João Vianna Trompetista

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JOÃO VIANNA TROMPETISTA

Como foi sua infância? Onde nasceu, como era sua casa, família, gostos, sonhos, brincadeiras preferidas?

“Bom, minha infância foi muito ativa. Eu era um cara que gostava muito de me relacionar, de fazer novos amigos. Numa geração anos oitenta, a gente ficava muito na rua, então a nossa diversão era jogar futebol, brincar de pegador, de esconder, essas coisas todas que envolvem o coletivo, então foi uma infância muito legal, muitos amigos.

Na questão de gostos, acho que as pessoas da minha geração tinham gostos simples. A gente não tinha muita coisa, não tinha tanta informação, então o sonho sempre era ter uma bicicleta, ter um Kichute, que era o calçado que na época era para jogar futebol. Todo menino queria ter um tênis que tinha trava e pra poder jogar uma bolinha nele. O futebol de botão também estava muito na moda na época.”

Quando e como foi o primeiro contato com a música?

Sempre esteve presente na sua vida ou foi descobrindo ao longo do tempo?

“Mas aos treze anos eu conheci o trompete na minha escola. Na escola municipal onde eu estudava, eu vi uma banda de músico tocar e aquele som do trompete mexeu muito comigo.

A partir daí ficou fixo na minha cabeça que um dia eu deveria tocar aquele instrumento. Logo após essa sensação, na minha escola mesmo foi criada uma banda de música, consegui fazer testes e mais tarde integrar a banda como trompetista.”

“Ainda na minha infância, com treze anos, eu já estudava piano que era o instrumento que todo mundo na família era educado musicalmente. Minha avó era professora de música e a gente tinha como parte da nossa formação os nossos avós e pais exigirem que aprendêssemos a música. Então até mesmo pra gente poder jogar bola, antes a gente tinha que passar ali no piano, tocar e mostrar que tinha estudado”.

Tocou outros instrumentos? Com o trompete, como conheceu e começou a tocar um instrumento pouco tradicional na cultura brasileira?

“A partir do momento em que entrei na banda, com 13, 14 anos, sempre levei a sério a música. A minha irmã mais velha já era concertista, estudava no conservatório de música na UFMG e me orientou a começar a estudar a música para ter um conhecimento mais amplo do instrumento e praticar com outras pessoas. A partir daí fui cada vez mais aperfeiçoando, até chegar aos 18, 19 anos já tocando profissionalmente, em eventos, e assim ser convidado para outros trabalhos.”

A partir daí, como foi sua trajetória profissional? Onde começou, bandas por onde passou, projetos…

“O primeiro artista mais conhecido com o qual eu trabalhei foi o Paulinho Pedra Azul, fiz uma turnê com ele quando tinha 19 anos.

Na sequência, aos 21, comecei a tocar com o Skank, onde fiquei por 10 anos trabalhando e gravando. Em 2000 senti vontade de me tornar empreendedor, não querer mais depender de agenda de artista. Assim montei a banda Vil Metal, uma banda que fiz parte durante 15 anos, com muitos shows, eventos e acompanhando artistas famosos como Pepeu Gomes e Flávio Venturini em diversos festivais.”

“Nessa caminhada de 2000 para cá comecei também outros projetos como a Charanga Pop, um grupo itinerante que toca e interage com as pessoas na rua, tive um projeto de intercâmbio internacional BrasilEspanha com o violinista Julio Ramirez, que originou o projeto Latinoamérica, de música espanhola. Hoje em dia venho desenvolvendo outros projetos, como o Música na Árvore Instrumental, que une a música ao meio ambiente e à sustentabilidade.”

Como é esse contato com estrelas da música? Teve alguma decepção? E alguma surpresa?

“Eu tenho contato sim, com muitos artistas mantenho o contato. Com outros naturalmente a gente vai deixando de conviver, mas sempre que se encontra existe uma amizade respeitosa, do tempo que a gente dividiu estrada, tocamos, dividimos palco. Eu acredito que tive muito mais alegrias que decepções tocando com esses artistas de renome nacional.”

“A respeito de algum tipo de decepção, na maioria dos casos era pela questão financeira, porque nem todos os artistas que estão em uma fase boa, de sucesso, reconhecem o músico que às vezes está ali desde o começo. Poderia haver um equilíbrio maior entre o que o artista e o músico recebem. Então, ainda existe um lado a ser melhorado no mercado da música que é essa relação do músico com os convidados. Poderia ser mais respeitosa a remuneração.”

Nos conte um pouco dos seus projetos atuais. Olhando para trás, qual o panorama que você faz de toda essa trajetória? Possui mais planos e sonhos em mente que ainda não realizou, tanto na vida quanto na carreira?

“Eu tratei o Música na Árvore, meu projeto mais atual. Meus projetos atuais são projetos onde eu me coloco como um diretor artístico, onde eu ajudo a construir projetos nos conceitos deles, nos objetivos e também na parte artística que compõem as programações quando eu proponho os projetos. São projetos que visam através das leis de incentivo servir de plataforma e vitrine para outros instrumentistas. Em primeiro plano, meu projeto gosta de convidar quem é o instrumentista, o músico que sempre fica no palco, como um cara que acompanha o artista mas que quase nunca tem a chance de tocar como solista, principalmente instrumentos de sopro, de corda, como um violino e outros, pessoas que integram orquestras e as bandas não os protagonizam. Então o meu projeto, é para isso, valorizar o lado do instrumentista para que ele possa, através do projeto, ter um palco, uma condição profissional, uma divulgação a altura desse lado profissional que ele tem ”

“Os sonhos que eu ainda tenho, as coisas que eu gostaria que se concretizassem, são essas ideias minhas que estão sendo colocadas através dos projetos culturais. Isso é muito bacana, porque quando você é o idealizador de um projeto você pensa nele, você começa a escrever, e de repente esse projeto se concretiza, consegue uma aprovação, aí você agora parte para uma fase em que as empresas e empresários começam a enxergar que o que você faz tem valor. Então o meu sonho é que esses projetos que eu venho escrevendo ganhem uma dimensão nacional, para que a gente possa, em grande escala, promover esses shows, essas programações artísticas e assim, beneficiar muitos músicos que são merecedores desse espaço.”

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