Pontifícia Universidade Católica de Campinas
Campinas, Dezembro de 2016
O IMPACTO DA ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA DOS
‘STARCHITECTS’ Teoria da Arquitetura
Letícia Sitta
13792361
Lucas Jansen
14111900
Marina Violin
13126230
1
2
INSTITUIÇÃO: Pontifícia Universidade Católica de Campinas FACULDADE: Arquitetura e Urbanismo DISCIPLINA: Teoria da Arquitetura PERÍODO: 6º TURNO: INTEGRAL DOCENTES: Ana Paula Farah e Wilson R. Mariana
3
Índice
Introdução
Pg. 04 - 05
Esquema Conceitual
Pg. 06 - 07
Arquitetura Contemporânea
Pg. 08 - 09
‘Starchitects’
Pg. 10 - 13
Individualismos e o diálogo com a cidade
Pg. 14 - 15
Museu do Amanhã - Santiago Calatrava
Pg. 16 - 21
Museum of XXI Century Arts - Zaha Hadid
Pg. 22 - 25
Guggenheim Bilbao - Frank Gehry
Pg. 26 - 30
Conclusão
Pg. 31
Referências Bibliográficas
Pg. 32 - 35
|||||| INTRODUÇÃO A arquitetura contemporânea, dentre suas particularidades, se caracteriza por ser multiidentitária, sem referências pontuais, orientada por uma busca incessante da inovação e muitas vezes criticada por utilizar de uma estética sem critérios. Com o desenvolvimento da tecnologia, novas ferramentas são disponibilizadas aos arquitetos contemporâneos, que buscam sempre a desconstrução do óbvio. Em meio a tudo isso, a globalização exerce o papel de disseminar tais ideais contemporâneos e uniformizar o mundo. Uma polêmica discussão se desenvolve em torno dos edifícios produzidos pelos “starchitects”: estariam eles dissolvendo a identidade das cidades e manchando a paisagem urbana? Nos deparamos então, com o questionamento sobre as vantagens e desvantagens de uma arquitetura genérica, que pode ser implantada em qualquer lugar, por não carregar consigo a identidade da cultura e do lugar em que se impõe.
4
“
“Para mim, enfim, a qualidade de uma boa arquitetura não depende tanto do talento, mas da formulação correta do problema a ser resolvido.” (Alejandro Aravena)
“
O presente trabalho visa analisar de forma crítica a relação entre arquitetura contemporânea, seus “starchitects” e os efeitos no contexto urbano. Para tanto, a primeira parte se dedica a entender e discutir os parâmetros e fundamentos que consolidam o que chamamos de “arquitetura contemporânea”. A segunda, apresenta o conceito de “starchitects” e suas respectivas obras, frequentemente avaliadas pela crítica como tendo caráter escultórico. A terceira parte estabelece relações entre a arquitetura contemporânea e seu impacto na leitura do espaço urbano atual, ressaltando aspectos positivos, negativos e conceitos relevantes, como o da “cidade genérica”. Por fim, apresentamos exemplos de obras apontadas pela crítica como sendo parte da “arquitetura do espetáculo”. As obras escolhidas foram: o Museu do Amanhã de Santiago Calatrava, o Guggenheim Bilbao de FRank Gehry e o Museu MAXXI de Zaha Hadid.
5
E S Q U E M A C O N C E I T U A L 6
7
Arquitetura Contemporânea A arquitetura contemporânea é consequência de um período marcante e divisor na história da arquitetura: o modernismo. A princípio, o movimento modernista quebrou estigmas e regras do passado, mas ao mesmo tempo, impôs normas que o renegavam. Em um dado momento, arquitetos até então considerados modernistas se mostram a frente deste movimento, proporcionando uma maior complexidade em suas concepções arquitetônicas. Esses podem passar a ser chamados de pós modernistas ou contemporâneos. As experiências arquitetônicas no exterior de arquitetos como Renzo Piano, Norman Foster, Santiago Calatrava, Jean Nouvel, e no Brasil, com João Filgueiras Lima e Siebert Zanettini, produzem um acervo de projetos e obras documentadas pela crítica como sendo experiências contemporâneas.
Arquitetos:MVRDV. Disponível em: <http://adbr001cdn.archdaily.net/wp-content/uploads/2012/01/1327503809_wozoco_mvrdv_1298939031_ludwig_wozoco_no09.jpg> Acesso em: 05.12.2016
8
Centro de Reabilitação Sarah Kubistcheck no La de João Filgueiras Lima (Lelé). Disponível em: h tent/uploads/2014/05/lelsl_06g.jpg
A contemporaneidade não pode ser definida como um estilo, mas como um ideal, e isso não depende da forma. Por essa razão, talvez seja difícil definir o que é a arquitetura contemporânea para um leigo. Não são colunas, ornamentos ou materiais que a definem. Os exemplos que temos são diversificados, de diferentes formas, materiais e escalas. Claramente existe um contexto importante que influenciou o desenvolvimento dessa arquitetura inovadora, no qual a incorporação de novas áreas científicas e de novas tecnologias fez a diferença. Além de novos conhecimentos técnicos, é de grande relevância o desenvolvimento do conhecimento sensível, como por exemplo, no estudo do fenômeno da cor, com várias teorias da ciência da percepção, do processo cognitivo e da colorimetria. A consciência da questão ambiental e estudos das ciências humanas sobre cultura, territorialidade na questão da cidade também apresentam-se influentes.
ago Norte, em Brasília (DF). Projeto http://www.caubr.gov.br/wp-con-
A arquitetura contemporânea contempla, envolve e prioriza todas as questões que fazem parte do seu processo - homem, lugar, uso, medida, ambiente, técnica, matéria, ciência, tecnologia - sempre na busca por sua excelência estética, econômica, construtiva e para o bem físico e psíquico dos seus usuários. Torna-se evidente como a interdisciplinaridade se faz cada vez mais necessária no campo da arquitetura, à medida em que formas e materiais utilizados aumentam sua complexidade. Isso acontece, principalmente, a partir do uso de novas tecnologias de desenho e fabricação. A industrialização do processo racionaliza ao máximo a execução das peças e montagem da obra, minimizando problemas in loco e desperdícios de material. Por outro lado, passa-se a exigir uma mão de obra cada vez mais especializada, além de assistirmos a construção de edifícios de custo monumental . O fato é que o arquiteto tem aqui muita liberdade para imprimir em sua obra uma individualidade que a torna única. Apesar de caber a ele as decisões de projeto, deve existir a consciência de que o aprimoramento da linguagem arquitetônica é continuo em todos os tipos construtivos, cada um deles apropriado ao seu contexto cultural e social, objetivando a melhor relação custo-beneficio. Apesar da disponibilidade de ferramentas que possibilitam liberdade estética na criação, é fundamental que o arquiteto realize intervenções espaciais, a partir de uma leitura do contexto histórico, espacial e cultural do contexto em que sua obra se insere.
Elbphilarmonie Herzog e De Meuron - 2016 - Hamburgo - Alemanha https://archpaper. com/wp-content/ uploads/2016/07/ thies-ra%CC%88tzke-1.jpg
“
“Há que haver coerência no projeto e na execução da obra, de modo a satisfazer as necessidades econômicas, fisiológicas, ambientais e estéticas, direcionadas à razão e à emoção do homem. A arquitetura contemporânea é o resultado físico-espacial do encontro equilibrado e harmônico entre dois mundos: o racional e o sensível.” Zanettini (2013). 9
“
“STARCHITECT” “Starchitect” é um termo usado para descrever arquitetos cuja fama e elogios críticos os transformaram em ídolos do mundo da arquitetura ou até mesmo tiveram algum grau de brilhantismo para o público em geral. São, geralmente, icônicos e altamente visíveis dentro de um contexto, devido principalmente, aos meios midiáticos. Alguns nomes de arquitetos considerados “starchtects” são: Frank
Centro Heydar Aliyev - Zaha Hadid Architects - 2013 - Azerbaijão. Disponível em: https://static.dezeen.com/uploads/2016/04/zaha-hadid-key-architecture-projects-photography-hufton-crow_dezeen_1568_12a.jpg
Actelion Business Center by Herzog & de Meuron - 2012 - Basel - Suiça. Disponível em: http://www.iconeye.com/images/2014/04/icon102actelion-main.jpg
Museu Marítimo Nacional Dinamarquês - BIG - 2013 - Dinamarca. Disponível em: http://images.adsttc.com/media/images/5263/3402/ e8e4/4e88/a000/0183/slideshow/sof-image-by-luca-santiago-mora-22_original.jpg?1382233027 10
Gehry, Tadao Ando, Rem Koolhaas, Norman Foster, Renzo Piano, Santiago Calatrava, Bjarke Ingels (BIG), entre outros. Por trás desse conceito, existem questões que fazem com que o termo tenha um peso simbólico em relação à aprovação de grandes empreendimentos, na obtenção de fundos para sustentar as obras e/ou de aumentar o valor dos edifícios. Corre-se o risco de que starchitects tenham vantagem sobre arquitetos não renomados, mesmo que suas propostas não promovam um espaço de qualidade, que dialogue com o entorno. Isso, simplismente por possuírem uma espécie de garantia, aval ou permissão que fomentam o projeto. Não há dúvida de que há um grande número de edifícios importunos emergentes em todo o mundo. Entretanto, não se pode colocar a culpa em um grupo de estrelas internacionais, pois vale lembrar que, não há obra sem um cliente. Muitas vezes, os anseios desses clientes pedem por formas espetaculares. É papel do arquiteto lembrá-los o verdadeiro sentido da arquitetura. Além disso, o número de pessoas envolvidas em projetos de grande escala é impressionante; desde projetistas e engenheiros até financiadores. Portanto, são as ações coletivas desses grupos que determinam o resultado final da obra. Por esses motivos, a “arquitetura” produzida reflete todo o conjunto de coautores envolvidos e não é responsabilidade tão somente denominados de starchitects. Um questionamento importante a ser feito é se a arquitetura projetada na contemporaneidade está se transformando em simples objeto escultural ou se leva em consideração o contexto em que se insere. Ao analisar essa questão, percebe-se que pouca atenção é dada sobre como um edifício funciona dentro de um bairro. Isso, porém, tende a ser um problema para a arquitetura em geral. A sociedade contemporânea passa por uma fase arquitetônica desconstrutivista, caracterizada pelo processo de desenho não linear, por uma busca pelas
formas não retilíneas, que servem para distorcer e deslocar elementos como a estrutura e o envoltório do edifício (paredes, piso, cobertura e aberturas). Os arquitetos estão se preocupando mais com a forma do que o modo como os seus edifícios atendem o entorno. As pessoas que habitam uma cidade são merecedoras de edifícios que criam ruas vibrantes para caminhar e interagir, obras que são realmente acolhedoras. Olhando para o passado, podemos perceber que essa aproximação entre a arquitetura e as artes visuais (plástica arquitetônica) é algo que pode ser identificado ao longo da história. Seu princípio vem do classicismo grego, resgatado no renascimento e posteriormente nos barrocos, para ser reanimada com expressivo vislumbre ao longo do último século, quando a integração entre disciplinas tem promovido a dilatação e, por vezes, até mesmo a diluição de suas fronteiras. Boullée e Ledoux no final do século 18 e início do 19, anteriormente às vanguardas russas, apresentaram pela primeira vez um impulso artístico na abstração geométrica aplicada ao projeto do edifício e à sua relação com o mundo. Já no século 20, de forma destacada, as construções ganham caráter escultórico nas mãos de Antoni Gaudí e suas estruturas equilibradas. Em 1940, após décadas de domínio da arquitetura pelo modernismo, Oscar Niemeyer introduz uma nova fronteira plástica para o concreto e para o edifício, em um rompimento da dureza até então ligada aos processos construtivos, tendo maior liberdade no programa e fazendo com que sua forma fosse mais atraente, atribuindo um caráter escultórico diferente ao edifício.
Markthal - MVRDV - 2014 - Rotterdam - Holanda. Disponível em: http://images.adsttc.com/media/images/5431/b136/c07a/8054/8f00/05c3/large_jpg/-%C2%AEProvast__MVRDV__foto_Daria_Scagliola_Stijn_Brakkee__21. jpg?1412542751
Casa Batlló - Antoni Gaudí - 1906 - Barcelona. Disponível em: http://images. adsttc.com/media/images/5037/eced/28ba/0d59/9b00/04bb/large_jpg/ stringio.jpg?1414219226
11
Esse sistema de convergência com as artes foi se intensificando a partir de 1950 até os dias de hoje, com o esgotamento da pureza do “estilo internacional”. “Em 1965, Sigfried Giedion chama a atenção para o retorno à localidade, à materialidade e à forma escultórica como raízes estruturantes da investigação formal da arquitetura moderna de “terceira geração”, a partir de 1950. August Heckscher, em 1962, aponta para uma arquitetura baseada na multidisciplinaridade, pela articulação de elementos heterogêneos, enriquecida por sugestões da pintura, escultura, cinema e música, como resposta para os esquemas rígidos da doutrina ortodoxa racionalista. ” – (Juan Pablo Rosenberg, 2015). Nas últimas décadas, com o crescimento da demanda do mercado por esse ineditismo característico da obra de arte, associada às tecnologias digitais na concepção e produção projetual e à incorporação de novos conceitos ao processo de projeto (fluxos, diagramas, sustentabilidade, entre outros), tem-se visto que a arquitetura se torna objeto nas mãos de starchitects e suas equipes, atualmente aderida à princípios ecológicos de alta eficiência. Na atualidade, ações em áreas degradadas ou obsoletas relacionam-se à necessidade de gerar efeitos multiplicadores da dinâmica econômica da cidade, bem como atrair investimentos. O que parece ser apenas uma ação pontual num tecido urbano, na verdade se encontra relacionado à cidade em sua totalidade, suportando estratégias de alimentação e recuperação de periferias, patrimônio histórico, promoção de habitação e ações diretas sobre os espaços públicos. Em meio às estratégias empreendidas, é possível depreender a importância e a força da arquitetura na dinâmica das ações urbanas. O papel contemporâneo do arquiteto se encontra relacionado ao desenho responsável, uma vez que vinculado a estratégias socialmente defensáveis ou passíveis de crítica. 12
Opera de Oslo - Snohetta - 2007- Noruega. Disponível em: http://images.adsttc.com/media/images/500e/bce4/28ba/0d0c/c700/0108/large_jpg/stringio.jpg?1413951989
A complexidade da cidade contemporânea torna a arquitetura realizada um fator determinante no desenvolvimento ou abandono do espaço em que esta se insere. Isso porque, uma boa arquitetura anda de braços dados ao urbanismo. Entretanto, tem se tornado frequente a reprodução de esculturas arquitetônicas isoladas e independentes de seu entorno. Em geral, a inserção de um edifício icônico está atrelada ao objetivo de potencializar a economia e a geração de recursos locais. Nesses casos, é muito comum termos como consequência o fenômeno da gentrificação. Em suma, estas considerações abrem caminhos para a discussão da formação do arquiteto, bem como da fundamentação da disciplina projetual. O ato solitário de dar forma ao espaço faz com que o compromisso com a cidade e sua gestão seja precário, havendo a necessidade de uma revisão dos preceitos do fazer arquitetônico.
Daniel Libeskind - Royal Ontario Museum - 2007 - Canadá. Disponível em: http://libeskind.com/wp-content/uploads/rom-2280x1564.jpg
13
Individualismos e o diálogo com a cidade O avanço das tecnologias e a globalização conduzem à mobilidade e fluxo em massa de pessoas, de informação, de comércio. Tais fatores acabam por desenvolver a despreocupação com o que é singular de cada cidade, a partir do interesse pela inovação e por aquilo que parece representar prestígio. Dessa forma, a cidade se desenvolve em condição experimental, em meio à fugacidade, efemeridade e transitoriedade, correndo o risco de produzir um território fragmentado (Abascal, 2005). O ponto aqui discutido trata sobre qual o papel da arquitetura contemporânea nestes novos lugares, produzindo nossas cidades, ou a ausência delas. WU Campus Vários arquitetos - 2013 - Tipo de projeto: Universidade - Localização: Viena Áustria. Disponível em: https:// www.wu.ac. at/fileadmin/ wu/_processed_/ c s m _ C a m pus_52a27e73fa. jpg
Casa da Música - OMA - 2005 - Porto, Portugal. Disponível em: http://images.adsttc.com/media/images/552c/8d59/e58e/ ce2c/fd00/019c/large_jpg/92746_%C2%A9_Philippe_Ruault. jpg?1428983121
Publicado em 1995, o livro “S, M, L, XL”, de Rem Koolhaas e Bruce Mau, descreve e analisa as cidades contemporâneas, questionando e criticando seu papel sobre o urbanismo na era da globalização. Koolhaas compara as cidades contemporâneas aos aeroportos: todos iguais. Essa consequência se dá pelo fato de que os edifícios contemporâneos não se norteiam a partir de preocupações estéticas, que se baseiem nas características da cidade já construída, produzindo assim cidades genéricas: “O que resta depois que a identidade é despida? O genérico? ” (Mau, Koolhaas, Sigler; 1995). A cidade genérica é superficial, lugar de sensações frágeis, pode existir em qualquer lugar. Argan (1999) nos recorda que a arquitetura do Renascimento consagrou o edifício como monumento, como obra de arte instauradora do espaço urbano. Existe, ou deveria existir, uma relação íntima entre a cidade e o edifício. A cidade genérica descrita por Rem Koolhas seria a cidade sem o menor cuidado em preservar uma singularidade que lhe seja própria. O mesmo território que se torna mais aberto à coexistência de diversidade, aceita desigualdades e permite a generalização.
Casa da Música - OMA - 2005 - Porto, Portugal. Disponível em: http://images.adsttc.com/media/images/552c/8eb7/e58e/ce2c/ fd00/01af/large_jpg/CdM_NF_helitour_1_655.jpg?1428983472
14
Entre os conceitos de globalização, desenvolvimento tecnológico e arquitetura está presente também a discussão sobre como as inovações digitais estão sendo utilizadas pelos arquitetos contemporâneos, a partir de geometrias complexas que somente podem ser desenhadas, projetadas e produzidas por máquinas e não mais, pela mão humana. Entretanto, o desenvolvimento de tecnologias mais acessíveis e do conhecimento sensível (citado no capítulo 1) nos acende a esperança de fazer com que a boa arquitetura alcance também as classes menos favorecidas, diminuindo a desigualdade social e a precariedade de nossas cidades. Apesar de todos os aspectos desfavoráveis que uma arquitetura inconsequente pode gerar, é fato que a boa arquitetura contemporânea se apresenta carregada de princípios positivos, como a condução de um diálogo mais íntimo entre autor do projeto e usuário, a aceitação da diversidade, a atenção pela inclusão social, a procura por um espaço dinâmico e preocupado com as necessidades urbanas e sociais.
Cidade das artes - Santiago Calatrava. Disponível em: http://www.eurhostal.com/wp-content/uploads/2014/10/ciudad-de-las-artes-y-lasciencias.jpg
Palácio das Artes Rainha Sofia. Disponível em: http://www.beachco. com.br/v2/wp-content/imagens/2013/02/inter_01.jpg
Quinta Monroy Housing - Iquique - 2004. Disponível em: https://static.dezeen.com/uploads/2016/01/Alejandro-Aravena-Quinta-Monroy-Housing_dezeen_sq.jpg
15
Museu do Amanhã Ficha Técnica Concepção do projeto: Santiago Calatrava; Desenvolvimento do projeto e gerenciamento: Ruy Rezende Arquitetura Data do início do projeto: 2011 Data de conclusão das obras: 2015 Local: Rio de Janeiro, RJ Área do terreno: 34.600 m² Área construída: 15.000 m² Tipo de projeto: Cultural Estrutura: Concreto e Aço Engenheiros Estruturais: Projeto Alpha; Engeti Manutenção de fachada: PB; Sistema fotovoltaico: Ebea
Arquiteto Santiago Pevsner Calatrava Valls (Valência, 28 de julho de 1951) é um arquiteto e engenheiro espanhol cujo trabalho tem se tornado bastante popular nas últimas décadas. Calatrava licenciou-se em arquitetura em 1974. Mudou-se para Zurique para estudar engenharia civil, licenciando-se em 1979 e doutorando-se em 1981. Inspira-se primordialmente nos seres da natureza (antropomórficos, harmonias e equilíbrios dos esqueletos ou das formas naturais, articulações-rótulas, tendões-cabos); assume muitos riscos na busca de um estilo próprio. 16
Sobre o Projeto Toda a plasticidade da obra de Santiago Calatrava é proporcionada pelo concreto que forma a base do edifício e a estrutura metálica que forma a cobertura, a qual se equipara a um casco de navio invertido. Ainda na cobertura, existem estruturas metálicas de conjuntos móveis, que se movem (como asas) de acordo com a projeção do sol para, através de suas placas fotovoltaicas, gerar energia para o conjunto da obra. O Museu do Amanhã conta com um sistema de captação e tratamento da água do mar tanto para abastecer o espelho d’água, quanto para o sistema de resfriamento, já que serve como rejeição de calor no condicionamento de ar. Percebe-se então, que os princípios de sustentabilidade ficam evidentes no projeto, mesmo que ainda tenham preços elevados para sua construção.
Área Portuária do Rio de Janeiro A necessidade de recuperação da área portuária do Rio de Janeiro já é evidente há décadas, pelo fato dela se encontrar em estado de abandono. Por falta de manutenção, armazéns e galpões vinham se deteriorando, causando uma imagem negativa sobre o lugar. Um dos princípios de revitalização da Área Portuária foi a implantação de edifícios culturais, como o Museu do Amanhã e o Museu de Arte do Rio, ambos restritos à praça Mauá. Com a instalação desses edifícios no local, de certa forma, há uma mudança positiva para o espaço, revitalizando-o, ainda que os excessivos gastos e o fenômeno da gentrificação se façam valer.
Vista Aérea Noturna do Museu do Amanhã. Disponível em: http://dicasdeferias.com/wp-content/uploads/2016/05/inauguracao_museu_do_ amanha_2.jpg. Acesso em 05/12/2016.
Vistas aéreas do Píer Mauá antes da construção do Museu do Amanhã. Disponível em: http://3.bp.blogspot.com/_MYXZSEkQMMI/TPmZ0E6YS8I/AAAAAAAAARE/tykGQzi7EQw/s640/00+Pier+Mau%25C3%25A13.jpg e http://static.panoramio.com/photos/original/3018334.jpg. Acesso em 05/12/2016.
17
Perspectiva da praça Mauá. Disponível em: https://arcowebarquivos-us.s3.amazonaws.com/imagens/59/49/arq_55949.jpg. Acesso em 05/12/2016.
Juntamente com a cultura de explosão midiática característica do Brasil, a política pública e privada, de promoção imobiliária, induz nomes internacionais da arquitetura para desenvolverem seus projetos no país. Carregados de um “sistema estrela”, ou melhor, da marca “starchitects”, essas obras gigantescas são aguardadas para serem agraciadas como um verdadeiro espetáculo em torno à publicidade destes edifícios. As verbas investidas nesses grandes projetos são ressarcidas com o dinheiro e com o sucesso do turismo de massa, o qual tende a se estabilizar em um número rigorosamente menor com o passar dos anos, sendo, então, usufruído, em sua maioria, pela população local. Ou seja, todo o alvoroço provocado por esse tipo de obra vai se acalmando com o tempo e deve, por pressuposto, estar inserido em um contexto que dialogue com a população e com o entorno para que aquela passe a aproveitar e continuar utilizando o espaço, construindo um certo afeto com o edifício.
No entanto, muitas vezes não é isso que acontece na realidade, pois essas mega-composições de arquitetura passam a ter um caráter predominantemente estético na paisagem e servem como estandarte para a subliminar política econômica do país. Os princípios do projeto do Museu do Amanhã destacam a disseminação cultural, a sustentabilidade da construção e a renovação urbana. Por outro lado, escondem a massiva centralização econômica e estouros orçamentários. O Projeto do museu custou aos cofres públicos R$ 215 milhões, ou seja, R$ 14.333 por m². Este valor supera o custo do projeto da Cidade da Música de Christian Portzamparc. Este tópico delineia uma tendência do país em seguir importando sucessos exteriores ao invés de projetar o seu próprio, buscando, então, cirurgias estéticas na paisagem e intervenções em espaços públicos que obtiveram êxito em outros países, mas que não necessariamente se encaixam no contexto brasileiro. 18
Vista da praça Mauá e o Museu do Amanhã ao fundo. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/44/Museu_do_Amanh%C3%A3_04.JPG. Acesso em 05/12/2016/
Especificamente no caso da obra de Calatrava, o museu foi construído em um contexto de eventos de abrangência mundial, relacionado às Olimpíadas e à Copa do mundo, o que fez com que o Brasil traçasse uma rota precisa no turismo de massa aliado a seus edifícios iconizados, o que a curto prazo gera uma intensa movimentação da economia. Porém, no término desses eventos, quando não há mais toda aquela grande
movimentação de pessoas, são os próprios habitantes da região que vão usufruir das estruturas construídas, as quais deveriam manter um diálogo com a dinâmica do cotidiano da população regional. O que acontece, na maioria das vezes, é que por ser uma obra “estrela” importada, pouco se avaliou sobre o contexto social, urbano e espacial, gerando uma desconexão da realidade do país em relação à obra.
19
Pode-se começar pela vaidade do autor em ressaltar uma grande estrutura branca em formato duvidoso (segundo o autor remete às bromélias brasileiras) que tenta competir com a belíssima paisagem natural que o Píer da Praça Mauá e toda a Baía de Guanabara proporcionam. O píer deveria ser transformado no principal lugar urbano público para a contemplação do entorno, um lugar qualificado, com muita sombra, vegetação e equipamentos públicos, o que não acontece no então projeto, limitando com o espelho d’água essa parte de apreciação. A praça em frente à obra ignora o clima de um país tropical como o Brasil, criou-se um tapete de concreto que invade uma imensa porção do território, criando uma praça seca e reduzindo áreas verdes e espaços de permanência à meros canteiros. Como tentativa de solucionar esse problema, o arquiteto produziu um grande balanço que enfatiza a entrada do edifício, o qual cria uma área de sombreamento que poderia muito bem estar associada à uma praça arborizada, conjugando uma relação edifício-cidade mais acolhedora e interligada.
Os painéis da cobertura do Museu se movimentam para otimizar a captação de luz solar / Foto: Derek Magabeira / Disponível em: https://museudoamanha.org.br/pt-br/content/por-todos-os-%C3%A2ngulos
O que sabemos com clareza é que o impacto econômico que suas obras provocam não têm a ver com inclusão social, muito menos com melhora de espaços públicos na escala da população. Essa arquitetura de exposição direciona vieses tendenciosos no entorno imediato. De maneira agressiva, ocorre uma especulação nos preços dos imóveis e a redefinição do espaço urbano como um lugar de “negócios”, facilitando investimentos que atraem apenas uma pequena parcela da população. 20
Planta esquemática do Museu do Amanhã. Disponível em: https:// arcowebarquivos-us.s3.amazonaws.com/imagens/59/49/arq_55949. jpg. Acesso em 05/12/2016.
Sobre a escolha do material, a constante e dispendiosa manutenção vai custar muito aos cofres públicos, pois são complicadas estruturas dinâmicas que se movem. Adiante, a brancura das placas de aço, além de irradiarem mais calor às pessoas que não possuem sombra para permanência, são afetadas pelos fenômenos da poluição, da maresia e do cloro que evapora do imenso espelho d’água do projeto, o que acaba resultando em manchas e na futura oxidação dos componentes, requerendo manutenção. O equívoco do espelho d’água fica ainda mais evidente ao segregar a circulação do público aos estreitos passeios que margeiam os limites do píer.
Torna-se insustentável seguir com o pensamento de instigar o espetáculo e a condução das massas a consumir. É preciso ter coerência, que caminha junto com a realidade de cada cidade. É indispensável projetar para a necessidade e com uma plausível política pública, mais próxima da sustentabilidade tentando pôr em prática alguns paradigmas que assegurem uma arquitetura mais humana e local. Não passa de ilusão querer que cada edifício seja um ícone representativo do mais tecnológico e esteticamente apurado. Tentar enfim, que a arquitetura (não existe qualquer tipo de adjetivação, talvez a “verdadeira” arquitetura) volte a caminhar dialogando com o bem-estar social e mundial, desfrutando da construção de um espaço urbano mais próximo ao cotidiano.
Perspectiva do Museu do Amanhã e sua praça. Disponível em: http://www.jb.com.br/media/fotos/2015/12/15/900x510both/museudoamanha6405.JPG
21
Museum of XXI Centur Ficha técnica Arquitetos: Zaha Hadid e Patrik Schumacher - Zaha Hadid Architects Ano do projeto: 1999 Ano de inauguração: 2010 Área construída: 27000 m² Tipo de projeto: Cultural Estrutura: Concreto e Aço Localização: Flaminio, Roma, Itália Structural Engineering: SPC Studio Progettazione Croci
Arquiteta Zaha Mohammad Hadid (Bagdad, 31 de outubro de 1950 - Miami, 31 de março de 2016) foi uma arquiteta iraquiana-britânica e primeira mulher vencedora do consagrado Prêmio Pritzker de arquitetura em 2004, além de ganhar outros inúmeros prêmios. Formou-se em matemática na Universidade Americana de Beirute. Após se formar, passou a estudar na Architectural Association de Londres. Depois de se graduar em arquitetura, tornou-se membro do escritório Office for Metropolitan Architecture (OMA), trabalhando com seu antigo professor, o arquiteto Rem Koolhaas. Em 1980, abriu seu próprio escritório em Londres, o Zaha Hadid architects.
22
Vencedora de um concurso internacional para projetar o primeiro museu de arte contemporânea de Roma em 1998, Zaha Hadid teve a oportunidade de intervir com seu estilo contemporâneo desconstrutivista em uma das cidades mais tradicionais do mundo. O projeto levou cerca de 10 anos para ser concluído, devido às dificuldades técnicas de execução de seu desenho sinuoso e ao estouro de orçamento, fato comum em suas obras. Essas já são algumas das características que o tornam um edifício contraditório, dividindo opiniões entre arquitetos, críticos e locais. Como citado anteriormente, Zaha Hadid é conhecida por projetos com forte presença, pois utiliza de ferramentas sofisticadas de parametrização que permitem um novo tipo de arquitetura, a qual tende a ser icônica e objetual. Esse tipo de desenho pode causar estranhamento, principalmente quando inserido em uma cidade de tradição tão forte quanto Roma, com uma tradição nacional de restauro que preza pela mínima intervenção. É importante ressaltarmos que o projeto do MAXXI está inserido em uma região histórica e deve levar em consideração a anexação de edifícios tombados ao seu complexo.
Acervo Pes
O Projeto Pode-se dizer que o museu assenta-se em sua área de implantação no miolo de uma quadra, ao invés de impor-se de maneira egocêntrica. É fato que, de certa forma, o edifício se camufla em meio ao bairro residencial de Flaminio. Não é possível encontrar o museu no horizonte, mesmo que a poucos metros de distância desse, já na principal rua de acesso. No entanto, ao chegarmos ao miolo da quadra, o museu se torna uma grande surpresa, um edifício que se ajeita a este pequeno espaço, ao mesmo tempo em que exibe suas curvas e grandes balanços de concreto e aço em contraponto aos edifícios neoclássicos de seu entorno.
ry Arts
ssoal - Marina Violin - 2015
DisponĂvel em: http://adbr001cdn.archdaily.net/wp-content/uploads/2012/04/1333858372_1260973867_roof_plan.jpeg Acesso em: 29.11.2016
23
Disponível em http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/05.053/3977. Foto por Victor Hugo Mori. Acesso em: 29.11.2016
Acervo Pessoal - Marina Violin - 2015
Disponível em: http://adbr001cdn.archdaily.net/wp-content/uploads/2012/04/1333858566_1260973095_maxxi_rome_zha_0184.jpg Acesso em: 29.11.2016
24
Dessa forma, vale ressaltar a tentativa de Zaha em valorizar e dialogar com este histórico de diversas formas. A própria implantação do museu, apesar de anamorfa e sinuosa, tenta dialogar com a formação das quadras ao redor e se conter dentro de seu espaço. Ademais, o edifício se preocupa em abrir caminho por este meio de quadra, permitindo uma nova transposição de pedestres. É também interessante como a arquitetura do edifício cria diversos enquadramentos a partir de suas aberturas, as quais aproximam e incluem edifícios do entorno como objetos do museu. Sobre o material utilizado, o concreto, podemos perceber uma alusão ao fato de este ter sido uma invenção romana, que permitiu grandes conquistas territoriais do império romano. A parte mais icônica do museu, o balanço de 9 metros de comprimento na fachada com painéis de vidro, espelha a vista da cidade tornando-a parte do edifício. Apesar das qualidades citadas, ainda existem contrapontos a serem discutidos. Por exemplo, o pátio que se forma em frente ao museu promove a passagem de pedestres locais, entretanto, essa condição apenas é possível durante os horários de funcionamento do museu. Quando o edifício encerra seu trabalho, fecham-se também as grades em seu entorno, anulando toda e qualquer tentativa de criação de espaço público. Outra ponto a ser colocado em pauta, se refere à questão da escala do edifício. Apesar de parecer se encaixar neste espaço, a partir de uma vista aérea, o museu parece sufocar os edifícios históricos de seu anexo e seus vizinhos, principalmente nas laterais, menos notadas pelos visitantes, mas que afetam diretamente os moradores. Portanto, podemos entender que os edifícios tombados ficam em segundo plano, não parecem fazer parte do todo e ficam totalmente deslocados diante dele. A valorização do patrimônio histórico fica em cheque, em uma cidade onde outras intervenções modernas preservaram certa reverência ao passado.
Disponível em: http://adbr001cdn.archdaily.net/wp-content/uploads/2012/04/1333858492_1260973141_maxxi_rome_zha_9740.jpg Acesso em: 29.11.2016
Acervo Pessoal - Marina Violin - 2015
Em um âmbito mais filosófico e poético existem críticos que fazem com este museu uma analogia ao significado da cidade romana desde seus primórdios. Na civitas romana, as fronteiras praticamente não existiam, eram permeáveis e voláteis, o que refletia a filosofia do império romano, a de conquistar territórios e anexá-los a Roma através do encontro, mistura, convívio e obediência à lei do Império. Portanto, era cidadão romano qualquer estrangeiro que estivesse sob a lei de Roma, mesmo sem corresponder a esta etnia. E é assim que este museu também pode ser visto, como um estrangeiro que chega a Roma e se ajusta à sua tradição. A intervenção de Zaha Hadid na região periférica de Flaminio em Roma, entretanto, não foi pioneira. Existe uma obra do starchitect italiano Renzo Piano a cerca de 700 metros do Maxxi, o Parco della Musica, projeto também polêmico por sua escala e interferência no entorno. Inaugurado em 2002, foi o início do processo de gentrificação da região, intensificado com a abertura do MAXXI em 2010, o que veio a afetar a especulação imobiliária causando danos aos moradores locais.
O projeto poderia ser como um meteoro que cai sobre um determinado lugar, assim como acontece com obras de outros starchitects. Entretanto, de fato, busca relações com seu entorno. Todavia, ainda são questionáveis os fatores priorizados na concepção deste projeto: a relação com o pré existente e o respeito a esta tradição do patrimônio histórico e cultural da cidade, ou a marca a ser deixada pela autoria da arquiteta?
25
Guggenheim Bilbao Ficha Técnica Arquiteto: Frank Gehry Ano do projeto: 1993-1997 Área construída: 24.000 m² Tipo de projeto: Museu Estrutura: Estrutura metálica, painéis de vidro, revestimento externo com folhas de titânio Localização: Bilbao, Espanha Custo da Obra: 100 milhões dólares
Arquiteto Nascido no Canadá em 1929, Frank Owen Gehry naturalizou-se norte-americano. Em 1954, ele se formou na Universidade do Sul da Califórnia, passou também pela Harvard Graduate School of Design para estudar planejamento urbano. O conceito de que “arquitetura é arte” tem sido a premissa dos trabalhos de Gehry. Vários de seus projetos tornaram-se marcos da arquitetura contemporânea, como o Museu Aeroespacial da Califórnia, o Walt Disney Concert Hall, em Los Angeles, e o Museu Guggenheim, em Bilbao. Gehry recebeu prêmios de grande prestígio, como o Pritzker, em 1989, e o Praemium Imperiale Award, em 1992 (Guggenheim Bilbao,2016; The Pritzker Prize, 1989).
26
A cidade de Bilbao passava por uma tremenda crise econômica quando, em 1989, lançou-se um projeto de renovação urbana, a fim de incentivar a cultura, o entretenimento e atrair negócios do mundo inteiro. O projeto de renovação urbana incluía um museu de arte contemporânea, o qual seria desenhado por Frank Gehry, além de praças ao redor do museu e duas novas pontes ao longo do Rio Névion, sendo uma delas desenhada por Santiago Calatrava. Além disso, Norman Foster foi encarregado pelo projeto para o metrô da cidade (Riding, 1997). Frank Gehry ganhou grande destaque entre os arquitetos contemporâneos, sendo reconhecido internacionalmente por seus desenhos únicos, que incorporam novas formas e materiais. O Guggenheim Bilbao é uma de suas obras mais populares, tendo sido construído entre os anos de 1993 e 1997, em uma região predominantemente industrial e onde se situava um antigo porto à beira do Rio Nervión (Guggenheim Bilbao,2016).
Museu Guggen Acesso em 03.1
O Projeto O acesso da praça ao interior do museu se dá por uma grande escadaria, chegando primeiramente ao átrio, coberto por uma grande claraboia. O museu possui 24.000 m², sendo 11.000 destinados às galerias de exposição. Organizado em três níveis que se desenvolvem em torno do átrio, o edifício abriga 20 galerias, um auditório para 300 pessoas, uma loja e livraria, uma cafeteria e dois restaurantes. Na pele externa do edifício, o arquiteto trabalha com 33.000 folhas de titânio, extremamente finas. Painéis de vidro são também amplamente utilizados (Guggenheim Bilbao,2016).
nheim de Bilbao – Disponível em:< http://www.archdaily.com.br/br/786175/classicos-da-arquitetura-museu-guggenheim-de-bilbao-gehry-partners> 12.2016
Acesso Principal do Museu. Disponível em:< http:// www.archdaily.com.br/br/786175/classicos-da-arquitetura-museu-guggenheim-de-bilbao-gehry-partners> Acesso em 03.12.2016
Átrio do Museu. Disponível em: <http://www.viewpictures.co.uk/Details.aspx?ID=40542&TypeID=1> Acesso em 04.12.2016
27
O projeto do novo museu serviria como propulsor e símbolo de uma recuperação econômica e regeneração urbana, com a promessa de que os esperados 500 mil visitantes por ano colocariam a cidade no cenário mundial (Riding, 1997). As projeções foram largamente superadas e o novo museu de Bilbao recebeu 1,5 milhões de pessoas no primeiro ano, transformando o caixa do país basco: “Apenas no primeiro ano, o museu aumentou em 250 milhões de dólares o volume de dinheiro deixado pelos turistas no país e gerou 45 milhões em impostos” (Schmetterer, 2003, p.158). De fato, o museu de Guggeinheim, como símbolo emblemático, transformou a cidade de Bilbao. Tal fenômeno de transformação de uma cidade após a construção de um marco arquitetônico ficou conhecido como “Efeito Bilbao”. Nesse sentido, podemos constatar que o objetivo inicial de implantação do museu obteve sucesso, já que milhares de turistas passaram a visitar a cidade por conta da obra, o que restituiu a situação financeira da cidade e tornou-a reconhecida internacionalmente.
Fachada em painel de vidro. Disponível em:< http://www.archdaily.com.br/br/786175/classicos-da-arquitetura-museu-guggenheim-de-bilbao-gehry-partners> Acesso em 03.12.2016
Vista Aérea da Inserção UrbanaDisponível em:< http://www.archdaily.com.br/br/786175/classicos-da-arquitetura-museu-guggenheim-de-bilbao-gehry-partners> Acesso em 03.12.2016
28
First level is organized around the great court. 1. Auditorium. 2. Gallery. 3. Store. 4. Fish Gallery. 5. Atrium. 6. Tickets. 7. Store. 8. Facilities. 9. Ponds. Disponível em: http://breezearchitecture.blogspot.com. br/2013/08/f.html Acesso em: 05.12.2016.
Second level, where the galleries are connected by air bridges. Note the succession of square galleries, ending in an irregular space.1. Accessible. 2. Library. 3. Restaurant. 4. Galleries. 5. Atrium. Disponível em: http://breezearchitecture.blogspot.com.br/2013/08/f. html Acesso em: 05.12.2016
É comum observarmos a implantação de marcos arquitetônicos, com o objetivo de fazer com que o mundo volte seus olhos para uma determinada cidade. Outro exemplo mais recente se deu com a implantação do Museu do Amanhã, de Santiago Calatrava, na cidade do Rio de Janeiro durante o evento dos Jogos Olímpicos. O questionamento aqui apresentado se refere ao real sentido e relevância dessa arquitetura escultórica. O artigo de Laura Iloniemi (2014) nos lembra sobre “muito desse marketing estar completamente alheio à ideia do que realmente faz uma boa arquitetura”, pois trata-se de “uma arquitetura que procura impactar através de sensacionalismo ou simplesmente servir como propaganda”. Tais obras podem até se tornar famosas e fazer com que a cidade seja de fato lembrada internacionalmente, porém representam ícones que em nada consideram e reafirmam a identidade da cidade. O mesmo Museu do Amanhã de Calatrava poderia estar situado no lugar do Guggenheim em Bilbao, bem como este último poderia ser substituído pelo Walt Disney Concert Hall em Los Angeles. Em nada faria diferença, já que tais edifícios em nada se relacionam com a identidade da cidade. Os edifícios espetaculares de Gehry são criticados por dominar a paisagem em que aparecem, desrespeitando o contexto local. Sua forma nem sempre faz relação com sua função, revelando-se através de volumes curvos, esteticamente dissonantes, causando grande impacto visual. O custo das obras é outro fator amplamente criticado. Isso porque, os projetos trabalham com materiais e formas não convencionais, além de exigirem mão de obra qualificada.
Third level, many of the spaces correspond to double heights of the lower levels. 1. Roof. 2. Stairs. 3. Void. 4. Galleries. 5. Atrium. Disponível em: http://breezearchitecture.blogspot.com.br/2013/08/f.html Acesso em: 05.12.2016
Longitudinal and cross section, at the height of the central atrium. Disponível em: http://breezearchitecture.blogspot.com. br/2013/08/f.html Acesso em: 05.12.2016
Imagem 12 - Walt Disney Concert Hall em Los Angeles – Disponível em: <http://www.laphil.com/philpedia/about-walt-disney-concert-hall> Acesso em 03.12.2016
29
Disponível em: <http://www.elmundo.es/cultura/2014/10/23/54492272268e3e55158b4591.html> Acesso em 03.12.2016.
Em uma entrevista de 2014, após receber o Prêmio Príncipe das Astúrias, Gehry foi indagado sobre como ele responderia aos que lhe acusam de praticar uma “arquitetura do espetáculo”. Sua resposta se resumiu em exibir o dedo médio da mão direita ao jornalista espanhol. Não houve diálogo, argumentos, explicações. Tal atitude nos faz pensar se realmente existem motivos e explicações para sua arquitetura, já que nem mesmo seu próprio arquiteto sabe dialogar sobre ela. Na mesma entrevista, Gehry afirma que “Neste mundo em que vivemos, 98% de tudo o que é construído e projetado é pura merda. Não há sentido de desenho, respeito pela humanidade nem por nada. São malditos edifícios e é isso” (Martínez, 2014). Fica-nos o questionamento: o Museu Guggenheim de Bilbao traz algum sentido de desenho, respeito à humanidade e aos que coexistem em seu entorno?
Disponível em: <https://br.pinterest.com/pin/61291244901175772/> Acesso em 04.12.2016
Apesar de tudo, Gehry diz: “não sou um arquiteto-estrela” e não quero ser apontado como tal (Taylor-Foster, 2013). Paul Goldberger, um dos principais críticos da arquitetura do mundo, escreveu uma biografia sobre Gehry e nos diz que o arquiteto não quer ser lembrado como alguém que só fez edifícios icônicos. A compreensão de Paul sobre as obras de Gehry é de que: “certas obras de arquitetura são especiais e tem a habilidade de prover experiências transcendentais. Isso não quer dizer que tudo deva ser dessa maneira. A ideia de que Frank Gehry não é válido porque seria um mundo terrível se tudo fosse como seus edifícios –claro que seria. Mas também seria uma vida horrível se você tivesse fones de ouvido e fosse forçado a escutar as sinfonias de Beethoven por todo o dia, todos os dias” (Medina, 2015). Recentemente, Frank Gehry recebeu de Barack Obama a Presidential Medal of Freedom* (Medalha Presidencial da Liberdade) (Lynch, 2016). De maneira metafórica, o título recebido por Gehry nos faz pensar sobre o que significa liberdade na arquitetura. Sem regras, nada garante que o projeto responda de forma coerente ao contexto. Cada traço deve ter um propósito e sim, a forma deve ser resultado na funcionalidade do espaço e não do capricho de quem a constrói. A melhor arquitetura sempre será liderada por fatores determinantes do contexto local, buscando entender o significado de seu programa no contexto em que está sendo implantada, os motivos de sua existência e sua relevância para o resto do mundo. Do contrário, a arquitetura estará correndo o risco de perder o próprio sentido, à mercê do marketing e do lucro. *Criada pelo presidente John F. Kennedy em 1963, a medalha representa a melhor honraria do país e é dedicada a pessoas que foram especialmente significativas para a paz mundial, segurança nacional, cultura, entre outros feitos. Três arquitetos já haviam recebido a honraria; foram eles Mies van der Rohe (1963), Buckminster Fuller (1983) e I.M. Pei (1993) (Lynch, 2016).
30
Conclusão O objetivo de produzir esta revista foi, a partir de pesquisas e posteriormente formação de nossa opinião crítica, entender as características do que denominamos arquitetura contemporânea e como ela tem impactado as cidades em um contexto urbano. Dentro deste assunto, o enfoque foi dado aos `starchitects´, onde buscamos entender seu significado e o impacto de sua arquitetura na paisagem urbana. A partir da leitura de fragmentos do livro ´S,M,L,XL´ de Rem Koolhaas, surgiu o seguinte questionamento: estaria esta arquitetura do espetáculo dissolvendo a identidade de nossas cidades e contribuindo para a produção de cidades genéricas? Em busca de respostas, escolhemos analisar algumas obras emblemáticas produzidas por alguns dos mais conhecidos ´starchitects´, considerando questões urbanas, socioeconômicas e arquiteteturais. São elas: Museu do Amanhã de Santiago Calatrava, Guggeinheim de Bilbao de Frank Gehry e o Museu MAXXI de Zaha Hadid.
Casa da Vila Matilde - Terra e Tuma Arquitetos Associados - 2015. Disponível em: <http://www.archdaily.com. br/br/776950/casa-vila-matilde-terra-e-tuma-arquitetos/5747fd7ae58ecea2720001e2-vila-matilde-house-terra-e-tuma-arquitetos-photo> Acesso em 04.12.2016
Spittelau Viaducts Housing Project - Zaha Hadid Architects - 2005. Disponível em: <http://www.zaha-hadid.com/architecture/spittelau-viaducts-housing-project/> Acesso em 04.12.2016
A partir do desenvolvimento do trabalho, pudemos reconhecer que nem sempre a importância do contexto histórico e cultural do local onde o projeto será inserido é realmente levada em consideração nas obras produzidas pelos ‘starchitects’. Dessa forma, a vaidade do arquiteto acaba por sobressair – a forma prevalece sobre a função – produzindo uma arquitetura que perde seu real sentido de ser e revela a irresponsabilidade do arquiteto ao estourar orçamentos e prazos. Como arquitetos em formação, é fundamental que saibamos diferenciar os fatores que produzem uma boa arquitetura daqueles que apenas promovem edifícios vazios de significado. Grandiosas ou humildes; onerosas ou de baixo custo; com a técnica estrutural mais inovadora ou com o simples tijolo de alvenaria. Humildes, mas não irrelevantes; barata, mas não banal. Que o traço do arquiteto sempre tenha consciência de seu propósito: arquitetura para pessoas. 31
Referências Bibliográficas
ABASCAL, Eunice Helena Sguizzardi. Cidade e arquitetura contemporânea: uma relação necessária. Arquitextos, São Paulo, ano 06, n. 066.06, Vitruvius, nov. 2005 <http:// www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.066/410>. ARGAN, Giulio Carlo. Clássico anticlássico. O Renascimento de Bruneleschi a Bruegel. São Paulo, Cia. das Letras, 1999. ARIEFF, Allison. ‘Strachitects’ Aren’t the Problem, Architecture Is. The New York Times. New York, p. 1-1. 15 dez. 2014. Disponível em: <http://www.nytimes.com/roomfordebate/2014/07/28/are-the-star-architects-ruining-cities-9/starchitects-arent-the-problem-architecuture-is>. Acesso em: 17 out. 2016. BOTTURA, Roberto. “O Estado das Coisas”. Vitruvius, publicado em 12/03/2012. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/ read/arquitextos/12.142/4274> CUNHA E SILVA, Luiz Felipe. “A nova Praça Mauá e o Museu do Amanhã”. Vitruvius, publicado em 16/09/2015. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/ minhacidade/16.182/5708> Danish Architecture Centre. MAXXI Museum Zaha Hadid Architects. Features. 14.dez.2009. <http://www.arcspace.com/features/zaha-hadid-architects/maxxi-museum/> Acesso em 03.12.2016. DELAQUA, Vitor. “Museu MAXXI / Zaha Hadid Architects” 08 Abr 2012. ArchDaily Brasil. <http://www.archdaily.com.br/42117/museu-maxxi-zaha-hadid-architects> Acesso em 26.11.2016.
32
Referências Bibliográficas
MAU, Bruce; KOOLHAAS, Rem; SIGLER, Jennifer. Small, Medium, Large, Extra-large: Office for Metropolitan Architecture. New York: Monacelli Press, 1995. 1344 p. MEDINA, Samuel. Construindo Arte: a vida e a obra de Frank Gehry. Uma conversa com Paul Goldberger. 2015. Disponível em: <http:// www.archdaily.com.br/br/779713/construindo-arte-a-vida-e-a-obra-de-frank-gehry-uma-conversa-com-paul-goldberger>. Acesso em: 04 dez. 2016. RHEINGANTZ, Paulo Afonso. “Museu do Amanhã”. Vitruvius, publicado em: <http://www. vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/16.185/5867> RIDING, Alan. A Gleaming New Guggenheim for Grimy Bilbao. The New York Times. Ny, p. 1-1. 24 jun. 2016. Disponível em: <http://www. nytimes.com/1997/06/24/arts/a-gleaming-new-guggenheim-for-grimy-bilbao.html>. Acesso em: 03 dez. 2016. ROSENBERG, Juan Pablo. Invasões de território - Contribuições da land-art para a pesquisa em projeto de arquitetura. Arquitextos, São Paulo, ano 16, jul. 2015.Disponível em: <http:// www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/16.182/5614>. Acesso em 04.12.2016. ROWLAND, Ingrid D. New Art in Old Rome: Playing Among Giants. NYR daily. Nova Iorque - 30.06.2010. <http://www.nybooks.com/ daily/2010/06/30/new-art-old-rome-playing-among-giants/> Acesso em 03.12.2016. ZANETTINI, Siegbert. ”Fundamentos da Arquitetura Contemporânea”. ArchDaily Brasil. 03 Abr 2013. Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/106915/fundamentos-da-arquitetura-contemporanea-slash-siegbert-zanettini>. Acesso em: 15 Out 2016.
33
Referências Bibliográficas Fondazione Maxxi. Credits of the project. Roma. <http://www.fondazionemaxxi.it/en/ progetto-architettonico/crediti-del-progetto/> Acesso em 03.12.2016. GELINSKI, Gilmara. “Santiago Calatrava: Museu do Amanhã, Rio de Janeiro”. ArcoWEB. Disponível em: <https://arcoweb.com.br/ finestra/arquitetura/santiago-calatrava-museu-amanha-rio-janeiro-2014> GOMES FREIRE, Quintino. “Museu do Amanhã custará mais que Cidade da Música”. Diário do Rio, publicado em 15/05/2012. Disponível em: <http://diariodorio.com/museu-do-amanh-custar-mais-que-cidade-da-msica/> GUATELLI, Igor. O MAXXI e o delírio de Zaha Hadid em Roma. 129.03 crítica - São Paulo ano 11, set. 2011. <http://www.vitruvius.com. br/revistas/read/projetos/11.129/4043> Acesso em 26.11.2016. GUGGENHEIM BILBAO. The Building. 2016. Disponível em: <https://www.guggenheim-bilbao.eus/en/the-building/>. Acesso em: 04 dez. 2016. Ill-Raga, Marta. “Uma Crítica ao (Nem Sequer Lançado) Museu do Amanhã”. Rioonwatch, publicado em 17/12/2015. Disponível em: <http://rioonwatch.org.br/?p=17595> ILONIEMI, Laura. O que o Guggenheim deveria considerar antes de construir em Helsinki. 2014. Disponível em: <http://www.archdaily. com.br/br/01-180350/o-que-o-guggenheim-deveria-considerar-antes-de-construir-em-helsinki>. Acesso em: 04 dez. 2016. LYNCH, Patrick. Frank Gehry e Maya Lin recebem de Barack Obama a Presidential Medal of Freedom. 2016. Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/br/800324/ frank-gehry-e-maya-lin-recebem-de-barack-obama-a-presidential-medal-of-freedom>. Acesso em: 04 dez. 2016. M. MAGALHÃES, Roberto Anderson. “Porto Maravilha”. Vitruvius, publicado em 11/01/2011. Disponível em: <http://www. vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/11.126/3733>
34
Referências Bibliográficas MARTÍNEZ, Luis. La peineta del arquitecto. El Mundo. Espanha. 23 out. 2014. Disponível em: <http://www.elmundo.es/cultura/2014/10/23/54492272268e3e55158b4591. html>. Acesso em: 29 nov. 2016. SABBAG, Haifa Yazigi. MAXXI – Museo Nazionale dele Arti del XXI Secolo. 053.03 visita arquitetônica - ano 05, jul. 2011- <http://www. vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/05.053/3977> Acesso em 27.11.2016 SCHMETTERER, Bob. Salto - Uma Revolução em Estratégia Criativa nos Negócios: Bilbao. São Paulo: Cultrix, 2003, p.158. Disponível em: <https://books. google.com.br/books?id=WXzS7RQVabIC&lpg=PA157&vq=bilbao&dq=guggenheim bilbao antigo porto industrial&hl=pt-BR&pg=PA4#v=snippet&q=bilbao&f=false>. Acesso em: 04 dez. 2016. SCHUMAHER, Patrik. The Meaning of MAXXI – Concepts, Ambitions, Achievements. Londres, 2010. Published in: Zaha Hadid Architects, MAXXI: Museum of XXI Century Arts, Rizzoli International Publications, New York 2010. <http://www.patrikschumacher.com/ Texts/The%20Meaning%20of%20MAXXI.html > Acesso em 04.12.2016 TAYLOR-FOSTER, James. Frank Gehry: “Não sou um ‘arquiteto-estrela’”. 2013. Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/br/01162853/frank-gehry-nao-sou-um-arquiteto-estrela>. Acesso em: 04 dez. 2016. The Pritzker Architecture Prize. Frank Gehry: biography. Disponível em: <http://www.pritzkerprize.com/1989/bio>. Acesso em: 04 dez. 2016. The Pritzker Architecture Prize. Zaha Hadid: biography. < http://www.pritzkerprize. com/2004/bio> Acesso em 03.12.2016. Watkins, Katie. “Estariam os “arquitetos-estrelas” arruinando o skyline das cidades?” [The New York Times Asks: Are “Starchitects” Ruining City Skylines?] 11 Ago 2014. ArchDaily Brasil. Disponível em: <http://www.archdaily. com.br/br/625339/estariam-os-arquitetos-estrelas-arruinando-o-skyline-das-cidades>. Acesso em: 17 out. 2016.
35
36