edição 4 >> ano 2 >> especial de aniversário
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EDITORIAL
Coisas sem-títulos Todo mundo quer ser único. Ser normal acaba de parecer chato. Se não somos normais, somos loucos? Alucinados pela vida... A loucura é, segundo a Psicologia, uma condição da mente humana, e ainda caracterizada por pensamentos considerados anormais pela sociedade. O título da loucura é estranho? A estampa da coragem faz existir o que a face pintada tenta renovar. Ou remover. Possíveis e curiosos olhos se encaixam a céu aberto de nós. Somos esquisitices vestidas para não, e simplesmente, andarem nuas, como a vida de um olho se enamora com a lua cheia de desejos. Nossos desejos são ordens? As loucuras íntimas cabem no dia a dia? E o pensar se manifesta aqui e ali – atordoando, nutrindo... Baseada nos pensamentos e loucuras da primeira juventude global, a edição de aniversário da bag traz como pino básico a palavra freak. Uma questão se forma: o que é que é? A expressão freak, que é muito usada hoje, referencia pessoas com alguma coisa-título não comum em suas feições ou procedimentos. Com medo de se sentirem perdidos na multidão, os jovens estão criando essa nova linguagem visual não-comum – não-título. Não grupe, mas líquida. Escorre os dias.
As regras mudaram novamente – o mundo é dinâmico. Se antes neutralizávamos nossas diferenças, agora se tornou o melhor processo expressá-las. E, com toda essa expressão, é possível ser vendedor, DJ, jornalista, nerd, ator, designer e coisas-título ao mesmo tempo. Tudo fincado agora. Nós estamos falando da geração mais plural da história: de pessoas e pessoas se apresentando de formas várias. Histórias da Terra que muda e que fala... Troveja e esquenta. Nestes dias, as mudanças são diárias: o inaceitável pode ser aceitável amanhã; o que foi agora criticado, um minuto a seguir pode ser celebrado. Há tempo para adiar? Os jovens de agora estão influenciando novos hábitos, ou de consumo ou de qualquer outra coisa-título por aí. E realmente não é fácil entender os millennials. Quem são eles? São o oposto que se faz um bichinho de estimação, o oposto do que fazemos ao apenas seguir os conceitos estabelecidos pela sociedade. Quem apenas repete padrões de comportamentos não tem coragem de ser diferente, de inovar, de se reinventar. Este é o momento para você desenvolver a coragem para decidir o que é melhor para si, sem obedecer normas e regras genéricas. É a hora certa para começar a ser autêntico, único, freak. Lucas Silveira Publisher
SUMÁRIO
EXPEDIENTE Publisher Lucas Silveira lucasgabrielsilveira@hotmail.com Produção Executiva Maicon Mello Revisão Gabriel Mota Publicidade Lucas Silveira Marca bag Allecastro
Os artigos assinados são de exclusiva responsabilidade dos autores e não refletem a opinião da revista.
Ana Paula, Fabiana Queiroga, Galeria Plus, Ivan Erick, João P. Teles, Larissa Domingues, Max Miranda, Pabllo de lá Cruz, Philipe Mortosa, Plie Design, Rodolfo Capuzzo, Vinícius Figueiredo, Yuri Pardi
Fica expressamente proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia do conteúdo editorial.
COLABORADORES
A revista bag é uma publicação trimestral de 3.000 exemplares sem fins lucrativos da marca lucasSilveira sob o registro 11.680.083/0001-23.
Diagramação www.rima.cc
Foto: João P. Teles Styling: Yuri Pardi Beleza: Fábio Fernando - Five Visagismo Modelo: Igor Ramos - Glam Model
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Inquiete-se Anomalia Abra a razão Editorial: Le freak c`est chic Afinal, qual e a dificuldade em contar quem somos através das roupas? Mutação Galeria bag Are you a freak? Androginia Editorial: Underneath textures Narrativas de moda: histórias às avessas Aberração
Capa
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14 z maicon mello designer Publicitário e marketeiro. Atualmente diretor de arte em constante pesquisa sobre novidades e tendências sobre design. @maiconmello
Desde o início da minha coluna na bag e até muito antes disso, qualquer rápida pesquisa pela internet me proporcionava uma avalanche de informações, novidades, referências e motivos para que eu também fizesse mais. Acredito que isso aconteça com quase todo mundo. E a cada dia o meu bookmarks fica um pouco maior. E é tanta coisa boa, tanta gente fazendo coisas legais por aí, que nos inspiram, nos enchem os olhos e também o coração. Não é à toa que foi tão legal escrever a coluna Searching, porque era fácil, era divertido a cada dia encontrar algo legal e querer compartilhar com os leitores da revista. Durante esse 1 ano de coluna foi
muito bom trazer o trabalho de profissionais como ilustradores, blogueiros, aventureiros, designers, publicitários, gente que na minha opinião sempre somou ao meu trabalho, por ser inquieto como eu, por querer fazer mais, mais do que é pedido, mais do que se espera dessa pessoa ou profissional. E essas buscas servem para aqueles momentos em que estamos com a prancheta vazia, a página em branco, com um novo documento sendo aberto ou com uma ideia querendo nascer. Dessa busca e com esse espírito inquieto está nascendo um novo projeto. Um movimento para os inquietos. Um lugar para eles (a gente) se encontrar, se falar e se inspirar. Além de fomentar boas ideias e gerar no-
vas ideias, uma oportunidade para unir e valorizar profissionais, atitudes, ideais, inquietudes. E por trás desse projeto existem grandes nomes, que são grandes não por que se consideram assim, mas porque pensam grande, buscam o novo e procuram fazer tudo o que fazem da melhor forma possível; por isso a bag é o melhor lugar pra anunciar esse novo espaço. No endereço www.inq.art.br você vai encontrar uma provinha desse novo projeto. Tenho certeza que quem é inquieto vai curtir.
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Nossos sentidos: descentralizar para existir Ternura por descobertas - a não ilusão Discorridos caminhos da casca tênue; reto afora...
ABERRAR é acreditar na mentira escondida no tapetevíscera? Dentro de um e outro, a bobeira de ser invade cada um, a qualquer estação: hora outra e outra. Agora. Há a beleza de ser. O revirar do desfavorável é uma prova à frente. Monstro de nós significa um novelo de lã? Desenrolamos a vida. Uma cara amassada é o passatempo do espelho? A feiura é desonesta? Por que beleza quer dizer alguma coisa? A beleza é honesta? Também, mas honestidade se palpa e tem rugas – ou a ferro mesmo: penetrados seres. Não se sabe sobre os nossos sentidos? Coisa escorrida de caldo grosso coloca-se lado a lado do intestino fino. O que mais nessa região de restos mortais? Bosta posta na torta pérola-pétala da doce vida. Vida posta; vida são talhos impostos – e de chantili, caldinho. Há o cheiro de viver. Há urubus na caatinga. E qualquer caatinga é escrito com dois “as”? Catinga na moringa do rio-cerébro. E de coisas presas no batimento da ficção. Fricção. Mistério de fato. Posses indevidas, cartas de indicação coberta de notas, jabá, jabaculê na cara de quem faz com panos quentes e medo. Aberta ação. E mais: aberração é saber que quem rege não escuta operários da instrução? Por quê? Vida é mato. No verde de nós. Consigo mesmo no ato da fortuna íntima: travesseiro e destino. Estrela de mel
é brilho solto no mundo. “Inclua-te fora dessa porque tu és luminosa”, disse a enfastiada fruta-veia – cheia de coisas escorridas reto afora. Reto afora... Pisar na alma dos outros é como ferir a tapa antes dada no dissedisse da retida fese-tese [festejo dos intestinos]; no vaso escorrido o resto de cada um – é fato. O resto de sempre até o fim. Um jeitinho colorido é o olhar da cabeça. Do destino da fogueira que queima o bico do peito a ferro-teso? Ou glicose com gosto de febre. E entorta a boca, e entorta o olho – corcova velha; reto afora. Absurdo? Vamos perguntar em tudo: inconsistência, impossibilidade, incoerência, confusão, irregularidade? Um ser é um monstro desigual assim como
mAX mIRANDA Desenhar e escrever abrem minha cabeça. maxmaxmax3m@hotmail.com www.omaximodeideias.wordpress. com
seja. Somos monstros brincando de gentilezas? Abra a razão - Berra, coração! Abra a ração - Abra a ação. Aberta ação - Berra! Ação... Na língua de um povo cru que casou com a Terra e aqui ficou, diz que é bicho e tem medo; medo de encarar a realidade de coisas vivas. Vivas por serem. Ser porque é. Ser a doidivanas completa e possuída diante da feitura do agora. Pus, e soluções em caçapas escorridas. Bolas de pesos, e pesos de bola. Glória à figura do alheio rosto. Põe-se ser. A viagem de lazer é a própria hora existindo diante do minuto da aberração. Somos coisas incompletas até sendo e porque não aceitar? Reis? Rainhas? Onde está a terra pisada do loiro puro? Corra, o seu sangue europeu está acabando; vá à terra do nunca e chame de mamãe e papai o Doceiro da esquina. Grita a vida. Frita o sorriso. Frita o sol. Frita a cidade de tanto carro; um atrás do outro – entupir. Entupido: esgoto de automóveis é a rua nossa de cada dia. Uns lados sim, outros não... Carro, carro, carro. Pressa desmedida de homem querendo ser no volante, e nem a própria vida comanda – e muito menos um volante construído pela medicina alternativa do automobilismo. Cria bicho, cria carro, cria desventura para o trânsito – e nem a bicicleta sai do lugar.
Come o bairro de prédio, e cadê o vento? Comer o vento do outro é
aberração
Constrói. Destrói o sentido ser o que a rua deixou de ser – arbítrio no asfalto. E nada de pneu. Tudo de pneu. Borracha. Grita a cola, e onde está a assistência dos desusos e usos do mundo daqui? Isso e aquilo se colocam em peso doído porque a dor da culpa lhe tirou a cara velha e frouxa, borras-coisas! Ante - agora. Antes e agora. O antes do agora? Cadê o que resta num lugar tão belo. Bela e verde, pairada no Cerrado. Serra o ar, gente fina! Pises no pé, piso de pé, de novo e ronque à noite porque és humano porco? E também na varredura da letra: quero comer palavras. Ninguém tem texto pronto. O texto é a vida. Texto é cotidiano. E tem gente que amarra as ideias num texto construído há... Texto é presentemente; é agora e nunca mais. Texto é pensamento e tão livre espírito de comunicar. Aproveito para uma coisa aberrada: Giordano Bruno ou Joana D’arc? Foram que foram e nada são? Mais tolerâncias contemporâneas ou não: e se busca comer o tédio de uns para digerir o tédio de outros: há faces simples que rebordam a vida e nada de santas e equilíbrios de dados cabíveis. Disfarçados de pele, mas eles são outra coisa, que politizam. Abelha poliniza. Aberração é jogar uma criança na caçamba de lixo. Aberração é jogar um papel de bala na rua, ou até
mesmo, aberração é ser o mau humor da existência – e sabendo que essa passagem é para um lugar de pouca volta. Aberrar é... Afastar-se do caminho reto, desviar-se das regras naturais, transviar-se: Aberrar do bom senso? “O transvio em que me aberrava” (Coelho Neto). Reto do reto e reto do reto: reta forma. Murcha forma. Durinhos brilhos: próximas passagens. Eu aberro, tu aberras, ele aberra, nós aberramos, vós aberrais – conjugar para existir – e não julgar para existir. Monstruosidade é apontar e esconder o rabo reto afora de si mesmo. Monstro é o bicho de dentro que devora a culpa; a gentileza urbana é o estado na rua – porque ultrapassar? Seres ultrapassadores. Ultra. Passa. Dores. Monstruosidade é preconceito. Monstro é a esquisitice da falsidade. Monstruosidade é bater e esconder a mão; monstro é olho que só cabe o umbigo e a malfeitoria visceral. Só lhe cabe o espaço de todos. Mundo somos nós. Monstruosidade à solta: e, definitivamente, monstro está no jeito de armar imagens. O desigual é parecido, sempre. O ser fantástico não é fantasia. A fantasia é monstruosa quando o dinheiro do outro é usado para um – de todos para um. Hibridez. Há misturas boas e misturas puras; e ainda misturas-monstro: máscaras são monstros escondidos? Fedor, carniça. Aleijo. Amor. Pinça. Beijo. Cheiro da vida ou os minutos estão mortos? Pego a vida e sigo o rumo. O diferente é diferente. A feiura é a feiura.
O que é feio? Engula; e depois são dejetos – metabolismos de todos jorram coisas; ou é um monstro dos céus de nós... O Flato. O ato. A vida. É passagem: agora. Acaso é bicho-papão. E a construção do mundo acontece sem empacar [?], e nós aqui contorcidos pelos ponteiros. A água pelo ralo... A enchente faz vítimas; aberrações naturais ou estéticas de resistência da Terra? Perguntas-grito. Pavores na faixa. Monstro é monstro? Ser pano de chão abraça a vida porque é a sua vida. Quem é monstro no armário-coração? Quem é monstro na gaveta-olho? Quem é monstro no casco-língua? Quem é quem dentro de nós? A contestação faz o debate: diálogos diários sem fim... E existir em diversas formas não é aberração; pode ser alforriado ao ar de britas - somos cores-pelevida por aí. Olhos, sóis, cavernas: e bobas aberrações coitadas? Coma seu ar ou morra de fome. Viventes urbanos com alarme, e por isso de unhas-línguas afiadas. Entendemos o ruído da natureza humana?
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Le freak, C’est Chic FOTOS IVAN ERICK
STYLING PLIE DESIGN / PHILIPE MORTOSA
Colar Eleonora Hsiung
Cabeรงa lucasSilveira Vestido Marcos Queyroz
Vestido Adevânia Silveira AnÊis Kaverna Sapato Plie para Kleyson Bastos
Tiara Mรกrio Britto Jaqueta Fabulosas Desordens Vestido Pactus Legging Futility Colares Gutta Guerra Sapato Acervo Pรกgina da direita_ Vestido Joรฃo Queyroz Saia Marcos Queyroz Cinto Marcos Manzutti Pulseiras Pactus Gola de penas lucasSilveira
Saia usada como pelerine Adev창nia Silveira Saia Gutta Guerra Brinco Eleonora Hsiung Sapato Plie para Kleyson Bastos
Legging kleyson Bastos Cabeça Adevânia Silveira Casaso preto Pactus Vestido Marcos Manzutti Colar DaGuirra Cinto Pactus Sapato Acervo
Blusa manga longa Marcos Queyroz Blusa amarela Adevânia Silveira Vestido longo Kleyson Bastos Anéis Kaverna Gola de Pêlos Acervo
Fotografia_ Ivan Erick Produção_Plie Desing e Philipe Mortosa Direção Criativa_ Lucas Silveira Cabelo_ Janaína Mendes Make-up_ Alessandra Nunes Modelo_Duane Friedrich (Voga)
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QUAL É A NOSSA DIFICULDADE em ContaR Quem somos atRaVÉs Das RouPas?
FERNANDO RODRIGUES Designer gráfico Tem formação em artes plásticas pela UFG e é designer gráfico formado pela PUC-GO.
Izabelle capuzzo Stylist É designer de produto formada pela PUC-GO e especialista em criação de imagem e styling de moda pelo SENAC-SP. Pliedesign.blogspot.com Pliedesign.com
se tratando de gênero, não é preciso se distinguir.No A palavra tendência nunca foi tão usada e explorauniverso pop, Lady Gaga berra que você pode ser da como agora. Ela possui intensidade, tempo e exquem quiser e que ser estranho é normal. Observatensão, parte do individual e se espalha no coletivo. se a ruptura se padrões, estamos passando por um Gilles Fouchard diz que ela se constrói pelo cruzamomento que valoriza a beleza da imperfeição e por mento de intuições, ideias, leituras, encontros, estilos isso tem ligação direta com a realidade. de vida, habilidades e produtos insólitos. É fruto de um processo intuitivo e interativo, aponta possibilidades para o futuro e além de estar presente na moda está ainda nas SER FREAK, em nossa sociedade, tem a ver com mais diversas áreas.
ser quem você é ou quer ser, assumir e exteriorizar uma identidade através da aparência. O diferente, está ligado a ruptura de padrões.
As tendências de moda nascem de filmes, celebridades e principalmente das ruas. Hoje, existe também um movimento muito forte, composto por blogs de moda, onde tendências nascem, circulam pela rede até se transformarem em “it-trend”, são usadas a exaustão pelos “bloggers” e enquanto isso, nas ruas, nem se quer chegou mas já esgotou no mundo virtual. O indivíduo exerce um papel de grande importância na contemporaneidade, pois agora, além de participar da moda mostrando seus desejos e necessidades, ele também pode influenciar os demais.
Atualmente temos uma pluralidade de tendências, o que é uma resposta a diversidade de estilos de vida e as manifestações culturais, ou seja, a moda está ligada diretamente ao que a sociedade está vivendo. Tivemos campanha internacional estrelada por casal albino, a top Kate Moss deixando suas celulites a mostra em desfile, modelos plus-size ganhando editoriais e passarelas. A questão do tempo, que afeta a todos, seja por sua falta ou por não aceitá-lo foi explorada usando modelos maduras ou a beleza feita para envelhecer os modelos. Sexualidade é tema recorrente. Imagens da modelo transexual Lea T. e do modelo Andrej Pejic estão por todas as partes, confundindo os observadores e gritando que a era Gisele Bündchen acabou. A geração atual é cada vez mais liberal e não se apega a gêneros, paralelamente a moda diz que,
Vivendo a hipermodernidade, que tem a rapidez como característica central, somada a enorme quantidade de ofertas de estilos na moda, talvez não tenha sobrado tempo para refletir que as roupas e acessórios falam sobre nós. Por isso, vivemos simulações que a roupa e as tendências nos proporcionam: “hoje sou hippie, amanhã serei punk.” Cada dia assume-se um papel, sem identidade. Apesar da moda ter esse lado massificador e padronizador, ela também nos oferece ferramentas de individualização. Aqui mora uma ambigüidade, pois ao passo que a moda diz: “Seja você mesmo”, ela também diz: “ Se não conseguir ou não gostar, eu te ajudo a tentar um novo personagem”. Deixar de lado a paranoia das tendências, a necessidade de “estar na moda”, a compulsão por novidades, o consumismo desenfreado e não dar ouvidos ao que o marketing diz quando impõe um “must-have” e de quebra manda você ficar atento à próxima tendência: “trend to watch”, é mesmo muito complicado. Romper com padrões é coisa de gente grande. A vestimenta é instrumento de identificação e inserção social, é um texto que será lido e rapidamente julgado. Portanto, assumir nossa identidade através da roupa é despir-se de armaduras.
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Acess贸rios
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EPHEMERAL PASSION # 04
A ESPERA
DARK SIDE#1
Nick Alive, Óleo sobre papel tela Filiart Renaud 240g, 42 x 29.7 cm, 2010.
Edney Antunes, Mista sobre tela, 100 x 70 cm, 2010.
Zé Otavio, Acrílica, esferográfica, lápis dermatográfico, fitas adesivas e esmalte de unha sobre Papel couché 230 g, 29.7 x 21 cm, 2010.
THE MEXICAN
KILLER BOOTS
Rustoff, Acrílica, spray, stencil sobre papel Fabriano 50% algodão 300 gramas, 60 X 48 cm, 2010.
Oscar Fortunato, Mista (incluindo serigrafia, grafite e spray Montana) sobre papel Fabriano 300g 50% algodão, 35 x 36 cm, 2010.
Série Macho Toys Situação Delicada nº 09 Fabio Carvalho, Impressão a laser, 42 x 29,7 cm , 2011.
62.8108.0149 | 62.9127.6313 | 62.8558.7829 | carlosrabello_decor@hotmail.com
40 LARISSA DOMINGUES Jornalista É brasiliense da gema. Gasta todo seu tempo entre as redações de jornal e os inferninhos da capital. É louca por tecnologia, música, literatura e tudo que envolva novidades e excentricidades. larissa.domingues@msn.com
Quando me passaram o teor deste artigo, fiquei pensando sobre o conceito da palavra freak. Descobri, após arquitetar os mais diversos e absurdos tipos de teorias e pensamentos, que é complicadíssimo tentar simplificar ou explicar algo que tem uma significação tão ampla. Vamos tentar, primeiramente, pelo modo ipsis literis. De acordo com o dicionário Michaelis de língua inglesa, o freak é um ser anômalo, uma aberração, um monstro, ou uma pessoa esquisita, excêntrica, esdrúxula, grotesca. A querida Wikipedia diz que o termo é bastante utilizado na contemporaneidade e que é “comumente aplicado na referência a pessoas com algo não usual em suas aparências ou comportamentos”. Okay. A tradução literal me parece pobre, dá a impressão de não fazer jus a tudo o que este pequeno adjetivo inglês pode transparecer. Lembra dos anos 60 e 70? Você não precisa ter vivido esta época para saber, pelo menos um pouco, o que ela foi ou representou para a história. Sabe os anos 60 e 70 apresentados nos livros, nos documentários, nas revistas e nos grandes filmes do cinema mundial? Foi aí, nesse intervalo de tempo, (em) que essa palavra começou a ser empregada na boca dos boêmios, dos punks, dos beatniks, dos hippies e de tantos outros grupos tão ricos e instigantes em termos culturais e antropológicos. Foi exatamente aí (em) que se começou a montar a grande tenda do freak show.
Venhamos e convenhamos: a sociedade contemporânea repudia e ao mesmo tempo idolatra um bom show de horror – daqueles, dignos de um filme de Stanley Kubrick. Para mim, o maior exemplo disso é a ascensão mais que meteórica de Lady Gaga. Aliás, gostaria de grifar aqui: pela minha opinião, ela é o maior ícone freak da história da música pop e, quiçá, da moda. Ou melhor, ela trouxe para o cenário pop elementos pouco usuais, como a atitude anarquista e desinibida dos punks, por exemplo. Não quero entrar no mérito comercial. É muito claro que tudo, ou quase tudo, se trata de uma grande jogada de marketing. Dá dinheiro, vende. Mas a questão é que a mother monster mantém seu público muito bem entretido. Ela mata a sede dos curiosos com todas as suas esquisitices e excentricidades. Como muitos outros também fazem. Acontece que ser freak não significa só ser bizarro, estar marginalizado socialmente. Na moda, por exemplo, existe uma cena underground das mais criativas nas passarelas de Nova Iorque, Milão e Tóquio, entre muitas outras. São inúmeras as vertentes musicais que têm como membros grandes esquisitosmaravilhosos, como o folk e o indie rock. Um dos meus preferidos é Devendra Banhart, um neo-hippie tristonho que vomita umas coisas lindas, diga-se de passagem. E nas artes plásticas? Alguém dúvida que Salvador Dalí, em meio aos seus delírios convulsivos, fosse um grande super freak? Falei tudo isso para chegar a apenas um ponto. Para muitos, o termo denota algo pejorativo, de mau gosto. Na minha humilde concepção, é o mais nobre adjetivo que existe. O que pode ser melhor que ser singular?
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Fotos: Jo達o P. Teles Styling: Yuri Pardi
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Ana Paula Vilela Mestre em Arte e Cultura Visual pelo Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Artes Visuais – UFG. Professora do Curso de Design de Moda da Universo.
Narrativas de moda:
As narrativas visuais concebidas por artistas contemporâneos emergem “sentidos enviesados” (CANTON, 2009), bem como um modo particular de contar histórias. Desta maneira, as narrativas do nosso tempo relatam histórias às avessas, fazendo com que o começo-meio-fim tão aclamado seja surpreendido pela falta de linearidade, a qual sugere o uso de repetições, sobreposições, deslocamentos e alinhavos de fragmentos. Uma das características que configura o nosso tempo é a avalanche de imagens na qual estamos imersos. Para tanto, contar histórias revela um meio de se aproximar do outro, a fim de promover trocas de sentidos em si e nesse outro.
Katia Canton esclarece que: essa estratégia de aumento do interesse pelo storytelling (ato de contar histórias) começou no final dos anos 1980 e início dos 1990. Em Nova York, proliferam desde essa época espaços alternativos que recebem todo tipo de contadores de histórias. Vive-se ali uma explosão do storytelling (2009, p. 37).
Compreendemos que as pequenas histórias, contadas de um jeito particular, acabam por substituir as histórias totalizantes conhecidas por metanarrativas, que pretendem descrever e explicar a realidade a partir de uma perspectiva geral, hegemônica. Então, artistas contemporâneos se inspiram em histórias conhecidas pelo grande público e as remodelam por meio de desconstruções. “Não há risco de que a identificação com o espectador ou leitor desapareça, considerando-se a popularidade de que são revestidas” (CANTON, 2009, p. 39). Diante da possibilidade de sobrepor fragmentos de pequenas costuras e virar os sentidos pelo avesso, percebemos que as histórias contadas por artistas contemporâneos também fazem eco no design de moda. Notamos que a moda contemporânea, assim como a arte, concebe imagens que instigam, desafiam e promovem uma condição de estranhamento e
instabilidade para uma dita “Cultura Visual” que considera, no exercício da visualidade, os modos de ver e a construção visual do social (Mitchell, 2006). Portanto, vislumbramos uma maneira de narrar, que contempla a roupa enquanto matéria ou substância de uma narrativa visual no gênero do design de moda. As narrativas de moda contemplam uma forma singular de contar histórias, configuradas por elementos que sugerem o uso de repetições, cruzamentos e desvios. Contam histórias, mas se negam a conceber uma narrativa cujo sentido seja cessado em si mesmo, ou que possa ter linearidade. Os sentidos, nas obras de artistas e designers contemporâneos, se arranjam e se constroem das múltiplas relações que se sucedem entre a obra e o observador. Deste modo, uma narrativa visual que contempla o gênero da moda deve estar comprometida com questões temáticas que perpassam pelo contemporâneo ou, como diria Rosane Preciosa, “consideramos a moda como um notável documento da cultura contemporânea” (2008, p. 2). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CANTON, Katia. Narrativas enviesadas. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009. MITCHELL, W.J.T. Mostrar o ver: uma crítica à cultura visual. In: Interin. Revista on-line. Curitiba: Universidade Tuiuti do Paraná, n. 1. 2006. Trad. Rubens Portella. PRECIOSA, Rosane; AVELLAR, Suzana. Considerações iniciais sobre Moda e Memória. In: Colóquio de Moda, 4., 2008, Novo Hamburgo/RS. Anais... Novo Hamburgo: Feevale, 2008. p. 1-9.
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