ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA

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ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA C OM O A LTE RNAT I VA D E HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA

LUA NA G I R ÃO C O E L H O


UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA

LUANA GIRÃO COELHO

ORIENTADO POR: PROFESSOR DOUTOR RENAN CID VARELA LEITE


LUANA GIRÃO COELHO

ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA

BANCA EXAMINADORA

______________________________ Prof. Dr. Renan Cid Varela Leite ORIENTADOR DAU-UFC

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará Biblioteca do Departamento de Arquitetura

C617a

______________________________ Prof. Dr. Ricardo Fernandes

Coelho, Luana Girão. Arquitetura bioclimática como alternativa de habitação contemporânea/ Luana Girão Coelho. – 2015. 137. : il. color., enc. ; 30 cm. Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia, Departamento de Arquitetura, Curso de Arquitetura e Urbanismo, Fortaleza, 2015. Orientação: Prof. : Dr. Renan Cid Varela Leite.

CONVIDADO DAU-UFC

______________________________ Arquiteto Bruno Braga CONVIDADO

1. Arquitetura e clima - 2. Arquitetura sustentável - 3. Arquitetura de habitação - I. Título. CDD 720.47

Fortaleza, 04 de Agosto de 2015.


LUANA GIRÃO COELHO

AGRADECIMENTOS Às pessoas essenciais em minha vida: minha mãe, meu porto seguro, com quem divido as angústias e as alegrias, pela compreensão, pelo carinho e pelo intenso amor que me faz sentir capaz de fazer qualquer coisa; à Dode, meu exemplo de força e determinação para vencer na vida, minha maior incentivadora, que me apoia em todas minhas escolhas e a quem devo tudo que sou hoje. Ao meu namorado Antônio Vitor, sem o qual este trabalho não seria o mesmo. Por todo o apoio, a ajuda, o amor, a dedicação, o incentivo, por acreditar em mim quando nem eu mesma acreditava e conseguir transformar todas minhas angústias em risos e alegrias. Ao meu pai, pelo carinho, a assistência, os ensinamentos e por conseguir solucionar todas minhas dúvidas projetuais. Ao meu orientador, Renan, por topar de cara minha ideia e empolgar-se juntamente a mim. Pela ajuda, disponibilidade, atenção, preocupação, amizade: só tenho a agradecer. Aos meus amigos eternos – Arthur, Armando, Lara, Manoela, Olívia, Thaís e Vivi – por estarem presentes em todos os momentos, por serem uma certeza, um porto, uma família. Aos companheiros na minha jornada universitária: Pedro, Mari, Gabi, Carla, Emily, Rebeca, Luciana e Wellton, por

toda a ajuda, a amizade, as conversas, as viagens, as ideias, por serem os presentes que a faculdade me deu. Em especial, agradeço ao Leo, que é – desde o início – o amigo com quem contar em todas as horas, que faz o possível (e o impossível) para ajudar. Às amigas maravilhas: Jess, Mari, Kelly e Wynie, pela irmandade, pelos mutirões, pela atenção e pelo cuidado que as torna tão lindas e especiais em minha vida. À Nay, por aceitar participar do trabalho desde o princípio, pelas suas ideias, sua atenção, pelo empenho em deixar todos os detalhes incríveis e pela intensa ajuda que possibilitou a realização desse projeto. A toda minha família, tias e tios, primos e primas, por serem fonte de amor, de segurança e de estímulo para buscar ser a melhor profissional possível. Aos meus professores de arquitetura e urbanismo, pelos ensinamentos, os questionamentos, as cobranças, as conversas – mestres que mostraram quão bela e importante é a nossa profissão. Por fim, agradeço às empresas onde estagiei e pude agregar mais conhecimentos à minha bagagem: Fernanda e Andréa, Luce, aos amigos da Secretaria Municipal de Educação e da Architectus.


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72-127

128-137

APRESENTAÇÃO

SUSTENTABILIDADE: UM PARADÍGMA NECESSÁRIO

REFERÊNCIAS PROJETUAIS

DIAGNÓSTICO

A PROPOSTA

CONSIDERAÇÕES

14-33

10-13

34-47

48-71

11 Justificativa

15 DA Sustentabilidade

35 Via verde

49 O Mercado Imobiliário Atual 73

12 Objetivos

39 Gish Apartment

53 Análise Climática de Fortaleza

20 As Construções Sustentáveis

25 Arquitetura Sustentável X Ecológica X Verde

27 Arquitetura Bioclimática

28 Selos e Certificações

42 Huma Klabin 45 POP Madalena

55 Estratégias Bioclimáticas para Fortaleza 58 O Bairro Meireles 61 O Terreno e Seu Entorno 67 Legislação Vigente

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Memorial

6

129 Considerações Finais

Projeto

112 Análise de Insolação

131 BIBLIOGRAFIA

119 Análise de Ventilação

134 Apêndice

121 Materiais e Tecnologias Propostos 126 Detalhamento Construtivo


“O desafio muito maior é mudar os valores, as percepções e os sonhos que fazem com que insistamos no caminho errado mesmo quando todos nós sabemos disso.” Douglas Farr

Intervenção urbana do artista plástico Néle Azevedo.


CAPÍTULO 1

APRESENTAÇÃO

As mudanças climáticas e os evidentes danos crescentes ao meio ambiente são temas de grande prioridade no mundo contemporâneo. Focar a arquitetura e as técnicas construtivas na minimização da degradação da natureza tornou-se imprescindível. Grandes obras arquitetônicas já buscam nessa vertente a possibilidade de economia de água, energia e matérias primas, além da garantia de conforto aos usuários.

1.

Diretamente ligado aos danos ao planeta está o rápido crescimento populacional. Este traz outro problema à pauta: o problema da moradia e da qualidade de vida. Onde e como a população está morando? As alternativas habitacionais atuais favorecem o desenvolvimento sustentável ou aceleram a degradação ambiental? Atualmente o que encontramos nas grandes metrópoles é uma repetição da mesma receita: edifícios multifamiliares cada vez menores, fachadas similares que não se comunicam com o entorno, plantas baixas sem conforto ambiental, os mesmos materiais e pouca inovação construtiva. O Brasil possui um mercado imobiliário crescente, que está a modificar a paisagem das cidades a cada dia e, na maioria das vezes, de uma maneira negativa. Faz-se necessário buscar novas soluções, mais inteligentes, efi-

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1.1| JUSTIFICATIVA

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cientes e confortáveis para habitação nas grandes cidades.

Vê-se tratar-se de tema bastante discutido atualmente, indispensável para garantir um futuro com qualidade de vida e que deve se fazer presente na construção civil.

Apontar alguns exemplos de arquitetura ecológica como alternativa para as construções contemporâneas.

O uso eficiente das tecnologias nas construções pode reduzir o uso da água em 30%, de energia em 40% e os custos com manutenção predial em mais de 30%. E, apesar de materiais e técnicas construtivas ‘sustentáveis’ nem sempre se apresentarem como a alternativa mais econômica, estes são, sem dúvida alguma, as melhores escolhas em termos ambientais.

CAPÍTULO 1 - APRESENTAÇÃO

Diversos exemplos de “Green buildings” estão surgindo nas grandes cidades e já se utilizam do marketing para atrair um público alvo mais consciente, que não se importa em pagar mais para obter um produto “ecologicamente correto”. Entretanto ainda não se percebe uma grande mudança formal nas tipologias de edifícios residenciais, boas propostas que consigam unir a eficiência com a inovação formal.

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Projetar habitações de qualidade adequadas para diferentes tipologias familiares.

1.2| OBJETIVOS O objetivo geral deste Trabalho Final de Graduação é conceber um projeto de edifício misto, como alternativa viável e criativa para a habitação multifamiliar, utilizando estudos de condicionamento ambiental para garantir uma edificação energeticamente eficiente e de baixo impacto ambiental.

Buscar uma alternativa para a habitação multifamiliar das grandes e médias cidades, com conforto ambiental.

{1.1} Diagrama de objetivos elaborado pela autora do projeto.

Utilizar de estudos de condicionamento ambiental para gerir uma edificação eficiente e com baixo consumo de energia, em comparação com o que é oferecido pelo mercado imobiliário local.

Apresentar o tema da sustentabilidade e da ecologia, propondo a preservação do meio ambiente com habitações que agridem minimamente seu entorno.

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Visando a trazer uma solução adequada à falta de alternativas no mercado imobiliário, surge a Arquitetura Ecológica, que propõe utilizar racionalmente os recursos naturais sem comprometer as gerações futuras, com uso de técnicas e materiais favoráveis à preservação do meio ambiente.

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CAPÍTULO 2

SUSTENTABILIDADE UM PARADÍGMA NECESSÁRIO

Não há nada de novo em afirmar-se que não apenas o Planeta Terra vem vivenciando perceptíveis mudanças climáticas como diversos são os fatores que, para tanto, contribuem. Eventos como a Revolução Industrial e a proliferação de novas tecnologias, a partir do início do século XX, definitivamente contribuíram para um acelerado crescimento populacional, fato que exigiu – e ainda exige – intensa exploração dos recursos naturais, colaborou para o fenômeno da aglomeração dos centros urbanos e resultou no aumento da produção de resíduos e poluição lato sensu, gerando danos irreversíveis ao meio ambiente. Nesse sentido, a propósito, é o que registra Gauzin-Müller:

2.

A população da Terra passou de 1,5 bilhão de habitantes em 1900 para 6 bilhões no ano 2000. [...]. Durante o mesmo período, o uso de matérias primas e de fontes de energia fóssil conheceu um aumento que compromete, no curto prazo, o desenvolvimento das gerações futuras. [...] A degradação da qualidade da água doce e do ar, principalmente nas zonas urbanas dos países industrializados, põe em perigo a saúde da população1.

No que diz respeito inclusive ao aquecimento pelo qual vem passando o Planeta, é possível apontar que, desde a 1 GAUZIN-MÜLLER, Dominique. Arquitetura Ecológica. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2011. P. 26.

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2.1 | DA SUSTENTABILIDADE

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década de 19602, cientistas vêm observando, alterações climáticas categóricas por meio da análise de medições atmosféricas de CO2. Nas palavras de Roaf:

das Nações Unidas. O relatório definiu Sustentabilidade como “encarar as necessidades de hoje sem sacrificar a habilidade das futuras gerações de encararem as suas próprias necessidades”.6

Foram os cientistas que estabeleceram e modelaram as primeiras manifestações do inimigo que ameaça nossa espécie, mas questões como as mudanças climáticas, a perda da biodiversidade, a poluição terrestre e atmosférica, o esgotamento de recursos são somente os estandartes do inimigo, levados pelo vento. O que os intelectuais, economistas e políticos fizeram foi identificar o real inimigo do nosso ecossistema – nós mesmos3.

Esse documento propôs uma série de medidas a serem tomadas para promover o desenvolvimento sustentável. A serem citadas como exemplo:

CAPÍTULO 2 - SUSTENTABILIDADE

Já em 1987, o termo “Sustentabilidade” foi inserido no texto Our Common Future (Nosso Futuro Comum), de autoria da Comissão Brundtland5, em análise da degradação do Planeta apresentada à Assembleia Geral

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2 ROAF, Sue. A adaptação de edificações e cidades às mudanças climáticas: um guia de sobrevivência para o século XXI. Porto Alegre: Bookman, 2009. P. 24. 3 Ibid., p. 25. 4 O Clube de Roma é um grupo de profissionais de diversas áreas de atuação e diferentes países que se reúnem para estudar e debater assuntos como política, economia e principalmente o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável. Fundado em 1968, ficou bastante conhecido em 1972 com a publicação do Relatório “Os Limites do Crescimento” sobre os problemas que a humanidade enfrentaria no futuro com a poluição, o crescimento populacional, a saúde e outros. Vide CLUB OF ROME Disponível em: <http://www. clubofrome.org/?p=4771>. Acesso em: 5 jul. 2015. 5 A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento ou Comissão Brundtland, foi criada pela ONU para analisar as questões críticas relativas ao meio ambiente e propor soluções para um desenvolvimento sustentável.

b| Garantia de recursos básicos (água, alimentos, energia) a longo prazo; c| Preservação da biodiversidade e dos ecossistemas; d| Diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias com uso de fontes energéticas renováveis; e| Aumento da produção industrial nos países não-industrializados com base em tecnologias ecologicamente adaptadas; f| Controle da urbanização desordenada e integração entre campo e cidades menores.

Mais tarde, na Rio 92 (ou Cúpula da Terra), diversos chefes de estado se comprometeram a buscar alternativas para alcançar um desenvolvimento sustentável baseado em 3 princípios7: 1| Considerar o ciclo de vida dos materiais como um conjunto; 2| Desenvolver o uso das matérias-primas e energias renováveis; 6 HISTÓRICO. Radar Rio+20. Disponível em: <http://www. radarrio20.org.br/index.php?r=conteudo/view&id=9>. Acesso em: 3 jul. 2015. 7 GAUZIN-MÜLLER, op. cit., p. 27.

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Uma das primeiras manifestações a respeito da preocupação com a degradação do meio ambiente e as modificações climáticas foi registrada no primeiro encontro geral do Clube de Roma4 em 1970, ao questionar-se o modelo econômico industrial. Desde então, inúmeros encontros do gênero vêm sendo organizados por líderes internacionais em busca da compreensão dos danos que afligem o Planeta e as respectivas soluções.

a| Limitação do crescimento populacional;

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3| Reduzir as quantidades de matéria e de energia durante o período de extração dos recursos naturais, além da exploração dos produtos e da destruição ou reciclagem dos resíduos.

culdade por causa dos conflitos de interesses entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento, o relatório contém muitas intenções para os próximos anos, entretanto, não chegou a definir medidas práticas a serem tomadas, suspendendo daquelas a capacidade de produzirem resultados concretos por tempo indeterminado

A “Declaração do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente”, ainda na convenção de 1992, estabeleceu 27 princípios de desenvolvimento sustentável para todo o planeta. No encontro firmou-se também a United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC – Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) com o pedido as nações industrializadas para iniciar uma redução voluntária se suas emissões de gases nocivos de 1991 a 2000.

Por isso, se por um lado o documento da Rio +20 foi considerado como um avanço em relação aos outros tratados internacionais elaborados nas convenções anteriores da ONU e por outro, foi fortemente criticado pelas delegações e ONGs ambientais por sua carência em ambição.

A Agenda 21, também foi criada na Rio 92 e estabeleceu um projeto de ações, práticas e técnicas para alcançar o desenvolvimento sustentável no século XXI. Apesar de a Agenda 21 ter sido enfraquecida por concessões e negociações, ela foi, contudo, o programa de ação mais abrangente e talvez mais efetivo já sancionado pela comunidade internacional.8

CAPÍTULO 2 - SUSTENTABILIDADE

O famoso Protocolo de Quioto9 foi ratificado em 1996, com o comprometimento dos chefes de estado para não ultrapassar o nível de emissão dos gases de efeito estufa10 de 1990, entre os anos de 2008 e 2012.

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Em junho de 2012 o Rio de Janeiro foi sede de mais uma Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável: a Rio +20. A conferência foi a maior da história e discutiu temas ambientais, sociais e culturais, resultando no documento “O Futuro Que Queremos”. Gerado com muita difi8 ROAF, op. cit., p. 33. 9 O Protocolo de Quioto é um documento internacional ratificado como compromisso de reduzir os gases que causam o Efeito Estufa e aceleram o aquecimento global. 10 Os gases em questão eram: Dióxido de Carbono (CO2), metano (CH4), óxido Nitroso (N2O), hidrofluorcarbonos (HFCs), perfluorcarbonos (PFCs), hexafluoreto de Enxofre (SF6).

{2.1} Presidentes dos EUA, Barack Obama, e da China, Xi Jinping, em Pequim. (Foto: Mandel Ngan / AFP Photo)

Como visto, as preocupações com o clima e o futuro do planeta Terra tornaram-se objeto de inúmeras discussões e pauta de diversos encontros internacionais em busca de soluções viáveis a todos. Nesse ínterim, a Sustentabilidade surge como proposta de mudança do sistema de desenvolvimento atual. Porém, o termo “sustentabilidade” vai além de medidas apenas ambientais e passa a ser melhor definida pelo economista Ignacy Sachs, em seu livro “Estratégias de transição para o século XXI”12 , com cinco dimensões da sustentabilidade que devem ser levadas em conta: a| Sustentabilidade social: diminuir as desigualdades sociais. 11 Em 2014, as grandes nações industrializadas dos EUA e da China também assumiram o compromisso para um desenvolvimento mais sustentável. EUA e China anunciam acordo para reduzir emissão de gases poluentes. G1, São Paulo. 12 nov. 2014. Disponível em: <http://g1.globo.com/natureza/noticia/2014/11/eua-e-china-anunciam-acordo-para-reduzir-emissao-de-gases-poluentes.html>. Acesso em: 5 jul. 2015. 12 SACHS, I. Estratégias de transição para o século XXI. In: BURSZTYN, M. Para Pensar o Desenvolvimento Sustentável. São Paulo: Brasiliense, 1993. p. 29-56.

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Apesar da recente adesão de importantes países11 na luta pela diminuição da emissão de gases causadores do efeito estufa, as atuais crises econômicas infelizmente afastaram os líderes de debates sobre o assunto e as medidas ambientais consideradas urgentes deslocaram-se para segundo plano.

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b| Sustentabilidade econômica: alocar e gerir com maior eficiência os recursos disponíveis.

d| Sustentabilidade ecológica: preservar a natureza e limitar o uso de recursos não-renováveis. e| Sustentabilidade espacial: garantir o equilíbrio entre cidade e campo. Ao descrever estas dimensões, Sachs mostra que, para alcançarmos a sustentabilidade lato sensu é necessário valorizar as pessoas, seus costumes e saberes. O desenvolvimento sustentável vai além de focar apenas na gestão dos recursos naturais. É um pensamento muito mais profundo, envolvendo grandes mudanças no modelo da sociedade atual. A sobrevivência do planeta requer profundas transformações, e a sustentabilidade no ramo da construção é uma resposta eficaz para a redução do efeito estufa e a degradação do meio ambiente.

CAPÍTULO 2 - SUSTENTABILIDADE

AS CONSTRUÇÕES SUSTENTÁVEIS

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O conceito de sustentabilidade levou toda a sociedade a repensar o seu estilo de vida e quais mudanças podem ser feitas para minimizar os danos ao planeta. O setor das construções deve ser reformulado para auxiliar um desenvolvimento sustentável e gerar cidades com mais qualidade. As edificações estão na linha de frente da batalha contra as mudanças climáticas. [...]. Devemos, o mais rápido possível: a| Reduzir a produção dos gases-estufa que estão causando as mudanças climáticas; b| Adaptar nossos prédios e cidades para

A construção civil é uma atividade em constante crescimento e importantíssima para o desenvolvimento econômico e social. Por outro lado, é também uma das maiores geradoras de impactos ambientas, tanto pelo consumo de recursos naturais como pela geração de resíduos. A construção civil, responsável pelo enorme ambiente construído em que se vive – estradas e ruas, edifícios, aeroportos, centrais elétricas, ferrovias, pontes –, é o principal consumidor destes recursos. Os EUA estimam que 70% dos materiais consumidos vão para a construção.14

Ainda nesse sentido: Muitas são as implicações e impactos gerados pelos edifícios no mundo todo. Na construção e operação de edificações no Brasil, tem-se no mínimo uma quarta parte da parcela de emissão de CO2, excetuando-se a parcela relativa às queimadas. O CO2 é o mais importante subproduto da fabricação de materiais de construção, incluindo os recursos utilizados, os efeitos causados pela extração de matéria prima e o seu processo de beneficiamento.15

13 ROAF, op. cit., p. 327. 14 MATOS, Grecia; WAGNER, Lorie. Consumption of materials in the United States, 1990-1995. Annual Review of Energy and the Evironment, v.23, n.1, p.107-122, Palo Alto, November, 1998. 15 TAVARES, Sérgio Fernandes. Metodologia De Análise Do Ciclo De Vida Energético De Edificações Residenciais Brasileiras. 2006. Tese (Doutorado em Engenharia Civil) – Programa De Pós-Graduação Em Engenharia Civil, Universidade Federal De Santa Catarina, Florianópolis, 2006.

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c| Sustentabilidade cultural: respeitar as especificidades de cada cultura e de cada localidade.

que o maior número possível de pessoas sobreviva nela confortavelmente; c| Construir prédios hoje que durem o maior tempo possível, com o mínimo de manutenção e reformas.13

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Hoje em dia, sustentabilidade no setor da construção vai além de fatores de condicionamento ambiental e significa otimizar o uso dos recursos naturais através da racionalidade e da eficiência, com o uso de tecnologias e novos materiais.

A sustentabilidade na área da construção pode vir a ser uma alavanca para a diminuição das crises econômicas nacionais, pois garante a efetiva manutenção dos recursos ambientais.

Há de se repensar o modo de construir, tornando os processos mais eficazes e menos poluentes. Infelizmente, a maioria das obras de construção civil ainda não passa por avaliações e sequer possui projeto de um profissional qualificado. As construções adaptadas ao clima, eficientes e econômicas são produzidas há diversos anos e muita coisa pode ser aprendida ao se estudar as construções primitivas e vernaculares, integradas a natureza e ao entorno, com uma sábia utilização dos materiais, das técnicas construtivas locais, adapta-se ao ambiente e cria estruturas de alta durabilidade, permanecendo em pé por séculos.

CAPÍTULO 2 - SUSTENTABILIDADE

Segundo Alfonso Ramírez Ponce16 “A agora chamada arquitetura sustentável não é um conceito novo, mas tão somente é uma parte da tradicional arquitetura regional.

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É necessário desmistificar: excluindo-se as tecnologias, os demais preceitos divulgados como requisitos de projeto relativos à Arquitetura Sustentável são meramente questões de boa prática arquitetônica. Projetar para o local, estudando os condicionantes específicos e respondendo satisfatoriamente a eles, não é característica de Arquitetura Sustentável. É simplesmente Arquitetura.17 {2.2}

16 RAMIREZ PONCE, Alfonso. Arquitetura regional e sustentável. Arquitextos Vitruvius, São Paulo, ano 08, n. 095.04, abr. 2008. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/08.095/150>. Acesso em: 2 jul. 2015. 17 CÂNDIDO, Stella de Oliveira. Arquitetura Sustentável: questão de bom senso. Arquitextos Vitruvius, São Paulo, ano 13, n. 147.02, ago. 2012. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/ revistas/read/arquitextos/13.147/4459>. Acesso em: 2 jul. 2015.

Villa Campolietto, Vila Barroca datada de 1775 em Nápoles que possui um inteligente sistema de ventilação natural e de isolamento térmico, permitindo que as temperaturas internas se mantivessem as mesmas apesar da mudança de temperatura externa em até 17 graus. Fonte imagem: http://www.tripadvisor.it/

Uma construção sustentável pode ser composta de diversos elementos que trabalham em conjunto para minimizar os impactos no entorno, como a eficiência energética, o reaproveitamento da água, a qualidade do ar, a gestão dos resíduos sólidos, a qualidade dos ambientes internos, a permeabilidade do solo, a acessibilidade, o conforto higrotérmico19, a salubridade, a iluminação, a acústica, dentre outros. Infelizmente muitas preocupações projetuais foram se perdendo a medida que o setor da construção teve de acompanhar o crescimento da população e passou a replicar as mesmas tipologias, as “máquinas de morar”, racionalizadas para a reprodução em massa. A industrialização possibilitou diminuir o tempo das construções entre vários benefícios, mas também é responsável pela perda de qualidade.

18 DIRETRIZES de Ação. Conselho Brasileiro de Construção Sustentável. Disponível em: <http://www.cbcs.org.br/website/institucional/show.asp?ppgCode=CA4D48EC-82E0-4FED-BAF7-11E3DACBE63B>. Acesso em: 6 jul. 2015. 19 O Conforto Higrotérmico acontece quando não há desconforto térmico.

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Trabalhar a sustentabilidade no setor da construção civil significa também desenvolver produtos adequados aos usos a que serão submetidos; que proporcionem ao ser humano um ambiente saudável, confortável, seguro, confiável e durável e que, portanto, atendam às necessidades e anseios da sociedade com relação à qualidade de vida. Durante sua utilização, os produtos devem proporcionar facilidade de manutenção e economia de gastos. A vida de um produto deve ser prolongada e, no término de sua utilidade, a possibilidade de reuso dos materiais e componentes e sua correta destinação devem estar previstos.18

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Ainda é complexo, contudo, avaliar a “sustentabilidade” de determinada construção. Vários fatores podem ser levados em consideração, desde o projeto, sua execução, custos de manutenção, durabilidade, inserção na cidade, etc. O que pode ser feito é uma análise através de comparativos, avaliando qual construção é mais ou menos sustentável, estando elas em um mesmo contexto climático, social e cultural. Uma obra sustentável leva em conta o processo no qual o projeto é concebido, quem vai usar os ambientes, quanto tempo terá de vida útil e se, depois desse tempo todo, ela poderá servir para outros propósitos. Tudo o que diz respeito aos materiais empregados nela deve levar em conta a necessidade de uso responsável, a energia consumida no processo de elaboração de cada componente construtivo, as necessidades de manutenção e, depois, se cada elemento da construção pode ser reaproveitado.21

CAPÍTULO 2 - SUSTENTABILIDADE

Outro ponto importante é a autossuficiência da edificação, sua capacidade de gerar os próprios recursos, promovendo uma série de economia ao longo do seu uso.

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Tornar edifícios sustentáveis é um meio rentável de alcançar ganhos relativamente profundos em eficiência energética e acelerar a produção de energia renovável. O projeto sustentável age sobre objetivos de eficiência energética e saúde e, como uma abordagem de projeto, requer desenho, medição, verificação e comissionamento integrados, para assegurar que os sistemas sejam adequadamente instalados.22 20 GAUZIN-MÜLLER, op. cit., p. 15. 21 MOTTA, Ana L. T. Seroa da. Certificado de Sustentabilidade para a Construção Civil. Revista Memo. Disponível em: <http://www.revistamemo.com.br/arquitetura/certificado-de-sustentabilidade-para-a-construcao-civil/>. Acesso em: 9 jul. 2015. 22 KATS, Greg. Tornando nosso ambiente construído mais sustentável – Custos, Benefícios e Estratégias. Washington: Island Press, 2009. Livro online disponível em: <http://www.secovi.com.br/files/Downloads/livro-tornando-nosso-ambiente-construido-mais-sustentavel-greg-katspdf.pdf> .

2.2 | ARQUITETURA SUSTENTÁVEL x ECOLÓGICA x VERDE O termo “sustentabilidade” ganhou rápida disseminação na arquitetura nos últimos anos e serve para definir obras com características diferentes e até mesmo, como marketing para o mercado imobiliário. Porém o que essa nomeação representa? Que arquitetura é essa? É aquela que tenta minimizar ao máximo os impactos ao meio ambiente? É a que traz mais arborização para a cidade? Como diferenciá-la de outras arquiteturas? Nunes, Carreira e Rodrigues (2009)23 consideram arquitetura verde, arquitetura ecológica e ecoarquitetura como sinônimos de Arquitetura Sustentável. Corbella e Yannas (2003)24, afirmam que a Arquitetura Sustentável é, na verdade, uma continuação natural da Arquitetura Bioclimática. Edwards25 considera simplesmente a Sustentabilidade na Arquitetura como um conceito complexo. Segundo Cândido26, não existe consenso entre os conceitos utilizados pelos profissionais e nem mesmo entre os termos que designariam esta arquitetura.

“Arquitetura ecológica é aquela que utiliza os materiais respeitando sua natureza e extraindo deles seu melhor comportamento. 27” Marcelo Aflalo, Arquitetura Ecológica

“Arquitetura sustentável é toda forma de arquitetura que leva em consideração formas de prevenir o impacto ambiental que uma construção pode gerar”

flfarquitetura.portallocal.tv, 2010

23 NUNES, I. H. O.; CARREIRA, L. R. M.; RODRIGUES, W. A Arquitetura Sustentável nas Edificações Urbanas: uma Análise Econômico-Ambiental. Arquiteturarevista, v.5, n.1, p.25-37, jan.-jun. 2009. Disponível em: < http://revistas.unisinos.br/index.php/arquitetura/article/view/4800 >. Acesso em: 20/04/2015. 24 CORBELLA, O.; YANNAS, S. Em Busca de uma Arquitetura Sustentável para os Trópicos: conforto ambiental. Rio de Janeiro: Revan, 2003. 25 EDWARDS, B. O Guia Básico para a Sustentabilidade. Barcelona: Gustavo Gili, 2008, p. 37. 26 CÂNDIDO, op. cit. 27 AFLALO, Marcelo. Prefácio à edição brasileira. In: GAUZIN-MÜLLER, Dominique. Arquitetura Ecológica. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2011. p. 10.

ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA

O fato de os processos serem altamente industrializados não garante um baixo impacto ambiental, e frequentemente dá-se o inverso, com produtos cuja fabricação consome enormes quantidades de energia.20

25


CASTELNOU, 2010, p.166

O arquiteto pode e deve atuar contribuindo para criar cidades mais agradáveis, confortáveis e ecológicas. Muitos profissionais consideram que a boa arquitetura já tem dentro de si o conceito de sustentabilidade. Independente do nome a ser aplicado: sustentável, ecológica, verde, bioclimática, todas essas arquiteturas têm em comum a busca pela eficiência e diminuição do uso de recursos naturais, tornando-se menos impactante e agressiva no meio ambiente. Pode-se listar alguns benefícios trazidos pelas edificações sustentáveis:

Entende-se, portanto, que o rótulo “sustentável” não veio para modificar a arquitetura que vem sendo feita e nem criar um novo estilo de construção, veio apenas para diferenciar as edificações que buscam desde sua concepção e construção, até sua utilização e manutenção, elementos, materiais e tecnologias minimizadoras de impactos ao meio ambiente.

ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA A arquitetura bioclimática busca a otimização dos recursos naturais disponíveis para criar conforto ambiental em harmonia com a natureza. Para criar tal arquitetura não há regras predeterminadas, sendo ela completamente dependente e variável do clima encontrado no local. Há, contudo, princípios básicos que devem ser seguidos em qualquer região para se ter uma arquitetura eficiente e confortável. Por meio das técnicas empregadas com a arquitetura bioclimática é possível diminuir os gastos energéticos e os impactos ambientais no entorno. Para tanto, essas técnicas baseiam-se em quatro princípios básicos28: 1| Proporcionar ambientes saudáveis e confortáveis aos usuários

a| Redução do consumo de água, evitando sua utilização de água potável onde esta não é necessária, como, por exemplo, na descarga de vasos sanitários, irrigação de jardins e lavagem de pisos;

2| Buscar a eficiência energética e levar em consideração o ciclo de vida das estruturas

b| Captação de água pluvial;

3| Evitar desperdícios

CAPÍTULO 2 - SUSTENTABILIDADE

c| Aproveitamento da ventilação natural e economia de energia para gerar ventilação artificial;

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4| Utilizar de energias renováveis e materiais que não agridam o meio ambiente.

d| Aproveitamento da luz solar e redução de energia gasta nos períodos diurnos;

Um dos fundamentos que contribuem para a construção de uma edificação bioclimática é a compreensão de que não existe uma solução perfeita e aplicável a todas as situações, mas sim mecanismos que devem ser selecionados no sentido de se encontrar uma alternativa adequada para determinado local.29

e| Modulação de sistemas construtivos, para melhor aproveitamento de materiais, evitando desperdício e proporcionando agilidade na execução; f| Teto verde, que auxilia no resfriamento da área imediatamente abaixo, evitando a incidência solar direta na cobertura; g| Placas solares, coletoras de luz solar para geração de energia.

28 FARIA, Caroline. Arquitetura Bioclimática. Infoescola. Disponível em: <http://www.infoescola.com/arquitetura/arquitetura-bioclimatica/>. Acesso em: 28 jun. 2015. 29

SILVA et al., José Iraildo da. Os benefícios da arquitetura bioclimática no

ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA

“A Green Architecture usa tecnologias “verdes” e preocupa-se fundamentalmente com o impacto ambiental. Em suma, tem a intenção de conciliar a tradição e as possibilidades modernas, em especial através da aplicação de tecnologias “limpas”, que garantam a eficiência energética, a adequada especificação de materiais e a proteção da natureza. ”

27


Essa vertente arquitetônica pode e deve ser explorada no atual contexto de crise energética e de água, pois além dos benefícios ecológicos ela traz benefícios econômicos e de conforto aos seus usuários. Frente a nossa atual situação de consumo elétrico, e ao fato de que no Brasil ainda é a minoria da população a que tem condições econômicas de incorporar sistemas de calefação ou de ar condicionado, mais importante e eminente se torna a nossa posição como arquitetos, de adotar sistemas passivos e estratégias benignas, que proporcionem, sem dúvida, maior conforto ambiental com maior economia.30

Portanto, as estratégias da arquitetura bioclimática podem ser eficientes e apresentam-se como parte da solução para o processo de transição em que vivemos. Trata-se de um contexto onde as mudanças climáticas são evidentes, e decisões devem ser tomadas no sentido de gerar, o quanto antes, um desenvolvimento sustentável.

CAPÍTULO 2 - SUSTENTABILIDADE

2.3 | SELOS E CERTIFICAÇÕES

28

A fim de incentivar as construções a tornarem-se mais energeticamente eficientes e seguirem a Agenda 21, muitas associações e empresas criaram métodos de avaliação dos impactos ambientais das edificações. Esses dados são importantes a fim de criar parâmetros comparativos e metas a serem alcançadas.

conforto e na economia energética. VII Connepi, Palmas, out. 2012. 30 BRITTO CORREA, Celina. Arquitetura bioclimática: Adequação do projeto de arquitetura ao meio ambiente natural. Vitruvius, São Paulo, ano 02, n. 004.07, abr. 2002. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/ drops/02.004/1590>. Acesso em 6 jul. 2015.

Muitos países já desenvolveram metodologias para avaliação e certificação ambiental das edificações, também conhecidos como selos verdes. Dentre essas se destacam: Método de Avaliação Ambiental do Building Research Establishment (BRE) da Inglaterra, Liderança em Design de Energia e Meio Ambiente (LEED) dos Estados Unidos, Desafio da Construção Sustentável (GBC) que pertence a um consórcio de vários países, Alta Qualidade Ambiental (HQE) da França e o Sistema de Avaliação de Eficiência Ambiental para Construção (CASBEE) do Japão.31

Os certificados atestam um melhor desempenho e os empreendimentos vêem duas grandes vantagens nessas ferramentas: o incentivo de práticas mais sustentáveis na construção civil, com a redução dos resíduos gerados e uma gestão de obra mais eficiente e a campanha positiva que o selo comunica para os usuários e clientes, ao atestar um melhor desempenho ambiental. [...] a certificação, usando os sistemas de selos verdes, está cada vez mais em evidência e precisa ser comparada de forma criteriosa para produzir o conhecimento necessário em termos de decidir qual a opção é mais apropriada para uso no Brasil.32

No Brasil, os selos e certificações ambientais ainda são recentes. Em 1993, a indústria de eletroeletrônicos e da “linha branca” criou o selo Programa Nacional de Energia Elétrica (Procel) que avalia a eficiência dos equipamentos e informa aos consumidores a partir de notas. Outro produto nacional a ser certificado é a madeira, que recebe o selo Forest Stewardship Council (FSC – Conselho de Manejo Florestal), desde 2003. O Programa Nacional de Eficiência Energética em Edificações – Procel Edifica foi instituído em 2003 pela Eletrobras/Procel e atua de forma conjunta com o Ministério de Minas e Energia, o Ministério das Cidades, universidades, centros de pesquisa e entidades das áreas governamental, tecnológica, econômica e de desenvolvimento, além do setor da construção civil. O 31 GRUNBERG, Paula Regina Mendes; MEDEIROS, Marcelo Henrique Farias; TAVARES, Sergio Fernando. Certificação ambiental de habitações: comparação entre LEED for Homes, Processo Aqua e Selo Casa Azul. Ambiente & Sociedade. São Paulo, vol.17, n.2, pp. 195-214, abr.- jun. 2014. 32 Ibid.

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Por exemplo, em regiões de clima tropical úmido, como Fortaleza, grande parte da preocupação se deve às altas temperaturas na maior parte do ano, as quais podem gerar desconforto nos ambientes internos das edificações. Priorizar a ventilação, aproveitar a luz natural e criar proteções solares para evitar o calor excessivo são conceitos aplicáveis para esse ambiente.

29


Energy & atmosphere (Energia e Atmosfera) – Promove eficiência energética nas edificações por meio de estratégias simples e inovadoras, como por exemplo simulações energéticas, medições, comissionamento de sistemas e utilização de equipamentos e sistemas eficientes.

programa tem por objetivo incentivar a conservação e o uso eficiente dos recursos naturais (água, luz, ventilação etc.) nas edificações, reduzindo os desperdícios e os impactos sobre o meio ambiente. [...] No Brasil, a energia elétrica dos edifícios corresponde a cerca de 45% do consumo, sendo que as residências são responsáveis por mais de 22% desse total.33

O Selo LEED (Leadership Energy and Enviromental Design), do Green Building Council, é concedido de acordo com critérios de racionalização de recursos para promover edifícios altamente eficientes com soluções que promovem a proteção do meio ambiente e estimulam uma melhor qualidade de vida. Possui 7 dimensões a serem avaliadas nas edificações. Todas elas possuem pré-requisitos - práticas obrigatórias - e créditos que, quando atendidas, garantem pontos a edificação. O nível da certificação é definido, dependendo da quantidade de pontos adquiridos, podendo variar de 40 a 110 pontos e receber um dos 4 níveis: certificado, prata, ouro e platina.

{2.3}

Indoor environmental quality (Qualidade ambiental interna) – Promove a qualidade ambiental interna do ar, essencial para ambientes com alta permanência de pessoas, com foco na escolha de materiais com baixa emissão de compostos orgânicos voláteis, controlabilidade de sistemas, conforto térmico e priorização de espaços com vista externa e luz natural.

Selo LEED. Fonte: http://revistageracaosustentavel.blogspot. com.br/

Innovation in design or innovation in operations (Inovação e Processos) – Incentiva a busca de conhecimento sobre Green Buildings, assim como, a criação de medidas projetuais não descritas nas categorias do LEED. Pontos de desempenho exemplar estão habilitados para esta categoria.

CAPÍTULO 2 - SUSTENTABILIDADE

As dimensões avaliadas são34:

30

Sustainable sites (Espaço Sustentável) – Encoraja estratégias que minimizam o impacto no ecossistema durante a implantação da edificação e aborda questões fundamentais de grandes centros urbanos, como redução do uso do carro e das ilhas de calor.

Regional priority credits (Créditos de Prioridade Regional) – Incentiva os créditos definidos como prioridade regional para cada país, de acordo com as diferenças ambientais, sociais e econômicas existentes em cada local. Quatro pontos estão disponíveis para esta categoria.

Water efficiency (Eficiência do uso da água) – Promove inovações para o uso racional da água, com foco na redução do consumo de água potável e alternativas de tratamento e reuso dos recursos.

33 MOTTA, Op. cit. 34 Certificação LEED. GBC Brasil. Disponível em: <http://www. gbcbrasil.org.br/sobre-certificado.php>. Aceso em: 07 jul. 2015.

{2.4} Selo AQUA Fonte: http://www. damha.com.br/

No Brasil o LEED sofreu uma série de modificações para analisar as edificações de acordo com as variáveis geográficas e climáticas de cada região. Porém, ainda há muitas críticas em relação a esse selo no país, por não ter conseguido ainda se adaptar à realidade local. O Processo AQUA (Alta Qualidade Ambiental), da Fundação Vanzolini, avalia o desempenho ambiental de uma

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Para o setor habitacional, atualmente temos três certificações mais utilizadas: O selo LEED for Homes, o Processo Aqua e o Selo Casa Azul.

Materials & resources (Materiais e Recursos) - Encoraja o uso de materiais de baixo impacto ambiental (reciclados, regionais, recicláveis, de reuso, etc.) e reduz a geração de resíduos, além de promover o descarte consciente, desviando o volume de resíduos gerados dos aterros sanitários.

31


CRIAR UM ESPAÇO INTERIOR SADIO E CONFORTÁVEL

SÍTIO E CONSTRUÇÃO

CONFORTO

1

Relação do edifício com o seu entorno

8

Conforto higrotérmico

2

Escolha integrada de produtos, sistemas e processos construtivos

9

Conforto acústico

3

Canteiro de obras com baixo impacto ambiental

10

Conforto visual

11

Conforto Olfativo

4

Gestão da energia

5

Gestão da água

6

Gestão dos resíduos de uso e operação do edifício

7

Manutenção - permanência do desempenho ambiental

CAPÍTULO 2 - SUSTENTABILIDADE

Os níveis que uma edificação pode obter pelo Processo AQUA são relacionados à Qualidade Ambiental do Edifício. O desempenho associado pode ser Bom, Superior ou Excelente (FCAV, 2007). O Processo AQUA é uma iniciativa francesa e teve que ser adequada as edificações brasileiras, essa adaptação foi muito bem-sucedida e hoje o selo é um importante critério na construção civil. Selo Casa Azul é o primeiro sistema de certificação criado para a realidade da construção habitacional brasileira, uma iniciativa da Caixa Econômica Federal em parceria com importantes universidades do país.

32

Tabela produzida pela autora com base em tabela existente. (ver anexo) Fonte: http://vanzolini.org.br/download/RT-Edif%C3%ADcios%20habitacionais-V1-fevereiro2010.pdf

GERENCIAR OS IMPACTOS SOBRE O AMBIENTE EXTERIOR

GESTÃO

Para obter o Selo Casa Azul são avaliados 53 critérios, dentre os quais 18 são obrigatórios para receber o selo mínimo. Esses critérios estão divididos em 6 categorias, são elas:

{2.5}

1| Qualidade Urbana 2| Projeto e Conforto 3| Eficiência Energética 4| Conservação de Recursos Materiais 5| Gestão da Água 6| Práticas Sociais Existem 3 selos que podem ser concedidos: Selo Bronze, quando a edificação atende aos critérios obrigatórios; Selo Prata, atende os critérios obrigatórios e mais 6 e o Selo Ouro, que atende outros 12 critérios além dos obrigatórios.

SAÚDE 12

Qualidade sanitária dos ambientes

13

Qualidade sanitária do ar

14

Qualidade sanitária da água

De acordo com uma análise comparativa feita entre os três selos chegou-se à conclusão que o mais eficiente é o Selo Casa Azul, pois foi desenvolvido no Brasil e para o país. “O sistema de certificação ambiental Selo Casa Azul teve maior nota final, sendo o mesmo desenvolvido para ser aplicado no Brasil. Em segundo lugar, com uma diferença quase irrelevante, tem-se o AQUA, adaptação de um sistema estrangeiro para a realidade brasileira. O selo LEED for Homes, que é utilizado conforme foi concebido para o contexto norte-americano, aparece com menor índice de desempenho.36”

{2.6} Selo Casa Azul. Fonte: http:// www.caixa.gov.br/

O intuito é incentivar o uso racional de recursos naturais, reduzir o custo de ma-nutenção dos edifícios e as despesas mensais dos usuários, além da conscientização das vantagens das construções sustentáveis. O selo aplica-se a empreendimentos habitacionais financiados pela Caixa Econômica Federal e sua adesão é voluntária.35 35

GRUNBERG; MEDEIROS; TAVARES, op. cit.

36

GRUNBERG; MEDEIROS; TAVARES, op. cit.

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construção pela sua arquitetura. Formado por dois elementos principais: o Sistema de Gestão do Empreendimento (SGE) e o referencial de Qualidade Ambiental do Edifício (QAE). Na metodologia do AQUA existem catorze categorias, que podem ser agrupadas em quatro famílias, como pode ser observado a seguir:

33


CAPÍTULO 3

REFERÊNCIAS DE PROJETO

4.1 | VIA VERDE

Arquitetos: Grimshaw Architects Dattner Architects Ano do Projeto: 2012 Área total: 28.000 m² Número de habitações: 222 unidades Número de tipologias: 11 tipos

3.

Via Verde é um empreendimento acessível e sustentável de uso misto vencedor do concurso internacional New Housing New York Legacy Competition de ideias e projetos para a cidade de Nova Iorque, com a intenção de produzir habitações acessíveis e inovadoras, patrocinado pelo New York City HPD, AIA New York, NYSERDA e Enterprise Community Partners. O conjunto Via Verde (The Green Way) possui 222 apartamentos em 28.000 m² de área total. No térreo há comércio, um centro de saúde para a comunidade e unidades de co-working, trazendo vida às calçadas. A parte residencial está dis-

tribuída em 3 partes diferentes: uma torre de 20 andares com estúdios e apartamentos de 2 e 3 quartos; uma torre escalonada de 6 a 13 pavimentos, com apartamentos duplex, e moradias de 2 a 4 andares ao sul do terreno. A iluminação natural e a ventilação cruzada buscam minimizar o uso de condicionamento artificial. O edifício possui um design sustentável para moradias populares, projetado para promover um estilo de vida saudável e comunitário e visando alcançar a certificação Gold LEED. Conta com tecnologias como: coleta de água da chuva para reuso, telas de proteção pré-fabricadas com madeira, cimento e painéis metálicos, painéis fotovoltaicos que fornecem a energia necessária para iluminar as áreas comuns e brises e toldos para proteção solar das fachadas. A cobertura possui pomares para culti-

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BRONX - NOVA YORK/ EUA

35


vos de frutas e legumes, e, no centro das edificações, há uma praça pública com um vasto jardim, que sedia feiras de frutas duas vezes por semana.

Pensando nos moradores, o Via Verde traz jardins, academia e uma sala de uso comum na cobertura, oferecendo vistas espetaculares.

Para promover a atividade física e o bem-estar, uma estratégia do projeto foi a utilização de iluminação natural e acabamentos coloridos nas escadas, tornando-as acessíveis e convidativas.

No intuito de incentivar a sustentabilidade e a qualidade de vida, cada morador recebeu um “Guia de Vida Verde” com informações sobre como promover a otimização de energia e uma vida mais saudável.

{3.2}

CAPÍTULO 4 - REFERÊNCIAS

a| Torres escalonadas; b| Painéis fotovoltáicos na cobertura e brises horizontais do empreendimento. FONTE: <http://www.archdaily. com.br/br/01-181999/via-verde-dattner-architects-mais-grimshaw-architects>

36

{3.1} Plantas das diferentes tipologias do empreendimento Via Verde. FONTE: <http://www.archdaily.com.br/br/01-181999/ via-verde-dattner-architects-mais-grimshaw-architects>

b|

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a|

37


4.2 | GISH APARTMENTS SAN JOSE - CALIFORNIA/EUA a|

Área total: 6.986 m² Número de habitações: 35 unidades Número de tipologias: 10 tipos

O Gish Apartments é um complexo de uso misto com 35 unidades habitacionais de preços acessíveis, uma loja de conveniência e um salão de beleza. Mais de um terço dos apartamentos é adaptado a portadores de necessidades especiais e por isso o edifício é considerado modelo do “Programa de habitação plurifamiliar do Estado da Califórnia”.

CAPÍTULO 4 - REFERÊNCIAS

c|

{3.3} a| Horta comunitária; b| Área de lazer interna do empreendimento; c| Vista dos pomares na cobertura do edifício Via Verde. FONTE: <http://www. archdaily.com.br/br/01-181999/via-verde-dattner-architects-mais-grimshaw-architects>

38 b|

Seu projeto arquitetônico é inovador na utilização de tecnologias de energias renováveis com a coberta composta por placas fotovoltaicas, alto isolamento térmico, esquadrias com vidros duplos e um sistema altamente eficiente de aquecimento de água. Gish é um dos primeiros a receber a certificação LEED Gold e desenvolver habitações a preços acessíveis nos Estados Unidos. O terreno retangular, que antes abrigava um posto de gasolina, possui uma boa localização, próximo a uma estação de metrô, e passou de um local de habitação de alta densidade a um espaço seguro de lazer. Os estacionamentos ficam

O envoltório foi projetado com massa térmica a fim de reduzir o aquecimento no verão e o frio no inverno. Materiais de construção como tintas, selantes e acabamentos foram escolhidos especificamente por seus baixos níveis de compostos orgânicos voláteis, e os materiais usados nos interiores dos apartamentos também possuem alto nível de eficiência, como o piso natural linóleo, o carpete com conteúdo reciclado e os materiais de acabamento feitos a partir de resíduos de produtos agrícolas. Mais de 20% dos materiais de construção foram fabricados num raio de 500 km do local, e 50% desses materiais também foram colhidos localmente. O projeto do Gish usa 62% menos água potável do que um edifício convencional, a maior parte dessa economia vem do seu sistema de irrigação. As plantas do paisagismo são tolerantes à seca, minimizando a quantidade de água necessária para irrigá-las. O sistema fotovoltáico produz aproximadamente 42.534 kWh por ano. No geral, o edifício foi projetado para economizar cerca de 97.500 quilos de CO2 por ano.

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Arquiteto: Jerome King, AIA Ano do projeto: 2007

em dois níveis subterrâneos e o edifício possui ainda um centro de informática para os moradores e um espaço de recreação ao ar livre.

39


Os apartamentos foram projetados para ter uma vida útil de 100 anos. Os materiais de construção foram selecionados pensando na sua durabilidade. O exterior do edifício é predominantemente de concreto, metal e estuque. Todos os inquilinos receberam um manual que os ensina a reciclar os seus resíduos domésticos e a forma adequada de descarte dos materiais perigosos, como as lâmpadas fluorescentes compactas, que contêm mercúrio.

a|

{3.6} a| Painéis solares na cobertura do edifício; b| Lojas no térreo e fachada do edifício misto Gish Appartement; FONTE: <http://www.aiatopten. org/node/118> c| Iluminação noturna. FONTE: <http://www.gishapartments. org/property>

{3.4} Fachada Gish Appartement. FONTE: <http://www.aiatopten. org/node/118>

CAPÍTULO 4 - REFERÊNCIAS

c|

40

{3.5} Planta baixa e cortes esquemáticos do Gish Appartement. FONTE: <http://www.aiatopten. org/node/118>

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b|

41


{3.8} Tipologias de 44m2 e 67m2, respectivamente. FONTE: <http:// huma.net.br/empreendimentos/ huma_klabin_b>

4.3 | HUMA KLABIN SÃO PAULO/SP - BRASIL

Área total: 5.085,55 m² Número de habitações: 52 unidades Número de tipologias: 4 tipos

Localizado na Vila Mariana e com a premissa da proximidade de diversos serviços no bairro, transporte público, comércio, lazer etc, o edifício Huma Klabin pretende ser diferente da sua implantação até sua forma. Seu desenho modernista aproveita os declives naturais do terreno e possibilita uma fachada com aberturas alternadas, garantindo vista,

O recuo frontal foi utilizado para a construção de um pequeno jardim de entrada, comunicando ainda mais o prédio com a rua. Entre as áreas comuns estão o amplo e iluminado hall, um espaço gourmet, uma academia com sauna, lavanderia coletiva, piscina e garagem com bicicletário. Com 4 tipologias de apartamentos, consegue atender uma grande variedade de clientes e famílias. Os apartamentos de maior área estão localizados na cobertura. As varandas possuem painéis translúcidos, podendo controlar a quantidade de sol, vento e a entrada de chuva. {3.7}

CAPÍTULO 4 - REFERÊNCIAS

Corte longitudinal do edifício Huma Klabin. FONTE: <http://www.arqbacana. com.br/internal/arq!aqui/ read/13498/una-arquitetos-huma-klabin>

42

{3.9} Fachada oeste, dando acesso à rua. FONTE: <http://huma.net.br/empreendimentos/huma_ klabin_b>

No total são 2 volumes com apartamentos, um com 11 andares e outro com 12 andares, sendo o menor mais recuado em relação à rua. A ligação entre as torres dá-se pela circulação vertical: elevadores e escada. O pavimento tipo é composto de quatro unidades de 44 m² e uma de 67 m², as outras tipologias, de 87 m² e 124 m², aparecem apenas na cobertura. O projeto ainda utiliza de uma lógica de baixo impacto ambiental com a instalação de painéis solares na coberta para o aquecimento da água dos apartamentos e da piscina, além da medição individual de água em cada apartamento. Os materiais utilizados foram: concreto armado aparente na estrutura e na volumetria, placa de madeira nos forros, gesso nos paneis internos e vidro nas varandas. Atualmente em obras, a previsão de entrega é ainda em 2015.

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Arquiteto: UNA Arquitetos Ano do projeto: 2012

ventilação e iluminação natural para os apartamentos.

43


{3.11} Pavimento tipo em forma de “L”. FONTE: <http://www.ideazarvos. com.br/> a|

b|

a| Implantação do edifício no terreno. FONTE: <http://www.arqbacana.com.br/internal/arq!aqui/ read/13498/una-arquitetos-huma-klabin>; b| Perspectiva. FONTE: <http:// huma.net.br/empreendimentos/ huma_klabin_b>

4.4 | POP MADALENA SÃO PAULO/SP - BRASIL em forma de L. Arquiteto: Andrade Morettin Ano do projeto: 2011-2012 Área terreno: 7.682 m² Número de habitações: 34 unidades Número de tipologias: 13 tipos

CAPÍTULO 4 - REFERÊNCIAS

O conjunto de apartamentos e lojas, três no total, busca trazer comodidade e inovação ao dia a dia dos moradores com diversas tipologias que atendem pequenas famílias, já que, no máximo, são 2 quartos por habitação.

44

A proposta tem, na localização do terreno, no bairro Vila Madalena, a ideia de levar diversos serviços e infraestrutura para perto dos moradores, contando com lojas e praças, porém em uma rua tranquila e familiar. Apesar do formato incomum do terreno, o edifício desenvolve-se aproveitando bem os espaços e gerando uma planta

As lojas localizam-se no térreo e as áreas comuns ficam abaixo de pilotis de amplo pé direito. Acima destes, dois grandes volumes unidos pela circulação horizontal contêm apartamentos de 54 m² a 206 m², estúdios, 1 quarto, 2 quartos, duplex e coberturas. A coberta é completamente aproveitada pois dá lugar aos terraços dos apartamentos duplex. Nas áreas comuns encontramos piscina, sauna, sala de co-working, hall, academia e área verde. O trabalho da fachada chama atenção por sua singularidade. Com uma paleta de cores cítricas, painéis metálicos fazem fechamentos das fachadas, possibilitando diferentes aberturas intercaladas. Apesar de não possuir características ecológicas, o conjunto torna-se referência em tipologias de apartamento e no trabalho das suas fachadas.

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{3.10}

45


a|

{3.12}

a|

b|

CAPÍTULO 4 - REFERÊNCIAS

b|

46

{3.13} a,b| Perspectivas externas do edifício Pop Madalena; c| Fachada com comércio no pavimento térreo. FONTE: <http://www.ideazarvos. com.br/>

c|

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a| Corte longitudinal do empreendimento; b| Perspectiva interna de um apartamento duplex. FONTE: <http://www.ideazarvos. com.br/>

47


CAPÍTULO 4

DIAGNÓSTICO

Sendo um importante centro comercial e industrial, não apenas do Nordeste, mas do Brasil, Fortaleza é uma cidade de grande procura turística, que possui um denso centro urbano e um ativo mercado de construção civil. Apesar da crise no setor imobiliário em certas regiões do país, a capital cearense permanece com uma grande procura por imóveis, o que manteve o mercado aquecido nos últimos anos. De acordo com dados do Índice FIPE ZAP de Preços de Imóveis Anunciados, o mercado imobiliário em Fortaleza cresceu 1,2% nos dois primeiros meses de 201437.

4.

Não restam dúvidas de que o setor vem crescendo e adaptando-se ao mercado local. Qual seria, entretanto, a demanda no setor imobiliário habitacional? Que projetos viriam sendo apresentados aos consumidores? Haveria oferta de edifícios eficientes/sustentáveis do ponto de vista climatológico? 37 MERCADO imobiliário cresce 40% a mais que a média brasileira. O Povo, Fortaleza, 17 mar. 2014. Disponível em: <http:// www.opovo.com.br/app/economia/2014/03/17/noticiaseconomia,3221643/mercado-imobiliario-cresce-40-a-mais-que-a-media-brasileira.shtml>. Acesso em: 15 jun. 2015.

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4.1 | O MERCADO IMOBILIÁRIO ATUAL

49


Por meio do relatório “Dados do Mercado Imobiliário” do portal online da Viva Real38, que analisa dados de 2014 e 2015, pode-se entender o que vem sendo oferecido e o que vem sendo desejado pelos consumidores.

{4.2}

CAPÍTULO 4 - DIAGNÓSTICO

Gráfico de demanda e oferta de imóveis por metragem no último trimestre de 2015. Disponível em: <http://www.vivareal.com.br/ dmi/fortaleza-dados-mercado-imobiliario/>

50

Já em relação à metragem da unidade de habitação, os imóveis mais procurados são os de 51 m² a 100 m². Percebe-se, portanto, que há uma maior busca por apartamentos menores do que o mercado está oferecendo. (Gráfico 4.2)

38 Maior empresa de anúncios de imóveis do país. EMPRESA, Viva Real. Disponível em: <http://www.vivareal.com.br/empresa/>. Acesso em: 07 jul. 2015.

Quanto ao valor por metro quadrado, faz-se possível indicar os bairros mais caros da cidade, sendo o Meireles e o Mucuripe, respectivamente, em primeiro e segundo lugares. (Gráfico 4.3)

{4.1} Gráfico de oferta e demanda de imóveis pela quantidade de dormitórios no primeiro trimestre de 2015. Disponível em: <http:// www.vivareal.com.br/dmi/fortaleza-dados-mercado-imobiliario/>

{4.3} Gráfico de análise dos valores, em reais, do metro quadrado dos bairros de Fortaleza em 2014. Disponível em: <http://www.vivareal.com.br/dmi/fortaleza-dados-mercado-imobiliario/>

Acerca do quesito ecológico, muitas construtoras vêm apostando nessa vertente para atrair um público alvo consciente, que busca um estilo de vida menos agressivo ao meio ambiente. Alguns desses exemplares valem-se de painéis fotovoltaicos, energia eólica, reaproveitamento da água pluvial, gás natural e coleta seletiva para tornar o empreendimento mais convidativo. No aspecto

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Em relação à quantidade de dormitórios, a maior oferta e demanda é de três quartos por imóvel. Para 2,8% de demanda referente a unidades habitacionais com apenas 1 dormitório, há apenas 1,5% de oferta. (Gráfico 4.1)

51


formal, contudo, os edifícios ecológicos não possuem fortes diferenças, mantendo o padrão repetitivo que se encontra por toda a cidade. (Imagens 4.439 e 4.540 a seguir)

Em geral, os empreendimentos atuais possuem em sua área de lazer: piscina, brinquedoteca, spa com sauna, salão de festas, salão de jogos, home theater, quadra poliesportiva, playground, churrasqueira, spiribol, dentre outros espaços. Tantas são as atividades proporcionadas dentro do edifício, que, em tese, os moradores não precisariam sair de casa para ter lazer. Por um lado, a ideia é interessante devido à segurança e o conforto proporcionados; por outro, acarreta uma diminuição na procura dessas atividades na própria cidade, fazendo com que os condôminos não interajam com o entorno do bairro.

CAPÍTULO 4 - DIAGNÓSTICO

Temperatura média mensal/ºC

52

{4.4}

{4.5}

Perspectiva do Edifício Paço das águas. Construtora C. Rolim. Disponível em: <http://www.crolim. com.br>

Perspectiva dos Edifícios Green Life 3. Construtora Idibra. Disponível em: <http://www.idibra. com.br>

Por fim, mais um ponto de análise são as áreas de lazer dos edifícios multifamiliares atuais, que oferecem diversos serviços e espaços planejados para a comodidade dos condôminos. 39 Localizado em Fortaleza, o edifício Paço das Águas, da construtora C. Rolim, é um dos primeiros no Brasil com a pré- certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design). 40 O empreendimento Green Life 3 foi considerado por sua construtora, Idibra, como o primeiro edifício ecológico de Fortaleza, por aproveitar recursos naturais e conter uma série de equipamentos que contribuem na economia de energia.

Janeiro

27,1

Fevereiro

26,9

Março

26,4

Abril

26,2

Maio

26,2

Junho

25,8

Julho

25,6

Agosto

26,0

Setembro

26,4

Outubro

26,9

Novembro

27,2

Dezembro

27,3

Ano

26,6

{4.6} Tabela de temperatura média mensal em Fortaleza em ºC. Elaborada pela autora com base em tabela existente. Fonte: < http:// www.inmet.gov.br/>

Fortaleza é uma cidade litorânea e possui clima tropical semiúmido41, com temperatura média anual de 26,5°C. De acordo com REPELLI “Por estar localizada em uma região tropical e próxima ao oceano, a cidade de Fortaleza possui um clima tropical úmido com temperaturas do ar elevadas durante todo o ano, com pouca variação sazonal.”42 De dezembro a janeiro a cidade passa pelo período mais quente do ano e no mês de julho, o período mais frio. As taxas de umidade são altas, entre 70% e 90%, devido à proximidade do mar e as altas taxas de evaporação. A partir das coordenadas geográficas de Fortaleza, Latitude 3° 43’ 02” e Longitude 38° 32’ 35”, pode-se analisar sua carta Solar. (Imagem 4.7) A carta solar é a representação do percurso do sol na abóbada celeste em diferentes horários durante o ano. 41 Segundo a classificação climática de Köppen-Geiger. 42 REPELLI et al., Carlos Alberto. Sensação Térmica Para Fortaleza-Ce. Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hidricos, Fortaleza.

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4.2| ANÁLISE CLIMÁTICA DE FORTALEZA

53


Através dela podemos analisar o percurso do sol, evitando-o ou aproveitando-o conforme seja necessário, nas edificações. Em relação aos ventos, importantes para gerar conforto ambiental em Fortaleza, deve-se privilegiar o leste e o sudeste, as direções predominantes. (Figura 4.7b)

a|

{4.7} a| Carta solar para a latitude de Fortaleza com temperaturas médias antes e após 21 de junho. Fonte: Analysis Sol-ar b| Rosa dos ventos para o período entre 2002 e 2011. Fonte: Adaptado de WindRosePRO 3.1.0 c| Gráfico de Energia Elétrica e Coleta Seletiva. Fonte: Companhia Energéica do Ceará (COELCE)

A Rosa dos Ventos mostra a predominância dos ventos no sentido leste, auxiliando na decisão de implantação dos edifícios, principalmente residenciais, onde os ocupantes necessitam na maior parte do dia de um resfriamento natural, que pode ser maximizado pelo fluxo de ar que atravessa o ambiente com mais intensidade se as aberturas estiverem voltadas para leste.

4.3 | ESTRATÉGICAS BIOCLIMÁTICAS PARA A CIDADE DE FORTALEZA

Quando uma edificação não analisa os fatores climáticos da cidade a sensação de desconforto gerada no interior pode ser recorrente em diversos meses do ano, levando os usuários a encontrar formas de resfriamento artificial que geram um alto consumo de energia. c|

ENERGIA ELÉTRICA E COLETA DE LIXO Consumo e Consumidores de Energia Elétrica - 2010

b|

Consumo (mwh)

Consumidores

TOTAL

3.326.456

863.110

Residencial Industrial Comercial Rurak Público Próprio Revenda

1.358.403 406.941 1.167.149 5.057 382.624 6.280 -

792.647 2.065 62.703 106 5.551 30 -

CAPÍTULO 4 - DIAGNÓSTICO

Com uma implantação adequada e as devidas proteções e aberturas, esse gasto pode ser minimizado, gerando habitações mais agradáveis e econômicas.

54

Atualmente, o consumo de energia encontra-se no centro da discussão a respeito da preservação ambiental e do desenvolvimento sustentável. No âmbito dos edifícios, enfatiza-se o uso de recursos naturais para condicionamento. Sobretudo em localidades de clima quente e úmido, o caso de Fortaleza (latitude 3° 43’ S), a ventilação natural constitui a principal estratégia passiva para obtenção de conforto térmico43. 43 LEITE, R. C. V. Cidade, vento, energia: limites de aplicação da ventilação natural para o conforto térmico face à densificação urbana em clima tropical úmido. (Tese). Doutorado em Arquitetura e Urbanismo. FAUUSP. 2015.

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Classes de Consumo

55


A NBR 1522044 traz o Zoneamento Bioclimático das cidades brasileiras com diretrizes construtivas específicas para cada zona. {4.8}

{4.10} Carta psicométrica para a cidade de Fortaleza. Fonte: Analysis 2.1– Bio

{4.11}

CAPÍTULO 4 - DIAGNÓSTICO

A partir do zoneamento temos Fortaleza inserida na Zona Bioclimática 8, onde se indica grandes aberturas para ventilação e a necessidade de sombreá-las.

56

Aberturas para ventilação

Sombreamento das aberturas

Grandes

Sombrear Aberturas

Para as localidades situadas nessa zona bioclimática são recomendadas grandes aberturas sombreadas para ventilação cruzada durante todo o ano. A edificação deve, portanto, ser implantada de modo a garantir ventilação cruzada permanente nos cômodos de permanência prolongada (salas e dormitórios).45

44 2013. 45

NBR 15220 – Desempenho Térmico das Edificações, set. LEITE, R. C. V. op. cit.

{4.9} Tabela de aberturas para ventilação e sombreamento das aberturas para a Zona Bioclimática 8. Elaborada pela autora com base em tabela existente. Fonte: NBR 15220 – Desempenho Térmico das Edificações, set. 2013.

a| Total de horas de desconforto por calor em relação ao período durante o ano em conforto em Fortaleza. b| Distribuição das estratégias para obtenção do conforto térmico para o clima de Fortaleza. Fonte: Analysis 2.1 – Bio

A carta psicométrica é um diagrama que permite representar graficamente as evoluções do ar úmido, obtendo valores da umidade relativa, da umidade absoluta e do ponto de orvalho. Através dela pode-se estabelecer o total de horas de conforto em uma determinada cidade e definir estratégias para alcançar o conforto nas demais horas. (Figura 4.10) A partir da análise dos dados climáticos de Fortaleza sobre a carta psicométrica elaborada no programa Analysis Bio46, fica claro que as horas de conforto são minoria e que a ventilação natural é a mais indicada estratégia para alcançar o conforto térmico em 87% das horas do ano.

46 O software auxilia no processo de adequação de edificações ao clima local. Utiliza tanto arquivos climáticos anuais e horários como arquivos resumidos na forma de normais climatológicas. Analysis BIO. LabEEE. Disponível em: < http://www.labeee.ufsc.br/ downloads/softwares/analysis-bio>. Acesso em 11 jul. 2015.

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Mapa de Zoneamento Bioclimático Brasileiro. Fonte: NBR 15220 – Desempenho Térmico das Edificações, Parte 3, p. 3, set. 2013.

57


Horas

{4.12}

Ventilação

69,4%

Ventilação/ Alte Inércia

1,6%

Ventilação/ Alte Inércia/ Resfriamento Evaporativo

14,8%

Estratégias de condicionamento ambiental recomendadas para Fortaleza. Elaborado pela autora com base em tabela existente. Fonte: Analysis 2.1– Bio

Conforto

12,9%

Ar Condicionado

1,2%

Apesar de gerar dados interessantes para análise do clima, constituindo uma ferramenta prática para determinar as diretrizes bioclimáticas a serem adotadas por uma edificação em seu contexto climático, a adequação do programa Analysis 2.1 – Bio é reconhecidamente limitada quando se trata de localidades de clima quente e úmido, o caso de Fortaleza. O arquivo com 8.760 horas se baseia em médias climáticas (arquivo TRY47), além de elevar a quantidade de horas em desconforto por desconsiderar outras possibilidades de adaptação.

transporte público (linhas de ônibus) para deslocar-se a qualquer ponto da cidade, além de contar com ciclo faixas e pontos de aluguel de bicicletas.

N N

{4.13} Mapa de Fortaleza com divisão de bairros e o Meireles em evidência. Elaborado pela autora. 5km

4.4 | O BAIRRO MEIRELES

CAPÍTULO 4 - DIAGNÓSTICO

A escolha do bairro e, mais especificamente, do terreno se deu ao analisar os pré-requisitos para um edifício diferente que propõe uma vida mais saudável, econômica e diretamente ligada a cidade.

58

47 A metodologia para elaboração do arquivo climático de referência (Typical Reference Year) TRY elimina os anos em que são verificados valores climáticos extremos até que reste um ano completo, sem valores muito elevados ou muito baixos.

15km

Conta com infraestrutura completa e é servido de hospitais, escolas, supermercados, farmácias, bancos e etc. Apesar de o veículo particular ainda ser o transporte mais utilizado, muitas atividades diárias podem ser concluídas a pé.

A ESCOLHA DO TERRENO

Localizado ao norte da cidade, o Bairro Meireles é considerado o mais nobre de Fortaleza, com apartamentos de luxo e alto valor de metro quadrado. Próximo as importantes avenidas da cidade, Avenida Dom Luís, Avenida Desembargador Moreira, Avenida Senador Virgílio Távora e Avenida Beira Mar, o local tem fácil acesso a

10km

Isso ocorre devido à proximidade com a praia e a Avenida Beira Mar, um dos mais importantes pontos de lazer e turismo de Fortaleza, com três quilômetros de extensão de calçadão, diversos restaurantes e hotéis de luxo, grandes shoppings, livrarias e áreas de lazer no seu entorno. A partir do Censo de 2010 do IBGE foi considerado o melhor bairro em índice de desenvolvimento humano (IDH). {4.14} Imagem da praia do Meireles. Fonte: <http://revistaepoca.globo.com/vida/noticia/2012/04/ por-que-adoro-morar-aqui.html>

“O Meireles é o bairro das pessoas com as maiores rendas, com maior nível de escolaridade, que detém poder político e econômico, que viajam para o

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Estratégia

59


Meireles pode ser considerado predominantemente residencial e, apesar de muitas casas ainda existirem, o perfil do bairro tem uma composição de alto gabarito, com prédios que possuem mais de 20 pavimentos.

4.5 | O TERRENO E SEU ENTORNO

{4.15} Mapa do bairro Meireles com a quadra do terreno escolhida em evidência. Elaborado pela autora.

O terreno escolhido para o projeto está localizado entre as ruas Leonardo Mota e República do Líbano. Fica próximo de importantes avenidas como a Av. Dom Luís, Av. Desembargador Moreira e Av. Senador Virgílio Távora.

N

O Meireles é um retângulo de cerca de 2.500 metros quadrados densamente povoado, que começa na orla e avança algumas ruas adentro. O bairro é embelezado pela paisagem de mar, coqueirais e jangadas, cenário de paraíso que o Ceará evoca. Dali, o nascer da lua cheia é de tirar o chapéu.49

500m

1000m

1500m

CAPÍTULO 4 - DIAGNÓSTICO

O terreno encontra-se em zona resdencial e atualmente está vazio, em obras, para receber um novo empreendimento. Originalmente possuía um desnível de 1 metro, hoje se apresenta plano.

60

48 ZONA nobre de Fortaleza, bairro Meireles tem IDH próximo ao da Noruega. Tribuna do Ceará, Fortaleza, 11 dez. 2014. Disponível em: < http://tribunadoceara. uol.com.br/noticias/cotidiano-2/zona-nobre-de-fortaleza-bairro-meireles-tem-idh-proximo-ao-da-noruega/ >. Acesso em: 9 jul. 2015. 49 MIRANDA, Ana. Noite Fervilhante E Meiguice Bucólica. Crônica. Disponível em: <http://revistaepoca. globo.com/vida/noticia/2012/04/por-que-adoro-morar-aqui.html>. Acesso em: 9 jul. 2015.

{4.16} a| Foto do terreno escolhido; b,c| Ruas do entorno do terreno proposto. Fonte: Acervo pessoal.

Analisando o entorno do terreno verifica-se a presença de diversos edifícios residenciais de luxo, a presença massiva de automóveis estacionados em decorrência de comércios e serviços de diversos tipos oferecidos na região. (Imagens 4.16,4.18) O local possui uma abrangência de serviços e conta com hospital, escolas, supermercados, bancos e farmácias a poucas quadras do terreno. (Mapa 4.19)

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exterior, que tem planos de saúde, que circulam em vias pavimentadas, urbanizadas e frequentam os melhores estabelecimentos comerciais de Fortaleza”.48

61


Área total = 2.430m²

{4.18} {4.17} Mapa do terreno escolhido inserido na quadra. Elaborado pela autora. Rua República do Líbano

Legenda

CAPÍTULO 4 - DIAGNÓSTICO

Terreno Projeto Edificações existentes

62

A análise foi feita em um raio de 300 metros da quadra do terreno, e, por meio do mapa percebe-se que há poucos empreendimentos mistos, no caso comércio + residência, e poucas áreas livres: apenas a Praça Portugal, que é de difícil acesso por estar localizada no centro de uma rotatória. (Mapa 4.20) Já em relação a mobilidade o entorno do terreno está inserido em uma área bem servida, com diversas paradas de ônibus, próximo a importantes avenidas, estações de aluguel de bicicleta e ciclo faixas, permitindo assim a escolha dos moradores em relação ao meio de transporte que vão utilizar. (Mapa 4.21)

a,b,c| Edifícios residenciais no entorno do terreno. Fonte: Acervo pessoal.

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Rua Leonardo Mota

N

63


{4.19} Mapa de pontos de atração no entorno do terreno. Elaborado pela autora.

N N

N

N

Área total = 2.430m²

Rua República do Líbano

Legenda Terreno Projeto Edificações existentes

CAPÍTULO 4 - DIAGNÓSTICO

LEGENDA

64

100m

Terreno

LEGENDA Quadra do terreno do projeto Quadras Meireles

100m

300m

100m 100m

300m 300m

Quadras Aldeota

300m

Lotes vazios Misto Institucional Comercial

Praça

Residencial

Alimentação

Hospital/ Centro de Saúde

Shopping

Ensino

Supermercado

Farmácia

Banco

Estacionamento Áreas Verdes - Livres

{4.20} Mapa de usos no entorno do terreno. Elaborado pela autora.

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Rua Leonardo Mota

N

65


N

4.6 | LEGISLAÇÃO VIGENTE

Para a concepção do projeto a atual legislação do Município de Fortaleza foi levada em consideração em relação ao que rege para edifícios multifamiliares mistos. A proposta que será apresentada busca ser uma alternativa ao que o mercado imobiliário no setor habitacional vem produzindo, porém, sem contrapor a atual legislação, mostrando que outras tipologias são possíveis.

CAPÍTULO 4 - DIAGNÓSTICO

O terreno em análise, no bairro Meireles, encontra-se inserido na Zona de Ocupação Consolidada (ZOC) conforme o zoneamento do Plano Diretor Participativo de Fortaleza de 2008 (PDPFor).

LEGENDA Quadra do terreno do projeto Quadras Meireles

300m

Quadras Aldeota Praça Ciclofaixas Paradas de Ônibus

66

100m

Estação Bicicletar

{4.21}

{4.22}

Mapa de mobilidade no entorno do terreno. Elaborado pela autora.

Delimitação da ZOC pelo PDPFor. Elaborado pela autora com base em anexo do PDPFor.

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Foram consultadas as seguintes normas: Plano Diretor Participativo de Fortaleza e a Lei de Uso e Ocupação do Solo.

67


Para a atividade de uso misto, é necessário analisar separadamente a classificação do uso residencial e do uso comercial.

Art. 89 - São parâmetros da ZOC: I - índice de aproveitamento básico: 2,5; II - índice de aproveitamento máximo: 2,5; III - índice de aproveitamento mínimo: 0,2; IV - taxa de permeabilidade: 30%; V - taxa de ocupação: 60%; VI - taxa de ocupação de subsolo: 60%; VII - altura máxima da edificação: 72m; VIII - área mínima de lote: 125m2; IX - testada mínima de lote: 5m; X - profundidade mínima do lote: 25m.

O ANEXO 6 da LUOS define através da Tabela 6.1 SUBGRUPO – RESIDENCIAL - R a classificação para prédio de apartamentos (R2)

CÓDIGO

00.00.03 Residência Multifamiliar (Prédio de Apartamentos)

02

N . MÍNIMO DE VAGAS DE ESTACIONAMENTO

>01

A< 90m² : 1 vaga A> 90m² : 1,5 vagas

Para a classe R2 (Residencial 2) fica definido quanto a quantidade de vagas de estacionamento mínima: Área da unidade ≤ 90m²: 1 vaga Área da unidade > 90m²: 1,5 vagas

I - parcelamento, edificação e utilização compulsórios; II - IPTU progressivo no tempo; III - desapropriação mediante pagamento por títulos da dívida pública; IV - direito de preempção; V - direito de superfície; VI - outorga onerosa do direito de construir; VII - transferência do direito de construir; VIII - consórcio imobiliário; IX - estudo de impacto de vizinhança (EIV); X- estudo ambiental (EA); XI - Zona Especial de Interesse Social (ZEIS); XII - instrumentos de regularização fundiária; XIII - outorga onerosa de alteração de uso.

Já para a atividade comercial proposta, encontra-se sua classificação na tabela 6.6 SUBGRUPO – COMÉRCIO E SERVIÇOS MÚLTIPLOS – CSM, como CSM 1.

CÓDIGO

ATIVIDADE

70.40.82 Centro Empresarial (Comercial/ Serviços) (Prédio de Salas e Lojas)

CLASSE (CSM)

PORTE (II) m²

N . MÍNIMO DE VAGAS DE ESTACIONAMENTO

02

Até 250

1 vaga/ 30m² A.U.

Anexo 6: tabela 6.6. LUOS

Determinando que o porte máximo é de 250m². A tabela define ainda o número mínimo de vagas de estacionamento para a classificação CSM 1: 1 vaga a cada 30m² de área útil.

PDPFor, 2008.

Por se encontrar entre vias locais, o terreno poderá receber um Centro Empresarial de até no máximo 250m² para que seu uso seja adequado ao tipo de via.

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CAPÍTULO 4 - DIAGNÓSTICO

CLASSE(R) PORTE (I)

Anexo 6: tabela 6.1. LUOS

Art. 90 - Serão aplicados na ZOC, especialmente, os seguintes instrumentos:

68

ATIVIDADE

69


Unindo os dois subgrupos: residencial e de comércio e serviços múltiplos, chega-se na Tabela 6.2 SUBGRUPO – MISTO - M, classificando a união do R2 com CSM 1 como classe M3: Residência multifamiliar com comércio e serviços múltiplos.

CÓDIGO

ATIVIDADE

CLASSE(R) PORTE (I)

00.00.38 Residência Multifamiliar (R2 e R11) com comércio e serviços múltiplos (CSM.1)

03

>01

N . MÍNIMO DE VAGAS DE ESTACIONAMENTO

{4.23}

Calcula-se isoladamente segundo cada grupo de uso.

Demonstrativo de recuo para lotes de esquina. Fonte: LUOS

Já na tabela 9.6 do ANEXO 9 da LUOS, define-se a adequação das atividades para vias locais:

De acordo com a LUOS, tanto a Rua República do Líbano quanto a Rua Leonardo Mota são consideradas como vias locais.

SUBGRUPOS DE USO

Segundo a tabela 8 de adequação da atividade a via, definem-se os recuos mínimos.

3 Misto (M)

USO

M3

Adequado

RECUO FRONTAL LATERAL 5,00

3,00

FUNDO

NORMAS (Anexo 8.1)

3,00

05,09

CAPÍTULO 4 - DIAGNÓSTICO

Anexo 8: tabela 8.2. LUOS

70

Adequado Anexo 9: tabela 9.6. LUOS

VIA LOCAL CLASSE

CLASSE DAS ATIVIDADES

Quanto à adequação das atividades ao sistema viário, a Classe M3 (Misto 3) em VIA LOCAL possui recuos mínimos: Recuo frontal = 5,00m Recuo lateral = 3,00m Recuo de fundo = 3,00m No Anexo 1 LUOS, encontramos a especificação de recuos para lotes de esquina. (Imagem 4.23)

A tabela considera a atividade de uso misto (M3) como adequado para vias

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Anexo 6: tabela 6.2. LUOS

71


CAPÍTULO 5

A PROPOSTA

O projeto busca quebrar a monotonia formal e utilizar de estratégias bioclimáticas para gerar conforto e minimizar impactos ambientais. Tomando como referência a arquitetura de vanguarda que vem sendo construída em São Paulo, nas palavras de Zarvos,50 “com arquitetura atemporal, que continue admirada daqui a cem anos” e “uma alternativa inteligente e sustentável à ocupação urbana”. O conceito de lote aberto foi implantado aproveitando o espaço liberado pelos pilotis do edifício, buscando integrar-se ao máximo com o bairro e com a cidade. A intenção é de propor espaços de qualidade não apenas para os residentes.

5.

O edifício pode ser caracterizado como misto, pois une habitação e comércio na intenção de trazer vida ao lote e aumentar a sensação de segurança aos moradores. A permeabilidade da praça auxilia o comércio localizado no térreo, composto de lojas, um café e um bar. A escolha do acesso às lojas, pela Rua Leonardo Mota, deu-se por ser o maior lado do lote, com mais visibilidade para quem passa pelo empreendimento. A praça possui espaços de lazer e de contemplação como 50 ZARVOS, Otávio. Em entrevista. A Vanguarda Do Mercado. MONOLITO. São Paulo, Edição nº: 26 Prédio de Apartamentos, abr/ mai. 2015.

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5.1 | MEMORIAL DO PROJETO

73


Em relação à torre residencial, a maior preocupação foi projetar espaços confortáveis e eficientes para os moradores, controlando a insolação e promovendo a entrada dos ventos para que não haja necessidade de utilização de iluminação elétrica durante o dia e nem de condicionadores de ar na maior parte do ano. Composto de 13 andares de apartamentos, o edifício possui seis tipologias, divididas entre apartamentos simples e duplex, em um total de 58 unidades habitacionais. A implantação deixa todas as principais esquadrias das habitações voltadas para o leste, a fim de receber ventilação natural, deixando a torre, assim, paralela aos limites do lote.

{5.1} a| Planta humanizada tipologia estúdio (37,10 m²); b| Planta humanizada da tipologia 2 quartos; c| Planta humanizada da tipologia 3 quartos; Fonte: Elaborado pela autora.

No segundo pavimento, inicia-se a parte residencial. O pavimento tipo é composto de seis habitações, dispostas em 3 tipologias: Estúdio, dois quartos e três quartos, respectivamente, 37,10m²; 65,40² e 99,50m². Essas mesmas tipologias são transformadas em apartamentos duplex em determinados andares, aumentando para Duplex de 2 quartos de 79,70m²; Duplex de 3 quartos de 113,10m² e Duplex de 3 quartos de 156,70m², somando um total de 6 tipologias.

b|

CAPÍTULO 5 - A PROPOSTA

No térreo, fica o acesso ao hall e à portaria juntamente das lojas, do bar e do café. No primeiro pavimento, estão localizados a sala de cinema e um espaço de coworking. Com jardins e varanda, o coworking possui uma ampla área de trabalho voltada aos moradores, permitindo que exerçam diversas funções sem a necessidade de sair de “casa”. Esse espaço possibilita diminuir trajetos de casa ao trabalho, tempo em deslocamento e, consequentemente, o fluxo de carros na região.

74

a|

O aumento da densidade reduz a distância caminhada e pode reduzir a compra e o uso de automóveis e substituir o deslocamento de carro pelo deslocamento a pé, em alguns casos radicalmente. [...]. Essa possibilidade de satisfazer as necessidades diárias a pé cria uma independência universal em todas as faixas etárias – beneficia tanto os jovens que ainda não podem dirigir quanto os idosos que não podem mais dirigir. 51

51 FARR, Douglas. Urbanismo sustentável: desenho urbano com a natureza. Porto Alegre: Bookman, 2013. xvii, p. 32.

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os jardins, os espelhos d’água e o playground e de comércio, vindo suprir a demanda de espaços públicos no entorno do lote, como analisado previamente no diagnóstico. Os equipamentos escolhidos para a praça foram pensados de forma a incluir todas as idades e promover sua utilização durante todos os períodos do dia.

c| 75


Por meio dos gráficos analisados do mercado mobiliário de Fortaleza, Oferta e Demanda, as tipologias foram criadas proporcionando habitações menores e com menos quartos em relação ao que é proporcionado pelo mercado no bairro Meireles. A escolha de inserir apartamentos duplex foi incentivada pelo fato de que apartamentos duplex são mais reservados, podem dividir completamente o social do íntimo, há pouca oferta na cidade dessa tipologia, além da agradável estética gerada por pés direitos duplos.

No que concerne aos materiais, o edifício é composto de estrutura de concreto aparente, grandes aberturas de vidro e alumínio, cerâmica na fachada ventilada, cobogós pré-moldados de concreto e venezianas de madeira com moldura em alumínio. Na coberta, parte da área foi destinada para painéis solares, no intuito de aquecer a água dos apartamentos, outra parte é formada de lajes jardim, que auxiliam a diminuir a incidência solar e a carga térmica.

Em relação às áreas de lazer do condomínio, além do coworking e da sala de cinema, há um espaço de eventos e uma lavanderia comum, localizados no 12º andar. A proposta busca diminuir a quantidade de espaços privados de lazer e, assim, o tempo de permanência dos moradores dentro do próprio edifício. Incentivando o uso de atividades diversas de lazer, como academias, praças, restaurantes, piscinas, etc. pelo próprio bairro, que é plenamente suprido de inúmeros tipos de serviços, além disso, muitas vezes empreendimentos que possuem uma gama de espaços de lazer no seu interior acabam por serem subutilizados, gerando gastos desnecessários, ao contrário da praça proposta, que, por ser pública, permite uso e acesso constante.

CAPÍTULO 5 - A PROPOSTA

Há dois subsolos de estacionamento para os residentes, eles possuem 93 vagas no total. Cada unidade recebeu o mínimo determinado pela legislação. No que diz respeito à oferta de vagas de estacionamento em prédios de apartamentos do mercado atual, é bem menos do que se encontra, porém, o edifício é voltado a um perfil de cliente consciente e contemporâneo, que prioriza o transporte público ou passeios a pé. Faz-se assim importantíssima a localização do terreno, suprindo inúmeras necessidades a menos de 300 metros de caminhada. Há vagas de estacionamento também para a parte comercial, localizadas em frente às lojas e próximas ao bar e ao café, juntamente a um bicicletário, que permite aos usuários uma alternativa de transporte.

76

O estacionamento ainda é uma das questões mais importantes para os comerciantes, especialmente para os de bairro. Um estacionamento de fácil acesso é fundamental. Uma área de estacionamento ampla e gratuita próxima à entrada de uma loja é vital. Além disso, o estacionamento não deve dominar a implantação, e ruas permeáveis aos pedestres com lojas devem ser mantidas o máximo possível. 52 52

FARR, op. cit., p. 138.

{5.2} Vista das varandas das unidades habitacionais. Imagem elaborada pela autora.

O empreendimento propõe-se a atender a uma parcela da população que se preocupa com as mudanças climáticas e busca uma rotina de vida mais saudável e sustentável, praticando atividades físicas, preferindo o uso de outros modais além do veículo particular, fazendo a coleta seletiva de lixo, utilizando de materiais e aparelhos mais eficientes, com economia de energia e água, que se preocupa com a cidade e com a comunidade. Jovens, casais, solteiros e pequenas famílias que almejam qualidade de vida e conforto. Além de tudo, esse mercado aprecia inovações e diferenciais na arquitetura.

ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA

A fachada norte/sul possui molduras de concreto nas esquadrias, também no intuito de proteger da insolação direta. As varandas das unidades receberam cores alegres em pastilhas de vidro no seu interior, com guarda corpos em vidro e venezianas na cor natural da madeira

77


5.2 | O PROJETO

LEON

ARD

O MO

TA

IMPLANTAÇÃO

REPÚ

BLIC

A DO

LÍBA

1

1

2

NO

CAPÍTULO 5 - A PROPOSTA

6

78

3

LEGENDA

0

50

100

PLANTA SITUAÇÃO/ TERRENO

1. Laje Impermeabilizada 2. Laje Jardim 3. Painéis Solares 4. Acesso Subsolo 5. Local Lixo/Gás 6. Estacionamento 1

5

5 4

10 RUA REPÚBLICA DO LÍBANO

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RUA

RUA LEONARDO MOTA

RUA

3

79


PLANTA PAISAGISMO 5

2 15

1

8

17

9 10

3

9 13

1. Agrião. WEDELIA palludosa

2. Camará LANTANA camará

4. Bromélia AECHMEA blanchetiana

5. Hera HEDERA helix

6. Lança de São Jorge SANSEVIERIA cylindrica

7. Barba de Serpente OPHIOPOSON jaburan

8. Jacarandá Mimoso JACARANDA mimoseifolia

9. Jasmim Manga PLUMERIA rubra

10. Jambo Vermelho EUGENIA malaccense

11. Palmeira Azul BISMARKIA nobilis

16. Ponto de Coleta Seletiva

15. Bicicletário

11 1 12

4

14

5

11

11

4

2 12

1. Grama Agrião 2. Camará 3. Areia 4. Bromélia 5. Hera (Muro Verde) 6. Lança de São Jorge 7. Barba de Serpente 8. Jacarandá Mimoso 9. Jasmim Manga 10. Jambo Vermelho 11. Palmeira Azul 12. Árvores Existentes

11

4 2

CAPÍTULO 5 - A PROPOSTA

RUA LEONARDO MOTA

PROJEÇÃO TÉRREO

80

4 18 1

13 14

5

2

13. Concregrama 14. Piso Drenante LEGENDA

1 16

PISOS

7

8

12

6

12

15. Bicicletário 16. Ponto de Coleta Seletiva 17. Playground 18. Espelho D’Água 1

RUA REPÚBLICA DO LÍBANO

RUA REPÚBLICA DO LÍBANO

5

10

ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA

RUA LEONARDO MOTA

VEGETAÇÃO

81


PLANTA SUBSOLO 1

PLANTA SUBSOLO 2

1. Circulação de Veículos 2. Área comum Subsolo 3. Gerador 4. Acesso Térreo 5. Acesso Subsolo 2

1. Circulação de Veículos 2. Área comum Subsolo 3. Cisterna 4. Acesso Subsolo 1

A

LEGENDA

A

LEGENDA

2

3

2

B

B

ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA

4

B

B

1 5

1

CAPÍTULO 5 - A PROPOSTA

4

3

82

83 1

5

10

1

5

10

A

A


04

04

PLANTA TÉRREO

4

PLANTA PRAÇA ELEVADA

A

A

4

12 11

9

6

10

4

7 01

01

1

03

2

03

7

8

5

7

B

6

3

1

4

7

1

5

3

3

B

2 LEGENDA

CAPÍTULO 5 - A PROPOSTA

1

1. Acesso Residencial 2. Hall/ Elevadores 3. Portaria 4. Apoio Portaria 5. Depósito 6. Vestiário 7. Lojas 8. Bar 9. Café 10. Banheiros 11. Pilotis 12. Acesso Praça Elevada

11

1

2 02

5

7

8

3

LEGENDA 1. Hall/ Elevadores 2. Coworking 3. Varanda 4. Praça Elevada 5. Sala Cinema 6. Mezanino Café 7. Pergolado 8. Laje Jardim

10

1 A

A

84

8

2 02

5

10

ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA

8

7

85


04

PLANTA 3˚ PAVIMENTO

PLANTA TIPO SIMPLES A

4

A

3

3

2

2

1

CAPÍTULO 5 - A PROPOSTA

2

1

B

1

3

B

1

3

1

01

03

01

03

1

ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA

4

04

2

3

1

86

LEGENDA

1. Tipologia Estúdio 2. Tipologia 2 Quartos 3. Tipologia 3 Quartos

1. Tipologia Estúdio 2. Tipologia 2 Quartos 3. Tipologia 3 Quartos

5

10

1

2 02

A

02

A

2

LEGENDA

5

10

87


04

PLANTA 1˚ PAV. DUPLEX

04

PLANTA 2˚ PAV. DUPLEX A

4

A

4

3 3

2

1

1

B

B

2

1

3

1

3

1

01

03

01

03

1

2

CAPÍTULO 5 - A PROPOSTA

LEGENDA 1. Tipologia Duplex Estúdio 2. Tipologia Duplex 3 Quartos Tipo A 3. Tipologia Duplex 3 Quartos Tipo B

3 1

88

3

10

1

A

02

1. Tipologia Duplex Estúdio 2. Tipologia Duplex 3 Quartos Tipo A 3. Tipologia Duplex 3 Quartos Tipo B

A

2

5

LEGENDA

2 02

5

10

ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA

2

89


04

PLANTA 11˚ PAVIMENTO

A

4

SALÃO DE FESTAS/ 12˚ PAVTO

4

3 5

3

1

01

03

1

B

1

3

1

2

1

3

2

4

CAPÍTULO 5 - A PROPOSTA

LEGENDA LEGENDA 1. Tipologia Estúdio 2. Tipologia 2 Quartos 3. Tipologia Duplex 3 Quartos Tipo B

3

1

90

5

1. Hall/ Elevadores 2. Salão de Festas 3. Copa 4. Lavanderia 5. Pav. Superior Duplex

5

10

1

A

2 02

2

5

10

ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA

2

91


04

PLANTA COBERTURA

4

PLANTA DE ESTRUTURA

A

1

2

3

4

5

A

3 B

C

4 E

01

2

03

1

F

1

3

B

G

CAPÍTULO 5 - A PROPOSTA

H

LEGENDA

3

I

1. Laje de Segurança 2. Laje Jardim 3. Painéis Solares 4. Casa de Máquinas J

1

92

5

10

93

A

2 02

ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA

D

L


1 A1 Tipologia Estúdio 37,10 m²

PLANTAS BAIXAS TIPOLOGIAS Tipologia 2 Quartos 65,40 m²

CORTE TRANSVERSAL

Tipologia 3 Quartos 99,50m²

+45,00

+42,00

+39,00

+36,00

Duplex Estúdio 79,70 m²

Duplex 3 Quartos A 113,10 m²

Duplex 3 Quartos B 156,70m²

1º Pavimento

1º Pavimento

1º Pavimento

+33,00

+30,00

+27,00

+24,00

+21,00

2º Pavimento

2º Pavimento

+18,00

2º Pavimento

+15,00

+12,00

+9,00

+6,00

0

5

10

+3,00

+0,00

-3,00

-6,00

0

5

10


CORTE LONGITUDINAL

+45,00

+45,00

+42,00

+42,00

+39,00

+39,00

+36,00

+36,00

+33,00

+33,00

+30,00

+30,00

+27,00

+27,00

+24,00

+24,00

+21,00

+21,00

+18,00

+18,00

+15,00

+15,00

+12,00

+12,00

+9,00

+9,00

+6,00

+6,00

+3,00

+3,00

+0,00

+0,00

-3,00

-3,00

-6,00

-6,00

0

5

10


FACHADAS

Fachada 1

Fachada 2

Fachada 4

Fachada 3


Fachada leste do edifĂ­cio Imagem: Renan Marinho


Detalhe das varandas Imagem: Renan Marinho


Vista da praรงa elevada Imagem: Renan Marinho


Playground e muro artístico Imagem: Olívia Patrício

106

Áreas de estar na praça elevada Imagem: Olívia Patrício

107


Espaço coworking

Imagem: Olívia Patrício

108

109


Apartamento Duplex Tipo B Imagem: Olívia Patrício

110

111


5.3 | ANÁLISE DE INSOLAÇÃO

CAPÍTULO 5 - A PROPOSTA

Fez-se necessário, inicialmente, analisar o entorno para verificar sua influência na ventilação e insolação do edifício. Utlizando da ferramenta Autodesk Ecotect Analysis 201153, foram geradas máscaras do entorno e as sombras no inverno e no verão.

112

{5.3} a| Projeção das sombras no solstício de inverno. b| Projeção das sombras no solstício de verão. Fonte: Imagens obtidas através do programa

{5.4}

53 O software Autodesk® Ecotect® Analysis é uma ferramenta completa de análise de projeto sustentável do conceito ao detalhe, oferecendo uma ampla variedade de funções de simulação e análise por meio de plataformas para desktop e serviços web. Soluções BIM da Autodesk. Disponível em: <http://www.autodesk. com.br/>. Acesso em 14 jul. 2015.

a| Máscara do entorno da fachada leste. b| Máscara do entorno da fachada oeste. Fonte: Imagens obtidas através do programa Autodesk Ecotect Analysis.

ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA

Após a análise climática, ficou evidente a importância de implantar o edifício de modo a receber a ventilação vinda do leste. Contudo, tal implantação aumentaria as áreas de fachada voltadas às maiores quantidades de radiação solar, notadamente as superfícies voltadas para leste e oeste. Assim, tornou-se fundamental o desenho de proteções solares como forma de garantir o conforto térmico e reduzir o consumo de energia nas unidades habitacionais.

Nos esquemas apresentados, onde o edifício encontra-se em evidência na cor amarela, percebe-se que tanto no inverno quanto no verão o entorno tem um papel importaníssimo no sombreamento do projeto, já que se trata de um trecho urbano adensado através da verticalizacao, o que representa relevante redução nas taxas de radiacao que incidiriam sobre as fachadas do edifício, impactanto em sua carga térmica.

113


As máscaras foram geradas a partir da maquete esquemática do edifício e do entorno imediato, a 9 metros de altura, ou seja, no terceiro pavimento. Através da máscara da fachada leste, conclui-se que nos meses de fevereiro a junho a edificação só receberá sol a partir de 7h30 – 8h da manhã e, em janeiro, receberá sol por toda a manhã.

{5.4} a| Simulação da insolação no solstício de inverno. b| Simulação da insolação no equinócio. Fonte: Imagens obtidas através do programa Autodesk Ecotect Analysis.

Já na máscara da fachada oeste, verifica-se que há entrada de sol até 15h nos meses de julho a outubro, e, em novembro e dezembro, o sol penetra a edificação somente até às 16h. Com isso, percebeu-se a necessidade de proteger ambas fachadas da insolação nos períodos em que o entorno não gera sombras, que são de altas temperaturas, de 10h da manhã até 14h da tarde.

Para proteger a fachada leste foram escolhidas venezianas de madeira, com moldura em alumínio, a serem instaladas nas varandas dos apartamentos. Através de testes realizados com o Autodesk Ecotect Analysis pôde-se simular a entrada do sol na fachada em 3 datas distintas: o solstício de verão, o solstício de inverno e o equinócio A partir dos testes concluiu-se que para proteger a fachada leste da {5.3}

CAPÍTULO 5 - A PROPOSTA

Simulação da insolação no solstício de verão. Fonte: Imagem obtida através do programa Autodesk Ecotect Analysis.

114

insolação a partir das 9h da manhã as venezianas devem possuir uma angulação de 44º.

ANÁLISE DE ILUMINAÇÃO NATURAL Utilizando o programa Autodesk Ecotect Analysis também é possível simular a quantidade de luz que entra em uma edificação de acordo com suas aberturas. O plugin Radiance é utilizado para dar maior precisão aos cálculos, cuja unidade de saída é em lux. As simulações das condições de iluminação natural foram realizadas para o solstício de verão (22/12) e de inverno (22/06) no horário de meio

ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA

Apesar de o sol ser importantíssimo nas residências por seu papel higienizador e pela iluminação natural, em excesso, ele pode trazer inúmeros desconfortos, entre térmico e luminoso (ofuscamento). A intenção dessa proteção é possibilitar o conforto ambiental nas habitações e, possivelmente, diminuir os gastos energéticos gerados com ventilação artificial.

115


{5.5} Simulação de entrada de luz no apartamento duplex no inverno com metade e todas as venezianas respectivamente. Fonte: Imagens obtida através do programa Autodesk Ecotect Analysis.

CAPÍTULO 5 - A PROPOSTA

{5.7}

116

As imagens mostram a quantidade de lux nos ambientes internos no período de inverno. O apartamento duplex aparece bastante iluminado e, mesmo com todas as venezianas fechadas, próximo as esquadrias encontramos valores de superiores a 600 lux. O apartamento simples recebe menos iluminação natural pois as esquadrias voltadas para o poente tem a circulação do pavimento como elemento que reduz a quantidade de luz. No entanto, ainda assim é possível perceber valores acima de 200 lux nos ambientes de cozinha e banheiros.

{5.6} Simulação de entrada de luz no apartamento simples no inverno com metade e todas as venezianas respectivamente. Fonte: Imagens obtida através do programa Autodesk Ecotect Analysis.

a| Simulação de entrada de luz no apartamento duplex no verão com metade e todas as venezianas respectivamente. b| Simulação de entrada de luz no apartamento simples no verão com metade e todas as venezianas respectivamente. Fonte: Imagens obtidas através do programa Autodesk Ecotect Analysis.

No verão a iluminação torna-se mais intensa em virtude da maior oferta de luz difusa e através das imagens percebe-se que os ambientes recebem a iluminação necessária para realizar diversas atividades confortavelmente. No duplex encontramos áreas com iluminação acima de 2000 lux e no apartamento simples utilizando metade das venezianas há entrada de cerca de 1400 lux próximo as esquadrias. Se considerarmos a NBR 541354 como parâmetro de comparação evidencia-se que os valores de lux recebidos com a iluminação na54

NBR 5413 - Iluminância de interiores, Abr. 1992.

ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA

dia, na condição de céu encoberto e adotando o plano de trabalho a 0,80m. Duas tipologias de apartamentos foram selecionadas – um de pavimento único e um duplex – e para os testes levou-se em consideração as venezianas presentes no projeto em duas situações: com todas fechadas e com metade fechadas.

117


Entretanto essa dimensão mínima de abertura proposta muitas vezes não é capaz de aproveitar toda a iluminação natural disponível no exterior e no interior dos ambientes.

{5.8}

SALAS DE ESTAR: GERAL

100

150

200

LOCAL (leitura, escrita, bordado, etc.)

300

500

750

COZINHAS: GERAL

100

150

200

LOCAL (fogão, pia, mesa)

200

300

500

GERAL

100

150

200

LOCAL (fogão, pia, mesa)

200

300

500

Tabela com níveis recomendados de lux para residências. Fonte: NBR 5413 - Iluminância de interiores, Abr. 1992.

Para a determinação da razão janela-parede (RJP), na língua inglesa Window-Wall Ratio (WWR), deve-se dividir a área líquida da janela pela área bruta da parede que a contém (comprimento x pé-direito).56 Através desse cálculo na fachada leste do projeto obtemos um valor de aproximadamente 31% de RJP.

QUARTOS DE DORMIR:

De maneira mais específica, tomando um dos dormitórios de uma tipologia de apartamento, temos 6,88 m² de área de piso, com uma janela de 2,4 m². O valor corresponde a aproximadamente 35% da área de piso, valor bastante superior ao determinado pelo código e que, certamente, produz impactos na quantidade e distribuição da luz natural interna.

HALL, ESCADAS, DESPENSAS, GARAGENS: GERAL

75

100

150

LOCAL

200

300

500

GERAL

100

150

200

LOCAL (espelhos)

200

300

500

BANHEIROS:

tural no projeto estão acima dos de iluminâncias médias mínimas sugeridas para iluminação em interiores

Para avaliar a ventilação recebida pela edificação foram geradas simulações de velocidade do ar no entorno e pressão devido ao vento na região imediatamente à frente das fachadas utilizando o programa Autodesk Flow Design. 57

Sobre os resultados, é possível concluir que a iluminação apresenta melhores resultados devido as grandes aberturas adotadas nas tipologias que, na fachada leste, encontram-se protegidas da luz direta pelas venezianas e permitem a entrada de luz difusa. Permite-se, assim, a redução do consumo de energia elétrica com iluminação artificial.

CAPÍTULO 5 - A PROPOSTA

Pelo Código de Obras e Posturas do Município de Fortaleza:

118

Art. 137 – As aberturas para iluminação e ventilação dos compartimentos de permanência prolongada, e dos de transitória deverão apresentar as seguintes condições mínimas: I. Área correspondente a 1/6 da área do compartimento, se este for de permanência prolongada, e a um oitavo da área do compartimento, se for de permanência transitória [...] 55

55 Código De Obras E Posturas Do Município De Fortaleza - Lei N.º 5.530. De 17 De Dezembro 1981

{5.8} Simulação de velocidade do vento na direção sudeste. Fonte: Imagem obtida através do programa Autodesk Flow Design. 56 Dimensionamento da iluminação natural. Disponível em: <http://www. fau.usp.br/cursos/graduacao/arq_urbanismo/disciplinas/aut0213/015_Cecace_2006_Dimensionamento_da_Iluminacao_Natural_Metodo.pdf>. Acesso em 24 jul.2015. 57 O Flow Design simula o fluxo de ar e o teste de túnel de vento ao redor de edifícios, veículos, equipamento exterior, produtos de consumo ou qualquer outra estrutura virtual. Funcionalidades do Flow Design. Disponível em: <http://www. autodesk.pt />. Acesso em 20 jul. 2015.

ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA

5.4 | ANÁLISE DE VENTILAÇÃO

119


{5.9} Simulação de velocidade do vento na direção leste. Fonte: Imagem obtida através do programa Autodesk Flow Design.

realizados com uma velocidade média dos ventos de 5m/s e tomando como base o pavimento mediano. Fica claro que a leste e, principalmente, a sudeste as variações de pressão apresentam-se importantes para a possibilidade de gerar fluxos através das unidades, sendo positivas na fachada a barlavento e negativas a sotavento. Tal condição é, ainda, reforçada pela alta porosidade da edificação projetada, potencializando os fluxos através dos ambientes. Com isso evidencia-se que mesmo em área adensada e a edificação apresentando-se com uma altura total menor do que o encontrado no seu entorno é possível contar com ventilação em níveis aceitáveis para o conforto térmico

Através das imagens percebe-se a presença de um corredor de vento que chega até o edifício permitindo velocidades acima de 5m/s. As velocidades de leste atingem valores capazes de favorecer o resfriamento dos ocupantes. Apesar de as maiores velocidades registradas na simulação com vento de leste, os testes com vento de sudeste, segunda predominância para a cidade de Fortaleza, também recebe um alto fluxo de ventos, o que contribuiria para gerar conforto interno aos usuários. Os testes de pressão também foram {5.10}

CAPÍTULO 5 - A PROPOSTA

a| Simulação de pressão do vento na direção sudeste. b| Simulação de pressão do vento na direção leste. Fonte: Imagens obtidas através do programa Autodesk Flow Design.

120

Para revestir externamente o edifício foi escolhido o sistema de fachadas ventiladas KeraGail58 que utiliza revestimentos não aderidos no corpo da edificação, utilizando de subestruturas de fixação. Esse revestimento cerâmico possui ranhuras na parte de trás das placas e permite o encaixe com perfis de alumínio perfurados, deixando completamente oculta a subestrutura de fixação. O sistema cria uma câmara de ventilação entre o revestimento e a vedação do edifício. Devido ao aquecimento do ar nesse espaço, ocorre o “efeito de chaminé” que gera uma ventilação contínua. Pontes térmicas e problemas de condensação são eliminados, proporcionando maior conforto térmico à edificação.59

Os componentes do sistema KeraGail são divididos em três partes: painéis cerâmicos, subestrutura metálica e impermeabilizantes. As placas possuem tamanhos variáveis, definidas conforme o projeto. No edifício proposto as placas possuem 1,00m x 0,40m e são da cor Cream 03. 58 O Sistema KeraGail da Gail compreende desde desenvolvimento de projeto executivo, mapeamento das fachadas, impermeabilização das alvenarias, instalação de subestrutura de alumínio e a montagem dos painéis cerâmicos. Disponível em <http://www.aecweb.com.br>. Acesso em 22 jul. 2015. 59 SILVA, Fernando Benigno da. Fachadas com revestimento cerâmico não aderido. Techne Pini. Disponível em <http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/184/fachadas-com-revestimento-ceramico-nao-aderido-286935-1.aspx>. Acesso em 24 jul. 2015.

ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA

5.5 | MATERIAIS E TECNOLOGIAS PROPOSTOS

121


{5.11}

COLETORES SOLARES

a|

a| Sistema KeraGail detalhado. Fonte: <http://www.gail.com.br> b,c| Fotos da instalação das cerâmicas. Fonte: Acervo da autora.

Devido as recentes crises energéticas no país, cada vez mais as edificações vêm aderindo aos sistemas de captação solar para economizar energia. Em Fortaleza esse sistema pode ser um útil aliado pois há presença de sol em todos os meses do ano. O projeto reservou parte da laje da coberta como local para as placas solares, sua função é a de captar energia solar e aquecer água para os condôminos. O sistema é composto de placas coletoras, de 2,0m x 1,0m, e pelo reservatório térmico, de aço inoxidável, responsável por armazenar a água aquecida que será utilizada nos chuveiros da edificação.

1. Painéis cerâmicos extrudados 2. Clamp 3. Perfil T 4. Ancoragem

a| Perspectiva esquemática do sistema de coletores solares. Fonte: <http://www.jmsaquecimento.com.br/instalacao. htm> b| Esquema do sistema de coletores solares. Fonte: <http://www.soletrol. com.br/educacional/comofunciona.php>

a| As placas cerâmicas do sistema são produzidas com cerca de 15 a 20% de material reciclado, reduzindo o consumo de matérias primas e reaproveitando materiais que seriam descartados no meio ambiente; b| Os perfis utilizados no sistema KeraGail, são de alumínio, material 100% reciclável; c| Possuem alto desempenho térmico e acústico; d| Não gera resíduos em sua instalação; e| Baixa necessidade de manutenção; f| Longa vida útil (cerca de 60 anos).

CAPÍTULO 5 - A PROPOSTA

b|

122

c|

b|

ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA

{5.12}

No quesito sustentabilidade o material possui diversas vantagens:

123


JARDIM VERTICAL

O modelo Sliding Shutters Adjustable da marca Hunter Douglas 60 permite que o usuário ajuste as venezianas manualmente até o ângulo adequado de proteção necessária.

Cada vez mais populares, os jardins verticais estão sendo utilizados em fachadas cegas de edifícios. Os benefícios são muitos, além da estética da cidade, as paredes verdes funcionam para a redução da temperatura, o isolamento acústico e podem diminuir em 30% a poluição do entorno.

Sua estrutura é composta de molduras em alumínio e aletas de madeira, são de materiais duráveis e possibilitam a regulagem de calor e luz nos ambientes internos, trazendo um diferencial estético ao projeto e configurando-se como solução efetivas de controle solar. No projeto as venezianas são de correr e o morador tem a possiblidade de fechar toda sua varanda. Com largura de 1 metro, a altura das venezianas varia de acordo com a tipologia dos apartamentos, simples ou duplex.

No edifício proposto o jardim vertical foi utilizado para revestir a caixa de escada, um elemento geralmente de pouco destaque nas fachadas, unindo o verde a composição de cores dos cobogós. O café também teve sua fachada revestida por jardins.

{5.13}

CAPÍTULO 5 - A PROPOSTA

Exemplo de jardim vertical. Fonte: <http://www.hypeness. com.br/2014/02/documentario-mostra-trabalho-de-grupo-que-espalha-jardins-verticais-por-sao-paulo/>

124

Os jardins verticais necessitam de fertilização, entretanto o sistema de irrigação é automatizado, diminuindo a necessidade de manutenção. Diversas espécies de plantas podem ser utilizadas nos jardins verticais dependendo do clima e das espécies nativas da região.

{5.14} Exemplo de veneziana Sliding Shutter. Fonte: <http://www2.hunterdouglascontract.com/enGB/ suncontrol/shutters/sliding/ adjustable/index.jsp>

VENEZIANAS DE CORRER Afim de proteger as varandas das unidades habitacionais da incidência direta foram propostas venezianas como solução.

60 O Grupo Hunter Douglas, líder mundial em cortinas, persianas e toldos, é uma empresa de destaque no mercado de produtos arquitetônicos como forros, revestimentos e fachadas industriais e comerciais. Disponível em: <http://www. hunterdouglas.com.br/ap/br/sobre-a-hunter-douglas>. Acesso em 25 jul.2015.

ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA

Dentre outras vantagens as venezianas deslizantes permitem uma fácil e rápida instalação com poucas ferramentas.

125


C

5.6 | DETALHAMENTO CONSTRUTIVO

CORTE VENEZIANA

06

DETALHE TRILHO

07

VISTA FRONTAL

ESCALA 1/50

ESCALA 1/5

C

COBOGÓ PRÉ-MOLDADO

ESCALA 1/50

.025

.450

GUARDA CORPO COM TELA METÁLICA EXPANDIDA

.450

.025

C

TELA METÁLICA PERFURADA PINTADA

.500

C

PRÉ-MOLDADO DE CONCRETO

04

08

COMPOSIÇÃO DAS VENEZIANAS NA VARANDA COMPOSIÇÃO DAS VENEZIANAS ESCALA NA 1/50 VARANDA ESCALA 1/50

.025

ESCALA 1/50

02

CORTE ESCALA 1/20

03

06 02

VISTA TRILHO

.05 .02 .08

.02

.500

DETALHE TRILHO 02 DETALHE TRILHO TRILHO DETALHE ESCALA 1/5

ESCALA1/1/ ESCALA 55 SUPERIOR

ESCALA 1/20

TRILHO SUPERIOR

MOLDURA EM ALUMÍNIO

CAPÍTULO 5 - A PROPOSTA

VENEZIANAS DE CORRER

07

MOLDURA EM ALUMÍNIO

ESCALA 1/50

TRILHO INFERIOR TRILHO INFERIOR VARANDA VARANDA

08

05

VENEZIANA VISTA FRONTAL CORTE ESCALA 1/50 ALETAS DE MADEIRA

ALETAS DE MADEIRA

COMPOSIÇÃO DAS VENEZIANAS NA VARANDA ESCALA 1/50 DETALHE TRILHO 1.00

06

.08

VENEZIANAS DE CORRER

126

.08

.500

.025

ESCALA 1/5

1.00

04

COMPOSIÇÃO DE COBOGÓS DA FACHADA ESCALA 1/50

04 04

COMPOSIÇÃO COMPOSIÇÃO DE COBOGÓS DE COBOGÓS DA FACHADA DA FACHADA ESCALA 1/50 ESCALA 1/50

CORTE 01 CORTE 01 05 CORTE VENEZIANA ESCALA 1/50

ESCALA 1/50 ESCALA 1/50

06

DETALHE TRILHO ESCALA 1/5

2.30

.450

ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA

.025

.08

D

.500

CORTE C

ESCALA 1/50

2.30

ESCALA 1/20 ESCALA 1/20 ESCALA 1/20 ESCALA 1/20

01

.05

.025

.025

.500

.450

VISTA

CORTE VENEZIANA .08

COBOGÓ PRÉ-MOLDADO

05 .450

02 CORTE 02 CORTE 03 VISTA 03

.500

.08

ESCALA 1/50 ESCALA 1/50

.025

D

01 CORTE 01 CCORTE C

.025

.025

.500

.450

.060

.025

.025 .025

TELA METÁLICA PERFURADA PINTADA

.450

.450

.025

.025

PRÉ-MOLDADO DE CONCRETO

.025

.025

.500

ESCALA 1/20 .500

ESCALA 1/20

.060

VISTA .450

03

CORTE

GUARDA CORPO COM TELA METÁLICA .500EXPANDIDA

.500

.025

.025

COBOGÓ PRÉ-MOLDADO

02

.450

.450

ESCALA 1/50

.025

.025

CORTE C

.450

01

.025

.500

.025

.025

PRÉ-MOLDADO DE PRÉ-MOLDADO DE TELA METÁLICA TELA METÁLICA CONCRETO CONCRETO PERFURADA PINTADA PERFURADA PINTADA

GUARDA CORPO GUARDA CORPO COM TELA COM TELA METÁLICA EXPANDIDA METÁLICA EXPANDIDA

COBOGÓ PRÉ-MOLDADO

05

VISTA FRONTA 03 FRONTAL VISTAVISTA FRONTAL 03 07 ESCALA 1/50

1/50 ESCALA ESCALA 1/50

08

127

COMPOSIÇÃO DAS VENEZIA ESCALA 1/50


CAPÍTULO 6

CONSIDERAÇÕES

A redução dos gastos energéticos mostra-se hoje como importante meta para que se possa garantir construções energeticamente eficientes e com menor impacto sobre o meio ambiente, visando, sobretudo, atingir certos níveis de sustentabilidade. Haja visto toda a pesquisa e o projeto proposto, evidenciou-se que a arquitetura bioclimática pode trazer inúmeros benefícios a edificações habitacionais no que concerne a economia de energia e melhor aproveitamento dos recursos naturais. Ao analisar os dados do mercado imobiliário percebeu-se que grande parte dos empreendimentos habitacionais voltados para a classe média alta seguem um padrão de poucas tipologias por edifício, muitas vezes agregando diversas atrações na área comum de lazer e com fachadas que trazem pouca, ou mesmo nenhuma, inovação no que se refere aos materiais aplicados, cores ou formas.

6.

Como exemplo, no bairro Meireles, encontramos edifícios de apartamentos que não interagem com o entorno, fechando-se em muros ou gradis e valorizando apenas os espaços internos privativos, comprometendo a relação com a rua e com a cidade em si. Outro ponto negativo observado é o fato de muitas vezes prédios residenciais possuírem apenas uma ou duas tipologias habitacionais, ou seja, acaba por reunir um mesmo tipo de consumidor ou família, não diversificando e gerando segregação sócio-espacial. Muito pode ser aprendido com as referências expostas, tanto nacionais quanto internacionais, no quesito de redução de custos da edificação, na utilização de novos materiais e tecnologias, apro-

ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA

6.1 | CONSIDERAÇÕES FINAIS

129


bioclimáticas e nem em diferentes tipologias e os consumidores deparam-se com empreendimentos similares que muitas vezes não correspondem aos seus desejos e necessidades.

6.2 | BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

Sobre a legislação do município de Fortaleza, observou-se que muitas vezes esta não auxilia ou até mesmo dificulta propostas diferenciadas, como a de usos mistos ou com novas formas, reentrâncias e implantações.

Muitas vezes os investidores buscam reduzir custos e projetam edificações com poucas esquadrias ou de pouca área, não suprindo a necessidade dos ambientes internos de ventilação e nem iluminação natural.

EDWARDS, B. O Guia Básico para a Sustentabilidade. Barcelona: Gustavo Gili, 2008.

Com os testes de insolação, iluminação e ventilação, evidencia-se que o clima local, apesar das altas temperaturas e dos elevados níveis de umidade relativa do ar durante boa parte do ano, pode ser contornado com proteção solar adequada e a captação correta dos ventos. A iluminação natural também pode ser melhor aproveitada, gerando diminuição dos gastos com energia elétrica durante todo o ano. A escolha de esquadrias maiores que as encontradas comumente auxilia no conforto ambiental interno, assim como as amplas varandas que estão presentes em todas as unidades. As venezianas e os cobogós dão uma caracterização local ao projeto, evidenciando que soluções antigas permanecem boas com o tempo e podem ser reinterpretadas na arquitetura contemporânea. Responsáveis pelo dinamismo e pelas atrativas cores das fachadas, tais elementos cumprem satisfatoriamente sua tarefa de proteção.

Nota-se um crescimento de empreendimentos intitulados “ecológicos” ou “sustentáveis”. É preciso apontar que, embora apresentem soluções pontualmente eficientes nesse sentido, na realidade, esses projetos ainda não trazem as mudanças necessárias para serem considerados como tais – apenas utilizam da nomenclatura no intuito de agregar valor comercial.

O setor de edifícios residenciais em Fortaleza ainda não vem oferecendo alternativas focadas em estratégias

O presente trabalho veio então para propor e demonstrar uma alternativa viável ao mercado de habitações contemporâneas, com habitações mais eficientes energeticamente, mais integradas à cidade e numa linguagem inovadora.

CORBELLA, Oscar; YANNAS, Simons. Em Busca De Uma Arquitetura Sustentável Para os Trópicos. Rio de Janeiro: Revan, 2009.

FANGER, P. O. Airflow characteristics of occupied zone of ventilated space. ASHRAE Transactions. New York: ASHRAE, 1987 FARR, Douglas. Urbanismo sustentável: desenho urbano com a natureza. Porto Alegre: Bookman, 2013. xvii, 326 p. FRENCH, Hilary. Os + importantes conjuntos habitacionais do século XX: plantas, cortes e elevações. Porto Alegre: Bookman, 2009. 240p GAUZIN-MÜLLER, Dominique. Arquitetura Ecológica. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2011. 302p. GONÇALVES, Teresinha Maria. Habitação e sustentabilidade urbana. Revista INVI Nº 65 / Mayo 2009 / Volumen Nº 24: 113-13 GRUNBERG, Paula Regina Mendes; MEDEIROS, Marcelo Henrique Farias; TAVARES, Sergio Fernando. Certificação ambiental de habitações: comparação entre LEED for Homes, Processo Aqua e Selo Casa Azul. Ambiente & Sociedade. São Paulo, vol.17, n.2, pp. 195214, abr.- jun. 2014. HOLANDA, Armando de. Roteiro para construir no Nordeste: arquitetura como lugar ameno nos trópicos ensolarados. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, Instituto de arquitetos do Brasil, PE, 2010. 67p. KOENIGSBERGER, O.; INGERSOL, T. G.; MAYHEW, A.; SZOKOLAY, S. V. Manual of Tropical Housing and Building. Part I: Climatic Design. London: Longman, 1974. LEITE, R. C. V. Cidade, vento, energia: limites de aplicação da ventilação natural para o conforto térmico face à densificação urbana em clima tropical úmido. (Tese). Doutorado em Arquitetura e Urbanismo. FAUUSP. 2015

ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA

CAPÍTULO 6 - CONSIDERAÇÕES

130

veitamento da energia solar e eólica e também na linguagem contemporânea e diferenciada que vem sendo proposta cada vez mais nos edifícios de São Paulo.

131


MIANA, Anna Christina. Adensamento e forma urbana: inserção de parâmetros ambientais no processo de projeto. São Paulo, 2010. 393p. Tese Doutorado FAUUSP

Fortaleza. LEI Nº 9857 Plano Diretor Participativo do Município de Fortaleza (PDP). De 22 de dezembro de 2011.

PRÊMIO Odebrecht para o desenvolvimento sustentável: Livro Comemorativo 2011: compilação dos melhores projetos. [Rio de Janeiro, RJ]: Construtora Norberto Odebrecht, [2012]. 121p.

NBR 15220 – Desempenho Térmico das Edificações, set. 2013.

ROAF, Sue. A adaptação de edificações e cidades às mudanças climáticas: um guia de sobrevivência para o século XXI. Porto Alegre: Bookman, 2009. 384p

NBR 14880 - Saídas de emergência em edifícios - Escadas de segurança - Controle de fumaça por pressurização, ago. 2002.

TAVARES, Sérgio Fernandes. Metodologia De Análise Do Ciclo De Vida Energético De Edificações Residenciais Brasileiras. 2006. Tese (Doutorado em Engenharia Civil) – Programa De Pós-Graduação Em Engenharia Civil, Universidade Federal De Santa Catarina, Florianópolis, 2006. CAPÍTULO 6 - CONSIDERAÇÕES

Fortaleza. Código De Obras E Posturas Do Município De Fortaleza. LEI N.º 5.530 de 17 de dezembro 1981.

PALERMO, Carolina. Sustentabilidade social do habitar. Florianópolis: Ed. do Autor, 2009. 96p.

SACHS, Ignacy. Estratégias de transição para o século XXI - desenvolvimento e meio ambiente. São Paulo: Studio Nobei/FUNDAP, 1993, 103 p.

132

Fortaleza. LEI Nº. 7.987 de 23 de dezembro de 1996. Dispõe sobre o uso e a ocupação do solo no Município de Fortaleza, e adota outras providências. Diário Oficial do Município, 1996.

SILVA et al., José Iraildo da. Os benefícios da arquitetura bioclimática no conforto e na economia energética. VII Connepi, Palmas, out. 2012. VERSOLATO, Bruno. Dois problemas e uma mesma solução. Revista Arquitetura & Construção/Especial Construção Sustentável 12/2010

NBR 5413 - Iluminância de interiores, abr. 1992 ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA

MATOS, Grecia; WAGNER, Lorie. Consumption of materials in the United States, 1990-1995. Annual Review of Energy and the Evironment, v.23, n.1, p.107-122, Palo Alto, November, 1998.

NORMAS E LEIS

133


AMBIENTE

COMÉRCIO

Tabela de Índices do empreendimento

Loja 1

22,16

Loja 2

24,46

Loja 3

36,71

Loja 4

20,92

Bar

58,28

Café

73,00

Banheiros Taxa de Ocupação

31%

Índice de Permeabilidade

34%

Índice de Aproveitamento

2,3

Total:

242,67

AMBIENTE Portaria Hall

CONDOMÍNIO

Tabelas referentes ao Programa de Necessidades do projeto

PROGRAMA DE NECESSIDADES TIPOLOGIA

QUANTIDADE

ÁREA (m²)

Estúdio

16

37,10

2 Quartos

16

65,40

3 Quartos

CAPÍTULO 6 - CONSIDERAÇÕES

APARTAMENTOS

134

Duplex 2 Quartos

4

Duplex 3 Quartos A

4

Duplex 3 Quartos B

Total:

12

6

58

99,50

79,70

113,10

156,40

4545,40

AMBIENTES Varanda Cozinha Sala/ Quarto Banheiro

Escritório Cozinha/ Serviço Banheiro Lavabo

Varanda Banheiro Sala/ Cozinha Lavabo 2 Quartos Varanda Sala 1 Suíte 2 Quartos

Escritório Cozinha/ Serviço Banheiro Lavabo

Varanda Sala 1 Suíte 2 Quartos

Escritório Cozinha/ Serviço Banheiro Lavabo

ÁREA (m²) 7,48 116,55

Quarto Zelador

8,14

Depósito

8,14

D.M.L

2,32

Coworking

45,77

Varanda

35,80

Lavanderia

19,00

Sala de Cinema

43,00

WC

2,29

Total:

Varanda Escritório Sala Cozinha/ Serviço 1 Suíte Banheiro 1Quarto Varanda Sala 1 Suíte 2 Quartos

7,14

288,50 AMBIENTE

ÁREA (m²)

Lixo/ Gás

10,41

Portaria

7,48

ÁREAS COMUNS EDIFÍCIO D.M.L. RESIDENCIAL WC Portaria (Térreo) Vestiário Depósito Hall Total:

3,30 8,14 8,14 116,54 156,33

AMBIENTE Mezanino ÁREAS COMUNS EDIFÍCIO RESIDENCIAL Sala Cinema (1˚ andar) Coworking Hall Total:

2,32

ÁREA (m²) 28,80 43 45,77 35,82 1563,39

ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA

6.3 | APÊNDICE

ÁREA (m²)

135


Total:

206,90

ESTÚDIO DUPLEX (TÉRREO)

18,90 225,80

AMBIENTE SUBSOLO 1

ÁREA (m²)

ESTÚDIO DUPLEX (SUPERIOR)

ÁREA (m²)

QUANTID.

TOTAL

Vagas

10,80

44

475,20

Manutenção

18,46

1

18,46

Total:

493,66

2,31

VARANDA

4,53

QUARTO

31,60

BANHEIRO

2,56

SALA TV

9,40

SALA ESTAR

13,50

SALA JANTAR

10,00

COZINHA/SERVIÇO

7,70

TOTAL

LAVABO

2,30

Vagas

10,80

49

529,20

ESCRITÓRIO

3,40

Depósito

18,46

1

18,46

VARANDA

11,20

Cisterna

92,68

1

92,68

QUARTO 1

7,30

640,34

BANHEIRO 1

2,30

QUARTO 2

8,80

SUÍTE MASTER

12,20

BANHEIRO SUÍTE

2,60

VARANDA

11,20

ESTAR

36,75

JANTAR

18,39

COZINHA/SERVIÇO

10,36

LAVABO

1,71

APARTAMENTO MÉDIO DUPLEX (SUPERIOR)

ESTÚDIO

APARTAMENTO MÉDIO

CAPÍTULO 6 - CONSIDERAÇÕES

LAVABO

QUANTID.

Total:

136

25,92

ÁREA (m²)

AMBIENTE SUBSOLO 2

APARTAMENTO MÉDIO DUPLEX (TÉRREO)

ESTAR ÍNTIMO

APATAMENTO GRANDE

AMBIENTE

ÁREA (m²)

ESTAR ÍNTIMO

28,60

BANHEIRO

3,10

VARANDA

4,50

ESTAR/JANTAR

13,50

COZINHA/SERVIÇO

4,80

ESCRITÓRIO

4,20

QUARTO 1

6,90

BANHEIRO 1

2,40

SUÍTE MASTER

13,00

BANHEIRO SUÍTE

2,50

VARANDA

11,20

ESTAR/JANTAR

21,20

COZINHA/SERVIÇO

6,40

ESCRITÓRIO

5,60

QUARTO 1

9,10

BANHEIRO 1

2,90

QUARTO 2

9,40

SUÍTE MASTER

17,70

BANHEIRO SUÍTE

3,00

VARANDA

13,60

APARTAMENTO GRANDE DUPLEX (TÉRREO)

ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA

AMBIENTE ÁREAS COMUNS EDIFÍCIO RESIDENCIAL Festas (12˚ andar) Lavanderia

137


Diagramação:

nayanne guerra Este trabalho foi diagramado usando as seguintes fontes:

Gudea Biko



TA O MO ARD LEON RU A Área

tota

l=2

.430

RUA

REPÚ

0

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A DO

LÍBA

NO

50

100

IMPLANTAÇÃO SEM ESCALA

MEMORIAL O projeto busca quebrar a monotonia formal e utilizar de estratégias bioclimáticas para gerar conforto e minimizar impactos ambientais. O conceito de lote aberto foi implantado aproveitando o espaço liberado pelos pilotis do edifício, buscando integrar-se ao máximo com o bairro e com a cidade. A intenção é de propor espaços de qualidade não apenas para os residentes. O edifício pode ser caracterizado como misto, pois une habitação e comércio na intenção de trazer vida ao lote e aumentar a sensação de segurança aos moradores. A permeabilidade da praça auxilia o comércio localizado no térreo, composto de lojas, um café e um bar. A praça possui espaços de lazer e de contemplação como os jardins, os espelhos d’água e o playground e de comércio, vindo suprir a demanda de espaços públicos no entorno do lote, como analisado previamente no diagnóstico. Os equipamentos escolhidos para a praça foram pensados de forma a incluir todas as idades e promover sua utilização durante todos os períodos do dia. Em relação à torre residencial, a maior preocupação foi projetar espaços confortáveis e eficientes para os moradores, controlando a insolação e promovendo a entrada dos ventos para que não haja necessidade de utilização de iluminação elétrica durante o dia e nem de condicionadores de ar na maior parte do ano. Composto de 13 andares de apartamentos, o edifício possui seis tipologias, divididas entre apartamentos simples e duplex, em um total de 58 unidades habitacionais. A implantação deixa todas as principais esquadrias das habitações voltadas para o leste, a fim de receber ventilação natural, deixando a torre, assim, paralela aos limites do lote. No segundo pavimento, inicia-se a parte residencial. O pavimento tipo é composto de seis habitações, dispostas em 3 tipologias: Estúdio, dois quartos e três quartos, respectivamente, 37,10m²; 65,40² e 99,50m². Essas mesmas tipologias são transformadas em apartamentos duplex em determinados andares, aumentando para Duplex de 2 quartos de 79,70m²; Duplex de 3 quartos de 113,10m² e Duplex de 3 quartos de 156,70m², somando um total de 6 tipologias. No que concerne aos materiais, o edifício é composto de estrutura de concreto aparente, grandes aberturas de vidro e alumínio, cerâmica na fachada ventilada, cobogós pré-moldados de concreto e venezianas de madeira com moldura em alumínio. Na coberta, parte da área foi destinada para painéis solares, no intuito de aquecer a água dos apartamentos, outra parte é formada de lajes jardim, que auxiliam a diminuir a incidência solar e a carga t é r m i c a . O empreendimento propõe-se a atender a uma parcela da população que se preocupa com as mudanças climáticas e busca uma rotina de vida mais saudável e sustentável, praticando atividades físicas, preferindo o uso de outros modais além do veículo particular, fazendo a coleta seletiva de lixo, utilizando de materiais e aparelhos mais eficientes, com economia de energia e água, que se preocupa com a cidade e com a comunidade. Jovens, casais, solteiros e pequenas famílias que almejam qualidade de vida e conforto. Além de tudo, esse mercado aprecia inovações e diferenciais na arquitetura.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

LUANA GIRÃO COELHO ORIENTADOR: RENAN CID VARELA LEITE 2015

ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA

01/05


03

04

02 A

A

PLANTA PRAÇA ELEVADA 1:250 B

01 03

PERSPECTIVA DAS VARANDAS DOS APARTAMENTOS.

PERSPECTIVA DA PRAÇA ELEVADA.

04

02 A

A

PLANTA BAIXA TÉRREO 1:250 B +45,00

+45,00

+42,00

+42,00

+39,00

+39,00

+36,00

+36,00

+33,00

+33,00

+30,00

+30,00

+27,00

+27,00

+24,00

+24,00

+21,00

+21,00

+18,00

+18,00

+15,00

+15,00

+12,00

+12,00

+9,00

+9,00

+6,00

+6,00

+3,00

+3,00

+0,00

+0,00

-3,00

-3,00

-6,00

-6,00

01 03

B

RUA LEONARDO MOTA

LAJE IMPERMEABILIZADA

02

LAJE IMPERMEABILIZADA

04

PAINÉIS SOLARES PAINÉIS SOLARES

A

A RUA REPÚBLICA DO LÍBANO

LAJE JARDIM

GÁS LIXO

B

01

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

PLANTA COBERTA/PAISAGISMO 1:250

CORTE AA 1:250

LUANA GIRÃO COELHO ORIENTADOR: RENAN CID VARELA LEITE 2015

CORTE BB 1:250

ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA

02/05


04

A

04

04

A

04

A

04 04

04

A

04

04

04

A

01

03

01

01

03

03 01

B

B

B

01

03

01

03

01

B

03

01

01

03 03

01

03 03

B

B

B

A

A

A

A

A

B

B

B

A A

A

A

A

02

PLANTA PAV. TIPO SIMPLES 1:250

02

02

02

PLANTA BAIXA SALÃO DE FESTAS 1:250

02

PLANTA BAIXA 11 PAV. 1:250

B A

B A

SUBSOLO 1 1:250

A

A

SUBSOLO 2 1:250

PERSPECTIVA PLAYGROUND.

B

B

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

PAV. TIPO DUPLEX SUPERIOR 1:250

02 PLANTA

A

02

A

02 PLANTA BAIXA 3 PAV. 1:250

A

A

A

02

02

PLANTA PAV. TIPO DUPLEX TÉRREO 1:250

LUANA GIRÃO COELHO ORIENTADOR: RENAN CID VARELA LEITE 2015

ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA

03/05


A1

A1 A1 A1 A1 VISTA 01

VISTA 03

VISTA 02

VISTA 04

A1

A1 A1

PLANTAS TIPOLOGIAS APARTAMENTOS:

Tipologia 2 Quartos 65,40 m²

Duplex Estúdio 1º Pavimento 79,70 m²

Tipologia 3 Quartos 99,50m²

Estar/jantar Varanda Cozinha Lavabo WC Quarto

.060

.05

Estar/dormitório Varanda WC

Duplex 3 Quartos B 156,40m² 1º Pavimento

1º Pavimento

Estar/jantar Varanda Cozinha/serviço Lavabo WC Quarto 01 Quarto 02 Escritório Suíte master

Estar/jantar Varanda Cozinha/serviço WC Quarto Escritório Suíte master

Duplex 3 Quartos A 113,10 m²

2º Pavimento

.02

Tipologia Estúdio 37,10 m²

2º Pavimento

Estar/jantar Varanda Cozinha Lavabo Escritório WC Quarto 01 Quarto 02 WC Estar íntimo Suíte master

2º Pavimento Estar/jantar Varanda Cozinha/serviço Lavabo Escritório Quarto 01 Quarto 02 WC Suíte master

.08

C

ESCALA 1:75

D

.08

TRILHO SUPERIOR

C

TELA METÁLICA PERFURADA PINTADA

VENEZIANAS DE CORRER

MOLDURA EM ALUMÍNIO

.08

PRÉ-MOLDADO DE CONCRETO

.025

ALETAS DE MADEIRA

COBOGÓ PRÉ-MOLDADO

ESCALA 1/5

VENEZIANAS DE CORRER

01

ESCALA 1/20

.450

.025

03

VISTA FRONTAL ESCALA 1/50

VARANDA

.025

.025

.025

ALETAS DE MADEIRA

ESCALA 1/50 TRILHO INFERIOR

COBOGÓ PRÉ-MOLDADO .500

CORTE

2.30

03

1.00

MOLDURA EM ALUMÍNIO

.500

ESCALA 1/20

.450

02

.025

VISTA

.450

ESCALA 1/50

CORTE .025

01

CORTE C

.450

TELA METÁLICA .500PINTADA PERFURADA

.08

.025

.025

.500

VARANDA

.025

.025

TRILHO SUPERIOR

PRÉ-MOLDADO DE CONCRETO

GUARDA CORPO COM TELA METÁLICA EXPANDIDA

DETALHE TRILHO .08

02

TRILHO INFERIOR

.500

.450

GUARDA CORPO COM TELA METÁLICA EXPANDIDA

.450

.025

D

2.30

DETALHE VENEZIANA:

ESCALA 1/5

.08

DETALHE COBOGÓ:

DETALHE TRILHO .05

02

.02

.060

1.00

.500

01

04

CORTE C ESCALA 1/50

02

CORTE ESCALA 1/20

COMPOSIÇÃO DE COBOGÓS DA FACHADA ESCALA 1/50

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

03

VISTA ESCALA 1/20

01

04

CORTE ESCALA 1/50

03

VISTA FRONTAL ESCALA 1/50

COMPOSIÇÃO DAS VENEZIANAS NA VARANDA ESCALA 1/50

LUANA GIRÃO COELHO ORIENTADOR: RENAN CID VARELA LEITE 2015 COMPOSIÇÃO DAS VENEZIANAS NA VARANDA

PERSPECIVA DA PRAÇA ELEVADA.

ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA

04/05


ANÁLISE DA INSOLAÇÃO

ANÁLISE DA ILUMINAÇÃO NATURAL

ANÁLISE DA VENTILAÇÃO

MATERIAIS E TECNOLOGIAS

Com a análise climática local, ficou evidente a importância de uma i m p l a n t a ç ã o do edifício para receber a ventilação vinda do leste. Contudo, tal implantação aumentaria as áreas de fachada voltadas às maiores quantidades de radiação solar, notadamente as superfícies voltadas para leste e oeste. Fez-se necessário, inicialmente, analisar o entorno para verificar sua influência na ventilação e insolação do edifício. Utlizando da f e r r a m e n t a Autodesk Ecotect Analysis, foram geradas máscaras do entorno e as sombras no inverno e no verão.

Utilizando o programa Autodesk Ecotect Analysis também é possível simular a quantidade de luz que entra em uma edificação de acordo com suas aberturas. O plugin Radiance é utilizado para dar maior precisão aos cálculos, cuja unidade de saída é em lux.

Para avaliar a ventilação recebida pela edificação foram geradas simu l a ç õ e s de velocidade do ar no entorno e pressão devido ao vento na região imediatamente à frente das fachadas utilizando o prog r a m a Autodesk Flow Design.

Para revestir externamente o edifício foi escolhido o sistema de fachadas ventiladas KeraGail que utiliza revestimentos não aderid o s no corpo da edificação, utilizando de subestruturas de fixação. Esse revestimento cerâmico possui ranhuras na parte de trás das placas e permite o encaixe com perfis de alumínio perfurados, d e i x a n d o completamente oculta a subestrutura de fixação. O projeto reservou parte da laje da coberta como local para placas solares, sua função é a de captar energia solar e aquecer água para os condôminos. O sistema é composto de placas coletoras, de 2,0m x 1,0m, e pelo reservatório térmico, de aço inoxidável, responsável por armazenar a água aquecida que será utilizada nos chuv e i r o s da edificação.

Simulação de velocidade do vento na direção sudeste.

Projeção das sombras no solstício de inverno.

Afim de proteger as varandas das unidades habitacionais da incidência direta foram propostas venezianas como solução.

Simulação de entrada de luz no apartamento duplex no inverno com metade e todas as venezianas respectivamente.

Projeção das sombras no solstício de verão.

Máscara do entorno da fachada leste.

O apartamento duplex aparece bastante iluminado e, mesmo com todas as venezianas fechadas, próximo as esquadrias encontramos valores de superiores a 600 lux. O apartam e n t o simples recebe menos iluminação natural pois as esquadrias voltadas para o poente tem a circulação do pavimento como elemento que reduz a quantidade de luz. No entanto, ainda assim é possível perceber valores acima de 200 lux nos ambientes de cozinha e banheiros.

No edifício proposto há um jardim vertical e foi utilizado p a r a revestir a caixa de escada, um elemento geralmente de pouco destaque nas fachadas, unindo o verde a comp o s i ç ã o de cores dos cobogós. O café também teve sua fachada revestida por jardins. Imagens de uma fachada ventilada.

Simulação de pressão do vento na direção sudeste.

PERSPECTIVAS INTERNAS

Máscara do entorno da fachada oeste.

Através da máscara da fachada leste, conclui-se que nos meses de fevereiro a junho a edificação só receberá sol a partir de 7h30 – 8h da manhã e, em janeiro, receberá sol por toda a manhã. Já na máscara da fachada oeste, verifica-se que há entrada de sol até 15h nos meses de julho a outubro, e, em novembro e dezembro, o sol penetra a edificação somente até às 16h.

Simulação de velocidade do vento na direção leste.

APARTAMENTO DUPLEX 3 QUARTOS TIPO B.

Simulação da insolação no solstício de verão, inverno e equinócio.

Simulação de pressão do vento na direção leste. Simulação de entrada de luz no apartamento duplex no verão no apartamento duplex com metade das venezianas e no simples com metade e com todas as venezianas.

Para proteger a fachada leste foram escolhidas venezianas de mad e i r a , com moldura em alumínio, a serem instaladas nas varandas dos apartamentos. A partir dos testes concluiu-se que para proteger a fachada leste da insolação a partir das 9h da manhã as venezianas devem possuir uma angulação de 44º.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

No verão a iluminação torna-se mais intensa em virtude da maior oferta de luz difusa e através das imagens percebe-se que os ambient e s recebem a iluminação necessária para realizar diversas atividades confortavelmente. No duplex encontramos áreas com iluminação acima de 2000 lux e no apartamento simples utilizando metade das venezianas há entrada de cerca de 1400 lux próximo as esquadrias..

Fica claro que a leste e, principalmente, a sudeste as variações de pressão apresentam-se importantes para a possibilidade de gerar fluxos através das unidades, sendo positivas na fachada a barlavento e negativas a sotavento. Tal condição é, ainda, reforçada pela alta porosidade da edificação projetada, potencializando os fluxos através dos ambientes. Com isso evidencia-se que mesmo em área adensada e a edificação apresentando-se com uma altura total menor do que o encontrado no seu entorno é possível contar com ventilação em níveis aceitáveis para o conforto térmico. COWORKING.

LUANA GIRÃO COELHO ORIENTADOR: RENAN CID VARELA LEITE 2015

ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA

05/05


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