como promotores de estudantes criativos
novembro 2018
Lorrayne Cristina Nogueira Pinto
CENTRO UNIVERSITÁRIO MOURA LACERDA ARQUITETURA E URBANISMO
ARQUITETURA
E
PROTOTIPAGEM COMO ESTUDANTES CRIATIVOS
PROMOTORES
DE
discente: LORRAYNE CRISTINA NOGUEIRA PINTO orientador: RODRIGO SARTORI JABUR
novembro 2018
Dedico este trabalho especialmente aos meus pais, que me apoiaram e se dedicaram ao máximo para me dar todo o suporte necessário. Aos meus familiares pela compreensão e pelo incentivo. Aos mestres e professores que sempre me orientaram com esforço e dedicação, em especial meu querido orientador Rodrigo. E a todos que de alguma forma participaram da minha trajetória até aqui.
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Primeiramente a minha mãe, que sempre acreditou em mim e me auxiliou com amor incondicional em todos os momentos da minha vida, desde os ruins até os maravilhosos, independente de qualquer coisa. Ao meu pai, por toda disponibilidade, ajuda e esforço desde sempre para conseguir me fazer chegar até aqui. Aos meus familiares, sempre compreensíveis durante todo esse tempo, em especial meus avós que são os melhores desse mundo. Ao meu melhor amigo Thiago, que mesmo de longe sempre esteve ao meu lado nas minhas crises de ansiedade, nos momentos em que pensei em desistir e nas minhas vitórias também. Obrigada por cada video chamada. Ao Quinteto Fantástico, que foi extremamente importante para me fazer continuar e para me mostrar como amizades são essenciais pelo caminho. Vocês fazem jus ao nome do grupo. A todos os meus outros amigos, não menos importantes, que também foram fundamentais para mim e colaboraram imensamente durante todos esses anos com risadas, apoio, desabafos, amor e carinho. Vocês moram no meu coração. Aos professores sempre dispostos, em especial o Rodrigo, meu orientador maravilhoso, que me passou confiança, tranquilidade e conhecimento durante todo o processo e sempre se mostrou aberto para um pedido de ajuda ou uma conversa amiga. E a minha namorada, que permaneceu comigo nesse ano caótico, relevando minha ausência em boa parte do tempo e me devolvendo a paz em dias agitados. Obrigada pela parceria, compreensão e pelo amor. Amo vocês. Muito obrigada.
RESUMO
O presente trabalho aborda de forma sintética as mudanças ocasionadas em função da geração atual e da tecnologia no que diz respeito à arquitetura. Com direcionamento para extensão universitária na cidade de Ribeirão Preto, o trabalho irá discorrer sobre a importância(da inserção) da prototipagem através de equipamentos tecnológicos e dos espaços flexíveis que permitam interação e trocas de experiência entre usuários no processo criativo.
P a l a v r a s - c h a v e : prototipagem; fab lab; flexibilidade espacial; extensĂŁo acadĂŞmica
SUMÁRIO
1 2 3 4 5 6
panorama •
o papel da configuração espacial na exploração da criatividade •
o conceito fab lab •
fab lab e sua abrangência no brasil •
distribuição espacial interna • máquinas e equipamentos •
escola de design da universidade de melbourne • fab lab house •
levantamento de mobilidade • estudo sensorial •
caracterização do lote e legislação da área •
memorial •
desenhos técnicos •
O ESPAÇO A DINÂMICA O FAB LAB AS LEITURAS COMO AGENTE ESTIMULANTE DO PROCESSO CRIATIVO
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MAKERSPACE E O PROCESSO CRIATIVO
26
IDEAL
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PROJETUAIS
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O ENTORNO A PROPOSTA IMEDIATO
DE PROJETO
113
141
INTRODUÇÃO
9
OBJETIVOS
11
METODOLOGIA
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
180
GLOSSÁRIO DE TERMOS
184
introdução Os anseios atuais estão muito mais ligados com a prática e com o imediatismo do que antigamente, o que faz naturalmente com que as pessoas de hoje desenvolvam um espírito mais explorador e curioso em busca de informações que possibilitem o êxito por conta própria num período de tempo mais curto. Esses desejos estão, dia após dia, se tornando mais presentes no cotidiano do ensino em função das características da geração atual, que busca sentido em tudo que faz e tem necessidade de colocar a “mão na massa” e de desenvolver ideias que se tornem palpáveis. Conhecida como Geração do Milênio ou Geração da Internet, os jovens de hoje são indivíduos que procuram informações imediatas e muitas vezes de modo fácil por já nascerem em um mundo totalmente globalizado, o que faz com que a tecnologia seja outra forte influência do século XXI ; tais jovens estão acostumados a multitarefas e valorizam o crescimento profissional através de novos desafios, para eles movimento e interação são primordiais. Pensando nesse contexto atual mais rápido, ativo e tecnológico composto por jovens fazedores, é possível ver em contrapartida, as escolas de Arquitetura e Urbanismo - que trabalham intensamente com criação e soluções inovadoras - se
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adaptando lentamente às novas tecnologias de computação. A modelagem paramétrica e prototipagem rápida na concepção de projeto, por exemplo, têm entrado como algo secundário na maioria dos casos, sendo utilizada como uma modelagem tridimensional para gerar imagens quando na verdade seu potencial vai além de renderizações. A partir disso e pela quantidade de universidades de Arquitetura e Urbanismo em Ribeirão Preto (seis), a proposta de projeto será a criação de um laboratório que permita e incentive o intercâmbio de informação entre pessoas de diversos lugares, que ofereça estrutura, cursos e equipamentos de suporte a qualquer pessoa que queira construir algum projeto pessoal e que auxilie principalmente os alunos, a fim de complementar as universidades. Esse laboratório será uma extensão da universidade, tendo como referência a dinâmica e organização dos Fab Labs que incentivam os indivíduos a serem mais ativos tanto na materialização de projetos quanto na organização dos ambientes de trabalho que se adaptam de acordo com as necessidades.
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objetivos O modo como o trabalho foi desenvolvido tem como objetivos: • informar sobre a cultura makerspace e sobre os Fab Labs de modo mais aprofundado para que mais indivíduos se interessem pelo projeto e saibam como, quando e onde buscar por recursos e por informações de viabilidade caso queiram começar algo parecido por conta própria; • mostrar a importância dos espaços flexíveis e que proporcionem uma cultura mais colaborativa, que teste variações de maneira mais visual, prática e participativa; • ampliar as visões a partir da arquitetura e da prototipagem mostrando como a tecnologia informacional e computacional pode integrar o processo de projeto; • conhecer as interferências, potencialidades e desdobramentos que as tecnologias podem oferecer para o curso de Arquitetura e Urbanismo; • e mostrar como a implantação de laboratórios de fabricação digital será importante na criação de um ambiente de pesquisa que suporte o projeto inovador e criativo no que diz respeito ao ensino e a prática.
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metodologias
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Pensando em fundamentar a importância da arquitetura como promotora de uma cultura da criatividade e em comprovar a relevância dos espaços flexíveis, com equipamentos adequados e que promovam troca de experiência entre os usuários por meio de encontros no âmbito escolar principalmente no que diz respeito às escolas de criação - será desenvolvida uma linha lógica que consiste em: contextualizar brevemente as características do ambiente escolar tradicional; vincular tal contexto às novas demandas, formas de pensar, agir e aprender da geração conhecida como geração Y ou Millennials; estabelecer de forma clara, a relação entre o espaço (nesse caso, de ensino) e as novas formas de aprender e como uma arquitetura flexível, com foco no usuário, pode se tornar responsável para promover uma nova cultura de caráter mais prático, dinâmico, criativo, livre e horizontal. A partir disso, será então discorrido informações sobre a
cultura makerspace, contrapondo o ensino tradicional a partir dos Fab Labs para que seja mais fácil enxergar novas formas de lidar com as tecnologias, o espaço e suas dinâmicas. E assim, posteriormente, será desenvolvido um capítulo que fortaleça a ideia dos Fab Labs com seu caráter “hands on” exemplificando as influências e extensões em outros âmbitos que essa cultura pode atingir, que vai desde a aproximação do usuário com o produto final a partir da prototipagem rápida, até o desenvolvimento de um visão mais qualificada e ampla do espaço a partir do entendimento dos detalhes, além do seu conceito colaborativo que estimula o compartilhamento de conhecimento no processo criativo.
referências bibliográficas Foram utilizadas pesquisas bibliográficas, pesquisas em websites e de campo, onde a pesquisa bibliográfica teve como base artigos e monografias que abordassem sobre como o espaço pode contribuir para a formação dos estudantes tendo uma abordagem com foco no usuário e o quanto os ambientes escolares tradicionais são limitados pelas suas dinâmicas mais repressivas e sua configuração espacial que condiciona os seus usuários a determinados comportamentos, desencorajando seu potencial criativo a partir da própria arquitetura. Já a pesquisa em website foi realizada com a finalidade de informar sobre os espaços que exploram uma dinâmica mais participativa e colaborativa, onde os usuários adquirem conhecimento a partir de um ensino prático. E a pesquisa de campo foi elaborada a partir de visitação de alguns espaços e de conhecimento da área de implementação do projeto.
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C A P I TU L O
O ESPAÇO COMO AGENTE ESTIMULANTE DO PROCESSO CRIATIVO.
pa n o ra m a Até o século XIX as escolas possuíam uma organização espacial coerente com uma proposta pedagógica que era centrada no controle e na disciplina rigorosa. Essa proposta se traduzia em carteiras dispostas em filas, fixas no chão, com a posição de destaque dada ao professor.
Figura 1: DÉCADA DE 1950, O ESPAÇO DELIMITADO PELA SALA DE AULA APRESENTA-SE DE MODO A CONDICIONAR CRIANÇAS A DETERMINADOS COMPORTAMENTOS EXIGIDOS EM FUNÇÃO DO TEMPO, LUGAR E DA RELAÇÃO EXERCIDA PELO PROFESSOR. Fonte:
Acervo
de
Elizabete
Aparecida
Moretto
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Quando analisamos de modo mais crítico essa configuração, conseguimos enxergar o conceito que Augustín Escolano (2001 apud Petrilli, 2012) traz sobre “espacialização” onde a arquitetura é usada como forma de facilitar o controle disciplinar dos alunos, organizando os movimentos e gestos e fazendo com que a escola se torne uma detentora de poder. Essa submissão hierárquica do aluno ao professor e a educação ocupando um papel quase repressivo acaba por retirar uma liberdade de distribuição no interior das salas e uma estrutura dinâmica que pode representar a criatividade dos estudantes e dos próprios docentes.
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Se aprofundarmos um pouco mais a nossa visão crítica, podemos trazer o pensamento do filósofo francês Michel Focault (1926-1984) - crítico da instituição escolar - e assim exemplificar a problemática dos ambientes de ensino através de um comparativo, onde ele afirma em seu livro “Vigiar e Punir”(1975) , que a distribuição espacial foi aplicada indistintamente a escolas, quartéis, prisões e hospitais como um procedimento que assegurava disciplina, contendo inclusive elementos do panóptico. Resumidamente, Focault quis mostrar que a configuração do ambiente escolar pode ser comparada à configuração de uma cela de prisão, onde os indivíduos perdem sua liberdade, não só pela configuração espacial como também pela forma que as escolas trabalham a disciplina: mantendo o homem na iminência da punição. Essa configuração ainda é presente nos ambientes escolares atuais, contendo poucas exceções.
Figura 2: EDIFÍCIO PANÓPTICO CITADO POR FOCAULT Fonte:
vernaculaire
As características citadas até o momento, exemplificam como a arquitetura pode ser um participante ativo nas interações e comportamentos das pessoas. Ter essa consciência é importante para entender como os usuários de determinado espaço percebem o local e o que sentem quando permanecem nele e dessa forma, tentar compreender como este ambiente influencia no comportamento e nas sensações dessas pessoas, para que se possa descobrir o seu potencial como promotor de uma nova dinâmica e de um novo funcionamento.
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O papel da configuração espacial na exploração da criatividade O ambiente físico atua basicamente como uma série de relações entre pessoas e coisas, que fornece estrutura, padrão e sinais de comportamento esperados onde a disposição de elementos físicos semifixos (cores, formas, mobiliários, paisagens) comunica comportamentos desejáveis. Desse modo, o desenho do ambiente construído pode tanto melhorar as relações através de ligações estruturais, quanto dificultálas por meio de dissociação e de desconectividade espacial.
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Ambientes de ensino que não criam oportunidades para as pessoas se relacionarem e que não são concebidos conforme seus desejos e necessidades, consequentemente não dão oportunidades para a geração de ideias, pois se tornam lugares desagradáveis para a permanência. Criatividade e inovação prosperam em espaços que possibilitam intercâmbio de conhecimento, encontro de pessoas e aplicação de ideias práticas.
Para os jovens de hoje, as experiências são mais importantes do que o resultado final, pois eles buscam significado em tudo que fazem. Assim, espaços que desenvolvam espírito cooperativo entre as pessoas e onde palpites e teorias se misturam para a formação de novas ideias e que também, promovam o dinamismo das relações humanas, irão potencializar a capacidade de soluções de problemas desses indivíduos. Para a geração Y, movimento e interação são primordiais enquanto isolamento e hierarquias são desmotivadores, essas mesmas pessoas se alimentam e se estimulam de interações acidentais.
A flexibilidade dos ambientes escolares possibilita que a escola se adapte a novas realidades pedagógicas e também que o ensino ocorra de uma maneira mais interessante para os alunos, na medida em que o ambiente físico ofereça sempre a possibilidade de renovação, dentro e fora da sala de aula. Assim como a articulação entre diversos espaços da edificação, entre esta e seu entorno, também pode ser vista como um programa educador já que possui potencial para ajudar na criação de espaços educativos mais atraentes. Aprofundando-se ainda mais nessa linha de raciocínio, vêse que a escala e a adequação do mobiliário ao espaço da classe também determinam as possibilidades para a disposição das carteiras dentro da sala, podendo transmitir valores de submissão hierárquica do aluno ao professor e a educação repressiva ou, incorporar conceitos mais livres e estimulantes, por meio de uma distribuição mais fluída do mobiliário no interior da sala de aula, pela presença de luz, de espaços mais arejados, da natureza, de equipamentos que permitam autonomia do aluno substituindo por vezes a dependência de outra pessoa, dentre outros exemplos.
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Para Rodrigo Martins Bryan (2008 apud Petrilli, 2012, p. 53) em “Arquitetura e Imaginação do Espaço Escola” Ao estudar a permanência da escola, a ideia de que sua edificação, o seu espaço tem sua existência ligada a de todos nós, faz com que eu entenda ser possível pensar a escola sob o ponto de vista das relações espaciais intencionalmente propostas e imaginar outras, entendendo que sua continuidade depende do valor que ela assume na história humana. Imaginando ainda uma possibilidade de transformar essas relações a partir da sua existência física e fazer da escola um lugar fantástico, de desejo, de criação, de conhecimento e de respeito. Tentando perceber o papel da arquitetura como determinante de um modo de vivenciar e imaginar o lugar da escola. Revelando através da imagem do que é, o que poder vir a ser.
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Diante desse panorama de ensino e de configuração escolar tradicional discorrido até o momento, é possível que apareça o questionamento sobre como então poderia ser um ambiente de ensino de arquitetura no que diz respeito a sua espacialidade.
Arquiteto, urbanista e educador. Bryan escreveu o livro “Arquitetura e Imaginação do Espaço Escola”, publicado pela Faculdade de Educação da UNICAMP. Acredita que a escola se materializa pelo uso cotidiano, pela experimentação diária do lugar, pelas recordações e pela imaginação e que é a arquitetura que possibilita a vivência dessas experiências por meio das configurações espaciais desenvolvidas pelos arquitetos.
Figura 3: ATELIÊS DA FAU-USP Fonte:
PedroKok
Um dos exemplos mais clássicos é o ateliê localizado na faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo projetada por João Batista Vilanova Artigas com a colaboração de Carlos Cascaldi, que tem como foco de projeto a ideia de continuidade espacial através de um grande vazio central onde todos os espaços encontramse interligados. A preocupação com a convivência e o modo de vida comunitário se expressa na arquitetura do edifício, como é possível observar nas figuras 3, 4 e 5.
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Figura 4: VAZIO CENTRAL DA FAU-USP Fonte: Leonardo Finotti Architectural Photographer
Figura 5: ESPAÇOS LIVRES DA FAU-USP Fonte: Leonardo Finotti Architectural Photographer
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Outro exemplo que pode ser citado e dessa vez pensando também nos equipamentos tecnológicos, são os chamados Fab Labs que podem ser vistos como referência tanto em dinâmica, organização espacial quanto em métodos de ensino e serão discorridos de modo mais aprofundado nos próximos capítulos. Sucintamente são espaços os quais tornaram mais evidentes a cultura denominada makerspace onde os indivíduos são treinados para serem solucionadores criativos de problemas, e que, ao ganharem confiança, estão dispostos a enfrentar problemas cada vez mais complexos. Mostrar os Fab Labs como referência de espaços mais interativos não tem como objetivo fazer deles os substitutos das universidades, mas sim uma extensão das mesmas, suprindo as carências de modo vinculado e não isolado. Extensão esta, que poderia criar parcerias com empresas, universidades, prefeituras e secretarias municipais junto de planos mensais, fornecimento de cursos e aluguel de máquinas para viabilizar o projeto financeiramente.
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C A P I TU L O
A DINÂMICA MAKERSPACE E O PROCESSO CRIATIVO.
O
CONCEITO
FAB
LAB
Fab Lab é um componente de divulgação educacional do Centro para Bits e Átomos (CBA) do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts – EUA) que funciona como uma extensão de pesquisa em fabricação digital e computação, iniciada em 2001 por Neil Gershenfield através da criação da disciplina chamada “How to Make (almost) Everything (“como fazer quase tudo” em tradução livre), onde os alunos através do acesso a ferramentas de fabricação digital poderiam produzir com suas próprias mãos projetos que tinham vontade de construir. Existem três tipos de Fab Labs: os Acadêmicos, os Públicos e os Independentes.
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• Os Fab Labs Acadêmicos normalmente estão inseridos dentro de universidades ou escolas, portanto seu objetivo é mais direcionado para a comunidade acadêmica. Segundo EYCHENNE & NEVES (2013, p.17), os Fab Labs Acadêmicos recebem projetos de estudantes os quais acessam o maquinário por um custo mais baixo e um número menor de usuários externos que pagam por esse recurso com uma taxa superior; por dependerem de universidades, de algumas autoridades locais ou até mesmo de iniciativas privadas, esse modelo não é sustentável financeiramente pois as receitas geralmente não cobrem as despesas.
O Open Day é um dos requisitos para a existência de um Fab Lab. É um dia onde a comunidade externa tem a possibilidade de conhecer as ferramentas existentes no Fab Lab e aprender sobre fabricação digital. No Open Day, qualquer pessoa pode utilizar o laboratório com um custo mínimo ou sem nenhum custo. Para participar, é preciso levar o material necessário para a execução da ideia e documentar o projeto com os demais participantes.
• Os Fab Labs Públicos podem ser sustentados por governos, institutos de desenvolvimento ou mesmo comunidades locais, nesse caso, a questão social é prioritária fazendo com que os Open Days se tornem modelo vigente na totalidade do tempo e não apenas em um dia da semana, tornando-o totalmente gratuito. (EYCHENNE & Neves, 2013, p.18)
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• Já os Fab Labs Independentes são os únicos que precisam se preocupar com a viabilidade financeira e dependem de investimentos privados, buscando equilíbrio financeiro através da oferta de serviços. Em EYCHENNE & NEVES (2013, p.17), são chamados também de Fab Labs Profissionais e tem por vocação, em sua maioria, o desenvolvimento de produtos em conjunto com empresas, startups, auto-empreendedores e makers; e mesmo se preocupando com a questão financeira, são obrigados a destinarem pelo menos uma jornada por semana aberta à comunidade com custo zero no uso de máquinas, pagando somente pelos materiais utilizados. Um espaço para ser qualificado como Fab Lab precisa seguir alguns requisitos que foram pré estabelecidos para se tornar uma rede. Um Fab Lab deve democratizar o acesso às ferramentas para a expressão pessoal e de invenções, assim sendo precisa ser aberto ao público gratuitamente, pelo menos parte do tempo a cada semana.
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Em síntese, um Fab Lab faz parte de uma rede mundial de laboratórios locais de fabricação digital cujo objetivo é de fomentar a criatividade, inovação e a prototipagem de ideias dispondo de um conjunto de equipamentos em evolução e com capacidade para realizar uma infinidade de projetos, permitindo o compartilhamento do conhecimento; Oferece apoio operacional, educativo, técnico, financeiro e logístico, para além do que geralmente está disponível em laboratórios convencionais e funcionam como um recurso da comunidade, oferecendo acesso aberto para indivíduos, bem como acesso agendado para programas; Os projetos e processos desenvolvidos podem ser protegidos e vendidos de acordo com a vontade de quem o desenvolveu, contudo é necessário permanecer disponível para uso e aprendizagem de outros usuários; E por se tratar de um espaço com máquinas de corte, laser, dentre outras que oferecem um pouco de risco sendo aberto a qualquer tipo
de público, a equipe dos Fab Labs são responsáveis pela segurança tanto dos indivíduos quanto das máquinas; pelas operações de apoio à limpeza e melhoria do Lab e pela contribuição do fornecimento de conhecimento para a educação. A parte mais importante para a expansão da rede Fab Lab continuar, é o compartilhamento dos projetos para que assim seja comprovado que esse sistema funciona, dessa forma os resultados se tornam fundamentais para convencerem governos e empresas a viabilizarem por meio de patrocínios, parcerias e apoios.
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FAB LAB E SUA ABRANGÊNCIA NO BRASIL Pelo Brasil, estão espalhados aproximadamente 16 Fab Lab cadastrados, onde a região norte fica excluída e as maiores concentrações de laboratórios se localizam no sul e sudeste como é possível visualizar no mapa abaixo.
Figura 6. MAPA DOS FAB LABS EM TERRITÓRIO NACIONAL fonte:https://www.google.com/maps/d/viewer ?mid=1cMkUWcIOHVbFWlqAQjwwkSoiomk&ll=17.093751567839327%2C-45.7 31498224999996&z=4
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O Fab Lab Insper (figura 7) foi o primeiro laboratório digital brasileiro dentro de uma Faculdade de Engenharia, localizado na Vila Olímpia em São Paulo. Insere-se no conceito de Fab Lab Acadêmico e funciona diariamente para os estudantes enquanto que para o público externo há um dia específico – o Open Day – onde não é necessário agendar, mas o material que pretende-se usar nas máquinas (como madeira para cortar a laser ou filamentos para as impressoras 3D) é por conta do usuário (FAB LAB INSPER). O funcionamento dos diversos Fab Labs é basicamente igual, variando entre agendamentos (se são necessários ou não) ao fornecimento de materiais; se constroem os projetos dos usuários por meio de arquivos enviados – como é o caso da Usina Fab Lab, em Porto
Alegre - ou se só são realizados na dinâmica do “faça você mesmo”, se é necessário participar das oficinas de preparação antes de utilizar alguma máquina, dentre outras variantes.
Figura fonte:
7.
FAB
Insper
LAB Instituo
INSPER de
EM
Ensino
SÃO e
PAULO Pesquisa
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Figura fonte:
8. Insper
FAB
LAB Instituo
INSPER de
EM
Ensino
SÃO e
PAULO Pesquisa
Figura 9. GARAGEM FAB LAB fonte:
Garagem
Fab
Lab
Já o Garagem Fab Lab (figura 9) é o primeiro Fab Lab Independente do Brasil e o segundo da rede nacional, além de ser o mais conhecido dentre os outros laboratórios. Foi inaugurado em 2013, começando por ser uma empresa privada e se transformando atualmente em uma associação sem fins lucrativos (FAB LAB GARAGEM). Diferente dos Fab Labs Acadêmicos que são mais direcionados aos alunos, o Fab Lab independente é mais convidativo a pessoas de todas as áreas. Nesse caso, por se tratar de um laboratório independente, é necessário uma preocupação com a viabilidade financeira que é equilibrada pelo fornecimento de cursos de formação, planos mensais, aluguel de máquinas e parcerias com empresas, governos, universidades e escolas através de projetos integrados.
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Os Fab Labs cadastrados estão disponíveis em um mapa localizado na Rede Fab Lab Brasil, uma plataforma online que facilita a transmissão de informações sobre a rede de laboratórios. Embora não cadastrado no site, um projeto aberto por edital pela Prefeitura Municipal de São Paulo foi implementado em setembro de 2015 e recebeu o nome de Fab Lab Livre SP seguindo praticamente todos os princípios da carta que rege a rede Fab Lab. O Fab Lab Livre SP é uma rede de laboratórios públicos, que envolve a mesma tecnologia de fabricação digital, eletrônica, técnicas tradicionais e práticas artísticas que os demais Fab Labs desenvolvem. Funciona também a partir da mesma dinâmica de processos colaborativos de criação, compartilhamento do conhecimento e do uso de ferramentas de fabricação digital, levando à população de São Paulo a possibilidade de aprender, projetar e produzir uma variedade de objetos em diferentes escalas.
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Fruto de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia da Prefeitura Municipal de São Paulo e o Instituto de Tecnologia Social, os Fab Labs Livre SP oferecem cursos, oficinas e palestras com o objetivo de disseminar a produção de conhecimento em tecnologia, arte, ciência e inovação e assim democratizar o acesso as novas tecnologias de fabricação digital ao fornecer as ferramentas necessárias e a vivência em grupo em um ambiente colaborativo.
Ao todo são 12 laboratórios que integram a rede pública de fabricação digital, abrangendo todas as regiões do município de São Paulo beneficiando a comunidade ao dar suporte para o desenvolvimento de ideias criativas e possibilitando o surgimento de novas oportunidades profissionais. Dentre esses 12 laboratórios, se encontram os espaços pequenos como: a Casa da Memória Itaquera, o Centro Cultural da Penha e o CEU Três Pontes, na região leste; o Centro Cultural da Juventude e o CEU Parque Anhanguera, na região norte; o Centro Cultural São Paulo e o Espaço São Luís, na região sul; e na área central, a Vila Itororó – Bela Vista; além dos espaços grandes como: o Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes, na região leste; o CEU Heliópolis, na região sul; a Chácara do Jockey, na região oeste e a galeria Olido, na área central (FAB LAB LIVRE SP).
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Figura 10: FAB UNIDADE CHÁCARA Fonte:
LAB LIVRE DO JOCKEY Pinterest
Figura 11: FAB LAB LIVRE SÃO PAULO UNIDADE CHÁCARA DA PENHA Fonte:
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Figura 12: UNIDADE
FAB
Fonte:
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Figura 13: UNIDADE Fonte:
LAB LIVRE ITAQUERA Pinterest
FAB VILA
LAB
LIVRE ITORORÓ
Os equipamentos disponíveis e suas quantidades variam de acordo com o tamanho do Fab Lab - no caso dos laboratórios grandes a quantidade de equipamento por vezes, se torna maior em função da escala que eles atendem. Os cursos também variam de laboratório para laboratório, tendo uma grande diversidade e podendo ser realizados por qualquer pessoa que tenha vontade de aprender e produzir, incluindo leigos. São oferecidos cursos de modelagem e impressão 3D (começando do zero) tendo foco na fabricação e na prototipagem rápida; ateliês de marcenaria e de costura; cursos de xilogravura (técnica de entalhar gravuras em relevo na madeira), de serigrafia (impressão em tecido e papel), de marcenaria digital, de eletrônica, de maquete, de soldagem de componentes, de desenho digital, de desenvolvimento de luminárias e braços robóticos, dentre outros (FAB LAB LIVRE SP).
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Figura DE
14. FAB
MAPA DAS CONCENTRAÇOES LABS PELO MUNDO
fonte:https://www.fablabs.io/labs/map
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No aspecto geral, levando em consideração a quantidade de laboratórios espalhados pelo mundo inteiro, o Brasil ainda faz parte do grupo que desenvolveu poucos laboratórios de fabricação digital, pelo menos aqueles embasados a partir da Carta de Princípios Fab Lab. A rede que foi implementada é recente e a quantidade de divulgação da cultura do “faça você mesmo” ainda é baixa no território brasileiro.
C A P I TU L O
O FAB LAB IDEAL.
distribuição espacial interna O espaço necessário ou o layout não são pré-definidos pela plataforma de suporte como uma regra, contudo há um padrão emergente entre os Fab Labs os quais possuem como configuração semelhante aos itens citados abaixo: •
espaço
entre
100
e
205m²;
• ao menos uma sala separada e fechada para o uso da fresadora de grande formato; • um espaço central para que de um lado se encontrem as máquinas menos barulhentas e de outro, aquelas que oferecem risco aos usuários e/ou geram poeira; • Espaço com possibilidade de relaxamento equipado com máquinas de café, sofás e geladeira; • de
Espaço projetos
• Área materiais e
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expositivo finalizados;
para armazenamento de pequenas ferramentas.
O laboratório que é utilizado como exemplo de espaço ideal é o Chicago Fab Lab no Museu da Ciência e da Indústria, que conta com o equipamento básico duplicado em uma área de aproximadamente 177m² e foi projetado para acomodar grupos maiores de 20 a 30 usuários por vez (Figura 15).
Figura 15. LAYOUT DO FAB LAB CHICAGO fonte:FabFoundation
acesso
em:
31/03/2018
A partir dele, foram desenvolvidos esquemas pela prรณpria Fab Foundation a fim de auxiliar as pessoas que estivessem pensando na possiblidade de abrir seu prรณprio Fab Lab.
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Figura 16. EXEMPLO DE DISTRIBUIÇÃO GERAL DO FAB LAB. fonte:FabFoundation acesso em: 31/03/2018
Figura 17. EXEMPLO DE ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO DE IMPRESÃO 3D DO FAB LAB. fonte:FabFoundation acesso em: 31/03/2018
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Figura 18. EXEMPLO DE ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO DE FRESADORA DO FAB LAB. fonte:FabFoundation acesso em: 31/03/2018
Figura 19. EXEMPLO DE ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO DE CORTE A LASER DO FAB LAB. fonte:FabFoundation acesso em: 31/03/2018
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Figura 20. EXEMPLO DE ORGANIZAÇÃO DA ÁREA DE CONFERÊNCIA E DE APRENDIZADO DO FAB LAB. fonte:FabFoundation acesso em: 31/03/2018
Figura 21. EXEMPLO DE ORGANIZAÇÃO DA ÁREA DE SERIGRAFIA DO FAB LAB. fonte:FabFoundation acesso em: 31/03/2018
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máquinas
e
equipamentos
No que diz respeito aos equipamentos, os Fab Labs têm a particularidade de serem equipados com máquinas de comando numérico, o que significa que são máquinas comandadas por computadores para interpretar arquivos de CAD, traduzindo as coordenadas X, Y e Z do modelo ou desenho digital em uma série de comandos de posição, velocidade, corte ou extrusão. Para se categorizar como Fab Lab, é necessário ter 5 máquinas mínimas especificas: uma cortadora de vinil, uma cortadora a laser, uma fresadora de precisão, uma fresadora de grande formato e uma impressora 3D. A partir dessas máquinas, os Fab Labs podem ter variação relacionada a ferramentas de marcenaria, pintura, etc. A intenção deste subcapítulo é a de informar sobre quais os equipamentos principais necessários e suas respectivas funções, para que assim, haja um entendimento de toda estrutura fornecida pelos Fab Labs.
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CORTADORA
DE
VINIL
É uma máquina parecida com uma impressora de papel, contudo no lugar do reservatório de tinta, há uma fina lâmina de aço que permite cortar materiais como vinil, papel, certos tecidos e adesivos de cobre usados na criação de circuitos impressos. É majoritariamente usada para customizar peças e para Figura 22. CORTADORA DE VINIL ROLAND CAMM impressão de pequenos circuitos simples. CORTADORA
A
LASER
É uma máquina de comando numérico que direciona com precisão um feixe de laser CO² sobre o material a ser cortado ou gravado, movimentando-se em dois eixos (X e Y apenas). A potência do laser medida em Watts define a espessura dos materiais a serem cortados e está relacionada com a velocidade com que a máquina consegue operar. É uma das máquinas mais populares, pois trabalha através de softwares de desenho vetorial mais comuns. Possui como função o corte e a gravação de materiais. No caso do corte: madeira, papel, papelão, acrílico, couro, tecido e feltro e no caso de gravação: metal, alumínio, pedra, madeira. Dentre esses materiais os mais utilizados são a madeira MDF, Figura 23. CORTADORA A LASER TROTEC SPEEDY o acrílico e o papelão entre 2 e 10mm.
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PRECISÃO
FRESADORA DE GRANDE FORMATO
Também é uma máquina por comando numérico dotada de uma fresa em sua cabeça que se move sobre três eixos (X, Y e Z). A fresa desbasta o material, retirando parte dele de acordo com o desenho que lhe foi enviado. Algumas possuem funções mais básicas como desbastamento do material, enquanto outras são usadas ao final do processo para o acabamento.
Possui uma cabeça e corte mais potente e é adequada à usinagem de materiais densos (madeira maciça ou composta) sobre grandes superfícies de trabalho entre 1 e pouco mais de 2 metros. São mais voltadas para usinar grandes superfícies de madeira para projetos de arquitetura, carpintaria, etc.
FRESADORA
DE
Nos Fab Labs os usos mais comuns são voltados para a fabricação de circuitos impressos e fabricação de moldes.
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A fresadora de grande formato é bastante visada por pessoas que querem construir a própria máquina, pois não é uma construção tão complicada e suas peças são fáceis de comprar. Por ser um dispositivo potencialmente perigoso e gerar grandes quantidades de pó e lascas de madeiras, alguns laboratórios possuem uma sala individual fechada onde o computador de comando fica isolado da máquina. Além disso, ela exige uma estratégia de fabricação mais complexa exigindo um tempo maior de aprendizagem. Figura 24. FRESADORA DE PRECISÃO ROLAND MODELA MDX40
IMPRESSORA
3D
Existem as profissionais que são majoritariamente utilizadas para a fabricação de moldes que exigem precisão ou modelos finais e as impressoras 3D não profissionais, que são usadas como forma de experimentação, fabricação de protótipos e moldes não precisos. Funciona a partir da impressão por adição de material plástico através de códigos de modelos projetados em três dimensões.
Figura 26. IMPRESSORA 3D ULTIMAKER (NÃO PROFISSIONAL)
55
Figura 25. FRESADORA DE GRANDE FORMATO SHOPBOT
Para Celani e Pupo (2009) o ensino baseado em computador conduz os alunos para simularem uma arquitetura criativa promovendo reflexão das decisões projetuais em tempo real. O processo de criação do projeto de arquitetura é identificado por ações cognitivas que envolvem: pensamento visual (esboços), condução das escolhas projetuais, reflexão na ação e complementação de diferentes meios de representação para materializar ideias, assim a importância das maquetes físicas em modelos digitais ou protótipos rápidos passa a ser igual ou mais importante do que apenas os esboços para a concepção e comunicação daquele projeto (OLIVEIRA, 2011). A prototipagem na arquitetura passa a desempenhar a função de aproximar a ideia física, permitindo interações, análises e manipulação.
56
C A P I TU L O
LEITURAS
PROJETUAIS.
58
Com base no que foi discutido nos capítulos anteriores, foi observado que os equipamentos e a configuração espacial que valoriza o trabalho colaborativo são peças chaves para se pensar em um espaço adequado que potencialize o processo criativo dos indivíduos. Outro ponto relevante é o entendimento dos processos para se viabilizar um projeto. A partir disso, a linha de raciocínio que foi estabelecida, selecionou uma leitura direcionada para a organização espacial interna e como a identidade do edifício interage com o entorno sem necessariamente ser um Fab Lab, somente se caracterizando por uma instituição de ensino; E outra que identifique a relevância do processo no que diz respeito às possibilidades construtivas e à qualidade do projeto a partir da fabricação digital, tendo vínculo com o Fab Lab.
Para a primeira temática, foi escolhido um objeto internacional: a Escola de Design da Universidade de Melbourne, na Austrália cujo direcionamento é voltado para a distribuição espacial e identidade. Para a segunda temática, foi escolhido um objeto também internacional: a Fab Lab House localizada em Madri e produzida pelo Instituto de Arquitetura Avançada da Catalunha (IAAC) e parceiros, cujo direcionamento está no processo em relação as possibilidades construtivas a partir da fabricação digital.
ESCOLA DE DESIGN DA UNIVERSIDADE DE MELBOURNE distribuição
espacial
e
identidade.
FICHA TÉCNICA: Arquitetos Architects
-
John
Wardle NADAAA
,
Localização - Melbourne VIC, Austrália
Mee
Autores John Wardle, Stefan (JWA), Nader Tehrani (NADAAA) Área
-
15.
772.0
6 Ano do projeto
m2
pavimentos –
2009/2014
59
60
Figura 27. ESCOLA DE UNIVERSIDADE DE fonte:
DESIGN DA MELBOURNE JWA/NADAAA
61
62
Nesse projeto, é interessante notar logo de inicio que a ocupação do programa em cada pavimento é feita mais nas zonas periféricas, deixando o “miolo” da edificação para espaços que promovam encontros. Figura 28. DISTRIBUIÇÃO
DIAGRAMA DA PROGRAMÁTICA
fonte: archdaily – acesso em: 24/03/2018 e diagramado por: Lorrayne Nogueira
63
Figura 29. DISTRIBUIÇÃO
DA
TÉRREO CIRCULAÇÃO
fonte: archdaily – acesso em: 24/03/2018 e diagramado por: Lorrayne Nogueira
64 Figura 30. . PRIMEIRO PAVIMENTO – DIAGRAMA SOBRE A DILUIÇÃO DO AMBIENTE A PARTIR DA CIRCULAÇÃO E DOS MOBILIÁRIOS. fonte: archdaily e diagramado
–
acesso em: por: Lorrayne
24/03/2018 Nogueira
A caixa de circulação não é diluída em vários espaços de acordo com cada pavimento, mas sim bem delimitada como algo que atrai os olhos de quem passa. É possível observar que o posicionamento das escadas, tanto principal quando secundária (no atrio) possui um caráter contemplativo.
Figura 31. . SEGUNDO PAVIMENTO – DIAGRAMA SOBRE A DILUIÇÃO DO AMBIENTE A PARTIR DA CIRCULAÇÃO E DOS MOBILIÁRIOS. fonte: archdaily – acesso em: 24/03/2018 e diagramado por: Lorrayne Nogueira
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Figura 32. . TERCEIRO PAVIMENTO – DIAGRAMA SOBRE A DILUIÇÃO DO AMBIENTE A PARTIR DA CIRCULAÇÃO E DOS MOBILIÁRIOS. fonte: archdaily – acesso em: 24/03/2018 e diagramado por: Lorrayne Nogueira
66
As áreas de circulação que geralmente são trabalhadas com o mínimo possível da edificação, nesse caso se fez de maneira diferente. O projeto valorizou tais espaços dando metragens maiores e os tornando multifuncionais a partir de mobiliários. Figura 33. . QUARTO PAVIMENTO – DIAGRAMA SOBRE A DILUIÇÃO DO AMBIENTE A PARTIR DA CIRCULAÇÃO E DOS MOBILIÁRIOS. fonte: archdaily – acesso em: 24/03/2018 e diagramado por: Lorrayne Nogueira
67
FLEXIBILIDADE
68
E
INTERAÇÃO
O processo projetual incluiu reuniões informativas, oficinas e apresentações regulares a diversos grupos de usuários da faculdade, comitês universitários e grupos de referência estimulando ações coletivas. O projeto do edifício tinha que representar todas as disciplinas ensinadas pela Escola de Design de Melbourne, sendo estas: arquitetura, paisagismo, construção, desenho e planejamento urbano. Inaugurado em 2014, a Escola de Design da Universidade de Melbourne é um excelente exemplo de aplicação das mais avançadas técnicas de simulação e otimização acústica, térmica, estrutural e energética (Figura 34).
Figura 34. . DETALHE DO TETO PROJETADO PARA OTIMIZAR O DESEMPENHO ENERGÉTICO DO EDIFÍCIO. O FORMATO E O MATERIAL CONTRIBUEM PARA O MELHORAMENTO ACÚSTICO TAMBÉM. fonte:
archdaily
–
acesso
em:
24/03/2018
Projetado de modo colaborativo pelos escritórios John Wardle Architects (de Melbourne) e NADAA (de Boston), o edifício possui um átrio central que serve como espaço de encontro, de estudo e de desenvolvimento de trabalhos em equipe (Figura 35, 36 e 37). Figura 35. . SALÃO DE ESTUDOS, LOCALIZADO NO CENTRO DO EDIFÍCIO, TEM OCUPAÇÃO INFORMAL A QUALQUER HORA DO DIA. fonte:
archdaily
–
acesso
em:
24/03/2018
69
70
Figura 36. . DETALHE DA PARTE CENTRAL DE MADEIRA. A IDEIA DE SER SUSPENSA FOI ELABORADA DE MODO A PERMITIR UM AMBIENTE DE PERMANÊNCIA DE LIVRE CIRCULAÇÃO PELO TÉRREO. fonte:
archdaily
–
acesso
em:
24/03/2018
Figura 37 . O MOBILIÁRIO NÃO É FIXO, PARA SUA MOVIMENTAÇÃO OU RETIRADA PROPORCIONANDO DIFERENTES USOS. fonte:
archdaily
–
acesso
em:
24/03/2018
Essa configuração aberta, onde vários espaços se conectam pode gerar alguns questionamentos sobre como esse ambiente pode funcionar para funções distintas sem se tornar desagradável. Respondendo essa questão: o tratamento acústico das superfícies faz com que a conversa em uma mesa de trabalho não atrapalhe a leitura no sofá ao lado. Ao mesmo tempo em que impede a reverberação, o carpete aplicado nas paredes dos corredores abertos para o átrio serve como painel para fixar trabalhos nas apresentações de projetos. Essa dinâmica mais livre e flexível se espalha por todos os andares e torna a Escola de Design de Melbourne atraente aos olhos dos estudantes que buscam por espaços que permitam uma interação mais ativa com o edifício (Figuras 38, 39, 40 e 41).
71
72
Figura 38. AS PORTAS BASCULANTES PERMITEM QUE OS AMBIENTES SEJAM TANTO PRIVADO COMO TAMBÉM ABERTOS AO PÚBLICO. O ESPAÇO É MUTÁVEL DE ACORDO COM AS NECESSIDADES. fonte:
archdaily
–
acesso
em:
24/03/2018
Figura 39. ÁREA DE EXPOSIÇÃO DE IDEIAS, ESTILO GALERIA. A PAREDE FOI PENSADA PARA FUNCIONAR COMO UM MOSTRUÁRIO DOS PROJETOS DESENVOLVIDOS. AS VEDAÇÕES CENTRALIZADAS POSSUEM RODIZIO GIRATÓRIO, POSSIBILITANDO A CRIAÇÃO DE VARIAS CONFIGURAÇÕES PARA CADA EVENTO. fonte:
archdaily
–
acesso
em:
24/03/2018
73
74
Figura 40. O MOBILIÁRIO DO CORREDOR FUNCIONA COMO EXPANSÃO DA SALA DE AULA, SERVINDO COMO MAIS UM ESPAÇO DE TRABALHO. fonte: John Wardle Architects – acesso em: 24/03/2018
Figura 41. SALA PARA REUNIÕES. ENFATIZANDO A PERMEABILIDADE VISUAL QUE A CONFIGURAÇÃO ESPACIAL PERMITE. fonte: pinterest – acesso em: 24/03/2018
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A arquitetura, o planejamento inerente, os arranjos e configurações espaciais, as adjacências programáticas particulares e as relações promovem um ambiente rico e dinâmico que se torna um ponto de estímulo, um catalisador para a criatividade e a pesquisa inventiva. O projeto é impulsionado pela ideia de que o próprio edifício se torna uma pedagogia construída e um ambiente de estudo mais amplo – o edifício se torna uma ferramenta de aprendizado.
76
Outro aspecto interessante do projeto é a localização da maquetaria (equipada com impressoras 3D, fresadoras de controle numérico, cortadoras a laser e robôs) que fica logo em frente à biblioteca da escola sendo separada apenas por um amplo corredor (equipado com banco e mesas de trabalho) permitindo acesso visual aos trabalhos desenvolvidos pelos alunos de arquitetura e design, além de facilitar a busca por algum conhecimento enquanto desenvolve algum projeto prático, unindo suporte teórico com equipamentos. Ambas estão localizadas no pavimento térreo – tendo a biblioteca um pavimento no subsolo também - junto de galerias expositivas para os projetos que foram desenvolvidos pelos alunos.
Figura 42. AMPLO CORREDOR SEPARANDO A BIBLIOTECA (À ESQUERDA) DA MAQUETARIA (À DIREITA). fonte: Google Street View – acesso em; 26/032018
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78
Figura 43. SETOR DA BIBLIOTECA LOCALIZADO NO SUBSOLO. fonte: Google Street View – acesso em; 26/032018
Figura 44. SALAS SUBSOLO DENTRO
DE DA
ESTUDO NO BIBLIOTECA.
fonte:GoogleStreetView–acessoem;26/032018
79
80
Figura 45. MAQUETARIA. TODO MOBILIÁRIO CONTA COM RODIZIO GIRATÓRIO, DEIXANDO A SALA LIVRE PARA DIVERSAS CONFIGURAÇÕES DE ACORDO COM A NECESSIDADE DE CADA USUÁRIO. ALÉM DOS EQUIPAMENTOS PARA PROTOTIPAGEM, HÁ TAMBÉM ESPAÇOS VEDADOS POR VIDRO E EQUIPADOS COM COMPUTADORES PARA DESENVOLVIMENTO DE PROCESSOS DIGITAIS. fonte: Google Street View – acesso em; 26/032018
Figura 46. GALERIA DE PROJETOS. ESPAÇO ABERTO AO PÚBLICO QUE PERMITE A VISIBILIDADE DOS PROJETOS DESENVOLVIDOS. fonte: Google Street View – acesso em; 26/032018
81
FACHADAS
E
A
RELAÇÃO
COM
O
ENTORNO
Cada elevação e suas adjacências programáticas associadas respondem às especificidades de seu contexto através da criação de espaços urbanos que enfatizam tanto a ocupação, a interação e os movimentos de pedestres. O prédio possui acesso nas fachadas leste, oeste e norte, constituindo espaços públicos, sendo a leste a entrada principal. Um detalhe interessante de se ressaltar é sobre a delicadeza em manter uma fachada histórica - herança projetada por Joseph Reed (originalmente transplantada do Banco de Nova Gales do Sul em Collins Street) - localizada a oeste e transformá-la como parte do projeto. Na figura 47, é possível observar como o prédio “moldura” a fachada histórica e na figura 48, como o projeto integra internamente o antigo e o novo.
82
Figura PROJETO
47. FACHADA OESTE ABRAÇA A FACHADA
ONDE O HISTÓRICA.
fonte: Google Street View – acesso em; 26/032018
83
84 Figura FACHADA
48. DIAGRAMA HISTÓRICA .
fonte: archdaily – acesso em: 24/03/2018 - montagem por: Lorrayne Nogueira
Figura fonte:
49. archdaily
FACHADA –
acesso
em:
NORTE 24/03/2018
85
Figura
50.
FACHADA
OESTE
fonte: archdaily – acesso em: 24/03/2018
86
Figura
51.
FACHADA
SUL
fonte: archdaily – acesso em: 24/03/2018
87
Figura 53. INTERAÇÃO DAS ÁREAS EXTERNAS COM O EDIFÍCIO. fonte: acesso
Figura
52.
FACHADA
LESTE
fonte: archdaily – acesso em: 24/03/2018
88
archdaily – em: 24/03/2018
As fachadas transparentes e o plano aberto permeável revelam as atividades criativas e colaborativas para o resto da comunidade universitária, funcionando como vitrine como mostra a figura 52. O desenho do edifício parece “abraçar” sutilmente a cidade, ao integrar com o prédio áreas verdes de permanência (Figura 53). Outro ponto interessante é a utilização de vedações translúcidas garantindo a permeabilidade visual do prédio em sua extensão. As diferentes configurações em função das materialidades de cada fachada proporciona um aspecto de movimento e mutação que está bastante presente na espacialidade e mobiliários internos do projeto (Figura 54 e 55).
89
90
Figura 54. . DETALHE DA SENSAÇÃO DE MOVIMENTO OCASIONADA PELA FORMA DA CLARABOIA. fonte: archdaily – acesso em: 24/03/2018
Figura 55. . DETALHE DA MUTAÇÃO DA FACHADA PELA MATERIALIDADE ENTRE OPACO, TRANSLÚCIDO E BRISE PERFURADO. fonte: archdaily – acesso em: 24/03/2018
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FAB LAB HOUSE - PROCESSO X POSSIBILIDADES CONSTRUTIVAS. A Fab Lab House é um projeto da IAAC - Instituto de Arquitetura Avançada da Catalunha em parceria com o Centro de Bits e Átomos do MIT e uma rede mundial de laboratórios de fabricação digital, desenvolvido para o Solar Decathlon Europe em 2010, em Madri - uma competição internacional de estudantes onde estes são incentivados a projetar e construir modelos de casas eficientes em escala real.
92
Foi criada com uma ideia adaptada do conceito de que “a forma segue a função” para o conceito de que “a forma segue a energia” através do desenho de uma paraboloide que maximiza a exposição ao sol no inverno com alterações na forma do lado voltado para o oeste a fim de reduzir o calor no verão. Isso se aplica ao modelo que foi implantado em Madri, contudo o objetivo da casa e de todo o processo construtivo envolvido é o de ser adaptável ao meio ambiente e de proporcionar um espaço otimizado para a utilização de recursos naturais.
93 Figura 56. IMAGEM EXTERNA DA CASA MOSTRANDO AS ABERTURAS E OS PAINÉIS FOTOVOLTAICOS. OS FUROS NOS “PÉS” QUE SUPORTAM A CASA FUNCIONAM PARA VENTILAR O MAQUINÁRIO MECÂNICO QUE CUIDA DO FUNCIONAMENTO. fonte: Fab Lab House – acesso em: 30/03/2018
É uma casa concebida como um centro ativo de produção de recursos, substituindo a característica de um espaço de consumo passivo. O projeto foi pensado de modo a gerar mais do que o dobro da energia que seria necessária para funcionar, por meio de seu sistema fotovoltaico. Um detalhe interessante sobre a questão da autossuficiência, é que não está apenas no desempenho construtivo, como também no estilo de vida que será vivenciado dentro daquele espaço. O projeto introduziu um jardim de permacultura e árvores frutíferas para a produção de alimentos e no que diz respeito ao consumo de bens materiais, conta com um pequeno laboratório de fabricação, conectado por meio de videoconferência à rede global da Fab Labs, para a fabricação de objetos do cotidiano.
94
As aberturas leste e oeste provocam a ventilação cruzada por diferença de temperatura. O mesmo ocorre no outro sentido, na fachada sul existe uma membrana com duas placas de madeiras com furos e no norte, aberturas superiores.
Figura 57. ÁREA RESERVADA PARA PERMACULTURA E PLANTIO DE ÁRVORES. fonte: Fab Lab House – acesso em: 30/03/2018
Figura
58.
CROQUI
VENTILAÇÃO
fonte: Team Cyklo – acesso em: 30/03/2018
95
O sistema de controle da casa é projetado para fornecer monitoramento detalhado em tempo real de seu comportamento e sua interação com o ambiente.As peças individuais trabalham em conjunto com sensores eletrônicos, painéis solares, impermeabilização e isolamento para atender às exigências locais de energia e clima. A Fab Lab House utiliza os recursos de seu ambiente - sol, água e vento - para criar um microclima que otimiza passivamente as condições básicas de habitabilidade. Em termos gerais o conceito arquitetônico da Fab Lab se dá principalmente em função da posição do sol e as suas consequências climáticas como sombra e ventilação.
96 Figura VENTOS fonte: acesso
59. ESQUEMA E SOMBREAMENTO. Fab
Lab em:
House – 30/03/2018
diagramação por Lorrayne Nogueira
97 Figura 60. ESQUEMA VENTILAÇÃO EM CORTE E PLANTA fonte: acesso
Green em:
Lab – 3003/2018
DISTRIBUIÇÃO
ESPACIAL
A proposta principal foi conectar o espaço externo com o interno, ligando os aspectos climáticos complementares com a proporção que forma o espaço doméstico. Com isso, ao elevar a casa sobre três “pernas”, uma área para atividades ao ar livre foi criada e assim foi possível sobrar o espaço da casa, amplificando seu uso – sendo estas estruturas de elevação, utilizadas também para abrigar equipamentos mecânicos que mantém a casa funcionando. O interior é composto por um espaço social integrado com um quarto, cozinha, um pequeno Fab Lab, uma casa de banho e uma pequena sala. A flexibilidade do mobiliário do quarto possibilita o uso misto com a sala, visto que a cama funciona como um gavetão, podendo ser guardada. O banheiro íntimo está integrado com o lavabo e é geminado a uma pequena área de serviço.
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Figura 61. ESQUEMA DE USOS EM CORTE PERSPECTIVADO E EM PLANTA. fonte: pinterest – acesso em: 30/03/2018
99
100
Mesa e cadeiras da sala podem ser ajustadas de diversas maneiras dentro do layout do projeto. Em geral os móveis não aparentam seguir o formato do desenho da casa, mas se adequam bem, tornando o espaço aconchegante (Figura 62, 63, 64).
Figura 62. ESPACIAL fonte: acesso
Fab
DA Lab em:
CONFIGURAÇÃO SALA. House – 30/03/2018
Figura 63. DISTRIBUIÇÃO INTERNA LIVRE POSSIBILITANDO A INTEGRAÇÃO DE AMBIENTES fonte: Fab Lab House – acesso em: 30/03/2018
101
102 Figura 64. DISTRIBUIÇÃO INTERNA LIVRE POSSIBILITANDO A INTEGRAÇÃO DE AMBIENTES fonte: Fab Lab House – acesso em: 30/03/2018
PROCESSO
CONSTRUTIVO
Compradores em potencial escolhem o tamanho, a forma e o layout que desejam na Internet. As oficinas da Fab Lab, em seguida, fornecem os componentes já cortados e padronizados, prontos para construir. O período de construção é de aproximadamente 15 dias. O consórcio de empresas Fab Lab House está comprometido com a produção de casas com um pacote de serviços que inclui o design, fabricação, instalação e manutenção da casa e seus arredores.
103
Figura 65. PARA
COMPONENTES MONTAGEM.
fonte: Fab Lab House – acesso em: 30/03/2018
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Figura 66. MONTAGEM DE PEÇAS JÁ CORTADAS COM PROCESSO DE CONSTRUÇÃO COLETIVO. fonte: Fab Lab House – acesso em: 30/03/2018
Desenvolvida com um design aberto, pode ser fabricada com materiais locais em qualquer parte do mundo. Sua forma orgânica, que responde diretamente ao seu ambiente, pode ser produzida usando sistemas industriais avançados que permitem que cada habitação seja medida por seus usuários. Em vez de ser construído, o projeto foi fabricado, já que as máquinas e ferramentas de fabricação digital foram usadas no processo de construção (máquinas de corte, ferramentas de marcenaria, etc). Esse processo faz parte da ideia de que as coisas devem ser novamente produzidas nas cidades, onde o designer e o construtor são a mesma pessoa e assim a forma de consumir aquele objeto se modifica também.
Figura 67. COMPONENTES SENDO FABRICADOS ATRAVÉS DE CORTES DE PRECISÃO POR UMA MÁQUINA DE CORTE. fonte: Fab Lab acesso em:
House – 30/03/2018
105
A fabricação digital não somente colaborou com a rapidez como também possibilitou personalizações, criação de peças orgânicas e objetos de uso cotidiano usando os mesmos desenhos paramétricos que foram aplicados no projeto geral do espaço. Outro ponto importante da utilização da fabricação digital foi que o protótipo em escala menor se tornou possível de ser construído a partir de peças parametrizadas e componentes padronizados que somente máquinas de alta precisão seriam capazes de fabricar. E essa possibilidade se tornou uma ferramenta fundamental para visualizar tridimensionalmente o funcionamento e viabilidade do projeto.
106 Figura 68. COMPONENTES
“EXPLOSÃO” DOS PARAMETRIZADOS.
fonte: Fab Lab House – acesso em: 30/03/2018
Figura 69. EM ESCALA TESTES E
PROTÓTIPO MENOR PARA APRESENTAÇÃO.
fonte: Fab Lab acesso em:
Figura 70. EM ESCALA TESTES E
House – 30/03/2018
PROTÓTIPO MENOR PARA APRESENTAÇÃO.
fonte: Fab Lab acesso em:
House – 30/03/2018
107
O sistema que suporta a casa é composto por uma estrutura de madeira modular onde a base ajusta suas medidas de forma a se encaixar perfeitamente enquanto reduz suas superfícies totais. É utilizado uma estrutura cruzada a fim de garantir resistência e reduzir o surgimento de fissuras e problemas de variabilidade volumétrica que poderia ser ocasionado caso as peças não possuíssem um travamento compatível. O módulo regular de encaixe se distancia de 50 em 50 centímetros, facilitando o processo de transporte e montagem.
Figura 71. PROCESSO DE MONTAGEM A PARTIR DE UMA BASE ELEVADA. fonte: Fab Lab acesso em:
108
House – 30/03/2018
Figura 72. PEÇAS, ENCAIXES E SISTEMA DA ESTRUTURA CRUZADA. fonte: Fab Lab House – acesso em: 30/03/2018
109
110
Figura 73. FORMATO A PARTIR DA PARAMETRIZAÇÃO COM DIMENSÕES E ESQUEMAS DE MONTAGEM. fonte: acesso
Fab
Lab em:
House – 30/03/2018
O formato da casa foi atingido pela plotagem das diferentes insolações. A estrutura se dá por pequenos pórticos de madeira que se sustentam ao longo da extremidade, sendo vedada com o mesmo material.
Figura 74. SISTEMA DE PÓRTICOS fonte: acesso
Fab
Lab em:
House – 30/03/2018
111
112
Figura DOS
75.
fonte: acesso
Fab
VISUALIZAÇÃO ENCAIXES. Lab em:
House – 30/03/2018
Figura 76. CONCEPÇÃO FINAL DO PROJETO EM DESENHO DIGITAL. fonte: acesso
Fab
Lab em:
House – 30/03/2018
113
C A P I TU L O
O ENTORNO IMEDIATO
115 Figura 77. DA REGIÃO QUADRAS
IDENTIFICAÇÃO CENTRAL E DAS DE INFLUÊNCIA
fonte: Google Earth – Diagramação: Lorrayne Nogueira
ÁREA
DE
ESTUDO
Localizado em uma Área Especial do Quadrilátero Central, também conhecida por AQC (constituída pela delimitação das Avenidas Independência, Nove de Julho, Jerônimo Gonçalves e Francisco Junqueira), o lote escolhido está inserido na Rua Lafaiete com a Rua Visconde de Inhaúma, como mostra a figura abaixo: A escolha do lote para a implantação do projeto se fez a partir dos levantamentos de mobilidade, gabarito e do levantamento sensorial, os quais pontuam e justificam cada item relevante que será levado em consideração para o desenvolvimento do projeto.
116
Figura 78. IDENTIFICAÇÃO DO LOTE NA REGIÃO CENTRAL E NA QUADRA fonte: Revista Revide – Diagramação: Lorrayne Nogueira
117
LEVANTAMENTO DEMOCRATIZAÇÃO
MOBILIDADE +
UNIVERSIDADES
=
LOCAL DE IMPLANTAÇÃO
Utilizando do conceito de democratização do ensino de fabricação digital, a localização do projeto em uma região que facilitasse o acesso dos usuários se tornou fundamental. A partir disso, a escolha do local de implantação do projeto no que diz respeito à mobilidade levou em consideração questões como:
118
•
Facilidade
de
acesso
na
escala
do
pedestre
•
Facilidade de acesso referente ao transporte público
•
Facilidade de acesso referente ao transporte individual
Além desses três fatores, foi pensado um local que ao fazer um levantamento das seis universidades principais de Arquitetura e Urbanismo de Ribeirão Preto, o distanciamento fosse semelhante entre uma e outra e a mobilidade para os estudantes fosse facilitadora. Esse pensamento foi realizado a partir da sobreposição e cruzamento de todas as universidades com destino ao local de implantação. Os valores encontrados e registrados na tabela podem sofrer alterações de acordo com o percurso que o usuário escolher, mas de modo geral foram obtidos a partir da medição de distância do Google Maps tendo como referência o percurso fornecido pelo próprio site entre as faculdades e o local do projeto, com a finalidade de demonstrar mais concretamente a relação de distâncias.
MOURA LACERDA
8,3 KM
ESTÁCIO
5,5 KM
UNAERP
6,1 KM
UNIP
8,7 KM
ANHANGUERA
4,0 KM
BARÃO DE MAUÁ
3,5 KM
Figura 79. MAPA DE DISTANCIAMENTO DAS UNIVERSIDADES EM RELAÇÃO AO CENTRO. fonte: Google Earth – acesso em: 31/03/2018
119
O centro se tornou a região mais adequada uma vez que há alta concentração de transporte público, desde pontos de ônibus espalhados pelo entorno até a variedade de linhas que utilizam o centro como passagem de alguma forma. A área escolhida fica próxima ao principal terminal da cidade – embora esteja temporariamente realocado para a rodoviária por questões de reforma e adequação. Além do terminal, há diversos pontos espalhados pela área de entorno imediato, incluindo um exatamente na frente do lote escolhido.
120
Relacionado à mobilidade dos estudantes das universidades que foram usadas como ponto referencial, foi realizado um levantamento das linhas de ônibus que saem de cada universidade e chegam ao ponto localizado na frente do lote onde o projeto será implantado. Esse levantamento foi esquematizado a partir de mapas que identificam o percurso de cada linha e informam o número/nome do ônibus que levará ao destino. Todas as universidades contam com duas ou três linhas, sendo elas diretas ou precisando de pontos intermediários; e quando possuem menos, há repetição da linha. Todos os pontos localizados estão próximos do local de origem e de chegada, fazendo com que o usuário ande uma distância consideravelmente pequena. As
Universidades utilizadas como referência foram: Centro Universitário Moura Lacerda; Estácio Centro Universitário; Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP); Universidade Paulista (UNIP); Faculdade Anhanguera; Figura 80. MAPA DE LOCALIZAÇÃO DOS e Centro Universitário Barão de Mauá. PONTOS DO ENTORNO IMEDIATO (EM LARANJA) E EM VERMELHO, O LOTE ESCOLHIDO. fonte: Ritmo Ribeirão – acesso em: 31/03/2018
A seguir estarão os mapas esquematizados, referente à mobilidade dos estudantes de acordo com cada universidade.
121
Figura 81. MAPAS DE PERCURSO MOURA LACERDA. fonte: acesso
122
Ritmo em:
Ribeirão – 31/03/2018
Figura 82. MAPAS DE PERCURSO ESTÁCIO. fonte: Ritmo Ribeirão – acesso em: 31/03/2018
123
Figura 83. MAPAS DE PERCURSO UNAERP.fonte: Ritmo Ribeirão –
124
acesso
em:
31/03/2018
Figura 84. DE PERCURSO fonte: Ritmo acesso em:
MAPAS UNIP.
Ribeirão – 31/03/2018
125
Figura 85. PERCURSO .fonte:
acesso
126
Ritmo em:
MAPAS DE ANHANGUERA. Ribeirão – 31/03/2018
Figura DE BARÃO
86. MAPAS PERCURSO DE MAUÁ.
.fonte: Ritmo Ribeirão –
acesso em: 31/03/2018
127
Figura 87. RELAÇÃO DA MOBILIDADE INDIVIDUAL. fonte: Ritmo acesso em:
128
Ribeirão – 31/03/2018
LEVANTAMENTO
GABARITO
Para o levantamento do gabarito da área, o preenchimento de cores em uma figura chapada foi substituído pela utilização de cores em um levantamento perspectivado.
Figura 88. MAPA DE GABARITO PERSPECTIVADO fonte:
diagramado por Lorrayne Nogueira
129
A utilização de alturas através de metros no lugar dos pavimentos se deu pensando que, por se tratar de um mapa perspectivado - onde o intuito é mais visual não teria a mesma necessidade que o mapa convencional de demonstrar por número de andares, mas seria mais interessante trabalhar com alturas finais. Para isso, foi utilizado como referência um pé direito de três metros.
130 Figura 89. VISTA PERSPECTIVADA.
fonte: diagramado por Lorrayne Nogueira
A predominância nessa região se encontra dentro do gabarito básico (10 metros) e as quadras em sua maioria, apresentam edificações construídas no limite dos lotes, ocasionando por vezes uma sensação de sufocamento na relação pedestre x passeio. Pela perspectiva é possível notar um contraste entre a ocupação mais intensa dos edifícios e o vazio da praça. Essas considerações citadas sobre as ocupações e contraste com a praça, se tornaram atraentes para o projeto, pois o mesmo trará como um dos pontos de partida, o miolo da quadra e sua interação pedestre x cidade uma vez que, na área central de Ribeirão Preto a sensação de “surpresa” ocasionada por afastamentos frontais e recortes internos é praticamente inexistente.
131
ESTUDO
SENSORIAL
A atividade projetiva envolve um conjunto amplo e complexo de questões que vão além de conhecimentos técnicos, abrangendo vários assuntos ligados à sociedade. Ao realizar um projeto de arquitetura ou de urbanismo existe um propósito de transmitir uma determinada mensagem, de tornar o projeto algo que se comunique com seu meio, com seus usuários e com os sentimentos humanos. O espaço é pensado para, além de cumprir necessidades técnicas e funcionais, provocar sensações que, por sua vez, são percebidas por intermédio dos sentidos.
132
A partir disso, a análise realizada consistiu em separar a quadra do lote escolhido em quatro faces a fim de fazer um levantamento visual sobre a materialidade e dinâmicas existentes ali, através de gráficos. Essa ideia de levantamento teve como propósito cumprir um caráter mais sensorial a partir do tato, da visão e da experimentação do lugar, visto que a arquitetura é um trabalho que utiliza ferramentas visuais (imagens e desenhos) para explorar e estudar o espaço tridimensional.
Os diagramas analisam cores, paginação de piso, vegetação e fluxos - tanto de pedestres quanto de veículos. A partir deles é possível perceber que a face 1 (em rosa) e a face 4 (em verde) são as que concentram maior fluxo de pessoas e de transporte - desde o coletivo até o individual e são justamente as faces onde se alocam as fachadas do lote escolhido. Figura 90. DIAGRAMA DA METODOLOGIA DA ANÁLISE. fonte: Lorrayne
diagramado
por Nogueira
A investigação dos fluxos da quadra foi importante para a compreensão dos pontos vantajosos e desvantajosos a serem explorados no momento de definição das fachadas principais do projeto e para auxiliar o desenvolvimento do programa, principalmente no pavimento térreo.
133
Figura 91. LEVANTAMENTO SENSORIAL DA FACE 1, LOCALIZADA NA RUA VISCONDE DE INHAÚMA. fonte: diagramado por Lorrayne Nogueira
134
Figura 92. LEVANTAMENTO SENSORIAL DA FACE 2, LOCALIZADA NA RUA PRUDENTE DE MORAIS. fonte: Lorrayne
diagramado
por Nogueira
135
Sobre a vegetação foi importante investigar não somente quantidades, mas qualidade de sombreamento para que o projeto atenda fatores ambientais também. Além disso, em termos de números, algumas faces possuem quantidade até satisfatória, contudo referente ao sombreamento quase nenhuma cumpre seu papel. Ao mesmo tempo, a presença da praça logo em frente ao lote traz o conforto térmico e o passeio agradável que a quadra não consegue proporcionar. Essas observações foram relevantes para que seja pensado a ambientação paisagística do projeto de modo que equilibre as vantagens e desvantagens entre praça e quadra. A pesquisa das cores foi realizada no intuito de caracterizar a quadra de implantação do projeto para identificar predominâncias e fornecer um repertório que poderá ser utilizado como referência de aplicação ou até mesmo como referência eliminatória na escolha da paleta de cor do projeto. O levantamento da paginação teve como propósito, caracterizar uma região que faz parte da área envoltória do tombamento da Catedral Metropolitana de São Sebastião de Ribeirão Preto, cujo aspecto é extremamente antigo. Com esse estudo, será possível direcionar a materialidade do projeto que assumirá um papel de contraste tecnológico em meio às edificações históricas ao mesmo tempo em que exerce respeito às mesmas.
136
137 Figura 93. LEVANTAMENTO SENSORIAL DA FACE 3, LOCALIZADA NA RUA TIBIRIÇÁ. fonte:
diagramado
por
Lorrayne
Nogueira
Figura 94. LEVANTAMENTO SENSORIAL DA FACE 4, LOCALIZADA NA RUA LAFAIETE. fonte: diagramado por Lorrayne Nogueira
138
Além da vista total das fachadas da quadra que o lote participa – a partir do campo de visão de quem está de fora do lote - foi registrado também as vistas referentes à perspectiva de quem estaria dentro do projeto a fim de se estudar quais as possíveis paisagens que os usuários experimentariam de “dentro para fora”. Figura 95. MONTAGEM DAS FACHADAS QUE CIRCUNDAM O LOTE DO PROJETO. fonte:
diagramado
por
Lorrayne
Nogueira
139
CARACTERIZAÇÃO
DO
LOTE
A caracterização do lote foi importante para identificar possíveis influências externas junto dos levantamentos já realizados, para que assim o projeto incorpore a cidade em vez de ignorar pré-existências do entorno.
140
Figura 96. PLANTAS E S Q U E M Á T I C A S CARACTERIZANDO O LOTE. fonte: diagramado por Lorrayne Nogueira
LEGISLAÇÃO
DA
ÁREA
Figura 97. LEGISLAÇÃO ESQUEMÁTICA DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO fonte: diagramado por Lorrayne Nogueira
141
C A P I TU L O
A PROPOSTA DE PROJETO
BASE DO PROGRAMA Fab Lab Principal espaço do projeto, o Fab Lab está localizado em nível negativo(-1,50 m) ao lado do campo de experimentação. Foi propositalmente rebaixado a fim de funcionar como vitrine, mostrando para quem passa pela rua o que está acontecendo ali e dessa maneira possivelmente estimular futuros usuários visto que, o conceito Fab Lab se expande com a visibilidade. A escolha de não elevar esse programa para outros pavimentos foi pensada para não distanciar o próprio edifício dos usuários em potencial. A localização se deu também para facilitar e agilizar o acesso com peças grandes, materiais e máquinas. Campo de experimentação Tendo como partido o mesmo principio de visibilidade e de facilidade de acesso que o Fab Lab, o campo de experimentação foi posicionado levando em consideração mais um fator: o de fluxos. Apesar de conter grande fluxo, a rua em que ele está alocado não é tão movimentada quanto a da fachada principal – na rua Lafaiete – colaborando então com a entrada de veículos, visto que a ideia do campo de experimentação é de ser um espaço aberto para o desenvolvimento e montagem de projetos maiores, necessitando de caminhões em alguns casos.
143
Biblioteca Pensando em complementar o laboratório de fabricação digital, a biblioteca foi desenvolvida com o propósito de ser mais uma ferramenta de desenvolvimento criativo para o usuário a partir de pesquisa. Localizada em um bloco separado e elevado, com dois acessos distintos - sendo um deles direto pela escada rolante e outro pela passarela que conecta o bloco Fab Lab – a biblioteca tem característica mais teórica e por isso ficou projetada em um bloco com atividades voltadas para isso. Dessa forma o projeto se relaciona entre um bloco mais tranquilo e aconchegante para leitura e um bloco mais agitado com produções tridimensionais. Sala de desenvolvimento projetual
144
Os pavimentos superiores são compostos por programas que estimulam a capacidade de raciocínio bidimensional e aprimoram a oratória com a finalidade de melhorar a desenvoltura nas apresentações dos projetos, tanto acadêmicos quanto pessoais e profissionais. Para isso o projeto conta com salas de desenvolvimento projetual sendo todas coletivas e um átrio central aberto de debate e apresentações de ideias, localizados no nível 11.80.
Salas de Trabalho Diante da ideia de se ter um edifício que atenda desde universitários até profissionais que não possuem espaço de trabalho para desenvolver seu próprio negócio, a torre foi desenvolvida em função dessa demanda. Espaços de coworking e de possíveis salas de reunião circundam a torre de circulação principal que conta com um elevador exclusivo para determinados andares. A ideia surgiu por se tratar de um uso mais particular e controlado de pessoas, que funciona a partir de reservas de salas e acima de tudo de mesas, para que seja criado um espaço colaborativo e coletivo de modo geral.
Figura 98. PROGRAMA fonte:
DISTRIBUIÇÃO DO DE NECESSIDADES. Lorrayne
Nogueira
145
146
LEGENDA: 1
5
fab lab
2 depósito fab lab 1
8 5 8
4 6
8
3
depósito campo de experimentação
4
campo de experimentação
5
cabine de acesso
6
caixa de circulação vertical
7
espaço expositivo
8
jardins de permanência
O nível 0.00 traz como característica principal a permeabilidade visual e física junto da sensação de “entrada” da cidade no projeto com a extensão da praça feita pelos jardins de permanência. A ideia de se ocupar pouco foi proposital para tornar o espaço mais convidativo. A área expositiva livre foi pensada tanto para aproximar os usuários dos projetos quanto para permitir diversas formas de ocupação pública. Figura E fonte:
99. DIAGRAMA CIRCULAÇÕES Lorrayne
DE
ACESSOS VERTICIAS. Nogueira
7 8 2
5
8
8
6
3
4
8 8
147
LEGENDA:
O nível 4.00 é basicamente uma continuação vertical das atividades e características contidas no nível 0.00 e -1.50. A ideia de conciliar num mesmo pavimento o espaço expositivo com as salas de criação, seja ela fotografia ou objetos tridimensionais, teve como objetivo tornar aquela parte do projeto mais dinâmico, com atividades que se complementassem - o mesmo pavimento em que é produzido um protótipo, oferece um espaço para sua exposição.
4.00
1
1
0.00
2 espaço expositivo
LINHA DE PROJEÇÃO
4.00
2 6 4.00
3 4.00
4 5 6
148
PLANTA NÍVEL 4.00 ESC 1:250
5
espaço de personalização
4.00
3
estúdio fotográfico
4
admnistração
5
banheiros
6
caixa de circulação vertical
LEGENDA:
6
O nível 7.00 é o pavimento de conexão entre blocos. A ocupação do bloco da direita se faz a partir do centro da espaço brainstorming/ descontração planta e conta com corredores mais amplos, com a finalidade de valorizar sala de produção digital os espaços de encontro. Além dos sala de video conferência mobiliários contidos nos corredores, a área de brainstorming e o café bar suporte técnico do bloco (a esquerda) tornam este banheiros nível mais informal e descontraído. caixa de circulação vertical
7
café bar
8
sala de pesquisa
7.00 0.00
1
1 2 3
9.40 LINHA DE PROJEÇÃO
4 5
6
2 7.00
Figura 100. DIAGRAMA DE ACESSOS E CIRCULAÇÕES VERTICIAS.
7.00 7.00
fonte:
7
3
Lorrayne
Nogueira
7.00
7.00
5 7.00
8
PLANTA NÍVEL 7.00 ESC 1:250
6
5
7.00
4
149
LEGENDA:
O nível 11.80 é a parte do projeto com maior conexão entre níveis ao mesmo tempo. O átrio de debate, localizado ao centro e totalmente aberto, tem conexão com:
7.00 7.00
1 átrio de debate 2 salas de desenvolvimento projetual
0.00 0.00
• as salas de desenvolvimento projetual através das portas pivotantes;
3 acervo da biblioteca
LINHA DE PROJEÇÃO LINHA DE PROJEÇÃO
4 dml
• o mezanino e o café jardim por serem locais também abertos; • por por
as meio
salas das
de
5 banheiros 6 caixa de circulação vertical
reuniões aberturas;
6
• e o acervo da biblioteca conta da vedação translúcida.
11.80 11.80
1 2
2 11.80 11.80
5 3
150
10.30 10.30
PLANTA NÍVEL NÍVEL 11.80 11.80 PLANTA ESC ESC 1:250 1:250
6
5
4
11.80 11.80
LEGENDA: 1 sala de coworking 2 sala de reuniões 3 mezanino 4 café jardim
O nível 15.00 foi desenvolvido para aproveitar as paisagens tanto do projeto em si,quanto do entorno. Para isso, os ambientes em sua maioria são envoltos por guarda corpo e vedações translúcidas de modo que a permeabilidade visual seja marcante.
5 sala de estudos
15.00 15.00
6 caixa de circulação vertical
2
11.80
6
1
15.00
4 14.00
4 15.00
3
11.80
5 6
PLANTA NÍVEL 15.00 ESC 1:250
16.50
151
LEGENDA:
E o nível 17.50 ficou reservado exclusivamente para o uso profissional com a sala de coworking e de reuniões. O posicionamento e a suspensão dos ambientes foi proposital para aproveitar a paisagem da praça sem interferir no campo de visão dos outros níveis do projeto.
1 sala de coworking 2 sala de reuniões 3 caixa de circulação vertical 17.50
11.80
17.50
2 3
1 COBERTURA
17.50
17.50
15.00
15.00
16.50
16.50 ESPAÇO PARA CAIXA D'ÁGUA
152
3
PLANTA NÍVEL 17.50 ESC 1:250
PÚBLICO
X
PRIVADO
A caracterização entre espaço público e espaço privado se fez a partir dos andares para que as restrições se tornassem mais sutis e assim o edifício permanecesse convidativo. Dessa forma, os pavimentos mais altos comportarão um uso mais restrito enquanto os mais baixos, usos mais públicos.
Figura 101. DIAGRAMA PÚBLICO X PRIVADO fonte:
Lorrayne
Nogueira
PRIVADO
TRANSIÇÃO
153 PÚBLICO
MODULAÇÃO
E
QUESTÃO
AMBIENTAL
A definição de modulação da estrutura metálica ficou estabelecida em múltiplos de 600mm nas três dimensões, buscando a utilização dos submúltiplos de 12 metros, o que permite o transporte convencional em carretas de todos os elementos que compõem a estrutura. Os vigamentos que apresentam dimensão maior que 12 metros tem suas partes subdivididas em módulos de 6 metros, como as vigas Ospilaresrespondemàmesmalógicaparatransporteemontagem. Em relação ao consumo de energia, dois aspectos foram trabalhados: o primeiro, relativo à produção dos materiais utilizados na obra, direcionou a escolha de elementos cuja lógica de produção e/ou reciclagem impliquem em baixo consumo de energia a longo prazo. O uso do aço, ainda que na sua produção exija grande dispêndio de energia, é recomendável por suas diversas possibilidades de reciclagem, minimizando à longo prazo sua interferência negativa no ambiente.
154
Outro aspecto trabalhado neste projeto trata-se da minimização do consumo de energia durante a utilização do edifício através de recursos de controle do ambiente construído. Para isso, buscou-se eleger materiais cujas propriedades relativas ao isolamento térmico e acústico sejam eficientes.
E
S
T
R
U
T
U
R
A
Por se tratar de um tema que aborda a importância dos processos e da participação do usuário, não só o programa de necessidades foi desenvolvido a partir desse conceito, como também a estruturação do projeto.
Figura 102. ESQUEMA DE COMPOSIÇÃO DA VEDAÇÃO OPACA DO STEEL FRAME. fonte:
dryhousesteelframe
vedações: painel estrutural de OSB (1,20 X 2,50), isolante termo-acústico e placa cimentícia para fechamentos opacos e vidro para fechamentos translúcidos.
155
sistema adotado: steel frame, por se tratar de um sistema construtivo industrializado e altamente racionalizado, formado por estruturas de perfis de aço galvanizado, tendo sua composição feita basicamente por: fechamento externo, isolantes termoacústicos e fechamento interno. Outro ponto utilizado para a escolha da estrutura foi a precisão do sistema, tanto dos cálculos quantitativos (quantidade de material que será utilizado) quanto da execução e a geração de resíduos que é praticamente zero, já que a estrutura é fabricada com as dimensões definidas em projeto, dispensando o corte de peças, e assim gerando uma construção mais rápida e limpa.
156 Figura 103. ESQUEMA ESTRUTURAL DO STEEL FRAME fonte:
lajes: painel wall de 1,20 x 2,50 e 40 mm, composto de miolo de madeira laminada, contraplacado em ambas as faces por lâminas de madeira, e externamente por placas cimentícias CRFS (Cimento Reforçado com Fio Sintético) prensadas. O painel wall foi escolhido com o objetivo de suportar altas cargas, com menor número de apoios e também vencer grandes vãos sem interferir no layout dos ambientes.
157 Figura 104. DETALHAMENTO DE MONTAGEM DO PAINEL WALL. fonte:
158
Figura 105. CROQUIS DE DESENVOLVIMENTO ESPAÇO DE BRAINSTORMING fonte:
Lorrayne
Nogueira
159
Figura 106. CROQUIS DE DESENVOLVIMENTO - VISTA DO CAMPO DE EXPERIMENTAÇÃO. fonte:
Lorrayne
Nogueira
160 Figura 107. CROQUIS DE DESENVOLVIMENTO - SALA DE LEITURA fonte:
Lorrayne
Nogueira
Figura DE SALA fonte:
108. CROQUIS DESENVOLVIMENTO DE COWORKING Lorrayne
Nogueira
161 Figura 109. CROQUIS DE DESENVOLVIMENTO - ESPAÇO FAB LAB. fonte:
Lorrayne
Nogueira
162
Figura 110. CROQUIS DE DESENVOLVIMENTO FACHADA NORTE fonte:
Lorrayne
Nogueira
Figura 111. CROQUIS DE DESENVOLVIMENTO FACHADA SUL fonte:
Lorrayne
Nogueira
Figura 112. CROQUIS DE DESENVOLVIMENTO - NÍVEL 0.00 fonte:
Lorrayne
Nogueira
163
164
Figura 113. CROQUIS DE DESENVOLVIMENTO FACHADA LESTE fonte:
Lorrayne
Nogueira
Figura 114. CROQUIS DE DESENVOLVIMENTO FACHADA OESTE fonte:
Lorrayne
Nogueira
165
166
Figura 115. PERSPECTIVA ELETRÔNICA FACHADA OESTE. fonte:
Lorrayne
Nogueira
Figura 116. PERSPECTIVA ELETRÔNICA FACHADA NORTE. fonte:
Lorrayne
Nogueira
167
168 Figura 117. PERSPECTIVA ELETRÔNICA VISTA GERAL..
Figura 118. PERSPECTIVA ELETRÔNICA JARDIM DE PERMANÊNCIA.
fonte:
fonte:
Lorrayne
Nogueira
Lorrayne
Nogueira
169
170 Figura 119. PERSPECTIVA fonte:
Lorrayne
ELETRÔNICA CAFÉ BAR. Nogueira
171 Figura 120. PERSPECTIVA ELETRÔNICA VISTA ENTRE BLOCOS. fonte:
Lorrayne
Nogueira
172
Figura 121. PERSPECTIVA ELETRÔNICA SALA DE DESENVOLVIMENTO PROJETUAL. fonte:
Lorrayne
Nogueira
Figura 122. PERSPECTIVA ELETRÔNICA ESPAÇO DE PERSONALIZAÇÃO. fonte:
Lorrayne
Nogueira
173
174
Figura 123. ELETRÔNICA ÁTRIO fonte:
Lorrayne
PERSPECTIVA DE DEBATE. Nogueira
Figura 124. PERSPECTIVA ELETRÔNICA ESPAÇO DE BRAINSTORMING. fonte:
Lorrayne
Nogueira
175
176 Figura 125. PERSPECTIVA ELETRÔNICA CAFÉ JARDIM. fonte:
Lorrayne
Nogueira
177
D
E
T
A
L
H
A
M
E
N
T
O
S
178 Figura 126. DETALHAMENTO DA COBERTURA METÁLICA. fonte:
Lorrayne
Nogueira
Figura 127. DETALHAMENTO DO GUARDA CORPO E DO CORREDOR METÁLICO. fonte:
Lorrayne
Nogueira
179
180 Figura DO fonte:
128. BRISE
DETALHAMENTO METÁLICO.
Lorrayne
Nogueira
181
REFERÊNCIAS
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185
GLOSSÁRIO
DE
TERMOS:
Panóptico: era um mecanismo arquitetônico, utilizado para o domínio da distribuição de corpos em diversificadas superfícies (prisões, manicómios, escolas, fábricas). O panoptismo corresponde à observação total, é a tomada integral por parte do poder disciplinador da vida de um indivíduo. Ele é vigiado durante todo o tempo, sem que veja o seu observador, nem que saiba em que momento está a ser vigiado. Geração Y: é um termo sociológico que caracteriza pessoas que nasceram entre 1980 e 1990. Pode ser ainda chamada de Geração do Milênio ou Geração da Internet, devido ao fato de serem os primeiros a nascerem num mundo totalmente globalizado. São indivíduos que procuram informações imediatas e de modo fácil, acostumados a multitarefas, preocupados com o meio ambiente e valorizando o crescimento profissional através de novos desafios.
186
Prototipagem: refere-se normalmente aos métodos de produção de protótipos por sistemas aditivos. Ou seja, o processo de fabricação é feito por meio de adição de material, camada por camada, permitindo a produção de protótipos ou modelos em três dimensões a partir de modelos geométricos gerados em sistemas CAD. Quando se fala em Prototipagem Rápida, o termo “rápido” faz referência ao fato desses sistemas não requererem nenhum tipo de assistência humana durante sua produção.
Fabricação Digital: é físicos a partir
a
produção de de modelos
objetos digitais.
Protótipo: produto fabricado unitariamente ou feito de modo artesanalsegundoasespecificaçõesdeumprojeto,comafinalidade de servir de teste antes da fabricação em escala industrial.
187