Inventรกrio de Pesquisas em DST/AIDS
IV Inventรกrio de Pesquisas em DST/AIDS
IV INVENTÁRIO DE PESQUISAS EM DST/AIDS Publicação da DST/Aids – CIDADE DE SÃO PAULO – SMS – PMSP Rua General Jardim, 36 – 3º andar – CEP 01223-010 – São Paulo – SP Tel. 0XX11 3218-4125 / 3218-4120 Gilberto Kassab Prefeito Maria Cristina Faria da Silva Cury Secretária Municipal da Saúde Maria Cristina Abbate Coordenadora da Área Técnica de DST/Aids Katia Cristina Bassichetto Coordenação da publicação e sistematização de informações
Flávio Andrade Santos / Henrique Gama Souza Colaboradores Comunicação - DST/Aids Cidade de São Paulo Produção Editorial
Maio 2006
Ficha Catalográfica Elaborada por: Vera Lúcia Ribeiro dos Santos – Bibliotecária – CRB 8a.Região 6198 SÃO PAULO (Cidade). Prefeitura do Município de São Paulo. Secretaria Municipal da Saúde. Coordenadoria do Desenvolvimento de Programas e Políticas de Saúde Área Técnica DST/AIDS – Cidade de São Paulo. IV Inventário de Pesquisas em DST e AIDS. São Paulo, 2006. v. 4; il. 1. AIDS–São Paulo (Cidade). 2. AIDS – Pesquisa. 3. AIDS – Inventário municipal. I.Título. NLM WC 503
Índice
Apresentação Quadro Síntese de Pesquisas Serviços Municipais Especializados em DST/AIDS
10 12 14
Pesquisador interno Concluídas TESE DE DOUTORADO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO PESQUISA INDEPENDENTE
20 25 31
Pesquisador interno Em andamento DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PESQUISA INDEPENDENTE PESQUISA OPERACIONAL/ CURSO DE METODOLOGIA DE PESQUISA
38 40 47
Pesquisador externo Concluídas TESE DE DOUTORADO DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO PESQUISA MULTICÊNTRICA PESQUISA INDEPENDENTE
60 74 77 88 94
Pesquisador externo Em andamento LIVRE DOCÊNCIA TESE DE DOUTORADO DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO PESQUISA MULTICÊNTRICA PESQUISA INDEPENDENTE
106 112 114 127 129 131
Índice (por Autores) Amilcar Tanuri - p.92 Ana Flávia Pires Lucas d´Oliveira - p.94 Andrea Paula Ferrara - p.114 Antonio Sergio Melo Barbosa - p.64 Carmem Aparecida de Freitas - p.121 Clelia Maria Sarmento de Souza Aranda - p.60 Dayane Braga de Souza Duarte - p.77 Diva Maria Faleiros Camargo Moreno - p.66 Drausio Vicente Camarnado Junior - p.68 Éderson Lino Domingues - p.80 Erika Ferrari Rafael da Silva - p.115 Esper Georges Kallás - p.131 Fábio Mesquita - p.95 Fabio Moherdaui - p.88 Fernanda Cristina Ferreira - p.120 Gilvane Casimiro da Silva - p.47 Gisele dos Santos Barros - p.82 Helena Maria Medeiros Lima - p.70 Ivan França Junior - p.107 Karina Wolffenbuttel - p.118 Karine Azevedo São Leão Ferreira - p.74 Katia Cristina Bassichetto - p.20, p.40, p.43, Kleber Dias do Prado - p.31
Larissa Maués Pelúcio Silva - p.112 Liamar Loddi - p.48 Lúcia de Cássia Tavares - p.51 Lúcia Regina Gatti Murakami - p.50 Mara Cristina Silva Martins Pappalardo - p.33 Marcela Tavares Ferroni - p.25 Marcia Campos Eurico - p.25 Maria Amélia de S. M. Veras - p.96 Maria Cristina Komatsu Braga Massarollo - p.81 Maria Cristina Mazzaia - p.72 Maria Lucia Mizusaki Morita - p.52 Maria Lúcia Roncolatto Olivito - p.82 Maria Rita Bertolozzi - p.106 Marina Aragão W. Gonçalves - p.47 Marli Aparecida Silva Athaniel - p.38 Marylei Castaldelli Verri Deienno - p.53 Naila Janilde Seabra Santos - p.133 Neuza Uchiyama Nishimura - p.54 Raquel Bellinati Robert Pires - p.121 Regina Célia de Menezes Succi - p.129 Regina Maria Barbosa - p.99 Ricardo Sobhie Diaz - p.102 Robinson Fernandes de Camargo - p.45 Romilda Baldin - p.52 Simone Heliotropio de Matos - p.127 Tania Regina Tozetto-Mendoza - p.123 Vanessa Naomi Oshiro - p.84
Apresentação
É com grande satisfação que a Área Técnica de DST/Aids da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo lança o IV Inventário de Pesquisas em DST/Aids, com a finalidade de documentar o andamento e os resultados das pesquisas desenvolvidas na Rede Municipal Especializada em DST/Aids, no período de dezembro de 2004 a abril de 2006. O enfrentamento da epidemia de DST/HIV/Aids tem exigido que se busque mecanismos para a compreensão da multiplicidade de seus condicionantes, para com isso, envolver os vários níveis de complexidade do sistema de saúde, necessários para o desenvolvimento e implementação de ações de impacto. A produção desta publicação materializa o nosso esforço nesta direção. Sua elaboração é de responsabilidade do Setor de Informação e Desenvolvimento Científico, no entanto seu conteúdo depende do aceite dos pesquisadores para retornarem seus resultados nos prazos especificados. Portanto, agradecemos publicamente a todos os que colaboraram para a manutenção desta iniciativa. Fazemos, ainda, um agradecimento especial, aos gerentes, às equipes locais, aos interlocutores de pesquisa e às pessoas que utilizam esta rede e voluntariamente têm colaborado para a ampliação do nosso conhecimento sobre diversas facetas desta epidemia. Esta edição reúne 47 resumos, submetidos a uma classificação que possibilita o conhecimento da origem dos pesquisadores, se internos ou externos a esta rede; em que fase estas pesquisas se encontram, se estão ou não vinculadas a alguma instituição de pesquisa ou acadêmica; que produtos advirão das mesmas e se os resultados foram ou não apresentados em algum evento científico. Dentre estes projetos, destacamos 7 de autoria de 9 pesquisadores internos, decorrentes da participação dos mesmos em um Curso de Metodologia de Pesquisa, junto ao Instituto de Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (IS-SES/SP), cuja parte teórica se encerrou em 2005. Está previsto para 2006 o desenvolvimento destas pesquisas, com monitoria e orientação dos professores deste Instituto. Este curso é parte de um projeto de formação de recursos humanos em pesquisa, que vem se desenvolvendo desde 2003, por iniciativa da Área Técnica de DST/Aids e está voltado para a realização de pesquisas em caráter operacional, isto é, que nasce a partir de interesses dos serviços da Rede Municipal Especializada em DST/Aids.
A síntese de todos estas pesquisas encontra-se num quadro específico, de forma a facilitar a visualização da dimensão e diversidade do que vem sendo realizado. O conhecimento produzido, ao ser compartilhado com os profissionais desta rede e de outras instituições, poderá ser assimilado e utilizado para melhorar a qualidade do que vem sendo disponibilizado em termos de intervenções de saúde ou ainda fomentar discussões no sentido de criar novas tecnologias de trabalho em saúde. Para a realização destas pesquisas estabelecemos parcerias com 10 instituições – 7 universidades e 3 institutos de pesquisas, criando uma interface muito produtiva e um leque de possibilidades de diálogo com perspectivas de aprofundamento. Este encontro é muito valioso, uma vez que não se limita ao contato com os pesquisadores, mas também com os orientadores, departamentos das universidades, equipes de áreas diversas e atende, sobretudo, a uma dos itens contidos na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa e Ministério da Saúde que é o compromisso em devolver os resultados das pesquisas a todos os envolvidos. Além disso, favorece o intercâmbio entre a vida cotidiana dos serviços especializados em DST/Aids e a produção do trabalho, possibilitando uma reflexão qualificada, com a consistência acadêmica necessária para o aprimoramento da qualidade da atenção à saúde da população.
“Não tenho um caminho novo, o que tenho de novo é um jeito de caminhar” Thiago de Melo
Maria Cristina Abbate Coordenadora da Área Técnica DST/Aids Município de São Paulo
Katia Cristina Bassichetto Informação e Desenvolvimento Científico
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MC
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EA
Independente
7
0
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EA
Curso Metodologia
47
32
15
Total
Fonte: Setor de Informação e Desenvolvimento Científico, Área Técnica de DST/Aids
1
1
0
EA
TCC
Pesquisas
Fase: EA - Em Andamento, C - Concluído
Tipo/Produto: LD - Livre Docência , TD - Tese Doutorado, DM - Dissertação de Mestrado, TCC - Trabalho de Conclusão de Curso, CMP - Curso de Metodologia
Total
Externo a Rede Municipal de DST/Aids
Interno a Rede Municipal de DST/Aids
Origem do pesquisador
Tipo
Distribuição das Pesquisas Segundo Origem do Pesquisador, Fase em que a pesquisa se encontra e Tipo de Produto
Quadro Síntese de Pesquisas
Serviços municipais especializados em DST/AIDS
CTA - Centro de Testagem e Aconselhamento SAE - Serviço de Atendimento Especializado em DST/AIDS CR - Centro de Referência em DST/AIDS AE - Ambulatório de Especialidades CEDOC - Centro de Documentação em DST/AIDS
ÁREA TÉCNICA DE DST/AIDS SECRETARIA MUNICIPAL DE SÃO PAULO
Rua General Jardim, 36 3° andar Vila Buarque - Cep: 01223-010 Telefone(s): (11) 3218-4117 / (11) 3218-4120 E-mail: dstaids@prefeitura.sp.gov.br CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO EM DST/ AIDS “ DR. DAVID CAPISTRANO FILHO”
R. Líbero Badaró, 152 - CEP 01008-000 Fone/Fax: 3241-1627 - ramal 28 E-mail: smscddstaids@prefeitura.sp.gov.br
REGIÃO LESTE CTA CIDADE TIRADENTES R.Luis Bordose, 96 Cohab Cidade Tiradentes - Cep: 08471-790 Telefone(s): 6282.7055 CTA DR. SÉRGIO AROUCA R. Valente Novaes, 09 Itaim Paulista - Cep: 081120-420 Telefone(s): 6561.3052 CTA SÃO MATEUS Av. Mateo Bei, 838 São Mateus - Cep: 03949-000 Telefone(s): 6919.0697 / 6111.7077 CTA SÃO MIGUEL R. Eng. Manoel Osório, 151 São Miguel Paulista - Cep: 08010-160 Telefone(s): 6297.6052 / 6131.2701 CTA VILA CHABILÂNDIA Estrada do Lageado Velho, 76 Vila Chabilândia Guaianases - Cep: 08451-000 Telefone(s): 6557.9571 SAE CIDADE LÍDER II R. Médio Iguaçu, 86 Cidade Líder - Cep: 08285-130 Telefone(s): 6748.0255 / 6748.1139
SAE FIDÉLIS RIBEIRO R. Peixoto 100 - Vila Fidélis Ribeiro Ermelino Matarazzo - Cep: 03627-010 Telefone(s): 6622.0123 / 6621.4753
REGIÃO SUDESTE AE DR ALEXANDRE KALIL YAZBECK (CECI)
Av. Ceci, 2235 - Jabaquara - Cep: 04065-004 Telefone(s): 2276-9719 / 5583-0505 AE VILA PRUDENTE Praça Centenário de Vila Prudente, 108 Vila Prudente - Cep: 03928-240 Telefone(s): 2274-2523 CR PENHA Praça Nossa Senhora da Penha, 55 Penha - Cep: 03632-060 Telefone(s): 2295-0391 / 6192.4020 SAE HERBERT DE SOUZA – BETINHO Av. Arquiteto Vilanova Artigas, 515 Sapopemba - Cep: 03928-240 Telefone(s): 6704.3341 / 6704.0833 SAE JOSE FRANCISCO DE ARAUJO Rua Gonçalves Ledo, 606 - Ipiranga Cep: 04216-030 Telefone(s): 2273-5073 / 6168-0638
REGIÃO SUL CR SANTO AMARO R. Carlos Gomes, 695 - Vila Mariana Telefone(s): 5523-0313 CTA PARQUE IPÊ R. Francisco Antunes Meira, 255 - Parque Ipê Cep: 05742-060 - Telefone(s): 5842.8962 CTA SANTO AMARO R. Promotor Gabriel Nettuzzi Perez, 159 Santo Amaro - Cep: 04743-020 Telefone(s): 5686.9960
SAE CIDADE DUTRA R. Cristina de Vasconcelos Ceccato, 109 Cidade Dutra - Cep: 04802-080 Telefone(s): 5666.8301 / 5667-5484 SAE JARDIM MITSUTANI R. Frei Xisto Teuber, 50 Campo Limpo - Cep: 05791-080 Telefone(s): 5841.5376 / 5841.9020
REGIÃO NORTE CR NOSSA SENHORA DO Ó Av. Itaberaba, 1377 Freguesia do Ó - Cep: 02734-000 Telefone(s): 3975.9473 CTA PIRITUBA Av. Dr. Felipe Pinel, 12 - Pirituba Cep: 02939-000 - Telefone(s): 3974.8569 SAE MARCOS LOTTEMBERG R. Dr. Luiz Lustosa da Silva, 339 - Santana Cep: 02406-040 - Telefone(s): 6950.9217
REGIÃO CENTRO-OESTE CTA HENFIL R. Libero Badaró, 144 Centro - Cep: 01008-001 Telefone(s): 3241.2227 / 3241.2224 SAE BUTANTÃ Av. Corifeu Azevedo Marques, 3596 Butantã - Cep: 05339-000 Telefone(s): 3768.1523 / 3768.2168 SAE CAMPOS ELÍSEOS R. Albuquerque Lins,40 Mareachal Deodoro - Cep: 01230-000 Telefone(s): 3825.3766 SAE PAULO CÉSAR BONFIM R Tomé de Souza, 30 - Lapa - Cep: 05079-000 Telefone(s): 3832.8618 / 3832.2551
Pesquisador interno
Pesquisador interno Concluテュdas TESE DE DOUTORADO TRABALHO DE CONCLUSテグ DE CURSO PESQUISA INDEPENDENTE
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Pesquisador Interno
Tese de Doutorado
Concluídas
Aconselhamento em alimentação infantil - avaliação de uma proposta da Organização Mundial de Saúde para capacitação de profissionais da Rede Municipal de Saúde de São Paulo Katia Cristina Bassichetto kbassichetto@prefeitura.sp.gov.br Nutricionista - mestre em epidemiologia - doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES/SP), com orientação da Profª Drª Marina Ferreira Réa Co-autoras: Profª Drª Marina Ferreira Réa, Profª Drª Ausonia Donato, Profª Drª Denise Pimentel Bergamaschi
Resumo: As crianças passam, nos dois primeiros anos de vida, por um processo acelerado de crescimento e desenvolvimento. A obtenção de condições nutricionais satisfatórias nesta fase é um pressuposto fundamental para a sua qualidade de vida. Observa-se associação de riscos de hospitalização e morte com diferentes padrões de alimentação infantil e a desnutrição continua presente como causa subjacente, entre as principais causas de morte (Bahl, 2005; Black, 2003; Bryce, 2003; Claeson, 2003; Jones, 2003; Victora, 2003). Está bem estabelecida a importância do aleitamento materno para a sobrevivência infantil, reforçando a validade de se manter o estímulo a sua prática. Entretanto, há determinadas situações em que o aleitamento pode causar danos à saúde infantil, como no caso da transmissão vertical do HIV (WHO, 2004b), que pode ocorrer pela amamentação (Del-Ciampo, 2004). Estes e outros aspectos poderão influenciar as decisões da mãe sobre que tipo de alimentação oferecer a seus filhos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (WHO, 2004a), a substituição da amamentação deverá levar em conta critérios de aceitabilidade, factibilidade, acessibilidade, sustentabilidade e segurança quanto ao alimento substituto. A decisão também deve estar relacionada às razões culturais ou sociais para aquelas escolhas. Os conceitos sobre alimentação infantil têm sofrido modificações e o profissional de saúde pode vir a trabalhar com conceitos superados, dada a dificuldade de atualização e a sua inserção, no “mundo do trabalho”, em instituições que não promovem treinamentos adequados e periódicos para o desempenho destas funções, podendo gerar grande heterogeneidade de orientações para situações semelhantes. Uma das estratégias para enfrentamento de problemas de saúde tem sido a capacitação de profissionais. Persistem dúvidas, no entanto, se a capacitação em “Aconselhamento” tem sido compatível com o conhecimento atual sobre o que é mais efetivo neste aspecto do atendimento.Neste sentido, a OMS tem contribuído, especialmente através da elaboração de cursos que adotam uma postura de atendimento não diretivo, para a formação de um aconselhador que se proponha a aproximar-se do indivíduo, buscando ouvir, aceitar e compreender suas condições de vida e sua personalidade. Esta perspectiva de estímulo à autonomia do indivíduo, de forma que consiga resolver seus problemas, remete à teoria desenvolvida por Carl Rogers - de aconselhamento centrado no cliente (Patterson e Eisenberg, 2003). Este novo enfoque passa a interessar também aos estudiosos da recomendação de não amamentação para mulheres HIV positivo, em função de sua utilidade no esclarecimento dos benefícios e riscos de cada uma das opções alimentares, tendo em vista a diminuição da transmissão vertical do HIV (de Paoli, 2002; Ehrnst e Zetterstrom,
Tese de Doutorado
Pesquisador Interno Concluídas
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2005; Seidel, 2000; Shah, 2005). Essa linha de pensamento, que pretende não induzir os profissionais a determinar o que deve ser feito, mas a fortalecer as mães para que se tornem capazes de tomar decisões mais adequadas no que diz respeito à alimentação de seus filhos, se concretiza numa série de cursos, que vêm sendo disseminados em vários países. Mais recentemente, a fim de facilitar sua aplicação, a OMS integrou três conteúdos, em um único curso, denominado “Aconselhamento em Alimentação Infantil: Um Curso Integrado” (AAI - CI), com 40 horas de duração. O AAI - CI foi adaptado e aplicado, com a hipótese de que este contribuiria para a melhoria da prática do aconselhamento em alimentação infantil dos profissionais dos serviços municipais de saúde de São Paulo, vinculados à Atenção Básica ou Especializada em DST/Aids, que dele participassem, uma vez que estariam mais habilitados a estabelecer relações intersubjetivas. Interessa-nos delimitar o papel desta intervenção educativa na formação de profissionais de saúde já inseridos no “mundo do trabalho” e necessitando, portanto, estar “prontos” para o aconselhamento em alimentação infantil, como prática cotidiana, numa determinada instituição. A rede municipal de unidades de saúde é numerosa e diversificada, abrangendo desde a atenção básica, com 375 Unidades Básicas de Saúde - até as diversas modalidades de atenção especializada - incluindo 24 Serviços Especializadas em DST/Aids. Esta rede tem sido exposta a mudanças organizacionais significativas, com concepções políticas divergentes e a reincorporação ao SUS ainda está por produzir um modelo gerencial estável. A capacitação destes profissionais está, em geral, vinculada ao enfrentamento de problemas de saúde considerados prioritários, a partir da percepção dos gestores, num determinado momento. Esta nova modalidade de curso aplicada conjuntamente, para profissionais da atenção básica e da atenção especializada em HIV/Aids, tem o propósito de formar profissionais mais completos, capazes de iniciar um processo de interação para o aconselhamento em alimentação infantil, a partir da identificação das necessidades específicas de cada indivíduo, tenham ou não HIV/Aids. Objetivos: Geral Avaliar a efetividade do “Aconselhamento em Alimentação Infantil: Um Curso Integrado AAI-CI”, preconizado pela OMS, na transformação dos conhecimentos, atitudes e práticas dos profissionais de saúde, responsáveis por abordar esta temática, junto às mães ou cuidadores (as) de crianças de 0 a 24 meses na Rede Municipal de Saúde de São Paulo. Específicos 1) Descrever o perfil dos profissionais participantes, quanto a aspectos de sua formação educacional, tempo e atividades desenvolvidas durante a experiência com aconselhamento em alimentação infantil; 2) Descrever a aptidão das treinadoras para a realização do AAI-CI; 3) Descrever as rotinas de atenção e os recursos utilizados pelos profissionais de saúde, nos serviços envolvidos, para a orientação de mães ou responsáveis, considerando especificamente o aconselhamento em alimentação infantil; 4) Comparar o nível de conhecimento e de habilidades dos profissionais, em relação ao aconselhamento em alimentação infantil, antes e depois da participação no AAI-CI. MÉTODOS: Ensaio aleatorizado, com grupo controle. Universo: Pediatras e nutricionistas de unidades municipais de saúde (49 UBS e 14 de DST/Aids), da cidade de São Paulo. A amostra, definida em 80 pessoas - 40 em cada grupo, foi baseado na metodologia do curso que prevê um treinador para cada 4 ou 5 participantes e um limite de 25 a 30 participantes, para um aproveitamento adequado das aulas práticas. Para a alocação ao Grupo Intervenção (GI) e ao Grupo Controle (GC) foi realizado um sorteio, mantendo-se a proporcionalidade, em ambos
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Pesquisador Interno
Tese de Doutorado
Concluídas
as categorias. O período de realização do curso - de 23/8 a 28/9/05, às 3ªs e 4ªs feiras, em duas turmas - manhã e tarde. Foram 10 encontros de 4 horas (7 encontros teóricos e 3 práticas). O AAI-CI oferece conteúdos sobre amamentação, alimentação infantil e HIV e alimentação complementar e trabalha com técnicas de aconselhamento e de manejo clínico. Enfatiza o desenvolvimento de habilidades de comunicação, por entender o aconselhamento como um diferencial de extrema importância para capacitação de profissionais na área de alimentação infantil. Foram elaborados três instrumentos, previamente testados em um treinamento piloto: Questionário sobre o Perfil do Profissional (QPP), Questionário sobre Prática de Aconselhamento em Alimentação Infantil (QPAAI) e Roteiro de Observação da Consulta Clínica (ROCC), utilizado no local de trabalho dos profissionais. Os itens observados buscaram caracterizar a freqüência (continuamente, freqüentemente, algumas vezes, raramente, nunca e não foi possível avaliar) ou a presença (sim, não, não se aplica) de determinadas ações. A avaliação dos profissionais, de ambos os grupos, ocorreu em dois momentos: 1 - antes e 2 após 2 meses da realização do curso, tendo sido observadas uma consulta no primeiro momento e duas no segundo. Foram analisados aspectos relacionados à prática de aconselhamento em alimentação infantil, monitorando a incorporação dos conceitos-chave do curso e a transformação ou não de suas práticas. Para a avaliação de conhecimentos foram construídas notas para cada um dos tópicos e também para a prova como um todo. Para a análise foram construídos três escores: foram considerados “aptos” os profissionais com nível de acerto entre 80 e 100%, “razoavelmente aptos”,entre 50 e 79%, e “não aptos”,menos que 50%. Foram utilizados os valores de p para tomada de decisão estatística, considerando-se significativos valores menores que 0,05. Para a análise do ROCC suas perguntas foram classificadas em quatro domínios: Domínio A - Habilidades de Aconselhamento; Domínio B - Anamnese alimentar; Domínio C - Avaliação e orientação nutricional; Domínio D - Reação da mãe ao profissional. Cada um constitui uma variável que representa a síntese do que se espera analisar em cada tema. Aspectos Éticos: O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da SMS/SP, em acordo com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, onde foi aprovado. Como devolutiva aos participantes do GC, foi organizado e aplicado um Curso Intensivo sobre AAI após o encerramento da coleta de dados. Resultados: Foram alocados 37 indivíduos em cada grupo, com 18 perdas acumuladas (24,3%) - 10 (27,0%) no GC e 8 no GI (21,6%). O processo de aleatorização foi bem sucedido, resultando em dois grupos similares. 56 participantes permaneceram até o final do estudo - 22 nutricionistas e 35 pediatras. A grande maioria (94,6%) é do sexo feminino. A faixa etária predominante é a de 40 a 49 anos (66%). Parte expressiva dos participantes (64,3%) é formada há mais de 21 anos, apresentando grande experiência com alimentação infantil. Das atividades desenvolvidas, em relação à avaliação antropométrica, a grande maioria refere realizar: mensuração de peso e de altura (91,1%) e preenchimento do gráfico de crescimento e desenvolvimento (89,1%). Quanto à anamnese alimentar, verifica-se que uma parte expressiva dos profissionais refere coletar informação em relação ao tipo (96,4%), freqüência (91,1%) e quantidade dos alimentos (82,1%). Referem, no entanto, um menor aprofundamento nas seguintes informações: consistência dos alimentos (75,0%), quem prepara (64,3%), como prepara (75,0%), e quem oferece as refeições (69,6%). A grande maioria refere oferecer alguma
Tese de Doutorado
Pesquisador Interno Concluídas
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orientação em relação à alimentação da criança (91,1%), mas somente uma pequena parcela refere demonstrar o preparo (14,3%) e distribuir alimento (21,4%), lembrando-se que esta última atividade só está implantada em unidades especializadas em DST/Aids. Predomina, ainda, a realização do tipo de atendimento individual (98,2%) e observa-se baixa freqüência de realização de pré (20,0%) e pós-consultas (8,0%). Quanto aos recursos existentes nas unidades de saúde em que atuam, verifica-se que os mais frequentemente referidos são: balança (93,3%), antropômetro (84,4%), gráficos de crescimento e desenvolvimento (82,2%). A existência de manutenção para a balança e antropômetro só foi referida por 45,5% dos profissionais. Os recursos para fins educativos, como folhetos, vídeos e cozinha experimental são raros - respectivamente 26,7%, 6,7% e 4,4% - sendo que esta última está implantada apenas em unidades especializadas em DST/Aids. Quanto a avaliação de conhecimentos sobre aconselhamento em alimentação infantil a proporção de indivíduos com melhora dos conhecimentos como um todo é maior no GI (89,7%) do que no GC (33,3%) (p<0,001). Segundo tópicos, observa-se que a proporção de indivíduos com melhora ocorreu em todos, a saber: Amamentação GI (79,3%) e GC (37%) (p=0,004); HIV e alimentação infantil GI (48,3%) e GC (18,5%) (p=0,049); Alimentação complementar GI (69,0%) e GC (37,0%) (p=0,012) e Aconselhamento GI (n=15; 51,7%) e GC (n=6; 22,2%) (p=0,004). É possível verificar que o efeito de interação entre a variável grupo e a variável momento é estatisticamente significante (p<0,001), indicando que os grupos têm comportamentos diferentes ao longo do tempo. Realizando as comparações múltiplas, notamos que ocorre diferença estatisticamente significante ao se comparar os grupos no segundo momento e comparando os momentos 1 e 2* no GI. Em todos estes casos encontrou-se p<0,001. Quanto à avaliação do desempenho dos profissionais por observação da consulta clínica, a média da idade das crianças observadas foi de 9,7 meses. Em 70,2% dos casos não era a primeira consulta, mas somente 61,4% revelava conhecer a história daquela família. A duração média das consultas observadas foi de 24,5 minutos (desvio padrão de 8,3 minutos). Para comparar o comportamento dos grupos, foi utilizado o modelo de análise de variância com medidas repetidas (Winer, 1971). No domínio A - o único fator significante foi o momento (p<0,001), isto significa que, tanto para o GI, como para o GC, houve diferenças conforme o momento medido; Domínio B - este foi o único domínio que apresentou interação entre momento e grupo estatisticamente significante. Desta forma, é possível afirmar que os grupos têm comportamento estatisticamente diferente ao longo do tempo. Através dos resultados das comparações múltiplas pode-se afirmar que as únicas diferenças estatisticamente significantes ocorreram ao se comparar os momentos 1 e 2* no GI (p=0,032) e ao se comparar os GC e GI no momento 2* (p=0,008). Ou seja, enquanto o GC permaneceu com média constante ao longo do tempo o GI apresentou uma queda do escore médio, o que significa melhora; Domínio C - o único fator significante foi grupo (p=0,042), sendo que o GC apresentou em média valores maiores que o GI; Domínio D - não houve diferença estatisticamente significante. Unidades Participantes: CR FO, CR Penha, CR Sto. Amaro, AE V. Prudente, AE Ceci, SAE Santana, SAE Dutra, SAE Mitsutani, SAE Lapa, SAE Fidélis, SAE Betinho, SAE Campos Elíseos, SAE Butantã, SAE Cidade Líder II e UBSs de todas as regiões da cidade. Fase em que se encontra: Concluída a análise dos dados. Em fase de elaboração do texto final da tese e do artigo científico correspondente. Início: Março/2004 Previsão do Término: Julho/2006
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Trabalho de Conclusão de Curso
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“A infecção das mulheres pelo HIV em relações estáveis” Marcia Campos Eurico SAE DST/Aids Fidélis Ribeiro Marcela Tavares Ferroni meurico@ig.com.br Alunas de Graduação em Serviço Social Orientadora: Profª Drª. Silvana Cavichioli UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
Resumo: Sabe-se por fontes estatísticas que a dificuldade de acesso à educação, à informação, o desemprego, a violência, a miséria e a dificuldade de propor o uso do preservativo são elementos que tornam as mulheres brasileiras mais vulneráveis à infecção pelo HIV. Em sua maioria, são mulheres das classes populares, com parceiro único. A questão de gênero tornou-se primordial e intrínseca a todas as fases do presente trabalho, pois contribui para explicar o aprisionamento simbólico, material e cotidiano da mulher ao papel que lhe é conferido pela sociedade e contra o qual a luta das mulheres avança. Dentro desta lógica, o casamento/relação estável é considerado uma instituição social, dentro da qual as distinções de gênero também se impõem com grande força e violência. O trabalho permitiu conhecer a maneira como a mulher vivencia, simboliza e representa essa “relação estável” e como as relações sociais perpassam a dinâmica conjugal, inclusive quando as relações extraconjugais de seus companheiros tornam-se palpáveis pela descoberta da infecção pelo HIV. A pesquisa também permitiu, por meio da ótica feminina, compreender novos significados da sexualidade e da infecção pelo HIV, bem como visualizar a violência de gênero, presente em seu contexto cotidiano, como fenômeno complexo, muitas vezes naturalizado e vivido sem a devida reflexão. Objetivos: Geral Contribuir na construção de estratégias de atenção/prevenção da infecção pelo HIV entre as mulheres que mantêm relacionamentos estáveis. Específicos Reconhecer as situações e equívocos que permeiam a infecção de mulheres que mantêm relacionamentos estáveis. Subsidiar a reflexão e conseqüentemente colaborar para a diminuição da vulnerabilidade entre as mulheres. Relacionar as propostas de emancipação da mulher ao poder de preservação de sua saúde e integridade física e mental. Sujeitos Sociais da Pesquisa e Procedimentos Metodológicos A pesquisa desenvolvida foi do tipo qualitativa, embasada pelos estudos de Thiollent (1996) e Minayo (1994) que nos forneceram subsídios para enxergar a mulher infectada em relacionamento estável como sujeito político, reflexivo e ativo no processo de conhecimento e de tratamento, abandonando as perspectivas reducionistas e simplistas que colocam a mulher apenas como sujeito passivo, eternizando sua vitimização.
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O universo da pesquisa centrou-se nas mulheres soropositivas infectadas em relações estáveis, em atendimento no Serviço de Assistência Especializada em DST/Aids Fidélis Ribeiro. Deste grupo, quatro delas foram selecionadas como Grupo de Amostragem, cujos critérios foram representatividade, comunicabilidade e disponibilidade, nas seguintes faixas etárias: 21 a 30 anos, 31 a 40 anos, 41 a 50 anos e 51 a 60 anos. Salientamos que estas foram escolhidas, a partir das pesquisas documentais e indicação dos técnicos do serviço. Gênero e Mulheres que se Infectam em Relações Estáveis O ser mulher apresenta determinações impostas pelo contexto sócio-cultural, no qual a superioridade masculina é tomada como algo natural, relegando à mulher um papel secundário. Sendo assim, a primeira categoria de análise está focada na questão de gênero, visto que este abarca a vertente da produção de identidades que perpassa e impõe uma história de vida. A FAMÍLIA COMO O PRIMEIRO LUGAR DE INTERAÇÃO SOCIAL tem um peso considerável na formação dos indivíduos e as relações que ali se estabelecem refletirão em toda a trajetória de vida. Para as depoentes, a família não foi um espaço de aceitação, o que dificultou o seu reconhecimento como sujeito. “Fui criada só pela minha mãe e minha avó, meu pai era casado, enganou minha mãe e blábláblá, ele vivia metendo medo na minha mãe pra minha mãe me perder, depois sumiu, não veio mais. Meu relacionamento com minha mãe sempre foi difícil, eu sempre fui a mais enjeitada. Qualquer coisinha ela vinha me batia, brigava comigo.” (Ana, 23 a) Observamos que as mulheres, em geral, são CRIADAS PARA A VIDA DOMÉSTICA, sem a valorização de projetos pessoais e profissionais, o que demonstra a precarização de sua formação para a vida social, nesta perspectiva não é necessário planejar o futuro, pois este está atrelado ao casamento. “Ah, aí eu parei [de estudar], não liguei mais pra nada, só trabalhava, perdi muitas oportunidades na vida. Eu saía do serviço, chegava em casa oito e meia, aí eu fui deixando de lado. Onde eu trabalhei, o chefe mesmo falava: ‘Sua letra é muito bonita então você faz datilografia que você trabalha no escritório com as meninas’, e... não fiz, trabalhava na limpeza.” (Lourdes, 50 a) As depoentes relatam uma RELAÇÃO CONFLITUOSA COM A FIGURA MATERNA, a primeira referência de mulher, o que influenciou consideravelmente o papel assumido pelas primeiras na sociedade. “Minha mãe é difícil, a gente briga muito, nunca tive relacionamento bom com ela. [certa vez] comecei a discutir com minha mãe, ela começou a falar merda [do atual companheiro], aí ele falou: ‘Você quer dar um tempo?’, só que pra provocar minha mãe, eu falei: ‘Não, vamos continuar’, Caramba, se eu tivesse dado esse tempo minha vida teria sido totalmente diferente.” (Ana, 23 a) Para as mulheres a CONSTRUÇÃO DA SEXUALIDADE É MUITO FRÁGIL, visto que o sexo é encarado como uma função “natural”, o que dispensa conhecimento prévio e a sua vivência está atrelada a intimidade e afetividade presentes na relação, além da procriação, na ausência destes elementos o desejo deve ser refreado. “A gente não podia, no meu tempo, escutar a conversa dos mais velhos, era tudo reservado, meu pai e minha mãe com as visitas dele. Porque de primeiro ninguém conversava esse negócio de sexo, ninguém podia conversar. Nunca vi nem falar o que era isso [a relação sexual]. Parece mentira, não parece?” (Suzana, 58 a) Segundo Barbosa e Villela (1996), a construção da sexualidade feminina ocorre dentro
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do eixo sexo/gênero como impura e passiva. Com esta formação precária para o sexo, as mulheres tendem a iniciar sua VIDA SEXUAL PRIORIZANDO O DESEJO E A SATISFAÇÃO DO OUTRO, omitindo-se. “A primeira vez que nós separamos o namoro, desistimos porque ele queria ter relação, eu achava que não tava na hora. Quando voltou que a gente viu que tava seguro, mas ele sempre insistia, e eu: ‘Não, não, não’, aí ele falou: ‘Então vamos desistir de novo’, aí eu resolvi ceder, mas depois eu fiquei envergonhada, parecia que eu tava suja, me senti uma das piores.” (Lourdes, 50 a) A INFIDELIDADE MASCULINA é algo esperado nos relacionamentos afetivos. “A gente se dava bem, só que ele tinha muitas namoradas, mesmo namorando, namorava com a prima dele, foi namorador pra caramba, foi varrendo tudo.” (Lourdes, 50 a) A UNIÃO ESTÁVEL E/OU CASAMENTO é desejado por todas as entrevistadas, exatamente como foi concebido o modelo da família burguesa tradicional. “Ah, eu sonhava [em casar], todo mundo, todas sonham. Até os 25 anos de casada foi bom, eu era feliz, tudo o que eu queria ele fazia, ele não judiava com ninguém, ele era bom, ele trabalhava, ele foi muito bom mesmo. Eles falavam que casamento, quem casasse tinha que ficar, ou bom ou ruim tinha que ficar com aquela pessoa. No meu tempo não tinha separação, coisa mais difícil.” (Suzana, 58 a) Para Guimarães (1996), a RELAÇÃO ESTÁVEL É LEGITIMADA PELA MONOGAMIA, mas esta é vivida diferentemente por mulheres e homens. Aos homens é possível transgredir. “Ele acha que não, que o homem caiu, levantou, tira a poeira, tá bom. Eu já acho que não, toda a vida falava pra ele: ‘Eu sou fiel’. Foi numa discussão que a gente teve, ele virou e falou: ‘Ah, teve época que você arrumou roupa pra mim sair com outra mulher’. Ele, tipo brincava, ele falava: ‘Ah, tô assim de mulher, tô bonito de mulher’. Eu achava que era brincadeira dele.” (Lourdes, 50 a) Quando a RELAÇÃO EXTRACONJUGAL DO HOMEM passa a ser explícita à mulher surge a necessidade de justificá-la, o que faz algumas vezes, conforme Carotenuto (1997), com base no merecimento, buscando falhas e culpas em si mesma, e outras vezes atribuindo-a ao assédio de outras mulheres exercido sob o seu companheiro. “Ah, essa mulherada, sei lá qual é que é? Eu não sei o que acontece que eles fazem isso. Vai ver eles não gostam da gente, aí passa uma mulher, eles se encantam, sei lá? Acho que é porque não gosta, por isso. E também porque tem mulher que dá em cima, muito, aí chega uma hora que eles caem, aconteceu isso comigo.” (Roberta, 31a) Os depoimentos seguintes retratam como as depoentes vivem ou viveram situações de vulnerabilidade individual (Ayres, et. al. 1997) em seus três aspectos: Cognitivo, Comportamental e Social. Tomando por base o ASPECTO COGNITIVO, observamos que todas as depoentes explícita ou implicitamente tinham a noção de que as relações extraconjugais do parceiro poderiam ter como conseqüência DSTs. No entanto, o nível da informação foi superficial, não permitindo uma tomada de consciência e mudança. “É eu alertava, mas eu nunca pensei que eu ia passar por isso [infecção]. Eu falava: ‘O dia em que você aparecer com doença ruim aqui’, eu falava que eu ia denunciar ele, aí ele ficava com medo.” (Lourdes, 50 a) O ASPECTO COMPORTAMENTAL pressupõe o interesse e a habilidade humana para transformar a realidade a partir dos componentes cognitivos. Observamos que as mulheres, muitas vezes, têm a informação, mas sua operacionalização se torna extremamente difícil, em
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decorrência da passividade e da submissão naturalizadas na relação a dois, o que lhes reduz amplamente as possibilidades de agir com o conhecimento acumulado. “Eu falo:‘Porque você não coloca o preservativo?’, e ele:‘Eu não!’ Ele fala:‘Você é minha mulher’. ‘Ah, tão bom’, aí saio de perto, vou... às vezes vou até... abro a torneira fico olhando a água escorrer, até passar a raiva. Aí eu aceito... é o jeito dele.” (Lourdes, 50 a) (grifos nossos) O ASPECTO SOCIAL abrange o acesso aos recursos de saúde, educação, programas de prevenção, assistência social e à saúde e o poder para adotar atitudes preventivas. O acesso aos recursos para estas mulheres sempre foi precário, iniciando pela educação, passando à saúde que não oferece um atendimento global e elabora programas de prevenção difundidos, muitas vezes, de forma moralista e fatalista, levando somente a percepção de que o HIV é uma doença “do outro”. “O pessoal não liga pro que tá passando na televisão, não liga pro que tá acontecendo, o pessoal acha que nunca vai acontecer com ele, então não dá muito valor pra isso, só quer saber de zoar, de ganhar a vida deles, de namorar, saber do próprio prazer.” (Ana, 23 a) A trajetória destas mulheres nos revela que a EXPERIÊNCIA CONJUGAL, composta para elas de fidelidade, abnegação e cumplicidade, ERA VIVIDA UNILATERALMENTE. “Namorei com ele, durante acho que 9 meses, depois eu casei, noivei e casei, aí ficou até 35 anos eu casada com ele, tem dois e anos e meio que ele morreu, aí fiquei com ele até ele morrer, morreu tava dentro de casa ainda. É pra mim foi [o casamento foi para sempre].” (Suzana, 58 a) Conclusão: A diferença de gerações entre os relatos foi intencional e nos comprovou que o peso da cultura patriarcal é mais presente quanto mais velhas são as depoentes. Entre as mulheres pesquisadas podemos encontrar histórias singulares, mas tristes características comuns: • Foram criadas por adultos que encaravam a sexualidade como tabu a ser contornado, obscurecido e não discutido. • Viveram na escola, nas instituições e nos meios de comunicação a ausência de discussões sobre sexualidade e prevenção. • A falta de acesso a uma reflexão cotidiana e sistemática sobre o exercício de uma vida sexual ativa, adulta e consciente. • A prática sexual vivida com subserviência (desconhecimento prático e conceitual) nas relações conjugais. • Relações não horizontais e não dialógicas marcaram estas uniões estáveis. Nos casos estudados a constatação da infecção permitiu uma reaproximação de três dos quatro casais com fortes elos de cumplicidade. A partir deste momento a depoente passa a sentir-se “valorizada” porque se manteve devotada ao companheiro que a infectou, sendo finalmente “reconhecida” por ele. Assim, na hierarquia dos vínculos relacionais estabelecidos com o parceiro a infecção pelo HIV/Aids possui uma dimensão menor do que o impacto do rompimento da relação. Nesse contexto, a mulher é dependente emocional, social e/ou economicamente do companheiro, o que reduz as possibilidades da negociação sexual dentro da união conjugal, onde o discurso masculino permanece pouco flexível, ocasionando embates e impossibilidades de negociação. Diante de todas as implicações sobre a prevenção da infecção da mulher pelo HIV em relações estáveis, percebemos que as ações destinadas à saúde da mulher, via de regra, não a consideram na totalidade, os atendimentos são impessoais, dicotomizados e acríticos e não
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incorporam as recentes discussões de gênero e vulnerabilidade. Um programa destinado à prevenção do HIV entre mulheres deve ampliar a discussão sobre os papéis impostos aos sexos desde a infância, com enfoque na educação e conscientização de modo que a informação se traduza em mudança de hábitos. A capacitação de todos os profissionais da área da saúde é uma necessidade premente, para que com êxito possam acolher as demandas das mulheres que buscam os serviços prevenindo a infecção e não só tratando-a. A proposta é a de que a prevenção das DST’s/Aids não fique circunscrita aos serviços especializados, mas que de fato componha toda a rede de assistência à saúde. Se na atualidade a mulher conquistou espaços de liberdade com relação a vida profissional, quando o assunto é a vida conjugal, os papéis permanecem pouco flexíveis e há resistência ao diálogo. Apesar da modernidade algumas mulheres continuam idealizando e vivendo o casamento nos moldes tradicionais. Concluímos que é necessário discutir a posição subalterna da mulher dentro dos relacionamentos, possibilitando a negociação sexual numa relação entre iguais e na qual as dimensões da solidariedade, do direito e do diálogo tornem-se elementos constitutivos da convivência cotidiana. Unidades Participantes: SAE Fidélis Ribeiro Fase em que se encontra: Concluído Duração: JUNHO a DEZEMBRO de 2005. Apresentado resultados parciais, em forma oral, no 30º Congresso Interamericano de Psicologia, Buenos Aires - Argentina - De 26 a 30 de Junho de 2005.
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Prevalência de hiperlactatemia sintomática em pacientes infectados pelo HIV em uso de drogas anti-retrovirais e atendidos em unidades de referência em DST/AIDS do município de São Paulo. Kleber Dias do Prado kleberprado@fs.com.br Médico infectologista pela Sociedade Brasileira de Infectologia e Mestre em Infectologia em Saúde Pública pelo Programa de Pós-graduação da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde. Co-autores: Silva A.A.(1), Santana C.M.(1), Bonasser Filho F.(1), Peres L.V.(1), Oliveira L.(1), Bergamaschi D.P.(2) 1- Secretaria Municipal de Saúde 2- Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo - Departamento de Estatística.
Introdução: Hiperlactatemia tem sido uma grande preocupação de especialistas em AIDS. Objetivos: Determinar a prevalência de hiperlactatemia sintomática (HS) em pacientes HIV-positivo sob terapêutica anti-retroviral (TARV) e identificar fatores associados à hiperlactatemia. Métodos: Os critérios de inclusão foram: i- paciente HIV-positivo, de 13 anos de idade ou mais, regularmente tratado em unidade de referência participante do estudo; ii- paciente em uso de inibidores da transcriptase reversa análogos nucleosídeos há pelo menos 30 dias ; iii- paciente que aceite participar do estudo assinando o Termo de Consentimento Informado. Os pacientes arrolados se submeteram a consulta médica para detecção de sintomas e sinais sugestivos de HS, e tiveram uma amostra de sangue coletada para exames bioquímicos. Se qualquer sintoma, sinal ou anormalidade bioquímica estivesse presente, o paciente seria classificado como caso suspeito e uma amostra adicional de sangue seria coletada para determinação do lactato venoso. Se anormal (>2.5 mmoL/L), o teste deveria ser repetido. Resultados: Duzentos e setenta e um pacientes foram incluídos de abril a novembro de 2004. Eles foram tratados em seis unidades públicas de referência em DST/AIDS das regiões sul, leste, oeste e central da cidade. Cento e sessenta e dois (60.0%) eram homens, 136 (50.8%) eram brancos e a média de idade foi de 39.6 anos (IC 95%: 38.5 – 40.8). HS foi detectada em 11 pacientes (4.1%) e ainda estava presente numa segunda determinação em 1 paciente (0.4%). Análise univariada identificou como fatores associados a HS: anorexia (teste exato de Fisher, p=0.007), níveis séricos elevados de gamaglutamiltransferase (teste exato de Fisher, p=0.010) e exposição ao ddI (teste exato de Fisher, p=0.028). Após análise multivariada, apenas anorexia permaneceu no modelo (p=0.001).
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Conclusões: A prevalência relativamente baixa de HS neste grupo pode refletir o conhecimento dos fatores de risco e novos padrões de manejo de pacientes HIV-positivo. HS foi um evento reversível espontaneamente e não houve aumento clinicamente significativo dos níveis de lactato. Unidades Participantes: AE Vila Prudente, CR Santo Amaro, SAE Butantã, SAE Campo Eliseos, SAE Cidade Lider, SAE Cidade Dutra, SAE Ipiranga, Laboratório Ipiranga, Laboratório Lapa,
Fase em que se encontra: Concluído Inicio: Abril/2004 Apresentados resultados finais, em forma de pôster, no III Congresso da International Aids Society - 24 a 27 de julho de 2005 - Rio de janeiro - Brasil.
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Sífilis: uma DST sob controle? Mara Cristina Silva Martins Pappalardo casapappalardo@terra.com.br Médica formada em 1980 pela Universidade de Mogi das Cruzes// médica infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas desde 1989//médica do CR DST/AIDS Santo Amaro desde 2002// Mestre em Saúde Pública (área de Infectologia) pela CPG da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo em 2002//pós- graduanda (nível Doutorado pela CPG) desde 2004 Co-autores: Márcio Alberte e Maria Tereza Castagnoli
Resumo: A sífilis é uma das DSTs mais importantes no nosso meio, principalmente devido à sífilis congênita. Uma das metas da Prefeitura Municipal de São Paulo é a diminuição desse grave problema de saúde pública. Entende-se que essa diminuição só poderá ocorrer se houver bom atendimento e tratamento rápido de gestantes infectadas pelo T.palllidum e adequados diagnóstico, tratamento e seguimento de adultos com sífilis, evitando a sífilis na gestante.Foi criada uma ficha de atendimento a pacientes com sífilis no CR DST/AIDS Santo Amaro, com o propósito fundamental de se ter maior controle no tratamento e seguimento dos pacientes, co-infectados ou não pelo HIV/AIDS. Objetivo: Verificar a validade e eficácia da ficha de atendimento a pacientes com sífilis no CR DST/ AIDS Santo Amaro. Material e Método: Paciente co-infectado é o paciente acima de 13 anos de idade com infecção pelo HIV/ AIDS em seguimento no CR, que apresenta sorologia positiva para sífilis (VDRL e FTA-Abs ou TPHA) em algum momento de sua evolução. Paciente não co-infectado é o paciente acima de 13 anos de idade que apresenta sorologia positiva para sífilis (VDRL > ou = 1/4 e FTA-Abs ou TPHA +). Em ambos os tipos de pacientes (co-infectados ou não pelo HIV), a preocupação maior foi a de seguir a evolução clínico-laboratorial da sífilis. Os co-infectados continuariam sendo seguidos no CR, e os não co-infectados teriam alta médica após dois anos de seguimento.O VDRL seria feito para o diagnóstico e depois do tratamento, nos meses 3-6-9-12-18 e 24 (não co-infectados).Nos pacientes co-infectados, eles seriam encaminhados para avaliação neurológica, tomografia de crânio e punção liquórica, para afastar comprometimento do sistema nervoso central (neurolues). O VDRL deveria ser feito pelo menos uma vez a cada ano, para afastar re-infecção. Resultados :em relação aos pacientes co-infectados (HIV X SÍFILIS), de 51 pacientes, 38 são do sexo masculino e 13 são do sexo feminino; 9 entre 20-29 anos;18 entre 30-39 anos; 20 entre 40-49 anos e 4 entre 50-59 anos. Oito pacientes são profissionais do sexo. Quanto à opção sexual, 10 são homossexuais, 23 são heterossexuais e 7 são bissexuais; esse dado é desconhecido nos demais.Quanto aos pacientes com sífilis SEM infecção pelo HIV/AIDS, de
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45 pacientes, 19 são do sexo masculino e 26 do sexo feminino. Dos 45, 17 têm a ficha de atendimento completa,17 têm o consentimento informado assinado. Em 36 prontuários, há menção de tratamento com penicilina benzatina.Existem 3 pacientes de 0-19 anos, 14 entre 20-29 anos, 12 entre 30-39 anos, 11 entre 40-49 anos, 4 entre 50-59 anos e 1 acima de 60 anos. Dos 45, 5 são profissionais do sexo. Em relação à opção sexual, 2 são homossexuais, 34 são heterossexuais, 1 é bissexual e dado desconhecido nos demais. Conclusão: Os dados ainda estão sendo analisados, e a literatura, consultada. Unidades Participantes: CR Santo Amaro Fase em que se encontra: Em análise Iniciou: março de 2003 Previsão de término: abril de 2006
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Dissertação de Mestrado
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As implicações de ser mãe no processo saúde-doença em mulheres com AIDS Marli Aparecida Silva Athaniel marianaita@uol.com.br Enfermeira - Educadora em Saúde Pública Co-autores: Orientadora Profª Drª Renata Ferreira Takahashi Escola de Enfermagem USP (mestrado)
Resumo: A leitura do conhecimento produzido sobre os aspectos relacionados a maternidade em mulheres com HIV/AIDS evidenciou que ainda há lacunas de conhecimento acerca dos significados da maternidade e suas repercussões no controle do processo saúde-doença dessas mulheres. Nas leituras, alguns questionamentos foram formulados, como: A maternidade fortalece ou dificulta o enfrentamento do processo saúde-doença? A maternidade constitui um determinante da vulnerabilidade ao adoecimento-morte em mulheres com HIV/AIDS? Objetivo: O estudo tem como objetivo geral identificar as contradições presentes na operacionalização das ações de prevenção da transmissão vertical do HIV, considerando a percepção de mães com AIDS sobre a maternidade. Método: Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa. Foram entrevistads 16 mulheres com AIDS, mães após o diagnóstico em tratamento no SAE. Unidades Participantes: SAE DST/Aids Cidade Líder II Fase em que se encontra: Foram realizadas as entrevistas, estamos em fase de análise dos dados. Início: 2004 Previsão de término: 2006
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Aids, comportamento e demandas reprodutivas Katia Cristina Bassichetto kbassichetto@predeitura.sp.gov.br Nutricionista, mestre em epidemiologia Área Técnica DST/AIDS - SMS/SP Co-autores: Regina Maria Barbosa; Denise Vieira Izaguirre; Maria Helena Teixeira; Maria Lourenço S. Crespilho; Zilda Santana; Diane Cohen; Maria Mercedes Loureiro Escuder Instituições participantes: SMS/SP-DST/Aids, UNICAMP e Instituto da Saúde-SES/SP
Resumo: A produção de conhecimento relevante para pensar ações de saúde tem sido buscada como tendência atual por meio de parcerias entre serviços públicos de saúde e universidades. Neste sentido, a AT DST/Aids da cidade de São Paulo e o CRT DST/Aids, com os seus respectivos setores de pesquisa, em parceria com o NEPO/UNICAMP, integram esta proposta de pesquisa com a perspectiva de ampliar o olhar sobre a saúde reprodutiva de mulheres vivendo com HIV/Aids. A participação da população feminina na epidemia de Aids tem aumentado, assim como intervenções terapêuticas capazes de reduzir o risco de transmissão mãe-filho, elegendo a assistência à maternidade como um momento importante de detecção da infecção pelo HIV, pressupondo o reconhecimento de seu direito de decisão sobre a reprodução, cabendo à instituição implementar políticas e ações de suporte para a sua realização, principalmente nos serviços especializados em DST/Aids. Objetivos: Geral Apreender as especificidades que a condição de soropositividade para o HIV coloca em termos de comportamento, opções e demandas reprodutivas à reprodução. Específicos Estudar o comportamento e intenção reprodutiva de mulheres de 18 a 49 anos com HIV/ Aids que frequentam os serviços da RME em DST/Aids da cidade de São Paulo; Identificar as demandas reprodutivas destas mulheres para estes serviços; Estudar a percepção que estas mulheres têm com relação ao atendimento e acolhimento de suas demandas nestes serviços. Material e Método: Desenho: Estudo transversal de natureza quantitativa. Universo: Foram convidadas a participar do estudo as mulheres com HIV/Aids em seguimento nos serviços participantes, que passaram por, pelo menos uma consulta, no período de três meses, conforme rotina de atendimentos pré-estabelecida, tanto primeiras consultas como retornos.
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Optou-se por metodologia de amostragem consecutiva que nos conduziu a uma amostra das mulheres em seguimento em 2004. Estas mulheres foram convidadas a responder um questionário de pesquisa semi-estruturado, contendo questões abertas e fechadas, relacionadas a características sócio-demográficas; aspectos da vida reprodutiva e sexual, como história obstétrica, desejo de ter filhos no futuro, conhecimento e uso (atual e passado) de métodos de prevenção de gravidez e de DST/Aids, parcerias e práticas sexuais e mudanças ocorridas após o diagnóstico de HIV/Aids; e as principais demandas reprodutivas para o serviço. Foram aplicados por profissionais de saúde treinados dos serviços participantes. Tanto o treinamento quanto todo o trabalho de campo foi supervisionado por uma enfermeira contratada para esta finalidade, que ficou responsável pela elaboração dos bancos de dados, digitação, análise de consistência e as análises descritivas preliminares. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo em Maio/2003. Resultados: Foram incluídas no estudo 439 mulheres, sendo 69,4% acima de 30 anos. O grau de escolaridade foi concentrado entre a 5ª e 8ª série (46%). Quanto à situação de trabalho 40% estavam desempregadas e das 35% que trabalhavam, 54% estavam em situação formal e 43% em situação informal. Cerca de 60% referiram renda inferior a 2 salários mínimos. Quanto à cor, cerca de 66,8% referiram parda ou preta e 33% branca. Quanto a vida sexual e reprodutiva, 41% referem ter tido mais do que 5 parceiros sexuais na vida. Das que mantém vida sexual ativa (291 mulheres), 49% referem que os atuais parceiros são HIV-positivo, 38% não são HIV-positivo e 14% referem desconhecer a situação do parceiro. Os principais motivos para a realização da sorologia para o HIV foram: 31,4% como rotina do pré-natal, 19,4% porque ficaram doentes, 16,2% porque os parceiros ficaram doentes e 13,4% porque tiveram relação de risco. Dentre os locais utilizados para a realização do teste, 64,2% ocorreram em UBS e hospitais e 20% em CTA ou Serviços Especializados de Assistência em DST/Aids. Quanto a atitude percebida por estas mulheres, em relação aos profissionais que as atenderam, no momento da entrega dos resultados das sorologias, cerca de 10% dos casos advindos de hospitais e UBS e 24% dos laboratórios privados referiram que estes foram apenas entregues sem nenhum comentário adicional. Quanto à forma de tratamento recebida nos diversos serviços onde o teste foi realizado, cerca de 74% referem ter sido tratadas com apoio e atenção, 12% com indiferença e 8% com discriminação. Foram investigados diversos conhecimentos relacionados ao tema da pesquisa. A quase totalidade refere conhecimento de que: o HIV pode ser transmitido durante a gravidez e a amamentação; existem contraceptivos mais indicados para quem é HIVpositivo; sabem da necessidade de utilizar preservativo para evitar a re-infecção do parceiro HIV; há remédios para ajudar a manter o HIV sob controle e as mulheres com HIV não precisam deixar de ter vida sexual ativa. Cerca de 62% referiram conhecer a existência de métodos mais indicados para evitar filhos para a mulher HIV. Quando investigado sobre quem conhecia o fato delas serem portadoras do HIV, observou-se: filhos (40%), familiares próximos (82%), outros familiares e amigos (cerca de 50%) e no trabalho apenas 18%.
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Quanto ao apoio buscado em outros serviços a partir do diagnóstico, 65% refere em igrejas e 49% em ONGs/Aids. Quanto ao número de filhos, cerca de 10% não os têm, cerca de 38% tem mais do que 3 filhos, 30% têm 2 e 23% tem 1. Das 37 mulheres que estavam grávidas durante o estudo 57% referiram que não desejavam esta gestação. Foi preparada um análise com os dados de cada serviço participante, comparando estes resultados com os demais serviços participantes. Em junho/2005, as equipes de cada um destes serviços receberam como devolutiva os resultados desta participação, visando subsidiar possíveis discussões que os serviços viessem a fazer para promover intervenções, nesta área, se necessário. No atual momento, estamos fazendo levantamento bibliográfico sobre esta temática e trabalhando na análise dos dados, com perspectiva de produção de um artigo científico, tendo como atual parceiro o Núcleo de Epidemiologia do Instituto da Saúde. Unidades Participantes: CR Nossa Senhora do Ó, CR Penha, SAE Butantã, SAE Campo Elíseos, SAE Cidade Líder, SAE Fidélis Ribeiro e SAE Lapa. Fase em que se encontra: Em análise para elaboração de artigo. Iniciou: Julho/2004 Previsão de Término: Julho/2006
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Infecção recente para o HIV: estudo comparativo Katia Cristina Bassichetto kbassichetto@prefeitura.sp.gov.br Nutricionista - Mestre em Epidemiologia Co-autores: Ésper Geórges Kallás; Thaís Arthur; Fabio Mesquita, Maria Cristina Abbate, Denise Pimentel Bergamaschi Parceria com EPM/UNIFESP e FSP/USP
Resumo: É reconhecido, atualmente, que o monitoramento da epidemia de aids na cidade de São Paulo precisa estar associado à identificação precoce da infecção, para que se possa produzir respostas mais eficazes. Para tanto, seguir as diretrizes que ampliam o conceito de vigilância epidemiológica para a obtenção de um “padrão epidêmico” denominado “Vigilância de Segunda Geração” pode ser muito útil. Trata-se de implementar a busca por dados, que caracterizem, de forma mais abrangente possível, a população vulnerável ao HIV. A identificação da presença da infecção pelo HIV, tem se dado a partir da demanda espontânea da população quando procura serviços de testagem e aconselhamento (CTA), serviços de rede especializada em DST/Aids e outros serviços da rede básica, que recentemente passaram a desempenhar também esta função, entre outros. Estes serviços constituem assim, importante fonte de dados. A rede especializada em DST/Aids da cidade de São Paulo, já vem funcionando com a proposta de incentivar o conhecimento do status sorológico de grupos populacionais, que normalmente não buscariam estes serviços, aumentando, assim, o número de testes realizados e melhorando a caracterização das pessoas vulneráveis à infecção. Estes serviços têm sido importantes, também, na geração de conhecimento científico, sendo utilizados como fonte de dados em pesquisas para estimar prevalência, caracterizar a população soropositiva para o HIV e estimar incidência com a utilização da técnica de testagem dupla (STARHS). Está em curso na Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, em parceria com a Universidade Federal de São Paulo, sob coordenação desta última, o projeto de pesquisa que tem como objetivo principal identificar casos recentes de infecção pelo HIV. Este projeto aborda, principalmente, aspectos clínicos e laboratoriais, havendo necessidade de ampliar o conhecimento sobre as características sóciocomportamentais destas pessoas. O presente estudo tem como objetivo comparar o perfil sóciocomportamental das pessoas soropositivas não recém-infectadas.e recém-infectadas para o HIV. O desenho é de corte transversal, onde serão utilizadas informações coletadas a partir de maio/2002 (retrospectivamente) e prospectivamente até a inclusão de 60 casos, segundo protocolo já em andamento. Material e Método: Foram utilizados dados de questionários aplicados de rotina nos serviços, transcritos para o “formulário de registro de dados”, criado especialmente para homogeneizar as informações extraídas dos diversos modelos de questionários em uso na rede, durante o período de estudo. Constituiu a população de estudo todos os indivíduos usuários dos serviços, com resultado positivo para a sorologia anti-HIV-1 a partir de maio de 2002 até identificação da
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60ª pessoa com infecção recente, o que ocorreu em 13/02/2003. Optou-se por considerar os dados disponíveis em datas, o mais próximo possível, da data do teste que apresentou resultado positivo. Após a conferência da transcrição dos dados, os mesmos foram digitados¹, em duplicata, em banco de dados eletrônico utilizando o Epi Info. Na conferência dos dados participaram dois avaliadores e, em caso de persistência de dúvidas, solicitavam a participação de um terceiro avaliador (coordenador da pesquisa). A análise dos dados será realizada pelo Stata. Para comparação dos grupos, considerar-se-á como variável resposta (dicotômica) o tipo de infecção (recente e não recente) e será realizada análise uni e multivariada. Até o momento o volume de informação digitada corresponde a 70% da prevista. Unidades Participantes: SAE Campo Elíseos, SAE Lapa, CTA Henfil e CTA Pirituba Fase em que se encontra: Em campo Início: Junho/2005 Previsão de término: Agosto/2006
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Caracterização de práticas de risco para a infecção pelo HIV entre mulheres que freqüentam o Centro de Referência em DST/Aids “Herbert de Souza - Betinho” para acompanhar pacientes HIV, buscar tratamento para DST ou procurar testagem sorológica para HIV Robinson Fernandes de Camargo crbetinho@bol.com.br Graduação em Medicina Universidade Federal da Paraíba- 1985
Resumo: Este projeto visa caracterizar preliminarmente esta população quanto a seus fatores de vulnerabilidade como: freqüência de relações desprotegidas; uso de drogas injetáveis e outras drogas; características das parcerias sexuais e histórico sexual e reprodutivo; percepção acerca das DSTs; entender a percepção desta população quanto a eventual participação em estudos de testes com vacinas e/ou microbicidas, o que permitirá avaliar a factibilidade de nosso serviço participar como potencial sítio de ensaios com eventuais produtos vacinais; obter informações sobre os fatores da epidemia nesta região, ainda pouco caracterizada, mas com importante prevalência de casos de AIDS. Estudar características comportamentais de mulheres em risco de infecção pelo HIV e DSTs que freqüentam o SAE DST/Aids “Herbert de Souza- Betinho” em Sapopemba. A proposta inicial é de realização de 60 entrevistas em profundidade, com mulheres que procuram o SAE pela primeira vez, sem histórico de atendimento anterior em outras unidades específicas no atendimento de HIV/Aids. Ainda tendo como objetivo a caracterização de suas práticas de risco, serão realizados cinco grupos focais para aprofundamenteo de temas considerados relevantes. A pesquisa encontra-se em fase de transcrição das entrevistas individuais. Unidades Participantes: SAE Herbert de Souza Fase em que se encontra: Em campo Início: Fevereiro de 2005 Previsão de término: Na dependência de recursos
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Estudo Exploratório: A visão das Pessoas Vivendo com HIV/Aids sobre a Abordagem da Prevenção Secundária pelos Profissionais de Saúde em Unidades Municipais Especializadas em DST/Aids Marina Aragão W. Gonçalves/ Gilvane Casimiro da Silva mawgoncalves@prefeitura.sp.gov.br/ gcsilva@prefeitura.sp.gov Área Técnica de DST/Aids Psicologia/Administração Co-autora/Orientadora: Profª. Drª. Sandra Maria Greger Tavares - Instituto de Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo
Resumo: Os serviços de saúde especializados em DST/Aids apontam para a preocupação com a prevenção em nível primário assim como com a assistência propriamente dita junto às pessoas vivendo com HIV/Aids. O “cuidado” que inclui o tratamento e a preocupação com planos e projetos individuais deve ir além do tratamento normativo e prescritivo, mas também manter em discussão a prevenção tanto dos efeitos adversos da terapia antiretroviral, de infecções oportunistas como da re-infecção pelo HIV. Esta pesquisa qualitativa tem por objetivo explorar como os profissionais de saúde dos serviços municipais especializados em DST/Aids tratam com seus pacientes, pessoas vivendo com HIV/Aids, as questões de prevenção secundária, isto é, em que momento da assistência, como e por quais profissionais da assistência o tema da prevenção secundária é abordado. O estudo exploratório e descritivo será desenvolvido através de entrevista semi-estruturada em 04 serviços da rede municipal especializada em DST/Aids e feita a análise de conteúdo dos dados coletados. Unidades Participantes: Ainda em fase de seleção Fase em que se encontra: Antes de iniciar campo, em submissão ao CEPSMS/SP Início: Abril/2006 Previsão de término: Novembro/2006
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Levantamento de práticas de prevenção adotadas por travestis que trabalham como profissionais do sexo usuárias de um Centro de Testagem e Aconselhamento em DST/AIDS: uma abordagem qualitativa Liamar Loddi ctadrsergioarouca@ig.com.br / lia-loddi@ig.com.br CTA Dr. Sergio Arouca Assistente Social Co-autora: Profª Drª Sandra Maria Greger Tavares - Instituto da Saúde – Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo
Resumo: Este trabalho pretende investigar práticas de prevenção adotadas por travestis que trabalham como profissionais do sexo e que são atendidas no Centro de Testagem e Aconselhamento em DST/Aids Doutor Sérgio Arouca, município de São Paulo. Desde o início da epidemia de Aids a prevenção é um grande desafio para conter o avanço da infecção pelo HIV, por isso é necessário pensar em novas ações de prevenção reforçando atitudes de respeito e inclusão social deste segmento da população que se torna mais vulnerável ao vírus da Aids pelo preconceito e violência. Trata-se de um grupo importante para o perfil da epidemia do HIV/Aids devido à sua vulnerabilidade social que determina uma grande vulnerabilidade também para infecção através de práticas muitas vezes desprotegidas e o compartilhamento de seringas na aplicação de hormônios ou silicone para ganharem uma aparência feminina. Este estudo segue a metodologia qualitativa e pretende realizar entrevistas semi-estruturadas visando captar as práticas de prevenção adotadas por essa população que utilizam os serviços oferecidos pelo Centro de Testagem e Aconselhamento Doutor Sérgio Arouca. Introdução: De acordo com o Boletim Epidemiológico do município de São Paulo (Secretaria Municipal de Saúde, 2005) no mundo existem aproximadamente 40 milhões de pessoas portadoras do HIV, sendo que no Brasil desde 1980 foi registrado um total de 362.364 e em São Paulo nos aproximamos dos 60 mil casos. Desde o início, o medo, os riscos e a vulnerabilidade da população cresciam proporcionalmente ao desconhecimento sobre as formas de transmissão do HIV. Mas a Coordenação Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids, do Ministério da Saúde já tinha convicção que a primeira estratégia efetiva para a prevenção da infecção era a informação. Assim foram criados os Centros de Orientação e Apoio Sorológico (COAS), serviços de procura espontânea, orientação preventiva e testagem sorológica. Hoje esses centros recebem o nome de Centro de Testagem e Aconselhamento em DST/AIDS (CTA) que servem como “porta de entrada” às questões psicossociais da epidemia do HIV/AIDS, dirimindo as dúvidas de grande parte da população que buscam estes serviços, referenciando de maneira rápida os indivíduos portadores do HIV aos serviços de assistência. Grande parte de suas ações está voltada para a prevenção das DST/AIDS, mediante promoção da adoção de práticas seguras e da redução de danos a saúde pelo uso indevido de drogas. Os CTAs atendem
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todo e qualquer cidadão com dúvidas em relação ao seu status sorológico e recomenda-se que os serviços tenham atividades dirigidas a grupos populacionais específicos, com comportamento ou práticas de risco, respeitando a privacidade de cada usuário e o sigilo em relação a testagem. Estas ações incluem a demonstração o uso de insumos de prevenção e realização de atividades “extra-muros” procurando atingir grupos populacionais mais vulneráveis à infecção pelo HIV, por terem sua vulnerabilidade acrescida pela dificuldade de acesso aos serviços de saúde, resgatando sua dignidade e cidadania. (Brasil, 2000). Objetivo: Geral Investigar as práticas de prevenção as DST/Aids adotadas por travestis que trabalham como profissionais do sexo e que utilizam os serviços do Centro de Testagem e Aconselhamento em DST/Aids Doutor Sérgio Arouca. Método: Este estudo adota o método exploratório e qualitativo, com entrevistas semi-estruturadas. De acordo com Minayo (1994) a pesquisa qualitativa encontra-se nos planos sociológico e antropológico e ocorre num patamar profundo da realidade social. O fato de que não se opera com números e variáveis não significa que o fenômeno não possa ser experimentado, pesquisado e conhecido. No campo da saúde deve ser enfatizado o ponto de que ele deve ser observado em relação com a realidade econômica, política e social mais ampla do que faz parte, por isso é imprescindível considerar as classes sociais, ideologias e visões de mundo dominantes, além das especificidades do modo de produção influenciando tanto a organização dos sistemas de saúde como as estratégias que se estabelecem entre agrupamentos e classes sociais diante do fenômeno saúde e doença. No tipo de entrevista estruturada, a interação do pesquisador com os atores sociais no campo, a questão da escolha dos entrevistados e o método, sua preocupação central é estabelecer uma conexão entre as ciências sociais, a filosofia e a lingüística, com a finalidade de disciplinar a análise de textos e entrevistas de pesquisa (Minayo, 1994). Unidades Participantes: CTA Dr. Sérgio Arouca – Itaim Paulista Fase em que se encontra: Antes de iniciar campo, em submissão ao CEPSMS/SP Início: Abril/2006 Previsão do Término: Novembro/2006.
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Estudo do Perfil dos usuários do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) de Santo Amaro, Município de São Paulo, de janeiro de 1997 a dezembro de 2005 Lúcia Regina Gatti Murakami vkmura@uol.com.br CTA Sto. Amaro Graduação em Serviço Social Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), em 1982 Especialização em Saúde Pública – UNAERP, em 1988 Curso de Qualificação dos Interlocutores de Pesquisa dos Serviços de DST/AIDS da Rede Municipal de Saúde de São Paulo, em parceria com Instituto de Saúde Secretaria do Estado de Saúde de São Paulo Co-autora/Orientadora: Profª. Dra. Norma Sueli Farias
Resumo: A epidemia da Aids no Brasil vem apresentando mudanças fundamentais quanto às tendências de transmissão do HIV e a ocorrência de Aids. O presente estudo visa analisar o perfil sócio comportamental e epidemiológico dos usuários que freqüentaram o Centro de Testagem de Santo Amaro, no Município de São Paulo, durante o período de janeiro de 1997 a dezembro de 2005. Trata-se de um estudo de série histórica, utilizando dados secundários, com análise de tendências das características da clientela e sorologias no período de estudo. Os dados serão coletados de forma retrospectiva, através das informações geradas pelos instrumentos utilizados nos registros de atendimento do usuário, a saber: matrícula, pré e pós-teste, que são sistematicamente produzidos e consolidados pelo serviço. Como se trata de um estudo utilizando dados secundários e coletados através de instrumentos já padronizados pelo serviço de saúde, não há riscos para os indivíduos envolvidos na pesquisa. Os dados coletados e analisados serão sigilosos e manipulados apenas pelo investigador principal e pessoas autorizadas pelo mesmo. Nas bases de dados não constarão dados de identificação dos indivíduos como nome, endereço, telefone ou filiação. Todos os dados serão usados apenas para os fins de pesquisa, e os resultados serão publicados e de domínio público. O estudo e análise das informações existentes têm ainda por objetivo, produzir informações que permitam repensar as ações desenvolvidas, bem como propor novas ações e estratégias de prevenção. As variáveis coletadas serão: sexo, idade, motivo da procura, bairro de procedência, escolaridade, estado civil, uso de drogas e do preservativo, realização e resultados de sorologias. Os dados serão processados e analisados nos programas computacionais Epi-Info e Stata. A partir dos resultados observados, espera-se que as informações produzidas permitam repensar as ações desenvolvidas pelo CTA, bem como propor novas estratégias de prevenção e controle da transmissão pelo HIV. Unidades Participantes: CTA Santo Amaro Fase em que se encontra: Antes de iniciar campo, em submissão ao CEPSMS/SP Início: Abril/2006 Previsão do Término: Novembro/2006
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Pessoas com Transtornos mentais severos e/ou persistentes e vulnerabilidade para DST/AIDS: Um estudo exploratório qualitativo sobre as estratégias de prevenção adotadas nos serviços especializados em Saúde Mental do SUS Lúcia de Cássia Tavares lucia.tavares@terra.com.br SAE Santana Assistente Social Co-autora/Orientadora: Profª Drª Sandra Maria Greger Tavares INSTITUTO DE SAÚDE Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo
Resumo: Acreditamos que aspectos do cotidiano das pessoas com transtornos mentais severos e/ou persistentes podem definir essa população como sendo uma população vulnerável para a infecção por DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) em especial pelo HIV/Aids, se comparadas à população em geral. Há que se considerar aspectos específicos de vulnerabilidade social, individual e programática a que é submetida essa população. Pretendemos identificar as estratégias desenvolvidas pelos profissionais de saúde mental na rede especializada do SUS, na abordagem da vulnerabilidade para às DSTs, em especial à infecção pelo HIV/Aids como tema transversal, no cuidado cotidiano às pessoas com transtornos mentais severos e/ou persistentes e seus familiares. Pretendemos realizar um estudo exploratório, qualitativo, junto aos profissionais universitários das equipes técnicas que desenvolvem atividades terapêuticas com pacientes e/ou com familiares, na rede de serviços do SUS especializados na atenção às pessoas com transtornos mentais severos e/ou persistentes da região norte do Município de São Paulo (Subprefeituras de Santana e Jaçanã). Selecionaremos os seguintes serviços: dois CAPSs Adulto (Centro de Atenção Psicossocial), um Serviço Especializado em Fármaco Dependência, uma Enfermaria Psiquiátrica em Hospital Geral e dois Hospitais Psiquiátricos conveniados com o SUS. Realizaremos entrevistas semi-estruturadas com um técnico de cada um dos serviços, independente de sua área de formação profissional, respeitando-se o princípio da participação voluntária mediante o conhecimento e a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Unidades Participantes: Dois CAPSs Adulto; um Serviço Especializado em Fármaco Dependência, uma Enfermaria em Hospital Geral e dois Hospitais Psiquiátricos da Supervisão de Saúde das Subprefeituras de Santana e Jaçanã
Fase em que se encontra: Antes de iniciar campo, em submissão ao CEPSMS/SP Início: Abril/2006 Previsão do Término: Novembro/2006
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Avaliação da qualidade das informações contidas nas requisições dos exames de imunologia e microbiologia, recebidos nos laboratórios lapa e Ipiranga, do Município de São Paulo, no período de Abril e Maio de 2006 Maria Lucia Mizusaki Morita / Romilda Baldin luciamorita@terra.com.br Farmacêuticas Bioquímica dos Laboratórios de Saúde Pública da Lapa e Ipiranga – SMS/SP Co-autora: Dra. Norma Suely de Oliveira Farias (orientadora) Instituto da Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo
Resumo: O processo de realização de todos os exames de análises clínicas é composto de três fases (pré-analítica, analítica e pós-analítica), todas importantes na qualidade dos exames laboratoriais, pois uma falha em uma destas, pode comprometer e até invalidar todo o processo. A fase pré-analítica corresponde à fase que se inicia com o preenchimento da solicitação dos exames, orientação ao usuário, coleta e transporte do material até o laboratório. A fase analítica compreende a execução da análise propriamente dita. A fase pós-analítica refere-se à conferência e análise dos resultados, emissão dos laudos e expedição destes resultados até a unidade de origem. Nessa perspectiva, esse estudo visa responder em que medida as variáveis da fase pré-analítica influenciam a qualidade dos exames laboratoriais. Em função das dificuldades atualmente apresentadas nos Laboratórios de Saúde Pública Lapa e Ipiranga (ambos servem de apoio diagnóstico para regiões distintas e pertencem a Secretaria Municipal da Saúde do Município de São Paulo). O objetivo do presente estudo é avaliar a qualidade das informações contidas nas requisições de exames laboratoriais preenchidas pelos profissionais das Unidades de Saúde e as condições do recebimento dos materiais biológicos coletados nestes Serviços de Saúde. O enfoque será direcionado aos materiais dos setores de Imunologia e Microbiologia, remetidos pelas Unidades de Saúde ligada à área temática de DST/AIDS. A abordagem metodológica utilizada será a análise das informações coletadas na rotina dos serviços e que correspondem as variáveis que interferem na fase pré-analítica, a saber: variáveis quanto ao preenchimento das requisições de exames e quanto às condições das amostras biológicas. Os resultados obtidos serão comparados com as recomendações de qualidade para laboratórios clínicos preconizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária-ANVISA, do Ministério da Saúde, e as adotadas pelos serviços de saúde envolvidos no estudo. Espera-se que esse estudo possa fornecer uma avaliação sobre o funcionamento das Unidades de Saúde e Laboratórios, a fim de subsidiar e apontar ações efetivas no sentido da melhoria na qualidade da informação e dos serviços envolvidos como um todo. Como se trata de um estudo utilizando dados secundários e que não envolve experimentação em seres humanos ou inquéritos, não há riscos para os indivíduos. Os dados coletados e manipulados serão sigilosos e usados apenas para os fins de pesquisa. Não há conflitos de interesse com qualquer laboratório ou serviço, seja público ou privado. Os resultados serão publicados e de domínio público. Unidades Participantes: Laboratório Lapa e Laboratório Ipiranga Fase em que se encontra: Antes de iniciar campo, em submissão ao CEPSMS/SP Início: Abril de 2006 Previsão do Término: Novembro de 2006
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Estudo do perfil dos usuários do aconselhamento no Serviço de Assistência Especializada em DST/AIDS Campos Elíseos – Município de São Paulo, no período de Abril a Junho de 2006 Marylei Castaldelli Verri Deienno marylei.verri@terra.com.br SAE Campos Elíseos Farmacêutica Bioquímica Co-autoras: Janice Chencinski e Renata Nunes Simões (SAE DST Aids Campos Elíseos - SMS/SP)e orientadora Profª Drª Norma Sueli de Oliveira Farias - Instituto da Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo Colaboradores: Profissionais do Aconselhamento: Marta da Cunha Pereira, Elisabeth Mendes Marques, Wilma Jesus de Araújo, Norma Fumie Matsumoto, Isabel Boarati, Silvia Mara Barbosa Paulatti Rebelato, Chu Yu Gi, Marília de Morares Lessa, Cecília Zanchi, Regina Maria de Souza, Odette Mantoanelli, Gláucia Maria Cassiano Costa, Maria Generosa Tavares Jorge, Maria Regina dos Reis Pacheco
Resumo: O Serviço de Assistência Especializada em DST/AIDS Campos Eliseos é uma Unidade de Assistência e Prevenção em Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids (DST/Aids) subordinada à Coordenadoria de Saúde Centro-Oeste, Secretaria Municipal de Saúde; está localizada na região central do Município de São Paulo. A área central do município caracteriza-se por apresentar uma grande circulação de pessoas que trabalham na região ou que circulam em busca de trabalho, e pela presença de instituições públicas de saúde e de justiça, recreação e lazer. Além disso, é uma região com grande concentração de cinemas pornôs, boates com sexo explícito, hotéis de “alta rotatividade”, prostíbulos, diversas áreas de prostituição e consumo de drogas ilícitas, cortiços, moradores de rua e albergados, o que torna essa região particularmente vulnerável do ponto de vista social e comportamental. Estima-se que a grande maioria dos atendimentos do Aconselhamento da Unidade é de moradores e/ou trabalhadores da região central do Município. Nessa perspectiva o presente estudo visa conhecer o perfil desses usuários, no sentido de se desenvolver ações específicas para a prevenção e a assistência pelo HIV e DST. Trata-se de um estudo descritivo e serão utilizados os dados registrados no cadastramento do usuário ao Serviço e os dados da ficha do Aconselhamento, no período de abril a junho de 2006. Os dados são coletados no momento do atendimento individual, por integrantes da equipe do Aconselhamento, quando o usuário chega na Unidade pela primeira vez. Como se trata de um estudo utilizando dados secundários e de uso corrente na rotina do serviço de saúde, não há riscos para os indivíduos envolvidos na pesquisa. Os dados coletados serão sigilosos e usados apenas para os fins de pesquisa, e os resultados serão publicados e de domínio público. Unidades Participantes: SAE DST/AIDS Campos Elíseos Fase em que se encontra: Antes de iniciar campo, em submissão ao CEPSMS/SP Início: Abril de 2006 Previsão do Término: Novembro/2006
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Histórico e análise da situação de um SAE de DST/AIDS dentro de um ambulatório de especialidiades Neuza Uchiyama Nishimura neuzanish@superig.com.br AE Ceci Enfermeira Co-autoras: Profª Drª Maria Cezira Fantini Nogueira Martins Instituto da Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo
Resumo: Este estudo tem como finalidade elaborar um histórico e uma análise de um serviço de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (DST/ AIDS) dentro de um Ambulatório de Especialidades que passou por transformações durante o decorrer dos anos: de um Centro de Referência de DST/AIDS (de 1996 a 2000) passou, em 2001, a ser um Ambulatório de Especialidades, com atendimento à população em geral, incorporando, em 2004, além das especialidades médicas, o Centro de Referência do Idoso e o de Odontologia. Os profissionais não médicos passaram a atender todas as especialidades e não somente os pacientes HIV/AIDS. A dinâmica dos atendimentos foi alterada; as mudanças ocorridas ao longo do tempo têm trazido uma série de reflexões a respeito da qualidade do atendimento aos pacientes HIV/AIDS. Os objetivos deste estudo são: a. identificar as percepções referentes à atividade profissional dos profissionais inseridos no ambulatório, que continuaram no atendimento ao paciente HIV/AIDS concomitante ao atendimento de pacientes de outras especialidades; b. identificar as percepções dos pacientes HIV/AIDS a respeito da assistência por eles recebida antes e após as mudanças ocorridas na unidade. Será uma pesquisa de cunho qualitativo, com entrevistas semi-estruturadas; será utilizado também um diário de campo, para anotação das idéias e percepções da pesquisadora. A população a ser estudada será constituída de informantes-chave de duas categorias: a. profissionais que participaram do processo de implantação do Centro de Referência e permaneceram no atendimento ao paciente HIV/AIDS após a implantação do Ambulatório; b. usuários que vivenciaram as mudanças ocorridas na Unidade. Pretende-se, ao final do estudo, oferecer subsídios para mudanças que possam melhorar o atendimento tanto ao paciente HIV/AIDS como aos demais pacientes. Unidades Participantes: AE Dr. Alexandre Kalil Yasbec
Fase em que se encontra: Antes de iniciar campo, em submissão ao CEPSMS/SP Início: Abril/2006 Previsão do Término: Novembro/2006
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Pesquisador externo Concluídas TESE DE DOUTORADO DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO PESQUISA MULTICÊNTRICA PESQUISA INDEPENDENTE
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Avaliação do conhecimento e prática adotados na conservação dos imunobiológicos utilizados na rede pública do município de São Paulo Clelia Maria Sarmento de Souza Aranda cmaranda@saude.sp.gov.br Médica Pediatria e Especialista em Saúde pública Mestrado em Ciências - Pós- graduação em Ciências da Coordenadoria de Controle de Doenças/ SES-SP Co-autor: Prof Dr José Cássio de Morais
Resumo: Introdução: A manutenção da integridade da Rede de Frio (RF) – processo de armazenamento, conservação, distribuição, transporte e manuseio dos imunobiológicos utilizados nos Programas de Imunizações, com o objetivo final de assegurar a imunogenicidade dos produtos administrados - é um desafio que demanda completa integração, compromisso e responsabilidade do Ministério da Saúde e das equipes dos serviços de imunizações. As falhas no cumprimento das recomendações para a conservação de vacinas na instância local, relatadas em alguns estudos, têm sido mais freqüentes do que realmente se acredita, não só em países em desenvolvimento, mas também nos desenvolvidos. A partir de 2001, com a re-edição de manuais técnicos do Programa Nacional de Imunizações - PNI/ Ministério da Saúde, a Divisão de Imunização/ Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo capacitou técnicos para a multiplicação de treinamentos em sala de vacina. Não há dados sobre a avaliação do conhecimento adquirido e da prática adotada a partir das capacitações realizadas, portanto este estudo se propôs a avaliar o conhecimento e cumprimento (procedimentos adotados na prática) das recomendações para RF nas salas de vacina do Município de São Paulo. É importante relatar que a capital do estado mantém sob controle as doenças imunopreveníveis, refletindo a efetividade das imunizações realizadas nos últimos trinta anos. Metodologia A partir do cadastro de unidades do Sistema de Informação Avaliação do Programa de Imunizações (SI-PNI/API) foi obtida a listagem de 390 salas públicas com vaci e rotina, sob gestão da Secretaria Municipal de Saúde – SMS. Um formulário padronizado, com total de dez questões de múltipla escolha, sobre o monitoramento de temperatura, organização interna do refrigerador e conhecimento sobre produtos estáveis/ não estáveis a baixas temperaturas foi enviado a todas as unidades, com envelope selado para retorno espontâneo. Com as informações sobre doses aplicadas nestas unidades (SI-PNI/API – janeiro a outubro/2003) foi possível distribuí-las em quartis, dos quais foram sorteadas 20 unidades para a composição de uma amostra de 80 estabelecimentos para uma visita. Os locais selecionados foram visitados para uma entrevista com os profissionais que exercem atividades de vacinação e também para uma observação do equipamento(s) refrigerado(s) utilizado(s) para o armazenamento local de imunobiológicos (utilizaram-se roteiros padronizados e pré-testados). Para estas visitas foi necessário, por exigência administrativa, a autorização das Coordenadorias de Saúde e a direção das Unidades definiram o profissional que responderia as questões da entrevista e acompanharia a vistoria do refrigerador. As visitas foram executadas por um
Tese de Doutorado
Pesquisador Externo Concluídas
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grupo de onze pesquisadores (dez enfermeiros e a autora), técnicos com experiência em supervisão e capacitação de pessoal em sala de vacina. Registrou-se a temperatura interna de cada geladeira observada nos termômetros da unidade. A entrevista foi realizada após a leitura e assinatura do Termo de Consentimento Informado pelo profissional da sala. O estudo foi conduzido no período de março a junho de 2004. Um banco de dados foi criado para consolidar as informações coletadas pelos três instrumentos, utilizando-se os programas EPI-INFO Windows, EPI6 - DOS e SPSS V 11.0 para as análises. Um total de 397 formulários recebidos foi considerado na análise e pertence a 231 unidades públicas de saúde, representando 59,2% (231/390) do universo amostral (mais do que um formulário por unidade). Todas as 80 unidades selecionadas foram visitadas, porém em duas não havia atividade de vacinação naquele momento e as geladeiras não continham imunobiológicos (uma das unidades em reforma e a outra unidade tinha atividade de vacinação de rotina somente em alguns períodos durante o ano). Noventa refrigeradores foram observados durante as visitas. Critérios para a avaliação: Para resumir a avaliação sobre o conhecimento e cumprimento das recomendações do PNI para a RF no MSP, um indicador foi construído para sintetizar os resultados de cada instrumento utilizado. O indicador foi constituído de pontos atribuídos às questões similares entre os três instrumentos de maneira que fosse possível comparar os resultados obtidos. Por se tratar de constatação direta da prática a pontuação da observação dos refrigeradores foi considerada como padrão dos resultados obtidos para cada unidade. De acordo com a pontuação atingida (máximo de dez pontos) classificou-se arbitrariamente cada instrumento como conhecimento/ cumprimento SUFICIENTE (9 a 10 pontos), REGULAR (7 a 8 pontos) e INSUFICIENTE ( 6 pontos). Os resultados obtidos foram analisados por categoria profissional, tempo de formação, tempo de atividade em sala de vacina e treinamento de sala de vacina. Os testes do c2, c2 de tendência, teste de Fisher, coeficiente de correlação intra-classes (ICC) método de Deyo e medida de concordância de Kappa foram utilizados para as análises. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria Municipal de Saúde, Prefeitura do MSP, sob número 170 (março/ 2004). Houve apoio da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo para a aquisição de materiais de escritório e deslocamento dos pesquisadores. Resultados A distribuição das 231 unidades respondedoras por estrato de produção (quartis) variou entre 52% e 67% e foi considerada homogênea (p=0,181). Dentre os 397 respondedores do formulário, 98,8% (392) são profissionais de enfermagem sendo 47,9% (190) enfermeiros e 50,9% (202) auxiliares ou técnicos de enfermagem. Todos os participantes da entrevista pertenciam à área de enfermagem, 47,5% (38) enfermeiros e 52,6% (42) auxiliares/ técnicos enfermagem, ressaltando-se que a definição do profissional pela diretoria da unidade pode ter influenciado nas características desta população. O tempo médio de atividade em sala de vacina para total de respondedores do formulário é de oito anos (máximo de 30 anos e 16 profissionais afirmaram exercer trabalho em sala de vacina há menos de um ano). Observa-se distribuição semelhante entre enfermeiros e auxiliares/ técnicos. Dentre os 38 enfermeiros entrevistados, há predominância no grupo com menos de cinco anos de atividade em sala de vacina (23=60,5%), enquanto que dentre os 42 auxiliares/ técnicos 71,4% (30) apresentam maior tempo de experiência (p=0,004). A grande maioria de respondedores (97,4%) e entrevistados (91,3%) aponta conhecimentos sobre a conservação de imunobiológicos provenientes de capacitação específica em sala de vacina e/ou no curso de graduação. Considerando apenas aqueles que receberam treinamento
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específico em sala de vacina (formulários - 356/390; entrevistas – 63/80), observa-se a tendência de maior proporção de não treinados dentre os grupos com menor tempo de atividade em sala de vacina (p<0,05 para &#967;2 e &#967;2 tendência). Não houve diferença entre os enfermeiros e auxiliares/ técnicos de enfermagem e o recebimento de treinamento específico. Do total de equipamentos citados nos formulários, 56% (202/361) referem-se a refrigeradores específicos para a conservação de vacinas, comercializados pela indústria médico-hospitalar e 44% (159/361) são geladeiras comuns ou domésticas.Durante as visitas foram encontradas 94 geladeiras (90 contendo imunobiológicos) sendo a proporção entre geladeiras comuns e especiais semelhantes – 51%(48) e 49%(46). Dentre as unidades que dispunham de refrigerador especial observou-se que 53,3% dos entrevistados não souberam demonstrar a utilização do painel eletrônico. A leitura das temperaturas de momento, máxima e mínima realizada no termômetro existente na unidade, não encontrou nenhum valor abaixo de 0ºC. Duas geladeiras tinham temperatura máxima acima de 8ºC (a maior temperatura encontrada foi de 23ºC). Em 97% das geladeiras (87) a temperatura de momento estava entre 2º e 8ºC, nos outros três equipamentos encontrou-se registros entre 0ºC e 2ºC. Não há diferença estatística entre os tipos de refrigeradores (especiais ou domésticos) que apresentaram temperaturas alteradas nas visitas. Dentre os itens avaliados sobre conhecimento/ cumprimento, as maiores proporções de acerto ocorreram com os procedimentos para o monitoramento de temperatura. A organização do refrigerador doméstico aponta menor proporção de acertos principalmente no que se refere à colocação de garrafas na parte inferior da geladeira. Quanto aos imunobiológicos e exposições a temperaturas negativas observa-se a menor proporção de conhecimento correto para os produtos estáveis e procedimentos corretos são executados para a conservação adequada. A classificação das unidades permite a avaliação global do conhecimento e prática e indica que a pontuação SUFICIENTE foi atribuída a mais da metade dos formulários e entrevistas (53% e 55%) e dois terços das observações (66%). Entre os profissionais que receberam treinamento específico a proporção de acertos na OBSERVAÇÃO foi significativamente maior (p=0,009). As demais categorias analisadas não apresentam diferenças significativas. A comparação dos conceitos obtidos entre observações e entrevistas, pareados por unidade, indica que 50% (39/78) obtiveram pontuações iguais. A mesma comparação foi possível entre formulários e observações. Identificaram-se 52 unidades visitadas que enviaram formulários (calculada a média quando havia mais de um formulário por unidade) e pareadas indicaram que 46,2% (24) obtiveram pontuações iguais. Os índices de Kappa e os coeficientes de correlação intraclasses (método de Deyo) indicam que a concordância entre os resultados obtidos é baixa, os resultados semelhantes podem ter sido obtidos ao acaso. No sentido de identificar se a baixa concordância poderia ser atribuída a algum item em especial, analisaram-se separadamente os grupos de questões que representam o monitoramento de temperatura, a organização interna do refrigerador e o conhecimento dos produtos instáveis/estáveis às temperaturas negativas. No grupo de itens referentes organização da geladeira ocorreu a maior concordância: procedimentos executados (corretos ou incorretos) de acordo com os referidos no conhecimento com maior freqüência (Kappa=0,53 e p=0,000). Conclusão A participação maciça dos profissionais de enfermagem (respondedores e entrevistados), também referenciada em outros estudos brasileiros, confirma que a responsabilidade pela conservação de vacinas no setor público é atribuição desta categoria profissional. Associado ao elevado percentual de profissionais que receberam treinamento em sala de vacina evidencia-se que o
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recurso humano no MSP tem formação técnica adequada para exercer atividades específicas da sala de vacina. Observa-se que no grupo dos entrevistados, os auxiliares/ técnicos de enfermagem tinham maior tempo de atividade em sala de vacina comparados aos enfermeiros, possivelmente esta maior experiência possa ter sido o critério de escolha quando o enfermeiro não estava à disposição para a visita. Por outro lado, não houve diferença entre estas categorias e o recebimento de treinamento específico presumindo-se que as capacitações são abrangentes. O achado de geladeiras especiais para a conservação de vacinas em parcela importante das unidades e com pouco tempo de uso (menos de três anos) indica que existe uma preocupação recente em fornecer equipamentos tecnologicamente mais avançados e melhorar a qualidade da RF nas unidades do MSP. No entanto o despreparo das equipes locais no manuseio destes refrigeradores e a sub-utilização de seus acessórios pode acarretar prejuízos no investimento realizado (redução no custo-benefício). Falhas no cumprimento da organização da geladeira, principalmente o uso de garrafas com água na última prateleira e a não exclusividade do refrigerador para vacinas também são referidos em outros estudos. Neste estudo não foram encontrados alimentos, espécimes laboratoriais ou medicamentos em nenhum refrigerador e não obstante o pré-agendamento das visitas possa ter interferido nestes resultados destaque-se que a maior concordância entre conhecimento e prática ocorreu nos itens de organização do refrigerador. O baixo índice de conhecimento sobre as vacinas que podem ser congeladas (18,4% dos respondedores e 12,5% dos entrevistados) não coloca sob risco a efetividade do Programa, pois nas unidades de saúde não existem freezers, não se armazenam vacinas no congelador e todos os profissionais conhecem os limites de temperatura de conservação. A conduta mais adequada, constatada no MSP, é a de manter qualquer imunobiológico da instância local sob temperatura entre 2º e 8ºC, toda e qualquer alteração de temperatura (fora destes limites) seja registrada, comunicada e os produtos não sejam utilizados sem autorização expressa da coordenação central. Apesar da reduzida identificação de temperaturas inadequadas, deve-se considerar que falha em itens diversos foi observada e a não adesão a todos os procedimentos normatizados poderá acumular incorreções com conseqüências inaceitáveis. A baixa concordância entre as graduações totais obtidas com os instrumentos utilizados (formulário, entrevista e observação) induz à reflexão sobre a forma como as informações nos treinamentos são transmitidas. A maior concordância para o grupo de questões sobre a organização da geladeira reflete a relevância da parte prática dos treinamentos sendo necessária a adoção de técnicas que proporcionem aos treinandos maiores possibilidades de apreensão dos “por quês” da execução de cada procedimento. Este estudo aponta para a importância da presença do supervisor periodicamente em todas as salas de sua área de abrangência, uma vez que as informações fornecidas pelos profissionais (escritas ou verbais) não são absolutamente concordantes com a prática. Unidades Participantes: 80 unidades com sala de vacina foram visitadas, incluindo o AE Vila Prudente Fase em que se encontra: Concluído Duração do campo: Maio a Junho/2004 Apresentado, resultados finais, em forma oral, na V EXPOEPI - Mostra nacional de experiências bem sucedidas em epidemiologia, prevenção e controle de doenças e com previsão de publicação na Revista Brasileira de Epidemiologia edição de março/ 2006. Recebeu Prêmio Experiências Bem Sucedidas da V EXPOEPI
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Adesão ao tratamento Anti-Retroviral entre idosos em seguimento nos Serviços Municipais Especializados em DST/Aids de São Paulo
Antonio Sergio Melo Barbosa ambarbosa@prefeitura.sp.gov.br Médico Sanitarista / Epidemiologista Doutorando pela FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA/USP Co-autora: Maria Regina Alves Cardoso (Orientadora)
Resumo: Introdução: A participação dos idosos entre os pacientes com HIV/Aids tem crescido a cada ano, fazendo parte do conjunto de tendências descritas como feminização, pauperização e envelhecimento da epidemia. A proporção de pacientes que estão com 50 anos ou mais no momento do diagnóstico era de 7% em 1996 e aumentou progressivamente, até alcançar 13% em 2004. Este estudo de adesão a anti-retrovirais (ARV) no grupo etário de 60 anos procurou contribuir para a redução da carência de pesquisas no campo da aids em idosos. Objetivo: Avaliar a adesão dos idosos vivendo com aids aos ARV e as associações entre esta e alguns aspectos demográficos, características dos esquemas terapêuticos e aspectos do contexto de vida. MÉTODOS: Foram entrevistados 118 idosos em seguimento nos 15 serviços municipais especializados em DST/aids. Considerou-se aderido o idoso que tomou ao menos 95% dos comprimidos previstos para os três dias anteriores à entrevista. Estimou-se a prevalência de adesão e investigaram-se associações por meio do teste de qui-quadrado. Resultados: A taxa de adesão entre os idosos foi 80,5% (IC 95%: 72,2 – 87,2). Houve maior adesão entre os pacientes: (1) faixa etária de 60 a 69 anos, quando comparada aos com 70 anos ou mais; (2) com maior escolaridade; (3) que referiram outros tratamentos prolongados, paralelos ao da aids e (4) aposentados. A adesão também se mostrou associada à classe de medicamentos presentes no esquema ARV e ao número de comprimidos diários preconizados. Discussão: Confirmou-se a tendência já apontada na literatura de um aumento da adesão com o aumento da idade, até certo limite, onde volta a cair o nível de adesão. Esta queda pode estar associada à maior freqüência de co-morbidades e à diversidade e complexidade dos tratamentos médicos nos acima de setenta. Para os menos idosos o fato de fazer outro tratamento crônico chegou a favorecer a adesão. Conclusão: Estes dados podem ajudar no manejo terapêutico de idosos com aids, que são cada vez mais freqüentes nos serviços especializados. Recomenda-se estudo qualitativo com grupos
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focais para melhor compreensão das razões da melhor adesão aqui constatada, produzindo informações que serão úteis inclusive na elaboração de estratégias para lidar com a adesão em outros grupos etários. Unidades Participantes: AE Ceci, AE Vila Prudente, CR Nossa Senhora do Ó, CR Penha, CR Santo Amaro, SAE Butantã, SAE Campo Elíseos, SAE Cidade Líder, SAE Cidade Dutra, SAE Fidélis Ribeiro, SAE Herbert de Souza, SAE Ipiranga, SAE Lapa, SAE Mitsutani, SAE Santana Fase em que se encontra: Em análise Início: Abril 2005 Previsão de Término: Abril 2006
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A Comunicação do resultado do teste Hiv Positivo no contexto do aconselhamento sorológico: A versão do cliente Diva Maria Faleiros Camargo Moreno dmfcm@usp.br Graduada em Psicologia Especialista em Saúde Pública e Saúde Mental Mestre em Saúde Pública-Área Materno-Infantil Doutoranda em Saúde Pública-Área Materno-Infantil Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo Co-autor: Alberto Olavo Advíncula Reis (Orientador)
Resumo: Introdução: O aconselhamento é um instrumento que tem sido utilizado no mundo todo e no Brasil nos serviços de testagem e prevenção de DST/HIV/Aids. É definido como um processo de “... escuta ativa, centrado no contato direto com o cliente. Pressupõe a capacidade de estabelecer uma relação de confiança entre os interlocutores, visando o resgate dos recursos internos do cliente para que ele mesmo tenha a possibilidade de reconhecer-se como sujeito de sua própria saúde e transformação” (MINISTÉRIO DA SAÚDE 1999 a, p.12) Objetivo: O estudo pretendeu investigar como é feita a revelação do resultado HIV positivo no processo de aconselhamento nos dois Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) que mais realizam testes na cidade de São Paulo. A hipótese inicial é a de que, dependendo da abordagem e do ambiente criado durante o aconselhamento, o indivíduo poderá ativar ou bloquear seus recursos internos para cuidar melhor de sua saúde. Método: Com a frase “Conte-me como foi dado o resultado positivo para você aqui no CTA”, de uma a duas entrevistas semi-estruturadas foram iniciadas com cada um dos 14 voluntários participantes. O lugar escolhido para realização das entrevistas foi o próprio CTA, aproximadamente 15 dias após a comunicação do diagnóstico. Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, cujos dados estão sendo analisados mediante a construção de categorias de acordo com os objetivos do estudo. Esses objetivos se basearam nas recomendações do Programa Nacional de DST/Aids para o aconselhamento sorológico. Resultados: Na versão dos clientes, os profissionais seguem bem o protocolo do aconselhamento, atingindo seus objetivos de: a) lidar com os sentimentos provocados pelo diagnóstico positivo para o HIV; b) dar ao cliente a chance de falar sobre o seu sofrimento e angústia; c) sustentar as dificuldades de comunicar a notícia aos familiares e/ou parceiros e d) tirar dúvidas sobre prevenção de DST/HIV/AIDS e sobre a terapia anti-retroviral. Os aconselhadores acolhem, informam e apóiam os clientes de forma eficiente. Entretanto, alguns clientes sentiram falta de mais tempo e espaço para falarem sobre suas questões pessoais e sobre a sua nova condição de viver com HIV e aids. Eles necessitariam de mais encontros de aconselhamento para expor melhor seus problemas.
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Conclusões: Com base nesses resultados, pode-se compreender como os clientes se sentem ao receberem a revelação do diagnóstico do teste anti-HIV. Há um desafio a enfrentar nos CTAs: escutar os clientes em sua singularidade sem deixar de lado a transmissão das informações de prevenção, tratamento e cuidado à saúde. Com mais abertura ao diálogo, os clientes poderão ter melhores condições de expor suas dificuldades e necessidades particulares, melhorando o laço intersubjetivo e a confiança para se apropriar das informações recebidas. Referência Bibliográfica: Ministério da Saúde. Coordenação Nacional de DST e Aids. Aconselhamento em DST, HIV e Aids. Diretrizes e Procedimentos Básicos. Brasília (DF); 1999. Unidades Participantes: CTA Henfil e CTA Santo Amaro Fase em que se encontra: Em análise Início: Setembro de 2003 Previsão de término: Junho de 2006 Apresentado, resultados parciais, em forma oral no Congresso Brasileiro de DST/AIDS (Recife-2004)
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Os Sentidos da Violência nos Programas e Serviços de Saúde em DST/AIDS Drausio Vicente Camarnado Junior drausiojr@yahoo.com.br Psicólogo Tese apresentada ao Programa de Pós Graduação em Ciências, Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, para obtenção do título de Doutor em Ciências. Área de Concentração: Infectologia em Saúde Pública. Orientadora: Profa. Dra. Wilza Vieira Villela
Resumo: A violência é uma constante na história da humanidade. No campo da saúde, tem ocupado a atenção dos estudiosos sendo concebida como um fenômeno social complexo, gerando embates e controvérsias entre os variados domínios do saber, fazendo emergir a polissemia de repertórios quando dos seus discursos. A compreensão da violência exige tratá-la como um fenômeno mundial, histórico e multifatorial, enredado às questões macrossociais e estruturais. A partir disso, o objetivo desta pesquisa é conhecer os repertórios interpretativos utilizados pelas pessoas sobre o fenômeno-violência, nos programas e serviços de saúde em DST/aids, e quais são seus possíveis sentidos. Os objetivos específicos são: 1 - identificar as convergências e divergências discursivas com relação à percepção desse fenômeno e como se comportam diante dele; 2 – apontar, a partir de suas proposições, possíveis estratégias de intervenção para o seu enfrentamento. Optamos por uma abordagem teórico-metodológica alicerçada no construcionismo social e na análise das práticas discursivas e da produção de sentidos no cotidiano. Como procedimentos de coleta e análise de dados, utilizamos a discussão da evolução dos discursos sobre violência na literatura, a caracterização dos contextos das práticas dos profissionais em DST/aids e a história dos usuários que se utilizam dessas práticas. Foram realizadas entrevistas com gestores dos níveis federal, estadual e municipal; gerentes, executores de serviços e usuários. A partir da análise de associações de idéias construídas durante as entrevistas, foi possível identificar os repertórios utilizados na construção dos sentidos sobre a violência, e a circulação desses repertórios no cotidiano dos profissionais e usuários. De maneira geral, as análises evidenciaram que os sentidos atribuídos ao fenômeno transitam da violência que se expressa por meio de atos e ações às formas veladas, insidiosas, manifestadas pelo preconceito, pela discriminação e pela sujeição do outro. Os repertórios interpretativos que emergiram foram sintetizados em quatro temáticas: a violência e a (des)organização dos serviços, a violência de fora e a violência de dentro, da diferença à desigualdade e a comunicação como possível solução. Ao circunscrever este estudo na arena das DST/aids, o tema assume relevância porque a pandemia desvela os comportamentos ditos privados, trazendo à cena (des)conhecidas questões - a sexualidade, o uso de drogas e a morte que se apresentam evocadas, enunciadas e anunciadas quando da emergência de tensões e conflitos nos programas e serviços de saúde. Pareceu-nos promissor investigar o fenômeno-violência dentro do próprio campo das DST/aids, uma vez que, apesar das proposições inovadoras que o enfrentamento da epidemia tem apresentado, nossos informantes reconhecem e afirmam a persistência do fenômeno. Para a elaboração e o desenvolvimento de estratégias que visam à redução da violência, o diálogo em rede é elemento primordial.
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Esperamos, portanto, que este trabalho possa subsidiar possíveis re-significações por parte dos profissionais e usuários acerca deste fenômeno no campo da saúde. Descritores: violência, saúde, programas e serviços em DST/aids, construcionismo social, repertórios interpretativos, produção de sentido. Unidades Participantes: SAE Butantã, SAE Herbert de Souza,SAE Ipiranga,SAE Santana, CTA Henfil Fase em que se encontra: Concluído Início: 2002 Apresentados, resultados parciais, em forma oral, no Seminário Avançado do Programa de Pós Graduação em Ciências - Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo
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Adesão ao tratamento de HIV/Aids por pacientes com aids, tuberculose em usuários de drogas de São Paulo/SP Helena Maria Medeiros Lima helenalima@terra.com.br Ciências Biológicas - USP/Ribeirão Preto - 1985 Psicologia - PUC/São Paulo - 1995 Mestrado em Psicologia Social - 2000 Doutorado - Faculdade de Saúde Pública /USP - 2006 Co-autor: Péricles Alves Nogueira (Orientador)
Objetivo: A adesão ao tratamento refere-se ao conjunto de atitudes do paciente, da equipe multiprofissional, e da estrutura dos serviços frente ao aproveitamento dos tratamentos disponíveis. Os pacientes com enfermidades crônicas e estigmatizadas como aids e tuberculose que também são usuários de drogas enfrentam dificuldades na condução de seu tratamento e são vistos como não-aderentes. O objetivo deste trabalho é dar subsídios para melhoria da adesão ao tratamento e construção de uma política nacional de adesão. Métodos. O estudo, descritivo, foi realizado com metodologia qualitativa - Rapid Assessment, Response and Evaluation (RARE): observações e mapeamentos em quatro serviços públicos de atendimento em Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids de São Paulo (três do Município e um do Estado) e entrevistas em profundidade com 37 profissionais de saúde e 27 pacientes (sendo maiores de idade, com aids, tuberculose e usuários de drogas). Os dados sócio-demográficos foram analisados em software SPSS 11.0. Resultados: Os profissionais de saúde entrevistados têm, em média, mais de dez anos de atendimento em serviço público de saúde, sete anos e meio de atendimento em aids, são mulheres, casadas e na faixa etária de 40 – 45 anos. Não têm experiência prévia ou capacitações de atualização específicas em tuberculose nem dependência de psicoativos. Os pacientes têm em média 35 anos, sexo masculino, escolaridade baixa, solteiros ou sozinhos, desempregados, com diagnóstico de HIV há mais de seis anos, revelação diagnóstica considerada traumática e início de tratamento de aids há mais de cinco anos, tratamento de tuberculose auto-administrado ou supervisionado. Os usuários de crack compartilham cachimbo; uso de álcool, depressão e efeitos colaterais prejudicam o tratamento. Os erros e problemas identificados foram: ingestão de todas as doses de uma só vez ao dia; falhas recorrentes em finais-de-semana ou viagens por esquecimento, para evitar efeitos colaterais, para uso de drogas ou para não-revelação de diagnóstico a outrem. Não comunicam o uso concomitante de álcool e outras drogas e trocam de médico e/ou serviço quando querem mudar o esquema de anti-retrovirais. Os profissionais de saúde verificam a ingestão de remédios com base no relato dos pacientes (sobra de comprimidos) e na percepção pessoal. Não há política padronizada para orientação sobre efeitos colaterais, saúde sexual e reprodutiva, profilaxia da tuberculose. Os não-médicos e os médicos não-infectologistas apresentam conhecimentos técnicos falhos e pouco atualizados sobre: interações medicamentosas, genotipagem, sub-tipos de HIV, resistência e falência medicamentosa, tuberculose multidrogarresistente, solicitando informações e orientações dos médicos
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infectologistas (que mencionam a internet como fonte principal de atualização técnico-científica). Os quatro serviços de DST e Aids pesquisados não têm interação com o Programa de Tuberculose, nem com a área de saúde mental. Conclusões e recomendações. Os profissionais de saúde médicos e não-médicos necessitam de capacitações técnico-científicas em tuberculose e drogas (inclusive interações) para o desenvolvimento de estratégias individuais de facilitação da adesão entre esses pacientes. Elaboração de Planos Individuais de Adesão e eficiência na equipe multiprofissional. Recomenda-se ao Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids a elaboração de uma Política Nacional de Adesão que norteie as ações dos profissionais de saúde de todo o Sistema Único de Saúde, com especial atenção aos pacientes co-infectados e usuários de drogas. Descritores: Adesão, Saúde Pública, Tuberculose, Aids, Drogas. Optou-se pela omissão dos nomes das unidades por questões éticas. Fase em que se encontra: concluído Duração: 2004 – Abril/2006
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O preparo e a prática de profissionais de saúde de nível médio para o diagnóstico da Tuberculose Pulmonar Maria Cristina Mazzaia crisber24@terra.com.br Enfermeira pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo Mestre em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da Usp Doutora em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da Usp Tese de Doutorado - Faculdade de Saúde Pública da USP
Resumo: O Programa Nacional de Controle da Tuberculose preconiza que o diagnóstico e o controle de tratamento da tuberculose pulmonar esteja fundamentado no exame bacteriológico do escarro, e, para que este seja realizado de forma segura, é necessário a obtenção de uma boa amostra de escarro, que implica em uma colheita adequada. Conhecer o preparo e a prática de profissionais de saúde para o desenvolvimento de atividades que culminam na obtenção de uma boa amostra de escarro, foi o objetivo deste estudo. A investigação foi de natureza qualitativa sendo realizado um estudo de caso de serviços municipais de saúde da cidade de São Paulo. Para a coleta destes dados foram realizadas entrevistas com profissionais de saúde e usuários do PNCT além de observação da prática dos profissionais de saúde. Como resultado observou-se: maior participação da enfermagem nas solicitações de baciloscopias; diminuição do tempo de espera pelos resultados de baciloscopias; maior número de profissionais participando de treinamentos; desconhecimento dos profissionais de saúde sobre a importância da baciloscopia para o controle de tratamento da tuberculose; procedimentos orientados ao usuário não fundamentados dificultando compreensão e atendimento dos cuidados necessários; os aspectos relativos à relação que se estabelece com o usuário não é entendido como fundamental para o alcance dos objetivos do programa; as normas de biossegurança não estão incorporadas nos serviços de saúde; dos 27 serviços de saúde visitados 12 possuíam o manual de orientação para a colheita de amostras de escarro; usuários do PNCT apresentaram atitudes positivas em relação à colheita da amostra de escarro; identificou-se melhora no acondicionamento, transporte e qualidade da amostra porém ainda existem falhas no preenchimento das solicitações de baciloscopias. Conclui-se que os projetos educativos e materiais de consulta são fundamentais para a adequação e efetivação do PNCT nos serviços de saúde, sendo acrescidos por conteúdos sobre a importância da relação estabelecida entre usuário e profissional de saúde. Observou-se a necessidade do estabelecimento de um banco de dados sobre a capacitação profissional de recursos humanos, bem como a adoção de métodos não somente quantitativos para o acompanhamento e avaliação dos programas de saúde. Descritores: Tuberculose, projeto educativo, serviços de saúde, baciloscopia de escarro, biossegurança. Unidades Participantes: AE Vila Prudente, CR Nossa Senhora do Ó, CR Santo Amaro, SAE Campo Eliseos, SAE Cidade Lider, SAE Cidade Dutra e SAE Santana. Fase em que se encontra: Concluído Duração: 2000 – 2004 Apresentado, em forma oral, no III ENCONTRO DE TUBERCULOSE DA CIDADE DE SÃO PAULO
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Dissertação de Mestrado
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Qualidade de vida de indivíduos vivendo com HIV/AIDS no município de São Paulo Karine Azevedo São Leão Ferreira karileao@usp.br Enfermeira, Doutoranda Escola da Enfermagem da Universidade de São Paulo. Bolsista FAPESP Co-autoras: Miako Kimura, Renata Ferreira Takahashi, Anna Luiza F. P. L. Gryschek, Juliana Louton Soares, Kátia Cristina Bassichetto
Introdução: O número de pessoas vivendo com o HIV vem aumentando em todos os países. Em 2004, havia aproximadamente 37,2 milhões de adultos com HIV/AIDS no mundo e 2,6 milhões morreram devido à AIDS. No mesmo período, no Brasil havia aproximadamente 362.364 pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHA) e 160.834 morreram de AIDS. Com a introdução dos inibidores de protease e outras drogas anti-retrovirais (DA) vem ocorrendo uma melhora na saúde destes indivíduos e aumento da sobrevida. Neste cenário, a percepção das PVHA sobre sua qualidade de vida (QV) vem emergindo como um importante construto a ser considerado quando avaliando tratamentos e necessidades específicas destes indivíduos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a QV é a“percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive, em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e conceitos”.No Brasil, com a introdução do Programa Nacional de DST/AIDS e o fornecimento gratuito das DA observou-se um aumento da sobrevida das PVHA, o que suscitou questões referentes à QV destes indivíduos, visto que outros estudos demonstraram que o uso das DA resulta em melhora da QV e não apenas em aumento do tempo de sobrevida, mas alguns outros têm demonstrado piora da QV, principalmente devido a ocorrência de efeitos adversos. Desta forma, o presente estudo visou descrever a qualidade de vida das PVHA, comparando indivíduos HIV e AIDS e avaliar fatores associados à QV. Método: Foi realizado um estudo transversal em seis unidades de atendimento à PVHA. Foram incluídos 736 indivíduos, com idade igual ou superior à 18 anos, atendidos nestas unidades de 2002 a 2005. A amostra foi estimada por conglomerado unidade de atendimento-turno, considerando um desenho de efeito de 2,5 com 95% IC, sendo estimado 84 conglomerados que foram coletados aleatoriamente. Os dados sociodemográficos e clínicos foram colhidos a partir de entrevista com o indivíduo e consulta ao prontuário. A QV foi avaliada utilizando o instrumento da OMS, o WHOQOL-100, que consiste de 100 questões distribuídas em 24 facetas agrupadas em 6 domínios (físico, psicológico, ambiente, espiritualidade, relações pessoais e nível de independência) e uma faceta de qualidade de vida geral. Os escores dos domínios variam de 4 a 20, sendo que 20 indica melhor QV. Resultados: A idade média dos indivíduos foi 37,7 anos, estando igualmente distribuídos por sexo, sendo 51,9% mulheres e 46,7% homens. Em sua maioria eram católicos (48,8%/359), com renda mensal média inferior à R$ 626,66, escolaridade inferior ao ensino médio (55,6%/405) e viviam com o parceiro (61,1%), sendo destes em sua maioria, significativamente (p=0,002) mais indivíduos com AIDS (64,5%). Mais que um terço das PVHA estavam desempregadas (42,1/310), sendo que entre os com AIDS havia significativamente (p=0,02) maior percentual destes (43,6% versus 40,9%). O tempo médio desde o diagnóstico do HIV foi 53,85 meses (variando de 1-216). A contagem média de linfócitos CD4 foi 424,61 cel/ml (variando de 21-1994) e a carga viral média foi 134.241,56 (variando de 27-668.000,00), sendo que os com HIV tinham
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maior contagem de CD4+ que os com AIDS (p=0,02) e menor carga viral (p=0,001). Os melhores escores de QV foram observados nas dimensões espiritualidade (15,94), psicológica (14,28) e nível de independência (14,22). Os piores escores foram nos domínios ambiente (12,41) e no físico (13,25). Os indivíduos com AIDS apresentaram significativamente melhor QV que os com HIV no domínio físico (13,38 versus 12,84, p=0,04) e nas facetas sono e repouso (14,04 versus 13,09, p=0,01), dor e desconforto (11,56 versus 12,27, p=0,02) e acessibilidade aos cuidados de saúde e socias (14,74 versus 14,19, p=0,02). Os com HIV demonstraram melhor QV no domínio nível de independência (14,56 versus 14,11, p=0,05), especificamente na faceta dependência de medicamentos e cuidados de saúde (13,38 versus 11,57, p=0,001), na qual os com AIDS mostraram-se mais dependentes, tendo este aspecto influenciando negativamente a QV destes indivíduos. Os com HIV referiram melhor QV relacionada à capacidade para o trabalho (16,11 versus 15,48, p=0,005). Os fatores associados à baixa qualidade de vida geral foram: apresentar mais que dois sintomas decorrente do HIV (OR=1,84; IC95%=1,05-3,25), não uso de drogas anti-retrovirais (OR=2.70,IC95%=1,216,03), ter escolaridade inferior ao ensino médio (OR=1,90, IC95%=1,10-3,30) e ter carga viral superior à 100.000 cópias (OR=2,39, IC95%=1,15-4,98), ajustado por não ter renda mensal, presença da AIDS e contagem de linfócitos CD4 inferior à 499 células/ml. Conclusão: As áreas da vida das PVHA nas quais observou-se melhor QV foram na espiritualidade/crenças pessoais e na dimensão psicológica. De forma geral, os indivíduos com HIV não demonstram melhor QV geral que os com AIDS, não sendo a doença um fator independente associado à baixa qualidade de vida geral, mas sim um fator de ajuste de outros fatores. A qualidade de vida geral das PVHA foi influenciada por aspectos sociodemográficos, clínicos e pelo tratamento com drogas anti-retrovirais, sugerindo a importância do fornecimento gratuito destes fármacos para estes indivíduos que em sua maioria era de baixa renda ou sem renda, e este foi um aspecto de ajuste para os demais fatores, visto que os sem renda mostraram um maior risco para baixa QV geral que os com renda. Fase em que se encontra: Concluído Início: 2002 Apresentado nos seguintes eventos: 1. Congresso Internacional de Qualidade de Vida - ISOQOL’s 12th Annual Conference. San Francisco, CA. 19 - 22 de outubro de 2005 (formato oral) 2. XXII Jornada Sul-Rio-Grandense de Psiquiatria Dinâmica e II Encontro Ibero-americano de Qualidade de Vida. Porto Alegre. Rio Grande do Sul. 19 a 21 de agosto de 2004. (formato oral) 3. 11º SIICUSP - Simpósio de Iniciação Científica da USP, Universidade de São Paulo-USP/ CNPq. Ribeirão Preto, novembro 2004. (formato oral) 4. IX Congresso Paulista de Saúde Pública: Saúde e Desenvolvimento. Santos, 22 a 26 de outubro de 2005. (formato: pôster dialogado) Prêmios: 1. Menção Honrosa de melhor trabalho na área de Saúde Pública do 11º SIICUSP - Simpósio de Iniciação Científica da USP, Universidade de São Paulo-USP/CNPq. Ribeirão Preto, novembro 2004. 2. IX Congresso Paulista de Saúde Pública: Saúde e Desenvolvimento. Santos, 22 a 26 de outubro de 2005.
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Análise dos conflitos do paciente com o Vírus da Imunodeficiência Humana no início do Século XXI Dayane Braga de Souza Duarte Enfermeira Graduada - Cursando Especialização em Saúde Coletiva com Atuação no Programa de Saúde da Família Co-autora: Profª. Drª. Dirce Encarnacion Tavares (orientadora) - Curso de Enfermagem do Centro Universitário Adventista de São Paulo – UNASP-SP
Resumo: Este trabalho teve como principais objetivos avaliar se os conflitos pessoais, preconceitos e discriminações relatados em estudos apresentados nos anos 80 pelos primeiros pacientes de AIDS continuam válidos hoje, e de que forma o tratamento da doença e o estado de espírito dos portadores desta doença se alterou em relação ao início da epidemia da AIDS. Para tal, foram entrevistadas pessoas vivendo com HIV/AIDS que freqüentam um Serviço de Assistência e Especialidades em DST/AIDS do município de São Paulo. A coleta de dados foi feita através de entrevistas individuais, onde cada paciente pode relatar sua reação frente ao diagnóstico, seus conflitos pessoais e se recebiam tratamento adequado. Em relação ao preconceito, foi avaliado se estas pessoas presenciavam este problema por parte da família, de profissionais da área de saúde, de amigos e de outras pessoas. Os dados obtidos nestas entrevistas foram comparados com relatos históricos e publicações sobre o tema. Neste estudo, verificou-se que os conflitos pessoais, tais como discriminação por parte da sociedade e a primeira reação ao, receber o diagnóstico, sofreram poucas mudanças, mas a situação geral das pessoas vivendo com HIV/AIDS melhorou bastante, recebendo amplo apoio das famílias na maioria dos casos, total apoio e cooperação dos profissionais da área de saúde envolvidos e o tratamento medicamentoso é muito próximo do ideal, com disponibilização gratuita de toda medicação necessária e com acompanhamento especializado. Observou-se, de modo geral, que nos dias atuais as pessoas vivendo com HIV/AIDS vivem com menos conflitos que os casos relatados no início da epidemia, mas infelizmente ainda existem relatos de preconceitos sofridos por estas pessoas, mostrando que este foi o índice que menos evoluiu. Introdução: O século XX foi marcado pelo aparecimento de inúmeras moléstias infecciosas e epidemias, mas foi em 1980 que se registrou nos Estados Unidos o primeiro caso da doença que é considerada “a epidemia do século XX”,a AIDS (BALANDIER, 1997, p. 201). Alguns dos problemas encontrados pelas primeiras pessoas vivendo com o HIV/AIDS (PVHA), nas décadas de 80 e 90, foram: • Pouco conhecimento da medicina sobre a doença (BONTEMPO, 1986, p. 18). • Discriminação pelos profissionais da área da saúde (CAMARGO, 1994, p. 36-40; DANIEL & PARKER, 1994, p. 21-23), • Alto custo e a falta de medicações adequadas para o tratamento (PARKER, 1994, p. 38), • Discriminação devida uma visão quase mística e distorcida da doença,“a besta destruidora”, (BALANDIER, 1997, p. 201-202),“praga gay” (DANIEL & PARKER, 1991, p. 17), • Péssima qualidade de vida imposta pelo governo e pela sociedade (CAMARGO, 1994, p.37-40; DANIEL & PARKER, 1991, p. 22 e 23).
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Este trabalho analisou se estes problemas persistem nos dias atuais, verificando quais deles ainda são válidos hoje e quais já foram resolvidos ou amenizados. Esta verificação foi através de uma pesquisa de campo e posterior análise dos resultados encontrados com relatos de pessoas vivendo com HIV/AIDS da década de 80 e 90. Objetivos: • Analisar a reação dos portadores do HIV frente ao seu diagnóstico, se recebem tratamento adequado, e se os conflitos pessoais, relatados em épocas passadas, permanecem em pleno século XXI. • Verificar se estes ainda enfrentam ou presenciam problemas relativos a preconceitos sociais por parte da família, de profissionais da área de saúde, de amigos e de outras pessoas. Metodologia: • Classificação: Pesquisa exploratória e qualitativa • Local: Serviço de Assistência e Especialidades (SAE) DST / AIDS do Jd. Mitsutani, unidade de referência na assistência a PVHA. • Amostra: 5 pessoas do sexo masculino e 5 pessoas do sexo feminino, todas com idade superior a 20 anos. • Instrumento de coleta de dados: Questionário aberto, preenchido mediante o consentimento do pesquisado. • Procedimentos: Aprovações da Área Técnica de DST/AIDS, do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo e do Serviço de Assistência e Especialidades (SAE) DST/AIDS do Jd. Mitsutani. O contato da pesquisadora, juntamente com a orientadora, com cada paciente foi no SAE por meio de funcionário da unidade. • Análise dos dados: comparativo entre as respostas obtidas e relatos das décadas de 80 e 90. Para um trabalho de abrangência mais ampla, esta pesquisa deveria se estender a pacientes terminais, pacientes internados em hospitais, e pacientes que não recebem tratamento, ou que recebem de forma precária, como se verifica em regiões mais carentes e de difícil acesso do país. Em relação aos dados obtidos, sabe-se também que para se ter um conjunto de dados que refletisse melhor a realidade com menor possibilidade de erro seriam necessárias entrevistas em outros Serviços de Assistência e Especialidades DST/AIDS. Resultados: • Reação dos portadores do HIV frente ao seu diagnóstico: Como relatado em outras décadas, esse quadro não sofreu grandes mudanças. • Conflitos pessoais: As pessoas que buscam ajuda especializada e recebem apoio da família, se sentem mais seguras. • Preconceitos por parte da família: Houve apenas um relato direto, a maioria disse que a família os apoia. Notou-se uma grande mudança neste ítem. • Preconceitos de profissionais da área de saúde: Todos relataram serem bem atendidos e não sofrerem preconceito por parte destes. Foi a maior mudança constatada. • Preconceitos de amigos e outros: Apenas dois entrevistados relataram ter sofrido este tipo de preconceito, apesar de muitos não relataram seu diagnóstico temendo o preconceito. • Tratamento Medicamentoso: Todos os entrevistados relataram estar recebendo tratamento medicamentoso adequado no próprio SAE. Conclusão: Os conflitos pessoais relatados nas entrevistas feitas para este trabalho são muito menores que
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os relatados pelos primeiros pacientes de HIV/AIDS, mostrando maior aceitação da doença e menos preconceito dentro da família, uma atenção quase ideal dos profissionais da área da saúde e acesso gratuito a medicação. Mostra, entretanto, que o preconceito continua existindo, e que apesar das inúmeras campanhas de esclarecimento junto à população, o preconceito continua fortemente presente. Unidades Participantes: SAE Mitsutani Fase em que se encontra: Concluído Duração: Meados de 2002 a Maio de 2005 Apresentados, resultados finais, na forma de pôster dialogado, em Trabalho de Conclusão do Curso de Enfermagem no UNASP-SP
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A percepção da puérpera portadora de HIV sobre sua condição de mãe Éderson Lino Domingues ederlino@hotmail.com Enfermeiro - UNICSUL - Universidade Cruzeiro do Sul Co-autores: ProfªDrª em Enfermagem - Maria Cristina Mazzaia (orientadora),Janeicleide da Almeida, Renata Barbosa S. Baptista, Douglas de Siqueira Lima
Resumo: Introdução: A pandemia de HIV/AIDS no ano 2000 contava com 36,1 milhões de pessoas portadoras sendo a maioria mulheres de países em desenvolvimento, fato este que contribuiu para o aumento da transmissão vertical do HIV. No Brasil, os casos de transmissão vertical passou de 56,1% de 1980 a 1990 para 91,3% em 2002. No período de 90 a 2000 registrou-se 5736 crianças com HIV por transmissão vertical, fato este que onera a situação da mãe. Objetivo: conhecer a percepção de puérperas portadoras do HIV sobre sua condição de mãe. Metodologia: Pesquisa de campo, exploratória em que foram entrevistadas, com 5 questões abertas e respeitando-se preceitos éticos, puérperas portadoras do HIV de um serviço público de saúde, referência para HIV/AIDS no município de São Paulo. Resultados: Foram entrevistadas 5 mulheres entre 24 e 37 anos, alfabetizadas, casadas ou em união estável. Apenas uma entrevistada referiu que o parceiro era portador do HIV enfatizando carga viral do mesmo ser “bem menor” que a dela. As entrevistadas possuíam mais de um filho, desempregadas ou sem experiência profissional. Receberam o diagnóstico de HIV positivo no pré-natal ou no nascimento do primeiro filho. Queixavam-se de dificuldades econômicas e sociais. Uma das entrevistadas coletava lixo reciclável para sobreviver. Referiram crise e revolta no momento do diagnóstico e após aceitação e fé, considerando a maternidade. O medo foi citado quando referiram-se ao caminho percorrido como portadora do HIV, principalmente medo do preconceito em relação aos filhos. A infecção pelo HIV é percebida como secundária dada a premência das necessidades econômicas e sociais, ou seja de sobrevivência. Apesar de orientadas e conhecedoras dos riscos expõem-se ao aumento da carga viral em decorrência da gestação, com anuência dos parceiros e, conhecem o risco de contaminação do filho nascido. Com o uso dos medicamentos acreditam-se saudáveis e em alguns momentos acreditam estarem libertando-se do HIV. Observou-se também planos de futuro com filhos e netos. Considerações: Orientações quanto à exposição e estresse orgânico na gestação e a relação com o aumento do risco da transmissão vertical e aumento da carga viral necessitam ser enfatizados na assistência às mulheres portadoras do HIV/AIDS, considerando as possibilidades de futuro dos filhos e a manutenção da capacidade de cuidados e acompanhamento dos mesmos. Unidades Participantes: SAE Fidélis Ribeiro Fase em que se encontra: Concluído Início: Outubro/2005
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Percepção do portador de HIV/Aids quanto à confidencialidade e à privacidade em instituições de saúde Maria Cristina Komatsu Braga Massarollo massaro@usp.br Enfermeira – Formada pela Escola de Enfermagem- USP Co-autora: Eliane Vitorelli
Resumo: A violação dos princípios éticos de privacidade e confidencialidade das informações compromete o estabelecimento da confiança necessária nas relações sociais e na existência de um trabalho de qualidade nas instituições de saúde. Faz-se necessário, por esse motivo, estabelecer regras que potencializem a autonomia dos portadores de HIV/Aids, pois esses estão sujeitos ao estigma e ao preconceito da sociedade. O objetivo do estudo foi conhecer a percepção do portador HIV/Aids quanto à confidencialidade e à privacidade em instituições de saúde. Realizou-se, para tanto, um estudo exploratório, descritivo e de abordagem qualitativa. Participaram do estudo oito pacientes atendidos em uma instituição pública, especializada em DST/Aids, do Município de São Paulo. Após autorização da instituição e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, os depoimentos foram obtidos através de entrevistas e feita análise de conteúdo. Emergiram seis categorias: o atendimento em instituições de saúde, englobando a qualidade do atendimento, a não discriminação, o preconceito e a afetividade na relação com os profissionais de saúde; o (des)respeito ao direito de confidencialidade e privacidade, abrangendo o respeito, o desrespeito e a incerteza quanto ao respeito aos direitos pelos profissionais de saúde; a importância ao respeito à privacidade e à confidencialidade, evidenciando a necessidade desse respeito na relação profissional de saúde-paciente; a vulnerabilidade decorrente da condição sócio-cultural, fazendo com que o paciente delegue ao familiar o posicionamento frente ao questionamento feito; o isolamento social que o portador busca como forma de proteção contra o preconceito e a discriminação; e o direito do outro em detrimento da própria privacidade e confidencialidade, a fim de garantir um benefício maior, como a proteção da vida de outra pessoa ou a saúde da coletividade. Finalizando, o respeito aos princípios de privacidade e de confidencialidade é percebido pelos pacientes portadores de HIV/Aids como um aspecto desejável e necessário na relação com os profissionais de saúde e, em geral, presente na assistência recebida. Unidades Participantes: SAE Butantã Fase em que se encontra: Concluída. Artigo científico em elaboração. Início: Coleta de dados a partir de agosto/2005.
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O conhecimento e a adoção de medidas preventivas pelos profissionais do sexo em um centro de prevenção e assistência de DST/Aids do Município de São Paulo frente as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) Gisele dos Santos Barros; Maria Lúcia Roncolatto Olivito nyckinha@ig.com.br; malu.olivito@ig.com.br Alunas do 8º Semestre de Graduação em Enfermagem Centro Universitário São Camilo Co-autora: Profª Drª. Norma Etsuko Okamoto Noguchi (Docente e Enfermeira do SAE DST/AIDS SANTANA) normaeon@hotmail.com
Resumo: Introdução: Os profissionais do sexo têm como identidade social a condição desviante de regras e normas estipuladas pela sociedade. A construção desta identidade e do preconceito decorreu, juntamente, com os sucessivos fatos históricos nos quais os profissionais do sexo foram responsabilizados pela disseminação de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), principalmente após o surgimento da aids, potencializando o estigma da prostituição. Objetivos: Caracterizar os profissionais do sexo matriculados no CPA DST/AIDS Lapa Verificar o conhecimento e a adoção de medidas preventivas às DSTs antes e após a aproximação em um serviço de saúde especializado em DST/Aids no município de São Paulo. Metodologia: Trata-se de um estudo exploratório, quantitativo na qual participaram 50 profissionais de ambos os sexos, matriculados em um Centro de Prevenção e Assistência (CPA) de DST/AIDS localizado na região oeste do município de São Paulo. Para a obtenção de dados foram realizadas entrevistas individuais na qual continham informações quanto às questões sócioeconômicas, de conhecimento, comportamento e prevenção frente as DST/ AIDS. Resultados: As características dos profissionais do sexo (PS) que fazem o acompanhamento no Centro de Prevenção e Assistência em DST/Aids são na sua maioria jovens ou adultos jovens e nota-se a participação de uma pequena parcela de profissionais na faixa etária acima dos 45 anos. São oriundos principalmente da região sudeste e apresentam um bom nível de escolaridade, ou seja, 48% dos PS atingiram o ensino médio e não houve registro de analfabetos. Em relação às doenças de maior prevalência estão o HIV/Aids, a gonorréia e a sífilis perfazendo respectivamente 12%, 16% e 12%. Os PS demonstraram ter um bom conhecimento com relação às formas de transmissão e de prevenção das DSTs, porém quando questionados quanto ao uso de preservativos em todas as relações, mesmo após a aproximação do serviço de saúde, 18,4% revelaram não adotarem esta prática em todas as relações.Quanto ao tipo de preservativo utilizado, a maioria desta população demonstrou preferência com relação ao uso do
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preservativo masculino. O sexo oral demonstrou ser a prática sexual onde menos se utiliza o preservativo, apesar de reconhecerem que esta prática também permite a transmissão de HIV/AIDS. Considerações finais: Apesar da ampliação dos conhecimentos quanto às formas de transmissão e prevenção das DSTs, após a aproximação do serviço de saúde, nota-se que apesar do conhecimento ser um componente fundamental para que haja mudanças de atitudes ou comportamentos ainda não é decisivo na efetiva adoção de medidas preventivas, sendo necessário desenvolver estratégias que promovam o reconhecimento de suas vulnerabilidades. Existe uma lacuna entre o conhecimento e a mudança de comportamento frente às DSTs, o que vem a reforçar a importância da manutenção e ampliação das atividades desenvolvidas destes serviços de saúde em parceria com esta população. Unidades Participantes: CPA DST/AIDS LAPA Fase em que se encontra: Concluído Início: 2003 Apresentado, resultados finais, em forma de pôster no IX CONGRESSO PAULISTA DE SAÚDE PÚBLICA
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O Profissional de Enfermagem e os programas/atividades voltados aos Adolescentes nas Unidades de Saúde Especializadas no Atendimento às DST/Aids Vanessa Naomi Oshiro vannoshiro_monografia@yahoo.com.br Enfermeira Graduada pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo Co-autora: Profª Drª Regina Toshie Takahashi Departamento de Orientação Profissional da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo
Resumo: Introdução: As ações de saúde voltadas aos adolescentes, principalmente às relacionadas à saúde sexual, são tidas como uma das principais estratégias para o controle da epidemia de aids e à prevenção da gravidez precoce, devido a ser esta a fase de intensas mudanças e experimentações, e o período em que ocorre a construção dos comportamentos que regerão a vida adulta. Os profissionais de saúde possuem grande importância nestas ações, pois sua postura é o que determinará o favorecimento de aprendizagem voltada a prevenção significativa, a qual transcende o simples repasse de informações. Desta forma, buscou-se investigar os programas/atividades voltados aos adolescentes nas Unidades de Saúde Especializadas no atendimento às DST/aids, considerando ser de grande importância conhecermos como estão sendo realizadas as orientações sexuais para os adolescentes, quais os instrumentos utilizados, quais os profissionais envolvidos e, principalmente, o envolvimento dos profissionais de enfermagem e quais objetivos se buscam alcançar nestas orientações. Objetivos: • Identificar e conhecer os programas/atividades desenvolvidos nas Unidades de Saúde Especializadas no Atendimento às DST/aids voltados para o grupo dos adolescentes; • Identificar o papel dos Profissionais de Enfermagem destas Unidades no desenvolvimento de tais programas/atividades; Metodologia: A pesquisa realizada foi do tipo quantitativa exploratória. Foi aplicado questionário contendo perguntas abertas e fechadas, que investigavam a estruturação dos programas/ atividades voltados aos adolescentes e a participação do(a) enfermeiro(a) nestas. Resultados e Discussão: Das 24 Unidades de Saúde Especializadas no atendimento às DST/aids - 9 Centros de Testagem e Aconselhamento (CTAs) , 10 Serviços de Assistência Especializado (SAEs), 3 Centros de Referência (CRs), 2 Ambulatórios de Especialidades (AEs) : • não foi possível obter informações de 3 unidades (1 CR e 2 CTA) , pois não conseguimos entrar em contato com estas.
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• 3 Unidades (1CTA, 1 CR e 1 AE), não realizavam programa/atividade voltado aos adolescentes ou estes estavam desativados. • Em 1 das unidades (1CTA), o programa/atividade estava em projeto. • Em 5 Unidades (4 SAE e 1 AE), o programa/atividade não era específico para o grupo de adolescentes ou ocorriam eventualmente. • Outras 10 (3 CTAs, 6 SAEs e 1 CR) desenvolviam este programa/atividade, porém sem a participação do(a) enfermeiro(a). • Apenas 2 CTAs realizavam programa/atividade voltado aos adolescentes com a participação de Enfermeiro(a). Caracterizamos como “Participação de enfermeira (o)” quando este profissional declarava compor a equipe que realizava as atividades de prevenção em DST/ aids voltados aos adolescentes, excluindo-se as atividades de caráter complementar (consultas individuais, aconselhamento pós-testagem não específico ao grupo de adolescentes). O programa referido pelas enfermeiras nas unidades em que foi feita a coleta de dados foi o Projeto Plantão Jovem, da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo (SMS-SP). Além de dar orientações aos jovens, este programa visa a capacitação de adolescentes da comunidade para que estes possam atuar nas práticas preventivas e na divulgação da saúde como direito social nas diversas regiões da cidade de São Paulo. Desta forma, “os agentes jovens levam outros jovens a refletirem sobre o conhecimento que já possuem e a adquirir novas informações para que possam, a partir dessa bagagem, tomar decisões seguras para suas vidas e para a vida de seus parceiros, com consciência e responsabilidade” (SMS-SP). Conclusão: Após a análise dos dados, concluímos que poucas são as unidades de saúde especializadas no atendimento às DST/aids que realizam programas/atividades de prevenção voltados aos adolescentes. Das 24 unidades, 12 realizavam estes programas de maneira sistemática, e destas apenas 2 contavam com a participação de enfermeiros. Além disso, apesar da presença de outros profissionais da área de saúde nas unidades, observamos somente educadores de saúde e psicólogos atuando nas orientações, comprometendo o atendimento integral à saúde do adolescente. Essas atividades citadas fazem parte do Projeto Plantão Jovem, sendo este um programa da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, cujo objetivo é a capacitação de adolescentes como multiplicadores de saúde, além da orientação destes. Nas unidades em que os dados foram coletados, apesar do programa ser o mesmo e requerer as mesmas orientações, as atividades do Projeto Plantão Jovem são desenvolvidas de maneira diferente, bem como a participação do enfermeiro. A pouca participação dos enfermeiros nos programas/atividades voltados aos adolescentes estaria em desacordo com o artigo 11 da Lei do Exercício Profissional de Enfermagem (Lei 7.498, de 25 de Junho de 1986), em que se afirma caber ao Enfermeiro, como integrante da equipe de saúde, a participação no planejamento, execução e avaliação da programação de Saúde, e a educação visando a melhoria de Saúde da População. Ainda segundo esta lei, a participação de outros membros da equipe de enfermagem nas ações de saúde implica em obrigatoriedade da participação do enfermeiro nas atividades de supervisão. Referencia Bibliográfica: • Brasil. Ministério do Trabalho e Emprego. Lei no 7.948 de 25 de Junho de 1986 (Dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfermagem e dá outras providências). • Prefeitura do Município de São Paulo. Secretaria Municipal de Saúde [online] http://portal.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/saude
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Unidades Participantes: CTA Henfil, SAE Butantã, SAE Campos Elíseos, CPA Lapa, CTA Cidade Tiradentes, CTA Dr. Sérgio Arouca, CTA São Mateus, CTA São Miguel, CTA Vila Chabilândia, SAE Cidade Líder II, SAE Fidélis Ribeiro, CR Nossa Senhora do Ó, CTA Pirituba, SAE Marcos Lottemberg – Santana, AE Dr Alexandre Kalil Yazbeck (Ceci), AE Vila Prudente, CR Penha, SAE Herbert de Souza - Betinho – Sapopemba,SAE Jose Francisco de Araujo – Ipiranga, CR Santo Amaro, CTA Parque Ipê, CTA Santo Amaro, SAE Cidade Dutra,SAE Jardim Mitsutani Fase em que se encontra: Concluído
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Estudo de prevalências e freqüências relativas das DST no Brasil Fabio Moherdaui fabiomoh@aids.gov.br Medicina, Faculdade de Ciências Médicas, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 1977/82. Residência Medicina Social, Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo, 1982/83. Pós-graduação Saúde Pública, Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, 1983/84. Pós-graduação Vigilância Epidemiológica das Doenças Transmissíveis, Universidade de São Paulo, Brasil, 1984. Pós-graduação Epidemiologia Geral, Centers for Disease Control (CDC), Atlanta-GA, USA, 1990 Co-autores: Cláudia Herlt, GTZ-Brasil Rodrigo Rodrigues, Núcleo de Doenças Infecciosas - UFES Maria Goretti Bandeira, Fundação Alfredo da Matta Adele Benzaken, Fundação Alfredo da Matta Letícia Nolde, Centro de Estudos em DST e Aids do Rio Grande do Sul Isolina Rios, Núcleo de Pesquisa da Universidade Católica de Goiás Elisabete Onaga, Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo Luiza Cromack, Secretaria da Saúde do Estado do Rio de Janeiro Telma Martins, Secretaria da Saúde do Estado do Ceará
Resumo: Objetivos Gerais . Prover informações para uma linha de base sobre a distribuição das principais DST e dar subsídios para a implantação de um futuro sistema de monitoramento e para o planejamento de ações de intervenção. • Introduzir novos métodos e capacitar laboratórios de saúde publica e serviços que sejam referência para a rede na utilização de testes para DST baseados em técnicas moleculares. • Introduzir e disseminar nos serviços de saúde a utilização de novos testes não treponêmicos para sífilis. • Revalidar o método de manejo sindrômico das DST por meio da determinação da sensibilidade e valor preditivo positivo dos fluxogramas desenvolvidos e já validados. Específicos • Determinar, em gestantes, a prevalência de sífilis, gonorréia, clamídia, tricomoníase, hepatites B e C, herpes simples 2, HPV, HIV. Identificar os fatores de risco para aquisição das diferentes DST nesta população. • Determinar, em industriários do sexo masculino, a prevalência de sífilis, gonorréia, clamídia, tricomoníase, hepatites B e C e herpes simples 2. Identificar os fatores de risco para aquisição das diferentes DST nesta população. • Determinar, em homens e mulheres com sintomas e/ou sinais de DST, as prevalências de HIV, sífilis, gonorréia, clamídia, tricomoníase, herpes simples 2, HPV, hepatites B e C. Identificar os fatores de risco para aquisição das diferentes DST nesta população. • Determinar, em homens e mulheres com sintomas e/ou sinais de DST, nas respectivas síndromes, as freqüências relativas de gonorréia, clamídia, sífilis, herpes simples, cancro mole, tricomoníase, vaginose bacteriana, candidíase e os principais subtipos de HPV de alto e baixo risco de câncer. Material e métodos: Este foi um estudo de corte transversal, com componentes descritivos e analíticos. Uma vez que
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se pretendia obter informação com características de validade para todo o país e para facilitar a obtenção de uma amostra suficiente, optou-se por um estudo multicêntrico a ser executado em 6 capitais de estados representativos das macrorregiões do país. Área de Intervenção geográfica: Regiões metropolitanas das seguintes cidades: São Paulo e Rio de Janeiro (Sudeste), Porto Alegre (Sul), Goiânia (Centro-Oeste), Fortaleza (Nordeste) e Manaus (Norte). População-Alvo: • Gestantes, em primeira consulta pré-natal, independentemente da idade e período gestacional, que não tenham sido tratadas com antibióticos, ou feito uso de qualquer substância química intravaginal nos 15 dias anteriores à consulta. N = 3.600 (600 por cidade), para uma prevalência estimada de 2,5% para a infecção menos freqüente, com erro aceitável de 0,5%, intervalo de confiança de 95%. • Industriários, do sexo masculino, das linhas de produção de micro e pequenas indústrias (até no máximo 99 empregados) dos seguintes setores da indústria de transformação: metalúrgicas, têxteis, calçadistas, eletro/eletrônicas, alimentícias, bebidas e gráficas, que sejam sexualmente ativos, que não tenham sido ingerido antibióticos nos 15 dias anteriores à coleta. N = 3.600 (600 por cidade), para uma prevalência estimada de 2,5% para a infecção menos freqüente, erro aceitável de 0,5%, intervalo de confiança de 95%. • Homens e mulheres com sintomas e/ou sinais de DST, de qualquer faixa etária, em primeira consulta para o problema atual, que não tenham recebido tratamento ou utilizado por conta própria qualquer antibiótico ou tratamento tópico nos 15 dias anteriores à consulta. Foram excluídos aqueles que conheciam sua soropositividade para o HIV • Homens com sintomas de uretrite: n = 600 (100 por cidade), para uma prevalência esperada de 15% para a infecção menos freqüente, erro aceitável de 3%, intervalo de confiança de 95%. • Homens e mulheres com ulceração genital: n = 720 (no máximo 100 homens e, no mínimo, 20 mulheres por cidade), para uma prevalência esperada de 20% para a infecção menos freqüente, erro aceitável de 3%, intervalo de confiança de 95%. • Mulheres com corrimento vaginal: n = 2.520 (420 por cidade), para uma prevalência esperada de 7% para a infecção menos freqüente, erro aceitável de 1%, intervalo de confiança de 95%. • homens e mulheres com verrugas anogenitais: n = 720 (60 homens e 60 mulheres por cidade), para uma prevalência esperada de 20% para a infecção menos freqüente (subtipos de alto risco), erro aceitável de 3%, intervalo de confiança de 95%. Resultados: Industriários Nesta população, de um total previsto de 3.600 homens trabalhadores na indústria, a amostra alcançada até 31/01/05, foi de 2.814 (78%). A seguir serão apresentadas as variáveis demográficas: a média de idade da população pesquisada foi de 33,6 anos, com mediana de 32, moda de 23, idade mínima de 12 e máxima de 55, segundo os limites estabelecidos como critérios de inclusão; 69,3% dos casos têm menos de 40 anos, havendo uma concentração na faixa dos 30 aos 39. Variáveis comportamentais que poderão posteriormente ser relacionadas entre si e também principalmente com as prevalências das infecções encontradas. A primeira diz respeito à idade na primeira relação sexual, que corresponde ao padrão da população brasileira masculina, ou seja, média de início da atividade sexual aos 15,6 anos, mediana e moda de 16. Na seguinte tabela, que contém as faixas etárias correspondentes, evidencia-se que 47,2% dos participantes tiveram sua primeira relação sexual com 15 anos ou menos. Em relação a algumas das variáveis compor-
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tamentais, do total de participantes neste grupo, 34 industriários (1,2%) declararam ter mantido relações sexuais nos últimos 12 meses apenas com homens e 9 (0,3%) com homens e mulheres. Declararam ter tido múltiplas parceiras mulheres (mais de uma nos últimos 12 meses) 1.072 (38%), dos quais 736 (71.3%) declararam usar sempre preservativos em todas as relações sexuais com parceiras eventuais. Dos 30.5% (847 entre 2.774) que praticam sexo anal com mulheres, 40.6% (344 entre 847) declararam usar preservativos em todas as penetrações. Dos 43 que declararam ter tido relações sexuais com homens, apenas 21 (48,8%) usam preservativo em todas as penetrações. Segundo o informado nos questionários, 862 (31,2%) declararam já ter tido nos órgãos genitais, alguma vez na vida, sinais/sintomas relacionados a infecções de transmissão sexual (ITS), como corrimento, verruga, ferida ou vesículas, embora não soubessem necessariamente que poderia ser uma DST. No momento da entrevista, 83 (3%) declararam estar com algum desses sinais/sintomas e, de acordo com o protocolo, estes foram imediatamente encaminhados para um dos serviços de referência do estudo. Ao serem questionados se a parceira única ou alguma das eventuais tinha apresentado sinais/sintomas relacionados a ITS, excluídos os corrimentos, muito comuns em mulheres e, na maioria das vezes não patológicos, 85 (3.6%) responderam afirmativamente. Em relação ao uso de drogas ilícitas injetáveis, 28 (1%) declararam já ter feito uso alguma vez na vida, e 65 (2.9%) declararam que alguma das parceiras sexuais o fez. Destes, 9 (32% dos 28 UDI) fizeram uso junto com a parceira UDI. Nenhum se declarou sabidamente portador do HIV, porém 10 (0,4%) declararam que tinham parceiras portadoras. As prevalências (em %) das ITS investigadas são apresentadas a seguir: SÍFILIS (ELISA / RPR / VDRL): 2,2%, HERPES GENITAL (ELISA anti-HSV2): 12,5%; HEPATITE C (anti-HCV): 0,6%; HEPATITE B (HbsAg / anti-HbcIgM / anti-HBs): 0,9%; GONORRÉIA (PCR): 0,9%; CLAMÍDIA (PCR): 3,5% Gestantes Nesta população, de um total previsto de 3.600 gestantes a serem investigadas, a amostra alcançada foi de 3.433 (95,4%). A seguir serão apresentadas as variáveis demográficas: a média de idade da população pesquisada foi de 23,8 anos, com mediana de 23, moda de 17, idade mínima de 11 e máxima de 47. Quanto ao agrupamento das participantes por faixa etária, 58.1% dos casos têm menos de 25 anos, havendo uma concentração na faixa dos 13 aos 19. A seguir serão apresentadas algumas variáveis comportamentais que poderão posteriormente ser relacionadas entre si e também principalmente com as prevalências das infecções encontradas. A primeira diz respeito à idade na primeira relação sexual, que corresponde ao padrão da população brasileira feminina, ou seja, média de início da atividade sexual aos 16,5 anos, mediana de 16 e moda de 16. Na seguinte tabela, que contém as faixas etárias correspondentes, evidencia-se que 42,8% dos participantes tiveram sua primeira relação sexual com 15 anos ou menos. Do total de participantes neste grupo, 552 (16,1%) declararam ter tido mais de um parceiro sexual nos últimos 12 meses, das quais 232 (42%) declararam usar preservativos em todas as relações sexuais com parceiros eventuais. Das 689 que praticam sexo anal, 190 (27,6%) declararam usar preservativos em todas as penetrações. Do total de gestantes entrevistadas, 422 (12.8%) declararam já ter tido nos órgãos genitais, alguma vez na vida, sinais/sintomas relacionados a infecções de transmissão sexual (ITS), como verrugas, feridas ou vesículas, embora não soubessem necessariamente que poderiam estar com uma DST. Desta análise foram excluídos os corrimentos, muito comuns em mulheres e, na maioria das vezes, não sexualmente transmissíveis. Ao serem questionadas se o parceiro único ou algum dos eventuais tinha apresentado sinais/sintomas relacionados a ITS, 353 (11.5%) responderam afirmati-
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vamente. Em relação ao uso de drogas ilícitas injetáveis, 50 (1.5%) declararam já ter feito uso alguma vez na vida, e 121 (4%) declararam que algum de seus parceiros sexuais o fez. Destas, 10 (20% das 50 UDI) fizeram uso junto com o parceiro UDI. Do total, 23 (0,9%) declararam que tinham parceiro portador do HIV. Embora um dos critérios de inclusão tenha sido a primeira consulta pré-natal para a gestação atual, 69,8% (986/3.259) das gestantes foram incluídas no estudo com mais de 3 meses de gestação. Prevalências Do total de gestantes estudadas, 2.406 (73%) apresentavam, ao exame clínico-ginecológico, algum tipo de corrimento, 180 (5,5%) apresentavam ulcerações genitais, 137 (4,2%) verrugas genitais, 90 (2,7%) vesículas genitais e 57 (1,7%) linfadenopatia. Devido às alterações hormonais que ocorrem no período gestacional, há um favorecimento ao desenvolvimento de vaginites e vaginoses. Na população estudada encontrou-se uma prevalência de 29,4% de candidíase (744 entre 2531) e 34,9% de vaginose bacteriana (1198 entre 3433), ambas confirmadas por provas laboratoriais. As prevalências (em %) das ITS investigadas são apresentadas a seguir: SÍFILIS (ELISA / RPR / VDRL): 1,9%; HERPES GENITAL (ELISA anti-HSV2): 22,7%; HEPATITE C (ELISA anti-HCV): 0,6%; HEPATITE B (HbsAg / anti-HbcIgM / anti-HBs): 0,5%; HIV (ELISA / WESTERN-BLOT): 0,5%; GONORRÉIA (Captura Híbrida): 1,5%; CLAMÍDIA (Captura Híbrida): 9,3%; HPV ALTO E MÉDIO RISCO (Captura Híbrida): 33,4%; HPV BAIXO RISCO (Captura Híbrida): 17,4% Unidades Participantes: SAE Campo Elíseos, AE Penha Fase em que se encontra: em análise Iniciou: Agosto de 2004 Previsão de término: Maio de 2006
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Rede brasileira para vigilância de resistência a drogas anti-retrovirais (HIV-BResNet): um levantamento de indivíduos cronicamente infectados Amilcar Tanuri atanuri@biologia.ufrj.br Medico UFRJ PhD Genetica Viral UFRJ Pós Doutorado - CDC, NCID, Atlanta USA
Resumo Objetivo: Este trabalho teve como objetivo o estudo da prevalência de mutações de resistência a drogas do HIV e a distribuição de subtipos em pacientes virgens de tratamento no Brasil. Individuos assintomáticos e virgens de tratamento foram selecionados em 13 CTAs distribuídos em todas as regiões do país. Método: O RNA viral foi extraído do plasma de 535 indivíduos HIV-1 +. Os genes da protease e transcriptase reversa (RT) foram sequenciados para determinar o subtipo das amostras e a presença de mutações de resistência a drogas. Resultados: Oito amostras (2,24%) apresentaram mutações primárias que codificam resistência ao inibidores de protesase (PI), oito (2,34%) para resistência aos inibidores nucleosidicos a RT (NRTI), e sete (2,03%) apresentaram resistência aos inibidores não-nucleosídicos RT (NNRTI). Mutações acessórias foram muito freqüentes no gene da protease nas posições: L63P/ V/T/A/I [153/345 (44.3%)], M36I/L [149/345 (43.2%)], L10I/F/V [82/345 (23.8%)], V77I [60/345 (17.4%)], A71V/T [11/345 (3.2%)], K20M/R [10/345 (2.9%)], and V82 I [4/345 (1.2%)]. Mutações associadas a resistência aos NRTI e NNRTI (V118I, E44D, K219R, T69A, and V75L) apresentaram uma baixa prevalência (0.6-2.4%). Uma alta taxa de isolados do subtipo C foi encontrado na região sul do país (Rio Grande do Sul), e do subtipo F foi a principal variante não-B no resto do país. Conclusões: A prevalência de resistência primária no Brasil ainda é baixa apesar da presença de resistência nos indivíduos tratados. Contudo, as taxas de resistência primária aumentaram quando se compara as taxas de 1996 com as de 1998. É importante continuarmos a vigilância destas variantes resistentes ao longo do tempo. Dada a baixa taxa de resistência primária não é aconselhável o uso do teste em pacientes virgens de tratamento. Unidades Participantes: CTA Henfil e Laboratório CRT São Paulo Fase em que se encontra: Concluído Duração: Janeiro de 2002 a Janeiro de 2003
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Identificando possibilidades e limites do trabalho em rede para a redução da violência contra a mulher: estudo em três capitais brasileiras Ana Flávia Pires Lucas d´Oliveira aflolive@usp.br Doutora em Medicina Preventiva, Docente do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP Co-autoras: Lilia Blima Schraiber, Heloisa Hanada, Valeria Nanci da Silva
Resumo: A violência contra as mulheres é um problema complexo e seu enfrentamento necessita a composição de serviços de naturezas diversas, demandando um grande esforço de trabalho em rede. A integração entre os serviços dirigidos ao problema, entretanto, é difícil e pouco conhecida. Este projeto pretendeu analisar a trama de serviços voltados para o atendimento de mulheres em situação de violência nas cidade de São Paulo, Recife e Porto Alegre, descrevendo a vocação assistencial de cada serviço, seus fluxos e interconexões e identificando os elementos propiciadores e obstaculizadores do trabalho em rede integrada. Foi aplicado um roteiro de entrevistas para gerentes e funcionários de todos os serviços dirigidos a adolescentes e mulheres em situação de violência em cada uma das cidades estudadas para a caracterização dos serviços e de suas interconexões. Um dos resultados da investigação foi a publicação de um Guia de Serviços que apoie o uso efetivo e solidário da rede existente e sua maior integração; o outro resultado foi o diagnóstico dos entraves para a construção e funcionamento em rede, que será disponibilizado para funcionários, gerentes, movimento de mulheres e formuladores de políticas. Encontrou-se um número razoável de serviços voltados ao problema (127 em SP, 40 em POA, 31 em Recife) de diversas vocações assistenciais (policial, jurídico, saúde, psicossocial, abrigo e orientações básicas). Os serviços pertencem a setores assistenciais diversos e vinculações institucionais variadas (universidades, governamentais - municipal, estadual, federal- e não governamentais). Observou-se uma relação importante entre os serviços policiais e jurídicos; e entre a saúde e os serviços psicossociais. No entanto, os serviços de saúde e de justiça ainda referem muito pouco para fora de seu próprio setor. Também encontrou-se uma presença importante, na trama, de serviços voltados para a violência contra crianças, como o Conselho Tutelar. Treinamento e supervisão continuadas, além de uma maior institucionalização das políticas foram demandas freqüentes dos profissionais. Conclui-se que os serviços ainda não se constituem como rede: articulação das ações assistenciais e interação profissional na busca de um projeto assistencial comum, mas sim como trama: aglomerado justaposto de serviços voltados ao mesmo problema, que podem até possuir ações articuladas, mas sem consciência de suas conexões e sem construção de projeto assistencial comum construído pelo diálogo. A falta de políticas sustentadas, que não mudem a cada mudança administrativa, foi um dos fatores identificado como dificultador da constituição de rede. Unidades Participantes: AE Vila Prudente, SAE Ipiranga, SAE Mitsutani Fase em que se encontra: Em análise Duração: Maio 2005 a Março 2006 Apresentado os resultados parciais,em forma oral,no“Seminário Nacional Enfrentamento da violência contra as mulheres: um olhar crítico sobre desafios e perspectivas”,SENAP – Ministério da Justiça.
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Projeto VGDN - Viral Genetic Diversity Network (Rede de Diversidade Genética de Vírus) Fábio Mesquita labipiranga@prefeitura.sp.gov.br Doutorado em Saúde Pública - Universidade de São Paulo, USP, São Paulo, Brasil. Aperfeiçoamento em Visiting Scholar On The School Of Public Health. - University of California Berkeley, UCB, Estados Unidos. Especialização em Short Training On Research Skills On Aids - University Of California Berkeley, UCB, Estados Unidos. Bolsista do(a): Fogarty International Aids Training Nih Usa, FIAT, Estados Unidos. Especialização em Saúde Pública Universidade Católica de Santos, UNISANTOS, São Paulo, Brasil. Especialização em Medicina do Trabalho Faculdade de Ciências Médicas de Santos, FCMS, São Paulo, Brasil. Graduação em Medicina - Universidade Estadual de Londrina, UEL, Paraná, Brasil. Co-autoras: Maria Aparecida Daher, Herika Schmich Apoio: FAPESP - Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo
Introdução: Participação do Laboratório de Saúde Pública do Ipiranga da Secretaria Municipal da Saúde - São Paulo, na Rede de Laboratórios implantada para estudo de Diversidade Genética de Vírus com apoio da FAPESP - nº 2002-08471/8. Objetivo: Estruturação e Articulação de uma Rede de Laboratórios capaz de operar de maneira coordenada em situações epidêmicas de emergência, através do seqüenciamento de vírus, funcionará como uma Rede Multicêntrica e Multitarefa. Material e Método: Foram montados três grupos distintos, de acordo com a capacidade para desenvolver tarefas mais ou menos complexas (níveis I, II e III). Os grupos participantes não precisam trabalhar com o mesmo vírus concomitantemente e são encorajados a propor sua própria linha de pesquisa independente, afim de abranger uma gama de agentes, que estão sendo estudados pela rede. O Laboratório do Ipiranga, nível I, terá suas tarefas dirigidas exclusivamente para os Vírus HIV e HCV. Resultado: Foram coletadas cerca de 450 amostras em oito municípios do Estado de São Paulo, tendo sido quase todas seqüenciadas com sucesso. Conclusão: A tarefa do HIV foi concluída com sucesso e está em fase de análise de dados. A tarefa do HCV está em andamento, em fase de coleta de dados. Com a saída do pesquisador principal em janeiro de 2005, o Laboratório do Ipiranga foi desligado do grupo. Unidades Participantes: Laboratório Ipiranga Fase em que se encontra: Concluído Início: Janeiro/2002 Evento: Os resultados parciais foram apresentados em Dublin, em forma de pôster, na X Conferência Européia de AIDS (Novembro/2005)
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Fatores preditores de óbito entre adultos com AIDS no Município de São Paulo Maria Amélia de S. M. Veras maria.veras@gmail.com Médica Epidemiologista, Professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - Departamento de Medicina Social Co-autores: Denise P. Bergamaschi, Ione Aquemi Guibu, Kátia C. Bassichetto, Karina Braga Ribeiro, Manoel C.S.A Ribeiro, Margarida M.T.A. Lira, Maria Josefa Penon Rujula, Rita Barradas Barata
Introdução: No Brasil, as taxas de mortalidade por AIDS, ao lado de outros indicadores, têm sido utilizadas para avaliar o impacto de medidas de controle, tais como a ampla distribuição da terapia anti-retroviral. Os óbitos por AIDS no Município de São Paulo cresceram até 1995 entre homens, e até 1996 entre as mulheres. Nos anos que se seguem a tendência é de queda. Assim como no período de crescimento, a queda de óbitos também foi desigual segundo sexo. Considerando que as taxas de mortalidade, constituem indicadores epidemiológicos importantes, é importante que suas tendências sejam acompanhadas e, na medida do possível, que fatores preditores de óbito sejam identificados, no sentido de guiar uma intervenção, o mais precoce possível. Objetivos: • Identificar fatores preditores de óbito entre portadores de HIV/Aids • Comparar o comportamento da mortalidade entre os sexos • Identificar as diferenças no padrão de mortalidade entre diferentes regiões socio-econômicas no Município de São Paulo. Métodos: Desenho Estudo de caso-controle pareado por período de notificação e sexo População de estudo Portadores de HIV/Aids, com idade maior ou igual a 13 anos, cujas informações estejam presentes nos sistemas de informação de agravos de notificação (SINAN) e de mortalidade (SIM) Critérios de inclusão: Ser residente no Município de São Paulo Ter sido notificado como caso de aids antes do óbito Critérios de exclusão Intervalo menor que 30 dias entre a notificação e o óbito Definição de caso: Casos: óbitos por AIDS em pessoas com 13 anos ou mais, residentes no município de São Paulo, ocorridos no ano 2000. Controles: pessoas com AIDS, com idade maior ou igual a 13 anos, notificados no mesmo período, pareados por sexo.
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Procedimentos: A partir da listagem de óbitos do ano 2000, fornecida pelo Pro-AIM, foram sorteados aleatoriamente, um total de 600 óbitos (considerando que cerca de 30% dos casos não tivessem sido notificados antes do óbito). No intuito de verificar as diferenças entre os sexos e tendo em vista que o número de óbitos é maior entre os homens, a amostra foi composta por 50% de homens e 50% de mulheres. Junto às vigilâncias epidemiológicas dos programas estaduais e municipais foi verificada a notificação prévia. No local de ocorrência do óbito teve início a investigação, que inclui consulta e coleta de dados do prontuário médico, dos arquivos de fichas de notificação e das salas de vacinas (quando fosse o caso). Uma lista de potenciais controles foi elaborada a partir do banco de dados da Vigilância Epidemiológica do Programa Estadual de DST/Aids, dentre os pacientes notificados com aids, vivos até 31/10/2002 (data em que foram selecionados). Variáveis incluídas: serviço onde foi verificado o óbito, serviço de acompanhamento, local de moradia, demográficas, escolaridade, ocupação, categoria de transmissão, data de realização do primeiro teste anti-HIV, uso de anti-retrovirais: esquema quando do óbito, duração, esquema anterior, razão da mudança, co-infecções: HepB, HepC, TB, CD4, e carga viral, infecções oportunistas, outras DSTs, profilaxias, vacinas, diagnóstico no óbito. Análise Estatística: Foi realizada uma análise univariada dos potenciais fatores preditores de óbito, seguida de análise multivariada do tipo regressão logística condicional. Resultados selecionados: 278 pares de caso e controle foram incluídos, sendo 208 pessoas do sexo feminino e 348 do sexo masculino. Não houve diferença de escolaridade entre casos e controles. A maioria (63,3% da amostra) apresentava nível de escolaridade fundamental completo ou menos. Quando classificado o bairro de residência em estrato sócio-econômico alto, médio ou baixo, os óbitos ocorreram em número significativamente maior entre residentes nos bairros classificados como de menor nível sócio-econômico. Quanto à categoria de exposição, 79% se infectaram por meio de relações sexuais. O setor público responde pelo tratamento de quase 90% da amostra, e embora a diferença não seja estatisticamente significante, controles recebem tratamento no serviço público em maior número (91,3%), quando comparado com os casos (86,6%). No entanto, quando se considera se as pessoas receberam atendimento por mais tempo em um centro de referência especializado em HIV/aids ou um serviço geral, uma maior proporção de controles do que de casos receberam atenção em serviços especializados em relação aos casos e esta diferença foi estatisticamente significante (p=0,02). No momento do óbito, aproximadamente 28% dos casos não estavam fazendo uso de tratamento anti-retroviral, comparado com 12,2% dos controles. Esta diferença é estatisticamente significante (p<0,001). Os que não estavam em uso de anti-retrovirais apresentaram 4 vezes mais chance de morrer do que os que estavam sob tratamento (AOR=4,03 IC95% 2,08-7,83). Discussão: Este estudo apresenta várias limitações. Foram excluídos casos diagnosticados pelo critério óbito. É possível que muitos desses pacientes não tenham sido diagnosticados antes da internação que levou ao óbito, e portanto não puderam ser beneficiados pelo tratamento. Desta forma, nós estaríamos sub-estimando o impacto do tratamento anti-retroviral na sobrevida dos pacientes. Uma outra limitação importante diz respeito à qualidade dos dados
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utilizados. Os prontuários médicos dos centros de referência em HIV/aids, possuem, em geral, informações de melhor qualidade. Conclusão: Não estar usando anti-retroviral no momento do óbito ou na última visita de acompanhamento foi o mais importante preditor de óbito. A despeito do amplo programa de disponibilização do tratamento anti-retroviral implantado no Brasil, nem todos os pacientes com indicação de tratamento estão sendo beneficiados pelo mesmo. Estes resultados confirmam o observado em outros estudos, que a epidemia atinge majoritariamente pessoas de nível sócio-econômico mais baixo. A análise sistemática dos dados disponíveis constitui uma atividade importante para aperfeiçoar a vigilância epidemiológica e conseqüentemente melhorar o programa. Estudos que apontem as lacunas devem ser continuamente estimulados. Unidades Participantes: Os óbitos sorteados ocorreram em 66 diferentes serviços de saúde públicos, privados e universitários. Ao completar a busca de dados, mais de 100 serviços foram incluídos. Fase em que se encontra: Em análise Início: 2002 Previsão de término: Julho/2006 Apresentado resultados parciais em Reunião Técnica - Centers for Diseases Control and Prevention - CDC - Atlanta - EUA - Setembro/2002; e em forma oral no VI Congresso Brasileiro de Epidemiologia - Recife - Junho/2004.
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Viabilidade de testes de vacinas anti HIV/Aids entre homens e mulheres heterossexuais, sob alto risco em São Paulo, Brasil Regina Maria Barbosa Doutora em Saúde Coletiva Unidade de Pesquisas de Vacinas anti-HIV do CRT DST/AIDS/SES-SP Co-autores: Artur O Kalichman, Sirlene Caminada, Karina Wolffenbuttel
Introdução: A realização de estudos de intervenções para prevenir a transmissão do HIV requer acesso a populações com taxas elevadas de transmissão pelo HIV e com desejo de participar destes estudos, bem como capacidade de acompanhar os voluntários dos estudos com baixas taxas de abandono. A maioria das transmissões do HIV em países em desenvolvimento ocorre entre heterossexuais, o que demonstra a necessidade de serem conduzidos estudos específicos em populações heterossexuais de alto risco. Contudo, existe uma escassez de coortes bem caracterizadas de heterossexuais sob alto risco nos países em desenvolvimento e que sejam apropriadas para estudos de prevenção de infecções pelo HIV. Nesse sentido, entre 2003 e 2005, foi desenvolvido o estudo “Viabilidade de testes de vacinas anti HIV/Aids entre homens e mulheres heterossexuais, sob alto risco em São Paulo, Brasil”, também conhecido como projeto HM. O projeto HM é uma pesquisa sociocomportamental preparatória para ensaios clínicos de fase III. Foi desenvolvido em São Paulo, no CRT-DST/AIDS, e no Rio de Janeiro, no Praça XI, em parceria com o HVTN. Objetivos: • Estabelecer uma coorte de 100 mulheres e 100 homens heterossexuais sob alto risco para infecção pelo HIV, em São Paulo e no Rio de Janeiro; • Determinar os fatores de risco dos indivíduos recrutados; • Estimar, nos meses 6 e 12, as taxas de adesão desta população; • Determinar o desejo desta população em participar de testes de vacina. Secundário - Identificar soroconversões para o HIV durante o período de acompanhamento. Material e Métodos: Trata-se de uma coorte prospectiva de 100 homens e 100 mulheres em risco de infecção pelo HIV. Estratégias de recrutamento - Convite para participação junto aos usuários do ambulatório de DST e do CTA do CRT e a outros serviços de saúde, como os pertencentes a Secretaria Municipal de Saúde; - Distribuição de material educativo em outros serviços de saúde e metrô; matérias em jornais e revistas foram usados em menor escala. Procedimentos do estudo: - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e avaliação de elegibilidade; - Entrevistas e aconselhamento pré e pós teste; exame clínicos e testes laboratoriais para identificação de DST; sorologia para HIV, sífilis e hepatite B e C, no começo do estudo (V0) e de cada 6 meses (V6 e V12); - Suprimento de condons; atividades de prevenção, como oficinas de sexo seguro;
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acompanhamento e tratamento das DST identificadas durante o estudo.município de São Paulo, ocorridos no ano 2000. Controles: pessoas com AIDS, com idade maior ou igual a 13 anos, notificados no mesmo período, pareados por sexo. Resultados finais: 265 potenciais voluntários foram entrevistados entre Janeiro de 2003 e Janeiro de 2004, destes 211 foram incluídos no estudo [106 homens e 105 mulheres], cuja idade variou de 18 a 58 anos. A grande maioria (97.2%) havia frequentado escola, sendo que 28.9% tinham 8 anos ou menos de escolaridade e 30.3% mais de 11 anos. 46.0% se auto-definiram como brancos, 41.2%. como morenos ou pardos, e 8.5%, como pretos. Em termos de filiação religiosa, quase a metade era católica, 18.0%, protestante, 11.8%, espírita kardecista e 33.0%, religiões de origem africana, enquanto 21.8% referiu não ter qualquer filiação religiosa. A maioria (62.6%) sempre morou na cidade de São Paulo e 77.7% estavam trabalhando. Dos que não estavam trabalhando, 5.7% relataram alguma fonte de renda secundária e 17.1% nenhum ingresso. A renda per capita variou de R$ 100,00 a 5.000,00. A grande maioria (78.2%) referiu parceiro sexual estável e 44.2% coabitação com parceiro. Mais da metade (56.0%) referiu ter filhos, sendo que 38.1% tinha 1 filho, 26.3%, 2 filhos, 20.3%, 3 filhos, e 15.3%, 4 ou mais filhos. O número de parceiros sexuais na vida variou bastante: 8.1% relataram ter de 1-2 parceiros; 42.7%, 3-10 parceiros; 36%, 11-50; e 13.3%, mais de 50 parceiros. Nos seis meses anteriores a V0 , apenas 17.2% referiram 4 ou mais parceiros. A taxa de retenção ao final do estudo foi 97% e a de soroconversão para o HIV, 0%. Com relação à disponibilidade de participar em estudos futuros, 83,9% expressaram desejo de participar de ensaios clínicos de vacinas preventivas anti-HIV. A disponibilidade para participar destes ensaios foi maior entre voluntários que reportaram sexo casual nos últimos 6 meses e maior número de parceiros sexuais na vida. Durante o seguimento foi observado um aumento considerável no uso consistente de condom nas relações sexuais com penetração vaginal ao longo das visitas do estudo (V0, V6 e V12): 10% vs. 35% vs. 54% entre voluntários com parceiros HIV+; 20% vs. 30% vs. 42% entre aqueles com parceiros de sorologia desconhecida e 10% vs. 18% vs. 18% entre aqueles com parceiros HIV-. O uso consistente de condom durante penetração anal também aumentou significativamente entre voluntários com parceiros de sorologia desconhecida (42% vs. 58% vs. 58%) e entre aqueles com parceiros HIV- (29% vs. 35% vs. 38%). Entre voluntários com parceiros HIV+ o uso de condom durante penetração anal foi sempre 100%. Conclusão: É possível recrutar e manter altas taxas de retenção entre a população heterossexual. A taxa de soroconversão (0%) parece indicar tanto uma eficácia das atividades de prevenção (uso consistente de condom aumenta após entrada na coorte) e como dificuldade de identificar uma população heterossexual de alto risco. O desejo potencial de participar em ensaios de fase III de vacinas é alto, no entanto seu desdobramento para situações concretas onde a vacina anti-HIV esteja sendo testada ainda é desconhecido. Unidades Participantes: CR Penha, SAE Cidade Líder, SAE Fidélis Ribeiro, SAE Lapa, SAE Mitsutani, CTA Henfil Fase em que se encontra: Concluído
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Início: Janeiro de 2004 Término: Janeiro de 2006 Apresentados na forma oral nos eventos: 1 BARBOSA, Regina Maria; WOLFFENBÜTTEL, Karina; CAMINADA, Sirlene; KALICHMAN, Arthur O. High risk heterosexual population in Sao Paulo, Brazil: is it feasible to reach and engage them in HIV vaccine trials?. In: AIDS VACCINE 2004 INTERNATIONAL CONFERENCE, 2004, Lausanne. Abstrack Book. 2004. 2 WOLFFENBÜTTEL, Karina; CAMINADA, Sirlene; BARBOSA, Regina Maria; KALICHMAN, Arthur O. Retention of a high-risk heterosexual cohort in a feasibility study of HIV vaccine trials in Sao Paulo, Brazil: are there differences by gender?. In: AIDS VACCINE 2004 INTERNATIONAL CONFERENCE, 2004, Lausanne. Abstrack Book. 2004. 3 WOLFFENBÜTTEL, Karina; CAMINADA, Sirlene; BARBOSA, Regina Maria; KALICHMAN, Arthur O. Retention of high-risk heterosexual men and women`s cohort in a feasibility study of HIV vaccine trials in Sao Paulo, Brazil. In: XV INTERNATIONAL AIDS CONFERENCE, 2004. 4 BARBOSA, Regina Maria ;CAMINADA, Sirlene; WOLFFENBÜTTEL, Karina; BASTOS, Francisco; HACKER, Mariana; KALICHMAN, Arthur O. The CRT-SP Vaccine Preparedness Study: Differences between those volunteers willing to take preventive and partially efficacious vaccines. In: AIDS VACCINE 2005 INTERNATIONAL CONFERENCE, 2005, Montreal. Abstrack Book. 2005.
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Concluídas
Estudo por Genoma Completo do Vírus da Imunodeficiência Humana Tipo 1 Isolado de Pacientes Brasileiros com Diagnóstico de Infecção Viral Recente Ricardo Sobhie Diaz rsdiaz@usp.br MD, PhD Co-autores: Dercy Jose de Sa Filho a; Esper Georges Kallas, Sabre Sanabani, Ester Sabino, Maria Cecilia Sucupira, Helena Tomiyama, Katia Cristina Bassichetto, Luiz Mario Janini, Ricardo Sobhie Diaz Laboratório de Retrovirologia, Imunologia, Universidade Federal de São Paulo, Brasil. Fundação Pro-Sangue, São Paulo, Brasil. Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, Brasil
Contexto: Brasil é o país da América do Sul mais afetado pela epidemia do HIV/AIDS com 600,000 indivíduos infectados pelo vírus. O estudo por genoma completo de vírus isolados de pacientes recém infectados no permite ter uma idéia mais precisa dos vírus circulantes atuais da epidemia. Métodos: Pacientes foram identificados com o diagnóstico de infecção recente pelo HIV-1 entre Junho e Agosto de 2003, empregando-se o algoritmo STARHS. 21 destes pacientes foram recrutados a participar de um estudo propectivo laboratorial e clínico. A amplificação do genoma completo proviral foi realizada através de PCR nested em fragmentos subgenômicos sobrepostos. Produtos de PCR foram sequenciados em ambas as direções, a análise filogenética foi realizada com método de Máxima VeroSemelhança presente no programa PAUP. O cálculo da diversidade genética foi realizado pelos métodos de Tamura-Nei e NeiGojobori. Os eventos de recombinação foram avaliados pela metodologia Bootscan. Resultados: Sequenciamento parcial viral das 21 amostras selecionadas, incluindo as regiões gag, pol, env, revelou que 17 eram do subtipo B, 2 eram recombinantes B/F, e 2 pertenciam ao subtipo C. 12 amostras foram então selecionadas para caracterização por genoma completo, 10 do subtipo B, e 2 recombinantes B/F. Os recombinantes apresentaram padrões únicos de recombinação nos genes gag, pol, vif e env. Os dados de genoma completo viral das amostras do HIV-1 do subtipo B demonstraram haver um aumento de diversidade de seqüência em gag (0,079), pol (0,058), env (0,140), e no genoma completo (0,095), quando comparadas a amostras do subtipo B Norte-americanas coletadas em 1980 que possuíam uma diversidade de 0.046, 0.035, 0.084, e 0.058 respectivamente (p<0,05, teste t). Conclusões: É de grande importância se estudar a diversidade genética de amostras do HIV-1 originárias de indivíduos com infecção recente porque através destes estudos tendências evolutivas da epidemia local podem vir a ser identificadas. Nossos resultados sugerem um aumento na diversidade viral que pode influenciar no desenho de vacinas futuras.
Pesquisa Independente
Pesquisador Externo Concluídas
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Unidades Participantes: CTA Henfil, CTA Piritura, SAE DST/Aids Campos Elíseos, SAE DST/ Aids Lapa Fase em que se encontra: Concluído Duração: junho 2003 - fevereiro 2006 Apresentados resultados parciais em forma de pôster na “Retroconferência 2005 Boston/Massachusetts”.
Pesquisador externo Em andamento LIVRE DOCÊNCIA TESE DE DOUTORADO DISSERTAÇÃO DE MESTRADO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO PESQUISA MULTICÊNTRICA PESQUISA INDEPENDENTE
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Estratégia do Tratamento Diretamente Supervisionado (DOTS) no Município de São Paulo: potencialidades e limites na adesão ao tratamento da Tuberculose Maria Rita Bertolozzi Enfermeira, Mestrado e Doutorado em Epidemiologia, Professora Livre-Docente - Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo Co-autoras: Alba I. S. Muñhoz; Cristiane Specialle; Maria Fernanda Terra; Elisangela M. Queiroz
Resumo: A adesão ao tratamento constitui-se como um dos aspectos cruciais no controle da tuberculose, e se interrelaciona com a epidemia da aids, com a progressiva multirresistência às drogas utilizadas, com a crescente deterioração das condições de vida e com as limitações do acesso à saúde. Com a finalidade de garantir o aumento das taxas de adesão ao tratamento, tem sido envidado esforços, em âmbito mundial, na implementação do Tratamento Diretamente Supervisionado (DOTS, no idioma inglês, sendo também conhecido no Brasil como TS – Tratamento Supervisionado). O presente estudo (com suporte da FAPESP) tem como finalidade contribuir para a produção do conhecimento em relação ao tema, tendo como objetivos, identificar os significados da estratégia DOTS segundo pacientes e trabalhadores de saúde dos níveis central e local do Município de São Paulo, buscando evidenciar suas potencialidades e limites; e propor alternativas para o aprimoramento da sua implementação. Foram coletados depoimentos de trabalhadores e pacientes de unidades de saúde da Coordenadoria de Saúde da Sé do Município de São Paulo (MSP), região do centro, que concentra um dos mais altos indicadores de incidência da doença; além de depoimentos de trabalhadores do Centro de Prevenção e Controle de Doenças da Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde do MSP, no periodo de setembro a janeiro de 2005. O material empírico está em fase de decodificação, por meio de técnica de análise de discurso apropriada. Unidades Participantes: SAE Campos Elíseos, Unidades Básicas de Saúde da Região Sé, Centro de Controle e Prevenção de Doenças da Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde do MSP Fase em que se encontra: Em análise Início: 2004 Previsão de término: 2006 Apresentado resultados parciais, em forma oral em Reunião do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde do Município de São Paulo
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Estigma e Discriminação relacionados ao HIV/AIDS: impactos da epidemia em crianças e jovens na cidade de São Paulo Ivan França Junior ifjunior@usp.br Médico Sanitarista, Professor Faculdade de Saúde Pública - USP, Núcleo de Estudos para a prevenção da AIDS – USP - Mestre e Doutor em Medicina Preventiva - FMUSP Co-autores: Vera Paiva, José Ricardo Ayres, Wolney Conde, Eliana Zucchi, Sueli Takushi, Lidia Chongo, Janete Costa, Claudia Barros, Cely Blessa, Neide Kurokawa Silva, Luzia Oliveira, Denise Zakabi, Andre Rosa, Laura Murray, Renata Bellenzani, Bruna Bronhara, Andrea Ferrara, Alessandro Oliveira
Resumo: No Brasil, de 1980 até hoje, uma pessoa, em cada duas adoecidas por AIDS, faleceu deixando crianças e jovens órfãos. Em único estudo de base populacional, identificou-se que em Porto Alegre (RS), a cada 100 óbitos, surgiram 87,8 órfãos de 1998-2001. Há indicações de que órfãos por aids - especialmente portadores do HIV - defrontam-se com o medo do estigma e com atos de discriminação que têm obstaculizado o gozo de seus direitos. Objetivo: Este estudo, na cidade de São Paulo, analisará como o estigma e a discriminação aumentam a vulnerabilidade individual e programática de crianças e jovens afetados pela epidemia, obstruindo o seu acesso à saúde, educação, lazer, convivência familiar e ao gozo de diversos outros direitos. Material e Métodos: Este estudo combinará abordagens qualitativas (entrevistas e grupo focal) e quantitativas (estudo transversal). Na primeira fase, destinada a mapear as cenas de estigma e discriminação, estão sendo entrevistados profissionais de saúde e educação, cuidadores de crianças e jovens. Foram realizadas 41 entrevistas individuais (exceto uma que foi com um casal), dentre essas, 4 pré-testes e 1 treinamento. Catorze entrevistas foram feitas com profissionais de saúde, a maioria de nível superior e pelo menos um de nível médio ou básico por serviço (5 Norte; 4 Leste; e 5 Oeste); 7 educadores, da rede pública e particular (2 Norte; 2 Leste; e 3 Oeste); 4 cuidadores por região (4 Norte; 4 Leste; e 4 Oeste); 7 jovens (1 Norte; 1 Sul; 3 Leste; e 2 Oeste). Estão previstas mais sete entrevistas individuais com 1 cuidador (Norte); e 6 jovens (3 Norte; 1 Leste; 2 Oeste) e 6 grupos focais (3 com jovens; 3 com educadores). Quanto à fase quantitativa da pesquisa, destinada a quantificar a ocorrência do estigma/ discriminação e seus significados entre os afetados, realizamos as seguintes atividades durante o ano de 2005: versões preliminares dos instrumentos de pesquisa (questionários sócio-demográfico, inquérito alimentar, avaliação física e termo de consentimento), obtenção dos bancos de dados de mortalidade da Fundação SEADE e PROAIM. Iniciaremos em breve a fusão destes bancos de dados a fim de rastrear 2021 domicílios de falecidos por AIDS para compor amostra de 1289 crianças e jovens. Por fim, as questões éticas referentes à pesquisa envolvendo seres humanos (Ministério da Saúde, 1996), extremamente pertinentes para uma pesquisa com um assunto sensível e complexo, têm sido devidamente observadas, obtendo-se o consentimento livre e esclarecido dos sujeitos da pesquisa e procurando garantir o maior benefício possível.
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Resultados: Ao analisar 41 entrevistas em profundidade realizadas, sistematizamos os resultados de acordo com o grupo de entrevistados: Profissionais de saúde Sobre as diferentes respostas à orfandade por AIDS dos serviços especializados em DST/AIDS, os profissionais relataram diversas experiências diante da orfandade: 1. o foco central do trabalho dos profissionais é o tratamento da infecção pelo HIV e o tema da orfandade é um problema quando há negligência no tratamento dos órfãos; também é uma questão relevante quando associada à pobreza, violência e desemprego; 2. o foco no tratamento justifica a escolha do cuidador adequado, inclusive substituir a família pela instituição; 3. a orfandade de mães preocupa mais os profissionais do que a de pais; 4. é difícil tratar o tema da orfandade porque confronta o discurso predominante do trabalho em saúde, na atenção ao portador do HIV, que valoriza o viver com HIV e não o morrer de AIDS; 5. abertura para discutir “orfandade potencial” entre os pacientes propicia a reflexão sobre a morte e, em conseqüência, dos possíveis impactos, preocupações e expectativas em relação aos filhos. Diante destes resultados, concluímos que é importante criar tecnologias para incorporar o tema da orfandade nos serviços de saúde. Para tanto é preciso rever a predominância do tratar sobre o cuidar; conhecer melhor as redes sociais e familiares dos pacientes; estimular discussões sobre o tema da morte, tanto nos seus aspectos emocionais quanto sociais. Quanto à imagem de futuro que estes profissionais têm de órfãos por AIDS, observamos que os entrevistados imaginaram “problemas” usualmente atribuídos a adolescentes (namoro, sexualidade e reprodução) e outras relacionadas ao HIV/AIDS (revelação para parceiros, amigos e colegas de trabalho; medo de re-infecção ou infectar parceiros; retraimento social e impossibilidade de constituir família). Muitos tiveram dificuldades de imaginar o futuro, por antever a morte em casos de portadores clinicamente graves. Só imaginam futuro com esperança na cura. Alguns profissionais previram dificuldades adicionais ou não conseguiram imaginar um futuro (mesmo no caso de um órfão soronegativo) por pensar na morte dos cuidadores idosos ou portadores. Outras dificuldades antevistas incluem: conseguir emprego pelos efeitos colaterais do remédio prejudicando a aparência; prejuízo nos estudos pelas constantes internações. No caso dos órfãos institucionalizados, o abandono da família e menos afeto também foram relatados. A soropositividade produz restrições desnecessárias de horizontes -futuro-, reforçando as metáforas negativas da AIDS, como morte, horror e promiscuidade, indicando que o combate ao estigma da AIDS tem que ser reforçado para se aprimorar o cuidado e a proteção dos direitos dos jovens. Sobre a descrição de episódios de estigma e discriminação (ED-HA) nos serviços de saúde, em geral, os entrevistados negaram a ocorrência de ED-HA. No entanto, diversos relatos nos apontam o contrário: por exemplo, a adesão ao tratamento e o estado de saúde em geral da criança/jovem parecem depender da constelação familiar: escolaridade do cuidador, sua condição econômica, tipo de moradia/habitação e promiscuidade da mãe. Sobre práticas alimentares na presença do HIV/AIDS, a oferta de comida é associada às expressões de afeto e rejeição dos cuidadores em relação aos órfãos. Educadores Sobre a descrição de episódios de estigma e discriminação (ED-HA) no âmbito escolar, assim como os profissionais de saúde, em geral, os entrevistados negaram a ocorrência de ED-HA. Contudo, vários episódios mostram que órfãos soropositivos são considerados menos capazes e o cuidado excessivo com a criança confunde-se com medo da transmissão do HIV. Relatam episódios em que jovens reagem manipulando o estigma da AIDS para ameaçar colegas.
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O desempenho escolar, e o estado de saúde em geral da criança/jovem parecem depender da constelação familiar: escolaridade do cuidador, sua condição econômica, tipo de moradia/ habitação e promiscuidade da mãe. Alguns profissionais têm dificuldades em imaginar a vida adulta dos órfãos soropositivos: pensam na morte eminente, na impossibilidade de exercer maternidade e na dificuldade do jovem namorar. Educadores relatam que intervêm ao restringir o namoro pelo fato do/a garoto/a ser portador/a. Educadores acreditam que existam alunos soropositivos ou órfãos por AIDS, mas a família não conta por medo do preconceito ou pelo próprio desconhecimento da soropositividade. A AIDS e a orfandade são temas secundários no cotidiano escolar quando comparados a outros (deficiência, violência, desemprego, drogas e sexualidade). Sobre práticas alimentares na presença do HIV/AIDS, há um relato de episódio no qual trabalhadores da construção civil deixaram de comprar café da manhã preparado por um homem soropositivo após saberem sobre sua condição sorológica. Cuidadores Quanto à imagem de futuro (aos 15 e 24 anos) que os cuidadores têm de órfãos por AIDS, observamos que, assim como os profissionais de saúde, os cuidadores imaginaram “problemas” usualmente atribuídos a adolescentes (namoro, sexualidade e reprodução) e outras relacionadas ao HIV/AIDS (revelação para parceiros, amigos e colegas de trabalho; medo de reinfecção ou infectar parceiros; retraimento social e impossibilidade de constituir família). Alguns cuidadores também previram dificuldades adicionais ou não conseguiram imaginar um futuro (mesmo no caso de um órfão soronegativo) por pensar na própria morte por serem idosos ou portadores. Nenhum cuidador pensou na morte dos órfãos, mesmo nos casos graves na ótica dos profissionais. Eles não imaginaram dificuldades no trabalho e estudo. Sobre práticas alimentares na presença do HIV/AIDS, foram identificadas as seguintes cenas de estigma e discriminação relacionados ao comer: Familiares, amigos e colegas recusam alimentos da casa onde reside portador, temendo a transmissão do vírus pelo talher. A clientela deixa de comprar alimentos preparados pelo portador. A avó/cuidadora é dispensada do serviço quando recebe a visita da filha portadora na cozinha da patroa. Os colegas da rua rejeitam todo alimento que foi preparado na casa, onde vive portador, que estejam com embalagem aberta ou que é servido no prato. A água é aceita porque é bebida diretamente na torneira. Refrigerantes e biscoitos são aceitos somente com a embalagem fechada. Os parentes faltam aos aniversários, recusam convites para refeições e jogam no lixo alimentos comprados em feira que tenham passado pela residência do portador. A recusa de alimentos pelas pessoas gera sentimentos de rejeição e discriminação na cuidadora. Diante destas atitudes das pessoas após saberem do diagnóstico, a avó/cuidadora começa a duvidar da informação que tem sobre as formas de transmissão do HIV, pensando a alimentação como uma delas. Após adotar uma criança soropositiva, uma cuidadora foi alertada por uma vizinha sobre os riscos de transmissão do HIV pela comida. A AIDS contribuiu para o consumo de alimentos saudáveis na família. Uma menina soropositiva foi transferida de escola em função de seus colegas mudarem de escola temendo a infecção do HIV através de um copo d’água. O preconceito e a desinformação podem restringir as oportunidades de trabalho dos cuidadores, reduzir a sociabilidade que tanto depende do desfrute de refeições compartilhadas ou comemorativas com familiares e amigos, promovendo o isolamento de portadores e de seus coabitantes. A presença do HIV/AIDS afeta as práticas alimentares, reforçando o isolamento e impondo restrições nos direitos à convivência familiar e dignidade. Jovens Sobre práticas alimentares na presença do HIV/AIDS, foram identificadas cenas de estigma e discriminação relacionados ao comer. Uma garota relatou que ela prepara e faz suas próprias refeições
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sozinha, pois o cuidador preocupa-se apenas em prover o alimento e não compartilha refeições com ela. Ainda, há cuidadores que evitam fazer refeições com órfãos soropositivos temendo transmissão de HIV. Tema transversal As dimensões de gênero e sexualidade de crianças e jovens órfãos por AIDS foram temas transversais que percorreram o material analisado (entrevistas com profissionais de saúde, educadores, cuidadores e jovens órfãos por AIDS). Identificamos a vulnerabilidade ao estigma e à discriminação presente na vida destas pessoas, buscando compreender como o sexismo, dimensão relevante da sinergia entre diversas fontes de estigma relacionadas à AIDS, afeta o cotidiano e o cuidado dos órfãos. Nos relatos observamos: a) mulheres cuidadoras são descritas como salvadoras dos órfãos, mas alguns falam de mulheres irresponsáveis que infectaram bebês ou que não são cuidadoras adequadas; b) perder a mãe está mais associado ao abandono e pouco cuidado da criança que perder o pai. Em geral, as mulheres do lado materno se responsabilizam pelo cuidado da criança órfã; c) pais e rapazes aparecem como cuidadores adequados de filhos e irmãos, mas em geral são mencionados nos relatos para indicar ausência e irresponsabilidade com crianças, antes e depois da orfandade; d) meninas órfãs são descritas como frágeis e precisando de mais proteção; meninos órfãos como mais independentes, mais impulsivos, perigosos porque mais “sexuais” e também mais abandonáveis; e) a sexualidade é temida como promíscua, herança dos pais portadores, ou é negada como tema do cuidado; as cenas mais fortes de ED no serviço de saúde, na casa ou na escola estão relacionados à sexualidade dos jovens portadores ou de seus pais. Restringe-se o direito à informação sobre sexo. O sentimento “natural” de faltada-mãe parece associado ao instinto-materno-natural-das-mulheres. A polarização mulher-santa versus mulher-vadia e a distinção mulher-cuidadora-frágil versus homem-abandonador-forte estrutura o cuidado (ou ausência dele) dos órfãos por aids em casa, nos serviços de saúde e na escola. O sexismo resulta, por exemplo, na sobrecarga das mulheres, em desconsiderar pais como cuidadores, em super-proteger meninas e abandonar meninos, na restrição do direito ao namoro, à sexualidade e à informação. Conclusão Com base nos resultados descritos, identificamos violações de direitos sofridas por crianças/ jovens órfãos por AIDS, bem como por seus cuidadores/familiares, no que diz respeito aos direitos à saúde, educação, lazer, convivência familiar e sexualidade. Unidades Participantes: SAE DST/Aids Butantã, SAE DST/Aids Fidélis Ribeiro e SAE DST/ Aids Santana Fase em que se encontra: Em campo Início: Agosto de 2005 Previsão de término: Abril de 2007
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Tese de Doutorado
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Travestis, a aids e o modelo oficial preventivo: uma etnografia dos cuidados de saúde de trabalhadores do sexo Larissa Maués Pelúcio Silva larissapelucio@yahoo.com.br Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar); mestre em Relações Sociais, Poder e Cultura pela UFSCar, doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos
Resumo: Este projeto foca a discussão no modelo preventivo em DST/aids adotado pela agência pública DST/Aids - Cidade de São Paulo, junto à comunidade de travestis que se prostituem. Busca-se investigar o “universo travesti” captando a formulação/circulação das informações preventivas em relação (1) à constituição das próprias redes de circulação das informações dentre este grupo; (2) às categorias locais que dizem respeito à sexualidade/corpo/doença, articuladas ao conjunto maior de valores que lhes orientam o comportamento; (3) ao modo como o discurso do modelo preventivo, circula na comunidade e qual a lógica que preside esse processo, do ponto de vista do ethos diferenciado desta clientela. Parte-se do princípio que, mesmo com uma conotação eventualmente específica e diferenciada para determinados grupos, o modelo preventivo adotado se caracteriza por uma “racionalidade técnica” e valores normativos universalizantes, que não são necessariamente compatíveis tanto com a lógica social que preside a organização desses grupos, quanto com os valores diferenciais que lhes servem de base. Coloca-se, ainda, como hipótese, que as políticas públicas recentes voltadas para esse segmento, focam seu alvo nos corpos “desviantes” das travestis, sem considerar em profundidade a relação pressuposta entre o grupo e os homens que com elas se relacionam sexualmente, por serem estes corpos “normatizados” e, supostamente, fora do que se convencionou chamar de “grupo de risco acrescido”. Palavras-chave: Aids, travestis, profissionais do sexo, modelo preventivo em HIV/Aids, políticas públicas em saúde. Unidades Participantes: AE Ceci, CR Santo Amaro, SAE Butantã, SAE Campo Elíseos, SAE Cidade Líder, SAE Lapa e CTA São Miguel Fase em que se encontra: Em campo Início: novembro de 2004 Previsão de término: março de 2007 Apresentado resultados parciais, em forma oral nos seguintes eventos: Seminário Internacional Fazendo Gênero 6, Fazeres Locais, Saberes Globais, Fazeres Globais, Saberes Locais - de 10 a 13 de agosto de 2003 (Florianópolis, SC); III Encontro de Pesquisas em Humanidades (Enchuman) - de 18 a 22 de outubro de 2004(Campinas, SP);28º Encontro Anual ANPOCS - de 26 a 30 de outubro de 2004(Caxambu, MG); VI Reunião de Antropologia do Mercosul - de 16 a 18 de novembro de 2005 (Montevidéo - Uruguai). Publicado nos Anais do 28º Encontro Anual da ANPOCS e VI Reunião de Antropologia do Mercosul.
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Dissertação de Mestrado
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Adolescente portador do HIV/Aids: Construção do sujeito sexual
Andrea Paula Ferrara apferrara@uol.com.br ; andreapf@icr.hcnet.usp.br Enfermeira pela Escola de Enfermagem da USP com Especialização em Saúde Publica pela Faculdade de Saúde Publica da USP Co-autor: Prof. Dr. Ivan França Jr (orientador)
Resumo: O objetivo deste estudo é compreender o que o jovem portador do Vírus da Imunodeficiência Humana/Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (HIV/Aids) pensa, sente e como age frente à vivência da sexualidade. Fazem parte desta pesquisa 11 jovens portadores do HIV/Aids, matriculados em SAE DST/AIDS da Prefeitura da Cidade de São Paulo. Os critérios para inclusão foram: ser portador do HIV/Aids e ter conhecimento da sua condição sorológica; ter adquirido o vírus através de transfusão sangüínea quando criança ou por transmissão perinatal; ter idade entre 13 e 21 anos. Procurou-se jovens que apresentassem diferentes níveis de experiência da sexualidade para que houvesse garantia da diversidade de pensamentos e vivências. É um estudo qualitativo, onde foram realizadas entrevistas em profundidade, com auxílio de um roteiro com questões norteadoras. As entrevistas foram realizadas pela pesquisadora, gravadas e, posteriormente, transcritas. Está sendo realizada a análise dos discursos, através da leitura exaustiva dos relatos, fragmentação de seus elementos fundamentais (unidades de sentido), que estão sendo agrupadas em categorias. Estão sendo feitas articulações entre os dados levantados e os referenciais da pesquisa com base em seu objetivo. Uma das categorias já analisada foi a revelação do diagnóstico para o parceiro(a) ou namorado(a). Dos seis jovens (sexo masculino), três tiveram relações sexuais e entre as 5 (sexo feminino) uma. Apenas um contou para a namorada (relacionamento de 2 anos) seu status sorológico. A namorada aceitou-o, reação inesperada para ele. Os namorados de duas jovens sabiam dos diagnósticos, mas sem revelação por parte das entrevistadas. Um por ter descoberto através das medicações que ela tomava e outro por estudar na mesma escola. Estes relacionamentos duraram pouco. Os demais jovens, quando indagados, relataram que revelariam seu diagnóstico nas seguintes condições: relacionamento estável, duradouro e com trocas afetivas significativas e se o parceiro for confiável. A revelação é fonte de angústia. Há um conflito entre revelar ou não a soropositividade e alguns jovens rompem ou evitam relacionamentos estáveis para não precisar revelar seu diagnóstico. A revelação da soropositividade pode pôr em conflito os direitos à privacidade e ao exercício da sexualidade e reprodução. Continua urgente combater o estigma para que os jovens desfrutem melhor qualidade de vida. Unidades Participantes: SAE Butantã, SAE Cidade Líder, SAE Fidélis Ribeiro, SAE Herbert de Souza, SAE Santana Fase em que se encontra: Em análise Início: 2002 Previsão de término: 2008
Dissertação de Mestrado
Pesquisador Externo Em andamento
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Perfil Lipidêmico de Pessoas com HIV/Aids em seguimento na Rede Municipal Especializada em DST/Aids da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo e da Unidade Ambulatorial de Infectologia da Universidade Federal de São Paulo Erika Ferrari Rafael da Silva erikaferrari@uol.com.br Médica (Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro (1994-1999). Residência em Doenças Infecciosas e Parasitárias (Instituto de Infectologia Emilio Ribas 2001-2004). Título de Especialista em Infectologia pela Sociedade Brasileira de Infectologia (obtido em 2003).Pós-Graduação (strictu sensu) em infectologia iniciada em agosto/2005 na Universidade Federal de São Paulo Mestranda da UNIFESP Co-autores: Katia Cristina Bassichetto, Prof. Dr. David Salomão Lewi
Resumo: A síndrome a imunodeficiência adquirida (Aids) é causada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), sendo marcada por uma profunda imunodepressão, infecções oportunistas, neoplasias e um curso geralmente fatal. Os avanços na terapia anti-retroviral (TARV) suprimiram marcadamente a atividade viral, melhoraram a saúde e aumentaram a longevidade nos pacientes com a infecção pelo HIV. Entretanto, uma variedade de anormalidades metabólicas relacionadas ao tratamento foi reconhecida logo após a introdução da TARV combinada. Nos últimos anos, tem ocorrido uma série de mudanças na silhueta corpórea, distribuição de gordura e no metabolismo dos pacientes infectados pelo HIV, principalmente naqueles que utilizam a TARV. As mudanças metabólicas observadas incluem resistência à insulina, hiperlipidemia, mudanças na redistribuição de gordura (lipoatrofia periférica e adiposidade central) e acidose lática. Embora estas manifestações tenham sido agrupadas no termo “Síndrome da Lipodistrofia associada ao HIV”, ainda não está claro se elas são entidades distintas ou componentes inter-relacionados de uma mesma síndrome. O padrão destes desarranjos metabólicos, em pacientes que estão recebendo TARV, assemelha-se ao observado na “síndrome metabólica”, a qual é conhecida por levar a um aumento do risco de doença cardiovascular. Existem dúvidas também se todas as mudanças metabólicas são causadas pelo vírus, pelo tratamento ou por ambos. A prevalência global de pelo menos uma anormalidade física relacionada a lipodistrofia tem sido estimada em torno de 50% após um ano ou mais de TARV. As anormalidades do metabolismo lipídico nos pacientes infectados pelo HIV são descritas desde antes do advento da HAART (terapia anti-retroviral de alta potência). O aumento nos triglicérides séricos e das concentrações do colesterol total (CT) estão associados com a doença avançada. Pacientes com Aids também têm menores níveis de HDL e de LDL, diminuição do clearance de triglicérides e predomínio de pequenas partículas densas (LDL) sem relação com a TARV. Além disso, as conseqüências para a saúde, destas anormalidades não estão completamente esclarecidas. Na população sem a infecção pelo HIV o acúmulo de gordura visceral, a hiperlipidemia e a resistência à insulina aumentam dramaticamente os riscos de doença cardíaca coronariana e de acidente vascular cerebral. O papel pró-aterogênico das alterações no metabolismo lipídico está bem documentado
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Dissertação de Mestrado
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na população em geral, porém, não está bem estabelecido se essas alterações aumentariam significativamente o risco de eventos cardiovasculares em pacientes infectados pelo HIV, que desenvolvem alterações lipídicas após a introdução da TARV. Obviamente a associação dessas alterações com outros fatores de risco (sexo, idade, tabagismo, sedentarismo, presença de diabetes, história familiar e hipertensão arterial) deverão ser considerados na avaliação dos pacientes. Dado a grande importância e freqüência dos efeitos colaterais da TARV como explicado acima, a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo em parceria com a UNIFESP elaboraram esta pesquisa para avaliar o perfil lipidêmico dos pacientes infectados pelo HIV que estão atualmente em acompanhamento tanto na Rede Municipal Especializada em DST/Aids (REM DST/Aids), quanto na Unidade Ambulatorial desta Universidade. Objetivos: 1. Analisar os fatores de risco para o desenvolvimento de doença cardíaca nos pacientes infectados pelo HIV que utilizam ou não anti-retrovirais; 2. Avaliar e comparar o perfil lipídico dos pacientes com HIV/Aids que utilizam ou não antiretrovirais; 3. Descrever os índices antropométricos e caracterizar o hábito e freqüência de consumo alimentar em pacientes com HIV/Aids que utilizam ou não anti-retrovirais; 4. Descrever alguns fatores preditivos da síndrome metabólica nos pacientes em uso ou não de anti-retrovirais; 5. Analisar o esquema anti-retroviral responsável pelos maiores níveis de hiperlipemia Material e Métodos: Tipo do Estudo: Transversal e descritivo. Universo Amostral: A RME DST/Aids, vinculada a SMS/SP é formada atualmente por 24 serviços que variam segundo sua complexidade e recebem denominação específica para distinguí-los: Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), Ambulatório de Especialidades (AE), Serviço de Assistência Especializada (SAE) e Centro de Referência (CR). As pessoas diagnosticadas com DST/HIV/Aids podem receber atendimento em 15 desses serviços, os quais seriam alvos potenciais desta pesquisa. No inicio do estudo, encontravam-se em seguimento nestes serviços cerca de 15.500 pacientes com HIV/Aids, sendo que destes, aproximadamente 8.000 em uso de TARV e na unidade ambulatorial da UNIFESP cerca de 1120 pacientes, sendo 850 em uso de TARV, totalizando o universo de cerca de 16.620 pacientes em seguimento e 8850 em uso de TARV. A amostra calculada de pacientes para inclusão neste estudo, inicialmente de 1000 pessoas foi redefinida para 351 pacientes, em função da dificuldade no recrutamento de pacientes, já que se trata de uma pesquisa voluntária e também por se considerar neste cálculo os critérios de exclusão, que certamente limitaram o universo de potenciais participantes. O cálculo do tamanho da amostra foi realizado para cada uma das variáveis que se pretende descrever, tomando-se como estimativa de média e desvio padrão os valores obtidos de uma análise descritiva inicial de dados coletados em 54 pacientes sendo
Dissertação de Mestrado
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40 em uso de TARV e 14 sem uso de TARV. Para esses pacientes foram obtidos os resultados de CT, LDL, HDL e Triglicérides. Observou-se que o maior tamanho de amostra é obtido para a variável LDL. Sendo assim, o tamanho da amostra para esse estudo será de 351 pacientes sendo 78 pacientes que não estejam em uso de TARV e 273 pacientes em uso de TARV. Foi fixado um poder (probabilidade de rejeitar a hipótese nula quando está é falsa) de 80% e um erro do Tipo I (probabilidade de rejeitar a hipótese nula quando esta é verdadeira) de 5%. Também foi levado em consideração o fato do desbalanceamento da amostra e foi observada a presença de 3,5 vezes mais pacientes em uso de TARV do que sem TARV. Foram incluídos até o momento 318 pacientes, sendo 242 em uso de TARV e 76 sem uso de TARV, advindos de 7 serviços participantes (6 da RME e 1 UNIFESP). Neste estudo, serão descritos os fatores de risco relacionados ao desenvolvimento de doença cardiovascular (idade, tabagismo, hipertensão arterial sistêmica, diabetes melitus, história familiar precoce de ateroesclerose) por meio da utilização da Escala de Framingham. Unidades Participantes: Unidade Ambulatorial da UNIFESP e as seguintes unidades da RME em DST/Aids da SMS/SP: CR Penha, SAE Butantã, SAE Fidélis, SAE Campos Elíseos, SAE Herbert de Souza e AE Vila Prudente. Fase em que se encontra: Em campo. A fase de campo deste estudo foi iniciada em dezembro/2004. Até o momento 318 questionários foram coletados e o banco de dados elaborado e digitado. Desta amostra, 76% dos pacientes encontram-se em uso de TARV e 23,5% não recebem tratamento. O sexo masculino ocorre em mais de 50% dos casos e a média de idade é de 39 anos.O esquema anti-retroviral mais utilizado foi AZT, 3TC e Efavirenz em 34% dos casos. Na análise preliminar de 54 pacientes pode-se observar que pacientes em uso de TARV apresentaram média de CT, LDL e Triglicérides maiores do que o grupo sem TARV. Para HDL observou-se um comportamento contrário, ou seja, o grupo sem TARV apresentou média de HDL maior do que o grupo com TARV. A previsão é que a fase de campo se encerre em abril/2006. Na seqüência, serão realizadas a análise dos dados e a descrição dos mesmos, com a finalização desta pesquisa prevista para julho/2006. Início: Dezembro/2004 Previsão de término: Julho/2006 Apresentado resultados parciais, em forma de pôster, no 14o. Congresso Brasileiro de Infectologia (novembro/2005) - Belo Horizonte – MG. Publicado nos anais do Congresso
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Estudo do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) enquanto modelo tecnológico para o enfrentamento da epidemia de DST/ AIDS no estado de São Paulo Karina Wolffenbuttel karina@crt.saude.sp.gov.br Mestranda - Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
Resumo: A partir de 1993, estimulados pelo Ministério da Saúde e viabilizados financeiramente pelo convênio com o Banco Mundial (AIDS I) fortaleceu-se a estratégia de implantação de CTA no estado de São Paulo. Em 1996 foram implantados doze serviços e, entre 1997 e 1999, foram implantados outros nove (Wolffenbüttel et al, 2001; 2001a). Em 2001, totalizávamos 35 CTA no estado de São Paulo. Em 2005, cadastramentos realizados pelos municípios, estimulados pela campanha nacional de ampliação de acesso à testagem sorológica anti-HIV conhecida por “Fique Sabendo” e pelo recadastramento proposto no Primeiro Encontro de CTA do Estado de São Paulo realizado em dezembro de 2004, registraram a existência de 58 CTA em todo o estado. Ao longo dos anos, os CTAs têm procurado responder às mudanças da dinâmica da epidemia, de tal forma que hoje em dia é possível constatar uma grande heterogeneidade entre os serviços, ficando evidente a falta de consenso sobre o papel a ser desempenhado por estes serviços dentro da perspectiva do Programa de DST/AIDS do estado de São Paulo e o parco conhecimento existente sobre estes serviços, justificando assim a realização deste estudo. Objetivos: Gerais 1. Estudar Centros de Testagem e Aconselhamento enquanto organização de modelo tecnológico de prevenção no combate à epidemia de AIDS 2. Contribuir para a política pública setorial no estado de São Paulo, fornecendo elementos que possam colaborar para a (re)definição dos CTAs Específicos 1. Caracterizar os Centros de Testagem e Aconselhamento conforme dois modelos: o primeiro funcionando dentro de uma unidade de saúde e o segundo, isoladamente. 2. Buscar entender as modalidades de CTAs que existem hoje. 3. Analisar as mudanças ocorridas no modelo organizacional e ações desenvolvidas pelos CTAs, correlacionando-as com as mudanças da epidemia de AIDS no estado de São Paulo. 4. Analisar as mudanças ocorridas nos CTAs no contexto da incorporação das ações de prevenção na rede de atenção básica. Metodologia: Trata-se de um estudo de caso que buscará comparar dois CTAs a partir de sua situação na rede: um CTA isolado (unidade autônoma) e um CTA que funcione dentro de uma unidade assistencial.
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Escolhidos os casos típicos, utilizaremos técnicas de observação e faremos entrevistas semi-estruturadas com pessoas-chave: dois profissionais da equipe técnica de cada serviço, um aconselhador e um profissional da área de enfermagem; os coordenadores dos CTAs, os coordenadores municipais de DST/AIDS e coordenadores do Programa de DST/ AIDS do estado de São Paulo. Serão utilizados dados secundários provenientes de relatórios técnicos e documentos produzidos pela CN DST/AIDS e CE DST/AIDS de SP; legislação de DST/AIDS; levantamento de informações realizados através de questionários enviados aos serviços, coordenadores municipais de DST/AIDS e interlocutores de DST/AIDS das DIR realizados em dois momentos, 2000/2001 e 2004/2005; e informações do SI-CTA. Financiamento: O estudo não conta com financiamento de nenhuma natureza e será realizado exclusivamente com os recursos do pesquisador. Unidades Participantes: CTA Henfil Fase em que se encontra: Em campo Iniciou: janeiro de 2006 Previsão de término: julho de 2006
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Os significados atribuídos por mulheres afetadas pelo HIV/Aids sobre a revelação de sua soropositividade a equipe do Programa Saúde da Família Fernanda Cristina Ferreira Mestranda da Escola de Enfermagem da USP Co-autora: Lúcia Yasuko Izumi Nichiata (orientadora) izumi@usp.br Enfermeira, formada pela Escola de Enfermagem da USP, 1987. Mestre em Enfermagem em Saúde Coletiva pela Pós-Graduação da Escola de Enfermagem da USP, 1995. Doutora pela Escola de Enfermagem da USP, 2003
Resumo: Introdução: O acompanhamento laboratorial e o manejo clínico cuidadoso e adequado das pessoas afetadas pelo HIV por clínicos treinados e eficientes, a quimioprofilaxia e tratamento de determinadas infecções oportunistas que aumentam o risco de morte, a compreensão dos fatores constitucionais e o acompanhamento psicológico dos pacientes, são todos aspectos fundamentais a serem considerados. O tratamento da aids requer que o acompanhamento das pessoas com HIV/aids deve ocorrer ao nível dos ambulatórios especializados. No âmbito da atenção básica a prioridade em relação às ações voltadas ao HIV/aids é a identificação de grupos vulneráveis, oferecimento de testagem sorológica para detecção do vírus e realização de ações de promoção da saúde e prevenção da doença. No atendimento aos portadores do HIV requer-se articulação dos vários serviços do SUS no desenvolvimento de um trabalho integrado por um sistema de referência e contra-referência, dos serviços especializados com as unidades básicas de saúde. O PSF é uma estratégia onde podem ser intensificadas as ações de promoção da saúde e prevenção do HIV, ao mesmo tempo em que reforça junto as pessoas afetadas seus direitos humanos e civis, garantindo melhor qualidade de vida. Objetivo: Compreender o significado da revelação do diagnóstico de soropositividade ao HIV à equipe de PSF, na perspectiva das mulheres afetadas pelo HIV/aids; Conhecer as motivações para a revelação ou não do diagnóstico de soropositividade ao HIV, algo que é privativo, na percepção das mulheres afetadas pelo HIV/ aids.Metodologia: Estudo exploratório, descritivo, qualitativo. Será realizado no MSP/Supervisão de Saúde do Butantã. Serão entrevistadas mulheres com HIV/aids que encontram-se em atendimento no SAE da região e que estão cadastradas no PSF. As falas serão gravadas e será assegurado o sigilo quanto as informações. O Projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética da Prefeitura de São Paulo. As fitas serão transcritas e analisadas na perspectiva das Representações Sociais, utilizando a análise de conteúdo de Bardin. Unidades Participantes: SAE DST/Aids Butantã Fase em que se encontra: Antes de iniciar campo Previsão de término: Julho 2006
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Imunidade humoral em AIDS pediátrica durante monitoramento de terapia antiretroviral combinada Raquel Bellinati Robert Pires e Carmem Aparecida de Freitas raqbellinati@ial.sp.gov.br Biomédica, Doutora em Ciências (área de Imunologia) pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo. Carmem Aparecida de Freitas Oliveira Biomédica, Aluna do Programa de Pós-graduação em Ciências (área de Pesquisas Laboratoriais em Saúde Pública)do Programa de Pós-graduação da Coordenação de Controles de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Co-autoras: Thais de Souza Lima (Centro de Referência e Treinamento (CRT) em DST/AIDS),Dulce Helena Mendes Xavier (Serviço de Ambulatório de Especialidades SAE-DST/AIDS Cidade Lider II), Mônica Candida Georgete Scola (Instituto Adolfo Lutz (Serviço de Microbiologia - Imunologia), Glória Maria Ferreira Ribeiro (Serviço de Ambulatório de Especialidades - SAE-DST/AIDS Cidade Lider II), Ângela Brandão (Instituto Adolfo Lutz (Serviço de Microbiologia - Imunologia). Outros colaboradores: Grupo de Citometria de Fluxo (Avaliação de Cd4 e Cd8) do Instituto Adolfo Lutz; Grupos de Avaliação de Carga Viral do Instituto Adolfo Lutz e Laboratório de Saúde Pública em DST/AIDS - Brooklin. Instituto Adolfo Lutz
Resumo: O papel da resposta imune humoral na infecção causada pelo HIV tem sido alvo de discussão há muitos anos. Entre as alterações imunológicas observadas no curso do processo infeccioso, observa-se um desequilíbrio acentuado na produção de anticorpos, levando a concentrações elevadas de imunoglobulinas no plasma ou modificando as propriedades de anticorpos recém produzidos para outros antígenos. Além disto, a funcionalidade dos anticorpos específicos produzidos contra os antígenos do próprio HIV não está claramente definida e pouco se sabe sobre a real proteção da resposta humoral nas imunizações contra patógenos oportunistas em pacientes com AIDS. Em crianças HIV positivo,há o agravo da imaturidade imunológica,que contribui para a ineficiência da resposta anticórpica, principalmente contra bactérias capsuladas. É importante ressaltar que grande parte das informações disponíveis na literatura toma como base dados quantitativos, obtidos pelas determinações dos níveis de anticorpos específicos no soro; a análise funcional da resposta de anticorpos em crianças contra diferentes patógenos tem sido pouco explorada. Objetivo • Avaliar funcionalmente a imunidade humoral de crianças infectadas pelo HIV, submetidas à terapia antiretroviral combinada quanto a: I) Resposta de anticorpos para o HIV - analisando a especificidade e avidez contra proteínas estruturais do vírus, e II) Resposta de anticorpos para outros microrganismos capsulados e não capsulados - analisando a capacidade opsonizante para fagocitose; • Correlacionar a resposta humoral com a evolução clínica dos pacientes e com demais marcadores laboratoriais de progressão da doença, utilizados atualmente no monitoramento da terapia antiretroviral.
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Casúistica e métodos: Estão sendo estudadas 34 crianças HIV positivo (transmissão vertical), de 2 a 13 anos de idade, em seguimento (de no mínimo 1 ano) no Serviço de Assistência de Especializada em SAE DST/ AIDS Cidade Lider II. As amostras de sangue das crianças serão submetidas às avaliações: - da especificidade e da avidez de anticorpos contra antígenos do HIV, utilizando ensaios imunoenzimáticos (ELISA e Western blot); - imunofenotipagem de linfócitos por citometria de fluxo (CD4 e CD8); - da carga viral; - dos níveis de classes de imunoglobulinas séricas; - dos níveis de anticorpos específicos (por ELISA) contra bactérias (Streptococcus pneumoniae, entre outras) e da capacidade opsonizante desses anticorpos em ensaios de fagocitose. A avaliação laboratorial terá o acompanhamento clínico, o qual incluirá a abordagem terapêutica antiretroviral e a profilaxia de infecções oportunistas, considerando o estado clínico dos pacientes no ato da coleta das amostras, o estudo retrospectivo associado à epidemiologia e avaliação da evolução clínica de pelo menos seis meses após a última coleta. Resultados Da avaliação II (resposta a antígenos polissacarídicos) A resposta humoral a antígenos polissacarídicos capsulares de Streptococcus pneumoniae está prejudicada em crianças HIV positivo e a eficácia da opsonofagocitose da bactéria depende dos níveis de anticorpos sorotipo-específicos em conjunto com a ação do sistema complemento. Contudo, verificamos que mesmo com níveis baixos de resposta de anticorpos sorotipo específicos os soros dos pacientes HIV positivo colhidos 1-6 meses após vacinação apresentam capacidade de opsonização de pneumococos dos sorotipos 1, 14 e 6B (sorotipos que foram avaliados), embora com índices bem mais baixos que das amostras pós vacinais dos adultos sadios. Conclusão A baixa resposta das crianças HIV positivo à vacina polissacarídica 23-valente justifica a escolha da vacina conjugada (proteína-polissacáride), preconizada para melhorar a imunogenicidade. Contudo, os resultados do presente estudo sugerem que alguma proteção deve ser possível, embora longe do ideal, com a vacina polissacarídica, e, na impossibilidade de se fazer uso da segunda opção (vacina conjugada)é melhor imunizar com a primeira do que não vacinar. Unidades Participantes: SAE Cidade Lider, Centro de Referência e Treinamento em DST/AIDS (CRT/AIDS) Instituto Adolfo Lutz Fase em que se encontra: Em análise Iniciou: Em 2000 (coleta de material) Previsão de término: O Projeto tem vários objetivos e um deles já foi atingido.Parte do objetivo II, que trata do estudo da resposta humoral a antígenos polissacarídicos bacterianos, já foi atingida e é tema de dissertação da biomédica Thais de Souza Lima, aluna do Programa de Pós-graduação em Ciências (Área de Pesquisas Laboratoriais em Saúde Pública)do Programa de Pós-Graduação da Coordenadoria de Controle de Doenças (CCD) da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. A aluna foi qualificada em 2005 e defenderá a dissertação no primeiro semestre de 2006:“Fagocitose e morte de Streptococcus pneumoniae opsonizado com soros de diferentes concentrações de anticorpos sorotipo específicos. Os soros utilizados foram de crianças HIV positivo e de adultos sadios imunizados com a vacina pneumocóccia 23-valente. Os demais objetivos estão em fase de avaliações e seus resultados deverão ser encerrados em 2006. Apresentado, resultados parciais, em forma de pôster, nos seguintes eventos: 2º Congresso de Infectologia do Cone Sul, 2-4 de dezembro de 2004, XLI Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 6-10 março de 2005, 14º Congresso Brasileiro de Infectologia, 30 de novembro de 2005.
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Estudo da resposta celular e humoral ao herpesvírus 8 (HHV8) em individuos HIV, com e sem Sarcoma de Kaposi e imunidade restaurada após terapia anti-retroviral, e em indivíduos não infectados por HIV e sorologia positiva para HHV8 Tania Regina Tozetto-Mendoza tozetto@usp.br Instituto de Medicina Tropical de São Paulo - Universidade de São Paulo - Laboratório de Investigação Médica - LIM52 - Virologia do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias/ Lim 56 -Departamento de Dermatologia e Imunodeficiências - HC-FMUSP. Mestre em Ciências - Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo. Área: Biologia da relação Patógeno-Hospedeiro.Bacharel em Bióloga - Faculdade de Ciências Exatas e Experimentais- Mackenzie Co-autores: Cláudio Sérgio Pannuti, Gil Benard, Laura Sumita, Max Igor G. F. Lopes, Murilo Sarno, Vanda A.U.F. de Souza, Wilton Santos Freire
Resumo: Justificativa: Estudos demonstram que o herpes vírus humano do tipo 8 (HHV8), gama-herpesvírus 2, sub-família Gammaherpesvirinae, gênero Rhadinovirus, seja o principal agente etiológico do desenvolvimento do Sarcoma de Kaposi (KS), doença caracterizada por lesões tumorais, cutânea ou visceral. Indivíduos com imunodeficiência adquirida por HIV ou AIDS são considerados de alto risco para desenvolver KS (Gooding L., 1992). Antes do advento da AIDS em humanos, os casos de KS se restringiam a 3 tipos: o SK clássico, mais comuns entre homens idosos do oeste europeu ou de origem Mediterrânea, o SK endêmico, de alta prevalência em adultos e crianças da África equatorial e o SK iatrogênico, em pacientes sob terapia imunossupressiva. Em áreas com alta incidência de KS, tal como mediterrâneo e cidades do Leste Europeu, a taxa de prevalência varia entre 4% a 24%. Na África, em que o KS é endêmico, a prevalência é de 60%. No Brasil, o padrão de distribuição de infecção por HHV8 na população geral é baixa e segue o perfil semelhante aos registrados na Europa e EUA. A soroprevalência em doadores de sangue variou de 4,6%-7,4% em duas principais capitais brasileiras, Vitória e São Paulo (Zago et al., 2000; Caterino-de-Araújo, et al.,1999, Souza et al., 2004). Recentemente, nosso laboratório registrou 2,5% de positividade para anticorpos contra antígenos de fase lítica do vírus, em adultos jovens e crianças saudáveis em São Paulo (Souza et al., 2004). Em contraste, Biggar et al., 2000, registraram a soroprevalência de 53% entre índios de diversas tribos da Amazônia Brasileira. Assim como a prevalência de HHV8 varia substancialmente com a localização geográfica, a rota de transmissão também varia, embora o modo preciso da forma de transmissão não seja ainda claro. A epidemiologia da AIDS-KS aponta que a transmissão por HHV8 ocorre preferencialmente por contato sexual, particularmente entre homens que fazem sexo com homens, numa taxa 100.000 vezes maior do que na população geral (Biggar, et al, 1996). Segundo nossos estudos, a prevalência do HHV-8 foi significativamente maior entre homossexuais (37,7%) e bissexuais ( 28,6%) em relação aos heterossexuais (11,8%) e usuários de
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drogas injetáveis (8,0%) (Pierrotti, 2000). A prevalência da infecção por HHV8 na população infectada por HIV varia entre 15% a 34,5% (Caterine-de Araújo, et al., 1999); Keller et al, 2001; Zago et al., (2000). Após a introdução da terapia antiretroviral altamente eficaz (HAART), observou-se o declínio na incidência de KS entre os pacientes com AIDS, inclusive a regressão da doença naqueles pacientes já afetados pelo KS. No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde (MS), houve uma redução de 17,8% para 4,2% nos casos de AIDS notificados no período de 1980 a 1999 (Brasil. Ministério da Saúde, 2000). No entanto, a soroprevalência do HHV8 em homens que fazem sexo com homens infectados pelo HIV não diminuiu neste período (Gao et al., 1996; Martin et al., 1998; Campbell et al., 1999). Essa mudança temporal na incidência do SK também pode ser justificada pelo aumento da definição de casos de AIDS pelos critérios do CDC (CDC, 1992), favorecendo a notificação de outras condições antes do aparecimento do SK. Há uma variedade de ensaios moleculares e sorológicos atualmente empregados no diagnóstico da infecção por HHV8, sendo a detecção de anticorpos a técnica mais freqüentemente utilizada por meio de dois métodos, IFA e ELISA, empregando antígenos líticos, latentes e recombinantes. No entanto, ainda não há um teste padrão-ouro para identificar os indivíduos verdadeiramente HHV8 positivos ou negativos. As dificuldades técnicas do diagnóstico do HHV8 se estendem à falta de homogeneidade dos resultados e a falta de parâmetros laboratoriais que definam precocemente o diagnóstico ou estabeleça o grau de risco do desenvolvimento do KS em indivíduos com AIDS. A imunidade restaurada nos indivíduos HIV após o uso de HAART sugere que a resposta imune celular possa ser importante, pelo menos em parte, no controle da infecção por HHV8, na eliminação das células neoplásicas e na evolução do KS. Muitos trabalhos demonstram a importância da resposta imune celular no controle da viremia em infecções agudas por HIV, inclusive no controle de infecções virais oportunistas tais como na reativação de infecções por citomegalovirus ou herpes zosters, no controle de carcinomas induzido por papiloma vírus e nos processos de linfoproliferação induzida por EBV. Uma outra linha de evidência que tem sido proposta para o imunodiagnóstico do HHV8 refere-se a determinação do padrão de produção de citocinas que pode promover a disseminação viral aos tecidos e processos de iniciação do KS , inclusive a reativação de HHV8 na presença de citocinas inflamatórias, através da detecção de DNA viral por PCR, em cultura de células mononucleares do sangue periférico de pacientes com AIDS (Monini et al, 1999, Ensoli 2001). No entanto, não foi elucidado ainda o mecanismo imune celular do hospedeiro na prevenção do KS na vigência da infecção por HHV8. Os dados são ainda bastante limitados, porém, pioneiramente, Strickler e colaboradores em 1999, detectaram resposta linfoproliferativa de células T in vitro em resposta ao antígeno de HHV8 em homens que fazem sexo com homens, tanto HHV8soronegativos quanto HHV8-soropositivos. A princípio, essa observação pode ser justificada pela limitação dos testes sorológicos em detectar anticorpos anti-HHV8 no grupo de risco de desenvolver SK. Por outro lado, a detecção de linfoproliferação como reposta específica ao HHV8 nos grupos de risco HHV8-soronegativos, não observada nos casos de AIDS, pode indicar que a imunidade celular desempenhe um controle sobre a infecção por HHV8 logo após a exposição, prevenindo a soroconversão em alguns casos, como demonstrado na exposição a outros vírus (koziel et al., 1997; Pinto et al., 1995). A proposta do presente trabalho é caracterização da resposta imune celular frente a antígenos de HHV8 entre grupos clínicos bem definidos, homens que fazem sexo com homens infectados ou não por HIV e/ou HHV8, com imunidade restaurada pela terapia antiretroviral e indivíduos não infectados por HIV e soropositibos para HHV8. Casuística N=40. A importância deste estudo está em eventualmente esclarecer o significado das recentes inves-
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tigações sorológicas que identificaram um número importante de sororeativos ao HHV-8. Ensaios de imunidade celular podem ser úteis para compor um conjunto de marcadores laboratoriais importantes, que permitam identificar aqueles indivíduos saudáveis ou pacientes realmente infectados pelo HHV-8. O laboratório de Virologia iniciou o estudo da infecção por HHV8 em 1998, tendo atualmente projetos em colaboração e e em andamento e já concluídos. Os laboratórios de Virologia e Dermatologia e Imunodeficiências do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo têm trabalhado em colaboração nos últimos anos, principalmente no estudo da resposta imune anti-citomegalovirus, com bons resultados (um trabalho publicado em conjunto e duas teses de doutorado cujos manuscritos estão sendo preparados para publicação). O presente projeto reflete um extensão desta colaboração, envolvendo o estudo da resposta imune a outros vírus (HHV-8). Unidades Participantes: CTAs - SMS São Paulo - ainda a definir Fase em que se encontra: Antes de iniciar campo, submetido ao CEPSMS/SP em fevereiro/2006, aguarda aprovação para iniciar. Previsão de Início: Abril/2006 Aprovação no primeiro Comité de Ética - 2004. Aprovação para recebimento de Auxílio à Pesquisa - FUNDAP - 2005 Previsão do término: 24 meses
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Trabalho de Conclusão de Curso
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Alimentação de lactentes filhos de mulheres portadoras do HIV Simone Heliotropio de Matos Graduanda em Nutrição- FSP/USP Co-autores: Janete Aparecida da Costa (SAE DST/Aids Santana) e Prof. Dr. Ivan França Junior - Faculdade de Saúde Pública da USP (orientador)
Resumo: Introdução: A OMS recomenda que as mulheres portadoras do HIV não amamentem seus filhos, desde que seja factível, seguro e acessível (WHO, 2003). Poucos são os estudos, no Brasil, que levam em consideração os diversos aspectos que podem influenciar na escolha do tipo de alimentação dos lactentes filhos de mulheres portadoras do HIV, inclusive o papel do estigma e discriminação que informam estas decisões. Objetivo: Compreender como as mulheres portadoras do HIV, acompanhadas em um serviço especializado em DST/AIDS, da rede municipal de São Paulo, lidam com a questão da alimentação do lactente de 0 a 6 meses de idade e quais são suas estratégias e dificuldades para amamentar ou desmamar. Identificar de que maneira o estigma relacionado à AIDS pode influenciar na decisão das mulheres quanto ao aleitamento materno. Metodologia: Estudo qualitativo de natureza exploratória, realizado através de entrevistas semi-estruturadas, com roteiro pré-definido. A população sob estudo está sendo composta de mulheres portadoras do HIV que tenham engravidado ou concebido crianças nos últimos 12 meses (2004-2005). A participação nas entrevistas é voluntária, sem prejuízos, ou vantagens para as participantes, o sigilo é garantido, seguindo os preceitos éticos, com assinatura de termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). As mulheres são convidadas a participar a partir da apresentação do pesquisador por um profissional do serviço. Ao término da entrevista é oferecido às mulheres um guia prático de orientação nutricional para lactentes no primeiro ano de vida. A pesquisa encontra-se na fase de execução do campo. Unidades Participantes: SAE SANTANA Fase em que se encontra: Em campo Quando iniciou: Março de 2005 Previsão do Término: 2º semestre de 2006
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Pesquisa Multicêntrica
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Protocolo colaborativo multicêntrico brasileiro para avaliar as taxas de transmissão materno-infantil do HIV em filhos de mulheres com diagnósticos da infecção pelo HIV realizado antes, durante ou até seis meses após o parto Regina Célia de Menezes Succi succi@picture.com.br Médica - Universidade Federal de São Paulo e Sociedade Brasileira de Pediatria Co-autores: Grupo de Estudo da Transmissão Vertical do HIV: Dulce Helena Mendes Xavier, Olinda Keiko Kimura,Cecília Setsuko Abe Ferreira, Teresa Maria Isaac Nishimoto, Marcos Vinícius da Silva Pone, Marisa Aloé, Sandra Fagundes Moreira da Silva, Ana Paula Neves Burian Lima, Elizabete Pires Yamaguti, Cristina Cruz, Marion Buger, Elide Sbardellottto Mariano da Costa, Suzane Cerutti Kummer, Vulpius Ferrari Horta,Aroldo Prohmann de Carvalho, Helena Maria Vieira, Sônia Maria de Faria, Bruno Vaz da Costa, Maly Albuquerque, Luiz Carlos Rey, Bráulio Matias de Carvalho, Robério Dias Leite,Magaly Soares de Oliveira Lins, Edvaldo Souza, Verbena Maria de Carvalho Barros, Margareth Maluf Silva, Solange Dourado de Andrade, Paulo Sérgio Guzzo Daisy Maria Machado, Mariliza Henrique da Silva, Daniela Vinhas Bertolini
Resumo: O programa brasileiro de DST-AIDS tem tido sucesso no controle da epidemia e a diminuição da transmissão materno-infantil do HIV (TMI do HIV) é uma das conseqüências desse trabalho. Manter a vigilância sobre os casos de transmissão vertical é uma das medidas da eficácia desse programa, que oferece livre acesso a terapia antiretroviral para o tratamento de AIDS e para prevenção da transmissão vertical do HIV. Objetivo: O objetivo deste estudo foi avaliar as taxas de transmissão vertical do HIV em todas as regiões do país entre crianças filhas de mães infectadas pelo HIV e nascidas no período compreendido entre janeiro de 2003 a dezembro de 2004. Material e Métodos: 18 serviços (localizados em 14 estados e no DF), representando as cinco macro-regiões do pais participaram do estudo. Dados referentes a 1.512 crianças foram analisados. A TMI do HIV nesse período foi de 7,0%, sendo 7,2% em 2003 e 6,8% em 2004. A semelhança do estudo anterior, a TMI do HIV foi maior nas regiões norte e nordeste do país quando comparadas com as regiões centro-oeste, sul e sudeste. A análise dos dados encontrados permitirá avaliar as causas desse aumento da TMI do HIV e propor estratégias para seu controle. Conclusões: A TMI do HIV vem diminuindo nos últimos anos, mas a vigilância contínua dessa forma de transmissão é importante para atingirmos taxas inferiores a 2% até o ano de 2007, que é a meta do PN DST AIDS do Ministério da Saúde. Unidades Participantes: SAE Cidade Lider Fase em que se encontra: Em análise Início: Maio de 2004 Previsão de término: Coleta terminada Apresentado resultados parciais, em forma oral no Congresso Brasileiro de Infectologia Pediátrica em Foz do Iguaçu, em maio de 2005.
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Resposta imunológica em recém-infectados pelo HIV-1 Esper Georges Kallás kallas.dmed@epm.br Médico infectologista do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo e da Universidade Federal de São Paulo. Professor Afiliado da Disciplina de Infectologia da Universidade Federal de São Paulo. Co-autores: Katia Cristina Bassichetto, Solange Maria Oliveira, Reginaldo Bortoloto, Cecilia Kanashiro, Mariana Mellilo Sauer Chaves, Maria Cecilia A. Sucupira, Ester C. Sabino, Ricardo S. Diaz.
Resumo: A infecção pelo HIV-1 tornou-se uma pandemia, acometendo todos os continentes e constitui, seguramente, um dos principais problemas de saúde pública em todo o mundo. O entendimento dos mecanismos imunológicos no combate ao vírus pelo hospedeiro é fundamental para implementar estratégias de prevenção e tratamento. Entretanto, os fenômenos que ocorrem nas fases iniciais da infecção precisam ser elucidados. Este projeto tem como objetivo identificar pacientes recentemente infectados pelo HIV-1 através da técnica de testagem sorológica dupla (detuned), comparando os resultados com a técnica de avaliação de avidez de anticorpos anti-HIV, criar repositório de amostras de soro, plasma e células mononucleares de sangue periférico, caracterizar o tipo de vírus destes pacientes e avaliar a resposta imunológica celular no momento da identificação dos casos e durante seguimento de seis meses. Para isso, serão incluídos 200 pacientes com sorologia convencional indicando presença de anticorpos anti-HIV-1 (imunoenzimático e Western-Blot) e com estratégia de testagem dupla identificando infecção recente. Após inclusão, os pacientes serão avaliados a cada três meses com realização de exames de segurança, CD4, carga viral, sorologia com estratégia de testagem dupla, teste de avidez de anticorpos, imunofenotipagem ampliada de linfócitos circulantes, ELISPOT e ensaio de detecção de IFN&#61543; pela citometria de fluxo. Será realizado estudo descritivo dos parâmetros analisados acima: características clínicas e laboratoriais destes pacientes, circulação de cepas virais e resposta imunológica do tipo celular nas fases precoces da infecção. Estes parâmetros serão também avaliados prospectivamente por dois anos. Será ainda realizada comparação da técnica de sorologia com estratégia de testagem dupla com a técnica de avaliação de avidez de anticorpos, como proposta alternativa à primeira, por ser de mais fácil execução. Unidades Participantes: CR Santo Amaro, SAE Butantã, SAE Campo Elíseos, SAE Cidade Dutra, SAE Lapa, SAE Mitsutani, CTA Henfil, CTA Parque Ipê, CTA Pirituba, CTA Santo Amaro e Laboratório Lapa Fase em que se encontra: Em campo Iniciou: Maio de 2002 Previsão de término: 2008 Apresentado em seção oral do XV International AIDS Conference, de 11 a 16 de julho de 2004, em Bangkoc, Tailândia. Sá Filho DJ, Bassichetto KC, Sanabani SS, Sabino E, Janini M, Diaz RS, Mesquita F, Kallas EG. Characterization of Full-Length HIV-1 Genome Obtained From Recently Infected Subjects in Brasil.
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Apresentado em seção de pôsteres da 12th Conference on Retroviruses and Opportunistic Infectios,de 22 a 25 de fevereiro de 2005, em Boston, Estados Unidos.Sharp L, Chapman J, Tomiyama H, Brunialti M, Nixon DF, Kallas EG. T cells specific for HIV-gag, not nef, dominate the early HIV specific T cell immune response. Publicado: Kallas EG, Bassichetto KC, Oliveira SM, Goldenberg I, Bortoloto R, Moreno DMFC, Kanashiro C, Chaves MMS, Sucupira MC, Diniz A, Mesquita, FC. Establishment of the serologic testing algorithm for recent human immunodeficiency virus (HIV) seroconversion (STARHS) strategy in the City of São Paulo, Brazil. Brazilian Journal of Infectious Diseases 8(6):399-406, 2004.
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Estudo sobre comportamentos sexuais e contextos de vulnerabilidade para o HIV entre mulheres Naila Janilde Seabra Santos naila@crt.saude.sp.gov.br Médica Sanitarista Co-autoras: Dra Elvira M Felipi, Dra Wilza Vilela
Resumo: Os perfis socio-demográficos e de comportamento sexual associados à infecção pelo HIV têm sido definidos, principalmente, através das notificações dos casos de AIDS. A análise da disseminação da AIDS no Brasil mostra algumas tendências, entre elas o aumento da transmissão heterossexual e consequentemente o aumento substancial dos casos em mulheres. A “feminização” da AIDS parece envolver a maior vulnerabilidade biológica da mulher ao HIV e uma desigualdade na distribuição de poder entre os gêneros. O objetivo deste projeto é conhecer o comportamento sexual das mulheres buscando informações sobre a sua vulnerabilidade no campo do comportamento, da parceria, das relações de gênero e do acesso aos serviços e insumos de saúde. Para a realização deste projeto será utilizado um estudo quanti-qualitativo com mulheres HIVpositivo atendidas em SAEs e HIV-negativo das cinco regiões brasileiras. O total da amostra foi de 4645, sendo 2175 mulheres HIV-positivo e 2470 mulheres atendidas em serviços de Saúde da Mulher. Estas mulheres serão convidadas a preencher um questionário anônimo, estruturado, contendo questões sobre dados demográficos, história da infecção e do diagnóstico, história sexual, assistência e tratamento. Para aprofundar essas questões, entre as mulheres HIV positivo, serão aplicadas entrevistas, utilizando-se um roteiro menos estruturado e mais detalhado, em uma sub-amostra do universo das 2175 mulheres, e realizados grupos focais. Justificativa e relevância da pesquisa: O aumento substancial do número de casos de AIDS em mulheres mostra a necessidade de investigar o perfil epidemiológico das mulheres HIV positivo, as situações de vulnerabilidade feminina para a infecção pelo HIV, as circunstâncias em que as mulheres fazem ou não uso do preservativo, os fatores que influenciam e/ou determinam a adoção de práticas sexuais mais seguras e a relação com seus parceiros. Objetivos: Geral Conhecer o perfil das mulheres HIV positivo e as situações de vulnerabilidade feminina para o HIV no campo do comportamento sexual, das parcerias e do acesso aos serviços e insumos de saúde. Específicos Estudar as características sócio-demográficas e comportamentais das mulheres HIVpositivo em serviços de referência para o atendimento de HIV/AIDS e das mulheres atendidas nos serviços de Saúde da Mulher. Avaliar a qualidade do serviço prestado a essas mulheres.
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Material e métodos: Estudo quali-quantitativo realizado em serviços de referência para o atendimento de HIV/ AIDS e em serviços de Saúde da Mulher que possuam mais de 50% dos seus atendimentos voltados à consultas de pré-natal e/ou planejamento familiar, nas regiões Norte, Nordeste, Sudeste, Centro Oeste e Sul, em mulheres acima de 18 anos de idade. Foram utilizados dois questionários estruturados, um para cada grupo estudado, autoaplicáveis, contendo questões sobre características sócio-demográficas, história sexual pregressa e atual, além de questões sobre assistência e tratamento. Para as mulheres HIV positivo será investigada a história da infecção e do diagnóstico do HIV e sobre as mudanças na vida sexual depois deste diagnóstico. Foi realizado um piloto com 22 questionários em um Encontro de Mulheres Soropositivas, ocorrido em São Paulo, no início de dezembro de 2002. As pessoas analfabetas foram incluídas no estudo qualitativo. O cálculo de amostra populacional para os dois grupos foi realizado utilizando-se uma estimativa de 50% de prevalência para as variáveis pesquisadas, o que maximiza o tamanho da amostra. Para o grupo de mulheres que freqüentam os serviços de Saúde da Mulher o número de entrevistas por região ficou em 380, após o uso da fórmula de cálculo de amostra populacional. Para o grupo de mulheres soropositivas o cálculo da amostra foi feito utilizando-se uma estimativa da população soropositiva por macrorregião efetuado pela Dra Célia Landman em trabalho publicado em Boletim Epidemiológico da CN-DST/AIDS (TMI - Boletim - Ano XV n 01 - julho a setembro de 2001 - ISSN: 1517-1159). O resultado final é uma amostra de 1673, divididas por região como está discriminado: Norte-163, Nordeste-376; Sul-380, Sudeste-383, Centro-Oeste-371. Os cálculos foram feitos por macrorregião, para um intervalo de confiança de 95% e erro bilateral de 5%, exceto na região norte onde aceitamos um erro bilateral de 7,5% para o grupo de soropositivas, porque não seria possível obter uma amostra maior na região, devido ao número de pessoas atendidas nos SAEs e período de tempo de coleta de dados. Considerando-se que o questionário foi auto aplicável, a possibilidade de questões incorretamente preenchidas ou não preenchidas, é grande. Assim, a amostra foi aumentada em 30% chegando-se a um total de 2175 para as soropositivas e 2470 para as mulheres atendidas nos serviços de Saúde da Mulher. As entrevistas em profundidade foram aplicadas por entrevistadores especialmente treinados em 50 mulheres soropositivas, numa amostra de conveniência, sendo 10 mulheres por macrorregião, em locais selecionados segundo a estrutura dos serviços. Estas entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra para posterior análise de conteúdo. O roteiro para as entrevistas também foi submetido a um piloto no mesmo encontro citado anteriormente. Foram ainda realizados 10 grupos focais (5 grupos com as mulheres atendidas nos serviços de saúde da mulher e 5 grupos com as mulheres HIV positivo) objetivando aprofundar a discussão das questões relativas à vulnerabilidade feminina. O estudo quantitativo será realizado nos seguintes municípios: Manaus, Belém, Campina Grande, Recife, Vitória da Conquista, São Paulo, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Distrito Federal, Goiânia, Campo Grande, Curitiba e Pelotas. O estudo qualitativo foi realizado em Belém, Recife, Ribeirão Preto, Campo Grande e Curitiba. Plano de coleta e análise de dados: Os questionários foram propostos por um funcionário da recepção dos serviços incluídos a todas as usuárias quando do seu comparecimento rotineiro aos mesmos. Cada serviço teve um supervisor responsável pelo convite, entrega dos questionários e esclarecimento
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de dúvidas. Depois de respondidos, os questionários foram depositados em urnas com numeração específica para cada serviço de saúde. Estas urnas foram lacradas e encaminhadas para o local onde se procedeu à digitação dos dados. A análise dos dados quantitativos e qualitativos foi efetuada pelo grupo de pesquisadores com assessoria de um estatístico. Área de intervenção geográfica: Municípios das cinco regiões brasileiras. Região Norte: Manaus/AM e Belém/PA Região Nordeste: Campina Grande/PB, Recife/PE e Vitória da Conquista/BA Região Centro-Oeste: Distrito Federal, Goiânia/GO e Campo Grande/MS Região Sudeste: São Paulo/SP, Ribeirão Preto/SP, Belo Horizonte/MG e Rio de Janeiro/RJ Região Sul: Pelotas/RS e Curitiba/PR População-alvo: Mulheres HIV positivas que freqüentam serviços de referência e mulheres atendidas nos serviços de Saúde da Mulher em 14 municípios das cinco regiões brasileiras. Avaliação crítica e riscos em relação aos objetivos do projeto: Sabe-se que a amostra planejada não é representativa das mulheres brasileiras, mas, ainda assim, espera-se que o perfil encontrado aproxime-se da realidade dos dois grupos estudados. Os riscos individuais para as mulheres pesquisadas são mínimos e restritos a um eventual desconforto frente a perguntas de caráter íntimo. As mulheres não serão submetidas a nenhum procedimento invasivo. Os questionários serão voluntários e anônimos. Para a análise dos dados, tanto os questionários estruturados quanto das entrevistas serão identificados por código. Unidades Participantes: CR Santo Amaro, UBS Jardim Sapopemba Fase em que se encontra: Em análise Iniciou: 2003 Previsão do término: Esperamos, concluir a pesquisa ainda neste ano, mas isto é incerto, uma vez que não contamos mais com recursos financeiros e estamos nos comprometendo a fazer a análise dos dados entre as diversas atividades do nosso trabalho. Assim, ainda não temos dados, nem preliminares, da pesquisa e, obviamente, nada foi publicado.
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