COLEÇÃO ASSIS CHATEAUBRIAND DO MAC/PE
Projeto Cultural Jogando com Arte
Recife, 2013
A História do Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco
jogando com arte
O Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco (MAC-PE)
A direção do museu, que está cadastrado no Sistema
Este caderno educativo faz parte do projeto cultural Jogando com Arte
é mais que um museu. É um monumento, datado de 1765,
Nacional de Museus, constitui-se de uma chefia com o apoio
e tem como proposta apresentar ao público parte da Coleção Assis
que foi planejado a partir de 1722 pelos engenheiros João de
da Associação dos Amigos do MAC (Aamac).
Chateaubriand do Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco (MAC-PE)
Macedo Corte Real e Diogo de Silveira Velozo.
Hoje, enquanto instâncias relevantes para o desenvolvimento
através de propostas de arte-educação.
Foi tombado individualmente em 23 de dezembro de 1966
das funções educativa e formativa, os museus são
O MAC-PE foi inaugurado em 1966 com a exposição das obras doadas
pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Por
compreendidos como instituições dinâmicas que trabalham
por Assis Chateaubriand ao Estado de Pernambuco. Nesse acervo estão
isso, e por se localizar no sítio histórico da cidade de Olinda, é
com o poder da memória. Com ferramentas adequadas,
obras de grandes artistas, como Candido Portinari, Tomie Ohtake, Lasar
também parte do Patrimônio da Humanidade, tombado que
que respeitam a diversidade cultural e natural, construindo
Segall, Manabu Mabe, Francisco Brennand, Almeida Júnior, Djanira, David
foi pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a
uma nova via de acesso ao futuro com mais justiça social,
Hockney, Ladjane Bandeira.
Ciência e a Cultura (Unesco) em resposta à mobilização do
harmonia, solidariedade, liberdade, paz, dignidade e direitos
artista plástico e designer pernambucano Aloísio Magalhães,
humanos, o Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco,
à época Secretário Nacional de Cultura do Brasil.
através da promoção de cursos, oficinas e projetos culturais
Sua sede foi projetada para abrigar o aljube da diocese de Olinda e Recife, tendo sido a única prisão eclesiástica da qual se tem notícia no Brasil. Foi usada para recolhimento de homens e mulheres acusados de delitos contra a Igreja Católica Apostólica Romana, então sob jurisdição
e da mostra, em circuito permanente, de seu acervo, tem cumprido bem o seu papel social, contemporâneo e de patrimônio material e imaterial do Brasil e da humanidade. Célia Labanca DIRETORA DO MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DE PERNAMBUCO
A coleção permite uma leitura da História da Arte do Brasil, desde o academicismo do século XIX até o modernismo de meados dos anos 1960. Através de uma curadoria educativa, as obras foram agrupadas por temas sugeridos pela própria coleção e que favorecem o olhar para esse panorama da arte nacional, rico em significados estéticos e culturais. O primeiro tema é A natureza, que mostra três modos de ver a natureza na arte: a paisagem, os animais e a natureza-morta. A representação do ser humano nas obras de arte sugeriu o segundo tema As pessoas e três maneiras de ser percebido: o retrato e o nu artístico, os personagens reais
eclesiástica, ou que fossem “pretos, mulatos ou feiticeiros”.
e imaginários e cenas e lugares. O terceiro e último tema é O abstrato, que
Com a doação ao Estado de Pernambuco de parte da
desvela obras que tratam das formas e cores.
coleção do Embaixador Assis Chateaubriand, o Governo resolveu por bem instalar nessas dependências o Museu
Neste caderno você vai encontrar informações sobre os artistas e suas
de Arte Contemporânea, que é hoje um complexo cultural.
obras, conhecimentos sobre a História da Arte, questões para reflexões,
Quem foi Assis Chateaubriand?
dicas de fontes de pesquisa, além de sugestões de atividades artísticas.
Chateaubriand, com anfiteatro, ambas em frente à sede, que
Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo (Umbuzeiro/PB, 1892
seus interesses.
fica na Rua Treze de Maio, 157, no Varadouro. Ainda fazem
– São Paulo/SP, 1968), mais conhecido como Assis Chateaubriand, foi
parte do museu duas casas construídas com influência
um dos maiores empreendedores do Brasil nas décadas de 1940 e 1960,
da arquitetura do fim do século XIX e início do século XX,
destacando-se como jornalista, empresário, político e colecionador de arte.
denominadas de Reserva Técnica e Galeria Tereza Costa
Estudou no Ginásio Pernambucano e, aos 15 anos, entrou para a Faculdade
Rêgo, esta última destinada às exposições temporárias de
de Direito do Recife, onde se formou. Iniciou sua carreira jornalística
artistas pernambucanos, nacionais e internacionais. O acervo
escrevendo para o Diario de Pernambuco. Mudou-se para o Rio de Janeiro
é aberto à mostra pública na sede.
em 1915 e, tempos depois, tornou-se dono de um império jornalístico —
Dele fazem parte a sede do museu, cuja história acima se conta; a Capela de São Pedro Advíncula; e a Praça Assis
O Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco tem em sua reserva técnica obras raras, que contam desde o academicismo francês até a contemporaneidade, compondo um dos acervos mais importantes do País, com altíssima importância museológica e museográfica por sua consagrada iconografia de interesse de colecionadores e pesquisadores nacionais e internacionais. Seu total é de mais de 4 mil obras das mais variadas técnicas, épocas, estilos, suportes e autores, cumprindo assim um papel de relevância.
os Diários Associados —, sendo também pioneiro da televisão no Brasil,
Conhecer o valioso acervo da Coleção Assis Chateaubriand do MAC-PE é uma rara oportunidade de ter acesso a um patrimônio artístico e cultural brasileiro muito rico. Com a intenção de contribuir com novas experiências perceptivas e cognitivas a partir das obras dessa coleção, este caderno educativo foi elaborado para que você some nossas propostas aos seus conhecimentos e faça relações com o que já sabe, para tornar tudo muito mais interessante.
criando a TV Tupi em 1950. Com seu espírito inquieto e empreendedor, foi doador de coleções de obras de grandes artistas, fundando quatro museus no Brasil: o Museu de Arte de São Paulo (Masp), em 1947; o Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco (MAC-PE), em 1966; o Museu de Arte Assis Chateubriand (Macc), em Campina Grande (PB); e o Museu Regional de Arte (MRA), em Feira de Santana (BA), ambos em 1967, sendo estes três últimos fundados durante uma campanha nacional para a criação dos museus regionais, idealizada por Chateaubriand, com o objetivo de possibilitar a descentralização dos museus das grandes metrópoles,
Esse museu pertence ao Governo do Estado de Pernambuco
viabilizando a interiorização da arte e o incentivo à descoberta de novos
e administrativamente está ligado à Fundação do Patrimônio
artistas, além de criar espaços de lazer e educação que favorecessem a
Histórico, Artístico e Cultural de Pernambuco (Fundarpe).
apreciação de obras de arte.
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Você pode usar este caderno do jeito que achar mais apropriado aos
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a natureza O prazer de olhar a natureza traz para a arte essa percepção como tema. O ser humano observa a natureza como maneira de entender o mundo em que vive. As representações da natureza em obras artísticas datam da pré-história até nossa contemporaneidade. Desde o século XVI, alguns gêneros artísticos ou categorias de obras foram criados a partir desse assunto, como a pintura de paisagem e a natureza-morta. Mesmo quando a natureza não se constituía como o tema principal da obra de arte, ela aparecia como cenário ou pano de fundo para o conceito da obra, como nas pinturas históricas e de retratos. A Coleção Assis Chateaubriand do MAC-PE é rica em obras que trazem a natureza como assunto. Com a intenção de revelar um panorama desse tema nas suas mais diversas representações, foram escolhidas obras que tratam de três modos de ver a natureza na arte: a paisagem, os animais e a natureza-morta.
a paisagem Na arte, a pintura de paisagem é um gênero artístico em que o tema principal representa cenas da natureza, como montanhas, florestas, rios e mares. Há também outros tipos de paisagens, inspiradas na natureza humana, como as cenas urbanas, de interior ou imaginárias. A pintura de paisagens foi observada inicialmente em murais da Roma Antiga e começou a
Por que estas obras podem ser consideradas paisagens? Qual a natureza representada nestas obras? Quais são as semelhanças e diferenças entre elas?
ser reconhecida como categoria artística a partir do século XVI, durante a Renascença. Desde então, e até o modernismo, a imagem da natureza passa a trazer todo um conteúdo simbólico. A paisagem foi vista como modo de entender a vida e conhecer o mundo. Elementos como distância, perspectiva, proporção, luz natural e até mesmo a figura humana provocam identificação com o observador, que se permite experimentar as sensações e emoções representadas nas paisagens. Essas obras são um convite para adentrar nessas cenas poéticas e vivenciar a experiência desse olhar sensível para a vida e o mundo que existe ao nosso redor.
DJANIRA
Moenda, 1966 Gravura em serigrafia DAREL VALENÇA
Paisagem, 1962 Gravura em metal
Quais são os elementos da pintura de paisagem presentes nesta obra? Que sensações e emoções ela provoca? Esta obra faz você se lembrar de algo?
Alberto Guignard
Paisagem, 1942 Óleo sobre tela ELISEU VISCONTI
Igreja da Candelária, 1962 Óleo sobre tela JOÃO BAPTISTA DA COSTA
A Natureza, s.d. Óleo sobre tela
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TELLES JúNIOR
Paisagem Pernambucana, s.d. Óleo sobre tela ALDO BONADEI
Sem título, s.d. Óleo sobre Eucatex
MáRIO ZANINI
Paisagem, 1942 Óleo sobre tela
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os animais
Como os animais estão representados nestas obras: realistas ou estilizados? Todos os animais representados aqui são da fauna brasileira? Você saberia identificar os lugares onde as pessoas e os animais estão?
Desde a arte rupestre até os dias atuais, figuras de animais aparecem nas representações artísticas como uma maneira de o ser humano entender a vida e a natureza. A pintura animalista pode ser entendida como um gênero artístico independente que traz representações do reino animal, como cavalos, carneiros, aves, peixes, de forma a ser reconhecido pelo observador. Arte figurativa é o termo usado para denominar as manifestações artísticas que representam
Quais os elementos da pintura figurativa presentes nesta obra? Você já viu um pássaro como este? Que relações você faz desta obra com suas memórias?
seres e objetos em suas formas reconhecíveis. Do Renascimento até o final do século XIX, a arte figurativa produzia imagens que exigiam requintada capacidade técnica por parte dos artistas para atingir a verossimilhança. A partir do século XX, o figurativismo passa a permitir produções estilizadas, mas ainda com o reconhecimento daquilo que foi representado. Nessas obras, os animais estão representados das duas formas: realistas e estilizados, e simbolizam, acima de tudo, o olhar para a natureza que completa a vida humana.
WELLINGTON VIRGULINO MENOCHI DEL PICHIA
Cavalos, 1915 Óleo sobre tela MARCELO GRASSMAN
Tatu, 1915 Água-forte
Menino e Gato, s.d. Óleo sobre Eucatex TIAGO AMORIM
Mulheres e Animais, 1959 Óleo sobre compensado
JOÃO BAPTISTA DA COSTA
GUITA CHARIFKER
Ovelhas, s.d. Óleo sobre madeira
Pássaro, 1965 Óleo sobre tela
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a natureza-morta
O termo natureza-morta se refere à arte de representar composições com elementos da natureza junto a objetos, como frutas, flores, garrafas, copos, mesas com comidas e bebidas, livros, instrumentos musicais. Na maioria das vezes, as composições se referem a ambientes internos, cenas cotidianas e de convívio doméstico. A natureza-morta surge como gênero artístico na Renascença, mas é tema frequente do impressionismo e de outras vanguardas modernas, como o cubismo
Por que estas obras podem ser consideradas naturezas-mortas? Quais são os objetos e os elementos da natureza representados nestas obras? Você saberia identificar os lugares destas composições?
e a pop art. É uma arte que pretende representar os objetos e a natureza como são observados na realidade, com riqueza de detalhes, mesmo que estilizados. As composições de natureza-morta se preocupam mais com as combinações de formas e cores do que com os conteúdos simbólicos. Entretanto, a natureza-morta ensina o nosso olhar a contemplar as cenas de interiores, os mundos domésticos ou imaginários da natureza humana, como pode ser percebido nestas obras.
Que relação pode haver entre esta obra e seu título? Você saberia identificar os objetos e elementos da natureza nesta obra?
FRANCISCO BRENNAND
Jarro com Flores, s.d. Óleo sobre tela DAVID HOCKNEY DJANIRA
Natureza Morta, 1966 Serigrafia JOÃO BAPTISTA DA COSTA
Natureza Morta, 1937 Óleo sobre madeira
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Hollywood Collection, Litograph I, 1965 Litogravura MONTEZ MAGNO
Estudo Natureza Morta, 1962 Pigmento e massa e sobre madeira
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as pessoas O ser humano e a humanidade são outro tema constante nas obras de arte. A ideia de representar as pessoas nas suas diversas identidades e culturas é encontrada em diferentes manifestações artísticas, como o retrato e o nu artístico, em cenas históricas, reais ou imaginárias, e na vida cotidiana. A presença humana nas obras de arte é percebida desde a Antiguidade até nossa contemporaneidade, sempre provocando reflexões ao observador quando se depara com a imagem do outro que lhe devolve a imagem de si mesmo. Na Coleção Assis Chateaubriand do MAC-PE, pode-se encontrar um valioso acervo em que as pessoas são o tema central. São obras que revelam uma parte da História da Arte de representar o ser humano e foram escolhidas de forma a mostrar três maneiras de ver e ser visto: retrato e nu artístico, personagens reais e imaginários e cenas e lugares.
o retrato e o nu artístico A arte do retrato e do nu são as duas categorias da
Quem são estas pessoas? A maneira como foram representadas influencia como imaginamos as pessoas nestas obras? Você já ouviu falar em modelo vivo? Você saberia identificar quais são as semelhanças e diferenças entre estas obras?
arte figurativa que trazem como tema central o ser humano representado de forma realista ou estilizada. A representação artística das pessoas acompanha toda a História da Arte, desde a Antiguidade até os dias atuais, em técnicas diversas, como o desenho, a pintura, a escultura e a fotografia. Os retratos, os autorretratos, os nus e todas as demais representações figurativas de pessoas revelam os anseios de gerar reflexões sobre si próprias e sobre o outro. Olhar para essas obras é um exercício de observação individual e de toda uma sociedade, como também uma oportunidade de compreender as variações estilísticas da arte ao longo do tempo.
O que esta imagem nos conta sobre as pessoas retratadas? Você saberia identificar o lugar onde elas estão? Que relações você faz desta obra com suas memórias?
JOÃO BAPTISTA DA COSTA
Nu, 1915 Óleo sobre madeira DAVID HOCKNEY DAVID HOCKNEY
Hollywood Collection, Litograph III, 1965 Litogravura
Hollywood Collection, Litograph V, 1965 Litogravura ANTÔNIO GOMIDE
ELISEU VISCONTI
Nu, s.d. Óleo sobre tela
Figura, 1937 Óleo sobre tela JOÃO BAPTISTA DA COSTA
Figura, 1939 Óleo sobre tela
Figuras, 1955 Óleo sobre tela
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NOEMIA MOURÃO
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os personagens: reais e imaginários Você saberia identificar quais são os adereços utilizados pelos artistas para dar significado aos personagens destas obras? Onde os personagens estão? De que maneira estes personagens estão presentes na nossa cultura?
O que o artista quis representar com os personagens desta obra? Qual o significado do lugar onde eles se encontram? Que relações você faz desta obra com sua vida cotidiana?
As pessoas representadas nas obras de arte, muitas vezes, são apresentadas como personagens encontrados na vida real ou em mundos imaginários. Na História da Arte, além das categorias tradicionais — o retrato, a paisagem e a natureza-morta — o termo pintura de gênero faz referência às representações de cenas e temas cotidianos nos quais os personagens LADJANE BANDEIRA
Iemanjá, 1965 Óleo sobre tela CaNDIDO PORTINARI
Homem com Bicicleta, 1942 Têmpera DJANIRA
Paisagem, 1966 Serigrafia
inseridos nas obras trazem conteúdos simbólicos e narrativas diversas. As paisagens, cenas e os adereços que compõem a obra são recursos utilizados pelos artistas para contextualizar e dar significado ao
CaNDIDO PORTINARI
personagem. Essas obras são um convite para refletir
Jangadeiros, 1942 Têmpera
sobre os personagens presentes na formação de identidades e da nossa cultura.
DJANIRA
Pescador, 1966 Serigrafia ISMAEL NERY
Mangue, s.d. Xilogravura
Sem Título, 1933 Aguada sobre papel
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LASAR SEGALL
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cenas e lugares As representações da vida cotidiana, do mundo do
Quais os lugares representados nestas obras? De que maneira estes personagens estão presentes na nossa cultura? Você saberia imaginar as músicas que estão sendo tocadas?
trabalho, dos espaços domésticos, do interior de uma casa ou de uma paisagem urbana, comemorações de uma sociedade, festas comunitárias, no campo ou na cidade, são os temas encontrados nas pinturas de gênero. No que diz respeito à História da Arte, é possível dizer que a pintura de gênero começou a ser reconhecida como categoria artística a partir do século XVI, durante a Renascença, e, desde então, sua proposta de representar cenas e lugares que mostram a cultura de uma sociedade pode ser encontrada até hoje em diferentes linguagens da arte além da pintura, como a fotografia e o cinema. Na maioria das vezes, as obras registram temas da vida diária através da representação figurativa, real ou estilizada, captando imagens que tratam da comunhão das pessoas com o mundo, como pode ser observado nestas obras.
ALVES DIAS
Festa de Igreja, s.d. Óleo sobre Eucatex TELLES JúNIOR
Que lugar é este? O que o artista quis representar com este lugar? Que relações você faz desta obra com suas memórias?
Engenho Cachoeirinha, s.d. Óleo sobre tela ADÃO PINHEIRO
Nordeste, 1965 Óleo sobre compensado
CaNDIDO PORTINARI
Quarteto de Músicos, 1942 Têmpera
DJANIRA
DJANIRA
Olaria, s.d. Óleo sobre tela
Seresta, 1966 Serigrafia
CaNDIDO PORTINARI
ALMEIDA JÚNIOR
Favela, 1942 Têmpera
Sem Título, 1899 Óleo sobre tela
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o abstrato A arte abstrata, ou abstracionismo, é geralmente entendida como uma forma de arte não figurativa e que se recusa a imitar as coisas da natureza e do mundo. Ela utiliza as relações formais entre cores, linhas e superfícies para compor a obra de uma maneira não representacional. O termo abstrato surge a partir das vanguardas artísticas europeias do início do século XX, que recusam a herança renascentista das academias de arte. Muitos movimentos e artistas aderem à abstração, que se torna um dos eixos centrais da produção artística do modernismo. Na Coleção Assis Chateaubriand do MACPE, pode-se encontrar um valioso acervo de arte abstrata, obras de grandes artistas que permitem conhecer o abstracionismo e suas variantes na trajetória da arte.
formas e cores A simplificação da forma, os novos usos da cor,
Você reconhece as diferentes tendências da arte abstrata nas obras abaixo? Quais são as semelhanças e diferenças entre elas? Quais as emoções que estas obras lhe despertam?
a decomposição da figura e a não representação ilusionista da natureza são características da arte abstrata surgida no início do século XX. É possível notar duas tendências na arte abstrata: o abstracionismo lírico e o abstracionismo geométrico. No abstracionismo lírico as obras recorrem à emoção, ao ritmo da cor e à expressão individual do artista. Já o abstracionismo geométrico apresenta obras que seguem composições racionalistas e utilizam elementos mínimos, como a linha reta, o retângulo e as cores primárias. A arte abstrata como um todo, desde o modernismo, tem a intenção de encontrar uma nova maneira de expressão plástica, livre das representações figurativas, como pode ser percebida nestas obras.
Que relação pode haver entre esta obra e seu título? Você saberia identificar o que o artista quis expressar nesta obra?
WESLEY DUKE LEE
Sem Título, s.d. Desenho MÁRIO CRAVO
Arcaico, 1950 Água-forte MARIA BONOMI
Construção, s.d. Xilogravura
MANABU MABE
Abstrato, 1961 Óleo sobre papel
TOMIE OHTAKE
Composição, 1966 Óleo sobre tela
ANCHINES AZEVEDO
Sem Título, s.d. Óleo sobre madeira
DAVID HOCKNEY
Hollywood Collection, Litograph VI, 1965 Litogravura
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ANTONIO DIAS
Paisagem, 1961 Gravura em metal
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você sabia que...
curiosidades sobre a Coleção Assis Chateaubriand do MAC-PE
A Arte Acadêmica, ou Academicismo
Coleções dentro da Coleção
A arte acadêmica, ou academicismo, é o termo dado à arte produzida nas
Hollywood Collection (1965), de David Hockney
academias de arte. Surgida na Europa, no século XVI, sua influência foi
A coleção intitulada Hollywood Collection, de David Hockney, foi produzida
disseminada em vários outros países durante o século XVIII. As academias
em 1965 e forma um conjunto de litografias em cores. Cada impressão
de arte foram as responsáveis por estabelecer uma formação artística
apresenta um gênero diferente da pintura: natureza-morta, paisagem,
uniformizada, fundamentada pelo ensino prático (aulas de desenho de
retrato, nu e arte abstrata. Essa coleção foi doada por Chateaubriand
observação e cópias de moldes) e teórico (estudo das ciências — geometria,
ao MAC-PE em 1966, constituindo parte do primeiro acervo do museu,
anatomia e perspectiva — e das humanidades — história e filosofia). As
e pode ser apreciada como uma visão da pop art sobre as categorias
academias defenderam a criação artística por meio de regras e criaram
tradicionais da arte, criadas por Hockney em um de seus primeiros
termos como belas-artes, artes maiores, arte pura. Além do ensino, as
trabalhos com gravura.
academias organizavam exposições, concursos, prêmios, pinacotecas e coleções, assumindo o controle da atividade artística e estabelecendo os padrões de gosto de uma época.
A Missão Artística Francesa e a Academia Imperial de Belas Artes Em 1816, aportou no Rio de Janeiro a Missão Artística Francesa, durante o império de Dom João VI, com o objetivo de lançar as bases de uma instituição de ensino em artes e ajudar nos processos
As gravuras de Djanira
de renovação na nova capital do reino. Dentre artistas e técnicos, destacam-se nomes como o
Em 1961, Djanira, nome de destaque do modernismo brasileiro, produziu
pintor histórico Debret (1768–1848) e o arquiteto Grandjean de Montigny (1776–1850). A Missão
uma série de cinco gravuras utilizando a técnica da serigrafia e guache
Artística Francesa é considerada a fundadora do ensino formal de artes no Brasil. Em 1826, no Rio
sobre papel. Nesta série, a artista apresenta seus temas mais correntes —
de Janeiro, foi criada a Academia Imperial de Belas Artes, que inaugurou oficialmente o ensino
os retratos, a música popular, o trabalho e as pequenas unidades urbanas
artístico no Brasil em moldes semelhantes aos das academias de arte europeias, assumindo um
— e mostra seu estilo inconfundível de formas geometrizadas e cores
papel central na determinação dos rumos da arte nacional durante a segunda metade do século
harmoniosamente vibrantes. Como parte da Coleção Assis Chateaubriand
XIX. Com a proclamação da República, a Academia passou a se chamar Escola Nacional de Belas
do MAC-PE, esta é mais uma oportunidade de percorrer os diferentes temas
Artes. Foi extinta em 1931, porém retomada pela Universidade do Rio de Janeiro como Escola de
da arte através do olhar dessa artista que pintou sua paixão pelo Brasil.
Belas Artes da Universidade do Rio de Janeiro até os dias de hoje.
Movimentos de Vanguarda Na arte, o termo vanguarda passou a referir-se aos
Semana de Arte Moderna de 1922
movimentos artísticos que se colocam culturalmente
A Semana de Arte Moderna, também chamada de
à frente do seu tempo, abrindo o caminho para novas
Semana de 22, ocorreu em São Paulo, no ano de 1922,
ideias, novas mentalidades, novas culturas. A arte de
e foi um marco no modernismo brasileiro. O evento
vanguarda procura romper com toda a concepção
marcou época ao apresentar novas ideias e conceitos
artística e cultural vigente à sua época, buscando novas
artísticos em busca de uma identidade própria e de uma
estruturas, estéticas e pensamentos. Os movimentos
maneira mais livre de expressão através da ruptura
Em julho de 2010, uma obra do pintor paulista Candido Portinari foi
de vanguarda na arte, advindos principalmente
com o passado. Seu objetivo era renovar o ambiente
roubada do MAC-PE. O quadro intitulado Enterro, de 1959, faz parte da
do final do século XIX e início do XX, tinham como
artístico e cultural brasileiro nas suas diversas
Série Azul do pintor e integra a Coleção Assis Chateaubriand do museu.
ímpeto o rompimento com os códigos estabelecidos
linguagens, como pintura, escultura, arquitetura,
A pintura, avaliada em R$ 2 milhões, foi reencontrada no Rio de Janeiro
especialmente pela arte acadêmica. O modernismo
música e literatura. Participaram da Semana nomes
um mês após o roubo e devolvida ao MAC-PE. Por esse fato, o quadro
representa a inquietude dessa época e abrange diversas
consagrados do modernismo brasileiro, como Mário
virou um dos destaques do acervo do museu e sempre atrai curiosos
correntes artísticas de vanguarda, como cubismo,
de Andrade, Oswald de Andrade, Victor Brecheret,
quando está em exposição.
futurismo, surrealismo, dadaísmo e expressionismo.
Anita Malfatti, Menotti del Pichia, Heitor Villa-Lobos
O quadro roubado
e Di Cavalcanti. 26
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propostas de atividades artísticas 4. Retrato multicultural Olhar para o retrato de uma pessoa ou um grupo de pessoas, seja uma
1. Se essa paisagem fosse minha…
pintura, um desenho ou uma fotografia, leva-nos a refletir sobre o outro e também sobre nós mesmos. Então, que tal fazermos um retrato onde não
Que tal escolher uma das paisagens da Coleção Assis
exista uma pessoa definida, mas várias pessoas em uma só? Um retrato
Chateaubriand do MAC-PE e imaginar que ela pode ser
com traços de diferentes raças, identidades e culturas? Para isso vamos
sua? Pra começar, escolha a paisagem com que você
precisar de revistas para recortar e montar esse retrato. Escolha rostos de
mais se identifica e observe bem todos os elementos
pessoas diferentes, que mostrem a diversidade dos seres humanos. Recorte
que o artista usou na obra: as cores, a luz, a distância
partes do rosto em tiras horizontais, por exemplo, só os olhos de um rosto,
a que ele estava quando pintou a paisagem, se é
o nariz de outro rosto, a boca, a testa, o cabelo. Depois faça uma colagem,
realista ou estilizada, se é do campo ou da cidade,
montando um rosto com traços diversos, um retrato multicultural. No final
enfim, tudo que compõe a cena. Depois disso, procure
da atividade, eis a questão: “Ao olhar para o retrato de outra pessoa, o que
reproduzir a paisagem utilizando a técnica com que
posso descobrir sobre mim?”.
você mais se identifica — desenho, pintura, fotografia, colagem, etc. — sobre o suporte que quiser: papel, tecido, meios digitais, etc. Em seguida, interfira com
2. Viva a bicharada!
os novos elementos que você gostaria que estivessem
Cuidar da natureza também é cuidar dos animais. Então, que tal espalhar
presentes nessa paisagem, usando a sua imaginação,
essa ideia por aí com moldes vazados? Para isso você vai precisar criar
experimentando a sensação de recriá-la, como se ela
diferentes silhuetas de animais: pássaros, gatos, cachorros, vacas, peixes,
Muitas das obras da Coleção Assis Chateaubriand trazem pinturas e desenhos de personagens
fosse sua... No final da atividade, coloque as paisagens
elefantes, entre tantos outros do reino animal. Os bichos podem ser
e lugares cheios de significados. Então, que tal exercitar nosso olhar e captar esse mesmo
uma ao lado da outra — a original e a sua — e
desenhados ou recortados de revistas. Crie as silhuetas e também uma
tema através da fotografia? Pra começar, escolha uma obra com que você mais se identifique
responda: “Que história pode ser criada a partir dessas
palavra ou mesmo uma frase sobre o cuidado com os animais. Use sua
e observe bem todos os elementos utilizados pelo artista: quem é o personagem, qual é o
duas paisagens?”.
imaginação. Transfira sua composição para uma base firme (papel-cartão
lugar, quais são as cores, a luz, enfim, tudo o que compõe a cena. Depois disso, imagine de
ou radiografias antigas). Recorte seguindo o contorno da composição para
que maneira você poderá criar uma série de fotografias tendo aquela obra como fonte de
fazer o molde vazado. Aplique o molde vazado sobre diferentes superfícies
inspiração. As fotografias podem ser feitas com máquinas digitais ou com telefone celular, e
(folhas de papel, camisetas, adesivos) utilizando uma esponja e tintas de
você pode usar sua criatividade para transmitir, através das suas fotos, os significados contidos
cores diversas (guache ou tinta para tecido). Crie composições e comece sua
na obra escolhida. No final da atividade, organize uma exposição com suas fotos junto com a
campanha Viva a bicharada!. No final da atividade, responda: “Quais são os
reprodução da obra que lhe inspirou e responda: “Que relações podem ser feitas entre a pintura
animais que fazem parte do seu cotidiano?”.
escolhida e a série de fotografias?”.
3. Que composição é essa? A natureza-morta é uma composição com objetos inanimados e elementos
5. Cenas e personagens
6. Para ver o som
da natureza, como flores e frutas. E se essa composição não fosse tão
Muitos artistas se inspiram na música para criar suas
inanimada assim, tornando-se uma “natureza-viva”? Para isso, vamos fazer
obras abstratas. Que tal fazer esse exercício? Para
um exercício de animação com fotografias, seja com câmeras tradicionais
isso você vai precisar de materiais de pintura — tintas
ou de celular. Pra começar, escolha objetos, flores e frutas e distribua sobre
guache, lápis de cor, lápis pastel, etc. — e um suporte à
uma mesa. Crie diferentes composições com eles e fotografe sempre que
sua escolha: papéis, tecidos, etc. Escolha uma música
mudar suas posições. Em seguida, observe a sequência das fotografias,
que inspire você a criar relações entre formas e cores,
da primeira à última imagem capturada, e perceba as formas e cores das
de maneira a não representar a realidade. Use a sua
composições. Apesar de serem composições de naturezas-mortas, quando
imaginação! No final da atividade, reflita: “Qual é a
vistas em sequência, ficam parecendo que são “naturezas-vivas”. No final da
relação dessa imagem com o som?”.
atividade, reflita: “O que mais chamou a atenção nessas composições?”.
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jogando com arte Nas próximas páginas, você irá encontrar imagens das obras deste caderno. Nossa proposta é que você as utilize tanto para criar jogos educativos como também nas atividades propostas. Você poderá imaginar diversos jogos que possam envolver narrativas, desenhos, peças de teatro, músicas, histórias em quadrinhos, novelas e mais uma infinidade de possibilidades que provoquem novas experiências perceptivas e cognitivas. Que essas imagens gerem boas ideias e que você as utilize como a sua imaginação achar mais interessante!
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DJANIRA
DJANIRA
DJANIRA
DJANIRA
Paisagem, 1966 Serigrafia 32 x 48 cm
Moenda, 1966 Serigrafia 32 x 48 cm
Natureza Morta, 1966 Serigrafia 32 x 48 cm
Seresta, 1966 Serigrafia 32 x 48 cm
DJANIRA
ADÃO PINHEIRO
FRANCISCO BRENNAND
ALVES DIAS
Pescador, 1966 Serigrafia 32 x 48 cm
Nordeste, 1965 Óleo sobre compensado 135 x 85 cm
Jarro com Flores, s.d. Óleo sobre tela 100 x 81 cm
Festa de Igreja, s.d. Óleo sobre Eucatex 50 x 65 cm
LADJANE BANDEIRA
DJANIRA
TIAGO AMORIM
GUITA CHARIFKER
Iemanjá, 1965 Óleo sobre tela 130 x 81 cm
Olaria, s.d. Óleo sobre tela 162 x 114 cm
Mulheres e Animais, 1959 Óleo sobre compensado 112 x 161 cm
Pássaro, 1965 Óleo sobre tela 130 x 81 cm
ELISEU VISCONTI
JOÃO BAPTISTA DA COSTA
JOÃO BAPTISTA DA COSTA
JOÃO BAPTISTA DA COSTA
Nu, s.d. Óleo sobre tela 39 x 32 cm
Figuras, 1955 Óleo sobre tela 71 x 96 cm
Nu, 1915 Óleo sobre madeira 45 x 56 cm
Paisagem, s.d Óleo sobre madeira 48 x 58 cm
ALMEIDA JÚNIOR
JOÃO BAPTISTA DA COSTA
TELLES JúNIOR
ALDO BONADEI
Sem Título, 1899 Óleo sobre tela 45 x 54 cm
Ovelhas, s.d. Óleo sobre madeira 48 x 61 cm
Paisagem Pernambucana, s.d. Óleo sobre tela 30 x 52 cm
Sem Título, s.d. Óleo sobre Eucatex 50 x 40 cm
JOÃO BAPTISTA DA COSTA
JOÃO BAPTISTA DA COSTA
TELLES JúNIOR
TELLES JúNIOR
Natureza Morta, 1937 Óleo sobre madeira 24 x 33 cm
A Natureza, s.d. Óleo sobre tela 75 x 55 cm
Engenho Cachoeirinha, s.d. Óleo sobre tela 42 x 60 cm
Cheia na Estrada dos Remédios, 1877 Óleo sobre tela 42 x 67 cm
DAVID HOCKNEY
DAVID HOCKNEY
DAVID HOCKNEY
DAVID HOCKNEY
Hollywood Collection, Litograph I, 1965 Litogravura 77 x 51 cm
Hollywood Collection, Litograph II, 1965 Litogravura 77 x 51 cm
Hollywood Collection, Litograph III, 1965 Litogravura 77 x 51 cm
Hollywood Collection, Litograph VI, 1965 Litogravura 77 x 51 cm
DAVID HOCKNEY
CaNDIDO PORTINARI
CaNDIDO PORTINARI
CaNDIDO PORTINARI
Hollywood Collection, Litograph V, 1965 Litogravura 77 x 51 cm
Homem com Bicicleta, 1942 Têmpera 44 x 34 cm
Favela, 1942 Têmpera 44 x 34 cm
Jangadeiros, 1942 Têmpera 44 x 34 cm
CaNDIDO PORTINARI
CaNDIDO PORTINARI
ANToNIO GOMIDE
NOEMIA MOURÃO
Quarteto de Músicos, 1942 Têmpera 44 x 34 cm
Enterro, 1959 Óleo sobre madeira 24 x 33 cm
Figura, 1937 Óleo sobre tela 55 x 45 cm
Figura, 1939 Óleo sobre tela 46 x 38 cm
MANABU MABE
MONTEZ MAGNO
DAREL VALENÇA
ISMAEL NERY
Abstrato, 1961 Óleo sobre papel 70 x 50 cm
Estudo Natureza Morta, 1962 Pigmento e massa sobre madeira 26 x 30 cm
Paisagem, 1962 Gravura em metal 50 x 70 cm
Sem Título, 1933 Aguada sobre papel 24 x 20 cm
MÁRIO CRAVO
LASAR SEGALL
MARIA BONOMI
WESLEY DUKE LEE
Arcaico, 1950 Água-forte 29 x 16 cm
Mangue, s.d. Xilogravura 32 x 42 cm
Construção, s.d. Xilogravura 51 x 16 cm
Sem Título, s.d. Desenho 70 x 50 cm
ANTONIO DIAS
ANCHINES AZEVEDO
TOMIE OHTAKE
MENOCHI DEL PICHIA
Paisagem, 1961 Gravura em metal 35 x 48 cm
Sem Título, s.d. Óleo sobre madeira 94 x 122 cm
Composição, 1966 Óleo sobre tela 55 x 45 cm
Cavalos, 1915 Óleo sobre tela 46 x 55 cm
biografia dos artistas ADÃO PINHEIRO Adão Odacir Pinheiro | Santa Maria do Boca do Monte, RS (1938).
Pintor, ilustrador, artista gráfico, gravador, entalhador e cenógrafo. Em Pernambuco, participou do Ateliê Coletivo, em 1956, grupo que tinha como intenção romper com a arte acadêmica, levantar temáticas regionais e levar a arte para o povo. Em Olinda, foi um dos organizadores do Ateliê Coletivo no Mercado da Ribeira em 1964, ao lado de artistas como Wellington Virgulino, João Câmara e Guita Charifker. Ainda em Olinda, foi professor de desenho e entalhe na Escolinha de Arte no Palácio dos Bispos e, em 1968, foi pesquisador do artesanato popular do Nordeste e da cultura africana. ALBERTO GUIGNARD Alberto da Veiga Guignard | Nova Friburgo, RJ (1896) – Belo Horizonte, MG (1962).
Pintor brasileiro que ficou famoso por retratar paisagens mineiras. Aos 11 anos de idade mudou-se com a família para a Europa, onde começou sua formação artística, primeiramente na Real Academia de Belas Artes de Munique, depois em Florença e Paris. De volta ao Brasil, nos anos 1920, tornou-se um nome representativo na arte nacional. Foi um artista completo, atuando em todos os gêneros da pintura — de naturezas-mortas, paisagens, retratos até pinturas com temática religiosa e política, além de temas alegóricos. Guignard também dedicou sua vida às aulas de desenho e à pintura que ministrou no Instituto de Artes do Distrito Federal e na Escola de Belas Artes de Belo Horizonte, hoje conhecida como Escola Guignard. ALDO BONADEI
até então inéditos na produção acadêmica brasileira: o amplo destaque conferido a personagens simples e anônimos e a fidedignidade com que retratou a cultura caipira, suprimindo a monumentalidade em voga no ensino artístico oficial em favor de um naturalismo. ALVES DIAS Antônio Alves Dias | Limoeiro, PE (1934).
Artista plástico, poeta e sociólogo, teve como esposa a pintora Gina Alves Dias (1929–2009). O período em que trabalhou com o escultor Corbiniano Lins (1924) foi parte da formação do artista pernambucano. Participou de exposições em mostras, salões e bienais, além de, por exemplo, organizar a exposição Em torno de um certo Wellington Virgolino, no Museu do Estado de Pernambuco, da qual participou ele mesmo junto com outros artistas. A temática de Alves Dias é ampla, abordando temas que vão do misticismo ao cangaço. ANCHISES AZEVEDO Anchises Azevedo | Salvador, BA (1933).
O pintor e gravador Anchises estudou na Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro e posteriormente ingressou na Sociedade de Arte Moderna, em 1955. Em 1958, na cidade de Olinda, o artista montou um ateliê junto com Montez Magno (1934) e Adão Pinheiro (1938). Em 1976, mudou-se para Pau Amarelo, Paulista, Pernambuco. Lá, em seu ateliê, pintou uma série de marinhas representando o cotidiano dos pescadores locais. A diversidade de seus temas é ponto notório na sua produção. ANTONIO DIAS
1920, mudou-se para a França, onde manteve um ateliê e o contato com os artistas de vanguarda, como Picasso e Braque. O artista voltou ao Brasil em 1929, associando-se rapidamente ao movimento de renovação das artes plásticas, preconizado pela Semana de Arte Moderna de 1922, ao lado de Anita Malfatti, Di Cavalcanti e outros. Participou do Salão dos Independentes de Paris, da I Exposição de Arte Moderna e da I Bienal Internacional de São Paulo (1951). Em sua pintura prevalece a figura humana. CANDIDO PORTINARI Candido Torquato Portinari | Brodowski, SP (1903) – Rio de Janeiro (1962).
Portinari é considerado um dos artistas mais prestigiados do Brasil e foi o pintor brasileiro a alcançar maior projeção internacional. Pintou quase 5 mil obras que variavam de pequenas pinturas a gigantescos murais. Iniciou sua formação artística na Escola Nacional de Belas Artes, em 1919. Em 1929, foi para a Europa, onde conheceu obras de grandes pintores como Henri Matisse, Amedeo Modigliani e Pablo Picasso. Retorna ao Brasil em 1931, dando início ao seu estilo modernista de pintura. A produção de Portinari é variada em seus temas e em algumas telas apresentam jogos infantis, cenas de circo, figuras diminutas, sem rostos, contrastando com a imensidão da paisagem, na qual predominam os tons de marrom. Revela forte preocupação social, procurando captar tipos populares e enfatizar o papel dos trabalhadores. DAREL VALENÇA Darel Valença Lins | Palmares, PE (1924).
Gravurista, desenhista, ilustrador e professor
Antonio Manuel Lima Dias | Campina Grande,
brasileiro. Em 1937 aprendeu desenho técnico
Aldo Cláudio Felipe Bonadei | São Paulo, SP
PB (1944).
e começou a dedicar-se ao desenho à mão
(1906) – São Paulo, SP (1974).
Artista multimídia, Antonio Dias frequentou a Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, em 1959, e ilustrou capas de livros de grandes autores. Através de bolsas, residiu em Paris, Nova York e ampliou sua formação através de viagens para a Itália, a Índia e o Nepal. No Brasil, foi professor na Universidade Federal da Paraíba, onde criou o Núcleo de Arte Contemporânea. Ainda como professor, lecionou na Áustria e na Alemanha. Sua produção artística é ampla, abordando linguagens diversas como a pintura, a escultura e a gravura — em relação a esta última, foi aluno do mestre Oswaldo Goeldi (1895–1961).
livre. Entre 1941 e 1942, estudou na Escola de
José Ferraz de Almeida Júnior | Itu, SP (1850) –
ANTONIO GOMIDE
DAVID HOCKNEY
Piracicaba, SP (1899).
Antonio Gonçalves Gomide | Itapetininga, SP
David Hockney | Bradford, Inglaterra (1937).
Pintor e desenhista brasileiro da segunda
(1895) – Ubatuba, SP (1967).
Pintor, artista, cenógrafo, fotógrafo e grava-
metade do século XIX. É frequentemente
Com a sua família, Gomide mudou-se para a Suíça aos 18 anos e lá passou a frequentar a Academia de Belas Artes de Genebra. Em
dor britânico, considerado um dos artistas
Pintor brasileiro que teve importante atuação, entre os anos 1930 e 1940, na consolidação da arte moderna paulista. Além de pintar naturezas-mortas e paisagens, o artista foi um dos pioneiros no desenvolvimento da arte abstrata no Brasil. O interesse por diferentes áreas levou-o a desenvolver atividades em poesia, moda e teatro. No fim da década de 1950, atuou como figurinista no teatro e no cinema, como na peça Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, e em dois filmes de Walter Hugo Khoury. ALMEIDA JÚNIOR
aclamado como precursor da abordagem de temática regionalista, introduzindo assuntos
Belas Artes, no Recife. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1945, onde aprendeu gravura em metal. Viveu na Itália de 1958 a 1960, época em que realizou doze murais para a cidade de Reggio Emilia. De volta ao Rio de Janeiro, ilustrou diversas obras literárias, retomou as atividades no jornalismo, lecionou litografia na Fundação Armando Álvares Penteado – Faap, em São Paulo e executou painéis para a sede do Ministério das Relações Exteriores em Brasília (1968 e 1969). Na Europa, criou a série Cidades, que sugere casas, ruas e becos das cidades por onde passou.
mais influentes do século XX. Durante a década de 1960, Hockney teve importante 39
contribuição para a arte pop. Pintou retratos em diferentes períodos de sua carreira, muitos deles retratavam amigos, amantes e parentes, alguns em tamanho natural. Em 1965, na Califórnia, criou uma série de litografias com temas de Los Angeles. Hockney foi um dos fundadores do Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles, em 1979. No início de 1980, Hockney começou a produzir fotocolagens usando impressões de fotografias de um único assunto, criando uma colcha de retalhos para fazer uma imagem composta. Desde 2009, pintou centenas de retratos, naturezas-mortas e paisagens utilizando programas e recursos de computadores.
GUITA CHARIFKER
em diversas coleções particulares do Brasil,
Guita Charifker | Recife, PE (1936).
dos Estados Unidos, da Europa e de Israel.
Pintora, desenhista, gravadora e escultora pernambucana. Estudou no Ateliê Coletivo da Sociedade de Arte Moderna, no Recife, sob orientação de Abelardo da Hora (1924). Colaborou, em 1964, com a fundação do Atelier da Ribeira, em Olinda, Pernambuco, do qual participou também João Câmara (1944). Em 1985, organizou o Ateliê Coletivo, em Olinda, junto a Gil Vicente (1958), José Cláudio (1932) e Gilvan Samico (1928), entre outros. As obras de Guita carregam inspirações surreais e representam, em parte, relações das formas entre animais, humanos e vegetais.
LASAR SEGALL Lasar Segall | Vilnius, Lituânia (1892) – São Paulo, SP (1957).
Pintor, escultor e gravurista judeu brasileiro nascido na Lituânia. O trabalho de Segall tem influências do impressionismo, expressionismo e modernismo. Seus temas mais significativos foram representações pictóricas do sofrimento humano: a guerra, a perseguição e a prostituição. No ano de 1923, Lasar Segall mudou-se definitivamente para o Brasil. Já era um artista conhecido. Contudo, foi aqui que, segundo suas próprias
DJANIRA
ISMAEL NERY
palavras, sua arte ficou como o “milagre da
Djanira da Motta e Silva | Avaré, SP (1914) – Rio
Ismael Nery | Belém, PA (1900) – Rio de Janeiro,
luz e da cor”. Foi um dos primeiros artistas
de Janeiro, RJ (1979).
RJ (1934).
modernistas a expor no Brasil.
Pintora, desenhista, ilustradora, cenógrafa e gravadora brasileira. Considerada uma das mais importantes artistas brasileiras do século XX, interpretou de maneira singela e poética a paisagem nacional e os habitantes e costumes do País. Na década de 1940, sua pintura utilizava tons neutros, como cinza e marrom, e já apresentava o gosto pela geometrização das formas. Na década seguinte, sua palheta se diversificou com uso de cores vibrantes. Djanira trabalhou ainda com xilogravura, gravura em metal e fez desenhos para tapeçaria e azulejaria.
Pintor brasileiro de influência surrealista. Seus temas remetem sempre à figura humana: retratos, autorretratos e nus. Não se interessou pelos temas nacionais, indígenas e afro-brasileiros, que considerava regionalistas e limitados. Dedicou-se a várias técnicas aplicadas em desenhos e ilustrações de livros. Foi, também, cenógrafo. A obra de Nery permaneceu ignorada do público e da crítica até 1965, quando teve seu nome inscrito na 8ª Bienal de São Paulo, na Sala Especial de Surrealismo e Arte Fantástica.
MANABU MABE Manabu Mabe | Kumamoto, Japão (1924) – São Paulo, SP (1997).
Pintor, desenhista e tapeceiro japonês naturalizado brasileiro. Pioneiro do abstracionismo no Brasil. Em 1934, chega ao Brasil com a família para trabalhar nas lavouras de café do interior de São Paulo. Tem uma infância pobre, adaptando um ateliê no meio da lavoura para pintar naturezas-mortas
público para visitas, na cidade de Olinda.
explora ritmos, combinatórias, fragmentações, projetos, métricas e sínteses, atravessando diversas linguagens artísticas.
TOMIE OHTAKE Tomie Ohtake | Kyoto, Japão (1913).
Pintora japonesa naturalizada brasileira.
NOEMIA MOURÃO
É uma das principais representantes do
Noemia Mourão Moacyr | Bragança Paulista,
abstracionismo informal. Sua obra abrange
SP (1912) – São Paulo, SP (1992).
pinturas, gravuras e esculturas. Vem para
Pintora, cenógrafa e desenhista brasileira.
o Brasil em 1936, fixando-se em São Paulo.
Em 1932, estudou com Di Cavalcanti, com
Após um breve período de arte figurativa, a
quem casou no ano seguinte. Entre 1935 e
artista define-se pelo abstracionismo. A par-
1940, viveu em Paris (França) e frequentou
tir dos anos 1970, trabalha com serigrafia,
as Academias Ranson e de La Grande Chau-
litogravura e gravura em metal. Surgem em
miere e estudou Filosofia e História da Arte
suas obras as formas orgânicas e a sugestão
na Sorbonne. Colaborou como ilustradora,
de paisagens. Na década de 1980, passa a
para os jornais Le Monde e Paris Soir e foi
utilizar uma gama cromática mais intensa
contratada pela Radio Difusion Française
e contrastante. Dedica-se também à escultu-
para participar de um programa sobre
ra e realiza algumas delas para espaços
literatura e artes plásticas, juntamente com
públicos. Em 2000, é criado o Instituto Tomie
Cícero Dias, Tavares Bastos e Marcelino de
Ohtake, em São Paulo.
Carvalho. De volta ao Brasil, estudou escultura com Victor Brecheret.
WELLINGTON VIRGULINO Wellington Virgulino de Souza | Recife, PE
a Sociedade de Arte Moderna do Recife.
16 anos, mudou-se com a família para Rio
Em 1969 realizou sua primeira exposição
Grande, onde iniciou seus estudos de pintura
individual, ocorrida na Galeria do Teatro do
com Eduardo de Martino. Em 1870 transfe-
Parque, no Recife. Participou de inúmeras
riu-se para o Rio de Janeiro, e aí ingressou
mostras coletivas, dentre as quais destacam-
como aprendiz no Arsenal da Marinha, ao
-se a VI e a VII Bienal Internacional de São
mesmo tempo em que estudava desenho e
Paulo (1961 e 1963). Welington Virgolino ficou
frequentava o Liceu de Artes e Ofícios. Logo
conhecido pela pintura de dimensões estili-
depois voltou ao Recife, e lá se interessou
zadas, apresentando certas deformações nos
também pela fotografia. A partir de 1880,
corpos das figuras humanas e dos elementos
passou a se dedicar ao magistério na So-
que compunham a tela. Autodenominado de
Paulo Menotti Del Pichia | São Paulo, SP (1892)
ciedade dos Artistas, Mecânicos e Liberais e
modernista/figurativo, retratava gente do
– São Paulo, SP (1988).
no Liceu de Artes e Ofícios de Pernambuco,
povo, operários de construção e as expres-
Poeta, jornalista, tabelião, advogado, político, romancista, cronista, pintor e ensaísta brasileiro. A importância histórica de Menotti del Picchia para o Modernismo brasileiro é reconhecida por todos: além de ter sido o responsável pela apresentação dos conceitos estéticos durante a Semana de Arte Moderna de 1922, o autor militou em favor do movimento em sua coluna diária no Correio Paulistano, tornando-se assim um de seus principais cronistas. Embora tenha atuado na linha de frente do movimento modernista brasileiro, Menotti del Picchia desenvolveu obra ainda influenciada pelas correntes estéticas com as quais o Modernismo procurou romper.
do qual foi diretor, e à política, trabalhan-
sões do sentimento de cada personagem,
do para a melhoria das condições de vida
mostrando as frustrações e os sofrimentos da
da classe operária, elegendo-se deputado
vida precária do trabalhador brasileiro.
Maria Bonomi é uma artista plástica ítalo-
Rio de Janeiro, RJ (1926).
participa do Salão Nacional de Arte Moder-
– Rio de Janeiro, RJ (1944).
Pintor, desenhista, professor e ilustrador brasileiro. Em 1885, começou a estudar na Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro. A partir de 1906, foi professor na Escola Nacional de Belas Artes, instituição que dirigiu a partir de 1915 e onde trabalhou até sua morte. Com amigos artistas, como Antônio Parreiras, Eliseu Visconti e Belmiro de Almeida, fez incursões à cidades e pontos históricos, dedicando-se à pintura ao ar livre. Seu trabalho sempre foi voltado para a paisagem brasileira.
na, no Rio de Janeiro. Em 1959, obtém o prê-
40
Pintor, decorador, ceramista e professor. Filho de imigrantes italianos, desenvolve sua trajetória artística em São Paulo. Em 1927, torna-se amigo de Alfredo Volpi, vindo a integrar, juntamente com esse artista, o Grupo Santa Helena. Tanto na gravura como na pintura, o artista representa diversas cenas da cidade de São Paulo. A temática da vida urbana é constante em sua produção, mas realiza também muitas paisagens, em que retrata os subúrbios paulistanos que começavam a ser tomados pela metrópole. Acompanhado por outros artistas do Grupo Santa Helena, realiza frequentes viagens ao litoral e interior do Estado de São Paulo, que lhe servem de inspiração.
carentes. Nesses dias, seu ateliê é aberto ao
vários livros de sua própria autoria. Sua obra
Ginásio Pernambucano e, em 1950, integrou
Eliseu D’angelo Visconti | Salermo, Itália (1866)
Escultor, pintor e desenhista que desenvolve seu trabalho em diversos suportes. Entretanto é mais conhecido pelo seu trabalho como ceramista. Na década de 1940, Brennand pinta principalmente naturezas-mortas, flores e frutos com linhas e formas simplificadas, aplicando com predominância cores puras. No Recife, no bairro da Várzea, localiza-se a Oficina Brennand, que é, ao mesmo tempo, oficina e museu com exposição permanente de painéis, murais e esculturas do artista.
Paulo, SP (1971).
tra oficinas de arte e cultura para crianças
O Diabo na Noite de Natal, de Osman Lins, e
Pintor, desenhista e professor brasileiro. Com
pintura feita com manchas. No ano seguinte,
nand | Recife, PE (1927).
Mário Zanini | São Paulo, SP (1907) – São
Às terças, quintas e sábados, o artista minis-
instalações e fotomontagens. Ilustrou o livro
Pintor e desenhista brasileiro. Estudou no
João Baptista da Costa | Itaguaí, RJ (1865) –
Francisco de Paula Coimbra de Almeida Bren-
MÁRIO ZANINI
no exterior, que lhe renderam vários prêmios.
ção artística dentre pinturas, esculturas,
– Idem (1914).
ELISEU VISCONTI
FRANCISCO BRENNAND
Escultor, pintor, gravador e desenhista brasileiro. Faz parte da primeira geração de artistas plásticos modernistas da Bahia. Em 1994, doa várias obras para o Estado da Bahia, que passam a compor o acervo do Espaço Cravo, localizado no Parque Metropolitano de Pituaçu, em Salvador. Em 70 anos de atividade como artista plástico, ele reúne inúmeras exposições individuais e coletivas, prêmios, esculturas em espaços abertos em muitos pontos do Brasil, sobretudo em Salvador, além de obras adquiridas por museus internacionais.
diversas exposições, tanto no Brasil quanto
Montez Magno possui uma vasta produ-
(1929) – Recife, PE (1988).
na qual mescla a caligrafia oriental com a
mio de melhor pintor nacional da V Bienal de São Paulo e o de destaque internacional na Bienal de Paris. A pintura de Manabu Mabe percorreu o caminho da figuração até a abstração, explorando a expressão através da cor, textura e do traço. MARCELO GRASSMAN Marcelo Grassman | São Simão, SP (1925).
Desenhista e gravador brasileiro. Ele se destaca por ser um dos mais premiados desenhistas brasileiros na história da Arte Moderna. Participou de mais de 300 exposições.
Maria Ladjane Bandeira de Lira | Nazaré
Famoso principalmente por suas gravuras,
da Mata, PE (1927) – Recife, PE (1999).
Marcelo Grassmann encontrou também nos
Poetisa, crítica de arte, artista plástica, jornalista, teatróloga e escritora brasileira. Nas décadas de 1950 e 1960, no Recife, atuou como ilustradora do Suplemento Literário e como jornalista do setor de artes, publicando entrevistas com diversos escritores, pintores e pessoas ligadas ao teatro. Fez crítica de arte no Jornal do Commercio do Recife durante mais de 10 anos. Participou da IX Bienal de São Paulo, expôs na Galerie Internationale, em Nova York, sendo a primeira brasileira a realizar uma exposição individual nesta cidade. Ladjane, Murilo Marroquim, Guita Charifker e Adão Pinheiro, trabalharam junto a Assis Chateaubriand, para formação do Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco. Seus trabalhos estão
Mario Cravo Júnior | Salvador, BA (1923).
brias, passeia por vários estilos. Participou de
e pesquisas sobre arte em jornais brasileiros.
Jerônimo José Telles Júnior | Recife, PE (1851)
exposição individual em São Paulo, em 1948,
LADJANE BANDEIRA
MARIO CRAVO
sil, no Recife. A partir de 1960, publica artigos
TELLES JÚNIOR
e paisagens. Consegue realizar a primeira
JOÃO BAPTISTA DA COSTA
Pintor, desenhista e designer ítalo-brasileiro ativo entre os séculos XIX e XX. É considerado um dos mais importantes artistas brasileiros do período e o mais expressivo representante da pintura impressionista no Brasil. O artista chega ao Brasil junto a sua família entre 1872 e 1875, onde tem sua formação artística concretizada no Liceu de Artes e Ofícios, assim como na Academia Imperial de Belas Artes, tendo nessas instituições mestres como Rodolfo Amoedo (1857–1941) e Victor Meirelles (1832–1903). Durante sua produção artística, revela sua inclinação ao impressionismo, expondo, em suas obras, tons claros e luminosos, referentes à ação da luz sobre os objetos nas paisagens pintadas.
e desenho. Em 1954, inicia-se na gravura, com Lívio Abramo. Em 1960, em São Paulo, funda o Estúdio Gravura, com Lívio Abramo, de quem foi assistente até 1964. A partir dos anos 1970, passa a dedicar-se também à escultura. Produz também grandes painéis para espaços públicos.
desenhos uma forma de mostrar seu grande talento. Seus trabalhos possuem um caráter imaginativo e inventivo muito presente, nos quais apresenta uma aparente viagem ao inconsciente, com elementos fantásticos, figuras líricas e criaturas metade homem,
MENOTTI DEL PICHIA
estadual em 1891. Sua obra de pintura foi finalmente reconhecida a partir do final da década de 1890, quando sua participação nos salões oficiais do Rio de Janeiro, onde foi contemplado com medalha de ouro. O tema mais comum na sua obra é a marinha. Telles é o grande pintor dos mares do Nordeste.
WESLEY DUKE LEE Wesley Duke Lee | São Paulo, SP (1931) – São Paulo, SP (2010).
Artista gráfico, pintor, gravador, desenhista e professor brasileiro. Inicia seus estudos no curso de desenho livre do Masp, em 1951. No ano seguinte, embarca para Nova York,
TIAGO AMORIM
onde estuda na Parsons School of Design
Sebastião Wilson Ferreira Amorim | Limoeiro,
e no American Institute of Graphic Arts até
PE (1943).
1955. Nesse ano entra em contato com a pop
Pintor, desenhista, escultor, ceramista,
arte. De volta ao Brasil, abandona a carreira
gravador e pesquisador pernambucano. Em
publicitária e estuda pintura. Nos anos 1980,
MONTEZ MAGNO
Olinda, foi um dos fundadores do Atelier
incorporou a fotocópia, o vídeo e a computa-
-brasileira. Gravadora, escultora, pintora,
Montez Magno de Oliveira | Timbaúba, PE (1934).
da Ribeira junto à Guita Charifker, Adão Pi-
ção gráfica ao seu trabalho. Duke Lee teve
muralista, curadora, figurinista, cenógrafa
Pintor, escultor, escritor e ilustrador brasileiro. Estudou desenho e pintura, entre 1953 e 1966. Em 1957, realiza sua primeira exposição individual no Instituto dos Arquitetos do Bra-
nheiro, entre outros. Atua com artes há mais
trabalhos expostos na 44ª Bienal de Veneza
de 30 anos. Misturando elementos da arte
e na 8ª Bienal de Tóquio. Dizia-se influencia-
popular com figuras retiradas da natureza,
do pelo movimento dadaísta, pela pop art e
adicionando-lhes formas elegantes e só-
pela publicidade.
metade animal. MARIA BONOMI Maria Anna Olga Luiza Bonomi | Meina, Itália (1935)
e professora, Maria Bonomi veio para o Brasil em 1946, fixando-se em São Paulo. No início da década de 1950, estudou pintura
41
glossário Acervo É o conteúdo de uma coleção, privada
Gravura É um modo de produção e reprodução de
ou pública, podendo ser de caráter bibliográfico,
imagem através de talhos em suportes sólidos, como o
artístico, fotográfico, científico, histórico, documental,
metal, a madeira ou a pedra, a partir de instrumentos
misto ou qualquer outro. Tanto os acervos públicos
específicos. Os métodos e materiais utilizados para a
como os privados podem estar institucionalizados e
realização das gravuras são responsáveis pela nomeação
sistematizados em museus ou sob outras formas
do processo, entre eles estão a gravura em metal,
de organização.
litogravura (que tem como base a pedra), xilogravura
Aguada Essa técnica de pintura é baseada na mistura de água com diferentes tipos de tinta, o que permite um leque de cores mais amplo, com diferentes nuances de uma cor, dependendo da sua diluição. O papel é o
(madeira) e serigrafia (tela de poliéster ou nylon). A partir do trabalho de intervenção no material específico, obtém-se a matriz a partir da qual será transferido o desenho para o papel ou tecido por exemplo.
frequente suporte usado pelos artistas para o uso
Pintura a óleo Essa técnica secular é a mais usada
da aguada.
pelos artistas sobre as telas e foi imensamente difundida
Coleção Reunião de objetos de mesma natureza, que tenham uma ou mais características em comum, escolhidos por sua beleza, raridade, valor documentário ou preço, por exemplo: coleção de selos, coleção de quadros.
na Europa durante o século XV. As propriedades principais da tinta a óleo são a capacidade de misturas para obtenção de novos tons e a sobreposição de cores. Esse tipo de pintura permite, por não secar rápido, vários efeitos de cor capazes de provocar o olhar do observador, imitando a aparência das cores dos objetos naturais e
Gêneros da pintura São cada uma das categorias
artificiais. O pintor pode eleger, corrigir ou criar as regras
que classificam as obras de arte segundo os temas
que deseja aplicar em sua obra, assim como a natureza
representados: retrato, natureza-morta, paisagem,
que deseja representar ou inventar. As superfícies às
pintura histórica, nu artístico, entre outros.
quais é aplicada a pintura a óleo podem ser as mais variadas, da tela à madeira ou até murais.
para saber mais História da arte Arte no Brasil: uma história na
Gravura: arte brasileira do século XX
pt.wikipedia.org
Pinacoteca de São Paulo
Leon Kossovitch. São Paulo: Itaú
itaucultural.org.br
Guia de visita. São Paulo: Pinacoteca
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História da arte
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A natureza das coisas
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Teixeira Coelho (curador). São Paulo:
Olhar e ser visto
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Brasil: arte do Nordeste
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