Vivências Coletivas: a coletividade como apoio ao contraturno escolar

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Luisa Eledá
UNIVERSIDADE CATÓLICA
RIO DE JANEIRO LUISA ELEDÁ LOURENÇO SOARES | ORIENTADORA: VERA HAZAN | 2019
PONTIFÍCIA
DO

1. introdução (7)

2. a educação do século xxi

2.1 a educação através do tempo (10)

2.2 as necessidades da aprendizagem do século xxi (16)

2.3 o espaço e a aprendizagem (22)

2.4 reflexões acerca de referências (26)

3. o local

3.1 Pedra Lisa x Sacadura Cabral (32)

3.2 Contexto Histórico (32)

3.3 Contexto Urbano (34)

3.4 Terreno (45)

sumário

4. apoio ao contraturno escolar (47)

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO

DAU - ARQUITETURA E URBANISMO

LUISA ELEDÁ LOURENÇO SOARES

ORIENTADORA: VERA HAZAN

ARTE CAPA E CONTRACAPA: VITOR PANTOZZI

5. referências (54)

INTRODUÇÃO 1.

A educação institucional envolve muitas questões, entre elas o espaço escolar. No entanto, segundo Alfredo Hernando Calvo, psicólogo e pesquisador espanhol da área educacional, em alguns países, assim como no Brasil, as escolas, como instituição “pararam no tempo”, ou seja, não atendem às necessidades do século XXI. Para ele, a escola necessita de múltiplos espaços, onde o diálogo e as relações interpessoais tem total relevância para o bom funcionamento delas, além da elaboração de projetos criativos e inovadores com a participação dos principais interessados, os estudantes.

“Em uma escuela21, aprende-se com o movimento do corpo, porque é uma maneira de manifestar nossa inteligência. É uma escola onde existe mais de um tipo de espaço: poltrona, reflexão, intimidade, estudo, diálogo, nuvem... e em que todos e cada um deles têm uma configuração estrutural diferente, mas dentro de um mesmo projeto.”

(CALVO, 2016:11)

Com isso, Calvo levanta duas questões: “o que precisamos aprender?” e “como queremos aprender?”. Segundo ele, o segredo para as escolas é tornar o lugar atrativo para as crianças e jovens, onde a obrigatoriedade da presença não é primordial e sim a iniciativa própria do estudante e, para isso o espaço escolar precisa ter a linguagem deles e acolhe-los.

Apesar de muitas mudanças já terem ocorrido no sistema escolar, no Brasil ainda predomina o ensino tradicional, onde cadernos e livros são as únicas ferramentas e o espaço não tem função na aprendizagem, é apenas o ambiente entre paredes onde o professor é o protagonista e transmite o conhecimento.Porém, como ressalta Calvo, era válido em outra época, onde o silêncio absoluto, a ordem e a disciplina eram indicadores de eficiência e a compartimentação — do conhecimento e dos espaços — e o sistema seriado eram fundamentais. O problema é que esse modelo acaba priorizando a padronização e causando exclusão

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Portanto, para ter maior eficiência, as instituições escolares precisam se transformar conforme as necessidades do momento e do local em que estão, onde “cresce, inova e se transforma de acordo com o sentir dos seus protagonistas, da ciência, de seu entorno e de seu tempo.” (CALVO, 2016:20) Sendo assim, para melhorar a educação, a escola precisa de mudanças, incluindo o espaço, ator essencial nesse processo, assim como a participação de todos os atingidos por ela: estudantes, educadores, pais, familiares, enfim, a comunidade como um todo.

“A escuela21 é uma comunidade de aprendizagem personalizada, que atua, muda, cresce e se desenvolve atenta ao presente, à pesquisa e à realidade global e local, para que cada um de seus alunos aprenda a viver, narre sua identidade, descubra o mundo e o transforme no século XXI.”

(CALVO, 2016:22)

Em um encontro Educação 3601 em que estive presente, em abril de 2018, no painel “Participação dos estudantes” a jovem estudante do Colégio Estadual do Paraná, Ana Clara Nunes, defende o protagonismo dos educandos nas escolas e afirma que a educação deveria ser feita com e não para os alunos. Exatamente o que afirma a educadora Claudia dos Santos2, coordenadora pedagógica do Projeto Âncora, em Cotia, São Paulo, onde o estudante é ensinado a planejar seu próprio tempo e seus estudos e participa de todos os processos. Isso ressalta a necessidade das inovações e da adaptação do espaço escolar às necessidades do momento.

A motivação pelo tema surgiu durante pesquisas feitas para um trabalho acadêmico onde surgiram questionamentos sobre inovações educativas como: como a arquitetura pode ajudar na aprendizagem e qual importância do espaço nesse processo. A partir disso, estudos foram realizados para responder tais questões incluindo leituras e pesquisas, análise de dados e legislações e as questões arquitetônicas abrengeram estudos de caso com análises projetuais, espaciais e urbanas e também estudos de ocupação do terreno.

Sendo assim, o objetivo deste projeto é repensar o espaço de aprendizagem, mostrando sua relevância e os tornando grandes aliados dos estudantes colocando a coletividade como apoio e protagonistas de desenvolvimento humano. O propósito, então, é trazer mais interação para os espaços que permita a diversidade de atividades e, consequentemente a coletividade para a aprendizagem, o que possibilitaria trocas interpessoais e experiências no espaço. Da mesma forma, o contato direto com a cidade e envolvimento da mesma, compartilhando espaços e trazendo a sensação de pertencimento e identidade para os estudantes e famílias.

Para que isso seja possível, foi preciso considerar principalmente três pontos no contexto do local: mobilidade urbana e facilidade de acesso, usos do entorno e as escolas existentes. Primeiro, a questão da mobilidade urbana. A Rua Sacadura Cabral, localizada na Saúde, bairro da área central do Rio de Janeiro, é uma via importante de conexão entre o Centro e Região Portuária da cidade e outros bairros como, por exemplo, a Gamboa. Além disso, o bairro da Saúde é um local de fácil acesso, por ter etação de VLT próximo ao local e pontos de ônibus também na rua. Essa localização e facilidade de acesso, traz à região diversidade de pessoas que podem vir de qualquer parte da cidade. Juntamente com esse fator, os usos também favorecem a região, por estar localizado próximo ao Morro da Conceição, predominantemente residencial e também por ser uma zona muito comercial, favorecendo a vivência de rua.

Segundo dados do IBGE, a população em idade escolar na região representa 68% de toda a cidade e há 12 escolas no entorno próximo, sendo nove municipais e três estaduais. Porém, a região ainda tem um índice considerável de evasão escolar3 e as escolas da região ainda apresentam modelo tradicional em seu sistema e em seus espaços o que não estimula o estudante e acaba aumentando tais índices.

1 Uma plataforma de iniciativa dos jornais O Globo e Extra que promovem encontros para colocar em debate as questões da educação e a diversidade que o tema oferece onde são ouvidos estudantes e especialistas em educação.

2 CANAL FUTURA, Destino: Educação – Escolas Inovadoras | Projeto Âncora (Brasil). São Paulo, 2016. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=kE6MlnwML8Y&index=5&list=PLUdXertmRlob1_KAKv2EhOrLfDXivu_CS&t=475s

Contudo, o projeto se propõe a apresentar um espaço integrado e compartilhado com a cidade voltado para o contraturno escolar, na área central da cidade, local regado de mobilidade e traz, assim, a possibilidade da diversidade para o local. Então, a busca foi pensar o espaço da aprendizagem com múltiplas ambiências de forma que houvesse conectividade entre elas e pudesse ser experimentado, que estimulasse a coletividade e as trocas interpessoais suprindo, assim, as necessidades do século XXI, conhecidas através de Alfredo (2016:11).

3 INSTITUTO MILLENIUM. Índices de educação pioram no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2010 Disponível em: https://exame.abril.com.br/blog/instituto-millenium/indices-de-educacao-pioram-no-rio-de-janeiro/ Acesso em 20 nov. 2018

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2.1 a escola através do tempo

A história da educação escolar é, sem dúvida, um recurso muito importante para entendermos e nos ajudar a repensar o espaço escolar. O processo de escolarização se fez necessário a partir do Período Colonial (do século XVI ao início de século XIX), com escolas junto às intituições religiosas, e vai até os dias de hoje. (YOSHISATO e FRANCISCO, 2015) Antes disso, a educação não era institucionalizada, e sim considerada a transmissão de conhecimentos e valores que passariam entre as pessoas e famílias (KAWALTOVSKI, 2011:13). Ao longo da história, muitas mudanças ocorreram e continuam ocorrendo até hoje.

O esforço para tornar a educação um direito não é recente, tendo passado pelo século XIX, com o Método de Ensino Mútuo1 (BALTAR, 2001:57), que já trazia a idéia de educação coletiva, apesar de ainda haver alguma compartimentação espacial pela separação por sexos e educação laica e religiosa. Apesar de obrigatória, a educação sempre se moldou aos interesses das elites contemporâneas, como acontecia, segundo Kawaltowski (2011:83), no início do século XX, onde as edificações escolares tinham características neoclassicas com rígidas separações físicas entre os ambientes.

O educador Anísio Teixeira (1900 - 1971), teve grande importância na história da educação pública brasileira do século XX tendo idealizado propostas para a democratização da educação, como a Educação Nova2, (KAWALTOWKSKI, 2011:85) e colocando o estudante como centro do aprendizado. Princípios considerados necessários hoje em dia já eram discutidos por ele no século XX como:

1 Também chamado de Método Lancasteriano, o método consistia em grupos de alunos mais maduros que eram previamente ensinados por um professor e depois passavam tal conhecimento e ensinamentos para alunos mais novos (BALTAR, 2001)

2 “...defendiam que apenas um sistema estatal de ensino, pautado pela liberdade e por uma pedagogia laica e contemporânea, daria as bases para a superação das desigualdades sociais brasileiras.” (Fonte: http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=3246&catid=30&Itemid=41

“Para Anísio Teixeira a escola precisava educar em vez de instruir, formar homens livres em vez de dóceis, preparar para um futura incerto em vez de transmitir um passado claro, ensinar a viver com mais inteligência , mais tolerância e mais felicidade. O interesse do estudante devia orientar o seu aprendizado num ambiente de liberdade e confiança mútua entre professores e alunos, em que esses fossem ensinados a pensar e julgar a si mesmos.”

(BASTOS, 2009)

A arquitetura escolar se desprende da rigidez, então, e adquire mais flexibilidade, baseado nas características modernistas, empregando agora um programa com necessidades mais específicas. A escola-parque idealizada por Teixeira priorizava a questão qualitativa à quantitativa, com uma educação completa. (BASTOS, 2009). Arquitetos como Diógenes Rebouças, Hélio Duarte, entre outros foram importantes na idéia da escola-parque por terem feito projetos no Brasil.

A rigidez e repressão retornam ao Brasil na Ditadura Militar (1964-1985), onde a hierarquia do professor sobre o aluno, a ordem e a disciplina eram os protagonistas. Com uma educação muito tecnicista e racional, a exclusão social volta a crescer onde as massas estudavam com muita precariedade. As arquiteturas escolares construídas na época ainda eram marcadas pelos princípios modernos, onde eram priortários a racionalização e a padronização e modelos espaciais definidos por normas e diretrizes. (KAWALTOWSKI, 2011:91)

11 10
A
educação do século xxi
2.

Escola Modelo da Luz, São Paulo. 1 - Sala de aula; 2 - Circulação; 3 - Entrada Principal

Grupo Escolar Visconde de Congonhas do Campo, São Paulo, 1935.

Arquiteto: José Maria da Silva Neves (Fonte: KAWALTOWSKI, 2011)

da

1956

Era composto por quatro “escola-classe”(1) (para mil alunos) construída no entorno de uma “escola-parque” (2) (para quatro mil alunos, onde funcionavam as atividades complementares como educação física, social, artística e industrial). Todos os alunos frequentariam as duas em horários alternados, completando a idéia de formação completa. (BASTOS, 2009).

Escola primária Hakusui, Japão (Fonte: Archdaily)

“O edifício das salas de aula tem planta convencional com 15 vãos de 5 m no sentido longitudinal e vãos de 6 m e 8 m no transversal. O térreo é semiocupado pelas áreas destinadas a consultório e refeitório que extravasam para fora da estrutura nas duas extremidades do edifício. A circulação vertical dá-se por ampla rampa colocada numa das laterais maiores e os dois pavimentos das salas de aula têm circulação central” (BASTOS, 2009)

Jardim de Infância do Cultivo, Vietnã (Fonte: Archdaily)

Projeto Âncora, São Paulo (Fonte: Google)

Projeto Âncora, São Paulo (Fonte: Google)

Ørestad Gymnasium, Dinamarca (Fonte: Archdaily)

CIEPs tinham um projeto-padrão concebido por Oscar Niemeyer e equipe onde tinham: 7000 m² com edifício principal com 3 pavimentos, 24 salas de aula, refeitório, consultório e serviços auxiliares e dois anexos com biblioteca e ginásio de esportes. Precisava de rapidz na execução, por isso usou-se concreto pré-moldado como estrutura (BASTOS, 2009)

CIEP, Rio de Janeiro | (Fonte: Google)

Croqui modelo CIEP - Niemeyer (Fonte: Google)

(Fonte: http://www.une.org.br/)

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(Fonte: CARVALHO,2009)
1 1 1 1 2
19641985 FINAL SÉC.
SÉC.
Escola-parque Bahia, Arquiteto: Diógenes Rebouças (Fonte: Google)
INÍCIO SÉC. XX METADE DO SÉC. XX
XX SÉCULO XXI
XIX
TÉRREO 1º PAVIMENTO 2º PAVIMENTO

Com Redemocratização, retornam os conceitos da escola-parque com Darcy Ribeiro1 (1922-1997), pelos CIEPs onde o contexto brasileiro precisava suprir a exclusão herdada pela Ditedura. Os Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs), é implantado no governo de Leonel Brizola (1983-1987), no Rio de Janeiro, tinha a intensão de assegurar condições mínimas de educação para as áreas menos favorecidas e de maior necessidade. (BASTOS, 2009) A idéia era de uma educação completa: período integral, atendimentos médicos, reforço escolar e três refeições por dia que se estendiam pelos fins de semana onde a população poderia contar com a biblioteca, quadra e consultório.

É preciso constatar que a arquitetura escolar construída com princípios modernistas nas escolas-parque da década de 50 ainda persistem até os dias de hoje no Brasil. Muitas mudanças aconteceram na sociedade, modificaram-se as necessidades, porém as escolas ainda são pensadas e projetadas com características de anos atrás como é o caso, por exemplo, de escolas contruídas a partir do FDE (ver pág.56), em São Paulo.

A legislação da educação brasileira vigente, a LDB2, determina que a organização escolar deve ser feita de acordo com o interesse do processo de aprendizagem, seja ele por série, competência ou outro critério. (BRASIL, 1996:17) Determina também que é dever do Estado, Município e União garantir o direito da educação básica onde, são responsáveis prioritáriamente pelo Ensino Médio, Fundamental e Superior, respectivamente, podendo também incumbir-se de qualquer um dos níveis. A União tem também o dever de elaborar o PNE3, que estabelece metas e planejamentos, orientando a política pública educacional.

A PNE vigente, tem diretizes como: “universalização do atendimento escolar”; “formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores morais e éticos em que se fundamenta a sociedade” e “superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação”. (BRASIL, 2014)

Com isso, percebe-se que a legislação e planos vigentes no País para a educação priorizam a universalização, personalização e uma formação

1 Antropólogo e político brasileiro, ocupou os cargos de vice-governador e Secretário de Ciência e Cultura no governo de Leonel Brizola no Estado do Rio de Janeiro (1983-1987) muito atuante na questão educacional do Brasil.

2 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Vigente nas Lei nº 9.394/1996 –Lei nº 4.024/1961.

3 Plano Nacional de Educação. Vigente na Lei nº 13.005/2014

voltada para as necessidades de “trabalho e cidadania”. A educação, então, precisa ser voltada para o século XXI (ver pág. 24). Apesar de muitas melhorias em relação ao protagonismo e autonomia dos estudantes nas escolas, muitas ainda funcionam em edifícios antigos, sem reformas de adaptações às necessidades atuais, como é o caso da Escola Municipal Bolívar4, no Rio de Janeiro.

Além disso, desde 2004 discute-se o “Escola sem Partido”5. O projeto de lei defende uma idéia de “neutralidade” política, religiosa e ideológica às escolas, o que acaba feriando a liberdade de expressão, nos remetendo aos anos de repressão da Ditadura. Em contrapartida, cria-se o Projeto “Escola Livre”,6 opondo-se à essas ideias garantindo a liberdade de ser e expressar do indivíduo. Ambos ainda estão em votação no Congresso Nacional.

No mundo, discute-se a inclusão da diversidade e o protagonismo dos estudantes nas escolas (CALVO, 2016). Já no Brasil há debates favoráveis à repressão, podendo trazer retrocesso como a hierarquia do professor e a separação entre comunidade e escola. Será então que, para o Brasil, onde há uma enorme diversidade e a desigualdade abrange grande parte da população, a melhor opção seriam medidas que tragam a liberdade e integração?

4 CANAL FUTURA. Rio de Janeiro, RJ | Destino: Educação Brasil. Disponível em: https:// www.youtube.com/watch?v=okxWLV2tfaY&t=571s Acesso em: 28 nov. 2018

5 Projeto de Lei º. 867/2015. Escola sem Partido

6 Projeto de Lei nº 6.005/2016. Escola Livre

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2.2 as necessidades da aprendizagem do século xxi

ALUNO EDUCANDO ORIENTADOR PROFESSOR

A partir das pesquisas feitas, surge um questionamento: o que precisamos melhorar para que a aprendizagem atenda, então, às necessidades do século XXI?

A formação do século XXI demanda uma educação personalizada e integradora, que acolha os estudantes e envolva seu cotidiano. Segundo José Pacheco1, a motivação para o aprendizado é muito maior se a questão está ligada ao cotidiano da pessoa. Além disso, precisamos estar atentos às habilidades de cada indivíduo, porque, como reintera Calvo (2016), não podemos concorrer à uma vaga na universidade, por exemplo, de igual para igual, se não somos todos iguais. A educação do século XXI transmite a idéia de “escola para todos”, onde há um equilíbrio entre o coletivo e individual e os conhecimentos adquiridos são compartilhados. Para isso integra-se comunidade e aprendizagem, trazendo a realidade de quem estuda para dentro também do ambiente de estudo.

Calvo (2016:22) defende um modelo de crescimento 4x4 onde a educação se baseia em quatro fontes que por sua vez se juntam com quatro pilares da educação formando uma “inovação educativa”. “É um modelo simples. Quatro fontes indicam a direção e os porquês de todas as mudanças, enquanto quatro pilares nos mostram onde e como mudar.”

FONTES

PSICOLÓGICA SOCIOLÓGICA

As fontes são responsáveis pelo direcionamento das mudanças Já os pilares, materializam tais mudança e permite planejamento da escola de forma global, harmonizando todos os setores.

1 Educador português e idealizador da Escola da Ponte, hoje referência no mundo inteiro. PACHECO, José. Aula, fato ou mito? TEDxPassoFundo Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=cYrgbptYcho

Responsável pelo comportamento e processos de aprendizagem Estuda e poe em prática as inovações de métodos e práticaas educativas.

PEDAGÓGICA

Fontes do Currículo Escolar

(Fonte: CALVO, 2016)

CURRÍCULO, AVALIAÇÃO E MÉTODO

Organização das ferramentas e conteúdos que serão utilizados. Além disso, que tipo de atividade e avaliação será realizada.

Adaptação da escola às necessidades da sociedade e de seu entorno. Observa e traz para dentro da estrutura da escola mudanças na tecnologia e avanços na ciencia que possam ajudar nas inovações educativas.

PILARES

ALUNO X PROFESSOR

Materializa a relação entre educandos e educadores e o papel que cada um desenpenha.

PLANEJAMENTO

Responsável por fazer e organizar os planos da escola como por exemplo os de comunicação e ação e os de relação, além do planejamento de horários e grupos.

Os quatro Pilares

(Fonte: CALVO, 2016)

EPSTEMOLÓGICA

ESPAÇOS X TEMPO

Entende e materializa o uso dos espaços. Como é usado o corredor, a biblioteca, as salas entre outras.

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Modelo 4x4

(Fonte: CALVO, 2016)

Interconectados, as fontes e os pilares geram o Modelo 4x4,que é um meio de interligar as necessidades do currículo escolar com a materialização de projetos que possam atendê-las e, então formular uma metodologia conivente com todos. Tal modelopermite a comunicação entre comunidade e escola, e a personalização da aprendizagem de acordo com local, perfil dos estudantes e cultura, diversificando a forma de aprender.

Além de métodos e modelos para estruturar a escola, é necessária a atenção às habilidades individuais e como elas podem ser usadas na aprendizagem coletiva. Segundo Calvo (2016:37), temos capacidades multiplas, o que chama de “Paleta de Inteligencias” sendo: linguísticas, lógico-matemática, musical, corporal cinestética, espacial, naturalista, interpessoal e intrapessoal. Tais inteligencias são um potencial do ser humano usado para resolução de problemas e criações.

Linguística

Aprendizagem e uso de idiomas e linguagens

CORPORALCINESTÉTICA

Lógicomatemática

Análise de problemas de forma lógica, fazer operações matemáticas e pesquisas cinetíficas

Empregar o próprio corpo para resolução de problemas ou criações

NATURALISTA

Compor, interpretar e apreciar pautas musicais

ESPACIAL

Reconhecer o espaço

INTRAPESSOAL

Capacidade de reconhecer a nós mesmos

Paleta de Inteligências

(Fonte: CALVO, 2016)

INTERPESSOAL

MUSICAL Reconhecer, Classificar os seres vivos e elementos do entorno

Capacidade de relacionar-se com outras pessoas

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As inteligências se relacionam entre si nas diferentes atividades realizadas, tanto na escola como na vida profissional e cotidiana. Sendo assim, a educação do século XXI precisa atender essas capacidades individuais e usa-las coletivamente, ou seja, o conhecimento e a capacidade adquirida de cada um é compartilhado e transmitido de pessoa para pessoa, não importando idade. Por isso a escola 21 não é seriada e as disciplinas não são compartimentadas, cada um aprende na sua velocidade e usando as capacidades que tem ou que adquire ao longo da vida.

Com isso, percebe-se que as necessidades escolares do século XXI giram em torno da coletividade e integração. Como afirma Calvo (2016:88), é preciso trabalhar objetivos e conteúdos mutuamente, assim como no cotidiano, os desafios que enfrentamos não ocorrem de forma compartimentada.

Como defende o educador José Pacheco, em entrevista para o Educa211 e também foi debatido no encontro Educação 360, em abril de 2018, a educação precisa permitir a autonomia dos estudantes e também democratizar o aprendizado. Conclui-se então que há certos pontos que precisam ser transformados para que a escola atenda às necessidades do século atual e, além disso, se adaptar ao momento e ao local em que está inserida. A arquitetura é mediadora dessas adaptações e precisa permitir que elas aconteçam.

EDUCAÇÃO TRADICIONAL RELAÇÕES

ORGANIZAÇÃO MÉTODOS

Hierarquia dos professores e diretores sobre os alunos

EDUCAÇAÕ SÉCULO XXI

Horizontalidade nas relações, não importando a idade e função

AVALIAÇÕES ESPAÇOS

Seriada

Conforme habilidades e interesses

Aulas expositivas onde o conhecimento é transmitido pelo professor e absorvido pelo aluno

A aprendizagem é ministrada pelo estudante, orientada pelo educador, especialista em algum assunto, participativa com bases teóricas e práticas, navegando pelas áreas do conhecimento.

Avaliações como produto final baseado em provas

Compartimentação dos espaços

Avaliações participativas e de processo onde a avaliação também é sinonimo de aprendizagem e autonomia

Espaços polivalentes onde todo espaço é de aprendizado, além de programas compartilhados com a comunidade

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1 EDUCA21. Autonomia. Disponível em: http://educacaosec21.org.br/democracia/ Acesso em: 27 nov. 2018

A arquitetura é uma das responsáveis pela criação da nossa identidade tanto individuais quanto como sociedade. Como afirma Pallasmaa (2018:49), além de objeto é também como nos situamos no espaço-tempo, nos permitindo vivenciar e ter experiências usando todos os sentidos humanos. Assim também acontece no ambiente escolar. Ao se apropriar do espaço, o estudante situa-se, interage e entende o mundo. Portanto, a arquitetura pode ajudar na formação básica de forma a estimular a conexão entre educandos, educadores e aprendizado, mediando relações.

O espaço educativo deve permitir apropriação e oferecer diversas experiências para que assim seja estimulada a criatividade e a sensação de pertencimento. (YOSHISATO e FRANCISCO, 2015).

Em conformidade com esses pensamentos, o arquiteto Giancarlo Mazzanti1 defende que a arquitetura pode ser um agente de tranformação social e integradora, a partir do momento em que ela é pensada para conceber espaços em que propiciam experiencias e nos relaciona uns com os outros e com o mundo.

(ANTUNES, 2012)

espaços abertos à comunidade

O espaço voltado para a aprendizagem, seja ele de educação formal ou contraturno, tem que ser pensado como um edifício de transformação social, integrada com a cidade, um investimento em comportamento e experiência das pessoas e que esteja mais atenta as questões qualitativa às quantitativas. Com isso a pessoa consegue se sentir parte da sociedade, e assim estariamos formando cidadãos para o mundo.

Estudos e pesquisas não precisam necessariamente de paredes

Espaço

A sala de aula ultrapassa as barreiras físicas

Corte Parque Biblioteca

Leon de Greiff - Giancarlo

Mazzanti

(Fonte: https://www.elequipomazzanti.com/ )

espaços reservados ao programa

1 Arquiteto colombiano autor de alguns projetos para fins educacionais. Assim como o Parque Biblioteca que destina uma parte de seus ambientes para usos públicos

Projeto Âncora - Cotia (ver pág. 48)

23 22 2.3
o espaço e a aprendizagem
“...a arquitetura nos faz entender e lembrar quem somos.”
(PALLASMAA, 2018:31)
polivalente que permite apropriação

O aprendizado é uma atividade coletiva e individual e espaços flexíveis são essenciais

O aprendizado acontece em espaços diversos que estimulam a criatividade

Por isso os conceitos de sala de aula e a compartimentação dos espaços precisa ser pensados às necessidades escolares do século XXI, onde começa e onde termina o “espaço de aprendizagem”. Assim acontece em escolas como Projeto Âncora, onde não há barreiras para a aprendizagem, todos os espaços são para esse fim, a escola como um todo é uma grande sala de aula, assim como a comunidade.

A circulação não é só de passagem, mas também de atividades educativas diversas

A conexão com a natureza e a inclusão da tecnologia são partes fundamentais da Escola 21

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Vittra Telefonplan, Suécia - Rosan Bosch | (Fonte: Archdaily) Escola da Ponte, Portugal (Fonte: Google) Vittra Telefonplan, Suécia - Rosan Bosch | (Fonte: Archdaily) Marinilla Educational Park, Suécia - Mazzanti (Fonte: Archdaily) Jardim de Infância do Cultivo, Vietnã (Fonte: Archdaily) Escola Nuvem (Fonte: Google)

2.4 Reflexões acerca de Refêrncias PROJETO ÂNCORA

Cotia - São Paulo

Ano: 2012

Arquiteta | Fundação: Regina Steurer | Walter Steurer

Com grande influência da Escola da Ponte, o Projeto Âncora é nasceu com a vontade de melhorar a formação de jovens e crianças, tornando-os cidadão prontos para os desafios da sociedade. Tendo sido fundado em 1995, só começos a oferecer o Ensino Fundamental em 2012 e em 2017 o Ensino Médio.

Assim, englobam o desenvolvimento social e a aprendizagem em uma instituição não seriada, onde os estudantes participam de todas as atividades da escola, sendo ouvidos e respeitados em igualdade. Com essa estrutura, a inclusão é uma prática real, levando em consideração a capacidade individual e o cotidiano. A educação participativa é um dos princípios, onde educandos participam de todos os processos, dese avaliações até assembléias.

Localizado em Cotia, São Paulo, tem uma área de 12000 m, onde uma tenda do Circo Escola é o coração do campus onde acontecem diversas atividades. Além das aulas de circo, acontecem apresentações, assembléias, reuniões, entre outras atividades. O campus se divide em outros seis edifícios com espaços de estudos coletivos, áreas administrativas, biblioteca e estudo individual, quadra e serviços.

Organiza-se por núcleos de aprendizagem com crescimento gradativo, sendo o primeiro Iniciação I e o ultimo Aprofundamento, onde não existe limite de idade para cada um deles. O critério para a transição de um núcleo a outro é ter obtido total aproveitamento do anterior, onde o estudante, junto com o orientador, decidem se pode avançar ou se precisa recuar para melhor aprendizagem. Tal prática dá autonomia e incentiva a coletividade da aprendizagem.

A comunidade é parte importante desse sistema, onde é integrado com a escola promovendo atividades conjuntas com os estudantes, ultrapassando os limites da escola.

27 26
2

Com as mais diversas formas de apropriações do espaço

Aprendizagem coletiva incentivando trocas entre pessoas de qualquer idade,

A pArticipAção do estudAnte é fundAmentAl pArA o projeto ÂncorA em todAs As AtividAdes necessáriAs nA escol A

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ØRESTAD GYMNASIUM

Copenhagen - Dinamarca

Ano:2006

Arquiteto: 3XN Architects

A Ørestad quanto edifício apresenta uma forma tradicional retangular. Porém, seu interior foge da convencionalidade a partir do momento em que cria um vazio no centro e níveis intercalados criando uma interação visual. Atendendo o Ensino Médio, o foco de sua metodologia é o estudante incentivando a autonomia e o espaço tem grande influência, como afirma Allan Andersen¹, diretor da Ørestad, quando se tem espaços diversos e abertos, é mais fácil de manter o estudante ativo.

Uma grande parte da planta é comporta por espaços livres de parede, onde também acontecem aulas e estudos.

¹ CANAL FUTURA. Ørestad Gymnasium (Dinamarca) | Destino: Educação - Escolas Inovadoras. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=BU4V_Un4vk4

Espaços que necessitam de mais privacidade e silêncio, como o auditório configura-se dentro de paredes com uma forma que permite melhor aproveitmento de seu entorno

Os pavimentos de organizam em torno de uma escada central que também é usada como ponto de encontro da escola

31 30
4º pAv.

O Local 3.

3.1 Pedra Lisa x Sacadura Cabral

A antiga pedreira do Morro da Providência, conhecida como Zona da Pedra Lisa, localiza-se na Gamboa, Rio de Jneiro e tem uma importância histórica para a cidade. Criada por ex-escravos e ex-guerrilheiros da guerra de Canudos, há mais de 120 anos, que também montavam suas residencias no Morro da Providência que margea a Pedra Lisa. Dada tal relevância e a pesquisa apresentada neste caderno, pude observar que a Zona da Pedra Lisa, primeiro sítio escolhido para o localizar o apoio escolar, precisava de maior atenção que o programa da educação, foco do trabalho. Sendo assim, optei por tranferir o local do projeto para um terreno no bairro vizinho, Saúde, com um contexto urbano também satisfatório para o projeto proposto.

3.2 Contexto Histórico

Em comparação, os dois bairros localizam-se em uma zona central da cidade, com abundancia em mobilidade urbana e tem a semelhante importância histórica. O bairro da Saúde é um dos bairros mais antigos da cidade, com origem no Brasil Colônia, século XVII e era a porta de entrada do Rio, por ser a região do Porto. Ela possui uma parte aterrada, que vai da atual Rua Sacadura Cabral, principal rua do terreno atual, até a praia e era conhecida como Rua São Francisco da Prainha, o que deu origem ao atual Largo da Prainha.

A Capela São Francisco da Prainha, construção histórica e um marco da região, é do ano de 1696 e Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, foi incendiada na invasão francesa (século XVIII) e revitalizada pelas obras do Porto Maravilha.

Conjuntamente, ainda hoje, conseguimos localizar o Cais do Valongo que foi redescoberto em 2011, por meio de pesquisas arqueológicas e revitalizado1. No Cais eram feitos os desembarques de escravos que eram colocados nos armazéns para venda. Com isso, o bairro começou a ter armazéns e cais que armazenavam produtos vindo de outras partes do país, principalmente após a abolição da escravatura.

Além disso, o Morro da Conceição, que cerca a região e forma uma barreira no bairro, dividindo-o fisicamente, foi um dos primeiros pontos de ocupação no Rio de Janeiro, pelos portugueses onde é composta predominatemente, até hoje em dia, por sobrados de arquitetura colonial. Com isso, uma característica continua ainda muito viva na região, desde a época dos portugueses, a vivência na rua. Isso traz a idéia de coletividade, ausente em algumas as partes da cidade por diversos fatores.

Contudo, observa-se que muito se investiu na revitalização da parte histórica do Rio de Janeiro, com o propósito de preservação de uma área que foi muito importante para a construção do país. Foi no Rio de Janeiro os primórdios do Brasil e é uma coisa que precisamos preservar.

1 RODRIGUES, Renan. Após título concedido pela Unesco, desafio é preservar o Cais do Valongo. Disponível em: https://oglobo.globo.com/rio/apos-titulo-concedido-pela-unesco-desafio-preservar-cais-do-valongo-21571582

33 32

3.3 contexto urbano

O terreno está situado Região Portuária do Rio de Janeiro, mais precisamente no bairro da Saúde, que fica entre o Porto, Centro e Santo Cristo e é considerado área central da cidade. A Sacadura Cabral, rua de acesso ao terreno, é uma das mais importantes do bairro por conectar a Praça Mauá, bem próximo ao sítio, e os bairros vizinhos da Região.

Por ser uma área central, reune em seu entorno muitos espaços de relevância para a cidade como por exemplo o Cais do Valongo, Patrimônio Histórico da Humanidade por reunir muita história brasileira e também o Largo da Prainha, espaço público muito utilizados de diversas formas por toda a população. É um local de muitos usos culturais, onde acontecem muitas atividades abertas à população.

Além disso, está situado em uma região cercada por dois morros: o Morro da Conceição, no entorno imediato e o Morro da Providência, entorno próximo. As duas comunidades são históricamente importantes para a cidade e foram o início das construções no Rio de Janeiro. O Morro da Conceição, com seu uso predominantemente residencial, há uma vivência que em muitos locais da cidade não tem, a vivência na rua, o que traz um espírito de coletividade que já é nato no local. Porém, funciona como uma barreira física no próprio bairro, assim como a Av. Presidente Vargas, dificultando a passagem de pedestres. Em contrapartida, é um local abundante em mobilidade, facilitando a chegada de qualquer parte da cidade.

O sítio é vizinho da Praça Mauá, na região do Porto, onde é usado para muitos fins, principalmente culturais, após a revitalização do Porto Maravilha. Não somente a região do Porto, o bairro é vizinho de muitos locais para fins culturais. Um dos marcos tanto da Região como do Rio de Janeiro como um todo é a presença da arte de rua nas empenas dos edifícios. O sítio em questão conta com uma dessas artes na empena vizinha, trazendo identidade.

DADOS:

Bairro: Saúde, RJ Região Administrativa: I - Portuária

População do RJ: 6.320.446 pessoas População da Região: 48.664 pessoas

População de 6 à 14 anos no RJ: População de 6 à 14 anos na Região: 7.757 pessoas

860.430 pessoas

Área da região: 850, 89 ha Escolas municipais (na Região): 9

Escolas estaduais(na Região): 3

35 34
Gamboa Porto Zona Sul Centro Centro Santo Cristo Cidade Nova Central do Brasil Cais do Valongo Cidade do Samba Praça Mauá Praça XV Zona Norte Empenas do entorno com grafites, trazendo identidade para a região. Fonte: IBGE e Portalgeo Rio

O sítio em questão é margeado pelo Morro da Conceição, onde a predominância é de uso residêncial e de comércio local. É possível observar que à Norte, Leste e Oeste há uma predominância de comércio e serviços para diversos fins, voltado para a cidade como um todo. Assim como em toda área central da cidade, tal característica é forte, o que traz muitas pessoas e diversidade ao local.

Em contrapartida, à Sul do local encontra-se o Morro da Conceição, onde é caracterizado pelo uso predominantemente misto, sendo o comércio mais voltado para a população local. Além disso, importantes pontos da cidade localizam-se no entorno próximo: a Praça Mauá, palco de muitos eventos culturais e lazer mundiais, o Centro Cultural da Ação da Ci-

dadania, edifício histórico que funcionava o primeiro armazém da cidade, onde são promovidos eventos de incentivos à cultura de categorias diversas além do Largo da Prainha e Pedra do Sal.

Contudo, é possivel observar a importância cultural do local, além dos usos predominante residencial e comercial o que trazendo diversidade e experiências para o local. Porém, é envolvido por algumas escolas e observa-se a falta de algum equipamento específico para as crianças onde possam ter um contraturno e ter onde fazer diversas atividades.

37 36 USOS
Lazer/Serviços
1 2 3 4 4
Lazer/Cultural Comércio/Serviços Uso Misto Escolas Existentes Morro da Conceição Terreno
1 2 3
Praça Mauá Av. Venezuela Largo da Prainha

Fluxo intenso de carros

Fluxo moderado de carros

Fluxo baixo de carros

Fluxo intenso de pedestres

A segunda, Av. Venezuela, tem igual relevância e possui fluxo contrário. Ela é impotante por levar o tráfego do Centro para a Gamboa, conectando também a Praça Mauá. Semelhante à Av Venezuela, também tem, ao longo de sua extensão impotantes pontos como por exemplo a Pedra do Sal e o Largo da Prainha, importantes espaços públicos muito usadas principalemnte para eventos culturais. Ambas e incluindo a Av. Barão de Tefé, que conecta o Porto à Av. Presidente Vargas, tem fluxo intenso, tanto de carros quanto de pedestres, sendo a Sacadura com um pouco mais de pedestres do que a Av. Venezuela.

São três vias principais cercam o sítio: Av Venezuela, Rua Sacadura Cabral e Av. Barão de Tefé que se junta com a Rua Camerino. A primeira, é uma via importante por escoar o tráfego da região da rodoviária da cidade para o Centro, passando para a Praça Mauá. Em sua extensão, possui pontos de extrema relevância para a cidade como o Cais do Valongo e serviços públicos como a Polícia Federal.

Percebe-se a diminuição de fluxo tanto de automóveis quanto de pedestres nas ruas que margeam o terreno.

39 38 FLUXOS
Av. Venezuela - Fluxo intenso Esquina Argemiro Bulcão com Coelho e Castro Rua Coelho e Castro - Fluxo baixo
1 2 2 3 4 4 3 1
Rua Argemiro Bulcão - Fluxo baixo

A mobilidade é uma questão importante para a implantação de uma escola. Isso porque uma boa mobilidade urbana facilita a chegada do jovem na escola e também das famílias que precisarem leva-los e ir para suas atividades diárias. Além disso, com grande oferta de transporte público, é mais fácil a inclusão da diversidade na educação pela possibilidade de acesso de diversas partes da região.

Por ser uma área central da cidade, podemos observar tais características no bairro da saúde com uma abundância em transporte público. Há menos de 200 metros, na Praça Mauá, encontra-se uma estação de VLT - implantado pelo Porto Maravilha - importante conexão entre o Centro da cidade, bairros vizinhos e pontos importantes como à Praça XV, local de integração entre a Região Metropolitana do Estado e estações de metrô. Cercado por vias importantes, como observado anteriormente, também é um ponto relevante nessa questão, por abranger pontos de ônibus com diversas linhas vindas de várias partes da cidade.

Uma questão que podemos observar, é a escacez de ciclovias de fato construidas no entorno imediato. Porém, segundo a Prefeitura da cidade1, há projetos para a construção de ciclovias no local, importante questão quando falando de acesso.

1 Disponível em: http://pcrj.maps.arcgis.com/apps/webappviewer/index.html?id=5005177263f44932b87564b4fb8defdc

41 40 MOBILIDADE
1 2
Vias Principais VLT Ciclovia construida Pontos de onibus Central do Brasil
1 2 Implantada Em construção Projeto Terreno
Mapa Cicloviário do Rio de Janeiro | (Fonte: Prefeitura do Rio de Janeiro Estação Parada dos Museus | VLT - Praça Mauá Ponto de ônibus | Rua Sacadura Cabral

ESCOLAS EXISTENTES

Na região central da cidade há algumas escolas, entre elas Municipais, Estaduais, Federais, Particulares e Profissionalizantes. No entorno próximoconseguimos encontrar sete: duas Municipais, a) Escola Municipal Vicente Licínio Cardoso, que oferece Ensino Fundamental completo e algumas vagas para Ensino Especial; b) Escola Municipal Darcy Vargas, com, também somente Ensino Fundamental; uma escola particular, c) Escola Padre Doutor Francisco da Motta, oferecendo desde o pré-escolar até o Ensino Fundamental.

Além dessas, três escolas profissionalizantes d) Escola Edison Curso Profissionalizante de Petróleo e Solda; e) Escola Técnica Electra | Centro | Rio de Janeiro; f) Escola Técnica Centro Rio - Cursos Técnicos e Profissionalizantes; uma creche infantil, g) Creche Escola Paraíso Infantil e uma federal de extrema relevância, h) Colégio Pedro II, onde são oferecidos do Ensino Fundamental ao Médio.

Com tal levantamento, observa-se a predominância de escolas oferecendo Ensino Fundamental entre as de Ensino Básico. Podemos observar também, que as escolas são, geralmente de um só turno, deixando as crianças sem atividades dentro da escola após a aula.

Outra observação é relacionada aos espaços e usos deles. Na maior parte das vezes, as escolas funcionam em edifícios antigos e adaptam as dinamicas de aula. Cim isso, os estudantes acabam não tendo a experiência completa adequada às necessidades do século XXI, fazendo-se necessário buscar essas atividades em outro local.

Além disso, podemos ressaltar também a relação de tais escolas com a cidade. Na maior parte das vezes, as escolas são muradas, fazendo asim uma barreira para a cidade e tirando a escala da criança também.

43 42
a) b) c) d) e) g) h) f) 1 2 3
Escola Federal Educação Infantil Escola Particupar Escola Municipal Escola Profissionalizante Terreno E. M. Vicente Licínio Cardoso | Adaptações de edifícios e espaços
2
E. M. Darcy Vargas | Adaptações de edifícios e espaços
1 1 1
E. M. Vicente Licínio Cardoso | Muros formando barreiras uentre escola-cidade

As escolas, muitas vezes não adaptadas em edifícios antigos e acabam sem estrutura para receber certos tipos de atividades, tirando, algumas vezes a liberdade do educador de diferenciar a aula.

3.4

terreno

Durante a visita de campo, observei, no Largo da Prainha, que as crianças antes de começar as atividades escolares, usam tal espaço público e também calçadas próximas, com diversas atividades. Com isso, conlui-se que há escacez em equipamento público para o contraturno escolar na região, onde os estudantes possam passar realizar diversas atividades enquanto não estão na aula, compartilhar experiências e conehcimentos com pessoas de outras escolas também.

O terreno está localizado em uma impotante rua da cidade, a Sacadura Cabral, por ser a rua de conexão entre a Praça Mauá e o bairro da Gamboa. Hoje seu uso é como estacionamento de automóveis particulares. Juntamente, podemos observar que conta com 3 possibilidades de acesso, pela rua Sacadura Cabral, Argemiro Bulcão e Coelho e Castro.

AS EDIFICAÇÕES DO ENTORNO TEM MAIS DE 20 METROS DE GABARITO

EDIFÍCIO VIZINHO

45 44
3 3
E. Padre Dr. Francisco Motta Largo da Prainha | Crianças da Escola particular Padre Dr. Francisco Motta fazendo atividades diversas antes do início da aula
3540,78 m² Sacadura Cabral 104 Sacadura Cabral 104 3540,78 m² Rua Sacadura Cabral Rua Coelho e Castro Av.Venezuela Rua Argemiro Bulcão Rua Edgard Gordilho 3540,78 m² Sacadura Cabral 104
5 m 10 m 0
GRAFITE
DA CONCEIÇÃO
SACADURA 104 EMPENA COM
MORRO
EDIFÍCIO VIZINHO
GRAFITE
EDIFÍCIO VIZINHO EMPENA COM
SACADURA 104
EDIFÍCIO VIZINHO

Alinhamento com edifício vizinho

Apoio ao Contraturno Escolar 4.

OCUPAÇÃO

É possivel identificar um eixo formado entre o Largo da Prainha e o Galpão da Cidadania, atravessando o terreno de ponta a ponta. Também na esquina da rua Sacadura Cabral com Argemiro Bulcão, há um eixo formado da Pedra do Sal com o terreno.

Outro desafio do terreno é a emprena do edifício vizinho com mais de 20 metros de altura. Também a legislação, que permite apenas 2 pavimentos. Porém, tendo em vista o gabarito da maioria dos edifícios, o gabarito proposto pela legislação quebra o alinhamento do skyline, desarmonizando a quadra. A partir daí, a intenção do objeto é alinhar-se ao edifício vizinho, mantendo o gabarito de 27 metros e harmonizando a quadra.

Empena de 27 metros do edifício vizinho com grafite

46
GABARITO PROPOSTO PELO PROJETO 5 m 10 m 0
GABARITO DA LEGISLAÇÃO

Existe no sítio, um muro que cria um limite entre o edifício e a cidade. Pensando nisso, propõe-se tirar essa separação e ceder um espaço à cidade, fazendo assim com que haja espaços compartilhados.

COLOCAR AQUI A PLANTA DE OCUPAÇÃO COM A PRAÇA MARCADA

A ocupação acontece afastando o edifício do muro de grafite, já existente. Além disso, tal ocupação favorece o conforto ambiental, uma vez que permite ventilação cruzada e iluminação natural em todas as fachadas. Tendo em consideração os eixos formados, a ocupação é feita na esquina da Rua Coelho e Castro e Argemiro Bulcão, permitindo a abertura de uma praça que se conecta com o Largo da Prainha. Com isso, o terreno permite o acesso pelas quatro esquinas, conectando melhor o entorno.

AFASTAMENTO DA EMPENA PRESERVANDO E, CONSEQUENTEMENTE IDENTIDADE E CULTURA DO LOCAL A ARTE

49 48
5 m10 m 0
5 m 10 m 0 Corte NORTE/SUL REMOÇÃO
de situação
PRESERVAÇÃO PLANTA

arquitetura/Estrutura

FACHADA DE PAINEL PERFURADO NAS FACHADAS NORTE E OESTE COM O OBEJTIVO DE DIMINUIR A INCIDENCIA SOLAR

1 - FOYER

2 - AUDITÓRIO

3 - ARQUIBANCADA/LAZER

4 - PLAYGROUND

5 - ÁREA DE CONVIVÊNCIA

6 - CAFÉ

7 - ÁREA DE EXPOSIÇÕES AO LIVRE

ESTRUTURA METÁLICA COM VÃO DE NO MÁXIMO 12 METROS. VÃO É ABERTO PARA ABRIGARO PROGRAMA DE ESPORTE.

ÁREA PARA POSSIVEL EXPANSÃO

Abrigando o programa destinado à cursos coletivos e artísticos, os espaços se flexíbilizam com a possibilidade de expansão, abrigando assim maior número de pessoas e atividades mais diversas.

DIVISÓRIAS RECOLHÍVEIS POSSIBILITANDO FLEXIBILIDADE

51 50
1 250 006 -6º pav 1 PLANTA BAIXA 6º PAVIMENTO m 10 1 - ESPAÇOS DE CURSOS LIVRES 2 - ESTUDOS EM GRUPO E CONVIVÊNCIA 2 1
BAIXA TÉRREO 5 m 10 m 0 1
PLANTA
2 3 4 6 7 7 5
da
do sal e morro da conceição 5 m 10 m 0 Corte lESTE/OESTE
galpão da cidadania Escola municipal e praça mauá largo
prainha pedra

A partir das análises feitas, propõe-se um espaço como equipamento público, voltado para a criança e o adolecente, principalmente de 6 à 14 anos - pela predominância de escolas no entorno oferecendo somente o Ensino Fundamental - buscando proporcionar à elas convivência com idades diferentes, cursos, reforço escolar, artes e cultura e esporte complementando a educação escolar e ajudando no desenvolvimento.

O programa é destribuido em escala público/privado e tambem de acordo com a necessidade de maior e menos silencio e reclusão.

O térreo, para integrar o galpao da cidadania, foi destinado ao programa cultural, voltado para o público. Além disso, também se abre para uma praça permitindo a coletividade com a cidade.

Associando ao programa cultural, o esporte também é um ponto importante para o desenvolvimento humano e principalmente das crianças. Sendo assim, o espaço conta com tal programa, elevando-o ao 2º pavimento.

Além disso, o programa do equipamento também conta com espaços polivalentes, destinados à estudos coletivos, que traz uma arquitetura flexível, com possibilidade de expansão. Elas são dispostas formando varandas compartilhadas, fechadas com paineis rcolhíveis, permitindo assim a diversi-

53
COMPAR TILHADO COL E TIVO REC LUSO PRAÇA AUDITÓRIO ALIMENTAÇÃO ESPORTE OFICINAS EXPRESSÃO ARTÍSTICA ADMINISTRAÇÃO MULTIMÍDIA BIBLIOTECA
PROGRAMA
CULTURAL/ PRAÇA CULTURAL / PRAÇA ALIMENTAÇÃO ESPORTE CONVIVÊNCIA EXP ARTÍSTICA CONVIVÊNCIA CURSOS LIVRES BIBLIOTECA BIBLIOTECA ESTUDOS EM GRUPO CURSOS LIVRES

Referências 5.

ABREU, Maurício de Almeida. Reconstruindo uma história esquecida: origem e expansão inicial das favelas do Rio de Janeiro. Revista Espaço & Debates, v.37. Pag. 34-46, 1994.

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YOSHISATO, Tammy; FRANCISCO, Arlete Maria. A criança e seu espaço: uma leitura sobre arquitetura escolar e os ideiais pedagógicos. São Paulo, 2015

54

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