Luana Aguiar Portif贸lio 2013
Homenagem ao olho A ç ã o e m e s pa ç o p ú b l i c o 10’ em média / 2009 Largo do Machado, RJ De olhos fechados e parada no meio do Largo do Machado, Rio de Janeiro, seguro um balão branco com as mãos e o aproximo lentamente do meu rosto. Aperto o balão contra o rosto até bloquear minha respiração. Permaneço por alguns segundos. Afasto o balão lentamente até deixá-lo cair.
Fotos: Marcelo Nogueira
Como evitar a morte vídeo c o r , s o m , 1 ’ 5 2 ’’ / 2 0 0 9 http://www.youtube.com/watch?v=KCaNVT2KX5I
Vagina dentada vídeo c o r , s e m s o m , 2 ’ 5 0 ’’ / 2 0 0 9 http://www.youtube.com/watch?v=ixoCdykWaJw&feature=related
Epiderme vídeo c o r , s e m s o m , 6 ’ 0 4 ’’ / 2 0 0 9 http://www.youtube.com/watch?v=Q8iJp8BN4d0
Autorretrato f o t o g r a f i a e m an i p u l a ç ã o d i g i ta l 15 x 15 cm / 2010
Elixir Ação em galeria 4’ em média / 2010 Centro cultural hélio oiticica, RJ Em uma sala escura, sento-me atrás de uma mesa e acendo duas velas. Sobre a mesa há um prato com água. Uso as velas para gotejar parafina sobre a água até gerar uma bolha de parafina derretida. A parte inferior da bolha de parafina, em contato com a água, se solidifica formando uma espécie de concha que mantém a parte superior da bolha ainda líquida. Com as mãos, vou suspendendo essa concha para que parafina líquida escorra sobre a água de modo a formar um longo fio mole e suspenso de parafina. Coloco todo o fio na boca e o como.
fotos: adriano facuri
Gozo silencioso A ç ã o e m e s pa ç o p ú b l i c o 4 horas em média / 2010 http://www.youtube.com/watch?v=SLss9bfI0Sc&feature=youtu.be
praça tiradentes, RJ Na praça Tiradentes, Rio de Janeiro, de pé sobre um tablado, seguro uma placa com os dizeres: “se me atirares um ovo, gozarei em silêncio” e disponibilizo, em uma cesta próxima, várias dúzias de ovos.
Fotos: juliana ribeiro
Bem me quer, mal me quer Ação em galeria 20’ em média / 2010 http://www.youtube.com/watch?v=6yQjeA-guCU
galeria ibeu, RJ Sentada sobre um banco diante do público, utilizo um pequeno espelho e uma pinça para retirar toda a sobrancelha direita. Ao término da ação, circulo normalmente pelo espaço da galeria com apenas uma sobrancelha.
fotos: adriano facuri
Icebergs Ação em galeria 20’ em média / 2010 galeria amarelonegro, RJ Construo, para que desabem, pequenas torres de gelo no chão da galeria.
Buraco Negro A ç ã o e m e s pa ç o p ú b l i c o 30’ em média / 2010 Largo do Machado, RJ
Em uma tarde chuvosa no Largo do Machado, Rio de Janeiro, de olhos vendados e ouvindo música em alto volume com fones de ouvido conectados a um mp3 player, danço, transitando cegamente pelo espaço da praça.
fotos: adriano facuri
Roleta Russa Ação em galeria 20’ em média / 2011 caixa cultural, RJ Formo um círculo com 24 livros de autores malditos (Sade, Bataille, Poe, Gui de Maupassant, Nelson Rodrigues, Álvares de Azevedo, dentre outros...) no chão da galeria. No centro do círculo e com um megafone nas mãos, giro até o desequilíbrio e paro diante de um dos livros. Abro aleatoriamente, leio um breve trecho utilizando o megafone e em seguida atiro o livro escolhido em direção ao público. Repito a ação 12 vezes.
fotos: adriano facuri
Medusa Ação em galeria 3 horas em média / 2011 http://www.youtube.com/watch?v=AFRnBCkv-tg&feature=g-upl
Espaço cultural sérgio porto, RJ
Sentada sobre almofadas e coberta por um lençol branco, fico imóvel por cerca de uma hora dentro da galeria, até que abro no lençol um orifício por meio da brasa de um cigarro a queimar o tecido. Minutos depois, ainda por baixo do lençol, coloco para fora através desse orifício cerca de 100 minhocas vivas.
fotos: gabi carrera
Dedo de Deus, Agulha do Diabo Ação em galeria 30’ em média / 2012 palácio quitandinha, petrópolis - RJ
Com uma agulha amarrada no dedo, me posiciono no centro do Salão Mauá do Palácio Quitandinha, cuja cúpula produz um eco de 14 vezes para cada som produzido. Ao meu entorno, disponibilizo ao público centenas de balões brancos.
fotos: adriano facuri
Toque A ç ã o e m e s pa ç o p ú b l i c o 30’ em média / 2012 praia vermelha, RJ
Reúno algumas pessoas na praia, ofereço-lhes uma venda, proponho sentarmos em círculo na areia e massagearmos quem estiver à nossa frente.
Formação
Exposições coletivas
Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) ~ Bacharelado em Artes Visuais ~ Bolsista em Projeto de Iniciação Científica – PIBIC ; tema da pesquisa: Arte, Crueldade e Erotismo; orientação de Cristina Salgado.
2012 ~ Festival de Inverno do SESC - SESC Quitandinha, SESC Teresópolis, SESC Nova Friburgo, RJ ~ Vênus Terra - Pela Lei natural dos Encontros Galeria TAC, RJ
Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro, RJ ~ A prática da pintura com Chico Cunha ~ Pintura com João Magalhães ~ Performance com Alexandre Sá e Daniela Mattos ~ Arte: Ação e Reflexão com Anna Bella Geiger e Fernando Cocchiarale
~ Jogos de Guerra - Caixa Cultural, RJ ~ Imagem Substância - Centro Cultural Sérgio Porto, RJ ~ Coletiva Jovens Artistas SESC São João de Meriti, RJ ~ Contrabando - intervenção em apartamento, Flamengo, RJ ~ Festival Performance Arte Brasil - MAM, RJ
Contato: (21) 94598216 luaguiar.art@gmail.com
2011
2010 ~ Aqui jaz: ausências - Galeria Amarelonegro, Rio de Janeiro - RJ ~ Projeto Performance na Cidade da Secretaria de Cultura do Rio - Largo do Machado, RJ ~ Bienal de Arte Universitária da UFMG Belo Horizonte, MG ~ Novíssimos 2010 - Galeria de Arte IBEU, RJ ~ Viradão Carioca - Praça Tiradentes, RJ ~ Festa Desvio para o vermelho Bar Empório Ipanema - Rio de Janeiro, RJ ~ Confluências - Centro de Arte Hélio Oiticica Rio de Janeiro, RJ 2009 ~ III SPA - Semana de Pesquisa em Artes, UERJ ~ 4ª Jornada Cultural na Baixada Fluminense, SESC São João de Meriti, RJ ~ 16º Salão de Artes Plásticas de Teresina - Teresina, PI ~ Olha Geral 2, Estudantes-artistas da Uerj - Galeria Gustavo Schnoor, RJ ~ Poéticas do corpo como suporte EAV Parque Lage, RJ
Incubação - Notas introdutórias A vida mais parece uma infindável busca por pertencimento – pertencer a um lugar, a um grupo, a si mesmo. Essa busca só é interrompida com a morte e, até que ela chegue, o que resta ao homem é tentar pertencer a este mundo, sentir-se parte dele, conhecer-se, viver em conjunto. Acredito que a arte é um dos meios mais eficazes pelo qual o homem pode se sentir parte de um todo, ainda que através dela nos seja revelado que, na realidade, nenhuma garantia possuímos, não pertencemos a nada nem a lugar algum. A arte é forma de sobreviver, sendo assim ela pode até confortar o espírito, mas dedico minha atenção aqui à arte que desconforta; me volto para as práticas voluptuosas, corpóreas, violentas, as que deflagram em nós sentimentos obscuros. Os conceitos de erótico, gozo, cu e informe sintetizam o submundo que é o meu universo de interesse. São bastante caros à minha pesquisa e foram eleitos a partir do processo artístico que há quatro anos desenvolvo, ações que envolvem meu próprio corpo sejam em espaço público ou privado, e que buscam provocar o espectador por meio de um colocar-se em risco. A ideia é relacioná-los, tendo como base tanto o campo teórico como o prático, perceber como se intercambiam e como estão presentes na arte ao vivo produzida hoje, buscando amparo em autores que, como Bataille e Sade, debruçaram-se sobre eles. “Do erotismo pode-se dizer que é aprovação da vida até na própria morte” 1: eis a grande máxima de Bataille. Ela, a morte, é o grande abismo existente entre os seres. O que está sempre em questão no erotismo “é a substituição do isolamento do ser (...) por um sentimento de continuidade
1 BATAILLE, Georges. O Erotismo. Lisboa: Antígona, 1988. p.11
Luana Aguiar
profunda.”2 Bataille mostra assim a relação entre a continuidade dos seres (e até mesmo a reprodução) com a morte, o maior de todos os perigos, o grande temor do homem. Essa conexão entre seres no cerne do erotismo, portanto, é tão bela quanto perigosa e a arte, quando põe o erótico em jogo, expõe esse perigo, desestabiliza o espectador, gera uma tensão que se apodera do seu corpo. É o jogo proibido do erotismo. Para Foucault, o sentido do erotismo seria “o de uma experiência da sexualidade que liga por si mesma a ultrapassagem do limite à morte de Deus.” 3 Foucault, a partir de Bataille, mostra a relação entre o pensamento de Deus e o pensamento da sexualidade em nossos dias. Segundo ele, a sexualidade moderna não foi liberada, mas, pela violência dos seus discursos – e a literatura maldita do Marquês de Sade é aqui exemplo por excelência – levada ao limite. Enquanto seres descontínuos, esbarramos sempre nesse limite da linguagem e de nós mesmos. E a arte vem como uma transposição incessante desse nosso limite. Quando se fala em arte ao vivo, em obras que não contemplam uma forma estática no espaço e no tempo, em ações pautadas por vigor, paixão e risco, com a presença de um ou mais corpos, sendo do próprio artista ou não, o termo performance surge naturalmente. Paul Zumthor o ataca de frente. Sua mais básica constatação é de que a performance é um fenômeno heterogêneo, sendo impossível dar-lhe uma definição geral, simples. Zumthor constata que a performance é “o único modo vivo de 2 Ibid. p.14 3 FOUCAULT, Michel. Estética: literatura e pintura, música e cinema. 2.ed. – Rio de Janeiro: Forense universitária, 2009. p.31
comunicação poética” e pontua: “A. E. Housman, professor em Cambridge propunha (...): o prazer poético é orgânico; a poesia ‘mais física do que intelectual’. Importam aqui menos as estruturas que os processos e as pulsões que as colocam.”4 A ideia de associar a noção de arte ao vivo ao terreno do gozo me parece irresistível. Isso porque existe um outro elemento a envolver tantas práticas performáticas em artes visuais, elemento que Flávio de Carvalho, em sua Experiência no. 2, eleva ao máximo: o risco. É importante esclarecer que a ideia de gozo aqui não está relacionada puramente ao prazer e ao orgasmo. Trata-se do gozo sobre o qual a psicanálise se debruça: “o gozo é uma palavra para expressar a experiência de vivenciar uma tensão intolerável, mescla de embriaguez e estranheza. O gozo é o estado energético que vivemos em circunstâncias limite, em situações de ruptura, no momento em que estamos em condições de transpor um limite, assumir um desafio, enfrentar uma crise excepcional, às vezes dolorosa. (...) Quando o gozo domina, as palavras desaparecem e prima a ação. A irmã do gozo é a ação, enquanto a do prazer é a imagem.” 5
Certamente uma energia gozosa moveu Flávio de Carvalho na Experiência no. 2 contra a multidão de fiéis que percorriam a procissão. Ele sequer tomou esta ação como manifestação artística, fato que “dá ao acontecido um acento mais trágico, o de pôr-se à mercê do destino.”6. O cu, por sua vez, é aqui uma entidade representativa daquilo que nos é oculto, o que é longe da vista, nosso lado mais sujo. Os olhos da face tanto se mostram quanto o olho do cu se esconde. E esse mistério que o envolve 4 ZUMTHOR, Paul. Performance, recepção, leitura. São Paulo: CosacNaify, 2007, p.43 5 NASIO, Juan-David. Cinco lições sobre a teoria de Jacques Lacan. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993. p.40-41 6 OSORIO, Luiz Camillo. Flávio de Carvalho. São Paulo: Cosac & Naify, 2000. p.20
marca o que há de incômodo em sua presença, seja ela visual ou verbal. Não são muitas as práticas visuais cujo cu é protagonista, mas certamente já há um longo tempo ele está presente na história da arte. Em uma ação próxima e recente, Pedro Costa, durante o 13º Salão de Artes Visuais da Cidade do Natal, ajoelha-se nu diante do público e retira do seu cu um terço, conta por conta. Em depoimento, o artista diz que sua ação fala sobre “a descolonização do corpo através da excreção do terço, um dos símbolos do domínio colonialista. E, ao mesmo tempo, expurgar a interdição católica sobre o prazer anal e afirmar o prazer da sodomia.”7 A sodomia é o altar de Sade e o cu é o seu Cristo. Autor de uma obra devassa, escatológica e imoral, proibida durante todo o século XIX, o Marquês é a figura que inaugura a visão de perversão na modernidade. O universo de Sade transgredia não só os ideais iluministas, mas a própria diferença entre os sexos e a ordem de reprodução. Em seus escritos, “as mulheres ejaculam, se excitam e enrabam como os homens.” 8 A perversão, portanto, o ato sexual libertino, se constituía para ele a partir da sodomia. Augusto Contador Borges faz uma relação muito interessante entre a rigidez e a agressividade do libertino e a força e nobreza dos romanos exaltada por Nietzsche em A genealogia da moral. Essa relação lança luz ao pensamento sadiano a partir de Nietzsche, um século depois: “O homem ativo, agressivo, analisa Nietzsche, está muito mais próximo da justiça do que o homem ‘reativo’ da tradição judaico-cristã. (...) O cristianismo defende uma ‘moral de escravos’, (...) é uma religião que exalta, como se sabe, os valores do espírito em detrimento do corpo; vive sob o estigma do martírio, e tem na dor, na piedade, 7 Salão de Artes Visuais abre as portas. Revista Catorze. 16 mar. 2010. Disponível em: http://revistacatorze.com.br/2010/salao-deartes-visuais-abre-as-portas Acesso em: 8 nov. 2011 8 ROUDINESCO, Elizabeth. A parte obscura de nós mesmos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008, p. 50.
no ressentimento, seus principais valores. Vimos que no sistema sadiano as vítimas são portadores dessa ideologia. Os libertinos, ao contrário, parecem conhecer muito bem o que Nietzsche fala em relação aos romanos: ‘para arrancar da consciência a dor (...), é necessária uma paixão, uma paixão das mais selvagens, e um pretexto para a excitar.” 9
Visualizando a potência do pensamento de Sade por meio de Nietzsche, a ação de Pedro Costa afirma-se como força deflagradora desse poder humano suprimido pelo cristianismo, que tem como um dos seus maiores dogmas o de relegar o erotismo ao inferno. Ao afirmar o prazer da sodomia, Pedro Costa mostra que o cu é um limite a ser transposto: limite não só do corpo, mas do pensamento. “Pelas bordas podia se ver, / senão imaginar, o inimaginável:/ o furo ali estampado./ Imaginam-se as vísceras, as tripas,/ as convulsões, a hemorragia.../ porque tudo isso é possível.”10 O poema “Um Furo” de Rogério Skylab, vem para confirmar que a poesia não cessa de criar imagens para tentar dizer o indizível. O furo é um enigma e a borda é o seu limite. Nas palavras de Nasio,
pela borda, apresentá-lo. É pelo furo que lhes ofereço à vista, na medida do possível, o informe. Bataille definiu o informe em seu famoso Dictionnaire Critique, publicado na revista Documents em 19291930. Obra voluntariamente incompleta, Seu Dictionnaire Critique, contemplava uma seleção aleatória e até absurda de conceitos. Dentro da definição de informe, por exemplo, ele declara que o universo pode ser qualquer coisa, desde uma aranha até um escarro. O Dictionnaire era assim a própria metáfora do informe. Skylab chama de furo e eu de cu o que mais parece uma porta para essa grande massa cinzenta desconhecida que é o informe. O cu é a janela dos fundos que delimita, pela borda, o informe no corpo. E é naturalmente pelo corpo que se tem contato com o indizível do mundo. O exercício de lucidez sombria de Sade e a tarefa urgente do homem em enfrentar o horror em Bataille nos mostra que “a morte (...) se nos propõe sempre como verdade mais eminente do que a vida.” 12
“(...) será possível dizermos que um orifício erógeno é um furo? Ou, ao contrário, não deveríamos considerar que o orifício, em vez de um furo, é uma borda, mais exatamente, bordas, ou, melhor ainda, pregas mucosas que, em suas pulsações, criam um buraco e imediatamente o apagam? (...) pois bem, essas bordas palpitam quando são animadas pelo fluxo de uma energia que as percorre, uma energia dita gozosa. (...) Não há furo sem um gozo que faça palpitarem as bordas.” 11
“(...) É bem possível que a aproximação da morte, seu gesto soberano, sua proeminência na memória dos homens cavem no ser e no presente o vazio a partir do qual e em direção ao qual se fala”, 13 discorre Foucault sobre a relação da morte com a linguagem, a linguagem que confronta a morte, o desconhecido, o horror: “escrever para não morrer, como dizia Blanchot, ou talvez falar para não morrer é uma tarefa sem dúvida tão antiga quanto a fala.” 14 Do mesmo modo que para Foucault a linguagem espanta a morte, a literatura para Bataille, apesar de dar as mãos ao mal e ser irmã da angustia, é redentora.
O furo palpita pelo gozo e moldura o informe, não no sentido de delimitá-lo ou aprisioná-lo, mas como modo de,
O homem precisa enfrentar aquilo que o amedronta. Fazer arte é lidar constantemente com o perigo.
9 BORGES, Augusto Contador. In: SADE. A filosofia na alcova. São Paulo: Iluminuras, 2000, p.237 10 SKYLAB, Rogerio. Debaixo das rodas de um automóvel, Rio de Janeiro: Rocco, 2006.
12 BATAIILE, op. cit. p.18
11 NASIO, op. cit. p. 98-99
14 Ibid. p.47
13 FOUCAULT, op. cit. p.47