Revista nossa economia

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DEZEMBRO 2013 - ANO 1 - EDIÇÃO Nº 1

Elas

na economia

Coração de metal Economia verde






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EDITORIAL A Revista Nossa Economia chega ao mercado editorial paraense com uma missão de nida: mostrar como a pro ssão de economista é importante para a sociedade e como ela se faz no dia a dia , na rotina de trabalho das mulheres que inspiraram a matéria Elas na economia . Em entrevistas realizadas com 12 pro ssionais de sucesso, mostramos como, em distintas áreas, elas dão as suas contribuições para o desenvolvimento do Pará. Atingido este primeiro objetivo, buscamos rmar essa publicação especializada na área econômica perante os leitores e anunciantes. O nosso diferencial se baseia em um conteúdo pensado de forma a sistematizar a conjuntura econômica do Pará, de maneira acessível através de textos e imagens interessantes. Assim, estaríamos preenchendo uma lacuna no mercado editorial, que apresenta muitas revistas segmentadas, que por sua vez contemplam setores da economia ou atividades produtivas especí cas. Portanto, conhecer os aspectos que hoje impactam

EXPEDIENTE

diretamente no crescimento do estado, como as questões minerais, agroindustriais, a aquicultura e o turismo, se faz urgente. A Nossa Economia buscou re etir sobre esses temas e conhecer as principais ações que estão sendo desenvolvidas - ouvindo especialistas da iniciativa pública e privada. Dessa forma, a publicação também resgata o debate assertivo sobre o nosso futuro, oferecendo matéria-prima para as discussões construtivas de que Pará Queremos inclusive através de uma entrevista com o titular da Secretaria Especial de Desenvolvimento Econômico e Incentivo à Produção do Estado, Sidney Rosa. Este primeiro número que chega às suas mãos ainda destaca a Economia Criativa, em matéria homônima. A revista pretende assim fomentar o espaço da conversa franca entre personagens e instituições que possam disponibilizar elementos indispensáveis para alcançar o desenvolvimento sustentável e se libertar das paixões imediatistas quadrienais (que ocorrem durante os períodos pré-eleitorais), nos quais os par tidos montam seus planos, e ceteris-paribus , expressão exemplar da economia, onde tudo o mais se mantém inalterado. Kátia Esteves da Rocha Presidente Sindicato dos Economistas do Estado do Pará (SINDECON-PA)


ÍNDICE

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Pará Verde

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Entrevista

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Elas na Economia 16 Coração de Metal 24 Indústria e Exportações

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16

Economia Criativa 36 Discípulos de Pedro 42

24

Agropecuária sustentável 46 Agricultura Familiar 50

36

Turismo 54 Construção Civil 58 Beleza Criativa

62

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Reportagem de Tássia Almeida Fotos de Pedro Rodrigues/Divulgação

Com a oresta em pé, Programa Municípios Verdes combate o desmatamento e vira exemplo de sustentabilidade na Amazônia


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De vítima de sua realidade para protagonista de sua própria história. Assim, o município de Paragominas, no interior do estado, ganhou destaque internacional ao sair da lista dos maiores desmatadores do Brasil. A conquista foi resultado de um grande desa o: mostrar ao mundo que é possível obter lucro com a oresta em pé. A mudança aconteceu através do programa Municípios Verdes, uma ação conjunta, envolvendo governo, sociedade e empresas, com o objetivo de combater o desmatamento e fortalecer a produção rural s u s te nt áve l p o r m e i o d e a çõ e s e s t raté gi c a s d e ordenamento ambiental e fundiário e gestão ambiental, com foco em pac tos locais, monitoramento do desmatamento, implantação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e estruturação da gestão municipal. O projeto foi lançado, em fevereiro de 2008, através de um grande pacto social. Se existe um segredo, foi o pacto. Colocamos na mesma mesa, ruralistas, ambientalistas, madeireiros, sociedade civil organizada e governos. As 51 entidades presentes subscreveram o pac to e reescrevemos a par tir daí a histór ia do município , explica o prefeito de Paragominas na época e atual Secretário Especial de Estado de Proteção Social, Adnan Demachki. Após cinco anos, os 300 km² de desmatamentos ocorridos no ano de 2007 caíram para somente 1 km² de desmatamento em 2012. Paragominas possui ainda 66% de seu território em orestas, que permanecerão orestas, já que sua exploração somente ocorre através de manejo orestal sustentável, que a própria prefeitura aprova. Somos o único município da Amazônia a aprovar manejos orestais , destaca Adnan. Os 34 % de áreas abertas totalizam aproximados 700 mil hectares e estão sendo destinados à produção pecuária, agricultura e re orestamento para ns comerciais. Atividades estas que estão cada vez mais sustentáveis, abrindo espaço para novos programas como o Pecuária Verde, com agricultores começando a trabalhar a agricultura de baixo carbono e preocupados em corrigir os impactos ao meio ambiente. A autoestima da população também aumentou. Antes eles moravam em um município marcado pela ilegalidade e destruição e agora vivem em um lugar que busca a todo instante a sustentabilidade e é reconhecido m u n d i a l m e n t e p o r e s t e s e s fo r ç o s , d e fe n d e o

Adnan Demachki


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Paulo Tocantins

ex-prefeito. Ainda segundo ele, o projeto criou um ambiente propício para novos negócios, com bancos dispostos a conceder nanciamentos. As transformações chegaram até a sala de aula. Desde o início do programa, 30 mil crianças e jovens estudam educação ambiental nas escolas municipais. Todos estão envolvidos. Uma prova disso é que Paragominas é sem dúvida a cidade paraense com ruas e praças mais limpas do estado do Pará, não porque o prefeito limpa todo dia, mas substancialmente porque os moradores não sujam , defende Demachki. Os resultados lhe renderam o prêmio Chico Mendes de Meio Ambiente e um lugar entre as 100 personalidades mais in uentes do país, segundo a revista Época.

Paragominas hoje De acordo com o atual prefeito de Paragominas, Paulo Tocantins, o programa mudou a realidade do município. Paragominas teve avanço em todas as áreas, em todos os setores: saúde, segurança, cultura, tudo. Na educação, conseguimos avançar bastante com professores mais preparados e com boa remuneração , expõe. Para manter os bons resultados, o projeto continua em ação. Estamos fazendo o monitoramento e a regularização ambiental. Temos focado muito no aumento da produção e no equilíbrio dela com a preservação. Estamos no momento de trabalhar a


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infraestrutura do município. Nós saímos da madeireira que foi o carro chefe durante muitos anos. Nossa economia está bem diversi cada hoje, a agricultura será o grande impulsionador dessa economia no futuro e temos também a mineração , expõe Paulo. Paragominas está em transição. De uma economia meramente extrativista e marcada pela ilegalidade, para uma economia totalmente sustentável. Entre os bons indicadores está a agricultura de grãos (soja e milho) que estava estagnada nos anos anteriores ao lançamento do programa. Em breve, o município ganha o primeiro frigorí co de suínos do Pará e a fábrica de MDF que utiliza somente re orestamento está triplicando a sua unidade industrial. Bom exemplo O e x e m p l o d e Pa r a g o m i n a s i n s p i r o u o programa Municípios Verdes do Governo do Pará, criado em 2011, com o objetivo de fortalecer as atividades econômicas sustentáveis. Dos 144 municípios do estado, 97 já zeram adesão ao programa. Cerca de 20 a 30 municípios estão bem adiantados procurando se pautar pelo o que aconteceu e acontece em Paragominas. O sucesso depende do alinhamento do poder político com o poder local. Os atores locais, produtores e trabalhadores rurais, precisam ser capacitados para fazer acontecer , relata o Secretário especial de Estado de Desenvolvimento Econômico e Incentivo à Produção, Sidney Rosa. Em 2012, o Pará gerou mais de 50 mil novos empregos em 89 municípios que aderiram ao programa. Segundo ele, os municípios de Santarém, São Félix do Xingu, Tailândia e Tomé-Açu estão com uma exposição bastante positiva e devem ser um caso de sucesso assim como Paragominas. Cada município tem as suas peculiaridades e potenciais que devem ser trabalhados. Sugerimos que todos façam um projeto estratégico para 2030, a congregação destes é que vai resultar em um grande projeto estadual , propõe Rosa. Minha crença é que os outros municípios tenham êxito. Isso ocorrerá se as sociedades desses municípios também forem protagonistas e não meras espectadoras. Elas precisa abraçar o programa, em Paragominas deu certo porque chamamos a sociedade pra debater e pactuar. Se tivesse baixado um simples decreto nada teria acontecido , acredita Adnan.


Entrevista por Tássia Almeida Foto de Pedro Rodrigues

O Pará é a solução para o Brasil Secretário Especial de Estado, Sidney Rosa destaca as potencialidades do Pará e pontua os impasses e desa os presentes no caminho do desenvolvimento


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O Pa rá te m p o te n c i a l i d a d e s reconhecidas mundialmente. Porta de entrada da Amazônia pelo Oceano Atlântico, o estado é o segundo maior em extensão territorial do Brasil. Detém 3,2% do total de água doce do Planeta, tem energia solar o ano inteiro, temperatura e solo favoráveis para o agronegócio e abriga a maior província mínero-metálica do mundo com reservas minerais de bauxita, cobre, quartzo e ferro. Contudo, este mesmo Pará também apresenta graves problemas sociais e abriga o município com o pior IDH do país. Em entrevista, o Secretário especial de Estado de Desenvolvimento Econômico e Incentivo à Produção, Sidney Rosa, expõe este cenário e destaca que o contraste é resultado das circunstâncias em que o Pará está inserido.

Co m o s e a p r e s e n t a o a t u a l ce n á r i o d e importação e exportação paraense? O Pará tem um balanço muito bom. Na balança cambial das exportações paraenses, ele exporta muito e importa pouco e dá ao Banco Central brasileiro algo em torno de 15 a 17 milhões de dólares por ano. Mas, quando você faz um balanço intraestadual entre o que o Pará vende para outros estados brasileiros e o que o Pará compra de outros estados é uma vergonha. O Pará vende 18 bilhões e compra 36 bilhões porque quase tudo vem de fora, vem arroz, frango, porco, toalha, geladeira,

automóvel, pneu, vem tudo. A indústria é incipiente ainda. Precisamos de uma base industrial do que se exporta de matérias-primas brutas, verticalizada, a g r e g a d a v a l o r, m a s t a m b é m p r e c i s a m o s d a incorporação de um parque industrial do que nós consumimos. Somos 8 milhões de paraenses, um parque industrial do que já consumimos já é muito interessante, além da segurança em oportunidade, emprego e renda. Precisamos avançar em várias frentes. Existe um equilíbrio entre os polos econômicos do estado? Tem espaço para todos, para o grande, médio, pequeno e micro produtor, pra qualquer um. Também temos condições de produzir e mercado pra colocar essa produção. O aspecto da agricultura familiar me parece ser o mais importante. O Incra tem 238 mil famílias assentadas no Pará, temos 25% dos assentamentos do Brasil aqui dentro. Se fossem bons assentamentos seria maravilhoso, mas o Incra jogou essas famílias lá no campo e elas não produzem nem pra sua subsistência. O ideal é que a gente possa agregar mais umas 150, 200 mil famílias fora dos assentamentos. Estamos falando de algo como 400 mil famílias entre produtores rurais, pescadores, extrativistas, que se nós incorporássemos 1% ao ano seria de um efeito fantástico na média do estado. Esse é nosso desa o e já tem famílias que em uma pequena área produzem mais que muitas famílias em volta. Isso depende de um processo tecnológico que nós temos a partir da quali cação pro ssional que precisa da educação básica, então é uma cadeia. Por que apesar de todas as potencialidades o Pará ainda con gura em baixas p osiçõ es nas pesquisas sociais? Administramos um estado que tem um milhão e 250 mil quilômetros quadrados. O Pará é um país enorme com 8 milhões de paraenses. Se todos estivessem juntos em um canto do estado seria muito fácil, mas esses 8 milhões estão espalhados em todo esse continente chamado Pará, com 144 municípios, e então você tem que levar todos os anseios estrutura, estrada, rede e l é t r i c a p a ra co m u n i d a d e s p e q u e n a s. Te m o s municípios com menos de 5 mil habitantes, mas é um município. Este é o primeiro ponto. O segundo grande desa o é que na média brasileira as exportações estão


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em torno de 10% do PIB. No Pará, isso dá mais de 35% do PIB, ele é desonerado, não paga imposto e se fosse exportação de produtos industrializados geraria muito emprego, muito negócio, mas são itens básicos, primários, principalmente minério de ferro bruto. Então, você tem um estado com demanda social imensa e baixa arrecadação, somos o 25º menor em orçamento per capita do Brasil. Nós temos R$1.300,00 de orçamento por ano por habitante para o Governo do Estado dar conta de toda a sua demanda, e quando eu falo em Governo do Estado não é apenas o Executivo, envolve o Legislativo, o Judiciário, tudo isso é custeado com esse orçamento. Então podemos dizer que o estado é prejudicado por conta das circunstâncias? O Pará é o estado mais penalizado do país. O principal item do estado para o mercado brasileiro que é a energia elétrica é constituinte, tributa no destino, na geração. Temos uma demanda enorme, nascem 157 mil cr ianças por ano e continuam chegando 25 mil imigrantes todos os anos. Aonde teria um problema social ele é deslocado para o Pará, o Pará é a grande mãezona de braços abertos. Todo problema que existiria, ele acomoda aqui. Mas esse povo precisa de água, energia, estrada, educação, segurança, saúde. O Pará é uma solução para o Brasil e o Brasil não compreende isso. Nas devidas proporções, se você olhar a bandeira nacional, aquela estrela isolada lá em cima, muitos pensam que é o Distrito Federal mas aquela estrela é o Pará, porque ele só fez a adesão brasileira 12 anos depois. E de que forma essa realidade pode mudar? O que nos anima permanentemente é que o Pará é o estado mais viável da Federação Brasileira, nenhum outro tem as possibilidades que o Pará tem por um monte de razões: recursos naturais, logística ele está na boca do Rio Amazonas sendo o porto brasileiro mais próximo do Canal do Panamá e depois de 100 anos de operação, em 2015 começarão a passar navios de 170 mil toneladas, mais próximo da Costa Leste Americana, mais próximo da Europa que vai tornando-o para o Brasil a grande solução, principalmente para o Brasil central, Mato Grosso, Tocantins. Então, você tem um estado cheio de recursos naturais, uma logística invejável, um clima com a menor variação de temperatura do mundo (12°C),

que nos possibilita avanço tanto no vegetal quanto no animal. Apesar dos impasses, temos perspectivas positivas para os próximos anos? Com a ferrovia que vem de Barcarena, e os projetos minerais como o projeto S11D da Vale, que é o maior do mundo em mineiro de ferro que ela instala agora, em Canãa dos Carajás, e que já começa em 2017 com 95 milhões de toneladas, nós temos certeza que vai fazer com que o Pará passe de segundo lugar para o primeiro lugar da mineração no Brasil. E os projetos hidrelétricos, ainda que a energia não gere nada de receita para o Pará porque ela só dá imposto no destino, no uso, o Pará vai ser o maior gerador de energia do Brasil em poucos anos, não apenas Belo Monte que está sendo construída nesse momento Teles Pires e Jari, mas temos nove novas hidrelétricas pra começar nos próximos anos. Temos potencial no mineral, orestal, aquicultura, geração elétrica, turismo. Todas as áreas mostram uma fantástica viabilidade. Isso conspira positivamente para que o Pará, nos próximos 15 a 30 anos, seja o estado em que mais vai escrever a economia no Brasil. Isso depende da nossa competência de quali car nossa mão de obra, do ambiente de negócio ser melhorado e da infraestrutura avançar. En m, alguns gargalos que nos dariam condições de fazer em 10 anos o que aconteceria naturalmente em 30 anos. Neste cenário, qual o maior desa o do Estado? Um dos baixos indicadores do Estado é a educação. Se não mantivermos os níveis da educação, nós estaremos fadados a queimar recurso público e privado e não mudar a situação social do Pará. É muito difícil levar um curso de quali cação para um adulto que não tem a compreensão mínima de matemática e português, das coisas básicas. Ele não assimila porque não tem condições de compreender o que esta se falando. O ponto de partida é o Pacto pela Educação que o governador Jatene lançou no início deste ano buscando não apenas a compreensão e a participação dos pais dos alunos, mas de toda sociedade paraense pra investir e mudar os métodos de educação aplicados até agora.


Paragominas.

Um lugar bom pra viver e de grandes oportunidades.


Foto: Alexandre Yuri Nascimento

Foto: Alexandre Yuri Nascimento

Foto: Pedro Rodrigues

Dulce Leoncy Gestora aposentada

Eliana Zacca - Gestora Estadual

Elizabeth Grunvald - Empresária

Elas na Economia

São diversas as desigualdades existentes na sociedade brasileira. Uma das mais evidentes refere-se às relações de gênero, menos relacionada à questão econômica e mais ao ponto de vista cultural e social, constituindo, a partir daí, as representações sociais sobre a participação da mulher na sociedade. Fato é que, mesmo com as di culdades e preconceitos, dados como

Foto: Pedro Rodrigues

Oádia Rossy - Consultora no Senado Federal Arquivo Pessoal

Myrle Braun - Consultora Empresarial

Maria Amélia Enriquez - Gestora Estadual Foto: João Paulo Guimarães

os do IBGE apontam que a escolaridade média das mulheres é de 7,3 anos enquanto que a dos homens é de 6,3 anos. Em razão do avanço e crescimento da industrialização no Brasil, as mulheres vêm desempenhando papeis ainda mais importantes no mercado de trabalho. Re etindo isso e reconhecendo a


Foto: João Paulo Guimarães

Foto: Alexandre Yuri Nascimento

Felícia Assmar Maia - Empresária

contribuição de doze pro ssionais para o desenvolvimento da nossa cidade, estado e região em diversos âmbitos, o Sindicato dos Economistas do Estado d o Pa r á p r e s t a u m a j u s t a h o m e n a g e m a e s t a s economistas. Nomes como Dulce Leoncy, que fez história ao ser a primeira mulher eleita para um cargo no Conselho Federal de Economia, ou a professora da Universidade Federal do Pará Larissa Chermont, e ainda a Secretária adjunta da Secretaria Estadual de Agricultura Eliana Zacca, têm parte de suas trajetórias recontadas. Além da biogra a, as entrevistas buscam obter algumas opiniões e perspectivas dessas mulheres. A deputada Simone Morgado frisa a importância da economia verde para o Pará, e Maria Amélia Enriquez, única representante do Brasil no painel do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP), busca incentivar o d e s e nv o l v i m e n t o d a m i n e r a ç ã o d e u s o s o c i a l . Experientes e especialistas no planejamento e na gestão orçamentária, a consultora Oádia Rossy e a assessora Raquelita Athias colocam seus conhecimentos a serviço respectivamente do Senado Federal e do Tribunal de Justiça Estadual. Mulheres audazes, elas contam como conseguir a m s e d i fe r e n c i a r e m s u a s á r e a s d e a t u a ç ã o e desenvolver potenciais, como foi o caso da consultora

empresarial Myrle Braun, que, com um currículo invejável onde constam cinco MBA/especializações, hoje motiva e auxilia empresas e pessoas a alcançarem o sucesso. Elizabeth Grunvald também descobriu que seu dom estava em auxiliar pessoas, só que trabalhando a reabilitação neurológica. Ela abriu uma clínica pioneira em Belém, onde tem como sócia a lha médica. A Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) foi durante muito tempo e especialmente a partir do m da década de 70, com os grandes projetos que tomavam conta do Norte do país -, um lugar onde se propunha e desenvolvia projetos para trazer o progresso à região. Lá zeram carreira Rosângela Costa e Fátima Machado, que hoje utilizam as aptidões adquiridas trabalhando o planejamento estratégico em órgãos importantes do Governo Estadual e no Banco de Desenvolvimento da Amazônia. E c o m o m o d a é s i n ô n i m o d e i n o v a ç ã o, a empresária e jornalista Felícia Assmar Maia estudou para se tornar referência no setor na Amazônia, especialmente quando se trata de trabalhar com os arranjos produtivos da Economia Criativa. Nas próximas páginas, conheçam melhor cada uma dessas mulheres que, saídas dos bancos das universidades onde cursaram Ciências Econômicas, trilham caminhos brilhantes.

Simone Morgado - Deputada Estadual

Rosângela Costa - Bancária/Gestora de projetos Foto: Pedro Rodrigues

Foto: João Paulo Guimarães

Raquelita Athias - Servidora do TJE-PA

Larissa Chermont - Professora universitária

Divulgação

Arquivo Pessoal

Fátima Machado - Servidora Pública


Eliana Zacca Gestora Estadual

Em 1981, Elizabeth Grunvald saiu da Universidade Federal do Pará sem ter a certeza de que rumo tomaria na pro ssão. Mesmo gostando de trabalhar como analista nanceira e de projetos, em determinado momento buscou fazer outra coisa da vida. Elizabeth acredita que a base e leitura sobre geração de renda e, gestão de recursos naturais, acabou agregando valor ao pro ssional, então criou uma

gestão pública. Dulce tem grande a nidade com o planejamento estratégico sobre o qual se debruçou em diferentes âmbitos do Governo do Pará, seja atuando no Iterpa, Associação Comercial do Pará, e especialmente no Incra, onde descobriu uma das suas grandes paixões: a causa fundiária. Dulce também é membro fundador de um dos partidos políticos mais conhecidos do país.

Dulce Leoncy Gestora aposentada

Em 1973, Eliana Zacca saiu da Universidade Federal do Pará com o diploma de economista já certa de que queria desenvolver suas habilidades na área do planejamento estratégico. Logo foi consolidando uma carreira na Sudam, onde se aposentou, para logo ser convidada a trabalhar no Ministério da Integração. O Governo do Estado a chamou para pensar o planejamento regional na Secretaria Estadual de Agricultura e é onde está hoje, empregando uma visão abrangente e sistêmica advinda da graduação que escolheu. Para ela,

consultoria especializada em desenvolvimento de pessoas. A partir daí, foi trabalhando com empresas de saúde como representante, até que sua lha que é sioterapeuta especializada em neurologia voltou para a cidade e montaram uma clínica de reabilitação neurológica, um novo negócio e que tem um diferencial no mercado de Belém.

a economia determina a vida em sociedade, in uencia no modo de vida e que por isso a ciência objetiva o bem estar do homem num processo constante de mudança, que é o d e s e nvo l v i m e n t o e m s i . E l i a n a acredita que, em menos de 20 anos, será possível plantar 1,5 milhão de hectares de orestas em áreas alteradas no Pará. Uma forma de suprir a demanda das indústrias e apoiar as comunidades, reduzindo as desigualdades e garantindo o desenvolvimento econômico sustentável.

Foto: Alexandre Yuri Nascimento

Foto: Alexandre Yuri Nascimento

Uma das mais conhecidas economistas do Pará pela sua atuação no Conselho Regional e Federal de Economia, Dulce Leoncy trabalhou de forma a garantir muitos direitos aos economistas e instituir o registro gratuito para os pro ssionais, e ainda abrir espaço no mercado. Ela queria ter sido agrônoma, mas as aptidões como economista lhe permitiram atuar de forma abrangente na

Foto: Pedro Rodrigues

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Elizabeth Grunvald Empresária


Myrle Braun Consultora Empresarial

Oádia Rossy Campos formou-se em Ciência Econômica e logo seguiu uma carreira em diversas áreas do planejamento estratégico e econômico na gestão estadual, se especializando na questão orçamentária. A atuação de Oádia foi destacada na Secretaria de Planejamento do Estado do Pará, na diretoria administrativa da Secretaria Estadual de Obras e como Secretária Municipal de Finanças em Belém. Ela também lecionou nos cursos de economia da Ficom e da

posteriormente , doutorado em desenvolvimento sustentável , na UNB. Autora do livro Mineração: Maldição ou Dádiva , ela acredita que um ponto fundamental é a implantação do Plano Estadual da Mineração desenvolvido pela Seicom, que vem para de nir diretrizes e ações para a área e tornar o processo de licenciamento ambiental menos burocrático e mais e ciente, além de promover o c re s c i m e n to e m l o c a i s o n d e o s projetos se instalam e deixam passivos.

Maria Amélia Enriquez Gestora Estadual

Motivadora nata, Myrle Braun alia os conhecimentos obtidos na faculdade, tanto na graduação em economia, quanto na em psicologia, para ser uma consultora empresarial de sucesso. Ela relembra que exerce a atividade de economista há muito tempo, pois sua inserção no mercado foi como bancária. Myrle acredita que estudar o macrossistema, entender o mercado e em especial trabalhar

Universidade Federal do Pará, além de ser professora contratada por anos pelos Tribunais Regionais do Trabalho para ministrar cursos sobre orçamento público aos juízes. Hoje, Oádia é consultora geral adjunta e coordenadora do Núcleo de Estudos Macroeconômicos da Consultoria de Orçamentos, Fiscalização e Controle do Senado Federal, e acredita que a formação acadêmica foi fundamental para que pudesse compreender em sua plenitude a elaboração, apreciação e execução orçamentária.

com projetos, é fundamental entender de planejamento e sistematização. Consultora com cinco MBAs no currículo e d o u t o r a n d a e m G e s t ã o, e l a acredita que a ciência econômica lhe proveu mais conteúdo e acabou levando para a docência, onde Myrle nalmente percebeu que sua vocação é motivar empresas e pessoas, seja através de consultorias ou palestras.

Arquivo Pessoal

Foto: Pedro Rodrigues

Apaixonada pelo setor mineral, Maria Amélia Enriquez hoje ocupa o cargo de Adjunta da Secretaria de Estado de Indústria Comércio e Mineração (Seicom). A trajetória dela, no entanto, remonta à universidade, onde completou o curso de economia e logo emendou numa especialização em Teoria Econômica, atuando como docente, pesquisadora e assessora. Em órgãos desenvolvimentistas, Maria Amélia seguiu se aprimorando, ao mesmo tempo em que fez mestrado em Geociências pela Unicamp e

Foto: João Paulo Guimarães

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Oádia Rossy Consultora no Senado Federal


Felícia Assmar Maia Empresária

O pai, Afonso, era economista e in uenciou diretamente Larissa na escolha do curso de graduação. Mas foi questão de tempo para que ela se apaixonasse pela gama de possibilidades que a economia t ro u xe. A a n á l i s e h i s t ó r i c a d o c o n t e x t o e o a r ro j o d e a l g u n s professores, que levavam autores 'proibidos' como Karl Marx para serem discutidos em sala de aula, apontando tantas linhas de pensamento e elucidando qual seria a missão de Larissa Chermont dali para frente. Ela resolveu

estrategicamente é uma forma de gerar benefícios importantes. O fato dela ser economista e trabalhar num órgão que visa o desenvolvimento através do planejamento estratégico com certeza possibilitou essa visão. Hoje, trabalhando na Escola de Governo, ela busca capacitar servidores públicos e ONGs, e segue dando a sua contribuição n a p r o m o ç ã o d o desenvolvimento sustentável do Pará através desse serviço.

Fátima Machado Servidora Pública

Referência quando se fala em Economia Criativa voltada à moda no Pará, a advogada e jornalista Felícia Assmar M aia também é - embora poucos saibam - formada em economia. Foi no ano de 1979 que ela concluiu esta graduação e não se arrepende da escolha já que o curso lhe ofereceu uma visão do mercado e ensinamentos para a elaboração e execução de projetos que ela coloca constantemente em prática. Especialista em cultura de moda, ela coordena, desde 2007, o Amazônia Fashion Week, evento de moda que se consolida na região. Em paralelo, Felícia está à frente do Curso de Design de

devolver o conhecimento que foi adquirindo através da carreira acadêmica, dando aulas em diversas instituições de ensino superior na área de Ciências Econômicas. Para ela, por mais que hoje não seja um curso tão d e m a n d a d o, a g r a d u a ç ã o e m Economia permite compreender as p o l í t i c a s p ú b l i c a s e o p ró p r i o funcionamento da sociedade, além de colaborar no exercício da cidadania e no desenvolvimento do senso crítico como nenhuma outra ciência.

Moda da Faculdade Estácio do Pará e publicou livros como O Pará faz Moda: de Dener às passarelas do século XXI , Etiqueta e Boas Maneiras: algumas dicas muito úteis , Etiqueta e boas maneiras para crianças e Fibras da Amazônia na Produção de Moda . Incentivadora da inclusão de matériasprimas nossas na produção têxtil e de acessórios, Felícia acredita que a e co n o m i a c r i at i va a p re s e nt a u m potencial para a geração de riquezas e empregos por meio de inovações tecnológicas, invenções e utilização do potencial intelectual que é muito importante para ser desenvolvido.

Foto: João Paulo Guimarães

Foto: Alexandre Yuri Nascimento

Fátima Machado buscou o curso de Economia como uma maneira de realizar um sonho: trabalhar num órgão fundamental para o desenvolvimento da Amazônia. Assim ela passou 27 anos na Sudam, onde a maior lição foi entender que a busca do conhecimento é um diferencial do ser humano. Ela passou a desenvolver habilidades a cada dia e principalmente compartilhar o que aprendeu. Fát i m a a c re d i t a q u e p e n s a r

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Larissa Chermont Professora universitária


Rosângela Costa Bancária/Gestora de projetos

Hoje uma parlamentar respeitada, Simone Morgado optou cedo por viver e estudar em Belém. Natural de Bragança, ela cursou Economia e acabou se tornando auditora Fiscal da Secretaria de Estado da Fazenda e logo teve uma atuação destacada, a qual Simone atribui a formação plural que lhe proporcionou o curso de Ciências Econômicas. Sua carreira política iniciou em 2005 quando assumiu seu primeiro cargo público, o de vereadora em sua cidade natal. Como vereadora atuou pela defesa do cumprimento da Lei

tomou, ela explica que os conhecimentos adquiridos na academia sempre estiveram presentes nas funções diversas que exerceu. Nas áreas econômica, nanceira e scal, lhe deram base para elaborar programações orçamentárias, tratar de nanças públicas, elaborar projetos e mais atualmente, cuidar do planejamento institucional, sempre te n d o a p re o c u p a ç ã o d e f a ze r a s instituições funcionarem plenamente para a sociedade.

Raquelita Athias Servidora do TJE-PA

A família de Rosângela Costa sonhava que ela cursasse direito. Ela entrou no primeiro estágio do Curso Superior na época e teve a opção de se habilitar em outros cursos, mas através de disciplinas como Introdução à Economia, fez a opção pelas Ciências Econômicas. Obteve uma formação multidisciplinar, possibilitando que zesse carreira em uma instituição renomada como o Banco da Amazônia. Rosângela i n i c i o u n a á re a d e a n á l i s e s d e projetos e desenvolvimento de

Orgânica do município, o combate à violência contra mulher, além de trabalhar pelo fortalecimento do turismo, da cultura e das políticas voltadas para qualidade de vida da comunidade. A parlamentar busca atuar de forma técnica e comprometida com o desenvolvimento econômico e social do Estado, além de buscar difundir e aplicar os preceitos da Economia Verde e da Sustentabilidade.

estudos econômicos e hoje é gestora do núcleo de pesquisas que conta com uma equipe multidisciplinar para apoiar projetos. Para ela, entender os impactos econômicos é fundamental para compreender a matriz que é publicada pelo IBGE e assim projetar os números para o Basa poder gerar ações nanciadoras. Assim, a economista f a z s u a p a r te p a ra p ro m ove r o desenvolvimento sustentável da região onde vive.

Divulgação

Foto: Pedro Rodrigues

Planejamento e desenvolvimento de projetos são as áreas onde Raquelita At h i a s s e m p re d e m o n s t ro u m a i s aptidão, desde a faculdade. A economista, que fez carreira no serviço público, iniciou na Seplan (antiga Secretaria Estadual de Planejamento) e hoje, após passar pela Sefa (Secretaria Estadual da Fazenda) , Centrais Elétricas do Pará e pela Procuradoria Geral do Estado, onde desenvolveu consultoria para implantação do processo de desenvolvimento institucional, R aquelita é assessora especial da presidência do Tribunal de Justiça do Estado. Satisfeita com os rumos que

Foto: João Paulo Guimarães

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Simone Morgado Deputada Estadual


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Arquivo Pessoal

*Hélio Mairata - Economista

Espadarte: Opção estratégica para o desenvolvimento do Pará e do Brasil. Um dos maiores gargalos na logística tanto do Pará quanto de todo o Brasil, consiste no custo do frete. Os transportes são efetuados em sua maior parte pelo modal mais caro, o rodoviário. A projetada extensão da Ferrovia Norte-Sul e o derrocamento do Pedral do Lourenço possibilitando o uso da hidrovia Araguaia-Tocantins a partir das eclusas de Tucuruí, capazes de baratear enormemente os fretes, são obras sempre acenadas, mas deixadas para um futuro incerto. Esses fatos podem ser minimizados com a aber tura da nova frente que pleiteamos: um superporto de águas profundas, conectado por modais mais baratos (hidrovia e/ou ferrovia) às grandes frentes produtoras de grãos do Centro-Oeste e também do Sul-Sudeste do Pará, onde também se encontram as grandes explorações minerais e um crescente rebanho bovino. Uma solução proposta desde a década dos 70, é a construção do porto do Espadarte, designação do canal situado confronte as áreas Norte e Noroeste da ilha dos Guarás, no município de Curuçá. Para se ter uma ideia da importância estratégica, a distância entre Carajás, no Pará e o Terminal da Ponta da Madeira, no Maranhão é de 892 km, enquanto que de

Carajás para o Espadarte é de 520 km. Isto representa um diferencial signi cativo que diminui o custo Brasil e aumentar a competitividade, capaz de mitigar os efeitos contrários dos preços dos produtos exportados pelo país causados pela apreciação cambial e pelos juros altos aqui vigentes. Para se chegar a esse porto, o acesso seria tanto pela via uvial quanto a ferroviária, exportando a produção do Centro-Oeste, Tocantins e Pará. O rio Tocantins, que nasce no estado de Goiás, passando logo após pelos estados do Tocantins, Maranhão e Pará, até a sua foz no Golfão Amazônico, apresenta um obstáculo para a navegação perene que é o trecho conhecido como Pedral do Lourenço. A realização dessa obra - que provoca o derrocamento do Pedral , de custo considerável, depende da pressão por parte de todas as representações da sociedade regional para poder v i r a r r e a l i d a d e. D e m a n d a a u n i ã o d a c l a s s e empresarial, política, acadêmica e a imprensa, sob pena, adicionalmente, de se ter investido nas eclusas de Tucuruí sem qualquer sentido mais prático. A construção de um trecho da Ferrovia NorteSul, a cargo da VALEC, ligando Açailândia à Vila do Conde, também seria uma solução para melhorar o acesso, desta feita ferroviário. Quando (e se) isso ocorrer, não seria difícil se estender um ramal dessa ferrovia até o município de Curuçá. Ademais, sabe-se que, após a construção dos novos píeres em Itaqui, a partir de 2015, estará saturada a capacidade desse porto, criando um gargalo de logística quando a Vale irá mais a fundo nas expor tações de minérios diversos: ferro, m a n g a n ê s, co b re e n í q u e l. Te m o s t a m b é m a possibilidade de saída pelo porto do Espadarte, da produção de grãos do Tocantins e do Centro-Leste do Mato Grosso, através da hidrovia I tacaiunasTocantins, isso sem considerar o ferro-gusa e os laminados das indústrias de Marabá. E, nalmente, a viabilização da ALPA, com a agregação de valor ao nosso ferro.



Reportagem de Tássia Almeida Fotos de João Paulo Guimarães

Com a bauxita em abundância, todo processo de verticalização do metal é realizado no Pará


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Terceiro elemento mais abundante na crosta terrestre, o alumínio é o metal mais jovem usado em escala industrial. Mesmo utilizado milênios antes de Cristo, ele só começou a ser produzido comercialmente há cerca de 150 anos. Agora, no século XXI, o Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking da bauxita no planeta e o sexto maior produtor de alumínio primário do mundo. O Pará é o segundo maior polo produtor desse minério e da alumina do mundo, com exploração de minas de bauxita nos municípios de Oriximiná, Paragominas e Juruti. À primeira vista, parece improvável que a rocha de cor avermelhada seja tão valiosa. Mas basta um olhar mais prolongado para enxergar o porquê. Na forma de bolsões, ela é transformada em óxido de alumínio (também chamado de alumina), através do processo de lixivação química. Este ocorre durante o re no da bauxita naquela que é a maior re naria de alumina do mundo, a Hydro Alunorte. Lá, a alumina nasce. Mas antes disso, o minério percorre um longo caminho até Barcarena (região nordeste do Pará), que inicia no oeste, na Mineração Rio Nor te - a maior produtora brasileira de bauxita, localizada em Porto Trombetas, município de Oriximiná. A empresa extrai, bene cia e comercializa a matéria-prima base da cadeia do alumínio. Na operação resume-se a supressão vegetal seguida de decapeamento, britagem, transporte ferroviário, carregamento e descarregamento do minério, lavagem e tratamento de resíduos, controle de qualidade em laboratório, secagem e estocagem da bauxita e carregamento dos navios. Escoamento interestadual Para se ter uma ideia, a capacidade de produção da Mineração Rio Norte é de 18 milhões de toneladas. Só em 2012, produziu 17,1 milhões e as vendas somaram 16,9 milhões de toneladas. Do total de vendas, 59% foram destinadas ao mercado interno, para suprir as re narias da Hydro Alunorte (PA) e da Alumar (MA), e 41% foram destinadas ao mercado externo: Estados Unidos, Canadá, Europa, América do Sul e China. Quando chega ao porto da Vila do Conde, a bauxita passa pela digestão, onde a alumina é dissociada dos resíduos contidos no minério. Depois de passar pelas etapas de precipitação e calcinação, é nalmente


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obtida a alumina calcinada. A bauxita é verticalizada dentro do estado do Pará como um todo. Isso é um diferencial e nós camos felizes em fazer parte , pontua o gerente geral da Hydro Belém, César Vasconcelos. Apenas em 2012, foram produzidas 5,8 milhões de toneladas de alumina. A Hydro Paragominas também fornece bauxita para a Hydro Alunorte. O transporte é realizado de forma pioneira através de um mineroduto de 244 km de extensão. Polpa de bauxita e água são bombeadas por meio de um tubo subterrâneo que passa por sete municípios e quatro grandes rios, até chegar a Barcarena. Indústria de transformação Para transformar a alumina no alumínio líquido, entra em cena a Albras, a terceira maior fábrica de metal primário das Américas. Localizada no distrito de Murucupi, também em Barcarena, ela integra a Hydro e tem ainda como acionista a Nippon Amazon Aluminium Co. Ltda (NAAC), um consórcio de empresas japonesas. Na fábrica, a produção do alumínio é feita pela redução eletrolítica da alumina, com a passagem da corrente elétrica contínua em 960 fornos especiais as chamadas cubas eletrolíticas -, a uma temperatura média de 960ºC. "Já na forma líquida, o alumínio é transferido para a fundição, onde é acondicionado em fornos de espera. Após análise de pureza e ajustes de composição química, é que é feito o vazamento do metal em moldes de lingote instalados nas lingoteiras", explica Wilton Costa, gerente de área de Fundição, Cadinho e Expedição da Albras. O polo de Barcarena Os lingotes são exportados via porto da Vila do Conde. Apenas a Alubar recebe o metal líquido , continuou Wilton Costa. Além de atender o mercado interno, parte da produção também chega a países como a Noruega, Catar, Canadá, Japão, Rússia, Argentina, dentre outros. A capacidade de produção da Albras é de 460 mil toneladas de alumínio primário por ano. O processo nal de verticalização da cadeia no Pará ocorre no grupo Alubar Metais e Cabos, parte da indústria de transformação do mineral no Brasil. A Alubar recebe o alumínio líquido, ele entra em fornos que mantém a temperatura na faixa de 770 graus.


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Depois esse alumínio é vertido em um laminador e nesse laminador você tem a produção do nosso primeiro produtor que é o vergalhão de alumínio , explica o diretor-executivo da Alubar, Ricardo Figueiredo. Receber o alumínio líquido é uma grande vantagem para Alubar, que além de car localizada a poucos metros da fábrica da Albras, acaba acelerando o processo e garante economia de energia. Com isso, é gerado o vergalhão, produto nal que pode ser comercializado, mas também representa a fase inicial de outro processo: a produção de cabos de alumínio. A fase seguinte é a tre lação, na qual os os grossos (do vergalhão) são transformados em os mais nos de vários diâmetros. Após este procedimento, é feito o encordoamento e você tem o cabo de alumínio nu, sem capa, pronto pra ser utilizado na transmissão de energia , pontua Ricardo. A Alubar também produz cabos isolados, que recebem uma espécie de capa. Só neste ano de 2013, a empresa deve terminar a produção com algo em torno de 40 mil toneladas. E prevê para o ano que vem a produção de 50 mil toneladas de alumínio contido. A Alubar ainda fornece vergalhões de alumínio e suas ligas para ns elétricos e siderúrgicos e cabos elétricos de alumínio e ligas de alumínios nus e isolados XLPE/PE para linhas de transmissão e redes de distribuição de energia elétrica para grandes concessionárias de energia que, no Brasil, atendem a população urbana e rural de 90% dos estados. O grupo ainda pretende investir na produção de cabos de cobre. O futuro é prateado Seria extremamente importante que cada vez mais a verticalização do alumínio aumentasse. O Brasil é um grande detentor de minério. O ideal é que ele bene ciasse cada vez mais esse minério, criando mais indústrias e empregos pra população , defende Ricardo. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geogra a e Estatística (IBGE), isso já vem ocorrendo. A indústria transformadora de metalurgia gera um lucro de 20% para a economia do Estado. Estudos recentes mostraram que há até 95% do conteúdo de alumínio em veículos e 93% nos edifícios, sem contar na produção dos novos e modernos produtos tecnológicos como celulares, tablets e outros. O alumínio é um metal que pode ser reciclado

in nitamente. É um material que você vai usar pra sempre. É o metal do futuro, as indústrias automobilísticas usam o alumínio para se obter um carro mais leve, um carro mais leve usa menos combustível e você tem menos emissão de gases tóxicos , comenta César sobre os impactos do alumínio na economia.




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Reindustrializar as exportações é preciso


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José Conrado

Dono de extensas reservas minerais e terra fértil para as mais diversas atividades econômicas, o Pará é o terceiro maior exportador do Brasil. Isso se re ete no interesse que tem desper tado no mercado internacional, que se mostra cada vez mais interessado na produção do estado: apenas do ano 2000 para cá, as exportações do Pará saltaram de US$ 2,4 bilhões para um patamar de aproximadamente US$ 15 bilhões (FOB*), o que representa uma evolução econômica importante para o estado, como também para a composição da

Balança Comercial Brasileira. O ferro detém o status de principal produto de exportação, responsável por 70% dos 90% de participação da indústria extrativa mineral para as exportações paraenses. Tamanha pujança, no entanto, revela uma realidade bem perversa: nenhum de nossos portos serve para escoar o maior produto de exportação do Pará, que é o ferro retirado da serra de Carajás. Este sai do território estadual através do porto de Ponta de Madeira, no Maranhão, que já está sobrecarregado pela


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demanda. Localizado na capital maranhense, esse porto, que escoa a produção de exportação do Pará, é fruto de uma decisão política e ca muito mais distante que a Ilha dos Guarás, na Ponta da Romana, o n d e o Te r m i n a l d o E s p a d a r t e d e v e r á s e r construído. Vale ressaltar que a distância entre Carajás e o Terminal de Ponta da Madeira é de 892 Km, enquanto de Carajás para Espadarte é de 520 Km. Isto é um diferencial signi cativo que diminui o custo e aumenta a competitividade dos produtos paraenses e brasileiros. No último mês de setembro, uma audiência entre o ministro dos Transportes, César Borges e o governador Simão Jatene abordou 3 importantes projetos para solucionar esse gargalo que é a precariedade das vias de transporte: a Ferrovia Norte-Sul, a Hidrovia Araguaia-Tocantins e a situação das rodovias federais do Pará. O governador pediu ao ministro que inclua no projeto da Ferrovia Norte-Sul a construção de um ramal até Paragominas, no nordeste do estado. Grande produtor de grãos e bauxita, município com selo verde de certi cação ambiental e considerado um dos mais desenvolvidos da região, Paragominas não está incluído no projeto inicial da ferrovia. O trecho de 90 quilômetros tem um orçamento inicial de R$ 680 milhões. Sob a sombra extrativista A di culdade para escoar a produção, no entanto, não é o único entrave para a expansão da economia paraense. Ao ser majoritariamente um exportador de matéria-prima, o Pará se vê limitado ao modelo econômico extrativista, o que impõe ao estado uma relação precária com o comércio exterior. Nossa matéria prima é exportada com baixo valor agregado e transformada em bens de consumo nal em outros países mais industrializados. Desde sempre, somos exportadores de insumos que irão fortalecer a


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*São as iniciais da expressão inglesa Free On Board. Quer dizer que o exportador é responsável pela mercadoria até ela estar dentro do navio, para transporte, no porto indicado pelo comprador. (Fonte: Ipea)

produção das indústrias estrangeiras , critica José Conrado Santos, presidente do Sistema Fiepa, a Federação das Indústrias do Estado do Pará. De acordo com José Conrado, não há a con guração efetiva do comércio exterior paraense. Comércio exterior é via de mão dupla e essa não é a nossa característica, pois exportamos tudo o que produzimos para o mercado internacional e não adquirimos na mesma proporção produtos de consumo para o processo produtivo no Pará , destaca. Desequilíbrio na balança O desequilíbrio entre expor tação e importação está entre os principais entraves para a melhora do cenário econômico paraense, pois culmina na criação de um superávit nas exportações e contribui para o dé cit dos estados exportadores. A consequência disso é que o estado não recebe para exportar porque existe a desoneração das exportações e, por outro lado, não arrecada na importação porque grande parte do que consumimos em produtos estrangeiros são nacionalizados em outros estados da federação, promovendo o recolhimento dos tributos nos pontos de entrada da mercadoria , explica Conrado. Ele aponta que para reverter o quadro, o estado precisa estabelecer uma nova política industrial exportadora, mas também apostar no

fortalecimento da indústria tradicional, ofertando incentivos para a inovação, gestão e produção. Temos que privilegiar o comércio ex ter ior efetivando a verticalização das cadeias produtivas do Pará, e mais, incentivar a indústria tradicional, aquela que gera e distribuiu a riqueza de forma hegemônica no Pará, para que ela se fortaleça e ganhe em musculatura para competir no mercado internacional, posto que internamente nossa capacidade de competitividade é muito baixa , frisa o presidente da Fiepa. Tal esforço busca culminar na ampliação do portfólio de produtos exportáveis no estado, necessidade essa que também é do cenário nacional, que ainda escoa para o mercado exterior majoritariamente produtos primários - as chamadas commodities. A nossa realidade é semelhante ao quadro nacional. Promovemos um modo que incentiva a exportação de produtos primários e, consequentemente, importamos mais do que exportamos", destaca José Conrado, que alerta para as consequências nocivas dessa lógica econômica. Para a indústria brasileira isso é perverso, pois pode provocar a desindustrialização nacional com a presença mais robusta de produtos estrangeiros. Portanto, devemos defender os interesses nacionais e isso é o nosso papel enquanto entidade representativa da indústria , completa.




Reportagem de Gil S贸ter Fotos de Pedro Rodrigues

Quanto vale uma boa ideia?


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A criatividade, capaz de projetar brilhantes soluções e inovar nos mais diversos segmentos, conquista cada vez mais valor na economia pósmoderna e já integra a agenda de desenvolvimento de vários países. No Brasil, a chamada economia criativa movimenta cerca de R$ 110 bilhões ao ano, ou seja, 2,7% de tudo o que é produzido no país. Tal desempenho coloca o Brasil entre os maiores produtores de criatividade do mundo, superando Espanha, Itália e Holanda. O crescimento do setor provoca o fortalecimento de uma nova lógica econômica, que tem a cultura como eixo. Assim, o Plano Brasil Criativo, desenvolvido pelo Ministério da Cultura (Minc), está pautado na valorização do potencial humano, no reconhecimento das peculiaridades e da diversidade de setores criativos de cada região desse nosso país de dimensões continentais. Nesse cenário promissor, o Pará vem ganhando espaço. Este ano, o estado esteve entre os destaques internacionais em economia criativa desenvolvida no Brasil. Fomos um dos dois exemplos brasileiros escolhidos para expor a experiência em economia criativa no Ano do Brasil em Lisboa. Esse reconhecimento do Minc indica o quanto o setor da criatividade vem ganhando força por aqui , destaca Rosa Helena Neves, diretora executiva do Espaço São José Liberto, em Belém. O l o c a l , t a m b é m c o n h e c i d o c o m o Po l o Joalheiro, foi eleito pelo Minc como um dos mais importantes espaços criativos do Brasil. O projeto investe na difusão dos produtos gerados da dimensão simbólica da cultura amazônica paraense, atuando em toda a transversalidade dos setores da moda, do design, do artesanato e das manifestações culturais produzidas no Espaço São José Liberto, que hoje já é reconhecido nacionalmente como um espaço onde se estimula e pratica a economia criativa , destaca Airton Lisboa Fernandes, diretor de Desenvolvimento do Comércio e Serviço (DICS), da Seicom (Secretaria de Estado de Indústria, Comércio e Mineração). O trabalho desenvolvido no São José Liberto tem como eixos estratégicos a diversidade cultural amazônica, a inclusão social produtiva, a sustentabilidade e a inovação, a partir de materiais


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extraídos da oresta. A referência é a dimensão cultural material e imaterial da Amazônia , pontua Rosa Helena. Reconhecimento E são muitos os ar tistas arrebatados pelo universo amazônico. O artesão Darlindo José de Oliveira há 40 anos se inspira na fauna e ora da maior oresta equatorial do planeta. O ponto de partida do seu trabalho é a mata fechada de Monte Alegre. Tem que fazer o corte espinha de peixe e deixar o látex escorrer. Depois, é preciso cozinhar a balata, que chega para mim em barras de 40, 50 quilos. Fervo tudo várias vezes até ela car pronta para o manuseio , relata. O ritual que envolve a confecção das peças de balata se completa com as formas que a borracha ganha nas mãos do artesão. Mestre Darlindo produz seres fantásticos do imaginário caboclo e retrata o cotidiano ribeirinho. Aprendi o artesanato com o meu vizinho, em Monte Alegre. Faço o ribeirinho, a maloca, o extrativista da balata, as lendas da Matinta, do Muiraquitã... tudo isso que vive o ribeirinho , diz o artesão. Com a obra Búfalo Montado , mestre Darlindo foi contemplado, em 2012, com o Reconhecimento de Excelência da Unesco para os produtos artesanais do

Mercosul. Esse reconhecimento alavancou a nossa vida. Hoje temos um espaço permanente no Museu do Folclore, no Rio de Janeiro , destaca o artesão, que ministra o cinas de artesanato em balata para novas gerações. Nosso esforço é para não deixar que a tradição se acabe e essa é uma luta permanente , frisa. Acostumado a desenvolver talentos e incentivar o empreendedorismo, o Sebrae, em sua esfera estadual, desenvolve diversos projetos voltados à Economia Criativa, como pontua Uyara Póvoas, Gerente da Unidade de Comércio e Ser viços do Sebrae-Pará: Desenvolvemos quatro projetos, sendo o primeiro um multi setorial, em Bragança com empresas de cultura, artesanato, design e moda, baseado no desenvolvimento da gestão, tecnologia e mercado; outro em Belém, também multi setorial, com o mesmo objetivo, só que voltado somente para a cadeia do ve s t u á r i o e a c e s s ó r i o s ; e p o r m d o i s p ro j e t o s segmentados no artesanato. Um também na Região Metropolitana de Belém, voltado para o desenvolvimento básico de produtos e processos e outro de âmbito estadual, com foco apenas em mercado. Os dois contemplam várias tipologias. Para 2013 pretende-se criar mais um projeto voltado para a música


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e artes plásticas . Joias da Amazônia A l é m d o a r t e s a n a t o, o S ã o J o s é L i b e r t o empreende cadeias produtivas de outros setores criativos, como as de joalheria, moda, culinária e arquitetura. É a criação, produção, distribuição e mercado em sintonia com uma proposta inovadora de revelar talentos, gerar trabalho e renda para microempreendedores , reitera Rosa Helena Neves. Talentos esses capazes de inovar. A lapidária Leila Salame, que também integra o Polo, conta com orgulho sobre seus mais ilustres clientes. Ornamentei o broche do manto de Nossa Senhora de Nazaré e também o broche que foi entregue ao Papa Francisco durante a Jornada Mundial da Juventude , destaca. No broche, a ametista navete foi realçada pela lapidação diferenciada de gra smos marajoaras, técnica desenvolvida por Leila. O trabalho inovador já rendeu a ela um lugar no Manual de Lapidação Diferenciada de Gemas, publicado pelo Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM), Sebrae Nacional e governo federal, com organização do designer de joias Adriano Mol, que destacou o domínio técnico graciosamente aplicado em conjunto com o riquíssimo acervo grá co marajoara, con gurando-se em um dos mais expressivos trabalhos de lapidação diferenciada no Brasil. É um trabalho de cuidado. Levo três dias para terminar uma peça em gra smo marajoara, enquanto uma peça tradicional, concluo em duas horas. Mas a procura pelos gra smos é grande, porque traz esse diferencial , relata. Nas joias criadas pela jovem designer Bárbara Muller, há muito da cultura da sua terra natal. Uso madeira de árvores daqui e também desenvolvi joias ornamentadas com a chita, um tecido barato e muito marcante no Pará, que está sobre a mesa da casa das pessoas, nas rodas de carimbó, nos vestidos das mulheres , conta. Entre a urbanidade e a grandiosidade da natureza amazônica, Bárbara, aos 25 anos, já participou de exposições nacionais e internacionais, como "Arte Brasilis", em Roma, Encontro Luso-Brasileiro de Territórios Criativos , em Portugal; "Manualidades: Lapidando Tendências" e Manualidades e Design


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programa coroatá

Rio+20 , no Brasil. Plataforma Criativa De acordo com o diretor do Dics, a economia criativa do Pará vai ganhar duas novas e importantes frentes de desenvolvimento. Uma delas é a Plataforma de Desenvolvimento do Empreendedorismo Criativo, q u e o b j e t i va a u m e nt a r a co m p e t i t i v i d a d e d a s atividades econômicas criativas e descobrir novos talentos no estado. Denominada 'Idear Pará', a plataforma será um complemento ao Espaço São José Liberto. Para isso, será

necessária a criação de rede colaborativa de conexões céleres e efetivas entre instituições do governo, da academia, dos setores econômicos e nanceiros, e organizações sociais capaz de provocar novos modelos de negócios , explica Airton Fernandes. Um dos potenciais parceiros nesta empreitada é o Programa Coroatá de Formação para Empreendimentos Culturais. Com o objetivo de realizar atividades de formação e assessoria técnica a grupos que atuam no setor cultural, o programa tem parceria com a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares e Empreendimentos Solidários (ICSA/UFPA),


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com o Escritório Modelo de Turismo (ICSA/UFPA) e com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Bragança-PA. O programa visa estimular os princípios da economia solidária entre os grupos, trabalhando em torno de princípios como a autogestão, tomadas de decisão e divisão igualitária dos resultados do trabalho; a colaboração, de forma que os grupos compartilhem ações e atuem em redes; e a sustentabilidade, que busca convergir o desenvolvimento econômico ao desenvolvimento cultural, político e social , explica Luciane Bessa, gerente executiva do projeto. Lançado em agosto deste ano, o programa realizou atividades nos municípios de Belém e Bragança. Até dezembro outras estão previstas, envolvendo os municípios da Região do Salgado. Cada uma delas foi programada a partir de um diagnóstico formulado por meio de diálogos com os participantes cadastrados. O nosso objetivo é mapear atividades culturais; identi car agentes culturais e seus per s socioeconômicos; planejar a formação em gestão, políticas e desenvolvimento econômico com ênfase na e c o n o m i a c r i a t i v a e s o l i d á r i a ; e p ro p o rc i o n a r transferência de tecnologia sociocultural, com o uso de referências conceituais e metodológicas , destaca Luciane. Criativa Birô Outra boa nova para o setor criativo está prestes a se tornar realidade. Até o nal deste ano, será aberto o escritório da Rede Criativa Birô, no Instituto de Artes do Pará (IAP). O programa da Secretaria de Economia Criativa vem instalando o projeto em diversas cidades do país. E na região Norte, apenas o Pará e o Acre receberão escritórios regionais do programa. Em parceria com o Minc, o governo do estado irá a b r i r o e s p a ç o d e d i c a d o a p re s t a r s e r v i ç o s d e atendimentos gratuitos a pro ssionais e empreendedores atuantes nos setores criativos. O programa irá ofer tar infor mação, capacitação, consultorias e assessorias técnicas, entre outros serviços voltados para a quali cação da gestão de projetos, produtos e negócios de micro e pequenos empreendimentos criativos , destaca Fábio Souza, presidente do IAP.

Com orçamento de R$ 1,2 milhão, o programa Criativa Birô é custeado pelo Ministério da Cultura, cabendo ao IAP a sede física para a instalação do escritório regional, assim como parte do corpo técnico responsável. Além do presidente do IAP, Fábio Souza, o artista Júnior Oliveira está responsável pela sede na capital. De acordo com a gerente do Sebrae-Pará, Uyara Póvoas, ainda não é possível obter uma real estatística

sobre o volume de negócios envolvendo a economia criativa em nosso estado. Mas sabemos por experiência própria que as unidades comerciais de cunho criativo fazem um número signi cativo. Outro fato que opor tuniza o engajamento dessas unidades no mercado é o seu baixo custo de implantação e produção e essa grande soma de pequenos negócios é vista pelo Sebrae como uma grande oportunidade para levar conhecimento e ajudar na estruturação e desenvolvimento dessas empresas, tornando-as sustentáveis. Manter uma Empresa criativa no mercado signi ca mais empregos, mais renda e mais qualidade de vida para as famílias , enfatiza


Reportagem de Gil Sóter Fotos de João Paulo Guimarães

Grande parte da produção de pescado do Brasil vem dos rios paraenses


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Se a oresta amazônica é grandiosa na sua biodiversidade em solo, suas águas ostentam igual riqueza: a região Norte detém a maior bacia hidrográ ca do mundo, com aproximadamente sete milhões de quilômetros quadrados, onde vivem mais de seis mil espécies de peixes. O Pará, atualmente, é responsável pela maior produção de pescado do país. Com tamanha magnitude, os mares e rios acabam representando uma das mais importantes fontes de alimento e emprego para o povo da Amazônia. Na Ilha da Trambioca, localizada no município de Barcarena, a cerca de 300 km de Belém, muitas pessoas da comunidade tiram das águas o seu sustento. Uma delas é a família de Nilo da Costa Negrão. Aos 68 anos, o pescador repassou para os lhos e sobrinhos aquilo que chama de 'sina da vida no mar'. Há 20 anos me afastei da pescaria em alto mar, porque adoeci com o diabetes. Mas meus lhos e sobrinhos todos atiram a rede no mar. Vivemos disso, vivemos da lida na natureza , conta. A rotina da família Negrão começa antes do sol raiar. Donos de quatro barcos, cada um deles avaliados em R$ 90 mil, os homens passam 20 dias a bordo, explorando as águas da Baía do Marajó e a contra-costa da região, até chegar em alto-mar. Os barcos, carregados de redes para o arrastão, levam 11 tripulantes, que seguem em busca de peixes como a pescada branca, dourada e lhote. Subsistindo com modernidade D e nt ro d e c a d a e m b a rc a ç ã o, s i n a i s q u e evidenciam os novos tempos para a pesca artesanal: equipamentos como bússola, navegador e GPS se tornaram indispensáveis. A população cresceu e as empresas soltam muita química no rio, o que mata o peixe. Então a gente teve que investir em mais embarcação para fazer a pesca em alto mar. Investimos muito em equipamento, tudo pra poder ir pescar mais longe, no Oceano Atlântico, no canal de Macapá , conta. Impedido de seguir com a família nas expedições marítimas por questões de saúde, um dos lhos de Nilo buscou alternativas para continuar vivendo da pesca, sem que fosse necessário empreender o esforço físico das maratonas em alto-mar. Dono de um tanque destinado à criação de tambaqui, Bruno Andrade Negrão, 31 anos, cuida dos 442 lhotes de


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peixe. Tenho brose pulmonar, o que me impediu de seguir nos barcos. Agora crio os peixes no tanque do quintal de casa, para vender tudo no nal do ano , relata o rapaz, que há cinco meses iniciou a piscicultura. Assim como muitas pessoas da comunidade da Trambioca, Bruno estudou apenas até a quarta série. Aos quinze anos, foi trabalhar como pescador. É isso o que sabemos fazer: pescar. Então quando adoeci, vi na criação de peixe uma possibilidade de continuar trabalhando no ramo . Bruno é um dos 23 pescadores que integram a Associação dos Pescadores Artesanais do Guajará da Costa. Criada no nal dos anos 1990, em 2012, a associação criou parceria com a prefeitura de Barcarena e o Governo do Estado para o fomento de viveiros de tambaquis e camarão na comunidade. De acordo com a Secretaria de Estado de Pesca e Aquicultura (Sepaq), a ação é um dos projetos desenvolvidos para incentivar a pesca artesanal, que já evidencia uma tendência de declínio. Numa tentativa de reverter o quadro, a secretaria aposta nos subsídios econômicos do governo, por meio dos créditos bancários e da redução de cargas


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tributárias, como a subvenção do óleo diesel. Por meio do projeto e do trabalho coletivo, foram construídos tanques nos quintais das famílias, e o u t ra s re ce b e ra m c r i a d o u ro s e m re d e, q u e s ã o colocados diretamente no rio. Sob a consultoria da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater), o projeto subsidiou ainda alevinos e a ração necessária para a engorda dos peixes. Com a associação, zemos um mutirão para construir os tanques. Os alevinos foram trazidos de Terra Alta, próximo a Marituba, e também nos foi dada a ração. Dez meses depois, começamos a vender os peixes, e deu para gente tirar um dinheiro, porque tivemos esse fomento , relata Denise Andrade Pimentel, 33 anos, secretária da associação. Fonte principal do sustento de uma família formada por três mulheres, Denise conta que após o primeiro ano de implantação do programa, no entanto, as pessoas bene ciadas têm encontrado di culdades para dar continuidade às criações. Gasto dois sacos de 25 quilos por mês para alimentar os peixes. Cada saco custa R$ 48. A di culdade é que demora muito para fazer a venda, porque o peixe custa a crescer e temos que esperar ele alcançar 2 quilos para poder comercializar a criação , reclama Denise. O segundo ciclo do projeto já exigiu das famílias da comunidade um investimento bem maior. Sem o subsídio público, Denise conta que a associação tenta arcar com as despesas. Compramos peixe juvenil, que já vem mais crescido, justamente na tentativa de evitar tanta espera para a venda. Só que de 14 mil, só sete mil chegaram vivos para gente. Temos que lidar com esse tipo de prejuízo ainda . De acordo com André Pontes, titular da Sepaq, a pesca artesanal é a modalidade mais carente de ações governamentais. O foco principal da Sepaq é dotá-la de infraestrutura e logística de recepção, bene ciamento, congelamento, estocagem e comercialização , destaca. Em parceria com o M inistério da Pesca e Aquicultura, a secretaria prevê a construção de entrepostos pesqueiros e Centros Integrados de Apoio à Pesca Artesanal (Cipar), além de nanciar a construção e reforma de mercados e feiras públicas e das sedes de colônias em diversos municípios paraenses. Trata-se de uma histórica de ciência de infraestrutura para pesca artesanal. Então rmamos

convênios com o objetivo de apoiar a construção do entreposto pesqueiro de Outeiro e equipar o entreposto d e J a c u n d á e, c o n s i d e r a n d o a n e c e s s i d a d e d e atendimento aos padrões de higiene adequados ao resfriamento e comercialização de pescado, a Sepaq investe na construção de mercados em diversos municípios, como Bragança, Juruti, São Sebastião de Boa Vista, Novo Progresso e Faro, além de viabilizar a reforma de outros mercados públicos, como em Santarém , pontua.


Reportagem de Tássia Almeida Fotos de Cinthya Marques/Divulgação

Semente de um futuro sustentável


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Projeto Preservar alia crescimento econômico e sustentabilidade através de um modelo inovador com foco no agronegócio paraense Carlos Xavier

Alternativas para produzir de forma sustentável Presidente da Faepa tem conquistado um espaço signi cativo no setor econômico. O combo negócios mais sustentabilidade alcança bons resultados quando fomentado por ideias inovadoras. Neste cenário, o Projeto Preservar desenvolvido pela Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa) e o Instituto Alerta Pará ganha destaque. Lançado em 2008, o projeto prevê uma forma de aumentar o volume da produção do agronegócio no Estado fundamentado em quatro pilares: a adoção de novo paradigma para o agronegócio, o desmatamento zero, o novo modal de pecuária e a reversão de 11 milhões de hectares de pastagem para a agricultura e silvicultura, sem a abertura de novas frentes de desmatamento. Isso, por meio de um melhor aproveitamento de áreas que já foram modi cadas, utilizadas pelo homem, chamadas de antropizadas. Para entender melhor como ele funciona, dos quase 125 milhões de hectares de terras que o Pará possui, uma média de 30 milhões são de áreas antropizadas, o que equivale a 24% do território paraense. Desse universo, 11 milhões de hectares são subutilizados pela prática da pecuária extensiva que somados aos 3 milhões pela prática da monocultura, totalizam o total de 14 milhões da proposta. O presidente da Faepa, Carlos Xavier, explica que uma vez implantado o Projeto Preservar, essa realidade muda com a incorporação de novas tecnologias que ajudem na transformação dessa pecuária extensiva para a intensiva e da monocultura para a policultura, tudo dentro de uma só área, ou seja, dos 14 milhões de hectares que seriam trabalhados , seguindo os preceitos do projeto. Tais mudanças apresentam

Carlos Xavier


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benefícios a todos os segmentos envolvidos e, principalmente, ao meio ambiente. O Pa r á t e m h o j e 7 6 % d o s e u t e r r i t ó r i o completamente preservado. Somente 24% dessa área foi antropizada, é nessa área que iremos fazer uma agricultura, silvicultura e uma pecuária de baixo carbono com sustentabilidade , destaca Xavier. Um dos motes da ação é o compromisso de Desmatamento Zero, que busca alternativas de desenvolvimento da Amazônia com respeito ao meio ambiente. Entre elas, a revitalização de áreas desmatadas que sejam consideradas improdutivas, mas que possam ser reaproveitadas por meio de projetos compatíveis para sua reutilização. Segundo Xavier, práticas como essas, que aliam sustentabilidade e crescimento econômico são o caminho para a consolidação do desenvolvimento da produção no Pará. O desenvolvimento sustentável de nosso estado pressupõe a utilização inteligente de nossa base de recursos naturais e a indispensável agregação dos recursos cientí cos e tecnológicos capazes de alavancar esse progresso , completa.

Mas, tudo isso só é possível devido as vantagens comparativas do agronegócio no Pará. A agropecuária paraense é imbatível se comparada com outros estados e países, pois temos luz o ano inteiro, temperatura média de 24 graus e 3,2% de água doce do mundo. Essas potencialidades fazem com que o Pará avance muito, e essas vantagens comparativas sejam transformadas em vantagens competitivas , pontua Carlos. Ao longo de cinco anos, o projeto mantém as mesmas diretrizes e os desa os continuam em cena: a questão fundiária que gera insegurança jurídica no meio rural, a legislação ambiental difícil de ser cumprida na Amazônia, a logística considerando o imenso território do Pará e a geração de conhecimento. Este último é o mais grave. Você não faz desenvolvimento se você não tem conhecimento. Esse assunto é seríssimo no nosso estado mesmo com todo trabalho que vem sendo realizado na área da educação. A sociedade paraense precisa ter essa consciência, a gente vem fazendo isso, mas geração de conhecimento não vem acompanhando na velocidade que nós desejamos , naliza.


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Conheça algumas medidas do Projeto Preservar  Revisão e adequação de marcos regulatórios, política de       

incentivos scais e política tributária. Infraestrutura adequada à distribuição. Fortalecimento do papel das Federações e Associações. Ampliação das entidades de classe. Implantação de entidades certi cadoras. Desenvolvimento de novas plataformas tecnológicas. Disponibilidade de serviço de assistência técnica. Desenvolvimento de programas inovadores.

Sobre o Instituto Alerta Pará O Instituto Alerta Pará é resultado de uma ação conjunta de segmentos empresariais, de trabalhadores, de pro ssionais liberais, instituições de ensino e pesquisa, e lideranças políticas objetivando a formação de um grande pacto da sociedade paraense em defesa do desenvolvimento sócio econômico do estado, com base no respeito à legalidade e ao meio ambiente. A proposta é fomentar a discussão sobre a melhor utilização de nossos maiores bens e ajudar o estado a crescer economicamente.


Reportagem de Anna Carla Ribeiro Fotos de Cinthya Marques/Divulgação

Novos horizontes para os pequenos agricultores


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No Pará, cerca de 72% dos estabelecimentos agropecuários existentes são enquadráveis nos critérios do Programa Nacional da Agricultura Familiar, o que denota a dimensão da agricultura familiar no Estado. Contudo, a produção familiar possui baixo nível tecnológico, o que decorre a baixos níveis de produtividade e de renda. Diante disso, as três esferas de governo, mais o mundo acadêmico, tentam criar formas de incentivar o setor. Para isso, é necessária a organização dos produtores, fator essencial para alcançarem competitividade, até o processo de comercialização, de modo a promover a sua inclusão no mercado. Não tem como pensar no desenvolvimento do setor rural sem investir no homem. E essa questão cultural é muito importante. É preciso que se possa enxergar o produtor rural e ele se enxergar não como alguém que precisa de um suporte permanente, mas como um agente econômico capaz de produzir. Portanto, essa capacitação é parte fundamental. Aí entra um outro componente que naturalmente o governo vem cuidando através de outra área, que é a alfabetização, já que os maiores índices de analfabetismo estão justamente no meio rural , explica o secretário de Estado de Agricultura do Pará, Hildegardo Nunes . Sistematização Foi pensando justamente no desenvolvimento do setor de uma maneira sustentável que este ano a Fundação Hilário Ferreira lançou o Sistema Integrado Modular da Agricultura Familiar (Simaf ). O Simaf pode ser implantado em todas as regiões do Pará, tanto na zona rural quanto urbana. Atualmente, ele está presente em seis municípios paraenses: Ipixuna, Irituia, Tracuateua, Capanema e Baião (este último ainda em fase de implantação). O projeto cria uma área de 1/4 de hectare, cerca de 50x50m, o mesmo que 2,5mil m². Nesse espaço são criados 80 canteiros de

hortifrutigranjeiro e um tanque de 64m², que serve para irrigar todos os canteiros e criar peixes ao mesmo tempo. Cada unidade recebe de 08 a 10 famílias. Em um período de 10 meses, essas famílias são avaliadas. Durante esse tempo, se incentiva o trabalho em grupo e veri ca-se a produção dessas famílias. Ele se baseia na permacultura, ou seja, uma produção dá subsídio para o cultivo de outra produção. Ao mesmo tempo em que a água irriga as plantações, as plantações servem de alimentos para os peixes produzidos no tanque. Caso essas famílias te n h a m s i d o b e m ava l i a d a s, e l a s l e va m u m


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certi cado. Com esse certi cado, é possível abrir uma linha de crédito junto aos bancos parceiros e a Emater, para que cada família possa obter o seu próprio espaço de cultivo , ressaltou a idealizadora do projeto, Soane Castro. Além de ser interessante diversi car a produção em uma área pequena o rendimento, segundo os cálculos baseados em preços abaixo do oferecido no mercado, isso renderia à família entre R$3500 a R$5000 ao mês. O primeiro case foi implantado em junho deste ano, em Ipixuna, e já mostra bons resultados. Lá, a prefeitura compra toda a produção para a merenda escolar. A renda bruta atualmente de cada família é de R$1500 por mês. Ao todo, são 10 famílias. O sistema de irrigação garante o abastecimento de água o ano inteiro. Além disso, não se utiliza agrotóxicos. Usam-se alternativas através de biofertilizantes, compostagem, rotação de cultura e demais tratos culturais. Pode-se produzir até 300 quilos de peixe em oito meses no tanque, calculando o peixe de 300 a 400 gramas cada. Se fôssemos esperar os peixes chegarem a um quilo, daria menos peixes no tanque. Mas a ideia é tirá-los com menos peso, para que possam ser reproduzidos em maior quantidade e possam se tornar mais rentáveis , explicou Soane Castro. Segurança alimentar Hildegardo Nunes, faz questão de enfatizar a importância da produção familiar. Ela vai além da agricultura familiar porque nós temos no Pará um peso do extrativismo ainda muito grande e um extrativismo praticado ainda em bases familiares , revelou. De acordo com ele, o termo da produção familiar acaba atendendo melhor do que a agricultura familiar. E pra esses segmentos distintos, seguramente, são necessárias ações distintas. O principal objetivo do Simaf, segundo Soane, é a segurança alimentar. O primeiro passo é ensinar as famílias a se alimentarem melhor. Hoje

Hildegardo Nunes


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em dia muitas famílias agrícolas estão comprando muito nos comércios locais por conta da falta de estímulo em produção, principalmente quando se trata do planejamento de acordo com o mercado e com a demanda alimentar da própria família. A maioria dessas famílias ainda planta só uma vez e para. Falta dar continuidade de cultivo e plantação. Com um cultivo e plantação com organização e equipamentos certos, é possível produzir o ano todo aqui no Pará. Hoje há espaços para agricultura familiar, o mercado existe, mas é preciso que essas famílias possam se adequar ao mercado também. É necessário agregar valor à essa produção . Governo do Estado ressalta ações No segmento do agronegócio, o apoio da Sagri se dá muito mais na regulamentação, na busca da regularização fundiária e ambiental, das deliberações tributárias onde o próprio Conselho do Agronegócio e as câmaras setoriais processam essas discussões, elaboram as suas pautas e documentos. Já as ações mais diretas da Secretaria estão integralmente voltadas para a produção familiar.

Nós temos todo o programa de distribuição de sementes e mudas, desde arroz, milho, feijão às fruteiras, com destaque para o açaí e o cupuaçu. Essas últimas estão sendo intensamente distribuídas para aumentar a produtividade. Foi iniciado esse ano também um trabalho intenso com a mandioca. Todo mundo acompanhou a crise da farinha e a própria oscilação de preço do produto. Nós esperamos incentivar a produção da mandioca, mas em bases mais decodi cadas, que garantam a rentabilidade também do agricultor , explicou o secretário de estado. Hildegardo destacou, também, a necessidade de capacitação no setor. Nós temos um amplo programa de capacitação, zemos uma parceria com o Senar para isso, que é uma entidade criada para este m. Isso tem permitido, inclusive, ampliar os recursos porque a contrapartida do Senar é bastante expressiva, o que amplia a nossa capacidade operacional. Esses cursos estão sendo feitos obedecendo o que foi demandado na Caravana da Produção, que foi uma ação que a Sagri organizou em 2011, onde cada município revelou as suas principais demandas.


Pará: destaque na rota de turismo na Amazônia

Reportagem de Anna Carla Ribeiro Fotos de João Paulo Guimarães Reportagem de Tássia Almeida Fotos de Cinthya Marques/Divulgação


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A Amazônia é, sem dúvida, um dos destinos turísticos mais desejados do mundo. A cultura é re etida em inúmeros eventos espalhados pelos nossos 144 municípios, a exemplo dos ritmos locais, da culinária única e de manifestações religiosas como o Círio de Nazaré e o Sairé. A natureza também foi generosa com o Pará, com a combinação de fatores marcantes de vários ecossistemas, onde o predominante é o amazônico. Como se não bastasse, nos últimos anos o estado ganhou maior importância na realização de grandes eventos com a implantação de ambientes capazes de abrigar congressos, encontros, feiras, simpósios e outros. Neste sentido, merece destaque o Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, em Belém, um espaço multiuso com uma estrutura ampla e moderna, comparável com a de grandes centros de eventos no restante do país. De acordo com pesquisas realizadas pelo Dieese Pará, o Pará somou este ano o receptivo de quase um milhão de turistas. Só em outubro, atraídos pelo Círio, vieram ao estado 77,9 mil turistas, que deixaram no Estado cerca de U$28,95 milhões de dólares. Em 2012, o Pará recebeu cerca de 800.248 mil turistas brasileiros e 68.744 estrangeiros, totalizando em 868.992 mil turistas. Pelas pesquisas, sabe-se que a maioria dos turistas brasileiros que chegam na capital são do Rio de Janeiro, Maranhão, São Paulo, Ceará e do Amazonas. Os turistas estrangeiros são dos Estados Unidos, em sua maioria, seguido da França. Plano Estadual Porém, para receber os turistas, é preciso todo um trabalho por parte das autoridades competentes. Nesse sentido, a Paratur tem uma série de ações para incentivar cada vez mais a vinda de pessoas de fora. "À Paratur cabe a promoção, divulgação e marketing do Pará nos mercados regional, nacional e internacional. Captação de novos voos internacionais, como da TAP, que liga Belém à Europa através de Portugal e da TAM, que liga o Pará a Miami, nos Estados Unidos também são estratégias adotadas, que representa o Pará mensalmente em feiras de comercialização e promoção de produtos turísticos", revelou o presidente da Paratur, Marcelo Mendes. "O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Turismo (Setur) e da Companhia Paraense de


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Turismo (Paratur), tem investido em duas principais frentes no turismo, a infraestrutura turística e a p ro m o ç ã o d o d e s t i n o Pa rá co m o p r i o r i t á r i o n a Amazônia. Cabe à Setur, por exemplo, buscar no Brasil e exterior aporte nanceiro, como o nanciamento de U$ 44 milhões de dólares que busca neste momento junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)", destacou Marcelo Mendes. Ainda existe uma preocupação de fortalecer o Círio de Nazaré como produto turístico religioso e cultural. Para isso, é feito um roteiro de viagens da Imagem Peregrina a outros Estados e países juntamente com a Diretoria do Círio. Em 2011, a Imagem Peregrina foi co n d u z i d a ao R i o G ra n d e d o S u l e a p re s e nt a d a publicamente nas cidades de Canela e de Gramado. A ação foi realizada durante o Festival de Turismo de Gramado. Em 2012, foi a vez das cidades de Lisboa e Nazaré, em Portugal, que receberam a Imagem Peregrina durante a Feira de Turismo de Lisboa. E em setembro

deste ano a Imagem Peregrina foi levada ao Rio de Janeiro, durante da Expocatólica 2013 e Jornada Mundial da Juventude. Falando de Círio, no deste ano, a Paratur integrou o 'Programa Amigos do Turista', que ofereceu um receptivo especializado e 24 horas no ar - no aeroporto de Belém. Um trabalho de divulgação das atrações do Pará também é feito com jornalistas especializados em t u r i s m o d e v á r i o s E s t a d o s b r a s i l e i ro s, a l é m d e operadores de turismo e agentes de viagens. Na ocasião, em parceria com as agências de receptivo local, apresenta-se um pouco do Pará através de um roteiro de 8 dias e 7 noites. Pontos turísticos incentivam a atividade A Organização Social Pará 2000 é responsável atualmente por três importantes espaços para o turismo do Estado: Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, Parque Zoobotânico Mangal das Garças e a Estação das Docas. Desde a criação do Centro de


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Convenções, inaugurado em 2007, o turismo de eventos e negócios teve um aumento signi cativo, movimentando assim a rede hoteleira e outros serviços. A Estação das Docas, por sua vez, entra como um grande atrativo aos turistas pela quantidade de restaurantes bons, além de lojas e programações culturais. É o caso do Projeto Música no Ar, onde diariamente músicos se apresentam em cima de um palco deslizante no Galpão 1 e 2. Para mostrar a cultura do Pará, também existe há 13 anos o projeto Pôr-doSom, que leva, a cada sexta-feira, grupos folclóricos para uma apresentação na orla do espaço. Para contemplar a família como um todo, quinzenalmente acontece, ainda, o Projeto Pôr-do-Sol com teatro infantil, sempre nos nais de tarde. Também abriga um teatro, o Maria Sylvia Nunes, onde funciona o Cine Estação, que programa todos os meses lmes do circuito alternativo, inéditos na cidade. O u t r a g r a n d e a t r a ç ã o a o s t u r i s t a s é o Pa r q u e Zoobotânico Mangal das Garças. Uma de suas missões é promover a educação ambiental, e este trabalho é desenvolvido em todas as atividades. Para atrair cada vez mais o visitante, foi implementado o 'Momento Alimentação das Garças', que acontece diariamente às 11h, 15h e 17h30. A alimentação dos peixes e das tartarugas é sempre às 9h. Já dentro do Borboletário o maior da América do Sul a soltura das borboletas pode ser conferida às 10h e 16h. "Pelo fato de Belém estar inserida na rota dos navios e cruzeiros, foi criado o serviço do 'Roteiro Expresso', uma visita guiada em 30 minutos para suprir a necessidade desse turista que tem pouco tempo, mas que deseja conhecer o Parque. Para melhor atender, o Governo do Estado investe constantemente em cursos de quali cação, principalmente de atendimento e de idiomas como inglês, francês e alemão", ressaltou a presidente da Pará 2000, Gabriela Landé. A média mensal de visitantes da Estação das Docas gira no entorno de 120 mil pessoas. No Hangar a m é d i a é d e 6 3 m i l. E s s e va l o r e s t á d i re t am e nte relacionado aos eventos realizados. No mês de agosto deste ano, por exemplo, mais de 154 mil visitantes passaram pelo Centro de Convenções. Já o Mangal das Garças, com funcionamento de terça a domingo, de 9h às 18h, a média é de 25 mil visitantes por mês.


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Construção Civil dispara e alcança índices das grandes metrópoles

Reportagem de Anna Carla Ribeiro e Bianca Levy Fotos de João Paulo Guimarães e Pedro Rodrigues/Divulgação


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O setor da construção civil é, atualmente, o que representa uma das maiores fatias na economia do Pará. Hoje, o setor da construção responde por 7% do Produto Interno Bruto do Estado, sendo que 25% deste total é produzido somente na capital. Isso é possível graças a versatilidade do setor que tem a capacidade de atuar em diversas áreas como infraestrutura, s a n e a m e n t o, t e r r a p l e n a g e m , p av i m e n t a ç ã o, o b r a s v i á r i a s, indústria e habitação. Um retrato deste crescimento é que o Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Pará (Sinduscon-PA) possui atualmente 120 empresas associadas. "O sindicato ainda responde por todo o setor no Pará, que congrega mais de 2.488 empresas. A movimentação da indústria da

construção no Pará ultrapassa os R$ 5,6 bilhões anualmente, sendo que Belém sozinha chega a m o v i m e n t a r R $ 1 , 4 b i l h ã o a o a n o", e x p l i c a o presidente do Sinduscon, Marcelo Gil Castelo Branco. Segundo o Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (CAGED), no mês de julho de 2013, existiam 100.119 trabalhadores ocupados na Construção Civil Paraense. Isso demonstra o alto poder de multiplicação do setor que permite que para cada um emprego direto sejam gerados outros 5 indiretos em toda a cadeia produtiva. "O setor sempre tem procurado produzir e atender a evolução da demanda com mudanças à luz das normas estabelecidas pela ABNT. O segmento tem a seu favor crescimento constante da renda, elevado dé cit habitacional (420.000 habitações), desemprego em queda e as taxas de juros mais atrativas no mercado. Hoje podemos dizer que o setor da construção no Pará tem um padrão de qualidade em consonância com o de grandes centros nacionais e internacionais", avalia Castelo Branco. Feira destaca o mercado local Uma mostra da grandiosidade deste setor pôde ser vista na Feira Nor te de Materiais de Construção (Fenomarc), que este ano ocorreu no Hangar Centro de Exposições e Feiras entre os dias 4 e 7 de setembro. Idealizado pelo Sindicato do Comércio de Materiais de Construção e Similares de Belém e Ananindeua (Sindmaco), a sexta edição do evento trouxe novidades e tendências em materiais voltados para a construção civil, por meio de expositores locais e de outras regiões do Brasil. Dentre os 60 estandes expostos na feira, alguns despertaram a curiosidade dos visitantes ao apresentar produtos no mínimo curiosos. Um exemplo deles é a 'laje de isopor', produzida pela empresa Pará Bloco. Esta é uma laje de concreto mesclada com isopor. A folha de isopor segura o concreto, reduzindo o uso do ferro e tornando a construção mais leve e prática , explica o expositor Valdenir Moraes. De acordo com Moraes, após quinze anos no mercado, a laje de isopor da Pará Bloco ganha cada dia mais adeptos que não têm medo de ousar na hora de escolher os materiais de construção. Antigamente as pessoas queriam só o tradicional. Mas hoje em dia


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Marcelo Castelo Branco

95% dos clientes que vêm à nossa loja procuram pela laje de isopor. Além de ser mais fácil e econômico para fazer o acabamento, esse material garante uma boa ventilação na casa , argumenta. Segundo Sebastião Campos, presidente do Sindmaco, feiras como a Fernormac são responsáveis por essa mudança no per l do consumidor em relação aos materiais de construção civil. A cada feira garimpamos itens que chamem atenção. Um exemplo é a casa

ecológica que foi montada na feira. Ela é um sucesso, os visitantes gostam, acham interessante e querem saber mais sobre os materiais utilizados. Esse tipo de contato in uencia na mudança do per l do consumidor. Antes, a construção era vista como uma di culdade, hoje, com a ideia de sustentabilidade e do faça você mesmo se tornou uma atividade prazerosa , explica. Ainda de acordo com o Presidente, essa adesão a novos produtos, especialmente pelos pequenos


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construtores, re etiu na economia local. O Pará está acompanhando a média nacional, com o crescimento de 4,5% a 5% no último ano. Nunca tivemos um crescimento tão considerável no setor , aponta. Campos a rma que nem mesmo as paralisações dos trabalhadores da construção civil no primeiro semestre deste ano afetaram o mercado: As paralisações no setor da construção civil não afetaram a venda de materiais de construção. As negociações foram amigáveis e em relação ao mercado as relações não caram estremecidas , conta. Diante do bom momento do comércio de

m a te r i a i s d e co n s t r u ç ã o, o d e s a o é g a ra n t i r o desenvolvimento do setor e acesso aos novos produtos e serviços por meio de incentivos scais. Aqui no Pará o comércio vive da venda de pequenas construções e reformas. As grandes construções, na sua maioria usam materiais de fora do Estado. Precisamos de benefício scal do governo, para que as empresas possam baixar o preço dos materiais e tornar mais acessível para o consumidor. Isso gera renda ao Estado, e crescimento para a empresa e consumidor. Temos esperança que isso se concretize.


Cosméticos em harmonia com a natureza Reportagem de Anna Carla Ribeiro Fotos de Cinthya Marques/Divulgação


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Em regiões de elevada complexidade como a Amazônia, a sustentabilidade sempre é, mesmo nos casos mais amenos, um grande desa o. Ano após ano, o Pará sofre as consequências de decisões equivocadas, tomadas tanto nos governos quanto pelo setor privado. É fato de que não é fácil ter uma empresa que trabalha diretamente com os produtos amazônicos. É preciso, antes de mais nada, seguir as rígidas leis ambientais e muitas vezes arcar com um alto preço de impostos. Além disso, é preciso ainda pensar em como chamar o público para o consumo desses produtos, visto que a concorrência com o mercado muitas vezes é acirrada. Mas existem, sim, empresas que conseguiram aceitar esse desa o. É o caso da Chamma da Amazônia, empresa que há mais de 50 anos existe no mercado. Muito da popular história dos cheiros da Amazônia foi construída pelo fundador, Oscar Chamma, um pioneiro

no setor de perfumaria na Amazônia, que deixou um legado de pesquisas nesse segmento. A Chamma da Amazônia até hoje trabalha com conceitos amazônicos de beleza e bem estar. São produzidos vários tipos de produtos, entre perfumes pessoais e de ambiente, além de sabonetes, cremes hidratantes, sachês, colônias e esfoliantes. A empresa, por meio de muitas pesquisas, procura as melhores matérias-primas junto aos fornecedores. Assim, depois de testes para realmente comprovar a e cácia dos produtos, estes vão para o mercado. "O mercado precisa de verticalização, ou seja, o produto nal. O nosso trabalho se baseia nisso. A matéria-prima extraída da natureza pode servir pra fármacos, toterápicos ou cosméticos, entre outros. No nosso caso é cosmético. Todos os nossos fornecedores são regulares junto à Anvisa e junto aos órgãos


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ambientais", revelou a dona da empresa, Fátima Chamma. E l a c o n t o u c o m o é e s s e p r o c e s s o. " N ó s conhecemos a Amazônia muito mais que os fornecedores. Então a gente sabe o que a gente quer e como a gente quer. Nós temos um trabalho de pesquisa muito permanente. Em cima disso, a gente faz o pedido. Aí entra na questão de ter o cuidado de só lançar o produto se ele tiver viabilidade socioeconômica, se não prejudicar o meio ambiente, se ele for regular e se ele tiver garantia de reposição. Fora a isso, a gente pode ter um plantio e lançar séries limitadas de produtos. É feita,

ainda, a mostra do produto, ele passa por uma série de testes para saber se vai ocasionar algum dano ao consumidor. Só depois desse processo é que colocamos o produto disponível no mercado". "E a matéria-prima que a gente usa, que já compramos em formato de insumos de fornecedores que oferecem garantia de qualidade, não degrada o meio ambiente. Muito pelo contrário. O que era lixo vai ser aproveitado. Há um conhecimento ambíguo sobre isso. É, por exemplo, do caroço do açaí que se extrai o óleo. Alguém come o caroço do açaí? Não. Ou seja, ele iria para o lixo e está sendo aproveitado. Pra tirar a manteiga


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do cupuaçu é preciso também do caroço. Ou seja, são coisas que muitas vezes iriam ser jogadas fora e que, dessa forma, geram renda e empregos pelo reaproveitamento. A maior parte da matéria-prima da Amazônia é de origem extrativista. Se não extrair, aquilo se estraga", destacou Fátima.

Legislação ainda é um problema Porém, mesmo com o crescimento de uma média de 10% da empresa ao longo dos anos, nem tudo são ores. Fátima reclama que, até hoje, ainda é muito difícil ter uma empresa deste segmento na Amazônia. "Acho que a atual legislação ambiental do Pará acaba prejudicando o setor, porque afugenta aquelas pessoas que poderiam se tornar consumidores de uma matériaprima que poderia gerar renda. Essa legislação precisa ser revista urgentemente. Vira um gargalo porque são tantas as exigências e tantas nuances e formas que muitas vezes você acaba sendo multado através de questionários, por correspondência. O que precisa se ter cuidado é: o que se está plantando e como está sendo feito esse cultivo. E isso não é uma coisa difícil de ser feita. Existe tecnologia e conhecimento para isso. E é justamente isso que se precisa debater". S e g u n d o o p re s i d e n t e d o S i n d i c a t o d a s Indústrias de Produtos Químicos, Farmacêuticos e de Perfumaria e Artigos de Toucador (Sinquifarma), Nilson Azevedo, não existe um consenso em relação às leis ambientais nas três esferas de governo. "Quanto às leis ambientais, não chega a ser um problema, o que preocupa na verdade, é que ninguém decide nada nas três esferas federal, estadual e municipal, causando grandes prejuízos às empresas que cam paralisadas por falta de entendimento quanto ao licenciamento", explicou. Quando a Chamma foi inaugurada, ainda com o pai de Fátima, Oscar Chamma, à frente da empresa, ele buscava esses insumos junto às comunidades locais. Porém, com a chegada de fornecedores regulados junto aos órgãos competentes, houve a necessidade de encomendar os pedidos a eles. "Nós temos um bom relacionamento com as comunidades, mas a partir do momento que surgiram fornecedores nós deixamos de comprar diretamente com elas. Para corresponder a esse uso, nós temos um projeto de responsabilidade social


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onde a gente entra com aquela ideia de que a educação complementar deve mostrar a valorização da cultura e manutenção dela, o respeito ao meio ambiente e a possibilidade de reciclagem como retorno nanceiro", explicou Fátima. Soluções Trata-se do projeto Me Chamma, criado em 2002, com o objetivo de incentivar crianças e adolescentes do bairro onde a fábrica se estabelece, com idade entre 7 e 17 anos, a terem uma melhor noção de como o meio ambiente é relevante. Para isso, existe uma pessoa contratada da empresa que atua duas vezes por semana diretamente no CRAS mais próximo da fábrica, para dar esse apoio aos participantes. Entre diversos trabalhos, existe um especial voltado para a reciclagem, onde os meninos aprendem a fazer materiais que podem ser reaproveitados. "Embora não vendamos nada, a gente mostra que aquilo pode ser vendido. O material utilizado para as aulas, em sua grande maioria, são embalagens rejeitadas pelo nosso controle de qualidade, que virariam lixo. Nós tivemos um grupo de crianças e adolescentes no bairro de Fátima, quando a fábrica era lá. De todas as crianças que zeram esse trabalho com a gente, 100% não tiveram problemas com drogas", ressaltou. Diminuindo os impactos A Chamma trabalha ainda com embalagens recicláveis. "Aquilo que vai pelo menos diminuir a poluição ambiental. E essas embalagens acabam por ter um custo maior para nós. O pet é mais caro que o plástico comum. O vidro varia, mas ele se recupera junto ao meio ambiente. O alumínio também. A gente procura evitar também caixinha de papelão, usamos mais o saco de tecido, que depois é reaproveitado. A nalidade é a p r e d o m i n â n c i a n e s s e s t i p o s d e e m b a l a g e n s ", acrescentou Fátima Chamma. Nilson ainda ressalta que as empresas de perfumarias com produtos da Amazônia possuem gra n d e p o te n c i a l. "O p ú b l i co d a s e m p re s a s d e perfumaria do Pará é certo que é regional, porém com um enorme potencial de desenvolvimento, mas para isso se faz necessário uma política de atração de investimento que possa verticalizar as substâncias naturais produzidas na região, como sendo óleos, essências e outras".



Economista Prossional da Prosperidade. Agente de transformação da sociedade.


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