Foto: Lucas Renan Domingos
Criciúma - 2016 - Edição única
Crônica
A descoberta do carvão
Archimedes Naspolini Filho Especial
1893
. Maragatos e Pica-Paus guerreavam, entre si, no Rio Grande do Sul. Era a Revolução Federalista que se alastraria também por território catarinense. E, num determinado dia, chegava ao ouvido dos aqui residentes que, por onde passava o pelotão dos guerreiros, cavalos e mulas eram sequestrados para ajudar no transporte das tropas. E isso chegou aos ouvidos do italiano Giacomo Sonego. Este era um colono imigrante, residente no bairro que conhecemos como Santo Antônio. Seu Giacomo possuía duas mulas (ou seriam dois cavalos?). Puxando carroça esses animais transportavam gêneros alimentícios no eixo
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Urussanga-Cresciuma-Araranguá. Ele ficou preocupado com a possibilidade de perder os dois animais que, afinal de contas, eram os responsáveis pela sua labuta diária. O que ele fez? Conversou com os seus botões e proclamou: as duas mulas, não! Eles podem até roubar uma, mas as duas, não. Foi aos fundos do seu terreno, coberto de mata virgem, abriu uma clareira e ali amarrou uma das mulas. A outra ficava no cercado da sua própria casa. Para dar água para a mula confinada, Seu Giacomo abriu uma pequena cova e o líquido se fez presente. A terra e as pedras tiradas o pequeno poço ficaram amontoadas ao lado. Bom, passados os dias turbulentos da possibilidade do seqüestro de suas mulas, e sabedor de que os beligerantes federalistas não mais transitariam por aqui, Seu Giacomo recolheu a mula e ateou fogo no mato seco daquela clareira. Naquele local plantaria feijão. Dois dias depois retornou ao local para averiguar se já poderia passar o arado naquela pequena roça. Para sua surpresa encontrou um foco com muita fumaça que exalava do monte de pedras tiradas do buraco onde fizera a fonte para a mula beber água. Esse fogo era o anúncio da maior descoberta regional e disso me ocuparei amanhã. A Revolução Federalista iniciada no Rio Grande do Sul alcança outras unidades federadas. Tropas avançam por terras catarinenses em busca da capital federal, Rio de
janeiro. Veículos de tração animal e, principalmente os animais puxadores de tais veículos, são requisitados para uso dos revolucionários. Giacomo Sonego ficou com medo de perder suas duas mulas. Uma delas foi confinada numa clareira no interior da mata virgem que circundava Santo Antônio, berço da colonização italiana de Criciúma. Passado o susto ateou fogo à coivara resultante da derrubada e notou que algumas pedras que foram arrancadas para a abertura de uma fonte que matava a sede do animal, estavam em brasa. Assustado saiu à procura de vizinhos e a todos falava: “i sàssi bruza tutti” isto é, as pedras todas estão queimando. Benjamin Bristot, então auxiliar de ferreiro do Senhor Pietro Genovez, estabelecido em Pedrinhas, interior de Pedras Grandes, interior de Tubarão, recolheu algumas unidades daquelas pedras e as levou à fornalha da ferraria. Precisava testar se, realmente, as pedras queimavam. Para sua surpresa ficou constatado: as pedras entraram em combustão. E que brasas! A notícia invadiu toda a comunidade e não respeitou os limites da vila: alcançou Urussanga, Tubarão, Araranguá e Jaguaruna. O carvão mineral fora descoberto no território de Criciúma. O local da descoberta foi preparado para a abertura da primeira mina de extração de carvão mineral do nosso futuro município que, no vindouro novembro, comemora 90 anos de emancipação político-administrativa.
Capital
do carvão
Criciúma do ouro negro A cidade, que já foi a capital nacional do carvão, hoje tenta manter viva a sua história através de pontos turisticos.
Luiz Fernando Velho
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EDITORIAL
cidade de Criciúma foi colonizada por imigrantes vindo da Europa no final do Século 19. Imigrantes italianos, poloneses, alemães, portugueses e africanos, se uniram às demais etnias que transformaram o município. A miscigenação cultural transformou a cidade que hoje conta com mais de 200 mil habitantes. Sendo referência como um dos principais polos econômico do estado no setor têxtil e cerâmico, este último sendo reconhecida como a maior produtora nacional e a segunda maior produtora mundial de pisos e azulejos. Por possuir uma das maiores reservas naturais de minério, inclusive de carvão em seu subsolo, a
sua exploração começou em meados do ano de 1913 e com progresso da mineração, a cidade implantou a estada de ferro Estrada de Ferro Dona Teresa Cristina, que alavancou ainda mais o desenvolvimento na região. Devido essa grande demanda de trabalho nos subterrâneos, a população de cidade aumentou considerável nos anos que se seguiram. Tornando assim Criciúma a capital nacional do carvão, título que ostentou por décadas. Hoje Criciúma não possui minas em atividades, mas a cidade preservou uma que é a única no país que aberta ao público para visitação, a mina Octávio Fontana, leva os visitantes a pouco mais de três quilômetros de profundidade, para conhecer mais sobre a história do carvão e do trabalho
dos mineiros. Um dos diferencias da atração, é a oportunidade de o turista eventualmente participar de um jantar no subsolo. Criciúma também possui outras atrações e patrimônios culturais pela região que de acordo com diretora de Turismo da Fundação Cultural de Criciúma (FCC), Fátima Guimarães está passando por revitalizações, desde o mês de fevereiro deste ano. “Já revitalizamos a Gruta Nossa Senhora de Lourdes, no bairro Lote Seis, o parque José Milanezi, que é localizado no bairro Jardim União. Também vamos repaginar a Praça Nereu Ramos e a Praça da Chaminé. E depois vamos atrás de recursos para Memorial Casa do Agente Ferroviário Mário Ghisi e para a Praça do Congresso”, comentou.
A cultura e história de uma localidade é única. E são através de memórias das mesmas que conseguimos resgatar o passado e vivenciar esses quesitos de uma cidade. Criciúma é marcada historicamente por um passado econômico voltado para o carvão. A extração desse mineral no município não é mais a mesma dos velhos tempos. Porém, a cidade carrega consigo pontos e memoriais que nunca deixaram essa trajetória se apagar. Um desses locais é a Mina de Visitação. O local é um espaço destinado a recordar os grandes momentos da extração do carvão em Criciúma. Quem visita o espaço relembra o papel importante que a mineração teve para alavancar a economia do município e região. Uma viagem para recordar, aprender e até se emocionar.
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Mina
de
Visitação Octávio Fontana
Trezentos metros de história e cultura da região carbonífera Mina de Visitação Octávio Fontana é um dos pontos turísticos mais procurados de Criciúma
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Lucas Renan Domingos extração do carvão mineral na região sul de Santa Catarina foi o que alavancou a economia do município. Por isso, pode-se dizer que visitar a Mina de Visitação Octávio Fontana, além de uma atividade turística, é também uma forma de recontar
um pouco da história do município. Fundada em 1950, a Mina São Simão, local onde hoje está instalada o espaço de visitação, pertencia a Companhia Brasileira Carbonífera de Araranguá (CBCA), que se instalou em Criciúma no ano de 1917. Inicialmente a extração do carvão na São Simão era feita de forma manual. “Inicialmente a mina foi aberta com explosivos que detonaram a entrada até um certo ponto onde os mineiros, com picaretas, pudessem começar a trabalhar”, conta o guia da Mina de Visitação, Ricardo Neves. E assim trabalharam até meados dos anos de 1960. A partir dessa
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época, a extração do mineral foi temporariamente encerrada devido à falta de projetos de continuidade e pelos mineiros já estarem em uma área de extração onde o oxigênio era escasso. Foi então que, em 1984, o empreiteiro Octávio
Fontana conseguiu um acordo com a CBCA para ter uma concessão e voltar a explorar o local. Agora, com uma produção mais mecanizada, a exploração do carvão era muito maior. “Cada mineiro tinha sua vagoneta, que vazia pesa 200 quilos. Diariamente, em um turno de seis horas, eles deveriam produzir de forma individual pelo menos dez vagonetas cheias. Ou seja, oito mil quilos de carvão por mineiro ao dia, pois a vagoneta comporta 800 quilos de carvão em cada viagem”, relata Neves. Em 1995, a Mina São Simão foi desativada por dificuldades financeiras e permaneceu abandonada até o ano de 2010. Foi quando a Prefeitura de Criciúma começou a revitalizar o espaço. “A Mina Modelo do bairro Mina Brasil estava com a estrutura prejudicada e oferecia riscos aos visitantes. A Prefeitura realizou um estudo aqui e iniciou o projeto de reforma de aproximadamente um ano. A inauguração foi no dia 28 de outubro de 2011”, diz o guia. Apesar de ter uma 3,6 quilômetros de extensão,
hoje apenas 300 metros estão abertos para a visitação. Além de uma viagem ao passado da mina e de como funcionava a extração do mineral na região carbonífera de Santa Catarina, isso a bordo de uma mini réplica de uma locomotiva alemã de 1922, os visitantes também conhecem o processo de ancoragem de teto, a formação do carvão mineral, sua classificação e como é a segurança nas minas.
Além disso, a Mina de Visitação também é a única mina aberta para visitação no Brasil e a única no mundo a realizar jantares e eventos no subsolo. Essas particularidades do local atra milhares de turistas de todas as regiões do Brasil e do mundo, entre eles estão italianos, alemães, argentinos, americanos, chilenos, uruguaios entre outros e até mesmo famosos que visitam a cidade como o jornalista da Rede Globo, Arnaldo
Jabor e os músicos da banda Legião Urbana. Para fazer o passeio, adultos pagam R$ 14,00, crianças de seis a 12 anos, estudantes e professores com carteirinha atualizada pagam R$ 7,00. Já idosos acima dos 65 anos e crianças abaixo dos cinco anos não pagam. O horário de atendimento do local é, nas terças-feiras, das 14h às 18h e de quarta a domingo (incluindo feriados) das 9h às 12h e das 13h às 18h. Foto: Lucas Renan Domingos
Os visitantes são guiados por uma réplica de uma locomotiva de 1922
EXPEDIENTE Diagramação: Lucas Renan Domingos Luiz Fernando Velho
Redação: Lucas Renan Domingos Luiz Fernando Velho
Contato: lucasdomingos@outlook.com luizfernandovelho@hotmail.com
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Empreiteiro
da mineração criciumense
Uma história de vida dedicada ao carvão Octávio Fontana, empreiteiro da antiga Mina São Simão, que virou ponto turístico com seu nome Luiz Fernando Velho
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escendente de uma família que trabalhava na roça, Octávio Fontana, nasceu em 25 de setembro de 1926, foi o quarto filho de Fiorindo Fontana e Maria Benincá Fontana. A casa da família Fontana, que ficava na encosta do Morro Cechinel, e abrangia toda a encosta do morro, sem área plana, a parte mais alta era reservada para o plantio de banana, ficando todo o restante para roças e pastos e também para casa da família, estrebaria, paiol e engenho de cana com alambique. Devido a problemas de saúde, Octávio que sofria de convulsões, estudou somente até o segundo ano do primário. A decisão de tirá-lo da escola foi de seus pais que ficaram com medo que garoto sofresse algum acidente no trajeto casa/escola, que naquela época era feito pelo meio do mato. Octávio sofreu muito por ter que parar os estudos, pois tinha grande vontade de continuar a estudar. Até a idade de 20 anos, ajudou a família nas lavouras. Neste período, junto com o irmão Elias, fabricava cabos de picareta com madeira extraída no mato da família. Os cabos eram vendidos para o irmão mais velho, Anibal, que tinha uma ferraria na mina. Octávio sempre teve o sonho
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Foto: Arquivo família Fontana
Octávio Fontana comprou a concessão da Mina São Simão em 1984 de mudar de vida e mudar para melhor. Foi quando surgiu a primeira oportunidade e ele foi trabalhar como balconista no armazém do cunhado que era dono da mina no bairro São Simão. Ele estava na roça quando recebeu a notícia que havia conseguido o emprego ficou muito
feliz, pegou a enxada e rodopiou-a no ar e disse: “A partir de hoje, não volto mais!” Foi o início de sua carreira como empresário, tornando-se sócio no armazém e, mais tarde, dono do mesmo. Toda a sua trajetória empresarial foi voltada para
mineração do carvão. Na juventude, o primeiro contato com a mineração, foi na profissão de mineiro, não foi animador. Desistiu em pouco tempo com um frustrante retorno à vida da roça. Entretanto, o reencontro na vida adulta, como minerador, empresário da mineração, seria permanente, até seus últimos dias de vida. Por quase 30 anos, o carvão foi o centro da vida de Octávio tornando-se o ponto marcante da sua trajetória profissional. Casou-se aos 27 anos com Beatriz Philomena De Noni, com quem teve seis filhos Fiorindo José, Maria Luiza, Carmen Luzia, Luiz Carlos, Albertina Raquel e Maria Dolores. Fiorindo lembra que final dos anos 1950, Octávio Fontana, adquiri a concessão da antiga CBCA, companhia responsável pela exploração do carvão em São Simão.
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que na ocasião pertencia a seu irmão Elias e ficava no terreno de seu pai. Após o falecimento de Octávio quem a assumiu o comando junto com o senhor Jovenil, foram os filhos Fiorindo José e Luiz Carlos Fontana. “Eu e o senhor Jovenil ficamos com a parte da produção, já o Luiz Carlos ficou no escritório cuidando da parte administrativa da empresa. Principalmente na compra de materiais e insumos para a mina”, comenta Fiorindo.Em 1992, devido à crise do carvão, os irmãos Fontana em acordo com o sócio decidiram vender a Mineração São Simão. E
venderam para a Mineração Pérola, que encerrou a exploração em 1995, quando a reserva de carvão acabou completamente.Octávio Fontana faleceu em Criciúma em 5 de janeiro de 1988, com 61 anos de idade. Foi reconhecido como personalidade dedicada às pessoas e aos interesses de sua comunidade, tendo a principal rua do bairro São Simão sido denominada Rua Octávio Fontana. Merecedor de justa homenagem da Prefeitura de Criciúma e da população, também tem o seu nome estampado no seu local de trabalho e na terra em que nasceu. Foto: Lucas Renan Domingos
A partir de hoje, não volto mais!
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Com seu jeito empreendedor na década de 70, tornou-se sócio da Carbonífera Palermo, realizando a extração de carvão nas localidades de Palermo (Lauro Müller/SC), Rio Hipólito (Orleans/SC) e Capané (Cachoeira do Sul/RS). “Esse é um fato que eu identifico muito no meu pai é empreendedorismo, o nunca ficar parado ou dependendo de um local de extração, apesar de ter pouco conhecimento escolar, mas este espírito empreendedor sempre foi marcante, e essa passagem sempre me chamou a atenção”, afirma.Ainda como proprietário da Mineração São Simão, em 1984 Octávio em sociedade com o sr. Jovino Zilli, abriu uma antiga mina desativada que foi explorada na década de 50
Placa localizada na entrada da mina de visitação
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Quem
conhece
Seu Arlei: uma parte da história da Mina de Visitação Hoje maquinista, ele contou sua relação com o local que sempre esteve presente em sua vida
Lucas Renan Domingos
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uem vai ao Parque Cincinato Naspolini, ou Parque das Nações, como é conhecido, em Criciúma, para dar uma voltinha na réplica da Maria Fumaça, irá conhecer um senhor, que apesar da baixa estatura, ostenta grande simpatia e um sorriso enorme que sempre aparece em seu rosto. Trata-se de Arlei Cardoso, o Seu Arlei, um mineiro aposentado e
que hoje, aos 59 anos, é o maquinista da estação ferroviária do local. A história dele pode ser considerada uma história paralela à da Mina de Visitação Octávio Fontana, porque foi ali que viveu várias páginas da sua vida. Quem vê Seu Arlei guiando os passageiros no Parque das Nações pode nem imaginar que ele tem grandes histórias para contar da antiga Mina São Simão, mas basta iniciar uma conversa sobre o assunto que a empolgação logo vem à tona.
Arlei Cardoso foi mineiro na Mina São Simão
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Aos 19 anos de idade, em 1976, ele já trabalhava na mina administrada por Octávio Fontana. Seu pai e sua mãe sempre tiveram uma relação próxima com o empreiteiro. “Só podia trabalhar no subsolo da mina após os 21 anos, mas comecei trabalhando do lado de fora, recebendo as vagonetas cheias de carvão e na manutenção, onde acabei virando encarregado do setor tempos depois”, lembra. Quando chegou aos 21 anos foi trabalhar no subsolo, que era a vontade de muitos homens na época. “Além do salário, se você fosse até a região central de Criciúma e contasse que você era mineiro, fazia o maior sucesso”, brinca. Seu Arlei não mede palavras para demonstrar o orgulho de ter sido mineiro. Para ele, naquele tempo existiram realmente mineiros, “hoje são apenas operadores de máquinas”. Apesar de já estar aposentado, o maquinista sente saudades das atividades desempenhadas no tempo do mineiro, mas aponta que nem tudo faz falta. “Quando me perguntam se tenho saudade, eu falo que tenho. Algumas coisas me marcaram. Naquele tempo a mina era perigosa e acabei perdendo alguns amigos em acidentes ao longo dos anos que estive trabalhando como mineiro. Mas, fora isso, era divertido e valia a pena”, conta.
As brincadeiras dos amigos também trazem boas lembranças para Seu Arlei. Ele conta que ninguém na mina ficava sem apelido, por mais que tentassem. “Uma vez um mineiro novato chegou para trabalhar com a gente e evitava falar para não dar brechas para um apelido. Porém, não adiantou. Como ele pouco falava, na hora do fim do expediente, um dos mineiros gritou: ‘Vamos, silencioso. Está na hora!’. Estava aí o novo apelido”, sorri. Aos 35 anos de idade ele se aposentou. Durante os últimos oito anos de profissão, ficou exercendo a função de encarregado de produção. Tal relação entre Seu Arlei e a Mina de Visitação, proporcionaram a ele uma nova experiência em 2010. Por trabalhar muitos anos ali, foi ele
quem ficou à frente da equipe que restaurou os 300 metros da atual Mina de Visitação. “Trabalhei muitos anos naquele lugar. Conheço como se fosse minha casa, por isso me convidaram para coordenar a equipe. Fico feliz, meu nome é o primeiro que está lá na plaquinha, mas agradeço todos os outros que me ajudaram”. A profissão de maquinista veio por acaso. Ele foi convidado a pilotar depois que finalizou o trabalho de restauração da mina. Hoje, apesar de não ser o maquinista fixo do local, Seu Arlei ainda trabalha na mina para fazer a folga dos outros maquinistas e revela que, se pudesse, não sairia de lá nunca. “Ser maquinista dos dois locais é muito bom. Hoje eu não trabalho,
pra mim isso aqui é passear e não trabalhar. Faço porque gosto. Hoje estou aqui no Parque, mas gosto mais quando estou na mina. Lá eu posso contribuir mais com os visitantes. Como vivi muito tempo trabalhando lá, os visitantes, principalmente estudantes, me fazem perguntas. Apesar do meu jeito grosseirão de explicar, sem muitos estudos, acredito que colaboro com o conhecimento deles e isso me deixa feliz”. E assim Seu Arlei vai contribuindo para disseminar a história e ajudando a fortalecer a cultura da cidade de Criciúma, a bordo de uma réplica de uma locomotiva de 1922, contando suas histórias e distribuindo a gentileza e serventia para qualquer um queira ganhar um tempo conversando com ele.
FOTO MINA
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Fé
na padroeira
Devoção à Santa Bárbara Venerada em diversos países e no Brasil, a santa é a padroeira dos mineiros e de Criciúma
Luiz Fernando Velho
A
devoção a Santa Bárbara está espalhada mundo. Hoje no Brasil igrejas e paróquias são dedicadas a ela. A festa em honra a Santa Bárbara é realizada no dia 4 de dezembro. Santa Bárbara é mais conhecida como a padroeira dos mineiros, por essa razão em todas as minas há um altar em sua honra. Mas ela também é padroeira de bombeiros e profissionais que mexem com explosivos. Para entender um pouco da relação dos mineiros com a padroeira é preciso conhecer a história de Bárbada, que foi cruelmente assassinada. De acordo com o padre Wilson Buss, pároco da Paróquia Santa Bárbara em Criciúma, a jovem morreu por defender seus princípios cristãos. Ela era filha de Dióscoro, um homem muito poderoso e que queria arranjar um casamento com alguém rico e influente na sociedade. Mas ela aceitou. “Bárbara era dona de uma bela extraordinária e o pai queria preservála até conseguir um casamento. Mandou que se construíssem uma torre com duas janelas, mas a jovem, muito temente a Deus, em homenagem a Santíssima Trindade
pediu que se fizesse mais uma”, explica padre Wilson. Percebendo que Bárbara não renegaria o cristianismo, Dióscoro ficou muito decepcionado com a filha e decidiu entregar às autoridades. - O pai pediu ao tribunal que a filha fosse decapitada e que ele mesmo pudesse fazer o ato. Depois que matou a filha, um raio o atingiu e o matou. Por isso hoje em dia Santa Bárbara é protetora contra relâmpagos e tempestades. Ela protege os profissionais que trabalham com explosivos, como bombeiros e mineiros – afirma o pároco.
Preces à Santa Na iconografia cristã Santa Bárbara é representada como uma virgem, alta, majestosa, com uma palma que significa o martírio, um cálice como símbolo do de sua proteção em favor dos agonizantes e ao lado uma espada, instrumento de sua morte. Invocada para afastar os temporais. Uma antiga crença afirma que, quando a tempestade está muito forte, basta queimar, em frente à imagem da santa, algumas folhas de palma benta no Domingo de Ramos que o mau tempo desparece. E sua imagem é entronizada nos depósitos de pólvora para livrá-los de explosões.
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