TÓPICOS DE GRAMÁTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA
Lucas Daniel Tomáz de Aquino
ÍNDICE
GRAMÁTICA GERAL Lógica gramatical da língua portuguesa: breve história da gramática - Lógica e gramática — Gramática e metafísica — Relações entre gramática, lógica a metafísica. GRAMÁTICA ESPECIAL Emprego de tempos e modos verbais — Emprego de classes de palavras — Colocação e uso dos pronomes: pessoais, caso reto e oblíquo, pronome como complemento direto e indireto — Complemento Nominal — Complemento Verbal — Pronomes de tratamento — Coesão textual a partir de pronomes: este(s), esta(s), isto; esse(s), essa(s), isso; aquele(s), aquela(s), aquilo — Função anafórica e catafórica de pronomes, retomada de termos em um texto — Pronomes Relativos — Caso especiais: pronomes “onde” e “cujo” — Partícula “QUE” — Colocação das vírgulas ante a partícula “QUE”: restrição ou explicação — Vozes verbais: voz ativa, voz passiva (sintética e analítica), voz reflexiva — Modos verbais: modo indicativo, modo potencial, modo interrogativo, modo volitivo ou imperativo ou optativo ou exortativo — Formas nominais do verbo: infinitivo, particípio e gerúndio — Tempos verbais: pretérito, presente, futuro — Caso especial: futuro do pretérito — Partícula “SE”: como conjunção integrante, como pronome relativo — Colocação pronominal: próclise, ênclise e mesóclise — Questões comentadas — Como analisar questões por palavras inclusivas e exclusivas em um item de prova — Análise e identificação de questões erradas. Regência: concordância entre dois termos — Regência nominal — Casos de regência nominal e complemento verbal: verbo transitivo direto, verbo transitivo indireto, verbo transitivo direto e indireto, verbo intransitivo, verbo de ligação verbo transitivo direto — Regência verbal e complementos — Lista de regência verbal com os principais casos com alteração de semântica conforme disposição da regência — Emprego do sinal indicativo de crase: casos obrigatórios, facultativos e proibitivos; relação entre crase e pronomes relativos — Questões comentadas .
BREVE HISTÓRIA DA GRAMÁTICA
A Gramática como a conhecemos hoje surge no bojo das Sete Artes Liberais - o Trivium (Gramática, Retórica e Dialética1) e o Quadrivium2 (Aritmética, Geometria, Música e Astronomia) - que era o conjunto de estudos que antecedia o ingresso na Universidade durante a Alta Idade Média, até a infância da Modernidade. De Santo Tomás de Aquino à Shakespeare, todos passaram pelas Sete Artes Liberais. Estas são chamadas assim porquanto servem ao espírito ou intelecto em contraponto às artes servis como a marcenaria, por exemplo, donde se serve ao corpo - afinal, os últimos são trabalhos braçais. Assim, a Arte é recta ratio factibilium, isto é, a reta razão do fazer. Em sentido estrito, a Arte se divide em arte servil e arte liberal. As primeiras mais ao facere porque se valem do corpo ou algo corpóreo e em favor do próprio corpo3. Já as artes liberais dizem-se desta forma porque tratam do intelecto. Em sentido amplo, Arte é uma ordenação da razão pela qual os atos humanos alcançam por determinados meios o devido fim. O conjunto das Sete Artes Liberais, portanto, é muito provável que tenha surgido de modo primário em Alexandria, no século II, cujos estudos sempre atrelados ao Cristianismo, eram chamados Didaskaleion. Remontava-se historicamente ao evangelista São Marcos e a fórmula usada no Medievo; porém, só ganhou ars definitiva com as Capitulares de Carlos Magno e Alcuíno, este que organizara a escola carolíngia em Aix-de-Chapelle.4 De início, como se dava mais ênfase à Lógica, a Gramática ainda não fazia parte de tal ciência-arte, menos estritamente à Retórica e menos ainda à Poética. Só mais tardiamente, foi incorporada à ciência da linguagem como “a ciência de falar sem erro”, em designação exata de Hugo de São Vítor. Pedro Abelardo, exímio lógico e eunuco da Idade Média, dizia que as disciplinas do Trivium eram os três elementos da ciência da linguagem. Por um lado, se a gramática era a ciência do falar sem erro, a dialética era a disputa acalorada que distingue o verdadeiro do falso e a retórica a disciplina que faz persuadir o que é conveniente5.
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Antes da chegada das obras completas de Aristóteles ao Ocidente, chamava-se Dialética no Trivium a disciplina estudada para o bem-raciocinar e que incluía em sua filosofia, além do platonismo e do aristotelismo, o estoicismo de, por exemplo, João, O Gramático, a quem se deu a tese de que o nominativo é caso, conquanto outros autores, incluindo Santo Tomás, o dizem que é vogal temática, o mesmo título das vogais temáticas nominais em língua portuguesa. 2 A teoria do número não compreende apenas a matemática - a ciência do ens quantum, ou seja o ente enquanto quantidade, perfeitamente mensurado, explicitado aqui como aritmética, mas também álgebra, cálculo, equações, dentre outros ramos da matemática superior. Ademais, enquanto teoria do número, inclui-se a música entendida como princípio, distinta da instrumental aplicada que constitui Belas-Artes, incluindo medições descontínuas de quantidade como a física especial (cosmologia) e a química. Já a teoria do espaço (Geometria) tem em seu escopo alguns princípios de geografia, agrimensura, engenharia e arquitetura - conquanto de certo modo também esta seja Arte-Liberal, porque é Belas-Artes secundum quid. 3 Carlos Nougué in Das artes Liberais: a necessária revisão. 4 Carlos Nougué, prólogo de Trivium: As artes liberais da Lógica, da Gramática e da Retórica, Ir. Miriam Joseph, É Realizações, 2008. 5 Jacques Le Goff, Os intelectuais na Idade Média, José Olympio, 2003, p. 84.
LÓGICA E GRAMÁTICA
A Gramática possui duas vias: Gramática Geral e Gramática Especial. Sobre o espectro cada uma, daremos voz à Irmã Miriam Joseph, PhD, especialista na obra de Shakespeare e autora do grande livro Trivium - As artes liberais da lógica, da gramática e da retórica, a qual diz: A gramática geral é mais filosófica que as gramáticas especiais porque está mais diretamente relacionada à lógica e à metafísica - ou ontologia. Consequentemente, ela difere um pouco das gramáticas especiais no que diz respeito ao ponto de vista e à classificação resultante, tanto na análise morfológica quanto na análise sintática6. A partir disso, primeiramente devemos conhecer a Gramática Geral, ao menos sua introdução, para podermos ter mais certeza de pisarmos neste universo que é a Gramática Especial, a qual estudamos na escola. A Lógica e a Retórica formam com a Gramática as três Ciências da Linguagem, esta que se desenvolve a partir da natureza mesma do ser humano, pois a racionalidade é intrínseca a este. Ao inventar símbolos que exprimem as experiências práticas, construímos a existência e as palavras quando escritas ou faladas tornam-se termos e entram nos domínios da Lógica. As palavras são categorizadas por sua relação com o Ser e, em contato com as Categorias ou Predicamentos, traduz o símbolo linguístico em proposição, silogismo, sorites, entimemas, falácias et ita porro. A Lógica, nada mais é que a ciência-arte propedêutica às demais artes e demais ciências, pois nos ensina a pensar com competência e a Gramática é a arte de inventar símbolos para expressar tais pensamentos7. Ademais, a Gramática une elementos das mais diversas formas como versificação (poética), retórica e crítica literária, conforme expresso por Dionísio de Trácia (166 a.C), grego que escreveu a primeira gramática que se tem notícia. Em seu livro há figuras de linguagem, etimologia, alusão, analogias, análise literária, proposições etc todos elementos usados até hoje na gramática e na lógica de argumentação. A divisão da gramática faz-se de duplo modo. A primeira é a Gramática Geral, mais diretamente conectada com a lógica e metafísica porque diz respeito às ideias e sua conexão com a realidade, enquanto a ligação da Gramática Especial diz respeito à relação mais estrita da palavra com a palavra. Na Gramática Geral, podemos fazer analogias e análises categoremáticas e sincategoremáticas entre palavras, morfologicamente e sintaticamente falando, e atribuí-las na classificação das dez categorias do Ser, em Aristóteles. As Categorias são a substância e os nove tipos de acidentes, que são: quantidade, qualidade, ação, relação, quando, onde, paixão, postura e hábito.
Trivium - As artes liberais da lógica, da gramática e da retórica, Ir. Miriam Joseph, C.S.C, PhD, É Realizações, 2008. 7 Idem. 6
Dizemos que um sujeito é um substantivo exatamente porque ele designa uma substância. O mesmo ocorre com os pronomes, eles são designadores de substância. E o que é substância? Substância é aquilo que primeiro nos dá aos sentidos, aquilo que subsiste por si mesmo e é suporte de acidentes, aquilo que sub-stat. O ato próprio da substância é ser por si e em outro, ou seja, ser pela e na substância. Sendo assim a substância é um gênero supremo, generalissimus, o qual não se confunde com o ente de forma alguma, este que não pode ser gênero, pois “todo gênero comporta diferenças que não pertencem à essência deste gênero”8, logo o não-ente não pode constituir diferença. Em outras palavras, o ente é tudo que há, a substância e os nove acidentes; a substância, o ente simpliciter, os acidentes, entes secundum quid. Substância, em grego, ο ὐσία, é, além de sustentáculo de acidentes, a primeira quididade ou essência, o gênero supremo ou generalíssimo9. E se um substantivo ou pronome é um designador de substância, os outros tipos morfológicos serão quase todos, dependendo do contexto, acidentes. Um adjetivo, por exemplo, que é uma qualidade do sujeito, será um acidente. Exatamente porque é qualidade. Logo, um acidente. E o que é acidente? Os acidentes, do latim a ccidens, de ad caere, isto é, literalmente “cair sobre” ou filologicamente equivalente a “acontecer, ocorrer, suceder”, se contrapõe à substância. É-lhes próprio, como “ente débil”, ser por outro e em outro, isto é, [ser] na substância, assim “como a ciência humana é inteiramente dependente do espírito que a tem e a sustenta”10. Um exemplo para elucidar substância e acidente: o homem é uma substância, ele existe por si mesmo. Se ele tem olhos verdes ou castanhos, cor negra ou parda, não faz diferença, pois jamais deixará de ser este homem i n re e de modo simpliciter; ou seja, é uma substância; já os aspectos cambiantes desta substância, a cor dos olhos e da pele, particularidades secundum quid, são os acidentes11. Desta forma, como eu disse acima, em itálico, os acidentes têm por distinção existirem em outro, isto é na substância. Morfologicamente acontece a mesma coisa. Se eu digo “bonito”, alguém há de me perguntar quem é bonito, porque esta coisa bonita não existe per se. Algo ou alguém deve necessariamente ser bonito. Se bonito é um adjetivo, deve-se ser um adjetivo de algo ou alguém. Um homem bonito, por exemplo. Se eu digo a você “branco”, algo deve ter esta qualidade, essa cor branca. Pois ninguém nunca viu por aí a cor branca andando sozinha, senão que já viu uma mulher branca ou um cão branco andando por aí ou algo do tipo.
Santo Tomás de Aquino, Summa Theologiae, I, q. 3, a. 5, respondeo. Lucas Daniel Tomáz de Aquino, A consolação da estupidez humana - Tratado de Lógica. 10 Édouard Hugon, Os princípios da filosofia de Santo Tomás de Aquino, EDIPUCRS, 1998, p. 74. 11 Lucas Daniel Tomáz de Aquino, A consolação da estupidez humana - Tratado de Lógica. 8 9
Para elucidar esta relação entre filosofia e gramática, considere a seguinte frase “João pensa”. João é filosoficamente uma substância (ele existe por ele mesmo) e morfologicamente é um substantivo. Pensa é uma ação (que é uma categoria) e morfologicamente é um verbo que está no presente do indicativo. Pensar é uma qualidade (categoria aristotélica) inerente ao ser humano, pois não existe uma pessoa que não o faça, portanto. Se eu ainda perguntar “O que é o branco?”, todas as respostas me dirão algo que necessariamente pertencem ao acidente sobre os quais são perguntadas, e indicam portanto quididades de acidentes: a cor branca é uma qualidade e a quantidade discreta, dada essencialmente nos números, apesar de haver também uma quantidade contínua na geometria, é uma quantidade. A cor branca dar-se-á no cão ou na mulher, que são substâncias. Essas duas coisas, quantidade e qualidade, são acidentes e são Categorias. As Categorias, como já se disse, são a substância e os nove acidentes: quanto (quantidade), como (qualidade), com o que se relaciona (relação), onde está (lugar), quando (tempo), como está (estado), em que circunstância (hábito), atividade (ação) e passividade (paixão) e estão todas na realidade patente, isto é, in re. Repare: se vejo um homem, ele é antes de qualquer coisa, uma substância, e que tem certa cor (parda, branca) como qualidade, tem certa altura e dimensões como quantidade, ele está certamente em algum lugar e quem aí está não pode senão deixar de estar em dada altura do tempo, e ele está, por evidência, em alguma situação, ou seja, sentado ou de pé e pode andar armado ou calçado com seu hábito ou posse, e ele pode tocar algum instrumento de sopro, como um oboé ou flauta doce, ou seja praticando uma ação e fazendo isso em seu quintal, à luz do dia, o qual recebe a paixão dos raios solares incidindo em sua pele12. Quando na Gramática falamos de sujeito e predicado, estamos falando disso, dessa relação presente nas Categorias. Diz-se sujeito porque é um ente, uma substância, ao passo que diz-se predicado, como o próprio nome diz, porque se predica algo do sujeito ou substância, ou seja, declara-se algo que é característico deste sujeito, como na frase “Maria Clara é carinhosa”, onde temos a pessoa (sujeito, substância) a qual se declara que é carinhosa, ou seja, se dá uma qualidade (categoria) como adjetivo (morfológico) ao ente. No caso em tela, é uma qualidade porque existe intrinsecamente no sujeito e flui de modo absoluto de sua matéria e de sua forma - conceitos metafísicos que veremos a seguir.
GRAMÁTICA E METAFÍSICA A Metafísica é a rainha das ciências, porquanto trata do ente enquanto ente, isto é, aquilo que é enquanto é. Ora, se algo não se dá naquilo mesmo, não pode ser propriamente ciência simpliciter, ou seja, de modo cabal e apodíctico. Assim, é a Metafísica trata dos princípios primeiros, por isso ela é a primeira na ordem do ser e a última na ordem do conhecer. Trata do conhecimento científico e das condições últimas da existência. Acerca dos entes, ela investiga “o que” são e “como” são, tudo enquanto aquilo mesmo.
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Lucas Daniel Tomáz de Aquino, A consolação da estupidez humana - Tratado de Lógica.
A Lógica e a Gramática relacionam-se com a Metafísica de modo estreito e esta relação permanecerá sempre assim, pois a realidade existe em si mesma, é imutável. Aristóteles já falava desta relação entre a realidade inteligível e as palavras ou signo linguístico em seu Peri Hermeneias ou Sobre a interpretação. A realidade, só depois de abstraída da espécie inteligível, que é princípio formal da operação intelectiva, assim como a forma de qualquer agente é o princípio de sua operação 13 , é que consegue formar signos para esta realidade. Ir. Miriam Joseph nos diz como se dá essa relação entre a arte da Linguagem, a Lógica e a Metafísica, e como elas podem ser representadas: O planeta Plutão já era uma entidade real, percorrendo sua órbita em torno do Sol havia muitos e muitos milênios, por nós desconhecido e, portanto, sem nome. A sua descoberta, em 1930 não o criou; porém, ao ser descoberto, tornou-se entidade lógica. Quando lhe foi dado o nome Plutão, tornou-se uma entidade gramatical. Quando, por seu nome, o conhecimento dessa entidade foi comunicado a outros através desta palavra falada e escrita, o planeta Plutão tornou-se então uma entidade retórica14. Plutão já existia metafisicamente, in re, na realidade mesma quando o descobriram. Quando de sua descoberta, tornou-se entidade lógica porquanto à Lógica cabe tratar a coisa como ela é conhecida, utilizando-se para tanto silogismos e conclusões; ao passo que quando foi dado seu nome original, Plutão se tornou entidade gramatical porque este nome é seu símbolo, isto é, o signo linguístico que comunicamos a todos sua existência. A gramática então é um conhecimento experimental dos modos de escrever nas formas correntes entre poetas e prosadores de determinada língua e está dividida em seis partes: i. leitura instruída com atenção especial à prosódia e poética; ii. exposição em acordo com a retórica (figuras poéticas); iii. exposição dialética e de alusões; iv. aparição de etimologias; v. cuidado com as analogias; vi. crítica poética, que constitui a parte mais nobre desta arte15.
RELAÇÃO ENTRE GRAMÁTICA, LÓGICA E METAFÍSICA
Todos nós nos comunicamos uns com os outros através de símbolos ou signos, seja falado, seja escrito. No Peri Hermeneias, Aristóteles diz-nos que a realidade nos desperta paixões. No sentido das categorias que vimos anteriormente. Assim, nosso intelecto existe exatamente para conhecer o mundo e a realidade e este conhecimento das coisas provoca-nos [...] paixões. Paixão 13
Summa contra Gentiles, 1, I, cap. XLVI,1. Trivium - As artes liberais da lógica, da gramática e da retórica, Ir. Miriam Joseph, C.S.C, PhD, É Realizações, 2008. 15 Idem. 14
no sentido de receber o influxo de outrem. O mesmo sentido que se usa na sintaxe da gramática, na voz passiva, quando o sujeito é paciente e recebe a ação expressa pelo verbo. O sujeito aqui recebe uma paixão. Por exemplo: A neve foi derretida pelo sol. Aqui o sujeito neve recebe a ação, recebe a paixão, o influxo dos raios solares a qual a fez derreter. Em sentido filosófico, a paixão que a realidade imprime em nossa alma são imagens que o intelecto forma das coisas e que são reais mesmo, nunca falsas. E o modo como comunicamos estas coisas aos outros são feitas por meio de signos verbais, ou seja, palavras orais ou signos escritos os quais nós significamos as palavras orais. As palavras são signos verbais das paixões que incidiram sobre nosso intelecto, que por sua vez eram imagens fiéis dos entes da realidade autônoma. As palavras, tanto orais quanto escritas, não significam de modo direto a coisa senão que significam a coisa da realidade mediante as paixões, são signos imediatos destas e das concepções que são imagens das coisas. Em outras palavras, como signo, as palavras significam diretamente as paixões e indiretamente a coisa que é mimetizada pela imagem, que são paixões do intelecto16. Como qualquer ente da realidade física, as palavras são constituídas de um composto de matéria e forma. As coisas tal como existem na realidade, metafisicamente falando, são formadas por este binômio, chamado hilemorfismo. E se isto é assim, logo “Así como no puede existir la materia sin la forma, tampoco puede existir la forma sin la materia. La existencia pertenece propiamente al compuesto de materia y forma”17. A matéria é o primeiro princípio intrínseco e potencial de uma essência corpórea, já a forma é o primeiro princípio intrínseco atual de um corpo18. Os homens, por exemplo, como todos os entes do mundo sensível, por evidência, não podem ser só matéria porque senão seriam a mesma coisa, seriam iguais na realidade; e se fossem só forma não haveria distinção entre os entes da realidade. A forma determina o que a coisa é, ela age sobre a matéria e todas as potências do ente se radicam na forma, justamente porque esta se imprime na matéria19. Quanto à Gramática, as palavras, como já se disse, são signos ou símbolos, os quais têm por matéria o signo sensível, enquanto têm por forma, o significado, imposto por convenção. Na linguagem oral, a matéria é o som, tratado pela fonética, ao passo que na linguagem escrita é a notação gráfica ou o sinal, tratado na ortografia. A forma dessa matéria é uma só, é seu significado, tratado cientificamente na semântica, que estuda ou tem por sujeito o significado das palavras. Assim, a linguagem, que possui dimensões lógicas e psicológicas, nada mais é do que um esquema, seja oral, seja escrito, de notações e sonoridades que expressam pensamentos, emoções e volições. Lucas Daniel Tomáz de Aquino, A consolação da estupidez humana - Tratado de Lógica.. Álvaro Calderón, La naturaleza y sus causas, Tomo II, p. 104, Edicciones Corredentora, 2011, Mendoza, Argentina. Segue tradução nossa: “Assim como não pode existir a matéria sem a forma, tampouco pode existir a forma sem a matéria. A existência pertence propriamente ao composto de matéria e forma”. 18 Trivium - As artes liberais da lógica, da gramática e da retórica, Ir. Miriam Joseph, C.S.C, PhD, É Realizações, 2008. 19 Lucas Daniel Tomáz de Aquino, Opúsculos Tomistas. 16 17
Poderíamos falar mais sobre essa relação da Lógica e da Metafísica com respeito a Gramática. Mas este PDF versa sobre alguns tópicos somente, quiçá os introdutórios. Talvez em outro tomo ou em outra edição falemos mais sobre essa relação, sobre análise de proposições a respeito de expressões gramaticais; sobre termos, falácias, silogismos e suas relações. Sobre a linguagem e suas causas: origens da linguagem (causa eficiente), órgãos e elementos da linguagem (causa material) linguagem como signo de pensamento (causa formal), linguagem e lógica (causa final), tudo no âmbito da relação entre Gramática e Lógica. Talvez em um outro tomo, que não seja só de tópicos, mas que se proponha a ser mais completo, faremos deste modo. A seguir, porém, ocupemo-nos, pois, dos tópicos de Gramática Especial.
Estudaremos agora alguns tópicos de Gramática Especial, através de teoria e exercícios. Aliás, os pontos abaixo elencados caem em todas as provas e concursos públicos (a aula então serve para qualquer banca). Vamos aos primeiros tópicos: 1. Emprego de tempos e modos verbais 2. Emprego das classes de palavras 3. Colocação e uso dos pronomes 4. Partícula SE Para tanto, vou me valer somente de tópicos e explicações curtas para elencar e explicar toda a teoria, ora porque a aula fica mais leve, ora porque irei me basear principalmente em resolução de questões de concursos - cerca de 52 no total. No final eu vou dar uma dica matadora para você não perder tempo, só fazer o intercâmbio dos mecanismos gramaticais e acertar a questão de olhos fechados, ok? Afinal, objetivo final é fazer você acertar questões, não se tornar um Sergio Pachá (um grande gramático), certo? Let’s go!
PRONOMES PRONOMES PESSOAIS
Caso reto Usamos o pronome pessoal do caso reto, via de regra, quando exercer a função de sujeito e de predicativo, como no exemplo abaixo: Ele virou-se para ela. Tranquilo, né? Lembra até as aulas da tia Tetéia do ensino fundamental. Prossigamos. Caso oblíquo Usamos o pronomes pessoais do caso oblíquo (o, a, lhe etc) nas demais funções sintáticas. E é claro que são elas que as bancas mais exploram. São as funções de complemento verbal e complemento nominal, e por aí segue o baile.
Vi-o na janela. (objeto direto) Falei-lhe sobre minha namorada. (objeto indireto) Não se assustem com os nomes: objeto direto, adjunto adverbial, adjunto adnominal e assim por diante. Há alunos que começam a apavorar-se com as nomenclaturas “Ai meu Deus, adjunto adverbial, o que é isso? Vou morrer!”. Estou dando a vocês, porém, de forma simples e breve. Minha função aqui é fazer você acertar questões, logo, confie em mim. Facilmente entenderá as trocas sintáticas e acertará as questões. Continuemos. ATENÇÃO! A próxima dica é de questão de prova de concurso e cai muito na FCC, Vunesp, IADES, Cesgranrio e também em outras bancas menores. No Cespe ainda não vi, mas como cai em outras bancas, o colocarei. Grave isso, querido aluno: O pronome lhe, como complemento de verbo, é SEMPRE objeto indireto. Já os pronomes o, a como complemento do verbo, são SEMPRE objetos diretos. Viu verbo? ok. Tem algum pronome oblíquo? Lembre que o Lhe é indireto. Mais uma vez e BEM simplificadinho pra gravar: COMPLEMENTO VERBAL LHE ➯ INDIRETO O, A ➯ DIRETO A tia fez aniversário e Joaquim deu-lhe um presente. (OI do verbo “deu”) A tia fez aniversário e Joaquim a presenteou. (OD do verbo “presenteou”) Fácil demais, hein, bicho! Que que é isso!
PRONOMES DE TRATAMENTO Os pronomes de tratamento, como é possível inferir, por evidente, servem para se dirigir a outra pessoa, não de qualquer jeito, senão de modo mais formal, respeitando a língua dos falantes. Em concursos públicos, estes pronomes quase não caem. Em provas de Língua Portuguesa devem representar por volta de 0000,1%. O que ocorre, porém, é que eles podem aparecer nas provas de Redação Oficial e Manual de Redação da Presidência (MRPR). Portanto, vamos rapidamente a eles. Um adendo importante: a diferença entre Vossa Excelência e Sua Excelência.
Vossa Excelência - pronome usado para dirigir-se diretamente à pessoa. Qual a opinião de Vossa Excelência a respeito da PL tal? (você a um parlamentar, por exemplo) Fico contente por S ua Excelência, o parlamentar Fulano, ter votado tal PL. (você falando a outrem e falando sobre o parlamentar) COESÃO TEXTUAL PRONOMES DEMONSTRATIVOS Os pronomes demonstrativos - se é demonstrativo, ele demonstra algo, certo? - apontam palavras ou trechos no textos. Normalmente referem-se aos sujeitos. É bem comum ver isso na Literatura de ficção, por exemplo. João foi para a escola de carro, mesmo assim ele chegou atrasado. Quem chegou atrasado, pessoal? O carro? Claro que não. Por evidência, quem se atrasou foi João. A palavra ele retoma, por coesão, a palavra João. Assim, veremos que os pronomes demonstrativos desempenham o mesmo papel que a palavra “ele” (caso reto) desempenhou aí no exemplo acima, e por vezes os pronomes oblíquos também desempenham; obedecendo sempre ao tempo e espaço na oração. Vamos conhecê-los.
Este(s), esta(s), isto
Presente, momento atual
Próximo de quem fala
função anafórica
Passado próximo
Perto da pessoa com quem se fala
Aquele(s), aquela(s), aquilo
Passado longínquo
Longe de quem fala e da pessoa com quem se fala
função catafórica
Esse(s), essa(s), isso
Dica: Estes pronomes apontam termos anteriores dispostos pelo corpo do texto, como já foi explanado em aula, no exemplo do João e o carro, lembram-se? ESTE - por coesão exerce função catafórica ESSE - por coesão exerce função anafórica
AQUELE - retoma o primeiro termo citado
Analice e Josefa foram ao funeral. Aquela de roxo, esta de preto. Por coesão, temos então: Aquela = retoma Analice Esta = retoma Josefa PRONOMES RELATIVOS Aqui o bicho pega. Não a modo de dificuldade, assim veremos. A modo, porém, de que este tópico despenca em todas as provas e concursos. Mas não se preocupe, mostrá-los-ei (lembram-se das mesóclies e próclises? Veremos tal tópico mais adiante) e vocês verão que este tema é fácil a partir do momento que começarmos a fazer as questões comentadas. Onde Utilizado com referência a lugar de modo restrito. Isto é, não há como estabelecer outro sentido para esta palavra. Pode retomar termos por coesão em uma frase ou funcionar como advérbio que exprime interrogação: Onde você mora, Lucas? Cujo Pronome que estabelece posse ou dependência entre termos, o antecedente e o consequente, concordando sempre em número e gênero com o dependente. Aquele é um colega cujo caráter é duvidoso. ATENÇÃO! Cuidado quando a banca pedir reescritura de textos. O Cespe é ninja nisso! Treinei por muito tempo reescritura e hoje digo com convicção: o Cespe e demais bancas adoram propor equivalência de pronomes mantendo a correção gramatical e coerência no comando das questões. Exemplo: pedem pra você trocar o pronome cujo por outros pronomes relativos: que, a/o qual, quem. A dica é: você não troca seu CUjo por nada. E ponto final. ATENÇÃO DE NOVO! NÃO se usa crase após o pronome cujo, do mesmo modo que não se coloca artigo após este pronome, como na construção frasal a seguir. O pai cujo o filho passou na UnB está contente. ERRADO
A mãe cuja à filha reprovou na UnB está infeliz. ERRADO Pronomes Relativos: que, quem, o qual, onde, quanto, cujo.
DICA MATADORA: A partícula QUE é muito explorada pelas bancas de concursos porquanto sofre variações imensas, sintaticamente falando, e por vezes complicadas. Esta dica vai te ajudar. O QUE pode ser: ● Conjunção integrante: quando o resto da frase puder ser, sem prejuízo de lógica, intercambiada por ISSO. Introduz-se aí uma oração subordinada substantiva. É necessário que você venha aqui. É necessário isso. (ou isso é necessário) Veja que troquei a frase do “que” em diante e manteve-se a lógica da frase. Se esse intercâmbio se manteve, essa partícula “que” é certamente uma conjunção integrante. ●
Pronome relativo: quando puder ser trocado o QUE pelo O QUAL/A QUAL/OS QUAIS/AS QUAIS. Introduz-se aí uma oração subordinada adjetiva. O presente que você me deu é legal. O presente o qual você me deu é legal.
Ademais, as bancas também trazem questões quando a partícula QUE tem ou não vírgula, pois ela pode ser uma oração restritiva ou explicativa. Meu tio, que é médico, deu um parecer novo ao doente. Se tem vírgula, só pode ser uma oração explicativa. Repare que ele explica que o tio é médico e a explicação, que é um aposto explicativo, está dentro de tais vírgulas. De quebra aprendemos o que é um aposto explicativo, certo? Guarde a dica: ● ●
COM VÍRGULA: EXPLICATIVA SEM VÍRGULA: RESTRITIVA
Simples assim. Et ita porro. COLOCAÇÃO PRONOMINAL
A colocação pronominal é importante para sintaxe porque confere harmonia e, por vezes, elegância às frases. Está ligada aos pronomes oblíquos átonos (me, te, se, o, a lhe, nos, vos, se, os, as, lhes) e suas distribuições perante o verbo: antes, no meio e após o verbo. Próclise - ANTES do verbo Ênclise - APÓS do verbo Mesóclise - NO MEIO do verbo A partir disso, darei mais foco na próclise e ênclise, visto que a mesóclise quase não cai nas questões, certo? Próclise É usada antes do verbo como “fator de atração”. Quando houver palavras que se encaixam na relação abaixo, SOMENTE se usará próclise, pois tais construções frasais “puxam” ou forçam o pronome átono a estar antes do verbo. Dica de próclise: mnemônico NARISD.
Negativas ➯ Não te vás para longe de mim. Advérbios ➯ Agora se prestam a este serviço. Relativos (pronomes) ➯ Acharam o ladrão que se rendeu na hora. Indefinidos (pronomes) ➯ Poucos se negaram a faltar. Subordinativas (conjunções) ➯ Soube que me amava. Demonstrativos (pronomes) ➯ Disso me falaram os homens. ●
Ademais, há dois casos em que a próclise é exigida de modo restrito. Frases interrogativas ➯ Q uem me ama? Frases exclamativas ➯ Quem me dera!
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Ademais, há duas formas que também exigem de modo restrito a próclise. São elas: ➽ Gerúndio precedido de preposição ou de negação. Como em: Em se ausentando, foi demitido do trabalho. ➽ Infinitivo pessoal precedido de preposição. Como em: Por se acharem infalíveis, foram demitidos do trabalho.
Mesóclise Usa-se esta no futuro do presente e futuro do pretérito se o verbo não vier acompanhado de partícula atrativa, conforme os exemplos a seguir:
Convencê-lo-ei a aceitar ➜ futuro do presente Convencê-lo-ia a aceitar ➜ futuro do pretérito Não ficarei aqui falando em demasia sobre este tópico, porquanto não cai em prova ou se cai é bastante raro. Andiamo, bambini! Ênclise Ocorre ênclise quando o pronome oblíquo átono está posposto ao verbo. Como no uso da próclise, há regras para uso de ênclise em uma frase. Vamos a elas.
ATENÇÃO ! JAMAIS inicie uma frase com pronome oblíquo átono. SEMPRE use ênclise. Como no exemplo abaixo: Amo-te, amor de minha vida. Temos sempre o costume de iniciar a sentença assim “Eu te amo”, o que é incorreto. Deveria ser “Amo-te”, porque estamos começando uma frase. ●
Ademais, usamos ênclise com as seguintes formas verbais: ➽ Imperativo afirmativo (não precedido de palavra atrativa) Às onze horas recolham-se todos vocês. ➽ Gerúndio (não precedido de preposição em ou palavra atrativa) Faltou a missa, fazendo-se de desentendido. ➽ Infinitivo pessoal Não tinha a intenção de magoar-te
VOZES VERBAIS Percebemos acima que os pronomes mantêm uma estreita relação com os pronomes. A seguir vamos ver as vozes verbais, que são, por definição, três: ativa, passiva e reflexiva. Voz ativa O sujeito é agente, isto é, ele executa a ação. O sol derrete a neve. Perceba que o Sol pratica ação, sendo portanto um sujeito ativo. Voz passiva
O sujeito é paciente, isto é, ele sofre uma ação20. A neve foi derretida pelo sol. Perceba que a neve sofreu a ação do sol primeiro e com isso seguiu-se que foi derretida. A neve então é um sujeito paciente, enquanto o sol que praticou a ação é o agente da passiva. A voz passiva possui dois tipos: sintética e analítica. Saber essas diferenças para acertar questões é mais tranquilo do que tentar, normalmente do desespero, saber as nomenclaturas e aplicá-las assim. Vou ensinar uma DICA MATADORA para vocês só trocarem um para o outro e já era, acertarem questões. Vamos às duas vozes passivas: ➞ Sintética: Verbo transitivo direto na 3ª pessoa + SE Vende-se casas. Olha aí, viu o “se” = Sintética. (S de se, S de Sintética) ➞ Analítica: Locução verbal (principal e auxiliar) + particípio. Casas são vendidas. Olha aí, tem dois verbos seguidos (locução)? Analítica. Fácil, né? Voz reflexiva Aqui o sujeito é agente e paciente ao mesmo tempo. Repare, se é reflexivo ele “vai e volta”, digamos assim. Lucas f eriu↓ ↔ sujeito
verbo reflexivo
se. ↓ objeto
Repare que “feriu” está tanto para “Lucas” quanto para “se” (ele mesmo). Desta forma, o verbo é uma via de mão dupla entre o sujeito e objeto. Esquematicamente representado assim:
← verbo →
sujeito
objeto
TENÇÃO! A Fazer SEMPRE o intercâmbio da voz passiva para a voz ativa e vice-versa ajuda muito na hora das questões do Cespe e demais bancas. Você bate o olho, faz 20
Para a lógica e filosofia aristotélica, o ato de sofrer ou padecer a algo chama-se paixão. O sujeito paciente sofre a paixão, como no exemplo citado: “A neve é derretida pelo sol”, i.e., sofreu a paixão do astro. Lógica e filosofia estão estritamente ligados à gramática (ex. substantivo vem de substância que contrapõe ao acidente); isso porém, não entrará nas aulas porque não cai em concursos, só análise básica de português. Esta nota de rodapé foi só um adendo.
a troca e pá, muitas vezes só com isso, dependendo do comando - por exemplo partícula SE que o Cespe adora -, já mata a questão. Vejamos uma troca de voz verbal. Resolveram-se as questões. (voz ativa) As questões foram resolvidas. (voz passiva) MODOS E TEMPOS VERBAIS A função essencial de um verbo é expressar atributo juntamente com a noção de tempo e essa é sua definição. Tempo e modo estão para o verbo como a matéria está para a forma. Um verbo sempre afirma algo. Esta função é necessária à formação da frase pois expressa um pensamento completo. Modo verbal Os modos indicam as diferentes maneiras ou modos de um fato se concretizar (deste ou daquela maneira). Os modos verbais declaram de que forma sujeito e predicado estão relacionados: como certos, possíveis, condicionais etc., já que a predicação é a relação que o verbo mantém com o sujeito da oração21. É distinguível a diferença das gramáticas especiais e gerais. Há, portanto, quatro modos verbais: Modo indicativo (declarativo): diz-se da relação como fato ou certeza sobre algo. O carro passou rápido. Modo potencial: diz-se algo como possível ou contingente. A parede pode ser branca. Modo interrogativo: pede informação e requer uma resposta. Onde você o achou? Modo volitivo (imperativo ou optativo/exortativo): busca gratificação das volições e faz referência ao futuro. ➜ Imperativo: é normalmente relacionado a uma ordem emitida a outrem. João, feche a porta. ➜ Optativo ou Exortativo: normalmente é relacionado a algum desejo emitido a outrem. Que você tenha sucesso. FORMAS NOMINAIS DO VERBO O Trivium - as Artes Liberais da Lógica, da Gramática e da Retórica, Irmã Miriam Joseph, É Realizações, 2008. 21
Antes de adentramos no tempo verbal, faremos uma breve explanação acerca das formas nominais dos verbos. Recebem este nome porque por vezes comportam-se como nomes ou são semelhantes a um substantivo, adjetivo ou advérbio. Para clarear, tomemos como exemplo o verbo amar. ➜ Infinitivo: é a ação propriamente dita e desempenha função análoga ao substantivo: amar. Sua terminação é sempre em R. ➜ Particípio: é a ação já finalizada e desempenha função, por analogia, de adjetivo ou advérbio: amado. Sua terminação é sempre em DO. ➜ Gerúndio: é a ação em movimento e ainda não concluída e pode ser usada em tempos verbais simples ou compostos: amando. Sua terminação é sempre em NDO. Outro exemplo: Estou g uardando meu material escolar. verbo auxiliar
verbo principal
Estou = presente do indicativo + guardando = gerúndio Repare agora que nas locuções verbais, o verbo principal ocorre sempre com as formas nominais do verbo, ou seja, no infinitivo, no particípio ou no gerúndio, (este último usado no exemplo acima, que dá a sensação de ele não ter terminado o ato de guardar, pois ainda o está fazendo). Nestas orações é sempre o verbo auxiliar que se flexiona. O verbo auxiliar é aquele que, desprovido de sentido total ou parcial, junta-se com outro verbo formando uma unidade verbal criando assim significado em uma locução verbal. TEMPO VERBAL Os tempos verbais situam algum fato ou ação verbal em determinado momento: antes, durante ou depois. Tempo verbal é o tempo entre o ato próprio e em si mesmo e o tempo em que se faz referência ao ato. Desta feita, há 3 tempos verbais principais: passado (pretérito), presente e futuro. Ademais, subdividem-se em simples e compostos. TEMPO PRETÉRITO (PASSADO)
É o tempo passado (pretérito), indicam que um fato ocorreu antes do momento que se fala. Possui 3 tipos principais. Pretérito Perfeito Designa fatos concluídos perfeitamente antes do momento em que se fala. Eles caminharam bastante. Pretérito Imperfeito Designa um fato que não foi concluído no momento em que outro fato aconteceu, além de trazer um fato do passado que ocorreu de modo contínuo. Minha tia t rabalhava naquela empresa quando demitiram minha mãe. (Fato não concluído). Quando ficava sem dinheiro, emprestava dos pais e sempre os restituía. (fato que dá sentido de continuidade). Pretérito mais-que-perfeito Designa um fato concluído que ocorreu antes de outro também já concluído. O pet shop fechara antes de eu chegar. Por vezes pode-se intercambiar o pretérito mais que perfeito por uma conjugação composta, isto é, com uma locução verbal: O pet shop já tinha fechado antes de eu chegar. TEMPO PRESENTE Designa um fato que está ocorrendo no momento em que se fala, i.e., no presente. Hoje vou à casa de minha mãe. Por vezes, o presente pode vir com uma locução verbal, como no exemplo já citado: Estou g uardando meu material escolar. verbo auxiliar
verbo principal
Estou = presente do indicativo + guardando = gerúndio TEMPO FUTURO
Designa fatos que irão ocorrer após o momento em que se fala. A partir disso, temos as seguintes espécies deste gênero: Futuro do presente Indica fatos que ocorrem num processo futuro, a partir de qualquer referência presente. Amanhã haverá uma reunião no setor. Esta forma, porém, pode aparecer também na forma composta, isto é, com uma locução verbal. Neste caso pode expressar um fato futuro em relação ao momento em que se fala, porém levado em conta como passado em relação a outro fato futuro. Quando minha mãe chegar, provavelmente teremos terminado de comer. chegar = futuro + teremos terminado = fato passado em relação ao futuro. FUTURO DO PRETÉRITO Indica um processo futuro a partir de uma referência passada. Você disse que sairia hoje à noite. Há também a possibilidade de ocorrência de locução verbal, na forma composta e expressará fato que só será possível se outro tiver ocorrido. O lutador teria vencido se lutasse com mais convicção.
CASO ESPECIAL - PARTÍCULA SE A partícula SE pode, basicamente, assumir duas funções na oração: ● ●
Conjunção Pronome
CONJUNÇÃO a. Conjunção subordinativa integrante: (liga termos da oração) introduz orações subordinadas substantivas. Nunca soube se era verdade ou não. Na maioria das questões do Cespe, a partícula SE como subordinativa integrante nunca é permutável, porquanto incide em incorreção gramatical. b. Conjunção subordinativa condicional: (equivale a caso, desde que)
Introduz orações subordinadas adverbiais condicionais O sucesso ocorrerá s e o público quiser PRONOME a. Partícula apassivadora: Serve para apassivar verbos transitivos diretos cabendo-lhe função análoga à do verbo auxiliar na voz passiva sintética. Cobravam-se juros altos. -> Eram cobrados juros altos. b. Índice de indeterminação do sujeito: Liga-se a verbos intransitivos ou transitivos preposicionados com função de indeterminar o sujeito da oração. Fala-se de coisas positivas. Morre-se de fome por aqui. c. Pronome reflexivo: Podem ser substituídos por “a si mesmo” ou a “si próprio” e possui a função sintática de: ● Objeto direto ● Objeto indireto ● Sujeito do infinitivo O professor atrapalhou-se (objeto direto) Ele se atribui muito valor (Objeto indireto) Ela deixou-se ficar à janela d. Partícula integrante do verbo: Liga-se a verbos pronominais e jamais se podem ser retirados de seus respectivos verbos, correndo o risco de perderem a correção gramatical. Ex: Queixar-se, arrepender-se, vangloriar-se, submeter-se. Joana e Pedro queixaram-se da comida do refeitório. e. Partícula expletiva: Realça um enunciado associando-se a verbos sem desempenhar qualquer função sintática.
Todos se foram embora. DICA MATADORA: COMO ACERTAR RAPIDAMENTE EM PROVA SEM A NECESSIDADE DE ANÁLISES SINTÁTICAS PROFUNDAS E COMPLEXAS
VTD ➯ P .A. verbo transitivo direto - sem preposição VTDI ➯ P.A. com e sem preposição. VTI ➯ I .I.S. exige preposição.
VI ➯ I .I.S. verbo intransitivo - já tem sentido completo, não há necessidade de qualquer complemento.
QUESTÕES COMENTADAS CESPE
1. (CESPE/2013/TRE-MS/ANALISTA JUDICIÁRIO)
A substituição do pronome “o”, em “reduziu-o a artigos” (l. 11 e 12), por lhe preservaria a correção gramatical do texto.
Errado. Veja, o verbo “reduzir” é transitivo direto e indireto (VTDI). e tem dois complementos, “o” que o acompanha como complemento direto e “a artigos”, como complemento indireto. Já vimos na aula que “o, a” somente podem ser complemento direto ao passo que “lhe” compete somente ser objeto indireto,
lembram-se das dicas matadoras? Desta forma, preserva a correção gramatical tal substituição? De forma alguma.
2. (CESPE/2016/FUNPRESP-EXE/CONHECIMENTOS BÁSICOS)
O sujeito da oração 'também aceita trabalho' (l.20) está elíptico e se refere a 'Amadeu Amaral Júnior' (l.18), o que justifica o emprego da forma verbal “aceita" na terceira pessoa do singular. Certo. Olha aí a coesão que estudamos hoje. Elipse é sempre omitir algum termo e as vírgulas normalmente auxiliam nesta empreitada. Aqui a elipse foi usada para retomar “Amadeu Amaral Junior” pelo verbo “aceita”. Fácil, né? Para mim questões de referência textual são mais fáceis e se para você ainda não, peço que por gentileza treine fazendo questões. Com o tempo você pegará a “manha” e inconscientemente os erros saltarão aos olhos e você acertará as questões.
3. (CESPE/2014/ANTAQ/CONHECIMENTOS BÁSICOS/NÍVEL MÉDIO) Um dos principais desafios para o Brasil é conhecer a Amazônia. Sua vocação eminentemente hídrica impõe, ao longo dos séculos, a necessidade do deslocamento de seus habitantes através dos rios [...] Domingos Savio Almeida Nogueira. In: Internet: (com adaptações)
Na linha 2, o pronome “Sua” refere-se ao antecedente “Amazônia”. CERTO, pois o pronome “Sua” foi usado como elemento coesivo ao retomar um antecedente o qual é “Amazônia”.
4. (CESPE/2015/TJ-DFT/TÉCNICO JUDICIÁRIO)
Os juízes que se deparam com o tema dos conflitos familiares e da violência doméstica assistem a situações de violência extrema, marcadas pelo abuso das relações de afeto 4 e parentesco, pela deslealdade nas relações íntimas de afeto e confiança. Theresa Karina de Figueiredo Gaudêncio Barbosa. Paz em casa. In: Correio Braziliense, 26/2/2015 (com adaptações) Na linha 1, o “que” é um elemento expletivo, empregado apenas para dar realce a “Os juízes”. Errado. Lembram-se o que é uma partícula expletiva? Ela realça um termo e pode ser retirado sem prejuízo à correção gramatical e ao sentido do texto. Lembra-se da manha que passei? Quando puder trocar por o qual é um pronome relativo. Vamos trocar? Os juízes os quais se depararam [...] fez sentido? SIM, logo é um pronome relativo, não um elemento de realce ao termo “juízes”. 5. (CESPE/2013/PF/ESCRIVÃO) O que tanta gente foi fazer do lado de fora do tribunal onde foi julgado um dos mais famosos casais acusados de assassinato no país? Torcer pela justiça, sim: as evidências 4 permitiam uma forte convicção sobre os culpados, muito antes do encerramento das investigações. Contudo, para torcer pela justiça, não era necessário acampar na porta do tribunal, de 7 onde ninguém podia pressionar os jurados. [...] Maria Rita Khel. A morte do sentido. Internet: (com adaptações) O emprego dos elementos “onde” (l.2) e “de onde” (l.6-7), no texto, é próprio da linguagem oral informal, razão por que devem ser substituídos, respectivamente, por no qual e da qual, em textos que requerem o emprego da norma padrão escrita Errado. Veja que “onde” é pronome relativo nas duas vezes em que ocorrem. Onde se remete a lugar e não pode ser substituído pelos vocábulos propostos pelo Cespe, pois fica sem pé nem cabeça. O qual e suas variantes de gênero e número são substituíveis pelo vocábulo “que” quando for pronome relativo.
6. (CESPE/2013/POLÍCIA FEDERAL/ESCRIVÃO) A fim de solucionar o litígio, atos sucessivos e concatenados são praticados pelo escrivão. Entre eles, estão os atos de comunicação, os quais são indispensáveis para que os sujeitos do processo tomem conhecimento dos atos acontecidos no correr do procedimento e se habilitem a exercer os direitos que lhes cabem e a suportar os ônus que a lei lhes impõe.
Internet: jusbrasil.com.br (com adaptações). Na linha 3, a correção gramatical do texto seria mantida caso a expressão “os quais” fosse substituída por que ou fosse suprimida, desde que, nesse último caso, fosse suprimida também a forma verbal “são”. Certo. Maaais uma vez o Cespe vem com essa, né? Trocar pronome relativo. Desta vez está correto e mesmo se suprimir os dois termos manteria a correção gramatical. Olha a facilidade! E pra Escrivão da PF, hein!
7. (CESPE/2015/MPU/ANALISTA) Evidencia-se, portanto, que é justamente na fase do 25 inquérito policial que serão coletadas as informações [...] Hálinna Regina de Lira Rolim. A possibilidade de investigação do Ministério Público na fase pré-processual penal. Artigo científico. Rio de Janeiro: Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, 2010, p. 4. Internet: . (com adaptações) Em “Evidencia-se” (l.24), o pronome “se” pode, facultativa e corretamente, ser tanto posposto — como aí foi empregado — quanto anteposto à forma verbal — Se evidencia. Errado! Piada pronta! Pode-se começar frase com pronome oblíquo átono? Não. Matou-se a questão de Analista do MPU que ganha pra caramba. Fácil essa, né? Simbora. 8. (CESPE/2016/TCE-PA/ACE) Eu não lhe podia ouvir tais leviandades em coisas medonhas e graves sem que o meu coração se apertasse, e um calafrio me corresse a espinha. Quando a gente se habitua 10 a venerar os decretos da Providência, sob qualquer forma que se manifestem, quando a gente chega à idade avançada em que a lição da experiência demonstra a verdade do que os avós [...] Inglês de Sousa. A feiticeira. São Paulo: Ed. Difusão Cultural do Livro, 2008, p. 7-8 (com adaptações) Haveria prejuízo da correção gramatical do texto caso a partícula “se”, no trecho “Quando a gente se habitua a venerar os decretos da Providência” (l. 9 e 10), fosse deslocada para imediatamente após a forma verbal “habitua”, escrevendo-se habitua-se. Certo. É o que vimos em aula: os casos que pode-se ou não usar ênclise. Decore o Mnemônico NARISD que são os casos proibitivos. Ex., se a frase fosse uma negação, a reescritura proposta pelo Cespe incorreria em prejuízo à correção gramatical, veja: “Quando a gente não se habitua a venerar os decretos da Providência”. Viraria palavra negativa antes do verbo, caso proibido de usar ênclise e fator de atração de próclise, como visto em aula. Na questão a seguir veremos a mesma coisa.
9. (CESPE/2013/TRE-MS/ANALISTA JUDICIÁRIO) No trecho “o de que não se trata de norma penal” (l.13-14), o emprego da próclise em vez da ênclise — não trata-se — justifica-se pela presença de palavra negativa antecedendo a forma verbal. Certo. Pessoal, precisa dizer mais alguma coisa? Qualquer palavra negativa (não, nunca, negativo) é fator de atração. Somente próclise e ponto final. 10. (CESPE/2014/TJ-SE/NÍVEL SUPERIOR) A vida do Brasil colonial era regida pelas Ordenações Filipinas, um código legal que se aplicava a Portugal e seus territórios ultramarinos. Com todas as letras, as Ordenações 4 Filipinas asseguravam ao marido o direito de matar a mulher caso a apanhasse em adultério. Também podia matá-la por [...] Ricardo Westin e Cintia Sasse. Dormindo com o inimigo. In: Jornal do Senado. Brasília, 4/jul./2013, p. 4-5. Internet: (com adaptações). Não haveria prejuízo para a correção gramatical do texto caso os pronomes “se” (l. 2) e “a” (l. 5) fossem deslocados para imediatamente após as formas verbais “aplicava” (l. 2) e “apanhasse” (l. 5), escrevendo-se que aplicava-se e caso apanhasse-a, respectivamente. Errado. A proposta feita pelo examinador do Cespe incorre em erro grave, pois nas palavras destacadas é obrigatório o uso de próclise. Veja que o pronome relativo “que” a atrai. É o caso do mnemônico NARISD. O mesmo se dá com a e a conjunção subordinativa “caso”. 11. (CESPE/2015/MPU/TÉCNICO) Só no Império, em 1832, com o Código de Processo Penal do Império, iniciou-se a sistematização das ações do Ministério Público. Na República, o Decreto n.º 848/1890, ao [...] Internet: <www.mpu.mp.br>(com adaptações) Caso se substituísse “iniciou-se” (l.14) por foi iniciada, a correção gramatical do período seria prejudicada. Errado. É a mesma coisa. Só passou de VTD + SE pela locução verbal de sentido análogo, no caso voz passiva analítica (ou verbal). Repare que a concordância com as palavras mantêm-se. 12. (CESPE/2014/POLÍCIA FEDERAL/AGENTE) Pedi a um dos homens ao lado da parede que me contasse 13 como tinha sido sua viagem. Ele objetou. Membros do [...] James Kynge. A China sacode o mundo. São Paulo: Globo, 2007 (com adaptações)
A correção gramatical do texto seria preservada caso se substituísse a locução “tinha sido” (L.13) pela forma verbal fora. Certo. Essa poderia dar um medinho na hora da prova, mas fique tranquilo, vamos resolver isso! Esse “tinha sido” é, como já vimos dois verbos, uma locução verbal, é o tempo composto do verbo ser, que é verbo principal. O tinha é auxiliar e está no particípio e forma o pretérito mais-que-perfeito composto. Se a locução verbal representa o pretérito mais-que-perfeito (composto), a sua forma reduzida - com tempo e modo correto - só pode ser fora. 13. (CESPE/2014/POLÍCIA FEDERAL/AGENTE) No passado, os escravos eram capturados e vendidos como mercadoria. Hoje, a pobreza que torna populações 10 vulneráveis garante oferta de mão de obra para o tráfico — ao passo que a demanda por essa força de trabalho sustenta o comércio de pessoas. [...] Leonardo Sakamoto. O tráfico de seres humanos hoje. In: História viva. Internet: (com adaptações). O sentido original do texto seria preservado caso a forma verbal “eram capturados” (L.8) fosse substituída por foram capturados. Errado. Muda-se o tempo verbal, muda-se o sentido. O Cespe ama fazer este tipo de pergunta cretina. Leve sempre isso com você: mudou o tempo, mudou o sentido. Ademais, o verbo “eram” (pretérito imperfeito do indicativo) passa a ideia de que algo ocorria com frequência e “foram capturados” dá ideia de passado concluído. 14. (CESPE/2014/TJ-SE/NÍVEL SUPERIOR) A vida do Brasil colonial era regida pelas Ordenações Filipinas, um código legal que se aplicava a Portugal e seus territórios ultramarinos. Com todas as letras, as Ordenações 4 Filipinas asseguravam ao marido o direito de matar a mulher caso a apanhasse em adultério. Também podia matá-la por meramente suspeitar de traição. Previa-se um único caso de 7 punição: sendo o marido traído um “peão” e o amante de sua mulher uma “pessoa de maior qualidade”, o assassino poderia ser condenado a três anos de desterro na África. [...] Ricardo Westin e Cintia Sasse. Dormindo com o inimigo. In: Jornal do Senado. Brasília, 4/jul./2013, p. 4-5. Internet: (com adaptações) O emprego do futuro do pretérito em “poderia” (l. 8) indica que a situação apresentada na oração é não factual, ou seja, é hipotética. Certa. Futuro do pretérito indica hipótese ou possibilidade como na proposta da assertiva. 15. (CESPE/2013/SERPRO/ANALISTA)
A correção gramatical do texto seria preservada caso o verbo permitir, no segmento “o que exige o desenvolvimento de um novo quadro conceitual e analítico que permita captar” (L.9- 10), fosse flexionado no pretérito imperfeito do mesmo modo verbal (subjuntivo): permitisse Errado. Não existe correção aqui, veja: presente do indicativo expressa uma ocorrência no momento do discurso e o pretérito imperfeito do subjuntivo expressa um fato hipotético que, verificada no passado, depende de outro fato que ainda não se realizou. 16. (CESPE/2013/TRT-10ª REGIÃO (DF E TO)/TÉCNICO JUDICIÁRIO) O encontro terá a participação de ministros de 10 tribunais superiores, desembargadores, juízes, promotores, advogados, delegados, diretores de tribunais e professores universitários. Entre as palestras, painéis e mesas-redondas 13 estão programados temas a respeito de gestão, informatização, correição virtual, paradigmas, meio ambiente, conciliação, comunicação, todos eles relacionados à justiça. Internet: <www.trt10.jus.br (com adaptações). Como o texto trata de um evento que ocorrerá no futuro, o emprego do presente do indicativo em “estão” (L.13) está em desacordo com as exigências gramaticais de correlação entre os tempos e modos verbais. Errado. É cada absurdo que o Cespe propõe. O encadeamento das ideias lógicas é esta correlação pedida pela banca. É absurdo dizer que há desacordo, visto que o tempo e modo são acordantes.
QUESTÕES SOBRE PARTÍCULA SE 1. MPU - 2013 - Analista em Direito
Considerando os sentidos e aspectos linguísticos do texto acima, julgue os itens a seguir. No terceiro parágrafo, a partícula “se” é empregada, em ambas as ocorrências, como índice de indeterminação do sujeito, o que confere maior formalidade ao texto.
Questão errada. Aqui é fácil, de primeira a gente já mata a questão, pois “quem nunca se põe? a justiça”, assim não se pode dizer que é IIS. A justiça não PÕE A SI MESMA ou A SI PRÓPRIA como um problema isolado. Ou seja, pronome reflexivo.
2. ANAC - 2012 - Técnico em Regulação de Aviação Civil - Área 2
Com relação às ideias e a aspectos linguísticos do texto acima, julgue os próximos itens. O emprego da partícula “se” em “ampliou-se” (L.7) indica que o sujeito da oração é indeterminado.
QUESTÃO ERRADA. Ampliar é verbo transitivo direto, logo, partícula apassivadora. Pode-se fazer transposição: "Ampliou-se" por "Foi ampliado".
3. STM - 2011 - Analista Judiciário - Revisor de Texto - Conhecimentos Específicos
Com relação aos sentidos e a aspectos morfossintáticos do texto acima, julgue os itens que se seguem. Em “se presos” (L.8), a partícula “se” confere ao período a noção de condição.
QUESTÃO CERTA. Conjunção condicional, basta fazer a troca de se por caso. Mais algumas conjunções condicionais: contanto que, se, caso, desde que, a menos que, salvo se, sem que, exceto se, a não ser que.
4. MEC - 2011 - Nível Superior - Conhecimentos Básicos - Todos os Cargos
O emprego do pronome “se” em “se iniciou” (L.10) indica que o sujeito da oração em que esse pronome ocorre é indeterminado.
QUESTÃO ERRADA. Repare, dá passar da voz ativa para passiva? Logo não é IIS, é PA. O que se iniciou? “A série histórica de resultados”, este é o sujeito.
5. Correios - 2011 - Analista de Correios - Letras
Ainda com relação a esse texto, julgue os itens a seguir. Se, na linha 18, a conjunção “Se” fosse substituída por Caso, deveria ser alterado o tempo e mantido o modo verbal empregado na oração condicional. QUESTÃO CERTA. É só trocar corretamente: Caso nos apressássemos. Simples assim.
6. SEJUS-ES - 2009 - Agente Penitenciário
QUESTÃO ERRADA. País é sujeito. Quem comprometeu? R: o país - Não pode ser índice de indeterminação do sujeito. Ademais: “Comprometeu-se” o país A SI MESMO a comprar enorme volume do produto
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Mais questĂľes comentadas - CESPE/UnB FUB - CESPE - 2016
Com relação às ideias do texto CB3A1CCC, às construções linguísticas nele empregadas e à sua tipologia, julgue o item subsequente. No trecho “cheguei em casa e bati na minha máquina” (l. 31 e 32), o autor explora o potencial plurissignificativo do verbo bater para produzir um efeito expressivo de humor dado o contexto de suas afirmações sobre sua relação com o computador e a máquina de escrever.
Comentário: QUESTÃO CORRETA. O autor usa o verbo bater no sentido de teclar e no sentido de fazer violência "ela ia aguentar sem reclamar" (sobre as batidas)
CESPE - FUB 2016
Com relação às ideias do texto CB3A1CCC, às construções linguísticas nele empregadas e à sua tipologia, julgue o item subsequente.
Considerando os gêneros e tipos textuais, o texto em apreço configura-se como uma crônica em que se combinam ficcionalidade e narratividade.
QUESTÃO CORRETA. Luis Fernando Verissimo é um dos cronistas brasileiros mais famosos do séc. XX. O texto em apreço é uma crônica (gênero tipicamente brasileiro) que retrata cenas e fatos do dia-a-dia, normalmente carregado de crítica ou sátira e que pode perfeitamente, como disse a questão, conter elementos ficcionais (gênero ensaio também pode).
CESPE - FUB - 2016
Com relação às ideias do texto CB3A1CCC, às construções linguísticas nele empregadas e à sua tipologia, julgue o item subsequente.
O autor defende a opinião de que, na relação com o usuário, o computador é mais passivo e a máquina de escrever, mais ativa. QUESTÃO ERRADA. Em nenhum momento Luis Fernando Verissimo afirma que tanto o PC quanto a máquina são "ativos ou passivos". O início da questão deixa isso bem claro, de que não é questão de inferência ou interpretação com o comando "O autor defende a opinião".
CESPE - FUB - 2016
Com relação às ideias do texto CB3A1CCC, às construções linguísticas nele empregadas e à sua tipologia, julgue o item subsequente.
A correção gramatical do texto seria preservada caso se inserisse a preposição a logo após a forma verbal “ignora”, na frase “Simplesmente ignora você” (l.9). QUESTÃO ERRADA. Fácil essa, pois o verbo "ignorar" é VTD, quem ignora, ignora algo ou alguém, logo não há preposição posposto nessa forma verbal. CESPE - FUB- 2016
Julgue o item que se segue, relativos às ideias e aos aspectos linguísticos do texto CB3A1BBB.
De acordo com o texto, os trabalhadores que compõem a segunda categoria serão os mais prejudicados pelo avanço da tecnologia sobre o mercado de trabalho, porque “precisam de ajuda para entender melhor como fazer uso de seus conhecimentos” (l. 17 e 18).
QUESTÃO ERRADA. Os mais prejudicados serão os da primeira categoria. No caso em tela, os mais prejudicados serão, obviamente, os trabalhadores da primeira categoria, porquanto estes possuem pouca formação e fazem resistência ao regresso dos estudos.
CESPE - FUB - 2016
Julgue o item que se segue, relativos às ideias e aos aspectos linguísticos do texto CB3A1BBB.
A correção gramatical e o sentido original do texto seriam preservados caso se substituísse a expressão “estará em evidência” (l.18) por será vítima.
QUESTÃO ERRADA. Os tempos verbais mudam o sentido da frase: Estará é incerteza, enquanto Será é com certeza
CESPE - FUB - 2016
Com relação às ideias do texto CB3A1AAA, às construções linguísticas nele empregadas e à sua tipologia, julgue o item a seguir.
Em ‘extingui-los’ (l. 15), a forma pronominal ‘los’ refere-se ao termo “prognósticos” (l.13). QUESTÃO ERRADA. Refere-se, no contexto, a "trabalho". Isto é, extinguir os trabalhos. Típica questão CESPE, quem faz muitas questões, sabe que essas foi fácil.
CESPE - FUB - 2016
Com relação às ideias do texto CB3A1AAA, às construções linguísticas nele empregadas e à sua tipologia, julgue o item a seguir. O último parágrafo do texto caracteriza-se como predominantemente descritivo, pois apresenta uma articulação textual de informações e opiniões. QUESTÃO ERRADA. O último parágrafo do texto é argumentativo (expõe argumentos) e não um texto descritivo (p.ex.: a casa era rosa, de telhas de amianto, porta de madeira, etc.)
CESPE - FUB - 2016
Texto CB4A1AAA
Julgue o item que se segue, pertinentes a aspectos linguísticos do texto CB4A1AAA.
A correção gramatical e o sentido original do texto seriam preservados se o trecho “promessa de reinventar a educação superior” ( .3) fosse substituído por promessa de reinvenção da educação superior.
QUESTÃO ERRADA. Na reescritura proposta pela banca há quebra de paralelismo sintático que aliás o Cespe adora!
CESPE - FUB - 2016
Acerca das ideias e de aspectos linguísticos do texto CB1A1BBB, julgue o item subsequente. As formas verbais “clangorava” ( .17) e “silvava” ( .18) poderiam ser substituídas pelas formas clangorou e silvou, sem prejuízo para os sentidos do texto, uma vez que a noção de passado seria preservada.
QUESTÃO ERRADA. Muda-se o tempo verbal, logo incorre em alteração de sentido. Simples assim.
CESPE - FUB - 2016
Considerando as ideias e as estruturas linguísticas do texto, julgue o próximo item. Com o advento dos medicamentos genéricos, a saúde de uma parcela da população mundial mudou, pois, com a distribuição gratuita desses medicamentos, essa população passou a ter acesso a remédios, sendo que algumas pessoas vivenciaram isso pela primeira vez.
QUESTÃO ERRADA. Em lugar nenhum do texto está dizendo que existe distribuição gratuita de medicamentos.
CESPE - FUB - 2016
Acerca dos sentidos e de aspectos linguísticos do texto, julgue o item que se segue. O sentido original do texto e a sua correção gramatical seriam preservados caso o período “Com o recrudescimento (...) massa da população” (l. 12 a 14) fosse reescrito da seguinte forma: Por conta do agravamento da epidemia de varíola, foi promovido por Oswaldo Cruz uma massiva vacinação da população. QUESTÃO ERRADA. A proposta oferecida pelo Cespe, além de alteração de sentido, incorre em erro de concordância, pois: "uma massiva vacinação foi promovido". Tá faltando uma vírgula também depois de Oswaldo Cruz.
CESPE - FUNPRESP-JUD - 2016
Com relação à ideia e à estrutura do texto 1A2AAA, julgue o item a seguir.
A imprensa foi o setor econômico que sofreu mais fortemente o impacto da tecnologia da informação, visto que trabalha diretamente com a promoção do acesso à informação. QUESTÃO ERRADA. Houve extrapolação textual, visto que na redação da assertiva o examinador generalizou.
CESPE - FUNPRESP-JUD - 2016
Texto CB1A1BBB
Vinicius de Moraes. Barra limpa. In: Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 31/12/1969 (com adaptações). Com base nas ideias veiculadas no texto CB1A1BBB, julgue o item subsequente. Do trecho ‘com o poder de interpretar para alguém o milagre de um sentimento ignorado’ (l. 13 e 14) entende-se que o narrador considera o poeta alguém capaz de explicar por que determinados sentimentos são ignorados pelo ser humano. QUESTÃO ERRADA. Vinícius de Moraes, no texto, considera-se poeta, e que como tal interpreta o (prórpio) sentimento do interlocutor, e não "explica o por que dos sentimentos ignorados pelo ser humano" como afirma a questão.
CESPE - FUNPRESP - 2016
Texto CB1A1AAA
Clarice Lispector. Amor. In: Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 2009, p. 20-1 Com relação às ideias do texto CB1A1AAA, julgue o item a seguir. Ana dissimula as suas inquietações com afazeres domésticos.
QUESTÃO CERTA. A personagem "quando o coração apertava", o que ela fazia? "o abafava com as mesmas habilidades da casa" porque pra ela "estava bom assim". No caso, Ana escolheu esta vida cotidiana, quieta.
CESPE - FUNPRESP - 2016
Texto CB3A1BBB
Júlia Lopes de Almeida. A mulher brasileira. In: Livro das donas e donzelas. Rio de Janeiro: Editora Livraria Francisco Alves e Cia., 1906 (com adaptações) Com referência às ideias e aos sentidos do texto CB3A1BBB, julgue o item a seguir. Infere-se do trecho “Mas não tivesse ela capacidade para a luta (...) nem teria ela conseguido lecionar em colégios superiores” (l. 16 a 19) que as mulheres brasileiras conquistaram, com “sacrifícios e coragem” (l.20), o direito do acesso irrestrito às universidades tanto como estudantes quanto como professoras.
QUESTÃO ERRADA, pois há extrapolação textual. O "Infere-se" que deu margem à ambiguidade e possibilidade de dar como certa a questão... pq senão daria margem só à compreensão de "ter sido abertas as portas para lecionar (unicamente)"
CESPE - FUNPRESP-JUD - 2016
Virginia Woolf. Um teto todo seu. Trad. de Vera Ribeiro.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985 (com adaptações). Com relação às ideias desenvolvidas no texto CB3A1AAA, julgue o item subsequente. Somente após receber a herança da tia, a narradora tornou-se uma mulher independente, capaz de governar-se pelos próprios meios. Questão errada, pois na l. 9 ela disse "Antes disso (antes de receber a herança), eu ganhara a vida mendigando (...)". i.e., ela já era capaz de governar a própria vida antes de receber a herança da tia.
CESPE - FUNPRESP-JUD - 2016
Texto CB3A1AAA
Virginia Woolf. Um teto todo seu. Trad. de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985 (com adaptações). Com relação às ideias desenvolvidas no texto CB3A1AAA, julgue o item subsequente.
Infere-se do texto que a narradora acredita ser mais importante para as mulheres ter dinheiro que votar. Gabarito: Errado. Linha 7-8: [...] o dinheiro, devo admitir, pareceu-me [para ela] infinitamente mais importante. Há na questão uma extrapolação textual. Para a personagem, o mais importante é o dinheiro; quanto às outras ele nada diz.
CESPE - TCE-PA - 2016
Acerca das ideias e das estruturas linguísticas do texto 19A2AAA, julgue o item que se segue.
De acordo com o texto, o imposto de renda pode ter surgido na Inglaterra no final do século XVIII, em decorrência da necessidade desse país de angariar recursos para o financiamento da guerra que travava contra a França. QUESTÃO CORRETA. O excerto diz-nos: "Imposto de renda SURGIU", pretérito perfeito, isto é, ação já completada no tempo. Já a assertiva do Cespe diz que "pode ter surgido" , ou seja, indica possibilidade.
CESPE - TCE-PA - 2016
Acerca das ideias e das estruturas linguísticas do texto 19A2AAA, julgue o item que se segue.
No texto, o autor defende abertamente um ponto de vista, empregando, para tanto, os denominados argumentos de autoridade, como, por exemplo, a referência a Rui Barbosa. QUESTÃO ERRADA. Perceba que o autor não defende ideia alguma, todavia concede informações (datas, pessoas, fatos a respeito da história do imposto de renda). O próprio título resume o teor textual, que é, portanto, informativo, e não argumentativo como propôs o examinador. CESPE - TCE-PA - 2016
Acerca das ideias e das estruturas linguísticas do texto 19A2AAA, julgue o item que se segue.
O termo “proposta” ( .13) retoma, de forma explícita, o trecho “esforços foram realizados para instituir o imposto de renda no Brasil” ( . 9 e 10). QUESTÃO ERRADA. A retomada textual faz referência à introdução do imposto de renda na Assembleia Constituinte.
CESPE - TCE-PA - 2016
Acerca das ideias e das estruturas linguísticas do texto 19A2AAA, julgue o item que se segue.
No primeiro parágrafo, estabelece-se uma relação anafórica entre as expressões “recursos extras” ( . 3 e 4) e “imposto de renda” ( .2). QUESTÃO ERRADA. O examinador buscou conexão entre os dois termos, porém eles não formam cadeia coesiva como pedida na assertiva. Dica de coesão: Anafórica: aponta pra trás (Isso) Catafórica: aponta pra frente (Isto) Nota breve: Atualmente os autores têm abandonado o uso do ISSO com função exclusivamente anafórica, passando a utilizá-la também para apontamentos para o que vai ser dito a frente (autores pós-modernos).
CESPE - TCE-PA - 2016
Em relação aos elementos linguísticos do texto CB8A1AAA, julgue o item a seguir. Sem prejuízo do sentido original e da correção gramatical do texto, seu primeiro parágrafo poderia ser reescrito da seguinte forma: Na democracia participativa, existe várias formas de atuação do cidadão na condução política e administrativa do Estado, destacando, no Brasil, as audiências públicas na Constituição e nas demais leis. QUESTÃO ERRADA. Já está errado na concordância "existe várias formas". Quando a questão for de reescritura, é preferível ver primeiramente a correção gramatical. Se tiver uma vírgula no local errado, a assertiva já está errada. Lembrem-se, para estar CERTA, não pode haver NADA DE ERRADO, tem que estar 100% correta. É mais fácil identificar o erro gramatical porque ele "salta aos olhos"; se estiver gramaticalmente correta, aí sim vamos para a semântica da proposta de reescritura textual.
CESPE - TCE-PA - 2016
O item a seguir apresenta trechos adaptados de textos do sítio do TCE/PA. Julgue-o quanto à correção gramatical.
Foi lançado no TCE/PA a campanha de arrecadação de capas de resmas de papel, que serão transformadas em sacolas e distribuídas à cerca de mil pacientes. QUESTÃO ERRADA: o correto seria “foi lançada”. O quê? A campanha, onde? no TCE do Pará. Outra coisa: “à cerca” não vai crase, pois não há exigência de preposição.
CESPE - TCE-PA - 2016
Julgue o item seguinte, com relação aos aspectos linguísticos do texto CB5A1BBB. A substituição do vocábulo “olvidar” (l.23) por esquecer manteria o sentido e a correção gramatical do texto.
QUESTÃO CORRETA. O Cespe adora fazer essas questões de semântica com uma palavra só. A dica é ficar ligado em palavras difíceis e sublinhá-las durante a leitura. Ex: no concurso do TCU/2015 foi a palavra "destarte" que a banca sugeriu a intercambiação com outra, e assim por diante. No caso em tela, os que falam espanhol podem ter certa facilidade ou tino para acertar a questão mesmo sem saber a semântica perfeita da palavra em língua portuguesa. Simplesmente porque o verbo "olvidar" quer dizer "esquecer-se" (Não se pode esquecer que...), o mesmo verbo espanhol (No se puede olvidar que. ..).
CESPE - TCE-PA - 2016
A respeito das ideias veiculadas no texto CB5A1AAA, julgue o próximo item. As contas do prefeito e da prefeitura devem ser prestadas separadamente, uma vez que servem a funções distintas. QUESTÃO ERRADA. Em momento algum o texto argumenta o que propõe a questão. O Cespe usa uma técnica argumentativa chamada sofisma, que é a tentativa de indução ao erro para com outrem. Na questão em tela, o examinador trocou o termo "município" por "prefeitura", e que, num primeiro momento, no contexto da leitura do texto, estes parecem semanticamente equivalentes.
CESPE - INSS - 2016
Julgue o item subsequente, que versam sobre os sentidos e os aspectos linguísticos do texto acima. A substituição de “destacou-se” (l.11) por foi destacado prejudicaria o sentido original do período. Questão certa. É só ser racional: "Martins Pena foi destacado de fato (...)" fica sem SENTIDO que foi o que a questão pediu. Fica incoerente também.
CESPE - FUNPRESP-EXE - 2016
Julgue o item seguinte, referente aos aspectos linguísticos e às ideias do texto O homem que só tinha certezas. Depreende-se do texto que o personagem principal perdeu repentinamente a capacidade de ter certezas devido ao fato de ter se apaixonado. QUESTÃO ERRADA. FÁCIL, foi perdendo paulatinamente e não repentinamente.
Gostei (15) CESPE - FUNPRESP-EXE 2016
Julgue o item seguinte, referente aos aspectos linguísticos e às ideias do texto O homem que só tinha certezas. O narrador do texto sugere que o personagem central adquiriu paulatinamente a habilidade de ter certezas. Questão errada. Leiam o título do texto sempre. Assim como o nome do autor e a fonte. DICA: Assim como a palavra prescinde (não precisa), o Cespe adora essa palavra: paulatinamente (vagarosamente).
CESPE - FUNPRESP-EXE 2016
Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto Um amigo em talas, julgue o item que se segue. De acordo com o texto, os hóspedes da pensão ficavam espantados com os anúncios de jornal referentes a Amadeu Amaral Júnior. QUESTÃO ERRADA. O autor diz na linha 22 “muita gente”, não os hóspedes. DICA IMPORTANTE: A banca Cespe/UnB está seguindo, desde 2012/2013, uma tendência de colocar textos literários em suas provas. Raramente ela coloca literatura dos anos 2000 pra cá (como na prova do STF que caiu um excerto do "Diário da Queda", do Michel Laub). É necessário uma nota de rodapé aqui: A Cespe/UnB gosta de poemas e literatura em prosa brasileira clássica, especialmente os consagrados: Graciliano Ramos, Oswald de Andrade e todos os cânones tupiniquins. Principalmente Machado de Assis. Abraço.
Análise de questões CESPE Questões certas: o elaborador sempre tenta minimizar a probabilidade de recursos, deixando as questões mais abertas.
Questões erradas: normalmente a leitura da questão não é fluida e mistura conceitos diferentes
INCLUSIVAS Quando a banca quer assegurar que o item seja verdadeiro, colocam palavras inclusivas, que admitem exceções:
em geral é MATAR
pode ser
CRIME
em regra é normalmente é predominantemente é
PALAVRAS EXCLUSIVAS
Já quando eles querem se assegurar que o item seja falso, colocam palavras exclusivas, que não admitem exceções:
nunca é MATAR
sempre é obrigatoriamente é
CRIME
não é não pode ser
“Matar geralmente é crime, salvo raras exceções previstas em lei.”
TREINO DE QUESTÕES ERRADAS
MTE - Técnico Administrativo - 2014 (Ex. de palavra que restringiu o enunciado) APENAS por meio de prévia aprovação em concurso público de provas ou provas e títulos, poderá o cidadão brasileiro ter acesso aos cargos e empregos públicos.
STF - Técnico Administrativo - 2013 (excludente) Submetem-se ao referido regime jurídico apenas os servidores civis ocupantes de cargos na administração direta federal, aí incluídos os servidores do Ministério Público da União, do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do TCU.
STF - Técnico Administrativo - 2013 (mistura de conceitos) O regime jurídico estatutário que trata a lei 8.112/90, é aplicável aos servidores da administração direta, das autarquias e das empresas públicas federais
TRE/GO - Técnico Administrativo - 2015 (mistura de conceitos) Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede.
Mistura de conceitos: Remoção - mesmo quadro/mesma sede Redistribuição - quadro diferente
Regência nominal e verbal - Emprego do sinal indicativo de crase
Nesta aula veremos dois tópicos de Língua Portuguesa. São eles: Regência nominal e verbal Emprego do sinal indicativo de crase
REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL Regência são as relações sintáticas intermediadas por preposições entre um nome (nominal) ou verbo (verbal) e seus complementos. O conhecimento da regência correta de cada verbo e de cada nome é função do uso. Temos assim, dois termos: Regente: pede o complemento Regido: dá o complemento REGÊNCIA NOMINAL É a relação entre substantivo, adjetivo ou advérbio e seu complemento nominal. Intermediada, como já se disse, por uma preposição. A maioria dos votou favoravelmente advérbio
Todos têm c apacidade substantivo
de
prep.
ao
prep. (de+a).
projeto
compl. nominal
p assar no concurso
complemento nominal
A seguir, uma lista para você dar uma lida:
REGÊNCIA NOMINAL É a relação entre verbos e seus complementos verbais. Intermediada, como sempre, por preposições. Aqui temos de ter mais cuidado, pois há por vezes verbos que alteram o significado conforme alteram a regência. ➔ VERBOS TRANSITIVOS DIRETOS: seus complementos (objetos diretos) não têm necessariamente preposições. Quero VTD
vinho. Objeto direto
➔ VERBOS TRANSITIVOS INDIRETOS: seus complementos (objetos indiretos) são introduzidos necessariamente por preposições - à exceção de quando houver pronome oblíquo átono: me, te, se, nos, vos, lhe. Gosto VTI
d e vinho.
Objeto indireto
➔ VERBOS TRANSITIVOS DIRETOS E INDIRETOS: seus respectivos complementos reúnem, ao mesmo tempo, objetos diretos e indiretos. Deram- lhe VTD
u m presente.
OI
Objeto direto
➔ VERBOS INTRANSITIVOS: são considerados verbos com sentidos completos, portanto, não exigem complementos que lhes atribuam qualquer significado. Como no exemplo abaixo. João
Substantivo
morreu. Verbo intransitivo
(sujeito)
(predicado)
Por quê? Porque quem morre, morre. Se eu digo “João morreu”, você não me pergunta “Morreu o quê?”, não. Você pode até me perguntar “morreu de quê”, mas nunca “o quê”, porque você já sabe que quem morre, morre; quem ama, ama. ➔ VERBOS DE LIGAÇÃO: conhecidos também como nocionais ou copulativos, esses verbos são chamados assim justamente porque ligam o sujeito ao predicativo. Sua função é desempenhada por adjetivos, substantivos ou pronomes. Lucas Sujeito
é
Verbo de ligação
feliz Predicativo
Agora, ao invés de passar uma tabela com uma lista de verbos com suas respectivas regências, explicarei alguns casos de regência de verbos que trazem problemas e que alteram a semântica conforme disposição da regência e alguns verbos que caem frequentemente em prova. Leia com atenção e faça a devida lógica sintática a partir deles. Verbos e suas regências: ASPIRAR VTD: sentido de sorver o respirar. Aspiramos um ar poluído Objeto direto VTI (prep. A): desejar, almejar. Aspiramos a uma boa prova de concurso. Objeto indireto
VISAR VTD: sentido de mirar, ver. O caçador visou o alvo. Objeto direto
VTD: sentido de rubricar, dar visto. O banqueiro visou o cheque. Objeto direto
VTI (prep. A): sentido de almejar ou ter como objetivo: Visamos ao bom ensino de português. Objeto indireto
PREFERIR VTDI: seu complemento indireto é regido pela preposição A. Prefiro cinema a televisão. Prefiro o cinema à (a + a) televisão. É errado colocar “do que”, porque prefere-se algo em detrimento de outro. Prefiro mais cinema do (de + o) q ue televisão. ERRADO! Repare que ocorre crase porque há o artigo O em “o cinema”, por isso “prefiro este à àquele”, em detrimento da televisão. O verbo Preferir não admite gradações como mais que, menos que, tanto quanto. Além disso, a preposição que rege seu complemento indireto é, obrigatoriamente, A.
EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE Crase ĂŠ a fusĂŁo de duas vogais de mesma natureza e tem seu signo assinalado por um acento grave na vogal â&#x20AC;&#x2039;aâ&#x20AC;&#x2039;. O encontro dĂĄ-se sempre com preposição + artigo. Observe o exemplo abaixo: Obedecemos Verbo Transitivo Direto
â&#x20AC;&#x2039;aâ&#x20AC;&#x2039; + â&#x20AC;&#x2039;oâ&#x20AC;&#x2039;
prep. artigo
â&#x20AC;&#x2039;ao
râ&#x20AC;&#x2039; egulamentoâ&#x20AC;&#x2039; da empresa.
subst. masculino
â&#x20AC;&#x2039;đ&#x;&#x201D;ť
Perceba que aqui, nĂŁo hĂĄ crase simplesmente porque existem duas vogais diferentes, a saber: â&#x20AC;&#x2039;aâ&#x20AC;&#x2039;+â&#x20AC;&#x2039;oâ&#x20AC;&#x2039;, formando portanto â&#x20AC;&#x2039;aoâ&#x20AC;&#x2039;. Essas palavras nĂŁo formam crase porque a vogal â&#x20AC;&#x2039;oâ&#x20AC;&#x2039; ĂŠ â&#x20AC;&#x2039;masculinaâ&#x20AC;&#x2039;, estĂĄ ali porque â&#x20AC;&#x2039;regulamentoâ&#x20AC;&#x2039; tambĂŠm ĂŠ uma palavra masculina. Perceba agora: se no exemplo dado acima colocarmos um substantivo feminino no lugar do masculino teremos necessariamente a ocorrĂŞncia de crase, isto ĂŠ, teremos duas vogais (preposição+artigo definido feminino). Observe: Obedecemos Verbo Transitivo Direto
â&#x20AC;&#x2039;aâ&#x20AC;&#x2039; + â&#x20AC;&#x2039;aâ&#x20AC;&#x2039;
prep. artigo
â&#x20AC;&#x2039;Ă
â&#x20AC;&#x2039;normaâ&#x20AC;&#x2039; da empresa.
subst. feminino
â&#x20AC;&#x2039;đ&#x;&#x201D;ť
Desta forma, a crase pode fundir-se de vĂĄrias maneiras. Vamos ver cada uma delas: â&#x2014;?
Preposição a + artigo feminino a/as: Fui à Bahia.
â&#x2014;?
Preposição a + pronome demonstrativo a/as: Sua falĂĄcia ĂŠ igual Ă de todosâ&#x20AC;&#x2039;.
â&#x2014;?
Preposição a + vogal inicial de aquele/aquela/aqueles/aquelas: Os jornais se referiram Ă quelas notĂciasâ&#x20AC;&#x2039;.
Casos obrigatĂłrios de crase â&#x17E;&#x17E; â&#x20AC;&#x2039;Locuçþes adverbiais femininas Saiu Ă s pressas do quarto. â&#x17E;&#x17E; â&#x20AC;&#x2039;Locuçþes prepositivas femininas A polĂcia saiu Ă procura da (de + a) quadrilha. â&#x17E;&#x17E; â&#x20AC;&#x2039;Locuçþes conjuntivas femininas Ă&#x20AC; medida que estudo, aprendo mais sobre gramĂĄtica.â&#x20AC;&#x2039; â&#x17E;&#x17E; â&#x20AC;&#x2039;Antes de pronome possessivo feminino substantivo Sou favorĂĄvel Ă proposta dele, e nĂŁo Ă sua.
➞ À moda de, com sentido de “à maneira de” Usava sapatos à moda de Luís XV. Alguns casos facultativos do uso da crase ➞ Antes de nome próprio feminino (se for personagem histórica, é proibido tal uso) Refiro-me à (a) Joana. Refiro-me a Joana D’Arc. ➞ Antes de pronome possessivo feminino adjetivo Dedico a (à) minha mãe este meu TCC. ➞ Estar à disposição de alguém. Estou à disposição para o que precisar. Casos proibitivos ●
Diante de palavra masculina Darei uma bola de futebol a este menino.
●
Antes de verbo Começou a chover.
●
Antes de pronome de tratamento (as exceções: senhora e senhorita) O servo referiu-se a Vossa Alteza.
●
Antes de pronomes oblíquos Dedico todo o meu trabalho a ela.
●
Antes de pronomes indefinidos Não ofereceu doces a ninguém.
●
Antes de artigo indefinido Concedeu a bolsa de estudos a uma menina pobre.
●
Quando o A precede palavras femininas no plural Respondeu a cartas pouco elogiosas.
●
Antes de pronome demonstrativo (Este, esta, esse, essa, isso, isto) Chegamos a esta cidade há cinco anos.
Atenção! Devemos ter muito cuidado com os pronomes relativos QUE e A QUAL. A crase ocorre com a palavra “que”, se o termo anterior reger preposição “a” e o termo seguinte for pronome demonstrativo. Dirigi-me às que estavam de farda na enfermaria. Repare que no exemplo acima existe contração da preposição “a” exigida pelo verbo “dirigir-se” com o pronome demonstrativo “as” (aquelas). Já em relação ao pronome “a qual”, ocorre a crase se o termo posterior a ele reger preposição “a”, cuja posição será anterior ao pronome, contraindo com a letra “a” inicial. A casa à qual nos dirigimos estará vazia. QUESTÕES COMENTADAS CESPE
(CESPE/2013/ANS/TÉCNICO ADMINISTRATIVO) As operadoras de planos de saúde deverão criar ouvidorias vinculadas às suas estruturas organizacionais. [...] Internet: (com adaptações).
Na linha 2, o emprego do sinal indicativo de crase em “às suas” justifica-se porque o termo “vinculadas” exige complemento regido pela preposição a e o pronome possessivo “suas” vem antecedido por artigo definido feminino plural. CERTO. Para matar esta questão, basta trocar a palavra feminina após a crase por uma masculina. Veremos que haverá o emprego do artigo masculino antes do pronome. Por exemplo, “vinculadas aos seus termos”. A se há emprego de ao, é óbvio que o emprego da crase está correta. Olhe lá, o termo “vinculadas” tá exigindo complemento regido por preposição, porque com efeito, quem vincula, vincula-se a algo, certo? (CESPE/2013/TCE-RS/OFICIAL DE CONTROLE EXTERNO) O Tribunal enviou ofício aos gestores municipais, alertando que o envio de dados e documentos relacionados às inativações na esfera 7 municipal passará a ser realizado pela Internet, o que [...] Internet: (com adaptações).
O emprego do sinal indicativo de crase em “às inativações” (l.6) justifica-se pela regência do termo “envio” (l.5), que exige complemento regido da preposição “a”, e pela presença do artigo definido feminino plural que determina o substantivo “inativações” (l.6).
ERRADO. Pessoal, olha lá, a preposição é exigida pela palavra “relacionados”. Relacionados a algo, que são as inativações. Logo, a+as = às. (CESPE/2014/DPF/AGENTE) O uso indevido de drogas constitui, na atualidade, séria e persistente ameaça à humanidade e à estabilidade das estruturas e valores políticos, econômicos, sociais e culturais de 4 todos os Estados e sociedades. [...] Internet: direitoshumanos.usp.br
O acento indicativo de crase em “à humanidade e à estabilidade” (L.2) é de uso facultativo, razão por que sua supressão não prejudicaria a correção gramatical do texto. ERRADO. O Cespe AMA esse tipo de questão. Adora dizer que casos assim e assado são facultativos. Normalmente está errado, o Cespe pega uma regra gramatical referente à crase e o relativiza, como nesta questão. Aqui, a preposição a em se contraiu com o artigo a que acompanha o substantivo feminino.
(CESPE/2015/MPU/TÉCNICO) O tribunal considerou que a liberdade de expressão não se pode traduzir em desrespeito às diferentes manifestações dessa mesma liberdade, pois ela encontra limites no próprio exercício de outros direitos fundamentais. Internet: <http://ibde.org.br> (com adaptações)
Nas linhas 21 e 22, o emprego do sinal indicativo de crase em “às diferentes” justifica-se pela regência de “desrespeito”, que exige complemento antecedido da preposição a, e pela presença de artigo feminino plural antes de “diferentes”. CORRETO. Pois, o substantivo “desrespeito” pede preposição a para reger complemento, né pessoal. Pense assim: desrespeito a quê?. Desta forma fica fácil. Desrespeito a algo. A preposição se contrai com o artigo que acompanha a palavra “manifestações” e “diferentes”. Desrespeito a quê? Às diferentes manifestações. Desta forma, a crase é obrigatória, visto que a+as = às. (CESPE/2015/FUB/NÍVEL MÉDIO) [...] 1 0 isto é, exatamente aquelas que mantêm, em meio a todas as dificuldades, um grau elevado de independência em relação às injunções imediatas do mercado. Franklin Leopoldo e Silva. Internet: <www.scielo.br> (adaptado)
O acento indicativo de crase em “às injunções” (l.12) justifica-se pela regência de “independência” ( l.11), que exige complemento regido pela preposição “a”, e pela presença de artigo definido feminino plural antes de “injunções”. ERRADO. A crase existe aí em função do termo “relação”, não em “independência”. Aquele vocábulo pede ou rege o complemento. Veja esta oração: “o mercado pede uma medida de urgência em relação à taxa básica de juros”. Isto é, sem o termo “independência”, perceba que se manteve a crase. E com o termo para o masculino? “o mercado pede uma medida de urgência em relação ao Copom”. Temos aí o ao, equivalente masculino ao a craseado, não é mesmo? Logo, a crase na questão é obrigatória, regida pelo termo “injunções”.
(CESPE/2014/ICMBIO/NÍVEL SUPERIOR) [...] Fazemos a aproximação por meio de elementos do contexto onde as crianças estão inseridas. As atividades de leitura, interpretação e escrita [...] Na linha 7, a substituição do vocábulo ‘onde’ pela expressão no qual não comprometeria nem a sintaxe nem a significação do período de que o referido vocábulo faz parte. Certo. A preposição “em” contraída com a letra “o” integra “no qual”. A forma nominal “inseridas” pede regência, afinal, quem está inserido, está inserido em algo. (CESPE/2014/ICMBIO/NÍVEL MÉDIO) [...] Bisa rema quase sete horas para chegar até a altura da Ermida Dom Bosco e, às vezes, dorme na mata e retorna para casa só na manhã seguinte. “É uma vida de muito trabalho, mas necessidade eu nunca passei”, diz o pescador. Lilian Tahan. Vivendo de pescaria. In: Veja Brasília, 2/10/2013 (com adaptações)
O complemento da forma verbal ‘passei’ (l.19) não está explicitamente expresso no texto, devendo ser inferido pelo leitor. Questão errada. O que ele nunca passou? Necessidade. Vê-se desta feita que o complemento verbal está explícito no texto. Aqui, o verbo passei é transitivo direto e seu complemento, por evidência, é objeto direto.
(CESPE/2013/DEPEN/AGENTE PENITENCIÁRIO) O Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN) informa que o crescimento da população carcerária tem sofrido retração nos últimos quatro anos. 4 Segundo análise do DEPEN, essa redução do encarceramento decorre de muitos fatores. [...] Internet: <www.mj.gov.br> (adaptado)
Mantêm-se a correção gramatical e as informações originais do período ao se substituir “decorre de” (L.5) por decorre em.
Errada. Se fizermos tal substituição incorremos em prejuízo gramatical, visto que uma coisa decorre de outra ou o que decorre, decorre de. Logo, o verbo aqui é transitivo indireto que requer preposição de para a perfeita regência de seu complemento. (CESPE/2013/MPU/ANALISTA ADMINISTRATIVO) A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar 10 desigualmente aos desiguais na medida em que se desigualam. [...] Ruy Barbosa. Oração aos moços. Internet: <http://home.comcast.net> (com adaptações)
A oração “quinhoar desigualmente aos desiguais na medida em que se desigualam” (l.9-10) exerce a função de complemento indireto da forma verbal “consiste” (l.9). Certo. Esta oração complementa o verbo consistir, que é transitivo indireto e clama preposição para reger complemento. Veja: o que consiste, se consiste em alguma coisa. No caso a oração “quinhoar desigualmente aos desiguais na medida em que se desigualam”. (CESPE/2013/CNJ/ANALISTA JUDICIÁRIO) [...] Assim, não basta proteger o cidadão do poder com o simples contraditório processual e a ampla defesa, abstratamente assegurados na Constituição. [...] Newton de Oliveira Lima. Um valor discursivo e político. In: Revista Jus Vigilantibus. Internet: jusvi.com (com adaptações)
Na linha 5, o termo “do poder” relaciona-se sintaticamente com o termo “o cidadão”, modificando-o. Questão errada. Veja, caríssimo, o verbo “proteger” é bitransitivo e o termo “do poder” se subordina ao verbo “proteger” pela preposição do. A ideia é simplesmente esta: proteger o cidadão (objeto direto), de quê? do poder (objeto indireto - por causa da preposição que está junto ao vocábulo “poder”). (CESPE/2015/MPU/TÉCNICO) [...] atribuindo-lhes o papel de fiscalizar a lei e de promover a acusação criminal. Existiam ainda o cargo de procurador [...] Internet: mpu.mp.br (com adaptações).
A correção gramatical do texto seria preservada caso se substituísse a expressão “a acusação” (l.10) por à acusação, pois, nesse caso, o emprego do sinal indicativo de crase é opcional. Errado. O Cespe às vezes é bem maluco. O vocábulo promover é um verbo transitivo direto (quem promove, promove algo). Logo não há preposição alguma aí para se fundir com artigo. Fácil essa questão, certo? (CESPE/2013/TRT-10ª REGIÃO (DF E TO)/TÉCNICO JUDICIÁRIO) do país. Já existia o Patronato Agrícola, ligado à Secretaria de 7 A gricultura, o qual se ocupava de tais questões. À época, [...] Internet: trt10.jus.br (adaptado)
O emprego do sinal indicativo de crase em “ligado à Secretaria de Agricultura” (L.6-7) justifica-se porque o verbo ligar exige complemento regido pela preposição a, e a palavra “Secretaria” (L.6) é antecedida pelo artigo definido feminino singular a. Certo. Não há muito o que comentar, pois está perfeita a colocação do examinador. O termo regente é “ligado”, enquanto o termo regido é “Secretaria de Agricultura”. (CESPE/INPI/TODOS OS CARGOS/2013) 4 sobre mudança do clima. Isso é particularmente relevante, uma vez que 75% das emissões de gases de efeito estufa (GEE) no Brasil são relacionadas ao uso da terra. [...] Mudança do clima: uma contribuição da indústria brasileira. Brasília: CNI, 2009. Internet: <http://arquivos.portaldaindustria.com.br>
Na linha 6, se a expressão “uso da terra” fosse substituída por utilização da terra, o vocábulo “ao”, que a antecede, deveria também ser substituído por à. Certo. O que se relaciona, se relaciona a algo, isto é, este é um verbo transitivo indireto. No caso em tela, se passássemos para a sugestão do examinador, “utilização da terra”, teríamos a ocorrência de crase, visto que “relacionadas” é termo regente e necessita de preposição para reger seu complemento.
(CESPE/2014/TC-DF/TÉCNICO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA/2014) Mantêm-se o sentido e a correção gramatical do texto caso se suprima o acento grave no trecho “fez sentar à mesma mesa” (l.6-7) Errado. Se você é um leitor razoável, quando bate o olho neste tipo de questão fica se perguntando o porquê de o Cespe fazer perguntas realmente idiotas. Ao fazer ao menos mil questões, você bate o olho e o erro salta aos seus olhos, como no exemplo em tela.
(CESPE/2014/ANTAQ/NÍVEL SUPERIOR) A participação e o lugar da mulher na história foram negligenciados pelos historiadores e, por muito tempo, elas ficaram à sombra de um mundo dominado pelo gênero masculino. Ao pensarmos o mundo medieval e o papel dessa [...] Patrícia Barboza da Silva. Colunista do Brasil Escola. (com adaptações).
O acento indicativo de crase em “à sombra” (l.3) poderia ser omitido sem prejuízo da correção gramatical do texto, visto que seu emprego é opcional no contexto em questão. Errado. Não é opcional, é obrigatório! No caso de locuções femininas adverbiais, prepositivas e conjuntivas há obrigatoriedade de emprego de acento indicativo de crase. (CESPE/2015/MPU/ANALISTA) Na organização do poder político no Estado moderno, à luz da tradição iluminista, o direito tem por função a preservação da liberdade humana, de maneira a coibir [...]
Fernanda Leão de Almeida. A garantia institucional do Ministério Público em função da proteção dos direitos humanos. Tese de doutorado. São Paulo: USP, 2010, p. 18-9. Internet: (com adaptações).
O emprego do sinal indicativo de crase em “à luz da tradição iluminista” (l.2) é facultativo, ou seja, a sua retirada não prejudicaria a correção gramatical nem o sentido original do texto. Errado. Fico de cara com as besteiras do Cespe. Apesar de esta ser uma tese de doutorado, a questão em si, tanto em interpretação de texto quanto de gramática traz problemas extremamente fáceis, como esta em tela. Mesma resposta da questão anterior: diante de locuções femininas adverbiais, prepositivas e conjuntivas, o uso de crase é obrigatório. Andiamo! (CESPE/2014/TJ-SE/TÉCNICO JUDICIÁRIO) No trecho “deu início à sua caminhada cósmica” (l.16 e 17), o emprego do acento grave indicativo de crase é obrigatório. Errado. Olha lá, o pronome possessivo feminino “sua” é feminino e entra naqueles casos os quais eu falei em aula. Aqui a crase é facultativa.
(CESPE/2015/CGE-PU/AUDITOR GOVERNAMENTAL) No trecho “Chama-lhe à minha vida uma casa” (l.7), é facultativo o emprego do sinal indicativo de crase. Certo. É facultativo o uso porque, assim como na questão passada, estamos diante de pronome, nos casos os quais falei em aula. Preste atenção, há ali um pronome possessivo adjetivo feminino “minha”. Logo, a crase é sempre facultativa. Aqui o negócio é regrinha mesmo, não tem jeito.
(CESPE/2015/FUB/NÍVEL MÉDIO) [...] E quanto a corrigir quem fala errado? É claro que os pais devem ensinar seus filhos a se expressar corretamente, e o 34 professor deve corrigir o aluno, mas será que temos o direito de advertir o balconista que nos cobra “dois real” pelo cafezinho? Língua Portuguesa. Internet: revistalingua.uol.com.br (com adaptações)
De acordo com o contexto, estaria também correto o emprego do sinal indicativo de crase em “quanto a” (l.32) Errado. Repare que há verbo após a palavra a. Conforme visto em aula, diante de verbo é proibido o uso de crase.
(CESPE/2015/TRE-GO/TÉCNICO JUDICIÁRIO) [...] O Tribunal Superior — de justiça eleitoral — com jurisdição em todo o território nacional, 10 compunha-se de oito membros efetivos e oito substitutos, e era presidido pelo vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). A ele se somavam dois membros efetivos e dois 1 3 substitutos, sorteados dentre os ministros do STF, além de dois [...] As formas de composição do TSE: de 1932 aos dias atuais. Brasília: Tribunal Superior Eleitoral, Secretaria de Gestão da Informação, 2008, p. 11. Internet: tse.jus.br (com adaptações)
O emprego de acento indicativo de crase na expressão “A ele" (l.12) — À ele — prejudicaria a correção gramatical do texto. Certo. Diante de pronome desse tipo a crase não ocorre. Qualquer dúvida, volte para a aula e reveja os casos proibitivos de crase. (CESPE/2015/FUB/NÍVEL MÉDIO) [...] essas são as palavras-chaves que compõem o vocabulário das mudanças pelas quais passa o mundo e que, inevitavelmente, impõem a cada um de nós a busca por um novo modelo de vida [...] Internet: techoje.com.br (com adaptações).
Estaria também correto o emprego de sinal indicativo de crase em “a cada” (l. 4 e 5). Errado. A palavra “cada” designa algo individual que é parte de um todo. Logo, é pronome indefinido, sendo assim, não há crase. (CESPE/2015/TRE-GO/ANALISTA JUDICIÁRIO) No trecho “Em meio a esse cenário” (L.23), a inserção de sinal indicativo de crase no “a" acarretaria prejuízo à correção gramatical do texto. Certo. Afinal, “esse” é pronome demonstrativo e entra no mnemônico NARISD, dado em aula. Logo, é caso proibitivo de emprego do sinal indicativo de crase.