Falaminasdez2014

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-NATAL NA PRAÇA »

FOTOS JUDSON NANI


Sumário BANDA SANTA CECÍLIA É PATRIMÔNIO MUNICIPAL

PÁGINAS 11 A 14

TIME INFANTIL DA ESCOLINHA DA PREFEITURA DE BARÃO

RÍGOR CAMPEÃO BRASILEIRO E MINEIRO DE ENDURO FIM

ROBERTO CARLOS EXGOLEIRO E EMPRESÁRIO DE DESTAQUE

LATICÍNIO COCAIS: 20 ANOS DE HISTÓRIA

GAROTA FALA MINAS: SARAH LACERDA

GINCANA DE MATEMÁTICA MOVIMENTA ESCOLA DE SANTA BÁRBARA

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www.revistafalaminas.com.br

Publicação periódoca de Fala Minas - Rede Comunicações. Registrada na Junta Comercial do Estado de Minas Gerais. Inscrito no CNPJ sob número 17.953.071/0001-01.

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contatofalaminas@hotmail.com

JORNALISTA RESPONSÁVEL Bruno Aragão Cardoso

PROJETO GRÁFICO Jean Paulo Figueiredo

MG09841JP

DIRETOR Willian A. Figueiredo

REVISÃO Paulo Henrique Neves L. Ridrigues

IMPRESSÃO Gráfica e Editora O Lutador

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Pilotos de enduro de Barão se destacam no Brasil »

Bruno Aragão

Os irmãos Rígor Rico, 24, e Ripi Galileu Oliveira, 27, são os únicos pilotos de enduro do Brasil que integram a divisão brasileira da equipe espanhola Gas Gas que foi fundada em 1982. Essa contratação se deve ao currículo da dupla que nasceu em Rio Piracicaba e vive em Barão de Cocais desde a infância. Rígor venceu os Campeonatos Mineiros de Enduro Fim na categoria estreante em 2006, e na categoria E2 em 2009, 2012, 2013 e 2014. Ele também venceu os Brasileiros de Cross Country na categoria XC2 em 2009, e Enduro Fim, na E2, em 2013. Já Ripi ganhou os Mineiros de Enduro Fim, na E1, em 2006, 2008, 2009 e 2013, e foi vice-brasileiro na mesma modalidade e categoria em 2008 e 2009, e vice iberoamericano na E3 em 2014. Essas vitórias não estagnaram a dupla. Ripi sonha em vencer o Brasileiro e Rígor pretende participar do 6 Days (uma espécie de Copa do Mundo do enduro) e dos ralis Dakar e dos Sertões.

ENDURO FIM

Cada circuito tem aproximadamente 50 km de extensão, e dependendo da etapa, cada piloto deve realizar três ou quatro voltas. O percurso de cada volta dura em média duas horas, e há um intervalo de 10

minutos entre cada volta. Há quatro trechos por volta onde a velocidade é cronometrada. Quem obter o menor tempo na somatória de cada trecho vence a etapa. Esse regulamento rege as competições disputadas pela dupla. O Campeonato Mineiro de Enduro Fim de 2014 foi disputado em 10 etapas que foram realizadas em oito cidades. Já o Brasileiro dessa modalidade foi dividido em 14 etapas, que aconteceram em sete cidades, de cinco estados, de fevereiro a novembro. Essa competição é sempre disputada aos finais de semana. O Enduro Fim é divido em duas categorias. A categoria E1 envolve motos dois tempos acima de 175 cilindradas e quatro tempos acima de 250cc; e a E2 é formada por motos dois tempos até 175cc e quatro tempos até 250cc. Para poder disputar essas competições, os pilotos da Gas Gas são patrocinados pela ASW que fornece equipamentos de proteção; Rinaldi (pneus); Veda Motors (motores), e Moto Arts, (adesivo); Prefeitura de Barão de Cocais (verba para custear as viagens); BC Pneus e 3R (acessórios). Rígor ainda recebe o patrocínio da MR Pro (joelheira). Quando não estão competindo, a dupla administra a loja 3R que fundaram neste ano em Barão de Cocais que vende acessórios de moto e bicicleta.

Ripi foi vice-campeão íbero-americano em 2014

Rígor conquistou seu 4º campeonato mineiro na categoria E2 em 2014

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Roberto Carlos ex-goleiro do Cruzeiro e empresário em Barão »

Bruno Aragão

Roberto Carlos Rodrigues Ribeiro, 46 anos, jogou profissionalmente no Cruzeiro e em mais oito times por 16 anos e hoje possui cinco empreendimentos em Barão de Cocais, sua terra natal. A carreira dele começou na base do Metalusina e já aos 16 anos se transferiu para o Villa Nova MG. Em 1988, ele foi contratado pelo Cruzeiro onde jogou até 1992. Naquele ano, ele se transferiu para o Mogi Mirim SP onde ficou por um ano. Depois jogou no Vila Nova GO, Londrina PR, Tupi MG, Linhares ES, São Mateus ES, Fluminense BA, e Rio Branco ES onde encerrou a carreira em 2004. Nesse período, o goleiro de 1,92 m de altura, participou da conquista de cinco títulos: Supercopa 1992, e os mineiros de 1990 e 1992 pelo Cruzeiro; o goiano de 1993 pelo Vila Nova; e o capixaba de 1998 pelo Linhares. Na época do Cruzeiro, Roberto Carlos foi o reserva do Paulo César e

Roberto Carlos no escritório da sua loja de auto peças

do Pereira, e considerava o Taffarel como uma referência na sua posição. Ele diz que tem admiração pelo time estrelado, mas não se considera um torcedor fanático. Esse estado de espírito o permite considerar Fábio melhor do que Victor, sobretudo pela constância do arqueiro celeste.

EMPRESÁRIO

O dinheiro que ele recebeu ao se transferir do Villa Nova para o Cruzeiro o permitiu abrir uma loja de autopeças em Barão de Cocais em 1988. De lá para cá, ele se tornou o proprietário de mais quatro empreendimentos na

cidade nas áreas de: pedras decorativas e móveis planejados; roupas e calçados; gases industriais e medicinais, e construção civil. Ele que tem o ensino médio completo, emprega 44 pessoas. Em agosto deste ano, ele assumiu o cargo de vice-presidente na Associação Comercial Industrial e Agropecuária de Barão de Cocais. Ele diz que a diretoria que foi eleita para um mandato de dois anos já conseguiu aumentar o número de associados de 90 para 145. Roberto Carlos estima que se considerar os microempresários e os microempreendedores individuais (MEI), Barão deva ter por volta de 900 empreendedores. O objetivo da atual chapa, segundo Roberto Carlos, é aumentar a credibilidade da associação e profissionalizar o comércio local. Esse setor recebeu um impulso da associação que lançou um cartão de crédito no início de dezembro que objetiva fomentar o comércio e estimular as classes C e D. Esse cartão, segundo Roberto Carlos, terá uma tiragem de 3 mil unidades, não terá anuidade e terá um crédito pré aprovado. Outra ação da entidade, segundo Roberto Carlos, é fazer do Natal uma festa tão aguardada como o Carnaval. O empresário diz que o objetivo maior da promoção desse evento que está sendo feito em parceria com a Prefeitura de Barão de Cocais, com apoio da Gerdau, do SJ Supermercado, da Caixa e do Itaú, é estimular o espírito natalino.

JRC

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Escolinha de Futebol de Barão atende a 300 jovens

Bruno Aragão

Construir valores e combater a ociosidade por meio do esporte é o objetivo da escolinha de futebol da Prefeitura de Barão de Cocais que atende por volta de 300 crianças e adolescentes de 4 a 17 anos. São oferecidas aulas de futebol de salão e de campo que são realizadas no ginásio poliesportivo e no campo da Lagoa, de 3ª à 6ª feira, de 8 às 10h30, e de 14 às 16h30, de acordo com a chefe da Divisão de Esporte Especializado da Prefeitura de Barão de Cocais, Flávia Nobre. As duas modalidades são disputadas em cinco categorias etárias: iniciante (4 a 7 anos); fraldinha (8 a 10); mirim (11 e 12); infantil (13 e 14); e juvenil (15 a 17). As categorias no futsal são dividas em masculino e feminino, e o futebol de campo é jogado apenas por garotos. Um dos jovens que participam do projeto é Luiz Cruz, 13 anos, pivô do time infantil de futsal. Ele conta que participa do projeto há nove anos, e considera o lugar um meio de diversão. Além da recreação, há competição. Um dos instrutores do projeto, Alex Batista, 33, conta que neste ano, Barão de Cocais levou os times infantil e juvenil de futebol de campo para disputar o Campeonato Mineiro das Escolas de Futebol que é promovido pelo Instituto Mineiro de Escolas de Futebol (IMEF). A edição 2014 dessa competição foi realizada entre

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Instrutor Alex e o time infantil no ginásio

15 de agosto e 13 de dezembro. A primeira fase da competição em cada uma das categorias disputadas pelos times de Barão reuniu 21 equipes, de 13 cidades, que foram divididas em três grupos que se enfrentaram em turno único. Neste ano, Barão não teve um bom desempenho. O time infantil da cidade foi eliminado na 1ª fase e o juvenil

foi derrotado pelo time de Ouro Branco nas oitavas de final. A participação no evento é só um dos elementos da escolinha cuja inscrição é gratuita e deve ser feita na sede da Secretaria de Esporte pelo pai/ mãe ou responsável da criança e adolescente. Mais informações podem ser obtidas no 3837 7601.


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Laticínio Cocais: uma história de sucesso

Bruno Aragão

Da entrega de leite a uma fábrica de iogurte, leite, queijo frescal e doce de leite. Esse crescimento foi protagonizado por Ronaldo Nascimento e José Raimundo da Silva, proprietários do Laticínio Cocais que se localiza em Cocais, distrito de Barão de Cocais. A fábrica hoje emprega 20 funcionários e vende seus produtos em 10 cidades: Barão de Cocais, Santa Bárbara, São Gonçalo do Rio Abaixo, Bom Jesus do Amparo, João Monlevade, Catas Altas, Mariana, Ouro Preto, Caeté e Belo Horizonte. Essa produção é feita a partir do leite que é comprado na mão de 26 produtores familiares da região. Ronaldo é cunhado de José Raimundo, e a dupla iniciou suas atividades em 1983, entregando leite. Em 1994, eles fundaram a fábrica, e dois anos mais tarde, começaram a produzir iogurte que atualmente é o carrochefe da empresa. Por volta do ano 2000, o laticínio começou a empacotar o leite pasteurizado integral tipo C. Esse desenvolvimento é acompanhado de perto pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) que realiza duas visitas por mês à fábrica. Uma das normas fiscalizadas pelo IMA é o horário do recebimento do leite que deve ser entregue até as 9h30, segundo Nascimento. Ele afirma já houve vez que o fiscal chegou

Os proprietários Ronaldo e José Raimundo

em seu portão às 8h30 para fazer essa inspeção. Essa cobrança de acordo com Ronaldo é necessária para manter o rigor de seus serviços.

CONSUMO E PROPRIEDADES DO LEITE

A nutricionista Panmella Cardinalli, 32 anos, graduada na UFOP e especialista em obesidade e emagrecimento, ressalta que o horário de recolhimento é apenas um dos critérios de definição da classificação do leite. Segundo ela, de acordo com a Instrução Normativa número 51/2002 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o modo da or-

denha e a procedência do leite também são elementos considerados nessa classificação. Cardinalli afirma que o leite tipo A é retirado de um único rebanho, e da ordenha ao empacotamento não há contato manual com o leite. Nessa categoria, o número máximo de bactérias permitido é de 500/ml. Já o leite tipo B é obtido de rebanhos diferentes, sua ordenha pode ser realizada manual ou mecanicamente, e deve ser refrigerado onde foi ordenhado por no máximo 48 horas, a temperatura igual ou inferior a 4 ºC, até ser transportado ao local onde será processado. Nessa classificação, o número máximo de bactérias permitido é 40 mil/ml.

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Já o tipo C não é refrigerado onde foi ordenhado, e é transportado até as 10h do dia da ordenha, ao local onde será processado. Nessa categoria, o número de bactérias tolerado é 100 mil/ml. Cardinalli ressalta também as diferenças entre os leites integral, semidesnatado e desnatado. O primeiro tem um teor mínimo de 3% de gordura. No segundo, a quantidade varia entre 0,6 e 2,9%; e no terceiro, o limite é 0,5%. A redução de gordura, segundo a especialista, diminui a quantidade de calorias, mas reduz a presença das vitaminas lipossolúveis como as A, D, E e K.

A nutricionista salienta que o leite deve ser consumido de maneira moderada por ter proteínas de difícil digestão e algumas que não são digeridas. Ela ressalta que o consumo exagerado desse alimento aumenta a insulina sanguínea, e isso pode contribuir para o aparecimento de algumas doenças como diabetes e síndrome do ovário policístico. Cardinalli também não recomenda o consumo de leite de vaca para crianças até dois anos. Em relação ao iogurte, a nutricionista afirma que ele “preserva a gordura, os minerais e o conteúdo de vitaminas do leite puro, mas com menor quantidade

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de lactose (açúcar)”. Ela indica que no rótulo há informações precisas sobre a composição do alimento. Ela afirma que corantes, conservantes, aromatizantes e adoçantes artificiais “são extremamente prejudiciais à saúde”. Quem consome qualquer tipo de derivado de leite está atento aos benefícios proporcionados pelo cálcio. Para aqueles que tem intolerância à lactose ou são veganos, ou simplesmente querem aumentar o consumo de cálcio, Cardinalli sugere a ingestão de “couve, mostarda, brócolis, repolho, couve-flor, oleaginosas, gergelim, quinoa e amaranto”. O cálcio, entretanto, segundo a nutricionista, só será plenamente aproveitado pelo organismo, se for associado ao consumo de 24 nutrientes, como o magnésio, fósforo e vitamina K. Para colaborar com esse aproveitamento, Cardinalli indica: o consumo de sardinha, salmão e cogumelos; o uso de prebióticos e probióticos; a prática de atividade física; e banhos diários de sol de 10 a 15 minutos, até as 10h, ou depois das 16h. Essa exposição a luz solar vai ativar a vitamina D e aumentar a absorção de cálcio no intestino. Por outro lado, há também alimentos que prejudicam o aproveitamento do cálcio. A nutricionista ressalta que “grande quantidade de proteínas de origem animal, excesso de gordura saturada, álcool, ácido fosfórico (responsável pelo gás do refrigerante), excesso de açúcar refinado e a cafeína também competem na absorção do cálcio ou aumentam sua excreção através das fezes e da urina”.

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Gincana de Matématica mutiplica valores

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Bruno Aragão

A Gincana de Matemática da Escola Estadual Rodrigo Castro Moreira Pena que se localiza em Santa Bárbara foi realizada pela 12ª vez neste ano. Idealizada pela professora Bernadete Guzzo que leciona nessa instituição há 15 anos, o evento, segundo ela, objetiva: conscientizar os alunos sobre a importância dos estudos, e aumentar a presença das famílias na vida escolar dos filhos. A professora afirma que a gincana é formada por três partes: competições lúdicas; tarefas de matemática; e palestras ministradas por pastores e padres. Neste ano, o tema do evento foi o jovem, e no ano passado, a família. Na edição 2014, foram realizadas sete palestras que de acordo com Guzzo, objetivaram trabalhar o ser humano como um todo para motivá-lo a fazer boas escolhas. O evento é realizado ao longo da primeira quinzena de outubro e envolve os alunos de todo o ensino médio. Neste ano, excepcionalmente, as turmas do 9º ano participaram da competição. “(...) Esse é o nosso último ano/vencer a gincana é o nosso plano (….)” diz um trecho do grito de guerra da turma do 3º ano 2, de acordo com o aluno Salatiel Elifaz, 17 anos. O jovem afirma que esse plano da turma não foi concretizado, pois ficaram em segundo lugar na gincana que segundo ele, torna a escola mais alegre, colorida e agradável, além de aumentar a socialização entre os alunos. Elifaz destaca também a importância da presença dos religiosos no evento. A gincana juntamente com outros projetos (excursões ambientais e culturais, como por exemplo, ao Museu de Mineralogia em BH e ao Caraça, além do desfile no Sete de Setembro), e a alteração do modelo de gestão conseguiram melhorar a imagem da escola perante a cidade, de acordo com o diretor, Marcos Carvalho Rodrigues. Ele afirma que essa mudança é vista no aumento do número de matrículas no estabelecimento.

MERENDA

Rodrigues diz que compra na mão da associação dos produtores rurais da cidade vários produtos como

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Rap da potenciação

Bernadete, Salatiel e Marcos: união na escola

beterraba, cenoura, alface, banana, cebolinha, salsinha, ovos, couve, inhame e mandioca que são utilizados no preparo da merenda que é servida na escola. Essa compra é motivada pela lei 11.947/2009 que obriga que 30% do Fundo Nacional de Alimentação Escolar (FNDE) para a merenda sejam usados para comprar a produção da agricultura familiar da região.

Rodrigues afirma que a Secretaria de Estado de Educação deveria criar a dedicação exclusiva dos professores à instituição onde trabalham. Para ele, o planejamento adequado de cada aula faz toda a diferença na prática educativa. Rodrigues, graduado em História, trabalha na Rede Estadual de Ensino desde 1991 e é o diretor dessa escola desde 2007.


Banda de Música Santa Cecília: um século de tradição musical

CONTINUA NAS PÁGINAS 12, 13 E 14

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“A banda de música Santa Cecília é igual a arroz e feijão na nossa comida. Não pode faltar”, disse o organizador da Cavalhada de Brumal, Geraldo Silva, sobre a importância da presença da banda na festa que é realizada nesse distrito de Santa Bárbara há mais de 70 anos. Mais do que acompanhar a procissão que louva a Santo Amaro, animar a luta entre os mouros e cristãos, e marcar o enrolamento da fita no mastro, a banda é um dos elementos constitutivos do evento. Essa relevância pode ser medida pela execução da marcha “Galope” que foi composta especialmente para o final da cavalhada dessa festa que é realizada no primeiro domingo de julho, pelo ex regente da banda, Yolando dos Santos. »

Bruno Aragão

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ssa composição é uma das várias do acervo da entidade que foram escritas pelos antigos regentes, instrumentistas da banda e autores anônimos. Uma delas, de 1903, de autoria desconhecida, chamada “Novo Regresso”, é a mais antiga do acervo e dá nome ao projeto que promoveu a restauração, catalogação, edição e digitalização de 250 antigas partituras do arquivo da banda. O projeto foi patrocinado pela Fapemig; executado pelo Laboratório de Conservação e Restauração de Documentos e Obras Raras da UFSJ; coordenado pelo professor da UFJS, Antonio Carlos Guimarães; idealizado pelo regente da banda, Alexandre Lacerda; e foi concluído em 2009. O estado de conservação dos documentos estava bom. Lacerda lembra que 80% do acervo precisou apenas de higienização, e 20%, de reparo e restauração. Naquele ano, 20 dessas composições que foram restauradas foram gravadas em um CD intitulado “Dobrados e Marchas” que foi patrocinado pela Gerdau. Esse projeto foi complementado pela impressão de um livro com as partituras de sete das músicas mais executadas pela banda que foram restauradas e pela gravação de um

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documentário sobre a sua história. O livro e o filme foram lançados em 2011 e foram patrocinados pelo Fundo Estadual de Cultura. As músicas publicadas no livro foram: “Novo Regresso” e “Coroacy”, de autoria desconhecida; “Francisco Gonçalves Penido” e “Triunfo Cocaiense em Manoel Gonçalves Moreira”, de Odilon Fonseca; “68” e “Doutor Hélio Braz”, de Yolando dos Santos; e “Raimundo Vital”, de Raimundo Santiago. Todas as músicas são dobrados, exceto “Coroacy” que é uma marcha festiva. O livro tem 104 páginas, e além de relatar a história e a realização do projeto de restauração, apresenta uma breve biografia desses três compositores. Yolando dos Santos (1920-1979) e Raimundo Santiago (1920-2004), dois dos homenageados, têm três pontos em comum. Eles foram: regentes da banda, compositores prolíficos, e funcionários da usina metalúrgica de Barão de Cocais. O filme, por sua vez, intitulado “Banda Santa Cecília: a tradição de Barão de Cocais”, tem 72 minutos de duração, foi dirigido e roteirizado por Marcelo Passos.


1ª formaçãoda banda. Acervo da Prefeitura de Barão de Cocais

Outra pesquisa sobre a banda que merece ser destacada é a monografia em História “Banda Santa Cecília de Barão de Cocais MG: um século de tradição musical” que foi defendida em 2007, na UFSJ, por Patrícia Lício que foi uma das integrantes do projeto de restauração. Atenta a essa importância, a Prefeitura de Barão de Cocais, por meio do decreto 127, em 26 de setembro de 2014, registrou, no Livro de Tombo, a banda como Patrimônio Imaterial Municipal de Barão de Cocais. Essa ação objetiva, segundo a Secretária de Cultura de Barão de Cocais, Marília Ângelo Oliveira, reconhecer, valorizar e proteger a banda que foi fundada em 1905. Essa ação assegura o recebimento de recursos do Fundo Patrimonial Municipal. Para Oliveira, “enquanto houver vida, que haja banda”. Atualmente, segundo Oliveira, a subvenção da Prefeitura destinada a banda permite custear o salário do regente, pagar as contas de água, luz, telefone, e ajudar na manutenção dos uniformes e na compra de instrumentos. Recentemente, a banda recebeu dois tímpanos, um oboé, um fagote e uma marimba, de acordo com o presidente da banda, José Paulo Santos, 52. Além da subvenção, a Prefeitura de Barão de Cocais realizou, em 2014, o projeto de educação patrimonial “Sons que tocam na memória” que envolveu quatro escolas municipais e uma estadual. Os alunos puderam pesquisar sobre a banda, visitar a sede, conversar com os músicos e assistir aos ensaios. Posteriormente, uma feira foi realizada para apresentar o trabalho produzido pelos participantes do projeto sobre a banda.

ESTRUTURA

A banda possui uma sede própria cuja história demonstra a sua capacidade de superação. O terreno da sede foi comprado em 1942 na gestão de Raimundo Vital. Esse gesto motivou o ex regente Yolando a compor um dobrado em homenagem ao gestor. A sede, por sua vez, foi construída em 1959, e reformada e ampliada em 2007 na gestão de J. D. Vital, filho de Raimundo. Nesse espaço, a banda ensaia duas vezes por semana, sempre às quintas e sextas- feiras. Atualmente, segundo o atual presidente e bombardinista da banda, José Paulo Santos, 52 anos, o grupo possui 52 integrantes. Santos ressalta que a participação de todos os músicos é voluntária. Ele, por exemplo, trabalha como mecânico na Vale e toca na banda há uns 35 anos. Outro exemplo de dedicação à música é o tubista, José Miguel do Carmo, 93 anos, mais conhecido como Zé do Pó. Ele nasceu em Florália, e afirma ter se mudado para Barão de Cocais em 1961 para trabalhar na usina metalúrgica. Por volta de 1964, o metalúrgico aposentado diz que viu a banda passar, achou bonito e quis entrar. Ao ingressar no grupo aprendeu a tocar surdo. Ele conta que três anos depois começou a estudar tuba por meio de uma cartilha musical. O músico continua tocando esse instrumento até hoje, mas devido a um desgaste no joelho, ele não pode mais marchar. Apesar dessa limitação, Zé do Pó afirma que vai a pé para os ensaios, e segundo Santos, não falta e nem chega atrasado.

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Essa pontualidade é acompanhada por duas marcas: o dente de ouro e o uso contínuo de rapé. Em seu bolso, ele carrega um potinho com o pó, e em seu quarto, guarda um recipiente onde armazena algumas medalhas que recebeu ao longo de sua carreira. Uma delas foi recebida em 1995, no I Encontro de Bandas de Pains MG. Outro objeto guardado foi um chaveiro que foi entregue em 1980 no 1º Festival de Banda de Timóteo MG. Essas lembranças marcaram sua vida. Além da música, Zé do Pó gosta de futebol e diz que é torcedor do Galo. Ele diz que está no terceiro casamento (contraído há oito anos), nunca foi de farra, e que tem energia para cuidar de uma pequena roça onde planta mandioca, amendoim, feijão entre outros gêneros.

RENOVAÇÃO

José Miguel do Carmo, o tubista Zé do Pó

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Em sua terra natal, a banda é inseparável do Jubileu de São João Batista, e nessa festa está presente no levantamento do mastro, na alvorada e na procissão. A banda se apresenta tanto em festas religiosas quanto profanas. Em 2013, segundo o atual regente, Alexandre Lacerda, 32, o grupo esteve presente em 42 eventos. Neste ano, a banda se apresentou, por exemplo, no Museu de Ciências Naturais da PUC, no bairro Coração Eucarístico, em BH. Lacerda diz que 80% das apresentações são realizadas nas redondezas. Ele que é graduado em flauta pela

UEMG e especialista em regência pela UFMG, está a frente da banda há sete anos. O convite para assumir a batuta do conjunto foi feito após ele ter ministrado um curso de aperfeiçoamento aos músicos da banda, em 2006, por três meses, que foi promovido por uma parceria entre a UFSJ e a CBMM. Lacerda quando assumiu o comando da banda, percebeu que 95% do repertório era constituído por dobrados e marchas. Aos poucos, ele foi introduzindo temas de filmes, peças sinfônicas e músicas pop. Exemplos dessa renovação são “Livin’ on a prayer” de Bon Jovi e o tema de “Game of Thrones” de Ramin Djwadi. Lacerda diz que as novas músicas e palcos estimulam o estudo por parte dos músicos. Para ele, se a banda restringir sua apresentação a procissões, e o repertório, a dobrados, haverá uma estagnação. Lacerda também está a frente do Coral Yolando dos Santos que foi reativado há pouco tempo e ensaia na sede da banda. Ele diz que pretende realizar apresentações conjuntas entre o coral e a banda. Lacerda afirma, entretanto que o grupo vocal pretende, prioritariamente, apresentar músicas do período colonial mineiro como as do compositor Bento Pereira que morou no século XVIII no arraial que deu origem a cidade de Barão de Cocais. Essa produção musical colonial foi extensa e segundo Lacerda, parte do acervo do Museu da Música de Mariana é composto pelas obras da região de Barão de Cocais.


GAROTA SARAH LACERDA

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