Ano 1 | Edição 1 | 2015
PERSPECTIVA
Desenho a mão ou Desenho digital? Qual o melhor caminho? O que realmente é arte? Como começar? A PERSPECTIVA traz discussões, conteúdos e dicas para você, apaixonado por ilustração. 1
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Apresentação Olá, sejam bem vindos a PERSPECTIVA, a revista que traz tudo sobre o mundo da arte. Aqui, vocês terão a oportunidade de encontrar matérias, dicas, entrevistas, referências e muito conteúdo que será de extrema importância para o desenvolvimento artístico de cada um. A PERSPECTIVA tem como objetivo sempre proporcionar as melhores informações dentro do ambiente em que atua, de forma objetiva e bastante didática. Aproveite esta edição e mergulhe dentro do nosso maravilhoso conteúdo. Equipe Perspectiva
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SUMÁRIO Desenho - Como você pode começar do zero de forma eficiente
pág. 6
Desenho - Ver
pág. 8
Desenho - Desconstruir
pág. 10
Desenho - Visualizar e Reconstruir
pág. 13
10 dicas para quem está começando a desenhar
pág. 17
Pintura Digital - Um novo movimento artístico?
pág. 20
Formas de arte digital
pág. 22
Artes do seriado francês Grizzly and the Lemmings
pág. 27
Aprenda animação com os artistas da Pixar
pág. 30
Entrevista - grafiteiro Crânio
pág. 32
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Desenho - Como você
pode começar do zero de forma eficiente Você gostaria de saber desenhar, mas não sabe nem por onde começar? Já tem uma ideia do que é desenhar, mas não sabe como melhorar? Discutiremos então os princípios básicos do aprendizado do desenho. Aprender a desenhar, seja olhando para uma foto, uma pessoa, um local ou simplesmente criar algo da sua cabeça é um processo complexo. Além de todos os elementos que temos que dominar ainda lidamos com dificuldades como atacar o assustador “papel em branco” ou uma série de preconceitos e outras travas que criamos em nossa cabeça. Assim, acabamos muitas vezes desistindo até mesmo antes de começar. Mas o que é desenhar? Segundo o dicionário: desenho de.se.nho sm (lat designu) 1 Arte de representar objetos por meio de linhas e sombras.2 Objeto desenhado. 3 Delineação dos contornos das figuras. 4 Delineamento ou traçado geral de um quadro. 5 Arquit Plano
ou projeto de edifício etc. 6 Desígnio. 7 Figura de ornatos, em tecidos, vasos etc. Apesar de gostarmos dessas definições, acreditamos que desenhar é muito mais do que isso. Para nós, e para outros autores, aprender a desenhar primeiramente é aprender a ver. Enxergar além do que estamos acostumados a ver a nossa volta, observar detalhes que antes nem sabíamos que existiam. É aprender e tentar entender e replicar as relações entre todos os elementos da imagem. Além disso, aprender a desenhar também é aprender a aguçar a curiosidade, pesquisar e desconstruir aquilo que vemos e damos como “mundano”. É investigar as estruturas do mundo em que vivemos e das coisas que nos cercam, seja em seus elementos físicos ou como nos impactam psicologicamente.
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Por fim, acreditamos que aprender a desenhar é aprender a imaginar e sonhar no papel, como diria Iain McCaig. É visualizar o que nunca vimos antes, ordenar tudo que sabemos e reconstruir todos os elementos anteriores em criações originais, que dizem muito sobre nós mesmos. Então, desenho não é só a “arte de representar”, mas sim a realização no papel de todo este aprendizado somado aos anseios, aos sonhos, as experiências, a frustração e a introspecção da jornada de cada artista.
O grande desafio ao desenhar de observação é ignorarmos, ou no mínimo questionarmos, tudo que achamos estar vendo e realmente nos concentrarmos no que estamos vendo. Analisar sem viés algum dos formatos (shapes) gerados por tudo que está na imagem ou objeto que estamos desenhando, tanto pelos objetos em si quanto pelos espaços vazios entre eles. Este é um conceito fundamental do desenho e é muito bem explicado no livro Desenhando com o lado direito do cérebro, da autora Betty Edwards, onde são chamados tecnicamente de espaços positivos e negativos.
A autora aborda outros temas muito interessantes ligados a teoria de que o cérebro humano pode ser dividido em duas “metades”, onde o lado esquerdo representaria processos racionais, lógicos, analíticos, verbais e simbólicos, enquanto o lado direito representaria o lado perceptivo, intuitivo e espacial. Este é um material recomendadíssimo para quem está bem no começo e nunca teve contato com o desenho de observação.
Podemos dividir o estudo em quatro tópicos:
Ver | Desconstruir | Visualizar | Reconstruir
Sketches da personagem Rapunzel do filme “Enrolados”, da Disney.
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Ver
Vamos começar pelo primeiro elemento, aprender a VER, isto é, realmente observar profundamente o que estamos prestes a desenhar, entendendo relações entre todos os elementos da imagem. Este conceito se aplica muito ao desenho de observação, vulgarmente chamado de “copiar”. Nesta parte do texto entenderemos que este processo pode ser simples como também extremamente complexo, dependendo do quanto você pretende se aprofundar, e como é base para tudo que falaremos na sequência. O grande desafio ao desenhar de observação é ignorarmos, ou no mínimo questionarmos, tudo que achamos estar vendo e realmente nos concentrarmos no que estamos vendo. Analisar sem viés algum dos formatos gerados por tudo que está na imagem ou objeto que estamos desenhando, tanto pelos objetos em si quanto pelos espaços vazios entre eles. Este é um conceito fundamental do desenho e é muito bem explicado no livro Desenhando com o Lado Direito do Cérebro, da autora Betty Edwards, onde são chamados tecnicamente de espaços positivos e negativos.
A autora aborda outros temas muito interessantes ligados a teoria de que o cérebro humano pode ser dividido em duas “metades”, onde o lado esquerdo representaria processos racionais, lógicos, analíticos, verbais e simbólicos, enquanto o lado direito representaria o lado perceptivo, intuitivo e espacial. Este é um material recomendadíssimo para quem está bem no começo e nunca teve contato com o desenho de observação. Reforçando este conceito de lado direito e esquerdo, vamos estudar o que diz o autor Harold Speed em seu livro The Practice & Science of Drawing. Quando desenhamos a partir de uma referência, principalmente antes de aprender este conceito, temos a tendência de acrescentar ao papel símbolos pré concebidos, como por exemplo que a cabeça é redonda, ou olhos são redondos, o nariz é triangular, dentre outros. O autor alega que temos a tendência a desenhar um retrato como a Figura A, abaixo, enquanto se fossemos desenhar o que estamos realmente olhando deveríamos chegar em resultados mais próximos ao apresentado na Figura B.
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O mesmo processo acontece com os famosos “bonecos de palito”, símbolos que utilizamos para representar a figura humana, fugindo completamente do que estamos observando no dia a dia.
No final do livro a autora introduz os conceitos de desenho de memória e de imaginação, porém, na minha opinião a coisa começa a complicar um pouco por aí. Acreditamos que existe uma área de bastante incerteza quando se fala de criação através destas práticas de observação, também chamadas de pictóricas na literatura Por fim, não considere este somente como um passo para os demais. É um dos pilares do desenho de imaginação, porém é uma prática complexa o suficiente para ser estudada separadamente. Como exemplos dos tópicos avançados estão a simplificação de formas, extração da essência visual e a abstração no lugar da descrição.
Voltando ao Desenhando com o Lado Direito do Cérebro, a autora então propõe uma série de exercícios para acessar o lado direito do cérebro, focando neste caso totalmente na análise da imagem de forma bidimensional. Ela ordena o aprendizado do desenho em etapas: Bordas, Espaços, Relações, Luz e Sombra e Gestalt. No desenvolver dos capítulos, ela introduz alguns conceitos muito importantes como espaços positivos e negativos (que já citamos anteriormente), contorno externo e relações angulares e espaciais. Para ilustrar a importância dos conceitos, a autora apresenta alguns resultados de alunos de seus workshops de curta duração. 9
Desconstruir Para dar início a discussão sobre criação, teremos que olhar primeiro para o contraponto do que vimos anteriormente, o chamado desenho linear, que usa o lado esquerdo do cérebro e se baseia na simplificação de todas as partes do desenho em formas geométricas simples e tridimensionais posicionadas no espaço. O que quer dizer essa frase complicada? Que para desenhar uma cabeça, você vai ter que simplificá-la inicialmente para uma esfera ou um cubo, irá posicioná-la no espaço, e depois irá começar a fazer as alterações de volume necessárias. Para tal, serão necessários também conhecimentos aplicados, como anatomia e perspectiva.
Neste ponto existe o risco de voltarmos ao “boneco de palito”, cometendo os mesmos erros de assumir o que não devíamos, então é importante que sejam adotados fatores adicionais, incluindo a própria observação 10
de espaços e relações aprendidos com a Betty Edwards. O primeiro livro que será sugerido neste tópico é o Successful Drawing, de Andrew Loomis, uma ferramente muito interessante para entender conceitos fundamentais do desenho linear, como habilidades manuais e com os materiais, perspectiva e iluminação (luz e sombra). Em seu livro, Loomis apresenta, já nos primeiros capítulos, dois conceitos estruturantes do desenho, que ele chama de “Os Cinco Ps” (Proportion, Placement, Perspective, Planes e Pattern) e o “Os Cinco Cs” (Conception, Construction, Contour, Character e Consistency). Andrew Loomis começa sua discussão investigando o que é um bom desenho. Primeiramente este tem que ter proporções corretas, isto é, as relações internas entre elementos, usando até conceitos de espaço negativo e positivo, tem que ser agradáveis ao olhar (mesmo que distorcidas da realidade como os desenhos cartoon).
Outro ponto importante é como os objetos estarão posicionados na cena, o que impacta diretamente em suas proporções, escala e composição bidimensional no espaço do papel. Para posicionar objetos da forma correta é necessário o uso dos conceitos de perspectiva. Uma vez que tivermos todos os objetos posicionados, é a hora de iluminar a cena. Para tal, será necessário entender como os diferentes planos dos objetos serão incididos pelos raios de luz (em quais ângulos) e quase os valores resultantes, isto é, se estarão na luz, meio-tom ou sombra, e quão escuros serão na escala de cinzas. Por último, após o entendimento da luz e sombra, precisamos definir padrões de colocação dos valores para que estes trabalhem para auxiliar e não prejudicar a composição estabelecida pelo posicionamento. Este é o elemento mais complexo desta série e requer estudo mais aprofundado. Loomis sugere que o posicionamento se relaciona com a composição da cena em termos de linhas e os padrões em termos de valores.
Quando queremos fazer um desenho, precisamos criar uma imagem mental em nossas mentes, mesmo no caso do desenho de observação, onde é muito importante tentar visualizar no papel o que se está pretendendo desenhar. Este processo será discutido mais a fundo na parte de Visualização deste texto, mas no caso do livro do Loomis é chamado de Concepção. Como veremos depois, este processo pode ter um caráter tanto bi quanto tridimensional. O próximo passo é o mais importante desta parte do texto, utilizar conceitos tridimensionais para “construir” a imagem. Para isso, será necessário o uso das ferramentas dos cinco Ps, principalmente Proporção, Posicionamento e Perspectiva. O ponto seguinte nos faz retornar um pouco ao universo pictórico, uma vez que o contorno é o que irá definir as relações entre espaços positivos e negativos e irá influenciar diretamente no fluxo e composição da imagem. Para a Luz e Sombra, pensar linearmente ou racionalmente é entender a física por trás da luz e das formas e materiais dos objetos sendo iluminados. Por este motivo também quis discutir a perspectiva e posicionamento dos sólidos antes desta etapa. Saber a direção da luz e em que ângulo ela vai atingir as formas é essencial para representar fielmente tando o formato das sombras como sua intensidade.
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Visualizar e Reconstruir Estes dois tópicos caminham juntos e portanto os discutiremos desta forma. O que entenderemos como visualização é o processo de criar uma imagem em sua mente, que será na sequência traduzido para o papel. Seria o processo de Concepção descrito por Loomis nos cinco Cs.
desconstrução propriamente dita. Quando você tiver que desenhar um assunto específico, você fará uso deste conhecimento para reconstruir aquilo que imaginou em sua cabeça, mais uma vez o que chamamos de visualização e reconstrução. Como discutimos anteriormente, Kim Jung Gi também usa um processo semelhante em seus fantásticos painéis desenhados da imaginação, sem estrutura nenhuma no papel, somente em sua cabeça. É um poder de visualização impressionante, que poucos no mundo possuem, tanto no posicionamento de caixas em perspectiva em sua cabeça como o que estará dentro destas caixas.
Este processo somado a sua tradução para o papel podem ser bidimensional ou tridimensional, ou até mesmo um pouco de ambos. A segunda etapa, de Reconstrução, tem a tendência a ser composta por elementos lineares. Quando você desenha algo de forma bidimensional, principalmente da sua imaginação, os resultados irão melhorando gradativamente até que no desenho número 50 vai começar a ficar bom. No desenho de número 100, você estará ainda melhor. Porém, se precisar mudar de tema ou objeto a ser desenhado, terá que começar novamente do zero.
Outro exemplo da aplicação da estrutura tridimensional no desenho da figura é o processo do grande mestre Glen Vilppu. Ele pensa em 3D a maior parte do tempo. Inicialmente ele bloca o gestual como se fosse uma estrutura metálica (armature), a qual ele compara aos processos de escultura. Depois, usa uma série de pontos da anatomia para guiar o posicionamento de volumes, sempre pensando em perspectiva e formas simples.
A abordagem tridimensional, por outro lado, não desenha um tema ou objeto específico no começo, dando foco total aos fundamentos de perspectiva, luz e sombra, design e a 13
Em sequência vem a camada de anatomia, definindo volumes menores e dando um senso de realismo para a peça. Por último, é inserida iluminação na peça e suas correspondentes sombras e mudanças de planos e valores. Em alguns momentos, Vilppu adota uma estratégia de começar o desenho com manchas de valor, sem linhas, o que para mim pode caracterizar como uma leitura bidimensional inicial, ou até mesmo pictórica do modelo ou do que foi visualizado em sua mente, para depois ser “arrumado” com os conhecimentos tridimensionais. Este processo de manchas, que podemos chamar de Desenho por Abstração, também pode ser visualizado pela artista J.P. Targete. O preenchimento com detalhes, ou reconstrução efetiva neste caso, parece ser uma mistura de linear e pictórico, pois Targete utiliza as manchas para tentar “ver” novos formatos (shapes) e elementos, o que seria um processo bidimensional, mas posiciona estes respeitando os volumes tridimensionais. O próprio processo de manchas pode também ser baseado num pensamento tridimensional. 14
Outros exemplos de artistas que utilizam este processo de abstração por manchas para tentar enxergar shapes e volume são: Ruan Jia, Kekai Kotaki, Eytan Zana, Justin Sweet, Levi Peterffy, James Zapata e Nathan Fowkes. O desenho de imaginação é um processo que requer muita experiência, além do domínio de tudo que já vimos neste post e muitos outros tópicos específicos. Também é imprescindível o uso de referências, pois não somos obrigado a saber de cabeça tudo que vamos desenhar. Em seu livro
Imaginative Realism, James Gurney deixa bem claro este uso de referências em seu processo. Também é importante, até mesmo para adquirir essa experiência, experimentar e falhar muito! Para isso, não existe ferramenta melhor do que sketchbooks, onde você pode estudar e replicar aquilo a sua volta, combinar elementos, experimentar processos, esboçar idéias e depois começar tudo de novo!
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Conclusão Desenhar é um processo complexo, porém existem alguns elementos principais que você pode atacar para melhorar a eficiência dos seus estudos e consequentemente atingir melhores resultados: - Desenvolver a capacidade de observar de forma analítica o que vai ser desenhado, entendendo a relação entre os elementos visuais da imagem, sejam espaços positivos ou negativos, contornos, ângulos e valores. - Desconstruir de forma linear um desenho em todos os seus fundamentos, incluindo formas geométricas simples, perspectiva, luz e sombra, composição e elementos específicos como anatomia e caracterização/personalidade por exemplo. - Praticar o suficiente para permitir uma melhor visualização antes mesmo de começar a desenhar, seja de imaginação ou até mesmo de observação, planejando como o desenho ficará no papel. - Utilizar todos estes processos para criar um desenho de imaginação, reconstruindo o que foi imaginado em sua cabeça para o papel. Para isso, pratique muito, experimente e erre. Ter um sketchbook sempre a mão é essencial!
- Divirta-se! Este processo é para ser divertido e não desgastante! Foque no processo, nos fundamentos e na experimentação que os resultados virão com o tempo!
Exemplos de artistas que usam uma mistura de abstrações, pensamento em formas simplificadas e construção: Robert Liberace, Burne Hogarth, George Bridgman
Exemplos de artistas cujo processo tende mais para a construção: Feng Zhu, Scott Robertson, Andrew Loomis, John Park
Outros exemplos de artistas que utilizam este processo de abstração por manchas para tentar enxergar shapes e volume são: Ruan Jia, Kekai Kotaki, Eytan Zana, Justin Sweet, Levi Peterffy, James Zapata e Nathan Fowkes.
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10 Dicas para quem está começando a desenhar 1
Não só desenhe, observe bastante aquilo que você irá desenhar;
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Crie um acervo de imagens de diversos assuntos e temas para consultas futuras.
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Pegue uma folha e faça diversas figuras geométricas, procurando fazê-las cada vez melhores. Isso irá acelerar o desenvolvimento da sua coordenação motora.
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Tente escrever e fazer outras coisas com a mão esquerda, você acessará algumas modalidades do hemisfério direito que são importantíssimas para desenhar.
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Assista a um desenho ou anime apenas com o objetivo de observá-lo; pause as cenas procurando notar os detalhes característicos dos personagens e da anatomia dos mesmos.
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Uma boa dica inicial de materiais: Caixa de lápis de cor, lápis de desenho 2H, HB, 2B e 6B, borracha mole branca, estilete, régua transparente de 30 cm e 100 fls. de papel sulfite.
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Em qualquer ambiente que você esteja ocioso, procure observar os objetos (analizar figuras geométricas que o compõe, cor, tamanho, proporção entre um detalhe e outro, etc).
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Evite ficar sem desenhar por muito tempo, você irá perder habilidade e terá um sobre esforço para recuperar boa parte dela novamente;
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Use um bloco de notas e anote suas observações em relação ao seu desenho e ao seu aprendizado, será ótimo para uma análise futura do seu desenvolvimento;
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Todo mundo tende a dedicar-se mais a um estilo. Interessante é desenvolver pelo menos um pouco de outros estilos; isso lhe agregará novas técnicas e soluções mais criativas;
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Pintura Digital
Um novo movimento artístico? Denomina-se Movimento Artístico um estilo ou tendência de criação de arte guiados por um mesmo comportamento e ideologia, prevalecente por determinado período de tempo, e representado por pintores e artistas plásticos em geral. Ao longo da história, a humanidade acompanhou a evolução destes movimentos artísticos, desde as artes características das primeiras civilizações (desde a arte rupestre, até a arte egípcia e greco-romana, por exemplo), até os desbravados movimentos artísticos da Arte da Idade Média (Gótica, por exemplo) e Arte Renascentista (Barroco, Rococó e Romantismo são alguns). Depois, assistimos ao nascimento e disseminação da chamada “Arte Moderna”, com movimentos que vão desde o Impressionismo até o Cubismo e Surrealismo. E então o livro de história acaba, e você sabe tudo sobre arte, certo? Errado.
Contrariando os maiores historiadores artísticos da atualidade, a Geração Y tem se mostrado revolucionária em se tratando também de artes. E não estou falando das artes gráficas, não neste post. Estou falando do que – ousadamente – chamo de Arte do Séc XXI, a Pintura Digital. Com as ilimitadas possibilidades de criação e concepção de ilustrações, proveniente dos bons e sempre evolutivos softwares que temos no mercado, a ilustração digital evolui a cada dia, a partir, é claro, do talento e estudo de grandes artistas digitais. Tintas, pincéis, telas, lápis, nanquim e derivados foram substituídos por brushes, paletas, cores hexademais ou mesmo pantones, no Photoshop. Hoje, a pintura digital está em vários lugares: animações, ilustrações de livros e revistas, embalagens, mas principalmente games.
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Mas o que tem me encantado mesmo, é poder assistir a quantidade de pintores que criam suas artes conceituais nem sempre pra atender ao briefing de algum trabalho, mas para se expressar, atrair e encantar. Hoje, em especial, a artista referência que trago, é nada mais nada menos que Donglu Yu, uma das principais artistas conceituais de Montreal.
Desde o dia que li uma entrevista da moça, contando sobre suas técnicas simples de criação, fiquei encantada com sua criatividade, talento, e valor artístico. Donglu cria pra si, cria pra todos, cria para envolver, sempre em busca da evolução profissional a partir de muito estudo, disciplina e expressionismo. Ao misturar texturas, tons, efeitos de iluminação e muitos pincéis, suas artes chegam aos resultados que podemos ver nas imagens, com grande valor estético gerado pelos detalhes e capricho em cada trecho de suas artes.
Assassin’s Creed IV: Black Flag - Havana Cathedral | Arte por Donglu Yu
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Assim como ela, há inúmeros pintores digitais talentosíssimos e inovadores. Em minha opinião, esta é a arte do século XXI, possibilitada pela tecnologia, surpreendendo aos que achavam que seria extinta. Aguardo agora pelo dia em que será revelado um novo Michelangelo ou Pablo Picasso, que faça esta arte e estes artistas serem reconhecidos devidamente. E também espero que os artistas do Deviantart apareçam! O site é a maior fonte de pinturas digitais da atualidade, mas são tratadas como simples ilustrações.
Formas de Arte Digital Edição de Fotos e Imagens É a principal e mais popular área de expressão visual digital. Através de programas como o popular Photoshop e outros tantos mais específicos, manipula-se uma imagem de modo a realçar seus detalhes, ocultar outros, acrescentar elementos, mesclar com outras imagens, etc, tudo de acordo com um fim desejado. O resultado vai de simples retoques a imagens fotográficas, até verdadeiras obras de arte gráfica produzidas digitalmente.
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Desenho, Ilustração e Pintura Digital São técnicas de criação gráfica aplicadas por meio de programas gráficos específicos que simulam as técnicas utilizadas na arte tradicional, como pintura em óleo sobre tela, aquarela, baixo-relevos, montagens, etc. As pinturas nada mais são do que desenhos digitais feitos com maior atenção em relação a detalhes, sombras e luzes. É o equivalente digital às pinturas em quadros e telas. É o aspecto mais conhecido da Arte Digital devido à grande criatividade permitida pelas ferramentas gráficas. O segmento natural-media é um tipo de pintura digital feita com softwares bastante específicos que procuram simular as condições naturais de um artista real, como as tintas, pinceis, e suas peculiaridades reais.
Pixel Art É basicamente a arte que se ocupa da criação dos ícones de computador. Ícones são as imagenzinhas, ou símbolos, os quais você clica numa tela de computador ou de celular para acessar seus programas e aplicativos. Estas imagenzinhas são criadas em mapas de pixels, usando a mais simples ferramenta digital, conhecida como lápis. Cada pixel é colocado num lugar específico, e definido com uma cor e intensidade específicas, com o objetivo de melhorar a representação iconográfica da imagem ao ser reduzida. Esta técnica é fundamental no desenvolvimento dos ícones das interfaces gráficas dos softwares, sendo a Microsoft e a Apple empresas pioneiras na criação de ícones 23
Desenho Vetorial Imagens vetoriais São imagens que podem ser reduzidas, e principalmente ampliadas, de modo livre e ilimitado. Isto ocorre porque os programas gráficos que permitem esse tipo de criação registram para cada item desenhado (pontos, linhas, formas) uma informação matemática que pode ser reproduzida novamente a cada vez que é aberta num outro computador. Estes dados permitem também o livre acesso e a livre edição, a qualquer momento; diferentemente de uma imagem JPEG normal que até pode ser editada através de um programa gráfico, mas que tem a ampliação de sua resolução limitada por constituir-se de um mero mapa de pixels. Os gráficos vetoriais são usualmente mais versáteis pois permitem alteração nos desenhos produzidos, além de aumento de dimensões para grandes impressões sem maiores perdas de qualidade. Ilustrações digitais normalmente utilizam vetores.
Animação Digital Animações digitais podem ser bidimensionais ou tridimensionais e nada mais são do que criações resultantes de programas gráficos que, além da criação da imagem, permitem sequenciá-las de modo a sugerir ao espectador a ideia de animação.
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Modelagem 3D São as artes digitais onde é possível modelar e interagir com objetos virtuais tridimensionais. Também são vetores, porém, neste caso, tridimensionais. Os trabalhos de arte digital tridimensional utilizam as coordenadas cartesianas, x, y, z, num plano digital bidimensional, dando ideia de perspectiva virtual. Os modelos tridimensionais podem simular a cor, a textura, a luz, a transparência, a reflexão e outras propriedades de objetos reais de modo a resultar num trabalho que muitas vezes pode se confundir com uma fotografia de algo real.
Arte Fractal A arte fractal consiste em imagens digitais criadas utilizando complexas equações matemáticas, através de programas bastante específicos para estes fins. Estes programas são dedicados a fórmulas que são descritas pela geometria fractal. Tradicionalmente, imagens fractais representam auto-repetição, e podem ser aumentadas, ou diminuídas, infinitas vezes sem perder sua forma original. 25
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Artes do seriado francês Grizzly and the Lemmings O artista Clément Dartigues , um dos responsáveis pela produção do curta Walter – The Gathering, foi gentil o bastante para nos atualizar a respeito de seu mais recente trabalho. São várias artes de conceito e produção criadas para o seriado de TV Grizzly and The Lemmings, desenvolvido pelo estúdio de animação e produtora Studio Hari, de Paris. Para conhecer mais trabalhos de Clément Dartigues você pode visitar o website do artista ou sua página no Artstation. Acompanhe a seguir algumas artes do projeto.
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Aprenda animação com os artistas da
Pixar Aaron Hartilne, Andrew Gordon, Michael Makarewicz, Rob Thompson, Tom Gately e Louis Gonzales, todos da Pixar, resolveram se juntar para uma empreitada bem legal: ensinar animação para estudantes que realmente querem aprender.
até avançado. Ah, e aproveitando, separamos aqui algumas imagens do portfólio de Chris Sasaki, instrutor do curso de “character design“. Olha que bacana!
Para isso, criaram a The Animation Collaborative, escola que oferece workshops de “Story“, “Gesture Drawing“, “Animation” e “Character design“. A duração média é de 8 a 12 semanas e o custo total do curso fica na faixa de 1.500 a 2 mil dólares. A escola fica em Amerville, na California, bem próximo ao estúdio da Pixar. Para mais informações visite o site da “The Animation Collaborative“. Eu sei que tem um monte de leitores do blog querendo ir estudar fora, então fica mais essa dica. Segundo o site, o objetivo do curso é desenvolver os alunos de forma individualizada, mantendo turmas reduzidas e aceitando desde estudantes de nível iniciante 30
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Entrevista com o Grafiteiro, Crânio A Perspectiva conseguiu uma entrevista exclusiva com um grafiteiro que sempre causa impacto com suas artes, que são bem conhecidas nas ruas de São Paulo e até mesmo pelo mundo todo. Por sempre ter uma crítica em seus trablhos, Cranio ficou conhecido por tentar passar seu ponto de vista em relação a problemas do nosso país. Se você não o conhece, achamos que depois desta entrevista saberá um pouco mais sobre esse brilhante artista.
Como você decidiu iniciar a carreira de ilustrador? Não sou ilustrador. Tenho obras ilustrando livros, mas isso surgiu naturalmente com a busca das editoras. Como foi o começo da sua carreira? Minha carreira começou pintando nas paredes de são Paulo, fazendo graffiti, em 1998. A internet ainda era pouco acessível, mas eu comecei a utilizar algumas redes sociais pra divulgar o que eu fazia. Sua família lhe apoiou no início de tudo? Não porque naquela época o graffiti ainda não tinha tanto reconhecimento como arte e profissão. Quais são os artistas que lhe inspiram? Os Gemeos, Salvador Dalí, Michelangelo, entre outros.
Você tem alguma arte própria favorita? Todas, com muito amor. rsrs
Já fez algum trabalho com outro artista? Com vários, nacionais e internacionais. McBomb
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Qual dos seus trabalhos mais repercutiu no público? Acredito que a minha primeira exposição internacional em Londres, em 2012.
Como lida com as críticas? Lido muito bem e sempre com bom humor.
Nome: Fábio Oliveira Idade: 34 anos Apelido: CRANIO Profissão: Graffiteiro
Já foi ameaçado ou criticado fortemente por alguma arte exposta? Não, mas já fui preso na cidade de São Paulo em 2009, por fazer graffiti.
Já pensou em seguir outra área? Já pensei em fazer desenho animado.
Qual é a diferença entre pichador e grafiteiro e o que você acha sobre o assunto. A diferença é: Grafiteiro usa mais cores, e também faz desenhos e pichador geralmente usa preto ou prata e são caligrafias.
Como vê o mercado atual e como acha que ele estará daqui 5 anos? No meu ponto de vista, acho o mercado um pouco maluco. Daqui a cinco anos ele estará mais louco ainda. Estamos de olho. Rsrs
Se você fosse um personagem de desenho animado, qual seria? Batman.
Nos dê dicas para quem está começando na área! A dica que eu dou é acreditar no próprio sonho e ter fé no seu potencial. Todos nós temos um dom e uma missão. A vida nos proporciona momentos únicos, e a escolha é nossa.
Alguns grafites do Crânio
Cranio in la Los Angeles - 2013 Arte de Rua - 2013
Torcida 33 - 2014
Equipe Henrique Souza - Conteúdo Gisele Putti - Criação Lucas Tonini - Editoração Murilo Kohatsu - Marketing Ruan Rocha - Arte-finalização Samantha Moreira - Divulgação
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