Caderno Pedagógico 2013 1 2 CIDADANIA

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CADERNOS PEDAGÓGICOS DE FORMAÇÃO GERAL

CIDADANIA

ISBN:

2013/1 ALUNO(A):

978-85-88943-38-4


NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

ORGANIZADORES: ANNA PAULA SOARES LEMOS EDEUSA DE SOUZA PEREIRA JOAQUIM HUMBERTO COELHO DE OLIVEIRA LUCIMAR LEVENHAGEN ALARCON DA FONSECA MARIA RITA RESENDE MARTINS DA COSTA BRAZ TANIA MARIA DA SILVA AMARO DE ALMEIDA

CADERNOS PEDAGÓGICOS DE FORMAÇÃO GERAL CIDADANIA

1ª EDIÇÃO

DUQUE DE CAXIAS EDITORA UNIGRANRIO 2013


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CADERNOS PEDAGÓGICOS DE FORMAÇÃO GERAL CIDADANIA

REITOR Arody Cordeiro Herdy PRÓ-REITOR DE ADMINISTRAÇÃO ACADÊMICA Carlos de Oliveira Varella PRÓ-REITOR DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO Emilio Antonio Francischetti PRÓ-REITORA COMUNITÁRIA E DE EXTENSÃO Sônia Regina Mendes PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO José Luiz Rosa Lordello


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INOVA NÚCLEO INOVADOR UNIGRANRIO – INOVA Coordenadora: Maria Rita Resende Martins da Costa Braz ESCOLA DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS, LETRAS, ARTES E HUMANIDADES Diretora: Haydéa Maria Marino de Sant anna Reis ESCOLA DE CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS Diretor: Carlos Cesar Ferreira Vargas ESCOLA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA Diretor: Herbert Gomes Martins ESCOLA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE Diretora: Hulda Cordeiro Herdy Ramin

INSTITUTO DE ESTUDOS FUNDAMENTAIS I Diretora: Lúcia Inês Kronemberger Andrade INSTITUTO DE ESTUDOS FUNDAMENTAIS II Diretor: Lindonor Gaspar de Siqueira


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NÚCLEO ALÉM DA SALA DE AULA Benjamin Salgado Quintans Frederico Adolfo Schiffer Junior Haydéa Maria Marino de Sant‘anna Reis Herbert Gomes Martins Hulda Cordeiro Herdy Carmim José Luiz Rosa Lordello Sonia Regina Mendes

NÚCLEO DE APOIO METODOLÓGICO - NAM Anna Paula Soares Lemos Carlos de Oliveira Varella José Luiz Rosa Lordello Lindonor Gaspar de Siqueira Lúcia Inês Kronemberger Andrade Maria Rita Resende Martins da Costa Braz

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD Lúcia Inês Kronemberger Andrade Vanessa Olmo Pombo


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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL Anna Paula Soares Lemos Edeusa de Souza Pereira Joaquim Humberto Coelho de Oliveira Lucimar Levenhagen Alarcon da Fonseca Tania Maria da Silva Amaro de Almeida

NÚCLEO DE MEMÓRIA E DOCUMENTAÇÃO INSTITUCIONAL Tania Maria da Silva Amaro de Almeida

NÚCLEO DE PRÁTICAS INCLUSIVAS Lucimar Levenhagen Alarcon da Fonseca

ORGANIZAÇÃO / REVISÃO / DIAGRAMAÇÃO DESTE MATERIAL: NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL Professores (as): Anna Paula Soares Lemos Edeusa de Souza Pereira Joaquim Humberto Coelho de Oliveira Lucimar Levenhagen Alarcon da Fonseca Tania Maria da Silva Amaro de Almeida


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CADERNOS PEDAGÓGICOS DE FORMAÇÃO GERAL Capítulo 1

Cidadania (O que é cidadania?). Cidadania (O que e cidadania?).

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FICHA DE UNIDADE DE APRENDIZAGEM Atividade: TAE 1 / Trabalho Acadêmico Efetivo 1. (Atividades Integradas de Formação Geral I) Unidade Nº: Cinco ( 5/14 ) Título: Cidadania (O que é cidadania?). Objetivos de aprendizagem: Apreender e comparar os conceitos de cidadania Analisar a relação da cidadania com a democracia Compreender a relação entre cidadania e comportamento individual Estabelecer a associação entre cidadania e diferenças Tópicos abordados: Da cidadania dos deveres para a dos direitos A identidade cidadã e as diferenças.

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Introdução: A cidadania, no sentido mais comum, confunde-se com nacionalidade. Os cidadãos obtêm seus direitos e deveres de acordo com os países onde vivem. E aí independe, para ser cidadão, da estrutura política de onde se viva, democrática ou autoritária, Mas em outro sentido, a cidadania associa-se com os ideais democráticos. Portanto, sem, por exemplo, liberdade de imprensa, direito de participação política, e outros, não há cidadania.

http://www.colloquium.com.br/cidadania.html

Mas, a cidadania além de exigir a democratização das suas instituições, também depende das qualidades ou virtudes dos indivíduos, por exemplo:

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das suas lealdades e de como eles encaram identidades nacionais, étnicas ou religiosas potencialmente rivais; da sua capacidade para trabalhar com pessoas muito diferentes de si mesmos; do seu desejo de participação na vida pública; da sua boa-vontade para serem moderados nas suas exigências econômicas e nas suas escolhas pessoais que afetem a sua saúde e o meio ambiente. (KIMLYCKA, 2013)

Talvez, estejamos mais habituados em reclamar nossos direitos do que sermos cobrados por nossos deveres. Isto, porque, desde a modernidade, do século XVI em diante, o cidadão é identificado por ter poucos deveres importunando a sua vida particular.

Mas é discutível, até hoje, se isso é suficiente para a vida em comum dos cidadãos ou se eles precisam acumular outras virtudes.

Para os mais conservadores, o cidadão é um indivíduo autossuficiente. Não deve, portanto, esperar nenhum tipo de incentivo, que não venha de si mesmo. Isso o torna menos acomodado e aumenta a sua autoestima.

Outros não veem dessa forma e defendem que os indivíduos precisam ser educados para pensarem e agirem de forma menos individual e mais coletiva ou social. Mas aí, surge a questão sobre quem deve ser responsável por essa formação: as organizações da sociedade civil (―igrejas, famílias, sindicatos, associações étnicas, grupos de ambientalistas, associações de bairro, grupos de apoio‖), ou a escola, que ―deve ensinar as crianças a distanciar-se das suas próprias tradições culturais quando se entregam ao discurso público e a ter em consideração pontos de vista diferente?‖ (KIMLYCKA, 2013).

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O Brasil já respondeu a esta pergunta. Na Resolução nº 1, de 30 de maio de 2012, o Estado brasileiro estabeleceu as Diretrizes para a Educação em Direitos Humanos. Nesse modelo educacional, a ser seguido por todas as instituições de ensino, é preciso ter uma formação voltada para princípios que apontam, dentre outros, para a democracia, o reconhecimento e valorização das diferenças e das diversidades e da sustentabilidade socioambiental. Há muitas questões polêmicas sobre as relações entre a educação, o Estado e, por exemplo, a família, como se pode verificar visitando o Blog de Formação Geral, no seguinte endereço:

http://blogs.unigranrio.com.br/formacaogeral/2012/03/29/forum-de-discussao/

A questão sobre o reconhecimento das diferenças e das diversidades também faz com que se pense na cidadania diferenciada. Pois, tendo a cidadania o propósito de permitir a convivência em comum de diferenças e diferentes, ela exige o reconhecimento e respeito pelas diversas identidades socioculturais: pelos afro-americanos, pelos povos indígenas, pelas minorias étnicas e religiosas e pelos homoafetivos. E, no nosso caso, por mais diferenças que se possa reivindicar em nome da cidadania, nenhuma delas almeja deixar de ter o Brasil como identidade nacional.

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Diversidade Humana.

https://www.google.com.br/search?hl=en&q=diversidade%20humana&tbs=sbi:

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Conteúdo: ÉRNICA, Maurício; ISAAC, Alexandre e MACHADO, Ronilde Rocha. O que é ser cidadão? Disponível em:<http://www.educared.org/educa/index.cfm?pg=oassuntoe.interna&id_tema=7&id_subtema=2#maquina>. Acesso em 04 fev 2013.

BLOG de Formação Geral. O que é ser cidadão? Disponível em: <http://blogs.unigranrio.com.br/formacaogeral/2012/03/07/afinal-o-que-e-ser-cidadao/>. Acesso em 06 abr 2013.

KYMLICKA, Will. Cidadania. Disponível em: <http://www.aartedepensar.com/leit_cidadania.html>. Acesso em 03 jan 2013.

Síntese: A noção comum de cidadania, como identidade nacional, é superada pela que a associa com as instituições democráticas. Além disso, as qualificações individuais dos cidadãos incorporam determinadas virtudes. O que resulta na discussão sobre a quem confiar a responsabilidade para esse tipo de educação. Finalmente, a garantia da cidadania passa pelo reconhecimento e valorização das diferenças e diversidades.

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Charge: Respeito às diferenças e diversidades.

http://meilycass.files.wordpress.com/2011/10/charge1.jpg?w=640

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Leituras complementares: COMO Estrelas na Terra – Toda criança é especial (―Taare Zameen Par – Every child is special‖. Índia, 2007). Direção de Aamir Khan, Amole Gupte. Roteiro: Amole Gupte. Duração 140 min. BENEVIDES,

Maria

Victoria.

Cidadania

e

Direitos

Humanos.

Disponível

em

<http://www.iea.usp.br/iea/textos/benevidescidadaniaedireitoshumanos.pdf>. Acesso em 22 fev 2013.

Bibliografia recomendada: BLOG FORMAÇÃO GERAL UNIGRANRIO. Disponível em <http://blogs.unigranrio.com.br/formacaogeral/2012/08/26/a-massificacao-sob-os-olhares-da-literatura-musica-e-cinema/>. Acesso em 22 fev 2013. CARVALHO, José Murilo de Carvalho. Cidadania no Brasil. O longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005. DIMENSTEIN, Gilberto. Cidadão de papel. São Paulo: Ática, 2001. MATTA, Roberto. A casa e a rua. Espaço, cidadania, mulher e morte no Brasil. Rio de Janeiro: Rocco, 1997. PINSKY, Jaime e PINSKY, Carla Bassanezi. História da Cidadania. São Paulo: Contexto, 2003.

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GAME

O Jogo da Cidadania é um game on line onde você tem a oportunidade de resolver os problemas de uma cidade virtual. E aí? Quer tentar? Clique sobre a imagem abaixo e exerça a sua cidadania brincando.

http://jogodacidadania.inesc.org.br/

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MORTE E VIDA SEVERINA em desenho animado.

Em preto e branco, fiel à aspereza do texto e aos traços dos quadrinhos, a animação narra a dura caminhada de Severino, um retirante nordestino, que migra do sertão para o litoral pernambucano em busca de uma vida melhor. Clique na imagem abaixo e assista a essa obra prima da literatura brasileira:

http://blogs.unigranrio.com.br/formacaogeral/2012/09/29/morte-e-vida-severina-em-desenho-animado/

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MÚSICAS

Clique sobre os títulos das músicas que falam sobre a temática vista nesta unidade e reflita ouvindo as composições de:

Chico Buarque: Roda –Viva Construção

Zé Ramalho : Admirável gado novo  Para ouvir clique aqui

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VÍDEOS Admirável Gado Novo- Zé Ramalho

Roda Viva - Chico Buarque

Para assistir clique aqui

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TEXTOS

TEXTO 1 : ÉRNICA, Maurício; ISAAC, Alexandre e MACHADO, Ronilde Rocha. O que é ser cidadão? Disponível em: <http://www.educared.org/educa/index.cfm?pg=oassuntoe.interna&id_tema=7&id_subtema=2#maquina>. Acesso em 04 fev 2013.

O QUE É SER CIDADÃO?

A palavra cidadania tomou conta do nosso cotidiano. Ela está presente no discurso de políticos, educadores, líderes comunitários, organizações não governamentais, nos jornais, rádio e televisão.

Isso pode significar uma mudança de mentalidade que contribui para a construção de uma sociedade brasileira mais justa e democrática, mas também pode resultar na banalização da palavra, esvaziando seu verdadeiro significado. É preciso, portanto, refletir atentamente sobre suas origens, seus sentidos, suas implicações e sobre a possibilidade de sua efetivação.

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Origens da cidadania: isso vem de longe

A ideia de cidadania é muito antiga, remonta à pólis grega, há cerca de 2.500 anos, e foi mudando ao longo da história. Não é de hoje que o homem tenta criar mecanismos para viver em uma sociedade justa e igualitária. Essa concepção está vinculada ao surgimento da vida na cidade, à participação nas decisões sobre os rumos da vida social e ao exercício de direitos e deveres.

Momentos importantes desse processo foram: a Independência dos Estados Unidos e a publicação das cartas de direitos do país (1776); a Revolução Francesa (1789), que derrubou o regime absolutista francês e desenvolveu os ideais burgueses; a criação da Organização das Nações Unidas - ONU (1945), após a Segunda Guerra Mundial.

Ser cidadão hoje é ter direitos e deveres e essa definição deve muito à publicação da Carta de Direitos da ONU (1948). Nela afirma-se que todos os homens são iguais perante a lei, independente de raça, credo e etnia. Confere-se o direito a um salário digno, à educação, à saúde, à habitação e ao lazer. Assegura-se o direito de livre expressão, de militar em partidos políticos, sindicatos, movimentos e organizações da sociedade civil.

No que diz respeito aos deveres, a Carta estabelece que cabe aos homens fazer valer os direitos para todas as pessoas, ter responsabilidade pelo grupo social, respeitar e cumprir as normas e leis elaboradas e decididas coletivamente.

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A concretização dos ideais expressos nessa carta, no entanto, não se faz sem conflitos. Se por um lado os direitos civis, políticos e sociais tendem a se generalizar para toda a população, por outro são comuns situações de exploração, desigualdades e injustiças.

Por isso, principalmente em países com contrastes intensos como o Brasil, a luta por melhores condições de vida para todos e pelo combate à discriminação é a garantia do exercício da cidadania.

Participação social: não fique de braços cruzados

Historicamente, a conquista de direitos é resultado de um longo processo de participação nas decisões coletivas e de negociação entre diferentes pontos de vista.

Os direitos como os conhecemos hoje não surgiram do nada. Ao contrário, são resultado de muitas lutas de outras gerações e, mesmo com as Constituições denominadas modernas e democráticas, ainda é preciso lutar para que os direitos expressos nas leis sejam efetivamente cumpridos na vida cotidiana. Há, por exemplo, direitos conquistados no passado que estão sendo perdidos com a economia globalizada, como alguns direitos trabalhistas. No Brasil, há outros que não são garantidos para todos, como o acesso à saúde, educação, moradia e lazer.

Portanto, o exercício da cidadania pressupõe o comprometimento coletivo. Se existe um problema na rua, no bairro ou na escola, não se pode esperar a solução de braços cruzados, simplesmente porque existe o direito garantido por lei. É preciso se organizar, reivindicar,

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buscar soluções e pressionar os órgãos governamentais competentes, pois participar da vida pública significa assumir o lugar de quem interfere e é co-responsável pelo rumo da história de sua coletividade.

O discurso e a prática: desconfiar é preciso

Uma das armadilhas que esvazia o significado da palavra cidadania é a enorme contradição entre discurso e prática.

Preste atenção: certas pessoas falam em transparência, igualdade e direitos para todos, mas, na sua atuação, defendem privilégios de alguns, estimulam práticas sociais que excluem a população mais pobre ou grupos tradicionalmente discriminados, como negros e mulheres.

Repare: em época de eleições, candidatos com histórias e atitudes muito diferentes utilizam em seus discursos a palavra cidadania quase da mesma maneira.

Outra armadilha tem sido as diferentes formas de concretizar a cidadania, tais como:

1. Cidadão-consumidor Nas duas últimas décadas, em alguns países, inclusive no Brasil, desenvolveu-se o conceito de cidadania calcado principalmente na questão do cidadão-consumidor. As pessoas passam a ser vistas como cidadãs desde que tenham dinheiro para adquirir mercadorias e utilizar serviços, por exemplo, comprar um tênis de uma determinada marca ou utilizar um bom seguro saúde.

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Certamente, as mercadorias e os serviços atendem a necessidades materiais e simbólicas das pessoas e consumi-los é um dos modos de participar da vida social, criar identidade e partilhar dos bens produzidos pela humanidade. Contudo, enfatizando-se apenas a relação de compra e venda de mercadorias e serviços, a cidadania assume um conteúdo restrito, individual, conformista e voltado apenas para a aquisição de bens.

A supervalorização do consumo cria uma idéia equivocada do que seja pertencer à sociedade, desmobilizando em parte tanto a atuação de pessoas na vida coletiva, quanto de organizações sociais que lutam pela extensão dos direitos e pela garantia de uma vida digna para todos.

Portanto, reduzir a compreensão da cidadania ao cidadão-consumidor não é o mesmo que a universalização do acesso das pessoas aos bens criados pelo trabalho humano. A cidadania plena se relaciona com a promoção e a transformação do cotidiano das pessoas e só existe quando sujeitos se organizam para agir e lutar pelos seus direitos, tanto nas fábricas, sindicatos e partidos como no bairro, na escola, na empresa, na família e nas ruas.

2. Assistencialismo É frequente vermos a cidadania ser confundida com a prática de ―caridade‖ e ―proteção aos pobres‖ ou ―carentes de direitos‖. Não há, nessa visão protecionista e assistencialista, a tendência para superar as desigualdades sociais. Ao contrário, preservam-se as práticas da proteção pessoal e até mesmo do favor.

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Nelas, há a reprodução da diferença de status entre aquele que é assistido e aquele que presta a assistência. Não raro, tem-se a ideia equivocada de que há diferença de dignidade entre aquele que dá e aquele que recebe uma caridade.

Cidadania não pode ser confundida com assistencialismo. Sua construção deve estar relacionada à superação das desigualdades sociais e à extensão da garantia dos direitos a todos.

Espaço público: para todos ou privilégios de poucos?

A cidadania pressupõe um grande desafio: a construção do espaço público, onde são reconhecidos os direitos e deveres dos cidadãos. Esse espaço pode ser tanto o lugar da vida cotidiana e comunitária quanto o ―espaço‖ do governo.

Sua construção implica tratamento indiferenciado a todos, isto é, um tratamento que não privilegia este ou aquele por motivos pessoais. As amizades ou relações familiares não podem promover vantagens como o nepotismo – situação em que autoridades públicas criam cargos para seus familiares ou lhes concedem favores. Do mesmo modo, as identidades culturais não podem se transformar em discriminação, por exemplo, o preconceito linguístico – não é porque uma pessoa fala com um sotaque diferente do usual em uma grande cidade como São Paulo que ela deve ser considerada inferior.

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O espaço público deve garantir um fórum amplo de discussões sobre as questões da coletividade, com representação dos diferentes sujeitos. É preciso que os sujeitos sejam vistos e se vejam como iguais em direitos e responsabilidades, independentemente dos laços que estabelecem em suas vidas privadas.

No Brasil, contudo, nem sempre se tratam as questões coletivas de modo indiferenciado por meio de regras claras e impessoais. Para se resolver uma questão pública acaba-se recorrendo à ajuda, por exemplo, de um conhecido que exerce um cargo público, em troca de algum favor. O que é um direito se transforma em favor e o tratamento impessoal se transforma em uma relação baseada nas fidelidades pessoais.

Essas relações são resultados do processo de construção da cidadania e da democracia que estiveram, no Brasil, a serviço de um Estado que manteve privilégios e consolidou a tendência a ―privatizar‖ o espaço público. O que é de todos é visto como o que não é de ninguém e alguns se sentem no direito de se apoderar do patrimônio coletivo em detrimento dos outros, como se apropriar de praças ou construir estradas que beneficiam propriedades da família. Garantir a democracia e construir a cidadania estão na direção contrária das soluções ―malandras‖ e da privatização do espaço público. Essas saídas resolvem alguns dramas pessoais, mas preservam uma situação geral de reprodução de injustiças e privilégios e não estimulam os movimentos que lutam pela construção da cidadania e pela extensão dos direitos a todos, sem exceções.

Texto original: Maurício Érnica, Alexandre Isaac e Ronilde Rocha Machado Edição: Equipe EducaRede

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TEXTO 2

KYMLICKA, Will. Cidadania. Tradução de Desidério Murcho. Disponível em: <http://www.aartedepensar.com/leit_cidadania.html>. Acesso em 03 jan 2013.

CIDADANIA

"Cidadania" é um termo cujo significado filosófico difere do seu uso quotidiano. No discurso quotidiano, a cidadania é entendida como sinônimo de "nacionalidade", referindo-se ao estatuto legal das pessoas enquanto membro de um país em particular. Ser um cidadão implica ter certos direitos e responsabilidades, mas estes variam imenso de país para país. Por exemplo, os cidadãos de uma democracia liberal têm direitos políticos e liberdades religiosas, ao passo que numa monarquia, numa ditadura militar ou numa teocracia religiosa podem não ter nenhum desses direitos.

Nos contextos filosóficos, a cidadania refere-se a um ideal normativo substancial de pertença e participação numa comunidade política. Ser um cidadão, neste sentido, é ser reconhecido como um membro pleno e igual da sociedade, com o direito de participar no processo político. Como tal, trata-se de um ideal distintamente democrático. As pessoas que são governadas por monarquias ou ditaduras militares são súbditos e não cidadãos. [...]

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Chama-se muitas vezes cidadania "passiva" a esta teoria, pois coloca a ênfase nas regalias passivas e na ausência de deveres cívicos. Apesar de esta teoria ter ajudado a assegurar um grau razoável de segurança, prosperidade e liberdade para a maior parte dos membros das sociedades ocidentais, a maior parte dos pensadores pensam que a aceitação passiva de direitos tem de ser complementada pelo exercício activo de responsabilidades e virtudes. Os pensadores discordam, contudo, sobre que virtudes são as mais importantes e sobre o modo de melhor as promover.

Os conservadores sublinham a virtude da auto-suficiência. Ao passo que Marshall argumentava que os direitos sociais permitem que os desfavorecidos participem nos aspectos centrais da sociedade, os conservadores argumentam que o estado-providência promoveu a passividade e dependência entre os pobres. Para promover a cidadania activa, devemos reduzir as regalias do estado-providência, e dar mais importância à responsabilidade de ganhar a vida, que é o aspecto central para a auto-estima e para a aceitação social. Os críticos respondem que cortar as regalias do estado-providência marginaliza ainda mais as classes mais baixas. Além disso, como as feministas sublinham, a conversa aparentemente neutra sobre a "auto-suficiência" é muitas vezes uma forma de dizer subterraneamente que os homens devem sustentar financeiramente a família, cabendo à mulher o papel de olhar pela casa, cuidar dos velhos, dos doentes e das cr ianças. Isto reforça as barreiras à participação plena das mulheres na sociedade.

Os defensores da teoria da sociedade civil centram as suas atenções no modo como aprendemos a ser cidadãos responsáveis. Argumentam que é nas organizações da sociedade civil — igrejas, famílias, sindicatos, associações étnicas, grupos de ambientalistas, associações de bairro, grupos de apoio — que aprendemos as virtudes cívicas. Porque estes grupos são voluntários, quando não cumprimos as nossas responsabilidades no seu seio temos de enfrentar a desaprovação e não a punição legal. Contudo, porque esta desaprovação tem origem na família, amigos e colegas, é muitas vezes um incentivo mais poderoso para agir de forma responsável do que a punição por parte de um estado impessoal.

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A afirmação de que a sociedade civil é a fonte da virtude cívica é discutível. A família ensina a civilidade e a moderação, mas também pode ser "uma escola de despotismo" que ensina o domínio masculino sobre as mulheres. Analogamente, as igrejas ensinam muitas vezes a deferência perante a autoridade e a intolerância relativamente a outras fés; os grupos étnicos ensinam muitas vezes preconceitos contra outras raças, etc.

Os defensores da teoria da virtude liberal sublinham a importância da capacidade dos cidadãos para o discurso público. Isto não significa apenas a capacidade para dar a conhecer os nossos pontos de vista; implica igualmente a virtude da "razoabilidade pública". Os cidadãos têm de dar razões para as suas exigências políticas, e não apenas exprimir preferências ou fazer ameaças. Além disso, estas razões têm de ser "públicas", no sentido de poderem persuadir pessoas de diferentes fés e nacionalidades. Não basta invocar a escritura ou a tradição; é necessário fazer um esforço consciencioso para distinguir as ideias que são matéria de fé pessoal das que podem ser defendidas publicamente.

Onde aprendemos então esta virtude? Os defensores da teoria da virtude liberal sugerem muitas vezes que é nas escolas que se deve ensinar as crianças a distanciar-se das suas próprias tradições culturais quando se entregam ao discurso público e a ter em consideração pontos de vista diferentes. Contudo, os tradicionalistas objectam que isto encoraja as crianças a questionar, na sua vida privada, a autoridade familiar ou religiosa. Os grupos que se apoiam na aceitação acrítica da tradição e da autoridade ficam ameaçados pela abertura de espírito e pelas atitudes pluralistas que a educação liberal encoraja. Daí que alguns grupos religiosos vejam a educação liberal obrigatória como um acto de intolerância relativamente a eles, ainda que tal se faça em nome do ensino da virtude da tolerância. [...]

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Cidadania, identidade e diferença A cidadania não é apenas um estatuto, definido por um conjunto de direitos e responsabilidades. É também uma identidade, uma expressão da nossa pertença a uma comunidade política. Além disso, é uma identidade partilhada, comum a diversos grupos na sociedade. Logo, a cidadania tem uma função integradora. Alargar os direitos de cidadania tem ajudado a integrar grupos previamente excluídos, como a classe trabalhadora, na sociedade.

Alguns grupos, contudo — por exemplo, os afro-americanos, os povos indígenas, as minorias étnicas e religiosas, os gays e as lésbicas — sentem-se ainda excluídos do seio da sociedade, apesar de possuírem direitos iguais de cidadania. De acordo com os pluralistas culturais, a cidadania tem de refletir a identidade sociocultural distinta destes grupos — a sua "diferença". Os direitos comuns de cidadania, originalmente definidos pelos homens brancos, e para eles, não podem acomodar as necessidades dos grupos marginalizados. Estes grupos só podem integrar-se completamente através do que Iris Marion Young chama "cidadania diferenciada" (1989). Isto é, os membros de certos grupos devem ser incorporados na comunidade política não apenas enquanto indivíduos, mas também através do grupo, e os seus direitos devem depender em parte da sua pertença ao grupo. Esta perspectiva põe em causa as concepções tradicionais da cidadania, que a definem em termos do tratamento das pessoas como indivíduos com direitos iguais à luz da lei. [...]

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ATIVIDADES PARA AUTOAVALIAÇÃO

Atividade: TAE 001 / TRABALHO ACADÊMICO EFETIVO – ATIVIDADES INTEGRADAS DE FORMAÇAO GERAL I Unidade Nº: 05 Título: O que é cidadania?

QUESTÃO 1 Tópico Associado: Da cidadania dos deveres para a dos direitos

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―A legislação penal do fim do século XIX determinava: a ociosidade era considerada crime e, como tal, punida. Reconhecida e legitimada abertamente, a prática de repressão aos desempregados e subempregados - os pobres - ficava clara no discurso dos responsáveis pela segurança pública e pela ordem nas cidades. O controle social destas camadas deveria ser realizado de forma rígida. Sidney Chalhoub afirma que os legisladores brasileiros utilizam o termo ―classes perigosas‖ como sinônimo de ―classes pobres‖ e isso significa dizer que o fato de ser pobre o torna automaticamente perigoso à sociedade [...]. A existência do crime, da vagabundagem e da ociosidade justificava o discurso de exclusão e perseguição policial às camadas pobres e despossuídas‖ (PEDROSO, R. C. Violência e cidadania no Brasil: 500 anos de exclusão. São Paulo: Ática, 2002. p.24.). O texto acima discute a configuração das classes sociais no Brasil, tomando como referência as questões da cidadania e da violência. Com base no texto é correto afirmar que, no final do século XIX no Brasil:

A) A ação dos poderes públicos no trato da questão social estava centrada na supressão dos desníveis entre as classes sociais, condição básica para a emergência do Brasil industrializado. B) O desemprego e a criminalidade referindo-se às classes ―pobres‖ eram vistos pelos poderes públicos menos como questão social e mais como questão de polícia, dentro de uma concepção restrita de cidadania. C) A repressão policial restringia-se aos desempregados e subempregados, pois os trabalhadores assalariados eram protegidos por uma legislação trabalhista que garantia, por exemplo, aposentadoria e descanso remunerado. D) A herança colonial da estrutura social brasileira conduzia o poder estatal a reconhecer como legítimas as lutas de classes populares no questionamento da estrutura política oligárquica vigente.

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FEEDBACK DA QUESTÃO 1 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

QUESTÃO 2 Tópico Associado: O que é cidadania

A charge de Miguel Paiva, publicada no dia da promulgação da atual Constituição brasileira, aponta para a contradição entre realidade social e garantias legais. No Brasil, o acesso aos direitos de cidadania é limitado fundamentalmente pelo seguinte fator:

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A) formação profissional B) demanda habitacional C) distribuição da riqueza D) crescimento da população FEEDBACK DA QUESTÃO 2 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

QUESTÃO 3 Tópico Associado: Conceito de cidadania A Constituição brasileira de 1988 é conhecida como a ―Constituição Cidadã‖. Dentre suas decisões, instaurou e possibilitou a vigência de medidas e códigos legais relacionados aos direitos de grupos específicos, entre os quais podemos identificar: I) O Estatuto da Criança e do Adolescente; II) O Estatuto do Idoso; III) A afirmação do racismo como crime inafiançável; IV) A demarcação das terras indígenas.

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Assinale: A) Se apenas a afirmativa I está correta. B)

Se apenas as afirmativas I e III estão corretas.

C)

Se apenas as afirmativas II e IV estão corretas.

D)

Se todas as afirmativas estão corretas.

FEEDBACK DA QUESTÃO 3 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

QUESTÃO 4 Tópico Associado: Conceito de cidadania

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(Laerte. O Condomínio)

(Laerte. O Condomínio) Disponível em: http://www2.uol.com.br/laerte/tiras/index-condomínio.html As duas charges de Laerte são críticas a dois problemas atuais que afetam diretamente o exercício da cidadania na sociedade brasileira, que podem ser identificados pela crise:

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

A) Na saúde e na segurança pública; B) Na educação básica e na comunicação; C) Na previdência social e pelo desemprego; D) Nos hospitais e na violência urbana. FEEDBACK DA QUESTÃO 4 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

QUESTÃO 5 Tópico Associado: A identidade cidadã

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Nas duas últimas décadas, em alguns países, inclusive no Brasil, desenvolveu-se o conceito de cidadania calcado, principalmente, na questão do cidadão-consumidor. As pessoas passam a ser vistas como cidadãs desde que tenham dinheiro para adquirir mercadorias e utilizar serviços. (Érnica, Maurício; Isaac, Alexandre; Machado, Ronilde Rocha. O que é ser cidadão. Disponível em: <http://www.educared.org>.)

Escolha a opção que, neste contexto, reforça o real conceito de cidadania: A) Quanto mais bens, maior a possibilidade de exercício da cidadania. B) O acesso ao consumo favorece a inclusão social. C) Reduzir a compreensão da cidadania ao cidadão-consumidor não é o mesmo que a universalização do acesso das pessoas aos bens criados pelo trabalho humano.

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D) Quanto maior a utilização de bens e serviços pagos mais o indivíduo é cidadão. FEEDBACK DA QUESTÃO 5 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

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Questão discursiva Tópico Associado: A identidade cidadã

Com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, novas perspectivas e concepções incorporam-se à agenda pública brasileira. Uma das novas perspectivas em foco é a visão mais integrada dos direitos econômicos, sociais, civis, políticos e, mais recentemente, ambientais, ou seja, trata-se da integralidade ou indivisibilidade dos direitos humanos. Dentre as novas concepções de direitos, destaca-se a habitação como moradia digna e não apenas como necessidade de abrigo e proteção. Elabore um pequeno texto esclarecendo por que ela representa um avanço para o exercício pleno da cidadania.

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GABARITO

FEEDBACK DA QUESTÃO 1: Resposta certa: Letra B FEEDBACK DA QUESTÃO 2 : Resposta certa: Letra C FEEDBACK DA QUESTÃO 3: Resposta certa: Letra D FEEDBACK DA QUESTÃO 4: Resposta certa: Letra A FEEDBACK DA QUESTÃO 5: Resposta certa: Letra C

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FEEDBACK DA QUESTÃO DISCURSIVA: COMENTÁRIO: A concepção de moradia digna, e não apenas como necessidade de abrigo, corresponde à ultrapassagem da mera noção de necessidade humana básica para aquela de direito humano, na medida em que não se trata de reconhecer apenas uma carência a ser suprida, mas a possibilidade de exigência da dignidade e qualidade de vida, através da efetivação do direito à habitação/à segurança/ao trabalho, como resultado de seu trabalho.

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CADERNOS PEDAGÓGICOS DE FORMAÇÃO GERAL Capítulo 2

Cidadania e Exclusão Social Cidadania e Exclusao Social

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FICHA DE UNIDADE DE APRENDIZAGEM Atividade: TAE 1 / Trabalho Acadêmico Efetivo 1. (Atividades Integradas de Formação Geral I) Unidade Nº: Seis (6/14) Título: Cidadania e Exclusão Social Objetivos de aprendizagem: Comparar modelos de cidadania Analisar a relação da cidadania com os direitos no Brasil Compreender a relação entre Estado e sociedade civil no Brasil Atentar para as consequências da má distribuição de renda para cidadania Tópicos abordados: Características da cidadania no Brasil ―Estadania‖ e Cidadania Cidadania e redistribuição de renda A ―nova classe média‖ brasileira

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Introdução: Nos vídeos intitulados ―Caminhos da Cidadania no Brasil‖, vemos as particularidades e problemas da construção da cidadania em terras brasileiras.

Em http://univesptv.cmais.com.br/caminhos-da-cidadania-no-brasil-ii-parte-2-de-2, por volta do quarto ao sexto minutos, é apresentada a teoria de T. H. Marshal. Segundo este teórico britânico, há um modelo de cidadania que se combina com uma sucessão de direitos. Esse modelo, historicamente, ocorreu na Inglaterra. E aí, tivemos, de acordo com o modelo, primeiramente os direitos civis e, sucessivamente, os políticos e sociais.

O direito de ir e vir.

http://irmaosonline.blogspot.com.br/2011/05/o-direito-de-ir-e-vir.html

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O que são esses direitos? Os direitos civis protegem o cidadão do Estado. Dizem respeito às liberdades individuais, como: a de ir e vir, a de expressão, a de credo religioso, etc. Os direitos políticos garantem a participação do cidadão no Estado, como os direitos de eleger e ser eleito. Já os direitos sociais exigem a participação do Estado para promover, por exemplo, a saúde, a educação, a moradia, etc.

Os Direitos Sociais

http://amfglolm.blogspot.com.br/2011/04/direitos-civis.html

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Mas, no Brasil, não se aplica o modelo inglês. Pelo contrário, houve uma inversão. Primeiro os sociais, depois os civis e, depois, os políticos. Então, entre nós, alguns direitos sociais foram adquiridos em regimes ditatoriais e autoritários, sem os direitos políticos. Isso marca, acentuadamente, a nossa cultura política, influenciada por um Estado paternalista, que oscila entre ser repressor, ser cobrador de impostos e distribuidor de favores.

Em http://univesptv.cmais.com.br/caminhos-da-cidadania-no-brasil-i-2-2, o historiador José Murilo de Carvalho denomina essa situação, com forte presença do Estado na vida social brasileira, como ―estadania‖, em contraste com cidadania (4:41). Em contraste, porque quanto mais forte o executivo, mais fraca a representação política (5:25).

Por fim, em http://univesptv.cmais.com.br/caminhos-da-cidadania-no-brasil-ii-parte-2-de-2 é focada a situação global dos dias de hoje, com o privilégio das relações e interesses econômicos, enfraquece-se ainda mais a atividade política (2:22). E, justamete, dessa atividade esperam-se práticas que reorientem o mercado a fim de gerar mais inclusão social, ou seja, melhor redistribuição de renda e combate à miséria. Pois, um dos maiores problemas da democracia e da cidadania brasileira é, sem dúvida, a grande discrepância entre os pouco e muito ricos e os muito e muito pobres.

No entanto, nos últimos dez anos, novos segmentos sociais ascenderam economicamente no Brasil. Há uma discussão sobre como denominá-los, se por ―nova classe média‖, ―nova classe C‖ ou se por ―classe batalhadora‖. Isso porque sociólogos não acham adequado classificar as classes sociais apenas por critério de renda, ignorando o que se denomina capital cultural.

Não nego que tenha havido a ascensão social de 30 milhões de brasileiros nem que esse fato seja extremamente importante e digno de alegria. O que questiono é a leitura dessa classe como uma classe média. A classe média é uma das classes dominantes em

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL sociedades como a brasileira porque é constituída pelo acesso privilegiado a um recurso escasso de extrema importância: o capital cultural. Seja sob forma de capital cultural técnico, como na "tropa de choque" do capital (advogados, engenheiros, administradores, economistas etc.), seja pelo capital cultural literário de professores, jornalistas, publicitários etc., esse tipo de conhecimento é fundamental. Tanto a remuneração quanto o prestígio social atrelados a esse tipo de trabalho são consideráveis. (FOLHA DE SÃO PAULO, 2013)

Já os batalhadores, ou a nova classe em ascensão, tem uma vida [...] marcada pela ausência dos privilégios de nascimento que caracterizam as classes médias e altas. Não falo só do dinheiro transmitido por herança. Os privilégios envolvem também o recurso mais valioso das classes médias: o tempo. Os batalhadores, em sua esmagadora maioria, precisam começar a trabalhar cedo e estudam em escolas públicas de baixa qualidade. Eles compensam a falta do capital cultural e econômico com esforço pessoal, dupla jornada e aceitação de todo tipo de superexploração da mão de obra. (FOLHA DE SÃO PAULO, 2013)

http://midias2.gazetaonline.com.br//_midias/jpg/2012/08/11/739_classe_media-699304-5026e14f3bd59.jpg

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Os Batalhadores Brasileiros: nova classe média ou nova classe trabalhadora?

Óleo sobre tela: ―Operários‖, Tarsila do Amaral http://www.tarsiladoamaral.com.br/

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Portanto, em busca desse capital cultural, em complemento às aquisições econômicas, aumenta, consideravelmente, a procura pelos cursos universitários e também pelos aeroportos e viagens.

E os investimentos não ficam alheios a essa movimentação na sociedade brasileira, Enquanto no andar de cima o dinheiro que sobra vai para investimentos e no de baixo vai para alimentação, esse segmento consome. De uma maneira geral, nessa faixa a renda dos trabalhadores cresceu 9%, contra uma inflação de 5%. O freguês dos shoppings gasta em média cerca de R$ 70. [...] Hoje a clientela dos shoppings da BRMalls é a chamada classe média emergente, um nome chique para o que nada mais é que o trabalhador brasileiro. As classes B e C têm uma renda familiar que vai de R$ 1.600 a R$ 6.900. Em 2003, havia 66 milhões de pessoas na classe C. Em 2009, chegaram a 95 milhões e, em 2014, poderão ser 113 milhões. (GASPARI, 2013).

Com isso, ―com uma boa dose de esperança, claro, a nova classe C está indo à luta e, quando voltar, não se resignará mais a viver sob certos padrões culturais, nos sentidos lato e estrito‖ (DAPIEVE, 2012).

Conteúdo: FOLHA

DE

SÃO

PAULO.

É

um

erro

falar

que

existe

nova

classe

média

no

Brasil.

Disponível

em

:<http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po1302201106.htm.> Acesso em 26 fev 2013. UNIVESP. Caminhos da Cidadania no Brasil. Disponível em < http://univesptv.cmais.com.br/busca>. Acesso em 26 fev 2013.

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Síntese: A cidadania no Brasil tem a singularidade de ter concentrado mais poder nas mãos do Estado do que na própria sociedade civil. Isso é percebido no atendimento a alguns direitos sociais básicos, antes mesmo de ter sido garantido os direitos políticos. Além dessa dificuldade, a cidadania, no Brasil, também se depara com a alta desigualdade econômica. Porém, nos últimos dez anos, constata-se a ascensão de novos segmentos sociais, sobre o qual não há consenso como denominá-lo: ―nova classe média‖, ―nova classe C‖, ―classe batalhadora‖, etc.

Desigualdade econômica. http://4.bp.blogspot.com/-XUIt4YINoI8/T5PUFrTYJZI/AAAAAAAAFWA/Wp5pS6ahNbI/s400/desigualdades-sociais.jpg

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Leituras complementares: ABC DAS CLASSES SOCIAIS. Jornal O Globo, 18 de maio de 2012. DAPIEVE, Arthur. Pelo capital cultural. A classe C vai à guerra. Jornal O Globo, 18 de maio de 2012. GASPARI, Elio. Uma empresa de um novo Brasil. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/38561-uma-empresa-de-um-novo-brasil.shtml>. Acesso em: 28 fev 2013.

Bibliografia recomendada: <http://blogs.unigranrio.com.br/formacaogeral/>. Acesso em 22 fev 2013. CARVALHO, José Murilo de Carvalho.Cidadania no Brasil. O longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005. DIMENSTEIN, Gilberto. Cidadão de papel. São Paulo: Ática, 2001. MATTA, Roberto. A casa e a rua. Espaço, cidadania, mulher e morte no Brasil. Rio de Janeiro: Rocco, 1997. PINSKY, Jaime e PINSKY, Carla Bassanezi. História da Cidadania. São Paulo: Contexto, 2003.

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Música Clique nos títulos das músicas veja o vídeo e ouça a música.

 HINO DA CIDADANIA:

 Que País É Esse? Legião Urbana ― (...) Nas favelas, no Senado Sujeira pra todo lado Ninguém respeita a Constituição Mas todos acreditam no futuro da nação Que país é esse? (...) ‖  Cidadão – Zé Geraldo

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Leituras de imagens

A nova classe média brasileira.

http://brasil.indymedia.org/images/2012/03/504534.jpg

Exclusão Social

https://www.facebook.com/juventudesustentavel.oficial

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Reflita ―O bullyng é uma palavra moderna para designar o processo de estigmatização e suas consequências... é, inegavelmente, uma violência aos direitos humanos...‖ (Jorge Bichuetti)

Filmes sobre Cidadania e Exclusão social.

Filme: Colegas

Trio de

Estrelado por um trio de atores com síndrome de Down, "Colegas", de Marcelo Galvão, faturou o Kikito de melhor filme da 40ª edição do Festival de Cinema de Gramado. A cerimônia de premiação foi realizada na noite deste sábado (18) no Palácio dos Festivais. Clique AQUI para assistir ao trailler do filme.

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Ônibus 174: um olhar sobre a violência urbana e a exclusão social

Do mesmo diretor de Tropa de Elite, Ônibus 174 é mais uma obra prima de José Padilha. O documentário concentra-se em mostrar a vida de Sandro Dias do Nascimento, o jovem que sequestrou um ônibus na zona sul do Rio de Janeiro, em julho de 2000.

Clique AQUI para assistir ao trailler do filme.

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O Contador de Histórias

O Contador de Histórias` mostra a incrível vida de Roberto Carlos Ramos, que nasceu em uma família pobre em BH e foi levado pela própria mãe para a FEBEM, onde `comeu o pão que o diabo amassou` e fugiu mais de 100 vezes, até conhecer a pedagoga francesa Margheritte , que acreditando que nenhuma criança é irrecuperável praticamente o adotou, e lhe mostrou que a vida podia ser muito melhor do que a realidade brutal que o cercava. Clique AQUI para assistir ao trailler do filme.

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Curiosidade

Desde 2002 o Brasil passou a ter uma outra língua oficial além do português, é a Língua Brasileira de Sinais (Libras), com o objetivo de diminuir a exclusão social dos surdos. Com isso, depois de muitos anos de lutas e debates as pessoas surdas conquistaram o direito de exercer sua cidadania e usar esta língua na escola, no trabalho e no convívio social.

Os índios Urubu-Kaapor, que vivem no Maranhão, próximo à fronteira com o estado do Pará, possuem uma língua de sinais própria (a Língua de Sinais Kaapor Brasileira), usada tanto pela comunidade surda do povo, como também por seus membros não surdos na comunicação com os surdos.

Quando os índios estão reunidos conversando e chega um índio surdo, imediatamente eles param de conversar oralmente e começam a falar em língua de sinais.

Um grande ato de cidadania, não é mesmo?

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E você saberia falar na 2ª língua oficial do seu país? Clique abaixo e conheça o Dicionário digital de LIBRAS.

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TEXTOS

TEXTO TEXTO 1 1

ENTREVISTA JESSÉ SOUZA. É um erro falar que existe nova classe média no Brasil. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po1302201106.htm> . Acesso em: 01 mar 2013.

É UM ERRO FALAR QUE EXISTE NOVA CLASSE MÉDIA NO BRASIL Para sociólogo, os 30 milhões que ascenderam na era lula formam um grupo social diferente, de "batalhadores'

UIRÁ MACHADO DE SÃO PAULO Autor do livro "Os Batalhadores Brasileiros", o sociólogo Jessé Souza afirma que a ascensão social de 30 milhões de pessoas no governo Lula não produziu uma "nova classe média", mas uma classe social diferente, que ele chama provocativamente de "batalhadores". Assim como fizera em seu livro anterior, Souza procura determinar as características dessa classe por um recorte diferente do que ele chama de economicista e quantitativo, fugindo tanto de análises pelo consumo e renda quanto de abordagens marxistas "unidimensionais". Abaixo, trechos da entrevista sobre a classe que, para ele, "parece se constituir, com o resgate social da ralé, na questão social, econômica e política mais importante do Brasil contemporâneo".

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Folha - Em seu livro "Os Batalhadores Brasileiros", o senhor questiona a afirmação de que o governo Lula alçou 30 milhões de pessoas à classe média e diz até que se trata de uma mentira. Por quê?

Jessé Souza - Não nego que tenha havido a ascensão social de 30 milhões de brasileiros nem que esse fato seja extremamente importante e digno de alegria. O que questiono é a leitura dessa classe como uma classe média. A classe média é uma das classes dominantes em sociedades como a brasileira porque é constituída pelo acesso privilegiado a um recurso escasso de extrema importância: o capital cultural. Seja sob forma de capital cultural técnico, como na "tropa de choque" do capital (advogados, engenheiros, administradores, economistas etc.), seja pelo capital cultural literário de professores, jornalistas, publicitários etc., esse tipo de conhecimento é fundamental. Tanto a remuneração quanto o prestígio social atrelados a esse tipo de trabalho são consideráveis.

Folha - E os batalhadores?

Jessé Souza - A vida deles é outra. É marcada pela ausência dos privilégios de nascimento que caracterizam as classes médias e altas. Não falo só do dinheiro transmitido por herança. Os privilégios envolvem também o recurso mais valioso das classes médias: o tempo.

Os batalhadores, em sua esmagadora maioria, precisam começar a trabalhar cedo e estudam em escolas públicas de baixa qualidade. Eles

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compensam a falta do capital cultural e econômico com esforço pessoal, dupla jornada e aceitação de todo tipo de superexploração da mão de obra.

Essa é uma condução de vida típica das classes trabalhadoras, daí nossa hipótese de trabalho desenvolvida no livro que nega e critica o conceito de "nova classe média".

Folha - Como surgiu o nome dessa nova classe?

Jessé Souza - Nesse estudo, o que impressionou foi o esforço de superação de condições adversas. O título foi uma homenagem à luta cotidiana e silenciosa desses brasileiros. O termo "batalhadores" sinaliza o fato de que o que perfaz o cotidiano dessas pessoas é a necessidade de "matar um leão por dia" como forma de vida de toda uma classe social que tem que lutar diariamente contra o peso da própria origem.

Folha - Quais são os valores dessa classe batalhadora?

Jessé Souza - A principal diferença em relação aos excluídos e abandonados sociais é a constituição de uma ética articulada do trabalho duro.

Os batalhadores são quase sempre vindos de famílias pobres, mas bem estruturadas, com os papéis de pais e filhos reciprocamente compreendidos, exemplos de perseverança na família e estímulo consequente para o estudo e para o trabalho.

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Temos nas famílias dessa classe a incorporação da tríade disciplina, autocontrole e pensamento prospectivo que sempre está pressuposta em qualquer processo de aprendizado na escola e em qualquer trabalho produtivo. Sem disciplina e autocontrole é impossível, por exemplo, concentrar-se na escola - daí que os membros da ralé diziam repetidamente que "fitavam" o quadro negro por horas sem aprender.

Assim, ainda que falte a essa classe o acesso às formas mais valorizadas de capital cultural -monopólio das "verdadeiras" classes médias-, não lhes falta força de vontade, perseverança e confiança no futuro, apesar de todas as dificuldades.

Folha - Uma das características dos batalhadores parece ser a precariedade da situação econômica e social. O que o governo pode fazer?

Jessé Souza - Eu acho fundamental o aprofundamento mais consequente tanto da política social quanto de políticas de crédito e estímulo.

Folha - A religião é mais importante para os batalhadores que para a classe média tradicional?

Jessé Souza - O tema da religião é tão importante para essa classe que dedicamos toda uma parte do livro a essa temática. Mas é preciso cuidado, pois esse tema pode servir para que se construa uma nuvem de preconceitos contra essa classe. É, sem dúvida, correto que as religiões evangélicas -como, aliás, todas as religiões em alguma medida- exigem o sacrifício do intelecto, o que, efetivamente, não ajuda no exercício da tolerância nem no desenvolvimento das capacidades reflexivas dos seres humanos.

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Em troca, no entanto, essas religiões oferecem o que a sociedade como um todo, o Estado ou mesmo algumas das famílias menos estruturadas dessa classe jamais deram a eles: confiança em si mesmos, autoestima, esperança e força de vontade para vencer as enormes adversidades da vida sem privilégios de nascimento.

Nesse sentido, tudo leva a crer que a religião seja mais importante para esses setores do que para as classes médias estabelecidas, ainda que nunca tenhamos feito nenhum estudo sistemático.

E não apenas as religiões evangélicas, que são importantes especialmente nos núcleos urbanos. Também a católica, no interior do Nordeste, ainda forte, cumpre uma função fundamental de baluarte da solidariedade familiar e como fundamento de uma ética do trabalho em muitos aspectos semelhantes à do protestantismo.

Folha - A nova classe batalhadora faz surgir um novo tipo de preconceito no Brasil?

Jessé Souza - Sim, basta olhar as revistas que analisam o padrão de consumo dessa classe sob a égide da visão de mundo da classe média estabelecida. Ela aparece sempre como um tanto vulgar e sem o "bom gosto" que caracterizaria os estratos superiores.

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TEXTO 2 2 TEXTO

ELIO GASPARI. Uma empresa de um novo Brasil. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/38561-uma-empresa-deum-novo-brasil.shtml>. Acesso em: 01 mar 2013

UMA EMPRESA DE UM NOVO BRASIL ELIO GASPARI

Os shoppings da BRMalls faturaram 25% a mais no primeiro trimestre; como isso foi possível?

COMO DIRIA Bob Dylan, alguma coisa está acontecendo aqui, mr. Jones, mas você não sabe o que é. Na semana passada, a empresa brasileira BRMalls, que é dona e/ou administradora de 46 shoppings em 15 Estados e 29 cidades, anunciou que no primeiro trimestre deste ano seu faturamento cresceu 25%, chegando a R$ 4,1 bilhões.

Ela surgiu há cinco anos, com seis pequenos shoppings. Tornou-se a líder do mercado e no ano passado seus centros comerciais tiveram 360 milhões de visitantes, que movimentaram R$ 16 bilhões. Suas ações valorizaram-se 360%. A empresa vale R$ 10 bilhões.

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Mr. Jones tem dificuldade para entender isso, sobretudo porque ele viu as imagens de shoppings vazios na China, por excesso de oferta. O êxito do BRMalls reflete a conjunção de três acertos: percebeu que o consumidor brasileiro mudou, viu que quem investe ganha dinheiro e entrou no mercado com uma gestão profissional e meritocrática.

Entre 2008 e 2010, a empresa tomou um olho roxo metendo-se a administrar a Daslu, templo de exibicionismo da grã-finagem nacional.

Hoje a clientela dos shoppings da BRMalls é a chamada classe média emergente, um nome chique para o que nada mais é que o trabalhador brasileiro. As classes B e C têm uma renda familiar que vai de R$ 1.600 a R$ 6.900. Em 2003, havia 66 milhões de pessoas na classe C. Em 2009, chegaram a 95 milhões e, em 2014, poderão ser 113 milhões.

Enquanto no andar de cima o dinheiro que sobra vai para investimentos e no de baixo vai para alimentação, esse segmento consome. De uma maneira geral, nessa faixa a renda dos trabalhadores cresceu 9%, contra uma inflação de 5%. O freguês dos shoppings gasta em média cerca de R$ 70.

A empresa acreditou na expansão do mercado, na ampliação do acesso ao crédito e na queda dos juros. Em janeiro de 2007, a taxa Selic estava a 13,25% ao ano e agora está em 9%, com os bancos finalmente competindo nos custos que jogam em cima de seus clientes. A BRMalls investiu R$ 6 bilhões, no ano passado abriu um grande shopping na Mooca (SP), outro no Irajá (RJ) e inaugurará um terceiro em cima da rodoviária de Belo Horizonte.

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Até aí o êxito foi da empresa para fora. Para dentro, enquanto o comércio é controlado por empresas familiares, a BRMalls é inteiramente profissional. Parente, nem namorada. A idade média de seus 350 funcionários está em 30 anos. Quando foi criada, tinha 15 sócios e a cada ano promove três pessoas de seu quadro. Hoje são 27. Todos os funcionários ganham bônus, mas se um leva dois salários, o melhor leva 20. Um craque que entra na empresa aos 25 anos pode sonhar em fechar seu primeiro milhão de reais aos 30.

A BRMalls descende da cabeça de Jorge Paulo Lemann, o empresário que mais produziu milionários na história do Brasil e também o que mais botou dinheiro em atividades filantrópicas. Seu negócio é a caça ao mérito. Formado no sistema financeiro, hoje tem os pés na produção (AmBev). Na lista da Forbes, além dele, com US$ 12 bilhões, há duas de suas crias: Marcel Telles (US$ 5,7 bilhões) e Carlos Alberto Sicupira (US$ 5,2 bilhões).

O sucesso da BRMalls deve-se a Carlos Medeiros, seu executivo-chefe. Ele organizou a empresa aos 33 anos, vindo do banco de investimentos de Lemann. Fala pouco, não vai a Brasília desde 1998 e, nos últimos cinco anos, jamais pisou no BNDES. Viaja com mala de mão e o que gosta mesmo é de correr maratonas pelo mundo afora. A BRMalls trabalha com uma infantaria de 3.000 funcionários nos shoppings. Vai dar trabalho, mas Medeiros acredita que conseguirá desenhar um sistema de bonificação (por meio de ações) para uma parte dessa tropa.

AO CARPATHIA O comissariado petista desistiu da ideia de procrastinar o julgamento do mensalão. Discute-se agora quem conseguirá chegar ao Carpathia, o navio que recolheu um terço dos passageiros do transatlântico cujo naufrágio completou cem anos.

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Ele recolheu um terço dos desabrigados. (Como o outro barco não trazia sorte para quem se metia com ele, o Carpathia foi torpedeado em 1918, quatro meses antes do fim da Primeira Guerra.)

DESASTRE Numa longa entrevista ao repórter Carlos Costa em que criticou a ação da ministra Eliana Calmon, corregedora do Conselho Nacional de Justiça, o ministro Cezar Peluso lembrou que, trabalhando na corregedoria do Tribunal de Justiça de São Paulo, lidava assim com alguns juízes: "Chamávamos os envolvidos e abríamos o jogo: 'Temos tantas provas contra vocês e, se não forem para a rua agora, iremos abrir processo. Nunca fizemos escarcéu com esses casos".

De fato, houve um caso em que pouca gente ouviu o grampo. O que faltou foi escarcéu.

SÉRGIO KIRCHNER Cristina Kirchner assumiu o controle da petrolífera YPF em nome do futuro da Argentina. Pelo menos é o que ela diz.

O governador Sérgio Cabral desapropriou um edifício de 13 andares avaliado em R$ 500 milhões, onde funcionam 14 grandes empresas, nas quais trabalham 4.000 pessoas, para servir de anexo à Assembleia Legislativa e dar conforto a 70 deputados.

Até 2011, 33 deles estavam espetados na Justiça.

Quem sabe, até o fim do mandato, desapropriará sua casa de Mangaratiba para servir de colônia de praia para os deputados.

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Atividades para Autoavaliação Atividade: TAE 001 / TRABALHO ACADÊMICO EFETIVO – ATIVIDADES INTEGRADAS DE FORMAÇAO GERAL I Unidade Nº: 06 Título: Cidadania e Exclusão Social

QUESTÃO 1 Tópico Associado: Consequências da má distribuição de renda UFPB 2008 (Adaptado) A figura representa a pobreza e a exclusão social na cidade de Daca, Bangladesh.

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(COELHO, Marcos Amorim Coelho; TERRA, Lygia. Geografia geral: o espaço natural e socioecômico. São Paulo: Moderna, 2001, p. 216).

I - Uma maior concentração de riqueza pelos países desenvolvidos pode ser observada atualmente. Isso se dá, principalmente, pela redução das tarifas de importação, o que beneficia ainda mais os produtos exportados por esses países.

II - Os países mais pobres, quando exportam seus produtos agrícolas, enfrentam a concorrência desleal dos países mais ricos, pois estes subsidiam sua própria produção.

III - Os custos sociais da globalização, para os países pobres, são muito altos, mesmo assim, nos últimos anos, a taxa de desemprego nesses países manteve-se estável, bem como o número de excluídos.

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IV - A economia informal ganhou espaço, tornando-se a única opção para muitos desempregados, para os quais faltam escolas e assistência social; conseqüentemente, a violência, de maneira geral, aumentou.

Sobre as desigualdades sociais no mundo, identifique a(s) afirmativa(s) verdadeira(s). A) I, II, III B) I, II, III C) I, II, IV D) III, IV FEEDBACK DA QUESTÃO 1 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

QUESTÃO 2 Tópico Associado: Cidadania e exclusão social As ações terroristas cada vez mais se propagam pelo mundo, havendo ataques em várias cidades, em todos os continentes. Nesse contexto, analise a seguinte notícia:

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No dia 10 de março de 2005, o Presidente de Governo da Espanha José Luis Rodriguez Zapatero em conferência sobre o terrorismo, ocorrida em Madri para lembrar os atentados do dia 11 de março de 2004, ―assinalou que os espanhóis encheram as ruas em sinal de dor e solidariedade e dois dias depois encheram as urnas, mostrando assim o único caminho para derrotar o terrorismo: a democracia. Também proclamou que não existe álibi para o assassinato indiscriminado. Zapatero afirmou que não há política, nem ideologia, resistência ou luta no terror, só há o vazio da futilidade, a infâmia e a barbárie. Também defendeu a comunidade islâmica, lembrando que não se deve vincular esse fenômeno com nenhuma civilização, cultura ou religião. Por esse motivo apostou na criação pelas Nações Unidas de uma aliança de civilizações para que não se continue ignorando a pobreza extrema, a exclusão social ou os Estados falidos, que constituem, segundo ele, um terreno fértil para o terrorismo‖. (MANCEBO, Isabel. Madri fecha conferência sobre terrorismo e relembra os mortos de 11-M. (Adaptado). Disponível em: http://www2.rnw.nl/rnw/pt/atualidade/europa/at050311_onzedemarco? Acesso em Set. 2005) A principal razão, indicada pelo governante espanhol, para que haja tais iniciativas do terror está explicitada na seguinte afirmação: A). O desejo de vingança desencadeia atos de barbárie dos terroristas. B) A democracia permite que as organizações terroristas se desenvolvam. C) A desigualdade social existente em alguns países alimenta o terrorismo. D) O choque de civilizações aprofunda os abismos culturais entre os países. FEEDBACK DA QUESTÃO 2 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

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QUESTÃO 3 Tópico Associado: A nova classe média brasileira; redistribuição e renda. Enunciado: O tradicional modelo de pirâmide ao pensar no desenho das camadas sociais brasileiras foi modificado. O novo perfil social do país forma agora um losango, aproximando-se mais do padrão dos países desenvolvidos. Compare o gráfico e a charge a seguir e escolha a opção que traduz a relação entre as duas imagens:

A) A supervalorização do consumo e o aumento da oferta de crédito para a população promovem a inclusão social, garantindo uma vida digna para todos. B) O acesso às mercadorias atende as necessidades essenciais das pessoas e consumi-las é um dos modos de participar da vida social, criar identidade e partilhar dos bens produzidos pela humanidade, diminuindo, portanto a exclusão social garantindo uma

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melhor qualidade de vida para todos. C) O movimento de ascensão da classe média (hoje classe c) justifica-se pelo aprimoramento do consumo e na melhora da oferta de crédito para a população. Esta ascensão garante a melhoria da qualidade de vida, diminuindo as desigualdades sociais. D) O movimento de ascensão da classe média justifica-se pelo aprimoramento do consumo e na melhora da oferta de crédito para a população, entretanto, esta ascensão não garante a melhoria da qualidade de vida, reforçando as desigualdades sociais. FEEDBACK DA QUESTÃO 3 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

QUESTÃO 4 Tópico Associado: Características da cidadania no Brasil

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―a legislação penal do fim do século XIX determinava: a ociosidade era considerada crime e, como tal, punida. Reconhecida e legitimada abertamente, a prática de repressão aos desempregados e sub empregados - os pobres - ficava clara no discurso dos responsáveis pela segurança pública e pela ordem nas cidades.. O controle social destas camadas deveria ser realizado de forma rígida. Sidney Chalhoub afirma que os legisladores brasileiros utilizam o termo ―classes perigosas‖ como sinônimo de ―classes pobres‖, e isso significa dizer que o fato de ser pobre o torna automaticamente perigoso à sociedade [...]. A existência do crime, da vagabundagem e da ociosidade justificava o discurso de exclusão e perseguição policial às camadas pobres e despossuídas‖ (PEDROSO, R. C. Violência e cidadania no Brasil: 500 anos de exclusão. São Paulo: Ática, 2002. p.24.) O texto acima discute a configuração das classes sociais no Brasil, tomando como referência as questões da cidadania e da violência. Com base no texto é correto afirmar que, no final do século XIX, no Brasil: A) O desemprego e a criminalidade referidos as classes ―pobres‖ eram vistos pelos poderes públicos menos como questão social e mais como questão de polícia, dentro de uma concepção restrita de cidadania. B) O combate as ―classes perigosas‖ obrigava os poderes públicos à implementação de políticas de geração e distribuição de renda, reduzindo, assim, a influência do Partido Comunista Brasileiro junto aos pobres. C) A herança colonial da estrutura social brasileira conduzia o poder estatal a reconhecer como legítimas as lutas de classes populares no questionamento da estrutura política oligárquica vigente. D) A ação dos poderes públicos no trato da questão social estava centrada na supressão dos desníveis entre as classes sociais, condição básica para a emergência do Brasil industrializado. FEEDBACK DA QUESTÃO 4 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

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QUESTÃO 5 Tópico Associado: ―Estadania‖ e Cidadania O Governo Federal deve promover a inclusão digital, pois a falta de acesso às tecnologias digitais acaba por excluir socialmente o cidadão, em especial a juventude. (Projeto Casa Brasil de inclusão digital começa em 2004. In: MAZZA, Mariana. JB online.)

Comparando a proposta acima com a charge, pode-se concluir que:

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A) o conhecimento da tecnologia digital está democratizado no Brasil. B) a dificuldade de acesso ao mundo digital torna o cidadão um excluído social. C) o acesso à tecnologia digital está perdido para as comunidades carentes. D) a preocupação social é preparar quadros para o domínio da informática. FEEDBACK DA QUESTÃO 5 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

Questão discursiva Tópico Associado: Cidadania e exclusão social Nas últimas três décadas, com o advento do neoliberalismo apoiado pelo fenômeno da globalização, desenvolveu-se, na maioria dos países, o conceito de cidadania baseado principalmente na questão da ascensão social e no poder aquisitivo. Após analisar a charge, elabore um texto destacando os conceitos de cidadania e exclusão social entendidos por você a partir da unidade estudada.

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COMENTÁRIO: Vide gabarito no final deste capítulo.

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GABARITO

FEEDBACK DA QUESTÃO 1: Resposta certa: Letra C FEEDBACK DA QUESTÃO 2 : Resposta certa: Letra C FEEDBACK DA QUESTÃO 3: Resposta certa: Letra D FEEDBACK DA QUESTÃO 4: Resposta certa: Letra A FEEDBACK DA QUESTÃO 5: Resposta certa: Letra B

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FEEDBACK DA QUESTÃO DISCURSIVA: COMENTÁRIO: As necessidades de consumo variam conforme a cultura e também dependem de cada indivíduo.

Deste modo, a supervalorização do

consumo de bens e serviços cria uma ideia equivocada de pertencimento social e inclusão, mesmo não necessariamente melhorando a qualidade de vida. Portanto, reduzir a compreensão da cidadania ao cidadão-consumidor não é o mesmo que a universalização do acesso das pessoas aos bens criados pelo trabalho humano.

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CADERNOS PEDAGÓGICOS DE FORMAÇÃO GERAL Capítulo 3

Cidadania e democracia Cidadania e democracia

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FICHA DE UNIDADE DE APRENDIZAGEM Disciplina: TAE 1 / Trabalho Acadêmico Efetivo 1. (Atividades Integradas de Formação Geral I) Unidade Nº: Sete ( 7/14) Título: Cidadania e democracia Objetivos de aprendizagem: Analisar os riscos do consumo para a democracia e cidadania. Compreender o processo de fragmentação das identidades. Identificar a separação entre poder e política. Criticar os modelos tradicionais de autoridade frente às democratizações das relações. Tópicos abordados: Identidade na sociedade de consumo. Democracia e crise política. Autoridade e democratização das relações. Paradigma da colaboração.

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Introdução: Já vimos anteriormente que, em um sentido pleno, a cidadania não pode estar dissociada da democracia. Assim, correndo riscos a democracia, a cidadania também se vê ameaçada. Então, quais são os riscos atuais para a democracia?

A cidadania e a democracia.

http://www.humorpolitico.com.br/wp-content/uploads/2012/06/democracia-paraguaia-260612-pelicano-humor-politico.jpg

Acompanhemos

a

entrevista

concedida

pelo

sociólogo

polonês,

Zygmunt

Bauman,

disponível

em

ttp://www.cpflcultura.com.br/2012/05/02/zygmunt-bauman-estrategias-para-a-vida/, sobre alguns temas relevantes para os dias de hoje e, em particular, para a nossa questão.

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Na primeira parte desse vídeo, Bauman caracteriza o nosso tempo como sendo o da sociedade de consumo, ou melhor, para o consumo. Segundo ele, a partir do século XX, deixamos de viver numa sociedade de produção para vivermos numa sociedade de consumo. Mas, indaguemos, não temos que produzir para consumir? O consumo não deveria incrementar a sociedade de produção, em vez de substituí-la.

Charge: Democracia e crise política.

http://cageos.files.wordpress.com/2012/09/557497_337884129592964_406866078_n.jpg

Além disso, a vida humana deixa de ter uma linearidade e passa a ser fragmentada. Como assim? Antes, era mais comum imaginarmos um futuro onde ocuparíamos uma determinada profissão (escolhida dentre as que já existiam), casaríamos, teríamos filhos, moraríamos em determinado lugar, etc.... Havia modelos de identidades e estilos de vida a serem perseguidos. Hoje, nem a própria imaginação nos permite tantas certezas. A vida, segundo nos diz Bauman neste vídeo, está ―dividida em episódios‖, que não podem gerar um projeto de vida. Isso quer dizer, que o futuro não pode ser pensado a longo prazo.

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Isso indica que as ―sociedades foram individualizadas‖. Os indivíduos envolvem-se na criação de uma identidade própria; na busca de novos estilos de vida, desprendidos do passado e sem certezas futuras. O que, de certa forma, incentiva a busca e pelas novidades e o seu consumo imediato.

Consumo imediato.

http://3.bp.blogspot.com/-J3MENgs-9BY/TiYgvcxuZsI/AAAAAAAAA38/vorXEj9xKrE/s1600/consumismo.jpg

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Essa compulsão consumista, estimulante do imediatismo e do individualismo, pode colocar em risco a cidadania e a democracia que, de alguma maneira, precisam que também nos dediquemos às questões públicas.

Como a democracia está sempre correndo riscos, além desse impulso ao consumismo, há também o divórcio entre poder e política, tratado na terceira parte do vídeo. O Estado, instituição política por excelência, perde aos poucos o poder de realizar as suas próprias promessas. Não que somente não queira realizá-las, mas também lhe falta poder para tal. Se antes era falta de vontade, parece que agora é também falta de competência. Com isso o jogo democrático do poder, com a disputa e alternância dos partidos políticos, sofre cada vez mais o descrédito do cidadão.

No entanto, se na esfera pública há sinais de desgaste da democracia e da própria cidadania, nas relações privadas, elas fortalecem-se dia a dia. Basta olharmos para os tradicionais modelos de relação de autoridade. Se antes as mulheres confortavam-se com a submissão e as crianças não eram muito notadas, hoje são exigidas para esses casos, cada vez mais, relações mais democráticas, menos autoritárias. Como toda mudança, são provocados exageros e desequilíbrios, principalmente, no que diz respeito a se encontrar o tom da autoridade, fora dos padrões convencionais.

Para refletirmos sobre a questão da autoridade em uma sociedade que cada vez mais reivindica a democratização das relações, indicamos o vídeo com Itay Talgan, que se encontra no seguinte link: http://www.veduca.com.br/play?v=5333&t=0&p=maestros . O conceito moderno de liderança, inclusive, evoluiu da visão do chefe que dá ordens para a visão do coordenador que organiza

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL processos colaborativos. O sentimento de realização de uma equipe que terminou um trabalho bem feito é muito grande (DOWBOR, 2013).

Indicamos também as reflexões sobre novas inteligências para gerar e administrar as atividades empresariais e econômicas. Elas apontam para a ―gradual substituição do paradigma da competição pelo paradigma da colaboração.‖ (DOWBOR, 2013).

Uma mudança sistêmica do paradigma de maximização da competição econômica global e do crescimento do produto nacional bruto para um paradigma do desenvolvimento mais cooperativo, sustentável – o que, em épocas mais antigas, teria exigido centenas de anos –, é pelo menos possível no sistemamundial interdependente e em rápida evolução dos dias de hoje. (DOWBOR, 2013).

Isso tudo nos indica que ―não há como escapar à busca ativa de processos econômicos mais democráticos, descentralizados e participativos‖ (DOWBOR, 2013).

Conteúdo:

BAUMAN, Zygmunt. Diálogos. Disponivel em: <ttp://www.cpflcultura.com.br/2012/05/02/zygmunt-bauman-estrategias-para-avida/>. Acesso em 04 fev 2013.

TALGAN, Itay. Liderando como os grandes maestros. Disponível em: <http://www.veduca.com.br/play?v=5333&t=0&p=maestros>. Acesso em 04 fev 2013.

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Síntese: A cidadania, no seu entendimento mais elaborado, caminha junto com a democracia. Esta corre, nos dias de hoje, riscos postos pela sociedade de consumo e pela desarticulação ou esvaziamento da política. Ao mesmo tempo, as relações que envolvem nossas vidas privadas e as que envolvem as dimensões empresariais e econômicas são remodeladas pelo novo paradigma da colaboração, que estabelece processos mais democráticos, descentralizados e participativos.

Sociedade de Consumo http://padregabriel.com.br/publica/imgs/mascara-direita.png

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Leituras complementares: DOWBOR, Ladislau. O paradigma da colaboração. Disponível em <http://diplo.dreamhosters.com/2007-10,a1935.html>. Acesso em 01 mar 2013. UNIVESP. Caminhos da cidadania no Brasil I (parte 1). Disponível em <http://univesptv.cmais.com.br/caminhos-da-cidadania-nobrasil-i-1-2>. Acesso em 01 mar 2013. UNIVESP. Caminhos da cidadania no Brasil I (parte 2) Acesso em 01 de marçoa de 2013. Disponível em <http://univesptv.cmais.com.br/caminhos-da-cidadania-no-brasil-i-2-2>. Acesso em 01 mar 2013.

Bibliografia recomendada: BLOG FORMAÇÃO GERAL UNIGRANRIO. Disponível em http://blogs.unigranrio.com.br/formacaogeral/. Acesso em 22 fev 2013.

CARVALHO, José Murilo de Carvalho.Cidadania no Brasil. O longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.

DIMENSTEIN, Gilberto. Cidadão de papel. São Paulo: Ática, 2001.

MATTA, Roberto. A casa e a rua. Espaço, cidadania, mulher e morte no Brasil. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.

PINSKY, Jaime e PINSKY, Carla Bassanezi. História da Cidadania. São Paulo: Contexto, 2003.

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Reflexão:

Poema: Carrego Comigo Carlos Drumond de Andrade

Clique no título do poema leia-o e reflita:  O que significa o embrulho para você?  Que adjetivos são dados ao embrulho pelo autor?  Você acha que as suas relações com a sociedade que o cerca o ajuda a formar a sua identidade e a sua cidadania? Ou você já nasce pronto?

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Sociedade individualizada: A criação de uma identidade própria e a busca por novidades acarretam um consumo imediatista. Clique na imagem abaixo ou acesse o link abaixo dela e veja a exposição na galeria Urban Arts (zona oeste de São Paulo). Há várias Monalisas, cada qual única em sua unimultiplicidade e vivendo de acordo com seu tempo.

30 versões criativas e ousadas da "Monalisa", de Leonardo da Vinci.

http://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/13713-releituras-de-monalisa

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Músicas com a temática Cidadania e democracia, tema deste volume: Clique sobre o nome da música e ouça. Leia a letra, assista ao vídeo e reflita.

Democracia Tom Zé Geração Coca-Cola Legião Urbana Infinito Particular Marisa Monte

Caçador de Mim Milton Nascimento

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Autorretratos Dá-se o nome de autorretrato quando o retratista procura descrever o seu aspecto e o seu caráter, revelando o que captou da expressão mais profunda de si mesmo. O autorretrato constitui um exercício que permite revelar traços pessoais. Sendo assim, podemos dizer que o autorretrato na construção do Eu, na descoberta da personalidade e da cidadania mostra o universo particular de cada um. Conheça alguns autorretratos de pintores famosos. Clique no nome deles e saiba mais sobre sua vida e obra. Rembrandt

http://downloads.passeiweb.com/arte_cultura/galeria/rembrandt/1634_auto_retrato_jovem.jpg

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Você sabe quem foi Frida Kahlo ? clique no autorretrato abaixo e saiba mais.

Frida Kahlo

http://fridakahlopaintings.org/fridakahlopinturas/

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E Van Gogh ? sabe quem foi? clique no seu nome ou autorretrato e saiba mais . Van Gogh

http://www.vangoghgallery.com/

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E você, como se vê? Que tipo de cidadão é você? Você exerce sua cidadania? “O cidadão tem direito à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade perante a lei, ou seja, os direitos civis são apresentados como o ponto de saída. O cidadão deve participar dos destinos da sociedade e ter seus direitos políticos.” http://www.significados.com.br/cidadao/

Que tal criar seu próprio autorretrato digital? Pense nas suas características físicas e emocionais. Clique no aplicativo abaixo e mãos a obra. Faça seu cadastro, crie seu autorretrato e inclua sua voz.

http://www.voki.com/pickup.php?scid=5038694&height=267&width=200

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TEXTO

TEXTO1 1 TEXTO

DOWBOR, Ladislau. O paradigma da colaboração. Disponível em <http://diplo.dreamhosters.com/2007-10,a1935.html>. Acesso em: 01 mar 2013.

O PARADIGMA DA COLABORAÇÃO O padrão de produção e consumo típico do capitalismo, e hegemônico há séculos, está em crise. Em seu lugar, emergem relações sociais mais sustentáveis, democráticas e... prazerosas.

Ladislau Dowbor terça-feira, 2 de outubro de 2007

O deslocamento sísmico mais importante na teoria econômica se refere ao gradual esgotamento da competição como principal instrumento de regulação econômica, além de principal conceito na análise da motivação, da força propulsora que estaria por trás das nossas decisões econômicas.

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A visão herdada, é que se nos esforçarmos todos o máximo possível para obter o máximo de vantagem pessoal na corrida econômica, no conjunto tudo vai avançar mais rápido. Misturando a visão de Adam Smith sobre a soma de vantagens individuais, de Jeremy Bentham e Stuart Mill sobre o utilitarismo, e de Charles Darwin sobre a sobrevivência do mais apto, geramos um tipo de guerra de todos contra todos, o que os americanos chamam de global rat race, que está se esgotando como mecanismo regulador, e que está inclusive nos levando a impasses planetários cada vez mais inquietantes.

O que está despontando com cada vez mais força, é que somos condenados, se quisermos sobreviver, a desenvolver formas inteligentes de articulação entre os diversos objetivos econômicos, sociais, ambientais e culturais, e consequentemente formas inteligentes de colaboração entre os diversos atores que participam da construção social destes objetivos. O deslocamento sísmico consiste na gradual substituição do paradigma da competição pelo paradigma da colaboração. Hazel Henderson conta como ―entrou‖ para a economia. Em Nova Iorque os apartamentos eram equipados com pequenos incineradores. Resolvia problemas individuais, mas o resultado era roupa suja nos varais de todos, crianças sujas nos parques onde a poeira negra se depositava, doenças respiratórias, etc. Quando protestou junto às autoridades, foi-lhe explicado que os incineradores geravam empregos, dinamizando a economia. Hazel ficou perplexa: construir com muito esforço coisas inúteis ou nocivas, é bom porque dinamiza a economia? E o esforço das mães que lavam a roupa e os filhos não é custo porque não custa? Não foi a máquina econômica que acabou com os incineradores, e sim o movimento de mães organizadas em torno aos seus interesses.

Hazel se voltou para a economia, chegando gradualmente à visão que hoje expõe no seu livro Construindo um mundo onde todos ganhem, em torno do hoje popular conceito de win-win [1]. A idéia básica é simples, e se reflete na popular imagem de dois burrinhos puxando em

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direções opostas para atingir cada um o seu monte de feno, e que descobrem o óbvio: comem juntos o primeiro, e depois comem juntos o segundo. Segundo Hazel, ―as redes da atual era da informação funcionam melhor com base em princípios em que todos ganham (win-win), mas ainda são dominadas pelo paradigma da guerra econômica global‖ [2]. Construindo um mundo onde todos ganhem explora o cenário e mapeia a colisão entre o paradigma do crescimento econômico externamente focalizado e tecnologicamente acionado, que culminou numa guerra econômica global insustentável, e a ascensão de preocupações globais populares no paradigma emergente e nos movimentos a favor do desenvolvimento humano sustentável...Uma mudança sistêmica do paradigma de maximização da competição econômica global e do crescimento do produto nacional bruto para um paradigma do desenvolvimento mais cooperativo, sustentável – o que, em épocas mais antigas, teria exigido centenas de anos –, é pelo menos possível no sistema mundial interdependente e em rápida evolução dos dias de hoje [3].

Há uma dimensão que vai inclusive além da ética no processo: a colaboração para criar coisas novas ou simplesmente úteis é uma das fontes mais importantes de prazer. O conceito moderno de liderança, inclusive, evoluiu da visão do chefe que dá ordens para a visão do coordenador que organiza processos colaborativos. O sentimento de realização de uma equipe que terminou um trabalho bem feito é muito grande [4].

O mundo, naturalmente, não é um mar de rosas, e tende a predominar a esperteza burra de quem vê nos processos colaborativos uma oportunidade de aumentar as suas próprias vantagens: a colaboração, para esta gente, consiste em fazer com que os outros colaborem para os seus lucros. A visão da luta pela sobrevivência do mais apto está sem dúvida generalizada. Impregna a escola com as suas lutas pelo primeiro lugar ou a melhor nota, a competição pela sobrevivência que representa o vestibular, aparece em cada programa de televisão. A idéia é ―vencer‖ os outros, ainda que a batalha seja fútil, e os resultados ruins para todos.

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Vale a pena citar aqui o aporte de David Korten, no seu livro O Mundo Pós-Corporativo. Korten parte da compreensão que teve das limitações da visão biológica do mundo como um espaço de competição pela sobrevivência das espécies: na realidade, o pássaro que come a fruta dissemina a semente, a raiz que nasce precisa dos microorganismos para assimilar o nitrogênio e assim por diante. Ou seja, a dimensão colaborativa é amplamente dominante no processo, e assegura que a vida no planeta se desenvolva de forma sistêmica. Não se ―arquiva‖ a competição, que é real: trata-se de entender a presença maior da dimensão colaborativa.

Na visão de Korten, o mercado, dentro de condições muito precisas, pode constituir um ambiente de colaboração sistêmica, mas não é o que acontece na economia real: ―Os mercados, constituem uma instituição humana notável para agregar as escolhas de muitos indivíduos para conseguir uma alocação eficiente e equitável de recursos produtivos com o fim de responder às necessidades humanas. A sua função, no entanto, depende da presença de numerosas condições críticas. Reconhecendo o poder do ideal de mercado, o capitalismo se veste com uma retórica de mercado. Mas busca apenas o seu próprio crescimento, e assim as suas instituições procuram destruir sistematicamente as funções saudáveis do mercado. Eliminam as regulamentações que protegem os interesses humanos e ambientais, removem fronteiras econômicas para se colocar além do alcance do Estado, negam aos consumidores acesso a informações essenciais, buscam monopolizar tecnologias benéficas, e utilizam fusões, aquisições, alianças estratégicas e outras práticas anticompetitivas para minar a capacidade do mercado de auto-organizar‖ [5].

A realidade é que a economia está mudando, em geral mais rapidamente do que a nossa ciência. As atividades hoje se tornaram muito mais amplas, complexas e interativas, fazendo com que as economias de colaboração, materializadas no capital social, sejam cada vez mais importantes. Nas grandes empresas, esta necessidade em geral já foi compreendida, levando à redução do leque hierárquico, à organização de equipes e assim por diante. A partir dos anos 1980, ampliou-se a compreensão da necessidade de colaboração já não só dentro da

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empresa, mas entre empresas, dando lugar a conceitos como ―capitalismo de alianças‖, ―arranjos colaborativos‖ inter-empresariais, managed market e assim por diante.

No plano das empresas, o livro que marcou um deslocamento da visão é Alliance Capitalism, de Michael Gerlach, que analisa as formas realmente existentes de colaboração inter-empresarial, em particular no Japão, e sugere que ―a teoria econômica pode e deve enfrentar os limites dos mercados atomizados e anônimos, visando explicar as formas institucionais que se desenvolveram nas economias modernas para vencer estas limitações. Particularmente interessante tem sido o papel das contratações de longo prazo e a organização corporativa como alternativas aos mercados competitivos. Os mercados e as empresas capitalistas são vistas, assim, não como entidades iso ladas que seguem a sua própria lógica, mas como arranjos institucionais complexos inseridos na ordem legal da sociedade e nas regras básicas sob as quais os atores operam‖ [6].

Na Terceira Italia formou-se a compreensão de que além dos processos colaborativos inter-empresariais, seria útil organizar a colaboração com iniciativas públicas e do Terceiro Setor que podem gerar economias que são externas à empresa, mas internas a uma região, tornando o trabalho de todos mais produtivo. O livro de Carlo Trigiglia, citado acima, representa bem esta compreensão do território como espaço de construção de arranjos colaborativos.

Esta dimensão prática está apoiada em mudanças estruturais dos processos de reprodução social vistos ao longo deste ensaio. Ao tornar-se o conhecimento crescentemente o principal fator de produtividade, e já que o conhecimento compartilhado não tira conhecimento de ninguém, pelo contrário tende a multiplicar-se, a evolução natural não é a de nos trancarmos numa floresta de patentes e proibições, mas

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sim de criar ambientes colaborativos abertos, como vemos por exemplo no caso do Linux, da Wikipedia, ou nas formas colaborativas da Pastoral da Criança. A guerra baseada no ―isto é meu‖ não tem sentido quando se trata de conhecimento.

Outra dinâmica que torna a colaboração muito mais presente é a conectividade: é tão fácil colaborar inclusive entre agentes muito distantes, que a idéia medieval do castelo isolado e autosuficiente torna-se cada vez mais ridícula, como se torna cada vez mais limitada a visão da empresa com o seu ―capitão‖ empresário, indo à luta contra todos, trancando os seus segredos. As redes inter-universitárias de colaboração neste sentido estão demonstrando caminhos mais inteligentes e modernos, ainda que o grosso do mundo universitário tenda também a se proteger nas suas torres.

Uma terceira dinâmica está ligada à nossa forma básica de organização demográfica, a cidade, com o seu entorno rural. Já não somos populações rurais dispersas, e mesmo os espaços rurais pertencem a um processo de modernização ―urbano‖, como têm definido os pesquisadores da Unicamp. Neste sentido, como vimos, cada cidade com o seu entorno passa a constituir uma unidade de acumulação econômica que será mais ou menos produtiva, como sistema, segundo consiga ou não organizar-se num espaço colaborativo e coerente dentro do seu território e na região onde está situada.

Enfim, uma quarta dinâmica que também vimos acima está ligada ao deslocamento da composição intersetorial das atividades econômicas, cada vez mais centradas em políticas sociais como saúde, educação, cultura, informação, lazer e outras. Estas atividades, muito mais do que a produção industrial, envolvem processos colaborativos intensos, não se regulam adequadamente pelo lucro, e dependem vitalmente da constituição do capital social e de processos participativos de decisão. A resistência a formas mais modernas de gestão é natural. Anos

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atrás, houve grandes lutas contra a vacinação obrigatória das crianças, em nome da liberdade de cada um decidir segundo as suas preferências. Naturalmente, vacinar uma parte da população não erradica doença alguma.

Estas quatro macro-tendências, da economia do conhecimento, da conectividade, da urbanização e da primazia do social, geraram condições profundamente renovadas no conjunto do processo de reprodução social, e as velhas práticas que privilegiam a compet ição, o segredo, os clubes fechados, constituem simplesmente a aplicação de uma ideologia econômica antiga a uma realidade nova. Ou seja, o paradigma da colaboração, além de constituir uma visão ética, e de materializar valores das pessoas que querem gozar uma vida agradável, trabalhar de maneira inteligente e útil, em vez de ter de matar um leão por dia, – constitui hoje bom senso econômico em termos de resultados para o conjunto da sociedade. Voltando ao princípio, à ―rentabilidade social‖ de que fala Celso Furtado, a colaboração tem de se dar em torno ao objetivo simples da alocação racional de recursos em função da qualidade de vida social.

Hoje sem dúvida as grandes empresas de medicamentos têm entre elas arranjos colaborativos que lhe permitem realizar lucros fabulosos, ao restringirem acesso à livre fabricação das drogas, o que por sua vez permite elevar os preços. Os banqueiros no Brasil colaboram intensamente na manutenção de um sistema de restrição ao crédito, de juros elevados e de tarifas caríssimas, o que lhes permite drenar grande parte da riqueza produzida pela sociedade, sem precisar contribuir para produzi-la. Os grandes grupos da mídia colaboram com as grandes empresas que compram espaço publicitário, e adaptam o conteúdo da informação aos interesses empresariais. Os exemplos não faltam deste tipo de círculos fechados em torno de interesses minoritários.

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Putnam resume bem a questão, no seu Bowling Alone já citado, ao lembrar que a Ku Klux Klan é uma organização da sociedade civil, mas cujo objetivo é excluir um segmento da sociedade, em vez de incluir de forma equilibrada os diversos interesses. Isto não é colaboração, é corporativismo na sua pior manifestação. Ou seja, a construção dos processos colaborativos necessários a uma economia moderna passa por romper os diversos tipos de fortificações que constituem os cartéis, trustes e outros clubes de ricos que desequilibram o desenvolvimento. Não há como escapar à busca ativa de processos econômicos mais democráticos, descentralizados e participativos.

Korten busca soluções na articulação dos espaços de desenvolvimento local, onde os agentes econômicos se conhecem e podem construir sistemas colaborativos: ―Resolver a crise depende da mobilização da sociedade civil para resgatar o poder que as corporações e os mercados financeiros globais usurparam. A nossa maior esperança para o futuro está com economias apropriadas e geridas localmente que se apoiem predominantemente em recursos locais para responder às necessidades de vida locais dos seus membros em formas que mantenham um equilíbrio com a terra. Um tal deslocamento nas estruturas institucionais e prioridades poderá abrir caminho para a eliminação da escassez e extrema desigualdade das experiências humanas, instituindo uma verdadeira democracia cidadã, e liberando um potencial presentemente não realizado de crescimento e criatividade individuais e coletivos" [7].

Não há soluções simples nesta área, mas o paradigma da colaboração abre sem dúvida uma visão renovada, onde a simples competição não resolve, e os mercados se tornaram cada vez menos operantes. A visão renovada envolve o resgate do planejamento, mecanismos de gestão participativa local, articulações inter-empresariais, e também mecanismos tradicionais de mercado onde ainda sejam úteis, além de mecanismos de concertação internacional cada vez mais necessários, apontando no conjunto para uma articulação de diversos mecanismos de regulação em vez das alternativas simplificadas em torno do estatização versus privatização [8].

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A nossa intuição simplificada – aqueles argumentos não explicitados mas poderosos que temos em algum lugar profundo da nossa cabeça – nos sugere que a política não funcional, e que a economia de mercado, ao definir regras de jogo iguais para todos os agentes econômicos, ainda constitui o melhor mecanismo de regulação. A realidade é que a própria política está mudando, evoluindo para a democracia participativa, enquanto os mecanismos de mercado sobrevivem em espaços cada vez mais limitados da economia tradicional, subst ituídos pela força das articulações corporativas. A democracia econômica constitui um complemento necessário que pode racionalizar tanto a política como a economia.

NOTAS: [1] Hazel Henderson – Construindo um mundo onde todos ganhem (Building a Win-Win World), ed. Cultrix, São Paulo 1996. [2] id., ibid., p. 293 – É interessante ver também o texto de Daniel Cohen, em La Mondialisation et ses ennemis, sobre esta defasagem entre a economia real e as instituições: ―A melhor maneira, em princípio, de encontrar uma idéia nova para resolver um problema dado é de coordenar a pesquisa dos que a desenvolvem e, uma vez realizada a descoberta, colocá-la à disposição de todos. O ―bom‖ modelo de referência aqui não é o do mercado, mas o da pesquisa acadêmica que recompensa por diversas distinções o ―bom pesquisador‖, ao mesmo tempo que deixa as suas descobertas livres para todos. O sistema da propriedade intelectual conduz a fazer exatamente o contrário. As equipes que competem na mesma área, por um determinado medicamento por exemplo, não compartem os seus conhecimentos, e uma vez realizada, a descoberta será a propriedade exclusiva de quem a realizou primeiro. Temos aqui, para o mundo moderno, uma idéia que Mar x havia enunciado, de uma contradição entre o desenvolvimento das forças produtivas, aqui da inovação, e o das relações de propriedade‖ – p. 228. [3] Henderson, ibid., p. 19 e 24

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[4] O texto já mencionado de Frey e Stutzer desenvolve este tema: ―As pessoas têm tendência a se sentirem felizes não só pelo resultado mas também pelo próprio processo...Scitovsky propõe que ‗a diferença entre gostar ou não gostar do trabalho que se faz pode ser mais importante do que a diferença na satisfação econômica gerada pelas disparidades na nossa renda‘. As pessoas podem também se sentir mais eatisfeitas ao agirem de maneira correta e ao serem honestas, independentemente do resultado...Assim, a utilidade é colhida do processo de tomada de decisão mais além do resultado gerado‖ (―Thus utility is reaped from the decision-making process itself over and above the outcome generated‖.) – Happiness and Economics, op. cit., p. 153 [5] David Korten – The Post-Corporate World – Berrett-Koehler, San Francisco, 1999., p. 62 – Edição brasileira pela Editora. Vozes, Petrópolis, 2003 [6] Michael L. Gerlach – Alliance Capitalism – University of California Press, Berkeley, 1992, p. 39 – Gerlach constata que as trocas propriamente baseadas no espaço anônimo de mercado ―na prática se tornaram raras e limitadas a uma faixa relativamente estreita de transações rotineiras‖ (p. 41); ver também os trabalhos de James E. Austin, The collaboration Challenge, publicado pela Drucker Foundation, bem como a visão institucionalista de Douglass C. North, Institutions, Institutional Change and Economic Performance, Cambridge University Press, 1990 [7] - Korten, op. cit. p. 7 [8] O argumento da articulação dos mecanismos de regulação foi desenvolvido no nosso A Reprodução Social, vol. II.

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Atividades para Autoavaliação

Atividade: TAE 001 / TRABALHO ACADÊMICO EFETIVO – ATIVIDADES INTEGRADAS DE FORMAÇAO GERAL I Unidade Nº: 07 Título: CIDADANIA E DEMOCRACIA

QUESTÃO 1 Tópico Associado: Identidades na sociedade de consumo A sociedade de consumo mantém uma correlação com o neoliberalismo, que amplia o espaço privado, restringe o espaço público e transforma os direitos sociais em serviços demarcados pelo mercado. Sobre essa dinâmica, considere as afirmativas a seguir. I. Na lógica neoliberal do mercado, a busca do sucesso, a qualquer preço, pelo indivíduo e a volatilidade do sistema econômico financeiro geram fatores de insegurança social. II. O planeta foi transformado em uma unidade de operações das corporações financeiras, sendo a fragmentação e a dispersão

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socioeconômica considerada como natural e positiva. III. Os valores sociais constituídos no seio das comunidades tradicionais são respeitados por indivíduos egocentrados, portadores dos valores essenciais do neoliberalismo. IV. A democracia encontra-se prestigiada pela capacidade dos cidadãos de vender os direitos conquistados como serviços. Assinale a alternativa correta. A) Somente as afirmativas I e II são corretas. B) Somente as afirmativas I e IV são corretas. C) Somente as afirmativas III e IV são corretas. D) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. FEEDBACK DA QUESTÃO 1 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

QUESTÃO 2 : Tópico Associado: Democracia e crise política. ―A imprensa, que sempre esteve alinhada às grandes causas da cidadania, está convicta de que o próximo passo para a consolidação da democracia em nosso país passa pelo restabelecimento imediato da ordem pública‖. (Manifesto “Basta à violência”, de 16/08/06, das associações de jornais, de editores de revistas e das emissoras de rádio e televisão.)

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Com base no texto, pode-se afirmar que, no Brasil, como no resto do Ocidente, ―as grandes causas da cidadania‖ e a ―consolidação da democracia‖: A) Surgiram, fortuitamente, em decorrência da ação de grandes estadistas devotados à causa dos direitos do homem. B) Apareceram, simultaneamente, em decorrência do impacto provocado pela Revolução Francesa sobre praticamente todos os países. C) Caminharam juntas e, em geral, na seguinte ordem: primeiro, a igualdade jurídica, depois, os direitos políticos; e, por último, os direitos sociais. D) Derivam, respectivamente, do absolutismo, que transformou os súditos em cidadãos, e do liberalismo, que garantiu os direitos políticos. FEEDBACK DA QUESTÃO 2 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

QUESTÃO 3 Tópico Associado: Identidade na sociedade de consumo.

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Começar o dia com vergonha alheia é uma droga… Matéria no ―Bom Dia Brasil‖, da TV Globo, na manhã desta quinta, mostrou a fila formada na porta da loja da Apple, em Nova Iorque, de consumidores ansiosos para pôr as mãos em um iPhone 5. Gente que chegou uma semana antes do lançamento. E, o pior, diz isso com orgulho. [...] Para alguns, o iPhone é um instrumento de trabalho – muitas vezes desnecessário, é claro. Para outros, é um elemento que ajuda a dar sentido às coisas, contribui na formação da imagem que temos de nós mesmos e fornece um símbolo para que a comunidade o reconheça. Lembram-me daquelas cabeças ocas de ampola usuários de iPhone que jorraram preconceito nas redes sociais quando o Instagram tornou-se acessível também aos usuários do Android? Reclamavam que a rede social de fotos iria virar coisa do populacho, uma vez que elas seriam as que possuem telefones com esse sistema operacional, normalmente mais acessíveis. São a versão moderna do sujeito que reclama que a calça de grife dele agora está em desconto, o que vai fazer com que

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mais pessoas a tenham, perdendo – portanto – a exclusividade – razão que o levou a adquirir tal peça. Não é a qualidade do produto que está em jogo, mas o que ele significa socialmente. O preço estipulado tem pouca relação ou nenhuma com custos de produção, mas serve para segregar. (SAKAMOTO,

Leonardo.

Blog do

Sakamoto.

Direitos Humanos,

Trabalho

Decente, Meio

Ambiente.

em:http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2012/09/20/estou-com-vergonha-alheia-da-fila-na-porta-da-apple/

Disponível

Acesso em: 21

set 2012.)

Qual das opções abaixo está em desacordo com o autor desse texto?

A) As indústrias de consumo vendem estilos de vida, muitas das vezes impondo-nos o que deveríamos ser. B) Nas sociedades de consumo, a busca pela felicidade passa cada vez mais pelo ato de comprar. C) Nas sociedades de consumo os produtos possuem obsolescência programada, influenciando-nos a comprar sempre mais. D) Nas sociedades de consumo, a expansão do crédito tem como principal consequência gerar mais riqueza, trabalho e felicidade para a classe trabalhadora. FEEDBACK DA QUESTÃO 3 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

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QUESTÃO 4 Tópico Associado: Identidade na sociedade de consumo Leia o poema de Carlos Drumond de Andrade, ―Eu Etiqueta‖:

Em minha calça está grudado um nome que não é meu de batismo ou de cartório. Um nome... estranho. Meu blusão traz lembrete de bebida que jamais pus na boca, nessa vida. Em minha camiseta, a marca de cigarro que não fumo, até hoje não fumei. Minhas meias falam de produtos que nunca experimentei Mas são comunicados a meus pés. Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro, Minha gravata e cinto e escova e pente, Meu copo, minha xícara, minha toalha de banho e sabonete, meu isso, meu aquilo, Desde a cabeça ao bico dos sapatos, são mensagens, letras falantes, gritos visuais, ordens de uso, abuso, reincidências. Costume, hábito, permência, indispensabilidade, E fazem de mim homem-anúncio itinerante, escravo da matéria anunciada. Estou, estou na moda. É duro andar na moda, ainda que a moda seja negar minha Identidade, ... Agora sou anúncio, ora vulgar, ora bizarro.

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Em língua nacional ou em qualquer língua (Qualquer principalmente.) E nisto me comparo, tiro glória de minha anulação. Não sou - vê lá - anúncio contratado. Eu é que mimosamente pago para anunciar, para vender em bares festas praias pérgulas, piscinas. E bem à vista exibo esta etiqueta global no corpo que desiste de ser veste e sandália de uma essência tão viva, independente, que moda ou suborno algum a compromete. Onde terei jogado fora meu gosto e capacidade de escolher, minhas idiossincrasias tão pessoais, tão minhas que no rosto se espelhavam E cada gesto, cada olhar, cada vinco da roupa. Sou gravado de forma universal, saio da estamparia, não de casa, da vitrine me tiram, recolocam, objeto pulsante mas objeto que se oferece como signo dos outros objetos estáticos, tarifados. Por me ostentar assim, tão orgulhoso de ser não eu, mas artigo industrial, Peço que meu nome retifiquem. Já não me convém o título de homem. Meu nome novo é Coisa. Eu sou a Coisa, coisamente.

(ANDRADE, Carlos Drumond de. Eu, etiqueta.)

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Assinale a alternativa que representa a ideia central do texto de Drumond: A) Na sociedade de consumo, as necessidades são artificialmente estimuladas, sobretudo pelos meios de comunicação de massa, levando as pessoas em busca de sua identidade social, levando ao risco do consumo alienado e comprometendo o verdadeiro significado do exercício da cidadania. B) A globalização ajuda aos indivíduos a realizarem escolhas conscientes de consumo em busca de sua identidade. C) Numa sociedade de consumo, o individuo consumidor tem maior possibilidade de se incluir socialmente, favorecendo o exercício da cidadania. D) A liberdade é o que de fato distingue o ser humano dos outros seres no mundo; e o consumo, por defender a liberdade de escolha, vem afirmando esse aspecto da condição humana e a verdadeira expressão da democracia. FEEDBACK DA QUESTÃO 4 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

QUESTÃO 5 Tópico Associado: Democracia e crise política A noção de cidadania gerada pela visão liberal, a partir do século XVIII, foi uma resposta do Estado às reivindicações da sociedade, e levou à institucionalização dos direitos civis, direitos políticos e direitos sociais. Mais contemporaneamente, a noção de cidadania

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redefine a ideia de direitos. O ponto de partida é a concepção de um direito a ter direitos e inclui a criação de novos direitos que emergem de lutas específicas.

Assinale a opção que contempla um dos direitos sociais: A) Liberdade de expressão. B) Liberdade de ir e vir. C) Direito à propriedade. D) Direito à educação. FEEDBACK DA QUESTÃO 5 Resposta certa: Vide gabarito no final deste caderno.

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Questão discursiva Tópico Associado: Autoridade e democratização das relações

Carrego Comigo Carlos Drummond de Andrade Carrego comigo há dezenas de anos há centenas de anos o pequeno embrulho.

Quero responder. A rua infinita vai além do mar. Quero caminhar.

Serão duas cartas? será uma flor? será um retrato? um lenço talvez?

Mas o embrulho pesa. Vem a tentação de jogá-lo ao fundo da primeira vala.

Já não me recordo onde o encontrei. Se foi um presente ou se foi furtado.

Ou talvez queimá-lo: cinzas se dispersam e não fica sombra sequer, nem remorso.

Se os anjos desceram

Ai, fardo sutil

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trazendo-o nas mãos, se boiava no rio, se pairava no ar.

que antes me carregas do que és carregado, para onde me levas?

Não ouso entreabri-lo. Que coisa contém, ou se algo contém, nunca saberei.

Por que não me dizes a palavra dura oculta em teu seio, carga intolerável?

Como poderia tratar esse gesto? O embrulho é tão frio e também tão quente.

Seguir-te submisso por tanto caminho sem saber de ti senão que te sigo.

Ele arde nas mãos, é doce ao meu tato. Pronto me fascina e me deixa triste.

Se agora te abrisses e te revelasses mesmo em forma de erro, que alívio seria!

Guardar um segredo em si e consigo, não querer sabê-lo ou querer demais.

Mas ficas fechado. Carrego-te à noite se vou para o baile. De manhã te levo

Guardar um segredo de seus próprios olhos, por baixo do sono, atrás da lembrança.

para a escura fábrica de negro subúrbio. És, de fato, amigo secreto e evidente.

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A boca experiente saúda os amigos. Mão aperta mão, peito se dilata.

Perder-te seria perder-me a mim próprio. Sou um homem livre mas levo uma coisa.

Vem do mar o apelo, vêm das coisas gritos. O mundo te chama: Carlos! Não respondes?

Não sei o que seja. Eu não a escolhi. Jamais a fitei. Mas levo uma coisa. Não estou vazio, não estou sozinho, pois anda comigo algo indescritível.

Agora reflita e elabore um texto respondendo: - O que significa o embrulho para você? - Que adjetivos são dados ao embrulho pelo autor? - Você acha que as suas relações com a sociedade que o cerca o ajuda a formar a sua identidade e a sua cidadania? Ou você já nasce pronto?

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GABARITO

FEEDBACK DA QUESTÃO 1: Resposta certa: Letra A FEEDBACK DA QUESTÃO 2 : Resposta certa: Letra C FEEDBACK DA QUESTÃO 3: Resposta certa: Letra D FEEDBACK DA QUESTÃO 4: Resposta certa: Letra A FEEDBACK DA QUESTÃO 5: Resposta certa: Letra D

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FEEDBACK DA QUESTÃO DISCURSIVA: COMENTÁRIO: Em relação ao embrulho, nós, seres humanos, somos únicos. Não há uma só pessoa igual a outra. Carregamos dentro de nós um misto de emoções, um infinito particular. Nosso eu é construído também nas relações exteriores: com os amigos, trabalho e família; moldando nossa personalidade, com o dia a dia , com a vida hodierna. Nossa personalidade, nosso eu é moldado dos sabores e dissabores que a vida nos traz. Enquanto isso, vamos pintando nosso autorretrato com as cores que gostamos e com outras nuances que se agregam. O aprendizado é contínuo e o que nos faz cidadãos e nos representa é o que trazemos dentro de nós. Como eu me leio e como me leem: o que carrego comigo. Esse "embrulho", herança de muitos, é um traço individual.

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CADERNOS PEDAGÓGICOS DE FORMAÇÃO GERAL Capítulo 4

Ética Cidadã e Educação na Era Planetária Etica Cidada e Educaçao na Era Planetaria

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FICHA DE UNIDADE DE APRENDIZAGEM

Atividade: TAE 1 / Trabalho Acadêmico Efetivo 1. (Atividades Integradas de Formação Geral I) Unidade Nº: Oito (8/14) Título: Ética Cidadã e Educação na Era Planetária Objetivos de aprendizagem: Compreender o conceito de ética e os constituintes do campo ético. Analisar o papel da educação em tempos de globalização. Detectar os efeitos da globalização para a educação e para a ética. Tópicos abordados: Efeitos da globalização para a ética e para a educação Educação na Era Planetária

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Introdução:

A educação na era planetária, expressão que dá título ao artigo que faz parte do conteúdo desta unidade, já começa com seu autor -o antropólogo, sociólogo e historiador francês Edgar Morin -- tomando posição crítica com relação à estrutura educacional na qual estamos inseridos: uma estrutura que separa o conhecimento em disciplinas como se fossem caixinhas que não se comunicam. Diz ele:

Educar para a era planetária significa que devemos nos questionar para saber se nosso sistema educacional está baseado na separação dos conhecimentos. Conhecimentos estes que as disciplinas separam, e não somente elas as separam, como tampouco comunicam. Nós aprendemos a analisar, a separar, mas não aprendemos a relacionar, a fazer com que as coisas comuniquem. Ou seja, o tecido comum que une os diferentes aspectos dos conhecimentos em cada disciplina se torna completamente invisível; ora, existe um tecido comum, mesmo que você estude economia. (MORIN, 2013a)

Aspectos econômicos, religiosos, políticos, étnicos, demográficos e demais variados fatores se manifestam em profunda interação em todas as temáticas que se possa discutir no contexto globalizado contemporâneo. Assim é necessário, segundo Morin, um exercício educacional do pensamento que nos torne capazes de fazer ligações e interligações entre os diferentes aspectos do conhecimento. No entanto, como explica o fragmento acima, todo o sistema educacional tradicional é baseado em disciplinas específicas muito pouco interligadas. Portanto, a educação produz também ignorância e cegueira. Separa os objetos do conhecimento do seu contexto, fragmentando o mundo e impedindo as pessoas que tenham uma compreensão melhor da humanidade. Isso faz pensar que a estrutura educacional clássica não está estabelecida para a complexa era planetária e precisa ser reformada.

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ERA PLANETÁRIA Mas o que é chamado de era planetária? A chamada era planetária começa com a conquista das Américas a partir de 1492 e com a navegação portuguesa no século XV. Edgar Morin (2013a) diz que Aqui no Brasil, por exemplo, nós ignoramos que o café, um produto tipicamente brasileiro, vem do sul da Arábia, do Iêmem. Ele se expandiu pelo império Otomano durante os séculos 13, 14, 15 e quando os turcos chegaram às portas de Viena, no século 16, eles trouxeram o café para o Ocidente. Daí o café foi transplantado para a Colômbia, o Brasil, o Venezuela, ou seja, para a América Latina.

Assim, era planetária é ―uma era em que todos os seres humanos se encontram unidos numa espécie de comunidade do destino cada vez maior‖, o que exige uma construção de visão de mundo não fragmentada e, para isso, segundo Morin, será preciso estabelecer uma reforma do pensamento.

O PENSAMENTO NÃO FRAGMENTADO

http://lasnubes3.bligoo.com.mx/media/users/13/694565/images/public/89747/IMAGENN.jpg?v=1310167657343

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Edgar Morin defende que o pensamento não fragmentado é uma necessidade chave para a sociedade. Segundo ele, com o pensamento não fragmentado o homem percebe, ao analisar a vida e o mundo, o que está a sua volta, construindo um entendimento melhor e mais abrangente a respeito dos problemas da humanidade. Na palestra ―Fronteiras do pensamento‖ que você encontra em seu conteúdo (http://www.youtube.com/watch?v=QJgDtOtf7r0), Morin diz que ao longo dos anos 60, as fronteiras do pensamento se deslocaram e ocorreram mudanças significativas. Depois das guerras, depois das sociedades fechadas umas nas outras, surge uma sociedade de um tipo novo, que nunca existiu, que seria uma sociedade mundo, produto das mudanças e do processo de globalização que os franceses vão chamar de mundialização como você já viu em unidades anteriores.

Pelo viés da educação, da reforma do pensamento, que estabelece que toda análise deve ser feita de maneira global, Morin vai afirmar e reafirmar que a globalização não deve ser vista unicamente pelo viés econômico e de consumo.

A globalização, quando vista apenas pelo aspecto econômico, de certa maneira sufoca o homem em seus valores éticos, culturais e de solidariedade, fazendo com que se discuta menos sobre a ética cidadã e mais sobre economia em tempo de globalização. ―É que os problemas humanos e sociais não podem ser reduzidos a cálculos matemáticos, não podemos dizer que só o desenvolvimento da economia resolve todos os outros problemas humanos‖, diz Morin em entrevista ao Programa Roda Viva da TVE no ano 2000 (http://www.youtube.com/watch?v=ptITr1Zl9UQ ) .

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Na mesma entrevista, ele explica: A razão fria é apenas para os computadores. Eles é que tem razão fria. Não tem sentimentos nem vida. Se os deixássemos governar, a humanidade seria um perigo. Portanto somos seres capazes de emoção e de loucuras também. E, no fundo, a dificuldade na vida é navegar, não é? Nunca perder a racionalidade, mas, também, nunca perder o sentimento, sobretudo o amor. Do mesmo modo, somos homens de economia. É claro, temos interesses econômicos, mas somos homo ludens também. Gostamos do jogo. Não só dos jogos infantis. O jogo faz parte da vida. A prosa serve para viver, mas a poesia é viver, é o próprio desabrochar. É a comunicação, é a comunhão. Se tivermos essa definição aberta do ser humano, levaremos em conta toda a dimensão humana. Mas se ela for fechada e econômica, nós a perderemos. (MORIN, 2013b)

Tal ponto de vista foi posto em discussão no ano 2000. Treze anos depois, as questões já se refletem em ações de políticas de cidadania, de respeito às diferenças, de sociodiversidades, de ações culturais que são efetivas reformas e reestruturações culturais e educacionais no mundo globalizado e são características de uma ética cidadã.

A busca da relação que se quer entre o todo e a parte.

http://3.bp.blogspot.com/CkSAn2UsvrE/TjrmlYIF3tI/AAAAAAAAEdg/TrdLadOJMUw/s1600/mapa+mundi+quebra+cabe%25C3%25A7a+todo+parte.JPG

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Segundo Morin (2013b), ao pensar os processos que desencadearam guerras pelo mundo, o problema é que ―o outro concebido individual e coletivamente como o estrangeiro; ele é não somente o estrangeiro, mas o inimigo‖. Pensar que a única possibilidade de sermos todos iguais é que somos todos diferentes, é um pensamento ético e cidadão que nos leva, como diz o fragmento citado acima, a um olhar para o ser humano em toda a sua complexidade.

A complexidade contida na singularidade humana.

http://pt.dreamstime.com/handprints-impress%C3%B5es-digitais-e-mais-thumb3892882.jpg

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PARA SABER MAIS No vídeo desta unidade, indicado para você assistir, sobre ―Ética Global vs Interesses Nacionais‖, com o entrevistado Gordon Brown, e disponível em http://www.veduca.com.br/play?v=5390 , são propostos, por um entrevistador afiado, as seguintes questões: 1) O que é uma ética ou cidadania global? 2) Como elas são influenciadas pelas mudanças tecnológicas? 3) Como conciliar os interesses da cidadania global com os da identidade nacional, ou o que fazer quando o sentimento de cidadão global entra em choque com o de cidadão nacional? 4) São possíveis, no mundo de hoje, práticas econômicas protecionistas? 5) As instituições internacionais existentes podem lidar com os desafios da era atual, como os que dizem respeito ao meio ambiente? 6) É possível que um dia, o mundo venha a aceitar o direito de proteção às vítimas de genocídios ou ataques humanitários? 7) Como conciliar os interesses dos países pobres ou em crescimento com as questões sobre proteção climática e desenvolvimento?

Clique no link abaixo e construa a sua ideia sobre os 7 itens citados acima. Não esqueça de deixar seu post no Blog de Formação Geral , ao final do texto no blog.

USINA DE BELO MONTE: PROGRESSO OU DESTRUIÇÃO? RIO +20 e XINGU +23

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Conteúdo: MORIN, Edgar. Educação na era planetária. Disponível em: <http://www.edgarmorin.org.br/textos.php?tx=30> Acesso em: 04 fev 2013a. MORIN, Edgar. Fronteiras do Pensamento. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=QJgDtOtf7r0> Acesso em: 31 jan 2013b.

Síntese: Edgar Morin defende que o pensamento não fragmentado é uma necessidade chave para a sociedade. Segundo ele, com o pensamento não fragmentado o homem percebe, ao analisar a vida e o mundo, o que está a sua volta, construindo um entendimento melhor e mais abrangente a respeito dos problemas da humanidade na era planetária. A era planetária é ―uma era em que todos os seres humanos se encontram unidos numa espécie de comunidade do destino cada vez maior‖. Isso exige uma construção de visão de mundo não fragmentada e, para isso, segundo Morin, será preciso estabelecer uma reforma do pensamento.

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Leituras complementares:

BROWN, Gordon. Ética global vs. Interesses nacionais. Disponível em :<http://www.veduca.com.br/play?v=5390>. Acesso em: 03 mar 2013.

Bibliografia recomendada:

BLOG FORMAÇÃO GERAL UNIGRANRIO. Disponível em: <http://blogs.unigranrio.com.br/formacaogeral/2012/06/10/usina-de-belo-monte-progresso-ou-destruicao/>. 2013.

Acesso em: 22 fev

CARVALHO, José Murilo de Carvalho. Cidadania no Brasil. O longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005. CHAUÍ, Marilena ; OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Filosofia e Sociologia. São Paulo: Ática, 2010. DIMENSTEIN, Gilberto. Cidadão de papel. São Paulo: Ática, 2001. PENA-VEJA, Alfredo; ALMEIDA, Cleide R. S.; PETRAGLIA, Izabel. Edgar Morin: Ética, cultura e educação. SP: Cortez Editora, sd. PINSKY, Jaime e PINSKY, Carla Bassanezi. História da Cidadania. São Paulo: Contexto, 2003.

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Músicas sobre os problemas mundiais que necessitam de ajuda coletiva para serem sanados:

Clique e ouça a música, veja a letra, tradução e o vídeo.

Earth Song Michael Jackson

Onde está o mundo bom? (Living in L.A.) Charlie Brown Jr

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Poema: O todo e a parte (fragmento) Gregório de Matos (Clique no nome para saber mais sobre o autor)

O todo sem a parte não é todo, A parte sem o todo não é parte, Mas se a parte o faz todo, sendo parte, Não se diga que é parte, sendo todo.

Disponível em : <http://marcoantonyo.blogspot.com.br/2011/08/o-todo.html>.

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Poema: Só de Sacanagem Elisa Lucinda

Clique sobre o nome da poetisa e saiba um pouco mais sobre ela. Clique abaixo e ouça o poema.

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Charge:

Ética na educação.

http://4.bp.blogspot.com/_B4LSZPJe1kI/SisUL6yPoZI/AAAAAAAAACo/IF9Kzu3lhZA/s400/auto_ivan_etica%5B1%5D.jpg http://2.bp.blogspot.com/-k2x5O_ijIE0/Tn8gXZNnh9I/AAAAAAAAE1c/5YBfqtIp1Ok/s1600/Charge2011-etica_escola-705278.jpg

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E você já fez a sua parte?

Por mais de 800 mil anos, o gelo do Ártico é um elemento permanente do oceano. Ele está derretendo por causa do uso de combustíveis fósseis. Em um futuro próximo, o Ártico pode ficar sem gelo pela primeira vez desde que os humanos pisaram na Terra. Isso ser ia devastador não só para as populações de ursos polares, narvais, morsas e outras espécies que vivem lá - mas para o resto de nós também. O gelo no topo do mundo reflete muito do calor do Sol de volta para o espaço e, assim, mantém todo o nosso planeta resfriado, estabilizando os sistemas climáticos, dos quais dependemos para cultivar alimentos. Proteger o Ártico significa proteger a todos nós. O Ártico, que já derrete, está ameaçado pela exploração de petróleo, pesca industrial e pela guerra, alguns dos problemas mundiais da atualidade.

http://www.greenpeace.org/brasil/pt/

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Você conhece o Greenpeace ? Clique e saiba mais.

Vídeo: Clique na imagem abaixo e assista ao vídeo sobre o documentário.

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Multimídia: JUSTIÇA E PAZ: QUE O RIO GANHE ESSAS MARAVILHAS

O episódio bárbaro de violência, espancamento da doméstica por vários rapazes na Barra da Tijuca, foi reproduzido com recursos multimídia das TIC‘s.

Clique sobre a animação em flash abaixo e assista:

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TEXTO

TEXTO TEXTO 1 1 MORIN, Edgar. Educação na era planetária. Disponível em: <http://www.edgarmorin.org.br/textos.php?tx=30>. Acesso em: 04 fev 2013a.

EDUCAÇÃO NA ERA PLANETÁRIA Edgar Morin Conferência na Universidade São Marcos, São Paulo, Brasil, 2005

- Bom dia a todos. - Eu lamento muito não estar presente fisicamente entre vocês, mas espero que em breve isto seja possível. - Enquanto isto, vamos nos comunicar graças à técnica. - Educar para a era planetária significa que devemos nos questionar para saber se nosso sistema educacional está baseado na separação dos conhecimentos. Conhecimentos estes que as disciplinas separam, e não somente elas as separam, como tampouco comunicam. Nós aprendemos a analisar, a separar, mas não aprendemos a relacionar, a fazer com que as coisas comuniquem. Ou seja, o tecido comum que une os diferentes aspectos dos conhecimentos em cada disciplina se torna completamente invisível; ora, existe um tecido comum, mesmo

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que você estude economia. A economia é uma ciência extremamente precisa baseada no cálculo. O cálculo ignora os sentimentos, as paixões humanas; além do mais, a visão puramente econômica ignora o fato de que não há só economia na economia, há também desejo, medo, crença, política. Tudo está ligado, não só na realidade humana, como também na realidade planetária. Portanto, podemos imaginar que nosso sistema educacional é inadequado. Vejam a palavra ―complexidade‖. Ela vem do latim complexus, ―aquilo que é tecido‖. Vemos, então, que nosso sistema educacional nos torna incapazes de conceber a complexidade, isto é, as inumeráveis ligações entre os diferentes aspectos dos conhecimentos. Isto é mais grave hoje, porque a época planetária se manifesta através de uma extrema interação entre fatores diversos: econômicos, religiosos, políticos, étnicos, demográficos etc. Fica mais difícil entender esta época em que o local é separável do global e o global influi sobre o local. Eu diria até que nós não percebemos que nossa vida cotidiana de indivíduo é determinada pela era planetária, que começou com a conquista das Américas, a partir de 1492, e com a navegação portuguesa pelo globo no final do século 15.

A era planetária começou no início do século 16. Aqui no Brasil, por exemplo, nós ignoramos que o café, um produto tipicamente brasileiro, vem do sul da Arábia, do Iêmem. Ele se expandiu pelo império Otomano durante os séculos 13, 14, 15 e quando os turcos chegaram às portas de Viena, no século 16, eles trouxeram o café para o Ocidente. Daí o café foi transplantado para a Colômbia, o Brasil, o Venezuela, ou seja, para a América Latina. Coisas tão banais como o cavalo, que foi importado da Europa, assim como o boi, o trigo. Em compensação, na Europa estamos convencidos de que o tomate é um produto típico do Mediterrâneo, mas ele veio das Américas, como o milho também.

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É dizer que a era planetária começou no século 16. E hoje ela é cada vez mais forte, mais intensa. E nós devemos conhecê-la, para saber quem somos e para onde o mundo, a humanidade estão indo. O que supõe que nós nos questionemos sobre a humanidade, sobre as relações entre os humanos, sobre o conhecimento. E por que isto? Porque, curiosamente, se ensinam conhecimentos, mas nunca o que é o conhecimento. Ora, sempre há no conhecimento um risco de erro, de ilusão. Aliás, muitos conhecimentos que, no passado, achávamos certos, hoje os consideramos errados, ilusórios; muitas ideias que no século 20 nos pareciam justas foram abandonadas. Portanto, há sempre uma margem de erro, de ilusão, que repousa na natureza mesmo do conhecimento. Por que isso? Porque a percepção que tenho do mundo exterior não é uma fotografia do mundo exterior pelos meus olhos; os estímulos luminosos que atingem meus olhos, minhas retinas, são traduzidos por uma infinidade de células em sinais binários que são transportados, então, pelo nervo óptico até o cérebro, onde se tornam uma percepção. Ou seja, qualquer conhecimento não passa de uma tradução, de uma reconstrução. E este fato vale também para o conhecimento teórico, pois as ideias, as palavras também são traduções, reconstruções. A prova que minha percepção não é uma fotografia é o fenômeno conhecido como ―constância perceptiva‖: assim, mesmo que na minha retina a imagem das pessoas que se encontram no fundo da sala seja pequena e a das pessoas que estão na primeira fila seja grande, jamais vou ver as pessoas do fundo da sala como anões e as da primeira fila como gigantes. Automaticamente, sem que eu esteja consciente disso, restabeleço o tamanho real das pessoas ainda que a imagem visual que tenho delas seja diferente nos meus olhos. No entanto, este fenômeno existe e faz com que sempre corramos o risco de errar na interpretação e os erros vão se multiplicando com as ideias, com as teorias tanto que nossos conhecimentos sofrem do fenômeno psicológico que os ingleses chamam de self deception, ou seja, ―mentir a si mesmo‖. Frequentemente nós mentimos para nós mesmos e sequer o percebemos. Transformamos nossas lembranças, esquecemos aquelas que nos incomodam, embelezamos as ruins; o fenômeno da self deception é absolutamente cotidiano.

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Então, além do erro, há uma fonte psicológica e também uma fonte cultural, pois desde criança lidamos com o que chamo a unprainting cultural, que é a marca da cultura através não só da linguagem, como das ideias fortes, das crenças. Em geral, quando a marca de uma cultura é muito forte, ela impede que as idéias diferentes, não conformes a ela, se exprimam. Há um fenômeno que podemos chamar de normalização, ou seja, tudo aquilo que não é normal é afastado e há também um processo de eliminação de tudo que parece ser desviante. Portanto, quando estamos numa sociedade pluralista em que tal normalização não chega a ser tão massiva, mas que perdura assim mesmo, inclusive no meio cientifico, há uma tendência em ver-se certos dogmas se consolidarem e durarem. É, por exemplo, o problema da marca cultural ou, mais profundamente ainda, o problema do que podemos chamar os ―paradigmas‖, isto é, os princípios que organizam o conhecimento de uma forma sobre a qual estamos inconscientes. Falando do sistema educacional, um paradigma que chamaremos ―simplificação‖ domina nosso ensino, em que para conhecer nós separamos, reduzimos o que é complexo a simples. Tal visão mutila nosso conhecimento. O problema, então, é conseguirmos obedecer a um paradigma que possibilite diferenciar e ao mesmo tempo relacionar. E justamente o paradigma que domina o conhecimento na nossa civilização e na nossa sociedade é um paradigma que impede o conhecimento complexo, o conhecimento da era planetária.

E, enfim, existe outro obstáculo ao conhecimento que tentei levantar no livro O método, que trata do tema da possessão pelas ideias. Nós pensamos ter ideias que utilizamos para conhecer, o que é certo, porém, isto é apenas um dos aspectos da realidade. Na verdade, as ideias que surgem numa comunidade tomam força e energia. Não somos sós nós que as possuímos, elas também nos possuem. Isso é verdade no que diz respeito aos deuses, às religiões: é verdade que a fé de uma comunidade cria os deuses. Mas esses deuses, uma vez que existem, têm um poder enorme, eles nos obrigam a nos ajoelhar diante eles, a suplicá-los, eles nos dão ordens, pedem que façamos sacrifícios, podem até pedir que sacrifiquemos nossa própria vida. E o que é verdade para os deuses, vale também para as ideias, o que chamamos de

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ideologia. Podemos morrer matar por uma ideia. Isso já aconteceu e isso voltará a acontecer. Então, como não ser possuído por estas ideias?

Como manter uma relação civilizada? Como controlar as ideias? Porque só podemos lutar contra essas ideias com outras ideias. E como ter ideias em uma escala humana? Então, temos todos estes problemas juntos, que nos mostram que a questão do conhecimento, ou seja, de conhecer o conhecimento não pode ser algo reservado a uma elite de estudiosos da epistemologia, confinados num ensino restrito, filosófico. É algo que deve começar no ensino primário e prosseguir no ensino secundário, e continuar na universidade.

Além do mais, há outro aspecto no conhecimento que é a pertinência. Um conhecimento pertinente não é um conhecimento sofisticado, ou fundado sobre cálculos rigorosos. Um conhecimento pertinente é aquele que permite situar as informações que recebemos no seu contexto geográfico, cultural, social, histórico. É claro que estamos permanentemente aprendendo nomes de lugares, de países que desconhecemos, como foi o caso com o Timor Leste ou o Kosovo e as informações que recebemos, por exemplo, sobre acontecimentos como um tsunami, ou um terremoto no Paquistão, não significam nada se não conhecemos a geografia e também a história, a cultura, ou seja, precisamos contextualizar e situar um conhecimento peculiar no conjunto global a que ele pertence. Então, é certo que o ensino de uma disciplina isolada atrofia a aptidão natural da mente a contextualizar os conhecimentos.

Como já falei as ciências baseadas unicamente no cálculo ignoram a humanidade dos sentimentos e da vida concreta. É por isso também que não devemos pensar que o melhor conhecimento é aquele que se exprime através do cálculo. Devemos usar o cálculo, mas existem outros modos que escapam ao cálculo e que nos são necessários. Então, o contexto situa uma parte dentro da totalidade em que ela está inserida, mas também o todo numa parte. Porque na complexidade não há só partes que constituem o todo, há também o todo na parte. Por

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exemplo: enquanto organismo, sou feito de células diferentes e de células que constituem minha pele. Cada célula contém a totalidade de meu patrimônio genético, mas, claro, a maior parte deste patrimônio está inibido e só aquela que diz respeito a minha pele se exprime.

Mas hoje nós sabemos que podemos, com uma única célula, em boas condições, estimular este patrimônio e criar um clone meu. Em outras palavras, não somente a célula é uma parte do meu organismo todo como a totalidade do meu organismo se encontra numa única célula minha. Outrossim, cada um de nós é uma pequena parte da sociedade, mas a sociedade, como um todo, se encontra em cada indivíduo através da linguagem, da cultura, da família. Ou seja, a relação ―tudo é parte‖ é muito complexa e assim como eu disse no início dessa conferência somos indivíduos no planeta, mas na realidade o planeta está em cada um de nós, o que torna mais importante ainda a necessidade de conhecer a era planetária. Por isso, no meu trabalho sobre o método procurei elaborar instrumentos de pensamento que nos permitam ligar os conhecimentos, para que possamos relacionar o conhecimento da parte e do todo dentro do que chamei ―princípio do holograma‖, pois no holograma uma pequena parte singular contém a totalidade do que está representado. Mas não vou desenvolver este aspecto, seria muito demorado. Quero dizer simplesmente que com o ―princípio do holograma‖, com a ideia da recursão, da dialógica, tentei elaborar instrumentos para pensar, sem os quais não podemos entender a complexidade do real, isto é, a complexidade da era planetária.

Isto dito, o que é a era planetária? É uma era em que todos os seres humanos se encontram unidos numa espécie de comunidade do destino cada vez maior. Mas então surge algo mais importante ainda para o conhecimento, que é saber o que é ―ser humano‖? O que é a identidade humana? O que é a condição humana? Percebemos que tudo isso é completamente ignorado no nosso sistema educacional. Existem as ciências humanas, mas elas são separadas umas das outras e se comunicam muito mal: a história, a sociologia, a psicologia, a ecologia, a

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demografia, a economia são vizinhas, mas não se comunicam. Por outro lado, a realidade humana não reside só nas ciências humanas, ela se encontra também nas ciências biológicas uma vez que nós não somos unicamente animais, mas somos também animais. Sabemos que 98% de nosso genótipo é idêntico ao do chimpanzé. A diferença é que ele se organiza de outra maneira.

Somos animais como os outros animais, temos um cérebro, um fígado, um baço, um coração, em suma, fazemos parte do mundo da vida e somos não só seres vivos, não só primatas e mamíferos, somos também máquinas, máquinas psico-químicas. Meu organismo funciona a 37°, ele é uma máquina térmica que gasta energia e produz calor. Por isso precisa se alimentar para recuperar energia. Mas sabemos que somos feitos de elementos psico-químicos cujos mais elementares se formaram praticamente ao mesmo tempo que o universo, nas partículas que surgiram há 15 bilhões de anos; sabemos que os átomos de carbono surgiram num sol anterior ao nosso, que as mo léculas que se uniram para formar o ser humano se juntaram na Terra; em suma, não se pode destacar os seres humanos da aventura cósmica e da aventura da vida. Claro que somos diferentes pela consciência, pela cultura, pelo pensamento, mas somos ao mesmo tempo animais e, mais do que animais, somos seres vivos e mais do que seres vivos - e é esta realidade que precisamos entender hoje principalmente, porque a ignoramos antes. Por termos ignorado essa realidade, as forças técnicas enfureceram-se sobre o planeta, provocando hoje um problema de degradação das condições da biosfera que vai ameaçar nossa própria existência nos próximos dez anos.

Pensando conquistar e dominar o mundo nos atiramos numa aventura que está nos levando à destruição. Precisamos sentir até que ponto devemos não nos reduzir a seres naturais, mas mostrar nossa condição de ser natural e nossa condição específica de ser humano. Isso faz parte da condição humana e a condição humana é o quê? Somos triplos, uma espécie de trindade humana: indivíduos, uma espécie e membros de uma sociedade, três coisas absolutamente inseparáveis porque, por exemplo, como indivíduos somos o produto da reprodução

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sexual; para que a reprodução da espécie continue, é necessário que dois indivíduos se acasalem, ou seja, a espécie produz os indivíduos que produzem a espécie; nós, indivíduos, produzimos a sociedade por nossas interações, mas a sociedade, com sua cultura, nos transforma em indivíduo plenamente humano. A sociedade produz o indivíduo que produz a sociedade. Esse laço fundamental entre esses três aspectos, que tendemos a dissociar, é indispensável ensinar, o que não ocorre.

Por outro lado, a maneira como pensamos nos torna incapazes de conceber ao mesmo tempo a unidade e a diversidade humana, o que faz com que a unidade humana, que é genética, anatômica, cerebral e afetiva, seja incontestável, mas aqueles que enxergam a unidade não vêem a diversidade; e quem vê as diversidades humanas, as diferenças entre os indivíduos, entre as raças, entre as culturas, entre as línguas, passam a não perceber a unidade, quando é necessário ver ambas as coisas. É isso, a meu ver, a complexidade: uma unidade que produz a diversidade. Por exemplo, dizemos que o que é específico da humanidade é a cultura, ou seja, a linguagem, o saber que se transmite etc. Certo, mas nunca percebemos a cultura que conhecemos pelo prisma das outras culturas; o que caracteriza o ser humano é a linguagem, certo, mas a linguagem não existe, ela só existe através das línguas que diferem umas das outras. Todas as sociedades possuem sua música, mas a música em si não existe. Conhecemos a música através das músicas. E preciso ser capaz de pensar a unidade e a diversidade, isso é capital. Por quê? Porque hoje o que é que está sendo ameaçado é a espécie humana enquanto unidade, porque existem enormes riscos para a biosfera, riscos de tipo nuclear, com as armas de destruição massiva; riscos de uma nova guerra, que ameaçam acabar com a espécie humana; então a humanidade está ameaçada enquanto espécie.

Mas ao mesmo tempo o processo de unificação ameaça as diversidades culturais. Hoje há uma tendência para a homogeneização. É preciso querer salvar, preservar as diversidades culturais que são uma riqueza para a humanidade. Portanto, devemos proteger a unidade e a diversidade e se não tomarmos consciência disso estaremos cegos, cegos se protegermos a diversidade local sem levar em conta o interesse

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de todos, ou se pelo contrário protegermos uma humanidade abstrata sem levar em conta as realidades concretas que são diversas. Além do mais, a condição humana é prisioneira de uma visão muito restrita da nossa concepção do homo sapiens, do homo faber, do homo economicus. Homo sapiens significa o homem como ser racional; o homo faber é o homem que cria técnicas e o homo econimicus é o homem que age em função de seu interesse econômico pessoal.

É verdade que o homem é racional, ele desenvolveu a racionalidade, mas ao mesmo tempo criou a loucura, o delírio. Eu digo que o homo sapiens é ao mesmo tempo o homo demens, capaz das maiores loucuras, até as mais criminosas, as mais insensatas. Não se pode separar os dois, porque entre os dois circula a afetividade, o sentimento, não existe racionalidade pura, até o matemático completamente dedicado à racionalidade matemática o faz com paixão.

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Atividades para Autoavaliação

Atividade: TAE 001 / TRABALHO ACADÊMICO EFETIVO – ATIVIDADES INTEGRADAS DE FORMAÇAO GERAL I Unidade Nº: 08 Título: Ética Cidadã e Educação na Era Planetária

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QUESTÃO 1 Tópico Associado: Efeitos da globalização para a ética

A charge de Millôr aponta para: A) a fragilidade dos princípios morais. B) a defesa das convicções políticas.

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C) a persuasão como estratégia de convencimento. D) o predomínio do econômico sobre o ético. FEEDBACK DA QUESTÃO 1 Resposta certa: Vide gabarito no fim deste capítulo.

QUESTÃO 2 Tópico Associado: Efeitos da globalização para a ética e para a educação (Enade 2004) ―Em mais um triste ―Dia do Índio‖, Galdino saiu à noite com outros indígenas para uma confraternização na Funai. Ao voltar, perdeu-se nas ruas de Brasília (...). Cansado, sentou-se num banco de parada de ônibus e adormeceu. Às 5 horas da manhã, Galdino acordou ardendo numa grande labareda de fogo. Um grupo ―insuspeito‖ de cinco jovens de classe média alta, entre eles um menor de idade, (...) parou o veículo na avenida W/2 Sul e, enquanto um manteve-se ao volante, os outros quatro dirigiram-se até a avenida W/3 Sul, local onde se encontrava a vítima. Logo após jogar combustível, atearam fogo no corpo. Foram flagrados por outros jovens corajosos, ocupantes de veículos que passavam no local e prestaram socorro à vítima. Os criminosos foram presos e conduzidos à 1ª Delegacia de Polícia do DF onde confessaram o ato monstruoso. Aí, a estupefação: ‗os jovens queriam apenas se divertir‘ e ‗pensavam tratar-se de um mendigo, não de um índio,‘ o homem a quem incendiaram. Levado ainda consciente para o Hospital Regional da Asa Norte HRAN, Galdino, com 95% do corpo com queimaduras de 3º grau, faleceu às 2 horas da madrugada de hoje.‖ (Conselho Indigenista Missionário - Cimi, Brasília-DF, 21 abr. 1997.) A notícia sobre o crime contra o índio Galdino leva a reflexões a respeito dos diferentes aspectos da formação dos jovens. Com relação às questões éticas, pode-se afirmar que elas devem:

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A) Manifestar os ideais de diversas classes econômicas. B) Seguir as atividades permitidas aos grupos sociais. C) Estabelecer os rumos norteadores de comportamento. D) Expressar os interesses particulares da juventude. FEEDBACK DA QUESTÃO 2 Resposta certa: Vide gabarito no fim deste capítulo.

QUESTÃO 3 Tópico Associado: Educação na era planetária (UERJ) No admirável mundo novo das oportunidades fugazes e das seguranças frágeis, a sabedoria popular foi rápida em perceber os novos requisitos. Em 1994, um cartaz espalhado pelas ruas de Berlim ridicularizava a lealdade a estruturas que não eram mais capazes de conter as realidades do mundo: ―Seu Cristo é judeu. Seu carro é japonês. Sua pizza é italiana. Sua democracia, grega. Seu café, brasileiro. Seu feriado, turco. Seus algarismos, arábicos. Suas letras, latinas. Só o seu vizinho é estrangeiro‖. (Zygmun Bauman Adaptado de Identidade. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.) A alteração de valores culturais em diversas sociedades é um dos efeitos da globalização da economia. O cartaz citado no texto ironiza uma referência cultural que pode ser associada ao conceito de:

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A) Localismo B) Nacionalismo C) Regionalismo D) Eurocentrismo FEEDBACK DA QUESTÃO 3 Resposta certa: Vide gabarito no fim deste capítulo.

QUESTÃO 4 Tópico Associado: Efeitos da Globalização para a educação “Isadora Farber tornou-se, em poucos dias, uma pequena heroína da educação brasileira. Com sua página na internet, chamou atenção nacional para os problemas de sua escola pública em Florianópolis e, até ontem de manhã, já tinha quase 150 mil seguidores. Diante da repercussão nacional, o poder público decidiu reformar a escola.‖ (DIMENSTEIN, Gilberto. Ensinem jornalismo às crianças. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/gilbertodimenstein/1144956- ensinem-jornalismoas-criancas.shtml. Aceso em: 20 ago 2012.) O que podemos concluir a partir da leitura da notícia acima? A) A importância de ensinar as crianças e jovens a lidar com os meios de comunicação, produzindo conteúdos não ensinados na escola.

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B) O cuidado que os educadores devem ter em relação aos meios de comunicação de massa, por serem altamente alienadores. C) A falta de controle, por parte da escola, em relação aos novos meios de comunicação. D) A perda de importância da escola, como espaço educador, para os novos meios de comunicação de massa. FEEDBACK DA QUESTÃO 4 Resposta certa: Vide gabarito no fim deste capítulo.

QUESTÃO 5 Tópico Associado: Papel da educação em tempos de globalização Observe atentamente a charge e, em seguida, assinale a opção que melhor se relaciona com a situação apresentada por ela:

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Acredito que seja um pouco incomodo, mas é a única maneira dos alunos prestarem atenção à aula.

A) A utilização das TIC na escola é resultado de decisões colegiadas que respondam, de forma satisfatória, às iniciativas dos professores. B) As escolas planejam a utilização dos recursos tecnológicos como um investimento na capacidade dos alunos de adquirir sua própria educação.

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C) A contribuição mais significativa das tecnologias da informação e da comunicação é a capacidade para intervir como mediadoras nos processos de aprendizagem. D) As TIC são muitas vezes usadas para reforçar crenças existentes sobre ambientes de ensino em que ensinar é explicar e aprender é escutar. FEEDBACK DA QUESTÃO 5 Resposta certa: Vide gabarito no fim deste capítulo.

Questão discursiva: Tópico Associado: Educação cidadão na era planetária A Educação a Distância (EaD) é a modalidade de ensino que permite que a comunicação e a construção do conhecimento entre os usuários envolvidos possam acontecer em locais e tempos distintos. São necessárias tecnologias cada vez mais sofisticadas para essa modalidade de ensino não presencial, com vistas à crescente necessidade de uma pedagogia que se desenvolva por meio de novas relações de ensino-aprendizagem. O Censo da Educação Superior de 2009, realizado pelo MEC/INEP, aponta para o aumento expressivo do número de matrículas nessa modalidade. Entre 2004 e 2009, a participação da EaD na Educação Superior passou de 1,4% para 14,1%, totalizando 838 mil matrículas, das quais 50% em cursos de licenciatura. Levantamentos apontam ainda que 37% dos estudantes de EaD estão na pós-graduação e que 42% estão fora do seu estado de origem. Considerando as informações acima, enumere três vantagens de um curso a distância e acrescente o que é necessário para que esta modalidade atenda à educação na era planetária e os princípios da educação para a cidadania. Utilize o conceito de ‖era planetária‖ definido por Edgar Morin neste capítulo.

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GABARITO

FEEDBACK DA QUESTÃO 1: Resposta certa: Letra A FEEDBACK DA QUESTÃO 2 : Resposta certa: Letra C FEEDBACK DA QUESTÃO 3: Resposta certa: Letra B FEEDBACK DA QUESTÃO 4: Resposta certa: Letra A FEEDBACK DA QUESTÃO 5: Resposta certa: Letra D

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FEEDBACK DA QUESTÃO DISCURSIVA: COMENTÁRIO: Vantagens: Flexibilidade de horário e de local, pois o aluno estabelece o seu ritmo de estudo; valor do curso, em geral, é mais baixo que do ensino presencial; possibilidade de acesso em locais não atendidos pelo ensino presencial. A era planetária é ―uma era em que todos os seres humanos se encontram unidos numa espécie de comunidade do destino cada vez maior‖, o que exige uma construção de visão de mundo não fragmentada e que os problemas humanos e sociais não podem ser reduzidos a cálculos matemáticos. É necessário, portanto interação em todas as temáticas que se possa discutir no contexto globalizado contemporâneo. Segundo Morin, um exercício educacional do pensamento que nos torne capazes de fazer ligações e interligações entre os diferentes aspectos do conhecimento. Qualquer forma de educação deve se dar contrário às disciplinas específicas pouco interligadas para que não produza cegueira e ignorancia. Separa os objetos do conhecimento do seu contexto, fragmentando o mundo e impedindo as pessoas que tenham uma compreensão melhor da humanidade.

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CADERNOS PEDAGÓGICOS DE FORMAÇÃO GERAL Capítulo 5 Responsabilidade social e a participação dos três setores da economia. Responsabilidade social e a participação dos três setores da economia.

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FICHA DE UNIDADE DE APRENDIZAGEM Atividade: TAE 001 / Trabalho Acadêmico Efetivo 1 - Atividades Integradas de Formação Geral I Unidade Nº: Catorze (14/14) 1 Título: Responsabilidade social e a participação dos três setores da economia. Objetivos de aprendizagem: Saber definir os setores: Público, Privado e Terceiro Setor. Entender em que medida os três setores pensam e trabalham com o conceito de responsabilidade social. Perceber as especificidades do terceiro setor. Tópicos abordados: A ética da responsabilidade social nos três setores da economia. Os projetos de responsabilidade social nos três setores da economia. As ações específicas de cada um dos setores da economia. O que é e o que caracteriza o terceiro setor da economia.

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Este capítulo originou-se da Unidade 14, do TAE 001 / 2013 1.

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Introdução: Para entender quais são as ações de cada um dos setores da administração e da economia – setor público, setor privado e terceiro setor – será preciso entender e levar em consideração qual a definição e objetivo de suas políticas; ou seja, de suas ações para que se estruture, da melhor forma possível, uma organização social. Assim, políticas públicas, políticas privadas e o papel de institutos, Organizações não Governamentais e Fundações (que formam o chamado Terceiro Setor), serão levadas em consideração e definidas nesta unidade.

Relembrando o conceito de POLÍTICA Segundo Marilena Chauí, a ação política está ligada à noção do possível. Assim, não só se concebe a política como ação humana (e não como cumprimento de decretos divinos, perenes ou eternos), como também inauguram a ideia e a prática da criação contínua da realidade social ou de sua transformação, isto é, a história. (CHAUÍ e OLIVEIRA, 2012, p. 75 e 76)

Entender continuamente a realidade social, a sua transformação e assim pensar as políticas de organização possíveis de cada setor, é trabalhar com responsabilidade e com responsabilidade social. Toda política tem, portanto, o discurso e a execução de ações práticas.

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Entende-se discurso político como promessa de verdade e esperança. Já a ação é dinâmica e resultará em constantes modificações que só poderão ser realizadas com outros homens, pois a condição política do homem é a de viver na pluralidade. A política pública foi, inicialmente, criada quase como um conceito redundante, já que o conceito de política é, em si, público. Mas, pensando administrativamente na organização dos grupos e territórios, a política pública está relacionada com a implementação de uma ação coordenada pelo governo; a política privada constitui-se de ações definidas como institucionais e relacionadas às ações, hierarquias, estruturas, objetivos e metas para o setor privado; e, no Terceiro Setor, há um olhar de responsabilidade social e inclusão estruturado em um setor nem público e nem privado, com um trânsito e apoio aos dois setores. São atores que constituem o grupo denominado Terceiro Setor, as ONGs (Organizações Não Governamentais), os Institutos e as Fundações.

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A ÉTICA E A RESPONSABILIDADE SOCIAL

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De um tempo para cá, digamos, a partir da década de 1960, as preocupações éticas ou morais passam a frequentar também os ambientes públicos: o dos negócios, investimentos; o do markenting, o das políticas públicas e outros mais. Nesses novos espaços, os discursos sobre ética procuram nos atrair e nos orientar para convivências coletivas, isto é, para relações cidadãs.

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E, com mercados cada vez mais competitivos, um item vem merecendo mais atenção: o da responsabilidade social.

Mas, por que tantas preocupações éticas? Por que as questões éticas se espalham nos livros; no markenting de produtos e empresas; na mídia; nas ações do Estado; nas propagandas de partidos políticos, etc.? Por que hoje a ética tornou-se rentável? Por

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que o índice de convencimento aumenta quando se fala de ética? Por que os valores éticos conseguem aumentar os índices de audiência e de vendas?

Alguns fatores proporcionaram esse crescimento da onda ética (LIPOVETSKY, 2004). Em primeiro lugar, os receios com os danos ambientais.

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O medo e o desejo de proteção aumentam nossas preocupações com o presente, mas, principalmente, com as gerações futuras. Reclama-se, portanto, um crescimento econômico menos voraz e mais sustentável. Para a diminuição dessa corrida insana, o discurso de preservação ambiental está tanto na iniciativa pública, com políticas públicas do meio ambiente, como nas ações privadas, direcionadas pelo eixo da responsabilidade social. Em segundo lugar, como fator da crescente onda ética ou da responsabilidade social, citamos o neoliberalismo dos anos

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1980.

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Nessa fase, os mercados viram-se cada vez mais livres da interferência das leis do Estado. Orientavam-se pela busca agressiva por rentabilidade imediata, associada a muita especulação financeira, crescimento do desemprego e precarização do trabalho.

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Para a redução desses efeitos negativos, de incerteza e insegurança, que fazem crescer a desconfiança da sociedade para com as empresas, elas precisam investir na ética dos negócios, divulgar a imagem de empresa cidadã, tentar alternativas para se reabilitarem socialmente, quando a economia, por si só, é incapaz de diminuir o desemprego e valorizar os salários.

As empresas classificadas como socialmente responsáveis têm obtido boas cotações nas bolsas, assegurando o seu lugar no mercado. Elas são identificadas por integrarem, no seu modo de produção, interesses que também beneficiem os seus empregados, consumidores e a localidade onde se inserem. Apesar da preocupação ética ou moral, não estamos diante de procedimentos desinteressados. Parece que a conjugação da ética com o universo empresarial requer que haja concessões de ambas as partes. E, essa combinação, atraente por um lado, nos leva, por outro, à seguinte suspeita: será que a imagem empresarial, retocada pelos valores éticos da responsabilidade social, está presente de fato na sua rotina? Será que a empresa que se divulga, unida por valores comuns, não continua a decidir tendo em vista apenas os seus lucros em curto prazo? Porque uma empresa com responsabilidade social requer uma filosofia de gestão que possibilite a maior distribuição possível de responsabilidades entre os integrantes da sua organização. A responsabilidade social requer uma nova política de gestão baseada em parceria e participação.

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OS TRÊS SETORES DA ECONOMIA

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PRIMEIRO SETOR (PÚBLICO): É dever do Estado cuidar da implementação e do monitoramento de políticas públicas para o desenvolvimento fundado nas questões sociais: inclusão e responsabilidade social, sustentabilidade, inovação e diversidade cultural. É ainda função do Estado garantir os direitos humanos e o acesso a cultura material e imaterial em sua tridimensionalidade: econômica, cidadã e simbólica. O Estado cuidará ainda da formação, difusão e preservação da história e da cultura. Ainda, deve

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garantir saúde pública e educação.

SEGUNDO SETOR (PRIVADO): O setor privado é parte da economia do país que não é controlada pelo Estado. Estão incluídas as sociedades anônimas, sociedades de responsabilidade limitada, corporações, trabalhadores autônomos e fundações.

http://www.noticiasdeitauna.com.br/wp-content/uploads/2012/08/sociedade-anonima.jpg

TERCEIRO SETOR (ONGs): O primeiro setor é o governo, que é responsável pelas questões sociais. O segundo setor é o privado, responsável pelas questões individuais. Com a falência do Estado, o setor privado intervém nas questões sociais, através das inúmeras instituições que compõem o chamado terceiro setor. Ou seja, o terceiro setor é constituído por organizações sem fins

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lucrativos e não governamentais, que tem como objetivo gerar serviços de caráter público.

O AFROREGGAE

http://2.bp.blogspot.com/-9jlsFtK3byA/Tm5g5RKHEqI/AAAAAAAAACA/msUYrg753E/s1600/AFROREGGAE+ATRAS+c%25C3%25B3pia%25281%2529.png

Um bom exemplo de Organização Não Governamental é o Centro Cultural Afroreggae (In: http://www.afroreggae.org/). Com núcleos instalados em Vigário Geral, Parada de Lucas, Nova Iguaçu, Complexo do Alemão e Vila Cruzeiro, que são consideradas ―áreas de risco‖ da cidade do Rio de Janeiro, o Afrereggae desenvolve trabalhos voltados à inclusão social através da

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arte e da educação. É por este viés – arte e educação – que a ONG ―cria pontes invisíveis e reúne pessoas das mais diversas procedências‖.

Conteúdo: OLIVEIRA, Joaquim. A ética da responsabilidade social nos três setores da economia. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=thUsm7iTQKQ&playnext=1&list=PLDF0C8830D4B8AC43&feature=results_main>. Acesso em: 04 fev 2013. SOUZA, Edeusa. Políticas públicas e cidadania. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=ZqXxcIRmDTk&list=PLDF0C8830D4B8AC43>. Acesso em: 04 fev 2013. REDES SOCIAIS. Disponível em: <http://www.vivaculturaviva.org.br/index.php?p=2&v=10>. Acesso em: 28 mar 2013.

Síntese: A compreensão dos setores da administração e da economia - setor público, setor privado e terceiro setor – está diretamente associada às suas ações políticas, respectivamente, as públicas, as privadas e a das Organizações não Governamentais e Fundações. Por isso, faz-se necessário o entendimento do que seja a ação política, e, concomitantemente, a noção de responsabilidade social. Esta, por sua vez, restitui a discussão ética para todas as atividades humanas, principalmente, para a do mundo dos negócios.

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Leituras complementares: BBC BRASIL . ―Quero família da favela na classe A‖, diz criador de shopping no Alemão. Entrevista com Celso Athayde. Disponivel em: <http://economia.uol.com.br/noticias/bbc/2013/03/22/quero-familias-da-favela-na-classe-a-diz-criador-deshopping-no-alemao.htm>. Acesso em: 28 mar 2013. ENCONTRO com Milton Santos ou o mundo globalizado visto do lado de cá (Brasil, 2006). Direção de Silvio Tendler. FOLHA DE SÃO PAULO. Capitalismo consciente vai além da obtenção de lucro e é arma contra crise. Entrevista com Rajendra Sisodia. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/42568-capitalismo-consciente-vai-alem-daobtencao-de-lucro-e-e-arma-contra-crise.shtml>. Acesso em: 28 mar 2013. QUANTO vale ou é por quilo. (Brasil, 2005). Direção de Sérgio Bianchi, 108 min.

Bibliografia recomendada: CANCLINI, Nestor Garcia. Consumidores e Cidadãos. RJ: Editora UFRJ, 2008. CHAUI, Marilena e OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Filosofia e Sociologia. Volume Único. Série Novo Ensino Médio. SP: Editora Ática, 2012. LIPOVETSKI, Gilles. Metamorfoses da cultura liberal. Ética, mídia, empresa. Porto Alegre: Sulina, 2004. SOUZA, C. Políticas Públicas: uma revisão da literatura. Sociologias, Porto Alegre, ano 8, nº 16, jul/dez 2006, p. 20-45. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/soc/n16/a03n16.pdf>. Acesso em: 29 mar 2013.

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ONGS O Grupo Cultural Afro Reggae, ou apenas Afro Reggae, é uma ONG que também atua como banda musical. Surgida em 1993, inicialmente como um jornal informativo (Afro Reggae Notícias) sobre as festas que o grupo realizava e também a valorização da cultura negra voltada, sobretudo, aos jovens ligados a música como Reggae, Soul e Hip Hop. http://pt.wikipedia.org/wiki/Grupo_Cultural_Afro_Reggae

Clique abaixo para conhecer essa ONG.

http://www.afroreggae.org/

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A Fundação SOS Mata Atlântica é uma organização não-governamental criada em 1986. É uma entidade privada sem fins lucrativos, que tem como missão promover a conservação da diversidade biológica e cultural do Bioma Mata Atlântica e ecossistemas sob sua influência, estimulando ações para o desenvolvimento sustentável, bem como promover a educação e o conhecimento sobre a Mata Atlântica, mobilizando, capacitando e estimulando o exercício da cidadania socioambiental. http://www.sosma.org.br/quem-somos/

ONG SOS Mata Atlântica

http://www.sosmatatlantica.org.br/

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Vídeos: O Instituto Akatu é uma organização não governamental, sem fins lucrativos que trabalha pela conscientização e mobilização da sociedade para o Consumo Consciente.

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=lBuJHl-PTYc

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Teste do Consumo Consciente: Você é um consumidor consciente? Você sabe como seu poder de consumidor pode influenciar você e toda vida do planeta? O Teste do Consumo Consciente responde a essas e a muitas outras perguntas. É um instrumento de avaliação e orientação que permite avaliar o perfil de consciência no consumo de pessoas e comunidades. Antes de acessar o teste, cadastre-se aqui no Centro de Referência Akatu e crie seu login para participar. Depois de criar o seu login...

Tirinha: Responsabilidade Social:

http://www.pequenoguru.com.br/imagens/221009_dilbert_responsabili.gif

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Charge vídeo: Cotidiano - De ONG vem as denúncias? A ONG Bola Pra Frente, com sede em Jaguariúna (SP), recebeu R$ 8,5 milhões em 2008. Foi o terceiro maior repasse a uma entidade privada sem fins lucrativos feito pelo Ministério do Esporte naquele ano. O então ministro Orlando Silva foi o sexto ministro do governo Dilma a cair por corrupção. Clique na charge para assistí-la.

http://charges.uol.com.br/2011/10/19/cotidiano-de-ong-vem-as-denuncias/

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Charges: Sistema educacional

http://4.bp.blogspot.com/-FKX4N3xdIGQ/TZBpBGrYLAI/AAAAAAAAAGY/SBS1Qgk22fg/s1600/charge+educacao+descaso.gif

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Saúde: direito ou mercadoria?

http://1.bp.blogspot.com/YMYGYVX4mgw/Tzw0jT31e7I/AAAAAAAAEKM/gc_sODxshS8/s1600/425765_368186466544192_243879895641517_1375600_1782775166_n.jpg

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Insegurança Pública

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Músicas sobre a temática: Clique sobre o título da música e divirta-se!

A Parada é Outra Afroreggae Socorro Cássia Eller

O Pulso Titãs

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Sugestão de livro: Este livro é feito dos relatos de 36 homens e mulheres, adolescentes e adultos, a respeito de suas formas de viver a presença ou a ausência em suas vidas das políticas públicas nas áreas do trabalho, da educação, da habitação, da cultura e do lazer, da segurança pública e da saúde.

http://www.casadopsicologo.net/casadopsicologo/media/catalog/product/cache/1/image/265x400/8a02aedcaf38ad3a98187ab0a1dede95/f/i/file_131_24.jpg

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Cidadania, cadê? Documentário: Direitos Humanos, a Exceção e a Regra Clique e assista.

http://portacurtas.org.br/filme/?name=direitos_humanos_a_excecao_e_a_regra

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Filmes sugeridos sobre a temática vista neste caderno: Caixa Dois - (discute a ética na política, nas empresas terceirizadas pelo governo e nas pessoas comuns)

Enron – Os Mais Espertos da Turma / (discute a ética dos empresários em relação aos funcionários quando a empresa entra em crise a ponto de pedir concordata)

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Ponto de Mutação / (discussão que gira em torno dos novos rumos e paradigmas que envolvem questões políticas, economias, científicas e éticas)

http://www.youtube.com/watch?v=yLjp2ZZoJ1s&feature=player_detailpage

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TEXTO 1

FOLHA DE SÃO PAULO. Capitalismo consciente vai além da obtenção de lucro e é arma contra crise. Entrevista com Rajendra Sisodia. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/42568-capitalismo-consciente-vai-alem-da-obtencao-de-lucro-e-earma-contra-crise.shtml>. Acesso em: 28 mar 2013.

ENTREVISTA RAJENDRA SISODIA 'Capitalismo consciente' vai além da obtenção de lucro e é arma contra crise ELEONORA DE LUCENA DE SÃO PAULO

GURU DE ABILIO DINIZ, PROFESSOR INDIANO DA UNIVERSIDADE DE BENTLEY, NOS EUA, DIZ QUE EMPRESAS DEVEM CRIAR REDE HARMÔNICA ENTRE CLIENTES, TRABALHADORES E FORNECEDORES Criar uma rede harmônica entre clientes, trabalhadores e fornecedores. Pensar no objetivo maior da empresa. Com essas linhas, o indiano Rajendra Sisodia, 53, defende a implantação do "capitalismo consciente" nas empresas. Professor de marketing e negócios da Universidade de Bentley (Boston, EUA), ele virou guru de empresários como Abilio Diniz. Para Sisodia, a ideia "pode soar romântica, mas é bem prática".

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Lembra como o grave caso da exploração de trabalhadores da Foxconn, fornecedora da Apple, prejudicou a imagem da companhia norteamericana. Ele conversou com a Folha por telefone.

Folha - O que é o capitalismo consciente? Rajendra Sisodia - É uma abordagem um pouco diferente da tradicional, que diz que o capitalismo é apenas sobre fazer dinheiro e ter lucros. É um conceito com propósitos mais profundos. Por que o seu negócio existe? O que o seu negócio faz para o mundo ficar melhor? Grandes companhias têm grandes propósitos. Como isso se traduz para empregados, clientes e fornecedores? É preciso reconhecer que há interdependência nos negócios. Todos os negócios têm fornecedores, clientes, empregados, comunidades, mas tendem a vê-los de forma separada, como forma de meios para um fim. O negócio consciente tenta reconhecer essa interligação. Se os empregados estão bem, felizes, geralmente os clientes também estão bem. Se os fornecedores não são bons parceiros, no longo prazo a empresa não será capaz de produzir bons produtos. Se qualquer uma dessas partes está infeliz ou está sendo maltratada, ao logo do tempo isso pode destruir o negócio inteiro. O que o senhor diz para as lideranças empresariais? Precisamos de líderes empresariais que se importem com o propósito do negócio e com o impacto que ele causa nas pessoas. Que sejam dirigidos não tanto pelo poder ou pelo dinheiro.

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Líderes conscientes devem motivar, inspirar e desenvolver as pessoas. Eles são realmente apaixonados pelo propósito do negócio, não colocam os empregados no último nível de importância. É preciso ter a cultura do amor, da preocupação, da confiança, da transparência e da autenticidade. Uma cultura sustentável a longo prazo. Como esse conceito interfere nos resultados das empresas? É simplesmente a melhor maneira de fazer negócios. As pesquisas mostram que as empresas que adotam essa linha têm mais sucesso ao longo do tempo. Porque criam grande valor para os clientes, os empregados são altamente engajados no trabalho, altamente produtivos. No longo prazo, o desempenho da companhia tende a ser muito melhor. Que lições tirar da atual crise capitalista? O que deu errado? É ganância. O setor financeiro perdeu o sentido do seu propósito, que é prover investimentos para produção. Simplesmente entraram numa especulação para fazer dinheiro para eles mesmos, sem agregar valor para a sociedade, para os clientes etc. Quando se separa a criação de valor do fazer dinheiro, há problemas. Eles estavam ganhando dinheiro baseados na ignorância das outras pessoas, tentando tirar vantagem delas. O que a crise pode mudar para os negócios? O que queremos com o capitalismo consciente é que os empresários mudem de mentalidade e pensem nos seus negócios de uma forma diferente. A cada 10, 15 anos temos uma crise. Isso nos faz pensar o que foi feito de errado, pensar alternativas. Há muita discussão sobre o que precisa mudar no sistema. No Brasil e na Índia, empresas estão tentando seguir o modelo norte-americano. Mas os americanos estão se dando conta de que o seu modelo não funciona tão bem. Essa ideia do capitalismo consciente não pode ser tachada de romântica, já que o capitalismo é movido a lucro?

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Sim, muitas pessoas pensam assim. Mas é uma ideia muito prática. As companhias que agem assim são mais bem-sucedidas na média. Elas estão fazendo dinheiro e lucros. Há um paradoxo. Se a empresa persegue o lucro como o primeiro objetivo, faz coisas que machucam sua habilidade de fazer negócios e ter lucros ao longo do tempo. Se quer maximizar os seus lucros e adota uma orientação de curto prazo espremendo os seus empregados, cortando benefícios, vai também espremer os seus fornecedores. Tudo isso pode prejudicar o negócio no longo prazo. Se a empresa tem os piores fornecedores, ou fornecedores de má qualidade, a qualidade não vai ser alta. Se os empregados não estão engajados e motivados, a qualidade também não vai ser alta. E os clientes também não vão ficar satisfeitos. As pessoas querem ser felizes. E são felizes quando fazem coisas que têm significado para elas. Como o sr. analisa, por exemplo, o caso da Apple/Foxconn? Companhias como a Apple e outras tiveram um comportamento distante dos fornecedores. Diziam algo como: não sabemos como vocês estão fazendo, mas é isso que queremos; o que nos importa é o produto e o preço. O que eles estão reconhecendo agora, com a publicidade negativa para a Apple e para a Foxconn, é que isso pode ser perigoso para eles no futuro. Funcionários cometem suicídio, têm péssimas condições de trabalho. A Apple está se movendo agora para criar mais transparência na sua cadeia de fornecedores, assegurando que as condições de trabalhão sejam adequadas. Mas isso não provocará aumento nos custos? Sim, provavelmente os custos vão aumentar e talvez eles devam aumentar. Os custos devem refletir os custos de fazer negócios. Custos justos devem ser absorvidos.

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Talvez devamos pagar 10% a mais sobre produtos eletrônicos apenas para refletir o justo custo. As companhias que operam assim têm funcionários que se tornam mais produtivos e mais engajados. Como combinar essa filosofia com a ação dos sindicatos? Se já existe um sindicato, a empresa deve tentar ter relação com ele. Se não há sindicato e se a empresa trata os seus funcio nários muito bem, eles não vão sentir vontade de entrar num sindicato, não vão precisar de um. O seu trabalho, então, é atuar para esvaziar os sindicatos? Não. Se fizermos nosso trabalho como executivos e tratarmos as pessoas muito bem, eles não sentirão a necessidade de sindicatos. Os sindicatos estão competindo pelos corações e pelas mentes dos empregados. E, se o executivo faz um trabalho ruim, os empregados irão querer se sindicalizar. Se os empregados têm melhores condições de trabalho e melhores salários, não vão querer se sindicalizar. Os sindicatos muitas vezes tendem a provocar a divisão entre empregados e empresas. Mas não há necessariamente uma divisão entre eles? Não há luta de classes? É uma forma antiga de pensar sobre negócios. É o pensamento marxista. Não existe luta entre trabalhadores e empregadores. Não é tudo sobre dinheiro. Eles tentam criar algo e fazer algo com significado no mundo, criar valor que todos dividem. E precisam trabalhar juntos em harmonia. Mas não há oposição entre essas partes, já que uns querem lucros, e outros, salários? Não. De onde vêm os salários? Vêm de um negócio que é capaz de ser lucrativo. Se um negócio não é lucrativo, não é capaz de pagar bem.

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O que acontece em algumas companhias é que os empregados se juntam aos sindicatos, negociam e conseguem dinheiro. Mas depois os negócios não podem sobreviver e competir. É claro que há investidores que são muito gananciosos e querem todo o dinheiro e espremem empregados e fornecedores, poluem o ambiente etc. Isso também prejudica os negócios, pois pensam apenas nos seus próprios interesses. É como um câncer, que pode começar em qualquer lugar e pode destruir o corpo inteiro, a companhia inteira. É preciso manter a harmonia no negócio. O negocio é sobre criar mais valor. Assim há mais para dividir.

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Atividades para Autoavaliação Atividade: TAE 001 / TRABALHO ACADÊMICO EFETIVO – ATIVIDADES INTEGRADAS DE FORMAÇAO GERAL I Unidade Nº: 14 Título: Responsabilidade social e a participação dos três setores da economia.

QUESTÃO 1 Tópico Associado: A ética da responsabilidade social nos três setores da economia; As ações específicas de cada um dos setores da economia.

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A história em quadrinhos apresenta uma característica fundamental do modo de produção capitalista na atualidade e uma política estatal em curso em muitos países desenvolvidos. Essa característica e essa política estão indicadas em: (A) liberdade de comércio - ações afirmativas para grupos sociais menos favorecidos (B) sociedade de classe - sistemas de garantias trabalhistas para a mão de obra sindicalizada (C) economia de mercado - programas de apoio aos setores econômicos pouco competitivos (D) trabalho assalariado - campanhas de estímulo à responsabilidade social do empresariado FEEDBACK DA QUESTÃO 1 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

QUESTÃO 2 Tópico Associado: O que é e o que caracteriza o terceiro setor da economia. (TRT, 2011) O Terceiro Setor é formado por instituições não governamentais que expressam a sociedade civil, com participação de voluntários, para atendimento de interesse público em diferentes áreas. Em pesquisas recentes, aponta-se que, no Brasil, existem cerca de 300 mil dessas instituições, compondo um conjunto de grande diversidade. Mas, as organizações que compõem esse setor têm algumas características em comum.

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Sobre as instituições que formam o Terceiro Setor é INCORRETO afirmar: (A) Remuneram seus dirigentes que atuam efetivamente na gestão executiva da entidade. (B) Trabalham na defesa e garantia dos direitos. (C) São de caráter privado, mas desenvolvem um trabalho de interesse público. (D) Podem contar com o trabalho de um corpo de voluntários. FEEDBACK DA QUESTÃO 2 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

QUESTÃO 3 Tópico Associado: As ações específicas de cada um dos setores da economia. (NFG ADAPTADA) O Terceiro Setor é um movimento associativo em escala planetária, que abarca um conjunto heterogêneo de entidades sociais, organizações empresariais e organizações não governamentais dos mais variados tipos. Tal movimento relaciona-se: (A) à desregulamentação do papel do Estado na economia e na sociedade, transferindo parcelas de responsabilidades para a

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sociedade civil organizada. (B) à nova consciência de cidadania e à nova cultura política partidária. (C) ao ideário doutrinário, inspirado na solidariedade, mas que ultrapassa o senso comum de ajuda aos pobres. (D) à necessidade da parceria entre o Estado e a sociedade para o enfrentamento dos conflitos sociais. FEEDBACK DA QUESTÃO 3 Resposta certa: Letra D

QUESTÃO 4 Tópico Associado: As ações específicas de cada um dos setores da economia. (NFG adaptada) O terceiro setor distingue-se do primeiro, que é o setor público, e do segundo, representado pelas atividades lucrativas. O terceiro setor é um campo marcado por uma diversidade de atores e formas de organização. Neste sentido, podemos afirmar que o terceiro setor: (A) é uma esfera pública não-estatal sem a iniciativa privada. (B) é um espaço de participação e experimentação de um pensar e agir sobre a realidade social. (C) é uma esfera pública estatal e de iniciativas privadas.

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(D) tem caráter autônomo, e não se submete à lógica do mercado e à governamental. FEEDBACK DA QUESTÃO 4 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

QUESTÃO 5 Tópico Associado: As ações específicas de cada setor da economia. (NFG) A respeito das especificidades dos três setores da economia analise as afirmativas abaixo, classificando-as como verdadeiras ou falsas. Ao final, assinale a opção que contenha a sequência correta. (__) O terceiro setor é constituído por organizações com fins lucrativos e não governamentais, que tem como objetivo gerar serviços de caráter público, intervindo nas questões sociais. (__) O segundo setor tem função de garantir os direitos humanos e o acesso a cultura. (__) Estão incluídas no segundo setor as sociedades anônimas, sociedades de responsabilidade limitada, corporações, trabalhadores autônomos e fundações, sem a participação do Estado.

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(A) F,V,V (B) V,F,V (C) V,V,V (D) F,F,F FEEDBACK DA QUESTÃO 5 Resposta certa: Vide gabarito no final deste caderno.

Questão discursiva Tópico Associado: Os projetos de responsabilidade social nos três setores da economia. (NFG) ―Muitos autores, quando tratam do ‗terceiro setor‘, expressam opiniões bastante favoráveis ao momento atual de desresponsabilização do Estado sobre as questões sociais e repasse dos serviços sociais ao ―terceiro setor´‖. Outros apenas informam a realidade contemporânea sem, necessariamente, tecerem críticas favoráveis ou desfavoráveis. Há ainda posicionamentos que defendem a sociedade civil organizada, mas não concluem que, em muitos momentos, a sociedade civil é

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utilizada como prestadora de serviços sociais numa realidade neoliberal.‖ (VIOLIN, Tarso Cabral. Terceiro setor e as parcerias com a administração pública. 2. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2010. p. 128.) Considerando o texto acima e o que foi estudado nesta Unidade, de que forma você vê a participação dos três setores da economia e a prática do conceito de responsabilidade social?

GABARITO

FEEDBACK DA QUESTÃO 1: Resposta certa: Letra C FEEDBACK DA QUESTÃO 2 :

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Resposta certa: Letra A FEEDBACK DA QUESTÃO 3: Resposta certa: Letra D FEEDBACK DA QUESTÃO 4: Resposta certa: Letra B FEEDBACK DA QUESTÃO 5: Resposta certa: Letra A

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FEEDBACK DA QUESTÃO DISCURSIVA:

COMENTÁRIO: Para se colocar em prática o conceito de responsabilidade social é fundamental a compreensão de que nesta parceria não pode haver desvantagens para nenhuma das partes, uma vez que os três devem caminhar juntos para um único objetivo de interesse comum: a valorização humana e o crescimento social, econômico e político, orientados pela ética das relações cidadãs.

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Acessem os blogs:

Núcleo Inovador UNIGRANRIO

http://inova.unigranrio.com.br/index.html

Núcleo Formação Geral

http://blogs.unigranrio.com.br/formacaogeral/

―Educar é impregnar de sentido o que fazemos a cada instante!‖ Paulo Freire

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