CONSTRUINDO
MEMÓRIAS REVITALIZAÇÃO DO LARGO DA ESTAÇÃO NA CIDADE DE VARGEM GRANDE DO SUL LUCIA RODRIGUES ALIENDE TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO - UNIFEOB 2018
LÚCIA RODRIGUES ALIENDE
CONSTRUINDO MEMÓRIAS: REVITALIZAÇÃO DO LARGO DA ESTAÇÃO NA CIDADE DE VARGEM GRANDE DO SUL
Trabalho Final de Graduação apresentado ao Centro Universitário Fundação de Ensino Octávio Bastos – Unifeob como requisito para obtenção do título de bacharel no Curso de Arquitetura e Urbanismo, sob a orientação da Profª. Msc. Luciana Valin Gonçalves Dias.
São João da Boa Vista – SP 2018
LÚCIA RODRIGUES ALIENDE
CONSTRUINDO MEMÓRIAS: REVITALIZAÇÃO DO LARGO DA ESTAÇÃO NA CIDADE DE VARGEM GRANDE DO SUL
Msc. Luciana Valin Gonçalves Dias NOME DO ORIENTADOR
ASSINATURA DO ORIENTADOR
NOME DO CONVIDADO INTERNO
ASSINATURA DO CONVIDADO INTERNO
NOME DO CONVIDADO EXTERNO
ASSINATURA DO CONVIDADO EXTERNO
São João da Boa Vista – SP 2018
RESUMO O presente trabalho refere-se à revitalização do largo da estação ferroviária da cidade de Vargem Grande do Sul, estado de São Paulo. Propõe-se a promover a restauração de um armazém de beneficiamento de café dando-lhe novo uso; a criação de um centro de cultura e lazer e a implantação de uma praça que será o elo de ligação entre ambos. Tem-se como objetivo a revitalização de uma área central, que tem relevância no histórico de desenvolvimento da cidade e onde atualmente predominam os vazios urbanos, a subutilização de imóveis e o abandono. Através de metodologia descritiva de pesquisa e pela abordagem qualitativa observa-se uma tendência à perda da memória pela obliteração da arquitetura histórica, resultado do descaso e da modificação do perfil da sociedade. Com esta proposta pretende-se contribuir para o resgate da identidade, criando um lugar de encontro e de disseminação da cultura, que possa fomentar o sentimento de pertencimento na população. Palavras-chave: Revitalização. Vargem Grande do Sul. Memória. Arquitetura histórica. Identidade. Cultura.
ABSTRACT The present project refers to Vargem Grande do Sul's train station square revitalization, situated in the state of Sao Paulo. Amongst its main proposals is included a coffee processing plant restoration, giving it a new purpose; the installation of a new leisure and culture center; and the establishment of a square that will link the repurposed coffee plant and the leisure and culture center. The focus is to revitalize an abandoned central area that once ďŹ gured as an important development center for the town and is now taken by urban voids, underutilization of real estate and abandonment. Through a descriptive research methodology and a qualitative approach, it is observed a tendency to the loss of memory by historical architecture obliteration, which is a result of a shift in society's proďŹ le and priorities. This project is aimed at contributing to the restoration of the identity, creating a place to meet and disseminate culture, that will ultimately foster the feeling of belonging in the population. Keywords: Revitalization. Vargem Grande do Sul. Memory. Historical architecture. Identity. Culture.
DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a minha mãe Marina, que fez parte desta caminhada, acreditou em mim e me ajudou a realizar um sonho; ao meu pai, ‘’in memorian’’, que sempre foi meu exemplo de coerência, luta e dedicação; aos meus filhos Flávia e Luiz Antonio, pelo incentivo e compreensão; aos meus colegas que se tornaram amigos ao longo desta jornada.
AGRADECIMENTOS À professora Msc. Luciana Valin Gonçalves Dias, pela disposição em ajudar, orientação e amizade sincera; e a todo corpo docente do curso de Arquitetura e Urbanismo, pela dedicação em compartilhar seu conhecimento tão valioso.
ÍNDICE DE IMAGENS Figura 01: Praça Capitão João Pinto Fontão em 1925. Figura 02: Fazenda Itaguaçu. Figura 03: Fazenda São Bento. Figura 04: Fazenda Santa Terezinha. Figura 05: Fazenda Ribeirão Preto. Figura 06: Fazenda Boa Esperança. Figura 07: Detalhe da Casa da Cultura. Figura 08: Localização das edificações históricas na cidade. Figura 09: Casa da família Andrade Dias. Figura 10: Casa da família Dutra. Figura 11: Casa da família Pólito. Figura 12: Casa da família Sartori Figura 13: Antiga casa de Abraão Chiachiri Figura 14: Atualmente casa da família Siqueira. Figura 15: Antiga casa do Cap. Antonio Oliveira Fontão Figura 16: Hoje pertence à família Cossi. Figura 17: Antiga casa de Francisco Ribeiro Carril. Figura 18: Terreno onde funciona um estacionamento. Figura 19: Palacete de D. Laura de Andrade Teixeira. Figura 20: Prédio comercial. Figura 21: Galeria comercial. Figura 20: Antigo edifício da Prefeitura Municipal. Figura 21: Atual Câmara dos Vereadores. Figura 24: O edifício da Sociedade Espanhola na inauguração. Figura 25: O edifício da Escola de Música Manoel Martins. Figura 26: O edifício das Escolas Reunidas. Figura 27: Atualmente é a sede da Casa da Cultura. Figura 28: Armazém da Rua Sete de Setembro. Figura 29: Armazém onde funciona uma pizzaria. Figura 30: Armazém onde foi instalada a hamburgueria. Figura 31: Parte do armazém onde existe uma automecânica. Figura 32: A Igreja Matriz em 1917. Figura 33: A Igreja Matriz em 1939, depois de ampliações. Figura 34: A atual Igreja Matriz. Figura 35: Antiga igreja de Aparecida. Figura 36: Igreja de Aparecida após a reforma. Figura 37: Antiga igreja de Santo Antonio. Figura 38: A atual igreja de Santo Antonio Figura 39: Balaústres. Figura 40: Capiteis.
2 03 03 04 05 05 06 07 09 09 09 10 10 10 10 10 11 11 11 11 11 13 13 13 13 13 13 15 15 15 15 16 17 17 17 17 17 17 19 19
Figura 41: Ornamentos para fachada. Figura 42: Gradis. Figura 43 e 44: Telha francesa; e Frontão com acrotério. Figura 45: Detalhe de fachada com platibanda. Figura 46: Rua do Comércio, Vargem Grande, década de 1920. Figura 47: Praça Cap. João Pinto Fontão. Figura 48: Hospital de Caridade em 1957. Figura 49: Ciclistas em frente à Praça Washington Luís. Figura 50: Desfile das escolas pela Rua do Comércio. Figura 51: Construção do Grupo Escolar Benjamin Bastos. Figura 52: Casa comercial de D. América Maaz. Figura 53: Fábrica de enxadas da família Sbardellini. Figura 55: Estação do Ramal de Vargem Grande, anos 20. Figura 56: Estação do Ramal de Vargem Grande, anos 90. Figura 57: Estação do Ramal de Vargem Grande em 2010. .Figura 58: Estação do Ramal de Vargem Grande em 2014. Figura 59: Localização do Ramal de Vargem Grande. Figura 60: Vargem Grande do Sul. Figura 61: Localização do município na região e no Estado. Figura 62: Mapa do Município e principais rios. Figura 63: A cidade com a localização das Rodovias de acesso. Figura 64: Colheita da batata no município. Figura 65: Gráfico do valor adicionado per capta por atividade. Figura 66: Produtividade agrícola por área plantada. Figura 67: Comparativo da área plantada por produto. Figura 68:Comparativo do valor da produção agrícola Figura 69: Diagrama da densidade demográfica. Figura 70: Diagrama da população total. Figura 71: Gráfico do percentual da população ativa. Figura 72: Comparativo do IDHM. Figura 73: Gráfico da escolaridade no Município. Figura 74: Gráfico da renda no Município. Figura 75: Vista da Rua do Comércio na década de 1920. Figura 76: Vista da Rua do Comércio atualmente. Figura 77: Projeto Guri. Figura 78: Calendário anual dos eventos em Vargem Grande do Sul. Figura 79: Imagens dos eventos da cidades. Figura 80: Mapa da cidade de Vargem Grande do Sul.
19 19 21 21 21 21 21 21 21 21 21 22 22 22 22 23 24 25 25 25 26 27 27 27 27 29 29 29 30 31 31 33 33 34 35 35 37 37
Figura 81: Mapa da área de estudo. Figura 82: Rua Cap. Gabriel Ribeiro. Figura 83: Rua Cap. Gabriel Ribeiro. Figura 84: Rua Cap. Gabriel Ribeiro. Figura 85: Rua Sete de Setembro. Figura 86: Rua Saldanha Marinho. Figura 87: Rua Francisco Ribeiro Carril. Figura 88: Rua Francisco Ribeiro Carril. Figura 89: Rua Francisco Ribeiro Carril. Figura 90: Rua Francisco Ribeiro Carril. Figura 91: Rua Primeiro de Maio. Figura 92: Mapa de cheios e vazios. Figura 93: Mapa da situação dos passeios públicos. Figura 94: Gráfico da porcentagem de tipo de ocupação. Figura 95: Mapa de uso e ocupação. Figura 96: Mapa de Gabarito. Figura 97: Mapa de Arborização e áreas verdes. Figura 98: Classificação das vias. Figura 99: Localização dos imóveis que sofrerão intervenção. Figura 100: Terreno da FEPASA. Figura 101: Terreno onde será a praça. Figura 102: Armazém que será restaurado. Figura 103: Mapa Topográfico. Figura 104: Croqui da proposta. Figura 105: Eixos de circulação. Figura 106: Atividades. Figura 107: Croqui - Elevação. Figura 108: Croqui com faixas de pedestres. Figura 109: Organograma do Armazém do Café. Figura 110: 3D do Armazém. Figura 111: Planta do Armazém - Setorização. Figura 112: Telhado do Armazém do Café. Figura 113: Organograma do Centro de artes. Figura 114: Estudo dos volumes - Estação das Artes. Figura 115: Pavimento térreo da Estação das Artes - Setorização. Figura 116: Pavimento 1 - Estação das Artes - Setorização. Figura 117: Pavimento 2 - Estação das Artes - Setorização. Figura 118: Croqui final. Figura 119: Imagem de trilhos de trem. Figura 120: Layout do piso da Praça e do pergolado.
37 39 39 39 39 40 40 40 41 41 41 43 45 46 47 49 51 53 54 54 54 54 55 60 62 62 63 63 65 67 68 69 71 72 73 74 75 76 78 78
Figura 121: Pergolado. Figura 122: Pergolado em 3D. Figura 123: Paisagismo: Rodízio de floração das espécies Figura 125: Direção do sol poente. Figura 124: Direção do sol nascente. Figura 125: Direção do sol poente. Figura 126: Implantação e paisagismo. Figura 127: Armazém do Café. Planta Baixa. Figura 128: Pavimento térreo da Estação das Artes Figura 129: Armazém do Café - Corte AA Figura 130: Armazém do Café - Corte BB Figura 131: Armazém do Café - Elevação 1 Figura 132: Armazém do Café - Elevação 2 Figura 133: Estação das Artes - Térreo Figura 134: Estação das Artes - Pavimento 1 Figura 135: Estação das Artes - Pavimento 2 Figura 136: Estação das Artes - Cobertura Figura 137: Estação das Artes - Corte AA Figura 138: Esstação das Artes - Corte BB Figura 139: Estação das Artes - Corte CC Figura 140: Estação das Artes - Elevação 1 Figura 141: Estação das Artes - Elevação 2 Figura 142: Armazém do Café - Eixos estruturais Figura 143: Estação das Artes - Eixos estruturais - Térreo Figura 144: Estação das Artes - Eixos estruturais - Pavimento 1 Figura 145: Estação das Artes - Eixos estruturais - Pavimento 2 Figura 146: Perspectiva Figura 147: Perspectiva Figura 148: Perspectiva Figura 149: Perspectiva Figura 150: Perspectiva Figura 151: Perspectiva Figura 152: Perspectiva Figura 153: Perspectiva Figura 154: Perspectiva Figura 155: Perspectiva Figura 156: Perspectiva Figura 157: Perspectiva Figura 158: Perspectiva Figura 159: Perspectiva Figura 160: Perspectiva
79 79 86 87 87 88 90 92 94 96 98 100 102 104 106 108 110 112 114 116 118 120 122 124 126 128 130 132 134 136 138 140 142 144 146 148 150 152 154 156 158
Figura 161: Perspectiva Figura 162: SESC Pompeia Figura 163: SESC Pompeia - Ginásio de Esportes Figura 164: Lina Bo Bardi Figura 165: Fábrica de tambores em 1930 Figura 166: Fábrica de tambores em 1972 Figura 167: Avenida Pompeia na década de 1940 Figura 168: Avenida Pompeia atualmente Figura 169: Localização do SESC Pompeia. Figura 170: Localização da Vila Pompeia. Figura 171: Edifício construído do SESC Figura 172: Edifício conservado do SESC Figura 173: Implantação Figura 174: Planta do Pavimento Térreo Figura 175: Salão de estar e leitura Figura 176: Detalhe de quadra do Ginásio Figura 177: Espelho d’água do Salão Multiuso Figura 178: Rua interna do SESC Figura 179: Comedoria e Bar/Café Figura 180: Arquibancada do Teatro Figura 181: Detalhes do prédio da fábrica Figura 182: Detalhes do ginásio de esportes Figura 183: Fachada do Museu do Pão Figura 184: Francisco Fanucci e Marcello Ferraz Figura 185: Vila de Itapuca, RS Figura 186: Fachada do Moinho Colognese Figura 187: Museu do Pão e entorno Figura 188: Localização do Museu do Pão na cidade de Itápolis Figura 189: Cidade de Itápolis, RS Figura 190: Edificação nova e Moinho Figura 191: Detalhe das colunas do Museu Figura 192: Implantação do Museu do Pão Figura 193: Planta do Museu do Pão Figura 194: Interior do Moinho Colognese restaurado Figura 195: Bodega Figura 196: Salão de exposição permanente Figura 197: Mós Figura 198: Cozinha e panificadora Figura 199: Armação da laje de cobertura do Museu Figura 200: Esquema de ventilação da panificadora
160 162 163 164 165 165 166 166 167 167 168 168 169 169 171 717 171 171 171 171 173 173 175 177 177 177 178 179 179 180 180 181 181 182 182 183 183 183 183 183
185 Figura 201: O Galpão 186 Figura 202: Graham Haworth e SteveTompkins. 187 Figura 203: Fachada do Galpão 187 Figura 204: O Galpão visto da outra margem do Tâmisa 188 Figura 205: A localização do Teatro no Bairro de Lambeth. 188 Figura 206: A localização do Bairro de Lambeth 189 Figura 207: Rua do Bairro Lambeth, em Londres Figura 208: Vista do Rio Tâmisa, do Parlamento Inglês e do Big Ben. 189 189 Figura 209: Lambeth Bridge, sobre o Rio Tâmisa. 189 Figura 210: Imperial War Museum. 189 Figura 211: Palácio de Lambeth. 190 Figura 212: O Galpão e o Teatro Nacional do Reino Unido 191 Figura 213: Implantação do Galpão. 191 Figura 214: Planta baixa do pavimento térreo do Galpão. 192 Figura 215: Axonométrica do Galpão. 192 Figura 216: Corte. 193 Figura 217: Interior do Foyer. 193 Figura 218: Interior do auditório. 193 Figura 219: Detalhe do equipamento de iluminação. Figura 220: Fachada do Armazém do Café -Rua Cap. Gabriel Ribeiro. 194 194 Figura 221: Fachada da Rua Cap. Gabriel Ribeiro. 195 Figura 222: Interior do armazém 195 Figura 223: Interior do armazém 196 Figura 224: Interior do armazém 196 Figura 225: Interior do armazém 197 Figura 226: Interior do armazém 197 Figura 227: Interior do armazém 197 Figura 228: Interior do armazém
ÍNDICE DE ANEXOS Anexo 1 - Paisagismo - Diagrama do rodízio das espécies Anexo 2 - Diagrama da insolação Anexo 3 - Implantação e Paisagismo Anexo 4 - Planta Baixa (Armazém do Café) Anexo 5 - Telhado (Armazém do Café) Anexo 6 - Corte AA (Armazém do Café) Anexo 7 - Corte BB (Armazém do Café) Anexo 8 - Elevação 1 (Armazém do Café) Anexo 9 - Elevação 2 (Armazém do Café) Anexo 10 - Planta do Térreo (Estação das Artes) Anexo 11 - Pavimento 1 (Estação das Artes) Anexo 12 - Pavimento 2 (Estação das Artes) Anexo 13 - Cobertura (Estação das Artes) Anexo 14 - Corte AA (Estação das Artes) Anexo 15 - Corte BB (Estação das Artes) Anexo 16 - Corte CC (Estação das Artes) Anexo 17 - Elevação 1 (Estação das Artes) Anexo 18 - Elevação 2 (Estação das Artes) Anexo 19 - Eixos estruturais (Armazém do Café) Anexo 20 - Eixos estruturais: Térreo (Estação das Artes) Anexo 21 - Eixos estruturais: Pavimento 1 (Estação das Artes) Anexo 22 - Eixos estruturais: Pavimento 2 (Estação das Artes) Anexo 23 - Perspectivas Ilustrativas Anexo 24 - Estudos de Casos 1. SESC POMPEIA 2. MUSEU DO PÃO 3. THE SHED Anexo 25 - Levantamento fotográfico do Armazém do Café
86 87 88 90 92 94 96 98 100 102 104 106 108 110 112 114 116 118 120 122 124 126 128 162 162 174 184 194
SUMÁRIO 1. JUSTIFICATIVA 2. A CIDADE 2.1 HISTÓRICO DO DESENVOLVIMENTO 2.1.1 ARQUITETURA NA ZONA URBANA 2.1.2 ECLETISMO 2.1.3 UM NOVO MUNICÍPIO 2.1.4 O RAMAL DA MOGIANA 2.2 ASPECTOS FÍSICOS 2.3 ASPECTOS ECONÔMICOS 2.4 O FATOR HUMANO 2.5 CULTURA E SOCIEDADE 2.6 PROJETOS CULTURAIS 3. O LOCAL 3.1 DIAGNÓSTICO 3.1.1 LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO 3.1.2 VAZIOS URBANOS 3.1.3 PASSEIOS PÚBLICOS 3.1.4 USO E OCUPAÇÃO 3.1.5 GABARITO 3.1.6 ARBORIZAÇÃO E ÁREAS VERDES 3.1.7 MAPA VIÁRIO 3.1.8 TOPOGRAFIA e IMÓVEIS QUE SOFRERÃO INTERVENÇÃO 4. OBJETIVOS 5. PROPOSTA 5.1 CONCEITO 5.2 O ARMAZÉM DO CAFÉ 5.2.1 ORGANOGRAMA 5.2.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES 5.2.3. ARMAZÉM DO CAFÉ - CENTRO DE EVENTOS 5.3. ESTAÇÃO DAS ARTES 5.3.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES - Pré-dimensionamento 5.3.2 ORGANOGRAMA DO CENTRO DE ARTES 6. O PROJETO 6.1 ESTAÇÃO DAS ARTES 6.2 PRAÇA DO TEMPO 7. CONCLUSÃO 8. REFERÊNCIAS 9. ANEXOS
01 02 02 06 18 20 22 24 26 28 32 34 36 36 38 42 44 46 48 50 52 54 56 60 61 64 65 66 67 70 70 71 72 72 78 80 82 86
INTRODUÇÃO Vargem Grande do Sul, cidade do interior do Estado de São Paulo, vem sofrendo a perda de sua arquitetura histórica ao longo dos anos, pela prevalência do interesse econômico em detrimento do (interesse) histórico. Em sua paisagem há uma tendência à substituição e descaracterização dos prédios históricos. Este fenômeno, que provocou a demolição do cinema, de vários casarões e mais recentemente da Estação Ferroviária, pode significar para a população a perda de suas referências. A arquitetura histórica representa a identidade da cidade enquanto comunidade e sua rpeservação, visando o reuso destas edificações, minimiza o impacto ambiental gerado pela produção de novos bens, poupando energia e insumos que seriam necessários para a construção de novos edifícios. A Estação Ferroviária da Cia. Mogiana foi um marco no desenvolvimento da cidade, pois possibilitou o escoamento do produto que movimentou a economia da região por décadas – o café. Os remanescentes arquitetônicos existentes no Largo da Estação Ferroviária datam do início do século XX e são registros da memória coletiva da população. Mas apesar de sua importância podem ter o mesmo destino da Estação que motivou sua existência – a demolição, se não lhes forem dados usos que justifiquem sua preservação. A preservação da paisagem arquitetônica – ou o que restou dela, nesta cidade é a forma de proteger sua identidade.
1. JUSTIFICATIVA
O Largo da Estação situa-se em área central da cidade e a partir da desativação da Estação Ferroviária ele foi se modificando, tendo usos diversos e hoje se encontra parcialmente abandonado. Há terrenos vazios, falta de iluminação e abandono, o que traz insegurança à população. Há muito tempo os armazéns do Largo perderam sua função original que era estocar, beneficiar e ensacar a produção do município e hoje são ocupados por pequenas empresas. A topografia do local propicia a existência de praças e/ou calçadões. O Largo da Estação pode se tornar um foco de interesse para a população à medida que for revitalizado e equipado adequadamente, pois apesar da Estação em si já ter sido demolida, ainda há no local arquitetura com peso histórico e sua preservação e requalificação trariam benefícios não só aos moradores do seu entorno mas também a toda a população da cidade, que carece de espaços para atividades culturais.
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2. A CIDADE 2.1 HISTÓRICO DO DESENVOLVIMENTO
Vargem Grande do Sul teve sua origem em um povoado à margem da rota bandeirante São Paulo-Goiases, que mais tarde ficou conhecida por estrada Boiadeira ou Francana. Esta expedição foi realizada em 1722 por Bartolomeu Bueno da Silva, filho de Anhanguera, rumo ao sertão de Goiás, em busca de ouro. O povoado surgiu em terras da Sesmaria do sargento-mor José Garcia Leal, que abrangia desde a Serra da Fartura até Pirassununga e de Casa Branca até São João da Boa Vista e Aguaí. (CASA DA CULTURA) Há registro no Livro nº 16, página 70 do Cartório do 1º Ofício de Moji Mirim – SP do lançamento de um papel de divisas feito entre José Garcia Leal e seu irmão Salvador Garcia Leal de suas terras, datado de 1824; nele está a localização e descrição dos limites desta fazenda denominada Vargem Grande, onde hoje existe Vargem Grande do Sul. (SILVA, 1976, pág. 191). As terras de Vargem Grande já eram habitadas antes de alguém atingir a região onde nasceu a cidade de São João da Boa Vista (SILVA, 1976, p. 188), porém, o povoado permaneceu quase meio século sem se desenvolver. Isso se deu ao fato de que, segundo a historiadora Maria Leonor Alvarez Silva (SILVA, 1976, pág. 199), a fazenda Vargem Grande permanecia com a porteira fechada enquanto os homens da família Garcia Leal, especialmente José, filho do sargento-mor, iam abrir estradas. Com a abertura destas estradas surgiram muitas cidades importantes, como por exemplo, Ribeirão Preto. Em 1870 e nos anos seguintes o povoado começa a se desenvolver. Em 1873 o Coronel Francisco Mariano Parreira conduz a doação de terras dos herdeiros para a demarcação do povoado e um ano depois, em 1874, é fundada Vargem Grande, cujos fundadores são os doadores: José Moreira, Antônio Rodrigues do Prado, Maria Antônia Flausina Alves da Cunha, Cristiano Garcia Leal, José Garcia Leal e o Coronel Francisco Mariano Parreira. (CASA DA CULTURA). Com o apogeu do café, que movimentou a economia da região, surgem as grandes fazendas cafeeiras, algumas com mais de mil pés de café. Hoje a maioria destas fazendas foram compradas por outras famílias, que desenvolvem outras atividades além do café. Suas casas possuem em torno de 150 anos e estão bem conservadas.
Figura 01: Praça Capitão João Pinto Fontão em 1925. Fonte: ACERVO DA CASA DA CULTURA, 2018
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Figura 01: A casa da Fazenda Itaguaçu possui estilo colonial brasileiro e pertencia ao Coronel Coriolano de Lima. Seu alicerce é construído em pedra. A planta baixa simplificada é disposta em um longo retângulo em cujas paredes estão distribuídas as janelas e a porta de entrada. Ainda é coberta por telha colonial. Figura 02: A Fazenda São Bento também possui estilo colonial e pertencia a João Thomaz de Andrade. Foi recentemente restaurada e sua sede funciona como centro de eventos. Na imagem vemos em primeiro plano o antigo terreiro de café e um muro de pedras encaixadas.
Figura 02: Fazenda Itaguaçu. Fonte: FASANELLA, 2010.
Figura 03: Fazenda São Bento. Fonte: FASANELLA, 2010.
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Figura 03: José Francisco da Costa era o proprietário da Fazenda Santa Terezinha. No mesmo estilo colonial, a casa possui porão assim como as anteriores. O piso do pavimento superior é feito de tábuas corridas, como era o costume da época. A cobertura é de telhas francesas. Interessante observar que a janela em sua fachada principal é um elemento eclético. Figura 04: A Fazenda Ribeirão Preto pertencia ao Capitão Antonio Pinto Fontão. A casa mostra certa influência eclética, como demonstram os detalhes na fachada e a volumetria menos alongada que as anteriores. Figura 05: A Fazenda Boa Esperança é a mais próxima à área urbana e pertencia a Gabriel D’Ávila Ribeiro. Sua casa, co a anterior, tem influência eclética, com detalhes na fachada e formato quadrangular. É coberta por telha colonial.
Figura 04: Fazenda Santa Terezinha. Fonte FASANELLA, 2010.
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Figura 05: Fazenda Ribeirรฃo Preto. Fonte: Acervo de Angelo Fasanella.
Figura 06: Fazenda Boa Esperanรงa. Fonte: Acervo de Angelo Fasanella.
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2.1.1 ARQUITETURA NA ZONA URBANA
A contribuição dos imigrantes foi muito significativa para o progresso. Em 1888, com a Abolição da Escravatura, a mão de obra europeia veio substituir o trabalho dos negros nas lavouras de café e trouxe consigo novas técnicas construtivas, enriquecendo a característica arquitetônica do povoado. A partir de 1898, com a influência dos imigrantes, surgem as primeiras construções de tijolo maciço e estruturas de telhado elaboradas. A maior parte destas construções se localiza na área central da cidade (Figura 08). No levantamento destas edificações de interesse histórico constatou-se que houve descaracterização e eliminação de muitas delas.
Figura 07: Detalhe da Casa da Cultura. Fonte: AVANZI, 2016.
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Figura 08: Localização das edificações de interesse histórico na cidade. Fonte: Elaboração própria.
07
OS CASARÕES
Os fazendeiros começam a se mudar para a zona urbana e os primeiros casarões da aristocracia do café foram projetados pelo arquiteto José Speria. (CASA DA CULTURA) Alguns exemplares ainda existem, todos no entorno da praça central da cidade. Um deles possui estilo colonial e conserva suas características originais como o piso de tábuas corridas, o azulejo hidráulico e o pomar nos fundos (Figura 09); mas a maioria possui arquitetura em estilo eclético. Algumas de suas características originais encontram-se preservadas, como os ornamentos da fachada (Figuras 10, 11 e 12). Outros sofreram modificações, como alterações da fachada do pavimento térreo (Figura 13 e 14); acréscimo de terraço no pavimento superior e a substituição do gradil em madeira por metal. (Figura 15 e 16). Muitos casarões foram demolidos, dando lugar a projetos de pouca expressão, tais como: estacionamento (Figuras 17 e 18); supermercado (Figuras 19 e 20) e loja (Figura 21).
08
1 Figura 09: Casa da família Andrade Dias. Fonte: Acervo pessoal.
Figura 10: Casa da família Dutra. Fonte: Vargem Photos. RIBEIRO, 2015
Figura 11: Casa da família Pólito. Fonte: ZAN, 2018.
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Figura 12: Casa da família Sartori. Fonte: ZAN, 2018.
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Figura 13: Antiga casa de Abraão Chiachiri. Fonte: Acervo de Angelo Fasanella.
Figura 14: Atualmente casa da família Siqueira. Fonte: Acervo pessoa.
Figura 15: Antiga casa do Cap. Antonio Oliveira Fontão. Fonte: Acervo de Angelo Fasanella.
Figura 16: Hoje pertence à família Cossi. Fonte: Acervo pessoal.
Figura 17: Antiga casa de Francisco Ribeiro Carril. Fonte: Acervo de Angelo Fasanella.
Figura 19: Palacete de D. Laura de Andrade Teixeira. Fonte: Acervo da GAZETA.
Figura 18: Terreno onde funciona um estacionamento. Fonte: Acervo pessoal.
Figura 20: Prédio comercial onde funciona um supermercado. Fonte: Acervo pessoal.
Figura 21: Galeria comercial edificada em terreno onde antes existia um casarão. Fonte: Acervo pessoal.
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EDIFÍCIOS PÚBLICOS
A riqueza do café também se refletiu nos prédios institucionais: A antiga sede da Prefeitura, onde hoje funciona a Câmara dos Vereadores, originalmente possuía arquitetura eclética que foi modificada ao longo dos anos. Houve substituição de janelas e portas; modificação da entrada com a retirada do portão; alargamento da escada; substituição dos balaústres e a instalação de uma marquise. Em seu interior conserva piso e guarda corpo em madeira original. (Figuras 22 e 23) O prédio da Sociedade Espanhola foi construído na década de 1920 em estilo eclético, onde hoje funciona a Escola de Música Manoel Martins. A fachada foi restaurada em 2006, mantendo todas as características originais. Em seu interior foram feitas adaptações para o melhor funcionamento da escola. (Figuras 24 e 25) Em estilo neoclássico o edifício das Escolas Reunidas posteriormente funcionou como Fórum e entrou em um processo grave de deterioração. A partir da instalação da Casa da Cultura no local também foi totalmente restaurado no mesmo ano de 2006. (Figuras 26 e 27) (CASA DA CULTURA)
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Figura 22: O edifício da Prefeitura Municipal. Fonte: Acervo de VARGEM PHOTOS.
Figura 24: O edifício da Sociedade Espanhola na inauguração. Fonte: Acervo da CASA DA CULTURA.
Figura 26: O edifício das Escolas Reunidas. Fonte: Acervo da CASA DA CULTURA.
Figura 23: O edifício hoje, onde funciona a Câmara dos Vereadores. Fonte: ZAN, 2018.
Figura 25: O edifício da Escola de Música Manoel Martins. Fonte: Acervo da CASA DA CULTURA.
Figura 27: Atualmente é a sede da Casa da Cultura. Fonte: Acervo da CASA DA CULTURA.
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ARMAZÉNS
Na região do Largo da Estação foram construídos inúmeros armazéns para abrigar fábricas e maquinários para beneficiamento de grãos que eram produzidos na zona rural do município. Com a desativação da ferrovia muitos deles foram substituídos por residências, mas alguns permanecem e foram restaurados, dando um bom exemplo de reutilização. Depois de restaurado, o armazém localizado na Rua Sete de Setembro evidencia os detalhes da arquitetura eclética em sua fachada. Nele funciona atualmente uma igreja evangélica. (Figura 28) Uma pizzaria foi instalada no armazém da Rua Primeiro de Maio, que também possui estilo eclético. Nota-se a reestruturação do passeio público. (Figura 29) Na esquina da Rua Primeiro de Maio com a Rua Saldanha Marinho, a edificação de estilo simples, possui detalhes na sua arquitetura original que merecem preservação. É ocupado por mais de um tipo de comércio: uma hamburgueria (Figura 30) e uma automecânica. (Figura 31)
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Figura 28: Armazém da Rua Sete de Setembro. Fonte: Acervo pessoal, 2018.
Figura 29: Armazém onde funciona uma pizzaria. Fonte: Acervo pessoal, 2018.
Figura 30: Armazém onde foi instalada a hamburgueria. Fonte: Acervo pessoal, 2018.
Figura 31: Parte do armazém onde existe uma automecânica. Fonte: Acervo pessoal, 2018.
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ARQUITETURA RELIGIOSA
A primeira capela foi erguida em 1874, no ano de fundação do povoado, pelo Coronel Francisco Mariano Parreira. Tinha apenas 24 metros quadrados, e com o crescimento do povoado foi autorizada a construção de uma igreja maior, para ser a Matriz de Sant’Ana. Assim, em 1894 é inaugurada a nova igreja, com 260 metros quadrados. Esta foi demolida em 1907, dando lugar a uma nova igreja matriz que serviu à paróquia até 1957 (Figuras 32 e 33), quando foi demolida para a construção da atual igreja (Figura 34), inaugurada em 1963. (FASANELLA, 2010, p. 10) A igreja de Nossa Senhora Aparecida (Figuras 35 e 36), assim como a igreja de Santo Antonio (Figuras 37 e 38), era pequena e simples; devido à necessidade de ampliação, houve descaracterização de ambas. A primeira foi ampliada na largura; foi instalada uma abóbada de vidro e houve modificações na fachada. A igreja de Santo Antonio foi construída em 1929 e foi demolida em 1969 (a data está errada na foto). A nova edificação é praticamente uma cópia da igreja Matriz de Sant’Ana.
Figura 32: A Igreja Matriz em 1917. Fonte: Acervo da CASA DA CULTURA.
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Figura 33: A Igreja Matriz em 1939, depois de ampliações. Fonte: Acervo da CASA DA CULTURA.
Figura 35: Antiga igreja de Aparecida. Fonte: Acervo de Vargem Photos.
Figura 37: Antiga igreja de Santo Antonio. Fonte: Acervo de Vargem Photos.
Figura 34: A atual Igreja Matriz. Fonte: Acervo do CAMINHO DA FÉ.
Figura 36: Igreja de Aparecida após a reforma. Fonte: Acervo de Vargem Photos.
Figura 38: A atual igreja de Santo Antonio Fonte: Acervo de Vargem Photos.
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2.1.2 ECLETISMO Nas primeiras décadas do século XX o ecletismo predomina na arquitetura, cujas edificações ... são marcadas por detalhes decorativos, que sintetizavam as aspirações de prestígio e ascensão social de seus habitantes e a vontade de contribuir, na medida do possível, à qualificação e ao embelezamento da cidade, patrimônio comum de toda a sociedade. (FABRIS, 1993, p. 139).
Apesar de ser muito criticado por vários autores, que julgam o ecletismo brasileiro como apenas uma cópia importada da Europa e o consideram um estilo de mau gosto, muitos outros autores o vêem como algo de extrema importância, pois com o reflexo da recente proclamação da República, veio romper com o estilo colonial. Annateresa Fabris cita neste sentido Ricardo Severo: apesar de ser o principal teórico da "arquitetura tradicionalista", não condena o ecletismo enquanto atitude, consciente de seu significado num país que rompia os laços coloniais. Diríamos, hoje em dia, que Severo compreende as "razões psicológicas" do ecletismo no Brasil: é o desejo de formar uma nova cultura q u e e m n a d a l e m b r a s s e " a ve l h a m e t ró p o l e o u o s te m p o s ominosos da colônia" que leva o país a mirar-se nos centros "opulentos e deslumbrantes de civilização", a impor tar seus materiais a partir dos quais construiria seu futuro.( FABRIS, 1993, p. 139).
O ecletismo brasileiro reflete um período que se caracterizou por uma drástica mudança no cenário da sociedade proporcionada pela proclamação da República, que inspirou o surgimento de uma nova cultura; pela riqueza do café que trouxe meios de realização; e pelo grande contingente de imigrantes que trouxe a mão de obra especializada. Na Arquitetura se caracteriza pela fusão de linguagens e de estilos, pela importância dada ao virtuosismo através da utilização de uma profusão de ornamentos, com o intuito de motivar uma noção de abundância. (Griseri e Gabetti 1973: 100-102). Era comum o uso de elementos de épocas passadas na composição de fachadas como: platibandas do neoclássico, colunas gregas. As telhas de canal coloniais foram substituídas pela telha francesa. Foi frequente o uso de portões e gradis de ferro e vidros jateados. O projeto ganhou novo layout: ... com o vestíbulo dirigindo os passos, entre as três zonas previstas pela rigidez do novo programa: a de receber e estar, a de repousar e a de serviço, separando a área de estar da área íntima. (LEMOS,1985, p. 276)
Não foi diferente em Vargem Grande, onde o progresso se traduziu na paisagem eclética produzida por uma comunidade em ascensão. A seguir alguns elementos utilizados na arquitetura eclética.
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Figura 39: Balaústres. Fonte: MEYER, 1898.
Figura 40: Capiteis. Fonte: MEYER, 1898.
Figura 42: Gradis. Fonte: MEYER, 1898. Figura 41: Ornamentos para fachada. Fonte: MEYER, 1898.
Figura 43 e 44: Telha francesa; e Frontão com acrotério. Fonte: Elaboração própria.
Figura 45: Detalhe de fachada com platibanda. Fonte: Elaboração própria.
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2.1.3 UM NOVO MUNICÍPIO
Vargem Grande passou de Distrito a Vila em 1907 e em 1921 se eleva a Município, na gestão do subprefeito Belarmino Rodrigues Peres. Sua emancipação foi decretada pelo presidente do Estado, Washington Luís Pereira de Souza a partir da representação encaminhada ao Congresso Estadual pelo deputado sanjoanense Theófilo Ribeiro de Andrade. (FASANELLA, 2010, p. 22) Fazendeiros e artesãos imigrantes entrosados aceleravam seu desenvolvimento. Ao longo das ruas foram construídas guias de pedras e a iluminação, que era feita por lampiões de querosene sobre postes de madeira, foi substituída pela iluminação elétrica. O subprefeito Lúcio Bernardino da Costa iniciou a execução dos serviços de água e esgoto e em 1922 havia cerca de 510 ligações de água. (FASANELLA, 2010, p. 20) A produção de um milhão de pés de café ainda era o motor da expansão urbana, que por volta de 1920 contava com 8.000 trabalhadores na zona rural e 2.000 trabalhadores na zona urbana. (FASANELLA, 2010, p. 20) Em 1925, já com 10 mil habitantes, a cidade constrói o Hospital de Caridade, que se tornou referência na região entre as décadas de 1960 a 1990. (Figura 45) (CASA DA CULTURA) Foram construídas escolas e incrementou-se o comércio, os serviços e a indústria para atender à demanda da crescente população. O Grupo Escolar Benjamin Bastos, (Figura 48) inaugurado em 1941 foi construído em terreno doado pelo prefeito da época, Edmundo Calió. (CASA DA CULTURA)
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Figura 46: Rua do Comércio, Vargem Grande, década de 1920. Fonte: Acervo de VARGEM PHOTOS.
Figura 47: Praça Cap. João Pinto Fontão. Fonte: Acervo de VARGEM PHOTOS.
Figura 49: Ciclistas em frente à Praça Washington Luís. Fonte: Acervo da Casa da Cultura.
Figura 48: Hospital de Caridade em 1957. Fonte: FORLIN, 1957.
Figura 50: Desfile das escolas pela Rua do Comércio. Fonte: Acervo da Casa da Cultura.
Figura 51: Construção do Grupo Escolar Benjamin Bastos. Figura 52: Casa comercial de D. América Maaz. Fonte: Acervo da Casa da Cultura. Fonte: Acervo da Casa da Cultura.
Figura 53: Fábrica de enxadas da família Sbardellini. Fonte: Acervo da empresa Fuzil.
Figura 54: Cerâmica da cidade. Fonte: RIBEIRO, 2014
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2.1.4 O RAMAL DA MOGIANA
Além da mão de obra estrangeira e do grande desenvolvimento, o café trouxe também a ferrovia. A Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, fundada em 1872, teve quase 2000 quilômetros de linhas, serviu aos estados de São Paulo e Minas Gerais até 1971, quando foi incorporada à Fepasa - Ferrovia Paulista S.A. (CMEF, 2018) O ramal de Vargem Grande foi aberto pelos cafeicultores que precisavam escoar seu produto. A partir da estação de Lagoa Branca, o ramal foi criado por uma concessão da Câmara Municipal de Casa Branca ao engenheiro Francisco Souza Coulan. (Figura 59). Inaugurada em 1909 a estação atendeu não apenas ao transporte do café, mas também passageiros, telégrafo e o transporte de mercadorias trazidas de São Paulo. (Figura 55) O transporte dessas mercadorias era realizado por carros de boi da estação até as fazendas.(CASA DA CULTURA, 2018) Para servir a ferrovia foram construídos muitos armazéns em torno do Largo da Estação, que era o local mais movimentado da cidade. Em 1961 o ramal de Vargem Grande do Sul foi paralisado. Na década de 1990 estava abandonada. (Figura 56) Em 2010 a estação se encontrava vandalizada. (figura 57). Em 2014 foi adquirida por particulares e demolida. (Figura 58)
Figura 55: Estação do Ramal de Vargem Grande, anos 20. Figura 56: Estação do Ramal de Vargem Grande, anos 90. Fonte: Acervo da Casa da Cultura. Fonte: Acervo da Casa da Cultura.
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Figura 57: Estação do Ramal de Vargem Grande em 2010. Figura 58: Estação do Ramal de Vargem Grande demolida Fonte: TRENTIN, 2010. em 2014. Fonte: Acervo Gazeta de Vargem Grande.
Figura 59: Localização do Ramal de Vargem Grande. Fonte: Acervo da CMEF.
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2.2 ASPECTOS FÍSICOS
Vargem Grande do Sul, município do Estado de São Paulo, pertence à região administrativa de Campinas. (Figura 61), estando a uma altitude de 721 metros. Sua população no censo do IBGE de 2010 era de 39.047 habitantes. (INSTITUTO, 2010) Situado dentro da Bacia Hidrográfica do Rio Pardo, que possui área de drenagem de 8.993 km² e população 1.092.477 habitantes. Quanto à demanda de água, a Bacia se enquadra como “em industrialização”, apresentando uma disponibilidade hídrica razoável quando comparada a outras bacias do estado, e sua qualidade de água varia de média a boa. (SISTEMA, 2018) Passam pelo município os Rios Jaguari Mirim, Verde e Fartura. O Rio Verde tem sua nascente dentro do Município, atravessa a zona urbana e é o mais importante para a cidade. Nele foi feita a Barragem Eduíno Sbardellini, que abastece a cidade. O município apresenta 269 km² de extensão territorial e distancia cerca de 245 km da capital, em uma região de transição entre os biomas da Mata Atlântica e do Cerrado. (SP CIDADES, 2018). (Figura 62). O acesso é feito pelas rodovias SP-344 e SP-215. (Figura 63).
Figura 60: Vargem Grande do Sul. Fonte: ANGELO, 2014
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Itobi São Sebastião da Grama
Município de Vargem Grande do Sul Águas da Prata
São João da Boa Vista
Casa Branca
Rio Verde Rio Fartura
Figura 61: Região de Campinas no Estado de São Paulo e localização do município dentro da região. Fonte: Elaboração própria.
Rio Jaguari Mirim Figura 62: Mapa do Município e principais rios. Fonte: Elaboração própria.
Figura 63: A cidade com a localização das Rodovias de acesso. Fonte: Elaboração própria.
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2.3 ASPECTOS ECONÔMICOS
A economia gira em torno da Agroindústria, dos Serviços, do Comércio e da Indústria. (IBGE, 2015). A indústria cerâmica se destaca, e existem 22 associados no Sicov – Sindicato da Indústria Cerâmica e Oleira de Vargem Grande do Sul. (SINDICATO, 2018) A prestação de serviços aparece como a atividade econômica que mais adiciona valor ao PIB per capta no município, conforme dados do IBGE. O estudo baseia-se na distribuição do valor bruto adicionado no PIB per capta, a preços básicos, em valores correntes das atividades econômicas.(IBGE, 2015). (Figura 60). Conhecida como a “Terra da batata”, principalmente pelo valor gerado neste cultivo, a cidade tem outras lavouras que também são importantes para sua economia, como o milho, a cana de açúcar, o feijão, o café. A Cooperativa dos Bataticultores da Região de Vargem Grande do Sul (COOPERBATATA) tem mais de 240 cooperados e é responsável por 88% do cultivo de inverno do Estado e cerca de 60% no mesmo período no país. Trazida pelos japoneses na década de 1960, desde então a batata começou a ser cultivada por agricultores locais que fundaram a cooperativa em 1999.(COOPERATIVA, 2016). A Agricultura é bastante expressiva, como vemos ao comparar a produtividade por hectare no município com a média nacional. (Figura 61) A figura 62 mostra o comparativo de área plantada por produto no município, em hectares e em percentagem. Na figura 63 vemos o comparativo dos valores em reais por produto. A maior área plantada é para cultivo do milho; enquanto que o produto que mais agrega valor é a batata inglesa, com faturamento de R$50.000.000,00 em 2016.(COOPERATIVA, 2016).
Figura 64: Colheita da batata no município. Fonte: EPTV, 2016.
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Figura 65: Gráfico do valor adicionado ao PIB per capta por atividade. Fonte: DEEPASK.
Figura 66: Produtividade agrícola por área plantada. Fonte: Deepask.
Figura 67: Comparativo da área plantada por produto no município. Fonte: DEEPASK,2000.
Figura 68: Comparativo do valor da produção agrícola por produto no município. Fonte: DEEPASK, 2000.
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2.4 O FATOR HUMANO A densidade demográfica é fator fundamental para a qualidade de vida na cidade. Cidades que costumam ser referência mundial de eficiência e q u a l i d a d e c o s t u m a m t e r d e n s i d a d e s e l e va d a s . ( U S P CIDADES, 2015,p. 53)
De acordo com o Plano Estratégico São João 2050, foi feito um minucioso levantamento regional, a densidade demográfica elevada significa um ganho de escala, na medida em que é necessário menor investimento em implantação, manutenção dos equipamentos urbanos e infraestrutura. Além do aspecto econômico, a concentração de pessoas influi também na esfera social, pois a maior interação das pessoas da comunidade resulta em maior estabilidade social. (USP CIDADES, 2015, p. 53) Segundo o IBGE em 2010 a densidade demográfica era de 146,92 hab/km², correspondendo praticamente ao mesmo valor da mesorregião (Figura 64) (INSTITUTO, 2010). Levando em consideração os números referentes ao crescimento populacional e ao crescimento urbano do município e fazendo uma comparação entre as décadas de 1991/2000 e 2001/2010 , observa-se que a taxa de crescimento urbano continuou crescendo, ao passo que a taxa de crescimento populacional caiu - na primeira década a população do município cresceu a uma taxa média anual de 1,79% a taxa de urbanização do município passou de 89,87% para 92,87%; e Entre 2001 e 2010, a população cresceu a uma taxa média anual de 0,79%; e a taxa de urbanização do município passou de 92,87% para 94,93%. (Figura 69) ATLASBRASIL, 2018). Isto reflete uma tendência ao espraiamento, o que pode a levar a uma queda na densidade demográfica. Em 2010 a população residente masculina representava 49,63% do total, enquanto que a feminina representava 50,37%, ou seja, bem equilibrada em gênero. No comparativo entre a população urbana e rural a discrepância fica evidente: 94,93% da população reside na zona urbana, enquanto que apenas 5,07% vive na zona rural. (Figura 70). A razão de dependência do município, ou seja, o percentual da população com menos de 15 anos e mais de 65 anos em relação à população de 15 a 65 anos (potencialmente ativa), era de 44,23% em 2010 e a taxa de envelhecimento era de 8,79%. (Figura 71). ATLASBRASIL,2018).
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Figura 69: Diagrama da densidade demográfica. Fonte: INSTITUTO, 2010.
Figura 70: Diagrama da população total, por gênero, urbana e rural. Fonte: PNUD, Ipea e FJP.
Figura 71: Gráfico do percentual da população ativa. Fonte: PNUD, Ipea e FJP
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O IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) no município era de 0,737 em 2010, valor considerado alto pelo Radar IDHM, que utiliza informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgada anualmente pelo IBGE. (INSTITUTO, 2010). A dimensão que mais contribui para o IDHM do município é Longevidade, com índice de 0,863, seguida de Renda, com índice de 0,721, e de Educação, com índice de 0,643. A esperança de vida ao nascer é o indicador utilizado para compor a dimensão Longevidade do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM). (ATLASBRASIL, 2018). Na próxima página a evolução da longevidade no município (Figura 68). O segundo fator que mais contribui para o IDHM é a renda per capta, que em 2015 era em torno de R$1.700,00. (INSTITUTO, 2015). A desigualdade de renda pelo índice de Gini é 0,42 . O índice de Gini é o instrumento que aponta a diferença entre os rendimentos dos mais ricos e dos mais pobres. Numericamente varia de 0 a 1, sendo que 0 representa a situação de total igualdade e 1 a total desigualdade. (ATLASBRASIL, 2018) A educação é a dimensão que tem menor constribuição para o IDHM. A estrutura educacional da cidade é composta pelas escolas da rede pública e privada de ensino fundamental e médio e pela ETEC do Instituto Paula Souza, que possui o ensino médio e cursos técnicos em várias áreas. Não há na cidade ensino superior, e o contingente de alunos é absorvido por outras cidades, principalmente São João da Boa Vista pela sua proximidade.. Abaixo, um comparativo entre o IDHM de Vargem Grande do Sul e de São João da Boa Vista, que é a maior cidade da microrregião; e em segundo plano o IDHM considerado ideal. (Figura 72)(ATLASBRASIL, 2018). Vargem Grande do Sul
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Figura 72: Comparativo entre o IDHM de Vargem Grande do Sul e de São João da Boa Vista. Fonte: ATLAS BRASIL,2018.
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Figura 74: Gráfico da renda no Município.
Figura 73: Gráfico da escolaridade no Município. Fonte: Elaboração própria, segundo dados de ATLAS, 2010.
Figura 74: Gráfico da renda no Município. Fonte: Elaboração própria, segundo dados de ATLAS, 2010.
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2.5 CULTURA E SOCIEDADE
Vargem Grande do Sul, como grande parte das cidades da região, teve seu desenvolvimento calcado na produção do café, que pela sua dinâmica, proporcionou o crescimento de todos os segmentos que compõem a estrutura urbana. Segundo Wilson Cano: À medida que a atividade nuclear se ampliava, passou a induzir, crescentemente, o surgimento de uma série de atividades tipicamente urbanas, como a industrial, a bancária, escritórios, armazéns e oficinas de estradas de ferro, comércio atacadista, comércio de exportação, importação e outros, requerendo e facultando, ainda, a expansão do aparelho do Estado. No momento em que estas crescem, uma série de outras, mais vinculadas ao processo de urbanização, também se desenvolveriam: o comércio varejista, os transportes urbanos, comunicações, energia elétrica, construção civil, equipamentos u r b a n o s , e t c . Q u a n t o m a i s a va n ç a va e s s e p r o c e s s o m a i s independentes se tornavam todas essas atividades, gerando uma intrincada rede de conexões econômicas, financeiras e de serviços. (CANO, 1981, p. 69).
A elaboração de uma identidade acompanhou este desenvolvimento, visto que tanto os fundadores da cidade, os fazendeiros, como também os imigrantes compartilhavam o mesmo ideal de construir um novo futuro. O processo de crescimento ainda perdurou anos após o fim do ciclo cafeeiro, até que vimos a cidade entrar em processo de estagnação. De acordo com os números da economia a agricultura se destaca, mas entra como a atividade que menos adiciona valor. Verifica-se que há pouco investimento na cidade por parte da parcela da sociedade que detém maior riqueza. Ainda a partir dos dados levantados anteriormente, pode-se observar que o baixo índice de renda e sua má distribuição, aliados aos baixos indicadores educacionais podem constituir aspectos limitantes à inclusão social, que é fundamental ao exercício da cidadania.
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Figura 75: Vista da Rua do Comércio na década de 1920. Fonte: ACERVO VARGEM PHOTOS.
Figura 76: Vista da Rua do Comércio atualmente. Fonte: STREET VIEW, 2018.
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2.6 PROJETOS CULTURAIS
Há iniciativas importantes no sentido de levar cultura à população, como o Grupo Escoteiro Curumins da Mantiqueira; O Projeto Guri que oferece aulas de música para crianças; A Orquestra Sinfônica Jovem; A Orquestra de viola caipira. No esporte, com o apoio da Prefeitura Municipal, existe a Associação de Judô, em um projeto social que atende centenas de crianças e jovens. A Secretaria da Cultura vem se empenhando no desenvolvimento de eventos culturais nos quais participam também as Secretarias da Educação e do Esporte. Estes eventos promovem a cultura, despertam o sentimento de solidariedade e geram receita para as entidades. (Figuras 77 a 79)
Figura 77: Projeto Guri. Fonte: ASSOCIAÇÃO, 2014.
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Figura 78: Calendário anual dos principais eventos em Vargem Grande do Sul. Fonte: Elaboração própria.
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Figura 79: 1) Carnaval; 2) Festa do Milho; 3) Festival de Música Sertaneja. 4) Festa das Nações. 5) Encontro de Motociclistas. 6) Romaria dos Cavaleiros de Sant’Ana. 7) Festa da Batata. 8) Rodeio. 9) Festa do Folclore.. 10) Exposição de carros antigos. 11) Apresentação da Orquestra Sinfônica Jovem de Vargem Grande do Sul. 12) Parada de Natal. Fonte: PREFEITURA. GAZETA. PREFEITURA. GAZETA. PREFEITURA. ARRASTÃO COUNTRY. PREFEITURA. FOSTINONI, Youtube; PREFEITURA, 2018
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3. O LOCAL 3.1 DIAGNÓSTICO
A área de interesse corresponde ao largo da antiga estação ferroviária, onde atualmente ainda existem edificações do início do século XX, remanescentes da época do apogeu do café. Localizada na área central da cidade, possui boa infraestrutura. Mesmo assim, o local carece de iluminação adequada, calçadas acessíveis, manutenção, áreas de descanso para pedestres. Foi realizada uma análise do entorno da região do largo da estação em uma área de aproximadamente 1 km². Este recorte chega até a praça Praça Capitão João Pinto Fontão onde há maior concentração de comércio e serviços; uma grande área residencial e o largo da estação - que fica a 5 minutos a pé da praça central, mas apresenta problemas urbanos como vazios, abandono, espaços subutilizados, além das edificações históricas sem nenhum tipo de conservação. (Figura 80 e 81)
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Figura 80: Mapa da cidade de Vargem Grande do Sul. Fonte: Elaboração própria.
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Figura 81: Mapa da área de estudo com a marcação do levantamento fotográfico.. Fonte: Elaboração própria.
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3.1.1 LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO O levantamento fotográfico teve como foco a área do largo da estação. Através deste levantamento foi possível constatar que a área vem sofrendo descaracterização e uma ocupação mal planejada. Vários armazéns datados do início do século XX tiveram suas fachadas modificadas e adaptadas conforme seu uso, ou estão sem conservação. Muitas edificações do conjunto já não existem mais, foram substituídas por residências ou simplesmente demolidas. A maior parte das calçadas está em péssimas condições ou deixaram de existir, obrigando o pedestre a caminhar na rua. A falta de iluminação juntamente com a grande área desocupada provoca insegurança, o que resulta no esvaziamento do local. Nas próximas páginas o mapa de localização das imagens e as imagens com seu detalhamento.
Qualidade dos passeios públicos em toda a região do largo da estação ferroviária. Na esquina da Rua Francisco Ribeiro Carril com a Rua Capitão Gabriel Ribeiro: pavimentação deteriorada com crescimento de ervas daninhas obstruindo a passagem e lixo. A ausência de sinalização horizontal também dificulta o trajeto dos pedestres.
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1. Esquina da Rua Sete de Setembro com a Rua Capitão Gabriel Ribeiro: O terreno onde se localizava a Estação Ferroviária foi cercado por muro onde são exibidas propagandas de empresas, o que resulta em poluição visual. Calçada obstruída por uma escada e ausência de faixa de pedestres dificultam o acesso.
Figura 82: Rua Cap. Gabriel Ribeiro. Fonte: Acervo pessoal.
2. Rua Capitão Gabriel Ribeiro: Além de calçadas em péssimas condições, a situação se agrava pelo abandono: crescimento de ervas daninhas e vandalismo, pelo descarte de lixo em local impróprio.
Figura 83: Rua Cap. Gabriel Ribeiro. Fonte: Acervo pessoal.
3. Rua Capitão Gabriel Ribeiro: A iluminação inadequada provoca falta de segurança à população, que passa a evitar o local. Esta situação predomina em todo o largo.
Figura 84: Rua Cap. Gabriel Ribeiro. Fonte: Acervo pessoal.
4. Rua Sete de Setembro com Rua Capitão Gabriel Ribeiro: Área pública subutilizada em local que necessita de equipamentos públicos, áreas de descanso e arborização.
Figura 85: Rua Sete de Setembro. Fonte: Acervo pessoal.
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5. Rua Saldanha Marinho: Neste trecho não há iluminação, justamente em um local onde existe um grande terreno cheio de mato e entulho. Total falta de segurança para a população.
Figura 86: Rua Saldanha Marinho. Fonte: Acervo pessoal.
6. Rua Francisco Ribeiro Carril: Aqui vemos vários problemas. O passeio público fora das medidas adequadas; sua obstrução pelo poste mal posicionado e o acúmulo de lixo. Pode-se observar também a falta de limpeza da rua e da calçada.
Figura 87: Rua Francisco Ribeiro Carril. Fonte: Acervo pessoal.
7. Rua Francisco Ribeiro Carril: A calçada sem pavimentação, a iluminação inadequada e o abandono encorajam atos de vandalismo, como descarte de lixo e garrafas quebradas em local impróprio.
Figura 88: Rua Francisco Ribeiro Carril. Fonte: Acervo pessoal.
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8. Rua Francisco Ribeiro Carril: Calçadas estreitas e sem manutenção e a falta de arborização são os maiores problemas neste trecho.
Figura 89: Rua Francisco Ribeiro Carril. Fonte: Google Earth, 2018.
9. Rua Francisco Ribeiro Carril: Algumas fachadas foram alteradas descaracterizando as edificações de época. Além disto as calçadas estão mal conservadas e não possuem arborização.
Figura 90: Rua Francisco Ribeiro Carril. Fonte: Acervo pessoal.
10. Rua Primeiro de Maio: As fachadas destas edificações de interesse histórico estão completamente sem manutenção. As calçadas estão intransitáveis, além de obstruídas por degraus e elevações, num total descaso com o pedestre.
Figura 91: Rua Primeiro de Maio. Fonte: Acervo pessoal.
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3.1.2 VAZIOS URBANOS
De acordo com o Manual de Reabilitação de Áreas Urbanas Centrais (2008), elaborado pelo Ministério das Cidades Os vazios urbanos consistem em espaços abandonados ou subutilizados inseridos dentro de uma malha urbana consolidada em uma área caracterizada por uma g r a n d e densidade de espaços edificados. Esses vazios podem ser zonas industriais subutilizadas, armazéns e depósitos industriais desocupados, edifícios centrais abandonados, corredores e pátios ferroviários desativados. (MINISTÉRIO, 2008, p. 76)
Assim, inserem-se nesta classificação os espaços que mesmo edificados não cumprem sua função social, por se encontrarem em estado de subutilização, desocupação ou abandono. O Estatuto da Cidade (Lei federal nº 10.257/2001) que regulamenta os artigos 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais para a política urbana e indica os instrumentos para o seu exercício. No âmbito municipal o principal deles é o plano diretor, pois com ele é possível direcionar e policiar o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos U da Lei 10.257/2001)
cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental. (Artigo 1º,
Como demonstra a figura 98 existe uma grande porção não edificada na região central. A ferrovia funcionou como elemento limitador, criando uma barreira que retardou o crescimento urbano a partir da área, tal como citado no Plano Diretor Estratégico São João 2050 (USP CIDADES, 2015, p. 26), que indica o Rio Jaguari Mirim como elemento limitador da área de expansão urbana. Isto manteve por mais tempo a configuração de sítios e chácaras na porção centro-leste deste recorte, provocando um desenvolvimento tardio deste local, que só teve início após a abertura da Via Expressa Antonio Bolonha. (Figura 92) Analisando o micro espaço do largo da estação podemos verificar a existência de vazios urbanos, o que ocorreu pelo esvaziamento após a paralisação do ramal e a desfuncionalização do seu entorno. Por outro lado estes espaços configuram "oportunidades de mudança, que podem implicar novo uso, nova construção" (SOUSA, 2010, p. 60).
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Figura 92: Mapa de cheios e vazios. Fonte: Elaboração própria.
Largo da Estação
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3.1.3 PASSEIOS PÚBLICOS De acordo com a Lei Municipal n.º 4.154/2017, no que diz respeito à manutenção dos passeios públicos, a responsabilidade de conservação é do proprietário do imóvel. Cabe ao Poder Público municipal promover o cumprimento através dos instrumentos de política urbana descritos no Estatuto da Cidade - Lei Federal 10.257/2001; desde que a área em questão esteja incluída no Plano Diretor. A Lei Federal nº 10.098/2000 (Lei de acessibilidade) define acessibilidade como: a possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida.
O levantamento da situação atual dos passeios públicos evidenciou sua precariedade (Figura 93), o que dificulta o acesso de pessoas sadias e impossibilita o acesso de pessoas portadoras de necessidades especiais. A possível conexão entre centro/bairro fica prejudicada pela carência de passeios adequados. Dentro dos passeios considerados ruins incluem-se também aqueles que possuem calçamento inadequado, com revestimentos que, por não serem próprios para áreas externas, podem prejudicar os pedestres. Há também calçadas obstruídas e em alguns trechos até mesmo a inexistência destas.
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Figura 93: Mapa da situação dos passeios públicos. Fonte: Elaboração própria.
Largo da Estação
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3.1.4 USO E OCUPAÇÃO A variedade de usos que se aplica à área central vai desde imóveis comerciais, residenciais, institucionais e usos mistos. Na porção Leste do recorte há uma intensa ocupação, sendo que comércio e serviços estão distribuídos no eixo das principais ruas da cidade. Na porção Oeste do recorte começam a surgir novos loteamentos que avançam para o centro, onde se localiza o largo da estação.(Figura 95). A ocupação na área de estudo é composta por: 72% de residências; 13% de prestadores de ser viços; 12% de estabelecimentos comerciais e 3% da ocupação se divide em indústrias, instituições, religiosos e alimentação. (Figura 94) As indústrias existentes na área da estação são remanescentes do passado, sua permanência testemunha a estagnação do local, que segue sem relevante desenvolvimento. A restauração e ocupação de alguns armazéns, com a reconstrução de suas calçadas é uma boa iniciativa para a revitalização da área.
Figura 94: Gráfico demonstrativo da porcentagem de tipo de ocupação. Fonte: Elaboração própria.
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Figura 95: Mapa de uso e ocupação. Fonte Elaboração própria.
Largo da Estação
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3.1.5 GABARITO A respeito da percepção humana em relação à altura dos edifícios, Jan Gehl, defensor da escala humana como requisito fundamental para uma cidade viva: De fato, a conexão entre o plano das ruas e os edifícios altos efetivamente se perde depois do quinto andar. (GEHL, 2010, p. 41)
Isto porque, segundo o autor, a visão humana foi desenvolvida para enxergar na horizontal: Nosso sentido da visão desenvolveu-se de forma a nos permitir caminhar no plano horizontal. Não vemos muito para cima e apenas um pouco mais se olharmos para baixo, o suficiente para evitar obstáculos em nosso caminho. (GEHL, 2010, p. 39)
Na área do largo da estação predominam edificações térreas e os armazéns que possuem pé direito duplo. Não há legislação municipal que diga respeito a limitação de altura das edificações. No entanto, como se observa pelo mapa, na área de estudo há poucas edificações com mais de oito pavimentos, e estão localizadas bem no centro da cidade. (Figura 96). Em uma intervenção é preciso levar em consideração as edificações históricas, evitando um projeto que provoque a descaracterização da paisagem.
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Vista da cidade. Fonte: RABELLO, 2014.
Figura 96: Mapa de Gabarito. Fonte: Elaboração própria.
Largo da Estação
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3.1.6 ARBORIZAÇÃO E ÁREAS VERDES A arborização urbana é essencial para a melhoria da qualidade de vida, pois a vegetação promove a adequação para as exigências do conforto ambiental: Reduz as amplitudes térmicas, reduz a insolação direta e aumenta as taxas de transpiração, necessária à umidificação do ar. (MILANO; DALCIN, 2000). O Programa Município Verde Azul, lançado pela Secretaria do Meio Ambiente, visa medir e apoiar a gestão ambiental dos municípios. De acordo com o ranking publicado pelo programa, Vargem Grande do Sul aparece em 206º lugar em arborização dentre os 645 municípios paulistas. Os critérios de avaliação do programa englobam atitudes como a implantação de árvores nas calçadas, sendo obrigatório em caso de novos loteamentos; a realização de cadastro das árvores do município; elaboração de Plano Municipal de Arborização Urbana; desenvolvimento de piloto de floresta urbana; capacitação de profissionais da municipalidade envolvidos com a arborização urbana; além da educação ambiental com gestão participativa; tudo com a devida publicação. O planejamento de uma boa arborização urbana evita o plantio de espécies impróprias, como as que possuem raízes agressivas que podem destruir a pavimentação. A cidade possui áreas bem arborizadas e outras deficientes em arborização. Especificamente no largo da estação há pouca arborização nas áreas públicas, embora ainda haja muitos pomares com uma relevante quantidade de árvores nos antigos quintais. Ao longo do Rio Verde as áreas de proteção permanente na área urbana encontra-se bem devastada, havendo necessidade de ações no sentido de reflorestamento da mata ciliar. Isto evitará enchentes e outros problemas futuros, com o crescimento urbano. (Figura 97).
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Figura 97: Mapa de Arborização e áreas verdes. Fonte: Elaboração própria.
Largo da Estação
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3.1.7 MAPA VIÁRIO
A Via Expressa Antônio Bolonha é uma via arterial que liga os bairros do Sudoeste da zona urbana à porção central da cidade, dá acesso à rodovia SP 215 e ao bairro industrial. As ruas ao redor da área são ruas coletoras que distribuem o trânsito dentro do bairro. Com exceção das Ruas Gabriel Ribeiro (continuação da Via Expressa Antônio Bolonha), Sete de Setembro e Francisco Ribeiro Carril, as demais Ruas coletoras são pavimentadas com paralelepípedos, o que diminui a velocidade do trânsito. Os principais eixos de fluxo são: a Via expressa Antonio Bolonha; Rua do Comércio; Rua Batista Figueiredo; Rua Sete de Setembro Rua São Pedro; Rua Santana; Rua Ivo Rodrigues e Rua Antonio Dias Duque. Na área do largo da estação o maior movimento é na Rua Gabriel Ribeiro e na Rua Sete de Setembro, nos horários: das 7h às 8 e das 17h às 18h.(Figura 98).
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Figura 98: Classificação das vias. Fonte: Elaboração própria.
Largo da Estação
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3.1.8 TOPOGRAFIA e IMÓVEIS QUE SOFRERÃO INTERVENÇÃO A Topografia é caracterizada por declive na direção do leito do Rio Verde. Na área do Largo da Estação esta declividade apresenta-se pouco acidentada, tornando-se praticamente nula na faixa que corresponde aos imóveis que sofrerão a intervenção. Este aspecto propicia uma plena integração entre eles, formando um eixo de visibilidade e fluxo. Trata-se de um armazém particular que era utilizado para beneficiamento de café e atualmente está sendo subutilizado; um terreno não edificado e não utilizado; e parte de terreno cedido à Prefeitura Municipal pela Fepasa. A área do armazém com seu terreno tem 2.000m², o terreno onde será a praça tem 2.030m²; e a área da parte do terreno utilizado pela Prefeitura é de 2.040m². Juntos correspondem a uma área em torno de 6.070 m². (Figura 99, 100, 101, 102 e 103).
Figura 99: Localização dos imóveis que sofrerão intervenção. Fonte: Elaboração própria
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Figura 100: Terreno da FEPASA. Fonte: Acervo pessoal.
Figura 101: Terreno onde será a praça. Fonte: Acervo pessoal.
Figura 102: Armazém que será restaurado. Fonte: Acervo pessoal.
Figura 103: Mapa Topográfico. Fonte: Elaboração própria
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4. OBJETIVOS
I) PROMOVER O USO E A PRESERVAÇÃO DE EDIFICAÇÃO DE INTERESSE HISTÓRICO São considerados patrimônios, passíveis de tombamento: Todos os bens de natureza material e imaterial, de i n te re s s e c u l t u r a l o u a m b i e n t a l , q u e p o s s u a m significado histórico, cultural ou sentimental, e que sejam capazes, no presente ou no futuro, de contribuir para a compreensão da identidade cultural da sociedade que o produziu. (CONSELHO, 2008, p. 17).
Assim, a vocação de uma edificação como de interesse histórico baseia-se em seu significado e em sua capacidade de contribuir para a identidade coletiva. A alternativa para a conservação da edificação de interesse histórico em questão não é o tombamento. O imóvel, que é de propriedade particular, vem sendo bem conservado e o proprietário demonstra interesse em sua preservação e ânimo em dar-lhe novo uso. A promoção do uso e preservação do patrimônio histórico e cultural aponta para a necessidade de permanente interface entre o órgão de preservação municipal, agentes sociais e a comunidade. (USPCIDADES, 2016, p. 67)
Como seu entorno não espelha a mesma consciência de conservação, o que acaba por prejudicar o seu uso e acarreta sua desvalorização, há interesse do proprietário em contribuir para a revitalização da área, investindo na implantação de uma praça. Em contrapartida, o poder público municipal poderá fazer a desapropriação do terreno em frente a este imóvel, já que esta área (terreno) não vem atendendo sua função social. Esta medida, além de proporcionar à população um novo espaço de convívio, trará valorização não só ao imóvel em questão, mas a todos os imóveis do entorno.
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II) PROMOVER A REVITALIZAÇÃO DO LARGO DA ESTAÇÃO Não se justifica um projeto de requalificação pontual de uma edificação promovendo seu novo uso se o seu entorno permanece em estado de abandono. Pensando nisto é que se faz necessário tomar medidas que atraiam e favoreçam a permanência de pedestres no local. Tais medidas serão descritas a seguir. i - CRIAÇÃO DE UMA PRAÇA A permanência das pessoas é essencial para a revitalização do local e a praça se prestará a criar um efeito catalisador. Ela será o elemento central, organizando o espaço e favorecendo o encontro. Possibilitará a permeabilidade visual entre as edificações e proporcionará lazer. A praça será o convite para que o pedestre retorne e traga vida, tirando o local do esquecimento, transformando-o em um lugar de memória. (NORA, P. Lieux de mémoire, 1984) Espera-se com isso colaborar para a inclusão social, criando espaços para uso comum, proporcionando um espaço de lazer e de acesso à cultura, promovendo a convivência e melhorando a qualidade de vida da população. ii - INTERRUPÇÃO DE TRECHO DE RUA Para que o efeito de continuidade seja efetivo será necessário a interrupção do trecho da Rua Francisco Ribeiro Carril que fica entre o armazém que sofrerá a intervenção e a futura praça. Para isso a solução será a elevação da rua até o nível da calçada, o que facilitará o trânsito de pedestres. Mantendo uma rampa nas extremidades deste fechamento será possível manter o fluxo de automóveis nos dias em que não haja eventos. Como o trânsito de automóveis neste local não é intenso, não prejudicará o bom aproveitamento da praça pelos pedestres, que sempre terão a preferência; e nem acarretará problemas para o fluxo nas vias.
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III) SUGERIR A INCLUSÃO DE MEDIDAS E INSTRUMENTOS NO PLANO DIRETOR PARA PROMOVER: i - A REQUALIFICAÇÃO DOS PASSEIOS A requalificação e conser vação dos passeios é responsabilidade tanto do poder público como da comunidade. Portanto, deve haver um esforço conjunto de ambos para valorização física e visual dos passeios públicos. A qualidade da calçada está diretamente ligada à valorização do pedestre e de sua mobilidade no meio urbano. Além disto propicia o convívio, encontros, ativação de manifestações espontâneas culturais, e manutenção da riqueza e das atividades desses espaços. (USPCIDADES, 2013, p. 80) A padronização delas e a fiscalização para que se mantenham dentro dos parâmetros aceitáveis também pode ser estabelecido no plano diretor, evitando pavimentação inadequada, inclinações não permitidas em lei e obstruções no trajeto. ii - A OCUPAÇÃO DOS VAZIOS URBANOS Como explanado no anexo, há vários instrumentos para a organização da política urbana. É possível estabelecer estímulos dentro do plano diretor para a ocupação de vazios urbanos, como a isenção de impostos visando a indução de ocupação em lotes estratégicos; o consórcio urbanístico. Há também instrumentos de controle compulsório, como por exemplo o IPTU progressivo. iii - A CONSERVAÇÃO DAS FACHADAS A conservação de fachadas de edificações de interesse histórico não requer necessariamente que estas sejam tombadas. Da mesma forma como na ocupação de vazios urbanos, há meios de se estimular a conservação de fachadas, além da conscientização dos proprietários sobre a possível valorização do imóvel bem conservado.
iv - ARBORIZAÇÃO DAS VIAS PÚBLICAS Um plano de arborização consistente, com espécies adequadas para o plantio em vias públicas, dando preferência às nativas que são mais viáveis quanto à manutenção, é essencial para a atratividade dos passeios, incentivando a permanência de pessoas em locais públicos.
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IV) PLANO DIRETOR O plano diretor é previsto na CF como instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana. No Estatuto da Cidade é a figura central da política urbana. : O plano diretor, aprovado por lei municipal, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana, sendo parte integrante do processo d e p l a n e j a m e n t o m u n i c i pa l , d e v e n d o o p l a n o plurianual, as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual incorporar as diretrizes e as prioridades nele contidas. O plano diretor deverá englobar o território do município como um todo, sendo que a lei que o instituir deverá ser revista, pelo menos, a cada dez anos. (artigo 40, § 1º, 2º e 3º, Lei federal 10.257/2001).
A participação da população e de representantes de segmentos da comunidade no processo de elaboração e na fiscalização de sua implementação deve ser garantido por audiências públicas; pela publicidade das informações; e pelo acesso de qualquer interessado aos documentos produzidos. (Artigo 40, § 4º, I, II e III, Lei federal 10.257/2001). Aprovado por lei municipal, é no plano diretor que estão expressas as exigências fundamentais de ordenação da cidade, sendo sua formulação uma tarefa técnica multidisciplinar onde predominam aspectos técnicos, mas que se revela ainda como um procedimento jurídico, dadas às exigências legais que impõem a ele a obser vância de determinadas regras de conduta. (SILVA, 1995, p.127-129)
É obrigatório para cidades com mais de 20 mil habitantes, mas segundo pesquisa do IBGE, dos 645 Municípios do Estado de São Paulo, 331 possuem Plano Diretor; 235 não possuem; e 79 Municípios estão em fase de elaboração. (NSTITUTO, 2013). Este é o caso de Vargem Grande do Sul e de outras cidades da região, que estão procurando estabelecer metas para sua política urbana.
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5. PROPOSTA
Figura 104: Croqui da proposta. Fonte: Elaboração própria.
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5.1 CONCEITO - Lugar de encontro A renovação do local requer a apropriação do espaço pela população, despertando o sentimento de pertencimento. A atratividade será inspirada na vivacidade, no aconchego, na alegria, não perdendo de vista a simplicidade, para que todos possam frequentá-lo. Segundo Jan Gehl, para se conquistar uma cidade viva o convite a ser feito é aos pedestres, que para aceitálo necessitam de segurança, espaço na dimensão humana e multiplicidade de atividades. O que importa não são números, multidões ou o tamanho da cidade, e sim a sensação de que o espaço da cidade é convidativo e popular; isso cria um espaço com significado. (GEHL, 2016)
Preservar para resgatar a identidade, propiciar o acesso à cultura, transmutar o espaço em um lugar de encontro.
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3 1 2 3 EIXO DE CIRCULAÇÃO DE PEDESTRES EIXO DE CIRCULAÇÃO COMPARTILHADA EIXO DE CIRCULAÇÃO DE AUTOMÓVEIS EDIFICAÇÃO A SER CONSERVADA
Figura 105: Eixos de circulação. Fonte: Elaboração própria.
EDIFICAÇÃO A SER CONSTRUÍDA ÁREAS DE CONVÍVIO
ESTAÇÃO DAS ARTES
CENTRO DE ARTES
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Figura 106: Atividades. Fonte: Elaboração própria.
PRAÇA DO TEMPO
PRAÇA
ARMAZÉM DO CAFÉ
ARMAZÉM
Como a ideia é priorizar o pedestre, propõe-se em primeiro lugar a instalação de faixas de pedestres e a remodelação das calçadas; e como ficou constatado pelo levantamento das vias o baixo fluxo de automóveis nestas ruas, a proposta consiste em elevar os trechos das ruas Francisco Ribeiro Carril e Saldanha Marinho, para dar continuidade entre as edificações e a praça, mantendo o acesso de automóveis apenas no trecho da Rua Saldanha Marinho.
Figura 107: Croqui - Elevação. Fonte: Elaboração própria.
2 1
1- Rua Francisco Ribeiro Carril 2- Rua Saldanha Marinho
Figura 108: Croqui com faixas. Fonte: Elaboração própria.
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5.2 O ARMAZÉM DO CAFÉ - Centro de Eventos: A edificação em estilo industrial foi construída em 1928/1929 por Francisco Ribeiro Carril (IMÓVEIS, 2018), com a finalidade de beneficiamento do café produzido no município. Os grãos eram separados por tipo e ensacados, para serem transportados pela ferrovia até o porto de Santos, onde seguiam para exportação. (CASA DA CULTURA, 2018). Estruturalmente a edificação está em boas condições. Suas paredes em tijolos à vista estão em bom estado. O madeiramento do telhado está bem conser vado, aparentemente sem necessidade de substituição. As telhas francesas se encontram um pouco deterioradas sendo necessário fazer algumas substituições. Neste caso pode-se pensar em substituir todas as telhas por questões estéticas. Remodelação da área externa (especialmente calçadas) e adequação ao novo uso também serão necessários, como alterações pontuais em paredes e construção de um anexo de serviços. (conforme desenhos técnicos.)
64 10
5.2.1 ORGANOGRAMA
FOYER WC FEMININO
WC FEMININO
SALÃO 1
SALÃO 2 WC MASCULINO
WC MASCULINO
BAR COZINHA
LOJA
ANEXO ACESSO DE SERVIÇO
CAFÉ
WC FEMININO
WC MASCULINO
ÁREAS DE ACESSO LIVRE
Figura 109: Organograma do Armazém do Café. Fonte: Elaboração própria.
ÁREAS DE ACESSO RESTRITO
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5.2.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES - ARMAZÉM DO CAFÉ O pré-dimensionamento levando-se em consideração uma área bruta de 875m², da qual se excluiu 3% correspondentes a paredes, sanitários, instalações etc. A área útil corresponde então a 848m², e a lotação é de 848 (1m²/pessoa). A quantidade de sanitários necessários será de 16, dos quais 8 masculinos e 8 femininos e 2 para pessoas com necessidades especiais, de acordo com a norma ABNTNBR9050.
PRÉ-DIMENSIONAMENTO DO ARMAZÉM DO CAFÉ EVENTOS/ CAFÉ/ LOJA
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ÁREA BRUTA
875 m2
ÁREA ÚTIL (área bruta - 3%)
848 m2
LOTAÇÃO (área útil/m2)
848 pessoas
NÚMERO DE SANITÁRIOS (1:50)
16
ÁREA DO SANITÁRIO DE USO COLETIVO
2 m2
ÁREA DO SANITÁRIO PNE (1,50X2,00)
3 m2
SALÃO 1
200 m2
SALÃO 2
200 m2
FOYER
50 m2
LOJA
50 m2
CAFÉ
80 m2
WC
30 m2 x3
COZINHA/BAR
50 m2
ANEXO
100 m2
5.2.3. ARMAZÉM DO CAFÉ - CENTRO DE EVENTOS
Com as adaptações necessárias para converter esta edificação em um centro de eventos, seu novo layout interno possui uma entrada com acesso pela praça, um foyer, dois salões independentes, com seus respectivos sanitários, acesso à cozinha e ao bar. Pela antiga entrada se dá o acesso ao Café e à loja, que tambem possuem sanitários independentes. A instalação de laje na parte da cozinha e a construção de um anexo de serviços que também abriga a administração do local. O anexo foi pensado para não entrar em choque com o estilo do armazém, portanto ele não é visível da rua. A conservação das árvores existentes também foi um aspecto importante, além de serem criadas 16 vagas de estacionamento de automóveis.
Figura 110: 3D do Armazém. Fonte: Elaboração própria.
60
67
ÁREAS DE ACESSO LIVRE ÁREAS DE ACESSO RESTRITO A FUNCIONÁRIOS
Figura 111: Planta do Armazém - Setorização Fonte: Elaboração própria.
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Figura 112: Telhado do Armazém do Café. Fonte: Elaboração própria.
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5.3. ESTAÇÃO DAS ARTES A diversidade de atividades, com movimentação de pessoas ao longo do dia irá contribuir com a dinâmica do lugar. Segundo Jan Gehl Estudos de cidades do mundo todo elucidam a importância da vida e da atividade como uma atração urbana. As pessoas reúnem-se onde as coisas acontecem e espontaneamente buscam outras pessoas. (GEHL, 2016) 25). A criação de um centro cultural, onde a população possa ter acesso à cultura através da arte, não só traz vida ao lugar como também é um fator de resgate da identidade.
5.3.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES - Pré-dimensionamento PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA ESTAÇÃO DAS ARTES OFICINAS/ AUDITÓRIO/ GALERIA/ LANCHONETE ÁREA BRUTA
500 m2 (x 2 pav.)
ÁREA ÚTIL (área bruta - 3%)
970m2
LOTAÇÃO (área útil/m2)
970 pessoas
NÚMERO DE SANITÁRIOS (1:50)
19
ÁREA DO SANITÁRIO DE USO COLETIVO
2 m2
ÁREA DO SANITÁRIO PNE (1,50X2,00)
3 m2
SALÃO DE DANÇA SALÃO DE ARTES CÊNICAS OFICINA DE PINTURA OFICINA DE ARTES AUDITÓRIO GALERIA DE EXPOSIÇÕES FOYER RECEPÇÃO/ADMINISTRAÇÃO SNACK BAR TERRAÇO
70
80 m2 50 m2 80 m2 50 m2 300 m2 200 m2 200 m2 70 m2 30 m2 200 m2
5.3.2 ORGANOGRAMA DO CENTRO DE ARTES
SALÃO DE DANÇA
OFICINAS
VESTIÁRIOS
SALAS DE AULA
DEPÓSITO
HALL AUDITÓRIO
ALMOXARIFADO
FOYER
ÁREAS DE ACESSO LIVRE
ÁREAS DE ACESSO RESTRITO
Figura 113: Organograma do Centro de artes. Fonte: Elaboração própria.
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6. O PROJETO
6.1 ESTAÇÃO DAS ARTES O nome escolhido para fazer menção à memória da Estação Ferroviária que existia nesta região da cidade e que foi de suma importância para seu desenvolvimento, trata-se de um espaço dedicado às artes e cultura, voltado para a população. A edificação é distribuída em dois blocos: o auditório com galeria de exposições (1) e a escola de artes plásticas, artes cênicas e dança.(2) 1. O auditório tem capacidade para 150 pessoas sentadas, além de espaço próprio para cadeirantes, de fácil acesso. Há 6 sanitários no corpo do auditório, bilheteria e saída de emergência. Possui palco reversível para a praça, o que possibilita apresentações para maior número de pessoas quando for o caso. O camarim possui acomodações para uma média de 10 artistas, com sanitário exclusivo. A galeria de exposições situa-se no segundo pavimento, cujo acesso é feito por escada ou elevador, além do acesso pelo outro bloco, que leva também ao terraço no terceiro piso. 2. A escola possui o pavimento térreo livre, o que dá a permeabilidade necessária para a integração do novo espaço com o e n t o r n o . N e s t e p a v i m e n t o s i t u a - s e o S n a c k B a r, a Recepção/Administração e sanitários. No primeiro pavimento, com acesso também por escadas ou elevadores, estão situados os salões de dança e teatro, cujo acabamento é feito em lambris de madeira. Um bloco de vestiários e sanitários atende este pavimento, que possui uma área de descanso e reunião. As salas de artes plásticas situam-se no segundo pavimento, que dá acesso ao terraço do bloco vizinho, possibilitando aulas ao ar livre. Foram criadas 10 vagas para automóveis, além de um bicicletário.
Figura114: Estudo dos volumes - Estação das Artes Fonte: Elaboração própria.
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N PAVIMENTO TÉRREO
ÁREAS DE ACESSO RESTRITO ÁREAS DE ACESSO LIVRE CIRCULAÇÃO VERTICAL
Figura 115: Pavimento térreo da Estação das Artes Fonte: Elaboração própria.
73
TELHADO VERDE
N ÁREAS DE ACESSO RESTRITO PAVIMENTO 1
ÁREAS DE ACESSO LIVRE CIRCULAÇÃO VERTICAL
Figura 116: Pavimento 1 - Estação das Artes Fonte: Elaboração própria.
74
N PAVIMENTO 2
ÁREAS DE ACESSO RESTRITO ÁREAS DE ACESSO LIVRE CIRCULAÇÃO VERTICAL
Figura 117: Pavimento 2 - Estação das Artes. Fonte: Elaboração própria.
75
Figura 118: Croqui final. Fonte: Elaboração própria.
76
77
6.2 PRAÇA DO TEMPO A praça é o elo de ligação entre o passado e o presente, faz o encontro da memória com o novo. O desenho do piso - que se estende até o terraço do edifício da Estação das Artes e que é reproduzido no pergolado de entrada do Armazém do Café, faz alusão a trilhos de trem, e tem a função de reforçar a sensação de continuidade e integração entre as edificações e a praça. Em material drenante, possibilita uma diversidade de caminhos em paisagismo pensado para florir o ano todo. O rodízio de espécies que florescem em épocas diferentes do ano propicia uma nova paisagem a cada estação.
Figura 119: Imagem de trilhos de trem. Fonte: Ronda, A.; Codek, M. 2016
Figura 120: Layout do piso da Praça e do pergolado. Fonte: Elaboração própria.
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Pergolado de aço esmaltado Entrada principal do Armazém do Café
Figura 121: Pergolado. Fonte: Elaboração própria.
Figura 122: Pergolado em 3D. Fonte: Elaboração própria.
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7. CONCLUSÃO
Croqui final do projeto Fonte: Elaboração própria.
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Cidades convidativas devem ter um espaço público cuidadosamente projetado para sustentar os processos que reforçam a vida urbana. Uma condição mínima é que a vida na cidade seja potencialmente um processo de autorreforço. (GEHL, 2016, p.65)
Devolver às pessoas a área do Largo da Estação revitalizando-o. Recriar um espaço de encontro, onde haja acesso à cultura e ao lazer. Revitalizar significa convidar pessoas - especialmente pedestres, não só a transitarem pelo local, mas se manterem nele por longos períodos, tornando-o atrativo. Seguindo o preceito de Jan Gehl, a proposta é utilizar a escala humana no desenvolvimento de um projeto que reúna cultura e lazer, transformando-o em um ponto de encontro da cidade. A concepção da nova edificação, que abrigará a Escola de Artes é pautada pela permeabilidade, havendo construção a partir do primeiro pavimento, deixando o térreo livre, contribuindo com a sensação de continuidade para o pedestre, que é o foco central do projeto.
81 01
8. REFERÊNCIAS
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9. ANEXOS
N
PRIMAVERA
N
VERÃO
N
OUTONO
N
INVERNO Figura 123: Paisagismo: Rodízio de floração das espécies.1. Primavera; 2. Verão; 3. Outono e 4. Inverno. Fonte: Elaboração própria.
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E S
N
O
Figura 124: Direção do sol nascente. Fonte: Elaboração própria.
E S
N
O
Figura 125: Direção do sol poente. Fonte: Elaboração própria.
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IMPLANTAÇÃO E PAISAGISMO
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Figura 126: Implantação e paisagismo. Fonte: Elaboração própria.
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ARMAZÉM DO CAFÉ Planta baixa
Figura 127: Armazém do Café. Planta Baixa. Fonte: Elaboração própria.
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ARMAZÉM DO CAFÉ Telhado
Figura 128: Pavimento térreo da Estação das Artes Fonte: Elaboração própria.
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N
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Figura 129: Armazém do Café Corte AA
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Figura 130: Armazém do Café Corte BB
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Figura 131: Armazém do Café Elevação 1
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Figura 132: Armazém do Café Elevação 2
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Figura 133: Estação das Artes Térreo
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N
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Figura 134: Estação das Artes Pavimento 1
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N
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Figura 135: Estação das Artes Pavimento 2
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Figura 136: Estação das Artes Cobertura
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N
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Figura 137: Estação das Artes Corte AA
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Figura 138: Esstação das Artes Corte BB
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Figura 139: Estação das Artes Corte CC
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Figura 140: Estação das Artes Elevação 1
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Figura 141: Estação das Artes Elevação 2
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Figura 142: Armazém do Café Eixos estruturais
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Figura 143: Estação das Artes Eixos estruturais - Pavimento térreo
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Figura 144: Estação das Artes Eixos estruturais - Pavimento 1
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Figura 145: Estação das Artes Eixos estruturais - Pavimento 2
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PERSPECTIVAS ILUSTRATIVAS
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ESTUDOS DE CASOS
1. SESC POMPEIA A seleção do projeto do SESC POMPÉIA como objeto de estudo de caso se baseia em pontos que pretendo considerar em meu projeto do TFG: reuso, conservação e inclusão. O projeto faz uma requalificação do edifício datado de 1938, cuja estrutura foi moldada por um dos pioneiros na técnica construtiva do concreto armado, valorizando os aspectos históricos e as técnicas construtivas. A readequação do edifício de interesse histórico revela a sua estrutura e conserva sua característica industrial, ao mesmo tempo que cria espaços funcionais para as atividades culturais e de lazer, de maneira inclusiva e acessível a todos.
DADOS BÁSICOS: Arquiteta: Lina Bo Bardi Localização: Rua Clélia, 93 Barra Funda – SP, Brasil Área: 27.288m² Área do terreno: 16.573 m² Ano do projeto: 1986
Figura 162: SESC Pompeia Fonte: RENNE,2018.
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Figura 163: SESC Pompeia, Ginรกsio de Esportes. Fonte: KOK, 2013.
163 01
BIOGRAFIA DA AUTORA: Achilina Bo, nascida em Roma no ano de 1914, formou-se em Arquitetura na Universidade de Roma na década de 1930. Iniciou sua carreira em Milão, trabalhando para Giò Ponti até estabelecer seu próprio escritório. Lina – como passou a ser conhecida, casou-se com o jornalista Pietro Maria Bardi em 1946 e neste mesmo ano fixa sua residência no Brasil, onde se torna expoente do movimento modernista ao lado de outros grandes nomes. CONTEXTO: Nos anos 1930 a empresa alemã Mauser & Cia. Ltda. adquiriu um terreno no antigo Bairro do Bananal e ali construiu uma fábrica de tambores para óleo. Situada próxima a então Avenida Água Branca, tinha facilidade de acesso até a estrada de ferro Sorocabana e SantosJundiaí, o que lhe conferia uma ótima localização. Durante a II Guerra Mundial a família Mauser retornou à Europa e o local passou a servir para linha d montagem de geladeiras. Em 1972, com a intenção de demolir a edificação já abandonada para a construção de um novo prédio, o Sesc (Serviço Social do Comércio) compra o imóvel, mas Lina Bo Bardi, contratada para o projeto, opta pela restauração ao constatar que se tratava de uma construção sólida e de relevante valor para a preservação da história urbana da cidade de São Paulo.
Figura 164: Lina Bo Bardi. Fonte: WOLFESON.
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Figura 165: Fábrica de tambores da Pompeia na década de 1930. Fonte: FLIEG.
Figura 166: Fábrica abandonada em 1972. Fonte: SACONI.
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SITUAÇÃO: O bairro da Pompeia está localizado na Zona Oeste de São Paulo e se caracteriza por ser uma área nobre da cidade, fundada em 1910. Está situada perto de Perdizes e da Lapa, com fácil acesso à vias como a Av. Paulista e a Marginal Tietê. A Vila Pompeia ganhou este nome como uma homenagem a Aretusa Pompeia feita por seu marido, o empreendedor Rodolpho Miranda, que em 1910 comprou uma grande porção de terras na região entre a Água Branca e a Lapa e abriu um novo loteamento em São Paulo. Rapidamente imigrantes italianos, espanhóis, portugueses e húngaros fixaram residência no novo bairro a fim de trabalhar nas indústrias que se instalavam na Região Oeste da cidade, especialmente as do grupo IRFM - Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo, a Fábrica de Vidros Santa Marina, a Companhia Melhoramentos, o Curtume Franco-Brasileiro, a White Martins e a Fábrica de Tambores dos Irmãos Mauser, onde hoje é o Sesc Pompeia.
Figura 167: Avenida Pompeia na década de 1940. Fonte: Autor desconhecido
Figura 168: Avenida Pompeia atualmente. Fonte: Google Maps, 2018.
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Figura 169: Localização do SESC na Vila Pompeia. Fonte: Google Maps,2018
Figura 170: Localização da Vila Pompeia na cidade de São Paulo. Fonte: Google Maps, 2018.
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PARTIDO: A restauração, que manteve a estrutura original do antigo prédio, visou preservar a memória afetiva da população, que já se apropriara do local com o objetivo de lazer mesmo antes da intervenção. As decisões projetuais da arquiteta se basearam nesta visão, para manter a identidade do espaço com o qual a comunidade já possuía familiaridade. MAHFUZ, 2001, p. 16. Utilizando elementos existentes, como a rua interna, o córrego Água Preta, Lina fez de seu projeto uma extensão da rua, trazendo as pessoas para dentro. Para manter o cenário, verticalizou o bloco esportivo, que teve um resultado moderno brutalista, fazendo o encontro do passado e do presente, do familiar e do novo.
Figura 171: Edifício construído do SESC. Fonte: DAW, 2013.
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Figura 172: Edifício restaurado do SESC. Fonte: INSTAGRAM, 2018.
Figura 173: Implantação do SESC Pompeia. Fonte Google Maps, 2018.
Figura 174: Planta baixa do pavimento térreo do SESC. Fonte: ARCHDAILY, 2013.
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PROGRAMA DE NECESSIDADES: 1. Comedoria e Bar Café 2. Oficinas de arte, ateliês de cerâmica, pintura, marcenaria, tapeçaria, gravura e tipografia 3. Laboratório fotográfico, estúdio musical, salas de expressão corporal e vestiários 4. Espaço de tecnologias e artes 5. Galpão cultural multiuso para estar, jogos, espetáculos e exposições, com local para fogueira e espelho d'água 6. Pavilhão de grandes exposições temporárias 7. Cozinha industrial 8. Teatro com 760 lugares 9. 7 salas multiuso 10. 5 consultórios odontológicos 11. Espaço de leitura, biblioteca e videoteca 12. Paraciclo com 30 vagas 13. Centrais de atendimento 14. Salas de expressão corporal e ginástica multifuncional 15. 3 ginásios poliesportivos cobertos 16. Conjunto esportivo com piscina, ginásio e quadras – 15 pavimentos duplos 17. Lanchonete, vestiários, sala de ginástica, lutas e dança – 11 pavimentos 18. Torre da caixa d'água 19. Almoxarifado e oficinas de manutenção 20. Piscina coberta aquecida, Deck e solário 21. Vestiários 22. Loja Sesc 23. Administração geral 24. Vestiários e refeitórios dos funcionários
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Figura 175: Salão de estar e leitura. Fonte: KOK, 2013.
Figura 177: Salão Mutiuso com o espelho d’água. Fonte: KOK, 2013.
Figura 179: Comedoria e Bar/Café. Fonte: KOK, 2013.
Figura 176: Detalhe de uma das quadras do Ginário de Esportes. Fonte: MARQUES, 2013.
Figura 178: Rua interna do SESC. Fonte: HAUPT & BLINDER
Figura 180: Arquibancada do teatro. Fonte: KOK, 2013
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SISTEMAS CONSTRUTIVOS E TÉCNICAS SUSTENTÁVEIS PRÉDIO DA FÁBRICA: No prédio da antiga fábrica manteve-se a construção original, apenas suprimindo-se o reboco para que a estrutura de concreto armado feita pelo francês François Hennebique no início do século XX e as paredes de tijolos ficassem aparentes. O projeto foi concebido para que os ambientes se mantivessem arejados sem depender de condicionamento de ar. Para isso, a arquiteta trocou o fechamento original de vidro das janelas da fachada da Rua Clélia por treliças de madeira, e substituiu as janelas da fachada da Rua Barão do Bananal por uma parede de tijolos dispostos de maneira a deixar aberturas.(Imagem 1) Além disto foram instalados dutos de ventilação posicionados no alto, para a liberação do ar mais quente. (Imagem 2) Seguindo a mesma proposta sustentável apresentada na ventilação, utilizou-se estratégias para o aproveitamento da luz natural: a substituição das telhas cerâmicas por telhas de vidro em alguns ambientes. (Imagem 3) Foram também criadas valetas que captam as águas da chuva e as direciona até o córrego Água Preta. (Imagem 4) GINÁSIO DE ESPORTES: No conjunto de edifícios do Ginásio esportivo foi utilizada a técnica de concreto moldado a partir de tábuas horizontais de madeira. (5) Possui lajes nervuradas protendidas com 1,0 m de altura. A cada dois pavimentos do edifício menor coincide com um pavimento do edifício maior. O edifício menor tem suas faces externas também moldadas com tábuas horizontais de madeira, exceto pelos peitoris das escadas externas, que foram moldados com tábuas verticais de madeira. (6) Os quatro níveis de passarelas que dão acesso entre os dois edifícios são de concreto protendido aparente com 25m de vão. (7) A torre de água é composta por 70 anéis de concreto de 1,0m de altura cada um. Une-se ao edifício menor através de uma passarela metálica que parte da sua cobertura. A forma que deu origem aos anéis tem formato de tronco de cone, ou seja, tem suas faces externas inclinadas para dentro, o que permite que a forma se encaixe no anel inferior para a concretagem do anel superior seguinte. (8)
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Figura 181: Detalhes do prédio da fábrica. Fonte: KOK; STANKUNS; MARQUES, 2013.
Figura 182: Detalhes do ginásio de esportes. Fonte: KOK; STANKUNS; MARQUES, LEMOS, ARQUIGRAFIA, 2013.
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2.MUSEU DO PÃO O principal motivo desta escolha foi a proposta de uso contemplada no projeto do Museu do pão. A restauração do moinho de trigo com o objetivo de retomar sua produção e a criação do espaço anexo da cozinha onde podem ser ministradas aulas (no caso deste projeto um curso de padeiro), tem o condão de transmutar a ideia usual que fazemos de “museu” – onde o visitante é apenas um espectador, dando a oportunidade de interação e fazendo dele o protagonista da história. Além de reunir o acervo do moinho antigo em exposição permanente, redireciona e dá significado a sua função, criando um elo com a realidade presente. DADOS BÁSICOS: Arquitetos: Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz Co-autor: Anselmo Turazzi Localização: Ilópolis – Rio Grande do Sul, Brasil Área construída: 660 m² Área do terreno: 1000 m² Ano do projeto: 2007
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Figura 183: Fachada do Museu do Pão. Fonte: KON, 2011.
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BIOGRAFIA DOS AUTORES: Os arquitetos Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz são sóciosfundadores do escritórios Brasil Arquitetura e da Marcenaria Baraúna. São formados em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo – USP (Francisco graduado em 1977 e Marcelo em 1978). Francisco Fanucci nasceu em 1952, em Cambuí, no interior de Minas Gerais. Antes da sociedade trabalhou com alguns nomes da arquitetura paulista, participou da equipe da arquiteta Lina Bo Bardi no Concurso Público Nacional de Projetos de Reurbanização do Vale do Anhangabaú, em São Paulo. Nascido em 1955 em Carmo de Minas, interior de Minas Gerais, Marcelo Ferraz estagiou com a renomada arquiteta Lina Bo Bardi num de seus grandes projetos, o SESC Pompéia, em São Paulo. Após a conclusão do curso, Ferraz foi parceiro de Bo Bardi em todos seus projetos posteriores, até o ano de 1992, quando a arquiteta faleceu. CONTEXTO: O moinho Colognese foi construído no início do século XX pelos imigrantes italianos que se instalaram no interior do Rio Grande do Sul. A primeira família chegou a Ilópolis (na época um pequeno povoado conhecido como Serra da Figueira) em 1879. Os italianos trouxeram a técnica da construção e utilizavam a madeira da araucária, que era muito abundante. A cultura e a tradição italiana foram aos poucos sendo afirmadas nos processos e nas relações humanas e sociais, permanecendo forte e presente até a atualidade, podendo ser encontrada em elementos da arquitetura, da culinária, da moda, da linguagem, dos hábitos e valores culturais dos moradores de Ilópolis/RS. O moinho estava parou suas funções há anos, e corria o risco de desaparecer com o desenvolvimento da cidade. Foi esta preocupação que motivou a inclusão do moinho em uma rota turística, sendo necessária sua restauração e um redirecionamento na sua função.
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Figura 184: Francisco Fanucci e Marcello Ferraz. Fonte: SOARES, 2016.
Figura 185: Vila de Itapuca - RS, no final do século XIX, onde aparecem edificações como o Moinho Colognese, feitas pelos imigrantes italianos. Fonte: Correio, 2018.
Figura 186: Fachada do Moinho Colognese antes da restauração. Fonte: TRIPADVISOR.
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SITUAÇÃO Ilópolis é um pequeno município do Rio Grande do Sul, localizado na bordadura da Serra Geral. Antes da chegada dos italianos já havia no local um povoado que tirava seu sustento da erva mate, cultivo que ainda hoje é importante para a economia ao lado do turismo, que tem como destaque o Museu do Pão, o Processo Histórico da Erva Mate, a arquitetura típica italiana, a gastronomia e os atrativos naturais. O Moinho Colognese faz parte de um patrimônio que remonta à colonização italiana no Rio Grande do Sul no final do século XIX e início do século XX. O prédio é um dos inúmeros moinhos existentes na região, e sua restauração e reativação surgiu da ideia de criar o “Caminho dos Moinhos”, com o intuito de preservar a memória da colonização e ao mesmo tempo como forma de incrementar a economia da região. A concepção dos dois prédios anexos ao moinho (para abrigar o museu e a panificadora) partiu do princípio de se ciar uma distinção clara entre o passado e o presente, o que fica evidente na forma em linhas retas e na utilização do concreto. As colunas do museu são uma releitura das colunas utilizadas pelos imigrantes, que lembram troncos de árvores com galhos e têm estrutura mista de madeira, concreto e metal. Marcelo Ferraz e sua equipe lançaram mão também do material mais utilizados pelos colonizadores – a madeira, para estabelecer um diálogo com o prédio existente, que foi totalmente restaurado e colocado em funcionamento. Nele funciona uma bodega onde se reúne a comunidade local.
Figura 187: Museu do Pão e entorno. Fonte: KON, 2011
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Figura 188: Localização do Museu do Pão na cidade. Fonte: Google Maps, 2018.
Figura 189: Cidade de Ilópolis, no Rio Grande do Sul, e a localização do Museu. Fonte: Google Maps, 2018
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PARTIDO O Moinho Colognese, onde hoje existe o Museu do Pão, faz parte de um patrimônio que remonta à colonização italiana no Rio Grande do Sul no final do século XIX e início do século XX. O prédio é um dos inúmeros moinhos existentes na região, e sua restauração e reativação surgiu da ideia de criar o "caminho dos moinhos", com o intuito de preservar a memória da colonização e ao mesmo tempo como forma de incrementar a economia da região. A concepção dos dois prédios anexos ao moinho (para abrigar o museu e a panificadora) partiu do princípio de se criar uma distinção clara entre o passado e o presente, o que fica evidente na forma em linhas retas e na utilização do concreto. As colunas do museu são uma releitura das colunas utilizadas pelos imigrantes, que lembram troncos de árvores com galhos, e têm estrutura mista de madeira, concreto e metal. Marcello Ferraz e sua equipe lançaram mão também do material mais utilizado pelos colonizadores - a madeira, para estabelecer um diálogo com o prédio existente, que foi totalmente restaurado e colocado em funcionamento. Nele funciona uma bodega onde se reúne a comunidade local.
Figura 190: A edificação nova e o Moinho ao fundo. Fonte: KON, 2011.
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Figura 191: Detalhe das colunas do Museu. Fonte: KON, 2011.
Figura 192: Implantação do Museu do Pão. Fonte: Google Maps, 2018.
Figura 193: Planta baixa do Museu. Fonte: ARCHDAILY, 2011.
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PROGRAMA DE NECESSIDADES: 1. Moinho de trigo; 2. Espaço para reunião da comunidade – bodega; 3. Salão de Exposição permanente (Museu); 4. Sala multiuso e videoteca; 5. Cozinha Industrial e panificadora 6. Sala para aulas teóricas 7. Sanitários 8. Jardim com exposição de Mós (pedras usadas em antigos moinhos para triturar os grãos). SISTEMA CONSTRUTIVO E TÉCNICAS SUSTENTÁVEIS: Os dois anexos foram executados em concreto armado e estão ligeiramente acima do solo, apoiados em um sistema convencional de vigas baldrame, com apoios ortogonais deslocados da borda. A laje do piso possui treliças na armadura somente no sentido transversal. A laje de cobertura se apoia na frente em três pilares em ziguezague e atrás, em duas vigas-paredes. Esses três pilares são uma releitura dos pilares do moinho, com um capitel que abre em quatro apoios de madeira. As forças nesses apoios são recolhidas por um disco metálico, concretado junto com a laje. As duas lajes afinam nas bordas, tornando o conjunto mais leve visualmente. O uso do concreto nos anexos faz com que se distingam do Moinho. Porém, alguns detalhes pensados pelos arquitetos, como o pilar do museu, o guarda corpo da passarela entre os edifícios novos, mostram uma ligação com as técnicas construtivas antigas. Para permitir uma economia de energia evitando a ventilação mecânica ou climatização, foi desenvolvido um sistema de ventilação por convecção, em que o ar frio entra por aberturas no piso inferior semi-enterrado, passa por aberturas por baixo das bancadas e empurra o ar aquecido por aberturas superiores, como demonstra o desenho
Figura 194: Interior do Moinho Colognese restaurado. Fonte: KON, 2011.
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Figura 195: Bodega - espaço para convivência . Fonte: KON, 2011.
Figura 197: Antigas mós que agora ficam expostas. Fonte: KON, 2011.
Figura 199: Armação da laje de cobertura do Museu. Fonte: CADERNOTECA,
Figura 196: Salão de Exposição permanente do Museu. Fonte: KON, 2011.
Figura 198: Cozinha e panificadora. Fonte: KON, 2011.
Figura 200: Esquema de ventilação da panificadora. Fonte: CADERNOTECA.
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3. THE SHED É uma obra temporária que irá substituir o Teatro Nacional do Reino Unido enquanto este estiver sendo reformado. A concepção da forma simplificada e o caráter de instalação artística são atributos que chamam a atenção neste projeto. Mas não só isso: o fato de ter sido construído em um espaço reduzido de tempo, com o emprego de materiais reciclados, além de utilizar estratégias de ventilação natural, fazem desta obra um modelo de construção barata, útil e bonita. DADOS BÁSICOS: Escritório: Haworth Tompkins Localização: Londres, Reino Unido Arquitetos: Steve Tompkins, Graham Haworth, Paddy Dillon, Shan e McCamley Área: 628 m² Ano do projeto: 2013
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Figura 201: O GalpĂŁo. Fonte: VILE, 2013.
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BIOGRAFIA DOS AUTORES: Graham estudou Arquitetura nas Universidades de Nottingham e Cambridge. Após a formatura em 1984 trabalhou nos EUA. Retornando ao Reino Unido, trabalhou para Bennetts Associates antes de formar a Haworth Tompkins com Steve Tompkins em 1991. Graham lecionou e foi crítico visitante em várias das principais escolas de arquitetura, incluindo a Cambridge University do Reino Unido e a Yale University nos EUA. Ele contribuiu para várias publicações e programas de televisão sobre arquitetura, incluindo o The Art Show, o Dreamspaces e o Buildings That Shaped Britain. Steve estudou Arquitetura na Bath University e viajou bastante antes de ingressar na Arup Associated em Londres. Foi membro fundador da Bennetts Associates em 1987, antes de formar a Haworth Tompkins com Graham Hawor th em 1991. Ele lecionou extensivamente em várias escolas de Arquitetura do Reino Unido, é curador do Teatro Young Vic, participa do grupo diretor da Organização de Redução de Emissões de Carbono Julie's Bicycle e é membro do Fórum de Pesquisa Internacional Theatrum Mundi. Ele é atualmente um examinador externo na Universidade de Cambridge. CONTEXTO A obra foi finalizada em pouco mais de um ano num processo experimental que incluiu os artistas que utilizam o espaço do Teatro Nacional que será reformado. Isto fez com que o processo parecesse mais um espetáculo do que uma construção convencional. O resultado foi um auditório com 225 lugares, que pela sua forma inusitada e cor vibrante atrai olhares de vários pontos da cidade como uma obra de arte.
Figura 202: Graham Haworth e SteveTompkins. Fonte: BEVAN, 2015.
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Figura 203: Fachada do Galpão. Fonte: VILE, 2013.
Figura 204: O Galpão visto da outra margem do Tâmisa. Fonte: VILE, 2013.
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SITUAÇÃO Lambeth é um dos 32 distritos da Grande Londres, na Inglaterra. Tem cerca de 50 mil pessoas, em uma área de 26,82 Km². ². É um bairro central e tradicional de Londres, às margens do Rio Tâmisa. O bairro conta com ótimo serviço de transportes públicos, como os tradicionais ônibus de dois andares. Pode- se também chegar a outras partes da cidade pelo transporte fluvial. Da margem do Rio Tâmisa se avista o Big Bem e o Parlamento Inglês, que ficam em Westminster, bem em frente a Lambeth. A ponte que liga os dois bairros é a menor de Londres e foi construída para o transporte de cavalos. (Seu antigo nome era Horseferry Road). O Imperial War Museum é um dos atrativos do bairro, ao lado do Palácio de Lambeth e dos Pubs típicos do local
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Figuras 205 e 206: A localização do Teatro no Bairro de Lambeth. A localização do Bairro de Lambeth na cidade de Londres. Fonte: Google Maps, 2018
Figura 207: Rua do Bairro Lambeth, em Londres. Fonte: AIRBNB, 2018.
Figura 209: Lambeth Bridge, sobre o Rio Tâmisa. Fonte: AIRBNB, 2018.
Figura 211: Palácio de Lambeth. Fonte: AIRBNB, 2018.
Figura 208: Vista do Rio Tâmisa e ao fundo o Parlamento Inglês e o Big Ben. Fonte: AIRBNB, 2018.
Figura 210. Imperial War Museum. Fonte: AIRBNB, 2018.
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PARTIDO: A obra é um anexo da edificação do Teatro Nacional e suas torres complementam a geometria dele. ara o foyer do novo auditório temporário utilizou-se o terraço externo do prédio. O revestimento do galpão em madeira serrada em bruto faz uma referência às placas de concreto que são a marca do Teatro Nacional. O jogo de forma e cor é realçado pelo fato de não possuir janelas e também pelas quatro torres, marcando presença junto ao concreto do edifício do teatro.
Figura 212: O Galpão e o Teatro Nacional do Reino Unido. Fonte: VILE, 2013.
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Figura 213: Implantação do Galpão. Fonte: Google Maps, 2018.
Figura 214: Planta baixa do pavimento térreo do Galpão. Fonte: ARCHDAILY, 2013.
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SISTEMA CONSTRUTIVO E TÉCNICAS SUSTENTÁVEIS A obra utilizou o aço bruto, madeira compensada e assentos reutilizados. No revestimento externo a madeira serrada para dar maior durabilidade frente às intempéries, sobre a qual foi aplicada tinta de um vermelho intenso. A estrutura da arquibancada foi toda feita em aço, material que também foi usado para suportar o peso dos equipamentos de iluminação do teatro. A ligação do auditório com o edifício do Teatro Nacional se dá através do terraço externo deste, onde foi possível moldar um foyer provisório em madeira com acesso à entrada principal do teatro. A ventilação é feita pelas quatro torres que funcionam como chaminés, já que a construção não possui janelas.
Figura 215: Axonométrica do Galpão. Fonte: ARCHDAILY, 2013.
Figura 216: Corte. Fonte: VILE, 2013.
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Figura 217 Interior do Foyer. Fonte: VILE, 2013.
Figura 218: Interior do auditório durante apresentação de peça teatral. Fonte: VILE, 2013.
Figura 219: Detalhe do equipamento de iluminação. Fonte: VILE, 2013.
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LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO - Armazém do Café
Figura 220: Fachada da Rua Cap. Gabriel Ribeiro. No geral as paredes estão em bom estado. Fonte: Acervo pessoal.
Figura 221: Fachada da Rua Cap. Gabriel Ribeiro. Fonte: Acervo pessoal.
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Figura 222: Interior do armazém onde se vê uma abertura que foi feita na parede e que necessita de acabamento. A base das paredes apresentam desgaste nos tijolos. O piso necessita de revestimento. Fonte: Acervo pessoal
Figura 223: Interior do armazém onde se vê a máquina de beneficiamento em ótimas condições. Fonte: Acervo pessoal
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Figura 224: Interior do armazém onde se vê uma passagem que foi fechada indevidamente. Fonte: Acervo pessoal.
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Figura 225: Nesta área do armazém foram construídos dois sanitários de maneira improvisada, que deverão ser desfeitos. Fonte: Acervo pessoal.
Figura 226 Interior do armazém: paredes e madeiramento do telhado. Fonte: Acervo pessoal.
Figura 227: Interior do armazém: passagens em arco. Fonte: Acervo pessoal.
Figura 228: Interior do armazém: o madeiramento do telhado está em boas condições. Fonte: Acervo pessoal.
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