FORA DA CAIXA: Abrigo para população de rua

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FORA da

CAIXA

ABRIGO PARA POPULAÇÃO DE RUA


ONG canadense modifica mobiliรกrio urbano para acolher moradores de rua




Ao meu pai que sempre direcionou meu olhar e atenção às outras pessoas e instigou minha visão sobre o mundo. Obrigado!


APRESENTAÇÃO

8

PROBLEMÁTICA

10

Morar na rua População de rua em BH

A CIDADE

18

Sobre BH Mapeando o assunto

ESTUDOS DE CASO

32

Habitação temporária para sem-tetos e jardins urbanos Homes for the homelss

O PROJETO

38

Terreno Conceito Diagramas Imagens

REFERÊNCIAS

54


SUMÁRIO


A população em situação de rua é um dos reflexos do intenso processo de exclusão social, podendo ser observada em elevado número nas principais capitais brasileiras, com grande concentração populacional em virtude da circulação de capital e infraestrutura. O projeto a seguir questiona as relações dos moradores de rua com o espaço público e busca, através de intervenção arquitetônica em vazios urbanos da cidade de Belo Horizonte - MG, uma nova proposição de abrigo para essa população.


Universidade Federal de Viรงosa Departamento de Arquitetura e Urbanismo Orientadora: Profa. Dra. Andressa Martinez Aluno: Lucas Maia Viรงosa.Marรงo.2018


MORAR De acordo com a Secretaria Nacional de Assistência Social, a população em situação de rua é definida como um grupo populacional heterogêneo, composto por pessoas com diferentes realidades, mas que têm em comum a condição de pobreza absoluta, vínculos interrompidos ou fragilizados e falta de habitação convencional regular, sendo compelidas a utilizar a rua como espaço de moradia e sustento, por caráter temporário ou de forma permanente (2005).

10

“(...) a noção de apropriar-se da rua da mesma forma como se apropria de um local para moradia submete-se à ideia de que o espaço que é de todos está sendo tomado por alguns, e isso contraria mais a aceitação da presença de pessoas morando nas ruas. E, ainda, implica dizer que os hábitos realizados no ambiente privado, como a casa, serão realizados ali, onde todos passam e veem, onde tudo é descoberto e contrasta toda a moralidade acerca da privação de certos costumes.”

O crescente número de mendigos engloba um grupo cada vez mais heterogêneo, em diferentes situações OLIVEIRA, 2011, p.55 financeiras e sociais. Logo, é questionável se todas as pessoas que utilizam a rua como moradia estão em estado de extrema pobreza, como ainda é pensado nos dias atuais. Existem relatos de pessoas vivendo fora de Os moradores de rua tornam-se indesejáveis ao se suas casas e ocupando as ruas desde a antiguidade, apropriarem do espaço urbano de modo diferente relacionados às conquistas de terras e migrações. daqueles que estão ali por simples passagem, lazer ou outros comportamentos coletivos. Segundo Oliveira (2011), o morar na rua leva à modificação da “(...) constituem um contingente de população paisagem, desorganiza o que deveria estar em ordem, em condição de extrema pobreza com profundas comprometendo a estética urbana, não sendo visto de diferenças sociais e culturais. A mendicância e a forma agradável pelos outros cidadãos. vadiagem foram práticas comuns nessa época; parte dessa população desvalida realizou deslocamentos Paralelo a todos esses fatores, as políticas públicas longos e temporários. Os primeiros registros de atuais não proporcionam a reintegração do morador moradores de rua, em distintas sociedades através de rua na sociedade e no espaço urbano, sendo os dos séculos, estão relacionados com a mendicância.” abrigos, literalmente, tetos para amenizar a ocupação

ESQUINCA, 2013, p. 29 No Brasil, a questão ganha maior enfoque a partir de 1988, quando a Constituição Federal se apresenta como força para as políticas públicas sociais com direcionamentos especiais a população em situação de rua. Logo, os maiores estudos sobre o tema vêm sendo realizados a partir do século XX, com uma crescente abordagem, acompanhando o aumento de indivíduos nas ruas ano a ano, e que mudam sua forma de agir com o propósito de se adaptarem às mudanças dos grandes centros.

das ruas e escondê-los dos grandes centros. Consequentemente, do ponto de vista do usuário, eles se tornam espaços neutros de permanência reduzida, com horários e regras pouco flexíveis, ambientes inseguros e caracterizados pelos maus tratos.


NA RUA



desprezo

“Vocês conversam com as pessoas? Isso é a melhor coisa que existe. Pouca gente para pra falar comigo. As pessoas desprezam quem dorme na rua, mas ninguém sabe por qual motivo estamos passando por isso. Eu vou contar minha história: Meu nome é Gilberto. Eu tinha minha casa lá em Itapevi, mas me desentendi com minha mulher e larguei tudo pra trás. Eu peguei a traição dela, preferi sair de casa. Tenho uma filha, se fosse pra eu expulsar minha esposa ela ia ter que levar ela junto. De 15 em 15 dias vou lá visitar minha filha. Minha mulher não quero nem ver porque a traição não é superável, não tem jeito. Mas quando você tem amor nos filhos, seu filho vem e te dá um abraço, um beijo, isso faz qualquer um se sentir bem. Eu espero sair daqui um dia, porque isso aqui não é vida. Dormir com um pedaço de coberta, na calçada, você acha que isso é vida de gente? Quero tomar um café e não tenho 1 real no bolso. A vida foi injusta comigo e tá sendo até agora, mas se eu pudesse mandar um recado pras pessoas diria pra que nunca julguem ninguém, julgar sem saber é o mal do mundo.”

sozinho

“Tenho duas mães, uma que me colocou no mundo e a outra que me criou. Eu morei com a minha mãe que me criou em Embu das Artes desde os sete anos de idade. Meu nome é Nelson Alves, ano que vem faço 30 anos. Quando eu tinha sete ano, meu padrasto quase me matou. Ele batia muito na minha mãe e um dia eu entrei no meio pra protegê-la. Então, ele me bateu muito nesse dia. Aí eu sai de casa. Minha mãe biológica nunca gostou muito de mim, mas eu me senti na obrigação de fazer aquilo. Uns parentes meus me contaram e ela já assumiu isso, que quando eu era recém nascido, ela me jogou na parede. Depois disso, fui morar com a minha mãe que me criou. Ela sim é minha mãe, dona Emília. Acredito que ela esteja me olhando até hoje e me protegendo lá do céu. É por isso que eu não me sinto sozinho aqui porque eu sinto o cuidado da minha mãe e porque tenho meus amigos, também.”

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esperança

“Olha, eu queria muito comprar um chinelo e sair da rua. Agora, só falta sair da rua, já que ganhei um chinelinho novo. Esse aqui não dava mais, tava só o pó! Muito obrigado! Faz três meses que eu to na rua. Meu nome é Luís Benedito de Andrade. Morava em Barretos, mas não consegui mais pagar o aluguel da casa que eu tava e vim pra São Paulo tentar a vida. Aqui, eu ganhava um salário, mas tive um problema de saúde e perdi o emprego. Fiquei muito tempo morando no Arsenal da Esperança, o albergue. Hoje, to na rua. Eu prefiro muito mais o albergue do que a calçada. Nunca tive problema com polícia, sou um cara do bem e acho que por isso consigo as coisas. Tenho esperança que um dia saio dessa, hoje me mostrou isso.”

SP INVISÍVEL

Criado por Vinícius Lima e André Soler, o SP Invisível é um movimento de conscientização das pessoas através das histórias da população em situação de rua da cidade de São Paulo. Contando todo dia uma história diferente de um ser humano invisível na cidade, o SP Invisível quer humanizar o olhar das pessoas para que elas possam se enxergar como iguais e saber que todos que estão na rua tem um motivo e uma história para estarem lá.

Conheça mais histórias:


POPULAÇÃO DE RUA em belo horizonte *

O crescimento da população de rua na cidade de Belo Horizonte-MG já foi constatado pela Secretaria de Políticas Sociais da Prefeitura Municipal. O último censo realizado em 2014, e que será fonte de dados para este trabalho, contabilizou 1.827 moradores de rua espalhados por toda a capital. Hoje estima-se que o número já atinge 3.000, com um aumento de quase 70%.

14 De acordo com o 3º Censo de População em situação de Rua e Migrantes, publicado pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte em 2014, as pessoas identificadas vivendo em calçadas, praças, sob viadutos, terrenos baldios ou pernoitando em abrigos equivalem a 0,074% da população do município. O censo aponta uma idade média de 39,6 anos e que, da população levantada, 86,8% são homens. O número de famílias vivendo nas ruas diminuiu quando comparado aos censos anteriores, o que aponta um grupo mais heterogêneo, que não se concentra mais em guetos e grupos, circulando por diferentes pontos da cidade. Além disso, no que diz respeito à formação escolar e trabalho, uma grande parte dessa população (82,2%) relatou saber ler e escrever e 70% já trabalhou com carteira assinada em algum momento da vida. Os principais motivos que levaram as pessoas às ruas são problemas familiares, abuso de álcool/ drogas, falta de moradia e desemprego, ao passo que, quando questionados sobre sair das ruas, 94% desejam ter solução para tal, sendo listadas acesso à moradia, trabalho assalariado e serviços de acolhimento.

Os dados coletados e apresentados pelo censo demonstram a configuração de um novo perfil para a população em situação de rua da cidade de Belo Horizonte, distinto daquele lembrado pelo senso comum e também do perfil de mendigo habitualmente indicado pela literatura: o homem sujo, insalubre, indigente, que se camufla na cidade, sem passado e perspectiva de futuro. Ainda analisando dados do censo, grande parte da população não busca acolhimento e ajuda nos abrigos e albergues públicos disponíveis no município. Segundo relato de Jeanne da Silva, moradora de rua, de 29 anos:

“Já chegaram a me oferecer moradia, mas eu teria que ficar em uma casa separada do meu marido, por isso não aceitei. O pior são os fiscais da prefeitura, que estão sempre levando nossas coisas embora. É muito difícil” Hoje em Dia, 2017

Logo, vê-se necessário reavaliar as soluções de abrigos existentes e propor uma arquitetura que permita a expressão das individualidades, o acolhimento e a independência, os espaços coletivos e de reintegração em um intervalo de tempo maior que uma única noite, até que essa população possa se reestruturar socialmente.

*Fonte dos dados: 3º Censo de População em Situação de Rua e Migrantes de Belo Horizonte


86% 14%

masculina

feminina

Cor da pele Parda Negra Branca IndĂ­gena Amarela

46% 34% 18% 1% 1%

VĂ?NCULOS Sozinho Grupo Parente Companheiro

64% 30% 5% 1%

Trabalho legalizad0 70% Trabalhou fichado Nunca trabalhou fichado 17% 13% Trabalha fichado

15


30

20

10

50

40

60

0

Nível de escolaridade

70

Insuficiência de renda

Falta de trabalho

Falta de moradia

Uso de álcool

Problemas familiares

Conflito por orientação sexual

Ocasião da saída da prisão

Violência doméstica

80

Migração de trabalho

Superior completo

Superior incompleto

Médio completo

Médio incompleto

Fundamental completo

Fundamental incompleto

Básico completo

Básico incompleto

Nunca foi à escola

*Fonte dos dados: 3º Censo de População em Situação de Rua e Migrantes de Belo Horizonte

%

Motivação para morar na rua


Motivação para não procurar abrigos

Outros

Trabalho assalariado

Acesso à moradia

Cuidados com a saúde

Programa de Transferência de renda

Retorno à família

Serviço de acolhimento

Falta de vagas

Maus tratos

Desconhece localização

Acessibilidade

Falta de segurança

Outros motivos

Inflexibilidade de horários

%

80

70

60

50

40

30

20

Soluções para sair da rua

10

0


BELO HO Belo Horizonte é o sexto município mais populoso do país, com uma estimativa de 2,5 milhões de habitantes, após inesperados e acelerados crescimentos populacionais desde sua criação.

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Carinhosamente chamada por Beagá, é conhecida pelo seu ar interiorano, apesar da grande movimentação de fluxos e correria do dia a dia de uma capital. Uma cidade que se reinventa a todo instante, possui grande foco em cultura e inovação, com forte incentivo para o desenvolvimento da indústria criativa e tecnológica. Uma outra característica marcante da cidade é a disparidade econômica e social ao longo de sua extensão territorial. Os bairros de BH apresentam grandes índices de desigualdade, reforçando o atual cenário brasileiro, que foi colocado entre as dez nações com maior índice de desigualdade social no mundo segundo a ONU (2015). Estudos realizados por alunos da UFMG em 2017, onde foram comparados os dados do IDHM (Índice de Desenvolvimento


ORIZONTE Humano Municipal) de pontos da capital com o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de outros países, aponta que

apenas

uma rua de Belo Horizonte pudesse separar a Suíça da África do Sul. Isso evidencia como a realidade pode ser extremamente discrepante até em bairros muito próximos, que estão praticamente um do lado do outro. Dados como esse evidenciam um dos principais problemas da cidade, que é lidar com a desigualdade e as mazelas sociais. É importante questionar essa realidade para que os problemas estejam sempre em pauta e soluções possam começar a aparecer. O escopo deste trabalho tem uma relação direta com o desequilíbrio social na cidade de Belo Horizonte. A exaltação dessa desigualdade e o desenvolvimento de fronteiras internas nas cidades contribuem cada vez mais para pessoas buscarem as ruas como moradas e também para a recusa dos demais habitantes para esse tipo de população.

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CONCENTRAÇÃO POPULAÇÃO DE RUA VENDA NOVA NORTE

NORDESTE PAMPULHA

LESTE

NOROESTE

CENTRO-SUL OESTE

Concentração de moradores de rua

BARREIRO

Avenida do Contorno


50 45 40

35

30 25 20

15 10

5

% 0

3,4% Barreiro 44,8% Centro-Sul 4,4% Leste 9,3% Nordeste 6,3% Noroeste 15,6% Norte 2,0% Oeste 9,2% Pampulha 2,0% Venda Nova Distribuição da concentração de moradores de rua segunda a regional

916 pessoas

População de rua

19 98

1.827 pessoas

2.238.526 pessoas

População de BH

20 00

20 13

99%

+

2.375.151 pessoas

6

+ %

20 10

*Fonte dos dados: 3º Censo de População em Situação de Rua e Migrantes de Belo Horizonte / Censo IBGE


abrigos públicos

VENDA NOVA NORTE 4

NORDESTE

PAMPULHA

6

3

1

LESTE

NOROESTE

2

5

CENTRO-SUL OESTE

Avenida do Contorno

BARREIRO Abrigos públicos de Belo Horizonte 1. República Maria Maria 2. Albergue Tia Branca 3. República Reviver 4. Abrigo São Paulo 5. Abrigo Pompéia 6. Unidade de Acolhimento Institucional de pós-alta hospitalar Atualmente, Belo Horizonte possui o Serviço de Acolhimento Institucional para Família ou Pessoa, de base municipal, para acolhimento de pessoas ou familiares em situação de rua e desabrigo por abandono, migração e ausência de residência ou pessoas em trânsito e sem condição de auto sustento. O programa tem como objetivo central a reintegração das famílias e inserção na rede de capacitação, trabalho e renda, e é constituído por cinco abrigos públicos. Porém, os mesmos não se localizam onde há maior concentração de moradores de rua, que acontece na região do Centro, dentro da Avenida do Contorno, onde a vida urbana é intensa e extremamente desigual.


REPÚBLICA MARIA MARIA

Abrigo SÃO PAULO

A república Maria Maria tem como objetivo acolher e reinserir na sociedade mulheres em situação de rua e conta com o apoio de voluntários. A casa é mantida com o apoio da Secretária de Assistência Social e o Grupo espírita consolador e tem como foco desenvolver a auto-estima dessas mulheres e reintegrá-las a sociedade. Moradores e ex-moradores do abrigo criam vinculo afetivos com as pessoas do local, e mesmo após a partida regressam para ajudar em trabalhos voluntários. Com capacidade para abrigar 50 mulheres , a República Maria Maria possui quartos exclusivos para pessoas com deficiência e também oferece consultas médicas e odontológicas, atendimento psicológico, cursos profissionalizantes, alfabetização e creches para as crianças.

Voltado para famílias que residem em moradias em área de risco, o Abrigo São Paulo recebe também, somente para pernoite, homens, mulheres e migrantes. Comporta 150 pessoas e oferece espaço social, guarda-volumes, atividades socioeducativas e palestras, que informam sobre os direitos sociais dos que buscam apoio. Há também no local espaço para higienização das roupas. Possui uma ala exclusiva para o acolhimento de homens que contém 100 vagas. A ala feminina recebe até 50 mulheres sozinhas ou com filhos pequenos. Aqueles que buscam abrigo são cadastrados, mesmo sem a apresentação de documentação oficial. Podem lavar suas roupas ou adquirir uma muda nova, vinda de doações, tomar banho, se alimentar ou se sociabilizar no espaço comum da instituição.

ALBERGUE TIA BRANCA

ABRIGO POMPÉIA

O Albergue Tia Branca possui capacidade para 400 vagas, sendo 80 para migrantes e 320 para população de rua, para acolhimento de pernoite. No local, as pessoas em situação de rua tomam banho, jantam, dormem e tomam café da manhã no dia seguinte. Também é oferecida a possibilidade para efetuarem um cadastro, que dá acesso ao almoço gratuito em um dos Restaurantes Populares da cidade, além do atendimento socioassistencial.

Para famílias em situação de rua ou removidas de moradias irregulares. Hoje são 84 pessoas abrigadas em 32 cômodos (quarto e banheiro), dentro de um espaço de 18.000m², que possibilitam a moradia de cada família que não pagam luz e água. Os favorecidos têm total independência de preparar suas refeições dentro desses cômodos, pois são ofertados utensílios domésticos, fogão e geladeira. Também são fornecidos cama, colchões e até roupas recebidas de doações. Além disso, a Escola Municipal Integrada São Rafael, recebe 206 alunos, alguns não provindos do abrigo, de todas as idades. São oferecidas oficinas temáticas para os abrigados, tais como artesanato, miçangas, pintura, entre outras oficinas voltadas para as artes. Apesar de caráter temporário, o local têm famílias que ali estão há mais de 1 ano, pois ainda não conseguiram se reerguer.

REPÚBLICA REVIVER A República Reviver é uma ferramenta da Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social conquistada pelo Orçamento Participativo junto com a Pastoral de Rua. Com o intuito de abrigar homens em situação de rua proporcionando moradia, convivência social, encaminhamento para o mercado de trabalho, cursos profissionalizantes, ajuda médica e alimentação. O abrigo atende homens acima de dezoito anos que são enviados por programas da prefeitura e outros parceiros. Eles podem permanecer no local por até um ano e meio. Com capacidade para quarenta pessoas a república oferece quartos amplos, sala de televisão, sala de leitura, dois ambientes de cozinha e uma área verde para cultivo de plantas que ajudam na alimentação dos moradores. Descrições da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. Não apresentam visão e análise qualitativa dos espaços arquitetônicos em questão.

UNIDADE DE ACOLHIMENTO PÓS-ALTA Esse equipamento público tem como proposta realizar o atendimento da população em situação de rua que necessite de cuidados após receber alta hospitalar, na medida em que o retorno às ruas ou o acolhimento institucional na modalidade pernoite não são considerados suficientes para seu completo reestabelecimento. A unidade atende até 20 adultos, de ambos os sexos, em situação de rua, que necessitem de cuidados durante o período de convalescência por até 30 dias, podendo ser reavaliado de acordo com cada caso.

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BAIRROS

na av. do contorno

CENTRO BARRO PRETO

SANTA EFIGÊNIA

SANTO AGOSTINHO LOURDES

BOA VIAGEM

JD

FUNCIONÁRIOS

SAVASSI Limite do Hipercentro Av. do Contorno

0 100

200

400m

CENTRO O Centro, planejado como uma malha de xadrez, possui vocação para atrair públicos variados que convivem em relativa harmonia. Tem característica mista por ser ao mesmo tempo residencial e comercial, reunindo parte do patrimônio histórico, arquitetônico e cultural de Belo Horizonte. Desde 2002 vem passando por programas de revitalizações da Prefeitura Municipal, com recuperação de ruas e edificações, instalação de câmeras de segurança e alterações no trânsito. Possui comércio amplo e diversificado, restaurantes e shoopings populares. É o bairro com melhor atendimento no quesito transporte público, possui duas estações de metrô e diversas linhas de ônibus municipais e intermunicipais, o sistema Transporte Rápido por Ônibus (MOVE) e a rodoviária municipal.


barro preto

SANTO AGOSTINHO

Considerado um dos bairros mais tradicionais de Belo Horizonte, sedia importantes corredores de tráfego que acessam outras regiões, como as avenidas Amazonas, Augusto de Lima, Bias Fortes e Olegário Maciel. Oferece boa infra-estrutura, com destaque para as agências bancárias, supermercados, bares e restaurantes, locadoras de vídeo, padarias, sapatarias e armarinhos, além da sua proximidade com o Mercado Central. Em 1978, o bairro acompanhou a instalação de um dos maiores pólos de moda da capital, tantas foram as lojas de atacado que ali se instalaram. Hoje existem no local cerca de 800 lojas de pronta-entrega, distribuídas por 12 galerias e 5 Shopping Centers. O atacado responde por 70% do comércio, fazendo do bairro um dos maiores centros atacadistas do Brasil.

Considerado um dos bairros mais elegantes da cidade, possui também um dos metros quadrados mais elevados. Possui um comércio diversificado que atende às necessidades dos moradores e abriga importantes hospitais, shoppings e pontos turísticos da capital mineira. Além das vias de acesso privilegiadas, possui ruas arborizadas, topografia plana, trânsito tranquilo, áreas de lazer bem cuidadas e uma completa rede de serviços.

LOURDES Concebido para abrigar as classes mais altas de Belo Horizonte, o bairro conta com ruas arborizadas e uma localização privilegiada, que o leva à um dos espaços mais disputados da capital. Grandes jardins continuam a embelezar a fachada dos prédios luxuosos e ruas com passeios largos dão uma característica diferenciada ao projeto urbanístico local. Abriga desde pequenos edifícios de 3 ou 4 andares, até elevados prédios com unidades resienciais, salas e espaçoes corporativos. Concentra restaurantes e lojas luxuosas, além de escolas e praças tradicionais da cidade.

savassi Durante a década de 80, sofreu intensas transformações, que se tornou um bairro eminentemente comercial. Destaca-se cmo um dos mais bem sucedidos pólos econômicos e culturais da cidade, com um comércio variado. Além de shooping, ostenta lojas de grifes famosas e ateliês, hotéis, flats, galerias de arte, clínicas e centros estéticos, que compões a rede de comércios e serviços locais. Bares e restaurantes ainda integram um sofisticado roteiro gastronômico.

BOA VIAGEM Apesar de ser um dos últimos bairros criados na cidade, é apresentado por historiadores como o marco zero da capital, devido à construção de uma igreja em meados de 1700. Foi desmambrado do bairro Funcionários em 2009, como recuperação da identidade histórica da cidade. Com tamanho territorial e população reduzidos, se assemelha aos bairros adjacentes nos quesitos ocupacionais.

25 FUNCIONÁRIOS Um dos bairros mais antigos de Belo Horizonte, é referência cultural e histórica. Criado para ser um pólo residencial, o bairro sempre foi sede do poder público e referência comercial e financeira. Durante a década de 80, os antigos casarões deram espaço para edifícios modernos, acompanhando a valorização dos terrenos. Concentra o setor de serviços da capital, sendo economicamente importante para a cidade.

santa efigênia Apesar de ser majoritariamente residencial, abriga a área hospitalar da cidade e possui um grande leque de empreendimentos comerciais. Possui acesso privilegiado pelas principais avenidas de BH e concentra importantes escolas e exemplares de arquitetura mineira. É considerado um bairro refúgio para os que desejam fugir do centro da cidade, sem perder a acessibilidade a a gama de opções urbanas.


VAZIOS URBANOS e a população de rua A cidade de Belo Horizonte, assim como grande parte das capitais brasileiras, possui vazios urbanos, com grande concentração na região central, oriundos de expansões e transformações da dinâmica do espaço urbano. Assim, vazios urbanos são estabelecidos aqui como estacionamentos, lotes vagos e áreas residuais, que possuam potencial para escapar e resistir à mercantilização e à especulação imobiliária, pssibilitando produção e apropriação do espaço. Serão estudados tais tipos de vazios dentro da Av. do Contorno, local de maior concentração de moradores de rua, que permitam novas construções, ampliando as possibilidades de novas propostas conceituais de abrigos e albergues pensados de forma a acolher a população de rua com segurança, conforto e que possa reintegrá-los socialmente através da convivência em comunidade, mas respeitando as individualidades de cada um. Não é escopo deste trabalho intervir em construções inacabadas e/ou abandonadas como forma de moradia, apesar de se reconhecer a importância de valorização e de intervenções arquitetônicas em edifícios vazios.

6

7 10

11

Pontos de referência 1. Estação de metrô Lagoinha 2. Restaurante popular 3. Rodoviária de Belo Horizonte 4. Praça Rio Branco 5. Estação de metrô Central 6. Mercado Novo 7. Praça Raul Soares 8. Mercado Central de Belo Horizonte 9. Parque Municipal Américo Renné Gianetti 10. 12º Batalhão de Infantaria 11. Praça da Assembléia 12. Praça da Liberdade

Concentração de moradores de rua Limite do Hipercentro Vazios urbanos Av. do Contorno


1 3 2 4

5

9 8

JD

12

0

100

200

400m


DELIMITAÇÃO DAS ÁREAS DE PROJETO 4 1

3 JD

2 Concentração de moradores de rua

Av. do Contorno

Limite do Hipercentro

Área excluídas para projeto

Vazios urbanos

Área excluídas para projeto

0

100

200

400m

1

2

3

4

- Pouca concentração de moradores de rua

- Pouca concentração de moradores de rua

- Pouca concentração de moradores de rua

- Alta concentração de moradores de rua

- Setor comercial predominante

- Poucos vazios urbanos

- Setor hospitalar predominante

- Grande quantidade de vazios urbanos

EXCLUÍDA EXCLUÍDA EXCLUÍDA ESCOLHIDA - Alta concentração de renda

- Predominantemente de uso misto

- Predominantemente residencial de alto padrão

- Melhor atendimento de transporte público - Zona Hipercentral


Terrenos De acordo com um programa de necessidades preliminar e a dimensão pensada para o projeto, foram analisados os vazios da área de projeto escolhida, visando aqueles de tamanho entre 1000 e 1500 m². Tendo o levantamento de áreas da região, o terreno em destaque foi selecionado devido, além de suas dimensões, à sua proximidade com o restaurante popular existente e também pelo fácil acesso aos meios de transporte público, favorencendo a mobilidade dos usuários. Ademais, com tal levantamento, a premissa é que o projeto possa ser replicado pela cidade de Belo Horizonte, atendendo a demanda de cada região, podendo, portanto, ser implantado em terrenos de diferentes tamanhos, variando sua dimensão.

Terrenos MAIORES que o ideal (Área > 1500 m²)

Terrenos IDEAIS (1000 m² > Área > 1500 m²)

Terrenos MENORES que o ideal (600 m² > Área > 1000 m²)

Terreno escolhido Limite do hipercentro Restaurante popular Área de patrimônio

0

100

200

400m

JD


PROGRAMA DE NECESSIDADES Módulos individuais (40 x 15 m²)

Módulos coletivos (2 x 30 m²)

600 m² 60 m²

DORMITÓRIOS

50 m²

30

LAVANDERIA COMUNITÁRIA

100 m² COZINHA COMUNITÁRIA

50 m² SALA COMUNITÁRIA

50 m² ATELIÊS E OFICINAS PRÉ DIMENSIONAMENTO TOTAL + 20%

910 m² 1092 m²


MÓDULOS PARA MORAR

módulo individual Pensado de modo a acolher as pessoas que estão sozinhas e procuram por uma moradia fechada e segura, com banheiro individual, local para guardar pertences e descansar. Um quarto próprio.

módulo coletivo Pensado de modo a acolher famílias, grupos de amigos ou aqueles que tiverem vontade de compartilhar ainda mais o espaço. Com um banheiro para ser compartilhado, mas ainda sendo uma moradia fechada e segura, com local para guardar pertences e descansar.


HABITAÇÃO TEMPORÁRIA PARA SEM-TETOS E JARDINS URBANOS WE Architecture Jagtvej 69, 2200 København N, Dinamarca 972.0 m2 2017

ESTUDO DE CASO WE Architecture + Erik Juul foram premiados com uma comissão para transformar um terreno vago em um jardim urbano e estrutura de moradia que poderia fornecer acomodações temporárias para pessoas semteto, ajudando-os a transformarem suas vidas.

tamente desmontado e levado para um novo local que precise de ajuda.

“O projeto terá uma contribuição visual positiva para o bairro - um marco de referência para as pessoas com iniciativas sociais e ambientais sustentáveis”, explicam O projeto toma a forma de uma estrutura que aloja os arquitetos. “A visibilidade visa sensibilizar a iniciauma série de recipientes modulares, cada um desig- tiva, em termos de atrair novos usuários para o bairro, nado para suas próprias atividades específicas. Além mas também voluntários e residentes atuais.” de dormitórios, os recipientes forneceriam uma ampla gama de atividades, tais como cozinhas, salas de jantar, escritórios, salas de estar, e até mesmo um estúdio de ioga.

32 Os arquitetos acreditam que envolvendo os membros

temporários da comunidade com essas atividades irá ajudá-los a melhorarem sua posição profissional e social, aprimorando a comunicação com as autoridades e permitindo-lhes cuidar da sua saúde física e mental. Com a adição de jardins comunitários e espaços para eventos semi-públicos, a proposta oferece ao bairro um novo local de encontro social que todos podem usar. Baseado em um sistema de andaimes simples, o conceito é para a estrutura ser flexível, com a capacidade de adicionar novos recursos e mudar de acordo com as necessidades. No futuro, o projeto poderá ser comple-

VOLUME

JARDINS PRIVADOS

lugar onde habitações e jardins [criam] uma plataforma para o encontro entre os moradores e os sem-teto, e um caminho para um novo começo

JARDINS URBANOS

PÁTIOS PRIVADOS

FUNÇÕES


Sala de jantar A=14,6m² Quant.=1 A. total=14,6m²

Residência A=14,6m² Quant.=16 A. total=233,6m²

33 Oficina

Duas residências

A=19,3m² Quant.=1 A. total=29,3m²

A=29,3m² Quant.=2 A. total=58,6m²

Sala de estar

Residências emerg.

A=19,3m² Quant.=1 A. total=29,3m²

A=29,3m² Quant.=2 A. total=58,6m²


Ioga

Sala

A=14,6m² Quant.=2 A. total=29,2m²

A=7,3m² Quant.=3 A. total=21,9m²

Escritório

Sala reuniões

A=14,6m² Quant.=1 A. total=14,6m²

A=7,3m² Quant.= A. total=21,9m²

34

Cozinha

Estufa

A=14,6m² Quant.=1 A. total=14,6m²

A=7,3m² Quant.=4 A. total=29,2m²

Pequeno escritório A=7,3m² Quant.=4 A. total=29,2m²

Banheiro público A=14,6m² 14 Quant.=2 A. total=29,2m²


Distribuição do programa

57,2% 17,8% 15,5% 9,5% Moradia / Dormitório

Área de convívio social

Ambiente de trabalho

Serviços / Público

O projeto proposto se destaca positivamente ao propôr algo além da habitação e abrigo para moradores de rua. Integrando tal população com a comunidade do bairro em espaços públicos e semi públicos, uma troca de experiências é promovida, transformando a vida dos sem-tetos e dando-lhes uma identidade, que é perdida nas ruas e em abrigos coletivos vistos costumeiramente, que simplesmesnte cumprem uma função de teto e proteção. O programa de necessidades demonstra como outros ambientes de diferentes usos compõem a edificação e mesclam atividades para os usuários. O espaço para dormitório é apresentado como uma residência, incluindo quarto e banheiro individual, dando espaço íntimo e privacidade total ao usuário, o que também será proposto no projeto desse trabalho. Os espaços de convívio social, como salas e cozinhas, de uso comunitário, possibilitam integração e vivência em comunidade, que já muito é observado nas ruas e trazido para o projeto como algo cultural dos usuários. A distribuição do programa com usos privado e comunitário, a inserção de áreas públicas, a preocupação com a identidade do morador de rua e espaços livres de respiro são considerados pontos de destaque positivos e foram levados como propostas para o projeto discutido neste trabalho.

Convívio social Identidade

Comunidade Privacidade


HOMES

FOR THE HOMELESS Concurso “Space for New Visions” James Furzer - Spatial Desing Architects Reino Unido 2015 ESTUDO DE CASO

36

O sexto concurso anual “Space for New Visions” teve como vencedor um projeto intitulado “Homes for the Homeless”, de James Furzer do estúdio Spatial Design Architects. Organizado pela FAKRO, uma fabricante global de coberturas translúcidas e escadas internas, o concurso buscava propostas que incorporassem seus produtos, em parceria com a A10 Magazine for European Architecture. Os jurados da competição avaliaram os projetos a partir de parâmetros, como, por exemplo, conforto, impacto ambiental, funcionalidade e iluminação natural.

existentes. Podendo ser usados tanto independentemente como em conjunto, formando uma comunidade de casulos, eles proporcionam abrigo contra o clima severo da Grã Bretanha.

Com a crise econômica, o número de pessoas sem-teto está cada vez maior. Acompanhado pelo sentimento de isolamento, o morador de rua tem uma expectativa média de vida de 47 anos e são 35 vezes mais propensos a cometerem suicídio. Insultados, assediados e atacados pelo público, é difícil para o desabrigado melhorar de situação. Com Homes for the Homeless, James Furzer espera mudar as atitudes geradas em relação aos moradores de rua.

O projeto De James Furzer atende as questões emergenciais propostas pelo concurso, porém não trata das questões de identidade e reinserção do morador de rua. Nos tempos atuais é necessário pensar em alternativas melhores para resolver esse problema social, ao passo de que muitos concursos ainda são lançados com propostas parecidas como o apresentado. Propor simplesmente uma cama para mendigos passarem a noite não é, de fato, se preocupar com o destino e o futuro dessa população. Portanto, tal projeto é visto como negativo nesse trabalho, e apresentado como algo que não deve ser incentivado e reproduzido.

Reconhecendo o problema da falta de habitação no Reino Unido, James Furzer focou em criar um espaço seguro para os desabrigados - que passam de 750 nas noites de Londres. Homes for the Homeless consiste em uma série de casulos que são anexados a edifícios

Projetados para um orçamento limitado, os materiais usados em cada casulo podem variar, permitindo que o custo final continue baixo e que a estrutura modular se mimetize ao edifício “hospedeiro”. Por terem caráter temporário, instituições de caridade cuidariam da manutenção e disponibilidade dos abrigos.


Painel de parede isolado

Janela no telhado Estrutura de aço Estrutura de aço

Janela Revestimento em zinco

Painel de parede isolado Prateleira para dormir Painel de chão isolado

Degraus da escada Escotilha da escada

37 Distribuição do programa

100% Moradia / Dormitório 0% Área de convívio social 0% Ambiente de trabalho 0% Serviços / Público


O TERRENO

O terreno escolhido está localizado na Av. Olegário Maciel, uma das principais vias do centro da cidade, que corta a região central no sentido norte-sul, ligando outras importantes avenidas e praças. Uma via comercial notável de Belo Horizonte, possui opções para classes mais ricas e mais pobres ao longo do seu trajeto. Onde se inicia, próximo a rodoviária e local do terreno para projeto, possui pontos de venda para classes mais baixas, num local fervoroso da cidade.

o

Rua dos Caetés

38

36m

Rua

842

843

Rio G e rand

844

l

u do S

Rua dos Tupinambás 0

10

20m

Av. Olegário Maciel

A=1080 m²

30m

Av.

do

Con

torn

841


COEFICIENTE DE APROVEITAMENTO

TAXA DE PERMEABILIDADE

TAXA DE OCUPAÇÃO

3,0

20%

-

AFASTAMENTO FRONTAL

AFASTAMENTO LATERAL

ALTURA MÁXIMA DA DIVISA

4,0m

2,30m

10,80m Linha Central Metrô Rodoviária

Restaurante popular

TERRENO Estação MOVE


PRA FORA DA CAIXA


individualidades de cada morador, respeitando espaços e ao mesmo tempo integrando pessoas. O projeto proposto quebra a ideia de abrigos como caixas de papelão, O abrigo é pensado de forma a atender as

de pessoas isoladas em caixotes e sem identidade, reclusas em esconderijos.

espaços livres nas ruas, comumente ocupados pela população de rua, são replicados no projeto para permitir a convivência e as relações interpessoais que acontecem nos vazios gerados pelo arranjo dos Os

blocos, evitando assim uma edificação densa e fechada.

não esconda ninguém do olhar da cidade, mas sim que reintegre o indivíduo no meio, como caixas abertas para o conhecimento e interação de quem passa. A praça e o ambiente público, Um lar que

no nível do térreo, buscam o indivíduo para o interior do conjunto, para que também possa participar da

reestruturação e reinserção social da população de rua.


DIAGRAMAS PROCESUAIS 1. Aproveitamento terreno

2. Principal relação com a rua

A.útil=752m²

Av. Olegário Maciel

42

.

4. Divisão do programa em lajes

5 Abertura para praça pública no nível térreo

7. Definição dos ambientes de

8. Definição da circulação

serviços e comunitários

vertical e das passarelas


ESQUEMAS CONCEITUAIS 3. Dimensão segundo programa de necessidades

MORADIA SERVIÇO MORADIA ATELIÊS + PRAÇA

6. Definição dos módulos

individuais e coletivos de morar

9. Definição de terraços e telhados jardins








Ateliês 125m²

Mód. Ind.

Mód. Ind.

15m²

15m²

S

S

Mód. Ind.

Mód. Ind.

15m²

S

S

S

15m²

S

Mód. Ind.

Mód. Ind.

Mód. Ind.

Mód. Ind.

Mód. Ind.

Mód. Ind.

15m²

15m²

15m²

15m²

15m²

15m²

PRIMEIRO

Limite afastamentos

PAVIMENTO

+0,0m

15m²

Mód. Ind.

15m²

Mód. Ind.

15m²

Mód. Ind.

Limite terreno

Mód. Ind. 15m²

S S

S

S

S S

Mód. Coletivo 30m²

Mód. Ind. 15m²

Mód. Ind. 15m²

Mód. Ind.

Mód. Coletivo

15m²

30m²

Mód. Ind. 15m²

SEGUNDO

PAVIMENTO

Limite afastamentos

Limite terreno

+3,0m


Mód. Ind.

15m²

15m²

Mód. Ind.

15m²

Mód. Ind.

Lavanderia 50m²

Mód. Ind. 15m²

S S

S

S

S

S

Mód. Ind. 15m²

Mód. Ind.

Cozinha

15m²

100m²

Sala

50m²

TERCEIRO

Limite afastamentos

PAVIMENTO

S

S

S

15m²

Mód. Ind.

15m²

Mód. Ind.

Mód. Ind.

Mód. Ind.

Mód. Ind.

Mód. Ind.

Mód. Ind.

Mód. Ind.

Mód. Ind.

15m²

15m²

15m²

15m²

15m²

15m²

PAVIMENTO

+6,0m

S

15m²

quarto

Mód. Ind.

S

15m²

Mód. Ind.

S

15m²

Mód. Ind.

15m²

Mód. Ind.

15m²

Mód. Ind.

15m²

Mód. Ind.

15m²

Mód. Ind.

Limite terreno

15m²

Limite afastamentos

Limite terreno

+9,0m

PLANTAs BAIXAs

esc 1/300


SEQUÊNCIA E

REFINAMENTO

48


A etapa desenvolvida para a disciplina de ARQ398 tinha como objetivo a elaboração do projeto de Conclusão de Curso até a etapa de estudo preliminar. O projeto de abrigo para população em situação de rua terá prosseguimento na disciplina de ARQ399, seguindo os conceitos e premissas apresentados até aqui. Os pontos a serem explorados na próxima etapa abrangem, mas não se limitam, à: melhor desenvolvimento das formas e layouts dos ambientes comunitários, para melhor atender a todos que usufruirão dos mesmos; estudo dos usos e definição de desenhos para o espaço da praça pública no nível térreo; melhor estudo das aberturas e fechamentos e acessos aos terraços jardins.

49


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARNEIRO, Karine Gonçalves. MORADORES DE RUA E PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO: análise sobre Bogotá e Belo Horizonte sob uma perspectiva genealógica. Belo Horizonte, 2016. 508 p. DE LUCCA, Daniel. A rua em movimento - experiências urbanas e jogos sociais em torno da população de rua. São Paulo, 2007. 241 p. DE MATOS, Marcos Olegário Pessoa Gondim. Arquitetura invisível: A casificação do espaço urbano pelo morador de rua. Salvador, 2006. 101 p. ESQUINCA, Michelle Marie Méndez. Os deslocamentos territoriais dos adultos moradores de rua nos bairros Sé e República. São Paulo, 2013. 254 p. FERRAZ, Sonia Maria Taddei; BENAYON, Julia Silva; ACIOLY, Laticia Lyra; ROSADAS, Luiz Gustavo Campos; MENDONÇA, Paula Ramos C. C. de. (2005). ARQUITETURA DA VIOLÊNCIA: A ARQUITETURA ANTIMENDIGO COMO EURECA DA REGENERAÇÃO URBANA. MOVIMENTO (3). HARVEY, David. The right to the city. New Left Review, n.53, New York, 2008. (Versão traduzida). Hoje em Dia, 2017. Número de moradores de rua cresce 70% em BH em dois anos: pelo menos 3 mil vivem sem teto fixo. Disponível em: <http://hojeemdia.com.br/horizontes/n%C3%BAmero-de-moradores-de-ruacresce70-em-bh-em-dois-anos-pelo-menos3-mil-vivem-sem-teto-fixo-1.445437> Acesso em: Ago. 2017. HONORATO, Bruno Eduardo Freitas. ORDEM E SUBVERSÃO NAS CIDADES: Um Estudo Sobre a População em Situação de Rua de Belo Horizonte. Belo Horizonte, 2014, 220 p. Alexandre da Rocha. Moradores de Rua - Um enfoque histórico e socioassistencial da população 54 KLAUMANN, em situação de rua no Brasil: A realidade do centro pop de Rio do Sul/SC. Ituporanga. 16 p. OLIVEIRA, Maria do Rosário de Lima. A rua como espaço para morar: observações sobre a apropriação dos espaços públicos pelos moradores de rua da cidade de João PessoaPB. João Pessoa, 2011. 113 p. Prefeitura de Belo Horizonte, 2014. PBH divulga o 3º Censo de População em situação de Rua e Migrantes. Disponível em: <http://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/ecp/noticia. do?evento=portlet&pAc=not&idConteudo=154144&pIdPlc=&app=salanoticias> Acesso em: Ago. 2017. Prefeitura de Belo Horizonte. Para população em situação de rua. Disponível em: <http://portalpbh.pbh.gov. br/pbh/ecp/ contents.do?evento=conteudo&idConteudo=220888&chPlc=220888&viewbusca=s> Acesso em: Ago. 2017. Transite. BH vista de cima. Disponível em: <http://transite.fafich.ufmg.br/idh-bairros-de-belo-horizonte/> Acesso em: Fev. 2018. VILELA, Nice Marçal. Hipercentro de Belo Horizonte: movimentos e transformações espaciais recentes. Belo Horizonte, 2006. 171p.


55

“pois em casa de menino de rua, o último a dormir apaga lua” Criolo


Universidade Federal de Viรงosa Departamento de Arquitetura e Urbanismo Marรงo.2018 Viรงosa


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