montenegro Doula: Tarsila Leão 41


Ana, Gu

e Mini Gu

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Chegou me tirando o ar e me dando um chão. Chegou me mostrando o quanto forte eu sou, o quanto forte precisarei ser.

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estaria descendo. Juntos, eu, meu corpo, meu filho e o universo trabalhando em um único propósito, sua chegada. E que chegada! Às 00:19h do dia 28 Gustavo (mini Gu) chegou pesando 4050 kg e medindo 54 cm em uma piscina de plástico na minha casa, cercado pelo cuidado e profissionalismo de Tanila Amorim, Marilena Pereira (parteiras) e Carol Lube (fotógrafa), o carinho da Titia Elisama e da dindinha Joice Freitas e o amor meu e do papai Gustavo Santos. Chegou me tirando o ar e me dando um chão. Chegou me mostrando o quanto forte eu sou, o quanto forte precisarei ser. Relatar o que Vivi durante todo o dia 27 e nos primeiros minutos do dia 28 não é fácil. Ter um filho nos braços é indescritível, parir é indescritível, as contrações são indescritíveis. Só posso dizer que o meu corpo contraiu. Sim, senti até minha alma contraindo. Doeu para c..., mas era dor e não sofrimento. A cada contração fechava os olhos e lembrava da sensação que tive na noite que descobri a gravidez. Imaginava meu corpo irradiando luz. Foi uma jornada intensa. Lembro de ter pedido dorflex, analgesia, morfina, pó de pirilim pim pim e no lugar contei com a liberdade de poder rebolar, quicar, banho de chuveiro, comida, massagem, compressa térmica e agua quentinha da piscina. Mais do que isso, eu recebi amor sem moderação, olhares analgésicos, mãos sedativas e palavras empoderadoras. A cada contração verbalizava ou mentalizava que meu colo estava se abrindo e meu filho 42

Gustavo Gustavo Santos Pimentel Pai: Gustavo da Silva Santos Mãe: Ana Luzia Oliveira Pimentel

Nascimento: 28/07/15 Local: Domiciliar Medidas: 54cm / 4.050kg Obstetra: Marilena Pereira Parteira: Tanila Amorim Glaeser Doula/Amiga: Elisama Santos Fotógrafa: Carolina Lube


Fala Papai! Nossa.......que noite! Oooh.......maravilhosa! Afinal.......que dia foste? Hoje, dia, noite...data duvidosa. Gosto de receber a notícia, Um de noite e o outro de dia. Grávida, minha mulher, de minha filha! Uma mistura de pavor com delícia! Sangrou? Muito! O que?!? Perdeu?...não, Pode ficar tranqüilo! Hora de pensar no nome! A viagem para família avisar... Gêmea-prima-irmã-bi-uterina! Hoje tem que festejar! A gente ainda nem imaginava... Mais informação...e críticas. Religião, parto, futebol e política! Tinha que ser do nosso jeito, Na nossa casa...com respeito! Até que chego em casa à tardezinha, Kuarenta semanas e 6 dias. Inicia-se a arrumação! Não, de hoje não passa não! Ciclo completo de nove meses E agora bate 52 segundos todas as vezes! Contração de relógio suíço!I Intenso e rápido...alguém esperava isso?

......aa...Lo? La estava eu, Avisando ao mundo, Que nossa filha nasceu! Puerpério é difícil! Imagina sem apoio...ele é fundamental! Porém.......com pais, mães e 12 babies, Só fazem disso uma diversão total!

(Matheus, papai de Lola)

Meu sentimento com relação a esse grupo lindo é de agradecimento. Agradecer a Roberta por ajudar Tati e Giovanna durante a gestação (tenho certeza que Nina é uma criança com saúde muito pela Yoga). Agradecer novamente a Roberta por ter sido nosso anjo no NOSSO trabalho de parto. NOSSO porque também sofri solitariamente, rezando para que tudo desse certo. NOSSO porque nós, os pais, também devem estar presentes nos momentos difíceis. Agradecer a todas as meninas, por ajudarem, dialogarem com Tati. Ao longo desse primeiro ano de aprendizado, foram o porto seguro de nossa família. Sei que podemos contar com todas. Só me resta agradecer e pedir para que continuem unidas. É um grupo diferenciado e, certamente, fará com que os filhos cresçam com saúde e com princípios. Um beijo enorme para todas as mamães e bebês.

(Alexandre, papai de Giovanna) Gingado com dor a cada badalada, O valor do apoio, às vezes, é só observar. Não tem problema, apoie-se em mim minha amada! Na casa tem alguém que sabe o que e quando falar! Mas o dia já virou, Rápido ela chegou! Isso, onde tinham 2+3, Agora tem seis! Já posso finalmente nela encostar! Um contato pele, pele, pele! Juntos...filha, mãe, pai! Um telefonema posso iniciar

Eu sempre soube que seria pai. Sempre. Era mais que uma vocação, era destino. Quando tinha 9 anos, soube que o mundo acabaria no ano 2000! Montei um plano: Se eu não perdesse de ano, terminaria a escola em 97 (17 anos), começaria a trabalhar, em 98 casaria, em 99 faria um filho, felizes para sempre. Fim. Tá, a partir da adolescência, casar deixou de ser prioridade e paternidade virou um risco iminente, até que Lorena me salvou! Mas nossa história de amor é para outro dia. 2014. 34 anos, 3 de casado. Um belo dia Bigus me chama e saca aquele bendito bastão do destino, conhecido como teste de farmácia. “+”. Choque. Gagueira, e digo:"Que a gente 43


compra primeiro?". Ela ri, nós rimos, choramos, rimos, rimos mais! E assim foi. Internet, livros, médicos, queríamos entender tudo, e cada ultrassom era emocionante. Fiz vários planos, apresentar pra ela Whole lotta love do Led Zeppelin, ensinar coisas como: flocos é o melhor sorvete do mundo, arrumar a cama não dói, canhotos podem tocar violão como destros, que ninguém precisa da seleção brasileira quando tem o Baêêêa! E apesar de mamãe ser vicetória a gente ama ela, que as melhores conquistas da vida são aquelas pelas quais lutamos e perseveramos muito, pois ninguém pode tirar da gente. Assim os meses se passaram, Pips estava enorme, graças a todos os caranguejos que ela e mamãe comiam. E foi num sábado de março, 15 dias antes do previsto, dia do caruru de Samira, minha prima de SP que visitava a família, que Dona Pietra resolveu chegar! Corre pro hospital! Hoje sei que foi rápido, mas no dia tudo passava em câmera lenta. Ela nasceu com aquela carinha de joelho linda! Quase não chorava, e sempre curiosa, Pietra Luíza. Ou Pips! Hoje cresce cheia de doçura, sorrisos, energia e determinação! E o mundo nem precisou acabar (Renê, papaide Pietra)

Mainha, gostaria de dizer que estes últimos 2 meses tem sido bem agitados e cheios de descobertas. Saí do melhor lugar do mundo, de dentro da sua barriga, para por algumas vezes no dia ficar longe de você. Não tem sido fácil, mas estou me esforçando em ficar só ou com outras pessoas pois certamente isso deve ser importante para nós (mas não é bom). O Painho é maravilhoso comigo, ele tem amor e carinho como o seu e até dodói cuida de mim. Mas não é como você Mainha. Você é a melhor Mainha do mundo. Cuida de mim e do Painho como ninguém. Com você me sinto a pessoa mais segura do mundo. Você me alimenta sempre que tenho fome, me mantém sempre limpinha, agasalhada quando frio e fresquinha quando calor e principalmente sempre muito elegante assim como você. Isso tudo de uma forma simples e tranquila. Porém, o mais importante Mainha, é o amor que sinto por você e você sente por mim. Estou crescendo um pouco confusa com horários e todas as novidades que você e Painho tem me 44

apresentado. Te peço um pouco de paciência comigo e prometo sempre um belo sorrido! Maria Passos (Pedro, papai de Maria)

A primeira alegria, claro, foi saber que Jordana estava grávida. Sempre criamos expectativas, é inegável. Quando foi a vez do exame para saber o sexo, fiquei umtanto contido quando o médico informou o resultado. Quando saímos do consultório, Jordana queria saber por que eu estava silencioso. Abri o jogo e falei que a minha expectativa era que fosse menino, pois não sabia como eram as brincadeiras de meninas. Afinal, como homem, eu sei muito bem o universo das brincadeiras de meninos.O parto foi um momento ímpar em toda essa história. Parto domiciliar é uma experiência e tanto. No dia mais chuvoso do ano, mais ainda. Ajudá-las e participar do parto foi uma experiência para guardar para o resto da vida. Cecília, quando chegou, me deu uma encarada. Fiquei encantado. Apaixonado. Para sempre.Em relação ao meu desconhecimento de brincadeiras de meninas, isso foi superado.Nossa diversão, pelo menos minha e dela, é vermos clipes de músicas. Tocamos instrumentos, cantamos e dançamos muito. Tenho certeza que os moradores dos prédios vizinhos nos olham. Deve ser muito engraçado de ver. Do meu ponto de vista é pura diversão. Espero que do deles também. Dançar pela casa com Cecília no colo é uma brincadeira que eu não imaginava ser tão divertida. Com certeza, nos próximos anos, à medida que ela crescer, encontraremos outras brincadeiras que nos divertirão: conversaremos sobre filmes, lugares, histórias. E quando elaquiser brincadeiras de meninas, pode contar com o papai. Eu topo na hora!Outra atividade que eu não imaginava ser tão prazerosa é levar essa pequena à escola. Todas as manhãs eu amarro o sling e a coloco dentro. A caminhada de meiahora que fazemos abraçados até a escola é uma alegria só, faça sol, faça chuva. Aliás, ela prefere quando chove, pois adora ir segurando o guarda-chuva.O carinho de filha com pai e vice-versa é algo que eu não imaginava ser tão gostoso. Ainda bem que eu não sabia disso naquele dia do consultório. É bom demais saber disso por experiência própria, aprendendo a cada dia. (Pedro , papai de Cecília)


Essa coletânea de relatos nasceu de um desejo de compartilhar com o mundo nossas experiências diversas com o parto. Cada mãe é única, cada bebê é único, cada família é única, mas todas merecem respeito, acima de tudo. Respeitar o outro e suas escolhas é o caminho para a convivência harmônica. E esse foi o caminho que encontramos para manter a amizade e companheirismo entre 12 mulheres tão diferentes. Esperamos que você tenha gostado.

Yomamis 45


01 ano de Yomamis Agathinha

Gio

Ceci

46

Pips

KinzĂŁo

Titi


Juju

Maria

Sophi

Lola

Noah

Mini Gu

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48



Yomamis


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