Caderno Pedagógico 2013 1 3 CULTURA

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CADERNOS PEDAGÓGICOS DE FORMAÇÃO GERAL

CULTURA

ISBN:

2013/1 ALUNO(A):

978-85-88943-40-7


NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

ORGANIZADORES: ANNA PAULA SOARES LEMOS EDEUSA DE SOUZA PEREIRA JOAQUIM HUMBERTO COELHO DE OLIVEIRA LUCIMAR LEVENHAGEN ALARCON DA FONSECA MARIA RITA RESENDE MARTINS DA COSTA BRAZ TANIA MARIA DA SILVA AMARO DE ALMEIDA

CADERNOS PEDAGÓGICOS DE FORMAÇÃO GERAL CULTURA

1ª EDIÇÃO

DUQUE DE CAXIAS EDITORA UNIGRANRIO 2013


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CADERNOS PEDAGÓGICOS DE FORMAÇÃO GERAL CULTURA

REITOR Arody Cordeiro Herdy PRÓ-REITOR DE ADMINISTRAÇÃO ACADÊMICA Carlos de Oliveira Varella PRÓ-REITOR DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO Emilio Antonio Francischetti PRÓ-REITORA COMUNITÁRIA E DE EXTENSÃO Sônia Regina Mendes PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO José Luiz Rosa Lordello


NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

INOVA NÚCLEO INOVADOR UNIGRANRIO – INOVA Coordenadora: Maria Rita Resende Martins da Costa Braz ESCOLA DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS, LETRAS, ARTES E HUMANIDADES Diretora: Haydéa Maria Marino de Sant anna Reis ESCOLA DE CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS Diretor: Carlos Cesar Ferreira Vargas ESCOLA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA Diretor: Herbert Gomes Martins ESCOLA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE Diretora: Hulda Cordeiro Herdy Ramin

INSTITUTO DE ESTUDOS FUNDAMENTAIS I Diretora: Lúcia Inês Kronemberger Andrade INSTITUTO DE ESTUDOS FUNDAMENTAIS II Diretor: Lindonor Gaspar de Siqueira


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NÚCLEO ALÉM DA SALA DE AULA Benjamin Salgado Quintans Frederico Adolfo Schiffer Junior Haydéa Maria Marino de Sant‘anna Reis Herbert Gomes Martins Hulda Cordeiro Herdy Carmim José Luiz Rosa Lordello Sonia Regina Mendes

NÚCLEO DE APOIO METODOLÓGICO - NAM Anna Paula Soares Lemos Carlos de Oliveira Varella José Luiz Rosa Lordello Lindonor Gaspar de Siqueira Lúcia Inês Kronemberger Andrade Maria Rita Resende Martins da Costa Braz

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD Lúcia Inês Kronemberger Andrade Vanessa Olmo Pombo


NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL Anna Paula Soares Lemos Edeusa de Souza Pereira Joaquim Humberto Coelho de Oliveira Lucimar Levenhagen Alarcon da Fonseca Tania Maria da Silva Amaro de Almeida

NÚCLEO DE MEMÓRIA E DOCUMENTAÇÃO INSTITUCIONAL Tania Maria da Silva Amaro de Almeida

NÚCLEO DE PRÁTICAS INCLUSIVAS Lucimar Levenhagen Alarcon da Fonseca

ORGANIZAÇÃO / REVISÃO / DIAGRAMAÇÃO DESTE MATERIAL: NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL Professores (as): Anna Paula Soares Lemos Edeusa de Souza Pereira Joaquim Humberto Coelho de Oliveira Lucimar Levenhagen Alarcon da Fonseca Tania Maria da Silva Amaro de Almeida


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CADERNOS PEDAGÓGICOS DE FORMAÇÃO GERAL Capítulo 1

Cultura (O que é cultura). Cultura (O que e cultura).

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FICHA DE UNIDADE DE APRENDIZAGEM Atividade: TAE 001 / Trabalho Acadêmico Efetivo 1 - Atividades Integradas de Formação Geral I Unidade Nº: Nove (9/14) Título: Cultura (O que é cultura). Objetivos de aprendizagem: Aprender as variadas definições de cultura. Entender a tridimensionalidade da cultura: Cultura Cidadã, Cultura Simbólica e Cultura Econômica. Analisar a cultura de massa. Tópicos abordados: Significados de cultura Cultura liberal e massificação Cultura e Educação: Ação Cultural e Ação Educacional.

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Introdução: O termo cultura, pelo senso comum, aponta direta e facilmente para as atividades ou objetos culturais que se apresentam sob a forma estética: literatura, pintura, cinema, etc. No entanto, o conceito de cultura deve ser tratado de forma mais ampla. A palavra deriva do verbo cultivar – plantar, cuidar e colher. Portanto, cultura tem ―sazonalidade, ciclo, desenvolvimento, se relaciona com o meio ambiente‖, como bem destaca o secretário executivo do Ministério da Cultura, Gustavo Manevy, no vídeo ―O que é cultura?‖, link http://www.vivaculturaviva.org.br/index.php?p=2&v=1, que está relacionado no seu conteúdo de aprendizagem.

Então, em vez de opô-la à natureza, é mais interessante pensá-la integrada ao nosso ambiente.

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A cultura também é vista como um traço de distinção. As pessoas cultas eram aquelas que falavam mais de um idioma, viajavam, iam a concertos, exposições de pintura, ingressavam na universidade, etc. Mas, a partir do século XX, cultura deixa de ser acumulação de conhecimento.

Com o sentido antropológico, a cultura passa a estar em toda parte, independente das condições sociais e econômicas. Ela envolve toda e qualquer experiência humana. Ela se identifica tanto com o que produzimos para a sobrevivência material, quanto com o que imaginamos para além dessas necessidades.

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A cultura, portanto, não é só arte de artistas, podendo ter por outros sentidos. Como nos diz Gilberto Gil, no link indicado acima, ―todo trabalho humano é pela cultura e para a cultura‖.

Sabendo mais sobre o conceito de cultura Alguns teóricos – sociólogos e antropólogos, principalmente – se preocuparam em estabelecer os variados aspectos do conceito de cultura. O teórico inglês Raymond Willians justamente a partir da relação da palavra cultura com o verbo cultivar estabelece uma análise do processo de ―cultivo da mente‖. Para ele, podemos reconhecer três categorias para o uso do termo cultura:

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1. O processo de desenvolvimento intelectual, espiritual e estético; 2. A referência aos costumes de um povo, um período, um grupo ou da humanidade em geral; 3. As obras e as práticas da atividade intelectual e artística. Já o francês Edgar Morin atribui 3 dimensões – dimensão antropológica, dimensão social e histórica e dimensão das humanidades – e define cultura como:

1. Tudo aquilo que é construído socialmente e que os indivíduos aprendem (Dimensão antropológica); 2. Conjunto de hábitos, costumes, crenças, ideias, valores, mitos que se perpetuam de geração em geração (Dimensão social e histórica); 3. Artes, Letras e Filosofia (Dimensão das humanidades).

Hoje, o conjunto de significados culturais é ainda mais amplo e define cultura como um conjunto de significados criados tanto para a manutenção da sobrevivência quanto para o sentido da própria vida. São valores espirituais e simbólicos, manifestações populares, regras e normas transmissíveis pela educação, códigos e sistemas de produção e reprodução material.

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O Plano Nacional de Cultura criado

em 2005 pelo Ministério da Cultura (In: www.cultura.gov.br/PNC ; In:

http://www.cultura.gov.br/site/2011/05/26/plano-nacional-de-cultura-21 ), levando em consideração este conjunto mais amplo de significados, e tendo por objetivo organizar uma política pública de cultura, relacionou três aspectos que caracterizam a cultura como tridimensional: Dimensão Simbólica, Econômica e Cidadã. A dimensão simbólica da cultura se expressa por meio das línguas, crenças, rituais, práticas, relações de parentesco, trabalho e poder. Toda ação humana que é socialmente construída por meio de símbolos e que entrelaçados formam redes de significados que variam conforme os contextos sociais e históricos.

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Do ponto de vista econômico, a cultura pode ser compreendida de três formas:

1. Como sistema de produção, materializado em cadeias produtivas; 2. Como elemento estratégico da nova economia (economia do conhecimento); 3. Como um conjunto de valores e práticas que têm como referência a IDENTIDADE e a DIVERSIDADE cultural dos povos, possibilitando compatibilizar modernização e desenvolvimento humano.

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Por fim, no PNC, a dimensão cidadã da cultura entende que os bens culturais são portadores de ideias, valores e sentidos e destinamse a ampliar a consciência sobre o ser e o estar no mundo - um mundo globalizado, de sociodiversidades e de consumo.

No seu ambiente virtual de aprendizagem, você vai encontrar unidades que tratam dos conceitos de diversidade, cidadania, globalização e consumo de massa. O conceito de cultura e suas dimensões específicas perpassam todos eles. Diversidade, cidadania e globalização.

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Conteúdo: SIGNIFICADO de Cultura. Disponível em: <http://www.significados.com.br/cultura/>. Acesso em: 31 jan 2013. O que é cultura? Disponível em: <http://www.vivaculturaviva.org.br/index.php?p=2&v=1> Acesso em: 31 jan 2013. CULTURA e arte? Disponível em: <http://www.vivaculturaviva.org.br/index.php?p=2&v=7> Acesso em: 31 jan 2013. MINISTÉRIO DA CULTURA. Disponível em:< www.cultura.gov.br> . Acesso em: 22 fev 2013. UNESCO. Disponível em <www.unesco.br>. Acesso em: 22 fev 2013. Síntese: O conceito de Cultura, derivado do verbo latino colere, que significa cultivar, traz um conjunto de significados criados tanto para a manutenção da sobrevivência quanto para o sentido da própria vida. São valores espirituais e simbólicos, manifestações populares, regras e normas transmissíveis pela educação, códigos e sistemas de produção e reprodução material. Para a UNESCO, cultura é ―um conjunto de características distintas espirituais, materiais, intelectuais e afetivas que caracterizam uma sociedade ou um grupo social‖. Conceito de cultura.

http://queconceito.com.br/cultura

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Leituras complementares: A MASSIFICAÇÃO sob os olhares da literatura, música e cinema. Disponível em: <http://blogs.unigranrio.com.br/formacaogeral/2012/08/26/a-massificacao-sob-os-olhares-da-literatura-musica-e-cinema/> Acesso em: 04 fev 2013. LIPOVETSKY, Gilles. Somos hipermodernos. Disponível em:<http://issuu.com/lucimarlevenhagen/docs/somos_hipermodernos>. Acesso em: 04 fev 2013 BRANT, Leonardo. Cultura é poder. Disponível em: <http://www.culturaemercado.com.br/pontos-de-vista/cultura-e-poder-2/>. Acesso em: 22 fev 20013. Bibliografia recomendada: BRANT, Leonardo. O poder da Cultura. RJ: Editora Petrópolis, 2009. BAUMAN, Zygmunt. Ensaios sobre o conceito de cultura (Introdução).Rio de Janeiro: Zahar, 2012. CANCLINI, Nestor Garcia. Consumidores e Cidadãos. RJ: Editora UFRJ, 2008. COELHO, Teixeira. Dicionário Crítico de Política Cultural. São Paulo: Editora Iluminuras, 2004. COELHO, Teixeira. O que é ação cultural? SP: Brasiliense, 2001. DOS SANTOS, José Luiz. O que é cultura? SP: Brasiliense, 1999. EAGLETON, Terry. A ideia de cultura. Lisboa: Temas & Debates, 2003. MORIN, Edgar. Cultura e barbárie européias. RJ: Bertrand Brasil, 2009. WILLIAMS, Raymond. Cultura. SP: Paz e Terra, 2000.

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Filme: Para a UNESCO, cultura é ―um conjunto de características distintas espirituais, materiais, intelectuais e afetivas que caracterizam uma sociedade ou um grupo social‖. E quando o cidadão é privado de tudo isso?

Clique abaixo e veja o trailler do filme. Clique nos hiperlinks do texto e saiba mais sobre a temática desta unidade; No texto de abertura do livro Cultura e Educação , Teixeira Coelho analisa o filme alemão: O Enigma de Kaspar Hausen e nos remete a questão da cultura e aprendizagem. O filme aborda as relações das culturas com as linguagens. “(...) Os motivos pelos quais a historia de Kaspar Hauser surge como uma metáfora do processo educacional são claros. Os aspectos pelos quais o processo de socialização pode ser tomado como uma autentica invasão do eu pelos outros ficam evidentes. (...) “(...)Apesar da liberdade e da compreensão, se não do carinho, os alunos são menos obedientes e em certos temas, graças as novas tecnologias, e ao contrario de Kaspar Hauser, estão mais informados que seus professores que, vindos do século XX, tentam ensinar jovens e crianças do século XXI com ideias do século XIX. Alguns dizem que e preciso retornar ao ensino autoritário e conservador, outros observam que os de hoje (junto com seus professores) são os adolescentes mais desorientados da historia, flutuando a deriva do consumismo e da Internet. (...)”

http://filmesclassicoselivros.blogspot.com.br/2012/02/o-enigma-de-kaspar-hauser-1974.html

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Charge: Leia com atenção. “Tudo é tão desigual...”

http://bib.praxis.ufsc.br:8080/xmlui/bitstream/handle/praxis/218/a%20nova%20ordem%20mundial.jpg?sequence=1

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Vídeo E se o Dinheiro não Fosse Importante? Neste vídeo, o escritor e filósofo britânico Alan Watts pergunta-nos o que gostaríamos de fazer se o dinheiro não fosse importante. Watts tenta convencer-nos a seguir os nossos sonhos e a meditar sobre uma questão: ―O que é que desejamos realmente para as nossas vidas?” Clique no nome do filósofo acima e saiba mais sobre ele , se quiser assistir ao vídeo, clique abaixo na imagem.

http://oplanetaquetemos.blogspot.com.br/2012/10/e-se-o-dinheiro-nao-fosse-importante.html

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Animação: Uma sátira em forma de vídeo mostra como o Homem tem transformado o planeta Terra e como tem usado os seus recursos de maneira indevida e insustentável. Animação de Steve Cutts. Quer assistir? Clique abaixo e reflita sobre como temos transformado oplaneta.

http://extravirgem.files.wordpress.com/2012/12/man-animation-steve-cutts-earth.jpg?w=490&h=200&crop=1%22

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Para refletir: “A massa ainda vai comer do biscoito fino que eu fabrico." (Oswald de Andrade)

Saiba Mais: Quer saber um pouco mais sobre A Cultura de Massa? Clique abaixo e leia os e-books sobre a temática:

Cidadania e cultura liberal

TEXTO

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TEXTO 1

BRANT, Leonardo. Cultura é poder. Disponível em: <http://www.culturaemercado.com.br/pontos-de-vista/cultura-e-poder-2/> . Acesso em: 22 fev 20013.

CULTURA É PODER Leonardo Brant

O que é Cultura? Qual a sua função pública? Existe uma relação direta entre cultura e desenvolvimento? Podemos pensar em sustentabilidade sem considerar a questão cultural? Pra que serve uma política cultural? Qual a sua relação com o mercado? Co mo o poder público pode intervir na dinâmica cultural de uma sociedade? Como o artista e o agente cultural enfrentam os desafios da pósmodernidade?

Entre as muitas respostas possíveis para essas questões, optei por buscar uma abordagem propositiva, que buscasse imaginar uma nova percepção da riqueza e importância da cultura como projeto humanista, que abarcasse também a sua dimensão individual, política e organizacional. Um ponto de partida para um projeto de nação, para o desenvolvimento social, para as oportunidades econômicas, mercados potentes, empresas inovadoras, brasileiros capazes, competentes e livres. A intenção é apresentar cultura como domínio, como campo de apropriação, pública ou privada, e seu manejo pelos diversos agentes sociais ao longo do nosso processo civilizatório.

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A ideia de cultura, sempre moldada conforme as visões políticas de cada tempo, detém em si as chaves dos sistemas de poder. Chaves que podem abrir portas para a liberdade, para a equidade e para o diálogo. Mas também podem fechá-las, cedendo ao controle, à discriminação e à intolerância. Da mesma forma que o poeta T.S.Eliot inter-relacionava cultura sob a ótica do indivíduo, de um grupo e de toda a sociedade, precisamos compreender cultura como um plasma invisível entrelaçado entre as dinâmicas sociais, ora como alimento da alma individual, ora como elemento gregário e político, que liga e significa as relações humanas. Perceber a presença desse plasma – ou seja, de uma matéria cultural altamente energizada, reativa e que permeia todo o espaço da sociedade – é fundamental para a compreensão dos fenômenos do nosso tempo.

Cultura é algo complexo. Não se limita a uma perspectiva artística, econômica ou social. É a conjugação de todos esses vetores. Daí a sua importância como projeto de Estado e sua pertinência como investimento privado. Uma política cultural abrangente, contemporânea e democrática deve estar atenta às suas várias implicações e dimensões. A UNESCO, organismo das Nações Unidas destinada a questões de educação cultura e ciências, define cultura como ―um conjunto de características distintas espirituais, materiais, intelectuais e afetivas que caracterizam uma sociedade ou um grupo social‖. Esse entendimento abarca, além das artes e das letras, os modos de vida, os sistemas de valores, as tradições e as crenças.

Sob a luz do conceito de cultura da entidade não seria absurdo classificar um filme publicitário ou merchandising como uma ação cultural. Não se trata do investimento no potencial criador do cidadão/consumidor, mas num determinado conjunto de comportamentos necessários a reforçar a ideia de incentivar ou potencializar determinação ação (consumo). A empresa age para seduzir, ou até mesmo impor, por meio de ação sistemática e repetida, sua ―cultura‖, seus valores e códigos. Ou seja, para consumir determinada marca de cigarro, automóvel, ou calça jeans, é preciso praticar, ou ao menos identificar-se, com determinados padrões de conduta. Levado às últimas consequências, esse

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sistema traduz-se num processo de aculturação, baseado na necessidade de destituir o sujeito de valores, referências e capacidades culturais intrínsecas, em busca de adesão a algo mais dinâmico, sedutor e com função gregária: o consumo.

A jornalista canadense Naomi Klein aponta em seu livro-manifesto Sem Logo (2002) os riscos dessa associação. Ela apresenta o branding (mecanismos empresariais para criar a desenvolver marcas) como um processo cultural. A autora afirma que as marcas não são produtos, contudo, são responsáveis pela criação de conceitos, atitudes, valores e experiências. Portanto, ―por que também não podem ser cultura?‖ Esse projeto tem sido tão bem sucedido que ―os limites, entre os patrocinadores corporativos e a cultura patrocinada, desapareceram completamente‖, questiona. Segundo Klein (2002), embora ―nem sempre seja a intenção original, o efeito do branding avançado é empurrar a cultura que a hospeda para o fundo do palco e fazer da marca a estrela. Isso não é patrocinar cultura, é ser cultura‖. A serviço das instâncias de poder, sustentadas entre si, como nos dias de hoje, atuam os sistemas financeiro, governamental e de mídia.

A arte assume uma preocupante função apaziguadora e definidora dos modos de vida e costumes. Joost Smiers, em Artes sob Pressão (2003), pergunta ―onde os conglomerados culturais podem espalhar suas idéias sobre o que deve ser a arte, a questão crucial é: as histórias de quem estão sendo contadas? Por quem? Como são produzidas, disseminadas e recebidas?‖ Para Smiers (2003), as obras de arte tornaram-se veículos com mensagens comerciais e ―têm a função de criar um ambiente no qual a produção do desejo possa acontecer. Esse contexto é freqüentemente cheio de violência‖, diz.

A indústria audiovisual e seu extremo poder de alcance, das salas de cinema aos lares de todo o planeta, por meio de DVDs, games e websites interativos, é o melhor exemplo disso, como aponta o Relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), de 2004, intitulado Liberdade Cultural num mundo diversificado. De acordo com o documento, o comércio mundial de bens

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culturais – cinema, fotografia, rádio e televisão, material impresso, literatura, música e artes visuais – quadruplicou, passando de 95 bilhões de dólares norte-americanos em 1980 para mais de 380 bilhões em 1998. Cerca de quatro quintos desses fluxos têm origem em 13 países. Segundo o relatório, Hollywood atinge 2,6 bilhões de pessoas e Bollywood (indústria de cinema indiano) cerca de 3,6 bilhões. O domínio de Hollywood é apenas um dos aspectos da disseminação ocidental de consumo. ―Novas tecnologias das comunicações por satélite deram lugar, na década de 1980, a um novo e poderoso meio de comunicação de alcance mundial e a redes mundiais de meios de comunicação como a CNN‖. O número de aparelhos de televisão por mil habitantes mais do que duplicou em todo o mundo, passando de 113, em 1980, para 229, em 1995. Desde então, aumentou para 243. O resultado disso é a criação de um padrão de consumo global, com ―adolescentes mundiais‖ compartilhando uma ―única cultura pop mundial, absorvendo os mesmos vídeos e a mesma música e proporcionando um mercado enorme para tênis, t-shirts e jeans de marca‖, afirma o relatório. Edgar Morin, em ―Cultura e Barbárie Européias‖, empresta de Teilhard de Chardin o termo ―noosfera‖, para designar o mundo das ideias, dos espíritos, dos deuses produzidos pelos seres humanos dentro de sua cultura. ―Mesmo sendo produzidos pelo espírito humano, os deuses adquirem uma vida própria e o poder de dominar os espíritos‖. Dessa forma, diz o filósofo, ―a barbárie humana engendra deuses cruéis, que, por sua vez, incitam os seres humanos à barbárie. Nós modelamos os deuses que nos modelam‖.

Max Weber costumava dizer que o homem está preso a uma teia de significados que ele mesmo criou. Nesse sentido, assim como Geertz (1973), também podemos considerar cultura como um conjunto de mecanismos de controle para governar comportamentos. E a história recente exibe vários alertas de como as indústrias culturais e os meios de comunicação de massa podem ser grandes armas disponíveis para acomodar e disseminar determinados comportamentos. Assim fizeram o nazismo, o fascismo, o comunismo e as ditaduras militares, sobretudo as latino-americanas, nos exemplos extremos. Esse rastro está cada vez mais presente nas sociedades orientadas para o consumo.

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Em comum, a ausência do Estado em sua responsabilidade com a cultura e a diversidade; e o domínio marcante das indústrias culturais como ponta-de-lança para uma economia global centrada nas grandes corporações.

A realidade desse cenário precisa ser encarada por toda a sociedade brasileira, que usufrui os benefícios dessa globalização econômica, mas ao mesmo tempo se expõe de maneira preocupante aos seus efeitos colaterais. O país corre risco de virar as costas ao seu grande potencial da produção cultural e sua vocação para o desenvolvimento de um poderoso mercado formado pelas próprias manifestações culturais. Cultura, nesse caso, funciona como uma chave capaz de trancar o indivíduo em torno de códigos e simbologias controladas: pelo Estado, por uma religião ou mesmo por corporações e através dos instrumentos gerados pela sociedade de consumo, como a publicidade, a promoção e o patrocínio cultural. Mas essa mesma chave, que oprime o ser humano e desfaz sua subjetividade, tem o poder de abrir as portas, permitindo ao indivíduo compreender a si e aos fenômenos da sociedade e do seu próprio estágio civilizatório, em busca da liberdade. Para isso, basta girá-la para o lado oposto. Em Dialética da Colonização (1992), Alfredo Bosi define cultura como o ―conjunto das práticas, das técnicas, dos símbolos e dos valores que se devem transmitir às novas gerações para garantir a reprodução de um estado de coexistência social‖. E supõe uma ―consciência grupal operosa e operante que desentranha da vida presente os planos para o futuro‖. A cultura cumpre nesse caso uma função pouco reconhecida e estimulada nesses tempos: transformar realidades sociais e contribuir para o desenvolvimento humano em todos os seus aspectos. Algo que identifica o indivíduo em seu espaço, lugar, época, tornando-o capaz de sociabilizar e formar espírito crítico.

Origens e dimensões da palavra Cultura

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Raymond Williams, autor de Palavras-chave (2007), considera a palavra culture como uma das duas ou três mais complicadas da língua inglesa, devido ao seu complexo percurso etimológico. Em sua acepção mais longínqua, a matriz latina colere trazia o significado de cultivar, habitar, proteger e honrar com veneração. Desse radical, podemos reconhecer pelo menos dois desdobramentos: colonus, que traz a idéia de habitação e cultus, que nos remete a ―cultivo ou cuidado‖, bem como seus significados medievais subsidiários: ―honra, adoração‖, já ―convergidos pela radicalização do temor divino e da moral na sociedade – personificação do Senhor no feudo‖. Mas também couture, no francês antigo, por exemplo, associados à ―lavoura, cuidado com o crescimento natural‖.

Dos séculos XVI ao XVII, segundo Williams, o termo passou a significar, por analogia, o cuidado com o desenvolvimento humano e o cultivo das mentes, deixando de se tratar apenas da terra e dos animais. Desde já destacando uma distinção arbitrária entre os que têm cultura dos que não têm, o termo assume o caráter de civilidade. Com a expansão da Europa e seu conseqüente processo de dominação política e econômica, o poder de distinção entre o culto e o não-culto foi de grande valia para implementar e manter o colonialismo.

A partir dos séculos XVIII e XIX, o conceito passa a ser utilizado para designar o próprio estágio civilizatório da humanidade. Johann Gottfried Von Herder escreveu Sobre a filosofia da história para a educação da humanidade (1784-91): ―Nada é mais indeterminado que essa palavra e nada mais enganoso que sua aplicação a todas as nações e a todos os períodos‖. Argumentava que era necessário grifar culturas, no plural, pois elas são específicas e variáveis em diferentes nações e períodos, tanto quanto em relação a grupo sociais e econômicos dentro de uma nação. Para Williams, podemos reconhecer três categorias amplas e ativas de uso do termo: o processo de desenvolvimento intelectual, espiritual e estético; a referência a um povo, um período, um grupo ou da humanidade em geral; as obras e as práticas da atividade intelectual, particularmente a artística, sendo este último o seu sentido mais difundido: ―cultura é música, literatura, pintura, escultura, teatro e cinema‖.

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Já o pensador Edgar Morin atribui três dimensões interdependentes à palavra cultura: a antropológica, ou ―tudo aquilo que é construído socialmente e que os indivíduos aprendem‖; a social e histórica, que pode ser entendida como o ―conjunto de hábitos, costumes, crenças, idéias, valores, mitos que se perpetuam de geração em geração‖ e a relacionada às humanidades, que ―abrange as artes, as letras e a filosofia‖.

Para Terry Eagleton, no indispensável A ideia de cultura (2002), as palavras civilização e cultura continuam até hoje a intercambiar-se em seu uso e significado, sobretudo por antropólogos: ―cultura é agora também quase o oposto de civilidade‖. Eagleton (2002) considera curioso que o termo hoje se aplique mais à compreensão de formas de vida ―selvagens‖ do que para civilizados. ―Mas se ‗cultura‘ pode descrever uma ordem social ‗primitiva‘, também pode fornecer a alguém um modo de idealizar a sua própria. Tanto para definir algo de domínio próprio de um indivíduo (o conhecimento adquirido) quanto para o exercício de poder em relação a grupos sociais distintos (o culto e o não culto, o civilizado e o não civilizado), o termo é utilizado até hoje como definidor de um campo simbólico determinado, quase sempre para distinguir ou identificar.

Ações e políticas culturais, constituídas nos campos público e privado, exercem, inevitavelmente, esse domínio. Como provedor de acesso a conteúdos, processos e dinâmicas, aguça o espírito crítico e permite a apropriação, o empoderamento e o protagonismo do cidadão. Por outro lado, a cultura adquire, cada vez mais, sua corporificação como ente econômico e instrumento de lazer e entretenimento. Manuseadas por sociedades contaminadas por um modo de pensar linear e cartesiano, condicionadas a analisar todos os fenômenos por uma correlação de causa-efeito, deixa de ser essa matéria que significa e transforma as relações, para ser mera atividade econômica, estratégica por sua grande capacidade de gerar recursos, postos de trabalho e economia de escala, por meio de exploração de propriedade intelectual. Uma

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fórmula que exige difusão em massa para ser economicamente eficaz. E conteúdos de fácil assimilação, para ampliar sua capacidade de inserção mercadológica.

Essa fórmula geralmente exclui diálogos mais profundos e complexos, desconectando-se de suas raízes culturais e das dinâmicas locais. Com formatos cada vez mais repetitivos e pasteurizados, são mais afeitas a uma cultura homogênea, linear, uníssona, voltada ao consumo.

A falta de dispositivos claros e efetivos para lidar com esse campo simbólico configura-se como uma das mais graves doenças das sociedades contemporâneas.

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Atividades para Autoavaliação. Atividade: TAE 001 / TRABALHO ACADÊMICO EFETIVO – ATIVIDADES INTEGRADAS DE FORMAÇAO GERAL I Unidade Nº: 09 Título: Cultura (O que é cultura)

QUESTÃO 1 Tópico Associado: Cultura liberal e massificação “ Quando nascemos fomos programados A receber o que vocês nos empurraram Com os enlatados dos USA, de 9 às 6. Desde pequenos nós comemos lixo Comercial e industrial Mas agora chegou nossa vez Vamos cuspir o lixo em cima de vocês. Somos os filhos da revolução

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Somos burgueses sem religião Nós somos o futuro da nação Geração Coca-Cola. (...) “ Geração Coca-Cola (Renato Russo)

O trecho acima, da música "Geração Coca-Cola", evoca uma das principais características do mundo moderno: o consumismo. Com base nos conhecimentos sobre o assunto, assinale a alternativa INCORRETA:

A) O consumismo caracteriza-se como um comportamento social em que o consumo deixa de ser meio e adquire status de finalidade. B) A globalização da economia fez surgir uma nova geografia do consumo: países e regiões com níveis de desenvolvimento econômico distinto consomem produtos e serviços semelhantes. C) O modelo de consumo "mundializado" deixa marcas evidentes no espaço das metrópoles, onde proliferam estabelecimentos comerciais de grande porte, como shopping centers, hipermercados, etc. D) A presença, em um mesmo espaço geográfico regional, do consumidor e do produtor do bem de consumo, é necessária porque os circuitos espaciais de produção são demarcados pelas fronteiras regionais. FEEDBACK DA QUESTÃO 1 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

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QUESTÃO 2 Tópico Associado: Significados de cultura

Jornal do Brasil, 3 ago. 2005. Enade (2006) Tendo em vista a construção da ideia de nação no Brasil, o argumento da personagem expressa: A) A afirmação da identidade regional. B) A fragilização do multiculturalismo global. C) O ressurgimento do fundamentalismo local. D) O fortalecimento do separatismo estadual. FEEDBACK DA QUESTÃO 2

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Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

QUESTÃO 3 Tópico Associado: Cultura liberal

―O desenvolvimento da indústria promoveu a inserção cada vez mais vertiginosa dos bens culturais no sistema de mercado, promovendo assim a vulgarização da arte e das realizações culturais. Podemos afirmar que o maior malefício cultural promovido pela obtusidade intelectual e existencial do tipo "filisteu" ocorre quando ele detém o poder sobre as instituições artísticas e educacionais, pois essas organizações passam a ser gerenciadas pela óptica do lucro imediato e da comercialização das realizações culturais, que se tornam assim meros objetos consumíveis e, por conseguinte, descartáveis.‖ (BITTENCOURT, Renato Nunes. O advento do homem-massa.)

Ao comparar os textos acima, pode-se concluir que:

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A) o desenvolvimento da indústria incentiva não só a comercialização das realizações culturais, mas também das relações pessoais. B) a industrialização promoveu mais consumo, tornando as pessoas mais seguras e convictas em suas escolhas. C) a indústria cultural promoveu a inserção de bens culturais no mercado, promovendo não só educação de melhor qualidade como também aprimorando as nossas relações pessoais. D) a indústria cultural transforma a cultura em bens de mercado, mas, não consegue influenciar as nossas relações afetivas. FEEDBACK DA QUESTÃO 3 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

QUESTÃO 4 Tópico Associado: Cultura e Educação: Ação Cultural e Ação Educacional. (ENADE 2005) Leia trechos da carta-resposta de um cacique indígena à sugestão, feita pelo Governo do Estado da Virgínia (EUA), de que uma tribo de índios enviasse alguns jovens para estudar nas escolas dos brancos. ―(...) Nós estamos convencidos, portanto, de que os senhores desejam o nosso bem e agradecemos de todo o coração‖. Mas aqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações têm concepções diferentes das coisas e, sendo assim, os senhores não ficarão ofendidos ao saber que a vossa idéia de educação não é a mesma que a nossa. (...) Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte e aprenderam toda a vossa ciência. Mas, quando eles voltaram para nós, eram maus corredores, ignorantes da vida da floresta e incapazes de suportar o frio e a fome. Não sabiam caçar o veado, matar o inimigo

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ou construir uma cabana e falavam nossa língua muito mal. Eles eram, portanto, inúteis. (...) Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta e, embora não possamos aceitá-la, para mostrar a nossa gratidão concordamos que os nobres senhores de Virgínia nos enviem alguns de seus jovens, que lhes ensinaremos tudo que sabemos e faremos deles homens.‖ (BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 1984) A relação entre os dois principais temas do texto da carta e a forma de abordagem da educação privilegiada pelo cacique está representada por: A) sabedoria e política / educação difusa. B) identidade e história / educação formal. C) ideologia e filosofia / educação superior. D) educação e cultura / educação assistemática. FEEDBACK DA QUESTÃO 4 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

QUESTÃO 5 Tópico Associado: Cultura de massificação Considere o texto a seguir. Ele faz referência ao papel do cinema, a partir dos anos 1930, e ao papel da televisão, por volta dos

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anos 1950/60. ―Nunca um único sistema cultural teve tanto impacto e exerceu efeito tão profundo na mudança de comportamento e nos padrões de gosto e consumo de populações por todo o mundo, como o cinema de Hollywood no seu apogeu‖... Em primeiro lugar, o que calava fundo nas platéias era a beleza extraordinária daqueles seres, feitos de maquiagem, penteados, luz e closeup. O conjunto dos recursos desenvolvidos para as finalidades técnicas das filmagens passa a ser introduzido no mercado, sugerindo a possibilidade de as pessoas manipularem suas próprias aparências para se assemelharem aos deuses da tela. O mercado será invadido de xampus, condicionadores, bases, ruge, rímel, lápis, sombras, batons, um enorme repertório de cortes, penteados e permanentes, tinturas, cílios, unhas postiças, e naturalmente ―o sabonete das estrelas de cinema‖... A televisão viria a completar e dar o toque final a esse processo iniciado pelo cinema, invadindo e comandando a vida das pessoas dentro do próprio lar e organizando o ritmo e as atividades das famílias pelo fluxo variado da programação e dos intervalos comerciais. Os objetos passaram a ser alvo do mesmo culto que a imagem dos astros e estrelas, e era muito comum o estúdio reforçar essa associação, para além das roupas, jóias e adereços, distribuindo fotos de seus contratados ao lado de telefones, motocicletas, discos e aparelhos sonoros, carros, móveis e locações turísticas. O objeto do desejo se torna inseparável do desejo do objeto e um pode suprir a falta do outro. (Adaptado de: SEVCENCKO, Nicolau. A capital irradiante: técnicas, ritmos e ritos do Rio. In História da Vida Privada no Brasil, Vol. 3. São Paulo: Companhia das Letras, 1998) Refletindo sobre o texto e comparando o cinema e a televisão do passado e do presente, pode-se afirmar que: A) o grande atrativo do cinema e da televisão do passado eram seus belos atores e atrizes que atraíam multidões, enquanto hoje

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se privilegia predominantemente os filmes românticos. B) hoje a programação da televisão é muito mais educativa, mas mantém a mesma dinâmica de sua linguagem interativa de ontem. C) ontem e hoje, os chamados meios de comunicação de massa nem sempre favoreceram a formação de um olhar crítico dos cidadãos, optando pela imposição de padrões. D) se ontem o cinema favoreceu a criação de um mercado de consumo de produtos que visavam transformar qualquer espectador em estrela, hoje não existe mais essa ilusão.

FEEDBACK DA QUESTÃO 5 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

Questão discursiva Tópico Associado: Cultura cidadã No atual estágio do processo de globalização, a cultura e suas respectivas formas de manifestação vem sofrendo um processo de homogeneização e padronização anulando as identidades locais e regionais. Este processo é impulsionado e estimulado, sobretudo, por grandes empresas transnacionais. Apesar da tendência homogeneizante da globalização, como podemos manter nossa identidade cultural, para um pleno exercício de uma cultura cidadã? Elabore sua resposta tenho como base os diversos

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conceitos de cultura discutidos nesta unidade.

GABARITO

FEEDBACK DA QUESTÃO 1: Resposta certa: Letra D FEEDBACK DA QUESTÃO 2 :

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Resposta certa: Letra A FEEDBACK DA QUESTÃO 3: Resposta certa: Letra A FEEDBACK DA QUESTÃO 4: Resposta certa: Letra D FEEDBACK DA QUESTÃO 5: Resposta certa: Letra C

FEEDBACK DA QUESTÃO DISCURSIVA: COMENTÁRIO: O mundo globalizado promove padrões homogêneos de

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comportamento, eliminando a singularidade, alardeando muitas vezes uma falsa ideia de pertencimento e igualdade, que na verdade nos descaracteriza. Apesar do acesso e do conhecimento de outras culturas que a globalização nos proporciona, é necessário compreender que para o exercício da cidadania, é fundamental a valorização da cultura e da historia que nos identifica, entendendo cultura como um conjunto de significados criados tanto para a manutenção da sobrevivência quanto para o sentido da própria vida.

CADERNOS PEDAGÓGICOS DE FORMAÇÃO GERAL Capítulo 2

Cultura, Sociodiversidade e Cidadania. Cultura, Sociodiversidade e Cidadania.

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Acessem os blogs: FICHA DE UNIDADE DE APRENDIZAGEM Atividade:

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TAE 001 / Trabalho Acadêmico Efetivo 1 - Atividades Integradas de Formação Geral I Unidade Nº: Dez (10/14) Título: Cultura, Sociodiversidade e Cidadania. Objetivos de aprendizagem: Entender os conceitos de diversidade cultural e cidadania. Discutir cultura global e diferenças em comum. Tópicos abordados: Diversidade Cultural Cidadania Cultura global e diferenças em comum

Introdução: Você começou a ver, desde a Unidade 8, as variadas dimensões do conceito de cultura. Viu ainda que o Plano Nacional de Cultura,

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criado em 2005, pelo Ministério da Cultura (In: www.cultura.gov.br/PNC e In: http://www.cultura.gov.br/site/2011/05/26/planonacional-de-cultura-21 ), levando em consideração este conjunto mais amplo de significados e tendo por objetivo organizar uma política pública de

cultura, relacionou três aspectos que caracterizam a cultura como tridimensional: Dimensão Simbólica,

Econômica e Cidadã. Vamos relembrar a Unidade 8:

A dimensão simbólica da cultura expressa-se por meio das línguas, crenças, rituais, práticas, relações de parentesco, trabalho e poder. Toda ação humana é socialmente construída por meio de símbolos e, que entrelaçados, formam redes de significados que variam conforme os contextos sociais e históricos.

Do ponto de vista econômico, a cultura pode ser compreendida de três formas:

4. Como sistema de produção, materializado em cadeias produtivas; 5. Como elemento estratégico da nova economia (economia do conhecimento); 6. Como um conjunto de valores e práticas que têm como referência a IDENTIDADE e a DIVERSIDADE cultural dos povos, possibilitando compatibilizar modernização e desenvolvimento humano.

Por fim, no PNC, a dimensão cidadã da cultura entende que os bens culturais são portadores de ideias, valores e sentidos e destinam-se a ampliar a consciência sobre o ser e o estar no mundo - um mundo globalizado, de sociodiversidades e de consumo.

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No seu ambiente virtual de aprendizagem, você vai encontrar unidades que tratam dos conceitos de diversidade, cidadania, globalização e consumo de massa.

http://2.bp.blogspot.com/_5fixxoGgzM8/TGRBJGT3zJI/AAAAAAAAAB0/ow-mas0V5I4/s1600/manipulado.jpg

O conceito de cultura e suas dimensões específicas perpassam todos eles. Aqui você vai entender os conceitos de sociodiversidade e cidadania relacionados a cultura.

10.1 SOCIODIVERSIDADE E CULTURA

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I) Sentido Antropológico de Sociodiversidade O conceito de sociodiversidade tem variados sentidos, mas sua origem vem da Antropologia e tem como inspiração as etnias indígenas. Os povos indígenas são considerados sociodiversos, no SENTIDO ANTROPOLÓGICO, por não seguirem as regras da chamada ―sociedade dominante‖ e, assim, estruturarem-se em uma comunidade a parte que segue suas próprias regras, suas próprias crenças, suas leis e seus julgamentos.

http://2.bp.blogspot.com/_e474nPXsrqU/SYio-20An9I/AAAAAAAAA8M/2tCEPJVuits/s400/ScreenHunter_4266.jpg

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a) A sociodiversidade indígena Em entrevista ao O Globo, indicada no nosso conteúdo, a antropóloga Manuela Carneiro da Cunha, autora da coletânea de ensaios, “Índios no Brasil: História, direitos e cidadania” (Companhia das Letras), discorda de quem considera atrasada a cultura dos índios. Muito pelo contrário, acredita que ela pode ser uma alternativa para o Brasil, que muito pode aprender com seus saberes e com seu modo de se relacionar com o meio ambiente. O conhecimento das diversas sociedades indígenas pode continuar a trazer contribuições da maior relevância para temas como previsão e adaptação a mudanças climáticas, conservação da biodiversidade, ecologia, substâncias com atividade biológica, substâncias com possíveis usos industriais e muitos outros.( O GLOBO, 2013)

http://www.esquadriasprimos.com.br/portasmadeirajanelasvenezianas/biodiversidade.jpg

Por isso, Manuela Carneiro da Cunha defende um novo pacto da sociedade com as populações indígenas. Pois, o Brasil é megadiverso tanto pela diversidade de espécies, quanto pelas sociedades distintas que aqui convivem. Segundo o IBGE de 2010, há

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305 etnias indígenas no Brasil, que falam 274 línguas.

b) Direitos dos índios Há muito se discute, no Brasil, sobre o direito dos índios às suas terras, sendo relevante assinalar que esse debate se fortaleceu a partir de 1978 (em plena ditadura militar) e avançou até a Assembleia Constituinte, de 1988.

http://1.bp.blogspot.com/_o3tdELJ1pk4/SdbWmZQj_TI/AAAAAAAABSc/GPyuRI8DgrU/S240/indios_brasileiros.jpg

Assegurado esses direitos, discute-se sobre o que é permitido fazer em suas terras. Nesse sentido, as questões mais difundidas nos meios de comunicação são sobre a mineração e as hidrelétricas, como nos casos de Belo Monte e das hidrelétricas no Tapajós.

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Com a Convenção da Biodiversidade de 1992, discutiu-se também os direitos intelectuais dos povos indígenas sobre seus conhecimentos e, com a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o direito de eles serem consultados sobre projetos que lhes são relacionados. Para a questão indígena também é importante a valorização de suas próprias identidades. Cada vez mais os índios que moram nas cidades declaram-se como tais, o que contribui para o fortalecimento do próprio movimento. Hoje, ao contrário do século XIX, os índios não podem ser oficialmente vistos como primitivos. Como nos diz a entrevistada, essa noção decorre da visão triunfalista de um progresso medido por indicadores como o PIB é hoje seriamente criticada. Valores como sustentabilidade ambiental, justiça social, desenvolvimento humano e diversidade são parte agora do modo de avaliar o verdadeiro progresso de um país. Por outra parte, no século XIX, positivistas e evolucionistas sociais puseram em voga a ideia de uma marcha inexorável da História: qualquer que fosse a política, os índios estariam fadados ao desaparecimento, quando não simplesmente físico, pelo menos social. Essa também é uma falácia que a História ela própria desmistificou: os índios, felizmente, estão aqui para ficar. A História não se faz por si, são pessoas que fazem a História, e seus atos têm consequências. Usa esse entulho ideológico quem carece de argumentos. (O GLOBO, 2013)

II. Sentido Sociológico de Sociodiversidade No SENTIDO SOCIOLÓGICO, a ideia é mais abrangente e extrapola as análises baseadas em etnia e raça. O sentido sociológico leva em conta não apenas uma sociedade em que convivem raças e etnias diferentes, mas estrutura um conceito de multiculturalismo inspirado em um variado número de comunidades imigrantes dentro do território brasileiro.

A convivência pacífica entre todos os tipos de imigrantes reforça esta ideia entre os especialistas: o Brasil é uma sociedade multicultural, tolerante quanto aos valores das comunidades e que promove ou pelo menos tenta promover a inclusão das mesmas. (SOCIODIVERSIDADE, 2013)

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É claro que, em toda estrutura sociodiversa, há conflitos, mas quando se destaca que em algumas estruturas sociais, como a brasileira, há uma tentativa de inclusão social e cultural, é que os conflitos, mesmo os gerados por intolerância e preconceito, não derivam de uma política de Estado. Uma política de Estado que de fato defenda a inclusão, sabe que quanto mais diversificada for uma sociedade, mais rica ela será culturalmente.

10.2 CIDADANIA E DIVERSIDADE CULTURAL

Como já foi visto, a cidadania engloba uma série de direitos e, agora, cabe dizer que ela também contém o direito à cultura.

http://www.iatec.com.br/blog/wp-content/uploads/2012/04/cultura-popular-do-brasil-3.jpg

E, o que vem a ser este direito? Segundo o vídeo indicado no conteúdo, “Cultura e Cidadania”, a cultura é um direito porque o

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Estado tem o dever de promover o seu acesso a todos os membros de uma comunidade. O Estado também deve proteger os patrimônios e bens culturais dos grupos que estão menos bem posicionados no mercado. Com isso, podemos pensar a política de cultura como um dos eixos centrais do desenvolvimento, portanto, como um índice da riqueza de cada país. Além disso, a cultura pode ser utilizada para promover mudanças em nossas vidas, alterando as nossas disposições para melhor apreciar e conviver com as diversidades das escolhas culturais. Associa-se, assim, a cultura com a ética da valorização das escolhas livres. Por isso, será preciso entender a sociodiversidade nem só como uma homogeneização das culturas liderada pelo imperialismo americano, nem só como a emergência de uma cultura global limpa e informatizada na qual os povos e indivíduos beneficiam-se das maravilhas da técnica.

http://imagenes.sebuscaimagenes.com/img/graficos/imagenes/n/ninos_del_mundo-6800.jpg

O olhar cidadão entende a interação entre elas, entendendo a força cultural de regiões consideradas periféricas e a força cultural que

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há na diversidade. Vejamos o que diz Marcos Augusto Gonçalves, em artigo da Folha de São Paulo, que consta na sua ficha de conteúdos: Realmente, nenhum olhar poderá apreender as transformações por que passa o mundo sem ver o papel desempenhado pela informática, pela robótica, pelas comunicações por satélite, pela Internet e pelos modernos meios de transporte. Por outro lado, não são menos simplificadoras algumas evidências recorrentes de que a cultura norte-americana impõe-se ao mundo para moldá-lo à sua imagem e semelhança. Um dos exemplos mais corriqueiros da inexorabilidade dessa americanização em escala mundial é a rede de lanchonetes McDonald's, embora a difusão da pizza italiana e da comida chinesa alcancem as mesmas proporções livres, no entanto, da acusação de destruir hábitos alimentares autóctones e autênticos [...] Talvez nunca as nações ocidentais tenham-se visto, como hoje, na contingência de conviver com a diversidade cultural no interior de suas próprias fronteiras. Se a "invasão americana" é um tema importante na pauta da esquerda das periferias, a "invasão do Terceiro Mundo" também o é para a direita dos países centrais. (FOLHA DE SÃO PAULO, 2013)

I) Avenidas Brasis No link http://www.youtube.com/watch?v=W-IRFjIYxNY&feature=youtu.be , você poderá assistir à entrevista do antropólogo Roberto da Matta, concedida para o Blog de Formação Geral / INOVA, da Unigranrio. Nessa entrevista, ele comenta a novela que foi ao ar, Avenida Brasil. Para o entrevistado, ela nos remete, desde o seu título, a uma via onde segmentos sociais comunicam-se. Mas, também, temos corredores em nossas casas, que são verdadeiras avenidas brasis. Isto é, somos misturas sociais que transitam por essas vias comuns.

Por esses corredores ainda transitam heranças da escravidão, encarnadas na figura da empregada doméstica. Na novela, a vingadora traveste-se como emprega para ter acesso aos corredores que a levarão até a sua patroa e madrasta. A novela ainda traz outros traços do jeito brasileiro se ser: o espaço da cozinha, como representação da confraternização familiar em torno das refeições; e a ambiguidade dos sentimentos de vingança e de redenção, que nos aproxima de quem mais odiamos.

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Vamos pensar? Ao tratar dos direitos humanos, Amartya Sen, no artigo “Direitos humanos e diversidade cultural” que consta no seu conteúdo, diz que o conceito de direitos humanos é unificador. Leia:

https://encryptedtbn1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRc6_znwaEGTkXnxJf64uKAS2fl5Avf-d3IILe-oefLE77V7XdC

O conceito de direitos humanos universais é uma ideia unificadora, algo que torna cada um de nós importante (pouco importa onde vivamos e a que país pertençamos), algo que podemos todos partilhar (apesar da diversidade dos sistemas jurídicos dos nossos respectivos países). E, no entanto, o tema dos direitos humanos frequentemente degenera em campo de batalha no qual se defrontam diversas crenças e reivindicações. Nos debates políticos, pode surgir como tema de diferenciação, mais que como ideia unitária. Tais oposições têm por vezes sido consideradas "choques de civilizações" ou "batalhas entre culturas". (SEN, 2013)

Em seguida, as perguntas a serem elaboradas e argumentadas no texto são: ―Existirão efetivamente diferenças irredutíveis entre as tradições culturais e as crenças políticas do mundo? Será esta divisão incontornável quando se trata de direitos humanos?‖.

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Você encontrará material para pensar sobre estes assuntos, nesta unidade.

Complementando, a ideia de direitos humanos, o texto de Edgar Morin, Por uma globalização plural, nos fala de uma sociedademundo.

http://oglobo.globo.com/blogs/arquivos_upload/2012/05/329_2531-alt-tirinha%20globaliza%C3%A7%C3%A3o.jpg

Uma sociedade dispõe de um território coberto por meios de comunicação. Hoje, as novas tecnologias recobrem o planeta. Também, dispõe de uma economia e, como já vimos, ela se globaliza cada vez mais. E, sem dúvida, combina-se com a civilização:

Existe uma civilização mundial, saída da civilização ocidental, que desenvolve o jogo interativo da ciência, da técnica, da indústria e do capitalismo e que comporta um certo número de valores padronizados. Ao mesmo tempo em que comporta múltiplas culturas em seu seio, uma sociedade também gera uma cultura própria. (MORIN, 2013)

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Por isso, segundo Morin, a globalização cultural não é homogeneizadora. O jazz e o rock, por exemplo, são artes globalizadas que se misturam e se transformam, sem perderem contato com os seus estilos anteriores.

Em resumo, se a globalização proporciona encontros culturais que se tornam comuns e diferenciados, conferindo uma integração planetária, para o autor, os estados nacionais bloqueiam esse processo, impedindo o aparecimento da governança global (tema debatido na unidade 3). Como se conclui dessas suas palavras: Podemos, enfim, dizer que a globalização da nação, que se concluiu ao final do século 20, confere ao planeta uma característica de civilização e cultura comuns; ao mesmo tempo, porém, o fragmenta ainda mais, e a soberania absoluta das nações cria obstáculos, justamente, ao surgimento da sociedade-mundo. Emancipadora e opressora, a nação torna extremamente difícil a criação de confederações que responderiam às necessidades vitais dos continentes e ainda mais difícil o nascimento de uma confederação planetária. (MORIN, 2013)

Mas, não deixe de, nesse momento, parar e refletir sobre as diversas considerações que se fazem sobre o Estado nacional em relação à globalização: se por um lado, a sua participação é reclamada para controlar os excessos do mercado e garantir o direito à cultura, por outro, ele é visto como obstáculo à governança global. E aí, qual a sua posição?

Conteúdo: 10.1 Conteúdo: GONÇALVES, Marcos Augusto. Intercâmbio aproxima países e anuncia "cultura global”. Disponível em:

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<http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1997/11/02/caderno_especial/18.html>. Acesso em: 31 jan 2013. MORIN, Edgar. Por uma globalização plural. Disponível em: <http://www.globalizacion.org/biblioteca/MorinGPlural.htm> Acesso em: 31 jan 2013. SOCIODIVERSIDADE. Disponível em: <http://www.unieuro.edu.br/sitenovo/enade/sociodiversidademulticulturalismo.pdf>. Acesso em: 12 mar 2013. O GLOBO. O futuro dos índios. Entrevista com Manuela Carneiro da Cunha. Disponível <http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/posts/2013/02/16/o-futuro-dos-indios-entrevista-com-manuela-carneiro-da-cunha486492.asp>. Acesso em: 12 mar 2013.

em

:

MATTA, Roberto da. Entrevista ao Núcleo de Formação Geral/Inova/Unigranrio. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=W-IRFjIYxNY&feature=youtu.be>. Acesso em: 04 fev 2013. CULTURA. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1997/11/02/caderno_especial/19.html> Acesso em: 05 fev 2013.

10.2 Conteúdo: CULTURA E CIDADANIA. Disponível em : <http://www.vivaculturaviva.org.br/index.php?p=2&v=3>. Acesso em: 31 jan 2013. SEN, Amartya. Direitos humanos e diversidade cultural. Disponível em:<http://www.aartedepensar.com/leit_sen.html>. Acesso em: 03 fev 2013.

Síntese: A convivência de diversas culturas, em uma mesma sociedade, é tratada como sociodiversidade, no seu sentido mais restrito ou

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antropológico, ou no seu sentido mais amplo, o sociológico. A globalização promove uma difusão e mistura de influências culturais, o que nos faz desconfiar da perspectiva do isolamento e pureza cultural para tratar dessa dinâmica.

http://2.bp.blogspot.com/-xlnpBwZT-XA/Tnf7FjseaTI/AAAAAAAAACQ/X_MLPNh3Q_k/s200/Diversidade-Brasileira.bmp

O Estado nacional, modelo de governança moderno, novamente é posto como força emancipadora e opressora nesse processo.

Leituras complementares: NAWAZ, Maajid. Uma cultura global para lutar contra o extremismo. Disponível em: <http://www.veduca.com.br/play?v=5243&t=0651%20&p=direitos>.Acesso em 04 fev 2013. ENCONTRO com Milton Santos ou o mundo globalizado visto do lado de cá (Brasil, 2006). Direção de Silvio Tendler.

Bibliografia recomendada:

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BRANT, Leonardo. O poder da Cultura. RJ: Editora Petrópolis, 2009. CANCLINI, Nestor Garcia. Consumidores e Cidadãos. RJ: Editora UFRJ, 2008. CHAUI, Marilena e OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Filosofia e Sociologia. Volume Único. Série Novo Ensino Médio. SP: Editora Ática, 2012. COELHO, Teixeira. Dicionário Crítico de Política Cultural. São Paulo: Editora Iluminuras, 2004. COELHO, Teixeira. O que é ação cultural? SP: Brasiliense, 2001. DOS SANTOS, José Luiz. O que é cultura? SP: Brasiliense, 1999. EAGLETON, Terry. A ideia de cultura. Lisboa: Temas & Debates, 2003. MORIN, Edgar. Cultura e barbárie européias. RJ: Bertrand Brasil, 2009. WILLIAMS, Raymond. Cultura. SP: Paz e Terra, 2000.

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Animação: [Animação] Declaração Universal dos Direitos Humanos

http://www.youtube.com/watch?v=UZU47s6eL5Q

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Músicas com temas de sociodiversidade e cidadania, tema deste volume: Quer ouvir e analisar as letras? Clique no título da música e assista ao vídeo.

Brasis Seu Jorge

Unimultiplicidade Ana Carolina

Comida Titãs

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POEMA Erro de português Quando o português chegou Debaixo de uma bruta chuva Vestiu o índio Que pena! Fosse uma manhã de sol O índio tinha despido O português. Oswald de Andrade Para Refletir:  Porque você acha que o Oswald de Andrade deu esse nome ao poema?  O que significa o ato de "vestir" e de "despir". Lembre-se que a forma como nos vestimos é um reflexo da sociedade a que pertencemos. As vestes de uma população refletem seus hábitos, sua cultura. E, nesse caso de encontro, de culturas diferentes?  O que ele quis dizer sobre as condições metereológicas da chegada dos portugueses: "debaixo duma bruta chuva". As condições externas, alheias à nossa vontade, influenciam o que acontece conosco? O que realmente representa a chuva e o sol, neste poema?

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Filme: OLGA Olga Benário (Camila Morgado) é uma militante comunista desde jovem, que é perseguida pela polícia e foge para Moscou. Ali, Olga faz treinamento militar e é encarregada de acompanhar Luís Carlos Prestes (Caco Ciocler) ao Brasil para liderar a Intentona Comunista de 1935, apaixonando-se por ele na viagem. Com o fracasso da revolução, Olga é presa com Prestes. Grávida de 7 meses, é deportada pelo governo Vargas para a Alemanha nazista e tem sua filha Anita Leocádia na prisão. Afastada da filha, Olga é então enviada para o campo de concentração de Ravensbrück. http://pt.wikipedia.org/wiki/Olga_%28filme%29 Quer assistir ao trailer do filme? Clique na imagem abaixo e saiba um pouco mais sobre o assunto.

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Diversidade Cultural Brasileira Mestre Vitalino Vitalino Pereira dos Santos, o Mestre Vitalino, nasceu em Caruaru, no Distrito de Ribeira dos Campos (10 de julho de 1909 — Caruaru, 20 de janeiro de 1963). Foi um ceramista popular brasileiro, um artesão por retratar, em seus bonecos de barro, a cultura e o fo lclore do povo nordestino, especialmente do interior de Pernambuco, e a tradução do modo de vida dos sertanejos. Esta retratação ficou conhecida entre especialistas como arte figurativa.

Clique e conheça a história:

http://www.casadomestrevitalino.com.br/casa/

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PATATIVA DO ASSARÉ: ANTONIO GONÇALVES DA SILVA É um dos Maiores Poetas Populares do Brasil. Ninguém soube tão bem cantar, em verso e prosa, os contrastes do sertão nordestino e a beleza de sua natureza. Descreveu como ninguém as diferenças sociais do Brasil. Para saber mais clique sobre a imagem:

http://lounge.obviousmag.org/pra_nao_dizer_que_nao_falei_das_flores/assets_c/2012/03/Patativa-do-Assare-thumb-600x598-8435.jpg

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Charge:

http://4.bp.blogspot.com/-fY4p4F8OFpw/TguaMtb8o0I/AAAAAAAAA9I/dQmLo5pBLE0/s1600/TODA+MAFALDA.jpg

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TEXTO 1 GONÇALVES, Marcos Augusto. Intercâmbio aproxima países e anuncia "cultura global”. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1997/11/02/caderno_especial/18.html>. Acesso em: 31 jan 2013.

INTERCÂMBIO APROXIMA PAÍSES E ANUNCIA "CULTURA GLOBAL" Marcos Augusto Gonçalves EDITOR DE DOMINGO

Abrimos livros, jornais e revistas, ligamos a TV, vamos ao cinema, teclamos o computador ou entramos no avião: tudo nos diz que o mundo está mudando, está menor e mais semelhante. Todos consumimos os mesmos produtos, vemos as mesmas imagens, repetimos os mesmos comentários sobre os mesmos fatos e suas versões. Somos convocados a testemunhar o alvorecer de uma nova época, a emergência da era da "cultura global", expressão que, de imediato, nos sugere imagens das mais prosaicas às mais mirabolantes.

Uma delas, bastante difundida, poderia ser descrita, simplificadamente, como a visão de um mundo crescentemente limpo, informatizado, no qual os povos e os indivíduos beneficiam-se das maravilhas da técnica e cultivam a semente da consciência planetária que triunfará na aldeia global do terceiro milênio.

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

Aqui, os vertiginosos desenvolvimentos no campo da informática e das comunicações soam como trombetas de uma revolução. O futuro, liderado pela tecnologia, reservaria à humanidade possibilidades jamais imaginadas, capazes de transformar profundamente o modo de vida sobre a face da Terra.

Um dos indícios mais eloquentes a prenunciar tal transformação seria a Internet, da qual deriva a imagem de um mundo organizado segundo a estrutura de uma rede. No dizer de Nicholas Negroponte, autor do eufórico "A Vida Digital", a comunidade de usuários da Internet "vai ocupar o centro da vida cotidiana" e a demografia da rede "vai ficar cada vez mais parecida com a do próprio mundo".

Para o autor, a chamada supervia da informação já é bem mais do que um atalho para consultas à biblioteca do Congresso norte-americano: "Ela está criando um tecido social inteiramente novo e global".

Menos entusiasmada, mais politizada (e também mais decepcionada), uma outra imagem contrapõe-se à do mundo-rede informatizado. Aqui, a noção de cultura global é vista como resultado da extensão de uma determinada cultura aos limites do globo. Um mesmo sistema de crenças, hábitos, comportamentos e representações expande-se sobre a Terra, suplanta as fronteiras nacionais, subjuga a heterogeneidade e impõe-se como totalidade uniformizada.

A globalização cultural é tomada como peça ideológica de uma estratégia de domesticação em escala planetária, que resultaria na configuração de um mundo integrado e organizado nos moldes de um gigantesco Estado-nação.

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Para que esse processo exista é necessário imaginar um centro irradiador, cuja hegemonia econômica, tecnológica e cultural poderia ser coroada com a conquista final do planeta. Seu nome é conhecido: imperialismo capitalista.

O imperialismo, liderado no século 19 pela Inglaterra, é representado no século 20 pelos Estados Unidos da América, cuja máquina ideológica, aliada a interesses econômicos e militares, marcharia sobre a Terra, destruindo as manifestações culturais 'àutênticas", para impor seu domínio. Nas palavras do ex-terrorista italiano Antonio Negri: "A constituição do Império está se desenvolvendo sob nossos olhos".

Essas duas visões do futuro mundial parecem ocupar, esquematicamente, extremos da discussão sobre a atual fase da internacionalização e seus desdobramentos. Ambas, diga-se, fazem referência a processos reais, que não devem ser ignorados.

Realmente, nenhum olhar poderá apreender as transformações por que passa o mundo sem ver o papel desempenhado pela informática, pela robótica, pelas comunicações por satélite, pela Internet e pelos modernos meios de transporte. Alguns fatos, porém, conspiram tanto contra o fetiche e a apologia da técnica quanto o determinismo militante.

Como observa Renato Ortiz em seu livro "Mundialização e Cultura", o clima de euforia da literatura sobre meios de comunicação e informática incorre em simplificações e traz de volta a atitude do homem do século 19, quando afluía às exposições universais, "extasiando-se com as maravilhas dos inventores: fonógrafo, elevador, esteira rolante, automóvel".

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É humano que a fantasia responda a estímulos -e são muito estimulantes as novidades científicas antes de estarem concretamente incorporadas à vida social. É também muitas vezes incontível, ante as façanhas tecnológicas, a tentação de investi-las de faculdades como "formar um novo tipo de indivíduo", "moldar a consciência" ou "revolucionar o planeta".

Por outro lado, não são menos simplificadoras algumas evidências recorrentes de que a cultura norte-americana impõe-se ao mundo para moldá-lo à sua imagem e semelhança.

Um dos exemplos mais corriqueiros da inexorabilidade dessa americanização em escala mundial é a rede de lanchonetes McDonald's, embora a difusão da pizza italiana e da comida chinesa alcancem as mesmas proporções -livres, no entanto, da acusação de destruir hábitos alimentares autóctones e autênticos.

A defesa da autenticidade cultural, subjacente ao ataque antiimperialista, é frequentemente sentimentalista e nostálgica. Traz à tona mitos de acolhimento, calor humano e proximidade que, como ironiza Mike Featherstone, em "O Desmanche da Cultura", sugerem a segurança mítica de uma infância deixada para trás.

É natural que nesse mundo transtornado pela internacionalização e pelo caos informativo venha à tona a nostalgia da comunidade integrada, que ancora o indivíduo num espaço físico, afetivo e simbólico determinado. É esse lugar perdido -onde as relações sociais baseiam-se no face a face e onde florescem formas culturais "verdadeiras"- que muitas vezes se convoca subliminarmente para demonizar a expansão ocidental.

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Nessa modalidade de ecologia social o discurso preservacionista oscila de microculturas étnicas a grandes culturas nacionais, passando por classismos e regionalismos. Curiosamente, entretanto, uma das características importantes do que se entende hoje por cultura global é justamente a maior visibilidade de manifestações étnicas, regionalistas ou oriundas de sociedades "excluídas" -do cinema iraniano à literatura africana.

Talvez nunca as nações ocidentais tenham-se visto, como hoje, na contingência de conviver com a diversidade cultural no interior de suas próprias fronteiras. Se a "invasão americana" é um tema importante na pauta da esquerda das periferias, a "invasão do Terceiro Mundo" também o é para a direita dos países centrais.

Tome-se o caso exemplar da "world music", modo como passou a ser designado, inicialmente nos EUA, um conjunto relativamente heterogêneo de formas musicais originárias de diversas regiões do planeta. A rigor, essas músicas têm em comum apenas a vinculação a situações étnicas ou localistas, ainda que possam adotar procedimentos da modernidade: é o canto árabe, é a toada brasileira, são as misteriosas vozes búlgaras, as cantoras de Okinawa ou os batuques africanos.

Note-se que o rótulo, amplo para abarcar manifestações de todos os continentes, convive, nas prateleiras dos magazines, com categorias tradicionais, de gênero ou origem, tais como bossa nova, jazz latino, pop inglês ou reggae jamaicano.

Essa sobreposição é sugestiva e ajuda a compreender o estágio atual da mundialização cultural: um processo em curso, sugerido, mas não

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concluído, no qual formas culturais nacionais ou locais entram crescentemente em contato, desterritorializam-se, geram mediações e criam "terceiras culturas".

As "terceiras culturas", na definição de Featherstone, são um "conjunto de práticas, conhecimentos, convenções e estilos de vida que se desenvolvem de modo a se tornar cada vez mais independentes dos Estados-Nação". Dessa forma, retornando ao exemplo da alimentação, o sushi-bar, o ligue-pizza, o delivery chinês ou o Big Mac já não podem ser vistos a partir de seus antigos vínculos orgânicos com as culturas de origem ou Estados-Nação. Passam a fazer parte de uma cultura culinária "fast-food", à qual pode-se recorrer com naturalidade, na China, no Uruguai ou nos EUA. Uma culinária desterritorializada, que transita por um novo (e sobreposto) "território" -que pode ser designado de global.

"Terceiras culturas" formam-se como mediação em diversas áreas e põem em xeque a idéia de que as vítimas periféricas da ofensiva do Império têm apenas duas alternativas -deixar-se subjugar ou erguer fortalezas para evitar sua incorporação à modernidade ocidental.

A exposição, por exemplo, dos negros das periferias urbanas brasileiras ao contato com a cultura norte-americana não gera simplesmente a destruição do samba 'àutêntico" e a difusão de clones domésticos de Pai Tomás. Pode engendrar, como acontece de fato, subculturas de contestação, nas quais informações do rap ou do funk mesclam-se a referências locais e geram uma terceira forma -eis aí, por sinal, o princípio da Antropofagia, a estratégia do modernista Oswald de Andrade para a inserção brasileira na cultura mundial.

Não se deve perder de vista que, em muitas oportunidades, a própria cultura dita autêntica torna-se, por processos internos, um simulacro

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inofensivo de autenticidade (como os desfiles das escolas de samba), revelando-se inoperante para expressar novos anseios e realidades. Aqui, o elemento estrangeiro pode vir a ter, a depender do modo de apreensão, um papel revitalizador.

É, portanto, duvidosa a idéia de que o imperialismo cultural simplesmente suprime as culturas locais para implantar em seu lugar a face do destruidor. Essas teorias, em comum com outras que apregoam a uniformização sem arestas da indústria cultural, imaginam a vigência de um sistema monolítico, capaz de manipular platéias em escala planetária. Tendem também a considerar os efeitos negativos dos meios modernos evidentes por si próprios. Seja qual for a perspectiva que se adote, o fato é que está em curso uma nova etapa da internacionalização, embora seu futuro permaneça em aberto. Não há dúvida de que o mundo, finito e cognoscível, é cada vez mais percebido, ele mesmo, como um lugar; não há dúvida de que, paralelamente às culturas nacionais, gera-se uma cultura "global", na qual indivíduos dos quatro cantos do planeta podem minimamente se reconhecer; não há dúvida de que essa cultura global deriva da intensificação dos contatos entre povos e civilizações, por sua vez vinculada à expansão econômica e técnica.

Se o mundo, entretanto, como resultado desse processo, será o território de um único grande império, se encontrará mediações para a convivência multicultural ou se será abalado por novos cismas e cataclismas -isso, só o tempo dirá.

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Atividades para Autoavaliação

Atividade: TAE 001 / TRABALHO ACADÊMICO EFETIVO – ATIVIDADES INTEGRADAS DE FORMAÇAO GERAL I Unidade Nº: 10 Título: Cultura, Sociodiversidade e Cidadania.

QUESTÃO 1 Tópico Associado: Cultura global e diferenças em comum

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Leia o texto e assinale a alternativa correta. ―Se extraterrestres chegarem aqui, o resultado será mais ou menos como quando Cristóvão Colombo chegou à América: nada bom para os índios.‖ (Stephen Hawking, físico, recomendando que ninguém se arrisque a buscar vida fora da Terra. In: Revista VEJA, ed. 5 de maio de 2010, pág.70) O físico Stephen Hawking faz referência:

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(A) à perda da cultura, pois os indígenas absorveram de bom grado os valores dos europeus, e o mesmo poderá acontecer conosco que, em contato com alienígenas, passaremos a ter outras maneiras de agir e de pensar. (B) à imposição do protestantismo pelos espanhóis aos índios, que tiveram que abandonar suas crenças e tradições. Se tivermos contatos com seres de outros planetas, nossos valores religiosos e morais desaparecerão. (C) ao extermínio dos indígenas por doenças até então desconhecidas por eles e que foram trazidas pelos europeus. O contato com seres extraterrestes pode ser fatal à raça humana, com a chegada de vírus e bactérias por nós desconhecidos. (D) à miscigenação que ocorreu entre indígenas e brancos, o que descaracterizou a população americana, originando uma grande mestiçagem. O físico teme, da mesma maneira, o fim da raça humana e o surgimento de avatares. FEEDBACK DA QUESTÃO 1 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

QUESTÃO 2 Tópico Associado: Cultura de massa

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Observe a charge e, entre as frases a seguir, IDENTIFIQUE aquela que expressa a principal função das propagandas em uma sociedade de consumo.

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(A) Informar os consumidores acerca das virtudes dos produtos. (B) Divulgar o produto para atingir uma demanda já existente. (C) Esconder os problemas dos produtos. (D) Criar a necessidade de consumo do produto, alavancando assim a demanda. FEEDBACK DA QUESTÃO 2 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

QUESTÃO 3 Tópico Associado: Homogeneização cultural Em seu livro, Jihad vs. McWorld, Benjamin Barber foi incrivelmente profético ao descrever nosso mundo complicado, em que dois cenários aparentemente contraditórios desenrolam-se simultaneamente: um, onde 'cultura é lançada contra cultura, pessoas contra pessoas, tribos contra tribos' e outro, onde 'ímpeto de forças econômicas, tecnológicas e ecológicas (...) exigem integração e uniformidade e (...) hipnotizam as pessoas em todo o planeta com o universo fast de música, computador, comida (...), um McMundo unido pela comunicação, informação, entretenimento, comércio'. (WORLDWATCH INSTITUTE. Estado do mundo. 2004. Salvador: Uma, 2004. p. 179.)

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O texto e a figura compõem um quadro que aponta para uma das contradições socioeconômicas mais marcantes da globalização. São elementos constituintes dessa contradição:

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(A) intensa homogeneização do espaço - eliminação de culturas tradicionais. (B) democracia nos países ricos - autoritarismo e desorganização da sociedade civil nas nações subdesenvolvidas. (C) incentivo à integração econômica - fragmentação política pelo nacionalismo. (D) poder das empresas globais - popularização dos sistemas de transportes em massa. FEEDBACK DA QUESTÃO 3 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

QUESTÃO 4 Tópico Associado: Globalização e diferenças sociais Sobre a economia globalizada, analise as opções: (A) Homogeneizou as culturas e reduziu as discrepâncias econômicas entre os países. (B) Integrou economias e possibilitou a difusão de hábitos dos lugares pelo mundo. (C) Deu visibilidade às minorias, a povos e culturas de recantos isolados do mundo. (D) Quase anulou a xenofobia e os conflitos étnicos e religiosos em todo o planeta. FEEDBACK DA QUESTÃO 4 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

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QUESTÃO 5 Tópico Associado: Cultura e cidadania

Sobre as relações inter-raciais na atualidade, é correto afirmar:

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(A) No Brasil, os negros sofrem segregação e restrições legais formalizadas na limitação da escolha de moradias e do acesso a locais públicos. (B) Nos Estados Unidos, existe uma harmoniosa convivência entre negros e brancos nos diversos espaços públicos. (C) As diferenças entre negros e brancos, que estruturam a sociedade brasileira, são alimentadas pelas desigualdades de classes e pelos preconceitos raciais. (D) No Brasil, a tese da "democracia racial" está consolidada, sendo que o preconceito e a discriminação racial restringem-se ao passado colonial. FEEDBACK DA QUESTÃO 5 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

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Questão discursiva Tópico Associado: Cultura e Sociodiversidade

(ENADE 2006 - Adaptação) Tendo em vista a construção da ideia de nação no Brasil, o argumento da personagem expressa a afirmação da identidade regional. Teça comentários acerca das necessárias reivindicações de positividade às diferenças culturais.

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GABARITO

FEEDBACK DA QUESTÃO 1: Resposta certa: Letra A FEEDBACK DA QUESTÃO 2 : Resposta certa: Letra D FEEDBACK DA QUESTÃO 3: Resposta certa: Letra A FEEDBACK DA QUESTÃO 4: Resposta certa: Letra B FEEDBACK DA QUESTÃO 5: Resposta certa: Letra C

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FEEDBACK DA QUESTÃO DISCURSIVA: COMENTÁRIO: Dizer que doce de jerimum é melhor que doce de abóbora e lembrar que ―a diferença tá na pitada cultural‖ é uma forma cordial de afirmar a positiva particularidade de uma identidade regional, dentre outras da mesma ordem. Essa afirmação ocorre através de uma reivindicação de positividade a uma dada diferença cultural. Percebe-se, portanto, que o que está em foco nesta questão é a temática da ―diversidade cultural‖. Quando falamos em ―diversidade cultural‖, termo cada vez mais evocado para dar conta de questões identitárias nas contemporâneas sociedades multiculturais, como a brasileira, temos que ter em mente alguns elementos do conceito de ―cultura‖. Cultura é um termo que vem sendo cada vez mais utilizado em nosso cotidiano para nomear fenômenos e realidades muito variadas, como por exemplo, as manifestações e produções consideradas artísticas. Mas, também costumamos usar o termo cultura para designar aquilo que diferencia os grupos sociais, ou seja, para fazer referência a diversidade cultural e remete às formas pelas quais as diferentes nações, etnias, identidades regionais, comunidades ou outros tipos de grupos sociais organizam e dão sentido à sua existência.

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CADERNOS PEDAGÓGICOS DE FORMAÇÃO GERAL Capítulo 3

Sociodiversidade e Preconceito. Sociodiversidade e Preconceito.

.

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FICHA DE UNIDADE DE APRENDIZAGEM Atividade: TAE 001 / Trabalho Acadêmico Efetivo 1 - Atividades Integradas de Formação Geral I Unidade Nº: Onze (11/14) Título: Sociodiversidade e Preconceito. Objetivos de aprendizagem: Entender como a diversidade cultural que originou a estrutura sociocultural brasileira trouxe riquezas e desigualdades.

Perceber em que medida as desigualdades geram preconceitos. Tópicos abordados: A cultura brasileira e a diversidade cultural. Da diversidade à desigualdade. Introdução: Você viu, na Unidade 10, que, em toda estrutura sociodiversa, há conflitos. Viu também que há, hoje, no Brasil, uma preocupação com a inclusão social e cultural. E, ainda, que os conflitos, mesmo os gerados por intolerância e preconceito, não derivam de uma política de estado atual.

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Intolerância e preconceito.

http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/pwdtcomemorativas/usu_img/religion.jpg

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No entanto, historicamente, os preconceitos tiveram origem em uma estrutura social que foi, em sua base, desigual e organizada em uma aproximação hostil entre as etnias. Uma aproximação entre exploradores e explorados, colonizadores e colonizados. Paulo Silvino Ribeiro, cientista social da Unicamp, no artigo “Cultura brasileira: da diversidade à desigualdade”, disponível no conteúdo desta unidade (http://www.brasilescola.com/sociologia/cultura-brasileira-diversidade-desigualdade.html.), destaca que: A cultura brasileira em sua essência seria composta por uma diversidade cultural, fruto dessa aproximação que se desenvolveu desde os tempos de colonização, a qual, como sabemos, não foi, necessariamente, um processo amistoso entre colonizadores e colonizados, entre brancos e índios, entre brancos e negros. Se é verdade que portugueses, indígenas e africanos estiveram em permanente contato, também é fato que essa aproximação foi marcada pela exploração e pela violência impostas a índios e negros pelos europeus colonizadores, os quais a seu modo tentavam impor seus valores, sua religião e seus interesses.

Este contato hostil entre culturas e etnias gerou alguns preconceitos que no Brasil, em alguns momentos, segundo aponta Ribeiro (2013), parecem velados. Ainda hoje, mesmo com leis claras contra atos racistas, é possível afirmarmos a existência do preconceito de raça na sociedade brasileira, no transporte coletivo, na escola, até no ambiente de trabalho. Isso não significa que vivamos numa sociedade racista e preconceituosa em sua essência, mas sim que esta carrega ainda muito de um juízo de valor dos tempos do Brasil colonial, de forte preconceito e discriminação. Além disso, se a diversidade cultural não apagou os preconceitos raciais, também não diminuiu outro ainda muito presente, dado pela situação econômica-social do indivíduo. É preciso considerar que a escravidão trouxe consequências gravíssimas de ordem econômica para a formação da sociedade brasileira, uma vez que os negros (pobres e marginalizados em sua maioria) até hoje não possuem as mesmas oportunidades, criando-se uma enorme distância entre as estratificações sociais. Como sugere o antropólogo Darcy Ribeiro, mais do que preconceitos de raça ou de cor, têm os brasileiros um forte preconceito de classe social. Dessa forma, o Brasil da diversidade é, ao mesmo tempo, o país da desigualdade.

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O país da desigualdade.

http://www.folhauniversal.com.br/brasil/noticias/imagens/desigualdade_1.jpg

Essa situação particular do Brasil não escapa ao olhar da historiadora e antropóloga Lília Moritz Schwarcz, da Universidade de São Paulo,

que

destaca

a

crescente

diversidade

e

desigualdade

da

sociedade

brasileira

no

texto

disponível

em

http://www.valor.com.br/cultura/1073212/um-pais-que-muda-de-lugar : Começa pela questão racial. As pessoas que ascendem têm uma cor que não é o ideal de quem está em cima. Mesmo a elite não é branca como pensa. Antonio Candido diz que a elite brasileira é como o algodão: branco por fora, mas basta abrir para achar o preto. Hoje, começa a mostrar-se um país mestiço, diverso, de migrantes. A entrada de novos costumes também é importante. No contato de duas culturas, ambas se transformam. A classe C vai se elitizando e a elite vai ganhando muito de classe C. Nos

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL costumes alimentares, nos musicais, nos literários. É um movimento de dupla face. [...] Na questão racial, por exemplo, o que estamos vivendo é muito importante. No Brasil, vigora um "preconceito de ter preconceito", nas palavras de Florestan Fernandes. Cada brasileiro se considera uma ilha de democracia racial cercada de racistas. Isso começa a cair. A ação afirmativa trouxe a público uma realidade que antes não se via. Mesmo que alguém se afirme a favor do universalismo, é obrigado a dizer algo. A questão racial era um grande silêncio. A população tem sido forçada a refletir sobre isso.

País mestiço, diverso, de migrantes.

http://bibliotecaziraldo.zip.net/images/gedc1375.jpg

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Ela também comenta sobre as consequências e permanências da nossa tradição colonial: É um país de tradição senhorial, de passado escravocrata, profundamente dividido, onde o trabalhador é visto como propriedade. Isso aparece na arquitetura, cujo poder de humilhação é enorme. Há banheiros de empregada em que existe espaço, mas o chuveiro é posto acima do assento. Os processos de humilhação são inscritos na cultura, mas isso mudará. (SCHWARTZ, 2013)

Por isso, não são poucas as iniciativas legislativas do Estado, no intuito de combater a situação de desigualdade tanto econômica, quanto as que se referem ao tratamento das diversas diferenças.

A autora acha positivas, as iniciativas e a discussão que se faz em torno delas. Basta lembrarmos a recente polêmica sobre o sistema de cotas nas universidades públicas. Quando começou o debate das cotas, diziam: o Brasil sempre viveu em paz, agora vamos instituir a divisão. Ora, era pacífico para quem não sofria preconceito. Quem sofria nunca achou pacífico. Mas o abismo social continua muito grande e os ricos estão ficando mais ricos. Há uma elite que não vai se misturar com a nova classe média. O imbróglio é na antiga classe média, que se ressente da perda de importância. Aí é que reside o caldeirão. Mas como o caldeirão reside aí, não acho que vem revolução, são as pontas que fazem revoluções. (SCHWARTZ, 2013)

E, discutindo sobre quem faz a cultura no Brasil, país que ―tem preconceito de ter preconceito‖, a autora em uma de suas respostas à entrevista afirma que nossos maiores ídolos eram negros ou mulatos, como Machado de Assis, Cruz e Souza, Patápio Silva, Chiquinha Gonzaga, os irmãos Rebouças e outros, mas poucos se reconheciam e se afirmavam como tais.

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http://www.hdamodels.com.br/blog/wp-content/uploads/2012/06/Brasileiros-em-Acao-2.jpg O mais interessante é que poucos se diziam negros. Somos um país de maioria negra, mas quantos heróis negros temos? Não os que sabemos serem negros, mas que se diziam tais? Machado deixou um documento para Joaquim Nabuco pedindo para ser enterrado como branco. Isso não é motivo para condená-lo, era uma estratégia possível. Naquele contexto, talvez a única. Quantos se dizem negros? Só Luiz Gama e Lima Barreto. Quando André Rebouças viaja para a Europa, escreve em seu diário que não consegue se hospedar nos hotéis por causa da cor. Até então, nem tinha notado. Edison Carneiro vinha de família negra, mas como, no Brasil, a educação embranquece, ele se considerava especialista em negros, mas não negro. Ele teve um caso com a antropóloga Ruth Landes. Quando ela quis voltar para os EUA, ele queria ir com ela. Ela responde que é melhor não e escreve em seu diário: "um estrangeiro não deveria ter de contar a um nacional sobre sua cor.(SCHWARTZ, 2013)

Em nossa sociedade, também, são frequentemente noticiadas práticas violentas de homofobia, isto é, violência praticada por pessoas que discriminam os homoafetivos.

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No

artigo

indicado

nas

leituras

complementares,

―Orientação

sexual

e

outros

aspectos

da

sexualidade‖,

(http://www.brasilescola.com/sexualidade/orientacao-sexual.htm), é possível conhecermos e diferenciarmos aspectos da sexualidade humana, como gênero, orientação sexual, papel sexual e identidade sexual. Também não é demais lembrar que, em 2011, o Supremo Tribunal brasileiro reconheceu a união estável homoafetiva como entidade familiar.

http://3.bp.blogspot.com/-gXHFlmtJYC8/UMduq9oq3JI/AAAAAAAADXM/AIeOMr4c060/s1600/contra+homofobia.jpg

Mas como perceber a real extensão de um preconceito? No documentário ―Olhos azuis‖, indicado não seu conteúdo de aprendizagem (http://www.youtube.com/watch?v=ft4GjEAZMzg), a professora americana Jane Elliot elabora um experimento social muito interessante e engenhoso para denunciar a extensão das

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práticas de racismo, particularmente, nos Estados Unidos. Ela cria uma situação que explora a capacidade humana de exercitar a troca de papéis.

Pessoas que, normalmente praticam, conscientemente ou não, condutas discriminatórias, viram vítimas e sentem na própria pele esses atos de preconceito. Essa pura inversão, entre os que praticam e os que sofrem discriminações, entre os de olhos verdes e os demais, permite, aos que detém um “status” social privilegiado, perceber e se sensibilizar pelo outro e pelo seu cotidiano de múltiplas dificuldades. Esse outro a quem se opõem cotidianamente, nas mais diversas situações, vários tipos de resistência e dificuldades para a aceitação da sua identidade.

http://fotos.imagenesdeposito.com/imagenes/b/benetton_en_contra_del_racismo-17427.jpg

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Conteúdo: OLHOS azuis / Blues Eyed (EUA, 1996). Semana Rebeldes com causa. O olhar indignado de Jane Elliot, GNT. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=ft4GjEAZMzg >. Acesso em: 19 jan 2013. RIBEIRO, Paulo Silvino. Cultura brasileira: da diversidade à desigualdade. em:http://www.brasilescola.com/sociologia/cultura-brasileira-diversidade-desigualdade.html. Acesso em 20 jan 2013.

Disponível

Síntese: Historicamente, os preconceitos tiveram origem em uma estrutura social que foi, em sua base, sociodiversa e desigual. A sociedade brasileira, que apresenta estas características, ainda traz as marcas da sua tradição senhorial e escravocrata, o que acentua seus comportamentos preconceituosos, principalmente racistas, que se manifestam em situações cotidianas. Hoje em dia, através de leis punitivas e incentivadoras, o Estado busca combater práticas discriminatórias quanto a diferenças de raça, gênero, orientação sexual, etc. Nem todas essas medidas recebem o apoio incondicional, pois se revelam altamente polêmicas.

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http://2.bp.blogspot.com/-lsUsd4zLwqs/Tybh3oaSAMI/AAAAAAAABJo/PJs-jTqS1yY/s1600/Sociedade+brasileira+cada+vez+mais+adormecida.jpg

Leituras complementares: ARAGUAIA, Mariana. Orientação sexual e outros aspectos da sexualidade. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/sexualidade/orientacao-sexual.htm>. Acesso em: 20 dez 2013. SCHWARTZ, Lília Moricz. Um país que muda de lugar. Disponível em: <http://www.valor.com.br/cultura/1073212/um-paisque-muda-de-lugar>. Acesso em: 19 jan 2013.

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Bibliografia recomendada: BRANT, Leonardo. O poder da Cultura. RJ: Editora Petrópolis, 2009. CANCLINI, Nestor Garcia. Consumidores e Cidadãos. RJ: Editora UFRJ, 2008. CHAUI, Marilena e OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Filosofia e Sociologia. Volume Único. Série Novo Ensino Médio. SP: Editora Ática, 2012. COELHO, Teixeira. Dicionário Crítico de Política Cultural. São Paulo: Editora Iluminuras, 2004. COELHO, Teixeira. O que é ação cultural? SP: Brasiliense, 2001. DOS SANTOS, José Luiz. O que é cultura? SP: Brasiliense, 1999. EAGLETON, Terry. A ideia de cultura. Lisboa: Temas & Debates, 2003. MORIN, Edgar. Cultura e barbárie européias. RJ: Bertrand Brasil, 2009. WILLIAMS, Raymond. Cultura. SP: Paz e Terra, 2000.

Músicas que trazem a temática do racismo /preconceito: Clique no nome da música veja o vídeo e reflita na letra.

Etnia Chico Science

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Racismo É Burrice Gabriel O Pensador ―(...) O Brasil colonial não era igual a Portugal A raiz do meu país era multirracial Tinha índio, branco, amarelo, preto Nascemos da mistura, então por que o preconceito?

Quem Planta O Preconceito Natiruts ―(...) Quem planta preconceito Impunidade, indiferença Não pode reclamar da violência(...) ―

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Frase para reflexão. "Sem linguagem não somos seres humanos completos e, por isso, é preciso aceitar a natureza e não ir contra ela. Obrigados a falar, algo que não lhes é natural, os surdos não são expostos suficientemente à linguagem e estão condenados ao isolamento e à incapacidade de formar sua identidade cultural."

Vendo Vozes: Uma Viagem pelo Mundo dos Surdos Oliver Sacks

http://enflibras.blogspot.com.br/2011/02/os-surdos-enquanto-minoria-linguistica.html

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CHARGES: Sociedade de consumo A TV e a sociedade.

QUINO, J. L. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

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Diversidade cultural Assim que nasce, a criança tem direito a um nome e a uma nacionalidade.

Quino, Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 471.

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Diversidade cultural

QUINO, J. L. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

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Da diversidade à desigualdade.

ANGELI. Folha de São Paulo, 24 fev.2005. Opinião. Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/-uNQwlmxU18U/T5uMniNR-VI/AAAAAAAAApQ/tB9pKh6_J5w/s1600/antes+e+depois.jpg>. Acesso em 07 abr 2013.

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Vídeo: Teste de racismo. Este teste foi realizado pela primeira vez nos anos 1940, pelo psicólogo americano Kenneth Clark. Quase 60 anos depois, o cineasta americano Kiri Davis recriou o teste. O preconceito e o racismo estão quase sempre enraizados na sociedade. Ninguém nasce preconceituoso. Então como e onde ele se forma?

Clique na imagem abaixo e assista ao vídeo.

http://www.youtube.com/watch?v=PKqSPf-hKR4 http://blog.opovo.com.br/propares/teste-de-racismo-com-criancas/?doing_wp_cron=1363485815.5945160388946533203125

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Filme: Tropa de Elite Tropa de Elite é um filme brasileiro de 2007, que tem como tema a violência urbana na cidade brasileira do Rio de Janeiro e as ações do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE). Faz crítica aos usuários de substâncias ilícitas, atribuindo-lhes a culpa pela expansão do tráfico de drogas e da violência urbana, o filme gerou grande debate na mídia brasileira sobre as práticas de tortura por parte dos policiais .

Clique e assista o trailer do filme.

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

Documentário: ILHA DAS FLORES

Um contundente retrato da sociedade de consumo. Este curta mostra o processo de geração de riqueza e as desigualdades que surgem no meio do caminho.

http://www.lifeoff.comze.com/bioqf/wp-content/uploads/sem-titulo.bmp http://blogs.unigranrio.com.br/formacaogeral/2012/04/05/dicas-de-filmes-ilha-das-flores-estamira/

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A cultura brasileira e a diversidade cultural: Xilogravura e Cordel Você sabe o que é xilogravura ? E cordel ? Clique nas palavras em destaque e saiba mais. Clique abaixo e veja uma xilogravura animada com o cordel “A árvore do dinheiro”.

http://www.youtube.com/watch?v=m60MbF-tpbk

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TEXTO 1

RIBEIRO, Paulo Silvino. Cultura brasileira: da diversidade à desigualdade. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/sociologia/cultura-brasileira-diversidade-desigualdade.html>. Acesso em: 20 jan 2013.

CULTURA BRASILEIRA: DA DIVERSIDADE À DESIGUALDADE Paulo Silvino Ribeiro Colaborador Brasil Escola Bacharel em Ciências Sociais pela UNICAMP Mestre em Sociologia pela UNESP Doutorando em Sociologia pela UNICAMP

Mesmo admitindo a existência de diversos estudos e discussões antropológicas sobre o conceito de cultura, podemos considerá-la, grosso modo, da seguinte forma: a cultura diz respeito a um conjunto de hábitos, comportamentos, valores morais, crenças e símbolos, dentre outros aspectos mais gerais, como forma de organização social, política e econômica que caracterizam uma sociedade. Além disso, os processos históricos são em grande parte responsáveis pelas diferenças culturais, embora não sejam os únicos fatores a se considerar. Isso nos permite afirmar que não existem culturas superiores ou inferiores, mas sim diferentes, com processos históricos também diversos, os

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quais proporcionaram organizações sociais com determinadas peculiaridades. Dessa forma, podemos pensar na seguinte questão: o que caracteriza a cultura brasileira? Certamente, ela possui suas particularidades quando comparada ao restante do mundo, principalmente quando nos debruçamos sobre um passado marcado pela miscigenação racial entre índios, europeu e africano.

A cultura brasileira em sua essência seria composta por uma diversidade cultural, fruto dessa aproximação que se desenvolveu desde os tempos de colonização, a qual, como sabemos, não foi, necessariamente, um processo amistoso entre colonizadores e colonizados, entre brancos e índios, entre brancos e negros. Se é verdade que portugueses, indígenas e africanos estiveram em permanente contato, também é fato que essa aproximação foi marcada pela exploração e pela violência impostas a índios e negros pelos europeus colonizadores, os quais a seu modo tentavam impor seus valores, sua religião e seus interesses. Porém, ao retomarmos a ideia de cultura, adotada no início do texto, podemos afirmar que, apesar desse contato hostil num primeiro momento entre as etnias, o processo de mestiçagem contribuiu para a diversidade da cultura brasileira no que diz respeito aos costumes, práticas, valores, entre outros aspectos que poderiam compor o que alguns autores chamam de caráter nacional.

A culinária africana misturou-se à indígena e à europeia; os valores do catolicismo europeu fundiram-se às religiões e aos símbolos africanos, configurando o chamado sincretismo religioso; as linguagens e vocabulários afros e indígenas somaram-se ao idioma oficial da coroa portuguesa, ampliando as formas possíveis para denominarmos as coisas do dia a dia; o gosto pela dança, assim como um forte erotismo e apelo sexual juntaram-se ao pudor de um conservadorismo europeu. Assim, do vatapá ao chimarrão, do frevo à moda de viola caipira, da forte religiosidade ao carnaval e ao samba, tudo isso, a seu modo, compõe aquilo que conhecemos como cultura brasileira. Ela seria resultado de um Brasil-cadinho (aqui se fazendo referência àquele recipiente, geralmente de porcelana, utilizado em laboratório para fundir substâncias) no qual as características das três ―raças‖ teriam se fundido e criado algo novo: o brasileiro.

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Além disso, do ponto de vista moral e comportamental, acredita-se que o brasileiro consiga reunir, ao mesmo tempo, características contraditórias: se por um lado haveria um tipo de homem simples acostumado a lutar por sua sobrevivência contra as hostilidades da vida (como a pobreza), valorizando o mérito das conquistas pessoais pelo trabalho duro, por outro lado este mesmo homem seria conhecido pelo seu ―jeitinho brasileiro‖, o qual encurta distâncias, aproxima diferenças, reúne o público e o privado.

Ainda hoje há quem possa acreditar que nossa mistura étnica tenha promovido uma democracia racial ao longo dos séculos, com maior liberdade, respeito e harmonia entre as pessoas de origens, etnias e cores diferentes. Contudo, essa visão pode esconder algumas armadilhas. Nas ciências sociais brasileiras não são poucos os autores que já apontaram a questão da falsidade dessa democracia racial, apontando para a existência de um racismo velado, implícito, muitas vezes, nas relações sociais. Dessa forma, o discurso da diversidade (em todos os seus aspectos, como em relação à cultura), do convívio harmônico e da tolerância entre brancos e negros, pobres e ricos, acaba por encobrir ou sufocar a realidade da desigualdade, tanto do ponto de vista racial como de classe social. Ainda hoje, mesmo com leis claras contra atos racistas, é possível afirmarmos a existência do preconceito de raça na sociedade brasileira, no transporte coletivo, na escola, até no ambiente de trabalho. Isso não significa que vivamos numa sociedade racista e preconceituosa em sua essência, mas sim que esta carrega ainda muito de um juízo de valor dos tempos do Brasil colonial, de forte preconceito e discriminação. Além disso, se a diversidade cultural não apagou os preconceitos raciais, também não diminuiu outro ainda muito presente, dado pela situação econômicasocial do indivíduo.

É preciso considerar que a escravidão trouxe consequências gravíssimas de ordem econômica para a formação da sociedade brasileira, uma vez que os negros (pobres e marginalizados em sua maioria) até hoje não possuem as mesmas oportunidades, criando-se uma enorme

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distância entre as estratificações sociais. Como sugere o antropólogo Darcy Ribeiro, mais do que preconceitos de raça ou de cor, têm os brasileiros um forte preconceito de classe social.

Dessa forma, o Brasil da diversidade é, ao mesmo tempo, o país da desigualdade. Por isso tudo é importante que, ao iniciarmos uma leitura sobre a cultura brasileira, possamos ter um senso crítico mais aguçado, tentando compreender o processo histórico da formação social do Brasil e seus desdobramentos no presente para além das versões oficiais da história.

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Atividades para Autoavaliação. Atividade: TAE 001 / TRABALHO ACADÊMICO EFETIVO – ATIVIDADES INTEGRADAS DE FORMAÇAO GERAL I Unidade Nº: 11 Título: SOCIODIVERSIDADE E PRECONCEITO

QUESTÃO 1 Tópico associado: Da diversidade à desigualdade (UEL – 2003) Observe os quadrinhos:

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(QUINO. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1992).

Os quadrinhos ilustram uma forma comum de explicar a pobreza e as desigualdades sociais. Assinale a alternativa que apresenta pressupostos utilizados pela teoria liberal clássica para compreender a existência da pobreza e que foram também assumidos pela personagem Susanita em suas falas. (A) As desigualdades sociais podem ser compreendidas através da análise das relações de dominação entre classes, que determinam o sucesso ou o fracasso dos indivíduos. (B) A existência da pobreza pode ser compreendida a partir do estudo das relações de produção resultantes da exploração de uma classe sobre a outra.

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(C) A divisão em classes sociais no capitalismo está baseada na liberdade de concorrência; assim, a pobreza decorre das qualidades e das escolhas individuais. (D) O empobrecimento de alguns setores sociais no capitalismo decorre da apropriação privada dos meios de produção, que dificulta a ascensão social da maioria da população. FEEDBACK DA QUESTÃO 1 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

QUESTÃO 2 Tópico Associado: Da diversidade à desigualdade Leia a letra da canção. ―Tinha eu 14 anos de idade quando meu pai me chamou Perguntou-me se eu queria estudar filosofia Medicina ou engenharia Tinha eu que ser doutor Mas a minha aspiração era ter um violão Para me tornar sambista

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Ele então me aconselhou: ‗Sambista não tem valor nesta terra de doutor‘ E seu doutor, o meu pai tinha razão Vejo um samba ser vendido, o sambista esquecido O seu verdadeiro autor Eu estou necessitado, mas meu samba encabulado Eu não vendo não senhor!‖ (Canção ―14 anos‖ de Paulinho da Viola, do álbum Na Madrugada, 1966). De acordo com a letra da canção, assinale a alternativa correta.

(A) O sambista vê na comercialização do samba, ou seja, na sua mutação em mercadoria, um processo que valoriza mais o criador que a coisa produzida. (B) Os termos ‗sambista‘ e ‗doutor‘ servem para qualificar e/ou desqualificar os indivíduos na rigorosa hierarquia social vigente no Brasil. (C) A filosofia, enquanto conhecimento humanístico voltado à crítica social, é desqualificada em relação aos conhecimentos direcionados às profissões liberais.

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(D) A expressão ‗terra de doutor‘ está relacionada à disseminação generalizada dos cursos superiores no Brasil, responsáveis por uma elevação do nível cultural dos setores populares. FEEDBACK DA QUESTÃO 2 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

QUESTÃO 3 Tópico Associado: Da diversidade à desigualdade (UEM – Verão 2008) Considerando o debate sociológico sobre o tema das ―desigualdades sociais‖ no Brasil, assinale o que for correto. I - O desemprego é uma condição de vida experimentada por muitos indivíduos na atualidade. Ele é analisado pelas teorias sociológicas como uma ―questão social‖, podendo ser um fenômeno que envolve diversos elementos estruturais de uma ou de várias sociedades. II - O aumento significativo do número de divórcios é resultado dos problemas que afetam os indivíduos em particular, destruindo lares e famílias, exigindo soluções específicas para cada pessoa. III - As desigualdades socioeconômicas entre brancos e negros são explicadas pelo sentimento de inferioridade que os negros, historicamente, cultivaram, não tendo relação com o regime de produção baseado na monocultura, no latifúndio e na escravidão. IV - Os negros integram o grupo social que permanece por menos tempo na escola. A implantação de políticas públicas que tenham como meta sua inclusão no sistema formal de ensino integra, na atualidade, o grupo das ações afirmativas, discutidas pelas

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instituições de ensino superior. V - O desemprego, o divórcio e as desigualdades socioeconômicas entre negros e brancos podem ser analisadas como ―questões sociais‖ que produzem efeitos perversos exclusivamente nas classes sociais menos favorecidas. As afirmativas corretas são: A) I, IV, V B) I,II,III C) II, III D) III, IV, V FEEDBACK DA QUESTÃO 3 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

QUESTÃO 4 Tópico Associado: Da diversidade à desigualdade Na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) foi implantado, no exame vestibular, o sistema de cotas raciais que desencadeou uma série de discussões sobre a validade de tal medida, bem como sobre a existência ou não do racismo no Brasil, tema que permanece como uma das grandes questões das Ciências Sociais no país. Roger Bastide e Florestan Fernandes, escrevendo sobre a escravidão, revelam traços essenciais do racismo à brasileira, observando que: ―Negro equivalia a indivíduo

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privado de autonomia e liberdade; escravo correspondia (em particular do século XVIII em diante) a indivíduo de cor. Daí a dupla proibição, que pesava sobre o negro e o mulato: o acesso a papéis sociais que pressupunham regalias e direitos lhes era simultaneamente vedado pela ‗condição social‘ e pela ‗cor‘.‖ (BASTIDE, R.; FERNANDES, F. Brancos e negros em São Paulo. 2.ed. São Paulo: Nacional, 1959. p. 113-114.) Com base no texto e nos conhecimentos sobre a questão racial no Brasil, é correto afirmar: (A) O racismo é produto de ações sociais isoladas desconectadas dos conflitos ocorridos entre os grupos étnicos. (B) A escravatura amena e a democracia nas relações étnicas levaram à elaboração de um ‗racismo brando‘. (C) As oportunidades sociais estão abertas a todos que se esforçam e independem da ‗cor‘ do indivíduo. (D) Nas relações sociais a ‗cor‘ da pessoa é tomada como símbolo da posição social. FEEDBACK DA QUESTÃO 4 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

QUESTÃO 5 Tópico associado: A cultura brasileira e a diversidade cultural

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―Milagres do povo Quem descobriu o Brasil Foi o negro que viu A crueldade bem de frente E ainda produziu milagres De fé no extremo ocidente Ojú Obá ia lá e via Xangô manda chamar Obatalá guia

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Mamãe Oxum chora Lágrima de alegria Pétala de Iemanjá Iansã Oiá ria Ojú Obá ia lá e via Ojú Obá ia Obá‖ (VELOSO, Caetano. Milagres do povo. Gravadora Gapa/Warner Chappell, 1985.)

Nesse trecho da letra da canção Milagres do Povo, pode-se identificar: A) o contato entre elementos das culturas italiana e brasileira. B) a incorporação de elementos da cultura africana pela cultura brasileira. c) a incorporação de elementos da cultura indígena pela cultura brasileira. D) a incorporação de elementos da cultura norte-americana pela cultura brasileira. FEEDBACK DA QUESTÃO 5 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

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Questão discursiva Tópico Associado: Da diversidade à desigualdade Os critérios de contratação das mulheres no mundo do trabalho estão impregnados pela imagem da mulher construída pela mídia e colocada como padrão de beleza. O empregador ainda busca a moça de "boa aparência". Assim, as mulheres sofrem dupla pressão no mercado de trabalho: a exigência de qualificação profissional e da aparência física. O assédio sexual ainda é uma realidade para a mulher no mundo do trabalho. Com base no que foi exposto, responda: - Quais as origens e os fatores determinantes deste fato? - Quais soluções você apontaria para esta questão social?

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GABARITO

FEEDBACK DA QUESTÃO 1: Resposta certa: Letra C FEEDBACK DA QUESTÃO 2 : Resposta certa: Letra B FEEDBACK DA QUESTÃO 3: Resposta certa: Letra A FEEDBACK DA QUESTÃO 4: Resposta certa: Letra D FEEDBACK DA QUESTÃO 5: Resposta certa: Letra B

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FEEDBACK DA QUESTÃO DISCURSIVA: COMENTÁRIO: Os critérios de contratação das mulheres no mundo do trabalho estão impregnados pela imagem da mulher construída pela mídia e colocada como padrão de beleza. Assim, as mulheres sofrem dupla pressão no mercado de trabalho, a exigência de qualificação profissional e da aparência física. O assédio sexual ainda é uma realidade para a mulher no mundo do trabalho, isso decorre da própria cultura patriarcal que foi colocando o homem como o senhor do corpo da mulher que era utilizado para reprodução e garantia da herança. Deve-se, portanto, buscar a construção de novos valores sociais, nova moral e nova cultura. É uma luta pela democracia, que deve nascer da igualdade entre homens e mulheres e evoluir para a igualdade entre todos os homens, suprimindo as desigualdades de classe.

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CADERNOS PEDAGÓGICOS DE FORMAÇÃO GERAL Capítulo 4

Cultura Digital (Cibercultura) Cultura digital (Cibercultura)

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FICHA DE UNIDADE DE APRENDIZAGEM Disciplina: TAE 001 / Trabalho Acadêmico Efetivo 1 - Atividades Integradas de Formação Geral I Unidade Nº: Doze (12/14) Título: Cultura Digital (Cibercultura). Objetivos de aprendizagem: Entender como as interconexões da sociedade em rede alteram as relações humanas. Perceber como o novo espaço virtual se relaciona com o espaço geográfico planetário. Compreender como as culturas nacionais fundem-se gradativamente em uma cultura globalizada e cibernética. Tópicos abordados: O que é cibercultura?

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Interatividade

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Interatividade: movimento social e cultural contemporâneo. Inteligência coletiva: a nova relação com o saber e as novas metodologias educacionais. Cultura digital: as novas expressões de arte relacionadas às redes e novas tecnologias.

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Introdução: Você sabia que falar em Cibercultura em seu ambiente virtual de aprendizagem, é teorizar sobre a nossa própria prática de aprendizagem? Estamos vivenciando no mundo uma ―troca generalizada de saberes‖, expressão do filósofo francês Pierre Levy. É ele que cria no livro Cibercultura – que você encontra em sua bibliografia – a expressão ―inteligência coletiva‖.

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Mas o que é Inteligência Coletiva?

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Inteligência Coletiva http://www.editoraevora.com.br/blog/wp-content/uploads/2011/01/editoraevora-inovacao.jpg

É a capacidade de trocar ideias, compartilhar informações e interesses comuns, criando comunidades e estimulando conexões. Para começar, tome o cérebro humano. Fazemos infinitas conexões que se intensificam à medida que envelhecemos. Agora imagine que podemos, graças ao computador, integrar essa "constelação de neurônios" com a de milhões de outras pessoas. Essa é a comparação que faço. A internet nos permite hoje criar uma superinteligência coletiva, dar início a uma grande revolução humana. (LÉVY, 2013)

No livro Cibercultura, Lévy se reconhece um otimista na análise que faz das novas tecnologias, mas coloca justificadamente o conceito de cibercultura em contraponto ao ―problema do impacto cultural e social de todas as novas tecnologias‖.

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O próprio secretário executivo do ministério da cultura, Gustavo Manevy (2013), utiliza os seguintes termos ao falar de cultura digital:

A tecnologia sempre teve impacto revolucionário na cultura. A invenção as imprensa, a invenção da escrita, da impressão, sempre reconfigurou os territórios culturais e agora mais recentemente com a televisão, com a internet [...]

Pierre Lévy, no entanto, responde à questão constante dos críticos de que ―as tecnologias têm um impacto revolucionário na cultura‖, com algumas perguntas que fomentam reflexão e que criam o conceito mais complexo de cibercultura.

Sobre os impactos das tecnologias e as suas relações com a sociedade e cultura, ele defende que não há impacto da técnica em geral, como se ela fosse uma entidade real, independente do resto. Compreende que as atividades humanas abrangem técnica, cultura e sociedade. Há uma interação entre ―pessoas vivas e pensantes‖, ―entidades materiais naturais e artificiais‖ e ―ideias e representações‖. Não é possível desvincular, na prática, conceitos que podem ser distintos na teoria.

Somente por conceitos, é

possível dizer que: a) Cultura é ―a dinâmica das representações‖; b) Sociedade se constitui por ―pessoas, seus laços, suas trocas, suas relações de força‖; c) Técnica são ―artefatos eficazes‖. Mas, na prática elas estão totalmente interligadas.

Impactos das tecnologias

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Lévy destaca que não há nenhum ator nem causa realmente independente. Não há uma tecnologia que seja da ordem da causa, e uma cultura que sofre os seus efeitos. O que há é um grande número de atores humanos que inventam, produzem, utilizam e interpretam de diferentes formas, as técnicas [...] Não há uma causa identificável para um estado de fato social ou cultural, mas sim um conjunto infinitamente complexo e parcialmente indeterminado de processos em interação.(LÉVY, p. 25)

Assim, uma técnica não é nem boa, nem má e nem neutra para Lévy. Diz ele que ―não se trata de avaliar seus ―impactos‖, mas de situar as irreversibilidades às quais um de seus usos nos levaria, de formular os projetos que explorariam as virtualidades que ela

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transporta e de decidir o que fazer dela‖.

Afinal, continua por trás das técnicas agem e reagem idéias, projetos sociais, utopias, interesses econômicos, estratégias de poder, toda a gama dos homens em sociedade. Portanto, qualquer atribuição de um sentido único à técnica só pode ser dúbia. (LÉVY, 2008, p. 24 e 25)

Interatividade

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A tecnologia digital, a internet, as redes sociais, portanto, são criadas pelo homem (suas ideias, suas utopias, seus interesses econômicos, suas estratégias de poder) para proporcionar, para dar artifícios, para dar condições de que aconteçam novas formas

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de comunicação. É no processo de utilização e de decisão de como e quando aplicar essas novas tecnologias que surgem as novas formas de comunicação que vão gerar movimentações e reestruturações - na cultura, na economia, na sociedade - e vão também criar novas questões, novos tempos e espaços, novos problemas a serem resolvidos. Veja o que ele diz a esse respeito: O crescimento do ciberespaço não determina automaticamente o desenvolvimento da inteligência coletiva, apenas fornece a esta inteligência um ambiente propício. De fato, também vemos surgir na órbita das redes digitais interativas diversos tipos de formas novas... - de isolamento e de sobrecarga cognitiva (estresse pela comunicação e pelo trabalho diante da tela); - de dependência (vício na navegação ou em jogos em mundos virtuais); - de dominação (reforço dos centros de decisão e de controle, domínio quase monopolista de algumas potências econômicas sobre funções importantes da rede etc.); - de exploração (em alguns casos de teletrabalho vigiado); - e mesmo de bobagem coletiva ( rumores, conformismo em rede ou em comunidades virtuais, acúmulo de dados sem qualquer informação, ―televisão interativa‖). (LÉVY, 2008, p. 29 e 30).

Além disso, defende a cibercultura como o melhor remédio para o caso de processos de inteligência coletiva que se desenvolvem de forma eficaz, graças ao ciberespaço. Pois sempre que a inteligência coletiva se desenvolve de forma eficaz, acelera-se o ritmo da alteração tecno-social. Neste caso, o aspecto participativo, socializante, descompartimentalizante, emancipador, da inteligência coletiva proposta pela cibercultura ameniza o ritmo desestabilizante, por vezes excludente, da mutação técnica.

E para ele, o que essa ideia de inteligência coletiva tem a ver com a educação?

Eu vejo uma mudança qualitativa nos processos de aprendizagem, rumo a uma aprendizagem cooperativa. Aliás, essa é a melhor tradução de inteligência coletiva para o campo educativo. Num cenário como esse, o professor torna-se um animador da inteligência coletiva da turma. Estamos iniciando uma época em que iniciativa, liderança, ânimo e empenho serão características cada vez mais valorizadas. Se você é um empregado que tem como objetivo pessoal produzir o menos possível, não está fazendo nada de bom —

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL nem para o próprio desenvolvimento particular nem para a sociedade. O que a sociedade precisa é que todos tentem se desenvolver até o máximo de suas potências criativas, seja criando negócios e teorias ou então inventando ferramentas e produtos, de acordo com as habilidades de cada um. (LÉVY, 2013)

Assim, será contemporânea uma educação dentro e fora da sala de aula com educadores que são ―animadores da inteligência coletiva da turma‖, estimulando, nesta múltipla troca de saberes, o ―sabor do saber‖.

http://2.bp.blogspot.com/-k4-y4095rgw/T4cbZ9dMLMI/AAAAAAAACpc/N_yuLTkQDBE/s1600/Fotolia_11464085_XS-300x256.jpg

Conteúdo: LÉVY,Pierre. Estamos todos conectados. Disponível em <http://www.ich.pucminas.br/pged/db/wq/wq1_LE/local/pierrelevy_conectados.htm>. Acesso em: 21 mar 2013. MANEVY, Gustavo. Cultura Digital. Disponível em <http://www.vivaculturaviva.org.br/index.php?p=2&v=9>. Acesso em: 21 mar 2013.

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Síntese:

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A cibercultura está associada com a tecnologia digital, a internet e as redes sociais. O seu crescimento gera impactos sociais e culturais que provocam intensas polêmicas sobre as suas consequências na sociedade, na cultura e na educação. O crescimento do ciberespaço coloca em questão as tradicionais formas de organizar e de ensinar, estimulando criações produzidas pelas redes e inteligências coletivas. Leituras complementares: AMBER, Case. Agora somos todos ciborgues. Disponível em:<http://www.veduca.com.br/play.php?v=5274>. Acesso em: 04 fev 2013.

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Bibliografia recomendada: CASTELLS, Manuel. A galáxia da Internet. Reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Zahar, 2003. COSTA, Rogério da. A cultura digital. São Paulo: Publifolha, 2008. LÉVY, Pierre. A inteligência coletiva. Por uma antropologia do ciberespaço. São Paulo: Loyola, 2007. LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 2008.

CHARGES

A Cibercultura quebrou paradigmas e mudou totalmente uma cultura. Passamos agora para uma cultura digital, onde a maioria do mundo vive conectada pela rede. Uns passam mais tempo no seu mundo digital do que no mundo real. O filosofo Lévy acredita que mesmo todos conectados a uma mesma rede, são várias opiniões, pensamentos diferentes: ―universalidade sem totalidade.‖ http://rkissem.blogspot.com.br/2010/04/cibercultura-um-novo-mundo.html

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O twitter e a nova geração Y e Z:

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A Geração Y:

http://websegura.blog.br/midia/tirinha1461_malvados.jpg

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Música eletrônica:

―A música eletrônica é a que melhor se encaixa no contexto da cibercultura. Sua sonoridade jamais poderia ser reproduzida sem o auxílio de computadores. Efeitos sintéticos, colagens e distorções criam melodias num espaço cibernético, intangível. Desta forma, nada mais natural para os DJs do que retratar esta realidade em suas composições.‖ http://producaoblog.wordpress.com/musica-e-cibercultura/

E você gosta de música eletrônica? Clique abaixo no nome da música e ouça as que representam esse tema.

Without You (feat. Usher) David Guetta

Can't Stop Me (tradução) (Feat. Shermanology) Afrojack

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Para refletir: Um grupo de engenheiros, para motivar os transeuntes a subirem a escada fixa de um metrô na Suécia, colocou em uso uma ideia inovadora que mudou a "vida" das pessoas, motivando-as a fazerem exercícios sem mesmo notarem. A grande maioria da população só utilizava a escada rolante. Isso mostra que a ciência e a tecnologia estão aí para servir, ajudar: a serviço da população. E você já teve alguma ideia inovadora? Clique e assista a ideia desse grupo de engenheiros:

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Filme: O mundo digital vem transformando as relações humanas no seu dia a dia e, com isso, muda o modo como pessoas se comunicam e interagem. Separamos dois filmes sobre a temática, são eles: A Rede Social que conta a história de Mark Zuckerberg, estudante de Harvard que cria o Facebook, a rede social mais famosa do planeta. De personalidade difícil, o filme mostra algumas das ações controversas que levaram Mark a se tornar um jovem milionário.

Clique na imagem e assista o trailer do filme:

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E com o advento dos avanços científicos e da tecnologia, questões éticas vêm a tona para reflexão e discussão sobre o ser humano. Trouxemos para discussão o filme Gattaca, de Andrews Niccol: é um filme de ficção científica, no qual é mostrado um mundo onde as pessoas são selecionadas geneticamente antes mesmo de nascer, com o intuito de se melhorar a raça humana e a partir daí surgem uma série de conflitos tecnológicos e éticos na sociedade. Clique na imagem e assista o trailer do filme:

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Evolução da tecnologia nas artes: De 2005 para 2013... da tinta acrílica para os pixels.

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Infográfico: A evolução das tecnologias digitais mudou a forma como o mundo se relaciona. Da primeira transmissão de mensagem entre servidores, em 1969, até as últimas novidades relacionadas à tecnologia, este infográfico traz a evolução dos principais acontecimentos da cultura digital e como eles impactaram a educação.

Clique e divirta-se!

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Para saber mais: Relembre invenções e avanços tecnológicos da Renascença. A Renascença foi um período muito frutífero para artistas e cientistas. Clique abaixo e descubra!

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TEXTO 1

LÉVY,Pierre. Estamos todos conectados. Disponível em <http://www.ich.pucminas.br/pged/db/wq/wq1_LE/local/pierrelevy_conectados.htm>. Acesso em: 21 mar 2013.

ESTAMOS TODOS CONECTADOS O filósofo francês diz que a internet vai nos permitir construir uma inteligência coletiva. Ricardo Prado

Aos 47 anos, o filósofo francês Pierre Lévy é um dos principais defensores do uso do computador e, em particular, da internet na ampliação do conhecimento humano (e em sua democratização). É o autor de conceitos como "tecnodemocracia" e "cosmopédia" e um dos criadores do programa Árvores do Conhecimento, que organiza grupos de usuários da internet segundo interesses culturais. A maioria de seus livros - como A Inteligência Coletiva e Cibercultura - já foi traduzida no Brasil.

O surgimento dos computadores e, mais tarde, de uma rede para interligar as pessoas em todo o mundo, foi uma conquista tão importante para a humanidade como o controle sobre o fogo, acredita o filósofo francês Pierre Lévy. Segundo ele, estamos entrando na época da

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noosfera (o prefixo não quer dizer "relativo ao espírito"), na qual aparece pela primeira vez a possibilidade de construir uma inteligência coletiva. No livro Cibercultura, ele lança a pergunta e dá a resposta: "Como manter as práticas pedagógicas atualizadas com esses novos processos de transação de conhecimento? Saindo de uma educação e de uma formação institucionalizadas (a escola, a universidade) para uma situação de troca generalizada de saberes". Para chegar a essa cultura planetária, a escola precisa assumir um papel fundamental: criar modelos de aprendizagem em que o professor seja um "animador da inteligência coletiva" do grupo de alunos e não mais um fornecedor de conhecimentos. Professor da cadeira de Pesquisas sobre Inteligência Coletiva da Universidade de Ottawa (Canadá), Lévy afirma que todos temos a obrigação de enriquecer nossa coleção de competências ao longo da vida. Ou seja, a divisão clássica entre um tempo de estudo e outro de trabalho já era. Em maio ele esteve em São Paulo e concedeu a seguinte entrevista.

O senhor criou a expressão "inteligência coletiva". O que é isso? É a capacidade de trocar idéias, compartilhar informações e interesses comuns, criando comunidades e estimulando conexões. Para começar, tome o cérebro humano. Fazemos infinitas conexões que se intensificam à medida que envelhecemos. Agora imagine que podemos, graças ao computador, integrar essa "constelação de neurônios" com a de milhões de outras pessoas. Essa é a comparação que faço. A internet nos permite hoje criar uma superinteligência coletiva, dar início a uma grande revolução humana.

O que essa idéia de inteligência coletiva tem a ver com a educação? Eu vejo uma mudança qualitativa nos processos de aprendizagem, rumo a uma aprendizagem cooperativa. Aliás, essa é a melhor tradução de inteligência coletiva para o campo educativo. Num cenário como esse, o professor torna-se um animador da inteligência coletiva da turma. Estamos iniciando uma época em que iniciativa, liderança, ânimo e empenho serão características cada vez mais valorizadas. Se você é um empregado que tem como objetivo pessoal produzir o menos possível, não está fazendo nada de bom — nem para o próprio

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desenvolvimento particular nem para a sociedade. O que a sociedade precisa é que todos tentem se desenvolver até o máximo de suas potências criativas, seja criando negócios e teorias ou então inventando ferramentas e produtos, de acordo com as habilidades de cada um.

O local ideal para formar esse ambiente estimulante e criativo é a universidade? Acredito que o primeiro agrupamento humano que tomou consciência de estar criando uma inteligência coletiva foi a universidade, com as comunidades de cientistas e especialistas de vários países que estudam simultaneamente um mesmo tema. Isso se tornou possível porque a produção de conhecimento e os avanços científicos estão fortemente embasados na colaboração. Hoje penso que a universidade continua tendo um papel importante na construção da inteligência coletiva, mas jamais um papel exclusivo. Isso é tarefa de toda a sociedade.

Como a escola pode participar dessa construção da inteligência coletiva? Praticando-a, dando exemplos. Eu penso que os professores da Educação Básica devem estimular o que chamo de "competição cooperativa" entre os alunos, ensinando-os a fazer parte de um time e a usar os computadores ligados à rede mundial.

O que é, exatamente, essa "competição cooperativa"? Existe, naturalmente, uma grande disputa entre os estudantes. Quem tem as melhores notas, quem é o segundo, quem é o último. A competição faz parte da escola, mas por si só ela é negativa. Penso que é papel de todos os educadores usar essa energia para produzir questões como "quem é o mais criativo?" (em vez de "quem é capaz de repetir o que o eu disse?"). Incentivar a cooperação entre os estudantes é uma forma de estabelecer outro padrão de disputa e valorizar a integração. Isso é a competição cooperativa.

O senhor defende que a escola deve preparar os alunos para uma aprendizagem cada vez mais veloz. Por quê?

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A velocidade na aprendizagem aumentou porque vivemos numa cultura na qual o conhecimento muda muito mais rapidamente do que e m séculos passados. Se eu vivesse na Idade Média ou na época do Império Romano, o que tivesse aprendido quando jovem ainda seria verdadeiro por ocasião da minha morte. Assim, eu usaria durante o resto da vida o que vi na escola. Atualmente isso não vale mais. A informação circula com enorme rapidez e é cada vez mais fácil ter acesso a ela, graças aos computadores e à internet. Por isso, a escola precisa acompanhar essa velocidade do mundo.

A internet é, para usar uma expressão sua, um "hiperdocumento vivo em expansão permanente". Essa avalanche de informações não vai parar nunca? Penso que não. Estamos apenas no início de uma espécie de explosão cultural, uma explosão que é exponencial e renova o sentido de liberdade. É preciso ter consciência de que a existência da internet não significa que tudo possa ser acessado. Ao contrário. O que é importante é saber que ganhamos opções, porque não precisamos concordar com tudo nem podemos, individualmente, saber de tudo. O barato é a oportunidade de fazer conexões com pessoas que compartilham interesses comuns. Por isso, acredito que essa rede vai, sim, se tornar infinitamente mais complexa. Exatamente como acontece com os neurônios do nosso cérebro.

O que o senhor acha de um filme como Matrix, que parte do pressuposto de que a realidade é fruto de um programa de computador? É um grande filme. Sobretudo porque fala de questões que nada têm a ver com a informática. Eu o vejo como uma espécie de história budista. No filme, os heróis descobrem que a realidade que eles percebem por meio de seus sentidos é inteiramente fabricada por uma máquina e que a "realidade real", por assim dizer, está além do que eles conseguem ver, exatamente o mesmo que os budistas dizem a respeito da ilusão.

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Qual foi seu primeiro contato com o computador? Eu tinha em torno de 17 anos e estava prestando o serviço militar. Era encarregado de alimentar os computadores do Exército com cartões de identificação perfurados, para gerar listas. Tratava-se de um sistema rudimentar que empregava a lógica binária dos computadores, ainda que não possuísse tela nem teclado.

Por que o senhor classifica o computador como "máquina universo"? Porque ele materializa um sonho matemático de criar uma máquina capaz de calcular tudo. Havia na França, no fim da década de 1970, um sistema chamado Minitel, uma espécie de internet desenvolvida pela companhia de telecomunicações e mantida pelo Estado com propósitos estratégicos. Naquela época, eu li pela primeira vez textos e livros que falavam da possibilidade de integrar os computadores numa rede e logo compreendi que aquela seria uma grande revolução.

Os computadores criaram um paradoxo: as idéias são mais valorizadas e ao mesmo tempo é mais fácil enviar pela internet textos anônimos e falsificações... Essa questão é essencial. A propriedade intelectual é cada vez mais importante porque é justamente nela que se sustenta o patrimônio das pessoas mais ricas do mundo. A riqueza está nas idéias. Por isso, não acredito que a propriedade intelectual desaparecerá na internet. Na minha opinião, o que vai ocorrer é que, após um período de transição, teremos uma necessidade de adaptar as regras de propriedade intelectual para uma nova situação, mais flexível, provocada por essa facilidade de divulgar idéias via internet.

O que levou o senhor a decidir se mudar da França para o Canadá?

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Porque eu queria lecionar uma disciplina que se chamasse Inteligência Coletiva e, na França, não consegui. No Canadá me disseram: "Você quer criar uma disciplina? Vá em frente". Assim pude desenvolver, na Universidade de Ottawa, um projeto de dez anos de duração que tem por objetivo estudar e acompanhar a formação da inteligência coletiva.

Durante acontecimentos recentes, como a guerrano Iraque, vimos pela primeira vez a ocorrência de manifestações simultâneas e vinculadas em várias partes do mundo. Isso é uma "conexão planetária"? Sim, sem dúvida nenhuma. A simultaneidade dessas manifestações sinalizou o nascimento de um espaço público global, ou seja, a formação de um canal de expressão para uso de uma opinião pública mundial.

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Atividades para Autoavaliação Atividade: TAE 001 / TRABALHO ACADÊMICO EFETIVO – ATIVIDADES INTEGRADAS DE FORMAÇAO GERAL I Unidade Nº: 12 Título: Cultura digital (cibercultura)

QUESTÃO 1 Tópico Associado: Cibercultura

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(ENADE 2011) ―A cibercultura pode ser vista como herdeira legítima (embora distante) do projeto progressista dos filósofos do século XVII. De fato, ela valoriza a participação das pessoas em comunidades de debate e argumentação. Na linha reta das morais da igualdade, ela incentiva uma forma de reciprocidade essencial nas relações humanas. Desenvolveu-se a partir de uma prática assídua de trocas de informações e conhecimentos, coisa que os filósofos do Iluminismo viam como principal motor do progresso. (...) A cibercultur a não seria pós-moderna, mas estaria inserida perfeitamente na continuidade dos ideais revolucionários e republicanos de liberdade, igualdade e fraternidade. A diferença é apenas que, na cibercultura, esses ―valores‖ se encarnam em dispositivos técnicos concretos. Na era das mídias eletrônicas, a igualdade se concretiza na possibilidade de cada um transmitir a todos; a liberdade toma forma nos softwares de codificação e no acesso a múltiplas comunidades virtuais, atravessando fronteiras, enquanto a fraternidade, finalmente, se traduz em interconexão mundial.‖ LEVY, P. Revolução virtual. Folha de S. Paulo. Caderno Mais, 16 ago. 1998, p.3 (adaptado).

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O desenvolvimento de redes de relacionamento por meio de computadores e a expansão da Internet abriram novas perspectivas para a cultura, a comunicação e a educação. De acordo com as ideias do texto acima, a cibercultura: (A) representa uma modalidade de cultura pós-moderna de liberdade de comunicação e ação. (B) constituiu negação dos valores progressistas defendidos pelos ideais republicanos. (C) banalizou a ciência ao disseminar o conhecimento nas redes sociais. (D) incorpora valores dos ideais republicanos ao favorecer o compartilhamento de informações e conhecimentos. FEEDBACK DA QUESTÃO 1 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

QUESTÃO 2 Tópico Associado: Mídia e Cultura Texto I A mídia é encarada como um mecanismo em que grupos ou classes dominantes são capazes de difundir ideias que promovem seus próprios interesses e que servem, assim, para manter o status quo. Desta forma, os contornos ideológicos da ordem hegemônica são fixados e se reduzem os espaços de circulação de ideias alternativas e contestadoras.

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Texto II A mídia vem cumprindo seu papel de guardiã da ética, protetora do decoro e do Estado de Direito. Assim, os órgãos midiáticos vêm prestando um grande serviço às sociedades, com neutralidade ideológica, com fidelidade à verdade factual, com espírito crítico e com fiscalização do poder onde quer que ele se manifeste. Ao comparar os textos acima (I e II), podemos concluir que: (A) a posição defendida no texto I é a mesma defendida no texto II. (B) a posição defendida no texto I se contrapõe a do texto II. (C) a posição defendida no texto II complementa a do texto I. (D) a posição defendida no texto II é conseqüência da defendida no texto I. FEEDBACK DA QUESTÃO 2 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

QUESTÃO 3 Tópico Associado: Cibercultura e informação (ENEM 2011. Adaptada pelo NFG )

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DAHMER, A. <Disponível em: http://malvados.wordpress.com. Acesso em: 30 jun. 2011.> Liberdade sem fio A ONU acaba de declarar o acesso à rede um direito fundamental do ser humano – assim como saúde, moradia e educação. No mundo todo, pessoas começam a abrir seus sinais privados de wi-fi, organizações e governos se mobilizam para expandir a rede para espaços públicos e regiões aonde ela ainda não chega, com acesso livre e gratuito. ROSA, G.; SANTOS, P. Galileu. Nº 240, jul. 2011 (fragmento) Ao comparar a imagem com o texto, qual das opções abaixo está incorreta? (A) as redes sociais são ótimas para disseminar ideias, tornar alguém popular e também arruinar reputações. (B) um dos maiores desafios dos usuários de internet é saber ponderar o que se publica nela. (C) a internet é um meio de aumentar o nosso acesso à informação sendo qualquer outro efeito de inteira responsabilidade

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do usuário. (D) a internet é um ambiente social entretanto uma das vantagens é que o anonimato é garantido. FEEDBACK DA QUESTÃO 3 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

QUESTÃO 4 Tópico Associado: Cibercultura e educação (ENEM 2011) O que é possível dizer em 140 caracteres? Sucesso do Twitter no Brasil é oportunidade única de compreender a importância da concisão nos gêneros de escrita. A máxima ―menos é mais‖ nunca fez tanto sentido como no caso do microblog Twitter, cuja premissa é dizer algo – não importa o quê – em 140 caracteres. Desde que o serviço foi criado, em 2006, o número de usuários da ferramenta é cada vez maior, assim como a diversidade de uso que se faz dela. Do estilo ―querido diário‖ à literatura concisa, passando por aforismos, citações, jornalismo, fofoca, humor etc, tudo ganha o espaço de um tweet (―pio‖ em inglês), e entender seu sucesso pode indicar um caminho para o aprimoramento de um recurso vital à escrita: a concisão. Disponível em: http://www.revistalingua.com.br. Acesso em: 28 abr. 2010 (adaptado).

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De acordo com o texto, o twitter se presta a diversas finalidades, entre elas, à comunicação concisa, por isso essa rede social: (A) é um recurso elitizado, cujo público precisa dominar a língua padrão. (B) estimula a produção de frases com clareza e objetividade, fatores que potencializam a comunicação interativa (C) é restrita à divulgação de textos curtos e poucos significativos e, portanto, é pouco útil. (D) interfere negativamente no processo de escrita e acaba por revelar uma cultura pouco reflexiva. FEEDBACK DA QUESTÃO 4 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

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QUESTÃO 5 Tópico Associado: Cibercultura

Pela Internet (Gilberto Gil) Criar meu web sit Fazer minha home-page Com quantos gigabytes Um barco que veleje Que veleje nesse infomar Que aproveite a vazante da infomaré Que leve um oriki1 do meu velho orixá Ao porto de um disquete de um micro em Taipe

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[...] Que leve meu e-mail até Calcutá Depois de um hot-link Juntar via Internet Num site de Helsinque [...] Eu quero entrar na rede Promover um debate [...] [...] Um haker mafioso acaba de soltar Um vírus pra atacar programas no Japão Eu quero entrar na rede pra conectar Os lares do Nepal, os bares do Gabão Que o chefe da polícia carioca avisa pelo celular Que lá na praça Onze tem um videopôquer para se jogar (1 Oriki palavra da língua Yorùbá, que tem vários significados, um deles pode-se traduzir como literatura ou textos para a língua portuguesa.)

A partir dos fragmentos da letra da música, é possível perceber as transformações que o meio técnico-científico-informacional introduz na sociedade contemporânea, tais como: I - A necessidade do domínio de um vocabulário específico e universal para se ter acesso ao sistema informacional e dele poder participar.

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II - A permanente necessidade de atualização a partir da rapidez das transformações e da constante obsolescência dos objetos que são lançados no mercado. III - O surgimento dos crimes virtuais e de novas formas de arbitrariedades só possíveis com o advento dessas novas tecnologias. IV - O conhecimento do mundo ocorrendo em tempo real e simultâneo, o que permite não só a globalização econômica, mas também cultural.

Estão corretas as proposições: A) I, II, III e IV. B) I e III, apenas. C) I, II e III, apenas. D) I, II e III, apenas. FEEDBACK DA QUESTÃO 5 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

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Questão discursiva Tópico Associado: Cibercultura

A cibercultura é uma realidade sem volta. Ela proporciona uma nova relação entre o espaço geográfico e o virtual numa tendência de globalização entre culturas nacionais e certamente influencia diretamente as relações humanas. Essa realidade sugere també m novos desafios a serem superados numa perspectiva tanto positiva quanto negativa e um dos maiores desafios é o ―problema do impacto cultural e social de todas as novas tecnologias‖. Agora que você estudou sobre esta realidade, elabore um pequeno texto ressaltando como podemos utilizar essas novas ferramentas de uma forma positiva, sem perdermos nossa identidade humana?

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GABARITO

FEEDBACK DA QUESTÃO 1: Resposta certa: Letra D FEEDBACK DA QUESTÃO 2 : Resposta certa: Letra B FEEDBACK DA QUESTÃO 3: Resposta certa: Letra D FEEDBACK DA QUESTÃO 4: Resposta certa: Letra B FEEDBACK DA QUESTÃO 5: Resposta certa: Letra A

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FEEDBACK DA QUESTÃO DISCURSIVA:

COMENTÁRIO: De acordo com o que foi estudado na unidade, a tecnologia digital, a internet, as redes sociais, são criadas pelo homem para proporcionar, para dar artifícios, para dar condições de que aconteçam novas formas de comunicação. Desde que uma educação cidadã seja incentivada, a tecnologia somente será um instrumento de ampliação de novas possibilidades de colocar em prática toda a criatividade humana. É possível a globalização não afetar as culturas e tradições, basta criar nos indivíduos o sentimento de identidade cultural que nasce das relações sociais dentro das comunidades. Entretanto, é impossível, porém, não alterar o modo de vida dos mesmos, que vão encontrar nesse ―novo mundo‖ novas formas de sobrevivência e análise sobre o mundo que os cerca.

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CADERNOS PEDAGÓGICOS DE FORMAÇÃO GERAL Capítulo 5

Cultura digital e Cidadania. Cultura digital e Cidadania.

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FICHA DE UNIDADE DE APRENDIZAGEM Disciplina: TAE 001 / Trabalho Acadêmico Efetivo 1 - Atividades Integradas de Formação Geral I Unidade Nº: 13 ( 13/14 ) Título: Cultura digital e Cidadania. Objetivos de aprendizagem: Perceber como o crescente processo de digitalização do mundo afeta as artes, a cultura, a política e o cotidiano. Tópicos abordados: O movimento social da cibercultura. As mutações da educação. Inteligência coletiva na educação e na formação. O ciberespaço, a cidade e a democracia eletrônica. A criação da própria identidade.

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Introdução: Ao falar da relação entre cibercultura e cidadania, é preciso entender as variadas conexões possíveis entre o homem e o mundo contemporâneo, interconectado e de constantes novidades em ideias e tecnologias. Assim, será preciso:

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a) Entender como o crescimento exponencial das novas ideias e das novas tecnologias está nos transformando. b) Acompanhar o movimento social que propaga a cibercultura. c) Observar suas formas estéticas e vivenciar sua relação com o saber. d) Mapear as questões urbanísticas e políticas da cibercultura, que levou Pierre Lévy a fazer a seguinte pergunta para reflexão: ―Como articular a virtualidade do ciberespaço e a territorialidade da cidade?‖ (LÉVY, 2008, p. 112)

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Quanto mais universal, menos totalizável.

http://www.comdpi.com.br/wp-content/uploads/2011/08/cultura_digital-cibercultura-midias_sociais1.jpg

O paradoxo central da cibercultura é, para Lévy, a seguinte afirmação: ―Quanto mais universal, menos totalizável‖. Este paradoxo – ideias aparentemente opostas em uma mesma afirmação – quer fazer pensar que quanto mais presença virtual da humanidade em si mesma (UNIVERSALIDADE) houver, menos podemos definir esta mesma humanidade como uma pluralidade estabilizada de sentidos (TOTALIDADE).

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O ritmo das ideias está se multiplicando de maneira exponencial, como afirma Ray Kurzweil, no vídeo que consta nesta unidade (http://www.veduca.com.br/play.php?v=5273 ).

Muita gente quando pensa no futuro, pensa em termos lineares. Pensam que vão continuar a tratar de um problema ou lidar com um problema com as ferramentas de hoje, com o ritmo do progresso de hoje e esquecem de considerar este crescimento exponencial.

Como então pensar o futuro?

http://1.bp.blogspot.com/_2Yk42Y6g448/SvV0Epzr8_I/AAAAAAAAA0E/vG0_szWXZ8Y/s400/Illustration-by-Tony-Ariawan-2.jpg

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Devemos pensar o futuro em múltiplas conexões, de maneira não-linear, entendendo que há um universo cooperativo complexo, onde as coisas acontecem ao mesmo tempo e é preciso saber escolher. A própria relação com o saber deve ser reinventada e é preciso compreender que de forma cada vez mais veloz, vamos ter que dar conta de problemas diferentes, e vamos ter que solucioná-los com novos instrumentos e tecnologias. Assim, Pierre Lévy (2013) defende algumas reestruturações fundamentais para a educação. São elas:

1. O estímulo da inteligência coletiva:

https://encrypted-tbn1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRcZb7webc3X0z28a2_LVQRCYf4gj4YfJWX6txo2FYtS6OaBbjI

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Capacidade de trocar ideias, compartilhar informações e interesses comuns, criando comunidades e estimulando conexões. Tal processo de estímulo à inteligência coletiva muda qualitativamente o processo de aprendizagem, rumo a uma aprendizagem cooperativa.

2. A universidade como parte da construção do conhecimento, sem exclusividade: Diz Lévy (2013): ―Hoje penso que a universidade continua tendo um papel importante na construção da inteligência coletiva, mas jamais um papel exclusivo. Isso é tarefa de toda a sociedade‖. 3. O estímulo da “competição cooperativa” Segundo Lévy (2013), a competição faz parte da escola, mas por si só ela é negativa. Assim, o educador deve direcionar a forma de competição para a criatividade. Ao invés de ―repita o que eu disse!‖, é preciso estimular ―o quanto você pode ser criativo a partir do que eu disse‖. Ou seja, quantas conexões possíveis você consegue enxergar a partir deste tema. Cooperação significa ―operar ao mesmo tempo‖, ―agir em conjunto‖. Assim, educadores e educandos são, juntos, em diálogo, mediadores das múltiplas informações.

4. A velocidade na aprendizagem. Na Idade Média ou na época do Império Romano, o que o homem aprendeu quando jovem ainda era verdadeiro por ocasião da sua morte. Atualmente, a informação circula com uma velocidade que, é cada vez mais fácil ter acesso a ela, mas será preciso estar

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constantemente conectado já que ela se modifica, se reorganiza, traz novos modelos e conexões em pouco tempo. Assim, o que uma pessoa aprende no primeiro ano escolar, pode não valer mais no momento em que ela termina o curso. Evolução da tecnologia, disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=sT4YzQ6Gn4k

5. A internet como um “hiperdocumento vivo em expansão permanente”. Jorge Luis Borges, no conto ―Funes, o memorioso‖ (http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/funes.htm) que consta na sua bibliografia, cria o personagem ―Funes‖, que muitos críticos identificam como uma previsão do que seria o mundo contemporâneo. ―Funes‖ tinha a peculiaridade de não esquecer, de lembrar-se de tudo nos mínimos detalhes. O narrador do conto diz que ―Funes‖ ―havia aprendido sem esforço o inglês, o francês, o português, o latim‖. E confessou sua suspeita:

Suspeito, contudo, que não era muito capaz de pensar. Pensar é esquecer diferenças, é generalizar, abstrair. No mundo abarrotado de Funes não havia senão detalhes, quase imediatos.

Neste contexto de detalhes e variadas informações que vão se expandindo permanentemente, Lévy (2013) diz o seguinte: É preciso ter consciência de que a existência da internet não significa que tudo possa ser acessado. Ao contrário. O importante é saber que ganhamos opções, porque não precisamos concordar com tudo nem podemos, individualmente, saber de tudo.

6. A questão da “conexão planetária” como novo contexto.

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Veja a última pergunta da entrevista a Pierre Lévy, e o que ele responde: Durante acontecimentos recentes, como a guerra no Iraque, vimos pela primeira vez a ocorrência de manifestações simultâneas e vinculadas em várias partes do mundo. Isso é uma "conexão planetária"? Sim, sem dúvida nenhuma. A simultaneidade dessas manifestações sinalizou o nascimento de um espaço público global, ou seja, a formação de um canal de expressão para uso de uma opinião pública mundial.

Pensar esta ―conexão planetária‖ de forma cidadã é entender como os espaços se reorganizam, se redimensionam e como esse

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―espaço público global‖ traz novos problemas, novas soluções e intervenções variadas no mundo em que vivemos. São vários os exemplos atuais de iniciativas individuais em rede, que produziram efeitos de alcance público. Essa política de tipo eventual utilizase da Internet, ocorre às margens dos procedimentos tradicionais, como partidos, sindicatos, associações, mas produz resultados significativos. Como exemplo, clique no link indicado a seguir e leia o comentário, escrito em 2011, pelo jornalista Leonardo Sakamoto, em seu Blog, sobre uma dessas experiências. (http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2011/05/23/perai-quem-esta-controlando-os-protestos-de-rua/)

7. A construção da própria IDENTIDADE e da própria DEMOCRACIA. O sociólogo polonês, Zigmund Bauman, no vídeo que consta no seu conteúdo, fala que diante de todo o contexto histórico – que já discutimos até aqui – vamos ter que ―inventar um equivalente global das invenções dos nossos antepassados‖.

A identidade, por exemplo, terá que ser reconstruída e reinventada a cada instante já que as formas de contato e os movimentos de nossa cultura nos dão inúmeras possibilidades de escolha. Já a democracia ―é uma noção que adquire, com o tempo, na história, diferentes formas, diferentes instrumentos, diferentes estratégias‖.

Assim como as práticas políticas são inovadas nos ambientes virtuais, acontece o mesmo com as nossas relações pessoais. Bauman nos fala que uma mesma palavra pode ter mais de um sentido. Aplicadas em contextos diferentes, possuem significados diferentes. Essa situação se verifica, por exemplo, com a palavra amigo. Hoje podemos dizer que temos uma rede de amigos no facebook. Mas,

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esses amigos não são os mesmos que consideramos em outras situações. Quer dizer, o sentido para amigos virtuais não é o mesmo quando aplicamos a mesma palavra fora daquele ambiente ou contexto.

Portanto, esses contextos diferem. Podemos nos referir a um como comunidade e a outro como rede. Enquanto nascemos numa comunidade, à rede nos conectamos. E para sairmos, basta nos desconectar. Economia do sofrimento que sentimos quando temos relacionamentos reais rompidos. Podemos nos perguntar: quais as consequências dessas redes de relacionamentos? O quanto ela nos faz bem, e o quanto ela nos faz mal?

Em relação às nossas identidades, acontecem transformações semelhantes. A vida humana deixa de ter uma linearidade e passa a ser fragmentada. Como assim? Antes, era mais comum imaginarmos um futuro onde ocuparíamos uma determinada profissão (escolhida dentre as que já existiam), casaríamos, teríamos filhos, moraríamos em determinado lugar, e etc. Havia modelos de identidades e estilos de vida a serem perseguidos. Hoje, nem a própria imaginação nos permite tantas certezas. A vida, segundo nos diz Bauman neste vídeo, está ―dividida em episódios‖, que não podem gerar um projeto de vida. Isso quer dizer, que o futuro não pode ser pensado a longo prazo. Isso indica que as ―sociedades foram individualizadas‖. Os indivíduos envolvem-se na criação de uma identidade própria; na busca de novos estilos de vida, desprendidos do passado e sem certezas futuras. O que, de certa forma, incentiva a busca e pelas novidades e o seu consumo imediato.

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Conteúdo: LÉVY, Pierre. Entrevista sobre cibercultura. Disponível em <http://www.ich.pucminas.br/pged/db/wq/wq1_LE/local/pierrelevy_conectados.htm>. Acesso em: 04 fev 2013. BAUMAN, Zygmunt. Diálogos. Disponível em <http://www.cpflcultura.com.br/2012/05/02/zygmunt-bauman-estrategias-para-avida/>. Acesso em: 04 fev 2013. KURZWEIL, Ray. Como a tecnologia está nos transformado. Diponível em: <http://www.veduca.com.br/play.php?v=5273.> Acesso em: 04 fev 2013.

Síntese: Devemos pensar o futuro em múltiplas conexões, de maneira não-linear, entendendo que há um universo cooperativo complexo, onde as coisas acontecem ao mesmo tempo e é preciso saber escolher. A própria relação com o saber deve ser reinventada e é preciso compreender que de forma cada vez mais veloz, vamos ter que dar conta de problemas diferentes e vamos ter que solucioná-los com novos instrumentos. As conexões em rede também tendem a favorecer movimentos de alcance público, tornando-se instrumentos de articulação política diferente das formas mais tradicionais de participação.

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Múltiplas conexões

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Leituras complementares: SHIRKY, Clay. Como mídias sociais podem fazer história. Disponível em :<http://www.veduca.com.br/play.php?v=5395>. Acesso em: 23 mar 2013. BORGES, Jorge Luis. Funes, o memorioso. Disponível em:<http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/funes.htm>. Acesso em: 23 mar 2013.

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Bibliografia recomendada: CASTELLS, Manuel. A galáxia da Internet. Reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Zahar, 2003. COSTA, Rogério da. A cultura digital. São Paulo: Publifolha. 2008. LÉVY, Pierre. A inteligência coletiva. Por uma antropologia do ciberespaço. São Paulo: Loyola, 2007. LÉVY, Pierre. Cibercultura. Tradução: Carlos Irineu da Costa. SP: Editora 34, 2008.

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CHARGES: Inteligência Coletiva

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http://4.bp.blogspot.com/_oIsj73YNSPU/S4qjW2QU8JI/AAAAAAAACrM/TRsVrGRY7R0/s400/charge+webcam.jpg

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https://lh4.googleusercontent.com/-w40cMuaa_C4/TWqoGKldylI/AAAAAAAAADo/28jRblueXfQ/s1600/evolution_of_communication_twitter_traduzido.jpg

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

Música eletrônica: ―A música eletrônica é a que melhor se encaixa no contexto da cibercultura. Sua sonoridade jamais poderia ser reproduzida sem o auxílio de computadores. Efeitos sintéticos, colagens e distorções criam melodias num espaço cibernético, intangível. Desta forma, nada mais natural para os DJs do que retratar esta realidade em suas composições.‖ http://producaoblog.wordpress.com/musica-e-cibercultura/

Clique abaixo no título e ouça a sonoridade da música eletrônica:

Titanium (feat. Sia) David Guetta

Empty Streets DJ Tiesto

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

Filmes :

Matrix, dos irmãos Wachovski, fala de um mundo onde toda a realidade que conhecemos é uma ilusão, um programa de computador criado por máquinas para mascarar o mundo real, onde tudo foi destruído e a inteligência artificial domina os humanos.

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=-YKg_XbEmik#!

Como nos veremos enquanto seres humanos a partir de uma sociedade que cresce avassaladoramente em termos tecnológicos e científicos? A ética será importante nesse tempo? Eu, Robô, fala de um mundo, em 2035, onde os robôs existem para servir os humanos e obedecem às Leis da Robótica de Isaac Asimov. Contudo, não demorará a máquinas e humanos entrem em conflito. Não vai ser fácil esta interação.

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

Para refletir 1:

http://1.bp.blogspot.com/-dAhAu3dWTAw/T3uA-9tcUcI/AAAAAAAAAxs/vDkssWwIjrs/s320/Alfabetiza%25C3%25A7%25C3%25A3o_Novas_Tecnologias.jpg

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Para refletir 2: Conectividade e inteligência coletiva.

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

Infográfico: A educação móvel já é uma realidade no nosso dia a dia. Descubra como este conceito está transformando as formas de aprender e ensinar.

https://www.institutoclaro.org.br/infograficos/18/

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

Poesia concreta:

http://perlbal.hi-pi.com/blog-images/408706/gd/1259069196/Velocidade-Ronaldo-Azeredo.jpg

De que forma em sua opinião a tecnologia mudou o modo de vida dos seres humanos? Você acredita que o ser humano é hoje, dependente da tecnologia? De acordo com seu ponto de vista, o poema acima representa o mundo moderno?

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

Video: Web 2.0 - A máquina somos nós Clique e assista o vídeo sobre a web 2.0 e suas ferramentas.

http://www.youtube.com/watch?v=NJsacDCsiPg

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

Leia as imagens : Evolução da tecnologia em nossas vidas:

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

Revista on line : O que fazer com tanta informação? Clique e veja:

http://www.ticnaeducacao.com.br/revistas/004/index.php

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

Livro e Game: que tal interagir com livros nacionais, clássicos da literatura e que ganham versão em game? Clique e aproveite!

http://www.livroegame.com.br/

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

Crimes pela Internet: você sabe o que é cyberbullying? Clique abaixo e veja a cartilha de crimes existentes na web e leia como se proteger e a quem denunciar.

http://www.crimespelainternet.com.br/cartilha/#dialog2

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

TEXTO 1 BAUMAN, Zygmunt. Diálogos. Disponível em: <http://www.cpflcultura.com.br/2012/05/02/zygmunt-bauman-estrategias-para-a-vida/>. Acesso em: 04 fev 2013.

ZYGMUNT BAUMAN: ESTRATÉGIAS PARA A VIDA No último dia 23 de julho, sábado, uma equipe conjunta da CPFL Cultura e do Seminário Fronteiras do Pensamento foi recebida pelo professor Zygmunt Bauman, em sua casa, na cidade de Leeds, Inglaterra. O objetivo era gravar um depoimento para nosso site e para os assinantes das Fronteiras do Pensamento, edição 2011, que conta com parceria da CPFL Energia e de seu programa cultural, a CPFL Cultura. O vídeo de cerca de trinta minutos, que agora está disponível no site, é o primeiro resultado deste encontro e apresenta alguns dos momentos da entrevista concedida por Bauman com exclusividade para o público brasileiro. Outros produtos estão sendo preparados a partir do material coletado e estarão disponíveis ainda neste ano. Acompanhe aqui em nosso site as informações.

Encontro com Bauman

A reunião na Inglaterra foi a maneira encontrada para garantir ao público brasileiro o acesso direto às idéias daquele que é considerado o principal sociólogo em atividade e certamente um dos mais importantes pensadores da contemporaneidade e que, por problemas familiares, não pode viajar ao Brasil como planejado.

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

Previsto para durar aproximadamente sessenta minutos, o encontro se alongou por cerca de três horas. Bauman revelou-se uma pessoa de extrema simpatia e cordialidade com a equipe que virtualmente ―invadiu‖ sua casa naquela tarde de verão inglês com câmeras de cinema, gravadores de som e equipamentos profissionais de iluminação. Coordenada pelo cineasta brasileiro Henrique Goldman, o mesmo diretor do longa metragem ―Jean Charles‖, a equipe de TV era composta por ingleses e brasileiros radicados na Inglaterra e com grande experiência na produção de filmes pra cinema, TV e publicidade. A entrevista foi gravada na sala de leitura da casa onde Bauman mora há 41 anos, em um dos subúrbios residenciais da cidade industrial de Leeds. Bauman nos recebeu em um ambiente familiar despojado, marcado por imagens de sua esposa Janina Bauman, de seus filhos e netos e de muitos livros em variados idiomas. Foi uma longa conversa que tratou de expectativas para século XXI, Internet, a necessidade de construção de políticas globais, a construção de uma nova definição de democracia e incluiu alguns dos temas sugeridos aqui, pelos visitantes do nosso site.

Agradecemos novamente as excelentes contribuições que recebemos sobre os assuntos que poderíamos tratar com este que é um dos principais pensadores do mundo contemporâneo e grande influência do Café Filosófico CPFL.

Bauman e o Café Filosófico CPFL

Zygmunt Bauman é uma das principais referências conceituais da CPFL Cultura, desde a criação do nosso programa cultural em 2003. Bauman nos alertou, principalmente, para a urgência da reinvenção dos laços humanos. Entendemos, com ele, que as identidades tradicionais se dissolveram na efemeridade afetiva da modernidade líquida. Orientados pela refinada visão de Bauman sobre a fluidez dos

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laços humanos, dos conceitos e dos saberes na contemporaneidade, definimos que nosso Café Filosófico CPFL assumiria o desafio de pensar as novas identidades e as novas formas de saber. Contar com a participação direta de Zygmunt Bauman em nosso programa é uma conquista que, com muito prazer, partilhamos com nossos internautas a partir de agora.

Assista abaixo a íntegra da entrevista.

BAUMAN, Zygmunt. Diálogos. Disponível em: <http://www.cpflcultura.com.br/2012/05/02/zygmunt-bauman-estrategias-para-a-vida/>. Acesso em: 04 fev 2013.

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Atividades para Autoavaliação

Atividade: TAE 001 / TRABALHO ACADÊMICO EFETIVO – ATIVIDADES INTEGRADAS DE FORMAÇAO GERAL I Unidade Nº: 13 Título: Cultura digital e cidadania

QUESTÃO 1 Tópico Associado: Novas tecnologias e inclusão social (ENADE 2005) Leia e relacione os textos a seguir.

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O Governo Federal deve promover a inclusão digital, pois a falta de acesso às tecnologias digitais acaba por excluir socialmente o cidadão, em especial a juventude. (Projeto Casa Brasil de Inclusão Digital começa em 2004. In: Mariana Mazza. JB online.)

Comparando a proposta acima com a charge, pode-se concluir que:

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(A) o conhecimento da tecnologia digital está democratizado no Brasil. (B) a preocupação social é preparar quadros para o domínio da informática. (C) o apelo à inclusão digital atrai os jovens para o universo da computação (D) a dificuldade de acesso ao mundo digital torna o cidadão um excluído social. FEEDBACK DA QUESTÃO 1 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

QUESTÃO 2 Tópico Associado: Cibercultura e identidade (ENEM 2011)

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COSTA, C. Superinteressante. Fev. 2011 (adaptado). Os amigos são um dos principais indicadores de bem estar na vida social das pessoas. Da mesma forma que em outras áreas, a internet também inovou as maneiras de vivenciar a amizade. Da leitura do infográfico, depreendem-se dois tipos de amizade virtual, a simétrica e a assimétrica, ambas com seus prós e contras. Enquanto a primeira se baseia na relação de reciprocidade, a segunda: (A) reduz o número de amigos virtuais, ao limitar o acesso à rede. (B) parte do anonimato obrigatório para se difundir.

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(C) facilita a interação entre pessoas em virtude de interesses comuns. (D) reforça a configuração de laços mais profundos de amizade. FEEDBACK DA QUESTÃO 2 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

QUESTÃO 3 Tópico Associado: Cibercultura e cidadania (ENEM 2011) No mundo árabe, países governados há décadas por regimes políticos centralizadores, contabilizam metade da população com menos de 30 anos; desses, 56% têm acesso à internet. Sentindo-se sem perspectivas de futuro e diante da estagnação da economia, esses jovens incubam vírus sedentos por modernidade e democracia. Em meados de dezembro, um tunisiano de 26 anos, vendedor de frutas, põe fogo no próprio corpo em protesto por trabalho, justiça e liberdade. Uma série de manifestações eclode na Tunísia e, como uma epidemia, o vírus libertário começa a se espalhar pelos países vizinhos, derrubando em seguida o presidente do Egito, Hosni Mubarak. Sites e redes sociais – como o Facebook e o Twitter – ajudaram a mobilizar manifestantes do norte da África a ilhas do Golfo Pérsico. SEQUEIRA, C. D.; VILLAMÉA, L. A epidemia da Liberdade. Isto é Internacional. 2 mar. 2011 (adaptado).

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Sobre as novas tecnologias de comunicação e informação, é correto afirmar que, neste caso, elas atuam para: (A) difundir idéias revolucionárias que mobilizaram a população. (B) tomar conhecimento dos fatos, sem se envolver. (C) manter o distanciamento necessário à sua segurança. (D) reforçar a atuação dos regimes políticos existentes. FEEDBACK DA QUESTÃO 3 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

QUESTÃO 4 Tópico Associado: Cibercultura e relações pessoais

(ENEM 2005)

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A situação abordada na tira torna explícita a contradição entre: (A) a inteligência empresarial e a ignorância dos cidadãos. (B) as relações pessoais e o avanço tecnológico. (C) a inclusão digital e a modernização das empresas. (E) a revolução informática e a exclusão digital. FEEDBACK DA QUESTÃO 4 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

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QUESTÃO 5 Tópico Associado: Cibercultura e cidadania (NFG) “Isadora Farber tornou-se, em poucos dias, uma pequena heroína da educação brasileira. Com sua página na internet, chamou atenção nacional para os problemas de sua escola pública em Florianópolis e, até ontem de manhã, já tinha quase 150 mil seguidores. Diante da repercussão nacional, o poder público decidiu reformar a escola‖ DIMENSTEIN, Gilberto. Ensinem jornalismo às crianças. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/gilbertodimenstein/ 1144956- ensinem-jornalismo-as-criancas.shtml. Acesso em: 20 ago 2012.

O que podemos concluir a partir da leitura da notícia acima?

(A) A alternativa que os meios de comunicação de massa oferecem frente aos meios políticos tradicionais. (B) A importância de ensinar as crianças e jovens a lidar com os meios de comunicação, produzindo conteúdos não ensinados na Escola. (C) O cuidado que os educadores devem ter em relação aos meios de comunicação de massa, por serem altamente alienadores.

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(D) A perda de importância da Escola, como espaço educador, para os novos meios de comunicação de massa. FEEDBACK DA QUESTÃO 5 Resposta certa: Vide gabarito no final deste capítulo.

Questão discursiva Tópico Associado: O movimento social da cibercultura. Considere o texto e a charge abaixo, ambos sobre as transformações sociais e culturais decorrentes do advento e popularização da internet nestes últimos anos. ―O ciberespaço como suporte da inteligência coletiva é uma das principais condições de seu próprio desenvolvimento. Seu crescimento não determina automaticamente o desenvolvimento da inteligência coletiva, apenas fornece a esta inteligência um ambiente propício. De fato, também vemos surgir na órbita das redes interativas diversos tipos de formas novas: de isolamento e de sobrecarga cognitiva (estresse pela comunicação e pelo trabalho diante da tela); de dependência (vício na navegação ou em jogos em mundos virtuais); de dominação (reforço dos centros de decisão e de controle, domínio quase monopolista de algumas potências econômicas sobre funções importantes da rede etc.); de exploração (em alguns casos de teletrabalho vigiado e de deslocalização de atividades no terceiro mundo); e mesmo de bobagem coletiva (rumores, conformismo em rede ou em comunidades virtuais, acúmulo de dados sem qualquer informação, ―televisão interativa‖.)‖ (LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 2001. p. 2930.)

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Produza um texto, comentando os reflexos da cibercultura na sociedade neste início de século, que apresente uma tomada de posição diante do caráter positivo ou negativo dessa experiência.

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

GABARITO

FEEDBACK DA QUESTÃO 1: Resposta certa: Letra D FEEDBACK DA QUESTÃO 2 : Resposta certa: Letra B FEEDBACK DA QUESTÃO 3: Resposta certa: Letra A FEEDBACK DA QUESTÃO 4: Resposta certa: Letra B FEEDBACK DA QUESTÃO 5: Resposta certa: Letra A

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

FEEDBACK DA QUESTÃO DISCURSIVA:

COMENTÁRIO: Da mesma forma como foram importantes e determinantes as descobertas e transformações por quais passaram as sociedades anteriores em seus diferentes tempos históricos, é preciso atentar às mudanças que a sociedade da informação vem provocando na organização e dinâmica da vida humana. Neste novo tempo, tornou-se fato que o homem vem criando maneiras de interagir socialmente ao operar com as mediações socioculturais proporcionados pelas novas tecnologias. A identidade, por exemplo, terá que ser reconstruída e reinventada a cada instante já que as formas de contato e os movimentos de nossa cultura nos dão inúmeras possibilidades de escolha. Cabe refletir e planejar caminhos para que o desenvolvimento e expansão destas novas ferramentas tecnológicas não transformem o ser humano, suas relações de sociabilidade.

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

Núcleo Inovador UNIGRANRIO

http://inova.unigranrio.com.br/index.html

Núcleo Formação Geral

http://blogs.unigranrio.com.br/formacaogeral/

―Educar é impregnar de sentido o que fazemos a cada instante!‖ Paulo Freire

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