Jornal DST/Ais - 2004

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DST/AIDS CIDADE DE SÃO PAULO MARÇO DE 2004

O lugar de São Paulo no mapa da luta contra a AIDS Ao lado da atenção às vítimas da epidemia, o municípío empenha-se em uma ampla ação de prevenção que tem como foco mais de mais dez milhões de habitantes. o início de fevereiro de 2004, a prefeita Marta Suplicy participou, em Londres, da reunião do Comitê Gestor da Coalizão Global para Mulheres e AIDS, a convite da UNAIDS – Programa das Nações Unidas para a AIDS. Essa participação é uma mostra importante de que a cidade de São Paulo recolocou-se no mapa da luta contra a AIDS no país e no mundo, nos últimos três anos. Em 2001, os serviços municipais especializados em DST/AIDS passaram a ser integrados sob uma política que tem como base a defesa dos direitos civis e humanos, o respeito à diversidade, a construção da cidadania, a defesa dos princípios de universalidade e da

integralidade na atenção à saúde (princípios do SUS) e a parceria com as Organizações da Sociedade Civil, universidades e setores empresariais e governamentais. A reestruturação da rede municipal de assistência às DST/AIDS, trouxe para os serviços de saúde da cidade de São Paulo um papel de destaque no atendimento qualificado. O município ampliou seu atendimento e voltou a cumprir um papel no SUS, de atenção especial às vítimas da epidemia e de prevenção junto à população, integrando-se cada vez mais com os demais serviços de saúde. Ao lado disto, importantes parcerias com universidades internacionais e com os organismos multilaterais como UNESCO, UNAIDS, UNDCP, OPAS,

entre outros foram estabelecidas. De cada cinco casos de AIDS no país, um vive em nossa cidade, o que reforça a importância do envolvimento decidido da Prefeitura de São Paulo na luta contra a epidemia do HIV. Este jornal conta um pouco do trabalho que vem sendo realizado no município, prestando contas do nosso dia a dia com um resumo das ações em 2003, a exemplo do que fizemos nos anos anteriores. Com ele, reafirmamos o compromisso da Área de DST/AIDS da cidade de São Paulo com a continuidade de um firme trabalho dedicado ao controle das doenças sexualmente transmissíveis e da AIDS e de atenção aos direitos e à saúde de nossa população. 1


A Aids na Cidade de São Paulo Diminui o número de novos casos no município, mas a epidemia assume faces diferentes nas várias regiões

DST/AIDS Cidade de São Paulo Rua General Jardim, 36 CEP 01223-010 Tel. 11 3218-4000 www.prefeitura.sp.gov.br/dstaids dstaids@prefeitura.sp.gov.br

Marta Suplicy Prefeita Gonzalo Vecina Neto Secretário Municipal da Saúde Fábio Mesquita Diretor da Cogest - Coordenação de Desenvolvimento da Gestão Descentralizada Maria Cristina Abbate Coordenadora da Área Temática de DST/AIDS da Cidade de São Paulo Jornal DST/AIDS Cidade de São Paulo Área de Comunicação DST/AIDS Coordenação – Celia Regina de Souza Equipe – Luciana de Abreu e André Cunha Bezerra

cidade de São Paulo tem hoje 55.772 casos notificados de AIDS, o que corresponde a aproximadamente 20% dos 277.154 casos do país. No município como um todo, entre os anos de 2001 e 2002, a incidência de AIDS diminuiu de 32 para 28 casos por 100 mil habitantes. Em 2002 foram registrados 2953 novos casos de AIDS na cidade, enquanto em 2001 haviam sido 3409. As principais formas de infecção na cidade de São Paulo continuam sendo heterossexual, homossexual e UDI (usuário de drogas injetáveis) entre os homens, e heterossexual e UDI entre as mulheres. Entre 2001 e 2002, o surgimento de casos novos apresentou queda em ambos os sexos. Entre os homens, o número de novos casos diminuiu de 44 para 38 novos casos por 100 mil habitantes. Entre as mulheres, esta diminuição foi menor: de 22 para 19 novos casos por 100 mil habitantes. Isto significa que embora os homens ainda tenham apresentado em 2002 mais casos novos de AIDS (1911) do que as mulheres (1042), no sexo feminino a epidemia vem diminuindo em velocidade menor. Enquanto no mundo as mulheres já representam 50% da epidemia, na cidade de São Paulo a razão de sexo é de 1,8 homem para cada mulher. Uma provável explicação para isto é o peso expressivo da categoria homossexual e UDI em nossa cidade.

As várias faces Uma característica que se mantém no município é a tendência de envelhecimento da epidemia. Em 2002, as maiores incidências de AIDS, tanto entre homens quanto mulheres, continuam a predominar na faixa etária de 30 a 39 anos. Neste mesmo ano, predominaram na segunda posição os homens de 40 a 49 anos e as mulheres de 20

a 29 anos. Apesar de preliminares, os dados de 2003 apontam uma tendência da segunda posição passar, também nas mulheres, para a faixa de 40 a 49 anos. A transmissão vertical do HIV (de mãe para bebê, na gestação, parto ou amamentação) têm diminuído no município. Isto demonstra que os esforços empreendidos para a melhoria da assistência da gestante no pré-natal e parto, assim como do recém-nascido, vêm dando resultado. O número de bebês com AIDS adquirida por transmissão vertical diminuiu de 75 em 2001 para 43 em 2002, ou seja: houve uma queda da transmissão vertical de 7 para 4%. A taxa de transmissão vertical tecnicamente possível é estimada em torno de 2%, sendo somente alcançada em poucos países desenvolvidos. A tendência de queda no número de mortes por AIDS vêm sendo mantida nos últimos anos. Entre 2001 e 2002 foi de aproximadamente 13%. A taxa de mortalidade (óbitos por AIDS para cada 100 mil habitantes) também diminuiu em ambos os sexos, numa proporção cerca de três vezes maior entre os homens, de 22 para 18 por 100 mil habitantes, enquanto entre as mulheres foi de 9 para 8 por 100 mil habitantes. Na cidade, as subprefeituras com maior número de casos são: Sé, Santana/ Tucuruvi, Casa Verde/Cachoeirinha, Mooca, Jabaquara, Vila Maria/Vila Guilherme, Penha e Ermelino Matarazzo. Nove subprefeituras paulistanas apresentaram aumento no surgimento de novos casos, de 2001 para 2002: Campo Limpo, Ermelino Matarazzo, Jabaquara, M´Boi Mirim, Pinheiros, São Mateus, Sé, Socorro, Vila Maria/Vila Guilherme. Enquanto em 27 subprefeituras a categoria de exposição predominante é a heterossexual, em três - Sé, Vila Mariana e Pinheiros, predomina a categoria homossexual. Em Santana/Tucuruvi predominam os UDI.

Projeto gráfico e produção – Eduardo Joly Estes dados são apresentados no Boletim Epidemiológico de 2003, elaborado pela área de Vigilância em Saúde do DST/ AIDS Cidade de São Paulo. Os dados completos estão disponíveis pela Internet: www.prefeitura.sp.gov.br/dstaids

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DST/AIDS A integração com a Rede Básica Aconselhamento, testagem para HIV e distribuição de insumos de prevenção para doenças sexualmente transmissíveis e o HIV são ampliadas para as Unidades Básicas de Saúde s ações de prevenção em DST/ AIDS na cidade de São Paulo vêm sendo ampliadas para a rede básica de saúde, de acordo com as diretrizes do Sistema Único de Saúde. Uma das conseqüências disto foi o aumento da oferta de insumos (preservativos e kits de redução de danos para uso de drogas injetáveis), de testes do HIV e aconselhamento pelas Unidades Básicas de Saúde-UBS, no ano de 2003. Atualmente, cerca de 100 unidades

de saúde distribuem, gratuitamente, preservativos na rede municipal. O objetivo desta expansão é garantir que, além das unidades especializadas, em todas as subprefeituras da cidade de São Paulo existam uma Unidade Básica que seja referência para a população nas ações de prevenção às DST/AIDS. No mês de novembro, foi realizada uma Ofi cina de Prevenção destinada a profi ssionais das 80 unidades da Rede

Básica que estão recebendo preservativos diretamente da Área Temática de DST/AIDS. A Ofi cina teve o objetivo de qualificar a entrega deste insumo à população e ampliar os locais para a realização de testes para o HIV e aconselhamento (pré-teste e pós-teste do HIV). A elaboração e execução da Oficina de Prevenção contou com técnicos dos CTA Henfil, São Miguel, Santo Amaro, Parque Ipê e Pirituba.

Nas regiões

“A prevenção tem que estar perto das pessoas” A educadora de saúde pública e diretora do CTA Pirituba, Ana Regina Campos, coordenou a capacitação de 16 UBS em sua região, para a realização de testes, aconselhamento e distribuição qualificada de preservativos. “O mais importante é o aconselhamento, a forma como você conversa, ouve, tira dúvidas. Nesta escuta qualificada, você ouve o outro e dá um encaminhamento concreto para a situação”, destaca Ana. O principal

problema apontado por ela é a dificuldade ainda existente para se romper com a visão de que exames e resultados sempre devem ser solicitados ou entregues apenas por médicos ou enfermeiras. O treinamento das equipes, validado pelo CEFOR – Centro de Formação da Secretaria da Saúde, envolve outras pessoas da equipe técnica, ampliando o atendimento à população. Na região de Pirituba quatro UBS estão recebendo preservativos da

área de DST/AIDS. Em alguns locais, os preservativos são disponibilizados em displays para que seus usuários possam retirar a quantidade que necessitam. Todas as 16 unidades básicas capacitadas fazem aconselhamento e realizam ou encaminham testes de HIV. “É uma construção...”, diz Ana, que contribuiu com sua experiência na realização da Oficina de Prevenção para as demais UBS.

EM TRÊS ANOS, A DISTRIBUIÇÃO DE PRESERVATIVOS NA REDE MUNICIPAL DE SÃO PAULO CRESCEU 10 VEZES. Em 2000, foram distribuídas um milhão de camisinhas. Em 2003, foram distribuídas mais de 10 milhões. 3


PRDSAMPA PRD Conquistas e Desafios O município de São Paulo abraçou a campanha nacional “Fique Sabendo”, que estimula a população a realizar a testagem do HIV. O conhecimento do status sorológico é uma das maneiras mais eficazes de prevenção. Por isso, além da ampliação da testagem para a Rede Básica, quatro novos Centros de Testagem e Aconselhamento foram inaugurados na cidade. Os novos CTA Cidade Tiradentes, Parque Ipê, Dr. Sérgio Arouca (Itaim Paulista) e São Mateus estão localizados em regiões periféricas e contam com o “Plantão Jovem”, onde jovens agentes de prevenção atuam junto a outros jovens de sua comunidade.

O número de testes de HIV na rede municipal de São Paulo cresceu mais de três vezes nos últimos três anos 6.000 testes/mês em 2001

A cidade de São Paulo avançou no estabelecimento de uma política de saúde pública baseada em estratégias de Redução de Danos nos últimos anos. Em setembro de 2001, foi implantado o PRD Sampa – Projeto de Redução de Danos, com o objetivo de evitar a epidemia da AIDS, hepatites e outras doenças entre usuários de drogas injetáveis - UDI. Nesta trajetória, os profissionais da rede de saúde especializada foram treinados, os serviços passaram a receber acompanhamento sistemático e as ações de Redução de Danos foram incorporadas e fortalecidas na rotina de trabalho. O projeto

Em 2003

100.000

11.200 testes/mês em 2002

23.000 testes/mês em 2003

Um projeto da Área de DST/AIDS para a juventude Nos CTA, os jovens podem ser recebidos por outros jovens, agentes de prevenção, que atuam junto à comunidade. Teatro, desenho, Rap, dança, são algumas das atividades que fazem dos CTA um espaço de saúde, cultura e integração dos jovens com os serviços municipais.

visa a educação pelos pares, a democratização de informação, distribuição de insumos de prevenção, acolhimento dos UDI e suas parcerias sexuais, encaminhamento para os diversos serviços especializados, vacinação para hepatite B, entre outros pontos. Para assegurar a efetividade das ações em campo, o PRD Sampa passou a contar com pessoas da própria comunidade como redutores da danos (agentes de prevenção). Em outubro de 2003, foi realizado o III Treinamento de Redutores de Danos do município, para a ampliação das ações e do quadro de redutores, que conta atualmente com 50 agentes.

100

seringas foram distribuídas para a redução de danos a usuários de drogas injetáveis e suas parcerias

unidades de saúde da rede municipal da Cidade de São Paulo realizam aconselhamento e testagem para o HIV/AIDS, distribuem preservativos para prevenção às DST/AIDS e insumos de redução da danos para usuários de drogas injetáveis.

Até 2001, apenas 15 unidades especializadas em DST/AIDS realizavam estas ações.

Educação e Saúde

A prevenção às DST/AIDS nas escolas 4

O “Vamos Combinar?”, como o próprio nome diz, trabalha a prevenção às DST/AIDS e ao uso abusivo de drogas a partir da perspectiva do diálogo, da cidadania e do respeito às diferenças. O projeto é resultado de uma parceria entre a Secretaria da Saúde e da Educação da Prefeitura de São Paulo. Ele busca criar espaços para que os estudantes possam empreender a construção de uma vida mais crítica, saudável e, conseqüentemente, menos vulnerável. Ao lado do trabalho de educação, faz parte do “Vamos Combinar?” a disponibilização de preservativos nas escolas, dentro da campanha desenvolvida pelo Ministério da Saúde.

O “Vamos Combinar?” é dirigido à comunidade escolar, em especial aos alunos do ensino fundamental e médio e coordenadores pedagógicos. Ele é desenvolvido em toda a rede municipal e sua proposta é a incorporação do tema prevenção ao projeto político-pedagógico das escolas. Para os coordenadores do projeto, técnicos das áreas de saúde e educação, ao incentivar o protagonismo juvenil e somar prevenção, cultura e comunicação - com a utilização de rádio, teatro, música, entre outros meios e atividades – o “Vamos Combinar?” vem possibilitando a construção de uma educação preventiva muito além das salas de aula..


Prevenção Dialogada

Uma idéia que virou verdade o concluir que a prevenção trabalhada do modo tradicional não era o melhor caminho para enfrentar a epidemia da AIDS e as DST, o município de São Paulo colocou-se um desafio: romper com as ações médico-centradas, prescritivas e autoritárias. O quê colocar no lugar? Esta indagação começou a ser respondida com a implantação do “Tudo de Bom!”, projeto que reúne travestis e profissionais do sexo homens e mulheres como agentes de prevenção. A atuação deles em campo, junto a seus pares, vem aproximando essa população dos serviços de DST/AIDS, o acolhimento nos serviços foi ficando cada vez melhor e os profissionais do sexo vêm se apropriando cada vez mais de seus espaços. A mesma realidade acontece com os usuários ou ex-usuários de drogas injetáveis, cidadãos que por muito tempo ficaram esquecidos e distantes dos serviços especializados de DST/AIDS. A chamada “prevenção dialogada” virou verdade. E com ela, vai se tornando cada vez mais natural que nos serviços especializados de DST/AIDS do município de São Paulo não existam mais cotas fixas para a retirada de preservativos. A cota deve ser definida pelo jovem, pela mulher, pela travesti, pelo homossexual, pelo michê, pela profissional do sexo, pelo usuário que, mais do que ninguém, sabe da sua necessidade. É natural também que este atendimento seja universal, que dispense procedimentos já consagrados – como a obrigatoriedade de aconselhamento para testagem do HIV ou a apresentação de documentos de identidade para a retirada de insumos de prevenção. Não dá para dizer que já superamos completamente, em apenas três anos, nossos entraves burocráticos, nossa velha rotina. Mas estamos mudando, dia a dia.

A fes2t00a3, os agentes do “Tudo

“Elas por No final de Arco-Íris”, ia an ad id s da área de Bom!”, “C e os técnico ” em v Jo o ntã o município Elas” e “Pla ST/AIDS d D o d o çã en contro para de prev aram um en iz al re lo au ização. de São P e confratern o h al ab tr o avaliação d é um dos re aquele dia b so la fa Quem s: participante

A prevenção às DST/AIDS é assunto de mulher para mulher

o início de julho de 2003, mais de cem mulheres reuniram-se para uma conversa séria. Em um seminário que contou com a participação de representantes da Secretaria Especial da Mulher (do governo federal), da Coordenadoria Especial da Mulher (do governo municipal) técnicas, agentes de prevenção, representantes de entidades, de setores empresariais e universitários, foi lançado o projeto “Elas por Elas – Estratégias de prevenção às DST/AIDS entre as mulheres”. De lá para cá, muito trabalho rolou: o projeto já conta com agentes de prevenção – mulheres ligadas às suas comunidades – em todas as regiões, cerca de 500 mil folhetos foram distribuídos em cestas básicas com mensagens dirigidas às mulheres e endereços de unidades especializadas em DST/AIDS e uma oficina para a construção de um CD e novos materiais educativos foi realizada. A epidemia do HIV/AIDS vem crescendo entre as mulheres no mundo todo, em especial entre as casadas, monogâmicas. Na cidade de São Paulo não é diferente, por isso o “Elas por Elas” vem se somar a outros projetos de prevenção já destinados a populações consideradas mais vulneráveis. Intervenções em mutirões, salões de beleza, reuniões em associações de moradores, reuniões de casa em casa, grupos de mulheres em espaços tipicamente femininos, fomentam a discussão sobre os riscos das DST/AIDS e fornecem orientação. Para as novas agentes de prevenção, muita coisa aprendida vem sendo quase uma novidade.“Só agora caiu minha ficha”, disse

O SHOW DA

uma delas em um dos grupos de discussão do projeto.“Depois que passei a ser agente de prevenção fui ao ginecologista, coisa que eu não fazia há sete anos”, lembra outra. “Antes de chegar ao lugar certo para tratar o HIV, passei por vários médicos de diferentes serviços. O trabalho da agente de prevenção facilita a vida das mulheres porque indica onde ela deve ir para tirar suas dúvidas, para se cuidar”, acrescenta uma das agentes. Incentivar o diálogo, desmistificar conceitos e preconceitos, incentivar o autocuidado, a conscientização da importância do papel da mulher são alguns dos objetivos do “Elas por Elas”. Um bom exercício para isto foi vivido pelo próprio grupo de agentes no mês de novembro. Durante uma oficina para a construção de um CD do projeto, com textos radiofônicos para serem utilizados nas rádios comunitárias, em feiras, supermercados, festas e outros locais, as mulheres participantes puderam repensar sobre a vida, seus sonhos, as dificuldades e desafios de cada uma. Puderam também criar, falar e serem gravadas. Juntas, as agentes de prevenção criaram uma série de pequenos textos. Agora, neste início de ano, o trabalho será aprimorado tecnicamente e elas vão para o estúdio de gravação concluir o CD com suas vozes. Logo mais elas estarão sendo ouvidas em muitos lugares, mas, o mais importante é que continuarão em campo, em todo canto, dialogando com outras mulheres como elas.

VIDA

tes de ntro dos agen o último enco o id uz eitos nc ad tr co de ser do que ogada, mais ação, assim po al di em o çã as vr en la ev m do pa to e pr vencia de Transforman empoderamen periências e vi o, ex m m is ha on il ag rt ot pa e com uto-estima, pr ionais de saúd prevenção. A entes e profiss ag tudo, do an qu reta ho e, acima de al e. ab tr úd são ação conc sa de r a ze fi fa o l filoso nente essencia ânea e criativa essamos nossa a Vida, compo forma espont o juntos expr ou an br le um ce s te ai m en mos ro d’ag Ao comemorar IDS. O encont SER. ção às DST/A en ev pr os enquanto m de o za ti çã re ep nc nc co co s a ss no no de de fato nto Amaro terpessoais, on ública -CR Sa das relações in em Saúde P ucador

ri - Ed Marcos Velt

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Pesquisa em DST/AIDS

Olhos e braços multiplicados A contribuição dos interlocutores, a realização de um seminário e a publicação do II Inventário de Pesquisas dão mais vida à investigação científica e sistematizam os trabalhos. O setor de Pesquisa da área de DST/ AIDS vêm se consolidando com uma série de atividades realizadas em 2003 e desempenhado um papel importante na rede interna e junto aos demais institutos e instituições de pesquisa da cidade de São Paulo e fora dela. O papel do interlocutor de pesquisa é um dos diferenciais neste processo. Nas unidades especializadas eles potencializam iniciativas científicas, divulgam estudos desenvolvidos em outros locais e possibilitam melhor fluxo de informações entre pesquisador, instituição e sujeitos das pesquisas.

No ano que passou também foi normatizada a participação de funcionários da rede municipal especializada em eventos científicos. Cada vez mais vem sendo possível compartilhar experiências, dar visibilidade à produção científica institucional que vem sendo realizada e proporcionar maior qualificação profissional. Uma das principais atividades do setor aconteceu no mês de dezembro, com o lançamento do II Inventário de Pesquisas em DST/AIDS da Secretaria Municipal da Saúde Ele reuniu 86 resumos de pesquisas e estudos concluídos ou em andamento,

desenvolvidos por pesquisadores da rede ou de instituições parceiras. Parte destes trabalhos foi apresentada no I Seminário de Pesquisa em DST/AIDS da rede municipal, realizado junto com o lançamento do Inventário. Todas estas iniciativas tem como objetivo estimular os profissionais a produzir conhecimento científico a partir de sua prática cotidiana. Mais do que isto, à luz deste conhecimento, é possível aprimorar as ações do serviço público, em benefício da população.

Homenagem

CEDOC Dr. David Capistrano Filho Um novo espaço de documentação e pesquisa em DST/AIDS

O CEDOC - Centro de Documentação em DST/AIDS Dr. David Capistrano Filho foi inaugurado no final de 2003. Ele tem como objetivo a democratização da informação e do conhecimento, o resgate e a preservação da memória histórica do enfrentamento da epidemia, o incentivo à pesquisa, o diálogo com a comunidade científica e uma qualificação, cada vez maior, da atenção à saúde da população. O Centro de Documentação em DST/AIDS da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo é uma

unidade cooperante da Bireme (Biblioteca Regional de Medicina) da Organização Panamericana da Saúde (OPAS). O CEDOC recebeu o nome de Dr. David Capistrano Filho em homenagem ao médico sanitarista, incansável lutador das causas sociais, defensor da saúde pública brasileira e um ousado político na luta contra a AIDS no Brasil. Durante a inauguração, ao falar de David, sua mãe, Maria Augusta, fez um emocionado resgate da história de seu filho, que faleceu aos 52 anos, em novembro de 2000, em São Paulo.

Um suporte essencial para a qualidade do trabalho Todos os setores da coordenação municipal de DST/AIDS são importantes, mas sem o planejamento correto e a agilidade na aplicação dos recursos financeiros pouco poderia ser feito. Grande parte do sucesso das ações empreendidas no município de São Paulo deve-se ao esforço do setor Administrativo e Financeiro em priorizar os projetos estratégicos, em buscar caminhos jurídicos e institucionais para viabilizar a ajuda 6

de custo aos agentes de prevenção e em aplicar corretamente os recursos do chamado Fundo a Fundo. A administração de parte dos recursos vem sendo realizada por meio de um Acordo de Cooperação Técnica entre a Prefeitura de São Paulo e a UNESCO. Nos últimos anos, houve um forte investimento na melhoria das condições físicas de várias unidades, na inauguração

de novos serviços em compras de equipamentos, elaboração de materiais, na qualifi cação profi ssional e realização de inúmeras atividades. O bom andamento do trabalho, ano a ano, credenciaram o município de São Paulo a receber regularmente os recursos destinados à área, garantindo a sustentabilidade das ações no campo das DST/AIDS.


A cara do nosso trabalho Dezenas de materiais, livros, CDs, páginas na rede informatizada dão identidade à área de DST/AIDS. Uma das principais tarefas do setor de Comunicação da área de DST/AIDS da Prefeitura de São Paulo, nestes últimos anos, era fazer com que a área pudesse ser conhecida, melhor utilizada pela população, reconhecida em nossa cidade e respeitada pelos mais diversos setores – dos usuários à comunidade científica, do cidadão comum aos meios de comunicação. Vários indicadores – do aumento do número de atendimentos ao destaque obtido pela área junto à mídia – mostram que estes objetivos vêm sendo atingidos, graças ao trabalho coletivo desenvolvido pela área de DST/AIDS em seus vários setores e unidades. Parte do trabalho realizado está registrado no livro “DST/AIDS – A nova

cara da luta contra a epidemia na Cidade de São Paulo”, editado em português e espanhol e lançado em Cuba, durante o Fórum 2003 de DST/AIDS da América Latina e do Caribe. E muito do que vem sendo feito pode ser visto, lido, ouvido por meio das dezenas de materiais produzidos: folhetos, manuais, cartilhas, banners, adesivos, guias e CDs, expostos nas páginas centrais desse jornal. A partir de março de 2004, a área de DST/AIDS também terá um portal dentro do site da Prefeitura de São Paulo. Além da parte institucional e de acesso ao público em geral, haverá um espaço exclusivo para a comunicação da rede interna de DST/ AIDS municipal.

a e vai ao ar pel a semanal qu am gr ão ro S p e o d d e nome itária da cidad NO AR” é o issora comun em – União “DST/AIDS r o S A ai N m a U com a 7,9 FM, to 9 n ju s, n li o co p ió em el ga, dantes Rádio H límaco e estu elo SAE Ipiran C p o ão d zi Jo u d ão S ro e p lis mo Paulo. Ele é s de Heliópo o assuntos co de Moradore programa estã es o õ d aç oa ta ci o m au ss p co A a das mas ES. N e à AIDS, te is Social do IM ve ão sí aç is ic n sm u l. an m ca de Co xualmente tr munidade lo às doenças se teresse da co in e d es õ aç a prevenção form al e outras in violência sexu

São Paulo foi sede da I Conferência de Redução de Danos da América Latina e do Caribe, no início do mês de fevereiro. O evento contou com a participação destacada dos serviços municipais de DST/AIDS de São Paulo. A abertura do encontro teve a presença de várias autoridades, entre elas o general Uchôa, coordenador da Secretaria Nacional Anti-Drogas. Ele fez anúncios relevantes para a política nacional nesta área, como a mudança do nome da SENAD para Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e o reforço à adoção do conceito e às ações de Redução de Danos no uso de drogas, nacionalmente. A prefeita Marta Suplicy, destacou a importância do trabalho que vem sendo desenvolvido nesta área no município e seu impacto positivo sobre o controle da epidemia das DST/AIDS junto à população, em especial os usuários de drogas injetáveis.

No dia 11 de março, Marilene da Conceição Ferreira, usuária do SAE Betinho e agente de prevenção do projeto Elas por Elas, será homenageada na Câmara Municipal, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher – 8 de março. Para festejar a data, mulheres de vários setores, profissões ou atividades sociais serão lembradas. O nome de Marilene foi proposto pela vereadora Tita Dias. A escolha de uma mulher soropositiva é uma homenagem a todas as mulheres vítimas da epidemia e que lutam pelo seu controle. 7


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PRDSAMPA Projeto de Redução de Danos da Cidade de São Paulo

A CIDADE DE SÃO PAULO QUER QUE VOCÊ

A CIDADE DE SÃO PAULO QUER QUE VOCÊ

A CIDADE DE SÃO PAULO QUER QUE VOCÊ

“... é preciso trabalhar todo dia, toda madrugada para mudar um pedaço de horta, uma paisagem, um homem. Mas mudam, essa é a verdade.” Mudanças, Domingos Pellegrini Jr.

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foto: Luciana de Abreu

Com a mão na massa A diretora do CR Nossa Senhora do Ó fala sobre o trabalho em DST/AIDS Maria Cecília Mari, médica, é uma das muitas pessoas que vêm construindo, dia a dia, o trabalho de DST/AIDS na cidade de São Paulo. O atendimento aos pacientes de AIDS e às DST ela já procurava fazer desde os tempos em que estava em uma Unidade Básica. Há quase oito anos no CR Nossa Senhora do Ó, com 18 na Prefeitura de São Paulo, Cecília considera que nos últimos três anos houve uma mudança radical na política de AIDS no município. Para ela, houve uma ampliação da visão em relação ao paciente, e o que o rodeia,

de como prevenir e atender a implantação de projetos, melhorando as condições de se saber as necessidades dos usuários. Para Cecília, há uma boa aceitação do serviço pela população porque foi aberto um espaço, que não existia, para reivindicações e a expansão de programas para HSH – Homens que fazem Sexo com Homens, profissionais do sexo e outros. O Conselho Gestor também exerce um importante papel ao trazer as necessidades dos pacientes. Os problemas ainda existem, as dificuldades de

implantação de uma nova política não são poucas, mas Cecília diz que sua rotina é a de sempre: “mão na massa, a vida inteira”. Ao falar das dificuldades que ainda precisam ser superadas em sua unidade, ela conta, com satisfação, que em uma reunião sobre a qualidade dos serviços de saúde, um usuário defendeu o CR Nossa Senhora do Ó, usando como argumento o que ela considera o mais importante: “ele disse que a unidade era feia por fora, mas que dentro dela ele era muito bem acolhido”. (Luciana de Abreu)

A estrutura dos serviços municipais de DST/AIDS da Cidade de São Paulo CTA – Centro de Testagem e Aconselhamento Unidade para orientações e testes sorológicos, especilizada em prevenção e em detectar infecções. SAE – Serviço de Assistência Especializada Realiza atividades de prevenção, diagnósticos e trata dos pacientes das várias doenças sexualmente transmissíveis. Conta com um pequeno laboratório e uma equipe multidisciplinar de profissionais.

CR – Centro de Referência Unidade de prevenção e assistência, estruturada para dar suporte aos serviços de DST/AIDS. Realiza exames diagnósticos e deve ser equipada com laboratório de maior porte, com capacidade de realizar exames de urgência e sorologias. CPA – Centro de Prevenção e Assistência Realiza atividades de prevenção, testagem,

aconselhamento e trata de pacientes das várias doenças sexualmente transmissíveis. Conta com um pequeno laboratório e equipe multidisciplinar de profissionais. AE – Ambulatório de Especialidades Atende diversas especialidades, inclusive DST e HIV/AIDS.

Todos os serviços municipais de DST/AIDS distribuem camisinhas masculinas e femininas, seringas e agulhas para usuários de drogas injetáveis e outros insumos de prevenção às DST e HIV/AIDS

Endereços das unidades municipais especializadas em DST/AIDS CENTRO CTA HENFIL R. Líbero Badaró, 144 3241-2224 SAE CAMPOS ELÍSEOS Rua Albuquerque Lins, 40 Marechal Deodoro 3825-3766 NORTE SAE MARCOS LOTTEMBERG - SANTANA R. Dr. Luiz Lustosa da Silva, 339 6950-9217 CR NOSSA SENHORA DO Ó Av. Itaberaba, 1377 3975-9473 SUL CR SANTO AMARO Av. General Roberto Alves de Carvalho Filho, 569 5686-1613 CTA SANTO AMARO R. Promotor Gabriel Netuzzi Peres, 159 5686-9960 SAE CIDADE DUTRA R. Cristina de Vasconcelos Ceccato, 109 5666-8301

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SAE JARDIM MITSUTANI R. Frei Xisto Teuber, 50 5841-9020 SAE IPIRANGA R. Vicente da Costa, 289 273-4592 AE DR. ALEXANDRE KALIL YAZBEK Av. Ceci, 2235 577-9143 CTA PARQUE IPÊ R. Francisco Antonio Meira, 255 5842-8962 LESTE CTA SÃO MIGUEL R. Eng Manoel Osorio, 151 6297-6052

SAE FIDELIS RIBEIRO R. Peixoto, 100 Ermelino Matarazzo 6621- 0217 SAE BETINHO – SAPOPEMBA Av. Arquiteto Vilanova Artigas, 515 6704-0833 AE VILA PRUDENTE Praça Centenário de Vila Prudente, 108 272-5763 CTA CIDADE TIRADENTES R. Profeta Jeremias 96 COHAB Sta Etelvina 3 6964-0784 OESTE

CTA SÃO MATEUS R. Mateo Bei, 838 6919-0697

CTA PIRITUBA Av. Paula Ferreira, 2079 3978-1213

CTA DR. SÉRGIO AROUCA - ITAIM PAULISTA R. Valente de Novaes, 9 6561-3052

CPA PAULO CÉSAR BONFIM – LAPA R. Tomé de Souza, 30 - 3832-2386

CR PENHA Praça Nossa Senhora Da Penha, 55 295-0391

SAE BUTANTÃ Av. Corifeu de Azevedo Marques, 3596 3768-1523

SAE CIDADE LIDER II R. Médio Iguaçu, 86 6748-0255


Genotipagem

A atenção à saúde das pessoas vivendo com HIV/AIDS Aprimoramento técnico para melhor qualidade de vida uase sete mil pessoas utilizam a terapia anti-retroviral no município de São Paulo. Elas vivem uma rotina que envolve um grande número de comprimidos a serem ingeridos diariamente e enfrentam várias conseqüências ao organismo causadas pelo uso dos medicamentos. Ao lado disto, o crescimento da resistência do HIV às drogas da terapia anti-retroviral após o seu uso prolongado é outro grave problema. “Remédio é como chave e fechadura: tem que ter o encaixe perfeito” explica o bioquímico Élcio Gagizi, coordenador da área de assistência farmacêutica do DST/AIDS Cidade de São Paulo, traduzindo os desafios que as falhas

Lipodistrofia

Novos cuidados com o corpo Um dos efeitos colaterais da terapia anti-retroviral é a lipodistrofia, a alteração na distribuição de gordura pelo corpo. Para minimizar este e outros efeitos, semanalmente, um grupo de pacientes do Ambulatório de Especialidades Dr. Alexandre Kalil Yazbek, no Jabaquara, se reúne para realizar exercícios físicos aeróbicos e de musculação. Estas atividades fazem parte do projeto “Corpo e Mente”, desenvolvido pela unidade de saúde em parceria com o GIV-Grupo de Incentivo à Vida. Os exercícios físicos contribuem para desenvolver os músculos, aumentam a força e a resistência física, queimam gorduras em excesso, ajudam a prevenir problemas cardíacos e contribuem com a auto-estima e bem estar. Para atenuar os efeitos da perda de gordura região facial, uma das áreas mais afetadas pelo usa síndrome da distrofia dos anti-retrovirais, as fonoaudiólogas Marina Stagni e Maria Aparecida Guimarães da área de DST/AIDS do Ambulatório de Especialidades vêm desenvolvendo uma série de exercícios específicos para o fortalecimento da musculatura.

terapêuticas colocam. É aí que reside o grande avanço que vêm representando os exames de genotipagem, “O teste de genotipagem revela a quais anti-retrovirais o HIV está resistente, permitindo redirecionar o tratamento”, explica a médica Rosana Del Bianco, da área de DST/AIDS do município e do estado de São Paulo. Com isto, é possível uma adesão mais adequada aos medicamentos e uma melhor qualidade de vida dos pacientes. Por outro lado, por se tratar de um exame superespecializado, sua análise exige um acompanhamento rigoroso por parte dos médicos em sua

análise. Para executar e interpretar os exames de pacientes atendidos no SUS – Sistema Único de Saúde, o Programa Nacional de DST/AIDS implantou a Renageno – Rede Nacional de Genotipagem, com treinamento dos profissionais de saúde, estabelecimento de fluxograma e distribuição de cotas para os testes. Os exames de genotipagem vem sendo realizados dentro da Renageno desde 2001. No município de São Paulo, todas as unidades de assistência especializada em DST possuem médicos treinados para a realização dos exames e para a sua interpretação correta. Em 2003, foram realizados 50 exames/mês num total de 643 testes solicitados.

GENA

Manual de Nutrição para pessoas com HIV/AIDS Como boas formigas, elas trabalharam vários anos em silêncio e unidas. Foi assim que o Grupo de Nutrição em AIDS, formado por nutricionistas dos serviços especializados em DST/AIDS aprimoraram e adaptaram seus conhecimentos para atender as necessidades apresentadas pelos pacientes com HIV/AIDS. O aprendizado feito na prática e sistematizado em discussões regulares do GENA, está agora consolidado no “Manual de Orientação Nutricional”, lançado no ano passado. O Manual traz informações importantes para se manter ou recuperar um bom estado nutricional, diminuir os efeitos colaterais da terapia anti-retroviral e melhorar a qualidade das pessoas com HIV/AIDS. Ele pode ser disponibilizado por meio do site www.prefeitura.sp.gov.br/dstaids. 11


De

2001 2002 para

O controle da transmissão do HIV e Sífilis para o bebê O controle da transmissão vertical – TV – do HIV e da Sífilis é uma prioridade para a Secretaria Municipal da Saúde e para a área de DST/AIDS. Apesar da eficácia do uso dos antiretrovirais e das rotinas de diagnóstico e de assistência estabelecidas, o controle da transmissão vertical do HIV depende ainda, fundamentalmente, de um sistema de saúde eficiente. O diagnóstico da infecção do HIV no início da gestação possibilita resultados melhores para a saúde da mulher e diminui o risco de transmissão vertical. Por isso é importante que o teste anti-HIV seja oferecido as gestantes logo na primeira consulta de pré-natal.e a ação municipal vem sendo persistente neste rumo. Desde 2001, houve uma intensificação nas ações voltadas ao controle da TV na cidade de São Paulo, com investimentos em informação e vigilância, capacitação de profissionais da saúde da rede básica e hospitalar e uma parceria com

profissionais médicos da rede complementar do SUS. Isto resultou na queda da taxa de transmissão vertical do HIV de 7 para 4%. Em 2001 foram registrados 75 casos de bebês com AIDS adquirida por TV. Em 2002, foram 43 casos. Para 2003, foi constituído um grupo de trabalho com profissionais de vários setores do governo municipal, governo estadual, universidades e rede conveniada. A primeira estratégia adotada foi o treinamento para profissionais que atendem gestantes, realizado até o início de 2003. Com base nos problemas levantados, foi elaborada uma estratégia que incluiu a elaboração de um fluxograma de controle da transmissão do HIV e da Sífilis, divulgado amplamente e publicado no Diário Oficial do Município, bem como treinamentos e instrução técnica para prescrição e utilização de penicilinas, entre outras medidas. Com reuniões macro-regionais e novos treinamentos, a ação prossegue, visando a redução da TV no município para os limites aceitáveis tecnicamente.

,

no município de São Paulo, houve uma queda da taxa de transmissão vertical do HIV de

7para 4%

Laboratórios

Serviço de ponta na rede municipal Os laboratórios municipais que atendem a rede de DST/AIDS, ao lado de outras especialidades, sempre procuraram assegurar a excelência do seu trabalho, mesmo em períodos de dificuldades. Mas, com a definição de uma política de funcionamento, o atendimento à população vem sendo ampliado e cresceu em qualidade, avalia a diretora do Laboratório do Ipiranga (exBrooklin), Maria Aparecida Daher. De fato, há muito o que comemorar: um convênio com a Fapesp - Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo, com o objetivo de incrementar a pesquisa em Biologia Molecular, trouxe para o Laboratório uma série de novos 12

equipamentos. O mais importante deles é um seqüenciador de vírus, que possibilita melhorar a metodologia de trabalho e enriquece os estudos epidemiológicos ao verificar quais os vírus mais freqüentes em nossa região. “É um laboratório simples, mas faz serviço de ponta, com uma metodologia de ponta e equipamentos de primeira linha”, explica Maria Aparecida Daher. Segundo ela, aumentaram o número de exames, a testagem sorológica em HIV, CD4, CD8 e Carga Viral. São 40 mil exames/mês, dos mais variados. Ali também se faz genotipagem de Hepatites, além de todos os atendimentos básicos, de exames bacteriológicos, de tuberculose e de suporte

foto: Luciana de Abreu

Avanço tecnológico e ampliação do atendimento

A diretora do Laboratório do Ipiranga e novos equipamentos

para as chamadas enfermidades secundárias. “Ampliamos a capacidade e acompanhamos o avanço metodológico”, explica Maria Aparecida. A importância deste avanço ela resume, referindo-se ao desafio científico de enfrentar a AIDS e outras epidemias e doenças: “Quem tem o conhecimento tem o poder. O poder de investigar, de rastrear, de controlar a situação”.


Dando conta das novas necessidades O aprimoramento dos recursos humanos é um dos caminhos para um trabalho melhor Oficinas, reuniões clínicas, capacitações, cursos de formação, encontros, seminários são algumas das atividades realizadas rotineiramente pelo setor de Treinamento e Desenvolvimento da área de DST/ AIDS. Estas ações têm como objetivo o aprimoramento dos recursos humanos dentro das necessidades colocadas para cada grupo de profissionais e envolvem, além das unidades de DST/AIDS, UBS-Unidades Básicas de Saúde, hospitais, maternidades e equipes das Coordenadorias de Saúde. O setor de Treinamento tem destacado a atenção às questões de saúde apontadas como prioridade pelas diretrizes da Secretaria Municipal da Saúde. Um exemplo é sua atuação nos treinamentos para controle da Transmissão Vertical em nosso município, bem como os treinamentos para abordagem sindrômica das DST na rede. Ao lado disto, vêm sendo desenvolvidas atividades rotineiras de reciclagem e reforço dos conhecimentos técnicos dos profissionais das equipes multidisciplinares e promovidos instrumentos para um gerenciamento mais adequado de recursos administrativos da rede de DST/AIDS.

A área de DST/AIDS participa do projeto Resgate Cidadão destinado à atenção às vítimas dos mais diversos tipos de violência. O SAE Butantã, , SAE Ipiranga, AE Dr. Alexandre Kalil Yazbek, o AE Vila Prudente, SAE Cidade Dutra, CR Santo Amaro, SAE Mitsutani são unidades especializadas, referência para a população, ao lado de UBS e hospitais de todas as regiões da cidade para casos de violência, em especial a sexual. A área de DST/AIDS também participou da capacitação da rede ambulatorial, com a médica Maria Stella Barbosa Dantas – responsável pela abordagem da quimioprofilaxia para HIV/DST – e esteve presente na I Mostra Municipal de Experiências: Saúde e Violência, realizada no final de 2003.

Caminhos da Integração Governo municipal e ONG/AIDS discutem suas ações de prevenção e assistência Os trabalhos desenvolvidos nas diversas regiões da cidade de São Paulo pelos serviços especializados de DST/AIDS e pelas organizações não governamentais, as ONG/AIDS, foram discutidos e avaliados em um seminário realizado nos meses de maio e outubro de 2003. A iniciativa possibilitou o mapeamento e o diagnóstico

das ações de prevenção às DST/AIDS e assistência às pessoas vivendo e convivendo com o HIV/AIDS no município. O conhecimento mais detalhado da realidade contribuiu para dar visibilidade a todas as ações, para reforçar contatos regionais, evitar duplicação de esforços e somar experiências e recursos.

Guia para o controle das DST/AIDS Tudo o que a cidade de São Paulo dispõe de serviços e entidades dedicados à prevenção, assistência (médica, social, jurídica, educacional), ação cultural e informação em DST/ AIDS pode ser encontrado em um Guia produzido pela coordenação municipal. Constam do “Guia para o controle de DST/AIDS na Cidade de São Paulo” informações sobre a Comissão Municipal de DST/AIDS, dados e endereços de mais de 70 entidades da sociedade civil, referências sobre os serviços especializados municipais e estaduais e os endereços para atendimento ambulatorial e hospitalar na rede governamental e universitária. O Guia, lançado no mês de junho, vem sendo amplamente disponibilizado para entidades e profissionais da área de saúde.

Apoio Jurídico A área municipal de DST/AIDS, avaliando a contribuição da consultoria jurídica oferecida às Organizações da Sociedade Civil em 2002, proporcionou neste ano a continuidade desta assessoria, oferecendo atendimento às ONG para obtenção da titulação de OSCIP e reformulação do Estatuto Social destas organizações, em consonância com a lei atual. Esta consultoria foi extensiva aos profissionais do sexo, por meio do projeto “Tudo de Bom!”, que vem desenvolvendo experiências inovadoras na área de prevenção e direitos entre as diferentes categorias de profissionais do sexo. Neste momento, o grupo está discutindo a sua organização, construindo o seu próprio estatuto, levando este documento a campo para discussão com seus pares, compartilhando idéias e estruturando de forma mais efetiva a caracterização de uma proposta de construção de uma associação profissional. 13


Pessoas com deficiência

No mês de agosto, em parceria com o Conselho de Participação Popular e com apoio da Área Temática da Saúde da Pessoa Portadora de Deficiência, a área de DST/AIDS realizou um treinamento para mulheres com deficiências. Esta atividade foi um dos desdobramentos do Seminário da Saúde da Mulher Deficiente. Cerca de 50 mulheres - a maioria representante de entidades participaram de um dia de discussão sobre as doenças sexualmente transmissíveis e AIDS, formas de cuidado e prevenção. O compromisso de todas foi o de repassar o

treinamento em seus locais, disponibilizando o material educativo feito especificamente para este encontro e editado também em Braille para as pessoas com deficiência visual. Muitas das participantes, pela primeira vez tiveram a oportunidade de conversar sobre sua própria sexualidade, perceber que sintomas de doenças já tratadas eram sinais de DST, conversar sobre questões

de gênero, de vulnerabilidade e sobre suas especificidades. O treinamento foi elaborado com a participação de técnicas das unidades especializadas de DST/AIDS SAE Butantã, SAE Betinho e AE Jabaquara.. O encontro, bastante enriquecedor, lembrou que o prazer pode ser diferente para cada pessoa, mas os cuidados são iguais para todas: sexo bom é sexo com proteção.

São Paulo realiza 1a Semana Municipal de Prevenção ao HPV A Câmara Municipal decidiu, o município cumpriu e os cuidados com o HPV, uma doença sexualmente transmissível que atinge homens e mulheres, ficaram mais reforçados. No mês de setembro, a população paulistana ouviu falar com um pouco mais de insistência de uma DST – Doença Sexualmente Transmissível com um nome estranho. É que a Câmara Municipal de São Paulo, por iniciativa do vereador Toninho Paiva, instituiu a Semana Nacional de Prevenção ao HPV. A Secretaria Municipal da Saúde viabilizou o evento, realizando uma série de atividades sobre o tema. O HPV - papilomavírus humano, é mais comum do que se imagina e atinge uma estimativa de dois milhões de pessoas em nossa cidade, cerca de 20% dos casos de todo o país. O papilomavírus humano pode provocar o aparecimento de verrugas genitais, popularmente conhecidas como “Crista de Galo”, ou “condiloma acuminado”. O HPV está presente em cerca de 95% dos casos de câncer de colo uterino e em quase metade dos casos de câncer de pênis.

Cinema Mix Brasil no CTA Santo Amaro O Festival Mix Brasil da Diversidade Sexual e o DST/AIDS Cidade de São Paulo repetiram em 2003 uma parceria de sucesso. No mês de outubro, o filme “The Gift”(O Presente) foi apresentado no CTA Santo Amaro para os participantes do Projeto Cidadania Arco Íris (projeto municipal de prevenção às DST/AIDS entre homens que fazem sexo com homens), agentes de prevenção e técnicos. “O Presente” trata de um tema polêmico e atual: o “barebacking” (o sexo desprotegido e a busca intencional pelo vírus da AIDS) prática que vem sendo adotada, em 14 14

especial, por alguns grupos de homossexuais nos Estados Unidos. Após a apresentação, foi realizado um debate com a diretora do filme, a norte-americana, Louise Hogarth. Para ela, a ausência de campanhas mais incisivas sobre as graves consequências do HIV vem favorecendo esse novo comportamento. Uma sessão especial do filme foi realizada também pelo jornal Folha de São Paulo no MIS – Museu da Imagem e do Som, com um debate que contou com a participação do médico infectologista Orival Silveira, da coordenação do DST/AIDS Cidade de São

Paulo e de Leo Bolanski, agente de prevenção do Projeto Cidadania Arco Íris no CTA Santo Amaro. Durante o debate, a preocupação com a possibilidade do crescimento da AIDS entre homens jovens que fazem sexo com homens, que não viveram a história da epidemia, foi apontada como uma das prioridades na ação de prevenção em nossa cidade. Ao mesmo tempo, foi lembrado que o sexo desprotegido, práticas de risco, atingem também homens e mulheres heterossexuais em um outro tipo de “barebacking”, por não levarem em conta suas condições de vulnerabilidade e de exposição ao HIV e às doenças sexualmente


Bom Dia, São Paulo!

O compromisso de quem enfrenta a epidemia do HIV/ AIDS é cotidiano, mas alguns dias são especiais. Em 2003, as datas oficiais de campanhas de prevenção às DST/AIDS foram marcadas por ações realizadas por meio de várias parcerias e ampliadas para a população pela cobertura sempre atenta das emissoras de rádio, tv e jornais da cidade. Nestes dias, de uma forma ou de outra, nossa cidade acorda sempre um pouco diferente.

foto: Fernando Ortega

1o de Dezembro O laço da solidariedade São Paulo amanheceu no dia 1o de Dezembro com seu cenário modificado. Um grande laço vermelho em um dos seus prédios mais conhecidos, o “Banespão”, lembrava que era o Dia Mundial de Luta contra a AIDS. Visto de vários pontos da cidade, mostrado em vários programas jornalísticos das emissoras de televisão e retratado em todos os jornais diários locais, o “Laço de São Paulo” simbolizou o compromisso do município no controle da epidemia e a solidariedade com a vítimas do HIV/AIDS no mundo todo. A colocação do laço foi uma iniciativa do DST/AIDS Cidade de São Paulo, conforme orientação da UNAIDS para cidades do mundo todo, com o apoio do Santander/Banespa. Com a presença do prefeita Marta Suplicy, de Rosemary BarberMadden (representante da UNAIDS-Brasil), de representantes da Secretaria Municipal da Saúde, do Santander-Banespa e do MOPAIDS, um ato realizado na frente do edifício, no centro de São Paulo, lembrou a data e reforçou a importância da parcerias entre os vários setores da sociedade na luta contra a AIDS.

Quem passou pela Praça da República no Dia dos Namorados, 12 de junho, não pode deixar de se apaixonar. Um sensível e romântico cupido distribuía beijos e camisinhas em gestos lentos, ao mesmo tempo em que a música animada convidava todo mundo a namorar. Quem estava sem namorado/namorada, não deixou de cantar e se encantar também. E saiu dali de coração mais leve, camisinha na mão, pronto/pronta para começar um novo e seguro amor.

foto: Valdineia Barbosa /SMS-ACI

Dia dos Namorados Um cupido apaixonado

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Carnaval

Olha o bloco da prevenção aí, gente!!! Todo ano é assim: campanha nas ruas, nos meios de comunicação, muito samba e animação

Nas ruas

“Vem meu amor, vem comigo pra sambar Nos prevenindo contra a AIDS, vamos lá Com camisinha pra mim e pra você Vamos nessa pra esta festa acontecer E nesse samba eu vou De camisinha eu “tô” Pulando junto com você nessa alegria Refrão:

E nesse samba eu vou Me prevenindo eu vou Com este bloco “Camisinha na Folia” Tô na avenida, tô no samba, tô legal Com este bloco animando o carnaval O ano inteiro eu só quero alegria Usando sempre camisinha na folia Compositora: Regiani Nunes

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O carnaval de São Paulo já tem uma tradição: os dias de folia são também dias de prevenção. Cerca de 100 mil preservativos e adesivos são distribuídos nas arquibancadas do Sambódromo e nos carnavais de bairro, pelas equipes do serviço municipal de DST/ AIDS. Esta campanha reforça o trabalho cotidiano da Prefeitura de São Paulo e conta com o apoio da DKT/Prudence e Volkswagem. No samba que embala os “foliões da prevenção” o recado é um só: “Camisinha na Folia”.

Nas bancas O carnaval é uma oportunidade especial para a imprensa divulgar os cuidados com as doenças sexualmente transmissíveis e com a AIDS. Por isso, em 2002 e 2003, a área de DST/AIDS da Cidade de São Paulo e DKT/Prudence, fizeram uma parceria com o jornal Agora. Quem comprou o jornal nas bancas da capital, no sábado da folia, recebeu junto uma camisinha, ao lado de matérias sobre o assunto. O presente-lembrete ressaltou a importância da prevenção e do sexo seguro.


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