Plano Urbanístico e Paisagístico - Parque Matarazzo (Monografia)

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Plano Urbanístico e Paisagístico

PARQUE MATARAZZO

VIDA PÚBLICA - PATRIMÔNIO INDUSTRIAL - SISTEMA HÍDRICO

Trabalho Final de Graduação | Lucas Chiconi Balteiro | Junho 2017 Orientadora: Marina Caraffa

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FIAM – FAAM CENTRO UNIVERSITÁRIO

Lucas Chiconi Balteiro PARQUE MATARAZZO São Paulo e São Caetano do Sul

SÃO PAULO 2017

Trabalho Final de Graduação apresentado à Banca Examinadora da FIAM-FAAM Centro Universitário, como exigência parcial para obtenção de título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo sob a orientação da Professora Marina Caraffa

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BALTEIRO, Lucas Chiconi – Parque Matarazzo, São Paulo e São Caetano do Sul / Lucas Chiconi Balteiro – São Paulo, 2017. 94 páginas.

Notas 1. TFG 2. Parque Matarazzo

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Lucas Chiconi Balteiro

PARQUE MATARAZZO São Paulo e São Caetano do Sul

Trabalho Final de Graduação ao curso de Arquitetura e Urbanismo sob a orientação da Professora Marina Caraffa. Defendido e aprovado em ______ de ________________ de 2017, pela banca examinadora constituída pelos professores:

_________________________________ Marina Caraffa FIAM - FAAM - Orientador

_________________________________ FIAM - FAAM

_________________________________ Convidado

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, Sonia e Antonio, pelo privilégio e direito à vida, incentivo, educação, proteção e amor incondicional. Às minhas primas, Cynthia e Cylene, pelo suporte pessoal, amizade e referências familiares.

À Raíssa, melhor amiga, pela inspiração, companheirismo, amor e conexão espiritual. Aos amigos, Bárbara, Charles, Cynthia, Felipe, Flurina, João, Lígia, Marcos e Monique, pelo contínuo incentivo e presença nos momentos mais importantes.

Aos amigos da FIAM FAAM, Michelle, Natália, Nathália e Viviane, que compartilharam do mesmo processo acadêmico e estiveram presentes no meu desenvolvimento ao longo da graduação e posteriormente. À Rosi, por ter contribuído com ensinamentos fundamentais para o projeto.

Aos técnicos da Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Prefeitura de São Paulo, por todo o conjunto de ensinamentos e experiência adquirida no estágio, além da amizade e sentimento que foram cultivados. Em especial, Fábio e Maria Teresa, meus su-

pervisores.

À Alexandre Martins, professor do quinto ano da graduação e orientador de estrutura do projeto, por todos os ensinamentos atribuídos ao projeto e amizade.

À Angela Amaral, professora do segundo ano da graduação, pelo otimismo, sabedoria e descontração que foram fundamentais para a evolução sobre meus interesses e paixão pelos estudos da cidade e projetos de escala urbana.

À Marina Caraffa, professora do quinto ano da graduação e orientadora do projeto, pelo comprometimento, experiência, amizade, confiança e credibilidade depositadas desde o início do trabalho. Pelas sábias palavras de incentivo e críticas realizadas nos momentos certos. À cidade de São Paulo, por sua grandeza, beleza, complexidade, imensidão de paisagens e culturas que me inspiraram a escolher Urbanismo e Arquitetura para a minha vida. À todos, humanos ou não, que contribuíram de alguma forma para esse momento de paz, gratidão e reflexão.

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Figura 01 Figura 02 Figura 03 Figura 04 Figura 05 Figura 06 Figura 07 Figura 08 Figura 09 Figura 10 Figura 11 Figura 12 Figura 13 Figura 14 Figura 15 Figura 16 Figura 17 Figura 18 Figura 19 Figura 20 Figura 21 Figura 22 Figura 23 Figura 24 Figura 25

LISTAS DE FIGURAS

Avenida Champs-Élysées. Parque Eduardo VII da Inglaterra Praça Tahrir Praça Tahrir - Primavera Árabe Praça da Sé Praça da Sé - Diretas Já Skyline de Istambul Corredor de ônibus em Curitiba Skyline Centro de Curitiba Arborização - Curitiba Parque Barigui Jardim Botânico de Curitiba Rua XV de Novembro. Curitiba Sistema de Parques. Boston Plano Haussmann. Paris Plano de Espaços Livres. Londres Jardim da Luz - 1950 Parque da Independência Parque Ibirapuera Parque Américo Renné Giannetti Parque do Flamengo Parque da Cidade Parque Farroupilha Parque da Lagoa do Abaeté Parque do Carmo

Pág. 13 Pág. 13 Pág. 14 Pág. 14 Pág. 15 Pág. 15 Pág. 16 Pág. 17 Pág. 18 Pág. 19 Pág. 19 Pág. 19 Pág. 19 Pág. 20 Pág. 21 Pág. 21 Pág. 23 Pág. 23 Pág. 23 Pág. 24 Pág. 24 Pág. 24 Pág. 24 Pág. 25 Pág. 25

Figura 26 Figura 27 Figura 28 Figura 29 Figura 30 Figura 31 Figura 32 Figura 33 Figura 34 Figura 35 Figura 36 Figura 37 Figura 38 Figura 39 Figura 40 Figura 41 Figura 42 Figura 43 Figura 44 Figura 45 Figura 46 Figura 47 Figura 48 Figura 49 Figura 50 Figura 51

Plano Emscher Park - Vale do Ruhr Emscher Park - Vale do Ruhr Parque Villa Lobos Praça Victor Civita Variação Tecido Urbano - Morumbi Variação Tecido Urbano - São Matheus Variação Tecido Urbano - Mooca Variação Tecido Urbano - Paraisópolis Mapa: Arborização Metropolitana Área Central - Nova York Área Central - Los Angeles Área Central - Tóquio Área Central - Londres Área Central - Cidade do México Área Central - São Paulo Urbanização de São Paulo - 1924 Área de Projeto - Av. Guido Aliberti Área de Projeto - Paróquia São Caetano Planta de Zoneamento IRFM Área de Projeto - Chaminé Área de Projeto - Linha Férrea Mapa: Análise Urbana de SCS Setor Operário – Território Casario - Bairro Fundação Setor Econômico – Território Centro de São Caetano do Sul

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Figura 52 Figura 53 Figura 54 Figura 55 Figura 56 Figura 57 Figura 58 Figura 59 Figura 60 Figura 61 Figura 62 Figura 63 Figura 64 Figura 65 Figura 66 Figura 67 Figura 68 Figura 69 Figura 70 Figura 71 Figura 72 Figura 73 Figura 74 Figura 75 Figura 76

LISTAS DE FIGURAS

Sede Vigor Sede Casas Bahia Sede General Motors Sede Chocolates Pan Centro Tecnológico da GM Terminal Petrobrás - SCS Setor Imobiliário – Território Vista Bairro Barcelona Mapa: Espaços Públicos e Privados - SCS Parque Chico Mendes Arborização - AV. Presidente Kennedy Espaços Públicos - Avenida Goiás Tipologia dos Distritos Operação Urbana - Tamanduateí COHAB Heliópolis Favela Vila Carioca Vazio Urbano e Adensamento Populacional Mapa de Propriedades Pressões Sociais e Habitacionais em SCS Plano de Intervenção Tamanduateí Plano Urbanístico Tamanduateí Zoneamento de SP - Área de Projeto Zoneamento de SCS - Área de Projeto Setorização - Projeto Implantação - Projeto

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Figura 77 Figura 78 Figura 79 Figura 80 Figura 81 Figura 82 Figura 83 Figura 84 Figura 85 Figura 86 Figura 87 Figura 88 Figura 89 Figura 90 Figura 91 Figura 92 Figura 93 Figura 94 Figura 95 Figura 96 Figura 97 Figura 98 Figura 99 Figura 100 Figura 101

Jardim Botânico - São Paulo Jardim Botânico - São Paulo Super Quadra - Brasília Jardim Botânico - Rio de Janeiro Jardim Botânico - Curitiba Mile End Park - Londres Grama Esmeralda Grama Amendoim Vegetação - Arabidopsis Halleri Vegetação - Thlaspi Caerulescens Vegetação - Pontederia Vegetação - Juncus Elementos Existentes - Projeto Circulação - Projeto Vegetação e Massas D’água Prancha 02 - Projeto Vista Áerea - Praça Victor Civita Caminhos elevados – Praça Victor Civita Museu da Sustentabilidade Perspectiva Estrutura - Praça Victor Civita Corte Estrutura - Praça Victor Civita Ponte Para Pedestre - Projeto Detalhe de Projeto Detalhe de Projeto Parque do Ibirapuera - São Paulo

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LISTAS DE FIGURAS Figura 102 Figura 103 Figura 104 Figura 105 Figura 106 Figura 107 Figura 108 Figura 109 Figura 110 Figura 111 Figura 112 Figura 113 Figura 114 Figura 115 Figura 116 Figura 117 Figura 118 Figura 119 Figura 120 Figura 121 Figura 122 Figura 123

Parque do Flamengo - RJ Portal de Entrada - Projeto Intervenção - Projeto Engenho Central e Rio Piracicaba Teatro do Engenho Localização do Complexo Complexo Swift Complexo Swift Mapa: Localização - Complexo Swift Millenium Bridge Millenium Bridge Ponte - Rio Tamanduateí Perspectiva Estrutura Passarela - Projeto Perspectiva Estrutura Passarela - Projeto Prancha 04 - Projeto Passarela Arganzuela Passarela Arganzuela Mighu Wetland Park, Liupanshui - China Mighu Wetland Park, Liupanshui - China Quli Stormwater Park, Harbin - China Quli Stormwater Park, Harbin - China Quli Stormwater Park, Harbin - China

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Tabela 1 Tabela 2

LISTAS DE TABELAS

Dados - Prefeitura Municipal SP e SCS Florescimento

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LISTAS DE SIGLAS IRFM - Indústrias Reunidas Francismo Matarazzo

CPTM - Companhia Paulista de Trens Metropolitanos IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística SCS - São Caetano do Sul

USCS - Universidade Municipal de São Caetano do Sul GM - General Motors

CPC - Central Park Conservancy

ZEIS - Zona Especial de Interesse Social

COHAB - Companhia Metropolitana de Habitação

CDHU - Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano HIS - Habitação de Interesse Social

HMP - Habitação de Mercado Popular

CONDEPHAAT - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico

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SUMÁRIO Capítulo 01

Definição do Tema

- Espaços Públicos e a Dimensão Política da Arquitetura

- A Representação da Paisagem Urbana - Espaços Livres e os Sistemas Urbanos - Parques Urbanos e os Cheios e Vazios nas Cidades

- Parques Urbanos Brasileiros

- Conflitos e Contemporaneidades - Arborização Urbana - Conclusão

Capítulo 02

Definição do Território

- Panorama Regional

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- Análise Urbana

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- Indicadores Ambientais e Gestão Urbana

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- Relação Entre Espaços Públicos e Privados

- Indicadores Socioeconômicos e Ambientais - Demografia e Demandas Sociais - Legislação Urbana - Conclusão

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Capítulo 03

O Projeto

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- Introdução e Objetivos

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- Conceito – Parque

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- Setorização

- Implantação

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- Vegetação

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- Praça Cívica

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- Composição do Espaço

- Reabilitação de Área Contaminada - Patrimônio Histórico

- Relação com os Rios e Transposições - Partido Estrutural - Conclusão Final

Bibliografia Pranchas

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CapĂ­tulo 1

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1.

DEFINIÇÃO DO TEMA

1.1.

Espaços Públicos e a Dimensão Política da Arquitetura

O Espaço Público é o lugar da cidade de propriedade e domínio da admi-

nistração pública, o qual responsabiliza ao Estado com seu cuidado e garantia do direito universal da cidadania e a seu uso e usufruto. (ALOMÁ, 2013)

Os espaços públicos são os espaços vazios e de uso comum nas ci-

dades, os quais determinam a configuração e as relações humanas no espaço urbano. Sabendo-se que as cidades são um composto de ambientes

públicos e privados, cabe ao espaço público determinar os limites políticos

e espaciais entre a livre circulação e o controle de acesso aos ambientes privados. Como defende Alomá (2013), eles representam a democracia de

suas respectivas sociedades e as intenções urbanas propostas pelas mais diversas comunidades e interesses que incidem sobre as cidades.

É neles que estão localizados os principais monumentos históricos

e comemorativos, assim como os espaços vegetados mais representativos das cidades. Neles estão inseridos o que denominados “mobiliário urbano”, elementos que auxiliam no cotidiano urbano, como a iluminação pú-

blica, assentos, lixeiras, telefones públicos, sinalização de trânsito e afins. Além disso, são nos espaços públicos que se ramificam as infraestruturas urbanas que sustentam a vitalidade e a habitabilidade das cidades, como

o transporte público e os sistemas de saneamento, água, iluminação e in-

ternet. É onde se fomentam a cidadania e a vida pública. Nas palavras de Alomá (2013), os espaços públicos são o primeiro elemento de percepção dos lugares.

Passeios, praças, largos, ruas e avenidas combinadas com as mor-

fologias edificadas ao redor e seus respectivos usos, assim como seus estados de conservação ou degradação podem causar atração ou repúdio pelo

local. O principal exemplo que retrata essa realidade são as áreas centrais

de muitas cidades, visto a monofuncionalidade desses territórios, em especial seus centros históricos. Isso gera o inchaço dessas áreas em deter-

minados horários e seu esvaziamento em outros, o que pode transmitir uma relação de segurança e insegurança, interesse ou não por esses espaços. Não por acaso, isso está relacionado com a expansão da cidade para

outros territórios, assim como sua segregação em grupos sociais, seja por perfis de renda, como também por questões étnicas e culturais. Esse mo-

vimento gera uma variedade de espaços públicos manifestados por suas formas, usos, público e democratização dependendo da localidade onde

está inserido, no que pode ser referenciado a exclusão social do período do “embelezamento urbano” da burguesia europeia.

De acordo com Jordi Borjá (2006), geógrafo e urbanista da Univer-

sidade Aberta da Catalunha, esses espaços surgem na intenção de servirem para a exibição e convívio da burguesia. Visto a apropriação privada

das cidades, esta burguesia sente necessidade de espaços para se apresen-

tar e se encontrar, ainda nas palavras de Borjá (2006), sendo criados os passeios, alamedas, boulervards e avenidas.

Nesse período houve grandes planos de higienização urbana, de

cunho social e ambiental. Por um lado, o anseio pela salubridade nas cidades após as deficiências do período medieval. Por outro, a higieniza12


ção social com a valorização de determinados espaços “públicos”

destinados à burguesia ascendente. Além disso, muitas cidades estabelecem normas que estabeleciam os trajes para a utilização

desses espaços. Em outras palavras, esse embelezamento urbano

não se destinava à todas as áreas da cidade e muito menos à toda

população, sendo determinante em seu potencial de exclusão social, no qual atrasou o desenvolvimento da infraestrutura de áreas

periféricas, desprovida de espaços de lazer, cultura e principalmente de redes de infraestrutura. Mais tarde haveriam restauran-

tes e outros espaços de convívio que viriam exigir determinados trajes, já não mais no espaço público, mas ainda determinando a exclusão social de setores mais pobres da sociedade.

Figura 02: Parque Eduardo VII da Inglaterra, em Lisboa, Portugal. Fonte: RoadRunner

Como bem defendem Jordi Borja e Zaida Muxi: O espaço

público é uma conquista democrática. A conquista implica iniciativa, conflito e risco, mas também legitimidade, força acumulada, alianças e negociação. (ALOMÁ, 2013)

Figura 01: Avenida Champs-Élysées, em Paris, França. Fonte: yurtopic.com

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Tahrir, em árabe, significa libertação. É a maior praça da

área central do Cairo, capital e megacidade egípcia, e representa o principal cenário da Revolução Egípcia de 2011, durante a Primavera Árabe.

No contexto da revolução egípcia, é relevan-

te que tahrir signifique algo como "libertação". Desde a sua criação, após o golpe de estado de 1952, que depôs o rei Farouk, ligado à ocupação militar inglesa, e até à revolução de

25 de Janeiro de 2011, a Praça Tahrir, no Cairo, tinha sofrido Figura 03: Praça Tahrir, no Centro do Cairo, Egito. Séc. XXI. Fonte: desportoviajar.wordpress.com

intervenções sucessivas que se acentuaram com o regime de Hosni Mubarak e que restringiram o acesso do público à sua

plataforma central. Começou por ser um recinto traçado "à

europeia", com um jardim, uma fonte e pavilhões modernos; demarcado por edifícios sofisticados como o Hotel Nile Hil-

ton, construído em estilo internacional na década de 1960 pela firma norte-americana Ellerbe Becket (e que ainda hoje figura no site desta empresa), ou como o revivalista Museu do Egipto, datado do final do século XIX, principal atracção turística da cidade (em que a revolução também deixou marcas).

Mais recentemente, a praça tinha-se tornado um nó rodoviá-

rio e um dos principais interfaces de transportes públicos do Figura 04: Praça Tahrir durante a Primavera Árabe, em Janeiro de 2011. Fonte: Peter Macdiarmid

Cairo. (MILHEIRO. 2011)

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Sé, abreviatura de Sedes Episcopalis – Sé Episcopal, é uma

A Praça da Sé de São Paulo representa e abriga o Marco Zero

estrutura da Igreja Católica que identifica a catedral, igreja principal de uma diocese nos países lusófonos.

do município, de onde contam-se todas as distâncias que partem desta cidade, além da numeração de suas vias públicas. Apesar da existência do largo datar do período colonial, a atual praça foi concebida em 1970, em projeto comandado pelo arquiteto José Figura 05: Praça da Sé, Marco Zero de São Paulo. Séc. XXI. Fonte: asimplicidadedascoisas.wordpress.com

Eduardo de Assis Lefèvre. A remodelação, de caráter estrutural,

tomou partido da construção da Estação Sé do Metrô e o projeto de paisagismo criou espaços que, de acordo com Macedo (2002), visou impedir a grande concentração de pessoas no local. Além

disso, ações da prefeitura já nos anos 2000, realizaram reformas com elementos que pretendem impedir, também, a concentração

e permanência de moradores de rua. Em outras palavras, as in-

tervenções na praça possuem o objetivo de torná-la um espaço de passagem e não de permanência de pessoas, o que não significa que tais objetivos tenham alcançado êxito por completo. A praça foi palco das Diretas Já, nos anos de 1980. (foto 06) Figura 06: Praça da Sé durante as Diretas Já, na década de 1980. Fonte: memorialdademocracia.com.br

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1.2. A Representação da Paisagem Urbana

Figura 07: Skyline de Istambul a partir do Bósforo, Turquia. Destaque para as mesquitas do Centro Histórico. Fonte: Flickr - Ben Morlok Segundo Castello, “Lugar é um espaço qualificado, ou seja, um espaço que se torna percebido pela população por motivar experiências humanas a partir da apreensão de estímulos ambientais. (CASTELLO, 2007:14).

[...] uma construção social, que incorpora os processos econômicos e produtivos, define estratégias de dominação sobre o espaço e seus recursos e que se manifesta sobre uma base física, através de múltiplas apropriações individuais e coletivas, delimitando marcas e marcos de identidade cultural. (SCHLEE et al.,2009:34).

A paisagem urbana é a resposta imediata da construção

do espaço urbano. A história das cidades é constituída por suas

manifestações políticas, sociais e culturais, dentre os êxitos e

declínios econômicos. Eventos climáticos, desastres naturais e guerras são alguns dos maiores agentes modificadores da pai-

sagem urbana, sendo a destruição e a renovação dos espaços,

parte de uma identidade contínua de transformação da socie-

dade. As cidades são as manifestações físicas, a construção de

fato, das suas respectivas sociedades. Desde o Império Romano até a Segunda Guerra Mundial, as cidades europeias passaram,

e ainda prosseguem, por grandes transformações que podem ser identificadas nos elementos que compõe essas paisagens.

Atualmente existem órgãos de todas as escalas de

territorialidade

política

(municipal

à

internacional)

que

protegem setores importantes da paisagem urbana, com relevância cultural, ambiental e/ou patrimonial. O centro histórico de Paris, Roma ou o skyline de Istambul, antiga Constantinopla e Bizâncio, são exemplos de localidades que seguem le-

gislações rígidas quanto à alteração de determinadas paisagens.

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No Brasil, pequenas cidades históricas do período colonial,

além de setores específicos de grandes centros urbanos, como Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, entre outras, que possuem áreas tombadas para proteger suas respectivas paisagens culturais, como bairros inteiros e o entorno de praças, parques e monumentos.

1.3. Espaços Livres e os Sistemas Urbanos A partir do entendimento de território como apropriação social – política, econômica e cultural - de um espaço físico delimitado, cujas configurações se estabelecem a partir de trajetórias pessoais, sociais e espaciais determinadas por regras e normas tem-se como resultado significativo determinadas configurações formais sobre a paisagem. (MIRANDA, 2014)

Figura 08: Corredor de ônibus em Curitiba, Brasil. Fote: Do autor (2015).

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Um sistema é o conjunto de elementos concretos ou abstratos interconectados de modo a formar um todo organizado geralmente com um objetivo comum. A boa integração dos elementos componentes do sistema é chamada sinergia, determinando que as transformações ocorridas em uma das partes influenciarão todas as outras. Se essas conexões não ocorrerem de forma adequada poderão implicar em mau funcionamento do sistema e até mesmo numa falência completa. (MIRANDA, 2014)

Segundo Miranda (2014), Curitiba é uma das cidades que

mais se destacam pelo planejamento das áreas livres e públicas, obtendo prestígio internacional pelo conjunto composto por par-

ques e jardins a fim de recuperar cursos d’água e o potencial de drenagem; a mobilidade urbana através de corredores de ônibus,

ciclovias e a requalificação de passeios e praças que propiciam

o desenvolvimento e a qualidade da vida pública na cidade, que quando aliada à legislação das áreas edificadas, visa promover a organização do seu crescimento.

O espaço urbano é uma trama complexa baseada em uma

série de sistemas e subsistemas, onde é identificado o sistema de áreas livres de edificações, cuja importância se fundamenta no desempenho da vida cotidiana; na construção da paisagem urbana, história e memória; e participação e composição da vida pública,

de forma geral e política, e também da esfera privada. Sendo assim, se justifica o sistema de áreas livres como necessidade básica de uma cidade. Figura 09: Skyline da área central de Curitiba, Brasil. Fonte: Do autor (2015).

Serão vistos a seguir exemplos de espaços livres e sistemas

urbanos na cidade de Curitiba.

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Figura 10: Arborização no Centro Cívico de Curitiba. Fonte: Do autor (2015).

Figura 12: Jardim Botânico de Curitiba. Fonte: do Autor (2015).

Figura 11: Parque Barigui, Curitiba, Brasil. Fonte: Do autor (2015).

Figura 13: Rua XV de Novembro, no Centro de Curitiba. Fonte: do Autor (2015).

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Figura 14: Sistema de parques e áreas livres da zona central de Boston, Estados Unidos. Back Bay à direita e Emeral Necklace à esquerda. Fonte: Intervenção do autor em imagem do Google Maps

O sistema de espaços livres nas cidades, como plano de

orientação do espaço urbano, surgiu no final do século XIX com o

trabalho de Frederik Law Olmsted, em Boston, Estados Unidos. De acordo com Tardin e Miranda (2014), “o sistema partiu da conversão da zona pantanosa de Back Bay em parque público, e se esten-

deu para uma sucessão de parques conectados por caminhos até culminar com o Emeral Necklace”.

Miranda (2014) também destaca que é adequado afirmar

que não existe um modelo ideal de espaços públicos e livres nas

cidades, visto que cada cidade tem sua bagagem histórica socioambiental e se alinha de acordo com seu próprio meio físico, além

das configurações morfológicas no tecido urbano resultante e nas características socioeconômica.

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1.4. Parques Urbanos e os Cheios e Vazios nas Cidades

Diante da insalubridade das cidades industriais da Europa

no século XVIII, os jardins e parques urbanos passam a ser uma

necessidade estética e e de higienização do espaço urbano. Segundo Kliass (1993), os parques urbanos, na Inglaterra, surgem em duas condições: a abertura ao público dos jardins dos palácios e a

implantação de parques nas cidades inglesas em razão dos empreendimentos imobiliários que promovidos pela iniciativa privada.

No século XIX, Haussmann propõe um conjunto de áreas verdes

Nesse mesmo período, Frederik Law Olmsted, lidera o Mo-

vimento de Parques Americanos, em especial, em Nova York, Chicago e Boston. É nesse período que surge um dos mais emblemáticos parques urbanos do mundo, o Central Park, em Nova York.

Nas palavras de Kliass (1993), nesse período, na Inglater-

ra, o parque surge como elemento de relevância urbana, mas seu

pleno desenvolvimento só viria a ocorrer quase um século depois.

de diferentes escalas em Paris, parte do plano de reformulação da cidade.

Figura 15: Plano Haussmann para Paris. A notável presença dos parques periféricos, Bois de Boulogne e Bois de Vincenne. Fonte: Benevolo L., Storia della città, La città contemporanea, Bari 1993.

Figura 16 : Plano de Espaços Livres de Londres. Fonte: Forshaw e Abercrombie, 1944, p. 46 e 47

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Com diferentes propostas de espacialidade e usos, os par-

ques funcionam como elementos centrais para o crescimento e o desenvolvimento das cidades. Sua presença marcante no tecido

1.4.1. Parques Urbanos Brasileiros

De acordo com Macedo e Sakata (2003), “o parque urbano

urbano tem amplas possibilidades de influência no crescimento

brasileiro, ao contrário do seu congênere europeu, não surgiu da

e privados que compõe as cidades. Os parques são os maiores ele-

bano do Brasil é o Passeio Público do Rio de Janeiro, localizado

demográfico e na construção das áreas urbanas, equilibrando a relação de cheios e vazios, espaços construídos e livres, públicos

mentos da composição dos espaços públicos das cidades. Suas di-

versas formas de uso e implantação, assim como sua relação com

a cidade, podem sugerir o caráter político e democrático de uma sociedade, assim como suas vertentes sociais, culturais e econômicas.

urgência social em atender às necessidades das massas urbanas da metrópole do século XIX”. Oficialmente, o primeiro parque urentre a Cinelândia, Lapa e Santa Teresa, inaugurado em 1783. Os

parques Rodrigues Alvez, o Jardim da Luz (antigo horto) e Américo Renné Giannetti, em Belém, São Paulo e Belo Horizonte, respec-

tivamente, também estão entre os parques urbanos mais antigos do país, inaugurados no século XIX. Como relatam Kliass (1993) e

Macedo (2003), as cidades brasileiras tiveram seu crescimento in-

tensificado no século XX, com o aumento da população e das áreas urbanas, especialmente na segunda metade deste século.

A implantação de novos loteamentos e bairros geram pra-

ças, largos, além da construção de hortos e jardins que são incorporados ao tecido urbano.

Portanto, a preocupação ambiental e com espaços de lazer

e prática de esportes se tornam pauta para a construção de mais espaços qualificados para esses usos, os quais incluem os parques.

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Figura 17: Jardim da Luz na década de 1950, São Paulo. Fonte: Prefeitura Municipal de São Paulo. Acesso: Março/2016.

Figura 18: Parque da Independência e Museu Paulista, no Ipiranga, em São Paulo. Fonte: Do autor (2016).

Figura 19: Parque Ibirapuera, em São Paulo. Fonte: Do autor (2013).

Em termos formais, as inaugurações do Par-

que Ibirapuera em São Paulo, em 1954, e o Parque do Flamengo no Rio de Janeiro, em 1962, marcaram a ruptura definitiva com a estrutura do projeto de paisagismo eclético. O trabalho presença de Burle Marx é referência nessa transformação, tendo projetado parques em várias cidades brasileiras. Os anos 1970 consolidaram a figura do parque moderno, com programas mistos integrando usos contemplativos, recreativos e esportivos, com soluções projetuais diversificadas. (MIRANDA, 2014)

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Figura 20: Parque Américo Renné Giannetti, Belo Horizonte. Fonte: Do autor (2014).

Figura 21: Parque do Flamengo, no Rio de Janeiro. Fonte: Do autor (2016).

Figura 22: Parque da Cidade, em Brasília. Fonte: Do autor (2015).

Figura 23: Parque Farroupilha, em Porto Alegre. Fonte: Do autor (2016).

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1.5. Conflitos e Contemporaneidades

A partir do crescimento urbano em todo o globo, as cida-

des passaram processos e escolhas de planejamento que não couberam em suas realidades socioambientais, culturais e morfológicas, o que culminou em problemáticas urbanas que intensificaram

os conflitos sociais, espaciais e econômicos. A adoção de políticas públicas que não contemplaram a integração e expansão de espaFigura 24: Parque da Lagoa do Abaeté, em Salvador. Fonte: Do autor (2017).

ços públicos de forma democrática, assim como a prioridade ao

transporte individual motorizado ocasionaram na fragmentação e perda de qualidade democrática e ambiental no espaço urbano. As

desigualdades sociais passaram a se tornar ainda mais evidentes, principalmente nas cidades brasileiras e latino-americanas, onde a notória preocupação com a infraestrutura pública e ambiental

das áreas nobres e centrais entra em intenso contraste com outros métodos de loteamento e urbanização, mais precários de modo geral, como as favelas e outros tipos de assentamentos que se prolife-

ram nas bordas da cidade ou em terrenos vagos nas zonas centrais. Figura 25: Bosque das Cerejeiras do Parque do Carmo, em Itaquera, um dos maiores parques urbanos de São Paulo. Fonte: Do autor (2015).

Segundo Castello (2003), na Europa, após o período da

industrialização, surge a preocupação ao resgate do patrimônio

ambiental. Um dos maiores projetos realizados nessa escala está no Vale do Ruhr, na Alemanha. Maior região metropolitana alemã,

também é o maior centro industrial e tida como uma das áreas

25


mais contaminadas e devastadas do mundo, representada pelas

as livres e arborizadas que, além de recuperar o patrimônio am-

cadas um grande plano de reestruturação desse território visa a

qualidade paisagística, espaços de lazer e a continuidade de ocu-

indústrias de aço e carvão, e constituída por uma conurbação de diversas cidades ao longo do vale do Rio Ruhr. Nas últimas dé-

requalificação ambiental e a proteção ao patrimônio industrial da região, no qual sofreu anos de ócio e degradação (Figura 26).

Com a participação da comunidade, o plano integra toda a

metrópole através do Emscher Park, um extenso conjunto de áre-

biental e os danos causados pelas intensas extrações de minérios, forma um pano de fundo verde para a metrópole, proporcionando

pações artísticas e de uma série de equipamentos culturais que passam a ocupar as antigas edificações industriais. Se apresenta como um plano urbanística e paisagístico, de cunho socioambiental e patrimonial, de escala regional.

Figura 26: Plano para o Emscher Park, no Vale do Ruhr. Fonte: http://en.forumviesmobiles.org

26


Figura 27: Um dos aspectos do Emscher Park, integrando os espaรงos industriais do Vale do Ruhr. Fonte: Gab photo, Flickr.

27


Parque Villa Lobos

Praça Victor Civita

Figura 28: Parque Villa Lobos, em São Paulo. Fonte: Do autor (2012)

Figura 29: Praça Victor Civita, em São Paulo. Fonte: Nelson Kon.

recuperação ambiental de áreas degradadas e solos contamina-

Em São Paulo já foram realizadas grandes experiências na

dos. Entre as obras mais emblemáticas, duas se destacam e estão na região de Pinheiros, Zona Oeste da cidade:

Antes de 1989, foi um depósito de lixo da CEAGESP, de ma-

teriais dragados do Rio Pinheiros e de entulho da construção civil.

Houve remoção do entulho e outros resíduos depositados, assim como a retirada e troca de solo, a fim de requalificar completamen-

te área para viabilizar seu uso pela população. As árvores foram

plantadas por etapas, visando o processo de recuperação da área.

O parque detém de 732 mil m² e é de responsabilidade do

Governo do Estado de São Paulo.

Antigo Incinerador Pinheiros, a área pública de 15 mil m²

foi recuperada por uma parceria público – privada entre a Prefeitura de São Paulo e a Editora Abril. Segundo Levisky, visou

sua reabilitação com o passivo no local, em um desafio urbanístico, social, político e cultural e retrata uma realidade urbana:

a existência de uma grande quantidade de terrenos desocupa-

dos ou abandonados e a necessidade urgente de recuperá-los.

O projeto teve início em 2006 e optou por soluções susten-

táveis em sua execução.

28


1.6.

Arborização Urbana

“A cobertura vegetal vai além do paisagismo e do la-

zer, é uma questão de saúde e também urbano climática. Porém, em São Paulo, essa distribuição é completamente

desequilibrada”,

afirmou

o

doutor

em

geografia

pelo Instituto de Geociências Unicamp Maurício Waldman. O mínimo área verde por habitante recomendado pela OMS

(Organização Mundial de Saúde) é de 12 m². Em 2014, segundo a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, a média de São Paulo era de 14,07 m² - incluindo áreas de

Universitária, a temperatura pode ser até cinco graus abaixo da média registrada na área central.

Esse desequilíbrio ambiental na cidade é ocasionado pelos modos de urbanização, como a presença de grandes áreas permeáveis, públicas e privadas – nesse caso, grandes lotes para as classes altas -, no Sudoeste, e a intensa impermeabilização do solo do Cen-

tro para a Zona Leste e ABC Paulista, onde se verifica a presença de extensas zonas industriais e loteamento para as classes médias, contribuindo para o desenvolvimento de ilhas de calor.

preservação fora do perímetro urbano. Em Curitiba, 64,5 m².

Portanto, considerando apenas os parques e as praças, a média cai para 2,88 m² por habitante. Em Nova York essa média

é de 13 m², de acordo com os dados municipais mais recentes. A questão está no desequilíbrio apontado por Waldman, o que afeta todas as regiões da cidade e demonstra certos padrões em

relação à distribuição de áreas verdes no município. De acordo com a professora Madga Lombardo, do departamento de Planejamento Territorial e Geoprocessamento da Unesp, o Vetor Sudoeste da cidade, região que abriga grandes bairros-jardins como o

Morumbi, ou localidades densamente arborizadas como a Cidade 29


Figura 30: Morumbi - Variação de tecidos urbanos e a arborização como elemento da desigualdade socio-espacial. Fonte: Google Maps

Figura 32: Mooca - Variação de tecidos urbanos e a arborização como elemento da desigualdade socio-espacial. Fonte: Google Maps

Figura 31: São Matheus - Variação de tecidos urbanos e a arborização como elemento da desigualdade socio-espacial. Fonte: Google Maps

Figura 33: Paraisópolis - Variação de tecidos urbanos e a arborização como elemento da desigualdade socio-espacial. Fonte: Google Maps

30


Figura 34: Intervenção do autor em imagem do Google.

São Caetano do Sul Centro Expandido de São Paulo Centro Histórico de São Paulo

Zonas Industriais do Sudeste (Mooca – ABC) Grandes parques e reservas Zona Exclusivamente Residencial

Intensa arborização

Alphaville e Granja Viana

31


Este

paração

debate

entre

as

é

expresso

duas

em

maiores

detalhes

cidades

na

com-

norte-ame-

ricanas: Nova York e Los Angeles (Figuras 35 e 36).

Na primeira figura é marcante a presença do Central Park

em meio ao distrito central de Nova York, Manhattan. O contraste Figura 35: Área Central de Nova York, Estados Unidos. Fonte: Google Maps

entre a vegetação e a alta densidade de arranha-céus demonstra o

aproveitamento do território através do equilíbrio paisagístico e ambiental proporcionado pelo parque. Também são notáveis outras áreas verdes, dentre parques, praças e outros usos com presença de vegetação, nos arredores.

Na segunda figura, em Los Angeles, é perceptível os efei-

tos negativos do espraiamento urbano relacionados ao equilíbrio

de espaços públicos e verdes da cidade. O downtown é marcado por uma pequena porção de arranha-céus, em suma de usos não Figura 36: Área Central de Los Angeles, Estados Unidos. Fonte: Google Maps

Outro grande conflito sobre os espaços públicos nas cidades é a relação entre densidade e espraiamento urbano, onde no segundo caso, o espaço urbano perde consistência e excede em fragmentações dos tecidos urbanos. (GONTIJO; QUEIROGA, 2005)

residenciais, e ilhado entre vias expressas e a aridez de extensas zonas industriais. De modo geral, a maior parte do verde da metrópole está concentrado em seus subúrbios.

32


Na primeira figura, a área central de Tóquio, a maior ci-

dade do mundo, com mais de 35 milhões de habitantes em sua

área metropolitana. É notável a variação de seus tecidos urbanos, entre zonas densas horizontais e também verticaliza-

das. A presença da vegetação se dá basicamente em grandes parques e praças que se relacionam fortemente com o territóFigura 37: Área Central de Tóquio, Japão. Fonte: Google Maps.

rio, além de vazios ao redor de seus rios, o que sugere uma es-

pécie de sistema de áreas verdes e permeáveis que auxiliam no sistema ambiental e de drenagem dessa extensa área urbana.

Abaixo, a área central Londres, onde é notável a presença

do Rio Tâmisa, elemento emblemático na construção e desenvolvimento da metrópole. Segundo Lucchese, em seu artigo “O planejamento urbano de Londres (1943 – 1947)”, o plano urbano implantado no segundo pós guerra, teve grande importância na Figura 38: Área Central de Londres, Reino Unido. Fonte: Google Maps.

Consolidando o sistema de áreas verdes, os parques e também

as avenidas-parque tinham a função de conectar toda a cidade, incluindo as áreas rurais, em um extenso sistema de áreas livres

que proporcionariam bem-estar, desenvolvimento e ordenamento ao crescimento londrino.

difusão e consolidação dos espaços livres, públicos e verdes da metrópole. Desde os espaços comunitários, playgrounds infantis, áreas esportivas, hortas e pomares destinados às unidades de vi-

zinhança, até os parques e outras áreas livres de grande porte que deveriam proporcionar 12 m²/habitante e estariam fora das áre-

as de vizinhança, compondo um cinturão verde ao redor dessas localidades.

33


Os maiores centros urbanos da América Latina são também

megacidades: Cidade do México e São Paulo, com 22 e 21 milhões de habitantes, respectivamente. Na América Latina podemos notar a presença de diversas morfologias urbanas locais, mas ainda

assim, muitas influências da urbanização europeia e norte americana – essa última, no processo de espraiamento, vias expressas, supremacia do automóvel e suburbanização. Figura 39: Área Central da Cidade do México, México. Fonte: Google Maps.

Na primeira figura é perceptível a predominância horizon-

tal do gabarito das edificações da área central da Cidade do Méxi-

co, com destaque para o edifícios altos do Paseo de La Reforma, o qual se conecta ao Bosque de Chapultepec, maior e principal

parque desta cidade. Áreas verdes menores se conectam através

da arborização urbana de diversas vias secundárias. Ainda assim, está entre as metrópoles com mais altos índices de poluição atFigura 40: Área Central de São Paulo, Brasil. Fonte: Google Maps.

A difusão dos parques urbanos em São Paulo tem início no

fim do século XIX com o crescimento urbano além das várzeas, na

intenção de alterar a paisagem provinciana para uma cidade visi-

velmente próspera e de poder econômico. Surgem amplas praças e perspectivas monumentais. (OLIVEIRA, 2010)

mosférica.

Abaixo, a densidade de edifícios altos da Zona Central

de São Paulo, desde o Centro Histórico até a região da Avenida Paulista. É marcante a estruturação metropolitana dos rios Tie-

tê, ao norte, e Pinheiros à oeste. Ainda à oeste, pode-se notar a concentração de bairros-jardins de alto padrão com elevado nível de arborização, como Pacaembu, Alto da Lapa, Alto de Pinheiros 34


e partes dos Jardins e Butantã - nesse último, ênfase na Cidade

política através de sua implantação é unânime e de fato o viés que

em equipamentos isolados do sistema de áreas verdes da cidade,

Universitária. Ainda são notáveis porções das Zonas Norte e Leste, onde a arborização se “destaca” pela concentração da mesma como ocorre no Oeste.

1.7. Conclusão

São apresentados desdobramentos históricos da evolução e

das transformações de diversas localidades do mundo, em questão,

a presença dos parques inseridos nas cidades, assim como os anseios

das respectivas populações sobre a implantação desses espaços.

De espaço para expressão das elites, emoldurando e alinhan-

do edificações imponentes que compõe a paisagem urbana dos se-

tores mais privilegiados da sociedade, adquiriu novo caráter na construção e desenvolvimento das cidades, assumindo papel polí-

define e justifica tal multiplicidade de experiências sobre o tema.

Diante dessas investigações à cerca dos desdobramentos

do tema, é possível atribuir a competência de implantação de

projeto de parque urbano para a metrópole de São Paulo, visto

a presença de planos e modelos de referência na história desse território, assim como demandas socioambientais, econômicas e patrimoniais que necessitam de projetos urbanísticos, paisagísti-

cos e arquitetônicos que atendam as fragilidades das dinâmicas urbanas, no propósito de eficiência sobre as contaminações dos sistemas biofísicos e hídricos; da qualidade dos espaços públicos

e da garantia de sua democracia; da mobilidade urbana de pedestres, transportes coletivos e não motorizados e da proteção ao pa-

trimônio edificado, em especial o industrial, que integra a história e a identidade política, econômica, social e cultural da metrópole.

tico, social, cultural e ambiental nas mais diversas esferas, a fim de se posicionar como possível elemento estruturador do espaço urbano.

Serão notáveis suas variações conforme as características

geográficas, culturais e urbanas de cada local, mas a determinação

35


CapĂ­tulo 2

36


2.

DEFINIÇÃO DO TERRITÓRIO

2.1. Panorama Regional

O território analisado é local de fundação do município de

São Caetano do Sul e abriga a foz do Ribeirão dos Meninos no

Rio Tamanduateí. Ambos limites naturais com o município de São

Paulo, nessa área foi construído o complexo das Indústrias Reunidas Matarazzo (Química e Cerâmica), ao lado da primeira igreja matriz de São Caetano e da SP Railways (atual Linha 10 - Turquesa da CPTM).

formaram uma comunidade no distrito de Vila Prudente, mais precisamente no bairro de Vila Zelina.

Atualmente há diversas morfologias urbanas a serem ana-

lisadas, como o adensamento das áreas de classe média, antes ope-

rárias; a verticalização de São Caetano do Sul, majoritariamente

de classe média-alta; e o surgimento de assentamentos informais, como Heliópolis, a maior favela de São Paulo. Hoje, com status de bairro e em processo contínuo de urbanização e desenvolvimento.

A urbanização, partindo do Centro de São Paulo, alcançou o

núcleo urbano do município do ABC Paulista através da industrialização desta orla ferroviária e fluvial, linha férrea e rio Tamandu-

ateí, respectivamente, com início no Brás e passando pela Mooca,

Cambuci, Vila Prudente, Ipiranga/Vila Carioca, São Caetano do Sul, Santo André e culminando no Polo Petroquímico de Mauá.

Apesar das transformações dos tecidos urbanos, a morfo-

logia urbana inicial, além das indústrias, era de vilas operárias e conjuntos de casas geminadas onde residiam os funcionários dessa extensa zona industrial. Em sua maioria, essa população era

proveniente da Itália - salvo os imigrantes do Leste Europeu que

Figura 41: Urbanização de São Paulo, em 1924. Destaque para o núcleo de São Caetano. Fonte: Prefeitura de São Paulo

37


Diante do intenso processo de industrialização da metró-

pole, centenas de lotes em diversas partes da cidade, antes ocupados por fábricas, foram contaminados pelos processos químicos

lançados no solo e cursos d’água. De acordo com dados da Prefei-

tura de São Paulo, as subprefeituras de Vila Prudente e Ipiranga contam com doze (12) e trinta e três (33) áreas contaminadas,

respectivamente. As “campeãs” são os tradicionais redutos indus-

triais da Mooca, no leste, e Lapa, no oeste, com sessenta e duas (62) e cinquenta e oito (58), respectivamente. Com todas as de-

mandas sociais, espaciais e econômicas, além das agressões ao meio ambiente nas megacidades, é necessário que se faça a rea-

bilitação dessas áreas para que possam receber novos usos que potencializem o aproveitamento solo urbano.

Figura 42: Área de projeto. Av. Guido Aliberti, chaminés e o Ribeirão dos Meninos. Fonte: do autor (Março/2016).

Tal ação, ao invés de continuar com o processo de expan-

são horizontal da área urbana, irá colaborar com o “crescimento

interno” da cidade, costurando os retalhos do tecido urbano e proporcionando continuidades e qualificações aos espaços públicos.

O território é complexo e pode ser denominado como um "nó urbano" devido a existência de grandes elementos que o fragmentam, mas também o compõe. Torres de linhas de alta tensão, uma

avenida acoplada à um viaduto metálico e uma das linhas de trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Além disso, o Ribeirão dos Meninos, que possui sua nascente em Santo André, município vizinho, e segue para o Rio Tamanduateí, já em São Paulo, ao norte desta área.

Figura 43: Área de projeto. Muro que restou da indústria e a Paróquia São Caetano. Fonte: do autor (Março/2016).

38


As pressões imobiliárias para a verticalização em

São Caetano do Sul já estão atingindo o bairro da Funda-

ção, onde está a área de projeto. Este município possui 15 km², equivalente ao distrito de Cidade Tiradentes, no extremo da Zona Leste de São Paulo, ou do Jabaquara, na Zona Sul.

Portanto, 100% urbanizado e sua alternativa para o cres-

cimento é a verticalização. Porém, isso vem acontecendo de forma segregada, visto que os lançamentos imobiliários contemplam apenas classes médias e altas. Além disso, o bairro da Fundação

está classificado como Zona de Expansão Demográfica pelo zoneamento municipal - que diante dos empreendimentos já construí-

dos, pode-se concluir que incentiva a descaracterização d o tecido urbano original, de cunho operário, promovendo uma verticaliza-

te urbanizada e descaracterizada, prejudicando a identidade histórica e social da região - hoje, tão desenvolvida economicamente devido à industrialização.

Negar esta história seria um retrocesso social, urbano e

ambiental, sendo que o local já enfrenta uma série de pressões

e complicações com enchentes, pela alta impermeabilização do solo, favelas e invasões, além da prevalência do automóvel sobre

o pedestre diante das avenidas que rasgam os bairros e praticamente não há fluxo de pedestres constante por falta de qualificação dos percursos e calçadas que conectam (ou deveriam conectar) as centralidades e equipamentos de interesse público.

ção baseada na "torre isolada" no lote.

A gentrificação também é notável pela troca dos perfis de

renda, visto que este bairro possui a segunda menor renda média

do município entre os quinze bairros que o compõe, mas seus lan-

çamentos imobiliários são voltados aos perfis de renda mais altos.

Esta é a última área livre do município, e uma vez descon-

taminada e entregue ao mercado, corre riscos de ser intensamen39


Planta de Zoneamento de IRFM (Industrias Reunidas Francisco Matarazzo)

Figura 45: Área de projeto. Fonte: Do autor (2017).

Fábricas Viscoril Fábricas de Louças Cláudia Unidades Químicas Vila Operária Hidrografia Ferrovias Vias

Figura 44: Planta de Zoneamento das indústrias Reunidas Francisco Matarazzo (I.R.F.M) Fonte: Trabalho de Graduação de Adriana de Souza, Universidade Católica de Santos, 1995.

Figura 46: Área de projeto. Fonte: Do autor (2017).

40


2.2. Análise Urbana São Caetano do Sul pode ser analisada em três setores distintos: Setor Operário, Setor Econômico e Setor Imobiliário. Os limites

dessas áreas envolvem o Rio Tamanduateí e a Avenida do Estado ao norte, a Linha 10 – Turquesa da CPTM e a Avenida Goiás.

Figura 47: Intervenção do autor em imagem do Google.

Setor Operário – Setor Econômico – Setor Imobiliário

41


Setor Operário: Local de fundação do município, está

delimitado pelo Rio Tamanduateí e pela Linha 10 – Turquesa da

CPTM. É composto pelos bairros da Fundação e Vila Prosperidade, caracterizados pela ausência de arborização e espaços públi-

cos de maior porte, além da predominância dos usos industriais e

de serviços. Ambos os bairros são predominantemente de classe média e possuem as menores rendas médias do município, além Figura 48: Intervenção do autor em imagem do Google.

de concentrarem parte dos cortiços da cidade – não há favelas. Os bairros estão segregados por uma estrutura industrial, quase que

isolando por completo o Prosperidade, com maior relação com o distrito de Vila Prudente, em São Paulo, do que com a própria São Caetano do Sul.

Entre os dois bairros, a única conexão para pedes-

tres é através das calçadas da Avenida do Estado, junto ao

trânsito intenso da mesma, além da baixa qualificação dos espaços

públicos,

assim

como

arborização

inadequada.

Apesar das questões apontadas, o Fundação tem se torna-

do alvo do mercado imobiliário, visto que sua localização estratégica entre o Centro e a Avenida do Estado favorecem o deslocaFigura 49: Casario geminado no Bairro Fundação. Fonte: Do autor (2016).

mento entre localidades importantes do município e São Paulo. A

galeria subterrânea da estação São Caetano favorece a mobilidade a pé, garantindo transposição segura para pedestres entre o bairro e o Centro.

42


Setor Econômico: Situado entre a linha férrea e a Aveni-

da Goiás, este setor é composto pelo Centro do município, assim como a sede da General Motors do Brasil, uma das maiores indústrias do ABC Paulista, região conhecida pelas indústrias automobilísticas.

Figura 50: Intervenção do autor em imagem do Google.

Esse território se caracteriza pelas atividades econômicas

do município, assim como o contraste entre uma área de gran-

de fluxo de pedestres e espaços qualificados para caminhadas - o Centro - e seu acesso ao transporte de massa pela estação São Caetano, e uma grande área privada, sem transposições.

O eixo da Avenida Goiás apresenta grande concentração

de empresas, comércio e serviços diversos, assim como a entrada principal à General Motors, demonstrando a função de principal eixo econômico do município.

Essa estrutura viária segue para Santo André como Aveni-

da Dom Pedro II, passando por áreas dinâmicas e de importância

metropolitana, como a orla industrial, até culminar no Centro de Figura 51: Avenida Goiás e edifícios comerciais do Centro. Fonte: Do autor (2015).

Santo André, um importante polo comercial, de serviços e hub de transportes do ABCD Paulista.

43


Esse território também possui importância institucional,

visto a presença dos dois campus da Universidade Municipal de

São Caetano do Sul (USCS), Centro e Bairro Barcelona, assim como

outras instituições de ensino superior no prolongamento desse eixo, em Santo André.

Segundo o IBGE, o município esteve entre a 48ª e 49ª po-

sições entre 2011 e 2014 entre os PIBs do Brasil. Apesar de pequeno, sua localização é estratégica e concentra uma quantidade considerável de empresas conhecidas, como:

Figura: 52. 01 - Sede da Vigor. Fonte: Google Maps.

Figura: 53. 02 - Sede das Casas Bahia. Fonte: Google Maps.

Figura: 54. 03 - Sede da General Motors. Fonte: Google Maps.

44


Figura: 55. 04 - Sede da Chocolates Pan. Fonte: Google Maps.

Figura: 57. 06. Terminal Sรฃo Caetano do Sul da Petrobrรกs. Fonte: Google Maps.

Figura: 56. 05. Centro Tecnolรณgico da GM. Fonte: Google Maps.

45


Figura 58: Intervenção do autor em imagem do Google.

Figura 59: Vista do Bairro Barcelona. Os baixos do linhão de alta tensão foram convertidos em parque linear. Fonte: Do autor (2012).

zados 12 dos 15 bairros do município. Todos predominantemente

pio e se caracteriza pela baixa densidade, arborização urbana e uso

Setor Imobiliário: É nesse território em que estão locali-

de classes média e média – alta. Apesar de algumas diferenças mar-

cantes entre eles, como altas, médias e baixas densidades, todos

os bairros são majoritariamente residenciais, apesar do conterem vias de comércio e serviços locais e a maior parte dos equipamentos públicos de educação, saúde cultura.

Os bairros mais verticalizados, e também mais valorizados,

são o Santa Paula e o Santo Antônio, às margens da Avenida Goiás.

Em certa medida, se assemelham à relação urbana do Jardim Paulista à Avenida Paulista, em São Paulo. Já ao sudoeste, está localizado o Jardim São Caetano, bairro-jardim planejado pela Companhia

City, a mesma que planejou os Jardins América, Europa e o Pacaem-

bu, também em São Paulo. É o bairro de mais alta renda do municíexclusivamente residencial.

É nesse setor que estão localizados os parques, o estádio

Anacleto Campanella, o Instituto Mauá de Tecnologia e o Park Shopping São Caetano – este último, parte do bairro Cerâmica, conhecido como “bairro planejado” da cidade. Porém, com espaços públicos completamente suprimidos apenas em calçadas, formado

por condomínios residenciais, verticais e horizontais, para a classe média – alta, o shopping e edifícios corporativos. Representa o sucateamento dos espaços públicos e a supremacia dos espaços privados e o incentivo ao uso do automóvel, dada sua desarticulação da estrutura física da cidade.

46


2.3. Relação entre Espaços Públicos e Privados São Caetano do Sul Centro - SCS

Heliópolis - São Paulo General Motors Parques

Park Shopping São Caetano Estacionamento Shopping

Condomínio horizontal Condomínio vertical com muitas torres Estádio

Parque Matarazzo (Local do Projeto)

Figura 60: Intervenção do autor em imagem do Google

47


Em São Caetano do Sul os espaços públicos têm maior

qualificação nos principais logradouros, como as avenidas Goiás e Presidente Kennedy, as quais concentram a maior parte dos espaços, equipamentos e serviços de entretenimento do município,

como praças, bares, boates e restaurantes, ressaltando a preferência dessas localidades para as atividades de lazer e entretenimento. Os parques, em pouca quantidade e muito segregados da

estrutura física da cidade, também são espaços públicos de lazer

e abrigam equipamentos culturais e esportivos. Porém, não pos-

Após a construção do bairro Cerâmica, a cidade adotou a

concepção de “espaços” para determinar certas localidades, como “Espaço Cerâmica” e “Espaço Verde Chico Mendes”, em referência ao bairro e ao parque, respectivamente. O que demonstra um

modo um tanto subjetivo de tratar localidades públicas da própria cidade, como se houvesse referência à setorização de espaços privados.

suem relevância espacial e democrática, dadas suas pequenas dimensões e a desintegração dos mesmos com o tecido urbano.

Estão concentrados na mesma região, a mais valorizada pelo setor imobiliário, próximos ao bairro Cerâmica e à Avenida Presidente Kennedy.

Figura 61: Parque Chico Mendes. O maior parque de São Caetano do Sul. Fonte: Alexandre Yort - Prefeitura Municipal de São Caetano do Sul

Figura 62: Canteiro Central da Avenida Presidente Kennedy. Arborização, padronização dos passeios, ciclovias, monumentos e equipamentos esportivos compõe o espaço. Fonte: Intervenção do autor em imagem do Google.

Figura 63: Conjunto de espaços e equipamentos públicos na Avenida Goiás. O Centro está em primeiro plano. Fonte: Intervenção do autor em imagem do Google.

48


Em 2017, a Prefeitura de São Paulo teve início com

e Schiller (2017), a organização foi criada após a crise entre 1960

pal deles: O Parque Ibirapuera. De acordo com a prefeitura,

a CPC é fundada e mantida pela doação de fundações privadas,

a gestão de João Dória. Uma de suas metas de governo é a privatização dos parques do município, como o princia ideia é que empresas administrem e realizem a conserva-

ção dessas áreas para reduzir os gastos públicos municipais.

Porém, a medida não possui transparência e ação partici-

pativa, visto que nenhum plano foi apresentado oficialmente para

ser discutido com a sociedade. Essa fratura de diálogo e partici-

pação da população demonstra hostilidade diante da gestão de importantes espaços públicos da cidade, os quais são responsá-

veis pela mobilidade e lazer de pedestres e ciclistas, assim como o

exercício da cidadania de ir e vir em espaços de responsabilidade e direito público, muitas vezes abrigando equipamentos culturais e de outras esferas sociais, como é o caso do conjunto arquitetôni-

co do Ibirapuera, com auditório, museus e espaços para eventos, ou as bibliotecas presentes nos parques da Juventude e Villa Lobos, respectivamente.

A Gestão Dória tem como referência a Central Park Conser-

vancy, organização sem fins lucrativos que participa da administração do Central Park, em Nova York. Porém, segundo Vannuchi

e 1980, onde houve cortes profundos no orçamento municipal,

prejudicando a conservação e a segurança do parque. Com isso,

empresas e, principalmente, de moradores do entorno do parque, a região mais rica de Nova York.

Isso parte de uma cultura de filantrópica enraizada nos

Estados Unidos, onde as elites realizam grandes doações para

instituições culturais e sociais, obtendo benefícios fiscais ou na

tributação sobre heranças como contrapartida. Ainda assim, mesmo com as vastas doações da CPC, a prefeitura ainda participa da

manutenção e gestão do Central Park, contribuindo com 25% do orçamento.

No Parque Ibirapuera já existe uma organização seme-

lhante, a Parque Ibirapuera Conservação, que realizam mutirões

e reformas em partes específicas do parque através de doações, porém não participam oficialmente na gestão da área. Inclusive, fazem diversas críticas à falta de transparência do setor público sobre a gestão e conservação do parque.

49


Ainda segundo Vannuchi e Schiller (2017), apesar do mo-

vação. Devido à importância histórica e influência econômica das

uma das áreas mais frequentadas da cidade e por públicos tão dis-

doria de Parques Urbanos do Estado, assim como os parques Villa

delo nova iorquino ser um tanto sedutor, o Parque Ibirapuera não é um parque degradado como foi o Central Park dos anos 1980, mas

tintos, de todas as partes de São Paulo – o que faz com que conflitos sejam naturais na sua utilização. De acordo com Ribeiro, Júnior e Rodrigues (2015), existe uma dificuldade em larga escala na es-

Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo no estado de São Paulo, o objetivo é que a área esteja em responsabilidade da CoordenaLobos, Juventude e outros.

truturação de sistemas de governança metropolitana nas metrópoles brasileiras, onde a autonomia municipal se impõe como bar-

reira ao caráter de intermunicipalidade do território conurbado.

O Estatuto da Metrópole, aprovado em Janeiro de 2015,

dá oportunidade de legitimação dessa governança por parte da

escala federal, através do Ministério das Cidades, o qual poderia definir diretrizes de planejamento para essas regiões. Porém, vis-

to que a própria Constituição Brasileira define que a competência dessas regiões fique a cargo dos estados, o estatuto ainda se posi-

ciona de forma incerta sobre desdobramentos metropolitanos do país.

Sabendo que a área para o Parque Matarazzo abrange os

municípios de São Caetano do Sul, majoritariamente, e São Paulo, é necessário tratar os rumos de sua administração e conser-

50


2.3.

Indicadores socioeconômicos e ambientais

2.3.1. Indicadores Ambientais e Gestão Urbana

o tipo de urbanização, em grande parte derivada de um loteamen-

da Zona Oeste. As calçadas também não foram contempladas com

A intensa impermeabilização do solo e a baixa cobertura

vegetal são as principais características da urbanização dos dis-

tritos do Tipo 4, caso da Vila Prudente e Ipiranga, nos limites com São Caetano do Sul. Apesar da presença de infraestrutura urbana,

to para as classes médias, não contemplou áreas permeáveis rele-

vantes, como os lotes de alto padrão presentes nos bairros jardins dimensões adequadas para abrigar arborização. Essa baixa per-

meabilidade do solo é a causa de graves problemas com enchentes nas várzeas e baixadas da metrópole, como o território de projeto. As pricipais características dos quatro tipos de distriro são:

Distritos Tipo 1 - destritos onde se concentram as principais áreas prestadoras de serviços ambientais da cidade, com altos valores de cobertura vegetal. Apresentam ações de controle de conservação da biodiversidade, mas se encontram sob forte Tipologia dos Distritos Municipais Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3 Tipo 4 Local do projeto

Figura 64: Tipologia dos Distritos. Fonte: Retirado do livro Indicadores Ambientais e Gestão Urbana – Desafios para a Construção da Sustentabilidade na Cidade de São Paulo – Secretaria do Verde e Meio Ambiente – PMSP.

pressão de ocupação urbana, altamente precária;

Distritos Tipo 2 - distritos de alta precariedade urbana, em regiões com remanescentes de vegetação, mas ainda sob pres-

são da ocupação urbana desordenada e, apesar de desamente ocupados, são caracterizados por um baixo controle urbano dentre as ações do âmbito da Secretaria;

Distritos Tipo 3 - distrito com alto adensamento vertica, onde

se concentra a maior parte das ações de controle urbano do

51


uso e ocupação do solo, além de ter as melhores condições de infra-estrutura da cidade. Apresentam, em geral, densidades demográficas médias a baixas, com perda populacional a despeito da verticalização intensiva. Localmente, podem apresentar altos valores de cobertura vegetal, representados por parques urbanos e arborização viária e intralote;

Distritos Tipo 4 - distritos em que a pricipal característica é

a baixíssima presença de cobertura vegetal em áreas de ocupação urbana consolidada em boa infra-estrutura urbana, em processo de “esvaziamento” populacional.

Trecho retirado do livro Indicadores Ambientais e Gestão Urbana - Desafios para a Construção da Sustentabilidade na Cidade de São Paulo. Secretaria do Verde e Meio Ambiente - Prefeitura de São Paulo

Figura 65: Temperatura e Áreas de Alagamentos no território da Operação urbana Bairros do Tamanduateí. Fonte: Prefeitura de São Paulo, 2016.

52


2.3.2. Demografia e Demandas Sociais

A análise demográfica é fundamental para compreensão

da demanda por espaços públicos e livres na região. Nesse território, os espaços públicos e as áreas verdes se resumem às calça-

das e pequenas áreas ajardinadas que não passam de resíduo de sistema viário. A elevada impermeabilização do solo causa graves enchentes nos rios Tamanduateí e Meninos durante o verão - estação com os mais elevados índices pluviométricos de São Paulo.

No zoneamento podemos analisar a presença de grandes ZEIS ao redor da área, o que indica um futuro adensamento populacional

ainda maior. No futuro, sem previsões de grandes obras de mobi-

Figura 66: COHAB Heliópolis, em São Paulo, a partir da Av. Guido Aliberti, em São Caetano. Fonte: Do autor (Abril/2017).

lidade urbana ou mesmo de espaços públicos qualificados para o lazer, cultura e o caminhar da população, é possível imaginar

a intensificação dos problemas atuais, como a superlotação dos transportes e os congestionamentos nas principais vias.

A violência urbana partindo da segregação, uma vez que

não existem espaços de convívio comum às diferentes camadas

sociais presentes. E também a saída das indústrias, visto que os grandes congestionamentos e o ambiente urbano conturbado prejudica a chegada e partida de produtos, além da especulação

imobiliária que procura gentrificar e ocupar grandes lotes para

construir condomínios verticais - situação já verificadas na Mooca, Barra Funda, Lapa e Santo Amaro.

Figura 67: Favela na Vila Carioca, entre a Zona Industrial e a CPTM, em São Paulo. Vista da Av. Guido Aliberti, em São Caetano. Fonte: Do autor (Abril/2017).

53


Figura 68: Av. Guido Aliberti em São Caetano. Ao fundo, edifícios de uma ZEIS na Av. do Estado, em São Paulo. Fonte: Do autor (Abril/2017).

Projeto Detalhado

Áreas de Diretrizes

Massa arbórea existente CPTM

Zeis 1 Zeis 2 Zeis 3

Zona Industrial Vila Matarazzo

Edificações Hostóricas Linha de Alta Tensão

Figura 69: Mapa de Propriedades. Fonte: Do autor.

54


Figura 70: Intervenção do autor em imagem do Google.

De acordo com levantamento feito pelo jornal ABCD Maior (26/03/2015), existem 750 famílias vivendo em cortiços entre os bairros Fundação, Prosperidade, São José, Boa Vista e Nova Gerty. O mais recente empreendimento de Habitação de Interesse Social foi entregue em 2011 (97 unid/CDHU), no bairro Prosperidade, na divisa com São Paulo, com sua fachada principal voltada para

a Avenida do Estado e o odor crítico de contaminação do Rio Tamanduateí. Muitas favelas de São Paulo e Santo André, estão próximas aos limites de São Caetano e sugerem as pressões sobre o défict habitacional e de segregação social do município. Segundo a prefeitura, há 200 imóveis ociosos no município, os quais devem ser considerados para a minimização dos problemas habitacionais. 55


2.4

Legislação Urbana

Operação Urbana Bairros do Tamanduateí – São Paulo

A área é regida sobre amplas diretrizes urbanas, tanto por

PROJETO DE LEI Nº 723/2015.

São Paulo, como por São Caetano do Sul. Abaixo, alguns dados da legislação e levantamentos do território.

[...]II - promover a reestruturação da orla ferroviária articulada com a preservação do patrimônio histórico industrial da Cidade, entendido como um ativo do desenvolvimento urbano, permitindo melhores condições de inserção urbana e integração espacial com o entorno;

III - melhorar as condições de acesso e mobilidade da região, especialmente por meio de transportes coletivos e não motorizados, e oferecer conforto, acessibilidade universal e segurança para pedestres e ciclistas; IV - melhorar a relação da Cidade com o Rio Tamanduateí e com os Córregos do Moinho Velho e Ipiranga e com o Ribeirão dos Meninos, promovendo melhorias nas várzeas e Áreas de Preservação Permanente desses cursos d’água; V - requalificar as avenidas do Estado, das Juntas Provisórias e Alcântara Machado e as áreas contíguas a esses logradouros, sem prejuízo dos fluxos de circulação metropolitanos e preservando as características da planície de aluvião em suas funções de drenagem; Tabela 01: Dados. Fonte: Prefeitura Municipal de São Paulo e Prefeitura Municipal de São Caetano do Sul

VI - requalificar urbanisticamente a Avenida Dom Pedro I, de forma a contribuir com o destaque e a visibilidade do Monumento à Independência; VII - incentivar a preservação do patrimônio histórico, cultural e ambiental urbano; [...]

56


Figura 71: Plano de Intervenção por Setores da Operação Urbana Consorciada Bairros do Tamanduateí. Fonte: Prefeitura de São Paulo, 2016.

57


Figura 72: Plano Urbanístico Específico da Operação Urbana Consorciada Bairros do Tamanduateí. Fonte: Prefeitura de São Paulo, 2016

58


Figura 73: Zoneamento de São Paulo no território de intervenção. Fonte: Prefeitura de São Paulo, 2016.

59


Figura 74: Zoneamento de São Caetano do Sul no território de intervenção. Fonte: Prefeitura de São Caetano do Sul, 2010.

60


2.5 CONCLUSÃO

É perceptível a complexidade do território em ques-

tão, compreendido por variedade de perfis sociais desde

sua

formação

histórica

até

seus

desdobramentos

culturais, econômicos e urbanísticos nos dias atuais. A industrialização foi a interferência que determinou a trama urbana, os usos e a organização da sociedade do ABCD Paulista.

Santo André, São Caetano do Sul e São Bernardo do Cam-

po compõe a chamada Elite Industrial da região, formando as

maiores economias, assim como a população de mais alta ren-

da. Diadema e Mauá, apesar da vasta economia, sofrem com intensos problemas sociais. Ribeirão Pires, mesmo com ele-

vados índices sociais, se coloca como cidade dormitório e de veraneio. Por último, Rio Grande da Serra como um pobre subúrbio dormitório. Sendo assim, São Caetano se impõe em po-

põe a maioria da população, elevando seu poder econômico. Além disso, sua posição estratégica, muito próxima ao Cen-

tro de São Paulo, Avenida Paulista e ao acesso ao Porto de

Santos pela Rodovia Anchieta, favorecem tais indicadores.

Portanto, se justifica a necessidade e importância de recu-

perar o patrimônio das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo, assim como destinar o espaço ao uso público, a fim de favorecer o espaço urbano da cidade e fomentar a vida pública. Em consequência, criando novas estratégicas urbanísticas e paisagísticas

que contemplem a cidade real e suas características morfológicas

e históricas, assim como a relação intermunicipal entre cidades e

suas infraestruturas compartilhadas, diante do status e condição

de região metropolitana e todos os privilégios que se desdobram sobre o tema.

sição privilegiada na região e no cenário nacional, já que dispõe do mais alto Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil.

Embora de pequenas dimensões, o município abri-

ga quantidade considerável de empresas de grande valor

econômico e população de rendas média e alta que com61


CapĂ­tulo 3

62


3. Projeto 3.1. Introdução

O projeto consiste na reabilitação de uma área contamina-

da de 300.000 m², intermunicipal, e com grandes desafios de es-

cala urbana., localizada nos limites dos distritos de Vila Prudente e Ipiranga, em São Paulo, com o bairro Fundação, em São Caetano do Sul.

Objetivos • Resgatar a memória patrimonial e histórica; • Reabilitar um território ocioso;

• Requalificar os compartimentos ambientais;

• Fomentar a vida através de espaços públicos qualificados;

• Criar um espaço estruturador do território que potencialize as

morfologias existentes no entorno;

• Promover ideias para estender o modelo para territórios seme-

lhantes do Eixo Tamanduateí.

No capítulo 02 foram analisadas as características sociais,

ambientais, econômicas, culturais e históricas da região. Forte

zona industrial criada nos anos 1950, passa por processos de reorganização de funções no território – em especial e escala me-

tropolitana, o Eixo Tamanduateí - mesmo que ainda se mantenha

como a maior concentração de indústrias ativas da metrópole. (MEYER, 2004) A legislação é controversa, onde a Prefeitura de

São Caetano do Sul propõe que toda a área das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo seja classificada como zona comer-

cial. Enquanto isso, uma sobreposição de zoneamento se impõe na porção oeste do parque, geograficamente pertencente à São

Paulo, onde a legislação dessa a denomina como zona industrial.

O conflito está na confusão dos limites municipais em questão:

o Ribeirão dos Meninos ou o território das IRFM. Diante desses conflitos e das precariedades encontradas nos sistemas: ambiental; de espaços públicos; de deterioração da história ainda repre-

sentada pelas edificações residuais; se consolida a importância do projeto de um parque urbano no território, a fim de minimizar os conflitos sociais, as problemáticas ambientais e garantir a recuperação e a preservação da história, além de celebrar o espaço urbano através de espaços públicos qualificados, garantindo democracia, salubridade, segurança pública e incentivo à mobilidade não motorizada, priorizando o acesso das pessoas à cidade.

Apesar da comprovada valorização imobiliária ocasionada

pela implantação de parques, visto a relevância de tais espaços, 63


alguns usos garantem o acesso às populações de mais baixa renda

no local, como a presença de favelas em ZEIS e novas Habitações de Interesse Social e Mercado Popular (HIS e HMP) já em construção ou previstas para a região. Além disso, estando em uma várzea

3.2. SETORIZAÇÃO Dimensões excluindo áreas de corpos d’água e sistema viário. SETOR 01

e às margens da Avenida do Estado – avenida em fundo de vale

Aprox. 44.000 m²

é metropolitana e não de escala local, sendo uma situação recor-

SETOR 02

– mesmo com o Parque Matarazzo, os alagamentos ainda podem

Descontaminação (2019)

ocorrer em pontos próximos, visto que a resolução dessa questão

Acessos: Rua Guamiranga, Rua X e Avenida do Estado – São Paulo.

que inclui toda a extensão do Eixo Tamanduateí, de São Paulo à

Aprox. 22.000 m²

metropolitano à partir de uma localidade de escala e complexida-

São Caetano do Sul.

rente em vários pontos da Região Metropolitana de São Paulo – o

Mauá, visto a excessiva impermeabilização das margens do rio e afluentes. Por isso, a importância de iniciar um plano regional – de relevantes para se impor como modelo a ser reproduzido em variados pontos do eixo e da metrópole.

Intervenção (2021) Acessos: Avenida Guido Aliberti e Rua Maximiliano Lorenzini – SETOR 03

Aprox. 50.000 m²

Intervenção (2023)

Acessos: Avenida Guido Aliberti e Setor 02 – São Paulo e São Caetano do Sul. SETOR 04

Aprox. 115.000 m²

Descontaminação (2025)

64


Acessos: Avenida Guido Aliberti, Rua Maximiliano Lorenzini, Rua Mariano Pamplona, Rua Vinte e Oito de Julho e Rua Rio Branco – São Caetano do Sul. SETOR 05

Aprox. 9.000 m²

Descontaminação (2019)

Acessos: Avenida Presidente Wilson e Avenida Guido Aliberti – São Paulo e São Caetano do Sul. SETOR 06

Aprox. 21.500 m²

Descontaminação (2020) Acessos: Avenida Guido Aliberti e Avenida Conselheiro Prado – São Caetano do Sul

Figura 75: Setorização. Fonte: Do autor, 2017.

65


3.3. IMPLANTAÇÃO

A implantação tem fundamentos na setorização da área, visto sua segregação por elementos de infraestrutura de grande porte,

como rios, sistema viário, linha férrea e linhas de transmissão.

Figura 76: Implantação. Fonte: Do autor, 2017.

66


3.4.

CONCEITO – PARQUE

O parque segue o conceito das áreas livres públicas, no

âmbito da contemplação e mobilidade. No Brasil, muitos parques seguiram o formato do loteamento com base na morfologia de “quadra – lote”, sendo enclausurados como se fossem quadras da

cidade e não áreas livres propriamente ditas, como ocorre em cidades europeias, por exemplo. O fator esportivo é quase sempre a razão para se construírem parques no Brasil, sendo retirada a

importância da mobilidade não motorizada e até mesmo da pai-

sagem urbana, como acontece com as Super Quadras de Brasília, com vias-parques e edifícios que parecem estar implantados dentro de parques, diante da intensa arborização e espaço democráti-

Figura 77: Jardim Botânico de São Paulo. Fonte: Do autor (2015)

co. Em Londres, os parques servem de conexões para pedestres e ciclistas para diversas localidades, servindo como um sistema de

orientação para a construção da cidade, seu crescimento e desenvolvimento.

Os Jardins Botânicos brasileiros são exemplos de parques

para estar e contemplar, porém, diante do seu perfil de organi-

zação de pesquisas botânicas, cobram o pagamento de ingresso para o acesso do público, perdendo o caráter de parque público no aspecto da mobilidade e livre circulação.

Figura 78: Jardim Botânico de São Paulo. Fonte: Do autor (2015)

67


Figura 79: Super Quadra - Asa Sul, em Brasília. Fonte: Do autor (2015)

Figura 81: Jardim Botânico de Curitiba. Fonte: Do autor (2015)

Figura 80: Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Fonte: Do autor (2016)

Figura 82: Mile End Park, em Londres. Fonte: 3D Google Maps

68


3.5. VEGETAÇÃO

Diante da contaminação do solo e sua reabilitação, todas as

espécies de vegetação u tilizadas no projeto são adaptáveis à essas condições de degradação, além de também serem dotadas de função regenerativa à solos e águas contaminadas.

Para a composição do parque, toma-se como ponto de partida

o uso destinado a cada espaço, como as praças e caminhos (áreas de piso) e as áreas permeáveis e gramadas. Essas, muitas vezes para utilização pública, como áreas de recreação e estar; outras para a composição de jardins, visando a contemplação. Com isso, são escolhidas as espécies adequadas para pisoteio ou não.

No Parque Matarazzo, o objetivo é alinhar algumas morfolo-

gias e composições distintas de paisagem, diante da complexidade do território, a partir da sua fragmentação por rios, sistema ferroviário

Atingem aproximadamente 1 metro de altura (variando conforme a espécie) e se destacam das forrações. Normalmente, coloridas. Já os arbustos, com caules lenhosos, podem atingir alturas maiores e antecedem as árvores, com maior porte.

Todas as espécies utilizadas são resistentes à solos degradados

e/ou contaminados. Os setores a serem descontaminados por meios de obras e com o uso de agentes químicos, além da troca de solo em determinados locais, devem receber maior diversidade de espécies. No caso dos setores 02 e 03, estes serão descontaminados apenas por meios naturais, através de vegetação apropriada, como os arbustos, herbáceas e outras plantas aquáticas - nesse último caso, para o Ribeirão dos Meninos. O mesmo ocorre com as árvores, médio e grante porte, com destinação em determinados locais de acordo com a espécie. No caso do Salgueiro, às margens do Ribeirão, visto facilidade em solos úmidos e a habilidade com águas e solos com maior grau de contaminação.

e viário. Sendo assim, a estruturação do parque é possível através de ações de projeto urbanístico (cruzamentos, passeios públicos e as morfologias urbanas existentes), paisagístico (relação entre o meio natural existente e o proposto, através de vegetação e as paisagens concebidas) e arquitetônico (edificações propostas: transposições e coberturas para garantir acessos e proteções).

Em seguida, temos as herbáceas, que partem das forrações.

Figura 83: Grama Esmeralda. Fonte: blogdecoracao.biz, (2017).

Figura 84 : Grama Amendoim. Fonte: Silvana. (2012)

69


3.6. FITORREMEDIAÇÃO

É a tecnologia que utiliza plantas para a minimização de po-

luentes no meio ambiente. As plantas auxiliam na remoção de contaminantes, como metais, do ambiente (solos e águas) contaminado. Além disso, uma vez absorvidos pela vegetação, evita-se a dispersão dos contaminantes pelo ar e pela chuva. 3.7. FITOEXTRAÇÃO

Processo que utiliza as raízes para absorção dos contaminan-

tes, como metais, compostos inorgânicos ou orgânicos. 3.8.

FITORREMEDIAÇÃO NO AMBIENTE LÍQUIDO

A utilização de plantas aquáticas (hidrófitas e macrófitas) pro-

Figura 85: Arabidopsis Halleri Fonte: wilde-planten.nl. (2017)

Figura 86: Thlaspi Caerulescens Fonte: wilde-planten.nl. (2017)

Figura 87: Pontederia Fonte: prairiemoon. (2017)

Figura 88: Juncus. Fonte: prairiemoon. (2017)

vem da intensa absorção de nutrientes e visa principalmente a redução da carga orgânica, do fósforo e nitrogênio. No caso da Eichornia (aguapé), por exemplo, reduz a taxa de coliformes e retira fenois e metais pesados. Exercem papel importante na remoção de substâncias dissolvidas e incorporando-as à sua biomassa. O sistema pode contar macrófitas flutuantes (enraizadas ou flutuantes), submersas e/ou emergentes, com lagoas projetadas para cada tipo de situação, diante da relação entre as respectivas vegetações e os fluxos d'água.

70


3.9.

COMPOSIÇÃO DO ESPAÇO.

As árvores utilizadas no projeto de suas respectivas resistências

à solos contaminados, podendo de adaptar à degradação e, inclusive, contribuir para sua recuperação.

Figura 89: Elementos existentes

Figura 91: Vegetação e Massas d’água

Período de florescimento das espécies presentes no parque.

Figura 90: Circulação

Tabela 2: Florescimento.

71


Para análise completa, verificar Prancha 02 - Anexo SETORIZAÇÃO E PREVISÕES DE INTERVENÇÃO E DESCONTAMINAÇÃO NORTE

As árvores utilizadas no projeto partem de suas respectivas resistências à solos contaminados, podendo se adaptar à degradação e, inclusive, contribuir para sua recuperação. No mapa, em verde, os períodos de florescimento das espécies presentes no parque.

LEGENDA SETOR 01

ESPÉCIES

IPÊS

AROEIRA MOLE

CEDRO

PATA DE VACA

EMBAÚBA

ARAUCÁRIA

PALMEIRA

02. AROEIRA MOLE

01. IPÊS

SALGUEIRO

03. CEDRO (Cedrela fissilis)

(Handroanthus albus) (Schinus terebinthifolius)

JANEIRO

Descontaminação (2019)

04. PATA DE VACA (Bauhinia variegata)

FEVEREIRO

SETOR 02

MARÇO

Intervenção (2021)

ABRIL

SETOR 03

MAIO

Intervenção (2023)

JUNHO

SETOR 04

JULHO

Descontaminação (2025)

AGOSTO

SETOR 05

(Cecropia hololeuca)

OUTUBRO NOVEMBRO

Setorização e Fenologia Arbórea

08. SALGUEIRO

(Roystonea oleracea)

(Araucaria angustifolia)

(Salix humboldtiana)

Árvores de médio e grande porte utilizadas no projeto. Abaixo, a localização das espécies no parque. Pelo número (ex: 01).

DEZEMBRO

Descontaminação (2020)

07. PALMEIRA

05. EMBAÚBA PRATEADA 06. ARAUCÁRIA

SETEMBRO

Descontaminação (2019)

SETOR 06

NORTE

NORTE

NORTE

02 02 02 03

02

05

05

02

03

05 03

02

01

DO TA ES

O AV. GUID

ALIBERTI

04 04 02

08 06

08

08

02

06

08

08

08

08

05

04

05

04

02

04

08

04 04

08

02

02

02

05 02

CIRCULAÇÃO

100 m

02

03 04 03

08

06

ELEMENTOS EXISTENTES

05

08

08

03

04 05

02

02

08 08

02

03

03

02

08

02

06

03

02

05

02

08

02

01

02

07

04

03

05

02 08

07 01

02

02 07

04

04

04

04

02

07 01

01 07

04

AV

. DO

07 02

01

02

04

03

02

VEGETAÇÃO E MASSAS D'ÁGUA

100 m

100 m

Composição do espaço GRAMADOS PARA PISOTEIO

GRAMA ESMERALDA

GRAMADOS - SEM PISOTEIO

GRAMA AMENDOIM GRAMA SÃO CARLOS

No Parque Matarazzo, o objetivo é alinhar algumas morfologias e composições distintas de paisagem, diante da complexidade do território, a partir da sua fragmentação por rios, sistema ferroviário e viário. Sendo assim, a estruturação do parque é possível através de ações de projeto urbanístico (cruzamentos, passeios públicos e as morfologias urbanas existentes), paisagístico (relação entre o meio natural existente e o proposto, através de vegetação e as paisagens concebidas) e arquitetônico (edificações propostas: transposições e coberturas para garantir acessos e proteções).

Composição vegetal

ARBUSTOS

THLASPI CAERULESCENS

AZALEIA

Em seguida, temos as herbáceas, que partem das forrações. Atingem aproximadamente 1 metro de altura (variando conforme a espécie) e se destacam das forrações. Normalmente, coloridas. Já os arbustos, com caules lenhosos, podem atingir alturas maiores e antecedem as árvores, com maior porte.

Todas as espécies utilizadas são resistentes à solos degradados e/ou contaminados. Os setores a serem descontaminados por meios de obras e com o uso de agentes químicos, além da troca de solo em determinados locais, devem receber maior diversidade de espécies. No caso dos setores 02 e 03, estes serão descontaminados apenas por meios naturais, através de vegetação apropriada, como os arbustos, herbáceas e outras plantas aquáticas - nesse último caso, para o Ribeirão dos Meninos. O mesmo ocorre com as árvores, médio e grante porte, com destinação em determinados locais de acordo com a espécie. No caso do Salgueiro, às margens do Ribeirão, visto facilidade em solos umidos e a habilidade com águas e solos com maior grau de contaminação.

AQUÁTICAS

ARABIDOPSIS HALLERI

MOSTARDA INDIANA

CAMARÃO AMARELO

GRAMA TRAPOERABA ROXA

Para a composição do parque, toma-se como ponto de partida o uso destinado a cada espaço, como as praças e caminhos (áreas de piso) e as áreas permeáveis e gramadas. Essas, muitas vezes para utilização pública, como áreas de recreação e estar; outras para a composição de jardins, visando a contemplação. Com isso, são escolhidas as espécies adequadas para pisoteio ou não.

HERBÁCEAS

LILO HORTÊNSIA

FITORREMEDIAÇÃO É a tecnologia que utiliza plantas para a minimização de poluentes no meio ambiente. As plantas auxiliam na remoção de contaminantes, como metais, do ambiente (solos e águas) contaminado. Além disso, uma vez absorvidos pela vegetação, evita-se a dispersão dos contaminantes pelo ar e pela chuva.

PONTEDERIA

EICHORNIA

JUNCUS Macrófitas emergentes (Enraizadas)

SALVINIA Macrófitas flutuantes FITORREMEDIAÇÃO NO AMBIENTE LÍQUIDO

CERATOPHYLLUM

ELODEA CANADENSIS

Macrófitas submersas FITOEXTRAÇÃO

Croqui

Croquis

Contenções: muretas embutidas de concreto para evitar o avanço das forrações.

Modelos de sistema de tratamento de águas com macrófitas e suas variações.

Plano Urbanístico e Paisagístico

PARQUE MATARAZZO

Processo que utiliza as raízes para absorção dos contaminantes, como metais, compostos inorgânicos ou orgânicos.

A utilização de plantas aquáticas (hidrófitas e macrófitas) provem da intensa absorção de nutrientes e visa principalmente a redução da carga orgânica, do fósforo e nitrogênio.

No caso da Eichornia (aguapé), por exemplo, reduz a taxa de coliformes e retira fenois e metais pesados. Exercem papel importante na remoção de substâncias dissolvidas e incorporando-as à sua biomassa.

O sistema pode contar macrófitas flutuantes (enraizadas ou flutuantes), submersas e/ou emergentes, com lagoas projetadas para cada tipo de situação, diante da relação entre as respectivas vegetações e os fluxos d'água.

CURSO:

ARQUITETURA E URBANISMO

DISCIPLINA:

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

ORIENTADOR

ASSUNTO:

TURMA:

10º SEM

MARINA CARAFFA FOLHA:

PROJETO URBANÍSTICO E PAISAGÍSTICO REABILITAÇÃO DE ÁREA CONTAMINADA

ALUNO:

LUCAS CHICONI BALTEIRO

DATA:

05/05/2017

ESCALA:

02 INDICADA

Figura 92: Prancha 02. Fonte: Do autor. (2017)

72


3.10. REABILITAÇÃO DE ÁREA CONTAMINADA

Os setores que não recebem obras de descontaminação (pro-

cessos químicos e troca de solo), terão pisos suspensos para proporcionar o acesso do público. Porém, sem que este tenha contato com as áreas permeáveis a serem mantidas – as quais recebem vegetação adequada para seu processo natural de descontaminação.

Sendo assim, a principal referência estudada é a Praça Victor

Civita, localizada em Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo. Antigo Incinerador Pinheiros, a área pública de 15 mil m² foi recuperada por uma parceria público – privada entre a Prefeitura de São Paulo e a Editora Abril. Segundo Levisky, visou sua reabilitação com o passivo no local, em um desafio urbanístico, social, político e cultural e retrata uma realidade urbana: a existência de uma grande quantidade de terrenos desocupados ou abandonados e a necessidade urgente de recuperá-los.

Sobre a estrutura de aço 80% reciclada, dois deques: um de

concreto com placas pré-moldadas – evitando desperdício de materiais na obra; e outro fabricado com três espécies diferentes de madeira brasileira certificadas – ipê, garapa e sucupira. O deck avança sobre o terreno a um metro do terreno, do plano horizontal ao vertical, como se esse novo piso pousasse sobre o terreno e fizesse a proposta de ocupação do espaço público e também da contemplação das visuais. No plano vertical, a casca protege os usuários do contato com as áreas permeáveis que foram mantidas.

As novas construções da praça são de estrutura seca de drywall,

com placas cimentícias, o que indica limpeza e agilidade da obra que é formado por diversas outras soluções sustentáveis, como o aquecimento solar e o reuso e tratamento da água. Esse último, através de um sistema de captação e decantação que ocorre em alagados abaixo dos decks.

O projeto teve início em 2006 e optou por soluções sustentá-

veis em sua execução. Nas fundações foram utilizadas estacas metálicas pré-fabricadas, evitando a manipulação de materiais na obra, a produção de resíduo e a remoção do solo. Sendo assim, protegendo as pessoas do contato com possíveis águas subterrâneas também contaminadas.

Figura 93: Vista aérea da Praça Victor Civita. Fonte: Nelson Kon(2008)

73


Figura 94: O plano vertical protege os usuários do contato com as áreas permeáveis mantidas. Fonte: Nelson Kon(2008)

Figura 95: Edifício do antigo incinerador. Hoje, Museu Aberto da Sustentabilidade.. Fonte: Nelson Kon(2012)

Figura 96: Perspectiva estrutural. Fonte: Levisky Arquitetos Associados, 2008.

Figura 97: Corte e Perspectiva estrutural. Fonte: Levisky Arquitetos Associados, 2008.

74


3.11. PRAÇA CÍVICA

Com o propósito de fomentar a vida pública e social, a pra-

ça cívica integra os principais elementos edificados e de relevância

histórica do território: a Paróquia São Caetano (edifício tombado), a chaminé maior (aprox. 50 metros) e o muro da antiga indústria.

A praça se abre para a cidade conectando as duas extremi-

dades transversais do setor, proporcionando face à Avenida Guido Aliberti e a conectando com a cidade existente, na Rua Mariano

ção, uma grande marquise se estende de norte a sul, conectando a Alameda dos Ipês à Ponte da Cidade e ao Caminho da Cerâmica,

concebendo um enquadramento urbano dos principais elementos icônicos que constituem o parque.

Para análise completa, verificar Prancha 03 - Anexo

Figura 98: Detalhe projeto, ponte exclusica para pedestre. Fonte: Do autor.

Pamplona. É nessa rua, com a Vinte e Oito de Julho, que ocorre

a Festa Italiana de São Caetano, evento tradicional do município.

Antes, ocorrido dentro do terreno, sobre a contaminação. Com a ‘descoberta’, a festa passou a ser realizada na rua.

Portanto, a praça já nasce com função, mas com dimensões

Figura 99: Detalhe projeto, Fonte: Do autor.

suficientes para abrigar e incentivar diversos tipos de manifesta-

ções. O piso da praça, assim como todos os caminhos do parque, é de concreto drenante, em referência à problemática de alagamen-

tos do local, assim como a promoção de consciência e eficiência ambiental.

Para garantir o seu uso em dias de chuva ou maior insola-

Figura 100: Detalhe projeto, Fonte: Do autor.

75


3.11.1

REFERÊNCIAS

Nesse caso, as principais referências utilizadas foram os

parques mais transformadores na ideia de parque urbano no Bra-

sil: Parque Ibirapuera, em São Paulo; e o Parque do Flamengo, no

Rio de Janeiro. Em ambos projetos, datados da segunda metade do século XX, se projeta para a escala urbana, onde o parque se impõe como um equipamento com papeis diversos, sendo o mais

relevante o espaço público criado para a circulação e a concentração de pessoas alinhado à paisagem urbana. No Ibirapuera, a Mar-

quise é o elemento estruturador da praça que conecta os edifícios culturais do parque, de autoria de Oscar Niemeyer. Monumentos e outros espaços são conectados e integrados às paisagens que são descobertas ao percorrer os circuitos do parque.

Figura 101: Edifícios culturais conectados pela marquise. Fonte: Do autor (2014)

Já no Parque do Flamengo, o espaço – paisagem é conce-

bido para conectar o Centro à Zona Sul, emoldurando e também

conectando os bairros adjacentes ao parque e, posteriormente, ao mar (baía de Guanabara). Como no Ibirapuera, espaços e edificações emblemáticas são evidentemente pontos a serem contemplados e anexados à circulação e à paisagem. No Flamengo, vias expressas rasgam o território e o parque às transpõe por passarelas.

No Ibirapuera, isso ocorre parcialmente. Por um lado, inteligente e sagaz.

Por outro, o sistema rodoviário se mostra determinante e

até mesmo prioritário – ponto contraditório e não referenciado no projeto. Nesse caso, foi adotada a opção de trabalhar com o parque em nível, valorizando e priorizando os pedestres e ciclistas.

Figura 102: Vista do bairro e Parque do Flamengo. Fonte: Do autor (2016)

76


3.12. PATRIMÔNIO HISTÓRICO

Duas chaminés, alguns muros, um portal e uma edi-

ficação são os resíduos existentes das Indústrias Matarazzo. Uma singela igreja completa o cenário. Esses elementos foram fundamentais para o projeto do parque, visto sua

importância na história local e na composição da paisa-

gem, servindo de marcos de referência visual para a região.

A chaminé maior, com aproximadamente 50 metros de al-

tura, está integrada à Praça Cívica, unindo-a com a Paróquia São

Caetano no mais amplo espaço do projeto que é dedicado às manifestações sociais e culturais. Construída sobre uma porção elevada do terreno, a chaminé irá receber iluminação especial voltada

à ela, homenageando a história e também sua mutação simbólica:

antes, elemento disseminador de poluição; agora, monumento e

O portal da Indústria Cerâmica, Rua Rio Branco, é restau-

rado e define um dos principais caminhos do parque. Já o muro da Indústria Química, na Rua Mariano Pamplona, com cerca de

270 metros, sofreu intervenções: aberturas foram portais, acessos e janelas, além de uma faixa – anteriormente pintada em

branco – destinada ao grafite, a fim de valorizar a arte urbana e

seu potencial de transformação social e cultural no espaço urbano. A chaminé menor, com cerca de 20 metros de altura, está

no Setor 02, próxima da Avenida do Estado e da Vila Matarazzo.

O projeto dessa área consiste em intervenções para des-

contaminação por meios naturais, portanto, é necessário piso elevado. Sendo assim, uma praça elevada irá contornar a chaminé para integrá-la ao parque.

cartão postal de um espaço produtor de democracia e natureza.

A Paróquia São Caetano, único edifício tombado de São

Caetano do Sul, deve ser a porta de entrada para quem par-

te do Centro do município, assim como da estação da CPTM.

77


3.12.1 REFERÊNCIAS

Para o patrimônio histórica e a recuperação da memória in-

dustrial, foram utilizadas referências do próprio estado de São Paulo: Engenho Central de Piracicaba, Piracicaba – São Paulo

Figura 103: Portal de entrada. Fonte: Do autor, 2017.

Imagem 105: Engenho Central e Rio Piracicaba. Fonte: Archtendencias/ Nelson Kon. (2010)

Foi um dos engenhos de açúcar mais importantes do Brasil e

está localizado na margem direita do Rio Piracicaba. Ao longo do tempo, foi recebendo acréscimos e reformas, resistindo às mudanças do seu entorno. Sua área construída é de 12 mil m² e sua área verde chega Figura 104: Interverção de abertura no muro. Fonte: Do autor, 2017.

aos 80 mil m². Se tornou o principal cartão postal de Piracicaba, consolidando um cenário de memória, resistência e pujança econômica, e posteriormente, cultural e recreativa para a cidade. Mais recentemen

78


Foi um dos engenhos de açúcar mais importantes do Brasil e

está localizado na margem direita do Rio Piracicaba. Ao longo do tempo, foi recebendo acréscimos e reformas, resistindo às mudanças do seu entorno. Sua área construída é de 12 mil m² e sua área verde chega aos 80 mil m². Se tornou o principal cartão postal de Piracicaba, consolidando um cenário de memória, resistência e pujança econômica, e posteriormente, cultural e recreativa para a cidade. Mais recentemente, um dos galpões foi convertido em teatro pelo escritório Brasil Arquitetura, de São Paulo. É patrimônio municipal e estadual, tombado pelos respectivos órgãos de proteção ao patrimônio.

Figura 107: Localização do complexo no parque. Fonte: Intervenção do autor em imagem do Google.

Figura 106: Teatro do Engenho. Fonte: Escritório Brasil Arquitetura. (2010)

79


Complexo Swift de Educação e Cultura, São José do Rio Preto São Paulo

Figura 108: Complexo Swift visto do Parque da Represa. Fonte: Panoramio/Gustavo Asciutti

Bem mais valioso de São José do Rio Preto, avaliado em R$ 17

Figura 109: Complexo Swift visto do Parque da Represa. Fonte: Panoramio/Gustavo Asciutti.

milhões, o Complexo Swift é derivado das instalações de armazenamento de algodão, milho e amendoim, além da extração do óleo em altas temperaturas, da Companhia Swift do Brasil. Foi inaugurada em 1944 e nos anos 1980 já era discutido seu destino após o declínio.

Atualmente, localizada às margens do Parque da Represa, se

impõe como símbolo de prosperidade e resistência, abrigando espaços dedicados à cultura e educação, como o Teatro Municipal Paulo Moura. O complexo é tombado pelos órgãos municipal e estadual de patrimônio, como o CONDEPHAAT.

Figura 110: Localização do complexo no parque. Fonte: Intervenção do autor em imagem do Google.

80


3.13. RELAÇÃO COM OS RIOS E TRANSPOSIÇÕES

prioritário às pessoas ao evitar a construção de grandes passarelas que

O partido adota a ideia de visualização e aproximação dos rios

levem os transeuntes para um nível superior e mantenha a prioridade

para a conscientização pública e recuperação dos cursos d´água da

desse térreo voltada aos automóveis – situação diferente, mas muito

metrópole. Com paisagismo adequado, com plantas que contribuem

recorrente nas vias expressas da cidade, como marginais e os acessos às rodovias.

para sua descontaminação – além das devidas obras sanitárias necessárias – e vegetação que permita visuais de interesse paisagístico, permitindo a valorização social da paisagem dos rios, assim como sua integração à paisagem urbana da cidade.

No Rio Tamanduateí, junto à Avenida do Estado, uma passa-

rela em nível garante o acesso exclusivo de pedestres e ciclistas que venham da Vila Prudente em direção ao parque. Em especial, conectar

Nesse caso, a principal referência está nas passarelas que cru-

zam o Rio Liffey, em Dublin, Irlanda. Em especial, a Millenium Bridge. Em estrutura metálica espacial e laje em steel deck, a ponte vence os mais de 40 metros de largura do rio com ambas extremidades engastadas nas margens. Foi construída para simbolizar a chegada dos anos 2000.

a grande ZEIS que há nesse local. A transposição em nível, além de aproximar as pessoas do rio – protagonista da fundação de São Paulo, onde hoje é o Parque Dom Pedro II – prioriza a mobilidade dos pedestres e ciclistas, humanizando o ‘térreo’ da cidade e mantendo-o como

Imagem 111 e 112 :Millennium Bridge sobre o Rio Liffey, em Dublin. Fonte: Jobson, 2002.

Figura 113: Ponte sobre o Rio Tamanduateí. Fonte: Do autor, 2017.

81


3.14. PARTIDO ESTRUTURAL

A materialidade das estruturas aplicadas no parque são me-

tálicas. O propósito está na agilidade e limpeza das obras, além da identidade visual e contemporaneidade do projeto. Também sugerindo novas soluções estruturais para obras públicas de médio e grande porte, a fim de beneficiar a cidade e a população.

A cor vermelha é primária, visto que está entre as primeiras

cores captadas pelo olho humano. É a mais antiga denominação cromática do mundo, tendo sido a primeira cor batizada pelo homem.

Sendo assim, ela tem o objetivo de trazer essa prioridade ao

espaço público, categoria urbana que classifica o projeto. São esses os espaços que consagram a qualidade das cidades, moldando, integran-

Figura 114: Estrutura da ponte para pedestre sobre a CPTM. Fonte: Do Autor. (2017)

do e conectando lugares que compõe o espaço urbano, dentre públicos e privados. Muitos dos problemas identificados nas cidades brasileiras estão relacionados à falta de cuidado com esses espaços, ocasionando na fratura dos diversos sistemas que compõe a cidade, como as edificações, os meios de transporte, a infraestrutura sanitária e o meio ambiente.

Portanto, os espaços públicos devem ser como o vermelho,

pioneiros e prioritários nas agendas urbanas das políticas públicas do

Figura 115: Ponte para pedestre sobre a CPTM. Fonte: Do Autor. (2017)

Brasil.

82


Para análise completa, verificar Prancha 04 - Anexo Passarela sobre a Linha 10 - Turquesa da CPTM

Passarela sobre o Rio Tamanduateí Laje Protendida

Conecta o Setor 04 ao Setor 06 - Praça Cívica ao Viveiro de Mudas. E posteriormente às vias que dão acesso ao Centro de São Caetano do Sul.

Está em nível com a Avenida do Estado e conecta a Vila Prudente ao parque. Em especial, um grande conjunto de edifícios em ZEIS. Treliças tubulares Estrutura Espacial

Inclinação: 3,57% Pilares em aço Altura a ser vencida: 6 metros (postes de eletricidade da CPTM) PASSARELA - ACESSO AO VIVEIRO E HELIÓPOLIS Extensão: 168 metros

Guarda-corpo com fechamento em vidro

TRANSPOSIÇÃO SOBRE A CPTM

Cobertura em aço Treliças tubulares - Estrutura Espacial Perfis metálicos

Laje Steel Deck

734 m

36

12

Elevação Escala: 1:500

12

Detalhe do Engaste Escala: 1:10

Elevação/Corte Escala: 1:75

4

ATERRO

3,4

0,3

0,2

0,5

1 26

6

Rio Tamanduateí Corte Escala: 1:75

Elevação Escala: 1:50 Marquise sobre a Praça Cívica Além de promover cobertura aos atos que venham ocorrer na praça, a marquise se impõe como um enquadramento urbano que conecta elementos icônicos da paisagem.

Partido Estrutural A materialidade das estruturas aplicadas no parque são metálicas.

Pé Direito: 4 metros Extensão: 123 metros Laje: Protendida Pilares: Metálicos/Circulares

123 Guia Superior

12

0,3

Batente Metálico

Espuma Expansiva Imagens do 3D de projeto - Em desenvolvimento

Escala: 1:500

Fixação

Montante Duplo

Guia Inferior

O propósito está na agilidade e limpeza das obras, além da identidade visual e contemporaneidade do projeto. Também sugerindo novas soluções estruturais para obras públicas de médio e grande porte, a fim de beneficiar a cidade e a população. A cor vermelha é primária, visto que está entre as primeiras cores captadas pelo olho humano. É a mais antiga denominação cromática do mundo, tendo sido a primeira cor batizada pelo homem. Sendo assim, ela tem o objetivo de trazer essa prioridade ao espaço público, categoria urbana que classifica o projeto. São esses os espaços que consagram a qualidade das cidades, moldando, integrando e conectando lugares que compõe o espaço urbano, dentre públicos e privados. Muitos dos problemas identificados nas cidades brasileiras estão relacionados à falta de cuidado com esses espaços, ocasionando na fratura dos diversos sistemas que compõe a cidade, como as edificações, os meios de transporte, a infraestrutura sanitária e o meio ambiente. Portanto, os espaços públicos devem ser como o vermelho, pioneiros e prioritários nas agendas urbanas das políticas públicas do Brasil.

Intervenção em muro Detalhe de portal metálico - Escala: 1:20

Plano Urbanístico e Paisagístico

PARQUE MATARAZZO

CURSO:

ARQUITETURA E URBANISMO

DISCIPLINA:

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

DOCENTE:

ASSUNTO:

TURMA:

10º SEM

MARINA CARAFFA FOLHA:

PROJETO URBANÍSTICO E PAISAGÍSTICO REABILITAÇÃO DE ÁREA CONTAMINADA

ALUNO:

LUCAS CHICONI BALTEIRO

DATA:

05/05/2017

ESCALA:

04 1:50

Figura 116: Prancha 04. Fonte: Do autor.

83


3.14.1.

REFERÊNCIAS

Sobre o partido estrutural, os estudos de caso envolvem alguns

projetos distintos:

banos para recuperar territórios degradados de cidades chinesas. Em alguns deles, grandes passarelas de estruturas mistas, muitas com predominância do aço, se colocam como elementos fundamentais sobre a estruturação e a estética do espaço e paisagem do parque.

Para a marquise, a marquise do Parque Ibirapuera, de Oscar

Niemeyer, é sempre a grande referência. Apesar da materialidade de concreto armado, esta surge como um edifício de relevância única no espaço, visto sua importância na proteção dos transeuntes, mas também como espaço de estar e lazer. Sua função de conexão dos edifícios institucionais eleva sua importância à uma construção de caráter próprio, tão importante quanto a Oca, o Auditório, o Museu Afro-Brasil ou a Bienal.

Sobre a Ponte da Cidade, a maior estrutura do parque, a base

Figura 117: Passarela Arganzuela. Fonte: Georges Fessy(2012).

de referência está na Espanha e na China. No Parque Rio Manzanares, em Madrid, a Passarela Arganzuela se define como edificação principal no espaço. Sua imponente estrutura metálica permite a ousadia de sua estrutura e a potencialidade de vencer grandes vãos. Suas laterais possuem diversas aberturas, como uma espécie de vazamento, o qual serve para a contemplação da vista enquanto caminha pela estrutura.

Na China, o escritório Turenscape, de Pequim, tem seu foco

de trabalho no paisagismo urbano, realizando projetos de parques ur-

Figura 118: Passarela Arganzuela. Fonte: Georges Fessy(2012)

84


Figura 121: Quli Stormwater Park, Harbin - China Fonte: Escritรณrio Turenscape, Pequim. (2010) Figura 119: Mighu Wetland Park, Liupanshui - China. Fonte: Escritรณrio Turenscape, Pequim. (2013)

Figura 120: Mighu Wetland Park, Liupanshui - China. Fonte: Escritรณrio Turenscape, Pequim. (2013)

Figura 122: Quli Stormwater Park, Harbin - China Fonte: Escritรณrio Turenscape, Pequim. (2010)

Figura 123: Quli Stormwater Park, Harbin - China Fonte: Escritรณrio Turenscape, Pequim. (2010)

85


3.15. CONCLUSÃO

O Parque Matarazzo nasce da ideia de recuperar um patrimô-

nio industrial e convertê-lo em espaço público. Porém, algumas condições do território foram determinantes para o desafio do projeto, como a deterioração dos espaços residuais, a fragmentação pelo sistema viário, ferroviário e hídrico, além do mais importante: a contaminação do solo.

Apesar da especificidade, as referências estudadas devem par-

tir do conceito único de parque como espaço público de grande escala que tem papel estruturador e democrático nas cidades. Partindo dos modelos de urbanização recorrentes no Brasil, suas influências, características e problemas, as análises devem contemplar diversas localidades do mundo, visto um maior aproveitamento e panorama referencial para o projeto. Porém, sem esquecer das potencialidades e fragilidades locais, bem como a cultura, questões sociais, econômicas e políticas.

Quando se trata de um projeto de escala urbana, toma-se par-

tido do lugar de intervenção, com o objetivo de criar relações positivas e contínuas no tecido urbano, mas também minimizando ou solucionando suas fragmentações e problemas.

Os planos diretores, operações urbanas e zoneamentos con-

templam a proposta através de suas ambições para a requalificação dos territórios de várzeas e estruturação hídrica e ferroviária da metrópole, o que inclui as zonas industriais. Contudo, os interesses imobiliários são intensos, visto a oferta de lotes de grandes dimensões à preços razoáveis, o que gera conflitos de interesses sobre áreas que possuem relevância pública para a cidade e seus habitantes.

Diante das análises socioeconômicas, das diretrizes políticas

e das referências estudadas, pode-se afirmar a viabilidade de execução do projeto proposto. A vontade popular dos habitantes do entorno aliada às intenções políticas, de escala municipal à metropolitana, junto ao potencial econômico da metrópole (municípios de São Caetano do Sul e São Paulo, além do próprio estado), consolidam as expectativas de desenvolvimento e concretização do parque.

Nas palavras de Rosa Kliass e Maria Cecília Gorski, os parques

são âncoras que auxiliam no crescimento e desenvolvimento das cidades e funcionam como elementos estáveis do espaço urbano. A cidade se desenvolve ao redor deles, dos espaços públicos, os colocando em posição de protagonistas na paisagem e na morfologia das cidades.

86


Ainda nas palavras de Kliass, não existe falta de planejamento

urbano e paisagístico. Existe planejamento perverso, diante dos planos de avenidas executados ao longo do século XX que prejudicaram drasticamente os rios e suas várzeas na cidade. Em especial, o Tietê, Tamanduateí, Pinheiros e Aricanduva.

Sendo assim, conclui-se a importância, a possibilidade e a ne-

cessidade do projeto para o Parque Matarazzo a ser executado na confluência noroeste de São Caetano do Sul com o sudeste de São Paulo, a fim de garantir o desenvolvimento e ordenamento do espaço urbano a partir de um conjunto de espaços públicos de qualidade, aliados à proteção e conservação dos rios e vegetações, existentes e propostas, favorecendo a conscientização social e o desenvolvimento ambiental.

Por fim, a contaminação não se coloca como problema, mas

como garantia que ainda temos tempo para pensar na melhor proposta e projeto para o território remanescente das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo de São Caetano do Sul.

87


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