[ap scans] sekaiichi hatsukoi ~ o caso de yokozawa cap 01

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Título: Sekai-ichi Hatsukoi ~ O caso de Yokozawa Takafumi Autora: Fujisaki Miyako (trabalho original: Nakamura Shungiku) Tradução pro inglês: fencer_x do September Scanlations Tradução pro português: Rika-chan do Addictive Pleasure Scans Revisão do português: Lil do Addictive Pleasure Scans

Notas de Tradução: Izakaya: tipo de bar japonês que também serve alimentos para acompanhar as bebidas. Dere: vem da express~o japonesa “Dere dere”, é quando uma pessoa se torna boba e apaixonada na frente da pessoa que ama. Tsundere: pessoa que aparenta ser de um jeito, mas que na realidade é de outro. Geralmente descreve pessoas que parecem difíceis de lidar e frias, mas que na verdade são amáveis.


Capítulo 1 Primeiros amores nunca duram – Eu sabia disso desde o começo. Ele tinha ao menos entendido que o outro n~o possuía sentimentos de “amor rom}ntico” por ele. Mostrar as suas fraquezas, tirar proveito dele… era simplesmente porque o outro dependia dele como um amigo próximo. E mesmo assim, o motivo dele não poder cortar os sentimentos que o ligavam… era porque ele ainda guardava uma pequena esperança. Ele não precisava ser seu companheiro – era o bastante se ele pudesse só ser a pessoa mais importante na vida dele. Seria mais que suficiente… se ele pudesse só ficar ao lado dele.

Ele podia ouvir o som da chuva caindo lá fora. A chuva batia audivelmente no asfalto, o som parecendo ressoar simpaticamente com sua própria irritação. A chuva havia caído já por bastante tempo naquela noite, e mesmo a água escura de lama escorrendo lá fora não conseguia lavar a escuridão absorvida pelo coração dele. Ele olhou para a televisão no izakaya que ele tinha utilizado como abrigo contra o mau tempo e percebeu um aviso de fortes trovoadas. A princípio ele planejou ir para casa uma vez que a chuva parasse, mas a mesma que havia começado a cair no fim da tarde certamente não estava mostrando sinais de parar tão cedo, e ele percebeu que há muito havia perdido o momento certo de deixar o bar seguramente. …Ou talvez, aquilo fosse só uma desculpa que ele disse a si mesmo. Na verdade, ele só queria adiar o seu retorno àquele quarto cheio de memórias dele o tanto quanto ele pudesse. E esvaziar copos de saquê no meio de seu desespero não era tão ruim, mas agora ele podia sentir um incômodo mal-estar na boca do estômago – nenhuma surpresa; não havia jeito dele não sentir os efeitos de beber aquele tanto. Olhando pelo lado bom, sua cabeça não doía. Ele franziu as sobrancelhas com o desconforto e tentou rolar, logo percebendo uma estranha sensação contra a sua bochecha. “Onde… eu estou?” Vagarosamente levantando-se do colchão macio, Yokozawa Takafumi uniu suas sobrancelhas em confusão enquanto observava ao seu redor, um quarto que ele nunca tinha visto antes. Não era a sua casa e nem de nenhum dos seus amigos. A


estética simples mostrou-se como pertencendo a um hotel de negócios – e ele nem ao menos se lembrava de ter se registrado em um hotel. A última coisa da qual ele se lembrava era ter permanecido no izakaya porque a chuva ainda não havia parado… “Eu n~o consigo me lembrar…” Esquadrinhando suas imprecisas memórias, o que ele foi capaz de lembrar foram as palavras do bartender, preocupado por ele estar bebendo demais. De qualquer forma, ele tinha que se livrar dessa ressaca e rápido, ou ele não seria capaz de usar sua cabeça. Ele nunca havia ficado tão bêbado antes; afinal de contas, sempre foi o trabalho dele de cuidar de uma certa pessoa que gostava de ficar parecendo lixo. Ele nunca nem ao menos havia imaginado que um dia acordaria de manhã e não seria capaz de lembrar-se de nada. Balançou a cabeça violentamente, ganhou um pouco de senso e piscou várias vezes rapidamente enquanto massageava com seus dedos suas pálpebras pesadas de sono. Foi nesse momento que ele sentiu algo de estranho nas poucas partes dele que conseguia ver. “..........” Embora não se lembrasse de ter tirado a roupa, por alguma razão ele estava nu. Pra começar ele dificilmente dormia pelado, e a curiosidade o levou a levantar o cobertor. “?!” Percebendo que ele nem ao menos estava usando cueca, ficou agitado e rapidamente cobriu sua parte de baixo. Talvez ele só tivesse ficado bêbado e tivesse tirado a roupa por sua própria vontade, jogando-a no chão. Dizendo isso a si mesmo, ele olhou por todo o quarto, mas foi incapaz de encontrar ao menos uma única meia, muito menos o seu terno. Descobrindo que sua cueca havia caído embaixo da cama, ele estendeu um braço para pegá-la e a deslizou pra de baixo do cobertor, suspirando com alívio. Havia toda uma diferença entre vestir ao menos uma peça de roupa e não vestir nenhuma.


Ele também havia percebido outra coisa quando ele observou o quarto: o som do chuveiro ligado. Aparentemente ele havia interpretado nos seus sonhos o som do chuveiro como o som de chuva caindo. Mas aquilo não era o problema: se ele conseguia ouvir o chuveiro ligado… significava que alguém estava usando. Ele nunca havia levado alguém que havia acabado de conhecer para um hotel como aquele. Pelo contrário, ele era contra relacionamentos com estranhos. E mesmo assim, quando ele parou para considerar o estado em que ele esteve na noite passada, ele tinha que admitir que não seria tão estranho se ele tivesse sido tão descuidado daquele jeito... Enquanto ele estava sentado se preocupando sem parar, o som de água caindo repentinamente parou. “..........!” Ele segurou a respiração e se preparou para confrontar qualquer mulher que estivesse para sair daquele banheiro. Embora ele não soubesse por que ela havia vindo com ele, ele sabia que tinha a responsabilidade como homem de aceitar as conseqüências dos seus atos. Yokozawa criou uma dúzia de situações e simulações em sua mente – mas os seus pensamentos pararam quando a pessoa que pisou para fora do banheiro, vestida em um robe, era na verdade um homem. “Oh, você est| acordado. Como está a ressaca?” O homem esfregando o cabelo selvagem que pingava com água do chuveiro e falando com um ar de indiferença era nada mais nada menos que o editor-chefe da revista Japun, destaque da Marukawa Shoten, Kirishima Zen.



Com longos e amendoados olhos e finos lábios, a expressão composta dele tornou bastante evidente que ele não havia acabado de acordar. Yokozawa tentou o seu melhor para forçar sua mente em branco a reiniciar, soltando uma voz trêmula. “…Por- Por que você está aqui…?!” Ele não conseguia chegar a uma conclusão de porque ele estaria ali, naquele quarto de hotel, totalmente nu com alguém com quem ele dificilmente falava, a não ser no trabalho. Kirishima manteve sua calma na frente de um surpreso Yokozawa. “O que tem isso a ver? Você está tentando me dizer que não se lembra de nada da última noite? Tenho certeza que você vai perceber se olhar ao seu redor.” “Ao meu- redor?” Sob qualquer outra circunstância, sua ira teria surgido com o modo arrogante que Kirishima se dirigiu a ele com aqueles finos lábios, mas agora ele não tinha essa declinação. Se isso fosse um mangá ou um dorama, isso seria utilizado como história onde duas pessoas ficam bêbadas e acabam dormindo juntas – mas geralmente isso envolveria um homem e uma mulher, e os dois eram homens. …Mas enquanto ele queria rejeitar completamente aquela situação, seus poderes de persuasão estavam em falta agora por conta do fato de que ele não se lembrava de nada. Na mente do Yokozawa, ele sempre soube que ele não era gay – e mesmo assim a pessoa por quem ele teve um amor platônico por todos esses anos era um homem. Entendia-se então, que a barreira para com a homossexualidade para ele era substancialmente mais baixa do que para com pessoas totalmente heterossexuais. Por agora, a prioridade era se lembrar do que ele tinha feito na noite anterior, nada mais! Freneticamente ele vasculhou suas memórias obscuras e mentalmente voltou para quando ele havia saído do escritório...

Ontem havia sido o pior dia da vida dele. Depois de ter seus sentimentos de amor, os quais ele teve por tanto tempo, parados firmemente, incapaz de desistir, ele tinha se embebedado em um izakaya no seu caminho do trabalho para casa. Bebendo um copo atrás do outro sem nem pensar no gosto, simplesmente querendo ficar bêbado, ele agora se lembrava de como Kirishima havia entrado no mesmo bar. “Kirishima-san… o que você está fazendo aqui?”


“Eu estava procurando por um lugar pra me proteger da chuva e decidi comer algo enquanto esperava… mas, ei- você não acha que está bebendo demais, não? “‘Claro que não. O que- sozinho? Então pega uma lugar aqui. Ei- você pode me dar outro desses? Ou, espera- não, me dá mais dois.” Eles raramente bebiam juntos daquele jeito, mesmo se se encontrassem fora do trabalho, então talvez ele só estivesse se sentindo um pouco solitário e procurando por alguma companhia. Independente do que Kirishima estava pensando quando ele fez isso, Yokozawa tinha forçado Kirishima a se sentar ao seu lado. Talvez percebendo que era inútil argumentar com um bêbado, Kirishima se sentou e se juntou a Yokozawa em sua deplorável festa. Ele se lembrou que eles conversaram sobre como as vendas de um novo autor estavam indo bem, reclamou de como as reimpressões não estavam sendo feitas rápido o suficiente e de ter que adiar o lançamento de um autor popular, todos os problemas que normalmente ele manteria guardado ele agora falava sobre eles livremente. Mas depois disso… ele n~o se lembrava de mais nada. “Ent~o você realmente não se lembra?” Levantando a cabeça com o comentário chocante, Yokozawa descobriu que Kirishima havia terminado de se vestir enquanto o outro estava perdido em pensamentos. Como toque final, ele estava deslizando o relógio em seu braço. Olhando para uma figura tão bem composta, Yokozawa se sentiu constrangido, considerando seu cabelo desarrumado, a barba por fazer e o fato de que ele ainda estava bastante nu. “É–n~o é de se admirar, se eu realmente bebi aquilo tudo.” Quando ele disse isso, Kirishima lançou a ele um olhar sugestivo e brincou relembrando as palavras do outro na noite anterior. “Sério, agora? Depois de você ter me dito ‘claro que n~o’ quando eu te perguntei se você n~o estava bebendo demais.” “É que…” Embora ele se lembrasse fracamente de ter dito algo do tipo, era inútil lembrar-se de algo que um homem quando bêbado havia dito. Ainda assim, Yokozawa não podia contestar. “…Bem, eu suponho que assalariados ocasionalmente tem dias em que querem ficar bêbados. Mas colocar outras pessoas no meio disso é muito inconveniente, então tente ser um pouco mais cuidadoso no futuro.”


“Eu sei muito bem disso sem você ter que me falar, muito obrigado.” “Receba conselhos das pessoas mais experientes sem retrucar.” “O que–o que você est| fazendo?!” Kirishima tinha se colocado a frente e estava bagunçando o cabelo de Yokozawa rudemente – e no momento que ele puxou a mão, uma lembrança surgiu na mente de Yokozawa com o sentir daqueles dedos entre seu cabelo. Essa não era a primeira vez que ele tinha sido tocado por aqueles dedos – ele podia sentir isso. As memórias da pele eram provas de que ele tinha interagido com outra pessoa. Ele não queria aceitar isso... Mas eles provavelmente tinham feito aquilo. Yokozawa podia sentir seu corpo esquentando pouco a pouco enquanto ele chegava a sua própria conclusão. Era muito assustador ir tão longe como imaginar em detalhes o que tinha acontecido; não importa como você olhasse pra isso, estava claro que não era algo bom de imaginar. “…O que aconteceu pra você ficar quieto t~o de repente? Começou a se lembrar um pouco da última noite, não é?” Não adiantava chorar pelo leite derramado. O que mais importava pro Yokozawa nesse momento era simplesmente se ele tinha ficado em cima… ou em baixo. Ele não sentia nenhum desconforto ou algo estranho, então eles deviam não ter ido até o fim. E embora ele não conseguisse se ver envolvido com o Kirishima por sua própria vontade, ele estava menos disposto a se imaginar sendo empurrado contra a cama. Mas mais que isso, era um choque perceber que Kirishima cortava pro outro lado. Eles não eram próximos, então claro que eles não sabiam nada das vidas privadas um do outro – mas percebendo que ele usava uma aliança no dedo anelar da mão esquerda, Yokozawa supôs que ele era casado. Eles realmente haviam feito algo? “…Eu posso te perguntar algo?” “Depende da pergunta.” Percebendo que a menos que ele perguntasse diretamente ele nunca conseguiria uma resposta apropriada, Yokozawa foi direto ao ponto: “Você é gay?” “Você n~o é?”


“Claro que n~o!” A r|pida resposta negativa era devido ao fato que ele nunca havia pensado de si mesmo como gay antes. Afinal, ele só havia se apaixonado por uma pessoa do mesmo sexo. Então na verdade, ele nunca tinha realmente percebido se ele gostava de homens no geral ou se só do Takano. Na primeira vez que eles se encontraram, Yokozawa tinha uma namorada. Mas ele se sentia mais confortável passando o tempo com o Takano do que com sua namorada, e logo depois de o relacionamento evoluir pra só se encontrarem aqui e ali, tudo se dissolveu naturalmente. Desde então, ele nunca teve um relacionamento estável. De vez em quando alguém se apaixonava por ele, mas ele nunca se interessou ou foi atrás. “O que h| com essa resposta? Na última noite você estava reclamando sobre como você tinha acabado de ter o coração quebrado por outro cara. Você tem idéia de quantas vezes eu tive que ouvir você reclamar da mesma coisa?” “Eu disse isso?!” Com as palavras de Kirishima, Yokozawa gelou. Droga, o que mais ele tinha dito? Seria um grande problema se ele tivesse mencionado o nome do Takano ou do Onodera... “Você realmente n~o se lembra de nada, não é? Você estava totalmente irritante, falando sobre como Eu podia ter feito ele tão mais feliz do que aquele cara e Você também não acha?? Mas- De qualquer forma, não fique muito preocupado, você não disse o nome dele. ” “N~o disse?!” Foi patético o modo como ele se apegou às palavras reconfortantes de Kirishima. Talvez ele estivesse com uma expressão de desespero, pois Kirishima falou ofendido enquanto observava Yokozawa de perto, “Você n~o tem que me perguntar com essa cara tão dramática; essa é a verdade. Você não disse quem o cara era… mas, vendo como você est| preocupado, eu imagino que ele trabalhe no mesmo lugar que a gente, não é? “Cla… claro… que n~o…” Um arrepio o percorreu com a deduç~o afiada de Kirishima, ele então vestiu uma poker face e mentiu entre-dentes. Ele tinha que aplaudir a si mesmo por conseguir fazer aquela cara de bunda e não conseguir falar uma palavra sequer. “Mas – era um cara, não era? A pessoa por quem você esteve apaixonado durante todo esse tempo.”


“É que…” Ele n~o conseguia se lembrar do quanto ele tinha falado na noite anterior, mas do modo confiante com que Kirishima dizia tudo isso a ele, era improvável que ele estivesse fazendo perguntas importantes. “Isso n~o é um daqueles livros que a Sapphire lança, sabe, ent~o n~o tente me dizer Oh a pessoa pela qual eu sou apaixonado só ~aconteceu~ de ser um homem. Não há como você ter sentimentos românticos por outro cara sem ter algo de diferente em você desde o começo. Se você não fosse gay – você não estaria se preocupando tanto com isso.” Vendo como os ombros de Kirishima balançavam com a risada reprimida enquanto ele o irritava, Yokozawa impensadamente elevou a voz. “Preocu- quem disse que eu estava tentan- e, por que raios nós estamos falando sobre mim?! Eu te fiz uma pergunta!” Embora ele mal pretendesse se preocupar com isso, não ser capaz de se lembrar de nada o colocou em uma posição estranha. Se tudo isso fosse verdade, ele iria morrer de vergonha. Ele havia entendido completamente que estava sendo incitado por uma brincadeira barata, mas de alguma forma não conseguia se controlar quando tinha que lidar com Kirishima, deixando as emoções dominarem sua fachada. “Por quê? Eu nunca percebi que você queria saber tanto sobre mim. E na verdade eu estou satisfeito com qualquer gênero. Eu sou atraído por tipos que tenham muita força de vontade, independente do sexo.” Para Kirishima tudo isso não era grande coisa, deixando Yokozawa sem chances de determinar o que era verdade e o que era ficção. “Você tem certeza que você n~o gosta de caras? Você provavelmente era um jogador em um colégio só para meninos.” “O que…” Yokozawa se sentiu humilhado, sentindo que basicamente ele havia sido dito que qualquer cara serve pra você. Mas embora ele entendesse que se elevasse a voz e deixasse as emoções se apoderarem dele ele só seria deixado de lado, ele ainda queria conseguir uma única chance, e sarcasticamente respondeu, “E você? Então qualquer um serve pra você? Você é muito baixo por dar em cima de um cara bêbado.” “Do que você est| falando? Era você que estava me agarrando e me pedindo pra n~o te deixar sozinho.” “Nunca na vida eu teria feito isso!”


Com a r|pida objeç~o de Yokozawa, Kirishima suavemente devolveu, “Você realmente quer dizer algo sobre isso quando você nem ao menos se lembra de nada? Se você tem tanta certeza que isso não aconteceu, vasculhe a sua mente um pouco mais e então fale.” “..........” Cortando as palavras de Yokozawa com um dedo embaixo de seu queixo, o forçando a olhar para cima, Kirishima falou com frieza. “Eu amo mostrar a caras orgulhosos que eles não são tão bons quanto eles imaginam.” “Pare de zoar! N~o se ache tanto!” Yokozawa se deixou levar pela raiva e tentou empurrar Kirishima pra baixo, segurando nele. Mas antes que seus dedos conseguissem capturar a gola da camisa do outro, ele recebeu uma chave de braço e foi ele quem foi jogado na cama, virado de costas.



“Eu n~o vou tolerar esse tipo de violência.” “Ai–ai, ai, ai, droga! Me- me solta!” Ele gemeu em dor com o movimento que Kirishima havia feito, nunca tinha imaginado que poderia ser imprensado tão facilmente daquele jeito, e quanto mais ele se debatia, mais forte a dor ficava. “Você realmente n~o deveria subestimar as pessoas, nunca se sabe que cartas as pessoas que parecem mais fracas que você tem embaixo da manga.” “Eu n~o preciso do seu serm~o, me deixe levantar agora!” Levando-se em conta a habilidade com que Kirishima havia agido, ele provavelmente tinha aprendido algum tipo de artes marciais – mas Yokozawa realmente não se importava nem um pouco com aquilo no momento. Como ele se debatia impacientemente, independente da dor, Kirishima no fim o soltou. “Parece que o urso selvagem do departamento de vendas só ladra, mas não morde, não é? Você est| muito longe de conseguir me derrubar.” “Droga…” Sentando-se, Yokozawa começou a esfregar suas juntas doloridas e olhou em retaliação a Kirishima, o último o olhou de pé, com as mãos nos quadris. Embora ele parecesse magro vestido como estava, fazer o que eles tinham acabado de fazer tornou óbvio o fato de que ele tinha um corpo muito bom. O peitoral sob a jaqueta era forte e duro, sem defeito nenhum para se ver, e as roupas tinham sido feitas inteligentemente para mostrar a sua forte figura. Ir atrás desse cara quando ele dominava em questão de palavras e corpo... Era cavar a própria sepultura. Yokozawa podia fazer bem pouco mais que sentar quieto ali, tremendo em humilhação. “Eu também preciso dizer que aparência não tem nada a ver com nada, então não tente jogar sujo. Isso vale tanto pra homens quanto pra mulheres.” “H~?” “O que eu quero dizer é que o que está dentro é o que conta. E antes que eu esqueça, o seu terno est| aqui.” Kirishima bateu na porta do guarda-roupa. “Você devia usar a oportunidade e dormir até dar a hora de sair do hotel. A sua cabeça ainda deve estar abobalhada do álcool, não é?” Ele teve o trabalho de pendurar o terno do Yokozawa… foi uma pequena gentileza. “E o que você vai fazer?”


“Eu vou voltar pra casa um pouco. Eu j| paguei pelo quarto, ent~o tudo o que você tem que fazer é devolver a chave quando sair.” Sair juntos teria sido muito estranho, para dizer o mínimo, então Yokozawa se sentiu sortudo pelo Kirishima estar saindo primeiro, ele ficou cansado só de imaginar a visão dos dois deixando o hotel juntos. Mas naquele momento, uma simples pergunta acabou com sua sensação de alívio: “...Ei, espera um pouco, o que aconteceu com a conta de ontem?” Yokozawa não se lembrava de sair do bar ou nem mesmo de pegar sua carteira, mas levando-se em conta que ele estava sentado aqui como ele estava agora, isso devia significar que ou ele tinha pago sem perceber... Ou não tinha pago. “N~o é óbvio? Eu paguei. Você estava tão longe que mal conseguia andar direito, foi difícil colocar a sua bunda grande dentro do t|xi.” “Ent~o talvez você devesse ter me deixado sozinho.” Se ele tivesse feito isso, Yokozawa não teria que o ouvir reclamar e nada disso teria acontecido. Embora ele percebesse que não tinha mais jeito agora, ele ainda se arrependia por tudo isso. “N~o é como se eu tivesse outra escolha. Acontece que eu gosto daquele bar e eu teria ficado irritado se eu fosse mandado sair de lá porque você foi lá e fez uma cena. “Oh, bem, então eu realmente peço desculpas.” Ouvindo essa desculpa monótona, Kirishima sacou sua carteira e tirou um recibo bem grande. “Me paga a sua parte da conta.” “Era o que eu ia fazer! Você acha que eu quero dever qual- ...mas que raios é esse valor?!” Um conjunto de números maior do que ele poderia ter imaginado estava colocado na parte de baixo do recibo que ele tinha pego do Kirishima; a quantia era bem maior do que ele geralmente gastava bebendo. Ele tinha gastado bebendo em uma noite o que ele normalmente gastaria em um mês inteiro. Percebendo como Yokozawa tinha ficado branco, Kirishima aproveitou a oportunidade para explicar o valor tão grande. “Você estava pedindo só os drinks mais caros. Foi por isso que eu te disse pra n~o beber tanto.” “..........” Enquanto Yokozawa queria desesperadamente perguntar por que ele não tinha tentado o parar mais, ele entendeu que isso não era problema do Kirishima, pra


começo de conversa. E mesmo se ele tivesse tentado, Yokozawa certamente não teria ouvido. “Eu vou deixar você salvar a sua cara: vamos dividir a conta igualmente. De qualquer forma eu ganho mais que você.” “Eu n~o preciso da sua pena! Eu vou pagar por tudo que eu pedi!” Era política do Yokozawa cuidar de si mesmo sozinho, mesmo se isso requerisse um pouco de trabalho. Mas infelizmente Kirishima viu através dele e riu levemente. “Pare de ser t~o teimoso. Você ficou branco quando viu o recibo! Agora seja um bom garoto e faça como eu digo.” “Você…” Era humilhante ser visto daquele jeito, mas verdade seja dita, seu bolso ia sofrer muito com aquilo até o dia do pagamento. Mas ainda assim, ele queria pagar essa dívida corretamente. Se eles fossem próximos, eles poderiam resolver isso da próxima vez que se encontrassem, mas o relacionamento dele com o Kirishima não passava do fato deles trabalharem na mesma companhia. Infelizmente ele não tinha dinheiro suficiente ali pra pagar de uma vez – ele não tinha outra escolha se não dever ao Kirishima. “Só espere até o dia do pagamento, ok? Quando eu receber, vou ter certeza em te pagar totalmente.” “Eu te disse que metade estava ok, não disse? Você realmente não quer me dever tanto assim?” “Eu só n~o quero te dar trabalho, só isso!” “Entendi… Bem, É bom que você tenha um senso de responsabilidade t~o grande. Eu acho que vou aceitar a sua oferta então. Oh e eu estava esquecendo de mais uma coisa. Você vai trabalhar como meu servo por um tempo.” “…Acho que n~o ouvi direito.” Yokozawa não conseguiu seguir a mudança de tópico e piscou várias vezes bem rápido. Vendo sua expressão intrigada, Kirishima explicou devagar, como se estivesse dando instruções no trabalho, “Eu estou dizendo que por enquanto você não poder| ir contra nada do que eu disser.” “E por que exatamente eu tenho que fazer isso?” Ele não conseguia entender uma palavra do que esse cara estava dizendo. Mesmo levando o contexto em consideração, ele não conseguia pressupor nada.


“Por que você tem um grande débito comigo. Me colocando no meio da sua bebedeira, me fazendo ouvir as suas besteiras, depois me fazendo pagar a conta e cuidar de você chapado... isso sozinho é muito.” Sem direito de contestar, Yokozawa não podia fazer nada além de sentar e ficar quieto. “Além do mais, eu tenho certeza que você não quer que essas fotos vergonhosas sejam publicadas, n~o é?” “…‘Fotos vergonhosas’…?” Com as palavras dele, era impossível saber que fotos eram essas e o quão eram vergonhosas, mas só isso bastou pra Yokozawa sentir um arrepio passar pela sua espinha. “Você realmente é lento – as que eu tirei de você na última noite, é claro.” “O q- quando você tirou?!” “Eu tenho certeza que você consegue descobrir isso sozinho. Você trabalha em uma editora, tente usar um pouco de imaginaç~o.” “Pare de zoar, apague essas fotos! Agora!” Ele levantou da cama e se esticou para alcançar o celular na mão de Kirishima, tentando pegá-lo, mas Kirishima suavemente deu um passo pro lado, saindo do alcance do outro e fazendo-o parecer um idiota. “E por que afinal eu faria um desperdício desses? Se você quer que eu apague, então faça como eu digo sem protestar. Eu vou apagar quando eu me cansar de brincar de mestre-e-servo com você.” “O que raios você est| pensando…?!” Ele nunca imaginaria que alguém em um cargo tão importante como Editor chefe iria descer tão baixo a ponto de ameaçar alguém desse jeito. “Quem sabe? Você acha que eu revelaria meus motivos secretos só porque você está perguntando? Bem- Eu já vou indo. Divirta-se sonhando em quão vergonhoso você parecia~” “Es- espera! EI!!” Mas Kirishima já havia ido, o deixando com apenas aquelas palavras importunas. Yokozawa não conseguiu nem ao menos ir atrás dele, pois ele ainda estava nu. “…Isso é totalmente horrível”, Yokozawa sussurrou em um leve gemido, fora deixado sozinho no silencioso quarto, sentado na cama, vestindo nada além da cueca.


A tempestade da última noite parecia ter dado uma trégua agora que era de manhã. O céu depois da tempestade era de um azul claro, e em irônico contraste com o céu ensolarado, o corpo do Yokozawa contorcia-se em náusea da ressaca. Kirishima tinha dito para ele dormir até terminar o tempo no hotel, mas ele não era tão insensível ao ponto de dormir naquela condição. Ele foi pra debaixo do chuveiro pra tirar um pouco do cansaço, e menos de uma hora depois de Kirishima ter saído, Yokozawa também saía. O terno que ele encontrou pendurado no guarda-roupa tinha sido lavado por alguma razão – mas não havia certeza do que o pessoal no escritório iria pensar se ele aparecesse usando o mesmo terno do dia anterior. Levando em conta que ele também precisava dar comida pro seu gato, ele decidiu ir até o seu apartamento antes de ir ao escritório. No caminho ele parou em uma farmácia e comprou uma bebida energética, lendo a embalagem enquanto entendia que demoraria um tempo pra fazer efeito. “Atchim!” O homem andando na frente dele estava já há algum tempo espirrando. Era época de gripe de novo? Talvez o fato de ele estar se sentindo tão mal não fosse culpa do álcool, mas do início de uma gripe. Resolvendo beber um pouco do antifebril que ele guardava na escrivaninha pra se isso acontecesse, ele esticou a mão para forçadamente segurar as portas do elevador abertas visto que elas já estavam fechando. “Espera, eu estou subindo!” “Ah… B- Bom dia…” “!!” A pessoa que se encontrava na frente dele era nada mais nada menos que o novato do departamento de Edição da Emerald, Onodera Ritsu. Ele também era a pessoa que Yokozawa menos queria ver agora. Yokozawa fez uma careta e olhou pra frente. “Oh. É você. Não me faça olhar pra pessoas que eu não quero ver logo de manh~.” “…Me desculpe…” Provavelmente Onodera também não queria ver ele; raramente era um prazer confrontar um rival no amor. Incapaz de suportar o silêncio que aumentava entre eles, Yokozawa o quebrou por conta própria. “Você est| aqui bem mais cedo que o normal pra um editor. Você é tão lento assim no trabalho?”


Mas Onodera não respondeu ao sarcasmo do Yokozawa com o seu usual fervor. “N~o é isso. Eu só tenho que apresentar a proposta de projeto pro próximo volume. Eu percebi que, quanto antes eu fizer isso, melhor...” “Sabe, não é como se você devesse estar tão entusiasmado com um trabalho que você nem ao menos gosta. Primeiro, você não deveria estar escrevendo o seu requerimento de transferência para o departamento de literatura?” Isso não era sarcasmo nem encheção de saco; ele realmente sentia que se o Onodera odiava esse trabalho, então não havia por que ele continuar. Nem todo mundo podia trabalhar no que se ama, mas ainda era possível encontrar valor e significado na própria carreira. Ele não era uma criancinha, então se era impossível mudar o sentimento por essa linha de trabalho em que ele estava, continuar com isso era desrespeitoso para com o trabalho e colegas. “Ah–umm–! Eu realmente… sinto que eu quero tentar ser um editor de mang|!” Onodera disse, cortando Yokozawa, e a respiração dele se tornou de algum modo pesada. “Eu sei que eu ainda tenho muito a aprender, ent~o eu ficaria feliz se você pudesse me ajudar também. M- mesmo que, para ser sincero, eu realmente não me dê bem com você. Takano-san sempre diz que você realmente é bom no que faz.” E pensar que chegaria um dia em que o Onodera dissesse algo como isso por sua própria vontade… talvez as vacas tossissem hoje. Quando o Onodera entrou na companhia, pareceu que ele desprezava a divisão de mangás, mas talvez ele tenha mudado o modo de pensar depois de ser colocado na Emerald. …E provavelmente isso era tudo graças { influência do Takano. A dor que ele disse a si mesmo como sendo da ressaca voltou passando certeira através de seu peito. A cicatriz semi-curada em seu peito doeu com uma pontada latejante. Em uma tentativa de acabar com aquela cicatriz com as próprias mãos, ele criticou arrogantemente, “Claro que eu sou! Mas é muito cedo pra alguém como você me pedir dicas!” Onodera respirou rápido, e Yokozawa de repente se sentiu mal, percebendo que ele tinha falado as mesmas palavras que Kirishima tinha dito antes. Talvez porque ele não estivesse se sentindo bem, ter que encarar Onodera desse jeito fez das suas palavras de censura mais duras ainda. Percebendo que não era sensato acabar com o espírito dele quando ele finalmente parecia mostrar alguma chama, Yokozawa amaciou suas próximas palavras para Onodera, que tinha recuado para longe dele. “Bem, mesmo que eu n~o queira, eu tenho que admitir: você trabalha bem.” “!!”


Onodera estava claramente chocado com as palavras de Yokozawa. O elevador parou no 3º andar, e as portas gentilmente se abriram. Jogando um olhar de volta a Onodera, Yokozawa pisou para for a do elevador. Mesmo que a divisão de shoujo mangá da Emerald ficasse no 4º andar, Onodera saiu junto com ele. “Aquela proposta- estava bem feita. Você pode seguir com ela.” “Eh?” “Mas se você n~o pode submetê-la, então é inútil. Eu estou incerto se você vai conseguir ou não fazer isso, mas eu vou cooperar. Porque esse é o meu trabalho.” Os olhos dele se arredondaram e ele se inclinou para agradecer, afobado. “Ah, certo! Eu estou ansioso para trabalharmos juntos!!” “E mais uma coisa.” Ele tinha que saber essa outra coisa, ele tinha que confirmar. Se ele deixasse essa chance passar, eles nunca mais teriam a oportunidade de conversar sozinhos desse jeito outra vez, e ele de qualquer forma não queria. Ele respirou bem fundo e tentou manter a voz calma o quanto ele pudesse enquanto falava. “Você est| apaixonado pelo Masamune?” “!!” Takano tinha contado a Yokozawa sobre os seus sentimentos no dia anterior, o deixando saber completamente bem que ele não tinha absolutamente nenhuma chance. Mas ele ainda não sabia como o Onodera se sentia. Onodera parecia ter ao menos um interesse efêmero, mas ele tinha que confirmar se os sentimentos dele combinavam com os do Takano. Depois de um longo, quase doloroso, pesado silêncio, Onodera balançou a cabeça bem rápido, o rosto dele vermelho vivo. “…Estou.” Yokozawa deixou seus olhos se fecharem e depois os abriu de novo lentamente. “De qualquer maneira que você se sinta... Se você machucar ele, eu não vou hesitar em tomar ele de volta. Só mantenha isso na sua cabeça.” Ele deixou Onodera onde estava, totalmente chocado, e foi para o escritório de vendas. Ele sentiu as portas do elevador atrás dele abrindo e fechando de novo. Ele percorreu o andar completamente vazio e se jogou em sua cadeira. Colocando a palma da mão em sua testa, ele sussurrou fracamente, “…O que raios eu estou fazendo...?”


Aquilo não tinha sido uma declaração de guerra; ele simplesmente queria dar um empurrãozinho no Onodera. Se ele realmente quisesse pegar o Takano de volta, então aquelas palavras só iriam prejudicar a si mesmo. Talvez ele tivesse dado uma mão ao outro por sentir que o Onodera estava realmente sério. A hesitação e o medo tinham desaparecido da expressão dele. Alguma coisa… tinha acontecido entre eles na noite anterior, ele tinha quase certeza. “…Talvez alguém desse jeito combine melhor com ele.” Para um cara que tende a pensar demais sobre tudo e ficar depressivo, namorar alguém aparentemente fraco, mas com sentimentos puros e simples como o Onodera provavelmente... Deve dar certo. Ele só queria que o Takano fosse feliz. Precisamente porque ele sabia como as coisas tinham sido ruins antes, Yokozawa queria isso mais do que qualquer outra pessoa no mundo. Embora ele quisesse ser a pessoa a fazer aquele cara feliz, não tinha jeito se Takano não se sentia do mesmo modo. “…Hora de trabalhar.” Não era dele sentar aqui se afundando em tristeza pra sempre. Se ele pudesse só se jogar em trabalho, então com certeza a dor no seu peito algum dia sumiria. Se erguendo e fazendo a parte de trás da cadeira ranger em protesto, ele abriu o notebook e o ligou.

Nenhum de seus colegas queria ficar próximo a Yokozawa mais do que o necessário, levando-se em conta que estava trabalhando como um demônio desde aquela manhã. Entretanto, ele não tinha nenhuma vontade de conversar agora, de qualquer forma, ele considerou isso tudo como mudanças para melhor, e depois de terminar o trabalho fora do escritório, ele se afundou em papeladas pelo resto do dia. “….Droga.” Toda vez que ele movia os braços, sua camisa apertava, o lembrando daquela manhã que ele queria esquecer. Ele não podia reclamar pra ninguém sobre ter visto um superior do trabalho em um roupão de banho, fora deixado se angustiando sozinho.


Em uma tentativa de tirar as imagens da cabeça, ele se afundou em trabalho, cuidando de cada detalhe dos negócios, um por um. Ele já tinha acabado de preparar a papelada para a reunião no fim da semana para decidir a tiragem, e levando-se em conta que seria decidido se adicionavam mais tiragem dos volumes anteriores de uma série que teria um novo volume lançado, a escassez de estoque deveria ser evitada. “Tudo o que sobrou…foi essa proposta de projeto, certo…” O departamento de Yokozawa tratava, em geral, de promover a venda de mangás – e o maior projeto deles no momento era Za Kan. Não só havia planos para um filme ser lançado como também eles tinham que ter certeza que as vendas do novo volume e dos anteriores iriam bem. Vender livros era dever do departamento de vendas. Bastante dinheiro fora usado para fazer o filme, e com o aumento no número de empregados veio o aumento de trabalho e de custos. E se eles não conseguissem arrecadar mais dinheiro do que o usado nos custos, então não havia motivo em toda a promoção. Para manter uma série popular com os fãs, era necessário sempre trazer ideias novas. Independente se uma série estava vendendo bem ou mal, o departamento de vendas era sempre para quem diziam “Venda mais!!” Para executar essa missão, eles permaneciam trabalhando como burros de carga dia e noite. E, embora ele admitisse mal ter tempo pra respirar direito, esse era o trabalho no qual Yokozawa se sentia satisfeito. Ele havia escolhido trabalhar em uma editora pelo simples fato dele gostar de livros. Como ele nunca quis ser envolvido na facção de livros, como autor ou editor, inicialmente ele pretendia trabalhar para uma empresa de comércio. Entretanto, um dia, ele viu na TV um documentário sobre o trabalho no departamento de vendas de uma editora e mudou de ambição completamente. No fim, não era uma missão difícil sair e encontrar pessoas, e se ele tivesse que vender algo, ele deveria também vender algo que ele mesmo gostasse – era desse jeito que ele entendia as coisas. Na época tinha sido apenas instinto, mas mesmo agora ele sentia que tinha feito a escolha certa. Ele sentia que estava fazendo um trabalho que valia a pena, e trabalhar em um lugar como a Marukawa Shoten, que era cheia de trabalhadores de personalidade forte, era fácil mesmo para uma pessoa tão teimosa como ele era. “…Hm?”


Colocando junto toda a papelada dos outros departamentos, Yokozawa percebeu que ainda faltavam os dados sobre os materiais promocionais a serem usados na campanha do próximo mês. O departamento de vendas era responsável por organizar e juntar todos os pôsteres, itens e coisas do tipo a serem vendidos, mas sem a imagem original do departamento de edição, era impossível fazer o pedido. Yokozawa falou para um homem sentado contra ele em diagonal, um subalterno que tinha acabado de desligar o telefone. “Ei, Henmi! Nós j| recebemos os dados dos materiais promocionais do pessoal da Japun?” “N~o, ainda n~o. Supõe-se que eles nos dariam ainda essa semana, mas…” “‘Essa semana’? Eles percebem que j| é sexta hoje? Não me diga que eles estão planejando entregar no sábado a noite ou algo do tipo, não é? Vá lá e veja se você não consegue os fazer andarem rápido. Nada vai acontecer se a gente só ligar pra eles.” “S- sim, senhor!” Henmi rapidamente levantou de sua cadeira com a repreensão de Yokozawa; talvez porque ele estava irritado, Yokozawa tenha sido mais severo que o normal. Refletindo que ele deveria apoiar Onodera com o projeto de agora em diante, Yokozawa deixou o olhar vagar pelo andar – e foi surpreendido ao encontrar Kirishima parado na entrada do escritório. “Aff!” Henmi, que já estava a caminho do escritório de edição da Japun, entrou em pânico e se apressou para cumprimentar Kirishima. “Kirishima-san! É uma surpresa! Você raramente vem até o departamento de vendas. Eu estava justamente indo ver você!” Os outros ao redor deles também pareciam curiosos de por que o editor chefe Kirishima tinha se dado ao trabalho de descer até o andar de vendas. “Só trouxe os dados para os materiais promocionais. Desculpe por demorar tanto. Uma parte do nosso pessoal queria ter trazido já há algum tempo, mas eles acabaram se juntando com outros documentos e nós só os achamos agora.” Ele deu o CD de dados a Henmi. “Obrigado, e me desculpe por ter feito o próprio Editor chefe trazer isso até aqui…” “Nah, estava no meu caminho, de qualquer jeito.”


“‘No seu caminho’?” Henmi soou audivelmente confuso com as palavras de Kirishima. Surpresa nenhuma, já que havia poucas possibilidades que ele pudesse imaginar do real motivo de Kirishima ter ido até ali. Yokozawa teve um pressentimento ruim e se virou para evitar de encontrar o olhar de Kirishima, fingindo se focar na tela de seu computador. Mas naturalmente não havia jeito de algo como aquilo fazer com que ele passasse despercebido, e Kirishima facilmente o encontrou. “Oh aí est| ele. Yokozawa, vamos – vamos sair pra beber.” “?!” O andar inteiro ficou em sussurros com o convite de Kirishima, incapazes de acreditar que Kirishima tinha vindo até ali só pra convidar Yokozawa, com quem ele nunca claramente teve nenhum tipo de relação fora do trabalho, para beber. Além disso, levando-se em conta que eles já haviam se confrontado acaloradamente em algumas reuniões, muitos acreditavam que eles não gostavam um do outro Indo até a escrivaninha de Yokozawa, ele repetiu seu convite de novo por educação. “Você n~o me ouviu? Eu disse pra gente ir beber juntos.” “…Eu ainda tenho trabalho pra fazer.” Ele fez uma pequena tentativa de resistência, mas Kirishima só bufou. “H~? Não tem como você de todas as pessoas não ter terminado a sua cota em tempo. O que raios você tem feito o dia todo?” “Cala a boca! Isso é trabalho pra próxima semana!” Tão logo ele deixou as palavras escaparem dos lábios após ter ficado irritado, ele percebeu que ele havia sido incitado. A expressão no rosto de Kirishima enquanto ele sorria para ele era mais irritante que qualquer coisa. “Ent~o faça isso na próxima semana. Esses caras vão ser capazes de trabalhar melhor sem alguém que grita tanto como você, não é?” Henmi, que estava assistindo eles com interesse, respondeu de uma maneira afobada quando Kirishima repentinamente passou a conversa pra ele. “Eh? Ah bem, é…” Se ele n~o negasse completamente a afirmaç~o… significava que ele concordava com isso, ao menos em parte. Quando Yokozawa dirigiu um severo olhar para Henmi, Kirishima alcançou o outro e bagunçou o cabelo dele. “O que raios você est| fazendo?!”


“Pare de ser t~o severo com seus subordinados. Isso é só porque você está fazendo uma cara assustadora! Dê alguma folga a eles. Agora anda logo, pegue suas coisas e vamos dar o fora daqui.” “E por que raios eu iria com você?” Cansado de jogar esse jogo na frente de uma platéia tão grande, ele impensadamente disse seus verdadeiros pensamentos. Mas Kirishima permaneceu calmo mesmo com a expressão desagradável no rosto do Yokozawa. “Você não é jovem demais pra estar senil? Não me diga que você já esqueceu sobre essa man-“ “…!” Yokozawa Ruidosamente empurrou sua cadeira em uma tentativa de parar as palavras de Kirishima. Ele nunca tinha imaginado que Kirishima iria ameaçá-lo daquele jeito e em seu escritório. Parado antes que pudesse dizer qualquer outra coisa idiota, Yokozawa ergueu a voz e falou. “Ah! Oh, é mesmo! Nós tínhamos que ter aquela conversa sobre a campanha!” “Exatamente. Estou t~o feliz que você se lembrou!” Yokozawa ferveu com o sorriso descarado com que Kirishima estava; mas se ele se deixasse explodir aqui, não se sabe que tipos de rumores provavelmente apareceriam. “Bem, ent~o vamos?” Ele nunca tinha usado expressões como aquelas, nem mesmo no trabalho. Se ele soubesse que esse tipo de coisa iria acontecer, talvez ele tivesse treinado mais os sorrisos forçados. Yokozawa roçou em Kirishima que estava na porta e deixou o escritório, fugindo dos olhares curiosos de seus colegas. “E ent~o? Gostoso, n~o é?” “…É, é sim.” Tomando um gole do saquê Hokuriku que Kirishima tinha oferecido, ele tinha que admitir que era gostoso o suficiente para fazer os olhos saltarem. O buquê como flores que flutuavam para o nariz e a doçura que se espalhava na sua língua eram ambos de excelente qualidade e o gosto que ficou na boca o deixou se sentindo aliviado. Era frustrante concordar tão facilmente, mas coisas gostosas eram gostosas, e ponto. Depois de desfrutar de uma leve refeição, Kirishima o trouxe para esse bar especializado em saquê japonês. O lugar tinha uma atmosfera completamente diferente dos lugares que ele frequentava com o pessoal do departamento de vendas e clientes. Mesmo a pequena vasilha que eles receberam com petiscos era


de ótima qualidade, e todos os empregados se dirigiam com a maior educação, sem a petulância que se vê nos restaurantes normais, era um lugar confortável para passar o tempo. “Você vai entrar nos 30 logo, tente aprender a como beber direito enquanto você ainda pode.” “Eu dificilmente bebo daquele jeito, só pra você saber.” “Heeeh…é?” “Sim, é verdade! E de qualquer forma, Eu ainda tenho dois bons anos antes de chegar nos 30.” Sentindo que Kirishima não ia acreditar nele, seu tom subiu, e percebendo que ele havia levantado a voz, rapidamente olhou ao redor. Felizmente, eles estavam sentados bem no fundo e parecia que nenhum outro cliente tinha percebido. “Esses dois anos v~o passar voando.” “Cala a boca.” Kirishima simplesmente tomou um gole do saquê alegremente, se divertindo ao assistir Yokozawa ficar irritado. Percebendo que era inútil discutir com Kirishima, o outro vestiu uma máscara de novo e levou o copo até os lábios. Ele saboreou o gosto adocicado em sua língua e observou o resto do bar. A clientela parecia se feita em sua maioria de homens mais velhos que Yokozawa, porém algumas mulheres estavam lá sozinhas. Com uma quente e indireta luz, o obscuro bar tinha um feeling chique e era bastante aconchegante. Antes ele tentava evitar esse tipo de bar que faz uso de saquês caros porque não combinavam com ele, mas um lugar com esse tipo de atmosfera ele não se importaria em voltar sozinho. Ele se perguntou com quem Kirishima viria aqui. “…Ent~o você est| se divertindo, me arrastando para esse tipo de lugar?” “Eu realmente queria ver a sua cara de irritado.” “Você realmente tem uma personalidade anormal, sabia?” “Eu na verdade sou sempre elogiado pela minha personalidade.” Yokozawa se sentia ferver com o modo que os cantos dos lábios de Kirishima se levantavam toda vez que este sorria. Ele falava constantemente, fazendo o melhor para evitar ser sugado pela atmosfera ao redor de Kirishima, que parecia estar propositadamente tentando fazê-lo fazer


uma cara de irritado. “Eu tenho certeza que os seus subordinados têm problemas em trabalhar com um chefe como você.” “Eu nunca faria nada de cruel aos meus queridos e fofos subordinados. Eu tenho certeza que eles são ao menos um milhão de vezes mais felizes que os seus pobres subordinados. “Isso n~o é–!” Verdade… ele tentou dizer, mas ent~o ele se lembrou da reaç~o de antes de Henmi. Se a sua atitude era na verdade a de sugar a vida de todos ao seu redor, então essa era dificilmente uma estrada a se percorrer. Nem todo mundo era super competitivo. Para cada trabalhador que pudesse tranquilamente falar o que pensa, existia outro que sofria sob o estresse. “Os seus empregados est~o fazendo um bom trabalho; deixe-os saber disso de vez em quando. É totalmente diferente dizer pequenas coisas como ‘bom trabalho hoje’ e ‘obrigado.’” “…n~o acha que eu j| sei disso?” “Você sabe, mas você n~o faz, não é? Daqui a algum tempo a única pessoa que vai conseguir lidar com o seu temperamento tsundere vai ser a pessoa que te ama.” “Quem você est| chamando de tsundere?!” “Mesmo que você dificilmente tenha algum dere, eu tenho que admitir.” “O que raios isso significa?” Rapidamente perdendo o controle com ele, Yokozawa virou pro outro lado, fingindo estar distraído com sua bebida. O gosto era ótimo, e deslizou pela sua garganta mais suavemente que água. Se ele não fosse cuidadoso, seria bem fácil beber demais. Kirishima o percebeu olhando amargamente para seu copo vazio. “Quer |gua?” “Eu vou ficar bem; eu n~o estou bebendo t~o r|pido como ontem.” Ele ficaria bem se parasse agora. Pra começar ele não era fraco pra bebida; foi só que ele tinha bebido bem mais que o normal naquela noite. “De qualquer forma, por que você est| sendo t~o persistente comigo?” Até agora ele tinha se distraído em ser irritado pelo modo que Kirishima se exibia, mas quando ele parou pra pensar, isso se tornou bastante estranho. Ele devia ter companhia da sua própria idade na empresa; não havia motivo pra ele convidar Yokozawa desse jeito. E bêbado como ele deve ter estado, o outro não precisava dar de cima de um cara que a maioria dos trabalhadores da empresa


conhecia como um “urso selvagem”; Kirishima poderia conseguir qualquer pessoa que ele quisesse. Ele não conseguia entender o motivo por trás de Kirishima sair da rotina dele, pra fazer algo com alguém que não tinha absolutamente nenhum charme como ele tinha, sair com ele só porque eles se encontraram sem querer num bar e o primeiro tinha visto o ponto fraco do outro. “Eu n~o te disse? Eu gosto de brincar com caras orgulhosos.” “Você só fala coisa idiota, n~o é? E se você gosta de caras orgulhosos – a nossa companhia está cheia deles, se você não percebeu. Por que tem que ser eu? Por que n~o, n~o sei… por exemplo, o Takano...” Ele impensadamente havia aberto a própria ferida com suas palavras. Não havia como ele não suspeitar de algo agora que Yokozawa havia tocado no nome dele. Rezando que Kirishima não percebesse que ele estava tremendo por dentro, ele hesitantemente olhou pro outro lado. “Takano? Nah, ele n~o é bom. Ele pode até ser orgulhoso, mas ele é mais sensível do que parece; ele sucumbiria com um golpe. Ele provavelmente não seria muito um desafio se eu fosse realmente atrás dele.” “..........” Ele tinha que admitir, ele estava impressionado com o quão bom Kirishima era para julgar a personalidade das pessoas. Como ele havia dito, Takano definitivamente tinha um lado sensível nele. Ele podia vestir uma boa máscara, mas uma vez que ela caísse era por um longo tempo, e ele não era bom em se levantar de novo. Mas do mesmo jeito, se você ficasse próximo dele, ele abriria o coração e confiaria em você não importasse o que. Porém isso era bem mais óbvio quando eles estavam na faculdade, ao entrarem pro mercado de trabalho e crescerem, ele parecia ter amadurecido. Mas os elementos básicos dele não tinham mudado. “Eu n~o vou atr|s de crianças como ele que se sentem as melhores.” “Ei – você sabe que ele e eu somos da mesma idade, n~o é?” Ele entedia que ele parecia um pouco mais velho do que ele era, mas se Takano era uma criança, então ele também era. Ele não conseguia concordar com o pensamento de Kirishima. “ “Eu estou falando sobre dentro. Mesmo que eu ache que ele tenha sido capaz de trazer a Emerald de volta porque ele tem aquela jovem sensitividade dele. Mas você tem os seus próprios pontos positivos, você não tem que ser tão sensível só porque vocês têm a mesma idade.”


“E- Eu não sou sensível com isso-!” Ele parecia ter entendido que Yokozawa via Takano como um rival. Embora isso fosse milhões de vezes melhor do que ter ele percebendo que Takano era o cara que o rejeitou, isso ainda irritava. “Sério? Bem, eu admito que você mesmo é um pouco criança. Eu não me importaria em te ensinar tudo, claro, se você quiser.” “…Claro, n~o é só a sua personalidade que é estranha, seus hobbies também.” “Eu acho na verdade que eu sou muito bom em julgar o caráter das pessoas.” “Olha quem est| falando.” Embora ele não quisesse se colocar pra baixo, ele não conseguia entender porque o outro estava interessado nele. Se ele quisesse mesmo arrastar alguém com ele, não seria mais fácil encontrar um dócil subordinado dele? “Sabe, para um cara com uma atitude tão grande como você, você realmente se subestima. Você é bom no seu trabalho e você não é ruim para os olhos. Tenha um pouco mais de auto-estima, ok?” “O q- que raios é isso? Você est| me enojando.” Ele ficou nervoso ao ser elogiado tão de repente. Ele não conseguia não pensar nos elogios saindo dos lábios de Kirishima como sendo na verdade um truque. “Eu vejo que você não está acostumado a ser elogiado. Você não precisa corar.” “Eu não estou corando–!” “Hmm? Você não convence ninguém com esse rosto t~o vermelho.” “Pare de falar tudo que vem a sua mente! E de qualquer forma como raios você consegue dizer se alguém est| vermelho ou n~o em um bar escuro como esse?” “Você me pegou.” Kirishima encolheu os ombros com a evidência de Yokozawa. O último suspirou, cansado com o fato de ele ainda parecer estar se divertindo de alguma forma. Eles nunca interagiram muito fora do trabalho antes, mas ele nunca imaginaria que Kirishima tivesse uma personalidade tão extrovertida. Dentro da Marukawa Shoten, ele era conhecido como um fabricante de grandes sucessos, tendo ajudado a lançar mais hits que qualquer outra pessoa na companhia, e Yokozawa sempre o imaginou como sendo um workaholic – mas a realidade era bastante diferente. “…Eu estou indo no banheiro.” “Você n~o acabou de ir? Talvez você seja mais velho do que você pensa~”


“Cala a boca!” Kirishima, com um sorriso, o viu sair, e com um sentimento de inquietude, Yokozawa entrou no banheiro do bar. Ele ficou na frente do limpo espelho, nenhuma mancha nele, e suspirou profundamente. Ele perdia o controle rápido quando se tratava de Kirishima. Ele sabia que não tinha bebido tanto, mas por alguma razão, ele não conseguia se sentir calmo próximo daquele cara. Se isso era porque Kirishima era quem o tinha visto do pior jeito ou talvez porque ele fosse uma presença desagradável no geral, Yokozawa não conseguia ter certeza. Ele sempre se sentiu inquieto com Kirishima, mas como eles nunca tiveram que compartilhar de um lugar por muito tempo, exceto nas reuniões, ele nunca fora capaz de perceber qual exatamente era o problema. Mas sem saber por que ele se sentia assim, ainda havia um jeito de lidar com isso. Tudo o que ele tinha que fazer era se distanciar do homem em questão. Se ele pudesse fazer isso, ele escaparia dessa irritação constante. “…Mais f|cil dizer do que fazer.” Não era como se ele estivesse fazendo isso por sua própria vontade; ele estava sendo arrastado pelo Kirishima. O que significava que ele teria só que esperar o outro se cansar de brincar com ele. Não importava o quanto ele olhasse pra isso, a conclusão sempre era essa. Contra um oponente que estava a frente dele em idade e tempo de companhia, alguém de quem ele não conseguia ganhar com palavras ou força física, era inútil se rebelar mais do que ele já tinha se rebelado. “Droga…” Com sua conclusão, ele não conseguia fazer nada além de ficar irritado. Praguejando suavemente, ele girou a torneira de uma vez só e lavou o seu rosto vermelho. Ele conseguia sentir um pouco de calma retornando com o despertar da água fria, e ele secou o rosto com o lenço que ele tirou do bolso. Tomando um ultimo fôlego, ele saiu do banheiro. “As suas mangas est~o úmidas, sabia? Se seque devidamente antes de voltar.” “N~o me toque.” Ele bateu na mão que Kirishima havia estendido para ele e continuou a secar as mangas com o lenço que havia acabado de retornar ao seu bolso. “Você n~o precisa ficar t~o preocupado; eu n~o vou te morder. Você não está irritado demais?” “N~o, eu não estou.”


“Sério?” O modo sugestivo com que o outro sorriu, e o fato de que, por alguma razão, ele não conseguia tirar os olhos daquela expressão, daquele rosto, fez Yokozawa deter-se. “Bem, vamos indo? Afinal eu não posso passar duas noites fora de casa.” Kirishima pegou a sua bolsa e lentamente se levantou de sua cadeira. Vendo isso, um empregado se apresentou com os casacos que eles haviam deixado na recepção. “Ah–espera! Eu pago a conta dessa vez.” “Eu j| paguei.” “H~?! Ei- espera um pouco! Não! Por que você pagou pra mim?!” “Vocês crianças são bem mais fofas quando nos deixam pagar a conta, sabia?” Kirishima abriu alegremente a porta e começou a andar pra fora do bar sem olhar pra trás. Yokozawa o chamou, brigando audivelmente enquanto o alcançava. “Como se eu me importasse em ser fofo ou não! Ao menos divida no meio! Você pagou pelo hotel também, não foi? Eu não quero ter mais dívidas com você!” “Mas está sem dinheiro agora, não está? N~o se preocupe.” “Esse n~o é o ponto!” Era verdade, ele não estava totalmente confiante sobre o quanto ele tinha na carteira, mas ele com certeza não era descarado o bastante pra deixar o Kirishima pagar sem uma discussão. “Bem, se você quer tanto pagar – eu vou deixar você fazer isso.” Ele se sentiu aliviado por finalmente ganhar uma discussão com Kirishima. “Ótimo – quanto é-“ Enquanto ele tirava a carteira para checar quanto ele tinha, sua gravata foi apanhada e ele foi puxado pra frente. “—–?!” Os olhos dele saltaram em choque, e uma língua se empurrou entre seus lábios, delineando seus dentes. Sentindo o interior de sua boca ser completamente explorado enquanto ele tremia com isso, ele bruscamente imobilizou sua própria língua. Sua boca era devastada, o deixando incapaz de respirar direito, e não parecia haver um fim para esse beijo apaixonado, que parecia o fazer ficar louco.



“Nn…nnn…!” O beijo de Kirishima era incrivelmente bom – tanto que ele se sentiu a beira de desmaiar. Mesmo se ele quisesse empurrar o outro, sua vontade foi completamente paralisada e seu corpo se recusou a mover, como se eles estivessem conectados. Uma turma de bêbados passou por eles, fazendo bastante barulho, e mesmo assim os lábios dele continuaram juntos. “…ha!” Quando finalmente o beijo acabou, seu corpo estava inundado por uma paralisia, e ele se viu incapaz de continuar de pé. Ele se apoiou contra a parede em que ficava o letreiro do bar e reclamou com seus l|bios ainda dormentes, “O que raios você est| pensando? Em um lugar como esse…!” Ele forçadamente secou os lábios úmidos com a mão, mas foi incapaz de sumir com a sensação de fraqueza deixada em seus lábios e língua. Kirishima riu de um Yokozawa com rosto vermelho. “Ent~o você est| dizendo que se fosse em outro lugar estaria tudo bem?” “O teu rabo. Eu não acredito que você jogou sujo desse jeito-!” “Sujo? Você não está convencendo muito, considerando o fato que você não consegue nem mesmo ficar de pé. Você já é um adulto – então pare de choramingar feito uma menininha. Você não vai tentar me dizer que esse era o seu primeiro beijo ou algo do tipo, não é?” “Quem disse…!” O rosto de Yokozawa ficou ainda mais vermelho com a brincadeira. Com raiva e humilhação juntas, o sangue começou a subir até a cabeça dele, o deixando incapaz de formular uma frase adequada. “Bem você parecia t~o inocente, Eu pensei que talvez… Mas se n~o era, melhor. Afinal, seria uma vergonha se eu roubasse o seu primeiro beijo.” “..........!!” “Ah, bem eu vou pra esse lado – você vai pegar o metrô, não vai? Não pegue nenhum atalho e v| direto pra casa, meu jovem~” “Eu n~o preciso que você me diga isso!” “Você ficando todo irritado desse jeito me faz querer só te irritar mais – e você não quer isso, quer?”


“Por que você–!!” Ele sabia que o outro só estava brincando com ele; ele provavelmente parecia como um brinquedo perfeito para alguém como Kirishima. Doía admitir isso, mas toda vez que ele abria a boca soava como o ganir de um cachorro que perdeu uma briga. “Bem, tome cuidado ao ir pra casa. Oh e mais uma coisa.” “O que é agora?” “Obrigado pela refeição.” “…Eu vou me vingar de você depois por isso.” Como o vil~o de um filme, ele cuspiu a zombaria para Kirishima, que se virou e começou a andar, deixando as palavras irritantes do outro para trás, com um sorriso maroto. Isso foi tudo o que conseguiu pensar em falar no momento, um fato que era bastante vergonhoso. Tremendo de raiva, quando ele percebeu que ele tinha deixado o outro o ver em uma situação lastimável de novo, ele não tinha escolha se não aceitar a humilhação. “Zoando daquele jeito…” Sua m~o ficou quente, onde ele tinha formado um punho, e o bater forte de seu coração era provavelmente devido a sua fúria. Contendo sua indignação, ele se virou e caminhou embora.


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