REVISTA ESTILO ZAFFARI EDIÇÃO 74

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Ano 12 N0 74 R$ 7,90

EDIMBURGO WHISKY, PUBS, KILTS E UM BOCADO DE HISTÓRIA

CASA NOVOS ARES PARA ANTIGOS APARTAMENTOS

CULTURA LER EM GRUPO É UM BAITA PROGRAMA!

cria tivi da de

raízes Valorizando ingredientes locais e a cocção na brasa, a comida de Carlos Kristensen é surpreendente em cada detalhe






Milene Leal milene@contextomkt.com.br

EDITORA E DIRETORA DE REDAÇÃO REDAÇÃO Ana Guerra, Flavia Mu, Cris Berger, Loraine Luz, Milene Leal

REVISÃO Flávio Dotti Cesa DIREÇÃO E EDIÇÃO DE ARTE Luciane Trindade ILUSTRAÇÕES Moa FOTOGRAFIA Letícia Remião, Cris Berger, Deninson Fagundes, Fernando Bueno, Marcelo Donadussi COLUNISTAS Cris Berger, Celso Gutfreind, Cherrine Cardoso, Fernando Lokschin, Luís Augusto Fischer, Roberta Coltro, Tetê Pacheco COMERCIALIZAÇÃO Izabella Truda Boaz (izabella@contextomkt.com.br)

EDITORA RESPONSÁVEL Milene Leal (7036/30/42 RS) A revista Estilo Zaffari é uma publicação trimestral da Entrelinhas Conteúdo & Forma, sob licença da Companhia Zaffari Comércio e Indústria. Distribuição exclusiva nas lojas da rede Zaffari e Bourbon. Estilo Zaffari não publica matéria editorial paga e não é responsável por opiniões ou conceitos emitidos em entrevistas, artigos e colunas assinadas. É vedada a reprodução total ou parcial do conteúdo desta revista sem

Ano 12 N0 74 R$ 7,90

prévia autorização e sem citação da fonte. EDIMBURGO

TIRAGEM 25.000 exemplares IMPRESSÃO Gráfica Pallotti

WHISKY, PUBS, KILTS E UM BOCADO DE HISTÓRIA

CASA NOVOS ARES PARA ANTIGOS APARTAMENTOS

CULTURA LER EM GRUPO É UM BAITA PROGRAMA!

ENDEREÇO DA REDAÇÃO Rua Cel. Bordini, 675/cj. 301 – Porto Alegre/RS – Brasil – 90440 000 (51) 3395.2515 (51) 3395.2404 estilozaffari@contextomkt.com.br

cria tivi da de e

raízes Valorizando ingredientes locais e a cocção na brasa, a comida de Carlos Kristensen é surpreendente em cada detalhe

FOTO: LETÍCIA REMIÃO


N OTA

OÁSIS DE BELEZA, DELICADEZA E GENTILEZA Lá fora o clima é pesado, as notícias são ruins e predominam as feiuras e grosserias. Mas aqui dentro da Estilo Zaffari você vai encontrar um verdadeiro oásis de belezas e delicadezas. Seguimos – e seguiremos sempre – em nossa missão de proporcionar, mais do que informação ou conhecimento, momentos de alegria e de leveza para nossos leitores. Afinal de contas, todos precisamos disso para carregar as energias e seguir em frente, certo? Esta edição está particularmente linda. Todas as matérias são de encher os olhos e trazem ótimas ideias, inúmeras dicas, testemunhos e sugestões de gente interessante, diversas belas histórias e imagens encantadoras. Nossa capa é um delicado minibraseiro criado pelo chef Carlos Kristensen, uma das surpresas que os comensais do Hashi encontram no novo menu do restaurante. Na reportagem principal da edição vamos falar sobre a “cozinha de fogo” de Carlos e também o projeto “Internacionalmente Local” que ele criou para valorizar produtos e produtores locais. Imperdível está também a matéria sobre os apês antigos que ganharam decorações megacontemporâneas e descoladas. E a reportagem sobre leitura coletiva? Sensacional. O que dizer da matéria sobre Edimburgo, com a assinatura de Cris Berger e fotos lindíssimas da cidade? Perfeita para inspirar sua próxima viagem. Esta edição tem ainda: ideias para curtir Paris em dois ou três dias; duas jovens e sensacionais Mulheres que Amamos, uma atleta e uma estilista; além dos textos espetaculares dos nossos colunistas. Prepare-se para esquecer o mundo lá fora e mergulhar na gostosa aventura de ler a Estilo Zaffari. OS EDITORES

D O

E D I TO R


Correio

www.facebook.com/Revista Estilo Zaffari

RECADINHOS QUERIDOS QUE A ESTILO ZAFFARI 73

NA CHEGADA DA EDIÇÃO

Uau!!! Louca para me deliciar com a nova Estilo Zaffari!

RENATA CASTELO BRANCO

A revista está demais, gurias! Sempre bárbara, parabéns ao alto estilo da publicação. FARO COMUNICAÇÃO ESTRATÉGICA

Adorei, adorei... Ela está linda e megagostosa de ler! Parabéns. CLAUDIA GABBARDO

Sempre muita qualidade e amor!!! Bjusss SÔNIA DE OLIVEIRA SOARES

Está uma delícia... devorei! LUCIANA MONSALVE BING

Ui, que linda!!!!!!! KAREN AGRA

Eeeeeeee!!!! CLÁUDIA ARAGÓN

Para ler nas férias e guardar na coleção, Milene Kraemer Leal! MARA RUBIA ANDRE ALVES DE LIMA

Eba!!!! BETE DUARTE

Linda essa edição! A minha já está aqui na casinha (curtindo a matéria sobre New York) ELIANE MACHADO

COSA MAS LINDA!

Estilo Zaffari

Parabéns!!!! Louca para ver!!! BETINA SPERB ALBUQUERQUE

Já vou garantir a minha!

8

DORIS HEGEDUS GROSSMAN

RECEBEU PELO FACEBOOK

ÀS LOJAS DA CIA. ZAFFARI:

CRIS BERGER

Que bom que vocês existem, Gurias.

LIZE JUNG

Tá linda, Mi!!! Como sempre!!! Parabéns!!! Bju LUCIANO LUNKES GASTRONOMIA

Estou louca de curiosa! A capa linda! Parabéns a todas essas lindas e trabalhadoras meninas!!!! ZUCA FEIJÓ

Ieeeei! Linda-linda-linda capa, como sempre! Doida pra ver! E superfeliz por fazer parte deste timaço! Obrigada e muitos beijos em laço de fita! DÓRIS FIALCOFF

Leitura obrigatória para os dias de paz e lazer. KÁTIA NIMHAUSER

Parabéns, Milene Kraemer Leal! A edição está linda, como sempre! FILIPE CAMPELO

Fazer parte deste time é privilégio. Amo. FLAVIA MU

Muito obrigada, Milene, Flavia Mu e Letícia Remião! Foi um imenso prazer fazer parte desta matéria e com a nossa foto na capa trouxeram o nosso presente de Natal!! LILIANA ANDRIOLA

Porto Alegre combina com Estilo Zaffari. Coisa bem boa é poder ler minha revista preferida. Parabéns, Milene Kraemer Leal e Izabella Truda Boaz. MARISOL ESPINOSA

Porto Alegre é sempre fonte de inspiração! (curtindo o ensaio fotográfico com os prédios neoclássicos da capital gaúcha) FERNANDA CHEMALE



Cesta Básica

12

Coluna Humanas Criaturas

38

Lugar: Paris

40

Coluna Vida

52

Sampa

68

Coluna Equilíbrio

70

O Sabor e o Saber

94

Moda

98

Mulheres que Amamos

100

Coluna Palavra

104

A COZINHA DE TERROIR E DE FOGO DO CHEF CARLOS KRISTENSEN

26 Artistas criativos inventam


WHISKY, PUBS, KILTS

NOVOS ARES

E UM BOCADO

PARA ANTIGOS

DE HISTÓRIA

APARTAMENTOS

80

54

plataformas para colocar a literatura na vida das pessoas

72


Cesta básica

NESTA SEÇÃO VOCÊ ENCONTRA DICAS E SUGESTÕES PARA CURTIR O DIA A DIA E SE DIVERTIR DE VERDADE: MÚSICA, MODA, LITERATURA, ARTE, LUGARES, VIAGENS, OBJETOS ESPECIAIS, PESSOAS GENIAIS, COMIDINHAS, PASSEIOS, COMPRAS. BOM PROVEITO!

LO R A I N E

P O R LU Z

FOTO: LETÍCIA REMIÃO

T E X TO S

COMIDA COM AMOR AGORA EM Depois de quase 6 anos de muito trabalho e muito sucesso nos fundos da loja Refúgio Urbano, o bistrô Chicafundó mudou de endereço. A querida turma da “comida com amor” agora serve suas delícias no belo casarão que até o final do ano passado abrigava o restaurante do francês Philippe Remondeau. Conhecido por seu ambiente acolhedor, pequenino e com jeitinho de casa, o Chicafundó sempre teve uma clientela fiel e apaixonada, e tudo parecia transcorrer a mil maravilhas. Mas então, por que mudar? Quem explica é Elisa Prenna, fundadora do bistrô: “Nunca haviamos pensado em sair dali, mas a vontade de sermos um pouco maiores e de poder abraçar alguns eventos pulsava muito”, conta ela.


UM DOS MAIS BELOS CASARÕES DA CIDADE Foi na cozinha do Chez Philippe que Elisa e Matias, seu marido e grande parceiro de cozinha, se conheceram, há cerca de 15 anos. “Viemos para este casarão com o sentimento de que nossa história já passou por aqui, e nossa maior tarefa é fazer essa casa ter a nossa cara, o nosso aconchego”, diz Elisa. A decisão de mudar foi tomada em 48 horas, mais baseada na emoção do que na reflexão. “Nossa única certeza é de que precisamos continuar sendo quem sempre fomos, precisamos manter a nossa essência”, afirma Elisa. O sistema de serviço do bistrô permanece o mesmo, os preços idem, a decoração eles levaram inteirinha para o casarão. A equipe é a mesma, tanto no salão como na cozinha, apenas com alguns novos membros. Diferente do pequeno Chica, o casarão tem o diferencial

da área externa, um ótimo espaço para eventos, pequenos casamentos, formaturas. Tomar a decisão de crescer foi um passo e tanto, mas Elisa e seus parceiros, Matias e Leonardo, que agora são também sócios do bistrô, apostaram na mudança e na busca de um sonho. “Agora o Chica é nosso e juntos somos mais fortes!”, diz a pequena, forte e encantadora Elisa.

CHICAFUNDÓ AV. INDEPENDÊNCIA, 1005 I POA I RS 51 3013.4096 I www.facebook.com/chicafundo www.chicafundo.com.br I chicafundo@gmail.com

Estilo Zaffari

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Cesta básica

MARIE GABI ROSÉ

VINÍCOLA ROUTHIER & DARRICARRÈRE www.facebook.com/vinhedo routhier & darricarrère

QUERIDA CERVEJA

A empresa gaúcha Querida Cerveja acaba de chegar ao mercado com novidades para os fãs desta que é uma das mais adoradas bebidas do mundo. A ideia é lançar objetos de decoração e utilitários para o público cervejeiro e também promover eventos, como de degustação e harmonização. Tudo nasceu da paixão da jornalista Dóris Fialcoff, que decidiu aprender sobre o assunto e formou-se sommelière de cervejas em 2015. Em seus estudos, ela passou a colecionar as tampinhas das garrafas que degustava e queria guardá-las em um lugar de honra. Procurou opções em lojas físicas e sites, mas não encontrou nada que a agradasse. Foi quando o então namorado (e agora marido e sócio) João Carlos Valentim arregaçou as mangas. Somando a sua criatividade com a experiência como gestor de produção industrial, criou o protótipo do primeiro produto da Querida Cerveja: um quadro colecionador para tampinhas. Desde o seu lançamento, em dezembro passado, o quadro tem encantado os apaixonados pela bebida, pois é uma forma de preservar e compartilhar boas memórias. Feito em madeira de reflorestamento, tom nogueira, está disponível em dois tamanhos: para 64 e para 44 tampinhas. Pode ser pendurado na parede e também disposto sobre móveis. Conta, ainda, com uma alça que facilita o transporte, e com ímãs que permitem gerenciar a disposição das tampinhas e estabelecer critérios e rankings próprios. A Querida Cerveja acredita que “Lembrar experiências bacanas faz um bem danado”(seu slogan) e por isso outras novidades surgirão em breve, sempre pensando nas pessoas que bebem, amam, celebram e colecionam cerveja.

www.cevasdosul.com.br/quadro-colecionador www.facebook.com/queridacerveja

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Estilo Zaffari

FOTO: LETÍCIA REMIÃO

Leve, elegante e com boa persistência. Características que definem bem o delicado Marie Gabi Rosé, da vinícola Routhier & Darricarrère, de Rosário do Sul. Elaborado a partir de uvas tipo cabernet sauvignon, o vinho tem cor rosa acobreado com reflexos dourados e aromas complexos de flores do jardim, frutas brancas como maçã e pêssego e frutas vermelhas pequenas, como pitanga e amora. “As uvas devem ser colhidas enquanto ainda têm alto nível de acidez para garantir seu frescor, mas precisam estar suficientemente maduras para enriquecer o vinho”, comenta Anthony Darricarrère, enólogo da vinícola. A Routhier & Darricarrère aposta na produção de vinhos rosés – que lembram muito os produtos da Provence na França. “O vinho Marie Gabi remete à nossa descendência francesa. É seco, sofisticado, refrescante e verdadeiro”, afirma Anthony. A harmonização é versátil: combina da entrada a sobremesa, além de pratos mais estruturados, como frango, massas, sushis e peixes. Os vinhos produzidos na Campanha Gaúcha caracterizam-se pelo equilíbrio. A região está localizada na faixa do paralelo 300, onde ficam também as principais vinícolas do mundo, em países como Argentina, Chile, África do Sul e Nova Zelândia. Apesar de não ter a tradição da Serra gaúcha, já é considerado um dos melhores locais do Brasil para produção de vinhos.


MADAME IOIO

O público feminino ganhou uma grande opção para alugar vestidos de festa: Madame Ioio chegou a Porto Alegre. “Colecione momentos e não vestidos” é o mantra da loja, que além de pregar o consumo consciente oferece um diferencial: alugando um vestido, a cliente ganha o aluguel de até 3 acessórios para compor o look, podendo escolher entre anéis, brincos, colares, clutches ou mesmo grampos para cabelo. Com numeração abrangente que vai do 36 ao 50, os vestidos foram escolhidos a dedo em diversos polos de moda do Brasil, Estados Unidos, Argentina e Chile. E para deixar as clientes mais elegantes, a loja oferece lingeries importadas para modelar o corpo, item disponivel apenas para venda. Os aluguéis dos vestidos variam de R$ 99,00 a R$ 520. A Madame Ioio estreia na cidade na rua Cel. Paulino Teixeira 193, no bairro Rio Branco, abrindo nos dias de semana das 12h às 19h e aos sábados das 10h às 16h. A fotógrafa da campanha é Letícia Remião.

MADAME IOIO facebook/madameioio contato@madameioio.com.br 51 3029.9600


Cesta básica

CLIMA JAPONÊS

KIMPTON BUCHANAN HOTEL 1800 SUTTER STREET, SAN FRANCISCO, CALIF. 0800 76.21287 www.thebuchananhotel.com

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Estilo Zaffari

Pense em flores de cerejeira dividindo espaço com bastante concreto, lojistas octogenários, brechós autênticos e lugarzinhos vendendo lamen, docinhos japoneses, chás ou sushi sem um pingo de ocidentalização, de raiz mesmo. Eis o JapanTown, um bairro de São Francisco, na Califórnia (EUA). E se a ideia é mesmo mergulhar no estilo, dormindo e acordando no “Japão”, o Kimpton Buchanan é uma das mais acertadas opções de hotel na região. São 131 quartos com arquitetura high-low, que mistura plantas variadas a mármore, cortinas brutas de lona a lençóis brancos. Minimalismo e tradição aliados à filosofia wabi-sabi, que dita a beleza do impermanente e do incompleto. Em vez de robes, os hóspedes têm à disposição quimonos estampados de shibori (o tie-dye tipicamente japonês). O lobby é todo decorado com caixotes de whisky japonês, e 3.100 mil garrafas vazias estão penduradas no teto. Outra peculiaridade é que todos os dias acontece o sake hour, uma degustação de tacinhas de saquê.


MÚLTIPLAS GRIFES

Gabriela Verri, estilista da marca GVERRI, observando as tendências internacionais, optou pelo chamado ‘fashion co-retailing’ ao decidir expandir seu negócio. O sistema se baseia no compartilhamento de um espaço por diversas grifes. O segmento fashion co-retailing é incomum na capital gaúcha, o que faz da GVERRI Store, inaugurada no início de março, uma aposta cheia de personalidade. O projeto do espaço é fruto de um estudo realizado ao longo do ano de 2015 com a curadoria de marcas. Nas araras da GVERRI Store, o preview da coleção outono-inverno 2016 traz o cervo como símbolo da mudança e da boa sorte em despojadas t-shirts e moletons. A leveza e a elegância desse animal inspiram o novo momento da marca. Além das peças de Gabriela, a loja exibe bijouterias da designer Betina Werner, o urban chic da Makai, as roupas femininas da WondeWear Comfy Outfits, os produtos em couro de Fran Hermoza, os descolados óculos Preza e camisas masculinas V.KING MAN. Mantô, Mezcla, Oden, Phiona, Yarn, Julianna Fracaro, Queen Victoria e Conviva! Design são algumas das outras marcas que estão no espaço.

GVERRI STORE R. DINARTE RIBEIRO, Nº 50 BAIRRO MOINHOS DE VENTO I PORTO ALEGRE I RS www.gabrielaverri.com.br

HAMBÚRGUER ASIÁTICO

Pães branquinhos, muito macios e quentes, cozidos no vapor e servidos em cestas de bambu. Para o recheio, uma variedade de carnes, picles e molhos especiais. E é o cliente quem monta o seu usando… hashi! Essa é a proposta do Dado BAO, o asian burger de origem taiwanesa trazido para Porto Alegre pela Dado Bier, no restaurante do Bourbon Wallig. O cardápio elaborado pelo chef Edevaldo Nunes é composto por quatro sabores: filé grelhado com molho agridoce e shimeji no shoyu, picles de pepino e molho barbecue suave; frango crocante com sunomomo de legumes e molhos Hoisin Sauce e Maionese de Alho e Limão; Slices de picanha suína com alho-poró e cebolinha frita, picles de beterraba e molho barbecue coreano; Salmão no tarê com gergelim com picles de pepino e cenoura e molho wasabi. A pedida é ótima para compartilhar.

DADO BAO NO DADO GARDEN GRILL BOURBON WALLIG AV. ASSIS BRASIL, 2611 I 1º PISO I BOURBON SHOPPING WALLIG PORTO ALEGRE I RS I 51 3013.7075 www.facebook.com/ Dado Bier www.dadobier.com.br/restaurantes/bourbon-wallig

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Cesta básica

RESIDÊNCIAS DE ALUGUEL ARTE DE RECEBER

A decoradora paulistana Sandra Fóz reúne o melhor de sua coleção de artigos para mesas no livro “Décor Tables”, produzido pela editora Magu, dos empresários Marília Muylaert e Gustavo Curcio, e com lançamento em São Paulo. A obra é dividida em sete seções. Além da apresentação e de um breve histórico sobre Sandra, apresenta mesas de exposição, mesas de arte, as coleções de Sandra, mesas de fim de ano e uma parte intitulada “Arte de Receber Bem”, que inclui 31 regras de etiqueta. A paixão por essa habilidade com status de “arte” surgiu ainda na adolescência, transmitida por sua mãe, Zulma Cintra Fóz. Formada em artes plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado, Sandra Fóz usa referências de sua infância e juventude aliadas ao gosto por arte, decoração, arquitetura, design e cultura brasileira para imprimir sua personalidade ao trabalho como decoradora.

DÉCOR TABLES I R$ 120 EDITORA MAGU COMUNICAÇÃO INTEGRADA 18

Estilo Zaffari

Mais do que o destino, tem importado cada vez mais aos turistas a possibilidade de compartilhar experiências com quem se ama e com quem é prazeroso de se estar ao lado. De olho nessa tendência, residências do Four Seasons pelo mundo combinam conforto, serviço e aconchego, com opções para aluguel na medida para grupos de amigos ou famílias. Segundo consultores da Virtuoso, rede líder de agências de turismo de luxo, construir memórias afetivas é a prioridade do momento para os viajantes. Na prática, isso significa viagens multigeracionais, quando integrantes de uma mesma família, de diferentes idades, embarcam juntos certos de que vão encontrar no mesmo destino atrações para todos os gostos. Seguindo esse movimento, o Four Seasons oferece residências e vilas de luxo para férias nos destinos mais cobiçados, das montanhas nevadas de Vail, no Colorado, a bungalôs em estilo caribenho em Nevis ou villas com vistas para o Oceano Índico, nas Ilhas Seychelles. Tudo combinando o conforto e a privacidade de uma casa com os serviços e experiências que tiram dos hóspedes quaisquer preocupações, como se estivessem em um hotel. Há mais de 50 anos, o Four Seasons Hotels and Resorts é sinônimo de luxo em hotelaria, e a marca foi a primeira a estender a sua assinatura a residências, 30 anos atrás. Novidades lançadas recentemente incluem as Four Seasons Bed, camas customizáveis, o primeiro avião exclusivo de uma marca de hotéis e o Four Seasons App, um aplicativo para personalizar a estada e ter dicas de viagem na palma da mão.

http://vacationrentals.fourseasons.com


Um bolo para chamar de seu, mudar e escolher cada detalhe, cada recheio, cada cobertura, pronto em menos de 10 minutos. Sim! E sem precisar da antecedência das encomendas ou da indicação urgente de uma confeiteira ou cake designer de mão cheia. Essa é a proposta da loja “Make a Cake”, das sócias Tássia Campos, Alana Etchebehere e Fernanda Turl. Mas… fica no Rio, no shopping Downtown, na Barra da Tijuca. O naked cake é feito em quatro etapas. Na primeira, o cliente escolhe o tamanho que quer dentre os quatro possíveis (individual, P, M e G), depois os sabores das massas (entre elas, baunilha, chocolate, nozes, laranja fit e coco com castanha fit). Na terceira etapa, os recheios são escolhidos um a um, dentre as mais de 10 opções. Para finalizar, é preciso decidir o o topping, entre as 14 possibilidades para a escolha do consumidor. “O bolo é muito mais que um produto, é um gesto de carinho. Queremos dar ao público a oportunidade de personalizar esse presente, dar a sua forma, fazer do jeito exato que sempre sonhou”, diz Alana. Ela é Tássia são formadas em Nutrição e já trabalharam com grandes franquias e buffets da cidade. Já Fernanda trouxe para a iniciativa inovadora seus conhecimentos da pós-graduação em gestão de negócios.

www.makeacake.com.br www.facebook.com/makeacakeoficial/ @makeacakeofficial

FOTO: CARIN MANDELLI

BOLO PERSONALIZADO

TUM TUM TUM, BATE CORAÇÃO

A Tum Tum Tum surgiu da paixão da arquiteta Luiza Kroeff por tecidos e texturas, além de algumas doces memórias de infância. Quando pequena, ela costumava sair com a avó para comprar tecidos, botões, ir à casa da costureira. E juntas elas produziam muitos trabalhos manuais. A marca em si, o nome, foi escolhido pouco depois do nascimento do filho de Luiza, Inácio, que um dia olhou para uma vitrine que tinha um coração enorme e disse: “Mamãe, tum tum tum!”. Esta explosão de amor, juntamente com as memórias de Luiza, traduz o espírito dessa charmosa linha de roupas para casa (mesa, cama e parede) feitas em tecido. O grande diferencial saõ os materiais: lindos tecidos descartados por lojas e estofarias além daqueles escolhidos e trazidos pelos próprios clientes – e que, de alguma forma, têm um significado todo especial. Os produtos, claro, são todos exclusivos. As encomendas são feitas por e-mail.

tumtumtum.casa@gmail.com www.facebook.com/Tum Tum Tum tumtum_casa

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UM POUCO DE PORTUGAL

NOVIDADES NO MUJU Inaugurado há alguns meses, o Muju Restobar, dedicado exclusivamente à gastronomia peruana, incrementou seu cardápio de pratos e drinques e renovou sua carta de vinhos. Com uma proposta diferenciada, o menu continua assinado pelo renomado chef Marco Espinoza, que é sócio do restaurante e também proprietário do Taypá Sabores del Peru, em Brasília, e do Lima Restobar, no Rio de Janeiro. “Nos comprometemos a sempre trazer novas experiências para os clientes. O novo cardápio seguirá mostrando a diversidade de nossa culinária.” Os outros sócios do Muju, Natália Rosito e Daniel Lucas, ressaltam que a proposta é sempre surpreender aos clientes. “Vamos trazer inovações pelo menos duas vezes ao ano, mas sempre mantendo os pratos mais pedidos”, adianta o casal. O novo cardápio inclui os famosos e deliciosos Tiraditos, outras opções de Cebiches, novas opções de pratos principais (como um risoto de quinua com ragu de cogumelos e um cordeiro braseado), além de mais opções de sobremesas, com destaque para a Morocha: torrão de chocolate e 4 texturas de chocolate.

RUA CEL. BORDINI, 684 I PORTO ALEGRE I RS 51 3328.0348 www.muju.com.br www.facebook.com/Muju Restobar

Não faltou nem a apresentação de fado na inauguração. E sobraram elogios. O português Filipe Lopes, natural de Almada, veio para o Brasil estudar e hoje é o responsável, em Porto Alegre, por garantir autênticas e doces delícias de seu país em plena Porto Alegre. Pastel de Belém, de Santa Clara, mil folhas de doce de ovos, enfim, as típicas receitas presentes em cafés de Portugal podem ser encontradas no Amo.te Lisboa, aberto de segunda a sexta-feira, das 9h30min às 18h30min, e aos sábados, das 9h30min às 13h. Lopes, de 43 anos, é casado com uma brasileira e mora na Capital há 15 anos. Chegou a ser proprietário de um café em seu país. Já do lado de cá, trabalhou em eventos fazendo as receitas que aprendeu com a avó. Ele aprendeu praticamente brincando. E agora a brincadeira virou negócio, e seu amo.te Lisboa é ponto de encontro de portugueses que querem matar a saudade dos sabores autênticos da terrinha, bem como de brasileiros fãs dessa confeitaria tão marcante.

AMO.TE LISBOA AV. INDEPENDÊNCIA, 1.211 I LOJA 31 I PORTO ALEGRE I RS www.facebook.com/amotelisboapoa


DA REUNIÃO AO HAPPY HOUR

LEITORZINHOS

Estimular a curiosidade, a coordenação, a memorização e a imaginação, ajudar a desenvolver a linguagem e ainda fortalecer o vínculo afetivo entre pais e filhos. Quer mais motivos para que livros e leitura façam parte do cotidiano de bebês? E aqui vai esta sugestão: coleção Primeiro Olhar, da Editora Inverso, voltada para “leitorzinhos” de zero a três anos. Em Abraço, o personagem Leonardo recebe e distribui abraços transbordantes de carinho. Em Festa, os animais se reúnem para se divertir e só participa quem tem pinta no corpo.

MAIS INFORMAÇÕES: www.editorainverso.com.br

O segundo endereço do Valkiria Café na Capital funciona do jeitinho que o público já aprovou nas operações da primeira unidade, na Carlos Gomes. O diferencial, do novo local, é mesmo a atmosfera especial. O café abriu num centenário casarão que integra o complexo “Área 51”, espaço integrado de criatividade e empreendedorismo. É cercado por muito verde, de todo tipo, de ciprestes a erva e temperos de uma hortinha. No jardim, espreguiçadeiras, redes e balanços parecem ideais para degustar um café. Claro que o recente endereço tem novidades no cardápio também. Entre elas, muffins em três sabores: mirtilo e limão siciliano vegano, de framboesa sem glúten e sem lactose e o muffin de chocolate amargo com gotas de chocolate branco. O blondie, brownie de chocolate branco, também é destaque. O Wi-fi (e muitas tomadas!) está garantido também. Mas se a ideia é emendar um happy hour depois das reuniões de trabalho, é possível continuar por lá: o novo espaço tem um menu de bebidas alcoólicas. O Valkiria foi o primeiro da cidade com o serviço take away, que possibilita ao público consumir diversos produtos no local ou fora dele em embalagens próprias para o transporte. À noite, o espaço pode abrigar eventos de até 60 pessoas. O local tem estacionamento gratuito e portaria com segurança.

VALKIRIA CAFÉ ÁREA 51 – AVENIDA LUCAS DE OLIVEIRA, 894 51 3025.3728 www.facebook.com/valkiriacafe Estilo Zaffari

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Cesta básica

ALMA DE CASA

A atmosfera intimista lembra cantinhos charmosos e escondidos que Nova York guarda como poucas cidades. Mas estamos em Porto Alegre. A decoração é clássica, lembrando uma residência dos anos 50, com despojadas peças de design retrô. O 103 Retro Lounge surge com proposta acolhedora e oferece pratos de cozinha contemporânea com alma de casa. Duas criações estão entre as favoritas dos novos e satisfeitos clientes: a massa aos camarões e o risoto de maçã verde com filé alto. Idealizado por Cadu Mayresse, a irmã Carla Mayresse e o amigo Renato Lopes, o restaurante é uma aposta despretensiosa e cheia de prazer. Cadu é arquiteto com uma carreira consolidada. A partir das 19h30min, de quarta a sábado, ele inicia a segunda jornada do dia: se transforma em chef – que, nesse caso, não tem nem cara nem sentimento de jornada, está mais para um hobby prazeroso: “Eu sempre gostei de cozinhar. Fazia isso direto para os amigos, em grupos de até 10 pessoas. Até que um dia me deparei cozinhando para 50, 70 pessoas em aniversários aqui em casa. Um dia, em uma conversa com minha esposa, decidimos que era aqui mesmo que queríamos

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Estilo Zaffari

colocar o nosso negócio. Transformamos a moradia, há 60 anos da família, neste espaço acolhedor e com alma de casa”, conta Cadu. A inspiração também vem de viagens feitas pelos sócios para Europa e América Latina. Carla passou três longas estadias na Itália. Mesmo sem nenhum plano de abrir um restaurante naquela época, ela registrava tudo o que gostava de comer. A casa no bairro Petrópolis ainda conta com um espaço externo para o happy hour nos dias de sol e calor, já que o 103 Retro Lounge oferece boa carta de drinks, cervejas artesanais e vinhos. A dica é se abrigar na sombra da centenária árvore que decora a entrada do lugar. O local comporta até 54 clientes e oferece um espaço privado em sala separada para comemorações íntimas de até oito pessoas.

103 RETRO LOUNGE RUA JAIME TELLES, 103 PETRÓPOLIS I PORTO ALEGRE I RS 51 3028.3334


DIÁRIO DE BORDO DESIGN

Viajar é muito mais do que fazer as malas, pegar um carro, trem ou avião e sair pelo mundo. Viajar é uma arte e por isso os agentes de viagem mais importantes e requisitados do mundo são chamados de “travel designers”. Pois a agência gaúcha Diário de Bordo acaba de entrar para o seleto time Traveller Made®, uma comunidade de designers de viagem dedicada a proporcionar jornadas únicas e exclusivas. Os integrantes desta rede estão sempre em busca de experiências diferentes e originais, contando com suporte de profissionais de todo o mundo, cujo objetivo maior é o compromisso com a felicidade dos viajantes. Com esta conquista, os clientes contarão com uma série de vantagens e terão acesso a serviços exclusivos da Travellers Made®, como: upgrade em hotéis, café da manhã gratuito, recepção no quarto de hotel com uma bela garrafa de vinho, ingressos para espetáculos, etc. É importante destacar que as vantagens e mimos mudam dependendo do hotel ou destino. Fazer parte deste grupo não é fácil – a Diário de Bordo é a única agência brasileira fora de São Paulo a conquistar o selo. A diretora da agência, Luciane Garcia, passou por dois comitês compostos por representantes de hotéis de luxo e agências, e forneceu detalhes sobre a estratégia e a organização da agência. Somente após ter todas suas informações analisadas e aprovadas, a Diário foi escolhida.

RUA MOSTARDEIRO, Nº 05 I 304 PORTO ALEGRE I RS I 51 3314.8600 lgarcia@diariodebordo.tur.br

Estilo Zaffari

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OVO GASTRONOMIA

INVERNO QUENTE LIZÁLI

Nunca se falou tanto em empoderamento feminino, empreendedorismo rosa, novo feminismo, entre outros conceitos. Para a Lizáli – empresa de confecção e varejo 100% gerida por mulheres que cria alfaiataria também apenas para elas –, valorizar o universo feminino sempre foi algo natural e faz parte do DNA da marca. A coleção inverno 2016, chamada de Foco, converge os olhares para o que empodera a mulher dentro da moda. A proposta foi desenvolver peças que sirvam de ferramenta de expressão para a autoestima feminina. Roupas que a acompanhem no trabalho e “trabalhem” por ela. Itens que deixem as mulheres mais confiantes e seguras. As peças transitam entre o clássico e o moderno. A cartela de cores é ampla, mas aposta claramente em tons de vinho, vermelho, magenta, mostarda, ocre, cinza rato, chocolate e preto, mais telha e verde musgo. Entre os materiais, sobressaem o couro fake, o suéde, a malha jacquard, a malha piquê, o bengaline e a viscose, em contraponto com o tweed e a lã fria.

RUA LUCIANA DE ABREU, 354 I LOJA 3 I PORTO ALEGRE I RS www.facebook.com/Lizali www.lizali.com.br

O casal Junior e Juliana Maroso, proprietários do Haus Burger Bar, anunciou mais um empreendimento gastronômico em Porto Alegre. O Ovo Gastronomia, localizado no bairro Três Figueiras, é dedicado à gastronomia brasileira, feita na panela de barro. Diariamente, um prato regional brasileiro figura entre as opções em buffet.A nova proposta está baseada em uma pesquisa: Junior e Juliana foram até a Comunidade Engenho, em Cavalcante (Goiás), onde vive uma comunidade quilombola no Sítio Histórico Kalunga. “Essa comunidade é muito especial, pois mantém vivos vários aspectos históricos da nossa gastronomia”, explicam. Outra novidade fica por conta de uma carta de águas. A equipe do novo projeto já degustou mais de 30 opções de rótulos e agora está em fase de seleção.Estão ganhando atenção, também, as escolhas de vinhos e cervejas artesanais. A nova casa – de nome curioso – deve abrir no almoço. À noite, a intenção dos empresários é de que o espaço se torne referência na realização de eventos. A escolha pelo nome “Ovo” nasceu da paixão pelo alimento. “É um nome simpático. Além disso, o ovo tem um papel importantíssimo na alimentação mundial, sendo um dos alimentos mais ricos da natureza”, justificam.

RUA DESEMBARGADOR ESPERIDIÃO DE LIMA MEDEIROS, 389 BAIRRO TRÊS FIGUEIRAS I PORTO ALEGRE I RS 51 8147.2224 www.facebook.com/Ovo Gastronomia


DE CASA NOVA

OFICINA +60

O NÓS 60+, espaço de promoção da qualidade de vida através de atividades relacionadas a psicologia e longevidade, realiza a Oficina da Memória. Em encontros semanais são desenvolvidas atividades de estimulação cognitiva para combater os esquecimentos e a dificuldade em lembrar informações, como nomes, datas e eventos. Os exercícios propostos podem ajudar a fortalecer a capacidade de formar, reter e evocar lembranças em pessoas com mais de 60 anos, além de promover amizades a partir do convívio social. A oficina é ministrada por Matheus Minella Sgarioni, psicólogo, especialista em Atendimento Clínico e mestre em Psicologia Social e Institucional pela UFRGS. A oficina acontece sempre nas segundas-feiras, às 15h, na Rua Tobias da Silva, 120.

INSCRIÇÕES NÓS + 60 518437.6383 contato@nos60mais.com.br

A marca Casa de La Madre foi criada há 10 anos. Precursora do conceito de lugar multifuncional, conquistou sua clientela ao reproduzir o ambiente de uma casa de mãe, com muitas peças de família e objetos mimosos, e também ao combinar diferentes atrativos: comidinha caseira + produtos de decoração selecionados a dedo + peças feitas sob medida + serviços especializados. Tudo isso com muito carinho envolvido. Desde fevereiro a Casa de La Madre está em novo endereço. O bairro continua o mesmo e o carinho idem, mas a casa nova é pura renovação. A mescla do novo com o antigo segue presente, assim como o artesanato. Mas agora a base é toda mais branca, mais leve, o que faz com que o colorido dos objetos sobressaia. Segundo Valéria Nieto, uma das proprietárias e responsável pela decoração, o desafio é “inovar sem perder a essência e encantar sempre”. A cozinha é comandada por Valéria Obino, que prefere não ser chamada de chef . Ela simplesmente gosta de cozinhar com os ingredientes que encontra fresquinhos nas feiras. O cardápio fixo oferece aquelas coisas que as pessoas gostam de comer no dia a dia: um bom hambúrguer, uma boa torrada, uma boa lasanha... Para o conforto dos clientes, o Café serve almoço em qualquer horário do dia. Na loja de decoração a surpresa é uma sala cheinha de tecidos, um mundo de opções para quem vai encomendar toalhas, trilhos, guardanapos, jogos americanos e almofadas sob medida.

CASA DE LA MADRE RUA TOBIAS DA SILVA, 258 MOINHOS DE VENTO I PORTO ALEGRE I RS 3072.0419 I www.facebook.com/Casa de la Madre


Sabor


cria tivi da de

raízes P O R

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DESCOBRIR A EXCELÊNCIA EM PRODUTOS E PRODUTORES LOCAIS É A IDEIA DO PROJETO

INTERNACIONALMENTE LOCAL, CRIADO POR KRISTENSEN Um dos mais aplaudidos restaurantes de de Porto Alegre, o Hashi, de Carlos Kristensen, recentemente completou 10 anos. A data marca uma trajetória de sucesso que começou por acaso. No verão do ano 2000, o chef Kristensen e sua esposa, Luciane Scherer, vieram ao Brasil para passar as férias. Na época o casal morava na Austrália, após passagens por Cingapura e Malásia. Em busca de uma receita extra, começaram a vender comida japonesa na beira da praia, e fizeram um enorme sucesso. O êxito fez com que decidissem permanecer no país e empreender, e pouco tempo depois inauguraram o Hashi na praia de Garopaba, em Santa Catarina. Após cinco anos atuando na pequena Garopaba, eles decidiram que era hora de crescer: o restaurante, então, mudou de endereço e passou a habitar o lindo casarão que ocupa até hoje, no bairro Bela Vista, em Porto Alegre. Segundo Carlos, seu principal objetivo é simplesmente servir comida boa – e se tudo começou com comida japonesa, hoje a cozinha do Hashi é mais ampla, criativa e arejada. O

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restaurante é tão icônico que sua história está sendo eternizada em livro. A obra, que vai mostrar diversos momentos da trajetória do chef e as transformações da sua gastronomia, deve ser lançada no segundo semestre de 2016.

INTERNACIONALMENTE LOCAL Há cerca de três anos, Carlos e Luciane sentiram a necessidade de ampliar horizontes, indo além da cozinha e envolvendo-se em todos os processos da produção de alimentos. Foi assim que nasceu um projeto que é também uma filosofia de trabalho, chamado Internacionalmente Local. O projeto resgata a história cultural e gastronômica do povo gaúcho e tem o objetivo de valorizar o que é natural e local. Segundo Carlos Kristensen, é preciso voltar ao passado para ir para à frente, e ao retornar às raízes culturais gaúchas ele encontrou um mix de sabores alemães, italianos, holandeses, portugueses e indígenas, entre outros, criando um projeto simples, mas de vanguarda. A ideia é buscar ingredientes frescos, típicos



Sabor

A COZINHA DE CARLOS KRISTENSEN COMBINA SIMPLICIDADE E SOFISTICAÇÃO DE UMA MANEIRA MUITO PECULIAR. CADA DETALHE DE SEUS PRATOS É UMA OBRA DE ARTE DA GASTRONOMIA


Molho de Pimenta Defumado 50 G DE PIMENTA HABANERO 100 G DE PIMENTA JALAPENO 300 G DE PIMENTAS DIVERSAS (DEDO-DE-MOÇA, MALAGUETA, BODE, CUMARI, MURUPI) 3 UNIDADES DE TOMATE ITALIANO 50 ML DE VINAGRE DE ARROZ SAL A GOSTO MODO DE FAZER: Retire a casca e as sementes do tomate, ficando somente com a polpa. Corte todas as pimentas ao meio e retire as sementes. Faça um fogo na churrasqueira com carvão deixando-o em brasa. Coloque todas as pimentas e o tomate na churrasqueira. Sobre o carvão aceso, coloque alguns pedaços de madeira de arvore frutífera (pitangueira, goiabeira, laranjeira). Para prolongar o tempo de queima da madeira e principalmente aumentar o grau de absorção da fumaça pelas pimentas, deixe os pedaços de madeira de molho em água por aproximadamente 2 horas. Defume as pimentas por 6h. Processe as pimentas e o tomate junto com o vinagre até obter um molho liso. Adicione um pouco de sal a gosto. As variedades de pimenta podem ser alteradas conforme o gosto, levando em consideração o nível de picância de cada.

e, é claro, supersaborosos. É valorizar os produtos da estação, além de manter viva a gastronomia regional. Com o projeto, Carlos e Luciane ajudam pequenos produtores e introduzem ingredientes e pratos tradicionais no cardápio do Hashi, sempre uma releitura própria. A proposta dá espaço a produtores muito especiais, como Dona Romilda, de 70 anos. De origem alemã, ela produz delícias como a cuca, o pão de milho, o doce de marmelo e a schimia. Em seu sítio, localizado na cidade de Prado Novo, ela tem ainda uma criação de gansos. Por ano, cem animais são criados, abatidos e defumados. Boa parte da produção é comprada por Carlos e servida no Hashi. Dentro do projeto nasceu uma coleção de mesmo nome, cujos produtos podem ser encomendados diretamente no restaurante. Entre eles estão o queijo serrano, a geleia de marmelo, o patê de fígado de galinha caipira, a manteiga artesanal, o limoncello, o pão colonial de milho e o peito de ganso curado e defumado – aquele produzido pela Dona Romilda. Para saber um pouco mais sobre ela, a dica é assistir ao vídeo no endereço: www.internacionalmentelocal.com.br

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Sabor

Mostarda de Butiá 50 G DE SEMENTE DE MOSTARDA 500 G DE BUTIÁ (POLPA) 100 ML DE VINAGRE DE ARROZ 1 CLSP DE MEL MODO DE FAZER: Reduza a polpa de butiá em uma panela em fogo baixo até evaporar toda a água e ficar bem espessa. Coloque as sementes de mostarda e o vinagre de arroz em um recipiente fundo e deixe as sementes hidratando por 45min. Separe metade e reserve. A outra metade processe no liquidificador junto com a polpa de butiá, até ficar bem liso. Coloque essa mistura numa tigela e adicione o mel e a outra metade das sementes de mostarda hidratada. Mexa bem. Está pronta para servir.

Glossário “Internacionalmente Local” O Rio Grande do Sul tem verdadeiras preciosidades gastronômicas. São alimentos quase desconhecidos fora do estado e que o projeto criado por Carlos e Luciane está colocando no mapa da cozinha brasileira:

Serra Gaúcha, o queijo serrano tem uma tradição de quase dois séculos e é feito com leite cru de vacas de corte, alimentadas com pastagens naturais. Tem grande importância econômica, social, cultural e histórica.

JURUPIGA OU JEROPIGA Bebida tradicionalmente portuguesa, mais comum na região de Rio Grande, é feita com aguardente e mosto de uva, resultando em um teor mais alcoólico que o vinho. As melhores jeropigas são envelhecidas por três anos em barris conhecidos como bordalesas.

SCHIMIA Delícia de origem alemã, trata-se de um produto similar à geleia. Muito saborosa, tem textura consistente e é feita com suco, bagaço e, em alguns casos, casas de frutas. Pode ser feita com legumes também.

QUEIJO ARTESANAL SERRANO Com produção na região dos Campos de Cima da

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BUTIÁ Fruto do butiazeiro, árvore nativa de países como Paraguai, Argentina e Brasil, o butiá é alaranjado e tem um


O PROJETO INTERNACIONALMENTE LOCAL:

sabor azedinho. Com ele é possível fazer geleia, licor, cachaça e vinagre. Das sementes se extrai óleo. Segundo a crença de algumas tribos indígenas brasileiras, o butiazeiro é uma árvore sagrada.

SAGU Sobremesa tipicamente brasileira, o sagu é feito de fécula de mandioca. A receita leva vinho tinto ou suco de uva, água, açúcar e especiarias como cravo e gengibre. CUCA (KUCHE) Herança da colonização alemã no estado, assemelha-se a um bolo, mas tem algumas características próprias: sua massa é coberta por uma farofa crocante, à base de manteiga.

RESGATA O CONCEITO DE SLOW FOOD E DE SAZONALIDADE BUSCA APROVEITAR 100% DE TODOS OS ANIMAIS, VALORIZANDO PARTES QUE NÃO SÃO CONSIDERADAS NOBRES. ATÉ MESMO AS PLUMAS DE UM GANSO, POR EXEMPLO, GANHAM DESTINAÇÃO VALORIZA OS PEQUENOS PRODUTORES CONSCIENTIZA O PÚBLICO SOBRE A IMPORTÂNCIA DE CONSUMIR O QUE É NOSSO.

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COZINHA DE FOGO Para marcar os 10 anos do Hashi o cardápio ganhou uma novidade denominada Cozinha de Fogo. Utilizando brasa e fumaça como técnica de cocção, a nova opção no menu tem um toque rústico, com assados e defumados. Tudo muito aromático e saboroso, alinhado à filosofia da casa, que é apresentar ingredientes frescos e de produtores locais, homenageando a cultura brasileira e gaúcha.


Menu Cozinha de Fogo BOAS-VINDAS PICOLÉ DE CAIPIRINHA DE BUTIÁ COUVERT LAGOSTIM ASSADO I CARÁ DEFUMADO I TORANJA PÓ DE CÍTRICOS I CAMARÃO SECO I LIMONCELLO ENTRADA CHARCUTARIA ARTESANAL

SOBRE CARLOS KRISTENSEN Carlos Kristensen ganhou por 5 vezes o prêmio de Chef do Ano, da revista Veja Porto Alegre, e é o coração e alma do Hashi. A paixão pela gastronomia surgiu ainda criança, seguindo os passos do pai, que era um cozinheiro de mão cheia. Autodidata e curioso por natureza, aprimorou sua técnica trabalhando em cozinhas pelo mundo – morou em países como Austrália, Malásia e Cingapura – e diz que não há melhor escola que as 18 horas diárias que passa entre panelas, forno e fogão.

PRIMEIRO PRATO MAGRET DE PATO ASSADO COM SAL GROSSO LEGUMES BRASEADOS E SEU MOLHO SEGUNDO PRATO COSTELÃO 12H I VINAGRETE DE COUVE E LINGUIÇA ARTESANAL BATATA-DOCE DEFUMADA I PIRÃO DE FEIJOADA PICLES DE ABÓBORA DE PESCOÇO E CEBOLA ROXA QUEIJOS BRASILEIROS SERRANO I CANASTRA I COLONIAL I MARMELO I DOCE DE ABÓBORA SOBREMESA FRUTAS ASSADAS I CUMARU I LEITE DE CASTANHA I TOFFEE DE BANIWA

KRISTENSEN DESCOBRIU UMA INTENSA PAIXÃO PELA COCÇÃO NA BRASA E NA FUMAÇA. A COZINHA DE FOGO TROUXE MUITAS NOVIDADES AO CARDÁPIO DO HASHI Estilo Zaffari

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Frutas Assadas na Brasa, Cumaru, Leite de Castanha e Toffee de Baniwa FRUTAS 2 PÊSSEGOS 2 PERAS 2 FIGOS FRUTAS VERMELHAS PARA FINALIZAR (AMORA, FRAMBOESA) MOLHO 200 G DE CASTANHA DO BRASIL 500 ML DE ÁGUA 1 FAVA DE CUMARU 200 G DE CHOCOLATE BRANCO TOFFEE DE BANIWA 200 G DE AÇÚCAR 50 G DE MANTEIGA 5 G DE BANIWA (PIMENTA DOS ÍNDIOS DA AMAZÔNIA). PODE SER UTILIZADA OUTRA PIMENTA EM PÓ MODO DE FAZER AS FRUTAS: Corte todas as frutas ao meio e asse na churrasqueira em brasa de carvão e madeira. Acrescente um ramo de alecrim na brasa, para aromatizar. Atente para não passar o ponto das frutas. MODO DE FAZER O MOLHO: Deixe as castanhas de molho na água por 8h. Escorra a água e lave as castanhas. Logo após acrescente 200ml de uma nova água e processe tudo num liquidificador. Coe bem todo o resíduo e leve o líquido para uma panela. Aqueça o leite de castanha com a fava de cumaru ralada em infusão. Aos poucos acrescente o chocolate branco mexendo bem até desmanchar. Reserve quente. MODO DE FAZER O TOFFEE DE BANIWA: Coloque o açúcar numa panela de fundo grosso e leve ao fogo brando, mexendo sempre, até obter um ponto de caramelo espesso. Misture a manteiga já derretida. Desligue o fogo e acrescente e pimenta baniwa, mexendo bem. Despeje numa bancada de granito ou numa esteira de silicone. Deixe esfriar um pouco. Após, com a ajuda de um pilão, macere até obter uma farofa grossa. Ela deve ficar doce e levemente picante. MONTAGEM: Disponha as frutas assadas num prato fundo. Regue com o creme de cumaru quente. Finalize com a farofinha de toffee de baniwa.

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DESSA TIGELA BROTAM SABORES QUASE INACREDITÁVEIS. AS FRUTAS FRESCAS ASSADAS SE APRESENTAM EM SUA ESSÊNCIA E O MOLHO ACRESCENTA UMA SURPREENDENTE DOÇURA


Humanas criaturas T E T Ê

PAC H E C O

VOZES

Os cães ladram e a caravana passa. Ouvi isso de uma professora de português, quando estava na quinta série do ensino fundamental. Lembro da hora. Era de manhã. Buzinas de carro ecoavam na rua. Colegas de outras séries faziam muito barulho no recreio, bem embaixo da janela da minha sala. O ruído do mundo exterior atrapalhava e, talvez por prestar muita atenção à fala, essa simples pérola da sabedoria popular tombou em mim como um feitiço. Era uma frase, mas virou imagem, um filme. Nele, eu dirijo uma carroça puxada a cavalo – o melhor que meu subconsciente à época podia oferecer – e sigo, tranquila, através de uma matilha de cães odiosos, que grunhem, latem, babam. Para mim, tranquilidade é autoconfiança, mas os mais críticos podem pensar que o fato de eu estar numa carroça e os pobres cachorros estarem à solta os coloca numa posição de inferioridade. Nessa visão, sou aquela que está acima do bem e do mal. Porém, não é assim que me vejo. Minha autoimagem fala mais de uma espécie de heroína incorruptível, que atravessa corajosamente o mar de ódio, sem dar a ele o papel principal na narrativa. Sim, é altivez, mas é do bem. Lembrem que essa fantasia se instalou em mim quando eu tinha apenas 10 anos. Não sei por onde anda essa professora, nem os motivos que a levaram a despejar essa profecia popular sobre a cabeça de seus pequenos estudantes. Mas acredito que ela gostaria de comprovar o quanto, sem nenhuma intenção pedagógica, uma frase pode moldar ou caber na personalidade de um aluno. Muitas foram as frases que ao longo da vida se juntaram a essa. Nada como uma frase pronta para a compreensão automática de um momento histórico, não é mesmo? As frases prontas têm um poder impressionante. O de explicar o inexplicável. De fazer sentido cósmico, de nos jogar todos no mesmo caldeirão cultural, de nos dar sentido enquanto massa. “Ah, essa frase me representa.” O que seria do Facebook se não fossem as frases prontas,

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não é mesmo? Como poderíamos nos representar se não fosse copiando e colando a filosofia anônima da maioria? Tive uma massagista que trabalhava num lugar por onde circulavam muitas mulheres, todas barulhentas, conversadoras, fúteis. Sabe mulher chata em banheiro de clube? Falando alto todas as intimidades que não interessam à ninguém? Essas. Pois minha massagista ouvia as vozes por trás do biombo onde atendia. A sua origem indígena dava um tom sensacional às frases que ela proferia. “Essa morreu enforcada”, dizia ao ouvir a voz de uma mulher gritona. “Essa tá na quinta encarnação”, ao ouvir a voz meio deprimida de outra mulher. Eu morria de rir na maca da massagem. Acho, inclusive, isso me fazia mais bem do que a própria massagem. E me deu outra percepção de mim mesma que valeu por muitos anos de psicanálise. O que eu falo, como eu falo, me entrega. Para além do que é possível disfarçar. A voz vem das profundezas da alma. A voz é reveladora. Cuidar do que se diz e como se diz devem ser metas para qualquer ser humano que esteja minimamente preocupado com a escala evolutiva. Numa sociedade que valoriza tanto o berro, vejam as novelas, que aplaude tanto as postagens vociferantes do Facebook, ah, o Facebook, precisamos, no mínimo, acalmar a voz interior. Não comentar, aplaudir, curtir, compartilhar, mas parar. E pensar. A capacidade de processamento mental nos diferencia dos animais. Que tal deixar os animais grunhirem enquanto atravessamos as mudanças de posição, olhamos para outros lados, desagarramos das verdades e nos questionamos enquanto espécie? Que tal ouvir os outros, mas especialmente a si mesmo? Que tal ouvir o coração em vez da razão exacerbada? Que tal ouvir menos as vozes do Facebook? Que tal ouvir as vozes das ruas, mas sempre com um biombo no meio? Como falei em algum momento acima, é altivez. Mas é do bem. Obrigada, professora. Obrigada, massagista. TETÊ PACHECO É PUBLICITÁRIA



Lugar

A Paris que eu

adoro P O R

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PARIS É ENCANTADORA EM CADA RECANTO. OLHAR PARA CIMA É SEMPRE GARANTIA DE BELAS VISÕES Que Paris é uma cidade linda e encantadora isso todo mundo sabe. E quem já foi ao menos uma vez também sabe que, fora do circuito dos pontos turísticos, há muito a explorar e curtir na capital francesa. Só que... Paris é imensa. A cidade tem 20 arrondissements (ou regiões administrativas) e cada um deles tem quatro bairros. Na impossibilidade absoluta de conhecer o que há de melhor em cada uma das regiões dessa cidade espetacular, tomei uma decisão: escolhi o meu bairro preferido em Paris. E dentro dele, encontrei um quadrilátero onde me sinto muito feliz. Endereço? Rue Stanislas, em Saint-Germain-des-Prés, no 6º arrondissement. O atrativo mais óbvio desse lugar é estar pertíssimo do Jardin du Luxembourg, meu parque predileto em Paris. Com uma caminhada curta, percorrendo ruazinhas charmosíssimas, você chega ao mundo de verde, espaço, tradição e paz que é o Lux. Mas o meu cantinho em Paris tem muito mais do que isso. Saint-Germain-de-Prés é sem dúvida um dos

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bairros mais legais da cidade. Lá tem tudo que você, eu e todos os viajantes do mundo curtimos em terras francesas: bistrôs autênticos, daqueles frequentados pelos parisienses; padarias divinas; lojinhas megacharmosas; floristas nas calçadas; cafés tradicionais (é lá que estão os famosos Café de La Paix, Café Procope, Brasserie Lip...); prédios de arquitetura milenar; ruelas estreitas e tranquilas misturadas com avenidas chiques.

MEU ENDEREÇO É na Rue Stanislas que fica o Le Six (www.hotel-le-six.com), hotel que tive o prazer de conhecer em 2011 e que me encantou desde o primeiro momento. O Le Six é um hotel boutique, pequeno e cheio de personalidade, com atendimento impecável e instalações muito confortáveis. Diferente de tantos outros hotéis em Paris, este oferece quatro coisas raras: quartos amplos, banheiros modernos, um café da manhã espetacular e funcionários que falam português! O entorno do hotel é especial, e


ACIMA, BALCÃO DE DOCES DA ANGELINA. ABAIXO, UMA ESQUINA CHARMOSA EM SAINT-GERMAIN

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AO LADO: LUMINÁRIAS-PEIXE NO BISTRÔ LE FRANK, NA FONDATION LOUIS VUITTON; UMA CENA MUITO PARISIENSE NO CHEZ MARCEL. ACIMA, O CONFORTO DO QUARTO DO HOTEL LE SIX, EM SAINT-GERMAIN a própria rua onde ele está instalado já é um charme. Saindo do Le Six a pé você pode fazer inúmeros programas. Bistrôs e cafés há vários, busque indicações e faça suas escolhas. O mesmo vale para confeitarias, padarias, mercadinhos e brasseries. São inúmeros e todos parecem muito atraentes. As lojas do bairro provavelmente deixarão você em um dilema: gastar ou não gastar... Roupas lindas e diferentes, objetos para decoração de muito bom gosto, brinquedos espetaculares, papelarias charmosinhas, sapatos, acessórios incríveis (bolsas, luvas, echarpes, chapéus...). Há várias estações de metrô bem perto, uma delas na esquina. Então, se a ideia é sair de Saint-Germain, basta pegar o mapa do metrô e partir para o seu destino. Na última vez que estive em Paris explorei bem o bairro, caminhei muito por suas ruas e avenidas, mas também banquei a turista-padrão: subi no topo da Torre Eiffel, fui comer doces na confeitaria Angelina, dei uma olhadinha nas novidades da loja Colette, percor-

ri a pé a Champs-Elysèes e conheci a Fundação Louis Vuitton, no Bois de Boulogne. Foi uma viagem curta, de apenas 3 dias, mas cheguei lá com um roteiro bem definido, sabendo direitinho o que queria fazer, e isso fez o tempo render. O destaque dessa estada em Paris foi a gastronomia: eu e a Tatiana, minha irmã e companheira de viagem, comemos muito bem, em locais típicos franceses, bistrôs do bairro e também em estabelecimentos mais renomados. Adoramos as nossas escolhas, que vou compartilhar agora com você.

AVENTURAS GASTRONÔMICAS BISTRÔ CHEZ MARCEL: um autêntico e charmosíssimo bistrô parisiense. Pequeno, apertadinho, mesas coladas umas nas outras, móveis escuros, luz difusa, paredes cheias de quadros, gravuras, fotos, desenhos... Aquela atraente bagunça organizada. A comida... ah, a comida

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O BISTRÔ LE PARC AUX CERFS FOI UMA DAS NOSSAS SABOROSAS DESCOBERTAS EM SAINT-GERMAIN é primorosa! E por isso o bistrô está sempre cheio, com gente esperando do lado de fora. Fazer reserva é fundamental. Vá ao Chez Marcel se você não é cheio de frescuras pra comer e gosta de arriscar, de conhecer coisas novas. Não vá se você é do tipo que não come gordura, não digere bem o leite, evita carboidratos, é vegetariano, etc. Eu escolhi um Coq Au Vin, prato mais do que tradicional da culinária francesa. Comida pesada, consistente e deliciosa! Veio servida em uma panelinha de cobre toda amassada, bem usada. E esse Coq Au Vin vai ficar para sempre na minha memória. Além dos sabores, outra grande atração do Chez Marcel é o atendimento. Os dois rapazes que atendem no bistrô são queridos, bem-humorados, têm paciência para explicar todo o menu, contam piadas, são ótimos. Mais uma qualidade do Chez Marcel: ele fica na frente do hotel le Six, do outro lado da rua. Não dá pra ser melhor. Ah, a conta para duas pessoas (com entradas individuais, dois pratos principais e uma garrafa de vinho da casa) totalizou 85 euros. 7, RUE STANISLAS – 75006

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BISTRÔ LE PARC AUX CERFS: também fica pertíssimo do hotel Le Six, na rua paralela à Stanislas. Um pouco mais amplo que o Chez Marcel, o Le Parc Aux Cerfs tem um quê de modernidade muito bacana, mas com aquela atmosfera bem francesa. Adorei o astral do lugar, fiquei encantada com o atendimento (quem disse que os parisienses são antipáticos?) e comi superbem, da entrada à sobremesa. Para iniciar a refeição escolhemos uma tarte de alcachofras e tomates confit, saborosíssima. Os pratos principais foram um salmão (tipo Yakitori) e um risoto de camarões e ervilhas tortas, ambos memoráveis. Para acompanhar, escolhemos um tinto da casa, que estava excelente. E, de sobremesa, compartilhamos um delicioso crumble de maçãs verdes e framboesas. Saímos do Le Parc Aux Cerfs satisfeitas e felizes, e a conta total (para duas pessoas, com entrada, sobremesa e vinho) foi cerca de 75 euros, que consideramos bem razoável para o padrão da refeição. 50 RUE VAVIN – 75014 CAFÉ LE BUCI E RUE DE BUCI: recomendado por uma


NA FOTO ABAIXO, O BADALADO BAR DO HOTEL LE SIX, QUE ESTÁ NAS INDICAÇÕES DO GUIA LOUIS VUITTON

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PERSPECTIVA LINDA NA FUNDAÇÃO LOUIS VUITTON, GOSTOSURAS DA CONFEITARIA ANGELINA E TORTINHA DO LE FRANK

amiga que conhece Paris muito bem, o Café e Brasserie Le Buci fica estrategicamente localizado no cruzamento de três ruas, sendo que uma delas é a interessante Rue de Buci, repleta de cafés, restaurantes, mercados de frutos do mar, de flores e de frutas, livrarias, lojas de moda e diversas lojinhas cheias de personalidade. O local é bem conhecido em Paris por seu comércio variado e de alta qualidade. Só por isso já vale a visita: pegue uma das mesas da calçada e deixe-se ficar por ali, observando os passantes enquanto curte uma xícara de café au lait. Este é um típico café parisiense: atendimento sofrível, simpatia zero, mas os cafés e comidas são ótimos. ESQUINAS DAS RUES DAUPHINE E BUCI – 75006 BISTRÔ LE FRANK (DA FONDATION LOUIS VUITTON): elegante, bonito e bem frequentado, o bistrô é uma ótima opção de almoço para quem foi curtir a Fundação Louis Vuitton e seu entorno. Os preços são um pouco mais altos do que os dos bistrôs de rua, mas o ambiente, a comodidade de

estar dentro da fundação e as atraentes opções do cardápio compensam a diferença. Fascinadas pelos doces que estavam expostos bem na entrada do bistrô, nós optamos por comer pratos bem leves (um creme de cogumelos, uma salada) e focamos nas sobremesas. As minitortas são incríveis. Lindas, delicadas, deliciosas, perfeitas. Mas o creme aveludado de cogumelos também merece destaque, pois era muito saboroso. Para acompanhar a refeição, taças do vinho sugerido pelo garçom e água. 8, AVENUE DU MAHATMA GANDHI, BOIS DE BOULOGNE – 75116 CONFEITARIA ANGELINA: o lugar é lindíssimo, um clássico parisiense. A qualquer hora do dia, filas de turistas – e de parisienses – se formam na entrada da confeitaria. Às vezes pode ser complicado conseguir uma mesa na Angelina, mas a espera vale a pena. Além dos doces lindos e espetaculares, lá você vai provar o melhor chocolate quente da sua vida, em duas opções: branco ou preto. Tomamos um bule de chocolate quente preto e

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Lugar quase choramos quando ele chegou ao fim. Dentre os doces, escolhemos um mil folhas de creme pâtissier e um éclair de chocolate. Desnecessário dizer que estavam perfeitos, além de lindos. À nossa volta, pessoas falando as mais diversas línguas, mas também muitas mesas de franceses batendo papo e tomando o famoso chocolate quente. Curtimos demais o ambiente e adoramos tudo o que provamos. A conta, porém, foi bem salgada... 45 euros por dois doces, um bule pequeno de chocolate quente e um café expresso. Mas valeu cada centavo. A Angelina é imperdível. 226 RUE DE RIVOLI – 75001

PASSEIOS FUNDAÇÃO LOUIS VUITTON: Passeio ótimo para fazer em um dia bonito, pois a Fundação fica praticamente dentro do Bois de Boulogne. Sugiro chegar no horário de abertura das portas (às 10h), subir direto ao alto do terraço e ir descendo os diversos andares por fora do prédio, pois a arquitetura é lindíssima, toda cheia de ângulos, e proporciona vistas únicas do Bois de Boulogne (com direito a um skyline de Paris) e dos arredores. Dentro da fundação você vai encontrar exposições de arte contemporânea, instalações de vídeo, áudio, luzes e cores e alguns ambientes interessantíssimos, como o corredor que intercala paredes amarelas e espelhos ao longo de um espelho d’água. O efeito é bárbaro.

O LINDO JARDIN DU LUXEMBOURG É PERTÍSSIMO DO HOTEL. SE VOCÊ FOR VISITAR A TORRE EIFFEL, NÃO SUBA ATÉ O TOPO!

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TOPO DA TORRE EIFFEL: Eu já tinha subido ao topo da torre na primeira vez que estive em Paris. Mas como a ideia era mesmo dar uma de turista padrão, repeti a experiência. Santo arrependimento, Batman! Para curtir a vista da torre basta subir até o segundo andar, etapa básica, mais barata e escolhida pela maioria dos visitantes. Para subir ao topo as filas são enormes e desorganizadas, você perde um tempo enorme, passa frio, se irrita com os espertinhos que tentam furar a fila... é uma roubada. Meu conselho: vá até o segundo andar, tire suas fotos, aprecie Paris vista de cima e depois desça rapidinho! JARDIM DU LUXEMBOURG: Sou uma fã inveterada desse parque. Adoro o astral do Jardim du Luxembourg, seus inúmeros recantos, o vai-vem das pessoas que passam por lá a caminho do trabalho ou da escola, a área onde o pessoal costuma sentar para curtir um solzinho e o movimento, as alamedas mega arborizadas, o castelo, as flores, as escadarias... tudo é lindo. Gosto de comprar coisinhas gostosas (baguetes, queijos, macarons e vinho) ali por perto, escolher um local e almoçar no parque. Para mim este é um programa top: simples, barato, superagradável e muito parisiense.


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Vida C E L S O

G U T F R E I N D

PORTEIROS QUALIFICADOS

O Edison era porteiro do Instituto de Cardiologia. Eu estudava medicina na Federal de Ciências Médicas. Poderia tê-lo conhecido por lá, mas o estágio foi curto e o encontro, adiado. Quando os estudantes conversam longamente com os porteiros, a psiquiatria se abre, porque entra a escuta. De conversa em conversa, conheci o Edison. Com o soldo do trabalho, ele abriu a porta de outra faculdade: Administração. Hoje, pesquisa o samba gaúcho. Ele é bom de papo e de atitude. Tem ginga na teoria e na prática. Lembra o seu Chico, pai do Lupicínio Rodrigues, porteiro da Escola de Comércio. O Edison também compõe, como o filho do seu Chico. E é pai. Pais-porteiros possuem a capacidade impressionante de abrir portas nessa vida. No caso do Edison e do pai do Lupi, a abertura poderia dar para corredores frios, anatômicos, comerciais. Mas tem a música. Portas rangem; ao ranger, soam; ao soar, compõem. Dão as costas para a morte e os números. Dão de cara com o ser humano e suas qualidades. Acaba em melodia. E recomeça. O Edison ainda não ficou célebre, mas já deveria. Além de compor sambas, ele compôs um grupo: os Arteiros. Ali sim deu de seu Chico, na criação de futuros Lupicínios. Eles vieram da mesma Vila que o Edison, a São Judas. São espertos, bonitos, saudáveis, mas já tiveram alguma atração pelo tráfico. Não entraram nele, embora flertassem com o que havia do outro lado. O Edison, como um bom porteiro-pai, fechou essa porta. E abriu outra. Ele entregou um instrumento para

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cada um e ficou inteiro para ouvir. Pandeiro para o Félix, surdo para o Adriano, rebolo para o Thiago, cavaquinho para o Wanderson, reco-reco para o Iago, violão e banjo para o Anderson. Voz ele deu para todos. O Edison participa na percussão. Ali sim esbanja ritmo de mãe. O olhar que lança para os afilhados tem a pegada da vida no começo. Atento a cada detalhe, no final do espetáculo, ele passa um pito geral. Como um Dunga, um Roger, um Argel. Eles ouvem, depois melhoram. Melhoram tanto que o show avança e pode não acabar. Em mim, não acabou: virou eco... Os Arteiros pisaram em alguns palcos finos da cidade, mas o grosso do trabalho ocorre em efemérides pouco midiáticas. Pouco importa. A porta do mal foi fechada com ritmo para eles. A da cidadania está aberta com todos os sons. Bastou um porteiro como o Edison. Não me perguntem o telefone da turma, que eu não sei dizer. Mas ninguém precisa contratá-los para fazerem sucesso. O que alcançaram já é uma glória do tamanho de um Lupi, porque acabou com o desejo de morte e de dor da gurizada. A falsidade, por exemplo, cedeu espaço à autoestima e não vigora mais por lá. As composições do grupo têm muito futuro. Tudo depende das oportunidades de seguir encontrando porteiros qualificados.

CELSO GUTFREIND É PSIQUIATRA E ESCRITOR, ESPECIALISTA EM PSIQUIATRIA DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA



Casa


novos

ares PARA ANTIGOS APARTAMENTOS Quanta riqueza existe nas combinações inusitadas que

expressam diferentes tempos. Apartamentos antigos – aqueles bem espaçosos dos banheiros enormes com azulejos azuis – ganham frescor nesta redescoberta da beleza do parquet por baixo do carpete e da simpatia das pastilhas coloridas e dos cobogós das pequenas varandas. Elementos moderninhos trazem o chame à decoração e reinventam a estética clássica dos anos de 1960 e 1970. É a mistura do que já passou e do que está por vir que dá esse ar autêntico e revigorado. Nem sempre é fácil morar num apartamento antigão: reformá-lo exige esforços para que sua essência não se perca no caminho. Pois, mais do P O R F L Á V I A M U F OTO S M A R C E LO D O N A D U S S I

que originalidade, esse será um espaço com camadas e camadas de história.

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Memórias do perfume de canela

O apartamento da arquiteta Renata Santiago Ramos fica num dos primeiros conjuntos de edifícios construídos no bairro Humaitá, em Porto Alegre, em meados da década de 1970. Só isso já é rende boas histórias. A região, historicamente industrial, vive um momento de requalificação e descobre uma nova vocação para a economia criativa – há exemplos semelhantes em bairros na Espanha e na Alemanha. Supercool! Por muitos anos, os pais do marido moraram ali. E naquelas visitas de domingo o casal já pensava em possíveis reformas que tornariam aquele apartamento ainda mais interessante. Eis que, um dia, os sogros de Renata decidiram mudar de casa, trazendo a oportunidade que tanto esperaram.

PISO ORIGINAL Uma das principais características do apartamento é PISO EM TACOS DE MADEIRA. “Estava com a cor bastante alterada devido a anos de aplicação de cera avermelhada. Recuperamos a cor original através do lixamento e aplicação de verniz fosco. No momento do lixamento, percebemos um cheiro muito agradável. E o profissional contou que é algo característico da madeira canela, que não é mais utilizada em parquet”, relembra a arquiteta.

A REFORMA NO APARTAMENTO DE RENATA SANTIAGO VALORIZOU ELEMENTOS ANTIGOS AO COMBINÁ-LOS COM MÓVEIS DE DESIGN E CORES MODERNINHAS

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Casa INTEGRAÇÃO TOTAL A reforma buscou trazer mais integração. “A partir da abertura de duas paredes, conseguimos conectar a área social com a cozinha. Nossa intenção era poder conversar enquanto cozinhamos. O apartamento possui, originalmente, três dormitórios. Para ampliar a área social, optamos também por eliminar um dos dormitórios, que passou a comportar a sala de televisão e biblioteca”, comenta. Uma enorme bancada – que começa na cozinha e passa por toda a sala de estar – dá sensação de continuidade. “E ainda garante bastante espaço para guardar utensílios e tudo mais.” A cozinha ganhou LADRILHOS HIDRÁULICOS novos. “Por seu caráter artesanal e pelo desenho geométrico, há grande apelo estético. Temos, ainda, um projeto de marcenaria, que propõe elementos de articulação de diferentes usos e possibilidades de armazenamento”, detalha.

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A COZINHA FOI INTEGRADA À SALA PARA MUDAR OS ARES DO ANTIGO APARTAMENTO

OBJETOS DE DESIGN A parede do corredor – que leva aos dormitórios – virou uma GALERIA: fotos de viagem e pôsteres. As telas do artista Felipe Caldas, amigo do casal, ficam expostas pela casa. “Investimos em alguns moveis de design que, além de confortáveis, são lindos e clássicos”, revela. É o caso da poltrona LCM, de 1945, assinada por Charles e Ray Eames, das CADEIRAS THONET, DE 1859, feitas em madeira torneada e palhinha. “E tem também o banco do Alvar Aalto, que veio dentro de uma mala, em uma viagem para a Austrália”, comenta.

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Casa O CLÁSSICO PARQUET CONTRASTA COM MOBILIÁRIO NOVO E CHEIO DE COR

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Descobertas debaixo da reforma

A Avenida Independência, uma das mais emblemáticas de Porto Alegre, reúne belos exemplares da arquitetura modernista da cidade. Paula Otto, sócia do escritório Arquitetura Nacional, sempre foi apaixonada pela região e por seus prédios. “Sempre quis morar por ali. Um dia, passando pela rua, vi a placa de ‘vende-se’. Na esperança, telefonei. Quando fomos visitar, foi amor à primeira vista: por baixo de anos de reformas – carpetes, cortinas e camadas e mais camadas de pisos – havia um potencial gigantesco por um preço que a gente poderia pagar”, revela. E todo o possível foi feito para manter a identidade. “As portas são originais, com destaque especial para a entrada que tem um desenho muito legal em fórmica, aço e vidro. Também mantivemos os armários embutidos. O PARQUET foi restaurado: estava intacto, debaixo do carpete, herança dos anos 80”, detalha.

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Casa MEMORABÍLIA O banheiro de azulejos azuis estava completamente descaracterizado com as reformas parciais que foram feitas ao longo dos anos e, assim como a cozinha, não foi possível preservar. “Abrimos uma parede para integrar a cozinha e incorporamos o antigo quarto de empregada à sala. A remoção das paredes deixou as vigas muito aparentes e marcadas. Por isso, colocamos gesso em toda a sala para integrar os espaços. O banheiro original era muito grande. Então dividimos em dois: um banheiro para a área íntima e um lavabo”, explica. A paleta de cores e o parquet, presente até na cozinha, dão unidade ao apartamento. Todos os elementos de decoração – e são vários! – traduzem a personalidade de Paula e do marido, Saulo. “Os objetos têm a nossa história escrita neles. E como eles refletem a nossa personalidade acabam conversando harmonicamente entre si. Sou uma pessoa extremamente nostálgica e dificilmente não lembro da origem de alguma coisa. Mesmo uma CAIXINHA DE FÓSFOROS NA PRATELEIRA tem significado pra mim – ou eu ganhei de alguém ou comprei em algum lugar especial. Então, no fundo, quem visita a nossa casa está entrando num grande álbum de recordações da nossa vida”, comenta. O quadro gigante do John Lennon foi pintado pelo cunhado Alexandre de Nadal especialmente para o casal; o cavalinho de balanço foi presente de amigos queridos para Paula; a primeira mala que o avô costurou na fábrica em que trabalhou quando solteiro faz parte da decoração; os noivos de porcelana, presente que os avós do Saulo receberam nas Bodas de Ouro, Paula pediu depois que perderam as cabeças; o pedaço de caçamba de caminhão ia para o lixo e virou um quadro incrível. “E por aí vai! Sou acumuladora, eu sei”, diverte-se.

TODOS OS ELEMENTOS DE DECORAÇÃO – E SÃO VÁRIOS! – TRADUZEM A PERSONALIDADE DOS MORADORES

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Casa Nova linguagem

Poucos têm o privilégio de habitar, nos dias de hoje, um apartamento de 170m². E essa é característica interessante dos imóveis mais antigos: o espaço. A Illa Arquitetura, quando chamada para fazer a reforma deste apartamento no bairro Mont’Serrat, em Porto Alegre, ficou surpresa: o perfeito estado de conservação possibilitava reconhecer a qualidade dos acabamentos e materiais. No entanto, a decoração clássica e pesada despertava nos novos proprietários o desejo de modernização. Prato cheio para a criatividade! Os revestimentos encontrados em bom estado foram mantidos, mas ganharam nova linguagem, de antigos para novos, com personalidade e despojamento. “O piso de taboão da sala foi recuperado, o revestimento original de AZULEJOS AMARELO E BRANCO dos banheiros foi mantido, a porta de correr com um incrível trabalho em madeira foi transformada em biombo e a única modificação de paredes ocorreu para integrar a cozinha com a área social do apartamento”, comenta Mariana Hugo, arquiteta responsável pela reforma.

A ANTIGA DECORAÇÃO GANHOU ARES DESPOJADOS. DESTAQUE PARA A PRESERVAÇÃO DOS REVESTIMENTOS ORIGINAIS

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MISTURA DE ÉPOCAS A cozinha – talvez o ambiente mais importante da casa, porque o casal de moradores adora cozinhar para os amigos – recebeu uma reforma completa e integrada à lavanderia, aproveitando os benefícios da grande janela, como a ventilação cruzada, a iluminação natural e a linda vista. O LADRILHO HIDRÁULICO é o elemento que delimita sutilmente o fim da cozinha e o começo da sala. “Na parede foi utilizado revestimento neutro e de fácil manutenção, mas com personalidade, as pastilhas brancas, para compor com as prateleiras em madeira e com a estrutura metálica.” O minimalismo dos móveis novos da cozinha se mistura com objetos antigos existentes e outros elementos carregados de significados para os proprietários, que foram espalhados pela casa para dar um ar colorido e divertido ao projeto. “A mesa de máquina de costura utilizada no hall, o armarinho de temperos e o armário/bar laranja são alguns exemplos”, explica.

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OS ELEMENTOS NOVOS – LAMPARQUET E LADRILHO HIDRÁULICO – RENOVAM, MAS HARMONIZAM COM A ATMOSFERA DO APARTAMENTO

PONTOS DE COR Já toda a área íntima recebeu o piso LAMPARQUET – piso de madeira maciça formado por peças individuais de tamanhos variados. Os quartos foram pintados com tinta branca e alguns detalhes com cor, como a meia parede em cinza azulado do quarto de hóspedes. “As portas que estavam comprometidas pela ação do tempo foram trocadas e receberam cores vibrantes, como o amarelo no banheiro e o magenta para a suíte”, observa.

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Sampa C R I S

B E R G E R

BONSOIR, MONSIEUR POLETTO! Eu sei, eu sei: é o clichê dos clichês, mas a sensação ao chegar ao Bistrot de Paris é justamente de estar na capital francesa. O mais surpreendente é que ele fica em um bequinho da Rua Augusta, que já teve seus anos de glória, mas que hoje é tomada de um comércio comum e lotada de carros. Porém, o cenário muda à medida que você caminha pela Villa San Pietro em direção à casa do chef Alain Poletto. Se o cenário cumpre com louvor a tarefa de o ambientar, ao ler o cardápio, você passa a ter certeza de que Paris é ali. Lembro da sopa de cebola (Soupe à l’Oignon) saltando

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aos meus olhos e da minha vontade, quase incontrolável, de pedi-la. Não fosse a temperatura elevada, teria sucumbido a esse clássico. Ficou a promessa de um regresso assim que o termômetro baixar para, pelo menos, 20 graus. Entretanto, graças ao calor, que me coibiu de tomar a sopa, nós escolhemos as mesas ao ar livre para sentar. Ok, também tínhamos a ótima companhia da nossa cachorrinha. Pets no Brasil ficam nas áreas externas, bem diferente do que em Paris. Mesmo assim, o fato de estarmos acompanhados de um cachorro em um restaurante deixou o clima ainda mais europeu.


VAMOS AO CARDÁPIO Optamos por dividir uma saladinha (Salade de Saint Marcellin) como entrada. Foi aí que entendi que o assunto era sério, bem sério. Ela estava divina. Logo, me dei conta de que havia cometido um erro: compartilhar. Da próxima vez, pedirei uma só para mim. O meu prato principal foi o peixe do dia, que derretia na boca e tinha um sabor delicado e ao mesmo tempo marcante. O PIRARUCU ficou maravilhoso nas mãos do mestre do cozimento a vácuo em baixas temperaturas, onde o alimento não perde umidade e sabor. Estamos falando do senhor Poletto, que chegou ao Brasil em 2012 e apresentou aos paulistanos a glória de uma das melhores cozinhas do mundo. Francês de Thonon-les–Bains, foi professor na Université de Savoie por 21 anos, virou referência pela “La cuisson sous-vide” e foi sócio de Alex Atala no restaurante Dalva e Dito. No Bistrot de Paris, ele nos permite sonhar: pensamos que estamos em um peculiar e charmoso bistrô da Cidade Luz, comemos nada menos do que divinamente e pagamos um preço nem perto de assustador, ao contrário: razoável e justo.

BISTROT DE PARIS Rua Augusta, 2542 I Jardim Paulista 11 3063.1675 I www.bistrotdeparis.com.br CRIS BERGER É JORNALISTA E ESCRITORA

crisberger@crisberger.com

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Equilíbrio C H E R R I N E

C A R D O S O

ADAPTE-SE, MAS NÃO SE ACOMODE!

O processo de adaptação, para qualquer tipo de situação ou circunstância de sua vida, pode lhe garantir leveza e felicidade. Quando estamos dispostos a encarar os desafios e nos adaptar aos resultados provenientes de cada um deles, mostramos maturidade e evolução pessoal. E sabe por quê? Porque se porventura você opta por questionar, lamentar ou até mesmo sofrer por algo que não está da forma como gostaria, infelizmente este sentimento será só seu e foi gerado por você, por suas expectativas. Pense! O que seria de pessoas que nascem ricas e no meio da vida perdem tudo, se não soubessem se adaptar? Provavelmente se matariam (alguns até o fazem mesmo). E o que seria daqueles que estão procurando uma vaga de emprego e quando o conseguem ele está situado em outra cidade? Certamente a mudança é desafiadora, mas melhor se adaptar do que recusar a oportunidade, certo? E pessoas que enfrentam doenças? Ou aqueles que por algum motivo acabam perdendo sua liberdade? E o que dizer dos que perdem entes queridos ou um membro do corpo? Em épocas de “crises” então, a palavra de ordem é adaptação! Entre tantos outros exemplos que poderia dar aqui. Adaptar-se nada mais é do que encarar os grandes desafios da vida sem lamentações ou emoções viscosas, que possam lhe proporcionar aquela sensação de infelicidade. O ser humano é um dos bichos que melhor se adaptam a qualquer mudança. Seja ela uma mudança de clima, uma mudança de status, uma mudança de país, etc.

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Enfim, nos adaptamos. E o fazemos por saber que desta forma será muito mais fácil encarar tudo o que vier da situação em questão. No entanto, como sugiro no título desta coluna, que tenhamos a habilidade de nos adaptar, mas que não façamos disso uma desculpa para nos acomodarmos. Saber se adaptar não deve ser motivo para aceitar aquilo que não nos faz feliz ou que de alguma maneira promove em nós um sentimento ruim, seja uma angústia ou um vazio. Sempre fui adepta de mudanças. Acho superpositivo se permitir o novo. Não acreditar que a vida está limitada ao lugar, ao bairro, à casa, à família em que nascemos. Acredito que no desapego reside um caminho transformador para o processo ao autoconhecimento. E diante de mudanças há sempre a necessidade de adaptação. Acredite, é delicioso.Você aprende a viver com menos, se necessário; aprende a valorizar muito mais os momentos que tem perto de pessoas que talvez passe a ver menos; descobre novos prazeres em coisas que antes não lhe tinham sentido algum e só entende isso quando esta no caminho de uma readaptação. Desejo então que em sua vida sempre haja a oportunidade para novas adaptações. Se isso ocorre é porque você está em movimento e desta forma vivendo com toda sua intensidade! JORNALISTA COM ESPECIALIZAÇÃO EM PUBLICIDADE & PROPAGANDA E MARKETING. INSTRUTORA DE ALTA PERFORMANCE DO MÉTODO DEROSE EM PELOTAS. WWW.METODODEROSEPELOTAS.COM



Literatura

Além dos

livros P O R

F L Á V I A

M U

F OTO S

D E N I N S O N

FA G U N D E S

Um menino miúdo escrevia versos. O fato incomodava tanto seus pais que decidiram levar a criança para ver o médico, tamanha desconfiança de que aquela sensibilidade poderia ser algo anormal. O personagem de Mia Couto, em seu conto “O menino que escrevia versos”, resume a arte de escrever numa pequena frase ao ser examinado: “Isto que faço não é escrever, doutor. Estou sim, a viver”. A literatura pode ser arte solitária: o processo criativo envolve uma busca do escritor em experiências, emoções e memórias próprias. Escritores generosos encontram nas oficinas literárias uma maneira de compartilhar conhecimento e beber em novas fontes de inspirações. Artistas criativos inventam plataformas – bem além do papel e dos livros – para colocar a literatura na vida das pessoas.



A LITERATURA DA CASA

MIMOSA PROPORCIONA EXPERIÊNCIAS LITERÁRIAS, PORTAS E CORAÇÕES ABERTOS Todas as quintas-feiras, a escritora Monique Revillion, autora do premiado livro “Teresa, que esperava as uvas”, prepara um chá, arruma bem a mesa e espera por suas alunas. Quando decidiu abrir as portas da Casa Mimosa, espaço em que coleciona memórias e inspira-se para escrever, Monique projetou uma experiência diferente de uma oficina literária. “É um lugar com alma para estimular a criatividade e a interioridade. Um mergulho na emoção e na beleza.” Os encontros privilegiam leituras de autores escolhidos pela anfitriã, exercícios de sensibilização e leitura da produção das alunas. Os elementos expostos na Casa Mimosa – quadros, pratinhos nas paredes, objetos de decoração, fotografias antigas – podem inspirar boas histórias. “Eu acredito que cores, texturas, cheiros e imagens ajudam a estimular sensações e, consequentemente, criações”, revela. Afinal, a literatura passa pela educação dos sentidos e dos sentimentos. “O modo de funcionamento operacional do mundo, muitas vezes, não permite o acesso a estes canais. É preciso tempo. Uma poesia sempre ajuda a bai-

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MAS TAMBÉM ENCONTRO, AMIZADE E CUMPLICIDADE ENTRE AS ALUNAS xar a rotação. E então conseguimos chegar neste nosso outro lado. É o que o psiquiatra e psicanalista suíço Carl Gustav Jung define como quatro funções psicológicas fundamentais: pensamento, emoção, sensação e intuição. E essas são formas de estar no mundo”, comenta. Monique já participou de oficinas literárias. E percebeu que todo grupo é diferente. “O todo é mais do que a soma das partes. O grupo cria personalidade própria. Eu sempre quis que a relação aqui fosse afetiva e receptiva. Temos escritoras, não escritoras e também uma artista plástica. Uma não chegou aos 30 anos; a outra, maravilhosa, está na faixa dos 80. Tenho só pessoas especiais aqui: mulheres poderosas, cada uma do seu jeito. Nossa característica é a multiplicidade. E isso enriquece nosso mundo interno e cria metáforas.” Para a escritora, a palavra sempre mexe com os sentimentos. “A literatura é um exercício constante de empatia. Não é uma terapia de grupo. Longe disso. Mas os sentimentos aqui não podem ser bloqueados. Estamos mexendo com as emoções: a gente ri, chora e cria muito a partir disso”, reconhece.

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FOTOS: LUIS VENTURA

IMAGINAÇÃO SOLTA A kombi estaciona e, ali naquela rua, um mundo de imaginação e brincadeira aparece. Em seu projeto Kombina, a escritora Christina Dias – reconhecida pelas delicadas obras infantis – leva suas inspirações num centro de cultura integrada móvel a diferentes lugares de Porto Alegre e a muitas cidades do Rio Grande do Sul. “Percebi que mesmo que os livros infantis estejam cada vez mais bacanas, a criançada demonstra menos interesse na leitura. Entendemos que o brincar ‘entra na cabeça’ da criança do mesmo jeito que a arte. Só que é mais fácil. Brincar pode ser uma porta de entrada para um monte de coisas”, afirma. E esse “monte de coisas” está dentro dos três carros que compõem o projeto, batizadas de Kombina, Karlos e Alice. Todas as atividades das kombis têm origem em textos literários ou livros que podem aparecer em outros su-

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A ESCRITORA CHRIS DIAS ENTENDEU QUE O FUTURO DA LITERATURA INFANTIL ESTÁ NA EXPERIMENTAÇÃO DE SUPORTES INTERATIVOS, BEM ALÉM DAS PÁGINAS DOS LIVROS

portes. A Kombina oferece livros que ficam expostos para que possam ser lidos, relidos, pesquisados. Uma das atividades mais bacanas é a oficina de criação de personagens a partir de grafites criados por Lucas “Anão” Vernieri que se tornam suporte de produção textual. “Ele faz totens de contação de história em papelão. A leitura sempre é suporte, mas nem sempre em livro. E a gente vê os grupos interagindo, escrevendo, lendo e curtindo. A gurizada recupera o ‘valor’ da leitura”, observa. O escritor Carlos Urbim, homenageado com uma das três kombis, traz a brincadeira como protagonista. É possível encontrar objetos divertidos de outro tempo, como petecas, pandorgas, bolas de gude, e também referência do daltonismo, condição que o fez enxergar o mundo de um modo especial. Dentro do automóvel, um acervo com livros, entrevistas e fotos para serem vistos,

revistos e pesquisados. Um dos destaques é o livro único Avô Aprendiz, escrito para Miguel, neto do escritor. A Kombi Alice, homenagem a Alice Urbim, traz uma coleção de brinquedos e um livro interativo. “Isso é muito legal: um painel numerado com um texto ilustrado por uma foto. Em frente ao painel, as crianças encontram brinquedos relacionados ao tema do painel e, dali, podem criar novas histórias e brincadeiras. A literatura infantil sempre tem mediadores, mas a verdade é que a imaginação da criança vai bem mais longe”, constata. O projeto Kombina sensibiliza o público e desmistifica a ideia de que o livro é sinônimo de artigo escolar. “A literatura precisa superar o muro da escola. Esse é o momento de todas as linguagens. É a arte independente de suporte. Eu acredito que a plataforma já não importa mais. Precisamos é mexer com o subjetivo.”

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Literatura

DA JANELA DO SOBRADO, RICARDO SILVESTRIN DECLAMA VERSOS E LEVA LITERATURA

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POESIA NA JANELA PALAVRA NÃO É COISA QUE SE DIGA QUEM TOMA A PALAVRA PELA COISA DIZ PALAVRA COM PALAVRA MAS NÃO DIZ COISA COM COISA A PALAVRA PODE SER PESADA A COISA, LEVE E VICE-VERSA NÃO É COISA ALGUMA A PALAVRA COISA NÃO É A COISA PALAVRA PALAVRA E COISA JAMAIS SERÃO A MESMA COISA

PARA QUEM PASSA NA RUA

Foi assim, com estas palavras, que Ricardo Silvestrin – poeta, escritor, contista, compositor, músico – abriu a primeira edição do Sarau da Janela. Do alto das janelas do sobrado verde em que mora, no Distrito Criativo em Porto Alegre, o artista e seus amigos-poetas, Alexandre Brito, Dilan Camargo e Mario Pirata, declamaram versos que pararam e emocionaram muita gente que passava na Rua São Carlos em dia do brechó que acontece por lá. A fachada da casa, que lembra um cenário de ópera, inspirou a criação. Silvestrin já realizou duas edições do Sarau da Janela e pode ser que faça repetecos. “Desde o início participei do Refloresta, grupo de apoio à revitalização do bairro Floresta, e, em nossas reuniões, pensamos e sugerimos uma ocupação positiva da região. E aí surgiu a feira livre, o brechó de rua e, aproveitando o Dia Mundial da Palavra, surgiu o Sara da Janela”, relembra. Silvestrin tem quase 20 livros publicados. Mas aposta em outras formas de arte para reinventar a literatura. Por muitos anos, participou de grupos que faziam recitais, organizava rodas de poesia na Redenção e tocava na banda os poETs. “Eu acho que as pessoas gostam desta interação dos escritores com o público. Porto Alegre tem muita gente fazendo saraus, encontros literários. Há diversos movimentos assim”, comemora.

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Viagem


whisky, pubs, kilts

e um bocado de histรณria

T E X TO

E

F OTO S

P O R

C R I S

B E R G E R


Viagem

A ARQUITETURA SECULAR DE EDIMBURGO E A ATMOSFERA DA CIDADE ENVOLVEM O VISITANTE JÁ AO PRIMEIRO OLHAR. HÁ 4.500 PRÉDIOS TOMBADOS COMO PATRIMÔNIO HISTÓRICO DA HUMANIDADE Terra do whisky, do kilt, da gaita de foles e de Sean Connery, Edimburgo convida a um passeio pela história com direito a ruelas, passagens subterrâneas, arquitetura medieval e pubs. Muitos pubs. Ela faz parte do Reino Unido, que é composto por Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte. Desde 1437, é capital da Escócia. Possui nada menos do que 4.500 prédios tombados como Patrimônio Mundial da Humanidade. Dá para imaginar?

BOM DIA, EDIMBURGO O trem deixou Londres antes mesmo de o dia clarear, e chegou em Edimburgo por volta das 11 horas da manhã. Era um típico e gelado dia de inverno no Reino Unido. Uma chuva fina e constante pautava o começo de janeiro. A emoção de conhecer a capital escocesa, com séculos de história, fazia com que a temperatura externa pouco importasse. 82

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Subimos as escadas rolantes da linda estação ferroviária de Waverley Station, e tentamos encontrar no GPS o nosso hotel. Foi ótimo descobrir que ele estava a apenas alguns passos dali, exatamente no ponto que divide a Velha da Nova Cidade: na Princess Street, nº 1. Graças ao frio, o calor e o conforto do irretocável The Balmoral foram ainda mais gratificantes. Cruzar a porta giratória, ser recebido pelos elegantes concierges, vestidos como verdadeiros lordes, e ter uma reserva no melhor hotel da cidade fazia tudo parecer absolutamente perfeito. Ao entrarmos no quarto, vimos pela janela a neve cair. Ela contrastava, lindamente, com a arquitetura secular desta velha senhora, produtora dos melhores escotches do mundo. Em um passe de mágica, a neve veio e foi. Logo, o sol iluminou a fachada e nos chamou para a primeira caminhada rumo ao passado. Não há como visitar o Velho Mundo sem a constante sensação de regressar a outras eras.



Viagem

LEGÍTIMO RITUAL BRITÂNICO, O CHÁ DA TARDE DO HOTEL THE BALMORAL É UM DELICIOSO LUXO

CHÁ DA TARDE O chá da tarde me parece um hábito compartilhado por ingleses e escoceses como o chimarrão é para gaúchos e argentinos. E um dos melhores lugares para ter a experiência de um afternoon tea é no salão Palm Court do The Balmoral. Ao entrar, é inevitável parar por um instante, respirar fundo e seguir. A cúpula de vidro deixa a luz natural entrar lindamente. O lustre veneziano dá um toque de sofisticação ao charmoso recinto. A harpa dá o tom e se escuta suavemente. Em um olhar mais atento você tenta decifrar os desenhos do papel de parede que retratam o Calton Hill, que está a alguns quilômetros dali. Você pode optar pelas mesas centrais ou laterais, todas com sofás e poltronas. Mas lembre-se: reservas são necessárias e o salão é concorrido. O chef pâtisserie Ross Sneddon prepara os quitutes que chegam à mesa. Uma seleção de pequenos sanduíches, muffins, bolinhos e doces é apresentada em uma torre de

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AO ENTARDECER, O CÉU GANHA DIVERSAS CORES, E O SKYLINE DA CIDADE FICA AINDA MAIS BELO

três andares e no carrinho. Na carta de chás há blends clássicos como Earl Grey e Darjeeling e o chá da casa, o Royal Scottish Balmoral Blend. E, obviamente, champagne.

HOSPEDE-SE COM HISTÓRIA O hotel faz parte do bonito skyline da cidade. O “Big Ben escocês” fica na torre do prédio histórico que abriga o The Balmoral. E seu ponteiro está três minutos à frente do tempo, pois foi propositadamente adiantado. Assim, ninguém perde o trem. Apenas no ano novo, no dia de Hogmanay, ele funciona de forma britânica: é pontual. J.K. Rolling, autora de Harry Potter, fez de sua casa a suíte 502, quando escreveu o último livro da saga que conquistou o mundo. Além do ilustre 502, há mais 19 suítes e 168 confortáveis apartamentos. Escolha um deles, acomode-se, descubra que no banheiro do seu apartamento haverá um quadro com uma foto de Sean Connery, cogite jantar no Number One, restaurante que há 13 anos ostenta uma

estrela Michellin ou, quem sabe, opte por um room service. Peça, sem hesitar, pelo fish and chips, um dos melhores na minha longa temporada britânica. E ao tomar café da manhã, não deixe de provar os bolinhos com amêndoas, que são absolutamente divinos e preparados por uma padaria local chamada Le Petit Français, que só produz por demanda. Em caso de whisky, dirija-se ao Scotch, o bar do hotel que tem a maior coleção de wiskies de Edimburgo. Sendo mais precisa: 400 rótulos.

O CASTELO DE EDIMBURGO O Castelo de Edimburgo se destaca no horizonte e é visto de quase toda a cidade. O momento do dia mais bonito de observá-lo é no entardecer, quando ele vira uma silhueta e o céu ganha diversas cores. Sem dúvida, é um dos pontos mais visitados pelos cerca de um milhão de turistas que visitam a capital escocesa por ano. Ele pode ser seu ponto de partida, mas tenha em mente: é caminhando e entrando

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Viagem

INVISTA A MAIOR PARTE DO SEU TEMPO NA CIDADE VELHA (OLD TOWN). VOCÊ VAI VIAJAR NO TEMPO E ATERRISSAR NA ÉPOCA MEDIEVAL. A CADA RUELA, UM MUNDO DE DESCOBERTAS ENCANTADORAS

nas dezenas de ruelas que você vai realmente se emocionar e entender um pouco da alma desta cidade, que já foi chamada de “Atenas do Norte” e um dos principais palcos do Iluminismo no século XVIII, quando o mundo passava a limpo a época medieval, ousava questionar a repressão da igreja e do Estado e abraçava a razão com toda a força. Foi em cima de um extinto vulcão, o Castle Rock, que o castelo foi erguido. A história dele não é contada com absoluta certeza, as informações se contradizem e a palavra indícios é recorrente em diversas fontes de busca. Entre eles, se fala em David I, que reinou de 1142 a 1153, e transformou o castelo em fortaleza real. Dentro dele, você terá acesso às joias da Coroa e 1a Pedra do Destino, local onde aconteciam as coroações. Além do Royal Palace: aposentos dos reis. Logo, ao deixar o Palácio, você ‘esbarra” no Scotch Whisky Experience, que deve ser visitado, afinal, a Escócia é a terra do melhor amigo do homem engarrafado.

INVISTA NA OLD TOWN Há muito que ver e provar (!), mas eu ousaria dizer: 86

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invista a maior parte do seu tempo na cidade velha, em Old Town. Você vai viajar no tempo e aterrissar na época medieval. Pegue a Rua Royal Mile (atenção que ela muda de nome) e a percorra de uma ponta a outra. Faça o número de desvios que você achar necessário, pois uma sucessão de ruelas a cortam e nelas há um mundo de descobertas. Neste trajeto, você pode ficar, tranquilamente, um dia inteiro. Ou mais, bem mais. Na ponta da Royal, nas margens do Rio Forth, está a residência oficial da rainha Elizabeth: o Palácio de Holyroodhouse, que pode ser visitado quando não há membros da realeza hospedados nele. Ao longo da história, outros reis e rainhas moraram ali. Entre eles, a famosa Mary, Queen of Scots, no período de 1.561 a 1.567. No lado oposto, fica o Castelo de Edimburgo. Como eu falei, entre os dois Palácios, há muito a desbravar: faça um pit stop no Unknown Pleasures, uma loja de discos e CD raros. Peça uma dica para o vendedor, nós trouxemos para casa o álbum “Now that you are a dancer” da banda Kid Canaveral, um pop bacana escocês, que foi justamente recomendado pelo vendedor da loja.


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Ainda na cidade velha, está a praça de Grassmarket, que é um capítulo à parte. No passado foi placo de execuções públicas. Hoje tem vida própria com feiras, restaurantes de cozinhas de autor, lojas de artesanato e de designers independentes, artistas de rua e uma atmosfera descontraída.

O NOVO E ESCAPADAS PARA AS MONTANHAS Ironicamente, a New Town nasceu no século XVIII. O novo na Europa chega a ser engraçado, para eles um século é “nada”. Eu a percorri, antes de ir à Old Town, e confesso: foi pela cidade velha que meu coração disparou e minha imaginação voou longe. Ainda assim, há butiques, bares, casas de espetáculos e restaurantes badalados e estrelados para conhecer pelo lado novo da cidade. Se você tiver mais tempo, faça um bate-volta às highlands da Escócia ou fique um tempo maior por lá. Voltando a Edimburgo, suba no Arthur’s Seat, assim que as condições climáticas forem favoráveis. Eu deixei para ir no último dia e um tempo não muito amigável estragou meus planos. Em viagens, nada pode ser deixado para depois. SÍMBOLOS ESCOCESES Ver um escocês trajado com a vestimenta nacional e tocando gaita de fole faz parte do que nosso imaginário projeta sobre estar na Escócia. O kilt, que parece uma saia, é muito mais do que uma vestimenta. Ele representa diferentes clãs formados por famílias poderosas. Cada clã tem sua própria estampa xadrez, também conhecida por tartan, feita à base de lã entrelaçada. Curiosamente, o uso do kilt e a formação dos clãs foram proibidos na Escócia pelo período de 100 anos, decorrente da Batalha de Culloden, em 1.746. Hoje em dia, os clãs mais conhecidos levam o nome de Macdonalds, Campbells e Stuarts. O kilt é usado em ocasiões especiais, mas a estampa xadrez é vista em todos os cantos: de lojas de design e alta costura a souvenirs. Se você quiser comprar algo típico, invista no tartan. Quem tem estômago para um haggis, feito com miúdos de carneiro, vai poder dizer que provou o prato típico da Escócia e não terá a mínima dificuldade em encontrá-lo. Os fish and chips também configuram na lista da culinária tradicional. E, claro, adquirir uma garrafa de whisky ou uma miniatura dela fazem parte do show. A London Eye escocesa é a Edinburgh Eye com algumas diferenças. A inglesa é muito maior e permanente. E a de Edimburgo é montada apenas na temporada de inverno, que ocorre entre o final de novembro e o começo de janeiro, dentro do Festival de Hogmanay.

O RELÓGIO ESTÁ SEMPRE 3 MINUTOS ADIANTADO. ASSIM NINGUÉM PERDE O TREM. SÓ NO ANO NOVO ELE FUNCIONA BRITANICAMENTE

“PATRIMÔNIO HISTÓRICO” DO REINO UNIDO Em Edimburgo há um número incontável de pubs. Quanto mais velho, melhor. Mas como escolher um no meio de tantos? Deixe-o “cruzar pelo seu caminho”. E não se preocupe: não há cerveja ruim em solo escocês, elas são

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O CASTELO DE EDIMBURGO SE DESTACA NO HORIZONTE E É AVISTADO DE QUASE TODOS OS PONTOS

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O KILT É MUITO MAIS DO QUE UMA VESTIMENTA TÍPICA, CADA TIPO DE XADREZ REPRESENTA UM CLÃ servidas no copo e a forma correta de pedir é: Please, can I have a pint? Em português: “por favor, me dá uma cerveja?”. Pint, afinal de contas, é um tipo de medida usada para pedir cerveja em todo o Reino Unido. Mas ok, digamos que você queira uma dica de pub. O Greyfriars Bobby leva um cachorro da raça terrier na fachada em homenagem ao Bobby, que durante 14 anos, visitou o túmulo de seu dono, vítima de tuberculose. Este é um clássico da cidade, pode ir. No meu destino estava o Jolly Judge e a maneira como eu cheguei até ele foi ótima. A “culpa” foi da placa, feita em ferro, da silhueta de um escritor sentado na frente de sua escrivaninha e a indicação: Museu dos Escritores. Este foi o ímã que me conduziu pela close, que são passagens estreitas que saem da Royal Mile e levam a um labirinto de intrigantes ruelas. As closes são ainda (!!) mais estreitas do que as ruelas. Chegando na frente do museu descobri que ele estava fechado. Mas nenhuma viagem é “perdida” quando se tem o espírito desbravador, certo? Bastou eu olhar para o lado e ver o “meu” pub. A pequena entrada, no meio do labirinto

de ruas, me “puxou” para dentro. Abrimos a porta, demos de cara para a lareira e decretamos: é aqui, mesmo. Fomos até o bar, pedimos um par de pints, escolhemos uma mesa nos fundos e só saímos algumas (muitas) horas depois. Ah! O Jolly, além de cervejas, também serve whisky.

TAKE A WALK IN THE WILD SIDE Seria trágico se não fosse cômico. Resolvemos embarcar em um dos tours noturnos pelos cemitérios e passagens subterrâneas da cidade. Compramos um ingresso na Royal e voltamos ao ponto de encontro quando já era noite em Edimburgo. Fazia um frio danado. Nos agasalhamos com toda a roupa que tínhamos disponível e saímos animados para conhecer o lado dark da história. Nosso guia, era sem dúvida, um grande ator. Ele levava a plateia ao riso de forma frequente, apesar do conteúdo mórbido. Eu, que acreditava estar com o inglês afiado, perdia mais do que 50% do que era dito. Parei de me importar com o difícil sotaque escocês quando o itinerário deixou o cemitério, cruzou algumas ruas e foi para debaixo da terra. Descemos um andar, outro, pas-

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DENTRO DO THE BALMORAL, CONFORTO, ESTILO E SERVIÇOS DE ALTO PADRÃO. POR TODA A CIDADE, HÁ MUITO A DESBRAVAR, E O VISUAL É SEMPRE IMPRESSIONANTE samos por diversas portas, através de um corredor estreito, até pararmos em um recinto vazio onde a única luz era da lanterna do nosso guia, que estava apontava para o seu rosto de forma assustadora. A narrativa, com riqueza de detalhes, sobre uma execução realizada naquele lugar me arrepiava. Neste momento, agradeci por não entender com perfeição e, confesso, contei os minutos para o tour acabar e voltar à superfície. Ok, não me dê ouvidos, sou facilmente impressionada. Reserve um tour.

UM THAI PARA JAMAIS ESQUECER Havíamos comprado passagens para o trem das 18 horas. Chegaríamos em Londres tarde e achamos prudente jantar no caminho. Pegamos uma ruela em direção à estação quando passamos pelo Krupa Khun Mae, um pequeno restaurante tailandês comandado por uma família de origem tailandesa, é claro, onde provei um pad thai que deixa saudades. Fizemos o pedido e solicitamos que ele fosse embrulhado. Neste dia, jantamos no gostoso sacolejar do trem a caminho de Londres, depois de passar inesquecíveis 48 horas na capital escocesa. É, eu poderia viver neste vai e vem, entre Londres e Edimburgo, sem nenhuma problema… God save the Queen.

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SERVIÇO THE BALMORAL: 1 Princes St, Edinburgh I +44 131 556.2414 www.roccofortehotels.com/hotels-and-resorts/the-balmoral-hotel/ JOLLY JODGE: 7 James Court I +44(0)131 225 2669 www.jollyjudge.co.uk PALM COURT: 1 Princes St, Edinburgh I +44 131 556.2414 www.roccofortehotels.com/hotels-and-resorts/the-balmoral-hotel/ restaurants-and-bars/palm-court/ KRUPA KHUN MAE: Craigs Close, 29 Cpckburn St, +44 131 2257007 I www.kruakhunmae.co.uk/contact.html No site VISIT SCOTLAND você pode reservar passeios, saber dos festivais e adquirir infomação geral de tudo que acontece em Edimburgo e demais cidades da Escócia. www.visitscotland.org


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O sabor e o saber F E R N A N D O

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A SALIVA. A ÁGUA NA BOCA

A observação dos cães de seu laboratório salivando sempre que se deparavam com o tratador que os alimentava foi o ponto de partida de Ivan Pavlov para o Prêmio Nobel de Medicina de 1904. Chamou o fenômeno de Reflexo Condicionado Antecipatório. Como um cão de Pavlov, tenho salivação antecipatória ao reservar uma mesa no bistrô predileto e salivação retardatária ao lembrar o risoto de camarão da véspera. Comida dá água na boca até em pensamento. A cavidade oral é uma caverna úmida, constantemente irrigada por um fluxo diário de 1.000 a 1.500ml de saliva. Há uma lubrificação basal (30%) com jorros e esguichos adicionais (70%) desencadeados por alimento e mastigação. A saliva verte por três pares de glândulas (parótidas, submandibulares e sublinguais) e nada menos que um milhar de microglândulas auxiliares – 2 mm de diâmetro –, espalhadas desde os lábios até a orofaringe. Embora as parótidas sejam maiores, as submandibulares são mais produtivas, origem de 60% da salivação. Saliva é palavra prima de seiva e salgueiro e, no latim significa também ‘apetite, paladar’. O sal dissolvido no termo não é etimológico, mas invoca o mar como origem da vida. A saliva, tal o líquido amniótico, a lágrima, o suor e o sêmen são levemente salgados. Ao se adaptarem à terra firme, os organismos reproduziram o ambiente líquido para permitir a deglutição. Já os peixes não têm glândulas salivares, basta abrirem a boca que e água chega junto com o alimento. Os termos cuspir (L. spuere), cuspe e esputo (L. sputum) derivam do L. spuma, ‘espuma’: a saliva se mescla ao ar formando bolhas tanto na mastigação como na pressão de arremesso. Curiosamente o F. crachat, ‘cusparada’ originou crachá, a identificação ostentada no peito comparada à mancha de cuspe. Deve ser por isto que não gosto de usar o meu. A boca ressequida é desconfortável, sintoma de sede, doença ou remédio. A saliva facilita a fala e é tão importante como os dentes na mastigação. Assim como ‘tomamos’ um

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comprimido porque sempre é acompanhado por água, secretamos saliva para formar e engolir o bolo alimentar. Sem saliva não há prazer no comer. Se colocarmos um pedaço de maçã inteiro na boca não percebemos qualquer sabor. É preciso macerar e dissolver o alimento na saliva para a ativação dos receptores gustativos. Mesmo líquidos como vinho e cerveja são mais bem degustados se diluídos na saliva. O gosto de cabo de guarda-chuva na boca da ressaca se deve a secura na boca, o excesso de álcool induz a falta d’água. E o bafo de onça matinal é sulfito de hidrogênio gás liberado pelas bactérias ao se alimentarem das células descamadas da boca, não lavadas pela salivação basal no sono. Há uma bacia hidrográfica na língua; sua superfície é toda revestida por um amaranhado de sulcos e rugosidades por onde corre saliva. Saliva é água alcalina junto de enzimas digestivas, bactérias, anticorpos, imunoglobulinas e hormônios. Além de lubrificar, lavar e enxaguar a boca, a saliva mantém o pH bucal e dá início a absorção do alimento. A digestão começa na boca. As glândulas salivares são um posto avançado do pâncreas e secretam amilase que desdobra amido em açúcar. A baba do bebê é uma supersaliva, rica em lípase, digere a gordura do leite enquanto o pâncreas ainda não está bem funcionante. A baba é o transbordamento salivar devido ao volume líquido na ausência da represa de dentes. Quando esfregamos uma mancha de comida com saliva empregamos química orgânica. As enzimas salivares fragmentam as moléculas do alimento tornando-as mais solúveis, laváveis. Ideia de uma dona de casa alemã (1913), os detergentes surgiram como emulsões de amilase e lipase extraídos pâncreas de bois em matadouros. Assim como as crianças levam o lápis de cor à boca para homogeneizar as cores, os pintores untam seus pincéis em saliva, considerada o mais delicado solvente – e amornado a 37,5C – para elaborar os tons dos pigmentos de tinta a óleo,


SEM SALIVA NÃO HÁ PRAZER NO COMER. ELA ATIVA OS RECEPTORES GUSTATIVOS. COMIDA DÁ ÁGUA NA BOCA ATÉ EM PENSAMENTO. na verdade ácidos graxos. Desta forma, o DNA de Van Gogh, sua verdadeira assinatura biológica, pode estar imortalizado na saliva de suas telas à espera de reconstituição. Alem de digestiva, a saliva é um caldo de cultura bacteriana, viveiro de um vasto mundo invisível. Leeuhenhoek (1683) examinou uma gota de saliva no microscópio que inventara e ficou perplexo com a multidão de ‘animalículos vivos’ ali existentes. “Na minha boca há mais seres vivos que em toda a Holanda” foi como registrou sua experiência. Tinha razão: a população da Holanda hoje é

de 17 milhões e pessoas, nossa boca hospeda 100 milhões de bactérias, importantes na digestão e imunidade. ‘Lamber a ferida’ se tornou expressão proverbial. Cães e gatos, leões e tigres lambem suas feridas e o impedimento a este gesto instintivo facilita infecção e retarda a cicatrização. Levamos um ferimento à boca pela intuição da proteção das bactérias da saliva em contraposição às do meio externo. Há estudos sugerindo que o hábito materno de ‘lavar’ a chupeta em sua boca protege a criança reduzindo a contaminação bacteriana e aumentando anticorpos. Os antropólogos chamam de beijo alimentar – o costume da mãe, imitando as aves, pré-mastigar o alimento antes de dar à criança melhora o estado imunitário, diminui infecções e fortalece o vínculo afetivo. Saliva pode ser remédio. Jesus curou um cego cuspindo em seus olhos (Mc 8:23), curou outro com compressas de terra úmida de saliva (Jo 9.6). Também ‘abriu os ouvidos’ e ‘destravou a língua’ de um surdo mudo (Mc 7:32) com as mãos molhadas por saliva. Houve época em que o batismo cristão se dava não com água benta ou vinho, mas com a saliva do padre. Ainda hoje os gregos tendem a receber um recém-nascido com cuspidelas nas bochechas. No Séc. XVIII, passar saliva no pênis era tratamento para o pênis com úlcera sifilítica e lamber axilas fétidas, um potente desodorante na medicina tradicional chinesa. Culturalmente a saliva pode ser talismã líquido contra o mal e um sem oral gerador. Isis criou a serpente símbolo do Egito com terra empapada na saliva de Ra, e seus sacerdotes exorcizavam Apep, o monstro infernal, com cuspidas. Como o vômito ou alimento regurgitado, a saliva depois de exteriorizada da boca tende a provocar aversão. Há dificuldade em reengolir ou lidar com a saliva depois de depositada no meio externo. Os chineses são exceção, preferem cuspir no chão que coletar a saliva num lenço e guardar no bolso. A aristocracia da Inglaterra Vitoriana usava frascos portáteis de vidro para depositar o escarro. A saliva carrega aspectos negativos. ‘Cuspir no prato que comeu’ é desabonador, a comida vai até a saliva e não a saliva até a comida. O gesto de cuspir como desprezo é pré-histórico e multicultural. Está bem documentado na

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O sabor e o saber F E R N A N D O L O K S C H I N

A SOPA DE NINHOS DE ANDORINHA, A MAIS CARA E RARA DAS DELICATESSES, TEM COMO BASE A SALIVA DO PÁSSARO. ALGUMAS SALIVAS DE ORIGEM ANIMAL SÃO MUITO VALORIZADAS Bíblia. Diz o Senhor: “Se teu pai lhe tivesse cuspido na cara não ficaria ela humilhada por sete dias?” (Nu. 12:14). E diz o Servo: “não desviei meu rosto dos que me ultrajavam e cuspiam” (Is 50:6). No tribunal judaico Jesus recebe “murros e cuspidas” (Mt 26:7) e no tribunal romano, “cuspidas e bordoadas de cana” (Mt 27:30). Pelas leis do Deuteronômio, o homem que recusasse casar com a cunhada viúva e sem filhos era por ela cuspido com a justificativa: – “É isto que se faz ao homem que não dá descendência a seu irmão.” (Deut. 25:9). Tribunais arcaicos de seitas israelitas puniam o cuspir com um mês de penitência. Na minha infância, o ‘não levar desaforo para casa’ exigia o ritual de cuspir no chão, esfregar o pé por cima e iniciar uma pancadaria na esperança da salvação da turma no ‘deixa disso’. Os universos alimentar e sexual estão sobrepostos, boca e língua incluídos. Diz o poema de Marina Colassanti: Sexta-feira à noite os homens acariciam o clitóris das esposas / com dedos molhados de saliva / O mesmo gesto com que todos os dias / contam dinheiro... Rica em ocitocina, cortisol e hormônios sexuais, a saliva abarca um espectro desde um prático e acessível lubrificante sexual mucoso a fetiche de complexos ritos eróticos. Afinal libido e lubrificado são termos gêmeos, derivam do L. lubet, ‘molhado, prazeroso’, mesma origem de lábios, seja a entrada do aparelho digestivo seja a da genitália feminina. Felinos babam por excitação sexual e diversas espécies de pássaros inflam as glândulas salivares como chamariz. Camelos e lhamas cospem para atrair as fêmeas do harem e afastar competidores, cospem também nas pessoas que não lhes tratam bem. Distante da sensualidade ingênua da ‘baba de moça, Sade extrapolou o ‘babar por ela’. Um sialomaníaco, o marquês promovia sessões repetidas, e intermináveis, de salivação boca a boca, uma boca fonte geradora

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conectada a outra boca bomba de sucção. Gostava de receber saliva direcionada por funil e vivenciava gargarejos e enemas de saliva alheia como extremamente prazerosos. Cada vez mais se usa a saliva em mapeamento genético, exames bioquímicos e hormonais. Um cotonete na gengiva ou uma cuspidela num frasco são procedimentos menos invasivos que uma agulha encravada na veia. Se o cuspir já foi glamourizado nos manuais de etiqueta do Séc XVIII, o conhecimento da contagiosidade do catarro na tuberculose foi mudando a aceitação social. Escarradeiras já não são peças no mobiliário e não estão mais penduradas em ambientes públicos os cartazes de advertência: ‘proibido cuspir no chão’. Sempre pode haver relativização: Registra Salomon Peppys em uma divertida entrada de seu famoso diário (1662): ‘Estava eu sentado num canto escuro e uma senhora, inadvertidamente, me acertou uma cusparada no rosto. Mas ao perceber o quanto ela era linda não fiquei nada incomodado com o acontecido”. Algumas salivas de origem animal são mais valorizadas que a da linda senhora. O fio da seda provém do casulo de saliva da larva da amoreira e a sopa de ninhos de andorinha, a mais rara e cara das delicatesses, tem como base a saliva do pássaro. Os venenos das cobras são especializações de saliva. Algumas espécies de najas cuspideiras da Ásia e África não mordem, mas cospem seu veneno para cegar ou aturdir as presas. A maioria das aranhas tecem suas teias a partir de fieiras abdominais, mas há as que utilizam saliva. E como escreveu Valerius Maximus (Séc. I D.C.), as leis imitam as teias de aranha, retem os fracos, deixam passar os fortes. Ajudemos Sergius Morus a contrariar Valerius Maximus. FERNANDO LOKSCHIN É MÉDICO E GOURMET fernando@vanet.com.br


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Homens de estatura baixa se beneficiam muito dos looks monocromáticos. Nada alonga mais um baixinho do que vestir dos pés à cabeça tons parecidos e neutros sem estampas. Atenção para o cinto, ele deve ser superdiscreto para alongar. Quando o visual está superbásico, os acessórios ganham importância. Eles acabam chamando bastante atenção. É hora de incluir uma linda e arrojada pulseira de couro junto ao seu relógio tradicional ou então adquirir um colar de design bem interessante para deixar seu visual nada óbvio e com uma assinatura de estilo, mesmo no básico. Invista em sapatos coloridos e de couro com trançados interessantes e vaporosos para trazer um ponto de cor quando você cansar de ficar muito neutro. Pode vestir sem meia em dias de calor. Evite sandálias masculinas para ambientes de trabalho mesmo em dias de temperatura escaldante.

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A ELEGÂNCIA DA MONOCROMIA Looks monocromáticos e peças minimalistas são duas grandes pedidas para este momento de retorno de férias. Vestir looks com tons semelhantes em todas as peças além de muito prático, deixa o visual elegante. Assim como combinar peças mais limpas, sem frescura de detalhes, torna tudo mais fácil e o efeito fica chic. As cores deste visual são muito sólidas e neutras: preto e branco, cinza, gelo, marfim. Você pode investir na mistura de suas peças básicas do verão com algumas peças mais sóbrias que você costuma vestir no outono. Por exemplo: uma calça jeans escura sem detalhes estonados acompanha

muito bem o paletó de um costume de tons cinza. Para quem não abre mão de uma estampa e quer entrar nesta onda do monocromático e do minimalismo, a dica é investir em estampas de escala menor, em cores discretas. Vale para a combinação da gravata com a camisa também, mas atenção: quanto menos contraste melhor. Realmente sugiro que você aposte no monocromático e no minimalismo. São tendências confirmadas e fortíssimas no mundo todo: tanto nas passarelas como nas vitrines e ruas. Bom gosto com simplicidade. Mas não é um básico comum. É com estilo.


MINIMALISMO E DESPOJAMENTO Após a temporada de férias, o retorno às agendas e às cidades, mesmo no calor, nos convida a buscar looks que valorizem o conforto, o estilo, mas cuidando para que peças elegantes construam a “cara” cosmopolita. Como construir esta arquitetura de estilo? Com looks de toques minimalistas. Para quem não sabe, o minimalismo é uma referência importante de estilo que prima por peças simples – no design e no acabamento – mas de excelente qualidade nos materiais e na modelagem. É praxe usar peças de tons semelhantes, deixando o look minimalista ainda mais chic. Dificilmente o minimalismo apresenta-se em forma de estampas e muito menos de bordados. Tudo é muito simples. Visual limpo. Então, neste final de verão e início de

outono, para dar conta das agendas e dos desejos de manter um pouco daquele astral que as férias sempre nos presenteiam, onde a descontração, a simplicidade e o conforto são as referências, indico muitos looks minimalistas. Abuse de tricôs de seda rústico, calças street larguinhas – para dar uma pitada grunge ao minimalismo, alfaiataria desconstruída, tênis de cano baixo em materiais sofisticados para combinar, pois é o que se viu nas melhores passarelas internacionais. À noite, looks despojados em paetês são apostas certeiras, assim como longos vestidos simples de alcinha, mas com recortes e assimetrias complexos, em tecidos sofisticados como cetim ou seda. São sugestões para manter o conforto com frescor e elegância.

Se você tem uma silhueta de pernas grossas e quadril largo, esqueça as calças largas ou com detalhes de bolso. Abuse de saias despojadas e em um comprimento que valorize as pernas, geralmente na altura do joelho, para a maioria. Quando o visual é de roupas despojadas e desconstruídas, as bolsas precisam dar o contraponto. Então abuse da tendência que já vem há algum tempo: escolha bolsas pequenas e estruturadas para acompanhar. Ok? Invista apenas em roupas de excelente qualidade. Isto quer dizer que além do caimento perfeito, do aviamento impecável, elas devem ter um forro que jamais revele o que você deseja esconder. Principalmente tenha atenção com peças em cetim. Às vezes, lindas no cabide e terríveis no corpo quando desprovidas do forro impecável.

ROBERTA COLTRO É CONSULTORA DE MODA, ESTILO E COMPORTAMENTO

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mulheres que amamos

EDIÇÃO DA ESTILO ZAFFARI. E PARA FINALIZAR A REVISTA COM ELEGÂNCIA, INTELIGÊNCIA, FORÇA E DELICADEZA, AQUI ESTÁ A SEÇÃO MULHERES QUE AMAMOS! COMO VOCÊ DEVE LEMBRAR, PEGAMOS ESSE NOME “EMPRESTADO” DA REVISTA PLAYBOY, POIS NENHUMA OUTRA NOMENCLATURA PODERIA TRADUZIR MELHOR O CONTEÚDO DAS PÁGINAS QUE VOCÊ VAI LER A SEGUIR. AQUI REUNIMOS MULHERES ADMIRÁVEIS, NOTÁVEIS, INTERESSANTES, INDISPENSÁVEIS. MULHERES QUE DESPERTAM E MERECEM O NOSSO AMOR. NESTA EDIÇÃO, DESTACAMOS DUAS JOVENS DE GRANDE TALENTO: CAMILA FERRÉS, ESTILISTA, E GRACIELE HERRMANN, NADADORA. ELAS SÃO FASCINANTES! 100

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GRACIELE HERRMANN

Fã e praticante de esportes como sou, senti uma alegria extra ao conhecer Graciele Herrmann, um dos destaques da natação gaúcha. Há algum tempo, meu marido e eu acompanhamos sua carreira e vibramos sempre que ela aparece na TV, competindo pelo Brasil ou pelo clube Grêmio Náutico União. Graciele é alta, loira, linda e sorridente. Dá para sentir que é uma mulher decidida, feliz e que ama o que faz. Nasceu em Pelotas há 24 anos e foi na piscina do sítio da família que ela deu as primeiras braçadas. Aos 12 anos já demonstrava ter talento para a coisa, e daí em diante foi um pulo (ou com o perdão do trocadilho, um mergulho) e ela logo se viu nadando em um dos melhores centros esportivos da cidade, o Clube Brilhante. Sua evolução foi muito rápida e foi selecionada para integrar a seleção gaúcha, participando, aos 14 anos, de seu primeiro campeonato brasileiro. Em seguida passou a atuar na capital gaúcha, no clube onde treina até hoje. Seu desempenhou a levou a ser convidada, em 2013, a integrar o Exército Brasileiro, tornando-se uma atleta militar. Passou por um treinamento específico e hoje é 3º sargento. Honra dedicada apenas a atletas de alto rendimento, fazer parte das Forças Armadas significa também participar em competições como os Jogos Militares. A rotina de Graciele é puxada, com dois treinos diários na piscina e preparação física. A alimentação é regrada e ela conta com a supervisão da mãezona Selma, que prepara suas refeições e pesquisa bastante sobre nutrição para manter a filha com energia e saúde. Ela fala com emoção sobre a mãe, que trabalhou duro para que ela se dedicasse ao esporte, especialmente quando a atleta não contava com patrocínio. Dona Selma é seu grande ídolo, seu principal incentivo e exemplo de vida. Mesmo com a agenda apertada, Graciele ainda encontra tempo para estudar fisioterapia e, sempre que possível, retornar ao sítio da família. Gosta do convívio com os animais e do contato com a natureza. Nos raros momentos de lazer, usufrui de prazeres simples como ir ao cinema e passear no Parcão. Em ano de Olimpíadas no Brasil, está 100% focada no seu principal sonho: conquistar uma medalha. Em dezembro passado ela alcançou o índice olímpico na prova dos 50m Livre, sua especialidade. Em abril haverá uma nova seletiva promovida pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), onde Graciele deve confirmar sua vaga para os Jogos Olímpicos. Se depender da nossa torcida, tanto a classificação quanto a medalha já estão garantidas. POR ANA GUERRA, JORNALISTA

FOTO: EMANUEL DENAUI

CHEGOU AO FIM MAIS UMA LINDA


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CAMILA FERRÉS

Expoente de uma nova geração de estilistas, Camila Ferrés me recebeu em uma manhã chuvosa de verão, em seu belo apartamento em Porto Alegre. Gaúcha de coração, ela nasceu em Montevidéu, no Uruguai, e mudou-se ainda pequena para a capital gaúcha. A paixão pela moda a acompanha desde sempre. Após se formar em Publicidade e Propaganda na PUC-RS, foi de mala e cuia para Madri, onde estudou Design de Moda no prestigiado IED – Instituto Europeo di Design. Já na escola sua estrela brilhou e a coleção criada para sua formatura ganhou o prêmio de Melhor Coleção Feminina. Foi então convidada a participar da Arnhem Mode Biennale, na Holanda, num projeto dirigido pela dupla de designers Klavers Van Engelen. Ela ainda trabalhou no atelier de alta costura do espanhol Nihil Obstat, colaborou para as marcas Delpozo e Sybilla e, de volta ao Brasil, atuou ao lado de Carlos Miéle. Suas experiências lhe mostraram que somente teria liberdade criativa se criasse sua própria marca. No início, em 2010, morando novamente em Porto Alegre, recebeu encomendas para vestidos de festa e de noivas. Eram amigas (e amigas de amigas) que lhe procuravam por conhecer seu bom gosto e talento. E foi na base do boca a boca que seu trabalho foi ganhando espaço, conquistando uma clientela fiel e que, assim como ela, valoriza roupas clássicas. Curiosa como toda sagitariana, lê muito sobre moda e tem uma biblioteca invejável sobre

o assunto. Não acredita em tendências e sim em modelagem, corte e costura. Para ela, o fast fashion vai contra sua crença de que a roupa deve durar anos e, se possível, décadas, sem nunca sair de moda. Neta e sobrinha de arquitetos, ela é fascinada pelo assunto e utiliza princípios e traços da arquitetura em seus projetos de moda – afinal os processos de ambos são parecidos, envolvendo criação, desenho, a busca pelos materiais certos, estrutura, roupagem, etc. Busca inspirações nos mais diversos lugares, seja viajando (um de seus hobbies), lendo ou até mesmo cozinhando – ela é especialista em comidinhas como muffins, bolos e trufas, arte onde investe muito na decoração e apresentação de cada delícia. Suas coleções FRAME e DECO trazem vestidos, saias, tops, calças e peças com a lã orgânica merino, supercharmosas e macias. A estilista cria coleções com roupas versáteis, confortáveis, leves e que combinam entre si, todas feitas artesanalmente por ela. Camila encanta pela simplicidade, honestidade e beleza. É chique, talentosa e jovem – aos 31 anos, vê o interesse por seu trabalho crescer em todo o país. Seu grande projeto para 2016 é expandir, objetivo que, com toda sua garra uruguaia e competência, certamente irá alcançar. www.facebook.com/cf.camila.ferres www.camilaferres.com POR ANA GUERRA, JORNALISTA

Estilo Zaffari

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Palavra LU Í S

AU G U S TO

F I S C H E R

TREZENTOS ANOS PASSADOS

Ando me cuidando para não ficar chato, nem comigo nem com os outros, em função de uma sensação cotidiana que não sei nomear direito, nem direto, mas que me assalta todos os dias, sem falhar um só – a sensação de que meu mundo está ficando para trás, se é que ele ainda existe. Sim, pode ser a mera sucessão dos anos, o acúmulo da experiência, a velhice me espiando ali adiante, como queiramos chamar a passagem do tempo. Creio, porém, ser mais que isso. Sem saber como nomear, descrevo e conto: assino jornais há muito tempo, e sempre fiz questão de receber direito, todos os dias, em casa, para ler de manhã (o jornal porto-alegrense) ou durante o dia, talvez mesmo à noite, depois de retornar a casa (o jornal paulista). Isso e mais algumas revistas semanais, alguma assinatura mensal, e tudo em papel, que tantas e tantas vezes se acumulava em alguma parte da casa, naquela alegre ilusão de que o futuro ia reservar tempo para dar conta de todas as leituras e, a seguir, das sugestões apresentadas nas leituras. Chegou a internet, se popularizou e agora impôs uma mudança na minha vida: a assinatura digital. Os dois jornais diários que assino agora me chegam na tela, ou na telinha. Até o horário da leitura mudou, porque agora é possível ler antes mesmo do café da manhã, antes de qualquer entrega física. Morei um ano fora do Brasil, com uma diferença entre 3 e 5 horas no fusos horário, e lá me acostumei tanto à leitura do formato digital quanto à flexibilidade horária, inédita e agora constante desde que acabou a dependência do papel. Houve vezes em que, acordado e insone, eu lá abria o tablet e lia, na cama mesmo, as notícias e os comentários, numa estranha readequação horária – dava pra driblar a diferença no fuso horário e me colocar em sincronia fina com Porto Alegre, por cima dos milhares de quilômetros de distância física. Não é bom ou mau isso, essa novidade, mas é diferente, especialmente cá dentro da minha memória, esta companheira traiçoeira e imprescindível. Mas se consumou essa

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mudança, a ponto de agora eu estranhar quando pego um exemplar dos jornais em papel – aquele latifúndio de espaço, aquelas letras tão grandes, sei lá, tudo parece fora de proporção. Com o virtual fim do jornal em papel se foram também tantas experiências. Fico com um exemplo apenas, o cheiro. Nunca pensei que sentiria falta do cheiro de papel impresso, perto de mim, ao ler um exemplar, e especialmente ao me aproximar de bancas de jornais e revistas, que exalavam um simpático olor originado nas pilhas de jornais recém-chegados. Revista eu ainda leio em papel, assim como – nem me fale – os livros, em geral. (Ok, eu sucumbi ao formato digital para livros de consulta, os dicionários por exemplo, assim como para livros que eu precise ler imediatamente e estejam longe fisicamente mas ao alcance de uns cliques e módico preço.) Essa mudança, origem do mal-estar mencionado lá em cima, não pode ser menosprezada. Se a informação continua a estar lá, na página do jornal, é certo que a minha relação com ela mudou. E já me assalta outra pergunta: por quanto tempo ainda haverá gente que lá, numa redação de jornal, organiza as páginas que eu vou folhear, virtualmente que seja? Será que no futuro não haverá mais essa forma de ajeitar visualmente as coisas que leio? Será tudo essa barafunda, essa barulheira silenciosa que já está na internet, no facebook, no google? Estamos falando de uma mudança de hierarquização das informações, para muito além da passagem do papel à tela. De uma alteração no modo como cada um de nós se insere no mundo mediante notícias lidas. Uma diferença brutal com um padrão que, no Ocidente, completou uns 300 anos de vida, desde os primeiros jornais diários impressos na Inglaterra. E 300 anos não são 300 dias, como gostava de dizer um velho homem de jornal, Nelson Rodrigues. LUÍS AUGUSTO FISCHER, PROFESSOR DE LITERATURA E ESCRITOR


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