Centro Áster - Centro de Apoio e Integração à Pessoas em Situação de Rua

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CENTRO ÁSTER CENTRO DE APOIO E INTEGRAÇÃO À PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA

Luísa Silva Maia 2019/2

Foto: Gibran Mendes



Ao meu avô, por me dar forças para continuar. À Susy, em memória à luta pelo respeito. Aos amigos que fiz nas ruas durante essa jornada, por me mostrarem que ter não é sinônimo de ser.


Luísa Silva Maia Centro Áster - Centro de Apoio e Integração à Pessoas em Situação de Rua Trabalho de Conclusão de Curso - Pontifícia Universidade Católica de Goiás Escola de Artes e Arquitetura, Curso de Arquitetura e Urbanismo Orientação: Profª Ms. Maria Ester de Souza


CENTRO ÁSTER CENTRO DE APOIO E INTEGRAÇÃO À PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA

Goiânia 2019


SUMÁRIO


1.

Introdução,

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2. Temática,

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3. Tema,

16

4. Lugar,

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5. Estudos de Caso,

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6. O terreno,

42

7. O projeto,

46

8. Fontes Consultadas,

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Foto: Orlando Junior e Danillo Ferreira (2016)


INTRODUÇÃO


Foto: Rosângela Linhares Correia (2017)

No Brasil infelizmente encontramos diversos problemas de cunho social. Um deles é a ocorrência de pessoas em situação de rua, um fator agravante e típico de metrópoles e grandes cidades. Essa população se encontra em um ciclo vicioso, o qual a leva às ruas constantemente podendo passar meses e até mesmo anos vivendo em situações de risco como a violência, o uso de drogas e até mesmo sofrendo assassinatos. Essas circunstâncias são dadas devido a diversos fatores, sejam eles a vulnerabilidade financeira, problemas de autoestima, vínculos familiares fragilizados ou a própria dependência química. Hoje é possível perceber um profundo descaso tanto da sociedade quanto do poder público para com essas pessoas, considerando que os investimentos e ações tomados para solucionar esse problema são quase imperceptíveis, além do fato que os serviços de atendimento a eles existentes não atendem às reais necessidades dessa população. O aumento do número de pessoas em situação de rua se dá, dentre outros fatores, pelo fato da sociedade, cada vez mais, fechar os olhos para esses seres humanos que sofrem e se alimentam de insegurança por não conseguirem exercer seus direitos como cidadãos com dignidade. Assim, acabam se tornando apenas seres invisíveis nas grandes cidades. O projeto do Centro de Apoio e Integração à pessoas em situação de rua tem como objetivo atrair essa população de forma confortável e natural, oferecendo a ela abrigo temporário, atendimento médico, psicológico e profissionalizante para que o ciclo vicioso seja quebrado e essa possa se tornar visível novamente.

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TEMÁTICA

ASSISTÊNCIA SOCIAL


Foto: Philippe Wartel (2013)

O QUE É ASSISTÊNCIA SOCIAL? Assistência social é um termo usado para definir ações que visam inserir o indivíduo na sociedade caso este esteja sendo privado de alguma forma de socialização com a comunidade. O objetivo dessa ciência é melhorar a qualidade de vida de grupos vulneráveis e garantir-lhes uma situação de independência e bem-estar. A política do bem-estar social vem se desenvolvendo desde o avanço do capitalismo industrial e do crescimento da população a partir do final so século XIX, e através do Estado surgiu o Serviço Social que tinha como objetivo auxiliar a massa operária. No Brasil, a primeira iniciativa do Governo Federal nesse contexto foi o decreto nº 525, no qual Getúlio Vargas criou o Conselho Nacional de Serviço Social (CNSS). Este tinha como objetivo elaborar inquéritos sociais e examinar as adaptações das entidades sociais. Logo depois, em 1942, foi criada a Legião Brasileira de Assistência (LBA) que auxiliava as famílias dos soldados enviados à Segunda Guerra Mundial¹.

11 ¹ Consultado em Acervo Arquivístico da Universidade Federal de Santa Maria, disponível em http://fonte.ufsm.br/index.php/legiao-brasileira-de-assistencia-lba


Foto: Dan Bonaventura (2016)

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Em 1988 foi promulgada a sétima Constituição Federal² que implementou a Seguridade Social através da Assistência Social, definindo-a como política pública prestando auxílio à todos que dela necessitarem, assim como estabelecido no artigo 203 da Constituição: Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; II - o amparo às crianças e adolescentes carentes; III - a promoção da integração ao mercado de trabalho; IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei(BRASIL, 1988).

O artigo 204, por sua vez, estabelece diretrizes a serem seguidas na política de Assistência Social: Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recursos do orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, além de outras fontes, e organizadas com base nas seguintes diretrizes: I - descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência social; II - participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis. Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a programa de apoio à inclusão e promoção social até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida, [...] (BRASIL, 1988).

O ano de 1988 foi de extrema importãncia para o contexto da assistência social, uma vez que essa passa a ser dever do Estado e é então definida como política pública, tornando-se direito do cidadão. Esse direito é concedido à população por

meio da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) - Lei nº 8.742, de 7 de Dezembro de 1993), que regulamenta as ordens estabelecidas nos artigos 203 e 204 da Constituição Federal de 1988. Na LOAS: Art. 1º, A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas. [...] Parágrafo único. A assistência social realiza-se de forma integrada às políticas setoriais, visando ao enfrentamento da pobreza, à garantia dos mínimos sociais, ao provimento de condições para atender contingências sociais e à universalização dos direitos sociais. Art. 3º. Consideram-se entidades e organizações de assistência social aquelas que prestam, sem fins lucrativos, atendimento e assessoramento aos beneficiários abrangidos por esta lei, bem como as que atuam na defesa e garantia de seus direitos. (LOAS, 1993)

Assim, a LOAS estabelece normas e critérios para a organização da assistência social e cuida da administração e gestão pública no âmbito federal, estadual e municipal. Em 1997 a Norma Operacional Básica (NOB) é editada e dispõe para todo o território nacional as diretrizes de descentralização da administração e efetivação dos serviços característicos da Política de Assistência Social, estruturando então o Sistema Único de Assistência Social (SUAS).

ESTRUTURAÇÃO DO SUAS: Em 2004 é criado o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Esse é um órgão do governo federal que é encarregado pelas políticas nacionais de desenvolvimento social, de assistência social e de renda de cidadania no país. O MDS possui cinco secretarias, sendo uma delas a Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS) que tem como um dos deveres possibilitar o andamento do Sistema Único da Assistência Social (SUAS).

² As seis primeiras Constituições são dos anos de 1824, 1891, 1934, 1937 – a “Polaca”, 1946 e 1967, disponível em https://www.politize.com. br/trilhas/constituicoes-do-brasil/

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Fonte: Edu Leporo Fotografia (2012)

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O SUAS foi implementado em 2005 em todo o país e é definido como um modelo de gestão utilizado no Brasil estabelecido pela Política Nacional de Assistência Social (PNAS/2004). Tem como objetivo prestar atendimento à pessoas em situação de risco por meio de programas sociais instituindo políticas públicas estabelecidas pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). O SUAS é organizado por meio da divisão da proteção social em duas categorias. São elas: Proteção Social Básica (PSB): é destinada à população que se encontra em situação de vulnerabilidade social devido à pobreza, privação e/ou vínculos afetivos fragilizados. Ela previne essas situações por meio de programas, projetos, serviços e benefícios buscando o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Esses serviços são executados nos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) que são unidades públicas que funcionam por meio de ações comunitárias, palestras, campanhas e eventos atuando com a comunidade na luta contra seus problemas e na construção de soluções. Os CRAS oferecem dois tipos de serviços:

Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (Paif) - tem como objetivo precatar a interrupção de vínculos familiares e reforçar a proteção às famílias para melhorar a qualidade de vida desses cidadãos. Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) - são oferecidas atividades esportivas, culturais e de lazer em grupos. É destinado à crianças, jovens, adultos, idosos e pessoas com deficiência que estão em situação de vulnerabilidade.

Proteção Social Especial (PSE): é destinada à pessoas que tiveram seus direitos anulados devido à violência, abandono, trabalho infantil, drogas e rompimento de vínculos familiares ou sociais. Esse tipo de proteção coordena serviços e programas de natureza especializada e tem como objetivo cooperar para a reconstrução de vínculos familiares e proteção dos indivíduos em vulnerabilidade, se enquadrando no objeto deste trabalho. Os projetos oferecidos pela Proteção

1988 Constituição Federal

1993 Lei Orgânia da Assistência Social

1997 Norma Operacional Básica

Social Especial são divididos em média e alta complexidade, e os equipamentos que prestam esses serviços são o Centro de Referência Especial da Assistência Social (CREAS) e o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop). Média Complexidade -responsável por coordenar serviços que necessitam de estruturação técnicooperativa. É destinada a indivíduos que já se encontram em situação de risco e assim recebem orientação individual e especializada. Alta Complexidade - responsável por disponibilizar serviços com objetivo de proporcionar segurança aos cidadãos que estão distantes dos vínculos familiares e aos que se encontram em situação de risco. É oferecido acompanhamento, proteção integral, alimentação, moradia e todos os direitos mínimos do ser humano. O projeto a ser desenvolvido se enquadra nessa categoria.

SERVIÇOS ESPECIALIZADOS À PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA EM GOIÂNIA: Ainda no contexto da assistência social, é necessário entender os serviços prestados à população no âmbito municipal. A Secretaria Municipal de Assistência Social (SEMAS) foi instituida em 2007 pela lei nº 8537 e tem como objetivo promover os direitos de cidadania e independência dos indivíduos. A SEMAS, além de disponibilizar serviços, benefícios e programas às pessoas, oferece serviços especializados à pessoas em situação de rua em Goiânia. Essa situa-se na Rua 25-A, Setor Aeroporto. Em se tratando da cidade de Goiânia, os serviços de atendimento a esses usuários são a Casa de Acolhida Cidadã I localizada na Avenida Minas Gerais no Setor Campinas, a Casa de Acolhida Cidadã II localizada na Rua 220 no Setor Leste Universitário e o Centro Pop na Rua 10 no Setor Sul.

2004

2005

2007

Ministério do Desenvolvimento Social

Sistema Único de Assistência Social

Secretaria Municipal de Assistência Social

PSB

MÉDIA COMPLEX.

PSE

ALTA COMPLEX.

Política Nacional da Assistência Social

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TEMA

CENTRO DE APOIO E INTEGRAÇÃO À PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA


Foto: Scott Feierstein (2012)

O QUE É O CENTRO DE APOIO E INTEGRAÇÃO?

É um espaço construido para atender “pessoas que tiveram seus direitos anulados devido à violência, abandono, trabalho infantil, drogas e rompimento de vínculos familiares ou sociais”. 3 O Centro de Apoio e Integração à pessoas em situação de rua se enquadra na categoria de Proteção Social Especial (PSE) de Alta Complexidade e é proposto para ser instalado no centro da capital Goiânia. Assim, com base na necessidade de se fazer cumprir as condições básicas e qualidade de vida à essa parte carente da população, além de atender aos dispositivos da Constituição Federal (LOAS, SUAS), o Centro Áster permitirá o entendimento de que a arquitetura é um instrumento de inclusão social, promovendo visibilidade à esses indivíduos.

17 3

Disponível em http://mds.gov.br/acesso-a-informacao/mds-pra-voce/carta-de-servicos/ gestor/assistencia-social/protecao-social-especial


Fonte: Matheus Pereira (2018)

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É muito comum nos depararmos com pessoas em situações de vulnerabilidade e precariedade nas ruas sendo tratados com descaso em condição de invisibilidade. Apesar disso, todo cidadão tem direito à alimentação, saúde, educação e moradia assegurado pelo Estado. De acordo com o último levantamento realizado em 2016 pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), o Brasil apresentou 101.854 pessoas em situação de rua. Os dados foram colhidos de 1.924 municípios brasileiros por meio do censo do SUAS (Sistema Único de Assistência Social). Porém, para que se entenda a real importância do Centro de Apoio e Integração, é preciso entender as reais necessidades das pessoas em situação de rua e como esses sujeitos são tratados com invisibilidade na sociedade individualista em que vivemos. São noticiados diversos casos de violência, fome e até mesmo óbito de pessoas devido ao frio nas ruas de cidades por todo o mundo. São Paulo é uma da cidades brasileiras que mais apresenta casos desse tipo, porém estes são recorrentes em diversas metrópoles do país. Mesmo com a ocorrência de episódios como os citados, é possível perceber um descaso dos órgãos públicos e da própria população em relação às pessoas em situação de rua, considerandoos muitas vezes infratores. Esse tipo de atitude provoca o surgimento da chamada arquitetura defensiva. O termo “arquitetura defensiva”, em termos mais técnicos, caracteriza soluções urbanas e arquitetônicas que bloqueiam o convívio da sociedade com pessoas “indesejáveis”, como skatistas, malabaris, pessoas em situação de rua, músicos, etc. e também o convívio dessas com a cidade. Mesmo sendo intitulado “arquitetura defensiva”, o ato é, na verdade, uma expressão de hostilidade que afasta e exclui pessoas que sofrem com a indiferença do poder público e sociedade em geral. Essa prática é caracterizada principalmente por elementos encontrados nas cidades como pinos de ferro nos pisos, assentos com divisores metálicos, gradis divisores em praças e outros que representam a crueldade para com as pessoas em situação de rua. Em matéria para o jornal britânico The Guardian em 2014, o repórter Ben Quinn listou práticas da arquitetura hostil e relata a explicação de Iain

Borden, histórico da arquitetura, de que essa prática emergiu dos designs urbanos e gestões do espaço público dos anos 90 na Europa. Esse termo sugere, portanto, que os espaços públicos estariam passando por um processo chamado “mallification”, que significa a transformação do espaço em shopping center, ou seja, ocorre uma exclusão de pessoas “indesejáveis” em locais públicos.4 O fato de parte da população lidar com as pessoas em situação de rua como seres “indesejáveis” e muitas vezes “invisíveis” proporciona um risco ainda maior para as vidas desses sujeitos, acarretando em problemas de saúde, problemas mentais e até mesmo óbito.

PERFIL DO USUÁRIO A população em situação de rua é, de acordo com Ana Paula Motta Costa (2005): Grupo populacional heterogêneo, composto por pessoas com diferentes realidades, mas que têm em comum a condição de pobreza absoluta e a falta de pertencimento à sociedade formal. São homens, mulheres, jovens, famílias inteiras, grupos, que têm em sua trajetória a referência de ter realizado alguma atividade laboral, que foi importante na constituição de suas identidades sociais. Com o tempo, algum infortúnio atingiu suas vidas, seja a perda do emprego, seja o rompimento de algum laço afetivo, fazendo com que aos poucos fossem perdendo a perspectiva de projeto de vida, passando a utilizar o espaço da rua como sobrevivência e moradia. (Costa, 2005)

Isso é característico do processo de exclusão social que é dado, dentre outras coisas, pelo capitalismo, o avanço tecnológico e a globalização que atingiu as sociedades contemporâneas. As pessoas em situação de rua são um exemplo claro da desigualdade social, sujeitos que perdem sua identidade, têm seus direitos violentados e sofrem constantemente com violências físicas e psicológicas, sendo ainda tratadas como empecilhos na paisagem de grandes cidades. A exclusão social que ocorre com as pessoas em situação de rua atinge-os de forma direta, acarretando em diversos problemas em suas vidas, principamente de saúde mental, o que os

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Anti-homeless spikes are part of a wider phenomenon of ‘hostile architecture’, disponível em https://www.theguardian.com/ artanddesign/2014/jun/13/anti-homeless-spikes-hostile-architecture

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leva ao uso de drogas e o alcoolismo e muitas vezes a cometer crimes para manterem seus vícios. Categorizando-os, é possível perceber que nem toda pessoa em situação de rua é desprovido de um lar. Muitas vezes o possuem, mas usufruem da vida nas ruas para conseguirem doações, alimentos ou dinheiro. Assim, comprova-se a identificação de três situações em relação à permanência na rua por Vieira, Bezerra e Rosa (1994, p. 93-95):  As pessoas que ficam na rua –configuram uma situação circunstancial que reflete a precariedade da vida, pelo desemprego ou por estarem chegando na cidade em busca de emprego, de tratamento de saúde ou de parentes. Nesses casos, em razão do medo da violência e da própria condição vulnerável em que se encontram, costumam passar a noite em rodoviárias, albergues, ou locais públicos de movimento.  As pessoas que estão na rua –são aquelas que já não consideram a rua tão ameaçadora e, em razão disso, passam a estabelecer relações com as pessoas que vivem na ou da rua, assumindo como estratégia de sobrevivência a realização de pequenas tarefas com algum rendimento. É o caso dos guardadores de carro, descarregadores de carga, catadores de papéis ou latinhas.  As pessoas que são da rua –são aqueles que já estão faz um bom tempo na rua e, em função disso, foram sofrendo um processo de debilitação física e mental, especialmente pelo uso do álcool e das drogas, pela alimentação deficitária, pela exposição e pela vulnerabilidade à violência. Vieira, Bezerra e Rosa (1994, p. 93-95)

São inúmeros os problemas os quais essas pessoas vivenciam diariamente, sendo um dos maiores a falta de saúde. Muitos sofrem de desnutrição devido à precariedade da alimentação, ou sofrem de doenças graves sem acesso à um atendimento de saúde básico. Mulheres grávidas, muitas vezes ainda adolescentes, não tem acompanhamento médico e têm seus filhos em locais anti-higiênicos; pessoas com problemas de drogas e/ou alcoolismo correndo risco de sofrerem acidentes ou irem a óbito; pessoas com deficiências físicas que sofrem com dificuldade de acessibilidade; entre outros. Além de problemas psicológicos e de saúde, essa parte da população ainda é vítima de preconceito, violência, discriminação e descaso. Há diversos casos noticiados pela mídia de pessoas

em situação de rua que foram queimadas, agredidas fisicamente e até assassinadas , sem contar com as agressões verbais que sofrem diariamente.

PERFIL DO USUÁRIO EM GOIÂNIA Assim, identificados os perfis dos usuários e as situações em que se encontram, é preciso compreender a abrangência do problema social em questão na cidade onde iremos desenvolver o projeto. Há diversos motivos pelos quais esses indivíduos se encontram nas ruas. Em entrevista para a PUC TV Goiás, a ex-diretora de Proteção Social Especial da SEMAS de Goiânia afirma que a maior parte dessa população não é de Goiânia e que muitas vezes migram para a capital em busca de emprego e não conseguem, levando-as à condição de moradores de rua. Outras situações encontradas são: pessoas que possuem emprego, porém sofrem de insuficiência salarial; catadores de resíduos ou andarilhos; desempregados que possuem sua própria casa e prestam serviços nas ruas como flanelinhas, engraxates, músicos e até mesmo circences. Além disso, é importante ressaltar que alguns desses indivíduos possuem formação de nível superior e apresentam lucidez, porém se perderam em vícios ou tiveram seus vínculos familiares rompidos. De acordo com a pesquisa realizada em 2016 pelo NECRIVI em conjunto com a UFG com base no censo do SUAS, Goiânia apresentava 351 pessoas em situação de rua.5

Thiago, 29. Leide Daiane, 35.

Reginaldo (47) e Catrina.

Michele.

Moisés, 47.

José Gomes e esposa.

Fonte: GO INVISÍVEL - A Cidade que Ninguém Vê

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5 Disponível em http://www4.goiania.go.gov.br/portal/pagina/?pagina=noticias&s=1&tt=not&cd=9411&fntrue


CENSO DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA EM GOIÂNIA

Com isso, é notável que essas pessoas necessitam de apoio. Para isso, em Goiânia é oferecido atendimento à elas por meio de População em situação de rua por categoria de: equipamentos como o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), IDADE 6,3% a Casa de Acolhida Cidadã I (CAC I), a Casa de ADULTOS Acolhida Cidadã II (CAC II) e o Centro de Referência 6,0% IDOSOS 2,8% Especializado para População em Situação de CRIANÇAS Rua (Centro Pop). Porém, muitas dessas pessoas ADOLESCENTES preferem permanecer nas ruas e contam com a 84,9% ajuda e boa vontade da população ou de grupos de apoio que muitas vezes promovem ações RAÇA MULATO/PARDO nas ruas nas quais doam alimentos, vestuários e 23,6% itens de higiene . Há outro grupo de pessoas em PRETO situação de rua que não se sente a vontade de 24,2% BRANCO frequentar um centro de acolhimento devido à NSD/NR 46,4% falta de liberdade: de entrarem e saírem quando 0,3% ASIÁTICO/AMARELO quiserem, do uso de substâncias lícitas ou ilícitas, 5,4% de levarem seus cães companheiros, etc. Além disso, é possível identificar uma certa ESCOLARIDADE PRIMÁRIO INCOMPLETO autoridade da coordenação desses centros para 19,8% PRIMÁRIO COMPLETO com os usuários, estabelecendo regras que na 38,0% ENSINO MÉDIO INCOMPLETO maioria dos casos não os agrada, sem contar 14,1% com a precariedade de infraestrutura e serviços ENSINO MÉDIO COMPLETO 4,2% oferecidos. 13,0% ANALFABETO 8,9% Sabendo que as pessoas em situação de rua se 1,6% SABE LER E ESCREVER encontram em sua grande maioria em cidades 0,5% ENS. SUPERIOR INCOMPLETO grandes onde há bastante comércio, fluxo de pessoas e grandes oportunidades, o Centro Áster ENS. SUPERIOR COMPLETO foi pensado a ser implantado na cidade de Goiânia, Gráficos: Luísa Maia Fonte: NECRIVI - UFG (2016) em Goiás. Apesar da existência desses dados, o coordenador do Movimento Nacional da População em Situação de Rua (MNPR), Eduardo de Matos, afirma que Goiânia apresenta mais de 2.000 pessoas em situação de rua6 e a Secretaria Municipal de Assistência Social anunciou, em Fevereiro de 2019, um novo número: 450 indivíduos vulneráveis na capital do estado de Goiás. Ainda assim, a pesquisa em relação às àreas mais ocupadas7 se configura da seguinte forma: Região Central: 46,4% Região Sul: 15,8% Região Oeste: 11,5% Região Leste: 10% Região Norte: 8,1% Região Sudeste: 3,3% NSD: 2,9% Região Noroeste: 1,9% 6

VISITAS TÉCNICAS Como já citado, Goiânia possui 3 equipamentos que atendem pessoas em situação de rua, são eles: CAC I localizada na Avenida Minas Gerais no Setor Campinas, CAC II localizada na Rua 220 no Setor Leste Universitário e o Centro Pop na Rua 10 no Setor Sul. Em visita à Secretaria Municipal de Assistência Social (SEMAS) no dia 25 de Março de 2019, a diretora de Proteção Social Especial Margareth Maia Sarmento explicou a delicadeza da situação em que uma parte da população se encontra, apresentando alguns pontos a serem melhorados nos centros de apoio, como a acessibilidade, a infraestrutura e a qualidade dos materiais e atividades disponíveis para atendê-los.

Disponível em http://www.dpe.go.gov.br/depego/index.php?option=com_content&view=article&id=912:moradores-de-rua-debatempoliticas-publicas-em-goiania&catid=8&Itemid=180 7 Disponível em https://secom.ufg.br/p/14336-eram-mais-de-410-nas-ruas-mas-61-foram-mortos

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Fonte: Fares Hamouche

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Devido à vulnerabilidade dos sujeitos, não foi permitido o registro de imagens durante o levantamento, porém a diretora disponibilizou a informação de que há planos de reforma para a edificação e durante a visita à esta foi possível identificar o motivo da urgência da reforma. Em visita à Casa de Acolhida Cidadã I, a gerente do estabelecimento, Sra. Rosário, explicou sobre o funcionamento da casa e apresentou o espaço. A CAC I é uma casa de passagem, ou seja, oferece abrigo temporário, acolhendo até 6 pessoas por dia e por um período de 30 dias à 3 meses no máximo. Após o período de 3 meses, é feito um estudo do caso da pessoa em questão, no qual o indivíduo pode optar pela emissão de documentos e encaminhamento ao Sine Municipal de Goiânia (local de encaminhamento à empregos) ou pelo retorno às ruas. Em casos mais graves como a dependência química ou estado de saúde crítico, os indivíduos são encaminhados à outros estabelecimentos especializados em cada caso. A Casa de Acolhida I conta, constantemente, com o apoio do CREDEQ (Centro Estadual de Referência e Excelência em Dependência Química) e da Associação Beneficente Metamorfose. O espaço funciona 24 horas por dia com trocas de plantões da coordenação, porém os usuários têm horários fixos para a entrada e saída: é permitido o cadastramento ou descadastramento das 5 às 21 horas e a partir disso, não é possível sair das 21 horas às 13 horas; os usuários tem permissão para saírem do edifício das 13 horas ás 14 horas para um passeio pelas ruas, porém o retorno deve ocorrer até as 19 horas. Hoje, a CAC I tem capacidade para acolher 97 solteiros no piso térreo e 14 outros usuários no 1º pavimento. É importante ressaltar que devido à denúncias ao Ministério Público do Estado de Goiás acerca do ambiente hostil em que as crianças se encontravam no casa de passagem, as famílias que eram atendidas ali foram encaminhadas a um novo local inaugurado dia 17 de Janeiro de 2019: a Casa de Acolhida Cidadã II, portanto a Casa de Acolhida Cidadã I não acolhe mais famílias Fonte: Matheus Pereira (2018) em situação de rua, apenas solteiros, sejam eles adolescentes, adultos ou idosos. O espaço oferece apoio de assistência social, abrigo temporário, apoio psicológico, atendimento médico (apenas no período noturno) e auxílio à

emissão de documentos (etapa na qual pode haver requerimento de auxílio de programas sociais como o Benefício de Prestação Continuada e o Bolsa Família e o encaminhamento para o Sine Municipal). Como forma de entretenimento, são realizadas pequenas festas em datas especiais em um estacionamento ao lado da Casa de Acolhida Cidadã I. Sobre trabalho voluntário, foi informado que a SEMAS proibiu que esse fosse feito no local devido à casos de formação de vínculos com os usuários por parte dos voluntários.

CAC I - Acervo pessoal l Luísa Maia

A visita à Casa de Acolhida Cidadã II foi acompanhada pela gerente da CAC I, Rosário, e por uma assistente social, Maria Luzia. Em entrevista feita à Rosário, foi explicado que a CAC II recebe apenas famílias em situação de rua e que o funcionamento da CAC II é bastante parecido com o da CAC I: os horários de entrada e saída e o processo de cadastramento são os mesmos. Muitas vezes as pessoas chegam ao local em busca de ajuda e acolhimento, mas estão desprovidas de documentos de identificação, portanto a equipe os encaminha para unidades de apoio onde possam emitir essa documentação dependendo do caso. O processo de cadastramento se dá por uma entrevista ao indivíduo pelo serviço social na qual é explicado o funcionamento do local, assim como o prazo de permanência nesse: de 15 a 20 dias. Nesse período de tempo, a equipe da CAC II auxilia a família a emitir documentos, entrar em

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Foto: Alberto Iezze (2010)

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contato com a família, reinserí-los na sociedade por meio de cursos e oficinas e arrumar emprego (feito a partir do encaminhamento ao Sine Municipal). A Casa de Acolhida Cidadã II apresenta hoje 41 pessoas acolhidas, cerca de 12 famílias, sendo elas compostas apenas por casais, ou casais com filhos e até mesmo mães solteiras com filhos. O espaço possui 3 pavimentos, sendo: o subsolo composto por uma brinquedoteca, uma sala de cursos e oficinas e um depósito; o primeiro pavimento composto pela coordenação, a rouparia (onde armazenam roupas doadas), a sala de tv, a biblioteca, o refeitório, a cozinha com despensa e uma área externa com horta comunitária; o segundo pavimento é composto pelos alojamentos, sendo eles 13 suítes e 1 quarto coletivo. Hoje, a Casa de Acolhida Cidadã II não tem condições de acolher mais famílias, não apenas pela falta de espaço mas também pela falta de funcionários. Durante a visita, foi mencionado que o espaço se encontra mal cuidado e que muitas vezes a limpeza é feita pelos próprios usuários devido à falta de funcionários. Além disso, alguns serviços como o curso de costura e a leitura não estão sendo realizados.

Além disso, oferece 3 refeições diárias e estrutura para que seja feita a higiene pessoal dos usuários. O serviço é realizado de segundas às sextas-feiras das 8 às 17:30 horas.

Centro Pop - Google Earth

Com a pesquisa, foi possível perceber que a estrutura da CAC II tem mais qualidade que a CAC I, tanto em serviços como em questão de ambiente. Porém, não é desprovida de problemas, como explicado. Já o Centro Pop presta um tipo de serviço imediato, não promovendo dormitórios para pernoite dos usuários, além de apresentar falta de estrutura suficiente para atender a demanda desses. Com isso, conclui-se que Goiânia apresenta equipamentos que auxiliam a população em situação de rua, porém esses estão em estado de extrema precariedade, apresentando falta de funcionários, serviços e espaços adequados para cada atividade. Um espaço para atendimento, apoio e encaminhamento a pessoas em situação de vulnerabilidade social exige critérios para a escolha de uma localização adequada. No caso, como os usuários são desprovidos de automóveis próprios e muitas vezes não possuem forma de condução, é importante que o local a receber o projeto seja de fácil acesso à essa população. Assim, a escolha do local tem como base:

CAC II - Acervo pessoal l Luísa Maia Matheus Pereira (2018) A Fonte: última visita realizada foi ao Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua, mais conhecido como Centro Pop. Essa unidade apresenta uma sala de Defensoria Pública destinada à orientação jurídica em áreas como direito civil, criminal, de família e previdenciário. O Centro Pop mantém suas atividades voltadas à reestruturação familiar por meio de oficinas, rodas de conversa e atividades culturais.

PONTO REFERÊNCIAIS

FÁCIL ACESSO

CONFORTO

Dessa forma, o local escolhido para a implantação do Centro Áster situa-se no Setor Central de Goiânia, Goiás. A escolha da cidade tomou como base a apresentação de um alto número de pessoas em vulnerabilidade e a falta de equipamentos para atender a demanda dessa população.

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O LUGAR


Foto: Philippe Verheyden

GOIÂNIA A cidade, capital no estado de Goiás, faz parte da Região Metropolitana de Goiânia, composta por outros 19 municípios e 1.495.705 milhões de habitantes8. Goiânia apresenta altitude de 749 metros, clima predominantemente tropical semiúmido e temperatura média anual de 23ºC. A principal via de acesso à cidade é a Rodovia BR-153, que percorre o estado em um pouco mais de 400Km 9. Essa via cruza o município na região leste e dá acesso à diversas vias de importância, como a Avenida Anhanguera (uma das principais vias de comércio da cidade que possui corredor exclusivo para o transporte público). Situada no Planalto Central, Goiânia é um importante polo econômico e um centro estratégico para áreas como medicina, indústria, moda e agricultura. Porém, a cidade também enfrenta desafios como a desigualdade social. “Em 2010, Goiânia foi considerada pela Organização das Nações Unidas como a cidade mais desigual do país, e a décima do mundo.”10

8 Disponível em https://cidades.ibge.gov.br/brasil/go/goiania/panorama 9 Goiânia - Entre as melhores do país, disponível em http://www.goiania.go.gov.br/SHTML/estacaodigital/conheca.shtml 10 Disponível em https://www.encontragoias.com.br/sobre-goiania.htm

27


CIDADE: GOIÂNIA

BAIRRO: SETOR CENTRAL

N BR-153

N

GO 70 -0

GO-

060

AVE N ANH IDA ANG UER

A GO-40 3

60 BR-153

-0 BR

0Km

7Km

14Km

MAPA DE GOIÂNIA

A cidade de Goiânia foi uma das capitais planejadas do Brasil. Seu traçado original foi desenhado pelo arquiteto Attílio Corrêa Lima e mais tarde contou com a participação de Armando Godoy. A cidade foi planejada para 50 mil habitantes, porém abriga hoje cerca de 1,5 milhões de pessoas. Goiânia é sede da Região Metropolitana de Goiânia, portanto é natural que receba inúmeras pessoas em busca de emprego e melhoria de vida. Porém, nem todos se deparam com o que esperam e sonham, sendo levadas muitas vezes à situação de rua. De acordo com entrevista realizada na SEMAS à assistente social, Sra. Margareth, há também inúmeros casos no qual as prefeituras de outras cidades enganam essa população pagando suas passagens para Goiânia e prometendo-as emprego imediato. Porém, as promessas são falsas e essas pessoas acabam permanecendo nas ruas da capital por meses ou até anos.11

28

0

250 500m

MAPA DO SETOR CENTRAL

O Setor Central faz parte do desenho original de Goiânia e apresenta a principal característica do traçado de cidade: a convergência de vias em uma praça central. O bairro foi escolhido devido aos dados da pesquisa do Núcleo de Estudos Sobre Criminalidade e Violência (NECRIVI) em conjunto à Universidade Federal de Goiás em 2016, que apresenta que 46,4% da população em situação de rua se encontra no Setor Central. Isso se dá pelo fluxo intenso de pessoas no bairro, fazendo com que muitos atuem como pedintes, flanelinhas e realizem atividades com o objetivo de receber algum dinheiro. Além disso, os dois bairros (Setor Sul e Setor Oeste) com maior número de pessoas nessa situação (depois do centro) são limítrofes, portanto o local é de fácil acesso localizado no centro da cidade.

11 Centenas de moradores de rua ocupam o centro de Goiânia, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=cxwg1MwB_w8


INFRAESTRUTURA: PONTOS REFERENCIAIS

N

SETOR CENTRO OESTE

O FOG OTA AL B

RGIN MA

SETOR DOS FUNCIONÁRIOS SETOR CAMPINAS

SETOR CENTRAL

SETOR AEROPORTO SETOR LESTE UNIVERSITÁRIO

SETOR COIMBRA SETOR OESTE

L BO TAFO

GO

SETOR SUL

MAR

GINA

Conselho Regional de Serviço Social Casa de Acolhida Cidadã I e II e Centro Pop Secretaria Municipal de Assistência Social (SEMAS) Centro de Referência Especial da Assistência Social (CREAS) Sine Municipal de Goiânia CAIS (Centro de Asssitência Integrada à Saúde) Campinas e UABSF (Unidade de Atenção Básica a Saúde da Família) Vera Cruz I e Setor Leste Universitário

Para que fosse feita a escolha do terreno para a implantação do projeto do Centro Áster, foi necessário mapear equipamentos que irão atender com serviços, com frequência, o estabelecimento em questão. Assim que identificados os pontos referênciais citados na legenda acima, foram estabelecidos raios de abrangência de 1,0 Km (distância considerável para uma caminhada, já que os usuários se deslocam predominantemente a pé) e assim foi possível identificar potencialidades no Setor Central: proximidade ao Centro Pop,

0

500m

1Km

2Km

MAPA DE PONTOS REFERENCIAIS

Casa de Acolhida II, Sine Municipal, CREAS Centro Sul, CAIS Campinas e duas Unidades de Atenção Básica a Saúde da Família (UABSF); fácil acesso de áreas de maior concentração dessa população (Rua 44, Avenida Independência, Rua 10 e Rua Dona Gercina Borges Teixeira, sem contar com os setores Sul e Oeste); alta densidade e diversidade de usos nessa região. Assim, foi necessário pensar também em um terreno que fosse de fácil acesso às pessoas em situação de rua.

29


QUADRA 44

N

SETOR LESTE UNIVERSITÁRIO SETOR CENTRAL RUA 24

PRAÇA UNIVERSITÁRIA

RUA

15

IA ITÁR

S IVER

UN AV. 10

AL

LB INA RG MA

GIN

R MA

PRAÇA CÍVICA

RUA

O

O OG AF OT

G FO TA BO

0 QUADRA 44

250

SETOR LESTE UNIVERSITÁRIO

500m

PLANTA DE SITUAÇÃO

SETOR SUL

CATEDRAL METROPOLITANA DE GOIÂNIA

Além dos aspectos já apresentados (proximidade à equipamentos relevantes, distância considerável para uma caminhada, alta densidade e diversidade de usos na região), é necessário reafirmar que a quadra escolhida deveria estar em um local de fácil acesso e que esse local deveria ser estratégico do ponto de vista da visibilidade, uma vez que este conceito é uma diretriz do trabalho. Foi escolhida a quadra 44, que atende a todos os pré-requisitos de localização previamente determinadas. A localização da quadra 44 permite um aspecto muito importante para o projeto a ser desenvolvido: a visibilidade. Como já mencionado, as pessoas em situação de rua sofrem com o descaso da sociedade e são tratados com invisibilidade constantemente. A Catedral Metropolitana de Goiânia, que se encontra em frente ao local escolhido, permite que o objetivo da visibilidade seja atendido, além de garantir um espaço religioso próximo ao equipamento, já que muitos usuários dizem serem religiosos.

30

Catedral Metropolitana de Goiânia - Foto: Solon Castro


INFRAESTRUTURA: ACESSIBILIDADE

N

N

0

7Km

14km

MAPA TRANSP. PÚBLICO RODOVIÁRIA

ROTA DE ÔNIBUS DIRETA

TERMINAIS

ROTA DE ÔNIBUS INDIRETA

N

0 250 500m MAPA DE ACESSO À QUADRA 44 TERMINAL RODOVIÁRIO DE GOIÂNIA PERCURSO A PÉ

TRECHO DA LINHA 935 TRECHO DA LINHA 180

0

250

500m

MAPA DE PONTOS DE ÔNIBUS QUADRA 44

PONTOS DE ÔNIBUS

CICLOVIA

A facilidade de acesso ao local escolhido por meio do transporte público é importante devido ao fato de várias pessoas chegarem à cidade de ônibus, e ao deslocamento dentro da cidade. A quadra 44 se localiza a 4Km ao Terminal Rodoviário de Goiânia e, de todos os terminais existentes na cidade, apenas 4 não possuem rota direta à área proposta: os terminais Recanto do Bosque, Praça da Bíblia, Praça A, Bandeiras, Cruzeiro, Isidória e Dergo possuem rotas diretas; os terminais Padre Pelágio, Parque Oeste, Goiânia Viva e Vera Cruz possuem rotas indiretas. Foi possível identificar 2 rotas de ônibus de fácil acesso do Terminal Rodoviário de Goiânia à quadra 44: as linhas 935 e 180. Apesar de não serem rotas diretas (precisam de uma caminhada da rodoviária ao ponto de ônibus), são as mais curtas e que dão acesso mais próximo à quadra escolhida. Além disso, existem pontos de ônibus próximos a essa.

31


SISTEMA VIÁRIO

USO DO SOLO I GABARITO N

N RA

GUE

HAN

AN AV.

15

15

24

20

IA ITÁR

RUA

AV. A RAG UA

IA

20

24

RUA

RUA

RUA

RUA

PRAÇA UNIVERSITÁRIA RUA

SETOR CENTRAL

S IVER

UN AV. 10

SETOR LESTE UNIVERSITÁRIO

MA

RUA

RG

10 RUA

3

O

OG AF OT

RU A8

LB

INA

PRAÇA CÍVICA

SETOR SUL 0

250

500m

0

MAPA DO SISTEMA VIÁRIO

50

100m

MAPA DE USOS E OCUPAÇÃO

QUADRA 45

PONTOS DE REFERÊNCIA

HABITAÇÃO

INSTITUCIONAL

VIAS ARTERIAIS

VIA LOCAL

SERVIÇO

EDIFÍCIO HISTÓRICO

VIAS COLETORAS

VIA EXPRESSA

COMÉRCIO

VAGOS OU SUBUTILIZADOS

O local escolhido para a implantação do projeto do qual se trata o trabalho foi a quadra 44. Ela se encontra entre a Rua 10, a Rua 20, a Rua 24 e a Rua 15, próximo ao Centro Pop, no Setor Central de Goiânia. As vias próximas de maior fluxo são a Marginal Botafogo (via expressa e divisa de bairros) e a Rua 10 (via arterial que liga a Praça Cívica à Praça Universitária). A Rua 20 e a Rua 24 são consideradas coletoras e a Rua 15 local por não ser uma via de passagem e sim de acesso. A quadra se encontra próxima ao CREAS Centro Sul e ao Sine Municipal de Goiânia, equipamentos para onde os usuários poderão ser encaminhados dependendo do caso a ser atendido. A Rua 10 não contém muitas residências, o que é um potencial de conforto à localização do Centro Áster, uma vez que sua presença pode causar incômodo na vizinhança. Além disso, é localizada em uma área de fácil acesso pelos usuários, uma vez que esses se encontram em maior quantidade na Rua 10 (devido ao Centro Pop), na Rua Dona Gercina Borges Teixeira, na Rua 44 e na Avenida Independência, todas localizadas no Setor Central.

32

Com o mapa acima é possível perceber uma predominância de lotes de uso residencial, apesar da presença do uso misto nas áreas voltadas para a Rua 10. A quadra escolhida é predominantemente residencial, contendo também edifícios comerciais como a Droga Raia na esquina da Rua 10 com a Rua 20, e lotes com edifícios subutilizados ou vagos, além de um edifício com valor histórico no encontro da Rua 10 com a Rua 24. Como característica de centros urbanos, a paisagem é composta por edificações de médiabaixa volumetria, sendo a maioria de no máximo 2 pavimentos. A paisagem urbana da quadra e seu entorno encontra-se poluída e danificada devido à falta de manutenção e senso estético. Sobre os edifícios de valor histórico caracterizados pela Art Decó que são muito comuns no centro de Goiânia, é necessário colocar que esses serão preservados uma vez que fazem parte da herança cultural da cidade e não se encontram degradados como muitos no setor.


ESTUDO HIERARQUIA DE VIAS

A

ER AV. ANHANGU

A

RU A

A RU

I UA G RA

20

.A AV

M

AR

24

GI

N

AL

BO TA FO

GO

RUA 15

RUA 10

VIAS ARTERIAIS

VIA LOCAL

VIAS COLETORAS

VIA EXPRESSA

Fonte: Google Earth

ESTUDO VOLUMÉTRICO

RUA 20

RUA 10

Maquete: Luísa Maia (2019)

33


ESTUDOS DE CASO


M. Botafogo (Goiânia) I Foto: O popular (2018)

“Enquanto houver pobreza no mundo, nenhum homem poderá ser totalmente rico mesmo se tiver um bilhão de dólares. Toda vida é interligada, estamos presos em uma inevitável rede de reciprocidade, amarrados em um único fio do destino, o que afeta diretamente a um, afeta indiretamente a todos.” Martin Luther King

35


THE BRIDGE HOMELESS ASSISTANCE CENTER

1º PAVIMENTO FICHA TÉCNICA

Fonte: Overland Partners

Arquitetos: Overland Partners Localização: Dallas, Texas - Estados Unidos da América Categoria: Centro Comunitário Àrea: 7.060 m2 Ano do Projeto: 2010 O The Bridge Homeless Assistance Center, localizado em Dallas no Texas, é hoje um modelo de design de centro de acolhimento para pessoas em situação de rua, sendo vencedor do prêmio de “Melhor Entrada Arquitetônica” no Concurso Internacional de Reidentificação de Pessoas em Situação de Rua (International Rebranding Homelessness Competition) e outros prêmios diversos. O projeto foi concluído em 2010 e oferece um leque de serviços como abrigo, atendimento emergencial, e cuidados transitórios, atendendo cerca de 1.200 pessoas por dia e direcionando-as à uma vida digna.

ÁREAS PRIVADAS: SEGURANÇA ALMOXARIFADO

ESCRITÓRIOS SALA DE MECÂNICA

CIRCULAÇÃO: ACESSOS, HALLS E PRAÇA CENTRAL ÁREAS PÚBLICAS: ATEND. PSICOL. ATEND. MÉDICO ACADEMIA ATEND. À MULHER

BIBLIOTECA CUID. PESSOAIS RECEPÇÃO CANIL

PAVIL. ALOJ. REFEITÓRIO COZINHA WCs

2º PAVIMENTO CIRCULAÇÃO: ACESSOS, HALLS E PRAÇA CENTRAL

Fonte: Overland Partners

36

ÁREAS PÚBLICAS: OFICINAS SERVIÇOS


Fonte: Overland Partners

3º PAVIMENTO CIRCULAÇÃO: ACESSOS, HALLS E PRAÇA CENTRAL ÁREAS PÚBLICAS: ALOJ. FEM. ALOJ. MASC.

ALOJ. NECESSID. ESPECIAIS ADMINISTRAÇÃO

O Centro de Assistência utiliza o conceito de albergue com uma série de blocos interligados por um fluxo que delimita uma praça central que funciona como espaço de convivência para os usuários, onde podem socializar e, com isso, trabalhar em novas relações. O The Bridge tem como sistema construtivo a alvenaria e blocos de concreto e conta com painéis de vidro coloridos onde as pessoas podem contar suas histórias (arte de Gordon Huether). O projeto foi nomeado Líder em Design de Energia e de Meio Ambiente (LEED) pelo Conselho de Edifícios Verdes dos Estados Unidos devido a tecnologias sustentáveis adotadas, como um salão de jantar com telhado verde, um sistema de reciclagem de esgoto de águas cinzas e o uso de luz natural em grande parte do edifício. Assim, as vantagens do projeto são o conceito de sustentabilidade, o programa que atende às reais necessidades dos usuários, o incentivo ao trabalho voluntário e o conceito de uma arquitetura que aconchega e não reprime ou exclui. Além de promover o resguardo da memória de cada usuário que busca por auxílio no equipamento.

Fonte: Overland Partners

Fonte: Overland Partners I Arte: Gordon Huether

Arte: Gordon Huether

37


HAVEN FOR HOPE

FICHA TÉCNICA

Fonte: Overland Partners

Arquitetos: Overland Partners Localização: San Antonio, Texas - Estados Unidos da América Categoria: Centro Comunitário Àrea: 26.708 m2 Ano do Projeto: 2011 O projeto Haven for Hope oferece todos os serviços necessários para o bem-estar das pessoas em situação de rua em San Antonio, como refeições, vestuário, abrigo e serviços sociais. Os arquitetos projetaram pontos de referência e apoio nos arredores do projeto com serviços de clínica geral, dentista, oftalmologista e creche para a vizinhança para que a comunidade local não sentisse como se uma nova população estivesse apenas surgindo ali sem consideração pela cultura que já existia. Depois disso, o Overland Partners teve o desafio de demolir um depósito já existente no terreno para a construção de blocos habitacionais. O restante do terreno foi utilizado para o programa: “salas de aula e de conferências, biblioteca e centro de aprendizado, centro de correio, barbearia, áreas de exercícios e recreação, capela, creche com programa pós-escola e até serviço de abrigo para animais de estimação”.

DIAGRAMA DO PROGRAMA VIZINHANÇA COMUNIDADE HAVEN FOR HOPE SERVIÇOS HAVEN FOR HOPE

ACESSO

ACESSO

PÔR DO SOL NASCER DO SOL

IMPLANTAÇÃO

Fonte: Overland Partners

38

Um dos pontos mais positivos do projeto é a forma como os arquitetos pensaram na comunidade que já existia na vizinhança do terreno, implantando-o de forma confortável à estes e também aos usuários com uma arquitetura inclusiva sem deixar que se parecesse uma prisão, como é citado em vários artigos. Além disso, é interessante dizer que o projeto ajudou na diminuição da população vulnerável em 89% em San Antonio.


Fonte: Archinet Magazine

SETORIZAÇÃO ALOJ. FEM. E FAM.

DEPÓSITO

ATEND. MÉD.

CRECHE

REFEITÓRIO

ALOJ. MASC.

CAPELA

SERVIÇOS

CANIL

Fonte: Archinet Magazine

Fonte: Overland Partners

Fonte: Archinet Magazine

39


EVA’S PHOENIX

TÉRREO FICHA TÉCNICA

Fonte: Deezen

Arquitetos: LGA Architectural Partners Localização: Toronto - Canadá Categoria: Residência coletiva Àrea: 9.290 m2 Ano do Projeto: 2016 O Eva’s Phoenix é uma iniciativa sem fins lucrativos que promove abrigo e atividades educativas a jovens que se encontram em situação de rua em Toronto. O projeto recebe apenas jovens de 16 a 24 anos e tem 50 quartos disponíveis. Cada pequena residência possui quarto, cozinha, banheiro e uma área de convivência de paredes brancas combinadas com cores em tons pastéis. Essas acomodações são voltadas para um pátio central criando a ideia de uma vizinhança às margens de uma rua interna. Os jovens tem a oportunidade de aprenderem a trabalhar com construção, impressão e comunicação gráfica, além de receberem a ajuda de programas de alfabetização, saúde, nutrição, higiene, resolução de conflitos e outros. Porém, esses usuários tem um período de apenas 1 ano para residirem no estabelecimento. O edifício funcionava até a década de 30 como uma casa de armazanamento de água, portanto o LGA Architectural Partners aproveitou a carcaça e reformou apenas o interior, trazendo a linguagem da rua para que os usuários tivessem o sentimento de conforto no período de estadia. O telhado do edifício foi substituido por janelas inclinadas que permitem a ventilação e iluminação natural no pátio central.

40

salas de estar/cozinha recepção sala de culinária sala de workshops

dormitórios rouparia

pátio central escritórios lavanderia

1º PAVIMENTO escritório sala de treinamento

2º PAVIMENTO escritórios/salas


PORÃO plotadora depósito

sala de treinamento sala de equipamentos

COBERTURA

CORTE TRANSVERSAL 1. Átrio 2. Sala de estar/cozinhas 3. Quartos 4. Escritórios 5. Espaço de convivência 6. Plotadora e sala de treinamento

Fonte: Deezen

Fonte: Deezen

Fonte: Deezen

41


O TERRENO


Coreto (Goiânia) I Foto: O Popular (2017)

“A rua, concreta, discreta Nos mostra a frieza da sociedade E a tristeza de um povo esquecido. A rua, cinza, prateada, concreta,discreta, Esconde o brilho da lua Através da escuridão solitária Nos mostra o pouco caso dos governantes E a tristeza de um povo esquecido. A rua, vazia, fria, Cinza, prateada, Concreta, discreta, Sufoca os sentimentos, Entristece a felicidade do sorriso, Apaga o brilho do olhar, Nos mostra as drogas da vida E a tristeza de um povo esquecido. A rua, violenta, imponente, vazia, fria, Cinza, prateada, concreta, discreta, Acaba com a alma infantil, A brincadeira com a bola E a roupa colorida Que caracterizam as crianças. Assim, mais uma vez, a rua nos mostra A frieza da sociedade, O pouco caso dos governantes, As drogas da vida E a tristeza de um povo esquecido.” Mariana Zayat Chammas (2011)

43


USO DO SOLO

N

DEMOLIR I CONSERVAR 750

1 75

75 2

RUA

15

RUA

754

24 RUA

RUA

20

RUA

24

755

756

10 RUA

0

10 RUA

25

50m

CONSERVAR

DEMOLIR 0

MAPA DE USOS E OCUPAÇÃO HABITAÇÃO

INSTITUCIONAL

SERVIÇO

EDIFÍCIO HISTÓRICO VAGOS OU SUBUTILIZADOS

COMÉRCIO

EDIFÍCIO COM POTENCIAL DE VALOR HISTÓRICO

50m

25

MAPA DE APROPRIAÇÃO

será apropriada, sendo ela composta pelos lotes 8, 10, 27, 29 e 31. É importante ressaltar que os edifícios históricos e com características históricas presentes na Rua 10 e na Rua 20 serão preservados devido à relevência cultural da cidade.

A RU 24

A quadra 44 apresenta predominância de residências, sendo 11 de 29 lotes destinados a esse uso. Porém, durante o levantamento feito no local, foi possível perceber um grande número de lotes subutilizados de frente para a Rua 20. Assim, o projeto do Centro Áster foi inicialmente pensado a ser inserido na área referente a esses lotes. Contudo, como o aspecto da visibilidade é de extrema importância para o projeto, apenas 2 lotes subutilizados serão apropriados juntamente ao lote da esquina da Rua 10 com a Rua 20 e mais 2 lotes voltados para a Rua 10 que hoje são ocupados por uso comercial. O terreno escolhido, além de possuir visibilidade, fica em frente à Catedral Metropolitana de Goiânia que ocupa toda a quadra 32, portanto fica voltado à usos como instituições, serviços e comércios, preservando o conforto da população que reside em edifícios da Rua 20. Apenas uma área de 3.053, 46m² da quadra

44

15

20

75 3

9 74

RUA

N

0

RU A

A1 RU

20

Imagem aérea do terreno a ser apropriado


TERRENO NA QUADRA N

sol da tarde

35 , 29

RU A

20

40 ,63 8 10 RU A2 4

31

49,85

34,00

27

29

66 6,

48,16

752

RUA 10

Edifício a ser demolido I Fonte: Google Earth

754

755

753

756 ÁREA DO TERRENO = 3.053,46 m²

sol da manhã

0 10m

30m

90m

MAPA ASPECTOS NATURAIS

Edifício a ser demolido I Fonte: Luísa Maia Edifício a ser demolido I Fonte: Luísa Maia

Edifício a ser demolido I Fonte: Google Earth

Edifício a ser demolido I Fonte: Luísa Maia

45


O PROJETO


47


DIRETRIZES As diretrizes estabelecidas para o projeto são: a inclusão, a visibilidade e a integração. Essas dão base à elaboração do partido arquitetônico e à apropriação do espaço escolhido para a inserção do projeto. A partir delas, são tomadas decisões projetuais para que o processo seja realizado com eficiência e se desenvolva da melhor forma possível. Para isso, é necessário resgatar um conceito citado anteriormente: a arquitetura inclusiva, ação que combate uma prática de exclusão, mais conhecida como arquitetura defensiva ou hostil. Essa prática é comum em diversos países, como a Inglaterra, China e Brasil, e dificulta o acesso da população em situação de rua à locais considerados por essa mais confortáveis e seguros. A arquitetura hostil é um símbolo do repúdio do poder público e da sociedade em geral para com essas pessoas que se encontram em extrema vulnerabilidade social. Tomando isso como problemática, o projeto do Centro Áster tem como objetivo auxiliar esses sujeitos em situação de risco por meio da inclusão social. O espaço será projetado como um local de acolhimento, convivência, acesso à condições básicas de sobrevivência e auxílio à profissionalização para que essas pessoas reconquistem sua dignidade e usufruam de seus direitos como cidadãos. Com isso, atendemos à diretriz visibilidade. As pessoas em situação de rua sofrem diariamente com o descaso da sociedade, portanto a localização do edifício (em frente à Catedral Metropolitana de Goiânia) promove um impacto maior ao projeto, atentando a população a esse problema social que deve ser resolvido com sensibilidade. Outra diretriz tomada para o desenvolvimento do projeto é o conceito de integração: a volumetria do edifício deverá ser pensada de forma a criar espaços livres que permitam circulação constante e acesso por mais de uma via. Além disso, o projeto a ser desenvolvido permitirá criação de espaços convidativos que façam com que os usuários se aproximem com naturalidade. Assim, para que haja procura do Centro Áster pelas pessoas em vulnerabilidade, o projeto é pensado não só como uma estrutura a atendêlas, mas também como um espaço onde elas se sintam confortáveis de ir e vir caso hajam necessidades emergênciais, como o descanso, higienização e alimentação.

48

INCLUSÃO VISIBILIDADE INTEGRAÇÃO FUNCIONAMENTO É importante que sejam estabelecidos horários de funcionamento e um tempo limite para o atendimento dos usuários no Centro Áster, já que esse oferecerá abrigo temporário e não tem como objetivo promover moradia à essas pessoas. Portanto, foi estabelecido que os usuários terão abrigo disponível por no máximo 20 dias (período suficiente para a finalização do processo de profissionalização, ou emissão de documentos, ou receber qualquer outro tipo de auxílio promovido). Já os usuários de serviços emergenciais (como refeição, lavagem de roupas e utilização de banheiros) poderão permanecer no complexo apenas pelo período de tempo que demanda a atividade específica. Os indivíduos poderão ser registrados das 8 horas às 18 horas e a partir do registro terão a liberdade de ausentar-se do edifício por um período total de 4 horas por dia, podendo acontecer das 9 horas às 11 horas ou das 15 horas às 17 horas. Esse horário disponível para passeio pelas ruas da cidade é de extrema importância para que os usuários não se sintam aprisionados, e promove então o sentimento de liberdade que tanto procuram nas ruas.


PROGRAMA DE NECESSIDADES De acordo com estudo do NECRIVI-UFG, 40,5% das pessoas em situação de rua em Goiânia procuram instituições de abrigo. Aplicando essa porcentagem ao número apresentado pela SEMAS (450 pessoas), foi possível definir um programa de necessidades que atenda 214 pessoas (182 + 18% de margem).

ACOLHIMENTO

dorm. femininos (29 leitos) dorm. masculinos (110 leitos) dormitórios LGBT (28 leitos) dorm. familiares (47 leitos)

O

APOIO

atendimento psicológico sala de assistência social sala de auxílio jurídico sala de auxílio à docum. enfermaria canil depósito wc de funcionários

oferecerá

abrigo

1.234,74 m²

480,74 m²

O setor educacional contará com salas destinadas a atividades socioeducativas e cursos profissionalizantes, tendo como objetivo agregar conhecimentos e preparar os usuários para a vida profissional.

113 m²

ADMINISTRAÇÃO

recepção triagem coordenação pedagógica secretaria administração segurança almoxarifado wc social

acolhimento

O setor de convivência oferecerá ambientes de socialização e distração aos usuários, promovendo muitas vezes atividades que incentivem o cuidado desses com o ambiente que frequentam.

EDUCACIONAL

sala de professores sala de oficinas sala de informática sala de costura sala de artesanato biblioteca wc de alunos

de

por meio de pernoites, podendo frequentar o local por um período de no máximo 20 dias.

CONVIVÊNCIA

pátio aberto refeitório pátio de atividades brinquedoteca berçario horta orgânica

setor

1.106,38 m² temporário às pessoas em vulnerabilidade social

246 m²

SERVIÇOS

wc de funcionários carga/descarga cozinha + despensa dml depósito de lixo lavanderia + rouparia

ÁREA TOTAL DO TERRENO = 3.053m²

O setor de apoio oferecerá serviços de atendimento de primeiros socorros à vítimas de violência ou em situação emergencial, além de atendimento psicológico, auxílio à emissão de documentação, seviços de estética e um abrigo temporário aos cães de estimação.

Esse setor é o espaço destinado ao corpo administrativo do Centro Áster, além do armazenamento de doações e equipamentos. O setor também conta com o serviço de recepção e triagem dos usuários, importante para a identificação destes e conhecimento do caso do qual deverá ser tratado.

172 m² O setor de serviços é destinado a atividades de

suporte para a manutenção do edifício. Esse setor possui acessos e fluxos diferentes de todos os outros ambientes.

ÁREA TOTAL DO PROJETO = 2.561m²

49


PROCESSO CRIATIVO serviço

dorm. fem. /LGBT/fam. dorm. masc.

1

0

R

a1

ua

Ru

20

administrativo educacional

2 ua

R 20

0

a1

Ru

3 ua

R 20

0

a1

Ru

4 ua

R 20

50

0

a1

Ru

Com o pré-dimensionamento foi possível dispor os blocos separados por setores no terreno. A 1ª alternativa levou em conta o acesso social ao equipamento por duas ruas, enquanto o acesso ao bloco de serviço foi decidido a acontecer pela Rua 20. O partido promove um espaço livre no acesso voltado para a Rua 20 e dispõe os blocos de forma a criar um pátio interno e promover privacidade às mulheres, famílias e usuários LGBT separando seus dormitórios do setor destinado aos dormitórios masculinos. Devido a uma questão de privacidade, foi definido o aumento da área do dormitório familiar/feminino no 2º pavimento e a permanência do dormitório LGBT no térreo. Além disso, optou-se pelo aumento da área do setor de serviços para que houvesse espaço para mais usuários no refeitório. O setor educacional permaneceu com a mesma área, porém mais estreito para criar uma cobertura maior para os usuários que não se sentirem à vontade de se cadastrar no Centro Áster.

Os blocos de serviço e administração foram reformulados para criar um pátio interno mais espaçoso para atividades ao ar livre, criando também uma área coberta para refeições no pilotis do bloco de dormitórios feminino/ familiar/LGBT. Com a mudança da forma do bloco administrativo, a área livre voltada para a Rua 20 aumenta, permitindo um espaço mais acolhedor, onde os usuários que não se sentirem dispostos ao cadastro poderão descansar, requisitar refeições e serviços como acesso à lavanderia e higiene. O bloco de dormitórios fem. /fam. /LGBT foi rotacionado para criar um espaço maior no pário interno. Para isso, foi definido um térreo em pilotis, enquanto o dormitório familiar se encontra no 1º pavimento e o feminino/LGBT se encontra no 2º, promovendo também privacidade. O bloco educacional também foi rotacionado por uma questão de insolação e e dinamicidade da volumetria, promovendo uma fachada mais atrativa voltada para a esquina da Rua 10 com a Rua 20.


COMPOSIÇÃO FORMAL A volumetria do edifício foi desenvolvida a partir do dimensionamento de cada ambiente que compõe os principais setores do programa de necessidades. Os setores são divididos em blocos e são dispostos no terreno como prismas retilíneos, seguindo o método de modelagem algébrica que consiste na criação de formas por meio de processos como a adição, subtração, intersecção, sobreposição e rotação.

O conjunto em questão consiste em uma modelagem de rotação, sobreposição e adição, e foi definida sobretudo em função dos acessos e circulações. A forma final é definida como dois blocos sobrepostos a outros dois volumes e um bloco segregado, todos cumprindo diferentes funções. Esses blocos funcionam como dormitórios, administração, serviços e educação. Em conjunto, eles promovem dinamicidade e permeabilidade à composição formal.

ROTAÇÃO

SOBREPOSIÇÃO

ADIÇÃO

51


TOPOGRAFIA 4 75

75 5

IMPLANTAÇÃO N

75 6

TOPOGRAFIA NATURAL DO TERRENO 4 75

75 5

N

75 6

TOPOGRAFIA PROPOSTA

Devido ao fato da inclinação do terreno ser pouco íngrime, é proposta a criação de um único platô na curva de 756 metros para a implantação do projeto., promovendo acessibilidade.

52

A implantação do conjunto tem como objetivo atender à acessibilidade, áreas abertas e o projeto. Para garantir mais segurança no acesso dos usuários ao Centro Áster, é proposta a criação de uma nova faixa de pedestres na Rua 20 acompanhada de rebaixo na calçada da quadra 44, promovendo a desaceleração de carros e dando passagem aos usuários. O acesso dos usuários a serem cadastrados deverá ser feito apenas pela Rua 10 e após cadastramento esses poderão entrar e sair do conjunto em horários determinados por ambos acessos (da Rua 10 e Rua 20). Os usuários não cadastrados que utilizarão o edifício para fins emergenciais deverão acessá-lo apenas pelo portão da Rua 20 voltado para a Catedral Metropolitana de Goiânia. Já o acesso de funcionários deverá ser feito apenas pela Rua 20 diretamente pelo setor de serviços. Definidos os acessos, foi estabelecido que o setor administrativo estivesse próximo à Rua 10, recebendo os usuários com facilidade. O setor de serviços foi disposto próximo à Rua 20, disponibilizando uma área reservada para a carga e descarga, assim como para a retirada diária de lixo. Foram propostas 6 vagas para veículos de funcionários e um canil próximos ao setor de serviço. O canil terá acesso apenas pelo interior do complexo. A disposição dos blocos no terreno promove um pátio interno que será utilizado para atividades diversas, além de criar um espaço convidativo externo voltado para a Rua 20 com o intuito de fornecer acolhimento às pessoas que não se sentem à vontade de se cadastrar no Centro Áster, mas precisam de abrigo para passar a noite ou fazer uma refeição. O conjunto é dividido em 5 blocos: administrativo, dormitório masculino, serviço, educacional e dormitório feminino/familiar/ LGBT. Os dormitórios são divididos em dois blocos para maior segurança e privacidade. Esses fatores também foram garantidos pelo bloqueio da passagem usuários do sexo masculino para as áreas de circulações verticais que dão acesso aos dormitórios feminino, familiar e LGBT sem que haja autorização. Esse bloqueio foi feito por meio de divisórias com portões. Contudo, o acesso dos homens ao canil poderá ser feito pelo portão do espaço de atividades com supervisão da equipe do conjunto.


CRIAÇÃO DE NOVA FAIXA DE PEDESTRES COM REBAIXO EM AMBAS CALÇADAS

ESTACIONAMENTO DE FUNCIONÁRIOS

BLOQUEIO DE ACESSO

CANIL

HORTA ORGÂNICA

N

40 ,63

RM I FA TÓR MI IO LIA FE R/ MIN LG BT INO /

SE R

AL

34,00

ON CACI

Rua 20

EDU

PÁTIO INTERNO

49,85

VI ÇO

35 ,2

9

DO

DORMITÓRIO MASCULINO

Catedral Metropolitana de Goiânia

ADMINISTRATIVO

66 6,

48,16

Corredor exclusivo para ônibus

Rua 10

ciclovia

ACESSO DE USUÁRIOS EMERGENCIAIS E USUÁRIOS CADASTRADOS A PASSEIO

PITDOG SMILEY

PÁTIO PARA INCENTIVAR ACESSO EXCLUSIVO DE ATIVIDADES AO AR LIVRE USUÁRIOS CADASTRADOS IMPLANTAÇÃO GERAL

ÁREA DO TERRENO = 3.053m²

0

15m

5

53


TÉRREO O bloco administrativo está localizado na posição de visão do cruzamento da Rua 10 com a Rua 20 e seu acesso se dá pela Rua 10 (acesso 01). Neste bloco o usuário é recepcionado e cadastrado no Centro Áster e é feita então uma triagem para que o indivíduo tenha acesso ao conjunto. O setor conta com uma sala de doações e almoxarifado, uma enfermaria com cabeleireiro, uma sala de coordenação pedagógica, secretaria, administração e segurança, banheiro para funcionários com shaft, além de uma guarita para controle de entradas e saídas dos usuários pela Rua 20 (acesso 02). Este acesso é feito pela fachada voltada à Rua 20 que apresenta um espaço convidativo onde os usuários que se sintam desconfortáveis com o cadastro no Centro Áster possam descansar com segurança e o mínimo de aconchego promovido pelo bloco educacional (1º pavimento) que cria uma cobertura. O acesso 02 é destinado a todos os tipos de usuários: os cadastrados a passeio e os não cadastrados que solicitarem serviços emergenciais como refeição, higiene, lavagem de roupas ou recebimento de doações. Além disso, é por meio deste bloco que o acesso ao setor educacional (1º pavimento) é feito. A parede externa do bloco administrativo voltada para o espaço convidativo conta com a marca dos usuários por meio do registro de seus nomes, o que marca suas histórias no conjunto. O bloco de dormitórios masculinos é localizado ao lado do setor administrativo e tem capacidade para acolher 110 homens (55 em cada pavimento), sendo que 10 leitos são dimensionados especialmente para atender pessoas com deficiência física. Este conta com espaços individuais compostos por um leito e um pequeno armário para que os usuários possam guardar seus pertences. Esses espaços são divididos por paredes de drywall de 1,80 de altura para que haja a supervisão do espaço, além de permitir ventilação para todos os leitos. O bloco conta com 4 banheiros, sendo 2 deles destinados à pessoas com deficiência (PCD). O bloco de serviços tem sua fachada principal voltada para a Rua 20 e apresenta um elemento vazado em sua fachada que cria um corredor que dá acesso dos funcionários ao conjunto. O setor apresenta uma área para carga e descarga de produtos, equipamentos e utensílios, um depósito de lixos secos e orgânicos, uma cozinha com

54

despensa, um DML, banheiros para funcionários, a rouparia em conjunto com a lavanderia (contam também com uma área de secagem de roupas) e um grande refeitório que atenderá até 80 pessoas. Além disso, o térreo conta com 6 vagas de estacionamento próximas ao setor de serviços destinadas exclusivamente aos funcionários. O térreo apresenta também uma área em pilotis que é destinada à refeições, descanso e atividades de lazer. Essa área conta com 2 banheiros PCD que poderão atender aos usuários cadastrados e aos usuários com necessidades emergenciais, além de armários com chave destinados ao armazenamento de pertences dos usuários. Esse espaço de atividades se conecta diretamente ao pátio interno do conjunto que também é destinado à atividades de lazer, mas mais importante: é destinado à atividades socioeducativas, cursos ao ar livre, rodas de capoeira, prática de esportes, realização de festas culturais e rodas de conversa, além de contar com um espaço de exposições onde os usuários poderão expor seus trabalhos. A horta orgãnica também se conecta à esses espaços de convivência, permitindo que os usuários desenvolvam o sentimento de responsabilidade pelo espaço que utilizam, consequência do plantio de seu próprio alimento. A circulação vertical (escada e elevador) que dá acesso ao 1º pavimento (dormitório familiar) é localizada próxima aos banheiros do espaço de atividades e é restrita aos usuários do dormitório. O bloqueio da passagem de outros usuários é feito por meio de uma divisória com portão que será acessado apenas com a supervisão de algum membro da equipe de funcionários. Essa dinâmica também ocorre no acesso restrito 03. Este é exclusivo para mulheres e usuários LGBT. Assim, esses terão acesso ao 2º pavimento (dormitórios feminino/LGBT) por uma circulação vertical externa (escada e cápsula) diferente das famílias, trazendo segurança e privacidade para todos os usuários. O canil é localizado próximo ao setor de serviços e tem capacidade para acolher 16 cachorros de porte médio. Este apresenta área coberta e descoberta para garantir que os cães tenham acesso ao sol. O acesso ao canil é feito apenas pelo acesso 03, portanto para que os homens possam passar por esse portão que é destinado à mulheres e usuários LGBT, esses deverão estar acompanhados de um membro da equipe do conjunto em questão.


TÉRREO

fun aces cio so ná rio s

N

D

h=

2,0

0m 40 ,63

canil

carg. / desc.

14

,94

depósito lixo

elemento vazado

1,2 0

escada de acesso exclusivo ao 2ºpavimento

2,4 6,0 0 0

9

1,2 0

refeitório

1,6

0

28

,98

2,4

0

35 ,2

cozinha

S

cápsula de acesso PCD ao 2º pavimento

B

20

es t de acio fu nam nc ion en ári to os

ur o-

4 75

C

Ru a

m

a res ces tri so to 03

despensa espaço de atividades

S

çã

difi ca

çã

o

rouparia/ lavanderia

1,7 8

secagem

ac es o

acesso exclusivo à homens

34,00

espaço de exposições

ã ficaç

a edi

ção d

28,88

ta

guari

almoxarifado/ sala de doações

S

sala de espera

8,22

coord. pedag.

dormitório masculino 14,73

segur. administ.

secretaria

S

24,55

so 02

aces

+756,00

D

pátio interno

so aces parede de memórias

horta orgânica saída de emergência

proje

espaço convidativo

a res cess o famtrito à ília s

projeção reservatório de incêndio

7,9 0

so

cobogó

elemento vazado

ae

muro - h=2,00m

od

49,85

pr oje

7,4 4

29 ,8

3

dml

triagem

enferm. /cabeleir.

A

A

recepção 28,13

14,15

66 6,

painel fixo

painel fixo

acesso 01

48,16

B

C Rua 10

PLANTA TÉRREA

755

756

0

15m

5

55


1

cobogó pétala de cerâmica esmaltado pintado 20x20x8cm

20

1

20

cobertura de estrutura metálica e vidro para acesso ao setor de serviços

8

5

5

cobogó

CORTE COBOGÓ ESCALA 1:20

COBOGÓ DE CERÂMICA ESMALTADO

VISTA FRONTAL COBOGÓ

2,10

circulação setor de serv.

20 20

15 5

2,20

projeção do vergalhão

DETALHE COBOGÓ

VISTA COBOGÓ

ESCALA 1:50

ESCALA 1:20

ACABAMENTO

PERSPECTIVA COBOGÓ

4,93 3,60

cobogó

18 1,15

cobertura metálica com telha termoacústica

administração

56

secretaria

coordenação pedagógica

enfermaria


1,50

5

5

70

2,00

1,80

1,20

5

5

PERSPECTIVA DO LEITO

VISTA SUPERIOR DO LEITO

SEM ESCALA

SEM ESCALA

18 1,00

cobertura metálica com telha termoacústica

forro de gesso

18

8,56

3,60

cobertura de vidro com estrutura metálica

forro de gesso

wc +759,21 masculino

dormitório masculino forro de gesso

3,60

forro de gesso

recepção

+755,43

acesso 01

wc +755,43 masculino

dormitório masculino

CORTE AA 0

2

14m

4

57


PERSPECTIVAS

58


59


PERSPECTIVAS

Bloco Administrativo

Pรกtio Interno

Espaรงo de Atividades

60


Pátio Interno

Horta Orgânica

Área de Convivência para Famílias

61


1º PAVIMENTO A ala de dormitórios masculinos se repete no primeiro pavimento com a mesma quantidade de leitos presentes no térreo (55 leitos, sendo 5 PCD). O bloco possui abertura para a Rua 10 que é feita por uma cortina de vidro com janelas protegida por um painel vazado em aço corten12 para promover segurança para os usuários além de garantir iluminação e ventilação adequadas ao ambiente. Possui também janelas voltadas para a horta orgânica promovendo uma ventilação cruzada ao ambiente. As aberturas dos banheiros desse bloco são todas voltadas para o interior do conjunto, sendo as dos banheiros PCD recuadas e protegidas por um elemento vazado que também serve como proteção para a escada.13 Nesse pavimento contamos também com o dormitório familiar que se dispôe acima do espaço de atividades e possui circulação vertical exclusiva protegida pelo mesmo elemento vazado13 que o dormitório masculino possui, além de um elevador que dá acesso apenas a esse pavimento por uma questão de segurança e privacidade dos usuários. Este bloco conta com um banheiro feminino, um banheiro masculino, dois banheiros PCD e duas copas de apoio. Ele possui 10 dormitórios divididos por drywall de 2,20 metros de altura para permitir a iluminação e ventilação natural ao mesmo tempo que promovem privacidade aos usuários. Cada um desses dormitórios possui espaço flexível que poderá acolher no máximo 4 pessoas (com a opção de conter camas de solteiro ou beliches). Além disso, essa ala possui outros 5 dormitórios envoltos por paredes até a laje que permite ainda mais privacidade e serão destinados preferencialmente à casais ou casos especiais. O bloco possui aberturas em duas laterais, o que permite iluminação natural e ventilação cruzada. A abertura voltada a sudoeste será protegida por um elemento vazado fixo em aço corten12 (o mesmo proposto para o dormitório masculino), e a abertura voltada a nordeste possuirá proteção específica14 devido à alta incidência solar por mais tempo durante o ano. O bloco educacional é composto por uma biblioteca, salas de professores, informática, oficinas, artesanato, costura e lavabos feminino, masculino e PCD destinados aos alunos. Nessas salas e biblioteca os usuários terão a oportunidade

62

de participarem de aulas, cursos e oficinas que poderão capacitá-los para uma vida profissional mais digna, integrando-os à sociedade e os incentivando à lutar por seus direitos como cidadãos. Todos os produtos realizados pelos usuários nesse espaço que funcionará como um ateliê (já que são propostas divisórias de vidro) poderão ser expostos no espaço de exposições no térreo. Além desses ambientes, o bloco educacional conta com espaços do setor de apoio, como as salas de auxílio jurídico, assistência social, auxílio à documentação, atendimento psicológico, depósito e lavabo destinado à funcionários que se localiza próximo à circulação vertical e possui shaft para ventilação. O auxílio jurídico será destinado aos usuários com necessidade de acompanhamento judicial para resolução de questões pessoais, assim como a assistência social terá como função realizar estudos e encaminhar os usuários à instituições (Sine Municipal, Conselho Regional de Serviço Social, CAIS ou UABSF como mapeados na página 27) específicas para cada caso. O auxílio à documentação será destinado aos usuários que desejam emitir documentos pessoais como carteira de identidade ou carteira de trabalho. Devido às condições de extrema pobreza e vulnerabilidade, é possível notar um grande número de pessoas em situação de rua com problemas psicológicos. Os usuários com essas condições poderão ser atendidos por psicólogos em um ambiente reservado e encaminhados para instituições específicas caso a situação se apresente em estado grave. O depósito presente neste bloco será destinado à materiais que serão utilizados nas salas de aula com supervisão dos professores/orientadores. O bloco educacional, assim como o de dormitórios familiares, possui abertura em duas laterais, possibilitando a iluminação natural e ventilação cruzada. A fachada voltada a sudoeste contará com uma proteção fixa de elemento vazado em aço corten12, enquanto a fachada voltada a nordeste contará com uma proteção específica14 que protegerá o bloco de uma grande incidência solar durante mais tempo do ano, promovendo assim um conforto térmico ideal.

12 Vide Detalhe do Painel Fixo em Aço Corten nas Páginas 66 e 67 13 Vide Detalhe do Elemento Vazado com Vidro na Página 70 14 Vide Detalhe do Brise Soleil na Página 68


1º PAVIMENTO

N

Ru a

ei

brise soleil

m

pe

rm1% ea b

elemento vazado

iliz

ad

D

do

ea bil iza da

rm

S

itó

rio

fam

co pa

ilia

berçário

r

1

pe % rm

escada de acesso exclusivo ao 2ºpavimento cápsula de acesso PCD ao 2º pavimento

a

B

20

laj

.

28

7,83

co pa

,65

wc m

as

painel fixo

5,00

painel fixo

2,9

D

9,3 2 2,9

5

sala inform. sala prof.

c.

elemento vazado

5

biblioteca

PC m D as c.

,25

31

1,0

15,

5

PC fem D .

brinquedoteca

7,3 0

laj

0

14

ei

m

C

wc fem

sala de TV 4,0

D

sala oficinas brise soleil

sala artesan.

7,58

36,55

10,78

sala costura

elemento vazado

assistência social

auxílio docum.

1,10

auxílio jurídico

7,30

4,88

dormitório masculino D

5%

telha termoacústica

8,06

espera psicól.

A

D

telha termoacústica 5%

7,58

psicól.

depósito

1,00

wc prof. /func.

A

10,75

B

C

painel fixo

Rua 10

PLANTA 1º PAVIMENTO 0

15m

5

63


15 +769,12

reserv.

2,20

15

1,60

cobertura metálica com telha termoacústica

18

+766,77 barrilete forro de gesso

forro de gesso

forro de gesso

forro de gesso

wc PCD unissex forro de gesso

forro de gesso

wc unissex forro de gesso

forro de gesso 12,59

forro de gesso

wc PCD unissex

18 1,00

wc +762,99 unissex

3,60 wc fem.

forro de gesso

wc PCD fem.

wc PCD masc.

forro de gesso

forro de gesso

8,56

+759,21

wc masc.

18

18

3,60

15,44 18

3,60

cobertura metálica com telha termoacústica

+759,21

wc masculino forro de gesso

forro de gesso

3,60

3,60

elemento vazado

pilotis

projeção da ventilação projeção da iluminação

64

wc PCD +755,43 fem.

fosso elevador

wc PCD masc.

pilotis

+755,43

wc masculino


forro de gesso

wc masculino forro de gesso

wc masculino

CORTE BB 0

2

4

14m

65


clipe para estabilidade dos painéis

grampo para fixação do cabo de aço 5x16” - 7,94 mm

olhal de suspensão tipo parafuso Ø externo = 28 mm Ø interno = 16 mm

chapa de aço para fixação do painel e cabo de aço no pisso

DETALHE PAINEL FIXO EM AÇO CORTEN

ESCALA 1:10

DETALHE PAINEL FIXO EM AÇO CORTEN

3,60 wc fun. fem.

66

sala de professores

biblioteca

18

cobogó

9,16

3,60

18 1,60

ESCALA 1:50

wc PCD fem.

rouparia/ lavanderia

wc


eixo do cabo de aço

1,15 1,15

3,45

1,15

3,00

VISTA PAINEL FIXO EM AÇO CORTEN

VISTA FRONTAL PAINEL FIXO EM AÇO CORTEN

ESCALA 1:50

cobertura metálica com telha termoacústica

detalhe painel fixo em aço corten

alunos fem.

wc PCD fem.

wc PCD masc.

painel fixo wc alunos masc.

auxílio documentação

wc funcion.

psicólogo

+759,21

divisória

acesso 02

guarita

wc social

circul.

coord. pedagógica +755,43

CORTE CC 0

2

14m

4

67


2º PAVIMENTO O segundo pavimento é composto pelo dormitório feminino e LGBT. Se trata de um ambiente que possui banheiros unissex (inclusive os PCD), uma copa de apoio e 57 leitos de 1,80 metros de altura, sendo 3 dimensionados especialmente à pessoas com deficiência física. O acesso ao pavimento deverá ser feito pela escada externa ou pela cápsula (em caso de se tratar de um usuário com deficiência física) próximas ao canil, e essas serão protegidas por um elemento vazado (mesmo elemento utilizado para a proteção das escadas internas). Essa ala contará com aberturas em duas laterais para que haja entrada de luz natural assim como ventilação cruzada. Assim como no 1º pavimento, a fachada voltada à sudoeste receberá uma proteção vazada fixa de aço corten e a fachada à nordeste receberá uma proteção solar específica devido ao recebimento de uma alta incidência solar durante um grande período do ano, assim será garantido o conforto térmico do ambiente. 30°

20°

10°

l

40°

1 0°

50°

2 0°

60° 70° 80° 90°

3 0° 4 0° 5 0° 6 0° 7 0° 8 0° 9 0°

10°

20° 30° 40° 50° 60° 70° 80° 90°

CORTE BRISE SOLEIL

Tendo em vista que a fachada deste bloco voltada a Nordeste recebe intensa incidência solar durante um longo período do dia, foi realizado um estudo no qual optou-se por criar uma proteção solar que protegesse das 8:10 ás 16:50. A proposta consiste em um brise horizontal com ângulo de 60º em alumínio pintado sem inclinação. Esse brise também é proposto para a fachada a Nordeste do bloco educacional.

68

2 15 2 15 2 15 2 15 2

10 60° 60° 60° 60°

DETALHE BRISE SOLEIL


20

2º PAV Ru a

laj

ei

brise soleil

m

pe

rm1% ea b

iliz

elemento vazado

D

ad

a

ea bil iza da

B

cápsula

pe % rm

D

5

laj

ei

m

,25

14

,65

wc u

elemento vazado

nis

painel fixo

se x

5

28

co pa

7,3 0

33

1,0

C

19,

2,9

1

d wc fem orm un ini itór iss no io ex /LG BT

2,9

5

9,3 2

D

telha s oacú term

10%

tica 10%

10%

telha termoacústica telha termoacústica

5%

telha termoacústica telha termoacústica 5%

A

A

B

C Rua 10

PLANTA 2º PAVIMENTO 0

15m

5

69


cobertura metálica com telha termoacústica

ver detalhe do cobogó (pág. 54)

cobogó

circ. func.

cozinha

refeitório

espaço de atividades

3 3 11 3

40

40

15

DETALHE ELEMENTO VAZADO ESCALA 1:10

DETALHE ELEMENTO VAZADO ESCALA 1:50

70

VISTA FRONTAL ELEMENTO VAZADO


1,25 18 3,60

elemento vazado 18

wc PCD +762,99 masc.

dormitório familiar

wc PCD +759,21 masc.

3,60

divisória em aço corten

detalhe elemento vazado

18

3,60

12,59

dormitório feminino/LGBT

divisória em aço corten

wc PCD masc. +755,43

horta orgânica

CORTE DD 0

2

14m

4

71


COBERTURA Para a cobertura do bloco de serviços foi proposta uma laje impermeabilizada com inclinação de 1% , de forma que a ausência de uma platibanda contribui para a estética da disposição do bloco educacional sobre o bloco em questão. Além dessa cobertura, a do canil e a da circulação vertical externa exclusiva para mulheres e usuários LGBT também são propostas como lajes impermeabilizadas de inclinação de 1%. As demais coberturas (blocos administrativo, dormitório masculino, dormitório familiar/ feminino/LGBT e educacional) são propostas com estrutura metálica e telha termoacústica com inclinação de 10%, com exceção da do bloco administrativo que possui inclinação de 5%. Além disso, o acesso 01 (entrada ao conjunto pela recepção) e o acesso de funcionários ao bloco de serviços serão protegidos por coberturas de estrutura metálica pintada e vidro. O reservatório é disposto sobre a estrutura do banheiro dos dormitórios familiar/feminino/LGBT e possui área suficiente para 6 caixas d’água de 3.000 litros cada.

72


laj

ei

m

pe

rm1% ea b

iliz

ad

D

a laj

ei

m

pe

1%

rm

ea b

B

Ru a

20

COBERTURA

ea bil iza da

iliz

ad

a

tel h

pe % rm

1

laj

ei

m

C

at erm10% oa at cú erm sti o ca 10% ac ús tic a

tel h

res

erv ató

rio

caixa d’água 3.000 litros

D

telha s oacú term

10%

tica 10%

10%

telha termoacústica telha termoacústica

5%

telha termoacústica telha termoacústica 5%

A

A

B

C

PLANTA DE COBERTURA

Rua 10 0

15m

5

73


Foto: Eduardo Valente/ND

FONTES

CONSULTADAS


“Se for pra sermos relevantes na nossa cultura hoje, não podemos apenas fazer edifícios bonitos. Temos que fazer coisas que estão fazendo a diferença, que estão resolvendo os maiores problemas do mundo. Acho que é isso o que uma ótima arquitetura faz.” Rick Archer, sócio-fundador do Overland Partners

75


(1) Making Dreams Come True, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=mDRp3xC3f3o&t=42s A arquitetura hostil das cidades, disponível em https://projetocolabora.com.br/ods11/a-arquitetura-hostil-das-cidades/ Anti-homeless spikes are part of a wider phenomenon of ‘hostile architecture’, disponível em https://www.theguardian.com/ artanddesign/2014/jun/13/anti-homeless-spikes-hostile-architecture APROVADO PLANO DE ATENÇÃO À POPULAÇÃO DE RUA, disponível em https://www.goiania.go.leg.br/sala-de-imprensa/noticias/ aprovado-plano-de-atencao-a-populacao-de-rua Arquitetura Expulsa População de Rua, disponível em https://www.folhadelondrina.com.br/cidades/arquitetura-expulsapopulacao-de-rua-78148.html Arquitetura Hostil: A Cidade é para Todos?, disponível em https://www.politize.com.br/trilhas/constituicoes-do-brasil/ Canil - Tenha o lar ideal para os cães, disponível em https://www.cachorrogato.com.br/cachorros/canil/ Censo Suas, disponível em https://aplicacoes.mds.gov.br/snas/vigilancia/index2.php

Centenas de moradores de rua ocupam o centro de Goiânia, disponível em https://www.youtube.com/ watch?v=cxwg1MwB_w8 Centro de Referência de Assistência Social - Cras, disponível em http://mds.gov.br/assuntos/assistencia-social/unidades-deatendimento/cras Cobogó Pétala Branco Cerâmico Esmaltado 20x20x8 cm, disponível em https://www.lojaburguina.com.br/linha-e-modelo-petala/ Cobogo-Petala-Branco-Ceramico-Esmaltado-20x20x8-Cm Coming Out Of Homelessness, transformational-center/

disponível

em

https://www.overlandpartners.com/projects/haven-for-hope-homeless-

Constituições do Brasil - Politize!, disponível em https://www.politize.com.br/trilhas/constituicoes-do-brasil/ Eram mais de 410 nas ruas, mas 61 foram mortos, disponível em https://secom.ufg.br/p/14336-eram-mais-de-410-nas-ruas-mas-61foram-mortos

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