UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI LUANA ALVES RAMOS
MOBILIDADE URBANA EM SÃO PAULO: INTEGRAÇÕES DO TRANSPORTE COLETIVO NA CAPITAL PAULISTA
São Paulo 2016
LUANA ALVES RAMOS
MOBILIDADE URBANA EM SÃO PAULO: INTEGRAÇÕES DO TRANSPORTE COLETIVO NA CAPITAL PAULISTA
Trabalho de Conclusão Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Anhembi Morumbi, sob a orientação do Prof. José Geraldo Martins de Oliveira.
São Paulo 2016
LUANA ALVES RAMOS
MOBILIDADE URBANA EM SÃO PAULO: INTEGRAÇÕES DO TRANSPORTE COLETIVO NA CAPITAL PAULISTA Trabalho de Conclusão Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Anhembi Morumbi, sob a orientação do Prof. José Geraldo Martins de Oliveira.
Aprovado em
Nome do orientador/titulação/IES
Nome do convidado interno/ titulação/IES
Nome do convidado externo/ titulação/IES
DedicatĂłria
Dedico este trabalho a cada uma das pessoas que se deslocam diariamente pela cidade de SĂŁo Paulo, em especial aos trabalhadores e estudantes que fazem dessa cidade uma das maiores do mundo. Foi pensando facilitar a vida de cada um de vocĂŞs que este trabalho foi feito.
Agradecimentos
-Primeiramente a Deus, que me deu a vida e me permitiu chegar até aqui; -À minha mãe e heroína, Alice, meu padrasto Jaime e a meu pai, Carlos (in memoriam), espero ter atendido às expectativas de vocês, pois nunca teria ido tão longe sem o apoio e os sacrifícios que vocês fizeram para me ver onde estou hoje; -Ao meu orientador querido José Geraldo, pela paciência, as conversas, as aulas, o conhecimento compartilhado e todo o apoio e segurança que me foram transmitidos ao longo dos três últimos anos de graduação; -Aos meus companheiros de jornada, com os quais tanto compartilhei as angústias, alegrias, frustações, expectativas e bons momentos ao longo desses cinco anos. Em especial à Aline, Ana, Karen, Lucas, Maria Elisa e Susan; vocês tornaram essa batalha muito mais fácil e divertida; -Às minhas amigas de longa data Daniele e Magali por me aturarem e fingirem maravilhosamente bem que entendiam tudo que eu falava a respeito deste trabalho. Obrigado por todo o apoio e as palavras de incentivo; -Aos colegas de trabalho da CDHU, em especial aos arquitetos Guilherme Brás, Marilú Gussoni, Renato Guimarães Pereira e Rodrigo Binati, que acompanharam quase metade do meu processo de formação e contribuíram desde o início, de inúmeras maneiras, para que este trabalho acontecesse;
“Uma boa cidade não é aquela em que até os pobres andam de carro, mas aquela em que até os ricos usam transporte público.” Enrique Peñalosa
Resumo
As grandes metrópoles mundiais passam por grandes transformações para assegurar seu crescimento econômico e habitacional constante. Grandes setores do planejamento urbano devem ser analisados e revistos frequentemente para se adaptar às novas necessidades que surgem diariamente, entre elas assegurar o acesso equitativo à educação, saúde, segurança e aos transportes coletivos; este último deve possibilitar o livre deslocamento de todas as camadas da sociedade, de forma a atender todas as regiões da cidade com a máxima eficiência e sustentabilidade, beneficiando a todos os usuários de forma igualitária. O atual sistema de transporte coletivo na cidade de São Paulo enfrenta muitos dilemas nesse sentido, como por exemplo, como melhorar o serviço para atender de forma mais satisfatória a atual demanda de usuários? Como os planos de expansão para o sistema de alta capacidade podem acompanhar a expansão urbana da metrópole? Como priorizar o transporte coletivo sobre o individual e fazer com que a população se desloque de forma mais sustentável pela cidade? O presente trabalho tem por objetivo analisar essas perguntas através de dados e informações que passam por todas as fases do transporte coletivo na capital, passado, presente e futuro e pretende, senão resposta a todas elas, propor diretrizes que possam servir como pontapé inicial para a resolução da complexa questão da mobilidade urbana na cidade de São Paulo. Palavras-chave: Transportes públicos. Mobilidade Urbana. São Paulo. Metrô. Trem. Ônibus.
Abstract
The great worldwide metropolis go through major changes to assure their constant economic and housing growth. Great sectors of urban planning must be frequently analyzed and reviewed in order to adjust to new requirements, wich arises daily, and amongst them to assure equitable access to education, health, safety and public transit; this last one must provide accessible transit for the society as a whole, in order to reach the entire city with the maximum of eficiency and sustainability, benefiting all users equaly. The current public transit system in S達o Paulo is facing many dilemmas in this subject, for example, how to improve the service to provide a better attendance to the current demand? How the expansion plans for the high capacity transit system can follow the metropolis expansion? How to prioritize public transit over the individual transport and induce the population to sustainably commute throughout the city? This research aims to analyze these questions through data and information that are related to public transit in S達o Paulo in all of its matters, past, present and future, and intends to answer, if possible , or propose goals that may serve as an incentive in the resolution of the complex subject of urban mobility in S達o Paulo.
Keywords: Public Transit, Urban Mobility, S達o Paulo, Subway, Train, Bus
Lista de Figuras, Fotos e Gráficos
Figura 1- Linha Bom Retiro em 1900 Figura 2- Rua São Bento em 1902 Figura 3- Trólebus na Praça João Mendes em 1949 Figura 4- Participação da CMTC no transporte de passageiros Figura 5- Divisão de transporte entre os modos- 1977 a 1980 Figura 6- RMSP- Sistema Estrutural Sobre Trilhos-Rede Densa 2020 Figura 7- RMSP- Sistema sobre pneus 2020 Figura 8- RMSP- Sistema complementar sobre pneus na área central Figura 9- Prioridade dos atores na pirâmide de deslocamentos Figura 10- Corredores de ônibus da cidade de São Paulo Gráfico 1- Divisão de passageiros no movimento diário por linha- CPTM Figura 11- Exemplo de viagem negativa das linhas 11 e 12 da CPTM para a linha 3 do Metrô Gráfico 2- Divisão de passageiros no movimento diário por linha- Metrô Gráfico 3- Duração média das viagens por modo e distância em São Paulo 2012 Figura 12- Índice PNT de São Paulo Figura 13- Terminais intermodais existentes na cidade de São Paulo Figura 14- Implantação do Terminal Barra Funda Figura 15- Área de Influência do Terminal Barra Funda Figura 16- Implantação do Terminal Itaquera Foto1- Plataforma do Terminal Itaquera Foto 2- Movimentação no Terminal Figura 17- Área de Influência do Terminal Itaquera Figura 18- Implantação do Terminal Pinheiros Figura 19- Acesso à estação Pinheiros da CPTM a partir do terminal Figura 20- Acesso à estação Pinheiros do metrô a partir do terminal Figura 21- Plataformas 3 e 4 do terminal Pinheiros
Figura 22- Terminal visto da estação Pinheiros da CPTM Figura 23- Área de Influência do terminal Pinheiros Figura 24- Implantação do Terminal Tatuapé Figura 25- Área de Influência do terminal Tatuapé Foto 3- Terminal Tatuapé visto da passarela de acesso à estação Figura 26- Implantação do Terminal Guido Caloi Foto 4- Terminal Guido Caloi visto da plataforma da estação Santo Amaro da linha 5- Lilás Foto 5- Terminal Guido Caloi a partir da saída da estação Santo Amaro Foto 6- Estação Santo Amaro do Metrô vista do Terminal Figura 27- Área de Influência do Terminal Guido Caloi Figura 28- Localização dos 11 Terminais intermodais considerados na cidade de São Paulo Figura 29- Áreas de influência existente e genérica proposta do terminal Guido Caloi Figura 30- Vias arteriais e coletoras na área de influência genérica Figura 31- Novos trajetos propostos e área de influência final Figura 32- Equipamentos de interesse na região do terminal Guido Caloi Figura 33- Proposta esquemática sobrepondo áreas de influência existentes e pretendidas Figura 34- Entorno do Terminal Guido Caloi Foto 7- Trajeto entre a ponte Bayer e o terminal Guido Caloi Foto 8- Placa de inauguração da ponte com estação do metrô ao fundo Foto 9- Vista da ponte com um dos edifícios da Bayer ao fundo Foto 10- Trajeto entre a ponte e o terminal de ônibus, com o acesso ao metrô ao fundo Figura 35- Infravermelho da área Figura 36- Estrutura viária Figura 37- Desenho dos lotes Figura 38- Uso e ocupação das quadras Figura 39- Principais áreas para intervenção Figura 40- Rota de ligação proposta
Lista de Tabelas
Tabela 1- Número de viagens por modo em São Paulo em 1997, 2007 e 2012 Tabela 2- Número de passageiros transportados por empresa Tabela 3- Distribuição e dados das linhas e estações da CPTM na cidade de São Paulo Tabela 4- Dados das linhas e estações do Metrô na cidade de São Paulo Tabela 5- Integração Física na CPTM Tabela 6- Integração Física no Metrô Tabela 7- Resumo das proposições do PITU 2020 Tabela 8- Terminais de ônibus na cidade de São Paulo Tabela 9- Corredores de ônibus da cidade de São Paulo Tabela 10- Terminais intermodais na cidade de São Paulo Tabela 11- Áreas de influência por tamanho Tabela 12- Linhas remanejadas para o terminal Guido Caloi
Lista de Abreviaturas
ANTP
Associação Nacional de Transportes Públicos
APP
Área de Proteção Permanente
BRT
Bus Rapid Transit (Transporte rápido por ônibus)
CBTU
Companhia Brasileira de Trens Urbanos
CET
Companhia de Engenharia de Tráfego
CMTC
Companhia Municipal de Transportes Coletivos
CPTM
Companhia Paulista de Trens Metropolitanos
CVP
Companhia Viação Paulista
DPT
Departamento de Transportes Públicos
EBTU
Empresa Brasileira de Transportes Urbanos
EFCJ
Estrada de Ferro Campos do Jordão
EMTU
Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos
FEPASA
Ferrovia Paulista S/A
FUNDURB
Fundo de Desenvolvimento Urbano
IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ITDP
Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento
OD
Pesquisa Origem-Destino
NT
Nota da autora
PDE
Plano Diretor Estratégico
PIT
Plano Integrado de Transportes
PITU
Plano Integrado de Transportes Urbanos
PlanMob
Plano Municipal de Mobilidade Urbana de São Paulo
PMMU
Política Municipal de Mobilidade Urbana de São Paulo
PNMU
Política Nacional de Mobilidade Urbana
PNT
People Near Transport
PUB
Plano Urbanístico Básico
RMSP
Região Metropolitana de São Paulo
SMT
Secretaria Municipal dos Transportes
SPTrans
São Paulo Transportes
USP
Universidade de São Paulo
VLT
Veículo Leve Sobre Trilhos
Sumário Introdução ................................................................................................................ 25 Capítulo 1- A Mobilidade Urbana ........................................................................... 29 1.1 O surgimento do transporte coletivo ................................................................ 31 1.2 História do transporte público coletivo em SP .................................................. 33 1.2.1 A CMTC ........................................................................................................ 37 1.3 Legislação vigente ........................................................................................... 45 Capítulo 2- Diagnóstico da malha existente ......................................................... 49 2.1 Secretaria dos transportes metropolitanos do estado de São Paulo ............... 51 2.1.1 CPTM......................................................................................................... 51 2.1.2 Metrô ......................................................................................................... 54 2.1.3 Planos de Expansão .................................................................................. 58 2.2 A SPTrans e o sistema de média capacidade em São Paulo .......................... 62 2.3 Análises............................................................................................................ 67 Capítulo 3- Terminais Intermodais ......................................................................... 75 3.1 Terminal Barra Funda ...................................................................................... 79 3.2 Terminal Itaquera ............................................................................................. 81 3.3 Terminal Pinheiros ........................................................................................... 84 3.4 Terminal Tatuapé ............................................................................................. 88 3.5 Terminal Guido Caloi ....................................................................................... 91 Capítulo 4- Estudo para readequação de áreas de influência ............................. 97 4.1 Critérios estabelecidos .................................................................................... 98 4.1.1 Barreiras geográficas .............................................................................. 100 4.1.2 Infraestrutura viária ................................................................................. 100 4.1.3 Trajetos existentes .................................................................................. 103 4.1.4 Equipamentos de interesse ..................................................................... 105 Capítulo 5- A potencialização dos terminais como espaços integradores ...... 109 Considerações Finais ........................................................................................... 121 Prólogo ................................................................................................................... 125 Bibliografia............................................................................................................. 126
Introdução
Os deslocamentos sempre fizeram parte da história da humanidade, desde as primeiras sociedades nômades até os dias atuais, já que o simples ato de caminhar é a forma de locomoção mais antiga que se conhece. Esses deslocamentos foram se modificando ao longo do tempo, de acordo com a evolução dos povos, seus hábitos e necessidades e pode-se dizer que a invenção da roda pelos sumérios foi um marco inicial para o desenvolvimento de novas formas de locomoção. A partir do século XVIII, a invenção do automóvel abriu novas possibilidades, com viagens mais rápidas, confortáveis e seguras, permitindo maiores deslocamentos em menores intervalos. Paralelamente, a invenção e popularização das locomotivas na Inglaterra serviram como estímulo a novas formas de locomoção em massa, iniciando o sistema de transporte público de alta capacidade. Partindo dessas premissas, este trabalho pretende analisar os sistemas de transporte público de média e alta capacidade, representados por ônibus, metrô e trens, dentro da cidade de São Paulo. Será abordada a localização, extensão e abrangência territorial de cada um, bem como suas formas de integração e como a mesma pode ser melhorada a fim de proporcionar maior eficiência para os usuários. A cidade de São Paulo está entre as 10 maiores cidades do mundo, e sua frota de automóveis bateu a marca de 8 milhões no ano de 2015. Levando em consideração a população residente, a proporção entre habitantes e veículos na cidade é de 2,03 hab/v, enquanto a média nacional fica em 4,1 hab/v. Isso significa que cada vez mais carros estão circulando nos 17.000 km de vias da cidade, aumentando os já elevados índices de congestionamento e diminuindo a esperada fluidez. A partir desta constatação começa a abrangência desse trabalho. Cada vez mais, os especialistas em trânsito apontam que a solução mais evidente para o problema da circulação em São Paulo é o investimento maciço da administração pública no transporte coletivo, incentivando novas formas de mobilidade que funcionem de forma eficiente e integrada. O objetivo deste trabalho é, inicialmente, fazer um levantamento do sistema de transporte público coletivo existente na cidade. Para isso, serão analisados os órgãos públicos atuantes na cidade, que administram, planejam e operam os sistemas de transporte de média e alta capacidade, sendo a municipal São Paulo Transportes S/A (SPTrans) e as estaduais, ligadas à Secretaria do Transporte Metropolitano (STM), Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) e Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Dentro dessas análises, o desenvolvimento de alguns gráficos e tabelas são parte significativa deste estudo, já que somente a partir destas tabulações dos dados coletados é que se pode entender o panorama da malha existente. Os levantamentos elaborados na etapa anterior proporcionarão uma visão geral das falhas existentes na malha, que deverão ser solucionadas por diretrizes que visem 25
Mobilidade Urbana em São Paulo
deslocamentos mais efetivos dentro da cidade de São Paulo. Isso se dará através de um melhor planejamento e maior integração dos transportes públicos coletivos, entre os próprios sistemas de alta e média capacidade e também com os modos de transporte não motorizados, incentivando o uso dos mesmos como alternativa ao uso de veículos motorizados individuais. As diretrizes propostas para melhoria dos deslocamentos e maior integração dos modos coletivos ou não motorizados de transporte, são o objetivo final deste estudo. Durante a elaboração dessas diretrizes, será possível observar que um equipamento em especial ganhará destaque no estudo da mobilidade urbana na cidade, que são os terminais intermodais que reúnem estações de metrô, trem e ônibus interligados em um único espaço. São esses terminais que servirão como protagonistas para o estudo das relações de deslocamento na capital paulista. Desenvolver um trabalho a respeito da mobilidade urbana na cidade de São Paulo mostra-se relevante pela influência política, social e econômica que a capital paulista exerce sobre toda a região metropolitana do estado, sendo que a questão dos deslocamentos se amplifica quando levamos em consideração a quantidade de pessoas que circulam pela cidade todos os dias, incluindo aqui os habitantes e os não habitantes que a utilizam diariamente por inúmeros motivos. A cidade como um todo deve proporcionar a todas essas pessoas deslocamentos que garantam quatro conceitos básicos da engenharia de trânsito: segurança, fluidez, acessibilidade e qualidade de vida. Por ser um trabalho que necessita de forte embasamento teórico, as pesquisas bibliográficas e de campo serão a base da metodologia de desenvolvimento deste trabalho. Um dos autores mais citados aqui será Eduardo Alcântara de Vasconcelos, engenheiro de tráfego que realizou estudos e escreveu alguns livros à respeito da questão do trânsito e da circulação na cidade de São Paulo. Outras fontes que oferecem muito material para análise são os acervos das empresas que administram os transportes públicos na cidade, como a CPTM, o Metrô e a SPTrans. A pesquisa Origem- Destino (OD), desenvolvida pelo Metrô a cada 10 anos, também fornece importantes dados sobre a mobilidade urbana na Metrópole. A pesquisa tem por objetivo analisar como se dão os deslocamentos da população, quais distâncias são percorridas, através de quais meios e com qual finalidade. Como a metrópole se mantem dinâmica e os dados podem sofrer muitas alterações em 10 anos, faz-se uma aferição dos resultados a cada 5 anos, numa mostra menor da população e em um zoneado mais agregado, como define o próprio metrô. Para estruturar o trabalho de forma cronológica a fim de gerar um maior entendimento, decidiu-se dividir esta monografia em cinco capítulos, a começar por uma visão geral do que é mobilidade urbana e com que caráter essa questão será abordada, bem como um pequeno histórico sobre o surgimento dos veículos e consequentemente do transporte público no mundo e na cidade de São Paulo. Chegando neste ponto, divide-se a história em duas grandes “eras” que são do início das ferrovias de passageiros até o término do 26
Integrações do transporte coletivo na capital paulista
monopólio da Light nos transportes coletivos e, depois, da fundação da CMTC até sua extinção e substituição pela SPTrans. Nesse início, expõe-se também a legislação vigente para se entender como o poder público vem tratando a questão da mobilidade. O segundo capítulo faz a passagem do tempo para o presente, ou seja, para a análise da malha existente, e posteriormente para o futuro, abordando os projetos de expansão para os sistemas de alta e média capacidade. Há também uma análise dos pontos positivos e negativos levantados durante a pesquisa e é a partir dessas análises que surge a questão central do trabalho, a integração entre os dois grandes sistemas de transporte coletivo da cidade, de alta e média capacidade, e aprofundando nesta questão, já no capítulo três, surge o ator principal desse tema, aqui chamado de terminal intermodal, que são os terminais de ônibus que também contam com estações de metrô e de trem no mesmo espaço. Dentro desse capítulo há uma contextualização à respeito de cada um dos cinco terminais desse tipo existentes e cita-se quais são as possibilidades de expansão desse equipamento com base nos projetos de expansão do metrô, da CPTM e da SPTrans. Por fim, os capítulos quatro e cinco tem como foco o mesmo objeto de estudo, que tratase do Terminal Guido Caloi, na estação Santo Amaro do metrô e da CPTM. Por ter sido o terminal que negativamente mais se diferenciou dos demais durante os levantamentos, este terminal foi escolhido como base de estudo para uma readequação de sua área de influência e um projeto visando a intensificação de seu uso, sendo que cada um desses estudos consiste em um capítulo, e pretende-se que os mesmos sirvam como referência para a implantação dos outros seis terminais intermodais previstos e/ ou propostos para a cidade. Para finalizar, espera-se que este trabalho sirva como uma ferramenta de pesquisa para outros estudos relacionados ao tema e que, de alguma forma, possa contribuir para uma cidade mais equitativa e eficiente, não só para quem nela vive, mas para todos que dela usufruem.
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Mobilidade Urbana em SĂŁo Paulo
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Capítulo 1 A Mobilidade Urbana
O Dicionário Online de Português define a palavra mobilidade, cuja origem vem do latim mobilitas, como sendo, entre outras coisas, a ”capacidade de se mudar, de ir a outro lugar com rapidez (...)”. Em um sentido mais amplo, a Lei Federal nº 12.587/12 define “mobilidade urbana” como sendo a “condição em que se realizam os deslocamentos de pessoas e cargas no espaço urbano”. Pois bem, quando se fala em mobilidade no contexto urbano, a capacidade de se locomover com rapidez e ter garantido o acesso universal à cidade e o direito de ir e vir é uma das primeiras coisas que nos vêm à cabeça e proporcioná-la de forma eficiente e financeiramente viável é um dever e um grande desafio de planejamento para as cidades. Mesmo parecendo um problema exclusivo da sociedade moderna, questões visando a melhoria da fluidez e maior segurança e organização no trânsito já eram discutidas muito antes da invenção e difusão do automóvel como o conhecemos hoje, sendo que a partir dos veículos Mobilidade movidos por tração animal já há relatos de normas para a Urbana: Condição melhor convivência entre veículos e pedestres. Nesse em que se realizam sentido, Roma parece ter sido uma cidade importante os deslocamentos de para a história da mobilidade, já que as primeiras pessoas e cargas no restrições conhecidas ao trânsito foram feitas pelo espaço urbano. Imperador Júlio César, que proibiu o tráfego de veículos com rodas no centro em determinadas horas do dia; pela cidade via-se também marcos quilométricos, sinalizações, vias de mão única e estacionamentos para carroças. Por se tratar de um grande Império que visava a expansão e a integração com outros povos, os romanos também se tornaram exímios construtores de estradas, começando em 312 a.C. com a construção da Via Ápia. A partir dela, todas as estradas iam sendo construídas ligando-se a esse tronco principal, expandindo cada vez mais a malha viária, que chegou a ter 350.000km de estradas não pavimentadas. A título de curiosidade, foi dessa malha interligada que surgiu a expressão “Todos os caminhos levam a Roma”. Apesar de ter sido os romanos que aprimoraram as técnicas de construção de estradas e criaram as primeiras restrições de trânsito, a locomoção de pessoas e mercadorias já existia muito antes disso. Indícios encontrados na Escandinávia apontam para o uso de canoas e pirogas por povos pré-históricos como forma de atravessar ou superar barreiras aquáticas em seus deslocamentos; posteriormente veio o hábito de utilizar animais como forma de transporte para pessoas, mas, até então, principalmente para cargas. Com a invenção da roda, em torno do ano de 3.000 a.C., o povo sumério deu o pontapé inicial para a criação de novos meios de transporte, que aliado a possibilidade de domesticação de alguns animais, 29
Mobilidade Urbana em São Paulo
pudessem ser mais rápidos e eficientes e, a partir daí, veículos como trenós, travois, carroças, bigas e liteiras foram gradualmente sendo inseridos no dia a dia das sociedades. A revolução industrial sem dúvida foi um marco impactante na área da mobilidade urbana. A mudança de grandes contingentes populacionais do campo para as cidades acarretou em uma nova dinâmica urbana, e exigiu que as mesmas promovessem novas formas de locomoção para sua população, que foram possíveis devido às recém-desenvolvidas máquinas a vapor, que promoveram o avanço tecnológico e o desenvolvimento de novos tipos de transportes terrestres e marítimos. Consequentemente, tais avanços possibilitaram maiores deslocamentos e cada vez mais as pessoas e mercadorias podiam percorrer longas distâncias com maior comodidade e em menos tempo do que se fazia possível até então. Dos impactos imediatos gerados pela revolução industrial podemos destacar a invenção das locomotivas à vapor e a construção das ferrovias, que possibilitaram a ligação das zonas mais afastadas aos grandes centros da época, além de se tornarem uma forma muito utilizada de conexão entre países, reduzindo o predomínio dos transportes marítimos para esse tipo de viagem. A invenção das locomotivas à vapor, como a de todos os outros veículos automotores, foi fruto de um processo longo e evolutivo, mas as contribuições mais notórias parecem ter sido feitas pelo inglês George Stephenson, que em 1814 construiu a locomotiva Blucher, com a finalidade de carregar material das minas de carvão para a cidade e viceversa. Essa locomotiva podia carregar aproximadamente 30 toneladas a uma velocidade de 6 km/h e devido a seu sucesso, no ano de 1825 Stephenson inaugurou sua primeira estrada de ferro, que ligava a região das minas de Darlington à Stockton. Quatro anos depois liderou a construção da ferrovia entre Manchester e Liverpool, e nesta utilizou a locomotiva Rocket, que atingia a velocidade de 50 km/h. Paralelo a esses avanços no campo das locomotivas, no ano de 1769, um francês chamado Nicolas Cugnot desenvolveu uma carruagem que era movida por um sistema de motor a vapor. Essa invenção, semelhante às locomotivas, não tinha como prioridade o transporte de pessoas e sim o de cargas, nesse caso, de peças de artilharia do exército francês. Apenas no ano de 1886, após a criação do motor à gás ou petróleo, o alemão Karl Benz criou o que seria o primeiro dos carros modernos, fundando posteriormente a Mercedes-Benz junto com Gottlieb Daimler, também fabricante de automóveis na Alemanha. Mesmo não fazendo parte desse processo evolutivo do automóvel, foi nos Estados Unidos que o veículo se popularizou, quando, em 1908, Henry Ford fundou a fábrica que leva seu nome e começou a produção em grande escala de automóveis, lançando o modelo chamado de “T” que vendeu cerca de 15 milhões de unidades. A popularização do automóvel no início do século XX, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, impulsionou o investimento em vias pavimentadas que fossem adequadas a receber a nova frota em circulação, e mudou a configuração espacial 30
Integrações do transporte coletivo na capital paulista
das cidades, que agora deveriam ter ruas mais largas e que comportassem veículos e pedestres de forma equilibrada e segura. Com a “cultura do automóvel” cada vez mais difundida na sociedade capitalista moderna, os veículos, que antes serviam basicamente para auxiliar na agricultura, no transporte de cargas ou mercadorias e em guerras, passaram a ser o meio de transporte de pessoas mais valorizado, e, com mais vias adaptadas aos mesmos, o problema do trânsito -que já existia desde a antiguidade clássica- ganhou proporções que exigiam do poder público regulamentações que solucionassem a conflitante disputa por espaço que estava instaurada. Como se pode perceber, não é possível falar em mobilidade urbana e transportes coletivos sem antes se falar do trânsito como um todo; e o trânsito aqui citado não se refere só aos congestionamentos que desafiam as grandes cidades, mas também ao conjunto de viagens realizadas por pessoas e Transporte Público mercadorias, num mesmo dia, e que juntas Coletivo: Serviço público produzem os deslocamentos realizados por vias e de transporte de meios de transporte disponíveis; e é a partir dessas passageiros acessível a questões que surge uma nova: como garantir que toda a população todos os cidadãos tenham acesso igualitário às vias mediante pagamento e se desloquem com a mesma eficiência, conforto e individualizado, com segurança, estando ou não a bordo de um itinerários e preços automóvel particular? Aqui começa a se discutir a fixados pelo poder necessidade de transportes que proporcionem os público. mesmos direitos a todos: o transporte coletivo.
1.1
O surgimento do transporte coletivo
A Lei federal 12.587/12 define como “transporte público coletivo” o “serviço público de transporte de passageiros acessível a toda a população mediante pagamento individualizado, com itinerários e preços fixados pelo poder público”. Considerando que essa mesma definição se aplique de forma genérica na maior parte dos países a serem citados nesse trabalho, servirá como parâmetro para delimitar o serviço de transporte coletivo a ser analisado. Durante o final do século XIX e o início do século XX, os maiores investimentos na área de mobilidade foram feitos nas estradas de ferro e, consequentemente, as ferrovias se tornaram muito presentes em todo o território europeu e nos Estados Unidos. Como já dito, primariamente as locomotivas eram utilizadas para transportar cargas, e isso fez com que se tornassem sinônimo de desenvolvimento econômico por onde eram construídas. Logo, grandes investidores da época enxergaram o potencial das locomotivas como meio de transporte de passageiros, já que mesmo em meio às cargas e sem nenhum conforto, muitas pessoas passaram a utilizar os trens para se locomover; sem perder tempo, esses investidores lançaram ações no 31
Mobilidade Urbana em São Paulo
mercado para financiar a construção de uma estrada de ferro no perímetro urbano, ligando dois grandes centros (Liverpool e Manchester), diferentemente das estradas existentes até então, que em geral ligavam regiões mineiras aos portos. O sucesso e o crescimento das ferrovias no transporte de passageiros foram impressionantes e de certa forma, abruptos. Aproximadamente 12 anos depois da inauguração da linha entre Liverpool e Manchester, a Grã Bretanha tinha cerca de 3.200 km de ferrovias, distribuídas em uma área menor que a do estado de São Paulo. Isso fez com que os trens se tornassem, de longe, o meio de transporte mais popular na Inglaterra durante boa parte do século XIX. Essa predominância só perdeu força com a implantação de outro transporte bem semelhante ao trem, mas que oferecia mais conforto e eficiência nos deslocamentos: o metrô. A Inglaterra já era pioneira no uso do trem como transporte coletivo em grande escala e assim também o foi com o metrô. O metropolitano de Londres, usualmente conhecido como “underground” ou “the tube” foi inaugurado em 9 de janeiro de 1863, sendo o primeiro metrô do mundo. O surgimento deste se fez necessário pela necessidade de desafogar o trânsito nas ruas da capital inglesa, que se encontravam totalmente congestionadas de carroças, carruagens e ônibus; optou-se então por concentrar o transporte em massa da população no subterrâneo da cidade. No início, os vagões eram iluminados à gás e movidos por uma locomotiva à vapor, o que causava grandes problemas de fumaça dentro dos túneis e consequentemente o mal estar dos passageiros. Foi somente a partir de 1890, com a implantação dos trens elétricos, que o metrô se tornou o “queridinho” dos britânicos, e sua extensa malha com mais de 400 km de extensão cobre toda a cidade de Londres e se integra com outros modais, permitindo inúmeras possibilidades de locomoção. O surgimento do ônibus como transporte público coletivo é atribuído ao coronel francês Stanislas Baudry, em 1823. O coronel, se aproveitando de um moinho seu que produzia mais água quente do que ele necessitava, abriu uma casa de banhos a cerca de 2 km de Nantes. Para atrair clientes, resolveu oferecer um serviço de diligências puxadas por cavalos que saía do centro da cidade e os levava até a porta do estabelecimento. O transporte foi um sucesso e em pouco tempo as pessoas começaram a utilizar o serviço não para ir à casa de banhos do coronel, mas para se locomover pela cidade. Vendo o potencial de seu serviço, Baudry solicitou ao município a autorização para implantar um pequeno sistema de transporte coletivo, com carros que partiam da Rue de Richenbourg, no centro de Nantes, com destino a Rue des Salorges, em trajeto total de aproximadamente 3 km. Começava assim, em 10 de agosto de 1826, o primeiro serviço de transportes públicos da era moderna. Com relação à nomenclatura ”ônibus”, os carros do coronel Baudry faziam final em frente à chapelaria do Sr. Omnes, na qual havia uma placa em latim dizendo 32
Integrações do transporte coletivo na capital paulista
“Omnes Omnibus”, ou em tradução livre “Omnes para todos”. Logo a placa da chapelaria foi associada ao serviço de transporte, e as diligências passaram a ser conhecidas como omnibus; posteriormente, o nome se popularizou tanto que em 1928, quando Baudry inaugurou a Empresa Geral de Viaturas em Paris e estendeu seus serviços para a capital francesa, adotou o nome para denominar os veículos destinados ao transporte coletivo, e o mesmo perdura até hoje.
1.2
A história do transporte público coletivo em São Paulo
Atualmente a cidade de São Paulo é uma das maiores metrópoles do mundo, sendo a capital econômica do Brasil. Mas nem sempre a cidade foi tão desenvolvida, e até meados do século XIX não contava com nenhuma das grandes invenções no campo dos transportes coletivos que já faziam sucesso na Europa e nos Estados Unidos, como os trens ou os omnibus. Esse cenário começou a mudar quando o aumento da produção agrícola nas grandes fazendas da região tornou necessário formas mais rápidas de escoamento da produção até os mercados consumidores, nacionais e internacionais. Por aqui, o primeiro serviço de transporte a ser regulamentado, no ano de 1865, foi o dos tílburis, que eram veículos de duas rodas puxados por um cavalo, ou de quatro rodas, que necessitavam de dois animais. O italiano Donato Severino foi o responsável pela regulamentação e se tornou o primeiro empresário do setor na cidade; seus tílburis saíam do centro com horários e preços determinados de acordo com a distância a ser percorrida. Alguns dos destinos eram as igrejas da Luz e da Consolação, Arouche, Riacho do Lava-pés (atual Riacho Ipiranga), Várzea de Santo Amaro, Penha e o Cemitério da Consolação. Mas apesar de ter sido pioneiro e inovador para a época, esse serviço era precário e sua predominância não durou muito tempo. Dois anos depois da implementação do serviço dos tílburis, no ano de 1867, os ingleses instalaram a primeira estrada de ferro do Estado, que ligava Santos à Jundiaí, e o trem chegou ao município de São Paulo fazendo a parada de passageiros na Estação da Luz, então fora dos limites da capital. Para se chegar ao centro da cidade, já constituído na Praça da Sé, eram utilizados os tílburis. Mas a sobrecarga dos mesmos gerou a demanda para a criação de um transporte mais regular. Cerca de 10 anos depois da Santos-Jundiaí outras ferrovias chegaram à cidade, casos da Estrada de Ferro Central do Brasil, Sorocabana, Ramal São PauloSanto Amaro e Tramway da Cantareira (MELLO, 2000 p.37). No ano de 1871 foi fundada a Companhia Carris de São Paulo, que no ano seguinte iniciou a operação dos bondes movidos à tração animal, puxados por burros. A primeira linha ligava o Largo do Carmo à estação de trens da São Paulo Railway, na Luz, e o serviço, apesar de muito mais utilizado que seus antecessores tílburis, tinha uma tarifa muito cara, o que dificultava o acesso da parte desfavorecida da 33
Mobilidade Urbana em São Paulo
população, mas não inibia o crescimento da empresa. Em 1873 haviam 10 bondes para passageiros, que somados faziam 90 viagens por dia nesse percurso inicial. A década de 1880 trouxe grandes avanços para a Cia. Carris. Dez anos após a fundação, em 1881, já com uma malha de 24 km de extensão, o serviço de bondes alcançou a marca de 1 milhão de passageiros transportados no ano. Em 1885, entrou em operação o primeiro bonde movido à vapor, inicialmente ligando São Joaquim à Vila Mariana e depois ampliado até a Vila de Santo Amaro. No final da mesma década eram 41 carros de passageiros, cada um com 20 a 30 lugares. O crescimento econômico da Companhia Carris atraiu outros concorrentes para o setor. Em três anos, surgiram pelo menos 3 fortes empresas que também passaram a operar bondes na cidade, entre elas destaca-se a Companhia Viação Paulista (CVP), que iniciou suas operações em 1892 e contava com um serviço especial de bondes para teatros, festas e eventos da capital. No ano seguinte, de 1893, o poder público regulamentou a emissão de passes para o pagamento das tarifas e unificou os bilhetes aceitos pela Carris e pela CVP. As outras empresas criadas na mesma época e que podem ser citadas eram a Companhia São Paulo Construtora e a Companhia Ferro Carril. A partir de 1899, ocorre um fato que é um marco na prestação de serviços de transporte coletivo na cidade. Um grupo de empresários canadenses pleiteou na prefeitura a concessão para operar os serviços de bonde na cidade, implantando a nova tecnologia dos bondes elétricos. O contrato exigia que a empresa fundada por eles deveria ter exclusividade na prestação dos serviços públicos de transporte de passageiros e cargas bem como na geração e fornecimento de energia elétrica e iluminação pública. Tratava-se da The São Paulo Tramway Light and Power Company, ou Light, como ficou popularmente conhecida. Com a concessão exclusiva aceita pela prefeitura, a Light incorporou o patrimônio da Cia. Viação Paulista, que havia adquirido a Cia. Carris no ano anterior, e em maio de 1900 os primeiros bondes elétricos começam a circular na cidade de São Paulo, ligando o Largo São Bento à Alameda Barão de Limeira, na Barra Funda. Os novos bondes eram maiores que os anteriores e tinham capacidade para até 45 passageiros sentados. Como curiosidade, a Light foi a primeira empresa que instituiu em seus bondes a política do desconto tarifário para estudantes. O contrato firmado com a Light pela prefeitura não continha cláusulas prevendo reajustes tarifários periódicos e a tarifa de 200 réis, vigente desde 1872 nos bondes à tração animal, foi mantida sem se avaliar os novos custos que a tecnologia elétrica acarretava ao serviço. Mais tarde, essa questão seria de extrema importância para a não permanência da Light no ramo dos transportes coletivos. A empresa, que tinha também o monopólio na geração de energia elétrica, investia cada vez mais nesse segmento, que podia sofrer reajustes tarifários regularmente e passou a representar a principal fonte de arrecadação de receitas da companhia, inversamente proporcional ao faturamento com os bondes, que em 1923 já representava menos 34
Integrações do transporte coletivo na capital paulista
de 50% das receitas gerais, quando no auge, em 1902, chegou a corresponder a 84%.
Figura 1 – Linha Bom Retiro em 1900 Fonte: http://netleland.net/hsampa/hbondes/hbondes.html
Figura 2 - Rua São Bento em 1902 Fonte: http://netleland.net/hsampa/hbondes/hbondes.html
Após a constatação da queda de arrecadação nas receitas geradas pelos bondes, dois eventos ocorridos em São Paulo foram cruciais para selar o futuro dos transportes na cidade. Em 1924, a chamada Revolta Paulista foi um dos maiores confrontos bélicos ocorridos na capital e causou a destruição de muitos trilhos de bonde e de linhas de transmissão de energia. Logo na sequência, São Paulo passou por um longo período de estiagem que prejudicou o funcionamento das hidrelétricas 35
Mobilidade Urbana em São Paulo
e acarretou num racionamento de energia elétrica, fazendo com que a Light diminuísse a oferta de bondes em circulação. Os irmãos Grassi, que desde 1911 vinham aprimorando as técnicas de fabricação de ônibus, se aproveitaram dessa lacuna para disponibilizar ainda mais desses veículos para grandes empresários que viam o potencial desse novo modal e começaram a explorar os serviços de transporte coletivo individualmente, sem nenhuma regulamentação da prefeitura. A utilização das vias por dois tipos de transportes coletivos sem planejamento nem regulamentação levou a prefeitura a considerar, pela primeira vez, a criação de um órgão regulador que gerenciasse os serviços de ônibus integrando-os aos bondes. A Light, tendo sua soberania ameaçada pelos coletivos que eram cada vez mais populares, elaborou um plano de melhorias de seus serviços para pleitear novamente o reajuste tarifário que tanto visava e manter-se a principal responsável pelo transporte coletivo. Deu-se a esse plano o nome de Plano Integrado de Transportes (PIT), e quando foi entregue à prefeitura, em 1926, se tornou o primeiro plano sobre transportes da cidade de São Paulo. As principais propostas apresentadas no PIT eram: -Aquisição de 50 ônibus e construção das respectivas garagens; Esse item foi cumprido com a aquisição dos Yellow Coach, que pintados de cinza-esverdeados ganharam o apelido de jacarés; -Ampliação de 65 km na rede de trilhos existente e reconstrução de mais 15 km; -Eliminação dos bondes de superfície em alguns lugares, principalmente no triângulo central, onde passariam a operar subterraneamente; -Onde fosse possível, fazer o alargamento das ruas através de desapropriações, para que os bondes pudessem circular nos dois sentidos; -Quando o preço das desapropriações superasse os valores pré-estabelecidos, o sistema subterrâneo seria implantado e; -Estabelecer a circulação de ônibus e bondes de forma integrada, com linhas alimentadoras em vias exclusivas, que gerariam um inovador sistema de transporte integrado. Curiosamente, o projeto da Light ia na contramão do Plano de Avenidas que estava sendo desenvolvido pelo urbanista Prestes Maia na mesma época. A ideia da Light era descongestionar as áreas centrais através da implantação do transporte coletivo em massa, enquanto o Plano sugeria a abertura de amplas avenidas radiais em que os carros pudessem circular com a máxima fluidez possível. No final das contas, a proposta da Light foi recusada pela prefeitura e em 1937 a empresa comunicou que não tinha interesse em renovar o contrato de concessão dos transportes coletivos quando o mesmo expirasse, em 1941. Desse modo, toda a infraestrutura existente 36
Integrações do transporte coletivo na capital paulista
estaria à cargo do gerenciamento da prefeitura, que deveria criar uma empresa pública que administrasse o serviço. Em 1939 Prestes Maia, agora prefeito da capital, criou a Comissão de Estudos de Transportes Coletivos do Município de São Paulo (C.E.T.C.) para propor soluções para a exploração dos serviços de transportes. Foi essa comissão que definiu as bases para a criação da empresa municipal a ser responsável pelo serviço, bem como a decisão de gradualmente substituir os bondes por trólebus, ônibus que circulavam movidos por cabos suspensos eletrificados, e por mais ônibus comuns. Apesar de bem estruturados, o início da Segunda Guerra Mundial adiou a implantação dos estudos, e Prestes Maia solicitou ao governo federal a prorrogação compulsória do contrato de concessão da Light, que foi então obrigada a prosseguir com a prestação do já precário serviço de bondes. Após o fim da Guerra, no dia 14 de agosto de 1946, foi promulgado pelo estado o decreto-lei nº 15.958, que autorizava o município de São Paulo a criar uma sociedade anônima cujo objetivo seria a prestação do serviço público de transporte coletivo de passageiros e o gerenciamento dos bens da The São Paulo Tramway Light and Power Co. Isso significava que agora o município seria o responsável pelo serviço de transporte coletivo. Assim, em 10 de outubro do mesmo ano, o prefeito Abrahão Ribeiro autorizou através do decreto municipal nº 365, a constituição da Companhia Municipal dos Transportes Metropolitanos, a CMTC.
1.2.1 A CMTC O objetivo dessa nova empresa municipal era gerenciar e unificar a prestação de serviços de transporte coletivo na cidade, bem como planejar novos tipos de transporte que pudessem superar o decaído e problemático serviço de bondes, que ia de mal a pior. O sistema de ônibus, que já fazia parte do cotidiano do paulistano, também se encontrava em total desordem com cerca de 34 empresas que cobravam diferentes tarifas de acordo com a distância a ser percorrida e não atendiam a bairros mais afastados. A primeira grande ação da CMTC, em 1949, foi implantar o sistema de trólebus, muito mais rápidos e econômicos que os bondes, e com maior potência para se deslocar em regiões acidentadas da cidade, em especial a zona norte. A primeira linha ligava o Largo São Bento à Aclimação e posteriormente vieram as linhas para o Jardim Europa e o Jardim Paulistano, sendo que em 1957 o trólebus substituía por completo os bondes que iam para Santana. Vale ressaltar que a CMTC encomendou à indústria nacional a fabricação de trólebus com especificações técnicas extremamente apuradas, e os veículos brasileiros eram na época um dos mais modernos do mundo.
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Mobilidade Urbana em São Paulo
Figura 3- Trólebus na Praça João Mendes em 1949 Fonte: http://www.reumatismocarclub.com.br/fotos_antigas/trolebus_na_praca_joao_mendes___1949201042 422119.bmp
Durante a década de 50, a cidade de São Paulo passou por um enorme e desordenado crescimento urbano, atingindo os 3 milhões de habitantes. O Plano de Avenidas proposto por Prestes Maia tinha sido implantado e consolidava a circulação sobre rodas na cidade, porém os investimentos em transportes coletivos não acompanharam a expansão populacional e logo na primeira década de existência, a CMTC encontrou muitos problemas para suprir a demanda da população com uma frota diminuta de carros para atender a um grande contingente que precisava utilizar o transporte coletivo. Em 1955 discussões sobre o metrô, que já haviam sido iniciadas pela Light, voltam à cena e cria-se a Comissão do Metropolitano, que no ano seguinte entrega à prefeitura um relatório chamado de “Anteprojeto para o sistema de Transporte Rápido para a cidade de São Paulo”. Esse documento propunha a construção de três linhas (Norte-sul, leste-oeste e sudeste-sudoeste) e foram abertas duas concorrências, ambas vencidas por empresas estrangeiras e anuladas pelo poder público. Agravando a situação, em 1958 empresas particulares voltaram a operar independentes da CMTC, o que fez com a participação da empresa no gerenciamento dos transportes diminuísse. Em seguida, entre as décadas de 1960 e 1980, a cidade passou pelo que o escritor Eduardo Alcântara de Vasconcelos chamou de “grande crise da circulação”. A indústria automobilística foi fortemente incentivada pelo governo federal, e passou a ser tida como uma das bases da economia nacional. Com o acesso facilitado ao automóvel, mas a cidade desprovida 38
Integrações do transporte coletivo na capital paulista
de infraestrutura viária suficiente, um agravamento no trânsito começa a ser percebida a partir da década de 60. Em 1968 a CMTC desativa completamente o sistema de bondes, sob a alegação de eles atrapalhavam o trânsito. Neste mesmo ano desenvolve-se o Plano Urbanístico Básico (PUB), que na área de planejamento de transportes projeta uma rede metroviária com 650 km de extensão para ser o elemento estrutural da mobilidade urbana na cidade. A década de 70 foi de grande impacto na história dos transportes coletivos em São Paulo. Em 1973, a crise internacional do petróleo muda o discurso político, que passa a incentivar o transporte coletivo como solução aos problemas de racionamento de combustível. Foram criadas a Empresa Brasileira de Transportes Urbanos (EBTU), A Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) e a Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP) em tentativas de ampliar, organizar e gerenciar a oferta de transportes públicos. O surgimento do metrô como uma nova forma de deslocamento traz novas esperanças na solução dos problemas de locomoção na cidade. A primeira linha foi inaugurada em setembro de 1974, ligando as regiões norte e sul de forma muito rápida e confortável. O sistema metroviário contava com ônibus alimentadores nas extremidades norte e sul, o que se configurava em um sistema integrado de transportes já no ano seguinte, 1975. Os trens metropolitanos da Ferrovia Paulista S.A. (FEPASA) também foram integrados aos ônibus pela primeira vez, pela linha Pinheiros- Largo São Francisco. Nesse ínterim há também o desenvolvimento do SISTRAN, um elaborado estudo sobre o Sistema de Transportes Urbanos de Passageiros da Região Metropolitana de São Paulo, que propõe uma reestruturação geral dos transportes públicos, incluindo a “opção por uma rede de corredores de ônibus elétricos, como alternativa de redução do consumo de combustíveis.” (VASCONCELOS, 1999 p.86). Esse mesmo ano marca também uma constatação importante para a CMTC: a empresa detém apenas 14% da frota em circulação na capital, o que leva a Secretaria Municipal dos Transportes (SMT), já então o órgão responsável pelo Departamento de Transportes Públicos e pela CMTC, a aumentar os investimentos na Companhia e no metrô. Mesmo com esses investimentos, em 1977 a prefeitura opta por dividir a cidade em 23 zonas de operação nas quais empresas contratadas ficariam responsáveis pela prestação do serviço de transporte, enquanto a CMTC continuaria a operar apenas as linhas circulares e diametrais. Com essa alteração, o transporte público no município de São Paulo consolidou-se no final da década de setenta com uma extensa rede de ônibus- com 703 linhas, 8.273 veículos, e cerca de 20.000 km de comprimento total (inclusive as superposições) além de 98 km de trilhos, cabendo 17 km ao metrô, 34 km à FEPASA e 47 km à Rede Ferroviária Federal1.(VASCONCELOS, 1999, p. 159).
1
NT. Operada pela CBTU.
39
Mobilidade Urbana em São Paulo
Figura 4- Participação da CMTC no transporte de passageiros Fonte: LOPES, 1985, pg. 17
Figura 5- Divisão de transporte público entre os modos- 1977 a 1980 Fonte: VASCONCELLOS, 1999, pg. 158
No início dos anos oitenta entrou em operação a linha leste- oeste, que completava de forma inicial esse fundamental sistema interligado. 1983 marcou a promulgação da lei municipal nº 9.651 que isentou todas as pessoas de 65 anos ou mais do pagamento de tarifa nos transportes coletivos por meio de uma carteira especial. Em 1985, entrou em operação o corredor Santo Amaro- Nove de julho, que servia como linha alimentadora para trólebus que iam para o centro. Criou-se também a integração entre ônibus e ferrovias através da linha Pinheiros- Largo São Francisco, que se integrava a linha ferroviária da FEPASA. A privatização total das linhas da CMTC ocorreu em 1994. No caso dos trólebus, a frota existente foi dividida em 3 regiões de atuação de acordo com a localização das 40
Integrações do transporte coletivo na capital paulista
garagens, e conjuntamente com o resto do sistema formado pelos ônibus, passou a ser operado por 47 empresas privadas. A CMTC foi desativada em 8 de março de 1995, passando a administração do transporte coletivo municipal para a São Paulo Transportes (SPTrans). Em 1997 o governo estadual elaborou o Plano Integrado de Transportes Urbanos (PITU) que abrange toda a região metropolitana de São Paulo (RMSP) e tem como meta limite para a implantação de suas propostas o ano de 2020. De acordo com a própria descrição feita no documento, o PITU deveria ser um “processo contínuo de planejamento”, que serviria como referência para o planejamento de transportes de toda a RMSP, se diferenciando de outros planos por permitir incorporações e revisões periódicas para comportar as mudanças de cenário ocorridas na metrópole. As projeções do PITU baseiam-se fortemente nos dados da Pesquisa OrigemDestino de 1997, já que por meio dela foi possível traçar um panorama muito preciso da mobilidade da metrópole no momento em que o plano foi lançado. Houve a participação das quatro empresas responsáveis pelo planejamento, administração e operação de transportes da região metropolitana (CPTM, EMTU, Metrô e Emplasa), além de consultas aos órgãos normativos e operacionais da capital paulista, como a SPTrans e a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), no processo de desenvolvimento do PITU. As figuras a seguir mostram os principais planos contidos no PITU no ano de 1997.
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Figura 6 – RMSP- Sistema Estrutural Sobre Trilhos-Rede Densa 2020 Fonte: http://www.stm.sp.gov.br/index.php/analise-e-selecao
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Integrações do transporte coletivo na capital paulista
Figura 7 – RMSP- Sistema sobre pneus 2020 Fonte: http://www.stm.sp.gov.br/index.php/analise-e-selecao
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Mobilidade Urbana em São Paulo
Figura 8 – RMSP- Sistema complementar sobre pneus na área central Fonte: http://www.stm.sp.gov.br/index.php/analise-e-selecao
Com a divulgação dos dados do Censo de 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a promulgação do Estatuto da Metrópole no mesmo ano, o PITU foi revisto e atualizado, passando a ter um segundo plano, este para o ano base de 2025.
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Integrações do transporte coletivo na capital paulista
1.3
Legislação vigente
Como se pôde perceber até aqui, muitas diretrizes e leis foram feitas para regulamentar os serviços de transporte coletivo na cidade de São Paulo e até hoje o tema da mobilidade urbana é assunto certo nas pautas de discussão quando se fala em planejamento urbano. Pode-se começar a análise da legislação vigente pela lei primária do país, a Constituição Federal de 1988, que em seu capítulo IV, artigo 30 diz que compete aos municípios “V- organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;”. Uma importante constatação fica clara aqui: o serviço de transporte público coletivo não precisa necessariamente ser prestado por uma empresa pública. Esse foi, por exemplo, o caso da Light, já estudado aqui. Hierarquicamente falando, podemos considerar que das leis específicas de Constituição Federal, Cap. IV, mobilidade urbana vigentes no país, a lei art. 30: Compete aos federal nº 12.587 de 3 de janeiro de 2012, é a municípios organizar e prestar, matriz de todas as outras. Essa lei, que diretamente ou sob regime de constitui a Política Nacional de Mobilidade concessão ou permissão, os Urbana (PNMU), determina que todos os serviços públicos de interesse municípios com mais de 20.000 habitantes ou local, incluindo o de que por outros motivos são obrigados, devem transporte coletivo, que tem desenvolver como parte integrante de seu caráter essencial. plano diretor os planos municipais de mobilidade, para garantir o repasse de recursos do governo federal destinados à mobilidade. “A Política Nacional de Mobilidade Urbana tem por objetivo contribuir para o acesso universal à cidade (...)”, diz o artigo 2º do capítulo 1. Ela descreve ainda o que é abrangido pelo sistema. O Sistema Nacional de Mobilidade Urbana é o conjunto organizado e coordenado dos modos de transporte, de serviços e de infraestruturas que garante os deslocamentos de pessoas e cargas no território do Município. (LEI 12.587, 2012. CAP. I, ART. 3º)
Dentre as principais diretrizes dessa lei, as que serão analisadas e/ou que servirão de base para a proposta final desse trabalho, destacam-se as seguintes: - Garantir a “eficiência, eficácia e efetividade na circulação urbana”; - “Prioridade dos modos de transporte não motorizados sobre os motorizados e dos serviços de transporte coletivo sobre o transporte individual motorizado”; - “Integração física, tarifária e operacional dos diferentes modos e das redes de transporte público e privado nas cidades”; 45
Mobilidade Urbana em São Paulo
- “Integração dos modos de transporte público e destes com os privados e os não motorizados” e; - “Dedicação de espaço exclusivo nas vias públicas para os serviços de transporte público coletivo e modos de transporte não motorizados”. Indo para o âmbito municipal, o plano diretor vigente em São Paulo, sob a forma da Lei nº 16.050/14, cumprindo a determinação da política nacional, tem um capítulo dedicado ao sistema de mobilidade (Capítulo V), além de ter desenvolvido o PlanMob- Plano municipal de mobilidade urbana de São Paulo. Apesar de definir o sistema de mobilidade de forma muito semelhante à descrita anteriormente, o plano diretor estratégico (PDE) municipal faz alguns acréscimos interessantes de serem observados: O Sistema de Mobilidade é definido como o conjunto organizado e coordenado dos modos de transporte, serviços, equipamentos, infraestruturas e instalações operacionais necessários à ampla mobilidade de pessoas e deslocamentos de cargas pelo território municipal, visando garantir a qualidade dos serviços, a segurança e a proteção à saúde de todos os usuários, principalmente aqueles em condição de vulnerabilidade social, além de contribuir para a mitigação das mudanças climáticas. (LEI 16.050/12, CAP. V, S. 1, ART. 225)
O PDE faz referência às mudanças climáticas, assunto de grande relevância e que está diretamente ligado ao uso desenfreado de automóveis poluentes, coletivos ou individuais, que pouco a pouco vem sendo fiscalizados para se adequar e lançar menos poluentes na atmosfera, além do maior incentivo à formas de locomoção totalmente sustentáveis, como as bicicletas e os automóveis híbridos/ elétricos. No capítulo dedicado à melhorias da mobilidade urbana, o plano tem por objetivo promover cinco estratégias principais: -Incentivar o transporte público através da ampliação e qualificação do sistema, promovendo acessibilidade a todas as regiões da cidade e diminuindo o tempo nos deslocamentos; -Destinar no mínimo 30% do Fundo de Desenvolvimento Urbano (FUNDURB) para ações relacionadas ao transporte coletivo, incluindo o sistema cicloviário e à circulação de pedestres; -Implantar calçadas largas nas proximidades dos eixos de transporte; -Definir diretrizes e prazos para a elaboração participativa do PlanMob e; -Reconhecer novos sistemas de mobilidade, tais como logística e cargas, hidroviário, aeroviário e de compartilhamento de automóveis. 46
Integrações do transporte coletivo na capital paulista
Com base nesses objetivos, pode-se considerar que estimular o uso do transporte público coletivo e de modos não motorizados de deslocamento, principalmente através de bicicletas, é uma meta do município. Mas para que isso aconteça é necessário que antes haja melhores condições no transporte, nas questões de conforto, economia, segurança, eficiência, entre outras. Outro fator a ser considerado é que o pedestre passa a ser (ou pelo menos espera-se que seja) o ator principal do sistema de mobilidade urbana municipal. Por último, mas talvez mais valioso para este trabalho, vem a análise do PlanMob. Esse plano tem por objetivo orientar as ações do município referentes aos serviços de transporte e de infraestrutura viária nos próximos 15 anos, portanto até 2030. Como dito anteriormente, o PlanMob reforça a prioridade do pedestre e dos modos não motorizados de transporte na hierarquia de circulação e tem entre os objetivos a ampliação do uso dos coletivos na matriz de deslocamentos da cidade e a meta de que estes representem 70% das viagens por modos motorizados em São Paulo.
Figura 9- Prioridade dos atores na pirâmide de deslocamentos Fonte: http://2rps5v3y8o843iokettbxnya.wpengine.netdna-cdn.com/wpcontent/uploads/2014/11/piramide2.jpg
No âmbito dos transportes coletivos, o PlanMob ainda fica responsável por abordar os temas referentes às faixas e aos corredores de ônibus, aos novos terminais de integração, às conexões e locais de transferência, às políticas tarifárias e de bilhetagem e o serviço de ônibus em rede, incluindo o calendário de implantação das redes de referência de dia útil e sábado, da rede de domingo e da rede da madrugada. 47
Mobilidade Urbana em SĂŁo Paulo
As principais propostas inerentes a este trabalho podem ser vistas nos mapas do PlanMob no anexo A deste trabalho.
48
Capítulo 2 Diagnóstico da malha existente
O que foi visto até aqui neste trabalho pode ser resumido em as questões que influenciaram a formação da mobilidade urbana através dos transportes coletivos na cidade de São Paulo. Falou-se a respeito do surgimento dos diversos modais ao longo da história, como cada um deles se inseriu no contexto urbano da cidade, como e por quem esses modais foram gerenciados e quais leis regem sobre eles no âmbito municipal até o presente momento. A partir deste ponto, torna-se necessário a análise de quanto dessas questões todas perduram até hoje, o que restou dos sistemas implantados pré SPTrans, CPTM e Metrô, empresas que trataremos como representantes do sistema de transportes na atualidade, quanto cada uma delas representa na matriz de deslocamentos da cidade, e como cada uma dessas empresas trabalha atualmente, bem como o que se pode esperar do sistema integrado de transportes coletivos para os próximos anos e como ele vem se adaptando às novas diretrizes de mobilidade urbana como, por exemplo, a política de incentivo ao transporte não- motorizado sobre todos os outros meios. Para se gerenciar os deslocamentos de uma metrópole como São Paulo é necessário não só um planejamento muito eficiente, mas uma estrutura muito bem definida e organizada que procure atender da melhor forma possível aos interesses de todos, interesses esses que variam ao longo do dia. O relatório síntese da pesquisa OD de 2007, juntamente com a pesquisa de mobilidade de 2012 (aferição dos resultados da pesquisa OD, também realizada pelo Metrô) trazem dados sobre a participação de cada um dos modais no total de deslocamentos da cidade de São Paulo, separados por modo motorizados e modos ativos, que se referem aos não motorizados (a pé e de bicicleta). A tabela abaixo mostra que diferentemente do que vinha acontecendo desde a década de 60, quando a pesquisa começou a ser feita, a partir de 2007 observa- se uma diminuição no uso do transporte individual motorizado e um aumento no uso dos transportes coletivos. Para melhor compreensão da tabela, vale ressaltar que em 2007 os modos ativos representam 31,43% de todos os deslocamentos realizados na cidade, enquanto em 2012 esse número cai para 30,65%, o que significa que nesse ano os modos motorizados corresponderam a 69,35% do total; desse valor, 56,21%, ou 10.348.000 viagens, são feitas por modos coletivos e os outros 43,79% por meios individuais motorizados.
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Mobilidade Urbana em São Paulo
Tabela 1- Número de viagens por modo em São Paulo em 1997, 2007 e 2012 Fonte: METRÔ – Cia. do Metropolitano de São Paulo. Relatório Síntese da pesquisa OD 2007 e Pesquisa de Mobilidade de 2012.
Dentre o total de viagens feitas através do sistema de transporte coletivo, o metrô também produziu uma tabela para quantificar a média de passageiros transportados por cada empresa em dias úteis.
Tabela 2- Número de passageiros transportados por empresa Fonte: METRÔ – Cia. do Metropolitano de São Paulo. Relatório Síntese da pesquisa OD 2007 e Pesquisa de Mobilidade de 2012.
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Integrações do transporte coletivo na capital paulista
2.1 Secretaria dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo Criada a partir da necessidade de um órgão que gerenciasse o transporte público a nível metropolitano, a STM foi fundada por meio da lei estadual nº 7.450, de 16 de julho de 1991 tendo como principal função planejar e executar toda a política de transportes da RMSP, podendo também interferir no planejamento do sistema viário e de qualquer outro assunto que pudesse afetar a circulação coletiva de passageiros ou cargas na região metropolitana. Inicialmente, estavam vinculadas a esta pasta a Companhia do Metropolitano de São Paulo - Metrô e a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos - EMTU/SP. Posteriormente, foram integrados, à Secretaria de Transportes Metropolitanos - STM, a Empresa de Planejamento da Grande São Paulo S.A. - Emplasa (atual Empresa Paulista de Planejamento S.A.) e o Fundo Metropolitano de Financiamento – Fumefi(...). (Site STM, 2016)
A CPTM já foi criada atrelada à STM e em 2011 a Estrada de Ferro Campos do Jordão (EFCJ) também foi incorporada à secretaria. Atualmente a STM é responsável pelo transporte urbano de passageiros nas 5 regiões metropolitanas do estado e permanecem vinculadas a ela apenas a CPTM, a EFCJ, a EMTU e o Metrô.
2.1.1 CPTM A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos – CPTM – teve sua criação autorizada pela lei estadual nº 7.861, de 28 de maio de 1992, com o objetivo de unificar o controle do sistema de trens da Região Metropolitana de São Paulo, até então controlados pela CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos), ligada à União através da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), e pela FEPASA (Ferrovia Paulista S/A). Apesar disso, somente a partir de 1994 passou a operar efetivamente as já existentes linhas A, D, E e F; e de 1996 as linhas B e C, sendo que a atual nomenclatura por números e cores só foi adotada em 2008 como resultado de um projeto de identidade visual integrado com o metrô. Historicamente, as linhas 8- Diamante (B) e 9- Esmeralda (C) provem da Estrada de Ferro Sorocabana, que posteriormente foi incorporada à FEPASA; Já as linhas 7Rubi (A), 10- Turquesa (D), 11- Coral (E) e 12- Safira (F) derivam da RFFSA, adquirida pela CBTU. As linhas Rubi e Turquesa são uma divisão da antiga estrada de ferro Santos-Jundiaí, histórica ferrovia do estado, que foi desmembrada para facilitar a operação comercial de passageiros e hoje não possui integração direta.
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Mobilidade Urbana em São Paulo
A CPTM atende a 22 municípios, sendo 19 na Região Metropolitana, ao longo de 260,8 km de extensão, divididos em 6 linhas e 92 estações2, sendo que na cidade de São Paulo são 46 estações, 8 dessas com integração ao metrô e 4 conectando o próprio sistema ferroviário. Com essa configuração, todas as linhas possuem ao menos uma conexão com o metrô e apenas a linha 9- Esmeralda não conta com transferências entre linhas ferroviárias dentro do município. O balanço demonstrativo divulgado pela Companhia em 2014 informa que a média de passageiros transportados por dia foi de 2,8 milhões, somando 832,9 milhões ao longo do ano. A tabela a seguir mostra a distribuição das linhas e estações da CPTM dentro da cidade de São Paulo3. Nº total Linhas
de estações
Nº de estações na cidade de São Paulo
Extensão operacional (km)
Estações na cidade de São Paulo
N° de passageiros /dia (mil)
Luz, Palmeiras- Barra Funda, Água Branca, Lapa, 7- Rubi
18
10
60,5
Piqueri, Pirituba, Vila
451.043
Clarice, Jaraguá, Vila Aurora, Perus Júlio Prestes, Palmeiras8Diamante
22
5
41,6
Barra Funda, Lapa, Domingos de Moraes,
468.280
Imperatriz Leopoldina Ceasa, Villa LobosJaguaré, Cidade Universitária, Pinheiros, Hebraica- Rebouças, 9Esmeralda
18
16
31,8
Cidade Jardim, Vila Olímpia, Berrini, Morumbi, Granja
571.463
Julieta, Santo Amaro, Socorro, Jurubatuba, Autódromo, PrimaveraInterlagos, Grajaú 10Turquesa 11- Coral
13
4
35,0
16
7
50,8
Brás, Juventus- Mooca, Ipiranga, Tamanduateí Luz, Brás, Tatuapé,
358.717 701.608
2
Para efeito de cálculo, cada estação foi contabilizada apenas 1 vez, mesmo aquelas que pertencem à duas ou mais linhas, como a estação Brás, por exemplo. 3 Com base em dados apresentados no Relatório da Administração 2014.
52
Integrações do transporte coletivo na capital paulista
Corinthians- Itaquera, Dom Bosco, José Bonifácio, Guainases Brás, Tatuapé, Engenheiro Goulart, USP Leste, 12- Safira
13
9
38,8
Comendador Ermelino, São Miguel Paulista, Jardim
246.508
Helena- Vila Mara, Itaim Paulista, Jardim Romano Tabela 3- Distribuição e dados das linhas e estações da CPTM na cidade de São Paulo Fonte: Ramos, 2016.
Assim como acontece no metrô, algumas estações da CPTM também contam com terminais urbanos e da SPTrans ao longo das linhas. A tabela abaixo mostra essas integrações. Integração Intramodal na cidade de São Paulo
7- Rubi
Luz, Palmeiras- Barra Funda
8- Diamante
Palmeiras- Barra Funda
10- Turquesa
Brás
11-Coral
Luz, Brás, Tatuapé
12- Safira
Brás, Tatuapé
Integração Intermodal sobre trilhos
Integração Metrô-CPTM com
Palmeiras- Barra Funda, Luz, Brás, Santo Amaro,
transferência livre
Pinheiros, Tamanduateí
Integração Metrô-CPTM com
Tatuapé, Corinthians-Itaquera
transferência paga
53
Mobilidade Urbana em São Paulo
Terminais urbanos e interurbanos de ônibus
7- Rubi
Barra Funda
8- Diamante
Barra Funda
9- Esmeralda
Berrini, Santo Amaro4, Jurubatuba, Grajaú
11-Coral
Corinthians- Itaquera, Tatuapé, Guaianases
Terminais SPTrans de ônibus
7- Rubi
Lapa
9- Esmeralda
Pinheiros
Tabela 4- Integração Física na CPTM Fonte: Ramos, 2016.
Diferentemente do que acontece no Metrô, a CPTM depende de subsídios do Estado para se manter. No ano de 2015, de acordo com informações divulgadas no jornal Folha de S. Paulo5, o repasse do governo estadual à companhia chegou a quase R$ 1 bilhão. A fim de diminuir essa dependência e aumentar as receitas, recentemente a CPTM começou a fazer projetos de exploração comercial de algumas áreas, para a implantação de empreendimentos como shoppings centers em regime de concessão, como o metrô já faz. Nesse tipo de concessão, as empresas privadas ganham o direito de construir seus empreendimentos em áreas da empresa, anexas às estações, e em troca oferecem um percentual anual do faturamento obtido à CPTM. O primeiro grande projeto a ser analisado é para a implantação de um shopping, um hotel e um centro empresarial junto à estação Brás.
4
A Estação Santo Amaro é integrada ao Terminal Guido Caloi. RUSSO, Rodrigo. CPTM projeta shopping e hotel no Brás. Folha de S.Paulo. São Paulo, 14 de setembro de 2016. Folha Cotidiano, Caderno 2, p. 1. 5
54
Integrações do transporte coletivo na capital paulista
2.1.2 Metrô Apesar de ter sido fundada no ano de 1968, a Companhia do Metropolitano de São Paulo – o Metrô – teve sua primeira linha implantada sobre trilhos entrando em funcionamento comercial apenas em 1974, sendo esta a linha 1- Azul, que tinha por objetivo ligar os dois extremos da capital paulista, ficando assim conhecida como “linha norte-sul”. A Companhia, de economia mista e subordinada à Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos, tem total responsabilidade quanto ao planejamento, projeto e implementação do sistema metroviário, bem como de sua operação, com exceção da linha 4- Amarela, que é operada em regime de concessão pela ViaQuatro. Segundo Mello: Apesar de interno ao território do município, o metrô “alcança” a região metropolitana pela integração com os outros modos coletivos de transporte, especialmente com os trens metropolitanos e ônibus interurbanos da EMTU e de companhias particulares. (2000, p. 113)
Atualmente a malha metroviária da cidade tem 77,4 quilômetros de extensão, divididos em 6 linhas e 68 estações, incluindo as da linha 4- Amarela e da linha 15Prata, que trata-se do monotrilho, sendo a maior rede metroviária do país. São 7 estações de conexão entre o sistema e mais 7 que possibilitam transferência para a CPTM. A linha 5- Lilás é a única que não possui nenhuma integração metroviária, talvez pelo fato de ter sido construída pela CPTM e posteriormente sua administração ser transferida ao Metrô, enquanto as linhas 1- Azul e 2- Verde se destacam por terem 4 estações de transferência entre o sistema. De acordo com o site da Companhia, no ano de 2014 foram transportados 1,1 bilhão de passageiros em todo o sistema, sendo que diariamente são cerca de 4,7 milhões de pessoas utilizando este serviço. A tabela a seguir mostra os números das linhas e estações na cidade6. Nº total
Extensão
N° de
de
operacional
passageiros/dia
estações
(km)
(mil)
1- Azul
23
20,2
1.428.6
2- Verde
14
14,7
664.5
3- Vermelha
18
22,0
1.443.8
4- Amarela
7
9,1
670.5
5- Lilás
7
9,4
271.7
Linhas
6
Com base em dados apresentados no site do Metrô, referentes ao ano de 2014.
55
Mobilidade Urbana em São Paulo
15- Prata
2
2,9
Sem indicadores
Tabela 5- Dados das linhas e estações do Metrô na cidade de São Paulo Fonte: Ramos, 2016.
Com relação aos terminais urbanos de ônibus que se integram às estações de metrô há uma importante ressalva a ser feita, que também se aplica ao caso da CPTM. Apesar de várias estações contarem com ônibus que têm por destino final as mesmas, a maioria desses finais não são considerados terminais municipais pela SPTrans e, para facilitar a diferenciação, serão classificados como “terminais urbanos” aqueles que são terminais administrados pelo metrô. Integração Intramodal
1-Azul
Luz, Sé, Paraíso e Ana Rosa
2-Verde
Consolação, Paraíso, Ana Rosa e Vila Prudente
3-Vermelha
República e Sé
4-Amarela
Paulista, República e Luz
15-Prata
Vila Prudente
Terminais urbanos e interurbanos de ônibus
1- Azul
Parada Inglesa, Tietê, Armênia, Ana Rosa, Vila Mariana, Santa Cruz, Jabaquara
2- Verde
Ana Rosa, Vila Madalena
3- Vermelha
Itaquera, Artur Alvim, Patriarca, Vila Matilde, Carrão, Tatuapé, Belém, Brás, Palmeiras-Barra Funda
56
Integrações do transporte coletivo na capital paulista
4- Amarela
Butantã
5- Lilás
Capão Redondo, Campo Limpo, Santo Amaro7
Terminais SPTrans de ônibus
1- Azul
Santana, Jabaquara
2- Verde
Sacomã, Vila Prudente
3- Vermelha
Penha
4- Amarela
Pinheiros
5- Lilás
João Dias8, Santo Amaro9
Tabela 6- Integração Física no Metrô Fonte: STM e Ramos, 2016.
O Metrô de São Paulo conta com um serviço muito utilizado pelo mundo, que aqui é chamado de E-Fácil. Trata-se de um estacionamento conveniado com o Metrô em que você estaciona seu carro por até 12 horas, com um valor único abaixo do praticado no mercado e recebe o equivalente a duas tarifas creditadas no cartão EFácil (que funciona como o bilhete único) para utilizar no Metrô, ônibus ou CPTM. Atualmente só as linhas 2- Verde e 3- Vermelha do Metrô, mais a linha 11- Coral da CPTM contam com o serviço de estacionamento integrado. Ele está disponível nas seguintes estações: -Estação Santos-Imigrantes
Endereço: Av. Dr. Ricardo Jafet, 1900 Nº de Vagas: 227 vagas Funcionamento: das 04h30 às 01h30 -Estação Brás 7
A Estação Santo Amaro é integrada ao Terminal Guido Caloi. A Estação Giovanni Gronchi é integrada ao Terminal João Dias. 9 A estação Largo Treze é integrada ao Terminal Santo Amaro. 8
57
Mobilidade Urbana em São Paulo
Endereço: Rua Coronel Mursa, 296 Nº de Vagas: 400 vagas Funcionamento: 24 horas -Estação Bresser-Mooca Endereço: Rua Visconde de Paraíba, 2.322 Nº de Vagas: 256 vagas Funcionamento: 24 horas -Estação Corinthians-Itaquera Endereço: Rua Salim Jorge Id, 1270 Nº de Vagas: 257 vagas Funcionamento: das 04h30 às 01h30 Neste estacionamento, o Metrô disponibiliza um serviço de van gratuito para transportar os usuários do estacionamento até a Estação e vice-versa*. -Estação Guaianazes/CPTM Endereço: Rua Copenhague, 432 (Atual Rua Ilha Guahibe) Nº de Vagas: 353 vagas Funcionamento: 24 horas A ideia já é utilizada em vários países com o objetivo de descongestionar as áreas centrais, fazendo com que as pessoas utilizem os automóveis somente até parte do trajeto. Outra particularidade do Metrô e que já foi citada anteriormente é que a empresa não depende de subsídios do Estado para se manter. E boa parte dessa autossuficiência se deve à política adotada pela empresa de ceder áreas de sua posse em regime de concessão para a construção de empreendimentos comerciais pela iniciativa privada, recebendo parte dos lucros obtidos em troca. De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo10 “(...)só com shoppings, o Metrô arrecadou R$46 milhões em um ano, quando suas receitas adicionais à venda de bilhetes chegaram a R$186 milhões.”
2.1.3 Planos de Expansão A expectativa e posteriormente a confirmação da realização da Copa do Mundo FIFA no Brasil estimulou muitos projetos na área de infraestrutura urbana nas cidades que sediariam o mundial, incluindo aí o setor da mobilidade e dos transportes coletivos. Suprir a necessidade da população residente e ainda atender a nova demanda pontual de turistas que viriam para o mundial exigiu que cidades 10
RUSSO, Rodrigo. CPTM projeta shopping e hotel no Brás. Folha de S.Paulo. São Paulo, 14 de setembro de 2016. Folha Cotidiano, Caderno 2, p. 1.
58
Integrações do transporte coletivo na capital paulista
como São Paulo fizessem grandes obras para que seus sistemas de alta e média capacidade integrassem por completo aeroportos, estádios e grandes centros hoteleiros de forma a configurar uma rede que garantisse fácil acesso aos principais estabelecimentos ligados à realização dos jogos, no mínimo. Expõe- se isso por que grande parte dos planos do Metrô mostrados adiante se baseiam nessas premissas, mesmo que, em sua grande maioria, nenhuma das obras ficou pronta a tempo do mundial e tampouco o estão atualmente. Começando por uma abordagem mais macro, no nível da metrópole, o PITU, revisado no início da década passada traz as propostas que o governo estadual traçou como meta para o ano de 2020 na área de transportes:
Investimentos Investimento Infraestrutura
Intervenção
Característica
total (R$
anos meta (R$ milhões)
milhões) 2006
2010
2015
5.915
4.140
5.748
320
560
Implantação de Rede metroviária
linhas metroviárias (metrô, metrô em nível e
284 km em metrô
21.820
metrô leve) Ligação dos Trem especial Trilhos dos aeroportos
aeroportos de Congonhas, Guarulhos e Campo
44 km em trem especial
880
de Marte Modernização das linhas: melhoria do Trem
material rodante, via
88 km de
aproximador
permanente, rede
melhorias
440
264
176
aérea e sistema de sinalização
59
Mobilidade Urbana em São Paulo
Ligação da metrópole Trem regional
aos pólos de
177 km em
Campinas, Sorocaba
trem
e São José dos
reformulado
874
524
350
223
131
80
1.596
1.050
546
33
33
Campos Implantação de Sistema
corredores de ônibus
metropolitano
e troncalização – EMTU
300 km de corredores
12
exclusivos
Construção de Sistema municipal – Pneus
PMSP
veículo leve sobre pneus - VLP e de corredores segregados (semi-
260 km de corredores segregados
canaletas) Criação de linhas circulares de microSistema complementar
ônibus no centro
200 km de
expandido
itinerário em
interligando o
pista simples
sistema à rede aberta
Tabela 7- Resumo das Proposições do PITU 2020 Fonte: STM, 2016.
Como visto logo no início da tabela acima, a rede metroviária da cidade deveria contar com 284 km de trilhos no ano meta de 2020, valor muito aquém dos tímidos 77 km existentes atualmente, a apenas quatro anos do ano meta. Além disso, os próprios projetos em andamento do metrô somados não atingem tal marca de expansão, mesmo englobando os trens especiais dos aeroportos, também integrantes do PITU. Outra questão relevante são os trens regionais, que mesmo tendo os investimentos assegurados, não saíram do papel. A CPTM têm planos de expansão muito modestos para uma metrópole da dimensão de São Paulo. No mapa da rede em operação e em implantação divulgado pelo Metrô, aparecem projetos de expansão para apenas 1 linha da CPTM, além da 60
Integrações do transporte coletivo na capital paulista
inclusão de estações em 2 outras e a construção de uma nova linha. O primeiro plano se trata da expansão da linha 9- Esmeralda, do Grajaú ate Varginha, com a construção de duas estações (Mendes- Vila Natal e Varginha); o segundo projeto é a inclusão de duas estações intermediárias na linha 12- Safira: a estação Tiquatira, entre as estações Tatuapé e Engenheiro Goulart, que será integrada à linha 2Verde do Metrô, após a expansão desta até Dutra; e a estação União de Vila Nova, entre as estações Comendador Ermelino e São Miguel Paulista. Já as linhas 7- Rubi e 8- Diamante contarão com duas estações integradas: Bom Retiro e Pompéia que serão respectivamente antes e depois da estação Palmeiras- Barra Funda. A estação Água Branca, já existente na linha 7- Rubi também será integrada a linha 8 e à nova linha 6- Laranja do Metrô. A linha a ser construída pela CPTM trata-se do importante projeto da linha 13- Jade, que partirá da reformulada estação Engenheiro Goulart, na linha 12- Safira e irá até o Aeroporto internacional de Guarulhos, tendo apenas uma estação intermediária (CECAP- Guarulhos). Essa linha terá 12 km de extensão e será de fundamental importância para possibilitar o acesso ao maior aeroporto do país por meio do transporte público coletivo, além de ligar a cidade de Guarulhos ao sistema ferroviário metropolitano. Com relação aos projetos de expansão para a rede metroviária, há grandes obras em andamento com investimentos já previstos pelo Metrô, seja em fase de projeto, licitação ou obras. Entre elas há a construção de 3 novas linhas de monotrilho, que são os Veículos Leve Sobre Trilhos (VLT) e uma de metrô. Somadas à rede existente, a malha passará a ter 183,7 km de extensão, valor que supera o dobro do atual. As previsões com relação a inauguração de cada linha são muito desencontradas, já que os atrasos são constantes e aumentam potencialmente os custos das obras, muitas vezes até estagnando temporariamente os projetos. As linhas do monotrilho são uma grande aposta do governo estadual, já que são de mais rápida execução, exigem muito menos desapropriações e dispensam escavações, além de ter uma estrutura mais “fácil” de ser construída. Com isso sua construção é, teoricamente, mais rápida e mais barata que a de um metrô convencional. Abaixo encontra-se o resumo dos projetos de expansão programados pelo Metrô. -Linha 2- Verde: Expansão desde a estação Vila Prudente até Dutra, com 14,5 km e 13 novas estações (Orfanato, Água Rasa, Anália Franco, Vila Formosa, Guilherme Giorgi, Nova Manchester, Aricanduva, Penha, Penha de França, Tiquatira, Paulo Freire, Ponte Grande e Dutra). -Linha 5- Lilás: Expansão desde a estação Adolfo Pinheiro até a Chácara Klabin, com 11,5 km e 10 novas estações (Alto da Boa Vista, Borba Gato, Brooklin, Campo Belo, Eucaliptos, Moema, AACD- Servidor, Hospital São Paulo, Santa Cruz e Chácara Klabin). 61
Mobilidade Urbana em São Paulo
-Linha 6- Laranja: Construção da linha entre Brasilândia e São Joaquim. Conhecida como a “linha das universidades”, serão 15,9 km de extensão divididos em 15 estações (Brasilândia, Vila Cardoso, Itaberaba, João Paulo I, Freguesia do Ó, Santa Marina, Água Branca, Sesc Pompéia, Perdizes, PUC- Cardoso de Almeida, Angélica- Pacaembu, Higienópolis- Mackenzie, 14 Bis, Bela Vista e São Joaquim). -Linha 15- Prata (Monotrilho): Construção de mais 16 estações, somando 18 no total, dividido por 26, 6 km de extensão. As estações Vila Prudente e Oratório já foram inauguradas e as outras a serem construídas são: Ipiranga, São Lucas, Camilo Haddad, Vila Tolstói, Vila União, Jardim Planalto, Sapopemba, Fazenda da Juta, São Mateus, Iguatemi, Jequiriçá, Jacu-Pêssego, Érico Semer, Márcio Beck, Cidade Tiradentes e Hospital Cidade Tiradentes. -Linha 17- Ouro (Monotrilho): Construção da linha entre a Estação São PauloMorumbi e a Estação Jabaquara, com 17,7 km de extensão divididos em 14 estações (São Paulo- Morumbi, Estádio do Morumbi, Américo Mourano, Paraisópolis, Panamby, Morumbi, Chucri Zaidan, Vila Cordeiro, Campo Belo, Vereador José Diniz, Brooklin Paulista, Jardim Aeroporto, Congonhas, Vila Paulista, Vila Babilônia, Cidade Leonor, Hospital Sabóia e Jabaquara). -Linha 18- Bronze (Monotrilho): Construção da linha entre a estação Tamanduateí e Djalma Dutra, no Centro de São Bernardo do Campo. Serão 14,9 km de extensão distribuídos em 14 estações (Tamanduateí, Vila Carioca, Goiás, Espaço Cerâmica, Lágrimas, Regina Matiello, Instituto Mauá, Afonsina, Fundação Santo André, Winston Churchill, Senador Vergueiro, Baeta Neves, Paço Municipal- São Bernardo do Campo e Djalma Dutra). Além dessas obras de expansão/ construção de novas linhas, o Metrô ainda mantém em andamento as obras na linha 4- Amarela, para a entrega das estações ainda não inauguradas, Oscar Freire e Higienópolis- Mackenzie. Como segunda fase, haverá a expansão dessa linha incluindo as estações São Paulo- Morumbi e Vila Sônia. Já na terceira e última fase são previstas mais duas estações, Chácara do Jóquei e Largo do Taboão, totalizando 13 estações em 15,5 km de extensão. O mapa em anexo (C), disponibilizado pelo Metrô, exemplifica todos os planos de expansão citados anteriormente.
2.2 A SPTrans e o sistema de média capacidade em São Paulo A São Paulo Transporte S.A., SPTrans, foi fundada em 1995 em substituição à CMTC na gestão do transporte coletivo de média capacidade na cidade de São Paulo. Todas as mais de 1300 linhas de ônibus são operadas por 16 consórcios de
62
Integrações do transporte coletivo na capital paulista
empresas e cooperativas privadas, que controlam cerca de 15 mil veículos 11, sob a gestão da SPTrans, que define os trajetos, horários de operação e a frota necessária para cada linha, além de cuidar da gestão de terminais de ônibus e corredores na cidade. O sistema gerido pela SPTrans é composto por dois subsistemas: o estrutural e o local. O sistema estrutural é o que atende às grandes demandas dos bairros, ligando-os ao centro através dos veículos de grande porte, como ônibus comuns, articulados e biarticulados. Já o sistema local alimenta o estrutural, sendo responsável pelos deslocamentos internos nos bairros, feitos por ônibus comuns, mini ou micro-ônibus. Atualmente a SPTrans administra 33 terminais de ônibus em São Paulo, sendo a zona Oeste a mais desprovida, com apenas dois terminais (Lapa e Pinheiros), enquanto a zona Sul é a mais favorecida, com 11 terminais (Campo Limpo, Capelinha, Grajaú, Guarapiranga, Jabaquara, Jardim Ângela, João Dias, Parelheiros, Sacomã, Santo Amaro e Varginha). A tabela abaixo mostra todos os terminais de ônibus existentes na cidade de São Paulo, bem como sua administração e sua integração com outros modais. Nome do Terminal
Administração
Localização
Integração
(Zona)
Metrô CPTM
A. E. Carvalho
SPTrans
Leste
Amaral Gurgel
SPTrans
Centro
X
Metrô
Centro
X
SPTrans
Leste
Armênia
Metrô
Centro
X
Artur Alvim
Metrô
Leste
X
SPTrans
Centro
X
Barra Funda
Metrô
Oeste
X
Belém
Metrô
Leste
X
Berrini
EMTU
Sul
Brás12
Metrô
Centro
X
Butantã
Metrô
Oeste
X
Campo Limpo13
SPTrans
Sul
Campo Limpo14
EMTU
Sul
Ana Rosa Aricanduva
Bandeira
X X X
X
11
Informações divulgadas no site da SPTrans. O terminal de ônibus anexo à estação opera apenas com linhas intermunicipais da EMTU 13 Localizado na Estrada do Campo Limpo, 3401 12
63
Mobilidade Urbana em São Paulo
Capão Redondo
EMTU
Sul
SPTrans
Sul
Metrô
Leste
Casa Verde
SPTrans
Norte
Cidade Tiradentes
SPTrans
Leste
Metrô
Sul
Grajaú15
SPTrans
Sul
Grajaú16
EMTU
Sul
X
Guaianases
EMTU
Leste
X
SPTrans
Sul
Guido Caloi
Metrô
Sul
X
X
Itaquera
Metrô
Leste
X
X
Jabaquara
SPTrans
Sul
X
Jardim Ângela
SPTrans
Sul
Jardim Britânia
SPTrans
Norte
João Dias
SPTrans
Sul
Jurubatuba
EMTU
Sul
X
Lapa
SPTrans
Oeste
X
Mercado
SPTrans
Centro
Metalúrgicos
SPTrans
Leste
Metrô Santana
SPTrans
Norte
X
Parada Inglesa
Metrô
Norte
X
SPTrans
Sul
Metrô
Leste
Pq. Dom Pedro II
SPTrans
Centro
Penha
SPTrans
Leste
X
Pinheiros
SPTrans
Oeste
X
Pirituba
SPTrans
Norte
Princesa Isabel
SPTrans
Centro
Sacomã
SPTrans
Sul
X
Metrô
Sul
X
SPTrans
Sul
X
Capelinha Carrão
Conceição
Guarapiranga
Parelheiros Patriarca
Santa Cruz Santo Amaro
X
X
X
X
X
14
Localizado junto à estação Campo Limpo da linha 5- Lilás do Metrô Localizado na Rua Giovanni Bononcini, 77 16 Localizado junto à estação Grajaú da linha 5- Lilás 15
64
Integrações do transporte coletivo na capital paulista
São Mateus
SPTrans
Leste
São Miguel
SPTrans
Leste
SPTrans
Leste
Tatuapé
Metrô
Leste
X
Tietê
Metrô
Norte
X
Varginha
SPTrans
Sul
Vila Carrão
SPTrans
Leste
Vila Madalena
Metrô
Oeste
X
Vila Mariana
Metrô
Sul
X
Vila Matilde
Metrô
Leste
X
Vila Nova Cachoeirinha
SPTrans
Norte
Vila Prudente
SPTrans
Leste
Sapopemba/ Teotônio Vilella
X
X
Tabela 8- Terminais de ônibus da cidade de São Paulo Fonte: Ramos, 2016.
Com o objetivo de aumentar a velocidade média dos ônibus e diminuir o tempo de espera dos passageiros, implantaram- se as faixas e os corredores exclusivos de ônibus. Denomina-se faixa exclusiva às que ficam à direita ou esquerda da pista, permitindo apenas a circulação de ônibus em certos horários e liberadas para os demais veículos em outros. Já os corredores ficam à esquerda e permitem apenas a circulação de coletivos e táxis com passageiros, em qualquer horário. Atualmente a cidade conta com mais de 500 km de faixas exclusivas e, de acordo com a CET, a velocidade média dos ônibus nessas faixas aumentou significativamente de 12,4 km/h para 20,5 km/h em 2015. Por outro lado, a meta estipulada pela atual gestão de ter 150 km de corredores até o fim deste ano não será cumprida. A cidade toda conta com 10 corredores de ônibus que somam 111 km de extensão. A zona Leste é a menos favorecida, contando apenas com o corredor Paes de Barros, localizado no “início” da zona leste. O corredor Berrini, na zona sul, já tem alguns trechos finalizados e outros em fase final de construção. Há ainda uma antiga discussão sobre a implantação do corredor São Miguel/ Celso Garcia/ Centro, que passa por inúmeros problemas judiciais por irregularidades nos projetos apresentados. A tabela abaixo, retirada do site da prefeitura de São Paulo mostra o nome, a extensão e a localização de cada um dos corredores da cidade.
65
Mobilidade Urbana em São Paulo
Tabela 9- Corredores de ônibus da cidade de São Paulo Fonte: http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/transportes/noticias/?p=9017
O mapa a seguir ilustra todos os corredores de ônibus distribuídos pela cidade. Nele fica claro que há uma concentração de corredores nas zonas Sul (principalmente), oeste e norte, além da área central, enquanto a zona leste é, pode-se dizer, desprovida de corredores.
66
Integrações do transporte coletivo na capital paulista
Figura 10- Corredores de ônibus da cidade de São Paulo Fonte: http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/transportes/noticias/?p=9017
67
Mobilidade Urbana em São Paulo
2.3 Análises As informações levantadas nas etapas anteriores serviram para fornecer um panorama geral do que está em funcionamento e do que se pretende implantar através das políticas de mobilidade urbana do município e do Estado de São Paulo. Mas as mesmas informações que servem para expor a situação atual apontam para os problemas que o transporte coletivo enfrenta para se tornar mais eficiente e funcional. De pronto, chama a atenção o fato de o transporte coletivo de alta capacidade em São Paulo ser gerido pela esfera estadual, cabendo ao município somente a gestão do sistema de média capacidade, representado pela SPTrans e seu serviço de ônibus. Inicialmente, parece muito adequado que o transporte de alta capacidade de uma metrópole como São Paulo seja gerido pela esfera máxima de poder regional, mas a longo prazo isso gera problemas de planejamento, implementação e integração dos serviços, de forma que a capital passa a se adaptar às demandas que o Metrô gera, e não o contrário. Sendo o ferroviário o modal mais antigo em atividade, as ferrovias utilizadas comercialmente para o transporte de passageiros na capital são muito obsoletas e frequentemente enfrentam problemas operacionais. Por se tratar de um sistema que foi adaptado à partir de outra finalidade para servir à demanda de passageiros da região metropolitana, a CPTM muitas vezes não atende a seus usuários de forma satisfatória, e mesmo considerando o total da malha nos vários municípios, transporta consideravelmente menor quantidade de passageiros, em média 1,7 milhões a menos que o Metrô, por dia. É interessante e significativo notar que a utilização das linhas da CPTM não se liga diretamente à quantidade de estações de cada linha dentro da cidade de São Paulo. Por exemplo, a linha 12- Safira é a segunda linha com mais estações na capital e ainda assim é a linha com menor movimento diário de passageiros, enquanto que a linha 11- Coral, a mais movimentada e que também atende à zona leste da cidade, tem menos de 44% de suas estações dentro dos limites da cidade. Esses dados reforçam que o papel da CPTM no transporte de passageiros ganha muito mais importância quando na escala metropolitana, não municipal, ou seja, aumentar a quantidade de estações dentro da cidade não necessariamente geraria uma melhora no sistema de transporte coletivo de alta capacidade, a menos que essas estações tivessem o papel integrador de estações intermodais, ligadas à malha metroviária, proporcionando mais opções e facilidade aos usuários. Por outro lado, a divisão de passageiros por linha na CPTM, apesar de discrepante, se mostra, de forma geral, bem mais equilibrada que a do Metrô, como mostra o gráfico a seguir.
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Integrações do transporte coletivo na capital paulista
Divisão de passageiros no movimento diário por linha
9%
7- Rubi
16%
8- Diamante 25%
17%
9- Esmeralda 10- Turquesa 11- Coral
13%
20%
12- Safira
Gráfico 1- Divisão de passageiros no movimento diário por linha- CPTM Fonte: Ramos, 2016.
A linha 12- Safira é a menos utilizada, correspondendo a apenas 9% do total de usuários transportados diariamente na rede. Chama a atenção nessa linha a distância entre as estações, que em média é de 3.582m., ficando apenas atrás da linha 11- Coral, que tem em média 4.003m. de distância entre as estações17 e apesar disso ainda é a mais utilizada do sistema ferroviário. Ainda com relação à linha Coral, algumas características destacam; a linha é a mais movimentada da CPTM, transportando mais de 700.000 passageiros por dia, e boa parte de seus trilhos são paralelos à linha 3- Vermelha do Metrô, também a mais cheia do sistema metroviário e apesar disso, as duas linhas só se integram em três estações, mesmo havendo mais três co- localizadas que estão desativadas na CPTM (Vila Matilde, Patriarca e Artur Alvim), sendo que em duas delas a transferência é tarifada nos horários de pico (Corinthians- Itaquera e Tatuapé), talvez justamente para minimizar as integrações e não sobrecarregar ainda mais a rede do Metrô, que se estende até a zona Oeste da capital, diferente da linha ferroviária que vai somente até a região central, na Luz. Essa tarifação citada acima pode ocasionar a chamada “viagem negativa” que é quando um passageiro precisa ir à estações além da que precisa para realizar uma transferência e retornar, para ter melhores condições de desembarque ou transferência. Por exemplo, se um passageiro precisa descer na estação Penha do metrô e embarca em uma estação da linha 11- Coral sentido Luz ou da linha 12Safira sentido Brás, ele deverá desembarcar na estação Brás e pegar o metrô voltando, sentido Corinthians-Itaquera, se não quiser pagar pela transferência.
17
As tabelas com todas as distâncias entre as estações do Metrô e da CPTM podem ser vistas nos apêndices A e B, ao final deste trabalho.
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Mobilidade Urbana em São Paulo
Figura 11- Exemplo de viagem negativa das linhas 11 e 12 da CPTM para a linha 3 do Metrô Fonte: Ramos, 2016.
Ainda relacionado à linha 11, o Expresso Leste é um serviço prestado pela CPTM em que os trens partem da estação da Luz para a estação Estudantes, e vice- versa, sem a necessidade de fazer baldeação na estação Guaianases. O serviço tem um potencial muito interessante, porém funciona em horários que não são os de pico e com frequência muito reduzida. Talvez com uma revisão nos horários de funcionamento, o serviço se tornasse muito mais útil e eficiente, já que diminui o tempo de viagem e o transtorno dos passageiros que precisam trocar de trem ao chegar na estação Guaianases. Partindo para as questões observadas no sistema metroviário paulista, há como premissa o tamanho da malha. A primeira linha de São Paulo foi inaugurada em 1974, mesmo ano que o Metrô de Seul, capital da Coréia do Sul. Por lá, atualmente o Metrô conta com 18 linhas, 627 estações e 331,5 km de extensão em uma área igual a da cidade de Franca, ou seja, 2/5 do tamanho da capital paulista que tem menos de 25% da malha metroviária de Seul. O planejamento para a implantação da rede, como já dito, é controverso. Prova- se isso com a má distribuição espacial das linhas, resultando em uma grande concentração de estações numa mesma área (Avenida Paulista, por exemplo) e a inexistência em outros locais fundamentais para a dinâmica da capital, inclusive áreas periféricas que concentram a mão de obra trabalhadora dos grandes pólos financeiros/ comerciais da cidade. Isso gera um fluxo muito discrepante de passageiros entre as linhas, como mostra o grafico a seguir.
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Integrações do transporte coletivo na capital paulista
Divisão de passageiros no movimento diário por linha
6% 15%
32%
1- Azul 2- Verde 3- Vermelha 4- Amarela
32%
15%
5- Lilás
Gráfico 2- Divisão de passageiros no movimento diário por linha- Metrô Fonte: Ramos, 2016.
Enquanto as linhas 1- Azul e 3- Vermelha detêm juntas 64% do movimento diário de passageiros do Metrô, a linha 5- Lilás tem apenas 6%. Isso pode ser explicado pela inexistência de integrações intramodais nessa linha, e pela sua implantação atual abranger uma área muito pequena da cidade, com seus pontos inicial e final em distritos vizinhos (Campo Limpo e Santo Amaro). Mesmo assim, segundo informações divulgadas pelo portal UOL18, a linha é a segunda em lotação de passageiros por metro quadrado nos horários de pico, com 6,1 passageiros/m². A linha 2- Verde, mesmo tendo cinco estações de integração, incluindo uma com a CPTM e outra com o monotrilho, fazer um trajeto leste- oeste pela cidade e ter estações com distâncias bem distribuídas linearmente, possui um movimento de passageiros equivalente ao da linha 4- Amarela, de menor porte e muito mais recente. Isso pode ser explicado pelas regiões que cada uma atende: enquanto a linha 4 parte de uma região na zona oeste, passa pelas centralidades de Pinheiros e da Paulista e vai até o centro, a linha 2 vem de uma região boêmia, passando pela centralidade da Avenida Paulista e depois por bairros menos adensados até chegar à zona leste. Pode- se supor que a linha 4 ofereça maior variação de pontos de interesse ao longo de seu percurso, o que fez com a linha mais nova de São Paulo já seja a terceira com maior demanda.
18
UOL Notícias. Cotidiano. Antes ‘fantasma’, linha 5- Lilás já é a 2ª mais cheia do Metrô de SP. Bernardo Barbosa. Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2016/01/11/antes-fantasmalinha-5-lilas-ja-e-a-2-mais-cheia-do-metrô-de-sp.htm> Acesso em 31 de maio de 2016.
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Mobilidade Urbana em São Paulo
Vale lembrar que a linha 2- Verde na estação Sacomã e a linha 3- Vermelha na estação Pedro II, têm integração com o Expresso Tiradentes. O Expresso trata-se, basicamente, de um corredor de ônibus elevado que liga o Terminal Sacomã ao Terminal Mercado e o mesmo à Vila Prudente. Aproveitando a deixa do Expresso para a análise do sistema de média capacidade, uma das características que podem ser apontadas como causas da pouca atratividade dos ônibus é a velocidade média desempenhada pelos coletivos ser muito baixa. E uma das razões dessa baixa velocidade pode ser atribuída ao alto número de ônibus que utilizam vias compartilhadas, ou seja, que não possuem corredores ou faixas exclusivas. De acordo com o PlanMob/SP 2015, 87% dos 4.500km de vias onde circulam ônibus são formados por faixas compartilhadas. Esses dados deixam claro que uma grande necessidade do sistema de ônibus coletivos é a diminuição do tempo de viagem e do tempo de espera dos passageiros nos pontos.
Gráfico 3- Duração média das viagens por modo e distância em São Paulo 2012 Fonte: METRÔ – Cia. do Metropolitano de São Paulo. Relatório Síntese da pesquisa OD 2007 e Pesquisa de Mobilidade de 2012.
Como visto acima, o tempo médio gasto em viagens através do transporte coletivo no ano de 2012 foi sempre consideravelmente superior ao gasto por modos individuais. Isso reforça os problemas de circulação da rede coletiva e diminui a atratividade desse tipo de modal, fazendo com que os deslocamentos individuais, mesmo com todos os problemas de trânsito da cidade,ainda representem uma forma mais rápida e eficiente para o deslocamento.
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Integrações do transporte coletivo na capital paulista
A tabela 2 apresentada anteriormente neste trabalho também traz um dado interessante para esta análise. De acordo com a pesquisa feita pelo Metrô, no ano de 2012 a SPTrans transportou em média 9,6 milhões de passageiros por dia útil, o que representa 58,25% do total de passageiros que utilizou o sistema de transporte coletivo em dias úteis naquele ano. O sistema de alta capacidade, ao contrário do que o nome indica, transportou cerca de 6,88 milhões de passageiros, mais de 2.700.000 a menos que a SPTrans. Apenas a comparação matemática desses dados não nos dá um panorama pleno, pois o sistema de ônibus tem uma malha muito maior que visa cobrir toda a cidade, enquanto a rede de alta capacidade é reduzida e boa parte dos usuários que a utiliza necessita do sistema de ônibus para chegar às estações. Isso nos leva à conclusão de que o sistema de média capacidade é de fundamental importância para que os usuários de regiões mais distantes tenham acesso às estações do Metrô e da CPTM. Para o atual secretário municipal de transportes, Jilmar Tatto, “o ônibus é o único que consegue atingir todos os bairros, mas ele está sobrecarregado porque faltam transportes de massa, como metrô e trem” (apud DIOGENES, 2016). Seguindo por essa linha de que os sistemas de média e alta capacidade são interdependentes na função de oferecer opções de deslocamento para a população de todas as regiões da cidade, surge um equipamento que se torna o principal articulador do sistema de transporte público: o terminal intermodal, que concentra num mesmo espaço uma estação de metrô e de trem além de um terminal de ônibus. Por se tratarem da melhor opção de equipamento voltado à mobilidade urbana encontrado neste trabalho, a partir daqui torna-se necessário um aprofundamento no estudo e análise dos terminais intermodais da cidade de São Paulo.
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Mobilidade Urbana em SĂŁo Paulo
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Capítulo 3 Terminais Intermodais
Partindo da premissa de que quanto mais opções de deslocamento um usuário tiver à disposição, mais eficiente será o seu deslocamento, o principal objetivo de um sistema de transportes deve ser então o de garantir que os passageiros não sejam dependentes de um único modal, mas possam escolher qual a melhor forma de chegar ao seu destino nas condições que ele considerar prioritárias: mais rápido, mais prático, mais sustentável, mais econômico, etc. A maior oferta de meios de deslocamento na cidade, em todos os sentidos, amplifica a liberdade de mobilidade e, portanto, de opções; e o equipamento que melhor representa essa diversidade no setor de transportes são os terminais intermodais que reúnem os dois sistemas de alta capacidade com o sistema de ônibus, de média capacidade. Por definição linguística, terminais são o ponto de parada final de um determinado tipo de transporte, entretanto, dentro do conceito de mobilidade urbana, os terminais representam mais que isso, sendo equipamentos de fundamental importância para os usuários, já que são espaços coletivos nos quais há grande concentração de opções de destinos, servindo como marcos no deslocamento da população. Com base em todos os dados levantados até aqui, não é de se estranhar que os terminais assumam o papel de protagonistas neste estudo, tanto pela finalidade e definição do que devem ser quanto pela importância que têm na matriz de deslocamento da cidade. Os deslocamentos pelos sistemas de transporte de alta e média capacidade representam 34,18% do total diário na capital, como mostra a tabela 1 apresentada anteriormente, sendo que os ônibus assumem a maior parte desse percentual. Assim sendo, justifica-se o fato de valorizar a integração intermodal entre o sistema sobre trilhos e o sistema sobre rodas. Os terminais intermodais, em especial os que englobam estações de Metrô e trem, além dos ônibus, são a situação ideal nesse sentido. E apesar da capital paulista ter mais de 11 milhões de habitantes, existem apenas 5 terminais desse tipo em toda a cidade, sendo um na zona sul, dois na leste e mais dois na Oeste. A zona norte e o centro não contam com nenhum terminal intermodal dessa categoria, como mostra a tabela a seguir.
Nome do Terminal Barra Funda
Administração Metrô
Localização (Zona) Oeste 75
Mobilidade Urbana em São Paulo
Guido Caloi
Metrô
Sul
Itaquera
Metrô
Leste
Pinheiros
SPTrans
Oeste
Tatuapé
Metrô
Leste
Tabela 10- Terminais intermodais na cidade de São Paulo Fonte: Ramos, 2016.
Uma análise um pouco mais profunda sobre cada um destes terminais permite mapear as áreas de influência dos mesmos dentro do contexto urbano da cidade. Por exemplo, localizando no mapa da capital o ponto final das linhas de cada terminal e posteriormente ligando esses pontos, é possível visualizar quanto do território da cidade tem a influência direta de determinado terminal, ou seja, o usuário que está dentro da área de influência de um terminal tem a possibilidade de, com apenas uma viagem de ônibus, acessar este local e nele ter à sua disposição qualquer um dos sistemas de transporte disponíveis, podendo escolher o melhor de acordo com sua necessidade naquele momento. Uma pesquisa recente realizada pelo Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP Brasil) e pelo WRI Brasil Cidades Sustentáveis mostrou que apenas 25% da população da cidade de São Paulo mora a até 1km de distância de uma estação de metrô, trem, BRT ou VLT. Ou seja, somente ¼ da população tem acesso a pé a uma estação de transporte de alta capacidade, já que a cidade não tem o serviço de BRT e o VLT existente (monotrilho) não foi considerado na pesquisa por não ter um horário de funcionamento das 6h às 22h e extensão mínima (3km) para análise. Clarisse Linke, socióloga e diretora do ITDP, (apud DIOGENES, 2016) acredita que o índice da capital comparado aos da Cidade do México (48%) e Rio de Janeiro (47%) “evidencia que há maior adensamento populacional longe dos corredores de transporte estruturantes.” Segundo Clarice: A distância de grande parte da população em relação às estações de transporte público pode induzir a viagens em automóveis particulares e mostra a dificuldade de acesso ao território como um todo. (apud DIOGENES, 2016)
A mesma matéria publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo que divulgou a pesquisa citada acima também traz a opinião de outro estudioso do assunto de mobilidade urbana. Juliana Diógenes, autora da matéria, diz que: Para o professor de engenharia de transportes da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), Claúdio Barbieri, o baixo PNT na capital é reflexo de falta de planejamento a médio e longo prazo. “Faltam soluções maduras de continuidade. Elas mudam muito 76
Integrações do transporte coletivo na capital paulista
conforme os governos. A cidade precisa de uma visão mais estável e menos paliativa para evitar projetos malfeitos”, diz [Barbieri]. (2016)
Figura 12- Índice PNT de São Paulo Fonte: DIOGENES, 2016.
Essas opiniões servem para reforçar a importância de se estudar a influência de cada modal sobre a cidade e de como distribuir os terminais intermodais uniformemente pelo território será de grande ajuda para os usuários que moram longe das estações de trem e metrô que poderão então, através do sistema de média ou baixa capacidade, acessar as estações integradas de alta capacidade. Para iniciar essa análise, a imagem abaixo mostra a localização dos cinco terminais intermodais que reúnem os três principais modos de transporte existentes e na sequência há uma breve análise sobre cada um deles e sua inserção na cidade. No apêndice c, ao final deste trabalho, consta a relação de todas as linhas existentes nos cincos terminais estudados.
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Mobilidade Urbana em São Paulo
Barra Funda Tatuapé
Itaquera
Pinheiros
Guido Calói
Figura 13- Terminais intermodais existentes na cidade de São Paulo Fonte: Ramos, 2016.
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Integrações do transporte coletivo na capital paulista
3.1 Terminal Barra Funda O terminal Barra Funda pode ser definido como um complexo de mobilidade, já que além de ter Metrô, trem e o terminal urbano de ônibus, conta com um terminal rodoviário com linhas interestaduais e uma internacional. Inaugurado em 1988, é o segundo terminal rodoviário mais movimentado da cidade, atrás apenas do Tietê. A imagem abaixo mostra a localização do terminal e seu entorno imediato.
Figura 14- Implantação do Terminal Barra Funda Fonte: Google Earth
O terminal da Barra Funda está inserido em uma área cercada de grandes equipamentos de cultura, lazer e educação, como o memorial da América Latina, projetado por Oscar Niemeyer e tombado como bem de interesse histórico, a Universidade Paulista, UNIP, o parque da Água Branca, o shopping West Plaza e o estádio Allianz Arena. As residências no entorno se caracterizam por serem de médio padrão e algumas preservam características da arquitetura neocolonial dos bairros operários da época em que foram construídas, no início do século XX. Com relação às linhas municipais que atendem ao terminal, são 20 linhas que têm como destino bairros das zonas norte e oeste da capital. Os principais distritos atendidos são: Brasilândia, Cachoeirinha, Freguesia do Ó, Mandaqui, Tremembé, Lapa, Perdizes, Alto de Pinheiros, Jardim Paulista, Pinheiros, Butantã, Raposo Tavares e Rio Pequeno. Com essa configuração a área de influência do terminal atinge uma área de 100.219.495 m² em um perímetro de aproximadamente 95.500 metros.
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Mobilidade Urbana em São Paulo
Figura 15- Área de Influência do Terminal Barra Funda Fonte: Ramos, 2016.
Em suma, um complexo como o da Barra Funda é um equipamento na dimensão urbana que a cidade necessita, com inúmeras opções de modais e de destinos disponíveis para os usuários. Mas pensar que esse terminal deveria ser reproduzido inúmeras vezes por todo o território paulistano como solução dos problemas de mobilidade é um exagero. Terminais de ônibus de grande porte causam grandes impactos no trânsito local e geram demandas estruturais que não podem ser atendidas em qualquer área sem minuciosos estudos de viabilidade e de impacto de vizinhança. Além disso, só a existência do terminal por si só não resolve o problema de mobilidade de uma região, como veremos mais a frente com o Terminal Guido Caloi. 80
Integrações do transporte coletivo na capital paulista
3.2 Terminal Itaquera Dos cinco terminais intermodais já existentes na cidade, o terminal Itaquera é o que atende a maior demanda de usuários por dia. Isso porque entre os terminais analisados, é o que concentra o maior número de linhas, com 38 destinos que atendem principalmente a própria zona leste em seus extremos.
Figura 16- Implantação do Terminal Itaquera Fonte: Google Earth
O entorno do terminal é completamente diferente do analisado anteriormente. Caracterizado por grandes desníveis, habitações de baixo padrão, conjuntos habitacionais e favelas, há também uma grande área com vazios urbanos, que fazem parte do polo tecnológico e educacional que vem sendo implantado na região. Fazem parte desse polo uma ETEC, uma FATEC e uma incubadora de empresas; na mesma área está também a Arena Itaquera, estádio de futebol do Sport Club Corinthians Paulista. Já do outro lado do terminal, estão localizados o Poupatempo e o Shopping center Itaquera. Na imagem acima, é possível notar ainda a ausência de áreas verdes e de espaços de cultura e lazer nesse entorno imediato. Todas as 38 linhas que partem do terminal de ônibus de Itaquera têm por destino a própria zona leste, ou seja, não há ônibus para outras regiões da cidade, incluindo a central, e grande parte das linhas são atendidas por peruas, justamente por seu caráter de linhas locais.
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Mobilidade Urbana em São Paulo
Foto 1- Plataforma do Terminal Itaquera Fonte: Ramos, 2016.
Foto 2- Movimentação no Terminal Fonte: Ramos, 2016.
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Integrações do transporte coletivo na capital paulista
Os principais distritos atendidos são, além de Itaquera, Itaim Paulista, Vila Curuçá, Vila Jacuí, São Miguel, Ermelino Matarazzo, Penha, Ponte Rasa, Vila Matilde, Artur Alvim, Lajeado, Guaianases, Cidade Líder, Aricanduva, José Bonifácio, Cidade Tiradentes, São Mateus, Iguatemi e São Rafael. A área de influência soma 136.911.645 m² em um perímetro de quase 65.500 metros.
Figura 17- Área de Influência do Terminal Itaquera Fonte: Ramos, 2016.
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Mobilidade Urbana em São Paulo
3.3 Terminal Pinheiros O único dos terminais analisados que é administrado pela SPTrans, o terminal Pinheiros é também o último a ser inaugurado, com pouco mais de três anos de funcionamento. Foi construído para agregar as linhas que faziam final na região do Largo da Batata e facilitar o acesso dos usuários ao sistema de transporte sob trilhos. Localizado entre a rua Gilberto Sabino e a Marginal Pinheiros, o terminal possui boas instalações, mas uma nota pode ser feita pela falta de cobertura na ligação entre o terminal e a estação de trem/ Metrô. Em dias de chuva, os usuários que saem da estação em direção ao terminal ou ao bicicletário ficam expostos à interpérie.
Figura 18- Implantação do Terminal Pinheiros Fonte: Google Earth
Além da localização estratégica em termos de acesso, o terminal está situado em uma região com muitos pontos de interesse ao redor, entre eles estão a praça Vitor Civita, a ETEC Guaracy Silveira, a Universidade Paulista, UNIP, o Instituto Tomie Ohtake, o SESC Pinheiros, o Mercado Municipal de Pinheiros, o Shopping Eldorado, o eixo comercial da rua Teodoro Sampaio e o eixo empresarial da avenida Faria Lima, além do Largo da Batata, onde ocorrem shows e eventos. Com relação aos imóveis, há residências de médio padrão e áreas planas muito valorizadas pela especulação imobiliária.
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Integrações do transporte coletivo na capital paulista
Figura 19- Acesso à estação Pinheiros da CPTM a partir do terminal Fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?p=70659531
Figura 20- Acesso à estação Pinheiros do metrô a partir do terminal Fonte: http://vilamundo.org.br/2013/06/conheca-as-linhas-que-atenderao-na-primeira-fase-do-novoterminal-de-onibus-em-pinheiros/
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Mobilidade Urbana em SĂŁo Paulo
Figura 21- Plataformas 3 e 4 do terminal Pinheiros Fonte: http://noticias.r7.com/transito/noticias/terminal-pinheiros-tera-mais-dez-linhas-de-onibus-apartir-de-hoje-20130615.html
Figura 22- Terminal visto da estação Pinheiros da CPTM Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Terminal_Intermodal_Pinheiros#/media/File:Terminal_Pinheiros.jpg
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O terminal conta atualmente com 17 linhas que atendem as regiões central, sul e oeste, além de linhas intermunicipais, o que o diferencia da maioria dos terminais da SPTrans. O terminal exerce maior influência nos distritos da Lapa, Barra Funda, Bom Retiro, Sé, Vila Leopoldina, Alto de Pinheiros, Perdizes, Consolação, Vila Mariana, Ipiranga Jaguaré, Butantã, Rio Pequeno, Vila Sônia, Morumbi, Campo Limpo, Capão Redondo e Cidade Ademar. Sua área de influência é próxima de 257.432.008 m² em um perímetro de 70.527 metros.
Figura 23- Área de influência do terminal Pinheiros Fontes: Ramos, 2016.
Tanto pela implantação em local privilegiado, como pela distribuição e variedade de linhas disponíveis, além dos serviços oferecidos como bicicletário, estacionamento, fraldário, etc., o terminal Pinheiros servirá como um modelo de terminal intermodal ideal para este trabalho. 87
Mobilidade Urbana em São Paulo
3.4 Terminal Tatuapé Semelhante ao terminal Barra Funda, o Terminal Tatuapé também fica localizado em uma área predominantemente residencial, com a diferença de que aqui não existem os grandes galpões industriais presentes no bairro da várzea paulistana. Outra diferença é que no entorno imediato da estação há muitos edifícios residenciais de alto gabarito e casas de médio padrão. Com relação a equipamentos, chama atenção a quantidade de escolas de ensino fundamental e médio, públicas e particulares, que existem na região. Nas proximidades há também um hipermercado (Carrefour), o SESC Belenzinho e, assim como no terminal Itaquera, um shopping center anexo a área da estação e do terminal de ônibus.
Figura 24- Implantação do Terminal Tatuapé Fonte: Google Earth
O terminal de ônibus em si é modesto, com apenas duas plataformas que comportam 10 linhas, as quais atendem também a região da zona leste. Boa parte da área de influência desse terminal sobrepõe com o do terminal Itaquera e distritos como Aricanduva, Cidade Líder, Artur Alvim, Guaianases, José Bonifácio e Cidade Tiradentes são atendidos pelos dois terminais, apesar de, como veremos adiante, os pontos finais dos ônibus dos terminais estudados praticamente não coincidirem.
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Integrações do transporte coletivo na capital paulista
Figura 25- Área de influência do terminal Pinheiros Fontes: Ramos, 2016.
Os outros distritos atendidos pelo terminal são: Vila Carrão, Água Rasa, Vila Formosa, Vila Prudente, São Lucas, Parque do Carmo e Itaquera. A área coberta pelo terminal soma 92.950.130 m² e o perímetro e de pouco mais de 48.000 metros.
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Foto 3- Terminal Tatuapé visto da passarela de acesso à estação Fontes: Ramos, 2016.
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Integrações do transporte coletivo na capital paulista
3.5 Terminal Guido Caloi O terminal Guido Caloi é, de pronto, muito diferente dos outros terminais intermodais analisados e ficou por último justamente para destacar essas diferenças. Localizado na Avenida de mesmo nome, no distrito de Santo Amaro, faz integração com a estação Santo Amaro da linha 9- Esmeralda da CPTM e 5- Lilás do Metrô. Apesar de estar localizado próximo à marginal do rio Pinheiros, é um terminal pouco utilizado que só conta com duas linhas municipais de ônibus, uma para o Jd. Jacira e outra para o terminal Pinheiros.
Figura 26- Implantação do Terminal Guido Caloi Fonte: Google Earth
O terminal está dividido em 3 plataformas, das quais só duas são utilizadas, com uma linha em cada. Em análise superficial, há espaço para, no mínimo, mais 4 linhas fazerem ponto final dentro do terminal. Outra característica que chama a atenção na implantação do terminal é a extensão dos vazios urbanos que existem ao seu redor. São áreas subutilizadas ou sem uso, como por exemplo um grande estacionamento ao lado do terminal19, que poderia, por exemplo, fazer parte do serviço de E-Park, já existente em algumas –poucas- estações. Além disso, há uma favela em uma área extremamente íngreme próxima ao terminal. Curiosamente, ao lado dessa favela há o bairro do Panamby, que se comporta quase como um condomínio fechado em um território que deveria ser livre. Um ponto positivo do terminal é a boa área para embarque e desembarque de passageiros que é muito cômoda para passageiros que vem até o terminal de carona no transporte individual motorizado. 19
Ver foto 4, onde é possível ver o estacionamento ao fundo.
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Mobilidade Urbana em São Paulo
Foto 4- Terminal Guido Caloi visto da Estação Santo Amaro da linha 5- Lilás Fonte: Ramos, 2016.
Foto 5- Terminal Guido Caloi a partir da saída da estação Santo Amaro Fonte: Ramos, 2016.
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Foto 6- Estação Santo Amaro do Metrô vista do Terminal Fonte: Ramos, 2016.
Há alguns grandes equipamentos próximos ao terminal, mas que enfrentam um grande problema do ponto de vista de pedestres e usuários do transporte público coletivo: a grande barreira física que o Rio Pinheiros representa no deslocamento da população. Por exemplo, muito próximo ao terminal há teatros, casas de shows (Credicard Hall e Tom Brasil), shopping center Largo 13, bibliotecas, Universidade Nove de Julho (UNINOVE), SESC Santo Amaro, 2 SENAI, Etec Takashi Morita e o hospital da Santa Casa; porém, todos esses equipamentos se localizam na margem oposta do Rio, e se relacionam diretamente com o Terminal Santo Amaro, administrado pela SPTrans e que, por sua vez, não tem ligação direta com o “vizinho” Terminal Guido Caloi. Assim sendo, os únicos equipamentos com fácil acesso ao terminal são a ETEC Zona Sul, o shopping center Fiesta e, no sentido oposto, o Hipermercado Extra e o Centro Empresarial. Com relação às duas linhas existentes no terminal, atendem a pouquíssimos bairros e há uma clara necessidade de readequação das mesmas e maior utilização do espaço físico do terminal. Diferentemente dos terminais anteriores, neste, devido ao baixo número de linhas, foi considerado o trajeto de cada uma para se determinar os bairros atendidos, e mesmo assim pode-se considerar que só os bairros de Campo Belo, Itaim Bibi, Pinheiros, Jardim São Luís, M’Boi Mirim e Jardim Ângela podem contar com o terminal como opção de deslocamento.
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Figura 27- Área de influência do terminal Guido Caloi Fontes: Ramos, 2016.
Muito inferior à menor área de influência que tinha sido vista até aqui (quase 93.000.000 m² no terminal Tatuapé),a área do Guido Caloi se aproxima de 25.758.297m² em um perímetro de pouco mais de 43.000 metros. Com essas características, o terminal Guido Caloi torna-se subutilizado, já que poderia contar com linhas locais que atendessem a bairros, por exemplo, da própria zona sul como os dos distritos de Campo Limpo, Vila Andrade, Capão Redondo, Socorro, Cidade Dutra, Parelheiros e Grajaú, muito dependentes do sistema de média capacidade; dessa forma, o usuário proveniente dessas regiões teria a opção de embarcar no 94
Integrações do transporte coletivo na capital paulista
serviço do Metrô ou de trem. O terminal poderia também contar com o serviço de bicicletário, já que a ciclovia do rio Pinheiros possibilita o acesso à estação Santo Amaro e é uma boa opção de deslocamento dos bairros à estação, em substituição aos ônibus. Levando em consideração todas as características que nitidamente diferenciam o terminal Guido Caloi dos demais analisados, torna-se justificável a escolha deste terminal para o desenvolvimento de um estudo mais profundo e de propostas de readequação de seu entorno e área de influência, potencializando sua capacidade para que, posteriormente, este terminal passe a ser uma referência para a implantação dos outros seis terminais intermodais a serem construídos na cidade. Aqui, vale ressaltar que estes seis terminais citados são considerados levando-se em conta que todos os planos de expansão do Metrô e da CPTM sejam concluídos, possibilitando as novas estações integradas. E vale lembrar também que desses seis, dois (Tamanduateí e Tiquatira) já foram citados no PlanMob SP/2015 como “planejados” e os outros quatro (Água Branca, Luz, Brás e Morumbi) são propostas da autora. Partindo dessas premissas, a ideia, então, passa a ser a de reduzir o estudo para uma escala muito menor, mais “íntima” de análise para desenvolver uma proposta que possa ser replicada numa escala macro para então formar uma malha com áreas de influência que cubram a maior parte da cidade, favorecendo usuários de todas as regiões. Ou seja, através de um estudo de caso específico pretende-se formular uma referência do potencial desses equipamentos para a cidade. O mapa a seguir mostra como ficará a distribuição espacial dos 11 terminais intermodais existentes e a serem implantados dentro da cidade de São Paulo e na sequência inicia-se a discussão sobre duas vertentes do Guido Caloi: a readequação de sua área de influência e a requalificação do entorno do terminal.
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Água Branca
Barra Funda Luz Brás
Tiquatira Tatuapé
Itaquera
Pinheiros Tamanduateí Morumbi Guido Calói
Figura 28- Localização dos 11 Terminais intermodais considerados na cidade de São Paulo Fonte: Ramos, 2016.
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Capítulo 4 Estudo para readequação de áreas de influência
Sabendo-se que áreas de influência são formadas pela ligação dos pontos finais de todas as linhas atendidas por um determinado terminal e que um usuário que estiver dentro dessa área de influência poderá, a pé, de bicicleta ou com uma viagem de ônibus, acessar um terminal intermodal, que articula os ônibus com o metrô e os trens da CPTM, e consequentemente os sistemas de média ou alta capacidade, entende-se que quanto maior for a área de influência de um terminal, mais usuários serão beneficiados e quanto maior for a soma dessas áreas, mais a cidade como um todo é favorecida. Além disso, entende-se também que a sobreposição de áreas de influência pode ou não ser benéfica, já que os usuários teriam outro terminal intermodal como opção, mas algumas regiões da cidade podem consequentemente ficar mais desprovidas que outras, aumentando a desigualdade de atendimento do sistema de transportes já existente. Portanto, para a formação de um conceito final, cada área de influência deve ser estudada individualmente, analisando-se quais características marcam o entorno atendido, os usos dominantes, os fluxos de circulação, os equipamentos existentes e etc. pra só então se definir se aquela área de influência é bem distribuída e atende satisfatoriamente as necessidade da população ou se poderia ser melhor definida. Conforme dito anteriormente, a área de influência do terminal Guido Caloi foi considerada ineficiente, principalmente pelo fato de ser formada por apenas duas linhas de ônibus, sendo uma delas para o terminal Pinheiros, que também se enquadra na categoria de terminal intermodal. Colocando-se em ordem decrescente o total em quilômetros quadrados das áreas de influência dos cinco terminais existentes, fica nítido que a área abrangida pelo terminal Pinheiros, a maior delas, é cerca de dez vezes maior que a do Guido Caloi. A tabela abaixo mostra esses valores. Tabela 11- Áreas de influência por tamanho Fonte: Ramos, 2016.
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Com base nesses valores, o total de áreas abrangidas por terminais intermodais na cidade é de 613.271 km² de um total de 1.521.110 km² do munícipio. Isso significa que atualmente cerca de 40% do território da cidade está inserido dentro de uma área de influência de terminais intermodais, valor abaixo do ideal. É importante ressaltar que o plano de readequação que será proposto aqui, utilizando o terminal Guido Caloi como objeto de estudo, visa manter as outras 4 áreas de influência já existentes da maneira como estão e combiná-las com a nova área do Guido e as outras 6 a serem implantadas. Com isso, pode-se atingir uma área total que cubra aproximadamente 70% do território do município, já que há uma porção considerável de áreas ocupadas pelas represas e áreas de proteção permanente (APP) que têm baixíssimas densidades populacionais. Para se iniciar o estudo de readequação da área de influência do terminal Guido Caloi é preciso definir quais critérios urbanísticos nortearão esse redesenho com base nos objetivos pretendidos para a área, que são maior cobertura territorial e eficiência, e é desses critérios a serem seguidos que falaremos agora.
4.1 Critérios Estabelecidos Visando a elaboração de um trabalho que seja perfeitamente viável e exequível, houve a preocupação de se estabelecer critérios urbanísticos muito próximos dos que são utilizados normalmente no planejamento urbano para justificar as escolhas feitas com relação à localização dos novos pontos finais que formarão a nova área de influência do terminal Guido Caloi. Para tanto, não sendo um critério propriamente dito, mas representando um conhecimento prévio que deve ser considerado, temos o planejamento de transportes, fundamental para se conhecer alguns parâmetros importantes da dinâmica de projetos urbanos. Com relação a este, há uma boa descrição feita por VASCONCELLOS que vale a citação. Ele diz que: “(…) o planejamento de transportes desenvolve sistemas de movimentação de pessoas e mercadorias, num espaço urbano definido, o que pressupõe a análise dos padrões gerais de deslocamento entre uma multiplicidade de origens e destinos. Como produtos, podem ser definidos, por exemplo, as vias para o escoamento do tráfego geral, as redes de ônibus ou os sistemas de escoamentos reservados a determinados modos de transportes, como o transporte público por trilhos.” (1999, pg. 40)
Sabendo-se disso, os critérios urbanísticos baseados no planejamento de trânsito que serão considerados para potencializar a eficiência da área de influência em questão são quatro: barreiras geográficas, infraestrutura viária, trajetos existentes e equipamentos de interesse. A partir dessa definição é possível traçar uma nova área de influência “genérica” ao redor do terminal que deve seguir sendo ajustada 98
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conforme cada um dos critérios vai sendo incluído, até chegar ao desenho final que atenderá ao máximo possível o objetivo previsto. Para a área de influência genérica que servirá como ponto de partida, imaginou-se um polígono que atendesse às regiões de Campo Limpo, Capão Redondo, São Luís, Socorro e Cidade Dutra, ou seja, regiões à oeste, sudoeste, sul e sudeste do terminal. Esse polígono deveria também não transpor o Rio Pinheiros e englobar ao máximo possível os equipamentos de interesse presentes nas regiões atendidas citadas anteriormente. A imagem abaixo apresenta esse primeiro traçado genérico atribuído à nova área de influência.
Figura 29- Áreas de influência existente e genérica proposta do terminal Guido Caloi Fonte: Ramos, 2016
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4.1.1 Barreiras geográficas Talvez o critério mais simples a ser considerado e por isso colocado como o primeiro, as barreiras geográficas são elementos lineares que interferem na configuração das cidades como um todo. Existem vários tipos de barreiras como rios, montanhas, estradas, viadutos, ferrovias e etc. e no caso deste trabalho, o Rio Pinheiros representa uma barreira geográfica que servirá como limitador de um dos lados da nova área de influência do terminal Guido Caloi. Decidiu-se evitar transposições do rio, tanto pela questão de diminuir a sobrecarga de veículos nos horários de pico nas pontes da região (João Dias e Transamérica) quanto pela tentativa de cobrir uma porção maior de território na margem oeste do rio e na região de Interlagos, atualmente fora de qualquer área de influência existente. De certa forma, considerou-se também criar uma área de influência que fosse mais “acessível” ao pedestre, já que travessias por pontes na cidade sempre são voltadas aos veículos. Com isso, sabe-se que a nova área de influência proposta não preverá transposições dos ônibus no rio Pinheiros.
4.1.2 Infraestrutura viária Esse critério caracteriza a hierarquia das vias existentes dentro da área de influência proposta. Aqui, analisa-se a quantidade de vias arteriais e coletoras, que possibilitam a passagem do sistema sobre pneus. Pela definição adotada no Código de Trânsito Brasileiro, vias arteriais são as grandes avenidas que ligam várias regiões da cidade e que têm seu fluxo controlado por meio de semáforos e acesso direto aos lotes lindeiros e às vias coletoras e locais. Como não existem vias arteriais propriamente ditas na área analisada, optou-se por utilizar este título para as vias que ligam vários bairros em seu percurso e que têm o papel de maior importância na mobilidade da região como um todo. As vias coletoras por sua vez, coletam e distribuem o trânsito das arteriais e são fundamentais para a população, pois geralmente são as que concentram as áreas comerciais e de serviços dos bairros. O estudo e a caracterização dos tipos de via se fez importante para garantir que os ônibus atendam de forma mais plena os bairros que são cruzados durante os percursos, utilizando as vias coletoras e arteriais que são mais facilmente acessadas por toda a população e, em geral, possuem melhores condições de infraestrutura viária para a passagem dos coletivos e/ ou implantação de ciclovias. São também esses dois tipos de via que possuem faixas e corredores de ônibus e, portanto, favorecem o deslocamento através do transporte coletivo. As consideradas vias arteriais da área de influência são duas: a Estrada do M’Boi Mirim (incluindo um trecho da Avenida Guarapiranga) e a Estrada de Itapecerica (incluindo um trecho da Avenida João Dias), sendo que ambas contam com corredores exclusivos de ônibus. A Estrada do Campo Limpo e a Avenida Interlagos, que possuem características semelhantes às duas vias citadas anteriormente, não foram incluídas nesta categoria pois a maior parte de suas extensões se encontra fora da área de influência pretendida. 100
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Com relação às principais vias coletoras da área, de acordo com a definição de vias adotadas no PDE, pode– se dizer que são as seguintes: Avenida Atlântica; Avenida Carlos Caldeira Filho; Avenida Carlos Lacerda; Avenida Dona Belmira Marin; Avenida Ellis Maas/ Avenida Comendador Sant’anna; Avenida Guarapiranga; Avenida Inácio Cunha Leme/ Avenida Eugênio Bartolomai/ Avenida Antônio Barbosa da Silva Sandoval; Avenida Interlagos; Avenida Manuel Alves Soares/ Avenida Lourenço Cabreira/ Avenida Matias Beck/ Avenida Jair Ribeiro da Silva; Avenida Maria Coelho Águiar/ Rua Nova do Tuparoquera; Avenida Paulo Guilguer Reimberg; Avenida Presidente João Goulart; Avenida Senador Teotônio Villela; Estrada da Baronesa; Estrada do Barro Branco/ Estrada do Shangri-lá; Estrada do Campo Limpo; Estrada Canal de Cocaia; Estrada Guavirituba; Estrada Pirajussara- Valo-Velho; Estrada da Riviera; Rua Dr. Oscar Andrade Lemos/ Rua Jequirituba/ Rua Manuel Caldeira/ Rua Miguel de Barros; Rua Frederico René de Jaegher; Rua Jequirituba; 101
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Rua José Barros Magaldi; Rua Olívia Guedes Penteado/ Avenida do Rio Bonito. Vale ressaltar que a definição de principais vias coletoras foi feita pela autora com base em dados estatísticos de congestionamento e quantidade de linhas de ônibus que utilizam tais vias.
Figura 30- Vias arteriais e coletoras na área de influência genérica Fonte: Ramos, 2016
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4.1.3 Trajetos existentes Seguindo com os critérios a serem analisados, temos o de trajetos existentes. Esse critério visa remanejar linhas já em circulação direcionando- as para terem final no terminal Guido Caloi. Esse remanejamento tem como objetivo otimizar linhas com caráter muito local e diminuir o trajeto de outras linhas muito extensas, que contrariam o critério à respeito das transposições das barreiras geográficas, já citado. Para isso, imaginou-se pontos finais nos extremos da área de influência genérica e considerou-se linhas que já fazem finais nesses locais. A partir disso, essas linhas passam a ter como destino o terminal Guido Caloi e a ligação desses pontos possibilita o desenho final da nova área de influência para o terminal, ou seja, a partir daqui a área genérica ganha uma nova forma, que será considerada a área de influência final proposta para esse terminal. No processo de escolha das linhas que seriam consideradas, buscou-se garantir a ligação do terminal Guido com os terminais Varginha e Grajaú, ambos administrados pela SPTrans, que são de suma importância para a população residente nos extremos da zona sul. Para isso, criou-se uma ligação direta a partir do terminal Varginha e uma outra linha que em seu trajeto passa pelo terminal Grajaú e prossegue até o Jardim Ellus. Como premissa de projeto, grande parte dos percursos traçados em cada linha corresponde aos trajetos já existentes, alterando apenas as partes pertinentes para possibilitar o acesso ao terminal Guido Caloi através da avenida de mesmo nome. A tabela abaixo traz o número e o nome das linhas consideradas para remanejamento e a imagem a seguir mostra o novo trajeto realizado por essas linhas, além de como ficou o desenho da nova área de influência final a partir disso.
Linhas Remanejadas 7053-21 6824-10 6045-10 6015-10 7006-10 7001-10
Jd. Maria Sampaio
Terminal Campo Limpo
Pq. Fernanda
Terminal Capelinha
Valo Velho
Santo Amaro
Vila Calú
Santo Amaro
Jd. Horizonte Azul
Jd. Ângela
Vila Gilda
Jd. Ângela 103
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5370-22 6053-10 6076-10 5652-10
Terminal Varginha
Borba Gato
Jd. Ellus
Terminal Grajaú
Jd. Progresso
Terminal Santo Amaro
Jd. IV Centenário
Praça da Sé
Tabela 12- Linhas remanejadas para o terminal Guido Caloi Fonte: Ramos, 2016.
Figura 31- Novos trajetos propostos e área de influência final Fonte: Ramos, 2016
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4.1.4 Equipamentos de Interesse Dentre os quatro critérios analisados, este foi o mais determinante para o prosseguimento deste trabalho, e por isso deixado por último. O levantamento da existência dos grandes pontos de interesse dentro da área de influência serviu para a criação de hipóteses sobre os tipos de usos predominantes na região. Com isso, pode-se avaliar quais tipos de equipamentos ocorrem com maior frequência e quais estão em falta e poderiam valorizar a região e proporcionar mais opções aos usuários, se implantados. A escolha dos tipos de equipamentos que seriam levantados se deu por meio de investigações sobre quais locais costumam atrair uma grande quantidade de pessoas e poderiam ser de interesse para boa parte dos usuários que utilizarão o terminal. Feito isso, decidiu- se dividir os equipamentos em seis categorias, que são: Educação, Saúde, Cultura e lazer, Comércio e Serviços, Multifuncional e Esportes, sendo que cada uma dessas contêm equipamentos específicos, como mostram os esquemas a seguir. Faculdades CEUS
Educação
Escolas Técnicas
Multifuncional
SESC
Senai/Sesi/Senac Espaços Culturais Museus Comércio/ Serviços
Shoppings
Cultura/ Lazer
Poupatempo
Teatro/Cinema/ Shows Bibliotecas Parques
Saúde
Urgência/ Emergência Hospital
Esportes
Estádio Clube
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Com a definição dos tipos de equipamentos20 a serem identificados e o seu levantamento concluído, viu-se que tanto a área de influência já existente quanto a proposta para o terminal Guido Caloi têm equipamentos muito dispersos e não há uma “centralidade” por assim dizer que concentre diversos equipamentos em uma mesma região, como acontece em outras áreas de influência. Em contraste, na margem oposta do rio Pinheiros, apenas com este a separando do terminal, há a região do Largo Treze de Maio, em Santo Amaro, que representa uma importante centralidade para a cidade de São Paulo e concentra, em uma área que pode se considerar pequena, a maior parte dos tipos de equipamentos levantados. E interessante a esse respeito é que já há uma ligação entre essa região e o terminal Guido, ligação esta que se dá pela passarela que os usuários da CPTM utilizam quando fazem a transferência para a estação da linha 5-lilás do metrô ou vice-versa. Sabendo-se disso, resolveu-se então propor uma ligação irrestrita para pedestres para que os usuários do terminal Guido Caloi (ou quaisquer outros pedestres que assim o queiram) possam facilmente acessar a região de comércio popular e grandes equipamentos que se concentram no Largo Treze de Maio. Com isso, propõe-se que todas as áreas de influência já existentes e a serem implantadas favoreçam essa mobilidade para o pedestre, possibilitando que o mesmo tenha o acesso facilitado às centralidades que concentram os grandes equipamentos que podem ser de interesse para ele. Para ilustrar essa situação, o mapa da página a seguir mostra a existência de grandes equipamentos de interesse coletivo dentro das seis categorias gerais na área de influência redesenhada do terminal Guido Caloi e nas proximidades da mesma. Apesar da empolgação inicial que pode existir a respeito dessa ligação direta entre os dois lados do rio para pedestres, é preciso garantir que esse percurso seja realmente de interesse e funcione para os usuários, e como propor isso será o assunto a ser abordado no próximo capítulo.
20
Dentro da categoria dos equipamentos “espaços culturais” inclui-se dois tipos: casas de cultura e centros culturais. Da mesma forma, os equipamentos “urgência/emergência” incluem AMAs e prontos socorros/ pronto atendimentos.
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Figura 32- Equipamentos de interesse na região do terminal Guido Caloi Fonte: Ramos, 2016
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Figura 33- Proposta esquemática sobrepondo áreas de influência existentes e pretendidas Fonte: Ramos, 2016
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Capítulo 5 A potencialização dos terminais como espaços integradores
Como visto até aqui, terminais intermodais têm como premissa promover a integração da maior quantidade possível de sistemas de transporte em um mesmo espaço e o dinamismo desses lugares faz com que sua importância para a cidade não se restrinja apenas a questão dos transportes. Esses terminais acabam por assumir um papel de equipamento concentrador e dispersor de pessoas, sendo ao mesmo tempo ponto de chegada e de partida para os usuários, tornando-se pontos nodais da cidade. Os pontos nodais são pontos, lugares estratégicos de uma cidade através dos quais o observador pode entrar, são os focos intensivos para os quais ou a partir dos quais ele se locomove. Podem ser basicamente junções, locais de interrupção do transporte, um cruzamento ou uma convergência de vias, momentos de passagem de uma estrutura a outra. Ou podem ser meras concentrações que adquirem importância por serem a condensação de algum uso ou de alguma característica física, como um ponto de encontro numa esquina ou numa praça fechada. (LYNCH, 2011, pg. 52).
Mas apesar desse potencial nato, um edifício com o título de terminal por si só não é capaz de garantir essa função de ligação plenamente. É preciso que o próprio edifício do terminal em si e seu entorno imediato sejam parte de um mesmo conjunto que funcione como um todo e é por isso que se torna importante avaliar o que acontece nas imediações do atual caso de estudo, o terminal Guido Caloi. Como dito anteriormente, os grandes equipamentos de interesse dentro da área de influência do terminal têm uma distribuição muito esparsa, o que dificulta a escolha de um ponto que possa ser de interesse comum para muitos dos usuários do local, consequentemente dificultando o projeto para uma integração maior do terminal com esses equipamentos. É a partir daí que surge a possibilidade mais promissora de integração, que é fazer com que o terminal Guido Caloi seja o ponto nodal de um eixo comercial e de serviços/ indústrias já existentes ao seu redor, incorporando a área que, além de contar com edifícios de interesse, ainda é considerada a mais importante centralidade da região sul da cidade e apesar de estar fora da área de influência e separada do terminal pela barreira geográfica do rio Pinheiros, pode ser facilmente integrada através da criação de transposições para pedestres que formem um eixo de possibilidades aos usuários. O distrito de Santo Amaro em geral é muito diversificado e conta tanto com loteamentos de alto padrão quanto com assentamentos precários e o próprio recorte abordado em torno do terminal Guido Caloi mostra essa heterogeneidade. A imagem de satélite a seguir ilustra esse cenário.
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Centro Empresarial Ponte Transamérica Terminal Santo Amaro Terminal Guido Caloi
Largo 13
Favela
Indústrias
Figura 34- Entorno do terminal Guido Caloi Fonte: Google Earth e Ramos, 2016.
De acordo com o PDE de São Paulo, a área do terminal faz parte da Macrozona de estruturação urbana, com parte da área de influência englobando também a Macrozona de proteção e recuperação ambiental. Já as Macroáreas predominantes são as de estruturação metropolitana (Dentro do setor da Orla ferroviária e fluvial Jurubatuba), redução da vulnerabilidade urbana, redução da vulnerabilidade urbana e recuperação ambiental e de controle e qualificação urbana e ambiental. Portanto, as duas principais políticas para a área se referem às questões da requalificação urbana, já que boa parte da área de influência é formada por ZEIS 1, e a questão da recuperação e preservação ambiental. Essa constatação pressupõe que a especulação imobiliária na área tende a crescer cada vez mais nos próximos anos, e esse ponto será de fundamental importância para a formulação da proposta de integração mais à frente. Uma tentativa inicial de integrar o Terminal Guido Caloi e as estações do Metrô e da CPTM á área predominantemente industrial no bairro do Socorro já foi iniciada com a construção da ponte móvel Friedrich Bayer ligando as margens do canal Guarapiranga. Inaugurada em 2013 e construída pela iniciativa privada, a ponte tinha por objetivo inicial atender a 15 mil pessoas entre pedestres e ciclistas, moradores do bairro do Socorro e funcionários das empresas ali instaladas. Porém a localização da ponte “se isola” do resto do bairro, e ela por si só não é capaz de atender satisfatoriamente ao audacioso objetivo inicial de promover um meio para que as pessoas se sentissem induzidas a deixar seus automóveis em casa para utilizar o transporte público, como sugeriu o presidente do grupo Bayer no Brasil, Theo Van Der Loo na época da inauguração. Mas se minimizarmos esse audacioso objetivo e vermos a ponte como uma peça no grande quebra cabeça da integração pretendida, ela pode sim se tornar um importante elemento do conjunto. 110
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Foto 7- Trajeto entre a ponte Bayer e o terminal Guido Caloi Fonte: Ramos, 2016.
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Foto 8- Placa de inauguração da ponte com estação do metrô ao fundo Fonte: Ramos, 2016.
Foto 9- Vista da ponte com um dos edifícios da Bayer ao fundo Fonte: Ramos, 2016.
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Foto 10- Trajeto entre a ponte e o terminal de ônibus, com o acesso ao metrô ao fundo Fonte: Ramos, 2016.
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A ponte construída pela Bayer liga o terminal e as estações do metrô e da CPTM principalmente ao complexo industrial da própria empresa e apesar da grande quantidade de terrenos voltados a esse tipo de uso na região, um levantamento mais aproximado mostra a heterogeneidade que é uma das características mais positivas do entorno do terminal Guido Caloi. Para o levantamento, foram considerados 7 tipos de uso, sendo que predomina aquele que ocupa mais área dentro da quadra, independente da quantidade de edifícios de cada tipo existentes. Os tipos de uso definidos foram: residencial, comercial, serviços, institucional, industrial, sem uso e sem uso com vegetação. Os principais equipamentos encontrados dentro de cada categoria estão exemplificados nos diagramas abaixo.
Bancos
Lojas Comercial
Shoppings
Serviços
Estacionamentos
Restaurantes
Escolas
Institucional
Universidades ETEC
Postos de gasolina
Indústrias Industrial
Fábricas Galpões
Tomando como exemplo os equipamentos que ocupam quadras inteiras e, portanto, podem ser considerados como de grande porte, temos o Centro Empresarial de São Paulo (CENESP), metalúrgica Prada e a Bayer, já distintos entre si. Com relação às demais quadras, pode-se dizer que praticamente todas as que se encaixam dentro do recorte abordado tem uso misto, com muitas combinações diferentes de ocupação. Os mapas a seguir ilustram a caracterização da área e também mostram exatamente o perímetro pretendido para a intervenção.
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Figura 35- Infravermelho da área Fonte: Mapeia SP
Figura 36- Estrutura viária Fonte: Google Earth e Ramos, 2016.
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Figura 37- Desenho dos lotes Fonte: Google Earth e Ramos, 2016.
Figura 38- Uso e ocupação das quadras Fonte: Google Earth e Ramos, 2016.
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Figura 39- Principais áreas para intervenção Fonte: Google Earth e Ramos, 2016.
A figura 39 mostra que no entorno do terminal Guido Caloi existem 3 grandes áreas passíveis de intervenção, que atualmente estão sem uso ou subutilizadas, e são pontos de convergência de fluxos, podendo ser facilmente integradas, formando uma espécie de rota que leva o pedestre tanto às quadras com equipamentos variados, que concentram empregos e serviços quanto possibilita a ligação do terminal com o eixo do Largo Treze de maio, motivo que por si só justificaria sua criação. A imagem a seguir mostra esquematicamente como a extensão de duas vias transpondo o rio Pinheiros cria pontos de convergência nas áreas passíveis de intervenção que quando estendidos formam uma rota de amplas possibilidades de uso e o mais importante, ligam 3 áreas que se encontram atualmente segregadas e subutilizadas.
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Figura 40- Rota de ligação proposta Fonte: Google Earth e Ramos, 2016.
As áreas 1 e 2 assinaladas nas imagens 39 e 40 se assemelham entre si, e estão diretamente ligadas ao terminal Guido Caloi, podendo receber intervenções mais imediatas e maciças. Já a área 3 pede uma proposta diferente, por sua linearidade e localização, além de uma vegetação já existente e da preocupação com a preservação da margem do rio. Por essas características, considerando a ocupação atual do entorno, a implantação de um parque linear nessa área poderia se encaixar muito bem para a dinâmica do local. Para não fugir da característica heterogênea da região de estudo, considera-se que a melhor opção de ocupação para as áreas 1 e 2 é a implantação de edifícios multifuncionais, edifícios estes que reúnam comércio, em especial no pavimento térreo, escritórios, estacionamentos e habitação, preferencialmente de diferentes padrões, garantindo seu uso durante todo o dia e atraindo um público variado para si. A proposta desses edifícios também é interessante por não compartimentar os usos dentro da quadra, e valorizar a característica de uso misto que já é consolidada. Mais detalhes sobre a proposta para as áreas 1, 2 e 3 poderão ser vistas nas pranchas sínteses ao final deste trabalho. Vale ressaltar que por se tratar de um
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trabalho mais conceitual e teórico do que projetual, os desenhos limitam-se a uma escala de implantação geral na quadra, para visualização do novo fluxo proposto. É interessante comentar o processo de ocupação que vem acontecendo nos últimos anos às margens do rio Pinheiros e que nos dá uma projeção para o futuro. Podese dizer que o processo de requalificação imobiliária dos lotes lindeiros à marginal vem seguindo um padrão norte- sul, avançando lentamente em direção à região de Interlagos. Essa “quebra” entre os altos investimentos do setor imobiliário versus diversas áreas subutilizadas ficam nítidas ao se considerar a paisagem que é vista na marginal entre a estação Villa- Lobos/Jaguaré da CPTM e a ponte Transamérica e o que acontece depois da mesma, sentido sul. Essa dinâmica sugere que, em alguns anos, a região que agora está sendo abordada por este trabalho também receberá investimentos da iniciativa privada e será valorizada, justificando ainda mais a criação dessa rota de integração para pedestres entre as margens do rio. Tudo que foi proposto no caso do terminal Guido Caloi buscou seguir o intuito inicial de servir como referência de como terminais de ônibus (em especial os intermodais) podem ser equipamentos de extrema relevância para a dinâmica de um lugar e como a apropriação e a potencialização desses espaços pode ser benéfica para a cidade como um todo. Chegou-se aqui a uma escala mínima dentro do trabalho para que se possa replicar isso nas maiores, primeiramente em outros terminais, posteriormente em suas áreas de influência e por fim, na escala da cidade.
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Considerações Finais
Este trabalho buscou fazer uma análise do transporte público coletivo dentro da capital paulista, e, especialmente, como e onde ocorrem as integrações intermodais na cidade. Considerando que toda a pesquisa desenvolvida neste trabalho começou por uma definição do que é mobilidade urbana, o PlanMob/SP 2015 faz um resumo interessante do que engloba esse conceito. Ele descreve: ...Mobilidade urbana é, acima de tudo, um atributo das cidades. Considera um amplo conjunto de predicados que uma aglomeração urbana possui que são próprios ou favorecem uma mobilidade mais qualificada e eficiente. O transporte público coletivo é apenas um de seus componentes. A mobilidade urbana também é qualificada pela presença de transporte de alta capacidade, de acessibilidade universal nos passeios e edificações, de prioridade ao transporte coletivo no sistema viário, de terminais de transporte intermodais, da rede de transporte coletivo por ônibus, de acessibilidade universal na frota de coletivos, de uma rede cicloviária, da existência de bicicletários e paraciclos, de uma boa legibilidade dos sistemas de orientação, de uma comunicação eficaz com os usuários, da modicidade tarifária e de uma logística eficiente no transporte de carga, entre outros itens. (2015, pg. 10)
Desta forma, a abrangência deste trabalho buscou envolver a análise, mesmo que superficial, de todas as questões que envolvem o conceito de mobilidade para então se entender o que elas representam no contexto urbano da cidade de São Paulo, foco deste estudo. O sistema de transporte de uma grande cidade é uma coisa dinâmica, que muda a todo o momento para atender às mudanças do cenário e dos atores, que também mudam de papel o tempo todo. Quando falamos em planejamento de transportes não podemos esquecer que os usuários têm papéis dinâmicos: não existem “os pedestres”, “os ciclistas”, “os motoristas” como seres imutáveis, existem os usuários ENQUANTO pedestres, motoristas, etc. A mesma pessoa assume papéis diferentes no tempo e no espaço, levando consequentemente a necessidades e interesses também mutáveis no tempo e espaço. Em decorrência, esta variação coloca frente ao Estado reinvindicações diferentes e conflitantes entre si.(VASCONCELOS, 1999, pg.49)
Isso nos leva ao pensamento de que não se pode atender a todos ao mesmo tempo, já que os interesses variam conforme o papel desempenhado e as propostas feitas
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Mobilidade Urbana em São Paulo
aqui visam atender da melhor forma os usuários enquanto passageiros de transportes públicos coletivos. Como dito anteriormente, fazer projetos que envolvam o sistema de transporte é ter que levar em conta o crescimento físico e econômico da cidade, prever que a população e consequentemente a demanda de usuários irão aumentar e sempre haverá novas necessidades de locomoção a serem atendidas. Isso tudo com o pensamento de que quanto melhor o transporte público for, mais pessoas passarão a utilizá-lo, o que significa que além da população que necessariamente depende desse meio de transporte, pessoas que têm opção de escolher outras modais também serão atraídas, e esse é justamente o objetivo: quanto mais pessoas utilizando o transporte coletivo, desde que este tenha plenas condições de atende-las adequadamente, melhores as condições de trânsito, da qualidade do ar e da qualidade de vida das pessoas e das cidades. A Capital paulista contou com três grandes fases no setor dos transportes públicos. Da legalização dos transportes com tílburis até a falência da Light, pode- se definir como um período de experimentação, em que os meios de transportes iam sendo testados e avaliados pela população, sendo que os bondes foram o principal serviço de transporte da cidade nesse período. Com a decadência da Light e a fundação da CMTC, houve uma remodelação dos serviços e os ônibus ganharam destaque no cenário paulista. Foi também nesse período que a indústria automobilística nacional ganhou força e a popularização dos automóveis causou uma grande mudança na forma como o transporte coletivo era tratado pelo poder público, com a diminuição dos investimentos no setor e aumento das verbas destinadas as grandes obras viárias, que criavam um ambiente mais favorável aos automóveis. Nos anos 90, já tendo passado por uma grande crise, o setor dos transportes públicos novamente passou por consideráveis mudanças quando a CMTC foi substituída pela SPTrans, o governo estadual fundou a CPTM e boa parte da rede do metrô como a conhecemos hoje já estava em funcionamento. A partir dessa configuração já bem definida, surge uma questão importante para o estudo deste trabalho. No âmbito da mobilidade municipal de forma generalizada, é importante considerar que por mais que o Plano Diretor e posteriormente o PlanMob determinem políticas para a integração plena de todas as formas de transporte público coletivo, essas diretrizes nunca conseguem englobar totalmente o sistema metroviário e ferroviário, que vem de um planejamento estadual alheio à gestão municipal. Isso causa certo isolamento no planejamento de sistemas que deveriam ser totalmente integrados. Considerando a malha existente na cidade gerida pela SPTrans (sistema de média capacidade) e pelo governo estadual, através da Secretaria dos Transportes Metropolitanos (CPTM e Metrô, sistemas de alta capacidade), viu-se que o sistema de ônibus ainda é o principal modo de transporte utilizado pelos usuários na capital paulista, principalmente por sua abrangência territorial, e que investir nas políticas 122
Integrações do transporte coletivo na capital paulista
de melhoria para esse modal parece ser a solução a curto prazo mais aplicável para melhorar a eficiência do transporte coletivo em São Paulo. Claro que a ampliação do sistema sob trilhos é essencial para o desenvolvimento da cidade, mas por se tratar de projetos de médio e longo prazo e obras muito mais onerosas, concluiu-se que, melhorando o sistema de transporte por ônibus, a malha metro-ferroviária já existente pode ser melhor aproveitada e já num futuro próximo atender de forma mais eficiente seus usuários. Ainda com relação ao sistema de média capacidade, constatou-se um baixo número de terminais intermodais, que são aqueles que reúnem os três sistemas de transporte coletivo existentes na cidade. Dos cinco em funcionamento, viu-se que o terminal Guido Caloi, na estação Santo Amaro, é subutilizado e não tem uma atuação determinante para a região em que está inserido, apesar de sua localização estratégica próximo a uma das vias arteriais mais importantes da cidade, a mesma onde se localiza o terminal Pinheiros, que tem um funcionamento completamente diferente e pode ser tido como uma das referências para os próximos terminais a ser implantado na cidade, principalmente nas seis estações que, com as obras de expansão do Metrô e da CPTM todas finalizadas, terão integração ônibus- tremmetrô, totalizando 11 terminais intermodais em toda a cidade. Dentro da análise de cada um dos terminais intermodais já existentes, a questão das áreas de influência foi o grande separador de águas para esse estudo, pois foi a partir desses polígonos sobrepostos à malha do município que viu-se o potencial desse estudo. A definição dessas áreas também trouxe à tona, paralelamente, a questão da divisão territorial da cidade, que atualmente é feita através da delimitação de subprefeituras que nem sempre atendem aos critérios de funcionamento territorial e se definem muito mais por questões políticas do que de integração em si. A utilização das áreas de influência como critério, oferece uma alternativa à divisão territorial existente e, apesar desse estudo não ter se aprofundado nesse tema, fica aqui uma semente para a discussão que provavelmente entrará na pauta da cidade em algum momento futuro. Como foco principal, viu-se que os terminais intermodais têm um papel fundamental para a dinâmica de funcionamento da cidade e por isso mesmo tão passíveis de investimentos em todos os sentidos, para potencializar seu papel integrador. Este trabalho tentou ao máximo não ser tendencioso. Dentro da problemática de transportes públicos, ouve a preocupação de buscar entender o problema de diferentes regiões da cidade, como mostrado na parte referente às análises, e dos três diferentes modais estudados para que as propostas, mesmo que focadas em um ponto específico, pudessem servir de referência para a replicação em outros locais, adaptando-se à realidade e às necessidades de cada região. As propostas descritas aqui baseiam- se no Plano Diretor Estratégico municipal que entrou em vigor em 2014 e no Plano de Mobilidade de São Paulo 2015, que institui eixos 123
Mobilidade Urbana em São Paulo
de estruturação urbana na cidade, que se tratam de áreas destinadas ao adensamento das atividades de emprego e moradia, e determina que todo o planejamento para o sistema de média e alta capacidade da cidade deve estar vinculado ao atendimento dessas áreas. Como consequência dessa diretriz, espera-se a diminuição do número de viagens motorizadas na cidade e também priorizar os transportes coletivos e o não motorizado sobre os demais no espaço viário disponível. Consideram-se também os planos de expansão do sistema de transporte público coletivo, incluindo as novas linhas e estações do Metrô e da CPTM e os novos terminais de ônibus a serem implantados na cidade. Com essas propostas espera-se, talvez não a resolução total de todos os problemas de mobilidade da cidade, mas uma perceptível melhora nos deslocamentos dos usuários, diminuindo o tempo das viagens e aumentando a eficiência do sistema. Com isso será possível continuar revertendo o quadro que já foi de predomínio absoluto dos automóveis sobre os transportes coletivos e priorizar cada vez mais os modos compartilhados e sustentáveis de deslocamento para uma cidade melhor. Espera-se que essas medidas, junto com a ampliação da rede sob trilhos e da construção de mais corredores e faixas exclusivas de ônibus, além da ampliação do número de ciclovias e da integração destas com os sistemas de transporte coletivo juntamente com a adaptação da frota para veículos energeticamente sustentáveis e não poluentes, mudem o panorama da cidade de São Paulo, que passe a ser uma cidade de oportunidades iguais para todos, em todas as regiões, e que o transporte público coletivo passe a ser visto como uma forma eficiente de locomoção, independente de para onde se vai, em que horário e de qual modo.
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Prólogo
Confesso que não sei o que a ABNT diz sobre prólogos em trabalhos finais de graduação, mas acho sinceramente que ela não se importará se eu utilizar apenas uma das muitas páginas desse trabalho para (tentar) encerrar esse capítulo da minha vida que foi o presente trabalho. Fazer este trabalho foi uma missão extremamente prazerosa e gratificante, apesar de exaustiva. A partir do momento em que se percebe que mesmo com todos os problemas relacionados à mobilidade na cidade sempre há pessoas dispostas a discuti-los, propor novas soluções e tentar, mesmo que minimamente, solucionar cada um deles, assim como você, tudo passa a fazer sentido e todo o esforço vale a pena. Há muitos bons projetos iniciados, muita coisa nova sendo debatida e implementada e com certeza dentro de alguns anos (felizmente) este trabalho estará obsoleto e novas problemáticas estarão disponíveis para que mais pessoas dispostas possam descobrir a maravilhosa complexidade que é trabalhar com a mobilidade urbana e ter a oportunidade de propor mudanças que impactarão positivamente a vida de tantas pessoas. Esse é o verdadeiro sentido da arquitetura e do urbanismo, e ter uma profissão que te dá a oportunidade de, literalmente, construir sonhos foi um presente inestimável que a vida me deu e mesmo que, por obra do destino, a vida me separe desta profissão, uma vez arquiteto, sempre arquiteto! Obrigada à todos que se propuseram a ler essa tentativa (pífia) de encerramento desapego deste trabalho pelo qual dediquei um ano da minha vida. E este foi só o começo. Estamos só no começo...
Luana Alves Ramos
Taboão da Serra, 10 de novembro de 2016, 23:33h.
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Bibliografia
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128
ApĂŞndice
APÊNDICE A- Distância entre estações do Metrô
Distância entre estações (m) Linha 1‐ Azul
Tucuruvi
Tucuruvi
Praça da Vila Santa Cruz árvore Mariana
Tiradentes
Luz
São Bento
Sé
Liberdade
São Joaquim
Vergueiro
Paraíso
Ana Rosa
6.268
6.959
7.617
8.470
9.196
9.740
10.565
11.408
12.091
12.793
13.766
14.904
16.216
17.112
17.902
18.998
20.181
4.031
5.276
5.967
6.625
7.478
8.204
8.748
9.573
10.416
11.099
11.801
12.774
13.912
15.224
16.120
16.910
18.006
19.189
2.214
2.974
4.219
4.910
5.568
6.421
7.147
7.691
8.516
9.359
10.042
10.744
11.717
12.855
14.167
15.063
15.853
16.949
18.132
740
1.500
2.745
3.436
4.094
4.947
5.673
6.217
7.042
7.885
8.568
9.270
10.243
11.381
12.693
13.589
14.379
15.475
16.658
760
2.005
2.696
3.354
4.207
4.933
5.477
6.302
7.145
7.828
8.530
9.503
10.641
11.953
12.849
13.639
14.735
15.918
1.245
1.936
2.594
3.447
4.173
4.717
5.542
6.385
7.068
7.770
8.743
9.881
11.193
12.089
12.879
13.975
15.158
691
1.349
2.202
2.928
3.472
4.297
5.140
5.823
6.525
7.498
8.636
9.948
10.844
11.634
12.730
13.913
658
1.511
2.237
2.781
3.606
4.449
5.132
5.834
6.807
7.945
9.257
10.153
10.943
12.039
13.222
853
1.579
2.123
2.948
3.791
4.474
5.176
6.149
7.287
8.599
9.495
10.285
11.381
12.564
726
1.270
2.095
2.938
3.621
4.323
5.296
6.434
7.746
8.642
9.432
10.528
11.711
544
1.369
2.212
2.895
3.597
4.570
5.708
7.020
7.916
8.706
9.802
10.985
825
1.668
2.351
3.053
4.026
5.164
6.476
7.372
8.162
9.258
10.441
843
1.526
2.228
3.201
4.339
5.651
6.547
7.337
8.433
9.616
683
1.385
2.358
3.496
4.808
5.704
6.494
7.590
8.773
702
1.675
2.813
4.125
5.021
5.811
6.907
8.090
973
2.111
3.423
4.319
5.109
6.205
7.388
1.138
2.450
3.346
4.136
5.232
6.415
1.312
2.208
2.998
4.094
5.277
896
1.686
2.782
3.965
790
1.886
3.069
1.096
2.279
Portuguesa‐ Armênia Tietê
Parada Inglesa
Jardim São Paulo‐ Airton Senna
Santana
Carandiru
992
2.049
3.523
4.263
5.023
1.057
2.531
3.271
1.474
Saúde
São Judas Conceição Jabaquara
Parada Inglesa
992
Jardim São Paulo‐ Airton Senna
2.049
1.057
Santana
3.523
2.531
1.474
Carandiru
4.263
3.271
2.214
740
Portuguesa‐ Tietê
5.023
4.031
2.974
1.500
760
Armênia
6.268
5.276
4.219
2.745
2.005
1.245
Tiradentes
6.959
5.967
4.910
3.436
2.696
1.936
691
Luz
7.617
6.625
5.568
4.094
3.354
2.594
1.349
658
São Bento
8.470
7.478
6.421
4.947
4.207
3.447
2.202
1.511
853
Sé
9.196
8.204
7.147
5.673
4.933
4.173
2.928
2.237
1.579
726
Liberdade
9.740
8.748
7.691
6.217
5.477
4.717
3.472
2.781
2.123
1.270
544
São Joaquim
10.565
9.573
8.516
7.042
6.302
5.542
4.297
3.606
2.948
2.095
1.369
825
Vergueiro
11.408
10.416
9.359
7.885
7.145
6.385
5.140
4.449
3.791
2.938
2.212
1.668
843
Paraíso
12.091
11.099
10.042
8.568
7.828
7.068
5.823
5.132
4.474
3.621
2.895
2.351
1.526
683
Ana Rosa
12.793
11.801
10.744
9.270
8.530
7.770
6.525
5.834
5.176
4.323
3.597
3.053
2.228
1.385
702
Vila Mariana
13.766
12.774
11.717
10.243
9.503
8.743
7.498
6.807
6.149
5.296
4.570
4.026
3.201
2.358
1.675
973
Santa Cruz
14.904
13.912
12.855
11.381
10.641
9.881
8.636
7.945
7.287
6.434
5.708
5.164
4.339
3.496
2.813
2.111
1.138
Praça da árvore
16.216
15.224
14.167
12.693
11.953
11.193
9.948
9.257
8.599
7.746
7.020
6.476
5.651
4.808
4.125
3.423
2.450
1.312
Saúde
17.112
16.120
15.063
13.589
12.849
12.089
10.844
10.153
9.495
8.642
7.916
7.372
6.547
5.704
5.021
4.319
3.346
2.208
896
São Judas
17.902
16.910
15.853
14.379
13.639
12.879
11.634
10.943
10.285
9.432
8.706
8.162
7.337
6.494
5.811
5.109
4.136
2.998
1.686
790
Conceição
18.998
18.006
16.949
15.475
14.735
13.975
12.730
12.039
11.381
10.528
9.802
9.258
8.433
7.590
6.907
6.205
5.232
4.094
2.782
1.886
1.096
Jabaquara
20.181
19.189
18.132
16.658
15.918
15.158
13.913
13.222
12.564
11.711
10.985
10.441
9.616
8.773
8.090
7.388
6.415
5.277
3.965
3.069
2.279
Média 918 m.
1.183 1.183
Distância entre estações (m) Linha 2‐ Verde
Vila Madalena
Vila Madalena
Trianon‐ Brigadeiro Masp
Alto do Ipiranga
Sacomã
Tamanduateí
Vila Prudente
9.623
10.744
11.644
13.346
14.506
7.015
8.134
9.255
10.155
11.857
13.017
4.720
6.246
7.365
8.486
9.386
11.088
12.248
2.951
3.657
5.183
6.302
7.423
8.323
10.025
11.185
1.969
2.675
4.201
5.320
6.441
7.341
9.043
10.203
1.015
1.721
3.247
4.366
5.487
6.387
8.089
9.249
706
2.232
3.351
4.472
5.372
7.074
8.234
1.526
2.645
3.766
4.666
6.368
7.528
1.119
2.240
3.140
4.842
6.002
1.121
2.021
3.723
4.883
900
2.602
3.762
1.702
2.862
Chácara Santos‐ Klabin Imigrantes
Paraíso
Ana Rosa
5.257
6.272
6.978
8.504
2.814
3.768
4.783
5.489
2.045
2.999
4.014
982
1.936 954
Sumaré
Clínicas
Consolação
1.489
2.258
3.321
4.303
769
1.832 1.063
Sumaré
1.489
Clínicas
2.258
769
Consolação
3.321
1.832
1.063
Trianon‐ Masp
4.303
2.814
2.045
982
Brigadeiro
5.257
3.768
2.999
1.936
954
Paraíso
6.272
4.783
4.014
2.951
1.969
1.015
Ana Rosa
6.978
5.489
4.720
3.657
2.675
1.721
706
Chácara Klabin
8.504
7.015
6.246
5.183
4.201
3.247
2.232
1.526
9.623
8.134
7.365
6.302
5.320
4.366
3.351
2.645
1.119
10.744
9.255
8.486
7.423
6.441
5.487
4.472
3.766
2.240
1.121
Sacomã
11.644
10.155
9.386
8.323
7.341
6.387
5.372
4.666
3.140
2.021
900
Tamanduateí
13.346
11.857
11.088
10.025
9.043
8.089
7.074
6.368
4.842
3.723
2.602
1.702
Vila Prudente
14.506
13.017
12.248
11.185
10.203
9.249
8.234
7.528
6.002
4.883
3.762
2.862
Santos‐ Imigrantes Alto do Ipiranga
Média 1116 m.
1.160 1.160
Distância entre estações (m) Linha 3‐ Palmeiras‐ Marechal Vermelha Barra Funda Deodoro Palmeiras‐ 1.458 Barra Funda Marechal 1.458 Deodoro
Santa Cecília
República Anhangabaú
Sé
Pedro II
Brás
Bresser‐ Mooca
Belém
Tatuapé
Carrão
Penha
Vila Matilde
Guilhermina‐ Patriarca Esperança
Artur Alvim
Corinthians‐ Itaquera
2.384
3.156
3.797
4.485
5.212
6.256
7.129
8.954
10.381
11.661
13.941
15.124
16.658
18.380
20.489
21.950
926
1.698
2.339
3.027
3.754
4.798
5.671
7.496
8.923
10.203
12.483
13.666
15.200
16.922
19.031
20.492
772
1.413
2.101
2.828
3.872
4.745
6.570
7.997
9.277
11.557
12.740
14.274
15.996
18.105
19.566
641
1.329
2.056
3.100
3.973
5.798
7.225
8.505
10.785
11.968
13.502
15.224
17.333
18.794
688
1.415
2.459
3.332
5.157
6.584
7.864
10.144
11.327
12.861
14.583
16.692
18.153
727
1.771
2.644
4.469
5.896
7.176
9.456
10.639
12.173
13.895
16.004
17.465
1.044
1.917
3.742
5.169
6.449
8.729
9.912
11.446
13.168
15.277
16.738
873
2.698
4.125
5.405
7.685
8.868
10.402
12.124
14.233
15.694
1.825
3.252
4.532
6.812
7.995
9.529
11.251
13.360
14.821
1.427
2.707
4.987
6.170
7.704
9.426
11.535
12.996
1.280
3.560
4.743
6.277
7.999
10.108
11.569
2.280
3.463
4.997
6.719
8.828
10.289
1.183
2.717
4.439
6.548
8.009
1.534
3.256
5.365
6.826
1.722
3.831
5.292
2.109
3.570
Santa Cecília
2.384
926
República
3.156
1.698
772
Anhangabaú
3.797
2.339
1.413
641
Sé
4.485
3.027
2.101
1.329
688
Pedro II
5.212
3.754
2.828
2.056
1.415
727
Brás
6.256
4.798
3.872
3.100
2.459
1.771
1.044
Bresser‐ Mooca
7.129
5.671
4.745
3.973
3.332
2.644
1.917
873
Belém
8.954
7.496
6.570
5.798
5.157
4.469
3.742
2.698
1.825
Tatuapé
10.381
8.923
7.997
7.225
6.584
5.896
5.169
4.125
3.252
1.427
Carrão
11.661
10.203
9.277
8.505
7.864
7.176
6.449
5.405
4.532
2.707
1.280
Penha
13.941
12.483
11.557
10.785
10.144
9.456
8.729
7.685
6.812
4.987
3.560
2.280
Vila Matilde
15.124
13.666
12.740
11.968
11.327
10.639
9.912
8.868
7.995
6.170
4.743
3.463
1.183
Guilhermina‐ Esperança
16.658
15.200
14.274
13.502
12.861
12.173
11.446
10.402
9.529
7.704
6.277
4.997
2.717
1.534
Patriarca
18.380
16.922
15.996
15.224
14.583
13.895
13.168
12.124
11.251
9.426
7.999
6.719
4.439
3.256
1.722
Artur Alvim
20.489
19.031
18.105
17.333
16.692
16.004
15.277
14.233
13.360
11.535
10.108
8.828
6.548
5.365
3.831
2.109
Corinthians‐ Itaquera
21.950
20.492
19.566
18.794
18.153
17.465
16.738
15.694
14.821
12.996
11.569
10.289
8.009
6.826
5.292
3.570
Média 1292m.
1.461 1.461
Distância entre estações (m) Linha 4‐ Amarela
Butantã
Butantã
Fradique Coutinho
Paulista
República
Luz
1.617
2.545
5.309
7.802
9.003
792
1.720
4.484
6.977
8.178
928
3.692
6.185
7.386
2.764
5.257
6.458
2.493
3.694
Pinheiros Faria Lima 825
Distância entre estações (m)
Pinheiros
825
Faria Lima
1.617
792
Fradique Coutinho
2.545
1.720
928
Paulista
5.309
4.484
3.692
2.764
República
7.802
6.977
6.185
5.257
2.493
Luz
9.003
8.178
7.386
6.458
3.694
Média 2049 m.
1.201 1.201
Linha 5‐ Capão Lilás Redondo Capão Redondo Campo 1.443 Limpo Vila das 3.261 Belezas Giovanni 4.895 Gronchi Santo 7.189 Amaro Largo 8.348 Treze Adolfo 9.333 Pinheiro
Campo Limpo
Vila das Belezas
Giovanni Gronchi
Santo Amaro
Largo Treze
Adolfo Pinheiro
1.443
3.261
4.895
7.189
8.348
9.333
1.818
3.452
5.746
6.905
7.890
1.634
3.928
5.087
6.072
2.294
3.453
4.438
1.159
2.144
1.818 3.452
1.634
5.746
3.928
2.294
6.905
5.087
3.453
1.159
7.890
6.072
4.438
2.144
Média 2149 m.
985 985
APÊNDICE B- Distância entre estações da CPTM
17 6
Linha 7‐ Rubi
Luz
Luz Palmeiras ‐ Barra Funda Água Branca
Palmeiras ‐ Água Barra Branca Funda 3.686
3.686
Lapa
Piqueri
Pirituba
Vila Clarice
Jaraguá
Vila Aurora
Perus
5.961
7.647
9.725
11.714
14.672
16.657
19.007
23.074
2.275
3.961
6.039
8.028
10.986
12.971
15.321
19.388
1.686
3.764
5.753
8.711
10.696
13.046
17.113
2.078
4.067
7.025
9.010
11.360
15.427
1.989
4.947
6.932
9.282
13.349
2.958
4.943
7.293
11.360
1.985
4.335
8.402
2.350
6.417
5.961
2.275
Lapa
7.647
3.961
1.686
Piqueri
9.725
6.039
3.764
2.078
Pirituba
11.714
8.028
5.753
4.067
1.989
Vila Clarice
14.672
10.986
8.711
7.025
4.947
2.958
Jaraguá
16.657
12.971
10.696
9.010
6.932
4.943
1.985
Vila Aurora
19.007
15.321
13.046
11.360
9.282
7.293
4.335
2.350
Perus
23.074
19.388
17.113
15.427
13.349
11.360
8.402
6.417
4.067 4.067
Linha 8‐ Diamante
Júlio Prestes
Júlio Prestes Palmeiras ‐ Barra Funda
2.873
Lapa
6.233
Domingos de 8.710 Moraes Imperatriz 10.518 Leopoldina
Palmeiras ‐ Barra Funda
Lapa
2.873
6.233
8.710
10.518
3.360
5.837
7.645
2.477
4.285
3.360 5.837
2.477
7.645
4.285
Domingos Imperatriz de Moraes Leopoldina
1.808 1.808
Linha 9‐ Esmeralda
Ceasa
Ceasa
Cidade Villa Lobos‐ Jaguaré Universitária 1.324
Pinheiros
Hebraica‐ Cidade‐ Rebouças Jardim
Vila Olímpia
Berrini
Morumbi
Granja Julieta
Santo Amaro
Socorro
Jurubatuba
Autódromo
Primavera‐ Interlagos
Grajaú
3.839
5.252
6.187
7.672
8.630
9.972
11.918
13.199
17.055
18.191
20.042
23.958
25.891
27.538
2.515
3.928
4.863
6.348
7.306
8.648
10.594
11.875
15.731
16.867
18.718
22.634
24.567
26.214
1.413
2.348
3.833
4.791
6.133
8.079
9.360
13.216
14.352
16.203
20.119
22.052
23.699
935
2.420
3.378
4.720
6.666
7.947
11.803
12.939
14.790
18.706
20.639
22.286
1.485
2.443
3.785
5.731
7.012
10.868
12.004
13.855
17.771
19.704
21.351
958
2.300
4.246
5.527
9.383
10.519
12.370
16.286
18.219
19.866
1.342
3.288
4.569
8.425
9.561
11.412
15.328
17.261
18.908
1.946
3.227
7.083
8.219
10.070
13.986
15.919
17.566
1.281
5.137
6.273
8.124
12.040
13.973
15.620
3.856
4.992
6.843
10.759
12.692
14.339
1.136
2.987
6.903
8.836
10.483
1.851
5.767
7.700
9.347
3.916
5.849
7.496
1.933
3.580
Villa Lobos‐ Jaguaré
1.324
Cidade Universitária
3.839
2.515
Pinheiros
5.252
3.928
1.413
Hebraica‐ Rebouças
6.187
4.863
2.348
935
Cidade‐ Jardim
7.672
6.348
3.833
2.420
1.485
Vila Olímpia
8.630
7.306
4.791
3.378
2.443
958
Berrini
9.972
8.648
6.133
4.720
3.785
2.300
1.342
Morumbi
11.918
10.594
8.079
6.666
5.731
4.246
3.288
1.946
Granja Julieta
13.199
11.875
9.360
7.947
7.012
5.527
4.569
3.227
1.281
Santo Amaro
17.055
15.731
13.216
11.803
10.868
9.383
8.425
7.083
5.137
3.856
Socorro
18.191
16.867
14.352
12.939
12.004
10.519
9.561
8.219
6.273
4.992
1.136
Jurubatuba
20.042
18.718
16.203
14.790
13.855
12.370
11.412
10.070
8.124
6.843
2.987
1.851
Autódromo
23.958
22.634
20.119
18.706
17.771
16.286
15.328
13.986
12.040
10.759
6.903
5.767
3.916
Primavera‐ Interlagos
25.891
24.567
22.052
20.639
19.704
18.219
17.261
15.919
13.973
12.692
8.836
7.700
5.849
1.933
Grajaú
27.538
26.214
23.699
22.286
21.351
19.866
18.908
17.566
15.620
14.339
10.483
9.347
7.496
3.580
1.647 1.647
Linha 10‐ Turquesa
Brás
Brás
Juventus‐ Ipiranga Mooca 1.718
Juventus‐ Mooca
1.718
Ipiranga
4.713
2.995
Tamanduateí
6.211
4.493
Tamanduateí
4.713
6.211
2.995
4.493 1.498
1.498
Linha 11‐ Coral
Luz
Luz
Brás
Tatuapé
Corinthians‐ Itaquera
Dom Bosco
2.243
6.579
18.174
20.563
22.327
24.018
4.336
15.931
18.320
20.084
21.775
11.595
13.984
15.748
17.439
2.389
4.153
5.844
1.764
3.455
Brás
2.243
Tatuapé
6.579
4.336
Corinthians‐ Itaquera
18.174
15.931
11.595
Dom Bosco
20.563
18.320
13.984
2.389
José Bonifácio
22.327
20.084
15.748
4.153
1.764
Guaianazes
24.018
21.775
17.439
5.844
3.455
José Guaianazes Bonifácio
1.691 1.691
Linha 12‐ Safira
Brás
Brás
Tatuapé 4.336
Engenheiro Comendador USP Leste Goulart Ermelino
São Miguel Paulista
Jardim Helena‐ Vila Mara
Itaim Paulista
Jardim Romano
13.192
15.805
17.860
22.620
24.721
26.709
28.654
8.856
11.469
13.524
18.284
20.385
22.373
24.318
2.613
4.668
9.428
11.529
13.517
15.462
2.055
6.815
8.916
10.904
12.849
4.760
6.861
8.849
10.794
2.101
4.089
6.034
1.988
3.933
Tatuapé
4.336
Engenheiro Goulart
13.192
8.856
USP Leste
15.805
11.469
2.613
17.860
13.524
4.668
2.055
22.620
18.284
9.428
6.815
4.760
24.721
20.385
11.529
8.916
6.861
2.101
Itaim Paulista
26.709
22.373
13.517
10.904
8.849
4.089
1.988
Jardim Romano
28.654
24.318
15.462
12.849
10.794
6.034
3.933
Comendador Ermelino São Miguel Paulista Jardim Helena‐ Vila Mara
1.945 1.945
APĂ&#x160;NDICE C- Linhas nos Terminais Intermodais analisados
Terminal Guido Caloi Nº da linha Destino 709P-10 Term. Pinheiros 7004-10 Term. Rodoviário Jd. Jacira
Nº da linha 129F-10 148P-10 179X-10 719R-10 748R-10 778J-10 778J-41 809U-10 809V-10 875P-10 938P-10 938P-21 938V-10 948A-10 978T-10 2014-10 6232-10 8055-51 8545-10 9785-10
Terminal Barra Funda Destino Conexão Petrônio Portella Jd. Pery Jd. Fontalis Rio Pequeno Jd. João XXIII Jd. Arpoador Cohab Raposo Tavares Cidade Universitária Metrô Vila Madalena Metrô Ana Rosa Jd. Teresa Vila Penteado Jd. Vista Alegre Vila Zatt Jd. Guarani Jd. Pery Alto Vila Ida Perus Penteado Vila Terezinha
Terminal Pinheiros Nº da linha 177Y-10 199D-10 477A-10 576M-10 637A-10 637P-10 647P-10 648P-10 709P-10 719P-10 809A-10 809D-10 809J-10 809P-10 809R-10 930P-10 5100-10
Destino Metrô Barra Funda Vila Iório Sacomã Vila Clara/ Pinheiros Term. Jd. Ângela Term. Santo Amaro Cohab Adventista Term. Capelinha Est. Sto Amaro/Av. Guido Caloi Metrô Armênia Jd. D'Abril Cohab Educandário Jd. Colombo (Circular) Term. Campo Limpo Rio Pequeno (Circular) Term. Pq. Dom Pedro I Term. Pq. Dom Pedro I
Nº da linha 372U-10 373M-10 407J-10 407P-10 575A-10 3029-10 3462-10 3762-10 3763-10 4726-10
Terminal Tatuapé Destino Vila Isabel Jd. Guairacá Jd. Soares Term. Cid. Tiradentes Divisa de São Caetano Jd. Das Rosas Vila Santana Jd. Iva Term. Vila Carrão Mooca
Terminal Itaquera Nº da linha 373L-10 374V-10 407H-10 407T-10 2703-10 2704-10 2705-10 2707-10 2708-10 2721-10 2723-10 2731-10 2733-10 2734-10 2766-10 2780-10 3031-10 3712-10 3712-41 3721-41 3732-10 3738-10 3739-10 3741-10 3742-10 3743-10 3751-10 3754-10 3756-10 3766-10 3785-10 3787-10 3789-10 3795-10 3796-10 4052-10 4054-10 4085-10
Destino Jd. Limoeiro Jd. Santana Jd. São Francisco Jd. Redil Jd. Etelvina Jd. Robru Jd. Fanganiello Chabilândia Jd. Lajeado Jd. Nazaré União de Vila Nova Vila Progresso Pq. Guarani Jd. Campos Jd. Camargo Velho Jd. Camargo Novo Jd. Alto Paulistano Jd. São João Jd. São Pedro Shopping CL Aricanduva Est. CPTM José Bonifácio Cohab Juscelino Recanto Verde Sol Est. Dom Bosco Jd. Laranjeira São Mateus Cohab Prestes Maia Inácio Monteiro Barro Branco Cohab II Cohab Barro Branco Cid. Tiradentes (Term. Metalúrgicos) Cidade Tiradentes Jd. São Carlos Gleba do Pêssego CPTM Guaianases Jd. N. Sra. Do Carmo Cohab Fazenda do Carmo
Anexos
ANEXO A- MAPAS E TABELAS DO PLANMOB/SP 2015 INERENTES A ESTE TRABALHO
1. Síntese das Propostas do PlanMob SP/2015 TRANSPORTE ATIVO
Bicicletas
2015 380 km de infraestrutura cicloviária
2016 120 km estrutura cicloviária.
2017
2018
2020
2024 850 km de estrutura cicloviária. Construir 11 pontes para bikes. Bicicletários nos novos Terminais e 1 bicicletário por subprefeitura. Implantar estrutura cicloviária em 06 pontes, 17 viadutos, 02 passagens de nível, 11 passarelas em escadas e 11 em rampas. Cobertura de 60% do território com Sistema de compartilhamento.
250.000 m² de novas calçadas. Novo setor de gerenciamento da mobilidade a pé.
250.000m² de novas calçadas. Finalizar pesquisa. Rever critérios de prioridade de reforma e construção.
250.000m² de novas calçadas. Atingir 100% de adaptação dos próprios municipais ao desenho universal.
250.000m² de novas calçadas. Avaliação dos resultados e reformulação de metas.
de
Implantar estrutura cicloviária em 05 pontes, 03 viadutos, 05 passarelas. Construir 02 pontes para ciclistas e pedestres e. 4.000 paraciclos Cobertura de 20% do território com Sistema de compartilhamento.
Pedestres
Estudo de novo arranjo institucional para gestão de calçadas. Adotar PEC.
2028 450 km de estrutura cicloviária. Bicicletários em todos os terminais de transportes. Implantar estrutura cicloviária em 05 pontes, 11 viadutos, 03 passagens de nível, 07 passarelas em escadas e 16 em rampas. Construir 01 ponte nova e adequar 04 passagens subterrâneas. Cobertura de 100% do território com Sistema de compartilhamento. 250.000m² de novas calçadas.
Planejar Pesquisa sobre viagens a pé 250.000 m² de novas calçadas.
Nova lei de calçadas. Definir fonte de recurso próprio para construção e reforma de calçadas Rever padrões de largura de passeios
Programa de adaptação do passeio às necessidades locais. Programa permanente de construção e qualificação dos passeios.
TRANSPORTE COLETIVO
Coletivo público
Coletivo privado
2015 Iniciar operação da rede da madrugada. Iniciar Operação controlada da rede da Madrugada. Iniciar obra de construção de corredores e terminais. Consolidar rede de faixas exclusivas e ampliar.
2016 Iniciar operação das redes do domingo, de dia útil e de reforço. Ampliar rede de faixas exclusivas. Aprimorar Operação Controlada. Implantar 150 km de corredores à esquerda. Iniciar Operação controlada da rede de domingo, de dia útil e de reforço. Construção de 06 terminais de ônibus.
Adequar a lei atual para melhor operação.
Revisar as regras para circulação dos fretados. Aperfeiçoar os controles.
2017
2018
2020 Implantar 150 km de corredores à esquerda Construção de 16 terminais de ônibus.
2024 Implantar 150 km de corredores à esquerda. Construção de 07 terminais de ônibus.
2028 Implantar 150 km de corredores à esquerda. Consolidar serviço em rede. Consolidar conexões e locais de transferência. Consolidar Operação Controlada. Operar redes da madrugada, de domingo de dias úteis e de reforço.
Integrar fretados com média e alta capacidade. Estabelecer plano de circulação para fretados conforme cadastros.
Avaliação e revisão dos regulamentos.
Mapa 01 â&#x20AC;&#x201C; Corredores e Terminais Existentes
Mapa 02 â&#x20AC;&#x201C; Corredores e Terminais Planejados 2016 e 2020
Mapa 03 â&#x20AC;&#x201C; Corredores e Terminais Planejados 2016 a 2028
Mapa 04 – Rede De ônibus – Dia útil
Mapa 09 – Viário Estrutural de Interesse do Ônibus
ANEXO B- REDE EXISTENTE DO METRÃ&#x201D; E DA CPTM
ANEXO C- PLANOS DE EXPANSÃO DO METRÔ E DA CPTM
ANEXO D- PRANCHAS SÍNTESE