Caderno Pedagogico 7.14 com titulo

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CADERNOS PEDAGÓGICOS DE FORMAÇÃO GERAL VOLUME 7

Cidadania e Democracia.

ALUNO(A

2013/1

VOLUME 7


NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

CADERNOS PEDAGÓGICOS DE FORMAÇÃO GERAL VOLUME 7

REITOR Arody Cordeiro Herdy PRÓ-REITOR DE ADMINISTRAÇÃO ACADÊMICA Carlos de Oliveira Varella PRÓ-REITOR DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO Emilio Antonio Francischetti PRÓ-REITORA COMUNITÁRIA E DE EXTENSÃO Sônia Regina Mendes PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO José Luiz Rosa Lordello

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INOVA NÚCLEO INOVADOR Unigranrio – INOVA Coordenadora: Maria Rita Resende Martins da Costa Braz

ESCOLA DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS, LETRAS, ARTES E HUMANIDADES Diretora: Haydéa Maria Marino de Sant´anna Reis

INSTITUTO DE ESTUDOS FUNDAMENTAIS I Diretora: Lúcia Inês Kronemberger Andrade

INSTITUTO DE ESTUDOS FUNDAMENTAIS II Diretor: Lindonor Gaspar de Siqueira

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NÚCLEO ALÉM DA SALA DE AULA Benjamin Salgado Quintans Frederico Adolfo Schiffer Junior Haydéa Maria Marino de Sant‟anna Reis Herbert Gomes Martins Hulda Cordeiro Herdy Carmim José Luiz Rosa Lordello Sonia Regina Mendes

NÚCLEO DE APOIO METODOLÓGICO - NAM Anna Paula Soares Lemos Carlos de Oliveira Varella José Luiz Rosa Lordello Lindonor Gaspar de Siqueira Lúcia Inês Kronemberger Andrade Maria Rita Resende Martins da Costa Braz

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NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD Lúcia Inês Kronemberger Andrade Vanessa Olmo Pombo

NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL Anna Paula Soares Lemos Edeusa de Souza Pereira Joaquim Humberto Coelho de Oliveira Lucimar Levenhagen Alarcon da Fonseca Tania Maria da Silva Amaro de Almeida

NÚCLEO DE MEMÓRIA E DOCUMENTAÇÃO INSTITUCIONAL Tania Maria da Silva Amaro de Almeida

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NÚCLEO DE PRÁTICAS INCLUSIVAS Lucimar Levenhagen Alarcon da Fonseca

ORGANIZAÇÃO / REVISÃO / DIAGRAMAÇÃO DESTE MATERIAL: NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

Professores(as) Anna Paula Lemos Edeusa de Souza Pereira Joaquim Humberto Coelho de Oliveira Lucimar Levenhagen Alarcon da Fonseca Tania Maria da Silva Amaro de Almeida

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FICHA DE UNIDADE DE APRENDIZAGEM Disciplina: AE 1 / Trabalho Acadêmico Efetivo 1. (Atividades Integradas de Formação Geral I) Unidade Nº: Sete ( 7/14) Título: Cidadania e Democracia. Objetivos de aprendizagem: Analisar os riscos do consumo para a democracia e cidadania. Compreender o processo de fragmentação das identidades. Identificar a separação entre poder e política. Criticar os modelos tradicionais de autoridade frente às democratizações das relações. Tópicos abordados: Identidade na sociedade de consumo. Democracia e crise política. Autoridade e democratização das relações.

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Paradigma da colaboração.

Introdução: Já vimos anteriormente que, em um sentido pleno, a cidadania não pode estar dissociada da democracia. Assim, correndo riscos a democracia, a cidadania também se vê ameaçada. Então, quais são os riscos atuais para a democracia?

A cidadania e a democracia.

http://www.humorpolitico.com.br/wp-content/uploads/2012/06/democracia-paraguaia-260612-pelicano-humorpolitico.jpg

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Acompanhemos a entrevista concedida pelo sociólogo polonês, Zygmunt Bauman, disponível em ttp://www.cpflcultura.com.br/2012/05/02/zygmunt-bauman-estrategias-para-a-vida/, sobre alguns temas relevantes para os dias de hoje e, em particular, para a nossa questão.

Na primeira parte desse vídeo, Bauman caracteriza o nosso tempo como sendo o da sociedade de consumo, ou melhor, para o consumo. Segundo ele, a partir do século XX, deixamos de viver numa sociedade de produção para vivermos numa sociedade de consumo. Mas, indaguemos, não temos que produzir para consumir? O consumo não deveria incrementar a sociedade de produção, em vez de substituí-la.

Charge: Democracia e crise política.

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Além disso, a vida humana deixa de ter uma linearidade e passa a ser fragmentada. Como assim? Antes, era mais comum imaginarmos um futuro onde ocuparíamos uma determinada profissão (escolhida dentre as que já existiam), casaríamos, teríamos filhos, moraríamos em determinado lugar, etc.... Havia modelos de identidades e estilos de vida a serem perseguidos.

Hoje, nem a própria imaginação nos permite tantas certezas. A vida, segundo nos diz Bauman neste vídeo, está “dividida em episódios”, que não podem gerar um projeto de vida. Isso quer dizer, que o futuro não pode ser pensado a longo prazo. Isso indica que as “sociedades foram individualizadas”. Os indivíduos envolvem-se na criação de uma identidade própria; na busca de novos estilos de vida, desprendidos do passado e sem certezas futuras. O que, de certa forma, incentiva a busca e pelas novidades e o seu consumo imediato.

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Consumo imediato.

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Essa compulsão consumista, estimulante do imediatismo e do individualismo, pode colocar em risco a cidadania e a democracia que, de alguma maneira, precisam que também nos dediquemos às questões públicas.

Como a democracia está sempre correndo riscos, além desse impulso ao consumismo, há também o divórcio entre poder e política, tratado na terceira parte do vídeo. O Estado, instituição política por excelência, perde aos poucos o poder de realizar as suas próprias promessas. Não que somente não queira realizá-las, mas também lhe falta poder para tal. Se antes era falta de vontade, parece que agora é também falta de competência. Com isso o jogo democrático do poder, com a disputa e alternância dos partidos políticos, sofre cada vez mais o descrédito do cidadão.

No entanto, se na esfera pública há sinais de desgaste da democracia e da própria cidadania, nas relações privadas, elas fortalecem-se dia a dia. Basta olharmos para os tradicionais modelos de relação de autoridade. Se antes as mulheres confortavam-se com a submissão e as crianças não eram muito notadas, hoje são exigidas para esses casos, cada vez mais, relações mais democráticas, menos autoritárias. Como toda mudança, são provocados exageros e desequilíbrios, principalmente, no que diz respeito a se encontrar o tom da autoridade, fora dos padrões convencionais.

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Para refletirmos sobre a questão da autoridade em uma sociedade que cada vez mais reivindica a democratização das relações, indicamos o vídeo com Itay Talgan, que se encontra no seguinte link: http://www.veduca.com.br/play?v=5333&t=0&p=maestros .

O conceito moderno de liderança, inclusive, evoluiu da visão do chefe que dá ordens para a visão do coordenador que organiza processos colaborativos. O sentimento de realização de uma equipe que terminou um trabalho bem feito é muito grande (DOWBOR, 2013).

Indicamos também as reflexões sobre novas inteligências para gerar e administrar as atividades empresariais e econômicas. Elas apontam para a “gradual substituição do paradigma da competição pelo paradigma da colaboração.” (DOWBOR, 2013).

Uma mudança sistêmica do paradigma de maximização da competição econômica global e do crescimento do produto nacional bruto para um paradigma do desenvolvimento mais cooperativo, sustentável – o que, em épocas mais antigas, teria exigido centenas de anos –, é pelo menos possível no sistemamundial interdependente e em rápida evolução dos dias de hoje. (DOWBOR, 2013).

Isso tudo nos indica que “não há como escapar à busca ativa de processos econômicos mais democráticos, descentralizados e participativos” (DOWBOR, 2013).

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Conteúdo:

BAUMAN, Zygmunt. Diálogos. Disponivel em: <ttp://www.cpflcultura.com.br/2012/05/02/zygmunt-bauman-estrategias-para-a-vida/>. Acesso em 04 fev 2013.

TALGAN, Itay. Liderando como os grandes maestros. Disponível em: <http://www.veduca.com.br/play?v=5333&t=0&p=maestros>. Acesso em 04 fev 2013.

Síntese: A cidadania, no seu entendimento mais elaborado, caminha junto com a democracia. Esta corre, nos dias de hoje, riscos postos pela sociedade de consumo e pela desarticulação ou esvaziamento da política. Ao mesmo tempo, as relações que envolvem nossas vidas privadas e as que envolvem as dimensões empresariais e econômicas são remodeladas pelo novo paradigma da colaboração, que estabelece processos mais democráticos, descentralizados e participativos.

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Sociedade de Consumo http://padregabriel.com.br/publica/imgs/mascara-direita.png

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Leituras complementares: DOWBOR, Ladislau. O paradigma da colaboração. Disponível em <http://diplo.dreamhosters.com/2007-10,a1935.html>. Acesso em 01 mar 2013. UNIVESP. Caminhos da cidadania no Brasil I (parte 1). Disponível em <http://univesptv.cmais.com.br/caminhos-da-cidadania-no-brasil-i-1-2>. Acesso em 01 mar 2013. UNIVESP. Caminhos da cidadania no Brasil I (parte 2) Acesso em 01 de marçoa de 2013. Disponível em <http://univesptv.cmais.com.br/caminhos-da-cidadania-no-brasil-i-2-2>. Acesso em 01 mar 2013.

Bibliografia recomendada: BLOG FORMAÇÃO GERAL UNIGRANRIO. http://blogs.unigranrio.com.br/formacaogeral/. Acesso em 22 fev 2013.

Disponível

em

CARVALHO, José Murilo de Carvalho.Cidadania no Brasil. O longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005. DIMENSTEIN, Gilberto. Cidadão de papel. São Paulo: Ática, 2001. MATTA, Roberto. A casa e a rua. Espaço, cidadania, mulher e morte no Brasil. Rio de Janeiro: Rocco, 1997. PINSKY, Jaime e PINSKY, Carla Bassanezi. História da Cidadania. São Paulo: Contexto, 2003.

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Reflexão:

Poema: Carrego Comigo Carlos Drumond de Andrade

Clique no título do poema leia-o e reflita: O que significa o embrulho para você? Que adjetivos são dados ao embrulho pelo autor? Você acha que as suas relações com a sociedade que o cerca o ajuda a formar a sua identidade e a sua cidadania? Ou você já nasce pronto?

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Sociedade individualizada: A criação de uma identidade própria e a busca por novidades acarretam um consumo imediatista. Clique na imagem abaixo ou acesse o link abaixo dela e veja a exposição na galeria Urban Arts (zona oeste de São Paulo). Há várias Monalisas, cada qual única em sua unimultiplicidade e vivendo de acordo com seu tempo.

30 versões criativas e ousadas da "Monalisa", de Leonardo da Vinci.

http://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/13713-releituras-de-monalisa

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Músicas com a temática Cidadania e democracia, tema deste volume: Clique sobre o nome da música e ouça. Leia a letra, assista ao vídeo e reflita.

Democracia Tom Zé Geração Coca-Cola Legião Urbana Infinito Particular Marisa Monte

Caçador de Mim Milton Nascimento

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Autorretratos Dá-se o nome de autorretrato quando o retratista procura descrever o seu aspecto e o seu caráter, revelando o que captou da expressão mais profunda de si mesmo. O autorretrato constitui um exercício que permite revelar traços pessoais. Sendo assim, podemos dizer que o autorretrato na construção do Eu, na descoberta da personalidade e da cidadania mostra o universo particular de cada um. Conheça alguns autorretratos de pintores famosos. Clique no nome deles e saiba mais sobre sua vida e obra. Rembrandt

http://downloads.passeiweb.com/arte_cultura/galeria/rembrandt/1634_auto_retrato_jovem.jpg

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Você sabe quem foi Frida Kahlo ? clique no autorretrato abaixo e saiba mais.

Frida Kahlo

http://fridakahlopaintings.org/fridakahlopinturas/

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E Van Gogh ? sabe quem foi? clique no seu nome ou autorretrato e saiba mais . Van Gogh

http://www.vangoghgallery.com/

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E você, como se vê? Que tipo de cidadão é você? Você exerce sua cidadania? “O cidadão tem direito à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade perante a lei, ou seja, os direitos civis são apresentados como o ponto de saída. O cidadão deve participar dos destinos da sociedade e ter seus direitos políticos.” http://www.significados.com.br/cidadao/

Que tal criar seu próprio autorretrato digital? Pense nas suas características físicas e emocionais. Clique no aplicativo abaixo e mãos a obra. Faça seu cadastro, crie seu autorretrato e inclua sua voz.

http://www.voki.com/pickup.php?scid=5038694&height=267&width=200

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TEXTO

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DOWBOR, Ladislau. O paradigma da colaboração. Disponível em <http://diplo.dreamhosters.com/2007-10,a1935.html>. Acesso em: 01 mar 2013.

O PARADIGMA DA COLABORAÇÃO O padrão de produção e consumo típico do capitalismo, e hegemônico há séculos, está em crise. Em seu lugar, emergem relações sociais mais sustentáveis, democráticas e... prazerosas.

Ladislau Dowbor terça-feira, 2 de outubro de 2007

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O deslocamento sísmico mais importante na teoria econômica se refere ao gradual esgotamento da competição como principal instrumento de regulação econômica, além de principal conceito na análise da motivação, da força propulsora que estaria por trás das nossas decisões econômicas.

A visão herdada, é que se nos esforçarmos todos o máximo possível para obter o máximo de vantagem pessoal na corrida econômica, no conjunto tudo vai avançar mais rápido. Misturando a visão de Adam Smith sobre a soma de vantagens individuais, de Jeremy Bentham e Stuart Mill sobre o utilitarismo, e de Charles Darwin sobre a sobrevivência do mais apto, geramos um tipo de guerra de todos contra todos, o que os americanos chamam de global rat race, que está se esgotando como mecanismo regulador, e que está inclusive nos levando a impasses planetários cada vez mais inquietantes.

O que está despontando com cada vez mais força, é que somos condenados, se quisermos sobreviver, a desenvolver formas inteligentes de articulação entre os diversos objetivos econômicos, sociais, ambientais e culturais, e consequentemente formas inteligentes de colaboração entre os diversos atores que participam da construção social destes objetivos. O deslocamento sísmico consiste na gradual substituição do paradigma da competição pelo paradigma da colaboração. Hazel Henderson conta como “entrou” para a economia. Em Nova Iorque os apartamentos eram equipados com pequenos incineradores. Resolvia problemas individuais, mas o resultado era roupa suja nos varais de todos, crianças sujas nos parques onde a poeira negra se depositava, doenças respiratórias, etc. Quando protestou junto às autoridades, foi-lhe explicado que os incineradores geravam empregos, dinamizando a economia. Hazel ficou perplexa: construir com muito esforço coisas inúteis ou nocivas, é bom porque dinamiza a

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economia? E o esforço das mães que lavam a roupa e os filhos não é custo porque não custa? Não foi a máquina econômica que acabou com os incineradores, e sim o movimento de mães organizadas em torno aos seus interesses.

Hazel se voltou para a economia, chegando gradualmente à visão que hoje expõe no seu livro Construindo um mundo onde todos ganhem, em torno do hoje popular conceito de win-win [1]. A idéia básica é simples, e se reflete na popular imagem de dois burrinhos puxando em direções opostas para atingir cada um o seu monte de feno, e que descobrem o óbvio: comem juntos o primeiro, e depois comem juntos o segundo. Segundo Hazel, “as redes da atual era da informação funcionam melhor com base em princípios em que todos ganham (win-win), mas ainda são dominadas pelo paradigma da guerra econômica global” [2].

Construindo um mundo onde todos ganhem explora o cenário e mapeia a colisão entre o paradigma do crescimento econômico externamente focalizado e tecnologicamente acionado, que culminou numa guerra econômica global insustentável, e a ascensão de preocupações globais populares no paradigma emergente e nos movimentos a favor do desenvolvimento humano sustentável...Uma mudança sistêmica do paradigma de maximização da competição econômica global e do crescimento do produto nacional bruto para um paradigma do desenvolvimento mais cooperativo, sustentável – o que, em épocas mais antigas, teria exigido centenas de anos –, é pelo menos possível no sistema mundial interdependente e em rápida evolução dos dias de hoje [3].

Há uma dimensão que vai inclusive além da ética no processo: a colaboração para criar coisas novas ou simplesmente úteis é uma das fontes mais importantes de prazer. O conceito moderno de liderança, inclusive, evoluiu da visão do chefe que dá ordens para a visão do coordenador que organiza processos colaborativos. O sentimento de realização de uma equipe que terminou um trabalho bem feito é muito grande [4].

O mundo, naturalmente, não é um mar de rosas, e tende a predominar a esperteza burra de quem vê nos processos colaborativos uma oportunidade de aumentar as suas próprias vantagens: a colaboração, para esta gente, consiste em fazer com que os outros colaborem para

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os seus lucros. A visão da luta pela sobrevivência do mais apto está sem dúvida generalizada. Impregna a escola com as suas lutas pelo primeiro lugar ou a melhor nota, a competição pela sobrevivência que representa o vestibular, aparece em cada programa de televisão. A idéia é “vencer” os outros, ainda que a batalha seja fútil, e os resultados ruins para todos.

Vale a pena citar aqui o aporte de David Korten, no seu livro O Mundo Pós-Corporativo. Korten parte da compreensão que teve das limitações da visão biológica do mundo como um espaço de competição pela sobrevivência das espécies: na realidade, o pássaro que come a fruta dissemina a semente, a raiz que nasce precisa dos microorganismos para assimilar o nitrogênio e assim por diante. Ou seja, a dimensão colaborativa é amplamente dominante no processo, e assegura que a vida no planeta se desenvolva de forma sistêmica. Não se “arquiva” a competição, que é real: trata-se de entender a presença maior da dimensão colaborativa.

Na visão de Korten, o mercado, dentro de condições muito precisas, pode constituir um ambiente de colaboração sistêmica, mas não é o que acontece na economia real: “Os mercados, constituem uma instituição humana notável para agregar as escolhas de muitos indivíduos para conseguir uma alocação eficiente e equitável de recursos produtivos com o fim de responder às necessidades humanas. A sua função, no entanto, depende da presença de numerosas condições críticas. Reconhecendo o poder do ideal de mercado, o capitalismo se veste com uma retórica de mercado. Mas busca apenas o seu próprio crescimento, e assim as suas instituições procuram destruir sistematicamente as funções saudáveis do mercado. Eliminam as regulamentações que protegem os interesses humanos e ambientais, removem fronteiras econômicas para se colocar além do alcance do Estado, negam aos consumidores acesso a informações essenciais, buscam monopolizar tecnologias benéficas, e utilizam fusões, aquisições, alianças estratégicas e outras práticas anticompetitivas para minar a capacidade do mercado de auto-organizar” [5].

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A realidade é que a economia está mudando, em geral mais rapidamente do que a nossa ciência. As atividades hoje se tornaram muito mais amplas, complexas e interativas, fazendo com que as economias de colaboração, materializadas no capital social, sejam cada vez mais importantes. Nas grandes empresas, esta necessidade em geral já foi compreendida, levando à redução do leque hierárquico, à organização de equipes e assim por diante. A partir dos anos 1980, ampliou-se a compreensão da necessidade de colaboração já não só dentro da empresa, mas entre empresas, dando lugar a conceitos como “capitalismo de alianças”, “arranjos colaborativos” inter-empresariais, managed market e assim por diante.

No plano das empresas, o livro que marcou um deslocamento da visão é Alliance Capitalism, de Michael Gerlach, que analisa as formas realmente existentes de colaboração inter-empresarial, em particular no Japão, e sugere que “a teoria econômica pode e deve enfrentar os limites dos mercados atomizados e anônimos, visando explicar as formas institucionais que se desenvolveram nas economias modernas para vencer estas limitações. Particularmente interessante tem sido o papel das contratações de longo prazo e a organização corporativa como alternativas aos mercados competitivos. Os mercados e as empresas capitalistas são vistas, assim, não como entidades isoladas que seguem a sua própria lógica, mas como arranjos institucionais complexos inseridos na ordem legal da sociedade e nas regras básicas sob as quais os atores operam” [6].

Na Terceira Italia formou-se a compreensão de que além dos processos colaborativos inter-empresariais, seria útil organizar a colaboração com iniciativas públicas e do Terceiro Setor que podem gerar economias que são externas à empresa, mas internas a uma região, tornando o trabalho de todos mais produtivo. O livro de Carlo Trigiglia, citado acima, representa bem esta compreensão do território como espaço de construção de arranjos colaborativos.

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Esta dimensão prática está apoiada em mudanças estruturais dos processos de reprodução social vistos ao longo deste ensaio. Ao tornar-se o conhecimento crescentemente o principal fator de produtividade, e já que o conhecimento compartilhado não tira conhecimento de ninguém, pelo contrário tende a multiplicar-se, a evolução natural não é a de nos trancarmos numa floresta de patentes e proibições, mas sim de criar ambientes colaborativos abertos, como vemos por exemplo no caso do Linux, da Wikipedia, ou nas formas colaborativas da Pastoral da Criança. A guerra baseada no “isto é meu” não tem sentido quando se trata de conhecimento.

Outra dinâmica que torna a colaboração muito mais presente é a conectividade: é tão fácil colaborar inclusive entre agentes muito distantes, que a idéia medieval do castelo isolado e autosuficiente torna-se cada vez mais ridícula, como se torna cada vez mais limitada a visão da empresa com o seu “capitão” empresário, indo à luta contra todos, trancando os seus segredos. As redes inter-universitárias de colaboração neste sentido estão demonstrando caminhos mais inteligentes e modernos, ainda que o grosso do mundo universitário tenda também a se proteger nas suas torres.

Uma terceira dinâmica está ligada à nossa forma básica de organização demográfica, a cidade, com o seu entorno rural. Já não somos populações rurais dispersas, e mesmo os espaços rurais pertencem a um processo de modernização “urbano”, como têm definido os pesquisadores da Unicamp. Neste sentido, como vimos, cada cidade com o seu entorno passa a constituir uma unidade de acumulação econômica que será mais ou menos produtiva, como sistema, segundo consiga ou não organizar-se num espaço colaborativo e coerente dentro do seu território e na região onde está situada.

Enfim, uma quarta dinâmica que também vimos acima está ligada ao deslocamento da composição intersetorial das atividades econômicas, cada vez mais centradas em políticas sociais como saúde, educação, cultura, informação, lazer e outras. Estas atividades, muito mais do que

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a produção industrial, envolvem processos colaborativos intensos, não se regulam adequadamente pelo lucro, e dependem vitalmente da constituição do capital social e de processos participativos de decisão. A resistência a formas mais modernas de gestão é natural. Anos atrás, houve grandes lutas contra a vacinação obrigatória das crianças, em nome da liberdade de cada um decidir segundo as suas preferências. Naturalmente, vacinar uma parte da população não erradica doença alguma.

Estas quatro macro-tendências, da economia do conhecimento, da conectividade, da urbanização e da primazia do social, geraram condições profundamente renovadas no conjunto do processo de reprodução social, e as velhas práticas que privilegiam a competição, o segredo, os clubes fechados, constituem simplesmente a aplicação de uma ideologia econômica antiga a uma realidade nova. Ou seja, o paradigma da colaboração, além de constituir uma visão ética, e de materializar valores das pessoas que querem gozar uma vida agradável, trabalhar de maneira inteligente e útil, em vez de ter de matar um leão por dia, – constitui hoje bom senso econômico em termos de resultados para o conjunto da sociedade. Voltando ao princípio, à “rentabilidade social” de que fala Celso Furtado, a colaboração tem de se dar em torno ao objetivo simples da alocação racional de recursos em função da qualidade de vida social.

Hoje sem dúvida as grandes empresas de medicamentos têm entre elas arranjos colaborativos que lhe permitem realizar lucros fabulosos, ao restringirem acesso à livre fabricação das drogas, o que por sua vez permite elevar os preços. Os banqueiros no Brasil colaboram intensamente na manutenção de um sistema de restrição ao crédito, de juros elevados e de tarifas caríssimas, o que lhes permite drenar grande parte da riqueza produzida pela sociedade, sem precisar contribuir para produzi-la. Os grandes grupos da mídia colaboram com as

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grandes empresas que compram espaço publicitário, e adaptam o conteúdo da informação aos interesses empresariais. Os exemplos não faltam deste tipo de círculos fechados em torno de interesses minoritários.

Putnam resume bem a questão, no seu Bowling Alone já citado, ao lembrar que a Ku Klux Klan é uma organização da sociedade civil, mas cujo objetivo é excluir um segmento da sociedade, em vez de incluir de forma equilibrada os diversos interesses. Isto não é colaboração, é corporativismo na sua pior manifestação. Ou seja, a construção dos processos colaborativos necessários a uma economia moderna passa por romper os diversos tipos de fortificações que constituem os cartéis, trustes e outros clubes de ricos que desequilibram o desenvolvimento. Não há como escapar à busca ativa de processos econômicos mais democráticos, descentralizados e participativos.

Korten busca soluções na articulação dos espaços de desenvolvimento local, onde os agentes econômicos se conhecem e podem construir sistemas colaborativos: “Resolver a crise depende da mobilização da sociedade civil para resgatar o poder que as corporações e os mercados financeiros globais usurparam. A nossa maior esperança para o futuro está com economias apropriadas e geridas localmente que se apoiem predominantemente em recursos locais para responder às necessidades de vida locais dos seus membros em formas que mantenham um equilíbrio com a terra. Um tal deslocamento nas estruturas institucionais e prioridades poderá abrir caminho para a eliminação da escassez e extrema desigualdade das experiências humanas, instituindo uma verdadeira democracia cidadã, e liberando um potencial presentemente não realizado de crescimento e criatividade individuais e coletivos" [7].

Não há soluções simples nesta área, mas o paradigma da colaboração abre sem dúvida uma visão renovada, onde a simples competição não resolve, e os mercados se tornaram cada vez menos operantes. A visão renovada envolve o resgate do planejamento, mecanismos de gestão participativa local, articulações inter-empresariais, e também mecanismos tradicionais de mercado onde ainda sejam úteis, além de

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mecanismos de concertação internacional cada vez mais necessários, apontando no conjunto para uma articulação de diversos mecanismos de regulação em vez das alternativas simplificadas em torno do estatização versus privatização [8]. A nossa intuição simplificada – aqueles argumentos não explicitados mas poderosos que temos em algum lugar profundo da nossa cabeça – nos sugere que a política não funcional, e que a economia de mercado, ao definir regras de jogo iguais para todos os agentes econômicos, ainda constitui o melhor mecanismo de regulação. A realidade é que a própria política está mudando, evoluindo para a democracia participativa, enquanto os mecanismos de mercado sobrevivem em espaços cada vez mais limitados da economia tradicional, substituídos pela força das articulações corporativas. A democracia econômica constitui um complemento necessário que pode racionalizar tanto a política como a economia.

NOTAS: [1] Hazel Henderson – Construindo um mundo onde todos ganhem (Building a Win-Win World), ed. Cultrix, São Paulo 1996. [2] id., ibid., p. 293 – É interessante ver também o texto de Daniel Cohen, em La Mondialisation et ses ennemis, sobre esta defasagem entre a economia real e as instituições: “A melhor maneira, em princípio, de encontrar uma idéia nova para resolver um problema dado é de coordenar a pesquisa dos que a desenvolvem e, uma vez realizada a descoberta, colocá-la à disposição de todos. O “bom” modelo de referência aqui não é o do mercado, mas o da pesquisa acadêmica que recompensa por diversas distinções o “bom pesquisador”, ao mesmo tempo que deixa as suas descobertas livres para todos. O sistema da propriedade intelectual conduz a fazer exatamente o contrário. As equipes que competem na mesma área, por um determinado medicamento por exemplo, não compartem os seus conhecimentos, e uma vez realizada, a descoberta será a propriedade exclusiva de quem a realizou primeiro. Temos aqui, para o mundo moderno, uma idéia que Marx

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havia enunciado, de uma contradição entre o desenvolvimento das forças produtivas, aqui da inovação, e o das relações de propriedade” – p. 228. [3] Henderson, ibid., p. 19 e 24 [4] O texto já mencionado de Frey e Stutzer desenvolve este tema: “As pessoas têm tendência a se sentirem felizes não só pelo resultado mas também pelo próprio processo...Scitovsky propõe que „a diferença entre gostar ou não gostar do trabalho que se faz pode ser mais importante do que a diferença na satisfação econômica gerada pelas disparidades na nossa renda‟. As pessoas podem também se sentir mais eatisfeitas ao agirem de maneira correta e ao serem honestas, independentemente do resultado...Assim, a utilidade é colhida do processo de tomada de decisão mais além do resultado gerado” (“Thus utility is reaped from the decision-making process itself over and above the outcome generated”.) – Happiness and Economics, op. cit., p. 153 [5] David Korten – The Post-Corporate World – Berrett-Koehler, San Francisco, 1999., p. 62 – Edição brasileira pela Editora. Vozes, Petrópolis, 2003 [6] Michael L. Gerlach – Alliance Capitalism – University of California Press, Berkeley, 1992, p. 39 – Gerlach constata que as trocas propriamente baseadas no espaço anônimo de mercado “na prática se tornaram raras e limitadas a uma faixa relativamente estreita de transações rotineiras” (p. 41); ver também os trabalhos de James E. Austin, The collaboration Challenge, publicado pela Drucker Foundation, bem como a visão institucionalista de Douglass C. North, Institutions, Institutional Change and Economic Performance, Cambridge University Press, 1990 [7] - Korten, op. cit. p. 7 [8] O argumento da articulação dos mecanismos de regulação foi desenvolvido no nosso A Reprodução Social, vol. II.

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Atividades para Autoavaliação

Atividade: TAE 001 / TRABALHO ACADÊMICO EFETIVO – ATIVIDADES INTEGRADAS DE FORMAÇAO GERAL I Unidade Nº: 07 Título: CIDADANIA E DEMOCRACIA

QUESTÃO 1 Tópico Associado: Identidades na sociedade de consumo A sociedade de consumo mantém uma correlação com o neoliberalismo, que amplia o espaço privado, restringe o espaço público e transforma os direitos sociais em serviços demarcados pelo mercado. Sobre essa dinâmica, considere as afirmativas a seguir. I. Na lógica neoliberal do mercado, a busca do sucesso, a qualquer preço, pelo

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indivíduo e a volatilidade do sistema econômico financeiro geram fatores de insegurança social. II. O planeta foi transformado em uma unidade de operações das corporações financeiras, sendo a fragmentação e a dispersão socioeconômica considerada como natural e positiva. III. Os valores sociais constituídos no seio das comunidades tradicionais são respeitados por indivíduos egocentrados, portadores dos valores essenciais do neoliberalismo. IV. A democracia encontra-se prestigiada pela capacidade dos cidadãos de vender os direitos conquistados como serviços. Assinale a alternativa correta. A) Somente as afirmativas I e II são corretas. B) Somente as afirmativas I e IV são corretas. C) Somente as afirmativas III e IV são corretas. D) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. FEEDBACK DA QUESTÃO 1 Resposta certa: Vide gabarito no final deste caderno.

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QUESTÃO 2 : Tópico Associado: Democracia e crise política. “A imprensa, que sempre esteve alinhada às grandes causas da cidadania, está convicta de que o próximo passo para a consolidação da democracia em nosso país passa pelo restabelecimento imediato da ordem pública”. (Manifesto “Basta à violência”, de 16/08/06, das associações de jornais, de editores de revistas e das emissoras de rádio e televisão.) Com base no texto, pode-se afirmar que, no Brasil, como no resto do Ocidente, “as grandes causas da cidadania” e a “consolidação da democracia”: A) Surgiram, fortuitamente, em decorrência da ação de grandes estadistas devotados à causa dos direitos do homem. B) Apareceram, simultaneamente, em decorrência do impacto provocado pela Revolução Francesa sobre praticamente todos os países. C) Caminharam juntas e, em geral, na seguinte ordem: primeiro, a igualdade jurídica, depois, os direitos políticos; e, por último, os direitos sociais. D) Derivam, respectivamente, do absolutismo, que transformou os súditos em cidadãos, e do liberalismo, que garantiu os direitos políticos. FEEDBACK DA QUESTÃO 2 Resposta certa: Vide gabarito no final deste caderno.

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QUESTÃO 3 Tópico Associado: Identidade na sociedade de consumo.

Começar o dia com vergonha alheia é uma droga… Matéria no “Bom Dia Brasil”, da TV Globo, na manhã desta quinta, mostrou a fila formada na porta da loja da Apple, em Nova Iorque, de consumidores ansiosos para pôr as mãos em um iPhone 5. Gente que chegou uma semana antes do lançamento. E, o pior, diz isso com orgulho. [...] Para alguns, o iPhone é um instrumento de trabalho – muitas vezes desnecessário, é claro. Para outros, é um

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elemento que ajuda a dar sentido às coisas, contribui na formação da imagem que temos de nós mesmos e fornece um símbolo para que a comunidade o reconheça. Lembram-me daquelas cabeças ocas de ampola usuários de iPhone que jorraram preconceito nas redes sociais quando o Instagram tornou-se acessível também aos usuários do Android? Reclamavam que a rede social de fotos iria virar coisa do populacho, uma vez que elas seriam as que possuem telefones com esse sistema operacional, normalmente mais acessíveis. São a versão moderna do sujeito que reclama que a calça de grife dele agora está em desconto, o que vai fazer com que mais pessoas a tenham, perdendo – portanto – a exclusividade – razão que o levou a adquirir tal peça. Não é a qualidade do produto que está em jogo, mas o que ele significa socialmente. O preço estipulado tem pouca relação ou nenhuma com custos de produção, mas serve para segregar. (SAKAMOTO, Leonardo. Blog do Sakamoto. Direitos Humanos, Trabalho Decente, Meio Ambiente. Disponível

em:http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2012/09/20/estou-comvergonha-alheia-da-fila-na-porta-da-apple/ Acesso em: 21 set 2012.)

Qual das opções abaixo está em desacordo com o autor desse texto?

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A) As indústrias de consumo vendem estilos de vida, muitas das vezes impondonos o que deveríamos ser. B) Nas sociedades de consumo, a busca pela felicidade passa cada vez mais pelo ato de comprar. C) Nas sociedades de consumo os produtos possuem obsolescência programada, influenciando-nos a comprar sempre mais. D) Nas sociedades de consumo, a expansão do crédito tem como principal consequência gerar mais riqueza, trabalho e felicidade para a classe trabalhadora. FEEDBACK DA QUESTÃO 3 Resposta certa: Vide gabarito no final deste caderno.

QUESTÃO 4 Tópico Associado: Identidade na sociedade de consumo Leia o poema de Carlos Drumond de Andrade, “Eu Etiqueta”:

Em minha calça está grudado um nome que não é meu de batismo ou de cartório.

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Um nome... estranho. Meu blusão traz lembrete de bebida que jamais pus na boca, nessa vida. Em minha camiseta, a marca de cigarro que não fumo, até hoje não fumei. Minhas meias falam de produtos que nunca experimentei Mas são comunicados a meus pés. Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro, Minha gravata e cinto e escova e pente, Meu copo, minha xícara, minha toalha de banho e sabonete, meu isso, meu aquilo, Desde a cabeça ao bico dos sapatos, são mensagens, letras falantes, gritos visuais, ordens de uso, abuso, reincidências. Costume, hábito, permência, indispensabilidade, E fazem de mim homem-anúncio itinerante, escravo da matéria anunciada. Estou, estou na moda. É duro andar na moda, ainda que a moda seja negar minha Identidade, ... Agora sou anúncio, ora vulgar, ora bizarro. Em língua nacional ou em qualquer língua (Qualquer principalmente.)

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E nisto me comparo, tiro glória de minha anulação. Não sou - vê lá - anúncio contratado. Eu é que mimosamente pago para anunciar, para vender em bares festas praias pérgulas, piscinas. E bem à vista exibo esta etiqueta global no corpo que desiste de ser veste e sandália de uma essência tão viva, independente, que moda ou suborno algum a compromete. Onde terei jogado fora meu gosto e capacidade de escolher, minhas idiossincrasias tão pessoais, tão minhas que no rosto se espelhavam E cada gesto, cada olhar, cada vinco da roupa. Sou gravado de forma universal, saio da estamparia, não de casa, da vitrine me tiram, recolocam, objeto pulsante mas objeto que se oferece como signo dos outros objetos estáticos, tarifados. Por me ostentar assim, tão orgulhoso de ser não eu, mas artigo industrial, Peço que meu nome retifiquem. Já não me convém o título de homem. Meu nome novo é Coisa. Eu sou a Coisa, coisamente.

(ANDRADE, Carlos Drumond de. Eu, etiqueta.)

Assinale a alternativa que representa a ideia central do texto de Drumond:

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A) Na sociedade de consumo, as necessidades são artificialmente estimuladas, sobretudo pelos meios de comunicação de massa, levando as pessoas em busca de sua identidade social, levando ao risco do consumo alienado e comprometendo o verdadeiro significado do exercício da cidadania. B) A globalização ajuda aos indivíduos a realizarem escolhas conscientes de consumo em busca de sua identidade. C) Numa sociedade de consumo, o individuo consumidor tem maior possibilidade de se incluir socialmente, favorecendo o exercício da cidadania. D) A liberdade é o que de fato distingue o ser humano dos outros seres no mundo; e o consumo, por defender a liberdade de escolha, vem afirmando esse aspecto da condição humana e a verdadeira expressão da democracia. FEEDBACK DA QUESTÃO 4 Resposta certa: Vide gabarito no final deste caderno.

QUESTÃO 5 Tópico Associado: Democracia e crise política A noção de cidadania gerada pela visão liberal, a partir do século XVIII, foi uma resposta do Estado às reivindicações da sociedade, e levou à institucionalização

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dos direitos civis, direitos políticos e direitos sociais. Mais contemporaneamente, a noção de cidadania redefine a ideia de direitos. O ponto de partida é a concepção de um direito a ter direitos e inclui a criação de novos direitos que emergem de lutas específicas.

Assinale a opção que contempla um dos direitos sociais: A) Liberdade de expressão. B) Liberdade de ir e vir. C) Direito à propriedade. D) Direito à educação. FEEDBACK DA QUESTÃO 5 Resposta certa: Vide gabarito no final deste caderno.

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Questão discursiva Tópico Associado: Autoridade e democratização das relações Carrego Comigo Carlos Drummond de Andrade Carrego comigo há dezenas de anos há centenas de anos o pequeno embrulho.

Quero responder. A rua infinita vai além do mar. Quero caminhar.

Serão duas cartas? será uma flor? será um retrato? um lenço talvez?

Mas o embrulho pesa. Vem a tentação de jogá-lo ao fundo da primeira vala.

Já não me recordo onde o encontrei. Se foi um presente ou se foi furtado.

Ou talvez queimá-lo: cinzas se dispersam e não fica sombra sequer, nem remorso.

Se os anjos desceram trazendo-o nas mãos, se boiava no rio, se pairava no ar.

Ai, fardo sutil que antes me carregas do que és carregado, para onde me levas?

Não ouso entreabri-lo. Que coisa contém,

Por que não me dizes a palavra dura

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ou se algo contém, nunca saberei.

oculta em teu seio, carga intolerável?

Como poderia tratar esse gesto? O embrulho é tão frio e também tão quente.

Seguir-te submisso por tanto caminho sem saber de ti senão que te sigo.

Ele arde nas mãos, é doce ao meu tato. Pronto me fascina e me deixa triste.

Se agora te abrisses e te revelasses mesmo em forma de erro, que alívio seria!

Guardar um segredo em si e consigo, não querer sabê-lo ou querer demais.

Mas ficas fechado. Carrego-te à noite se vou para o baile. De manhã te levo

Guardar um segredo de seus próprios olhos, por baixo do sono, atrás da lembrança.

para a escura fábrica de negro subúrbio. És, de fato, amigo secreto e evidente.

A boca experiente saúda os amigos. Mão aperta mão, peito se dilata.

Perder-te seria perder-me a mim próprio. Sou um homem livre mas levo uma coisa.

Vem do mar o apelo,

Não sei o que seja.

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vêm das coisas gritos. O mundo te chama: Carlos! Não respondes?

Eu não a escolhi. Jamais a fitei. Mas levo uma coisa. Não estou vazio, não estou sozinho, pois anda comigo algo indescritível.

Agora reflita e elabore um texto respondendo: - O que significa o embrulho para você? - Que adjetivos são dados ao embrulho pelo autor? - Você acha que as suas relações com a sociedade que o cerca o ajuda a formar a sua identidade e a sua cidadania? Ou você já nasce pronto?

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GABARITO

FEEDBACK DA QUESTÃO 1: Resposta certa: Letra A FEEDBACK DA QUESTÃO 2 : Resposta certa: Letra C FEEDBACK DA QUESTÃO 3: Resposta certa: Letra D FEEDBACK DA QUESTÃO 4: Resposta certa: Letra A FEEDBACK DA QUESTÃO 5: Resposta certa: Letra D

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FEEDBACK DA QUESTÃO DISCURSIVA: COMENTÁRIO: Em relação ao embrulho, nós, seres humanos, somos únicos. Não há uma só pessoa igual a outra. Carregamos dentro de nós um misto de emoções, um infinito particular. Nosso eu é construído também nas relações exteriores: com os amigos, trabalho e família; moldando nossa personalidade, com o dia a dia , com a vida hodierna. Nossa personalidade, nosso eu é moldado dos sabores e dissabores que a vida nos traz. Enquanto isso, vamos pintando nosso autorretrato com as cores que gostamos e com outras nuances que se agregam. O aprendizado é contínuo e o que nos faz cidadãos e nos representa é o que trazemos dentro de nós. Como eu me leio e como me leem: o que carrego comigo. Esse "embrulho", herança de muitos, é um traço individual.

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Acessem os blogs: Núcleo Inovador UNIGRANRIO

http://inova.unigranrio.com.br/index.html

Núcleo Formação Geral

http://blogs.unigranrio.com.br/formacaogeral/

“Educar é impregnar de sentido o que fazemos a cada instante!” Paulo Freire

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