Escola PĂşblica no Gantois uma proposta integrada Ă comunidade
Universidade Federal da Bahia Faculdade de Arquitetura Trabalho Final de Graduação Autora: Luisa Menezes Gusmão Orientadora: Izarosara Rahy
escola pública no gantois uma proposta integrada à comunidade
Salvador - Bahia 2016
agradecimentos Agradeço a todos da minha família pelo apoio. Em especial agradeço a meus pais, Marta e Aurino, e minhas irmãs, Marília e Paula, que sempre me apoiaram e acreditaram no meu potencial. Desde o meu ingresso na Faculdade de Arquitetura eles ajudaram a superar os muitos desafios que surgiram nesta longa trajetória como estudante. Creio que sem eles este trabalho não seria possível. Agradeço aos meu amigos, em especial a Tai, Milla e Emilly, que fizeram com que meu tempo na faculdade fosse mais leve e divertido e que me ajudaram e apoiaram nesta última etapa da faculdade. Agradeço ao arquiteto Ricardo Alpoim, que acreditou em mim e no meu potencial como arquiteta e com quem tanto aprendi sobre a profissão e ao arquiteto Miguel Ferreira, sempre disposto a ajudar. Por fim, não poderia deixar de agradecer a pedagoga Lígia Vilas Boas, que me ajudou na compreensão dos aspectos pedagógicos essenciais à este trabalho, a professora Rozana Muñoz, que me auxiliou com o pre-dimensionamento dos elementos estruturais da edificação e aos arquitetos da Secretária Municipal de Educação, pela disponibilidade em me auxiliaram na etapa inicial do projeto. Por fim, agradeço a minha orientadora , professora Izarosara Rahy, que me permitiu integrar o aspecto téorico e conceitual da arquitetura ao mundo real e me fez entender a importância dos detalhes e do conhecimento técnico em um projeto.
sumário introdução . 9 objetivos . 12 12 Geral 12 Específicos
contextualização . 15 16 Fundamentos Pedagógicos 18 O Ambiente Escolar Segundo John Dewey 21 A Influência da Arquitetura na Aprendizagem
referências de projeto .25 26 Referências Institucionais 30 Referências Projetuais
o projeto . 35 38 O objeto 38 Justificativa 40 O Local 44 Entorno 48 O Terreno 50 Estudo Solar e dos Ventos 55 Programa de Necessidades 58 Conceito e Partido 60 A Proposta 67 Maquete Virtual 74 Sistema Construtivo 76 A fachada 78 Mobiliário e Ambientação 81
Arquitetura e Sustentabilidade
considerações finais . 83 referências . 85
introdução
O projeto de uma escola envolve, obrigatoriamente, uma ação interprofissional. O equilíbrio entre os aspectos pedagógicos e arquitetônicos devem caminhar de forma paralela, desde a sua concepção até a finalização do projeto, para que os resultados sejam efetivos. Portanto, o papel do arquiteto neste processo envolve não só a estratégia pedagógica aplicada, mas também os aspectos físicos e sociais da comunidade alvo, pois são elementos essenciais para a definição do programa de necessidades de uma edificação escolar (cf. Kowaltowski, 2011). Atualmente, grande parte das escolas brasileiras são projetadas de acordo com o ensino tradicional, que prioriza o conteúdo e a memorização. Este trabalho busca uma alternativa a esse modelo, propondo uma escola que atenda aos ideais da “Escola Progressista” de John Dewey (Democracia e Educação, 1916; Experiência e Educação, 1938).
Dewey, filósofo e pedagogo americano, acreditava que os conhecimentos adquiridos na escola deveriam sempre estar relacionados com as necessidades do mundo real, que está em constante desenvolvimento. Também acreditava que disciplinas como física, matemática e geografia deveriam ser ensinadas de forma conjunta, explorando-se as inter-relações. Para ele, a educação deve valorizar a criança e seus interesses, estimulando o espírito de iniciativa e independência, a participação e cooperação e a criatividade, assim, a edificação escolar deve ser adequada a essa filosofia de ensino, para permitir um desenvolvimento pleno do estudante naquele ambiente. No entanto, faz-se necessário adequar essa metodologia à realidade soteropolitana. Segundo os parâmetros do Ministério de Educação, um terreno ideal para uma escola seria plano e amplo, de modo a permitir somente construções térreas. Esse é um critério que torna ainda mais difícil a escolha de um terreno em Salvador, considerando-se a topografia acidentada da cidade. Em conversa com arquitetos da Secretária Municipal de Educação, foi relatado que existe grande dificuldade de se encontrar terrenos adequados, que atendam aos parâmetros do MEC. Outro desafio mencionado é a falta de espaços vazios na malha urbana. Está situação se torna mais crítica em bairros de baixa renda, onde a ocupação ocorre de forma rápida e desordenada. No entanto, são estes os locais que mais necessitam de escolas públicas. Diante da dificuldade em se encontrar terrenos adequados e da impossibilidade de atender à demanda educacional das comunidades carentes, torna-se essencial considerar novas possibilidades e estratégias que sejam viáveis para Salvador. Neste caso, reduzindo-se o tamanho das escolas, adequando-as a uma metodologia pedagógica eficiente, criando pequenos núcleos de ensino integrados à comunidade e utilizando a própria cidade como extensão do ambiente educacional.
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objetivos
GERAL Elaboração de um projeto arquitetônico de uma escola que atenda às crianças de Ensino Fundamental I (1º ao 5º ano), utilizando-se dos princípios pedagógicos de John Dewey e adequando-os à realidade soteropolitana.
ESPECÍFICOS Atender à proposta pedagógica que servirá de base para o desenvolvimento do projeto; Pensar em soluções arquitetônicas adequadas a um terreno pequeno e íngreme; Propor soluções que se adequem à uma arquitetura sustentável e que dialogue com a comunidade.
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“A educação é um processo social, é desenvolvimento. Não é a preparação para a vida, é a própria vida.” John Dewey
contextualização
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FUNDAMENTOS PEDAGÓGICOS Segundo o relatório para a UNESCO da Comissão Internacional Sobre a Educação para o Século XXI, “Educação: Um Tesouro a Descobrir”, a educação está fundamentada em quatro pilares: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver junto, aprender a ser. Esse aprendizado se dá ao longo de toda a vida, mas se inicia no ensino primário. De acordo com Jacques Delors (2001, p.99): “Todo o ser humano deve ser preparado, especialmente graças à educação que recebe na juventude, para elaborar pensamentos autônomos e críticos e para formular os seus próprios juízos de valor, de modo a poder decidir, por si mesmo, como agir nas diferentes circunstâncias da vida.”
Estes quatro pilares são fundamentais para a formação de um indivíduo socialmente competente, capaz de pensar, fazer, se comunicar e questionar. No entanto, a educação tradicional no Brasil, e em muitos outros lugares do mundo, se concentra, quase que exclusivamente, no aprender a conhecer, ou seja, no acúmulo e memorização de informações.
Levando-se em conta o Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes (PISA) como um dos principais indicadores da qualidade de ensino no mundo, percebe-se que o Brasil ocupa, frequentemente, as últimas posições nas três áreas de conhecimento avaliadas: matemática, linguagem e ciências. Na última edição, figurou em 58º lugar dentre os 64 países participantes. O sistema educacional brasileiro se mostra inadequado e deficiente, tanto no ensino público quanto no privado. E considerando-se a importância da educação no desenvolvimento econômico, cultural e social de um país, a situação é preocupante e exige mudanças. Em contraponto com o Brasil, tem-se a Finlândia, que costuma ocupar posições de destaque no Ranking do PISA. É importante frisar que, até a década de 60 a Finlândia era um dos países mais pobres da Europa e mais de 80% da população possuía apenas a educação básica (correspondente aos seis primeiros anos do Ensino Fundamental no Brasil) e grande parte das escolas eram privadas. A reforma no ensino se iniciou através da implantação da escolarização básica, pública, universal e compulsória, dos 7 aos 16 anos. Quarenta anos depois, a educação finlandesa é reconhecida internacionalmente como exemplo a ser seguido.
17 O sistema educacional finlandês foi influenciado pela filosofia pedagógica do americano John Dewey, um dos mais reconhecidos pedagogos no mundo, que contribuiu para os princípios da “Escola Progressista”. Ele se opõe ao sistema tradicional de ensino, baseado na memorização e intelectualismo. Para Dewey, educar é “uma constante reconstrução da experiência, de forma a dar-lhe cada vez mais sentido e a habilitar as novas gerações a responder aos desafios da sociedade”. Também acreditava que o aprendizado se dava através do compartilhamento de experiências, em um ambiente democrático, estimulando atividades conjuntas e situações de cooperação. A filosofia de ensino de John Dewey chegou a ser introduzida com sucesso no Brasil com o movimento da “Escola Nova”, principalmente através de Anísio Teixeira, um dos maiores educadores brasileiros, que lutava pela função social da escola e que revolucionou o sistema educacional do país. Na Bahia, criou a Escola Parque, considerada pela ONU como uma das maiores experiências de ensino primário do século.
o ambiente escolar segundo John Dewey Em A Escola e a Sociedade (1899), Dewey relata a importância de um edifício escolar que se adeque a sua filosofia de ensino, preocupando-se com aspectos arquitetônicos como dimensões e disposição dos ambientes e a relação entre eles, o mobiliário, luz e ventilação. Também defendia a importância do paisagismo, onde jardins deveriam rodear o edifício, para estimular a aproximação dos alunos com a natureza e onde seriam cultivadas hortas, cuja produção seria utilizada pelos próprios alunos em aulas de culinária. No primeiro diagrama, Dewey coloca a biblioteca como centro focal, de onde os ambientes de oficina e socialização irradiam, representando a relação entre a prática e a teoria. As linhas tracejadas representam espaços onde as crianças compartilham experiências, problemas e questionamentos para gerar discussão e troca de conhecimento.
O segundo diagrama ilustra o que seria o andar superior de uma escola ideal. Novamente, as salas de atividades práticas irradiam do museu que, assim como a biblioteca, representa o espaço teórico das artes e ciências. Todos os itens de arte produzidos pelos estudantes seriam expostos no museu. Esses conceitos foram aplicados em uma escola elementar experimental no Departamento de Pedagogia da Universidade de Chicago, onde John Dewey era diretor do Departamento de Filosofia. O projeto, chamado de Escolas Laboratório, possibilitou ao pedagogo estudar mais a fundo a educação para formular suas teorias de aprendizagem.
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Fonte: Dewey (1899)
20 Fonte: www.lib.uchicago.edu
Acima: John Dewey, pedadogo e fil처sofo americano As fotos ao lado mostram aulas da Escola Laborat처rio de John Dewey. superior esquerda: aula de geografia com caixas de areia, para estudo de solos e eros천es. Inferior esquerda: maquete como projeto de hist처ria e estudos sociais Fonte: www.lib.uchicago.edu
a influência da arquitetura na aprendizagem A edificação escolar, por sua importância pedagógica, é vista por muitos educadores como um terceiro professor, sendo o primeiro o profissional e o segundo o material didático (cf. Kowaltowski, p.165). A educação escolar vem sofrendo algumas transformações importantes, principalmente nos últimos 50 anos, onde o modelo tradicional, hierárquico e rígido vem dando espaço para um sistema mais flexível, onde tanto o professor quanto os alunos possuem mais liberdade. Embora existam experiências educacionais bem-sucedidas no Brasil seguindo estas tendências, o modelo predominante, principalmente no ensino público, ainda é o tradicional, com carteiras enfileiradas para manter a ordem e o silêncio. No entanto, a adequação dos espaços escolares aos novos pensamentos pedagógicos é fundamental e esta tarefa cabe aos arquitetos e profissionais da área de construção. (cf. Kowaltowski,2011, p. 91,365)
A escola atual deve se adequar aos novos métodos de ensino, em que o foco está no estudante e na sua relação com o meio. Deve estimular a interação e socialização e oferecer espaços flexíveis, que possam ser modificados de acordo com as atividades realizadas. Mobiliários personalizados, cores, formas e texturas diferentes são formas de tornar o espaço mais lúdico, dinâmico e interessante aos alunos. Outro aspecto importante a ser considerado é criar espaços adequados para a introdução de recursos tecnológicos no ambiente escolar, de modo que auxilie o processo pedagógico. (cf. Kowaltowski, p. 97, 463)
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Alternativas de layout em salas de aula atuais Fonte: Kowaltowski,2011
Para que arquitetura auxilie a aprendizagem, é importante considerar diversos aspectos na etapa de desenvolvimento do projeto. O conforto ambiental - que envolve aspectos como a qualidade do ar, a temperatura, ventilação, iluminação e acústica - possui forte relação com a produtividade e aprendizagem. Estudos de Dudek (2007) e Heschong Mahone Group (1999) comprovam o impacto da iluminação natural no bem-estar dos alunos e influência na capacidade de aprendizado. A acústica é essencial para a comunicação verbal em uma sala de aula e, se negligenciada, pode dificultar a compreensão do aluno. É importante prever como se dará a ventilação nas salas, pois temperaturas elevadas, que provocam situações de desconforto, podem provocar sonolência, apatia e desinteresse. Muitos problemas relacionados ao conforto ambiental decorrem de especificações arquitetônicas inadequadas, que poderiam ter sido evitados com um estudo detalhado do projeto e sua localização. (cf. Kowaltowski, p. 245-355) De acordo com a Psicologia Ambiental (Gifford, 1997) o ambiente pode gerar respostas afetivas nos seus usuários, que vão influenciar o modo de agir do indivíduo naquele espaço. O projeto arquitetônico poderá definir se estas ações serão positivas ou negativas. O comportamento do usuário também está associado com a escala do ambiente. Em pesquisas de comparação entre alunos de escolas de dimensões grandes e pequenas (Baker e Gump, 1964), constatou-se que escolas menores produzem um ambiente educacional mais rico se comparadas a escolas maiores (com mais de 500 alunos), mesmo que estas ofereçam um espaço físico mais complexo. Isso se dá, principalmente, por conta da maior participação per capta em atividades escolares. (cf. Kowaltowski, p. 102). Outro fator importante para maior qualidade da relação humana com o ambiente de ensino é a quantidade adequada de alunos para cada professor, para que o controle do educador sobre as atividades realizadas em sala seja mais efetivo (Kumpulainen; Wray, 2001). Para o ensino infantil, um grupo de 15 alunos é considerado ideal. (cf. Kowaltowski, p. 115). No entanto, principalmente na realidade das escolas públicas brasileiras, a relação de alunos por professor costuma ser de 25 a 30.
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“Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.” Rubem Alves
referĂŞncias de projeto
referências institucionais escola parque - Centro educacional Carneiro ribeiro - Salvador Prof. Arq. Diógenes Rebouças
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O Centro Educacional Carneiro Ribeiro foi idealizado em 1947 pelo educador e então secretário da educação do Estado da Bahia, Prof. Anísio Teixeira. O programa de necessidades da Escola Parque se inspirou nas escolas comunitárias norte-americanas e nas ideias do pedagogo americano John Dewey. O programa geral proposto consistia em uma educação dirigida, complementar à sala de aula, com dois sistemas denominados “escolas classe” e “escolas parque”. O primeiro sistema tinha quatro módulos de 1.000 alunos, construídos no entorno do segundo sistema, o qual tinha 4.000 alunos; assim, os estudantes frequentavam ambas em turnos alternados. Nas “escolas parque” seriam realizadas atividades complementares, como educação física, social, artística e industrial. A escola parque Centro Educacional Carneiro Ribeiro foi projetado pelo arquiteto Diógenes Rebouças, com a primeira etapa iniciada em 1947 e a segunda em 1956. O projeto se baseia em três conceitos: espaço completo de formação, princípios modernos da arquitetura e a escola como ponto de convívio da comunidade.
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referências institucionais ETC (Escuelas de tiempo completo) - uruguai
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As ETC são instituições públicas de ensino de tempo integral. A escola é considerada um elemento estruturante de desenvolvimento territorial, são centros culturais de uma comunidade, por isso deve ser cuidadosamente adequada ao sistema urbano. Não existe uma padronização nas soluções projetuais, cada escola é desenvolvida em conjunto com a comunidade e levando em conta as singularidades do local em que se encontra, tanto físicas como culturais. O programa se opõe ao ambiente de ensino tradicional, criando espaços flexíveis, onde o mobiliário é pensado de modo a a judar a dinâmica da aula. O aprendizado é estimulado através da cor, forma, proporção e textura. A escola é tratada como um sistema aberto, em evolução, de modo que possa crescer e mudar de acordo as necessidades. A relação com o entorno está sempre presente, pois ambientes externos, como parques, granjas, zoológicos e estádios, também são considerados áreas propícias à aprendizagem. Os edifícios escolares geralmente atendem entre 250 a 500 alunos. O programa de necessidades geralmente é simples, composto por salas de aula, refeitório e espaço multiuso, administração e serviços, cozinha e pátios.
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referências projetuais Escola antonio derka - colômbia Obranegra Arquitectos
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Fonte: www.archdaily.com.br/
Localizada na cidadede Medellín, na Colômbia, a escola foi construída em um bairro que, até pouco tempo, era considerada uma das zonas mais violentas da cidade. A escola foi realizada graças ao programa “Medellín a mais educada”, promovido pelo prefeito Sergio Fa jardo (2004-2007), que buscava melhorar a qualidade da educação pública, com foco em bairros periféricos e de baixa renda. Esta ação gerou intervenções urbanas significativas nessas áreas de risco, através da realocação de habitações, construção de pontes, equipamentos esportivos e educativos.
O objetivo principal do projeto era criar uma edificação que acolhesse a comunidade, criando espaços de atividade cultural, recreativa. O conceito “escola aberta” foi trabalhado através de terraços e varandas, e tomando partido da inclinação de 35% presente no terreno. Dessa forma, a cobertura do colégio foi pensada como um grande espaço público, de 3.900 m². O acesso ao edifício se dá ao descer uma rua escalonado, que se articula com os níveis do projeto, de modo a conexão do mesmo com o bairro. O formato do lote definiu uma planta em “L”, gerando um pátio aberto onde são realizadas as atividades recreativas e esportivas do colégio. Acima da volumetria principal, existe uma “caixa metálico”, que contêm uma sala múltipla, que pode ser utilizada pela comunidade, sem que ha ja a necessidade de interromper as atividades acadêmicas.
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Fonte: www.archdaily.com.br/
Fonte: www.archdaily.com.br/
referências projetuais ETC Nº 78 - Uruguai
Arq. Ramiro Bascans e Pedro Barrán
32 Fonte: escuela78de.blogspot.com.br/
Fonte: escuela78de.blogspot.com.br/
O partido procurou respeitar a identidade do bairro. As oito salas se encontram voltadas para a rua, divididas em dois níveis. O espaço multiuso se volta ao pátio e ao bosque de laranjas. Transparência foi utilizada para favorecer a interação e socialização, além do pé-direito duplo no espaço multiuso. Este espaço conta com mobiliário móvel, onde podem ser realizadas atividades diversas, funcionando como pátio coberto, refeitório, espaço de exposição ou oficina. As cores são utilizadas de modo a criar um ambiente mais interessante e estimulante para as crianças, com tons de laranja, amarelo e azul.
Fonte: escuela78de.blogspot.com.br/
Fonte: escuela78de.blogspot.com.br/
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Fonte: escuela78de.blogspot.com.br/
referências projetuais FDE - Escola estadual no bairro Feital - São Paulo Shundi Iwamizu Arquitetos Associados
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Fonte: siaa.arq.br/
A escola foi construída como parte do programa da FDE (Fundação para Desenvolvimento do Ensino), promovido pelo Governo Estadual de São Paulo. Está localizada em Mauá, município que faz parte da Região Metropolitana de São Paulo. O projeto foi pensado especialmente para a comunidade do entorno, de modo a ressaltar as qualidades do local e atender à demanda da comunidade por mais salas de aula.
A escolha de ocupar a parte frontal de uma encosta foi proposital, pois haviam outros terrenos disponíveis no bairro. O acesso de se faz pela rua de cota mais elevada, onde um recuo de 10 metros de largura cria uma praça linear. O edifício é implantado na “calçada”, deixando o espaço livre de muros e grades para uma maior integração com a rua e a comunidade. O programa é composto por dois blocos, interligados por um volume de circulação. Esta solução facilitou a ocupação do terreno íngreme.
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Fonte: siaa.arq.br/
Fonte: siaa.arq.br/
Fonte: siaa.arq.br/
“Há três professores para crianças: adultos, outras crianças e seu ambiente físico.” Loris Malaguzzi
o projeto
O objeto Trata-se de um projeto arquitetônico para uma escola de Ensino Fundamental I (1º ao 5º ano) para atender 150 crianças, entre 6 a 10 anos, cujo terreno está no bairro da Federação, na comunidade do Alto do Gantois, Salvador.
Justificativa O Alto do Gantois é uma comunidade antiga de Salvador, localizada no bairro da Federação. O local é conhecido por abrigar o terreiro Ilê Iyá Omi Axé Iyamassé, também conhecido como terreiro do Gantois, um dos mais importantes do Brasil. Por se tratar de uma comunidade de ocupação densa e irregular, com poucos vazios urbanos e e população de baixa renda, o local se enquadra nos objetivos do projeto. Outro fator é a inexistência de Escolas Públicas de Ensino Fundamental I no entorno imediato da comunidade e o baixo número de escolas na Federação, considerando-se a alta densidade populacional do bairro.
Apesar de ser um espaço acolhedor, onde os habitantes se apropriam das ruas e dos poucos espaços verdes disponíveis, o local sofre com ruas esburacadas, acessibilidade nula, lixo acumulado nas calçadas - entre outros problemas. Como grande parte das comunidades carentes, também é densamente ocupada e com poucos terrenos disponíveis. O terreno em questão atende ao objetivos da pesquisa, pois representa grande parte dos vazios urbanos que se encontram hoje em Salvador: terrenos relativamente pequenos e com desnível topográfico. Uma escola inserida neste contexto pode ter um poder transformador na comunidade. Não só por propiciar às crianças uma educação de qualidade, mas também por se integrar ao seu entorno, convidando a comunidade a participar e usufruir dos seus espaços.
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o local O terreno escolhido está localizado na Federação, bairro popular de Salvador, em uma área predominantemente residencial. A menos de 50 metros está a praça Lorde Cochrane e a menos de 100 metros um ponto de ônibus. No entorno também está o campi Ondina da UFBA, o jardim Zoológico e, a cerca de 2000 metros, a orla marítima. É limitado ao norte pela avenida Reitor Miguel Calmon e ao Sul pela rua Garibalde, podendo ser acessado por ambas. Possui área total de 1057,40 m², com desnível aproximado de 6,5 metros, sendo a cota mais baixa no acesso pela avenida Miguel Calmon e a mais alta pela Rua Garibalde. No entanto, o terreno foi planificado no nível da Avenida.Atualmente, existe uma casa que ocupa parte do terreno escolhido. Como encontra-se desocupada a pelo menos dois anos, foi proposta a demolição da mesma, já que não atende à sua função social, permitindo a construção de um espaço mais significativo para a comunidade.
Terreno visto da Avenida Reitor Miguel Calmon
41 Vista da Avenida Reitor Miguel Calmon
Acesso ao Alto do Gantois
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InĂcio da Rua Garibalde
Vista do terreno da Rua Garibalde
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o entorno legenda Residencial
Pontos de Referência:
Institucional
Escola Municipal EF-I
Serviços
Comercial
Limite Alto do Gantois Terrenos vazios
1. O Terreno 2. Praça Lord Cochrane 3. Terreiro do Gantois 4. Mercado Bompreço 5. Tv Band 6. Campus Ufba
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escolas próximas O mapa mostra as escolas municipais de Ensino Fundamental I existentes na região, localizadas à um raio de 1km do terreno escolhido. A tabela mostra o número de vagas total das nove escolas e dados sobre acessibilidade e infraestrutra das mesmas.
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É possível perceber que as vagas são insuficientes se comparadas com a densidade populacional da região. São poucas as escolas acessíveis para Portadores de Necessidades Especiais. Quanto à infraestrutura, todas possuem sanitários e cozinha e fornecem comida e água filtrada à seus alunos. Apenas uma escola possui Quadra de Esportes, o que é compreensível, visto que são escolas de menor porte. Embora a maioria possua sala de informática, nenhuma conta com laboratório de ciências em seu programa de necessidades.
MATRÍCULAS 1º ano EF
260
2º ano EF
285
3º ano EF
413
4º ano EF
302
5º ano EF
390
ACESSIBILIDADE Sim
Não
Dependências Acessíveis
3
6
Sanitários PNE
2
7
INFRAESTRUTURA Sanitários
9
0
Biblioteca
4
5
Cozinha
9
0
Lab. Informática
7
2
Lab. Ciências
0
9
Sala de Leitura
3
6
Quadra de Esportes
1
8
Diretoria
9
0
Sala de Professores
3
6
Sala Atendimento Especial
1
8
Fonte: QEdu Academia
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Imagem satĂŠlite: Google Maps
o terreno legenda
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Vegetação existente A demolir Edificações Vizinhas
Limite do Terreno
Recuos
parâmetros urbanísticos Macrozoneamento do município: MACROZONA DE OCUPAÇÃO URBANA/ Macroárea de Requalificação Urbana Zoneamento: ZPR – 5 / ZONA DE USO RESIDENCIAL / Zona Predominantemente Residencial – 5 / CAB: 1,5 / CAM: 2,5 Região Administrativa do Município: BARRA VI Localidade: Federação Índices Urbanísticos: Índice de Ocupação (IO) = 0,50/ Índice de Permeabilidade = 0,20 Recuos: Frente = 4,0m / Laterais = 1,5m / Fundo = 2,5m
estudo solar e dos ventos O estudo de insolação no terreno foi realizado levando-se em conta o período em que os alunos estarão em atividade escolar. Por se tratar de uma escola de turno integral, foram escolhidos dois horários pela manhã (7h30 e 10h30) e dois horários pela tarde (14h30 e 16h30). As edificações vizinhas ao leste e oeste do terreno possuem gabarito entre 2 e 3 pavimentos, provocando sombra em determinados horários. Para o estudo dos ventos foram consideradas as quatro estaçoes do ano, através de dados obtidos pela Autodesk® FormIt 360. Pode-se perceber que a direção do vento é predominantemente sudeste ao longo de todo o ano.
solstĂcio de verĂŁo 7h30
10h30
51 14h30
16h30
SOLSTÍCIO DE INVERNO 7h30
10h30
14h30
16h30
52
Equinรณcio de primavera /outono 7h30
10h30
53 14h30
16h30
ESTUDO DOS VENTOS dez- fev
mar-mai
54 jun-AGO
set-nov
PROGRAMA DE NECESSIDADES Com base na estratégia pedagógica e do estudo dos aspectos sociais e físicos da comunidade, foi possível determinar o programa de necessidades. Por ser uma escola pequena, para atender apenas ao seu entorno imediato, o programa adotado é enxuto, porém conta com o essencial para seu funcionamento. O programa é dividido em cinco blocos: Espaços de Ensino; Suporte Pedagógico; Administração; Serviços Gerais e Alimentação.
espaços de ensino
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suporte pedagógico
- 5 salas de aula;
- Sala do Diretor;
- Laboratório de Ciências;
- Sala do Vice-Diretor;
- Laboratório de informática;
- Coordenação Pedagógica;
- Sala de Artes;
- Orientação Educacional;
- Pátio Coberto;
- Sala dos Professores/Reunião.
- Horta; - Auditório/uso múltiplo.
administração
serviços gerais
- Hall/Espera Geral;
- Sanitário Feminino;
- Recepção;
- Sanitário Masculino;
- Secretaria;
- Vestiário de Funcionários;
- Almoxarifado.
- Área de Serviço; - D.M.L; - Área Técnica;
alimentação - Cozinha; - Despensa; - Refeitório.
- Depósito de Lixo.
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conceito “ A educação é um processo social, é desenvolvimento. Não é a preparação para a vida, é a própria vida. ” John Dewey Para permitir que a vivência escolar reflita. de fato, a vida do cotidiano, é necessário pensar um espaço educacional integrado com a comunidade, preservando e respeitando seus valores e tradições, sem perder a perspectiva do novo. A criança em formação é um elo vivo entre o passado e o futuro, o que só é possível se o presente for vivido em toda a sua plenitude.
partido Para atender aos objetivos do projeto, a proximidade da escola com a comunidade é fundamental, o que determinou a necessidade de utilizar terrenos com dimensões reduzidas. O partido proposto surge do desafio em conservar a funcionalidade do espaço educacional, respeitando-se as normas técnicas e parâmetros urbanísticos. A verticalização do edifício foi imposta pelo tamanho do terreno e para vencer esse desnível, optou-se pela utilização de uma grand rampa que, ao mesmo tempo que delimita o espaço interno, se abre para o exterior.
TERRENO
PROGRAMA 59
VERTICALIZAÇÃO
RAMPA
A PROPOSTA O acesso principal da escola se dá pela Rua Garibalde. Uma passarela leva ao hall de entrada, um espaço aberto e convidativo., parcialmente coberto com policarbonato sobre estrutura metálica curva e ripas em madeira, permitindo iluminação natural. De modo a delimitar o espaço do hall e o caminho a ser seguido, uma das paredes se estreita, indicando o corredor. Á direita encontra-se uma pequena Recepção e a toda a área Administrativa e Pedagógica, com a Secretaria, Orientação Pedagógica, Direção, Vice direção e Coordenação Pedagógica. Este bloco se destaca do volume retangular do edifício, compondo uma volumetria interessante para a fachada. Todas as salas são fechadas com divisórias em vidro, permitindo transparência e
N
61
TÉRREO
ampliando o espaço, e estão voltadas para uma área comum que funciona como sala de professores e local de reuniões. Seguindo pelo corredor, o bloco de serviços, com DML e Sanitário Masculino, Feminino e PNE, está a esquerda e se repete em todos os pavimentos. O Auditório/Sala Multiuso se encontra à direita. A ideia desta sala é criar um espaço flexível, portanto será utilizada uma arquibancada retrátil, permitindo atividades diversas, como aulas de teatro, música, dança e projeção de filmes. O espaço pode, inclusive, ser utilizado pela comunidade quando necessário, para eventos não acadêmicos. Ao final do corredor, à esquerda, está a escada e o acesso para a rampa. Esta encontra-se em um volume diferente, como se fossem dois blocos distintos. Ela é aberta, permitindo ventilação e iluminação natural, e no centro é possível visualizar o pátio coberto, no nível mais baixo do projeto. 62
Subindo a rampa, tem-se acesso ao 1º pavimento. Este espaço é reservado para as salas de aula. São cinco no total, com capacidade para 15 alunos e 1 professor. O volume que se destaca no térreo é aproveitado como um teto verde neste pavimento. A orientação do edifício para o sudeste é proposital, pois recebe o sol da manhã e está voltada para os principais ventos, possibilitando ventilação cruzada. Voltando ao Térreo, é possível descer a rampa para a acessar o Subsolo 1, onde estão os espaços de oficina e laboratórios. Em frente ao hall da rampa, está o laboratório de ciências, que conta com 4 bancadas fixas, para grupos de 5 alunos cada. Em seguida, está o Laboratório de Informática, com capacidade para 12 estudantes. Ao final do corredor está a Sala de Artes, com mobiliário que possibilita diferentes arranjos, de acordo com a necessidade da atividade.
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Descendo novamente a rampa temos o Subsolo 02, o nível mais baixo do projeto. Aqui é possível encontrar um grande espaço aberto, que é utilizado como refeitório e como espaço multiuso, onde podem ser realizadas, por exemplo, aulas de capoeira ou brincadeiras diversas. Um pátio coberto é rodeado pela rampa, formando um espaço aberto e ventilado, com pé direito alto. Para aproveitar os espaços diretamente abaixo da rampa, foram utilizados módulos com formas geométricas que podem ser movidos, possibilitando que as crianças configurem o espaço como desejarem, instigando a criatividade delas. Uma pequena horta está localizada ao sul, onde as crianças poderão a judar a cultivar vegetais para a cozinha da escola. Neste nível está presente a Cozinha, Despensa, Área de Serviço, Almoxarifado, Vestiário de funcionários e Áreas técnicas. Existe também o acesso pela Avenida Miguel Calmon, utilizado prioritariamente por funcionários, com estacionamento e área para Carga e Descarga. Como o terreno já estava planificado pelo nível do Subsolo 2, foi utilizada um sistema de jardim vertical para tratar a contenção ao sul, que vence um desnível de 6,5 metros até a Rua Garibalde. Para o fechamento do terreno, foi utilizado o gradil Nylofor 3D, acabamento em pintura eletrostática branca, altura igual a 2,03 metros e módulos de, no máximo, 2,50 metros. Optou-se por essa solução para permitir a integração da escola com o exterior.
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subsolo 1
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subsolo 2
maquete virtual
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sistema construtivo A estrutura da edificação será em pilares de concreto, com vigas metálicas de perfil I e sistema de la je pré-moldada alveolar protendida, com espessura de 20 cm. A estrutura da rampa também conta com la je alveolar e estrutura mista. É apoiada em viga metálica central, composta por dois perfis “U” soldados, são sustentados por pilares em concreto com braços metálicos em perfil I curvado, se assemelhando à galhos de uma árvore. Esse pilares também são utilizados no refeitório, no Subsolo 02.
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As paredes externas da edificação serão formados por quadros de perfis leves de aço zincado, com fechamento externo em placa cimentícia. O fechamento das paredes internas será em chapas de gesso para drywall em ambas as faces e núcleo com manta de lã de vidro para isolamento térmico e acústico. O revestimento do piso foi realizado em granilite, piso monofásico de alta resistência. Ele permite a padronização e utilização de cores. O desenho de uma árvore, pensando especificamente para este projeto, aparece na passarelo de acesso e no hall das rampas, dialogando com o conceito da edificação. Quanto à cobertura, serão utilizados dois tipos distintos Para o bloco da rampa, foi especificada a telha metálica TermoRoof, com 7% de inclinação e fechamento em platibanda. A telha possui largura útil de 1050mm e 30 mm de espessura, com núcleo termoisolante em poliuretano e revestimento da face em aço pré-pintado branco. O volume principal terá cobertura em la je impermeabilizada e sua superfície será aproveitada para instalação de painéis fotovoltaicas.
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a fachada O conceito por trás dos brises utilizados nas fachadas e o padrão do guarda-corpo veio de uma necessidade de encontrar uma solução que remetesse à comunidade do Gantois. A região é conhecida por abrigar um dos terreiros mais importantes do Brasil, o terreiro Ilê Iyá Omin Axé Iyá Massê ou simplesmente Terreiro do Gantois. O candomblé é uma religião muito ligado à natureza e possui árvores sagradas nos terreiros para abrigar determinados orixás. Inspirada em uma dessas árvores, o Iroko ou Gameleira branca, que surgiu a ideia da folha. Trata-se de uma forma sutil de se homenagear o local, sem, no entanto, impor uma conotação religiosa à edificação. 76
Os brises são dispostos em duas camadas e correm sobre trilhos. A camada de trás é pintada em vermelho, laranja ou amarelo, com aletas verticais ou horizontais a depender da orientação. A camada da frente tras o painel em chapa metálica com a padronização das folhas do iroko, em pintura eletrostática branca. Dessa forma, a edificação possui uma fachada dinâmica, que possibilita configurações diversas e que irá mudar ao logo do dia, de acordo com a necessidade dos usuários.
mobiliário e ambientação pátio coberto e rampa
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Fonte: hellowonderful.co/
Fonte: contemporist.com/
Fonte: madrenapoli.it/
O pátio coberto é rodeado pela rampa que, em seus trechos inciais, possuem pé-direito mais baixo. Esse espaço tem potencial e não deve ser subaproveitado. São especialmente adequados para crianças, por conta da baixa estatura. Assim, serão projetados nichos, que servem como espaço reservado de leitura, por exemplo. Também serão pensados módulos móveis coloridos e geométricos, que podem ser retirados e utilizados pelas crianças para construir sua própria brincadeira,estimulando a criatividade desde cedo.
sala de aula Para as salas de aula e oficinas de artes serão utilizados mobiliário leve, de modo a facilitar diferentes arranjos, tornando o espaço flexível. As cores e texturas também são essenciais para manter o ambiente acadêmico interessante para as crianças. Fonte: designingcity.com/
Fonte: mueblessalazar.cl/
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HALL DE ENTRADA
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O hall de entrada terá o piso em granilite decorado, com desenho padrozinado para o projeto. Os bancos serão em módulos curvos com pés metálicos e assento em ripas de madeira. Uma cobertura curva em policarbonato sobre ripas de madeira, dialoga com o espaço criando uma área de espera agradável, protegida e com iluminação e ventilação natural.
arquitetura e sustentabilidade Um dos principais objetivos deste projeto foi utilizar recursos sustentáveis aliados ao projeto arquitetônico. A função educadora da escola pode estimular a consciência ecológica desde cedo, sendo ela própria o exemplo a ser seguido. Dessa forma, além de evitar o desperdício de recursos naturais, serão formados cidadãos mais responsáveis com o espaço que habitam. Para este projeto, foi aproveitado o potencial de Salvador para implantação de sistema de energia solar e reaproveitamento de águas pluviais. A cidade possui boa incidência solar anual e índices pluviométricos significativos durante todas as estações. O sistema de energia solar será conectado à rede pública (grid-tie) e será utilizada para aparelhos eletrônicos, eletrodomésticos e lâmpadas. Embora a instalação seja cara, o custo benefício é alto, pois irá se pagar em pouco com tempo. Os painéis fotovoltaicos serão instalados na la je da edificação, com orientação nordeste. O pré-dimensionamento, feito pela empresa Bahia Solar, considerou necessário cerda de 80 painéis para suprir a demanda da edificação.
Para o reaproveitamento de águas pluviais será utilizado o sistema de filtragem VF12(3p Technik/ Acquasave), que foi desenvolvido para projetos de porte industrial. A água armazenada poderá ser utilizada para fins não potáveis, como limpeza de pisos, descarga e irrigação. O investimento neste tipo de sistema pode ter um retorno de aproximadamente 2 anos, podendo reduzir em até 50% do volume de água potável consumida pela rede municipal. Como forma de estimular empreendimentos a se comprometerem com ações sustentáveis, a Prefeitura de Salvador passou a oferecer descontos no IPTU, através da iniciativa IPTU Verde, para projetos que incorporem tais medidas.
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Filtro VF12 3P Technik/Acquasave Fonte: ecocasa.com.br
considerações finais A oportunidade de vivenciar este projeto, desde a sua concepção até a sua finalização me permitiu constatar que é possível transformar uma ideia (ou talvez um sonho) em realidade, utilizando os recursos propiciados pela arquitetura. A dimensão social do arquiteto, como agente transformador da realidade, visando a melhoria da vida das pessoas, torna-se evidente. Sentir-se parte desta realidade confere sensação de empoderamento para enfrentar os desafios futuros que certamente virão.
“Educar é crescer. E crescer é viver. Educação é, assim, vida no sentido mais autêntico da palavra” Anísio Teixeira
REFERÊNCIAS
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WIRTH, Arthur G., and BEWIG, Carl. John Dewey on School Architecture. In: Journal of Aesthetic Education Vol 2, 1968, pp. 79-86 PROYECTO DE APOYO A LA ESCUELA PUBLICA URUGUAYA, Planta Física. Disponível em: < http://www.mecaep.edu. uy/?pag=plantafisica> Acesso em 14 de setembro de 2015. BASTOS, Maria Alice Junqueira. A escola-Parque: ou o sonho de uma educação completa (em edifícios modernos). Au – Arquitetura e Urbanismo, São Paulo, v.178, jan.2009. Disponível em: < http://au.pini.com.br/ arquitetura-urbanismo/178/a-escola-parque-ou-o-sonho-de-uma-educacao-completa-em-122877-1.aspx>. Acesso em 14 de setembro de 2015.
JETSONEN, Sirkkaliisa et al. The Best School in the World: Seven Finnish Examples from the 21st Century. Helsinki: Museum of Finnish Architecture, 2011. Disponível em: < http://issuu.com/suomen-rakennustaiteen-museo/docs/bestschoolintheworld_book>. Acesso em 14 de setembro de 2015. LEGISLAÇÃO E NORMAS TÉCNICAS: Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR 9050 - Acessibildiade a edificações, mobiliário e equipamentos urbanos. 2a ed. Rio de Janeiro:2004 Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR 9077 - Saídas de emergência em edifícios. Rio de Janeiro:2001 Prefeitura Municipal de Salvador. Lei 3.903-88 - Código de Obras. Salvador-Bahia:1998 Prefeitura Municipal de Salvador. Lei 3.377-84 - Lei de Ordenamento e Uso do Solo. Salvador:2012 Prefeitura Municipal de Salvador. Lei 7.400-08- Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Salvador. Sqlvador:2008.
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