O PROJETO DE ARQUITETURA
PARA AS FORMAS DE TRABALHO CONTEMPORÂNEAS Anteprojeto de Edifício de Coworking na cidade de João Pessoa-PB Lucas Emanuel Damião Batista 1
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
LUCAS EMANUEL DAMIÃO BATISTA
O PROJETO DE ARQUITETURA PARA AS FORMAS DE TRABALHO CONTEMPORÂNEAS Anteprojeto de Edifício de Coworking na cidade de João Pessoa-PB Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal da Paraíba, no período letivo 2020.2, como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo, sob orientação da Profª. Wylnna Carlos Lima Vidal.
JOÃO PESSOA, JULHO DE 2021
2
Catalogação na publicação Seção de Catalogação e Classificação B333p Batista, Lucas Emanuel Damiao. O PROJETO DE ARQUITETURA PARA AS FORMAS DE TRABALHO CONTEMPORÂNEAS: Anteprojeto de Edifício de Coworking na cidade de João Pessoa-PB / Lucas Emanuel Damiao Batista. - João Pessoa, 2021. 95 f. Orientação: Wylnna Vidal. TCC (Graduação) - UFPB/CT. 1. Coworking. 2. Espaços de trabalho. I. Vidal, Wylnna. II. Título. UFPB/BS/CT
CDU 71(043.2)
Elaborado por ROSANGELA GONCALVES PALMEIRA - CRB-216
3
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
O PROJETO DE ARQUITETURA PARA AS FORMAS DE TRABALHO CONTEMPORÂNEAS Anteprojeto de Edifício de Coworking na cidade de João Pessoa-PB
BANCA EXAMINADORA
LUCAS EMANUEL DAMIÃO BATISTA
PROFA WYLNNA CARLOS LIMA VIDAL (ORIENTADORA)
APROVADO EM: ___/___/_____ MÉDIA FINAL
PROFA GERMANA ROCHA (AVALIADORA INTERNA)
ANDREI FERRER
JOÃO PESSOA, JULHO DE 2021
(AVALIADOR EXTERNO) 4
AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, Aquele que primeiro criou todas as coisas, por ter me sustentado ao longo dos cinco anos de curso e na minha vida como um todo, demonstrando sua proteção, cuidado e inspiração em todos os dias, e por ter me dado saúde e forças para vencer todas as dificuldades. Agradeço aos meus pais e ao meu irmão, por toda a formação em todos os seus aspectos, desde os meus primeiros anos de vida e por todo o apoio incondicional que deles recebo na minha rotina e por todo o suporte e preocupação ao longo da graduação, sem os quais este trabalho não seria possível. À professora Wylnna Vidal, orientadora deste trabalho, que acompanha essas discussões desde o meu primeiro trabalho desenvolvido na disciplina de Estágio Supervisionado I, com tema semelhante, por toda a transmissão de conhecimento, inspirações e conselhos durante as aulas e orientações, e preocupação com o desenvolvimento do trabalho, incentivando a minha autonomia de criação, que será crucial durante a jornada profissional. À arquiteta Márcia Barreiros, pela oportunidade de estágio em seu escritório, que me permitiu obter experiência e inspiração na rotina de quem vive de arquitetura e pelos diversos conhecimentos fornecidos, fundamentais para a construção do meu futuro profissional. À minha colega e amiga Nadyne Leite, pela forte parceria que se desenvolveu ao longo do curso, que nos levou a dividir muitos momentos, desde as maiores dificuldades até momentos de descontração, e por todo o apoio no meio do processo da graduação e da vida de arquitetura como um todo. Aos meus amigos do Fevdo, por acompanharem a minha jornada desde o ensino médio, demonstrando apoio e por tornarem a vida mais divertida. Às amigas Thaisy, Lorena, Vívian e Mariana, pelas conversas e conhecimento compartilhado durante o curso, e por também demonstrarem apoio em fases muito importantes. Aos amigos Axel e Wallace, pela realização dos primeiros trabalhos na graduação, onde as primeiras impressões sobre o curso puderam ser realizadas e a parceria que se estabeleceu posteriormente.
Aos todos os professores que contribuíram com a minha caminhada e aprendizado na graduação, ensinando a olhar a vida a partir de outra perspectiva. Aos demais colegas do curso, que tiveram significativa importância na construção de um ambiente de aprendizado saudável e divertido, que tornaram os dias mais leves.
5
“Arquitetura é a arte científica de fazer as estruturas expressarem ideias” -FRANK LLOYD WRIGHT
6
RESUMO
ABSTRACT
No decorrer do tempo, os espaços de trabalhos sofreram diversas transformações baseadas nas atividades econômicas para as quais eles eram concebidos. No cenário contemporâneo, a rápida mudança de paradigmas no contexto profissional, sobretudo como fruto da informatização resultou em novas alterações nesses espaços, onde se depende cada vez mais de computadores para a criação de produtos imateriais. Diante disso, o coworking surge como alternativa de espaço de trabalho, onde se busca estabelecer relações colaborativas entre os usuários. No entanto, a formação desses espaços como resultado de uma demanda de caráter exclusivamente mercadológico, aliada à disseminação do trabalho remoto, têm levado a uma precariedade nos espaços de trabalho, acarretando em problemas de saúde física e mental. Com isso se faz necessário pensar de que forma os espaços de trabalho são projetados, com especial atenção ao usuário. Este trabalho pretende demonstrar uma exploração projetual para a tipologia de edifício de coworking na cidade de João Pessoa, se utilizando da neuroarquitetura como ferramenta na criação do espaço de trabaho, considerando conceitos como humanização e integração para potencializar a qualidade nos espaços e sua relação com o usuário. Essa exploração visa colaborar com a discussão que relaciona o estudo da concepção espacial-tipológica a partir da teoria da arquitetura e a criação de espaços de trabalho.
Over time, the workspace has undergone several transformations based on the economic activities for which they were designed. In the contemporary scenario, the rapid change in paradigms in the professional context, especially as a result of computerization, has resulted in transformations in these spaces, where computers are increasingly dependent on the creation of immaterial products. Therefore, coworking emerges as an alternative workspace, where it seeks to establish collaborative relationships between users. However, the formation of these spaces as a demand of an exclusively marketing nature, together with the dissemination of remote work, has led to precariousness in work spaces, resulting in physical and mental health problems. Thus, it is necessary to think about how workspaces are designed, with special attention to the user. This work intends to demonstrate a projectual exploration for the coworking building typology in the city of João Pessoa, using neuroarchitecture as a tool in the creation of the work space, considering concepts such as humanization and integration to enhance the quality of spaces and its relationship with the user. This exploration aims to collaborate with the discussion that relates the study of the spatial-typological conception from the theory of architecture and the creation of work spaces.
Palavras-chave: Coworking. Espaços contemporâneo. Neuroarquitetura.
de
trabalho.
Trabalho
Keywords: Coworking. Neuroarchitecture.
Workspaces.
Contemporary
work.
7
SUMÁRIO
3. PROJETOS CORRELATOS .............................. 31
APRESENTAÇÃO.................................................................. 8 1. INTRODUÇÃO ........................................................... 9
1.1 Contextualização e Delimitação do Problema ........................................................................................ 9
1.1.1 Evolução na História ...................................................... 9 1.1.2 Produtividade e saúde mental .................................... 14 1.1.3 Doenças ocupacionais relacionadas ao trabalho ....................................................................................... 14 1.1.4 O trabalho remoto ......................................................... 15
3.1 Edifício Corujas ........................................................ 32 3.2 Empresa Utopic_US ............................................... 34 3.3 Espaço SouBH ......................................................... 37
4. CONTEXTO ESPACIAL .................................. 38
4.1 O terreno .................................................................. 39 4.1.1 Entorno e Fluxos de Transporte Público ............................................................ 4.1.2 Legislação ................................................................ 4.1.3 Mapa de Uso e Ocupação ..................... 4.1.4 Mapa de Gabarito ........................................
40 41 42 43
1.2 Justificativa ......................................................................... 17 1.3 Objetivos ............................................................................ 17 1.4 Metodologia ..................................................................... 17
4.2 Condicionantes Naturais ............................ 44
2. REFERENCIAL TEÓRICO ......................................... 18
5. PROJETO .......................................................... 46
2.1 O ‘tipo’ coworking ..................................................... 2.2 O trabalho contemporâneo ................................... 2.3 O fenômeno Coworking ............................................ 2.4 Dados sobre coworking ............................................ 2.5 Coworking e pandemia ............................................... 2.6 Neuroarquitetura...............................................................
2.6.1 2.6.2 2.6.3 2.6.4
Elementos da Neuroarquitetura ............................ Biofilia ................................................................................. Estímulos Visuais .......................................................... Iluminação Natural .....................................................
19 21 23 24 27 28 28 29 30 30
4.2.1 Insolação ......................................................... 44 4.2.2 Ventilação ......................................................... 45
5.1 Conceito ................................................................... 47 5.2 Diretrizes .................................................................. 48 5.2.1 Público Alvo ...................................................... 48 5.3 Programa de Necessidades .......................... 49 5.4 Setorização ................................................................ 51 5.5 Partido Arquitetônico ......................................... 52 5.6 Soluções Construtivas ..................................... 84 5.7 Dimensionamento de Soluções Técnicas ....................................................................... 89
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................... 91 7. REFERÊNCIAS ................................................. 94
8
APRESENTAÇÃO O presente trabalho se propõe a apresentar um anteprojeto de edifício de coworking na cidade de João Pessoa-PB, através da investigação das características do espaço, suas demandas, aspectos funcionais e de como se desenvolvem as relações entre usuário e espaço, para apontar os elementos fundamentais que o constituem. Pretende se aprofundar em teorias e conceitos de projeto a partir da literatura sob a ótica do estudo da tipologia, e focar nas demandas de profissionais de áreas criativas, como designers, arquitetos, profissinais de TI e fotógrafos. Com isso, também se pretende verificar a adaptabilidade desse tipo de edifício para o contexto local da cidade de João PessoaPB, explorando as condicionantes locais. A partir dessas informações, o trabalho pretende fornecer repertório de composição projetual referente à tipologia, aplicando aspectos de conceitos como flexibilidade espacial e tecnologia empregada no trabalho colaborativo. No capítulo 1, o estudo se inicia através de uma contextualização para o tema, que parte da observação de exemplares antecedentes da arquitetura voltada aos ambientes de trabalho, e o pensamento que servia de repertório para o desenvolvimento desses espaços. Assim, percebemos as modificações que essa tipologia sofreu ao longo do tempo, em função da tecnologia empregada nas construções e das atividades profissionais, no recorte do século XX, entre as décadas de 1900 e 1980. Ainda no mesmo capítulo, são apresentadas as principais problemáticas relacionadas ao trabalho contemporâneo, como os problemas de saúde física e mental que tem sua origem na organização espacial, entre outras questões do mundo profissional que propiciam a existência desses problemas. Ao final, se apresentam a justificativa, objetivos e metodologia do trabalho. No capítulo 2, se inicia o referencial teórico que norteia a discussão central do tema deste trabalho, onde são trazidos os assuntos sobre “tipo” na arquitetura, como uma forma de buscar estudos antecedentes acerca da criação de edifícios conforme determinada tipologia, nesse caso, o coworking. Em seguida, a discussão sobre trabalho contemporâneo aponta tendências relacionadas à realização de atividades profissionais, determinante para a criação do programa de necessidades do projeto,
posteriormente. São apresentadas, em seguida, informações acerca do coworking em si, sua formação, disseminação, demandas que norteiam suas principais funções e dados gerais no Brasil. A seguir, se introduz a discussão acerca da neuroarquitetura, como repertório para a criação dos espaços na proposta de projeto. No terceiro capítulo, são descritos e analisados os projetos correlatos, onde se apontam elementos relevantes para a composição projetual. O quarto capítulo se ocupa de demonstrar as informações pertinentes ao contexto espacial do terreno e entorno, bem como as condicionantes naturais e legais da região. O quinto capítulo consiste na apresentação do projeto, desde seus conceitos, público alvo e programa, ao processo de composição do edifício, espaços internos e representações gráficas. Por fim, seguem-se às considerações finais e referências bibliográficas.
9
1. INTRODUÇÃO
Fonte: freepik.com. Elaborado por Harryarts. Editado pelo autor.
10
1. INTRODUÇÃO 1.1 Contextualização e Delimitação do Problema 1.1.1
Evolução na história
Ao longo da história, várias correntes de pensamento nortearam a organização dos espaços de trabalho, sempre considerando a natureza da atividade realizada. Principalmente a partir do século XIX, com a Revolução Industrial e posteriormente com o desenvolvimento das cidades e mudanças nas atividades laborais, esses espaços sofreram intensas modificações na maneira de se idealizar, levando em conta determinados princípios. A evolução dos modelos de negócios ao longo do século XX fez surgir os primeiros exemplares de edifícios de escritórios. As teorias administrativas, como o taylorismo, orientaram a gestão do trabalho e consequentemente a concepção espacial de ambientes de trabalho ao longo desse século. Suas ideias, nesse sentido, defendiam a segregação espacial como forma de demarcar hierarquia, concorrência interna e desempenho individual. Além disso, defendia a padronização e divisão do trabalho e a otimização da movimentação do trabalhador da fábrica durante suas atividades.
Figura 1 – Interior do Edifício Larkin (Alas laterais) Fonte: <arqteoria.wordpress.com/> Acessado em 13/04/2021
Essa linha da teoria administrativa exercia uma influência também na organização de escritórios, conhecida como layout taylorista, onde as mesas eram dispostas em um salão central, em filas paralelas, com um supervisor à frente. Os funcionários dos escalões mais altos ocupavam os pavimentos superiores em salas privativas. Um exemplar desse modelo é o Edifício Larkin, de Frank Lloyd Wright construído entre 1903 e 1905.
Figura 2 – Fachada do Edifício Larkin. Fonte: <arqteoria.wordpress.com/> Acessado em 13/04/2021
Figura 3 – Pátio central do Edifício Larkin. Fonte: <arqteoria.wordpress.com/> Acessado em 13/04/2021
Figura 4 – Interior do Edifício Larkin (Pátio central e galerias). Fonte: <arqteoria. wordpress.com/> Acessado em 13/04/2021
11
Essa configuração demonstra rigidez nas relações de trabalho, reforçando aspectos de impessoalidade, automatização e hierarquização, que se perpetuaram ao longo da história do trabalho. Nos anos 1960, se desenvolveu a ideia do Escritório Panorâmico, a partir da empresa de consultoria administrativa alemã Quickborner Team. Nesse conceito, se considerava a possibilidade de dinâmica coletiva entre os usuários e mudanças entre equipes de trabalho, permitindo maior flexibilidade até mesmo em escala de mobiliário, se aproveitando da falta de divisórias em um Open Space (Espaço aberto). O Edifício OSRAM (1972), de Walter Henn, com sua planta livre, recebeu a implementação desse método. A exploração desse modelo garantia melhor conectividade e comunicação, com uma organização que permitia alterações na disposição de mobiliário e favorecia as necessidades dos grupos de trabalho. Dessa forma, o modelo de organização é regido pela comunicação entre usuários.
Figura 6 – Planta baixa do Edifício OSRAM (1972). Fonte: <arqteoria.wordpress.com/> Acessado em 13/04/2021
Figura 5 – Fachada do Edifício OSRAM (1972). Fonte: <arqteoria.wordpress.com/> Acessado em 13/04/2021 Figura 7 – Interior do Edifício OSRAM (1972). Fonte: <arqteoria.wordpress.com/> Acessado em 13/04/2021
12
O edifício Willis Faber & Dumas, da Foster Associates, é um exemplar de alta tecnologia da época. Construído em 1975 no Reino Unido, o prédio possui três andares, envoltos em uma grande cortina de vidro. Os espaços internos são abertos e flexíveis, sendo mais uma exploração da planta livre, seguindo a influência dos Open Spaces. Esse partido aberto representava uma grande inovação na década de 70, tanto no aspecto tecnológico quanto em sua configuração de escritórios abertos. Segundo Norman Foster[1] “o escritório tradicional era a separação entre aqueles que administravam e aqueles que faziam o trabalho”. O projeto almejado pela Willis Faber pretendia representar “um ambiente de escritório compatível com valores humanos”.[2] O edifício possui estrutura de pilares de concreto armado, separados por vãos de 14 metros, criando espaços interiores flexíveis e abertos. Os painéis de vidro da fachada possuem dois metros quadrados e são conectados para formar uma parede de vidro envolvendo todo o edifício.
Figura 8 – Edifício Willis Faber & Dumas Fonte: <https://www.dezeen.com> Acessado em 21/06/2021 [1] [2] Entrevista dada à Revista Deezen. Disponível em: dezeen.com/2019/12/10/willis-faber-dumasbuilding-foster-high-tech-architecture/
Figura 9 – Edifício Willis Faber & Dumas - Planta do Térreo Fonte: www.fosterandpartners.com/projects/. Acessado em 21/06/2021
Figuras 10,11 e 12 – Edifício Willis Faber & Dumas - Interior e Diagramas Fonte: <https://www.dezeen.com> Acessado em 21/06/2021
13
A preocupação com os usuários no espaço de trabalho esteve presente na concepção do Central Beheer (1974), de Herman Hertzberger. O edifício é localizado na cidade de Apeldoorn, Holanda, construído para comportar escritórios de uma compainha de seguros. O projeto foi concebido em módulos quadrados, capazes de se encaixarem espacialmente. Tal configuração foi desenvolvida para permitir diversos usos diferentes, com a capacidade de se adaptar às alterações que a empresa poderia passar, tanto em organização espacial quanto nas atividades de trabalho. Os módulos são interligados por passarelas, que seguem eixos de circulação preestabelecidos. A interação entre os usuários também foi um aspecto considerado no projeto, com um desenho de circulação com grande permeabilidade de acessos para pedestres, ciclistas e automóveis.
Figura 8 – Edifício Centraal Beheer Fonte: academia.edu/36675153. Acessado em 21/06/2021
Figura 9 – Diagramas do Centraal Beheer Fonte: academia.edu/36675153. Acessado em 21/06/2021
Figura 10 – Interior do Centraal Beheer Fonte: pinterest.com Acessado em 21/06/2021
A concepção modular leva em consideração o trabalho organizado em pequenos grupos ou comunidades, levando a uma composição de “ilhas”, com interligação interna e permeabilidade visual. Apesar dessa aparente divisão, o conjunto expressa notável unidade arquitetônica, com um conceito ligado às atividades e aos usuários que poderiam se apropriar do espaço conforme a necessidade. Uma limitação do edifício está em seu aspecto estético, que apresenta estrutura bastante densa e que visualmente não se apropria a certas atividades sociais. Ainda vale ressaltar que, embora o edifício seja concebido a partir de módulos arranjados espacialmente, essas combinações não o tornam limitado do ponto de vista da flexibilização, tanto por causa das intenções de interação social no projeto, quanto na possibilidade de uso diversificado no interior de cada módulo.
Figura 11 –Planta baixa do Edifício Centraal Beheer Fonte: bemvin.org Acessado em 21/06/2021
Figura 12 –Interior do Edifício Centraal Beheer Fonte: academia.edu/36675153. Acessado em 21/06/2021
Essas transformações nos espaços de trabalho revelam as tendências em termos de organização espacial, como decorrência das mudanças nas atividades realizadas em seu interior - a atividade de trabalhoem virtude do desenvolvimento tecnólogico e econômico no mundo globalizado e pós-industrial. Os comportamentos das pessoas diante dos desafios do mercado de trabalho se tornam responsáveis por motivar a reinvenção do processo de criação do espaço, que em seguida influenciará seu usuário seguinte, dando início a um novo processo.
14
1.1.2 Produtividade e Saúde Mental Com a evolução dos meios de comunicação e informação, ocorreram várias mudanças nas formas de trabalho. A rapidez dos novos meios, apesar de suas vantagens, representou também um aumento na demanda por resultados e produtividade durante a atividade de trabalho. A intensidade desse processo tem tornado comuns os quadros de estresse dentro das empresas. Como revela uma pesquisa publicada pela Capita, 79% dos colaboradores entrevistados relataram ter sofrido estresse no trabalho nos últimos 12 meses. O estresse também impacta no afastamento do trabalho e no desemprego, pois segundo a mesma pesquisa, 45% consideraram deixar um emprego devido ao estresse que ele gera e outros 53% tiveram colegas que foram forçados a desistir do trabalho devido ao estresse. Esse sintoma também é responsável por gerar alterações comportamentais nos indivíduos, que podem agravar ainda mais os problemas de saúde mental. No Brasil, segundo aponta a ANAMT (Associação Nacional de Medicina do Trabalho), nove em cada dez brasileiros no mercado de trabalho apresentam sintomas de ansiedade, do grau mais leve ao incapacitante, com cerca de 47% sofrendo de algum nível de depressão. Ainda no mesmo estudo, os transtornos mentais são apontados como a terceira causa de longos afastamentos do trabalho por doença. Em 2011, eles foram responsáveis pelo pagamento de mais de 211 milhões de reais a novos beneficiários. A OMS (Organização Mundial de Saúde) calcula ainda que a depressão e a ansiedade causaram uma perda de aproximadamente US$ 1 trilhão na economia mundial. Todavia, no mesmo estudo, estima-se que para cada US$ 1 investido em ações de melhorias na saúde mental dos colaboradores, US$ 4 são arrecadados com o aumento da produtividade. Com base em dados como estes, as empresas têm buscado investir cada vez mais na promoção da saúde mental dos trabalhadores, uma vez que esta colabora para a permanência e melhor produtividade deles, que pode se refletir em melhores resultados para as organizações. No entanto, há casos em que empresas investem em soluções paliativas, sem necessariamente resolver os maiores problemas de saúde relacionados ao trabalho. Como apontam Vasconcelos e Faria (2008),
uma das atividades de saúde mais apontadas pelos trabalhadores entrevistados é a ginástica laboral. Todavia, essa atividade contribui parcialmente para aliviar a tensão, necessitando de uma intensidade maior para se obter resultados significativos, tanto para a saúde mental quanto física. Nesse estudo, foram apontadas pelos trabalhadores entrevistados várias manifestações de problemas de saúde como insônia, depressão, ansiedade, estresse, dores nas articulações, entre outros. As principais causas apontadas estão relacionadas a condições físicas de trabalho inadequadas, a pressão das atividades em si e a dificuldade de relacionamento entre os envolvidos da hierarquia da organização.
1.1.3 Doenças ocupacionais relacionadas ao trabalho Considerando o fato de que as pessoas passam grande parte do seu tempo diário no ambiente de trabalho, condições inadequadas ou mal planejadas do ponto de vista espacial têm impacto direto na saúde física e mental dos usuários. Com a informatização e a consequente mudança nos perfis de trabalho atuais, também aparecem doenças ocasionadas pela exaustão do corpo diante de certas condições espaciais. A ANAMT lista as principais doenças ocupacionais, dentre as citadas a seguir: • LER/Dort – Lesões por Esforço Repetitivo/ Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (tendinites, tenossinovites e lesões de ombro). Principais causas: – movimentos repetitivos – posturas inadequadas – pressão psicológica •
Dorsalgias (hérnias de disco, “problemas de coluna”)
Principais causas: – movimentos repetitivos e força com uso do tronco – levantamento e transportes de pesos
15
– posturas inadequadas • Transtornos traumático)
mentais
(depressão/ansiedade/stress
pós-
Principais causas: – alta demanda, imprecisão quanto às expectativas – metas inalcançáveis – trabalho extremamente monótono – percepção de trabalho “sem importância” – violência no trabalho – situações momentâneas e súbitas de alto nível de estresse – testemunha constante de sofrimento humano de terceiros Segundo o estudo Saúde Brasil 2018, realizado pelo Ministério da Saúde, os registros de Lesão por Esforço Repetitivo (LER) e de Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort) cresceram 184% entre 2016 e 2017. As más condições do local do trabalho, como iluminação, pisos e dimensionamentos inadequados colaboram para a acentuação dessas doenças. Essas informações revelam a importância de se conceber o espaço de trabalho de forma a prevenir o aparecimento dessas doenças, sobretudo em relação à repetitividade, falta de repouso e condições ambientais que prejudiquem a saúde mental. A presença de espaços alternativos, que possibilitem o repouso físico e mental se apresenta como mais uma solução para amenizar esses impactos.
1.1.5 Trabalho remoto O trabalho remoto envolve diversas atividades. Além do trabalho em casa (home office) atividades realizadas em outros ambientes como coworkings, cafés ou bibliotecas se enquadram nesse conjunto de funcionalidades remotas. O modo remoto, mesmo sendo uma tendência em termos de praticidade para o trabalho sofreu grande intensificação recente. Com a pandemia de COVID-19 no Brasil, iniciada em meados
de Março de 2020, a necessidade de isolamento social gerou uma pressão pela disseminação do trabalho remoto, envolvendo a adaptação de diversas formas de trabalho, anteriormente realzadas de modo presencial. O prolongamento desse período de isolamento, decorrente da falta de um combate efetivo à pandemia, no entanto, trouxe como consequencia a manutenção desse modo de trabalho. Devido às vantagens de praticidade no trabalho em home office, pode ser natural imaginar que certas empresas busquem manter essa modalidade de maneira irrestrita mesmo após a pandemia, apresentando menores custos para elas decorrentes da manutenção dos escritórios convencionais. Contudo, embora possibilite um trabalho flexível, o trabalho remoto de maneira exclusiva pode trazer consequencias negativas para a saúde mental e para a produtividade no trabalho. A falta de separação entre o pessoal e o profissional causa distrações ao longo da jornada de trabalho, ocasionando em menor concentração e produção, o que pode gerar frustrações em relação à vida profissional. Ainda, essa falta de separação pode ocasionar um aumento involuntário da jornada de trabalho, uma vez que, muitas vezes não há divisão entre atividades, que está geralmente relacionada a deslocamento espacial. Segundo Portugal (2020) ,“por estar, muitas vezes, ligado a um horário de trabalho flexível, os profissionais sentem que há tarefas a serem feitas a todo momento, e acabam elevando a sua jornada de trabalho sem a real necessidade.” Sem essa divisão, a tendência é de perda de controle sobre o tempo, podendo levar desde ao ócio improdutivo até mesmo a um excesso de trabalho. Além disso, muitas pessoas não conseguem se desligar das tarefas do trabalho, especialmente se elas trabalham em suas casas, como Home Office. Ao saber que uma demanda precisa ser resolvida, elas sentem a necessidade de continuar seu trabalho até resolvê-las, prejudicando o próprio período de descanso. (PORTUGAL, 2020).[1]
De acordo com Vivek Murthy, ex-Cirurgião Geral dos Estados Unidos, a solidão é muito mais do que apenas um problema social. É também um problema de saúde, “associado a uma redução na expectativa de vida semelhante à causada por fumar 15 cigarros por dia e ainda maior do que a associada à obesidade.” No trabalho remoto, solidão e isolamento se apresentam como grandes desafios, que podem reduzir a produtividade e afetar a saúde
16
mental. De acordo com pesquisas da Harvard Business Review (2017): 87% dos entrevistados relatam que se encontram com outros membros por motivos sociais
83% relatam que estão menos solitários desde que ingressaram em um espaço de coworking
89% relatam que estão mais felizes desde que ingressaram em um espaço de coworking
dos entrevistados relataram que o coworking expandiu suas redes profissionais relataram que recorrem a outros membros de coworking para obter ajuda ou orientação disseram que a rede de coworking deles era uma fonte importante de referências de trabalho e negócios
Fonte: Harvard Businness Review Disponível em: hbr.org/. Gráficos elaborados pelo autor, 2021
Devido às características do home office, a tendência da permanência nesse modelo é a perda de interação entre as pessoas e a consequente diminuição da esfera social. Isso diminui o potencial de atuação profissional, já que a possibilidade de contatos é menor nesse cenário. Presencialmente, esse contato e processo de comunicação ocorre de maneira natural, formando o que se entende por networking, uma rede de compartilhamento de informações profissionais. Isso pode afetar diretamente a motivação no trabalho, já que sem o contato rápido, não se faz possível a troca desse tipo de estímulos entre as pessoas. Diante disso, algumas alternativas são consideradas para resolver o problema da solidão. Entre elas, está a ideia de alternar o trabalho em casa com idas a um local especializado, como coworkings. Na pesquisa da Harvard Business Review [1], demonstra-se que laços profissionais são fortemente reforçados em comunidades de coworking. Os entrevistados apontaram que: [1] Disponível em: hbr.org/2017/12/coworking-is-not-about-workspace-its-about-feeling-less-lonely
Fonte: Harvard Businness Review Disponível em: hbr.org/. Gráficos elaborados pelo autor, 2021
Ainda, 84% dos membros da pesquisa apontaram que trabalhar num coworking aumentou a sensação de engajamento no trabalho e motivação. Por contar com estrutura própria de energia elétrica, conexão com internet, diminuir a solidão e possibilitar uma rede de negócios, o coworking também se apresenta como estratégia viável para que empresas permitam que seus funcionários atuem remotamente a partir de um desses espaços. Para os trabalhadores independentes também há grande viabiliade no uso de espaços de coworking em aspectos sociais, em virtude do potencial de networking e da geração de novos negócios. A pesquisa também demonstra que um dos principais impulsionadores do crescimento do uso do coworking são seus aspectos sociais, devido a tendência humana de buscar construir relacionamentos, independente do avanço da tecnologia no trabalho remoto. O estudo conclui que, ao criar comunidade e reduzir o isolamento e a solidão, o coworking beneficia tanto as organizações quanto os trabalhadores devido a maiores níveis de engajamento no trabalho, produtividade e felicidade do trabalhador.
17
1.2 Justificativa
1.4 Metodologia
Através de um olhar para as transformações no espaço de trabalho ao longo do tempo, a pesquisa foca em entender as motivações dessas mudanças, considerando fatores que colocam o usuário como centro da discussão. Além disso, pretende apontar as principais problemáticas em torno do trabalho contemporâneo. O trabalho pretende demonstrar uma exploração projetual para a tipologia de coworking, , através da elaboração do anteprojeto, colaborando com o entendimento e o desenvolvimento do projeto arquitetônico dessa tipologia, considerando o contexto contemporâneo das atividades de trabalho e as necessidades do usuário.
1 Pesquisa Referencial
1.3 Objetivos Elaborar anteprojeto de coworking com a aplicação de estratégias arquitetônicas destinadas a potencializar a qualidade nos espaços de trabalho e sua relação com o usuário. - Compreender as relações comportamentais entre o usuário e o ambiente de trabalho planejado; - Identificar elementos da espacialidade na tipologia de edifícios de coworking para compor repertório projetual; - Conceber espaços de trabalho colaborativos, integrados às demais necessidades do usuário e adaptáveis às demandas sociais;
a) Pesquisa bibliográfica em artigos e trabalhos acadêmicos sobre o tema; b) Pesquisa de correlatos 2 Conceituação a) Identificação dos principais conceitos concernentes à tipologia; b) Mapeamento, seleção e descrição dos conceitos e diretrizes para o anteprojeto; c) definição de público alvo; 3 Espacialização a) Identificação de condicionantes do terreno; b) Desenvolvimento de programa de necessidades e fluxograma; c) Estudos de forma; 4 Anteprojeto a) Definição espacial; b) Aplicação de estratégias construtivas; c) Realização de desenho técnico; d) Produção de Imagens finais;
18
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Fonte: freepik.com. Elaborado por Harryarts. Editado pelo autor.
19
2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 O ‘tipo’ coworking Inicialmente, se faz necessário observar o edifício de coworking enquanto tipologia arquitetônica, para investigar a formação da caracterização da identidade desse tipo de edifício. Na teoria da arquitetura, não há consenso na definição de ‘tipo’ da edificação, fazendo-se necessário definir uma síntese para sua aplicação no trabalho. Essa definição fornece uma ótica que permite identificar quais são os principais aspectos do edifício de coworking, o que o caracteriza e torna único no contexto contemporâneo, buscando uma sistematização na produção desse tipo de espaço. Segundo o que conclui Nascimento (2008, p.48): “um tipo edilício é definido por um modo específico de promover a possibilidade de se realizarem relações entre indivíduos, utilizando-se, para tal, o espaço; um tipo é motivado, portanto, por demandas sociais, pela necessidade de indivíduos de certo grupo de poder realizar um evento programático de modo adequado às regras da sua vida social pré-existente.” (NASCIMENTO, 2008, p. 48)
Argumenta ainda que as expectativas das demandas sociais são traduzidas na arquitetura, tendo sua consolidação através da harmonia entre vida social e sistema espacial, criando assim uma recorrência nas soluções adotadas, conformando um tipo. Nesbitt (1996a apud Medeiros, 2005, p.14) caracteriza o tipo como a capacidade de sintetizar os elementos essenciais da arquitetura – significado, forma, função e tectônica –, o que alçaria a tipologia à condição de elemento-chave da análise e/ou do processo projetual em Arquitetura. Com isso, o tipo não seria algo rígido, com forma estabelecida, mas uma síntese de elementos caracterizantes de um conjunto de edificações, criando para estas um elo. Argan argumenta que o tipo só pode ser criado a posteriori, isto é, ele é fruto da observação de um conjunto de edificações que compartilham “uma evidente analogia formal e funcional”.
“No processo de comparação e justaposição de formas individuais para determinar o ‘tipo’, são eliminadas as características particulares de cada prédio, permanecendo apenas aquelas que são comuns a todas as unidades da série. Portanto, o ‘tipo’, se constitui pela redução de um complexo de variantes formais à forma básica comum.” (ARGAN, 1967, p. 564)
A partir dessa forma ou solução conceitual básica, os exemplares de uma tipologia apresentam variações de acordo com diversas intenções projetuais, mas conservando um ou mais pontos comuns. Medeiros (2005) conclui que o tipo extrapola a dimensão material dos edifícios, e seria uma instituição social, surgindo como solução às demandas de relacionamento das pessoas em uma determinada época. A investigação acerca de um determinado tipo revela sua importância prática ao ser empregada como ferramenta para a concepção projetual na arquitetura, considerando as demandas sociais que levaram à sua formação, a relação entre significado, forma e função, tendo como principal método a observação de exemplares do referido tipo, com objetivo de identificar suas características comuns. Através disso, o desenvolvimento do projeto arquitetônico passa a incluir o aspecto tipológico de maneira consciente. A premissa principal de um coworking está no trabalho colaborativo, como sugere o nome em sua origem. Definindo seu uso dessa forma, visualizamos a ideia de um espaço amplo, com capacidade para grandes mesas com estações de trabalho, onde não aja obstáculos físicos, como paredes ou outras divisórias, possibilitando assim o encontro entre indíviduos. Essa ideia de “pátio central” está presente em quase todos os exemplares dessa tipologia, trazendo um simbolismo de integração materializada no espaço, oriunda de uma expectativa do público usuário no contexto contemporâneo. O Sinergia Cowork Palermo, apesar de ser um edifício em reutilização, apresenta essa característica como marca do seu uso, como podemos ver nas imagens a seguir:
20
Figura 15 – Planta Baixa do Sinergia Cowork. Fonte: archdaily.com Acessado em 23/03/2021
Figura 13 – Interior do Sinergia Cowork. Fonte: archdaily.com Acessado em 23/03/2021
Figura 16 – Planta Baixa do Sinergia Cowork. Fonte: archdaily.com Acessado em 23/03/2021
Figura 14 – Interior do Sinergia Cowork. Fonte: archdaily.com Acessado em 23/03/2021
A presença do pátio central (em amarelo) também é responsável por articular a circulação de acesso para as salas privativas (em vermelho). Outro elemento de uso recorrente da tipologia de coworking são os chamados espaços de descompressão ou lazer, que são ambientes voltados para intervalos entre as jornadas de trabalho dos usuários, podendo estar vinculados a equipamentos de alimentação. Esses espaços são incorporados para atender a necessidade de prover um local de descanso, além de permitir a interação entre usuários e diminuir o estresse ligado a longos períodos de trabalho. A presença desse tipo de espaço também está relacionada com o estimulo à criatividade, que tem uma função importante para as profissões atuais, sobretudo as pertencentes à indústria criativa. 21
2.2 O trabalho contemporâneo
Figura 17. Espaço de descompressão do Four Coworking. Fonte: galeriadaarquitetura.com.br Acessado em 24/03/2021
Medeiros (2005) argumenta que os eventos que necessitam de um espaço são concebidos a partir de um conjunto de convenções, que são fruto do funciomanento social que surge a partir de expectativas da sociedade. Com isso, conjuntos de convenções mais longos e complexos tendem a produzir espaços mais conservadores quanto a padrões de utilização. Já os modelos menos complexos ou mais curtos, produzem edifícios com menos carga de convenções, capazes de gerar várias possibilidades de utilização. (HILLIER & PENN, 1991 apud MEDEIROS, 2005). Para o edifício de coworking, de maneira geral, alguns usos são pré-estabelecidos na concepção de projetos, como salas de reunião e de networking, por exemplo. Contudo, a disposição, dimensionamento, variedades ou quantidade dos ambientes dentro do programa de coworking pode variar de acordo com as necessidades do público-alvo (demanda) e outros fatores. Assim, o edificio de coworking apresenta grande potencial enquanto arranjo formal e conceitual, podendo ser concebido para atender públicos especifícios ou generalistas, e contemplar atividades e significados espaciais distintos. A partir dessas considerações, e tendo em mente os tipos de evento social que ocorrem de maneira geral no edifício de coworking, somados a demandas específicas, torna-se possível conceber o espaço, a partir de lógicas formais pré-existentes ou de uma releitura destas, adaptando-as para a realidade local. Essa concepção passa por estabelecer relações entre os espaços dentro do projeto, que serão consequencias das relações entre os indivíduos em suas atividades. Com isso, torna-se possível estabelecer no projeto quais aspectos são deterministas (oriundos de lógicas formais precedentes) e quais são totalmente adaptáveis de acordo com as necessidades da demanda social.
Em muitas atividades no mundo contemporâneo, sobretudo aquelas de caráter criativo, está cada vez mais intrínseca a necessidade por uma transdisciplinaridade, o cruzamento de diferentes áreas de conhecimento para a confecção de um produto ou serviço. Com isso, se torna igualmente necessária a atuação coletiva em prol do serviço. Esse processo se fortalece no mundo atual graças às tecnologias da informação, que diversificam os meios de comunicação, garantindo mais velocidade e permitindo a formação de novos modelos de negócios.
Este é o conceito maior da nova estrutura da Era da Informação, troca de conhecimento, cultura e criatividade. A internet é o primeiro meio que permitiu a conexão entre indivíduos sem intermédio de outras mídias reguladoras. Estão surgindo espaços físicos nas cidades que corroboram com isso. (GIANNELLI, 2016, p.51)
Tal estrutura de comunicação permite cada vez mais a existência de novas maneiras de organização das atividades de trabalho, de maneira dinâmica e eficiente, superando modelos anteriores à massificação da internet. Um dos exemplos de aplicação dessa possibilidade é o trabalho em Home Office. Esse modelo traz um novo significado no contexto das atividades de trabalho, com estrutura simples que necessita apenas de um computador pessoal para sua realização. Na era industrial a hierarquia era mantida pelo controle e centralização do poder. Hoje, há uma tendência à horizontalização das relações de trabalho, com pouca ou mesmo sem hierarquia. (ARRUDA e KANAN, 2013, p.585)
As novas tecnologias romperam com as antigas estruturas de trabalho e criação de produtos, criando novos processos e até criando novas profissões e reconfigurando as preexistentes. Quanto a criação de produtos, estes se tornaram cada vez mais imateriais, com a possibilidade de produção de conteúdos digitais diversos. Houve ainda, uma valorização da produção intelectual, onde antes se priorizava o esforço físico. Como argumentam ARRUDA e KANAN (2013):
22
Hoje, preparar-se intelectualmente é tipicamente trabalho. Por isso a educação foi se tornando essencial, presente na raiz da formação do sujeito histórico, capaz de emancipar-se também pelo trabalho. (ARRUDA e KANAN, 2013, p.585)
Como decorrência do processo de transformação do trabalho, surgem diversas categorias de trabalhadores informacionais, configurando o que entendemos por tecnologias da informação. São desenvolvedores de softwares, aplicativos, páginas web, bancos de dados, entre outros. Esse modelo de trabalho voltado às tecnologias de informação é bastante voltado ao conhecimento, requerendo do trabalhador uma criatividade no processo, que combina conhecimento prévio e aplicação às necessidades de um projeto ou produto. Trata-se de um trabalho caracterizado tanto pela produção de um produto “imaterial” único, o software, quanto pela materialidade necessária para sua reprodução nos equipamentos que o rodam, o hardware (computadores, laptops, celulares e outros), além de gerar prestação e manutenção de serviços. (LIMA e OLIVEIRA, 2017, p.116)
A flexibilização está presente nesse modo de trabalho, seja na atividade em si, como também nos vínculos criados entre os trabalhadores. Isso resulta tanto na individualização do trabalhador, que se comporta de acordo com as oportunidades de mercado, quanto se manifesta na criação de trabalhos colaborativos, na forma de criação de equipes e a socialização decorrente desse processo. Como resultado, essas caracteristicas se repercutem no espaço físico de muitas empresas do setor, em tamanho e uso dos espaços. Por ter esse componente criativo na natureza do trabalho informacional, o trabalhador se torna um agente ativo do processo, independente da presença de hierarquias visando o controle do processo, ou a inexistência destas. Essa flexibilização resulta em duas características marcantes: o caráter coletivo do trabalho e a separação entre trabalho e espaço, no sentido da atividade não depender de um único espaço para ser realizado, podendo ser transportado da empresa para casa, por exemplo. Com isso, o trabalho nos dias atuais ganha um sentido de constância, onde o trabalhador busca intensificar sua produtividade, ao explorar a possibilidade de transformar todo seu tempo disponível em tempo de trabalho. No entanto, esse comportamento tende a
diminuir a separação entre vida pessoal e trabalho, criando “jornadas de trabalho sem fim”, intensificado pela baixa regulamentação ainda presente nessas novas modalidades profissionais. Devido a natureza variável do trabalho, criam-se também empresas dos mais variados portes, com grandes diferenças em seus vínculos trabalhistas, onde até mesmo esquemas padronizados, como os encontrados em grandes empresas, precisam se flexibilizar em certo nível. Como concluem Lima e Oliveira (2017, p. 138): Assim o caráter “criativo” presente no desenvolvimento da atividade, com diferentes níveis de padronização, ainda é dominante, sendo representativo da flexibilidade da produção e da utilização da força de trabalho: o desenvolvimento de projetos; tempos determinados com flexibilidade de horários e jornadas dependendo da empresa (que pode ser uma PJ autônoma); home office com idas eventuais às empresas ou jornadas padrão de trabalho (diferente nos call centers). (LIMA e OLIVEIRA, 2017, p.138)
O perfil dos trabalhadores em áreas de TI apresenta grande concentração de jovens. Segundo pesquisa da Softex (2012), 51% dos trabalhadores situava-se na faixa etária dos 18 a 29 anos, seguidos por 42,4% empregados na faixa etária de 30 a 49 anos. A menor parcela é a da faixa etária com 50 anos ou mais, com apenas 6,7%. Quanto à escolarização, a mesma pequisa apontou um aumento no número de atuantes com ensino superior completo ou incompleto, e uma diminuição nos trabalhadores com somente ensino médio, o que demonstra uma especialização cada vez maior no desenvolvimento dessas tecnologias. LEGENDA 18-29 anos 30-49 anos +50 anos
Fonte: LIMA e OLIVEIRA, 2017 Gráfico elaborado pelo autor, 2021
23
e dinâmico, em contato com outros profissionais, da mesma ou de outras áreas. No geral, esses espaços funcionam a partir do aluguel ou assinatura de um plano que permite a utilização de um ambiente coletivo por um indivíduo, grupos de profissionais independentes ou pequenas empresas. Nesse contexto, esses espaços tendem a ser utilizados por profissionais iniciantes, autônomos, freelancers ou startups que não possuem uma Sede ou escritório independente. O custo da locação desses espaços e os modelos de plano que oferecem horas ou dias para sua utilização também são fatores relevantes na escolha desses ambientes como locais de trabalho.
Fonte: Censo Coworking Brasil. Disponível em: coworkingbrasil.org/censo/2019. Gráficos elaborados pelo autor, 2021
Segundo o Censo 2019 do Coworking Brasil, cerca de 3% dos ambientes de coworking eram voltados exclusivamente para áreas de TI e outras tecnologias em geral, enquanto 4% eram voltados para a indústria criativa de maneira geral, e 88% se configuravam como espaços multidisciplinares.
2.3 O fenômeno Coworking O termo coworking foi utilizado inicialmente em 1999 por Bernie de Koven, designer de games, para descrever um espaço virtual de trabalho, como uma extensão do espaço físico. Em 2005, o empresário Brad Neuberg criou em San Francisco o que seria o primeiro espaço físico de coworking, trazendo uma ressignificação para o conceito precedente. A ideia inicial era gerar uma mudança no modelo convencional de trabalho e criar um ambiente que abrigasse pessoas para exercer atividades de trabalho em um espaço colaborativo, flexível
O fenômeno coworking surge de novos formatos das relações de trabalho, propiciadas com o desenvolvimento de avanços tecnológicos que permitem o fenômeno da execução do trabalho a distância. (CERETTA, 2017, p1.) Através do coworking procura-se resolver basicamente quatro tipos de problemas: empreendedores que desejam evitar gastos de um escritório próprio; pessoas que querem aumentar seu networking com profissionais de sua área ou outras diferentes; pessoas que buscam maior interação com outros profissionais no seu ambiente de trabalho e; profissionais ou empreendedores que fazem uso de home-office, porém sentem-se isolados nessa modalidade de trabalho (ANDRICH, 2017, apud CERETTA, 2017). Segundo Bacevice (2019), desde que o primeiro espaço de coworking apareceu em 2005, mais de 14.000 abriram em todo o mundo. Com essa disseminação, os espaços vêm apresentando grande diversidade em termos de características espaciais, com o objetivo de atrair maior número de usuários. Com base em estudos de caso, no entanto, a composição dessa tipologia se encontra diluída, constituindo, em muitos casos, “espaços sem caráter específico”, impessoais, com um aspecto apenas mercadológico, muitas vezes associados ou dependentes de outros edifícios ou estruturas de apoio. Nesse cenário, a elaboração desses espaços não parte de reflexões profundas em seus aspectos de composição, diminuindo seu potencial de uso e de otimização na vida cotidiana de seus usuários. Tal fenômeno pode contribuir para o descrédito da tipologia e para a precarização dos espaços de coworking, que também podem trazer consequências negativas aos seus usuários. 24
Os elementos espaciais em um ambiente profissional exercem grande impacto na rotina do trabalho e nas relações entre os indivíduos que utilizam o espaço, interferindo na saúde física e mental. Com isso, é notória a relação direta entre o modo de planejamento projetual desses ambientes e a experiência do usuário, no exercício de suas funções e desempenho profissionais. Não se trata apenas de uma partilha de um espaço físico, mas também possibilita o desenvolvimento e o estabelecimento de uma comunidade de pessoas, de pensamento similar que compartilham os mesmos valores, criando sinergias. É o reflexo dos novos valores do mundo contemporâneo. (HUWART; DICHTER; VANRIE, 2012 apud
Possuem espaço de convivência
Possuem sala de reunião
Possuem serviço de impressão
Alugam computadores
Usam mobiliário ergonômico
Vendem produtos de alimentação
CERETTA, 2017)
Além do espaço material, o local de trabalho compartilhado favorece aspectos de socialização entre os usuários, impactando diretamente na sua produtividade. Segundo King (2017, p.6), ao se criar uma comunidade e reduzir o isolamento e a solidão, o coworking beneficia tanto as organizações quanto os trabalhadores devido a maiores níveis de engajamento no trabalho, produtividade e felicidade do trabalhador. A experiência do usuário vai além de boa localização e provisão da infraestrutura básica. Trata-se, efetivamente, de um constante processo de refuncionalização do espaço material, isto é, do “ajuste do substrato espacial material a novas necessidades, decorrente de novas relações sociais [...] através de intervenções físicas mínimas, utilizando-se espaços preexistentes de uma maneira nova e criativa.” (SOUZA, 2013, p. 252 apud DIAS e COSTA, 2020, p.12).
2.4 Dados sobre coworking Com base nas intenções pretendidas para o projeto, foram coletados dados que representam elementos espaciais e de perfil dos usuários, que oferecerem uma ótica sobre o atual cenário dos coworkings. Os dados são da plataforma Coworking Brasil, 2019.
Fonte: Censo Coworking Brasil. Disponível em: coworkingbrasil.org/censo/2019. Gráficos elaborados pelo autor, 2021
Através dos dados, podemos observar a grande recorrência das salas de reunião, assim como dos espaços de convivência e das salas de impressão. Uma pequena parcela possui serviço de aluguel de computadores, já que a maioria dos espaços fornece a estrutura de energia elétrica e internet, cabendo ao usuário utilizar equipamento próprio. No entanto, esses espaços possuem grande potencial de oferecer também esse serviço, contribuindo com a inclusão digital e a praticidade para usuários que estejam impossibilitados de deslocar um computador pessoal. Quanto aos planos de utilização, verificouse que 73% dos usuários de coworking contratam planos mensais, enquanto 14% contratam por hora e 9% por dia de uso do espaço. 25
Além das informações sobre os espaços, o Censo Coworking, em 2018, trouxe dados sobre o perfil dos usuários quanto a gênero e escolaridade. Verificou-se que 50% dos usuários são homens, 49% mulheres e 1% se identificam como outros gêneros. Na escolaridade, 41% dos usuários possuem Pós-graduação, 38% possuem superior completo, e 18% superior incompleto.
Fonte: Censo Coworking Brasil. Disponível em: coworkingbrasil.org/censo/2019. Gráficos elaborados pelo autor, 2021
Quanto ao perfil dos grupos de pessoas, verificou-se que 15% fazem uso do espaço de coworking de modo individual. Grupos de até 3 pessoas representam 35%, grupos de 3 a 6 pessoas são 24% do público e de 6 a 12 pessoas ou mais representam os outros 11%. Fonte: Censo Coworking Brasil. Disponível em: coworkingbrasil.org/censo/2019. Gráficos elaborados pelo autor, 2021
Ainda sobre os usuários, a localização foi o principal ponto considerado para se escolher um espaço de coworking, com média de 27 minutos de tempo médio de deslocamento entre casa e coworking. Segundo a pesquisa, quase metade dos coworkers trabalhava em home office antes de migrar para o espaço.
Fonte: Censo Coworking Brasil. Disponível em: coworkingbrasil.org/censo/2019. Gráficos elaborados pelo autor, 2021
Fonte: Censo Coworking Brasil. Disponível em: coworkingbrasil.org/censo/2019. Gráficos elaborados pelo autor, 2021
26
Os usuários também apontaram os serviços mais importantes dentro do espaço de coworking, que corresponde com suas necessidades durante a atividade de trabalho. Os cinco serviços mais recorrentes foram:
QUALIDADE DA INTERNET
SALA DE REUNIÕES
Melhoraram a saúde e disposição
Melhoraram sua vida social
Melhoraram seu networking profissional
Tiveram aumento em sua produtividade
ESPAÇO DE CONVIVÊNCIA
COPA/COZINHA
ESPAÇO AO AR LIVRE Fonte: freepik.com
Por fim, há dados que relacionam o uso do espaço de coworking com a vida social e a saúde dos usuários. Cerca de 62% dos trabalhadores afirmaram ter tido melhoras quanto a saúde e disposição, enquanto 67% apontaram ter significativa melhora na vida social. Ainda, 72% tiveram melhora em algum nível no networking profissional depois que passaram a frequentar um espaço de coworking. Com relação à produtividade, 77% afirmaram ter tido progresso em sua rotina produtiva, decorrente da atuação nesse tipo de espaço.
Esses dados trazem um panorama sobre o cenário do coworking como um todo no Brasil e sintetizam os antecedentes desse contexto, corroborando com as premissas adotadas no trabalho e reforçando aspectos das demandas sociais, de acordo com as transformações no cenário do trabalho a nível global.
27
2.5 Coworking e Pandemia A facilidade criada pelo trabalho remoto e as dificuldades econômicas do pós-pandemia podem levar empresas de pequeno porte a manter um formato virtual, sem a presença do espaço físico. Contudo, ainda existe nas profissões contemporâneas a necessidade de um local que permita o trabalho colaborativo e a interação entre as pessoas. Isso pode ser atendido por intermédio dos espaços de coworking, como estrutura de apoio à atividade remota, que possa ser acessada de um local próximo de onde residem os usuários. Segundo Amy Nelson, fundadora e CEO da empresa colaboradora The Riveter “as pessoas sempre precisarão e estarão procurando um lugar para se conectar, encontrar uma comunidade e encontrar um propósito”. No entanto, para que o coworking continue sua expansão no mundo pós-pandemia, torna-se necessário que os espaços estejam preparados para atender as condições de distanciamento e de higiene, para oferecer ao usuário a segurança para se apropriar desses espaços. Durante o início do surto no Brasil, em março de 2020, foram registradas quedas percentuais do número de pessoas frequentando os espaços (71,67%), bem como de novas contratações e renovações (40,8%). Nesse contexto, os operadores de coworkings precisaram buscar soluções para garantir a rentabilidade dos negócios, o que foi pretendido a partir da criação e oferta de novos modelos de contratação, onde o virtual ganhou cada vez mais espaço. Na pesquisa realizada pela Coworker (2020)[1], 14 mil operadores de coworkings foram ouvidos quanto a essas soluções, dentre as quais se encaixam as listadas a seguir: a) Novos “planos virtuais” e oferta de serviços de correio virtual, sem necessidade de presença física; b) Capacidade de transferir os dias não utilizados para os meses futuros para membros da mesa compartilhada; c) Aluguel de salas de reuniões para reuniões virtuais por uma pessoa d) Parcerias com empresas locais para ajudar os membros, incluindo serviços adicionais por empresas de entrega de alimentos. [1] Disponível em: coworker.com/mag/survey-how-coworking-spaces-are-navigating-covid-19
Ainda, espaços que puderam se manter abertos em certos períodos adotaram medidas preventivas para diminuir o comportamento de risco (de contaminação) dos usuários, através do encerramento de refeições em grupo e distanciamento com limitação de usuários nas salas, por exemplo. Na mesma pesquisa da Coworker, foram listadas as medidas mais comuns adotadas pelos operadores para garantir seu funcionamento e combater a disseminação do vírus da COVID-19. Sanitização frequente de superfícies de contato recorrente
Posicionar sanitizadores de mão de forma acessível no espaço
Enviar emails e colar avisos com dicas de prevenção
Limitar o acesso aos espaços
Fonte: freepik.com
Os espaços que precisaram estão encontrando soluções criativas para manter suas comunidades. Pela própria filosofia do coworking, essa indústria demonstra possuir grande adaptabilidade, o que deve garantir a viabilidade do negócio mesmo diante da crise do COVID-19, com soluções flexíveis no atendimento às necessidades atuais. Outra visão importante é a da necessidade de recuperação econômica póspandemia. Nesse cenário, empresas podem encontrar no coworking o meio para se estabelecerem com menor custo, se sentirem seguros, com preferência a espaços que sejam próximos a suas casas e possam verter resultados em ganhos de produtividade. 28
2.6 Neuroarquitetura Neste trabalho, considera-se a neuroarquitetura como conceito de embasamento para a criação dos espaços do projeto, a fim de atender demandas de saúde mental, conforto e bem estar nos ambientes concebidos. Como consequência do processo de transformações dos espaços de trabalho, a preocupação com a produtividade, comunicação e bem estar dos usuários é um fator recorrente nesse contexto, que se materializa através da disposição de mobiliários, iluminação, ventilação, cores e acabamentos dos ambientes, por exemplo. Na espacialização, a neuroarquitetura pode ser entendida como sendo a neurociência aplicada à arquitetura, pressupondo uma interferência do espaço construído nos padrões de funcionamento do cérebro. Seu objetivo é compreender o impacto do ambiente físico no cérebro e no comportamento humano. Com isso, se torna possível pensar nos espaços considerando fatores que possam interferir nos estímulos e no comportamento dos usuários. De acordo com o que constata Paiva (2018) “a aplicação da Neuroarquitetura consiste em buscar criar ambientes que possam estimular ou inibir alguns desses determinados padrões, a depender da função do espaço em questão.” Com isso, a neuroarquitetura se revela como um campo que tem capacidade de fornecer ferramentas para a criação de espaços que interferem diretamente no conforto e na saúde dos usuários, além de impactar nas atividades realizadas no espaço. Ainda assim, o espaço em si não é o único fator determinante para o cérebro. Hábitos, rotinas e necessidades também são responsáveis por afetar o comportamento das pessoas. Por isso, os ambientes devem se diversificar para atender a essas necessidades, que surgem ao longo da permanência do usuário no espaço. Devem apresentar, ainda, clareza nas suas funções para estimular comportamentos específicos, como criatividade, foco ou relaxamento. Apesar dessas particularidades, a neuroarquitetura não representa um padrão fechado de regras na concepção espacial. Segundo argumenta Paiva (2018), “ela consiste em um conjunto de conceitos envolvendo diferentes propriedades do cérebro que podem ser impactadas por determinadas características do ambiente.” Isso
também está relacionado com a compreensão acerca do públicoalvo do espaço, visto que diferentes públicos podem ter diferentes percepções dos mesmos estímulos. Fatores como influências genéticas, sociais, e de idade fazem grande diferença na percepção sensorial e psicológica do espaço. Nesse sentido, entender melhor quem são os diferentes grupos de usuários de um mesmo espaço pode ajudar arquitetos e designers a encontrarem elementos que tenham significado mais forte para cada grupo, facilitando a conexão com o espaço, sua memorização e, até mesmo, impactando na intensidade emocional das experiências ali vividas. (PAIVA, 2020)
Como exemplo, pessoas mais idosas possuem conceitos e memórias divergentes de gerações mais jovens, o que leva esses grupos a ter conclusões diferentes acerca de alguns tipos de estímulo visual. Também possuem diferenças na percepção da ventilação e na necessidade por iluminação nos ambientes. Com isso, conhecer os tipos de público que utilizam o espaço é necessário para que o projeto atenda suas necessidades enquanto uso, ao mesmo tempo em que permite percepções dos usuários a partir das informações sensoriais fornecidas pelos ambientes, com a finalidade de tornar mais saudável a experiência nos espaços.
2.6.1 Elementos da Neuroarquitetura De maneira prática, a neuroarquitetura fornece ferramentas para a intervenção nos espaços com o objetivo de gerar estímulos nos usuários. De forma essencial, a sensorialidade é responsável por provocar os sentidos humanos, que encontram significados na mente dos usuários. Esses estímulos, por envolverem os sentidos, incluem iluminação, cores, cheiros, sons, texturas, entre outros. Dentre essas ferramentas também se destaca a biofilia, com a proposta de incluir elementos de vegetação nos ambientes, que remetem ao contato com a natureza como meio de se obter um maior bem-estar no espaço. Além disso, segundo pesquisa conduzida por Alex Haslam, professor da Universidade de Queensland, na Austrália, escritórios com plantas se tornam mais agradáveis e vertem resultados em produtividade.
29
Também demonstrou resultados na melhora da qualidade do ar, concentração e satisfação no ambiente de trabalho.
2.6.2 Biofilia Como aprofundamento da relação do usuário com a natureza em seus ambientes, o design biofílico apresenta uma resposta a essa necessidade. Esse modelo de design se apoia no princípio de remeter à ancestralidade da humanidade, enquanto esta vivia no ambiente natural e em constante contato com elementos vegetais. O termo biofilia ficou conhecido através da obra Biophilia, 1986, de Edward Osborne Wilson. Para ele “o conceito de biofilia corresponde à nossa tendência inata de termos nossa atenção atraída por seres vivos e por processos da natureza” (Wilson, 1985 apud Costa, 2020). O termo também pode ser entendido segundo a compreensão do o matemático Nikos Salingaros, que define o termo “biofilia” como “a resposta humana a seres animados e a geometrias complexas do ambiente construído que remetem ao ambiente natural.” (Salingaros, 2019 apud Costa, 2020). Para os padrões modernos, o espaço de escritório é tratado como um local de aparência altamente racional e rígida, Wcom forte linguagem urbana, que se distancia da natureza. O design biofílico tem o intuito de reaproximar a relação do usuário com elementos naturais, se apoiando em estudos que apontam benefícios da integração com a natureza em ambientes de trabalho. Esses elementos incluem iluminação natural, plantas, paisagens naturais, e até mesmo a presença da água. Um estudo realizado por Andrew Knox, da Forest & Woods Products Australia[1] demonstrou que a presença de superfícies com textura de madeira natural aumentam a satisfação dos usuários com o ambiente construído, pois, para eles, essa textura remete ao aconchego, relaxamento, saúde e ao aspecto da natureza como um todo. Essa pesquisa também apresentou que a satisfação com o ambiente está diretamente relacionada a casos de licenças não planejadas do trabalho, onde casos de insatisfação levaram a 45% dos usuários a se ausentarem de maneira repentina do trabalho, enquanto somente 22% dentre os satisfeitos com o trabalho precisaram fazer o mesmo, por outros motivos. De acordo com a porcentagem de superfícies [1] Disponível em:makeitwood.org/healthandwellbeing/wellness-study.cfm
de aparência natural, observamos a evolução da satisfação dos trabalhadores tanto com o cotidiano do trabalho quanto com ambiente de trabalho. Pessoas em locais de trabalho com menos de 20% de superfícies de madeira de aparência natural são muito menos satisfeito com sua vida profissional e local de trabalho físico.
Figura 18: Gráfico da satisfação com o cotidiano no trabalho e com o ambiente físico do trabalho, de acordo com porcentagem de superfícies naturais no ambiente. Fonte: makeitwood.org
Figura 19: Gráfico da porcentagem de licenças não planejadas de acordo com a satisfação no ambiente de trabalho. Fonte: makeitwood.org
30
Segundo Kellerth e Calabrese (2005), “o design biofílico busca criar um bom habitat para as pessoas como um organismo biológico no ambiente construído moderno que melhora a saúde, a integridade e o bem-estar das pessoas.” Ainda segundo os autores, a aplicação bem-sucedida do design biofílico também deve resultar em diversos benefícios físicos, mentais e comportamentais.
2..6.3 Estímulos Visuais Assim como os elementos naturais, as cores também tem uma relação ancestral com o ser humano, uma vez que sua sobrevivência dependia do reconhecimento das cores dos alimentos apropriados, por exemplo. Também é possível identificar significados das cores de acordo com a cultura de um local, que podem variar e trazer interpretações completamente distintas. Dessa forma, podemos presumir que o nosso cérebro estabelece associações entre as cores e seus significados, que podem ter algum impacto na resposta comportamental do indivíduo. Uma diferença notável apontada por estudos é o efeito causado pelas cores frias e quentes. Segundo Crizel(2020), as cores frias estão na faixa do espectro de menor vibração e remetem à sensação de frescor, ou mesmo de frio. Por isso, são intepretadas como de baixo estímulo, levando o cérebro a concluir sensações de relaxamento e bem estar. Estas são derivadas do azul, verde e violeta. As cores quentes possuem maior vibração na faixa do espectro, sendo interpretadas com sensações de calor, agitação e estimulação. São as cores derivadas do vermelho, amarelo e laranja.
Há ainda as cores temperadas, que estão na faixa de transição do espectro, entre os extremos de frio e quente, que variam de acordo com a quantidade de azul ou amarelo contida nos tons. [1] Disponível em: www.prnewswire.com/news-releases/study-natural-light-is-the-best-medicine-for-theoffice-300590905
2.6.4 Iluminação Natural Entendendo os efeitos básicos das cores na percepção humana, isso se soma aos fatores encontrados na biofilia, já que essas percepções são primeiramente obtidas através da visão. A iluminação natural tem papel fundamental nessa equação, uma vez que ela é responsável por reproduzir com a maior fidelidade os espectros de cor, resgatando também a percepção natural do ambiente. Pode-se dizer então que a luz natural é a radiação luminosa proveniente do sol estabelecida diretamente através dele e indiretamente através da reflexão da luz solar na abóbada celeste. (CHAVES, 2012)
A luz solar refletida pela abóbada celeste, juntamente com a luz direta do sol, formam o que se entende por iluminação natural. Essa luz refletida possui difusão numa área maior, porém com menor luminância em relação ao sol, tornando-a mais adequada ao se utilizar iluminação natural. (Mascaró, 1983 apud Chaves, 2020). A luz natural aproveitada no ambiente de trabalho apresenta vários benefícios. Uma pesquisa feita pela Universidade Cornell, nos Estados Unidos[1], constatou que 84% dos funcionários que trabalham em luz natural apresentam menos sintomas de cansaço visual, dores de cabeça e fadiga nos olhos, que geralmente são resultado do excesso de exposição à luz artificial de computadores e outros dispositivos. Além disso, a iluminação natural ajuda a regular o sono, o que contribui com a produtividade. Assim, a luz natural influencia no bem-estar dos usuários, auxiliando no ciclo biológico e no estado de humor das pessoas, o que leva a maiores níveis de satisfação. Os resultados físicos incluem melhor aptidão física, redução da pressão arterial, maior conforto e satisfação, menos sintomas de doença e melhoria da saúde. Os benefícios mentais variam de maior satisfação e motivação, menos estresse e ansiedade, a melhor resolução de problemas e criatividade. Mudança comportamental positiva inclui melhores habilidades de enfrentamento e domínio, maior atenção e concentração, melhor interação social e menos hostilidade e agressão. (KELLERT; CALABRESE, 2015, p. 8)
31
3. PROJETOS CORRELATOS
Fonte: freepik.com. Elaborado por Harryarts. Editado pelo autor.
32
3. PROJETOS CORRELATOS As referências de projeto foram definidas a partir das principais características tipológicas investigadas, observando como a espacialidade é gerada a partir da arquitetura e da disposição de mobiliários, a experiência do usuário, a dinâmica da setorização e sua relação entre os ambientes privativos e compartilhados e o uso de materiais, buscando propostas voltadas para a humanização e personalização dos ambientes de trabalho.
3.1 Edifício Corujas Ficha Técnica Autores: FGMF Arquitetos Localização: Vila Madalena, São Paulo Área: 6880m² Ano: 2014
O Edifício Corujas é um edifício de escritórios, destinado a oferecer um espaço humanizado para o trabalho. Está localizado na Vila Madalena, em São Paulo. Seus materiais de composição e setorização criam uma espacialidade que se diferencia do convencional em edifícios de escritórios, além de proporcionar uma experiência com foco no usuário, criando diversos ambientes integrados para o convívio. Em sua fachada, é possível observar a presença dos painéis vazados, posicionados diante de varandas, permitindo permeabilidade visual entre os ambientes, iluminação natural e ventilação para as áreas comuns internas, além de apresentarem um padrão de instalação variado, construindo um ritmo de aspecto espontâneo na fachada.
Figura 20 – Fachada do Edifício CORUJAS Fonte: www.archdaily.com. Acessado em 06/06/2021.
O edifício apresenta uma estrutura em concreto pré moldado, que se une aos painéis e guarda-corpo metálicos presentes no seu interior, conferindo leveza em seu aspecto, além de uma variedade de materiais que personaliza os ambientes. A presença dos mezaninos e varandas cria níveis de integração visual, que confergem para a área de convívio no térreo, formando um grande ambiente aberto que recebe uma iluminação natural comum, além de fornecer um interessante aspecto formal para a edificação. A vegetação nas áreas de convivência também é elemento de destaque no projeto. A variabialidade de espaços, se desenvolvendo a partir de um térreo comum, demarcados por diferentes materiais é um ponto marcante no partido desse projeto, que dá origem a todo o seu aspecto visual e funcional. 33
3.1 Edifício Corujas A planta segue o desenho do terreno, se desenvolvendo ao redor do vazio central que comunica os pavimentos. No entorno desse vazio estão presentes as circulações horizontais e as salas. Ao longo das circulações e espaços de convivência, é possível observar a presença recorrente de elementos de vegetação, compondo um espaço de característica mais natural, que rompe com o aspecto altamente urbano que é comum em edifícios corporativos.
Figura 22 – Planta Baixa do térreo do Edifício CORUJAS Fonte: www.archdaily.com. Acessado em 06/06/2021
Figura 21 – Interior do térreo do Edifício CORUJAS Fonte: www.archdaily.com. Acessado em 06/06/2021
Figura 23 – Planta Baixa do 1o pavimento do Edifício CORUJAS Fonte: www.archdaily.com. Acessado em 06/06/2021
34
CRITÉRIOS DE ANÁLISE ILUMINAÇÃO NATURAL VENTILAÇÃO NATURAL INTEGRAÇÃO ESPACIAL MATERIAIS PREDOMINANTES: Concreto, madeira, metais
Entrada de iluminação natural por teto translúcido Transparência e leveza nos paines metálicos Aberturas na volumetria do edifício criam diferentes planos
Figura 24 –Interior do Edifício CORUJAS Fonte: www.archdaily.com. Acessado em 06/06/2021
3.2 Empresa Utopic_US Ficha Técnica Autores: Izaskun Chinchilla Architects Área: 900m² Localização: Madri, Espanha Ano: 2016
UTOPIC_US é uma empresa criativa e jovem que se utiliza de um espaço em Madrid, e que procura fazer alusão a Tóquio e Nova York em sua linguagem formal, sobretudo no mobiliário. O Escritório Izaskun Chinchilla Architects buscava, nesse projeto, trazer “a surpresa e a interatividade para reforçar o vínculo entre desenho e usuário.” Figura 25: Fachada da empresa Utopic_US. Fonte: archdaily.com.br. Acessado em 06/06/2021
35
3.2 Empresa Utopic_US A empresa possui térreo + 1 pavimento. Em seu interior, há um vazio central que possibilita o contato visual entre os usuários do espaço. Esse vão interior é bastante amplo, com estações de trabalho em uma das laterais que não dispõem de divisórias entre si. Há também espaços na outra lateral que contam com vedações em esquadrias de vidro, possibilitando também a comunicação visual entre os ambientes. O projeto se propõe a se configurar como um espaço para as novas gerações através do incentivo ao empreendimento criativo. Possui elementos móveis e característicos, que podem ser movidos de local e marcar a funcionalidade do espaço.
Figura 27: Planta baixa do térreo da empresa Utopic_US. Fonte: archdaily.com.br. Acessado em 06/06/2021
Figura 26: Interior da empresa Utopic_US. Fonte: archdaily.com.br. Acessado em 06/06/2021
Figuras 28 e 29: Interior da empresa Utopic_US. Fonte: archdaily.com.br. Acessado em 06/06/2021
36
3.2 Empresa Utopic_US O mobiliário é um importante elemento para esse projeto, tendo sido projetado de acordo com o local. Esses equipamentos receberam uma caracterização própria, feitos com a possibilidade de serem transportados entre os ambientes através de rodas em seus apoios. A maior parte do mobiliário é fruto da reforma de outros equipamentos como camas e mesas, no intuito de expressar um incentivo à criatividade dos usuários.
CRITÉRIOS DE ANÁLISE ILUMINAÇÃO NATURAL VENTILAÇÃO NATURAL INTEGRAÇÃO ESPACIAL
Figura 30: Interior da empresa Utopic_US. Fonte: archdaily.com.br. Acessado em 06/06/2021
MATERIAIS PREDOMINANTES: Concreto, madeira, metais Aspectos principais Integração entre descontração e trabalho Setorização definida por layout Espaço livre para eventos/ apresentações Transparência entre atividades Estações de trabalho móveis e customizadas Espaços de circulação dinâmicos Permeabilidade visual entre pavimentos Figura 31: Interior da empresa Utopic_US. Fonte: archdaily.com.br. Acessado em 06/06/2021
37
3.3 Espaço SouBH Ficha Técnica Autores: Óbvio Arquitetura Localização: Belo Horizonte, MG Ano: 2019
combinada com revestimentos de cores sóbrias nas paredes e outros elementos verticais, trazendo um aspecto contemporâneo que tende à sobriedade, com variedade nos detalhes.
O Espaço Sou BH é um coworking que ocupa um dos pisos do Shopping Pátio Savassi, em Belo Horizonte-MG. Apresenta uma disposição linear, se organizando como um único pátio onde diferentes usos se integram, como o balcão de refeições e as mesas da área de trabalho. Conta com iluminação e ventilação artificiais. Possui permeabilidade visual, tanto para com o exterior quanto em sua configuração interna. No centro do espaço, há a presença de um elemento vazado, que delimita os espaços entre a área de trabalho coletivo e uma área de estar e refeições. Apesar da delimitação, esse elemento apresenta uma transparência entre esses ambientes, além de possuir um apelo estético que marca o local, permitindo seu reconhecimento até mesmo a partir do exterior do espaço A estética interna se destaca na iluminação e nos revestimentos, que seguem tendências de um modelo industrial contemporâneo. A textura de madeira do piso se apresenta de maneira predominante,
Figura 33: Espaço SouBH. Fonte: obvio.arq.br/soubh
Figura 34: Espaço SouBH. Fonte: obvio.arq.br/soubh
CRITÉRIOS DE ANÁLISE ILUMINAÇÃO NATURAL VENTILAÇÃO NATURAL INTEGRAÇÃO ESPACIAL
Figura 32: Espaço SouBH. Fonte: obvio.arq.br/soubh
Figura 35: Espaço SouBH. Fonte: obvio.arq.br/soubh
MATERIAIS PREDOMINANTES: Madeira, metais 38
4. CONTEXTO ESPACIAL
Fonte: freepik.com. Elaborado por Harryarts. Editado pelo autor.
39
4. CONTEXTO ESPACIAL
instituições de ensino superior da cidade. Com isso, foi observada a presença de público em potencial, em geral universitários e recémingressos no mercado de trabalho, com necessidades voltadas para a inovação e tecnologia. Como resultado, o terreno escolhido é localizado na Rua Empresário João Rodrigues Alves, que compõe a Zona Axial dos Bancários, no Bairro do Jardim São Paulo, na cidade de João Pessoa, Estado da Paraíba - Brasil. Esse local é popularmente atribuído ao bairro dos Bancários, cuja fronteira se encontra nessa avenida, que constitui um importante eixo de deslocamento na zona sul da cidade. O terreno se encontra desocupado, juntamente com outros dois terrenos ao fundo, formando um vazio numa malha urbana de grande ocupação do solo e com grande potencial de utilização.
4.1 Terreno
Para a realização do anteprojeto buscou-se uma localização de alta densidade populacional na cidade de João Pessoa, integrado a um sistema viário com linhas de ônibus, e sendo de acesso estratégico dentro da malha urbana da cidade. O conjunto de bairros dos Bancários e Jardim São Paulo possuem grande diversidade de usos, contando com restaurantes, escolas, estabelecimentos comerciais e conjuntos residenciais, além da proximidade com duas importantes
Estado da Paraíba
Cidade de João Pessoa
200m
Bairro Jardim São Paulo
Figura 36 – Localização do Projeto. Fonte: Elaborado pelo autor.
Figura 37 – Aproximação do Lote do Projeto. Fonte: Elaborado pelo autor.
40
4.1 Terreno 4.1.1 Entorno e Fluxos de Transporte Público No entorno imediato, podemos observar o perfil da ocupação dos lotes, enquanto conjunto construído e volumetrias. Observa-se também o traçado das ruas e a inserção do lote nesse contexto. Para uma observação dos acessos, foi realizado o mapeamento das paradas de transporte público próximas e sentido das vias. Em frente ao lote do projeto, observamos a presença de uma parada de ônibus em cada lado da via (Rua Empresário João Rodrigues), que mantém importante integração à malha de transportes do bairro e facilita o acesso ao local. Essa via constitui uma importante Zona Axial, sendo responsável pelo escoamento do trânsito do bairro dos Bancários e dos bairros próximos, em ambos os sentidos. Figura 39 – Vista frontal do terreno. Fonte: Google Street View, 2021
Figura 38 – Mapa de Fluxos e paradas de Transporte público. Fonte: Dados do JampaBus. Elaborado pelo autor.
Figura 40 – Vista aérea do entorno do lote. Fonte: Google Earth, 2021
41
4.1 Terreno 4.1.2 Legislação
De acordo com o zoneamento da cidade de João Pessoa, o lote se situa na ZA5 (Zona Axial Bancários). O uso atribuído é o de Serviço de Bairro (SB), caracterizado no código de Urbanismo da cidade de João Pessoa.
Segundo o Código de Urbanismo, o uso de Serviço de Bairro deve atender requisitos específicos, listados a seguir:
USO ÁREA MÍNIMA DO LOTE FRENTE MINIMA DO LOTE TAXA DE OCUPAÇÃO ALTURA MÁXIMA FRENTE LATERAL POSTERIOR
SB 450m² 15m 70% 3 pavimentos 5m 2m 2m
DADOS DO TERRENO ÁREA: 885,07m² TOPOGRAFIA: PLANA FACE NORTE: 30,15m FACE LESTE: 30,19m FACE SUL: 29,63m FACE OESTE: 28,60m Figura 41 – Mapa de Zoneamento Fonte: Código de urbanismo de João Pessoa (2021), recorte feito pelo autor.
Figura 42 – Diagrama representativo do terreno. Fonte: Elaborado pelo autor.
42
4.1.3 Mapa de Uso e Ocupação
Com a finalidade de observar o perfil dos edifícios da região, foi traçado o mapa de Uso e Ocupação do solo do entorno do terreno, considerando um raio de 200 metros, que delimita uma distância de trajeto caminhável.
As categorias de uso encontradas no entorno são: residencial, comercial (que incluem restaurantes e lojas), usos mistos, serviços (com predominância de farmácias), institucional, vazios e áreas verdes. Pode-se destacar que há grande presença de lotes residenciais (60%) nas ruas adjacentes e de menor porte, e uma certa concentração de comércios (22%) na Rua Empresário João Rodrigues Alves, que é a via axial onde se localiza o terreno do projeto.
LEGENDA
Figura 43 – Mapa de Uso e Ocupação do Solo. Fonte: Elaborado pelo autor.
Residencial Comercial Uso Misto Serviços Institucional Vazios Áreas verdes Terreno do Projeto
Figura 44 – Gráfico de Uso e Ocupação do Solo Fonte: Elaborado pelo autor.
43
4.1.4 Mapa de Gabarito Com objetivo de se traçar um perfil da altura dos edifícios do entorno do terreno do projeto, foi elaborado o mapa de gabaritos, dentro do raio de 200m previamente traçado. No contexto do entorno, há predominância de edificações térreas (37%), com certa distribuição entre edifícios de 2 a 4 pavimentos, que somados totalizam 45% dos edifícios da área, formando um gabarito majoritariamente de médio porte.
Com essa observação, é possível considerar o impacto visual do edifício do projeto na paisagem urbana, em comparação com edifícios próximos, bem como a interferência dos gabaritos vizinhos na atuação da ventilação e iluminação sobre o edifício.
LEGENDA Térreo Térreo+1 Térreo+2 Térreo+3 Térreo+4 ou superior Vazios Terreno do projeto Figura 45 – Mapa de Uso e Ocupação do Solo. Fonte: Elaborado pelo autor.
Figura 46 – Gráfico de Uso e Ocupação do Solo Fonte: Elaborado pelo autor.
44
4.2 Condicionantes Naturais Fachada Sudeste
Fachada Nordeste
4.2.1 Insolação Para a realização do anteprojeto em observância aos condicionantes naturais, foi realizado o estudo da incidência solar e da ventilação sobre o terreno, que foram determinantes para as estratégias projetuais da setorização e composição, com a finalidade de otimizar o conforto térmico da edificação. O lote é posicionado com uma certa angulação em relação ao Norte, devido ao desenho da malha urbana do local. Com isso, os efeitos de insolação são percebidos na simulação. Através da carta solar da cidade de João Pessoa, foi realizada a sua sobreposição com o terreno do projeto, analisando cada facahda individualmente. Foi possível verificar as horas de exposição à luz direta do sol de cada fachada, em cada época do ano. A Fachada Sudeste é uma das laterais do lote e recebe luz solar direta das 6 às 11h, em todas as épocas do ano e das 6 às 13h de dezembro a fevereiro. A Fachada Nordeste, que é a frontal do lote e faz margem à rua Empresário João Rodrigues Alves, recebe luz solar direta das 6 às 12h, de abril até agosto. A Fachada Noroeste (lateral) recebe luz solar direta das 13h até o pôr-do-sol, em todas as épocas do ano. A Fachada Sudoeste (posterior) recebe luz solar direta das 13h até o pôr-do-sol, de outubro até fevereiro.
Fachada Noroeste
Fachada Sudoeste
Figura 47 – Análise da carta solar. Fonte: Elaborado pelo autor.
45
4.2 Condicionantes Naturais
4.2.2 Ventilação
Em observância à ventilação em sua orientação predominante, o projeto foi moldado com grandes aberturas e varandas na s Fachadas Sudeste e Nordeste. A presença do vazio central estabelece uma continuação interna para esse fluxo de ventos, levando essa ventilação através dos ambientes internos, que contam com vedações internas parciais.
Para a simulação, foram analisadas as fachadas nos Solstícios, pela manhã e à tarde, para se observar os extremos da posição do Sol nessa localidade. Em complemento às análises das fachadas em função da carta solar, as simulações tridimensionais, realizadas através do software Sketchup, com o plugin Curic Sun revelam a posição da incidência do sol nessas datas específicas. No Solstício de Verão pela manhã, observamos a incidência solar com mais ênfase na fachada Sudeste, enquanto no Inverno pelo mesmo horário são atingidas tanto a Sudeste quanto a Nordeste.
Solstício de Verão (10h)
Solstício de Inverno (10h)
Figura 48 – Análise solar em perspectiva. Fonte: Elaborado pelo autor.
Solstício de Verão (16h)
Solstício de Inverno (16h)
Figura 49 – Análise das condicionantes naturais Fonte: Elaborado pelo autor.
Figura 50 – Diagrama da ventilação no edifício. Fonte: Elaborado pelo autor.
46
5. PROJETO
Fonte: freepik.com. Elaborado por Harryarts. Editado pelo autor.
47
5. PROJETO 5.1 Conceito A partir da compreensão das necessidades e expectativas, que fomentam a composição de um edifício de coworking, tornase possível traçar o panorama das necessidades dos ambientes de trabalho atual, onde se faz necessária maior interação entre diversas áreas profissionais, otimização da atividade profissional e preocupação com a saúde ao longo do tempo diário de trabalho, bem como de atividades de lazer no mesmo espaço. Assim, o conceito do projeto nasce com a proposta de trazer ambientes mais humanizados, atendendo às necessidades de saúde mental e de atividade laboral dos usuários. Dessa forma, o projeto apresenta elementos com o intuito de proporcionar ambientes onde as atividades possam ser otimizadas através da composição espacial, possibilitando a multidisciplinaridade e a integração, bem como prover ao usuário segurança e bem-estar ao longo da sua jornada de trabalho. A otimização de atividades envolve a organização dos espaços, possibilitando o fluxo das pessoas entre suas funções. Esse pensamento traz consigo os conceitos da flexibilidade, da proximidade e da integração.
A flexibilidade pode ser entendida como a propriedade do espaço se reorganizar de acordo com a demanda dos usuários. A proximidade está relacionada com estratégias de separação ou união entre atividades de acordo com a sua similaridade, organizando espaços de forma a estabelecer uma coerência de usos. Já a integração tem a ver com a possibilidade que o espaço oferece de se unir a outros espaços, possibilitando também um maior nível de interação entre as pessoas. Além disso, o projeto busca expressar formalmente sua adequação ao contexto contemporâneo em termos de estrutura e forma. Com base nos termos conceituais, procurou-se extrair uma característica em comum, que representasse uma síntese desse conceito, para nomear o edifício.
Humanização Integração
Flexibilidade
Proximidade
Figura 51: Conceitos. Fonte: Elaborado pelo autor. [1] Disponível em: www.collinsdictionary.com/pt/dictionary/english/hub
Figura 52: Síntese dos conceitos. Fonte: Elaborado pelo autor.
Todos os termos apontam para algum tipo de ação que incita uma mudança de posição, um movimento. Como aplicação desse conceito, o edifício foi intitulado Mobilis Hub, com mobilis sendo o termo latim para “móvel” e Hub[1], traduzido do inglês como eixo ou cubo,
48
é um termo ligado à informática, sendo um equipamento capaz de conectar computadores em uma rede para compartilhar informações entre si. No mundo corportativo, esse termo foi incorporado para denominar locais de certa importância ou referência em uma determinada atividade ou ainda, lugares com concentração de inovação e disseminação de novas ideias ou informações, através do compartilhamento direto entre as pessoas.
5.2 Diretrizes de projeto As diretrizes que norteiam o projeto buscam propor a criação de ambientes com objetivo de solucionar os problemas dos ambientes de trabalho previamente apontados, e partem do olhar para a funcionalidade dos espaços e seus efeitos no comportamento dos usuários. São orientadas com base na escala do ambiente e na escala do mobiliário, com especificidades na aplicação desses aspectos. A partir dos termos conceituais, se estabelecem ações específicas para suas aplicações, respectivamente: - Projetar espaços que promovam a saúde mental; - Propor espaços com usos integrados entre si; - Permitir a transformação dos espaços de acordo com a demanda; - Explorar a relação de distância e conexão entre diversas atividades;
5.3 Público Alvo Pensando na concepção do projeto, torna-se fundamental destinar os espaços para o uso de públicos específicos. As profissões criativas são as que mais se identificam com os espaços de coworking, devido à própria necessidade de seu trabalho. No entanto, a configuração do espaço permite a atuação de diversas outras áreas. De acordo com o censo de 2019 do Coworking Brasil, 88% dos espaços de coworking são multidisciplinares, 4% são destinados à indústria criativa, 3% para as áreas de TI e 5% a outros públicos. Com isso, optou-se por conceber um espaço que atenda às demandas de
algumas profissões de tendência atual, que necessitam de contínua atualização através de sistemas e ferramentas digitais, de acordo com sua atuação no contexto contemporâneo, citadas a seguir: Arquitetos, engenheiros e designers
Fotógrafos
Profissionais de TI
Produtores de Mídia Digital
Figura 53: Profissões público-alvo. Fonte: Elaborado pelo autor.
Para atender essas profissões, foram designados alguns espaços no programa do edifício. Foram inseridos uma sala de plotagem e impressões em geral, estúdios de fotografia, e uma sala de informática, que já dispõe de equipamentos de computador fornecidos pelo coworking. Os demais ambientes podem ter apropriados por essas profissões de acordo com a necessidade.
49
5.3 Programa de Necessidades Para o programa, foram identificados os usos essenciais e organizados em setores. A distribuição se deu de acordo com demandas gerais de uso e características recorrentes. Para o setor corporativo do coworking, foram inseridos ambientes especializados para profissões criativas como Arquitetos, engenheiros e designers Fotógrafos, Profissionais de TI e Produtores de mídia digital. Suas funções são voltadas para essas profissões, podendo também serem utilizadas por qualquer usuário. O programa de necessidades se baseia na divisão de setores de acordo com suas características de uso, a saber:
Tabela 1: Setorização. Fonte: Elaborado pelo autor.
50
Fluxograma Térreo ACESSO PRINCIPAL ESTACIONAMENTO SUBSOLO
Área Alimentação Externa
Recepção
Café / Área de Alimentação
Banheiros
Vestiários e Estar Funcionários
Auditório
CIRCULAÇÃO VERTICAL
Circulação Horizontal
Área de Mesas livres
Varandas
1º Pavimento Banheiros
Sala de Impressão
Circulação Horizontal
Salas de reunião individual
Área de Mesas livres
Salas coletivas
Varandas
2º Pavimento Banheiros
Sala de Reunião
Circulação Horizontal
Área de Mesas livres
Sala de Reunião
Salas de Empresas
3º Pavimento Banheiros
Cobertura
Sala flexível
Lounge Banheiro
Sala de Informática
Estúdios de fotografia
Varandas
Lanchonete Figura 54: Fluxograma. Fonte: Elaborado pelo autor.
51
5.4 Setorização Considerando a orientação do lote, optou-se por alocar as circulações e banheiros para o lado esquerdo, que é a Fachada Oeste, e o espaço aberto de descontração para o Leste (2). Assim, a ventilação predominante também pode ser captada por essa fachada e conduzi-la ao interior do edifício.
Para os pavimentos superiores, as salas do setor corporativo (5) foram posicionadas nas porções sul e leste da planta. Nessa última, é rodeada pelas áreas livres das varandas, que permitem a captação de ventilação. Possui ainda, um vazio central que contribui para a iluminação e ventilação naturais.
Térreo
Pavimento-tipo ACESSO ACESSO
4
1 SETOR SOCIAL 2 SETOR DE DESCONTRAÇÃO 3 SETOR DE APOIO
1
4 CIRCULAÇÃO VERTICAL 5 SETOR CORPORATIVO
4
1
2
2 3
5
Figura 55: Setorização. Fonte: Elaborado pelo autor.
52
5.5 Partido Arquitetônico A área do terreno resultou numa proposta de projeto verticalizada, respeitando o limite de Térreo + 3 pavimentos, determinado conforme a legislação do Código de Urbanismo de João Pessoa. O formato do lote exerceu influência para a criação de uma forma cúbica para o edifício, que moldou suas aberturas, varandas, vazios e circulações em virtude das condicionantes climáticas. Foram definidos os afastamentos laterais, a partir dos recuos mínimos previamente estabelecidos no Código de Urbanismo de João Pessoa. Limites
Estudo Volumétrico inicial
O recuo frontal foi mantido com os 5 metros da legislação. O recuo lateral da Fachada Noroeste foi ampliado, para comportar a rampa de acesso ao subsolo, contando com 5 metros. O recuo lateral Sudeste também foi ampliado para dar espaço a uma área livre com mesas, totalizando 5,28 metros. O recuo posterior foi mantido conforme determina a legislação, com 2 metros.
A forma foi produzida a partir do estudo inicial da setorização. O afastamento do limite do recuo da fachada Leste permite captação de ventilação e varandas em balanço, com permeabilidade visual para um passeio lateral no térreo.
Figura 56: Limites. Fonte: Elaborado pelo autor.
Figura 57: Volume. Fonte: Elaborado pelo autor.
Circulação Vertical
Circulação Horizontal
A circulação vertical foi concentrada na fachada Noroeste, com escadas e elevadores, sendo um elemento decisivo nas fachadas.
As varandas circundam as fachadas Nordeste e Sudeste, criando conexões visuais e permitindo abertura do projeto como um todo.
Figura 58: Circulação. Fonte: Elaborado pelo autor.
Figura 59: Circulação horizontal Fonte: Elaborado pelo autor.
53
5.5 Partido Arquitetônico Estudo Volumétrico com setorização
Elementos verdes
A setorização, em sua repercussão tridimensional. A partir do primeiro pavimento, a disposição setorial se repete, apresentando diferenças apenas no tipo das salas, de acordo com seus usos e as divisórias implementadas. O setor de apoio está presente em todos os pavimentos, para garantir o acesso a banheiros. A presença de áreas sociais e de descontração em todos os pavimentos permitem a dinamicidade de usos de acordo com a necessidade ao longo das jornadas de trabalho.
Foi incorporada vegetação na área ao ar livre do térreo, para criar um microclima e fornecer sombreamento para os usuários nesse local, incentivando a permanência e favorecendo a ventilação proveniente da orientação dessa fachada (Sudeste). Além disso, foi prevista a presença de uma parede verde em todo o vazio central, a partir do primeiro pavimento. Essa estratégia foi adotada como meio de criar uma ambiência biofílica que contemplasse os pavimentos a partir de uma unidade projetual, resultando também em um elemento posicionado como ponto focal das circulações centrais do edifício.
Figura 60: Setorização. Fonte: Elaborado pelo autor.
Figura 61: Elementos verdes Fonte: Elaborado pelo autor.
54
5.5 Partido Arquitetônico Elementos de fachada e cobertura O volume da circulação vertical foi deslocado para trás em relação ao conjunto construído, para estabelecer o acesso interno a essa circulação de forma menos exposta à entrada principal. Com esse movimento, a área interna foi otimizada, resultando em um melhor dimensionamento dos espaços adjacentes. Esse movimento criou um detalhe de profundidade à fachada, contribuindo com o conjunto volumétrico e otimizou a área dos ambientes internos. Também diminuiu a área de superfíce exposta diretamente à luz solar da orientação poente.
Figura 62: Diagrama da modelagem. Fonte: Elaborado pelo autor.
A caixa de escada recebeu ainda um elemento de alvenaria, desde o térreo à cobertura, formando um novo tipo de coberta para a parte superior do conjunto, que dá acesso a uma nova área na cobertura do edifício. Esse elemento, ainda, serve como invólucro para esse bloco, criando unidade na sua forma e demarcando essa região na fachada. A porção frontal da coberta recebeu uma área de mesas e um restaurante, que pode ser acesso pelos usuários do coworking em horários de descanso do trabalho ou ao fim do expediente, gerando mais uma oportunidade de encontro para a comunidade.
Figura 63: Elementos da fachada. Fonte: Elaborado pelo autor.
55
Aberturas e Brises Desde a setorização, as salas no setor corporativo foram posicionadas nas fachadas Sudeste e Sudoeste, para aproveitar a ventilação predominante proveniente dessa orientação. Com isso, foram implementadas as maiores aberturas na Fachada Sudeste, sendo compostas por panos de vidro com abertura no sistema europeu. Para complementar a composição das fachadas, foram implementados brises fixos verticais em algumas porções das varandas. Apesar do formato vertical ser indicado para fachadas leste e oeste, o conjunto foi utilizado em todas fachadas, para trazer unidade e criar um invólucro para as áreas livres do edifício, permitindo a passagem de ventilação e tornando os ambientes de circulação mais reservados. Os brises especificados são da marca Hunter Douglas, e consistem de painéis metálicos de alta resistência, aplicavéis para proteção solar e acabamentos estéticos na fachada, de maneira horizontal ou vertical. Possuem geometria retangular e a linha Fins conta com três espessuras (25 - 50 - 75mm) e comprimento máximo de 4 metros. Para serem elementos expressivos na fachada, foi selecionada a espessura de 75mm, e comprimento de 3,70 metros para cobrir o pé direito da edificação e se fixar externamente à fachada. Segundo o fabricante, é composto por “células estruturais em alumínio (honeycomb) em seu interior, oferece uma incrível planicidade, alta rigidez, estrutural e ótimo desempenho a forças do vento, permitindo distâncias de apoio apenas nas suas extremidades.”
Figura 66: Aberturas. Fonte: Elaborado pelo autor.
Figura 67: Inserção dos brises. Fonte: Elaborado pelo autor. Figuras 64 e 65: Detalhes do brise. Fonte: Hunter Douglas.
56
Estrutura A estrutura adotada para o projeto é a estrutura metálica, por permitir maiores vãos em comparação à estrutura de concreto, fazendo uso de seções menores para vigas e pilares, além de serem mais esbeltas e transmitirem visualmente leveza em seu aspecto formal. Também possui facilidade de se adequar a diversos tipos de fechamento, como alvenaria, drywall e placas cimentícias. Para a estrutura metálica, supõem-se vãos entre 6 e 8 metros em edifícios. Para o projeto, optou-se por vãos predominantes de 7,5 metros, considerando o espaçamento das vagas de estacionamento no subsolo. Com base nessas informações e nas necessidades do projeto, foram seguidas as recomendações baseadas nos gráficos de Yopannan Rebello para o pré-dimensionamento das vigas e dos pilares.
de 15cm. Recebe ainda uma camada de concreto para regularização do piso. As vedações adotadas são de alvenaria no fechamento externo e interno, e painéis vazados.
Figura 70: Malha estrutural do projeto. Fonte: Elaborado pelo autor.
Figuras 68 e 69: Gráficos de prédimensionamento de estruturas de aço. Fonte: Rebello, 2007.
Assim, os pilares de aço foram empregados com largura de 21 cm, para 6 andares (contabilizando subsolo, 4 pavimentos e coberta). As vigas adotadas considerando o maior vão de 7,5m possuem 40 cm de altura. Para as lajes, a laje protendida alveolar possui capacidade de vencer maiores vãos, com painéis que podem chegar a 20 metros e, segundo Rebello (2007, p.115), podem dispensar o uso de vigas secundárias na estrutura metálica, se apoiando somente nas vigas principais. É bastante utilizada em edifícios comerciais e possui altura entre 10 e 30 centímetros. Para esse projeto, foi considerada espessura
Figura 71: Malha estrutural do projeto. Fonte: Elaborado pelo autor.
57
5.5 Partido Arquitetônico
Os ambientes de trabalho foram projetados seguindo as diretrizes que norteiam as intenções do projeto. Cada tipo de ambiente possui tipos de atividades diferentes entre si e possui layout focado nessas atividades, sem dispensar a flexibilidade prevista nas diretrizes. Além disso, os ambientes foram distribuídos entre os pavimentos considerando características de coletividade e individualidade, devido a possibilidade de ruído oriundo dos usos coletivos, com salas de uso compartilhado no primeiro e segundo pavimentos, enquanto as salas mais restritas, como as que abrigam empresas foram situadas no terceiro pavimento. Sala coletiva: Apresenta grupos de estações de trabalho coletivas, para vários usuários trabalharem de forma individual e colaborativa. Essa modalidade é destinada para usuários que buscam um modo de trabalho em contato constante com outras pessoas. Permite variações na organização de mobiliário para se adaptar às necessidades de trabalhos específicos.
Sala de reunião individual: Possui mesa de reunião para 3-4 pessoas, com acesso a TV para apresentações.
Fonte: freepik.com
Estúdio de fotografia: Sala com área de produção fotográfica, duas estações de trabalho com computador e copa.
Sala lobby+trabalho: focada em pequenas equipes que visam realizar trabalhos de longa jornada, equipada com 6 estações de trabalho, copa e área de estar com TV.
Sala de reunião executiva: Sala com capacidade para 8 pessoas em uma mesa de reunião com pontos de tomada, acesso a TV para apresentações e copa. Área de estações livres: Locais com estações que permitem acesso rápido ao trabalho, a partir de mesas localizadas próximo a circulações, integradas com as varandas dos pavimentos.
Sala de informática: Sala previamente equipada para oferecer o serviço de uso de computadores, para usuários individuais ou grupos de trabalho rápido.
Sala de empresa: destinadas a atender grupos empreendedores que buscam locais de longa permanência, geralmente períodos de 1-6 meses 58
5.5 Partido Arquitetônico Para colaborar com a identidade visual do projeto, foi elaborado um logotipo, inspirado no partido formal do edifício. A composição foi criada a partir da combinação dos elementos marcantes da fachada, o ripado e a alvenaria que destaca o volume da escada. O formato prismático da logo faz alusão à malha metálica estruturada por formas hexagonais, que gera também a impressão de um cubo em perspectiva, tal qual o formato geral do edifício.
Figura 72: Processo de criação do Logotipo do edifício. Fonte: Elaborado pelo autor.
59
5.5 Partido Arquitetônico Os ambientes foram organizados por pavimento com diferentes focos em relação às atividades dos espaços internos. Em todos os andares, foram previstas áreas de mesas livres próximas à circulação para explorar a integração e interrelação com as salas vizinhas e com os pavimentos adjacentes, através do vazio central. Além disso, essas áreas de mesas situam-se próximas às varandas, permitindo contato com uma visão externa do edifício, que ainda mantém a sua privacidade através da presença dos brises da fachada, que compõem um fechamento para o edifício.
A cobertura se configura como mais um ponto de encontro no edifício, oferecendo um ambiente de lounge aberto, podendo ser utilizado em intervados ou finais de expediente dos usuários. O primeiro andar concentra a maior parte de espaços de trabalho coletivos, em proximidade para com o térreo. O térreo foi destinado a recepção, controle de acessos e a promover o encontro entre os usuários, através da área interna e externa na lateral.
No terceiro andar se situam as salas destinadas para as empresas, se configurando como espaços mais reservados. O segundo andar reúne os estúdios especializados e salas de ocupação flexível
O acesso para veículos é feito por intermédio do estacionamento no subsolo
Figura 73: Perspectiva isométrica do edifício. Fonte: Elaborado pelo autor.
Nota: As representações do projeto se encontram no caderno de desenhos técnicos, com todas as medidas, indicações e escala 1:100
60
Figura 74: Imagem diurna do edifício. Fonte: Elaborado pelo autor.
61
5.5 Partido Arquitetônico
B
No subsolo, foram acomodadas 28 vagas de estacionamento, sendo 18 destinadas para carros e as demais para motos. A partir desse pavimento, é possível acessar as circulações verticais que dão acesso aos demais andares do edifício.
D
Subsolo
LIMITE DO TERRENO
22
21
20
19
18
17
16
28
20,00 %
27
26
25
24
23
18
17
16
15
14
13
12
11
10
9
C
C
1
Sobe
2
3
4
5
6
7
8
18E(0,17) 17P(0,30)
15
Desce
14
A
A
ESTACIONAMENTO A: 681,02 m2
1
12
PROJ. GRELHA DE VENTILAÇÃO
13
-3,00
2
3
4
5
PROJ. GRELHA DE VENTILAÇÃO 6 7
8
9
Figura 75: Perspectiva isométrica do subsolo. Fonte: Elaborado pelo autor.
11
D
B
LIMITE DO TERRENO
1
Nota: As representações do projeto se encontram no caderno de desenhos técnicos, com todas as medidas, indicações e escala 1:100
10
PLANTA BAIXA - SUBSOLO 1:200
N
62
5.5 Partido Arquitetônico
B
No pavimento térreo, se situa a recepção do edifício, realizada através de um balcão central, próximo à entrada. Também dispõe de um estabelecimento de café e lanches que serve às mesas dispostas no pavimento, como um grande espaço de descontração. Ainda nesse pavimento se encontram um auditório, com esquadrias que permitem o isolamento acústico e também a sua abertura para apresentações de maior escala, possibilitando a integração de toda a área social do pavimento térreo. Além desses ambientes principais, conta com as circulações verticais, banheiros, vestiários e um espaço de estar para funcionários, que também é utilizado como centro de administração do edifício.
D
Pavimento Térreo
±0,00
R. EMPRESÁRIO JOÃO RODRIGUES ALVES
PASSEIO PÚBLICO +0,05
ACESSO VEÍCULOS 2
BAIA DESEMBARQUE RÁPIDO
1
ACESSO PRINCIPAL
CENTRAL LIXO
+0,10
PROJ. MARQUISE ±0,00
VAGA PNE
VAGA
ESCADA A: 16,69 m2
Desce
A
C
1
2
3
Sobe
4
5
6
7
8
9
10
20E(0,18) 19P(0,30)
CAFÉ A: 31,61 m2
PROJ. VARANDAS
20
19
18
17
16
15
14
13
12
11
C
Ref.
20,00 %
±0,00
HALL ELEVADORES A: 17,01 m2
A
RECEPÇÃO A: 12,25 m2 PÁTIO DE ALIMENTAÇÃO A: 205,46 m2 +0,15
WC F A: 9,69 m2
ÁREA DE ALIMENTAÇÃO EXTERNA A: 103,27 m2 +0,13
WC PNE A: 2,55 m2
VESTIÁRIO F A: 14,95 m2
ESTAR FUNC. A: 15,46 m2
AUDITÓRIO A: 56,44 m2
Figura 76: Perspectiva isométrica do térreo. Fonte: Elaborado pelo autor.
2
Nota: As representações do projeto se encontram no caderno de desenhos técnicos, com todas as medidas, indicações e escala 1:100
PLANTA BAIXA - TÉRREO 1:200
D
B
VESTIÁRIO M A: 13,25 m2
PROJ. VARANDAS
PROJ. VAZIO CENTRAL
WC M A: 9,69 m2
N
63
Figura 77: Recepção e pátio. Fonte: Elaborado pelo autor.
64
Figura 78: Recepção. Fonte: Elaborado pelo autor.
65
Figura 79: Área de alimentação externa. Fonte: Elaborado pelo autor.
66
B
No primeiro pavimento, encontra-se a Sala de Impressão, duas salas de reunião individual, duas salas coletivas e áreas de estações livres. Nesse nível, foram posicionados os usos com maior potencial de ruído, como no caso das salas coletivas. A sala de plotagem e de reunião individual fazem parte desse pavimento com o intuito de facilitar o seu acesso a partir do térreo, uma vez que são ambientes de permanência por curto período.
D
5.5 Partido Arquitetônico
VARANDAS A: 63,45 m2 20,00 %
+3,65
20
19
18
17
16
15
14
13
12
11
C
C
Desce
HALL ELEVADORES A: 16,58 m2
1
2
Sobe
3
4
5
6
7
8
9
10
20E(0,18 20E(0,18) m) 19P(0,30 19P(0,30) m)
ÁREA DE MESAS LIVRES A: 70,73 m2
A
A
WORKSPACE COLETIVO A: 44,51 m2
WC F A: 9,69 m2 WC PNE A: 2,55 m2 WC M A: 9,69 m2 CIRCULAÇÃO A: 49,66 m2 +3,65
SALA DE PLOTAGEM A: 27,99 m2
WORKSPACE COLETIVO A: 37,71 m2
Figura 80: Perspectiva isométrica do primeiro pavimento. Fonte: Elaborado pelo autor.
Nota: As representações do projeto se encontram no caderno de desenhos técnicos, com todas as medidas, indicações e escala 1:100
3
PLANTA - 1o PAVIMENTO 1:200
SALA DE REUNIÃO INDIVIDUAL A: 14,33 m2
D
B
SALA DE REUNIÃO INDIVIDUAL A: 14,34 m2
N
67
Figura 81: Área de Mesas Livres e Varandas. Fonte: Elaborado pelo autor.
68
Figura 82: Workspace Coletivo. Fonte: Elaborado pelo autor.
69
B
No segundo pavimento, estão localizados a primeira sala de reunião executiva, uma sala flexível, uma sala de informática, dois estúdios de fotografia e áreas de estações livres.
D
5.5 Partido Arquitetônico
20,00 %
VARANDAS A: 63,31 m2
ÁREA DE MESAS LIVRES A: 71,60 m2
20
19
18
17
16
15
14
13
12
11
C
Desce
C
1
2
Sobe
3
4
5
6
7
8
9
10
20E(0,18 m) 19P(0,30 m)
+7,15
HALL ELEVADORES A: 16,58 m2
A
A
ESTÚDIOS DE FOTOGRAFIA A: 44,28 m2
WC F A: 9,69 m2 WC PNE A: 2,55 m2 WC M A: 9,69 m2 CIRCULAÇÃO A: 48,34 m2 +7,15
SALA DE REUNIÃO EXECUTIVA A: 27,94 m2
SALA DE INFORMÁTICA A: 37,66 m2
SALA FLEXÍVEL A: 29,14 m2
Figura 83: Perspectiva isométrica do segundo pavimento. Fonte: Elaborado pelo autor.
Nota: As representações do projeto se encontram no caderno de desenhos técnicos, com todas as medidas, indicações e escala 1:100
4
D
B
+7,15
PLANTA BAIXA - 2o PAVIMENTO 1:200
N
70
Figura 84: Varanda. Fonte: Elaborado pelo autor.
71
Figura 85: Sala de empresa, 3o pavimento Fonte: Elaborado pelo autor.
72
D
B
5.5 Partido Arquitetônico No terceiro pavimento, estão situados a segunda sala de reunião executiva, três salas de empresas e áreas de estações livres. Nesse nível foram concentradas as salas de empresas, onde há menor potencial de ruído, devido a distância para com o pavimento térreo, onde se concentra a maior área de descontração do edifício. 20,00 %
VARANDAS A: 66,85 m2 +10,65
ÁREA DE MESAS LIVRES A: 54,14 m2
20
19
18
17
16
15
14
13
12
11
C
Desce
1
2
Sobe
3
4
5
6
7
8
9
10
20E(0,18 m) 19P(0,30 m)
C
HALL ELEVADORES A: 17,09 m2
A
A
WC F A: 9,69 m2 WC PNE A: 2,55 m2 WC M A: 9,69 m2
SALA DE EMPRESA 3 A: 43,44 m2
CIRCULAÇÃO A: 69,33 m2 +10,65
5
SALA DE EMPRESA 2 A: 36,55 m2
SALA DE EMPRESA 1 A: 29,15 m2
D
B
SALA DE REUNIÃO EXECUTIVA A: 27,94 m2
PLANTA BAIXA - 3o PAVIMENTO 1:200
N
Figura 86: Perspectiva isométrica do terceiro pavimento. Fonte: Elaborado pelo autor.
Nota: As representações do projeto se encontram no caderno de desenhos técnicos, com todas as medidas, indicações e escala 1:100
GSEducationalVersion
73
Figura 87: Área de mesas livres. Fonte: Elaborado pelo autor.
74
Figura 88: Sala de reunião executiva. Fonte: Elaborado pelo autor.
75
20,00 %
B
Na cobertura, se encontra a lanchonete gourmet, com terraço que permite a permanência dos usuários e a vista para a rua. Para a lanchonete, foi criada uma comunicação com a jardineira externa através da janela da área de preparo, que permite a colheita de alimentos naturais em uma horta.
D
5.5 Partido Arquitetônico
20
19
18
17
16
15
14
13
12
11
LOUNGE A: 88,27 m2
C
+14,15
1
2
Sobe
3
4
5
6
7
8
9
10
20E(0,18 m) 19P(0,30 m)
C
LANCHONETE / BAR A: 40,11 m2 Ref.
Desce
HALL ELEVADORES A: 13,20 m2
A
A
PLATIBANDA
WC PNE A: 2,92 m2
Nota: As representações do projeto se encontram no caderno de desenhos técnicos, com todas as medidas, indicações e escala 1:100
6
5%
ALGEROZ
D
B
Figura 89: Perspectiva isométrica da cobertura. Fonte: Elaborado pelo autor.
TELHA METÁLICA
5%
ALGEROZ
TELHA METÁLICA
TELHA METÁLICA 5%
PLANTA BAIXA - COBERTURA 1:200
N
76
Figura 90: Lounge e lanchonete. Fonte: Elaborado pelo autor.
77
20,00 %
B
Foram utilizados alguns tipos diferentes de coberta, sendo a telha metálica galvanizada na parte posterior, com inclinação mínima de 5%. Nessa porção se localiza também um lanternim, que consiste de alvenarias com aberturas que possibilitam a saída de ar. Essa área também recebe telhado metálico. A área do Lounge e da Lanchonete são cobertas por laje impermeabilizada, e por uma cobertura de policabornato, que possui transparência em seus painéis internos, e se utiliza da estrutura do edifício e de pilaretes próprios para se apoiar. O Hall de elevadores e a escada são cobertos também por laje impermeabilizada.
D
5.5 Partido Arquitetônico
C
C
POLICABORNATO +14,15
LAJE IMPERMEABILIZADA +17,70
10000L
A
A
10000L
RESERVATÓRIOS
LAJE IMPERMEABILIZADA
+17,20
PLATIBANDA
+17,20
5%
D
B
ALGEROZ
TELHA METÁLICA
5%
ALGEROZ
TELHA METÁLICA
TELHA METÁLICA 5%
N 7
Nota: As representações do projeto se encontram no caderno de desenhos técnicos, com todas as medidas, indicações e escala 1:100
PLANTA DE COBERTA 1:200
78
5.5 Partido Arquitetônico
RESERVATÓRIOS
+17,00 5 Coberta
HALL ELEVADORES
LANCHONETE / BAR
LOUNGE
HALL ELEVADORES
SALA DE EMPRESA 3
HALL ELEVADORES
+10,50 3 Terceiro Pavimento
ESTÚDIO DE FOTOGRAFIA
HALL ELEVADORES
HALL ELEVADORES
+14,00 4 Pavimento Cobertura
+7,00 2 Segundo Pavimento
WORKSPACE COLETIVO
RECEPÇÃO
CAFÉ
ÁREA DE ALIMENTAÇÃO EXTERNA
±0,00 0 Pavimento Térreo
20%
RAMPA
+3,50 1 Primeiro Pavimento
HALL ELEVADORES
Figura 91: Perspectiva isométrica do Corte AA. Fonte: Elaborado pelo autor.
8
Nota: As representações do projeto se encontram no caderno de desenhos técnicos, com todas as medidas, indicações e escala 1:100
GSEducationalVersion
ESTACIONAMENTO
-3,00 -1 Subsolo
CORTE AA 1:200
79
5.5 Partido Arquitetônico
RESERVATÓRIOS
+17,00 5 Coberta
LOUNGE
ACESSO PRINCIPAL
Figura 92: Perspectiva isométrica do Corte BB. Fonte: Elaborado pelo autor.
TELHA METÁLICA
WC F
WC PNE
WC M
SALA DE REUNIÃO EXECUTIVA
WC F
WC PNE
WC M
SALA DE REUNIÃO EXECUTIVA
WC F
WC PNE
WC M
WC F
WC PNE
WC M
ESTACIONAMENTO
9
Nota: As representações do projeto se encontram no caderno de desenhos técnicos, com todas as medidas, indicações e escala 1:100
SALA DE IMPRESSÃO
VESTIÁRIOS F VESTIÁRIOS M
+14,00 4 Pavimento Cobertura
+10,50 3 Terceiro Pavimento
+7,00 2 Segundo Pavimento
+3,50 1 Primeiro Pavimento
±0,00 0 Pavimento Térreo
-3,00 -1 Subsolo
CORTE BB 1:200
80
5.5 Partido Arquitetônico
+17,00 5 Coberta
LOUNGE
ÁREA DE MESAS LIVRES
+7,00 2 Segundo Pavimento
ÁREA DE MESAS LIVRES
+3,50 1 Primeiro Pavimento
ESTACIONAMENTO
10
Nota: As representações do projeto se encontram no caderno de desenhos técnicos, com todas as medidas, indicações e escala 1:100
+10,50 3 Terceiro Pavimento
ÁREA DE MESAS LIVRES
PÁTIO DE ALIMENTAÇÃO
Figura 93: Perspectiva isométrica do Corte CC. Fonte: Elaborado pelo autor.
+14,00 4 Pavimento Cobertura
RECEPÇÃO
±0,00 0 Pavimento Térreo
-3,00 -1 Subsolo
CORTE CC 1:200
81
5.5 Partido Arquitetônico
+17,00 5 Coberta
LOUNGE
+14,00 4 Pavimento Cobertura
VARANDAS
ÁREA DE MESAS LIVRES
SALA DE CIRCULAÇÃO EMPRESA 01
VARANDAS
ÁREA DE MESAS LIVRES
CIRCULAÇÃO SALA FLEXÍVEL
VARANDAS
ÁREA DE MESAS LIVRES
SALA DE REUNIÃO CIRCULAÇÃO INDIVIDUAL
ACESSO PRINCIPAL
CAFÉ
RECEPÇÃO
PÁTIO DE ALIMENTAÇÃO
ESTACIONAMENTO
Figura 94: Perspectiva isométrica do Corte DD. Fonte: Elaborado pelo autor.
11
Nota: As representações do projeto se encontram no caderno de desenhos técnicos, com todas as medidas, indicações e escala 1:100
AUDITÓRIO
+10,50 3 Terceiro Pavimento
+7,00 2 Segundo Pavimento
+3,50 1 Primeiro Pavimento
±0,00 0 Pavimento Térreo
-3,00 -1 Subsolo
CORTE DD 1:200
82
+17,00 5 Coberta
+17,00 5 Coberta
+14,00 4 Pavimento Cobertura
+14,00 4 Pavimento Cobertura
+10,50 3 Terceiro Pavimento
+10,50 3 Terceiro Pavimento
+7,00 2 Segundo Pavimento
+7,00 2 Segundo Pavimento
+3,50 1 Primeiro Pavimento
+3,50 1 Primeiro Pavimento
±0,00 0 Pavimento Térreo
±0,00 0 Pavimento Térreo
FACHADA FRONTAL - NORDESTE 1:200
12
+17,00 5 Coberta
+17,00 5 Coberta
+14,00 4 Pavimento Cobertura
Nota: As representações do projeto se encontram no caderno de desenhos técnicos, com todas as medidas, indicações e escala 1:100
+14,00 4 Pavimento Cobertura
+10,50 3 Terceiro Pavimento
+10,50 3 Terceiro Pavimento
+7,00 2 Segundo Pavimento
+7,00 2 Segundo Pavimento
+3,50 1 Primeiro Pavimento
+3,50 1 Primeiro Pavimento
±0,00 0 Pavimento Térreo
13
±0,00 0 Pavimento Térreo
FACHADA LATERAL - SUDESTE 1:200
83
+17,00 5 Coberta
+17,00 5 Coberta
+14,00 4 Pavimento Cobertura
+14,00 4 Pavimento Cobertura
+10,50 3 Terceiro Pavimento
+10,50 3 Terceiro Pavimento
+7,00 2 Segundo Pavimento
+7,00 2 Segundo Pavimento
+3,50 1 Primeiro Pavimento
+3,50 1 Primeiro Pavimento
±0,00 0 Pavimento Térreo
±0,00 0 Pavimento Térreo
FACHADA POSTERIOR - SUDOESTE 1:200
14
+17,00 5 Coberta
+17,00 5 Coberta
+14,00 4 Pavimento Cobertura
Nota: As representações do projeto se encontram no caderno de desenhos técnicos, com todas as medidas, indicações e escala 1:100
+14,00 4 Pavimento Cobertura
+10,50 3 Terceiro Pavimento
+10,50 3 Terceiro Pavimento
+7,00 2 Segundo Pavimento
+7,00 2 Segundo Pavimento
+3,50 1 Primeiro Pavimento
+3,50 1 Primeiro Pavimento
±0,00 0 Pavimento Térreo
15
±0,00 0 Pavimento Térreo
FACHADA LATERAL - NOROESTE 1:200
84
5.5 Soluções Construtivas Chapa Metálica perfurada Para a porção da fachada onde se localiza a escada, buscou-se uma estratégia que permitisse a transparência, para dar visibilidade à escada. Para isso, foi incorporada a chapa metálica perfurada na cor branca, que além de permitir a visibilidade da escada como elemento na fachada, também possibilita a troca de ventilação entre o interior e exterior do edifício. Essa malha é suportada por uma estrutura metálica em disposição hexagonal, compondo o conjunto do painel. Além da fachada frontal, o mesmo sistema foi inserido para a ventilação e iluminação do hall dos elevadores, na face lateral (Fachada Noroeste), filtrando a luz, além de criar uma unidade na linguagem do bloco de circulação vertical. O painel metálico apresenta leveza em seu aspecto, possuindo um design inovador, conferindo um visual tecnológico ao exterior do edifício.
Figura 97: Detalhes das chapas metálicas. Fonte: Elaborada pelo autor
Figura 95: Chapa Metálica Perfurada Fonte: pt.dreamstime.com/
Figura 96: Trecho da Fachada do projeto. Fonte: Elaborada pelo autor
85
5.5 Soluções Construtivas Cobogós e Esquadrias do sistema europeu Como apresentado anteriormente, as salas da Fachada Sudeste contam com grandes esquadrias de vidro que preenchem os vãos entre os pilares . Contudo, foi necessário implementar estratégias para o controle de iluminação e ventilação nos ambientes. Com esse intuito, a esquadria instalada foi a do sistema conhecido como “europeu” de abertura, em que suas folhas se desprendem de sua base
para girar e serem recolhidas no canto. Esse sistema permite abertura total da esquadria, permitindo aproveitar o máximo do potencial de ventilação dessa fachada, que está na orientação de ventilação predominante. Acrescido a isso, optou-se por adotar elementos vazados, externamente às esquadrias, permitindo a filtração da luz solar durante o período da manhã, protegendo as esquadrias de vidro e prevenindo o aquecimento do ambiente.
Os elementos do conjunto compõem camadas de vedação na fachada.
Aplicação do sistema. As folhas das esquadrias giram para o interior do ambiente. Figura janela Fonte:
No térreo, esse sistema se aplica para as portas da área externa lateral, permitindo vedar o edifício completamente quando necessário.
99: Funcionamento de no sistema europeu. solucoesindustriais.com.br/
Figura 98: Detalhes das aberturas. Fonte: Elaborada pelo autor
86
Figura 100: Imagem diurna do edifício. Fonte: Elaborada pelo autor
87
E ST RD
Figura 101: Perspectiva aérea do edifício. Fonte: Elaborada pelo autor
TE
Figura 103: Perspectiva aérea do edifício. Fonte: Elaborada pelo autor
TE
OES TE
ST E
ES
DE
DO
ES
Figura 102: Perspectiva aérea do edifício. Fonte: Elaborada pelo autor
SU
SU
RO E
E
NO
NO
RO ES
SUD
ST
NO
RD EST E
DE
NO
SU
TE
Figura 104: Perspectiva aérea do edifício. Fonte: Elaborada pelo autor
88
Figura 104: Perspectiva aérea do edifício e entorno da quadra. Fonte: Elaborada pelo autor
89
5.5 Dimensionamento de Soluções Técnicas Cálculo do tráfego de elevadores - NBR 5665 O cálculo do tráfego é determinado pela população do edifício, considerando o estabelecido pela NBR 5665 – Cálculo do tráfego de elevadores. Para determinar a população no projeto, considerouse a relação de escritórios em geral, com 1 pessoa a cada 7m² de área das salas do setor corporativo. A norma estabelece também que o elevador seja capaz de transportar em cinco minutos 12% da população do edifício. Em cada pavimento a partir do primeiro, há 214,82m² de área de salas, totalizando 644,46m². Com isso, a população do edifício é estimada em 92 pessoas, e para o tráfego são considerados elevadores com capacidade de 8 pessoas. No projeto, se considerou a instalação de dois elevadores, para oferecer opções de subida e descida simultâneas.
Cálculo de população e caixa d’água A NBR9077 e a NBR 5665 consideram, para o cálculo populacional, 7m² por pessoa em edifícios de escritórios. Área útil por pavimento: Térreo = 506,74m² 1º, 2º, 3º = 242,9 x 3 = 728,7m² Coberta = 137,42m² Considerando a soma das áreas úteis dos pavimentos: 1372,86 / 7 = 196 pessoas Segundo a norma, o consumo estimado para edifícios de escritórios é de 50 litros/dia, por pessoa, para dois dias de funcionamento. Sendo assim: 196 x 50 = 9800L 9800 x 2 =19600L Para a reserva de incêndio, a NBR 13.714/2000 prevê a destinação de
um volume de água obrigatório para o combate a incêndio e classifica os tipos de edifício para determinar o sistema de vazão utilizado.
Fonte: NBR 13.714/2000, editado pelo autor
Segundo o item D3, as edificações do grupo D devem ser protegidas por sistemas tipo 1 com vazão de 100 L/min. Seguindo a indicação para o cálculo do volume, aplica-se: V=Qxt Onde: Q é a vazão de duas saídas do sistema aplicado, conforme a tabela 1, em litros por minuto; t é o tempo de 60 min para sistemas dos tipos 1 e 2, e de 30 min para sistema do tipo 3; V é o volume da reserva, em litros. V= 100 x 2 x 60 = 12000L Somando os volumes encontrados, temos que o reservatório total da edificação deve conter 31600 Litros de volume. Com a divisão entre reservatórios superior e inferior, considera-se 3/5 do volume de consumo para o inferior, totalizando 11760L, e 2/5 para o superior, juntamente com a reserva de incêndio, equivalendo a 7840L + 12000L = 19840L. Esse valor foi dividido em dois reservatórios de 10000L
90
5.5 Dimensionamento de Soluções Técnicas Cálculos para Subsolo e Estacionamento Para efeito de dimensionamento das vagas de estacionamento as dimensões mínimas foram de 5,10 m x 2,30m O Código de Urbanismo determina o recuo frontal para o subsolo na ZA5: Pode ser utilizado o subsolo com recuo frontal = 2,00m. O Plano Diretor de João Pessoa define Área Edificada ou Construída como sendo a soma das áreas de todos os pavimentos de uma edificação. Determina também que haja 1 vaga para cada 50m² de área construída. Sendo assim: Área Construída: 448,24m² por pavimento x 4 = 1792,96m²- 89,34m² (a) – 100,65m² (b)= 1602,97m² 1602,97/50 = 32 vagas de estacionamento (a)= Área somada do vazio central (b)= Área somada das circulações verticais
Dimensionamento de Tipo de Escada - NBR 9070 Saídas de Emergência
A norma ainda classifica as escadas de acordo com a altura do edifício, contada da soleira de entrada ao piso do último pavimento, não consideradas edículas no ático destinadas a casas de máquinas e terraços descobertos. O edifício do projeto foi classificado como: Código M Edificações de média altura 6,00 m < H < 12,00 m Calculo de população para Categoria de Ocupação D: 1 pessoa por 7m² Tipo de Escada para ocupação D e altura 6,00 m < H < 12,00 m: NE
De acordo com esses parâmetros, a escada mais apropriada é a Escada não enclausurada ou escada comum (NE). Para esse tipo de escada se permite que, embora possa fazer parte de uma rota de saída, se comunique diretamente com os demais ambientes, como corredores, halls e outros, em cada pavimento, não possuindo portas corta-fogo. A norma ainda determinda que “os acessos devem permanecer livres de quaisquer obstáculos, tais como móveis, divisórias móveis, locais para exposição de mercadorias e outros, de forma permanente, mesmo quando o prédio esteja supostamente fora de uso.”
Para definir o tipo da escada da edificação, foi consultada a NBR 9070, que trata das saídas de emergência. A norma classifica as edificações quanto à sua ocupação. O edifício do projeto é classificado como: Ocupação D: Serviços profissionais, pessoais e técnicos; Divisão D-1: Escritórios administrativos ou técnicos, consultórios, serviços profissionais ou instituições financeiras (não incluídas em D-2), repartições públicas, cabeleireiros, laboratórios de análises clínicas sem internação, centros profissionais e outros
91
CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho se iniciou a partir de questionamentos acerca da construção – no sentido compositivo arquitetônico- dos espaços de trabalho, com foco para o coworking, que representa uma nova tendência nos espaços corporativos da atualidade. Essa tendência é resultado das transformações nas atividades de trabalho, sobretudo após a disseminação da internet e do trabalho remoto. O projeto representou uma oportunidade de se investigar a teoria da arquitetura, no âmbito da construção da composição projetual, para fornecer ferramentas para projetar espaços de trabalho. A partir disso, foi possível realizar uma exploração de projeto que prioriza a experiência do usuário na escala do edifício, visando atender as necessidades básicas das pessoas ao longo da sua jornada de trabalho. Além disso, a exploração da neuroarquitetura como ferramenta de intervenção projetual ofereceu uma perspectiva a partir das sensações humanas para com o espaço. Isso corroborou com os antecedentes da arquitetura que já tentavam conceber espaços mais agradáveis aos usuários em sua atividade de trabalho. Dessa forma, observa-se um esforço para dissociar as atividades profissionais de uma imagem austera, muitas vezes associada à arquitetura dos espaços destinados a essas atividades. A tendência contemporânea aponta para a personalização cada vez maior desses espaços, com o intuito de trazer conforto e identificação para com o usuário. A intervenção a nível espacial, com a inserção de espaços de lazer e descontração dentro dos ambientes de trabalho se apresenta como mais uma alternativa, onde o edifício passivamente oferece condições de descanso para os seus usuários, trazendo maior leveza à linguagem desses espaços. Essa leveza também se ilustra através da criação de espaços abertos, que nessa tipologia, se associam aos ambientes de trabalho. No mais, este trabalho apresentou uma discussão sobre atividade profissional e espaço, apresentando uma visão sobre como o local de trabalho pode ser concebido de forma mais humana, e fonte de inspiração para seus usuários, colaborando assim com o pensamento crítico acerca de projetos voltados para esse fim, onde em muitos
casos o coworking é produto de adaptações arquitetônicas que carecem de maior aprofundamento. Com isso, o projeto se apresenta como resultado dessas discussões e estabelece uma contribuição para o tema.
92
REFERÊNCIAS ANAMT ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE MEDICINA DO TRABALHO. Ministério do Trabalho: Como prevenir as doenças ocupacionais. Disponível em: https://www.anamt.org.br/ portal/2017/08/08/ministerio-do-trabalho-como-prevenir-as-doencas-ocupacionais/. Acesso em: 19 abr. 2021. ANAMT. Apenas 18% das empresas mantêm um programa para cuidar da saúde mental. Disponível em: https://www.anamt.org.br/portal/2018/11/27/apenas-18-das-empresasmantem-um-programa-para-cuidar-da-saude-mental/. Acesso em: 10 jun. 2021. ARCHDAILY. Como projetar escritórios eficientes e confortáveis: espaços de trabalho individuais. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/920462/como-projetarescritorios-eficientes-e-confortaveis-espacos-de-trabalho-individuais. Acesso em: 30 mai. 2021. ARCHDAILY. Corujas Building / FGMF Arquitetos. Disponível em: https://www.archdaily. com/786926/corujas-building-fgmf-arquitetos. Acesso em: 12 mai. 2021. ARCHDAILY. Os benefícios da biofilia para a arquitetura e os espaços interiores. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/927908/os-beneficios-da-biofilia-para-a-arquiteturae-os-espacos-interiores. Acesso em: 3 jun. 2021. ARCHDAILY. Princípios para projetar espaços de trabalhos colaborativos. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/790759/principios-para-projetar-espacos-de-trabalhoscolaborativos?ad_medium=widget&ad_name=recommendation. Acesso em: 29 mai. 2021. ARCHDAILY. Sinergia Cowork Palermo / Emilio Magnone + Marcos Guiponi. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/874682/sinergia-cowork-palermo-emilio-magnone-plusmarcos-guiponi. Acesso em: 10 abr. 2021. ARCHDAILY. Tipos de lajes de concreto: vantagens e desvantagens. Disponível em: https:// www.archdaily.com.br/br/889035/tipos-de-lajes-de-concreto-vantagens-e-desvantagens. Acesso em: 20 mai. 2021. BACEVICE, Peter; SPREITZER, Gretchen; HENDRICKS, Hilary; DAVIS, Daniel. How Coworking Spaces Affect Employees’ Professional Identities. [S. l.], 17 abr. 2019. Disponível em: https://hbr.org/2019/04/how-coworking-spaces-affect-employees-professionalidentities?autocomplete=true. Acesso em: 31 out. 2020 BEEROFCOFFEE. Saúde mental no trabalho: 11 estatísticas para você conhecer. Disponível em: https://blog.beerorcoffee.com/2020/11/24/saude-mental-no-trabalho. Acesso em: 27 abr. 2021. BEEROFCOFFEE. Tudo sobre as diferenças entre Home Office e Trabalho Remoto. Disponível em: https://blog.beerorcoffee.com/2021/01/21/home-office-e-trabalho-remoto/. Acesso em: 3 jun. 2021. CALABRESE, Elizabeth; KELLERT, Stephen R. The Practice of Biophilic Design. 1. ed. University
of Vermont: University of Vermont, 2015. p. 6-9. CAPITAPEOPLESOLUTIONS. Financial Wellness. Disponível em: https://content. capitapeoplesolutions.co.uk/i/1115827-workplace-wellness-employee-insight-report/5?. Acesso em: 8 jun. 2021. CERETTA, Simone; ALMEIDA, Márcia; FROEMMING, Lurdes. “NOVAS FORMAS DE VAREJO: O COWORKING PROPICIANDO VIVÊNCIAS DIFERENCIADAS EM LOJAS” 13º Congresso LatinoAmericano de Varejo e Consumo: “After COVID-19: Building Purpose through Stakeholders in Retailing” (2017): n. pág. Web. 2 Dez. 2020 CNBC MAKE IT. How co-working spaces could succeed in the post-pandemic world. Disponível em: https://www.cnbc.com/2020/05/04/how-co-working-spaces-could-succeedin-the-post-pandemic-world.html. Acesso em: 9 jun. 2021. Co-working utopic_US Conde de Casal / Izaskun Chinchilla Architects” [Co-working utopic_ US Conde de Casal / Izaskun Chinchilla ] 31 Jul 2020. ArchDaily Brasil. Acessado 22 Abr 2021. COSTA, E. S.; DIAS, V. L. N. Os espaços de coworking e suas implicações na dinâmica urbana: estudo de caso de Florianópolis. R. bras. Planej. Desenv. Curitiba, v. 9, n. 4, p. 527-546, Edição Especial V Seminário Nacional de Planejamento e Desenvolvimento, out. 2020. Disponível em: <https://periodicos.utfpr.edu.br/rbpd>. Acesso em: 31 out 2020. COWORKER. SURVEY: How Coworking Spaces are Navigating COVID-19. Disponível em: https://www.coworker.com/mag/survey-how-coworking-spaces-are-navigating-covid-19. Acesso em: 16 jun. 2021. DEEZEN. The Willis Faber & Dumas building is a revolutionary high-tech office. Disponível em: https://www.dezeen.com/2019/12/10/willis-faber-dumas-building-foster-high-techarchitecture/. Acesso em: 15 jun. 2021. ÉPOCA NEGOCIOS. Plantas no-escritorio podem-aumentar em ate 15 produtividade dos funcionarios.. Disponível em: https://epocanegocios.globo.com/Informacao/Acao/ noticia/2014/09/plantas-no-escritorio-podem-aumentar-em-ate-15-produtividade-dosfuncionarios.html. Acesso em: 9 jun. 2021. FOSTERANDPARTNERS. Willis Building. Disponível em: https://www.fosterandpartners.com/ projects/willis-building/. Acesso em: 15 jun. 2021. GALERIA DA ARQUITETURA. Edifício Corujas. Disponível em: https://www.galeriadaarquitetura. com.br/projeto/fgmf-arquitetos_/edificio-corujas/147. Acesso em: 12 mai. 2021. GIANNELLI, Márcio Augusto. COWORKING: O porquê destes espaços existirem! Estudo sobre espaços de Coworking na cidade de São Paulo e sua importância arquitetônica na Era da Informação. 116 p. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Universidade São Judas Tadeu, São Paulo, 2016. Disponível em: https://www.usjt.br/biblioteca/mono_disser/ mono_diss/2017/374.pdf. Acesso em: 2 abr. 2021.
93
GOBACKLOG. 7 Problemas do Trabalho Remoto e como eles podem ser contornados. Disponível em: https://gobacklog.com/blog/problemas-do-trabalho-remoto/. Acesso em: 16 jun. 2021. HISTÓRIA E TEORIA DA ARQUITETURA, URBANISMO E PAISAGISMO II. AULA 2- EVOLUÇÃO DO DESENHO DOS ESPAÇOS DE TRABALHO. Disponível em: https://arqteoria.wordpress. com/2013/11/20/aula-2-evolucao-do-desenho-dos-espacos-de-trabalho/. Acesso em: 13 abr. 2021. KANAN, Lilia Aparecida; ARRUDA, M. P. D. A organização do trabalho na era digital. SciELO Brasil, Campinas-SP, v. 1, n. 1, p. 1-2, jan./2014. KING, Steve. Coworking Is Not About Workspace — It’s About Feeling Less Lonely. [S. l.], 28 dez. 2017. Disponível em: https://hbr.org/2017/12/coworking-is-not-about-workspace-itsabout-feeling-less-lonely?autocomplete=true®istration=success. Acesso em: 31 out. 2020. KNOX, Andrew. Workplaces: Wellness + Wood = Productivity. Pollinate, Australia, v. 1, n. 1, p. 1-16, fev./2018. Disponível em: https://makeitwood.org/documents/doc-1624-pollinatehealth-report---february-2018.pdf. Acesso em: 11 jun. 2021. LEO MORAIS ARQUITETURA E MAIS UM POUCO. História do escritório: 1950 – 1990. Disponível em: https://ldmorais.wordpress.com/2020/01/09/historia-escritorio-1950/. Acesso em: 8 abr. 2021. LIMA, Jacob Carlos; OLIVEIRA, D. R. D. Trabalhadores digitais: as novas ocupações no trabalho informacional. SciELO Brasil, Brasília-DF, v. 1, n. 1, p. 1-2, abr./2017. Disponível em: https:// doi.org/10.1590/s0102-69922017.3201006. Acesso em: 2 jun. 2021.
OBVIO ARQUITETURA. SouBH. Disponível em: https://www.obvio.arq.br/soubh. Acesso em: 6 abr. 2021. OCUPACIONAL. Incidência de LER/Dort aumenta 184% em 9 anos. Disponível em: https:// www.ocupacional.com.br/ocupacional/incidencia-de-ler-dort-aumenta-184-em-9-anos/. Acesso em: 9 abr. 2021. REBELLO, Yopanan. Bases para Projeto Estrutural na Arquitetura: .. 2. ed. São Paulo: Zigurate Editora, 2007. p. 115-115. SASTRE, Rodolfo. CENTRAAL BEHEER: Conceito, Forma e Tectonicidade de Herman Hertzberger. Academia.edu, UFRGS, v. 1, n. 1, p. 1-25, set./2014. Disponível em: https:// www.academia.edu/36675153/CENTRAAL_BEHEER_Conceito_Forma_e_Tectonicidade_de_ Herman_Hertzberger. Acesso em: 11 mai. 2021. SOUZA, Carlos Eduardo. Coworking: uma nova visão sobre o trabalho. [S. l.], 24 out. 2016. Disponível em: https://habitusbrasil.com/coworking-nova-visao-sobre-o-trabalho/. Acesso em: 31 out. 2020. SPREITZER, Gretchen; BACEVICE, Peter; GARRETT, Lyndon. Why People Thrive in Coworking Spaces. Harvard Business Review. Brighton, p. 28-30. set. 2015. Disponível em: https://hbr. org/2015/05/why-people-thrive-in-coworking-spaces. Acesso em: 31 out. 2020. VASCONCELOS, Amanda De; FARIA, J. H. D. Saúde mental no trabalho: contradições e limites. SCIELO Brasil, Curitiba, Brasil, v. 1, n. 1, p. 1-2, fev./2019.
LORI CRIZEL+PARTNERS. A psicodinâmica das cores. Disponível em: https://www.loricrizel. arq.br/reflexoes-sobre-a-importancia-do-lighting-designer/. Acesso em: 9 jun. 2021. MEDEIROS, Maria Alice Lopes. DA COLÔNIA AO SHOPPING: um estudo da evolução tipológica da arquitetura hospitalar em Natal. 2005. 236 p. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal-RN, 2005. Disponível em: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/12429. Acesso em: 8 abr. 2021. NASCIMENTO, Cristiano Felipe Borba do. ATÉ OS LIMITES DO TIPO: EMERGÊNCIA, ADEQUAÇÃO E PERMANÊNCIA DAS PROPRIEDADES SÓCIO-ESPACIAIS DOS EDIFÍCIOS DE RE-FORMAÇÃO. 2008. 191 p. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2008. Disponível em: https://repositorio.ufpe. br/handle/123456789/3066. Acesso em: 7 abr. 2021 NEUROAU. 12 Princípios da NeuroArquitetura e do NeuroUrbanismo. Disponível em: https:// www.neuroau.com/post/principios. Acesso em: 6 mai. 2021. NEUROAU. NeuroArquitetura e Percepção: criando experiências mais completas para os ambientes. Disponível em: https://www.neuroau.com/post/neuroarquitetura-epercep%C3%A7%C3%A3o-criando-experi%C3%AAncias-mais-completas-para-osambientes. Acesso em: 10 mai. 2021.
94
Fonte: freepik.com. Elaborado por Harryarts. Editado pelo autor.
95