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ABRACE X CONGRESSO

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HISTÓRICO

HISTÓRICO

As produções artísticas do LTC nunca estão desvinculadas do processo acadêmico de permanente pesquisa. Sendo assim, submetemos um resumo de participação oral, o qual foi aprovado, no X Congresso da ABRACE que acontece em Natal/RN no período de 15 a 20 de outubro de 2018. O tema deste ano será ABRACE 20 ANOS: Celebrando a Diversidade. O evento conta com o apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da UFRN.

ABRACE foi criada em 1998, em Salvador, Bahia – com apoio do CNPq e do CADCT/ BA –, com ampla participação de lideranças representativas da área de Artes Cênicas de todo o Brasil, e realiza congressos com vista a divulgar e compartilhar o amplo panorama do que se produz e pesquisa em Artes Cênicas no Brasil.

Para o resumo, o partimos do recorte da descrição do processo de criação cênica do LTC, realizado durante uma imersão na Cidade de Goiás, em janeiro de 2018, para afinar o espetáculo Desenhos Narrativos: da Areia à Luz.

Desenhos Narrativos é um espetáculo interativo que convida o observador a ser actante - espectador atuante no espaço cênico - conduzindo-o a uma vivência performática e formativa sob uma atmosfera ritualística. Dos desenhos no chão coberto de areia aos desenhos no ar de seus movimentos feitos por pontos luminosos que são capturados e projetados.

Em sua primeira versão, concebida em 2016, o espetáculo envolvia de forma parcial o público. Em que havia os actantes, que se encontravam imersos na cena e a outra parte da plateia como observadores. Diante do anseio de uma ressignificação para uma nova apresentação e motivados pelo convite feito para a participação da PQ19, continuamos desenvolvendo nossas pesquisas para refinamento do espetáculo.

Sendo assim, resolvemos voltar ao local de origem do espetáculo, com o objetivo de vivenciarmos uma imersão. A Cidade de Goiás, na residência da professora doutora Sônia Paiva. Fazer uma imersão de trabalho criativo num lugar como este influenciou na qualidade do trabalho. A viagem física que desloca o nosso corpo faz com que nossa percepção seja ampliada, e mesmo em paisagens já conhecidas, viajar torna atento o nosso olhar. Dessa forma uma poesia refletida na água vira uma ideia, bem como um jardim de fadas tomando chá em uma vitrine, uma caminhada pelos becos, coisas que são comuns, mas que deslocadas do seu ambiente de costume te afetam.

Mesmo com o diverso escopo de pesquisa que consideramos necessárias para o embasamento da narrativa do espetáculo, demos maior ênfase ao estudo da Geometria Sona da tradição de desenhos na areia, que tem sua origem no seio do povo Cokwe da Angola. Os cokwes criaram centenas de desenhos, diversos algoritmos geométricos e formas de desenvolver ‘sona’ cada vez maiores. Guardam em sua mitologia a lenda em que se a pessoa não souber completar seus desenhos logo será devorada por um fantasma feminino, deixando assim de existir.

Durante o estudo da Etnomatemática percebemos o paralelo entre o espetáculo e o tema da Quadrienal de Praga – PQ19 Imaginação, Trans - formação e Memória. Para esta proposta estes foram divididos em estudantes, profissionais e arquitetos, respectivamente. Dentro do LTC há pessoas nesses vários segmentos que operam de forma colaborativa, não hierárquica, preservando a autonomia de cada um de seus entes. A diversidade do grupo constitui força fundamental no processo criativo. E o trabalho, Desenhos Narrativos: da Areia à Luz, que mesmo sendo espetáculo elaborado em 2016, traz em sua dramaturgia todos os elementos da temática da quadrienal em que temos, a memória no resgate das narrativas do povo Cokwe, a transformação em que seus traçados na areia se convertem em desenhos de luz e a imaginação por meio da intervenção do público, que está livre para improvisar.

Ainda mais, o espetáculo propõe uma atmosfera ritua- lística para o engajamento da audiência numa vivência performática. Consiste numa sobreposição de ações partindo da apresentação de uma antiga tradição – a geometria Sona da cultura Cokwe, no Leste de Angola – e deslocando-se, por meio de ações lúdicas, para a captura do movimento de luz no espaço.

Todas essas ações encontram-se em consonância com o tema do X Congresso da ABRACE que em 2018, celebra os 20 anos de existência da Associação, e em que se busca reconhecer a diversidade das pesquisas, dos olhares e dos saberes que se entrelaçam no fazer artístico contemporâneo.

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