Cartilha do Emancipa - Viva a Educação Popular

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ÍNDICE

Créditos e agradecimentos ..................... 5

Emancipa Rio Grande do Sul .............. 19

Apresentação: Discurso de Luciana Genro no Grande Expediente ........... 7

Emancipa Mulher ................ 27 Contatos .............................. 35 3


Esta cartilha é fruto do discurso da deputada estadual Luciana Genro em seu Grande Expediente na Assembleia Legislativa no dia 11 de abril de 2019, quando ela prestou uma homenagem ao Emancipa. Organização e planejamento Luciana Genro Samir Oliveira Revisão Juliana Almeida Apoio ONG Emancipa Educação Popular Projeto gráfico e diagramação Bela Daudt | StudioCactus.CC

CRÉDITOS E AGRADECIMENTOS

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A D L G G E

P I U E R X

R S C N A P

E C I R N E

S U A O D D

ENTAÇÃO: RSO DE NA NO E IENTE Discurso da deputada estadual Luciana Genro (PSOL) em seu Grande Expediente na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul em homenagem ao Emancipa no dia 11 de abril de 2019: 7


Luciana Genro realizou um Grande Expediente na Assembleia em homenagem ao Emancipa. Foto: Guerreiro | Agência ALRS

Senhor presidente, senhoras e senhores deputados. Saúdo as senhoras e os senhores que assistem à nossa sessão, os professores, alunos e colaboradores do Emancipa. É uma honra para mim ter sido, no Rio Grande do Sul, uma das fundadoras do Emancipa – Educação Popular. O Emancipa surgiu há mais de 10 anos, em 2005, no Estado de São Paulo, pelas mãos do professor Maurício 8

Carvalho, que até hoje é um dos coordenadores do Emancipa em São Paulo. Maurício, junto com vários outros professores e professoras, que já atuavam em cursinhos populares, inauguraram essa rede, que hoje já está presente em sete Estados da nossa federação, com mais de 40 cursinhos instalados e funcionando, com mais de 600 professores e milhares de alunos, que passam todos os

anos pelas nossas salas de aula. Necessitamos falar sobre educação popular, porque educação popular é uma escolha que fizemos de transformação social, uma escolha e uma luta pela ruptura de um modelo educacional que condena milhões de pessoas à exclusão devido à cor da sua pele ou à sua condição socioeconômica. A educação popular, inspirada pelo professor Paulo Freire, estimula os alunos não apenas a aprenderem conteúdos, mas também a argumentação crítica, sem doutrinação ou dogmatismo, que estimula a solidariedade e não o individualismo, estimula o saber e não o silêncio e a censura. A educação popular é um instrumento poderoso de mudança social. Nós, do Emancipa, temos a convicção de que esse modelo educacional está falido, de que o modelo vigente no nosso país é um modelo que reproduz desigualdades, que naturaliza as injustiças, que relega o ensino público à

subalternidade. É um modelo funcional para aqueles que não querem mudanças. Não é à toa que o presidente Bolsonaro, há poucos dias, disse que quer uma juventude que não se interesse por política. A educação popular é o oposto dessa visão. Queremos uma juventude que se interesse por política, uma juventude que faça política, que enxergue na política não uma carreira, não um instrumento de ascensão social ou de promoção pessoal, mas, sim, um instrumento de inserção e de mudança da realidade, um instrumento de crítica e de transformação. A educação popular é, sim, uma educação política, o que não significa uma educação partidária. E essa campanha da educação sem partido, da escola sem partido – parece que o seu próprio mentor já se autocriticou a respeito dela –, é absolutamente falaciosa, porque ninguém defende uma escola com partido, a não ser aqueles que querem uma doutrinação de crianças 9


repetindo slogans da campanha eleitoral do Bolsonaro. O que queremos é uma educação política, crítica e transformadora. E os cursinhos do Emancipa são parte dessa luta, porque o Emancipa entende que o vestibular e o ENEM são instrumentos de segregação. Portanto, além de conhecerem os conteúdos das provas – e os nossos professores são altamente qualificados –, os estudantes também são desafiados a desvendar a máscara socioeconômica, que impede que o conhecimento produzido nas universidades seja compartilhado com a maioria do nosso povo e esteja a serviço da maioria do nosso povo. Entendemos que é preciso realizar, por meio do Emancipa, não só aulas que auxiliem os nossos alunos a ingressarem na universidade, mas a construírem um verdadeiro movimento social. Foi assim que o Emancipa se construiu a partir do trabalho de São Paulo, e é assim que tive o orgulho de dele participar, junto 10

com a nossa primeira diretoria. O Emancipa era presidido por mim, e a diretoria era composta pelo Marcos Vianna, que já atuava em um cursinho popular, pela Sílvia Hohgrawe, pelo Diego Scott, já falecido, pela Malu Villaverde, pelo Antônio Neto e pelo João Ezequiel. Tivemos também o importante apoio do professor Alex Fraga, que já atuava em cursinhos particulares. Aquela primeira diretoria no Rio Grande do Sul, que teve o desafio de construir o Emancipa em Porto Alegre, agora já se espraia por várias cidades gaúchas. Atualmente, além de mim, segue o Marcos Vianna, vice-presidente do Emancipa, junto com o Rodrigo Nickel, a Carla Zanella, o professor Alex Fraga – agora também nosso vereador –, a Nina Becker e o Pedro Matias. A atual diretoria do Emancipa está realizando várias atividades, não apenas no cursinho preparatório para o ENEM e o vestibular, muito embora esse seja o nosso carro-chefe. O cursinho, que acontece desde 2011, já ajudou mais de 500

Emancipa realizou aula aberta sobre os 130 anos da abolição da escravização no Brasil.

alunos a ingressarem nas universidades, em cursos altamente competitivos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, das universidades federais do interior do Estado, em cursos como Medicina, Direito e Engenharia. Já temos alunos formados, inclusive que dão aulas no Emancipa, alunos que todos os anos comparecem às nossas aulas inaugurais para contar a sua experiência de vida junto com o Emancipa. Além do nosso cursinho, temos ainda outras iniciativas do Emancipa, das quais me or-

gulho muito. E uma delas é a Emancipa Mulher. A Emancipa Mulher é uma escola de formação feminista e antirracista, que tem como coordenadora pedagógica Joanna Burigo e, como coordenadora, Carla Zanella. Desde 2017, criamos o curso Laudelina de Campos Melo, que é uma homenagem a uma lutadora, uma empregada doméstica que se empenhou em organizar as empregadas domésticas em um sindicato para defenderem os seus direitos. O curso Laudelina, idealiza11


do e criado pela Joanna, com a colaboração inestimável da Winnie Bueno, que já não está mais conosco, hoje é ministrado pela Joanna e pela Carla Zanella. Ele se propõe a ser um curso de feminismo que une a luta feminista com a luta antirracista, porque sabemos que não é possível ser feminista de verdade sem levar em conta as demandas das mulheres negras. As mulheres negras são as que mais sofrem com o racismo, são as que mais sofrem com a desigualdade salarial e são as que mais sofrem com a discriminação.

Por tudo isso, a Emancipa Mulher tem realizado atividades em diversas cidades do interior do Estado, promovendo encontros para falar sobre o feminino antirracista. Já estivemos em Canoas, em Santa Maria, em Bagé, em Novo Hamburgo, em Imbé, em Erechim, em Passo Fundo e em Pelotas. Estamos buscando consolidar núcleos da Emancipa Mulher em várias cidades, para que a discussão sobre o feminismo antirracista esteja presente na educação das mulheres, porque educação não é apenas a formal do cursinho que ajuda a in-

Professores e alunos do Emancipa no ato em defesa da educação em Porto Alegre.

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gressar na universidade. A educação é, também, uma educação feminista, antirracista e para os homens. Há poucas semanas, realizamos, aqui em Porto Alegre, a primeira aula da Emancipa, especialmente pensada para os homens, buscando levar a eles o conceito de machismo e de assédio, para que eles compreendam os seus comportamentos que ofendem, que discriminam e que machucam – às vezes, literal e fisicamente – as mulheres, redundando em crimes como o feminicídio, que, infelizmente, é uma chaga que está cada vez mais comum em nosso País. Além da Emancipa Mulher, também tenho muito orgulho de ter ajudado a criar, aqui em Porto Alegre, a Casa Emancipa Restinga. Ela foi aberta em 2017 e, desde então, vem desenvolvendo um trabalho fundamental de construção de uma educação popular na periferia de Porto Alegre. Ela oferece, inclusive, atividades culturais e esportivas para a comunidade da Restinga. Em 2017, no seu

primeiro ano de existência, a Casa Emancipa Restinga fez o seu primeiro cursinho preparatório para o ENEM. Apesar das inúmeras dificuldades impostas aos alunos que vêm da periferia, como é a Restinga, um dos bairros mais empobrecidos e abandonados de Porto Alegre, tivemos estudantes aprovados no vestibular, que conseguiram ingressar na universidade. Estamos falando de um bairro segregado e marcado por uma população negra com altos índices de desemprego, por uma juventude estigmatizada, onde o tráfico tem uma força tenebrosa, mas que resiste e busca na Casa Emancipa Restinga, que é brilhantemente coordenada pela Cris Machado, um lugar de encontro, de formação, de desenvolvimento das suas potencialidades intelectuais e sociais. Na Casa Emancipa Restinga, ainda temos o projeto Meninas Crespas, que busca conscientizar as meninas negras de cabelos crespos – que se sentem discriminadas e diminuídas na sociedade e na escola – da sua beleza, do seu potencial e 13


Projeto “Meninas Crespas” trabalhou com empoderamento para alunas da rede pública na Restinga.

da sua capacidade. E temos aula de dança e de musicalidade da matriz africana. O professor Barreto desenvolve com os tambores uma aula que remete às origens africanas e à ancestralidade dos povos de matriz africana. Em breve, inauguraremos o cursinho preparatório para ingresso no Instituto Federal da Restinga, onde os alunos receberão aulas – que são sempre gratuitas, pois as aulas do Emancipa em hipótese alguma são cobradas – para se preparar para ingressar nesse Instituto Federal, que precisa, cada vez mais, se integrar com a comunidade da Restinga 14

para receber os seus alunos. Este ano também inauguraremos, em Porto Alegre, o Emancipa Santa Rosa, que já está oferecendo o cursinho pré-universitário – começou neste mês de março, é coordenado, com muito afinco e dedicação, pela Fátima Cardoso, e já conta com 24 alunos que estão participando das aulas. Destaco a parceria com a Associação dos Moradores da Grande Santa Rosa, que, naquele mesmo local, mantém a Biblioteca Comunitária Aninha Peixoto, estimulando os alunos e a comunidade ao hábito da leitura. Na sede do Emancipa, no Centro de Porto Alegre, também

tivemos a oportunidade de inau -gurar uma biblioteca, a qual tive a honra de homenagear com o nome do meu falecido tio Adelmo Genro Filho. Composta por um acervo de doações de diversas pessoas da mais alta qualidade, está à disposição não só dos nossos alunos, também da comunidade em geral. Além de Porto Alegre, temos o Emancipa em várias cidades do Rio Grande do Sul. Em Gravataí, tivemos 50 alunos em 2018, com 15 professores voluntários, que nada recebem para dar as aulas e que se empenham, de forma muito intensa, para ajudar os seus alunos a ingressarem no vestibular. Em 2019, tivemos 80 alunos no Emancipa Gravataí. Agora, temos a Casa Emancipa Gravataí, no Bairro Castelo Branco, com projetos esportivos, com aulas de taekwondo e de futebol nas comunidades do Xará, no Rincão da Madalena, no Centro e no Loteamento Princesa. No total, são 145 alunos beneficiados pelas atividades esportivas do Emancipa

Gravataí. Também tenho muito orgulho de falar sobre o Emancipa Guaíba, cujo eixo é a alfabetização de jovens e adultos, com a professora Líbia Aquino. O cursinho de preparação para o EJA é oferecido desde 2017. Adota o método Paulo Freire, com círculos de cultura e conversas sobre o cotidiano dos estudantes de mais idade, que ainda não foram alfabetizados e que fazem um esforço gigantesco para conseguir chegar à alfabetização. Cito também o Emancipa Bagé, que, em 2018, também realizou o cursinho pré-universitário e teve 40% dos seus alunos aprovados na Unipampa. O Emancipa Pelotas também oferece o cursinho preparatório para o vestibular, com projetos educativos em sala de aula, com palestras, com rodas de conversa. Este ano, em parceria com a UFPel, quer desenvolver projetos de extensão universitária. A última inovação que fizemos, aqui em Porto Alegre, foram as aulas de defesa pessoal, 15


ministradas por professoras voluntárias que conseguiram o prodígio de juntar o feminismo com o jiu-jitsu, a fim de ensinar as mulheres sobre a importância da defesa pessoal e da luta feminista para se proteger, para se defender e para se afirmar enquanto mulheres, enquanto seres humanos e enquanto agentes de transformação. O nome Emancipa nasceu dessa vontade de ajudar os jovens a se emanciparem. O nosso movimento social Emancipa foi fundamental, por exemplo, na luta pelas cotas na universidade federal. Foi o movimento que participou ativamente das Jornadas de Junho de 2013, lutando não só contra o aumento das passagens, mas também por uma educação pública gratuita e de qualidade para todos e todas. Foi um movimento que esteve presente nas ocupações as escolas em 2015, em São Paulo, e em 2016, em diversos Estados. É um movimento que busca fazer com que a juventude seja agente de transformação e um instrumento de luta para um futuro melhor para todos nós. 16

Finalizo agradecendo a todos os parceiros e parceiras do Emancipa: aos professores voluntários, aos doadores, que são fundamentais para que possamos, aqui no Centro de Porto Alegre, ter um cursinho com professores remunerados da mais alta qualificação, para que possamos levar cursos, debates e palestras a diversas partes do Estado do Rio Grande do Sul, para que possamos desenvolver projetos como na Lomba do Pinheiro, onde imigrantes são professores de Francês, e como na Ilha da Pintada, onde a juventude do Colaí está se unindo ao Emancipa para também formar um espaço cultural e educacional. Agradeço a todos que têm construído conosco a rede Emancipa no Rio Grande do Sul e em todo o Brasil. Finalizo repetindo novamente o quanto é importante esse movimento que se criou em torno do Emancipa. O Maurício Costa e o Gilberto Franca, quando iniciaram, lá em São Paulo, a ideia do Emancipa, talvez não tivessem a dimensão do que estavam criando naquele momento, mas

já sabiam ali que estavam criando um cursinho para lutar para que o os cursinhos não fossem mais necessários, que estavam criando um movimento para ser parte da luta pela educação pública e gratuita, por uma educação de qualidade nas escolas públicas, em que os alunos não precisem mais de cursinho para ingressar na universidade, em que não haja mais vestibulares, mais ENEMs, mais funis que impedem grande parte da juventude de chegar à universidade. Que tenhamos uma educação crítica, uma educação transformadora, sem censura, em que a escola seja um espaço de convivência e de aprendizado comum, sem racismo, sem machismo, sem LGBTfobia, compreendendo a educação como um movimento de transformação. Essa é a contribuição que o Emancipa se propõe a fazer. Sinto muito orgulho de ser parte dessa construção e de ter tido a oportunidade de acompanhar e desenvolver – e seguir acompanhando e desenvolven-

Bandeira do Emancipa relembra a luta de Marielle Franco e a defesa da educação popular.

do – tantas iniciativas lindas do Emancipa aqui no Rio Grande do Sul e do Emancipa pelo Brasil afora. Muito obrigada a todas e a todos vocês que nos ajudaram a construir esse movimento, especialmente aos nossos alunos e alunas, os quais encontro na rua com muita frequência e que me dizem: Luciana, eu vim do Emancipa. Eu adoro o Emancipa. Muito me emociona quando encontro esses alunos, que estão na universidade ou estão crescendo como seres humanos. Muito obrigada. 17


E R G D

MANCIPA IO RANDE O SUL

Emancipa Porto Alegre: Mais de 600 alunos na universidade

Aula inaugural do cursinho em 2019 na sede do Emancipa no Centro de Porto Alegre

O cursinho do Emancipa em Porto Alegre foi fundado em 2011 pela deputada Luciana Genro, que reuniu um grupo de educadores e ativistas para dar início ao projeto. Em sete 18

anos de funcionamento, o Emancipa já ajudou mais de 600 estudantes a ingressarem na universidade, inclusive em cursos como Medicina da UFRGS. Somente em 2019, 27 alunos foram aprovados em vestibulares na Capital. Em 2018, o Emancipa em Porto Alegre conquistou sua sede no Centro da cidade, com sala de aula para 45 alunos e a biblioteca Adelmo Genro Filho, com cerca de 2.000 livros. As atividades do cursinho em Porto Alegre ocorrem sob a coordenação do Professor Rodrigo Nickel. 19


Envolvimento comunitário na Restinga fortalece a luta popular

Casa Emancipa Restinga desenvolve atividades educativas e culturais na comunidade.

A Casa Emancipa Restinga foi aberta no dia 4 de junho

de 2017 e oferece atividades culturais e esportivas para moradores da comunidade. A Restinga é o bairro com maior população negra de Porto Alegre, a capital mais segregada do país. O espaço foi inaugurado oferecendo cursinho gratuito de preparação ao ENEM e ao vestibular a cerca de 60 jovens da comunidade. Oferece ainda aulas de Muay Thai, de Capoeira, de dança e de música com ritmos das religiões de matriz africana.

Casa Emancipa Restinga organiza a LGBTinga, uma Parada LGBT no bairro.

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O Projeto Meninas Crespas também ocorreu na Casa Emancipa Restinga, promovendo a valorização da cultura negra nas escolas. Em 2019 a Casa Emancipa Restinga também ofereceu um curso preparatório para o Instituto Federal na Restinga voltado a alunos da comunidade. É também da Casa Emancipa Restinga a iniciativa de organizar a LGBTinga, uma Parada LGBT exclusivamente para o bairro, com duas edições já realizadas na Esplanada da Restinga, que reuniu milhares de pessoas. A Casa Emancipa Restinga é coordenada pela Cris Machado, moradora do bairro por toda a vida.

Aula de musicalidade e instrumentos de matriz africana conduzida pelo professor Maurício Barreto

Cultura e educação popular na vila Santa Rosa de Lima

Roberto Robaina e Luciana Genro se reuniram com professores para organizar aula inaugural do Emancipa na comunidade Santa Rosa de Lima.

Em março de 2019 foram inauguradas as atividades do Emancipa na vila Santa Rosa de Lima, na Zona Norte de Porto Alegre. O cursinho pré-universitário começou com 24 alunos inscritos e tem sido um espaço muito importante de aprendizado e de organização da juventude do bairro, que vem participando ativamente das lutas em defesa da educação. Em parceria com o Emancipa, a Associação dos Moradores da Grande Santa Rosa também disponibiliza o acervo da biblioteca comunitária Aninha Peixoto à população. O Emancipa Santa Rosa de Lima 21


é coordenado pela Fátima Cardoso, que é conselheira da Assistência Social da Região Norte. Oportunidades, ensino e empoderamento da juventude na Ilha da Pintada Emancipa Colaí

biblioteca comunitária. No dia 8 de junho ocorreu o início das atividades do cursinho preparatório ao ENEM, com as 28 vagas preenchidas. O Emancipa Ilha é coordenado por uma equipe: Lays Ieggle, Francine Conde, Bruna Ferreira e Ismael Franco.

Emancipa em Novo Hamburgo oferece cursinho e parceria com escolas para projetos de feiras de ciências

Na cidade de Novo Hamburgo o Emancipa realiza um trabalho de promoção de feiras de ciências e de tecnologias sociais em escolas, conscientizando alunos sobre questões ambientais. Já trabalharam com 300 alunos da rede pública com este projeto. O Emancipa desenvolve suas atividades na Ocupação Cultural Casa da Praça, no bairro

Professor Ruan Martins coordena iniciativas esportivas do Emancipa em Gravataí.

Casa Emancipa Colaí promove cursinho pré-universitário para jovens da Ilha da Pintada.

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Resgate social pelo esporte motiva crianças e jovens em Gravataí

tins. São oferecidas aulas de Taekwondo e futebol nas comunidades do Xará, no Rincão da Madalena, no Centro e no Loteamento Princesa. Ao todo, mais de 145 crianças e jovens de 7 a 14 anos já foram beneficiadas pelos projetos. Os alunos de Taekwondo do Emancipa Gravataí já receberam 6 medalhas em competições nacionais, inclusive a medalha de prata no campeonato brasileiro, que foi conquistada pela Agatha Larissa, que foi chamada para fazer parte da seleção nacional de Taekwondo. Em Gravataí também temos a Emancipa Mulher, que é coordenada pela Tamires Paveglio.

O Emancipa em Gravataí, coordenado pelo Renato Link, atua em diferentes eixos, com cursinho pré-universitário, casa para atividades e projetos esportivos. Em 2018 o cursinho contou com 50 alunos e uma equipe de 15 professores. Em 2019 já foram 80 inscritos. Um dos pontos fortes do Emancipa em Gravataí é o projeto esportivo, sob coordenação do professor Ruan Mar-

Parceria com as escolas é um dos focos em Novo Hamburgo

A Ilha da Pintada passou a contar em 2019 com mais um centro cultural aberto à comunidade. É o espaço Emancipa Colaí, que foi inaugurado no dia 1 de junho. A casa é uma parceria da ONG Emancipa – Educação Popular com o Colaí Movimento Cultural e com o mandato do vereador Roberto Robaina (PSOL), que é também morador da Ilha da Pintada. O primeiro projeto em andamento do centro cultural é a oferta de um cursinho pré-universitário gratuito. Além disso, a casa ainda conta com uma

Boa Vista, realizando cursinho pré-universitário. Felipe Ventre é um dos coordenadores do Emancipa em Novo Hamburgo.

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Alfabetização de adultos promove cidadania em Guaíba

bairro Santa Rita, o mais populoso e com maior número de analfabetos de Guaíba. Cursinho e presença nas periferias em Bagé e Pelotas

Alfabetização pelo método Paulo Freire é iniciativa do Emancipa em Guaíba.

As atividades do Emancipa na cidade de Guaíba são focadas na alfabetização de adultos e coordenadas pela professora Líbia Aquino. Desde 2017 são oferecidas as aulas a alunos entre 40 e 62 anos, em média. Além disso, também é oferecido um curso preparatório para o EJA. A equipe do Emancipa Guaíba trabalha com o método Paulo Freire de ensino, que envolve círculos de cultura e conversas sobre o cotidiano dos alunos, usando as palavras de suas realidades para trabalhar a alfabetização. As aulas acontecem na EMEF Santa Rita de Cássia, no 24

Cursinho em Pelotas ocorreu em escola do bairro Guabiroba.

O Emancipa também está presente na Metade Sul do Estado. Em 2018 o Emancipa em Bagé realizou um cursinho pré-vestibular e pré-ENEM com 25 alunos e uma taxa de 40% de aprovação na Unipampa. Em Pelotas o cursinho pré-universitário acontecia na Escola Estadual de Ensino Fundamental Luiz Carlos Correa da Silva, no bairro Guabiroba, na periferia da cidade. Em 2019 o cursinho pré-ENEM e pré-vestibular ocorreu em parceria com o IFSul do município, que disponibilizou salas

e apoio em um projeto de extensão com professores. Além disso, são oferecidos projetos educativos em sala de aula, como palestras e rodas de conversa sobre temas relacionados ao cotidiano dos estudantes. Os coordenadores do Emancipa em Pelotas são Jurandir Silva e Mateus Oliveira. DIRETORIA EMANCIPA-RS LUCIANA KREBS GENRO Presidente MARCUS VINÍCIUS MARTINS VIANNA Vice-presidente RODRIGO MATEUS NICKEL Tesoureiro CARLA ZANELLA SOUZA Secretária ALEXSANDER FRAGA DA SILVA, NINA BECKER, PEDRO ANTÔNIO MATIAS DA SILVA Conselho Fiscal 25


EMANCIPA

Emancipa Mulher – Escola Feminista e Antirracista

MULHER

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A Escola de Educação Feminista e Resistência Antirracista Emancipa Mulher foi idealizada em 2016 por Luciana Genro, Deputada Estadual (PSOL-RS), que após completar a leitura do importante e transformador livro da professora e filósofa socialista estadunidense Angela Davis, Mulheres, Raça e Classe (1981), decidiu adicionar à já existente estrutura de educação emancipatória, popular e gratuita da ONG Emancipa POA – que preside desde sua fundação em 2011 – um projeto de educação feminista e antirracista pautado em formulações teóricas sobre gênero

e raça. Em 2017 iniciou os trabalhos através do curso de formação feminista e antirracista Laudelina de Campos Melo. A ideia foi consolidada em articulação com Winnie Bueno (Ìyálorixá, Mestre em Teoria Crítica do Direito e doutoranda em Sociologia) e Joanna Burigo (Fundadora da Casa da Mãe Joanna e Mestre em Gênero, Mídia e Cultura) que, ampliando o escopo teórico a partir de, e em referência à obra de Davis, elaboraram e ministrarama primeira edição do Curso Laudelina de Campos Melo. Em 2018 a socióloga e militante do movimento negro e

Arena Feminista reuniu mulheres de diferentes áreas para reflexão coletiva sobre a luta feminista no Brasil.

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Emancipa Mulher oferece aulas gratuitas de defesa pessoal para mulheres com as professoras Juliana Campos e Danielle Pinho.

feminista Carla Zanella passou a integrar a equipe e a Emancipa Mulher percorreu o Estado do RS com o ciclo de conversas #FeminismoEmDebate, promovendo discussões com gaúchas de Canoas a Novo Hamburgo, de Santa Maria a Bagé, e ampliou a programação também para incluir as Arenas Feminista e LGBT, bem como Aulas Abertas de Defesa Pessoal e sobre Machismo e Assédio. Todas estas

foram gravadas no Teatro de Arena perante uma audiência e estão disponíveis no YouTube. Além disso, a Escola realiza diversos painéis e debates, bem como participação em eventos. Em 2019 a Escola, além de seguir com o Curso Laudelina de Campos Melo, que teve a sua terceira edição, realizou painéis e debates, e ofereceu aulas abertas, incluindo como novidades o Curso de Defe29


sa Pessoal com Juliana Campos, e passou a oferecer gratuitamente assistência jurídica para mulheres, através das advogadas voluntárias Tainah Motta Do Nascimento e Gabriela Garibaldi. Realizamos também um curso de formação de professoras do Curso Laudelina de Campos Melo, com a participação de mulheres de Porto Alegre,

Passo Fundo, Pelotas, Charqueadas, Santa Maria e Novo Hamburgo. O plano é que estas mulheres que participaram do curso de formadoras levem a Emancipa Mulher para suas cidades e espaços de militância. Em 2020 também está prevista uma aula itinerante sobre transfeminismo, que será ministrada por Luiza Eduarda dos Santos, mulher transfeminista.

POR QUE UM ESPAÇO DE FORMAÇÃO FEMINISTA E ANTIRRACISTA? LAUDELINA DE CAMPOS MELO O curso principal da Emancipa Mulher não recebeu o nome Laudelina de Campos Melo por acaso. Classe e raça são experienciadas por mulheres de formas diferentes, e as implicações das discriminações múltiplas marcam mais acirradamente as mulheres negras. Laudelina lutou durante parte significativa de sua vida pelo fim da precariedade do trabalho doméstico – espaço ocupado por uma maioria de mulheres negras brasileiras por gera30

ções – e fundou o primeiro sindicato e a primeira associação das domésticas do País, apoiando ações educativas e atividades cujo objetivo era estimular a solidariedade entre as trabalhadoras e avançar na conquista de direitos. Gênero e desigualdade racial são desafios persistentes, e no Brasil é impossível discutir um sem abordar o outro. A violência sexual é uma constante, violações de direitos fundamentais são

cada dia mais brutais, e trabalhos domésticos não remunerados se traduzem em maior ônus para mulheres e meninas – e mulheres e meninas negras são desproporcionalmente afetadas por questões como estas. O Brasil é o quinto país com maior número de feminicídios no mundo, e no período entre 2006-2016, enquanto os casos de feminicídios de brancas no país caíram 9,8%, o número de vítimas negras aumentou em 54%. A discriminação por gênero,

raça e classe são questões estruturantes da sociedade e não existem apenas como complementos uma da outra: eles se reforçam e, imbricadas, se potencializam. O feminismo em que acreditamos, e que queremos ver potencializado, é interseccional e, por isso, aquele em que as que sempre estiveram silenciadas reverberam suas vozes, reconhecem-se e são reconhecidas como protagonistas de suas próprias lutas. Visamos estimular feminis-

Joanna Burigo organiza paineis para falar também sobre divas pop e feminismo com as alunas da Emancipa Mulher.

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mos em que privilégios cedam lugar para a alteridade, em que compartilhamentos francos e solidariedade nos permitam re/conhecer nossas diferenças. Acreditamos que abraçar diversidade não é um problema, mas sim a própria solução. A educação emancipatória e os diálogos que pretendemos construir no âmbito da Emancipa Mulher visam revelar o quão naturalizadas estão as estruturas de discriminação por gênero e raça, desen-

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raizá-las para plantar entendimento, e coletivamente colher estratégias de saída que sejam justas e inclusivas. Nosso propósito é honrar os legados de Laudelina e tantas lutadoras, buscando não apenas ampliar o acesso ao conhecimento formal sobre questões de gênero e raça, mas também enriquecer os processos pedagógicos sobre estes temas. Em aula, a cooperação e a construção coletiva de resistência e emancipação guiam nosso trajeto.

EQUIPE EMANCIPA MULHER LUCIANA GENRO Fundadora e Presidente do Emancipa Educação Popular

TAINAH MOTTA DO NASCIMENTO Advogada Voluntária

JOANNA BURIGO Coordenadora Pedagógica e Professora

GABRIELA GARIBALDI Advogada Voluntária

CARLA ZANELLA Coordenadora e Professora

LUIZA EDUARDA DOS SANTOS Professora transfeminista

JULIANA CAMPOS Professora Voluntária de Defesa Pessoal

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Quer fazer parte do Emancipa e ajudar este movimento de Educação Popular? Entre em contato com quem está à frente do Emancipa nas cidades e regiões:

CONTATOS

PORTO ALEGRE: Rodrigo Nickel (51) 99535-2802

GUAÍBA: Líbia Aquino (51) 99857-7196

ILHA DA PINTADA: Laís Ieggle (51) 98626-2703

NOVO HAMBURGO: Felipe Ventre (51) 99654-4949

Ismael (51) 99841-8344

GRAVATAÍ: Renato Link / Ruan Martins (51) 99228-6015

RESTINGA: Cris Machado (51) 98540-9267 SANTA ROSA DE LIMA: Fátima Cardoso (51) 98488-9787

PELOTAS: Jurandir Silva (53) 98412-5644 Mateus Oliveira (53) 98100-0407 35


LUCIANA GENRO Uma das fundadoras do Emancipa no Rio Grande do Sul e presidente desta ONG de educação popular, Luciana Genro é deputada estadual pelo PSOL e integrante da Comissão de Educação e da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa. ACOMPANHE O TRABALHO DE LUCIANA GENRO lucianagenro.com.br

@lucianagenro

(51) 991164755

fb.com/LucianaGenroPSOL


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